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5G E IOT

TENDÊNCIAS E APLICAÇÕES

CURSO 2
Módulo 2 - IMT-2020 - Processo de
padronização 3GPP
5G e IoT
Tendências e Aplicações

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Todos os direitos reservados
Fundação Instituto Nacional de Telecomunicações – Finatel
5G e IoT
Tendências e Aplicações

Equipe Multidisciplinar

Prof. MSc. Carlos Augusto Rocha Douglas Rosa


Pró-diretor de Desenvolvimento de Webmaster e Suporte Técnico
Tecnologias e Inovação
Isis Brandão
Prof. MSc. André Luís da Rocha Abbade Designer Gráfico e Diagramadora
Gerente de Educação Continuada
Juliano Inácio
Profª. Rosimara Salgado Produtor de Vídeos
Coordenadora NEaD e Designer Instrucional
Profª. Vera Sônia de Freitas Rocha
Eng. Ramon Magalhães Nogueira Revisora Gramatical
Autor
Amanda Bernardes Almeida
Engª. Francine Cássia de Oliveira Secretária
Autora

Engª. Viviane Freire Sampaio


Autora
Boas-vindas!
Prezado(a) Aluno(a):

Seja bem-vindo ao Módulo 2 – IMT-2020 – Processo de padronização 3GPP!


O Módulo 2 tem o objetivo de apresentar a padronização da quinta geração
de sistemas móveis celulares sob a perspectiva do 3GPP (3rd Generation
Partnership Project). Tal organização tecnológica obteve sucesso na
padronização dos padrões legados de segunda, terceira e quarta gerações
utilizadas no Brasil e em grande parte do mundo.
O capítulo 1 faz a introdução ao módulo, aborda a motivação em estudar a
tecnologia proposta pelo 3GPP e apresenta as recentes evoluções que deram
origem ao Release 15 que é a documentação que norteia todo o estudo deste
módulo. Além disso, apresenta um breve resumo sobre os assuntos abordados
nos capítulos subsequentes.
O capítulo 2 apresenta a arquitetura de rede de quinta geração. Serão tratados
tópicos como divisão funcional da rede, elementos e funcionalidades que
compõem o sistema.
O capítulo 3 trata da camada física, tendo como objetivo apresentar a estrutura
de quadro, recursos físicos, principais técnicas e modulações.
O capítulo 4 finaliza o módulo através da conclusão dos assuntos estudados.
Neste módulo é feita uma análise do sistema proposto no Release 15,
evidenciando as características de maior interesse pelos profissionais, além de
demonstrar qual será a contribuição da tecnologia no cenário atual.

O Vídeo 1 faz a apresentação deste Módulo.

Bons estudos!
Vídeo 1 - Boas-vindas e apresentação do módulo
Lista de Ilustrações

Figura 1 - Divisão funcional do sistema 5G.......................................................................................................................................... 13


Figura 2 - Arquitetura NG-RAN............................................................................................................................................................... 14
Figura 3 - Opções de implementação NG-RAN................................................................................................................................. 16
Figura 4 - Arquitetura com representação baseada em ponto de referência.......................................................................... 18
Figura 5 - Arquitetura com representação baseada em serviço.................................................................................................. 19
Figura 6 - Exemplos de redes de dados............................................................................................................................................. 23
Figura 7 - User Data Repository e Applications Front End............................................................................................................. 25
Figura 8 - Instâncias de rede e seus requisitos................................................................................................................................. 26
Figura 9 - Network Slicing no sistema 5G............................................................................................................................................27
Figura 10 - Divisão funcional para Network Slicing...........................................................................................................................27
Figura 11 - Exemplo de Network Slice Template............................................................................................................................... 28
Figura 12 - Virtualização de elementos NGC e EPC........................................................................................................................ 29
Figura 13 - Bandas candidatas em diferentes regiões do mundo................................................................................................33
Figura 14 - Possíveis espaçamentos entre subportadoras de acordo com o tamanho da célula e a latência desejada.40
Figura 15 - Estrutura do quadro NR........................................................................................................................................................43
Figura 16 - Exemplos de combinação de formatos de slot para diferentes cenários............................................................ 45
Figura 17 - Matriz de antenas..................................................................................................................................................................47
Lista de Tabelas

Tabela 1 - Resumo das opções de implementação NG-RAN.......................................................................................................... 16


Tabela 2 - Bandas a serem analisadas no WRC-19..........................................................................................................................34
Tabela 3 - Bandas não harmonizadas em diferentes regiões.......................................................................................................34
Tabela 4 - Configurações de banda para o NR................................................................................................................................ 35
Tabela 5 - Bandas de operação em FR1............................................................................................................................................. 36
Tabela 6 - Bandas de operação em FR2.............................................................................................................................................37
Tabela 7 - Espaçamentos entre subportadoras................................................................................................................................ 39
Tabela 8 - Quantidades de Resource Blocks e bandas ocupadas.............................................................................................. 41
Tabela 9 - Configurações de símbolos OFDM em um timeslot para prefixo cíclico normal..................................................44
Lista de Siglas e Abreviações

3GPP: 3rd Generation Partnership Project NGC: Next Generation Core


4G: Quarta Geração, Geração 4, Fourth Generation ng-eNBs: Next Generation eNodeBs
5G: Quinta Geração, Geração 5, Fifth Generation NG-RAN: Next Generation Radio Access Network
5GC: 5G Core NOMA: Non Orthogonal Multiple Access
AF: Application Function NR: New Radio
AFE: Application Front End NRF: Network Repository Function
AKA: Authentication and Key Agreement NSA: Non-Standalone
AMF: Core Access and Mobility Management Function NSSAI: Network Slice Selection Assistance Information
API: Application Programming Interface NSSF: Network Slice Selection Function
ARPF: Authentication Credential Repository and Proces- NST: Network Slice Template
sing Function OMA: Orthogonal Multiple Access
AUSF: Authentication Server Function PAPR: Peak to Average Power Ratio
BLER: Block Error Rate PCF: Policy Control Function
BPSK: Binary Phase-Shift Keying PCRF: Policy and Charging Control Function
CP: Control Plane P-CSCF: Proxy – Call Session Control Function
CP-OFDM: Cyclic Prefix – Orthogonal Frequency Division PDU: Protocol Data Unit
Multiplexing P-GW: PDN Gateway
CSI: Channel State Information QAM: Quadrature Amplitude Modulation
DC: Dual Connectivity QPSK: Quadrature Phase-Shift Keying
DFT-S-OFDM: Direct Fourrier Transform – Spread – OFDM QoS: Quality of Service
DL: Downlink RAT: Radio Access Technologies
DN: Data Network SA: Standalone
eMBB: Enhanced Mobile Broadband SAE: System Architecture Evolution
eNodeBs: Evolved NodeBs SBA: Service Based Architecture
EPC: Evolved Packet Core SD: Slice Differentiator
EPS: Evolved Packet System SDFs: Service Data Flow
FD-MIMO: Full Dimension Multiple-Input Multiple-Output SDL: Supplementary Downlink
FDD: Frequency Division Duplex SDN: Software Defined Network
FR1: Frequency Range 1 SgNB: Secondary eNB
FR2: Frequency Range 2 S-GW: Serving Gateway
gNBs: Next Generation NodeBs SINR: Signal Interference Noise Ratio
gNodeB: Next Generation NodeB SLAs: Service Level Agreements
HSS: Home Subscriber Server SMF: Session Management Function
IMEI: International Mobile Equipment Identity S-NSSAI: Single - Network Slice Selection Assistance
IMS: IP Multimedia Subsystem Information
IMSI: International Mobile Subscriber Identity SST: Slice/Service Type
IMT-2020: International Mobile Telecommunication - 2020 SUL: Supplementary Uplink
IoT: Internet of Things SUPI: Subscriber Permanent Identifier
ITU: International Telecommunication Union TDD: Time Division Duplex
LTE/SAE: Long Term Evolution TTI: Time Transmission Interval
MBMS: Multimedia Broadcast Multicast Service UDM: Unified Data Management
MgNB: Master gNB UDR: User Data Repository
MIMO: Multiple-Input Multiple-Output UE: User Equipment
MME: Mobility Management Entity UL: Uplink
mMTC: Massive Machine Type Communications UP: User Plane
NAS: Non Access Stratum UPF: User Plane Function
NEF: Network Exposure Function URLLC: Ultra Reliable Low Latency Communications
NF: Network Functions WRC: World Radio-Communication Conference
NFV: Network Function Virtualization XnAP: Xn Application Protocol
Sumário

Vídeo 1 - Boas-vindas e apresentação do módulo...............................................................................................................................5


Capítulo 1 - Introdução............................................................................................................................................................................... 10
Vídeo 2 - Introdução ao New Radio....................................................................................................................................................... 12
Capítulo 2 - Arquitetura............................................................................................................................................................................. 13
2.1 Visão Geral................................................................................................................................................................................. 13
2.2 Rede de acesso ...................................................................................................................................................................... 14
2.2.1 Arquitetura NG-RAN................................................................................................................................................. 14
2.2.2 Next Generation NodeB (gNodeB)...................................................................................................................... 15
2.2.3 Opções de implementação NG-RAN.................................................................................................................. 15
Vídeo 3 - Rede de acesso e opções de implementação..................................................................................................................17
2.3 Rede core ................................................................................................................................................................................. 18
Vídeo 4 - Rede core e suas representações...................................................................................................................................... 20
2.3.1 Arquitetura NGC........................................................................................................................................................ 21
2.3.1.1 AMF (Core Access and Mobility Management Function)................................................................. 21
2.3.1.2 SMF (Session Management Function)................................................................................................ 22
2.3.1.3 UPF (User Plane Function)..................................................................................................................... 22
2.3.1.3.1 Rede de Dados (Data Network).............................................................................................. 23
2.3.1.4 PCF (Policy Control Function)................................................................................................................ 23
2.3.1.4.1 AF (Application Function)......................................................................................................... 24
2.3.1.5 UDM (Unified Data Management)........................................................................................................ 24
2.3.1.5.1 UDR (User Data Repository)................................................................................................... 24
2.3.1.5.2 AUSF (Authentication Server Function) ............................................................................. 25
2.3.1.6 CHF (Charging Function)........................................................................................................................ 25
2.3.2 Network Slicing....................................................................................................................................................... 26
2.3.2.1 NSSF (Network Slice Selection Function).......................................................................................... 28
2.3.3 Network Virtualization Functions........................................................................................................................ 28
2.3.3.1 Arquitetura baseada em serviço.......................................................................................................... 29
2.3.3.1.1 NRF (Network Repository Function)...................................................................................... 29
2.3.3.1.2 NEF (Network Exposure Function)....................................................................................... 30
2.4 Dispositivo do usuário (UE).................................................................................................................................................. 30
Associação entre colunas......................................................................................................................................................................... 31
Capítulo 3 - Camada Física...................................................................................................................................................................... 32
3.1 Espectro de frequência.......................................................................................................................................................... 32
Vídeo 5 - Espectro de frequências e faixas de operação............................................................................................................... 38
3.2 Técnicas de múltiplo acesso................................................................................................................................................ 39
3.3 Especificações de Camada Física...................................................................................................................................... 39
Vídeo 6 - Recursos de camada física.................................................................................................................................................... 42
3.4 Estrutura de quatro..................................................................................................................................................................43
Vídeo 7 - Estrutura de quadro................................................................................................................................................................. 46
3.5 Operação com múltiplas antenas........................................................................................................................................47
3.6 Modulação................................................................................................................................................................................ 49
Capítulo 4 - Conclusão.............................................................................................................................................................................. 51
Capítulo 1 - Introdução

