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MANUAL DE PROCEDIMENTOS

DE CRIMES DE TRÂNSITO

POLÍCIA

PR

LEONARDO CARNEIRO
EDGAR SANTANA
MARLUCE COSTA BECHER
SECRETARIA DE ESTADO DA SEGURANÇA PÚBLICA
POLÍCIA CIVIL DO PARANÁ
DELEGACIA DE DELITOS DE TRÂNSITO

POLÍCIA

PR

MANUAL DE PROCEDIMENTOS
DE CRIMES DE TRÂNSITO

PCPR
AGRADECIMENTO

Gostaríamos de agradecer primeiramente a Deus pela oportunidade de


trabalharmos todos os dias, com saúde, em prol de um trânsito mais seguro.
Este Manual jamais teria sido possível sem a contribuição da equipe da Delegacia
de Delitos de Trânsito de Curitiba. O trabalho desenvolvido por vocês é inspirador e
repleto de empenho e dedicação.
Ao Dr. Alexandre Macorin, Chefe Divisional, nossa sincera gratidão. O seu caráter
e a sua habilidade de influenciar as pessoas a trabalharem entusiasticamente é
admirável e nos inspira a buscar o melhor para os paranaenses e para a Polícia Civil do
Estado do Paraná.
Ao Dr. Silvio Jacob Rockembach, Delegado Geral, nosso respeito e admiração.
O seu comprometimento com a segurança pública e o apoio dado aos servidores criam
condições para o crescimento e aperfeiçoamento da Policia Civil do Estado do Paraná.
Não podemos deixar de agradecer a nossos familiares, que são nossos alicerces
e portos seguros. Gratidão é o que sentimos pelo apoio e força que nos dão diariamente.
Todas as caminhadas são mais fáceis e prazerosas quando estamos ao lado de quem
amamos.
MENSAGEM

A normatização de padrões de atuação,


a qualidade e a uniformidade
procedimental são alicerces para
uma Polícia Judiciária forte e eficiente.
SUMÁRIO

1.APRESENTAÇÃO..............................................................................................1

2.ORIENTAÇÕES GERAIS.........................................................................................2

3.O REGISTRO DO BOLETIM DE OCORRÊNCIA....................................................4

3.1 EQUIPE DE INVESTIGAÇÃO...............................................................................5

4 DOS CRIMES EM ESPÉCIE....................................................................................6

4.1 DAS DISPOSIÇÕES GERAIS...................................................................................6

4.1.1 ARTIGO 291...........................................................................................................6


4.1.2 ARTIGO 294...........................................................................................................6
4.1.3 ARTIGO 298...........................................................................................................7
4.1.4 ARTIGO 301 ...........................................................................................................7
4.2 DO DOLO EVENTUAL..........................................................................................7

4.3 ARTIGO 302 - PRATICAR HOMICÍDIO CULPOSO............................................. 8


4.3.1 DO ATENDIMENTO DO LOCAL DE CRIME......................................................9
4.3.2 DAS DILIGÊNCIAS.............................................................................................9
4.3.4 DO S.C.O.L.......................................................................................................10
.
4.4 ARTIGO 303 – PRATICAR LESÃO CORPORAL CULPOSA.............................11
4.4.1 DO TERMO CIRCUNSTANCIADO...................................................................12
4.4.2 DO INQUÉRITO POLICIAL..............................................................................12
4.4.2.1 LESÃO + EMBRIAGUEZ..............................................................................12
4.4.2.2 LESÃO CORPORAL QUALIFICADA PELA EMBRIAGUEZ........................13
4.4.3 DOS LAUDOS..................................................................................................13

4.5 ARTIGO 304 - DEIXAR DE PRESTAR IMEDIATO SOCORRO A VÍTIMA.........13

4.6 ARTIGO 305 - AFASTAR-SE DO LOCAL DO ACIDENTE.................................14

4.7 ARTIGO 306 - CONDUZIR VEÍCULO SOB INFLUÊNCIA DE ÁLCOOL OU


DROGAS...................................................................................................................14

4.8 ARTIGO 307 – VIOLAR A SUSPENSÃO OU A PROIBIÇÃO DE SE OBTER


A CNH........................................................................................................................16

4.9 ARTIGO 308 - PARTICIPAR, DE RACHA, CORRIDA OU MANOBRA DE


EXIBIÇÃO, GERANDO SITUAÇÃO DE RISCO .....................................................16

4.10 ARTIGO 309 - DIRIGIR VEÍCULO SEM CNH...................................................17

4.11 ARTIGO 310 - ENTREGAR O VEÍCULO À PESSOA NÃO HABILITADA.......18

4.12 ARTIGO 311 - TRAFEGAR PERIGOSAMENTE PRÓXIMO A LOCAIS ONDE


HAJA GRANDE CONCENTRAÇÃO OU MOVIMENTAÇÃO DE PESSOA..............19

4.13 ARTIGO 312 – ALTERAR O LOCAL DO ACIDENTE A FIM DE INDUZIR AO


ERRO, O AGENTE POLICIAL, O PERITO OU O JUIZ............................................19
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1. APRESENTAÇÃO

