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HABITANDO EM TENDAS

Abrão era hebreu, descendente de Sem. Os hebreus eram inicialmente, um pequeno


grupo de pastores nômades, organizados em clãs ou tribos, chefiadas por um
patriarca. Abrão morava na Mesopotâmia, terra da Babilônia, cidade de Ur que era
altamente civilizada e possuía um completo sistema de leis, economia, religião e arte.
O Senhor chamou Abrão para sair daquela terra pagã, cheia de idolatria: “Deixe a sua
terra natal, seus parentes, e a família dos seus pais, e vá à terra que eu lhe mostrarei.
Farei de você uma grande nação...” (Gn. 12:1-2) Com essa maravilhosa promessa,
Abrão partiu, como lhe ordenara o Senhor, e Ló, seu sobrinho foi com ele.
Peregrinaram na terra até chegar à Palestina. Percorreram cerca de 1600 km. Nessa
longa jornada, eles moraram em tendas, enquanto cuidavam de seus rebanhos que
cresciam e se multiplicavam, trazendo-lhes prosperidade.

Certo dia, devido a uma disputa entre os pastores de Abrão e Ló, tio e sobrinho se
reuniram e decidiram que deveriam seguir caminhos diferentes. (Gn. 13) Além do
desentendimento dos seus servos, os rebanhos estavam grandes demais para
continuar juntos. Diante dessa situação, Abrão disse: “Aí está a terra inteira diante de
você. Vamos separar-nos. Se você for para a esquerda, irei para a direita; se for para
a direita, irei para a esquerda”.

Sendo um homem egoísta, Ló buscou “demoradamente” as melhores terras que os


seus olhos pudessem enxergar. Então Ló viu todo o vale do Jordão, todo ele bem
irrigado, até Zoar; era como o jardim do Senhor, como a terra do Egito. Então tomou
os seus bens e partiu. Assim os dois se separaram: Abrão ficou com o seu
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acampamento na terra de Canaã, mas Ló mudou seu para um lugar próximo a
Sodoma, cidade que estava debaixo do domínio e práticas Babilônicas. Não levou
muito tempo até que ele se assentasse às portas dessa cidade, o que nos dá a
entender que ou era o prefeito ou tinha um cargo oficial importante. Conforme ao
costume da época, os oficiais tinham seus escritórios nas entradas das cidades. Ló
estava mudando seus hábitos e culturas, se amoldando a cultura da terra.
Construindo casa e morando no meio de um povo cuja maldade e imoralidade
aumentavam. Ele era um estrangeiro que estava se “naturalizando” com a Babilônia
e suas práticas.

PEREGRINOS E ESTRANGEIROS

A Palavra diz em Hebreus 11:8-10 e 13-16 ( versão ARC 2009)


“Pela fé, Abraão, sendo chamado, obedeceu, indo para um lugar que havia de
receber por herança; e saiu, sem saber para onde ia. Pela fé, habitou na terra da
promessa, como em terra alheia, morando em tendas com Isaque e Jacó, herdeiros
com ele da mesma promessa. Porque esperava a cidade que tem fundamentos, da
qual o artífice e construtor é Deus.
Todos estes morreram na fé, sem terem recebido as promessas, mas, vendo-as de
longe, e crendo nelas, e abraçando-as, confessaram que eram estrangeiros e
peregrinos na terra. Porque os que isso dizem claramente mostram que buscam uma
pátria. E se, na verdade, se lembrassem daquela de onde haviam saído, teriam
oportunidade de tornar. Mas, agora, desejam uma melhor, isto é, a celestial. Pelo
que também Deus não se envergonha deles, de se chamar seu Deus, porque já lhes
preparou uma cidade.”

Nem mesmo Abraão, com toda sua riqueza, tinha uma habitação permanente. Ele
tinha decidido morar em tendas. As tendas nos lembram que vivemos na terra
provisoriamente; apenas o tempo da nossa peregrinação. Nos lembram que não
devemos colocar nossa confiança em muros, em sistemas de governo, nem no
conforto das riquezas materiais. Paulo escreveu sobre isso a Timóteo para que ele
ensinasse esses princípios aos ricos que faziam parte da fé.