A fim de atender os requisitos do IMT-2020 (International Mobile


Telecommunications – 2020) (apresentados no módulo anterior) o 3GPP
iniciou os trabalhos do Release 15, documentação que trata da entrega
das primeiras especificações de quinta geração. O 5G será inicialmente
disponibilizado através de melhorias na tecnologia LTE Advanced-Pro
(Release 13). Estas melhorias foram propostas no Release 14, que teve
início em março de 2016 e foi finalizado em junho de 2017. Em paralelo
ao Release 14, o 3GPP deu início, em junho de 2017, as especificações
do Release 15, que traz um grande avanço através da introdução de
uma nova interface aérea chamada NR (New Radio). Tais especificações
despertam enorme interesse da indústria, que visa iniciar a comerciali-
zação em concordância com o padrão. O padrão definido pelo 3GPP é
considerado pela maioria do mercado como o maior candidato a definir
um padrão global de quinta geração, visto que os padrões anteriores
da organização deram origem as redes legadas, 2G, 3G e 4G, na maior
parte do mundo.
Após o lançamento da versão não-autônoma (Non-Standalone –
NSA) da nova rede 5G em 2017, a versão autônoma (Standalone – SA)
foi concluída em junho de 2018 na reunião plenária do 3GPP TSG#80.
Mais de 600 representantes das principais operadoras, fabricantes de

Anotações
Introdução 11

terminais e chipsets, empresas de internet e outras


empresas de telecomunicações testemunharam a
conclusão desta etapa que é essencial para a padro-
nização da tecnologia. Nesse trabalho foi apresen-
tada a arquitetura ponta a ponta da rede, tornando
possível ter uma visão completa de um sistema que
não só aumenta drasticamente as velocidades e ca-
pacidades da rede móvel, como também abre portas
para diversos mercados que desejam participar do
desenvolvimento e implementação, ou se favorecer
da quinta geração [1].
O sistema 5G proposto pelo 3GPP apresenta
uma ampla gama de possibilidades de implementa-
ção, tanto do ponto de vista da arquitetura do siste-
ma, quanto dos recursos de camada física. Do pon-
to de vista da arquitetura, permite a interação (não
mandatória) com a rede 4G, podendo manter cone-
xão com acesso e/ou core. Do ponto de vista de ca-
mada física, novas frequências de operação, bandas
e técnicas podem ser esperadas, bem como uma
grande variedade de configurações possíveis para
os parâmetros dessa camada. As possibilidades de
implementação citadas tornarão o sistema capaz de
atender os mais diversos casos de uso previstos para
o IMT-2020.
Para o Release 15, sobretudo, o caso de uso
que o sistema deverá atender de maneira bastan-
te congruente em um momento inicial é o eMBB
(Enhanced Mobile Broadband), que é uma extensão
do que vem acontecendo com o avanço do 4G e visa
proporcionar altas taxas no tráfego de dados, au-
mentando ainda mais a experiência do usuário nesse
contexto.

Anotações
Vídeo 2 - Introdução ao New Radio
Capítulo 2 - Arquitetura

2.1 Visão Geral

Assim como nas redes legadas, a divisão funcional da rede 5G


é composta por rede de acesso, rede core e dispositivo do usuário. A
Figura 1 ilustra a divisão funcional do sistema 5G.

Sistema 5G

5G CORE Redes Externas

UE
NG-RAN

- New Radio - NGC


- LTE - EPC
- New Radio + LTE

Figura 1 - Divisão funcional do sistema 5G

Anotações
14 Arquitetura

Bem como ocorreu com o IMT-Advanced, no No 5GC é possível implementar o NGC (Next
qual o 3GPP definiu as redes de acesso LTE e core Generation Core), que é o core de quinta geração,
(SAE - System Architecture Evolution) da tecnologia ou mesmo utilizar o EPC do 4G, que é uma alternativa
de quarta geração (EPS – Evolved Packet System), com grande chance de ser utilizada num momento
para o IMT-2020 também houve definições equiva- inicial. A rede core foi projetada para fornecer co-
lentes. Para a quinta geração, a rede de acesso é de- nexão com as redes externas (ex.: internet, IMS – IP
nominada NG-RAN (Next Generation Radio Access Multimedia Subsystem) e dentre suas principais res-
Network), a rede core 5GC (5G Core) e o dispositivo ponsabilidades pode-se destacar autenticação dos
do usuário UE (User Equipment) [2] [3]. usuários, segurança, gerência dos assinantes e ge-
O 3GPP propõe para a quinta geração uma es- rência de sessão. Além disto, o NGC permite o uso
trutura de acesso denominada NR. A rede de acesso de técnicas como Virtualização de Redes (Network
de quinta geração, NG-RAN, pode ser composta de Function Virtualization - NFV) e Redes Definidas por
NR, LTE ou a combinação de ambas. Software (Software Defined Network - SDN).

2.2 Rede de acesso

2.2.1 Arquitetura NG-RAN

A rede de acesso de quinta geração permite


implementação de maneira heterogênea em termos 5GC
de tecnologia de acesso. A NG-RAN pode ser com-
posta de rádio bases de quinta geração, gNBs (Next
Generation NodeBs), que são os elementos de aces-
so do NR, ou por rádio bases de quarta geração, ng- Xn

-eNBs (Next Generation eNodeBs), que são eNodeBs


(Evolved NodeBs) com propósito de atender o 5G. A gNB Xn Xn ng-eNB

Figura 2 ilustra a arquitetura da NG-RAN.


Tanto gNBs quanto ng-eNBs podem ser conec- Xn

tados uns aos outros através da interface Xn, seme-


lhante ao que se tinha no LTE com a interface X2 en- gNB ng-eNB

tre duas eNBs. A interface entre NG-RAN e NGC será


abordada nos tópicos posteriores. Figura 2 - Arquitetura NG-RAN

Anotações
Arquitetura 15

2.2.2 Next Generation NodeB (gNodeB)

O gNodeB é o elemento de quinta geração res- • Segurança: É responsável pela criptografia e


ponsável por realizar a interface entre o UE e o 5GC. proteção da integridade dos dados do usuário
Suas funções são principalmente: na interface aérea.
• Handover: Os gNBs comunicam-se uns com os
• Gerência dos recursos de rádio: Controla a in- outros pela interface Xn através do protocolo
terface aérea até o UE, operando tanto em FDD XnAP (Xn Application Protocol), oferecendo su-
(Frequency Division Duplexing) quanto em TDD porte à mobilidade.
(Time Division Duplexing). Além disso, realiza o • Dupla conectividade: Inicialmente oferecido
controle dos Radio Bearers, controle de admis- como um recurso LTE-Advanced Pro, o DC
são e agendamento de tráfego de Downlink e (Dual Connectivity) torna possível a conexão do
Uplink do plano de usuário. UE com duas redes de acesso distintas e de fre-
• Seleção de AMF (Core Access and Mobility quências distintas, por exemplo, NR e LTE. Nes-
Management Function): Quando um assinante te cenário, é papel do gNB exercer as funções
se conecta à rede 5G, um AMF deve ser atri- de rádio base primária, MgNB (Master gNB), ou
buído a ele. Se o UE não fornecer qualquer in- rádio base secundária, SgNB (Secondary eNB).
formação que ajude o gNB na decisão de qual
AMF escolher, o gNB atribuirá o AMF mais ade-
quado. (O AMF tem parte das funcionalidades
do MME na rede 4G-LTE e será abordado nos
tópicos posteriores).

2.2.3 Opções de implementação NG-RAN

Para atender as direções do IMT-2020 (eMBB,


URLLC – Ultra Reliable Low Latency Communica-
tions e mMTC – Massive Machine Type Communica-
tions) e as várias possibilidades de casos de uso, o
3GPP definiu 7 opções de implementação de acesso
à rede core. Dentre elas, é possível encontrar im-
plementações independentes, ou seja, que utilizam
apenas uma RAT (Radio Access Technology), e ou-
tras que dependem da interação com acesso e core
de quarta geração, LTE e EPC (Evolved Packet Core).
Tais opções de implementação estão ilustradas na
Figura 3 a seguir.

Anotações
16 Arquitetura

EPC NGC

Opção 1

Opção 5

Opção 3

Opção 7

Opção 4

Opção 6

Opção 2
ng-eNB ng-eNB gNB gNB

gNB ng-eNB
Cobertura LTE
Cobertura NR

Figura 3 - Opções de implementação NG-RAN

A migração independente das redes de acesso caminho que melhor se adapte aos seus objetivos.
e core é um facilitador essencial do 5G para o mer- Esses fatores resultaram nas várias opções de imple-
cado, pois permite que os operadores escolham o mentação que estão resumidas na Tabela 1 a seguir.

Tabela 1 - Resumo das opções de implementação NG-RAN

Opção Forma de acesso Elemento(s) de acesso Core

1 Independente ng-eNB EPC


2 Independente gNB NGC
3 Assistida gNB + ng-eNB EPC
4 Assistida ng-eNB + gNB NGC
5 Independente ng-eNB NGC
6 Independente gNB EPC
7 Assistida gNB + ng-eNB NGC

Anotações
Vídeo 3 - Rede de acesso e opções de implementação
18 Arquitetura

2.3 Rede core

A rede 5G está sendo projetada para permitir a arquitetura do core é definida como baseada em ser-
implantação, por parte da indústria, de novas técnicas viço (Service Based Architecture – SBA) e a interação
como NFV e SDN. A necessidade de implementação entre os NFs é representada de duas maneiras: ba-
dessas novas técnicas é dada a diversidade de perfis seada em ponto de referência e baseada em serviço.
de usuário (casos de uso com diferentes requisitos) e
diversidade nos serviços oferecidos pela quinta gera- Representação baseada em ponto de
ção. Tendo em vista essas características, o 3GPP man- referência:
teve a ideia de arquitetura plana, em que as funções de
plano de controle (Control Plane – CP) são separadas Mostra a interação existente entre pares
do plano de usuário (User Plane – UP) a fim de torná-las de NFs baseado no ponto de referência (interfa-
independentes, permitindo que os operadores dimen- ce) entre eles (por exemplo, a interface N11 entre
sionem as redes de acordo com suas necessidades. AMF e SMF). Essa representação pode ser usa-
Para prover os diferentes serviços de dados, da quando existir alguma interação entre quais-
os elementos do NGC, também chamados de fun- quer duas funções de rede, por exemplo, para
ções de rede, Network Functions – NF, foram ainda desenvolver fluxos de chamadas ou serviços. A
mais simplificados se comparados as redes legadas, Figura 4 ilustra a arquitetura com representação
sendo a maioria deles baseados em software. A baseada em ponto de referência.

