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Daniel Bonade
Técnicas e Interpretação do Clarinete
Conceitos fundamentais de Bonade para tocar clarinete com
ilustrações, exercícios e uma introdução ao repertório orquestral
Traduzido por Antonio Wendel André da Silva, Júlia Pontes e Maria Viera
Publicação original | Rivernote Press | Imprint of CAMco, LLC
Reitor
José Daniel Diniz Melo
Vice-Reitor
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Helton Rubiano de Macedo (Diretor Adjunto
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Kamyla Álvares (Editora)
Revisão
Wildson Confessor (Coordenador)
Renata Coutinho (Colaboradora)
Design editorial
Rafael Campos (Coordenador)
Marcos Paulo do Nascimento Pereira (Projeto gráfico)
Larry Guy
Daniel Bonade
Técnicas e Interpretação do Clarinete
Traduzido por Antonio Wendel André da Silva, Júlia Pontes e Maria Viera
Editado por Dr. Amandy Bandeira de Araújo e Dra. Jennifer Sarah Cooper
Publicação original
Rivernote Press
Imprint of CAMco, LLC
www.ClarinetAllMusic.com
Natal, 2022
Fundada em 1962, a Editora da UFRN (EDUFRN)
permanece até hoje dedicada à sua principal missão:
produzir livros com o fim de divulgar o conhecimento
técnico-científico produzido na Universidade, além de
promover expressões culturais do Rio Grande do Norte.
Com esse objetivo, a EDUFRN demonstra o desafio de
aliar uma tradição de seis décadas ao espírito renovador
que guia suas ações rumo ao futuro.
Guy, Larry.
Daniel Bonade [recurso eletrônico] : técnicas e interpretação do clarinete / Larry Guy ;
[Coordenação do projeto de tradução: Jennifer Sarah Cooper]. - Dados eletrônicos (1 arquivo : 52
Mb). – Natal : EDUFRN, 2022.
“Conceitos fundamentais de Bonade para tocar clarinete com ilustrações, exercícios e uma
introdução ao repertório orquestral.”
Modo de acesso: World Wide Web <http://repositorio.ufrn.br>.
Título fornecido pelo criador do recurso.
ISBN 978-65-5569-213-6
CDD 788
RN/UF/BCZM 2021/43 CDU 780.643
***
Larry Guy
Uma breve história da
vida de Daniel Bonade
“Leopold Stokowski aclamou Daniel Bonade como o maior artista-clarinetista
que ele já havia ouvido durante suas atividades de regência em todo o mundo.”
Daniel Bonade nasceu em 4 de abril de 1896, em Genebra, Suíça, e era filho de pais
franceses, os quais eram músicos profissionais excepcionais. Sua mãe, Esther, foi uma
mezzo-soprano famosa e professora que interpretou o papel de Ortrud na ópera Lohengrin,
de Wagner. Seu pai, Louis, foi um clarinetista bem conhecido, maestro e diretor do Victoria
Hall em Genebra.
Bonade frequentou o Conservatório Nacional Superior de Música e Dança de Paris,
formando-se com honras e com um First Prize, diploma de alto nível de proficiência
artística, em 1913. Seu grande professor foi Henri Lefebvre, da Ópera Nacional de Paris,
um dos pupilos mais notáveis de Cyrille Rose. Anos mais tarde, Lefebvre se casou com
Marie, irmã de Bonade, e juntos se tornaram donos e administradores de uma fábrica de
palhetas próxima a Paris.
Entre 1915 e 1917, Bonade realizou uma turnê pelos Estados Unidos com um número
de organizações, incluindo o Ballet Russe de Monte-Carlo e The Sousa Band. Durante
esse tempo, ele foi convidado por Leopold Stokowski, maestro da Orquestra de Filadélfia,
a fazer uma audição privada e, posteriormente, passou a tocar clarinete principal com
essa grande orquestra, de 1917 a 1922. Após um hiato de dois anos, voltou à orquestra em
1924 e permaneceu nela até 1930. Em 1924, tornou-se o primeiro instrutor de clarinete
no recém-criado Instituto de Música Curtis; e, em 1930, desligou-se da Orquestra de
Filadélfia e foi para Nova York a fim de trabalhar como músico de estúdio para o Columbia
Broadcasting System.
Em 1933, Bonade aceitou a posição principal na Orquestra de Cleveland, sob a
direção de Artur Rodzinski, e ensinou no Instituto de Música de Cleveland. Infelizmente,
devido a problemas de saúde, o clarinetista se desligou da orquestra e do Instituto em
1941. Antes disso, durante o verão de 1940, Bonade realizou uma turnê pela América do
Sul com Arturo Toscanini e a NBC Symphony.
Ele se mudou para Nova York em 1941 e diminuiu gradativamente seu número de
performances, ao passo que aumentou bastante suas atividades de ensino. De 1941 até sua
aposentadoria em 1960, Bonade ensinou a centenas de alunos tanto de maneira particular
quanto na Juilliard School of Music.
Nos anos 50, filiou-se à G. Leblanc Corporation, que produziu suas abra-
çadeiras e publicou o Clarinetist’s Compendium, Orchestra Studies for Clarinet
e Sixteen Phrasing Studies for Clarinet, baseado no livro 32 Etude for Clarinet4
de Rose. Todos esses materiais ainda estão disponíveis pela Leblanc. Durante esse tempo,
Bonade também introduziu uma boquilha e palhetas que levavam seu nome.
Após sua aposentadoria em 1960, ele se mudou para a França com sua esposa,
Maud, e continuou ensinando de maneira particular. Bonade faleceu no ano de 1976, em
Cannes, França.
Larry Guy
4 NT: Atualmente disponível em um volume 32 Etudes & 40 Studies for Clarinet, Cyrille Rose: https://www.clarinetall-
music.com/products/rose-32-and-40-etudes-for-clarinet-dover.
“A carreira notável de Bonade abrangeu todos os aspectos da nossa
profissão. Além de ter sido o clarinetista e professor mais importante do
século XX, também foi um autor, inventor, palestrante, adjudicador e
fabricante. Ele era um ser humano simpático, que nunca levantava a voz e
se orgulhava de fazer ‘contribuições, e não críticas’ enquanto ensinava.”
Ben Armato
Mitchell Lurie
Robert Marcellus
Sumário
Capítulo I: O som ideal 14
Apoio da coluna de ar 14
Postura 15
Embocadura 16
A vogal “uu” 17
Ilustrações da embocadura 21
Conceito de palheta de Bonade 23
Apoio da coluna de ar
5 NT: Som redondo ou em formato ogival lembrando uma pera. O uso do termo “formato de pera” é comum para alguns
clarinetistas estadunidenses e se refere a um som redondo não estridente.
Capítulo I: O som ideal
Agora, após respirar fundo novamente, toque uma escala de Dó maior bem devagar,
e veja se você consegue duplicar a sensação do fluxo de ar intenso saindo da boca e a
força muscular contínua nas áreas do abdômen e das costas, necessárias para produzir e
manter o fluxo de ar vigoroso. Se o abdômen e os músculos das costas estiverem fazendo
seu trabalho, os músculos labiais, embora firmes, não ficarão muito apertados. Bonade era
um homem grande e, para ilustrar a expansão da área do abdômen durante a inspiração,
ele costumava fechar uma porta expandindo os músculos de sua barriga.
O trabalho muscular intenso, feito pelos músculos abdominais e das costas enquanto
se expira, é único aos instrumentistas de sopro e cantores. Perceba também que, com
esse exercício, ocorre uma “baixa” na área abdominal interna. Isso decorre do uso do
diafragma, que se achata durante a inspiração. Empenhe-se para manter o achatamento
do diafragma o empurrando para baixo enquanto exala o ar. Deve-se manter isso em
mente durante todo o tempo que se toca.
Postura
15
Capítulo I: O som ideal
Embocadura
Bernard Portnoy
16
Capítulo I: O som ideal
Para incorporar essas ideias, forme sua embocadura de frente a um espelho, distante
do clarinete. Em seguida, sopre com seus lábios firmes, certificando-se de que o queixo
está fixo, plano, pontiagudo e longo, com a pele bem esticada. No entanto, tenha cuidado
para não empurrar excessivamente os dentes inferiores para a frente. Isso pode destruir
o “encaixe” normal para a introdução da boquilha. Os molares superiores e inferiores
devem ficar separados o suficiente a fim de conseguir segurar um lápis entre eles. Agora,
mantendo os lábios firmes e em posição, insira o clarinete como ilustrado a seguir:
A vogal “uu”
Para a doçura e o foco do som, Bonade propunha pensar na vogal “uu” (como em
“tu”) enquanto se toca. A vogal “uu” deve ser sentida na frente do rosto e deve vibrar os
lábios. Pensar nessa vogal coloca os músculos dos cantos dos lábios em ação, os quais
naturalmente exercem pressão em torno dos cantos da boquilha. Essa técnica ajuda a
focar o som em todos os registros.
17
Capítulo I: O som ideal
18
Capítulo I: O som ideal
Bonade dava ênfase especial na vogal “uu” para passagens em dolce e efeitos de eco
piano e pianissimo. Um exemplo disso está na Sinfonia Fantástica, de Berlioz (faixa nº
61 do CD de Bonade). O clarinetista propunha enfatizar a vogal “uu” para o eco pp no
compasso 5. Repare que ele tocou o solo de maneira muito leve. Devido à vibração e ao
toque em seu som, o eco pp foi realizado facilmente.
