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COMÉRCIO ELETRÔNICO E

MÍDIAS DIGITAIS
AULA 1

Prof. Luciano Furtado C. Francisco


CONVERSA INICIAL

Nas últimas duas décadas assistimos a um progresso gigantesco (até


mesmo inimaginável antes disso) da tecnologia da informação e dos dispositivos
de comunicação. Tecnologias e ferramentas que antigamente só víamos em
filmes de ficção, hoje são realidade, sendo de uso corriqueiro.
A internet comercial foi a grande mola-mestra desse progresso,
eliminando barreiras geográficas e de comunicação. Hoje podemos nos
comunicar com qualquer pessoa em qualquer lugar do mundo, de forma
imediata, usando um aparelho que cabe na palma da mão e que não necessita
de fios.
As atividades comerciais também se beneficiaram desse progresso.
Transações via internet, inclusive com pagamentos realizados eletronicamente,
são uma realidade para empresas e pessoas, sendo parte do nosso cotidiano e
fazendo parte das estratégias empresariais.
Vamos entender as bases do comércio eletrônico, sua evolução, como se
classifica, e entender seus principais conceitos. Também veremos como os
negócios por meios virtuais influenciam nossa vida e a vida das empresas.
Venha com a gente e bons estudos!

CONTEXTUALIZANDO

Leia a reportagem a seguir, da revista Exame, de setembro de 2016:


SALOMÃO, K. Unilever cria e-commerce para lojas de bairro. Exame, 15 set.
2016. Disponível em: <http://exame.abril.com.br/negocios/unilever-cria-e-
commerce-para-lojas-de-bairro/>. Acesso em: 20 dez. 2018.

Com base no texto da reportagem e no conteúdo de nossa aula, analise


as seguintes questões:

1. Existe uma tendência de desaparecimento das vendas pessoais,


especialmente no âmbito dos atacadistas? Que vantagens e
desvantagens você vê no cenário da Unilever? Você acha que os
pequenos varejistas terão apenas vantagens?
2. Como resolver a questão cultural, com a qual os pequenos comerciantes
estão acostumados, com visitas pessoais dos representantes da
indústria?

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3. Qual a modalidade de comércio eletrônico que a Unilever vai implantar
nesse projeto?

TEMA 1 – HISTÓRICO DAS TRANSAÇÕES ELETRÔNICAS

A história dos negócios eletrônicos, ou e-business, termo em inglês, não


pode ser separada da história da computação eletrônica. Os primeiros
computadores eletrônicos surgiram após o final da II Guerra Mundial (1939-45),
nas universidades norte-americanas. Inicialmente essas máquinas tinham
apenas as funções de cálculos complexos nos âmbitos da Física e Engenharia.
Mas logo as grandes empresas, a partir dos anos 1950, com o progresso dos
componentes eletrônicos, começaram a usar os computadores também para
automatizar processos de trabalho, com o intuito de ganhar tempo e agilidade
em operações rotineiras.
Na década de 1960, se desenvolveram as redes de computadores, o que
propiciou o surgimento da base do funcionamento da internet (protocolos de
comunicação, links de dados etc.). As redes inicialmente ligavam computadores
de unidades militares, com o objetivo de envio e recebimento de arquivos e
mensagens. Nos anos 70, as Universidades também conectaram seus
computadores em rede, beneficiando pesquisadores. O surgimento dos
computadores pessoais nessa época também deu grande impulso à
comunicação eletrônica. A internet, grande rede unindo instituições de ensino e
organizações diversas, foi aberta comercialmente e meados dos anos 90. Um
grande impulso para tanto foi o surgimento dos sistemas operacionais gráficos e
da linguagem HTML, de marcação por hipertexto, com os conhecidos hyperlinks.
De lá para cá, ela não parou mais de evoluir.
Uma tecnologia fundamental para a evolução dos negócios eletrônicos foi
a chamada EDI – Electronic Data Interchange, em português, Intercâmbio
Eletrônico de Dados. Essa tecnologia permitiu que computadores ligados por
meio de uma rede de telecomunicações conseguissem enviar e receber dados
ali armazenados.