Arquitetura 5G baseada em ponto de referência

NSSF AUSF UDM

n22 n12 n8 n10

n11 n7 n5
AMF SMF PCF AF

n1 n14 n15

n2 n4

UE RAN n3
UPF n6
DN

n9

Figura 4 - Arquitetura com representação baseada em ponto de referência

Anotações
Arquitetura 19

Representação baseada em serviço:

Os NFs do plano de controle permitem que


outros NFs autorizados acessem seus serviços.
Nessa representação são evidenciadas as interfa-
ces baseadas nos serviços trocados entre os NFs.
A Figura 5 ilustra a arquitetura com representação
baseada em serviço.

Arquitetura 5G baseada em serviço

NSSF NEF NRF PCF UDM AF CHF


Nnssf Nnef Nnrf Npcf Nudm Naf Nchf
Interfaces baseadas
em serviços
Nausf Namf Nsmf

AUSF AMF SMF


Arquitetura baseada
em serviços

N1 N2 N4

N3 N6
UE RAN UPF DN

Figura 5 - Arquitetura com representação baseada em serviço

Anotações
Vídeo 4 - Rede core e suas representações
Arquitetura 21

2.3.1 Arquitetura NGC

A Figura 4 ilustra as principais funções da tornam-se uma API (Application Programming In-
rede core 5G na representação baseada em ponto terface) entre dois NFs virtualizados. Nesse caso,
de referência. Nesse modo evidencia-se a repre- o melhor método de análise é através da repre-
sentação tradicional da rede, o que significa que o sentação baseada em serviço, que será abordada
ponto de referência (interface) entre dois NFs con- posteriormente.
tém um conjunto específico de protocolos. Com a As funções de rede que compõem a arquitetu-
implementação de NFV, os pontos de referência ra 5G são descritas nos tópicos seguintes.

2.3.1.1 AMF (Core Access and Mobility Management Function)

A funcionalidade de gerência de acesso e mo- procedimento de registro, o UE passa por um


bilidade, AMF, tem parte das funcionalidades do MME processo de autenticação mútua (AKA – Au-
na rede 4G-LTE. Dentre suas capacidades, podem-se thentication and Key Agreement). O AMF é res-
destacar: ponsável por verificar a resposta de autentica-
ção fornecida pelo UE, além de verificar se o
• Gerência de registro e conectividade: Quando UE tem ou não autorização para usar a rede 5G.
há uma conexão inicial, o UE precisa realizar o • Controle de acesso: O AMF é responsável pelo
procedimento de Attach para obter um registro tratamento da sinalização NAS (Non Access
na rede 5G, bem como ocorria nas redes lega- Stratum) (interface N1) e da conexão do UE com
das. Após registrar-se, o móvel tem a possibi- o gNB ou ng-eNB (interface N2).
lidade de assumir os estados Idle (Registrado,
porém sem tráfego de dados) ou Connected
(Registrado e com tráfego de dados). É res-
ponsabilidade do AMF gerenciar o Attach bem
como os estados do móvel.
• Gerência de mobilidade: Quando o UE está em
modo Idle, o AMF é capaz de obter sua locali-
zação em nível de Tracking Area. Quando em
Glossário
modo conectado, o AMF é capaz de obter a lo-
calização do UE em nível de célula.
Idle: Estado do UE em que não há
• Paging e acessibilidade: Quando o UE está em conexão com o core, porém é mantida
modo Idle e tem dados a receber, é necessário uma sessão com a rede de acesso.
o envio de uma mensagem de Paging para des- Paging: Procedimento pelo qual a rede
cobrir sua localização em nível de célula. É res- envia uma mensagem (page) ao UE
para descobrir sua localização em nível
ponsabilidade do AMF gerar tais mensagens. de célula antes de estabelecer uma
• Autenticação e autorização: Como parte do chamada de voz ou conexão de dados.

Anotações
22 Arquitetura

2.3.1.2 SMF (Session Management Function)

A funcionalidade de gerência de sessão, • Interação com o PCF: Como parte do geren-


SMF, tem parte das funcionalidades do MME e do ciamento de sessão, o SMF necessita intera-
P-GW na rede 4G-LTE. Dentre suas capacidades, gir com o PCF (Policy Control Function) para
podem-se destacar: oferecer suporte às políticas de controle,
além de aplicar as relações de QoS às ses-
• Gerência de sessão: O SFM gerencia o estabele- sões PDU.
cimento, modificação e liberação de sessões PDU • Notificação de dados de downlink: Quando o
(Protocol Data Unit) entre o UE e rede de dados. UE está em estado Idle e possui dados a rece-
• Alocação de endereço IP: O SMF é responsável ber, é de responsabilidade do SMF informar o
por alocar um endereço IPv4 ou IPv6 para o UE. AMF quando os dados atingem o UPF. Ao re-
• Seleção de UPF: Durante o estabelecimento de ceber a notificação de dados de downlink (Do-
uma sessão PDU, o SMF alocará um UPF ade- wnlink Data Notification), o AMF acionará o pro-
quado. O SMF se conecta ao UPF através da cesso de Paging.
interface N4.

2.3.1.3 UPF (User Plane Function)

A funcionalidade de plano de usuário, UPF, • Aplicação de QoS e regras de política: Como


tem parte das funcionalidades do S-GW e P-GW na o UPF lida com os dados do usuário, é de sua
rede 4G-LTE. Dentre suas capacidades, podem-se responsabilidade impor as regras de política
destacar: criadas pelo PCF. Além disso, como parte da
aplicação de políticas, cabe ao UPF garantir
• Âncora de mobilidade Inter/Intra RAT: O UPF que o tráfego de usuários terá o nível adequa-
atua como ponto de ancoragem do plano de do de QoS. Para tal, é necessária a marcação
usuário para cada gNB ou ng-eNB à medida de pacotes baseada no QoS requerido, além
que o UE se move pela rede. de garantir que o tráfego está ocorrendo sobre
• Ponto de conexão com as redes externas: O uma sessão PDU adequada.
UPF serve como ponto de entrada/saída do • Buffer de pacotes: Quando o UE está em Idle
NGC para as redes externas de dados (Data não há conexão de plano de usuário entre UPF
Network – DN). e a rede de acesso. Nesse caso o UPF atua
• Roteamento e encaminhamento: O UPF re- como buffer, armazenando os pacotes de do-
aliza o roteamento e encaminhamento de wnlink até que o procedimento de Paging seja
pacotes do plano de usuário na direção de completado. Além disso, é de responsabilidade
downlink (para o UE) e uplink (para as redes do UPF se comunicar com o SMF para acionar o
externas de dados). processo de notificação de dados de downlink.

Anotações
Arquitetura 23

2.3.1.3.1 Rede de Dados (Data Network)

O termo “rede de dados” designa as redes ex-


ternas, nas quais o UE pode se conectar através de IP Multimedia VPN
uma sessão PDU. Para o 5G, vários tipos de redes Internet
Subsystem Corporativa
de dados podem ser acessados. Alguns exemplos de
tais redes podem ser vistos na Figura 6 a seguir.
Massive IoT V2X

Figura 6 - Exemplos de redes de dados

2.3.1.4 PCF (Policy Control Function)

A funcionalidade de controle de políticas, PCF, • Interação com o AF: Algumas sessões PDU,
consiste de uma estrutura unificada de políticas que por exemplo, as que suportam chamadas de
regem o comportamento da rede desempenhando voz, podem precisar de informações específi-
um papel similar ao PCRF (Policy and Charging Con- cas para facilitar seu estabelecimento. Informa-
trol Function) na rede 4G-LTE. Dentre suas capaci- ções como QoS, tipo de serviço e endereço IP,
dades, podem-se destacar: podem ser fornecidas ao AF pelo PCF.
• Acesso às informações do assinante: Para to-
• Decisões de políticas: A qualquer momento um mar algumas decisões sobre políticas, o PCF
UE pode ter vários SDFs (Service Data Flow) em deve ter acesso às informações do assinante
operação. O principal papel do PCF é atuar como que estão armazenadas na rede. Para tal, o PCF
ponto de decisão de política de rede, determinan- deve interagir com o UDR (User Data Reposi-
do o serviço que cada SDF recebe. O PCF tomará tory) através da interface Nudm (as interfaces
decisões políticas e formulará regras com base baseadas em serviço serão melhor abordadas
nas entradas vindas de variadas fontes na rede, em tópicos posteriores deste documento).
incluindo o AF (Application Function).
• Distribuição de regras: Após uma regra ser for-
mulada, deve ser distribuída ao core para que
seja aplicada. Tais regras podem ser enviadas
diretamente ao SMF através do ponto de refe-
rência (interface) N7, que por sua vez a encami-
nha ao UPF para execução. Além disso, o PCF
pode utilizar o ponto de referência N15 para en-
viar ao UE informações relacionadas a políticas,
através do AMF.

Anotações
24 Arquitetura

2.3.1.4.1 AF (Application Function)

A AF fornece informações sobre a sessão ao


PCF para ajudar no processo de tomada de decisões.
Um exemplo de AF seria o P-CSCF (Proxy – Call Ses-
sion Control Function) contido na rede IMS (IP Multi-
media Subsystem) que fornece dados sobre estabe-
lecimento de uma chamada comutada por pacotes.

2.3.1.5 UDM (Unified Data Management)

O UDM atua como repositório central para in- • Autorização de acesso: O UDM pode impedir
formações relacionadas aos assinantes, tendo função que o assinante acesse a rede com base em
bastante semelhante ao HSS (Home Subscriber Server) restrições como, por exemplo, de Roaming.
no LTE. Dentre suas capacidades, podem-se destacar: • Gerência de registro e mobilidade: O UDM parti-
cipa do processo de registro do UE, mais especi-
• Processamento de chaves de autenticação: O ficamente na parte de segurança, fornecendo ao
UDM hospeda o ARPF (Authentication Creden- AMF informações do perfil do assinante.
tial Repository and Processing Function), que é • Gerência de assinantes: Mantém o perfil dos
usado na geração de informações relacionadas assinantes, o qual define níveis de QoS, redes
à autenticação do usuário. O UDM é responsá- de dados permitidas, restrições a largura de
vel pelo armazenamento da chave secreta do banda e informações relacionadas a Roaming.
assinante como parte do AKA.
• Tratamento de identificação do usuário: O
UDM é responsável por armazenar o SUPI
(Subscriber Permanent Identifier) do assinante.

