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ESCOLA BRASILEIRA DE MEDICINA CHINESA - EBRAMEC

CURSO DE FORMAÇÃO EM ACUPUNTURA


SHIRLEY APARECIDA GALANTE

ACUPUNTURA EM PACIENTES COM BURSITE DE


OMBRO

SÃO PAULO

2011
ESCOLA BRASILEIRA DE MEDICINA CHINESA - EBRAMEC
CURSO DE FORMAÇÃO EM ACUPUNTURA

ACUPUNTURA EM PACIENTES COM BURSITE DE


OMBRO

Monografia apresentada à Escola Brasileira


de Medicina Chinesa - EBRAMEC -
como requisito parcial para conclusão do
Curso de Formação em Acupuntura.
Orientador: Profº. Alberto Garcia Bertoli.
Co-orientador: Profº. Reginaldo Filho

SÃO PAULO
2011
Resumo
A Bursite de ombro surge como inflamação das bursas, ao usar o ombro de maneira
errada ou devido a uma lesão em um tendão ou outras estruturas da articulação. Outra
das causas podem ser movimentos repetitivos, artites (inflamação de articulações) e gota
(ácido úrico cristalisado e depositado na articulação).

Já na visão da Medicina Tradicional Chinesa a bursite é denominada como Síndrome


Bi, que é uma estagnação do Yin Qi à qual vai associar-se ao Frio, Vento e Umidade.
Estas manifestações climáticas vão se tornar patológicas ao penetrar nas extremidades
dos membros e atravessar, por meio dos Canais, as diferentes camadas do organismo,
provocando dor. Estando também associado a patologias crônicas como estagnação do
Qi do Figado (Gan) e Deficiência de Qi e Sangue (Xue).

Palavras-chave: Bursite, Ombro, Acupuntura.


Abstract

The shoulder bursitis rises as a bursa inflamation, when using the shoulder in the wrong
way due a tendon lesion or in other articulation structures. Another cause is repetitive
movements, arthritis (articular inflamation) and gout (cristalized uric acid deposited in
the joint).

In the Traditional Chinese Medicine, bursitis is called Bi Syndrome, wich is a


estagnation of the Yin Qi associated to Cold, Wind and Damp. This climatic
manifestations will become patological when penetrates the extrimities of the limbs and
come through, by the meridians, de different layers of the body, causing pain. It’s also
associated to chronic pathologies as Liver(Gan) Qi Stagnation and Qi and Blood(Xue)
deficiency.

Keyworld: Shoulder, Bursitis, Acupuncture.


SUMÁRIO

1-INTRODUÇÃO 1

1.1- Problema 1
1.2- Objetivo 2
1.3- Metodologia 3

2- REVISÃO LITERÁRIA 4

2.1- Anatomia do ombro 4


2.2- Descrição 4
2.3- Articulações do ombro 4

3- BURSITE 6

3.1- Introdução 6
3.2- Etiologia 8
3.3- Manifestações clínicas 8
3.4- Avaliação Ultra-Sonográfica 8
3.5- Bursopatias 9

4- BURSITE NA MEDICINA CHINESA 11

4.1- Síndrome Bi (Síndrome de Obstrução Dolorosa) 11


4.2- Etiologia 11
4.3- Tratamento 12
4.4- Principais pontos de Acupuntura Sistêmica 12
4.5- Canais de Conexão - Pontos Distais 13

5- CONCLUSÃO 15

Glossário de Termos Chineses 16

Lista de Siglas 17

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 18

1
1-INTRODUÇÃO

1.1- Problema
A Acupuntura tem resultados benéficos no tratamento do quadro álgico em
pacientes com Bursite de ombro?

2
1.2- Objetivo
Esta revisão literária tem como objetivo comprovar a eficácia e as diferentes
abordagens de tratamento com Acupuntura na redução do quadro álgico em pacientes com
Bursite de ombro.

