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LII Simpóso Brasileiro de Pesquisa Operacional

João Pessoa-PB, 3 a 5 de novembro de 2020

APLICAÇÃO DO MÉTODO AHP PARA TOMADA DE DECISÃO EM


MANUTENÇÃO DE INFRAESTRUTURA ESCOLAR PÚBLICA

RESUMO

Uma educação de qualidade requer a garantia de um ambiente físico, aqui denominado


de Infraestrutura Escolar, com condições para que a aprendizagem possa ocorrer. O objetivo deste
estudo é estabelecer um ranking de unidades escolares com necessidade de intervenção nas
condições físicas de uma rede de unidades públicas. O método de multicritério adotado foi o
Analytic Hierarchy Process (AHP), em função de sua flexibilidade quando aplicado a problemas
de tomada de decisão. Para tanto, foi elaborado um formulário composto de critérios e subcritérios
técnicos aplicado em 1.230 unidades do Estado do Rio de Janeiro. Em seguida foi utilizado o
método para hierarquizar as unidades críticas. O resultado possibilitou subsidiar o gestor público
na alocação dos recursos financeiros escassos nas instalações escolares assegurando escolhas
técnicas e isonômicas.

PALAVRAS CHAVE: Analytic Hierarchy Process, Gestão Pública, Infraestrutura Escolar

Tópicos: AdP&Ed – PO na Administração Pública e Educação; ADM – Apoio à Decisão


Multicritério

ABSTRACT
Quality education requires the guarantee of a physical environment, here called School
Infrastructure, with conditions for the learning to take place. The objective of this study is to
establish a ranking of school units in need of intervention in the physical conditions in a network
of public units. The multicriteria method adopted was the Analytic Hierarchy Process (AHP), due
to its flexibility when applied to decision-making problems. For this purpose, a questionnaire
composed of technical criteria and sub-criteria was elaborated and applied in 1,230 units in the
State of Rio de Janeiro. The method was then used to rank the critical units. The result made it
possible to support the public manager in the allocation of scarce financial resources in school
facilities, ensuring technical and isonomic choices.

KEYWORDS. Analytic Hierarchy Process, Public Management, School Infrastructure

Paper topics: PAd&Ed - OR in Public Administration and Education; MDS - Multicriteria


Decision Support
LII Simpóso Brasileiro de Pesquisa Operacional
João Pessoa-PB, 3 a 5 de novembro de 2020

