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Anotações Forma Canônica de Jordan.


Rodrigo Carlos Silva de Lima

rodrigo.uff.math@gmail.com

1
Sumário

1 Forma Canônica de Jordan 3


1.1 Somas diretas e projeção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
1.2 Subespaços invariantes e matrizes de blocos . . . . . . . . . . . . . . . . 5
1.2.1 Operador aplicado a um polinômio . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
1.3 Forma canônica de Jordan . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
1.3.1 T -condutor e T -anulador . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
1.3.2 Triangularização-diagonalização simultânea . . . . . . . . . . . . 35
1.3.3 Forma canônica racional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36

2
Capı́tulo 1

Forma Canônica de Jordan

1.1 Somas diretas e projeção

m Definição 1 (Soma direta de r subespaços vetoriais). Dizemos que os


subespaços (Uk )r1 de V são independentes ou definem uma soma direta se para
cada Uk temos
X
r
Uk ∩ ( Uj ) = {0}.
j=1,j6=k
Escrevemos nesse caso
r
M
Uk = U1 ⊕ U2 ⊕ · · · ⊕ Ur
k=1

no lugar da soma de espaços vetoriais

X
r
Uk .
k=1

X
r
b Propriedade 1. Dados (Uk )r1 subespaços de V = Uk , são equivalentes:
k=1

1.
r
M
V= Uk .
k=1

3
CAPÍTULO 1. FORMA CANÔNICA DE JORDAN 4

X
r
2. Se uk = 0 com uk ∈ Uk então cada uk = 0.
k=1

3. Dado v ∈ V , ele se escreve de modo único como

X
r
v= uk , uk ∈ Uk .
k=1

4.
X
k−1
Uk ∩ ( Uk ) = {0}∀ k
k=1

ê Demonstração.
X
r
• 1) ⇒ 2). Suponha uk = 0 logo temos
k=1

X
r
−uj = uk
k=1,k6=j

X
r
logo uj ∈ Uj e ao conjunto Uk , então uj = 0, como j é um ı́ndice arbitrário
k=1,k6=j
segue que todos são nulos.
X
r X
r
• 2) ⇒ 3). Suponha v = uk = uk0 , vamos mostrar que a escrita é única
k=1 k=1

X
r
(uk − uk0 ) = 0
k=1

por 2) temos que uk = uk0 , então a escrita é única.

X
k−1
• 3) ⇒ 4) . Seja uk ∈ Uk ∩ ( Uk ) = {0} k arbitrário então
k=1

X
k−1 X
k−1 X
k
uk = us ⇒ us − uk = 0 = 0
s=1 s=1 s=1

como a escrita é única segue que (us = 0)ks=1 , que mostra o desejado.

• 4) ⇒ 5). Basta mostrar que (Uk )r1 são independentes , isto é,
X
r
Uk ∩ ( Us ) = {0}∀ k.
s=1,s6=k
CAPÍTULO 1. FORMA CANÔNICA DE JORDAN 5

começamos com k = r a condição 4) já nos fornece que

X
r
Ur ∩ ( Us ) = {0}.
s=1,s6=r

X
r
Se uj ∈ Uj ∩ ( Us ) então
s=1,s6=j

X
r X
r
uj = us ⇒ −ur = −uj + us
s=1,s6=j s=1,s6=j,s6=r

logo ur = 0, agora aplicamos o mesmo raciocı́nio para mostrar que ur−1 = 0 e


assim por diante, no fim chegamos que cada uk = 0 ∀ k, em especial uj = 0.

1.2 Subespaços invariantes e matrizes de blocos


Seja V com base B = (uk )n1 com (uk )r1 base de U < V , T : V → V com U invariante
por T , logo temos uma matriz do tipo
" #
Br×r ∗
[T ]B = .
0 ∗
Se (uk )n1 base de V tal que a matriz de um operador T nesta base é do tipo acima
r
M
então T (uk ) ∈ S(uk )1 = L, portanto L é invariante por T . Em geral se V =
r
Uk , Uk
k=1
n
[
é T invariante, e se Bk é base de Uk logo Bk = B é base de v e
k=1
 
Bd1 0 0
 
 0
[T ]B =  ··· 0 
0 0 Bdr
onde temos blocos e dk = dimUk .

m Definição 2 (Cisalhamento). A : R2 → R2 com A(x, y) = (x+cy, y) é chamado


cisalhamento.
CAPÍTULO 1. FORMA CANÔNICA DE JORDAN 6

1.2.1 Operador aplicado a um polinômio

m Definição 3 (Operador aplicado a um polinômio). Dado um polinômio


X
n
p(x) = ak xk e o operador T : V → V , então P(A) indica o operador
k=0

X
n
P(A) = ak A k
k=0

v espaço vetorial sobre K.

b Propriedade 2. Se T (v) = λv e f é um polinômio arbitrário então

f(T )(v) = f(λ)(v).

ê Demonstração. Vale que T k (v) = λk v, por indução, vale para n = 0 T 0 (v) =


λ0 v = v. supondo para n, vamos provar para n + 1

T n+1 v = T (T n (v)) = T (λn v) = λn+1 v

X
n
logo fica provado. Agora sendo f(x) = ak xk temos
k=0

X
n X
n
k
f(T )(v) = ak T (v) = ak λk (v) = f(λ)(v).
k=0 k=0

m Definição 4. Dado T : V → V , podemos definir αT : K[x] → L(V) com


αT (f) = f(T ), que associa um polinômio em um operador.

b Propriedade 3. αT é linear αT (cf + g) = cαT (f) + αT (g).

ê Demonstração.

αT (cf + g) = (cf + g)(T ) = cf(T ) + g(T ) = cαT (f) + αT (g).


CAPÍTULO 1. FORMA CANÔNICA DE JORDAN 7

b Propriedade 4. Seja V espaço vetorial sobre K, T : V → V linear, B = {p ∈


K[x] | P(T ) = 0} é um ideal de K[x].

ê Demonstração.

• 0 ∈ B pois 0(T )(v) = 0 ∀ v ∈ V.

• Sejam P, Q ∈ B, então P + Q ∈ B pois

(P + Q)(T )(v) = P(T )(v) + Q(T )(v) = 0 ∀ v ∈ V

• Sendo P ∈ K[x] e Q ∈ B então PQ ∈ B pois

PQ(T )(v) = P(T )Q(T )(v) = 0 ∀ v ∈ V.

b Propriedade 5. Para todo A : E → E linear, dimE = n sobre R, existe um


polinômio mônico irredutı́vel p de grau 1 ou 2 (1 se K = C) e v 6= 0 em E tal que
P(A)(v) = 0.
2
ê Demonstração. Temos que dimL(E) = n2 , então (Ak )n0 que possui n2 + 1
2
elementos é LD, logo existem constantes (ak )n0 não nulas tais que
2
X
n
a k Ak = 0.
k=0

Sendo am o coeficiente de maior ı́ndice, temos um polinômio mônico ao dividir


por am
X
m
bk xk = h(x)
k=0
como h(A) = 0 existe uma fatoração
Y
s
h(x) = pk (x)
k=1

onde cada pk é mônico irredutı́vel de grau 1 ou 2, temos


Y
s
h(A) = pk (A) = 0
k=1

um dos operadores Ps (A) não é invertı́vel, logo existe um vetor não nulo v ∈ E tal que
Ps (A)(v) = 0. Isso com fatoração em R[x], se fosse em C[x], o grau dos polinômios
seria 1, o que garante um polinômio de grau 1 que se anula num vetor não nulo.
CAPÍTULO 1. FORMA CANÔNICA DE JORDAN 8

$ Corolário 1. O ideal de polinômios B = {p ∈ K[x] | P(T ) = 0} é não nulo,


pois possui polinômio não nulo dada pela construção da propriedade anterior.
Como B é um ideal não nulo e ideal sobre K[x] é principal, então existe um único
polinômio unitário P ∈ K[x] tal que B = P.K[x].

b Propriedade 6. T : V → V , V espaço vetorial finito sobre R possui espaço


invariante de dimensão 1 ou 2 .

ê Demonstração.

m Definição 5 (Polinômio mı́nimo ). O polinômio mı́nimo de um operador


T : V → V é um polinômio mônico de grau mı́nimo que é nulo sobre T . Deno-
tamos tal polinômio por PT . O polinômio mı́nimo também pode ser chamado de
polinômio minimal de T , sendo o único gerador unitário do ideal dos polinômios
com coeficientes em K que anulam T .

b Propriedade 7. Sejam T, U : V → V lineares com TU = VT então N(U) e


Im(T ) são invariantes sobre T .

ê Demonstração. Se v ∈ N(U) então

T (U(v)) = T (0) = U(T (v)) = 0

logo T (v) ∈ N(U).


Se v ∈ Im(U) então v = U(v1 )

T (v) = T (U(v1 )) = U(T (v1 ))

então T (v) ∈ Im(U).

b Propriedade 8. Se f ∈ K[x] é nulo sobre T então PT |f.


CAPÍTULO 1. FORMA CANÔNICA DE JORDAN 9

ê Demonstração.[1] Vamos provar que f = Pt .g com g ∈ K[x], por divisão


euclidiana temos que
f = Pt g + r
onde r = 0 ou ∂(r) < ∂(PT ), avaliando em T temos

f(T ) = 0 = Pt (T )g(T ) + r(T ) ⇒ r(T ) = 0

se r não fosse um polinómio nulo, terı́amos um polinómio de grau menor que o de


PT que se anula em T , o que é absurdo pela minimalidade do grau do polinômio
mı́nimo.
ê Demonstração.[2] Se f ∈ K[x] é nulo sobre T então pertence ao ideal gerado
por PT , portanto é seu múltiplo .