3
1.3- Metodologia
A metodologia utilizada para este trabalho está baseada em pesquisas bibliográficas
explicativas e descritivas obtidas na internet e livros na área da Medicina Ocidental e
Medicina Chinesa, a fim de abordar a relevância no tratamento de pacientes com Bursite de
ombro através da Acupuntura.

4
2 - REVISÃO LITERÁRIA

2.1- ANATOMIA DO OMBRO

2.2- Descrição
A articulação do ombro, na verdade, faz parte de um conjunto de ossos,
articulações, ligamentos e músculos que compõem a cintura escapular.
A escápula tem um formato plano e está apoiada sobre o tórax, sendo que esta
região, entre a escápula e o tórax, é considerada como uma “falsa” articulação, pois
ocorre um amplo grau de movimento. Durante o movimento de elevação do braço, a
escápula desliza sobre o tórax em um movimento angular, mantendo a correta
orientação da articulação do ombro propriamente dita (cabeça do úmero e escápula).
Este movimento tem importância fundamental nos movimentos do ombro. Esta
articulação tem algumas saliências ósseas que são o acrômio e o coracóide: o acrômio se
articula com a clavícula pela articulação acrômio-clavicular e possui um ligamento que
vai de sua ponta à outra saliência óssea que é o coracóide, ligamento este chamado de
córaco-acromial. A escápula possui ainda a cavidade glenóide que se articula com a
cabeça do úmero.
O terceiro osso da cintura escapular é a clavícula, osso relativamente fino e que
tem o formato de “S”, que é o osso de ligação do membro superior com o esqueleto
axial, ou seja, é a única estrutura óssea que une o braço ao tórax. Portanto, todas as
forças ou cargas suportadas pelo braço são transmitidas ao corpo pela clavícula e por
suas articulações, esterno-clavicular (medial e junto ao osso esterno no tórax) e
acrômio-clavicular (lateral).

2.3- ARTICULAÇÕES DO OMBRO


As articulações da cintura escapular são em número de 5:
1. Articulação do ombro propriamente dita, que é feita pelo osso úmero e a
escápula, ou seja, entre a cabeça do úmero e cavidade glenóide;
5
2. Articulação da clavícula com o acrômio, portanto, articulação acrômio-
clavicular;
3. Articulação da clavícula com o osso esterno, esterno-clavicular;
4. Articulação da escápula com o tórax (falsa articulação);
5. Espaço sob o “arco córaco-acromial” que é formado pelos ossos acrômio e
coracóide e pelo ligamento córaco-acromial, espaço este por onde se
movimentam tendões importantes da articulação do ombro, como veremos
posteriormente.

Os ossos são mantidos unidos e firmes por vários ligamentos e pela cápsula
articular, que é uma “membrana” que envolve a articulações.
A articulação acrômio-clavicular possui 4 ligamentos que são o anterior, inferior,
posterior e o superior, este o mais importante na estabilidade desta. Esta articulação
possui ainda 2 ligamentos extra-articulares que também são muito importantes na
estabilidade, são os ligamentos conóide e trapezóide, que unem a clavícula ao processo
coracóide da escápula.
A articulação esterno-clavicular também tem os seus ligamentos que são o
ligamento esterno-clavicular anterior e o costo-clavicular, este último também extra-
articular e une a clavícula à primeira costela.
O manguito rotador é formado por um conjunto de 4 tendões que, como dissemos,
cobrem e fecham a articulação do ombro, e estes tendões são:
 Tendão do músculo subescapular, que está localizado na face anterior da
articulação;
 Tendão do músculo supra-espinhal, que fica na face superior e os tendões dos
músculos infra-espinhal e redondo que se situam na face posterior do ombro;
 Existe ainda outro tendão, longo e fino, que também faz parte funcional do
manguito, que é a cabeça longa do bíceps do braço.

