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Evaldo Luiz Gaeta Espíndola (Organizador)

Andréa Novelli (Organizador)


Alexandre Arenzon (Colaborador)
Maria Edna Tenório Nunes (Colaborador)
Clarice Maria Rispoli Botta (Colaborador)

Anais do XV Congresso Brasileiro de Ecotoxicologia – XV ECOTOX

1ª. EDIÇÃO

Aracaju – SE
SOCIEDADE BRASILEIRA DE ECOTOXICOLOGIA - SBE
2018
XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Sumário

Sumário ................................................................................................................................ 2
APRESENTAÇÃO ...............................................................................................................27
COMISSÃO ORGANIZADORA ...........................................................................................29
COMISSÃO CIENTÍFICA .....................................................................................................29
PALESTRAS .......................................................................................................................30
PALESTRA 1: CONTAMINANTS AND PROTECTION GOALS FOR ECOSYSTEM
SERVICES: SOME HINTS ON HOW TO DEFINE THRESHOLD VALUES FOR
CONTAMINANTS ALLOWING THE MAINTENANCE OF ECOSYSTEM FUNCTIONING 31
PALESTRA 2: PROMISES AND CHALLENGES OF GENOMICS TECHNOLOGY IN
ECOTOXICOLOGY ..........................................................................................................32
PALESTRA 3: CONTAMINANTES EMERGENTES E OS DESAFIOS DOS SISTEMAS DE
TRATAMENTO DE ÁGUA E ESGOTO NO BRASIL .........................................................33
PALESTRA 4: USE OF IN VITRO CELL CULTURES FOR ENVIRONMENTAL
DIAGNOSIS IN A NUMBER OF CASE STUDIES: FROM AQUACULTURE TO DRINKING
WATER QUALITY DETERMINATION ..............................................................................34
PALESTRA 5: CONSIDERING ECOSYSTEM COMPLEXITY AND DIVERSITY IN
ECOLOGICAL RISK ASSESSMENT APPROACHES FOR THE TROPICS: CURRENT
STATUS AND RESEARCH NEEDS .................................................................................35
PALESTRA 6: IMPACTOS DE RESÍDUOS DE PLÁSTICO NA BIODIVERSIDADE
AQUÁTICA .......................................................................................................................36
PALESTRA 07: POR UM FORTALECIMENTO DO COMPONENTE ´ECO´ NA
ECOTOXICOLOGIA .........................................................................................................37
PALESTRA 8: CLIMATE CHANGE, ITS EFFECTS ON ENVIRONMENTAL STRESSORS
AND THE ECOTOXICOLOGICAL RESPONSES OF SOIL INVERTEBRATES ................38
PALESTRA 9: EFEITOS TÓXICOS DE MICROCONTAMINANTES EMERGENTES
SOBRE CADEIAS ALIMENTARES PLANCTÔNICAS ......................................................39
PALESTRA 10: O USO DA ECOTOXICOLOGIA COMO SUBSÍDIO PARA AVALIAÇÃO
DA POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA NA SAÚDE HUMANA ...................................................40
MESAS REDONDAS ...........................................................................................................41
MESA REDONDA 1: ROMPIMENTO DA BARRAGEM DO FUNDÃO (MARIANA-MG) E
SEUS EFEITOS SOCIOAMBIENTAIS: O QUE FIZEMOS, COMO ESTAMOS E PARA
ONDE VAMOS? ...............................................................................................................42
MESA REDONDA 2: CIANOBACTÉRIAS TÓXICAS, UMA AMEAÇA GLOBAL –
DESAFIOS PARA A GESTÃO E CONTROLE DE FLORAÇÕES TÓXICAS NO BRASIL .44
MESA REDONDA 3: PROGRESSOS E DESAFIOS PARA REGULAMENTAÇÃO E
AVALIAÇÃO DE RISCO AMBIENTAL DE AGROTÓXICOS NO BRASIL .........................45
SESSÕES ESPECIAIS ........................................................................................................46
SESSÃO ESPECIAL 1 – NON - CONVENTIONAL ANIMAL MODELS IN
ECOTOXICOLOGICAL AND GENOTOXICOLOGICAL STUDIES ....................................47
SESSÃO ESPECIAL 2 -O DECLÍNIO DOS ANFÍBIOS E A IMPORTÂNCIA DA
UTILIZAÇÃO DE BIOMARCADORES PRECOCES E SENSÍVEIS ..................................48
SESSÃO ESPECIAL 3 - AVALIAÇÃO DE RISCO ECOLÓGICO E A REMEDIAÇÃO DE
SITES NA AMÉRICA LATINA:O ESTADO DA PRÁTICA .................................................49

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SESSÃO ESPECIAL 4 - REUNIÃO EDITORES ECC - Ecotoxicology and Environmental


Contamination ..................................................................................................................50
SESSÃO ESPECIAL 5 – RISK - BASED HAZARD EVALUATION: PRACTICAL
CONSIDERATIONS FOR LATIN AMERICA .....................................................................51
SESSÃO ESPECIAL 6 – FÁRMACOS, DROGAS ILÍCITAS E PRODUTOS DE
CUIDADOS PESSOAIS EM AMBIENTES AQUÁTICOS ..................................................52
SESSÃO ESPECIAL 7 - ENSAIOS MARINHOS COM OURIÇOS-DO-MAR:
NECESSIDADES E ALTERNATIVAS...............................................................................53
SESSÃO ESPECIAL 8 - ECOSSISTEMA TERRESTRE: OBJETIVOS DE PROTEÇÃO,
QUALIDADE DE SOLOS E SERVIÇOS DO ECOSSISTEMA ..........................................54
SESSÃO ESPECIAL 9 - NANOPARTÍCULAS: ECOGENOTOXICIDADE,
ECOTOXICIDADE E IMPLICAÇÕES IN VIVO E IN VITRO ..............................................56
SESSÃO ESPECIAL 10 - STATUS DAS QUESTÕES AMBIENTAIS PRIORITÁRIAS NO
BRASIL: OPORTUNIDADE PARA PESQUISA E INOVAÇÃO..........................................57
SESSÃO ESPECIAL 12 - CONTAMINAÇÕES DE CORPOS HÍDRICOS POR AZO
CORANTES: TRATABILIDADE E BIORREMEDIAÇÃO ...................................................60
RESUMOS ...........................................................................................................................61
ACV - Análise de ciclo de vida ..........................................................................................62
36 - CONCENTRAÇÕES AMBIENTAIS DE COBRE REDUZEM A FOTOSSÍNTESE DA
MICROALGA Kirchneriella obesa .....................................................................................63
107 - CULTIVO DE CLADÓCEROS PLANCTÔNICOS ALIMENTADOS COM BIOMASSA
SECA DE MACRÓFITA AQUÁTICA PARA USO EM AQUICULTURA: PARÂMETROS DO
CICLO DE VIDA ...............................................................................................................65
162 - EFEITO ISOLADO E COMBINADO DA EXPOSIÇÃO LARVAL AO INSETICIDA
CLOTIANIDINA E DO FUNGICIDA PIRACLOSTROBINA NO DESENVOLVIMENTO DE
OPERÁRIAS DE Apis mellifera E SEUS EFEITOS NO ADULTO .....................................68
200 - Paramecium caudatum (ALVEOLATA, CILIOPHORA) EM ESTUDOS
ECOTOXICOLÓGICOS: NOVAS INFORMAÇÕES SOBRE CULTIVO EM LABORATÓRIO
.........................................................................................................................................70
441 - ESTUDO DO CICLO DE VIDA DE UMA ESPÉCIE DE PEIXE ANUAL COM VISTAS
À PADRONIZAÇÃO DE UM MODELO AUTÓCTONE PARA BIOINDICAÇÃO ................72
ARE - Análise de risco ecológico ......................................................................................75
2 - DIAGNÓSTICO AMBIENTAL EM UM AFLUENTE DO RIO POXIM-SE ......................76
21 - USE OF ECOTOXICOLOGICAL DATA IN PESTICIDES RISK ASSESSMENT ........79
52 - AVALIAÇÃO FÍSICAS, QUÍMICAS E ECOTOXICOLÓGICAS DOS SEDIMENTOS DE
UM RIO SOB INFLUÊNCIAS ANTRÓPICAS (RIO TOLEDO, PR, BRASIL) .....................81
115 - TOXICIDADE DE ÁGUAS SUPERFICIAIS DOS RIOS GOIANA E UNA,
PERNAMBUCO, PARA EMBRIÕES E LARVAS DE Danio rerio ......................................84
153 - AVALIAÇÃO DE RISCO ECOLÓGICO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO
SERGIPE (SE) (RESULTADOS PRELIMINARES) ...........................................................87
168 - ESTUDO DE CASO: AVALIAÇÃO DE RISCO ECOLÓGICO EM ÁREA
CONTAMINADA POR PESTICIDAS, COMPOSTOS ORGÂNICOS E METAIS ...............89
251 - AVALIAÇÃO DE INDÍCIOS DE EUTROFIZAÇÃO ATRAVÉS DOS ÍNDICES DE
FÓSFORO TOTAL EM RIO LOCALIZADO NA REGIÃO NOROESTE DO ESTADO DO
RIO GRANDE DO SUL.....................................................................................................91

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259 - EXPOSURE STUDIES TO ASSESS RESIDUES IN BEE RELEVANT MATRICES IN


BRAZIL - CHALLENGES AND EXPERIENCES ...............................................................93
274 - AVALIAÇÃO DE RISCO ECOLÓGICO (ARE) DE ANTIBIÓTICOS NUMA SUB-
BACIA URBANIZADA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO .............................................95
299 - DISTRIBUIÇÃO, FONTES E RISCOS ECOLÓGICOS ASSOCIADOS À
CONTAMINAÇÃO POR HPAS EM SEDIMENTOS DO ESTUÁRIO HOOGHLY, ÍNDIA ...98
311 - AVALIAÇÃO DO POTENCIAL TÓXICO PARA A ABELHA NATIVA Melipona
scutellaris (LATREILLE, 1811) DA EXPOSIÇÃO TÓPICA AO INSETICIDA ABAMECTINA
E AO FUNGICIDA DIFENOCONAZOL ...........................................................................101
363 - AVALIAÇÃO DE RISCO ECOLÓGICO DE AGROTÓXICOS EM ECOSSISTEMAS
AQUÁTICOS COM BASE NO MODELO AGRÍCOLA CONVENCIONAL DE BOM
REPOUSO (MG) ............................................................................................................104
Biodisponibilidade, Bioacumulação e Biomagnificação ...............................................107
27 - VARIAÇÃO SAZONAL DE MERCÚRIO EM Hemiodus unimaculatus
(CHARACIFORMES: HEMIODONTIDAE)(BLOCH, 1794) NO RIO XINGU, AMAZÔNIA,
BRASIL ..........................................................................................................................108
29 - NÍVEIS DE MERCURIO EM ESPÉCIES CARNÍVORAS DE IMPORTÂNCIA
ALIMENTAR NA BACIA DO RIO XINGU-PA, BRASIL ...................................................110
45 - INVESTIGAÇÃO DAS CONCENTRAÇÕES DE HG NO MPS SOB INFLUÊNCIA DA
SAZONALIDADE REGIONAL E DO EFEITO BARRAGEM NO RIO MADEIRA .............112
46 - MERCÚRIO E ARSÊNIO EM TUBARÕES MARTELO DA COSTA NORTE DO
BRASIL ..........................................................................................................................114
66 - COMPARAÇÃO DA ECOTOXICIDADE POTENCIAL TERRESTRE DE CHORUMES
DE DOIS ATERROS SANITÁRIOS EM DIFERENTES REGIÕES BRASILEIRAS .........116
123 - OCORRÊNCIA DE CÁDMIO EM TECIDOS DE ANIMAIS SILVESTRES: CANÍDEOS
E FELÍDEOS NO ESTADO DE MINAS GERAIS ............................................................118
124 - AVALIAÇÃO PRELIMINAR DA PRESENÇA DE AGROTÓXICOS EM CAPIVARAS,
Hydrochoerus hydrochaeris, NA LAGOA DA PAMPULHA, BELO HORIZONTE, MINAS
GERAIS..........................................................................................................................120
151 - AVALIAÇÃO DA DISTRIBUIÇÃO ESTRUTURAL DO METILMERCÚRIO EM
INDIVÍDUOS DE Eichhornia sp. - RONDÔNIA/AMAZÔNIA OCIDENTAL ......................123
171 - AVALIAÇÃO DA BIOACUMULAÇÃO DE MERCÚRIO TOTAL E ORGÂNICO EM
OLIGOQUETAS POR MEIO DE ENSAIO DE TOXICIDADE EM SOLO .........................125
202 - INVESTIGAÇÃO DA EXPOSIÇÃO DAS AVES AQUÁTICAS AO MERCÚRIO
(HGTOTAL E MEHG) NA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MADEIRA, AMAZÔNIA
OCIDENTAL ...................................................................................................................128
207 - ACÚMULO DE ZINCO EM DIFERENTES ÓRGÃOS DO TELEÓSTEO
NEOTROPICAL Prochilodus lineatus AO LONGO DE 168 HORAS DE EXPOSIÇÃO ...130
229 - METAIS TRAÇO EM BIVALVES COMERCIALIZADOS NO SUL DA BAHIA, BRASIL
.......................................................................................................................................132
250 - DETRIMENTAL EFFECTS OF THE MARIANA DAM RUPTURE TO THE LOCAL
AQUATIC BIOTA: CONTAMINATION BY METALS AND METALLOIDS, OXIDATIVE
STRESS AND THE BIOCHEMICAL METALLOTHIONEIN DETOXIFICATION ROUTE .135
256 - ARSÊNIO EM Macrobrachium amazonicum (CRUSTACEA, DECAPODA) DE RIOS
PRÓXIMOS AO LIXÃO DO AURÁ, REGIÃO METROPOLITANA DE BELÉM, ESTADO
DO PARÁ .......................................................................................................................139

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265 - EFEITOS INVISÍVEIS DA AÇÃO HUMANA: UM ESTUDO PIONEIRO DE


POLUENTES ORGÂNICOS PERSISTENTES EM PEQUENOS MAMÍFEROS DE
CAMPOS DE ALTITUDE DO RIO DE JANEIRO ............................................................142
269 - BIOACESSIBILIDADE DE MERCÚRIO TOTAL EM CAMARÕES (Macrobrachium
amazonicum) ..................................................................................................................145
288 - EFEITOS DA CONTAMINAÇÃO POR METAIS EM MEXILHÕES Perna perna DO
LITORAL DE SÃO PAULO .............................................................................................147
313 - DIAGNÓSTICO QUANTITATIVO DA DETERMINAÇÃO DE ELEMENTOS-TRAÇOS
DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS NO ENTORNO DO BAIRRO DAS FLORES, MUNICÍPIO
DE BENEVIDES-PA .......................................................................................................150
315 - AVALIAÇÃO DA CONCENTRAÇÃO DE FOSFATO NAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS
DO BAIRRO DAS FLORES, MUNICÍPIO DE BENEVIDES-PA ......................................153
325 - DISTRIBUIÇÃO DE ELEMENTOS TRAÇO EM CAMARÕES CINZA (Litopenaeus
vannamei) DA BAÍA DE TODOS OS SANTOS, BAHIA ..................................................156
327 - DETERMINAÇÃO DE ELEMENTOS TRAÇO E AVALIAÇÃO DA INCIDÊNCIA DE
ERITRÓCITOS MICRONUCLEADOS EM TARTARUGAS MARINHAS VERDES (Chelonia
mydas) NA RESERVA BIOLÓGICA DO ATOL DAS ROCAS, RN, BRASIL....................159
339 - BIOACUMULAÇÃO DE METAIS EM TILÁPIAS CULTIVADAS EM TANQUES-REDE
NO LAGO DE PALMINHAS EM LINHARES (ES), ANTES E DEPOIS DO ROMPIMENTO
DA BARRAGEM DA SAMARCO ....................................................................................163
340 - ANÁLISE DE AGROTÓXICOS E TOXINA (MICROCISTINA) EM TILÁPIAS
CULTIVADAS EM TANQUES-REDE EM 8 PARQUES AQUÍCOLAS DO BRASIL .........165
358 - AVALIAÇÃO DA BIOACUMULAÇÃO DE METAIS EM MOLUSCOS COLETADOS
NO RIO DOCE ANTES E DEPOIS DA PASSAGEM DE PLUMA DE TURBIDEZ ...........167
360 - AVALIAÇÃO DA BIOACUMULAÇÃO DE METAIS EM TECIDOS DE PEIXES NA
ÁREA DE INFLUÊNCIA DE UM COMPLEXO MINERADOR DE COBRE ......................170
369 - ANÁLISE DA DISTRIBUIÇÃO DE ELEMENTOS POTENCIALMENTE TÓXICOS
(EPT’S) NAS DIFERENTES FRAÇÕES GRANULOMÉTRICAS DE SOLOS
CONTAMINADOS DA CIDADE DE OURO PRETO – MG ..............................................172
384 - ESTUDO DAS FORMAS DO MERCÚRIO ACUMULADAS NO SISTEMA NERVOSO
DE Oreochromis niloticus APÓS EXPOSIÇÃO AO MERCÚRIO INORGÂNICO .............175
388 - CONCENTRAÇÃO DE CD, CR, CU, HG E PB EM SEDIMENTOS SUPERFICIAIS
EM ÁREA DE MINERAÇÃO NO RIO ITAPICURU-MIRIM, JACOBINA, BAHIA, BRASIL
.......................................................................................................................................178
403 - BIOACUMULAÇÃO DE ELEMENTOS TRAÇO EM Chelonia mydas (LINNAEUS,
1758) ENCALHADAS NO LITORAL SUDESTE DO BRASIL ..........................................181
404 - DEPOSIÇÃO DE HPAS EM REMANESCENTE DE FLORESTA ATLÂNTICA ......183
408 - CONCENTRAÇÕES DE HPAS EM FOLHAS E SOLO DE UM REMANESCENTE
DE FLORESTA ATLÂNTICA ..........................................................................................186
438 - EFFECTS OF CYANOBACTERIA (Microcystin aeruginosa AND Sphaerospermopsis
torques-reginae ITEP-24) AND CYANOBACTERIAL TOXINS ON TARGET GENE
EXPRESSION PROFILES AND GUT MICROBIOTA IN FISH WITH IMPLICATIONS ON
PATHOGEN RESISTANCE ............................................................................................189
448 - ACÚMULO DE METAIS (AS, CD, MN, NI, PB, SN E ZN) EM TILÁPIAS CRIADAS
EM PARQUES AQUÍCOLAS NO BRASIL ......................................................................191
457 - CAPACIDADE DE BIOACUMULAÇÃO DE FERRO E MANGANÊS EM Crassostrea
sp. ..................................................................................................................................193

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464 - BIOMONITORAMENTO DA ILHA DE TRINDADE - ES, BRASIL: Chelonia mydas


COMO BIOINDICADOR DE CONTAMINAÇÃO .............................................................195
470 - TRANSPORTE DE METAIS EM ÁGUAS SUPERFICIAIS DO RIO SOLIMÕES NA
REGIÃO DA TRÍPLICE FRONTEIRA, BRASIL ...............................................................197
Biomarcadores .................................................................................................................200
3 - BIOMARKER PERFORMANCE OF METALLOTHIONEIN AND ETHOXYRESORUFIN
O-DEETHYLASE IN AQUATIC ENVIRONMENTS: A META-ANALYTICAL APPROACH
.......................................................................................................................................201
17 - AVALIAÇÃO DA QUALIDADE AMBIENTAL DO RIO PEREQUÊ, PORTO BELO - SC
POR MEIO DE BIOMARCADORES NA ESPÉCIE DE PEIXE Astyanax altiparanae ......203
24 - AVALIAÇÃO DOS EFEITOS TÓXICOS DA MICROCISTINA-LR EM PEIXES
UTILIZANDO BIOMARCADORES DE CONTAMINAÇÃO AMBIENTAL .........................206
26 - HISTOPATOLOGIA BRANQUIAL DE Astyanax bifasciatus (TELEOSTEI,
CHARACIDAE) COMO INDICADOR DE CONTAMINAÇÃO AQUÁTICA DO RIO JIRAU
ALTO, DOIS VIZINHOS-PR ...........................................................................................209
28 - EFEITO DE EFLUENTES INDUSTRIAIS SOBRE BIOMARCADORES EM PEIXES
.......................................................................................................................................212
30 - EFEITO DA SAZONALIDADE SOBRE BIOMARCADORES DE PEIXES EM
AMBIENTE POLUÍDO ....................................................................................................215
37 - GENOTOXIDADE EM GIRINOS DE CULTURAS ANUAIS E PERERE...................218
39 - O TESTE DO MICRONÚCLEO PARA A FAUNA SELVAGEM: GIRINOS COMO
MODELOS DE ESTUDOS .............................................................................................221
41 - ALTERAÇÕES ERITROCITÁRIAS NUCLEARES EM AVES: TENDÊNCIA DE
ESTUDOS ......................................................................................................................224
42 - O TESTE DE MICRONÚCLEO EM CÉLULAS ESFOLIADAS DE MUCOSA BUCAL
EM MORCEGOS: AVALIAÇÃO DE GÊNERO ................................................................227
53 - AVALIAÇÃO DA CONDIÇÃO AMBIENTAL DE UM LAGO TROPICAL DO
NORDESTE DO BRASIL UTILIZANDO ALTERAÇÕES BRANQUIAIS EM Prochilodus
lacustris ..........................................................................................................................230
55 - ALTERAÇÕES HISTOLÓGICAS COMO BIOMARCADORES EM ORGANISMO-
TESTE NA AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DA ÁGUA DA LAGUNA DA JANSEN, SÃO
LUÍS, MA, (BRASIL) .......................................................................................................233
56 - ALTERAÇÕES MORFOLÓGICAS EM BRÂNQUIAS DE Oreochromis niloticus
(PISCES, CICHLIDAE) COMO BIOMARCADORES DE POLUIÇÃO AQUÁTICA NA
LAGUNA DA JANSEN, SÃO LUÍS, MA (BRASIL) ..........................................................236
67 - ALTERAÇÕES HEPÁTICAS E BIOMÉTRICAS EM Sciades herzbergii E Bagre bagre
PARA MONITORAMENTO DE IMPACTOS AMBIENTAIS NO GOLFÃO MARANHENSE,
BRASIL ..........................................................................................................................239
69 - IMPOSEX EM MOLUSCOS GASTRÓPODES DA PENÍNSULA DE YUCATÁN,
MÉXICO .........................................................................................................................241
85 - ALTERAÇÕES HISTOLÓGICAS EM BRÂNQUIAS E DIFERENÇAS BIOMÉTRICAS
EM U. cordatus (DECAPODA, OCYPODIDAE) INDICATIVOS DE CONTAMINAÇÃO EM
ÁREAS PORTUÁRIAS DE SÃO LUÍS (MARANHÃO) ....................................................244
86 - ALTERAÇÕES BRANQUIAIS E ANÁLISE BIOMÉTRICA EM Sciades herzbergii E
Bagre bagre PARA MONITORAMENTO DE IMPACTOS AMBIENTAIS NO GOLFÃO
MARANHENSE ..............................................................................................................248