1. Introdução
Maior eficiência, eficácia e transparência na gestão pública vêm se tornando demandas
cada vez mais exigidas pelos cidadãos, expondo a necessidade de mudança por parte dos gestores
públicos, que devem proporcionar maior qualidade de vida para a população. A destinação dos
recursos de maneira planejada e eficaz é um passo importante para conseguir uma nova postura,
concomitantemente com isso, o investimento em ferramentas capazes para aperfeiçoar modelos de
gestão existentes.
No Brasil, a gestão pública passa por um processo de incorporação de novos métodos e
ferramentas para elaboração de diagnósticos, na identificação espacial das áreas de intervenção, no
monitoramento dos programas e na tomada de decisão de modo geral [Januzzi et al., 2009]. Falando
especificamente de problemas com cenários complexos, vários critérios e diferentes avaliações são
necessários para a tomada de decisão. Uma das ferramentas mais utilizadas para sua resolução são
os métodos de decisão multicritério, que consideram os objetivos a serem alcançados de maneira
simultânea levando os diversos critérios inerentes ao problema em consideração, auxiliando, desta
maneira o(s) decisor(es) na escolha final.
Marques et al. [2007] cita a educação pública como determinante na qualidade que se
obtém ou se deseja obter em outros campos da sociedade, tais como o social – no combate à
pobreza, à injustiça e à desigualdade; o cultural – na formação de novos hábitos e valores; o político
– na construção da cidadania ativa e crítica; e o ambiental – na sustentabilidade do planeta e de
todas as formas de vida. Para ser capaz de prover de forma eficiente este essencial serviço, os
gestores precisam ter disponíveis recursos e infraestrutura necessários.
Star [1999] define infraestrutura como um termo amplo que pode ser aplicado a qualquer
sistema, estrutura organizacional ou instalação física que ofereça suporte a uma organização ou
sociedade em geral. Com esta definição, podemos considerar, de maneira simplificada no campo
educacional, infraestrutura como as instalações físicas (escolas) necessárias para o
desenvolvimento didático dos alunos, levando em consideração também fatores de condições
ambientais como temperatura, ventilação e luminosidade [Sommer e Leite, 1973].
Diante de tamanha importância, prezar pela manutenção e melhoria da infraestrutura é
tarefa fundamental para o governo. Quando se refere especificamente à rede de ensino do Estado
do Rio de Janeiro a situação torna-se ainda mais importante, visto que nos últimos anos o governo
passou por uma grande crise econômica, tornando assim a tomada de decisão sobre esses aspectos
uma importante etapa para melhor aplicação de recursos e melhoria na qualidade das instalações
físicas.
Um caso especial é a Secretaria de Estado de Educação (SEEDUC-RJ) que gerencia em
2020, 1.230 unidades escolares e, aproximadamente, 700 mil alunos, sendo o quarto maior estado
em quantidade de escolas estaduais. Tendo em vista os esforços necessários para gerenciar um
orçamento de aproximadamente R$ 4,8 bilhões, é salutar que problemas com cenários complexos,
vários critérios e diferentes avaliações sejam necessários para a tomada de decisão. Sendo assim,
a manutenção da infraestrutura deve ser considerada como um ponto importante de investimento a
fim de melhorar aspectos das estruturas básicas, físicas e de apoio.
Desta forma, com vistas ao atendimento dos princípios de garantia de acesso e
permanência na escola e padrão de qualidade, previstos na Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional nº 9.394/1996, art. 3º, I e IX, em consonância com os princípios de gestão escolar
definidos pela SEEDUC-RJ, este estudo busca avaliar a precariedade na infraestrutura das
instituições educacionais da rede estadual e que, consequentemente, necessitam de maior atenção,
através da utilização do método Analytic Hierarchy Process (AHP), proposto por Saaty [1987], em
função de sua flexibilidade quando aplicado a problemas de tomada de decisão.
A metodologia desta pesquisa se caracteriza como aplicada, pois consiste na geração de
conhecimento para ser utilizado de forma prática e focado na solução de problemas considerados
como particularizados ou específicos [Gil, 2007]. Este é também um estudo de cunho quantitativo,
já que a abordagem do problema foi feita por meio de métodos de tomada de decisão multicritério.
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Como estratégia de pesquisa, vamos trabalhar com a aplicação de dados reais, por representar uma
maneira de investigar a efetividade do conjunto de procedimentos pré-especificados pela
metodologia proposta durante a pesquisa.
Este trabalho está organizado em 6 seções. Após esta introdução, a Seção 2 apresenta as
referências bibliográficas sobre o método AHP. A Seção 3 delineia a aplicação. Por fim, a Seção 4
estabelece as considerações finais a respeito da pesquisa, seguida das referências bibliográficas
consultadas.

