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Legislaçã o Educacional Brasileira

O Sistema Educacional Brasileiro é regido por um conjunto de


leis que compõ e sua Legislaçã o Fundamental. Ele é regulado
pela LDB, Fundef, CNE e as vá rias emendas, leis e medidas
provisó rias destinadas aos níveis e modalidades de ensino.

Informaçõ es sobre:

LDB— Lei de Diretrizes e Bases da Educação


Promove a descentralizaçã o e a autonomia para as escolas e
universidades, além de estabelecer um processo regular de
avaliaçã o do ensino. Veja neste link a integra do texto
atualizado da LDB e suas leis complementares.

Fundef - Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do


Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério.
O Fundef foi implantado nacionalmente em 1.º de janeiro de
1988. Neste link você encontra as leis, decretos e emendas que
o regem.

CNE - Conselho Nacional de Educação


O Conselho Nacional de Educaçã o tem, como objetivo, buscar
democraticamente alternativas e mecanismos institucionais
que possibilitem assegurar a participaçã o da sociedade no
desenvolvimento, aprimoramento e consolidaçã o da educaçã o
nacional. Veja neste link os pareceres e resoluçõ es do CNE.

Níveis de ensino:
• Legislaçã o do Ensino Médio
Lei, pareceres e resoluçõ es sobre a LDB e o DCNEM (Diretrizes
Curriculares Nacionais para o Ensino Médio), informaçõ es e
regulamentaçõ es do curso.

• Legislaçã o da Educaçã o Profissional


Decreto e portaria sobre a regulamentaçã o da Educaçã o
Profissional.

• Legislaçã o da Educaçã o Superior


Estatutos e regimentos das Instituiçõ es de Ensino Superior.

Modalidade de ensino
• Legislaçã o da Educaçã o a Distâ ncia
Decretos e portaria sobre a regulamentaçã o e o
credenciamento de instituiçõ es para a oferta de cursos de
graduaçã o e educaçã o profissional tecnoló gica a distâ ncia.

PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃ O

O Plano Nacional de Educaçã o foi aprovado no ano de 2000,


com validade para dez anos. É a partir do PNE que a
Uniã o, Estados, o Distrito Federal e os Municípios brasileiros
devem elaborar seus planos decenais.

O PNE estabelece dietrizes, objetivos e prioridades por níveis


e modalidades de ensino, além de tratar da formaçã o de
professores:
Educaçã o Bá sica: Educaçã o Infantil; Ensino Fundamental;
Ensino Médio. Educaçã o Superior

Modalidades de Ensino:
• Educaçã o de Jovens e Adultos;
• Educaçã o a Distâ ncia e Tecnologias Educacionais;
• Educaçã o Tecnoló gica e Formaçã o Profissional;
• Educaçã o Especial; Educaçã o Indígena.

Magistério da Educação Básica:

Formaçã o dos Professores e Valorizaçã o do Magistério:


• Financiamento e Gestã o
• Acompanhamento e Avaliaçã o do Plano

Plano Nacional de Educaçã o.


O CONGRESSO NACIONAL decreta:
Art. 1º Fica aprovado o Plano Nacional de Educaçã o, constante do
documento anexo,
com duraçã o de dez anos.
Art. 2º A partir da vigência desta Lei, os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios
deverã o, com base no Plano Nacional de Educaçã o, elaborar planos
decenais
correspondentes.
Art. 3º A Uniã o, em articulaçã o com os Estados, o Distrito Federal, os
municípios e a
sociedade civil, procederá a avaliaçõ es perió dicas da implementaçã o do
Plano Nacional
de Educaçã o.
§ 1º O Poder Legislativo, por intermédio das Comissõ es de Educaçã o,
Cultura e Desporto
da Câ mara dos Deputados e da Comissã o de Educaçã o do Senado Federal,
acompanhará a execuçã o do Plano Nacional de Educaçã o.
§ 2º A primeira avaliaçã o real izar-se-á no quarto ano de vigência desta
Lei, cabendo ao
Congresso Nacional aprovar as medidas legais decorrentes, com vistas à
correçã o de
deficiências e distorçõ es.
Art. 4º A Uniã o instituirá o Sistema Nacional de Avaliaçã o e estabelecerá os
mecanismos
necessá rios ao acompanhamento das metas constantes do Plano Nacional
de Educaçã o.
Art. 5º Os planos plurianuais da Uniã o, dos Estados, do Distrito Federal e
dos Municípios
serã o elaborados de modo a dar suporte à s metas constantes do Plano
Nacional de
Educaçã o e dos respectivos planos decenais.
Art. 6º Os Poderes da Uniã o, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios
empenhar-se-ã o na divulgaçã o deste Plano e da progressiva realizaçã o de
seus objetivos
e metas, para que a sociedade o conheça amplamente e acompanhe sua
implementaçã o.
Art. 7º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicaçã o.