Outros músculos obviamente também são importantes e são eles o grande dorsal,
redondo maior, peitoral maior, peitoral menor, córaco-braquial e cabeça curta do bíceps
do braço (Grupo de Ombro e Cotovelo, 2009-2011).

6
3- Bursite

As Bursas são sáculos achatados que atuam como amortecedores, facilitado a


movimentação durante a contração muscular. Os seres humanos possuem
aproximadamente 160 bursas, que podem ser classificadas como profundas (localizadas
entre ossos e músculos) ou superficiais (localizadas entre ossos e tendões/pele). A
inflamação das Bursas é mais comum nas regiões subacromial, trocantérica, pré-patelar,
infrapatelar e olécrano. Os principais sintomas incluem hipersensibilidade localizada,
edema, eritema e/ou redução da amplitude de movimentos. (Equipe Editorial
Bibliomed, 2009)

@1995 Mayo Fundation for Medical Education and Research. All right reserved.

3.1- Introdução
O termo Bursite se refere à inflamação da bursa causada pelo esforço repetitivo,
trauma, infecção ou doença inflamatória sistêmica.
O processo inflamatório caracteriza-se pela proliferação de células sinoviais,
aumento a formação de colágeno e líquido no local afetado. O aumento da
permeabilidade capilar permite a entrada de líquido rico em proteínas, substituindo o
revestimento da bursa por tecido de granulação e tecido fibrótico.

7
Alguns estudos sugerem que o processo inflamatório é mediado por citocinas,
metaloproteases e ciclooxigenases. Na artrite séptica, o trauma local, em geral, causa
inoculação de bactérias na bursa, desencadeando o processo inflamatório. (Equipe
Editorial Bibliomed, 2009).
A Bursite de Ombro, ou Síndrome do Impacto, é uma inflamação do músculo
supraespinhal e da bursa (bolsas sinoviais espalhadas pelas principais articulações do
corpo), que surge devido ao impacto entre os ossos, toda vez que se levantam os braços.

3.2- Etiologia
Na articulação do ombro, na área sujeita a repetidas pressões durante o
movimento existe uma estrutura designada por bolsa subacromial que, tal como já foi
referido, tem como principal função almofadar a região sujeita a atrito (tendão do
rotador da coifa, mas essencialmente o tendão do Supraespinhoso) reduzindo a fricção
entre as partes móveis.
Por excesso de utilização o tendão pode tornar-se rígido, podendo caminhar para
uma situação crônica ao afetar a bolsa subacromial adjacente, provocando uma reação
inflamatória designada por Bursite Subacromial.
Eventualmente, com a inflamação ocorre depósito de cálcio nesse tendão, e mais
tarde interfere no movimento do ombro. Se a bursite persiste, os músculos poderão
atrofiar ou degenerarem.
Referiu-se anteriormente que o movimento de abdução do braço irá provocar
compressão na bolsa, bem como, a exagerada flexão. A elevação dos braços é
considerada agressiva, em especial se for realizada durante longos períodos de tempo e
envolver um trabalho muscular estático. Ora, por exemplo, um operador fabril ou um
empregado de grandes armazéns, que precisa realizar repetidamente estes movimentos
para empilhar caixas em prateleiras elevadas, estará sujeito ao aparecimento de uma
bursite. Também no desportista, o ombro está sujeito a uma infinidade de lesões
traumáticas, provocadas por micro traumatismos, diretos por contusão, ou indiretos por
quedas em apoio palmar, quer ainda pelo stress gestual repetitivo nas modalidades onde
a utilização dos membros superiores é fundamental para o desenrolar harmonioso do
gesto desportivo. Podemos dar o exemplo do jogador de Voleibol. Deste modo, conclui-
se que os efeitos no corpo humano dos movimentos realizados dependem da postura
adotada, da força exercida para a realização do gesto e o número de vezes que é
executado (Dra Andréia de Almeida, 2002).

