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Neste e-book, tratamos das férias de

seis amigos na casa do lago.


Tudo estava planejado para que aque-
las fossem as melhores férias dos últi-
mos anos.
Mas um fato inusitado acontece! Mu-
dando o rumo e a vida de todos para
sempre, inclusive do caseiro e de seu
cachorro, Trovão.
Um final surpreendente que trata da
realidade de muitas pessoas!

Todos os direitos reservados!


Segunda-feira, 19 dezembro de
1994, todos estavam muito felizes com
o fim das aulas e início de um merecido
descanso, o ano foi muito puxado, se-
gundo grau finalizado.
Roberto tinha planos para as fé-
rias: reunir os cinco amigos, porém, em
um local diferente dos anos anteriores,
onde pudessem curtir e descansar. Pois,
no ano seguinte, começariam a facul-
dade, e as cobranças seriam ainda mai-
ores.
Foram para a casa do Mateus: Jés-
sica, Marcela, Renata e Marcos, além do
Roberto. Lá, decidiriam o local onde pas-
sariam os próximos sete dias. Acharam
melhor fazer uma votação, pois seria
mais democrático.

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Antes de acabarem as aulas, Ro-
berto pesquisou alguns locais, e os ou-
tros também deram suas opiniões. Ao
votarem, ficou definido que a proposta
de Roberto seria a mais interessante!
Dessa forma, resolveram alugar a casa
do lago, que ficava a 150 km de onde
moravam.
Havia muitos boatos na região de
que naquela casa tinha algo muito es-
tranho. Mas não se importaram, só que-
riam uma nova aventura. Todos esta-
vam ansiosos, pelas fotos, parecia ser
um lugar muito lindo, não viam a hora
de pegar estrada para se divertirem
após um ano letivo extremamente can-
sativo.

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Chegou o grande dia! Programa-
ram-se para sair de casa por volta das
10h, uma vez que não seria uma viagem
tão longa, e decidiram viajar todos no
mesmo carro, a fim de aproveitarem o
melhor desta incrível viagem. Na hora
de colocar as malas no carro, foi um di-
lema, um aperto total, mas conseguiram
se ajeitar e partiram rumo ao descanso!
Antes da partida, despediram-se
de seus pais, exceto Roberto, que tinha
somente sua mãe, pois seu pai o aban-
donara quando criança.
O brilho no olhar de todos era per-
cebido, pois seria tudo diferente dos
anos anteriores, em um local cheio de
possibilidades e de muita diversão.

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Roberto sempre olhava de uma
forma diferente para Jéssica, sem que a
mesma percebesse, parecia querer dizer
algo, guardava sentimentos desde a
época de escola, pois tinha medo de re-
velar e levar um fora. Jéssica era uma
das mais lindas do colégio, e Roberto
acabou guardando para si esse senti-
mento durante anos.
Já estavam em plena viagem
quando Marcos pediu para parar, preci-
sava esvaziar o joelho. Assim que o
carro parou, correu para o mato. Foi
aquela gozação geral, resolvido o pro-
blema, seguiram viagem.
A vontade de chegar era enorme,
contudo, o carro parou de funcionar
quando já estavam na metade do

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caminho. Ninguém parava para ajudar!
Como confiar?
O fato é, saíram e esqueceram-se
de abastecer, tendo em vista tamanha
ansiedade! O posto mais próximo ficava
a 2 km. Agora, quem buscaria gasolina?
Roberto não hesitou, pegou o galão e foi
estrada afora. Estava muito quente e
devido à distância em que o posto se en-
contrava, Roberto gastou cerca de duas
horas para ir e voltar. Após o problema
ter sido resolvido, seguiram viagem.
Próxima parada, um lanche mere-
cido e esticar as pernas. Mateus, o único
habilitado, precisava desse descanso.
Retornaram a viagem, enquanto
Mateus dirigia, os outros curtiam a pai-
sagem.

