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UNIVERSIDADE DO GRANDE RIO - PROFESSOR JOSÉ DE SOUZA HERDY


CSA - ESCOLA DE CIÊNCIAS SOCIAIS E APLICADAS

LOG 004 – GESTÃO DE ESTOQUES

2 CLASSIFICAÇÃO DE MATERIAIS

O “primeiro passo” para uma gestão de estoques eficiente é conhecer


cada um dos itens que são movimentados, suas particularidades, origem e
destino, itens similares, prazos de validade e etc. Em seguida é preciso
identificar cada item de maneira única, visando facilitar os controles que serão
implementados.
Certamente você já deve ter ouvido a seguinte pergunta: quantos SKUs
existem em seu estoque?
O termo SKU - Stock Keeping Unit, em português Unidade de
Manutenção de Estoque, representa a identificação única de um item na gestão
de estoque. É o que torna cada item único.

Cada item deve receber uma nomenclatura única e específica de acordo


com suas características. Esse procedimento facilita as operações de controle
e evita confusões entre os itens movimentados.
De acordo com o site http://kauplus.uservoice.com acessado em janeiro
de 2013, os erros mais comuns na atribuição de SKUs são:
 Atribuir o mesmo SKU a diferentes modelos de um mesmo
produto;
 Atribuir o mesmo SKU a dois ou mais produtos diferentes;
 Confundir SKU com código de barras. O SKU será o código de
barras de um produto apenas quando o vendedor optar por fazer
isto, porém não é um cenário obrigatório.

Devemos ressaltar que a identificação de um


item quanto à nomenclatura, classificação e
codificação pode ser a mesma em diversas regiões
diferentes, mas os estoques poderão apresentar
particularidades que exigirão modelos de gestão de
estoques diferenciados para cada uma das
demandas.

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A base da gestão de estoques é o cadastro de materiais, uma lista
contendo descrições de todos os SKUs movimentados e seus respectivos
códigos de identificação.
A utilização de um cadastro único de materiais para toda a empresa
ganhou força com a informatização dos processos por volta da década de
1970, quando muitas empresas passaram a adotar softwares empegados no
planejamento e controle da produção e dos estoques.
ESTRUTURA BÁSICA DO CADASTRO DE MATERIAIS

Mestre do Item

descrição
Código
simplificada

especificações iunidades de
técnicas medida

Informações de Movimentos Saldos de


Planejamento de Estoque Estoque

Código código código

filial/fábrica filial/fábrica filial/fábrica

tempos de local de
data/hora
reposição armazenagem

tempos de
dados do lote
transporte

Figura 1 - Estrutura Básica do Cadastro de Materiais


Fonte: ACCIOLY, Felipe et alii - Gestão de Estoques. 1a ed. Rio de Janeiro: FGV
Editora, 2008.

2.1 ATIVIDADES DE CLASSIFICAÇÃO

Podemos definir a classificação de materiais como um processo que


tem por objetivo reunir os materiais que possuem características comuns em
grupos distintos.

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É possível agrupar os SKUs em alguns grandes grupos, com subgrupos
e hierarquias de identificação com mais níveis, facilitando a busca por qualquer
item ou grupo de itens. Esse processo de agrupamento pode ser definido por
um termo que a Gestão de Estoques “importou” da biblioteconomia e da ciência
da informação: a Taxionomia, que se refere à classificação de níveis de
pensamentos e da ordem de aprendizagem.
Para Viana (2006) um bom método de classificação deve ter algumas
características: ser abrangente, flexível e prático.
a) Abrangência: deve tratar de um conjunto de características, em vez de
reunir apenas materiais para serem classificados;
b) Flexibilidade: deve permitir interfaces entre os diversos tipos de
classificação de modo que se obtenha ampla visão do gerenciamento do
estoque;
c) Praticidade: a classificação deve ser simples e direta.
Existem diversos modelos de classificação o que permite ao gestor de
materiais adotar aquele que for mais adequado às necessidades de sua
empresa, ou adaptar padrões internacionais já existentes.