3.3- Manifestações Clínicas

O paciente em geral relata dor localizada, redução da amplitude de


movimentação no local afetado ou dor ao movimento, e eritema ou edema (bursite
superficial). Durante a anamnese, é importante pesquisar relatos de movimentos
repetitivos, doenças inflamatórias (p.ex.: Lúpus, artrite reumatóide, etc.) e traumas. Os
achados ao exame físico dependerão da bursa afetada.
Em cerca de 70% dos casos, o tratamento clínico alivia os sintomas. Já os 30%
restantes apresentam recorrências freqüentes da dor e, muitas vezes, precisam de
procedimentos cirúrgicos para melhora definitiva do quadro (Equipe Editorial
Bibliomed, 2009).

3.4- Avaliação Ultra-Sonográfica


8
3.5- Bursopatias
Afecções das bursas também podem evoluir com dor intensa, devido a episódio
agudo ou agudização de bursopatia crônica. A localização periarticular, próxima a
proeminências ósseas, determina sintomas que podem ser equivocadamente imputados a
alterações articulares ou tendíneas. Muitas vezes estas condições estão associadas e o
US pode caracterizar o componente predominante, orientando a terapêutica. O padrão
ultra-sonográfico típico envolve distensão líquida da bursa, espessamento parietal e do
revestimento sinovial, eventualmente associados a hiperemia (Figs. A e B). O
acometimento de bursas profundas, como das bursas subacromial-subdeltóidea e
trocantérica, comumente se associa a alterações tendíneas, como lesões dos tendões do
manguito rotador ou glúteos. Bursas superficiais, como a pré-patelar, infrapatelar
superficial e olecraniana, estão predispostas a acometimento traumático ou
inflamatório/infeccioso [13], devendo ser diferenciadas de coleções ou tumores (Figs. C
e D).

FIG.(A) Bursite subacromial-subdeltóidea aguda: distensão líquida (**) com


acentuado espessamento parietal e sinovial (seta). (B) Sinovite caracterizada por
hiperemia ao Doppler. O acometimento de bursas profundas, como as bursas
subacromial-subdeltóidea e trocantérica, freqüentemente se associa a alterações
tendíneas locais (lesão do manguito rotador ou tendões glúteos).

9
FIG. . (C) Bursite pré-patelar: imagem sagital com o joelho em flexão demonstrando a
bursa localizada superficialmente à patela (**), distendida por líquido hipoecogênico
(seta). (D) Bursite olecraniana: material espesso (seta) distendendo a bursa, superficial
ao olecrano (Rafael Burgomeister Lourenço, 2008).

10
4- Bursite na Medicina Tradicional Chinesa
As bursites são encaradas como sendo ocasionadas por situações de Estagnação de
Qi e de Sangue (Xue) no exterior, normalmente sendo acompanhada de Deficiência de Qi e
Sangue (Xue) no interior.
As bursites, de modo geral, estão relacionadas com: traumatismos, Invasão de
Agentes Patogênicos (Vento, Frio, Umidade), patologias crônicas; Estagnação do Qi do
Fígado (Gan) e Deficiência de Qi e Sangue (Xue) (EBRAMEC, 2009).

4.1- Síndromes Bi (Síndrome Dolorosa Obstrutiva)


Bi significa obstrução da circulação de Qi e de Sangue (Xue). Existem tipos
diferentes de Síndromes Bi, como por exemplo, Bi errante (na qual o Vento predomina), a
Bi dolorido (na qual o Frio predomina), a Bi fixa (na qual a Umidade predomina) e a Bi
febril (na qual o Vento, o Frio e a Umidade se transformam em Calor) (ESCOLA DE MTC
DE BEIJING, 2002).
A Síndrome Dolorosa Obstrutiva indica dor, sensibilidade ou entorpecimento de
músculos, tendões e articulações devido à invasão externa de Vento, Frio ou Umidade
Exterior.
Embora, no sentido exato, Bi refira-se à obstrução dos Canais causada pela invasão
de fator patogênico externo, também inclui obstrução dos canais causada por deslocamento,
trauma ou excesso de uso.
Cabe destacar que existem relações entre os Canais com os Órgãos e Vísceras (Zang
Fu): os Canais nascem nos Órgãos; a circulação de Qi e Sangue (Xue) dentro dos canais
dependem das funções dos Órgãos, pela qual, a Síndrome Bi, depois de um determinado
tempo, pode originar alterações nos Órgãos (MACIOCIA, 2008).