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92 - TRIBUTILESTANHO E SEUS EFEITOS SOBRE ATIVIDADE DE SOD, CAT E


COLINESTERASES EM Holothuria grisea .....................................................................251
94 - HISTOMICROGRAFIA E BIOMARCADORES EM Holothuria grisea EXPOSTOS AO
TBT ................................................................................................................................253
97 - ALTERAÇÕES HISTOPATOLÓGICAS EM RIM DE Sciades herzbergii
(SILURIFORMES, ARIIDAE) NO MONITORAMENTO DE UMA REGIÃO PORTUÁRIA DO
BRASIL ..........................................................................................................................256
99 - ECOTOXICOLOGICAL EFFECTS OF THE FUNGICIDE IMAZALIL AND ITS
PHOTOCATALYTIC BY-PRODUCTS ON Eisenia andrei ...............................................259
103 - RESPOSTAS FISIOLÓGICAS DE Astronotus ocellatus A AMONIA ......................263
104 - INFLUÊNCIA DO CHUMBO NA ATIVIDADE DA ACETILCOLINESTERASE NO
MOLUSCO Perna perna COLETADOS EM FLORIANÓPOLIS, SANTA CATARINA,
BRASIL ..........................................................................................................................265
112 - AVALIAÇÃO DA TOXICIDADE DE AGROTÓXICOS NO BRASIL PELO ENSAIO DE
FUGA COM MINHOCAS DAS ESPÉCIES Eisenia fetida E Eisenia andrei ....................267
116 - HISTOPATOLOGIA E HISTOMETRIA HEPÁTICA EM Adenomera diptyx ............270
119 - MELANINA: BIOMARCADOR HEPÁTICO INDICATIVO DE QUALIDADE
AMBIENTAL? .................................................................................................................272
137 - CONCHAS DE Lottia subrugosa COMO BIOMARCADORES DE CONTAMINAÇÃO
.......................................................................................................................................274
155 - MONITORAMENTO DE IMPACTOS AMBIENTAIS NA BAÍA DE SÃO JOSÉ - MA,
ORIUNDOS DOS SISTEMAS DE PESCA E PISCICULTURA COM USO DE
BIOMARCADORES HISTOLÓGICOS EM Sciades herzbergii (BLOCH, 1974) E Bagre
bagre (LINNAEUS, 1766) ...............................................................................................282
156 - EFEITOS COMPORTAMENTAIS E BIOMÉTRICOS DE EFLUENTE DE CURTUME
EM TILÁPIA-DO-NILO (Oreochromis niloticus) ..............................................................285
174 - ESTABELECIMENTO DO PROTOCOLO DE QUANTIFICAÇÃO DA ENZIMA
GLUTATIONA S-TRANSFERASE (GST) EM TETRÁPODES MARINHOS ....................288
176 - PADRONIZAÇÃO DA TÉCNICA DE QUANTIFICAÇÃO DA ATIVIDADE
ETOXIRESORUFINA-O-DEETILASE (EROD) EM TETRÁPODES MARINHOS ............290
180 - EXPOSIÇÃO A CONTAMINANTES AMBIENTAIS CAUSA PERDA DE
DIVERSIDADE E ALTERAÇÕES NA COMPOSIÇÃO DA COMUNIDADE MICROBIANA
INTESTINAL DE PEIXES ...............................................................................................292
187 - AVALIAÇÃO DE STRESS OXIDATIVO EM ESPÉCIES RESIDENTES EM 3
ESTUÁRIOS DA BACIA DO RIO SERGIPE(SE) ............................................................296
188 - AVALIAÇÃO DA GENOTOXICIDADE EM PEIXES COLETADOS EM ESTUÁRIOS
DA BACIA DO RIO SERGIPE ........................................................................................298
190 - HEPATOTOXICIDADE E EFEITOS COMPORTAMENTAIS DOS
ANTIINCRUSTANTES CLOROTALONIL E DICLOFLUANIDA PARA RECÉM-NASCIDOS
DO BARRIGUDINHO Poecilia vivipara ...........................................................................300
191 - EFEITOS GENOTÓXICOS E NA PIGMENTAÇÃO CARDÍACA E CUTÂNEA DE
GIRINOS DE Lithobates catesbeianus EXPOSTOS AO BIOCIDA PIRETRO, ASSOCIADO
OU NÃO A NANOPARTÍCULAS ....................................................................................303
196 - EFEITOS ECOTOXICOLÓGICOS DO CLOROTALONIL E DICLOFLUANIDA EM
EMBRIÕES E LARVAS DE Danio rerio ..........................................................................305
206 - ANÁLISE DOS MELANÓFOROS DE GIRINOS DE Lithobates catesbeianus COMO
BIOMARCADORES DE EXPOSIÇÃO ............................................................................307

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224 - USO DA RESPOSTA DO CYP1A EM PEIXE POECILÍDEO COMO BIOMARCADOR


DE ADAPTAÇÃO A CONTAMINAÇÃO AMBIENTAL .....................................................309
228 - Nosema ceranae E IMIDACLOPRIDO CAUSAM ESTRESSE E MORTE CELULAR
NO INTESTINO E TÚBULOS DE MALPIGHI DE ABELHAS Apis mellifera
AFRICANIZADA .............................................................................................................312
238 - AVALIAÇÃO ECOTOXICOLÓGICA DO SEDIMENTO DE UMA BACIA
HIDROGRÁFICA SEMIÁRIDA UTILIZANDO ESPÉCIES BENTÔNICAS E NECTÔNICAS
.......................................................................................................................................315
242 - USO DE BIOMARCADORES HISTOLÓGICOS EM FÍGADO DE Poecilia reticulata
(TELEOSTEI, CYPRINODONTIFORMES) PARA AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DA ÁGUA
DO RIO APODI-MOSSORÓ (RN) ..................................................................................318
244 - EFEITOS DA POLUIÇÃO DO RIO APODI-MOSSORÓ (RN) NO TECIDO
BRANQUIAL DAS ESPÉCIES ÍCTICAS Danio rerio E Poecilia reticulata.......................321
252 - O ENSINO DE TÉCNICAS E ANÁLISES MICROSCÓPICAS DE
BIOMARCADORES NA PÓS-GRADUAÇÃO .................................................................324
264 - CENTRO DE MELANOMACRÓFAGOS E FATOR DE CONDIÇÃO EM Sciades
herzbergii (BLOCH, 1974) COMO BIOINDICADOR DE BEM ESTAR E MUDANÇAS
AMBIENTAIS..................................................................................................................326
270 - AVALIAÇÃO DA GENOTOXICIDADE EM CÉLULAS HEPÁTICAS DE Rhamdia
quelen (PISCES) EXPOSTO AO 2,4D DURANTE 48 HORAS EM DOSES REALÍSTICAS
.......................................................................................................................................330
272 - "ENVIRONMENTALLY SAFE" CONCENTRATION OF MERCURY COLLAPSES
THE HEPATO-NEPHROCITIC SYSTEM OF BUMBLEBEES: Bombus morio AND Bombus
atratus (HYMENOPTERA, BOMBINI) .............................................................................332
277 - ALTERAÇÕES ESTRUTURAIS EM CONCHAS DE Lottia subrugosa COMO
BIOMARCADORES DE CONTAMINAÇÃO COSTEIRA .................................................334
283 - FREQUÊNCIA GENOTÓXICA E HISTOPATOLOGIA BRANQUIAL E HEPÁTICA
COMO BIOMARCADORES DE CONTAMINAÇÃO AQUÁTICA EM Centropomus
undecimalis (BLOCH, 1972) DE DOIS ESTUÁRIOS MARANHENSES ..........................340
284 - PARÂMETROS LEOCOMÉTRICOS COMO BIOMARCADORES EM PEIXES DE
UM ESTUÁRIO PERTENCENTE À ILHA DO MARANHÃO ...........................................343
289 - THE EFFECTS WATER TEMPERATURE AND PH ON HEMATOLOGICAL
PARAMETERS OF Astyanax altiparanae ACUTELY EXPOSED TO WATER-SOLUBLE
FRACTION OF GASOLINE ............................................................................................346
290 - AVALIAÇÃO DA GENOTOXICIDADE DA MISTURA DOS MICROPOLUENTES
DIPIRONA E PARACETAMOL NO PEIXE Rhamdia quelen ...........................................349
302 - EFEITOS DO DI-N-BUTIL FTALATO (DBP) E DI-ISO-PENTIL FTALATO (DIIP) NA
BIOTRANSFORMAÇÃO E ESTRESSE OXIDATIVO EM LARVAS DO PEIXE Rhamdia
quelen ............................................................................................................................352
309 - GLUTATHIONE REDUCTASE: A POSSIBLE TARGET FOR NRF2 INDUCERS IN
THE PACIFIC OYSTER..................................................................................................355
314 - BIOMARCADORES DE CONTAMINAÇÃO COM PIRETRÓIDES EM TAMBAQUIS
CULTIVADOS NA REGIÃO DO BAIXO SÃO FRANCISCO SERGIPANO ......................357
320 - ARE ANTIFOULING BIOCIDES HARMFUL FOR MUSSELS Perna perna?
EFFECTS OF CHLOROTHALONIL ON THEIR ANTIOXIDANT DEFENSE SYSTEM ....360
341 - HISTOPATOLOGIA EM FÍGADO DE Astyanax lacustris (TELEOSTEI,
CHARACIDAE) COMO BIOMARCADOR DE POLUIÇÃO AMBIENTAL AQUÁTICA NO
SUBMÉDIO SÃO FRANCISCO, NORDESTE DO BRASIL .............................................363

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342 - BIOMARCADORES DE ESTRESSE OXIDATIVO NA MACRÓFITA AMAZÔNICA


Montrichardia linifera (ARRUDA) SCHOTT.....................................................................365
343 - AVALIAÇÃO DOS EFEITOS DO BIOCIDA DICLOFLUANIDA NO POLIQUETO
Laeonereis acuta ............................................................................................................368
377 - IMPACTO DE DIFERENTES CONCENTRAÇÕES DO FUNGICIDA
PIRACLOSTROBINA NO TEMPO DE SOBREVIVÊNCIA DE FORRAGEIRAS DE Apis
mellifera AFRICANIZADA E Melipona scutellaris............................................................370
382 - AVALIAÇÃO DE MÚLTIPLOS BIOMARCADORES EM PEIXES EXPOSTOS A
CIANOTOXINAS EM UM RESERVATÓRIO DE ABASTECIMENTO PÚBLICO DE ÁGUA
.......................................................................................................................................373
389 - MELANOMACRÓFAGOS HEPÁTICOS COMO SENSÍVEIS BIOMARCADORES DE
CONTAMINAÇÃO POR CROMO EM GIRINOS DE RÃ-TOURO ...................................376
395 - MEXILHÕES Perna perna NA AVALIAÇÃO DA QUALIDADE AMBIENTAL DE
REGIÕES DO LITORAL DE SÃO PAULO: BIOMARCADORES BIOQUÍMICOS............378
414 - AVALIAÇÃO DOS NÍVEIS DE PEROXIDAÇÃO LIPÍDICA EM Oreochromis niloticus
APÓS EXPOSIÇÃO À VINHAÇA FITORREMEDIADA ...................................................382
415 - FUNGICIDA PODE MATAR OU PREJUDICAR A MORFOFISIOLOGIA DA
ABELHAS AFRICANIZADAS Apis mellifera? .................................................................384
419 - DIFERENÇA NA SUSCEPTIBILIDADE ENTRE RECÉM-EMERGIDAS E
FORRAGEIRAS DE Apis mellifera AFRICANIZADA APÓS EXPOSIÇÃO AO FUNGICIDA
PIRACLOSTROBINA .....................................................................................................387
423 - HISTOPATOLOGIA BRANQUIAL EM Psectrogaster amazonica (EIGENMANN &
EIGENMANN, 1889) E ANÁLISES DA ÁGUA NA AVALIAÇÃO DA CONTAMINAÇÃO DO
RIO MEARIM, MARANHÃO ...........................................................................................390
434 - AVALIAÇÃO DO SISTEMA NERVOSO ENTÉRICO COMO BIOMARCADOR DE
POLUIÇÃO AMBIENTAL ................................................................................................393
440 - EFEITOS DA EXPOSIÇÃO A RETARDANTES DE CHAMA NO PEIXE
NEOTROPICAL Prochilodus lineatus .............................................................................395
443 - GEM MINING AT THE JEQUITINHONHA VALLEY (BRAZIL): SOURCE OF
GENOTOXICITY AND EXPOSURE TO TOXIC ELEMENTS ..........................................397
452 - AVALIAÇÃO DO EFEITO DO PIRIPROXIFEM SOBRE A Oreochromis niloticus
(LINNAEUS, 1758) APÓS EXPOSIÇÃO SUBCRÔNICA A DOSES REALÍSTICAS........399
456 - QUALIDADE DA ÁGUA E HISTOPATOLOGIA DE BRÂNQUIAS DE Oreochromis
sp. DE PISCICULTURA DO MUNICÍPIO DE SÃO JOSÉ DE RIBAMAR-MA ..................404
480 - USE OF THE OIL OF THE UROPIGIAL GLAND AS A METHOD TO EVALUATE
ORGANOCLORATED POLLUTANTS IN PENGUINS OF THE SOUTH OF CHILE........407
481 - Usnea sp. AS BIOINDICATOR OF POLICICLYC AROMATIC HYDROCARBONS IN
THE KING GEORGE ISLAND, ANTARCTICA ................................................................409
482 - ELUTRIATO DAS LAGOAS COSTEIRAS MÃE-BÁ E NOVA GUARAPARI
PROVOCA AUMENTO DE DENSIDADE DE CÉLULAS CLORETO EM BRÂNQUIAS DE
Geophagus brasiliensis ..................................................................................................411
Comportamento ambiental e modo de ação de contaminantes....................................413
63 - INFLUÊNCIA DOS PARÂMETROS FÍSICO-QUÍMICOS NA ECOTOXICIDADE DE
METAIS PESADOS EM EFLUENTES INDUSTRIAIS ....................................................414
98 - AVALIAÇÃO DO EFEITO INSETICIDA DA BACTÉRIA Bacillus thuringiensis SOBRE
A LAGARTA Chrysodeixis includens ..............................................................................416

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

130 - ESTUDO DA CORRELAÇÃO MERCÚRIO E SELÊNIO EM AMOSTRAS DE


TECIDO CAPILAR EM UMA COMUNIDADE RIBEIRINHA DA BACIA DO TAPAJÓS/PA
.......................................................................................................................................418
152 - AVALIAÇÃO DE RISCO DE CONTAMINAÇÃO HÍDRICA POR NECROCHORUME
NO CEMITÉRIO DE SULACAP, ZONA OESTE DO RIO DE JANEIRO, BRASIL ...........421
291 - AVALIAÇÃO DE METAIS PESADOS (ZN, CR, PB, CU, MN E CO) EM AMOSTRAS
DE SOLO E SEDIMENTO DA RESERVA BIOLÓGICA DO JARU/RO ...........................424
324 - DISTRIBUIÇÃO DE ELEMENTOS TRAÇOS NO ESTUÁRIO DO RIO DOCE ANTES
E DEPOIS DO ACIDENTE DA SAMARCO MINERADORA ............................................426
338 - ADSORÇÃO E DESSORÇÃO DE ACETAMIPRIDA EM DIFERENTES TIPOS DE
SOLOS BRASILEIROS ..................................................................................................428
345 - BIOGEOQUÍMICA DO SELÊNIO E MERCÚRIO NA BACIA DO RIO TAPAJÓS,
AMAZÔNIA BRASILEIRA ...............................................................................................431
346 - AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DA ÁGUA SUPERFICIAL DA BACIA
HIDROGRÁFICA DO PARANAÍBA E INTERPRETAÇÕES ECOTOXICOLÓGICAS ......433
351 - AJUSTES METODOLÓGICOS PARA REALIZAÇÃO DE ENSAIOS DE FUGA COM
Eisenia andrei PARA AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE SOLOS ...................................436
420 - ENSAIO PRELIMINAR UTILIZANDO Eisenia andrei E Eisenia sp. PARA AVALIAR A
TOXICIDADE DA MANIPUEIRA.....................................................................................439
447 - AVALIAÇÃO DO RISCO DE EXPOSIÇÃO AO ARSÊNIO EM UMA REGIÃO DE
MINERAÇÃO EM PARACATU, MG,BRASIL ..................................................................441
Contaminação ambiental e mudanças climáticas ..........................................................444
8 - CONTAMINAÇÃO E FONTES DE HIDROCARBONETOS POLICÍCLICOS
AROMÁTICOS NO ESTUÁRIO DO RIO ITAPICURU (BA, BRASIL) ..............................445
54 - USO DE MICROEXTRAÇÃO LÍQUIDO-LÍQUIDO DISPERSIVA ASSISTIDA POR
VÓRTEX (VA-DLLME) NA ANÁLISE DE AGENTES ANTI-INCRUSTANTES DE
TERCEIRA GERAÇÃO EM AMOSTRAS DE ÁGUA MARINHA PROVENIENTES DA
REGIÃO PRÉ-AMAZÔNICA ...........................................................................................448
83 - HIDROCARBONETOS POLICÍCLICOS AROMÁTICOS EM SEDIMENTOS DO RIO
SÃO FRANCISCO, NO MUNICÍPIO DE PIRANHAS, ALAGOAS, BRASIL .....................451
102 - SUSCETIBILIDADE DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS AOS AGROTÓXICOS KRAFT®
E SCORE®, APLICADOS ISOLADAMENTE E EM MISTURA, SOB DIFERENTES
CONDIÇÕES DE TEMPERATURA ................................................................................454
108 - BIOMARCADORES NO CORAL Mussismilia harttii: EFEITO ISOLADO DO
AUMENTO DA TEMPERATURA DA ÁGUA DO MAR E COMBINADO COM A
EXPOSIÇÃO AO COBRE...............................................................................................457
131 - EFEITO DO CONGELAMENTO DAS AMOSTRAS DE ÁGUA NOS ENSAIOS DE
ECOTOXICIDADE COM Danio rerio ..............................................................................459
134 - DETERMINAÇÃO DE MERCÚRIO EM PEQUENOS MAMÍFEROS DE DUAS
UNIDADES DE CONSERVAÇÃO - SE, BRASIL ............................................................462
146 - DIAGNÓSTICO AMBIENTAL DA BACIA DO RIO SERGIPE (SE): AVALIAÇÃO
LIMNOLÓGICA E ECOTOXICOLÓGICA ........................................................................464
149 - AVALIAÇÃO DA QUALIDADE AMBIENTAL DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO
SERGIPE (SE) ATRAVÉS DE BIENSAIOS ECOTOXICOLÓGICOS COM
MICROCRUSTÁCEOS ...................................................................................................466
150 - EFEITOS DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS EM CORAL EXÓTICO PRESENTE NA
REGIÃO SUBTROPICAL DO BRASIL............................................................................468

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

164 - O PAPEL DAS CONDIÇÕES AMBIENTAIS DE ACIDIFICAÇÃO E TEMPERATURA


DAS ÁGUAS OCEÂNICAS NA FECUNDAÇÃO DE OURIÇO-DO-MAR (Echinometra
lucunter) .........................................................................................................................471
172 - AVALIAÇÃO ECOTOXICOLÓGICA DO IGARAPÉ DOS TANQUES EM PORTO
VELHO-RO.....................................................................................................................473
182 - DISTRIBUIÇÃO DE METAIS PESADOS NO ESTUÁRIO DO RIO DOCE ANTES E
DEPOIS DO ACIDENTE DA SAMARCO MINERADORA ...............................................475
217 - EFEITOS GENOTÓXICOS E BIOQUÍMICOS DA ASSOCIAÇÃO DO FERRO E
MANGANÊS EM Oreochromis niloticus (CICHLIDAE) ...................................................478
231 - CONCENTRAÇÃO E DISTRIBUIÇÃO DE HIDROCARBONETOS POLICÍCLICOS
AROMÁTICOS NA BAÍA DE TODOS OS SANTOS, BAHIA, BRASIL ............................480
246 - MONITORAMENTO DA QUALIDADE DA ÁGUA NO RIO JACARÉ, EM POÇO
REDONDO, BAIXO SÃO FRANCISCO SERGIPANO ....................................................483
300 - ALQUILBENZENO LINEARES (LABS) COMO INDICADORES DE ESGOTO EM
DOIS SISTEMAS ESTUARINOS DO NORDESTE DO BRASIL .....................................486
326 - OPTIMISING EXPERIMENTAL DESIGN IN MARINE/OCEAN ACIDIFICATION
STUDIES: TESTING THE EFFICACY OF A CLOSED-BOX SYSTEM FOR CO2
DIFFUSION ....................................................................................................................489
330 - AVALIAÇÃO DOS NÍVEIS DOS COMPOSTOS BUTILESTÂNICOS EM
SEDIMENTO E PEIXES DO SISTEMA ESTUARINO DE SANTOS E SÃO VICENTE ...491
336 - AVALIAÇÃO DE ACUMULO E VARIAÇÃO DAS DEFESAS ANTIOXIDANTES EM
ESPÉCIES ARBÓREAS NATIVAS EM SOLO COM EXCESSO DE NI E ZN .................494
352 - OPTIMISING EXPERIMENTAL DESIGN IN MARINE ACIDIFICATION STUDIES:
TESTING THE EFFICACY OF A CLOSED-BOX SYSTEM FOR CO2 DIFFUSION ........497
364 - EFICIÊNCIA DE RECUPERAÇÃO DE ADENOVÍRUS EM LIXIVIADO DE ATERROS
DE RESÍDUOS SÓLIDOS POR FLOCULAÇÃO ORGÂNICA .........................................499
365 - MUDANÇAS TEMPORAIS NO APORTE DE HIDROCARBONETOS POLICÍCLICOS
AROMÁTICOS EM UM ESTUÁRIO PRISTINO (ESTUÁRIO DO RIO ITAPICURU -
BAHIA) ...........................................................................................................................502
366 - BIOCIDAS ANTI-INCRUSTANTES DE 3º GERAÇÃO EM MARINAS DO SISTEMA
ESTUARINO DE SANTOS E SÃO VICENTE, SP ..........................................................505
387 - ALTERAÇÃO ENZIMÁTICA CAUSADA PELO AUMENTO DE TEMPERATURA EM
PEIXE NEOTROPICAL EXPOSTO ÀS TOXINAS DA CIANOBACTÉRIA
Cylindrospermopsis raciborskii .......................................................................................508
392 - ESTUDO DA ECOTOXICIDADE DE IGARAPÉS URBANOS DE JI-PARANÁ / RO
.......................................................................................................................................511
424 - AVALIAÇÃO TEMPORAL DE HIDROCARBONETOS POLIAROMÁTICOS (HPAS)
NA ATMOSFERA DA REGIÃO GRULAC (GRUPO DE PAÍSES DA AMÉRICA LATINA E
CARIBE) .........................................................................................................................514
427 - INFLUÊNCIA DO USO NO SOLO NAS CONCENTRAÇÕES DE METAIS NO
SEDIMENTO DO RIO ITAPEMIRIM - ES .......................................................................517
433 - DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DE HIDROCARBONETOS POLIAROMÁTICOS (HPAS)
EM FASE GASOSA EM MEGACIDADES (SÃO PAULO - BRASIL E BOGOTÁ -
COLÔMBIA) ...................................................................................................................519
473 - AVALIAÇÃO ECOTOXICOLÓGICA DE LIXIVIADOS PROVENIENTES DE
RESÍDUOS ASFÁLTICOS..............................................................................................522
Contaminantes emergentes: fármacos, cosméticos e nanopartículas ........................524

