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Rodrigo Carlos Silva de Lima
rodrigo.uff.math@gmail.com
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1
Sumário
2
Capı́tulo 1
Esse texto ainda não se encontra na sua versão final, sendo, por enquanto, cons-
tituı́do apenas de anotações informais. Sugestões para melhoria do texto, correções
da parte matemática ou gramatical eu agradeceria que fossem enviadas para meu
Email rodrigo.uff.math@gmail.com.
Objetivos
3
CAPÍTULO 1. NÚMEROS NATURAIS E AXIOMAS DE PEANO 4
Axioma 2. Existe um único número natural que não é sucessor de nenhum outro
natural, esse número simbolizamos por 1.
Um pouco de história
ê Demonstração.
⇒). Supondo o axioma (3) válido. Suponha por absurdo que exista A ̸= ∅, A ⊂ N
tal que A \ S(A) = ∅ então A ⊂ S(A), isto é, ∀ x ∈ A existe y ∈ A tal que x = s(y).
Sabemos que 1 ∈
/ A, pois se não 1 ∈ A \ S(A). Se n ∈
/ A, vamos mostrar que s(n) ∈
/ A.
Se fosse s(n) ∈ A, chegarı́amos em uma contradição com A ⊂ S(A), pois deveria
CAPÍTULO 1. NÚMEROS NATURAIS E AXIOMAS DE PEANO 6
haver y ∈ A tal que s(y) = s(n) e por injetividade seguiria y = n ∈ A, o que contraria
a hipótese, logo S(n) ∈
/ A, A é vazio pois não contém nenhum número natural, mas
consideramos que A não é vazio como hipótese, absurdo!.
⇐).
Pelo axioma 2 temos que 1 é o único elemento de N\S(N), pelo axioma 1 temos que
S(N) ⊂ N daı́ temos N = {1} ∪ S(N) o que implica 1 ∈ A, ∀ n ∈ N s(n) ∈ A ⇔ A = N.
m + 1 := s(m)
m + s(n) = s(m + n)
(m + n) + p = m + (n + p)
para m, n e p naturais.
m + (n + 1) = (m + n) + 1
e indução.
Para p = 1 a propriedade vale pela definição de adição
(m + n) + p = m + (n + p),
CAPÍTULO 1. NÚMEROS NATURAIS E AXIOMAS DE PEANO 7
(m + n) + (p + 1) = m + (n + (p + 1)).
m+1=1+m
1 + 1 = 2 = 1 + 1.
(m + 1) + 1 = 1 + (m + 1).
Tem-se que
1 + (m + 1) = (1 + m) + 1 = (m + 1) + 1 .
m+n=n+m
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m+n=n+m
m + (n + 1) = (m + n) + 1 = (n + m) + 1 = 1 + (n + m) = (1 + n) + m = (n + 1) + m .
ê Demonstração.
Seja A o conjunto dos naturais tal que {n + m = m + p ⇒ n = p}. Vamos provar
que A é o conjunto dos naturais, para m = 1 , se vale 1 + n = 1 + p então s(n) = s(p),
como a função sucessor é injetiva segue que n = p. 1 ∈ A.
Supondo que m ∈ A
m+n=m+p⇒n=p
(m + 1) + n = (m + 1) + p ⇒ n = p.
m(n + 1) = m.n + m.
Vale
m.(n.p) = (m.n).p .
m.(n.1) = (m.n).1 .
m.n = n.m
para quaisquer m, n ∈ N.
CAPÍTULO 1. NÚMEROS NATURAIS E AXIOMAS DE PEANO 11
m(n + 1) = (n + 1).m.
m<n
m + p = n.
Neste caso escrevemos também n > m. Dizemos nesse caso que n é maior que m
ou m é menor que n. Dizemos que n ≥ m quando vale n > m ou n = m.
1.4.1 Transitividade
b Propriedade 22.
pn ≥ n ∀ n, p ∈ N.
CAPÍTULO 1. NÚMEROS NATURAIS E AXIOMAS DE PEANO 14
ê Demonstração. Vale m > n daı́ p.m > p.n, porém p.n ≥ n logo por
transitividade p.m > n.
1.4.3 Tricotomia
ê Demonstração.
• Não vale n < m e m < n, pois se não por transitividade valeria n < n que é
uma propriedade falsa.
Seja m ̸= n, vamos mostrar que vale uma das possibilidades m > n ou m < n.
Para m = 1 sabemos que vale n > 1. Suponha a validade para m, vamos mostrar
que vale para m + 1. Se vale m > n então m + 1 > n + 1 > n. Se vale m + 1 = n
nada temos a fazer, se vale m < n segue m + 1 < n + 1, não pode ser n < m + 1 pois
terı́amos n < m + 1 < n + 1 o que é absurdo, então vale m + 1 < n.
ê Demonstração.
Por tricotomia temos que n = p, ou n > p ou n < p .
Suponha que m.n = m.p e n > p então multiplicando por m de ambos lados
segue que m.n > m.p o que contraria m.n = m.p. Se n < p multiplicando por m
segue que nm < pm o que contraria m.n = m.p . Como não vale n > p ou n < p,
então deve valer que n = p o que demonstra o resultado .
