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RESUMO ABSTRACT
Revista Brasileira de Obesidade, Nutrição e Emagrecimento, São Paulo. v.11. n.63. p.135-144. Maio/Jun. 2017. ISSN 1981-
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visceral, junto às vísceras (Pinto, 2014). ativadas por mitógenos (MAPK), e a via do
Tradicionalmente era considerado passivo fosfatidilinositol 3 cinase (PI3K) (Thong e
reservatório de triglicerídeo, porém, a visão colaboradores, 2005; Luchs, 2006; Reyes e
endócrina do TAB tornou-se estabelecida com colaboradores, 2008).
a identificação das adiposinas denominadas A via MAPK, também denominada
de adipsina, e com a identificação e MEK, está relacionada regulação da
caracterização da leptina (Ahima, 2000; expressão gênica dos tecidos sensíveis à
Kershaw e colaboradores, 2004; Ahima, insulina. A via PI3K faz o controle sobre o
2006). metabolismo da glicose e lipídios pela insulina
As adiposinas são peptídeos e não (Thong e colaboradores, 2005; Reyes e
peptídeos expressos pelos adipócitos que colaboradores, 2008).
atuam no controle do metabolismo celular e A insulina induz sua alteração
interage com outros órgãos e sistema conformacional e auto fosforilação, na porção
orgânicos, estão relacionadas à atividade tirosina cinase da cadeia β, ao unir-se com
endócrina do tecido adiposo (Wellen e uma das duas cadeias α no IR. A tirosina
colaboradores, 2003; Speretta e cinase fosforilada estimula as vias MAPK e
colaboradores, 2014; Pinto, 2014). PI3K. Inicialmente, na via PI3K, a tirosina
A obesidade proporciona aumento cinase fosforiliza uma família de proteínas
significativo na massa dos adipócitos, denominadas de substratos do receptor de
principalmente o visceral, que ocorre em insulina, insulin receptor substrate (IRSs). Nos
alterações histológicas e bioquímicas seres humanos são encontrados 3 isoformas,
características de tecido inflamado. A IRS-1, IRS-2 e IRS-4 e, em roedores, 4
concentração de macrófagos presentes no isoformas, incluindo-se o IRS-3 (Thong e
tecido adiposo branco está diretamente colaboradores, 2005).
relacionada com o grau de adiposidade e o O IRS-1 está envolvido na modulação
tamanho dos adipócitos em humanos do transporte de glicose para a célula, ao ser
(Weisberg e colaboradores, 2003; Kershaw e fosforilada pela tirosina promoverá a ativação
colaboradores, 2004; Ahima, 2006; Curat e da via PI3-K, esta, por sua vez, fosforiliza o
colaboradores, 2004; Fantuzzi, 2005). complexo enzimático PKB/Akt, conjunto
O adipócito inflamado promove a enzimático sequencial desta via. O complexo
expressão, síntese e secreção de fatores PKB/Akt fosforilado promove a translocação
inflamatórios, as adipocinas, as quais do GLUT4 e influxo de glicose (Ozes e
contribuem para a resistência à insulina e colaboradores, 2001; Carvalheira e
hipertensão arterial (Weisberg e colaboradores, 2002; Thong e colaboradores,
colaboradores, 2003; Wellen e colaboradores, 2005; Luchs, 2006).
2003; Kershaw e colaboradores, 2004; Curat e Na sequência, a tirosina cinase ativa o
colaboradores, 2004; Fantuzzi, 2005; Leite e IRS-1 e a via PI3K, as quais irão promover o
colaboradores, 2009; Pinto, 2014; Speretta e transporte de glicose para célula. O modelo
colaboradores, 2014). das vias de sinalização da insulina e
A insulina faz o transporte da glicose respectivos locais de ação das adipocinas está
para as células utilizando um receptor de descrito na Figura 2, que descreve a ativação
membrana, o insulin receptor (IR:), o qual do IRS-1 pela serina cinase, em que ocorre a
inicia o processo enzimático denominado de inibição IRS-1, sem a estimulação do
via de sinalização da insulina (Pereira e transporte de glicose para a célula (Ozes e
colaboradores, 2003; Reyes e colaboradores, colaboradores, 2001).
