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Médico Ortopedista e Cirurgião da Coluna do Serviço de Cirurgia da Coluna do Hospital Vita Curitiba – Curitiba (PR), Brasil.
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Médico Clínico e Acupunturista do Serviço de Cirurgia da Coluna do Hospital Vita Curitiba – Curitiba (PR), Brasil.
COLUNA/COLUMNA. 2007;6(3):115-121
plasmapore e fixação posterior com in radiological, they studied the balan- del balance sacro, a través del uso de
parafusos pediculares posteriores e ce reconstruction and the fusion bloques de titanio envueltos con
enxerto interfacetário ou póstero lateral. reaching almost 95% of good plasmapore y fijación posterior con
Esta técnica foi realizada em 575 radiological results in the first three tornillos pediculares posteriores e
pacientes no período de Janeiro de 1998 years of follow-up. They analyzed 103 injerto interfacetario o posterolateral.
a Dezembro de 2005. Resultados: os patients with a minimum of seven years Fue realizada esta técnica en 575
resultados foram analisados clinica e of follow-up and found clinical worst pacientes entre el periodo de Enero
radiologicamente, tendo sido obser- results in seven years, but no changes de 1998 a Diciembre de 2005.
vada a melhora clínica em 85 % dos in radiological fusion. Conclusion: the Resultados:los resultados fueron
pacientes e melhora radiológica em authors conclude that the restoration analizados clínica y radiológicamente,
95% destes com um período de segui- of balance and alignment now possible donde se observó mejoría clínica en
mento de três anos. Foram avaliados with the new techniques of segmental 85% de los pacientes y mejoría radio-
103 pacientes com no mínimo sete anos arthrodesis, the treatment of spinal lógica en 95% de estos mismos, con
pós-cirurgia, sendo estes pacientes degenerative disease has become much un periodo de seguimiento de 3 años.
submetidos aos mesmos padrões de ava- better and safer. Evaluamos 103 pacientes, con un míni-
liação do início do estudo. Observou- mo de 7 años post quirúrgico, siendo
se que, mesmo com a perda da melhora estos pacientes sometidos a los
clínica ao longo destes sete anos, não mismos padrones de evaluación al ini-
houve perda do ganho radiológico, cio del estudio, notándose que mismo
demonstrando ser uma técnica de con una pérdida de la mejoría clínica a
artrodese rígida e confiável. Devido ao lo largo de estos sete años, no hubo
longo tempo de seguimento, foi estu- pérdida de la ganancia radiológica,
dada, também, a fusão intervertebral demostrando ser una técnica de
pela técnica do PLIF com blocos de artrodesis rígida y confiable. Debido al
titânio através da formação de pontes largo tiempo de seguimiento estudiamos
ósseas no espaço interssomático. también la fusión intervertebral, por la
Conclusão: foi observado que, com técnica de PLIF con bloques de titanio
esta técnica, pode-se realinhar o ba- a través de la formación de puentes
lanço lombar e, possivelmente, mini- óseas en el espacio intersomático.
mizar a progressão da doença Conclusión: fue observado que con
degenerativa lombar. esta técnica se puede realinear el ba-
lance lumbar y posiblemente minimizar
la progresión de la enfermedad
degenerativa lumbar.
INTRODUÇÃO
A doença degenerativa da coluna lombossacral representa da coluna lombar. Na busca contínua deste propósito ini-
um grande desafio para o cirurgião da coluna. A ciamos, há alguns anos, estudos com a técnica de re-
reconstrução do balanço e do alinhamento da coluna lombar construção do balanço lombar, associado à artrodese seg-
é possível atualmente devido às novas técnicas de artrodese mentar utilizando blocos de titânio envoltos com
segmentar tornando o tratamento cirúrgico da doença plasmapore no espaço interssomático e fixação posterior
degenerativa lombar muito melhor e mais seguro. A técnica com parafusos pediculares.
de artrodese interssomática posterior (AIP) foi descrita por A descompressão de estruturas neurológicasa é a base
Cloward1-2 há vários anos e desde então muitas variantes para eliminar a dor. Deve-se proceder cirurgicamente com
foram desenvolvidas. O desafio para o cirurgião da coluna a liberação radicular foraminal e nos recessos do canal neural
é proceder a uma cirurgia que produza a estabilização do e, em alguns casos, é necessário até mesmo ressecar a faceta
segmento lombar com a manutenção do espaço discal e articular. Observamos que nos casos de doença degenerativa
alinhamento correto da curvatura fisiológica lombar, discal ou instabilidades, apenas a descompressão mecânica
buscando minimizar o progresso da doença degenerativa não é suficiente para manter, difinitivamente, as estruturas
COLUNA/COLUMNA. 2007;6(3):115-121
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Foi isolada a raiz nervosa, bilateralmente, sendo esta afasta- 2. Bom - dor leve ou insignificante, retorno ao trabalho
da medialmente com retratores de raízes quando, então, foi prévio, atividade física reduzida;
feita a retirada do disco, bilateralmente, com curetagem do 3. Regular - dor moderada troca de atividade laborativa
mesmo sem lesão do osso subcondral. Após limpeza comple- para mais leve, atividade física limitada, uso de
ta do espaço discal, fez-se a mensuração do bloco em titânio medicação analgésica ou antiinflamatória com
(prospace) e, depois disto, com as raspas de acordo com o regularidade;
tamanho do implante procedemos a limpeza da superfície 4. Ruim - dor severa sem melhora e sem controle,
cartilaginosa sobre o osso subcondral do espaço discal, de incapacitado para o trabalho (qualquer atividade).