O trânsito tem se tornado um grave problema social em todo o mundo. O


Brasil é o 5º país com mais acidentes de trânsito.
Diariamente, o índice de acidentes no trânsito se eleva. Estima-se que este
fator o torna o primeiro responsável por mortes na faixa de 15 a 29 anos de idade, o
segundo na faixa de 5 a 14 anos e o terceiro na faixa de 30 a 44 anos1.
O Código de trânsito brasileiro, ao longo dos anos, sofreu diversas
modificações, inclusive tornando mais severa a punição para os crimes no trânsito
no intuito de combatê-los e aumentar a segurança viária.
No Estado do Paraná, o Decreto nº 4.884/1978 estabelece que à Delegacia
de Delitos de Trânsito cabe adotar medidas necessárias para investigação,
prevenção, repressão e processamento dos crimes culposos resultantes de eventos
de trânsito de autoria incerta. No ano de 2020, esta Especializada atingiu 95,5% de
elucidação dos casos envolvendo mortes no trânsito.
Pensando nisso, as Autoridades Policiais da Delegacia de Delitos de Trânsito
de Curitiba, com a colaboração de seus servidores, elaborou esta cartilha a fim de
orientar quais são as ações tomadas nesta Unidade Policial. O intuito é padronizar o
máximo possível a aplicação do Código de Trânsito Brasileiro no Estado do Paraná
e melhorar a eficácia nos procedimentos desta Polícia Judiciária, além de trazer uma
identidade procedimental aos crimes desta natureza. Todavia é certo que cada
Autoridade Policial tem um entendimento quanto ao caso em concreto e está livre
para atuar do modo que acreditar mais assertivo e viável.
Esta cartilha, portanto, instrui os procedimentos adotados por esta Unidade
Policial nos crimes de trânsito para auxiliar outras delegacias, em especial aquelas
cidades que não possuem Unidades Especializadas para atuar nos referidos crimes.

1 http://www.senado.gov.br/noticias/Jornal/emdiscussao/motos/saude/estudo-da-organizacaomundial-da-saude-
oms-sobre-mortes-por-acidentes-de-transito-em-178-paises-e-base-para-decadade-acoes-para-seguranca.aspx

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2. ORIENTAÇÕES GERAIS

Normalmente, o primeiro órgão da segurança pública a chegar no local do


acidente é a Polícia Militar, Polícia Rodoviária Federal ou Guarda Municipal em
razão da atribuição ostensiva destas polícias. Assim, ao perceber tratar-se de
acidente de trânsito:
Sem vítimas:
✔ Realizar ou orientar que seja realizado o registro do BATEU (Boletim de
Acidentes de Trânsito) de forma online.

Com vítimas:
✔ Para auxiliar na rápida elucidação dos fatos, constar no registro do
Boletim de Ocorrência:
o Identificação completa e correta das vítimas, bem como, informar
para qual hospital estas foram encaminhadas e, na ausência de tal
informação, registrar qual é o órgão responsável pelo
atendimento/socorro;
o Identificação de possíveis testemunhas com os endereços e contatos
destas, inclusive constando eventual endereço de e-mail;
o Preferencialmente registrar a(s) natureza(s) do(s) delito(s)
cometido(s) e não apenas “atendimento de acidente sem ilicitude”.

Em casos de prisão em flagrante, encaminhar IMEDIATAMENTE testemunhas à


Delegacia para que possam prestar esclarecimentos.
Ademais, deve-se oferecer o teste do etilômetro a todos os condutores
envolvidos.
NÃO ESQUECER: de verificar a data aferição do referido aparelho.
Caso o aparelho esteja com o prazo de validade exaurido, substituir o aparelho em comento
ou elaborar o Termo de Constatação de Sinais de Alteração da Capacidade Psicomotora,
caso o condutor apresente sinais de embriaguez, conforme estabelecidos na Resolução nº
432/2013 do CONTRAN.

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Quando houver recusa para realizar o teste do etilômetro e o condutor


apresentar um conjunto de sinais que comprovem a situação da alteração da sua
capacidade psicomotora deve-se:
✔ Realizar o Termo de Constatação de Sinais de Alteração da Capacidade
Psicomotora.
Anexo I consta modelo do Termo de Constatação de Sinais de Alteração da Capacidade Psicomotora.

Estando o condutor do veículo sob influência de álcool acima de 0,34 mg/L


constatado pelo teste do etilômetro ou com sinais de alteração da capacidade
psicomotora, este deve ser encaminhado à Unidade Policial para providências
cabíveis.

Quando do acidente de trânsito resultar morte no local:


✔ Informar a Delegacia responsável que acionará o Instituto de
Criminalística e o Instituto Médico Legal.
Vale frisar que quanto antes se iniciarem os procedimentos investigatórios,
maior será a probabilidade de sucesso na identificação da autoria e colheita do conjunto probatório.

Ainda que o autor permaneça no local, o agente que atender a ocorrência


deve o encaminhar à Delegacia – juntamente com eventuais testemunhas – para
prestar esclarecimentos e, posterior análise da Autoridade quanto aos requisitos que
ensejam a benesse de não autuação em flagrante, prevista no artigo 301 do Código
de Trânsito Brasileiro, ou seja, se fora prestado por este pronto e integral socorro à
vítima e se trata-se de crime culposo ou doloso.