NÍVEIS DE ENSINO
EDUCAÇÃ O INFANTIL
DIRETRIZES, OBJETIVOS E METAS
1.2 Diretrizes
A educaçã o infantil é a primeira etapa da Educaçã o Bá sica. Ela estabelece
as bases da
personalidade humana, da inteligência, da vida emocional, da socializaçã o.
As primeiras
experiências da vida sã o as que marcam mais profundamente a pessoa.
Quando
positivas, tendem a reforçar, ao longo da vida, as atitudes de
autoconfiança, de
cooperaçã o, solidariedade, responsabilidade. As ciências que se
debruçaram sobre a
criança nos ú ltimos cinqü enta anos, investigando como se processa o seu
desenvolvimento, coincidem em afirmar a importâ ncia dos primeiros anos
de vida para o
desenvolvimento e aprendizagem posteriores. E têm oferecido grande
suporte para a
educaçã o formular seus propó sitos e atuaçã o a partir do nascimento. A
pedagogia mesma
vem acumulando considerá vel experiência e reflexã o sobre sua prá tica
nesse campo e
definindo os procedimentos mais adequados para oferecer à s crianças
interessantes,
desafiantes e enriquecedoras oportunidades de desenvolvimento e
aprendizagem. A
educaçã o infantil inaugura a educaçã o da pessoa.
Essa educaçã o se dá na família, na comunidade e nas instituiçõ es. As
instituiçõ es de
educaçã o infantil vêm se tornando cada vez mais necessá rias, como
complementares à
açã o da família, o que já foi afirmado pelo mais importante documento
internacional de
educaçã o deste século, a Declaraçã o Mundial de Educaçã o para Todos
(Jomtien,
Tailâ ndia, 1990).
Considera-se, no â mbito internacional, que a educaçã o infantil terá um
papel cada vez
maior na formaçã o integral da pessoa, no desenvolvimento de sua
capacidade de
aprendizagem e na elevaçã o do nível de inteligência das pessoas, mesmo
porque
inteligência nã o é herdada geneticamente nem transmitida pelo ensino,
mas construída
pela criança, a partir do nascimento, na interaçã o social mediante a açã o
sobre os
objetos, as circunstâ ncias e os fatos. Avaliaçõ es longitudinais, embora
ainda em pequeno
nú mero, indicam os efeitos positivos da açã o educacional nos primeiros
anos de vida, em
instituiçõ es específicas ou em programas de atençã o educativa, quer sobre
a vida
acadêmica posterior, quer sobre outros aspectos da vida social. Há
bastante segurança
em afirmar que o investimento em educaçã o infantil obtém uma taxa de
retorno
econô mico superior a qualquer outro.
As diretrizes curriculares nacionais para a educaçã o infantil, definidas pelo
Conselho
Nacional de Educaçã o, consoante determina o art. 9o, IV da LDB,
complementadas pelas
normas dos sistemas de ensino dos Estados e Municípios, estabelecem os
marcos para a
elaboraçã o das propostas pedagó gicas para as crianças de 0 a 6 anos.
No horizonte dos dez anos deste Plano Nacional de Educaçã o, a demanda
de educaçã o
infantil poderá ser atendida com qualidade, beneficiando a toda criança
que necessite e
cuja família queira ter seus filhos freqü entando uma instituiçã o
educacional. Para tanto,
requerem-se, ademais de orientaçõ es pedagó gicas e medidas
administrativas
conducentes à melhoria da qualidade dos serviços oferecidos, medidas de
natureza
política, tais como decisõ es e compromissos políticos dos governantes em
relaçã o à s
crianças, medidas econô micas relativas aos recursos financeiros
necessá rios e medidas
administrativas para articulaçã o dos setores da política social envolvidos
no atendimento
dos direitos e das necessidades das crianças, como a Educaçã o, a
Assistência Social, a
Justiça, o Trabalho, a Cultura, a Saú de e as Comunicaçõ es Sociais, além das
organizaçõ es da sociedade civil.
Na distribuiçã o de competências referentes à educaçã o infantil, tanto a
Constituiçã o
Federal quanto a LDB sã o explícitas na co-responsabilidade das três
esferas de governo -
Municípios, Estado e Uniã o - e da família. A articulaçã o com a família visa,
mais do que
qualquer outra coisa, ao mú tuo conhecimento de processos de educaçã o,
valores,
expectativas, de tal maneira que a educaçã o familiar e a escolar se
complementem e se
enriqueçam, produzindo aprendizagens coerentes, mais amplas e
profundas. Quanto à s
esferas administrativas, a Uniã o e os Estados atuarã o subsidiariamente,
porém
necessariamente, em apoio técnico e financeiro aos Municípios, consoante
o art. 30, VI da
Constituiçã o Federal.
As inversõ es financeiras requeridas para cumprir as metas de abrangência
e qualidade
deverã o ser vistas sobretudo como aplicaçõ es necessá rias em direitos
bá sicos dos
cidadã os na primeira etapa da vida e como investimento, cujas taxas de
retorno alguns
estudos já indicam serem elevadas.
As metas estã o relacionadas à demanda manifesta, e nã o à demanda
potencial, definida
pelo nú mero de crianças na faixa etá ria, pois a educaçã o infantil nã o é
obrigató ria, mas
um direito da criança. Os fatores histó ricos que determinam a demanda
continuam
vigentes em nossa sociedade, tornando-se cada vez mais ó bvios,
acrescentando-se a
eles a pró pria oferta como motivadora da procura. Afinal a existência da
possibilidade de
acesso e o conhecimento dos benefícios da freqü ência a um centro de
educaçã o infantil
de qualidade induzem um nú mero cada vez maior de famílias a demandar
uma vaga para
seus filhos. Importante, nesse processo, é o cuidado na qualidade do
atendimento, pois
só esta o justifica e produz resultados positivos.
A formaçã o dos profissionais da educaçã o infantil merecerá uma atençã o
especial, dada a
relevâ ncia de sua atuaçã o como mediadores no processo de
desenvolvimento e
aprendizagem. A qualificaçã o específica para atuar na faixa de zero a seis
anos inclui o
conhecimento das bases científicas do desenvolvimento da criança, da
produçã o de
aprendizagens e a habilidade de reflexã o sobre a prá tica, de sorte que esta
se torne, cada
vez mais, fonte de novos conhecimentos e habilidades na educaçã o das
crianças. Além
da formaçã o acadêmica prévia, requer-se a formaçã o permanente, inserida
no trabalho
pedagó gico, nutrindo-se dele e renovando-o constantemente.
Para orientar uma prá tica pedagó gica condizente com os dados das
ciências e mais
respeitosa possível do processo unitá rio de desenvolvimento da criança,
constitui diretriz
importante a superaçã o das dicotomias creche/pré-escola, assistência ou
assistencialismo/ educaçã o, atendimento a carentes/educaçã o para classe
média e
outras, que orientaçõ es políticas e prá ticas sociais equivocadas foram
produzindo ao
longo da histó ria. Educaçã o e cuidados constituem um todo indivisível
para crianças
indivisíveis, num processo de desenvolvimento marcado por etapas ou
está gios em que
as rupturas sã o bases e possibilidades para a seqü ência. No período dos
dez anos
coberto por este plano, o Brasil poderá chegar a uma educaçã o infantil que
abarque o
segmento etá rio 0 a 6 anos (ou 0 a 5, na medida em que as crianças de 6
anos ingressem
no ensino fundamental) sem os percalços das passagens traumá ticas, que
exigem
"adaptaçã o" entre o que hoje constitui a creche e a pré-escola, como vem
ocorrendo entre
esta e a primeira série do ensino fundamental.
As medidas propostas por este plano decenal para implementar as
diretrizes e os
referenciais curriculares nacionais para a educaçã o infantil se enquadram
na perspectiva
da melhoria da qualidade. No entanto, é preciso sublinhar que é uma
diretriz nacional o
respeito à s diversidades regionais, aos valores e à s expressõ es culturais
das diferentes
localidades, que formam a base só cio-histó rica sobre a qual as crianças
iniciam a
construçã o de suas personalidades.
A educaçã o infantil é um direito de toda criança e uma obrigaçã o do
Estado (art. 208, IV
da Constituiçã o Federal). A criança nã o está obrigada a freqü entar uma
instituiçã o de
educaçã o infantil, mas sempre que sua família deseje ou necessite, o Poder
Pú blico tem o
dever de atendê-la. Em vista daquele direito e dos efeitos positivos da
educaçã o infantil
sobre o desenvolvimento e a aprendizagem das crianças, já constatado por
muitas
pesquisas, o atendimento de qualquer criança num estabelecimento de
educaçã o infantil
é uma das mais sá bias estratégias de desenvolvimento humano, de
formaçã o da
inteligência e da personalidade, com reflexos positivos sobre todo o
processo de
aprendizagem posterior. Por isso, no mundo inteiro, esse segmento da
educaçã o vem
crescendo significativamente e vem sendo recomendado por organismos e
conferências
internacionais.
Considerando, no entanto, as condiçõ es concretas de nosso País,
sobretudo no que se
refere à limitaçã o de meios financeiros e técnicos, este plano propõ e que a
oferta pú blica
de educaçã o infantil conceda prioridade à s crianças das famílias de menor
renda,
situando as instituiçõ es de educaçã o infantil nas á reas de maior
necessidade e nelas
concentrando o melhor de seus recursos técnicos e pedagó gicos. Deve-se
contemplar,
também, a necessidade do atendimento em tempo integral para as
crianças de idades
menores, das famílias de renda mais baixa, quando os pais trabalham fora
de casa. Essa
prioridade nã o pode, em hipó tese alguma, caracterizar a educaçã o infantil
pú blica como
uma açã o pobre para pobres. O que este plano recomenda é uma educaçã o
de qualidade
prioritariamente para as crianças mais sujeitas à exclusã o ou vítimas dela.
A expansã o
que se verifica no atendimento das crianças de 6 e 5 anos de idade
conduzirá
invariavelmente à universalizaçã o, transcendendo a questã o da renda
familiar.
A norma constitucional de integraçã o das crianças especiais no sistema
regular será , na
educaçã o infantil, implementada através de programas específicos de
orientaçã o aos
pais, qualificaçã o dos professores, adaptaçã o dos estabelecimentos quanto
à s condiçõ es
físicas, mobiliá rio, equipamentos e materiais pedagó gicos. Quando a
avaliaçã o
recomendar atendimento especializado em estabelecimentos específicos,
diretrizes para
essa modalidade constarã o do capítulo sobre educaçã o especial.
1.3 Objetivos e Metas1
1. Ampliar a oferta de educaçã o infantil de forma a atender, em cinco anos,
a 30% da
populaçã o de até 3 anos de idade e 60% da populaçã o de 4 e 6 anos (ou 4 e
5 anos) e,
até o final da década, alcançar a meta de 50% das crianças de 0 a 3 anos e
80% das de 4
e 5 anos.
2. Elaborar, no prazo de um ano, padrõ es mínimos de infra-estrutura para
o
funcionamento adequado das instituiçõ es de educaçã o infantil (creches e
pré-escolas)
pú blicas e privadas, que, respeitando as diversidades regionais, assegurem
o
atendimento das características das distintas faixas etá rias e das
necessidades do
processo educativo quanto a:
a) espaço interno, com iluminaçã o, insolaçã o, ventilaçã o, visã o para o
espaço externo,
rede elétrica e segurança, á gua potá vel, esgotamento sanitá rio;
b) instalaçõ es sanitá rias e para a higiene pessoal das crianças;
c) instalaçõ es para preparo e/ou serviço de alimentaçã o;
d) ambiente interno e externo para o desenvolvimento das atividades,
conforme as
diretrizes curriculares e a metodologia da educaçã o infantil, incluindo o
repouso, a
expressã o livre, o movimento e o brinquedo;
e) mobiliá rio, equipamentos e materiais pedagó gicos;
f) adequaçã o à s características das crianças especiais.**
3. A partir do segundo ano deste plano, somente autorizar construçã o e
funcionamento de
instituiçõ es de educaçã o infantil, pú blicas ou privadas, que atendam aos
requisitos de
infra-estrutura definidos no item anterior.
4. Adaptar os prédios de educaçã o infantil de sorte que, em cinco anos,
todos estejam
conformes aos padrõ es mínimos de infra-estrutura estabelecidos.
5. Estabelecer um Programa Nacional de Formaçã o dos Profissionais de
educaçã o
infantil, com a colaboraçã o da Uniã o, Estados e Municípios, inclusive das
universidades e
institutos superiores de educaçã o e organizaçõ es nã o-governamentais,
que realize as
seguintes metas:
a) que, em cinco anos, todos os dirigentes de instituiçõ es de educaçã o
infantil possuam
formaçã o apropriada em nível médio (modalidade Normal) e, em dez anos,
formaçã o de
nível superior;
b) que, em cinco anos, todos os professores tenham habilitaçã o específica
de nível médio
e, em dez anos, 70% tenham formaçã o específica de nível superior.**
6. A partir da vigência deste plano, somente admitir novos profissionais na
educaçã o
infantil que possuam a titulaçã o mínima em nível médio, modalidade
normal, dando-se
preferência à admissã o de profissionais graduados em curso específico de
nível superior.
7. No prazo má ximo de três anos a contar do início deste plano, colocar em
execuçã o
programa de formaçã o em serviço, em cada município ou por grupos de
Município,
preferencialmente em articulaçã o com instituiçõ es de ensino superior,
com a cooperaçã o
técnica e financeira da Uniã o e dos Estados, para a atualizaçã o permanente
eo
aprofundamento dos conhecimentos dos profissionais que atuam na
educaçã o infantil,
bem como para a formaçã o do pessoal auxiliar.**
8. Assegurar que, em dois anos, todos os Municípios tenham definido sua
política para a
educaçã o infantil, com base nas diretrizes nacionais, nas normas
complementares
estaduais e nas sugestõ es dos referenciais curriculares nacionais.
9. Assegurar que, em três anos, todas as instituiçõ es de educaçã o infantil
tenham
formulado, com a participaçã o dos profissionais de educaçã o neles
envolvidos, seus
projetos pedagó gicos.**
10. Estabelecer em todos os Municípios, no prazo de três anos, sempre que
possível em
articulaçã o com as instituiçõ es de ensino superior que tenham experiência
na á rea, um
sistema de acompanhamento, controle e supervisã o da educaçã o infantil,
nos
estabelecimentos pú blicos e privados, visando ao apoio técnico-
pedagó gico para a
melhoria da qualidade e à garantia do cumprimento dos padrõ es mínimos
estabelecidos
pelas diretrizes nacionais e estaduais.
11. Instituir mecanismos de colaboraçã o entre os setores da educaçã o,
saú de e
assistência na manutençã o, expansã o, administraçã o, controle e avaliaçã o
das
instituiçõ es de atendimento das crianças de 0 a 3 anos de idade.**
12. Garantir a alimentaçã o escolar para as crianças atendidas na educaçã o
infantil, nos
estabelecimentos pú blicos e conveniados, através da colaboraçã o
financeira da Uniã o e
dos Estados.**
13. Assegurar, em todos os Municípios, o fornecimento de materiais
pedagó gicos
adequados à s faixas etá rias e à s necessidades do trabalho educacional, de
forma que,
em cinco anos, sejam atendidos os padrõ es mínimos de infra-estrutura
definidos na meta
nº 2. **
14. Incluir as creches ou entidades equivalentes no sistema nacional de
estatísticas
educacionais, no prazo de três anos.*
15. Extinguir as clas ses de alfabetizaçã o incorporando imediatamente as
crianças no
ensino fundamental e matricular, também, naquele nível todas as crianças
de 7 anos ou
mais que se encontrem na educaçã o infantil.
16. Implantar conselhos escolares e outras formas de participaçã o da
comunidade escolar
e local na melhoria do funcionamento das instituiçõ es de educaçã o infantil
e no
enriquecimento das oportunidades educativas e dos recursos pedagó gicos.
17. Estabelecer, até o final da década, em todos os Municípios e com a
colaboraçã o dos
setores responsá veis pela educaçã o, saú de e assistência social e de
organizaçõ es nã ogovernamentais,
programas de orientaçã o e apoio aos pais com filhos entre 0 e 3 anos,
oferecendo, inclusive, assistência financeira, jurídica e de suplementaçã o
alimentar nos
casos de pobreza, violência doméstica e desagregaçã o familiar extrema.**
18. Adotar progressivamente o atendimento em tempo integral para as
crianças de 0 a 6
anos.
19. Estabelecer parâ metros de qualidade dos serviços de educaçã o infantil,
como
referência para a supervisã o, o controle e a avaliaçã o, e como instrumento
para a adoçã o
das medidas de melhoria da qualidade.**
20. Promover debates com a sociedade civil sobre o direito dos
trabalhadores à
assistência gratuita a seus filhos e dependentes em creches e pré-escolas,
estabelecido
no art. 7o, XXV, da Constituiçã o Federal. ** Encaminhar ao Congresso
Nacional projeto de
lei visando à regulamentaçã o daquele dispositivo. *
21. Assegurar que, em todos os Municípios, além de outros recursos
municipais os 10%
dos recursos de manutençã o e desenvolvimento do ensino nã o vinculados
ao FUNDEF
sejam aplicados, prioritariamente, na educaçã o infantil.**
22. Ampliar o Programa de Garantia de Renda Mínima associado a açõ es
socioeducativas,
de sorte a atender, nos três primeiros anos deste Plano, a 50% das
crianças
de 0 a 6 anos que se enquadram nos critérios de seleçã o da clientela e a
100% até o
sexto ano.**
23. Realizar estudos sobre custo da educaçã o infantil com base nos
parâ metros de
qualidade, com vistas a melhorar a eficiência e garantir a generalizaçã o da
qualidade do
atendimento.**
24. Ampliar a oferta de cursos de formaçã o de professores de educaçã o
infantil de nível
superior, com conteú dos específicos, prioritariamente nas regiõ es onde o
déficit de
qualificaçã o é maior, de modo a atingir a meta estabelecida pela LDB para
a década da
educaçã o.**
25. Exercer a açã o supletiva da Uniã o e do Estado junto aos Municípios que
apresentem
maiores necessidades técnicas e financeiras, nos termos dos arts. 30, VI e
211, § 1º, da
Constituiçã o Federal.**
26. Observar as metas estabelecidas nos demais capítulos referentes à
educaçã o infantil.
Ensino fundamental
Diretrizes e metas
2.2 Diretrizes
As diretrizes norteadoras da educaçã o fundamental estã o contidas na
Constituiçã o
Federal, na Lei de Diretrizes e Bases da Educaçã o Nacional e nas Diretrizes
Curriculares
para o ensino fundamental.
Nos cinco primeiros anos de vigência deste plano, o ensino fundamental
deverá atingir a
sua universalizaçã o, sob a responsabilidade do Poder Pú blico,
considerando a
indissociabilidade entre acesso, permanência e qualidade da educaçã o
escolar. O direito
ao ensino fundamental nã o se refere apenas à matrícula, mas ao ensino de
qualidade, até
a conclusã o.
O atraso no percurso escolar resultante da repetência e da evasã o sinaliza
para a
necessidade de políticas educacionais destinadas à correçã o das
distorçõ es idade-série.
A expressiva presença de jovens com mais de 14 anos no ensino
fundamental demanda a
criaçã o de condiçõ es pró prias para a aprendizagem dessa faixa etá ria,
adequadas à sua
maneira de usar o espaço, o tempo, os recursos didá ticos e à s formas
peculiares com que
a juventude tem de conviver.
A oferta qualitativa deverá , em decorrência, regularizar os percursos
escolares, permitindo
que crianças e adolescentes permaneçam na escola o tempo necessá rio
para concluir
este nível de ensino, eliminando mais celeremente o analfabetismo e
elevando
gradativamente a escolaridade da populaçã o brasileira. A ampliaçã o da
jornada escolar
para turno integral tem dado bons resultados. O atendimento em tempo
integral,
oportunizando orientaçã o no cumprimento dos deveres escolares, prá tica
de esportes,
desenvolvimento de atividades artísticas e alimentaçã o adequada, no
mínimo em duas
refeiçõ es, é um avanço significativo para diminuir as desigualdades sociais
e ampliar
democraticamente as oportunidades de aprendizagem.
O turno integral e as classes de aceleraçã o sã o modalidades inovadoras na
tentativa de
solucionar a universalizaçã o do ensino e minimizar a repetência.
A LDB, em seu art. 34, § 2º, preconiza a progressiva implantaçã o do ensino
em tempo
integral, a critério dos sistemas de ensino, para os alunos do ensino
fundamental. À
medida que forem sendo implantadas as escolas de tempo integral,
mudanças
significativas deverã o ocorrer quanto à expansã o da rede física,
atendimento diferenciado
da alimentaçã o escolar e disponibilidade de professores, considerando a
especificidade
de horá rios.
Além do atendimento pedagó gico, a escola tem responsabilidades sociais
que extrapolam
o simples ensinar, especialmente para crianças carentes. Para garantir um
melhor
equilíbrio e desempenho dos seus alunos, faz-se necessá rio ampliar o
atendimento social,
sobretudo nos Municípios de menor renda, com procedimentos como
renda mínima
associada à educaçã o, alimentaçã o escolar, livro didá tico e transporte
escolar.
A escola rural requer um tratamento diferenciado, pois a oferta de ensino
fundamental
precisa chegar a todos os recantos do País e a ampliaçã o da oferta de
quatro séries
regulares em substituiçã o à s classes isoladas unidocentes é meta a ser
perseguida,
consideradas as peculiaridades regionais e a sazonalidade.
Reforçando o projeto político-pedagó gico da escola, como a pró pria
expressã o da
organizaçã o educativa da unidade escolar, surgem os conselhos escolares,
que deverã o
orientar-se pelo princípio democrá tico da participaçã o. A gestã o da
educaçã o e a
cobrança de resultados, tanto das metas como dos objetivos propostos
neste plano,
envolverã o comunidade, alunos, pais, professores e demais trabalhadores
da educaçã o.
A atualidade do currículo, valorizando um paradigma curricular que
possibilite a
interdisciplinaridade, abre novas perspectivas no desenvolvimento de
habilidades para
dominar esse novo mundo que se desenha. As novas concepçõ es
pedagó gicas,
embasadas na ciência da educaçã o, sinalizaram a reforma curricular
expressa nos
Parâ metros Curriculares Nacionais, que surgiram como importante
proposta e eficiente
orientaçã o para os professores. Os temas estã o vinculados ao cotidiano da
maioria da
populaçã o. Além do currículo composto pelas disciplinas tradicionais,
propõ em a inserçã o
de temas transversais como ética, meio ambiente, pluralidade cultural,
trabalho e
consumo, entre outros. Esta estrutura curricular deverá estar sempre em
consonâ ncia
com as diretrizes emanadas do Conselho Nacional de Educaçã o e dos
conselhos de
educaçã o dos Estados e Municípios.
Deve-se assegurar a melhoria da infra-estrutura física das escolas,
generalizando
inclusive as condiçõ es para a utilizaçã o das tecnologias educacionais em
multimídia,
contemplando-se desde a construçã o física, com adaptaçõ es adequadas a
portadores de
necessidades especiais, até os espaços especializados de atividades
artístico-culturais,
esportivas, recreativas e a adequaçã o de equipamentos.
É preciso avançar mais nos programas de formaçã o e de qualificaçã o de
professores. A
oferta de cursos para a habilitaçã o de todos os profissionais do magistério
deverá ser um
compromisso efetivo das instituiçõ es de educaçã o superior e dos sistemas
de ensino.
E, finalmente, a consolidaçã o e o aperfeiçoamento do censo escolar, assim
como do
Sistema Nacional de Avaliaçã o da Educaçã o Bá sica (SAEB), e a criaçã o de
sistemas
complementares nos Estados e Municípios permitirã o um permanente
acompanhamento
da situaçã o escolar do País, podendo dimensionar as necessidades e
perspectivas do
ensino médio e superior.
2.3 Objetivos e Metas2
1. Universalizar o atendimento de toda a clientela do ensino fundamental,
no prazo de
cinco anos a partir da data de aprovaçã o deste plano, garantindo o acesso
ea
permanência de todas as crianças na escola, estabelecendo em regiõ es em
que se
demonstrar necessá rio programas específicos , com a colaboraçã o da
Uniã o, dos Estados
e dos Municípios.**
2. Ampliar para nove anos a duraçã o do ensino fundamental obrigató rio
com início aos
seis anos de idade, à medida que for sendo universalizado o atendimento
na faixa de 7 a
14 anos.*
3. Regularizar o fluxo escolar reduzindo em 50%, em cinco anos, as taxas
de repetência e
evasã o, por meio de programas de aceleraçã o da aprendizagem e de
recuperaçã o
paralela ao longo do curso, garantindo efetiva aprendizagem.
4. Elaborar, no prazo de um ano, padrõ es mínimos nacionais de infra-
estrutura para o
ensino fundamental, compatíveis com o tamanho dos estabelecimentos e
com as
realidades regionais, incluindo:**
a) espaço, iluminaçã o, insolaçã o, ventilaçã o, á gua potá vel, rede elétrica,
segurança e
temperatura ambiente;
b) instalaçõ es sanitá rias e para higiene;
c) espaços para esporte, recreaçã o, biblioteca e serviço de merenda
escolar;
d) adaptaçã o dos edifícios escolares para o atendimento dos alunos
portadores de
necessidades especiais;
e) atualizaçã o e ampliaçã o do acervo das bibliotecas;
f) mobiliá rio, equipamentos e materiais pedagó gicos;
g) telefone e serviço de reproduçã o de textos;
h) informá tica e equipamento multimídia para o ensino.
5. A partir do segundo ano da vigência deste plano, somente autorizar a
construçã o e
funcionamento de escolas que atendam aos requisitos de infra-estrutura
definidos.**
6. Assegurar que, em cinco anos, todas as escolas atendam os ítens de "a" a
"d" e, em
dez anos, a totalidade dos itens.**
7. Estabelecer, em todos os sistemas de ensino e com o apoio da Uniã o e da
comunidade
escolar, programas para equipar todas as escolas, gradualmente, com os
equipamentos
discriminados nos itens de "e" a "h".**
8. Assegurar que, em três anos, todas as escolas tenham formulado seus
projetos
pedagó gicos, com observâ ncia das Diretrizes Curriculares para o ensino
fundamental e
dos Parâ metros Curriculares Nacionais.
9. Promover a participaçã o da comunidade na gestã o das escolas,
universalizando, em
dois anos, a instituiçã o de conselhos escolares ou ó rgã os equivalentes.
10. Integrar recursos do Poder Pú blico destinados à política social, em
açõ es conjuntas
da Uniã o, dos Estados e Municípios, para garantir entre outras metas, a
Renda Mínima
Associada a Açõ es Só cio-educativas para as famílias com carência
econô mica
comprovada.**
11. Manter e consolidar o programa de avaliaçã o do livro didá tico criado
pelo Ministério de
Educaçã o, estabelecendo entre seus critérios a adequada abordagem das
questõ es de
gênero e etnia e a eliminaçã o de textos discriminató rios ou que
reproduzam estereó tipos
acerca do papel da mulher, do negro e do índio.*
12. Elevar de quatro para cinco o nú mero de livros didá ticos oferecidos
aos alunos das
quatro séries iniciais do ensino fundamental, de forma a cobrir as á reas
que compõ em as
Diretrizes Curriculares do ensino fundamental e os Parâ metros
Curriculares Nacionais.**
13. Ampliar progressivamente a oferta de livros didá ticos a todos os
alunos das quatro
séries finais do ensino fundamental, com prioridade para as regiõ es nas
quais o acesso
dos alunos ao material escrito seja particularmente deficiente.**
14. Prover de literatura, textos científicos, obras bá sicas de referência e
livros didá ticopedagó gicos
de apoio ao professor as escolas do ensino fundamental; **
15. Transformar progressivamente as escolas unidocentes em escolas de
mais de um
professor, levando em consideraçã o as realidades e as necessidades
pedagó gicas e de
aprendizagem dos alunos.
16. Associar as classes isoladas unidocentes remanescentes a escolas de,
pelo menos,
quatro séries completas.
17. Prover de transporte escolar as zonas rurais, quando necessá rio, com
colaboraçã o
financeira da Uniã o, Estados e Municípios, de forma a garantir a
escolarizaçã o dos alunos
e o acesso à escola por parte do professor.**
18. Garantir, com a colaboraçã o da Uniã o, Estados e Municípios, o
provimento da
alimentaçã o escolar e o equilíbrio necessá rio garantindo os níveis
caló ricos- protéicos por
faixa etá ria.**
19. Assegurar, dentro de três anos, que a carga horá ria semanal dos cursos
diurnos
compreenda, pelo menos, 20 horas semanais de efetivo trabalho escolar.
20. Eliminar a existência, nas escolas, de mais de dois turnos diurnos e um
turno noturno,
sem prejuízo do atendimento da demanda.
21. Ampliar, progressivamente a jornada escolar visando expandir a escola
de tempo
integral, que abranja um período de pelo menos sete horas diá rias, com
previsã o de
professores e funcioná rios em nú mero suficiente.
22. Prover, nas escolas de tempo integral, preferencialmente para as
crianças das
famílias de menor renda, no mínimo duas refeiçõ es, apoio à s tarefas
escolares, a prá tica
de esportes e atividades artísticas, nos moldes do Programa de Renda
Mínima Associado
a Açõ es Só cio-educativas.
23. Estabelecer, em dois anos, a reorganizaçã o curricular dos cursos
noturnos, de forma
a adequá -los à s características da clientela e promover a eliminaçã o
gradual da
necessidade de sua oferta.
24. Articular as atuais funçõ es de supervisã o e inspeçã o no sistema de
avaliaçã o.
25. Prever formas mais flexíveis de organizaçã o escolar para a zona rural,
bem como a
adequada formaçã o profissional dos professores, considerando a
especificidade do
alunado e as exigências do meio.
26. Assegurar a elevaçã o progressiva do nível de desempenho dos alunos
mediante a
implantaçã o, em todos os sistemas de ensino, de um programa de
monitoramento que
utilize os indicadores do Sistema Nacional de Avaliaçã o da Educaçã o
Bá sica e dos
sistemas de avaliaçã o dos Estados e Municípios que venham a ser
desenvolvidos.**
27. Estimular os Municípios a proceder um mapeamento, por meio de
censo educacional,
das crianças fora da escola, por bairro ou distrito de residência e/ou locais
de trabalho dos
pais, visando localizar a demanda e universalizar a oferta de ensino
obrigató rio.
28. A educaçã o ambiental, tratada como tema transversal, será
desenvolvida como uma
prá tica educativa integrada, contínua e permanente em conformidade com
a Lei nº
9.795/99.
29. Apoiar e incentivar as organizaçõ es estudantis, como espaço de
participaçã o e
exercício da cidadania.
30. Observar as metas estabelecidas nos capítulos referentes à educaçã o a
distâ ncia,
formaçã o de professores, educaçã o indígena, educaçã o especial e
financiamento e
gestã o, na medida em que estã o relacionadas à s previstas neste capítulo.

