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br
de fevereiro de 2024

Adriana,
Josué pai e
Josué filho:
na unidade
do Pari

PORTA DE SAÍDA
Prefeitura vai inaugurar oito novas vilas de microcasas transitórias para atender população
em situação de rua. Programa exige criança na escola e pretende facilitar busca por emprego
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NO DIGITAL
CRIME NA MANSÃO
Uma tentativa de assalto a uma mansão no

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bairro Cidade Jardim terminou em mortes.
Um dos criminosos tentou fugir em um carro
dos moradores, derrubando o portão, mas o
veículo pegou fogo e ele morreu carbonizado.

REPROdUçãO
Outros dois foram baleados e também morre-
ram. Nenhum morador ficou ferido.

Queda em prédio
Uma criança de 7 anos morreu após cair do sétimo andar de um
prédio no bairro do Tatuapé, na Zona Leste da capital paulista. Ela
chegou a ser levada para atendimento em um hospital da região,
mas não resistiu aos ferimentos. Segundo a Secretaria da Seguran-
ça Pública, o caso foi registrado como morte suspeita e ainda está
sendo investigado pela polícia.

dIVULGAçãO
Orquestra no cinema
Central do Brasil, longa de Walter Salles, terá, nos dias 29 de
fevereiro e 1º de março, sessões no Sesc Pompeia dentro do pro-
GOOGLE STREET VIEW

jeto Cine Concerto, com trilha executada ao vivo pela Orquestra


de Câmara ALMAI. Saiba mais no blog Filmes e Séries.

RAINHA DO ROCK
Mel Lisboa anunciou que, após dez anos, será Rita Lee
mais uma vez nos palcos. A atriz dará vida à cantora no
musical Rita Lee: Uma Autobiografia Musical, inspirado
nos escritos da própria rainha do rock em sua autobiogra-
fia, lançada em 2016. Leia no blog Na plateia.
JUCA VARELLA/AGêNCIA BRASIL

Combate à dengue?
Levantamento sobre preço de repelentes, feito pela Fundação Pro-
con-SP, constatou aumento de 15,78% em média, com diferenças
REPROdUçãO

que chegaram a 84,19% para um mesmo produto em estabeleci-


mentos diferentes, entre dezembro e fevereiro. Leia mais no site.

4 Veja São Paulo 23 de fevereiro, 2024


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AMARELINHAS | MARCELO MÉDICI

“Dizem ‘teatro comercial’,


como se todos não o fossem”
Duas décadas após a estreia, ator volta aos palcos com o sucesso Cada Um Com Seus Pobrema,
peça que rendeu prêmios e ainda provoca debates sobre o humor popular Júlia Rodrigues
arcelo Médici, 52, perdeu

M as contas de quantas pes-


soas assistiram à peça Cada
Um Com Seus Pobrema,
comédia que estreou em 2004 em
São Paulo e, desde então, encheu
Desafio: oito
personagens
em cena

teatros em várias cidades do país.


Sete anos após a última temporada,
o espetáculo retorna à capital no
dia 5 de março, no Teatro Opus
Frei Caneca, para comemorar duas
décadas da estreia. A procura tem
sido tão alta que Médici já abriu
cinco sessões extras. Diz estar an-
sioso, até voltou para a academia a
fim de ficar em forma para o desa-
fio. Afinal, sozinho no palco, ele
interpreta oito personagens, entre
eles o motoboy corintiano Sander-
son — pelo qual ganhou o Prêmio
Multishow de Humor, em 1998, o
que lhe abriu as portas para a co-
média —, o último mico-leão-dou-
rado do planeta e a Tia Penha, uma
apresentadora de programa infantil
sem filtros.

A peça estreou em 2004. Qual o


segredo para essa longevidade?
O espetáculo tem um significado muito
especial na minha vida. Nunca imaginei que
fosse dar tão certo. A peça estreou em um
teatro de 100 lugares, foi uma “ação entre
amigos”, ninguém que participou recebeu,
JAIRO GOLDFLUS/DIVULGAÇÃO

foi trabalho voluntário, mesmo. Eu não ti-


nha dinheiro para nada, o cenário na época
eram caixas de papelão. Não estreou e foi
de cara um fenômeno. Depois de um ano
em cartaz, eu fiz minha primeira novela da

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Globo, e levei o espetáculo de novo para o achar que é outra categoria. Sempre me Já sofreu preconceito no seu meio
Rio. Um dia, eu olho e tem uma fila que ia considerei ator. E, claro, também como ator por ter apostado na comédia?
até o final da rua. É inexplicável, essas coisas não queria ficar preso a um personagem. Já. Já ouvi coisas agressivas. De forma geral,
que acontecem no teatro. Claro que eu es- Para ser feliz, o ator precisa experimentar. existe uma parte do meio, não todos, prin-
tava fazendo novela, eu era um “lançamen- cipalmente diretores de audiovisual, que
to,” pois vinha do segmento de programas acham que comediantes não são capazes
humorísticos, então, isso tudo conta. “Hoje, muitas de fazer personagens sérios. Tem autor de
novela que acha que eu só posso fazer nú-
Você teve de mudar algo no
texto ao longo dos anos?
pessoas dizem: cleo de comédia e, além disso, preciso de
alguma coisa como apoio para o persona-
Sim, toda vez que monto a peça, eu a atua- ‘Essa piada não gem, uma característica cômica. Já ouvi que
lizo. Eu assisto a vídeos dela e vou analisan- só loto as apresentações porque é comédia,
do, cortando. Hoje em dia, muitas pessoas dá mais’. Para porque é “teatro comercial”, como se qual-
dizem: ‘Essa piada não dá mais’. Para mim, quer teatro não fosse comercial. Ninguém
nunca deu. Sempre me preocupei com isso. mim, nunca deu. faz peça de graça. Não tenho do que recla-
Me perguntam se sou a favor do politica- Me perguntam mar sobre prêmios, ganhei muitos, mas te-
mente correto. Sou, porque precisamos nho que falar o que acontece de forma geral
evoluir. Quando a peça estreou, eu usava
referências da minha infância, que não ca-
se sou a favor com comediantes. Eu já soube de jurados
que se recusaram a assistir a meu espetácu-
bem mais. Um exemplo é o personagem
Johnson, irmão do protagonista. Ele fala
do politicamente lo porque era comédia. Não é uma coisa
brasileira, só. Essa resistência é histórica,
muitas grosserias, então eu comecei a per- correto. Sou, vem desde o bobo da corte, na Idade Média.
guntar a opinião de amigas mulheres e me
direcionar a partir disso. Nesse quesito, con- precisamos É comum que atores escalados para
cordo com a Bibi Ferreira. Ela disse uma vez novelas da Globo se mudem para o
que, no teatro, você precisa respeitar o pú- evoluir” Rio. Há também um grande mercado
blico, pois ele compra um produto sem ver. de comédia por lá. Por que decidiu
Outra mudança no Johnson é que, se antes Você sempre teve versatilidade: atuou permanecer em São Paulo?
ele era um modelo que virou ator, agora ele em comédias populares, em musicais Tive um apartamento no Rio enquanto fui
é um ex-participante de reality show. como Wicked (2023) e em espetáculos contratado (pela Globo). Chegou uma hora
mais complexos, como O Mistério que não fazia mais sentido, porque a empre-
A peça é o seu maior sucesso e você de Irma Vap (2008), pelo qual foi sa também fornece hospedagem, passa-
sempre disse que a apresentaria indicado ao Shell de melhor ator. gens aéreas... Foi uma questão de praticida-
quantas vezes quisesse e precisasse. Como equilibrar papéis tão distintos? de e economia. Nunca fechei minha casa em
Nunca teve medo de ficar marcado por Ano que vem, vou fazer um espetáculo cha- São Paulo, porque sou absolutamente de-
um trabalho ou um personagem só? mado Hangmen, que foi escrito pelo Martin pendente dessa cidade. Acho que é uma
Tive. Quando eu fazia A Praça É Nossa, fazia McDonagh, diretor do filme Os Banshees de coisa atávica, por ter nascido aqui. Gosto de
outra versão do Sanderson, porque já tinha Inisherin (2022), que concorreu ao Oscar no andar por São Paulo, da bagunça de São
feito ele duas vezes no teatro. Você fica com ano passado. Fiz outra peça dele há alguns Paulo. Eu acho São Paulo bonita, quando
um pouquinho de medo quando as pessoas anos. Também recebi agora o convite para falam que São Paulo é feia, fico bravo. Temos
começam a te chamar pelo nome do perso- dublar o Mágico de Oz no filme de Wicked. muitas opções... E se você não quiser ver
nagem na rua. Mas foi com o Sanderson que Quando se lembram de nós, é incrível, eu uma pessoa nunca mais na vida, você não
ganhei o Prêmio Multishow de Humor, em amo ser chamado para coisas diferentes. Às precisa, porque São Paulo é grande (risos).
1998, algo que nunca imaginei ganhar, por- vezes temos de fazê-las, também, para sair No Rio, é impossível você não encontrar
que era um prêmio de comediantes e, até um pouco desse carimbo que colocam na com as pessoas, você encontra mesmo que
então, eu nunca tinha feito comédia, só uma gente. Não tenho queixas nesse sentido, sou não queira. Quando fico muito tempo fora,
coisinha ou outra. Eu nunca fui humorista, muito feliz. A comédia veio como uma sur- a primeira coisa que eu faço quando volto a
não por achar que é algo inferior, pelo con- presa para mim, é maravilhoso você ser re- São Paulo é passear de carro em volta do
trário, acho que o humorista é o gênio, é o conhecido como comediante. Nem tenho Parque Ibirapuera e na Avenida Paulista. Eu
Ronald Golias, a Dercy Gonçalves, mas por problema em ser popular. sou esse nível de paulistano (risos).

VejaVeja
SãoSão
Paulo 23 de
Paulo xx de
fevereiro,
xxxxx, 2020
2024 7
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TERRAÇO PAULISTANO
Sérgio Quintella

EXPERIÊNCIA SONORA
Figura tarimbada no cinema e no teatro, a diretora,
dramaturga e cenógrafa Daniela Thomas, 64, fun-
dou recentemente a Supersônica, uma editora de
audiolivros. O catálogo conta com títulos que vão de
nomes clássicos, como Machado de Assis, aos
atuais, como a vencedora do Nobel de Literatura de
2022, a francesa Annie Ernaux. Todos são lidos por
atores relevantes do cenário nacional, como Isabel
Teixeira, que empresta a voz às obras de Ernaux.
“Queremos transformar a leitura em um projeto ar-
tístico, como se fosse um filme ou uma peça teatral”,
afirma Daniela. Na lista de lançamentos de 2024 es-
tão livros como A Morte de Ivan Ilitch (1886), do rus-
so Liev Tolstói, e Coração Apertado (2010), décimo
romance da francesa Marie NDiaye, lido pela atriz
Alice Carvalho, protagonista da série Cangaço Novo
(2023). Em paralelo, Daniela assina a cenografia da
peça Agora Tudo Era Tão Velho — Fantasmagoria IV,
que estreia em 7 de março na Mostra Internacional
de Teatro de São Paulo, e de uma exposição que
comemora os 100 anos do compositor Paulo Vanzo-
lini, no segundo semestre, no Sesc Ipiranga.
REPRODUÇÃO INSTAGRAM

Hello, credores
A empresária e influenciadora Val Marchiori está sendo processada por
dois bancos, Bradesco e Banco do Brasil, para quitar dívidas que passam de
935 000 reais. Em decisões recentes, a Justiça determinou que Val pague
todos os débitos, contraídos por meio de empréstimos, tanto em seu nome
quanto no de uma de suas empresas. Ela também deverá arcar com as cus-
tas processuais e os honorários advocatícios das ações, o que eleva as des-
pesas para a casa de 1 milhão de reais. Procurada por Vejinha, a empresária
disse, em nota, que a cobrança decorre de uma longa batalha judicial envol-
vendo seu ex-marido. Nos últimos anos, diversas ações parecidas levaram
a bloqueios de suas contas bancárias. “Em razão disso, Val Marchiori, por
orientação e estratégia jurídica, foi instruída a paralisar o pagamento dos
financiamentos para que uma perícia fosse realizada”, diz a advogada Luana
Salmi Nasser. No último dia 26 de janeiro, Nasser entrou com um pedido,
em ação que cobra 468 000 reais da influenciadora, para que fosse autori-
JORGE BISPO/DIVULGAÇÃO

zado o oferecimento de uma garantia financeira, sem que houvesse a con-


fissão de dívida. A solicitação não foi aceita, sob a alegação de que o
Juízo não exerce atividade consultiva, ou seja, Val Marchiori deve ofertar
a carta, não perguntar se pode apresentá-la ao juiz.

8 Veja São Paulo 23 de fevereiro, 2024


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n/Folh
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DE ASSASSINO
A ALUNO NOTA 10
Condenado a 33 anos de prisão pelo assas-
sinato do pai e da madrasta, ocorrido em
2004, no Pacaembu, Zona Oeste, o ex-semi-
narista Gil Rugai, 40, está desde 2021 no regi-
me semiaberto da penitenciária de Tremembé, no
interior. No ano passado, a Justiça autorizou que ele
cursasse arquitetura e urbanismo na Universidade Anhanguera, na vizinha Taubaté.
O primeiro dos quatro períodos foi superado com folgas. Das oito matérias que Gil
Rugai cursou, como fundamentos de topografia, geometria e empreendedorismo,
ele tirou nota 10 em todas. Agora, o detento espera que a Justiça lhe conceda o di-
reito ao regime aberto, para que possa morar mais perto da faculdade (ele vai de
ônibus todos os dias). Mas não tem sido fácil para o condenado obter o aval. Em
dezembro passado, a Justiça voltou a negar o benefício, atrelando a possível con-

@tnerysa/divulgação
cessão à realização do teste projetivo de Rorschach.