“Exorte os ricos deste mundo a que não sejam orgulhosos, nem depositem a sua
esperança na instabilidade da riqueza, mas em Deus, que tudo nos proporciona
ricamente para o nosso prazer” 1 Timóteo 6:17.
A fragilidade de morar em tendas é um recordatório de que estamos numa viagem
passageira, transitória, e que dependemos de Deus até nos mínimos cuidados.
Não podemos esquecer como tinham surgido as cidades em Gênesis 10. Ninrode era
um grande caçador de bestas selvagens que abundavam na época. Ele era famoso e

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poderoso, e levantou o punho em rebeldia contra Deus. Então estabeleceu um
sistema para obter melhor proteção. Porque não organizar as pessoas nas cidades e
construir poderosas muralhas? Por que não organizar as cidades escolhendo um rei?
Por que não se tornar independente de Deus criando um sistema e uma cultura
pagã? Assim, ele fundou várias cidades onde passou a ser o primeiro rei da terra.
Ninrode foi quem organizou as pessoas para se rebelar contra Deus. Estabeleceu uma
cultura idólatra, imoral e independente de Deus.
Abrão tinha saído desse estilo de vida, agora vivia em tendas porque esperava a
Pátria Celestial. Morava em tendas para mostrar que dependia unicamente dos
cuidados do Senhor, para mostrar que vivemos pela fé nesta peregrinação pela terra.
Ele buscava a pátria celestial, pensava nela, a abraçava! Ele queria morar na cidade
celestial e por isso confessava ser estrangeiro e peregrino neste mundo que se
levanta em rebelião contra Deus. Morar em tendas é um sinal de dependência de
Deus, diária e continua. É um sinal de que estamos sempre atentos a sua voz, a sua
trombeta, para levantar o acampamento e partir para onde ele nos chame. Não há
nada que nos faça apegar a este mundo.

Peregrinos significa “hóspedes, “estrangeiros”, “exilados”, “habitantes temporários”,


“nômades”. Estrangeiros que significa “forasteiros”, “refere-se a pessoas que estão
fora de seus países”.
O peregrino anda nesta terra, mas ao mesmo tempo, tem consciência do seu destino
e do seu verdadeiro lugar. Todo peregrino não é pertencente ao lugar de sua
peregrinação, pois é um viajante e estará sempre de passagem em direção a terra de
seus sonhos, ainda que ele leve algum tempo naquele lugar, o pensamento dele vai
estar sempre onde ele quer realmente morar. O forasteiro vive temporariamente
num país estrangeiro. Porém, ele não se sente em casa nesse lugar, nem o deseja,
porque não tem pretensão de se estabelecer ali muito tempo. A língua, o vestuário,
os costumes, a conduta e a cultura o separam dos nativos; ele até mesmo fala com
sotaque diferente. A sua maneira de vestir, sua conduta, costumes e também sua
dieta o tornam um estrangeiro. Ele é diferente e as vezes sofre rejeição por isso.

NÃO SE SINTA CONFORTÁVEL, ESTA NÃO É A SUA CASA.

Um homem deixa de ser estrangeiro em um lugar no momento em que ele não se


destaca das pessoas à sua volta. No momento em que falamos igual, vestimos igual,
praticamos as mesmas imoralidades do mundo, nos naturalizamos e perdemos de
vista a pátria celestial. O apego às coisas desta terra é tão forte que vivemos uma
vida correndo atrás das coisas que são passageiras como se fossem eternas.
Ló se naturalizou com os costumes Babilônicos. Os atos de perversão já não o
chocavam. Ele estava confortável no meio do luxo e das práticas de Sodoma. Assim,

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edificou casa e fortuna dentro da cidade. O amor de Ló pelas riquezas do mundo o
levou para longe da terra Prometida e do seu tio Abrão. Ele preferiu o a vida na
cidade do entretenimento e sensualidade. Todos conhecemos a história. Quando
Deus decide julgar as perversas cidades da planície, envia dois anjos que para salva-
los, arrastam a Ló e sua família pelo braço e ordenam não olharem para atrás. Mas a
esposa de Ló estava enraizada no estilo de vida babilônico, e no caminho decidiu
olhar lamentando pelos bens e a cidade que tinha ficado para atrás. Como resultado
de seu apego idolátrico, ela se transformou numa estatua de sal.