$ Corolário 2. Dado f ∈ K[x], f(T ) = 0 ⇔ PT |f. A parte ⇒) já foi provada, agora
provamos a volta , nesse caso f = PT .g, aplicando em T , f se anula.

b Propriedade 9. O polinômio mı́nimo é único.

ê Demonstração. Se f é de grau mı́nimo tal que f(T ) = 0 então PT |f(T ) e daı́

f = PT .g

como ambos possuem mesmo grau, pois são ambos mı́nimos, g é constante, como os
polinômios são mônicos g = 1, portanto f = PT .

b Propriedade 10. Sejam T : V → V linear e U < V subespaço T invariante.


Se Q é o polinômio mı́nimo de T |U então Q|PT .

ê Demonstração. Tomamos uma base α = (uk )s1 de U e completamos α para


uma base B de V . A matriz de T na base B é
" #
[T |U ]α a
[T ]B =
0 B
logo 0 = PT (T ) é o operador que na base base B tem matriz
" #
PT ([T |U ]α ) a0
0 = PT (T ) =
0 PT (B)
CAPÍTULO 1. FORMA CANÔNICA DE JORDAN 10

em particular temos que PT ([T |U ]α ) = 0 , logo PT (T |U ) = 0 o que implica Q|PT pois


Q é polinômio de grau mı́nimo que se anula em T |U como PT se anula em T |U então
Q|PT .,

b Propriedade 11. Sejam V de dimensão finita e T : V → V linear, então as


raı́zes do polinômio mı́nimo e do polinômio caracterı́stico coincidem, isto é, dado
λ ∈ K arbitrário temos
PT (λ) = 0 ⇔ FT (λ) = 0.

ê Demonstração. Se T (v) = λv, λ ∈ K, f ∈ K[x] então


X
n X
n
k
f(T )(v) = ak T (v) = ak λk (v) = f(λ).v.
k=0 k=0

⇐). Seja λ ∈ K tal que FT (λ) = 0, logo λ é autovalor de T , existe v não nulo tal
que T (v) = λv, logo

0v = PT (T ) ∈ L(V) ⇒)0v = PT (T )(v) = PT (λ).v

como v 6= 0 temos PT (λ) = 0.


⇒).
Seja PT (λ) = 0, logo PT (x) = (x − λ)Q(x), com ∂q = ∂PT − 1. Logo Q(T ) 6= 0, pois
PT é o polinômio de menor grau que anula T , portanto existe v ∈ V com Q(T )(v) 6= 0.

0 = PT (T ) = (T − λI)Q(T ) ⇒ 0v = (T − λI)Q(T )(v)

logo Q(T )v é autovetor de T , não nulo com autovalor λ ⇒ FT (λ) = 0.

b Propriedade 12 (Cayley-Hamilton). Sejam V de dimensão finita, T : V → V


linear. O polinômio caracterı́stico é nulo sobre T , isto é, FT (T ) = 0.
Como corolário direto desse resultado temos que PT |FT .

ê Demonstração.

1. Para T diagonalizável, existe uma base B de V tal que


 
λ1 · · · 0
 .
.. · · · ... 

A = [T ]B = 
 
0 · · · λn
CAPÍTULO 1. FORMA CANÔNICA DE JORDAN 11

Y
n
vamos provar que FT (A) = 0. Vale pois FT (x) = (x − λk ) logo
k=1
   
0 ··· 0 λ1 − λn · · · 0
Yn
 . .. .. .. 
.
=0
 
 . ··· . . . 
FT (A) = (A − λk I) =  ··· ···
 
k=1
0 ··· λn − λ1 0 ··· 0

FT (T ) = 0.

Vejamos outra demonstração que não depende dessa conta. Sejam (λk0 )m 1 os
Y
m
autovalores distintos de T então nesse caso PT (x) = (x − λk0 ) é o polinômio
k=1
mı́nimo de T , pois se v é um autovalor de T , então algum dos operadores (T −λk0 )
anula v portanto
Y
m
PT (T )(v) = (T − λk0 )(v) = 0
k=1
para todo autovetor v, como V possui base formada por autovetores temos que
PT (T ) = 0 pois PT (T )(v) = 0 ∀ v ∈ V . Sabemos também que (λk0 )m 1 são as
Y
m
raı́zes do polinômio mı́nimo, logo PT (x) = (x − λk0 ) é o polinômio mı́nimo do
k=1
operador diagonalizável T . Em especial
Y
n
FT (x) = (x − λk )
k=1

se anula em T , PT |FT . Se T é um operador linear diagonalizável o polinômio


mı́nimo de T é um produto de fatores lineares distintos.

Para T triangular, existe uma base B de V , tal que


 
λ1 · · · a
 .
.. · · · b 

A = [T ]B = 
 
0 · · · λn

Y
n
vamos provar que FT (A) = 0, sendo FT (x) = (x − λk )
k=1

Y
n
FT (A) = (A − λk ).
k=1

Seja B = (ek )n1 base. Notamos que

(A − λk I)(A − λj I) = (A2 − Aλj − Aλk + λk λj ) = (A − λj I)(A − λk I)


CAPÍTULO 1. FORMA CANÔNICA DE JORDAN 12

logo os operadores comutam. Para mostrar que o operador é nulo basta mostrar
que é nulo em cada elemento da base

Y
n Y
n
(A − λk )e1 = [ (A − λk )](A − λ1 )e1 = 0
k=1 k=2

A(e2 ) = c1 e1 + λ2 e2 ⇒ (A − λ2 )e2 = c1 e1 , logo FT (e2 ) é nulo, pois (A − λ1 ) um


fator não usado anula c1 e1 , continuamos o mesmo processo anulando todos os
outros vetores da base.

2. Passo II. Suponha que K seja algebricamente fechado. Como todo operador
linear sobre um corpo algebricamente fechado é triangularizável, o resultado
segue do passo I.

3. Passo III .Todo corpo está contido em um corpo algebricamente fechado ⇒ K ⊂


F, F corpo algebricamente fechado. Seja B base de V A = [T ]B ∈ Mn×n (K).
Podemos ver A como A ∈ Mn×n (F). Como toda matriz com coeficiente em um
corpo algebricamente fechado é triangularizável tem-se que existe P ∈ Mn×n (F)
invertı́vel tal que PAP−1 é triangular superior. Então FPAP−1 (PAP−1 ) = 0 pois
PAP−1 é triangular. Logo

0 = FPAP−1 (PAP−1 ) = FA (PAP−1 ) = PFA (A)P−1

como P é invertı́vel é não nula então FA (A) = 0. E com isso fica terminada a
demonstração.

$ Corolário 3. Se T é um operador linear diagonalizável o polinômio mı́nimo de


T é um produto de fatores lineares distintos da forma x − λk , onde λk é autovalor
de T .

$ Corolário 4. Temos que PT |FT e ambos possuem as mesma raı́zes, se FT se


fatora como
Y
m
FT = (x − λk )dk
k=1
CAPÍTULO 1. FORMA CANÔNICA DE JORDAN 13

onde λk 6= λj para k 6= j e dk ≥ 1 então

Y
m
PT = (x − λk )ck
k=1

onde 1 ≤ rk ≤ dk , ∀ k pois PT |FT e possuem as mesmas raı́zes.

F Teorema 1 (Teorema da decomposição primária). Sejam V de dimensão finita


Y
m
sobre K, T ; V → V linear, PT = Pkck fatoração do polinômio mı́nimo de T sobre K
k=1
em fatores irredutı́veis mônicos com Pk 6= Pj para k 6= j. Tomando Vk = N(Pkck (T )),
k ∈ Im , Vk ⊂ V , então

1. Cada Vk é T -invariante.
m
M
2. V = Vk .
k=1

3. Se Qk é o polinômio mı́nimo de T |Vk então Qk = Pkck .


m
M
ê Demonstração. Se a decomposição V = Vk vale, como podemos obter
k=1
as projeções (Ek )m
1 associadas a essa decomposição? A projeção Ek será o operador

identidade sobre Vk e nulo sobre os outros Vj . Vamos determinar um polinômio hj


tal que hj (T ) seja identidade sobre Vj e nulo sobre os outros Vk de modo que

X
m
hk (T ) = I
k=1

entre outras propriedades comuns a projeção nos subespaços invariantes em soma


direta.
Para cada j, seja
Pt (x) Y
m
fj (x) = cj = Pkck (x)
Pj (x) k=1,k6=j

os polinômios (fk )m
1 são primos entre si (ver teoria), assim existem polinômios

1 tais que
(gk )m
X
m
fk (x)gk (x) = 1.
k=1
CAPÍTULO 1. FORMA CANÔNICA DE JORDAN 14

Se k 6= j então P|fk fj pois o produto contém cada Pkck como fator, vamos tomar
hk = fk gk e Ek = hk (T ) = fk (T )gk (T ) como
X
m
hk (x) = 1
k=1

e como P divide fk fj , k 6= j temos

X
m
Ek = I, Ej Ek = 0 se k 6= j
k=1

assim os Ek são projeções que correspondem a alguma decomposição do espaço V em


soma direta, vamos mostrar que a imagem de Ek é Vk .
Cada vetor em Ej (V) pertence à Vj pois se v ∈ Im(Ek ) então v = Ek (v) logo

