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SUMÁRIO

POR TRÁS DA PERSONAGEM 04

A ORIGEM DA "DESCONSTRUÇÃO" 11

A "doutrina do copo d'agua" 16

O FIM DA LACRAÇÃO NA URSS 20

Os 12 mandamentos sexuais do proletariado 24

TÁ, MAS E O PROGRESSISMO? 27

Interesse da indústria (exemplos) 32

A Disney 34

O body positive 38

PARA QUE COMBATER O PROGRESSISMO? 40

E QUAL É A RELAÇÃO COM A ESQUERDA? 44

O TAL DO PATRIARCADO 47

Definição de machismo 50

Desigualdade de gênero 52

Povo kreung 57

A GENERALIZAÇÃO 61

Racismo 65

Shindo Renmei 70

QUAL É A SUA ORIENTAÇÃO MORAL? 73

Carta de reconciliação (conto da Jessicão) 79

A LEI ROUANET E O PROGRESSISMO 81


SUMÁRIO
CONTOS DA JESSICÃO

COMO ME TORNEI EMPODERADA? 89

MACHISMO AUTOMOTIVO 97

A SAÍDA É O DIÁLOGO! 101

DENÚNICA: NÃO ME DEIXARAM AMPUTAR O 104

DEDO EM APOIO AO LULE

SOBRE APROPRIAÇÃO CULTURAL E TEMAKI 108

RELATO: AQUÁRIOS SÃO RACISTAS 111

FALOCENTRISMO NO SUBWAY 115

RACISMO ODONTOLÓGICO 119

RESTAURANTE JAPONÊS HETERONORMATIVO 122

ASSISTÊNCIA TÉCNICA PATRIARCAL 126

A MINHA LUTA PELA QUARENTENA 129

FUREI O ISOLAMENTO PARA VISITAR A MINHA 133

AMIGA....

CONSIDERAÇÕES FINAIS! 137

POR TRÁS DA
PERSONAGEM
POR TRÁS DA PERSONAGEM

Olá, "amigue"!

Aqui quem fala é a pessoa anônima que dá vida à personagem


"Jessicão, a feminista", também conhecida como “Jessique”, a
figura debochada que ganhou notoriedade nas redes sociais, por
combater as pautas da militância esquerdista por meio de sátiras,
analogias e comentários irônicos!

Você deve estar familiarizado(a) com a forma cômica com a qual


eu expresso as minhas opiniões, mas o humor nem sempre foi
uma característica desse trabalho! Em 2013, ano em que criei a
personagem, meu intuito era apenas o de confirmar a teoria de
que quaisquer absurdos podiam ser aceitos pelos militantes de
esquerda, desde que fossem publicados em nome das bandeiras
que os representam.

Ou seja, a página era uma espécie de "pegadinha" que, depois de


revelada, poderia provar que determinadas ideologias podem
facilmente ser utilizadas para propagar narrativas falaciosas e
prejudiciais. E isso, para mim, seria uma forma de ajudar as
pessoas a se tornarem mais resistentes a essas ideologias.

Na época, dentre todas as pautas defendidas pelos movimentos


de esquerda, as do feminismo eram como os pilares morais do
ambiente profissional com o qual eu estava me envolvendo. Não
apenas das pessoas, mas da área profissional em si (falarei sobre
isso lá na frente).

05
POR TRÁS DA PERSONAGEM

Por vezes eu pude acompanhar situações trágicas, análogas ao o


que pode ser considerado hoje como o ideal feminista para a
sociedade, onde colegas extremamente jovens chegavam a um
verdadeiro fundo do poço, tanto moral; psicológico, quanto físico,
tentando normalizar situações e comportamentos que são
naturalmente considerados inaceitáveis, apenas para
conseguirem se encaixar em algum padrão, que o feminismo
considera como sendo mais “desconstruído” ou "empoderado".

Tendo essa vivência como inspiração, os posts da Jessicão na sua


primeira versão do Facebook, não eram nada engraçados.

Continham coisas que iam de tutoriais para “assassinar o próprio


marido e driblar a justiça para não ser presa” à “como fingir um
estupro e levar o seu ex pra cadeia”. E os posts lamentavelmente
eram compartilhados e defendidos em grupos sérios sobre
feminismo.

Vale frisar que vivíamos em um contexto diferente nas redes


sociais, os “baits”, posts intencionalmente contraditórios, ainda
não eram tão comuns. Não havia tanta ironia como há hoje.

As pessoas, no geral, eram literais a ponto de nem considerarem


a hipótese de que uma pessoa com uma foto esquisita, criada a
partir da mistura da Madonna com uma caminhoneira, cujo o
próprio nome já zombava com o estereótipo de feminista da
época, estivesse falando asneiras intencionalmente.

06
POR TRÁS DA PERSONAGEM

Primeiro avatar da Jessicão, feito a partir da imagem de uma


caminhonheira aleatória tirada do Google Images, photoshopada com o
rosto da cantora Madonna.

Ao passo em que eu ia comprovando que as feministas realmente


estavam dispostas a defender qualquer absurdo em nome da
bandeira que as representava, crescia em mim uma angústia por
perceber que a realidade que eu havia identificado em meu
ambiente profissional, estava se tornando a realidade da
sociedade como um todo!

Nenhuma feminista se posicionava efetivamente contra os posts.


E aquelas que ponderavam minimamente sobre alguma falha
dentro do meu falso argumento, tinham extrema cautela para a
escolha das palavras, tentando evitar serem “canceladas” entre as
companheiras!

Ou seja, além de possibilitar a propagação de ideias absurdas, a


militância promove um ambiente de autocensura, que atribui um
status de “verdade incontestável” a essas ideias.

07
POR TRÁS DA PERSONAGEM

Fora dos grupos, evidentemente, muitas pessoas criticavam os


posts. Eram pessoas que também repudiavam o feminismo e
constantemente eram confrontadas pelas feministas, fazendo
com que a área de comentários dos meus posts se tornassem
palcos para infindáveis discussões entre dois públicos que não
faziam a menor ideia de qual era a real intenção da página.

Essa confusão toda só cessou em 2014, quando não me contive e


passei a debochar explicitamente das pessoas que estavam me
levando a sério. E foi nesse “plot twist” que encontrei o tom
humorístico da personagem!

Percebi um potencial na página para fazer com que mais pessoas


refletissem sobre as questões que me preocupavam. Pois o
humor estava deixando o conteúdo muito mais “compartilhável” e,
consequentemente, muito mais exposto às pessoas de todos os
espectros políticos. Então não parei mais!

Vale ressaltar que mesmo tendo deixado explícito o tom satírico e


contraditório da personagem, demorou muito tempo para que
pessoas e até mesmo instituições favoráveis ao feminismo,
deixassem de compartilhar os comentários da página.

A “pegadinha” já havia sido revelada, porém, comprovando a


minha tese inicial, essas pessoas e instituições desavisadas só
queriam “levantar a bandeira”, não ligavam para o que estava
sendo dito.

08
POR TRÁS DA PERSONAGEM

Blog Extra (da Globo), usando um print de um comentário da Jessicão,


explicitamente imoral e contraditório, como capa de uma matéria sobre
uma campanha feminista real.

O principal de tudo isso é que, ao longo dessa quase uma década


de total imersão nessas temáticas, tanto com as dinâmicas
envolvendo a personagem quanto com estudos e "trabalhos de
campo", por assim dizer, que me permiti fazer graças ao
anonimato. Pude racionalizar de uma maneira bastante prática a
mecânica por trás, não só do feminismo, mas de toda a cadeia de
bandeiras e argumentos que compõem o que chamamos de
“agenda progressista”.

Com isso, pude compreender também a real importância dos


comportamentos que essa agenda visa destruir. E porque é que
temos o dever de protegê-los!

09
POR TRÁS DA PERSONAGEM

É esse o conhecimento que hoje eu compartilho de maneira


descomplicada e lúdica neste e-book! Aqui te ajudarei a dominar,
com a visão ímpar de quem já trabalhou com a agenda
progressista, frequentou movimentos e dissuadiu militantes,
elementos que te auxiliarão a adotar posicionamentos sólidos; a
te blindar contra narrativas e te fazer entender qual é o seu papel,
de fato, dentro dessa guerra cultural que estamos vivendo!

O humor também não ficará de fora, é claro... digo escuro!


Ao final de tudo isso, você poderá se divertir com o melhor dos
textos da Jessicão, selecionados exclusivamente para este
trabalho!

#ésobreisse

10
A ORIGEM DA
"DESCONSTRUÇÃO"
A ORIGEM DA "DESCONSTRUÇÃO"

Para começar a nossa jornada, primeiramente é importante


responder de maneira definitiva as questões que sempre nos
ocorrem quando nos deparamos com a militância progressista;
com o politicamente correto, os "cancelamentos", etc.

De onde veio o progressismo?


Qual é o objetivo?
Ele é benéfico em algum sentido?
Qual sua relação com o comunismo?
Porque é promovido por gigantes do capitalismo?

Na internet, quando pesquisamos por conteúdos considerados


“de direita”, é comum nos depararmos com teorias de pessoas
que tentam responder a relação entre progressismo, que sempre
foi associado ao comunismo, com o capitalismo da mídia
mainstream, através de teorias com dados que ainda não são
verificáveis ou até mesmo baseados em misticismo. De uma
forma que, honestamente, só ajudam a reforçar a imagem de
"conspiracionistas" que a esquerda tenta ilustrar sobre a direita.

Já entre os esquerdistas, esses questionamentos acerca do


progressismo praticamente não existem. Mesmo entre os que se
posicionam mais fervorosamente contra o capitalismo, existe uma
espécie de consenso de que a mídia mainstream cultua o
progressismo, simplesmente porque, para eles, essa ideologia é
mais "evoluída".

12
A ORIGEM DA "DESCONSTRUÇÃO"

Eles partem de um pressuposto de que as pessoas que estão na


mídia possuem mais estudo, logo possuem mais “empatia”.
Portanto, inevitavelmente serão progressistas... Será?

Deixemos o papo furado de lado e analisemos com base na lógica


o que, de fato, está por trás dessa ideologia tão controversa. Para
começar, precisamos falar um pouco sobre o cara que descobriu
as “leis” que fundamentam a ideologia progressista atual:
o teórico marxista Antonio Gramsci.

A grande contribuição de Gramsci para a humanidade, apesar de


sempre ter atendido aos ideais marxistas, foi a de compreender
comportamentos humanos e mostrar como é possível moldá-los.

Gramsci constatou que as sociedades humanas possuem


costumes e valores tradicionais que criam “estruturas de poder”
que exercem autoridade sobre as pessoas. E enquanto as
pessoas tiverem compromisso com essas estruturas, elas serão
resistentes a assimilar qualquer costume ou valor novo.

13
A ORIGEM DA "DESCONSTRUÇÃO"

Portanto, como a ideologia marxista era algo novo, que exigia que
o Estado fosse a única autoridade sobre a sociedade, Gramsci
compreendeu que para o marxismo funcionar era imprescindível
que o compromisso das pessoas com as estruturas tradicionais
fosse quebrado!

Mas Gramsci também tinha noção de que quando se tenta


derrubar essas estruturas enquanto a sociedade ainda está
comprometida com elas, isso provoca revolta. E as pessoas ficam
ainda mais resistentes à nova autoridade ou ao novo valor.

Essa foi a razão para a elaboração da técnica encontrada em suas


obras, que consiste em usar os meios de comunicação para
enfraquecer o compromisso das pessoas com valores estruturais,
para então derrubá-los sem nenhuma resistência. Deixando
assim, o caminho livre para o Estado marxista funcionar como
única autoridade.

Se você é um estudante barbudinho de camisa do Che, coque


samurai e papete, provavelmente agora você deve estar
esbravejando: “Nada a ver! Gramsci queria derrubar as estruturas
da opressão, que aprisionam a sociedade!" - Então, aproveito para
antecipar que a narrativa que rotula valores estruturais, naturais,
como sendo “opressores”, é justamente a técnica gramscista para
fazer com que o jovem rompa os seus compromissos com as
estruturas em questão. Possibilitando inclusive, que todas as
"instituições" ligadas àquelas estruturas, sejam derrubadas,
incendiadas, ou até mesmo assassinadas com a ajuda do jovem!

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A ORIGEM DA "DESCONSTRUÇÃO"

Ao melhor estilo “acuse-os do que você faz”, Gramsci acusava os


sistemas capitalistas, patriarcais, meritocratas, que se estruturam
de maneira espontânea em toda sociedade livre, de fazerem
parte de um projeto de “hegemonia cultural” idealizado pelos
burgueses.

E assim Gramsci justificava o seu próprio projeto de hegemonia


cultural, visando a tomada dos meios de comunicação e ensino,
para então “desconstruir” a sociedade de maneira calculada,
antinatural e impositiva.

Ter outra autoridade além do Estado, exercendo poder sobre a


mente de uma pessoa, pode fazê-la desobedecer o Estado. E isso,
para Gramsci, é o que faz o marxismo ser falho.

Enquanto o marxismo originalmente prega que todos os meios de


produção precisam ser do Estado, o marxismo de Gramsci diz
que todo o compromisso do ser humano também precisa ser
apenas com o Estado! Caso contrário, o marxismo não funciona.

As estruturas que haveriam de ser combatidas pela grande mídia,


universidades e pessoas de grande influência, seriam todas as
ligadas às instituições com as quais as pessoas são naturalmente
comprometidas, por exemplo: família, matrimônio, fé, papéis de
gênero, conceitos estéticos, etc.

E para afastar a sociedade dessas estruturas, bastaria difamá-las


em uníssono e promover comportamentos opostos a elas.

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A ORIGEM DA "DESCONSTRUÇÃO"

A história mostra que Gramsci foi uma figura bastante influente


durante a revolução soviética. Participava de reuniões com Lenin.
Atuou por diversas vezes como conselheiro de Stalin.

E considerando a singularidade da sua obra naquela época, é


certo afirmar que foi com base em suas ideias que, em meados
do séc 20, no início do processo revolucionário da URSS, a
marxista Alexandra Kollontai começou a sua campanha na mídia
pregando a ideia de que mulheres deveriam oferecer sexo aos
soviéticos, como quem dá de beber a quem tem sede.

Sim, foi essa a analogia usada. A campanha posteriormente foi


resumida e imortalizada no famoso manifesto “a doutrina do copo
d'água".

Além do fomento ao sexo sem critérios, Kollontai militava sobre a


abolição do casamento; sobre a criação dos filhos ser uma
responsabilidade exclusiva do Estado, entre outras ideias que
pintavam a mulher como um ser que não deveria assumir
responsabilidade sobre absolutamente nada.
16
A ORIGEM DA "DESCONSTRUÇÃO"

Essas informações costumam nos causar certa estranheza, pois


normalmente temos a impressão de que a história que antecede
a nossa sempre foi “mais conservadora”. Mas na verdade, desde
aquele tempo, revolucionários criam narrativas para fazer as
pessoas acreditarem que são oprimidas por algo que só os
revolucionários, ou os comportamentos revolucionários, podem
solucionar. E sob essa aura de “heróis”, benevolentes e
libertadores, os revolucionários conseguem fazer com que
qualquer campanha, mesmo que ultrajante, seja legitimada.

O público, por sua vez, após ser induzido ao erro, reproduzindo


comportamentos revolucionários que o afasta das instituições
ligadas aos valores estruturais, acaba se sentindo à deriva. Sem
validação social. E isso o deixa predisposto a se agarrar e se
tornar partidário de qualquer autoridade nova que o acolha e
justifique seu comportamento. Exatamente como crianças que se
perdem dos pais e dão a mão ao primeiro adulto que oferece
ajuda.

Esse é um comportamento inato do ser humano. E essa foi a


grande sacada de Gramsci.

Como a preservação da mulher, no sentido sexual, sempre foi um


grande princípio da Igreja Ortodoxa Russa, ao banalizar o sexo
daquela forma, os soviéticos estavam induzindo uma geração
inteira de jovens a comportamentos que os afastariam do
compromisso com a igreja.

17
A ORIGEM DA "DESCONSTRUÇÃO"

Assim enfraqueciam o poder e a influência que a igreja tinha


sobre o território Russo, possibilitando o marxismo entrar como
nova autoridade com a qual os jovens teriam de ser
comprometidos dali por diante se quisessem validação para o seu
novo comportamento.

