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ARCADISMO
CARACTERÍSTICAS
Poesia descritiva e objetiva. O poeta deve ser mais um pintor de situações que de
emoções. Poucas figuras de linguagem (em comparação com o Barroco), preferência
pela metonímia, predomínio da ordem direta da frase, emprego do verso branco (sem
rima), que aproxima a poesia da cadência da prosa.
Bucolismo, pastoralismo
Na mitologia clássica, a Arcádia era concebida como mora da dos pastores que,
governados por Pã, viviam em contato com a natureza, tangendo suas ovelhas,
entretidos em amáveis pugnas poéticas e musicais, e na exaltação da beleza das musas e
da excelência da vida campestre.
• Poesia Épica: Cláudio Manuel da Costa, Basílio da Gama e Santa Rita Durão.
• Poesia Satírica: Tomás Antônio Gonzaga (Cartas Chilenas) e Silva Alvarenga (O
Desertor das Letras).
Características
• Sobrevivem traços cultistas em sua obra, que se realiza como uma transição entre o
Barroco e o Arcadismo.
• Apesar dos traços cultistas que sua obra revela, fez severas restrições a esse estilo,
defendendo a simplicidade arcádica.
“que só entre as delícias do Pindo se podem nutrir aqueles espíritos que desde o
berço se destinaram a tratar com as Musas.”
“Não são estas as venturosas praias da Arcádia, onde o som das águas
inspirava a harmonia dos versos. Turva e feia, a corrente desses ribeirões,
primeiro que arrebate as ideias de Poeta, deixa ponderar ambiciosa fadiga de
minerar a terra que Ihes tem pervertido as cores.”
• Oscilou entre o apego à Colônia e o amor à Metrópole, atitude comum a muitos dos
nossos árcades. Por isso, é frequente a expressão do dilaceramento interior, provoca do
pelo contraste entre o rústico mineiro e a experiência intelectual e social na Europa.
Nascido em Portugal, veio para o Brasil com 7 anos. Voltou a Portugal, onde se
formou em Direito e exerceu a magistratura. Retornando ao Brasil, já com 38 anos, na
condição de Ouvi dor de Vila Rica, ficou noivo de Maria Joaquina Doroteia de Seixas (a
Marília das Liras). Envolvido na Inconfidência Mineira, foi desterrado para
Moçambique, onde reconstruiu sua vida e conquistou excelente situação econômica.
Obras
• Foi o poeta mais equilibradamente neoclássico de nossa literatura, e sua obra lírica é,
ainda hoje, das manifestações árcades no Brasil, a que mais se comunica com o leitor.
• Apesar de ceder, vez por outra, às convenções da poesia arcádica, infunde em sua obra
dois elementos não convencionais:
1) O lirismo como expressão pessoal, construído em torno de seu modo de ser
e pensar, inspira do na estilização de sua alegria ou de seu drama. Essa nota de
subjetivismo é mais evidente na segunda parte das Liras.
Sob esse aspecto, é possível reconstituir, a partir das Liras, a evolução dos
sentimentos e intenções de Dirceu em relação a Marília: a descoberta e a revelação da
mulher escolhida, a fase dos ciúmes, a consolidação dos sentimentos e intenções, a
frustração dos planos de casamento e a expressão da desesperança e da solidão.
As Cartas Chilenas
SILVA ALVARENGA
(Vila Rica, 1749 – Rio, 1814)
Sua produção lírica está reunida no livro Glaura, coletânea de poemas de forma
fixa, especialmente de rondós (composição poética graciosa e musical, com estribilho
constante e número variável de versos) e de madrigais (forma poética delicada,
cantante), para exaltação da beleza e das graças femininas. É o representante mais típico
do estilo rococó, presente na amenidade e frivolidade das pinturas da natureza (beija-
flores, borboletas etc.). Sua ambiência lírica é heterogênea: ninfas e dríades, extraídas
da poesia clássica, aparecem ornadas de flores de manacá e de maracujá.
ALVARENGA PEIXOTO
(Rio, 1744 – Angola, 1792)
Sua obra era considerada ir regular, escassa e convencional, atrelada aos clichês
árcades. Entretanto, depois que Manuel Rodrigues Lapa publicou cinco sonetos inéditos
do autor (Vida e Obra de Alvarenga Peixoto, Rio: INL, 1960), a crítica tem reavaliado a
verve lírica desse poeta.
Basílio da Gama
(São José do Rio das Mortes, MG, 1741 – Lisboa, 1795)
• nada há no poema que lembre as rígidas divisões do poema épico tradicional, ou seja,
do modelo camoniano;
• a natureza é colhida por imagens densas e rápidas; já não são as imagens do
Arcadismo, mas sim o caminho para o paisagismo romântico;
• há o realismo da ação heroica, e não o fabuloso;
• usa-se o sobrenatural (bruxaria indígena);
• o indígena é tomado como herói, equiparado ao português, prenunciando o índio
romântico de Gonçalves Dias e Alencar.
Na lírica, suas produções são às vezes de alta qualidade, como atesta o soneto
seguinte, em que o lugar comum do carpe diem é desenvolvido com o emprego de
imagens de discreto gosto barroco.
Vida
Boêmio, conheceu a vida devassa. Em 1797 foi preso e processado pelas ideias
anticatólicas e antimonarquistas. Depois de meses de prisão, conseguiu sua transferência
para o Mosteiro de São Bento.
A lírica de Bocage
O que melhor o distingue nessa nova fase é a matéria psicológica que traz pela
primeira vez à poesia portuguesa: o sentimento agudo da personalidade, que o faz
retratar-se, gritar o seu remorso e o horror do aniquilamento na morte. Esta última é
uma ideia que constantemente o persegue. Revolta-se ainda contra a humilhação da
dependência e contra o despotismo em nome da Razão. Cultiva o fúnebre e o noturno,
exprime clamores de ciúme, de blasfêmia ou contrição. É o pessimismo e o fatalismo
que invadem a poesia bocagiana.
Percebe-se que o Bocage dessa fase é pré-romântico: procura expressões novas
para transmitir suas confissões, o arrependimento, a tensão dramática, o sofrimento
moral. Para ser inteiramente romântico, falta libertar-se por completo de sua formação
neoclássica. Isso talvez tenha diminuído a temperatura dramática de sua poesia. De
qualquer forma, é um dos maiores poetas da língua portuguesa, tornando-se a sua obra o
grande elo entre o melhor da poesia clássica, a de Camões, e a que vingaria no
Romantismo, caracterizada pelo signo da re volta e da mais profunda insatisfação.