modo a evitar a lesão do mesmo, pois é necessária sua
integridade para perfeito apoio do implante interssomático. No segundo grupo, foram alisados os exames de imagem
É importante lembrar que foi realizada não apenas a artrodese no pré e pós-operatório, por meio de radiografias da coluna
e, sim, a correção do alinhamento lombar seguida de artrodese, lombossacral na posição ântero-posterior e lateral na mesma
motívo pelo qual nos casos de espondilolistese com clínica de radiologia e com a mesma técnica de exame.
escorregamento de até 50% do corpo vértebra, faz-se sempre Nestes exames, foram medidos o espaço discal em seu terço
a redução máxima deste deslizamento utilizando a técnica de anterior, médio e posterior e a altura foraminal, sempre no
translação do corpo vertebral desnivelado com Sistema de pré e pós-operatório imediato, três meses, seis meses, 12
Redução de Listese. Após a impacção dos blocos de titânio meses, 24 meses e 36 meses. Notamos que na última medida
no espaço interssomático, percebemos sempre leve distração das radiografias com 36 meses, na maioria dos casos não
das articulações interfacetárias, sendo este parâmetro foi possível a mensuração do espaço discal devido à
importante para definir a presença de distração demasiada do formação das pontes ósseas na fusão do espaço
espaço discal. Depois de impactados os blocos em titânio, interssomático (Gráfico 1). No grupo com sete anos ou mais
procedemos à limpeza da superfície cartilaginosa das de pós-operatório foram realizadas as mesmas medições
articulações intertacetárias com uso de broca de alta rotação radiológicas.
com broca cortante e retirada de toda a cartilagem até presença Na análise dos resultados clínicos, foi utilizada a escala
de superfície subcondral sangrante, esta técnica é utilizada de avaliação de Stauffer Coventry4. Nos três primeiros anos
nos casos de síndrome pós-laminectomia e nos casos de após a cirurgia observamos aproximadamente 85 % dos
doença degenerativa discal. Após a exposição da superfície pacientes com excelente e bom resultado significando que
subcondral sangrante interfacetária, foi feita a impacção dos os mesmos retornaram às suas atividades de trabalho e físicas
fragmentos ósseos resultantes da laminectomia. Para a prévias sem dor ou com dor insignificante. Neste estudo,
estabilização posterior, foi utilizado em todos os casos o foram encontrados resultados semelhantes com o estudo de
mesmo sistema de fixação pedicular posterior (SOCON). Bronsard et al.5 (Tabela 1).
O nível L2/L3 foi operado em cinco pacientes, L3/L4 Na última avaliação clínica e radiológica deste estudo,
em 65 pacientes, L4/L5 em 187 pacientes e L5/S1 em 318 fez-se a avaliação clinica e radiológica de 103 pacientes, do
pacientes. O tempo de cirurgia variou de 95 a 175 minutos, total de 575 iniciais. Os 103 pacientes apresentavam no
com tempo médio de 125 minutos para o procedimento todo, mínimo sete anos pós-operatório e foram submetidos aos
sendo que os tempos maiores foram nos casos de mesmos estudos clínicos e radiológicos realizados
espondilolistese devido à necessidade de maior hemostasia. anteriormente. Foi observada uma perda percentual do
O sangramento durante o procedimento cirúrgico variou de quadro de bons resultados clínicos quando comparados com
100 ml até 400ml com o sangramento médio de 180 ml, no a avaliação de três anos. Na avaliação dos resultados
pós-operatório imediato e no primeiro dia pós-operatório radiológicos não encontramos alteração dos resultados da
foi usado sempre dreno a vácuo, encontrado-se sangramento área artrodesada, mas sim a degeneração dos espaços
médio de 250ml. Nos casos de reoperação discal com grave adjacentes à fusão, e acreditamos que estas degenerações
fibrose há maior risco de lesão da dura-máter. Em nossa sejam as responsáveis pela piora dos resultados clínicos com
casuística, ocorreram nove lesões cirúrgicas da dura-máter sete anos de seguimento (Tabela 2).