Ensino médio
3.2 Diretrizes
O aumento lento, mas contínuo, do nú mero dos que conseguem concluir a
escola
obrigató ria, associado à tendência para a diminuiçã o da idade dos
concluintes, vai permitir
que um crescente nú mero de jovens ambicione uma carreira educacional
mais longa.
Assim, a demanda pelo ensino médio – terceira etapa da educaçã o bá sica –
vai compor-se,
também, de segmentos já inseridos no mercado de trabalho, que aspirem
melhoria
social e salarial e precisem dominar habilidades que permitem assimilar e
utilizar,
produtivamente, recursos tecnoló gicos novos e em acelerada
transformaçã o.
Estatísticas recentes confirmam esta tendência. Desde meados dos anos
80, foi no
ensino médio que se observou o maior crescimento de matrículas do País.
De 1985 a
1994, esse crescimento foi superior a 100%, enquanto no ensino
fundamental foi de 30%.
Se, no passado mais longínquo, o ponto de ruptura do sistema educacional
brasileiro
situou-se no acesso à escola, posteriormente na passagem do antigo
primá rio ao giná sio,
em seguida pela diferenciaçã o da qualidade do ensino oferecido, hoje ele
se dá no limiar
e dentro do ensino médio.
Pelo cará ter que assumiu na histó ria educacional de quase todos os países,
a educaçã o
média é particularmente vulnerá vel à desigualdade social. Na disputa
permanente entre
orientaçõ es profissionalizantes ou acadêmicas, entre objetivos humanistas
ou
econô micos, a tensã o expressa nos privilégios e nas exclusõ es decorre da
origem social.
Em vista disso, o ensino médio proposto neste plano deverá enfrentar o
desafio dessa
dualidade com oferta de escola média de qualidade a toda a demanda. Uma
educaçã o
que propicie aprendizagem de competências de cará ter geral, forme
pessoas mais aptas
a assimilar mudanças, mais autô nomas em suas escolhas, que respeitem as
diferenças e
superem a segmentaçã o social.
Preparando jovens e adultos para os desafios da modernidade, o ensino
médio deverá
permitir aquisiçã o de competências relacionadas ao pleno exercício da
cidadania e da
inserçã o produtiva: auto-aprendizagem; percepçã o da dinâ mica social e
capacidade para
nela intervir; compreensã o dos processos produtivos; capacidade de
observar, interpretar
e tomar decisõ es; domínio de aptidõ es bá sicas de linguagens,
comunicaçã o, abstraçã o;
habilidades para incorporar valores éticos de solidariedade, cooperaçã o e
respeito à s
individualidades.
Ao longo dos dez anos de vigência deste plano, conforme disposto no art.
208, II, da
Constituiçã o Federal que prevê como dever do Estado a garantia da
progressiva
universalização do ensino médio gratuito, a oferta da educaçã o média de
qualidade nã o
pode prescindir de definiçõ es pedagó gicas e administrativas fundamentais
a uma
formaçã o geral só lida e medidas econô micas que assegurem recursos
financeiros para
seu financiamento. Como os Estados e o Distrito Federal estã o obrigados a
aplicar 15%
da receita de impostos no ensino fundamental, os demais 10% vinculados
à educaçã o
deverã o ser aplicados, prioritariamente, no ensino médio. Esta destinaçã o
assegurará a
manutençã o e a expansã o deste nível de ensino nos pró ximos anos.
As metas de expansã o da oferta e de melhoria da qualidade do ensino
médio devem estar
associadas, de forma clara, a diretrizes que levem à correçã o do fluxo de
alunos na
escola bá sica, hoje com índices de distorçã o idade-série inaceitá veis.
Por outro lado, o estabelecimento de um sistema de avaliaçã o, à
semelhança do que
ocorre com o ensino fundamental, é essencial para o acompanhamento dos
resultados do
ensino médio e correçã o de seus equívocos. O Sistema de Avaliaçã o da
Educaçã o
Bá sica (SAEB) e, mais recentemente, o Exame Nacional do Ensino Médio
(ENEM),
operados pelo MEC, os sistemas de avaliaçã o já existentes em algumas
unidades da
federaçã o que, certamente, serã o criados em outras, e os sistemas
estatísticos já
disponíveis, constituem importantes mecanismos para promover a
eficiência e a igualdade
do ensino médio oferecido em todas as regiõ es do País.
Há que se considerar, também, que o ensino médio atende a uma faixa
etá ria que
demanda uma organizaçã o escolar adequada à sua maneira de usar o
espaço, o tempo e
os recursos didá ticos disponíveis. Esses elementos devem pautar a
organizaçã o do
ensino a partir das novas diretrizes curriculares para o ensino médio, já
elaboradas e
aprovadas pelo Conselho Nacional de Educaçã o.
Como nos demais níveis de ensino, as metas do PNE devem associar-se,
fortemente, à s
de formaçã o, capacitaçã o e valorizaçã o do magistério, tratadas noutra
parte deste
documento. Reconhece-se que a carência de professores da á rea de
Ciências constitui
problema que prejudica a qualidade do ensino e dificulta tanto a
manutençã o dos cursos
existentes como sua expansã o.
A disposiçã o constitucional (art. 208, III) de integraçã o dos portadores de
deficiência na
rede regular de ensino será , no ensino médio, implementada através de
qualificaçã o dos
professores e da adaptaçã o das escolas quanto à s condiçõ es físicas,
mobiliá rio,
equipamentos e materiais pedagó gicos. Quando necessá rio atendimento
especializado,
serã o observadas diretrizes específicas contidas no capítulo sobre
educaçã o especial.
Assim, as diretrizes do Plano Nacional de Educaçã o apontam para a
criaçã o de incentivos
e a retirada de todo obstá culo para que os jovens permaneçam no sistema
escolar e, aos
17 ou 18 anos de idade, estejam concluindo a educaçã o bá sica com uma
só lida formaçã o
geral.
3.3 Objetivos e Metas3
1. Formular e implementar, progressivamente, uma política de gestã o da
infra-estrutura
física na educaçã o bá sica pú blica, que assegure:
a) o reordenamento, a partir do primeiro ano deste Plano, da rede de
escolas pú blicas que
contemple a ocupaçã o racional dos estabelecimentos de ensino estaduais e
municipais,
com o objetivo, entre outros, de facilitar a delimitaçã o de instalaçõ es
físicas pró prias para
o ensino médio separadas, pelo menos, das quatro primeiras séries do
ensino
fundamental e da educaçã o infantil;
b) a expansã o gradual do nú mero de escolas pú blicas de ensino médio de
acordo com as
necessidades de infra-estrutura identificada ao longo do processo de
reordenamento da
rede física atual;
c) no prazo de dois anos, a contar da vigência deste Plano, o atendimento
da totalidade
dos egressos do ensino fundamental e a inclusã o dos alunos com
defasagem de idade e
dos que possuem necessidades especiais de aprendizagem;
d) o oferecimento de vagas que, no prazo de cinco anos, correspondam a
50% e, em dez
anos, a 100% da demanda de ensino médio, em decorrência da
universalizaçã o e
regularizaçã o do fluxo de alunos no ensino fundamental.
2. Implantar e consolidar, no prazo de cinco anos, a nova concepçã o
curricular elaborada
pelo Conselho Nacional de Educaçã o.
3. Melhorar o aproveitamento dos alunos do ensino médio, de forma a
atingir níveis
satisfató rios de desempenho definidos e avaliados pelo Sistema Nacional
de Avaliaçã o da
Educaçã o Bá sica (SAEB), pelo Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) e
pelos
sistemas de avaliaçã o que venham a ser implantados nos Estados.
4. Reduzir, em 5% ao ano, a repetência e a evasã o, de forma a diminuir
para quatro anos
o tempo médio para conclusã o deste nível.
5. Assegurar, em cinco anos, que todos os professores do ensino médio
possuam
diploma de nível superior, oferecendo, inclusive, oportunidades de
formaçã o nesse nível
de ensino à queles que nã o a possuem.**
6. Elaborar, no prazo de um ano, padrõ es mínimos nacionais de infra-
estrutura para o
ensino médio, compatíveis com as realidades regionais, incluindo:*
a) espaço, iluminaçã o, ventilaçã o e insolaçã o dos prédios escolares;
b) instalaçõ es sanitá rias e condiçõ es para a manutençã o da higiene em
todos os edifícios
escolares;
c) espaço para esporte e recreaçã o;
d) espaço para a biblioteca;
e) adaptaçã o dos edifícios escolares para o atendimento dos alunos
portadores de
necessidades especiais;
f) instalaçã o para laborató rios de ciências;
g) informá tica e equipamento multimídia para o ensino.
h) atualizaçã o e ampliaçã o do acervo das bibliotecas incluindo material
bibliográ fico de
apoio ao professor e aos alunos;
i) equipamento didá tico-pedagó gico de apoio ao trabalho em sala de aula;
j) telefone e reprodutor de texto;
7. Nã o autorizar o funcionamento de novas escolas fora dos padrõ es de "a"
a "g".
8. Adaptar, em cinco anos, as escolas existentes, de forma a atender aos
padrõ es
mínimos estabelecidos.
9. Assegurar que, em cinco anos, todas as escolas estejam equipadas, pelo
menos, com
biblioteca, telefone e reprodutor de textos.
10. Assegurar que, em cinco anos, pelo menos 50%, e, em 10 anos, a
totalidade das
escolas disponham de equipamento de informá tica para modernizaçã o da
administraçã o e
para apoio à melhoria do ensino e da aprendizagem.**
11. Adotar medidas para a universalizaçã o progressiva das redes de
comunicaçã o, para
melhoria do ensino e da aprendizagem.
12. Adotar medidas para a universalizaçã o progressiva de todos os
padrõ es mínimos
durante a década, incentivando a criaçã o de instalaçõ es pró prias para esse
nível de
ensino.
13. Criar mecanismos, como conselhos ou equivalentes, para incentivar a
participaçã o da
comunidade na gestã o, manutençã o e melhoria das condiçõ es de
funcionamento das
escolas.
14. Assegurar a autonomia das escolas, tanto no que diz respeito ao
projeto pedagó gico
como em termos de gerência de recursos mínimos para a manutençã o do
cotidiano
escolar.
15. Adotar medidas para ampliar a oferta diurna e manter a oferta
noturna, suficiente para
garantir o atendimento dos alunos que trabalham.
16. Proceder, em dois anos, a uma revisã o da organizaçã o didá tico-
pedagó gica e
administrativa do ensino noturno, de forma a adequá -lo à s necessidades
do alunotrabalhador,
sem prejuízo da qualidade do ensino.
17. Estabelecer, em um ano, programa emergencial para formaçã o de
professores,
especialmente nas á reas de Ciências e Matemá tica.**
18. Apoiar e incentivar as organizaçõ es estudantis, como espaço de
participaçã o e
exercício da cidadania.
19. A educaçã o ambiental, tratada como tema transversal, será
desenvolvida como uma
prá tica educativa integrada, contínua e permanente em conformidade com
a Lei nº
9.795/99.
20. Observar, no que diz respeito ao ensino médio, as metas estabelecidas
nos capítulos
referentes à formaçã o de professores, financiamento e gestã o e ensino a
distâ ncia.