2. O método AHP
Os Métodos de Tomada de Decisão Multicritério (Multiple Criteria Decision Making,
MCDM) buscam facilitar a tomada de decisão, diminuindo o subjetivismo e tendenciosidade que
acabam surgindo no processo decisório. Segundo Triantaphyllou [2000], esses modelos não tentam
calcular uma solução ótima, mas determinar, através de vários procedimentos de classificação, o
ranking das ações relevantes (alternativas de decisão) que são "otimizados" em relação a vários
critérios, ou ainda tentam encontrar a melhor solução entre as alternativas existentes.
Existem diversos tipos de métodos e diferentes formas de classificação, como quanto ao
tipo de dados utilizados (determinístico, estocástico, fuzzy) ou ainda de acordo com o número de
decisores no processo (unitário ou grupo). De acordo com Martins e Coelho [2012], os métodos
empregados para MCDM mais populares são: Analytic Hierarchy Process, (AHP), de utilização
largamente disseminada, Multi-Attribute Utility Theory (MAUT), Analytic Network Process
(ANP), Technique for Order Preference by Similarity to Ideal Solution (TOPSIS), Elimination
and Choice Expressing Reality (ELECTRE) e Preference Ranking Organization Method for
Enrichment Evaluations (PROMETHEE) entre outros. Todos compartilham de três etapas comuns:
(i) determinação dos critérios e alternativas relevantes; (ii) atribuição de medidas numéricas à
importância relativa dos critérios e aos impactos das alternativas nesses critérios; (iii)
processamento de valores numéricos para determinar um ranking de cada alternativa.
O método AHP foi selecionado no presente trabalho por sua flexibilidade e grande
aplicabilidade em diversos estudos, tais como gerenciamento e seleção de portfólio de projetos
[Gomede e de Barros, 2014], na seleção de produtos Thummala e Rao [2011], na seleção de
fornecedores [Hruška et al.,2014], no problema de facility location [Partovi, 2006], dentre outros.
Apesar da ampla gama de estudos em diversas áreas Subramanian e Ramanathan [2012] ressaltam
a limitação de pesquisa científica sobre o uso do AHP em problemas cuja ênfase seja a da
administração pública, como serviços em hospitais e aplicações na educação. Mesmo tendo poucos
registros na literatura acadêmica, ainda é possível encontrar alguns estudos na área ou que abordem
problemas de cunho social, como o estudo de Al-Barqawi e Zayed [2008] que tem como objetivo
projetar um modelo robusto para avaliar a condição na infraestrutura de sistemas hídricos
utilizando os métodos AHP e Artificial Neural Network (ANN) priorizando o planejamento de
inspeção e reabilitação da infraestrutura existente, ou ainda a pesquisa desenvolvida por Sagwan
[2011] que utiliza o método AHP para justificar economicamente a implementação de sistemas de
manufatura verde, considerando impactos sociais e ambientais, e o trabalho desenvolvido por
Ramirez et al. [2015] buscando soluções para comunidades socialmente vulneráveis, a fim
estruturar a tomada de decisão para problemas sociais em projetos.
A AHP, proposta por Saaty [1987], é uma ferramenta de tomada de decisões, que pode
auxiliar no ajuste de prioridades e torna a decisão racional, e não intuitiva e subjetiva. Segundo
Abreu e Campos [2007], o método visa solucionar os seguintes tipos de problema: dado um
conjunto de 𝑚 alternativas, separar estas em classes equivalentes e fornecer uma pré-ordenação
que exprima as posições relativas destas de acordo com 𝑛 critérios. Para isto, de acordo com Lucena
[1999], Trevizano [2005] e Saaty [2008] o método AHP tem como base a representação de um
problema complexo através da estruturação hierárquica, objetivando priorizar os fatores na análise
das diversas alternativas, sendo formado por três etapas basicamente:
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1. Construção de hierarquias: Definição do foco principal (objetivo do problema),


