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IBO - INSTITUTO BRASILEIRO DE OSTEOPATIA W.G.

SUTHERLAND
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM OSTEOAPATIA
RELAÇÃO DA CERVIOBRAQUIALGIA COM DISFUNÇÕES OSTEOPÁTICAS

TORÁCICAS

NILDA ALBERNAZ

RIO DE JANEIRO

2005
NILDA ALBERNAZ

RELAÇÃO DA CERVIOBRAQUIALGIA COM DISFUNÇÕES OSTEOPÁTICAS

TORÁCICAS

Monografia apresentada como

exigência final do Curso de Pós

Graduação em Osteopatia.

RIO DE JANEIRO
2005
NILDA ALBERNAZ

RELAÇÃO DA CERVIOBRAQUIALGIA COM DISFUNÇÕES OSTEOPÁTICAS

TORÁCICAS

Monografia apresentada como

exigência final do Curso de Pós

Graduação em Osteopatia.

Aprovada em ______/_______/2005

Prof. Dr.

RIO DE JANEIRO

2005
DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho ao meu marido


Jorge Renato, sempre ao meu lado
em todos os momentos e às minhas
filhas Manuela e Isabela que são a
mola propulsora de minha vida.
AGRADECIMENTO

Agradeço primeiro a Deus, pois sem


Ele nada somos e nada alcançamos.
Agradeço aos meus pais, pois sem
eles não existiria e nada seria.
Agradeço a todos os colegas,
amigos e ao meu esposo e filhas
por seu apoio incondicional.
RESUMO

O objeto do presente estudo é a relação da cervicobraquialgia com

disfunções osteopáticas torácicas onde tentar-se-á provar que a

cervicobraquialgia não é uma disfunção cervical, mas sim torácica cuja

conseqüência é o aparecimento de disfunções osteopáticas na região torácica

que só com o tratamento osteopático é que se obterá uma relevante melhora da

sintomatologia do paciente.

Palavras-chave: CERVICOBRAQUIALGIA, DISFUNÇÃO

OSTEOPÁTICA, OSTEOPATIA
ABSTRACT

The object of the present study is the relation of the cervicobraquialgia with

torácicas osteopáticas injuries where it will be tried to prove that the

cervicobraquialgia is not a cervical injury, but yes torácica whose consequence is

the appearance of osteopáticas injuries in the torácica region that with the

osteopático treatment only is that an excellent improvement of the sintomatology

of the patient will be gotten.

Keys words: CERVICOBRAQUIALGIA; OSTEOPÁTICA INJURIE;

OSTEOPATIA
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO..........................................................................................................9

Capítulo I - A OSTEOPATIA.............................................................................10

1.1 ASPECTOS GERAIS...............................................................10

1.2 HISTÓRIA E EVOL UÇÃO DA OSTEOPATIA........................11

1.3 A BASE DA OSTEOPATIA.......................................................13

1.4 OS PRINCIPIOS DA OSTEOPATIA........................................15

1.4.1 Principio Primeiro: A estrutura determina a função............16

1.4.2 Principio Segundo: A unidade do corpo.............................16

1.4.3 Principio Terceiro: A autocura............................................17

1.4.4 Principio Quarto: A regra da artéria é absoluta..................18

1.5 DISFUNÇÃO OSTEOPÁTICA..................................................19

Capítulo II - ANATOMIA SISTEMÁTICA DO APARELHO LOCOMOTOR......20

2.1 A COLUNA VERTEBRAL.........................................................20

2.2 A COLUNA CERVICAL............................................................21

2.3 MÚSCULOS CERVICAIS.........................................................23

MÚSCULOS POSTERIORES DO PESCOÇO...............................23

2.4 LIGAMENTOS..........................................................................27
2.5 ARTICULAÇÕES......................................................................28

2.6 INERVAÇÃO.............................................................................30

2.7 NEURALGIA CERVICOBRAQUIAL.........................................31

Capítulo III - A RELAÇÃO DA CERVIOBRAQUIALGIA COM DISFUNÇÕES

OSTEOPÁTICAS TORÁCICAS.............................................................................33

3.1 NEUROFISIOLOGIA DA DISFUNÇÃO OSTEOPÁTICA.........33

3.2 A FORMAÇÃO DA DISFUNÇÃO OSTEOPÁTICA VISTA

PELA NEUROFISIOLOGIA .................................................................................35

3.3 CONSIDERAÇÕES ANATÔMICAS.........................................36

CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................................38

REFERÊNCIAS.......................................................................................................39

FIGURAS................................................................................................................41

CABEÇA E PESCOÇO VISTA LATERAL......................................41

MÚSCULOS DO PESCOÇO..........................................................42

MÚSCULO DO BRAÇO (CAIXA TORÁCICA)...............................43

OMBRO E MÚSCULOS DO OMBRO............................................43

VASOS E NERVOS DA REGIÁO CERVICAL LATERAL..............44


INTRODUÇÃO

Cuida o presente trabalho do estudo da relação da

cervicobraquialgia com disfunções osteopáticas torácicas onde tentar-se-á provar

que a cervicobraquialgia não é uma disfunção cervical, mas sim torácica cuja

conseqüência é o aparecimento de disfunções osteopáticas na região torácica

que só com o tratamento osteopático é que se obterá uma relevante melhora da

sintomatologia do paciente.

Para a consecução da pesquisa o Capítulo Primeiro cuidará da

Osteopatia, seus aspectos gerais, história e evolução, a base de formação da

Osteopatia como de seus princípios e uma breve analise da disfunção

osteopática.

No Capítulo Segundo cuidar-se-á em realizar uma breve

demonstração sistemática da anatomia do aparelho locomotor com ênfase na

coluna vertebral, coluna cervical, músculos, ligamentos e inervações dissertando

brevemente sobre a neuralgia cervicobraquial.

A relação da cervicobraquialgia com disfunções osteopáticas é

objeto do Capítulo Terceiro sendo aqui apresentada a neurofisiologia da disfunção

osteopática, sua formação e as considerações anatômicas que levem à essa

relação terminando com as Considerações Finais sobre o assunto em pauta.