Pj (T )cj (v) = Pj (T )cj Ej (v) = Pj (T )cj fj (T )gj (T )(v) = 0

pois Pj (T )cj fj (T ) = PT (T ) disso concluı́mos que Ej (V) ⊂ Vj o núcleo de Pj (T )cj . Agora


iremos mostrar que Vj = N(Pj (T )cj ) ⊂ Ej (V). Suponha que v ∈ N(Pj (T )cj ) se j 6= i
c
então fi gi é divisı́vel por Pj j (pela definição de fi ), logo

fi (T )gi (T )(v) = 0,
X
m
isto é, Ei (v) = 0 para i 6= j daı́ aplicamos Ek = I em v, restando apenas Ej (v) = v
k=1
portanto completamos a demonstração de que Ej (V) = Vj .
Cada espaço Vk é T -invariante, dado vk ∈ Vk então T (vk ) ∈ Vk , pois para isso é
necessário que Pkck (T )T (vk ) = 0 porém os operadores comutam por serem polinomiais
em T , então
Pkck (T )T (vk ) = TPkck (T )(vk ) = 0

se Ti = T |vi então Pi (Ti )ci = 0 pois Pi (T )ci se anula em Vi logo o polinõmio mı́nimo
de Ti divide Pici . Seja g um polinômio tal que

g(Ti ) = 0

então g(T )fi (T ) = 0 por construção de fi , logo PT |gfi e Pici fi |gfi , Pici |g pois g(Ti ) = 0
logo o polinômio mı́nimo de Ti é Pici . Assim terminamos a demonstração.
ê Demonstração.(rever demonstração)
Prova para T diagonalizável.
CAPÍTULO 1. FORMA CANÔNICA DE JORDAN 15

T diagonalizável ⇒ Ft é produto de fatores lineares ⇒ Pt é produto de fatores


lineares,
Y
m
Pt = (x − λk )ck
k=1
onde λk 6= λj , k 6= j, λk é autovalor de T . Além disso temos que
m
M
V= Wλk
k=1

onde Wλk = N(T − λk I), Vk = N(T − λk I) , logo Wλk ⊂ Vk


ck

m
M X
m X
m
V= Wλk ⊂ Vk ⇒ V = Vk .
k=1 k=1 k=1

m
M
Vamos mostrar que na verdade cada ck = 1, assim vai valer V = Vk pois teremos
k=1
Vk = Wλk . De fato (T − λk )|wk = 0 é o operador nulo. Se v ∈ V ,
X
m
v= wk , wk ∈ Wλk
k=1

logo
Y
m Y
m X
m
(T − λk I)(v) = (T − λk I)( wk ) = 0
k=1 k=1 k=1

Y
m
pois os operadores comutam e (T − λk I) anula wk . Logo o polinômio (x − λk I) é
k=1
nulo sobre T o que implica ser PT , isto é, ck = 1 ∀ k., Disso temos que Vk = Wλk
sendo T -invariante, T |vk = T |wk = λk I e daı́ Qk = (x − λk ) = Pkck .
Vamos provar o teorema da decomposição primária por indução sobre m.
m = 1, neste caso, Pt = P1c1 , V1 = N(P1c1 (T )) = N(PT (T )) = N(0) = V e com isso as
três condições valem.
Suponha o teorema verdadeiro para m − 1. Para completar o teorema é suficiente
mostrar a afirmação : se PT = fg, com f, g ∈ K[x] ∂f ≥ 1 e ∂ ≥ 1 e mdc(f, g) = 1, logo
se U = N(f(T )) e W = N(g(T )), temos que

1. U e W são T invariantes .

2. V = U ⊕ W.

3. Se QU é o polinômio mı́nimo de T |U e Qw é polinômio mı́nimo de T |W então


QU = f e QW = g.
CAPÍTULO 1. FORMA CANÔNICA DE JORDAN 16

(Vamos supor essas afirmações colocadas acima válidas e provar o teorema da


decomposição primária com elas, depois provamos que essas propriedades realmente
valem.)

Y
m Y
m−1
PT = Pkck = Pkck Pmcm
|{z}
k=1
|k=1{z } g
f

temos que mdc(f, g) = 1 por construção e hipótese colocada no enunciado, logo


U = N(f(t)), W = N(g(t)), pela hipótese de indução vale que PT |U = f então, Uk =
m−1
M
N(Pkck (T |U )) < U < V ⇒ U = Uk ,
k=1

m−1
M
V= Uk ⊕ W.
k=1

Além disso, cada Uk é T -invariante por hipótese de indução, W também é T -


invariante . Logo (vk )1n−1 , w é T -invariante.
Se Qk é o polinômio mı́nimo de (T |U )|Uk = T |Uk é Pkck . Mostramos as condições
1) e 3), agora iremos mostrar a 2). Basta mostrar que N(Pkck (T )) = Uk , temos que
Uk ⊂ N(Pkck (T )). De outro lado N(Pkck (T )) ∩ U = N(Pkck (T |U )), se existe um vetor
v ∈ N(Pkck (T )) \ Uk então v = v1 + v2 , com v1 ∈ U e v2 ∈ W.

Pkck (T )v = 0 = Pkck (T )v1 + Pkck (T )v2 =


| {z } | {z }
∈U ∈W

pois U e W são T -invariantes por V = U ⊕ W então Pkck (T )v1 = 0 e Pkck (T )v2 = 0,


/ U e v2 ∈ N(Pkck (T )) ⊂ U o que é absurdo.
v2 ∈
Agora mostramos a afirmação, sejam Pt = fg, mdc(f, g) = 1, U = N(f(t)) e
W = N(g(t)). Por mdc(f, g) = 1, existem, A, B ∈ K[x] com

Af + Bg = 1 ⇒ A(T )f(T ) + B(T )g(T ) = I.

Seja u ∈ U = N(f(t)) logo

u = A(T )f(T )(u) +B(T )g(T )(u)


| {z }
0

portanto
T (u) = TB(T )g(T )(u) = B(T )g(T )T (u)
CAPÍTULO 1. FORMA CANÔNICA DE JORDAN 17

por outro lado

f(T )T (u) = f(T )B(T )g(T )T (u) = B(T ) f(T )g(T ) T (u) = 0 ⇒ f(T )Tu = 0
| {z }
PT (T )=0

e daı́ T (u) ∈ N(f(T )), U é T -invariante. De modo similar W é T -invariante.


Agora mostramos a soma direta. ∀ v ∈ V temos

g(T )(A(T )f(T ))v = A(T )g(T )f(T )v = A(T )P(T )v = 0

logo A(T )f(T )v ∈ W = N(g(T )). De modo similar B(T )g(T )v ∈ N(f(T )) = U , logo
temos
v = A(T )f(T )v + B(T )g(T )v ⇒ V = U + W.
| {z } | {z }
W U
Falta mostrar que a soma é direta, suponha u ∈ U ∩ W então

u = A(T )f(T )u + B(T )g(T )u = 0.


| {z } | {z }
0 0

Note que f(T |U ) = 0 e g(T |W ) = 0. Mas então QU |f e Qw |g, em particular


Qu Qw |f.g = PT . Para ter Qu = f e QW = g, basta ter que Qu Qw = PT , ou seja,
sendo Qu e Qw mônicos, que PT |Qu Qw .
∀ v ∈ V , v = u + w, u ∈ N(f(T )) = U, w ∈ W = N(g(T )) ⇒

Qu Qw (Tv) = Qu Qw (T (u) + T (w)) = Qw Qu T (u) + Qw Qu T (w) = 0

logo Qu Tu = Qw Tw = 0 pois Qs é polinômio mı́nimo de Ts (s = U, W ) disso segue


que Qu Qw T = 0 ⇒ PT |Qu Qw o que mostra o resultado.

b Propriedade 13. Um operador é diagonalizável ⇔ o seu polinômio mı́nimo


é produto de fatores lineares distintos.

ê Demonstração. ⇒). Foi feito na demonstração do teorema da decomposição


primária.
⇐).
Y
m
Pt = (x − λk ). Pelo teorema da decomposição Vk = N(T − λk I) = Wλk
k=1
m
M m
M
V= Vk = Wλk ⇔ T é diagonalizável.
k=1 k=1
CAPÍTULO 1. FORMA CANÔNICA DE JORDAN 18

Z Exemplo 1. Seja A : R 3
→ R3 com
 
1 0 0
 
A= 1 1 0
 

 
0 0 2

 
x−1 0 0  
  x−1 0
FA (x) = det(xI−A) = det  −1 x − 1

0  = (x−1)det 
  = (x−1)2 (x−2)
  0 x−2
0 0 x−2

PA possui mesmas raı́zes de FA e PA |FA por Cayley-Hamilton, então PA (x) =


(x − 1)a (x − 2), com a = 1 ou 2, testamos o caso a = 1, que fazendo as contas
resulta na matriz  
0 0 0
 
 −1 0 0  6= 0
 
 
0 0 0

então o polinômio mı́nimo é o polinómio caracterı́stico.


P1c1 = (x − 1)2 , P2c2 = (x − 2),
    
0 0 o 0 0 o 0 0 o
    
2
V1 = N((A − I) ) = N  1 0 0  1 0 0  = N 0 0 0
    

    
0 0 1 0 0 1 0 0 1

(A − I)2 (x, y, z) = (0, 0, z) logo

V1 = N((A − I)2 ) = {x(1, 0, 0) + y(0, 1, 0), x, y ∈ R}.

 
−1 0 o
 
V2 = N(P2c2 ) = N(A − 2I) = N  1 −1 0 
 
 
0 0 0
CAPÍTULO 1. FORMA CANÔNICA DE JORDAN 19

    
−1 0 o x 0
    
 1 −1 0   y  =  0  ⇒
    
    
0 0 0 z 0
x = y = 0, z livre. Logo V2 = {z(0, 0, 1), z ∈ R}. Com esses dados temos V1 ∩V2 = {0}
e V1 + V2 = R3 logo V1 V 2 = R3 .
M

V1 é A- invariante. Dado v1 ∈ V1 temos

    
1 0 o x x
    
A(v1 ) =  1 1 0   y  =  x + y  ∈ V1 .
    