Outros exemplos do som belo de Bonade estão nos solos líricos da Suíte do Pássaro
de Fogo, de Stravinsky (faixas nº 50-53 do CD de Bonade).
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Capítulo I: O som ideal
20
Capítulo I: O som ideal
Ilustrações da embocadura
Observe o seguinte:
6 NT: Embocadura dupla é a colocação dos lábios superior e inferior sobre os dentes, semelhante à embocadura dos oboístas.
7 NT: Trespasse vertical acentuado é a sobreposição excessiva dos dentes superiores aos inferiores.
21
Capítulo I: O som ideal
Os músculos do lábio superior bem dobrados, como ilustrado de acordo com Bonade
e Marcellus, era uma técnica com a qual Anthony Gigliotti (ex-diretor da Orquestra de
Filadélfia e outro aluno famoso de Bonade) também se identificava muito. Marcellus,
Gigliotti e muitos outros clarinetistas acreditam que esse é um dos componentes mais
importantes para uma boa embocadura.
Pode-se ouvir como Bonade ajustou sua qualidade de som do registro do clarim aos
sons da garganta em sua performance de “E Lucevan le Stelle” da ópera Tosca, de Puccini
(faixa nº 85 do CD de Bonade). Observe o quão centrado é o registro do som da garganta,
correspondendo ao som no registro do clarim.
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Capítulo I: O som ideal
Bonade tocava com palhetas leves o suficiente para produzir um som vibrante e flexível. Se
os lados de uma palheta não estiverem equilibrados adequadamente, ela não terá os componentes
essenciais necessários para produzir facilmente um som vibrante e adequado. Bonade frequen-
temente dedicava os primeiros 10 a 15 minutos da aula para o trabalho de palheta. Embora isso
representasse uma quantidade significativa de tempo na aula, ele sabia que a qualidade da palheta
afetava muito a embocadura e a maneira como o aluno sopra o instrumento. Portanto, o tempo
era bem gasto. Ter uma boa palheta não é apenas diretamente responsável pelo desempenho do
estudante em uma aula; também é fundamental para o desenvolvimento geral dele. Uma palheta
mais leve também é importante para manter a afinação baixa o suficiente enquanto se toca muito
suavemente, ao passo que uma palheta mais dura frequentemente irá gerar uma afinação mais
alta em dinâmicas suaves.
Uma palheta vibrante produzirá um som com bom desempenho, reduzindo a necessidade
do artista de forçá-lo para ser ouvido. Pode-se notar, ao ouvir todo o CD de Bonade, que ele
nunca força seu som, e isso acontece porque o músico está confiante de que irá projetar bem
esse som, devido à vibração da palheta.
Ouça a performance feita por Bonade de Vocalise, de Rachmaninoff (faixa nº 36 do CD
de Bonade). Apesar de tocar de forma relativamente suave, seu som pode ser claramente ouvido,
mesmo quando toda a seção de violino se junta a ele.
23
Capítulo I: O som ideal
Para mais informações sobre os conceitos de palheta de Bonade, consulte o Capítulo VIII.
24
Capítulo II: O estudo do legato
“O interior do intervalo é o que é importante.”
Daniel Bonade
O legato, arte de fazer conexões suaves entre notas, era uma das maiores preocupações
de Bonade, pois ele tem um papel importante em um fraseado belo. Por isso, o estudo do
legato constituiu uma parte significativa do trabalho de cada aluno com Bonade.
Daniel Bonade
As citações mencionadas nas aberturas deste capítulo e desta seção mostram o valor
que Bonade dava ao movimento suave dos dedos e o seu efeito profundo na qualidade do
som. Para conseguir conectar as notas suavemente, ele ensinava seus alunos a exagerar no
movimento dos dedos ao tocar de nota em nota em frases lentas. Subir bastante os dedos
e levá-los para baixo de forma lenta e gentil ajudava o clarinetista a evitar qualquer batida
forte nas chaves, algo que Bonade detestava. Um aluno relatou que, para passagens muito
lentas, os dedos podiam fazer um pequeno movimento circular no topo de sua elevação,
antes de descer. Isso garantiria que os dedos se mantivessem relaxados. Eles permanecem
suaves ao longo de vários exercícios de digitação de legato, como se estivessem alisando
o pelo de um gato. Para conseguir esse efeito, levante e abaixe a articulação dos dedos
em sua base, mantendo a primeira e a segunda juntas curvadas.
Bonade desenhava diagramas no livro de estudos de muitos de seus alunos a fim de
ajudá-los a aprender os conceitos do bom movimento dos dedos para passagens em legato.
Capítulo II: O estudo do legato
Legato bom:
Os dedos se movem de maneira
suave e ondulante.
Legato ruim:
Os dedos se movem de maneira
abrupta e angular.
Este exercício irá ajudar a desenvolver o movimento dos dedos necessário para
dominar os estudos do legato de Bonade. Eu o chamo de exercício “C para O”. Comece
colocando as pontas dos polegares juntas e faça um “C” com os dedos, em cada mão.
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Capítulo II: O estudo do legato
Agora, lentamente, leve os dedos ao encontro dos polegares, fazendo formas de “O”
bem redondas. Não deixe que os dedos em formato de “O” se achatem e fiquem ovais.
Movimente-os de forma lenta, como se estivessem indo contra uma resistência. Imagine
que suas mãos estão dentro de um saco de feijão, empurrando os feijões para fora do
caminho. Repita o exercício cinco vezes, certificando-se de que as pontas dos polegares
sempre se tocam.
Agora, leve apenas os dedos médios de encontro aos polegares. Todos os outros
dedos permanecem curvados. Repita cinco vezes, imaginando como se houvesse uma
força resistindo ao movimento dos dedos.
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Capítulo II: O estudo do legato
Finalmente, leve os dedos mínimos aos polegares. Não deixe nenhum outro dedo
ficar esticado. Faça isso cinco vezes, lentamente.
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Capítulo II: O estudo do legato
Agora, leve três dedos de uma vez contra os polegares: os indicadores, os dedos médios
e os anelares, e depois os dedos médios, os anelares e os dedos mínimos. Faça tudo isso
de maneira lenta.
Esses exercícios são excelentes para desenvolver o movimento exato dos dedos
que você irá usar para os estudos de digitação de legato de Bonade. Note que os dedos
permanecem curvados ao longo da subida e da descida, e que o movimento dos dedos
vem sempre das articulações traseiras das mãos.
Enquanto você pratica o movimento dos dedos no clarinete, certifique-se de que a
palma das mãos se mantém na mesma posição ao longo das subidas e das descidas dos dedos.
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Capítulo II: O estudo do legato
Clark Brody
A seguir, um exemplo do desenho de Bonade da curva que deve ser ouvida entre as
notas. Esse conceito ajuda a preencher o som dentro dos intervalos:
Ascendendo Descendendo
8 NT: A região da garganta compreende as notas que vão do Sol3 até Lá#3.
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Capítulo II: O estudo do legato
Nota: é fácil cair no mau hábito, com esses exercícios, de levar os dedos para baixo
lentamente até chegar a cerca de 2,5 centímetros do clarinete, e parar o movimento dos
dedos e batê-los nos orifícios ou nas chaves. Isso invalida totalmente o valor do exercício.
Desenvolva o controle para manter os dedos se movendo lenta e estavelmente em todo o
percurso até os orifícios ou as chaves.
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Capítulo II: O estudo do legato
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Capítulo II: O estudo do legato
Daniel Bonade
9 NT: Atualmente disponível em um volume 32 Etudes & 40 Studies for Clarinet, Cyrille Rose: https://www.clarine-
tallmusic.com/products/rose-32-and-40-etudes-for-clarinet-dover.
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Capítulo II: O estudo do legato
O exercício a seguir, adaptado do método Klosé, irá ajudar a ouvir a curva entre as
notas. Ele foi ensinado por David Weber, um aluno renomado de Bonade, e deve ser reali-
zado no andamento indicado, sem deixar nenhuma nota se sobressair em relação a outra.
Perceba como visualizar a curva lhe ajuda a tocar entre as notas e, assim, a aprimorar seu
legato. Mantenha a “digitação de legato” suave, como se estivesse alisando o pelo de um gato.
Bernard Portnoy
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Capítulo II: O estudo do legato
Após trabalhar com o Estudo nº 1 do livro 40 Studies for Clarinet, de C. Rose, Bonade
frequentemente indicava o Estudo nº 9, o qual também exige um legato suave e relaxado
entre as notas. No entanto, ele é eventualmente executado em um andamento mais rápido
que o Estudo nº 1. Na versão do Estudo nº 9 a seguir, o andamento deve ser mantido bastante
lento. Bonade também usava esse estudo para praticar a “ação antecipada dos dedos”, uma
técnica de mover os dedos em direção à chave seguinte, a fim de fazer com que os dedos do
clarinetista tocassem nela antes de pressioná-la. Eles continuam se movendo de uma forma
ondulante, e não angular. No entanto, não sobem tanto, o que facilita um andamento mais
rápido posteriormente. Mantenha-os suaves e pressione apenas o suficiente para ativar as
molas. Enquanto isso, permaneça com a embocadura firme e estável.