10

CAPÍTULO I - A OSTEOPATIA

1.1 ASPECTOS GERAIS

A osteopatia é uma terapia que se baseia no tratamento manual das

estruturas corporais. O propósito do tratamento e na realidade, o verdadeiro

fundamento da Osteopatia, é a correção da estrutura melhorando assim a função

orgânica. O objetivo então é o de liberar os diferentes tecidos do organismo do

mecanismo de restrição que o impedem de cumprir sua função natural.

Segundo a Academia Internacional de Osteopatia (Bélgica): A

Osteopatia é uma abordagem diagnóstico-terapêutica e manual destinada às

perdas de funcionamento das articulações e dos tecidos em geral no quadro da

participação os mesmos não aparecimento das doenças.

A disfunção osteopática é uma perda ou uma diminuição da

mobilidade das estruturas entre si. Na realidade esta mobilidade tem relação tanto

com os tecidos suaves e órgãos como com os ossos. Uma descoberta precoce e

um tratamento apropriado dessas disfunções osteopáticas, que inevitavelmente

conduzirão à doença, é a função mais importante da Osteopatia.

O tratamento através da Osteopatia deverá sempre buscar as

causas através da lógica, da compreensão e o respeito das estruturas. A

correção estará alcançada quando as estruturas comprometidas tiverem


11

retornado aos seus próprios movimentos. A esse resultado os osteopatas

chamam de normalização.

O osteopata não só trata as causas dos transtornos funcionais como

também verifica de maneira preventiva os mecanismos essenciais de nossa

fisiologia que asseguram o equilíbrio e a saúde. Embora a Osteopatia não

pretenda que a disfunção osteopática seja o fator etiológico principal em todas as

patologias, necessário se faz, não obstante, seja considerada como um fator

sensibilizante e preditivo, de relativa importância na clinica.

Importa evidenciar o fato de que toda a manobra osteopata é precisa

e sem perigo. O ato de normalização da estrutura comprometida não necessita de

força nem de violência na sua técnica.

O campo de ação da Osteopatia atende a variadas e diversas

indisposições podem se tratadas com a Osteopatia, ficando assim demonstrada

ser a Osteopatia uma forma de ajudar todo o corpo a recuperar-se de forma

natural. A Osteopatia é uma terapia especifica para identificar e tratar as causas

de moléstias, dores e disfunção músculo-esquelético e orgânica, estimular os

mecanismos de defesa natural e promover o equilíbrio e a saúde.

Observar-se-á que, contudo não existam provas cientificas sobre os

resultados da osteopatia, sua evolução através da história mostra que a única

comprovação que se tem é na prática e nos resultados de sua aplicação a casos

concretos.

1.2 HISTÓRIA E EVOL UÇÃO DA OSTEOPATIA

A palavra Osteopatia tem sua origem do grego osteo (osso) paria


12

(enfermidade). É a arte ou a ciência de diagnosticar e tratar das disfunções do


corpo humano através de manipulações que tem por objetivo melhorar a estrutura
músculo-esquelético.
Através da manipulação músculo-esquelético o osteopata busca

verificar se o sistema de articulações e músculos está alinhado e funcionando

bem ou se ao contrário, detecta que há uma falha seja devida a um traumatismo,

uma má postura ou stress psicológico. A base teórica da osteopatia funda-se em

que ocorrendo uma alteração do sistema músculo-esquelético ocorre uma

disfunção das funções nervosas no local e consequentemente uma alteração das

funções diferentes órgãos vitais.

As bases da osteopatia foram estabelecidas pelo médico americano

Andrew Still, em 1872, que criou o termo osteopatia para denominar uma nova

filosofia médica desenvolvida através de suas pesquisas e observações clínicas

Em 1892, a primeira escola de medicina osteopática foi criada em Kirksville,

Estado de Missouri (EUA).1

O Dr. Still considerava que mesmo uma pequena desordem dentro

de uma articulação poderia provocar uma seqüência de sofrimento. Com a

combinação das palavras gregas osteon (osso) e pathos (sofrimento) ele

consagrou sua visão e assentou as bases teóricas e práticas da Osteopatia.

(ISSARTEL & ISSARTEL, 1983)

Em 1917 a Osteopatia atravessa fronteiras firmando raízes na

Europa quando se cria a British School of Osteopathy, primeira escola no Reino

Unido. A Escola Européia de Osteopatia em Maidstone e outras escolas

1
Os dados aqui apresentados têm sua base de dados firmada em: PUJOL,
Cristina. IN: Estudios y situación legal de la Osteopatía en el mundo. Disponível
em: http://www.naturmedicapro.com/beta/Articulos/mrcGeneral.asp?canal=6&
articulo=XXXXXX060703135931SP . Acesso em 05/11/2005.
13

permitiram a Osteopatia britânica ocupar importante lugar no sistema de saúde

britânico.

A Osteopatia francesa desenvolveu-se sobremaneira, possui

atualmente 09 Escolas reconhecidas internacionalmente e seu registro de

Osteopatas ultrapassa a 500 membros. Na Bélgica a Osteopatia faz parte da

grade oficial da Universidade de Bruxelas. Várias são as escolas de Osteopatia

que vão se desenvolvendo na Europa, União Européia, Suíça, Áustria, Holanda,

Canadá e Argentina.

Para Still:

Osteopatia é uma ciência que consiste tanto do


conhecimento exato, exaustivo e verificável de estruturas e
funções do mecanismo humano (anatômicos, fisiológicos e
psicológicos), pelas quais a natureza sob um peculiar
tratamento científico (prática osteopática) à parte de
qualquer outro método e de maneira harmônica com seus
próprios princípios mecânicos, atividades moleculares e
processos metabólicos, pode recuperar levando a um
equilíbrio normal da saúde e resistência. (STILL, 1847 IN
APOSTILA I.B.O.)

O sustentáculo da osteopatia, para seu fundador Andrew Still, está

na capacidade de estimulação de auto-cura do corpo humano, de onde propõe os

princípios básicos para a prática da osteopatia.

1.3 A BASE DA OSTEOPATIA

O conceito base da Osteopatia defende que a estrutura rege as

funções e este principio continua a ser a base da Osteopatia moderna. A má

postura, as disfunções físicas podem ser tratadas pela Osteopatia, ajustando a


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estrutura do corpo para aliviar essas tensões e permitir que o corpo recupere o

seu equilíbrio.