DO INTERIOR AOS
PÉS DE FAMOSAS Transformando
Uma marca assinada por uma bra- metais em arte
sileira tem conquistado cada vez Após voltar de Nova York, onde esteve nas
mais espaço na moda internacio- últimas duas semanas para fugir dos agitos
nal. Criada em 2020, a Larroudé, do Carnaval e para visitar o mercado america-
da paulista radicada nos Estados no de luxo das joias, o designer paulistano
Unidos Marina Larroudé, 44, foi Pedro Yossef foi convidado para participar
vista nos pés de artistas como La- de um bate-papo em uma das principais fei-
dy Gaga, Alicia Keys, Taylor Swift, ras do setor no Brasil, a Feninjer. Juntamente
Lizzo e Salma Hayek, em eventos e com o também joalheiro Antonio Bernardo,
cliques de paparazzi. “Nós não pa- Yossef se dispôs a falar de novas possibilida-
gamos por isso. Quando usam, é des de desenvolvimento de produtos. “Minha
porque realmente escolheram. proposta é sair um pouco da área e do tama-
Um selo de aprovação fenome- nho que foram propostos para as joias”, diz,
nal”, explica. A maior repercussão ao se referir à construção de objetos maiores.
veio no início deste mês, quando No ano passado, na CASACOR, ele expôs dois
Blue Ivy, filha de Beyoncé, subiu ao pássaros prateados, suspensos por cabos de
palco do Grammy com um par as- nylon. Chamada de Floater, a obra continua
sinado pela paulista. Presente em sendo uma joia, na concepção de seu autor.
lojas físicas de sete países e entre- “Considero também o pássaro uma obra de
gue globalmente, a Larroudé, que arte, mas há pessoas que a chamam mesmo
tem uma fábrica no interior do Rio de peça de design. É um mercado muito no-
Grande do Sul com 100 funcioná- vo”, afirma Pedro. Independentemente da
rios, acaba de fechar um contrato discussão artística, o designer ressalta que a
com a Nordstrom, rede americana ideia é propor às pessoas novas possibilida-
divulgação

com 92 lojas de departamentos de des não só no segmento das joias como em


luxo no país. outros setores produtivos.

Colaboraram Júlia Rodrigues e Mattheus Goto


Veja São Paulo 23 de fevereiro, 2024 9
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NOVOS
CAMINHOS
Prefeitura começa a construção
de oito vilas destinadas a moradores
em situação de rua, com foco na
autonomia das famílias atendidas
Sérgio Quintella
o fechar a porta de uma casa pela pri-

A meira vez em muito tempo, a então de-


sempregada Gilmara Gonçalves, 37, se
emocionou com uma situação corri-
queira no dia a dia da maioria das pessoas, mas
ausente de sua realidade no momento. “Olha,
mãe, tem banheiro”, disse Rafaella Cristina, 5,
assim que entrou na pequena residência pinta-
da de azul com detalhes em branco, na véspe-
ra do Natal de 2022. Até então e por quase um
ano, a família, composta também pelo pai, o
manobrista autônomo Ricardo Arantes, 44, e
por Maria Iris, 1, vivia em um abrigo coletivo
da prefeitura. “Aqui temos privacidade e po-
demos fazer nossa higiene pessoal com tran-
quilidade”, afirma Gilmara, uma das primeiras
moradoras da Vila Reencontro Cruzeiro do
Sul, na Zona Norte. O local — que possui qua-
renta módulos pré-fabricados com placas de
fibras de vidro, de 18 metros quadrados cada, Família Ribeiro,
contendo cama, armário, ventilador de teto, no Pari: promessa
geladeira, banheiro e uma pequena cozinha, de emprego e de
mudança de vida
com pia e um fogão de duas bocas — é um dos
quatro equipamentos em operação construídos
pela prefeitura de São Paulo para famílias em
situação de rua. Ao todo, as quatro vilas (as
outras ficam no Pari, Anhangabaú e Santo
Amaro) abrigam 600 pessoas, mas possuem
capacidade para receber 992. Outras oito ins-
talações serão construídas em todas as regiões
da metrópole e ficarão prontas até o final do
LEO MARTINS

ano, elevando a capacidade do serviço para


mais de 4 000 vagas — para uma população

Foto de capa: Leo Martins


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total em situação de rua de cerca


de 32 000 pessoas.
O modelo das vilas paulistanas
é inspirado no conceito housing
first (moradia primeiro) existente
em países como Estados Unidos,
Canadá e Portugal, entre outros.
A ideia, tanto lá quanto cá, é ab-
sorver famílias de forma mais cé-
lere e menos burocrática, para
que elas possam viver em um “en-
dereço”, se capacitar e estruturar,
para conseguir ganhar autonomia
com mais solidez, a chamada
“saída qualificada”. Por isso, na
Vila Reencontro, o prazo máximo
de permanência das famílias é de
24 meses. Depois, por um mesmo
período, a prefeitura disponibiliza
o Auxílio Reencontro, no valor de
1 200 reais por mês. Nesse caso,
o dinheiro é utilizado exclusiva-
mente para o pagamento de um
aluguel, cuja negociação é feita Daniela (à esq.)
diretamente entre prefeitura e e Isabella:
proprietário do imóvel. “Dormimos até
Para se tornar elegível ao bene- em cemitério”
fício da Vila Reencontro, que in-
clui alimentação feita ou distribuí-
da no local (além da opção de Romualdo (em pé)
e Gabriel: sem
cozinhar nos próprios módulos), pressa para sair
cursos de capacitação e possibili-
dade de atuar em frentes de traba-
lho da gestão municipal, a família
tem que seguir alguns critérios,
como ter ficado no máximo três
anos nas ruas e possuir até quatro
membros. Grupos familiares com
crianças de zero a 6 anos, mães
vítimas de violência doméstica,
idosos e pais solo, entre outros,
têm prioridade. “Aqui tenho meu
canto e não penso em sair antes
dos dois anos, pois estou estudan-
do para tirar o certificado para
atuar como corretor de imóveis e
conseguir me estruturar”, afirma o
FOTOS LEO MARTINS

agente de saúde Romualdo Souza,


45, que vive há quatro meses na
Vila Reencontro do Pari com o fi-

12 Veja São Paulo 23 de fevereiro, 2024


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lho, Gabriel, 16. “Somos nós dois


e um ajuda o outro”, diz o menino,
que está no primeiro ano do ensino
médio e pensa em se formar em
tecnologia da informação.
Também cuidando sozinha de
uma filha, Daniela Palma, 53, pas-
sou cinco anos em um centro de
acolhimento da prefeitura até se
mudar para a Vila Reencontro do
Pari, em outubro passado. Antes,
morou de aluguel na Zona Sul,
mas ficou desempregada e não
conseguiu apoio familiar. “Por mi-
nha filha Isabella ser uma menina
trans, minha família não nos aco-
lheu e fomos parar na rua. Até em
cemitério e em garagem de hospi-
tal eu já dormi”, diz Daniela, que
se prepara para a próxima etapa do
programa. “Já encontramos um
apartamento na Bela Vista e agora
estamos vendo se vai dar certo.
Apesar de gostar daqui, já estamos
com a cabeça na próxima jornada,
com mais autonomia e prontas pa-
ra receber visitas”, diz Daniela.
Ao se mudar para as vilas, as
famílias ganham um pouco mais
69 000 REAIS
de privacidade do que nos abrigos
tradicionais, mas devem seguir al-
gumas regras, como a que proíbe
é o custo de cada visitas externas. Para as crianças,
módulo de 18 metros há a obrigatoriedade de matrícula
quadrados e de frequência mínima de 75% na
escola, além da carteira de vacina-
ção sempre em dia. Nos espaços,
36
METROS QUADRADOS
não é permitido o consumo de be-
bidas alcoólicas (e drogas). Caso
algum morador seja flagrado (não
é o tamanho das novas há revistas pessoais) pelos assis-
casas voltadas às famílias tentes sociais com sinais de em-
de até oito pessoas briaguez, mesmo que não tenha
ocorrido consumo na área coletiva
ou nos módulos, a pessoa pode ser
2
ANOS
excluída do projeto. Além das re-
gras “inegociáveis”, há também as
que foram estabelecidas pelos pró-
é o prazo máximo de prios habitantes. Em conjunto,
permanência nas vilas eles definem os horários de silên-

Veja São Paulo 23 de fevereiro, 2024 13


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cio e o de entrada e saída dos mo-


radores. Se alguém precisar chegar
mais tarde ou sair mais cedo, deve
comunicar à direção do espaço,
que avalia caso a caso. No dia a
dia, todo o serviço coletivo é feito
pelos próprios moradores. Há gru-
pos de distribuição das alimenta-

PREFEITURA DE SÃO PAULO/DIVULGAÇÃO


ções, de cuidados da horta, do
funcionamento da lavanderia e até
mesmo da varrição de pátios, salas
e parquinhos. “Tudo isso faz parte
Vila em Santo Amaro: do processo de autonomia que
críticas prévias
buscamos. Se a pessoa não limpar
o seu módulo, ninguém vai limpar.
Nos espaços coletivos é a mesma
lógica”, afirma Maria Caetano,
coordenadora do programa Vila
Reencontro. Considerada dentro e
fora das vilas como a “mãe” do
programa, Caetano já viu casos de
famílias que não se adaptaram às
regras e “regrediram uma casa”,
retornando aos abrigos tradicio-
nais. “Cada família tem sua histó-
ria, seu estágio, e nós respeitamos
PREFEITURA DE SÃO PAULO/DIVULGAÇÃO

todas elas. Se alguma não se adap-


ta, poderá ter outra chance quando
sentir que tem capacidade de con-
Horta coletiva: quistar a autonomia.”
trabalho dividido Já adaptado após chegar há três
meses na vila do Pari, o desempre-
gado Josué Ribeiro, 58, está pres-
tes a conseguir um emprego na
mesma área que o “salvou”. Re-
centemente, ele recebeu uma pro-
posta para atuar como agente de
saúde na Secretaria de Desenvol-
vimento e Assistência Social
(Smads). “Nos conhecemos na
Cracolândia há cinco anos e agora
ele retornará para trazer outras
pessoas para cá”, diz a vendedora
Adriana Ribeiro, 44, “Quando vi
que queria ficar com ele, pedi para
Deus nos dar uma forma de esca-
par das drogas. O resultado é o
FOTOS LEO MARTINS

Ricardo Nunes, no Pari: Josué, que tem o mesmo nome do


“Não vamos retroceder” pai”, afirma, se referindo ao me -
nino de 4 anos. Apesar do otimis-

14 Veja São Paulo 23 de fevereiro, 2024


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ALEXANDRE BATTIBUGLI

Maria Caetano, no Pari: Gilmara e a


busca constante pela família: presente
autonomia das famílias de aniversário

mo da família, a vaga para Ribeiro passo seguinte foi convidar os fu- integrantes. Para esse público, os
ainda não estava confirmada até a turos vizinhos para conhecer o espaços serão de 36 metros qua-
última sexta (16). “Vamos empre- projeto. Em Itaquera, na Zona drados. Também haverá estruturas
gá-lo, sim, está tudo certo”, pro- Leste, um abaixo-assinado tam- para pessoas com deficiência, na
mete o secretário de Desenvolvi- bém pede o cancelamento do pro- mesma medida de 36 metros qua-
mento e Assistência Social, Carlos jeto no bairro. “Não vamos retro- drados. “Nossa maior alegria é
Bezerra Júnior. ceder”, assegura o prefeito. quando a família sai da vila, pois
Apesar dos inúmeros benefí- Quando a Vila Reencontro do sabemos que ela conquistou sua
cios que medidas como a Vila Pari começou a ser construída, os autonomia e vai seguir seu cami-
Reencontro proporcionam para vizinhos também se uniram para nho com dignidade e esperança
pessoas que foram parar nas ruas, brecar a empreitada. “Nosso temor renovada”, afirma Vítor Sampaio,
não é sempre que a vizinhança vê era que as vilas atraíssem sujeira e chefe de gabinete do prefeito e
a chegada dos novos moradores moradores de rua para as calçadas responsável direto pela execução
com bons olhos. Em novembro em frente, mas agora vimos que do projeto da Vila Reencontro. Foi
passado, durante uma visita a uma não tem nada. Se não fosse pela justamente o que ocorreu com Gil-
unidade que será entregue no Ja- placa, nem saberíamos que existe mara Gonçalves, a primeira perso-
baquara, na Zona Sul, o prefeito um equipamento da prefeitura”, nagem desta reportagem. “Hoje
Ricardo Nunes foi alvo de mani- diz o motorista Alberto Matoso, assinamos nosso contrato de alu-
festantes. “Atearam fogo a pneus que pensou em assinar a manifes- guel e vamos nos mudar em breve
para protestar, mas eu fui lá e dis- tação, mas depois desistiu. para uma casa um pouco maior, na
se que não serão bandidos, não Os próximos passos das vilas Vila Maria (Zona Norte), que tem
serão drogados que viverão ali. Reencontro preveem a construção até um quintalzinho”, disse Gil-
São pessoas que precisam de um de módulos maiores, para compor- mara a Vejinha, no dia em que
acolhimento”, afirma Nunes. O tar núcleos familiares de até oito completou 37 anos. ■

Veja São Paulo 23 de fevereiro, 2024 15


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ACERVO GALERIA RAQUEL ARNAUD/DIVULGAÇÃO


A sede atual,
na Rua Fidalga:
mostras pioneiras

O Gabinete da Arte,
em 1983: obras de
Waltercio Caldas Meio século
na vanguarda
Voltada à arte contemporânea, Galeria Raquel Arnaud, na Vila
Madalena, comemora cinquenta anos com exposição sobre
Waltercio Caldas, Mira Schendel e Iole de Freitas Mattheus Goto
ma trajetória ímpar na arte tecimentos marcantes da arte con-

U brasileira. Essa é a definição


do curador Jacopo Crivelli
Visconti — que já represen-
tou o país na Bienal de Veneza —
sobre a marchand Raquel Arnaud,
temporânea nos anos 1970. “É uma
história gigantesca, e resumi-la foi
complexo”, diz o curador.
Uma seleção de quarenta obras
de artistas que passaram pela gale-
de 88 anos. A galeria de arte que ela ria será exibida em esquema de ro-
fundou, em 1973, tornou-se pionei- dízio até o fim da mostra, em 24 de
ra ao apoiar uma nova geração de maio. “A Raquel sempre foi muito
artistas, como Amilcar de Castro, dedicada a colocar os artistas no
Mira Schendel, Waltercio Caldas e centro de tudo”, conta Jacopo. “Ela
Iole de Freitas — hoje nomes fun- ajudou a construir um mercado, ao
damentais da arte contemporânea viabilizar experimentos de vanguar-
no Brasil. A história é retratada na da muitas vezes arriscados”, diz.
mostra Galeria Raquel Arnaud – No início, a galeria seguia ver-
50 anos, que abriu na quinta (22). tentes da arte concreta, mas sempre
FOTOS ACERVO PESSOAL