Foi isso o que possibilitou a implementação do regime soviético. E


10 anos depois, centenas de igrejas foram dinamitadas e mais de
100 mil líderes religiosos foram executados, com o endosso de
grande parte da população, que acreditava que a igreja merecia
isso, pois, a igreja era a instituição que representava valores
estruturais que estavam em desacordo com o novo
comportamento das pessoas.

Imagem de 1924, muito antes do naturismo europeu, a primeira praia


propositalmente "nudista", foi inaugurada pelo movimento soviético
“Abaixo a vergonha”, à porta da Catedral de Cristo Salvador em Moscou.

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A ORIGEM DA "DESCONSTRUÇÃO"

Imagem de 1930. A Catedral de Cristo Salvador em Moscou, sendo


dinamitada em pleno Natal.

A “doutrina do copo d'água" foi tão eficaz em quebrar os valores


estruturais para facilitar a imposição dos ideais marxistas na
URSS, que foi reproduzida no processo de revolução comunista
da China sob o nome de "Pei-Shui-Chu-i", 30 anos depois.

Importante destacar que quando a China estava começando esse


processo de subversão de valores, sua parceira URSS já o havia
cancelado há muito tempo! E já estava promovendo novamente
propagandas "retrógradas", no sentido sexual, em todo o seu
território...

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FIM DA "LACRAÇÃO"
NA URSS
O FIM DA "LACRAÇÃO" NA URSS

Com a URSS instaurada, Kollontai como diplomata, a abolição do


casamento decretada, aborto livre, religião coibida, papéis de
gênero derrubados, o conceito de “família tradicional” se tornando
obsoleto… Trocando em miúdos: com algo muito semelhante ao
ideal progressista atual sendo aplicado. A sociedade soviética
começou a ruir.

Material para propaganda soviética do anos 20. “Todo homem comunista


deve satisfazer suas necessidades sexuais"; “Toda comunista mulher deve
satisfazê-lo, caso contrário, não passa de uma burguesa” .

O casamento deu lugar à "parceria civil", um modelo de união


onde laços tradicionais como lealdade e fidelidade eram
desestimulados, muito parecido com o "relacionamento aberto"
progressista - Afinal, o maior compromisso das pessoas deveria
ser apenas com o Estado.

As famílias deram lugar às "comunas". Na teoria, as crianças


seriam criadas de maneira colaborativa entre pais e Estado. Na
prática a sociedade soviética estava criando uma geração de
órfãos sem lar e dependentes do Estado até mesmo para
preparar comida.
21
O FIM DA "LACRAÇÃO" NA URSS

Não demorou muito para a comida comunitária, chamada de


“porção”, também defendida por Kollontai para afastar as
mulheres do serviço doméstico, começasse a ser distribuída para
ser preparada em casa, pois já não havia mão de obra para
preparar na indústria, como era o prometido.

Segue algumas das falas de personagens importantes da época,


extraídas do Russia Beyond The Headlines (um banco de arquivos
e informações históricas, disponibilizadas online pelo próprio
governo Russo), para ilustrar o clima de degradação que aquela
sociedade estava vivendo:

Nikolai Semachko, o Comissário do Povo para Saúde Pública,


registrou em 1923: "metade das crianças nascidas em Moscou foi
abandonada por ter sido concebida fora da 'parceria civil'. Ao menos
20% dos jovens estão transmitindo DSTs.

O escritor Mikhaíl Bulgákov, relatou em seu diário de 1924:


“Pessoas nuas em pêlo usando braçadeiras onde se lia ‘Abaixo a
vergonha!’ surgiram recentemente em Moscou. Um grupo foi visto
subindo em um bonde. O bonde parou, o público estava indignado”.

O monarquista Aleksander Truchnovitch, sobre sua visita à cidade


Krasnodar em 1924: “‘Abaixo os filisteus! Abaixo os padres
enganadores! Não precisamos de roupas, somos filhos do sol e do
ar!’, gritava um porta-voz nu em um palco. Quando voltei ao lugar à
noite, vi o palco desmontado... e alguém espancando a ‘criança do sol
e do ar.’”.

A "desconstrução" precisava retroceder...


22
O FIM DA "LACRAÇÃO" NA URSS

Recortes da época mostram que a própria imprensa já levantava a


hipótese de que aquele novo comportamento sexual poderia ser
o causador da crescente nos problemas sanitários e psicológicos
que estavam acometendo a sociedade soviética.

Foi quando em meados de 1930 o Estado soviético passou a


distribuir um manual chamado de “12 mandamentos sexuais do
proletariado”, visando recobrar na sociedade o compromisso com
alguns dos valores estruturais que haviam sido destruídos
durante o início da URSS e que, de acordo com Aron Borisovich
Zalkind, psicanalista e escritor dos mandamentos, eram
fundamentais para a sociedade não se deteriorar... Afinal, os
ansiolíticos e antidepressivos só seriam descobertos nos anos 50.

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O FIM DA "LACRAÇÃO" NA URSS

Dê uma olhada nos títulos de cada um dos mandamentos:

1. A vida sexual não deve se desenvolver muito cedo entre o


proletariado.
2. Exercerei a contenção sexual até oficializada uma parceria civil, e
isso só ocorrerá após a plena maturidade social e biológica (25
anos).
3. As relações sexuais serão a culminação de uma profunda e
abrangente simpatia e apego ao objeto de teu amor sexual.
4. O ato sexual será o elo final de uma cadeia de experiências
profundas e complexas que unem os amantes naquele momento.
5. O ato sexual não deve ser repetido com frequência.
6. Não mudarás frequentemente o seu objeto sexual. Haverá menos
variação sexual.
7. O amor deve ser monogâmico e monoândrico.
8. Todo ato sexual deve ser cometido sem esquecer a possibilidade
de conceber um filho – você sempre se lembrará de sua progênie.
9. A seleção sexual deve ser sempre conduzida de acordo com os
objetivos da classe proletária-revolucionária. Elementos de flerte,
perseguição de saias, coqueteria e outros métodos particulares de
conquista sexual não devem ser introduzidos nas relações
amorosas.
10. Não terás ciúmes.
11. Não te envolverei em perversões sexuais.
12. No interesse da conveniência revolucionária, a classe terá o direito
de interferir na vida sexual de seus membros; o sexual estará
sempre subordinado aos interesses de classe, nunca interferindo
com estes, mas sempre a servi-los.
24
O FIM DA "LACRAÇÃO" NA URSS

Pois é, como dizem por aí o mundo não girou, capotou...

O Estado soviético passou de um extremo ao outro. Em 1934, o


Estado voltou a criminalizar o relacionamento homossexual. A
proibição do aborto foi reintroduzida em 1936. Durante as
décadas seguintes, assuntos envolvendo sexualidade foram
totalmente evitados pelo Estado e a mídia se tornou crítica em
relação ao sexo livre.

A revolução sexual seguinte só aconteceria nos anos 90…

Podemos dizer que a China passou pelo mesmo processo. Apesar


de o regime comunista ainda estar em vigor por lá, o que
prejudica a obtenção de informações precisas sobre qualquer
coisa, muitas notícias que são liberadas mostram que o Estado
Comunista Chinês tem transmitido à sua população valores de
viés conservador, totalmente opostos aos valores do Pei-Shui-
Chu-i, a doutrina do copo d'água chinesa.

Pois é, feminista - se é que tem alguma lendo isto aqui - sua


“revolução sexual” veio muito antes da segunda onda do
feminismo. E originalmente foi um método criado por HOMENS,
para monopolizar o seu poder sobre as pessoas. E, como a
história nos mostra, costuma ser descartado logo depois de
atingir o seu objetivo, porque prejudica a sociedade.

25
O FIM DA "LACRAÇÃO" NA URSS

Então, voltando a Gramsci:

Qual é a finalidade do projeto de “hegemonia cultural” de


Gramsci?

R: Estimular as pessoas a quebrarem os seus compromissos com


valores estruturais da sociedade, para impor uma autoridade
nova, sem que haja resistência...

26
TÁ, MAS E O
PROGRESSISMO?
TÁ, MAS E O PROGRESSISMO?

O progressismo também faz a sociedade quebrar compromissos


com valores estruturais, a diferença é que, nele, essa quebra de
compromissos serve a outros propósitos.

Podemos dizer que o progressismo nada mais é do que a


estratégia de Gramsci aplicada ao capitalismo, para potencializar a
venda de serviços e produtos que, para serem vendidos, precisam
de um condicionamento cultural, ou seja, produtos não-
essenciais. Aqueles que movimentam a economia de supérfluos.

Para compreender melhor como isso funciona, imagine a seguinte


situação hipotética:

Um homem mora em uma cidade extremamente pequena e


decide abrir uma boate. Um serviço que se enquadra como
supérfluo. Porém, por ser uma cidade pequena, esse homem
consegue perceber com clareza quais os eventos ou modismos
que ocorrem na cidade, impactam diretamente no seu lucro.

Ele sabe que o público-alvo da boate está diretamente


relacionado com pessoas solteiras, divorciadas, em sua maioria
sem filhos e com uma tendência à promiscuidade, ou melhor,
sem compromissos com valores tradicionais sobre sexo e
relacionamento.

Portanto, quanto mais pessoas se casam na cidade, menos


público a boate tem; quanto mais pessoas, por exemplo, se
convertem e passam a frequentar a igreja da cidade, menos
público a boate tem.

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TÁ, MAS E O PROGRESSISMO?

Trocando em miúdos, quanto mais compromissos a população


tem, menos pessoas vão à boate.
Logo, se o dono quiser lucrar mais e puder produzir um programa
para a população da cidade, por meio de rádio ou TV, ele
certamente fará um programa articulado para desestimular os
compromissos que ele identificou. Um programa, por exemplo,
que faz as pessoas questionarem a igreja, que faz as pessoas
repensarem os seus matrimônios, que fragiliza as “autoridades”
que atuam como obstáculos para fazer as pessoas darem
dinheiro à boate. Ou seja, ele fará um programa progressista!

Note que ninguém o financiou. E ele nem serve ao marxismo, mas


age exatamente como Gramsci agiria para ter poder sobre as
pessoas.

Com isso, podemos dizer até que Gramsci foi o pioneiro em uma
estratégia de “marketing indireto”, baseada em um
comportamento humano inato, capaz de criar demanda
constante, para produtos e serviços supérfluos. E que qualquer
empreendedor pode acabar praticando de maneira espontânea.

Já a chamada “agenda progressista” é quando todo esse sistema


de criação de público, é aplicado de maneira coordenada pela
mídia, empresas e políticos de esquerda, que possuem interesse
em moldar a sociedade como um todo.

Aqui é importante termos em mente o conceito de que as


políticas capitalistas da direita, de abertura da economia e
desburocratização de serviços, são muito boas para nós.

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TÁ, MAS E O PROGRESSISMO?

Mas para quem já é líder de um grande nicho de mercado, essas


políticas só servem para fomentar a concorrência. Por isso que
mega-empresas flertam tanto com os ideais da esquerda.

Em sistemas econômicos mais fechados, essas empresas se


tornam soberanas. No Brasil temos o exemplo dos banqueiros
que faziam parte do oligopólio de meia dúzia de bancos que não
possuíam concorrência até antes de 2019. Certamente eles eram
muito mais "felizes" com os governos de esquerda, quando o
Brasil era fechado para a entrada de novos bancos.

Voltando ao progressismo, as empresas compreenderam que


lucrariam muito mais com uma sociedade sem compromissos e
passaram a agir em conjunto com a mídia e redes sociais, usando
o progressismo para quebrar os compromissos das pessoas e
transformá-las em consumidores constantes.

Perceba que até aqui, a ideia não é criar militantes! As empresas


não estão tentando quebrar o compromisso das pessoas para
instaurar uma outra autoridade. Estão quebrando os
compromissos para que as pessoas simplesmente não tenham
compromissos com nada. Justamente porque os compromissos
atrapalham o consumo de supérfluos. E só.

Tanto faz se você se considera antifeminista, direitista,


conservador ou um MGTOW da vida… Se você não tem
compromisso com nada, o progressismo já te moldou. Você irá
consumir mais. E é isso o que importa.

30
TÁ, MAS E O PROGRESSISMO?

Teaser da Beauty within extravaganza conference 2018. No slide: “Quem é


o nosso consumidor? A mulher empoderada!”. Do lado esquerdo: mulheres
acima do peso com um gato e feições de alegria. Do lado direito: donas de
casa com um bebê e feições de preocupação.

Quando se analisa o grosso do perfil dos consumidores, por


exemplo, da indústria dos cosméticos, vemos que a mulher
monogâmica é uma consumidora muito menos constante que a
mulher promíscua. E a mulher casada é infinitamente menos
constante que as solteiras e divorciadas.

E investindo em propaganda progressista, é possível induzir a


sociedade a comportamentos que culminam em menos mulheres
se casando ou mais mulheres se divorciando, para que mais
mulheres se mantenham dentro do perfil de maior consumo.

31
TÁ, MAS E O PROGRESSISMO?

Essa indução é tão certeira e eficaz, que hoje algumas dessas


empresas já usam da propaganda progressista para incluir o
homem no spot de vendas dos seus produtos e serviços.
Investindo em narrativas focadas em enfraquecer o compromisso
dos homens com valores estruturais sobre masculinidade, força,
virilidade... Pois o compromisso com esses valores age como uma
barreira para que o homem compre maquiagem.

Ao fomentar narrativas sobre “masculinidade tóxica”, “inexistência


de gênero”, o progressismo faz com que mais homens rompam
seus compromissos estruturais e se abram para padrões
masculinos novos que consomem muito mais.

E isso se estende para vários tipos de indústrias.

32
TÁ, MAS E O PROGRESSISMO?

Pense em Carnaval ou Spring Break. Os pacotes de viagem que


sempre figuram entre os mais vendidos do mundo, que
movimentam bilhões todos os anos para toda uma rede
comercial que envolve desde aeroportos a hospedagens...

Qual é o perfil de pessoas que mais consomem esses pacotes?

Nada impede que pessoas conservadoras desfrutem de viagens


assim, sem precisar "quebrar compromissos" com valores
estruturais.

Mas é impossível negar, que a devastadora maioria das pessoas


que desfrutam dessas viagens e que, evidentemente, esquentam
toda a cadeia comercial ligada a elas, são pessoas que
reproduzem comportamentos alinhados à pautas progressistas:
que buscam aventuras sexuais ou “descobertas sexuais”, sem
compromisso.

Com o Music Business, a mesma coisa…


Por que as letras das músicas cada vez mais transmitem noções
progressistas do mundo? Qual é o perfil de comportamento que
leva mais pessoas a consumirem festivais, rodeios e raves?

A resposta sempre será a mesma.

Um dos casos mais emblemáticos acerca desse interesse da


indústria musical em moldar comportamentos através do
progressismo, foi o famoso plot twist de valores morais da Disney.

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TÁ, MAS E O PROGRESSISMO?

Quando a Disney decide parar de ser uma empresa com


produtos direcionados apenas às famílias, ela reestrutura a sua
repartição musical, que antes só trabalhava com musicais
relacionados aos seus filmes e suas trilhas sonoras. E cria a DMG.
Grupo que a permite investir e competir também no music
business.

Aí então, no mesmo período, exatamente no mesmo ano (1998), a


Disney Pictures, repartição responsável pelas animações, lança a
Mulan! Uma personagem mulher que, de uma maneira ainda
comedida, pra ser digerível, questiona papéis de gênero e lida
com homens sensíveis.

Antes que você pense que a Disney estava atendendo a demanda


do público de cinema da época, é importante ressaltar que a
nossa sociedade estava em um contexto cultural que transformou
filmes como "Amor Além da Vida", "Armaggedon", "Cidade dos
Anjos" - que mostram homens se sacrificando pela sociedade ou
pelas suas amadas - nas maiores bilheterias do ano.

34
TÁ, MAS E O PROGRESSISMO?

O cinema ainda não estava aparelhado ao progressismo.

Esse episódio nos mostra que assim que a Disney começou a


competir na indústria musical, ela deu o pontapé inicial a um novo
padrão de princesas, que a partir dali começam a "cagar" pra
matrimônio, romantismo e debocham dos príncipes que, por sua
vez, são desajeitados, fracos, sem valores nobres ou grandes
propósitos.

Os filmes começam a fazer as crianças romperem com os exatos


compromissos que a música pop daquela década estava
rompendo para aumentar o consumo de shows e festivais
musicais.

Os meninos perdem sua hombridade e cavalheirismo e as


meninas perdem a sua criteriosidade e delicadeza. Ambos vão se
tornando desinteressados romanticamente um no outro e
perdem o compromisso de atender as expectativas de "parceiro
ideal" um do outro. E isso os tornam mais lucrativos, pois estão
"livres" para dedicarem mais da sua vida e dinheiro aos produtos
do music business.