    
0 0 2 z 0
    
1 0 o 0 0
    
A(v2 ) =  1 1 0   0   0  ∈ V2 .
=
    
    
0 0 2 z 2z

Temos A|V1 : V1 → V1 com A(e1 ) = e1 + e2 , A(e2 ) = e2 daı́


 
1 0
A|V1 =  
1 1

A|V2 : V2 → V2 com A(e3 ) = 2e3 logo

A|v2 = [2].

Disso temos que FA |V1 = (x − 1)2 , PA|V1 | FA|V1 como


 
0 1
A−I=  6= 0
1 0

logo PA |V1 = (x − 1)2 e PA |V2 = (x − 2), observe que


CAPÍTULO 1. FORMA CANÔNICA DE JORDAN 20

 
A|V1 0
A= .
0 A|V1

Z Exemplo 2.

Y
m
b Propriedade 14. Seja T : V → V , dimV = n sobre F. Se Pt = (x −
k=1
λk )ck , λk 6= λj , k 6= j então existe um operador diagonalizável D e um operador
nilpotente N tais que
T =D+N

DN = ND

D e N são únicos e polinômios em T .

ê Demonstração. Seja Im(Ek ) = Vλk onde Vλk = N((T − λk I)ck ) colocando


Xm
D= λk Ek , D é diagonalizável, chamado parte diagonal de T . Tomando N = T − D
k=1
temos
X
m
T= TEk
k=1

X
m X
m X
m
N= TEk − λk Ek = (T − λk )Ek
k=1 k=1 k=1
temos
X
m
Ns = (T − λk )s Ek
k=1

quando s > ck ∀ k teremos N = 0 pois (T − λk )s será nulo sobre Im(Ek ). (Falta


s

unicidade).

Z Exemplo 3. Seja V de dimensão finita. Encontre a forma canônica de


Jordan nilpotente de T : V → V tal que dimV = 12, dimT (v) = 8, dimT 2 (v) = 5,
dimT 3 (v) = 5, dimT 3 (v) = 3, dimT 4 (v) = 1, dimT 5 (v) = 0. Temos k1 = k ≥ k2 ≥
CAPÍTULO 1. FORMA CANÔNICA DE JORDAN 21

· · · ≥ km ≥ 1  
N ··· 0
 k1
 .

[T ]B =  .. · · · 0 ,

 
0 ··· Nkm
(possui zero fora dos blocos da diagonal? ) (Refazemos parte da demonstração da
forma canônica)
Tome T : V → V nilpotente de ı́ndice k, tome F = Im(T ) e T |F : F → F., T |F é
nilpotente de ı́ndice k − 1. Por indução existe uma base w = (wk )s1 de F e inteiros
h1 ≥ h2 ≥ · · · ≥ hn tais que
 
N ··· 0
 h1
 .

[T |F ]w =  .. · · · 0 

 
0 ··· Nhn

Sendo (wk )s1 base de ImT e (vk )s1 ∈ V tais que T (vk ) = wk e (uk )t1 base de N(T )
então
(vk )s1 , (uk )t1 é base de v.

Note que a base w de F é da forma

w1 , Tw1 , T 2 w1 , · · · , T h1 −1 w1

..
.

wn , Twn , T hn wn , · · · , T hn −1 wn

Tomando o vk tal que T (vk ) = wk , temos T 2 (vk ) = T (wk ), T h1 (vk ) = T h1 −1 (wk ),


logo formamos a base de V da seguinte maneira

v1 , Tv1 , T 2 v1 , · · · , T h1 −1 v1 , T h1 v1
| {z } | {z }
parte da base de F ∈N(T )

..
.
CAPÍTULO 1. FORMA CANÔNICA DE JORDAN 22

2
, · · · , T h1 −1 vn}, T| h{z
|vn , Tvn , T vn{z
1
vn}
parte da base de F ∈N(T )

onde temos que eventualmente completar a base de N(T ) com os vetores (xk )r1 .
Daı́ temos as constantes
k1 = h 1 + 1

k2 = h 2 + 1
..
.

kn+1 = 1

m = n + r.
Voltando ao problema, sabemos que T possui ı́ndice 5 pois dimT 5 (v) = 0 logo
T 5 (v) = 0∀ v ∈ V e como dimT 4 (v) = 1 existe v com T 4 (v) 6= 0, disso segue o
resultado sobre o ı́ndice. Temos que T |T 4 (v) = 0 pois T (T 4 (v)) = T 5 (v) = 0. Portanto

[T ]T 4 (v) = [0]

logo h1 = 1. Usando o processo construı́do, o sistema de invariantes de T |T 3 (v) é


h10 = h1 + 1 = 2, que devemos completar com h20 = 1, para somar 3 = dimT 3 (v). O
sistema de invariantes para T |T 2 (v) é

h100 = 2 + 1 = 3

h200 = 1 + 1 = 2

em que preenchemos a base, pois dimT 2 (v) = 5.


Sistema de invariantes de T |T (v) é

h1000 = 3 + 1 = 4

h2000 = 2 + 1 = 3
CAPÍTULO 1. FORMA CANÔNICA DE JORDAN 23

que não completa base de T (v) pois dimT (v) = 8 e a soma resultou em 7, então
completamos com
h3000 = 1.

O mesmo procedimento para o sistema invariante de T

k1 = 4 + 1 = 5

k2 = 3 + 1 = 4

k3 = 1 + 1 = 2.

Somando 11, por isso devemos completar .

k4 = 1.

Por isso temos que a forma canônica de Jordan é da forma


 
 N5 0 0 0 
 
 0 N4 0 0 
J(T ) = 
 

 0 0 N2 0 
 
 
0 0 0 N1

Z Exemplo 4. Calcule a forma canônica de um operador nilpotente N : V → V


de ordem 6 sabendo que as dimensões de N5 (V), N4 (V), N3 (V), N2 (V), N(V), V são
respectivamente 4, 8, 13, 18, 25, 35.
Temos k1 = k ≥ k2 ≥ · · · ≥ km ≥ 1
 
N ··· 0
 k1
 .

[T ]B =  .. · · · 0 ,

 
0 ··· Nkm

Temos que N|N5 (V) = 0 pois N(N5 (v)) = 0 logo temos h1 = 1, completamos a
CAPÍTULO 1. FORMA CANÔNICA DE JORDAN 24

base com elementos não nulos e daı́ ficamos com o sistema de invariantes

h1 = 1, h2 = 1, h3 = 1, h4 = 1

continuamos o processo, o sistema de invariantes de N|N4 (V)

h10 = 2, h20 = 2, h30 = 2, h40 = 2

fornece base de N4 (V), não precisamos completar, o sistema de invariantes de


N|N3 (V)
h100 = 3, h200 = 3, h300 = 3, h400 = 3

(soma 12) precisamos completar com um elemento do núcleo, logo

h100 = 3, h200 = 3, h300 = 3, h400 = 3, h500 = 1

o sistema de invariantes de N|N2 (V)

h1000 = 4, h2000 = 4, h3000 = 4, h4000 = 4, h5000 = 2

(soma 17) precisamos completar com um elemento do núcleo, logo

h1000 = 4, h2000 = 4, h3000 = 4, h4000 = 4, h5000 = 2, h6000 = 1

o sistema de invariantes de N|N2 (V)

h41 = 5, h42 = 5, h43 = 5, h44 = 5, h45 = 3, h46 = 2

(soma 25) não precisamos completar, o sistema de invariantes de N|N(V)

h51 = 6, h52 = 6, h53 = 6, h54 = 6, h55 = 4, h56 = 3


CAPÍTULO 1. FORMA CANÔNICA DE JORDAN 25

(soma 31) precisamos completar com 4 elementos do núcleo

h51 = 6, h52 = 6, h53 = 6, h54 = 6, h55 = 4, h56 = 3, h67 = 1, h68 = 1, h69 = 1, h610 = 1

por isso teremos os blocos N6 , N6 N6 , N6 , N4 .N3 , N1 , N1 , N1 , N1 formando a forma


de Jordan .

Z Exemplo 5. Seja K algebricamente fechado de caracterı́stica zero. Encontre


as formas canônicas de Jordan e racional de todas as matrizes A ∈ Mn×n (K) tais
que Tr(Ak ) = 0 ∀ k ∈ In .

b Propriedade 15. A é nilpotente ⇔ TrAk = 0∀ k ∈ In , onde A ∈ Mn×n (K) .

ê Demonstração.
⇒). (revisar)
A é nilpotente ⇒ J(A) não possui zero na diagonal principal ⇒ J(A)k não possui
zero na diagonal principal (porque?) ⇒ TrJ(A)k = 0 = Tr(Ak ). (Argumentar com
detalhes)
⇐).
Seja A tal que TrAk = 0 ∀ k ∈ In , podemos supor que A é triangular superior
(porque?), daı́
Y
m
FA = (x − λk )dk ,
k=1
 
λ1 · · · 0
 .
.

 . ···
A= 0 
a ··· λn
segue que  
λ21 · · · 0
 .
A2 =  .