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

12 - RESPOSTAS DE DIFERENTES BIOINDICADORES À POTENCIAL


ECOTOXICIDADE DO ÓXIDO DE GRAFENO REDUZIDO (RGO): SEGURANÇA
AMBIENTAL ...................................................................................................................525
20 - AÇÃO MUTAGÊNICA E EFEITOS DO CLORIDRATO DE METFORMINA SOBRE O
SISTEMA ANTIOXIDANTE EM Danio rerio (CYPRINIFORMES: CYPRINIDAE) ............527
25 - EFEITOS NEUROTÓXICOS E RESPIRATÓRIOS DE FÁRMACOS DE USO
HUMANO EM PEIXES NEOTROPICAIS: O CASO DE ESTUDO DO Phalloceros
harpagos ........................................................................................................................529
34 - TOXICIDADE AGUDA DA MISTURA DOS FÁRMACOS SINVASTATINA,
CLORIDRATO DE METFORMINA, DIAZEPAM E OMEPRAZOL ...................................532
40 - AVALIAÇÃO DA ECOTOXICIDADE AGUDA E CRÔNICA DO CONSERVANTE
METILPARABENO EM Ceriodaphnia silvestrii DADAY, 1902 (CRUSTACEA,
CLADOCERA) ................................................................................................................535
59 - SÍNTESE DE UM NOVO FENIL-BENZOTRIAZOL: CARACTERIZAÇÃO QUÍMICA E
ECOTOXICOLÓGICA ....................................................................................................537
62 - TOXICIDADE DE NANOPARTÍCULAS DE FERRO NA VALÊNCIA ZERO .............540
79 - EFEITOS COMPORTAMENTAIS EM Betta splendens EXPOSTOS À
CONTAMINAÇÃO AQUÁTICA POR FLUOXETINA .......................................................547
90 - TOXICIDADE CRÔNICA DOS FÁRMACOS NIMESULIDA, DIPIRONA, CICLO 21 E
RIVOTRIL .......................................................................................................................550
100 - DESEQUILÍBRIO FISIOLÓGICO DA MICROALGA Ankistrodesmus densus
EXPOSTA À CONCENTRAÇÕES AMBIENTALMENTE RELEVANTES DE
NANOPARTÍCULAS DE COBRE ...................................................................................553
111 - IMPACTO DO TRICLOSAN E DA CLOREXIDINA NA MICROBIOTA INTESTINAL E
NA ASSIMILAÇÃO DE NUTRIENTES DE Balloniscus selowii........................................556
117 - SUBLETHAL EFFECTS OF CAFFEINE IN Daphnia magna LIFE CYCLE: USING A
NEW-TERM ENDPOINT ................................................................................................558
120 - EVALUATION OF SUBLETHAL EFFECTS OF PSYCHOTROPIC DRUGS IN THE
MODEL ORGANISM Danio rerio: OXIDATIVE STRESS AND CHANGES IN METAL
HOMEOSTASIS .............................................................................................................561
129 - DROGAS ANTICÂNCERES NO AMBIENTE AQUÁTICO PODEM CAUSAR
CÂNCER: INSIGHT SOBRE MUTAGENICIDADE EM GIRINOS ...................................563
133 - EXPOSIÇÃO A LUZ VISÍVEL REDUZ A TOXICIDADE DE NANOPARTÍCULAS DE
PRATA EM SISTEMA-TESTE VEGETAL (Allium cepa) .................................................566
135 - AVALIAÇÃO DA CL-50 DE CLORIDRATO DE METFORMINA E EFEITO AGUDO
EM Danio rerio ...............................................................................................................568
144 - EFEITOS DE NANOPARTÍCULAS DE ÓXIDO DE COBRE (CUO) SOBRE O
CRESCIMENTO E ATIVIDADE FOTOSSINTÉTICA DE UMA CLOROFÍCEA DE ÁGUA
DOCE CULTIVADA SOB FOTOPERÍODO X LUZ CONTÍNUA ......................................570
163 - AVALIAÇÃO DA PRESENÇA DE MICROPLÁSTICOS EM SAIS DE ORIGEM
MARINHA DO BRASIL ...................................................................................................572
189 - CITOGENOTOXICIDADE DO REPELENTE PARA INSETOS DEET (N, N-DIETIL-3-
METILBENZAMIDA) UTILIZANDO CÉLULAS MERISTEMÁTICAS DE Allium cepa L.
COMO BIOENSAIO........................................................................................................575
193 - BIOMARCADORES BIOQUÍMICOS EM OSTRAS Crassostrea gigas (THUNBERG,
1793), EXPOSTA A FÁRMACOS. ..................................................................................578

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

195 - TOXICIDADE DO PROPRANOLOL (COMERCIAL VERSUS MANIPULADO), E DE


SUA MISTURA COM O CLORIDRATO DE FLUOXETINA, QUANDO TRATADO POR
RADIAÇÃO IONIZANTE .................................................................................................580
197 - MODULATION OF CADMIUM CELLULAR EFFECTS BY MULTIWALLED CARBON
NANOTUBES: QUANTIFYING METAL UPTAKE, OXIDATIVE STRESS AND
GENOTOXICITY ON ZEBRAFISH CELL LINE ...............................................................583
204 - EFEITO DA CAFEÍNA NA DECOMPOSIÇÃO AERÓBIA DE Myriophyllum aquaticum
(VELL. VERDC.) .............................................................................................................585
216 - EFEITOS DO CONTAMINANTE EMERGENTE LÍTIO, EM CONCENTRAÇÃO
CONSIDERADA AMBIENTALMENTE SEGURA PELO CONAMA, SOBRE A
METAMORFOSE DE RÃS-TOURO (lithobates CATESBEIANUS) .................................588
232 - CITOGENOTOXICIDADE DE REPELENTE COMERCIAL PARA INSETOS
CONTENDO ICARIDINA EM CÉLULAS MERISTEMÁTICAS DE Allium cepa COMO
BIOENSAIO....................................................................................................................590
234 - GENOTOXIC ANALYSIS OF NIOBIUM PENTOXIDE (NB2O5) NANOPARTICLES
IN Drosophila melanogaster ...........................................................................................593
239 - AVALIAÇÃO DOS EFEITOS BIOQUÍMICOS E GENOTÓXICOS DE
MICROPLÁSTICOS PARA O TELEÓSTEO Astyanax altiparanae .................................595
247 - RESISTÊNCIA AOS ANTIBIÓTICOS EM BACTÉRIAS ISOLADAS DE AMOSTRAS
DE SEDIMENTOS SUPERFÍCIAIS ................................................................................597
249 - BIOMARCADORES CELULARES PARA AVALIAÇÃO DOS EFEITOS DO
PARACETAMOL E DO PROPRANOLOL NA ESPÉCIE DE PEIXE NEOTROPICAL
Phalloceros harpagos .....................................................................................................599
263 - EFEITOS DA COEXPOSIÇÃO DO NANOMATERIAL DE DIÓXIDO DE TITÂNIO
(RUTILA) COM O ARSENITO NO BIVALVE Limnoperna fortunei ..................................602
278 - EVALUATION OF GRAPHENE EFFECTS IN DIFFERENT TISSUES OF Danio rerio
.......................................................................................................................................604
282 - REMOÇÃO DE TOXICIDADE E MICROCONTAMINANTES EMERGENTES EM
ESGOTO SANITÁRIO TRATADO EM WETLANDS CONSTRUÍDOS ............................606
296 - AVALIAÇÃO DA TOXICIDADE DO LIXIVIADO DE POLÍMEROS SINTÉTICOS E
BIOPOLÍMEROS EM Daphnia similis (CLADOCERA) ....................................................609
310 - ESTUDO DOS EFEITOS ECOTOXICOLÓGICOS DO FÁRMACO ACICLOVIR EM
Raphidocelis subcapitata ................................................................................................612
329 - TOXICIDADE DE TRÊS CONTAMINANTES EMERGENTES EM ORGANISMOS
MARINHOS NÃO ALVO. ................................................................................................615
335 - AVALIAÇÃO DA TOXICIDADE DO DICLOFENACO PARA DUAS MICROALGAS
DULCÍCOLAS: P. boruanum E D. communis .................................................................617
350 - AVALIAÇÃO DA SENSIBILIDADE DE ESPÉCIES MARINHAS À MISTURA DE
CELULOSE MICROFIBRILADA E EFLUENTE TRATADO.............................................620
361 - AVALIAÇÃO DA ECOTOXICIDADE CRÔNICA DOS FOTOPROTETORES
OCTOCRILENO E 2-ETILHEXIL-4-METOXICINAMATO EM Daphnia magna ...............623
374 - SENSIBILIDADE DE DUAS ESPÉCIES NEOTROPICAIS DE ÁGUA DOCE ÀS
EXPOSIÇÕES DE NANOPARTÍCULAS DE ÓXIDO DE COBRE ...................................626
376 - EFEITOS HEMATOLÓGICOS EM GIRINOS DE RÃ-TOURO (Lithobates
catesbeianus) EXPOSTOS AO EXTRATO DE PIRETRO CARREADOS EM
NANOPARTÍCULAS.......................................................................................................628

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

381 - OTIMIZAÇÃO DE PREPARO DE AMOSTRA PARA DETERMINAÇÃO DE


GLIFOSATO E AMPA EM AMOSTRAS AMBIENTAIS ...................................................630
383 - EFEITOS DO TRICLOSAN NO CRESCIMENTO DE MICROALGAS Raphidocelis
subcapitata .....................................................................................................................633
390 - AVALIAÇÃO DE EFEITOS TRANSGERACIONAIS DE TRICLOSAN E
TRICLOCARBAN EM CONCENTRAÇÕES AMBIENTAIS PARA D. magna...................636
393 - TOXICIDADE DO DICLOFENACO E METILPARABENO EM ADULTOS E LARVAS
DE ZEBRAFISH Danio rerio E EM ALEVINOS DE Pimephales promelas ......................639
432 - EFEITOS TÓXICOS DA FLUOXETINA NA MEIOSE DE ZEBRAFISH (Danio rerio)
.......................................................................................................................................642
436 - DEVELOPMENT OF METHODS FOR INVESTIGATING THE PRESENCE AND
CHARACTERISTICS OF MICROPLASTICS IN SEAWATER AND MARINE ORGANISMS
.......................................................................................................................................644
466 - ADSORÇÃO DE FLUOXETINA EM CARBONO MICRO/NANOESTRUTURADO
HÍBRIDO: INTERAÇÃO SONDADA POR EMBRIÕES DE PEIXE-ZEBRA .....................646
475 - RESISTÊNCIA A ANTIBIÓTICOS EM RESERVATÓRIO URBANO DE
ABASTECIMENTO PÚBLICO: UM ESTUDO DE CASO ................................................648
476 - QUALIDADE DA ÁGUA DE RESERVATÓRIOS URBANOS: ANÁLISES
MICROBIOLÓGICAS NO RESERVATÓRIO PIRAQUARA II .........................................651
477 - QUALIDADE MICROBIOLÓGICA DO RESERVATÓRIO PASSAÚNA: ANÁLISE DA
INFLUÊNCIA DE ESTAÇÕES ELEVATÓRIAS DE ESGOTO ........................................654
478 - OCCURRENCE OF ANTIBIOTICS IN FISH: A CASE STUDY IN TWO
SUBTROPICAL WATER RESERVOIRS ........................................................................657
Desreguladores endócrinos ............................................................................................659
68 - EFEITO DO 17α-ETINILESTRADIOL EM TRÊS GERAÇÕES DO CLADÓCERO
NATIVO Ceriodaphnia silvestrii ......................................................................................660
138 - AVALIAÇÃO DO PAPEL DESREGULADOR ENDÓCRINO DO HERBICIDA 2,4-D
EM Rhamdia quelen (SILURIFORMES: HEPTAPTERIDAE) ..........................................663
167 - AVALIAÇÃO DA ECOTOXICIDADE E ESTROGENICIDADE DE LIXIVIADOS
RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS DO ESTADO RIO DE JANEIRO ..............................666
181 - HORMÔNIOS TIREOIDIANOS COMO BIOMARCADORES DE EXPOSIÇÃO
AGUDA AO MANGANÊS EM Colossoma macropomum ................................................669
201 - AVALIAÇÃO DA PRESENÇA DE DESREGULADORES ENDÓCRINOS EM ÁGUA
SUBTERRÂNEA E TRATADA EM UMA ÁREA RURAL .................................................672
319 - EFEITO DE PRODUTOS ANTIOBESIDADE SOBRE BIOMETRIA, PESO,
BIOQUÍMICA SANGUÍNEA E DEPOSIÇÃO DE GORDURA EM RATOS INDUZIDOS À
OBESIDADE ..................................................................................................................675
322 - AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ESTROGÊNICA DO LODO BIOLÓGICO DO
TRATAMENTO COMBINADO DE ESGOTO SANITÁRIO E LIXIVIADO ........................677
323 - AVALIAÇÃO DO PROCESSO CL/UV NA DEGRADAÇÃO DE DESREGULADORES
ENDÓCRINOS: AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ESTROGÊNICA E ECOTOXICIDADE ...680
421 - CONTRIBUIÇÃO DO MATERIAL PARTICULADO PARA A ATIVIDADE
ESTROGÊNICA TOTAL EM MATRIZ AMBIENTAL ........................................................683
425 - DEGRADAÇÃO DO BISFENOL-A EM SOLUÇÕES AQUOSAS POR UV/H2O2 E A
AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ESTROGÊNICA ...............................................................686
451 - AVALIAÇÃO DA ESTROGENICIDADE E ECOTOXICIDADE NOS SEDIMENTOS E
ÁGUA SUPERFICIAL DA BAÍA DE GUANABARA .........................................................689

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14
XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Ecotoxicologia de comunidades e funcional .................................................................692


70 - USO DE BIOLOG ECOPLATE™ PARA INVESTIGAÇÃO DE TRAÇOS FUNCIONAIS
MICROBIANOS EM ÁREAS MINERADAS EM PROCESSO DE RECUPERAÇÃO .......693
95 - COMBINED EFFECT OF LIGHT AND TEMPERATURE ON GROWTH RATE,
PRODUCTION AND SAXITOXIN CELLULAR QUOTA IN Cylindrospermopsis raciborskii
STRAINS ........................................................................................................................695
344 - IMPACTS OF SEWAGE DISCHARGE BY SUBMARINE OUTFALLS ON
MEIOFAUNA DEPEND ON THE ENVIRONMENTAL SCENARIO .................................698
354 - INTEGRATED MONITORING OF A PUBLIC SUPPLY RIVER IN THE REGION OF
LOWER IGUAÇU BASIN - PARANÁ STATE ..................................................................700
418 - O USO DE MODELOS ECOSSISTÊMICOS PARA AVALIAÇÃO DOS EFEITOS
DOS AGROTÓXICOS KRAFT (I.G. ABAMECTINA) E SCORE (I.G. DIFENOCONAZOL)
NA COMUNIDADE DE MACROINVERTEBRADOS AQUÁTICOS .................................703
422 - EFEITO DA CONTAMINAÇÃO AMBIENTAL POR REJEITO DE MINERAÇÃO NA
COMINIDADE DE MACROINVERTEBRADOS AQUÁTICO: O CASO DA MINERADORA
SAMARCO (MARIANA/MG) ...........................................................................................705
Ecotoxicologia de misturas (multiestressores) .............................................................707
32 - REPRODUCTIVE, DEVELOPMENTAL AND BEHAVIORAL ASSESSMENT OF
AQUATIC ORGANISMS EXPOSED TO TWO PHARMACEUTICALS OF
ENVIRONMENTAL CONCERNING AND THEIR MIXTURE ACUTE TOXICITY ............708
33 - DEVELOPMENTAL AND BEHAVIORAL ASSESSMENT OF ZEBRAFISH EMBRYOS
EXPOSED TO A MIXTURE OF PHARMACEUTICALS AT ENVIRONMENTALLY
RELEVANT CONCENTRATIONS ..................................................................................711
71 - AVALIAÇÃO DO USO DO BIOSSÓLIDO SOBRE A REPRODUÇÃO E LETALIDADE
EM Enchytraeus cripticus E Folsomia candida ...............................................................714
72 - EFEITOS DO USO DO BIOSSÓLIDO PRODUZIDO NA ETE/CEDAE/ILHA DO
GOVERNADOR -RJ SOBRE A FUGA DE Eisenia andrei E Folsomia candida ..............716
77 - AVALIAÇÃO DA ECOTOXICIDADE DO LIXIVIADO DO ATERRO SANITÁRIO DE
SEROPÉDICA -RJ UTILIZANDO OS ORGANISMOS A. fischeri, D. similis E D. rerio ....718
84 - EFEITO DA TOXICIDADE DE MISTURA DO ANTI-INFLAMATÓRIO DICLOFENACO
SÓDICO E DO ANTIDEPRESSIVO CLORIDRATO DE FLUOXETINA PARA A Daphnia
similis .............................................................................................................................721
96 - EFEITOS DE POLUIÇÃO POR EFLUENTE DE ATERRO SANITÁRIO EM UMA
ESPÉCIE DE PEIXE NATIVA .........................................................................................724
118 - UTILIZAÇÃO DE BIOENSAIOS ECOTOXICOLÓGICOS PARA AVALIAÇÃO DE
POTENCIAL IMPACTO AMBIENTAL EM CORPOS RECEPTORES POR EFLUENTE
FINAL DE ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE ESGOTO ..............................................727
122 - ECOTOXICOLOGICAL EVALUATIONS OF LANDFILL LEACHATE ON THE
MODEL ORGANISMS Danio rerio AND Eisenia andrei ..................................................730
127 - EXPOSIÇÃO DE Physalaemus nattereri A LIXIVIADO DE CIGARROS EM
CONCENTRAÇÕES AMBIENTAIS E RELEVANTES .....................................................733
160 - MORTALITY, BODY MASS AND HISTOPATHOLOGICAL ALTERATIONS IN
Eisenia andrei AS ENDPOINTS FOR DECONTAMINATION OF SEWAGE SLUDGE ....736
170 - AVALIAÇÃO DA TOXICIDADE DAS MISTURAS DE BIOCIDAS IRGAROL E
DIURON E METAIS PARA EMBRIÕES DA Crassostrea rhizophorae ............................738
178 - EFEITOS CRÔNICOS DO HERBICIDA METSULFURON-METHYL COM E SEM
ADIÇÃO DE ADJUVANTE PARA A FAUNA EDÁFICA ..................................................740

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


15
XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

185 - DISPOSIÇÃO TERRESTRE DE SEDIMENTOS DRAGADOS DA LAGOA RODRIGO


DE FREITAS (RJ): EFEITOS ECOTOXICOLÓGICOS EM OLIGOQUETAS E
COLÊMBOLOS ..............................................................................................................742
260 - INFLUÊNCIA DE NÍVEIS SUBLETAIS DE AMÔNIA SOBRE A TOXICIDADE
AGUDA DE METAIS EM PÓS-LARVAS DE Litopenaeus vannamei ..............................744
268 - INGESTÃO DE ÁGUA CONTENDO UM MIX DE POLUENTES EM
CONCENTRAÇÕES AMBIENTALMENTE RELEVANTES CAUSA DÉFICIT DE
RESPOSTA DEFENSIVA EM MACHOS DE CAMUNDONGOS C57BL/6J ....................746
276 - ALTERAÇÕES CROMOSSÔMICAS E NUCLEARES EM CÉLULAS
MERISTEMÁTICAS DE Allium cepa INDUZIDAS POR RESÍDUOS DE CIGARRO EM
CONCENTRAÇÃO AMBIENTALMENTE RELEVANTE ..................................................749
294 - AVALIAÇÃO DOS EFEITOS ECOTOXICOGENÉTICOS, DO POTENCIAL
AGRONÔMICO, E DA MICROBIOTA DE AMOSTRAS DE LODO DE ESGOTO
BIOESTIMULADAS COM CASCA DE ARROZ ..............................................................752
317 - AVALIAÇÃO DA TOXICIDADE AGUDA DOS AGROTÓXICOS DMA® 806 BR (I.A
2,4-D) E REGENT® 800 WG (I.A. FIPRONIL) E SUAS MISTURAS SOBRE O
CLADÓCERO NEOTROPICAL Ceriodaphnia silvestrii ...................................................754
332 - IMPORTÂNCIA DA UTILIZAÇÃO DE BIOENSAIOS COM DIFERENTES NÍVEIS
TRÓFICOS PARA A AVALIAÇÃO DA ECOTOXICIDADE DE LIXIVIADOS DE ATERROS
SANITÁRIOS..................................................................................................................758
367 - AVALIAÇÃO DA ECOTOXICIDADE DO HERBICIDA METSULFURON-METHYL:
ENSAIOS MULTIESPÉCIE COM MINHOCAS E ISÓPODOS ........................................761
372 - EFEITOS DA EXPOSIÇÃO À PARTÍCULAS DE TINTA ANTI-INCRUSTANTE NO
CARANGUEJO Neohelice granulata ..............................................................................763
398 - AVALIAÇÃO DE ÁREA CONTAMINADA POR EFLUENTE SANITÁRIO ATRAVÉS
DE ENSAIO DE FUGA ...................................................................................................765
412 - SOLOS FERTIRRIGADOS COM VINHAÇA DA CANA-DE-AÇÚCAR AO LONGOS
DOS ANOS APRESENTAM TOXICIDADE EM BIOINDICADOR DE SOLO ...................767
413 - TOXICIDADE DE ELEMENTOS TERRAS RARAS EM DIFERENTES NÍVEIS
TRÓFICOS .....................................................................................................................769
479 - AVALIAÇÃO DA EFICIÊNCIA DO USO DE Ulva fasciata PARA REMOÇÃO DE
AMÔNIA EM ELUTRIATOS E TESTES COM Lytechinus variegatus .............................772
Ecotoxicologia: regulação e política ambiental .............................................................775
147 - ANÁLISE DA GERMINAÇÃO E CRESCIMENTO RADICULAR DE SEMENTES DE
ALFACE EXPOSTAS AO LODO DE ETA (RIO POXIM, SERGIPE) ...............................776
148 - REDUÇÃO DA SOBREVIVÊNCIA DE MICROCRUSTÁCEOS
ZOOPLANCTÔNICOS EXPOSTO AO LODO DE ETA (RIO POXIM, SERGIPE) ...........778
186 - AVALIAÇÃO QUALITATIVA DAS ÁGUAS DO LITORAL SUL DO ESPÍRITO SANTO
.......................................................................................................................................781
297 - IMPACTO NA SOBREVIVÊNCIA DE MISÍDEOS EXPOSTOS ÀS ÁGUAS DO
ESTUÁRIO DO RIO SERGIPE .......................................................................................784
298 - REDUÇÃO DA REPRODUÇÃO DE INVERTEBRADO BENTÔNICO EXPOSTO AO
SEDIMENTO DO ESTUÁRIO DO RIO SERGIPE...........................................................787
333 - CONVENÇÃO MARPOL: COMPARAÇÃO DE METODOLOGIAS NO CASO DA
AVALIAÇÃO DE FERTILIZANTES .................................................................................790
468 - AGROTÓXICOS E SUSTENTABILIDADE: UM OLHAR ATRAVÉS DA
MONOCULTURA DA LARANJA.....................................................................................792

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


16
XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Educação ambiental: ecotoxicologia e percepção pública ...........................................795