2.3.1.5.1 UDR (User Data Repository)

O UDM pode ser representado com um AFE serviço Nudr suporta operações como a leitura de
(Application Front End) e utilizar a arquitetura do UDR dados no UDR, bem como a atualização ou exclusão
para manter os dados de autenticação e assinaturas. de dados armazenados. Além disso, os AFEs po-
Sendo o UDR um repositório comum de dados, pode dem assinar eventos específicos e serem notificados
também ser compartilhado por outros AFEs, como o quando esses eventos ocorrerem. A Figura 7 ilustra
NEF (Network Exposure Function), ou entidades es- a relação entre o UDR e os NFs, atuando como AFEs.
pecíficas, incluindo o PCF. A interface baseada em

Anotações
Arquitetura 25

NEF Nudr
Ler, Atualizar, Deletar
Subscrever, Notificar

AMF
N8

UDM UDR
0
N1
Repositório de
dados comum
SMF

PCF

Figura 7 - User Data Repository e Applications Front End

2.3.1.5.2 AUSF (Authentication Server Function)

O AUSF deve lidar com as solicitações de au- chaves de autenticação para o AMF durante os pro-
tenticação para acesso 3GPP e não-3GPP. É usado cedimentos de rede como registro. Também é fun-
para facilitar os processos de segurança, fornecendo ção do AUSF informar o UDM, se a autenticação de
serviços de autenticação do UE para outras funções um assinante foi bem-sucedida ou não.
de rede como AMF. O AUSF fornece uma ou mais A seleção do AUSF é realizada pelo AMF.

2.3.1.6 CHF (Charging Function)

A funcionalidade de cobrança, CHF (Charging As melhorias na flexibilidade nas implantações


Function) é responsável pela gestão de tarifação, in- de sistemas de cobrança estão sendo exploradas
dicando ao sistema de cobrança qual instância de constantemente, tornando o padrão de cobrança do
Network Slicing está servindo o UE durante a conec- 5G bem preparado, com os recursos básicos neces-
tividade de dados. sários e com uma evolução prevista que adicionará
Os sistemas de tarifação online e offline, her- mais possibilidades para diferenciar e dar suporte a
dados das redes legadas, na nova geração são con- mais modelos de tarifação conforme as necessida-
vergidos em um único sistema de cobrança. Desta des geradas pelos diferentes casos de uso atendi-
forma, os comandos de mensagem, eventos tarifá- dos pela quinta geração. [4].
veis e informações de cobrança são mesclados.

Anotações
26 Arquitetura

2.3.2 Network Slicing

O “fatiamento” é uma forma de arquitetura vir- requisitos de um conjunto completamente novo de


tual de rede que utiliza princípios de redes definidas usuários. Uma destas técnicas é o Network Slicing,
por software (SDN) e virtualização de funções de rede que permite que várias redes virtuais sejam criadas
(NFV). Tais tecnologias começaram a ser implementa- sobre uma infraestrutura física comum. Em essência,
das comercialmente para oferecer maior flexibilidade o Network Slicing promove a divisão da infraestrutu-
de rede, permitindo que as arquiteturas tradicionais ra de rede física em instâncias completamente sepa-
sejam particionadas em elementos virtuais que podem radas, denominadas “fatias de rede” (network slice).
ser vinculados por meio de softwares. Embora tais fatias sejam de natureza lógica, os dispo-
O 5G foi projetado desde o início para ser uma sitivos em fatias separadas são considerados como
plataforma facilitadora para lidar com a grande varie- estando em redes separadas de fato. Sendo assim,
dade de serviços e aplicações, e atender as neces- um dispositivo pode ser servido individualmente
sidades específicas de aplicativos, serviços, dispo- por várias instâncias (fatias de rede), se necessário,
sitivos, clientes ou operadores. Para acomodar tais e neste caso, todas as instâncias utilizam o mesmo
requerimentos, novas técnicas devem ser introduzi- AMF atribuído ao usuário.
das na rede para garantir que os SLAs (Service Level A Figura 8 ilustra algumas fatias de rede e seus
Agreements) possam ser mantidos, ou seja, a rede requisitos específicos.
deve ter capacidade e flexibilidade para atender os

Prioridade, Tarifação, Controle de


Funcionalidade políticas, Segurança, Mobilidade

Latência, Mobilidade, Disponibilidade,


Performance Confiabilidade, Taxas de dados

Grupos de usuários, Segurança pública,


Usuários Corporativo, Roaming, MVNO

Figura 8 - Instâncias de rede e seus requisitos

A Figura 9 descreve três possíveis aplicações


para o Network Slicing, embora haja muitos outros
possíveis casos de uso.

Anotações
Arquitetura 27

5G RAN 5G CORE

Instância para V2X


Baixa latência, Comunicações críticas

Instância para Serviços de voz


Baixa latência, Voz, Sinalização, QoS garantido

Instância para Medições Inteligentes


000 00 Grande número de dispositivos conectados, Baixos
requisitos de dados, Atividade mínima da rede

Figura 9 - Network Slicing no sistema 5G

A realização do Network Slicing é responsa-


bilidade de ambos, acesso e core. A Figura 10 ilustra
este cenário.

Os requisitos da fatia Define a topologia


são realizados através da fatia,
de agendamentos e detalhando quais
reconfigurações de elementos 5GC são
camadas 1 e 2. requeridos.

NG-RAN 5GC
UE
Uma fatia de rede é composta de uma rede de acesso e uma rede core

Figura 10 - Divisão funcional para Network Slicing

Para que a rede de acesso seja capaz de supor- Do ponto de vista do core, fatias individuais não
tar o Network Slicing, tanto gNB quanto ng-eNB devem necessariamente precisam utilizar todas as NFs, sendo
oferecer suporte a diferentes configurações de cama- possível utilizar subconjuntos de NFs, dependendo dos
das 1 e 2, como, por exemplo, agregação de portadoras requisitos do serviço ou aplicação que está utilizando a
e dupla conectividade, a fim de garantir que as fatias de instância. A topologia da fatia, contendo as NFs usadas,
rede sejam providas com os recursos corretos. Em re- é definida por um NST (Network Slice Template) no qual
sumo, a NG-RAN deve garantir que a falta de recursos se baseia a implementação da instância. A Figura 11 a
para uma fatia não afetará um SLA associado a ela. seguir ilustra um exemplo de NST.

Anotações
28 Arquitetura

NST:
Comunicações UPF Rede de dados
Críticas (CC1) (CC1) (CC1)
UDM
SMF (CC1)
(CC1)

5G AMF NSSF
Access Network
UDM
(IoT1)
SMF
(IoT1)

NEF
(IoT1)
NST:
Internet das UPF Rede de dados
Coisas (IoT) (IoT1) (IoT1)

Figura 11 - Exemplo de Network Slice Template

Durante o procedimento de registro, um AMF


será alocado para o UE pela NG-RAN. Caso as fa-
tias de rede aplicáveis ao UE não sejam atendidas no
mesmo AMF, é possível que haja alteração durante o
procedimento de registro.

2.3.2.1 NSSF (Network Slice Selection Function)

O NSSF tem a função de colaborar com o AMF


na seleção do conjunto de instâncias que podem
servir o UE. O NSSF pode também ser envolvido no
processo de determinação de qual AMF é melhor
candidato a servir o UE.

2.3.3 Network Virtualization Functions

Como pôde ser observado nos tópicos an- implementações, otimizar a utilização da rede e pos-
teriores, o sistema 5G é constituído de várias NFs. sibilitar maior elasticidade (ajuste dinâmico de capa-
Uma implementação baseada em dispositivos de cidade baseado nas condições da rede) do sistema,
hardware proprietários teria todas as limitações típi- o 3GPP incluiu, como citado anteriormente, NFV e
cas, como por exemplo, bloqueio entre fornecedo- SDN como técnicas facilitadoras para o 5G. A Figura
res, escalabilidade limitada e demora na execução 12 ilustra como os provedores de serviços podem vir-
de novos projetos. A fim de reduzir o custo de novas tualizar vários de seus elementos do 5GC e do EPC.

Anotações
Arquitetura 29

AMF UDM AUSF MME HSS


Funções de Rede
Virtualizadas SBC SMF PCF UPF P-GW

Data Center
(Hospedando a infraestrutura NFV)

Figura 12 - Virtualização de elementos NGC e EPC

Além dos benefícios citados, também pode-se ou não possuam conhecimento de engenharia sufi-
destacar que a virtualização de redes pode ser uma ciente para implementar um core NGC, EPC ou IMS
interessante solução para pequenos provedores. virtualizado, provedores NFV terceiros podem ofere-
Caso estes provedores tenham restrições financeiras cer tal solução.

2.3.3.1 Arquitetura baseada em serviço

Devido ao fato do 5G incluir suporte a NFV, o acontece no modo “Requisição/Resposta” (Request/


3GPP definiu para a arquitetura a representação ba- Response) ou no modo “Subscrição/Notificação”
seada em serviços, como citado no item 2.3 deste (Subscribe/Notify). O NF consumidor pode solicitar
capítulo. A SBA (Service Based Architecture) repre- um serviço específico de um NF produtor, como, por
senta a arquitetura de rede sob o ponto de vista de exemplo, o PCF requisitando um serviço do AMF. Há
como os elementos virtualizados comunicam entre si também a possibilidade de um NF consumidor se
por meio das interfaces baseadas em serviços (dife- subscrever a um serviço oferecido por um NF produ-
rente das interfaces tradicionais). A Figura 5 do item tor, e nesse caso o NF produtor torna-se responsável
2.3 ilustra a representação baseada em serviço. por notificar o NF consumidor sobre atualizações re-
Os NFs podem ser consumidores/produtores ferentes a essa subscrição, seja periodicamente ou
de serviço ou repositórios, e a interação entre eles baseada em eventos.

2.3.3.1.1 NRF (Network Repository Function)

Como dito anteriormente, os NFs atuam como NFs. O NRF atua como um serviço de gerenciamento
produtores ou consumidores, ofertando seus servi- central, armazenando o perfil NF, incluindo os servi-
ços ou utilizando serviços prestados por outro NF. ços prestados, e respondendo a solicitações de des-
Para tal, um NF deve ser capaz de anunciar seus ser- coberta de serviço que são enviadas por outros NFs.
viços, assim como descobrir os serviços de outros

Anotações
30 Arquitetura

2.3.3.1.2 NEF (Network Exposure Function)

Para facilitar as interações na arquitetura políticas de rede e de tarifação. O NEF possibilita


baseada em serviços, o NEF realiza a exposição dos o fornecimento seguro de informação (tradução
serviços prestados pelas NFs do NGC, bem como interna/externa) de aplicações externas a rede
suas capacidades e eventos, como, por exemplo, 3GPP, por exemplo, em aplicações IoT, em que
a exposição de NFs que permitem monitoramento um IoT Application Server acessa dispositivos IoT
de um evento específico, ou mesmo exposição conectados à rede 5G através do NEF.

