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Lajes

Steel Deck

Para garantir a máxima eficiência do sistema steel deck, pré-


requisitos de projeto e execução devem ser seguidos à risca

Por Gisele Cichinelli

Leveza e velocidade de
execução são as duas principais
características citadas por
especialistas quando o assunto é
o steel deck. Seja em obras
industriais, comerciais ou
residenciais, essas lajes mistas,
também conhecidas como lajes O steel deck suporta sobrecargas de até 2 mil kg/m² e
dispensa escoramentos para vãos de 2 m a 4 m
colaborantes, normalmente são
aplicadas em obras nas quais a
necessidade de racionalização dos processos construtivos e a entrega em
prazos curtos está presente. Por conta desses benefícios, o uso do sistema se
torna cada vez mais atrativo em obras que exigem tecnologias de ponta.

Ideal para compor um conjunto construtivo com estruturas metálicas, o steel


deck se mostra competitivo, sobretudo, em situações onde os vãos variam de
2 m a 4 m. Nessa condição, dispensam escoramentos e, consequentemente,
agilizam o cronograma da obra. "Nenhum sistema de laje consegue a
agilidade e a praticidade que o steel deck permite às estruturas metálicas,
observa Catia Mac Cord Simões Coelho, gerente-executiva do CBCA (Centro
Brasileiro da Construção em Aço). A engenheira conta que, devido à
variedade de dimensões de perfis de vigas disponíveis no mercado, o
aumento do número de vigas de apoio para a utilização do produto não
acarreta em aumento do peso da estrutura metálica.

O uso do steel deck se mostra particularmente vantajoso em situações de


obras com condições especiais de execução onde, por exemplo, a montagem
de escoras é inconveniente. Ou ainda quando há dificuldades para trafegar
pela obra com um sistema de fôrmas e escoramentos. "É o caso de obras de
retrofit ou ainda de obras rápidas nas quais várias frentes de trabalho devem
ser abertas e a fase de concretagem da laje não pode interferir no serviço de
acabamento do pavimento logo abaixo", complementa Leonel Tula, gerente
de obra da Método Engenharia.

Apesar das vantagens elencadas, especialistas lembram que a falta de perfis


disponíveis no mercado nacional limita o uso do sistema de laje mista com
steel deck. O engenheiro da Método acrescenta que, por se tratar de um
sistema misto de vigas metálicas e laje composta, a solução possui as
mesmas limitações com relação ao preço, à opção estética e, em alguns
casos, à resistência ao fogo que as apresentadas pelas estruturas metálicas.

Um ponto importante, e que não pode ser desconsiderado, é prever o steel


deck ainda no projeto. A adoção do sistema estrutural durante essa etapa
permite uma avaliação correta do comportamento em conjunto dos dois
materiais que o compõe (aço e concreto). No caso do uso de vigas de aço, é
importante calcular a capacidade de carga em situações diversas, seja
durante a obra ou durante a vida útil da estrutura, completa o projetista
Flávio Correia D'Alambert, diretor da Projeto Alpha Engenharia de Estruturas
e diretor-adjunto da Abece (Associação Brasileira de Engenharia e Consultoria
Estrutural). Segundo ele, a especificação das lajes metálicas colaborantes
deve ser evitada em casos onde as sobrecargas sejam superiores a 3 t/m2 e
em panos onde sejam necessários muitos furos como, por exemplo, em lajes
suporte de casa de máquinas de elevadores.

A fase de execução também requer atenção especial. Para garantir a máxima


eficiência do sistema, é imprescindível que haja o correto posicionamento e
fixação das lajes junto à estrutura, distribuição uniforme do concreto durante
a fase de concretagem (evitando acúmulos em um único ponto) e a colocação
de arremates de contenção lateral do concreto. "Nos pavimentos nos quais as
cargas dinâmicas interferem na união entre a fôrma de aço e o concreto, é
necessário prever uma armadura de aço, que deve ser disposta na parte
superior da laje, explica Catia.