ENSINO SUPERIOR
4.2 Diretrizes
Nenhum país pode aspirar a ser desenvolvido e independente sem um
forte sistema de
educaçã o superior. Num mundo em que o conhecimento sobrepuja os
recursos materiais
como fator de desenvolvimento humano, a importâ ncia da educaçã o
superior e de suas
instituiçõ es é cada vez maior. Para que estas possam desempenhar sua
missã o
educacional, institucional e social, o apoio pú blico é decisivo.
A importâ ncia que neste plano se deve dar à s Instituiçõ es de Ensino
Superior (IES),
mormente à universidade e aos centros de pesquisa, erige-se sobre a
constataçã o de que
a produçã o de conhecimento, hoje mais do que nunca e assim tende a ser
cada vez mais
é a base do desenvolvimento científico e tecnoló gico e que este é que está
criando o
dinamismo das sociedades atuais.
As IES têm muito a fazer, no conjunto dos esforços nacionais, para colocar
o País à altura
das exigências e desafios do Séc. XXI, encontrando a soluçã o para os
problemas atuais,
em todos os campos da vida e da atividade humana e abrindo um
horizonte para um
futuro melhor para a sociedade brasileira, reduzindo as desigualdades. A
oferta de
educaçã o bá sica de qualidade para todos está grandemente nas mã os
dessas
instituiçõ es, na medida que a elas compete primordialmente a formaçã o
dos profissionais
do magistério; a formaçã o dos quadros profissionais, científicos e culturais
de nível
superior, a produçã o de pesquisa e inovaçã o, a busca de soluçã o para os
problemas
atuais sã o funçõ es que destacam a universidade no objetivo de projetar a
sociedade
brasileira num futuro melhor.
O sistema de educaçã o superior deve contar com um conjunto
diversificado de
instituiçõ es que atendam a diferentes demandas e funçõ es. Seu nú cleo
estratégico há de
ser composto pelas universidades, que exercem as funçõ es que lhe foram
atribuídas pela
Constituiçã o: ensino, pesquisa e extensã o. Esse nú cleo estratégico tem
como missã o
contribuir para o desenvolvimento do País e a reduçã o dos desequilíbrios
regionais, nos
marcos de um projeto nacional. Por esse motivo, estas instituiçõ es devem
ter estreita
articulaçã o com as instituiçõ es de ciência e tecnologia – como aliá s está
indicado na LDB
(art. 86). No mundo contemporâ neo, as rá pidas transformaçõ es destinam
às
universidades o desafio de reunir em suas atividades de ensino, pesquisa e
extensã o, os
requisitos de relevância, incluindo a superaçã o das desigualdades sociais e
regionais,
qualidade e cooperação internacional. As universidades constituem, a
partir da reflexã o e
da pesquisa, o principal instrumento de transmissã o da experiência
cultural e científica
acumulada pela humanidade. Nessas instituiçõ es apropria-se o patrimô nio
do saber
humano que deve ser aplicado ao conhecimento e desenvolvimento do
País e da
sociedade brasileira. A universidade é, simultaneamente, depositá ria e
criadora de
conhecimentos.
A diretriz bá sica para o bom desempenho desse segmento é a autonomia
universitá ria,
exercida nas dimensõ es previstas na Carta Magna: didá tico-científica,
administrativa e de
gestã o financeira e patrimonial.
A Constituiçã o Federal preceitua que o dever do Estado com a educaçã o
efetiva-se
mediante a garantia de, entre outros, acesso aos níveis mais elevados do
ensino, da
pesquisa e da criaçã o artística, segundo a capacidade de cada um.
A pressã o pelo aumento de vagas na educaçã o superior, que decorre do
aumento
acelerado do nú mero de egressos da educaçã o média, já está acontecendo
e tenderá a
crescer. Deve-se planejar a expansã o com qualidade, evitando-se o fá cil
caminho da
massificaçã o. É importante a contribuiçã o do setor privado, que já oferece
a maior parte
das vagas na educaçã o superior e tem um relevante papel a cumprir, desde
que
respeitados os parâ metros de qualidade estabelecidos pelos sistemas de
ensino.
Há necessidade da expansã o das universidades pú blicas para atender à
demanda
crescente dos alunos, sobretudo os carentes, bem como ao
desenvolvimento da pesquisa
necessá ria ao País, que depende dessas instituiçõ es, uma vez que realizam
mais de 90%
da pesquisa e da pó s-graduaçã o nacionais - em sintonia com o papel
constitucional a elas
reservado.
Deve-se assegurar, portanto, que o setor pú blico neste processo, tenha
uma expansã o de
vagas tal que, no mínimo, mantenha uma proporçã o nunca inferior a 40%
do total.
Para promover a renovaçã o do ensino universitá rio brasileiro, é preciso,
também,
reformular o rígido sistema atual de controles burocrá ticos. A efetiva
autonomia das
universidades, a ampliaçã o da margem de liberdade das instituiçõ es nã o-
universitá rias e
a permanente avaliaçã o dos currículos constituem medidas tã o
necessá rias quanto
urgentes, para que a educaçã o superior possa enfrentar as rá pidas
transformaçõ es por
que passa a sociedade brasileira e constituir um pó lo formulador de
caminhos para o
desenvolvimento humano em nosso país.
Deve-se ressaltar, também, que as instituiçõ es nã o vocacionadas para a
pesquisa, mas
que praticam ensino de qualidade e, eventualmente, extensã o, têm um
importante papel a
cumprir no sistema de educaçã o superior e sua expansã o, devendo exercer
inclusive
prerrogativas da autonomia. É o caso dos centros universitá rios.
Ressalte-se a importâ ncia da expansã o de vagas no período noturno,
considerando que
as universidades, sobretudo as federais possuem espaço para este fim,
destacando a
necessidade de se garantir o acesso a laborató rios, bibliotecas e outros
recursos que
assegurem ao aluno-trabalhador o ensino de qualidade a que tem direito
nas mesmas
condiçõ es de que dispõ em os estudantes do período diurno. Esta
providência implicará a
melhoria do indicador referente ao nú mero de docentes por alunos.
É igualmente indispensá vel melhorar a qualidade do ensino oferecido,
para o que constitui
instrumento adequado a institucionalizaçã o de um amplo sistema de
avaliaçã o associada
à ampliaçã o dos programas de pó s -graduaçã o, cujo objetivo é qualificar os
docentes que
atuam na educaçã o superior.
Historicamente, o desenho federativo brasileiro reservou à Uniã o o papel
de atuar na
educaçã o superior. Esta é sua funçã o precípua e que deve atrair a maior
parcela dos
recursos de sua receita vinculada. É importante garantir um financiamento
está vel à s
universidades pú blicas, a partir de uma matriz que considere suas funçõ es
constitucionais.
Ressalte-se que à educaçã o superior está reservado, também, o papel de
fundamentar e
divulgar os conhecimentos ministrados nos outros níveis de ensino, assim
como preparar
seus professores. Assim, nã o só por parte da universidade, mas também
das outras
instituiçõ es de educaçã o superior deve haver nã o só uma estreita
articulaçã o entre este
nível de ensino e os demais como também um compromisso com o
conjunto do sistema
educacional brasileiro.
Finalmente, é necessá rio rever e ampliar, em colaboraçã o com o Ministério
da Ciência e
Tecnologia e com as Fundaçõ es Estaduais de Amparo à Pesquisa, a política
de incentivo
à pó s-graduaçã o e à investigaçã o científica, tecnoló gica e humanística nas
universidades.
4.3 Objetivos e Metas 4
1. Prover, até o final da década, a oferta de educaçã o superior para , pelo
menos, 30% da
faixa etá ria de 18 a 24 anos**
2. Ampliar a oferta de ensino pú blico de modo a assegurar uma proporçã o
nunca inferior a
40% do total das vagas, prevendo inclusive a parceria da Uniã o com os
Estados na
criaçã o de novos estabelecimentos de educaçã o superior.**
3. Estabelecer uma política de expansã o que diminua as desigualdades de
oferta
existentes entre as diferentes regiõ es do País*
4. Estabelecer um amplo sistema interativo de educaçã o a distâ ncia,
utilizando-o,
inclusive, para ampliar as possibilidades de atendimento nos cursos
presenciais,
regulares ou de educaçã o continuada.**
5. Assegurar efetiva autonomia didá tica, científica, administrativa e de
gestã o financeira
para as universidades pú blicas.**
6. Institucionalizar um amplo e diversificado sistema de avaliaçã o interna
e externa que
englobe os setores pú blico e privado, e promova a melhoria da qualidade
do ensino, da
pesquisa, da extensã o e da gestã o acadêmica.*
7. Instituir programas de fomento para que as instituiçõ es de educaçã o
superior
constituam sistemas pró prios e sempre que possível nacionalmente
articulados, de
avaliaçã o institucional e de cursos, capazes de possibilitar a elevaçã o dos
padrõ es de
qualidade do ensino, de extensã o e no caso das universidades, também de
pesquisa.*
8. Estender, com base no sistema de avaliaçã o, diferentes prerrogativas de
autonomia à s
instituiçõ es nã o-universitá rias pú blicas e privadas.*
9. Estabelecer sistema de recredenciamento perió dico das instituiçõ es e
reconhecimento
perió dicos dos cursos superiores, apoiado no sistema nacional de
avaliaçã o.**
10. Diversificar o sistema superior de ensino, favorecendo e valorizando
estabelecimentos
nã o-universitá rios que ofereçam ensino de qualidade e que atendam
clientelas com
demandas específicas de formaçã o: tecnoló gica, profissional liberal, em
novas profissõ es,
para exercício do magistério ou de formaçã o geral.**
11. Estabelecer, em nível nacional, diretrizes curriculares que assegurem a
necessá ria
flexibilidade e diversidade nos programas de estudos oferecidos pelas
diferentes
instituiçõ es de educaçã o superior, de forma a melhor atender à s
necessidades
diferenciais de suas clientelas e à s peculiaridades das regiõ es nas quais se
inserem.*
12. Incluir nas diretrizes curriculares dos cursos de formaçã o de docentes
temas
relacionados à s problemá ticas tratadas nos temas transversais,
especialmente no que se
refere à abordagem tais como: gênero, educaçã o sexual, ética (justiça,
diá logo, respeito
mú tuo, solidariedade e tolerâ ncia), pluralidade cultural, meio ambiente,
saú de e temas
locais.
13. Diversificar a oferta de ensino, incentivando a criaçã o de cursos
noturnos com
propostas inovadoras, de cursos seqü enciais e de cursos modulares, com a
certificaçã o,
permitindo maior flexibilidade na formaçã o e ampliaçã o da oferta de
ensino.**
14. A partir de padrõ es mínimos fixados pelo Poder Pú blico, exigir
melhoria progressiva
da infra-estrutura de laborató rios, equipamentos e bibliotecas, como
condiçã o para o
recredenciamento das instituiçõ es de educaçã o superior e renovaçã o do
reconhecimento
de cursos.*
15. Estimular a consolidaçã o e o desenvolvimento da pó s-graduaçã o e da
pesquisa das
universidades, dobrando, em dez anos, o nú mero de pesquisadores
qualificados.**
16. Promover o aumento anual do nú mero de mestres e de doutores
formados no sistema
nacional de pó s -graduaçã o em, pelo menos, 5%.**
17. Promover levantamentos perió dicos do êxodo de pesquisadores
brasileiros formados,
para outros países, investigar suas causas, desenvolver açõ es imediatas no
sentido de
impedir que o êxodo continue e planejar estratégias de atraçã o desses
pesquisadores,
bem como de talentos provenientes de outros países.**
18. Incentivar a generalizaçã o da prá tica da pesquisa como elemento
integrante e
modernizador dos processos de ensino-aprendizagem em toda a educaçã o
superior,
inclusive com a participaçã o de alunos no desenvolvimento da pesquisa.**
19. Criar políticas que facilitem à s minorias, vítimas de discriminaçã o, o
acesso à
educaçã o superior, através de programas de compensaç ã o de deficiências
de sua
formaçã o escolar anterior, permitindo-lhes, desta forma, competir em
igualdade de
condiçõ es nos processos de seleçã o e admissã o a esse nível de ensino.**
20. Implantar planos de capacitaçã o dos servidores técnico-
administrativos das
instituiçõ es pú blicas de educaçã o superior, sendo de competência da IES
definir a forma
de utilizaçã o dos recursos previstos para esta finalidade.**
21. Garantir, nas instituiçõ es de educaçã o superior, a oferta de cursos de
extensã o, para
atender as necessidades da educaçã o continuada de adultos, com ou sem
formaçã o
superior, na perspectiva de integrar o necessá rio esforço nacional de
resgate da dívida
social e educacional.
22. Garantir a criaçã o de conselhos com a participaçã o da comunidade e de
entidades da
sociedade civil organizada, para acompanhamento e controle social das
atividades
universitá rias, com o objetivo de assegurar o retorno à sociedade dos
resultados das
pesquisas, do ensino e da extensã o.
23. Implantar o Programa de Desenvolvimento da Extensã o Universitá ria
em todas as
Instituiçõ es Federais de Ensino Superior no quadriênio 2001-2004 e
assegurar que, no
mínimo, 10% do total de créditos exigidos para a graduaçã o no ensino
superior no País
será reservado para a atuaçã o dos alunos em açõ es extensionistas.
Modalidades de ensino:
EDUCAÇÃ O DE JOVENS E ADULTOS.
5.2 Diretrizes
As profundas transformaçõ es que vêm ocorrendo em escala mundial, em
virtude do
acelerado avanço científico e tecnoló gico e do fenô meno da globalizaçã o,
têm
implicaçõ es diretas nos valores culturais, na organizaçã o das rotinas
individuais, nas
relaçõ es sociais, na participaçã o política, assim como na reorganizaçã o do
mundo do
trabalho.
A necessidade de contínuo desenvolvimento de capacidades e
competências para
enfrentar essas transformaçõ es alterou a concepçã o tradicional de
educaçã o de jovens e
adultos, nã o mais restrita a um período particular da vida ou a uma
finalidade circunscrita.
Desenvolve-se o conceito de educação ao longo de toda a vida, que há de se
iniciar com
a alfabetizaçã o. Mas nã o basta ensinar a ler e a escrever. Para inserir a
populaçã o no
exercício pleno da cidadania, melhorar sua qualidade de vida e de fruiçã o
do tempo livre e
ampliar suas oportunidades no mercado de trabalho, a educaçã o de jovens
e adultos
deve compreender no mínimo, a oferta de uma formaçã o equivalente à s
oito séries iniciais
do ensino fundamental.
De acordo com a Carta Magna (art. 208, I), a modalidade de ensino
"educaçã o de jovens
e adultos", no nível fundamental deve ser oferecida gratuitamente pelo
Estado a todos os
que a ele nã o tiveram acesso na idade pró pria. Trata-se de um direito
pú blico subjetivo
(CF, art. 208, § 1º). Por isso, compete aos poderes pú blicos disponibilizar
os recursos
para atender a essa educaçã o.
As experiências bem sucedidas de concessã o de incentivos financeiros,
como bolsas de
estudo, devem ser consideradas pelos sistemas de ensino responsá veis
pela educaçã o
de jovens e adultos. Sempre que possível, esta política deve ser integrada
à quelas
dirigidas à s crianças, como as que associam educaçã o e renda mínima.
Assim, dar-se-á
atendimento integral à família.
Para atender a essa clientela, numerosa e heterogênea no que se refere a
interesses e
competências adquiridas na prá tica social, há que se diversificar os
programas. Neste
sentido, é fundamental a participaçã o solidá ria de toda a comunidade, com
o
envolvimento das organizaçõ es da sociedade civil diretamente envolvidas
na temá tica. É
necessá ria, ainda, a produçã o de materiais didá ticos e técnicas
pedagó gicas apropriadas,
além da especializaçã o do corpo docente.
A integraçã o dos programas de educaçã o de jovens e adultos com a
educaçã o
profissional aumenta sua eficá cia, tornando-os mais atrativos. É
importante o apoio dos
empregadores, no sentido de considerar a necessidade de formaçã o
permanente – o que
pode dar-se de diversas formas: organizaçã o de jornadas de trabalho
compatíveis com o
horá rio escolar; concessã o de licenças para freqü ência em cursos de
atualizaçã o;
implantaçã o de cursos de formaçã o de jovens e adultos no pró prio local de
trabalho.
Também é oportuno observar que há milhõ es de trabalhadores inseridos
no amplo
mercado informal, ou à procura de emprego, ou ainda – sobretudo as
mulheres –
envolvidos com tarefas domésticas. Daí a importâ ncia da associaçã o das
políticas de
emprego e proteçã o contra o desemprego à formaçã o de jovens e adultos,
além de
políticas dirigidas para as mulheres, cuja escolarizaçã o têm, ademais, um
grande impacto
na pró xima geraçã o, auxiliando na diminuiçã o do surgimento de "novos
analfabetos".
Como face da pobreza, as taxas de analfabetismo acompanham os
desequilíbrios
regionais brasileiros, tanto no que diz respeito à s regiõ es político-
administrativas, como no
que se refere ao corte urbano/rural. Assim, é importante o
acompanhamento
regionalizado das metas, além de estratégias específicas para a populaçã o
rural.
Cabe, por fim, considerar que o resgate da dívida educacional nã o se
restringe à oferta de
formaçã o equivalente à s quatro séries iniciais do ensino fundamental. A
oferta do ciclo
completo de oito séries à queles que lograrem completar as séries iniciais é
parte
integrante dos direitos assegurados pela Constituiçã o Federal e deve ser
ampliada
gradativamente. Da mesma forma, deve ser garantido, aos que
completaram o ensino
fundamental, o acesso ao ensino médio.
Uma tarefa dessa envergadura necessita da garantia e programaçã o de
recursos
necessá rios. Esta questã o é abordada no capítulo referente ao
financiamento e gestã o.
Embora o financiamento das açõ es pelos poderes pú blicos seja decisivo na
formulaçã o e
conduçã o de estratégias necessá rias para enfrentar o problema dos
déficits educacionais,
é importante ressaltar que, sem uma efetiva contribuiçã o da sociedade
civil, dificilmente o
analfabetismo será erradicado e, muito menos, lograr-se-á universalizar
uma formaçã o
equivalente à s oito séries iniciais do ensino fundamental. Universidades,
igrejas,
sindicatos, entidades estudantis, empresas, associaçõ es de bairros, meios
de
comunicaçã o de massa e organizaçõ es da sociedade civil em geral devem
ser agentes
dessa ampla mobilizaçã o. Dada a importâ ncia de criar oportunidades de
convivência com
um ambiente cultural enriquecedor, há que se buscar parcerias com os
equipamentos
culturais pú blicos, tais como museus e bibliotecas e privados, como
cinemas e teatros.
Assim, as metas que se seguem, imprescindíveis à construçã o da cidadania
no País,
requerem um esforço nacional , com responsabilidade partilhada entre a
Uniã o, os
Estados e o Distrito Federal, os Municípios e a sociedade organizada.
5.3 Objetivos e Metas5
1. Estabelecer, a partir da aprovaçã o do PNE, programas visando a
alfabetizar 10 milhõ es
de jovens e adultos, em cinco anos e, até o final da década, erradicar o
analfabetismo.**
2. Assegurar, em cinco anos, a oferta de educaçã o de jovens e adultos
equivalente à s
quatro séries iniciais do ensino fundamental para 50% da populaçã o de 15
anos e mais
que nã o tenha atingido este nível de escolaridade.**
3. Assegurar, até o final da década, a oferta de cursos equivalentes à s
quatro séries finais
do ensino fundamental para toda a populaçã o de 15 anos e mais que
concluiu as quatro
séries iniciais.**
4. Estabelecer programa nacional, para assegurar que as escolas pú blicas
de ensino
fundamental e médio localizadas em á reas caracterizadas por
analfabetismo e baixa
escolaridade ofereçam programas de alfabetizaçã o e de ensino e exames
para jovens e
adultos, de acordo com as diretrizes curriculares nacionais.**
5. Estabelecer programa nacional de fornecimento, pelo Ministério da
Educaçã o, de
material didá tico-pedagó gico, adequado à clientela, para os cursos em
nível de ensino
fundamental para jovens e adultos, de forma a incentivar a generalizaçã o
das iniciativas
mencionadas na meta anterior.*
6. Realizar, anualmente, levantamento e avaliaçã o de experiências em
alfabetizaçã o de
jovens e adultos, que constituam referência para os agentes integrados ao
esforço
nacional de erradicaçã o do analfabetismo.**
7. Assegurar que os sistemas estaduais de ensino, em regime de
colaboraçã o com os
demais entes federativos, mantenham programas de formaçã o de
educadores de jovens e
adultos, capacitados para atuar de acordo com o perfil da clientela, e
habilitados para no
mínimo, o exercício do magistério nas séries iniciais do ensino
fundamental, de forma a
atender a demanda de ó rgã os pú blicos e privados envolvidos no esforço
de erradicaçã o
do analfabetismo.**
8. Estabelecer políticas que facilitem parcerias para o aproveitamento dos
espaços
ociosos existentes na comunidade, bem como o efetivo aproveitamento do
potencial de
trabalho comunitá rio das entidades da sociedade civil, para a educaçã o de
jovens e
adultos.**
9. Instar Estados e Municípios a procederem um mapeamento, por meio de
censo
educacional, nos termos do art. 5º, §1º da LDB, da populaçã o analfabeta,
por bairro ou
distrito das residências e/ou locais de trabalho, visando localizar e induzir
a demanda e
programar a oferta de educaçã o de jovens e adultos para essa populaçã o.**
10. Reestruturar, criar e fortalecer, nas secretarias estaduais e municipais
de educaçã o,
setores pró prios incumbidos de promover a educaçã o de jovens e adultos.
11. Estimular a concessã o de créditos curriculares aos estudantes de
educaçã o superior e
de cursos de formaçã o de professores em nível médio que participarem de
programas de
educaçã o de jovens e adultos.
12. Elaborar, no prazo de um ano, parâ metros nacionais de qualidade para
as diversas
etapas da educaçã o de jovens e adultos, respeitando-se as especificidades
da clientela e
a diversidade regional.*
13. Aperfeiçoar o sistema de certificaçã o de competências para
prosseguimento de
estudos.**
14. Expandir a oferta de programas de educaçã o a distâ ncia na modalidade
de educaçã o
de jovens e adultos, incentivando seu aproveitamento nos cursos
presenciais.**
15. Sempre que possível, associar ao ensino fundamental para jovens e
adultos a oferta
de cursos bá sicos de formaçã o profissional.
16. Dobrar em cinco anos e quadruplicar em dez anos a capacidade de
atendimento nos
cursos de nível médio para jovens e adultos.**
17. Implantar, em todas as unidades prisionais e nos estabelecimentos que
atendam
adolescentes e jovens infratores, programas de educaçã o de jovens e
adultos de nível
fundamental e médio, assim como de formaçã o profissional, contemplando
para esta
clientela as metas n° 5 e nº 14.**
18. Incentivar as instituiçõ es de educaçã o superior a oferecerem cursos de
extensã o para
prover as necessidades de educaçã o continuada de adultos, tenham ou nã o
formaçã o de
nível superior.**
19. Estimular as universidades e organizaçõ es nã o-governamentais a
oferecer cursos
dirigidos à terceira idade.
20. Realizar em todos os sistemas de ensino, a cada dois anos, avaliaçã o e
divulgaçã o
dos resultados dos programas de educaçã o de jovens e adultos, como
instrumento para
assegurar o cumprimento das metas do Plano.
21. Realizar estudos específicos com base nos dados do censo demográ fico
da PNAD, de
censos específicos (agrícola, penitenciá rio, etc) para verificar o grau de
escolarizaçã o da
populaçã o.**
22. Articular as políticas de educaçã o de jovens e adultos com as de
proteçã o contra o
desemprego e de geraçã o de empregos .**
23. Nas empresas pú blicas e privadas incentivar a criaçã o de programas
permanentes de
educaçã o de jovens e adultos para os seus trabalhadores, assim como de
condiçõ es para
a recepçã o de programas de teleducaçã o.
24. Articular as políticas de educaçã o de jovens e adultos com as culturais,
de sorte que
sua clientela seja beneficiá ria de açõ es que permitam ampliar seus
horizontes culturais.
25. Observar, no que diz respeito à educaçã o de jovens e adultos, as metas
estabelecidas
para o ensino fundamental, formaçã o dos professores, educaçã o a
distâ ncia,
financiamento e gestã o, educaçã o tecnoló gica, formaçã o profissional e
educaçã o
indígena.
26. Incluir, a partir da aprovaçã o do Plano Nacional de Educaçã o, a
Educaçã o de Jovens
e Adultos nas formas de financiamento da Educaçã o Bá sica.

EDUCAÇÃ O A DISTÂ NCIA E TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS

6.2 Diretrizes
Ao estabelecer que o Poder Pú blico incentivará o desenvolvimento de
programas de
educaçã o a distâ ncia, em todos os níveis e modalidades de ensino, a Lei de
Diretrizes e
Bases da Educaçã o Nacional introduziu uma abertura de grande alcance
para a política
educacional. É preciso ampliar o conceito de educaçã o a distâ ncia para
poder incorporar
todas as possibilidades que as tecnologias de comunicaçã o possam
propiciar a todos os
níveis e modalidades de educaçã o, seja por meio de correspondência,
transmissã o
radiofô nica e televisiva, programas de computador, internet, seja por meio
dos mais
recentes processos de utilizaçã o conjugada de meios como a telemá tica e a
multimídia.
O material escrito, parte integrante e essencial para a eficá cia desta
modalidade de
educaçã o, deverá apresentar a mesma qualidade dos materiais
audiovisuais.
No conjunto da oferta de programas para formaçã o a distâ ncia, há
certamente que
permitir-se a multiplicaçã o de iniciativas. Os programas educativos e
culturais devem ser
incentivados dentro do espírito geral da liberdade de imprensa,
consagrada pela
Constituiçã o Federal, embora sujeitos a padrõ es de qualidade que
precisam ser objeto de
preocupaçã o nã o só dos ó rgã os governamentais, mas também dos
pró prios produtores,
por meio de um sistema de auto-regulamentaçã o. Quando se trata,
entretanto, de cursos
regulares, que dêem direito a certificados ou diplomas, a regulamentaçã o e
o controle de
qualidade por parte do Poder Pú blico sã o indispensá veis e devem ser
rigorosos.
Há , portanto, que distinguirem-se claramente as políticas dirigidas para o
incentivo de
programas educativos em geral e aquelas formuladas para controlar e
garantir a
qualidade dos programas que levam à certificaçã o ou diploma.
A Lei de Diretrizes e Bases considera a educaçã o a distâ ncia como um
importante
instrumento de formaçã o e capacitaçã o de professores em serviço. Numa
visã o
prospectiva, de prazo razoavelmente curto, é preciso aproveitar melhor a
competência
existente no ensino superior presencial para institucionalizar a oferta de
cursos de
graduaçã o e iniciar um projeto de universidade aberta que dinamize o
processo de
formaçã o de profissionais qualificados, de forma a atender as demandas
da sociedade
brasileira.
As tecnologias utilizadas na educaçã o a distâ ncia nã o podem, entretanto,
ficar restritas a
esta finalidade. Elas constituem hoje um instrumento de enorme potencial
para o
enriquecimento curricular e a melhoria da qualidade do ensino presencial.
Para isto, é
fundamental equipar as escolas com multimeios, capacitar os professores
para utilizá -los,
especialmente na Escola Normal, nos cursos de Pedagogia e nas
Licenciaturas, e integrar
a informá tica na formaçã o regular dos alunos.
A televisã o, o vídeo, o rá dio e o computador constituem importantes
instrumentos
pedagó gicos auxiliares, nã o devendo substituir, no entanto, as relaçõ es de
comunicaçã o e
interaçã o direta entre educador e educando.
Só será permitida a celebraçã o de contratos onerosos para a
retransmissã o de programa
de Educaçã o à Distâ ncia com redes de televisã o e de rá dio quando nã o
houver cobertura
da Televisã o e de Rá dio Educativa, bem como a elaboraçã o dos programas
será
realizada pelas Secretarias Estaduais, Municipais ou pelo Ministério da
Educaçã o.
6.3 Objetivos e Metas 6
1. A Uniã o deverá estabelecer, dentro de um ano, normas para
credenciamento das
instituiçõ es que ministram cursos a distâ ncia .
2. Estabelecer, dentro de 2 anos, em cooperaçã o da Uniã o com os Estados e
Municípios,
padrõ es éticos e estéticos mediante os quais será feita a avaliaçã o da
produçã o de
programas de educaçã o a distâ ncia.*
3. Utilizar os canais educativos televisivos e radiofô nicos, assim como
redes telemá ticas
de educaçã o, para a disseminaçã o de programas culturais e educativos,
assegurando à s
escolas e à comunidade condiçõ es bá sicas de acesso a esses meios.**
4. Garantir a integraçã o de açõ es dos Ministérios da Educaçã o, da Cultura,
do Trabalho,
da Ciência e Tecnologia e das Comunicaçõ es para o desenvolvimento da
educaçã o a
distâ ncia no País, pela ampliaçã o da infra-estrutura tecnoló gica e pela
reduçã o de custos
dos serviços de comunicaçã o e informaçã o, criando, em dois anos, um
programa que
assegure essa colaboraçã o.
5. Enviar ao Congresso Nacional, no prazo de um ano, proposta de
regulamentaçã o da
reserva de tempo mínimo, sem ô nus para o Poder Pú blico, para
transmissã o de
programas educativos pelos canais comerciais de rá dio e televisã o,
inclusive em horá rios
nobres.*
6. Fortalecer e apoiar o Sistema Nacional de Rá dio e Televisã o Educativa,
comprometendo-o a desenvolver programas que atendam as metas
propostas neste
capítulo.
7. Promover imagens nã o estereotipadas de homens e mulheres na
Televisã o Educativa,
incorporando em sua programaçã o temas que afirmem pela igualdade de
direitos entre
homens e mulheres, assim como a adequada abordagem de temas
referentes à etnia e
portadores de necessidades especiais.*
8. Ampliar a oferta de programas de formaçã o a distâ ncia para a educaçã o
de jovens e
adultos, especialmente no que diz respeito à oferta de ensino fundamental,
com especial
consideraçã o para o potencial dos canais radiofô nicos e para o
atendimento da populaçã o
rural.
9. Promover, em parceria com o Ministério do Trabalho, as empresas, os
serviços
nacionais de aprendizagem e as escolas técnicas federais, a produçã o e
difusã o de
programas de formaçã o profissional a distâ ncia.**
10. Promover, com a colaboraçã o da Uniã o e dos Estados e em parceria
com instituiçõ es
de ensino superior, a produçã o de programas de educaçã o a distâ ncia de
nível médio.**
11. Iniciar, logo apó s a aprovaçã o do Plano, a oferta de cursos a distâ ncia,
em nível
superior, especialmente na á rea de formaçã o de professores para a
educaçã o bá sica.**
12. Ampliar, gradualmente, a oferta de formaçã o a distâ ncia em nível
superior para todas
as á reas, incentivando a participaçã o das universidades e das demais
instituiçõ es de
educaçã o superior credenciadas.**
13. Incentivar, especialmente nas universidades, a formaçã o de recursos
humanos para
educaçã o a distâ ncia.**
14. Apoiar financeira e institucionalmente a pesquisa na á rea de educaçã o
a distâ ncia.**
15. Assegurar à s escolas pú blicas, de nível fundamental e médio, o acesso
universal à
televisã o educativa e a outras redes de programaçã o educativo-cultural,
com o
fornecimento do equipamento correspondente, promovendo sua
integraçã o no projeto
pedagó gico da escola.*
16. Capacitar, em cinco anos, pelo menos 500.000 professores para a
utilizaçã o plena da
TV Escola e de outras redes de programaçã o educacional.**
17. Instalar, em dez anos, 2.000 nú cleos de tecnologia educacional, os
quais deverã o
atuar como centros de orientaçã o para as escolas e para os ó rgã os
administrativos dos
sistemas de ensino no acesso aos programas informatizados e aos vídeos
educativos.**
18. Instalar, em cinco anos, 500.000 computadores em 30.000 escolas
pú blicas de ensino
fundamental e médio, promovendo condiçõ es de acesso à internet.*
19. Capacitar, em dez anos, 12.000 professores multiplicadores em
informá tica da
educaçã o.**
20. Capacitar, em cinco anos, 150.000 professores e 34.000 técnicos em
informá tica
educativa e ampliar em 20% ao ano a oferta dessa capacitaçã o.**
21. Equipar, em dez anos, todas as escolas de nível médio e todas as
escolas de ensino
fundamental com mais de 100 alunos, com computadores e conexõ es
internet que
possibilitem a instalaçã o de uma Rede Nacional de Informá tica na
Educaçã o e
desenvolver programas educativos apropriados, especialmente a
produçã o de softwares
educativos de qualidade.**
22. Observar, no que diz respeito à educaçã o a distâ ncia e à s novas
tecnologias
educacionais, as metas pertinentes incluídas nos capítulos referentes à
educaçã o infantil,
à formaçã o de professores, à educaçã o de jovens e adultos, à educaçã o
indígena e à
educaçã o especial.

