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POR TRÁS DA LONA

ARNALDO SETE
Fotografias / Edição
Arnaldo Sete

Produção / Concepção
Alexsandro Silva

Apoio de Produção
Ricardo Vendramini

Assistente de Produção / Social Media


Thais Silva

Produção Executiva
Arnaldo Sete

POR TRÁS DA LONA


Textos
Arnaldo Sete
Alexsandro Silva

Revisão de Texto
Alexsandro Silva Informações Referentes ao ISBN ARNALDO SETE
Projeto Gráfico / Diagramação xxxxxxxxxxxxxxxx
Arnaldo Sete
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Curadoria xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
Paulo Paiva xxxxxxx
Repórter Fotográfico do Jornal Diario de xxx
Pernambuco.

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@arnaldosete
www.arnaldosete.com
“Não basta gostar de circo. É preciso ser o circo!”

Tita Alves.
Esse trabalho nasceu em uma conversa despretensiosa sobre fotografia documental na sala de
casa, enquanto o telejornal da noite nos fornecia notícias quase sempre não tão boas. Após algum
tempo de conversa Alexsandro Silva pergunta: “E se documentarmos a rotina de vida de artistas
circenses, registrar um pouco do seu dia a dia?”. Aceitei de imediato. O nome deste projeto não
poderia ser outro. Acompanhado da ideia veio a indicação de em qual circo iríamos trabalhar.

Poder desenvolver esse trabalho junto ao Circo Alves foi um grande presente que a vida me deu.
A última vez que fui a um circo tinha aproximadamente cinco anos de idade e sem saber ao certo o
motivo demorei quase trinta anos para poder estar embaixo de uma lona assistindo apresentações
incríveis novamente. Porém desta vez minha perspectiva é outra. Eu estava mais uma vez no
circo, quase três décadas depois, a trabalho, documentando todo um modo de vida e fazendo o
que nasci pra fazer: fotografando. Entre um click e outro vinha em meu pensamento o quanto são
artistas incríveis, pessoas incríveis. Por ter presenciado diversos momentos ao longo das minhas
visitas ao Circo Alves no seu dia a dia, vê-los no picadeiro foi um motivo de muita felicidade e
orgulho para mim. Tinha a sensação durante toda a apresentação que ali eram outras pessoas e
de certa forma eram, sem exagero. O mundo indescritível do circo itinerante é fascinante, apesar
das dificuldades superadas dia após dia por esses artistas. O circo itinerante vai onde outras
artes não conseguem chegar. Proporcionam ao público momentos mágicos, mesmo em tempos
de desgoverno e tantas dificuldades. Por algumas horas o circo nos permite sorrir e esquecer de
todos os nossos problemas, principalmente quando os palhaços entram em cena som seus narizes
característicos e suas roupas engraçadas. Sem palhaço existiria o circo? Na minha humilde opinião
arriscaria respondendo que não.

Com o perdão do clichê, mas é impossível traduzir em palavras a minha gratidão a todos do
Circo Alves. De fato estou saindo dessa experiência uma pessoa melhor, um pouco mais evoluída
nesse processo contínuo de aprendizado e evolução. Muito obrigado não por terem me aceitado,
mas por terem me acolhido. Durante todas as minhas visitas ao Circo Alves me senti realmente
em casa.

Que esse trabalho possa chegar até ao respeitável público e contribuir de forma positiva para
o desenvolvimento deste e de tantos outros circos itinerantes que existem por todo Brasil. Que
as fotografias aqui apresentadas possam oferecer grande visibilidade para o Circo Alves e todos os
circos itinerantes do país e que possam também contribuir para nos fazer entender que por trás
da lona, das roupas coloridas e dos narizes de palhaços sempre existirão pessoas/famílias com
necessidades. Somos exatamente iguais, apesar desses artistas fazerem coisas no picadeiro que
nossos olhos insistem em não acreditar.

