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Uma

breve história do Swing Choir1



Richard F. Jones

Nos últimos anos, as áreas de Washington e Oregon experimentaram mudanças na
educação musical vocal que dá todas as indicações de expansão e crescimento. Esse
movimento está assumindo a forma de swing choirs2 e o nível de atividade está aumentando
muito. Seu impacto poderia muito bem ter um efeito importante na educação musical em
todo o país. Significativamente, esta iniciativa, embora tem poucos seguidores, conta com
muitos desbravadores. Enquanto as idéias ainda estão evoluindo, alguns dos conceitos deste
tipo de prática começam a se solidificar.
A ideia de usar grupos vocais para cantar música popular e jazz pode ter começado
por volta de 1941, quando líderes de bandas como Tommy Dorsey e Glenn Miller
adicionaram pequenos grupos, geralmente constituídos por quatro cantores, além de seus
solistas regulares. Desde então, houve muitas influências na música vocal, na configuração
das melodias, dos grupos gospel e conjuntos de televisão com ênfase na performance. Duas
das principais influências que mudaram a música foram os Beatles e Burt Bacharach. Outra
grande influência nesse novo tipo de coro foi a banda de palco e shows. Em algumas escolas,
esse coros foram iniciados por diretores desses conjuntos e suas técnicas e estilos de ensino
são bastante evidentes.
Em termos técnico, o que está surgindo nas escolas públicas pode ser descrito como
um pequeno coro e talvez até mesmo um pequeno conjunto. O tamanho dos grupos tende a
ser entre dezoito e vinte e quatro cantores. Em casos extremos, podem ser encontrados
grupos que variam entre sete e trinta e dois cantores. Além disso, a maioria dos grupos tem
quatro ou cinco instrumentistas para acompanhamento, o que geralmente inclui piano,
guitarra e baixo elétricos, bateria e, frequentemente, um teclado ou órgão. Outros
instrumentistas de sopro, dentre as quais a flauta, foram usados ocasionalmente.


1
Publicado no livro The Swing and Show Choir and Vocal Jazz Ensemble Handbook, de Doug Anderson (Studio
City, Califórnia: First Place Music Publications, 1974). Tradução de Vladimir Silva (Campina Grande-PB: 2021),
feita com propósitos educacionais, sem fins comerciais.
2
Neste texto, a expressão swing choir foi livremente traduzida como coro pop e outras expressões similares.
Uma breve história do Swing Choir (Richard F. Jones - Tradução de Vladimir Silva) 2

Para apresentações, esses grupos geralmente precisam de amplificação. Embora muitas