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Capítulo II: O estudo do legato
O Estudo nº 7 do livro de estudos de Rose é outro que pode ser usado para desenvolver
a digitação de legato. A articulação que está sendo ilustrada foi um pouco alterada para
atender melhor ao nosso propósito. O apoio do ar deve ser muito forte; a embocadura,
firme; e os dedos, bastante leves.
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Capítulo II: O estudo do legato
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Capítulo II: O estudo do legato
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Capítulo II: O estudo do legato
Outro solo lírico que se beneficia da curva entre as notas é o entreato de Carmen
(faixa nº 9 do CD de Bonade). Tente emular o legato suave, líquido, de Bonade. Esse
excerto também é proveitoso para o desenvolvimento da firmeza da embocadura
enquanto ela se move para dentro e para fora da região da garganta, uma área em que
muitos clarinetistas perdem a firmeza da pressão labial. A embocadura deve permanecer
totalmente estável e firme durante esse solo. Além disso, deve-se manter a velocidade
do ar e a posição da língua estáveis.
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Capítulo III: Fraseado
“O que é mais belo do que ouvir um solo bem
fraseado, tocado sem esforço aparente?”
Daniel Bonade
Usando a dinâmica
Robert Marcellus
A parte mais importante do crescendo acontece antes do ápice dele mesmo. No caso
do diminuendo, ao passo que o som diminui, deve-se continuar a manter a ressonância
e a vibração do som. Para manter a ressonância, imagine que você está soprando rápido,
enquanto continua ouvindo bastante vibração na palheta.
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Capítulo III: Fraseado
Para a lição da semana seguinte, os alunos deveriam tocar a mesma frase e diminuir
qualquer exagero a ponto de tocar praticamente sem nenhuma dinâmica. Bonade deu
significado a essa abordagem com outro símbolo:
Por fim, os alunos deveriam combinar as duas abordagens. Para isso, Bonade criou
o seguinte símbolo:
42
Capítulo III: Fraseado
No resultado final, as dinâmicas não são nem muito exageradas nem inexistentes.
Em vez disso, são tocadas com a perspectiva adequada em mente, resultando uma linha
melódica fluida, com fraseados de dinâmicas apropriadas. Em suma, a primeira abordagem
é demais, a segunda, de menos, e a última é a quantidade certa; ou seja, um exemplo de
“bom gosto”. Tal abordagem da dinâmica ajuda cada aluno a desenvolver seu próprio
sistema para achar sua melhor abordagem interpretativa, sem recorrer a nenhum tipo de
dogma musical.
Bonade via a importância do exagero dos crescendi e diminuendi nos estudos porque,
na performance, a maioria dos clarinetistas tendem a “frasear insuficientemente” em vez
de “frasear excessivamente”.
Por fim, uma última palavra sobre dinâmica: Bonade enfatizava que se deve tocar para
o último assento no auditório. Obviamente isso irá influenciar a quantidade de contraste
que se dá a uma frase. Para um teatro grande, é necessário exagerar muito mais do que
para um pequeno salão de música de câmara. Geralmente, o indivíduo consegue fazer a
coisa certa ao manter em mente a última fileira de assentos do auditório.
Bonade dividiu as frases em três grandes tipos: a frase melódica, a frase apogiatura
e a frase rítmica. Ainda que essas categorias possam parecer um pouco arbitrárias às
vezes, elas são bastante úteis para entender como frases são construídas. Cada tipo de
frase tem suas próprias regras de performance.
A frase melódica
A frase melódica é encontrada com muita frequência. Nesse tipo de frase, ocorre
um crescendo, à medida que as notas ficam mais altas, e um diminuendo, à medida que
as notas ficam mais baixas. Um bom exemplo disso é o Estudo nº 7 do livro 40 Studies
for Clarinet, de C. Rose. Embora não esteja marcado com um crescendo nos primeiros
compassos, o clarinetista reproduz um crescendo enquanto as notas sobem e um dimi-
nuendo enquanto as notas descem, naturalmente, como se alguém estivesse cantando.
Não se deve ter receio de fazer isso na “música real” (em que o compositor ou os editores
negligenciam marcar os crescendi ou diminuendi), contanto que a interpretação musical
seja feita com bom gosto.
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Capítulo III: Fraseado
Agora, como ele deveria ser fraseado, de acordo com a subida e a descida naturais das notas:
Outro exemplo de uma frase melódica é o entreato de Carmen, de Bizet (faixa nº 9
do CD de Bonade). O compositor não escreveu quase nenhuma indicação de dinâmica:
Esse é um bom exemplo de como deveria ser fraseado, com dinâmica acompanhando
a subida e a descida da linha melódica. Apesar das limitações de uma gravação muito
antiga, é possível ouvir que a performance de Bonade segue este design.
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Capítulo III: Fraseado
A frase apogiatura
Uma apogiatura é uma “nota apoiada” que começa frequentemente com um salto e
termina com um intervalo. Pelo fato de não fazer parte do acorde subjacente, ela cria uma
dissonância cheia de tensão com a harmonia predominante e resolve essa tensão passando
para uma nota do acorde no tempo fraco, como ilustrado abaixo. A nota Ré mínima é a
apogiatura (uma nota fora do acorde), porque não pertence à harmonia subjacente (Dó -
Mi - Sol). Ela é resolvida para a nota do acorde de Dó. Note que a duração do diminuendo
é menor que a do crescendo. Isso está de acordo com a sugestão de Bonade.
Todo bom músico aprende a identificar apogiaturas, mesmo em música solo em que
não se tem uma base harmônica definida. Devido à qualidade notável de uma apogiatura,
ela é, geralmente, a parte mais importante de uma frase, de maneira que a intensidade vai
até a apogiatura e se resolve se afastando dela. Bonade pedia que seus alunos achassem
a apogiatura em uma frase e a demonstrassem aumentando a sonoridade até ela e dimi-
nuindo ao se distanciar dela. A frase apogiatura normalmente é um tipo de frase forte,
dramática. Podemos voltar ao livro de estudos de Rose para vermos vários exemplos de
frases apogiatura. A seguir, o Estudo nº 3 do livro 32 Etudess for Clarinet, de C. Rose:
45
Capítulo III: Fraseado
As notas Ré nos dois últimos compassos são apogiaturas. Elas são aproximadas por
um salto e resolvidas por um intervalo diatônico, devendo ser enfatizadas. Bonade insistia
que seus alunos sempre “conduzissem à apogiatura”.
AS APOGIATURAS DE MOZART
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Capítulo III: Fraseado
A frase rítmica
Por vezes será encontrada uma combinação de tipos de frases dentro de uma única
frase, como na frase melódica acompanhada da frase apogiatura. No Estudo nº 13
do livro 40 Studies for Clarinet, de C. Rose, o Dó# no segundo compasso completo é a
apogiatura, seguido por uma apogiatura de Ré# no compasso 4. No entanto, em ambos
os casos se deve fazer a frase melódica expressiva a caminho das apogiaturas, que são as
conclusões da frase.
47
Capítulo III: Fraseado
Em geral, a dinâmica deve ser exagerada com o objetivo de projetar o som para a
última fileira de assentos do auditório. Bonade advertia seus alunos a não serem “avarentos”,
mantendo a expressão musical apenas para si mesmos.
Se uma nota for repetida, especialmente sobre uma barra de compasso, a segunda
nota geralmente será tocada mais forte que a primeira, como neste exemplo (os Si bemóis
no compasso 2 para o compasso 3, e os Lá no compasso 3 para o compasso 4) do Adagio
da Sinfonia Concertante de Mozart:
Muitas vezes uma nota de ornamento é reproduzida antes da “nota principal” para
dar ênfase a esta. Ela é bastante parecida com uma acentuação. Por exemplo, no Concertino
de Weber, a passagem no compasso 60-61 se parece com:
Se uma frase começar com uma nota aguda, coloque bastante energia nessa primeira
nota, como no caso do primeiro solo em Siegfried Idyll, de Wagner. Embora seja fraseado
para o Sol, soando como uma apogiatura, ainda é preciso colocar energia na nota mais
aguda da frase, a primeira nota.
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Capítulo III: Fraseado
As notas na frase podem ser agrupadas para dar clareza da intenção e para organi-
zar a direção da energia. Um exemplo famoso está na Sinfonia Inacabada de Schubert.
Bonade gostava de agrupar as duas primeiras notas (Mi e Sol), e depois as duas segundas
notas (Fá# e Lá). Ele tocava um leve diminuendo depois das duas primeiras notas para
separá-las das duas notas seguintes (faixas nº 46 e 47 do CD de Bonade). Na recapitulação,
o clarinetista também gostava de agrupar as semínimas pontuadas em pares (do Dó ao
Mi e do Ré ao Fá). Em movimentos lentos, às vezes Bonade advertia os alunos para não
tocarem uma frase por muito tempo.