4.2- Etiologia
Frio:
A invasão dos Canais por Frio externo constitui-se em um dos fatores
etiológicos mais comuns. O Frio contrai músculos e tendões, causando dor e rigidez.
Tipicamente a dor é agravada por exposição ao frio ou mediante clima chuvoso e
úmido. A invasão local de Frio gera estagnação de Qi nos canais do ombro; se o Frio
não for expelido, a estagnação pode se tornar crônica. Esta condição também causará
dor e irá predispor os canais a futuras invasões de Frio, iniciando um ciclo vicioso
(MACIOCIA, 2010).

Sobrecarga de Trabalho ou Excesso de Exercício:


A repetição constante de um movimento que envolva a articulação do ombro, ou
por intermédio de um esporte particular ou por trabalho, irá, com o passar dos anos,
gerar estagnação local de Qi no ombro (MACIOCIA, 2010).

Acidentes:
Acidentes de pouca importância causam estagnação local de Qi, ao passo que os
acidentes sérios causam estagnação local de Sangue (Xue). Muito freqüentemente, os
acidentes ocorridos no passado podem predispor a articulação do ombro (ou qualquer
outra articulação) à invasão futura de Frio durante a vida (MACIOCIA, 2010).
11
4.3- Tratamento
O propósito do tratamento é simplesmente expelir os fatores patogênicos que
invadiram os Canais e eliminar a resultante estagnação local de Qi e de Sangue (Xue)
dos Canais.
O tratamento da Síndrome da Obstrução Dolorosa é, por definição, um
tratamento do Canal e apenas envolve tratar os Órgãos Internos como objetivo
secundário. Porém, a mais óbvia e notável exceção para isso é a Síndrome da Obstrução
Dolorosa crônica, que também requer tratamento dos Órgãos Internos.
Como um princípio geral, uma vez que os três fatores patogênicos, Vento, Frio,
Umidade, normalmente estão presentes na Síndrome da Obstrução Dolorosa (embora
com a predominância de um o dois), o tratamento é voltado a expelir o Vento, dispersar
o Frio e resolver a Umidade.
O tratamento da Síndrome da Obstrução Dolorosa crônica, em particular, requer
uma abordagem mais completa. Além de expelir o fator patogênico, é necessário nutrir
o Sangue (Xue), nutrir Fígado (Gan) e Rim (Shen), resolver a Fleuma ou mover o
Sangue (Xue), dependendo da condição subjacente predominante.
É importante perceber que as estratégias a serem aplicadas no tratamento de
acupuntura esboçado a seguir aplicam-se não apenas na síndrome da obstrução
dolorosa, mas também no tratamento de outros problemas musculoesqueléticos como
trauma, trauma por esporte e lesões por esforço repetitivo (MACIOCIA, 2008).