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Estava indo bem devagar, pois a
estrada não era das melhores e não
queriam ter mais problemas de trajeto.
Após alguns quilômetros, foram parados
pela fiscalização, que pediu para todos
descerem do carro. Os policiais deram
aquela geral, mas eles estavam de boa,
não portavam nada ilegal, só queriam
curtir o momento.
Enfim, chegaram ao ponto da
balsa, contudo, a mesma já havia saído.
Só fazia duas viagens por dia, sendo
uma de manhã e outra à tarde. Perde-
ram-na por questão de 10 minutos, fi-
caram muito chateados!
Procuraram uma pensão em que
pudessem pernoitar, sem muito luxo.
Alugaram um quarto e todo mundo se

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embolou ali mesmo, a viagem, até esse
ponto, foi muito estressante.
Lá pelas 22h, Renata acordou Jés-
sica e Marcela para que a acompanhas-
sem ao banheiro, estava com medo, o
banheiro ficava do lado de fora. Foram
as três, não se sabe quem tinha mais
medo. Ouviram um barulho alto no te-
lhado e foi aquela gritaria com pedidos
de socorro, acordando assim toda a
pensão, que estava lotada naquele dia,
tendo em vista as férias escolares. Ro-
berto, Mateus e Marcos saíram do
quarto desesperados, pensando que ha-
via acontecido algo grave com as meni-
nas, que estavam chorando e tremendo
de medo. Ao olharem por toda a área,
descobriram qual era o motivo do

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barulho, eram dois gatinhos brincando
no telhado. Resolvido o problema, volta-
ram a dormir.
Já era quase meia-noite, o tempo
virou e estava muito frio. Quando aluga-
ram o quarto, o dono da pensão entre-
gou as chaves e foi embora, sem dizer
onde ficavam as cobertas. Morava na
casa ao lado, disse que voltaria no dia
seguinte, estava cansado e que o dia an-
terior fora puxado, pois trabalhou o dia
inteiro.
Ao amanhecer, tomaram café e de-
cidiram ir para o ponto da balsa, por
volta das 07h, já que a pousada era pró-
xima e que a barcaça saía as 08h. E se-
guiram por mais 30 km, rumo ao destino
final. Após todo o sufoco que

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enfrentaram, chegaram à tão esperada
casa do lago. Todos queriam curtir tudo
a que tinham direito. Foi difícil chegar e
o que aconteceu no decorrer da viagem
já não importava mais.
Ao chegarem, foram recepcionados
pelo caseiro, senhor João, militar apo-
sentado que atuava na área da enferma-
ria no batalhão onde trabalhava, e seu
fiel escudeiro, um cachorrinho que aten-
dia pelo nome Trovão, que latia bas-
tante. Após cumprimentarem a todos,
seguiram para conhecer a tão famosa
casa do lago, rodeada de muitas árvores
e plantas nativas.
Realmente, um lugar muito inte-
ressante, contudo, escondia mistérios
que poucos conheciam. Trovão sempre

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brincando, pois visitas eram raras, e o
senhor João, muito sério e de poucas
palavras. O anfitrião mostrou os quartos
e despediu-se, já que morava em uma
casa a cem metros da casa principal.
Para celebrar aquele momento, re-
solveram, depois do banho, assar uma
carne e tomar umas cervejas, só para
descontrair. Enquanto as mulheres fica-
vam por conta de temperar as carnes,
os homens foram acender a churras-
queira. Por uma questão de educação,
foram chamar o caseiro para participar,
já que ficava tão isolado, seria legal ba-
ter um papo. Marcos chamou Jéssica
para fazer-lhe companhia, entretanto,
Roberto queria ir junto, pois caso acon-
tecesse algo, poderia ajudar. Marcos

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disse que não seria necessário, e Ro-
berto não conseguiu disfarçar seu des-
contentamento.
Ao chegarem à casa do caseiro, ba-
teram palmas e, com muito custo, ele
saiu para atendê-los, porém, o mesmo
agradeceu e preferiu ficar sozinho, uma
atitude um pouco estranha, mas respei-
taram e voltaram para a casa principal.
Foi curtição até altas horas! Com
muita música, abraços e gestos de cari-
nho. Trovão ficava ao redor da churras-
queira, só esperando algo para comer.
Depois de muito aproveitarem, foi
cada um para seu quarto descansar,
pois o dia seguinte seria longo. De ma-
drugada, podia-se ouvir barulho de

