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Osiris Martinez Olmos Português 603
Para que os amantes se casassem, Guma teve que raptar a Lívia, levando-a para outro porto
no seu saveiro, até que a família dela aceitasse o casamento.
Desde o primeiro dia de casamento Lívia entendeu que o destino dos marinheiros é morrer
afogados no mar, todos aceitaram esse destino, até suas esposas. Mas a Lívia não nasceu no
mar, ela não aceitava essa ideia e por isso, vivia com medo de que um dia Guma não voltasse
ou voltasse morto de uma das suas viagens. Por isso não queria que seu futuro filho fosse
marinheiro, para que tivesse um destino melhor.
Ela era uma boa esposa, muito dedicada ao marido e sempre preocupada por ele. Seus
vizinhos eram Rufino e Esmeralda. Rufino era amigo de infância de Guma e Esmeralda havia
se tornado amiga de Lívia, embora fossem muito diferentes. Viviam muito bem, até que Guma
envolveu-se com Esmeralda que o perseguia, no mesmo tempo Lívia deu a notícia de que
estava grávida. Rufino descobriu a infidelidade, matou Esmeralda e depois se matou de
desgosto.
Numa noite de tempestade, o saveiro de Guma naufraga e devem levá-lo ao médico da
comunidade. Com o choque, o parto de Lívia chega antes e nasce seu primeiro filho essa
mesma noite. Guma não sabe como vai sustentar seu filho e Lívia agora que não tem saveiro
e não pode trabalhar. A família dela tenta convencê-lo de deixar o cais e trabalhar com
eles na cidade, mas Guma não quer sair do mar, quer que seu filho se transforme num
marinheiro como ele.
Com a ajuda do Dr. Rodrigo, comprou de João Caçula, para pagar em parcelas, um saveiro
que chamou de “Paquete Voador”. Mas a situação estava ruim para todos, não havia
trabalho e ele estava muito atrasado no pagamento do saveiro. Ele havia prometido a Lívia
que depois de um ano eles teriam economizado dinheiro suficiente para se mudar para a
cidade, mas o dinheiro não dava para viver e pagar suas dívidas.
Toufick, um árabe comerciante, propõe a Guma que aceite transportar o contrabando de
sedas, assim podia ganhar, de uma só vez, até quinhentos mil réis e pagar o seu saveiro em
dois ou três meses. Guma reluta, mas, por extrema necessidade, aceita o serviço. Em algumas
viagens, Guma já pagou as dívidas do saveiro e tem pouco dinheiro para economizar para
poder se mudar com Lívia e seu filho para a cidade. Lívia descobre que ele trabalha em
negócios ilegais, mas como falta pouco para eles saírem do cais, ela o perdoa.
Na última viagem, chega a tempestade e o “Paquete Voador” naufraga. Guma salva ao
Toufick e F. Murad (chefe dos árabes), suplica pelo filho na praia. Guma volta ao mar, pega
o jovem que é jogado na praia pela forte correnteza. Numa luta mortal com tubarões, Guma
desaparece. O vento joga o “Paquete Voador” na areia do porto.
Quando Lívia recebe a notícia da morte de Guma, lhe oferecem para comprar o "Pacote
Voador", mas ela não aceita porque é a única coisa que tem do seu marido. Ela fica no
comando do saveiro e aprende a navegar, agora ela é uma mulher como a Rosa Palmeirão
era. E quando O velho Francisco, olhando para o mar, vê Lívia em pé, no “Paquete Voador”.
Diz que é Iemanjá mesma.