4.4- Principais pontos de Acupuntura Sistêmica


Diferentes autores referem diferentes maneiras de tratamento. Pode-se usar
pontos locais e distais no canal afetado, além de um ou mais pontos no canal acoplado
segundo as Seis Divisões. Por exemplo, o Intestino Grosso (Da Chang) é acoplado com
o Estômago (Wei) no estágio Yang Ming das Seis Divisões, de forma que E38
(TiaoKou) pode ser acrescentando a IG15 (Jianyu). As relações dos Canais
Extraordinários também podem ser aplicadas, como TA5 (Waiguan) + VB41 (Zulinqi)
para artrite de ombro com Umidade Calor e dor lateral do ombro, ou ID3 (Houxi) + B62
(Shenmai) para dor na parte posterior de ombro, parte superior das costas e no pescoço
por contratura muscular, doença crônica ou Vento Frio.
Outro ponto importante para utilizar é o ponto extra Jian Nei Ling, situado a
meia distância entre o ponto mais alto da prega axilar anterior e IG15 (Jianyu). A agulha
pode ser inserida perpendicularmente cerca de 1 cun a 1,5 cun para obter a sensação
produzida pela agulha. Outro ponto e o NaoShang, um Ponto Extra no canal do
Intestino Grosso, no meio do músculo deltóide. Pode ser usado para problemas do
ombro em combinação com IG4 (Hegu), IG11 (Quchi), IG15 (Jianyu), e ID9
(Shanglian) para hemiplegia. (ROSS, 1995)
O ombro é uma estrutura por onde passam diversos Canais e Colaterais (Jing
Luo), que podem estar alterados, ocasionando dores na articulação. Mesmo possuindo
uma grande quantidade de Canais e Colaterais (Jing Luo) que passam pela região, a
bursite subacromial é uma característica da denominada Síndrome do Canal Principal
do Intestino Grosso (Da Chang) e Síndrome do Canal principal do Pulmão (Fei). Os
dois possuem uma relação de Interior e Exterior. Porém, a maior ênfase é dada para o
primeiro. Os pontos sugeridos são: IG15 (Jianyu), TA14 (Jianliao), ID9 (Jianzhen),
ID10 (Naoshu), ID11 (Tianzhong), IG16 (Jugu), Naoshang, Jianneiling.
12
O ponto principal é o IG15 (Jianyu), onde é recomendada a inserção até a
obtenção do De Qi, para em seguida retirar parcialmente a agulha e reinseri-la com sua
ponta direcionada para a região anterior e posterior.
Quando as dores estiverem associadas a sinais de alterações emocionais,
recomenda-se a utilização dos Canais Distintos (Jing Bie).
Quando a dor restringe movimentos: Pulmão (Fei) flexão e rotação interna.
Intestino Grosso (Da Chang) abdução. Intestino Delgado (Xiao Chang) extensão e
rotação interna. Pericárdio (Xin Bao) abdução (EBRAMEC, 2010).
Outra abordagem é a seleção de pontos locais e distais dos Canais Yang que
alimentam as áreas doentes com o objetivo de eliminar o Vento, o Frio e a Umidade. Os
pontos a serem usados na articulação do ombro são: IG15 (Jianyu), TA14 (Jianliao),
ID9 (Jianzhen), ID10 (Naoshu) (ESCOLA DE MTC DE BEIJING, 2002).
Na Bursite Subolecraniana, dor localizada na região posterior do cotovelo
conseqüente à penetração de Umidade, Umidade-Calor, Vento no Canal de Energia
Principal Sanjiao (Triplo Aquecedor). Pode manifestar-se por simples dor e/ou por
processo inflamatório (dor, rubor, tumor, calor), que caracteriza o quadro de bursite
subolecraniana, a qual pode evoluir para a cronificação. O quadro inflamatório deve-se
à presença de Umidade-Calor na bolsa subolecraniana, e esse estado pode se agravar
para infecção bacteriana.
Os pontos de acupuntura locais são: TA10 (Tianjing), IG11 (Quchi), IG10
(Shousanli), P5 (Chize). Na presença de pontos Ashi, utilizar a técnica de analgesia.
Pontos de acupuntura a distância: TA5 (Waiguan), dispersar fortemente o TA7
(Huizong) que é o ponto Xi (Desobstructor), TA15 (Tianliao), TA3 (Zhongzhu), VB41
(Linqi), VB43 (Xiaxi) (YAMAMURA, 2001).