Vá além da sala de aula... Aprofunde seus conhecimentos


sobre a Classificação de Materiais e padrões internacionais:

Federal Supply Classification (FSC)


Desenvolvido pelo departamento de Defesa dos Estados Unidos é
o pioneiro de todos os sistemas de classificação.
Acesse: www.dispositionservices.dla.mil/asset/fsclist.html

Sistema Harmonizado de Designação e de Codificação (SH)


Método internacional de classificação de mercadorias criado para promover o
desenvolvimento do comércio internacional.
Acesse: http://www.brasilglobalnet.gov.br/NCMP.aspx?formato=2

Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM)


Sistema de Orientação de Nomenclatura para os Países do Mercosul.
Acesse: www4.receita.fazenda.gov.br/simulador/PesquisarNCM.jsp

Sismicat
Utilizado pelas forças armadas com base no Sistema da OTAN.
Acesse: http://www.cecafa.defesa.gov.br

United Nations Standard Products and Service Code (UNSPSC)


Mantido por um organismo da ONU.
Acesse: www.unspsc.org

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A Classificação pode ser dividida em quatro grupos de atividades:

Classificação de Materiais

Identificação Codificação Cadastramento Catalogação

Consiste em
Consiste na análise ordenar de uma
e registo das Tem como forma lógica todos
características objectivo atribuir os dados que dizem
O objetivo deste é respeito aos itens
físico/químicas e um código
inserir nos registros identificados,
das aplicações de representativo de
da empresa todos codificados e
um determinado modo a que se
os dados que cadastrados de
item em relação consiga identificar
identifiquem o forma a facilitar a
aos outros, isto é, um item pelo seu
material. consulta da
estabelece a número e/ou
identidade do letras. informação pelas
material. diversas áreas da
empresa.

Figura 2 – Atividades da Classificação de Materiais.

Vá além da sala de aula... Aprofunde seus conhecimentos


sobre a Classificação de Materiais. Acesse:
http://oadministradormoderno.blogspot.com.br/2011/11/class
ificacao-de-materiais.html
Também disponível em PDF no portal.

2.1.1 IDENTIFICAÇÃO DE MATERIAIS

Para identificar as características, dos itens se faz necessário reunir a


maior quantidade possível de informações sobre ele; tais informações podem
ser retiradas de catálogos, de listas de peças fornecidas pelos fabricantes, pela
simples visualização do material, dentre outras técnicas.
O site www.elemaq.com.br acessado em janeiro de 2013 define alguns
dos dados a serem considerados na identificação dos itens:
 Medidas/Dimensões das  Normas técnicas;
peças;  Referências da peça e/ou
 Voltagem/Amperagem, etc.; embalagens;
 Acabamento superficial do  Acondicionamento do
material; material;
 Tipo de material e a  Cor do material;
aplicação a que se destina;  Identificação dos fabricantes;

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Antes do cadastramento dos itens a empresa precisa definir como esses
elementos serão descritos dentro de uma nomenclatura compreensível ao
longo da cadeia de suprimentos e que facilite as operações de controle. Nesse
ponto é preciso definir um Padrão de Descrição de Material (PDM).
Um PDM é um conjunto de regras definidas pela empresa para as
informações de identificação dos materiais para evitar erros e duplicidade de
cadastro e facilitar a operação dos sistemas de controle.
Podemos citar dois métodos eficientes de identificação dos materiais:

Descritivo

• Quando se identifica o material pela sua descrição detalhada,


procurando-se apresentar todas as características físicas que tornem o
item único, independentemente da sua referência ou fabricante. No
entanto deve-se evitar, tanto quanto possível, um ligeiro excesso de
pormenores descritivos, uma vez que descrições em demasia tornam o
cadastro de itens mais volumoso e cansativo de ver.

Referencial

• Neste método de identificação atribuímos uma descrição, ou uma


nomenclatura apoiada na referência do fabricante.

Um PDM pode conter em seus parâmetros todas ou algumas das


seguintes informações:
 Nome básico do item;
 Atributo modificador do nome básico;
 Nome reduzido para constar em certos relatórios inclusive fiscais;
 Classificação fiscal;
 Classificação Contábil no Ativo;
 Unidades de Medida de Compra e de controle de estoque;
 Especificações técnicas;
 Referência do fornecedor;
 Intercambialidade.