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vômito, alguém havia exagerado na be-
bida.
No outro dia, Roberto foi o primeiro
a se levantar, queria dar uma volta para
conhecer o lugar. Ao abrir a porta, levou
um baita susto, pois o caseiro estava na
varanda e desejava saber se precisavam
de algo, pois ficaria parte do dia caçando
capivaras, tinha esse hábito. Roberto
disse que estavam todos tranquilos, que
o mesmo poderia ficar à vontade, que
qualquer coisa eles davam um jeito.
O senhor João os orientou para que
tomassem cuidado com a elevada quan-
tidade de animais peçonhentos que ha-
via naquele lugar. Roberto percebeu que
o senhor João não tinha o hábito de

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conversar olhando nos olhos, parecia
sempre esconder algo.
Quando todos acordaram e após
tomarem um café reforçado, foram des-
vendar aquele local tão imenso, e o Tro-
vão junto, como se fosse um guia.
Porém, Roberto já havia dado uma
volta e conhecido parte do local, quando
estava retornando encontrou com seus
amigos, próximo dalí viram que tinha
uma casa que poderia ser do caseiro, e
perceberam que a porta estava entre-
aberta, a curiosidade foi maior que o
respeito, resolveram dar uma olhada.
Ao se aproximarem, do nada apareceu
senhor João, com uma pá e enxada nas
mãos, antes mesmo que entrassem na
casa, e com um olhar de nervosismo,

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perguntou se estavam precisando de
algo.
Marcela disfarçou e perguntou
onde tinha água, pois estava faltando na
casa, claro que ele sabia que era men-
tira e disse que iria dar uma olhada no
reservatório, desta forma, pé na es-
trada.
Minutos antes de o caseiro chegar,
Trovão estava agindo de uma forma es-
tranha, dando várias voltas na casa e la-
tindo muito, os amigos não entenderam
o porquê, mas deixaram para lá, ca-
chorro é sempre muito brincalhão.
Os homens foram pescar, e as mu-
lheres preferiram voltar para a casa,
curtir aquela rede preguiçosa e botar a
prosa em dia. Jéssica comentou com as

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meninas que estava achando estranha a
forma como Roberto estava olhando
para ela, já que nunca havia tomado tal
atitude em todos esses anos.
Mas as amigas disseram que talvez
fosse impressão, pois Roberto estava
animado com as férias, estava feliz
desde o dia em que partiram com des-
tino à casa do lago.
Durante a pescaria, era só alegria
e muita conversa descontraída! Mateus
comentou com os amigos que quando
criança, o pai sempre o levava para pes-
car, e ele sofria, era pernilongo demais,
ele sabia que era levado como desculpa
para seu pai não ter problemas com a
patroa, ciúmes são um sentimento com-
plicado.

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Marcos estava muito próximo à
margem da lagoa, e os amigos disseram
para tomar cuidado, lembraram da ori-
entação do caseiro sobre os animais pe-
çonhentos, mas ele se fingiu de surdo e
continuou da mesma forma, dizendo
para eles ficarem tranquilos, pois sabia
o que estava fazendo, os amigos acha-
ram-no bastante grosseiro, pois só que-
riam ajudar para evitar contratempos.
Quando a fome bateu, resolveram
voltar para a casa para preparar algo,
pois já passava das 13h.
Marcos quis ficar mais um pouco,
os amigos respeitaram sua decisão e
mais uma vez ressaltaram para que to-
masse cuidado. Trovão ficou fazendo
companhia, parecia prever algo.

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Às 15h, Marcos ainda não havia re-
tornado e seus amigos ficaram preocu-
pados. Resolveram ir atrás para ver o
que havia ocorrido, mas antes de saírem
da casa, veio Trovão correndo e pu-
xando Roberto pela calça, querendo di-
zer algo, e foram atrás do amigo, ao
chegarem no local, viram que Marcos
gemia de dor, havia sido picado por uma
cobra cipó, não pensaram duas vezes,
foram atrás do caseiro, porém, ao che-
garem na casa, ele não se encontrava,
ficaram desesperados com medo de per-
der o amigo.
Decidiram retornar para ver o que
seria feito e, para a surpresa de todos,
o caseiro já estava ajudando Marcos.
Perguntaram onde ele estava, já que

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haviam ido até a casa e não o encontra-
ram. Ele respondeu que estava dando
uma volta e acabou encontrando o Mar-
cos gemendo de dor.
Resolvido o problema, levaram o
amigo para casa.
Passados três dias de muita curti-
ção, já adaptados e conhecendo um
pouco mais do local, e claro, mais cuida-
dosos, foram procurar o caseiro, iriam
fazer um almoço especial, acharam legal
que ele participasse, já que ficava tão
sozinho e por não o terem visto desde o
dia do ocorrido na lagoa. Mas, para sur-
presa do grupo, ele não aceitou, disse
que estava bem. Acharam estranho o
fato de ele não querer contato nenhum
com eles, após a negativa, passaram

