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Programa CIEE de Educação a Distância

CURSO: LÓGICA E CRIATIVIDADE

SUMÁRIO

Introdução ................................................................................................................... 02

Aula 1 – Lógica e Criatividade – definições ................................................................ 03


O que é lógica? .............................................................................................. 06
O que a lógica não é ...................................................................................... 06
Lógica X Criatividade ..................................................................................... 07

Aula 2 - O raciocínio ................................................................................................... 11

Aula 3 - Os quatro personagens do processo criativo ................................................ 13


Explorador – O personagem que coleta informações .................................... 14
Artista – O personagem que transforma informações em novas ideias ......... 17
Juiz – O personagem que avalia e decide sobre os destinos de uma ideia ... 22
Guerreiro – O personagem que põe ideias em prática .................................. 25

Aula 4 - O pensamento criativo ................................................................................... 27

Aula 5 - As leis da criatividade .................................................................................... 32

Referências Bibliográficas ......................................................................................... 40

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INTRODUÇÃO

O ambiente corporativo prioriza algumas habilidades universais, ou seja, atitudes que


quando praticadas, atendem simultaneamente as necessidades da empresa,
expectativas do cliente e satisfação do próprio colaborador.

Atualmente, as habilidades de resolver problemas e tomar decisões são altamente


valorizadas e imprescindíveis no mundo corporativo.

Profissionais que tomam decisões e resolvem problemas de uma forma acertada


acabam tendo como consequência um aumento significativo de credibilidade
profissional. Para que possamos desenvolvê-las, a lógica e a criatividade são partes
integrantes desse processo, pois é a nossa forma de pensar que irá fazer com que
tomemos uma decisão ou outra.

Esperamos que esse trabalho resgate a criatividade existente em todos nós e nos
auxilie na progressão da vida pessoal e profissional!

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AULA 1 – Lógica e criatividade

Definições
Com a internacionalização da economia, algumas empresas estrangeiras, fixaram-se
em nosso país, exigindo que as empresas brasileiras adotassem um comportamento
diferenciado e mais adequado à realidade de seus clientes.

Frente a esse cenário, surge a necessidade da colaboração de profissionais criativos.

O comportamento criativo possibilita agregar ideias, multiplicar alternativas e gerar


soluções em quantidade e, principalmente, em qualidade suficiente para garantir a
satisfação do cliente.

Vamos entender como isso acontece e como podemos desenvolver:


Pensamentos:
Seja qual for o processo, de tomada de decisão, resolução de problemas ou criação de
um novo produto/serviço, iremos iniciá-lo com nossos pensamentos.

O primeiro é o momento criativo, em que temos as ideias. E é por meio de nossa


criatividade, imaginação, que pensaremos e intuiremos as várias possibilidades de lidar
com o processo.

O segundo é o momento analítico, em que passaremos para o concreto, as ideias


geradas no momento criativo. Nesse momento o raciocínio lógico, análise e crítica são
predominantes.

Se pensarmos na própria origem das palavras esse processo ficará ainda mais claro.

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Criatividade vem do latim Creare que significa “dar existência, sair do nada, estabelecer
relações até então não estabelecidas pelo universo do indivíduo, visando determinados
fins”, quer dizer, no momento criativo está muito presente o “sair do nada”, imaginação.

Já a lógica irá colocar em ordem essas ideias, tornar possível a sua concretização. Vem
do grego Logos “a ordem que deve ter os pensamentos”, quer dizer, não basta ter uma
ideia, temos que organizá-la para aliá-la a um objetivo principal.

Cada um de nós acaba tendo mais facilidade em um do que no outro. Por quê? Qual é
a sua maior facilidade?

Teste: qual é a sua maior facilidade?

DOMINÂNCIA CEREBRAL
1. Pensador 11. Controlado
2. Sonhador 12. Musical
3. Detalhista 13. Persistente
4. Visionário 14. Artístico
5. Falante 15. Matemático
6. Idealista 16. Emotivo
7. Organizado 17. Calculista
8. Excêntrico 18. Criativo
9. Preciso 19. Previsível
10. Imaginativo 20. Romântico

Instruções: dê para cada característica uma nota de 0 a 5, tendo em vista que cinco
deve ser atribuído àquela característica que julga ter mais.

Logo após, some os valores atribuídos separando-os entre características ímpares e


pares.

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As características ímpares pertencem a um perfil mais racional e as características


pares ao perfil mais emocional.

Por meio do resultado é possível identificar seu perfil de dominância cerebral.

As ideias criativas, na verdade, vêm da união dos dois hemisférios. Nós tanto
precisamos das características de nosso hemisfério esquerdo, como do direito.

HEMISFÉRIO DIREITO HEMISFÉRIO ESQUERDO


Criativo Mecânico
Essência Substância
Cores Preto e branco
Meditação Linguagem
Aberto Fechado
Aventura Cauteloso
Intuição Verbal
Receptivo Cético
Amplo Detalhista

Criatividade e lógica estão altamente relacionados e um complementa o outro, a partir


do momento que precisamos dos dois para resolver problemas, tomar decisões ou
desenvolvermos algo novo.

A máxima utilização dos dois hemisférios é fundamental, porque tudo muda o tempo
todo e é por meio de nosso cérebro que somos capazes de criar coisas que no
presente podem ser por vezes vistas como impossíveis.

“O Poder da Lógica”
Como? Quando? Quem? Onde? O quê? Por quê? Quanto custa para tornarmos tudo
isso possível?

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É a organização do pensamento e de todas as iniciativas para então chegar às


concretizações.

“O Poder do e se...”
... Pudéssemos morar na Lua? ... Pudéssemos ler os pensamentos dos
homens/mulheres? ... Pudéssemos ter carros voadores? Temos muito presente o
momento criativo. Esse exercício de pensarmos “e se...” é fundamental, pois hoje uma
ideia nossa pode parecer impossível, mas tudo evolui tão rapidamente que nos vemos
diante de uma situação totalmente nova, evoluída, enquanto já estamos pensando além
do que pensávamos anteriormente. Por isso nunca julguem suas ideias como “bobas”,
um dia elas podem ser imprescindíveis para toda a humanidade.
Podemos fazer essa comparação com os Flinstones e os Jetsons. Por isso, um
momento depende do outro. Não basta pensarmos “e se...”, precisamos pensar: Como?
Quando? Quem?... para daí então concretizarmos as nossas ideias.