Vá além da sala de aula... A identificação é uma etapa tão


importante que já existem softwares específicos para auxiliar
nesses procedimentos. Aprofunde seus conhecimentos
sobre os softwares de identificação dos Materiais. Acesse:
www.klassmat.com.br ou www.chconsultoria.com.br

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2.1.2 CODIFICAÇÃO DE MATERIAIS

Este grupo de atividades é responsável por atribuir ao SKU um conjunto


de caracteres que permita sua identificação de maneira fácil e rápida. Além de
melhorar os fluxos de processamento nos sistemas de controle.
A codificação do material veio para facilitar e simplificar as operações
dentro das empresas, uma vez que com um único código podem ser
identificadas as características do material, bem como todos os registros deste
realizados na empresa. O código tornou-se necessário à medida que se
ampliaram os universos de SKUs movimentados pelas empresas..
Assim como vários conceitos da Logística, com a informatização dos
processos e a evolução dos meios de processamento, a codificação de
materiais também passou por um processo de modificações que dividiu os
sistemas utilizados em dois grupos: a metodologia de codificação tradicional e
a moderna.
Dentro da metodologia tradicional segundo Fernandes (1981, p.148)
existem três tipos de codificação usados na classificação de material: Sistema
Alfabético, Sistema Alfanumérico e Sistema numérico.

SISTEMA ALFABÉTICO

• Também conhecido como Método Dewey, este processo representa os


materiais por meio de letras. Foi muito utilizado na codificação de
livros. A sua principal característica é conseguir associar letras com as
características do material (Fernandes, 1981, p.148).

• Esse sistema aos poucos caiu em desuso pela complexidade de


operação e limitações de códigos

SISTEMA ALFA-NUMÉRICO

• É um método que como o próprio nome indica usa letras (sistema


alfabético) e números (sistema numérico) para representar um
material. Atualmente é um sistema muito utilizado na classificação de
peças automotivas e na codificação de placas de automóveis. Aos
poucos esse sistema também vem caindo em desuso dentro da
realidade industrial.

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SISTEMA NUMÉRICO
• Este sistema é de todos os métodos de codificação de material, o que
tem um uso mais generalizado e ilimitado. Devido à sua forma simples
e à facilidade de organização que oferece, este é também o sistema
mais usado pelas empresas. Este sistema tem por base a atribuição de
números para representar um material. Atualmente diversas empresas
utilizam esse método.

Na metodologia de codificação moderna a técnica de codificação


passou a adotar códigos cuja lei de formação não é mais significativa, ou seja,
a classificação não é mais parte integrante da codificação. Hoje entende-se
que a classificação é para identificar conjuntos de itens e a codificação para
identificar um determinado item.
Atualmente a prática mais comum envolve determinar códigos
numéricos sequenciais que assegurem o processamento das informações de
uma quantidade de itens que comporte o ritmo de crescimento da empresa
para os próximos anos. Hoje o código dos itens, também chamado de número
de estoque, é uma sequencia sem intervalos de algarismos arábicos iniciando
em 1.

2.1.2.1 CÓDIGO DE BARRAS

O código de barras representa a informação de


um material através da alternância de barras e espaços.
Este sistema ao poder ser lido através de dispositivos
eletrônicos facilita a entrada e saída de dados num
sistema de computação.

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As atribuições do sucesso do código de barras estão distribuídas entre
as entidades que colaboraram entre si, sendo:
 UPC – Código Universal de Produtos
 UCC – Uniform Code Council
 EAN – European Article Numbering Association
 EAN International