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por trás da casa, Trovão estava movi-
mentando a terra que parecia fofa, lem-
braram-se que há poucos dias o caseiro
estava com uma pá e enxada nas mãos,
ficaram meio apavorados, tentando
imaginar o que poderia estar enterrado
naquele local.
Trovão veio em direção aos amigos
com um pedaço de osso na boca, eles
saíram correndo e gritando socorro. Se-
nhor João apareceu e foi em direção a
eles, e disse-lhes: acalmem-se, isso se
trata dos restos mortais de outro ca-
chorro, ele morreu antes que vocês che-
gassem para passar as férias aqui. Tro-
vão estava há pouco tempo morando no
local.

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Já no penúltimo dia de férias, re-
solveram fazer uma festa de despedida
do local, tudo que é bom dura pouco,
sabiam que teriam que esperar mais um
ano para curtirem de novo, as meninas
passaram o dia todo pensando qual
roupa vestir. Os rapazes, por sua vez,
são mais tranquilos; só uma calça e
blusa estaria ótimo!
Naquela festa, todos aproveitando,
estava rolando um clima entre Renata e
Mateus, acabaram ficando juntos, e a
noite passando, Roberto com aquele
olhar estranho para Jéssica, nos últimos
três dias, estava mais calado, triste por-
que as férias estavam chegando ao fim,
ou talvez outro motivo.

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Jéssica resolveu ir para o quarto
trocar a maquiagem, e Roberto, dez mi-
nutos depois, saiu despistando, como se
fosse ao banheiro. No corredor, perce-
beu que a porta do quarto de Jéssica es-
tava aberta, entrou sem fazer barulho,
acabou assustando a amiga, ele pediu
desculpas por tê-la seguido e resolveu
se declarar, dizendo que a amava desde
a época do jardim de infância, só que
Jéssica disse que não poderia ficar com
ele, pois estava se relacionando com
Marcos, justo o melhor amigo de Ro-
berto, ele ficou indignado e partiu para
cima tentando beijá-la, e ela não acei-
tou. Ao agarrá-la, os dois caíram no
chão, Jéssica começou a gritar por so-
corro, e todos subiram imediatamente

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para ver o que estava ocorrendo. Ao
chegarem no quarto, viram Roberto em
cima de Jéssica, ele estava levemente
alterado, já tinha tomado algumas cer-
vejas. Marcos foi ajudar, e os dois aca-
baram brigando, o restante da turma
ajudou a separar a briga, e todos deixa-
ram Roberto sozinho no local, o que ge-
rou revolta por parte dele, que tinha pla-
nejado tudo dias antes, imaginando que
seria bem-sucedido em sua declaração
de amor, mas teve seus planos frustra-
dos, acabou indo para seu quarto dormir
mais cedo.
Clareado o dia, a turma já prepa-
rando as malas, todos chateados com o
ocorrido da noite anterior, foram cha-
mar Roberto para tomar café. Bateram

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na porta e ninguém respondeu, imagi-
naram que estaria com vergonha, mas
insistiram e ninguém respondia, resol-
veram arrombar a porta e, para susto
geral, Roberto estava esticado em sua
cama só de toalhas, parecia desmaiado,
tentaram reanimá-lo e nada, foi aquele
desespero coletivo. Ouvindo a gritaria, o
caseiro apareceu para ajudar. Ao vê-lo,
perceberam que ele começou a chorar,
não entenderam o motivo, o mesmo
sempre foi muito fechado desde o pri-
meiro dia, além de ter chegado muito
rápido, já que sua casa ficava a certa
distância da casa principal, foram orien-
tados a não mexer nele. Não tinham cer-
teza se estava vivo ou não, e isso pode-
ria complicar a situação, porque naquele

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momento poderia ter ocorrido uma
morte suspeita, ele os orientou a procu-
rarem ajuda, todos correram para o
ponto onde passaria a balsa que viria
para buscá-los e ocorreu que, na corre-
ria, todos foram juntos na balsa, só fi-
cando o caseiro, Trovão e Roberto no
quarto.
Após cinco horas e meia, voltaram
com um médico, juntamente com um
policial militar, que percebeu que havia
acontecido algo sério naquele local, e foi
constatada a morte, os amigos entraram
em choque, sem entender o que poderia
ter acontecido, eles não comentaram
com o policial sobre o que tinha ocorrido
na noite anterior, lembraram dos hema-
tomas que poderiam incriminá-los.