escola não possam pagar por equipamentos caros, o padrão é usar cerca de quatro ou cinco
microfones no coro e qualquer amplificador e alto-falantes que o diretor possa encontrar.
A razão para o tamanho desses coros é provavelmente uma questão de
conveniência. Quando a música popular começou a entrar nas escolas, já havia pequenos
grupos cantando a música tradicional, os chamados madrigais, assim como coros de câmara.
Este tipo de formação tornou-se a ideal para a música que precisava ser interpretada com
leveza e que não funcionaria com grupos grandes. É importante notar, todavia, que essa
música chegou às escolas em grupos maiores do que aqueles profissionais, que tendem a ter
entre três e oito cantores. Isso é compreensível por duas razões. Em primeiro lugar, nos
conjuntos com quatro ou cinco, as partes individuais podem ser expostas de forma a exigir
um nível mais alto de maturidade vocal do que muitos diretores poderiam encontrar. Além
disso, devido a um problema geral de orçamento das escolas, muitos diretores tiveram
dificuldade em justificar o tamanho atual dos coros dedicados à música pop e pensar em
grupos ainda menores seria impraticável. Mesmo agora, muitos grupos com mais de vinte
cantores estão tendo que se reunir antes ou depois do horário das aulas e sem crédito
escolares. Como já foi apontado, o tamanho varia bastante, muito embora os festivais
tenham colocado limites no tamanho, mais comumente entre dez e vinte e quatro cantores,
com um a seis acompanhantes, e isso tem uma tendência a definir um tamanho geral. As
implicações desse tamanho são muito desafiadoras. Como muitos dos grupos vocais
profissionais são pequenos, sua música precisa ser adaptada para se adequar ao novo
formato dos coros escolares. Além disso, ao contrário das bandas de palco, que têm grupos
profissionais como as bandas Don Ellis e Buddy Ric, esses coros essencialmente não têm
como se adequar ao seu tamanho, voz ou mesmo estilo. Ainda que seja possível inspirar-se
em grupos como Anita Kerr, Fifth Dimension, The Carpenters ou Free Design, não é possível
identificar-se com tais conjuntos por conta das suas especificidades. Além disso, muitos
desses grupos profissionais, por causa de suas elaboradas técnicas de gravação, tendem a
fazer apenas discos e não podem executar a mesma música ao vivo. Mais uma vez, os coros
que cantam pop não podem se identificar com esse perfil porque são muito orientados para
a performance. O resultado é bastante empolgante, pois significa que muitos grupos estão
desenvolvendo seus próprios estilos, caminhando em um campo aberto.
Uma breve história do Swing Choir (Richard F. Jones - Tradução de Vladimir Silva) 3