A Osteopatia estimula os mecanismos existentes no corpo humano,

para que se concentrem na função de auto-correção dos desequilíbrios. O objetivo

da osteopatia e promover o equilíbrio melhorando a postura e eliminando dores

com a colocação das articulações nas suas posições mais corretas através do

uso de manipulações e massagem. É de conhecimento comum que as tensões

evidenciam-se nos músculos tensionando-os e contraindo-os e que estão ligados

aos ossos.

O Osteopata possui uma gama de técnicas manipulativas para

esfolher de acordo com o seu diagnóstico osteopático.

 Estruturais: HVBA (alta velocidade e baixa amplitude) técnica

de thrust de pequena amplitude e de alta velocidade;

 Energia Muscular: (Fred Mitchel) onde o vetor vai ser

muscular;

 Sutherland, técnica de exageração da lesão onde se usa a

apnéia respiratória onde o vetor é ligamentar.

 Funcionais: a técnica dos pontos-gatilhos de Jones, (tender

points) relaxamento espontâneo pelo relaxamento.

 Chila, relaxamento mio-fascial


15

Além delas, pode-se destacar as técnicas estruturais de articulação

baseadas na construção de alavancas adaptadas e as neuromusculares de

Stanley Lief, muito úteis para harmonizar as tensões fasciais.

Os campos de atuação da Osteopatia estão assim distribuídos:

 O aparelho locomotor, em particular a coluna vertebral: 70%

das consultas;

 As vísceras: 15% das consultas;

 O crânio: 15% das consultas.

Sendo o fundamento da osteopatia a recuperação da mobilidade dos

tecidos corporais, outra premissa parte do movimento das articulações do crânio,

consideradas imóveis pelos anatomistas até que o osteopata americano William

G. Sutherland descobriu, nos anos 20, a expansão e contração do crânio e sua

influência no funcionamento do cérebro. “Qualquer motivo que diminua a

mobilidade do crânio vai interferir na saúde geral, já que todos os sistemas do

organismo dependem do cérebro” (BUSANI, 2005).

Dessa fisiodinâmica que se utiliza a medicina osteopática gerou-se

princípios básicos de atuação, sintetizados por Still em sua obra, que será

brevemente analisado em seguida.


16

1.4 OS PRINCIPIOS DA OSTEOPATIA

Os estudos dos fenômenos anátomo-fisiológicos, uma boa

compreensão de seu funcionamento e sua relação com os dados da medicina

clinica, constituem o traço que distingue os princípios da osteopatia.

Os princípios osteopáticos encontram seu fundamento na anatomia,

na fisiologia e na patologia.

Assim observado, pode-se dizer que a medicina osteopática repousa

sobre quatro grandes princípios.

1.4.1 Principio Primeiro: A estrutura determina a função

Na osteopatia a noção de fisiodinâmica é, de fato, o instrumento

privilegiado de toda a pesquisa etiológica de um paciente.

O ser humano é considerado como um todo único e indivisível.

Essas estruturas são os ossos, os músculos, as fáscias, as vísceras, as

glândulas, a pele, etc. Para Still a estrutura determina a função, podendo serem

perturbadas localmente e à distancia pelas estruturas.

A função é a atividade de cada uma de partes, o tais como a função

respiratória, a cardíaca, a digestiva, etc. A enfermidade não pode se desenvolver

se a estrutura está em harmonia, portanto o distúrbio da estrutura origina as

doenças. A relação entre estrutura e função se aplica a todos os elementos do

corpo.
17

1.4.2 Principio Segundo: A unidade do corpo

Via de regra, o traumatismo de uma parte do aparelho músculo-

esquelético se reflete sobre uma articulação, seja diretamente sobre ela, seja em

pontos de impacto que coincidem com os vários outros pontos de formação desta

articulação. O corpo é uma unidade biológica na qual as partes formam um todo

que ultrapassa a soma de suas partes

Como conseqüência de mais tensão, de contração e inflamação de

certos músculos e ligamentos tem-se como resposta uma posição anormal que

termina por forçar em extremo as amplitudes fisiológicas.

Veja-se o exemplo (www.fisioweb.com.br): No ouvido interno, estão

os canais semicirculares que condicionam nosso equilíbrio, e se encarregam

obrigatoriamente da manutenção dos olhos no plano horizontal, em qualquer

posição que esteja a coluna vertebral. Tome-se como exemplo uma pessoa que

recebeu um golpe lateral esquerdo à altura da cabeça; depois desse golpe, o

corpo vai adaptar-se a esse novo estado, compensando, ao nível da coluna

vertebral, com a finalidade de preservar a horizontalidade do olhar.

Como resposta ao traumatismo o corpo cria uma escoliose de

compensação de convexidade direita torácica e convexidade esquerda lombar.

Em resultado desta resposta a pelve acompanhará a escoliose e se colocará em

adaptação sacroilíaca posterior direita o que redundará no membro inferior mais

curto. O paciente claudicará e poderá ter múltiplas dores em conseqüência do seu

problema cervical inicial.

Para Still, a causa de um mal pode estar longe do efeito. A estrutura

em harmonia permite uma boa inervação e uma boa circulação e ao ocorrer uma

perturbação nas estruturas ter-se-á disfunção. Ainda segundo o ilustre médico a


18

natureza faz um trabalho perfeito. A fim de se restabelecer perfeitamente um

corpo, basta reequilibrar as estruturas, proporcionar uma nutrição adequada e

manter o paciente em repouso. Essa combinação é suficiente para ajudar a

natureza fazer o resto.

1.4.3 Principio Terceiro: A autocura

Uma aplicação especializada e especifica da osteopatia tende a

normalizar as respostas estruturais e funcionais. O corpo humano tem em si

mesmo todos os meios necessários para eliminar ou evitar as doenças. Isto quer

dizer que, partindo da condição de que os seus "meios" estejam livres para

funcionar corretamente, ou seja, que não haja obstáculos nos condutos nervosos,

linfáticos, vasculares, e que a nutrição celular e a eliminação dos dejetos se

cumpram corretamente.