Arnaldo Sete
Há quatorze anos, quando iniciei minha pesquisa no universo circense, encontrei as portas
abertas de uma casa com paredes e teto feitos de uma lona colorida e um chão estrelado: era o
Circo Alves. Tita, a matriarca da família e dona daquela lona nos recebeu cheia de afeto como
quem recebe algum ente muito querido há muito tempo distante. Mais que isso Tita Alves nos
possibilitou o contato com outros circos, abrindo-nos o baú secreto de sua arte. Nascia ali uma
longa parceria, marcada pelo o aprendizado e pela vontade de compreender uma forma de fazer/
ser circo que persiste em existir frente ao trem bala do progresso contemporâneo. Parece não
existir lugar para as lonas circenses tradicionais na atualidade, mas como bons saltimbancos, eles
saltam de praça em praça, burlam a falta de espaço nas grandes e médias cidades e encontram
seu público nos mais diversos lugares.

A magia e o encantamento do circo renascem todas as noites nos vilarejos, comunidades,


bairros menos favorecidos, cidades interioranas em que o povo simples reconhece a grandiosidade
dessa arte. O circo é sempre um convite a voltar no tempo, seja na infância quando o Palhaço
nos possibilita ser novamente criança, seja na história dessa arte que remonta aos tempos mais
antigos.

Nessa casa, que guarda saberes milenares, encontramos a essência da tradição circense
brasileira. Os Alves chegaram ao Brasil no início do século XX, foram firmando assento, construindo
seus circos e hoje estão espalhados por várias regiões do país. Aqui no nordeste encontramos
a Tita e seu circo-família, circo-casa, circo-escola, um lugar onde as tradições circenses são
mantidas e renovadas constantemente.

No inicio de 2021, voltei ao Circo Alves, dessa vez junto ao fotografo Arnaldo Sete, que
através de um documentário propunha registrar o cotidiano do circo, buscando entendê-lo como
instituição familiar, como ambiente privado, onde o malabarista é o pai de família, onde a
acrobata torna-se a mãe em fase de amamentação, onde a mestre cerimônia divide-se entre os
preparativos da refeição e as burocracias de preparação de um novo terreno para a mudança do
circo.

Por Trás da Lona desvenda o ser circo, sua vida privada, os percalços dos circenses itinerantes
na luta para manter sua arte e viver dela. O olhar mágico de Arnaldo Sete captou o cotidiano
dessa família, o encantamento da vida na lona, os bastidores da cena, a vida por trás da lona
colorida. Um olhar sensível e poético traduzidos em belas imagens que documentam o dia a dia
da vida circense.

O Projeto, que tem o incentivo da Lei Aldir Blanc de Pernambuco, lança um olhar sobre as
condições de vida em que trabalham e vivem esses artistas, que diante das muitas dificuldades
esmeram-se cotidianamente na preservação e manutenção de uma tradição milenar.

Assim findado o espetáculo e as luzes da ribalta apagadas lhes convidamos a vim conosco
além da lona do Circo Alves e vê o cotidiano de Tita, Heleno, Erik, Valquíria, Zé, Aquiles, Juninho,
Jéssica, Lorena e seus pets.

Alexsandro Silva
Artista, Professor e Pesquisador Circense. Doutorando em Artes Cênicas na UNB. Mestre em Artes Cênicas/ UFRN. Especialista em
Literatura Brasileira e Licenciado em Letras pela FAFIRE. Integrante da Cia. 2 em Cena onde atua como dramaturgo, encenador e
coordenador pedagógico do ESPALHA – Programa de Formação em Palhaçaria da Cia. 2 em Cena.
Com carinho, ao respeitável público.
ARNALDO SETE

AGRADECIMENTOS
A todos que contribuíram e acreditaram nesse trabalho, em especial
aos fotografados que me acolheram de uma forma que seria impossível
de traduzir em palavras ou imagens. A minha família por todo apoio e
incentivo. A toda equipe de produção Thais Silva, Ricardo Vendramini e
Alexsandro Silva. Um agradecimento especial também a Paulo Paiva por
contribuir e assinar a curadoria deste projeto. Sem vocês o Por Trás da
Lona não teria nascido. Muito obrigado!!

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