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Lucas
COMPOSIÇÃO MUSICAL
MÓDULO 02
CONTEÚDO:
CALENDÁRIO (Previsão):
1
Módulo 2 – Versão 2021 Composição Musical Juliano L. Lucas
FRASE MUSICAL
Schoenberg: Frase
Goetchius: Motivo
Bas: Semifrase
Zamacois: Subperíodo
Green: Membro de frase
Frase: Organização de vários motivos dentro de uma extensão dotada de uma certa
completude, onde seu final sugere alguma forma de pontuação.
Período
Frase Frase
Semifrase Semifrase Semifrase Semifrase
Motivo Motivo Motivo Motivo Motivo Motivo Motivo Motivo
2
Módulo 2 – Versão 2021 Composição Musical Juliano L. Lucas
Construção da semifrase:
Motivo a’
Motivo a
Motivo b
Construção da frase:
Semi-frase a’
Semi-frase a
Semi-frase b
Exercício
Crie uma frase musical utilizando os conceitos de perguntas e respostas afirmativas e positivas.
1
Compare com o conceito de motivo em Schoenberg (2015, p. 35) e apresentado no módulo 1.
3
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Construção da Frase:
- “Na música harmônico-homofônica [...] o compositor não deve jamais criar uma
melodia sem estar cônscio de sua harmonia” (SCHOENBERG, 2015, p. 29)
- Pode-se partir de uma ideia melódica que consiste de notas sublinhando um simples
acorde ou uma simples sucessão de acordes (os graus I e V são os mais comuns pois expressam
a tonalidade de uma maneira mais convincente).
- O acréscimo de notas, não pertencentes aos acordes (notas estranhas à harmonia),
contribui para a fluência e para o interesse da frase, desde que não obscureçam ou contrariem a
harmonia.
Fonte: do autor
Termos importantes:
“Cada elemento ou traço de um motivo, ou frase, deve ser considerado como sendo um
motivo se é tratado como tal, isto é, se é repetido com ou sem variação”. (SCHOENBERG,
2015, p. 36)
Conexão de formas-motivo:
2
Ver modulo 1.
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Transformações
Exercício
6
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“Uma frase é um enunciado coerente que vai além de uma única apresentação de um
motivo e termina com uma clara pontuação”3 (BELKINS, 2018, p. 230).
Pontuação:
Aspectos melódicos:
3
“[…] a phrase is a coherent statement that goes beyond one single presentation of a motive, and that ends with
clear punctuation.” (BELKINS, 2018, p. 230)
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É incomum que a nota final de uma frase se mova para um registro inteiramente novo,
uma vez que tal mudança despreparada facilmente soa como um erro. Se o final da
frase chegar na nota mais baixa ou mais alta da linha, o registro em questão deve ser
preparado: o ouvinte deve ter ouvido várias notas graves/agudas de antemão,
movendo-se gradualmente em direção à nota final 4 (BELKIN, 2018, p. 46).
Aspectos harmônicos:
- Fórmulas cadenciais.
- Relação contrapontística entre baixo e melodia principal.
44
“It is uncommon for the final note in a phrase to move into an entirely new register, since such an unprepared
shift easily sounds like a mistake. If the end of the phrase does arrive at the lowest or the highest note in the line,
the register in question should be prepared: the listener should have heard several low/high note beforehand,
gradually moving in the direction of the final note” (BELKIN, 2018, p. 46).
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Aspectos rítmicos:
Aspectos da dinâmica:
5
Ver Módulo 1, p. 21.
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Exercício
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Construção do período:
Frase a’
Frase a
Frase b
2.2 Schoenberg:
2.2.1 Sentença
Frase a Frase a’
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,Haydn, Sonata nº 33
Desenvolvimento:
- Crescimento, aumentação, extensão, expansão,
- Liquidação: redução, condensação, intensificação.
- Procedimentos sequenciais
Liquidação:
2.2.2 Período
contraste
- Redução:
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Exercício
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Parágrafo:
- Deve haver mais do que duas frases;
- Uso de material temático similar;
- A articulação no final da última frase deve ser a mais forte;
- O que segue a última pontuação deve claramente sugerir algo diferente.
Beethoven, Sonata op. 49, nº2, 2º mov.
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MÚSICA E TEXTO
1 EXTENSÃO VOCAL
1.2 Fächer
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Dramatischer Koloratursopran
Igual ao anterior, mas com uma voz mais dramática e rica. Frequentemente mais pesada e mais
lírica do que um soprano coloratura.
Lyrischer Sopran
Um soprano mais flexível, capaz de legato, portamento e alguma agilidade; geralmente tem
uma qualidade mais comovente e sensual do que uma soubrette. A voz é muito comum; assim,
a pureza e o caráter do timbre básico são essenciais. É a voz "básica" do soprano. Inocência,
vulnerabilidade e pathos são geralmente transmitidos na música escrita para os personagens
retratados pelo soprano lírico por causa de sua simplicidade cativante.