7 - CONCEPÇÕES DE ALUNOS DO ENSINO FUNDAMENTAL SOBRE OS IMPACTOS
AMBIENTAIS E PROBLEMAS REFERENTES AOS RESÍDUOS ...................................796
199 - O USO DOS MICROEUCARIOTOS CILIADOS (ALVEOTALA, CILIOPHORA) EM
ESTUDOS ECOTOXICOLÓGICOS: UMA ANÁLISE CIENCIOMÉTRICA ......................798
257 - ECOTOXICOLOGIA EM EVENTO DE POPULARIZAÇÃO DE CIÊNCIA NO
MUNICÍPIO DE CABO FRIO ..........................................................................................801
348 - GRUPO DE PESQUISA EM ECOTOXICOLOGIA TERRESTRE DA FURG: 5 ANOS
DE ESTUDOS NO EXTREMO SUL DO BRASIL ............................................................803
Efeito de contaminantes inorgânicos .............................................................................805
5 - ASSESSING TOXIC ELEMENTS IN AN ABNORMAL SPECIMEN OF Hypanus
guttatus (MYLIOBATIFORMES: DASYATIDAE) FROM THE NORTH COAST OF BRAZIL
.......................................................................................................................................806
22 - POTENCIAL DO ÓLEO DE ORÉGANO COMO ATENUADOR DOS DANOS
CAUSADOS PELA EXPOSIÇÃO AO ARSÊNIO NOS TECIDOS DE Astyanax aff.
bimaculatus ....................................................................................................................809
31 - AVALIAÇÃO DO SEDIMENTO DO RESERVATÓRIO GUARAPIRANGA EM
RELAÇÃO A DISTRIBUIÇÃO DE COBRE .....................................................................811
35 - AVALIAÇÃO DA TOXICIDADE DO MANGANÊS PARA A ESPÉCIE TROPICAL
Chironomus inquinatus (DIPTERA, CHIRONOMIDAE) ..................................................813
38 - ESTUDO DO COBRE EM Desmodesmus spinosus (CHLOROPHYCEAE,
SCENEDESMACEAE): 48 H VS 96 H DE EXPOSIÇÃO ................................................816
48 - AVALIAÇÃO DA CITO-GENOTOXICIDADE DE CONCENTRAÇÕES DE
MANGANÊS (MN) EXISTENTE EM ÁGUAS SUBTERRÂNEAS QUE EXCEDEM O
LIMITE NACIONAL PERMITIDO EM CÉLULAS DE CHO ..............................................819
60 - IMPLANTAÇÃO DE CULTIVO E ENSAIO DE SENSIBILIDADE COM EMBRIÕES DE
PEIXE Danio rerio ..........................................................................................................821
78 - INFLUÊNCIA DOS PARÂMETROS FÍSICO-QUÍMICOS NA ECOTOXICIDADE DE
METAIS PESADOS EM EFLUENTES INDUSTRIAIS ....................................................823
82 - METAIS PESADOS (AL, AS, BA, BE, MN, PB E SR) EM AMOSTRAS DE ÁGUA
SUBTERRÂNEA NA CIDADE DE OURO PRETO D’OESTE/RO ...................................826
91 - EFEITOS DE METAIS SOBRE O APARATO FOTOSSINTÉTICO DE UMA
CLOROFÍCEA DE ÁGUA DOCE ....................................................................................829
93 - EXPOSIÇÃO DE CURTO PRAZO DA CLOROFÍCEA Raphidocelis subcapitata AOS
METAIS CROMO E MANGANÊS: EFEITOS NO APARATO FOTOSSINTÉTICO E
CRESCIMENTO .............................................................................................................831
105 - CONTAMINAÇÃO DA ÁGUA SUBTERRÂNEA POR METAIS PESADOS NA
CIDADE DE PRESIDENTE MÉDICI, RONDÔNIA ..........................................................833
121 - SENSIBILIDADE DA MICROALGA Chlorella sorokiniana (ORGANISMO-TESTE) AO
INSETICIDA FIPRONIL ..................................................................................................836
132 - AVALIAÇÃO DA TOXICIDADE DE UM METAL ESSENCIAL E UM NÃO
ESSENCIAL SOBRE A EFICIÊNCIA FOTOSSINTÉTICA DE Pseudokirchneriella
subcapitata .....................................................................................................................838
179 - METANÁLISE DOS EFEITOS DOS HERBICIDAS SOBRE A FAUNA DO SOLO .840
212 - EFEITOS DO MICROPLÁSTICO E DE SUA ASSOCIAÇÃO COM COBRE EM
BIOMARCADORES BIOQUÍMICOS DO TELEÓSTEO NEOTROPICAL Prochilodus
lineatus ...........................................................................................................................842

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

213 - EFEITOS ECOTOXICOLÓGICOS DE NANOPARTÍCULAS DE ÓXIDO DE ZINCO


EM ALGUNS ASPECTOS DA SOBREVIVÊNCIA, REPRODUÇÃO E
DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO DE Biomphalaria glabrata (SAY, 1818) ............844
218 - AVALIAÇÃO DA TOXICIDADE DE DICROMATO DE POTÁSSIO PARA ALEVINOS
DE Colossoma macropomum (CUVIER, 1818) - TAMBAQUI .........................................847
222 - AVALIAÇÃO DOS EFEITOS ECOTOXICOLÓGICOS DE NANOPARTÍCULAS DE
ÓXIDO DE ZINCO (NPS ZNO) EM Biomphalaria glabrata (SAY 1818) (GASTROPODA:
PULMONATA): CITOMETRIA DE FLUXO COMO FERRAMENTA DE ANÁLISE DA
VIABILIDADE CELULAR DA HEMOLINFA.....................................................................849
225 - DETERMINAÇÃO DE ELEMENTOS TRAÇO EM Sciades proops NO ESTUÁRIO
DO RIO JAPARATUBA, SE ............................................................................................852
230 - TOXICIDADE DO COBRE PARA O CAMARÃO BRANCO DO PACÍFICO
(Litopenaeus vannamei) EM DIFERENTES SALINIDADES ...........................................855
233 - BIOMARCADORES BIOQUÍMICOS E FISIOLÓGICAS EM DUAS ESPÉCIES DE
PEIXES NEOTROPICAIS (Hoplias malabaricus E Astyanax altiparanae) EXPOSTAS AO
COBRE ..........................................................................................................................857
236 - CONCENTRAÇÃO DE MERCÚRIO E SELÊNIO EM PENAS DE ATOBÁ-MARROM
(Sula leucogaster) DA COSTA BRASILEIRA..................................................................859
243 - TOXICIDADE DE CÉLULAS ALGAIS EXPOSTAS AO FÓSFORO E ZINCO SOBRE
O CLADÓCERO Ceriodaphnia silvestrii .........................................................................861
245 - TOXICIDADE DE MATERIAL PARTICULADO AÉREO GERADO A PARTIR DA
QUEIMA DE MADEIRA TRATADA E MADEIRA NÃO TRATADA COM ARSENIATO DE
COBRE CROMATADO (CCA) ........................................................................................864
280 - SENSIBILIDADE DAS MICROALGAS Chlorella sorokiniana E Scenedesmus
quadricauda (CHLOROPHYCEAE) AO CLORETO DE SÓDIO ......................................867
281 - ELEMENTOS-TRAÇO EM MÚSCULO DE CORVINAS (Micropogonias furnieri) DA
BAÍA DE GUANABARA: FERRAMENTAS PARA AVALIAÇÃO ECOLÓGICA DA ESPÉCIE
E EXPOSIÇÃO HUMANA A SUBSTÂNCIAS TÓXICAS .................................................870
293 - EFEITOS DO COBRE EM Scenedesmus quadricauda: ESTUDO DA
FOTOSSÍNTESE EM CONCENTRAÇÕES AMBIENTALMENTE RELEVANTES...........872
301 - ECOTOXICIDADE DE REJEITOS MINERÁRIOS PROVENIENTE DA RUPTURA
DA BARRAGEM DE FUNDÃO, MARIANA (MG), PARA COLÊMBOLOS .......................875
304 - SELEÇÃO DE ESPÉCIES VEGETAIS TOLERANTES A REJEITO DE MINERAÇÃO
DE FERRO .....................................................................................................................877
305 - TOXICIDADE DE REJEITO DE MINERAÇÃO DE FERRO PARA Enchytraeus
crypticus, Folsomia candida E Lycopersicon licopersicum ..............................................879
306 - POTENCIAIS EFEITOS TÓXICOS À SAÚDE HUMANA PELA EXPOSIÇÃO A
REJEITOS DE MINERAÇÃO DE FERRO ......................................................................882
318 - AVALIAÇÃO DE MERCÚRIO DA RESERVA BIOLÓGICA DO JARU - RO ...........885
331 - AVALIAÇÃO DA QUALIDADE AMBIENTAL DOS CURSOS HÍDRICOS AFETADOS
PELO VAZAMENTO DE POLPA DE MINÉRIO DE FERRO EM SANTO ANTÔNIO DO
GRAMA/MG ...................................................................................................................888
347 - AVALIAÇÃO DA TOXICIDADE AGUDA EM GIRINOS DA ESPÉCIE Lithobates
catesbeianus EXPOSTOS AO REJEITO DE MINERAÇÃO PROVENIENTE DO
ROMPIMENTO DA BARRAGEM DE FUNDÃO (MARIANA-MG)....................................890
391 - EFEITOS DA EXPOSIÇÃO AGUDA (24H) AO ARSÊNIO PARA UMA ESPÉCIE DE
PEIXE NEOTROPICAL (Prochilodus lineatus) ...............................................................893

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

399 - EFEITOS DO COBRE E DO CÁDMIO, ISOLADOS E EM MISTURA, NO PEIXE


Geophagus brasiliensis: PARÂMETROS HEMATOLÓGICOS E BIOMARCADORES DE
ESTRESSE OXIDATIVO ................................................................................................895
401 - EXPOSIÇÃO PROLONGADA AO ZINCO PROMOVE ALTERAÇÕES
OSMORREGULATÓRIAS NO TELEÓSTEO NEOTROPICAL Prochilodus lineatus .......897
428 - RESPOSTAS TÓXICAS DE Poecillia reticulata (CYPRINODONTIFORMES:
POECILIIDAE) EXPOSTAS A CONCENTRAÇÕES AMBIENTAIS DE METAIS NO
SEDIMENTO: UM ESTUDO DE CASO COM VALORES DA LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
.......................................................................................................................................899
450 - AÇÃO DO MERCÚRIO NO SISTEMA HEPATONEFROCÍTICO E EXPRESSÃO DE
HSP70, HSP90, SUPEROXIDO DISMUTASE E CITOCROMO P450 EM Bombus atratus
(HYMENOPTERA: BOMBINI).........................................................................................901
462 - BAIXAS DOSES DE METAMIDOFÓS, GLIFOSATO E MANCOZEBE NÃO
ALTERAM A CONCENTRAÇÃO DE COLINESTERASE EM Poecilia reticulata .............903
474 - AVALIAÇÃO DA TOXICIDADE DO HERBICIDA PARAQUAT® E SEUS EFEITOS
SOBRE O COMPORTAMENTO DO PEIXE TAMBAQUI (Colossoma macropomum,
CUVIER, 1818)...............................................................................................................905
Efeito de contaminantes orgânicos ................................................................................908
6 - ECOTOXICOLOGIA DE VINHAÇA CENTRIFUGADA PARA MICROALGAS
ORIUNDAS DE DIFERENTES AMBIENTES VISANDO O EMPREGO
BIOTECNOLÓGICO DOS ORGANISMOS .....................................................................909
10 - INFLUÊNCIA DA VIA DE EXPOSIÇÃO NOS EFEITOS GENOTÓXICOS E
MORFOLÓGICOS DO BENZO(α)PIRENO EM Physalaemus nattereri (ANURA) ..........911
19 - EFEITOS DE HERBICIDAS ROUNDUP, A BASE DE GLIFOSATO, SOBRE
PADRÕES COMPORTAMENTAIS DO PEIXE ESTUARINO Jenynsia multidentata ......913
23 - FITOXICIDADE NO PROCESSO DE ATENUAÇÃO NATURAL DE SOLO
CULTIVADO COM CANA-DE-AÇÚCAR COM TEBUTIUROM E VINHAÇA ...................915
43 - EFEITOS MORFOLÓGICOS E COMPORTAMENTAIS DO FENANTRENO NO
DESENVOLVIMENTO EMBRIO-LARVAL DE Danio rerio ..............................................917
61 - AVALIAÇÃO DA TOXICIDADE AGUDA DE SULFONAMIDAS PARA O
MICROCRUSTÁCEO Daphnia similis ............................................................................920
74 - EFEITOS ECOTOXICOLÓGICOS DO DESCARTE DA ÁGUA DE PRODUÇÃO DE
PETRÓLEO NO AMBIENTE MARINHO .........................................................................922
76 - GESTÃO DOS DEJETOS LÍQUIDOS DE SUÍNOS (DLS) EM MICROBACIA
HIDROGRÁFICA NO MUNICÍPIO DE CONCÓRDIA (SC) .............................................927
80 - AVALIAÇÃO DA TOXICIDADE DE EFLUENTE DOMÉSTICO APÓS TRATAMENTO
BIOLÓGICO ANAERÓBIO E AERÓBIO NUMA ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE
ESGOTOS, NATAL/RN ..................................................................................................930
81 - UTILIZANDO Nitokra sp. COMO ORGANISMO TESTE EM EFLUENTES
DOMÉSTICOS ...............................................................................................................932
89 - AVALIAÇÃO DA ECOTOXICIDADE AGUDA DO LORSBAN® 480 BR ANTES E
APÓS DEGRADAÇÃO POR FOTÓLISE DIRETA ..........................................................935
110 - AVALIAÇÃO DO ESTRESSE OXIDATIVO EM PEIXES SUBMETIDOS A
CONCENTRAÇÕES SUBLETAIS DE TRICLORFON ....................................................938
128 - ECOTOXICOLOGICAL EVALUATION OF POULTRY LITTER FERTILIZED SOIL
ON Eisenia andrei (OLIGOCHAETA)..............................................................................941

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

157 - AVALIAÇÃO DA TOXICIDADE DO TRIBUTILESTANHO (TBT) PARA EMBRIÕES E


LARVAS DE DANIO RERIO ...........................................................................................943
173 - BIOATIVIDADE DE EXTRATOS AQUOSOS DE PLANTAS INSETICIDAS DO
CERRADO SOBRE TRAÇA-DAS-CRUCÍFERAS...........................................................946
194 - ANÁLISE FITOTOXICOLÓGICA DO LODO E DO FERTILIZANTE QUÍMICO ......949
203 - TOXICIDADE DO FIPRONIL SOBRE Enchytraeus crypticus EM SOLO NATURAL
TROPICAL: RESULTADOS PRELIMINARES ................................................................952
205 - TOXICIDADE AGUDA DO HERBICIDA DIURON PARA DAPHNIA MAGNA ........954
209 - EFEITOS AGUDOS EM Paramecium caudatum (ALVEOLATA: CILIOPHORA),
EXPOSTOS A CIANOBACTÉRIAS ................................................................................957
210 - AVALIAÇÃO DA TOXICIDADE DO UMECTANTE NÃO IÔNICO E DO CORANTE
REATIVO RED 239 SUBMETIDOS À IRRADIAÇÃO POR FEIXE DE ELÉTRONS ........960
214 - GENOTOXICIDADE DE ANESTÉSICOS UTILIZADOS NO MANEJO DE PEIXES
EM PISCICULTURA .......................................................................................................963
215 - EFEITOS GENOTÓXICOS E BIOQUÍMICOS DOS INSETICIDAS λ-CIALOTRINA E
IMIDACLOPRID, ISOLADOS E EM MISTURA, PARA O TELEÓSTEO Prochilodus
lineatus ...........................................................................................................................965
220 - ANÁLISE DO EFEITO CONJUNTO DAS AMINAS BIOGÊNICAS CADAVERINA E
PUTRESCINA SOBRE CULTURAS DE CÉLULAS HEPÁTICAS HUMANAS ................967
226 - TOXICIDADE DO GLIFOSATO EM SOLO DE CULTIVO DE CACAU NA
AMAZÔNIA (PARÁ)........................................................................................................969
235 - ESTUDO DO POTENCIAL TÓXICO DE GARRAFAS BIODEGRADÁVEIS
FABRICADAS COM MATERIAL DO CAJUEIRO (Anacardium occidentale L.) A
ORGANISMOS ZOOPLANTÔNICOS .............................................................................971
240 - TOXICOLOGICAL HAZARD OF DISPERSE RED 1 TEXTILE DYE ON MAMMAL
GERM CELLS ................................................................................................................974
267 - ECOTOXICOLOGICAL ASSESSMENT OF A NOVEL POTENTIAL FORMICIDE: IN
VITRO AND IN VIVO ANALYSIS....................................................................................976
295 - EFEITO TÓXICO DO ÓLEO VAZADO NA PRAIA DE JATOBÁ (BARRA DOS
COQUEIROS-SE) ..........................................................................................................978
307 - AVALIAÇÃO ECOTOXICOLÓGICA DE FLUIDO DE REFERÊNCIA DE BASE NÃO
AQUOSA (14,5 PPG) UTILIZANDO Grandidierella bonnieroides E Leptocheirus
plumulosus .....................................................................................................................981
312 - TOXICIDADE AGUDA DA CIPERMETRINA E SEUS EFEITOS
HISTOPATOLÓGICOS NO FÍGADO DE TAMBAQUI Colossoma macropomum ...........984
349 - EFFECT OF BIOCIDES DIURON, IRGAROL 1051, CHLOROTHALONIL AND
DICHLOFLUANID ON THE SURVIVAL, BEHAVIOR, GROWTH AND REPRODUCTION
OF C. elegans ................................................................................................................987
359 - EFEITOS DA CIANOBACTÉRIA NEUROTÓXICA Cylindrospermopsis raciborskii
(CYLCAM-1) SOBRE PARÂMETROS REPRODUTIVOS E COMPORTAMENTO
ALIMENTAR DE Daphnia spp. .......................................................................................989
386 - EFEITOS DO BIOCIDA DCOIT EM PARÂMETROS DO SISTEMA IMUNE DO
MEXILHÃO Perna perna ................................................................................................992
406 - AVALIAÇÃO DA TOXICIDADE AGUDA DO HERBICIDA 2,4-D (DMA® 806) E DO
INSETICIDA FIPRONIL (REGENT 800WG) EM ESPÉCIES DE GIRINOS (Leptodactylus
fuscus, Physalaemus nattereri, Lithobates catesbeianus)...............................................995

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

407 - OTIMIZAÇÃO DE ENSAIOS DE GERMINAÇÃO PARA AVALIAÇÃO


TOXICOLÓGICA DE SOLOS CONTAMINADOS POR EFLUENTES OLEOSOS ...........998
409 - EFEITOS FITOTÓXICOLÓGICOS DO HERBICIDA COMERCIAL DMA 806 BR
SOBRE Brassica rapa E Allium cepa, EM SOLO ARTIFICIAL TROPICAL (SAT) E SOLO
NATURAL TROPICAL (SN) ..........................................................................................1001
410 - EFEITOS ECOTOXICOLÓGICOS DO HERBICIDA DMA 806BR® (I.A. 2,4-D) NA
MACRÓFITA AQUÁTICA Lemna minor........................................................................1004
411 - SENSIBILIDADE DE MACROINVERTEBRADOS AQUÁTICOS BENTÔNICOS
NEOTROPICAIS AO INSETICIDA REGENT 800WG® (I.A. FIPRONIL) ......................1007
416 - EFEITOS FITOTÓXICOLÓGICOS DO FIPRONIL PARA Brassica rapa E Allium
cepa, EM SOLO ARTIFICIAL TROPICAL (SAT) E SOLO NATURAL TROPICAL (SN) 1010
429 - TESTE DE FUGA EM SOLO NATURAL TROPICAL SOBRE Enchytraeus crypticus
UTILIZANDO O INSETICIDA FIPRONIL ......................................................................1013
430 - A MICROCISTINA-LR CAUSA EFEITOS DE DESREGULAÇÃO ENDÓCRINA EM
Oreochromis niloticus (LINNAEUS, 1758) APÓS EXPOSIÇÃO SUBCRÔNICA A DOSES
REALÍSTICAS ..............................................................................................................1015
431 - A GLYPHOSATE-BASED HERBICIDE REDUCES FERTILITY, EMBRYONIC
UPPER THERMAL TOLERANCE AND ALTERS EMBRYONIC DIAPAUSE OF THE
THREATENED ANNUAL FISH Austrolebias nigrofasciatus..........................................1020
435 - SENSIBILIDADE AGUDA, COMPORTAMENTO DE EVITAÇÃO E NATAÇÃO EM
GIRINOS DE RÃ-TOURO EXPOSTOS AO HERBICIDA DIURON ...............................1022
444 - DETERMINAÇÃO DA TOXICIDADE AGUDA (CL50) DO LÍQUIDO DA CASCA DA
CASTANHA DE CAJU TÉCNICO (LCCT) E SEU SULFONATO (LCCTSNA) UTILIZANDO
Oreochromis niloticus ...................................................................................................1025
445 - CONTAMINANTS OF EMERGING CONCERN AND THEIR EFFECTS IN A WATER
BODY PASSING THROUGH A MEDIUM-SIZED BRAZILIAN CITY .............................1027
449 - FITOTOXICIDADE DA BORRA OLEOSA EM SEMENTES DE Eruca sativa NAS
DIFERENTES FASES DA CONTAMINAÇÃO EM SOLO .............................................1030
458 - AVALIAÇÃO DA ECOTOXICIDADE DOS CORANTES REATIVO AZUL E REATIVO
VERMELHO EM Daphnia magna .................................................................................1032
469 - BIOCHAR DE EUCALIPTO EM SOLO NATURAL: ESTUDO ECOTOXICOLÓGICO
EM Eisenia andrei ........................................................................................................1035
Genotoxicidade ambiental .............................................................................................1037
51 - PERFIL DA FREQUÊNCIA DE MICRONÚCLEOS E ANORMALIDADES
NUCLEARES EM Prochilodus lacustris EM UM LAGO TROPICAL NO NORDESTE DO
BRASIL ........................................................................................................................1038
64 - OTIMIZAÇÃO METODOLÓGICA DO ENSAIO COMETA PARA AVALIAÇÃO DE
DANOS GENOTÓXICOS DO ANFÍPODE Parhyale hawaiensis...................................1041
73 - ANÁLISE CITOTÓXICA, GENOTÓXICA E MUTAGÊNICA EM AMOSTRAS DE
ÁGUA DO RIO DOCE PELO BIOENSAIO Allium cepa ................................................1043
75 - DIAGNÓSTICO GENOTÓXICO E HISTOPATOLÓGICO APÓS DESASTRE
AMBIENTAL QUE RESULTOU NA MORTANDADE DE PEIXES NA RESEX ACAÚ-
GOIANA, PERNAMBUCO, BRASIL..............................................................................1045
106 - AVALIAÇÃO DA GENOTOXICIDADE DE VINHAÇA DE CANA-DE-AÇÚCAR
FITORREMEDIADA POR Eichhornia crassipes POR MEIO DO TESTE DE
MICRONÚCLEO EM ERITRÓCITOS DE Oreochromis niloticus ..................................1047

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

113 - BIOMARCADORES DE GENOTOXICIDADE EM PARTÍCULAS INALÁVEIS (PM2,5)


E EM LINFÓCITOS DE CRIANÇAS EM ÁREA URBANA E INDUSTRIAL DO EXTREMO
SUL DO BRASIL ..........................................................................................................1050
136 - TOXICIDADE CELULAR E GONADOSSOMÁTICA DOS HERBICIDAS GLIFOSATO
E ROUNDUP® EM PEIXES Danio rerio .......................................................................1052
139 - ESTUDO DO HERBICIDA GLIFOSATO EM OVÁRIOS DO PEIXE Danio rerio ..1055
142 - ANÁLISE DAS LACUNAS E TENDÊNCIAS MUNDIAIS PARA OS ESTUDOS
SOBRE MUTAGENICIDADE DO HERBICIDA 2,4-D: UMA REVISÃO CIENCIOMÉTRICA
.....................................................................................................................................1058
143 - AVALIAÇÃO ECOTOXICOLÓGICA DE FILMES MULCH DE POLI (BUTILENO
ADIPATO CO-TEREFTALATO) PELOS BIOENSAIOS COM Lactuca sativa E Allium cepa
.....................................................................................................................................1061
145 - AVALIAÇÃO DA CITOTOXICIDADE E GENOTOXICIDADE DE SOLOS
ASSOCIADOS COM FILMES MULCH DE POLI (BUTILENO ADIPATO CO-
TEREFTALATO), POR MEIO DE BIOENSAIOS COM CÉLULAS HEPG2/C3A ...........1063
169 - EFEITOS CITOGENOTÓXICOS DA ASSOCIAÇÃO DAS AMINAS BIOGÊNICAS
CADAVERINA E PUTRESCINA EM Allium cepa..........................................................1065
175 - AVALIAÇÃO DA GENOTOXICIDADE DE EFLUENTES DE ESGOTO, ANTES E
APÓS TRATAMENTO DE DESINFECÇÃO POR OXIDAÇÃO AVANÇADA, POR MEIO
DO ENSAIO DO COMETA EM CÉLULAS HEPG2/C3A ...............................................1067
192 - TEMPERATURE AFFECTS THE TOXICITY OF LEAD-CONTAMINATED FOOD IN
Geophagus brasiliensis (QUOY & GAIMARD, 1824) ....................................................1069
223 - AVALIAÇÃO HISTOQUÍMICA DO CORPO GORDUROSO DE DIPLÓPODOS
EXPOSTOS AO HERBICIDA 2,4-D ..............................................................................1071
227 - TOXICIDADE DO HERBICIDA 2,4-D AVALIADA NO INTESTINO MÉDIO DE UM
REPRESENTANTE DA FAUNA EDÁFICA (Rhinocricus padbergi - DIPLOPODA) .......1074
253 - PADRONIZAÇÃO DO ENSAIO COMETA PARA ESTUDOS DE GENOTOXICIDADE
EM ABELHAS NEOTROPICAIS DA ESPÉCIE Bombus atratus ...................................1077
254 - PADRONIZAÇÃO DO ENSAIO COMETA PARA ESTUDOS DE GENOTOXICIDADE
EM ABELHAS AFRICANIZADAS DA ESPÉCIE Apis mellifera .....................................1079
271 - FREQUÊNCIA DE MICRONÚCLEOS EM 4 ESPÉCIES DE PEIXES DO RIO
SOROCABA, SP, BRASIL PARA AVALIAR IMPACTO GENOTOXICOLÓGICO ..........1081
285 - DANO GENOTOXICO EM CELOMOCITOS DE Eisenia andrei EXPOSTOS A
SOLOS URBANOS ......................................................................................................1083
286 - AVALIAÇÃO DE POTENCIAL GENOTÓXICO DO POLIVINIL-ÁLCOOL (PVA) EM
GIRINOS DE RÃ-TOURO (Lithobates catesbeianus) ...................................................1085
287 - TESTE DE MICRONÚCLEO EM ERITRÓCITOS DE Astyanax lacustris
(TELEOSTEI, CHARACIDAE) REVELA AÇÃO GENOTÓXICA NAS ÁGUAS DO
SUBMÉDIO SÃO FRANCISCO (POLO JUAZEIRO/BA E PETROLINA/PE) .................1087
292 - PRESENÇA DE MICRONÚCLEOS EM FILHOTES RECÉM ECLODIDOS DE
Podocnemis expansa ...................................................................................................1089
334 - AVALIAÇÃO TÓXICOGENÉTICA DE RECURSOS HÍDRICOS CAPIXABAS, POR
MEIO DO BIOENSAIO COM Allium cepa .....................................................................1091
337 - AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DA ÁGUA E DO POTENCIAL GENOTÓXICO PARA
TRÊS ESPÉCIES DE PEIXES NA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO GRAVATAÍ, RS,
BRASIL ........................................................................................................................1093