EDUCAÇÃ O TECNOLÓ GICA E FORMAÇÃ O PROFISSIONAL

7.2 Diretrizes
Há um consenso nacional: a formaçã o para o trabalho exige hoje níveis
cada vez mais
altos de educaçã o bá sica, geral, nã o podendo esta ficar reduzida à
aprendizagem de
algumas habilidades técnicas, o que nã o impede o oferecimento de cursos
de curta
duraçã o voltados para a adaptaçã o do trabalhador à s oportunidades do
mercado de
trabalho, associados à promoçã o de níveis crescentes de escolarizaçã o
regular.
Finalmente, entende-se que a educaçã o profissional nã o pode ser
concebida apenas
como uma modalidade de ensino médio, mas deve constituir educaçã o
continuada, que
perpassa toda a vida do trabalhador.
Por isso mesmo, estã o sendo implantadas novas diretrizes no sistema
pú blico de
educaçã o profissional, associadas à reforma do ensino médio. Prevê-se que
a educaçã o
profissional, sob o ponto de vista operacional, seja estruturada nos níveis
bá sico –
independente do nível de escolarizaçã o do aluno, técnico ? complementar
ao ensino médio
e tecnoló gico ? superior de graduaçã o ou de pó s-graduaçã o.
Prevê-se, ainda, a integraçã o desses dois tipos de formaçã o: a formal,
adquirida em
instituiçõ es especializadas, e a nã o-formal, adquirida por meios diversos,
inclusive no
trabalho. Estabelece para isso um sistema flexível de reconhecimento de
créditos obtidos
em qualquer uma das modalidades e certifica competências adquiridas por
meios nã oformais
de educaçã o profissional. É importante também considerar que a oferta de
educaçã o profissional é responsabilidade igualmente compartilhada entre
o setor
educacional, o Ministério do Trabalho, secretarias do trabalho, serviços
sociais do
comércio, da agricultura e da indú stria e os sistemas nacionais de
aprendizagem. Os
recursos provêm, portanto, de mú ltiplas fontes. É necessá rio também, e
cada vez mais,
contar com recursos das pró prias empresas, as quais devem financiar a
qualificaçã o dos
seus trabalhadores, como ocorre nos países desenvolvidos. A política de
educaçã o
profissional é, portanto, tarefa que exige a colaboraçã o de mú ltiplas
instâ ncias do Poder
Pú blico e da sociedade civil.
As metas do Plano Nacional de Educaçã o estã o voltadas para a
implantaçã o de uma
nova educaçã o profissional no País e para a integraçã o das iniciativas. Têm
como
objetivo central generalizar as oportunidades de formaçã o para o trabalho,
de
treinamentos, mencionando, de forma especial, o trabalhador rural.
7.3 Objetivos e Metas7
1. Estabelecer, dentro de dois anos, um sistema integrado de informaçõ es,
em parceria
com agências governamentais e instituiçõ es privadas, que oriente a
política educacional
para satisfazer as necessidades de formaçã o inicial e continuada da força
de trabalho.*
2. Estabelecer a permanente revisã o e adequaçã o à s exigências de uma
política de
desenvolvimento nacional e regional, dos cursos bá sicos, técnicos e
superiores da
educaçã o profissional, observadas as ofertas do mercado de trabalho, em
colaboraçã o
com empresá rios e trabalhadores nas pró prias escolas e em todos os
níveis de governo.
3. Mobilizar, articular e aumentar a capacidade instalada na rede de
instituiçõ es de
educaçã o profissional, de modo a triplicar, a cada cinco anos, a oferta de
cursos bá sicos
destinados a atender à populaçã o que está sendo excluída do mercado de
trabalho,
sempre associados à educaçã o bá sica, sem prejuízo de que sua oferta seja
conjugada
com açõ es para elevaçã o da escolaridade.**
4. Integrar a oferta de cursos bá sicos profissionais, sempre que possível,
com a oferta de
programas que permitam aos alunos que nã o concluíram o ensino
fundamental obter
formaçã o equivalente.**
5. Mobilizar, articular e ampliar a capacidade instalada na rede de
instituiçõ es de
educaçã o profissional, de modo a triplicar, a cada cinco anos, a oferta de
formaçã o de
nível técnico aos alunos nelas matriculados ou egressos do ensino
médio.**
6. Mobilizar, articular e ampliar a capacidade instalada na rede de
instituiçõ es de
educaçã o profissional, de modo a triplicar, a cada cinco anos, a oferta de
educaçã o
profissional permanente para a populaçã o em idade produtiva e que
precisa se readaptar
à s novas exigências e perspectivas do mercado de trabalho.**
7. Modificar, dentro de um ano, as normas atuais que regulamentam a
formaçã o de
pessoal docente para essa modalidade de ensino, de forma a aproveitar e
valorizar a
experiência profissional dos formadores.*
8. Estabelecer, com a colaboraçã o entre o Ministério da Educaçã o, o
Ministério do
Trabalho, as universidades, os CEFETs, as escolas técnicas de nível
superior, os serviços
nacionais de aprendizagem e a iniciativa privada, programas de formaçã o
de formadores
para a educaçã o tecnoló gica e formaçã o profissional.**
9. Transformar, gradativamente, unidades da rede de educaçã o técnica
federal em
centros pú blicos de educaçã o profissional e garantir, até o final da década,
que pelo
menos um desses centros em cada unidade federada possa servir como
centro de
referência para toda a rede de educaçã o profissional, notadamente em
matéria de
formaçã o de formadores e desenvolvimento metodoló gico.*
10. Estabelecer parcerias entre os sistemas federal, estaduais e municipais
e a iniciativa
privada, para ampliar e incentivar a oferta de educaçã o profissional.**
11. Incentivar, por meio de recursos pú blicos e privados, a produçã o de
programas de
educaçã o a distâ ncia que ampliem as possibilidades de educaçã o
profissional
permanente para toda a populaçã o economicamente ativa.*
12. Reorganizar a rede de escolas agrotécnicas, de forma a garantir que
cumpram o
papel de oferecer educaçã o profissional específica e permanente para a
populaçã o rural,
levando em conta seu nível de escolarizaçã o e as peculiaridades e
potencialidades da
atividade agrícola na regiã o.*
13. Estabelecer junto à s escolas agrotécnicas e em colaboraçã o com o
Ministério da
Agricultura cursos bá sicos para agricultores, voltados para a melhoria do
nível técnico das
prá ticas agrícolas e da preservaçã o ambiental, dentro da perspectiva do
desenvolvimento
auto-sustentá vel.*
14. Estimular permanentemente o uso das estruturas pú blicas e privadas
nã o só para os
cursos regulares, mas também para o treinamento e retreinamento de
trabalhadores com
vistas a inseri-los no mercado de trabalho com mais condiçõ es de
competitividade e
produtividade, possibilitando a elevaçã o de seu nível educacional, técnico
e de renda.
15. Observar as metas estabelecidas nos demais capítulos referentes à
educaçã o
tecnoló gica e formaçã o profissional.

EDUCAÇÃ O ESPECIAL

8.2 Diretrizes
A educaçã o especial se destina à s pessoas com necessidades especiais no
campo da
aprendizagem, originadas quer de deficiência física, sensorial, mental ou
mú ltipla, quer de
características como altas habilidades, superdotaçã o ou talentos .
A integraçã o dessas pessoas no sistema de ensino regular é uma diretriz
constitucional
(art. 208, III), fazendo parte da política governamental há pelo menos uma
década. Mas,
apesar desse relativamente longo período, tal diretriz ainda nã o produziu
a mudança
necessá ria na realidade escolar, de sorte que todas as crianças, jovens e
adultos com
necessidades especiais sejam atendidos em escolas regulares, sempre que
for
recomendado pela avaliaçã o de suas condiçõ es pessoais. Uma política
explícita e
vigorosa de acesso à educaçã o, de responsabilidade da Uniã o, dos Estados
e Distrito
Federal e dos Municípios, é uma condiçã o para que à s pessoas especiais
sejam
assegurados seus direitos à educaçã o. Tal política abrange: o âmbito social,
do
reconhecimento das crianças, jovens e adultos especiais como cidadã os e
de seu direito
de estarem integrados na sociedade o mais plenamente possível; e o
âmbito educacional,
tanto nos aspectos administrativos (adequaçã o do espaço escolar, de seus
equipamentos
e materiais pedagó gicos), quanto na qualificaçã o dos professores e demais
profissionais
envolvidos. O ambiente escolar como um todo deve ser sensibilizado para
uma perfeita
integraçã o. Propõ e-se uma escola integradora, inclusiva, aberta à
diversidade dos alunos,
no que a participaçã o da comunidade é fator essencial. Quanto à s escolas
especiais, a
política de inclusã o as reorienta para prestarem apoio aos programas de
integraçã o.
A educaçã o especial, como modalidade de educaçã o escolar, terá que ser
promovida
sistematicamente nos diferentes níveis de ensino. A garantia de vagas no
ensino regular
para os diversos graus e tipos de deficiência é uma medida importante.
Entre outras características dessa política, sã o importantes a flexibilidade
e a diversidade,
quer porque o espectro das necessidades especiais é variado, quer porque
as realidades
sã o bastante diversificadas no País.
A Uniã o tem um papel essencial e insubstituível no planejamento e
direcionamento da
expansã o do atendimento, uma vez que as desigualdades regionais na
oferta educacional
atestam uma enorme disparidade nas possibilidades de acesso à escola
por parte dessa
populaçã o especial. O apoio da Uniã o é mais urgente e será mais
necessá rio onde se
verificam os maiores déficits de atendimento.
Quanto mais cedo se der a intervençã o educacional, mais eficaz ela se
tornará no
decorrer dos anos, produzindo efeitos mais profundos sobre o
desenvolvimento das
crianças. Por isso, o atendimento deve começar precocemente, inclusive
como forma
preventiva. Na hipó tese de nã o ser possível o atendimento durante a
educaçã o infantil, há
que se detectarem as deficiências, como as visuais e auditivas, que podem
dificultar a
aprendizagem escolar, quando a criança ingressa no ensino fundamental.
Existem testes
simples, que podem ser aplicados pelos professores, para a identificaçã o
desses
problemas e seu adequado tratamento. Em relaçã o à s crianças com altas
habilidades
(superdotadas ou talentosas), a identificaçã o levará em conta o contexto
só cio-econô mico
e cultural e será feita por meio de observaçã o sistemá tica do
comportamento e do
desempenho do aluno, com vistas a verificar a intensidade, a freqü ência e
a consistência
dos traços, ao longo de seu desenvolvimento.
Considerando as questõ es envolvidas no desenvolvimento e na
aprendizagem das
crianças, jovens e adultos com necessidades especiais, a articulaçã o e a
cooperaçã o
entre os setores de educaçã o, saú de e assistência é fundamental e
potencializa a açã o
de cada um deles. Como é sabido, o atendimento nã o se limita à á rea
educacional, mas
envolve especialistas sobretudo da á rea da saú de e da psicologia e
depende da
colaboraçã o de diferentes ó rgã os do Poder Pú blico, em particular os
vinculados à saú de,
assistência e promoçã o social, inclusive em termos de recursos. É medida
racional que se
evite a duplicaçã o de recursos através da articulaçã o daqueles setores
desde a fase de
diagnó stico de déficits sensoriais até as terapias específicas. Para a
populaçã o de baixa
renda, há ainda necessidade de ampliar, com a colaboraçã o dos
Ministérios da Saú de e
da Previdência, ó rgã os oficiais e entidades nã o-governamentais de
assistência social, os
atuais programas para oferecimento de ó rteses e pró teses de diferentes
tipos. O
Programa de Renda Mínima Associado a Açõ es Só cio-educativas (Lei
n.9.533/97)
estendido a essa clientela, pode ser um importante meio de garantir-lhe o
acesso e à
freqü ência à escola.
A formaçã o de recursos humanos com capacidade de oferecer o
atendimento aos
educandos especiais nas creches, pré-escolas, centros de educaçã o infantil,
escolas
regulares de ensino fundamental, médio e superior, bem como em
instituiçõ es
especializadas e outras instituiçõ es é uma prioridade para o Plano
Nacional de Educaçã o.
Nã o há como ter uma escola regular eficaz quanto ao desenvolvimento e
aprendizagem
dos educandos especiais sem que seus professores, demais técnicos,
pessoal
administrativo e auxiliar sejam preparados para atendê-los
adequadamente. As classes
especiais, situadas nas escolas "regulares", destinadas aos alunos
parcialmente
integrados, precisam contar com professores especializados e material
pedagó gico
adequado.
As escolas especiais devem ser enfatizadas quando as necessidades dos
alunos assim o
indicarem. Quando esse tipo de instituiçã o nã o puder ser criado nos
Municípios menores
e mais pobres, recomenda-se a celebraçã o de convênios intermunicipais e
com
organizaçõ es nã o-governamentais, para garantir o atendimento da
clientela.
Certas organizaçõ es da sociedade civil, de natureza filantró pica, que
envolvem os pais de
crianças especiais, têm, historicamente, sido um exemplo de compromisso
e de eficiência
no atendimento educacional dessa clientela, notadamente na etapa da
educaçã o infantil.
Longe de diminuir a responsabilidade do Poder Pú blico para com a
educaçã o especial, o
apoio do governo a tais organizaçõ es visa tanto à continuidade de sua
colaboraçã o
quanto à maior eficiência por contar com a participaçã o dos pais nessa
tarefa. Justificase,
portanto, o apoio do governo a essas instituiçõ es como parceiras no
processo
educacional dos educandos com necessidades especiais.
Requer-se um esforço determinado das autoridades educacionais para
valorizar a
permanência dos alunos nas classes regulares, eliminando a nociva prá tica
de
encaminhamento para classes especiais daqueles que apresentam
dificuldades comuns
de aprendizagem, problemas de dispersã o de atençã o ou de disciplina. A
esses deve ser
dado maior apoio pedagó gico nas suas pró prias classes, e nã o separá -los
como se
precisassem de atendimento especial.
Considerando que o aluno especial pode ser também da escola regular, os
recursos
devem, também, estar previstos no ensino fundamental. Entretanto, tendo
em vista as
especificidades dessa modalidade de educaçã o e a necessidade de
promover a
ampliaçã o do atendimento, recomenda-se reservar-lhe uma parcela
equivalente a 5 ou
6% dos recursos vinculados à manutençã o e desenvolvimento do ensino.
8.3 Objetivos e Metas8
1. Organizar, em todos os Municípios e em parceria com as á reas de saú de
e assistência,
programas destinados a ampliar a oferta da estimulaçã o precoce
(interaçã o educativa
adequada) para as crianças com necessidades educacionais especiais, em
instituiçõ es
especializadas ou regulares de educaçã o infantil, especialmente creches. **
2. Generalizar, em cinco anos, como parte dos programas de formaçã o em
serviço, a
oferta de cursos sobre o atendimento bá sico a educandos especiais, para
os professores
em exercício na educaçã o infantil e no ensino fundamental, utilizando
inclusive a TV
Escola e outros programas de educaçã o a distâ ncia.
3. Garantir a generalizaçã o, em cinco anos, da aplicaçã o de testes de
acuidade visual e
auditiva em todas as instituiçõ es de educaçã o infantil e do ensino
fundamental, em
parceria com a á rea de saú de, de forma a detectar problemas e oferecer
apoio adequado
à s crianças especiais.
4. Nos primeiros cinco anos de vigência deste plano, redimensionar
conforme as
necessidades da clientela, incrementando, se necessá rio, as classes
especiais, salas de
recursos e outras alternativas pedagó gicas recomendadas, de forma a
favorecer e apoiar
a integraçã o dos educandos com necessidades especiais em classes
comuns,
fornecendo-lhes o apoio adicional de que precisam.
5. Generalizar, em dez anos, o atendimento dos alunos com necessidades
especiais na
educaçã o infantil e no ensino fundamental, inclusive através de consó rcios
entre
Municípios, quando necessá rio, provendo, nestes casos, o transporte
escolar.
6. Implantar, em até quatro anos, em cada unidade da Federaçã o, em
parceria com as
á reas de saú de, assistência social, trabalho e com as organizaçõ es da
sociedade civil,
pelo menos um centro especializado, destinado ao atendimento de pessoas
com severa
dificuldade de desenvolvimento. **
7. Ampliar, até o final da década, o nú mero desses centros, de sorte que as
diferentes
regiõ es de cada Estado contem com seus serviços.
8. Tornar disponíveis, dentro de cinco anos, livros didá ticos falados, em
braille e em
caracteres ampliados, para todos os alunos cegos e para os de visã o
subnormal do
ensino fundamental.**
9. Estabelecer, em cinco anos, em parceria com as á reas de assistência
social e cultura e
com organizaçõ es nã o-governamentais, redes municipais ou
intermunicipais para tornar
disponíveis aos alunos cegos e aos de visã o sub-normal livros de literatura
falados, em
braille e em caracteres ampliados.
10. Estabelecer programas para equipar, em cinco anos, as escolas de
educaçã o bá sica
e, em dez anos, as de educaçã o superior que atendam educandos surdos e
aos de visã o
sub-normal, com aparelhos de amplificaçã o sonora e outros equipamentos
que facilitem a
aprendizagem, atendendo-se, prioritariamente, as classes especiais e salas
de
recursos.**
11. Implantar, em cinco anos, e generalizar em dez anos, o ensino da
Língua Brasileira de
Sinais para os alunos surdos e, sempre que possível, para seus familiares e
para o
pessoal da unidade escolar, mediante um programa de formaçã o de
monitores, em
parceria com organizaçõ es nã o-governamentais. **
12. Em coerência com as metas nºs 2, 3 e 4, da educaçã o infantil e metas
nºs 4.d, 5 e 6,
do ensino fundamental:
a) estabelecer, no primeiro ano de vigência deste plano, os padrõ es
mínimos de infraestrutura
das escolas para o recebimento dos alunos especiais;**
b) a partir da vigência dos novos padrõ es, somente autorizar a construçã o
de prédios
escolares, pú blicos ou privados, em conformidade aos já definidos
requisitos de infraestrutura
para atendimento dos alunos especiais;
c) adaptar, em cinco anos, os prédios escolares existentes, segundo
aqueles padrõ es.
13. Definir, em conjunto com as entidades da á rea, nos dois primeiros anos
de vigência
deste plano, indicadores bá sicos de qualidade para o funcionamento de
instituiçõ es de
educaçã o especial, pú blicas e privadas, e generalizar, progressivamente,
sua
observâ ncia. **
14. Ampliar o fornecimento e uso de equipamentos de informá tica como
apoio à
aprendizagem do educando com necessidades especiais, inclusive através
de parceria
com organizaçõ es da sociedade civil voltadas para esse tipo de
atendimento. **
15. Assegurar, durante a década, transporte escolar com as adaptaçõ es
necessá rias aos
alunos que apresentem dificuldade de locomoçã o. **
16. Assegurar a inclusã o, no projeto pedagó gico das unidades escolares, do
atendimento
à s necessidades educacionais especiais de seus alunos, definindo os
recursos
disponíveis e oferecendo formaçã o em serviço aos professores em
exercício.
17. Articular as açõ es de educaçã o especial e estabelecer mecanismos de
cooperaçã o
com a política de educaçã o para o trabalho, em parceria com organizaçõ es
governamentais e nã o-governamentais, para o desenvolvimento de
programas de
qualificaçã o profissional para alunos especiais, promovendo sua colocaçã o
no mercado
de trabalho. Definir condiçõ es para a terminalidade para os educandos que
nã o puderem
atingir níveis ulteriores de ensino. **
18. Estabelecer cooperaçã o com as á reas de saú de, previdência e
assistência social
para, no prazo de dez anos, tornar disponíveis ó rteses e pró teses para
todos os
educandos com deficiências, assim como atendimento especializado de
saú de, quando
for o caso.
19. Incluir nos currículos de formaçã o de professores, nos níveis médio e
superior,
conteú dos e disciplinas específicas para a capacitaçã o ao atendimento dos
alunos
especiais.**
20. Incluir ou ampliar, especialmente nas universidades pú blicas,
habilitaçã o específica,
em níveis de graduaçã o e pó s -graduaçã o, para formar pessoal
especializado em
educaçã o especial, garantindo, em cinco anos, pelo menos um curso desse
tipo em cada
unidade da Federaçã o. **
21. Introduzir, dentro de três anos a contar da vigência deste plano,
conteú dos
disciplinares referentes aos educandos com necessidades especiais nos
cursos que
formam profissionais em á reas relevantes para o atendimento dessas
necessidades,
como Medicina, Enfermagem e Arquitetura, entre outras. **
22. Incentivar, durante a década, a realizaçã o de estudos e pesquisas,
especialmente
pelas instituiçõ es de ensino superior, sobre as diversas á reas relacionadas
aos alunos
que apresentam necessidades especiais para a aprendizagem.**
23. Aumentar os recursos destinados à educaçã o especial, a fim de atingir,
em dez anos,
o mínimo equivalente a 5% dos recursos vinculados à manutençã o e
desenvolvimento do
ensino, contando, para tanto, com as parcerias com as á reas de saú de,
assistência social,
trabalho e previdência, nas açõ es referidas nas metas nºs 6, 9, 11, 14, 17 e
18. **
24. No prazo de três anos a contar da vigência deste plano, organizar e pô r
em
funcionamento em todos os sistemas de ensino um setor responsá vel pela
educaçã o
especial, bem como pela administraçã o dos recursos orçamentá rios
específicos para o
atendimento dessa modalidade, que possa atuar em parceria com os
setores de saú de,
assistência social, trabalho e previdência e com as organizaçõ es da
sociedade civil.
25. Estabelecer um sistema de informaçõ es completas e fidedignas sobre a
populaçã o a
ser atendida pela educaçã o especial, a serem coletadas pelo censo
educacional e pelos
censos populacionais. *
26. Implantar gradativamente, a partir do primeiro ano deste plano,
programas de
atendimento aos alunos com altas habilidades nas á reas artística,
intelectual ou
psicomotora.
27. Assegurar a continuidade do apoio técnico e financeiro à s instituiçõ es
privadas sem
fim lucrativo com atuaçã o exclusiva em educaçã o especial, que realizem
atendimento de
qualidade, atestado em avaliaçã o conduzida pelo respectivo sistema de
ensino.
28. Observar, no que diz respeito a essa modalidade de ensino, as metas
pertinentes
estabelecidas nos capítulos referentes aos níveis de ensino, à formaçã o de
professores e
ao financiamento e gestã o.

