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Confiabilidade

‹ Definição
Manutenção e “A confiabilidade de um item corresponde à sua
Confiabilidade probabilidade de desempenhar adequadamente ao
seu propósito especificado, por um determinado
DEPROT/UFRGS período de tempo e sob condições ambientais pré-
determinadas.”
Flávio S. Fogliatto, Ph.D.

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Confiabilidade =
Item probabilidade
‹ Definição de item depende do propósito do ‹ Confiabilidades devem apresentar valores entre 0
estudo: e 1.
– Pode ser um sistema, constituído de um arranjo de
‹ Axiomas da probabilidade podem ser aplicados
diversos componentes, como um item
em cálculos de confiabilidade:
– Pode ser um componente do arranjo em particular.
– P. ex., se 2 componentes independentes apresentam
‹ Exemplo: na análise de um monitor, pode-se confiabilidade, após 100 horas de uso, de p1 e p2 e a
considerar o monitor (c/ todas partes falha do sistema ocorre quando qualquer dos 2
componentes) como um item, ou algum dos componentes falha, então a confiabilidade do sistema
componentes individualmente. em uma missão de 100 horas é dada por p1 × p2.

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Desempenho Propósito
adequado (de uso do item)
‹ Conhecimento do que se entende por desempenho ‹ Deve ser precisamente especificado:
adequado, permite definir quando o item falha:
– é usual que um mesmo produto seja fabricado em
– mediante a ocorrência da falha, o item deixa de diferentes versões, conforme o uso pretendido.
desempenhar adequadamente suas funções
– Por exemplo, uma furadeira pode ser fabricada para
‹ Um padrão deve ser usado na determinação do uso doméstico ou industrial:
que se entende por desempenho adequado: » produtos apresentam funções idênticas, mas diferenciam-se
– P. ex.: se item em estudo for um carro e se o padrão for quanto à sua confiabilidade, pois foram projetados para cargas
um carro capaz de se movimentar, um carro sem de uso distintas.
surdina continuará apresentando um desempenho
adequado.

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Condições
Período de tempo ambientais
‹ Confiabilidade é definida como função de um período de ‹ Um mesmo produto pode apresentar desempenho
tempo. As conseqüências são:
distinto operando em ambientes de calor ou
– analista deve definir uma unidade de tempo (p. ex., horas ou anos)
p/ realização das análises;
umidade intensos, se comparado a produtos
– modelos que descrevem os TTFs utilizam a v.a. T (e não X, como
expostos a condições climáticas amenas de uso.
é usual na Estatística clássica);
– (iii) tempo não deve ser interpretado literalmente;
– (iv) confiabilidade deve ser associada a um período de tempo ou
duração de missão; e
– (v) determinação do que deveria ser usado p/ medir vida de um
item nem sempre é óbvia; p.ex., TTF de uma lâmpada pode ser
definido como o no somado de horas até falha, desconsiderando
tempos desligados.
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Importância da Confiabilidade
Importância da Confiabilidade Exemplos práticos
‹ No projeto de produtos, processos e serviços. ‹ Em 1963, o submarino nuclear Thresher implodiu
– Itens confiáveis requerem menor intervenção do
causando a morte de 129 tripulantes:
fabricante após venda, gerando menos custos. – testes na carcaça limitavam a profundidade de operação
– Projeto de itens confiáveis integra funções de design e a 500 metros de profundidade.
manufatura, gerando processos mais robustos e – tripulantes ignoraram procedimentos operacionais e
estáveis. ultrapassaram profundidade máxima em mais de 30%,
– Fornece suporte quantitativo a técnicas qualitativas causando colapso da carcaça do submarino.
bastante difundidas como FMEA (failure mode effect
analysis)

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Importância da Confiabilidade Importância da Confiabilidade


Exemplos práticos Exemplo no setor de serviços
‹ Em 1986, duas explosões destruíram o mais novo ‹ Na década de 60, a AT&T instalou seu primeiro
dos 4 reatores nucleares em Chernobyl, causando cabo transatlântico de comunicações. O objetivo
o pior desastre nuclear comercial da história: era no máximo 1 falha em 20 anos.
– 31 pessoas morreram e 200 pessoas foram vítimas de ‹O cabo ainda está em operação sem nenhuma
radiação crônica. falha.
– perdas monetárias foram da ordem de US$ 3 bilhões.
‹A AT&T está repondo antigos cabos por cabos de
fibra ótica, mais baratos e com confiabilidade de
projeto de no máximo 1 falha em 80 anos de uso.