ATENÇÃO
Sobre o CRIME DE DESOBEDIÊNCIA (Artigo 330 do Código Penal):
O STJ entende que desobedecer a ordem de parada dada pela autoridade de trânsito,
por policiais ou outros agentes públicos no exercício de atividades relacionadas ao trânsito,
não constitui crime de desobediência, pois há previsão de sanção administrativa específica
no artigo 195 do CTB, o qual não estabelece a possibilidade de cumulação de punição
penal. (HC 369.082/SC, Rel. Min. Felix Fischer, 5ª turma, julgado em 27/06/17, DJe 01/08/17).

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3. DO REGISTRO DO BOLETIM DE OCORRÊNCIA

Ao registrar o Boletim de Ocorrência, incluir o maior número de informações


possíveis e verificar a existência de BATEU ou mesmo outro Boletim de Ocorrência
tratando do mesmo fato. Caso já conste no sistema, complementá-lo com as
informações necessárias. Não sendo possível a complementação, constar no novo
registro o número do Boletim anteriormente registrado.
Salienta-se que é indispensável que conste no referido Boletim de Ocorrência
dados como: tipo de veículo; se houve colisão ou atropelamento; se houve vítima,
sua identificação, se esta é ciclista ou pedestre; para qual hospital fora
encaminhada; entre outros.
Também é importante consultar e constar no Boletim de Ocorrência, se os
envolvidos possuem Carteira Nacional de Habilitação regular.
Outrossim, realizar consulta dos veículos através da placa veicular.
Os investigadores responsáveis pelo recebimento e o registro dos boletins de
ocorrência, deverão atentar-se a:
✔ Identificação correta do noticiante, autor e/ou vítima, com atualização do
endereço, telefones para contato e endereço eletrônico (e-mail), sempre que
possível;
✔ Natureza do delito registrado no boletim, e caso necessário, a correção desta;
Obs.: não prosseguir o procedimento com a natureza do Boletim de
Ocorrência registrada com “atendimento de acidente – sem ilicitude”.

QUANDO HOUVER MORTE:


Registrar como “morte sem indícios de crime”: sempre que houver declaração de
acidente sem menção de outros envolvidos, ou ainda, colisão com anteparos.
Registrar como “praticar homicídio culposo na direção de veículo automotor”:
sempre que houver indícios de crime.

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Ademais, em casos de lesão corporal, informar as lesões da vítima para


auxiliar na capitulação do crime, sobretudo em casos de autuação em flagrante.
Atenção: Constar no campo do B.O sobre a manifestação da vontade da
vítima em relação a representação criminal. Da mesma, preencher conforme a
manifestação da vítima, o campo de representação constante na segunda página do
Boletim de Ocorrência, sendo inserido campo de “decidir posteriormente” quando
tratar-se de terceiros registrando o referido Boletim.
Outro fator igualmente importante é a anotação correta do contato dos
familiares das vítimas, seja na inclusão do envolvido ou na retirada da guia de
necropsia.
Em casos de embriaguez ao volante, fazer cópia do teste do etilômetro e/ou
Termo de Constatação de Sinais de Alteração da Capacidade Psicomotora do
conduzido.

3.1 EQUIPE DE INVESTIGAÇÃO

A equipe policial designada à investigação deve atentar-se aos locais de


acidente de trânsito.
O investigador de polícia deve observar se possui câmeras de segurança e
monitoramento no entorno, identificar e qualificar testemunhas oculares do evento
de trânsito e coletar quaisquer informações adicionais que auxiliem na elucidação
dos fatos.
Ao concluir as diligências, o investigador deve elaborar minucioso relatório da
apuração dos fatos e apresentar para autoridade policial.
Cabe destacar que a obtenção das imagens, na maior brevidade possível,
pode auxiliar na identificação dos autores, quando estes evadem-se do local do
acidente. As imagens também são relevantes para embasamento do cálculo de
velocidade estimada do veículo e para demonstrar a dinâmica do evento de trânsito.

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4 DOS CRIMES EM ESPÉCIE

4.1 Das disposições gerais

4.1.1 Artigo 291 – Aos crimes cometidos na direção de veículos automotores,


previstos neste Código, aplicam-se as normas gerais do Código Penal e do Código
de Processo Penal, se este Capítulo não dispuser de modo diverso, bem como a Lei
nº 9.099, de 26 de setembro de 1995, no que couber.

➔ Aos crimes de lesão corporal culposa, aplica-se o disposto nos artigos 74, 76 e
88 da Lei 9.099/95:
Artigo 74 – Composição dos danos civis;
Artigo 76 – Transação penal;
Artigo 88 – Representação à ação penal;

➔ Exceções: quando há influência de álcool, “racha” e velocidade de 50km superior


a máxima permitida na via, não cabe a aplicação dos três institutos acima
descritos.

4.1.2 Artigo 294 - Em qualquer fase da investigação ou da ação penal, havendo


necessidade para a garantia da ordem pública, poderá o juiz, como medida cautelar,
de ofício, ou a requerimento do Ministério Público ou ainda mediante representação
da autoridade policial, decretar, em decisão motivada, a suspensão da permissão ou
da habilitação para dirigir veículo automotor, ou a proibição de sua obtenção.
Importância da representação pela Autoridade Policial:
Muitas vezes, o autor do crime de trânsito não é visto como “criminoso”, e assim, mantém
sua conduta imprudente, imperita e negligente no trânsito, podendo cometer novos delitos.
Outrossim, a representação pela suspensão da habilitação para dirigir evita que esta
pessoa seja reincidente. Vale salientar que raramente esta é decretada de Ofício pelo juiz.