O que é lógica?
A lógica facilita a análise de um argumento, e deduz onde é provável ele ser correto ou
não. No fundo a lógica indica qual a melhor forma de conduzir o raciocínio.
A lógica formaliza os procedimentos e as representações de quem recebe a
informação. É ela que determina as hipóteses possíveis, face às crenças de um agente
que raciocina e face aos métodos que ele usa para chegar a um determinado fim. No
fundo a lógica indica qual a melhor forma de conduzir o raciocínio.
Você não precisa saber lógica para argumentar, mas se você sabe pelo menos um
pouco, você vai achar mais fácil apontar argumentos inválidos.

O que a lógica não é


Embora a lógica seja fundamental, é importante ressaltar que ela não é tudo. Por isso
não é lógico dizer que a lógica é um grupo de regras que governam comportamento
humano e nem uma lei absoluta. Outras formas de pensar são tão importantes quanto.

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Lógica X Criatividade
A lógica e a criatividade seguem caminhos diferentes e ao mesmo tempo são tão
complementares que se tornam essenciais em nossa vida.

As vantagens de se usar as duas habilidades juntas favorecem os processos de:


• resolução de problemas;
• tomada de decisão;
• identificação de necessidades das pessoas;
• lançamento de novos serviços/produtos no mercado;
• planejamento de ações e definição de estratégia;
• geração de alternativas em diferentes situações;
• busca da aplicabilidade de ideias, para gerar benefícios, focando as
necessidades da empresa.

Criatividade hoje é a habilidade de gerar ideias admiráveis, que não seguem o caminho
da conformidade ou do que é convencional, com o propósito de atingir um objetivo,
atender uma necessidade ou resolver um problema, utilizando-se da melhor forma
possível de recursos disponíveis no momento.

É sempre importante sairmos da zona de conforto, do caminho da conformidade, do


convencional para conseguirmos criar. Trabalhar com a criatividade nos faz pensar e
agir de forma diferente, nos traz melhores resultados em nossas ações. O que é muito
rotineiro acaba criando bloqueios para nossa energia criativa.

Raciocínio Lógico
Atividade I
1) Meu pai tem 42 anos de idade. Meu cachorro tem 8. Se fosse um ser humano, a
idade de meu cachorro seria 56 anos. Quantos anos teria meu pai se ele fosse um
cachorro?

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a) 5
b) 6
c) 7
d) 8
e) 9
Resp.: 1) b
Feedback: 56 dividido por 8 = 7 (cada ano do cachorro corresponde a 7 anos no ser
humano).
42 dividido por 7 = 6 (sendo assim, meu pai teria 6 anos)

2) Um senhor, olhando para um retrato, diz:


- O pai deste homem é o pai de meu filho. Ele está olhando para:
a) Seu próprio retrato.
b) Retrato de seu pai.
c) Retrato de seu filho.
d) Retrato de seu avô.
e) Retrato de seu neto.
Resp.: 2) c
Feedback : explicação de cada alternativa:
a) Não se encaixa, pois nesse caso, o pai deste homem seria o pai dele, que seria avô
do seu filho.
b) Não se encaixa, pois o pai deste homem seria o avô dele, o qual seria bisavô de seu
filho.
c) Encaixa, pois nesse caso o pai deste homem, é ele mesmo, que é pai de seu filho.
d) Não se encaixa, pois nesse caso o pai deste homem seria o bisavô dele, que seria o
tataravô de seu filho.
e) Não se encaixa, pois nesse caso o pai deste homem seria o filho dele e ele o avô.

Dica: Nesta questão precisamos ir por eliminatórias, ressaltando que em cada


alternativa vamos imaginar na foto uma pessoa.

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Atividade II
1) Você precisa cozinhar um ovo por dois minutos exatos, mas tem somente uma
ampulheta que marca 5 minutos e outra que marca 3 minutos. Como fazer?

2) Você precisa fazer uma viagem de carro de 18.000km. Os pneus de seu veículo só
duram 12.000km. Qual o número mínimo de pneus reservas você precisa levar?

3) Uma pergunta de lógica jurídica: um homem pode casar com a irmã de sua viúva?

4) Fred mente às segundas-feiras e nos outros dias da semana diz a verdade. Beto,
seu irmão, mente às quintas-feiras e diz a verdade nos demais dias da semana. Certo
dia, um deles afirmou: - Amanhã é terça-feira – Amanhã estarei mentindo. Em que dia
da semana isto se passou?
a) segunda-feira b)terça-feira c)quarta-feira d) quinta-feira e) sexta-feira

5) John, 12 anos de idade, é três vezes mais velho que seu irmão. Quantos anos terá
John quando a sua idade for o dobro da idade do seu irmão?

a) 15 b) 16 c) 18 d) 21

Respostas:
1) Você deve colocar para funcionar as duas ampulhetas ao mesmo tempo. Quando a
de 3 minutos acabar significa que faltam dois minutos exatos na de 5 minutos.

2) Você precisa levar dois pneus somente: indo os primeiros seis mil quilômetros, você
coloca os dois pneus reservas para rodar. Após doze mil quilômetros, você retira os
pneus que não foram substituídos e recoloca os outros dois que já rodaram seis mil
quilômetros.

3) Obviamente que não. Se sua mulher é viúva, então o “pretendente” (ele - o homem)
já morreu!

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4) d
Já podemos descartar algumas alternativas, como por exemplo: terça, quarta e sexta
não podem ser, tendo em vista que ambos estarão falando a verdade. Para tirar a
dúvida entre segunda e quinta basta pensar que Fred mente às segundas, portanto se
ele mente às segundas, ele não poderia estar dizendo amanhã é terça, pois estaria
falando a verdade. Sendo assim, só resta a quinta sendo dito pelo Beto.

5) 16
Se John é três vezes mais velho que seu irmão, faremos a conta: 12 dividido por 3 que
me dará o número 4 (a idade do irmão). Logo, daqui 4 anos John terá 16 e seu irmão
8, ou seja o dobro da idade.

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AULA 2 – O raciocínio

O raciocínio é a forma de pensar que, juntamente com a informação nos faz caminhar
desde a representação do problema até a sua resolução. Raciocinar é pensar
discursivamente, exercitando a mente, conectando juízos, e fazendo inferências. É
transformar as informações disponíveis, tornando-as mais claras, e encontrar as
respostas adequadas às perguntas colocadas.
É por meio dele que formulamos nossos argumentos diante de uma situação.

Nosso raciocínio passa por dois processos:


O método indutivo, processo de descoberta de algo geral, tendo por base casos
particulares. Após o exame e verificação de cada um dos elementos chega-se a uma
conclusão, que pode tanto ser de forma bem prática ou metódica. A vantagem é que se
evitam problemas, já que nesse processo o forte é o planejamento.