1.1 Transferência Eletrônica de Fundos (TEF)

Os negócios eletrônicos iniciaram até mesmo antes da abertura comercial


da internet nos anos 1990. Já nas décadas de 1960 e 1970, as instituições

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financeiras mundo afora começaram a implantar a TEF – Transferência
Eletrônica de Fundos, que era a transmissão digital de ordens de pagamento
através das redes que ligavam os computadores dessas empresas. A TEF usava
(e ainda usa) a tecnologia EDI, que citamos anteriormente. Essa forma se
intensificou na década de 1980, com o surgimento dos caixas eletrônicos.
Quando as redes de computadores começaram a se expandir por volta
das décadas de 1960 e 1970, os bancos as usaram para fazer transferências
eletrônicas de fundos, as chamadas TEF. No Brasil, com o uso intensivo dos
cheques como forma de pagamento nessa época, a automação bancária se
desenvolveu bastante em função dos processos de compensação desses
cheques. Por exemplo, antes das redes de computadores, se uma pessoa de
Manaus recebesse um cheque de uma agência bancária de Porto Alegre, só iria
receber o crédito em sua conta corrente depois de semanas. Com a automação
e as redes de computadores, esse prazo se reduziu a alguns dias. A TEF tornou
o débito e crédito entre contas correntes – de diferentes bancos, inclusive – algo
mais rápido e preciso.
Portanto, a TEF é a precursora do e-commerce, ainda que fosse apenas
uma parte do processo comercial, ou seja, o pagamento em si. Contudo, foi um
passo importante e fundamental para o progresso dos negócios eletrônicos, já
que representou o início do uso da informática e das redes de telecomunicações
nas transações comerciais.

1.2 Internet nas transações comerciais

Nos anos 1980, surgiram os primeiros caixas eletrônicos, um grande


avanço para a época. Esses equipamentos permitiam inicialmente aos clientes
dos bancos consultar saldos e extratos de contas correntes e investimentos, bem
como sacar dinheiro. Com o tempo, essas máquinas passaram a agregar cada
vez mais funções, como por exemplo transferir dinheiro entre contas bancárias.
Era o próprio cliente fazendo as TEF, às quais nos referimos anteriormente.
Com a abertura da internet comercial, em meados da década de 1990, os
bancos novamente foram os pioneiros no uso da tecnologia para automatizar
suas operações. Com a experiência dos caixas eletrônicos, surgiram os
chamados home bankings, em português, “ato de fazer operações bancárias a
partir de casa”. Isso é, os websites dos bancos passaram a permitir que muitas
das funções feitas nos caixas eletrônicos também pudessem ser feitas via
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internet. Assim, basta o cliente ter um computador com acesso à rede mundial.
Isso trouxe conveniência aos clientes, porém os bancos tiveram que investir em
segurança para evitar fraudes e crimes cibernéticos.
Mas se um website de banco permite realizar diversas operações
bancárias, por que não desenvolver websites nos quais as pessoas pudessem
ver produtos, escolher alguns desses produtos, pagar por eles e recebê-los pelo
correio? Não tardou a aparecerem os primeiros sites de e-commerce.
Ao longo do tempo, as empresas investiram em tecnologias de segurança
e aperfeiçoaram seus processos logísticos para que os clientes deixassem de
ter receios com o e-commerce. E assim os negócios eletrônicos cresceram de
forma gigantesca. Os clientes se acostumaram com o e-commerce e as
empresas também evoluíram essas formas de negócio. Nos primórdios do
comércio via internet, os principais produtos eram as commodities – itens que
não variam em função de sua origem ou vendedor. Afinal, esse tipo de produto
não necessita tanto que o comprador o veja ou o toque, como é o caso de livros,
CDs, produtos eletrônicos em geral e outros. Mas ao longo do tempo produtos
diversos foram sendo incorporados ao comércio eletrônico, e hoje em dia se
compra e se vende praticamente tudo via comércio virtual.

Saiba mais

Acesse o link a seguir e conheça alguns fatos curiosos sobre a evolução


do comércio eletrônico: 10 fatos sobre e-commerce que você não sabia.
Projecttus, 2020.

