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1.

Conceito de espaço privado x espaço publico

A sociedade Ateniense possuía uma divisão entre o publico (Pólis) e privado (Oikos).
Esses são termos gregos que podem ser entendidos, respectivamente, como: cidade e
casa. A Pólis era um local que possuía um carácter politico muito forte, sendo onde a
cidadania ateniense foi constituída e regida por um conjunto de normas escritas e leis que
construíram a democracia ateniense.
A Pólis era um Estado Jurídico onde comércios eram feitos, decisões politicas eram
tomadas, leis eram colocadas em práticas, tendo em seu corpo: assembleias, mercados,
teatros, ginásios e tribunais. Essa área possuía uma grande predominância masculina,
englobando uma abundância da circulação de homens pela cidade.

Na esfera privada, o Oikos estava ligado diretamente a individualidade e a vida


doméstica dos cidadãos, sendo um lugar predominantemente feminino, pois esse
conceito de individualidade e doméstico estava ligado a essência das mulheres,
submetendo o Oikos como um espaço ligado a essência da mulher, e a Pólis como um
espaço masculino. De acordo com Fábio Lessa (2010, p. 45) ‘’A sociedade ateniense se
caracterizava pela existência de uma representação binária construída a partir da
oposição interno/feminino x externo/masculino’’.
A casa ateniense era uma unidade social, que era formada pela família cuja
composição incluía a mãe, pai e filhos, formando a unidade familiar que compunhava a
sociedade de Atenas. Nessa unidade poderia ser acrescentada por parentes mais velhos
ou serviçais não cidadães. Esse núcleo possuía um tipo de hierarquia onde o pai era o
senhor da casa, trajando um poder absoluto sobre o restante dos parentes e sobre a
casa.

A exclusão da mulher pode ser percebida por essa separação de publico e privado
que formava a sociedade ateniense. Porém, essa exclusão se expandia para dentro do
Oikos, onde existia uma área reservada para a mulher e uma para os homens. Um Oikos
ateniense era divido em Gineceu e Androceu.
O Gineceu era o lugar reservado para mulher, onde a mesma realizava as tarefas
domésticas, que era tido como um dever e obrigação de uma esposa ideal, segundo a
sociedade ateniense. As tarefas da mulher incluem todos os conceitos da esfera privada,
como tecelagem, confecção de vestimentas para sua família, preparação dos alimentos,
cuidar e educar os seus filhos, cuidar do seu marido e prover o Oikos ateniense.
Já o espaço que era reservado para os homens era chamado de Androceu, onde a
realização dos simpósios era frequente, festividade onde as relações homoafetivas e com
prostitutas eram consumadas.
Com isso, conseguimos perceber que mesmo dentro de uma mesma casa, esses
setores tinham objetivos diferentes; enquanto um era voltado para o lazer e consumação
de atos de luxuria, o espaço das atenienses era voltado para uma obrigação que vinha
desde sua infância.
A educação da mulher era iniciada ainda na sua infância pela sua mãe, ou pela sua
ama, possuindo um objetivo claro de transformá-la em uma esposa ideal para o seu futuro
marido e uma provedora para seu futuro Oikos que será compartilhado com a sua família.
Com o casamento consumado e concretizado, era o dever da mãe dar continuidade ao
mesmo ensinamento que ela recebeu para sua futura filha.
Além de sua reclusão estar relacionada diretamente ao Oikos, a mulher recebia uma
grande pressão pela prosperidade do mesmo e de sua família. As atenienses, além de
desempenharem todas as tarefas domésticas e estarem ligadas a um sistema que não as
beneficiava, experimentavam a sensação de uma responsabilidade do sucesso do núcleo
familiar e doméstico que elas estavam em volta.

Podemos observar na imagem abaixo a divisão interna do espaço de um Oikos


ateniense:
Podemos ver algumas áreas sombreadas. Essas determinadas áreas eram voltadas
para as atividades masculinas, ou seja, o Androceu, local onde ocorriam festividades
regadas de atividades sexuais. Enquanto a are que possui um sinal de +, era o Gineceu,
área onde as tarefas femininas e domésticas eram realizadas pelas mulheres.
Conseguimos perceber que, apesar de bem definidas e separadas, a mulher possuía uma
maior autonomia espacial dentro do Oikos.

(Imagem Mulheres de Atenas, Fábio Lessa, 210, p. 50) PROFESSORA, NÃO SEI
COMO CITAR ESSA IMAGEM, ESTÁ CERTO DESSA FORMA ←---?

A mulher não tinha direito a uma educação formal. Desde pequena, como já vimos
nesse artigo, era a ela ensinada os deveres de uma esposa ideal, focando o aprendizado
de tarefas domésticas que ela exerceria em sua futura casa, com seu futuro marido,
escolhido por seu pai. Mesmo com o matrimônio, a vida da mulher ateniense continuava
reclusa, da mesma forma que era antes de casar, nenhuma mudança vinha quando o
casamento era concretizado. Ela passava da tutela do pai, para a de seu futuro marido,
ficando sempre retida a uma figura masculina, tendo sua reclusão acentuada por uma
sociedade patriarcal, impossibilitada de transitar pela esfera pública, exceto por questões
religiosas.

Apesar das mulheres ateniense serem reclusas ao Oikos, a Polis não existiria sem o
mesmo, pois eles se completavam, mesmo que cada um com sua individualidade, esses
espaços, apesar de divididos e com objetivos diferentes, se somavam em uma
prosperidade que funcionava para a sociedade ateniense, tornando cada um importante
da sua maneira.

Porém, as mulheres conseguiam exercer um papel fora do Oikos, papel esse que era
tão importante quanto prover a sua família, as possibilitando transitar pelo espaço publico.
A religião era um núcleo muito forte que regia o cotidiano e o modo de vida da sociedade
ateniense, influenciava em atos, pensamentos e comportamentos e as atenienses tinham
uma parcela de importância e interferência através dos ritos funerários.
Através desses ritos, as mulheres atenienses conseguiam alcançar um poder que
influenciava todo um núcleo familiar, pois a passagem da morte para os atenienses regia
o seu futuro de forma decisiva, sendo um fator de extrema importância na crença dessa
sociedade antiga.

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