O conceito de agrupamento das notas pode ser usado para organizar o fraseado
com muitos tipos diferentes de música. Por exemplo, nos primeiros compassos da Sonata
de Poulenc, pode-se agrupar as semicolcheias da seguinte forma:
49
Capítulo III: Fraseado
Um dos alunos conhecidos de Bonade, Ben Armato, relatou que o clarinetista usava
um sistema de dinâmica com números, similar ao que foi ensinado pelo grande oboísta
Marcel Tabuteau. Ele foi o principal oboísta da Orquestra de Filadélfia no período em
que Bonade tocava nela e continuou sendo por muitos anos. Eles permaneceram amigos
próximos e colegas ao longo da vida, e por isso é provável que Bonade tenha adquirido o
sistema com números de Tabuteau.
O sistema atribui um número, de um a dez, para cada nota de uma frase, dependendo
da intensidade ou da tensão da nota. Ao passo que as notas fazem um crescendo, os números
aumentam, e enquanto as frases fazem um diminuendo, os números diminuem. Produzir
um gráfico desse tipo ajuda a organizar a dinâmica pretendida de uma frase. Além disso,
esclarece a dinâmica relativa das notas diferentes na frase. Por exemplo, se duas notas que
aparecem em lugares diferentes em uma frase forem atribuídas ao número 4, o indivíduo
tentará fazer a dinâmica idêntica a essas notas, independentemente da nota envolvida e
do quão distante elas estarão. Um bom exemplo do uso do sistema com números está no
Estudo nº 3 do livro 32 Etudes for Clarinet, de C. Rose:
50
Capítulo III: Fraseado
Deve-se enfatizar que, em última análise, não existem números “certos” ou “errados”.
Em vez disso, esse sistema pode ser uma rota experimental para a procura da maneira
perfeita de produzir a frase. Assim sendo, o experimento normalmente traz um maior
entendimento dessa questão.
O fraseado da semicolcheia
51
Capítulo III: Fraseado
Nos andamentos ainda mais lentos, o mesmo princípio pode ser relacionado ao
“fraseado da fusa”, como na passagem da Sinfonia Inacabada de Schubert (faixa nº 47 do
CD de Bonade).
Quando realizava performances, Bonade geralmente dava uma pequena pausa entre
as frases. Para ele, isso proporciona clareza e elegância à performance, e raramente as unia,
o que poderia diminuir a significância do final da frase. Bonade também fazia pequenas
separações dentro delas para dar clareza. Um bom exemplo está em sua performance
de um solo no movimento lento da Sinfonia nº 5 de Tchaikovsky (faixa nº 84 do CD de
Bonade). Observe as duas pequenas pausas próximas do final da frase. Bonade simboliza
essas breves pausas com marcações em seu livro Orchestral Studies, publicado pela G.
Leblanc. Esse livro é recomendado, pois mostra muitos detalhes das ideias de fraseado
de Bonade. A seguir é apresentada a forma como o solo aparece na parte do clarinete:
52
Capítulo III: Fraseado
Repare nas pequenas pausas que Bonade adiciona entre o penúltimo e o último
compassos no livro Orchestral Studies, e as ouça em sua performance.
Bonade salientava o fato de que cada um dos Sixteen Phrasing Studies for Clarinet do
livro 32 Etudes for Clarinet, de C. Rose (os estudos de números ímpares) é feito de várias
frases individuais. O indivíduo deve não só esculpir cada uma dessas frases, mas também
saber como cada uma delas se encaixa na estrutura completa do estudo; os dois conceitos
(fraseado específico e generalizado) devem ser considerados simultaneamente. Nunca toque
cada nota como uma entidade separada, e sim como uma parte da perspectiva ampla,
a qual Bonade chamou de “uma frase enorme, contínua; em outras palavras, um todo
homogêneo”. O leitor é incentivado a estudar os Sixteen Phrasing Studies for Clarinet de
Bonade, publicado pela G. Leblanc Company. Essas são as interpretações do clarinetista dos
estudos de números ímpares do livro de Rose, mencionado anteriormente. Nesses estudos,
Bonade esclarece várias das suas ideias de fraseado com marcações detalhadas das frases.
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Capítulo IV: Articulação
“Uma articulação adequada pressupõe um bom staccato.”
Bonade acreditava que a ponta da língua, em vez de bater na palheta para articular
o som, deveria ser colocada suavemente nela. O fluxo de ar deve aumentar gradualmente
atrás da ponta da língua, e então a língua deve ser afastada rapidamente da palheta a uma
pequena distância para permitir que a nota soe. Em seguida, ela então retorna à palheta a
fim de parar a nota, no caso do staccato curto. Assim, uma nota é iniciada colocando-se a
língua na palheta antes de soprar, e nunca “batendo” nela com a língua de forma bruta ou
percussiva, resultando em um som feio e em uma parada abrupta das vibrações. Bonade
dizia que o ataque, ou o início do som, é resultado da retirada da língua da palheta.
Uma vez que a função da língua é tocar a palheta gentilmente a fim de parar as
vibrações, não é necessário pressionar a palheta para dentro da boquilha para fechar a
abertura. Assim, a língua, em vez de ser um músculo que bate, pressiona ou empurra
a palheta, é um órgão de sensação que a sente da maneira mais suave e gentil possível,
mesmo em passagens em forte ou fortissimo. Ela também sente a pressão do ar atrás dela
mesma com uma grande sensibilidade.
Para que se possa colocar isso em prática, comece dizendo “tu” algumas vezes sem
o clarinete. Note que você está usando a ponta da língua. Depois, inclua o instrumento e
toque suavemente na palheta com a ponta da língua. Com a língua ainda no lugar, comece
a soprar (sem produzir som, claro). Em seguida, pense em “tu” enquanto você afasta a
língua a uma pequena distância da palheta e toque o Sol aberto.
Esse exercício desenvolve uma qualidade limpa e clara no início de uma nota. Dar
início a qualquer nota de maneira clara e limpa em qualquer nível de dinâmica é uma das
habilidades mais importantes a serem desenvolvidas.
Capítulo IV: Articulação
“Bonade adquiriu seu belo som articulado do seu professor, Henri Lefebvre”
Mitchell Lurie
Eu creio que os leitores irão perdoar uma digressão da técnica estrita de Bonade para
relatar uma história que ilustra o valor do desenvolvimento de um bom início para cada
nota. Alguns anos atrás em um conservatório de prestígio, foi dada uma bateria de testes
a calouros para medir sua habilidade de ouvir timbre. Em um dos testes, foi pedido aos
estudantes que identificassem o instrumento que tocava as cinco notas apresentadas a seguir:
Essas notas foram tocadas sucessivamente pela flauta, oboé, clarinete, trompa e
fagote, e os alunos tinham que distinguir qual instrumento estava tocando. Como se
pode esperar, eles atingiram uma pontuação bastante alta nesse teste. No teste seguinte,
os mesmos cinco instrumentos, em uma ordem diferente, tocaram novamente as mesmas
cinco notas. Dessa vez, o oboé, a trompa e a flauta não usaram vibrato característico.
Mais uma vez, os estudantes obtiveram uma pontuação alta. No terceiro teste, a ordem
em que os instrumentos tocaram foi alterada novamente, e os ataques das notas foram
cortados da gravação em fita. A gravação foi então unida, resultando em notas sem o som
característico de ataque. As pontuações desabaram. A lição aprendida com esses testes é
a de que o ouvido humano identifica timbre em grande parte, embora certamente não de
maneira exclusiva, durante o ataque da nota. Portanto, cabe a nós desenvolver o ataque
mais limpo e belo possível. Ainda que Bonade não tivesse como saber desse teste, acredito
que o motivo pelo qual uns dos melhores professores, incluindo Bonade, enfatizaram a
importância de dar início às notas com a língua na palheta foi a sensibilidade e a capacidade
de distinção de sua audição.
O exercício a seguir irá ajudar a desenvolver um bom começo de nota. Todas as
notas mais agudas subsequentes devem corresponder à dinâmica e à qualidade da “nota
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Capítulo IV: Articulação
âncora”10. Fale “tu” para cada ataque, usando apenas a ponta da língua. Libere o final de
cada nota com o ar e coloque gentilmente a língua de volta na palheta durante os silêncios
entre as notas. Ao longo de cada silêncio, ouça a qualidade do “tu” para a nota seguinte.
10 NT: Entendemos que a “nota âncora” é a primeira nota de cada compasso ou a mais grave.
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Capítulo IV: Articulação
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Capítulo IV: Articulação
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Capítulo IV: Articulação
A fim de obter notas mais curtas, deve-se finalizá-las colocando a língua de volta
na palheta enquanto continua soprando um fluxo de ar intenso. Para reproduzir essa
técnica, comece com a língua na palheta. Retire-a e toque o Sol aberto em mínimas.
Depois, interrompa as notas colocando novamente a língua na palheta, mas continue
soprando durante o silêncio entre as notas. Se você a mantiver na palheta, irá sentir uma
pressão de ar aumentando gradualmente atrás da língua. A embocadura deve se manter
firme. Os resultados são notas que são “interrompidas” ou “cortadas”.
Agora faça a mesma coisa com semínimas seguidas por pausas de semínima. A
ponta da língua deve se manter na palheta durante os silêncios entre as notas e o sopro
deve ser mantido constante.