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4.1.3 Artigo 298 – trata das agravantes, quais sejam, resumidamente:


➔ Sem CNH ou categoria incompatível;
➔ Faixa de pedestre;
➔ Veículo sem placas ou com placas adulteradas/falsas;
➔ Gerando perigo de dano para duas ou mais pessoas;
➔ Veículo com adulteração nas características originais;
➔ Direção de transporte de carga ou passageiros em serviço;
ATENÇÃO: É importante que a Autoridade Policial se atente às circunstâncias agravantes
no momento das oitivas, para tipificação correta do delito e embasamento adequado à
denúncia que será ofertada pelo Ministério Público.

4.1.4 Artigo 301 – trata da circunstância que não imporá prisão em flagrante à
condutores de veículos nos casos de acidente de trânsito que resulte vítima: quando
o autor prestar pronto e integral socorro.
ATENÇÃO: Não se enquadra nesta benesse, o autor que permaneceu no local por
circunstâncias alheias a sua vontade, e o pronto e integral socorro à vítima fora realizado
por terceiros, sem a intervenção deste autor.

4.2 DO DOLO EVENTUAL


Para caracterização do dolo eventual em acidentes de trânsito é
indispensável circunstâncias específicas que demonstrem a vontade deliberada do
agente em assumir o risco e consentir com o resultado, em flagrante indiferença ao
bem jurídico tutelado. Ademais, o entendimento doutrinário ilustrado por Guilherme
de Souza Nucci2 pondera:
“As inúmeras campanhas realizadas, demonstrando o perigo da direção perigosa
e manifestamente ousada, são suficientes para esclarecer os motoristas da
vedação legal de certas condutas, tais como o racha, a direção em alta
velocidade, sob embriaguez, entre outras. Se, apesar disso, continua o condutor
do veículo a agir dessa forma nitidamente arriscada, estará demonstrando seu
desapego à incolumidade alheia, podendo responder por delito doloso".
2 NUCCI, Guilherme. Código penal comentado, 4 ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2003, pg. 140.

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Outrossim, é farta a jurisprudência, em especial paranaense, no sentido de


que existindo mais de um indício que o agente anuiu o risco de lesar o bem jurídico,
figurar-se-á como dolo eventual.
Nestes casos, aplicar-se-á o Código Penal, todavia, é necessário atentar-se
para a incidência de outros delitos previstos no Código de Trânsito Brasileiro, como
por exemplo, o homicídio previsto no artigo 121 do Código Penal cometido em
concurso material com a omissão de socorro previsto no artigo 304, e/ou ainda, o
crime de “racha” previsto no artigo 308, ambos do Código de Trânsito Brasileiro.

4.3 ARTIGO 302 - PRATICAR HOMICÍDIO CULPOSO NA DIREÇÃO DE VEÍCULO


AUTOMOTOR
➔ Penas - detenção, de dois a quatro anos e suspensão ou proibição de se obter a
permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor.

➔ É Ação Penal Pública Incondicionada;

Causas de aumento de pena previstos no § 1º:


➔ Não possuir CNH;
➔ Praticar na faixa de pedestre ou calçada;
➔ Deixar de prestar socorro;
➔ No exercício de profissão ou atividade, estiver conduzindo veículo de transporte
de passageiros (táxi, motorista de aplicativo, ônibus)

Qualificado pela influência de álcool ou de qualquer outra substância


psicoativa que determine dependência:
➔ Não é necessário quantidade superior a 0,34 mg/L de álcool por litro de ar
alveolar ou 6 decigramas de álcool por litro de sangue, ou seja, basta a
influência, não se exigindo o estado de embriaguez previsto no artigo 306.
➔ Penas - reclusão, de cinco a oito anos e suspensão ou proibição do direito de se
obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor

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4.3.1 DO ATENDIMENTO DO LOCAL DE CRIME


A equipe de investigação da Delegacia de Delitos de Trânsito realizam
atendimento de local de acidente de trânsito com vitima fatal. São realizadas as
seguintes diligências:
➔ Fotografar o local;
➔ Descrição preliminar da dinâmica do evento de trânsito;
➔ Identificação dos veículos envolvidos;
➔ Identificação e qualificação das partes envolvidas, e testemunhas oculares;
➔ Acompanhamento do perito, com a indicação de diligências interessantes à
elucidação do delito;
➔ Levantamento de possíveis câmeras que possam ter flagrado o fato e apreensão
das imagens capturadas;
➔ Verificar se a via está devidamente sinalizada, sobretudo, se possui sinalização
referente a velocidade permitida;

4.3.2 DAS DILIGÊNCIAS


➔ Expedir ordem de serviço para equipe de investigação localizar imagens de
câmeras de segurança e monitoramento que possam ter flagrado o evento de
trânsito, ou ainda, momentos antes ou depois do acidente;
➔ Expedir ordem de serviço para equipe de investigação localizar possíveis
testemunhas oculares do evento de trânsito;
➔ Oficiar o Instituto Médico Legal para que forneça o laudo de necropsia da vítima;
➔ Oficiar Hospital para que forneça o prontuário médico da vítima;
➔ Oficiar o Instituto de Criminalística para que forneça o laudo de levantamento de
local de morte, quando houver atendimento de local de crime;
➔ Oficiar o Instituto de Criminalística para que realize exame de cálculo de
velocidade do veículo, quando há imagens;
➔ Oficiar o Instituto de Criminalística para que realize perícia veicular quando
necessário;