 . ··· 0 
2
a2 · · · λn
em geral
CAPÍTULO 1. FORMA CANÔNICA DE JORDAN 26

X
n
TrA = k
λkj = 0.
j=1

Vamos provar que cada λj é nulo. Por indução sobre n. Se n = 1, λ1 = 0. Se n > 1,


basta provar que um dos λj = 0 pois daı́ recaı́mos numa soma com n − 1 elementos
onde usamos a hipótese de indução . Sabemos que FA (A) = 0, onde FA é o polinômio
caracterı́stico. Se todos λj 6= 0 temos

X
n−1
0 = FA (A), = An + ak A k
k=0

onde a0 = (−1) Det(A), por linearidade do traço, aplicando a relação acima temos
n

X
n−1
0 = Tr(A ) + n
ak Tr(Ak )
k=0

X
n−1
n
− a0 Tr(I) = Tr(A ) + ak Tr(Ak )
|{z} | {z }
Det(A)6=0 6=0 k=1

o traço da identidade é não nulo pela hipótese de estarmos em caracterı́stica zero,


mas essa condição implica que Tr(Ak ) 6= 0 para algum k, o que é absurdo então
existe algum λj , tal que λj = 0 e daı́ por hipótese de indução temos que λk = 0 ∀ k.
Com isso a forma da matriz é
 
0 ··· 0
 .
.

 . ···
A= 0 

a2 · · · 0

e daı́ A é nilpotente.
Nessas condições as formas canônicas são da forma
 
NK · · ·
 .1
 .. · · ·


 
··· Nkn
Onde Nk é matriz nilpotente elementar.
CAPÍTULO 1. FORMA CANÔNICA DE JORDAN 27

1.3 Forma canônica de Jordan


F Teorema 2 (Forma canônica de Jordan). Sejam V espaço vetorial sobre um
corpo K algebricamente fechado, T : V → V linear, existe uma base B de V tal que
T tem matriz na base B do tipo

 
J(λ1 ) · · · 0
 .
 
J = [T ]B =  .. ··· 0


 
0 ··· J(λm )
onde (λk )m
1 são autovalores de T e J(λk ) é um bloco de Jordan relativo a λk do

tipo

 
 NK(k,1) + λk Ick ×ck · · · 0
..

 
J(λk ) = 
 . ··· 0 

 
0 ··· NK(k,nk ) + λk Ick(K,m ×ck(K,m
k) k)

onde  
0 ··· 0
 
1. · · · 0.
 
Ns = 
.. ..

 
 
0 ···1 0
s×s

K(k,1) = ck ≥ K(k,2) ≥ · · · K(k,mk ) ≥ 1. J(λk ) é matriz do operador Nk + λk I sobre


Vk = N(T − λk I)ck onde Nk = T |Vk − λk I, ck expoente de x − λk no polinômio mı́nimo
PT . Além disso

1. J(λk ) é uma matriz de tamanho dk onde dk é expoente de (x − λk ) em FT .

2. Em J(λk ) o primeiro bloco é uma matriz de tamanho ck , ck expoente de x − λk


em PT .

3. O número de blocos de Jordan J(λk ) é m, número de autovalores.

4. O número de blocos em J(λk ) é dimWλk .


CAPÍTULO 1. FORMA CANÔNICA DE JORDAN 28

Em termos matriciais toda matriz em Mn×n (K), K corpo algebricamente fechado é


semelhante a matriz na forma de Jordan
 
J(λ1 ) · · · 0
 ..
 
 . ··· 0


 
0 ··· J(λm )
ê Demonstração.
Seja V um espaço vetorial de dimensão n sobre um corpo K algebricamente fe-
chado (por exemplo K = C). Tome T : V → V operador linear e sejam (λk )m
1 os

autovalores de T ,
Y
m Y
m
FT (x) = (x − λk ) dk
e PT (x) = (x − λk )ck
k=1 k=1

X
m
onde 1 ≤ ck ≤ dk , dk = n. Pelo teorema da decomposição primária, temos
k=1
m
M
V= Vk
k=1

onde Vk = N((T − λk I)ck ), k ∈ In e Vk é T -invariante. Note que Wλk ⊂ Vk ∀ k ∈ In .


Temos também PT |Vk = (x−λk )ck . Considere Tk = T |Vk , definimos Nk = Tk −λk I ∈ L(Vk ).
Pela definição de Vk temos Nckk = 0 por propriedade do núcleo, isso implica que Nk é
nilpotente. Além disso como PT |Vk = (x−λk )ck isso implica que (Tk −λk I)h 6= 0 ∀ h < ck
por ser polinômio mı́nimo ⇒ Nhk 6= 0 ∀ h < ck ⇒ Nk é nilpotente de ı́ndice ck . Então
Tk = Nk + λk I ∈ L(Vk ) com Nk nilpotente de ı́ndice ck e Vk é T - invariante.
Logo pelo teorema da decomposição cı́clica para operadores nilpotentes ∃Bk base
de Vk tal que a matriz de Nk na base Bk é
 
NK(k,1) · · · 0
 .. 

 . ··· 0 

0 ··· NK(k,nk )
K(k,1) = ck ≥ K(k,2) ≥ · · · K(k,mk ) ≥ 1. Onde
 
0 ··· 0
 
Ns = 
 1. · · · 0. 
 .. .. 

0 ···1 0
s×s
CAPÍTULO 1. FORMA CANÔNICA DE JORDAN 29

então
 
NK(k,1) + λk Ick ×ck · · · 0
 .. 
J(λk ) = 
 . ··· 0 

0 ··· NK(k,nk ) + λk Ick(K,m ×ck(K,m
k) k)

onde em cada bloco temos


 
λ ··· 0
 k 
 1 ··· 0 
 .. .. 
 . . 
0 · · · 1 λk
s×s
m
M m
[
J(λk ) é o bloco de Jordan relativo ao autovalor λk . Como V = Vk , logo B = Bk ,
k=1 k=1
é base de V . Com vk sendo T -invariante a matriz de T na base B é
   
[T1 ]B · · · 0 J(λ1 ) · · · 0
 . 1   .
 ..  =  ..

 ··· 0   ··· 0 

0 ··· [Tn ]Bn 0 ··· J(λm )
Vejamos algumas propriedades adicionais.

1. Tamanho do bloco J(λk ). J(λk ) é uma matriz de tamanho dimVk = ∂FTk = FT |Vk
como cada Vk é invariante temos

Y
m
FT = FTk ,
k=1

agora PTk = (x − λk )ck , FTk = (x − λk )hk , com ck ≤ Hk como

Y
m
FT = (x − λk )dk
k=1

segue que hk = dk ∀ k, o tamanho de J(λk ) é dk

 
J(λ1 )d1 ×d1 · · · 0
 .. 

 . ··· 0 

0 ··· J(λm )dm ×dm
CAPÍTULO 1. FORMA CANÔNICA DE JORDAN 30

2. Número de blocos de J(λk ) é igual a dimN(Nk ), pois

Nk = Tk − λk I = T |Vk − λk I ⇒ N(Nk ) = N(Tk − λk I) =

notamos que N(Tk − λk I) ⊂ N(Tk − λk I)ck = Vk ⇒ N(T − λk I) = N(T |vk − λk I) =


N(Tk −λk I) = N(Nk ), por isso dimN(Nk ) = dimN(T −λk I) = dimWλk . O número
de blocos de J(λk ) é igual a dimensão do autoespaço relativo a λk .

b Propriedade 16. A matriz J na forma de Jordan é unicamente determinada


a menos de uma permutação dos J(λk ), isto é, J(λk ) independe da base.

ê Demonstração. Já provamos a existência agora vamos provar a unicidade.


Se B 0 é uma base com respeito a qual T tem matriz
 
(J10 ) . ··· 0
..
..
 
.. .
(Jk0 ) . . ..
 
.
 
..
 
 
0 ··· 0
Jm
Y
m
logo se cada Jk0 tem tamanho dk então FT = (x − λk )dk , portanto o tamanho de
k=1
Jk0 é dk , expoente em FT , independente da base. Agora J 0 (ou JK0 ? rever isso) gera uma
Mm
decomposição, V = Uk , Uk invariante por T . Iremos provar que Uk é unicamente
k=1
determinado. De fato vamos ver que

Uk = N(T − λk I)dimV

vale isto pois, (T − λk I)|Uk é nilpotente de ı́ndice ≤ dimV e daı́

T − λk IdimV |Uk = 0

logo Uk ⊂ N(T − λk I)dimV . Temos também para k 6= j

(T − λk I)|Uj = Jj0 − λk I

pode ter um núcleo não nulo?. Não, pois se uj ∈ Uj e uj ∈ N(T − λk I)|Uj ) implica
T (uj ) = λk uj ⇒ uj ∈ Wλk = N(T − λk I) ⊂ Uk o que é absurdo pela soma direta.
CAPÍTULO 1. FORMA CANÔNICA DE JORDAN 31

T − λk I)|Uj é invertı́vel pois


 
(J10 ) . ··· 0
..
..
 
.. .
(Jk0 ) . . ..
 
 − λk I
.

..
 
 
0 ··· 0
Jm

o j-ésimo bloco da diferença é


 
λj − λk ··· 0
 .. .. 
 1. . . 

 .. 

0 · · · 1 λj − λk

é invertı́vel.
logo (T − λk I)|Uj não é nilpotente, isto é, Uj ∩ N(T − λk I)dimV = {0}, sendo invertı́vel
M m
sobre Uj . Como V = Uk e Uk é invariante por T logo N(T − λk I)dimV = Uk
k=1
(porque?). Agora a matriz Jk0 é a matriz de

(T − λk I)|Uk + λk I|Uk

e (T −λk I)|Uk é nilpotente, logo a sua matriz é unicamente determinada pela decomposição
cı́clica dos operadores nilpotentes. (rever demonstração ).