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Capítulo IV: Articulação
Uma vez que essa habilidade tenha sido desenvolvida, a língua pode ser colocada
de volta na palheta para produzir uma nota de qualquer duração, até mesmo uma nota
bem curta. A seguir temos um excelente exercício ensinado por Kalmen Opperman, um
grande expoente da tradição francesa. Ele irá lhe ajudar a desenvolver notas curtas. Não se
esqueça de manter a embocadura firme – não mova a mandíbula ou o queixo. Cheque-a
no espelho enquanto realiza o exercício.
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Capítulo IV: Articulação
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Capítulo IV: Articulação
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Capítulo IV: Articulação
Os resultados são notas curtas com uma qualidade viva e alegre, que se adequam
perfeitamente à música enérgica, do estilo scherzando. Robert Marcellus chamava isso
de “staccato interrompido” e enfatizava a importância de desenvolver essa articulação
curta. Aumente de maneira gradual a velocidade do andamento até que o estudo possa
ser tocado como exposto a seguir:
Esse estilo scherzando se adequa muito bem aos solos do primeiro movimento da
Sinfonia nº 6 de Beethoven.
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Capítulo IV: Articulação
Esse conceito é válido para outros padrões, como duas notas separadas e duas ligadas:
A única exceção a essa regra ocorre quando o grupo começa com uma nota separada
e é seguida por três ligadas. Nesse caso, o acento vai para a nota articulada, e a última
nota das ligaduras não é cortada.
Como é tocado:
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Capítulo IV: Articulação
Ao encontrar grupos de duas notas ligadas, a segunda nota da ligadura não é cortada,
mas sustentada. O início da ligadura seguinte é tocada com a língua da maneira mais
suave possível, resultando em um conjunto de ligaduras que soam bem ligadas, como no
exemplo do Estudo nº 12 do livro 32 Etudes for Clarinet, de C. Rose.
O staccato curto
O estudo do staccato curto nos remete à citação de Bonade no início deste capítulo:
“Uma articulação adequada pressupõe um bom staccato”. Em outras palavras, o desenvol-
vimento de um bom staccato curto influencia positivamente todas as outras articulações.
Assim, uma vez que se aprende a produzir boas notas curtas em toda a extensão do
instrumento, notas de todas as durações são automaticamente melhor produzidas.
Dois bons exemplos do stopped staccato11 estão nas performances realizadas por
Bonade de Carmen, de Bizet (faixa nº 10 do CD de Bonade), e Scheherazade, de Rimsky-
Korsakov (faixas nº 42-43 e 72-73 do CD de Bonade). Use essas performances como
modelo para o seu próprio staccato curto e veja o quão bem você consegue se adequar à
qualidade do som do clarinetista. [Nota: o excerto de Carmen, geralmente escrito para
clarinete em Si bemol, foi transposto para ½ tom acima para clarinete em Lá, a fim de
facilitar os trinados].
11 NT: Na falta de uma boa tradução para o termo stopped staccato, optamos por manter o termo original. Esse staccato
consiste em interromper a vibração da palheta sem interromper o fluxo de ar, criando um staccato curtíssimo.
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Capítulo IV: Articulação
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Capítulo IV: Articulação
O staccato delicado
Clark Brody lembra que para se ter um som belo de um staccato delicado, Bonade
interrompia a nota com a reversão do ar, em vez de com a língua. Para reproduzir essa
técnica, comece dizendo “tu”, distante do clarinete. Após deixar um pouco de ar escapar,
gentilmente, mas imediatamente, traga o ar de volta à boca. Em seguida, tente essa técnica
com semínimas e colcheias no andamento moderado. Embora não seja possível tocar esse
tipo de staccato de maneira rápida, ele é, todavia, um efeito sonoro maravilhoso para certas
passagens. Entre elas, tem-se Dança dos Aprendizes, do Die Meistersinger. Certifique-se
de que a embocadura não muda durante a reversão do ar.
O semi-staccato
No caso de passagens que requerem que as notas sejam separadas, mas não curtas, e
para trechos em andamento de moderado a rápido, em que um staccato curto soaria muito
seco, Bonade propõe o que ele chama de “semi-staccato”. Os pequenos solos da Sinfonia
nº 39 de Mozart, nos quais os finais das notas não são cortados, são bons exemplos desse
staccato mais longo. A fim de reproduzir o semi-staccato, comece cada solo com a língua
na palheta e bastante ar atrás da língua; isso irá lhe proporcionar maior precisão rítmica
e segurança no início da nota, não importa o quão rápido seja o andamento. Essa técnica
é especialmente vantajosa por propiciar uma precisão às passagens rápidas articuladas
que começam no contratempo.
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Capítulo IV: Articulação
O staccato longo
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Capítulo V: Coordenação e controle
Os conceitos de frases de Bonade exigiam que os clarinetistas tivessem um excelente
controle da dinâmica e da produção do som. Assim, ele desenvolveu técnicas para ajudar o
clarinetista a obter o controle necessário para realizar as ideias de fraseado. Talvez o tipo
mais óbvio de controle seja o da dinâmica; ser capaz de fazer um bom crescendo gradativo
e um diminuendo, enquanto mantém um som focado. Porém, Bonade também exigia o
controle de movimentos rápidos: mudanças repentinas de dinâmicas e alterações rápidas
do fluxo de ar e da língua.
Controle da dinâmica
Ronald de Kant recorda que Bonade sugeriu notas longas com Mi, Fá e Fá# graves,
tocadas em várias durações com crescendo e diminuendo. Bonade achava que o controle
do clarinetista, de maneira geral, estaria em boa forma se ele conseguisse manter de modo
constante o som e o timbre dessas três notas por meio da extensão completa da dinâmica.
Capítulo V: Coordenação e controle
Robert Marcellus disse que Bonade pedia um tipo de resposta “relâmpago” para o
legato e a articulação do staccato. A exigência de Bonade de palhetas leves, vibrantes e
flexíveis ajudou os alunos a realizar as mudanças rápidas que ele demandava. Um estudo
voltado ao controle de mudanças rápidas de dinâmicas é o Estudo nº 3 do livro 40 Studies
for Clarinet, de C. Rose, que está escrito da seguinte forma:
Bonade pedia que seus alunos tocassem esse trecho da seguinte maneira, a fim de
desenvolver sensibilidade ao controle de mudanças rápidas de dinâmicas em intervalos
grandes. Os clarinetistas precisavam respirar a cada dois compassos (em vez de respirar
a cada compasso) para não “ajustar os lábios” para cada intervalo.
O benefício óbvio de ser capaz de dominar esse exercício está na execução clara e
nítida do fp e subito piano. A música de alguns compositores exige que o artista tenha um
domínio real do controle da dinâmica, e não há melhor exercício para o desenvolvimento
dessa habilidade do que o estudo de Rose mencionado anteriormente. Se você alterar o
exercício um pouco, verá o que quero dizer.
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Capítulo V: Coordenação e controle
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Capítulo V: Coordenação e controle
O subito piano no terceiro compasso da passagem seguinte deve ser realizado com
bastante clareza, de forma que o público perceba uma mudança abrupta na direção que
a música está tomando.
No último exemplo, o final da escala cromática no final do compasso 1 deve ser um forte
vigoroso. O contraste para o Dó piano no compasso seguinte deve ser extremo. O andamento
do Plus Anime não deve ser tão rápido ao ponto de que as mudanças de dinâmica não possam
ser reproduzidas e ouvidas pelo público. Observe que os dois trinados de Si bemol iniciam com
subito piano e o mesmo ocorre com o primeiro trinado de Ré, mas o segundo trinado de Ré é
muito mais alto. O ouvinte deve ser capaz de ouvir essas distinções claramente.
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Capítulo V: Coordenação e controle
Controle da articulação
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Capítulo V: Coordenação e controle
Pratique este exercício com cuidado. Pode-se sentir uma diferença na palma da mão
se o ar e a língua estiverem adequadamente coordenados – a mão sente mais clareza da
articulação. Também, pratique esse exercício fazendo digitação, com o clarinete na boca,
mas sem emitir som.
Para dar um controle adicional a um Dó agudo quando for necessário iniciar com
um piano ou o pianissimo, pode-se colocar o dedo indicador da mão esquerda no clarinete
acima da chave Lá da garganta do instrumento, usando-o como um apoio. Isso pode dar
uma sensação de maior controle do início da nota. Para aplicar essa técnica, toque o seguinte:
Para fazer ligaduras do registro do clarim até o registro agudíssimo, deslize o dedo
indicador da mão esquerda para baixo, aos poucos, abrindo o orifício um pouco de cada
vez, em lugar de abri-lo de maneira abrupta. Para facilitar esse processo, imagine um
esquiador pulando uma pista de esqui.
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Capítulo VI: Dominando
passagens técnicas
Bonade acreditava que os dedos precisam estar relaxados e flexíveis durante todo
o tempo, não importando a demanda musical. Para passagens técnicas, os dedos ficam
bastante próximos às chaves. O mestre enfatizava a importância do estudo lento enquanto
se mantém os dedos relaxados. No primeiro contato com uma passagem técnica o clari-
netista pode bater um pouco os dedos para dar precisão, desde que os dedos permaneçam
próximos ao clarinete e o bater seja sutil.