Lembre-se, tudo isso é promovido sob o verniz das narrativas que


dizem trazer algo benéfico para sociedade. "Acabando com
padrões opressivos, trazendo empoderamento...".

35
TÁ, MAS E O PROGRESSISMO?

Brinquedos "não-binários", produzidos para atender a demanda alguma,


visando apenas romper compromissos com ideais de gênero, condicionando
a criança desde pequena a uma vida de busca pela própria identidade,

Normalizar a promiscuidade através do progressismo, é muito


interessante para a maioria das empresas. Pois pessoas que
rompem com valores tradicionais relacionados à vida sexual,
acabam passando muito mais vezes por situações preliminares ao
sexo que exigem muitos gastos supérfluos como: ingressos,
roupas, sapatos, até alugueis de carros, iates… Ou qualquer outra
coisa que a pessoa julgue necessária para conseguir fazer sexo.

Esse é um dinheiro que, evidentemente, pessoas que vivem


segundo valores mais tradicionais, como namorados fixos; casais
monogâmicos, não precisam gastar para suprir suas necessidades
sexuais.

Por isso, na propaganda progressista, notamos também uma


tendência a zombar das pessoas que vivem segundo valores mais
tradicionais, a fim de desestimular seus comportamentos.

36
TÁ, MAS E O PROGRESSISMO?

É consenso entre psiquiatras e psicólogos, que a promiscuidade é


uma raiz comum a diversos problemas relacionais, que fazem
com que o(a) promíscuo(a) tenha menores chances de se engajar
em um relacionamento fixo duradouro. Sendo assim, a
probabilidade da pessoa promíscua ficar em um círculo vicioso de
"gastos de primeiro encontro" para sempre, é muito grande. E
isso é ótimo para a agenda.

Tente agora imaginar se de repente as pessoas de hoje voltassem


a ter compromissos com as estruturas tradicionais sobre sexo. As
meninas voltassem a ter critérios mais elevados para
relacionamentos. Os meninos voltassem a valorizar virtudes
"antiquadas". A sociedade voltasse a ver o divórcio como uma
falha, levando as pessoas a serem mais exigentes na escolha de
seus parceiros... Todos esses setores da indústria que mencionei
acima, iriam perder muito dinheiro.

É exatamente por causa disso que páginas que tentam “resgatar


valores” são censuradas sumariamente das redes sociais, sem
nenhum motivo aparente. Esses setores da indústria são os
grandes patrocinadores dessas redes. E eles obviamente não
querem ver o prejuízo de algum valor sendo "resgatado" na
sociedade.

Mas é tudo relacionado a sexo?

Não, o progressismo tem diversas facetas. Para cada valor


estrutural que temos, o progressismo possui uma bandeira para
destruir o nosso compromisso com ele.

37
TÁ, MAS E O PROGRESSISMO?

Uma bandeira que tem ganhado cada vez mais notoriedade é a


do “body positivity”.

Com o advento dos fast foods, os EUA deram início a uma


epidemia de obesidade tão preocupante, que em dado momento
conseguiu atingir 40% da população.

Porém, no fim dos anos 80, a mídia americana estava totalmente


alinhada aos valores estruturais que a sociedade tem sobre saúde
e estética, ainda mais devido à moda da ginástica na televisão,
que deu origem à “geração saúde”.

Ou seja, a população estava engordando desenfreadamente e a


mídia, na contramão, ficava martelando que ser gordo era algo
ruim.

Isso resultou em um ambiente onde as pessoas gordas se


sentiam desconfortáveis em aparecer em público. O pensamento
que imperava na cabeça do jovem gordo, segundo os recortes da
época, era do tipo “quando emagrecer eu vou”. Eles não se
animavam mais a sair, viajar e gastar.
38
TÁ, MAS E O PROGRESSISMO?

Isso impactou diretamente na economia de supérfluos. Quanto


mais gordos existiam, menos pessoas saiam para gastar. E as
empresas precisavam fazer algo…

Eis que em 1990 a mídia mainstream passou a bombar em


uníssono a filosofia “body positive”, juntamente com “O Mito da
Beleza” de Naomi Wolf (um dos maiores ícones do feminismo) e
mais programas enaltecendo gordos, como: Make Waves, Yoga
For Round Bodies.

O “body positive”, importado para o Brasil como “vai ter gorda”,


nada mais é do que uma narrativa que quebra valores estruturais
sobre saúde e estética, dizendo que ser gordo é belo e saudável.
Dando à pessoa gorda a validação necessária para ela voltar a sair
e a gastar com supérfluos.

O colateral disso tudo, foi que criou-se uma tendência, onde


pessoas e empresas passaram a supervalorizar corpos obesos
para “sinalizar virtude”. E hoje, a militância obesa já não vê mais
motivo para que a sua condição seja chamada de doença. E
militam para tirar a obesidade da Classificação Internacional de
Doença (CID)...

Aqui talvez, se você estiver muito chapado de liberalismo, já deve


ter ocorrido algum questionamento sobre se o progressismo é
tão ruim mesmo, já que ele gera lucro, emprega gente, faz
gordinho gastar. Não é mesmo?

39
PRA QUE
COMBATER O
PROGRESSISMO?
PRA QUE COMBATER O PROGRESSISMO?

O problema do progressismo é que ele não está em


conformidade com o que é saudável ao ser humano. As
estruturas culturais e os compromissos que criamos ao longo da
evolução, não surgiram à toa, eles nos mantém sãos! E essa
verdade inconveniente nos é explicitada a todo momento, não só
pelas pessoas ao nosso redor, como pelos próprios ícones do
ideal progressista, que nos são apresentados nas redes ou pela
grande mídia.

Você já deve ter reparado que dentro do conteúdo produzido


pela "bolha progressista", existe uma insistente normalização da
dependência por remédios e terapia. Nas redes, a elite artística
revela a sua dependência por ansiolíticos e antidepressivos como
se fosse engraçado ou até mesmo atraente, de um jeito bizarro,
tal como faziam as propagandas de cigarro antigamente.

Sem falar no discurso pronto de que “todo mundo precisa fazer


terapia", repetido como um mantra, justamente porque sem isso
as pessoas que vivem de acordo com o ideal progressista, não se
suportariam. Lembra da URSS? Pois então...

Em 2020, a Pew Research Center, uma instituição científica de


natureza investigativa e apartidária de Washington DC, criada para
estudar comportamentos e encontrar padrões que possam ser
úteis para estratégias políticas e sociais, publicou um
levantamento apontando que 50% das mulheres liberais e
brancas, norte americanas com até 29 anos, haviam sido
diagnosticadas com um ou mais transtornos mentais.

41
PRA QUE COMBATER O PROGRESSISMO?

Estudiosos de renome mundial, de diversas áreas do


conhecimento que podem ser relacionadas ao comportamento
humano, como por exemplo, Dr. Lyle H. Rossiter, David Harsanyi,
Friedrich Hayek, Ludwig von Mises... Compartilham em suas obras
a ideia de que esse tipo de conduta "sem compromissos" causa
dependência psicológica a alguma filosofia que rompe com o
senso de autorresponsabilidade, o que acaba resultando na
infantilização das pessoas.

Sendo assim, as pessoas deixam de buscar a superação e o


autocontrole, e passam a buscar a autocomplacência com o
próprio fracasso, o que, por sua vez, é a chave para a ativação de
vários transtornos mentais.

Ao quebrar todos os compromissos estruturais, o progressismo


coloca a pessoa acima de qualquer autoridade estrutural:
“O erro não está em mim, está no padrão”, “eu não falhei, o
padrão que você usa para me julgar é que é falho”, “eu não
preciso melhorar, é o padrão que precisa mudar”.

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PRA QUE COMBATER O PROGRESSISMO?

Essa visão “agasalha” a pessoa em seus fracassos. E assim, sem


nunca precisar lidar com algo que a contradiga ou que a ofenda, a
pessoa se torna fraca e amarga. Podendo transformar qualquer
situação corriqueira do dia-a-dia em uma situação de "agressão" e
"abuso".

Note que quanto mais o progressismo avança, mais a sociedade


se torna ansiosa, depressiva e dependente de remédios.

E progressistas também se tornam legisladores. Fazendo com


que todos precisem se submeter às suas leis, que são criadas
com base nas suas visões infantilizadas do mundo.

E esse é o sentido de se combater essa ideologia. Quanto mais o


progressismo avança, mais a sociedade se deteriora.

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E QUAL É
A RELAÇÃO COM
A ESQUERDA?
E QUAL É A RELAÇÃO COM A ESQUERDA?

Voltemos à primeira constatação de Gramsci, que embasa toda a


sua obra:
Não dá para submeter a sociedade a um novo pilar de
autoridade, se ela já é submissa a vários outros pilares.

Mas em uma sociedade progressista, sem compromisso com


absolutamente nada, repleta de vácuos de autoridade, como uma
“criança que se perdeu dos pais”, o controle sobre as pessoas
pode ser reivindicado por qualquer estrutura de poder que
aparecer e impor a sua autoridade!

Enquanto a agenda progressista faz com que as pessoas rompam


seus compromissos para se tornarem consumidores constantes
de supérfluos. A esquerda ocidental aproveita desse ambiente,
para fazer com que as pessoas não apenas se mantenham longe
das estruturas tradicionais com as quais elas romperam seus
compromissos, mas também odeiem essas estruturas! Tornando-
as soldados.

Durante esse processo, elementos importantes dessas estruturas


são demonizados, transformados em "perigos iminentes" sobre
os quais somente a esquerda possui um "monopólio da defesa”,
com suas políticas e coletivos.

Um ponto interessante nessa questão, é que esses elementos


estão sempre atrelados à natureza humana. São inerentes à
sociedade humana. Portanto, ao demonizá-los, a esquerda cria
inimigos eternos, com os quais ela poderá "lutar" infinitamente!

45
E QUAL É A RELAÇÃO COM A ESQUERDA?

Assim a esquerda tem sempre um inimigo para oferecer a quem


anseia se rebelar contra algo. Coisa comum a adolescentes na
puberdade. E quando a esquerda posa de única autoridade
disposta a combater esse "inimigo", ela dá um motivo a esses
jovens se filiarem aos seus partidos, coletivos e candidatos. De
geração em geração. Para sempre.

Você provavelmente já deve ter ouvido que "o patriarcado é


machista", ou que "a polícia é fascista", que "papéis de gênero são
misóginos", que "quem generaliza é racista" ou "xenofóbico", não
é mesmo?

Talvez você nem seja de esquerda, mas já concorda com


sentenças assim de tanto que você as ouve. "Machismo",
"racismo", "xenofobia", "misoginia"... Nomes terríveis, que se
referem a situações que realmente devem ser combatidas. Mas a
esquerda os atribui às situações inerentes à humanidade. Aos
elementos presentes em pilares da sociedade, cujo combate é
ilógico, impossível e que não possuem nada a ver com tais nomes
terríveis.

Separei aqui alguns exemplos para que você compreenda como


funciona o processo de demonização de elementos inerentes à
sociedade, irreparáveis. Que existem para serem compreendidos
e não combatidos...

46
O TAL DO
PATRIARCADO
O TAL DO PATRIARCADO

Que sistema é esse, supostamente machista, que só as feministas


podem combater, combatem desde sempre e que continuarão
combatendo eternamente?

Bom, o patriarcado não é uma estrutura que exerce autoridade


sobre a sociedade. Ninguém pensa ter um "compromisso com o
patriarcado". Até mesmo porque "patriarcado" é um termo
galgado pelas feministas. Então ninguém o usa, além delas.

Porém ele se refere a uma característica importante da


humanidade, que dá vazão às instituições estruturais mais básicas
que sustentam a sociedade, desde o nosso compromisso com a
família ao com a polícia.

O patriarcado nada mais é que a forma de organização social


humana, que se baseia no fato de que, biologicamente, a mulher
tem uma função mais importante que o homem dentro da nossa
“missão natural”, que consiste em perpetuar a nossa espécie.

Não é difícil conceber a ideia de que, em algum momento da


evolução, nossos ancestrais assimilaram o fato de que para gerar
um único indivíduo é necessário uma fêmea e vários meses de
espera, enquanto um único macho é o suficiente para garantir
que vários outros indivíduos sejam gerados em um curto espaço
de tempo.

Ou seja, temos na nossa “programação” o conceito de que para


continuarmos existindo, é muito mais importante ter um grande
número de mulheres do que de homens.

48
O TAL DO PATRIARCADO

Em função disso, obviamente a vida das mulheres passou a ser


priorizada e superprotegida, enquanto os homens passaram a se
ver como seres um pouco mais “descartáveis”, provedores de
segurança, alimentos, saneamento, tomando para si todos os
riscos que envolvem essas funções, dentro de uma sociedade,
cujo núcleo é composto por mulheres e crianças.

Note que não é muito comum a sociedade superproteger filhos


homens. Dificilmente nos preocupamos em demasia com a vida
sexual deles, não nos preocupamos se as roupas deles podem ou
não aumentar a probabilidade de algum tipo de ataque de
predadores sexuais. E muito menos nos mobilizamos para
difamá-los quando adotam posturas ou abraçam estilos de vida
que podem ser perigosos para o gênero deles, a fim de
desestimular aquele comportamento.

Já eles - os homens - por sua vez, acham normal serem obrigados


a alistarem-se no exército; darem sua vez para mulheres durante
salvamentos; darem seus casacos para mulheres se esquentarem,
enquanto fingem não passar frio; serem a devastadora maioria
em trabalhos insalubres (essenciais para o saneamento da
sociedade); aceitar que coisas pesadas e difíceis foram feitas “para
homens”, sob a pena de se tornarem motivo de chacota quando
não conseguem realizar essas funções.

Agora pensa comigo. Se configurarmos o cenário acima, que é o


cenário patriarcal, como sendo um cenário machista, não faz o
menor sentido relacionarmos agressores de mulheres,
estupradores e outros criminosos,

48
O TAL DO PATRIARCADO

que são constantes nos discursos feministas, ao machismo! Pois


estes agem em total desacordo com a conduta patriarcal de
preservação à mulher!

Agressores de mulheres, inclusive, seriam estimulados a


agredirem ainda mais, caso vivêssemos em algum desses cenários
idealizados por feministas, onde homens e mulheres seriam
tratados com igualdade plena. Pois aí eles não estariam agredindo
um gênero diferente que requer tratamento diferente, mas sim
estariam agredindo um “homem fisicamente mais fraco”.

Mas então como estabelecer o que, de fato, é machismo?

Agora que você já compreendeu que essa conduta de


preservação à mulher é natural ou até mesmo "animal", é
importante entender que não somos animais totalmente
instintivos. Devido a racionalidade, criamos diversos subterfúgios
para driblar a nossa “programação original”, tanto por meio de
ideologias políticas e doutrinas filosóficas, quanto por meio de
religiões.

Países onde se impera doutrinas que desconectam o homem do


senso patriarcal e natural de descartabilidade, são os que mais
oprimem mulheres!

Isso já é observado desde muito tempo nas culturas que deram


origem ao extremismo islâmico. Nelas, apesar das restrições às
mulheres se basearem (ao seu modo) no instinto de proteção
patriarcal, o homem renega a sua descartabilidade e se coloca
como núcleo da sociedade, enquanto as mulheres e crianças o
servem, de um campo periférico. Isso é machismo.
50
O TAL DO PATRIARCADO

O curioso é que essa é justamente a religião protegida por


vertentes feministas, que inclusive criaram o adjetivo
“islamofóbico” para gerar uma espiral do silêncio e coibir a
manifestação de críticas a essa cultura.

Mais recentemente pudemos observar o mesmo em culturas


progressistas. Nelas, homens também renegam a sua
descartabilidade, abandonam o seu posto natural de protetores e
amenizam a sua masculinidade para se encaixar no ideal
feminista, deixando as mulheres totalmente à mercê de
predadores sexuais.

Foi isso, inclusive, que possibilitou o terrível e recente episódio de


surto de estupros na Europa, em 2015. Onde posteriormente os
homens da região, de maioria progressista, responderam aos
predadores sexuais (refugiados islâmicos), fazendo um protesto,
vestindo saias… Posando de "homens descontruídos". Usando um
caso de estupro de mulheres em massa, para chamar a atenção
do mundo para si mesmos e “sinalizar virtude”. Revelando que na
sua ideologia, a proteção às mulheres não é uma prioridade.