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Algo estranho havia ocorrido, ao
saírem, deixaram Roberto na cama e
quando voltaram perceberam que ele
estava em uma posição diferente, mas
ficaram em silêncio, aguardando o tra-
balho da perícia, que recolheu uma
blusa no banheiro, nela havia vários fios
de cabelo, os amigos ficaram meio apa-
vorados, lembraram que na noite ante-
rior, era esta camisa que Roberto usava
na festa, nesse meio-tempo, o caseiro
saiu, foi rápido para sua casa, viram que
ele estava com os olhos vermelhos, pa-
recia não acreditar no que havia aconte-
cido, o corpo foi recolhido e levado para
exames.
Na cabeça de todos iniciou-se um
dilema: Quem matou Roberto?

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Então todos eram suspeitos, inclu-
sive o caseiro.
No outro dia, vieram mais policiais,
e os pais dos jovens ficaram completa-
mente abatidos, sem entender nada.
Saíram tão felizes para as férias e houve
essa tragédia, eles queriam saber o que
tinha acontecido e novamente veio a in-
dagação: QUEM MATOU ROBERTO?
Os jovens estavam muito nervosos
e não seguraram a barra, acabaram
contando o que acontecera na noite da
festa, o delegado ouviu atentamente, in-
clusive contaram que Roberto estava em
uma posição diferente da que foi dei-
xado quando foram procurar ajuda. O
delegado pediu para chamar o caseiro, e
todos se sentaram na sala, segundo ele,

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foram encontrados fios de cabelo na ca-
misa e toalha de Roberto, que poderia
apontar alguns suspeitos, os hemato-
mas não foram a causa da morte.
Mas ele sabia que as provas eram
fracas, estava faltando um exame que
foi feito em outra cidade, mas ele quis
investigar para saber se havia algo dife-
rente do contado pelos jovens.
o delegado fez pressão nos amigos
e no caseiro, começou a falar nos tem-
pos de cadeia que cada um poderia pe-
gar, só estava esperando o exame che-
gar para finalizar o caso e prender o pos-
sível assassino, eles ficaram apavorados
e chorando bastante, foi feita mais uma
vez a pergunta pelo delegado: Quem
matou Roberto?

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Aqueles jovens que foram curtir as
férias poderiam sair dali presos, acusa-
dos de homicídio, isso não estava nos
planos, o delegado percebeu que o ca-
seiro estava muito calado e resolveu
questioná-lo, se ele havia mexido no
corpo quando os jovens foram procurar
ajuda, mas ele terminou dizendo que
não, que sabia que isso poderia colocá-
lo como suspeito e não queria proble-
mas. Mas o delegado não ficou tão con-
vencido.
Os amigos disseram para o dele-
gado que perceberam que Roberto, nos
últimos três dias, estava mais calado.
Os jovens foram dispensados jun-
tamente com o caseiro, mas não pode-
riam ir embora.

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Depois de três dias, chegou o tão
esperado resultado complementar da
perícia.
Após 30 minutos, já com o resul-
tado em mãos e tendo avaliado cada de-
talhe, o delegado pediu para retorna-
rem, mas o caseiro estava demorando
muito e decidiram ir atrás para verificar
se havia acontecido algo. Ele chegou pe-
los fundos da casa, após todos se senta-
rem na sala, o delegado leu o resultado
para que eles ficassem cientes da causa
da morte de Roberto. Nos exames, foi
constatado que a morte de Roberto
ocorreu depois que os jovens saíram em
busca de ajuda, o caseiro ficou desespe-
rado, mas não confessou que mexeu no

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corpo, isso estava intrigando o dele-
gado. Por que esconder tal fato?
O laudo da polícia civil aponta a
morte do senhor Roberto, idade 19
anos, como morte suspeita ou causa in-
definida. Foi repassado para os jovens
que mesmo ele estando com hemato-
mas devido à noite da festa, isso não foi
o motivo para confirmar a morte, o que
trouxe um alívio para os amigos, mas
eles teriam que responder somente pela
agressão. Possivelmente ganhariam a
causa, alegando legítima defesa, pois
Roberto estava agindo contra a vontade
de Jéssica.
Só faltava entender por que o ca-
seiro mexeu no corpo, ele estava