Disponível em < https://www.projecttus.com/blog/10-fatos-sobre-e-


commerce-que-voce-nao-sabia/ >. Acesso em: 01 abr. 2020

TEMA 2 – INTRODUÇÃO AO COMÉRCIO ELETRÔNICO

Existem muitas definições para o comércio eletrônico, pois vários autores


o conceituam. Uma das definições mais amplas é dada por Stefano e Zattar,
2016 (citados por Turban; Rainer; Potter, 2013): “E-commerce é um modelo de
negócio no qual as transações comerciais ocorrem via redes de
telecomunicações, especialmente a internet”.
Importante observar o seguinte: só é considerado e-commerce a
transação em que todos os passos – exceto a entrega física do produto – são

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realizados por meios eletrônicos. Caso um dos passos da negociação seja off-
line, já não temos a caracterização do e-commerce.
O termo e-commerce vem do inglês eletronic commerce, em português
comércio eletrônico. Trata-se de qualquer tipo de transação comercial realizada
por meio de dispositivos eletrônicos, tais como computadores, tablets e
smartphones.
O e-commerce é a parte dos negócios eletrônicos que permite que uma
pessoa acesse informações de produtos, selecione os produtos que deseja
adquirir, informe um meio de pagamento e receba os itens no endereço que
desejar (desde que o pagamento seja consumado). Note que é uma operação
típica de comércio e muito similar a uma compra em um estabelecimento
comercial.

Saiba mais
Quais as tendências do comércio eletrônico? Veja este vídeo para
entender o que o especialista pensa sobre o que teremos no e-commerce para
os próximos anos:

TENDÊNCIAS do Ecommerce para 2023. Gilmar Theobald, 21 mar. 2018.


Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=WexGca3XBQw>. Acesso
em: 20 dez. 2018.

2.1 Fluxo do comércio eletrônico

Em um supermercado ou loja de departamentos, por exemplo, as pessoas


percorrem os corredores, colocam os produtos que pretendem comprar em um
carrinho e em seguida passam pelo caixa, onde pagam pelos produtos. Nos sites
de e-commerce, a operação é bem semelhante: o visitante acessa páginas com
informações de produtos à venda, coloca os produtos desejados em um “carrinho
virtual”, informa o meio desejado para o pagamento, o endereço onde quer
receber os produtos e o meio de pagamento desejado. Uma vez que o
pagamento seja aceito, o vendedor (dono do web-site de e-commerce)
providencia o envio dos produtos ao endereço informado.
Naturalmente que o fluxo acima é um resumo de toda a operação, mas é
o que de fato ocorre no e-commerce. Outra característica do e-commerce é que
não há um intermediador entre a empresa e o comprador.

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2.2 Pagamento no comércio eletrônico

O e-commerce pressupõe que a transação comercial ocorra por completo


– exceto a entrega – por meios eletrônicos. Assim deve-se garantir que o
pagamento ocorra também usando a internet. Para que isso ocorra de forma
correta, são necessárias algumas condições:

• Segurança: Tanto a loja virtual quanto o comprador devem se valer de


procedimentos de segurança para realizar a transação. Do lado do
comprador, deve-se certificar que a loja é segura e idônea e que possui
recursos de segurança como criptografia e certificados de segurança
eletrônicos.
• Variedade de formas de pagamento: A loja deve oferecer várias formas
de pagamento, como boletos, cartão de crédito das principais bandeiras,
carteira eletrônica e outros. Isso dá mais flexibilidade ao comprador e
amplia o público da empresa.
• Garantia de devolução: A loja deve ter políticas de devolução de
produtos em caso de arrependimento ou envio de produtos errados ou
avariados, garantindo ao cliente o ressarcimento ou crédito em novas
compras.

2.3 Logística

A logística é muito mais do que a efetiva entrega do produto ao cliente


final. É um processo de planejamento, por meio do qual se controla o fluxo e o
armazenamento de bens ou serviços, desde o início da transação até seu final,
adequando-se fielmente ao cliente. Isso também inclui a troca e/ou a devolução
de materiais e mercadorias, sempre prezando pelo bom atendimento ao
consumidor (Turban; King, 2004).
Para o cliente, é fácil fazer uma compra em uma loja virtual, mas a
empresa deve garantir que o produto chegue até o comprador no momento certo
e de forma íntegra. Para tanto, deve-se ter cuidado nos seguintes pontos:

• Certificar-se do pagamento: convém que apenas pedidos com garantia de


pagamento sejam despachados.
• Informar disponibilidade de estoque: a loja virtual deve informar ao
comprador se o item desejado existe em estoque, antes da compra.