Portanto, para se estabelecer o que, de fato, é machismo basta


analisar se o caso em questão desconecta o homem do conceito
patriarcal de descartabilidade e da preservação à mulher. Ou
melhor, basta ver se o caso em questão faz o homem quebrar o
seu compromisso com o tal do "Patriarcado".

É nessa hora que as devotas da "Simone do Boivuá" questionam:


- Tá, mas e a "desigualdade de gênero"?!

51
O TAL DO PATRIARCADO

Apesar dessa resposta ser facilmente encontrada nas entrelinhas


da explicação sobre o que é o patriarcado. É importante
tratarmos desse assunto em separado, pois nele se baseiam as
maiores narrativas falaciosas que a esquerda ocidental utiliza para
"recrutar soldados" (dentro do processo que expliquei lá no
começo).

O Brasil hoje vive uma era em que, mesmo sendo um país


emergente, as demandas produzidas pelas dinâmicas sociais e de
mercado, já permitiu, sem a necessidade da existência do
feminismo, equalizarmos as oportunidades entre homens e
mulheres, seja na área pública ou privada.

Pra não dizer que o feminismo não fez nada, ele possibilitou que
as mulheres agora tenham privilégios trabalhistas! Ou seja,
tornaram a contratação de mulheres mais desvantajosa aos olhos
de quem emprega, isso sim poderia gerar "desigualdades" e
mesmo assim não gera.

Todas as "desigualdades" prevalecentes, são facilmente


explicadas através da análise das diferenças inatas entre os
gêneros!

Por mais que hoje as narrativas "mainstream" façam com que nos
tornemos propensos a negar esse fato, homens e mulheres são
seres desiguais. Não há o que mude isso! Portanto quaisquer
ideais de "igualdade plena" entre os gêneros, em todos os
campos possíveis, são ilógicos.

52
O TAL DO PATRIARCADO

Só na parte genética, existem pelo menos 6.500 diferenças entre


homens e mulheres, de acordo com o levantamento divulgado em
2017 pelo instituto de pesquisa em genética Weizmann, em Israel.

Imagine, se 1(uma) pequena alteração hormonal, que é menos


complexa, é capaz de impactar diretamente no nosso
comportamento, acreditar que 6.500 diferenças genéticas não
causem diferenciação na "forma de existir" entre homens e
mulheres é, no mínimo, ingenuidade. Pra não dizer má
intencionalidade.

Homens e mulheres possuem tendências naturais diferentes e


optam por profissões diferentes. E antes que alguma militante do
sovaco cabeludo indague que essas tendências são "construções
sociais" e não naturais, já existe uma robusta gama de estudos
científicos à disposição na internet, que comprovam que as
diferenças são naturais!

Os estudos mais conhecidos, são os relacionados a um


levantamento chamado de "paradoxo norueguês de igualdade de
gênero".

Eles foram feitos a partir da constatação estatística de que quanto


mais desenvolvido e igualitário é um país, mais as mulheres se
mostram pré-dispostas a se dedicarem a profissões
estereotipadas como sendo "de mulher".

53
O TAL DO PATRIARCADO

Os estudos relacionados a este fato são unânimes em atestar que


essas predisposições são inatas! Dentre eles estão estudos feitos
com adultos de 53 culturas diferentes, como o que foi promovido
pelo cientista e psicólogo Dr. Richard Lippa. Experimentos com
crianças de até 9 meses, realizados pelo psicólogo infantil Dr.
Trond H. Diseth. E experimentos feitos com bebês de 1(um) dia de
vida, realizados pelo professor e pesquisador em psicologia
Simon Baron-Cohen.

Isso não quer dizer que não existam mulheres que optam por
escolher profissões estereotipadas como "masculinas". Mas essas
sim, os estudos concluem que foram influenciadas pelo meio.
Motivadas mais por ideologias e necessidades financeiras do que
pelo simples "querer".

Por isso, quando uma feminista tentar emplacar uma narrativa


pra cima de você, com algum levantamento do tipo "na área da
saúde mulheres ganham menos que homens", diga que você
sabe disso, pois mulheres da área da saúde, diferentes dos
homens, estão mais pré-dispostas a serem enfermeiras do que
cirurgiãs. E enfermeiras logicamente ganham menos que
cirurgiões.

E o ditado "Homem que faz sexo com várias mulheres é 'garanhão',


mulher que faz sexo com vários homens é 'piranha'"?

Outra grande problematização acerca da "desigualdade de


gênero" que a esquerda sempre levanta para, novamente,
endossar suas narrativas falaciosas, gerar indignação e criar mais
"soldados", é a forma como a sociedade encara de maneiras
diferentes a conduta sexual do homem e da mulher.
54
O TAL DO PATRIARCADO

Especialistas como Anne C. Campbell, Steven Pinker, David Buss,


entre outros grandes nomes da psicologia evolutiva, o campo da
ciência que mais aborda os aspectos da humanidade
relacionados a esse assunto, afirmam que essa distinção no
tratamento da sexualidade entre homens e mulheres é também
algo inato! E faz parte de "instintos" tão presentes na sociedade e
tão certeiros, que inclusive pautam algumas "leis de mercado"
que usamos hoje.

Hã?!

Calma que você já vai entender!

Homens em geral, não possuem quase nenhum critério de


escolha para a prática de sexo CASUAL, basicamente qualquer
mulher serve. Esse comportamento foi o que ajudou o ser
humano a povoar a Terra. Na dinâmica entre os gêneros, a parte
dos critérios de escolha para sexo casual fica a cargo das
mulheres.

A seletividade dos homens está relacionada apenas à escolha de


parceiras para relacionamentos DURADOUROS! Mas isso é algo
que se estabeleceu com a evolução e a ideia de "casamento" se
instaurar como uma estrutura de poder.

O homem, digamos assim, "ao natural", tem por instinto apenas


perpetuar os próprios genes. Não há motivo para selecionar
parceiras. Quanto mais mulheres são inseminadas por ele,
melhor! Pois maiores serão as chances dos seus genes se
perpetuarem.
55
O TAL DO PATRIARCADO

Na contramão disso, a mulher tem o instinto de selecionar o


melhor homem. Aquele que além de querer sexo com ela, possua
atributos essenciais para a sobrevivência e fique ao seu lado, para
protegê-la durante longos períodos, aumentando as chances dela
sobreviver durante a gestação e criar seus filhos.

Por causa dessa "programação" natural, a demanda de homens


interessados em fazer sexo casual com mulheres sempre será
naturalmente bem mais alta do que a demanda de mulheres
interessadas em fazer sexo casual com homens.

Se pedirmos para que um homem e uma mulher saiam pelas


ruas, fazendo propostas de sexo casual às pessoas do sexo
oposto que virem pela frente, veremos que independentemente
dos atributos físicos ou intelectuais da mulher, ela terá infinitas
respostas positivas a mais do que o homem.

Então, devido a alta demanda para sexo com o seu gênero, a


mulher não precisa ter diferencial algum para praticar sexo, basta
ceder a qualquer homem. Enquanto isso, o homem sempre
precisa conquistar o sexo, ou seja, precisa buscar ter qualquer
coisa que o diferencie dos demais, pois a demanda para sexo
com o seu gênero é muito mais baixa.

Voltando às leis do mercado que mencionei, que se baseiam nos


mesmos instintos, um "produto" com alta demanda (o sexo da
mulher) tem muito valor! Mas perde valor à medida que se torna
acessível. Já o produto com baixa demanda (o sexo do homem),
indica ter muito valor agregado quando consegue se manter
vendendo.
56
O TAL DO PATRIARCADO

Sendo assim, o valor da mulher e o do homem para a sociedade,


no que diz respeito a sexo, estão em sentidos opostos.
Sempre estaremos inclinados a tratar as relações casuais do
homem como uma "conquista" e os da mulher como uma mera
"cessão". É com base nessa "lei natural", que ditados que tratam
os gêneros com distinção sempre serão criados!
O que nos cabe é compreender o fato e aprender a usá-lo.
Combater é inútil.

O pior é que no geral, os líderes de esquerda sabem muito bem


de como a realidade humanidade funciona. Mas a possibilidade
dos seus militantes compreenderem a realidade os preocupa
muito! Pois as narrativas mais contundentes dos seus
movimentos, se baseiam exatamente na não compreensão das
"leis naturais" que regem a sexualidade a humana.

A preocupação é tanta, que a esquerda é capaz de propagar


informações falsas para ocultar a verdade. E essas "fake news"
são apresentadas de uma maneira tão aleatória, aparentando
tanta despretensiosidade, que absolutamente ninguém se
preocupa em verificar se elas são reais ou não!

Um exemplo disso ocorreu no começo dos anos 2010, quando a


emissora National Geographic divulgou um documentário a
respeito das aldeias do povo kreung. Alegando que na sociedade
daquele povo, os pais criavam cabanas privadas para que suas
filhas adolescentes transassem com diversos homens até que
escolhessem o marido ideal.

57
O TAL DO PATRIARCADO

Como é de se esperar, essa informação reverberou por vários


outros veículos que confiam na idoneidade da emissora!

Blogueiras feministas passaram a usar esse documentário como


um endosso aos seus argumentos revolucionários sobre sexo,
tentando traçar um paralelo entre a inocorrência de estupros e o
baixo índice de divórcios naquele povoado, com a liberação
sexual das meninas... Porém tudo isso é FALSO.

Após a divulgação do documentário, nativos kreung passaram a


se manifestar nas publicações do canal, através dos comentários,
dizendo que se sentiam desrespeitados e que aquela prática não
existia. E que a dublagem em inglês em cima das falas dos nativos
entrevistados, não condizia com o que estava realmente sendo
dito. As cabanas eram feitas para brincar, tal como as "casas na
árvore" do ocidente. E elas não tinham nenhum propósito de dar
"privacidade" às jovens, até porque nenhuma tinha porta.
No máximo uma tela contra mosquitos.

58
O TAL DO PATRIARCADO

O único site de notícias que se preocupou em abordar essa


indignação dos kreung foi o, difamado, InfoWars, que apenas
compilou os prints e os divulgou questionando a National
Geographic "Por que mentir sobre isso?".

Apesar dessa controversa não ter conseguido grande


repercussão, a National Geographic realizou outro documentário
com o povo kreung (anos depois), mostrando que as "cabanas
para sexo entre adolescentes" não eram mais utilizadas para
aquela finalidade e que hoje muitos jovens daquele povoado não
conheciam mais esse costume.

O novo documentário ainda culpava a "visão ocidental" que


contaminou o povoado, após o advento dos smartphones... Ou
seja, a emissora criou uma cortina de fumaça para justificar as
reclamações e ainda deu mais argumentos para as militantes de
esquerda serem contra o capitalismo, que estava subentendido
naquilo que foi chamado de "visão ocidental"...

Para finalizar, esses dois documentários são fáceis de serem


encontrados na internet pesquisando pelo nome do povoado, os
sites que fizeram matérias baseadas neles e os comentários dos
kreung também são de fácil acesso (principalmente no youtube).
Porém a matéria que compilava os comentários do povo kreung e
levantava o questionamento sobre a veracidade do conteúdo
apresentado no primeiro documentário, não existe mais.

O site InfoWars, devido ao seu esforço em levantar questões


intrigantes sobre a esquerda e expor as incongruências da grande
mídia, foi literalmente varrido da internet.
59
O TAL DO PATRIARCADO

Presenciar o desenrolar dessa trama estranha, foi uma das coisas


que mais me motivou a investigar sobre os interesses da grande
mídia no comportamento das pessoas.

E depois com a Jessicão, quando meu conteúdo passou a ser


removido de maneira coordenada, junto a outras páginas. Pude
constatar que realmente havia um direcionamento. Um ímpeto de
alguém ou “alguéns” em manter as pessoas longe de
determinadas informações.

Após a queda do InfoWars, Alex Jones, o dono do domínio, ficou


impedido de publicar qualquer coisa durante anos, em todas as
redes sociais relevantes. E só conseguiu retornar com seus perfis
após vencer os seus processos judiciais contra as redes. Porém,
mesmo assim, hoje, todas as informações a respeito do site,
incluindo as do Wikipédia, tentam estigmatizá-lo como
propagador de fake news.

Então, voltando à questão da sexualidade. Existem sim culturas


de tribos bem primitivas e isoladas (o que não é o caso do povo
kreung), onde transar com muitos homens não faz a mulher
perder o seu "valor".

Isso acontece justamente porque nessas tribos a mulher já não


possui valor algum para perder, são como objetos sem opinião e
sem escolha. Portanto, são tribos extremamente machistas!

Por isso a esquerda prefere mentir sobre outra cultura, do que


mostrar uma cultura que realmente aplica o que ela prega.

60
A GENERALIZAÇÃO
A GENERALIZAÇÃO

Há outro elemento inerente ao ser humano, que dá vazão a


estruturas importantíssimas, que sustentam o nosso senso de
autopreservação, mas para falar dele é preciso ter muita cautela.
Pois além de "demonizado" pela mídia mainstream, ele é usado
para transformar pessoas em vilãs, estigmatizando-as
eternamente como preconceituosas... Eu estou falando da
"generalização".

Vamos novamente imaginar uma situação hipotética:

Imagine que a inescrupulosa máfia japonesa, a Yakuza, se instalou


na sua cidade. E a partir dali, a maioria das notícias sobre crimes,
roubos e assassinatos que você vê no seu dia a dia, envolvem
integrantes dessa máfia. Aí então as suas amígdalas cerebrais
(estruturas responsáveis pelo seu "instinto de sobrevivência"),
sendo saudáveis, passam a absorver essas informações e
começam a tentar te ajudar a "prever" situações de perigo,
enviando respostas emocionais para proteger. Tudo isso no
automático. Você não tem controle.

62
A GENERALIZAÇÃO

Os vídeos das câmeras de segurança dos noticiários mostram


como são os criminosos. Seu cérebro, no automático, cria uma
persona de acordo com os padrões identificados e faz com que
você tome mais cuidado com essa persona. Te levando às
famigeradas generalizações.

Ou seja, dentro dessa situação hipotética envolvendo a Yakuza, se


você estiver andando em uma rua deserta e um oriental com um
porte atlético, padrão dos membros dessa máfia, estiver andando
em sua direção na mesma calçada, você inevitavelmente ficará em
estado de alerta! O seu cérebro te enviará comandos buscando a
autopreservação e muito provavelmente você atravessará a rua
para a outra calçada.

Se o oriental em questão não for criminoso, ele obviamente não


gostará dessa situação. Imagine alguém te evitando por causa da
sua aparência, coisa que você não tem absolutamente culpa
alguma por possuir, sendo que você é uma pessoa boa e
honesta... Isso seria realmente muito desconfortável.

Mas tendo amígdalas cerebrais fortes e saudáveis, o próprio


oriental também ficaria em estado de alerta se visse um
desconhecido com características semelhantes às dele, vindo na
direção dele em uma rua deserta! Afinal ele vive na mesma
sociedade, vê as mesmas notícias e também identificou os
mesmos padrões. Então cabe a ele compreender que se tem
alguém responsável por toda essa situação desagradável, esse
alguém é Yakuza e mais ninguém.

63
A GENERALIZAÇÃO

Portanto, são criminosos os responsáveis pela criação do padrão.

Por exemplo, um padrão "clássico", que praticamente todo


brasileiro evita, tanto que já virou até meme, é o "dois caras numa
moto".

Ou então aquele carro insulfimado andando devagar à noite, com


farol baixo. Se o seu cérebro possui amígdalas saudáveis, não há
meio que te faça não ficar em estado de alerta diante desses
padrões. É automático.

Agora imagine se houvesse um movimento de motoqueiros


honestos que andam com outros homens honestos na garupa de
suas motos, tentando criminalizar, de alguma forma, a reação das
pessoas que ficam em estado de alerta quando eles passam...

Aqui você já deve estar imaginando aonde eu quero chegar, não


é? Infelizmente vivemos em um país onde a persona criada pela
sociedade como sendo mais próxima à criminalidade, é um
homem magro de pele parda ou negra. Somos bombardeados
todos os dias com notícias, fotos ou filmes, colocando esses
padrões como sendo comuns aos traficantes, assaltantes, etc.

Tudo isso, ainda somado à terrível trajetória da escravidão no


Brasil, só ajuda a fazer com que os brasileiros, de QUALQUER
raça, que possuem amígdalas cerebrais saudáveis (é importante
frisar isso), fiquem em estado de alerta diante desses padrões, em
determinadas situações. Isso é um fato.