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apavorado, sem saber o que falaria em
sua defesa.
Com relação aos fios de cabelo en-
contrados na toalha e roupa de Roberto,
não seria o suficiente, pois, no momento
da briga, poderia se soltar e seria, até
então, uma prova fraca.
O delegado pergunta uma última
vez: Quem matou Roberto? Os jovens
estavam chorando muito, pois não se
sabia ainda o verdadeiro motivo da
morte.
Nunca passaram por uma situação
como essa, um trauma para cinco jo-
vens que acabaram de perder o amigo
que planejara aquelas férias com tanto
carinho.

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Quando todos se preparavam para
sair daquele lugar, ouviram o latido do
Trovão, o cachorrinho que alegrava o
ambiente estava sumido desde o ocor-
rido, resolveram voltar até o quarto
onde faleceu Roberto, o som vinha da-
quela direção.
Subiram todos, inclusive o dele-
gado, encontraram Trovão bagunçando
alguns documentos.
O delegado, ao observar uma pasta
um pouco diferente nas pilhas de papel,
pegou um envelope e abriu, nele tinha
uma carta deixada por Roberto, a data
era de três dias antes do fato, pediu
para que os jovens se sentassem, pois
iria lê-la, talvez servisse para trazer
uma luz e solucionar o crime.

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“Nasci em uma família muito po-
bre, passamos por várias privações,
desde alimentação até o que vestir, fo-
mos abandonados pelo meu pai eu e
mais quatro irmãos, crescemos em meio
às drogas e todo tipo de coisas erradas
que poderiam nos levar para o buraco,
mas resistimos, vi vários amigos morre-
rem por uso de drogas ou homicídio,
isso me apavorava! Ainda bem! Cresce-
mos sem carinho de pai e de mãe, mas
não a culpo, ela tinha que trabalhar
muito! Imaginem, cinco filhos para tra-
tar.
Sempre via meus colegas com rou-
pas e brinquedos novos, mas os nossos
eram ganhados e muitas vezes vinham

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quebrados, mas mesmo assim, nos di-
vertíamos.
Na escola, me esforçava ao má-
ximo para tirar notas boas, assim pode-
ria dar uma vida melhor para minha
mãe, que já estava com certa idade e
muito cansada, sei que uma hora ela
não iria aguentar mais!
Lembro-me de muitas vezes comer
verduras e legumes que eram jogados
no caixote do lado de fora do sacolão,
tinha também um carro da polícia militar
que passava uma ou duas vezes por se-
mana distribuindo sopa, e corríamos
com a panela. Certo dia, estava catando
lixo em um bairro de classe média, não
me lembro com qual dos irmãos, e en-
contrei um bolo de aniversário inteiro,

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levamos para a casa e foi aquela festa!
Depois pensamos: e se tivesse envene-
nado? Mas que estava gostoso, estava!
Se hoje estamos vivos, agradeço a Deus
e à minha mãe, nossa heroína!
Na escola, sempre tinha os grupi-
nhos, mas preferia ficar mais sozinho,
ou com dois amigos, no máximo. Cresci
e gostava muito de uma das alunas,
olhos verdes, cabelos que pareciam
seda, voz meiga, mas nunca me decla-
rei, tinha medo de levar um fora, mas
sempre a vigiava, nutria esse amor em
silêncio.
Em meus sonhos, nos via casados,
e com dois filhos lindos, um casal per-
feito! Mas o tempo foi passando, ela
teve namorados e me afastei, sofria

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calado, me sentia um lixo, tinha bem
próximo de mim a mulher que amava,
mas não me declarava por medo da res-
posta negativa.
Depois de certo tempo, ela estava
solteira, e nos encontramos, juntamente
com amigos em comum, decidimos pas-
sar as férias em um lugar legal, planejei
tudo, poderia ser minha chance, tudo
estava propício para me dar bem!
Hoje, dando uma volta próximo à
casa do caseiro, a porta estava aberta e
resolvi chamá-lo para batermos um
papo, mas ninguém atendeu, entrei de
curiosidade, pois parecia haver algum
mistério naquela casa, estava com um
pouco de medo de ser surpreendido e
descoberto, ao entrar no quarto,