Na Nove de Julho,
em 1980: projeto Com curadoria de Jacopo, a ex- aberta ao diálogo, com nomes como
de Lina Bo Bardi posição contempla a extensa linha Lygia Pape, Tunga e Vik Muniz.
do tempo da galeria e aborda acon- Atenta às tendências mundiais, Ra-

16 Veja São Paulo 23 de fevereiro, 2024


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FOTOS ACERVO PESSOAL

Sergio Camargo (à dir.) Iole de Freitas e


e a equipe na Itália, Raquel: exposição
em 1990: referência em 1992

quel foi uma das primeiras a abrir leria da Rede Globo que tinha mos- “A arte se misturava à família. Era
as portas para a arte cinética, rece- tras anunciadas em horário nobre. mais que relação profissional, era a
bendo artistas como o pintor vene- Fundou, ainda, o Instituto de Arte extensão da nossa casa”, diz Myra
zuelano Carlos Cruz-Diez. Contemporânea (IAC), em 1997, Arnaud Babenco, hoje à frente da
A galerista nasceu em Guaratin- para documentar o movimento. galeria, instalada na Rua Fidalga,
guetá, no interior, e mudou-se para A galeria mudou de endereço na Vila Madalena. “Olho para trás
São Paulo aos 10 anos. No ensino várias vezes, embora sempre fiel à e vejo a coragem (de Raquel) de
médio, virou frequentadora do en- arte geométrica, abstrata, minima- acreditar em artistas que não tinham
tão recém-inaugurado Masp, onde lista e conceitual. Teve sedes assi- reconhecimento”, ela afirma. “Se-
fez um curso de história da arte. nadas pelos arquitetos Lina Bo Bar- guiremos com identidade própria e
Amiga da família Segall, casou-se di, Ruy Ohtake e Felippe Crescenti. carinho pela arte”, conclui. ß
com Oscar, filho de Lasar. Estudou
ciências sociais na Escola Livre de
Sociologia e Política, mas tinha pai-
xão mesmo pela arte. Após a morte
do artista lituano, ajudou a organi-
FOTOS GALERIA RAQUEL ARNAUD/DIVULGAÇÃO

zar os trabalhos dele e viajou pela


Europa para acompanhar exposi-
ções. De volta ao Brasil, foi convi-
dada por Pietro Maria Bardi para
trabalhar no Masp. Por intermédio
dele, também conheceu o cineasta
Hector Babenco, seu segundo mari-
do, com quem teve uma filha, Myra. A mostra inclui
Depois do Masp, fez estágio na obras como
casa de leilões Collectio, onde co- Physichromie no
nheceu a marchand Mônica Filguei- 2.173 (1986), de
ras (1944-2011). As duas se asso- Carlos Cruz-Diez,
Pente (1983), de
ciaram para fundar o Gabinete de Tunga, e Mudança
Artes Gráficas, em 1973, que viraria de Jogo com Corda
a Galeria Raquel Arnaud. Simulta- de Sisal (2014), de
neamente, atuava como diretora- Frida Baranak
executiva da Arte Global, uma ga-

Veja São Paulo 23 de fevereiro, 2024 17


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Prontos
para servir
Com a intenção de agilizar o serviço e manter
a regularidade, bartenders optam por deixar
drinques, como o clássico dry martini, pré-prontos
Saulo Yassuda

e você chegar a seu bar de co- vermute vão ‘arredondando’ e evo-

S quetelaria predileto e quiser


dar uma de James Bond —
que costumava pedir que seu
vodca martini fosse “batido, não
mexido” —, provavelmente não
luindo em sabor”, acrescenta.
Outra razão para a opção de
deixar as misturas prontas, os cha-
mados pre-batch, é a regularidade
do que vem na taça. “Isso trouxe
vai conseguir grandes alterações um padrão, independentemente de
em sua mistura, se ela for um dry quem preparar o dry”, acredita
martini, por exemplo. Esses e ou- Alex Sepulchro, do SubAstor, com
tros clássicos da coquetelaria não três unidades na cidade, que tam-
são mais preparados na hora em bém adotou a medida e serve um
muitos endereços. Ficam feitos em dry martini geladíssimo, como deve
lotes, pré-preparados, prontos pa- ser. “No retorno da pandemia, re-
ra servir, e a baixíssimas tempera- solvemos otimizar e aprimorar al-
turas. Algo controverso, já que guns padrões. Estávamos com um
todos os rituais do preparo fazem volume menor de clientes, e isso
parte da experiência de bar. Por nos deu tempo para começar a fa-
outro lado, não oferecem grande zer alguns testes.”
prejuízo ao bebedor. Apesar de não se negarem a
O The Liquor Store, nos Jar- preparar o drinque no momento
dins, desde a abertura, no fim de do pedido, alguns profissionais
2022, oferece um ótimo dry marti- torcem o nariz caso alguém queira
ni, que fica já misturado e diluído algo diferente do script, o que cos-
no ponto, conservado a 14 graus tuma acontecer sobretudo com o
negativos. Resfriado até ficar qua- dry martini — a reportagem fez o
se cremoso, é despejado na taça e teste. “Não adianta não ter a op-
vai ao cliente com três guarnições: ção de que ele seja feito na hora.
cebolinha-pérola, azeitona verde e Martini é muito específico para
casca de limão. “A gente ganha certas pessoas, então é bom ter
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tempo para focar a hospitalidade”, todas as opções”, acredita a con-


justifica o bartender Caio Carva- sultora de bares Chula Barmaid,
lhaes. “E alguns coquetéis com que prepara um novo espaço em

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Pinheiros. No Santana Bar, no 2023, a maioria dos autorais já é


mesmo bairro, a bebida também é elaborada em lote, assim como
mexida na hora, ao gosto do fre- clássicos sem limão, como o old
guês — a quantidade maior ou fashioned. “A gente começou a
menor de vermute no gim depen- fazer assim depois de se empenhar
de da preferência do cliente. “Ca- em estudar mais sobre padroniza-
da um tem o seu”, defende o anfi- ção de serviço. Partimos do pen-
trião Gabriel Santana, que só dei- samento de qual seria a tempera-
xa pronta a versão chamada de o tura e o volume perfeitos para o
dry mais gelado do mundo, pois é serviço de todos os coquetéis”,
resfriada com nitrogênio líquido. revela o bartender Lula Mascella.
Outros clássicos além do dry O estilo de “prontos pra ser-
martini também ficam guardados vir” é ainda mais radical em lu-
em lotes em diferentes bares da gares como o Raiz Club, em Pi-
cidade, seguindo uma tendência nheiros, onde o público curte um
mundial que roda de Londres a som ao vivo ao lado de coquetéis
Nova York desde a década passa- da marca APTK, que já chegam
da. No Bar dos Arcos, o rob roy e engarrafados. Apesar da pratici-
o dunhill são alguns deles. No Te- dade, há espaços que preferem
rê, na Vila Buarque, e no Regô, no ainda entregar tudo do zero ao
Centro, que pertencem aos mes- cliente. É o caso do pequeno Fel,
mos donos, o negroni, o boulevar- onde apenas treze fregueses por
dier e o vesper costumam também vez bebericam clássicos e receitas
ficar prontinhos à espera do pedi- antigas resgatadas no térreo do
do. No Picco, em Pinheiros, o me- Copan. “Nosso conceito é quem
lhor bar de drinques por VEJA sabe faz ao vivo”, brinca o barten-
SÃO PAULO COMER & BEBER der Felipe Rara. ß

Dry do
The Liquor
Store:
conservado
a 14 graus
negativos

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la fez parte da primeira turma

E do Samu, o Serviço de Aten-


dimento Móvel de Urgência,
em 1992. De lá para cá, co-
mandou milhares de socorros mé-
dicos e encarou uma série de catás-
trofes em São Paulo e na região
metropolitana — da explosão no
Shopping Osasco, em 1996, que
deixou 42 mortos e mais de 300
feridos, ao desabamento do teto de
uma igreja no Cambuci, em 2009,
com sete vítimas. Com uma estatu-
ra física que não chega a 1 metro e
meio e uma energia de fazer inveja
a qualquer jovem, a mineira Maria
Jalva de Moraes, 72, passou a coor-
denar, em 2023, a área de enferma-
gem do serviço, que recebe mais de
5 000 ligações por dia na cidade
— e avisa: só descansa quando vier
a aposentadoria compulsória, pre-
vista para os 75 anos.
O Samu foi instituído em âmbi-
to nacional em 2003, mas existe na
capital paulista desde o início dos
anos 1990. Maria Jalva e a turma
pioneira foram os responsáveis por
criar, em 1992, um curso de quali-
ficação para profissionais de saúde
que quisessem atuar em um serviço
de emergência nas ruas. É a única
Maria Jalva: pessoa do grupo que ainda trabalha
FOTOS LEO MARTINS

na chefia, mas na área de enfermagem do Samu.


sempre com
um pé nas ruas Mineira de São Gotardo, a en-
fermeira teve a vida marcada por
lances do acaso. Até a adolescên-

Forjada nas cia, viveu grudada em Maria Mau-


ra, uma das três irmãs (as outras
se chamam Maria Dalva e Maria
Antonina). Maura se mudou para
São Paulo para virar freira, em

emergências
Enfermeira há mais tempo no Samu, a coordenadora
1970, e Jalva veio a reboque. Aca-
bou em um curso de auxiliar de
enfermagem no hospital Benefi-
cência Portuguesa, na Bela Vista,
por indicação das companheiras
religiosas da irmã. “Eu não tinha
Maria Jalva ajudou a construir o serviço e, aos 72 anos, avisa a menor ideia do que era a profis-
que só vai descansar quando for obrigada Guilherme Queiroz são”, lembra.

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Trabalhou alguns anos na Bene-


ficência, depois entrou para o ser-
viço público estadual, onde atuava
no atendimento a moradores de rua,
no Brás. Ficou mais de uma década
no emprego. Nesse período, chegou
a acusar o cansaço e tentou mudar
de área. “Estava desgastada. Prestei
faculdade para o curso de letras, em
Guarulhos, com enfermagem como
segunda opção”, ela conta. Nova-
mente, o acaso agiu, e Maria Jalva
foi aprovada só para o “plano B”.
A faculdade de enfermagem ser-
viu como uma injeção de ânimo.
“Passei a cultivar o sonho de traba-
lhar no Hospital do Tatuapé, que eu
via todo dia a caminho das aulas”,
diz. Em 1988, ela entrou para a área
de saúde da prefeitura — e o pri-
meiro emprego foi justamente co- Na central que recebe os chamados
mo enfermeira naquele hospital. (acima); e na sala onde trabalha:
Jalva chega diariamente às 5h30 mesa com ambulâncias em miniatura
ao Samu, cuja sede fica no Bom Re-
tiro, na região central. Chama alguns meira do Samu e está aposentada.
dos colegas de “filhos”, afinal, for- “Ela já fez de tudo para me levar de
mou diferentes gerações no serviço. volta para Minas, até comprou um
Até 2019, ela coordenava o atendi- sítio. Mas eu não quero, vou ficar
mento na região do Tatuapé, na Zona aqui até me aposentar e, depois,
Leste. Apesar do cargo de chefia, continuar trabalhando de alguma
nunca ficou parada no escritório. “Em forma”, diz a coordenadora.
chamados graves, eu sempre ia junto. Com mais de três décadas de ser-
É preciso estar próxima das equipes”, viço, é difícil apontar um caso mais
ela avalia. Depois, tornou-se respon- marcante. “Todos são. A gente sem-
sável pela coordenação da enferma- pre sai pensando no que poderia ter
gem na região central. Em maio do feito diferente”, ela diz. A única cer-
ano passado, acabou enfim convidada teza é a enorme importância que o
para coordenar a área em toda a cida- Samu teve para a cidade. “Basta se
de, onde existem 86 bases e 122 am- deira explodiu e deixou cinco mor- lembrar de um acidente da época em
bulâncias do serviço médico. tos e trinta feridos em Cabreúva, no que eu trabalhava no hospital do Ta-
Apesar de não frequentar roti- interior. Mas viver a correria das tuapé, em 1989, antes de existir o
neiramente o front das ruas desde ambulâncias tem sido cada vez serviço”, ela diz. “Um avião car-
2013, ela conta que fez o último mais raro. “Uma hora você não gueiro caiu perto do Aeroporto de
atendimento apenas dois meses consegue mais (manter a rotina). Guarulhos, deixando 25 mortos. O
atrás. “Eu voltava do serviço quan- Vai fazer uma reanimação e corre hospital começou a receber corpos
do vi um senhor obeso passar mal risco de virar a vítima”, brinca. e feridos aos montes. Poderiam ter
em um dia de calor. Eu o amparei e Desde 1979, Jalva vive em um direcionado vítimas menos graves a
só saí quando chegou a equipe”, apartamento na Aclimação com outros hospitais, mas todas foram
conta. No ano passado, também es- uma das irmãs, Maria Dalva, que para lá”, ela lamenta. Uma boa coor-
teve no acidente em que uma cal- também fez carreira como enfer- denadora teria feito a diferença. ■

Veja São Paulo 23 de fevereiro, 2024 21


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ERIC ANANMALAY/UBISOFT/DIVULGAÇÃO
Lorenzo, da
Team Liquid:
brasileiros
na disputa

Finais no Ibirapuera
São Paulo recebe pela primeira vez a decisão de uma competição internacional
de “e-sport”, que distribuirá 15 milhões de reais aos ganhadores Guilherme Queiroz
os próximos dias, o Ginásio “e-atletas” vêm de países como Es- Neste ano participam os times