os critérios/subcritérios (em tantos níveis quanto necessário), e as alternativas. O
desenvolvimento desta fase é estruturado em níveis hierárquicos e tem como foco
auxiliar a compreensão global do problema que melhor satisfaça o objetivo;
2. Definição de prioridades e cálculos dos elementos de decisão: é organizado os
critérios e os subcritérios em matrizes para julgamento par a par dos especialistas.
Utiliza-se o conhecimento sobre o negócio e a escala numérica elaborada por
Saaty [1987], sendo necessário o cumprimento das seguintes etapas:
a. julgamento paritários: julgar par a par os elementos de um nível da hierarquia
em relação a cada elemento em conexão em um nível superior, compondo as
matrizes de julgamento através do uso de escalas;
b. normalização das matrizes de julgamento: obtenção de quadros
normalizados através da soma dos elementos de cada coluna das matrizes de
julgamento e posterior divisão de cada elemento destas matrizes pelo
somatório dos valores da respectiva coluna;
c. cálculo das Prioridades Médias Locais (PML): são as médias das linhas dos
quadros normalizados;
d. cálculo das prioridades globais: nesta etapa deseja-se identificar um vetor de
Prioridades Global (PG), que armazene a prioridade associada a cada
alternativa em relação ao foco principal.
e. calcular a Razão de Consistência dos julgamentos, denotada por 𝑅𝐶 =
𝐼𝐶/𝐼𝑅, onde 𝐼𝑅 é o Índice de Consistência Randômico obtido para uma
matriz recíproca de ordem 𝑛, com elementos não-negativos e gerada
randomicamente. O Índice de Consistência é dado por 𝐼𝐶 = (𝜆𝑚á𝑥 – 𝑛)/
(𝑛 − 1), onde λmáx é o maior autovalor da matriz de julgamentos, sendo a
condição de consistência dos julgamentos 𝑅𝐶 ≤ 0,10.
3. Sumarizar os resultados e montar o ranking com as alternativas ordenadas.

O resultado da aplicação do método AHP é numérico e pode ser utilizado em qualquer


tomada de decisão, onde o decisor possa comparar as opções, segundo critérios previamente
estabelecidos [Lopes, 2004].

3. Aplicação
O estado do Rio de Janeiro (RJ) está localizado na região sudeste do Brasil, sendo
composto por 92 munícipios. A região conta com 15.989.929 habitantes, área territorial de 43.782
km² e densidade demográfica de 365,23 hab/km² (IBGE 2010). A Secretaria de Estado de Educação
(SEEDUC-RJ), gerencia aproximadamente um orçamento de R$ 4.8 bilhões para atender cerca de
700 mil alunos distribuídos em 1.230 unidades escolares. Se comparada a rede estadual do RJ com
outros estados brasileiros, é a quarta maior em números de alunos.
Tendo em vista os esforços para gerenciar esta rede de ensino, é salutar que lidar com
problemas com cenários complexos, vários critérios e diferentes avaliações seja necessário para a
tomada de decisão. Desta forma, a manutenção da infraestrutura deve ser considerada como um
ponto importante de investimento a fim de melhorar aspectos das estruturas básicas, físicas e de
apoio aos estudantes fluminenses.
Através da descentralização de recursos financeiros para as Unidades Escolares,
conforme Resolução SEEDUC 5.722 de 18 de fevereiro de 2019, as escolas estaduais são
responsáveis pela manutenção, conservação e pequenos reparos da infraestrutura física das
instalações de ensino. De acordo com o portal da transparência do Estado do Rio de Janeiro, no
ano de 2019, foram realizados repasses financeiros de aproximadamente R$ 102 milhões para o
suporte a autonomia das unidades de ensino.
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Neste sentido, no intuito de ordenar os investimentos nas intervenções de infraestrutura


e manutenção nas unidades escolares da rede estadual de ensino, a SEEDUC-RJ decidiu-se aplicar
o método AHP utilizando as informações coletadas por aproximadamente 460 Inspetores
Escolares, os quais realizam um importante trabalho de caracterização e diagnóstico com vistorias
in loco junto às unidades de ensino. O formulário “Relatório de Trabalho (RT)” para coleta das
informações está publicado no Diário Oficial do Estado do Rio de Janeiro através da Portaria
SEEDUC/SUBAD n.º 02/2019.
O objetivo principal do citado relatório é verificar as condições físicas e estruturais de
funcionamento das unidades, com vistas ao atendimento dos princípios de garantia de acesso e
permanência na escola e padrão de qualidade, previstos na Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional nº 9.394/1996, art. 3º, I e IX, e, em consonância com os princípios de gestão escolar
definidos pela SEEDUC-RJ.
As etapas de elaboração do trabalho para hierarquização das unidades escolares com
enfoque em intervenção de infraestrutura com base no método AHP proposto por Saaty [1987]
foram realizadas em três etapas para chegar no resultado final, conforme descrito abaixo:

ETAPA 1:
A estruturação hierárquica do problema que permite que questões complexas sejam
decompostas em níveis e agrupadas em conjuntos mais simples, registrados os relacionamentos
para se chegar à escolha final. Neste contexto, no nível 1, tem-se o Objetivo final que para esta
aplicação é priorizar as Unidades Escolares com Necessidade de Intervenção em Infraestrutura.
O Nível 2 é compreendido pelos problemas como: Ausência de Esquadria da Janela,
Bancada quebrada e/ou solta, Bueiros sem tampa, Cerca Rompida / Faltando uma parte,
Enferrujado/corrosão, Espaço interditado com laudo, Espaço sem uso por suspeita de risco aos
alunos, Existência de cupins, Falta de ventilação, Fiação exposta, Forro danificado, Infiltração,
Instalações elétricas próximas ao encanamento de gás, Janela com esquadria danificada, Janela
com vidro quebrado, Mangueira de gás ressecada, Muro ou cerca inclinado, Muro Rompido /
Faltando uma parte, Odor constante de queimado nos quadros de disjuntores, Pia quebrada e/ou
solta, Pintura danificada, Pisos e Azulejos danificados, Problema generalizado no telhado,
Problemas no transformador interno de energia, Queda de energia frequentemente, Rachaduras,
Rachaduras (Parede/Teto/Piso), Rachaduras em fachada e/ou muro, Reparo de pequenos telhados,
Reparo e substituição de telhas quebradas, Reparo no quadro de Disjuntores, Reparo/limpeza de
calhas e/ou dutos, Vazamento de água, Vazamento de gás, Vazamento na caixa de água,
Vazamento na cisterna e Vergalhões expostos.
O Nível 3 foi estabelecido os ambientes que podem ocorrer os problemas, sendo:
Almoxarifado, Área de Circulação, Auditório, Banheiro e Vestiário, Cerca, Coordenação, Cozinha,
Despensa, Direção, Elétrica, Encanamento e Conexões de Gás, Fachada, Laboratório de Ciências
da Natureza, Laboratório de Informática, Muro, Pátio, Quadra, Refeitório, Sala de Aula, Sala de
Leitura, Sala de Leitura, Sala de Professores, Sala de Recurso, Sala de Vídeo, Sala do Grêmio,
Secretaria e Telhado.
As alternativas são todas as unidades escolares que terão a verificação dos critérios e
subcritérios envolvidos no processo de tomada de decisão. Após a definição do objetivo principal,
dos critérios, dos subcritérios e alternativas, é possível estruturar a hierarquia do modelo conforme
ilustrada na Figura 1.
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Figura 1 - Hierarquia de decisão


PRIORIZAR UNIDADES ESCOLARES COM NECESSIDADE
OBJETIVO: DE INTERVENÇÃO EM INFRAESTRUTURA

ESPAÇO
... FIAÇÃO
PROBLEMAS: 37 INTERDITADO INFILTRAÇÃO RACHADURAS
EXPOSTA
COM LAUDO

SALA DE AULA SALA DE AULA MURO SALA DE AULA

AMBIENTES: 26 COZINHA COZINHA FACHADA COZINHA

INCIDÊNCIAS: 270 .. .. .. ..
. . . .
BANHEIRO E VESTIÁRIO BANHEIRO E VESTIÁRIO SALA DE AULA REFEITÓRIO

ALTERNATIVAS: ...
ESCOLA 1 ESCOLA 2 ESCOLA 3 ESCOLA 1.230
1.230

Fonte: Autores (2020)