ê Demonstração. Por tricotomia vale uma das propriedades m > n daı́ m+p >
n + p que contradiz a hipótese. m = n que implica m + p = n + p daı́ segue o absurdo
com n + p > n + p. Como não pode valer nenhuma das anteriores segue que n < m.
ê Demonstração. Por tricotomia vale uma das propriedades m > n daı́ m.p >
n.p que contradiz a hipótese. m = n que implica m.p = n.p daı́ segue o absurdo
com n + p > n + p. Como não pode valer nenhuma das anteriores segue que n < m.
ê Demonstração. Não vale m < 1 para algum natural m, logo 1 não possui
antecessor. Agora para todo outro n ∈ N vale n > 1 logo existe p ∈ N tal que
p + 1 = n, vamos mostrar que p = m é o antecessor de n. Vale p < p + 1, logo
a primeira condição é satisfeita, a segunda condição também é satisfeita pois não
existe c ∈ N tal que p < c < p + 1. Vamos mostrar agora que existe um único
antecessor. Suponha existência de dois antecessores m e m ′ distintos então existe
um deles que é o maior, digamos m ′ , daı́ m < m ′ e m ′ < n por transitividade segue
m < m ′ < n o que contraria a definição de antecessor, então existe um único.
CAPÍTULO 1. NÚMEROS NATURAIS E AXIOMAS DE PEANO 17
1. É reflexiva: a ≤ a.
2. É anti-simétrica: a ≤ b e b ≤ a então a = b.
3. É transitiva: a ≤ b e b ≤ c implica a ≤ c.
ê Demonstração.
1.4.7 Negações
a + c ≤ b + c, b + c ≤ b + d
por transitividade a + c ≤ b + d.
O mesmo com a multiplicação
1.5 Subtração
Vamos definir a subtração de dois números naturais a e b quando a > b.
b − a := p.
CAPÍTULO 1. NÚMEROS NATURAIS E AXIOMAS DE PEANO 19
ê Demonstração. P1 ⇒ PBO.
Seja A um conjunto não vazio de N, se 1 ∈ A então A possui menor elemento,
que é o número natural 1. Agora vamos analisar o caso de 1 ∈
/ A.
Seja B = {n | In ⊂ N \ A}, temos que 1 ∈ B, porém B não é o conjunto dos números
naturais pois A é não vazio, então existe n tal que n ∈ B e n + 1 ∈
/ B, logo In ⊂ N \ A
e In+1 não é subconjunto de N \ A, então n + 1 ∈ A, sendo no caso n + 1 o menor
elemento de A.
ê Demonstração.
Pelo axioma de Eudoxius existe q tal que q.m ≤ n < (q + 1).m. daı́ q.m = n ou
q.m < n, se a primeira vale a demonstração termina, se vale a segunda existe r ∈ N
CAPÍTULO 1. NÚMEROS NATURAIS E AXIOMAS DE PEANO 22
n, m ∈ A ⇔ m, m + n ∈ A
ê Demonstração.
Suponha que N seja limitado superiormente, então ele possui um supremo s e
vale para qualquer n natural n < s. Como s é a menor cota superior, então s − 1
não é cota superior, logo existe n ∈ N tal que s − 1 < n, como n + 1 é natural pela
motonocidade da adição segue que s < n + 1 logo encontramos um número natural
maior que seu supremo, o que é um absurdo.
In = {k ∈ N | 1 ≤ k ≤ n.}
CAPÍTULO 1. NÚMEROS NATURAIS E AXIOMAS DE PEANO 24
• f(m.n) = f(m)f(n)
Então para todo n ∈ N fica provado que f(n) = n ′ , f é única por construção, sendo
também sobrejetora.
• Vale que f(m) + f(n) = f(m + n), vamos provar por indução sobre n. Para n = 1
ela vale por definição da função, supondo a validade para n, vamos provar para
n+1
• f(m.n) = f(m)f(n). Por indução sobre n, para n = 1 ela vale. Suponha validade
para n, vamos provar para n + 1
• m < n ⇔ f(m) < f(n). ⇒). Se vale m < n então existe p ∈ N tal que m + p = n
e daı́ aplicando f tem-se m ′ +p ′ = n ′ o que implica n ′ > m ′ , isto é, f(n) > f(m).
⇐) Da mesma forma se f(m) < f(n) então m ′ < n ′ e daı́ existe p ′ tal que
m ′ + p ′ = n ′ ⇒ f(m + p) = f(n) que por injetividade segue m + p = n, portanto
n > m.
• Editora:Impa
• Ano:2004
Elementos de aritmética
• Autor: A. Hefez
• Ano:2004
Livro que aborda as principais propriedades dos números naturais, possui ótimos
exercı́cios e explicação clara. Livro cuja leitura pode ser muito agradável. Neste livro
não se parte dos axiomas de Peano, mas de outro conjunto de axiomas( mais nume-
rosos do que o de Peano) que tem objetivo de tornar mais rápido o desenvolvimento
dos números naturais.