N do Ibirapuera deve reunir


mais de 10 000 pessoas nas
arquibancadas para assistir à
final de um campeonato de
“e-sport”, ou esporte eletrônico —
tados Unidos, Japão e Austrália. O
Brasil tem cinco times entre os vinte
que disputam o mundial. Somente
seis chegam às finais para brigar pe-
la premiação de 3 milhões de dólares,
brasileiros w7m, LOS, Ninjas in
Pyjamas, FaZe Clan e Team Liquid.
“Para chegar ao Invitational, eles
competiram e somaram pontos ao
longo de 2023”, explica Montoya.
aquilo que antigamente se chamava cerca de 15 milhões de reais. Cada partida é dividida em etapas,
de videogame. Com a presença de Será a primeira vez que o Six os chamados rounds. Quem ganhar
times internacionais e praticamente Invitational é disputado com pre- sete rounds primeiro vence.
todos os ingressos esgotados, o Six sença de público fora do Canadá, Entre os brasileiros proeminentes
Invitational começou no dia 13 e onde o jogo foi desenvolvido. O na modalidade está o paranaense Lo-
segue até domingo (25), com a pre- campeonato é organizado pela renzo Volpi (acima), 22, conhecido
sença de público nas decisões dis- Ubisoft, empresa francesa de jo- como Lagonis, capitão da equipe da
putadas a partir de sexta (23). gos. “O país foi escolhido pelo Team Liquid, uma empresa europeia
Os times duelam no Rainbow Six bom momento que vivem os times de equipes de e-sports. “No jogo,
Siege, um jogo de tiros em primeira brasileiros e também pelos milha- atuo em uma posição similar à de um
pessoa (o jogador tem a visão do per- res de jogadores que temos aqui”, zagueiro no futebol. Estudo o nosso
sonagem), em que equipes de cinco explica Leandro Mon toya, 43, di- plano e dou suporte”, explica.
se enfrentam — cada grupo ataca ou retor de e-sports da Ubisoft para a Na infância, Volpi era apaixona-
defende, a depender da rodada. Os América Latina. do por esportes e praticou natação,

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Final no Canadá,

CAPTURED BY SIGA/UBISOFT/DIVULGAÇÃO
em 2023;
e a bateria
Dezorganizada
Furiosa (abaixo):
percussão e
cantos para os
times da casa

gadores e influenciadores, além de


shows de música”, diz Montoya.
Os ingressos, praticamente esgotados,
custam de 25 a 700 reais. Na arqui-
bancada, os torcedores podem esperar
uma atmosfera parecida com a de uma
partida de futebol, com direito inclu-
sive a torcidas organizadas e bateria.
Um exemplo é a bateria Dezor-
ganizada Furiosa (ao lado), criada
pelo carioca Yuri Vasconcelos, 34,
uma presença constante em eventos
voltados ao público gamer na capi-
FABIO PADILHA/DIVULGAÇÃO

tal paulista, como a Comic Con Ex-


perience e a Brasil Game Show.
“A ideia surgiu em 2022, quando
levei um surdo para um campeona-
do de Counter Strike (outro jogo de
judô e futsal até se encontrar no tê- Em 2022, Lorenzo passou a jogar tiro)”, conta Vasconcelos, que tam-
nis, com o qual chegou a ganhar para a Team Liquid, por isso mora bém atua como diretor de comuni-
campeonatos. “Mas me machuquei, em um prédio que a empresa equi- dades da Furia, uma organização
tive uma lesão que me tirou das qua- pou para os e-sports na Avenida An- voltada aos esportes eletrônicos.
dras aos 13 anos”, ele diz. No perío- gélica, na região central. O edifício Vasconcelos, então, formou um
do lesionado, a vida deu uma guina- de treze andares tem dormitórios grupo com outros torcedores que
da. “Comecei a jogar Rainbow Six e para 38 jogadores e é onde a equipe também passaram a levar instrumen-
me apaixonei por fazer lives das de Rainbow Six treina e se concentra tos de percussão e a entoar cantos
partidas”, conta Lagonis, que tem para os jogos. Na maior parte da se- para empurrar as equipes brasileiras
mais de 200 000 seguidores na pla- mana, os atletas seguem uma rotina nas partidas de games como League
taforma Twitch, usada pelos strea- que se inicia às 13h e vai até as 20h. of Legends, Valorant e Rainbow Six.
mers. Aos 16 anos, ele já treinava Por via das dúvidas, quando come- “No total, já temos cinquenta pes-
em equipes amadoras que se desta- çou a treinar profissionalmente, ele soas na nossa organizada”, ele con-
cavam. Aos 18, recebeu um convite também se inscreveu em uma facul- ta. Nos próximos dias, vão se juntar
do time profissional Black Dragons. dade de publicidade e propaganda. ao coro de mais de 10 000 pessoas
“Para se profissionalizar, você pre- “Fiz a matrícula e tranquei o curso no ginásio que já recebeu Jogos Pan-
cisa ser maior de idade”, explica. por um ano, para voltar caso ser jo- Americanos, mundiais de basquete
A primeira grande conquista veio no gador não desse certo”, lembra. e vôlei e partidas de tênis da ATP
Mexico, em 2021, quando liderava “No Ibirapuera, teremos meet and — dessa vez, porém, a disputa esta-
uma segunda equipe, a Team oNe. greet (encontros para os fãs) com jo- rá apenas nas telas. ■

Veja São Paulo 23 de fevereiro, 2024 23


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Apresentação de
Ceumar: nomes
revelados só no dia

Novos palcos
“secretos”
Projeto itinerante de shows intimistas, Tranquilo SP volta
em março e prepara novidades, como clube de membros
e edições especiais aos sábados Tomás Novaes
o longo do último ano, os des, como um clube de membros e

A amantes de música em São


Paulo tiveram um evento
edições aos sábados.
O Tranquilo nasceu em Belo
FOTOS LUISA SAVALA/DIVULGAÇÃO

sempre marcado na agenda Horizonte, em 2018, no quintal do


nas noites de segunda-feira: o músico Thales Silva, 38. “Eu estava
Tranquilo SP, um projeto itineran- frustrado com a minha carreira mu-
te de shows intimistas, com atra- sical. Tinha investido nisso e grava-
ções reveladas somente no dia ou do dois discos, mas a cena foi em-
na véspera dos encontros e locali- purrada mais para o entretenimento
zação enviada apenas aos interes- e menos para a canção. Criei o pro- 400 pessoas — e a participação de
sados. A programação dá visibili- jeto pensando em gerar um espaço atrações de fora do circuito mineiro,
dade a nomes emergentes e reuniu para artistas com trabalhos simila- a ideia mostrou que poderia ter um
mais de 13 000 pessoas e 151 mú- res, fora das grandes mídias e com alcance nacional. Ao final de 2022,
sicos em onze endereços em 2023. pouco público”, ele conta. o Tranquilo estreou em São Paulo,
Com retorno marcado para 4 de Com as edições cada vez maiores em uma sociedade entre Thales e a
março, a iniciativa prepara novida- — saltaram de quarenta para mais de produtora mineira Fernanda Bche-

24 Veja São Paulo 23 de fevereiro, 2024


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che, 39. “Eu trabalhava com artistas


menores, era um desafio vender se-
tenta ingressos para um show. Ao
mesmo tempo, as pessoas saíam de-
les maravilhadas. Por que mais gen-
te não ia, então? Acreditei que o
Tranquilo seria uma solução para
esse problema”, ela conta. Hoje, o
projeto funciona simultaneamente
nas duas cidades e envolve cerca de
cinquenta funcionários, com público
médio de 470 visitantes por encon-
tro. Na capital paulista, o projeto
recebeu músicos como Marcelo Je-
neci, Jards Macalé, Moreno Veloso
e Silvia Machete, que, apesar de
mais consagrados, ainda assim são
ligados à cena independente.
As noites do Tranquilo não têm
um roteiro exato, já que o mote do O duo
projeto é a descoberta. O normal é Dois Ô Um
que o evento tenha três shows curtos, (acima),
com Emílio
cujos nomes são divulgados somen- Dragão e
te na data. O endereço é “secreto” Pri Glenda;
— é preciso comentar ou responder e o lema
postagens no Instagram para receber de todas as
as coordenadas. O público normal- noites no
encontro
mente se senta no chão. O valor do
ingresso é voluntário, com sugestão
de 30 reais. Não existem comandas:
as bebidas são pagas na base da con-
fiança. “As pessoas podem ir ao iso-
por, pegar algo e pagar depois, tanto
no caixa quanto via Pix. Não precisa que, no longo prazo, serão essas a gente passaria nas seleções, mas
entregar ficha e ninguém vai confe- pessoas que nos darão sustentabili- estaríamos reforçando a ideia de
rir, então é, de fato, um consumo na dade. Somos uma iniciativa multi- que, para consumir cultura, você
confiança”, explica Thales. Além dos plataforma para exaltar e propagar o não precisa pagar. A maior parte do
shows da noite, também acontecem trabalho dos artistas, então não po- nosso público pode pagar, são pes-
sessões de “música olho no olho”, demos falar só para cinquenta pes- soas que já gastam no fim de sema-
em que artistas na plateia podem to- soas”, explica o músico e empreen- na em casas de show”, afirma Fer-
car ou cantar uma música cara a cara dedor. Outra novidade de 2024 serão nanda. Para os sócios, a iniciativa
para outra pessoa. as edições esporádicas aos sábados, tem também um cunho lúdico e
Em 2024, o Tranquilo tem novi- para alcançar um público que não educativo. “A ideia de só divulgar
dades em vista. A principal será um pode comparecer às segundas. as programações de última hora é
clube de membros, que pode incluir Segundo Thales, o Tranquilo se provocar a descoberta, é um convi-
benefícios como prioridade de in- mantém financeiramente somente te para que as pessoas compareçam
gresso, descontos na lojinha do com os valores da contribuição do independentemente de quem vai
show e encontros com artistas. “Te- público. “Já perguntaram porque tocar. É fazer com que olhem para
mos uma comunidade que precisa- não usamos alguma lei de incentivo esses artistas com a atenção que
mos fomentar, porque a gente sabe cultural. Não tenho dúvidas de que eles merecem”, conclui Thales. ■

Veja São Paulo 23 de fevereiro, 2024 25


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Os jurados Lucas
Corazza, Michele
Crispim e Carole Crema
com o apresentador
Felipe Bronze ao centro:
quarenta episódios
ADALBERTO DE MELO PYGMEU/DIVULGAÇÃO

Disputa açucarada
Que Seja Doce, exibido pelo GNT, chega à décima temporada reunindo 2 000 inscrições
Arnaldo Lorençato
ucesso do açúcar, o reality de em 2017. A nova avaliadora estará Exibido pelo canal pago GNT,

S confeitaria Que Seja Doce


chega à décima temporada
cheio de novidades. Tem es-
treia marcada para 11 de março e se
estende até 3 de maio — são qua-
ao lado dos veteranos Carole Crema
(dona de uma loja com seu nome
nos Jardins) e Lucas Corazza (autor
do bordão “Eu pagaria por esse do-
ce”). “Estar ao lado de pessoas que
produzido pela Moonshot Pictures e
dirigido por Gabriel Hein, Que Seja
Doce conquistou o público com uma
fórmula muito simples: no fim de todo
programa, os espectadores conhecem
renta episódios exibidos diariamen- admiro, poder conhecer histórias um vitorioso entre três competidores.
te de segunda a sexta. Depois de incríveis e ainda provar doces deli- Da estreia em 2015 até o final desta
nove edições, há mudança de elen- ciosos é um privilégio. Estou ansio- temporada, terão passado pelas ban-
co. Do trio original de jurados, Ro- sa para ver o resultado”, diz Miche- cadas do estúdio — agora na Barra
berto Strongoli deixou o programa. le sobre o reality. A apresentação Funda, onde pude acompanhar uma
Para o lugar dele, foi convidada permanece com o chef Felipe Bron- das provas com exclusividade — 1 224
Michele Crispim, ganhadora da ze, do restaurante Pipo, em São confeiteiros, que prepararam gulosei-
quarta temporada do MasterChef, Paulo, e do Oro, no Rio de Janeiro. mas auxiliados por 960 ajudantes. Em

26 Veja São Paulo 23 de fevereiro, 2024


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uma década, foram elaboradas e ava- tunidade de ver era dedicado à gran-
liadas cerca de 2 040 sobremesas. de cozinheira e comunicadora Pal-
As disputas funcionam como uma mirinha Onofre, falecida em maio
vitrine para quem deseja empreender passado, aos 91 anos — a culinaris-
na área. Para se ter uma ideia, nesta ta, que despontou no Note e Anote,
temporada, os produtores contabili- de Ana Maria Braga, na Record, e
zaram 1 100 novos inscritos e infor- fez muito sucesso com o programa
mam ter revisitado 900 fichas de anos TV Culinária, na TV Gazeta, é a úni-
anteriores. Ou seja, com as duas levas ca homenageada nesta temporada.
de cadastro, 2 000 pessoas demons- As competidoras autodidatas
traram interesse em participar. Priscila Moraes, Janaína Barros e
Entre os nomes mais cintilantes Tama Euzebio, previamente infor-
revelados pelo programa está o de madas sobre os temas a que teriam
Arcelia Gallardo, que levou um tro- de se dedicar, tinham como auxi-
féu na segunda temporada. A ame- liares Mauro Vinicius, Ricardo Ga-
ricana nascida em Los Angeles che- lhardo e Patricia Tiburcio, respec-
gou a São Paulo em 2014 e montou tivamente. Na primeira prova eli-

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a Mission Chocolate, seduzida pela minatória, a missão de cada uma
ideia de usar o cacau produzido no delas era fazer um sonho inspirado
Brasil. Além de uma fábrica no por aquela que foi a vovó mais do-
Brooklin e de uma loja própria aber- ce do Brasil. Só duas delas passa- Arcelia Gallardo: campeã na
ta em março do ano passado, Arcelia ram à segunda etapa. Para assistir
se consagrou ao ganhar o prêmio de a essa competição e saber o nome
segunda temporada e dona
melhor chocolate de VEJA SÃO da campeã, será preciso conter a da Mission Chocolate,
PAULO COMER & BEBER 2023. ansiedade. Esse é o episódio de nú- o melhor da categoria pelo
Gravado em 10 de novembro, o mero 21 e está previsto para ir ao COMER & BEBER 2023
episódio cuja gravação tive a opor- ar em 1º de abril. ■
ARNALDO LORENÇATO

Estúdio na Barra Funda:


programa em homenagem
à Palmirinha

Veja São Paulo 23 de fevereiro, 2024 27


Distribuição 100% gratuita - Clube de Revistas
Distribuição 100% gratuita - Clube de Revistas

Nossos
postais @msonohara/divulGação

Mostra reúne fotos dos Sede da exibição:


pontos turísticos e históricos na Avenida Paulista
de São Paulo em exposição
no Conjunto Nacional
Guilherme Queiroz
á mais de 1 400 cliques pu-

H blicados no Instagram do
fotógrafo Marcelo Sonohara,
59, dono de um dos princi-
pais perfis dedicados às fotos aéreas
da capital paulista. Em 27 de feve-
reiro, ele e outros dezenove profis-
sionais levam uma seleção de belas
imagens da cidade à exposição
Explorando São Paulo, no Conjun-
@edvirtua/divulGação

to Nacional, na Avenida Paulista.