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22
XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

353 - AVALIAÇÃO CITOGENOTÓXICA DO SEDIMENTO DA BACIA DO RIO DOCE


APÓS O ROMPIMENTO DA BARRAGEM DE MINÉRIO DE FERRO EM MARIANA -
MINAS GERAIS ...........................................................................................................1095
355 - POTENCIAL GENOTOXICOLÓGICO DE ÁGUAS DO RIO ITAPETININGA EM
CÉLULAS RADICULARES DE Allium cepa ..................................................................1097
356 - AVALIAÇÃO FITOTÓXICA E CITOGENOTÓXICA DO INSETICIDA
IMIDACLOPRIDO POR MEIO DO BIOENSAIO COM Allium cepa ...............................1099
368 - TESTE DE Salmonella/MICROSSOMA EM AMOSTRAS DE ÁGUAS
SUPERFICIAIS DA BACIA DO RIO DOCE EM GOVERNADOR VALADARES-MG .....1101
378 - USO DE DIFERENTES ORGANISMOS BIOINDICADORES PARA A AVALIAÇÃO
DA TOXICIDADE DE NANOPARTÍCULAS DE PRATA ................................................1103
380 - ANÁLISE DA GENOTOXICIDADE, DA CITOTOXIDADE E DA CONCENTRAÇÃO
DE METAIS NA ÁGUA DO RIO GRAVATAÍ, RS, BRASIL ...........................................1106
400 - AVALIAÇÃO DAS ALTERAÇÕES GENÉTICAS EM PINTADO AMAZÔNICO
PROVENIENTES DE PESQUEIRO NA CIDADE DE DOURADOS-MS........................1109
405 - ANÁLISE DA GENOTOXICIDADE EM ABELHAS NATIVAS Eulaema nigrita
LEPELETIER (HYMENOPTERA, APIDAE, EUGLOSSINI) EM ÁREAS ANTROPIZADAS E
NÃO ANTROPIZADAS DA FLORESTA NACIONAL DE SILVÂNIA, GOIÁS, BRASIL ..1111
417 - POTENCIAL GENOTÓXICO DE L-CARNITINA EM Astyanax lacustris ..............1114
442 - FITOTOXICIDADE DE SOLO IMPACTADO POR REJEITOS DE MINÉRIO
UTILIZANDO Allium cepa COMO BIOINDICADOR ......................................................1116
454 - TOXICIDADE E CITOGENOTOXICIDADE DA ÁGUA E SEDIMENTO DO RIO SÃO
FRANCISCO (SUBMÉDIO SÃO FRANCISCO) SOB INFLUÊNCIA DO CANAL DO
TOURÃO (JUAZEIRO/BA) REVELADA PELO BIOENSAIO COM Allium cepa L..........1119
460 - UTILIZAÇÃO DE MODELOS PÍSCEOS COMO BIOINDICADORES PARA
AVALIAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DAS VÁRZEAS DO RIO
IVINHEMA/MS ..............................................................................................................1122
471 - GENOTOXICITY OF AGRICULTURAL SOILS UNDER CONVENTIONAL
MANAGEMENT IN Allium cepa L. CROPS...................................................................1124
Integração de ecossistemas e saúde humana .............................................................1127
4 - ENSAIOS DE TOXICIDADE COM Raphidocelis subcapitata E Lactuca sativa EM
EFLUENTE TÊXTIL......................................................................................................1128
87 - ÁGUA DE QUALIDADE, MAS PARA QUEM? UM ESTUDO SOBRE A PERCEPÇÃO
DA QUALIDADE DA ÁGUA POR POPULAÇÕES AMAZÔNICAS ................................1131
258 - DETERMINAÇÃO DE ÍONS NITROGENADOS EM RIO DO NORORESTE
GAÚCHO: CONTAMINAÇÃO E RISCO DE METAHEMOGLOBINEMIA ......................1133
328 - AVALIAÇÃO DA ECOTOXICIDADE DA SUBSTÂNCIA NATURAL 1-DODECANOL
PARA CONTROLE DO Aedes aegypti, NO COPÉPODO MARINHO Tisbe biminiensis
.....................................................................................................................................1135
426 - ASSOCIAÇÃO ENTRE A CONCENTRAÇÃO DE METAIS NA URINA DE
AGRICULTORES DA REGIÃO SUDOESTE DO ESPÍRITO SANTO E A EXPOSIÇÃO A
AGROTÓXICOS ...........................................................................................................1138
453 - CONCENTRAÇÃO DE METAIS E ARSÊNIO NO PESCADO ORIUNDO DA BACIA
DO RIO DOCE APÓS O ROMPIMENTO DA BARRAGEM DE FUNDÃO MARIANA -
MG/BRASIL ..................................................................................................................1140
459 - TIPO E PROFUNDIDADE DE POÇOS INFLUENCIAM NO POTENCIAL
CITOTÓXICO E GENOTÓXICO DA ÁGUA EM CÉLULAS DE Allium cepa?................1142

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


23
XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

461 - EFEITO DAS CONDIÇÕES AMBIENTAIS, SEXO, IDADE E USO DE


MEDICAMENTOS EM CÉLULAS DE MUCOSA BUCAL: UM ESTUDO DO EXPOSOMA
HUMANO .....................................................................................................................1144
Manejo, remediação e controle de riscos .....................................................................1146
11 - MANEJO SUSTENTÁVEL DOS CARTUCHOS DE RESPIRADORES SEMIFACIAIS
CONTENDO COMPOSTOS ORGÂNICOS VOLÁTEIS ................................................1147
154 - MUTAGENICIDADE COMO ESTRATÉGIA PARA AVALIAÇÃO DE SOLO DE ÁREA
CONTAMINADA PÓS-BIORREMEDIAÇÃO .................................................................1149
161 - EFFECTS OF BIOSTIMULATION BY SUGARCANE BAGASSE AND COFFEE
GROUNDS ON SEWAGE SLUDGE, FOCUSING AGRICULTURAL USE:
RESPIROMETRIC ASSESSMENT AND TOXICITY REDUCTION ...............................1152
211 - BIOENSAIOS COM COLÊMBOLOS E MINHOCAS PARA AVALIAÇÃO DO
TRATAMENTO DE RESÍDUOS DE MINERAÇÃO DE CARVÃO EM CENÁRIO DE
DISPOSIÇÃO EM SOLO ..............................................................................................1154
248 - ANÁLISE E MONITORAMENTO DE MICROALGAS POTENCIALMENTE NOCIVAS
EM FAZENDA MARINHA DE ARMAÇÃO DE BÚZIOS - RJ .........................................1156
255 - AVALIAÇÃO ECOTOXICOLÓGICA PARA Daphnia magna E SEMENTES DE
RÚCULA DE LODO DE ETE VISANDO O REÚSO NA AGRICULTURA ......................1159
261 - AVALIAÇÃO DA TOXICIDADE DE AREIAS DESCARTADAS DE FUNDIÇÃO PARA
Daphnia magna E Eruca sativa (RÚCULA)...................................................................1161
262 - ECOTOXICOLOGICAL EVALUATION OF THE INSECTICIDE ACETAMIPRIDE
BEFORE AND AFTER HETEROGENEOUS PHOTOCATALYSIS BY TIO2/UV............1163
321 - SELEÇÃO DE ESPÉCIES VEGETAIS PARA FITORREMEDIAÇÃO DE SOLOS
CONTAMINADOS COM REJEITO DE MINERAÇÃO: UM ESTUDO DE CASO COM
REJEITO DA MINERADORA SAMARCO (MARIANA, MG) .........................................1165
357 - IDENTIFICATION OF SUBSTANCES CAUSING SEDIMENT TOXICITY AFTER
THE ULTRACARGO ACCIDENT IN THE PORT OF SANTOS (SP) .............................1167
362 - AVALIAÇÃO ECOTOXICOLÓGICA DO SEDIMENTO DE UMA ÁREA COSTEIRA
SOBRE INFLUÊNCIA DA DISPOSIÇÃO DE MATERIAL DRAGADO...........................1169
385 - ESTUDO DA TOXICIDADE AGUDA DE ÁGUAS RESIDUÁRIAS CONTENDO
ÓLEO DIESEL TRATADAS POR REAÇÕES DE FENTON MODIFICADAS ................1171
396 - AUTOMAÇÃO DO MONITORAMENTO DE TEMPERATURA COM A UTILIZAÇÃO
DA PLATAFORMA ARDUINO NO TRATAMENTO DE EFLUENTES ...........................1174
437 - AVALIAÇÃO DA FITOTOXICIDADE PELA GERMINAÇÃO E CRESCIMENTO DE
Dolichos lab lab EM SOLOS CONTAMINADOS COM FIPRONIL E 2,4-D ISOLADOS E
EM MISTURA ...............................................................................................................1176
439 - ANÁLISE ECOTOXICOLÓGICA DO ELUTRIATO DE SOLOS CONTAMINADOS
COM FIPRONIL APÓS FITORREMEDIAÇÃO COM Dolichos lab lab ..........................1179
463 - USO DE Elodea densa PARA A REMEDIAÇÃO E REDUÇÃO DA TOXIDADE DE
14C-DELTAMETRINA PARA PEIXES Danio rerio........................................................1182
Métodos alternativos para avaliação da toxicidade .....................................................1185
13 - TOLERÂNCIA A REDUÇÃO DE OXIGÊNIO EM NÁUPLIOS E FÊMEAS DO
COPEPODA MARINHO EPIBENTÔNICO Tisbe biminiensis (VOLKMAN-ROCCO, 1973)
.....................................................................................................................................1186
14 - AVALIAÇÃO TOXICOLÓGICA DE SEDIMENTOS ESTUARINOS NA COSTA DE
PERNAMBUCO UTILIZANDO Tisbe biminiensis (COPEPODA: HARPATICOIDA): EM
BUSCA DE UM SEDIMENTO CONTROLE ..................................................................1188

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

15 - DETERMINAÇÃO DA CONSTANTE DE PROPORCIONALIDADE (R) UTILIZADA NO


TESTE T POR BIOEQUIVALÊNCIA PARA O ENSAIO DE TOXICIDADE CRÔNICA DE
CURTA DURAÇÃO COM Echinometra lucunter PARA AMOSTRAS DE ÁGUA E
SEDIMENTO ................................................................................................................1191
16 - COMPARAÇÃO DO EFEITO OBTIDO COM A REDUÇÃO DO NÚMERO DE PEIXES
(Danio rerio) UTILIZADOS EM ENSAIOS DE TOXICIDADE AGUDA COM A
SUBSTÂNCIA DE REFERÊNCIA CLORETO DE POTÁSSIO ......................................1193
18 - IDENTIFICAÇÃO DA RESPOSTA TOXICOLÓGICA DAS ÁGUAS E SEDIMENTO DO
RIO CACHOEIRA PARA Euruca sativa ........................................................................1195
57 - DAPHNIATOX - MONITORAMENTO ON-LINE DE POLUIÇÃO AQUÁTICA E
SUBSTÂNCIAS TÓXICAS............................................................................................1198
58 - ECOTOX - SISTEMA DE ANALISES DE ECOTOXICOLOGIA EM TEMPO REAL
UTILIZANDO ALGAS DO GÊNERO Euglena gracilis ...................................................1205
65 - EVALUATION OF THE GENE EXPRESSION RESPONSES OF Folsomia candida TO
THE PESTICIDE FORMULATIONS KRAFT® AND SCORE®, SINGLE AND IN
MIXTURES ...................................................................................................................1209
88 - AVALIAÇÃO DA TOXICIDADE DOS METAIS CLORETO DE CROMO E
DICROMATO DE POTÁSSIO SOBRE A ESPÉCIE NATIVA Allonais inaequalis
(ANNELIDA: CLITELLATA) ..........................................................................................1212
109 - ATIVIDADES DE ENZIMAS ENVOLVIDAS NO METABOLISMO ENERGÉTICO DO
CORAL ESCLERACTÍNEO Mussismilia harttii: POTENCIAIS FERRAMENTAS PARA
APLICAÇÃO EM ECOTOXICOLOGIA..........................................................................1214
126 - AVALIAÇÃO ECOTOXICOLÓGICA DO LITORAL SUL DO ESPÍRITO SANTO ..1217
140 - AVALIAÇÃO DE TOXICIDADE AMBIENTAL DE DERIVADOS (-) - BORNEOL
FRENTE A UMA ESPÉCIE NÃO ALVO, Artemia sp.....................................................1220
141 - ESTUDOS DE TOXICIDADE AMBIENTAL E RELAÇÃO ESTRUTURA-ATIVIDADE
(REA) DE DERIVADOS INDÓLICOS 3-SUBSTITUÍDOS EM Artemia sp. (ARTEMIDAE)
.....................................................................................................................................1222
158 - APLICAÇÃO DE TESTES DE ECOTOXICIDADE NA AVALIAÇÃO DE SOLOS
CONTAMINADOS COM HIDROCARBONETOS DE PETRÓLEO ................................1224
183 - ENSAIO ECOTOXICOLOGICO COM Scenedesmus sp. E EFLUENTE DE
INDÚSTRIA FRIGORÍFICA (RONDÔNIA) ....................................................................1227
241 - ENSAIOS FET COMO ALTERNATIVA NO BIOMONITORAMENTO AMBIENTAL
.....................................................................................................................................1230
303 - AVALIAÇÃO DA TOXICIDADE DE FTALATOS POR MEIO DO FEET TEST (FISH
EMBRYO EXTEND TOXICITY TEST) EMPREGADO EM Rhamdia quelen .................1233
316 - A ALIMENTAÇÃO Danio rerio VISANDO A OTIMIZAÇÃO DA SOBREVIVÊNCIA
DAS FASES INICIAIS ..................................................................................................1236
370 - POTENCIAL DE USO DA SUBCLASSE COPEPODA (CRUSTACEA) COMO
ORGANISMO-TESTE EM ESTUDOS ECOTOXICOLÓGICOS: UMA REVISÃO..........1238
371 - UM ESTUDO COMPARATIVO DA TOXICIDADE AGUDA DE INSETICIDAS SOBRE
DIFERENTES ESPÉCIES DE COPÉPODES ...............................................................1240
375 - MÉTODO ALTERNATIVO DE CONCENTRAÇÃO DE AMOSTRA DE ÁGUA PARA
AVALIAÇÃO DA PRESENÇA DE ATIVIDADE ESTROGÊNICA...................................1243
394 - COMPARAÇÃO DOS VALORES DE CENO E CEX EM ENSAIOS DE
SENSIBILIDADE COM Raphidocelis subcapitata .........................................................1245

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

397 - FITOTOXICIDADE DE ÁGUA RESIDUÁRIA DE FOSSAS SÉPTICAS, POR MEIO


DO ÍNDICE DE VELOCIDADE E PORCENTAGEM DE GERMINAÇÃO DE SEMENTES
DE Lactuca sativa.........................................................................................................1247
402 - NOVA METODOLOGIA PARA ENSAIOS COM Hypoaspis aculeifer: O MÉTODO DE
EXPOSIÇÃO PODE ALTERAR A SENSIBILIDADE? ...................................................1250
465 - AVALIAÇÃO ECOTOXICOLÓGICA DO EXTRATO DE DECOCÇÃO DE FRUTOS
IMATUROS DE Ilex paraguariensis A. ST-HIL. EM ZEBRA-FISH (Danio rerio) ............1253
Microcosmos, mesocosmos e experimentos in situ ...................................................1255
166 - ASPECTOS ANATÔMICOS FOLIARES DE Tradescantia pallida NA AVALIAÇÃO
DA QUALIDADE DO AR NA MESORREGIÃO SUDOESTE DE MATO GROSSO DO SUL
.....................................................................................................................................1256
177 - EFEITOS DA APLICAÇÃO EM CAMPO DO HERBICIDA METSULFURON-METHYL
PARA A FAUNA EDÁFICA ...........................................................................................1259
Modelagem e ecotoxicologia preditiva .........................................................................1261
237 - EFEITO GENOTÓXICO EM ZEBRAFISH INDUZIDO POR AREA SOB INFLUÊNCIA
PETROQUÍMICA: PREDIÇÃO DE RISCOS PARA A SAÚDE HUMANA UTILIZANDO
FERRAMENTAIS COMPUTACIONAIS ........................................................................1262
Serviços ecossistêmicos ...............................................................................................1264
472 - TOXICIDADE DO METAL DE COBRE SOBRE A ESPÉCIE DE OLIGOQUETO
AQUÁTICO Dero digitata (MULLER, 1973) ..................................................................1265
ÍNDICE DE RESUMOS POR AUTOR ..............................................................................1267

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

APRESENTAÇÃO

O XV Congresso Brasileiro de Ecotoxicologia ocorreu entre 1 e 4 de setembro de


2018, na cidade de Aracaju, SE, e para todos que acompanham as atividades da
Sociedade Brasileira de Ecotoxicologia, podemos com certeza afirmar que foi um
momento muito especial para celebrar, comemorar e agradecer.
Celebramos o fato de que, em 1982, por uma iniciativa da Secretaria Estadual do
Meio Ambiente e FINEP, realizou-se na cidade do Rio de Janeiro o primeiro Evento
técnico sobre bioensaios aplicados ao controle da poluição e em 1985, ainda
pela iniciativa da Secretaria Estadual do Meio Ambiente, foi realizado em Brasília o
Evento técnico de Ecotoxicologia. Considerando ambas as datas, completamos
neste ano 33 ou 36 anos de história da Ecotoxicologia no Brasil, o que é um motivo
de Celebração. Comemoramos por que, em 1991, por uma iniciativa da Petrobras,
realizou-se na cidade do Rio de Janeiro o I Congresso Brasileiro de
Ecotoxicologia. Portanto, este é um motivo de comemoração, pois hoje estamos
realizando o nosso XV Congresso Brasileiro de Ecotoxicologia.
Mas nosso evento em Aracaju também foi uma data especial para agradecer, pois
em 02 de setembro de 1999, na cidade de São Paulo, nossos amigos Ricardo
Mastroti, Regina Sáfadi, Pedro Antonio Zagatto, Afonso Celso Dias Bainy,
Maria Beatriz Bohrer Morel e Abílio Lopes de Oliveira Neto (in memoriam), após
vários encontros que antecederam esta data, se reuniram para realizar a Primeira
Assembleia geral para constituição da Sociedade Brasileira de Ecotoxicologia.
Com isso, comemoramos 19 anos de história da ECOTOX-BRASIL, e devemos
aproveitar esta ocasião não somente para parabenizar e reconhecer a iniciativa,
mas, principalmente, para agradecer a todos eles pelo pioneirismo, empenho e
dedicação. A todos eles, o nosso Muito obrigado!
O XV Congresso Brasileiro de Ecotoxicologia reuniu desta vez aproximadamente
600 congressistas, provenientes de 9 países, com representantes de 24 estados e
147 cidades do Brasil. Durante os quatro dias do evento foram realizados 14
minicursos, 3 mesas-redondas, 10 palestras e 12 sessões especiais, sendo
apresentados 470 trabalhos (oral e pôster), além das atividades Conversando com
palestrante e Corrida Solidária Ecotox 2018.
Os trabalhos apresentados no XV Ecotox 2018 foram distribuídos nas áreas de
Ecotoxicologia de águas continentais (25%), Ecotoxicologia de produtos e
substâncias (22%), Ecotoxicologia terrestre (13%), Ecotoxicologia marinha (12%),
Ecotoxicologia de efluentes (9%), sendo as demais vinculadas aos Métodos
alternativos (9%), Química ambiental (7%), Interação entre sistemas (1%),
Ecotoxicologia de águas subterrâneas (1%) e Ecotoxicologia atmosférica (1%). As
subáreas com maior número de trabalhos apresentados foram: Biomarcadores
(17%), Contaminantes emergentes (11%), Contaminantes orgânicos (10%),
Contaminantes inorgânicos (9%), Genotoxicidade ambiental (8%) e
Biodisponibilidade, bioacumulação e biomagnificação (8%).
Mas esse evento somente atingiu os objetivos propostos porque contamos com
diversos parceiros, aos quais gostaríamos de agradecer: os Realizadores do
evento - ECOTOX BRASIL, SETAC, Universidade Federal de Sergipe e em especial

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


27
XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

à Universidade Tiradentes, por todo apoio de recursos humanos e de infraestrutura;


os Patrocinadores - CAPES, CNPq e FAPITEC/SE; os Apoiadores -
NEEA/CRHEA/EESC/USP, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, CPEA,
Syngenta, ANDEF, DESO, ITP, Conselho Regional de Química da 8a Região e
SENGE/SE; os Organizadores - equipe da T & M, que trabalhou de forma
incansável para atender a demanda do evento. Agradecemos a Comissão
Científica pelo auxilio prestado na avaliação dos trabalhos e nas atividades que
ocorreram durante o evento; aos congressistas, pois sem os mesmos o evento não
teria sentido e a todas as pessoas que, direta ou indiretamente, se fizeram presente,
permitindo que o evento fosse realizado da melhor maneira possível.