Lurie afirma que sua própria versão era muito boa: “como um motor de 12 cilindros
rodando em 10 ou 11”.
Depois, Bonade tocou o mesmo solo bem lentamente, e o som continuou parecendo
uma seda. Quando Lurie tentou fazer o mesmo de maneira lenta, o desnível em sua
execução se tornou aparente.
Então, Bonade estabeleceu um dos seus conceitos mais importantes: “a habilidade de
tocar com técnica é a primeira habilidade para tocar uniformemente em um andamento
lento”. Isso requer paciência para tocar bem devagar enquanto presta bastante atenção a
cada detalhe, até que o clarinetista ultrapasse as inconsistências das ações dos dedos em
cada músculo. Ouça com atenção em busca da uniformidade, como neste exemplo de
prática de Scheherazade:
Somente depois que o exemplo anterior puder ser tocado com total uniformidade e
suavidade, pode-se avançar para o seguinte:
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Capítulo VI: Dominando passagens técnicas
É necessário ter paciência para praticar passagens técnicas de maneira bem lenta
e mantê-las no andamento até serem dominadas. No entanto, os indivíduos frequente-
mente tocam rápido demais e de forma antecipada, tirando de si mesmos o benefício do
conceito profundamente importante descrito acima. Para passagens técnicas específicas,
Bonade tinha uma rotina de prática lenta. Primeiro, decida qual será o andamento final
da passagem e a pratique nove vezes em meia velocidade. A décima vez deve ser tocada
na velocidade máxima e de uma vez, sem parar nos erros. As nove vezes lentas e a vez
rápida constituem uma unidade. Faça cada unidade nove vezes. Se você se concentrar e
ouvir, essa rotina será muito eficaz para aprender uma passagem técnica. Ela também
transmite bastante confiança na sua performance.
Mesmo após as passagens técnicas em andamento rápido terem sido aprendidas,
pode-se aperfeiçoá-las voltando ao andamento lento e aumentando sua velocidade gra-
dualmente. Bonade enfatizava a distinção entre o ato da prática e o ato da performance.
Ele dizia: “A prática deve preparar o clarinetista para apresentar”. No entanto, eles não
são a mesma coisa.
A performance de Bonade da cadenza do segundo movimento de Scheherazade,
de Rimsky-Korsakov (faixas nº 39 e 69 do CD de Bonade), é tocada rapidamente, com
muito entusiasmo, mas com o máximo de precisão. Bonade sugeria que os clarinetistas
considerassem as semínimas Sol-Lá-Si bemol como as notas mais agudas dos acordes,
com os instrumentos de corda da orquestra tocando a base dos acordes. Cada vez que o
Sol-Lá-Si bemol for repetido, imagine que os acordes se tornam um pouco mais demorados
na duração. Observe como Bonade acelera as semínimas sutilmente em suas apresentações
para criar um efeito de urgência.
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Capítulo VI: Dominando passagens técnicas
A passagem, obviamente, deve ser praticada com a colcheia como pulso, como se a
métrica fosse 8/8, começando com um andamento lento. Para praticá-la dessa maneira,
aumente a velocidade gradualmente até atingir o tempo de performance.
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Capítulo VI: Dominando passagens técnicas
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Capítulo VI: Dominando passagens técnicas
Bonade agrupou a cadenza em seções indicadas com hastes para cima, a fim de
tornar mais fácil de estudar. Os grupos de três e quatro notas devem ser praticados bem
devagar com um metrônomo antes de aumentar a velocidade. Foque na regularidade, com
cada nota tendo exatamente a mesma duração. Depois que a regularidade for alcançada,
pode-se tocar com um pouco de rubato. O resultado exemplifica o conceito musical de
Bonade de que tudo deve soar natural para o público, apesar das dificuldades existentes.
Pense na intensidade do ar conduzindo os dedos para esse excerto.
Digitações
Daniel Bonade
A citação acima não é típica dos ensinamentos de Bonade e de sua execução artística;
normalmente, ele era dogmático sobre o uso de digitações específicas. O comentário
ocorreu quando um aluno avançado estava tocando a cadenza do segundo movimento
de Scheherazade (página 63). Ele usou a digitação da mão esquerda para tocar o Si bemol
(terceira nota na cadenza), mas a digitação da mão direita, embora talvez não tão “correta”,
era a escolha óbvia para alcançar a naturalidade e a fluidez. A citação do clarinetista pres-
supunha que o aluno sabia todas as regras básicas de digitação. A seguir estão os conceitos
de digitação de Bonade, que concordam em maior parte com o dogma da Escola Francesa.
Utilize a digitação forquilhada (1+1)12 para o Si bemol acima da pauta se a mão direita
tiver sido usada para a nota anterior. Use as outras digitações para o Si bemol (mão direita
e esquerda) quando a mão direita não estiver no clarinete para a nota anterior. Então, por
exemplo, faça a digitação forquilhada para o Si bemol (1+1) para todos esses intervalos:
12 NT: A nomenclatura 1+1 refere-se a utilizar o indicador e o polegar da mão esquerda e o indicador da mão direita.
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Capítulo VI: Dominando passagens técnicas
Essa regra se estende para notas mais agudas que o Si bemol. Por exemplo, utilize a
digitação forquilhada para o Si bemol para essa passagem, uma vez que a mão direita foi
usada para as notas anteriores ao Si bemol:
13 NT: A nomenclatura 1+2 refere-se a utilizar o indicador e o polegar da mão esquerda e o anelar da mão direita.
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Capítulo VI: Dominando passagens técnicas
Em geral, a técnica de digitação tende a ser irregular quando há troca de mãos. Então, por
exemplo, na passagem a seguir, ouça com atenção especial do Lá ao Fá, quando a mão direita
entra em ação. Uma leve falta de coordenação entre as mãos pode ocasionar irregularidade.
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Capítulo VI: Dominando passagens técnicas
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Capítulo VII: Comentários de
Bonade sobre excertos orquestrais
Durante o verão de 1972, os seguintes comentários foram feitos por Bonade a Paul
McGlothin e foram inseridos em seu caderno de estudo. O autor agradece ao Sr. Glothin
por compartilhar generosamente estas notas com todos os clarinetistas. A maioria das
peças do repertório orquestral mostradas a seguir não foi mencionada anteriormente neste
material. Aos poucos, o autor adicionou comentários, entre colchetes, para elucidar ideias.
Sinfonia nº 1, de Beethoven
Último movimento: observe que as escalas em staccatos não se iniciam tardiamente
[comece as notas com a língua na palheta e sinta o ar preparado atrás da língua].
Sinfonia nº 2, de Beethoven
Segundo movimento: não faça automaticamente um crescendo em uma nota após já
ter aumentado a dinâmica nas notas anteriores. Por exemplo, você irá fazer naturalmente
um crescendo na colcheia de Sol, Dó e Ré indo para o Mi, como em uma frase melódica.
Em vez de continuar o crescendo, dê uma pequena pausa antes do Mi trinado. Para um
legato bonito, levante bem os dedos e desça-os devagar.
Capítulo VII: Comentários de Bonade sobre excertos orquestrais
Sinfonia nº 3, de Beethoven
Primeiro movimento: faça o primeiro arpeggio de Fá todo piano e legato.
Letra A de ensaio: toque com uma leve levantada na primeira nota de cada grupo –
digite a nota pontuada antes de tocá-la para alcançar um ataque perfeito. Não apresse as
colcheias – você deve estar sempre contando [subdividindo].
Segundo movimento: “separe” o fraseado bem, não o apresse. Esse movimento é lento
e você não deve chegar nas batidas antes de que a batuta do maestro chegue ao final [delas].
Scherzo: toque notas curtas no estilo scherzo [corte o final das notas com a língua
para encurtá-las. Continue soprando entre as notas curtas].
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Capítulo VII: Comentários de Bonade sobre excertos orquestrais
Sinfonia nº 4, de Beethoven
Movimento lento: observe as conexões entre as notas. Para obter melhores conexões,
suba e abaixe o dedo bem antes de tocar a próxima que está em legato.
Aumente [a intensidade em] uma nota mais grave para conectar a uma mais aguda.
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Capítulo VII: Comentários de Bonade sobre excertos orquestrais
Na passagem de solo rápida, toque uma nota de ornamento bem rápida. Certifique-se
de que nenhum Ré é ouvido entre o Dó no final do compasso e a nota de ornamento Mi.
Sinfonia nº 5, de Beethoven
De maneira geral, prepare os dedos com antecedência para obter ataques e entradas limpas.
Sinfonia nº 6, de Beethoven
Primeiro movimento: nas tercinas em dolce, elimine todos os sons dos dedos. Sinta
como se houvesse alguma coisa os afastando dos orifícios [uma resistência]. Os dedos
devem estar relaxados e não devem bater no instrumento.
As tercinas com staccato no final do primeiro movimento – todas as notas devem ser
iguais no som; não deixe nenhuma delas sobressair. Toque com uma articulação semilonga.
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Capítulo VII: Comentários de Bonade sobre excertos orquestrais
Movimento lento: faça uma articulação com staccato longo nas letras D e F do ensaio.
