Você está na página 1de 2

AGRUPAMENTO DE ESCOLAS DE OLIVEIRA DO BAIRRO

________________________________________________________________________________________________________________________________________
Código 160568

Curso Técnico de Apoio Psicossocial


DGEstE - DSRCentro
Área Sociocultural UFCD 10373 10ºI
Ficha

Da Rua para o Palco

“Da Rua para o Palco” foi um projeto de inclusão através da dança, liderado pelo coreógrafo e bailarino Marco De Camillis,
que contou com o apoio da Fundação Gulbenkian, da Fundação EDP e do Programa Escolhas. O projeto desenvolveu-se em
dez bairros sociais da Grande Lisboa onde, durante dez semanas, o coreógrafo realizou workshops de dança.

Participaram nestes workshops cerca de 350 jovens provenientes de zonas desfavorecidas. Os melhores de cada workshop
foram desafiados a participar na construção de um espetáculo, coreografado e ensaiado por Marco de Camilis.

O coreógrafo Marco De Camillis foi buscar os bailarinos do seu próximo espetáculo a bairros sociais de Lisboa. Uma iniciativa
contra a discriminação que o italiano também sentiu na pele

A tua rua à noite é o farwest!” Quando diz o nome do sítio onde morava, Marco De Camillis, 46 anos há 11 a viver em
Portugal, já espera reações como aquela. A via Donna Olimpia, perto do centro de Roma, é conhecida por desacatos, roubos
e tráfico de droga. “Costumo dizer que a dança me safou”, afirma Marco, no seu português musicado de italiano.

Com a adolescência fresca na memória, o coreógrafo explica que encontrou o antídoto contra o perigo dos vícios que, muitas
vezes, arrastam os mais frágeis, quando percebeu que existiam outras opções para lá dos prédios altos. Aos 14 anos,
descobriu a dança “por engano”. Em plenos anos 1980, ficou apanhado pelos filmes A Febre de Sábado à Noite e Fama.
“Queria aprender a dançar para impressionar as miúdas na discoteca”, confessa com um sorriso teen, que contraria a fama
de mau feitio que o persegue. Nessa altura, Marco estava longe de imaginar que faria coreografias para a TV que o haviam
de tornar célebre em Itália, Espanha e Portugal. Por cá, participou em programas como Chuva de Estrelas, na SIC, Operação
Triunfo e Dança Comigo, ambos na RTP.

Inspirado na sua própria adolescência, Marco resolveu levar a alternativa que o “salvou” a dez bairros sociais da Grande
Lisboa, através do projeto de dança Da Rua Para o Palco. Durante quatro meses, fez workshops de dança em cada bairro e
avaliou mais de 350 bailarinos não profissionais para escolher os 68 finalistas que vão participar no espetáculo que estreia
em julho. Maria Temporal, 30 anos, do Bairro das Barrocas, em Almada, apresenta-se como a bailarina mais velha do grupo.
É professora de dança e diz que olha para Marco como uma referência.

“Se ele veio do mesmo meio que eu e conseguiu, também posso lá chegar.” No outro extremo da faixa etária está Tamara
Tavares, 12 anos, a mais nova da companhia. Vive na Apelação, Loures, e acalenta o sonho de ser bailarina. Apesar da timidez,
revela que já aprendeu uma lição importante: “Percebi que devemos batalhar por aquilo que queremos.”

ARTE MILITANTE

Os ensaios começam a 11 de junho e o grupo terá, sensivelmente, um mês para pôr as coreografias na ponta dos pés. Marco
enumera as dificuldades: “Temos muito pouco tempo, são bailarinos sem experiência nenhuma e nunca dançaram em
conjunto.” Mas a iniciativa não se esgota no espetáculo ao vivo. “Quero que estejam prontos quando eu precisar deles para
um projeto profissional”, afirma, entusiasmado.

A sala está cheia. Ouve-se um leve burburinho de fundo e alguns risos nervosos. A disciplina já passou por aqui, fruto dos
primeiros encontros com De Camillis. É a primeira vez que o grupo dos escolhidos se reúne na sala de ensaios improvisada
no Mercado 31 de Janeiro, em Lisboa. A voz forte que se ouve é a do italiano. Percorre a sala com o olhar e puxa pelo braço
os bailarinos escolhidos para cada coreografia do espetáculo. Repete as datas e horas dos ensaios de cada grupo. Todos
apontam freneticamente a informação num papel.
AGRUPAMENTO DE ESCOLAS DE OLIVEIRA DO BAIRRO
________________________________________________________________________________________________________________________________________
Código 160568

Antes de dispensar o coletivo, Marco faz mais um discurso sobre a importância da pontualidade. “Se começamos às 18 e 30,
façam-por
DGEstE estar cá às 18 e 10.” Samuel Lacrosse, 25 anos, do Bairro Cor de Rosa, no Monte da Caparica, espera que a iniciativa
DSRCentro
promova a união contra o racismo. “Queremos mostrar que conseguimos fazer algo de bonito.” Não nega que o preconceito
contra os bairros sociais tem fundamento na realidade, mas “há pessoas más e boas, é preciso saber diferenciá-las”. Se
pudesse, mudava mentalidades, ao jeito do slogan “liberdade, igualdade e fraternidade”.

Marco continua a visitar a família que vive em Donna Olimpia. Ainda hoje encontra as mesmas pessoas que já na sua
adolescência passavam os dias no café. Contam-lhe as novidades de ex-vizinhos, muitas delas tristes. Agora, em Lisboa, quer
mostrar que “o bairro é bom para chegar, mas, durante o dia, é preciso ver o mundo”.

‘Show’ A vibração do bairro

Incerteza, revolta e esperança são emoções que a equipa de 68 bailarinos não profissionais selecionados por Marco De
Camillis vai transmitir ao público. O espetáculo de dança, com 45 minutos de duração, estreia-se a 19 de julho, no Teatro
Maria Matos, em Lisboa. O tema do show de dança é inspirado nas vivências do grupo e do italiano, que também cresceu
num bairro social. Todas as canções coreografadas são portuguesas, e uma delas é o tema Tu És Mais Forte, de Boss AC. A
apresentação ao público será o culminar do projeto Da Rua para o Palco que, entre workshops e audições, percorreu mais
de mil quilómetros. https://visao.sapo.pt/atualidade/sociedade/visaosolidaria/2012-06-04-video-da-rua-para-o-palcof668371/ (consultado a 09/10/2022)

1. Que tipo de intervenção foi feita?


2. Que importância têm projetos deste tipo? Justifica a tua resposta.
3. Resolve as seguintes palavras cruzadas.

Você também pode gostar