Você está na página 1de 11

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ

ESCOLA DE MÚSICA E BELAS ARTES DO PARANÁ


CURSO SUPERIOR DE COMPOSIÇÃO E REGÊNCIA

LUIDWIG VAN BEETHOVEN:


SINFONIA Nº 1 EM DÓ MAIOR, OP.21

Trabalho bimestral apresentado ao Prof.


Márcio Steuernagel em cumprimento
parcial das exigências da disciplina de
Regência II

Gabriel Hermes

Curitiba, Agosto de 2015


SUMÁRIO

1 CONSIDERAÇÕES GERAIS 3
1.1 FICHA TÉCNICA DA OBRA 3
1.2 MINUTAGEM (INTEGRAL E POR SEÇÃO) 3
1.3 ORQUESTRAÇÃO 3
1.4 ASPECTOS NOTÁVEIS DE INSTRUMENTAÇÃO E ORQUESTRAÇÃO 3
1.5 CONSIDERAÇÕES DE EDIÇÃO 3
1.6 CONSIDERAÇÕES DE GÊNERO-FORMA DA OBRA 3

2 ASPECTOS HISTÓRICOS 4
2.1 BIOGRAFIA DO COMPOSITOR 4
2.2 ASPECTOS HISTÓRICOS DA COMPOSIÇÃO 5

3 ASPECTOS ANALÍTICOS 5
3.1 ANÁLISE MACRO-ESTRUTURAL DA OBRA 5
3.2 ANÁLISE FORMAL DOS MOVIMENTOS 5
3.4 IDENTIFICAÇÃO DE PRINCIPAIS TEMAS E MATERIAIS COMPOSITIVOS 6

4 ASPECTOS INTERPRETATIVOS 9
4.1 TEÓRICOS 9
4.1.1 ASPECTOS DE ESTILO DO COMPOSITOR 9
4.1.2 ASPECTOS HISTÓRICO-ESTILÍSTICOS DE INTERPRETAÇÃO 10

5 PRODUÇÃO 10
5.1 DIREITOS AUTORAIS (MÚSICA, TEXTO E EDIÇÃO) 10
5.2 DISPONIBILIDADE E ALUGUEL DE PARTITURAS E PARTES (DETENTORES E VALORES) 10

6 FONTES DE INFORMAÇÃO: 10
1 Considerações Gerais

1.1 Ficha técnica da obra

Ficha Técnica
Compositor BEETHOVEN, Ludwig Van
Ano de composição 1799-1800
Estréia Hofburgtheater, Vienna, 2 Abril de 1800
Formação Madeiras a 2 / 2 trompas / 2 trompetes / 2 tímpanos
e cordas.
Opus 21

1.2 Minutagem (integral e por seção)

Duração integral 26:00 min.


I. Adagio molto – Allegro con brio 8:49 min.
II. Andante cantábile con moto 7:08 min.
III. Menuetto 4:20 min.
IV. Adagio-Alegro 5:42 min.

1.3 Orquestração
Peça orquestrada para: 2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes em C, 2 fagotes, 2 trompas em
C, 2 trompetes em C, 2 tímpanos em C e G e cordas clássicas.

*Obs: A formação instrumental deve obedecer os padrões clássicos.

1.4 Aspectos notáveis de instrumentação e orquestração


O estilo do compositor se apresenta comedido nesta primeira sinfonia, porém fica
muito claro a importância das cordas para criar o drama desejado por Beethoven, com um
claro preenchimento sonoro presente nas madeiras e metais.
A forma como a orquestra trabalha entre sopros e cordas de forma contrapontística é
sem dúvida fruto do domínio de Beethoven sobre a forma sonata, a disposição a dois
influencia significamente a disposição das vozes na obra, tanto para o preenchimento
harmônico quanto para a fluidez da melodia partindo das cordas, passando para os outros
instrumentos.

1.5 Considerações de edição


“Ludwig van Beethovens Werke”, Editora: Breitkopf & Härtel, de Leipzig, em 1862.
1.6 Considerações de gênero-forma da obra
Sinfonia nº 1 composta em quatro movimentos. Todos respeitando a forma-sonata
ternaria clássica: exposição, o desenvolvimento e a re-exposição. Com a divisão de
movimentos padrão de época:

 Primeiro movimento rápido.