64
A GENERALIZAÇÃO

isso terrível? Sim. É angustiante? Sim. Mas é racismo? Não!

É um comportamento que ocorre independente de raça. Tanto


que não é incomum uma pessoa negra, também ficar em estado
de alerta ao se deparar com um passageiro de aparência árabe
desacompanhado, em um avião.

O comportamento de encontrar padrões visuais para se proteger


contra perigos é tão instintivo, que é encontrado o tempo todo na
natureza em várias outras espécies!

…É neste momento que o militante costuma indagar “ah, mas nós


somos animais racionais, podemos aprender o que realmente é
perigoso ou não!” - E é verdade! Por isso esse alerta só é ativado
com desconhecidos!

A partir do momento que aprendemos que aquela determinada


pessoa não é perigosa, os padrões não importam mais! Isso pode
acontecer em uma fração de segundos.

E é justamente isso o que difere uma pessoa normal de um


racista. O racista não tem apenas uma reação instintiva que
passa, ele tem uma ideologia!

Ele prejulga toda uma raça, desconsidera todas as nuances da


realidade e individualidades. Não importa o que ele vir ou ouvir,
ele agirá o tempo todo conforme esse prejulgamento. Isso é
racismo. E sim, é algo bem específico.

65
A GENERALIZAÇÃO

Fora isso, qualquer pessoa padroniza cores, formas, tamanhos... E


esses padrões sempre poderão estar relacionados a uma
situação de perigo que pode despertar um alerta no nosso
mecanismo de defesa natural, desde que nós não as conheçamos
bem.

“Racistas mudam de calçada quando veem o meu filho andando em


direção a elas” Fala de Taís Araújo (militante progressista, palestrante e
atriz da maior emissora do país) em um vídeo viral.

Sendo assim, quando um representante do movimento negro,


que é um movimento de esquerda, aparece na grande mídia
fazendo um escarcéu sobre algum episódio comum onde alguém
"atravessou a rua para a outra calçada quando avistou um negro",
chamando esse comportamento inato de "racismo", ele está
criando mais um inimigo eterno. Impossível de ser combatido.

66
A GENERALIZAÇÃO

E quando esse representante da esquerda atribui o nome


"racismo" a um comportamento tão comum, ele pode colocar
qualquer pessoa no patamar de racista. Assim ele pode
personificar o seu inimigo a torto e a direito, podendo dar a esse
inimigo a cor que a esquerda quiser, a crença que a esquerda
quiser e principalmente a posição política que a esquerda quiser.
Dando aos seus militantes/soldados uma visão bem específica do
que deve ser combatido.

Talvez agora você se pergunte, mas esses militantes também


possuem esse sistema de defesa, qual é o sentido deles
combaterem algo que eles também fazem?

Pois é, existem três hipóteses para explicar isso:

1. Eles estão extremamente alienados por uma narrativa e não


conseguem perceber que eles próprios reproduzem o
comportamento que querem combater.
2. Eles sabem o que estão fazendo e continuam fazendo, de
maneira hipócrita, apenas para "sinalizar virtude" ou por
interesses políticos.
3. Eles simplesmente destruíram esse mecanismo em seus
cérebros.

Em 2008 o periódico Archives of General Psychiatry, publicou um


estudo feito pela Universidade de Melbourne, onde através de
ressonâncias magnéticas, puderam constatar que pessoas que
usam maconha com muita frequência possuem uma amígdala
cerebral atrofiada e, no mínimo, 7% menor do que o considerado
normal.
67
A GENERALIZAÇÃO

Ou seja, o uso frequente de maconha, algo que não é incomum


vindo desses militantes, pode fazer com que a pessoa não tenha
esse mecanismo de defesa, o que pode fazer com que ela não
compreenda como ele funciona.

Particularmente, acredito que essas 3 hipóteses estão igualmente


presentes na esquerda.

Agora, note que em todas as campanhas desse movimento não


há uma só palavra contra os criminosos negros, que são os
grandes criadores e fomentadores dos padrões que geram esses
comportamentos na sociedade.

Não há absolutamente nada, vindo do movimento, que transmita


mensagens do tipo "negros criminosos, vocês estão prejudicando
os negros honestos", "nós rechaçamos negros criminosos".
Isso mostra que não há nenhuma vontade legítima desse
movimento em acabar com essa história...

Mas será mesmo que se essa abordagem fosse adotada, as coisas


mudariam?

Nós temos um precedente histórico dentro do nosso próprio país


que nos permite dizer que sim. É um exemplo bem menor, é
claro, mas totalmente análogo a essa situação! Voltemos aos
japoneses...

68
A GENERALIZAÇÃO

Talvez você nunca tenha ouvido falar sobre o assunto, até porque
eu acho que a ideia da comunidade japonesa é que isso fique no
passado mesmo... Mas o fato é que a assimilação do povo
japonês ao Brasil foi extremamente conturbada. Eram pessoas de
uma cultura "estranha", pobres, vindas de um país quebrado para
trabalhar em lavouras a troco de abrigo, comida e alguns trocos
de réis. Ou seja, não era algo que inspirava muito respeito aos
brasileiros da época.

E no final da Segunda Guerra, quando o Japão se rendeu aos


Aliados, muitos japoneses no Brasil passaram a questionar a
mídia, achando que a notícia era falsa, feita apenas para
desestabilizá-los de alguma forma.

Nessa época, os japoneses já estavam tendo que lidar com


diversas restrições impostas pelo governo brasileiro devido ao
fato do Japão ser ligado ao Eixo Nazista... Em alguns lugares, por
exemplo, não era permitido nem ao menos falar em japonês. Esse
foi o estopim para que uma "seita", considerada posteriormente
um "grupo terrorista", de japoneses nacionalistas, os Shindo
Renmei, passassem a cometer diversos crimes!

O racismo contra os japoneses já existia antes disso. Haviam


jornalistas e escritores que pregavam livremente o que chamavam
de "antiniponismo". Havia o Oliveira Viana, o premiado jurista e
sociólogo com sua célebre frase "o japonês é como enxofre,
insolúvel" e a sua militância que dizia que a raça dos japoneses
agia como um vírus... Mas ainda eram coisas bastante pontuais.

69
A GENERALIZAÇÃO

O preconceito generalizado aconteceu mesmo, quando todos os


jornais passaram a estampar os crimes dos Shindo Renmei. Todos
hediondos! O mais frequente era a decapitação de outros
japoneses, que eram assassinados pelo simples fato de terem
acreditado que o Japão tinha mesmo se rendido…

Alguns dos integrantes dos Shindo Renmei.

Ou seja, naquela época, ver um japonês vindo na sua direção na


calçada, certamente era motivo para mudar de calçada.

E como foi que isso mudou tanto se comparado aos dias de hoje?

Existe um "vazio bibliográfico" de aproximadamente 30 anos


sobre coisas que possam ser relacionadas negativamente à
trajetória do povo japonês no Brasil. Absolutamente nada de ruim
noticiado. Nenhum crime relacionado. E após esse período, todos
os recortes que foram aparecendo, apenas ilustravam o povo
japonês como um povo estudioso e esforçado.

70
A GENERALIZAÇÃO

Não precisou de um "movimento nipônico", nem apontar


racistas... Inclusive, se houvesse um movimento “nipônico para
apontar racistas", ele provavelmente se filiaria à esquerda e
aquela situação lamentável estaria acontecendo ainda hoje, para
recrutar eleitores japoneses.

Infelizmente o único livro que aborda essa questão,que poderia


ser um exemplo de como se combater o racismo, tem viés
esquerdista…

72
A GENERALIZAÇÃO

"Os Intelectuais Diante do Racismo Antinipônico no Brasil - Textos


e Silêncios" tem como objetivo fazer o leitor (adolescente de
universidade federal) achar que o "vazio bibliográfico" que
mencionei, foi algo produzido artificialmente por "gente branca",
que ocultaram o racismo antinipônico, privando os japoneses do
Brasil de qualquer reivindicação de uma "dívida histórica".

Não, não é piada. É apenas esquerdista fazendo esquerdice.

O que podemos enxergar até aqui, é que os únicos que podem


mudar a forma como os outros nos veem, ou vêem os nossos
padrões, somos nós.

Mas os movimentos de esquerda sempre irão partir do princípio


de que são os outros que devem resolver isso para nós. E é sobre
isso que vou falar no próximo capítulo...

72
QUAL É A SUA
ORIENTAÇÃO MORAL?
QUAL É A SUA ORIENTAÇÃO MORAL?

Ao longo dessa leitura, pode ser que você tenha visto alguma
narrativa da esquerda com a qual você compactuava ou até
mesmo defendia. E talvez tenha se perguntado sobre o porquê de
você não ter se tornado esquerdista, já que você tinha abraçado
essas narrativas...

A esquerda realmente consegue nos convencer de várias


baboseiras. Afinal, esquerdistas estão por toda parte! Basta
olharmos para TV, para a rede social, para a música, que veremos
narrativas falaciosas sendo transmitidas e retransmitidas. Com
isso, é quase impossível não carregarmos nenhuma narrativa de
esquerda como verdade ao longo de nossas vidas… Mas então
por que é que não nos tornamos esquerdistas?

Nietzsche responde!

74
QUAL É A SUA ORIENTAÇÃO MORAL?

O famoso filósofo Friedrich Nietzsche, trouxe uma grande


contribuição para a humanidade quando racionalizou de maneira
ímpar, a forma como os seres humanos flutuam entre dois tipos
de orientações morais. Inicialmente essas orientações eram
compreendidas dentro de questões relacionadas às diferentes
culturas, contudo, no mundo globalizado, seus conceitos foram
aprimorados, tornando-as aplicáveis aos indivíduos e fases de
desenvolvimento de cada um: A moral aristocrática e a moral
escrava.

A moral aristocrática:

É a moral de ênfase endógena, faz com que a pessoa se inclua


nas responsabilidades pelo o que lhe ocorre. E a leva a agir de
maneira ativa diante dos problemas.

Por exemplo, aquela pessoa que sempre está dizendo "eu


resolvo", "deixa comigo" ou "a culpa foi minha, não deixarei que
isso aconteça mais" e que mesmo diante de um problema que ela
não pode resolver, ela tenta fazer o máximo que pode. Essa é
uma pessoa de moral aristocrática!

A moral escrava:

Essa moral, por sua vez, possui uma ênfase exógena, a pessoa se
vê fora de qualquer responsabilidade pelos problemas, sejam eles
dos outros ou dela mesma!

Por exemplo, aquela pessoa que em vez de fazer o que tem que
ser feito, fica perguntando "quem vai fazer?", "não é culpa minha",
"eu não posso fazer nada", é de moral escrava.
75
QUAL É A SUA ORIENTAÇÃO MORAL?

A pessoa de moral escrava precisa de alguém que assuma


responsabilidades por ela ou alguém a quem ela possa atribuir a
responsabilidade pelo o que lhe ocorre.

Essa pessoa - de moral escrava - quando se depara com as


problematizações da esquerda, sente que precisa de ajuda! Teme
ter que resolver esses problemas por conta própria. Aí facilmente
se une a um coletivo ou vota em líderes de esquerda.
Enquanto a pessoa de moral aristocrática, quando vê o problema
apresentado pela esquerda pode até concordar, mas pensa "ok,
posso resolver isso por conta própria".

Por isso, o que define o nosso posicionamento político, não é


nossa concordância com as pautas de um lado ou outro, mas sim
a forma com que nós as assimilamos de acordo com a nossa
moral.

A questão do estupro, por exemplo, é um problema comum a


todos, porém o posicionamento da mulher diante dele muda
totalmente de acordo com a orientação moral.

A mulher de moral aristocrática entende o estupro como algo


feito totalmente à força. E só. Pois é só nesse caso que ela julga
não possuir controle sobre a situação. Se em algum momento
que antecedeu aquela dinâmica sexual, ela entender que quis
estar ali, ou se colocou ali vulnerável voluntariamente, aquilo já
não tem como ter sido um estupro. Até mesmo se houver uma
agressão após o consentimento, ela denunciará a agressão, mas
jamais transformará a situação em um estupro.

76
QUAL É A SUA ORIENTAÇÃO MORAL?

Dentro desse pensamento, os estupradores fazem parte de uma


categoria bem específica de homens: Os inescrupulosos, que
devem ser punidos severamente. Então uma política de
"castração química", por exemplo, se torna algo aceitável.

Já a mulher de moral escrava, acredita que qualquer situação de


sexo consensual passa a ser estupro à partir do momento em
que ela deixou de se sentir confortável, algo que todos corremos
o risco de passar ao nos engajarmos sexualmente com alguém
(principalmente quando não conhecemos a pessoa muito bem).

Seria como se o sexo consensual tivesse um botão que, quando


apertado, transformasse a situação em estupro. Dessa forma, ela
sente que possui um tipo de amparo externo até às últimas
consequências dos seus atos individuais.

Esse pensamento garante mais "segurança" para praticar a


“liberdade sexual” galgada pelo movimento feminista, pois se a
mulher pode incriminar o homem a qualquer momento, ela pode
abrir mão da sua responsabilidade de escolher bem um parceiro
sexual, ou até de se embebedar entre estranhos.

Em função disso, a mulher de moral escrava não apoia medidas


severas contra estupradores, pois, pra ela, todos os homens são
estupradores em potencial. Incluindo os que ela gosta.

77
QUAL É A SUA ORIENTAÇÃO MORAL?

Então seu combate político ao estupro, se limita apenas a eleger


quem crie leis para amparar legalmente a sua autocomplacência.
Qualquer coisa que a permita mandar qualquer homem para
cadeia quando bem entender, mas sem precisar lidar com o peso
de ver esse homem sendo punido de maneira irreversível, como
numa castração.

Nem precisamos de muito para entender como esse tipo de


legislação autocomplacente só ajuda a banalizar o conceito de
estupro e populariza o rótulo de "pseudovítima" na sociedade,
fazendo com que mulheres que realmente foram violentadas,
sintam ainda mais vergonha de procurarem ajuda, não é?

Por isso, não devemos endossar esses posicionamentos.

É importante ressaltar que todos nós já tivemos moral escrava


algum dia. Ela é muito importante na infância para garantir nossa
sobrevivência, enquanto somos totalmente dependentes dos
nossos pais. A moral aristocrática vem com a vivência. E costuma
ser melhor assimilada conforme amadurecemos e adquirimos
responsabilidades.

Foi com base nisso que escrevi um dos primeiros textos satíricos
da Jessicão, “a carta de reconciliação” (2014), onde a Jessicão se
coloca como alguém de moral escrava que tenta persuadir as
pessoas de moral aristocrática. Promovendo, de maneira lúdica,
uma reflexão sobre como esquerdistas podem ter adotado seus
posicionamentos com base em uma imaturidade moral:

78
QUAL É A SUA ORIENTAÇÃO MORAL?

"Caro Sr. 'Anti-Esquerda'.

Você sabia que quando você era bebê, você dependia de alguém
para cuidar de você, dar de comer e te vestir?
Você sabia que quando você era bebê, você se via incapaz de lidar
com as dificuldades da vida e precisava de alguém para resolver
os seus problemas?

Sim, você precisava de alguém inclusive para assumir as suas


malcriações e limpar as suas cagadas. Além de uma TETA para
você mamar, SENÃO VOCÊ MORRIA!
E pra ter isso, tudo o que você precisava fazer era gritar, chorar,
protestar pelado... Não é mesmo?

Pois é, VOCÊ É UM ESQUERDISTA DE NASCENÇA!

Então por que agora você adota essa postura que vai contra a sua
natureza?
Ou melhor, por que você se sente no direito de exigir que nós
neguemos a nossa natureza?
Não é porque você cresceu, que nós somos obrigades a fazer o
mesmo!
Não é porque agora você aprendeu a 'andar com as próprias
pernas', se vê como indivíduo, autorresponsável, que nós somos
obrigades a fazer o mesmo!

ENTENDA, nós temos o direito de ter uma mãe!

Uma mãe (sociedade) que cuide de todes!

79
QUAL É A SUA ORIENTAÇÃO MORAL?

Uma mãe que seja responsabilizada quando a gente fizer


caquinha.
Se nós fizermos algo feio, ninguém deveria nos ver como
culpades, mas sim como 'vítimas' da nossa mãe que nos
negligenciou!

Se a gente quiser se tornar 'artista' e ninguém quiser comprar


nossa arte, nós temos que receber incentivo, sim! Pois é isso que
uma mãe tem que fazer, incentivar o seu filho quando ninguém
mais quer saber dele!