No Brasil A EAN Brasil– Associação Brasileira de Automação Comercial,


atualmente GS1 recebeu a incumbência de administrar Código Nacional de
Produtos, Sistema EAN/UCC. Conforme Decreto Lei nº 90595 de 29.11.1984 e
da Portaria nº 143 de 12.12.1984 do Ministério da Indústria e Comércio.
Em 1986 foi estabelecido um acordo de cooperação entre a EAN
Internacional e a UCC – Uniform Code Council Inc., entidade americana que
administra o sistema UPC ( Código Universal de Produtos) de numeração e
código de barras, utilizado nos Estados Unidos e no Canadá. Esta aliança
promoveu uma maior colaboração, intercambio e suporte técnico entre os
parceiros comerciais.
A GS1 Brasil é responsável pela emissão de números globais de itens
comerciais (GTIN) que representam os códigos de Barras utilizados em nosso
país e seguem o padrão EAN podendo ser compostos de 14, 13, 12 ou 8
dígitos.
A numeração GTIN 13 é utilizada para todos os itens que recebem
preços e são comercializados ao longo da cadeia de suprimentos.
A Numeração de GTIN 14 é utilizada para unidades logísticas como
caixas, contêineres ou fardos.
A numeração GTIN 8 é utilizada para unidades de consumo muito
pequenas como canetas, por exemplo.
ESTRUTURA DE UM CÓDIGO DE BARRAS EAN 13

Figura 3 - Estrutura de um código de barras EAN 13

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Atualmente existe uma tecnologia mais avançada que o código de
barras é a EPC - Código Eletrônico de Produto, que permite a cada item ter o
seu próprio número individual codificado em uma etiqueta de radiofrequência
(RFID).
No sistema EPC os leitores fazem a captura dessa identificação e são
capazes de indicar onde o item está e em quais condições, comunicando-se
com bancos de dados remotos pela Internet. Com isso, consegue-se a
identificação automática e a rastreabilidade de produtos em tempo real.
A utilização do novo sistema oferece uma série de benefícios, como a
leitura de itens sem a proximidade do leitor, permitindo, por exemplo, a
contagem instantânea de estoque; a melhoria das práticas de reabastecimento
com eliminação de itens faltantes e/ou com validade vencida; identificação da
localização dos itens em processos de recall (busca); a verificação imediata
dos produtos nas prateleiras ou no “carrinho” do varejo; e possibilidades sem
limites de melhorias e individualização de serviços ao consumidor.

Vá além da sala de aula... Aprofunde seus conhecimentos


sobre os RFID. Acesse:
http://www.youtube.com/watch?v=O0dGr5ZBRhs

2.1.3 CADASTRAMENTO DE MATERIAL

Essa etapa é muito simples e consiste no


registro das informações coletadas nas fases
anteriores em bancos de dados ou sistema de
registros através de fichas a fim de garantir um
repositório de informações sobre os produtos.
Manter tais informações será fundamental para
análises futuras e possíveis correções ou mudanças
de estratégia.

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2.1.4 CATALOGAÇÃO DE MATERIAL

Um dos aspectos mais importantes na catalogação de material é usar


simplicidade, objetividade e concisão dos dados gerados e permitir um fácil
acesso e rapidez na pesquisa. Os objetivos de uma boa catalogação são:

 Conseguir especificar o catálogo de uma forma tal que o usuário consiga


identificar/requisitar o material que deseja;
 Evitar que sejam introduzidos no catálogo itens cadastrados com
números diferentes;
 Possibilitar a conferência dos dados de identificação dos materiais
colocados nos documentos e formulários do sistema de material.

REFERÊNCIAS

BALLOU, Ronald H.. Marketing Empresarial: transporte, administração de


materiais e distribuição física. São Paulo: Atlas, 2001.
BERTAGLIA, Paulo Roberto. Marketing e Gerenciamento da Cadeia de
Abastecimento. 1. ed. São Paulo: Saraiva, 2000.
BOWERSOX, Donald J.; Closs, David J.. Marketing Empresarial: o processo de
integração da cadeia de suprimento. São Paulo: Atlas, 2001.
FLEURY, Paulo Fernando; Wanke, Peter,; Figueiredo, Kleber Fossati.
Marketing Empresarial: a perspectiva brasileira. São Paulo: Atlas, 2000.
FOSSATI, Kleber/Paulo Fernando Fleury/Peter Wenk. Marketing e
Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos. 1. ed. São Paulo: Atlas, 2003.
FERNANDES, José Carlos de F. - Administração de Material. Rio de Janeiro:
Livros Técnicos e Científicos S.A., 1981.
VIANA, João José. Administração de Materiais – um enfoque prático. São
Paulo: Atlas, 2006.

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