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• Preparar expedição: uma vez comprado e garantido o pagamento, a
empresa deve proceder com todos as ações de envio do produto.
• Produção: em certos casos, o produto deve ser customizado ou fabricado.
• Reposição e armazenagem: a empresa deve garantir o correto fluxo de
compras e estocagem, para facilitar o atendimento dos pedidos.
• Integração com transportador: deve-se ter uma integração correta com o
transportador, para garantir o cumprimento de prazos e dar informações
ao comprador.

TEMA 3 – E-BUSINESS VERSUS E-COMMERCE

É importante diferenciar e-business de e-commerce. São conceitos


similares, contudo trata-se de modalidades diferentes.
Comumente as pessoas acham que o e-business é o comércio realizado
por meio da internet. Esse é o e-commerce, uma das partes do e-business. O e-
business é mais amplo e abrange todas as atividades de uma organização, por
meio de sistemas de informação baseados na internet. Por exemplo, uma
empresa que usa um sistema ERP (sistemas de gestão empresarial) pode
conectar – via web – seus fornecedores com o propósito de automatizar
procedimentos de pedidos de materiais, pagamentos etc. Uma vez que essa
comunicação se dá via internet, estamos falando de e-business.
Já o e-commerce – o comércio eletrônico – é uma parte do e-business e
se refere especificamente ao ato de compra e venda usando um meio eletrônico,
a internet (mais comum) ou outra rede.
Uma metáfora interessante para entender essas definições é compará-las
a um iceberg. O e-commerce seria a parte visível do bloco de gelo, enquanto a
porção abaixo d’água seria o e-business.
Quando uma pessoa acessa uma loja virtual, ele está no e-commerce. Ao
fechar um pedido nessa loja, vários processos na retaguarda são iniciados para
que o cliente receba os produtos comprados. Esses processos podem ser (e de
fato é assim que costuma funcionar) feitos eletronicamente, tais como cadastro
do comprador, processo de autorização de pagamento, logística e outros. São
atividades transparentes para o cliente, que começou no e-commerce e, ao
realizar o pedido, disparou uma série de processos de e-business.
O e-business tem uma definição mais ampla de comércio eletrônico, pois
inclui os seguintes serviços (Turban; King, 2004):
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• Prestação de serviços a clientes;
• Realização de negócios eletrônicos nas organizações;
• Colaboração com parceiros de negócios.

Em resumo, o e-business é toda aplicação na internet que dá suporte aos


processos de negócio, mas que não precisa obrigatoriamente ser uma venda. O
e-commerce é uma transação comercial que ocorre inteiramente on-line, desde
a escolha do bem a ser adquirido até o pagamento – apenas a entrega não é
eletrônica. Para entender melhor, veja o quadro comparativo entre e-commerce
e e-business.

Quadro 1 – Diferença entre e-commerce e e-business

3.1 E-services

O e-services é a prestação de serviços realizada via internet. Nesse


sentido, não há propriamente uma entrega de um bem tangível a uma das partes
da transação. Aliás, na maior parte dos casos, o e-service não chega ao nível de
pagamento. Normalmente, são prestações de serviços via internet (ou outra
rede), o que envolve a transmissão de informações entre as partes.
O e-services teve grande impulso quando da abertura da internet
comercial, nos anos 1990, paralelamente ao e-commerce. As primeiras
organizações que utilizaram o e-services foram as instituições financeiras
(bancos, operadoras de cartões de crédito etc.), em busca de aumento de
clientes e redução de custos.
Atualmente, o home-banking (execução de serviços bancários de forma
remota) é um dos maiores, senão o maior nicho dos e-services. Usualmente, o

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home-banking é realizado pela troca de informações entre a instituição financeira
e seus clientes. Em alguns casos, pode haver inclusive uma transação comercial,
como por exemplo a compra de um produto bancário por meio do website do
banco (nesse caso existe um componente de e-commerce).
Os e-services contribuíram para que as empresas pudessem tornar mais
baratos e ágeis os processos de atendimento aos clientes. Estes, por sua vez,
ganharam pelo fato de que podem solicitar serviços com a comodidade de não
precisarem se deslocar a uma loja ou ponto de atendimento, usando por exemplo
dispositivos móveis, como os smartphones.
Veja na tabela a seguir uma breve comparação dos serviços executados
de forma tradicional e realizados por meios eletrônicos.