O corpo humano tem a faculdade de encontrar ou reencontrar seu

equilíbrio (físico, bioquímico, mental, etc.). É o que se chama homeostasia. A.Still

situa esta unidade ao nível do sistema miofascioesquelético. Este sistema é

capaz de guardar na memória os traumatismos sofridos

Para Sônia Pileggi:

A osteopatia é uma assistência aos sistemas de controle e de


regulação, que são os sistemas nervoso e hormonal, os quais
liberam as comunicações, informam e permitem as retificações.
Esses sistemas, por exemplo, facilitam as trocas líquidas e as
reações químicas entre as células e o meio interior, além de intervir
dentro do metabolismo celular e dentro da concentração de sais
minerais (eliminando as perturbações das estruturas que
desequilibram o sistema simpático e das glândulas endócrinas).
(www.soniapileggi.com.br)
19

Além de favorecer a homeostasia bioquímica, a osteopatia, com

suas técnicas de tratamento, objetiva, também, a homeostasia estrutural neuro-

muscular.

E como pode isto acontecer? A fáscia é responsável por excelência

pela auto-regulação estrutural. Os músculos são responsáveis pela integridade

das estruturas sob a direção do sistema nervoso. Músculos e fáscias evitam que

nos desarticulemos. A atenção da osteopatia está voltada para liberar os

caminhos da comunicação fisiológica e para desembaraçar e emaranhado das

“disfunções osteopáticas” que a própria vida origina. (In: APOSTILA I.B.O.)

A auto-regulação, autodefesa e autocura são tentativas de preservar

a organização viva contra a tendência à desagregação da matéria. O principio das

defesas naturais do organismo confirmam-se dia a dia, pela investigação da

imunologia, da bioquímica, da fisiologia.

1.4.4 Principio Quarto: A regra da artéria é absoluta

"A regra da artéria é absoluta e universal. A artéria não deve ser

obstruída, senão se instala a doença". Para Still, o papel da artéria é primordial,

pois o sangue é o meio de transporte de todos os elementos. Perturbações da

circulação arterial podem provocar paralisações venosas com acúmulo de toxinas.

1.5 A DISFUNÇÃO OSTEOPÁTICA

Segundo Sonia Pileggi:


20

Denomina-se disfunção osteopática ou disfunção somática


qualquer desordem estrutural e funcional. Essas desordens
podem ser causadas por traumatismo ou agressões oriundas do
meio externo ou provocadas por desequilíbrios de uma função
interna.
A disfunção osteopática está presente sempre que elementos
estruturais apresentem movimentos ligeiramente anormais, ainda
que não ocorram alterações teciduais no momento e local onde a
disfunção teve início. Uma disfunção osteopática pode estar
presente mesmo onde os ossos não estejam fraturados, as
articulações não estejam alteradas nem luxadas, os músculos não
apresentem ruptura ou os tecidos moles não pareçam afetados.
(www.soniapileggi.com.br)

Esta disfunção inicial (em desenvolvimento), ainda insensível,

invisível e indetectável, já causa prejuízo as estruturas podendo vir a provocar

danos futuros de menor ou maior gravidade para todo o organismo.


21

CAPÍTULO II - ANATOMIA SISTEMÁTICA DO APARELHO LOCOMOTOR*

2.1 A COLUNA VERTEBRAL

A Coluna Vertebral é o eixo de sustentação do corpo humano.

Ao longo da evolução humana, essa estrutura sofreu bruscas

modificações, influenciando diretamente na hegemonia humana sobre a Terra.

Uma vez quadrúpede, segundo teoria, o homem evoluiu para a bipedia, com a

manutenção da postura ereta da coluna sobre dois pés.

Embora a Coluna Vertebral tenha mudado de forma e orientação, ela

ainda precisa preencher essencialmente as mesmas exigências funcionais que

nos quadrúpedes:

• Carregar e suportar a caixa torácica, mantendo o equilíbrio entre

ela e a cavidade abdominal.

• Dar fixação aos músculos da cintura peitoral e pélvica, além de dar

ancoramento para muitos músculos que movem a Coluna Vertebral e fazem a

manutenção do equilíbrio e da postura;

• Atuar como amortecedor de choques, em virtude das curvaturas e

dos discos intervertebrais, recebendo e distribuindo os impactos associados com

o funcionamento dinâmico do corpo;

*
KAHLE, Werner. Atlas da Anatomia Humana. São Paulo – Rio de Janeiro – Belo Horizonte:
Atheneu, 2000.
22

• Possibilitar a movimentação e flexibilidade dos membros.

A coluna vertebral constitui a base do tronco. É composta de 33-34

vértebras e discos intervertebrais. As vértebras classificam-se em 7 vértebras

cervicais, 12 vértebras torácicas, 5 vértebras lombares, 5 vértebras sacrais 4 a 5

coccígeas no osso cóccix. Por isso as vértebras sacrais e coccígeas são

denominadas vértebras falsas em contraposição às outras que são as

verdadeiras.

2.2 A COLUNA CERVICAL

A coluna cervical é composta por sete vértebras que formam o

esqueleto do pescoço e sendo considerada em conjunto está constituída por duas

partes com anatomia e função diferentes: a coluna cervical superior e a coluna

cervical inferior. É na coluna cervical que são produzidos os movimentos

independentes da cabeça.

Distinguem-se dentre as vértebras cervicais, a 1ª Atlas, a 2ª Áxis e a

7ª vértebra proeminente. Entre a 3ª e até a 6ª vértebra cervical, há pouca

diferença. O corpo vertebral continua anteriormente ao arco vertebral. O arco

vertebral se divide numa porção anterior que é o pedículo do arco vertebral e

numa porção posterior, a lamina do arco vertebral. No ponto de passagem de

uma porção à outra do arco, há uma saliência em direção cranial e inferior. O arco

vertebral termina em um processo espinhoso de posição dorsal que da 3ª a 6ª

vértebra cervical são bifurcadas. Entre o corpo e o arco encontra-se o forame

vertebral que nas vértebras cervicais é relativamente grande, lateralmente se


23

estende o processo transverso onde se diferencia um tubérculo anterior e um

tubérculo posterior e entre ambos o sulco do nervo espinhal. O tubérculo anterior

da sexta vértebra cervical pode ser bastante grande e é denominado tubérculo

carótico. Nas faces superiores dos corpos da 3ª até a 7ª vértebra cervical,

encontram-se duas saliências, os processos uncionados, “gancho do corpo”.

A cervical superior, também chamada de coluna suboccipital, é a

parte mais alta da coluna formada por duas vértebras que possuem forma e

funcionamento extremamente específicos: o Atlas e o Áxis.