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➔ Oficiar a Prefeitura para que informe qual a velocidade permitida na via e as


sinalizações contidas;
➔ Oficiar o SIATE para que forneça o relatório do atendimento e identifique o
solicitante do chamado, caso este solicitante seja testemunha ocular do fato,
intimá-lo para prestar esclarecimentos;

ATENÇÃO: No interrogatório do autor é importante que este descreva de forma


detalhada a dinâmica do evento de trânsito, se possível, para que se esclareça mais
facilmente, utilize a ferramenta do google maps. Inquirir sobre o consumo de bebidas
alcoólicas. Ainda, questionar qual foi a conduta do autor após o evento de trânsito,
indagando se este prestou pronto e integral socorro à vítima e o estado que a vitima se
encontrava, além de outros questionamento que a Autoridade entender cabíveis.

4.3.4 DO S.C.O.L
Trata do Sistema de Controle de Ocorrências Letais, incluso no SISTEMA
CAPE:

TODAS AS VÍTIMAS FATAIS, DEVEM SER DEVIDAMENTE CADASTRADAS:


Sempre que houver declaração de acidente sem menção de outros envolvidos, ou ainda,
colisão com anteparos, registrar como “morte sem indícios de crime”.
Quando houver indícios de crime, registrar como “praticar homicídio culposo na
direção de veículo automotor”:
Os registros podem e devem ser alterados se constatado, no decorrer da investigação,
uma natureza diversa da inicialmente registrada.

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4.4 ARTIGO 303 – PRATICAR LESÃO CORPORAL CULPOSA NA DIREÇÃO DE


VEÍCULO AUTOMOTOR
➔ Penas - detenção, de seis meses a dois anos e suspensão ou proibição de se
obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor.

➔ Em regra, único crime do Código de Trânsito Brasileiro de Ação Penal Pública


Condicionada à Representação;

➔ Admite aplicação da Lei nº 9.099/95;


- Aplica-se os institutos da composição civil, transação penal e representação
criminal, EXCETO se: houver influência de álcool, prática de “racha” ou veículo
transitando em 50km/h da velocidade máxima permitida na via;

Causas de aumento de pena previstos no artigo 302, § 1º do Código de


Trânsito:
➔ Não possuir CNH;
➔ Praticar faixa de pedestre ou calçada;
➔ Deixar de prestar socorro;
➔ No exercício de profissão ou atividade, estiver conduzindo veículo de transporte
de passageiros (táxi, motorista de aplicativo, ônibus)

Atenção: Em regra, quando o motorista não habilitado comete o crime de lesão corporal
culposa na direção de veículo automotor, o crime autônomo do artigo 309 não se tipifica,
porque a falta de habilitação é uma causa de aumento de pena do delito retrocitado.

Frisa-se que nos casos de lesão corporal culposa exige-se a alteração da


capacidade psicomotora e não apenas a influência de álcool, sendo, portanto,
necessária a constatação da condição de embriaguez prevista no artigo 306, pelos
meios legais admitidos, conforme Resolução nº 432/2013 do CONTRAN.

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➔ Quando lesão corporal de natureza leve e embriaguez ao volante, aplica-se artigo


303 e artigo 306 do Código de Trânsito Brasileiro, pois trata-se de concurso material,
haja vista o crime de embriaguez ser de perigo abstrato.

➔ Quando lesão corporal de natureza grave ou gravíssima e embriaguez ao volante,


aplica-se a qualificadora do § 2º do artigo 303 do Código de Trânsito Brasileiro.

4.4.1 DO TERMO CIRCUNSTANCIADO


No caso de lesão corporal, mediante representação da vítima, lavra-se Termo
Circunstanciado de Infração Penal.
Recomenda-se não agendar audiência automaticamente, pois em alguns
casos, a localização do autor não acontece rapidamente, podendo ultrapassar a data
da audiência.

4.4.2 DO INQUÉRITO POLICIAL


Em caso de lesão corporal, o inquérito policial é registrado,
independentemente da manifestação da vítima, quando houver influência de álcool,
prática de “racha” ou veículo transitando em 50km/h da velocidade máxima permitida
na via.

4.4.2.1 LESÃO + EMBRIAGUEZ


Quando o autor conduz veículo automotor com capacidade psicomotora
alterada em razão da influência de álcool ou de outra substância psicoativa que
determine dependência e ocasiona lesão corporal culposa, caso não seja possível
identificar, de imediato, a natureza destas lesões, autua-se pelo artigo 303 do
Código de Trânsito Brasileiro combinado com o artigo 306 do mesmo diploma legal.
Tal procedimento é realizado, porquanto, em muitos casos, a natureza da
lesão só é constatada após exames complementares, quais normalmente são
realizados após o prazo legal de conclusão do inquérito policial.