4.5- Canais de Conexão - Pontos Distais

Os principais Canais de Conexão (Luo Mai) que a afetam o ombro são, em


ordem de importância, os do Intestino Grosso (Da Chang), do Triplo Aquecedor (San
Jiao), do Intestino Delgado (Xiao Chang) e do Pulmão (Fei).
Os Canais de Conexão dos canais que fluem do ombro afetam as articulações
dessa região: em particular, o Canal de Conexão do Intestino Grosso (Da Chang) afeta a
articulação acrômio clavicular, e o Canal de Conexão do Intestino Delgado (Xiao
Chang) afeta a articulação glenohumeral.
Como vimos, os Canais de Conexão (Luo Mai), ficam particularmente
propensos a estagnação de Qi ou a estase do Sangue (Xue), e a articulação do ombro é
afetada com freqüência por essas doenças. Ao passo que os Canais Principais podem
percorrer pelas grandes articulações, os Canais de Conexão (Luo Mai) ficam restritos ao
espaço fora dos Canais Principais e são como uma “rede” de pequenos canais que não
podem percorrer pelas grandes articulações: isso resulta em estagnação de Qi/Sangue
(Xue) nessas articulações.
A articulação do ombro em um lugar em que o Qi e o Sangue (Xue) são
“capturados” nos Canais de Conexão (Luo Mai), resultando em estagnação de Qi ou de
Sangue (Xue), ou ambos. A estagnação do Qi no ombro manifesta-se com dor; a estase
do Sangue manifesta-se com dor intensa que na maioria das vezes piora a noite e com
uma rigidez pronunciada da articulação.
Os principais pontos distais para tratar os Canais Principais do ombro de acordo
com o canal envolvido são:
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IG1 (Shangyang) para tratar o Intestino Grosso (Da Chang).
ID3 (Houxi) para tratar Intestino Delgado (Xiao Chang).
TA1 (Guangchong) para tratar Triplo Aquecedor (San Jiao).

Os principais pontos distais para tratar os Canais de Conexão (Luo Mai) de acordo com
o canal envolvido são:
IG6 (Pianli) para tratar Intestino Grosso (Da Chang).
ID7 (Zhizheng) para tratar Intestino Delgado (Xiao Chang).
TA5 (Waiguang) para tratar Triplo Aquecedor (San Jiao).

Outros pontos distais a serem considerados são:


E38 (Tiaokou) esse é um ponto distal para tratar rigidez aguda e a dor na articulação do
ombro. Normalmente, é agulhado primeiramente com o paciente sentado (no mesmo
lado que o ombro afetado). A agulha é manipulada vigorosamente com o método de
redução na medida em que o paciente move suavemente o braço para acima e para
abaixo. Essa manipulação é realizada por cerca de 10 minutos e então, é seguida pelo
tratamento com pontos locais. A inserção da agulha no E38 (Tiaokou) remove
obstruções do Canal de Conexão do Intestino Grosso (em virtude da relação entre
Intestino Grosso (Da Chang) e Estômago no Yang Brilhante (Yang Ming). E38
(Tiaokou) é, portanto, selecionado quando principalmente o canal do Intestino Grosso
(Da Chang) no ombro é afetado.
O ponto VB34 (Yanglingquan) é utilizado como ponto distal para tratar rigidez e
dor aguda no ombro. VB34 é agulhado da mesma maneira que E38 (Tiaokou). VB34 é
selecionado se principalmente o Canal de Conexão do Triplo Aquecedor no ombro
estiver afetado.
O ponto B58 (Feiyang) é selecionado como um ponto distal para tratar rigidez aguda e
dor no ombro, sendo agulhado com o mesmo procedimento que E38 (Tiaokou). É
selecionado quando principalmente o Canal de Conexão (Jin Luo) do Intestino Delgado
(Xiao Chang) no ombro está afetado.
O ponto P7 (Lieque) pode ser utilizado como ponto distal para tratar problemas
do ombro quando os Canais de Conexão (Luo Mai) do Intestino Grosso (Da Chang) e
do Pulmão (Fei) estão envolvidos e a dor no ombro irradia para a parte anterior do
ombro.
O ponto VB13 (Benshen), ponto de encontro superior dos três Canais
Musculares do Braço: acrescento esse ponto aos pontos distais e locais nos casos
crônicos para facilitar o movimento do Qi entre os três canais Yang do braço.
Ponto de Conexão do canal Yin relacionado no outro lado: em casos crônicos,
com freqüência adiciono o ponto de Conexão do canal relacionado no lado oposto. Por
exemplo, se o problema do ombro ocorrer ao longo do canal do Intestino Grosso (Da
Chang) no lado direito, selecionar P7 (Lieque) no lado esquerdo; se o principal canal
afetado for o Triplo Aquecedor (San Jiao) à direita, adicionar o PC6 (Neiguan) à
esquerda. A razão disso é que, nos casos crônicos, os fatores patogênicos penetram mais
profundamente e, com freqüência, no canal Yin correspondente. Empregar o ponto de
Conexão do canal Yin relacionando ajuda a empurrar o fator patogênico para a
superfície (MACIOCIA, 2010).