Dramatischer Sopran
Caracterizados por suas vozes ricas e cheias, espera-se que se projetem em grandes orquestras,
um feito que requer um som poderoso. Embora a maioria dos sopranos dramáticos tenha uma
qualidade de voz mais sombria e robusta, há alguns que possuem um tom lírico mais claro.
Nesses casos, entretanto, a quantidade substancial de volume e resistência normalmente
associada à voz dramática de soprano ainda está presente. O soprano dramático de voz mais
sombria pode até fazer uma incursão no território mezzo-soprano dramático com grande
sucesso.
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Koloratur-Mezzosopran
Esses papéis foram escritos originalmente para contraltos com agilidade e notas de agudas
seguras. Hoje eles são frequentemente tocados por mezzo-sopranos e às vezes até por sopranos.
Às vezes, um soprano lírico ou totalmente lírico com uma voz flexível assumirá os papéis
conforme foram escritos, enquanto um soprano verdadeiro cantará a mesma música transposta
para um tom mais alto.
Dramatischer Mezzosopran
Mezzo-sopranos dramáticos têm alcances muito semelhantes aos de um soprano dramático. A
principal diferença é a resistência e a facilidade com que os dois tipos de voz cantam - um mezzo
se concentrará cantando a maior parte do tempo em seus registros médios e graves e subirá para
notas como Si bemol agudo apenas no clímax dramático.
Dramatischer Alt
Estilisticamente semelhante ao mezzo dramático, apenas mais grave. Canta geralmente no
intervalo entre a voz do peito e a voz do meio. Uma voz feminina grave, profunda e penetrante.
Este é um tipo de voz muito raro, com um som mais escuro e rico do que o de um contralto
típico.
Charaktertenor
Deve ter boas habilidades de atuação.
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Lyrischer Tenor
Jugendlicher Heldentenor
Um tenor com uma faixa aguda estendida dramática com o brilho necessário para vir através
da textura da orquestra.
Heldentenor
Um tenor dramático completo com facilidade baritonal na faixa média e o brilho necessário
para perfurar uma textura orquestral espessa.
Kavalierbariton
Uma voz metálica, que pode cantar frases líricas e dramáticas, uma cor baritonal nobre viril; a
maioria dos papéis no palco neste Fach exige boa aparência. No palco e tem uma aparência
mais dura e pronunciada do que o barítono lírico ou Spielbariton.
Charakterbariton
Uma voz particularmente eficaz com passagens em seus alcances superiores. Uma alta tessitura
em relação aos extremos da faixa. Uma voz capaz de cantar de forma consistente e com
facilidade na parte mais alta da faixa de barítono.
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Basso cantante
_____________________
O compositor precisa de informações detalhadas sobre o alcance específico do cantor
- não apenas sobre os extremos, mas também sobre onde ocorre a "quebra" entre os
registros. Os cantores trabalham para equalizar o som ao redor da quebra, mas é
melhor não passar por ela rápida e repetidamente em um curto espaço de tempo6
(BELKIN, 2018, p. 26).
2 PROSÓDIA
6
The composer needs detailed information about the specific singer’s range – not just about the extremes, but also
about where the “break” between registers occurs. Singers work to equalize the sound around the break, but is
best not to go across it quickly and repeatedly in a short span of time (BELKIN, 2018, p. 26).
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Recomendações:
Dificuldades vocais
Sílabas nasais
O termo nasal é usado na classificação fonética dos sons da fala. Refere-se ao modo
de articulação dos sons quando o palato mole se abaixa permitindo que o ar passe, de
maneira auditiva, através do nariz. Qualquer som pode ser nasal, seja ele consonantal
ou vocálico. A nasalidade consonantal, na nossa língua, se manifesta no /m/ (lama,
mato); no /n/ (fino, nulo); no /ɲ/, representado pelo dígrafo “nh” (banho). Em
contrapartida, todos os sons vocálicos podem se manifestar com o traço nasal. Há
controvérsias teóricas a respeito das vogais que se apresentam com sons nasais. Uma
vertente considera que são intrinsecamente nasais, outra analisa como sons orais que
recebem o traço nasal. Neste texto, são chamadas de vogais nasais as que demandam
seu registro seguido das letras consoantes nasais na mesma sílaba, formando com elas
um dígrafo (cinto; sempre), e as que são registradas com til (fã). São consideradas,
aqui, como vogais nasalizadas as que assimilam a nasalidade da consoante nasal
presente no início da sílaba seguinte (fome, cana). O fenômeno de assimilar a
nasalidade do ambiente fonético sofre influências, entre outras, tanto de fatores
morfológicos quanto de fatores sociais. Por exemplo: na palavra “caminha”
(substantivo, diminutivo de cama), o primeiro “a” é nasalizado, mas em “caminha”
(verbo caminhar), o primeiro “a” é oral. No Sudeste do Brasil não se costuma nasalizar
o primeiro “a” da palavra “canoa”, mas no Nordeste, sim 7.