 Movimento lento, geralmente em forma de variações;

 Movimento dançante (Minueto);

 Movimento final, de caráter enérgico e conclusivo.

Aspectos Históricos

1.7 Biografia do compositor


Compositor e pianista Ludwig Van Beethoven, amplamente considerado o maior
compositor de todos os tempos, nasceu por volta de 16 de dezembro de 1770 na cidade de
Bonn, um principado do Sacro Império Romano. Embora sua data exata de nascimento é
incerta, Beethoven foi batizado no dia 17 de dezembro de 1770.
Beethoven tinha dois irmãos mais jovens que sobreviveram até a idade adulta, Caspar,
nascido em 1774, e Johann, nascido em 1776. A mãe de Beethoven, Maria Magdalena van
Beethoven, era um esbelto, gentil, e uma mulher profundamente moralista. Seu pai, Johann
van Beethoven, foi um cantor medíocre tribunal mais conhecido por seu alcoolismo do que
qualquer habilidade musical. No entanto, avô, padrinho de Beethoven e homônimo,
Kapellmeister Ludwig van Beethoven, foi o músico mais próspero e eminente de Bonn, uma
fonte de orgulho sem fim para o jovem Ludwig.
Em Viena 1792, estudou com Haydin, mas o relacionamento de ambos não foi
satisfatório do ponto de vista acadêmico, e pouco rendeu. Estudou ainda com Johan Schenk,
Albrechtsberger e Salieri.
Beethoven logo desfrutou do sucesso como virtuose do piano e procurou ganhar a sua
subsistência de uma maneira independente. Foi o primeiro músico na história da arte, que
mostrou interessar-se conscientemente pela coisa pública. Sua estreia como pianista foi em
1795, mais ou menos a mesma época em que surgiam suas primeiras publicações
importantes, como Trios e sonatas para piano, seis quartetos de corda e suas duas primeiras
sinfonias. Essa época até 1802 ficou conhecida como “primeiro período” de sua carreira.
A partir de 1802, com pouco mais de 30 anos, Beethoven começa a perder a audição
e passa por uma profunda crise emocional que superada leva o compositor a sua fase
“heroica”, o “período médio” ou “período de transição” aproximadamente 1803 a 1812,
produzindo suas sinfonias nº 3 a 8, sua única ópera Fidélio, os concertos para piano nº 4 e 5,
concerto para violino, cinco quartetos para cordas e muitas peças para piano.
Os anos após 1812 foram relativamente conturbados, sendo que já se encontrava em
alto nível de surdez. As obras desta fase são mais intimistas, por vezes filosóficas e abstratas,
culminando com as obras que talvez tenham sido suas maiores realizações, entra elas a
versão final da ópera Fidélio em 1814, a Sinfonia Coral nº 9 (1824) e a Missa Solenis (1819-
1824), executada no último concerto próprio em que Beethoven esteve presente.
Ludwig van Beethoven é amplamente considerado o maior compositor de todos os
tempos. Ele é a figura de transição fundamental que liga as idades clássicas e românticas da
música ocidental. Corpo de composições musicais de Beethoven fica com as peças de
Shakespeare nos limites exteriores da realização humana.
1.8 Aspectos históricos da composição
A sinfonia nº 1, estreada respetivamente em 1800 entre a de outros compositores como
Wranitsky, Eybler e Cartellieri, porém nenhuma se teve tanta importância quanto a de
Beethoven. Sua popularidade em época se sustenta em ainda preservar os padrões clássicos
de seu tempo, com uma formação típica de Haydn e Mozart. Uma obra tímida diga-se de
passagem, mostrando apenas o domínio do compositor sobre a forma, porém com pitadas
modernistas como a abertura dissonante, o uso de tímpanos no Andante Cantabile, que
prenuncia solos semelhantes em obras subsequentes de Beethoven.

Análise macro-estrutural da obra

A Sinfonia nº 1 é formada por quatro movimentos: I. Adagio molto – Allegro con brio, II.
Andante cantábile con moto, III. Menuetto Allegro molto e vivace e IV. Adagio-Allegro molto e
vivace.