“Haverá 23 fotografias no cor-
redor principal do edifício históri- Pátio do Colégio:
um dos 23 cliques
co”, explica Sonohara. A curadoria
das imagens é assinada pelo próprio
fotógrafo, que há tempos acompa-
nha o trabalho dos outros partici-
pantes da mostra, todos dedicados
a clicar a metrópole com celulares,
máquinas profissionais e drones.
Não é a primeira exposição do
fotógrafo naquele espaço. Em ja-
neiro de 2023, Sonohara exibiu ali
outra seleção de imagens, na oca-
sião sobre a própria Avenida Pau-
lista. Agora, as fotografias retratam
endereços como o Palácio da Justi-
@Grazzianniesposito/divulGação

ça, o Museu Catavento, o Instituto


Butantã, o Parque Ibirapuera, o
bairro de Paraisópolis e outros lu-
gares simbólicos de São Paulo. Parque Ibirapuera:
A mostra é gratuita e estará em car- paisagem simbólica
taz até 27 de março. ■

Veja São Paulo 23 de fevereiro, 2024 29


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CONSUMO

AS BOAS COMPRAS

Hidrate-se
Produtos para manter o consumo
de água no dia a dia
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Compre aqui
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RestauRantes
Arnaldo Lorençato | alorencato@abril.com.br

Cozinheiro
de futuro
se há uma palavra que não existe no vo-
cabulário do colombiano mario Panezo é acomo-
dação. o chef revelação por VeJa são Paulo Co-
meR & bebeR 2023 já reformulou quase que todo
o cardápio do Feriae, que abriu junto com o só-
cio Pedro bresser em Pinheiros. as entradas en-
cantam. belezinhas envoltas em massa frita, as
empanadas de kimchi com queijo quina
(R$ 42,00, quatro unidades) expressam um jogo
de sabores dos mais agradáveis com o picante do
fermentado coreano de acelga com pimenta ver-
melha em pó. ainda na mesma linha vegetariana,
o alho-poró marinado em vinagre e assado na
brasa vem com molho romesco e queijo quark

FOTOS RICARDO DANGELO


(R$ 42,00) — pena que seja tão difícil de cortar
em pedaços. em nacos grandes salteados, o co- Mario Panezo: um
gumelo shiitake ganha molho carbonara de gema chef que vai longe
curada e é polvilhado por generosa quantidade
de pimenta-do-reino e cogumelo-de-paris cru la-
minado (R$ 55,00). Chega na companhia de fo-
caccia grelhada. massa fresca al dente, o papar-
delle é enriquecido por um saboroso ragu de co-
elho ao qual se adiciona gremolata e uma nuvem
de queijo kanonenko, produzido na parte mais
alta da serra da mantiqueira do lado mineiro (R$
92,00). Com o formato de uma bistecona, o short
rib de porco canastra agora é ladeado por salada
de batata e rúcula (R$ 91,00). Com uma capa de
merengue e calda fresca de framboesa, o moran-
go fermentado e chantili (R$ 42,00) é uma tenta-
ção entre as sobremesas. Rua Padre Carvalho,
171, Pinheiros ☎ e 96381-0171 (56 lugares).
12h/15h e 19h/23h (sáb. sem intervalo; dom. só al- Pappardelle ao ragu de coelho: oculto Alho-poró: delícia
moço até 17h; fecha seg.). ⑥ (R$ 100,00) → ② por uma núvem de queijo ralado difícil de cortar
@feriae_sp. Aberto em 2023. $

símbolos utilizados nesta edição


Faixas de preço por pessoa $ até R$ 175,00 Cotações Fraco Serviço
← Péssimo Regular Whatsapp ② delivery
Refeição com couvert, um prato $$ R$ 176,00 a 255,00 bom
de custo médio, sobremesa, $$$ R$ 256,00 a 450,00 Rolha Retiradas
Ótimo acessibilidade instagram
água mineral e serviço $$$$ a partir de R$ 451,00 excelente

32 Veja São Paulo 23 de fevereiro, 2023


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I
NSK
RO
OW
SK

IA
LIG
MUDANÇA NA COZINHA T-bone de gado
com mais de sete
anos: aos cuidados
Quando estreou em 2022, o Urus era uma promessa. do novo chef
Nascia por vontade dos sócios Acilene e Jean Clini, que Cassiano Oliveira
informaram ter investido 12 milhões de reais no restauran-
te, cujo menu apresentava a culinária do Mato Grosso,
rara em São Paulo. Além de pratos como capelete de pi-
ranha do Pantanal e coentro no brodo do próprio peixe,
tinha cortes como a ótima entraña, extraída da parte de
fora do diafragma. Depois de uma etapa promissora, o
estabelecimento perdeu qualidade no ano passado. De
olho no negócio, Clini ensaia uma retomada. O empresá-
rio convidou, no fim de 2023, Benoît Mathurin para repa-
ginar o cardápio e ser o novo titular da cozinha. O chef,
também do Esther Rooftop e do Iaiá Cave à Manger, faz
pratos franceses como o côte de boeuf com tutano ao
molho bordelaise e batata dauphinois (R$ 650,00, para
quatro), mais sugestões variadas, caso do sashimi de
atum com maracujá, rabanete e pimenta (R$ 85,00) e do
tagliatelle com camarão e molho bisque (R$ 139,00). O
menu traz ainda entre as sobremesas a panacota de milho
e goiabada com sorvete de baunilha, massa sablée e pi-
poca (R$ 37,00). A conferir. Praça do Vaticano, 321, Jardim
Europa, ☎ 97072-0734. → @urus.restaurante. $$$
NEUTON ARAÚJO/DIVULGAÇÃO

Benoît Mathurin:
estreia no Urus

CARNE (MAIS) VELHA


O Cór não está só ficando mais ve- poníveis in natura (R$ 150,00 a R$
lho. A casa de grelhados, premiada 280,00) e o prime rib e o t-bone,
pelo COMER & BEBER em 2022 co- maturados a seco (R$ 54,00 a R$
mo a melhor de sua categoria e 62,00 por 100 gramas). Ainda em
que completa sete anos em março, clima de celebração, na terça (5), a
incluiu no menu cortes de gado partir das 19h, a casa terá um jan-
com mais de sete anos, a chamada tar especial preparado por treze
vaca velha. Esse tipo de carne, de cozinheiros, entre eles Giovanna
sabor mais marcante e textura ma- Grossi, do Animus, Onildo Rocha,
cia, antes era servido esporadica- do premiado Notiê (ambos de São
mente, mas agora deve aparecer Paulo), Rafa Costa e Silva, do cario-
com mais regularidade. É o que ca Lasai, e Gerônimo Athuel, do
prometem os sócios e o novo chef, também carioca Ocyá . O preço, de
Cassiano Oliveira, que entrou no R$ 1 150,00, dá direito ao menu har-
TADEU BRUNELLI/DIVULGAÇÃO

grupo para cuidar do bar Drunks, monizado com festa após o jantar.
montado em cima do Osso, no É necessário reservar. Praça São
Itaim Bibi, e agora acumula mais Marcos, 825, Alto de Pinheiros,
este posto. Bife ancho, bife de cho- ☎ 3726-2908. → corgastronomia.
rizo, maminha e picanha estão dis- com.br. $$$ (Saulo Yassuda)

Veja São Paulo 23 de fevereiro, 2024 33


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RESTAURANTES

DIFERENTES
SABORES
DA ÁSIA
> ASIATIQUE COZINHA Lagostim ao vapor:

LIGIA SKOWRONSKI
prato do Kazuo que
CASUAL representa a Malásia
Antes chamado de Little Tokyo,
o Asiatique é ótimo para quem
procura belisquetes. Uma das > KAZUO curry amarelo de frutos do co de arroz ao molho agridoce,
opções pode ser o katsu sando O chef Kazuo Harada, eleito mar que variam a depender além de amendoim, ovo, casta-
(R$ 44,80), sanduíche recheado chef do ano por VEJA SÃO do dia. Rua Prudente Correa, nha-de-caju, cebolinha, coentro,
de milanesa de porco. Outra PAULO COMER & BEBER 2023, 432, Jardim Paulistano, ☎ e broto de feijão, cebola-roxa, li-
sugestão da casa é o bentô, fa- comanda esse restaurante 97620-8488. → ② mão e pimenta. Se preferir um
mosa marmita japonesa, com que faz um passeio pelas di- @kazuo.restaurante. $$$ sushi, a versão do uramaki de
karaage ou frango frito, arroz, versas culinárias asiáticas em carapau com gengibre e aspargo
vegetais chapeados e guioza de um menu degustação com > MI.ADO o próprio cliente mergulha numa
legumes. Custa R$ 53,80. Rua onze etapas (R$ 450,00). A É o endereço asiático do Grupo mistura de gema caipira crua
Doutor Virgílio de Carvalho Pin- Malásia é representada no la- Eme, liderado pela chef Renata com shoyu (R$ 58,00, oito uni-
to, 98, Pinheiros, ① Fradique gostim ao vapor, com alho, Vanzetto. Clássico tailandês, o dades). Rua Bela Cintra, 1533,
Coutinho, ☎ 3082-9783. → alho-poró crocante e azeite de pad thai (R$ 124,00) vai com ca- Jardim Paulista, ☎ 98232-7677.
② @asiatique.br. $ gengibre. Já a Tailândia vem no marão e frango no talharim típi- @restaurante.miado. $$

Entre fatias de pão


Junto aos pratos que exalam brasilidade, de melado de tucupi e tucupi preto,
o chef José Guerra incluiu três sanduí- queijo cheddar, bacon, cebola caramela-
ches no menu do Dalva e Dito que tam- da, crocante de cebola e picles de maxi-
bém prestam reverência ao receituário xe. O sanduíche de pernil (foto; R$
nacional. Dois deles são hambúrgueres: 27,00), com o ragu da carne, maionese e
o salada dalva burguer (R$ 39,00), de picles de maxixe, é montado na miniba-
carne angus no brioche com queijo guete. As pedidas são servidas tanto no
gruyère, maionese de coentro, mostar- salão do restaurante quanto no Mercadi-
RICO ALENCAR/DIVULGAÇÃO

da, picles de cebola, alface-americana, nho Dalva e Dito, espaço de comidinhas


tomate e cebola-roxa, e o dito burguer logo na entrada. Rua Padre João Manuel,
(R$ 45,00), com dois discos de carne 1115, Jardim Paulista, ☎ 3068-4444. →
prensados no pão preto com maionese ② dalvaedito.com.br. $$$ (S.Y.)

BAIXE O APP DO COMER & BEBER


E ESCOLHA O SEU ESTABELECIMENTO
34 Veja São Paulo 23 de fevereiro, 2023
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VINHOS
Marcelo Copello

CRESCENTE ONDA ROSA


O brasileiro, definitivamente, incluiu o vinho rosé em sua taça. Os demia também ajudou na expansão, mas de todos os tipos de
números do crescimento desta categoria são impressionantes. Em vinho. O pós-pandemia contribuiu para os rosados de duas ma-
2019, antes da pandemia, a importação de rosados representou neiras. Uma delas foi a volta dos consumidores ao convívio pes-
menos de 9 milhões de garrafas. O ano de 2022 foi encerrado com soal, aos bares e às festas, onde o consumo de espumantes e
quase 24 milhões de garrafas de rosados entrando no país (núme- vinhos brancos e rosados é maior. Houve também uma euforia
ros da Product Audit), o que representou um aumento de quase de importações na pandemia, e hoje há muito estoque no mer-
270%. Até o momento, com números até agosto passa- cado, principalmente de tintos, enquanto os rosados,
do, o incremento acumulado entre 2019 e 2023, chega a Compre aqui que giram mais rápido, tiveram maior renovação de
320%. Em 2024, enquanto o mercado como um todo reservas. Não devemos esquecer também, como cau-
encolheu 10%, os rosados cresceram 58% e representam sas do crescimento, os novos consumidores da gera-
cerca de 15% da fatia dos importados como um todo. ção Z, que, em geral, preferem vinhos mais leves. E,
Mas o que levou o rosé a disparar nas preferên- por último, e mais importante, a qualidade dos rosés
cias? Antes, é importante ressaltar que a elevação, em- melhorou significativamente em todo o mundo, com
bora a taxas menores, é um fenômeno mundial. A pan- exemplares mais frescos e bem acabados.

FAISÁN CABERNET BALLADE CABERNET


FRANC ROSÉ 2023 SAUVIGNON ROSÉ 2023
Da vinícola Familia Traversa, Elaborado pela Miolo para a
da região de Montevidéu, no Wine, com uvas da região da
Uruguai. Elaborado em tanques Campanha Gaúcha, 100%
de inox com uva cabernet franc. cabernet sauvignon. Cor-de-
De cor clara, em tons entre rosa e rosa-claro. Aroma de frutas
casca de cebola. Aroma fresco de bem frescas, framboesa e
frutas vermelhas, como morango. nota herbácea. Paladar leve, de
Paladar leve, macio e fácil de acidez muito boa, com apenas
beber, com 13% de álcool. 12% de álcool e uma ponta
R$ 44,59 na Wine. de doçura. R$ 46,94 na Wine.

VILLA RIVIERA PAYS D’OC ROSÉ 2021


GRAND RESERVE 2020 Um vinho rosado do produtor
Das Côtes de Provence, elaborado Michel Chapoutier, com
com as castas locais grenache, uvas grenache, cinsault e syrah
tibouren e cinsault, com 13% de da região de Languedoc-
álcool. De cor muito clara, aromas Roussillon. Elaborado em aço
frescos, com delicadas notas de inox, sem passagem por
frutas vermelhas e florais. madeira, 12,8% de álcool. Cor-de-
Paladar leve, de textura macia, rosa-claro, com notas de frutas
no melhor estilo clássico, vermelhas, paladar leve e fresco.
leve e elegante da região. Pede taças menores, de vinho
FOTOS DIVULGAÇÃO

R$ 159,90 na Evino. branco. R$ 99,90 na Evino.