Os fabricantes também recomendam evitar o uso de aditivos à base de


cloretos para aceleração de cura do concreto, já que eles podem
comprometer a galvanização das chapas de aço. Pelo mesmo motivo, risco de
corrosão em edificações erguidas em ambientes agressivos como áreas
costeiras, sujeitas a sais clorados, as lajes mistas podem exigir armaduras de
reforço. Assim como em solicitações específicas de resistência a incêndio, nas
quais deverá ser considerado o uso de armaduras adicionais ou aplicação de
forros suspensos; ou ainda o jateamento de fibras isolantes na face inferior
da laje.

A execução dos conectores também exige uma série de cuidados especiais, a


começar pela contratação de uma empresa especializada para executar esse
serviço. Caso sejam especificados perfis metálicos, a pintura da face superior
deve ser evitada, permitindo, desse modo, a eletrofusão dos conectores.
Menos pilares
Com a premissa de ser um dos mais modernos
prédios comerciais do País, o Edifício Nações
Unidas, localizado em um dos principais
centros empresariais da capital paulista, foi
projetado levando em conta o uso das mais
avançadas tecnologias construtivas disponíveis
no mercado. Dentre os sistemas estruturais
adotados está o steel deck, que compôs,
juntamente com vigas mistas e concreto de
densidade 1,8 mil kg/m³ (nos pavimentos-tipo) e 2,5 mil kg/m³ (nas
garagens), um sistema construtivo leve e que proporcionou significativa
diminuição dos pilares. A escolha ainda resultou em dois grandes benefícios
para a obra: espaços arquitetônicos mais arrojados e aumento da área
locável.

Concebido em estrutura metálica, o edifício contempla, ao todo, uma área de


63 mil m2 de lajes nas suas duas torres de andares livres (uma com dez e a
outra com 13 pavimentos), no pavimento térreo destinado a serviços e nos
quatro pavimentos do estacionamento. Para executá-las, foram usadas lajes
steel deck com espessura de 135 mm com a utilização de concreto estrutural
leve nos pavimentos-tipo. Atendendo às exigências das normas de proteção
passiva contra incêndio, nos pavimentos dos pisos de garagem e térreo foram
especificadas lajes com espessura de 145 mm, com concreto
convencional.  Em função da modulação dos pilares, de 10 m, o steel deck
venceu vãos de 2,5 m. A logística de entrega na obra e a interdependência da
montagem do produto com as atividades de execução da estrutura, além da
própria sequência de concretagem das lajes, foram os grandes desafios dessa
obra. Sem espaço para estocagem, a entrega do steel deck foi feita por
carretas, separadas por pavimento, e que chegavam à obra imediatamente
após a liberação de montagem da estrutura metálica, momento em que os
painéis eram içados diretamente sobre as estruturas do pavimento no qual
seriam instalados. Um estudo prévio e cuidadoso da sequência de embarque
e montagem do steel deck desde a fase de projeto garantiu que todo o
planejamento de fabricação e entrega das lajes atendesse ao planejamento
de execução da obra.
 

Execução de laje steel deck

Indicado, sobretudo, para compor um conjunto


estrutural com vigas e pilares metálicos, o
steel deck é uma laje composta por uma telha
de aço galvanizado, perfilada e com nervuras,
e uma camada de concreto. Antes da cura, essa fôrma permanente funciona
como plataforma de serviço e suporte para o concreto, eliminando parcial ou
totalmente os escoramentos e reduzindo, consequentemente, custos com
aluguel, montagem e desmontagem e com mão-de-obra. Depois que os dois
materiais se solidarizam (aço e concreto), formam um sistema misto que atua
como armadura positiva. Em função dos vãos adotados, as lajes podem
suportar sobrecargas de utilização de 1 mil kg/m² a 2 mil kg/m². Para
garantir sua competitividade frente a outras soluções, porém, o ideal é usá-
las em situações nas quais os vãos variem de 2 m a 4 m, que podem
dispensar escoramentos.

O primeiro passo para a correta execução das lajes colaborantes é especificá-


las ainda na fase de projeto, respeitando os vãos, sobrecargas, espessuras de
chapa e o concreto a ser usado indicado pelos fabricantes. Antes de iniciar a
execução da laje, é necessário que a estrutura metálica esteja totalmente
executada. Vale ressaltar que, a partir de 2,5 m de espaçamento entre as
vigas, o escoramento durante a concretagem e o período de endurecimento
do concreto torna-se obrigatório (foto 1).