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Importância da Confiabilidade Áreas de aplicação da
Exemplo no setor automobilístico Confiabilidade na EP
‹ GM e Ford fizeram diversos recalls na década de ‹ Análises de risco e segurança
90, para substituição de partes defeituosas. ‹ Proteção ambiental –na melhoria do projeto e
regularidade operacional de sistemas anti-poluentes.
‹ Recalls causam perdas monetárias enormes, além de
prejudicar a imagem da empresa junto a seus ‹ Qualidade –confiabilidade é uma CQ (talvez a +
importante) a ser considerada no projeto e otimização
clientes (passa a ser vista como não-confiável). de produtos e processos.
‹ Ford produziu 23 milhões de transmissões ‹ Otimização da manutenção – através da adoção de
automáticas defeituosas entre 1968 e 1980, gerando programas de manutenção centrados em
mais de 1000 processos e indenizações que somam confiabilidade.
mais de US$500 milhões. ‹ Projeto de produtos
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Qualidade ≠ Confiabilidade Medidas de Confiabilidade


‹ Principal diferença: confiabilidade incorpora a ‹ Principais medidas de confiabilidade:
passagem do tempo; qualidade é uma descrição
estática de um item. – Função de Confiabilidade ➙ R(t)
‹ Exemplo: dois transistores de igual qualidade usados (também denominada função de sobrevivência)
em um aparelho de televisão e em um equipamento
bélico: – Taxa de Falha (ou risco) e Função de Risco ➙ h(t)
– Ambos os transistores apresentam qualidade idêntica, mas o 1o – Tempo Médio até a Falha ➙ MTTF
possui confiabilidade provavelmente maior, pois será utilizado
de forma mais amena (em ambiente de menor stress).
– Vida Média Residual ➙ MRL
– Parece claro que uma alta confiabilidade implica em alta
qualidade; o contrário é que pode não ser verdade.

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TTFs podem ser discretos ou
Tempo até Falha (TTF) contínuos
‹ Definição: ‹ Discretos - número de rotações até falha,
número de aterrisagens até falha, etc.
Tempo transcorrido desde o momento em que a unidade
é colocada em operação até o momento de sua primeira ‹ Contínuos - tempo de calendário.
falha.
Variáveis discretas podem ser aproximadas por variáveis
‹ Representação: contínuas.
Variável aleatória T, com realizações representadas logo
por t. Supõe-se T continuamente distribuída c/ densidade de
probabilidade f(t) e função acumulada de probabilidade
F(t).

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Função Acumulada de Probb Função de Confiabilidade


t
‹ Dada pela probabilidade da unidade
F (t ) = P (T ≤ t ) = ∫ f (u )du , t > 0
0 (componente/sistema) não falhar no intervalo
(0, t]; isto é:
Densidade de probabilidade f(t) é dada por:

d R (t ) = 1 − F (t ) = 1 − P (T ≤ t ) = P (T > t ) , t > 0
f (t ) = F (t )
dt

Propriedades de f(t) são vistas mais adiante.

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Taxa de Falha Função de Risco, h(t)
‹ Dada pela probb da unidade vir a falhar no ‹É dada pela taxa instantânea de falha.
intervalo (t, t + ∆ t), dado que a unidade está ‹ P/ determiná-la, divide-se a taxa de falha por um
operante no tempo t: intervalo de tempo ∆t e calcula-se o limite.
P (t < T ≤ t + ∆t ) ‹O resultado é:
P (t < T ≤ t + ∆t |T > t ) =
P (T > t )
F (t + ∆t ) − F (t ) 1
= h(t ) = f (t ) ×
R (t ) R (t )

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Importante Importante
‹ h(t) é uma probb condicional. ‹ h(t)indica a mudança na taxa de falha no
decorrer da vida de uma população de unidades.
“Dado que a unidade está operante no tempo t, qual a
probb de falha em (t, t + ∆t]?“
‹ Exemplo:

‹ f(t) é uma probabilidade não-condicional. – Dois componentes podem apresentar a mesma


confiabilidade num tempo t e taxas de falha (até o
“Qual a probb da unidade falhar no intervalo
tempo t) completamente diferentes.
(t, t + ∆t]?“