No método dedutivo a mente passa do geral para chegar ao particular. Nesse processo
trabalha-se primeiro com o resultado que se espera alcançar, para depois identificar as
partes que o compõem. O forte desse método é a análise, portanto é um excelente
método para resolver problemas, caso o resultado alcançado tenha sido indesejável.

Para exercitarmos nossa forma de pensar vamos fazer uma atividade: “Casa de
Campo”. Instruções:

Cada um dos quadros a seguir, representa um camping. Em cada camping, o número


de barracas é igual ao número de árvores, localizadas de modo que, junto a cada
árvore há pelo menos uma barraca em horizontal ou vertical (em cima, embaixo ou ao
lado da árvore).

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Descubra onde estão as barracas levando em conta que não pode haver barracas
vizinhas e que os números indicados representam quantas barracas há em cada fileira
ou coluna.

PROBLEMA A PROBLEMA B
SOLUÇÃO DO PROBLEMA A SOLUÇÃO DO PROBLEMA B

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AULA 3 - Os quatro personagens do processo criativo

Como pensador criativo você precisa, para começar, da matéria-prima de que são feitas
as novas ideias: fatos, conceitos, conhecimentos, sentimentos e tudo mais que possa
encontrar. Pode procurar tudo isso nos lugares de sempre. Contudo, é mais provável
que encontre algo original se for se aventurar por trilhas menos batidas.

Assim você se torna um explorador quando está em busca dos materiais necessários
para construir sua ideia. No percurso, vai visitar campos desconhecidos, descobrir
novos padrões e levantar diversos tipos de informação.

As ideias que você juntar serão como aqueles pedacinhos de vidro colorido no
caleidoscópio. Eles podem até formar um desenho, mas se quiser algo novo e
diferente, vai ter que sacudi-los uma ou duas vezes. É aí que você muda de papel e
liberta o seu lado de artista. Começa a experimentar outras abordagens. Segue a sua
intuição. Reorganiza, vira e revira as coisas. Pergunta “ e se..?”. Estabelece novas
relações. Pode até quebrar as regras e criar as suas. Depois disso tudo, aparece com
uma nova ideia.

Agora, você pergunta: “Essa ideia é boa mesmo? Vale a pena insistir nela? Trará o
retorno esperado? Será que disponho dos meios para fazer acontecer o que pretendo?”

Para decidir, você adota a postura do juiz. Enquanto avalia, pesa criticamente os prós e
os contras. Procura falhas na ideia e imagina se o momento é propício. Você faz a
análise dos riscos, questiona pressupostos e forma um juízo. Enfim, toma sua decisão.

Depois, chega a hora de pôr sua ideia em prática. Mas você sabe que o mundo não
está disposto a aceitar todas as ideias novas que surgem. Ao contrário, a competição é
violenta. Pretende-se que sua ideia dê certo, vai ter que partir para o ataque. Aí entra o
guerreiro e leva sua ideia para o campo de batalha.

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Como guerreiro, você precisará ser metade general e metade soldado. Desenhar seu
plano estratégico e tratar pessoalmente de atingir o objetivo. Ter disciplina para o duro
corpo a corpo das trincheiras e força para enfrentar obstáculos, demolidores de ideias,
recuos temporários e outros contratempos. Fundamental é ter coragem de fazer o que
for necessário para transformar sua ideia em realidade.

Explorador – O personagem que coleta informações


Um bom explorador sabe que procurar ideias é como garimpar ouro. Se olhar sempre
nos mesmos lugares, encontrará apenas algo que já está esgotado. Mas se for curioso
e pesquisar em diferentes locais, suas chances de descobrir novidades aumentam
substancialmente.

Explorar implica: aventurar-se, abrir-se ao mundo, adotar uma visão perceptiva


(capacidade de intuir que as ideias encontradas têm potencial para se juntar e formar
algo novo).

Atividade: O que representa esta imagem?

O cientista Linus Pauling (ganhador do prêmio Nobel por duas vezes) disse que “A
melhor maneira de ter uma boa ideia é ter um monte de ideias”.

As chances de solucionar os problemas com uma única ideia são mínimas e serão
tanto maiores quanto as ideias que você tiver.

O explorador parte do princípio de que tudo tem interesse; nada é desprovido de valor.

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O que representa a figura 1? Parece um quadrado. Só isso? Que tal quatro círculos
famintos? Quatro “come-comes” brincando de pega-pega? Mickey Mouse olhando no
espelho? O que mais?

Atividade:

Grupo 1: A E F H I

Grupo 2: B C D G J

Qual o padrão que diferencia os dois grupos? Quando descobrir, diga qual deles
colocaria o K o R e o T.

Dica: fique atento a dois tipos de informação. De repente pode surgir um padrão,
modelo ou critério que pode passar despercebido. Se você tende a ser lógico demais,
concentre-se nos sentimentos que as coisas são capazes de despertar. Se privilegiar o
visual, sintonize o “cheiro” da situação. Aliás, traçar um “mapa olfativo” de vários odores
pode ser um exercício divertido.

Feedback: você precisa descobrir que tipo de critério foi utilizado para determinar a que
grupo elas pertencem. Há pessoas que olham para o problema e tentam imaginar
alguma sequência lógica. Entretanto, se você procurar um tipo diferente de padrão e
sintonizar não a sequência, mas a forma notará que as letras do primeiro grupo só têm
linhas retas, enquanto as do segundo grupo têm retas e curvas. Portanto, o K e o T
iriam para o grupo 1, ao passo que o R pertenceria ao grupo 2.
Não subestime o óbvio

Algumas vezes, as ideias mais úteis estão bem diante de nós. Como notou o explorador
Scotto Love certa vez: “Só o mais tolo dos ratos se esconderia na orelha de um gato.
Mas só o mais esperto dos gatos se lembraria de procurá-lo lá”.

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Pergunte a si mesmo: que recursos existem bem diante de mim?

Atente para os detalhes


Ninharias influem – principalmente quando associadas a outras e por elas
potencializadas. Exemplo: uma pequena variação climática em uma parte do mundo
pode ter repercussões sérias em diferentes locais. No fim de 1982, por causa de
mudanças no clima na região do Pacífico, secas terríveis assolaram Índia, Indonésia e
Austrália, enquanto na costa oeste americana se registravam tempestades violentas,
chuvas extraordinárias e marés altíssimas. Os meteorologistas passaram meses
tentando descobrir a causa do fenômeno. Finalmente, perceberam que El Niño – um
leve aquecimento do oceano ao longo do Equador – se havia espalhado a oeste, o que
não é normal, provocando mudanças nas áreas banhadas pelo Pacífico. Quando o
fenômeno El Niño desapareceu, o sistema voltou a seu padrão normal.
Pergunte a si mesmo: quais detalhes poderiam ter grande impacto no desenvolvimento
da minha ideia?