Quadro 2 – Diferenças entre o serviço eletrônico e físico

Características Serviço eletrônico Serviço tradicional


Interface Tela <-> Face Face a face
Disponibilidade 24 horas por dia Horário comercial
Acessibilidade De qualquer local Somente no ponto de
atendimento
Área de abrangência Ilimitada Restrito
Ambiente Rede eletrônica (internet ou outra) Físico
Diferenciação Conveniência Pessoalidade
Privacidade Pode ser feito de modo anônimo Deve haver interação
pessoal

TEMA 4 – CARACTERÍSTICAS, BENEFÍCIOS E LIMITAÇÕES DO E-COMMERCE

Para ser caracterizado como um comércio eletrônico, não basta ter


apenas um website, no qual se exibem produtos. É preciso ter algumas
características intrínsecas.
O comércio eletrônico oferece muitas vantagens, porém existem, ainda,
algumas limitações ao seu crescimento. Veremos inicialmente as características
de uma loja virtual e em seguida as vantagens e limitações do comércio
eletrônico.

4.1 Características do e-commerce

Todas as lojas virtuais, para serem caracterizadas como tal, precisam


apresentar as seguintes características:

• Fazer toda a transação comercial por meios eletrônicos, com base em


uma rede de telecomunicações. Desde o acesso a produtos, seleção,

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pagamento, fechamento de pedido, opção pelo transportador (ou retirada
em local físico), bem como o rastreamento da entrega.
• Alcance global. A loja deve poder ser acessada de qualquer lugar, sem
restrições por conta da localização do comprador.
• Todas as informações dos produtos devem estar online. Nenhuma
informação deve estar fora do ambiente digital.
• Disponibilidade ininterrupta. A loja virtual deve poder ser acessada 24
horas por dia, sete dias por semana.

4.2 Custos

A maior vantagem de uma loja virtual são os custos, bem menores que
uma loja física, devido à sua estrutura ser mais enxuta. Enquanto que as lojas
físicas necessitam de um espaço grande para a circulação de clientes, custos
com aluguel, segurança, energia, muitos funcionários e custos diversos de um
prédio físico, na internet muitos desses custos não existem.
Não é necessário ter um grande espaço físico, exceto em alguns casos
para estoque. Prateleiras, gôndolas ou balcões são todos visualizados por meio
de um website.
O armazenamento e a recuperação de informações também acaba tendo
menores custos com o e-commerce, pela redução de criação, processamento,
armazenamento e recuperação de informações em papel (Turban; King, 2004).
A loja virtual funciona 24 horas por dia, sete dias por semana. Lojas físicas
nesse modelo de funcionamento acarretam altíssimos custos operacionais.

4.3 Benefícios ao comprador

Os clientes também usufruem de diversas vantagens no comércio


eletrônico. As principais são:

• Maior possibilidade de escolha: por não ter limitações geográficas, os


consumidores encontram inúmeras opções de fornecedores, até mesmo
de lojas no exterior.
• Comparação de preços: existem websites especializados em comparar
preços de um produto em diversas lojas virtuais. Isso dá ao cliente a
possibilidade de economizar em suas compras online de forma rápida e
prática.

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• Rastreamento de pedidos: o cliente consegue rastrear a entrega dos
produtos comprados, por meio da internet.

4.4 Benefícios para as empresas

Se existem benefícios aos compradores, as empresas também se


beneficiam do e-commerce. Vamos conhecer os principais benefícios para as
empresas:

• Redução de custos das operações;


• Gestão mais eficiente das informações;
• Vendas tem maior potencial de aumento;
• Possibilidade de ingressar em outros modelos de negócios;
• Possibilidade de se trabalhar com estoques de terceiros;
• Poder atuar mais diretamente em certos nichos de mercado;
• Relação mais direta com os clientes;
• Monitoramento de preferências dos compradores;
• Prestação de serviços de forma on-line (pós-venda e outros).

