Você está na página 1de 10

30/11/20

Petrobras
Agosto de 2008

ERGONOMIA
A transformação do trabalho

Francisco Duarte

Equipe de Ergonomia e Projetos/COPPE/UFRJ - ergoproj@pep.ufrj.br


Francisco Duarte - duarte@pep.ufrj.br

Ergonomia: conceito

“A ergonomia estuda a atividade de trabalho a


fim de contribuir para a concepção de meios de
trabalho adaptados às características
fisiológicas e psicológicas dos seres humanos,
com critérios de saúde e de eficácia
econômica.”
F. Daniellou (1986).

1
30/11/20

A função integradora da atividade.


(Guérin et alii, 2004)
O operador A empresa
Objetivos: Ferramentas
Contrato
Características natureza, desgaste,
salário documentação, meios de
pessoais
Sexo, idade, comunicação, software…
características físicas Tempo
Tarefas horários, cadências…
Experiência,
prescritas Organização do
formação adquirida
-------------------- trabalho
Estado momentâneo Tarefas reais instruções, distribuição
Fadiga, ritmos das tarefas, critérios de
biológicos, vida fora qualidade
do trabalho Atividade de Ambiente
trabalho espaços, tóxicos,
características físicas…

Saúde, acidentes, Produção,


competências… qualidade…

Metodologia da Análise Ergonômica do


Trabalho (AET)
Esquema geral da abordagem.
(Guérin et alii, 2004).

Análise e/ou reformulação da demanda

Funcionamento geral da empresa e Interação


características da população e produção com os
indicadores de saúde e eficácia. operado-
res:
Análise do processo técnico entrevis-
e das tarefas. tas

Observações globais e sistemáticas da e


atividade. verbali-
zações.

Diagnóstico: local e global.

2
30/11/20

A construção da ação

A demanda: o ponto de partida


As origens da demanda:
ü Direção da empresa.
ü Trabalhadores.
ü Organizações sindicais.
ü Conjunto dos parceiros sociais.
ü Instituições públicas.
ü Organizações profissionais.

A instrução da demanda:
A busca de informações.

Indicadores da demanda ergonômica

Problemas de produção:
ü Gargalos de produção e/ou de atendimento ao
cliente.
ü Problemas de fluxo (produtos, materiais,
pessoas ou informações).
ü Retrabalho, desperdício.

Problemas de saúde - condições de trabalho:


ü Acidentes, Absenteísmo, Rotatividade.
ü Doenças ocupacionais (LER/DORT).

3
30/11/20

Conhecer o funcionamento da
empresa
ü O contexto econômico e comercial (mercado).

ü História e perspectivas futuras.

ü Ambiente geográfico.

ü Dimensão técnica e organização da produção.

ü Organização do trabalho.

ü Dimensão legislativa e regulamentar.

A extensão da lista depende da demanda.

O posto de trabalho
A escolha do posto de trabalho:
ü Critérios de urgência.
ü Critérios de globalidade (regulações estruturais).
ü Situações que deverão sofrer uma transformação /
projeto piloto.

A chegada ao posto de trabalho:


ü A presença do ergonomista deve ser anunciada,
negociada e explicada.
• Apresentação pessoal.
• Definir o objeto de sua presença.
• Explicar o que é ergonomia.
• Fornecer uma idéia da demanda e da sua
compreensão da mesma.
• Explicar objetivos perseguidos.

4
30/11/20

A análise da atividade

ü Métodos: Observação / Medidas /


Verbalizações (a respeito do trabalho
efetivamente realizado).

ü Fazer uma observação na A.E.T significa:


Observar => Registrar => Descrever

ü Observações abertas (não orientadas):


• Compreender o que faz o operador/identificação das
tomadas de informação.
• Constatar as diferenças entre trabalho prescrito e real.
• Apreciação das condições de trabalho.
• Viabilidade e planificação das observações sistemáticas.

Análise da atividade

ü Observações sistemáticas:

Objetivos: demonstrar e enriquecer o pré-diagnóstico,


quantificações/comprovações/descrição cronológica
(base para auto-confrontação).

Características importantes:
• Consideração da dimensão temporal.
• Escolha prévia dos observáveis (postura, direção
do olhar, deslocamentos, comunicações, relativos
à execução do trabalho, relativos ao sistema
técnico e ao ambiente).
• Escolha prévia de uma codificação.
• Definição das situações a observar.