2.4 Dispositivo do usuário (UE)

O dispositivo do usuário é o elemento que atra- • Segurança: O UE deve permitir o armazena-


vés da rede de acesso se conecta com o core. Den- mento seguro da chave permanente de se-
tre suas características podem-se destacar: gurança e também ser capaz de gerar novas
chaves como parte do processo AKA (Authenti-
• Suporte ao New Radio: O UE deve ser capaz cation and Key Agreement) de quinta geração.
de operar com as bandas de operação, técni- Tanto a verificação de integridade quanto a
cas de múltiplo acesso, modulações, modos de criptografia da sinalização e do tráfego do usu-
transmissão, MIMO massivo entre outras téc- ário são de responsabilidade do UE.
nicas definidas para o New Radio. Os primei- • Dupla conectividade: O UE deve ser capaz de
ros dispositivos 5G podem não suportar toda manter conectividade com dois nós de rede
a gama de tecnologias e técnicas em sua to- simultaneamente, o nó principal (Master RAN
talidade, sendo assim, o gNB pode solicitar ao Node) e o nó secundário (Secondary RAN
UE informações relacionadas às capacidades Node). Esse modo de operação é um importan-
deste aparelho (ex.: frequências de operação, te facilitador para o serviço 5G, e o UE pode se
esquemas de modulação e ordens de MIMO beneficiar de uma taxa de dados mais elevada.
suportadas).
• Identificação: Assim como nas redes legadas,
o 5G utilizará identificadores diferentes para o
equipamento físico e para o assinante. Estes
identificadores são o IMEI (International Mobile
Equipment Identity) e o IMSI (International Mo-
bile Subscriber Identity), respectivamente.

Anotações
Associação entre colunas

Chegou a hora de fazer um pequeno teste para avaliar o que você


aprendeu. Associe a sentença com o elemento responsável e confira
as respostas corretas no final do livro.

Este questionário não é avaliativo, mas sim para fixação do conteúdo.

Toma decisões políticas e formula regras com base


1 AMF
nas entradas vindas de variadas fontes na rede.

Verifica a resposta de autenticação do UE no


2 SMF
procedimento de registro.

Garante um nível de QoS adequado para a


3 UPF
transferência de dados do usuário.

Repositório que armazena informações dos


4 PCF
assinantes.

Realiza a gerência das sessões entre o UE e as


5 UDM
demais redes de dados.
Capítulo 3 - Camada Física

3.1 Espectro de frequência

A análise das bandas que são as maiores candidatas a receber


uma nova tecnologia, ocorre a cada quatro anos no evento mundial
WRC (World Radio-Communication Conference) organizado pelo ITU
(International Telecommunication Union), e tem por objetivo definir uma
harmonização global do espectro (spectrum harmonization). Para o 5G,
foi definida inicialmente uma faixa de frequência conhecida como “sub-
6 GHz”, que engloba frequências inferiores a 6 GHz. Todavia, mesmo
com a faixa sub-6 GHz, as metas de vazão para fases posteriores do
5G, que visam taxas de transferência de pelo menos 50 Gbps, não po-
deriam ser atingidas com a eficiência espectral planejada para o IMT-
2020 (em torno de 30 bps/Hz) [4]. Diante disso, uma nova faixa de frequ-
ência (nunca utilizada anteriormente para sistemas celulares) precisou
ser considerada. Esta nova faixa é conhecida como ondas milimétricas,
mmWave (embora tecnicamente as ondas milimétricas estejam a partir
de 30 GHz). Com ela deverá ser possível atingir as taxas idealizadas,
aproveitando-se de uma largura de banda muito superior.

Anotações
Camada Física 33

Sub-6 GHz

Em 2015, no evento WRC-15 ocorrido em Ge- operadoras, as maiores candidatas a receberem a


nebra na Suíça, foram definidas bandas inferiores a tecnologia. A região do espectro abrangida que vai
6 GHz como possíveis candidatas a receber o 5G. de 3300 a 5000 MHz, é considerada a mais adequa-
Dentre elas pode-se destacar a banda L (1427-1518 da para a implantação do 5G, em termos técnicos,
MHz), parte da banda C (3,4 – 3,6 GHz), além de um para a faixa Sub-6 GHz. A maioria dos países já ex-
espectro adicional para alguns países (470-694/698 pressou a intenção de implementar a tecnologia em
MHz; 3,3-3,4 GHz; 3,6-3,7 GHz e 4,8-4,99 GHz). Al- alguma banda dentro desses limites, como pode ser
gumas dessas faixas são consideradas por muitas visto na Figura 13 a seguir.

Europa

China
Rússia
Japão
Coréia
América
Latina
África
Índia

USA

GHz 3.3 3.4 3.5 3.6 3.7 3.8 3.9 4 4.1 4.2 4.3 4.4 4.5 4.6 4.7 4.8 4.9 5

Banda disponível Bandas a serem regulamentadas Banda de interesse coletivo

Figura 13 - Bandas candidatas em diferentes regiões do mundo

Através da Figura 13 é possível perceber que


as faixas que abrangem a frequência de 3.5GHz são
as que possuem maior intenção para implementação
do 5G, inclusive pelo Brasil.

Anotações
34 Camada Física

mmWave

O próximo evento, WRC-19, deverá analisar as


seguintes faixas de frequência demonstradas na Ta-
bela 2 [5].

Tabela 2 - Bandas a serem analisadas no WRC-19


Existing mobile allocation No global mobile allocation
24,25 - 27,5 GHz 31,8 - 33,4 GHz
37 - 40,5 GHz 40,5 - 42,5 GHz
42,5 - 43,5 GHz
45,5 - 47 GHz 47 - 47,2 GHz
47,2 - 50,2 GHz
50,4 - 52,6 GHz
66 - 76 GHz
81 - 86 GHz

Devido à complexidade de definir frequências utilizar, embora não sejam planejadas pelo ITU. Além
que sejam utilizadas por todos, alguns países podem desses, outros países também planejam operar em
realizar implementações em bandas que não foram outras faixas não globais. A Tabela 3 demonstra tais
harmonizadas globalmente, como é o caso da banda faixas e os países/continentes que devem utilizá-las.
de 28 GHz, a qual os EUA, Coréia e Japão pretendem

Tabela 3 - Bandas não harmonizadas em diferentes regiões

Região Faixa de frequência [GHz]


EUA, Coréia, Japão 27.5 – 28.35
5.925 – 8.5
Europa
10 – 10.6
7.075 – 10.5
África
15.35 – 17.3

Anotações
Camada Física 35

A utilização dessas frequências promove uma deverá ser capaz de operar no modo agregação de
cobertura reduzida se comparada a frequências in- portadoras (Carrier Aggregation) e dupla conectivi-
feriores, por exemplo, as utilizadas nas redes lega- dade (Dual Connectivity).
das. Como o Path Loss é diretamente proporcional à O 3GPP especificou para o NR duas grandes
frequência de operação, a utilização dessas frequên- bandas de operação, FR1 (Frequency Range 1) cor-
cias promove uma cobertura reduzida se comparada respondente à faixa sub-6 GHz e FR2 (Frequency
a frequências inferiores. Range 2) correspondente à faixa mmWave. A FR1
Portanto, pode-se concluir que uma combina- abrange o intervalo de 450 a 6000 MHz, e a FR2
ção de frequências mais baixas e mais altas é funda- abrange o intervalo de 24250 a 52600 MHz. Para
mental para a operação 5G. Sendo assim, faixas mais cada faixa descrita, existe uma largura de banda má-
baixas podem ser destinadas à cobertura e controle, xima suportada, sendo 100 MHz para FR1 e 400 MHz
enquanto que faixas mais altas podem ser dedica- para FR2. A Tabela 4 resume os limites em frequên-
das a fornecer uma maior capacidade e taxas de da- cia e as bandas máximas suportadas [6].
dos mais elevadas. Para ambas as faixas, o sistema

Tabela 4 - Configurações de banda para o NR

Frequência inferior Frequência Banda máxima de


Banda
[MHz] superior [MHz] operação [MHz]
FR1 (sub 6 GHz) 450 6000 100
FR2 (mmWave) 24250 52600 400

As faixas FR1 e FR2 abrangem diversas bandas


de operação. A Tabela 5 [7] e Tabela 6 [8] a seguir
definem quais são as bandas de operação do NR
dentro dessas faixas, bem como os modos de duple-
xação possíveis para operar em cada uma.

Glossário

Path Loss: Perda no percurso


da onda eletromagnética
entre transmissor e receptor.

Anotações
36 Camada Física

Tabela 5 - Bandas de operação em FR1


Uplink (UL) operating band Downlink (DL) operating band
NR operating
BS receive / UE transmit BS transmit / UE receive Duplex Mode
band
FUL_low – FUL_high FDL_low – FDL_high
n1 1920 MHz – 1980 MHz 2110 MHz – 2170 MHz FDD
n2 1850 MHz – 1910 MHz 1930 MHz – 1990 MHz FDD
n3 1710 MHz – 1785 MHz 1805 MHz – 1880 MHz FDD
n5 824 MHz – 849 MHz 869 MHz – 894 MHz FDD
n7 2500 MHz – 2570 MHz 2620 MHz – 2690 MHz FDD
n8 880 MHz – 915 MHz 925 MHz – 960 MHz FDD
n12 699 MHz – 716 MHz 729 MHz – 746 MHz FDD
n20 832 MHz – 862 MHz 791 MHz – 821 MHz FDD
n25 1850 MHz – 1915 MHz 1930 MHz – 1995 MHz FDD
n28 703 MHz – 748 MHz 758 MHz – 803 MHz FDD
n34 2010 MHz – 2025 MHz 2010 MHz – 2025 MHz TDD
n38 2570 MHz – 2620 MHz 2570 MHz – 2620 MHz TDD
n39 1880 MHz – 1920 MHz 1880 MHz – 1920 MHz TDD
n40 2300 MHz – 2400 MHz 2300 MHz – 2400 MHz TDD
n41 2496 MHz – 2690 MHz 2496 MHz – 2690 MHz TDD
n51 1427 MHz – 1432 MHz 1427 MHz – 1432 MHz TDD
n66 1710 MHz – 1780 MHz 2110 MHz – 2200 MHz FDD
n70 1695 MHz – 1710 MHz 1995 MHz – 2020 MHz FDD
n71 663 MHz – 698 MHz 617 MHz – 652 MHz FDD
n75 N/A 1432 MHz – 1517 MHz SDL
n76 N/A 1427 MHz – 1432 MHz SDL
n77 3300 MHz – 4200 MHz 3300 MHz – 4200 MHz TDD
n78 3300 MHz – 3800 MHz 3300 MHz – 3800 MHz TDD
n79 4400 MHz – 5000 MHz 4400 MHz – 5000 MHz TDD
n80 1710 MHz – 1785 MHz N/A SUL
n81 880 MHz – 915 MHz N/A SUL
n82 832 MHz – 862 MHz N/A SUL
n83 703 MHz – 748 MHz N/A SUL
n84 1920 MHz – 1980 MHz N/A SUL