Z Exemplo 6. Seja  
2 0 0
 
A= a 2 0
 

 
0 b 1

com a, b ∈ C. FA = (x − 2)2 (x − 1) logo PA = (x − 2)k (x − 1), k ∈ {1, 2}. Analisamos


por casos. Tomando λ2 = 1 e λ1 = 2. Lembrando que J(λk ) é de tamanho dk
expoente de x − λk em FT , então J(2) é de tamanho 2 e J(1) é de tamanho 1. Temos
dois blocos de Jordan pois esse é o número de autovalores. Em J(2) o primeiro
bloco tem tamanho k o expoente de x − 2 em PT . Logo temos as possibilidades,
k = 1, o primeiro bloco de Jordan tem tamanho 1
CAPÍTULO 1. FORMA CANÔNICA DE JORDAN 32

 
2 0 0
 
J= 0 2 0 
 
 
0 0 1
se k = 2 o primeiro bloco de Jordan possui tamanho 2
 
2 0 0
 
J= 1 2 0 
 
 
0 0 1

achamos todas as possı́veis forma de Jordan de A, a menos de permutações dos


blocos J(2) e J(1).

Na forma Canônica de Jordan, usamos que K é algebricamente fechado para dizer


que FT é produto de fatores lineares, em geral a forma canônica funciona quando
T : V → V com V sobre K tem PT com produto de fatores lineares1 .

1.3.1 T -condutor e T -anulador

m Definição 6 (Conjunto T -condutor). Sejam T : V → V linear, V espaço


vetorial sobre K, W T -invariante, v ∈ V . O T - condutor de v em W é o conjunto
ST (v, W) dos polinômios g sobre K tais que g(T )(v) ∈ W . Se fixamos T denotamos
apenas S(v, W), podemos imaginar T conduzindo V para o subespaço W .
Perceba que nessa definição o elemento v ∈ V não é necessariamente um
elemento de W .
Se W = {0} , S(v, W) é o conjunto T -anulador.

b Propriedade 17. Vale que s(v, W) < K[x] é subespaço vetorial do espaço dos
polinômios.

ê Demonstração.
1
Repetimos para você fixar.
CAPÍTULO 1. FORMA CANÔNICA DE JORDAN 33

• 0 ∈ S(v, W) pois 0(T )(v) = 0 ∈ W.

• Se f, g ∈ S(v, W) , c ∈ K então cf + g ∈ S(v, W) pois cf + g ∈ K[x] além diso

(cf + g)(T )(v) = cf(T )(v) + g(T )(v) ∈ W


| {z } | {z }
∈W ∈W

b Propriedade 18. Vale que s(v, W) é um ideal.

ê Demonstração. Falta mostrar apenas a propriedade de absorção, que real-


mente vale pois , sendo f ∈ K[x] e g ∈ S(v, W) então

f(T ) g(T )(v) ∈ W


| {z }
∈W

pois W é T -invariante.

m Definição 7 (T -condutor). O único gerador mônico do ideal S(v, W) é cha-


mado de T -condutor de v em W e de T -anulador caso W = {0}.
O T -condutor de v em W é o polinômio unitário g de menor grau tal que
g(t)(v) ∈ W , f ∈ S(v, W) ⇔ g|f.

$ Corolário 5. s(v, W) contém o polinômio minimal de T , o T condutor divide


PT .

m Definição 8. Dado T : V → V linear, para um v ∈ V definimosa

C(T, v) = S(T k (v))k∈N


a
Estamos considerando 0 ∈ N.
CAPÍTULO 1. FORMA CANÔNICA DE JORDAN 34

m Definição 9 (Espaço T -cı́clico). V é dito ser T -cı́clico se existe v ∈ V tal que

v = C(T, v).

m Definição 10 (Polinômio T -anulador). O polinômio T -anulador de v é o


polinômio mônico de menor grau, denotado por PT,v tal que

PT,v (T )v = 0.

b Propriedade 19. Vale que

PT,v | PT | FT .

De onde temos corolário direto ∂PT,v ≤ ∂PT ≤ ∂FT .

ê Demonstração.

m Definição 11 (T -gerador). Se V é T -cı́clico, um T gerador é v ∈ V tal que


v = C(T, v).

b Propriedade 20. V é T -cı́clico com T gerador sendo v ∈ V ⇔ PT,v = PT = FT .

ê Demonstração.

♣ Lema 1. Sejam V espaço vetorial, dimV = n sobre F corpo, T : V → V linear tal


que
Y
m
PT (x) = (x − λk )rk , λk ∈ F,
k=1

w < V propriamente, então existe um vetor v ∈ V tal que

1. v ∈
/ W.

2. (T − λI)(v) ∈ W para algum auto-valor x de T .


CAPÍTULO 1. FORMA CANÔNICA DE JORDAN 35

ê Demonstração. Sejam w ∈
/ W (que existe por hipótese de termos w contido
propriamente em V ), g o T -condutor de w em W , então g|PT o polinômio mı́nimo de
T , como w não está em W , g não é constante, portanto

Y
m
g(x) = (x − λk )ck
k=1

onde pelo um dos ck é positivo (não podem ser todos nulos, se não g seria constante),
tomamos j tal que cj > 0, então (x − λj ) divide g(x) e tem-se

g(x) = (x − λj )h(x)

pela definição de g ( polinômio mı́nimo que conduz w à W ), o vetor v = h(T )(w) ∈


/W
porém
(T − λj I)(v) = (T − λj I)h(T )(w) = g(T )(w) ∈ W,

então tomamos nosso λ = λj e temos os itens (1) e (2) como querı́amos demonstrar.

b Propriedade 21. Sejam V um espaço vetorial sobre um corpo F, dimV = n


, T : V → V , então T é triangularizável ⇔ PT é produto de termos lineares sobre F.

ê Demonstração. ⇒). Se T é triangular superior


 
a1,1 a1,2 · · · a1,n
 
 0 a
2,2 · · · a2,n 
[T ]B =  . ..
 
 .. · · · · · ·

 . 

0 0 · · · an,n

então o polinômio caracterı́stico é da forma


Y
n
Ft (x) = (x − ak,k )
k=1

por propriedade de determinante de matriz triangular, como o polinômio mı́nimo


divide o polinômio caracterı́stico a fatoração de PT também se dá em fatores lineares.
⇐).
Y
m
Suponha que PT (x) = (x − λk )rk , aplicando repetidamente o lema acima, vamos
k=1
mostrar que chegamos a uma base ordenada (vk )n1 = B em relação à qual a matriz
que representa T é triangular superior
CAPÍTULO 1. FORMA CANÔNICA DE JORDAN 36

 
a1,1 a1,2 · · · a1,n
 
 0 a2,2 · · · a2,n 
[T ]B =  .. ..
 


 . ··· ··· . 

0 0 ··· an,n
tal relação matricial diz que
X
j
T (vj ) = ak,j vk ,
k=1

isto é, T (vj ) está no espaço gerado por (vk )j1 . Para determinar (vk )n1 , começamos
aplicando o lema ao subespaço W = {0}, obtemos v1 ∈
/ W tal que T (v1 ) = a1,1 v1 ,
tomamos W1 = S(v1 ) ⊂ V se W1 = V paramos , se não continuamos o processo, logo
obtemos v2 tal que v2 ∈
/ W1 e T (v2 ) − a1,2 v2 ∈ W , T (v2 ) = a1,2 v1 + a2,2 v2 , continuamos
o processo até chegarmos em Wn = V. Neste procedimento temos também que Wj é
T -invariante.

b Propriedade 22. Sejam V espaço vetorial dimV = n sobre F, T : V → V


Y
m
linear . T é diagonalizável ⇔ Pt = (x − λk ) onde λk 6= λj com k 6= j.
k=1

ê Demonstração.
⇒).
Se T é diagonalizável possui base (vk )m
1 de autovetores, v ∈ V é da forma v =
X
m Y
m
ck vk , PT = (x − λk ) anula v e possui grau mı́nimo, pois PT deve possui todas
k=1
as raı́zes de FT que são autovalores.
⇒).
Seja W o subespaço gerador por todos os vetores caracterı́sticos de T e suponha
que W 6= V , pelo lema usado no resultado anterior, existe v ∈ W e λj autovalor de T
tal que
w = (T − λj I)(v) ∈ W

como w ∈ W então
X
p
w= wk
k=1

onde T (wk ) = λk wk pois W é gerado por autovetores e temos para um polinômio


qualquer h que
CAPÍTULO 1. FORMA CANÔNICA DE JORDAN 37

X
p
h(T )(w) = h(λk )wk .
k=1

Temos que PT (x) = (x − λj )q(x) para algum polinômio q(x) e

q(x) − q(λj ) = (x − λj )h(x)

para algum h polinômio pois q(x) − q(λj ) em λj se anula, temos

q(T )(v) − q(λj )(v) = (T − λj )h(T )(v) = h(T )(T − λj )(v) = h(T )(w) ∈ W

e como
0 = PT (v) = (T − λj I)q(T )(v)

então Tq(T )(v) = λj q(T )v então q(T )(v) ∈ W pois é nulo ou autovetor como q(T )(v)−
q(λj )(v) ∈ W por relação que conseguimos acima e q(T )(v) ∈ W , segue que q(λj )(v) ∈
W , com v ∈
/ W temos que ter o escalar q(λj ) = 0 daı́ x − λj divide q(x) e PT (x) =
(x−λj )q(x) possui raiz pelo menos dupla o que contraria a hipótese, então o operador
é diagonalizável.