ETAPA 2:
A Etapa 2 refere-se em montar a matriz entre os critérios e subcritérios estabelecidos. Na
sequência são comparados entre si os critérios e os subcritérios para determinar a importância
relativa de cada elemento para a obtenção do resultado, utilizando a escala de Saaty [1987]
referenciada na Tabela 1. A Figura 2 ilustra a matriz desenhada bem como os julgamentos
realizados por uma equipe multidisciplinar composta por Engenheiros, Professores, Inspetores
Escolares e Analistas da SEEDUC-RJ. Cabe destacar, que a comparação par-a-par dos critérios e
subcritérios busca aferir, à luz do objetivo final, qual é o elemento mais importante e qual a
intensidade dessa importância.

Tabela 1 - Escala de Importância


Escala Intensidade Descrição
1 Igual importância As duas atividades contribuem igualmente para o objetivo.
A experiência e o juízo favorecem uma atividade em relação
3 Importância pequena
à outra.
A experiência ou juízo favorece fortemente uma atividade
5 Importância grande
em relação à outra.
Importância muito Uma atividade é muito fortemente favorecida em relação à
7
grande outra.
A evidência favorece uma atividade em relação à outra, com
9 Importância absoluta
o mais alto grau de segurança.
Quando se procura uma condição de compromisso entre
2,4,6,8 Valores intermediários
duas definições.
Fonte: Adaptado de Saaty [1987]
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Figura 2 – Matriz de comparações pareadas dos critérios e subcritérios

Fonte: Autores (2020)

Os pesos atribuídos para cada subcritério são obtidos através do processo de


normalização. Os valores normalizados dos critérios e subcritérios são demonstrados em ordem
decrescentes nos Gráficos 1 e 2, respectivamente, os quais evidencia os componentes que têm
maior peso após os julgamentos realizados.

Gráfico 1 - Pesos de cada critério

Fonte: Autores (2020)


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Gráfico 2 - Pesos de cada subcritério

Fonte: Autores (2020)

Obtidos os autovalores das respectivas matrizes, é necessário realizar análise da


consistência dos julgamentos. É imprescindível destacar que nas matrizes de comparação pareadas,
foram obtidos graus 𝑅𝐶 ≤ 0,1 para todos os elementos analisados, o que permite concluir que os
julgamentos estão dentro dos limites e coerentes.
Observa-se que o ambiente que tem maior recorrência de uso em um ambiente escolar, a
Sala de Aula, tem maior relevância e os ambientes de ordem pouco explorado tiveram menor peso.
Por fim, os especialistas também realizaram uma análise de sensibilidade através dos Gráficos 1 e
2 finalizando a Etapa 2.

ETAPA 3:
Nesta etapa foi estabelecida a posição de cada unidade escolar diagnosticada através
somatório da pontuação das incidências. A hierarquização é exemplificada na Tabela 2, totalizando
a aplicação em 1.142 unidades. Cabe ressaltar que não fizeram parte do estudo as unidades
escolares compartilhadas com outra rede de ensino, as unidades que comtemplam apenas cursos
semipresenciais e as unidades prisionais.

Tabela 2 - Hierarquização das Unidades Escolares


Ranking Escola Pontos
1 ESCOLA I 37,96
2 ESCOLA II 33,70
3 ESCOLA III 28,59
4 ESCOLA IV 26,45
5 ESCOLA V 25,23
6 ESCOLA VI 25,22
7 ESCOLA VII 25,02
... ... ...
1.230 ESCOLA MCXXX 0,00
Fonte: Autores, 2020
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Para interpretar o que significa um estabelecimento de ensino com pontuações altas,


médias ou baixas em infraestrutura é preciso que os itens sejam comparáveis. Neste sentido, as
informações coletadas são passiveis de serem comparáveis ao longo do tempo, ou seja, pode-se
acompanhar a evolução das intervenções no âmbito da unidade escolar, do município, da regional
administrativa e do Estado como um todo. Desta forma, gera-se uma série histórica que permite
uma análise longitudinal da pontuação e a utilização dos recursos financeiros na manutenção de
infraestrutura escolar. O Gráfico 3 é gerado um Histograma do primeiro Ciclo para que seja
visualizada a concentração de unidade escolar e a concentração da maioria das pontuações.