Observe um quadro geral


Um problema é como uma árvore cheia de galhos. A coisa mais fácil do mundo é a
gente se emaranhar de tal forma nele que só vê a árvore e perde a perspectiva da
floresta. Um explorador sabe que, às vezes, é preciso recuar para observar as
implicações gerais daquilo que está fazendo.
Pergunte a si mesmo: que consequências de grande alcance estão implícitas na minha
ideia?

Mate um leão por dia


Em que lugares você tem medo de procurar ideias?
Todos nós temos na cabeça um mapa mental do mundo. É a informação que usamos
para enfrentar o dia a dia. Assim como na antiguidade, nossos mapas também têm os
seus dragões. Eles representam tudo o que, por algum motivo, não queremos ousar ou
levar adiante. Talvez seja o medo de tentar falar em público, o receio de ir a uma festa

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onde não conhecemos ninguém, a dificuldade que temos diante de um esporte em


particular. Às vezes, esses dragões têm razão de ser. Às vezes, servem apenas para
inibir o explorador e afastá-lo do caminho da descoberta.

Pergunte a si mesmo: onde é que vejo dragões? Indicam perigo? Oportunidades?


Nesse caso, não seria bom dar uma olhada? Mate um dragão hoje mesmo.

Use obstáculos para sair da rotina


A rotina talvez seja o caminho para você chegar até seu trabalho, o modo como almoça
etc. Um dia, aparece um obstáculo que impede seu avanço pelo caminho habitual.
Como lida com isso? Você tanto pode derrubá-lo quanto removê-lo. Também pode
voltar ao ponto de partida e questionar seus motivos.
Outra opção seria sair do caminho e encontrar caminhos alternativos que levem ao seu
objetivo. Nessa procura talvez só descubra um percurso mais longo, mas também
existe a chance de aparecer algo ainda melhor do que o que estava procurando
inicialmente.

Dica: programe “quebras” na sua rotina. Mude o horário de trabalho. Faça outro
percurso para chegar ao escritório. Ouça outra estação de rádio. Cultive novas
amizades. Experimente uma receita diferente.

Descubra ideias que você já tem


Nossa mente é como um baú abarrotado de experiências e ideias. Raramente
pensamos nelas, porque temos um foco dirigido para outras coisas, mas se
conseguirmos olhar para tudo o que há nele veríamos que ali existe muito mais do que
pensamos.

Artista – O personagem que transforma informações em novas ideias


O artista é o personagem que usamos para acrescentar alguma coisa. Você reúne os
materiais coletados pelo explorador e pergunta: “E se eu pusesse isso, tirasse aquilo,

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ignorasse as regras, virasse do avesso, trocasse as bolas ou comparasse com outras


coisas?” Logo alguma coisa aparece. É assim que se transforma a matéria-prima em
ideias novas, um problema em oportunidade.
Assim como um bom pintor deve contar com várias cores em sua paleta, um bom artista
recorrerá a diferentes estratégias para transformar seus materiais.

Adapte: mude o contexto


O importante é que ideias e objetos tenham significados diferentes, conforme o
contexto em que estejam colocados. Se mudar o contexto, muda o significado.
Mudar o contexto é uma técnica interessante para descobrir o potencial dos recursos de
que dispomos. Sempre que eu enfatizar aspectos diferentes e mudar de contexto, terei
ideias novas.

Atividade: Faça o número nove (em algarismos romanos) virar um seis acrescentando
uma única linha:
IX

Respostas: acrescentar um S antes do número e ficará “SIX”

Todo mundo tem muito conhecimento acumulado; ao mudar o contexto em que você se
habituou a pensar nas coisas, elas se transformam em novas ideias.

Dica: construa sua própria lista de perguntas “e se...?” E veja até onde elas levam sua
imaginação. Quanto mais você perguntar, mais vai conseguir e mais perto estará de
encontrar algo que valha a pena.

Inverta: olhe o avesso das coisas


Inverter sua perspectiva de um problema constitui uma técnica excelente para abrir a
cabeça. Imagine como se você fosse um professor pensando: “Como me tornar menos
eficiente e ativo?” Isso implicaria estudantes mais responsáveis por seu aprendizado, o

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que poderia levar ao desenvolvimento de um programa de estudo autodirigido e de um


método adequado ao ritmo de cada aluno.

Dica: olhe para o lado oposto, procure o avesso. Descobrirá algo jamais visto. Essa é
também uma excelente maneira de se livrar de preconceitos profundamente arraigados.

Conecte: faça associação de ideias


O pensamento criativo envolve o estabelecimento de associação entre ideias
desconexas e sua transformação em algo novo. Gregor Mendel associou matemática e
biologia para criar o campo da genética. Fred Smith conectou a ideia de distribuição
centralizada das companhias aéreas com a de um serviço de entrega em 24 horas e
criou a Federal Express.

Pergunte a si mesmo: que ideias posso adicionar ao meu conceito?

Compare: faça uma metáfora


1. Um excelente jantar é como...
- arremessar um dardo a enorme distância
- observar a areia escoar numa ampulheta
- ler um bom livro na praia
- pintar as unhas do pé
2. Educar uma criança é como...
3. Promover um recital de piano é como...
4. Encontrar a verdade é como...

É disso que se trata quando se fazem metáforas: descobrir semelhanças. Você pega
uma ideia e a usa para descrever outra, devido à similaridade que apresentam. Usamos
esse recurso o tempo todo. Falamos em “pé de alface”, “cabeça de alho”, “asas da
imaginação”.

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Elimine: quebre as normas


Dica: quebre as normas. Se costuma começar a se barbear pelo lado esquerdo do
rosto, comece amanhã pelo lado direito. Se nunca assiste a novelas, experimente. Se
só ouve jazz, mude para música clássica. Se sempre volta do trabalho pela via
expressa, passe a usar ruas onde o tráfego é mais lento e a paisagem mais bonita.

Parodie: brinque com as coisas


Em geral, quando pensamos em artistas, nos ocorre a imagem do escultor que modela
suas figuras em argila. De vez em quando, ele precisa de mais um pouco de massa e é
então que entra em cena sua outra matéria-prima: a irreverência, a disposição para
brincar. O artista formula os “e se...?” mais ousados para soltar a imaginação,
habilitando-se a olhar as coisas sem preconceito.

O artista acredita que existe uma relação íntima entre o há-há-há do humor e o aha da
descoberta criativa. Quem é capaz de rir diante das coisas tem mais possibilidade de
desafiar a norma subjacente às ideias, pois exercita um modo diferente de olhar para
elas.