1.9 Análise formal dos movimentos

SEÇÃO COMPASSOS
I. Adagio molto – Allegro Introdução 1 ao 12
con brio Exposição 13 ao 109
Desenvolvimento 110 ao 177
Reexposição 178 ao 259
Coda 260 ao 298
II. Andante cantábile con Exposição 1 ao 64
moto Desenvolvimento 65 ao 100
Reexposição 101 ao 162
Coda 163 ao 195
III. Menuetto - Trio Menuetto 1 ao 79
Trio 80 ao 137
Menuetto 138 ao 216
IV. Adagio-Allegro Exposição 1 ao 95
Desenvolvimento 96 ao 162
Reexposição 163 ao 237
Coda 238 ao 304
1.10 Identificação de principais temas e materiais compositivos

1º movimento:
 Tema principal, explorado nas cordas:

 Segundo tema: inicia com motivo alternando entre oboé e flauta, em seguida entre
cordas e madeiras. Sempre com acompanhamento leve harmônico.

2º movimento:

 Tema principal:
 Segundo tema também se apresenta nas cordas:

3º movimento:

 O tema principal:


 TRIO (inicialmente no Oboé, Clarinete, Fagote, Corne):

4º movimento:

 O movimento começa lento definindo o tom e aspecto motivico:

 Em seguida nas cordas em Allegro Molto e Vivace temos o tema definido:


2 Aspectos Interpretativos

2.1 Teóricos

2.1.1 Aspectos histórico-estilísticos de interpretação

Um problema que apresenta a interpretação dessa sinfonia é que não existem


rascunhos originais ou o manuscrito direto do autor. Por isso, nós regentes temos que confiar
nossa interpretação à tradição, marcações editoriais em publicações e instruções do
compositor na música.
Outras fontes são as interpretações de regentes consagrados como Weingartner,
Leinsdorf e Toscanini, os quais clamam ser os mais puros e verdadeiros à intenção de
Beethoven. Mas mesmo assim, é difícil supor qual seria o desejo de Beethoven frente às
mudanças tecnológicas nos instrumentos atuais e a potência acústica das orquestras
modernas.
O primeiro movimento Adagio molto – Allegro com brio é um dos mais discutidos entre
os regentes. O desafio é definir o pulso dentro de uma forma sonata com introdução lenta e
só com a marcação de tempo comum. Segundo a ideia de “tactus” das sinfonias do estilo
clássico, o pulso da colcheia do adagio molto serve de referência para o pulso da mínima do
alegro com brio.
Vários regentes do século vinte até nossos dias têm feito diferentes interpretações da
sinfonia. Na tabela seguinte é mostrado o estudo de tempo das performances mais
representativas atualmente.

ADAGIO e ALLEGR
REGENTE ORQUESTRA ANO
= Oh=
Abbado Berlin Philharmonic 2001 68-78 108-112
Bernstain Vienna Philharmonic 1980 68-78 100-106
Fürtwängler Vienna Philharmonic 1952 72-76 88-100
Gardiner Orchestre Révolutionnaire et 1993 88-90 112
Romantique
Harnoncourt Chamber Orchestra of Europe 1991 66-74 100-104
Karajan Berlin Philharmonic 1961 66-84 92-102
Klemperer Philharmonia 1965 70-94 98-104
Krips London Symphony 1960 84-92 94-96
Leinsdorf Boston Symphony 1969 80-88 112-120
Norrington London Classical Players 1988 88-92 108
Rattle Vienna Philharmonic 2002 80-96 104-112
Scherchen Wiener Staatsoper 1954 78-88 88-108
Skrowaczewski Sarbrücken Radio Symphony 2007 72-84 112-116
Solti Chicago Symphony 1989 82-88 112-120
Szell Cleveland Orchestra 1964 82-88 98-100
Toscanini BBC Symphony 1937 78-82 108-112
Toscanini NBC Symphony 1939 82-88 118-124
Wand NDR Symphony Hamburg 1986 78-82 106-112
Weingartner Vienna Philharmonic 1937 66-72 112

De todos eles, Sir John Eliot Gardiner na gravação de 1993 foi quem mais se
aproximou ao caráter que Beethoven queria, segundo as marcações de tempo que foram
especificadas na edição de 1817.
O segundo movimento, é um dos mais belos movimentos lentos de Beethoven. Nesse
contraponto imitativo, a parte interpretativa mais importante do andante cantábile con moto é
a ênfase na deslocação rítmica.
O menuetto - trio gera outra questão de debate sobre o tempo. Existe uma tendência
em adicionar um contraste rítmico nessa passagem, o qual faz com que o trio tenha um
contraste melódico extra. Na tabela seguinte podemos ver como alguns regentes resolveram.