EDUCAÇÃ O INDIGENA

9.2 Diretrizes
A Constituiçã o Federal assegura à s comunidades indígenas a utilizaçã o de
suas línguas
maternas e processos pró prios de aprendizagem.
A coordenaçã o das açõ es escolares de educaçã o indígena está , hoje, sob
responsabilidade do Ministério de Educaçã o, cabendo aos Estados e Munic
ípios, a sua
execuçã o.
A proposta de uma escola indígena diferenciada, de qualidade, representa
uma grande
novidade no sistema educacional do País e exige das instituiçõ es e ó rgã os
responsá veis
a definiçã o de novas dinâ micas, concepçõ es e mecanismos, tanto para que
estas escolas
sejam de fato incorporadas e beneficiadas por sua inclusã o no sistema
oficial, quanto
para que sejam respeitadas em suas particularidades.
A educaçã o bilíngü e, adequada à s peculiaridades culturais dos diferentes
grupos, é
melhor atendida através de professores índios. É preciso reconhecer que a
formaçã o
inicial e continuada dos pró prios índios, enquanto professores de suas
comunidades,
deve ocorrer em serviço e concomitantemente à sua pró pria escolarizaçã o.
A formaçã o
que se contempla deve capacitar os professores para a elaboraçã o de
currículos e
programas específicos para as escolas indígenas; o ensino bilíngü e, no que
se refere à
metodologia e ensino de segundas línguas e ao estabelecimento e uso de
um sistema
ortográ fico das línguas maternas; a conduçã o de pesquisas de cará ter
antropoló gico
visando à sistematizaçã o e incorporaçã o dos conhecimentos e saberes
tradicionais das
sociedades indígenas e à elaboraçã o de materiais didá tico-pedagó gicos,
bilíngü es ou
nã o, para uso nas escolas instaladas em suas comunidades.
9.3 Objetivos e Metas9
1. Atribuir aos Estados a responsabilidade legal pela educaçã o indígena,
quer
diretamente, quer através de delegaçã o de responsabilidades aos seus
Municípios, sob a
coordenaçã o geral e com o apoio financeiro do Ministério da Educaçã o.**
2. Universalizar imediatamente a adoçã o das diretrizes para a política
nacional de
educaçã o escolar indígena e os parâ metros curriculares estabelecidos pelo
Conselho
Nacional de Educaçã o e pelo Ministério da Educaçã o.**
3. Universalizar, em dez anos, a oferta à s comunidades indígenas de
programas
educacionais equivalentes à s quatro primeiras séries do ensino
fundamental, respeitando
seus modos de vida, suas visõ es de mundo e as situaçõ es sociolingü ísticas
específicas
por elas vivenciadas.**
4. Ampliar, gradativamente, a oferta de ensino de 5ª a 8ª série à populaçã o
indígena, quer
na pró pria escola indígena, quer integrando os alunos em classes comuns
nas escolas
pró ximas, ao mesmo tempo que se lhes ofereça o atendimento adicional
necessá rio para
sua adaptaçã o, a fim de garantir o acesso ao ensino fundamental pleno.**
5. Fortalecer e garantir a consolidaçã o, o aperfeiçoamento e o
reconhecimento de
experiências de construçã o de uma educaçã o diferenciada e de qualidade
atualmente em
curso em á reas indígenas.**
6. Criar, dentro de um ano, a categoria oficial de "escola indígena" para que
a
especificidade do modelo de educaçã o intercultural e bilíngü e seja
assegurada.**
7. Proceder, dentro de dois anos, ao reconhecimento oficial e à
regularizaçã o legal de
todos os estabelecimentos de ensino localizados no interior das terras
indígenas e em
outras á reas assim como a constituiçã o de um cadastro nacional de escolas
indígenas.**
8. Assegurar a autonomia das escolas indígenas, tanto no que se refere ao
projeto
pedagó gico quanto ao uso de recursos financeiros pú blicos para a
manutençã o do
cotidiano escolar, garantindo a plena participaçã o de cada comunidade
indígena nas
decisõ es relativas ao funcionamento da escola.
9. Estabelecer, dentro de um ano, padrõ es mínimos mais flexíveis de infra-
estrutura
escolar para esses estabelecimentos, que garantam a adaptaçã o à s
condiçõ es climá ticas
da regiã o e, sempre que possível, as técnicas de edificaçã o pró prias do
grupo, de acordo
com o uso social e concepçõ es do espaço pró prias de cada comunidade
indígena, além
de condiçõ es sanitá rias e de higiene.**
10. Estabelecer um programa nacional de colaboraçã o entre a Uniã o e os
Estados para,
dentro de cinco anos, equipar as escolas indígenas com equipamento
didá ticopedagó gico
bá sico, incluindo bibliotecas, videotecas e outros materiais de apoio.**
11. Adaptar programas do Ministério da Educaçã o de auxílio ao
desenvolvimento da
educaçã o, já existentes, como transporte escolar, livro didá tico, biblioteca
escolar,
merenda escolar, TV Escola, de forma a contemplar a especificidade da
educaçã o
indígena, quer em termos do contingente escolar, quer quanto aos seus
objetivos e
necessidades, assegurando o fornecimento desses benefícios à s escolas.**
12. Fortalecer e ampliar as linhas de financiamento existentes no
Ministério da Educaçã o
para implementaçã o de programas de educaçã o escolar indígena, a serem
executados
pelas secretarias estaduais ou municipais de educaçã o, organizaçõ es de
apoio aos
índios, universidades e organizaçõ es ou associaçõ es indígenas.*
13. Criar, tanto no Ministério da Educaçã o como nos ó rgã os estaduais de
educaçã o,
programas voltados à produçã o e publicaçã o de materiais didá ticos e
pedagó gicos
específicos para os grupos indígenas, incluindo livros, vídeos, dicioná rios e
outros,
elaborados por professores indígenas juntamente com os seus alunos e
assessores.**
14. Implantar, dentro de um ano, as diretrizes curriculares nacionais e os
parâ metros
curriculares e universalizar, em cinco anos, a aplicaçã o pelas escolas
indígenas na
formulaçã o do seu projeto pedagó gico.*
15. Instituir e regulamentar, nos sistemas estaduais de ensino, a
profissionalizaçã o e
reconhecimento pú blico do magistério indígena, com a criaçã o da
categoria de
professores indígenas como carreira específica do magistério, com
concurso de provas e
títulos adequados à s particularidades lingü ísticas e culturais das
sociedades indígenas,
garantindo a esses professores os mesmos direitos atribuídos aos demais
do mesmo
sistema de ensino, com níveis de remuneraçã o correspondentes ao seu
nível de
qualificaçã o profissional.
16. Estabelecer e assegurar a qualidade de programas contínuos de
formaçã o sistemá tica
do professorado indígena, especialmente no que diz respeito aos
conhecimentos relativos
aos processos escolares de ensino-aprendizagem, à alfabetizaçã o, à
construçã o coletiva
de conhecimentos na escola e à valorizaçã o do patrimô nio cultural da
populaçã o
atendida.**
17. Formular, em dois anos, um plano para a implementaçã o de programas
especiais
para a formaçã o de professores indígenas em nível superior, através da
colaboraçã o das
universidades e de instituiçõ es de nível equivalente.
18. Criar, estruturar e fortalecer, dentro do prazo má ximo de dois anos,
nas secretarias
estaduais de educaçã o, setores responsá veis pela educaçã o indígena, com
a
incumbência de promovê-la, acompanhá -la e gerenciá -la.
19. Implantar, dentro de um ano, cursos de educaçã o profissional,
especialmente nas
regiõ es agrá rias, visando à auto-sustentaçã o e ao uso da terra de forma
equilibrada.
20. Promover, com a colaboraçã o entre a Uniã o, os Estados e Municípios e
em parceria
com as instituiçõ es de ensino superior, a produçã o de programas de
formaçã o de
professores de educaçã o a distâ ncia de nível fundamental e médio.**
21. Promover a correta e ampla informaçã o da populaçã o brasileira em
geral, sobre as
sociedades e culturas indígenas, como meio de combater o
desconhecimento, a
intolerâ ncia e o preconceito em relaçã o a essas populaçõ es.