Dica: brinque com tudo. Veja programas e espetáculos de humor. Leia livros de piadas
para despertar o espírito criativo. O humor é particularmente eficaz quando o artista em
você está sob pressão. Segundo o físico Niels Bohr, “certas coisas são tão sérias que
só se pode rir delas”.

Incube: não faça nada


Pare um momento e pense em sete colegas de escola.

Quando a atenção está voltada para frente, é difícil ver as boas ideias que ficaram para
trás. Às vezes, largar tudo e deixar agir a força do inconsciente é a melhor saída.

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Incubar ideias traz, no mínimo, três vantagens. Antes de mais nada, você coloca o
problema em perspectiva, dando-lhe as devidas proporções. Enquanto incubamos,
estamos plantando ideias. Quando nos afastamos, as sementes continuam a germinar.
Deitam raízes na massa cinzenta e soltam ramificações. Exemplo: o que resultou do
seu exercício com os colegas de escola? Não foi difícil, claro. Mas, agora que o
problema foi plantado em sua mente, verá que outros sete serão lembrados quando
acordar amanhã e outros continuarão a aparecer – mesmo que inconscientemente.

Finalmente, quando voltarmos à ideia ou ao problema, depois do período de incubação,


é mais do que provável que nossa abordagem será diferente.

A paleta do Artista
Pegue uma ideia e faça algo com ela. Acrescente. Quais os padrões que podem ser
alterados? Como você pode mudar a maneira de encará-la?
Adapte – em que outros contextos você pode colocar sua ideia? Num histórico? Num
cenário futuro? Em que contexto geográfico ou político ele se encaixaria?

Imagine – existem perguntas inusitadas do tipo “e se...?” com as quais questionamos


sua ideia? A que extremos você pode levá-la?

Inverta – olhe a sua ideia pelo avesso. Como ela fica de cabeça para baixo? E de trás
para frente?

Conecte – o que pode ser associado a sua ideia? Como ela se encaixa com seus
outros conhecimentos?
Compare – crie uma metáfora para sua ideia. Que semelhanças ela tem com a música,
a medicina, a guerra? E com a jardinagem, as viagens, o namoro?

Elimine – quais as normas que podem ser quebradas? Quais as obsoletas? Quais os
tabus? Quais delas são desnecessárias?

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Parodie – brinque com sua ideia. Desligue a tecla do autocontrole e seja irreverente.
Quantas piadas consegue inventar com a sua ideia?

Incube – das ideias que anda ruminando, quais as que gostaria de deixar em banho-
maria?

Juiz – O personagem que avalia e decide sobre os destinos de uma ideia


Sua ideia provocará um ah! Ou um ôooo?
Você teve uma ideia e gostaria de vê-la concretizada. Pode ser o esboço de um quadro,
o projeto para uma nova empresa, uma receita nova de frango, uma festa. Então, vêm
as perguntas: “Essa ideia é boa? Vai funcionar? Vale a pena investir meu tempo nela?
Quais os riscos? Produzirá os resultados desejados? Qual é o reverso da medalha?

Um modo de saber é fazer para ver no que dá. Esse método funciona razoavelmente
bem quando a ideia é simples e um possível fracasso não chega a assustar. Mas nem
sempre você pode se dar esse luxo. Portanto, precisa aprender a pensar como juiz.

No processo criativo o papel do juiz é muito delicado. Você precisa ser crítico o
bastante para dar ao guerreiro a segurança de que vale a pena lutar por uma boa ideia.
Mas precisa ser suficientemente aberto para não abafar a imaginação do artista. Se
falhar na crítica, põe o guerreiro em perigo; se não for flexível, tolhe o artista. Além do
mais, precisa ter senso de oportunidade. No fundo, a arte de ser juiz consiste em saber
qual decisão tomar em seis segundos e qual pode esperar seis meses.

O que há de errado com esta ideia?


Quando avalia uma nova ideia no papel de juiz você pergunta: “Será que vai dar certo?
Quanto custa? Quanto tempo até a implementação? Dentre outras. No curso dessa
investigação, o juiz examinará a ideia cuidadosamente para descobrir o que há de

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errado com ela. Mas atenção para um detalhe: alguns juízes levam a rigor os extremos,
sintonizando apenas falhas e pontos fracos.

O juiz precisa considerar que, além de ter algo errado com a ideia, sua função é
também dizer se vale a pena fazer alguma coisa a partir dela e apresentar as
alternativas para tanto. Um bom juiz sabe que um ponto fraco – quando a ideia é
interessante – pode ser um caminho das pedras para opções mais práticas e criativas.

O juiz precisa levar em conta que seu principal objetivo é ajudar na produção de boas
ideias e não se deslumbrar com a beleza de seu próprio julgamento. Para
contrabalançar a natural tendência ao negativismo, localize os aspectos positivos e
interessantes da ideia. Os aspectos negativos surgem sem nenhum esforço.

Dica: “O não criativo”, foi assim que o dramaturgo Jerome Lawrence apelidou a técnica
que desenvolveu para quando trabalha em colaboração com outra pessoa. Funciona da
seguinte maneira: cada membro de parceria tem poder de veto sobre a ideia do outro.
Entretanto, cada vez que exerce o poder de veto, é obrigado a apresentar uma ideia
substitutiva capaz de agradar a ambos. Assim, o veto ganha um caráter construtivo.

E se não der certo?


Todo empreendimento envolve risco. Esteja você escolhendo uma cor para pintar sua
sala ou lutando para obter exclusividade na transmissão dos Jogos Olímpicos pela TV,
há sempre a possibilidade de não dar certo. O pintor pode errar na cor. Você pode
exagerar ou se intimidar na negociação. O risco é tão inerente ao processo criativo
quanto aos atos de atravessar a rua ou de se apaixonar. Afinal, a eventualidade de ser
atropelado, de ser rejeitado ou de fracassar existe.

Para o juiz, uma parte fundamental da avaliação é considerar o risco e estimar as


chances de sucesso e fracasso. É evidente que nenhum juiz gostaria de passar ao
guerreiro uma ideia destinada a não dar certo. Entretanto, ele também sabe que nada é

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infalível. Como o “inafundável” Titanic, tudo o que é 100% seguro acaba encontrando
um iceberg pela frente.

Pergunte a si mesmo: este é o momento oportuno? E se eu esperasse seis meses


antes de pôr minha ideia em prática? O que terei a ganhar ou a perder? E se eu a
tivesse implementado seis meses atrás?

A hora da decisão
A tarefa mais importante do juiz é decidir. Se ele não tomar uma decisão, bloqueará o
processo criativo. Às vezes, você tem apenas alguns segundos para avaliar a situação.
Às vezes, seis meses. Em certas ocasiões, as informações estão incompletas. Em
outras palavras, elas são excessivas. O mundo é assim. Você tem que decidir o que
fazer com sua ideia: avançar ou recuar.