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R(t) e f(t) são unicamente
determinadas por h(t) Componentes e função de risco
‹ Um grande no de componentes apresenta três
funções de risco ao longo de sua vida útil:
 t 
R (t ) = exp − ∫ h(t )dt 

curva da banheira
h(t)
 0 
I II III

 t 
f (t ) = h(t ) exp − ∫ h(t )dt 
 0  t
I - mortalidade infantil (usualmte ocorre durante burn-in);
II - vida normal;
III - desgaste.
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Exemplo Função de densidade de probb


‹ Deseja-se estimar a MTTF de lâmpadas elétricas.
Duzentas lâmpadas são testadas e as falhas são
0.0005
registradas. 0.0004
Intervalo de tempo Falhas no Determine:
f(t)
0.0003
(horas) intervalo
0.0002
0 - 1000 100 • função de densidade, f(t)
1001 - 2000 40 0.0001
2001 - 3000 20 • função de risco, h(t) 0.0000
3001 - 4000 15 0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000
4001 - 5000 10 • função de confiabilidade, R(t) t: tempo
5001 - 6000 8
6001 - 7000 7
Total 200

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Função de risco Função de confiabilidade

0.0025 1.0

0.0020 0.8

0.0015 0.6

R(t)
h(t)

0.0010 0.4

0.0005 0.2

0.0000 0.0
0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000
t: tempo t: tempo

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MTTF MTBF e MTTR


‹ MTBF = tempo médio entre falhas.
‹O tempo médio-até-falha é função da
confiabilidade: ‹ MTTR = tempo médio de reparo.

– Quando MTTR → 0, MTTF ≅ MTBF
MTTF = ∫ R (t ) dt
0 – Quando MTTR >> 0, MTBF = MTTF + MTTR

‹ Representação gráfica:
‹ Um expressão similar é dada por:
MTTF MTTF
∞ funciona
MTTF = ∫ t f (t ) dt
0 MTTR MTTR
ñ- funciona
MTBF
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Vida Média Residual, MRL Relação entre funções
‹É a vida remanescente (T - l) esperada p/ a ‹É fácil observar que as diferentes funções dos
unidade, dado que no tempo t a unidade estava tempos-até-falha estão relacionadas.
operante.
‹A tabela a seguir mostra como, a partir de uma
‹É definida em termos de uma probabilidade função, pode-se obter as demais.
condicional:
‹ Por exemplo, se dispusermos somente da
L( t ) = E [T − t T ≥ t ]
densidade do TTF, como obter todas as demais

1   funções.
L(t ) =  ∫ τf ( τ)dτ  − t
R(t )  t 

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Relação entre funções Exemplo


‹ Lâmpadas elétricas costumam apresentar tempos-
até-falha descritos por uma distribuição
exponencial, c/ densidade dada por:

f (t ) = λ e − λt , t ≥ 0

‹ Na sequência, derivam-se as principais medidas


de confiabilidade associadas às lâmpadas.

R′(t) denota a derivada primeira de R(t) em relação a t.


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Exemplo Exemplo
Função de confiabilidade Função de risco
∞ f (t )
R(t ) = ∫ f (u )du = h(t ) = =
t R (t )

= ∫ λ e − λu du = λ e − λt
t = − λt

e

= −e − λ u = 0 − ( −e − λt )  = e− λt
t ‹ Como λ = constante, conclui-se que a função de
risco da exponencial é do tipo FRE (função de
risco constante no tempo).
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Exemplo Exemplo
Função de risco acumulada Tempo médio até falha (MTTF)

t MTTF = ∫ R(t )dt =
H (t ) = ∫ h(u )du = 0
0
∞ −1 ∞
t = ∫ e − λt dt = [e − λ t =
.
= ∫ λ du = λt 0 λ 0
0
−1 1
= (0 − 1) =
λ λ

‹ MTTF p/ tempos-até-falha exponencialmente


distribuídos corresponde ao recíproco da taxa de
falha λ.
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Exemplo
Vida residual média Exercícios
1 ∞ ‹ Resolva os exercícios 1, 2 e 8 da lista no final do
R(t ) ∫t
L(t ) = uf (u )du − t = Capítulo 1 da apostila.
1 ∞ 1
= − λt ∫ uλ e − λu du − t =
e t λ

‹ Mediante suposição de tempos-até-falha


exponencialmente distribuídos, a vida residual
média da unidade independe de sua idade.

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