Se a gente quiser fazer algo impensado, sem se prevenir,


deveríamos ter uma mãe pra nos livrar das consequências de
maneira livre e gratuita! Pois essa é uma responsabilidade dela!

Ou por exemplo. Uma situação mais específica. Se decidirmos


ficar bêbadas em meio a desconhecidos (também bêbados) numa
micareta ou algo do tipo, e depois percebermos que fizemos
coisas arrependíveis... A responsabilidade jamais deveria ser
nossa, mas da nossa mãe também! E do tipo de criação que ela
tem dado aos meninos! Onde já se viu?!

Uma mãe que nos proteja dos discursos que não gostamos, para
que não precisemos lidar com opiniões que nos 'machuquem'.
Uma mãe que possa fazer a nossa vida na Terra ser como um
conto de fadas e não uma experiência de desafios e superações
como a realidade quer nos impor...

Enfim, uma mãe. É pedir muito? Reflita com empatia"

80
A LEI ROUANET
E O PROGRESSISMO
A LEI ROUANET E O PROGRESSISMO

Para finalizar, falarei um pouco sobre uma ferramenta que nos


últimos 20 anos, foi uma das que mais contribuíram para a
disseminação da agenda progressista no Brasil: A Lei Rouanet!

O texto a seguir é baseado não apenas em dados que já foram


divulgados pela imprensa, mas também na minha experiência
pessoal, conforme combinei lá no começo!

Bom, os escândalos divulgados em 2019 envolvendo a lei Rouanet


são muitos. Vão desde o financiamento de eventos que nunca
aconteceram, usados em estratégias de empresas para driblar o
fisco, aos eventos que não precisavam de "incentivo", que tinham
bilheterias milionárias, mas mesmo assim captaram valores
absurdos para dedução fiscal de empresas.

Talvez toda a corrupção que essa lei protagonizou já não seja


novidade para ninguém. Mas a forma como ela promoveu o
progressismo, só quem trabalhou com isso é que sabe…
Antes de falarmos do assunto, vamos dar uma repassada no que
essa lei foi, para que não fique ponto sem nó.

- O que era a lei Rouanet?

A lei Rouanet surgiu como uma estratégia do governo brasileiro,


na era Collor, para alavancar a cultura brasileira por meio de
financiamentos privados.

82
A LEI ROUANET E O PROGRESSISMO

Com ela, empresas privadas poderiam dar uma grana para


financiar filmes, músicas, exposições, etc. e em troca tinham um
valor equivalente ao investido, descontado dos seus impostos!

Por exemplo, ao invés de você pagar o seu imposto de renda,


você paga um evento artístico com o mesmo valor.
Olhando assim parece até legal, não é?

Mas o que acontecia, de maneira crescente, é que as empresas


enviavam seus recursos a toda uma estrutura corrupta que
voltava parte do dinheiro para elas.

Dentro do meu ramo na época, o da música, sob o qual eu posso


falar com total propriedade, existiam elementos chamados
agentes culturais. Eram funcionários públicos que, através da lei
Rouanet, faziam a ligação entre o evento musical que precisava de
grana e a empresa privada que estava disponibilizando a grana!

Esses agentes selecionavam o evento musical, o levavam ao


Ministério da Cultura e davam aquele "jeitinho brasileiro" para
que o evento fosse contemplado para ser financiado por alguma
empresa.

Sem mais delongas, o que acontecia basicamente era que as


empresas, por intermédio dos agentes culturais, criavam os seus
próprios eventos musicais e os financiavam com o dinheiro dos
impostos.

83
A LEI ROUANET E O PROGRESSISMO

Os artistas contratados pelo esquema recebiam valores altos mas


retornavam uma parte às empresas, assim a empresa não gastava
exatamente aquilo que dizia ter gastado. No fim, não pagava o
imposto, faturava com a bilheteria e rachava o valor com o agente
cultural.

É importante frisar que eu não estou falando de grandes eventos


musicais do mainstream! Estou falando de eventos menores,
patrocinados por empresas não muito grandes…

É aquele estágio que funciona como um celeiro musical das


futuras celebridades musicais. Onde o artista em ascensão, que já
tem um público fiel, fica atuando por um tempo antes de ficar
realmente famoso! É o estágio apelidado como "meio-stream", já
que não é nem mainstream e nem underground.

Aqui vai um exemplo prático, para você entender melhor como


funcionava:

A empresa precisa pagar 60 mil de IPRJ ao governo. Aí então ela


pede a um agente cultural para que produza um evento com
artistas que se dispõe a assinar recibos que somam 60 mil. Aí ela
comprova que gastou 60 mil em um evento e tem esse valor
abatido no seu IPRJ.
Aí então a empresa paga menos ao artista, que já tinha topado,
fatura com a bilheteria do show e divide com agente cultural.

84
A LEI ROUANET E O PROGRESSISMO

As conversas entre agente cultural x artista eram mais ou menos


assim: "tenho um evento pra você, cada artista do evento irá
ganhar 5 mil, mas precisam assinar um recibo de 20 mil, porque é
assim que funciona" ou então "vamos te depositar 10 mil, mas
precisará devolver 8 mil, porque é o valor que estamos gastando
com você"...

Enfim, qualquer malabarismo que fizesse os olhinhos do artista


brilharem por sentir que estava "vivendo da sua arte", já dava
certo.

E ainda por cima a lei Rouanet condicionava a aceitação de


recibos simples! A única garantia de que o evento realmente era
feito, era o relatório com todos os recibos e fotografias, assinado
pelo próprio agente cultural que, nesse momento, agia como um
fiscal do próprio trabalho.

- Mas qual é a relação disso com o progressismo?!

É agora que a história fica interessante!

Tente se perguntar sobre qual é o perfil de artista, ou até mesmo


de pessoa, que mais aceitaria ficar assinando recibos de valores
mais altos do que realmente recebeu...

Convenhamos. Qualquer artista que tenha um pouco mais de


instrução, cultura ou mesmo bom caráter, por mais que aceite
algo assim algumas vezes, uma hora começa a questionar a
prática. Principalmente as bandas. Muitas cabeças são muito mais
difíceis de serem manipuladas por algo assim, do que uma cabeça
só.
85
A LEI ROUANET E O PROGRESSISMO

E foi exclusivamente por causa disso, do perfil de quem é mais


propenso a se manter em um esquema corrupto, que nos últimos
20 anos tivemos a ascensão de artistas solos que parecem saídos
de uma linha de produção, com seus "bigodim finim" e "cabelim
na régua".

Foi chegando um determinado momento em que os eventos


musicais feitos com a participação de agentes culturais, não
tinham mais interesse em contratar artistas reais, pois estes
criavam empecilhos para o esquema!

Com a lei Rouanet, possuir público próprio e vender bastante, foi


deixando de ser um requisito básico dentro do "meio-stream". As
contratações passaram a focar nos artistas que concordavam em
"participar do esquema", e só!

E foi assim que estilos musicais como funk carioca, conseguiram


se projetar nacionalmente e produziram uma “cena” que deu
origem a vários artistas.

Apesar de não receberem o valor integral que era declarado,


esses artistas e seus "empresários" juntavam uma boa grana. Pois
como os seus shows de meia hora não necessitavam gasto com
estrutura; não necessitavam gasto com músicos, pois bastava dar
"play" no playback: eles podiam fazer muitos shows por dia.

Os shows, apesar de serem de fachada, totalmente vazios, eram


muito requisitados! Pois através da Rouanet, funcionavam
perfeitamente para a dedução fiscal de muitas empresas.

86
A LEI ROUANET E O PROGRESSISMO

Com essa fonte inesgotável de "grana fácil", esses artistas e seus


empresários começaram a comprar espaços na grande mídia!

E aí, as pessoas que no passado diziam repudiar esse tipo de


artista, passaram a considerá-los bons, graças ao "efeito manada"
causado pela constante participação deles em ambientes que
antes eram exclusivos às grandes atrações musicais.

Pois é, Infelizmente temos uma tendência a dar valor ao o que


achamos que foi validado por algum critério especial... E para a
massa, ninguém é mais "criterioso" do que a grande mídia: "Se
está na grande mídia é porque é bom".

Ou seja, as pessoas simplesmente seguiram a moda, sem nunca


terem se dado conta de que a moda foi encomendada graças a
um dinheiro fácil, que o artista arrecadou sem nunca ter
precisado ter talento! Tudo graças à lei Rouanet!

Hoje, obviamente, os shows desses artistas lotam! E a sua cultura


de subversão de valores, que antes era restrita a locais
extremamente específicos, vindo de uma camada bem específica
da sociedade, agora é disseminada Brasil afora como sendo algo
bom... Tudo graças à Lei Rouanet!

Imagine as músicas que nunca teriam se tornado sucesso e os


artistas que nunca teriam influenciado tanta gente ao
progressismo, se não fosse essa lei.

87
A LEI ROUANET E O PROGRESSISMO

Em 2019 essa lei foi totalmente "desidratada". E hoje (estou


escrevendo isso em 2022) a lei Rouanet está totalmente
impossibilitada de continuar fazendo o que fez durante longos 30
anos na nossa cultura. Mas, infelizmente, basta uma simples
canetada de um novo governo progressista, que ela pode voltar a
ser o que era...

E é isso amigue!

Acho consegui fazer um bom apanhado geral das coisas que


aprendi nesses 9 anos como "Jessicão, a feminista". Espero ter te
ajudado a escurecer várias questões! Não digo que agora você irá
enxergar os meus posts com outros olhos, porque essa
expressão exclui totalmente quem é cegue. #maisempatia

Mas não pense que acabou! Fique agora com uma seleção
exclusiva dos meus textos mais empoderados, que podem ser
lidos em ordem aleatória, para te desconstruir sempre que você
quiser!

#ésobreisse
#beijosdeluz

88
COMO ME TORNEI
EMPODERADA?
COMO ME TORNEI EMPODERADA?

Olá, meu nome é Jessique, mas pode me chamar de Jessicão, a


feminista. Sou uma militante progressista, formada em justiça social
com ênfase em desconstrução e problematização, pela faculdade da
vida.

Fundei o coletivo UPP (Unidas Pelos Pelos) e também sou autora do


principal estudo acerca das micro agressões contidas nos nomes dos
doces Brasileiros.

Por exemplo, você sabia que o doce "Baba de moça”, visa normalizar a
prática de atos lascivos contra jovens alcoolizadas? Pois é, sem o meu
trabalho talvez este tipo de informação nunca chegaria até você.

Sou uma mulher empoderada. Mas confesso que nem sempre fui
assim.

Por incrível que pareça, houve uma época em que eu não passava de
uma integrante da burguesia, hétero-cis-branca e carnista, que
morava em um condomínio elitista bancado por um pai aristocrata...

Hoje, apesar de ainda estar morando no mesmo lugar, não me


considero mais branca, me defini socialmente como gender-fluid e
tenho dormido no chão da minha sala, para sentir na pela a realidade
das ruas.

O meu processo de desconstrução aconteceu muito rapidamente.


Quando fiz trinta anos, meu pai decidiu aderir a aquele discursinho
meritocrata de “ensinar a pescar ao invés de dar o peixe”.

90
COMO ME TORNEI EMPODERADA?

E então me enviou para trabalhar na confeitaria do seu sócio.

Na época, eu tinha acabado de ler “O capital” de Marx e já não via mais


sentido em fazer parte desse sistema prisional capitalista, onde
precisamos trabalhar para sobreviver.

Mas como eu também tinha acabado de levar um fora do meu “crush”


(eu já gostei de homens, admito) eu acabei aceitando a oferta.

“Talvez esse trabalho possa me distrair um pouco” - Pensei.

Peguei um ônibus pela primeira vez em décadas e logo percebi que a


catraca não tinha sido feita para um corpo voluptuoso e livre de
padrões como o meu. Me senti completamente excluída, mas ergui a
cabeça e continuei a minha jornada. Até que cheguei à confeitaria do
Sr. Armando:

- Olá! Como você está grande! - Disse o meu mais novo patrão. Me
cumprimentando de uma maneira totalmente gordofóbica. Porém eu
ainda não era capaz de identificar esse tipo de agressão.

O cumprimentei de volta e passeei com ele pela confeitaria,


aprendendo aonde ficavam as ferramentas e principalmente os
nomes dos doces que mais tarde viriam a se tornar os objetos do meu
estudo contra a opressão.

91
COMO ME TORNEI EMPODERADA?

E assim foram as minhas primeiras e únicas horas como integrante do


proletariado. Lubrificando as engrenagens do sistema capitalista com
o suor do meu próprio rosto…

Nem poderia imaginar que estava prestes a conhecer a mulher que


mudaria minha vida. Débore. Jovem. Cabelo roxo. Recém aprovada no
curso de sociologia de uma conceituada faculdade federal…
E também demasiadamente sincera:

- Olá, posso deixar um currículo? Sou nova na cidade. Me mudei para


estudar, mas acabei gastando minha mesada com maconha e agora
não tenho como pagar a mensalidade da quitinete. Preciso de um
emprego…

Enquanto ela falava, meus olhos brilhavam. Impressionante como em


poucas frases ela conseguiu contar a história mais emocionante e
transgressora que eu jamais teria ouvido. Foi quando de repente ouvi
mais alguém do outro lado do balcão:

- Cof, cof… - Uma cliente solicitando o meu atendimento, do alto dos


seus privilégios magros, cutis impecável e cabelos sedosos - Quero
encomendar uma caixa de bombons fitness, por favor…
- Quem você pensa que é para roubar o meu lugar de fala dessa
maneira? - Débore retrucou a cliente padrãozinho, me dando uma
verdadeira aula de como ser combativa.
- Ah, me poupe, mocréia!

92
COMO ME TORNEI EMPODERADA?

- Ei! Você não pode falar assim com ela! –Respondi, confrontando a
cliente. Enquanto saia de trás do balcão e me posicionava ao lado da
Débore, para protegê-la caso a discussão evoluísse para as vias de
fato.

Foi quando a cliente chamou o namorado que estava aguardando no


carro estacionado na frente do estabelecimento. Ele correu pela
calçada todo encapuzado para se proteger da tempestade que tinha
acabado de começar. Entrou no salão onde estávamos, tirou o capuz
do rosto e…

Sério, gente. Vocês não vão acreditar. Eu fico até nervosa quando
conto essa história e chego nessa parte…

Adivinhem. O namorado dela era ninguém mais, ninguém menos que


ele: O meu crush!

Eu quis morrer. Naquele momento senti como se tivesse sido picada


pela aranha radioativa do empoderamento, me transformando em
uma super heroína combativa, ainda mais desconstruída que a
Debore:

- Não passarão! - Gritei, com o punho em riste.

Aí meu patrão saiu de sua sala, com o semblante de quem tinha


acompanhado toda a briga e estava prestes a me demitir, para
agradar a sociedade:

- O que você está fazendo Jessique?!


- Armando, esses dois estão…

93
COMO ME TORNEI EMPODERADA?

- “Armando” não! É “Senhor Armando Pinto”, pra você mocinha!


- É o que?! Armando o pinto para mim?!
- Não! É SENHOR Armando Pinto pra você!
Débore se indigna:
- O senhor armando o pinto pra ela?!
- É isso mesmo! – Respondeu o velho tarado.
- Isso é assédio sexual, seu porco desgraçado!

Foi quando eu comecei a vomitar. Sempre fico enjoada em situações


de muito nervosismo. Débore então colocou o dedo na garganta e se
juntou a mim, vomitando ao meu lado.

Nos entreolhamos por um segundo e foi como se o tempo tivesse


parado. Enquanto a bile saía de sua boca, Débore sorria para mim com
os olhos, como se dissesse “adorei a forma como você choca a
sociedade… Migles”. Me senti acolhida. Ali eu entendi o real
significado da palavra “sororidade”.

- Fora já daqui! - Gritou o elitista, estuprador em potencial, Sr.


Armando Pinto.

Limpamos a boca com as mangas das nossas roupas e fomos embora


de mãos dadas. Sorrindo.

94
COMO ME TORNEI EMPODERADA?

A chuva caía sobre os nossos corpos como se lavasse as nossas


almas. Nos livrando de todos os preconceitos. Quebrando
paradigmas.

Foi ali que descobri a minha missão. Foi ali que me tornei JESSICÃO, A
FEMINISTA.

É sobre isso. E tá tudo bem.

95
MACHISMO
AUTOMOTIVO
MACHISMO AUTOMOTIVO

Não é segredo pra ninguém que a sociedade patriarcal sempre tentou


tornar o "carro" algo restrito aos homens.