Dica: a razão é muito importante na hora da decisão, mas não despreze o instinto.
A balança do juiz

Objetivo – para que serve esta ideia?


Prós – o que ela tem de interessante e válido?
Contras – quais são suas desvantagens?
Probabilidades – quais são as chances de êxito?
Revertério – se falhar, o que se pode aproveitar?
Maturidade – o momento é adequado para lançá-la?
Prazo – de que tempo dispõe para decidir?
Vieses – de que pressupostos está partindo?
Atualidade – os pressupostos ainda são válidos?
Ponto cego – que pressupostos utilizo sem perceber, inconscientemente?
Arrogância – já obtive sucesso com ideias semelhantes? Em caso positivo, o êxito
anterior poderia me impedir de ver os limites da ideia atual.
Humor – o que o bobo da corte teria a dizer?

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Veredicto – qual a minha sentença?

Guerreiro – O personagem que põe ideias em prática


Guerreiro é o personagem que transfere uma ideia do mundo do “e se...?” para o
mundo da ação. Ao interpretar esse papel você não apenas assume a responsabilidade
de pôr sua ideia em prática, mas também a de garantir o sucesso criativo como um
todo. Isso se dá porque o processo criativo não é uma sequência linear de passos, mas
um círculo em contínuo movimento. É o guerreiro que liga as duas pontas e informa aos
outros personagens o que funciona, o que não funciona e quais são as possibilidades.

Quais são os maiores inimigos da ação? O medo e a insegurança. A arma mais


poderosa que existe para combatê-los está em sua cabeça: é a convicção de que você
pode fazer acontecer.

Há dois princípios básicos na vida:


1) A mudança é inevitável
2) Todo mundo resiste à mudança

A verdade é que a maioria das pessoas conserva a guarda bem fechada para manter
as novas ideias a distância. Pende um pouco para ver o quanto há de muros, cercas e
linhas divisórias em tudo o que existe.

Por isso mesmo, é provável que você tenha que lutar bastante se quiser realizar sua
ideia. O personagem para executar essa missão é o guerreiro. Na função de guerreiro,
seu papel é em parte o de general e em parte o de soldado raso. Por um lado, concede
a estratégia e planeja e por outro, tem a disciplina necessária para o duro trabalho das
trincheiras e a paixão que estimula o avanço, mesmo em situações difíceis. Resumindo,
ao incorporar esse personagem, você se responsabiliza pela realização de uma ideia.

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O grito do Guerreiro
Seja ousado – que qualidades você tem para ajudá-lo a realizar sua ideia?

Trace um plano – qual a sua estratégia para atingir o objetivo?

Atice sua chama interior – o que o leva a agir?

Arme-se com um coração de leão – o que está disposto a arriscar? Se falhar, quais
serão as consequências?

Vá em frente – que pretextos podem desmotivá-lo?

Capitalize seus recursos – cite cinco pessoas que possam ajudá-lo.

Afie sua espada – que habilidades é capaz de desenvolver para implementar sua ideia?

Saiba o que está vendendo.

Reforce seu escudo – a seu ver, vai receber críticas de que tipo? Como pensa em
neutralizá-las?

Force a passagem – que obstáculos podem surgir no trajeto? Como pretende contorná-
los?

Use bem sua energia – que batalhas inúteis você pode evitar?

Levante-se quando for derrubado – até que ponto você é persistente?

Saboreie as vitórias e aprenda com as derrotas – o que já realizou? O que aprendeu


com isso?

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AULA 4 – O pensamento criativo

O pensamento criativo é caracterizado pela elaboração de novas conexões entre


informações disponíveis no “banco de dados” do seu cérebro, a partir de objetivos
claramente definidos.

Para a produção dessas ideias você contará com a colaboração de aspectos


psicológicos e sociais. Dentre os aspectos psicológicos pode-se mencionar:

♦ Motivação: para se beneficiar com as fontes interiores de criação;


♦ Disposição: para aprender e absorver, com a finalidade de utilizar o conhecimento
em prol da inovação;
♦ Perseverança: para acreditar e confiar no que foi gerado pelas “próprias mãos”;
♦ Entusiasmo: para dedicar-se de corpo e alma ao processo de criação;
♦ Coragem: para correr riscos, explorar o desconhecido e lidar com o novo.

Esses traços de personalidade contribuem bastante para o processo criativo, porém


devem ser bem dosados para que não criem uma “máscara”, omitindo a situação real.

Deve-se cultivar esses traços e estar em constante observação para evitar bloqueios a
esse potencial. Para criar esse hábito, faça o exercício a seguir:

Selecione alguns traços de personalidade que você julga importante para o processo
criativo, por exemplo, curiosidade, iniciativa, intuição... e os represente através de um
desenho, de uma fórmula, de um poema ou de uma receita.

Veja esse exemplo retirado do livro “O processo da Criatividade” de Eunice Soriano de


Alencar:

Dra. Criatividade

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End: Rua da Felicidade – 20 V


Bairro: Universo Restrito
Paciente: Bloqueado
Diagnóstico: Baixa criatividade

SINTOMAS FÓRMULA

Dependência 40 g. de autoestima
Falta de autonomia 10 g. de liberdade
Insegurança 15 g. de autoconfiança
Falta de originalidade 5 g. de curiosidade
Medo do novo 5 g. de coragem
Desânimo 5 g. de motivação
Pessimismo 5 g. de otimismo
Timidez 5 g. de iniciativa
Alienação 5 g. de participação

Partiremos agora dos fatores psicológicos para os sociais.

Para favorecer a criatividade pode-se promover um ambiente propício, onde cada


pessoa expresse suas ideias e faça uso de suas potencialidades.

Como por exemplo: o sistema educacional. Infelizmente esse sistema condiciona e


treina as pessoas para encontrar apenas uma resposta certa para cada
problema/desafio. Não estimula e tampouco valoriza a produção de alternativas e
geração de ideias.

Leia a história abaixo e veja como as pessoas podem ser condicionadas.

Numa bela manhã, um garotinho ia para sua escola. Quando já estava em sala de aula,

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a professora disse que fariam desenhos.