Veja São Paulo 23 de fevereiro, 2024 35


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BARES
Saulo Yassuda

Izakaya
moderninho
O Momokuri, com jeito de izakaya moderni-
nho, é um dos novos ocupantes boêmios da Rua
Vupabussu. Fica montado ao lado do Arlete Bar e
Mercearia, casa da mesma dona, Mônica Cury, e já
tem ganhado os próprios fãs. Apresenta um salão à
meia luz e mesas concorridas na calçada, onde o
público esvazia cervejas long necks (a partir de
Salão à meia-luz: R$ 14,00) ou doses de saquê (o japonês Gekkeikan,
sugestões como sanduíche um junmai , sai a R$ 53,00). Essas são opções de
de ovo e salada de pepino
bebidas mais garantidas que os drinques, nem sem-
pre equilibrados — o chu cha hai (R$ 33,00), de
shochu, xaropes de chá-preto e de limão-taiti mais
club soda, tinha excesso de acidez. A petiscagem
pode começar com a boa salada de pepino crocante
(R$ 18,00) temperada com molhos de tahine e de
mix de pimentas. Mais substansioso, o sandovo
(R$ 45,00) traz entre fatias de pão de forma uma
omelete empanada, queijo cheddar, repolho, pepi-
no e maionese. Meio massudinho e mais saboroso,
o wonton (R$ 54,00 a porção) vem na forma de trou-
xinhas de massa com recheio de camarão ao molho
de amendoim e molho de pimentas. Há, ainda, um
sushi bar com opções como o niguiri de buri
(R$ 12,00 a unidade), para quem não consegue viver
FOTOS RICARDO DANGELO

sem arroz ou peixe cru. Rua Vupabussu, 91, Pinhei-


ros, ☎ 96194-4157 (65 lugares). 17h30h/0h (qui. e
sex. até 1h; sáb. 12h/1h; fecha dom. e seg.).
⑥(R$ 75,00). → @momokuri__. Aberto em 2023.

MÚSICA E BOEMIA
Com um grande painel repleto de cores como laranja, amarelo
e azul (foto), o Akoko ocupa uma esquina dos Campos Elíseos.
A música é o chamariz de parte do público acima dos 40 anos —
toda quinta-feira, rola chorinho ao vivo, e de sexta a domingo, MPB e
samba. Curtindo das mesinhas, os visitantes bebem cerveja em gar-
rafa de 600 mililitros (a partir de R$ 18,00) e drinques como o deva-
MARIO ZAMPIROLI/DIVULGAÇÃO

neio (R$ 38,00), de gim, vermute branco, manjericão, mel e uva-


-verde. Para petiscar, a trouxinha de ossobuco (R$ 47,50 a porção)
divide as atenções com a porção de linguiça acebolada (R$ 49,00).
Rua Barão de Campinas, 787, Campos Elíseos, ☎ 95165-7171 (80 luga-
res). 16h/0h (fecha seg. a qua.). → @akokobar. Aberto em 2023.

36 Veja São Paulo 23 de fevereiro, 2024


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COMIDINHAS
Beatriz Imagure

Para uma
refeição
expressa 1

> CONCEIÇÃO DISCOS & CO- > FUTURO REFEITÓRIO O sa-


MES Embalado pela trilha sonora lão com jeito de galpão monta-
do vinil que estiver rodando na do em um velho estacionamen-
vitrola, o endereço de Talitha Bar- to recebe o público do café da
ros tem opções variadas de arro- manhã ao jantar. Entre os pra-
zes. A versão com anéis de lula tos servidos está o mac and
macios, tomate, raspas de limão- cheese (R$ 61,00), massa grati-
siciliano e ervas frescas (R$ 58,00) nada com queijos, bacon, pão fotos lIgIa skowronskI

aparece às sextas. Rua Imacula- crocante e gema curada. Rua


da Conceição, 151, Santa Cecília, Cônego Eugênio Leite, 808, Pi- 2 3
① Marechal Deodoro, ☎ 3477- nheiros, ☎ e 3085-5885. →
4642. @conceicaodiscos. futurorefeitorio.com.br.
> MAPU BAOS & COMIDINHAS > MARCHA E SAI O pequeno res-
> CUSCUZ DA IRINA Irina Cor- > GOOD MARKET O misto de Sensação de público, a casa de taurante de Tatiana Szeles, a chef
deiro, que participou do Master- empório, padaria e café traz culinária asiática tem a cozinha expresso por VEJA SÃO PAULO
Chef Profissionais em 2017, pre- pedidas variadas para uma re- comandada pelos chefs Caio COMER & BEBER 2023, faturou o
para refeições rápidas com sota- feições rápida. A torrada de Yokota e Victor Valadão. Uma título na categoria. Semanalmen-
que do Rio Grande do Norte. O pão da casa coberta de salmão especialidade é o bao 3 , pãozi- te, a casa varia o menu e podem
ser tão 2 (R$ 62,00) combina o curado (R$ 57,00) vem com nho que na versão chamada surgir opções como a alcachofra à
cuscuz nordestino com carne de guacamole, picles de pepino, tradicional (R$ 30,00) combina provençal 1 (R$ 58,00), cozida
sol na nata, queijo de coalho, brócolis, rabanete e molho pancetta, farofa de amendoim, em vinho branco com alcaparra e
salada de feijão-fradinho e coen- ranch e é boa como refeição. coentro e mostarda fermenta- molho de tomate, junto de sopa
tro. Rua Iperó, 47, Vila Madalena. Rua Guarará, 385, Jardim Pau- da. Rua Áurea, 267, Vila Maria- de cebola e pão tostado. Rua Sa-
Não tem telefone. → lista, ☎ 3057-2033. → agood- na, ☎ e 5081-4070. mapu- bará, 473, Higienópolis, ☎ e
@cuscuzdairina. market.com.br. restaurante.com.br. 99525-1019. @marcha_e_sai.

MAIS SORVETE
Com matriz no Itaim Bibi, a sorveteria Mooi Mooi, do chef
Oscar Bosch (Tanit e Nit), e de sua esposa Mel Kolanian, pro-
mete abrir a segunda unidade na segunda-feira (26), em Pi-
nheiros, no ponto que foi da La Bombe. Com a inauguração,
chegam novidades no cardápio, como o abracadâmia
(R$ 29,00), sorvete de macadâmia que é incorporado a cro-
Marco VIanna/@oMarcolaa/dIVulgação

cante da noz e finalizado com biscoito, na casquinha de wa-


ffle feita na hora ou no copinho. A linha chamada UFO, de
sanduíches de sorvetes, ganha mais uma versão: pistache
(R$ 28,00). A nova casa apresenta o dobro do tamanho da
anterior, além de uma área dedicada ao take away, com to-
tem de autoatendimento e itens para viagem. Rua dos Pi-
nheiros, 223, Pinheiros. Não tem telefone. @mooimooi.br.

Veja São Paulo 23 de fevereiro, 2024 37


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FILMES E SÉRIES
Mattheus Goto

Icônica corrida Mille Miglia:


aposta da Ferrari na vida real
EROS HOAGLAND/DIVULGAÇÃO

Voltas e
reviravoltas
O elenco de Ferrari tem diversos rostos familiares, desde o
ator Adam Driver (Star Wars, História de um Casamento) até o di-

LORENZO SISTI/DIVULGAÇÃO
retor Michael Mann (Fogo contra Fogo, Miami Vice). Para os brasi-
leiros, há também o do carioca Gabriel Leone, em papel importan-
te e ótima performance. Com base em fatos reais, o filme, em cartaz Leone fez papel de piloto
espanhol: performance afiada
nos cinemas, apresenta a história de Enzo Ferrari (Driver) e a fabri-
cante italiana de carros de luxo que leva seu sobrenome. É feito um
recorte específico no verão de 1957, quando o número de vendas 4 PERGUNTAS PARA GABRIEL LEONE
cai e a falência paira sobre a empresa. Para tentar contornar a crise, Você teve uma relação especial com alguém no set?
ele aposta na Mille Miglia, corrida automobilística na Itália, em bus- Acima de tudo com o Michael (Mann). A gente se deu muito bem.
ca de reconhecimento. O jovem e promissor piloto Alfonso de Por- Grande parte das minhas cenas foram com o Adam Driver, foi mara-
tago (Leone) entra na disputa para alimentar a esperança de suces- vilhoso conviver com ele e assistir aos seus processos de criação.
so. Nem tudo sai como esperado. Isso vale não só para os aconte-
cimentos da narrativa, mas também para as expectativas do públi- Como foi fazer dois papéis de piloto em pouco tempo?
co. A ação está presente, sim, em cenas que fazem o espectador se Foi uma coincidência e pude usar a experiência e a prática que tive
sentir dentro de uma Ferrari. Mas igualmente importantes são as com carros em Ferrari para a série sobre o Senna também.
relações com a esposa Laura (Penélope Cruz) e a amante Lina (Shai-
lene Woodley). O percorre toda a história, até dominar ao final. Há uma cena bem impactante, como se sentiu ao assisti-la?
Essa escolha pode não agradar os fãs de adrenalina — e, talvez, Confesso que tinha dúvidas do resultado final, mas a cena acontece
seria melhor explorada com menos frases de efeito. É curioso notar como no roteiro, bruta. Depois de sentir o impacto na primeira vez,
algumas coincidências em Ferrari. Vemos Adam Driver em um pa- agora é um momento em que fico notando a reação da audiência.
pel semelhante a outro recente, o de Maurizio em Casa Gucci
(2021), ambos italinos, falando inglês com sotaque, à frente de gran- Acha que Ferrari vai iniciar uma nova etapa na carreira?
des marcas. E Gabriel Leone interpreta um piloto, algo que se repe- Sim, é um projeto grandioso, com grandes nomes envolvidos. Espe-
tirá neste ano, quando será Ayrton Senna em série da Netflix. ro que me apresente para outro mercado, outros profissionais.

38 Veja São Paulo 23 de fevereiro, 2023


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FOTOS DIVULGAÇÃO

Atmosfera fantástica: menino


e garça misteriosa falante

Celebração à vida
Após dez anos longe das telonas, diretor na vida real. Ao perder a mãe em um
o diretor Hayao Miyazaki retorna com uma bombardeio a um hospital, é levado pelo
nova animação do Studio Ghibli. Ele se apo- pai para morar com a tia (que também vira
sentou após lançar Vidas ao Vento (2013), madrasta) e um grupo de senhoras em uma
mas decidiu voltar à ativa em 2017 para pro- casa afastada da cidade. Na mansão, nota a
duzir mais um filme, afirmando ser seu últi- presença de uma garça misteriosa, que se
mo. O Menino e a Garça, em cartaz nos aproxima no primeiro instante. O animal
cinemas, é uma epítome da vida e obra do revela-se um ser falante e convoca o menino
cineasta nascido em Tóquio. O longa tem para ir a uma torre abandonada aos fundos
inspiração no livro How Do You Live, de do terreno, com a promessa de que poderia seio por um mundo perdido”. O cineasta
Genzaburo Yoshino, mas apresenta adições se reencontrar com a mãe em outra dimen- chega a seu último filme revisitando o pas-
pessoais de Miyazaki. Vivendo o início da são. Todos os elementos clássicos do dire- sado, em uma manifestação de realização e
Segunda Guerra Mundial, o protagonista tor estão presentes, dos visuais vibrantes à satisfação com a obra realizada. É uma cele-
Mahito Maki, de 12 anos, precisa crescer em narrativa que flutua entre sonho e realidade bração à sua vida e tem grandes chances de
meio ao conflito e ao medo — assim como o — ou, como o próprio Miyazaki diz, “um an- levar o Oscar de Melhor Animação.

Em busca de justiça
O Globoplay lança nesta sexta-feira (23) a série docu-
mental MC Daleste - Mataram o Pobre Loco. Ao longo de
quatro episódios, o assassinato do funkeiro Daniel Pellegrini,
conhecido como MC Daleste, é investigado por meio de docu-
mentos, como o processo criminal de quase 1000 páginas, e
depoimentos exclusivos de testemunhas, familiares, artistas e
do delegado responsável pelo caso. O crime aconteceu em 6 de
julho de 2013 durante um show em Campinas. O MC foi atingido
com dois tiros enquanto estava no palco, diante de milhares de
fãs, que registraram o momento com vídeos. Dez anos depois,
o assassinato continua impune. Com direção de Guilherme Be-
larmino e Eliane Scardovelli, a série apresenta as linhas de inves-
tigação que incluem supostas desavenças com traficantes, que
eram traídos pelas namoradas com Daniel, até uma possível
participação da polícia. Além de tentar aprofundar a investiga-
Legado vivo: ção, é traçado um paralelo com a trajetória do funk ostentação
dona de fã
clube do MC em São Paulo, mostrando como o gênero musical cresceu e se
guarda tornou uma indústria. Para manter a memória e o legado do Da-
lembranças leste vivos, diversos artistas já fizeram homenagens, como MC
GLOBO/DIVULGAÇÃO
Livinho, MC Hariel e Gloria Groove, presentes na série.

Veja São Paulo 23 de fevereiro, 2023 39


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FILMES E SÉRIES

Saga épica
no Japão
Um dos grandes lançamentos do ano da Disney,
Xógum: A Gloriosa Saga do Japão chega simulta-
neamente no Disney+ e Star+ na terça-feira (27). Mestre da ação:
Estreia com dois episódios, seguidos de lança- Hiroyuki Sanada é
mentos semanais. A Vejinha assistiu aos primei- o protagonista
ros capítulos e conversou com parte do elenco FOTOS COURTESY OF FX NETWORKS/DIVULGAÇÃO

A série é uma adaptação do romance homônimo


lançado em 1975 por James Clavell, que alcançou o status de
best-seller e já inspirou outra minissérie em 1980. Ela é am-
bientada no Japão no século XVI, em meio ao início de uma
guerra civil. O Lorde Yoshii Toranaga (Hiroyuki Sanada) é um
poderoso “busho” (senhor da guerra) da região de Kanto,
que se encontra em desvantagem contra seus inimigos do
Conselho de Regentes, até que a história muda de rumo
quando um navio europeu encalha no território. O capitão
inglês John Blackthorne (Cosmo Jarvis) apresenta ao prota-
gonista segredos que podem ajudá-lo a tomar o poder e
derrotar os oponentes. Os dois se unem em prol do benefí-
cio mútuo e, nessa jornada, também contam com a tradu-
Cosmo Jarvis:
tora Toda Mariko (Anna Sawai), uma nobre cristã, que tem a
interpretando John confiança de Toranaga. Com grandes performances do elen-
Blackthorne co e cenários geometricamente desenhados pela produção,
a atmosfera épica envolve o espectador do começo ao fim.