1.3.2 Triangularização-diagonalização simultânea

m Definição 12 (Triangularização-diagonalização simultânea ). Seja V espaço


vetorial, dimV = n, F uma famı́lia de operadores T : V → V lineares, dizemos
que F é simultaneamente diagonalizável-triangularizável (SD ou ST) se existe uma
base b tal que [T ]b seja diagonal-triangular onde T ∈ F qualquer.

$ Corolário 6. Se F é SD então vale que TV = VT ∀ T, U ∈ F pois matrizes


diagonais comutam, além disso T ∈ F é diagonalizável.

m Definição 13 (Subespaço invariante por familia de operadores). Um subespaço


CAPÍTULO 1. FORMA CANÔNICA DE JORDAN 38

W < V é dito ser invariante sob uma famı́lia de operadores F se W é T -invariante


para cada T ∈ F.

b Propriedade 23. Sejam V espaço vetorial sobre K e T : V → V linear, W < V


sendo T -invariante e que W seja T| W -cı́clico, isto é, existe w ∈ W tal que

W = S(w, Tw, T 2 w, · · · , )

se k = ∂PT,v então uma base de W é dada por

1
(T s w)k−
0

em particular dimW = k. Além disso vale que PT,w = PT |W .

ê Demonstração.
1
A matriz de T |W com respeito a base (T s w)k−
0 é
 
0 0 ··· 0 −a0
 .. .. 

 1 0 ··· . . 

 .. .. 
 0 1 ··· . . 
.. .. .. .. ..
 
 

 . . . . . 

0 0 ··· 1 −ak−1
k×k

X
k−1
que é chamada matriz companheira do polinômio mônico xk + as x s .
s=0
X
k−1
Sendo PT,w = xk + as xs , as ∈ K temos PT,w (T )w = 0, substituindo tem-se
s=0

X
k−1
T k (w) = − as T s w
s=0

o que gera o elemento da última coluna da matriz.

b Propriedade 24. C(T, w) < V é T -invariante.

ê Demonstração. Tomando v ∈ C(T, w) ele é da forma v = T k (w), aplicando T


temos T (v) = T k+1 (w) ∈ C(T, w).
CAPÍTULO 1. FORMA CANÔNICA DE JORDAN 39

Em particular se V é T -cı́clico, aplicando o resultado com v sendo um T -gerador,


temos  
0 0 ··· 0 −a0
 .. .. 

 1 0 ··· . . 

 .. .. 
[T ](T k v)n−1
0
= 0 1 ··· . . 
.. .. .. .. ..
 
 

 . . . . . 

0 0 ··· 1 −ak−1
k×k

X
n−1
onde PT,v = x + n
as xs , as ∈ K. Nesses casos existe uma base de V com respeito
s=0
a qual a matriz de T é a matriz companheira de FT = PT = PT,v .

1.3.3 Forma canônica racional


F Teorema 3 (Forma canônica racional). Sejam K um corpo arbitrário, V com
dimV = n, T : V → V linear, então existe r ∈ N tal que (wk )r1 em V tais que se

Wk = C(T, wk ) = S(wk , Twk , T 2 wk , · · · )

wk é T invariante, tomando Qj = PT |Wj polinômio mı́nimo de T |Wj logo

r
M
1. V = Ws .
s=1

2. Qj+1 |Qj ∀ j ∈ Ir−1

3. O inteiro r e cada Qj são unicamente determinados.

Em versão matricial temos que, dada A ∈ Mn,n (K) então A é semelhante a


uma matriz do tipo

 
M ··· 0
 1 
 0. (M2 )
.. · · · 0
 
 .

 . . 

0 ··· Mr
CAPÍTULO 1. FORMA CANÔNICA DE JORDAN 40

onde Mj é a matriz companheira do polinômio mônico Qj onde Qj+1 |Qj ∀ j ∈


Ir−1

 
0 0 ··· 0 −a0
.. ..
 
1 0 ··· . .
 
 
 
 .. .. 
Mj = 
 0 1 ··· . . 

 .. .. .. .. .. 
. . . . .
 
 
 
0 0 ··· 1 −an−1

X
n−1
n
Qj = x + as xs , as ∈ K.
s=0

ê Demonstração. O primeiro polinômio Q1 é o polinômio mı́nimo de T , de fato


Qj (T )|Wj = 0 e como Qj |Q1 ∀ j segue que Q1 (T )|Wj = Q 0 (T )Qj (T )Qj (T )|Wj = 0 então
Q1 (T ) = 0 sobre todos os vetores de V por propriedade de soma direta logo PT |Q1 .
Porém temos também que Q1 = PT |W1 |PT como são ambos mônicos e se dividem então
PT = Q1 . M1 é o bloco relativo ao polinômio mı́nimo. Como Wj é T |Wj -cı́clico temos
Qj = FT |Wj logo

Y
r Y
r
FT = FKs = Qs
s=1 s=1

logo cada Qj é unicamente determinado.

$ Corolário 7. Como r e os Qj são unicamente determinados então a forma


canônica racional é única a menos de permutação dos blocos Mj .

Z Exemplo 7. Sejam dimV = 2, T ∈ L(V), ∂P t = 1 ou 2. Se ∂PT = 1, temos


PT = x − λ, λ ∈ K, Q1 = PT , como Q2 |Q1 temos Q2 = Q1 = PT a matriz fica como
   
[MQ1 ]1×1 0 λ 0
Rt =  =  = JA
0 MQ2 0 λ
CAPÍTULO 1. FORMA CANÔNICA DE JORDAN 41

Caso ∂PT = 2, PT = x2 + ax + b, portanto sabemos que Q1 = PT e daı́


 
0 −a
RT = [MQ1 ]2×2 =  
1 −b

que pode ser diferente de JT .

Z Exemplo 8. Seja um operador T com FT = (x − 1)(x − 2)2 . Supondo PT =


(x − 1)(x − 2) = Q1 = x2 − 3x + 2 temos Q2 = x − 2, daı́ a forma racional é
 
  0 −2 0
MQ1 0  
RA =  = 1 3 0 


0 MQ2  
0 0 2

Caso Q1 = PT = (x − 2)2 (x − 1) = x3 − 5x2 + 8x − 4 portanto a forma racional fica


como  
0 0 4
 
RA =  1 0 −8  = [MQ1 ]
 
 
0 1 5

b Propriedade 25. Caso FT seja produto de fatores lineares JA é diagonal,


porém RA pode não ser diagonal.

ê Demonstração.
Quais são os operadores T tais que JT = RT ?

b Propriedade 26. Se T é nilpotente então JT = RT .

ê Demonstração. Suponha que I(T ) = k ≤ dimV = n então PT = xk pois T k = 0


e potências inferiores não , FT = xn , pois qualquer outra raiz seria raiz do polinômio
mı́nimo. Com isso temos
CAPÍTULO 1. FORMA CANÔNICA DE JORDAN 42

 
Nk1 · · · 0
 .. .. 
J(T ) = 
 ··· . . 
0 ··· Nkr
 
0 ··· 0
 
NKj =  1.. · · · 0 

 .


0 ···1 0
existindo únicos inteiros k1 = k ≥ k2 ≥ · · · kr ≥ 1 tal que JT assume a forma
colocada acima. Podemos notar Nkj é a matriz companheira de xkj que divide xk = Q1 ,
temos xkj = Qj e JT = RT pois a forma racional é única.

b Propriedade 27. Se T = λI : V → V , dimV = n, então RT = JT .

ê Demonstração. Sabemos que FT = det(xI − λI) = (x − λ)n , onde n = dimV .


Além disso T − λI = 0 logo PT (x) = x − λ. JT terá apenas um bloco pois possui apenas
um autovetor, então a matriz na forma canônica de Jordan é da forma
 
Nk1 · · · 0
 .. .. 
J(T ) = 
 ··· . . 

0 ··· Nkr

NKj = [λ]

NKj é a matriz companheira de x − λ = Qj , daı́ JT = RT .

b Propriedade 28. RT = JT ⇔ T é nilpotente ou T = λI.

ê Demonstração. ⇐) Já provamos.


⇒) Se Q1 tem grau 1, Q1 = x + λ, Q1 = · · · = Qm .
 
−λ . 0
RA =  .. 
0 −λ
a matriz é múltipla da identidade, neste caso MPA é 1 × 1. Caso contrário temos

RA = J A ⇔
CAPÍTULO 1. FORMA CANÔNICA DE JORDAN 43

   
(MPA ) . 0 (J(λ1 )) . 0
RA =  .. = ..  = JA
0 MPM 0 J(λm )
MPA é submatriz de JA
 
0 ··· −a0
 .. 
M PA =
 1. ··· . 
 .. 

0 · · · 1 −an−1

temos uma fileira de 1 na diagonal abaixo da diagonal principal, isto implica que
MPA deve estar contida em J(λ1 ) da passagem dos blocos J(λ1 ) para J(λ2 ) temos um
elemento nulo abaixo da diagonal principal
 
(λ ) ··· 0
 1 ... 
 ···1 λ1 · · · 0
 

 
0 · · · 0 λ2

temos que λ1 = 0 por comparação com a diagonal principal de MPA , disso segue
também que an−1 = 0 e ainda −a0 = · · · = −an−2 seguindo da igualdade JA = RA ,
pois MPA ⊂ J(0) e no bloco de jordan todos elementos acima da diagonal são nulos .
Disso segue que PA = xn , A é nilpotente (n aqui não simboliza a dimensão do espaço
.)

b Propriedade 29. Duas matrizes 3 × 3 nilpotentes são semelhantes ⇔ possuem


o mesmo polinômio mı́nimo. O mesmo não vale para matrizes 4 × 4.