10. FORMAÇÃ O DOS PROFESSORES E VALORIZAÇÃ O DO MAGISTÉ RIO

10.2 Diretrizes
A qualificaçã o do pessoal docente se apresenta hoje como um dos maiores
desafios para
o Plano Nacional de Educaçã o, e o Poder Pú blico precisa se dedicar
prioritariamente à
soluçã o deste problema. A implementaçã o de políticas pú blicas de
formaçã o inicial e
continuada dos profissionais da educaçã o é uma condiçã o e um meio para
o avanço
científico e tecnoló gico em nossa sociedade e, portanto, para o
desenvolvimento do País,
uma vez que a produçã o do conhecimento e a criaçã o de novas tecnologias
dependem do
nível e da qualidade da formaçã o das pessoas.
A melhoria da qualidade do ensino, indispensá vel para assegurar à
populaçã o brasileira o
acesso pleno à cidadania e a inserçã o nas atividades produtivas que
permita a elevaçã o
constante do nível de vida, constitui um compromisso da Naçã o. Este
compromisso,
entretanto, nã o poderá ser cumprido sem a valorizaçã o do magistério,
uma vez que os
docentes exercem um papel decisivo no processo educacional.
A valorizaçã o do magistério implica, pelo menos, os seguintes requisitos:
* uma formaçã o profissional que assegure o desenvolvimento da pessoa
do educador
enquanto cidadã o e profissional, o domínio dos conhecimentos objeto de
trabalho com os
alunos e dos métodos pedagó gicos que promovam a aprendizagem;
* um sistema de educaçã o continuada que permita ao professor um
crescimento
constante de seu domínio sobre a cultura letrada, dentro de uma visã o
crítica e da
perspectiva de um novo humanismo;
* jornada de trabalho organizada de acordo com a jornada dos alunos,
concentrada num
ú nico estabelecimento de ensino e que inclua o tempo necessá rio para as
atividades
complementares ao trabalho em sala de aula;
* salá rio condigno, competitivo, no mercado de trabalho, com outras
ocupaçõ es que
requerem nível equivalente de formaçã o;
* compromisso social e político do magistério.
Os quatro primeiros precisam ser supridos pelos sistemas de ensino. O
quinto depende
dos pró prios professores: o compromisso com a aprendizagem dos alunos,
o respeito a
que têm direito como cidadã os em formaçã o, interesse pelo trabalho e
participaçã o no
trabalho de equipe, na escola. Assim, a valorizaçã o do magistério depende,
pelo lado do
Poder Pú blico, da garantia de condiçõ es adequadas de formaçã o, de
trabalho e de
remuneraçã o e, pelo lado dos profissionais do magistério, do bom
desempenho na
atividade. Dessa forma, há que se prever na carreira sistemas de ingresso,
promoçã o e
afastamentos perió dicos para estudos que levem em conta as condiçõ es de
trabalho e de
formaçã o continuada e a avaliaçã o do desempenho dos professores.
Na formação inicial é preciso superar a histó rica dicotomia entre teoria e
prá tica e o
divó rcio entre a formaçã o pedagó gica e a formaçã o no campo dos
conhecimentos
específicos que serã o trabalhados na sala de aula.
A formação continuada assume particular importâ ncia, em decorrência do
avanço
científico e tecnoló gico e de exigência de um nível de conhecimentos
sempre mais
amplos e profundos na sociedade moderna. Este Plano, portanto, deverá
dar especial
atençã o à formaçã o permanente (em serviço) dos profissionais da
educaçã o.
Quanto à remuneraçã o, é indispensá vel que níveis mais elevados
correspondam a
exigências maiores de qualificaçã o profissional e de desempenho.
Este plano estabelece as seguintes diretrizes para a formaçã o dos
profissionais da
educaçã o e sua valorizaçã o:
Os cursos de formaçã o deverã o obedecer, em quaisquer de seus níveis e
modalidades,
aos seguintes princípios:
a) só lida formaçã o teó rica nos conteú dos específicos a serem ensinados na
Educaçã o
Bá sica, bem como nos conteú dos especificamente pedagó gicos;
b) ampla formaçã o cultural;
c) atividade docente como foco formativo;
d) contato com a realidade escolar desde o início até o final do curso,
integrando a teoria
à prá tica pedagó gica;
e) pesquisa como princípio formativo;
f) domínio das novas tecnologias de comunicaçã o e da informaçã o e
capacidade para
integrá -las à prá tica do magistério;
g) aná lise dos temas atuais da sociedade, da cultura e da economia;
h) inclusã o das questõ es relativas à educaçã o dos alunos com
necessidades especiais e
das questõ es de gênero e de etnia nos programas de formaçã o;
i) trabalho coletivo interdisciplinar;
j) vivência, durante o curso, de formas de gestã o democrá tica do ensino;
k) desenvolvimento do compromisso social e político do magistério; e
l) conhecimento e aplicaçã o das diretrizes curriculares nacionais dos
níveis e modalidades
da educaçã o bá sica.
A formaçã o inicial dos profissionais da educaçã o bá sica deve ser
responsabilidade
principalmente das instituiçõ es de ensino superior, nos termos do art. 62
da LDB, onde as
funçõ es de pesquisa, ensino e extensã o e a relaçã o entre teoria e prá tica
podem garantir
o patamar de qualidade social, política e pedagó gica que se considera
necessá rio. As
instituiçõ es de formaçã o em nível médio (modalidade normal), que
oferecem a formaçã o
admitida para atuaçã o na educaçã o infantil e nas quatro primeiras séries
do ensino
fundamental formam os profissionais.
A formaçã o continuada do magistério é parte essencial da estratégia de
melhoria
permanente da qualidade da educaçã o, e visará à abertura de novos
horizontes na
atuaçã o profissional. Quando feita na modalidade de educaçã o a distâ ncia,
sua realizaçã o
incluirá sempre uma parte presencial, constituída, entre outras formas, de
encontros
coletivos, organizados a partir das necessidades expressas pelos
professores. Essa
formaçã o terá como finalidade a reflexã o sobre a prá tica educacional e a
busca de seu
aperfeiçoamento técnico, ético e político.
A formaçã o continuada dos profissionais da educaçã o pú blica deverá ser
garantida pelas
secretarias estaduais e municipais de educaçã o, cuja atuaçã o incluirá a
coordenaçã o, o
financiamento e a manutençã o dos programas como açã o permanente e a
busca de
parceria com universidades e instituiçõ es de ensino superior. Aquela
relativa aos
professores que atuam na esfera privada será de responsabilidade das
respectivas
instituiçõ es.
A educaçã o escolar nã o se reduz à sala de aula e se viabiliza pela açã o
articulada entre
todos os agentes educativos - docentes, técnicos, funcioná rios
administrativos e de apoio
que atuam na escola. Por essa razã o, a formaçã o dos profissionais para as
á reas
técnicas e administrativas deve esmerar-se em oferecer a mesma
qualidade dos cursos
para o magistério.
O ensino fundamental nas comunidades indígenas, segundo o preceito
constitucional,
deverá ser oferecido também nas suas línguas maternas e processos
pró prios de
aprendizagem, para o que será necessá rio formar professores dessas
mesmas
comunidades.
10.3 Objetivos e Metas10
1. Garantir a implantaçã o, já a partir do primeiro ano deste plano, dos
planos de carreira
para o magistério, elaborados e aprovados de acordo com as
determinaçõ es da Lei nº.
9.424/96 e a criaçã o de novos planos, no caso de os antigos ainda nã o
terem sido
reformulados segundo aquela lei. Garantir, igualmente, os novos níveis de
remuneraçã o
em todos os sistemas de ensino, com piso salarial pró prio, de acordo com
as diretrizes
estabelecidas pelo Conselho Nacional de Educaçã o, assegurando a
promoçã o por
mérito.**
2. Implementar, gradualmente, uma jornada de trabalho de tempo integral,
quando
conveniente, cumprida em um ú nico estabelecimento escolar.
3. Destinar entre 20 e 25% da carga horá ria dos professores para
preparaçã o de aulas,
avaliaçõ es e reuniõ es pedagó gicas.
4. Implantar, no prazo de um ano, planos gerais de carreira para os
profissionais que
atuam nas á reas técnica e administrativa e respectivos níveis de
remuneraçã o.
5. Identificar e mapear, a partir do primeiro ano deste plano, os
professores em exercício
em todo o territó rio nacional, que nã o possuem, no mínimo, a habilitaçã o
de nível médio
para o magistério, de modo a elaborar-se, em dois anos, o diagnó stico da
demanda de
habilitaçã o de professores leigos e organizar-se, em todos os sistemas de
ensino,
programas de formaçã o de professores, possibilitando-lhes a formaçã o
exigida pela Lei
de Diretrizes e Bases da Educaçã o Nacional, em seu art. 87.
6. Nos Municípios onde a necessidade de novos professores é elevada e é
grande o
nú mero de professores leigos, identificar e mapear, já no primeiro ano
deste PNE,
portadores de diplomas de licenciatura e de habilitaçã o de nível médio
para o magistério,
que se encontrem fora do sistema de ensino, com vistas a seu possível
aproveitamento.
7. A partir da entrada em vigor deste PNE, somente admitir professores e
demais
profissionais de educaçã o que possuam as qualificaçõ es mínimas exigidas
no art. 62 da
Lei de Diretrizes e Bases da Educaçã o.
8. Estabelecer, dentro de um ano, diretrizes e parâ metros curriculares
para os cursos
superiores de formaçã o de professores e de profissionais da educaçã o
para os diferentes
níveis e modalidades de ensino.
9. Definir diretrizes e estabelecer padrõ es nacionais para orientar os
processos de
credenciamento das instituiçõ es formadoras, bem como a certificaçã o, o
desenvolvimento
das competências profissionais e a avaliaçã o da formaçã o inicial e
continuada dos
professores.
10. Onde ainda nã o existam condiçõ es para formaçã o em nível superior de
todos os
profissionais necessá rios para o atendimento das necessidades do ensino,
estabelecer
cursos de nível médio, em instituiçõ es específicas, que observem os
princípios definidos
na diretriz nº 1 e preparem pessoal qualificado para a educaçã o infantil,
para a educaçã o
de jovens e adultos e para as séries iniciais do ensino fundamental,
prevendo a
continuidade dos estudos desses profissionais em nível superior.**
11. Nos concursos de provas e títulos para provimento dos cargos de
professor para a
educaçã o indígena, incluir requisitos referentes à s particularidades
culturais,
especialmente lingü ísticas, dos grupos indígenas. **
12. Ampliar, a partir da colaboraçã o da Uniã o, dos Estados e dos
Municípios, os
programas de formaç ã o em serviço que assegurem a todos os professores
a
possibilidade de adquirir a qualificaçã o mínima exigida pela Lei de
Diretrizes e Bases da
Educaçã o Nacional, observando as diretrizes e os parâ metros curriculares.
**
13. Desenvolver programas de educaçã o a distâ ncia que possam ser
utilizados também
em cursos semi-presenciais modulares, de forma a tornar possível o
cumprimento da
meta anterior. **
14. Generalizar, nas instituiçõ es de ensino superior pú blicas, cursos
regulares noturnos e
cursos modulares de licenciatura plena que facilitem o acesso dos
docentes em exercício
à formaçã o nesse nível de ensino. **
15. Incentivar as universidades e demais instituiçõ es formadoras a
oferecer no interior dos
Estados, cursos de formaçã o de professores, no mesmo padrã o dos cursos
oferecidos na
sede, de modo a atender à demanda local e regional por profissionais do
magistério
graduados em nível superior. **
16. Promover, nas instituiçõ es pú blicas de nível superior, a oferta, na sede
ou fora dela,
de cursos de especializaçã o voltados para a formaçã o de pessoal para as
diferentes
á reas de ensino e, em particular, para a educaçã o especial, a gestã o escolar,
a formaçã o
de jovens e adultos e a educaçã o infantil. **
17. Garantir que, no prazo de 5 anos, todos os professores em exercício na
educaçã o
infantil e nas quatro primeiras séries do ensino fundamental, inclusive nas
modalidades de
educaçã o especial e de jovens e adultos, possuam, no mínimo, habilitaçã o
de nível médio
(modalidade normal), específica e adequada à s características e
necessidades de
aprendizagem dos alunos.
18. Garantir, por meio de um programa conjunto da Uniã o, dos Estados e
Municípios, que,
no prazo de dez anos, 70% dos professores de educaçã o infantil e de
ensino fundamental
(em todas as modalidades) possuam formaçã o específica de nível superior,
de
licenciatura plena em instituiçõ es qualificadas.**
19. Garantir que, no prazo de dez anos, todos os professores de ensino
médio possuam
formaçã o específica de nível superior, obtida em curso de licenciatura
plena nas á reas de
conhecimento em que atuam.
20. Incluir em quaisquer cursos de formaçã o profissional, de nível médio e
superior,
conhecimentos sobre educaçã o das pessoas com necessidades especiais,
na perspectiva
da integraçã o social.
21. Incluir, nos currículos e programas dos cursos de formaçã o de
profissionais da
educaçã o, temas específicos da histó ria, da cultura, dos conhecimentos,
das
manifestaçõ es artísticas e religiosas do segmento afro-brasileiro, das
sociedades
indígenas e dos trabalhadores rurais e sua contribuiçã o na sociedade
brasileira.
22. Garantir, já no primeiro ano de vigência deste plano, que os sistemas
estaduais e
municipais de ensino mantenham programas de formaçã o continuada de
professores
alfabetizadores, contando com a parceria das instituiçõ es de ensino
superior sediadas nas
respectivas á reas geográ ficas.
23. Ampliar a oferta de cursos de mestrado e doutorado na á rea
educacional e
desenvolver a pesquisa neste campo. **
24. Desenvolver programas de pó s -graduaçã o e pesquisa em educaçã o
como centro
irradiador da formaçã o profissional em educaçã o, para todos os níveis e
modalidades de
ensino.
25. Identificar e mapear, nos sistemas de ensino, as necessidades de
formaçã o inicial e
continuada do pessoal técnico e administrativo, elaborando e dando início
à
implementaçã o, no prazo de três anos a partir da vigência deste PNE, de
programas de
formaçã o.
26. Criar, no prazo de dois anos, cursos profissionalizantes de nível médio
destinados à
formaçã o de pessoal de apoio para as á reas de administraçã o escolar,
multimeios e
manutençã o de infra-estruturas escolares, inclusive para alimentaçã o
escolar e, a médio
prazo, para outras á reas que a realidade demonstrar ser necessá rio.
27. Promover, em açã o conjunta da Uniã o, dos Estados e dos Municípios, a
avaliaçã o
perió dica da qualidade de atuaçã o dos professores, com base nas
diretrizes de que trata
a meta nº 8, como subsídio à definiçã o de necessidades e características
dos cursos de
formaçã o continuada.
28. Observar as metas estabelecidas nos demais capítulos referentes à
formaçã o de
professores e valorizaçã o do magistério.

V ? FINANCIAMENTO E GESTÃ O

11.2 Diretrizes
Ao tratar do financiamento da Educaçã o, é preciso reconhecê-la como um
valor em si,
requisito para o exercício pleno da cidadania, para o desenvolvimento
humano e para a
melhoria da qualidade de vida da populaçã o. A Constituiçã o de 1988,
sintonizada com os
valores jurídicos que emanam dos documentos que incorporam as
conquistas de nossa
época – tais como a Declaraçã o Universal de Direitos do Homem e a
Convençã o
Internacional sobre os Direitos da Criança –, determinou expressamente
que a Educaçã o
é um direito de todos e dever do Estado e da família (art. 205, CF),
devendo ser
assegurada "com absoluta prioridade" à criança e ao adolescente (art. 227,
caput, CF)
pela família, pelo Estado e pela sociedade. Embora a educaçã o tenha
outras dimensõ es
relevantes, inclusive a econô mica, o fundamento da obrigaçã o do Poder
Pú blico de
financiá -la é o fato de constituir um direito. Assim, a Educaçã o e seu
financiamento nã o
serã o tratados neste PNE como um problema econô mico, mas como um
uma questã o de
cidadania.
Partindo deste enfoque, de nada adiantariam as previsõ es de dever do
Estado,
acompanhadas de rigorosas sançõ es aos agentes pú blicos em caso de
desrespeito a
este direito, se nã o fossem dados os instrumentos para garanti-lo. Daí
emerge a primeira
diretriz bá sica para o financiamento da Educaçã o: a vinculação
constitucional de recursos
à manutençã o e desenvolvimento do ensino, adotada pela primeira vez
pela Constituiçã o
de 1934, ressurgindo com a redemocratizaçã o em 1946, e, ainda uma vez,
no bojo do
processo de abertura política, com a aprovaçã o da Emenda Calmon, sendo
consolidada
pela Constituiçã o de 1988. Nos interregnos em que o princípio da
vinculaçã o foi
enfraquecido ou suprimido, houve uma drá stica reduçã o de gastos na
educaçã o – como
demonstrou o Senador Joã o Calmon nos debates que precederam a
aprovaçã o de sua
proposta. O avanço significativo dos indicadores educacionais alcançado
na década de 90
apoiou-se na vinculaçã o de recursos, o que permitiu manter níveis
razoá veis de
investimento na educaçã o pú blica. Embora encontre ainda alguma
resistência em alguns
nichos da tecnocracia econô mica mais avessos ao social, a vinculaçã o de
recursos
impõ e-se nã o só pela prioridade conferida à Educaçã o, mas também como
condiçã o de
uma gestã o mais eficaz. Somente a garantia de recursos e seu fluxo regular
permitem o
planejamento educacional.
Outra diretriz importante é a gestão de recursos da educação por meio de
fundos de
natureza contábil e contas específicas. O fundo contá bil permite que a
vinculaçã o seja
efetiva, sendo a base do planejamento, e nã o se reduza a um jogo ex post
de justificaçã o
para efeito de prestaçã o de contas. Além disso, permite um controle social
mais eficaz e
evita a aplicaçã o excessiva de recursos nas atividades–meio e as injunçõ es
de natureza
política.
Com o FUNDEF inaugurou-se importante diretriz de financiamento: a
alocação de
recursos segundo as necessidades e compromissos de cada sistema,
expressos pelo
número de matrículas. Desta forma, há estímulo para a universalizaçã o do
ensino. O
dinheiro é aplicado na atividade-fim: recebe mais quem tem rede, quem
tem alunos, dá -se
um enfoque positivo ao financiamento da Educaçã o. Até entã o, aqueles que
nã o
cumprissem determinadas disposiçõ es eram punidos. Agora, os que
cumprem sã o
premiados.
Além disso, a diversidade da capacidade de arrecadaçã o de Estados e
Municípios, e
destes entre si, levava a uma diferença significativa de gasto por aluno,
pelo simples fato
de estar matriculado numa escola estadual ou municipal.
Cumpre consolidar e aperfeiçoar outra diretriz introduzida a partir do
FUNDEF, cuja
preocupaçã o central foi a eqüidade. Para tanto, é importante o conceito
operacional de
valor mínimo gasto por aluno, por ano, definido nacionalmente. A eqü idade
refere-se nã o
só aos sistemas, mas aos alunos em cada escola. Assim, de nada adianta
receber dos
fundos educacionais um valor por aluno e praticar gastos que privilegiem
algumas escolas
em detrimento das escolas dos bairros pobres. A LDB preceitua que aos
Municípios cabe
exercer a funçã o redistributiva com relaçã o a suas escolas.
Instaurada a eqü idade, o desafio é obter a adequaçã o da aprendizagem a
um padrão
mínimo de qualidade (art. 211, § 1º, CF e art. 60, § 4º, ADCT), definido em
termos
precisos na LDB (art. 4º, IX) como "a variedade e quantidade mínimas, por
aluno, de
insumos indispensá veis ao desenvolvimento do processo ensino-
aprendizagem". Aqui o
conceito chave já nã o é mais o de valor mínimo, mas o de custo-aluno-
qualidade. Este
deve ser a referência para a política de financiamento da Educaçã o. Para
enfrentar esta
necessidade, os sistemas de ensino devem ajustar suas contribuiçõ es
financeiras a este
padrã o desejado, e particularmente à Uniã o cabe fortalecer sua funçã o
supletiva, através
do aumento dos recursos destinados à complementaçã o do FUNDEF.
A Constituiçã o Federal preceitua que à Uniã o compete exercer as funçõ es
redistributiva e
supletiva de modo a garantir a equalização de oportunidades educacionais
(art. 211, § 1º).
Trata-se de dar à s crianças real possibilidade de acesso e permanência na
escola. Há
que se combinar, em primeiro lugar, as açõ es para tanto com aquelas
dirigidas ao
combate do trabalho infantil. É fundamental fortalecer a educaçã o como
um dos alicerces
da rede de proteçã o social. A educaçã o deve ser considerada uma
prioridade estratégica
para um projeto nacional de desenvolvimento que favoreça a superaçã o
das
desigualdades na distribuiçã o de renda e a erradicaçã o da pobreza. As
políticas que
associam a renda mínima à educação, adotadas em alguns Estados e
Municípios, por
iniciativa pró pria ou com apoio da Uniã o, a partir da Lei nº 9.533/97, ou,
ainda,
diretamente pela Uniã o em á reas em que as crianças se encontrem em
situaçã o de risco,
têm-se revelado instrumentos eficazes de melhoria da qualidade de
ensino, reduzindo a
repetência e a evasã o e envolvendo mais a família com a educaçã o de seus
filhos –
ingrediente indispensá vel para o sucesso escolar. Por se tratar nã o
propriamente de um
programa educacional, mas de um programa social de amplo alcance, com
critérios
educacionais, deve ser financiado com recursos oriundos de outras fontes
que nã o as
destinadas à educaçã o escolar em senso estrito. Observe-se a propó sito
que a Educaçã o
é uma responsabilidade do Estado e da sociedade e nã o apenas de um
ó rgã o.
Evidentemente, o Ministério (ou Secretaria, nos níveis estadual e
municipal) da á rea há de
ter o papel central no que se refere à educaçã o escolar. Mas há também
que se articular
com outros ministérios (ou secretarias), reunindo competências seja em
termos de apoio
técnico ou recursos financeiros, em á reas de atuaçã o comum.
O MEC há de ter uma atuaçã o conjunta com o Ministério do Trabalho, para
a qualificaçã o,
formaçã o e treinamento de trabalhadores, nos quais devem ser aplicados,
inclusive,
recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador - FAT. O mesmo raciocínio
vale para a
Assistência Social e para a Saú de, no que se refere à educaçã o infantil; para
a
Assistência Social, no que concerne à erradicaçã o da pobreza; para o
Ministério da
Justiça em relaçã o a educaçã o de jovens e adultos para presos e egressos,
contando
com recursos do Fundo Penitenciá rio - FUNPEN; para o Ministério das
Comunicaçõ es, no
que se refere aos recursos para a universalizaçã o que devem ser
disponibilizados em
condiçõ es privilegiadas para as escolas pú blicas; para os Ministérios da
Cultura; Esporte
e Turismo; Ciência e Tecnologia e assim por diante. A Educaçã o nã o é uma
preocupaçã o
confinada em gueto de um segmento. Envolve todo o governo e deve
permear todas as
suas açõ es.
Para que a gestã o seja eficiente há que se promover o autêntico
federalismo em matéria
educacional, a partir da divisã o de responsabilidades previstas na Carta
Magna. A
educaçã o é um todo integrado, de sorte que o que ocorre num
determinado nível
repercute nos demais, tanto no que se refere aos aspectos quantitativos
como
qualitativos. Há competências concorrentes, como é o caso do ensino
fundamental,
provido por Estados e Municípios. Ainda que consolidadas as redes de
acordo com a
vontade política e capacidade de financiamento de cada ente, algumas
açõ es devem
envolver Estados e Municípios, como é o caso do transporte escolar.
Mesmo na hipó tese
de competência bem definida, como a educaçã o infantil, que é de
responsabilidade dos
Municípios, nã o pode ser negligenciada a funçã o supletiva dos Estados
(art. 30, VI, CF) e
da Uniã o (art. 30. VI, CF e art. 211, § 1º , CF). Portanto, uma diretriz
importante é o
aprimoramento contínuo do regime de colaboração. Este deve dar-se, nã o
só entre Uniã o,
Estados e Municípios, mas também, sempre que possível, entre entes da
mesma esfera
federativa, mediante açõ es, fó runs e planejamento interestaduais,
regionais e
intermunicipais.
Quanto à distribuiçã o e gestã o dos recursos financeiros, constitui diretriz
da maior
importâ ncia a transparência. Assim sendo, devem ser fortalecidas as
instâ ncias de
controle interno e externo, ó rgã os de gestã o nos sistemas de ensino, como
os Conselhos
de Educaçã o e os ó rgã os de controle social, como os Conselhos de
Acompanhamento e
Controle Social do FUNDEF, cuja competência deve ser ampliada, de forma
a alcançar
todos os recursos destinados à Educaçã o Bá sica.
Para que seja possível o planejamento educacional, é importante
implantar sistemas de
informação, com o aprimoramento da base de dados educacionais do
aperfeiçoamento
dos processos de coleta e armazenamento de dados censitá rios e
estatísticas sobre a
educaçã o nacional. Desta maneira, poder-se-á consolidar um sistema de
avaliação -
indispensá vel para verificar a eficá cia das políticas pú blicas em matéria de
educaçã o. A
adoçã o de ambos os sistemas requer a formaçã o de recursos humanos
qualificados e a
informatizaçã o dos serviços, inicialmente nas secretarias, mas com o
objetivo de conectá las
em rede com suas escolas e com o MEC.
Deve-se promover a efetiva desburocratização e descentralização da
gestão nas
dimensõ es pedagó gica, administrativa e de gestã o financeira, devendo as
unidades
escolares contar com repasse direto de recursos para desenvolver o
essencial de sua
proposta pedagó gica e para despesas de seu cotidiano.
Finalmente, no exercício de sua autonomia, cada sistema de ensino há de
implantar
gestão democrática. Em nível de gestã o de sistema na forma de Conselhos
de Educaçã o
que reú nam competência técnica e representatividade dos diversos
setores educacionais;
em nível das unidades escolares, por meio da formaçã o de conselhos
escolares de que
participe a comunidade educacional e formas de escolha da direçã o
escolar que associem
a garantia da competência ao compromisso com a proposta pedagó gica
emanada dos
conselhos escolares e a representatividade e liderança dos gestores
escolares.
11.3 Objetivos e Metas11
11.3.1 Financiamento
1. Elevaçã o, na década, através de esforço conjunto da Uniã o, Estados,
Distrito Federal e
Municípios, do percentual de gastos pú blicos em relaçã o ao PIB, aplicados
em educaçã o,
para atingir o mínimo de 7%. Para tanto, os recursos devem ser ampliados,
anualmente, à
razã o de 0,5% do PIB, nos quatro primeiros anos do Plano e de 0,6% no
quinto ano.*
2. Implementar mecanismos de fiscalizaçã o e controle que assegurem o
rigoroso
cumprimento do art. 212 da Constituiçã o Federal em termos de aplicaçã o
dos percentuais
mínimos vinculados à manutençã o e desenvolvimento do ensino.* Entre
esses
mecanismos estará o demonstrativo de gastos elaborado pelos poderes
executivos e
apreciado pelos legislativos com o auxílio dos tribunais de contas
respectivos,
discriminando os valores correspondentes a cada uma das alíneas do art.
70 da LDB.
3. Criar mecanismos que viabilizem, imediatamente, o cumprimento do §
5º do art. 69 da
Lei de Diretrizes e Bases, que assegura o repasse automá tico dos recursos
vinculados à
manutençã o e desenvolvimento do ensino para o ó rgã o responsá vel por
este setor. Entre
esses mec anismos deve estar a aferiçã o anual pelo censo escolar da
efetiva
automaticidade dos repasses*
4. Estabelecer mecanismos destinados a assegurar o cumprimento dos
arts. 70 e 71 da
Lei de Diretrizes e Bases, que definem os gastos admitidos como de
manutençã o e
desenvolvimento do ensino e aqueles que nã o podem ser incluídos nesta
rubrica.*
5. Mobilizar os Tribunais de Contas, as Procuradorias da Uniã o e dos
Estados, os
Conselhos de Acompanhamento e Controle Social do FUNDEF, os
sindicatos, as
organizaçõ es nã o-governamentais e a populaçã o em geral para exercerem
a fiscalizaçã o
necessá ria para o cumprimento das metas nºs 2, 3 e 4.**
6. Garantir, entre as metas dos planos plurianuais vigentes nos pró ximos
dez anos, a
previsã o do suporte financeiro à s metas constantes deste PNE.*
7. Orientar os orçamentos nas três esferas governamentais, de modo a
cumprir as
vinculaçõ es e subvinculaçõ es constitucionais, e alocar, no prazo de dois
anos, em todos
os níveis e modalidades de ensino, valores por aluno, que correspondam a
padrõ es
mínimos de qualidade de ensino, definidos nacionalmente. **
8. Estabelecer, nos Municípios, a educaçã o infantil como prioridade para a
aplicaçã o dos
10% dos recursos vinculados à manutençã o e desenvolvimento do ensino
nã o reservados
para o ensino fundamental.
9. Estabelecer, nos Estados, o ensino médio como prioridade para a
aplicaçã o dos 10%
dos recursos vinculados à manutençã o e desenvolvimento do ensino nã o
reservados para
o ensino fundamental.
10. Estabelecer a utilizaçã o prioritá ria para a educaçã o de jovens e adultos,
de 15% dos
recursos destinados ao ensino fundamental cujas fontes nã o integrem o
FUNDEF: nos
Municípios (IPTU, ISS, ITBI, cota do ITR, do IRRF e do IOF-Ouro, parcela da
dívida ativa
tributá ria que seja resultante de impostos), nos Estados e no Distrito
Federal (IPVA, ITCM,
cota do IRRF e do IOF-Ouro, parcela da dívida ativa tributá ria que seja
resultante de
impostos).
11. Estabelecer programa nacional de apoio financeiro e técnico-
administrativo da Uniã o
para a oferta, preferencialmente, nos Municípios mais pobres, de educaçã o
de jovens e
adultos para a populaçã o de 15 anos e mais, que nã o teve acesso ao ensino
fundamental.*
12. Ampliar o atendimento dos programas de renda mínima associados à
educaçã o, de
sorte a garantir o acesso e permanência na escola a toda populaçã o em
idade escolar no
País.**
13. Garantir recursos do Tesouro Nacional para o pagamento de
aposentados e
pensionistas do ensino pú blico na esfera federal, excluindo estes gastos
das despesas
consideradas como manutençã o de desenvolvimento do ensino.*
14. Promover a eqü idade entre os alunos dos sistemas de ensino e das
escolas
pertencentes a um mesmo sistema de ensino.
15. Promover a autonomia financeira das escolas mediante repasses de
recursos,
diretamente aos estabelecimentos pú blicos de ensino, a partir de critérios
objetivos.
16. Integrar açõ es e recursos técnicos, administrativos e financeiros do
Ministério de
Educaçã o e de outros Ministérios nas á reas de atuaçã o comum.*
17. Assegurar recursos do Tesouro e da Assistência Social para programas
de renda
mínima associados à educaçã o; recursos da Saú de e Assistência Social para
a educaçã o
infantil; recursos destinados à universalizaçã o das telecomunicaçõ es, à
criaçã o de
condiçõ es de acesso da escola, à s redes de comunicaçã o informá tica;
recursos do
Trabalho para a qualificaçã o dos trabalhadores; recursos do Fundo
Penitenciá rio para a
educaçã o de presos e egressos.*
18. A Uniã o deverá calcular o valor mínimo para o custo-aluno para efeito
de
suplementaçã o dos fundos estaduais rigorosamente de acordo com o
estabelecido pela
Lei nº 9.424/96.*
11.3.2 Gestão
19. Aperfeiçoar o regime de colaboraçã o entre os sistemas de ensino com
vistas a uma
açã o coordenada entre entes federativos, compartilhando
responsabilidades, a partir das
funçõ es constitucionais pró prias e supletivas e das metas deste PNE.**
20. Estimular a colaboraçã o entre as redes e sistemas de ensino
municipais, através de
apoio técnico a consó rcios intermunicipais e colegiados regionais
consultivos, quando
necessá rios.
21. Estimular a criaçã o de Conselhos Municipais de Educaçã o e apoiar
tecnicamente os
Municípios que optarem por constituir sistemas municipais de ensino.
22. Definir, em cada sistema de ensino, normas de gestã o democrá tica do
ensino pú blico,
com a participaçã o da comunidade.
23. Editar pelos sistemas de ensino, normas e diretrizes gerais
desburocratizantes e
flexíveis, que estimulem a iniciativa e a açã o inovadora das instituiçõ es
escolares.
24. Desenvolver padrã o de gestã o que tenha como elementos a destinaçã o
de recursos
para as atividades-fim, a descentralizaçã o, a autonomia da escola, a
eqü idade, o foco na
aprendizagem dos alunos e a participaçã o da comunidade.
25. Elaborar e executar planos estaduais e municipais de educaçã o, em
consonâ ncia com
este PNE.
26. Organizar a educaçã o bá sica no campo, de modo a preservar as escolas
rurais no
meio rural e imbuídas dos valores rurais.
27. Apoiar tecnicamente as escolas na elaboraçã o e execuçã o de sua
proposta
pedagó gica.
28. Assegurar a autonomia administrativa e pedagó gica das escolas e
ampliar sua
autonomia financeira, através do repasse de recursos diretamente à s
escolas para
pequenas despesas de manutençã o e cumprimento de sua proposta
pedagó gica.
29. Informatizar, em três anos, com auxílio técnico e financeiro da Uniã o,
as secretarias
estaduais de educaçã o, integrando-as em rede ao sistema nacional de
estatísticas
educacionais.**
30. Informatizar progressivamente, em dez anos, com auxílio técnico e
financeiro da
Uniã o e dos Estados, todas as secretarias municipais de educaçã o,
atendendo, em cinco
anos pelo menos, a metade dos Municípios com mais de 20.000
habitantes.**
31. Estabelecer, em todos os Estados, com auxílio técnico e financeiro da
Uniã o,
programas de formaçã o do pessoal técnico das secretarias, para suprir, em
cinco anos,
pelo menos, as necessidades dos setores de informaçã o e estatísticas
educacionais,
planejamento e avaliaçã o.**
32. Promover medidas administrativas que assegurem a permanência dos
técnicos
formados e com bom desempenho nos quadros das secretarias.
33. Informatizar, gradualmente, com auxílio técnico e financeiro da Uniã o,
a administraçã o
das escolas com mais de 100 alunos, conectando-as em rede com as
secretarias de
educaçã o, de tal forma que, em dez anos, todas as escolas estejam no
sistema.**
34. Estabelecer, em todos os Estados, com a colaboraçã o dos Municípios e
das
universidades, programas diversificados de formaçã o continuada e
atualizaçã o visando a
melhoria do desempenho no exercício da funçã o ou cargo de diretores de
escolas.
35. Assegurar que, em cinco anos, 50% dos diretores, pelo menos,
possuam formaçã o
específica em nível superior e que, no final da década, todas as escolas
contem com
diretores adequadamente formados em nível superior, preferencialmente
com cursos de
especializaçã o.
36. Ampliar a oferta de cursos de formaçã o em administraçã o escolar nas
instituiçõ es
pú blicas de nível superior, de forma a permitir o cumprimento da meta
anterior.**
37. Estabelecer políticas e critérios de alocaçã o de recursos federais,
estaduais e
municipais, de forma a reduzir desigualdades regionais e desigualdades
internas a cada
sistema.**
38. Consolidar e aperfeiçoar o Sistema Nacional de Avaliaçã o da Educaçã o
Bá sica –
SAEB e o censo escolar.*
39. Estabelecer, nos Estados, em cinco anos , com a colaboraçã o técnica e
financeira da
Uniã o, um programa de avaliaçã o de desempenho que atinja, pelo menos,
todas as
escolas de mais de 50 alunos do ensino fundamental e Médio.**
40. Estabelecer, nos Municípios, em cinco anos, programas de
acompanhamento e
avaliaçã o dos estabelecimentos de educaçã o infantil.
41. Definir padrõ es mínimos de qualidade da aprendizagem na Educaçã o
Bá sica numa
Conferência Nacional de Educaçã o, que envolva a comunidade
educacional.**
42. Instituir em todos os níveis, Conselhos de Acompanhamento e Controle
Social dos
recursos destinados à Educaçã o nã o incluídos no FUNDEF, qualquer que
seja sua
origem, nos moldes dos Conselhos de Acompanhamento e Controle Social
do FUNDEF.
43. Incluir, nos levantamentos estatísticos e no censo escolar informaçã o
acerca do
gênero, em cada categoria de dados coletados.*
44. Observar as metas estabelecidas nos demais capítulos referentes a
financiamento e
gestã o.