A produção é marcante não só para o espectador, mas também


para os atores. “Essa história foi uma oportunidade de introdu-
zir a nossa cultura ao mundo”, afirma Hiroyuki Sanada, veterano
do cinema japonês, que já teve grandes papéis em Hollywood,
como em O Último Samurai. Inicialmente apenas escalado pa-
ra atuar, ele foi convidado para colaborar na produção. “Eu
queria que fosse o mais autêntico possível”, acrescenta. Para
Cosmo Jarvis, a experiência foi inédita. “Eu nunca tinha feito um
trabalho como esse. Assim como o personagem, me encontrei
em um lugar totalmente novo”, diz. No caso de Anna Sawai, o
que mais a inspirou em Mariko foi “ver como ela foi resiliente
depois de tudo que passou e como encontrou sua voz”. “Eu
aprendi tanto [com a série]. Mas uma coisa que vou dizer é que Anna Sawai: atriz
as gravações foram tão intensas, e eu mal podia esperar para brilha no papel de
fazer algo tranquilo, mas hoje eu sinto falta. Quero estar sempre Toda Mariko
rodeada de uma equipe tão dedicada quanto essa”, diz.

40 Veja São Paulo 23 de fevereiro, 2023


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SONY PICTURES/DIVULGAÇÃO

Caos em
entrevistas:
Dakota é sincera

Uma heroína pouco heroica


Madame Teia está dando o que falar, mas catastrófica, sendo uma das piores bilhete- cial. Em entrevistas, afirmou ter visto apenas
talvez não do jeito que a Marvel/Sony espe- rias da Marvel — até com pessoas pedindo 4% dos outros filmes da Marvel e confessou
rava. O filme conta a história de Cassandra reembolso dos ingressos —, a atriz principal não conhecer outras heroínas femininas do
Webb (Dakota Johnson), uma paramédica saiu em uma sequência desenfreada de fa- universo. Para completar, disse que nem
que vira heroína. Desde a estreia, na sema- las. Enquanto apresentava o Saturday Night assistiu a Madame Teia. Com tantos me-
na passada, a produção vem acumulando Live no mês passado, Dakota brincou que o mes, a estratégia agora pode ser apelar para
críticas negativas. Mas além da repercussão roteiro foi escrito por uma inteligência artifi- quem não é tão fã de heróis tradicionais.

Titã da cultura pop


É difícil enquadrar Esta Sou Eu... Agora: Uma Para isso, fez uma releitura de um de seus maiores discos,
História de Amor, novo filme de Jennifer Lopez, em um o This Is Me (2002), em um projeto audiovisual de três
gênero específico e colocá-lo em uma caixinha. E isso é partes que é, ao mesmo tempo, um filme autobiográfico,
um pouco o que a artista fez ao longo da carreira, acumu- musical e de fantasia, com direito a participações espe-
lando profissões como cantora, compositora, atriz, dan- ciais. O resultado acaba se perdendo ao tentar ser um
çarina e empresária. No longa, disponível no Prime Video, pouco de tudo, mas não dá para negar que entretém ao
ela busca reafirmar seu domínio sobre a cultura pop. longo de uma hora — algo que J. Lo sempre soube fazer.

J. Lo prova que faz o que quer:


orçamento de 20 milhões
PRIME VIDEO/DIVULGAÇÃO
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CRIANÇAS
Júlia Rodrigues

Modelo
da fachada
do evento:

BE FUN/DIVULGAÇÃO
carrinhos
da Mattel

A partir do dia 21 de março, a Oca, no Parque


Acelera aí!
veículo e vê-lo projetado nas telas do evento PlayStation 5 e Xbox. As vendas estão aber-
Ibirapuera, vai receber o Hot Wheels City e uma área com trampolins inspirada na pis- tas e os ingressos podem ser comprados no
Experience, uma grande atração temática ta de tubarão, uma das mais conhecidas da site da Fever. A atração estreou em Santiago,
dos famosos carrinhos da Mattel. O comple- marca. As pistas serão o foco de outra sala, capital do Chile, no ano passado. Em São
xo com cerca de 12 000 metros quadrados na qual os visitantes poderão montar diver- Paulo, a organização espera receber cerca
terá pista de kart para crianças e adultos, sos trajetos para brincar com os carrinhos. de 120 000 pessoas. A classificação é livre.
exposição de carros — de verdade, não de Os fãs de videogame também terão uma Oca — Parque Ibirapuera. Avenida Pedro
brinquedo — de colecionadores, centro de estação para jogar o último lançamento da Álvares Cabral, s/nº, Vila Mariana. Até 30/6.
design virtual para customizar seu próprio linha Hot Wheels Unleashed, em consoles de @hotwheelscityexperienceoficial.

A MAGIA DAS PALAVRAS


A partir deste sábado (24), o Sesc Ipiranga recebe Poemas Para Brincar,
primeira peça infantil da Cia Teatral As Graças, grupo paulistano com quase
trinta anos de atuação. O espetáculo de bonecos, que estreou em 1996, se
inspira no livro de mesmo nome de José Paulo Paes, com poemas para crian-
ças. Ao descobrir que as palavras não se gastam, como a pipa e o pião, os
amigos Ana e Juca decidem brincar com elas. Cada poema declamado pela
JOÃO CLADAS/DIVULGAÇÃO

dupla dá origem a uma situação divertida: uma hora, encontram com uma
pulga suicida, que tomou inseticida e, em outra, com um mestre chinês e seu
discípulo. Os personagens são manipulados pelos atores Eliana Bolanho,
Flavio Pires e Vera Abbud (50min). Livre. Sesc Ipiranga. Rua Bom Pastor, 822,
Os bonecos de Ana e Juca: diversão com poesia Ipiranga, ☎ 3340-2000. → Dom., 11h. R$ 30,00. Até 17/3. sescsp.org.br.

42 Veja São Paulo 23 de fevereiro, 2024


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DIVULGAÇÃO

Grupo Folias e
Folguedos: música

Cortejos e
histórias da folia Universo Os músicos Gabriel
Manetti e Fabio Freire:
repertório dos britânicos
O Carnaval ainda não acabou nas bibliote-
cas públicas da cidade. Até o dia 29, os
espaços oferecem atividades para fazer
dos Beatles
folia em família. Neste sábado (24), às 11h, a
Biblioteca Camila Cerqueira César, no Bu-
tantã, recebe a Cia Encantos da Terra para
uma contação de história inspirada na fes- A banda Beatles Para Crianças
ta, na qual o Saci e o Arlequim se encon- apresenta nos dias 9 e 10 de março,
tram para celebrar. O evento também pas- no Teatro J. Safra, seu último show,
sa pela Biblioteca Amadeu Amaral, no Jar- criado durante a pandemia. Em
dim da Saúde, no dia 28, às 10h. Nesta A Misteriosa Viagem Mágica,
mesma data, às 14h, a Cia Palavras Andan- o quinteto formado por Gabriel
tes apresenta o espetáculo Ô Abre Alas na Manetti, Fabio Freire, Humberto
Biblioteca Padre José de Anchieta, em Pe- Zigler, Eduardo Puperi e Marcos
rus. Trata-se de uma celebração que resga- Klis embarca em um submarino
ta os carnavais das décadas de 30 a 70, amarelo para uma viagem interga-
com muitas marchinhas tradicionais. No láctica, cheia de referências aos
último dia do mês, a Biblioteca Gilberto Beatles. Eles tocam versões de Get
Freyre, em Sapopemba, recebe o espetácu- Back, Revolution e outros sucessos
lo Folias Brasileiras, no qual o Grupo Folias dos britânicos, enquanto ensinam
e Folguedos (foto) toca músicas típicas da conceitos da música aos peque-
festa de várias regiões brasileiras. A atração nos. Os ingressos estão à venda no
acontece às 14h. Todas as atividades são Eventim (60min). Livre. Teatro J.
ANDREA MACHADO/DIVULGAÇÃO

gratuitas e têm classificação livre. (Folias Safra. Rua Josef Kryss, 318, Barra
Brasileiras) (60min). Biblioteca Gilberto Funda, ☎ 3611-3042. → Sáb. (9) e
Freyre. Rua José Joaquim, 290, Parque Luis dom. (10), 16h. R$ 40,00 a R$ 90,00.
Mucciolo, ☎ 2143-1811. → prefeitura.sp.gov. teatrojsafra.com.br.
br/cidade/secretarias/cultura/bibliotecas.

Veja São Paulo 23 de fevereiro, 2024 43


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TEATRO
Júlia Rodrigues

Rose Germano
como Violeta Parra:
cantora chilena

DALTON VALÉRIO/DIVULGAÇÃO
Resistência latina
Uma homenagem à cantora chilena, quanto toca violão e canta músicas da chi-
Violeta Parra em Dez Cantos estreia nes- lena, como Gracias a la Vida, que ficou
te sábado (24), no Teatro Itália Bandeiran- famosa no Brasil nas vozes de Elis Regina e
tes. A peça foi concebida pelo diretor cario- Alcione, e Volver a los 17. Ela é acompanha-
ca Luiz Antônio Rocha, que tem feito su- da por Bruno Menegatti, que também toca
cesso com monólogos na capital, em par- violão, flauta e tambor. O texto é de Luís
ceria com a atriz Rose Germano, que inter- Alberto de Abreu, dramaturgo que já tra-
preta Violeta (1917-1967). Partindo da iden- balhou com Rocha em outros espetáculos.
tidade latina, o solo intercala a história da Violeta Parra em Dez Cantos é a segunda
compositora, conhecida pelas canções que peça de uma trilogia que homenageia mu-
resgatavam o folclore do Chile e denuncia- lheres latinas. A primeira, sobre Frida
vam as desigualdades sociais, com a vida Kahlo, faz sessões no mesmo teatro às
da própria intérprete, que nasceu em um quintas e às sextas, a partir do dia 29
JOW COUTINHO/DIVULGAÇÃO

pequeno vilarejo na Paraíba. Além de cele- (60min). 12 anos. Teatro Itália Bandeiran-
brar a obra da artista, Rose reflete sobre a tes. Avenida Ipiranga, 344, República,
colonização europeia e sua influência na ☎ 3131-4262. → Sáb., 20h. Dom., 19h.
cultura dos países da América Latina, en- R$ 120,00. Até 28/4. teatroitaliaoficial.com.br.

44 Veja São Paulo 23 de fevereiro, 2024


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Panorama
descentralizado
A nona edição da MITsp - Mostra Internacio-
nal de Teatro de São Paulo traz à capital
nove peças estrangeiras e uma brasileira entre
os dias 1º e 10 de março. A curadoria deste ano
prioriza artistas da África, da Ásia, do Oriente THOMAS MULLER/DIVULGAÇÃO

Médio e da América Latina. A programação


Cena de Broken
começa no Teatro Paulo Autran, no Sesc Pi- Chord: espetáculo de
nheiros, com Broken Chord (2023), espetácu- dança da África do Sul
lo de dança dos sul-africanos Gregory Maqo-
ma e Thuthuka Sibisi, com apresentações na
sexta (1º) e no sábado (2), às 21h. A montagem Consolação. Partindo de um excerto de uma
aborda temas como migração e colonização a de suas peças, a companhia Ultralíricos reflete
partir dos arquivos da viagem de um grupo de sobre o fazer teatral ao longo dos séculos.
jovens cantores africanos à Grã-Bretanha, ao A montagem tem sessões nos dias 8 e 9, tam-
Canadá e aos Estados Unidos no final do sé- bém às 20h, e no dia 10, às 18h. Apesar de ser
culo XIX. PERROS — Diálogos Caninos une voltado para programadores de teatro do
criadores da Argentina e do Brasil e acontece Brasil e do exterior, o repertório da MITbr —
na terça (5) e na quarta (6), às 18h. Na interven- Plataforma Brasil, com dez espetáculos de
ção, tutores e seus cachorros são convidados vários estados do país, pode ser visto pelo
a interagir com o ambiente em um passeio público geral mediante lotação. A MITsp tam-
RODRIGO CHUERI/DIVULGAÇÃO

pelo Centro da cidade, passando pelo Parque bém terá debates e palestras sobre artes cêni-
Augusta, pela praça Roosevelt e pelo Minho- cas. É necessário reservar ingressos com ante-
cão. A peça exclusivamente brasileira na mos- cedência para assistir a alguns espetáculos.
tra de espetáculos é Agora Tudo Era Tão Velho (Broken Chord) (60min). 12 anos. Teatro Paulo
— Fantasmagoria IV, que faz sua estreia na Autran. Sesc Pinheiros, Rua Pais Leme, 195, Pi- PERROS — Diálogos Caninos:
quinta (7), às 20h, no Teatro Anchieta, no Sesc nheiros, ☎ 3095-9400. → R$ 50,00. mitsp.org. intervenção com cachorros

Joca Sanches, Rodrigo Ladeira,


Roberta Collet, Haroldo Bianchi
FORÇA FEMININA
e Felipe Oliveira: versão do mito
O Teatro Paiol Cultural foi aberto em 1969 com À Flor da Pele, texto da dramaturga
mineira Consuelo de Castro (1946-2016). Agora, oito anos após a morte da autora,
a sala de espetáculos, que foi reaberta há pouco mais de um ano, recebe mais uma
peça sua, Memórias do Mar Aberto: Medeia Conta Sua História, escrita em 1997.
O espetáculo é uma versão de Medeia, tragédia do grego Eurípedes que narra a
vingança de uma mulher após a infidelidade do marido. Nesta montagem, dirigida
por Reginaldo Nascimento, a personagem (interpretada por Roberta Collet) ganha
maior destaque pelos seus ideais políticos: é ela quem lidera a expedição dos
Argonautas para a Cólquida no lugar do esposo, Jasão (Felipe Oliveira). Na mitologia,
os marinheiros acompanham o herói ao território, localizado na atual Geórgia, para
obter o Velocino de Ouro, artefato vindo dos deuses que atraía prosperidade.
RONALDO GUTIERREZ/DIVULGAÇÃO

Em cena, Medeia relembra as várias traições de Jasão, que se casou com a filha de
Creonte (Haroldo Bianchi), rei de Corinto, e dos outros homens presentes em
sua vida. Completam o elenco Joca Sanches e Rodrigo Ladeira (90min). 14 anos.
Teatro Paiol Cultural. Rua Amaral Gurgel, 164, Vila Buarque, ☎ 2364-5671. → Sáb.,
20h. Dom., 19h. R$ 60,00. Até 24/3. teatropaiolcultural.com.