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Entretanto, cabe frisar que, a qualquer tempo da elaboração do conjunto


probatório do referido inquérito, se constate tratar de lesão grave ou gravíssima,
dever-se-á realizar a alteração da capitulação do delito supramencionado ao artigo
303, § 2º do Código de Trânsito Brasileiro.
Destaca-se ainda, que neste caso, envolvendo a condução de veículo
automotor com a capacidade psicomotora alterada, a lesão corporal culposa
independe de manifestação de vontade da vítima, conforme preconiza o artigo 291,
§1, I do referido Código.

4.4.2.2 LESÃO CORPORAL QUALIFICADA PELA EMBRIAGUEZ


A qualificadora prevista no parágrafo 2ª do artigo 303 do Código de Trânsito
Brasileiro, somente se configura quando a natureza da lesão é grave ou gravíssima.
Neste caso, não basta a influência de álcool, a embriaguez necessita ser
constatada nos termos do artigo 306 do Código supramencionado.

4.4.3 DOS LAUDOS


➔ Laudo de Lesões Corporais, com guia expedida pela delegacia responsável;
➔ Laudo de Sanidade física, reagendado com o próprio IML para reanálise da lesão;
➔ Laudo de Lesões Corporais com avaliação de prontuário médico;

4.5 ARTIGO 304 - DEIXAR O CONDUTOR DO VEÍCULO, NA OCASIÃO DO


ACIDENTE, DE PRESTAR IMEDIATO SOCORRO A VÍTIMA, OU, NÃO PODENDO
FAZÊ-LO DIRETAMENTE, POR JUSTA CAUSA, DEIXAR DE SOLICITAR AUXÍLIO
DA AUTORIDADE PÚBLICA
➔ Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa, se o fato não constituir
elemento de crime mais grave.

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Parágrafo único. Incide nas penas previstas neste artigo o condutor do veículo,
ainda que a sua omissão seja suprida por terceiros ou que se trate de vítima com
morte instantânea ou com ferimentos leve.

➔ Não incide quando homicídio culposo e lesão corporal culposa, pois trata-se de
causa de aumento de pena;
➔ Incide ao condutor envolvido no acidente, não é necessário que este seja o
causador do acidente;
ATENÇÃO: No interrogatório do autor é importante questionar os motivos de não ter
prestado socorro.

4.6 ARTIGO 305 - AFASTAR-SE O CONDUTOR DO VEÍCULO DO LOCAL DO


ACIDENTE, PARA FUGIR À RESPONSABILIDADE PENAL OU CIVIL QUE LHE
POSSA SER ATRIBUÍDA
➔ Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa.

Cumpre esclarecer que não incide em “bis in idem” a aplicação do artigo 304 e 305,
pois são condutas diferentes.
➔ STF entendeu que o dispositivo é constitucional, pois não fere princípio da
autoincriminação (Resp 971.959-RS)
ATENÇÃO: No interrogatório do autor é importante questionar os motivos de ter se
evadido do local, indagando se este havia consumido bebida alcoólica.

4.7 ARTIGO 306 - CONDUZIR VEÍCULO AUTOMOTOR COM CAPACIDADE


PSICOMOTORA ALTERADA EM RAZÃO DA INFLUÊNCIA DE ÁLCOOL OU DE
OUTRA SUBSTÂNCIA PSICOATIVA QUE DETERMINE DEPENDÊNCIA
➔ Penas - detenção, de seis meses a três anos, multa e suspensão ou proibição de
se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor.

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➔ Não exige condução anormal, nem mesmo condução em via pública;


➔ Não admite tentativa;
➔ Trata-se de crime formal, de perigo abstrato e consumação instantânea.

➔ Pode ser constatado por:


- Exame do etilômetro – igual ou superior a 0,34 miligrama de álcool por litro de ar
alveolar. Considerando a margem de erro do aparelho, configura-se crime de trânsito
a quantia igual ou superior a 0,34 mg/L.

NÃO ESQUECER: de verificar a data aferição do referido aparelho.


- Sinais que indiquem alteração da capacidade psicomotora, lavrando o Termo de
Constatação de Sinais de Alteração da Capacidade Psicomotora, conforme
Resolução nº 432/2013 do CONTRAN;
- Exame sanguíneo – igual ou superior a 6 decigramas de álcool por litro de sangue;
- Exame toxicológico;
- Exame clínico, perícia, vídeo, prova testemunhal ou outros meios de prova em
direito admitidos, observado o direito à contraprova.

Vale salientar que quando o condutor do veículo autuado pela condução de


veículo automotor com capacidade psicomotora alterada é encaminhado com
pequena quantidade de drogas para consumo pessoal, apura-se o delito previsto no
artigo 28 da Lei de Drogas (Lei nº 11.343/2006) no mesmo inquérito instaurado para
a prática do crime previsto no artigo 306 do Código de Trânsito.

ATENÇÃO: No interrogatório do autor é importante que este detalhe o trajeto realizado,


especificando se parou em algum local e/ou estabelecimento. Em relação ao acidente,
descrever de forma detalhada a dinâmica do evento de trânsito e qual sua conduta após o
evento. Questionar se fez uso de bebida alcoólica antes ou durante a condução do veículo,
e se sim, quais. Se veículo em nome de terceiros, questionar a relação do condutor com o
proprietário do veículo e se este sabia de sua condição de embriaguez, para análise da
aplicação do artigo 310 do Código de Trânsito Brasileiro.