O Atlas, a primeira cervical, localiza-se logo a baixo do crânio, e se

articula com o occipital, esta vértebra tem o formato de um anel ósseo que é mais

largo transversalmente e reforçado por duas massas laterais, as quais se

encontram lateralmente a um processo transverso volumoso e com um forame

por onde passa a medula espinhal. O Atlas apresenta ainda uma face articular

superior que é côncava nos dois sentidos e se liga ao occipital, e uma face

articular inferior, convexa que se articula com o áxis.

O Áxis, a segunda vértebra, tem a forma típica de uma vértebra

cervical e é a mais resistente de todas elas. Apresenta um corpo vertebral que

possui de cada lado duas faces articulares convexas, e superiormente um

processo em forma de pivô, a apófise odontóide que se aloja na parte anterior do

anel do Atlas.

A coluna cervical inferior se estende da face inferior do Áxis até a

face superior da 1º vértebra torácica. À exceção do Áxis e do Atlas, todas as

vértebras cervicais são iguais, elas têm como aspecto característico a presença

de um forame transversário em cada processo transverso. Apresentam um corpo

pequeno, pois não carregam muito peso. A superfície superior se projeta para
24

cima nas laterais e a superfície inferior é bisselada. Os processos transversos se

localizam na porção lateral do corpo e apresentam uma faceta articulada que se

torna mais vertical na parte inferior da coluna cervical.

A 7º vértebra cervical é assinalada pelo comprimento do seu

processo espinhoso e essa vértebra exibe similaridade com as vértebras

torácicas, pois possui um corpo maior e pedículos dirigidos mais posteriormente

que lateralmente. A 7ª vértebra possui um grande processo espinhoso, que é o 1º

visível e palpável através da pele e por isso é denominado vértebra proeminente.

2.3 MÚSCULOS CERVICAIS

MÚSCULOS POSTERIORES DO PESCOÇO


Os mais profundos só se fixam nas vértebras, são músculos

formados por numerosos feixes que vão de uma vértebra a outra.

- o intertransversário  vai de um processo transverso ao seguinte,

atrás do ligamento intertransversário. Sua ação é inclinação lateral das vértebras.

- o interespinhal  vai de uma espinha a outra de cada lado do

ligamento interespinhal, sua ação é extensão das vértebras.

- o transversoespinhal  é um músculo aplicado à parte de trás das

vértebras, do sacro ao áxis. É formado em cada nível por quatro feixes que saem

do processo transverso:

 o lâminar curto (1) dirige-se para a lamina da vértebra situada

justo acima.

 o lâminar longo (2) alcança a lâmina situada dois níveis acima.

 o espinhal curto (3) alcança a espinha situada três níveis acima.


25

 o espinhal longo (4) alcança a espinha situada quatro níveis

acima. Este recobre os três primeiros.

As fibras dos músculos são oblíquas de baixo para cima, se

trabalham:

- dos dois lados ao mesmo tempo, produzem a extensão das

vértebras;

- de medial para lateral, geram a inclinação lateral;

- de frente para trás (visível de perfil), geram a rotação vertebral para

o lado oposto a contração. Isso se completa com a ação de outros dois músculos

situados onde a coluna vertebral é convexa para frente: o longo do pescoço, a

nível cervical.

No nível cervical alto, encontram-se, no mesmo plano que os

músculos precedentes, os músculos mais profundos do pescoço; os suboccipitais,

assim localizados:

- reto posterior menor da cabeça que vai do tubérculo posterior do

Atlas à parte baixa do occipital (linha-nucal inferior).

- reto posterior maior da cabeça que vai da espinha do áxis e

termina lateralmente ao reto menor.

- obliquo superior da cabeça sai do processo transverso do Atlas e

termina lateralmente ao reto maior.

Ação: Quando se contraem em conjunto e dos dois lados produzem

a extensão da cabeça sobre o Atlas e o Áxis.

- obliquo inferior da cabeça vai da espinha do áxis ao processo

transverso do Atlas
26

Ação é de extensão, inclinação lateral e rotação do Atlas sobre o

áxis do lado da contração. Se eles se contraem em conjunto e de um só lado,

produzem a inclinação lateral da cabeça para este lado, também produzem um

movimento de rotação.

- o reto maior e o menor levam a cabeça à rotação do lado de sua

contração, o obliquo superior leva a cabeça para o lado oposto ao de sua

contração.

Esses músculos atuam no nível mais profundo, na posição da

cabeça sobre o pescoço. Não são de longo alcance, nem tem um grande braço

de alavanca, porém atuam com grande precisão. Junto com os músculos

cervicais anteriores altos regulam permanentemente o ajuste da cabeça sobre o

pescoço.

Dos músculos posteriores do pescoço o mais medial é o

- longuíssimo, com três partes:

- longuíssimo do tórax (1) prolongado pelo:

- longuíssimo da cabeça em cima, que sai dos processos

transversos de T3 a C4 e termina no processo mastóide, e pelo:

- longuíssimo do pescoço, que vai dos processos transversos das

torácicas superiores aos das cervicais inferiores.

O mais lateral é

- o iliocostal, que vai enlaçando-se da massa comum até C3 que é o

terceiro feixe que vai até os processos transversos das quatro ultimas cervicais.

Esses músculos têm ação de extensão, se atuam de um só lado,

tem ação de inclinação lateral e também produzem um movimento de rotação.


27

Há também uma segunda camada de músculos, situados ao longo

da coluna cervical, quais sejam:

- semi-espinhal da cabeça;

- espinhal do pescoço que vai do processo espinhoso de C7-T1 e

dos processos transversos de C4-T4 até a base do occipital, por trás dos

músculos profundos.

Ação: se atuam dos dois lados e a coluna cervical é o ponto fixo,

estendem a cabeça sobre o pescoço. Se atuarem de um só lado, e a coluna

cervical é o ponto fixo, à sua ação de extensão acrescentam-se uma pequena

ação de inclinação lateral e rotação para o lado da contração e se o ponto fixo é a

cabeça, endireitam a lordose cervical pela ação de suas fibras transversais.

- Esplênio é um músculo de duas partes:

- Esplênio da cabeça, que vai das espinhas de C6 até a T7 até as

bases do occipital e do temporal.