FUNDEB

Fundeb
O Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de
Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) atende toda a
educação básica, da creche ao ensino médio. Substituto do Fundo de
Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do
Magistério (Fundef), que vigorou de 1997 a 2006, o Fundeb está em vigor
desde janeiro de 2007 e se estenderá até 2020.
É um importante compromisso da União com a educação básica, na medida
em que aumenta em dez vezes o volume anual dos recursos federais. Além
disso, materializa a visão sistêmica da educação, pois financia todas as
etapas da educação básica e reserva recursos para os programas
direcionados a jovens e adultos.

A estratégia é distribuir os recursos pelo país, levando em consideração o


desenvolvimento social e econômico das regiões — a complementação do
dinheiro aplicado pela União é direcionada às regiões nas quais o
investimento por aluno seja inferior ao valor mínimo fixado para cada ano.
Ou seja, o Fundeb tem como principal objetivo promover a redistribuição
dos recursos vinculados à educação.

A destinação dos investimentos é feita de acordo com o número de alunos da


educação básica, com base em dados do censo escolar do ano anterior. O
acompanhamento e o controle social sobre a distribuição, a transferência e
a aplicação dos recursos do programa são feitos em escalas federal, estadual
e municipal por conselhos criados especificamente para esse fim. O
Ministério da Educação promove a capacitação dos integrantes dos
conselhos.

Fundo de Manutençã o e Desenvolvimento da Educaçã o Bá sica e de


Valorizaçã o dos Profissionais da Educaçã o – Fundeb foi criado pela
Emenda Constitucional nº 53/2006 e regulamentado pela Lei nº
11.494/2007 e pelo Decreto nº 6.253/2007, em substituiçã o ao Fundo de
Manutençã o e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorizaçã o
do Magistério - Fundef, que vigorou de 1998 a 2006.

É um fundo especial, de natureza contá bil e de â mbito estadual (um fundo


por estado e Distrito Federal, num total de vinte e sete fundos), formado
por parcela financeira de recursos federais e por recursos provenientes
dos impostos e transferências dos estados, Distrito Federal e municípios,
vinculados à educaçã o por força do disposto no art. 212 da Constituiçã o
Federal. Independentemente da origem, todo o recurso gerado é
redistribuído para aplicaçã o exclusiva na educaçã o bá sica.

Com vigência estabelecida para o período 2007-2020, sua implantaçã o


começou em 1º de janeiro de 2007, sendo plenamente concluída no seu
terceiro ano de existência, ou seja, 2009, quando o total de alunos
matriculados na rede pú blica é considerado na distribuiçã o dos recursos e
o percentual de contribuiçã o dos estados, Distrito Federal e municípios
para a formaçã o do fundo atinge o patamar de 20%.

Além dos recursos originá rios dos entes estaduais e municipais, verbas
federais também integram a composiçã o do Fundeb, a título de
complementaçã o financeira, com o objetivo de assegurar o valor mínimo
nacional por aluno/ano (R$ 1.414,85 em 2010) a cada estado, ou ao
Distrito Federal, em que este limite mínimo nã o for alcançado com
recursos dos pró prios governos. O aporte de recursos do governo federal
ao Fundeb, de R$ 2 bilhõ es em 2007, aumentou para R$ 3,2 bilhõ es em
2008, aproximadamente R$ 5,1 bilhõ es para 2009 e, a partir de 2010, será
de 10% da contribuiçã o total de estados e municípios.

Eca eca eca Eca eca

Art. 53. A criança e o adolescente têm direito à educaçã o, visando


ao pleno desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o exercício da
cidadania e qualificaçã o para o trabalho, assegurando-se-lhes:
I - igualdade de condiçõ es para o acesso e permanência na
escola;
II - direito de ser respeitado por seus educadores;
III - direito de contestar critérios avaliativos, podendo recorrer
à s instâ ncias escolares superiores;
IV - direito de organizaçã o e participaçã o em entidades
estudantis;
V - acesso a escola pú blica e gratuita pró xima de sua residência.
Pará grafo ú nico. É direito dos pais ou responsá veis ter ciência
do processo pedagó gico, bem como participar da definiçã o das
propostas educacionais.
Art. 54. É dever do Estado assegurar à criança e ao adolescente:
I - ensino fundamental, obrigató rio e gratuito, inclusive para os
que a ele nã o tiveram acesso na idade pró pria;
II - progressiva extensã o da obrigatoriedade e gratuidade ao
ensino médio;
III - atendimento educacional especializado aos portadores de
deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino;
IV - atendimento em creche e pré-escola à s crianças de zero a
seis anos de idade;
22 Câmara dos Deputados
V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da
criaçã o artística, segundo a capacidade de cada um;
VI - oferta de ensino noturno regular, adequado à s condiçõ es do
adolescente trabalhador;
VII - atendimento no ensino fundamental, através de programas
suplementares de material didá tico-escolar, transporte, alimentaçã o e
assistência à saú de.
§ 1o O acesso ao ensino obrigató rio e gratuito é direito pú blico
subjetivo.
§ 2o O nã o-oferecimento do ensino obrigató rio pelo poder
pú blico ou sua oferta irregular importa responsabilidade da autoridade
competente.
§ 3o Compete ao poder pú blico recensear os educandos no
ensino fundamental, fazer-lhes a chamada e zelar, junto aos pais ou
responsá vel, pela freqü ência à escola.
Art. 55. Os pais ou responsá vel têm a obrigaçã o de matricular
seus filhos ou pupilos na rede regular de ensino.
Art. 56. Os dirigentes de estabelecimentos de ensino
fundamental comunicarã o ao Conselho Tutelar os casos de:
I - maus-tratos envolvendo seus alunos;
II - reiteraçã o de faltas injustificadas e de evasã o escolar,
esgotados os recursos escolares;
III - elevados níveis de repetência.
Art. 57. O poder pú blico estimulará pesquisas, experiências e
novas propostas relativas a calendá rio, seriaçã o, currículo,
metodologia, didá tica e avaliaçã o, com vistas à inserçã o de crianças e
adolescentes excluídos do ensino fundamental obrigató rio.
Art. 58. No processo educacional respeitar-se-ã o os valores
culturais, artísticos e histó ricos pró prios do contexto social da criança
Estatuto da Criança e do Adolescente 23
e do adolescente, garantindo-se a estes a liberdade de criaçã o e o
acesso à s fontes de cultura.
Art. 59. Os municípios, com apoio dos estados e da Uniã o,
estimularã o e facilitarã o a destinaçã o de recursos e espaços para
programaçõ es culturais, esportivas e de lazer voltadas para a infâ ncia
e a juventude.
CAPÍTULO V
DO DIREITO À PROFISSIONALIZAÇÃ O
E À PROTEÇÃ O NO TRABALHO
Art. 60. É proibido qualquer trabalho a menores de catorze anos
de idade, salvo na condiçã o de aprendiz.
Art. 61. A proteçã o ao trabalho dos adolescentes é regulada por
legislaçã o especial, sem prejuízo do disposto nesta lei.
Art. 62. Considera-se aprendizagem a formaçã o
técnico-profissional ministrada segundo as diretrizes e bases da
legislaçã o de educaçã o em vigor.
Art. 63. A formaçã o técnico-profissional obedecerá aos
seguintes princípios:
I - garantia de acesso e freqü ência obrigató ria ao ensino regular;
II - atividade compatível com o desenvolvimento do adolescente;
III - horá rio especial para o exercício das atividades.
Art. 64. Ao adolescente até catorze anos de idade é assegurada
bolsa de aprendizagem.
Art. 65. Ao adolescente aprendiz, maior de catorze anos, sã o
assegurados os direitos trabalhistas e previdenciá rios.
24 Câmara dos Deputados
Art. 66. Ao adolescente portador de deficiência é assegurado
trabalho protegido.
Art. 67. Ao adolescente empregado, aprendiz, em regime
familiar de trabalho, aluno de escola técnica, assistido em entidade
governamental ou nã o-governamental, é vedado trabalho:
I - noturno, realizado entre as vinte e duas horas de um dia e as
cinco horas do dia seguinte;
II - perigoso, insalubre ou penoso;
III - realizado em locais prejudiciais à sua formaçã o e ao seu
desenvolvimento físico, psíquico, moral e social;
IV - realizado em horá rios e locais que nã o permitam a
freqü ência à escola.
Art. 68. O programa social que tenha por base o trabalho
educativo, sob responsabilidade de entidade governamental ou
nã o-governamental sem fins lucrativos, deverá assegurar ao
adolescente que dele participe condiçõ es de capacitaçã o para o
exercício de atividade regular remunerada.
§ 1o Entende-se por trabalho educativo a atividade laboral em
que as exigências pedagó gicas relativas ao desenvolvimento pessoal e
social do educando prevalecem sobre o aspecto produtivo.
§ 2o A remuneraçã o que o adolescente recebe pelo trabalho
efetuado ou a participaçã o na venda dos produtos de seu trabalho nã o
desfigura o cará ter educativo.
Art. 69. O adolescente tem direito à profissionalizaçã o e à
proteçã o no trabalho, observados os seguintes aspectos, entre outros:
I - respeito à condiçã o peculiar de pessoa em desenvolvimento;
II - capacitaçã o profissional adequada ao mercado de trabalho.
Estatuto da Criança e do Adolescente 25

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