1 Pedro 2:11-12
“Amados, eu os advirto, como peregrinos e estrangeiros que são, a manter distância
dos desejos carnais que lutam contra a alma. Procurem viver de maneira exemplar
entre os que não creem. Assim, mesmo que eles os acusem de praticar o mal, verão
seu comportamento correto e darão glória a Deus quando ele julgar o mundo”

A Palavra de Deus nos diz que somos estrangeiros e peregrinos. Não devemos nos
conformar com este mundo, compartilhar seus interesses, nos comportar como o
mundo se comporta, ver o que o mundo vê, ter a mesma visão e interesses que o
mundo tem. Somos estrangeiros e peregrinos aqui e não devemos nos integrar ou
conformar com este mundo (Romanos 12: 2) Somos de outro mundo, outra casa.
Temos uma cidadania celestial.

“Nossa cidadania, no entanto, vem do céu, e de lá aguardamos ansiosamente a volta


do Salvador, o Senhor Jesus Cristo” Filipenses 3:20

É preciso ter muito cuidado para não perdermos todo o nosso tempo edificando
numa terra que não nos pertence. De repente, vamos achar que apenas uma tenda
não satisfaz e então começamos a investir toda nossa vida em obras terrenas e
cobertas de grande luxo. Não edifiquemos para nós um tesouro na terra, porque
certamente dificultará ainda mais a nossa pretensão de chegar à Jerusalém Celestial.
Muito pelo contrário, o conselho de Deus é para que nos desfaçamos de tudo que
possa nos causar embaraço.
“Não ajuntem tesouros aqui na terra, onde as traças e a ferrugem os destroem, e
onde ladrões arrombam casas e os furtam. Ajuntem seus tesouros no céu, onde
traças e ferrugem não destroem, e onde ladrões não arrombam nem furtam. Onde
seu tesouro estiver, ali também estará seu coração” Mt 6:19-21.
“Que eles façam o bem, sejam ricos em boas obras, generosos em dar e prontos a
repartir; ajuntando para si mesmos um tesouro que é sólido fundamento para o
futuro, a fim de tomarem posse da verdadeira vida” 1 Timóteo 6:18-19

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Não podemos nos esquecer que somos forasteiros, que vivemos em terra estranha.
Devemos lembrar que quem sustenta a nossa tenda é o Senhor.

“Por isso eu lhes digo que não se preocupem com a vida diária, se terão o suficiente
para comer, beber ou vestir. A vida não é mais que comida, e o corpo não é mais que
roupa? Observem os pássaros. Eles não plantam nem colhem, nem guardam alimento
em celeiros, pois seu Pai celestial os alimenta. Acaso vocês não são muito mais
valiosos que os pássaros? Qual de vocês, por mais preocupado que esteja, pode
acrescentar ao menos uma hora à sua vida? “E por que se preocupar com a roupa?
Observem como crescem os lírios do campo. Não trabalham nem fazem roupas e, no
entanto, nem Salomão em toda a sua glória se vestiu como eles. E, se Deus veste com
tamanha beleza as flores silvestres que hoje estão aqui e amanhã são lançadas ao
fogo, não será muito mais generoso com vocês, gente de pequena fé? “Portanto, não
se preocupem, dizendo: ‘O que vamos comer? O que vamos beber? O que vamos
vestir?’. Essas coisas ocupam o pensamento dos pagãos, mas seu Pai celestial já sabe
do que vocês precisam. Busquem, em primeiro lugar, o reino de Deus e a sua justiça,
e todas essas coisas lhes serão dadas” Mateus 6:35-33

Não devemos estar ansiosos por nada! Tiremos o foco destas coisas passageiras.
A Babilônia diz que nada somos sem abundancia de bens, sem títulos e posições de
honra. Não se envolva com ela.
A Pátria celestial nos aguarda! Continuemos nesta terra como peregrinos e
estrangeiros. Logo iremos ao encontro do nosso Noivo.
Somos cidadãos do céu, chamados por Deus para dar frutos. A Palavra de Deus que
foi semeada em nossos corações tem um inimigo mortal que pode afogá-la. É
chamado de "os cuidados desta vida e a sedução das riquezas”.
Aqui moramos em tendas, na casa do Pai teremos uma morada permanente!
Aleluia!!

Pai, obrigado pelos teus cuidados sobre nós. Confessamos que somos peregrinos e
estrangeiros. Rejeitamos a ansiedade pelas coisas deste mundo, a preocupação pelas
coisas terrenas. Nós, assim como os patriarcas da fé esperamos a cidade que tem
fundamentos, da qual o artífice e construtor é Deus.

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Maranata Ora vem Senhor Jesus!

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