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encontrei uma foto e fiquei intrigado! E
ao olhar com mais calma, percebi que
aquela foto era minha quando criança,
levei um susto! Muitas coisas vieram à
minha cabeça naquele momento.
Quando a ficha caiu, entendi por que o
caseiro ficava tão afastado, meu pai es-
tava comigo, muito próximo. Comecei a
chorar copiosamente, como uma cri-
ança, quando ele chegou e me viu em
seu quarto com a foto nas mãos, ficou
calado por um instante, corri para
abraçá-lo e ficamos conversando por
muito tempo, queria entender o porquê
do abandono. Em suas explicações, me
disse que era muito jovem, sem maturi-
dade e que certo dia entraram em nossa
casa uns bandidos fugindo da polícia, ele

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ficou apavorado, com medo de que algo
pior acontecesse conosco, acabou
abrindo a porta para a polícia, que pren-
deu todos, ele foi jurado de morte, teve
que fugir para nos preservar.
Nunca contou para nossa mãe, pre-
feriu ir embora e sofrer durante todos
esses anos, mas nunca deixou de nos
amar.
Pedi então para ele retornar e rever
os filhos e minha mãe, mas ele relutou
bastante, tinha muita vergonha e medo
da rejeição que poderia sofrer dos meus
irmãos, isso me deixou muito angusti-
ado e sem chão.
A festa seria minha grande oportu-
nidade de declarar todo o meu amor por
Jéssica, mas as coisas saíram de

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controle, já estava chateado com o caso
de meu pai e, ao sofrer mais uma perda
em menos de uma semana, não supor-
tei.
Peço perdão aos meus amigos e
aos meus pais, não sei se minha atitude
foi a melhor, mas chega de perdas e re-
jeições que me acompanham desde mi-
nha infância, amo vocês! “Adeus.”
Agora as pessoas na sala entende-
rem o motivo pelo qual o corpo estava
fora do lugar, enquanto os jovens foram
buscar ajuda, o caseiro abraçou o filho e
tentou reanimá-lo, mas sem sucesso.
Neste momento, todos na sala estavam
abraçados e chorando muito.

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Para o delegado, o caso estava fe-
chado, tendo como motivo da morte:
suicídio.
Todos retornaram para seus lares,
ficaram traumatizados durante algum
tempo, fizeram tratamento e estão ten-
tando viver, já que a vida não pode pa-
rar. De vez em quando, encontram-se
na tentativa de unirem forças e prosse-
guirem.
O caseiro, senhor João, depois de
algum tempo, resolveu retornar para
casa, acabou se reconciliando com seus
filhos e sua esposa. Mesmo muito ma-
goados, com o tempo entenderam que
tudo que ele fez foi por amor! Levou Tro-
vão consigo, seu fiel escudeiro, aquele

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que acabou ajudando a solucionar o
caso.

Conclusão:
Existem muitas pessoas nessa situação,
sofrendo caladas, uns por amor, outros
por traumas de infância, ou até mesmo
traumas recentes. Mas o suicídio não é
a melhor solução.
Todos passamos por muitas fases na
vida, lutas, perdas, vitórias. Se você co-
nhece alguém com algum problema que
necessite de tratamento médico, ajude,
não feche seus olhos para o próximo,
nunca sabemos do amanhã!
Que Deus o abençoe!

42
Ebooks:
Como vender em tempos de crise?
À Espera de Um Milagre!

O Nascimento!

6 PASSOS PARA O SUCESSO FINANCEIRO!


Morte na Casa do Lago!
Quem Matou Roberto?

Em breve:

O Ganhador da Mega sena!


Termina Rico ou pobre?

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Fale com o Autor:

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Rangel Cardoso Da Silva

Casado com Tamy Christina e pai de Pedro e Esther.


Me descobri nessa arte de escrever por acaso, certo
dia, pensei: Vou escrever um livro, e as coisas foram
fluindo naturalmente.
Não me apego a um único estilo.
Pretendo lançar meus livros na versão impressa e gos-
taria, se possível, de seu apoio.

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Parte das vendas serão doadas para instituições de ca-
ridade.
Um forte abraço.
PIX:
contatosovencedores@gmail.com

Qualquer Valor!

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