Gráfico 3 – Histograma da Pontuação das Unidades Escolares

Fonte: Autores (2020)

Observou-se que com a implantação de indicadores, foi possível mapear níveis de


qualidade de infraestrutura e ranquear as unidades escolares mais críticas da rede estadual. Desta
forma, o gestor consegue guiar suas decisões em investimentos com dados. Ao mesmo tempo,
todos os aspectos físicos da infraestrutura das unidades escolares podem ser gerenciados,
especialmente, se a manutenção da infraestrutura das unidades escolares está ocorrendo, se existem
riscos para a segurança dos alunos, professores e servidores em cada ambiente, se os acessórios de
cada ambiente escolar estão em bom estado de uso e/ou se o investimento está ocorrendo de forma
correta e racional.
A avaliação conjunta dos resultados pelos especialistas considera que os ordenamentos
das prioridades para intervenção na manutenção em infraestrutura para o uso dos aproximadamente
R$ 102 milhões descentralizados para as unidades escolares em 2019 é um norte para execução
das intervenções de forma técnica e isonômica. Esse controle acarreta economia direta e
progressiva de recursos e organização dos meios adequados aos avanços dos serviços prestados
aos alunos, professores e demais funcionários, além de ferramentas gerenciais que poderão ser
utilizadas no planejamento de curto e médio prazo.

5. Conclusão
Este artigo apresentou a aplicação do método AHP que serviu de auxílio aos gestores
públicos na seleção de unidades escolares com prioridades de intervenções nas instalações físicas.
Pode-se observar que o método conseguiu atingir o objetivo final de ranquear as unidades escolares
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mais críticas da rede estadual para que o gestor consiga tomar suas decisões com mais
assertividade.
Observou-se que dentre as decisões diárias para manter as condições de estrutura da
unidade escolar é necessária a definição de critérios de avaliação, poisa decisão envolve vários
aspectos que impactam em muitas áreas da instituição. Desta forma, reforça-se a necessidade do
uso de uma ferramenta de apoio multicritério, objetivando englobar critérios e reduzir a
subjetividade da decisão.
É importante ressaltar que o método AHP é mais uma ferramenta que os gestores públicos
podem utilizar de forma racional e comparar ao longo do tempo. Com isso, é possível dar celeridade
e otimizar a aplicação dos repasses de manutenção e de recursos oriundos de diferentes parcerias
às unidades escolares, assegurando uma alternativa isonômica, alheia a interesses particulares,
minimizando o risco de tendenciosidade do processo decisório. Desta forma, maximiza o interesse
da comunidade escolar em detrimento do individual.
Os dados gerados são comparáveis ao longo do tempo, ou seja, pode-se acompanhar a
evolução das intervenções no âmbito de rede e de uma unidade escolar. Desta forma, gera-se uma
série histórica que permite uma análise longitudinal da utilização dos recursos financeiros na
manutenção de infraestrutura escolar.
É importante também salientar a desconsideração da utilização de um único inspetor
respondente para os formulários como limitações encontradas no estudo. Poderia ter maior
consistência caso as informações não fossem provenientes de uma única fonte, possibilitando o
cruzamento de informações e maior acuracidade dos dados coletados.
Como sugestões para trabalhos futuros, recomenda-se mesclar o método AHP com outros
métodos de tomada de decisão. Este intuito visa atingir maior assertividade no resultado trazendo
o método matemático cada vez mais próximo da infraestrutura escolar encontrada na realidade.

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