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SHOWS
Tomás Novaes

IONE CANDENGUE/DIVULGAÇÃO
Choros revisitados
Wanderléa canta clássicos do chorinho em duas Os primeiros passos da intérprete na música foram
sessões no Sesc Vila Mariana, nos dias 2 e 3 de mar- embalados pelo gênero musical, participando de
ço. A apresentação acompanha o repertório do úl- programas da Rádio Mayrink Veiga com o grupo
timo disco da cantora mineira, Wanderléa Canta Regional do Canhoto. A banda que irá acompanhar
Choros (2023), em que a ícone da Jovem Guarda dá a cantora no palco será composta por Alessandro
voz a clássicos como Carinhoso, de Pixinguinha e Penezzi (violão), Alexandre Ribeiro (clarinete), Celso
Braguinha, e Brasileirinho, de Waldir Azevedo e Pe- de Almeida (percussão), Fabricio Rosil (cavaqui-
reira da Costa. A setlist também inclui a faixa inédi- nho), João Poleto (sax e flauta), Milton de Mori (ban-
ta Um Chorinho para Wandeca, composta por dolim), Roberta Valente (pandeiro) e Zé Barbeiro
Douglas Germano e João Poleto. O projeto da artis- (violão de 7 cordas). Restam poucos ingressos.
ta de 79 anos revisita o seu início de carreira, ainda 12 anos. Sesc Vila Mariana. Rua Pelotas, 141, Vila Ma-
antes de ser lançada ao sucesso nacional nos anos riana, ☎ 5080-3000. → Sáb. (2), 21h. Dom. (3), 18h.
60, ao lado de Erasmo (1941-2022) e Roberto Carlos. R$ 60,00. sescsp.org.br.

46 Veja São Paulo 23 de fevereiro, 2024


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MAIS UMA CHANCE


DEBI DEL GRANDE/DIVULGAÇÃO

Ana Cañas retorna a São Paulo com a turnê


A banda Bikini Kill: que homenageia Belchior (1946-2017) no próxi-
punk rock feminista mo dia 10, com participação especial de Ney
Matogrosso. A data marca uma das últimas
DOBRADINHA INÉDITA apresentações do projeto, que
começou em formato de live
O trio americano Bikini Kill faz os seus 2019, com a guitarrista Erica Dawn Lyle durante a pandemia. Desde
primeiros shows no Brasil em março, completando a formação. As bandas então, o show Ana Cañas
nos dias 5 e 14. Fundada na cidade de Florcadaver, The Biggs e Bertha Lutz Canta Belchior passou por
Olympia em 1990 por Kathleen Hanna, farão a abertura da primeira data (5), 150 palcos pelo Brasil, re-
Tobi Vail e Kathi Wilcox, a banda punk que está esgotada, e os grupos Wee- cebeu um prêmio da
foi pioneira do movimento musical dra, Punho de Mahin e As Mercenárias APCA — Associação
Riot grrrl, que mistura letras feminis- & Paula Rebellato participam do dia Paulista dos Críticos
tas com rock pesado — destaque para extra (14). 18 anos. Audio. Avenida de Arte e foi registra-
faixas como Rebel Girl, Don’t Need You Francisco Matarazzo, 694, Água Bran- do em disco de estú-
e Jigsaw Youth. Após separação em ca, ☎ 3675-1991. → Ter. (5) e qui. (14), dio e também em
1997, o grupo só voltou à atividade em 18h. R$ 636,00. audiosp.com.br. álbum ao vivo. Na
Hora do Almoço, Ve-
CONCERTO lha Roupa Colorida,
Paralelas, Como
Nossos Pais, Medo
de Avião e Sujeito
de Sorte são algu-
mas canções que
estão no repertó-
KALOIAN/MINISTERIO DE CULTURA DE LA NACIÓN/DIVULGAÇÃO

rio. 16 anos. Tokio


Marine Hall. Rua
Bragança Paulis-
ta, 1281, Chácara
Santo Antônio,
☎ 5646-2153. →
Dom. (10), 20h.
R$ 120,00 a R$
220,00. tokioma-
rinehall.com.br
Nova temporada
Egberto Gismonti abre a Série mação instrumental da série neste
TUCCA de concertos internacionais ano também inclui concertos estrelas
de 2024, com apresentação na Sala das músicas clássicas e pop como
São Paulo no dia 6. Na ocasião, o Joyce DiDonato, Cécile McLorin Sal-
MARCUS STEINMEYES/DIVULGAÇÃO

multi-instrumentista carioca fará um vant, Chouchane Siranossian, Antonio


recital de piano solo — toda a renda Sanchez e Makoto Ozone. Livre. Sala
do projeto será revertida para a ONG São Paulo. Praça Júlio Prestes, 16,
dedicada ao atendimento de crianças Campos Elíseos, ☎ 3367-9500. → Qua.
e adolescentes com câncer. A progra- (6), 20h30. salasaopaulo.art.br.

Veja São Paulo 23 de fevereiro, 2024 47


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EXPOSIÇÕES
Mattheus Goto

FOTOS GRAN FURY/DIVULGAÇÃO


Arte
com fins
políticos
O Masp dá o pontapé inicial na sua progra-
mação de 2024, pautada pelas Histórias da
Diversidade LGBTQIA+, com Gran Fury: arte
não é o bastante. A mostra fala sobre o co-
letivo de artistas que produziu campanhas

THE KITCHEN, NYC/DIVULGAÇÃO


gráficas e intervenções públicas da organiza-
ção ACT UP (sigla em inglês para Coalizão da
Aids para Libertar o Poder), dedicada a de-
nunciar a negligência do governo norte-
-americano sobre o HIV/aids nos anos 80 e Peças com denúncias: “Você tem sangue nas mãos, Stephen Joseph (então chefe do Departamento
90. O grupo, que virou referência na prática de Saúde de Nova York). A queda nos números da aids é uma mentira letal” (à esq.)
de ativismo artístico, se autodescrevia como
“um bando de indivíduos unidos na raiva e se da aids”. A peça foi capa do calendário do de metrô em São Francisco, Chicago, Nova
comprometidos a explorar o poder da arte The Kitchen, instituição independente de York e Washington D.C., nos Estados Unidos.
para acabar com a crise da aids”. Os inte- arte experimental e performance. Outro Além de chamar atenção, ela também que-
grantes se recusavam a ser considerados exemplo é “Beijar não mata: ganância e indi- brava o mito de que o vírus poderia ser
artistas e fugiam de espaços artísticos tradi- ferença, sim. A ganância corporativa, a ina- transmitido pela saliva. O coletivo encerrou
cionais. Estão reunidas, no primeiro subsolo ção governamental e a indiferença pública suas atividades em 1995 e seu arquivo en-
do museu, 77 obras, entre fotocópias e im- fazem da aids uma crise política” (no topo contra-se na Biblioteca Pública de Nova York.
pressões digitais sobre papel, usadas em desta página). Com o uso de códigos visuais Masp — Museu de Arte de São Paulo
ações e protestos. O título da exposição veio e semânticos semelhantes ao da Benetton, Assis Chateaubriand. Avenida Paulista,
da frase de um cartaz que diz “Com 42 000 grife de roupas italiana conhecida pelo ar de 1578, ☎ 3149-5959. → Ter., 10h/20h. Qua. a
mortos, arte não é o bastante. Engaje-se na sedução, a campanha foi instalada como dom., 10h/18h. R$ 60,00 (grátis às terças).
ação direta e coletiva para acabar com a cri- painel nas laterais de ônibus e nas estações Até 9/6. masp.org.br.

48 Veja São Paulo 23 de fevereiro, 2024


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EM SOCIEDADE
O português Carlos Bunga faz tou Habitar el color, obra site-
um convite para uma reflexão -specific que convidava os visi-
sobre a natureza e a vida em so- tantes a uma experiência senso-
ciedade em Habitar Juntos. rial de caminhar sobre uma ca-
A exposição na Nara Roesler São mada de tinta craquelada e
Paulo abre neste sábado (24) sentir com os pés a cor e a natu-
com trabalhos recentes e inédi- reza efêmera. Outros trabalhos
tos produzidos no Brasil pelo de Bunga abordam a ideia de
artista nascido em 1976 no Por- casa e dosmesticidade e de ter-
to, atualmente morador de Bar- ritórios geográficos e sociais,
celona, Espanha. Na série de temas presentes na exposição
obras, é possível observar os de modo interativo com o públi-
elementos-chave de sua pesqui- co. Além da pintura e da instala-
sa, que tem há mais de 20 anos ção, seu trabalho inclui vídeo e
a pintura expandida como cer- performance. Os fatores co-
ne. Ele usa materiais como tinta muns a eles é o teor pictórico e
látex e folhas secas sobre com- a relação próxima com a arqui-
FLAVIO FREIRE/DIVULGAÇÃO

pensado para criar peças como tetura. Nara Roesler São Pau-
Construcción pictórica. Natura- lo. Avenida Europa, 655, Jardim
leza #13. Seu estilo pôde ser vis- Europa, ☎ 2039-5454. → Seg.
to recentemente na 35ª Bienal a sex., 10h/19h. Sáb., 11h/15h.
de São Paulo, onde ele apresen- Grátis. Até 20/4. nararoesler.art. Por meio do abstrato: reflexões concretas de Carlos Bunga

LEGADO DELAS
Em cartaz na Galeria Estação, que comemora vinte
anos de atividade, a mostra Mulheres por Mulheres
faz uma homenagem ao legado de oito artistas: Con-
ceição dos Bugres, Elza de Oliveira Souza, Izabel Men-
des da Cunha, Madalena dos Santos Reinbold, Maria
Auxiliadora Silva, Mirian Inêz da Silva Cerqueira, Noe-
misa Batista dos Santos e Zica Bérgami. O elenco da
exposição, idealizada pela galerista Vilma Eid — que,
por sua vez, celebra 40 anos no mercado —, vem de
diversos cantos do país e emprega diferentes técnicas.
Com texto de Galciani Neves, professora de artes na
Faap, Lilia Schwarcz, antropóloga e professora da USP,
e Lorraine Mendes, artista, curadora e pesquisadora,
JOÃO LIBERATO/DIVULGAÇÃO

a coletiva reúne 47 obras entre telas e esculturas e


tem a intenção de reconhecer o trabalho de mulheres
artistas. Galeria Estação. Rua Ferreira Araújo, 625,
Pinheiros, ☎ 3813-7253. → Seg. a sex., 11h/19h. Sáb.,
Corso (1980), de Zica Bérgami: artista paulista desenhou paisagens urbanas detalhadas 11h/15h. Grátis. Até 16/3. galeriaestacao.com.br.

Veja São Paulo 23 de fevereiro, 2024 49


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A TAL FELICIDADE
Patricia Ansarah

Felicidade no trabalho é utopia ou algo possível?


rabalhei por 22 anos dentro das organizações. Assumi papéis Quando criei o Instituto Internacional em Segurança Psi-
T diferentes em RH, fui de estagiária a executiva, liderei projetos cológica, três anos atrás, me chamavam de maluca. Esse tema
dentro e fora do Brasil. Vi muita gente sendo feliz “na melhor “é moda”, diziam.
empresa para se trabalhar” e muita gente sofrendo calada, Não é moda. A segurança psicológica é o único caminho
adoecendo ou pedindo demissão dessas mesmas empresas. para garantir a sustentabilidade dos negócios, por meio de
Passei a acreditar que não existem melhores empresas para relações saudáveis. É a única dinâmica para times trabalha-
se trabalhar nem empresas ruins. Que o estado de felicidade rem juntos e ainda gerarem resultado, sem sangrar nem
se alcança com a jornada das relações que a gente vive e derrubar pessoas pelo caminho.
constrói por onde passamos e com quem trabalhamos. E a felicidade no trabalho só se alcança por meio das dinâmi-
Encontramos pessoas que nos estimulam, nos inspiram, cas sociais. Como seres biopsicossociais, temos a necessidade
desafiam, enriquecem, que acreditam em nosso potencial, e isso de pertencer e se sentir seguro dentro de um grupo.
nos deixa mais motivados, confiantes e realizados. Assim como Isso significa que a qualidade das relações impacta no nosso
também encontramos pessoas que limitam o nosso aprendiza- desempenho e no nosso estado de felicidade.
do, reprimem o nosso jeito de ser, moldam o nosso comporta- Mas, então, se isso é uma necessidade universal, o que nos
mento para cabermos em caixinhas, não nos desafiam nem nos impede de fazer isso? O medo.
inspiram. Muitas vezes são essas que nos tor- O medo de ser julgado, retaliado, excluído,
nam reféns de uma dinâmica que, quando nos de passar vergonha, de não ser mais conside-
damos conta, vai virando o nosso jeito de ser, rado, de não ser mais ouvido.
de pensar, de agir. Com medo, eu vou escolher o silêncio.
Até que algo acontece. Uma inquietação, E, quando abrirmos os olhos, estamos todos
um estalo de consciência de que as coisas po- silenciados, em sofrimento, enquanto a lide-
dem ser diferentes. Que eu não caibo mais rança toma as decisões no escuro, com apenas
naquele espaço do jeito que ele se apresenta. parte do potencial coletivo.
DIVULGAÇÃO

Foi com esse estalo que percebi que o que Qual o custo desse silêncio? Desengaja-
eu queria era estar numa empresa que aju- Patricia Ansarah (@patricia.an- mento, desconexão, insegurança, falta de co-
da a curar uma dor do mundo. Então a con- sarah) é precursora do conceito laboração, ambiente opressor, falta de criativi-
ta é simples: ou as empresas estão curando de segurança psicológica no Bra- dade e de aprendizado. Resultados que não se
alguma dor no mundo ou estão causando. Não sil. Com mais de vinte anos atuan- sustentam e pessoas em sofrimento.
existe meio-termo. do em RH e como executiva de É realmente melhor estarmos num local
Valorizamos por décadas apenas o ca- grandes empresas, criou o Institu- de trabalho no qual podemos ser nós mes-
to Internacional em Segurança
pital intelectual e financeiro dentro das mos e contribuir com todo o nosso potencial,
JAVIER ZAYAS/GETTY IMAGES

Psicológica para levar soluções


organizações, e isso nos trouxe ao pódio integradas para o desenvolvimen- de maneira significativa, não é mesmo?
dos países com maior índice de ansiedade, to de times e organizações. Mas isso só acontece em empresas corajosas.
depressão e burnout do mundo. É na coragem que mora a felicidade.

A curadoria dos autores convidados para esta seção é feita por Helena Galante.
50 Veja São Paulo 23 de fevereiro, 2024 Para sugerir um tema ou autor, escreva para hgalante@abril.com.br.
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