Ação: tomando a coluna torácica como ponto fixo, se atua dos dois

lados produz a extensão da cabeça sobre o pescoço, ocasionando também a

extensão da coluna cervical, se atua de um só lado, também produz a inclinação

lateral e a rotação (da cabeça e do pescoço) para o lado da contração.

- Esplênio do pescoço, que vai das vértebras T5 a T7 (processos

espinhosos) ás 3 primeiras cervicais (processos transversos).

Ação: idêntica à do esplênio da cabeça, porém sem ação da cabeça

sobre o pescoço.

- Elevador da escápula, origina-se no ângulo superior da escapula e

termina nos processos transversos das quatro primeiras vértebras cervicais.

Ação: sobre o pescoço, quando a escapula é um ângulo fixo.


28

2.4 LIGAMENTOS

Os ligamentos, em geral, são estruturas fibrosas encarregadas de

manter a estabilidade articular. Existe uma numerosa quantidade de ligamentos,

no que diz respeito à Coluna Vertebral e, são eles, que asseguram a união entre

as vértebras. Ë possível destacar alguns ligamentos que são comuns a toda a

Coluna, mas ainda existem aqueles que são particulares de cada segmento.

Como parte dos ligamentos comuns a toda a coluna Vertebral,

temos:

• Ligamento Longitudinal Anterior – que tem a função de suportar a

face anterior da Coluna Vertebral, incluindo os discos intervertebrais. Encontra-se

medialmente no corpo vertebral, correspondendo a fibras longitudinais,

apresentadas em várias camadas, resultando numa faixa de tecido largo.

• Ligamento Longitudinal Posterior – localiza-se na região posterior

dos discos e dilata-se envolvendo o disco na intenção de se fundir com o ânulo

fibroso. Ele encarrega-se de evitar o afastamento da porção posterior dos corpos

vertebrais, como no ato de flexão. Apesar dessa ação, não é considerado tão

forte quanto o Longitudinal Anterior.

• Ligamento Amarelo – as fibras deste ligamento são bastante

elásticas, o que auxilia na separação das lâminas no movimento de flexão e, ao

mesmo tempo, impedem que essa separação seja muito grande. Este ligamento

também é importante para voltar à posição normal da Coluna, saindo da flexão.

• Ligamento Supraespinhoso – é pouco desenvolvido na região

lombar, terminando entre L4 e L5. Também auxilia na flexão, ao separar os

processos espinhosos, mas só atua depois de atingida metade da amplitude total

de flexão. Antes disso, esse ligamento apresenta-se frouxo.


29

• Ligamentos Interespinhosos – são mais visíveis na região lombar

e, na região cervical, são muitas vezes substituídos pelos músculos

intertransversos. Por se localizar lateralmente à Coluna Vertebral, eles freiam a

inclinação desta (flexão lateral).

Como ligamentos específicos, temos os da Cervical e da Lombar. Os

ligamentos da Cervical são curtos e característicos desta região. Juntos, eles

formam uma "teia" que favorece o equilíbrio da articulação, inclusive para

sustentar o peso do crânio. Dentre os ligamentos principais da Cervical estão:

• Ligamento Apical – é curto, vertical e espesso que liga o processo

odontóide do Áxis à porção anterior do forame magno, presente no osso occipital.

• Ligamento Alar – correspondem a um par de ligamentos que,

juntos, têm a forma de um "V" e, cada um deles, sai da extremidade do processo

odontóide, indo para os côndilos do occipital. É importante lembrar que algumas

fibras inserem-se nas massas laterais do Atlas e que sua composição é de fibras

colágenas, resultando em pouca extensibilidade. Eles participam dos movimentos

de rotação e flexão da Coluna Cervical.

• Ligamento Transverso do Atlas – Devido à sua forma em cruz,

também recebe o nome de cruciforme. É responsável pala estabilidade da

cervical e proteção da medula espinhal.

2.5 ARTICULAÇÕES

A Coluna Vertebral, como um todo, apresenta um número

considerável de articulações que, juntas, lhe dá características específicas, como

flexibilidade.
30

Unindo as vértebras entre si, temos articulações cartilaginosas do

tipo sínfise em que estão incluídos, além das vértebras, discos intervertebrais,

núcleo pulposo, anel fibroso e uma placa terminal de cartilagem hialina.

Essas articulações são denominadas uncovertebrais, localizadas

anteriormente ao forame intervertebral e zigapofisárias, que são diferenciadas de

acordo com a região onde se encontram.

As articulações zigapofisárias da região cervical têm função de

sustentação de peso, já que esta região necessita suportar o peso do crânio e

localizam-se atrás dos processos transversos, assim como as zigapofisárias da

região lombar. Na frente dos processos transversos, temos as zigapofisárias da

região torácica. Os forames intervertebrais encontram-se anteriormente a todas

as articulações zigapofisárias.

Existem articulações na Coluna Vertebral que são particulares da

Coluna Cervical. Estas fazem parte da Coluna Cervical Superior e são as

seguintes:

• Articulação Atlantoccipital – é uma articulação sinovial onde os

côndilos do osso occipital encaixam-se nas massas laterais superiores do atlas.

Atuando juntas, é considerada uma única articulação, do tipo condiloidal

(elipsóide).

• Articulações Atlantoaxiais – são laterais e correspondem à

articulação existente entre as superfícies articular superior do áxis com as massas

laterais inferiores do Atlas. Essa articulação é coberta por cartilagem hialina.

• Articulação Atlantoodontóide – essa articulação, do tipo pivô, é

resultante da "junção” do processo odontóide do Áxis com sua superfície articular

correspondente, existente na face interna do arco do Atlas.


31

Após a cervical superior, temos as articulações específicas entre

vértebras e costelas, que podem ser de dois tipos:

• Costovertebrais – correspondem ao tipo sinovial "plana". Liga

costelas às facetas costais, existentes nas vértebras adjacentes e ao disco

intervertebral, existente entre essas vértebras.

• Costotransversas – também sinoviais, resultantes da articulação

das facetas anteriores aos processos transversos das vértebras com o tubérculo

das costelas. Essas articulações apresentam ligamentos fortes que limitam os

movimentos. São eles: costotransversal, costotransversal superior e

costotransversal lateral.

2.6 INERVAÇÃO

A inervação da coluna é feita pelos curtos nervos espinhais que

somam um total de 31 pares e que se dividem em porções: anterior, chamada de

raiz ventral, e posterior, chamada de raiz dorsal.