Evaldo Luiz Gaeta Espindola Andrea Novelli


(Presidente da Ecotox Brasil Gestão 2017-2019) (Presidente do Ecotox 2018)

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

COMISSÃO ORGANIZADORA

Realização: Sociedade Brasileira de Ecotoxicologia – ECOTOX-BRASIL


Dr. Evaldo Luiz Gaeta Espindola (USP) – Presidente da ECOTOX-BRASIL
Dr. Alexandre Arenzon (UFRGS)
Dra. Clarice Maria Rispoli Botta (USP)
Dra. Maria Edna Tenório Nunes (USP)

Apoio: Universidade Federal de Sergipe (UFS)


Dra. Andréa Novelli – Presidente do ECOTOX-2018
Dr. Bruno Santos Souza

Apoio: Universidade Tiradentes (UNIT)


Dra. Juliana Cordeiro Cardoso
Dra. Eliane Bezerra Cavalcanti
Dr. Rubens Riscala Madi

Secretaria Geral do ECOTOX-2018


Sra. Thammy Barreto (T&M Eventos)

COMISSÃO CIENTÍFICA

Dr. Adalto Bianchini (FURG) Dra. Julia Carina Niemeyer


Dr. Afonso Celso Dias Bainy (UFSC) (UFSC/Curitibanos)
Dr. Alexandre Arenzon (UFRGS) Dr. Luiz Felipe Mendes de Gusmão
Dra. Aline Fernanda Campagna (UNIFESP)
Fernandes (UFERSA) Dr. Manildo Marcião de Oliveira (IFF)
Dra. Ana Teresa Lombardi (UFSCar) MSc. Márcia Regina Gasparro
Dra. Andrea Novelli (UFS) (IO/USP)
Dra. Barbara Estevão Clasen Dra. Maria Edna Tenório Nunes
(UERGS) (USP/São Carlos)
Dr. Charrid Resgala Junior (UNIVALI) Dra. Marisa Narciso Fernandes
Dra. Cíntia Mara Ribas de Oliveira (UFSCar)
(UP- Curitiba) Dra. Marta Margarete Cestari (UFPR)
Dra. Clarice Maria Rispoli Botta Dra. Mary Rosa Rodrigues de Marchi
(USP/São Carlos) (UNESP/Araraquara)
Dra. Claudia Bueno dos Reis Martinez Dra. Nedia Ghisi (UTFPR)
(UEL) Dra. Patricia Carla Giloni de Lima
Dr. Evaldo Luiz Gaeta Espindola (UNICENTRO)
(USP/São Carlos) Dr. Paulo Sérgio Martins de Carvalho
Dr. Fabio Kummrow (UNIFESP) (UFPE)
Dr. Flávio Manoel Rodrigues da Silva Dr. Rhaul de Oliveira (USP-São Paulo)
Junior (FURG) Dra. Samantha Eslava Gonçalves
Dr. Gilberto Fillmann (FURG) Martins (FURG)
Dra. Helena Cristina da Silva de Assis Dra. Tatiana Heid Furley (APLYSIA-
(UFPR) ES)
Dra. Jeamylle Nilin Gonçalves (UFS) Dra. Vanessa Bezerra de Menezes
Oliveira (USP/São Carlos)

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

PALESTRAS

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

PALESTRA 1: CONTAMINANTS AND PROTECTION GOALS FOR ECOSYSTEM


SERVICES: SOME HINTS ON HOW TO DEFINE THRESHOLD VALUES FOR
CONTAMINANTS ALLOWING THE MAINTENANCE OF ECOSYSTEM
FUNCTIONING

Dr. José Paulo Souza


Departamento de Ciências da Vida, Faculdade de Ciências e Tecnologia
Universidade de Coimbra – Portugal

The general protection goal of most Environmental Risk Assessment schemes for
chemical substances or for contaminated sites implies the protection of ecosystem
functioning and the provision of ecosystem services at a desired rate. This implies
the protection of biodiversity, especially those species or communities mostly
connected to the biological/ecological processes behind the delivery of ecosystem
services. One of the most challenging issues when complying to this protection goal
is to derive regulatory acceptable concentrations (RACs) of contaminants that could
allow ecosystems to function.
Recently, the definition of (specific) protection goals (SPGs), ie, protection goals
mirroring the general protection goals, but established in a more tangible way that
could help risk assessors and regulators to establish RACs more efficiently, has been
the centre research activities and intensive dialogue among academia, regulators
and industry.
In this talk an up-to-date summary of these discussions will be presented, especially
aspects dealing with the development of environmental scenarios for prospective risk
assessment, incorporating both chemical exposure and ecological conditions, and
the development of reference conditions in the case of retrospective risk assessment.
Emphasis will also be given to the prioritization of ecosystem services in those
environmental scenarios or reference conditions and their relation to the bundles of
species having a key role in the provision of those services (service providing units –
SPUs) and that should be the target for protection and for which RACs should be
developed. The need for further research on guidance to link endpoints to ecosystem
services and on knowing the mechanistic link between ecosystem services and
SPUs, the so called Ecological Production Functions, will be highlighted. Several
examples will be given particularly for the case of plant protection products.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

PALESTRA 2: PROMISES AND CHALLENGES OF GENOMICS TECHNOLOGY IN


ECOTOXICOLOGY

Dr. Dick Roelofs


Vrije Universiteit, Faculty of Science, Department of Ecological Science Amsterdam -
Holanda

I apply genomic approaches to study soil invertebrates in relation to their soil


ecosystem. One aspect relates to the development of innovative tests based on
transcriptomics analysis as mechanistic tool to assess soil quality. To utilize these
tests we elaborate on existing ISO standards and work in close collaboration with
environmental organizations and environmental consultancy companies. I will first
explain fundamental metrics of -omics data, and how we apply such data to develop
fast and informative tools in ecotoxicology testing. Then, I’ll discuss stress-response
case studies with selected soil invertebrate species under controlled laboratory
conditions as well as under field conditions to generate –omics, pathway and
phenotypic response data over a large range of stress intensities with high statistical
power. These data provide the basis to select highly promising dose-response gene
expression assays. The promises are that –omics technology may be embedded in a
more general framework of Adverse Outcome Pathway analyses. Eventually, this
would allow us to move towards more generic- and mechanism-based ecotoxicology
assessment. However, several challenges, related to technical issues as well as
legislation issues, remain to be solved. I’ll discuss several of these challenges and
will come up with ideas for further implementation of –omics technology in
ecotoxicology testing.

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

PALESTRA 3: CONTAMINANTES EMERGENTES E OS DESAFIOS DOS


SISTEMAS DE TRATAMENTO DE ÁGUA E ESGOTO NO BRASIL

Dra. Cassiana C. Montagner


Laboratório de Química Ambiental, Instituto de Química, UNICAMP Campinas, São
Paulo – Brasil

O Brasil apresenta uma ampla área territorial onde se observam cenários


conflitantes, tanto socioeconômicos quanto ambientais. De um lado, o Brasil está
entre as dez maiores economias do mundo, de acordo com o Fundo Monetário
Internacional, com elevado grau de consumo, o que reflete em problemas
ambientais que outros países de economias mais desenvolvidas também enfrentam,
como a presença de inúmeras novas substancias no ambiente. Por outro lado, ainda
existe um sério problema de saneamento básico em diversas regiões do país, o que
faz com que o Brasil também apresente problemas ambientais típicos de países
menos desenvolvidos, como as epidemias de dengue e outras doenças de
veiculação hídrica, por exemplo. O reuso indireto não planejado de água se tornou
comum nos grandes centros urbanos, onde uma cidade capta água de um
manancial superficial e lança seu efluente à jusante do corpo hídrico e, onde mais a
diante outra cidade utiliza o mesmo corpo receptor para abastecimento público e
assim sucessivamente, deteriorando a qualidade do manancial ao longo do seu
curso. Tal prática é realizada no Brasil sem qualquer planejamento urbano, o que é
ainda mais agravado com o aporte de grandes quantidades de esgoto bruto nos
mananciais, dificultando ainda mais o tratamento da água que é distribuída à
população. O desafio de prover água segura se torna ainda mais complexo quando
se avalia os efeitos relacionados à presença de contaminantes emergentes no ciclo
urbano da água (esgoto, mananciais superficiais e subterrâneos e água de
abastecimento público). O sistema de saneamento básico no Brasil atende a
população usando predominantemente o tratamento convencional tanto para tratar o
esgoto quanto para a água que será servida à população. Assim como nas ETE, os
processos convencionais de tratamento nas ETA não são eficientes para a
eliminação de inúmeros contaminantes orgânicos, devido principalmente a natureza
polar de muitos deles. Um sistema de saneamento básico adequado, com
tratamento de esgoto empregando inclusive técnicas terciárias, capazes de gerar um
efluente cada vez mais inócuo para o ambiente, permitiria que a prática do reuso
indireto de água fosse usada de forma complementar ao reuso direto da água (onde
o esgoto tratado pode ser utilizado para irrigação, recreação ou abastecimento
público) garantindo não só a oferta, mas a qualidade das águas e,
consequentemente a saúde da biota aquática e do homem, principalmente nas
grandes regiões metropolitanas do país. Neste contexto serão discutidos os desafios
dos sistemas de tratamento de água e esgoto no Brasil na remoção dos
contaminantes emergentes e as implicações que a presença destes compostos
poderão acarretar a saúde da biota aquática e do homem.

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

PALESTRA 4: USE OF IN VITRO CELL CULTURES FOR ENVIRONMENTAL


DIAGNOSIS IN A NUMBER OF CASE STUDIES: FROM AQUACULTURE TO
DRINKING WATER QUALITY DETERMINATION

Dr. José M. Navas


Departamento de Medio Ambiente Investigador Científico – INIA (Instituto Nacional
de Investigación y Tecnología Agraria y Alimentaria) Madrid – Espanha

One of the most important environmental problems we face today is the pollution of
water bodies by a variety of substances, from natural chemicals as mycotoxins to
emerging pollutants as nanomaterials. In order to assess the ecological risks of
pollution it is essential to gather information about the sources and the nature of
pollutants. For that, chemical analyses have been traditionally used. However,
chemical analyses can only concentrate on a limited number of chemicals but not on
the plethora of substances present in waters. In addition, chemicals cannot be
perceived below detection limits. Finally, possible interactions among chemicals
leading to additive, antagonistic, and synergistic effects won’t never be observed by
chemical analyses. In order to overcome all these limitations, the measurement of
enzyme activities in cultured cells maintained in vitro appears as a very valuable and
promising tool. In our laboratory, we expose a number of cell lines or primary cultured
fish cells to rough extracts of waters, sediments or other environmental samples and
measure different enzyme activities that inform about the presence in waters of
different types of pollutant. The comparison of the dose-response curves obtained
with dilutions of the analyzed samples with standard curves generated with reference
substances permit to quantify the observed effects as equivalents of the reference
substance. For instance, the use of livestock residues as agricultural amendment
causes the release of an incredibly high amount of hormones or substance with
hormonal activities into soils. All these substances can reach water bodies after
leakage or runoff and cause endocrine disruption in aquatic animals. Chemical
analyses of residues were able to detect a limited number substances with suspected
hormonal activities (including natural hormones) but they were not able to give
accurate information about the real endocrine disruption potential of these residues.
We used cell lines stably transfected with androgen receptors, estrogen receptors or
thyroid hormone receptors to determine the total dihydrotestosterone, 17ß-estradiol,
or triiodothyronine equivalents of livestock residues. We observed the important real
potential endocrine activities of these samples. Thereafter, using soil columns we
observed that these hormone activities disappeared very quickly in soils. In another
case-study, we observed the possible presence of pollutants in continental
aquaculture waters. We noticed that chemicals released faraway upstream of the fish
farm arrived to fish and were probably responsible of deleterious effects observed by
farmers. Similar approaches have been used to diagnose the quality of water bodies
used for human consumption in African reservoirs or in big cities drinking waters. The
obtained results reinforce the usefulness of these in vitro biological approaches as a
quick, reliable, and low resource consuming tool for environmental diagnosis.

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

PALESTRA 5: CONSIDERING ECOSYSTEM COMPLEXITY AND DIVERSITY IN


ECOLOGICAL RISK ASSESSMENT APPROACHES FOR THE TROPICS:
CURRENT STATUS AND RESEARCH NEEDS

Dr. Michiel Adriaan Daam


DCEA - Departamento de Ciências e Engenharia do Ambiente CENSE - Centre for
Environmental and Sustainability Research Faculdade de Ciências e Tecnologia,
Universidade Nova de Lisboa Lisboa – Portugal

Following the Green Revolution, countries located in the tropical zone have greatly
increased and intensified their industrial, agricultural and economic activities in recent
decades. However, in most tropical countries this trend has not been adequately
accompanied with the development of studies and legislation into their potential
environmental consequences. Risk assessments in tropical countries hence often
rely on studies from temperate countries. Given the enormous natural variability in
the structure and function of freshwater communities, however, it is reasonable to
question whether the fate and effects of pollutants are comparable between
climatically distinct regions. Sensitivity comparisons to chemical stress between
tropical and temperate regions have so far mostly been confined to comparisons of
results from single species laboratory tests. Although often based on a small tropical
dataset, these studies generally concluded that there is no consistent difference in
sensitivity between tropical and temperate species from the same taxonomic level.
Laboratory bioassays, however, do not consider complex ecosystem conditions (e.g.
species interactions). Hence, this approach does not allow evaluating the indirect
effects and the recovery potential of impacted ecosystems. Model ecosystems
(microcosms and mesocosms) have frequently been used in temperate regions to
evaluate the ecological effect chain and ecosystem recovery following chemical
stress. Model ecosystems are constructed by collecting parts of natural ecosystems
and bringing them together into an artificial housing or by enclosing parts of existing
ecosystems in the field (enclosures). In this presentation, examples of model
ecosystem studies conducted under tropical conditions will be discussed in view of i)
methodology adaptations to tropical settings; ii) variation and statistical power (e.g.
minimum detectable difference; MDD); iii) indirect effects noted on ecosystem
structure and functioning; iv) recovery potential of tropical communities. Besides
possible differences in sensitivity to chemical stress between tropical and temperate
regions, the environmental fate of chemicals may be expected to differ between
these two regions. For example, differences in agricultural practices and
agroecosystem conditions may dictate that pesticide exposure profiles in tropical
edge-of-field waterbodies differ from those in temperate regions. Subsequently,
pesticide fate scenarios developed for temperate conditions to predict aquatic
pesticide concentrations may have little applicability to tropical settings. Research
needs for developing such fate scenarios will be discussed.

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

PALESTRA 6: IMPACTOS DE RESÍDUOS DE PLÁSTICO NA BIODIVERSIDADE


AQUÁTICA

Dr. Luis Felipe Mendes Gusmão


Instituto do Mar, Universidade Federal de São Paulo Santos, São Paulo - Brasil

Dentre os resíduos sólidos encontrados no meio ambiente, os resíduos de plástico


estão entre os mais frequentes e abundantes nos ecossistemas aquáticos. Algumas
características que tornam os polímeros plásticos um grande problema ambiental
são a baixa degradabilidade e baixa densidade específica, conferindo ao lixo plástico
uma alta persistência no ambiente e sendo facilmente transportado. Uma das
maiores preocupações com a poluição por plástico em ambientes aquáticos é seu
potencial impacto sobre a biodiversidade. Os detritos de plástico são um tipo diverso
de contaminante, variando em sua composição, cor, forma e tamanho. Os impactos
deste tipo de resíduo na biota estão intimamente relacionados à estas
características. A maior parte da literatura sugere que detritos de plástico de
tamanho grande causam impactos primariamente físicos na biodiversidade. Por
exemplo, resíduos de plástico podem ser ingeridos por organismos aquáticos,
causando danos ao tubo digestivo, limitando a ingestão de alimento e causando a
morte por fome. Outra forma de impacto é o entrelaçamento ou emaranhamento de
organismos em detritos, causando ferimentos, limitando o movimento e
potencialmente causando a morte por afogamento, infecções ou doenças. Detritos
de plástico flutuantes podem também facilitar a colonização de espécies invasoras
por criarem habitats artificiais que são facilmente colonizados e transportados pela
água. Um tipo de contaminante plástico de grande preocupação são partículas
pequenas (<5mm) de plástico (conhecidas como nano e microplásticos), comumente
encontradas em ambientes aquáticos. Esses microplásticos entram no ambiente
aquático de forma direta, como pellets de plástico, abrasivos e fibras, ou como
resultado da fragmentação de detritos de plástico maiores. Um grande problema dos
microplásticos é que estas partículas podem adsorver contaminantes em
concentrações muito altas e, quando liberados após ingestão, esses contaminantes
têm o potencial de causar efeitos tóxicos na biota. Nesta apresentação vou explorar
o conhecimento atual sobre a interação entre resíduos de plástico (especialmente
microplásticos) com contaminantes e a biota em ambientes aquáticos. Vou também
demonstrar como estudos em ecotoxicologia vêm ajudando a elucidar os potenciais
efeitos de microplásticos em diferentes níveis de organização biológica. Por último,
vou discutir as principais críticas às evidências atuais e identificar as principais
lacunas no conhecimento.

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

PALESTRA 07: POR UM FORTALECIMENTO DO COMPONENTE ´ECO´ NA


ECOTOXICOLOGIA

Dr. Luís César Schiesari


Gestão Ambiental, Escola de Artes, Ciências e Humanidades Universidade de São
Paulo São Paulo, SP, Brasil.

Na última década e meia tornou-se frequente a crítica de que o desenvolvimento da


ecotoxicologia foi dominado por abordagens pouco ou até mesmo totalmente
desconectadas do contexto ecológico dos organismos e sistemas que buscamos
proteger. Esta crítica permanece viva. Nesta palestra farei primeiro uma
aproximação histórica do desenvolvimento da ecologia e da ecotoxicologia
mostrando como e porquê estes campos evoluíram independentemente. Depois,
mostrarei os ganhos substanciais que a incorporação de mais conhecimento
ecológico traz tanto para o entendimento mecanístico da contaminação química
como para a generalização do conhecimento sobre seus efeitos. Finalmente, farei
uma discussão dos conceitos mais recentes da ecologia teórica que a meu ver
potencializarão o poder explanatório e o impacto cientifico dos estudos do destino e
efeitos de contaminantes em ambientes modificados.

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

PALESTRA 8: CLIMATE CHANGE, ITS EFFECTS ON ENVIRONMENTAL


STRESSORS AND THE ECOTOXICOLOGICAL RESPONSES OF SOIL
INVERTEBRATES

Dra. Ana Luisa Silva


CESAM- Centro de Estudos do Ambiente e do Mar, Departamento de Biologia,
Universidade de Aveiro Aveiro - Portugal

The actual climate change scenario is imposing a set of environmental stressors


(increasing extreme weather events, changes in temperature and precipitation
patterns, salinity intrusions via sea level rise, increasing CO2 levels and UV radiation,
among others) that may interact with both biotic and abiotic components of soil
ecosystems. This concern becomes even more important when considering the
presence of hazardous chemicals due to intense anthropogenic activity. According to
the available studies, toxicity of hazardous chemicals might be influenced by
environmental stressors in a variety of manners as it might i) synergise with the
toxicant as a more-than-additive stress factor, ii) alter the physical and chemical
properties of the toxicant, changing its bioavailability, iii) affect organisms’ behaviour
and thus alter the uptake of toxicant, iv) alter the metabolism (as well as physiological
and biochemical response mechanisms) of the exposed organisms, affecting the
excretion/elimination of toxicants and the responses of the future generations. In
parallel, a pre-exposure of organisms to sub-lethal concentrations of toxicants might
also interfere with the physiological state of the exposed organisms and therefore
affect their phenotypic plasticity to deal with future weathering events. In this context,
if a hazardous chemical has more pronounced effects under specific climatic
conditions, or if it increases organisms' sensitivity to future climatic events, it is
expected a more stringent environmental quality standard for this chemical. Even
though multiple stress approach has received higher attention in the last few
decades, its inclusion in the Environmental Risk Assessment (ERA) frameworks
lacks success. This presentation provides a global insight into how climate change is
influencing natural (physical) factors worldwide and consequently affecting chemical
hazardousness and organisms’ response mechanisms. It gives an overview of the
state-of-the-art and main developments/withdraws regarding the integration of such
natural stressors in soil ecotoxicology, with special emphasis on soil invertebrates
because most relevant studies have involved these species. And goes on to explore
how close we are in adopting a new ERA approach, accounting explicitly for multiple
stressors, ecological realism, and abiotic factors that vary across different geographic
regions.

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

PALESTRA 9: EFEITOS TÓXICOS DE MICROCONTAMINANTES EMERGENTES


SOBRE CADEIAS ALIMENTARES PLANCTÔNICAS

Dra. Maria da Graça Gama Melão


Departamento de Hidrobiologia, Universidade Federal de São Carlos São Carlos,
São Paulo - Brasil

Atualmente, tem aumentado a preocupação com os chamados microcontaminantes


emergentes, categoria na qual estão incluídos os nanomateriais ou nanopartículas,
ou seja, contaminantes de 1 a 100 nm. A nanotecnologia tem se desenvolvido
rapidamente nas últimas décadas. Em virtude da fabricação em larga escala para
uma infinidade de aplicações tecnológicas, as nanopartículas têm alcançado os
ambientes aquáticos em quantidades cada vez maiores, seja durante seu processo
de fabricação ou após o seu uso, sendo que a tendência é de crescimento desse
descarte a cada ano. Apesar disso, os riscos desses novos materiais para o meio
ambiente e suas interações com a biota ainda são pouco compreendidos. Assim,
estudos que busquem avaliar os efeitos adversos de microcontaminantes
emergentes sobre os seres vivos são fundamentais para subsidiar agências
reguladoras na proposição de legislação de controle. Nesse sentido, o plâncton é de
grande importância, uma vez que está na base das cadeias alimentares aquáticas e
é sensível aos poluentes, cujos impactos podem se estender aos demais níveis
tróficos. Serão aqui abordados resultados de estudos sobre os efeitos
ecotoxicológicos de diversos nanomateriais sobre microalgas e zooplâncton,
especialmente espécies tropicais, avaliando suas implicações ecológicas,
fisiológicas, bioquímicas e metabólicas. Para ambientes tropicais, tais estudos são
escassos e, particularmente, há poucas informações disponíveis sobre os efeitos
crônicos de microcontaminantes emergentes, especialmente os resultantes de
exposição pela via alimentar, em diferentes níveis de organização biológica
(subcelular, indivíduo, população e comunidade). Algumas das nanopartículas que
avaliamos são formados por elementos não essenciais aos organismos, como
nanopartículas de dióxido de titânio (nano-TiO 2 ), sendo que outras são compostas
por elementos essenciais ao metabolismo dos seres vivos, mas que em
concentrações maiores podem ser prejudiciais, tais como nanopartículas de óxido de
cobre (nano-CuO), de óxido de zinco (nano-ZnO), de óxido de ferro (nano-Fe 3 O 4 )
e nanopartículas magnéticas de magnetita (nano-Fe 3 O 4 ) e bimetálicas (hematita
com íons de cobre adsorvidos - nano-Cu- Fe 2 O 4 e ferrita de cobalto - nano-CoFe
2 O 4 ). Em particular, em cladóceros da espécie Ceriodaphnia silvestrii, por nós
estudados, a exposição pela via alimentar é muito mais danosa do que pela água,
de modo que concentrações de micropoluentes no alimento muito menores do que
as encontradas na água podem afetar a viabilidade dessas populações em
ambientes contaminados, impactando a base de cadeias alimentares aquáticas.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

PALESTRA 10: O USO DA ECOTOXICOLOGIA COMO SUBSÍDIO PARA


AVALIAÇÃO DA POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA NA SAÚDE HUMANA

Dra Rosilda Mara Mussury


Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD)
Dourados, Mato Grosso do Sul - Brasil

O impacto de poluentes urbanos sobre a saúde de seres humanos e animais e a


pressão crescente de ações na política e gestão das zonas industriais para reduzir
os níveis de poluição, tem aumentado a necessidade de melhorar os métodos para
monitorar a qualidade do ar em ambiente urbano. Diversos estudos relatados em
IARC (2016) demonstraram a existência de associação entre poluentes ambientais e
o agravo na saúde humana, mesmo quando os níveis médios de poluentes não são
tão altos. Esses efeitos têm sido observados tanto na mortalidade geral quanto na
morbidade de doenças cardiovasculares e respiratórias. No Brasil, verificou-se nos
estudos sobre a poluição e os efeitos na saúde da população, aumento da
morbidade por problemas respiratórios em crianças e idosos e pessoas que já
sofrem de problemas respiratórios, pois também se tornam mais suscetíveis a
elevação nos níveis de poluentes atmosféricos. Além dos efeitos nocivos
diretamente verificados na saúde humana a poluição atmosférica é responsável pela
intensificação e provocação de certos fenômenos, como por exemplo, a destruição
da camada de ozônio, o efeito estufa, a chuva ácida, a inversão térmica, o smog e o
aquecimento global. Tais fenômenos possuem relações tanto diretas quanto
indiretas com as mudanças climáticas, provocando devastação ambiental e
problemas de saúde na população. Durante a última década, estudos vem sugerindo
o uso de bioindicadores para o monitoramento da poluição do ar e entre eles as
plantas. O uso de plantas é indicado, tendo em vista a fácil implantação no campo e
baixos custos, com ampla distribuição e fácil propagação, mesmo em regiões de alto
nível de poluição. O bioensaio utilizando micronúcleos é considerado importante
ferramenta por muitos pesquisadores pela simplicidade da metodologia e alta
sensibilidade à exposição aos genotóxicos. Estudos comparando a frequência de
micronúcleos em células da mucosa bucal e linfócitos de pacientes expostos ao ar
poluído e de pacientes não expostos foram realizados em vários países, como
China, Turquia, Filipinas, Dinamarca e República Checa. Houve a constatação, em
todos os estudos, de que a frequência de micronúcleos é maior nas células dos
pacientes expostos a poluição aérea, quando comparado a de pacientes não
expostos. No Brasil, os estudos epidemiológicos analisando a associação de
poluentes com problemas na saúde concentram-se no estado de São Paulo, Rio de
Janeiro, Minas gerais e, no Mato Grosso do Sul os estudos iniciaram em 2012,
avaliando a qualidade do ar nas diferentes cidades do Estado, sendo observada
uma correlação positiva e significativa entre as doenças registradas, o número de
internações e o fluxo veicular, fator importante no agravo de doenças na população.
Diante do exposto, serão discutidas as formas de avaliação dos impactos da
poluição do ar na saúde da população e o estudo pontual realizado no Mato Grosso
do Sul.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

MESAS REDONDAS

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

MESA REDONDA 1: ROMPIMENTO DA BARRAGEM DO FUNDÃO (MARIANA-


MG) E SEUS EFEITOS SOCIOAMBIENTAIS: O QUE FIZEMOS, COMO ESTAMOS
E PARA ONDE VAMOS?