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4.8 ARTIGO 307 – VIOLAR A SUSPENSÃO OU A PROIBIÇÃO DE SE OBTER A


PERMISSÃO OU A HABILITAÇÃO PARA DIRIGIR VEÍCULO AUTOMOTOR
➔ Penas - detenção, de seis meses a um ano e multa, com nova imposição
adicional de idêntico prazo de suspensão ou de proibição

Pelo tipo penal, cabe punição do agente tanto por violação a decisão
administrativa e/ou criminal. No entanto, vale salientar que o tipo penal é mal
redigido e o Superior Tribunal de Justiça entende 3 que só incide em caso de violação
de suspensão ou proibição de dirigir imposta por decisão judicial, ou seja, não incide
em suspensão imposta por decisão administrativa, pois o bem tutelado é a
Administração da Justiça.
Atualmente, após gestões com o Departamento de Trânsito do Paraná,
passou-se a constar no Sistema Policial se essa suspensão é administrativa ou
judicial.
Desta feita, quando a suspensão é meramente administrativa, não é
necessário encaminhar o condutor à Delegacia de Polícia, pois não configura o
delito previsto no artigo 307 do Código de Trânsito Brasileiro.

ATENÇÃO: No interrogatório do autor é importante indagar sobre a propriedade do


veículo, caso seja de terceiro solicitar nome completo e contato para abreviar futura
intimação, providenciando a oitiva do proprietário para verificar se este sabia da condição
de suspensão da CNH do condutor.

4.9 ARTIGO 308 - PARTICIPAR, NA DIREÇÃO DE VEÍCULO AUTOMOTOR, EM


VIA PÚBLICA, DE CORRIDA, DISPUTA OU COMPETIÇÃO AUTOMOBILÍSTICA
OU AINDA DE EXIBIÇÃO OU DEMONSTRAÇÃO DE PERÍCIA EM MANOBRA DE
VEÍCULO AUTOMOTOR, NÃO AUTORIZADA PELA AUTORIDADE
COMPETENTE, GERANDO SITUAÇÃO DE RISCO À INCOLUMIDADE PÚBLICA
OU PRIVADA

3 STJ. 6ª Turma. HC 427.472-SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 23/08/2018 (Info 641).

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➔ Penas - detenção, de 6 meses a 3 anos, multa e suspensão ou proibição de se


obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor.

➔ Crime de perigo concreto;


➔ Qualificado pela lesão grave ou gravíssima;
➔ Qualificado pela morte;

Cumpre esclarecer que na prática, essas competições clandestinas,


denominadas popularmente como “rachas”, se configuram, em grande parte, por
veículos “normais”, que pelo fato de ultrapassarem os outros veículos em alta
velocidade ou ainda, através de sinais de faróis, solicitando passagem, acabam
despertando a competitividade em outro condutor, que corresponde com aceleração
de seu veículo, evitando ser ultrapassado, negando passagens ou até mesmo
recuperando a posição inicial à frente do condutor que o ultrapassou em atitude
“desafiadora”.
Destaca-se que além do dolo especifico de competir, ainda é exigido perigo
concreto, como por exemplo, quase atropelar um ciclista, estar em região com
grande circulação de pessoas, etc.
No caso do tipo “demonstrar ou exibir perícia em manobra de veículo”,
cumpre esclarecer que tipifica-se pelo ato de conduzir motocicleta com apenas uma
das rodas, ou manobras como “cavalinho de pau”.
Neste casos, é essencial estar presente e claramente demonstrado o dolo
especifico de exibir-se e eventual dano a incolumidade pública ou privada.

4.10 ARTIGO 309 - DIRIGIR VEÍCULO AUTOMOTOR, EM VIA PÚBLICA, SEM A


DEVIDA PERMISSÃO PARA DIRIGIR OU HABILITAÇÃO OU, AINDA, SE
CASSADO O DIREITO DE DIRIGIR, GERANDO PERIGO DE DANO
➔ Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa.

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➔ Exige perigo de dano concreto;


➔ Necessário que seja na via pública;
ATENÇÃO: No interrogatório do autor é importante esclarecer sobre o modo de
condução do autor a fim de confirmar o perigo de dano, pois caso este não seja
configurado trata-se apenas de infração administrativa. Ademais, indagar sobre a
propriedade do veículo, e caso seja de terceiro solicitar qualificação, providenciando a
oitiva do proprietário.

4.11 ARTIGO 310 - PERMITIR, CONFIAR OU ENTREGAR A DIREÇÃO DE


VEÍCULO AUTOMOTOR A PESSOA NÃO HABILITADA, COM HABILITAÇÃO
CASSADA OU COM O DIREITO DE DIRIGIR SUSPENSO, OU, AINDA, A QUEM,
POR SEU ESTADO DE SAÚDE, FÍSICA OU MENTAL, OU POR EMBRIAGUEZ,
NÃO ESTEJA EM CONDIÇÕES DE CONDUZI-LO COM SEGURANÇA
➔ Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa.

➔ Não exige demonstração de perigo de dano;


➔ É crime de perigo abstrato;

O STJ entende como crime a conduta de permitir, confiar ou entregar a


direção de veículo automotor a pessoa que não seja habilitada, ou que se encontre
em qualquer das situações previstas no art. 310 do CTB, independentemente da
ocorrência de lesão ou de perigo de dano concreto na condução do veículo. (SÚM.
575, 3ª SEÇÃO, julgado em 22/06/16, DJe 27/06/16).
IMPORTANTE SABER:
• Permitir: fornecer condições para que terceiro tome posse do veículo;
• Confiar: aceitar que o veículo seja conduzido por terceiro;
• Entregar: que o agente entrega a direção a outra pessoa, estando junto com o
condutor no interior do veículo.