E cada uma dessas porções se divide em numerosas ramificações

que a depender da sua localização são motoras (raiz ventral) ou sensitivas (raiz

dorsal).

Os 31 pares de nervos espinhais estão distribuídos por toda a

coluna de forma que 8 pares são cervicais, 12 torácicos, 5 lombares, 5 sacrais e 1

coccígeo. Recebendo tal nomenclatura de acordo com a vértebra com a qual

estão relacionados.
32

Sendo que, para realizar essa relação com cada vértebra, os sofrem

algumas mudanças específicas. Como os da cervical inferior que são levemente

angulados para cima, ou aqueles que saem da medula seguindo uma direção

mais horizontal até chegarem às vértebras torácicas, e os lombares, sacrais e

coccígeo que em razão da medula terminar em nível de L 1 são mais oblíquos a

fim de conseguir alcançar sua vértebra correspondente.

Com esse esquema de distribuição, os nervos espinhais vão realizar

suas funções, inervando seus segmentos e promovendo, quando são lesionados,

algumas das dores mais comumente encontradas.

Cada músculo do corpo é suprido por determinados nervos que são

escolhidos em razão do seu posicionamento no corpo. Cada uma das inervações

musculares serão citadas a medida que cada músculo for estudado

separadamente.

2.7 NEURALGIA CERVICOBRAQUIAL

A neuralgia cervicobraquial é um quadro clinico caracterizado por

dor que se estende na face póstero-externa do membro superior, na extremidade

do ombro, na face externa do pescoço e na nuca.

É derivada por uma compressão no nível da coluna cervical. A

natureza da compressão pode ser de natureza infecciosa, tumoral, traumática ou

por artrose.

Na neuralgia cervicobraquial a dor tem localização na região


33

cervical, no ombro e ao largo da extremidade superior, de um lado que se

corresponde com algum ponto do plexo braquial.

As parestesias quase sempre acompanham o quadro e estão

localizadas no dermatoma correspondente e são indicação da origem neurológica

da dor.

Quando ocorre uma afecção cervical pode-se observar uma atitude

antiálgica com contratura dos músculos cervicais laterais, limitação da mobilidade

cervical e dor a pressão sobre as apófises espinhais cervicais ou sobre os

músculos paravertebrais. A dor braquial de origem radicular tende a piorar com

os movimentos do pescoço
34

CAPÍTULO III - A RELAÇÃO DA CERVIOBRAQUIALGIA COM


DISFUNÇÕES OSTEOPÁTICAS TORÁCICAS.

3.1 NEUROFISIOLOGIA DA DISFUNÇÃO OSTEOPÁTICA

A resposta a certos problemas osteopáticos pode estar no interior do

sistema nervoso, de onde decorrem fenômenos de excitação e inibição das

células nervosas.

Irvin M. Korr, PhD (1993) através de um estudo das conseqüências

viscerais e somáticas da disfunção osteopática, assim classifica a função dos

nervos eferentes:

 Ação das fibras eferentes que enervam os músculos:

A. Células ganglionares da contração do músculo

(neurônios motores)

B. Células do trato intermédio-lateral atividade vaso-motora

(neurônios simpáticos) contração do músculo

 Ação das fibras eferentes que enervam

C. Células do trato intermédio-lateral (T.I.L.) atividade vaso-motora


35

D. T.I.L. secreção das glândulas

sudoríparas

E. T.I.L.

 Ação das fibras eferentes que enervam as vísceras

F. T.I.L. contração do músculo

visceral

G. T.I.L. secreção glandular

H. T.I.L. atividade vaso-motora

A atividade e o estado dos tecidos são diretamente influenciados

pelos nervos eferentes que seriam do sistema nervoso central e que conduzem os

impulsos nervosos para esses tecidos e esses órgãos. Se nenhum impulso é

transmitido ao longo do nervo motor, o músculo está em estado de repouso

completo. O grau de contração muscular é proporcional ao número de neurônios

motores e a quantidade média de impulsos/segundo levados até o músculo.

Assim, uma hiper ou hipoatividade crônica dos nervos eferentes pode criar

perturbações funcionais nos tecidos ou nos órgãos supridos por eles. Por

exemplo, a hiperatividade prolongada de um músculo pode provocar o

desenvolvimento de uma fibrose, e assim, modificar o seu metabolismo. Ao

contrário, uma hipoatividade nervosa pode causar uma atrofia. (KORR, 1993:21-

22)
36

3.2 A FORMAÇÃO DA DISFUNÇÃO OSTEOPÁTICA VISTA PELA

NEUROFISIOLOGIA 2

Admite-se hoje que a disfunção osteopática está associada a um

segmento facilitado da medula, mantido neste estado pelos impulsos endógenos

que chegam à medula pela raiz dorsal correspondente.

Todas as estruturas que recebem fibras eferentes oriundas deste

nível facilitado são, por conseqüência, submetidas a uma inibição ou a uma

excitação excessiva. Os FNM são elementos chave da disfunção: eles são

sensíveis ao alongamento muscular, não adaptativo, e continuam descarregando

durante todo o tempo em que são estimulados mecanicamente. Por exemplo, em

caso de aproximação brusca e imprevista das inserções musculares de uma

vértebra (um movimento em falso), os FNM vão se tornar repentinamente

silenciosos - o SNC vai adaptar mandando impulsos excitatórios para as fibras

intrafusais através dos motoneurônios gama, até que os fusos se tornem

novamente emissores de sinais.

Isso vai manter o encurtamento muscular, impedindo a volta da

vértebra à posição inicial. Secundariamente, a necessidade de equilíbrio

antigravitário, de simetria, tenderá a restaurar o comprimento inicial do músculo

espasmado. Isso será impossível devido à descarga contínua dos fusos.

Assim, cria-se um espasmo que fixa a disfunção. Quanto mais

tentarmos estirar o músculo, mais ele resistirá pelo aumento da atividade alfa.

2
KORR, Irvin M. Ph D. Bases Phisiologiques de L’osteopathie. Paris: Frison-Roche. 1993 pgs 21-

28
37

3.3 CONSIDERAÇÕES ANATÔMICAS

A saída superior do tórax é um orifício de forma ovalada que limita

pela frente com a borda superior do manúbrio esterno, pela frente e por ambos os

lados com a borda interna da primeira costela e por trás com o corpo e a apófise

transversa da primeira vértebra dorsal.