Coordenador:
Dr. Evaldo L. Gaeta Espíndola
Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Lattes:

Colaboradores:
Dra. Tatiana Furley
Aplysia Soluções Ambientais -

Dr. Ross Smith


Hydrobiology, Australia

MSc. Rodolfo Pessotti Campelo


Fundação Renova - Setor de Biodiversidade - Especialista em Programa
Socioambiental

MSc. Diego Correia da Silva


EESC-Universidade de São Paulo

MSc. Obede Rodrigues Alves


Escola de Engenharia de São Carlos, USP

Sr. Gilberto Arpini Sipioni


Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos – IEMA – Governo do
Estado do Espírito Santo

O desastre envolvendo o rompimento da Barragem de Fundão, pertencente ao


complexo minerador Germano-Alegria, no município brasileiro de Mariana, Minas
Gerais, completa em novembro de 2018 três anos. Estima-se que 36 milhões de
metros cúbicos de rejeito (arenoso e argiloso) foram lançados no ambiente, afetando
aproximadamente 700 km de corpos d’água e 41 municípios dos estados de Minas
Gerais e Espírito Santo. A onda de rejeito destruiu total ou parcialmente
comunidades terrestres e aquáticas estabelecidas imediatamente à jusante da
barragem (Bento Rodrigues, Paracatu de Baixo, Gesteira e Barra Longa); matou
pessoas e animais domésticos; destruiu áreas agrícolas e de vegetação nativa;
deixou centenas de desabrigados; afetou o abastecimento de água e energia
elétrica; comprometeu as atividades socioeconômicas desenvolvidas nas áreas
atingidas, além de outros impactos sociais, econômicos e ambientais que ainda
estão em curso. Diversos programas de monitoramento e pesquisas científicas vêm
sendo desenvolvidos desde então. Amostras de água, sedimento e rejeito em
diferentes áreas afetadas são frequentemente coletadas para análise física, química,
biológica e ecotoxicológica com diferentes organismos bioindicadores. No aspecto
socioeconômico, diversas pesquisas também estão sendo desenvolvidas com as
famílias afetadas e atingidas pelo desastre. Portanto, diversos resultados já estão
disponíveis, sendo de extrema importância a divulgação e compartilhamento dos
mesmos para que estes possam subsidiar ações de recuperação socioeconômica e
ambiental das áreas afetadas de forma mais imediata, respondendo também alguns

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

questionamentos como “a carga de rejeito depositada no ambiente edáfico e


aquático é tóxica?”, “quais são os efeitos nas comunidades?”, “ qual a situação da
população que ficou desalojada após o desastre?” “o que tem sido feito efetivamente
pela empresa SAMARCO e órgãos governamentais envolvidos (Ministério Público,
IBAMA, FEAM e outros?” e “quais os anseios dos atingidos?”. Dentro desta temática
o objetivo desta Sessão Especial é promover uma ampla discussão e encorajar a
disseminação conjunta dos resultados das ações já realizadas e daquelas em
andamento, além de refletir sobre o papel da Ecotoxicologia, Química Ambiental e
das Ciências Humanas (entre outras áreas do conhecimento) frente aos desastres
ambientais, no sentido de fornecer informações para ações de recuperação
socioambiental, análise do risco (eco)toxicológico, valoração dos danos e
monitoramento ambiental, integrando os diferentes agentes envolvidos (academia,
empresa, governo e sociedade em geral).

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MESA REDONDA 2: CIANOBACTÉRIAS TÓXICAS, UMA AMEAÇA GLOBAL –


DESAFIOS PARA A GESTÃO E CONTROLE DE FLORAÇÕES TÓXICAS NO
BRASIL

Coordenador
Dr. Aloysio da Silva Ferrão Filho
Instituto Oswaldo Cruz - Fiocruz

Colaboradores:
Dr. Marcelo Manzi Marinho
Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Dr. Fernando Antônio Jardim


COPASA - Companhia de Saneamento de Minas Gerais.

As cianobactérias são organismos procarióticos com longa história evolutiva na


Terra (~3,5 bilhoes de anos). Como produtores primários, constituem parte
importante das cadeias alimentares de ambientes aquáticos marinhos e de água
doce. Sua ubiquidade, no entanto, faz destes um dos mais bem adaptados
organismos da Terra, ocorrendo desde as regiões desérticas até os polos. Uma
característica peculiar das cianobactérias é a produção de metabólitos secundários,
denominados de cianotoxinas. As cianotoxinas formam um grupo muito diverso de
toxinas, sendo agrupadas por suas características químicas (i.e. peptídeos,
alcalóides, lipopolisacarídeos, etc.) ou por seu mecanismo de ação (i.e.
hepatotoxinas, neurotoxinas, dermatotoxinas, etc.). Muito tem se debatido sobre o
papel destas toxinas, mas ainda não há consenso no meio acadêmico sobre o seu
papel ecológico, vantagens adaptativas e efeitos no ecossistema aquático.
Independente do motivo pelo qual as cianotoxinas são produzidas, é fato que as
cianobactérias tóxicas causam inúmeros efeitos sobre animais e plantas nos
ecossistemas aquáticos, além de prejuízos econômicos à indústria da pesca e ao
turismo. Estes efeitos implicam na redução de populações
de microrganismos e peixes e perda de biodiversidade. Além disto, sabe-se que as
algumas cianotoxinas são bioacumulativas, podendo ser transferidas para elos
superiores da cadeia alimentar, trazendo riscos à saúde humana. Portanto, medidas
de monitoramento e controle de florações são objetivos a ser alcançado pelas
agências ambientais. A legislação brasileira no que se refere ao monitoramento das
cianobactérias e cianotoxinas em águas de abastecimento público, teve início em
2000 com a edição da portaria 1469 do Ministério da Saúde. No tocante à legislação
ambiental, a Resolução do CONAMA 357/2005, dispõe sobre a classificação da
qualidade das águas e os seus usos. Essa resolução reporta também aos critérios
de balneabilidade por meio da resolução CONAMA 274/2000, que no seu artigo 3°,
considera a interdição de praias e balneários caso ocorram dentre outros acidentes
(derramamento de óleo e extravasamento de esgoto), vetores de doenças de
veiculação hídrica e florações de algas tóxicas. Nesse contexto, essa apresentação
pretende fazer um breve histórico sobre a problemática das florações tóxicas de
cianobactérias e as medidas ambientais, operacionais e de saúde pública adotadas,
no âmbito da legislação, para mitigar os impactos causados pelas cianotoxinas.

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MESA REDONDA 3: PROGRESSOS E DESAFIOS PARA REGULAMENTAÇÃO E


AVALIAÇÃO DE RISCO AMBIENTAL DE AGROTÓXICOS NO BRASIL

Coordenador:
Dr. Rhaul de Oliveira
Universidade Estadual de Campinas / Universidade de São Paulo

Colaboradores:
Dra. Karina de Oliveira Cham
IBAMA

Dra. Ana Paola Cione


Syngenta Proteção de Cultivos Ltda.

Dr. Luís César Schiesari


Universidade de São Paulo

O Brasil é o maior consumidor de agrotóxicos do mundo, são aproximadamente 310


ingredientes ativos registrados para uso no país. A avaliação do perigo ambiental
desses agrotóxicos é atribuída ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos
Recursos Naturais Renováveis (IBAMA). Esse têm organizado grupos de trabalho e
publicado normas para elevar os padrões regulatórios no Brasil, movendo
gradativamente da avaliação de periculosidade para avaliação de risco. Avanços
recentes foram observados, podendo-se destacar a publicação da Instrução
Normativa 02/2017 (IN 02 – fevereiro 2017) que trata da avaliação de risco
ambiental para polinizadores. Entretanto, garantir a preservação da qualidade
ambiental continua sendo um grande desafio e mais avanços são necessários para
salvaguardar a qualidade dos solos, águas superficiais, sedimentos e da biota, e
consequentemente de seus serviços ecossistêmicos. Neste contexto, o objetivo
dessa mesa redonda é unir no mesmo espaço representantes do governo, indústria
de agrotóxicos, sociedade civil e academia para que juntos possam contribuir na
construção para avaliação de risco de agrotóxicos no Brasil, identificando lacunas no
processo regulatório atual e apontando possíveis contribuições de cada setor.
Assim, durante a sessão serão apresentadas informações que subsidiem a
avaliação de risco ambiental de agrotóxicos e a tomada de decisões regulatórias

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SESSÕES ESPECIAIS

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SESSÃO ESPECIAL 1 – NON - CONVENTIONAL ANIMAL MODELS IN


ECOTOXICOLOGICAL AND GENOTOXICOLOGICAL STUDIES

Coordenador:
Dr. Marcelo L. Larramendy
School of Natural Sciences and Museum, National University of La Plata, La Plata,
Argentina

Colaboradores:
Dra. Sonia Soloneski
School of Natural Sciences and Museum, National University of La Plata, La Plata,
Argentina -

Dra. Daniela de Melo e Silva


Universidade Federal de Goiás (UFG), Goiânia – GO, Brasil

Dr. Classius de Oliveira


Universidade do Estado de São Paulo

Invertebrate and vertebrate animal models have been used for decades in acute and
chronic toxicity tests for hazard identification. They can be very efficient screening
systems that have a major role to play in toxicity research, because certain aspects
of their biology, physiology and genetic characteristics make them suitable models in
ecotoxicological and genotoxicological studies. We intend to provide an overview on
the use of non - conventional, locally available, invertebrate and vertebrate species
as experimental models for the study of different toxicological aspects induced by
environmental pollutants in both aquatic and terrestrial ecosystems. We shall aim to
shed some light on the matter, whilst offering relevant tools for evaluating risk and to
provide a framework of practical discussions. These will foster decisions and actions
required to reduce environmental health risk against environmental stressors.

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SESSÃO ESPECIAL 2 -O DECLÍNIO DOS ANFÍBIOS E A IMPORTÂNCIA DA


UTILIZAÇÃO DE BIOMARCADORES PRECOCES E SENSÍVEIS

Coordenadora:
Dra. Monica Jones Costa
UFSCar, SP

Colaboradores:
Dr. Cleoni dos Santos Carvalho
UFSCar, SP

Dra. Lilian Franco-Belussi


UFSCar, SP

As causas do drástico declínio pelo qual as populações de anfíbios vêm passando


ao longo dos últimos 30 anos é tida como multifatorial. Contudo, isolados ou
associadamente, os xenobióticos vêm sendo apontados como um dos principais
fatores responsáveis por esse declínio. Sabe-se que diversos dos endpoints que
costumam ser utilizados em ensaios ecotoxicológicos com anfíbios, como
crescimento, metamorfose e mortalidade, podem ser resultado de inúmeras
etiologias. Objetivos: Dessa forma, aqui pretende-se elencar e descrever as
vantagens da utilização de biomarcadores mais precoces e sensíveis para a
avaliação dos mecanismos pelos quais os xenobióticos podem causar desbalanços
homeostáticos que venham a prejudicar a saúde de anfíbios. Para tanto, as
seguintes temáticas que se intercorrelacionam e se completam serão abordadas
por meio de palestras:

1) Biomarcadores bioquímicos em anuros


2) Biomarcadores fisiológicos em anuros
3) Biomarcadores morfológicos e genotóxicos em anuros

Resultados Esperados: Por meio dessas análises, procurar-se-á não apenas propôr
a utilização de novos biomarcadores particularmente sensíveis a determinados
xenobióticos, como também traçar um panorama do estado da arte, quando se trata
da ecotoxicologia de anfíbios.

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SESSÃO ESPECIAL 3 - AVALIAÇÃO DE RISCO ECOLÓGICO E A REMEDIAÇÃO


DE SITES NA AMÉRICA LATINA:O ESTADO DA PRÁTICA

Coordenadora:
Dra. Alyne Cetrangolo Chirmici
Ramboll Brasil

Colaboradora:
Dra. Flavia Toledo Ramos
Ramboll Brasil

Os avanços regulatórios e científicos estão exercendo uma influência cada vez


maior sobre o papel da Avaliação de Risco Ecológico (ERA) na remediação de sites
na América Latina. As recentes regulações e diretrizes estão mudando
significativamente o panorama dos métodos e abordagens da ERA. Por exemplo,
em 2017, a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB) introduziu um
regulamento que exige a avaliação de risco ecológico em sites contaminados e,
juntamente com a Assoção Brasileira de Normas Técnicas, está desenvolvendo
normas técnicas para implementar a regulamentação. Além disso, a Secretaria de
Meio Ambiente e Recursos Naturais do México (SEMARNAT) publicou um guia que
introduz a ERA, e o Ministério do Ambiente (MINAM) do Peru publicou um guia para
avaliação de riscos ambientais. Isso, em conjunto com a recente legislação sobre
danos ambientais (por exemplo, no México e no Chile), deverá incentivar a aplicação
de conceitos de risco ecológico e quadros de avaliação na tomada de decisões em
remediação. A sessão fornecerá uma visão geral dos recentes avanços regulatórios
e científicos, uma introdução ao quadro de avaliação de risco desenvolvido pela
Agência de Proteção Ambiental dos EUA para investigação e remediação de sites,
ilustrações de estudos de caso que tornam a avaliação de risco ecológico um meio
de aumentar a sustentabilidade, além de obstáculos técnicos e institucionais para a
adoção da prática da ERA. Esta sessão decorre e atualiza uma sessão semelhante
apresentada no 12° Encontro Bianual Latino-Americano do SETAC (Society of
Environmental Toxicology and Chemistry), realizado em Santos, Brasil, em 7 de
setembro de 2017 e tem como objetivo promover a coordenação entre a ECOTOX
Brasil e SETAC LA.

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SESSÃO ESPECIAL 4 - REUNIÃO EDITORES ECC - Ecotoxicology and


Environmental Contamination

Coordenador:
Dr. Charrid Resgalla Jr.
Universidade do Vale do Itajaí - UNIVALI

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SESSÃO ESPECIAL 5 – RISK - BASED HAZARD EVALUATION: PRACTICAL


CONSIDERATIONS FOR LATIN AMERICA

Coordenador:
Dr. Karluss Thomas
Global Silicones Council, Washington, DC, USA

Colaboradores:
Dra. Helena Cristina da Silva de Assis
Universidade Federal do Paraná, UFPR, BRAZIL

Improvements in the understanding of chemical stressors and their potential impacts


on environmental quality coupled with advancements in the science associated with
risk evaluation have combined to create renewed interest among national and
regional regulatory authorities to develop domestic programs to protect
environmental quality. In Latin America, there is a growing interest in the
development of national chemicals management programs to support domestic
environmental protection goals. To support the development of risk - based
chemicals management programs in Latin America, the Society of Environmental
Toxicology and Chemistry’s (SETAC) International Programs Committee (IPC) is
hosting a series of seminars in Latin America focused on the primary elements of
environmental risk assessment (hazard evaluation, exposure assessment, and risk
characterization) and their practical application. Each seminar will include a detailed
overview of the practical considerations associated with each element, a review of
the most recent scientific advancements, and include relevant case studies to
provide practical ‘real - world’ experiences. This initial seminar will be focused on
hazard evaluation and will feature a review of the key components of hazard
evaluation including problem formulation, and review of data and study quality.
Expert speakers will address each topic and case studies using compounds from a
broad range of chemistries will be utilized to demonstrate the practical application of
the concepts reviewed. Subsequent seminars will focus on exposure assessment
and risk characterization.

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SESSÃO ESPECIAL 6 – FÁRMACOS, DROGAS ILÍCITAS E PRODUTOS DE


CUIDADOS PESSOAIS EM AMBIENTES AQUÁTICOS

Coordenador:
Dr. Camilo Dias Seabra Pereira
Universidade Federal de São Paulo/Universidade Santa Cecília, SP

Colaboradores:
Dra. Luciane Alves Maranho
Instituto de Biociências, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”,
UNESP , SP

Durante as últimas décadas, o impacto da poluição química se concentrou


principalmente nos contaminantes convencionais "prioritários", e especialmente
aqueles altamente tóxicos / cancerígenos que apresentam persistência no ambiente.
Recentemente, os produtos farmacêuticos e de cuidados pessoais, assim como
drogas ilícitas foram identificados como contaminantes de preocupação emergente.
A principal fonte dessas substâncias são as descargas de águas residuais
domésticas, e apesar das baixas concentrações reportadas na ordem de ng a μg.L-1,
bioacumulação e efeitos biológicos adversos têm sido observados em diferentes
matrizes ambientais. Nessa sessão serão abordados estudos sobre a ocorrência,
bioacumulação, efeitos adversos e comportamento de fármacos, drogas e produtos
de cuidados pessoais, com ênfase em ambientes aquáticos. Esta discussão
contribuirá para elucidar mecanismos de ação, toxicidade, ocorrências e risco
ambiental, a fim de subsidiar melhorias nos quadros regulatórios e nas políticas
públicas relacionadas ao tema.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

SESSÃO ESPECIAL 7 - ENSAIOS MARINHOS COM OURIÇOS-DO-MAR:


NECESSIDADES E ALTERNATIVAS

Coordenador:
Dr. Charrid Resgalla Jr.
Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI), SC

Colaboradores:
Dra. Tatiana Heid Furley
Aplysia Soluções Ambientais

Sr. Alexandre Santo de Souza


IBAMA

Devido às facilidades de manuseio e sensibilidade dos ouriços-do-mar, além de


reconhecido modelo biológico de uso mundial, os ensaios com esses organismos
são amplamente utilizados na ecotoxicologia marinha, sendo a metodologia de
ensaio descrita na norma ABNT NBR 15.350. Entretanto, a partir da Portaria do
Ministério do Meio Ambiente MMA 445/2014, com a lista de espécies da fauna
ameaçada de extinção, a restrição ao uso de Lytechinus variegatus gerou
modificações nas pesquisas acadêmicas e nos processos de avaliação ambiental
que utilizavam essa espécie. Além disso, na revisão da norma da ABNT (ainda não
publicada), foram considerados outros organismos-teste, sendo proposta a inclusão
da espécie Arbacia lixula. Em função do exposto, serão discutidos temas correlatos,
como a necessidade de avaliações populacionais da s espécies de ouriços na costa
brasileira, a ampliação do uso de outras espécies na norma ABNT, as aplicações do
ensaio embriolarval, os danos que os organismos podem sofrer na manipulação,
assim como os desdobramentos da Portaria MMA 445/2014.

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SESSÃO ESPECIAL 8 - ECOSSISTEMA TERRESTRE: OBJETIVOS DE


PROTEÇÃO, QUALIDADE DE SOLOS E SERVIÇOS DO ECOSSISTEMA

Coordenadoras:
Dra. Vanessa Bezerra de Menezes Oliveira
Escola de Engenharia de São Carlos

Dra. Júlia Carina Niemeyer


Universidade Federal de Santa Catarina – Campus Curitibanos

Colaboradores:
Dr. José Paulo Sousa
Universidade de Coimbra - Portugal

Dra. Maria Elizabeth Fernandes Correia


Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA)

Dr. Dick Roelofs


Vrije Universiteit Amsterdam

Sr.Valmir Silva Rocha Filho


Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
(IBAMA)

Dr. Osmar Klauberg Filho


Universidade do Estado de Santa Catarina - UDESC Lages

Dr. Luis Carlos Luñes Oliveira Filho


Universidade do Estado de Santa Catarina - UDESC Chapecó

MSc. Leticia Scopel Camargo Carniel


Universidade do Estado de Santa Catarina - UDESC Lages

O sistema solo é de crucial importância para as inúmeras atividades humanas.


Dentre os inúmeros serviços ecossistêmicos fornecidos pelo solo, temos serviços de
provisão (p.e.x, alimentos, fibras), suporte (produção primária, ciclagem de
nutrientes), regulação (clima, pragas) e culturais (recreacionais, educativos). No
entanto, o solo só consegue cumprir o seu papel e desempenhar suas funções
quando as propriedades que envolvem sua qualidade estão em perfeito
funcionamento. O equilíbrio deste ecossistema está frequentemente ameaçado
pelas diversas atividades antrópicas envolvendo uso de substâncias químicas (p.ex.,
agrotóxicos) ou deposição de resíduos. Para que este ambiente seja protegido é
necessário o pleno conhecimento de suas principais características estruturais e
funcionais, culminado com a avaliação dos possíveis efeitos oriundos do contato dos
diferentes xenobióticos com a estrutura biológica do solo (microbiota, meso e
macrofauna). A avaliação de risco ecológico leva em conta as especificidades de
cada local e contaminantes envolvidos, onde os objetivos de proteção vão estar
atrelados ao uso pretendido da área, e as avaliações ecotoxicológicas serão
escolhidas com base nos possíveis receptores ecológicos da contaminação. As

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

informações obtidas a partir dos efeitos observados são cruciais para entender até
que ponto as diferentes substâncias químicas podem ser utilizadas sem que haja
detrimento da qualidade do solo e, por consequência, perda de serviços do
ecossistema. Desta forma, o objetivo desta sessão é apresentar e discutir
ferramentas e estudos de caso, onde a saúde do ecossistema terrestre é avaliada
com foco em estudos ecotoxicológicos, ecologia de comunidades, interações
ecológicas e seus reflexos na proteção dos serviços do ecossistema.