n86 1710 MHz – 1780 MHz N/A SUL

Anotações
Camada Física 37

Tabela 6 - Bandas de operação em FR2


Uplink (UL) and Downlink (DL) operating band
BS transmit/receive
NR operating
UE transmit/receive Duplex Mode
band
FUL_low – FUL_high
FDL_low – FDL_high
n257 26500 MHz – 29500 MHz TDD

n258 24250 MHz – 27500 MHz TDD

n260 37000 MHz – 40000 MHz TDD

n261 27500 MHz – 28350 MHz TDD

Dentre as bandas apresentadas para FR1, na Nas bandas apresentadas para FR2, ainda
Tabela 5, é possível notar que estão disponíveis di- há divergências sobre qual será adotada, e mui-
versas faixas de frequência. É possível notar também to possivelmente serão faixas diferentes em cada
que, além das bandas para os modos de duplexação país. Além disso, ao utilizar frequências mais altas,
TDD e FDD, o 3GPP apresenta bandas suplemen- o link budget geralmente é limitado pelo uplink,
tares para uplink, SUL (Supplementary Uplink) em visto que o móvel pode não possuir potência de
frequências mais baixas para permitir a coexistência transmissão suficiente para “alcançar” a rede de
com o LTE [9]. Para o downlink também foram pro- acesso, se ela possuir um raio de cobertura muito
postas bandas suplementares, SDL (Supplementary elevado. Por conta disso, é possível observar que
Downlink), com a finalidade de permitir a agregação para FR2 todas as faixas operam com TDD, apro-
de uma portadora de espectro não pareado com as veitando a reciprocidade do canal.
portadoras FDD. A agregação de portadoras melhora
significativamente a capacidade de downlink das re-
des e a experiência do usuário, além de permitir uma
utilização mais eficiente do espectro, visto que o con-
sumo de dados na maioria das vezes é assimétrico
(há mais tráfego na direção de downlink).
As regiões que são consideradas maiores can-
didatas a receberem o NR são as bandas consecuti-
vas n77, n78 e n79, que abrangem o intervalo que vai
de 3300 a 5000 MHz, como citado anteriormente.
Glossário

Link budget: Cálculo realizado


para definir quais serão as
características de transmissão
do sistema com objetivo de
superar o Path Loss.

Anotações
Vídeo 5 - Espectro de frequências e faixas de operação
Camada Física 39

3.2 Técnicas de múltiplo acesso

Muitas opções de formas de onda e técnicas quanto para UL (Uplink). A técnica DFT-S-OFDM (Di-
de múltiplo acesso foram estudadas pelo 3GPP, e to- rect Fourrier Transform – Spread – OFDM) será ado-
das elas visam atender as principais propostas que tada de forma a complementar o CP-OFDM para o
são: alta eficiência espectral, compatibilidade com uplink no cenário de eMBB até 40GHz. O CP-OFDM
MIMO (Multiple Inputs Multiple Outputs), baixa PAPR pode ser utilizado em transmissões de fluxo único e
(Peak to Average Power Ratio), diferentes usos para fluxo múltiplo (MIMO), enquanto que o DFT-S-OFDM
URLLC, complexidade aceitável e baixa emissão de é destinado a um cenário limitado de transmissão,
espúrios fora da banda de operação. como, por exemplo, um usuário em região de borda
No Release 15 do 3GPP, foi acordado que o CP- de célula. Ambas as técnicas fazem parte do que é
-OFDM (Cyclic Prefix – Orthogonal Frequency Division denominado OMA (Orthogonal Multiple Access), que
Multiplexing) será utilizado tanto para DL (Downlink) são técnicas de múltiplo acesso ortogonais.

3.3 Especificações de Camada Física

Tabela 7 - Espaçamentos entre subportadoras


Para atender os diversos casos de uso previs-
tos para a quinta geração, a camada física do NR foi µ ∆f = 2µ⋅15 [kHz] Cyclic prefix
pensada para ser escalável e flexível. Vários parâme- 0 15 Normal
tros são levados em consideração, como por exem-
1 30 Normal
plo, espaçamento entre subportadoras, comprimen-
to do símbolo e duração do prefixo cíclico. Os valores 2 60 Normal, Extended
adotados para esses parâmetros serão abordados 3 120 Normal
nos tópicos subsequentes. 4 240 Normal

Espaçamento entre subportadoras


Além dos cinco valores de espaçamento entre
A principal ideia do OFDM é dividir um canal subportadoras apresentados, uma sexta configura-
de banda larga em múltiplas subportadoras estreitas ção (µ = 5 ) com Δf = 480 kHz foi especificada, porém
e ortogonais. O espaçamento entre essas subporta- não é suportada pelo Release 15 do 3GPP.
doras é variável, podendo assumir diferentes valores
de acordo com o cenário em que o UE se encontra. A
Tabela 7 [10] mostra as cinco possíveis configurações
de espaçamentos entre subportadoras (µ), o valor em
frequência do espaçamento entre as subportadoras
(Δf) e o tipo de prefixo cíclico (normal ou estendido)
ao qual se aplicam.

Anotações
40 Camada Física

Prefixo cíclico As cinco configurações possíveis para espaça-


mentos entre subportadoras (µ) são aplicadas a diver-
O principal objetivo do prefixo cíclico é proteger sas implantações e permitem extrair desempenhos
o sinal contra interferência interssimbólica, e para o NR, diferentes da rede. Por exemplo, quanto menor a fre-
são definidos os prefixos cíclicos normal e estendido. quência de operação, maior será o tamanho da célula,
Apesar das nomenclaturas serem as mesmas do LTE, e consequentemente valores mais baixos de µ serão
a quantidade de símbolos para cada tipo de prefixo é mais adequados. Quando se deseja baixa latência,
diferente, sendo 14 símbolos OFDM para prefixo cíclico valores mais altos de µ são mais adequados, uma vez
normal e 12 símbolos OFDM para prefixo cíclico esten- que a duração do símbolo será menor. Esses diferen-
dido. A escolha do prefixo cíclico depende de fatores tes aspectos podem ser resumidos na Figura 14, a qual
como o meio de transmissão (indoor ou outdoor), a ban- mostra quais são as possíveis configurações para cada
da de frequência utilizada, o tipo de serviço (unicast ou faixa de frequência, levando em conta o tamanho espe-
broadcast) e utilização de Beamforming. rado da célula e o desempenho da latência.

Tamanho
da célula Latência
Grande

Média
15 KHz

15 KHz
Média

Baixa
30 KHz
30 KHz

15 KHz
30 KHz 120 KHz
Muito Baixa
Pequena

30 KHz 60 KHz
60 KHz 240 KHz
60 KHz

Frequência Baixa Média Alta Muito Alta

Figura 14 - Possíveis espaçamentos entre subportadoras de acordo com o


tamanho da célula e a latência desejada

Anotações
Camada Física 41

Resource Block Como citado em tópicos anteriores, uma caracte-


rística importante que difere os Resource Blocks do NR
Assim como no LTE, o Resource Block é o recurso e do LTE é a quantidade de símbolos OFDM. No LTE,
básico de camada física, ou seja, é o recurso disponibili- para o prefixo cíclico normal, tem-se 7 símbolos OFDM,
zado aos usuários quando se deseja oferecer um serviço. e para o prefixo cíclico estendido, 6 símbolos OFDM.
O Resource Block é um recurso tempo-frequ- No NR estas quantidades são dobradas, sendo 14 sím-
ência e sua estrutura se assemelha a do LTE, sendo bolos OFDM para o prefixo cíclico normal e 12 símbolos
composto por 12 subportadoras consecutivas em fre- OFDM para o prefixo cíclico estendido. Em consequên-
quência e com duração de um timeslot. A principal cia disso, a quantidade de Resource Elements também
diferença entre o Resource Block definido para o NR será dobrada, visto que seu valor é dado pelo número
e para o LTE está na banda ocupada por cada sub- de subportadoras por Resource Block multiplicado pela
portadora, na separação entre as subportadoras e na quantidade de símbolos OFDM. Sendo assim, cada Re-
duração do timeslot. No LTE, cada subportadora ocu- source Block pode possuir 144 (prefixo cíclico estendi-
pa banda fixa de 15 kHz (exceto em casos de MBMS do) ou 168 (prefixo cíclico normal) Resource Elements.
– Multimedia Broadcast Multicast Service, que pode Outro aspecto notável é a quantidade de Resour-
ocupar 7.5 kHz) e o timeslot possui duração de 0,5ms. ce Blocks na banda de operação. Como apresentado na
Já no NR, a banda ocupada por cada subportadora Tabela 4, a largura de banda ocupada pelo NR é de 100
pode variar, e os valores possíveis são os mesmos MHz e 400 MHz para FR1 e FR2, respectivamente. Diante
definidos para o espaçamento entre subportadoras disso, foram definidas quantidades mínimas e máximas
(Δf), como mostra a Tabela 7. A duração do timeslot de Resource Blocks para cada uma das configurações
também é variável e dependente do valor de µ. Seus de espaçamento de subportadoras (µ). Essas quantida-
valores serão apresentados no tópico subsequente, des, bem como a banda mínima e máxima ocupada por
no qual será abordada a estrutura do quadro NR. cada uma delas, são apresentadas na Tabela 8 a seguir.

Tabela 8 - Quantidades de Resource Blocks e bandas ocupadas

Espaçamento entre
Número mínimo de Número máximo de Banda mínima Banda máxima
µ as subportadoras
Resource Blocks Resource Blocks [MHz] [MHz]
(∆f) [kHz]
0 24 275 15 4,32 49,5
1 24 275 30 8,64 99
2 24 275 60 17,28 198
3 24 275 120 34,56 396
4 24 138 240 69,12 397,44

Por meio desta tabela é possível notar que as- maior eficiência na utilização do espectro, chegando
sim como no LTE, o NR oferece uma banda escaloná- a 99%, valor superior aos 90% alcançados pelo LTE
vel (flexível), ou seja, assume diferentes valores de- (onde os 100 Resource Blocks ocupam somente 18
pendendo da configuração. O NR também apresenta MHz de banda dos 20 MHz totais).