O plexo braquial e a arterial subclava passam juntos pelo primeiro

estreitamento anatômico, o triangulo costal inter-escalênico, formado pelos

escalenos anterior e o médio que se inserem na primeira costela. O plexo braquial

é composto pelas raízes C1 a C3 e parte da C4. Não envia nenhuma raiz nervosa

para o braço e anatomicamente não está submetido aos efeitos mecânicos do

plexo braquial.

Assim, algumas dores podem vir a parecer uma neuralgia

cervicobraquial: os nervos periféricos podem efetivamente ser irritados não em

sua origem, mas em seu trajeto.

Portanto, tendo-se em vista o conjunto dos desajustes ósseos e dos

tecidos infiltrados ou fibrosados que atinge os nervos e os gânglios, e perturba

sua nutrição, provocando inibição ou, ao contrário, hiperexcitação dos nervos e

dos gânglios, causando: dores; perturbações motoras; distúrbios viscerais.


38

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A neuralgia cervico-braquial é uma dor típica de origem neuro

vegetativa, noturna que não cede com recurso algum, muitas vezes se agravando

no repouso do tipo estásico.

Para Thierry Collot, uma neuralgia cervico-braquial pode apresentar

a mesma topografia dolorosa que uma periartrite escapulo-umeral. O diagnóstico

diferencial está na origem escapular da dor que nunca será reproduzida com a

mobilização cervical. Se houver um comprometimento do ombro, sentirá dor ao

elevá-lo colocando o cotovelo na testa.

Irradiações braquiais acompanham o território dos nervos braquiais,

que são nervos mistos, ao mesmo tempo motores e sensitivos. Junto com eles

um pacote neuro vegetativo que diz respeito a vasomotricidade do membro

superior vem principalmente do gânglio estelar, o 1° gânglio torácico. Na realidade

esse gânglio é um trocador de informações e seu núcleo de origem é dentro da

medula torácica. Tem-se os nervos braquiais que vão ter com eles um filete neuro

vegetativo cuja emergência se dá na Cervical na altura de C5-C6 e C7-C8, plexo

braquial.

O gânglio estelar esta localizada em nível de T7 e as fibras que

saem desse gânglio tem sua origem em T2. Os núcleos de origem da medula

torácica têm ramo aferente que vai do gânglio estelar ate a medula torácica e
39

ramo eferente que sai do gânglio até o núcleo misto. Muitas das vezes a

disfunção osteopática está entre T2 e T7 e muitas vezes encontram-se

associadas a disfunções do arco-costa, o que vem explicar o porque do

tratamento a nível de cervical não dar resultado ou serem estes péssimos, pois a

única manobra aceita são as trações manuais cervicais suaves, mas devido ao

fato desta ação ser também a nível torácico.

À luz dos conhecimentos deste inicio de século, o osteopata acredita

na inter-relação entre estrutura e funções, podendo tratar, portanto, as funções

através das estruturas e, que funções desordenadas desequilibram as estruturas.

Se, segundo Still, a estrutura determina a função, uma função pode

ser perturbada localmente e a distância pelas estruturas. A enfermidade não pode

se desenvolver se a estrutura está em harmonia, portanto o distúrbio da estrutura

origina as doenças. A estrutura estando fora de sua configuração original, termina

por provocar uma disfunção que com o passar do tempo, irá comprimir um nervo,

um gânglio simpático, um capilar venoso e linfático, provocando diminuição da

drenagem, diminuição de nutrição para as células nervosas, estases e edemas,

tendo como efeito a compressão ainda maior do nervo: dor; disfunção visceral;

fibrose.

Como todo sistema se relaciona, qualquer desordem pode,

progressivamente, se transmitir para diferentes locais do corpo e, assim

numerosas estruturas e funções acabam por ser comprometidas. Portanto, a

causa de uma determinada desordem pode estar tão distante que parece haver

“doença sem causa”.


40

O tratamento osteopático visa interromper o círculo vicioso, o estado

alterado, trazer a estrutura em seu estado de harmonia e vai favorecer a cura total

ou parcial deste processo patológico.

"FIND IT, FIX IT AND LEAVE IT" dizia Still

(Encontre-a, trate-a e deixe-a.)

Portanto, deixe a natureza agir.


41

REFERÊNCIAS

APOSTILA I.B.O. Instituto Brasileiro de Osteopatia W.G. Sutherland – Osteopatia

- Noções Gerais e Conceitos Básicos.

BARRAL, Jean-Pierre, CROIBIER, Alain. Approche osteopathique du

traumatisme. Saint-Etienne: Actes Graphiques

BUSANI, Érika. IN: Com a sutileza do toque. Disponível em:

http://www.ondarpc.com.br/viverbem/bemestar/conteudo.phtml?id=481228.

Acesso em 05/11/2005.

FRYETTE, H.H. D.O. Príncipes da la Technique Osteopathique. Paris: Frison-

Roche. 1993

HOPPENFELD, Stanley. Neurologia para Ortopedfistas – Tuia e diagnóstico para

níveis neurológicos. Rio de Janeiro: Ed. Cultura Medica , 1985.

KORR, Irvin M. Ph D. Bases Phisiologiques de L’osteopathie. Paris: Frison-

Roche. 1993

PLATZER, W, LEONHARDT, H., KHALE, W. Atlas de anatomia Humana. São

Paulo, Belo Horizonte, Rio de Janeiro: Atheneu. 2000

PUJOL, Cristina. IN: Estudios y situación legal de la Osteopatía en el mundo.

Disponível em:

http://www.naturmedicapro.com/beta/Articulos/mrcGeneral.asp? canal=

6&articulo=XXXXXX060703135931SP . Acesso em 05/11/2005.


42

SITES:

http://www.naturmedicapro.com

http://www.ondarpc.com.br
43

FIGURAS

CABEÇA E PESCOÇO VISTA LATERAL


44

MÚSCULOS DO PESCOÇO
45

MÚSCULO DO BRAÇO (CAIXA TORÁCICA)

OMBRO E MÚSCULOS DO OMBRO


46

VASOS E NERVOS

DA REGIÁO CERVICAL LATERAL

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