O garotinho adorou a ideia e já começou a pensar nos leões, tigres, bonecos e trens
que iria desenhar.
Mas a professora disse:
- Nós iremos desenhar flores.
E o garotinho pegou seus lápis (azul, laranja, rosa...) e começou a desenhar.
- Esperem! Disse a professora.
- Vou mostrar como fazer.
E a professora desenhou uma rosa vermelha de caule verde.
Todos os alunos também a fizeram.
No dia seguinte, a professora disse que fariam trabalhos com argila.
- Oba! Disse o garotinho.
- Mas esperem. Vou mostrar o quê e como deverão fazer.
E a professora fez um prato.
Todos também o fizeram.
E muito cedo o garotinho aprendeu a esperar, olhar e fazer somente o que lhe era
mostrado.
Num certo dia, o garotinho mudou de cidade e por consequência, de escola.
No primeiro dia escolar a professora disse:
- Vamos desenhar!
E o garotinho ficou esperando para seguir as ordens da professora.
Mas a professora não disse nada. Após um certo tempo, a professora se aproximou e
perguntou:
- Você não quer desenhar?
- Sim, disse o garotinho – o que é que nós vamos fazer?
- Eu não sei , até que você o faça – disse a professora.
- Como eu posso fazer?
- Da maneira que você gostar, disse a professora.
- E de que cor? - perguntou o menino.
- Se todos fizerem o mesmo desenho e usarem as mesmas cores, como poderei

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saber quem fez o quê?

E ele desenhou uma rosa vermelha de caule verde.

O poder de criação pertence a todos


A criatividade é um potencial nato e inerente a todo e qualquer ser humano. Se a
pessoa fica restrita e limitada no ambiente em que vive, esse potencial vai sendo
abafado e cada vez mais esquecido. É como se a criatividade fosse um de nossos
músculos, se não o exercitarmos, ele se atrofia.

Portanto, sempre que possível, reserve um pequeno espaço de seu ambiente,


(acadêmico, profissional ou pessoal) e deixe-o envolvente e convidativo à criatividade.
Procure evitar a austeridade.

Segundo o autor do “Guia para libertar sua alma”, Richard Barrett, a criança de três
anos de idade apresenta 98% desse potencial criativo, mas infelizmente, “despenca”
para 2%, aos 25 anos de idade. Isso se deve pelo fato da sociedade impor normas,
regras e limites. É o tradicional sobressaindo o original.

Mediante esse fato, deve-se procurar as pistas para a volta da criatividade, tão presente
na infância, em que nuvens no céu ganhavam vida e formas diversas.

Comece exatamente com este exercício: olhe as nuvens no céu. Liberte sua
imaginação e descubra as surpresas desse “olhar”.

Umberto Aprile, presidente da Gessy Lever, diz que a principal característica do jovem
profissional é a curiosidade. “Valorizo o jovem que não se contenta com respostas
óbvias ou conhecidas. Jovens assim, sabem desafiar o que é velho e propor o novo. Os
recém-formados, são muito bem vindos aqui na empresa, pois apesar de chegarem
com um déficit de experiência, apresentam muita energia, criatividade, capacidade de

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fantasiar e implementar a fantasia quase infinita”.

Para atender essa expectativa do mercado, precisa-se investir no potencial criativo


existente em cada um de nós.

O primeiro passo é identificar os fatores impeditivos da criatividade e fazer o que for


possível para eliminá-los. Para isso, responda o questionário e identifique se os
principais fatores impeditivos da sua criatividade são de ordem social ou psicológica:

Eu seria mais criativo(a) se...

C = Concordo E = Em dúvida D = Discordo

1. Não fosse tão acomodado(a);


2. Tivesse sido mais estimulado(a) pelos meus professores;
3. Não tivesse tanto medo de errar;
4. Houvesse maior reconhecimento do trabalho criativo;
5. Fosse menos perfeccionista;
6. Tivesse mais liberdade para expor o que penso;
7. Fosse menos tímido(a) para expor minhas ideias;
8. Fosse menos criticado(a);
9. Tivesse mais iniciativa;
10. As minhas ideias fossem mais valorizadas;
11. Aproveitasse melhor as oportunidades que surgem de exercitar a minha criatividade;
12. Tivesse mais recursos (dinheiro, livros...) para colocar as minhas ideias em prática;
13. Não fosse tão crítico(a) comigo mesmo(a);
14. Houvesse maior aceitação da fantasia, no meio em que vivo;
15. Fosse menos dependente dos outros;
16. Houvesse menos competição no ambiente em que trabalho;
17. Tivesse mais motivação para criar;

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18. Não tivesse sido “podado(a)” pela família;


19. Fosse mais organizado(a);
20. Houvesse mais respeito às diferenças entre as pessoas;
Os itens ímpares relacionam-se aos aspectos de ordem pessoal, os internos, e os
pares dizem respeito aos obstáculos externos, os de origem social. Avalie quais
aspectos interferem mais no seu processo de criação.

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AULA 5 – As leis da criatividade

Segundo o bioquímico Szent-Györgyi, precisamos treinar a nossa mente para observar.


Ele diz: “Descobrir consiste em ver o que todo mundo já viu e pensar o que ninguém
ainda pensou”.

Essa flexibilidade de pensamento nos proporciona condições para ingressarmos nas


“sete leis da criatividade”, ou seja, providências que devemos tomar para aprimorar o
potencial criativo.

Victor Mirshawka Jr., professor de oficina de criatividade da faculdade de engenharia da


FAAP e diretor da LUMNI CONSULTORIA, afirma que “não existe receita mágica para
ser criativo, mas podemos sempre fazer algo para estimular a criatividade. Eis o
objetivo dessas sete leis”.

1ª lei: domine a autocrítica

O primeiro passo que se pode dar rumo à criatividade, é contatar o nosso senso de
autoavaliação.

O ser humano, principalmente o adulto, conta com uma autocrítica muito exagerada. No
geral, julgam as ideias que vêm à mente como ruins, tolas, fúteis ou sem valor e se
perdem no tempo por que:

 não temos o hábito de registrar as ideias;

 temos medo de expressar em grupo as nossas ideias, com receio de nos expor;

 temos preguiça mental de buscarmos outras alternativas. Acomodamo-nos diante da


primeira ideia;

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 temos a impressão de que as ideias alheias são sempre melhores;

2ª lei: seja um entusiasta da mudança

O que fazer para perder esses hábitos?

Documentar sempre as suas ideias (escrevendo, gravando, desenhando...) e adquirir o


hábito de encontrar alguns pontos positivos de suas ideias antes de apontar os pontos
negativos. Comece a treinar sua habilidade de julgamento construtivo.

A ligação entre mudança e criatividade é óbvia, porém tende-se a resistir às mudanças.

O mundo muda cada vez mais e rapidamente. Basta pensar: o mais adequado é ir
contra ou a favor dessa tendência? Obtêm-se ou não benefícios resistindo às
mudanças?