Anotações
Vídeo 6 - Recursos de camada física
Camada Física 43

3.4 Estrutura de quatro

Assim como nas redes legadas, as transmis- diretamente do espaçamento entre as subportado-
sões de downlink e uplink são organizadas dentro ras (Δf), que por sua vez varia de acordo com o cená-
de quadros. O quadro NR tem duração fixa de 10ms rio a ser atendido, como visto anteriormente.
e é dividido em 10 subquadros de 1ms cada. Cada A Figura 15 ilustra a estrutura de quadro evi-
subquadro é dividido em uma determinada quan- denciando as quantidades possíveis de timeslots de-
tidade de timeslots, e essa quantidade depende pendendo do valor de µ adotado.

Quadro NR -> 10 ms
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9

1 ms
15 KHz
0,5 ms
30 KHz

0,25 ms
Prefixo Configurações dos timeslots
60 KHz µ ∆f = 2 µ⋅15
[kHz] Cíclico Símbolos OFDM Timeslots Timeslots
Timeslot Quadro Subquadro
0,125 ms
0 15 Normal 14 10 1
1 30 Normal 14 20 2
120 KHz
Normal 14 40 4
2 60
Estendido 12 40 4
0,0625 ms 3 120 Normal 14 80 8
4 240 Normal 14 160 16

240 KHz

Figura 15 - Estrutura do quadro NR

Anotações
44 Camada Física

Tabela 9 - Configurações de símbolos OFDM em um timeslot


Quanto menor o valor de Δf, maior é a dura-
para prefixo cíclico normal
ção do timeslot e vice-versa. O espaçamento entre
Symbol number in a slot
as subportadoras varia de acordo com a frequência Format
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13
da banda de operação e/ou a velocidade de desloca- 0 D D D D D D D D D D D D D D
mento do UE para minimizar os impactos do desvio 1 U U U U U U U U U U U U U U
2 X X X X X X X X X X X X X X
Doppler e do ruído de fase. 3 D D D D D D D D D D D D D X
4 D D D D D D D D D D D D X X
5 D D D D D D D D D D D X X X
Estrutura do timeslot 6 D D D D D D D D D D X X X X
7 D D D D D D D D D X X X X X
8 X X X X X X X X X X X X X U
9 X X X X X X X X X X X X U U
Como visto na Figura 16, a quantidade de sím- 10 X U U U U U U U U U U U U U
bolos OFDM em um timeslot depende do tipo de pre- 11 X X U U U U U U U U U U U U
12 X X X U U U U U U U U U U U
fixo cíclico utilizado. No NR, a atribuição de downlink 13 X X X X U U U U U U U U U U
14 X X X X X U U U U U U U U U
e uplink acontece em nível de símbolo OFDM, de ma- 15 X X X X X X U U U U U U U U
neira semelhante ao que se tinha no LTE operando em 16 D X X X X X X X X X X X X X
17 D D X X X X X X X X X X X X
TDD, em que as transições entre os links de subida e 18 D D D X X X X X X X X X X X
19 D X X X X X X X X X X X X U
descida ocorriam a nível de subquadro. Em resumo, 20 D D X X X X X X X X X X X U
para o NR (operando em TDD ou FDD), um quadro de 21 D D D X X X X X X X X X X U
22 D X X X X X X X X X X X U U
downlink pode possuir porções de uplink e um quadro 23 D D X X X X X X X X X X U U
24 D D D X X X X X X X X X U U
de uplink pode possuir porções de downlink. Dessa 25 D X X X X X X X X X X U U U
forma, os símbolos OFDM dentro de um timeslot po- 26 D D X X X X X X X X X U U U
27 D D D X X X X X X X X U U U
dem ser classificados em “D” (downlink), “U” (uplink) e 28 D D D D D D D D D D D D X U
29 D D D D D D D D D D D X X U
“X” (flexível), como mostra a Tabela 9 [11]. 30 D D D D D D D D D D X X X U
31 D D D D D D D D D D D X U U
32 D D D D D D D D D D X X U U
33 D D D D D D D D D X X X U U
34 D X U U U U U U U U U U U U
35 D D X U U U U U U U U U U U
36 D D D X U U U U U U U U U U
37 D X X U U U U U U U U U U U
38 D D X X U U U U U U U U U U
39 D D D X X U U U U U U U U U
40 D X X X U U U U U U U U U U
41 D D X X X U U U U U U U U U
42 D D D X X X U U U U U U U U
43 D D D D D D D D D X X X X U
44 D D D D D D X X X X X X U U
45 D D D D D D X X U U U U U U
46 D D D D D D X D D D D D D X
47 D D D D D X X D D D D D X X
48 D D X X X X X D D X X X X X
49 D X X X X X X D X X X X X X
50 X U U U U U U X U U U U U U
Glossário 51 X X U U U U U X X U U U U U
52 X X X U U U U X X X U U U U
53 X X X X U U U X X X X U U U
Desvio Doppler:  Fenômeno 54 D D D D D X U D D D D D X U
físico observado 55 D D X U U U U D D X U U U U
56 D X U U U U U D X U U U U U
nas ondas quando emitidas 57 D D D D X X U D D D D X X U
ou refletidas por um objeto 58 D D X X U U U D D X X U U U
que está em movimento com 59 D X X U U U U D X X U U U U
relação ao observador.  60 D X X X X X U D X X X X X U
61 D D X X X X U D D X X X X U
62 – 255 Reserved

Anotações
Camada Física 45

Na tabela apresentada, são previstos 62 (0 – 61) Essa nova modalidade de configuração foi
formatos diferentes para os símbolos OFDM em um ti- pensada para tornar o agendamento de recursos do
meslot e mais 194 (62 – 255) reservados para uso em NR mais flexível, especialmente para TDD, embora
futuras Releases. Em um timeslot de downlink, o UE também seja utilizada para FDD. Aplicando os for-
deve assumir que as transmissões ocorrem somente matos de slot ou mesmo combinando diferentes for-
nos símbolos OFDM designados para downlink “D” e matos em sequência, é possível implementar vários
flexível “X”. Da mesma forma, em um timeslot de uplink, tipos de agendamento para atender os mais diversos
o UE deve transmitir somente nos símbolos OFDM de- cenários, como pode ser visto na Figura 16 a seguir,
signados para uplink “U” e flexível “X”. que ilustra alguns exemplos [12].

Transmissão densa de downlink com parte de uplink


Exemplo: Slot 28 Exemplo: Slot 28
D D D D D D D D D D D D X U D D D D D D D D D D D D X U

Transmissão densa de uplink com parte de downlink


Exemplo: Slot 34 Exemplo: Slot 34
D X U U U U U U U U U D
U U U D X U U U U U U U U U D
U U U

Agregação de slots para transmissão muito densa de downlink (ex.: eMBB)


Exemplo: Slot 0 Exemplo: Slot 28
D D D D D D D D D D D D D D D D D D D D D D D D D D X U

Agregação de slots para transmissão muito densa de uplink (ex.: eMBB)


Slot Slot
D X U U U U U U U U U D
U U U U U U U U U U U U U U D
U U U

Figura 16 - Exemplos de combinação de formatos de slot para diferentes cenários

A Figura 16 mostra as configurações em que


predominam símbolos OFDM designados para do-
wnlink (Transmissão pesada de DL com parte de UL
e DL em eMBB) e outras que predominam símbolos
OFDM designados para uplink (Transmissão pesada
de UL com parte de DL e UL em eMBB).

Anotações
Vídeo 7 - Estrutura de quadro
Camada Física 47

3.5 Operação com múltiplas antenas

No LTE, as redes evoluíram do MIMO 2x2 para A implementação de múltiplas antenas é feita
o 4x4 e tem-se a intenção de implementar ainda mais por meio de vários elementos irradiantes dispos-
antenas. Entretanto, na prática existe uma limitação tos em duas dimensões (2D) em forma de matrizes
física intrínseca ao dispositivo móvel que o impede (Antenna Array). A utilização de várias antenas é
de possuir um número muito elevado de elementos conhecida de forma genérica como Massive MIMO
irradiantes, principalmente em frequências mais bai- (MIMO massivo), e o 3GPP a denomina como FD-
xas, onde o comprimento de onda é maior, aumen- -MIMO (Full Dimension MIMO). Essas matrizes de
tando o tamanho do elemento irradiante, por conse- antenas são capazes de gerar feixes em três di-
guinte. Uma maneira de aumentar a capacidade sem mensões (3D) no plano de elevação e azimute. A
alteração no equipamento móvel é adicionando mais Figura 17 ilustra a ideia de uma matriz de antenas
elementos na estação base, já que ela não possui mostrando os feixes tridimensionais.
limitações físicas para acomodação dessas antenas.

Figura 17 - Matriz de antenas

Anotações
48 Camada Física

No NR, analisando as faixas de frequência FR1 As faixas ainda mais altas (mmWave) possuem
e FR2 planejadas, é possível notar que a diferença espectro disponível bastante abundante e são capa-
entre elas promove características de propagação zes de fornecer taxas de transmissão extremas que
bastante distintas, o que leva a diferentes requisitos irão remodelar a experiência do usuário. Entretanto, a
para operação com MIMO. A proposta do 3GPP para implementação da tecnologia na região do espectro
o Release 15 é estender a ideia dos Releases 13 e 14 traz consigo uma série de desafios, pois a perda no
e suportar FD-MIMO, com 32, 64, 128 ou até 256 ele- percurso (Path Loss) aumenta proporcionalmente ao
mentos irradiantes, CSI (Channel State Information) aumento da frequência. Desta forma, a transmissão
[13] flexível e Beamforming. Com isso, diferentes so- nessas faixas de frequência é limitada a uma única
luções e técnicas são esperadas para o NR, depen- direção por unidade de tempo, uma vez que uma an-
dendo de qual região do espectro for usada para a tena isotrópica seria muito pequena devido ao com-
sua operação. primento de onda. Sendo assim, as implementações
Para frequências mais baixas é esperada a ope- em ondas milimétricas são mais convenientes para
ração em FDD, bem semelhante ao que se tinha no LTE, aplicações estacionárias, como por exemplo, acopla-
com um número moderado de antenas ativas (até cer- mento sem fio de curto alcance entre estações, que
ca de 32). As larguras de banda disponíveis para estas podem ser de tecnologias como 802.11ad [14].
frequências mais baixas são limitadas, requerendo uma Como dito, para esses comprimentos de onda,
maior eficiência espectral, que por sua vez é promovida os elementos irradiantes seriam muito pequenos,
por meio do MU-MIMO (Multi User – MIMO) e da multi- logo um grande número deles se faz necessário para
plexação espacial de ordem superior, que é alcançada manter a cobertura, número ainda maior se compa-
através de relatórios CSI melhorados. rado as quantidades para a faixa sub-6GHz. Assim
As faixas mais altas tendem a ter sua operação como para frequências intermediárias, a operação
em TDD, visto que é mais fácil encontrar bandas mais em mmWave deverá ocorrer utilizando TDD pelos
largas para espectro não-pareado. Além disso, o TDD mesmos motivos citados anteriormente. O beamfor-
possui características fundamentais para a utilização ming precisa ser aplicado nas extremidades do trans-
de um número massivo de antenas (FD-MIMO), como missor e receptor para combater o maior Path Loss, e
por exemplo a reciprocidade no canal, como foi ante- um novo tipo de gerência de feixes é requerido para
riormente citado. Devido à reciprocidade promovida a aquisição de CSIs, no qual a estação base precisa
pelo TDD (já que downlink e uplink se dão na mesma “varrer” sequencialmente no tempo os feixes candi-
frequência, e, portanto, o Path Loss é bastante se- datos que são transmitidos [12].
melhante em ambas as direções), também é possível
obter estimativas mais apuradas do canal no uplink,
que são enviadas à estação base por meio de CSIs
de maior resolução. Assim sendo, um número maior
de antenas ativas é esperado para essas faixas, au-
mentando o ganho na formação dos feixes, o que é
essencial para mitigar a alta perda por propagação
em frequências mais altas.