No momento da execução, alguns recortes e ajustes nos cantos e no contorno


dos pilares podem ser exigidos a fim de adaptar a laje à geometria da
edificação. O próximo passo é fixar os painéis à estrutura por meio de pontos
de solda bujão ou solda comum. Após o término da montagem da fôrma de
aço, os conectores (os mais utilizados são do tipo stud bold) de cisalhamento
deverão ser soldados à viga (foto 2).

Concluídas a montagem, a fixação da fôrma e a instalação dos conectores de


cisalhamento, o próximo passo é a instalação das armaduras adicionais das
lajes (foto 3).

Em seguida, o concreto é lançado por meio de bomba (foto 4).

Além do tempo de cura, que deve ser respeitado rigorosamente, nessa etapa
outro ponto que requer atenção é a saída do concreto, que deve ser
movimentada frequentemente e
cuidadosamente para minimizar os problemas
de acumulação em zonas críticas da laje como,
por exemplo, no meio do vão. De acordo com
os parâmetros das normas estrangeiras e da
"NBR 14323 - Dimensionamento de Estruturas
de Aço de Edifícios em Situação de Incêndio", o
cobrimento
mínimo é de 50
mm de concreto
acima do topo do steel deck. Para lajes de
piso, recomenda-se cobrimento
maior ou igual a 65 mm (foto 5).

Ficha técnica
Medabil
Espessura: 0,65 mm, 0,80 mm, 0,95 mm e
1,25 mm
Largura: 903 mm
Altura: 73 mm (steel deck), conferindo alturas
de lajes de 130 mm até 200 mm
Peso: 6,8 kg/m² até 13 kg/m²
Vão máximo sem escoras: 3,50 m
Carga máxima admitida: 20 KN/m²
Tratamento superficial: galvanização com
tratamento químico de cromato para a proteção contra a corrosão branca do
zinco
Método de fixação: solda por eletrofusão do
stud bolt e de solda de tampão
Perfilor
Espessura: 0,80 mm, 0,95 mm e 1,25 mm
Largura: 840 mm 
Altura: 59 mm
Peso: até 14,29 km/m2 
Vão máximo sem escoras: 3,40 m 
Carga máxima admitida: 4.085 daN/m², usual
600 a 1.000 daN/m²
Tratamento superficial: zincado padrão Z275
ou zincado Z275 e pré-pintado com primer
epóxi e poliéster
Método de fixação: solda ponto em apoios metálicos
Metform
Espessura: 0,80 a 1,25 mm
Largura:  820 mm e 915 mm 
Altura: 100 mm (lajes de forro) e 110 a 170
mm (lajes de piso) para o modelo MF 50 e 130
mm (lajes de forro) e 140 mm a 200 mm (lajes
de piso) para o modelo MF 75  
Peso: 1,85 a 3,97 KN/m2 
Vão máximo sem escoras:  2,8 mil mm (MF
50) e 3,2 mil mm (MF 75) para a espessura
0,80 mm, podendo chegar a 4, 3 mil mm para
espessura de 1,25 mm
Carga máxima admitida: em média até 1.300 kg/m2 com colocação de
armadura adicional e 700 kg/m² sem armadura adicional
Tratamento superficial: pode ser fornecido pintado na face inferior 
Método de fixação: solda bujão junto às vigas metálicas e rebites entre os
painéis

Normas técnicas
O sistema steel deck ainda não conta com normas técnicas nacionais. Os
textos normativos que servem de referência aos projetistas são as normas
NBR 6118 (Projeto de Estrutura de Concreto - Procedimento), NBR 8800
(Projeto de Estruturas de Aço e de Estruturas Mistas de Aço e Concreto de
Edifícios), NBR 10735 (Chapas de Aço de Alta Resistência Mecânica Zincadas)
e NBR 14323 (Dimensionamento de Estruturas de Aço de Edifícios em
Situação de Incêndio - Procedimentos).

A Norma brasileira NBR 14323 (Dimensionamento de Estruturas de Aço de


Edifícios em Situação de Incêndio - Procedimentos) trata do uso do steel deck
em temperatura ambiente e em situação de incêndio.

Outras normas internacionais, como as da ASTM (American Society for


Testing and Materials), também podem servir de referência.

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