ATENÇÃO: Não esquecer de questionar se autorizou que terceiro conduzisse seu veículo
e, se sabia a condição do condutor.

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Em regra, o crime previsto no artigo 310 do Código de Trânsito Brasileiro


precede outros crimes, como por exemplo a embriaguez ao volante e/ou condução
de veículo sem Carteira Nacional de habilitação, previstos nos artigos 306 e 309,
respectivamente. Nestes casos, esta Unidade de Polícia Especializada apura ambos
os delitos no mesmo procedimento, devido a conexão existente entre eles.

4.12 ARTIGO 311 - TRAFEGAR EM VELOCIDADE INCOMPATÍVEL COM A


SEGURANÇA NAS PROXIMIDADES DE ESCOLAS, HOSPITAIS, ESTAÇÕES DE
EMBARQUE E DESEMBARQUE DE PASSAGEIROS, LOGRADOUROS
ESTREITOS, OU ONDE HAJA GRANDE MOVIMENTAÇÃO OU CONCENTRAÇÃO
DE PESSOAS, GERANDO PERIGO DE DANO
➔ Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa.
➔ Exige perigo concreto de dano;
➔ Se a “infração” se deu em razão de fuga de abordagem policial não se aplica o
disposto neste artigo.

ATENÇÃO: No interrogatório do autor questionar qual local e a velocidade desenvolvida,


bem como, esclarecer se tal evento se deu em razão de fuga de abordagem policial ou
não.

4.13 ARTIGO 312 - INOVAR ARTIFICIOSAMENTE, EM CASO DE ACIDENTE


AUTOMOBILÍSTICO COM VÍTIMA, NA PENDÊNCIA DO RESPECTIVO
PROCEDIMENTO POLICIAL PREPARATÓRIO, INQUÉRITO POLICIAL OU
PROCESSO PENAL, O ESTADO DE LUGAR, DE COISA OU DE PESSOA, A FIM
DE INDUZIR A ERRO O AGENTE POLICIAL, O PERITO, OU JUIZ:
➔ Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa.
➔ Crime contra a administração da Justiça;
➔ A conduta é punível quando o ato for efetivamente capaz de enganar o
destinatário da prova a ser produzida ou colhida.

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Anexo I
TERMO DE CONSTATAÇÃO DE SINAIS DE ALTERAÇÃO DE CAPACIDADE PSICOMOTORA
Conforme Resolução 432/2013 CONTRAN
Acidente? ( ) Sim ( )Não Número do B.O:
IDENTIFICAÇÃO DO CONDUTOR:
NOME:
RG: CPF: CNH/PPD:
ENDEREÇO:
BAIRRO: CIDADE:
IDENTIFICAÇÃO DO VEÍCULO:
PLACA: MARCA/MODELO:
CONSTATAÇÃO OCORRIDA EM:
DATA: HORA: AUTO:
LOCAL: CIDADE:

SINAIS OBSERVADOS PELO AGENTE


● QUANTO A APARÊNCIA:
( ) SONOLÊNCIA ( ) OLHOS VERMELHOS ( ) VÔMITO ( ) SOLUÇOS
( ) DESORDEM NAS VESTES ( ) HÁLITO ETÍLICO ( ) OUTRO:
● QUANTO A ATITUDE:
( ) AGRESSIVA ( ) ARROGÂNCIA ( ) EXALTADO ( ) IRÔNICO
( ) FALANTE ( ) DISPERSO ( ) OUTRO:
● QUANTO A ORIENTAÇÃO
( ) SABE ONDE ESTÁ ( ) SABE A DATA E HORA
● QUANTO A MEMÓRIA
( ) SABE SEU ENDEREÇO ( ) LEMBRA DOS ATOS COMETIDOS
● QUANTO A CAPACIDADE MOTORA E VERBAL
( ) TEM DIFICULDADE NO EQUILÍBRIO ( ) FALA ALTERADA

AFIRMAÇÃO EXPRESSA PELO AGENTE


De acordo com as características acima descritas, constatei que o(a) condutor(a)
do veículo de placa , está ( )sob influência de álcool e/ou ( )sob influência de substância psicoativa.
( ) O condutor recusou a realizar os testes, exames ou perícia que permitiriam certificar o seu estado quanto à alteração da
capacidade psicomotora;
( ) O condutor não recusou a realizar os testes, exames ou perícia que permitiriam certificar o seu estado quanto à alteração
da capacidade psicomotora;
( ) O condutor não se recusou a realizar os testes, porém, por dificuldade plena de “soprar o etilômetro”, não conseguindo
terminar o exame, mas apresenta sinais de alteração da capacidade psicomotora;
QUANDO HOUVER TESTEMUNHAS:
NOME: RG: ASS:
ENDEREÇO: CIDADE:
NOME: RG: ASS:
ENDEREÇO: CIDADE:

IDENTIFICAÇÃO DO POLICIAL AUTUADOR:


NOME: RG: ASS:

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