Sinfonia nº 7, de Beethoven
Primeiro movimento: agrupe a semicolcheia e a colcheia para obter uma melhor
sensação rítmica (faixas nº 7-8 do CD de Bonade).
Segundo movimento: não tão rápido; pratique lentamente para desenvolver resistência
e sostenuto.
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Capítulo VII: Comentários de Bonade sobre excertos orquestrais
Sinfonia nº 8, de Beethoven
Primeiro movimento: atente-se ao corte das colcheias com a língua para obter o
staccato curto.
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Capítulo VII: Comentários de Bonade sobre excertos orquestrais
Minueto: no final do solo, mova os dedos com firmeza para o Sol agudo.
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Capítulo VII: Comentários de Bonade sobre excertos orquestrais
15 NT: Brinquedo que consiste em uma caixa e uma pequena manivela. Ao torcer a manivela, uma música é tocada e, ao
final dela, um palhaço pula de dentro da caixa.
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Capítulo VII: Comentários de Bonade sobre excertos orquestrais
Sinfonia nº 1, de Brahms
Primeiro movimento, ensaio nº 8: comece o Fá com ar fazendo um grande crescendo
[penúltimo compasso]. Para a ligadura do Mi bemol para o Dó agudo, toque o Dó agudo
antes de tocar a nota [isto é, toque o Mi bemol com a intensidade necessária para tocar
o Dó e depois apenas mova os dedos]. Ouça a faixa nº 13 do CD de Bonade [na parte,
esse excerto é escrito ½ tom acima para clarinete em Lá, mas geralmente é tocado com
clarinete em Si bemol, como mostrado aqui].
Sinfonia nº 2, de Brahms
Movimento lento: é tocado em quatro pulsos por compasso. O clarinete define a
batida com a colcheia antes do tempo forte. Observe o maestro para a continuação do ritmo.
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Capítulo VII: Comentários de Bonade sobre excertos orquestrais
Sinfonia nº 3, de Brahms
Primeiro movimento: o primeiro arpeggio deve ser ouvido com clareza pelo público.
No 9/4, o clarinete está em um registro abafado e, por isso, o som deve ser bem projetado
(faixa nº 15 do CD de Bonade).
Certifique-se de que o terceiro e o quarto movimento dessa sinfonia são tocados lenta e
cuidadosamente, em vez de muito rápido.
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Capítulo VII: Comentários de Bonade sobre excertos orquestrais
Sinfonia nº 4, de Brahms
Segundo movimento: o solo “inicia” na segunda nota [dessa forma, mude a cor e
adicione energia uma vez que a semicolcheia pontuada for iniciada]. Lembre-se de parar
entre os fraseados; não tenha receio de tocar fraseados curtos [veja as marcações de Bonade
em seu livro de excertos da orquestra]. Dê energia extra às “fusas da frase”.
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Capítulo VII: Comentários de Bonade sobre excertos orquestrais
Variação VII: certifique-se de que as colcheias nos três últimos compassos estão
exatamente iguais; a segunda, no penúltimo compasso, não deve se atrasar.
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Capítulo VII: Comentários de Bonade sobre excertos orquestrais
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Capítulo VII: Comentários de Bonade sobre excertos orquestrais
Sinfonia nº 3, de Mendelssohn
Primeiro movimento: toque com fraseados longos. Ele não pode soar como uma
“música infantil”.
O Vivace non troppo é um scherzo e deve ser bem no estilo. O staccato deve ser bem
leve e curto.
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Capítulo VII: Comentários de Bonade sobre excertos orquestrais
Sinfonia nº 2, de Rachmaninoff
Segundo movimento: certifique-se de que você está sempre projetando o som nesse
solo, mesmo quando estiver tocando suavemente.
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Capítulo VII: Comentários de Bonade sobre excertos orquestrais
No Vivo, as notas do meio das passagens em fusas devem ser ouvidas claramente
[foque e sopre nas notas do meio das fusas].
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Capítulo VII: Comentários de Bonade sobre excertos orquestrais
Scheherazade, de Rimsky-Korsakov
Na cadenza: para as semínimas Sol-Lá-Si bemol, toque cada nota como se fosse a
nota mais aguda de um acorde. Cada vez que a cadenza for repetida, faça os acordes um
pouco mais longos. Use a digitação lateral para os Si bemóis. Use a chave [digitação] que
funciona – não se prenda às regras (faixas nº 39 e 69 do CD de Bonade).
16 NT: Essa técnica também é conhecida como prepared fingers technique (em tradução livre, técnica dos dedos preparados)
e consiste em digitar antecipadamente a nota que será tocada em staccato, enquanto a língua está encostada na palheta
interrompendo o som.
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Capítulo VII: Comentários de Bonade sobre excertos orquestrais
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Capítulo VII: Comentários de Bonade sobre excertos orquestrais
Sinfonia nº 1, de Sibelius
Primeiro movimento: no solo de abertura, todas as notas devem ser bem apoiadas
e com vida, especialmente o último Dó, como se fosse a última nota de uma cadenza.
Era pedido que os alunos praticassem e tocassem esse solo várias vezes como um estudo
para atingir a qualidade do som. O clarinete não podia “fazer o que ele quisesse” e tocar
cores diferentes para os vários registros. Ronald de Kant relata que Bonade pedia que os
alunos mudassem a velocidade do fluxo de ar para manter o mesmo timbre das notas.
102
Capítulo VII: Comentários de Bonade sobre excertos orquestrais
103
Capítulo VII: Comentários de Bonade sobre excertos orquestrais
Petrushka, de Stravinsky
As tercinas no começo da cadenza devem ser tocadas como tercinas: subdivida-as. O
resto da cadenza pode ser tocado de várias maneiras diferentes. Caso necessário, consulte
o maestro.
104
Capítulo VIII: Equipamento
Palhetas
Daniel Bonade
“Vibração” e “Resistência”
pouco a pouco com Dutch Rush17. Bonade, conhecido por sua especialidade em ajustar
palhetas, usava exclusivamente a Dutch Rush em vez de lixas comuns ou facas. A Dutch
Rush pode ser especialmente útil quando usada na ponta da palheta ou próxima a ela.
Quando umedecida adequadamente, torna-se bastante flexível e é delicada com as fibras
relativamente finas da ponta da palheta, podendo ser efetivamente usada sem danificá-la.
Uma outra afirmação sobre a importância da vibração da palheta, escrita pelo próprio
Bonade em “Reed Notebook”, é a seguinte:
Bonade acreditava que o lado esquerdo da palheta deveria ser um pouco mais
resistente que o lado direito para compensar o fato de que o clarinete é segurado com o
polegar da mão direita. Isso faz com que o clarinetista exerça um pouco mais de pressão
na embocadura no lado esquerdo, exigindo que a palheta seja um pouco mais resistente
naquela área, especialmente mais abaixo da palheta, onde os lábios tocam. Esta é uma
sugestão escrita à mão por Bonade:
17 NT: Gramínea de caule áspero e gramatura fina que serve para lixar a palheta.
106
Capítulo VIII: Equipamento
“Uma coisa importante a ser lembrada ao ajustar palhetas é que, embora o lado
esquerdo deva ser mais forte que o lado direito, quando a palheta é muito forte
ao tocar pp e muito suave ao tocar ff, provavelmente o lado esquerdo tem muita
madeira na borda inferior. Parte a ser lixada.”
107
Capítulo VIII: Equipamento
Perceba que, nas duas imagens anteriores, o centro da palheta é bastante firme
e resistente. Essa área não era reduzida. Muitos leitores irão perceber que atualmente
algumas marcas conhecidas de palhetas frequentemente têm o lado direito mais resistente
que o lado esquerdo, em vez do contrário, como Bonade sugere. Essa falha de design é
relativamente fácil de consertar.
Um “apito” na palheta pode ser causado por uma ou duas fibras resistentes na ponta
da palheta ou perto dela.
Bonade defendia que a ponta da palheta deveria ser leve o suficiente para permitir
facilmente uma passagem em pp em qualquer nota. Essa leveza da palheta ao redor da
ponta também dá a ela vibração adicional, que ajuda na projeção. O músico acreditava
que uma certa quantidade de “som de palheta” ouvido a uma curta distância era bom,
pois ajuda na projeção do som. Ele sabia que sons perdem energia enquanto se propagam
pelo ar, mesmo em uma boa sala de concerto. Bonade costumava dizer que o primeiro
clarinetista não deveria se preocupar tanto com a forma como o som soa de perto, mas
sim com a forma como soa à distância. Afinal, ele argumentava, o primeiro clarinetista
não toca para impressionar o segundo clarinetista. Na verdade, ele deve tocar para as
pessoas sentadas na última cadeira da plateia.
O Sol aberto é uma boa nota para testar uma palheta nova, uma vez que ela requer
que a palheta esteja estável. Toque pp e ff e veja como elas respondem às duas dinâmicas.
Aqui está uma sugestão de Bonade para uma palheta na qual o som do pp não é aceitável
quando se está tocando o Sol aberto:
108
Capítulo VIII: Equipamento
“Quando a palheta tiver sido cortada para alcançar a força desejada, tente tocar
forte para ver a quantidade de resistência existente. O som do Sol aberto deve sair pp
sem esforço ou embate. Se o som suave estiver muito ventoso (vibrações insuficientes),
a ponta da palheta deve ser reduzida (com um pedaço de Dutch) até ficar bastante
flexível sob a pressão das unhas.”