REGENTE ORQUESTRA ANO Menuetto Trio


Abbado Berlin Philharmonic 2001 98-102 92-96
Bernstain Vienna Philharmonic 1980 112-120 104-108
Fürtwängler Vienna Philharmonic 1952 104 92
Gardiner Orchestre Révolutionnaire et Romantique 1993 108 108
Harnoncourt Chamber Orchestra of Europe 1991 108-112 98-102
Karajan Berlin Philharmonic 1961 94-100 84-88
Klemperer Philharmonia 1965 96-98 88-92
Krips London Symphony 1960 98-102 88-94
Leinsdorf Boston Symphony 1969 108 88-96
Norrington London Classical Players 1988 108 104
Rattle Vienna Philharmonic 2002 116 104
Scherchen Wiener Staatsoper 1954 104-108 90
Skrowaczewski Sarbrücken Radio Symphony 2007 108-112 102-108
Solti Chicago Symphony 1989 104-108 100-102
Szell Cleveland Orchestra 1964 98-102 88-96
Toscanini BBC Symphony 1937 120-128 118-120
Toscanini NBC Symphony 1939 108-120 106-114
Wand NDR Symphony Hamburg 1986 108-112 92-96
Weingartner Vienna Philharmonic 1937 120 92-100

Mesmo que a mudança de tempo gere contraste, é considerada um pouco


desnecessária. Beethoven não registrou nenhum sinal rítmico, já que o contraste entre as
seções é inerente na mesma música. Mais uma vez, a interpretação de Gardiner parece ser
a mais próxima ao pensamento de Beethoven.
Finalmente, o alegro molto e vivace é a oportunidade perfeita do regente para deixar
uma marca pessoal na música, especialmente nas fermatas 1, 6, 235 e 237. Isso somado aos
vários ritardandi,dão a cada interpretação um sabor diferente.

2.1.2 Aspectos de estilo do compositor


O trabalho de Beethoven se distingue dos outros compositores da época
principalmente pela criação de grandes e estendidas estruturas arquitetônicas, caraterizadas
por desenvolver extensamente o material musical, as frases e os motivos. Além das
modulações e a habilidade de rapidamente estabelecer solidez em diferentes tons justapostos
e colocar notas inesperadas para uni-los. Esta harmonia expandida cria uma sensação de
música grandiosa e um espaço experimental onde a música se movimenta, por outro lado o
desenvolvimento de material musical cria uma sensação de um drama se desvendando no
espaço.

‘’De todas as suas conquistas criativas, aquela que mais contribuiu para marcar uma época: a
expansão do drama tonal de grande alcance, intensificado pela natureza do material, contrastes
dinâmicos e a geração de momentum...’’(Solomon,Maynard)
Nesse aspecto, a música de Beethoven faz um paralelo com o idealismo
contemporâneo alemão e com o desenvolvimento em simultâneo da novela na literatura, uma
forma literária focada no drama da vida e o desenvolvimento de um ou mais indivíduos através
de complexas circunstâncias.

3 Produção

3.1 Disponibilidade e aluguel de partituras e partes (detentores e valores)


As partituras e partes das duas sinfonias estão disponíveis gratuitamente no site de
buscas International Music Score Library Project (IMSLP). A primeira sinfonia está à venda
na loja La flute de pan (França), Valor= 11.60 € - Endereço virtual:
http://www.laflutedepan.com/partition/181296/l-van-beethoven-symphonie-n1-opus-21-
conducteur-partition.html

3.2 Direitos autorais (música, texto e edição)


As obras caíram em domínio público, pois a obra foi publicada a mais tempo do que a
lei garante os direitos autorais, sem ter sido renovada devido ao falecimento do compositor.
(Antes de 1923).

4 Fontes de informação:
Bibliografia:
 MEYER Jürhen, Acoustics and the Performance of Music, Manual for
Acousticians, Audio Engineers, Musicians, Architects and Musical Instruments
Makers,2009
 Solomon, Maynard, Beethoven. 1977
 In: Música Hoje, Revista, UFMG 1998/1999

Você também pode gostar