Uma estratégia para lidar com essa dificuldade depende da habilidade racional de
controlar o lado emocional. Sempre que possível deve-se buscar os benefícios das
alternativas.

O treino para substituição dos hábitos antigos por novos hábitos de comportamento
aumenta o grau de nossa flexibilidade.

Parece difícil, mas com um pouco de paciência, otimismo e prática, fica fácil.

Veja os benefícios gerados pela aceitação às mudanças:


• ousadia
• questionamento
• identificação de oportunidades

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• flexibilidade

Sugestão:

A resistência diante das mudanças constrói ao nosso redor muralhas, que chamamos
de cotidiano. Nesse ambiente rotineiro, o novo não existe. Nada muda, nada se cria,
tudo se repete.

Mude um pouco os seus hábitos, saia de sua zona de conforto.

Viaje para lugares novos; almoce em restaurantes típicos, onde os pratos representem
a cultura de determinado local/região; visite locais que nunca foi; ouça ritmos de
músicas variados.

Abra todas as “portas” que as mudanças podem proporcionar e beneficie-se com elas!

3ª lei: busque o diferente

Segundo o professor Mirshawka, essa é a mais importante das leis da criatividade, pois
as ideias brilhantes surgem quando se enxerga o mundo de uma forma diferente da
usual.

É então que surge a nossa flexibilidade de pensamento. Através de analogias e


conexões com o que não é convencional, estamos gerando boas e, provavelmente,
grandes ideias.

É necessário desvincular a imagem padrão, saber improvisar e aprender a inventar e


redefinir conceitos.

Fazer as coisas de forma diferente é muito mais produtivo!

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Não se esqueça de que a necessidade é “mãe” da criatividade, portanto, sempre que


surgirem imprevistos recorra à sua habilidade de improvisação, ou seja, à sua criação,
para encontrar as soluções de forma mais rápida e eficaz.

Observação: Mesmo que você não seja muito atraído pela cozinha, ela é um excelente
laboratório de criação. A mistura de cores, cheiros e formas abre o “apetite” da nossa
imaginação.

4ª lei: persista!

Experimente uma vez, o resultado será bastante positivo.

5ª lei: aumente seu conhecimento

“A melhor forma de ter uma boa ideia é ter muitas ideias” – Linus Pauling, criador da
tabela periódica de elementos químicos.

Seguindo esse pensamento, podemos utilizar a técnica de Brainstorming (tempestade


de ideias/cerebral), que consiste na geração ilimitada de ideias.

Essa técnica é muito utilizada, pois não há espaço para críticas e limites.
Listam-se todas as ideias geradas e quando essas ideias se esgotam chega o momento
da cristalização: seleção das principais ideias.

Entre as muitas ideias que teremos, poucas terão potencial para se transformarem em
sucesso, portanto não desista e sim, persista.

Faz parte da natureza o princípio da seleção, quer seja de espécies, quer seja de
ideias. Da mesma maneira que a seleção natural elimina as ideias inadequadas, os

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indivíduos sofrerão, também, o mesmo tipo de processo no mercado de trabalho global.

O conhecimento é imprescindível s criatividade, pois é impossível dar saltos criativos


sem ter recursos mentais. A memorização é um fator que auxilia na absorção dos
conhecimentos; ela cria o respaldo necessário para a formação dos novos conceitos.

Veja abaixo uma técnica de memorização:

1º AQUISIÇÃO: é o momento no qual se adquirem as informações. Os cinco sentidos


(olfato, tato, paladar, audição e visão) nos auxiliam nesse momento.

2º SELEÇÃO DAS INFORMAÇÕES: as informações são absorvidas e, somente


aquelas que são significativas e importantes, serão armazenadas.

3º BUSCA: é a memória propriamente dita. Quando você precisar se lembrar de algum


fato ou informação, ela estará lá, armazenada. É só você resgatá-la.

AQUISIÇÃO BUSCA
SELEÇÃO DAS
INFORMAÇÕES

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6ª lei: “distribua” sua criatividade

Compartilhar essa habilidade maravilhosa de criar, com outras pessoas, trará um


feedback positivo e servirá como força propulsora para criar cada vez mais e melhor,
portanto crie um círculo de autoestima e faça com que uma parte de seus esforços
criativos possa beneficiar outras pessoas além de você.

Não tenha medo de tentar e errar, seja perseverante. Saiba quais são os seus limites e
vá um pouco além. É tentando e persistindo na busca que se consegue concretizar os
sonhos gerados pela imaginação.

Encare o erro como um ponto de apoio! Procure ousar mais, vença as barreiras. Caso
erre, aprenda com ele; e caso acerte, comemore, vibre.

Nos riscos, quando comparamos benefícios e custos, percebemos que o benefício é o


que prevalece. Portanto, mãos a obra! E, por último, a sétima lei da Criatividade.

7ª lei: sonhe com o impossível

Os sonhos são a visão do que se pretende alcançar. Devemos manter sempre os pés
no chão. Mas sonhar...é sonhar! Os sonhos são visões criativas do futuro.

Sonhar é preciso! Ele cria o embasamento para que a coragem de concretizar se


manifeste. O sonho é automotor do ser humano, portanto, incentive-o.

Os grandes feitos da humanidade pertencem às pessoas que tiveram sonhos,


igualmente grandiosos. O “fantástico” é a marca registrada dos grandes inventores e
dos grandes gênios.

Lembre-se: as pessoas que sonham com o impossível são as únicas que têm chance

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de alcançá-lo.

“Não custa nada pensar grande e pensar grande significa pensar além do próprio
tempo, no tempo dos outros. Não com arrogância, mas com humildade. Vale a pena
pensar grande!”
Amyr Klink

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALENCAR, E. S. O Processo da Criatividade. São Paulo: Makron Books, 2000.

AYAN, J. Aha! 10 maneiras de libertar seu espírito criativo e encontrar grandes


ideias. São Paulo: Negócio Editora, 1998.

BOOG, G. G. Energize-se. São Paulo: Editora Gente, 1997.

CASTRO, A. P. Zapp! Em ação. Rio de Janeiro: Editora Campus, 1994.

KAO, J. Jamming: a arte e a disciplina da criatividade na empresa. Rio de Janeiro:


Editora Campus,1997.

OECH, R. V. Um chute na Rotina. São Paulo: Editora de Cultura, 1987.

OECH, R. V. Toc na Cuca. São Paulo: Editora de Cultura, 1987.

TEIXEIRA, E. A. Aprendizagem e Criatividade Emocional. São Paulo: Makron Books,


1998.

Sites:
www.pensediferente.com.br

Filmes
Os Flinstones, Os Jetsons, Vídeo da dupla Out Kast.

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