Anotações
Camada Física 49

3.6 Modulação

Para o NR, foram definidos alguns esquemas


de modulação de acordo com a técnica de múltiplo
acesso utilizada.
Para OFDM com utilização de prefixo cíclico,
tanto para downlink quanto para uplink são supor-
tados os esquemas: QPSK (Quadrature Phase-Shift
Keying), 16QAM (Quadrature Amplitude Modulation),
64QAM e 256QAM (com mesmo mapeamento de
constelação utilizado no LTE).
Para o DFT-s-OFDM com prefixo cíclico, para
Uplink são suportados os esquemas π/2-BPSK (Bi-
nary Phase-Shift Keying), QPSK, 16QAM, 64QAM e
256QAM [15].
Os esquemas de modulação utilizados são os
mesmos utilizados no LTE-Advanced, com exceção
do π/2-BPSK que foi adicionado com o propósito de
operar de maneira mais eficiente com amplificadores
de potência de baixa PAPR em cenários de mMTC,
que a taxa de dados é muito baixa.
Além dessas modulações, a implementa-
ção do 1024QAM está sendo analisada. O supor-
te a essa modulação deve fornecer, em teoria, um
ganho de pelo menos 25% em termos de taxa se
comparada ao 256QAM, já que o 1024 carrega 10
bits por símbolo, e o 256QAM 8 bits por símbolo.
No entanto, o suporte a 1024QAM na prática vai
de encontro a questões técnicas, já que para de-
codificar os blocos de transporte numa modulação
dessa ordem, é necessária uma SINR (Signal Inter-
ference Noise Ratio – Relação Sinal Ruído Inter-
ferência) muito alta para atingir valores de BLER
(Block Error Rate) aceitáveis [11].

Anotações
Palavras Cruzadas
Palavras Cruzadas
Chegou a hora de fazer um pequeno teste para avaliar o que você
aprendeu. Preencha as palavras cruzadas abaixo e confira as respostas
corretas no final do livro.

Este jogo não é avaliativo, mas sim para fixação do conteúdo.

1. Grande banda de operação proposta pelo 3GPP que corresponde a faixa de mmWave. (sigla, inglês)
1. Quanto mais alta for, menor é a área de cobertura.
2. Maior ordem de modulação apresentada no Release 15.
3. Massive _________ é o nome dado a técnica que utiliza um número acentuado de antenas. (inglês)
4. Os subquadros são divididos em _________ (inglês, plural)
5. A principal ideia do OFDM é dividir um canal banda larga em _____________ (plural).
6. A agregação de _________ (plural) melhora significativamente a capacidade de downlink.
7. Técnica de duplexação onde há reciprocidade no canal. (sigla, inglês)
s

Capítulo 4 - Conclusão

Nos tópicos deste módulo foram vistas as principais definições e


características do Release 15 do 3GPP, que apresenta especificações
para o 5G e é acreditado por muitos como sendo o padrão escolhi-
do para quinta geração. Essa tendência deve-se ao fato de os padrões
de comunicações móveis anteriores também terem sido definidos pelo
3GPP, tornando mais harmônica a transição para o 5G. Tal transição de-
verá acontecer de maneira gradual, partindo das especificações finais
do LTE (Releases 13 e 14), com as quais o 5G possivelmente terá depen-
dência inicial, até alcançar uma versão independente, onde a interope-
rabilidade com tecnologias legadas será opcional.
A arquitetura de rede proposta no Release 15 foi pensada para
atender novos casos de uso, manter compatibilidade com as redes le-
gadas e com diferentes tecnologias que trabalharão de maneira sinér-
gica com o 5G. Um novo elemento de acesso foi definido, o gNodeB,
que apresenta novas funções e acumula as de seu antecessor, eNodeB.
O core também traz novos elementos e funcionalidades, além da possi-
bilidade de operar com tecnologias como NFV, SDN, que têm bastante
relevância em prover os serviços previstos para o 5G.

Anotações
52 Conclusão

O sistema contará com novas faixas espectrais


de trabalho com frequências abaixo de 6 GHz e su-
periores a 24 GHz, além de bandas mais largas, que
são fundamentais para o aumento da taxa de dados.
Para a camada física, nesse Release foi especificada
a utilização de técnicas de múltiplo acesso ortogo-
nais, em que a banda é dividida em subportadoras
ortogonais entre si. Tais técnicas contarão com pa-
râmetros bastante flexíveis a fim de atender os dife-
rentes critérios de transmissão das aplicações, que
possuem requerimentos individuais e diversos. Den-
tre os parâmetros analisados, destaca-se o espaça-
mento entre subportadoras e a duração do timeslot,
que através de suas variações viabilizam aplicações
com diferentes requisitos, como latência, taxa de da-
dos e para diferentes tamanhos de célula. A estrutura
de quadro se mantem semelhante à do LTE, exce-
to pela atribuição de downlink e uplink, que agora
acontece em nível de símbolo OFDM. Sendo assim,
durante um timeslot é possível acomodar transmis-
sões de downlink e uplink, tornando o agendamen-
to de recursos mais flexível. O sistema conta ainda
com novas ordens de modulação e operação com
múltiplas antenas aprimorada, implementando o FD-
-MIMO e técnicas como Beamforming, que promo-
vem um aumento bastante significativo na eficiência
espectral do sistema.
Frente a essas características é possível notar
que a proposta apresentada pelo 3GPP no Release
15 converge integralmente com os requisitos do IMT-
2020, e apresenta um sistema inovador, que trabalhará
em perfeita harmonia com as redes legadas e possibi-
litará total suporte as novas tecnologias coadjuvantes.
Os avanços citados caracterizam uma re-
volução das comunicações móveis e provocam
enorme interesse do mercado no lançamento
dessa tecnologia, que trará grande estímulo e
inovação nos mais diversos setores e, certamen-
te, seus benefícios mudarão de maneira signifi-
cativa a vida das pessoas.

Anotações
Gabarito - Quizzes

Associação entre Colunas

Coluna 1 Coluna 2
1 4
2 1
3 3
4 5
5 2

Palavras Cruzadas

Questão Resposta
1 FR2
1 FREQUÊNCIA
2 256QAM
3 MIMO
4 TIMESLOTS
5 SUBPORTADORAS
6 PORTADORAS
7 TDD
Referências

[1] 3rd Generation Partnership Project - Rel-15 success spans 3GPP groups – 2018 <http://www.3gpp.org/news-
events/3gpp-news/1965-rel-15_news> acesso em: 10/09/2018

[2] 3rd Generation Partnership Project; Technical Specification; System Architecture for the 5G System, 3GPP 23.501
v15.2.0, June 2018.

[3] 3rd Generation Partnership Project; Technical Specification; NR and NG-RAN Overall Description, 3GPP 38.300
v15.2.0, June 2018.

[4] Referência: Tovinger, Thomas - Management, Orchestration and Charging for 5G networks – 2018 <https://ww-
w.3gpp.org/news-events/1951-sa5_5g> acesso em: 02/03/2020.

[5] https://www.itu.int/en/ITU-R/study-groups/rsg5/rwp5d/imt-2020/Documents/S01-1_Requirements%20for%20
IMT-2020_Rev.pdf

[6] International Telecommunication Union – WRC-19 Candidate Bands (Al 1.13) Regional Positions – 2017 <https://
www.itu.int/en/ITU-R/seminars/rrs/RRS-17-Americas/Documents/Forum/9_ITU%20Diana%20Tomimura.pdf> acesso
em: 10/09/2018

[7] 3rd Generation Partnership Project; Technical Specification; NR; User Equipment (UE) radio transmission and
reception; Part 1: Range 1 Standalone, 3GPP 38.101-1 v15.2.0, Table 5.1-1, June 2018

[8] 3rd Generation Partnership Project; Technical Specification; NR; Base Station (BS) radio transmission and recep-
tion, 3GPP 38.104 v15.2.0, Table 5.2-1, June 2018

[9] 3rd Generation Partnership Project; Technical Specification; NR; Base Station (BS) radio transmission and recep-
tion, 3GPP 38.104 v15.2.0, Table 5.2-2, June 2018

[10] 3rd Generation Partnership Project; Technical Specification; Supplementary uplink (SUL) and LTE-NR co-exis-
tence, 3GPP 37.872 v15.0.0, June 2018.

[11] 3rd Generation Partnership Project; Technical Specification; NR; Physical channels and modulation, 3GPP 38.211
v15.2.0, Table 4.2-1, June 2018

[12] 3rd Generation Partnership Project; Technical Specification; NR; Physical channels and modulation, 3GPP 38.211
v15.0.0, June 2018

[13] ZAIDI Ali, ANDERSSON Mattias, BALDEMAIR Robert, FAXÉR Sebastian, MÓLES-CASES Vicent, WANG Zhao –
5G New Radio: Designing for the future – 2017 <https://www.ericsson.com/assets/local/publications/ericsson-tech-
nology-review/docs/2017/designing-for-the-future---the-5g-nr-physical-layer.pdf> acesso em: 10/09/2018

[14] Wikipedia – Channel State Information – 2018 <https://en.wikipedia.org/wiki/Channel_state_information> aces-


so em: 10/09/2018

[15] Qualcomm – Making 5G NR a reality – 2016 <https://www.qualcomm.com/media/documents/files/whitepa-


per-making-5g-nr-a-reality.pdf> acesso em: 10/09/2018

[16] 3rd Generation Partnership Project; Technical Specification; NR; Physical channels and modulation, 3GPP 38.211
v15.2.0, June 2018

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