2008). O Diabetes Tipo 2 pode ser
O IR apresenta duas cadeias α, caracterizado como distúrbio na ação da
localizadas na porção externa da membrana insulina ao promover o influxo de glicose para
celular e possuem sítios de fixação a insulina, os tecidos celulares, provocando perda da
e duas cadeias β, localizadas na membrana regulação do metabolismo desta fonte
celular e possuem domínios intracelulares, a energética, e consequentemente resistência à
tirosina cinase. Ao fixar-se em uma das duas insulina (Mclellan e colaboradores, 2007).
cadeias α no IR, a insulina inicia o mecanismo Dentre as adipocinas expressas pelo
de transdução por meio de duas vias TAB, encontra-se algumas com funções
principais, via das proteínas quinases, relacionadas à sensibilidade à insulina,
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Ocorre inibição da fosforilação tirosina cinase insulina, que acarreta resistência periférica e
e o sítio p85, promovendo atenuação da redução da liberação pelas células betas pela
fosforilação do complexo enzimático PKB/Akt; ação da glicose. Entretanto, este efeito ocorre
via processo de sinalização da insulina (Senn em células betas de ratos, não se repetindo
e colaboradores, 2003; Rotter e em células humanas, o que observa-se é que
colaboradores, 2003). a resistina seja expressa nas ilhotas regula
Outro efeito da IL-6 sobre a resistência pela diabetes tipo 2 (Dunmore e
à insulina é a elevação sérica da concentração colaboradores, 2013).
dos AGLs via adipócito e fígado, promovendo Em células betas pancreáticas, foi
a ativação do Ciclo de Randle. A IL-6 em observado expressão de resistina tanto em
conjunto com o TNF-alfa elevam a liberação indivíduos com e sem diabetes tipo 2, mas o
de AGLs e glicerol pelos adipócitos. A IL-6 número de células com presença positiva de
aumenta a secreção de triglicerídeos pelo resistina foi significativamente superior em
fígado e favorece a supressão da expressão indivíduos Diabéticos Tipo 2. A expressão de
da adipocina adiponectina; efeito sobre a resistina nas células beta pancreáticas se
resistência à insulina e o Diabetes Tipo 2 eleva significativamente após o início da
(Kershaw e colaboradores, 2004; Kusminski e patologia, sugerindo que esta adipocina está
colaboradores, 2005; Leite e colaboradores, envolvida na regulação da função das células
2009). beta pancreáticas (Al-Salam e colaboradores,
A resistina é outra adipocina pró- 2011).
inflamatória expressa nos adipócitos e Quando analise a concentração de
macrófagos. Em animais roedores, resistina em relação a massa do adipócito,
pesquisadores observaram que ela apresenta observa que a sua expressão e seus níveis
altas concentrações nos adipócitos e circulantes estão mais acentuados em obesos
pâncreas, e está intimamente relacionada ao quando comparados a indivíduos com peso
índice de massa corporal e obesidade. Os normal. Esta diferença na expressão e
estudos indicaram que sua concentração é concentração sérica talvez possa estar
revertida por meio do tratamento com relacionada a infiltração de macrófagos no
tiazolidinodiona (TZD) (Kershaw e tecido adiposo. Estas observamos
colaboradores, 2004; 2005; Bastard e caracterizam a ação de resist6encia à insulina
colaboradores, 2006; Leite e colaboradores, pela resistina em seres humanos (Park e
2009; Park e colaboradores, 2013). colaboradores, 2013).
Estudos evidenciaram, em roedores, Pode-se inferir que as adipocinas
que a resistina promove a atenuação da ação TNF-alfa, IL-6 e resistina promovem a
insulínica e consequentemente sua resistência à insulina por redução na
resistência. Resultado apresentado de forma fosforilação dos receptores IR, promovendo
controversa por outros estudos, em que não down regulation de IR e ativação do Ciclo de
foi possível comprovar a relação entre Randle. A literatura refere que, dentre as
resistina e resistência à insulina (Kershaw e adipocinas expressas pelos adipócitos do
colaboradores, 2004; Kusminski e tecido adiposo, a adiponectina é um regulador
colaboradores, 2005; Pinto, 2014). chave da sensibilidade à insulina e provoca
Nos adipócitos de roedores, a resistina efeito antagônico a estas adipocinas pró-
foi identificada a partir da detecção de genes inflamatórias (Fantuzzi e colaboradores, 2005;
regulados negativamente pela droga TZD. Em Whitehead e colaboradores, 2006).
roedores com peso normal, a administração de A adiponectina é uma adipocina
resistina recombinante prejudicou a tolerância expressa exclusivamente pelos tecidos
a glicose e a ação da insulina. Este efeito foi adiposos brancos com predominância na
neutralizado com infusão de anticorpo gordura visceral. Pode ser denominada de
antiresistina, que melhorou a sensibilidade à Acrp-30 (30-K Da adipocyte complement-
insulina em ratos obesos (Steppan e related protein), apM1 e adipoQ, considerando
colaboradores, 2001; Park e colaboradores, que fora, simultaneamente, identificada por
2013). diferentes grupos (Kershaw e colaboradores,
Em células beta pancreáticas de 2004; Fosenca-Alaniz e colaboradores, 2006;
roedores, a resistina induz down-regulation Ahima, 2006; Kadowaki e colaboradores,
nos níveis de expressão dos receptores de 2006; Pinto, 2014).
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