“Está claro que em tal intensidade e tessitura, jamais esse texto sairá na sua exata cor
nasal nem a voz bem timbrada.” (ANDRADE, 1972, p. 39).
7
Fonte: http://www.ceale.fae.ufmg.br/app/webroot/glossarioceale/verbetes/nasalidade
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Altura
Gradação sonora: u – o – a – e – i.
Vogal u: defeituoso no agudo.
Vogal i: estridente no agudo, fadiga no grave.
Extremos dos registros dos cantores: usar menos texto para facilitar a compreensão.
Cuidado com encontro consonantais (por exemplo, claro, flor, branco) nos extremos
agudos.
Hiatos e Ditongos
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EXERCÍCIO
Machado de Assis
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Bach, Paixão Segundo São Mateus, Da ging hin der Zwölfen einer
Judas Iscariotes nos é apresentado com uma dissonância, um trítono entre voz e baixo,
assim como quem diz: “este sujeito não parece ser um cara muito legal”. Quando Judas diz ich
will ihn euch verraten (literalmente “eu quero traí-lo para vocês”) ele canta as mesmas notas
do acorde diminuto ouvido no baixo; além disso o baixo contínuo também se move com um
trítono. E não é só isso: Judas buscava uma oportunidade para trair Jesus, e essa oportunidade
(Gelegenheit) também é descrita com dois trítonos.
Recitativo
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Ária
- Ênfase emocional;
- Detalhes do texto não são tão importantes;
- O papel da música é comunicar o estado emocional do cantor;
- Repetição;
- Harmonia mais rica;
- Reflexão.
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6 ESTUDO DA CANÇÃO
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Erlkönig, Schubert
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EXERCÍCIO
Elabore uma canção, incluindo acompanhamento, para o texto abaixo.
MEU SONHO
EU
Cavaleiro das armas escuras,
Onde vais pelas trevas impuras
Com a espada sanguenta na mão?
Porque brilham teus olhos ardentes
E gemidos nos lábios frementes
Vertem fogo do teu coração?
O FANTASMA
Sou o sonho de tua esperança,
Tua febre que nunca descansa,
O delírio que te há de matar!...
Álvares de Azevedo
Procure responder:
Do que se trata o poema?
Qual tonalidade?
Qual compasso?
Qual andamento?
Qual acompanhamento?
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Música tintinabular:
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TESSERA E KENOSIS
Tessera: “o poeta que vem depois proporciona o que sua imaginação lhe diz que
completaria os de outro modo ‘truncados’ poema e poeta precursores, uma ‘completude’ que é
tanto apropriação quanto o é um desvio revisionário.” [...] No sentido de ligação que completa,
a tessera representa a tentativa de qualquer poeta que vem depois de convencer-se (e a nós) de
que a palavra do precursor estaria gasta se não redimida como uma palavra recém-enchida e
ampliada pelo efebo. (BLOOM, 2002, p. 114).
Complementação de um fragmento e sua antítese. O sucessor, lendo a obra de seu
predecessor, retém um fragmento, mas usa-o com outro sentido, completa-o antiteticamente,
como se o precursor não houvesse ido suficientemente longe.
Na linguagem musical, a forma mais transparente de Tessera é a que se serve de uma
citação, ou da apropriação de um fragmento melódico ou melódico-harmônico para dele derivar
um outro discurso.
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REFERÊNCIAS
ANDRADE, Mário de. Ensaio sobre a música brasileira. 3ª Ed. São Paulo: Vila Rica, 1972.
BELKIN, Alan. Musical Composition: craft and art. New Haven & London: Yale University
Press, 2018.
GATTI, Patrícia, A expressão dos afetos em peças para cravo de François Coupeirin
(1668-1733). Universidade Estadual de Campinas – Instituto de Artes.
GREEN, Douglass. Form in Tonal Music: an introduction to analysis. New York, Holt,
Rinehart and Winston: 1965.
GROUT, Donald J; Palisca, Claude. História da música ocidental. 2ª Ed. Lisboa: Gradiva,
2001.
KORSYN, Kevin. Towards a New Poetics of Musical Influence. Music Analysis, Vol. 10, n.
1-2. JSTOR, [S. l.], 1991, p. 3-72. Disponível em:
<https://www.jstor.org/stable/pdf/853998.pdf?seq=1#page_scan_tab_contents>. Acesso em:
02 ago. 2019.
SANTOS, José Vianey dos. Treze Canções de Amor de Camargo Guarnieri... Per Musi, Belo
Horizonte, n.13, 2006, p.72-84
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STRAUS, Joseph N. Remaking the past: musical modernism and the influence of the tonal
tradition. Cambridge: Harvard University Press, 1990.
ZAMACOIS, Joaquín. Curso de Formas Musicales. Barcelona: Idea Books S.A., 2004.
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