ê Demonstração. Toda matriz nilpotente é semelhante a uma matriz com blocos


nilpotentes elementares Nk1 , · · · , Nkm k1 = k ≥ k2 ≥ · · · ≥ km ≥ 1, onde k1 é o ı́ndice
X
m
de nilpotência e m = dimN(A). ks = n. Se A é nilpotente de ı́ndice K temos que
s=1
Ak = 0 e Ah 6= ∀ h < k. Pelo teorema de decomposição cı́clica para operadores
nilpotentes, temos o sistema de invariantes colocado acima. Temos ainda PA |xk e
PA 6= xh ∀ h < k pois T h 6= 0 então PA = xk .
⇒).
Supondo que A e B matrizes 3 × 3 são semelhantes então
CAPÍTULO 1. FORMA CANÔNICA DE JORDAN 44

 
Nk · · · 0
 .1 . .. 
A∼B∼ . ..
 . . 

0 ··· Nkn
onde k1 = I(A) = I(B) logo possuem mesmo polinômio mı́nimo PA = xk1 = PB .
⇐). Por outro lado temos também PA = PB = xk , temos
 
Nk ··· 0
 . .. .. 
A∼ . .
 . . 

0 · · · Nkn
 
Nk ··· 0
 . .. .. 
B∼ . .
 . . 
0 · · · Nkn
temos as seguintes possibilidades para k, se K = 3 A ∼ B ∼ [N3 ]. Se k = 2 então
" #
N2 0
A∼ ∼B
0 N1
para matrizes 4 × 4 podemos ter
 
" # N2 0 0
N2 0  
A=  0
6=  N1 0 =B
0 N2
0 0 N1
formas canônicas distintas dai implica A 6∼ B.

Z Exemplo 9. Demonstre que as matrizes reais n × n, A com todos elementos


1 e B com a(1,1) = n e todos elementos nulos são semelhantes.
Xn
Vale que Aej = ek .
k=1
X
n
Definindo w1 = ek e wk = ek − ek−1 , k ∈ [2, n]N . Tais vetores formam base
k=1
do Rn pois supondo
X
n
ck wk = 0
k=1

X
n X
n
c1 ek + ck (ak − ak−1 ) = 0
k=1 k=1
CAPÍTULO 1. FORMA CANÔNICA DE JORDAN 45

o coeficiente de e1 deve ser nulo, que é c1 − c2 , portanto c1 = c2 . Continuando


a comparação chegamos em ck = (k − 1)c2 ainda com cn + c2 = 0 logo nc2 = 0
portanto c2 = 0 e todos outros coeficientes também. Como temos n vetores LI eles
geram o espaço. Além disso

X
n X
n X
n X
n
A(w1 ) = Aek = es = n es = nw1
k=1 k=1 s=1 s=1

X
n X
n
temos também A(wk ) = A(ek ) − A(ek−1 ) = ek − ek = 0 para k > 1, logo a
k=1 k=1
matriz fica na forma de B.

Z Exemplo 10. Se A é matriz invertı́vel, A ∈ M (C), determine J(A


n
−1
). Temos
que P−1 AP = JA , P invertı́vel então

P − 1 A −1 P = J −
A
1

1 −1
então JA−1 é a forma de Jordan de J−
A (porque?), isto é, JA−1 = JA

 
 J(λ1 ) . . . 0 
JA =  
0 J(λm )

cada λk 6= 0 pois A é invertı́vel, temos

 
 (λk ) . . . 0 
J(λk ) =   + Nk
0 λk
 
−1
J(λ1 ) . 0
J− 1
=
 .. 
A  
−1
0 J(λm )
precisamos calcular a inversa dos blocos, podemos observar analisando alguns
casos que
CAPÍTULO 1. FORMA CANÔNICA DE JORDAN 46

 −1  
λ 0 λ−1 0
  = 
−2 −1
1 λ −λ λ

 −1      
λ 0 0 λ−1 0 0 λ −1 0 0 0 0 0
       
 1 λ 0 =  −λ−2 λ−1 0 = 0 −1
0 +  −λ−2 0 0 
       
 λ
       
0 1 λ λ−3 −λ−2 λ−1 0 0 λ −1
λ−3
−λ −2
0
| {z } | {z }
λ−1 I
nilpotente de ı́ndice 3

então generalizando

 
1
λ−
1 I + N1 0 0
.. ..
 
1
J− = ··· . .  = JA−1 .
 
A 
 
1
0 ··· λ−
m I + Nm

Z Exemplo 11. Seja A ∈ M (R) tal que A n


2
+ 1 = 0. Se n é par A é semelhante
sobre R a matriz  
0 −I
 
I 0
n n
I um bloco identidade × . Temos que PA |x2 + 1 e daı́ PA = x2 + 1. Temos
2 2
2
det(A) = 1. Na forma canônica racional PA = Q1 logo
 
 (MQ1 ) . . . 0 
A ∼ RA =  
0 MQm

Qm+1 | · · · |Q1 , a matriz acima sendo formada por bloco das matrizes companheiras
de Q  
0 −1
MQ1 =  
1 0

por propriedade do polinômio mı́nimo e tamanho da matriz temos Q1 = Q2 =


CAPÍTULO 1. FORMA CANÔNICA DE JORDAN 47

· · · = Q n2 e os blocos associados são idênticos


 
 (MQ1 ) . . . 0 
RA =  
0 MQ n
2

 
0 −I
então para mostrar que é semelhante a matriz  , basta trocar os
I 0
elementos da base de posição e multiplicar por −1 se necessário. Por exemplo

 
 0 −1 0 0 
 
 1 0 0 0 
 
 
 0 0 0 −1 
 
 
0 0 1 0
pode ser colocado da forma
 
 0 0 −1 0 
 
 0 0 0 −1 
 
 
 1 0 0 0 
 
 
0 1 0 0

trocando a ordem da base para (−e4 , e3 , e2 , −e1 ).

b Propriedade 30. Se A e B são matrizes com mesmo polinômio caracterı́stico

Y
r
P= (x − λk )dk
k=1

com o mesmo polinômio mı́nimo e dk ≤ 3 ∀ k então A e B são semelhantes.

ê Demonstração. Para ambas matrizes pela igualdade dos polinômios carac-


terı́sticos FTA = FTB e PTA = PTB

• JA (λk ) é de tamanho dk coeficiente de x − λk em FTA como B possui mesmo


polinômio caracterı́stico temos um bloco JB (λk ) de mesmo tamanho na forma
de Jordan de B.
CAPÍTULO 1. FORMA CANÔNICA DE JORDAN 48

• O primeiro bloco em JA (λk ) é de tamanho ck expoente de x − λk polinômio


mı́nimo PTA , temos o mesmo para a forma de B .

• Temos o mesmo número de blocos de Jordan pois temos o mesmo número de


autovalores r .

Vamos mostrar agora que os blocos JA (λk ) e JB (λk ) são os mesmos, não dependem
da matriz.
Suponha que dk = 3, podemos ter ck = 1, 2 ou 3, suponha que seja ck = 1, então o
sistema de invariantes é ck = 1 ≥ |{z}
1 ≥ |{z}
1 ≥ 1 (λ = λk por simplicidade), então
k2 k3

 
λ 0 0
 
J(λ) =  0 λ 0 


0 0 λ

se ck = 2 temos o sistema de invariante obrigatoriamente da forma ck = 2 ≥ |{z}


1 ≥1
k1
e o bloco fica como  
λ 0 0
 
 1 λ 0 
J(λ) =  
0 0 λ
se ck = 3 temos apenas esse elemento no sistema de invariantes, então o bloco
fica como  
λ 0 0
 
J(λ) = 
 1 λ 0 

0 1 λ
se dk = 2 temos, usando mesmos argumentos temos possibilidades
! !
λ 0 λ 0
J(λ) = ou
0 λ 1 λ
c k =1 ck =2

se dk = 1 = ck então J(λ) = [λ]. Isso independe da matriz supondo os dados do


problema, então A e B possuem mesma forma de Jordan a menos de permutação de
elementos e portanto são semelhantes.
CAPÍTULO 1. FORMA CANÔNICA DE JORDAN 49

Z Exemplo 12. Seja A uma matriz complexa 5 × 5 cujos polinômios carac-


terı́stico e mı́nimo são respectivamente (x− 2)3 (x+ 7)2 e (x− 2)2 (x+ 7), determine a
forma de Jordan de A. Temos dois autovalores então a matriz na forma canônica
é do tipo  
J(2) 0
JA =  
0 J(7)
J(2) possui tamanho 3 × 3, pois 3 é expoente de x − 2 em FT , da mesma forma
J(7) possui tamanho 2 × 2, como o coeficiente de x − 2 em PT é 2 e de x + 7 é 1 o
tamanho dos blocos é fixado e temos

 
2 0 0
 
J(2) =  1 2 0 
 
 
0 0 2
 
−7 0
J(7) =  .
0 −7

Z Exemplo 13. Determine todas as possı́veis formas de Jordan para as matrizes


reais 9 × 9 cujo polinômio mı́nimo seja x(x − 1)2 (x + 1)2 .

Z Exemplo 14. Mostre que a matriz


 
 0 1 0 0 
 
 0 0 1 0 
 
 
 0 0 0 1 
 
 
1 0 0 0
é diagonalizável sobre os números complexos, mas não sobre os números reais.
Podemos calcular o polinômio caracterı́stico, sendo FT = (x4 − 1) = (x2 − 1)(x2 +
CAPÍTULO 1. FORMA CANÔNICA DE JORDAN 50

1), que não possui todos autovalores reais, logo os autovetores não pertencem
a espaço sobre R. Porém é diagonalizável sobre C pois todos autovalores são
distintos 1, −1, i, −i.

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