10

5
30/11/20

As Verbalizações
(não se trata de entrevistas abertas)

A atividade não pode ser reduzida ao que é manifesto e


observável:
Raciocínios, tratamento da informação, planificação da
ação só podem ser compreendidos através das
explicitações dos operadores.

As observações são sempre limitadas no tempo:


Operador pode situar as observações num quadro
temporal mais amplo.

As conseqüências da atividade não são todas aparentes:


Operador pode exprimir problemas ressentidos e os
relacionar com características da atividade.

11

As Verbalizações
(não se trata de entrevistas abertas)

As pessoas não são bons teóricos do que fazem:


As descrições do trabalho e de suas
conseqüências são feitas em função do
interlocutor.

As operações de rotina não são sempre evocadas


espontaneamente.

Certas dimensões da atividade não são


facilmente expressas verbalmente.

12

6
30/11/20

O diagnóstico e a transformação

ü O diagnóstico geral, em relação às


possibilidades de transformação.
ü Toda transformação é um processo de
concepção.
ü Identificar os atores e os objetivos.
ü Formular objetivos detalhados antes de
escolher soluções.
ü Avaliar as soluções propostas.
ü A chegada dos equipamentos, a fase de ajuste
e a partida.
ü Avaliar a ação ergonômica, identificar seus
efeitos.

13

Princípios deontológicos

ü Clareza dos objetivos, métodos, instrumentos,


modalidades de difusão dos resultados da
intervenção.
ü Orientação idêntica para todos os interlocutores
(princípio da eqüidistância).
ü Acordo dos trabalhadores para qualquer
observação ou medição. Nada de observação tipo
câmera escondida.
ü Retorno prioritário aos trabalhadores dos
resultados das observações e validação das
“recomendações” possíveis.
ü Responsabilidade do ergonomista na antecipação
de possível utilização “deturpada” dos resultados
da intervenção.

14

7
30/11/20

Princípios deontológicos

ü Discrição em relação às informações de natureza


pessoal (saúde, etc). A restituição dos resultados
deve ser, sempre que possível, feita mantendo-se o
anonimato dos trabalhadores em questão.
ü Precaução quanto às restituições de observações
que possam provocar reprimendas aos
trabalhadores. Sobretudo observações que
descrevem.
ü Levar sempre em conta o estado da situação
econômica da empresa nas reflexões sobre as
medidas de transformação propostas.
ü Respeito do segredo industrial.

15

Princípios deontológicos

ü Não contribuir para a seleção de pessoas para


determinados postos.

Esses princípios pedagógicos foram


baseados nos princípios formulados por
François Daniellou. Eles não refletem o
consenso da comunidade de ergonomistas,
mas podem ser utilizados como referência
para toda ação ergonômica.

16

8
30/11/20

O Processo de análise e de ação centrado sobre a Atividade

Análise Ação

Modelização Transformação
Generalização
Modelo do trabalho Demanda Proposição
(prescrito / real) Proposição de ação
Identificação
Em ergonomia
de situações sobre os determinantes Subida das ações
Análises para decisões
(observações) Escolha da Atividade Interpretação (subsidiariedade)
em ergonomia situação

Identificação dos
determinantes
Modelo operante Realização de
empresa ações locais

Diagnóstico prévio Espaço de discussão Operacionalização

(Ergonomistas) (gestor / equipe) (estrutura organizacional)

17

A intervenção em ergonomia

Métodos de confrontação / entrevistas (de


explicitação) Bla
bla
• Colocar os sujeitos em presença de traços de
sua atividade (foto, vídeo ...) que eles podem
comentar
• Atividade visando comentar com suporte de
?
vídeo / atividade comentada (e desenvolvida)
?
• Técnicas de entrevistas visando explicitar uma Bla
bla
experiência passada vivenciada ?
• Atividade de colocar em palavras / atividade
colocada em palavras

Métodos de simulação
• Abordagem participativa de concepção para
ajudar os operadores a « jogar » sua atividade
futura
• Atividade de simulação / atividade simulada

18

9
30/11/20

Da AET à Transformação

ergonomista

recomendações

projetistas

Ergonomista
análise de situações
de referência

representações da atividade
futura

operadores projetistas

19

10

Você também pode gostar