Isso é percebido semioticamente em diversas situações do nosso


cotidiano... A profissão de "mecânico" (profissional que entende de
carro), por exemplo, é sempre relacionada MACHO… Nas festas
juninas, você sempre encontra um touro-mecânico, mas nunca uma
vaca-mecânica…

Sinceramente eu não ligava muito para isso, até porque não gosto de
carros. E desde o dia em que a Volvo simplesmente IGNOROU o meu
manifesto exigindo que eles mudassem o emblema de para , e
mudassem o nome para "Vulva" (para efeitos de reparação histórica),
eu simplesmente parei de comprar os carros deles.

Boicotei mesmo. Não comprei nenhum desde que nasci.

Então pra mim, isso já era uma atuação mais do que completa para
fazer a minha parte como ativista do feminismo automotivo.

Mas ontem, em uma loja que está abrindo falência aqui perto, vi uma
promoção incrível em um automóvel que parecia muito empoderado!
Sim, era uma oportunidade única, gerada graças ao lockdown (e ainda
tem neoliberal que acha que o fechamento das lojas é ruim. tsss).

Entrei e conversei com o vendedor. Ele começou a me explicar as


características do carro, até que em um determinado momento ele
desferiu uma frase que me soou nada inclusiva... Então o interrompi:

97
MACHISMO AUTOMOTIVO

- Moce, você pode repetir o que acabou de me dizer?

- Opa! Eu disse que o motor tem 190 cavalos...

- E tem quantas éguas?

- Oi?

- Oi, tudo bem? - Respondi sarcasticamente, pois já tinha percebido


que se tratava de um minion.

- Moça...

- Moça não, você não sabe com qual gênero me identifico, então me
chame de "moce".

- Ok, moce. Eu falei sobre "cavalos de potência", não existem "éguas


de potência"...

- Éguas são impotentes, é isso?

Foi quando ele engoliu seco...


Nesse momento eu já estava sentada no banco do motorista do carro,
tateando o volante e o vendedor de pé do lado de fora. Ficamos nos
encarando por vários segundos, até que ele quebrou o silêncio
soltando uma piada extremamente ABUSIVA:

- Ah, quem precisa de potência é o cavalo, né? Hehe Éguas não tem
pênis...

- Como assim "égua não tem pênis"? Seu transfóbico!


98
MACHISMO AUTOMOTIVO

- E égua trans existe, é?!

- Cara, você é jovem, tem acesso a informação. É SUA OBRIGAÇÃO


SABER! Você não assiste ao BBB, não? Nós estamos CANSADES de ter
que ficar ensinando sobre nossas ideologias individuais pra todo
mundo o tempo todo! É um saco isso... Digo, é uma vulva isso!

- Esse é um Volvo.

- Isso é um Volvo?

- Sim! É que o antigo dono removeu o emblema...

Gente, sério...
Eu fiquei mais enfezada do que já estava.
Então fiz exatamente isso o que vocês estão pensando:
Defequei naquele banco ridículo!
Lavei a minha alma!
Enquanto chamavam a polícia eu saí do carro, já com os seios
expostos, corri até a calçada do outro lado da rua e mostrei o dedo do
meio! Nenhum machista ousou se aproximar de mim... Eu exalava
empoderamento!
Vocês tinham que ter visto!

Tenho certeza que da próxima vez eles vão pensar duas vezes antes
de tentarem oprimir outra pessoa.

#Empoderamento #Combatividade
#Feminismo

99
A SAÍDA É O
DIÁLOGO!
A SAÍDA É O DIÁLOGO!

E lá estava eu novamente, no intervalo da oficina de siririca da UERJ,


comendo um sanduíche de carne neuroatípica (não falamos mais
"louca" desde a luta antimanicomial) junto com a minha mana Deborão
e a ilustre mana Helenão.

Quando um macho hetero que estava na fila começou uma conversa


com sue colegue, da seguinte maneira (PASMEM):

- Ah cara, eu sempre voto em branco...

- O que disse, racista? - Questionou Helenão. Cortando aquele


discurso de ódio pela raiz, antes que se prolongasse.

- Desculpe-me, mas acho que você não compreendeu o que eu disse -


Retrucou o piroco se fazendo de desentendido...

Foi quando eu tomei meu lugar de fala e entrei na discussão


ironizando:

- Ah, agora o macho palestrinha quer dar a entender que o fato da


Helenão ser mulher, a torna incapaz de compreender a sua fala
problemática, é isso?

Nesse momento ele só nos encarou, lançando olhares ameaçadores


de estuprador em potencial, enquanto coçava o próprio couro
cabeludo com o dedo indicador NUMA NÍTIDA ALUSÃO À
MASTURBAÇÃO FEMININA!

101
A SAÍDA É O DIÁLOGO!

É isso mesmo que vocês estão lendo, ele nos ASSEDIOU! Mas de
maneira semiótica.

Por sorte Deborão estava conosco. Toda trabalhada no namastê,


apaziguadora, já com um textão verbal redigido em sua mente, para
conscientizar o embuste e nos tirar daquele impasse:

- Olha piroco, primeiramente Marielle Presente. Segundamente,


fugindo um pouco do assunto, sabia que você se apropriou
indevidamente de uma cultura que não é a sua, quando fez essa
tatuagem Maôri na perna? Terceiramente, se você só vota em branco,
ao menos vote nos candidatos dos partidos de esquerda. Tem
brancos lá também, porém são do bem!

Foi quando u colegue do embuste, que se manteve calade durante


toda a discussão, se sentiu tocade por aquelas palavras e começou a
sorrir para nós. E aquele sorriso singelo logo se tornou uma gostosa
gargalhada que contagiou a todos que estavam ao redor, incluindo o
próprio embuste.

Sério manas. Quando me dei conta, estava todo o calçadão rindo para
nós, demonstrando empatia para com a nossa luta.
Foi lindo! Vocês tinham que ter visto.
Fico até emocionada lembrando

#AindaHáEsperança #SóOAmorSalva
#Resiliência #Gratidão

102
DENÚNCIA: NÃO
ME DEIXARAM
AMPUTAR O DEDO
EM APOIO AO LULE
DENÚNCIA: NÃO ME DEIXARAM AMPUTAR O DEDO EM APOIO AO LULE

- Você pode fazer? - Insisti, dissimuladamente como se não tivesse


percebido que estava falando com um fascista.

- Olha... - Respondeu ele - Eu não posso fazer isso, seu dedo está
saudável. Se ele tivesse com algum problema, tipo uma necrose, eu
amputaria...

- Ok, tá vendo essa manchinha? - O interrompi, colocando o dedo


próximo da face dele - Eu tenho um pouco de vitiligo neste dedo!
- Mas garota, vitiligo não é motivo para amputação!

Gente... Vocês acreditam que ele falou isso?


Nem me fale. Eu fiquei perplecta!
Obviamente não deixei barato:

- Primeiramente #EleNão! Segundamente me chame de "garote", pois


você ainda não sabe com qual gênero me identifico! Terceiramente,
você está se ouvindo? Porque eu não estou acreditando! Em pleno séc
2020 ume pessoe com seu grau de instrução falando abertamente
uma barbaridade dessas?

- M-mas... o que eu disse? - Gaguejou o fascista, percebendo que seus


dias de opressor estavam contados.

104
DENÚNCIA: NÃO ME DEIXARAM AMPUTAR O DEDO EM APOIO AO LULE

Gente vocês não sabem a raiva que eu estou sentindo... Sério.

Ontem decidi levar adiante aquela ideia de amputar meu dedo mínimo
para dar apoio ao Lule e também para chocar a sociedade.

Bom, primeiramente tentei operar pelo SUS, mas não obtive


sucesso...

Aí lembrei que o porco capitalista do meu pai, tem a mania escrota de


me pagar um plano de saúde todo mês sem o meu consentimento (eu
sei... isso configura "assédio moral", etc [irei denunciá-lo algum dia]).

Mas motivada por um post good vibes, que dizia algo sobre fazer florir
rosas no deserto e tal... Decidi tirar proveito dessa situação, usando o
plano de saúde para amputar o dedo!

Então cheguei no hospital particular na madrugada de hoje e falei para


u médique plantoniste:

- Doutore, quero amputar meu dedo mínimo.


- Mas por qual motivo?
- Para apoiar o Lule.

Ele ficou em silêncio me encarando. Só com isso já percebi que se


tratava de um eleitor do Bonoro...

105
DENÚNCIA: NÃO ME DEIXARAM AMPUTAR O DEDO EM APOIO AO LULE

- O quê você disse?! - Continuei - Você acabou de afirmar


abertamente que se uma pessoa tem vitiligo, situação em que a pele
fica mais BRANCA, você acha "MARA", "ain, tá saudável". Agora
quando a pessoa tem necrose, situação em que a pele fica mais
afrodescendente, você diz que ela tá doente! Isso é racismo médico!

Não deixei ele responder. Porque dali só sairia opiniões rasas de senso
comum e desserviços. Então saí pelo corredor marchando (com o
seios expostos, evidentemente), o punho erguido e o semblante
combativo!

Me acorrentei no primeiro portão que vi naquele estabelecimento,


passei o cadeado, joguei a chave fora e comecei a gritar "não
passarão! ninguém entra e ninguém sai, até que prendam esse
bolsominon!".

Foi quando ouvi a voz de ume enfermeire:

- Jovem. Desculpa interromper seu protesto. Mas isso daí num é um


portão não. É só uma grade. As pessoas ainda podem entrar e sair
normalmente...

Manas, vcs acreditam nisso? O patriarcado é tão ardiloso que faz


grades parecidas com portões só para ferrar nossos protestos…

Aí melou tudo, né? Eu estava trancada, nua, sem chave e sem poder
atrapalhar ninguém. Chamaram um chaveiro, só que como já era
madrugada ele demorou demais. Fiquei lá até agora a pouco... Que
ódio... Aff. Close errado. Me poupe, se poupe, nos poupe...

#HaveráLuta
106
SOBRE APROPRIAÇÃO
CULTURAL E TEMAKI
SOBRE APROPRIAÇÃO CULTURAL E TEMAKI

Manas, ontem eu inventei de comprar um temaki. E quando eu estava


com aquele alimento em mãos, percebi que eu estava prestes a
cometer uma apropriação cultural.

Pois eu não sou descendente de japoneses. Não tenho o direito de


comer aquilo!

Então, para não desperdiçar comida, parti em busca de alguém que


realmente tivesse o direito de comer aquele temaki. Foi quando
encontrei um ambulante que, apesar da pele bastante bronzeada,
tinha os olhos bem puxados...

Ofereci o temaki e ele pegou dizendo "gracias". Até aí tudo bem. Só


depois de dois quarteirões de distância que eu me dei conta de que
aquele dissimulado na verdade era boliviano! Voltei correndo, para
evitar a ocorrência de uma apropriação culturo-gastronômica, mas o
ambulante não estava mais lá.

Fiquei indignada, mas com a fome que estava, só conseguia pensar em


voltar pra casa e preparar um churrasco ovo-lacto-carno-vegano
(dieta vegana virtual que permite que você coma carne, desde que
não revele isso nas redes sociais). Passei no açougue e perguntei ao
açougueire:

- Moce, qual é a melhor carne para churrasco?

- PICAnha! - Respondeu ele, automaticamente.

108
SOBRE APROPRIAÇÃO CULTURAL E TEMAKI

Gente, sério. Vocês acreditam que ele falou isso? Mas eu não me
silenciei:

- Ah, então você está dizendo que a melhor carne para churrasco, ou
seja, a carne que tem mais visibilidade e protagonismo no churrasco, é
justamente a que tem "pica" no nome, promovendo o falocentrismo
alimentício, É ISSO?

Silenciado pelo meu questionamento empoderado, ele se manteve


calado. Então continuei:

- E esta placa aqui, dizendo que maminha é carne de segunda?! Está


mais do que escuro que vocês querem debranquir a imagem das
mulheres ao associar a carne que faz alusão às mamas às segundas-
feiras... TODES ODEIAM SEGUNDA!

Ele continuou mudo. Apenas me olhando com os olhos esbugalhados


de quem acabara de ser derrubado do seu pedestal de privilégios.

Foi aí que eu peguei um pôster que estava na parede, fazendo


propaganda a uma marca misógina "Friboi" (leia-se "free boi", ou seja
"apenas os bois são livres, as vacas não"), estendi no chão, abaixei as
calças e me preparei para um protesto fecal.

Porém, a falta de comida em meu organismo prejudicou a produção de


materia prima militante em meu intestino e isso acabou por vacacotar
o protesto. Eu soltei apenas um pum... Voltei pra casa frustrada. É a
primeira vez que falho na lacração. Dormi com fome e enfezada...
Maldito patriarcado!

#atéquandobrasil?
109
RELATO: AQUÁRIOS
SÃO RACISTAS
RELATO: AQUÁRIOS SÃO RACISTAS

Muites estão curioses pra saber o que aconteceu nesses dias em que
eu estive hospitalizada...

Bom, pra quem não sabe, eu fui até o aquário da cidade com a minha
sobrinha Malu (6 anos), para ensiná-la mais sobre a vida marinha...

Estávamos sendo acompanhadas por ume guie que ficava nos dando
informações sobre os peixes, quando a Malu fez a seguinte
problematização/solicitação:

- Moce, até agora você só nos mostrou peixes que respiram através
de branquias... Você pode nos mostrar agora quais são os peixes que
respiram através de negrias?

Malu só queria ver um pouco mais de representatividade. Ela estava


sendo totalmente educada, falando num tom de voz tranquilo. Não se
exaltou em nenhum momento. Mas mesmo assim aquele guie
começou com o deboche fascista:

- HAHAHA Negrias?! Como assim?! - Caçoava como um verdadeiro


apoiador do Apartheid, desses que acham um absurdo a existência de
um aquário interracial.

Obviamente tomei à frente da discussão:


- VOCÊ ESTÁ CAÇOANDO DA MINHA SOBRINHA SÓ PORQUE ELA É
MULHER?

- Não Jessique! - Respondeu u fasciste ainda com um sorrisinho nos


lábios - É que peixes só possuem branquias, não possuem "negrias"!

111
RELATO: AQUÁRIOS SÃO RACISTAS

- E VOCÊ ACHA ISSO NORMAL?!

- Sim, oras! É esse o nome, o que posso fazer?

- VOCÊ PODE FAZER MUITA COISA! MAS VOCÊ PREFERE LAVAR AS


MÃOS DIANTE DO PROBLEMA, NÃO É MESMO?

Foi aí que eu subi a escadinha do tanque mais próximo, já planejando


ficar nua lá no alto para combater a opressão por meio de uma
intervenção artística...

Porém, lá em cima escorreguei, caí na água, bati a cabeça no fundo e


desmaiei.

Era um tanque de leões marinhos. Por sorte eles não me atacaram,


talvez por terem achado que eu era um leão marinho também, devido
a minha silhueta #bodypositive... Enfim.

Acordei no hospital quando ume médique chegou pra mim e disse:

- Jessique, que bom que acordou. Como você se sente? Você quase
morreu, sabia?

Tentei responder mas só tossia...

112
RELATO: AQUÁRIOS SÃO RACISTAS

- Não diga nada - Continuou u médique - Seus bronquios foram muito


afetados...

- Mas e os nogrios? - Interrompeu Malu, ao lado do meu leito - Os


nogrios estão bem?

Que orgulho dessa minha sobrinha

#aindaháesperança
#gratidão #manastê

113
FALOCENTRISMO
NO SUBWAY
FALOCENTRISMO NO SUBWAY

Galere, primeiramente gostaria de dizer que eu nunca havia ido a um


Subway antes.

Primeiro por causa desse nome yankee e seu significado misterioso:


Sub = de baixo + Way = caminho...
O que eles querem dizer com isso?
"O caminho de baixo". Parece um modo discreto de se referir ao coito
anal (prática machista que visa subjugar as mulheres durante o sexo),
ou algo do tipo... Enfim.

Talvez nunca saberemos o real significado por trás desse nome. Mas
que é estranho é.

Bom, o que ocorreu dessa vez foi que no intervalo da oficina de siririca
da UERJ a fome falou mais alto e eu me vi obrigada a entrar em um
Subway.

Tudo estava indo bem até que um atendente coxinha começou a falar
comigo de uma maneira totalmente desinformada sobre a luta de
classes:

- Qual é o tamanho da sua fome? - Perguntou o minion, formado na


universidade do zap.