O que é provavelmente outra indicação da influência da banda de palco é a


expansão do acompanhamento, inicialmente apenas com o piano e agora com guitarra,
baixo e bateria — a seção rítmica da banda base. Na verdade, em muitas escolas, o coro pop
e a banda de palco compartilham as seções rítmicas. Esse tipo de acompanhamento,
especialmente a bateria, tornou-se essencial à medida que a música ganhou mais elementos
rítmicos. O acréscimo desses instrumentos, bem como a expansão do público, significa que,
nesse tipo de coral, a amplificação é uma necessidade, tanto para fins de equilíbrio quanto
para fins de efeito.
Muitas escolas de ensino médio tiveram algum tipo de grupo vocal pop por anos.
Por que recentemente houve um aumento tão tremendo na atividade? E por que esse
aumento parece estar tão focado no Noroeste dos Estados Unidos? Com certeza, a
influência dos instrumentistas de bandas de palco teve um efeito positivo, e um aumento no
mercado editorial de música pode ter ajudado, mas a resposta a ambas as perguntas parece
ser a influência dos festivais dedicados aos coros que cantam esse tipo de repertório mais
popular e jazzístico. A reunião de coros de várias áreas é uma oportunidade excelente para o
compartilhamento de estilos, ideias e técnicas que promovem o crescimento de todos os
grupos. Ao patrocinar a competição, constrói-se uma busca pelo aprimoramento e pela
excelência, outro fator que estimula o crescimento.
Desde o primeiro evento, o Northwest Swing Choir Festival, realizado em 1968 no
Mt. Hood Community College em Gresham, Oregon, o crescimento tem sido fenomenal. De
acordo com Hal Maleolm, fundador e diretor do Festival, ele já recebeu pedidos de 31
estados para o seu evento. O nome foi alterado para Northwest Vocal Jazz Festival, em 1972,
para definir melhor o estilo de música a ser inserida na programação. O primeiro festival, em
1968, atraiu 12 coros. Este número aumentou para 92 grupos, em 1973! Em 1971, pelo
menos cinco festivais separados ocorreram em Oregon e Washington. Essa tendência
também está se expandindo para outros lugares, como o Reno Jazz Festival, que
implementou esse tipo de competição em 1971.
Um aspecto negativo desse crescimento é que os coros pop literalmente deixaram
para trás o trabalho das editoras musicais. Os cantores querem cantar o que ouvem, quando
o ouvem. Não apenas os editores demoram a imprimir canções populares, mas também
parecem sentir que os bons arranjos dos profissionais são muito difíceis para os coros das
escolas. O sentimento geral dos diretores é que a maior parte do que é publicado é de baixa
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qualidade. Melhorias ocorreram, no entanto, no ano passado. Muitos diretores usam música
publicada apenas como complemento em seus concertos, recorrendo a outras fontes para a
maior parte do repertório interpretado pelos coros que cantam jazz e pop. Uma das fontes
mais comuns são os arranjos baseados nas gravações de grupos como Fifth Dimension,
Lambert, Hendricks & Ross, Anita Kerr, The Carpenters, Free Design e a música de Burt
Bacharach. Isso ajuda o grupo a manter-se atualizado. Outra fonte importante são os
arranjos e composições originais elaboradas por alunos, diretores, outros membros do
departamento de música da escola ou alguns arranjadores profissionais, dependendo do
contexto. Algumas das músicas dessas fontes provaram ser muito boas e desafiadoras. De
modo geral, percebem-se melhorias no mercado de música publicada, mas ainda são apenas
indícios e há uma grande necessidade de peças mais desafiadoras.
Uma pergunta que provavelmente será feita com frequência, principalmente por
questões de orçamento, é onde os coros pop se encaixam nos programas educacionais?
Quais são os valores de um programa desse tipo? É provável que esses grupos jamais
ultrapassem o coro principal da escola. Entretanto, na maioria das instituições, o coro ou
grupo combinado de cantores oriundos do coro pop e do coro de câmara é considerado o
melhor e consiste nas vozes mais selecionadas da escola. Além disso, não há razão para que
os coros que se dedicam ao jazz e ao popular necessariamente prejudiquem o coro
tradicional, como já demonstrado na combinação dos grupos que se dedicam à música
popular e à renascença, por exemplo. Um festival promovido pela Cascade High School, em
Everett, Washington, passou a incluir uma seção que contempla a categoria coro pop. Um
dos prêmios dados no festival é para as divisões “Best In Both”, envolvendo coros que
cantam pop, jazz e literatura tradicional.
Os coros pop estão definitivamente encontrando seu próprio lugar no sistema
educacional. Há muitos motivos. Em primeiro lugar, os alunos gostam. É música que eles
ouvem, parece mais atual, interessa a um grande número de alunos, e o resto do corpo
discente gosta de ouvi-lo. Em segundo lugar, tem um grande apelo, conquistando o público.
Isso é evidenciado pelas multidões que atrai, sua visibilidade na televisão, os muitos convites
que grupos comunitários recebem, assim como o seu uso como entretenimento em uma
variedade de lugares, desde convenções a eventos esportivos. Por conto da relação com a
plateia, eles também podem ser valiosos para a escola e para o departamento de música
como um excelente cartão de visitas. Além disso, esses conjuntos vocais oferecem todas as
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vantagens educacionais básicas para o canto em pequenos grupos e proporcionam uma


experiência com um estilo distinto. Os coros que cantam música popular tendem a
promover a criatividade em áreas como a interpretação de estilos, arranjos e composição.
O futuro desses grupos parece bom. Uma dos caminhos para a sua sobrevivência
seria a ampla disseminação desses conceitos e formas. O fato de haver um grande interesse
nacional por eventos como festivais de coros que cantam pop e jazz é um sinal muito bom.
Também existe um potencial de expansão no âmbito do ensino superior. Embora existam
algumas universidades com fortes programas nessa direção, a maioria das atividades parece
estar no nível do ensino médio. Assim, se esse coros algum dia chegarem aos campi
universitários, provavelmente o fizeram, como foi o caso das bandas de jazz, devido à
influência das escolas de ensino médio. É muito difícil dizer para onde estão indo a música e
o estilo dos coros que interpretam esse tipo de repertório. Eles podem seguir o estilo das
bandas de shows, mas parecem estar encontrando seu próprio lugar e caminho. Onde ou o
que é, ninguém tem certeza.

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