4.5 Limitações do comércio eletrônico

Embora o e-commerce apresente muitas vantagens, também existem


limitações a serem consideradas nesse universo, tanto para as empresas,
quanto para os compradores. Segundo Stefano e Zattar (2016), essas limitações
são válidas para empresas, consumidores e sociedade, e podem ser resumidas
como segue:

• Protocolos de segurança, confiabilidade e padrões: Mesmo que a


segurança tenha aumentado muito nas transações eletrônicas, ainda há
casos de ataques de hackers (criminosos virtuais) em lojas virtuais e sites
de instituições financeiras, com objetivo de roubo de informações.
Também existem casos de websites de comércio eletrônico falsos, cujo
objetivo é “vender” produtos que não serão entregues aos compradores.
• Custos e conhecimento da tecnologia: Para muitos consumidores, a
tecnologia – equipamentos e acesso à internet – ainda é cara e de difícil
uso, o que ainda limita a base de consumidores.

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• Falta de interação física e social: Para muitas pessoas, a possibilidade
de ver, tocar, sentir um produto fisicamente e conversar com o vendedor
é essencial no processo de decisão de compra. Dessa forma, existe uma
parcela de clientes potenciais que ainda prefere as lojas físicas.
• Divisão social: Pessoas com mais acesso e habilidade com tecnologia
podem ser mais beneficiadas com o comércio eletrônico, em detrimento
daquelas que não tenham esses recursos, o que pode ocasionar um
desequilíbrio social. Isso exigirá da sociedade uma nova forma de
educação e geração de oportunidades.

Saiba mais

Para ampliar nosso conhecimento, leia o artigo. Trata-se de um estudo


dos principais fatores que ainda inibem o e-commerce:

CAVALCANTI, S. da. S. B.; FERREIRA, L. B. Barreiras ao uso do comércio


eletrônico. Universitas Gestão e TI, v. 3, n. 2, p. 21-29, jul./dez. 2013. Disponível
em: <https://repositorio.uniceub.br/jspui/bitstream/235/8936/1/Artigo%20Cient%
c3%adfico_Barreiras%20ao%20uso%20do%20com%c3%a9rcio%20eletr%c3%
b4nico.pdf >. Acesso em: 20 dez. 2018.

TEMA 5 – TIPOS DE E-COMMERCE

A internet e o avanço crescente da tecnologia da informação propiciaram


o surgimento de diversas formas de comércio eletrônico. Sem dúvida, as mais
conhecidas são as lojas virtuais de varejo, que vendem produtos diretamente
aos consumidores finais. Temos inúmeras lojas na internet desse tipo, em
praticamente todos os países; muitas delas inclusive entregam os pedidos em
outros países, o que aumenta incrivelmente a oferta aos compradores.
Turban, Rainer e Potter (2003) descrevem as principais formas de
atuação no e-commerce, conforme veremos a seguir.

5.1 B2B – Business-To-Business

O business-to-business (B2B) – ou empresa-para-empresa – é a


operações de compra e venda por meio da internet ou de redes privadas
compartilhadas entre duas empresas. Ou seja, é a transação de comércio
eletrônico na qual o comprador não é o consumidor final, mas sim alguém que

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vai utilizar o bem comprado para fabricar outros bens ou revender essa
mercadoria. Ao contrário do que se supõe, é o tipo mais frequente, pois
atualmente as empresas têm alto grau de automação em seus processos.

5.2 B2C – Business-To-Consumer

Significa “empresa-para-consumidor”. Nesse tipo de e-commerce, o


comprador é o consumidor final do produto comprado. Apesar de ter um volume
menor que o B2B, é a modalidade de comércio eletrônico mais conhecida do
público em geral, tanto que é praticamente um sinônimo de loja virtual. Cresce
exponencialmente no mundo todo devido à permanente entrada de pequenas e
médias empresas.

5.3 C2C – Consumer-To-Consumer

É o comércio eletrônico onde as duas partes – comprador e vendedor –


são pessoas físicas. Esse tipo de e-commerce se desenvolveu bastante com o
surgimento dos websites de leilões virtuais; o mais famoso deles é o site norte-
americano ebay.com. Nesses sites as pessoas podem anunciar seus produtos –
novos ou usados – e outras pessoas podem comprar. Nesse caso, o website faz
a intermediação da transação e ganha uma comissão pela venda.

5.4 G2C – Government-To-Citizen

O governo também faz parte do e-commerce por meio de serviços


prestados aos cidadãos (citizens, em inglês). Por exemplo, a possibilidade de
pagar tributos e taxas para a administração pública por meio da internet. Há
também os processos de compras feitas por órgãos públicos, como pregões e
licitações virtuais.