sendo todas resolvidas durante o procedimento cirúrgico
com sutura simples da dura-máter e, no pós-operatório, não TABELA 1 –– Resultados clínicos*/seguimento de
se observou caso de fístula liquórica. 36 meses pós-operatório
Resultado Pacientes (%)
RESULTADOS
A análise dos resultados foi divida em dois grupos. No Excelente 320 (55,8)
primeiro grupo, foram analisados os resultados clínicos Bom 175 (30,5)
verificando-se queixa de dor, capacidade laborativa e Regular 69 (11,9)
capacidade esportiva no pré e pós-operatório. Para esta
Ruim 11 (1,8)
análise usou-se e escala de avaliação de Stauffer-Coventry4::
1. Excelente - sem dor, retorno ao trabalho prévio, atividade Total 575 (100)
física e esportiva normal, sem medicação; * Tabela de Stauffer Coventry
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TABELA 2 – Resultados clínicos/ seguimento de avaliação dos implantes durante os sete anos de seguimen-
sete anos pós-operatório* tos, seja os parafusos pediculares ou os blocos de titânio, foi
encontrada soltura de parafusos em 35 pacientes e em muitos
Resultados Pacientes (%)
deles sem a presença de queixas clinicas com o diagnóstico
Excelente 37 (35,9%) (35,9) de soltura apenas pelos exames de imagem. Nos casos de
Bom 19 (18,5%) (18,5) soltura dos blocos de titânio, em 18 pacientes (3,2%) sempre
Regular 33 (32,0%) (32,0) havia quadro de dor lombar e pelos exames de imagem com
halo de absorção óssea ao redor do bloco. Devemos salientar
Ruim 14 (13,6%) (13,6)
que, todos os 18 casos de soltura do bloco de titânio ocorreram
Total 103 (100) até 12 meses após a cirurgia. O espaço discal e a altura
* Tabela de Stauffer Coventry foraminal foram medidos em todos os pacientes com
radiografias simples na projeção ânteroposterior e perfil no
Pode-se observar pela análise das Tabelas 1 e 2 que após pré-operatório, pós-operatório imediato, com três, seis, 12,
sete anos da cirurgia de fusão de um nível lombar houve piora 24 e 36 meses pós-operatório, sendo estes exames feitos
de todos os resultados clínicos, obtendo excelente e bons sempre com a mesma técnica e na mesma clínica radiológica.
resultados em apenas 54,4 % dos pacientes e aumento para Em 103 pacientes foram feitos os mesmos exames com sete
quase 14% de maus resultados. Quando analisamos anos pós-operatórios. Em todos os pacientes obtivemos
clinicamente estes números vemos muitos pacientes, que aumento do espaço discal e da altura foraminal, e este ganho,
haviam retornado ao trabalho prévio após a cirurgia com sete se manteve em todas as medições realizadas, mesmo naqueles
anos e estão em outra função, mais leve ou até mesmo pacientes com sete anos pós-operatório (Gráficos 1 e 2).
afastados do trabalho. Ao se avaliar os resultados radiológicos, Na avaliação das imagens radiográficas após três a quatro
estes foram analisados sobre dois aspectos: inicialmente, com meses notamos esclerose na superfície de contato do bloco
relação ao aumento do espaço discal e da altura foraminal de titânio com o osso subcondral do espaço discal, sendo
criando real descompressão de estruturas neurais e esta esclerose uma reação óssea devido ao microcrescimento
reconstrução das linhas de força que atuam sobre os discos de trabéculas ósseas nos microporos do plasmapore que
adjacentes; o outro aspecto analisado no estudo radiológico envolve os blocos de titanio (Figura 2). Esta esclerotização
foi o tempo para a osteointegração do bloco de titânio óssea significa a ósteointegração no osso subcondral. Os
recoberto por plasmapore e o tempo para formação de pontes mesmos resultados foram encontrados no trabalho
ósseas levando à fusão óssea o espaço interssomático. Na experimental de Tropiano et al.3.
Gráfico 1
Medida do espaço discal (*seguimento máximo 24 meses)
Gráfico 2
Medida da altura foraminal (seguimento máximo sete anos)
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REFERÊNCIAS
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2. Cloward RB. Posterior lumbar Three column stabilization through a 7. Bronsard JJ, Tropiano P, Louis C,
interbody fusion updated. Clin posterior approach with titanium Kaech DL: Three column spinal fusion
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3. Tropiano P, Diop A, Dejou J. A (Prospace). Radiological and clinical In: Kaech DL, Jinkins JR, editors.
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Riv Neuroradiol. 1999; 12: S81-7.
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