109
Capítulo VIII: Equipamento
Uma palheta nova que parece muito boa normalmente irá tocar de maneira um pouco
mais pesada depois de ter sido amaciada. Se a palheta parece um pouco leve quando nova,
ela provavelmente estará na resistência certa uma vez que tiver sido amaciada.
Se uma palheta nova parece muito dura e não se tem certeza onde ela deve ser
raspada, comece pelo canto direito mais baixo, próximo à casca, e raspe para cima ao
longo do canto da palheta, sem ir para o coração dela.
Para outro material voltado para palhetas, consulte Selection, Adjustment, and Care
of Single Reeds, publicado pela Rivernote Press.
Abraçadeiras
Para alcançar a vibração ideal, Bonade recomendava que somente o parafuso debaixo
de uma abraçadeira de dois parafusos fosse apertado, e que aquela abraçadeira segurasse a
palheta longitudinalmente no centro da palheta. A abraçadeira de Bonade, disponível pela
G. Leblanc Corporation, contém duas barras longitudinais que são feitas para permitir
que a palheta vibre completamente, o máximo possível. A seguir tem-se a ilustração desse
design, cujas variações são usadas frequentemente por muitos fabricantes de abraçadeiras:
110
Capítulo IX: A estética de Bonade
“Uma frase deve ser como uma música, como se fosse pro-
duzida por uma voz divina, sem nenhuma lembrança das
dificuldades que o clarinetista tem que enfrentar.”
Daniel Bonade
Emulação vocal
Uma vez que a mãe de Bonade era cantora de ópera e professora de canto, a qualidade
vocal bela se tornou uma parte importante do conceito do clarinetista de excelência na
performance. Em um certo ponto, ele confidenciou a Robert Marcellus que gostaria de
ter sido um cantor de ópera assim como sua mãe. Bonade considerava a voz humana o
instrumento mais perfeito de todos e frequentemente aconselhava seus alunos a imitarem
uma canção enquanto tocavam. A William Bachman, o músico disse que o indivíduo
sempre deve tocar como se estivesse cantando e usar o clarinete apenas como um meio
para esse fim. Marcellus considerava a qualidade vocal que Bonade alcançava como sua
contribuição única à arte de tocar clarinete.
Conforme os conceitos de uma boa voz, Bonade nunca forçava o seu som, não
importava o quão alta ou “animada” fosse a passagem. Ele enfatizava bastante a liquidez
no som e a facilidade de sua produção.
Durante os primeiros anos de sua permanência na Orquestra da Filadélfia, ele notou
que seria necessário aumentar o tamanho de seu som devido ao volume da orquestra, à
grande sonoridade dos outros chefes de naipe de sopro e ao tamanho das salas de concerto
Capítulo IX: A estética de Bonade
americanas. Bonade decidiu que a melhor maneira de fazê-lo seria colocar mais palheta e
embocadura na boca, para ganhar mais vigor e sonoridade, e talvez usar um pouco mais
o lábio inferior, com o objetivo de dar estabilidade, mas sem tocar com uma palheta mais
dura. Dessa forma, ele poderia manter a flexibilidade e a facilidade da produção de seu som
e ainda aumentar seu vigor, a fim de alcançar uma maior e melhor qualidade e projeção
sonora. Bonade era conhecido por ter um grande som que também era “suave” em qualidade.
O músico enfatizava bastante a flexibilidade, que era necessária para sustentar um
conceito vocal e para alcançar fp’s reais e subito pianos. Essa flexibilidade partia bastante
da palheta, que deveria vibrar livremente e não poderia ser muito resistente.
Bonade manteve as qualidades francesas tradicionais de clareza, frescor e leveza em
vez de precisar produzir um “grande som” para a orquestra.
Daniel Bonade
112
Apêndice: 21 estudos baseados
em Klosé e Charpentier
Os estudos a seguir foram escritos por Bonade e seu professor, Henri Lefebvre, e
são baseados nos estudos de Klosé e Charpentier. Datados em 24 de julho de 1920, eles
provavelmente foram escritos na França entre as temporadas da Orquestra de Filadélfia,
e aparentam estar escritos com a letra de Bonade. Foram descobertos na coleção Daniel
Bonade Papers, na Michelle Smith Performing Arts Library, localizada na Universidade
de Maryland. Meus agradecimentos à senhora Bonnie Jo Dopp, curadora da coleção, por
permitir reimprimir esses estudos. Larry Guy fez breves comentários e algumas modificações
pequenas nos estudos, muitos dos quais proporcionam aquecimentos diários excelentes.
***
Os dois estudos seguintes são ligeiramente baseados nos estudos nº 1 e 2 do “45 Studies”,
encontrados na página 76 do Klosé Celebrated Method for Clarinet, publicado por Carl Fischer.
113
O estudo de legato a seguir é baseado no estudo nº 3 do “45 Studies”, encontrados
na página 76 do Klosé Celebrated Method for Clarinet. Para alcançar a suavidade máxima,
não corte a terceira nota da tercina.
114
A seguir é apresentado um trabalho reeditado do estudo nº 39 do “45 Studies”, página
85 do Klosé Celebrated Method, publicado por Carl Fischer. Ele é bom para desenvolver
a coordenação entre os dedos mínimos de cada mão. Transponha o estudo para Dó, Ré
bemol, Mi bemol e Mi.
115
O seguinte estudo é vagamente baseado no de nº 25 do Klosé “45 Studies”, página
82 do Celebrated Method. Toque-o em Lá bemol.
116
O próximo assemelha-se ao estudo nº 28 do Klosé “45 Studies”, página 82 do Celebrated
Method. Sustente a última nota de cada ligadura.
117
Os estudos a seguir se baseiam em estudos pequenos do Charpentier, que, até onde
o autor sabe, estão esgotados há muitos anos. Transponha-os para todas as tonalidades.
118
Toque o estudo a seguir o mais legato possível, sem cortar a segunda nota da ligadura.
Utilize a ponta da língua.
119
Este estudo é bom para o desenvolvimento da velocidade da língua, mas certifique-se
de manter a pressão do ar durante as pausas. Toque em todas as tonalidades.
120
121
O exercício abaixo, baseado em trinados e passagens de escala, ajuda a promover
uniformidade e flexibilidade dos dedos. Pratique em todas as tonalidades.
Sopre com uma pressão de ar constante e mantenha a embocadura firme por meio
dos dois exercícios seguintes.
122
O exercício a seguir é excelente para o desenvolvimento da velocidade. Mantenha
os dedos próximos das chaves e toque-o também em Si maior.
123
124
Certifique-se de que a embocadura esteja firme e estável, por intermédio do exercício
a seguir. Toque-o também em Ré bemol maior.
125
Um exercício final para promover uniformidade, flexibilidade e agilidade, espe-
cialmente para a mão esquerda. Recomenda-se o dedilhado do Si bemol forquilhado no
compasso 4 (veja a descrição na página 84), seguido do cromatismo de Fá sustenido.
126
Sobre o autor
18 NT: Seguem informações atualizadas da biografia do Larry Guy, da data desta publicação em 2004, disponível no site do
World Clarinet Alliance: https://www.wka-clarinet.org/VIPGuy.htm. Além dos quatro manuais citados, é autor do manual
Hand and Finger Development for Clarinetists e de vários artigos sobre ensino para a revista da Associação Internacional
de Clarinete, The Clarinet, uma vez que foi selecionado como Chefe de Pedagogia pela Associação em 2009.
Atualmente, Larry atua nas faculdades do Programa Avançado de Música da Escola
de Música Juilliard, na Pre College Division da Escola de Música de Manhattan, na divisão
preparatória da Universidade de Música de Mannes e na Universidade de Vassar. Ele
ministrou pela Sociedade Internacional de Clarinete na Universidade Real de Música em
Stockholm e no Simpósio de Clarinete anual realizado na Universidade de Oklahoma.
Larry Guy é o autor de quatro manuais para clarinetistas: Selection, Adjustment,
and Care of Single reeds; Intonation Training for Clarinetists; Embouchure Building for
Clarinetists; e The Daniel Bonade Workbook [Daniel Bonade: Técnicas e Interpretação do
Clarinete]. Esses manuais são bastante utilizados nos Estados Unidos e foram traduzidos
para o espanhol e o italiano19. Recentemente compilou um CD intitulado The Legacy of
Daniel Bonade20, lançado pela Boston Records (#BR1048CD), que inclui quase tudo o que
o clarinetista já gravou.
Ronald Reuben
Michele Zukovsky
Elsa Ludewig-Verdehr
Jon Manasse
Selection, Adjustment, and Care of Single Reeds, por Larry Guy
Larry Combs
Sobre os tradutores e os editores
Júlia Pontes
Tradutora, graduanda em Letras Inglês no Departamento de Línguas e Literaturas
Estrangeiras Modernas da UFRN.
Contato: juliaipf.tradutora@gmail.com
Maria Viera
Tradutora, graduanda em Letras Inglês do Departamento de Línguas e Literaturas
Estrangeiras Modernas da UFRN.
Contato: mariiviieira2018@gmail.com