5.5 C2G – Consumer-To-Government

No sentido inverso do G2C, nesta modalidade o cidadão envia


informações para websites governamentais. Um exemplo bem conhecido é a
declaração de imposto de renda no Brasil, que é toda feita eletronicamente.

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5.6 G2B - Government-To-Business

Do governo para empresas. Nesta modalidade, o governo presta alguns


serviços, como consulta a processos e documentos ou a emissão de guias. Em
certos casos, o pagamento pode ser feito usando os meios eletrônicos.

5.7 B2G - Government-To-Business

São os casos em que as empresas enviam informações ao governo. Um


exemplo comum são os websites de licitações eletrônicas, nos quais as
empresas enviam propostas para a venda de produtos e serviços pretendidos
pelo governo. Curiosidade: o website
<http://www.comprasgovernamentais.gov.br> é o sítio do governo federal do
Brasil que implementa os pregões eletrônicos.

5.8 G2G - Government-To-Government

Nesta modalidade, os entes governamentais trocam eletronicamente


informações entre si, podendo haver transferência de dinheiro. Por exemplo, os
governos estaduais e dos municípios acessam websites do governo federal para
consultar informações sobre liberação de recursos e tramitação de documentos.

5.9 B2E – Business-To-Employee

Também é considerado um tipo de e-commerce, ainda que não exista em


muitos casos o processo de pagamento. Um treinamento online oferecido pela
empresa aos seus funcionários (via intranet ou até mesmo na internet) é um
exemplo.

5.10 E2B – Employee-To-Business

Também é considerado um tipo de e-commerce, ainda que não exista em


muitos casos, quando o empregado envia informações eletrônicas (em geral via
intranet) para a empresa. Por exemplo, sugestões feitas em um formulário
específico. A figura a seguir resume essa classificação.

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Figura 1 – Modalidades de comércio eletrônico

Fonte: Costa, 2013, p. 63.

TROCANDO IDEIAS

Suponha que você e seus colegas decidam implantar um e-commerce.


Vocês ainda não sabem que produtos exatamente irão vender. No entanto,
querem fazer tudo de forma bem planejada e estruturada. Sendo assim, primeiro
discutam qual linha de produtos irão vender e qual o público-alvo. Pesquisem
sobre dados de comércio eletrônico no Brasil e sobre as tendências do mercado.
Depois debatam qual será o tipo de e-commerce mais adequado, conforme o
tipo de produto.

NA PRÁTICA

Suponha uma empresa varejista de materiais de construção, bastante


conhecida em sua região. A empresa já investe fortemente em marketing digital,
tem uma loja virtual também bem conhecida e ativa, mas pretende rentabilizar
mais ainda esses canais. Como fazer isso em um ramo em que a principal
característica é a experiência na loja física?

FINALIZANDO

Nesta aula tivemos uma introdução ao e-commerce, uma breve história


dos negócios eletrônicos e sua evolução. Vimos que as transações eletrônicas
de transferências de fundos entre instituições financeiras foram o embrião dos
negócios eletrônicos, a partir dos anos 1970. Vimos as características,

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benefícios e limitações do e-commerce. Também conhecemos seus principais
conceitos e subdivisões: o B2C (business-to-consumer ou empresa-
consumidor); o B2B (business-to-business, transações entre empresas); o C2C
(consumer-to-consumer, comércio eletrônico entre pessoas físicas); os G2C e
G2B (transações entre empresas, pessoas com o governo), e outros. Vimos que
tais modalidades tem um fluxo bidirecional, dependendo do remetente e do
recebedor das informações.

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REFERÊNCIAS

COSTA, G. C. G. Negócios eletrônicos: uma abordagem estratégica e


gerencial. Curitiba: InterSaberes, 2013.

STEFANO, N.; ZATTAR, I. C. E-commerce: conceitos, implementação e gestão.


Curitiba: InterSaberes, 2016.

TURBAN, E.; KING, D. Comércio eletrônico: estratégia e gestão. São Paulo:


Prentice Hall, 2004.

TURBAN, E.; RAINER JR, R. K.; POTTER, R. E. Administração de tecnologia


da informação. Rio de Janeiro: Campus, 2003.

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