14
5-CONCLUSÃO
Conclui-se através das bibliografias consultadas, que a Acupuntura fornece uma
ampla gama de tratamentos com resultados eficazes no tratamento do quadro álgico da
dor em pacientes com Bursite de ombro, melhorando assim a mobilidade articular, a
funcionalidade e a qualidade de vida.

15
GLOSSÁRIO DE TERMOS CHINESES

Bi (Obstrução: da circulação de Qi e Sangue)

De Qi (Obtenção de Qi) (Sensação da Acupuntura)

Qi (Qi)

Xue (Sangue)

Gan (Fígado)

Shen (Rim)

Da Chang (Intestino Grosso)

Xiao Chang (Intestino Delgado)

Fei (Pulmão)

San Jiao (Triplo Aquecedor)

Jing Bie (Canais Divergentes)

Jing Luo (Canais e Colaterais)

Luo Mai (Canais de Conexão)

Yang Ming (Yang Brilhante)

Xi (Desobstrutor)

16
LISTA DE SIGLAS

B (Bexiga)

E (Estômago)

F (Fígado)

ID (Intestino Delgado)

IG (Intestino Grosso)

P (Pulmão)

PC (Pericárdio)

TA (Triplo Aquecedor)

VB (Vesícula Biliar)

17
Referências Bibliográficas
-Ciefato-EBRAMEC- Escola Brasileira de Medicina Chinesa, Módulo 19,
Acupuntura Aplicada na Ortopedia, 2010.

- Drª. Andreia de Almeida, Drª. Biliana Stefanova, Drª. Marta Silva, Bursite
subacromial. Data de acesso 18 de abril de 2011. Site:
http://www.profala.com/artfisio6.htm.
http://www.sanny.com.br/downloads//mat_cientificos/bursite_subacromial.pdf

- Dr. Antonio Carlos Novaes (Reumatologista) Assistente Estrangeiro da Fac. de


Med. de Paris, Data de acesso 18 de abril de 2011, Site:
http://www.articulacoes.com.br/pi_tendinite.php

- Dr. Fabio Cardoso. Imagens ombro. Data de acesso 18 de abril de 2011. Site:
http://drfabricio.site.med.br/index.asp?PageName=Bursite-20Ombro

-Equipe Editorial Bibliomed, Data de acesso 18 de abril de 2011


Site:http://boasaude.uol.com.br/realce/showdoc.cfm?libdocid=15908&ReturnCat
ID=1844

-Escola de MTC de Beijing, Escola de MTC de Shangai, Escola de MTC de


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