- Isso é mesmo importante? - Retruquei - Por que você não se


preocupa com o tamanho da fome das crianças em situação de
miséria, como fazia a nossa antiga presidenta?!

115
FALOCENTRISMO NO SUBWAY

Ao perceber que estava falando com uma mulher empoderada, o


atendente engoliu seco. Mas mesmo assim continuou com o seu
debochezinho misógino:

- O que eu quero saber dona, é se você quer um de 15cm ou se aguenta


um de 30...

- O QUE DISSE, MACHISTA?! Olha, você tem sorte por eu estar com
fome... Faça logo o meu lanche nesse pão aí e fique QUIETO!

Pianinho, o atendente foi montando o meu lanche. Perguntava só o


necessário para concluir o pedido. Eu ia respondendo de cabeça
erguida, curtindo o clima de vitória, de quando uma mulher põe um
piroco no seu devido lugar... Foi quando ele chegou nos molhos:

- Cebola agridoce, parmesão, chipotle...

- Chipotle? - Interrompi.

- Sim, é um molho PICAnte...

... Eu estava tentando ser paciente, levando na esportiva e tudo mais.


Mas não dá pra dialogar com esse tipo de gente. Aquilo pra mim foi a
gota d'água:

- EU QUERO UM MOLHO BUCETANTE! - Gritei (já com os seios


expostos).

- M-mas n-não temos isso...

- AGORA TERÃO!
116
FALOCENTRISMO NO SUBWAY

Me abaixei e urinei ali mesmo, em forma de protesto. Nem pensei duas


vezes... Fiz a maior poça.

Dali em diante foi o maior rolo... A polícia chegou... Eu desmaiei...


Quase fui presa...

Mas o importante é que VALEU A PENA.

Todos no recinto foram embora depois do meu protesto, pois


perceberam que se tratava de um estabelecimento machista.

Então fui pra casa com sentimento de dever cumprido e matei minha
fome com uma trakinas.

#nãopassarão!

117
RACISMO
ODONTOLÓGICO
RACISMO ODONTOLÓGICO

Manas, ontem tive a ideia de ir a um dentista para fazer um


procedimento que acredito ser bastante simples. Um escurecimento
dental... "Já que posso clarear os dentes, por que não posso escurecê-
los?" - Pensei.
Porém nem tudo é tão simples, nessa sociedade misógina e racista:

- Como? Você quer escurecer os dentes? - Perguntou o dentista num


tom jocoso.

- Sim, quero escurecer os dentes, torná-los pretos, entendeu?!

- Ora Jessicão, eu não posso fazer isso!

Como já estou calejada, nem em perdi meu tempo com ladainha e logo
me empoderei:

- Você está dizendo que não pode fazer isso porque eu sou mulher?!
Porque se eu fosse homem você faria numa boa, não é mesmo?

O dentista minion ficou em silêncio, me encarando com aquela famosa


cara que eles fazem quando são contrariados, sabe? Como se
dissessem mentalmente "eu vou te estuprar".

Mas eu não estremeci. Continuei encarando-o até que comecei a


sentir os efeitos do lacto purga que havia tomado momentos antes
para garantir a minha intervenção artística (afinal, como vivemos
numa sociedade opressora, eu já havia premeditado que o dentista
não atenderia o meu pedido).

119
RACISMO ODONTOLÓGICO

Atrás dele havia um pôster da Colgate que fazia uma propaganda


SUPREMACISTA enaltecendo "dentes muito mais BRANCOS".
Quando vi aquilo não pude conter minha revolta. Arranquei a minha
camiseta do Che e comecei a gritar! Foi quando ouvi uma senhora que
estava sentada na sala de espera ligando para a polícia:

- Agradeço pela sororidade senhora, mas a polícia é fascista, ela não


irá nos ajudar!

- Jessicão, por favor pare! - Gritou o dentista de uma maneira tirânica,


como se estivesse me dando uma ordem - Eu deixarei seus dentes
pretos!

- Agora é tarde! - Respondi - Já gravei toda a nossa conversa! Eu


denunciarei você, seu eugenista dental!

Nesse momento peguei o meu celular e percebi que eu tinha me


esquecido de apertar o botão para gravar. Fiquei enfezada. O lacto
purga já estava batendo na portinha. Então, tomada por Frida, tirei
uma foto do dentista, joguei o celular no chão e caguei em cima.
Foi quando os policiais chegaram...

Vocês acham que eles prenderam o dentista?


NÃO!

Eles me arrastaram para delegacia pra "prestar esclarecimentos" (por


que não "escurecimentos"?), inclusive forraram a viatura com jornal
para eu me sentar numa atitude extremamente higienista.
Fiquei lá até agora a pouco...

#Absurde
120
RESTAURANTE
JAPONÊS
HETERONORMATIVO
RESTAURANTE JAPONÊS HETERONORMATIVO

Aabe manas, eu já cometi vários desserviços contra a sociedade...


Hoje não cometo mais, graças à deusa! Mas no passado, quando eu
não era totalmente desconstruída, eu agia de maneira politicamente
incorreta sem ter consciência do mal que estava causando...

Um desses desserviços foi quando cometi a apropriação cultural de


comer yakissoba. É apropriação cultural pq não sou oriental, não
tenho esse direito. Mas eu não sabia disso na época... Ainda precisava
#estudar mais.

Mas o que eu quero relatar mesmo é o tratamento abusivo que sofri


durante a minha estada naquele restaurante.

Bom, me sentei à mesa e logo apareceu um atendente que estava se


apropriando culturalmente de vestes orientais...

Mas como ele era negro, deduzi que ele tinha crédito histórico pra
fazer aquilo, então deixei passar:

- Um yakissoba completo, por favor - Pedi respeitosamente.

- Anotado. Mais alguma coisa?

- Não, gratidão.

- Você quer que eu traga hashi, ou prefere garfo mesmo?

122
RESTAURANTE JAPONÊS HETERONORMATIVO

- Oi? Hashi?

- Isso, PAUZINHOS.

-...

Gente, até quando? Eu tbm não acreditei quando ouvi, mas respirei
fundo e me mantive plena:

- Me desculpe, mas baseado em quais estereótipos de gênero você


me oferece isso? Você acha que só por ser mulher eu tenho que
gostar disso?

- Não entendi moça, você quer garfo, é isso? - Respondeu de maneira


cínica, mas com uma expressão de espanto, de quem pressentia sua
iminente queda do alto do seu pedestal de privilégios masculinos.

- Não cidadão! Chame a gerenta por favor! - Ativei o modo


COMBATIVA.

- O que está acontecendo?! - Interveio o gerente, que infelizmente


tbm era homem (nada novo sob o Sol).

123
RESTAURANTE JAPONÊS HETERONORMATIVO

Então comecei a explicar o que aconteceu, de maneira empática:

- Olha, o seu funcionário me prejulgou como hetero e me ofereceu


pauzinhos ao invés de xoxotinhas. E agora parece que ele está se
recusando a me oferecer o que eu gosto por pura HOMOFOBIA!.

- Mas moça...

- "Mas moça" é o meu ovário! Eu vou embora dessa merda!

Virei a mesa e fui embora gritando "Abaixo a culinária falocentrica!", já


com os seios expostos, marchando e inspirando todas as mulheres ao
redor…

#SejaAMudança
#Feminismo

124
A ASSISTÊNCA
TÉCNICA PATRIARCAL
A ASSITÊNCIA TÉCNICA PATRIARCAL

Hoje mais cedo, fui saber do meu pc na assistência técnica...


Vou narrar a conversa que tive, vamos direto ao ponto:

- Então Jessicão, infelizmente o problema é a placa mãe.

- Hum interessante... e a placa pai?

- Como assim "placa pai"?

- Não tem placa pai?

- Oxi, claro que não!

- Então deve ser esse o problema, não é mesmo?!

- Não Jessique, nunca existiu placa pai.

- Ah, entendi. Então nessa sua mentezinha misógina de macho hétero,


ela merece ser crucificada por causa disso.

- O que?!

- EU CONHEÇO BEM ESSE SEU TIPINHO!

- Mas...

- Cale a boca! Fique você sabendo que ela é uma GUERREIRA. E quem
tem que ser responsabilizado por esse problema é esse PLACA PAI
AUSENTE!

127
A ASSITÊNCIA TÉCNICA PATRIARCAL

Ficamos nos entreolhando em silêncio por uns 5 minutos...

Eu já estava com os seios expostos, desde a parte do "conheço o seu


tipinho e tal...". Ele ficou paralisado. Provavelmente nunca se deparou
com alguém que questionasse seus preconceitos contra mães solo.

Foi aí que eu decidi fechar esse protesto com chave-de-lata* e urinei


nas calças.

ELE FICOU EM CHOQUE! hahaha

Sério manes, vocês tinham que ter visto.

Fui embora, gritando "Não passarão!", nem peguei o pc...


Mas tenho certeza de que ele vai pensar dez vezes antes de voltar a
falar esses absurdos.

#Lacrei

*Decidimos alterar o objeto dessa expressão de "ouro" para "lata" em


uma assembleia do DCE, com uma forma de combater o capitalismo.

127
A MINHA LUTA
PELA QUARENTENA
(Texto publicado durante a pandemia de COVID-19)
A MINHA LUTA PELA QUARENTENA

Eu tentei não me pronunciar a respeito, mas agora entendi que não


trazer essa questão à tona, é sim uma forma de passar pano para o
fascismo.

Bom, como alguns aqui já sabem, devido aos desmandos do governo


atual, eu não trabalho. Sobrevivo graças a uma mixaria que o meu pai
deposita na minha conta todo mês…

Apesar de pagar certinho, o que é obrigação dele devido a dívida


histórica que ele tem para com as mulheres e para com as classes
menos favorecidas (por ser um porco capitalista, branco, hétero e
cis). Não tive aumento nessa verba mensal desde que completei 30
anos. Ou seja, estou numa situação MUITO difícil!

Com o que recebo consigo apenas manter a minha conta na Netflix,


cujas séries eu já zerei, mas mantenho a assinatura para ver as
novidades, a minha conta na Amazon, que assinei depois de zerar as
séries da Netflix, a minha conta no Spotify e pedir Ifood 2 vezes por
dia... Enfim, só o essencial.

Ontem eu me vi obrigada a sair do confinamento, pela primeira vez,


pois calculei errado o meu estoque de absorventes...

Sim, eu sei que vocês me conhecem como ativista do free-bleeding, já


postei várias fotos e matérias a respeito, mas não sejamos
demagogos. Estamos em uma situação atípica. E definitivamente não
dá pra sangrar livremente em casa. Não quando a gente tem
consciência coletiva e cancela as visitas da nossa diarista, por
motivos de quarentena. Não é mesmo?

129
A MINHA LUTA PELA QUARENTENA

Enfim, precisei sair pela manhã e, PASMEM, o boleiro que sempre


ficava na esquina do ponto de ônibus com uma mesinha vendendo
café da amanhã, estava exatamente no mesmo local!

Isso mesmo, ele estava literalmente jogando no LIXO todo o sacrifício


(que mencionei acima) para me manter confinada para proteger as
pessoas... Tudo em nome do que? DINHEIRO.

Cheguei nele já metendo os dois pés no peito (no sentido figurado,


claro, nunca desrespeitaria a distância de 2 metros):

- O que você pensa que está fazendo?!

- Preciso de dinhêro, dona...

- E o auxílio emergencial, já não é o bastante? Que ambição é essa?

- Ele só ia cobrí o que to perdeno com o movimento baixo, eu ia tê que


trabaiá de qualquer jeito... Mas nem tô recebeno, meu cadastro tá
travado na Analise.

Sim, foi isso mesmo que vocês leram...

130
A MINHA LUTA PELA QUARENTENA

Além de contrariar de maneira totalmente arbitrária o meu filtro de


avatar consciente que diz "fica em casa arrombado" ele ainda quis
CULPABILIZAR UMA MULHER.

Se fiquei calada? Nunca!

Na mesma hora, coloquei um dos meus seios para fora, joguei a mesa
dele no chão e pisei em cima dos bolos, enquanto olhava pra cara dele
e gritava "muuuu gadoooo".

Ele certamente pensou em me agredir, mas não conseguiu pois usava


muletas. Aí então ele se atirou ao chão, sentou no acostamento,
começou a chorar e levou a mão ao rosto SEM PASSAR ALCOOL EM
GEL ANTES.

Tremendo mal exemplo para a sociedade. Espero que pegue corona,


esse genocida.

Enfim, saí de lá com sentimento de missão cumprida. Se todes


fizermos a nossa parte, ficando em casa e atacando quem precisa
trabalhar, ninguém morrerá de corona.

#MaisTextãoMenosTextículos
#ForaGenocidas

131
FUREI O ISOLAMENTO
PARA VISITAR
A MINHA AMIGA
(Texto publicado durante a pandemia de COVID-19)
FUREI O ISOLAMENTO PARA VISITAR A MINHA AMIGA

- Oi, vim o mais rápido que pude! O que houve? Por que você tá assim?

- Jessique, eu não sei mais o que fazer! Preciso desabafar...

- Pode falar, mana. Estou aqui! Respira fundo... Isso... Agora


desembucha.

- É que... Ele está sendo abusivo comigo...

- COMO ASSIM?!

- Foi acontecendo aos poucos, sabe? Ele começou a me proibir de


fazer algumas coisas... No começo eu até me sentia ingrata por achar
ruim, porque ele dizia que se importava comigo, que tudo era para o
meu bem...

- Aff, que ódio! É sempre a mesma ladainha! Eles são todos iguais
mesmo.

- Aí ele começou a me impedir de ver a minha família, amigos...


Começou a ler e apagar os meus comentários nas redes sociais...

- Que absurdo!

- Pois é. Aí ele não queria que eu trabalhasse... Me fez acreditar que o


"papel de prover o meu sustento" era dele. Então eu parei de
trabalhar... Aí ele me proibiu de ir à academia. Nem à igreja, se eu
quisesse ir ele deixaria. E sempre tenho que estar vestindo o que ele
acha "adequado". Os lugares que posso ir tem gente dele pra me
vigiar.

133
FUREI O ISOLAMENTO PARA VISITAR A MINHA AMIGA

- Nossa! Isso é mais sério do que eu pensava!

- Sim Jess, eu tô exausta... Agora ele está querendo me forçar a fazer


um procedimento médico contra a minha vontade. Disse que se eu
topar, ele vai ser bonzinho comigo. Mas eu tenho que baixar um app no
meu celular para que ele possa me monitorar... Liberar ou não a minha
ida aos lugares...

- MULHER! Você não pode se submeter a esse tipo de coisa! Você é da


militância como eu! Seu corpo, suas regras! "Eles podem tirar a minha
vida, mas não a minha liberdade" Che Guevara! É sobre isso! Acorda!
Free Nipples!

- Jess, é mais complicado do que parece...

- Por que? O que te impede de abandonar esse homem?!

- Homem? Que homem, Jess?

- Ué, você não está falando do seu boy?

- Não, eu to falando do Estado!

- ...

- Tô tão feliz que vc tbm é contra tudo isso! Finalmente achei alguém
que me entende.

- Pera, mana... O Estado?

134
FUREI O ISOLAMENTO PARA VISITAR A MINHA AMIGA

- Sim! Você achou que eu tava falando de omi? Eu tava solteira, e


fiquei 2 anos presa em casa, como eu ia ter um boy?

- Mas mana, o Estado é diferente...

- Como “diferente”, Jess?

- Ele sabe o que é bom para você!

- Como você pode afirmar isso??

- Tem um vírus por aí!

- Sim, eu o contraí essa merd*. E me curei sozinha como 98% dos


infectados...

- NEGACIONISTA DA CIÊNCIA!

- Mas é a ciência que diss...

- GENOCIDA!

- Ah, pronto.

- VÁ ESTUDAR!

E foi assim que eu calei a boca da minha ex amiga que virou fascista
#NãoPassarão

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CONSIDERAÇÕES
FINAIS!
CONSIDERAÇÕES FINAIS!

Espero que você tenha tirado um bom proveito deste conteúdo!


Se ele não te informou, que pelo menos tenha te feito sorrir (mas
com a boca fechada, para não oprimir a minoria que vive em
situação de banguela). #Consciência

O E-book chegou ao fim! Mas a nossa "militância" ainda tem muito


o que fazer pela frente!

Continuarei com o meu "intervencionismo humorístico" nas redes!


E conto com você para continuar participando disso, até que nós
consigamos fazer alguma diferença!

É um trabalho de formiguinha, mas dá pra fazer!

#Gratidão por ter adquirido este E-book!

Jessique.

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