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SESSÃO ESPECIAL 9 - NANOPARTÍCULAS: ECOGENOTOXICIDADE,


ECOTOXICIDADE E IMPLICAÇÕES IN VIVO E IN VITRO

Coordenadora:
Dra. Marta Margarete Cestari
Universidade Federal do Paraná, UFPR, PR

Colaboradores:
Dra. Claudia Bueno dos Reis Martinez
Universidade Estadual de Londrina, UEL, PR

Dr. Cesar Koppe Grisólia


Universidade de Brasília, UnB, DF

Os nanomateriais continuam sendo utilizados de forma indiscriminada e sem testes


de efeitos em nível molecular e tecidual antes de serem colocados no mercado. Por
este motivo, justifica-se os estudos realizados com diferentes nanopartículas (Nps).
As Nps de Dióxido de Titânio (NpTiO2) e de Prata (NpAg)], demonstraram toxicidade
em diferentes biomarcadores (genotóxicos, citotóxicos, enzimáticos e histológicos)
quando foram utilizados peixes (in vivo) e cultivo de RTG2 (in vitro). Diferentes
tecidos de Hoplias intemedius (espécie nativa) foram analisados, ficando
demonstrado a especificidade tecidual de ação destas nanopartículas in vivo.
Também foi demonstrada a capacidade das Nps de fazerem Crosslink no DNA das
células RTG2, demonstrando o porquê muitas vezes se verifica a diminuição de
danos no DNA quando se utiliza o ensaio cometa alcalino. Também testando
NpTiO2, verificou-se alteração da forma física de anatase para bruquita, além de
alterações estruturais nas células do meristema de Allium cepa. Além das
nanopartículas metálicas, sistemas de liberação para herbicidas com base em
diferentes tipos de nanopartículas poliméricas estão sendo desenvolvido s com o
objetivo de minimizar a contaminação dos recursos naturais por agrotóxicos.
Estudos para investigar os efeitos da nanoencapsulação da atrazina estão sendo
realizados, utilizando-se os peixes Prochilodus lineatus e a análise de
biomarcadores genotóxicos, bioquímicos e fisiológicos. Também devem ser
ressaltadas as nanoestruturas carbonáceas híbridas utilizadas para a remediação de
ecossistemas aquáticos contaminados por resíduos de fármacos. As interações de
nanoestruturas carbonáceas (carvão ativado e nanotubos de carbono híbridos) com
cloridrato de fluoxetina mostraram alta capacidade adsorvente. Os testes de
embriotoxicidade em zebrafish mostraram que há forte interação entre o cloridrato
de fluoxetina e as nanoestruturas carbonáceas. Foi observada uma diminuição
significativa dos efeitos subletais e letalidade de ambas as misturas carbonáceas
com a fluoxetina quando comparados ao controle positivo (fluoxetina pura),
demonstrando que os nanotubos de carbono híbridos adsorveram mais moléculas
do fármaco quando comparados ao carvão ativado. Baseado nesses resultados,
conclui-se que os nanotubos de carbono híbridos levam vantagem como elementos
filtrantes em comparação ao carvão ativado, removendo os resíduos de fluoxetina da
água e diminuindo significativamente a embriotoxicidade em zebrafish.

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SESSÃO ESPECIAL 10 - STATUS DAS QUESTÕES AMBIENTAIS


PRIORITÁRIAS NO BRASIL: OPORTUNIDADE PARA PESQUISA E INOVAÇÃO

Coordenadora:
Dra. Tatiana Heid Furley
Aplysia Soluções Ambientais

Colaboradores:
Dra. Helena Cristina da Silva de Assis
Universidade Federal do Paraná, UFPR, BRAZIL

Através de uma iniciativa da Sociedade de toxicologia e química ambiental (SETAC)


foram identificadas questões prioritárias ambientais globais que necessitam ser
pesquisadas em curto e médio prazo, o projeto Global Horizon Scanning and
Prioritization (GSHP). Em 2005, membros da SETAC América Latina submeteram
100 questões, que de acordo com seu ponto de vista são necessidades prioritárias
em suas regiões. Destas, 20 questões foram selecionadas como prioritárias e
apresentadas no congresso da SETAC LA em Santos, em 2017, abrangendo temas,
tais como: 1) Adsorção / liberação de compostos tóxicos a partir de resíduos
plásticos e microplásticos, 2) Impactos de produtos farmacêuticos em ecossistemas
aquáticos, 3) Impactos de nanomateriais sobre ecossistemas e saúde humana, 4)
Produção de cianotoxinas e risco para a saúde humana, 5) Modelos de
monitoramento de efeitos ambientais para atividades relacionadas a extração natural
e produção de celulose e papel, 6) Eficiência dos regulamentos ambientais atuais e
sua implementação e execução, 7) Eficácia das áreas protegidas para proteger a
biodiversidade de poluentes, 8) Informação de sensibilidade de espécies regionais
para uma melhor previsão de impactos nos ecossistemas locais, 9) Ferramentas
para caracterizar e classificar efluentes industriais e residenciais. O objetivo dessa
sessão é apresentar trabalhos sobre o status, bem como as lacunas do
conhecimento, destas questões no Brasil. O resultado dessa sessão servirá de base
para as pesquisas científicas e novos editais de agências de fomento estaduais e
federais.

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SESSÃO ESPECIAL 11 - MÉTODOS INOVADORES EM ECOTOXICOLOGIA:


BIOLOGIA MOLECULAR, OMICS E BIOLOGIA ESTRUTURAL

Coordenador:
Dr. Igor Dias Medeiros
Instituto do Mar – Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP),

Colaboradores:
Dr. Afonso Celso Dias Bainy
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), SC

Dr. Denis Moledo Abessa


Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho(UNESP), SP

Dra. Flávia Lucena Zacchi


Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), SC

Dr. Juliano Zanette


Universidade Federal do Rio Grande (FURG), RS

MSc. Livia Pitombeira de Figueirêdo


Universidade de São Paulo (USP)

A cada ano a sociedade desenvolve e utiliza uma gama de compostos químicos com
potencial ação tóxica, sendo de fundamental importância para o desenvolvimento
sustentável o conhecimento sobre sua toxicidade bem como a avaliação e controle
dos mesmos. A Ecotoxicologia estuda a entrada e distribuição dos xenobióticos nos
ecossistemas, sua toxicidade e mecanismos de defesa dos organismos, e deve,
portanto, desenvolver e validar novos métodos de avaliação, monitoramento e
remediação dos contaminantes. A Biologia Molecular tem se desenvolvido
substancialmente nas últimas décadas, revolucionando as diferentes áreas do
conhecimento em que tem sido aplicada. A partir do sequenciamento de nova
geração (NGS) é possível descobrir sequências de genomas completos, da parte
ativa dos genomas (transcritomas), bem como monitorar a expressão de genes
cruciais para processos diversos. As tecnologias “omics” (estudo de sequências em
amplo espectro – genômica; transcritômica; proteômica; etc) estão cada vez mais
acessíveis e com menor custo de análise, permitindo que estudos sejam realizados
tanto em organismos modelo quanto em organismos menos investigados. A Biologia
Estrutural possibilita estudos comparativos das moléculas responsáveis pela
biotransformação dos xenobióticos, auxiliando a compreensão da interação destas
com os diferentes tipos de xenobióticos. Essa sessão especial será dividida em seis
palestras de trinta minutos, com uma discussão ao final entre os palestrantes e o
público presente. Essas palestras irão abordar: “Avaliação dos genes Cyp6, ABC,
Receptores de vitelogenina e Gaba em Folsomia candida expostos a pesticidas e
seus princípios ativos”; “Análise do transcritoma de bivalves de ambientes referência
e contaminado”; “Transcritoma de mexilhões expostos a antraceno: um comparativo
entre bioinformática e QPCR”; "Respostas moleculares e do microbioma de peixes
guarús na adaptação para locais poluídos"; “Diversidade de citocromo P450 em
diferentes espécies de ostras do gênero Crassostrea do litoral sul-sudeste

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

brasileiro”; “Avaliação molecular, estrutural e funcional de enzimas da família


Glutationa S-transferase em tecidos de ostras Crassostrea gigas ”. A partir da
exposição destes temas, espera-se demonstrar ao público presente a viabilidade e
aplicabilidade destas novas metodologias no estudo da interação dos xenobióticos
com os organismos, esclarecendo dúvidas e fortalecendo parcerias entre os
diferentes grupos de pesquisa dessa área de investigação.

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SESSÃO ESPECIAL 12 - CONTAMINAÇÕES DE CORPOS HÍDRICOS POR AZO


CORANTES: TRATABILIDADE E BIORREMEDIAÇÃO

Coordenadora:
Dra. Maria Aparecida Marin Morales
UNESP – Rio Claro, SP

Colaboradores :
Dra. Ana Christina Brasileiro-Vidal
Universidade Federal de Pernambuco, UFPE, PE

Dr. Renato Falcão Dantas


Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP, SP

O crescente desenvolvimento, tanto industrial como social, tem levado a um


aumento considerável na produção de resíduos. Dentre os ambientes impactados
pela poluição, destacam os aquáticos, por receberem uma grande quantidade de
efluentes de origem tanto urbana como industrial, muitas vezes sem tratamento ou
inadequadamente tradados, que podem comprometer a qualidade dos corpos
hídricos. Uma classe de poluentes que vem causando preocupação pelo seu
potencial detrimental é a de corantes azo. Esses compostos, que podem ser
derivados de atividades da indústrias têxtil (enxágue, tingimento, fixação e
alvejamento) ou do alto uso de tinturas capilares (lavagem) estão presentes tanto
em efluentes industriais como urbanos. A presente mesa redonda tem por objetivo
apresentar diversos bioensaios que têm sido realizados com o intuito de avaliar o
potencial genotóxico e mutagênico de contaminantes presentes nas águas de rios
de grande importância nacional, como o Rio Ipojuca (Pernambuco) e o Rio
Piracicaba (São Paulo). Adicionalmente, serão apresentadas estratégias de
biorremediação como forma de atenuação da genotoxicidade, mostrando a
importância de unir dois ou mais processos de tratamento a fim de se ter uma
melhor eficiência nos resultados, bem como a melhor qualidade do efluente a ser
lançado nos corpos hídricos.

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RESUMOS

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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ACV - Análise de ciclo de vida

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Painel
ACV - Análise de ciclo de vida
36 - CONCENTRAÇÕES AMBIENTAIS DE COBRE REDUZEM A FOTOSSÍNTESE
DA MICROALGA Kirchneriella obesa

RAFAEL BARTY DEXTRO, ANA TERESA LOMBARDI


Contato: RAFAEL BARTY DEXTRO - RAFAELBARTY@YAHOO.COM.BR

Palavras-chave: cobre; fotossíntese; kirchneriella; microalga

INTRODUÇÃO

As microalgas, um componente essencial de ecossistemas aquáticos, constituem a


base das relações tróficas e de produção primária nestes ambientes. Alterações nas
condições físico-químicas do meio podem alterar o desempenho fotossintético e
bioquímico delas, afetando toda a teia alimentar e o equilíbrio ambiental. O descarte
de resíduos contendo metais e o uso de fungicidas e algicidas ricos em cobre afeta
diretamente o fitoplâncton, podendo causar graves efeitos mesmo em baixas
concentrações. A fim de entender os mecanismos de toxicidade deste metal em
concentrações sub-letais sobre os parâmetros fotossintéticos e do crescimento
populacional, utilizamos a microalga Kirchneriella obesa como espécie modelo.

METODOLOGIA

Kirchneriella obesa (Sphaeropleales, Chlorophyta) foi cultivada em meio BG-11 com


concentrações de cobre livre variando de 3x10 -9 a 4x10-5 mol/L. A determinação do
cobre livre foi realizada utilizando-se a técnica de potenciometria com calibração
realizada por meio de padrões e tampões metálicos. Os cultivos permaneceram em
24 ± 1 ºC, sob ciclo claro-escuro de 12:12, com intensidade luminosa de 180 μmol
photon m-2 s-1. Foram realizadas amostragens diárias para o monitoramento de
densidade celular, concentração de clorofila a e do rendimento quântico máximo
(Φm), através de fluorescência de amplitude modulada (PhytoPAM). Na fase
exponencial de crescimento (72h), foram determinadas as curvas de saturação de
luz, o rendimento quântico efetivo (Φm’) e as dissipações de energia fotoquímica
(qP) e não fotoquímica (NPQ) em cada tratamento.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados mostraram que a partir de 4x10-7 mol/L de Cu2+ efeitos tóxicos


começaram a ser detectados nos cultivos. Nesta concentração, cerca de 70% da
taxa de crescimento foi reduzida e os parâmetros fotossintéticos sofreram redução
de 50%. Em concentrações de 5x10-7 mol/L de Cu2+ e acima, os parâmetros
fotossintéticos Φm, Φm’, qP foram reduzidos, enquanto NPQ aumentou 300% em
relação ao controle. Todos os parâmetros das curvas de saturação luminosa foram
afetados pelas concentrações de cobre livre iguais ou superiores a 4x10 -7 mol/L.
Nossos resultados mostram que o cobre, em concentrações acima das usualmente
requeridas danifica o aparato fotossintético e prejudica o crescimento desta espécie
de microalga, sendo o crescimento celular mais sensível ao metal do que a
fotossíntese.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

O cobre pode afetar a cadeia de transporte de elétrons nos fotossistemas,


prejudicando gravemente o processo fotossintético. Segundo Burda et al (2003), os
íons de cobre são capazes de oxidar diretamente o citocromo b 559, levando a
inibição direta da clorofila a; esses autores mostram ainda que o elemento pode
causar um excesso de estimulo aos elétrons que circulam no complexo antena do
PSII, aumentando a dissipação de energia não fotoquímica e reduzindo o
rendimento geral da fotossíntese. Apesar de algumas espécies de microalgas, como
a Scenedesmus sp, serem mais robustas e suportarem melhor o estresse
ocasionado pelo cobre (MALLICK & MOHN, 2003), um grande número de espécies
reflete o comportamento obtido para a Kirchneriella obesa, sofrendo efeitos danosos
em concentrações de cobre livre inferiores a 10-6 mol/L (WANG et al, 2017). Para
compreender de maneira mais completa todos os efeitos deste metal sobre a
biologia desta alga, seria importante avaliar além da fotossíntese os parâmetros
bioquímicos.
Segundo a resolução CONAMA 357, corpos de água destinados a irrigação de
plantações e consumo animal podem ter uma concentração máxima de cobre livre
de até 2.05x10-7 mol/L. Concentrações da ordem de 10-6 mol/L de cobre livre
(OLIVERIA, 2012) são comumente encontradas em ambientes aquáticos do estado
de São Paulo e, do mesmo modo que concentrações próximas a estas afetaram K.
obesa, podem afetar outros organismos do fitoplâncton nos ambientes naturais. Isso
teria consequências ecológicas graves, como o desiquilíbrio presa/predador uma vez
que esses organismos são a base de cadeias alimentares de pastagem nos
ambientes aquáticos.

CONCLUSÃO

Nossos resultados mostraram os efeitos da toxicidade do cobre sobre os parâmetros


fotossintéticos e de crescimento da microalga Kirchneriella obesa submetida a
diferentes concentrações ambientais e sub-letais deste metal. Mesmo quando as
concentrações do cobre foram próximas às aceitáveis pela legislação vigente para
os ambientes aquáticos (CONAMA 357), este metal causou a redução significativa
do rendimento quântico, da energia de dissipação fotoquímica e da taxa de
crescimento, sinais claros de estresse metabólico.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BURDA, K.; JERZY, K.R.U.K.; SCHMID, G.H.; STRZALKA, K. 2003 Biochemical J


371: 597-601.
CONAMA, RESOLUÇÃO No 357, 17/03/2005. DOU nº 053, de 18/03/2005, págs.
58-63.
MALLICK, N.; MOHN, F.H. 2003 Ecotoxicol and Environ Safety 55: 64-69.
OLIVEIRA, T.A.D. 2012 Doctoral dissertation, Universidade de São Paulo.
WANG, H.; SATHASIVAM, R.; KI, J.S. 2017 Algae, 32: 131-137.

FONTES FINANCIADORAS

Este projeto possui financiamento do Conselho Nacional de Desenvolvimento


Científico e Tecnológico (CNPq) através da minha bolsa de mestrado.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
ACV - Análise de ciclo de vida
107 - CULTIVO DE CLADÓCEROS PLANCTÔNICOS ALIMENTADOS COM
BIOMASSA SECA DE MACRÓFITA AQUÁTICA PARA USO EM AQUICULTURA:
PARÂMETROS DO CICLO DE VIDA

MAIRA ALCÂNTARA PROENÇA, ODETE ROCHA, DANIELE CRISTINA SCHIAVONE


Contato: MAÍRA ALCÂNTARA PROENÇA - MAIRA_PROENCA@HOTMAIL.COM

Palavras-chave: Zooplâncton; macrófitas; ciclo de vida

INTRODUÇÃO

Os cladóceros são importantes componentes do zooplâncton herbívoro, possuindo


grande potencial para sua utilização como alimento vivo na piscicultura. Entretanto,
existem ainda dificuldades na produção em grande escala. Uma possível alternativa
que poderá contribuir tanto para a diminuição do custo de cultivo do zooplâncton
quanto no manejo dos sistemas aquáticos voltados para a aquicultura consiste no
uso das macrófitas aquáticas como complemento alimentar. O objetivo do presente
trabalho é avaliar o potencial da macrófita Salvinia minima como complemento
nutricional nos cultivos de Daphnia laevis e Moina micrura comparando-se os
principais parâmetros do ciclo de vida destas para diferentes combinações
alimentares.

METODOLOGIA

D. laevis e M. micrura foram cultivadas em laboratório, em água reconstituída de


acordo com os protocolos da ABNT (2005). Visando uma tecnologia de baixo custo,
os experimentos foram realizados utilizando-se água de um tanque de cultivo da
estação experimental. Os experimentos do ciclo de vida se estenderam até a
mortalidade total dos indivíduos. Foram preparadas duas suspensões alimentares
com: uma contendo suspensão na concentração de 105 cels L -1 da microalga
Pseudokirchneriella subcapitata e 1 mL de alimento composto; outra contendo 0,04
g da biomassa triturada da macrófita S. minima em um litro de água. Estas
quantidades de biomassa de macrófita foram estabelecidas através de testes
preliminares. Os tratamentos estabelecidos foram: controle, alimentados apenas
com a suspensão algal e alimento composto; e combinações de: 75% da suspensão
algal e 25% da suspensão com macrófita seca particulada (TAS); 50% e 50% de
cada uma (TBS); 25% de suspensão algal e 75% de macrófita (TCS) e uma apenas
com a macrófita triturada (TDS), com 10 repetições cada. Foram feitas medições do
comprimento corporal sob microscópio estereoscópico durante os primeiros dias. A
longevidade média e contagem o número total de neonatos produzidos foram
computados e estas foram retiradas imediatamente do frasco experimental.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

D. laevis alimentadas apenas com algas apresentaram um comprimento final médio


de 1765 µm, enquanto aquelas alimentadas com mistura da alga e a macrófita, nas
proporções de 75:25 (TAS) e 50:50 (TBS), resultaram maiores médias de
comprimento, de 1733,3 µm e 1880,0 µm, respectivamente. Os menores

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

comprimentos foram nos tratamentos de 75:25 (TCS) e de 100% da macrófita (TDS),


com médias de 1608 µm e 1434 µm, respectivamente. Para Moina micrura o maior
comprimento médio foi no controle, com 1066,6 µm, já com S. mínima (TAS, TBS,
TCS, e TDS) resultaram em comprimentos médios menores, 930 µm, 850 µm, 900
µm e 900 µm, respectivamente. A longevidade de D. laevis no controle foi de 20
dias, enquanto nos tratamentos TAS, TBS e TCS, atingiram longevidade menor 14,
11 e 11 dias, respectivamente. O tratamento TDS apresentou uma longevidade
média de 19 dias, porém os poucos indivíduos que sobreviveram não apresentaram
crescimento corporal e produção ovos. Para M. micrura, a longevidade média no
controle foi de 8 dias e para os tratamentos com macrófitas a longevidade foi
reduzida à metade, sendo de 4 dias para TAS, TBS e TDS e 3 dias para TCS. Em
relação à produção reprodutiva, o número total de neonatos produzidos no controle
da D. laevis, somando-se a produção das 10 réplicas, foi de 554 neonatos. Nos
tratamentos TAS TBS TCS e TDS apresentaram médias menores, com: 294, 234,
134 e 285 neonatos. Para a M. micrura, o controle obteve 287 neonatos, enquanto
TAS, TBS, TCS e TDS a produção reprodutiva média foi bastante inferior àquela
obtida para o controle, 90, 76, 0 e 7 neonatos, respectivamente. Em relação ao
crescimento corporal, o uso da macrófita como complemento alimentar para D.
laevis resultou em um desempenho semelhante em comparação ao controle. Já em
relação ao desempenho reprodutivo, nos tratamentos com S. mínima foi obtida
menor produção. Para M. micrura houve diminuição no comprimento corporal dos
indivíduos com os diferentes tratamentos. Em relação ao número de neonatos, nos
tratamentos com maiores quantidades de macrófita praticamente não ocorreu
produção de neonatos. Uma hipótese para a menor aceitabilidade das macrófitas
por M. micrura em comparação com D. laevis, poderia ser a diferença de tamanho
corporal, assim, D. laevis por apresentar maior tamanho seria mais eficiente na
filtração com espectro mais amplo de tamanho de partículas, enquanto que M.
micrura, menor tamanho, teria uma faixa mais restrita, resultando em seletividade.

CONCLUSÃO

Portanto, os resultados indicam que existe potencial para utilização de macrófitas


como recurso alimentar em cultivos do zooplâncton em larga escala, não se
constatou efeito adverso ou tóxico. Porém as espécies a serem cultivadas precisam
ser escolhidas experimentalmente. Sugere-se que outras macrófitas e outras
espécies de cladóceros sejam testadas, considerando-se que esta aplicação, além
de vantajosa economicamente é também ambientalmente importante pois as
macrófitas contribuem para a retirada parcial da carga de nutrientes advinda das
atividades de piscicultura e que se não controlada poderia ser transferida para os
ecossistemas aquáticos adjacentes, levando à eutrofização de todo sistema.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TECNICAS (ABNT) agua – 1993. Ensaio


de toxicidade aguda com Daphnia similis Claus, 1876, (Cladocera, Crustácea) NBR
12713. 16 p.
BERN, L. 1994. Particle selection over a broad size range by crustacean
zooplankton. Freshwater Biology, 105–112.
GÓMEZ–CERÓN, A.E.; PINTA, A.X.; PECILLO, E.S.; CERON, S.M.; DELGADO,
J.E. 2013. EVALUACIÓN DE DOS TIPOS DE ZOOPLANCTON (Artemia sp y

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

COPÉPODOS) EN LA PRIMERA ALIMENTACIÓN DE SÁBALO (Brycon


melanopterus). Revista de Invetigación Pecuaria, 2(1), 38-44.
MAEHRE, H.K.; HAMRE, K.; ELVEVOLL, E.O. 2013. Nutrient evaluation of rotifers
and zooplankton: feed for marine fish larvae. Aquaculture Nutrition, 19(3), 301-311.
PAGANO, M. 2008. Feeding of tropical cladocerans (Moina micrura, Diaphanosoma
excisum) and rotifer (Brachionus calyciflorus) on natural phytoplankton: effect of
phytoplankton size-structure. Journal of Plankton Research, 30(4), 401–414.
doi:10.1093/plankt/fbn014
SCHULTZ, R.; DIBBLE, E. 2012. Effects of invasive macrophytes on freshwater fish
and macroinvertebrate communities: the role of invasive plant traits. Hydrobiologia,
684(1), 1–14. doi:10.1007/s10750-011-0978-8

FONTES FINANCIADORAS

CNPq

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Painel
ACV - Análise de ciclo de vida
162 - EFEITO ISOLADO E COMBINADO DA EXPOSIÇÃO LARVAL AO
INSETICIDA CLOTIANIDINA E DO FUNGICIDA PIRACLOSTROBINA NO
DESENVOLVIMENTO DE OPERÁRIAS DE Apis mellifera E SEUS EFEITOS NO
ADULTO

RAFAELA TADEI, CAIO E. C. DOMINGUES, OSMAR MALASPINA, ELAINE CRISTINA


MATHIAS DA SILVA ZACARIN
Contato: ELAINE CRISTINA MATHIAS SILVA ZACARIN - ELAINE@UFSCAR.BR

Palavras-chave: ecotoxicologia terrestre; abelhas; pesticidas; metamorfose; comportamento

INTRODUÇÃO

Estudos evidenciaram que o declínio de populações de abelhas não ocorre por


fatores isolados, mas por uma combinação deles. Dentre eles destacam-se os
agrotóxicos, sendo que aqueles com ação sistêmica são translocados para o pólen e
néctar das plantas. Durante o forrageio, as abelhas entram em contato com estas
matrizes potencialmente contaminadas e as levam para colmeia. O pólen e néctar
são então utilizado como alimento para as abelhas das colônias, incluindo as larvas,
ocasionando uma cascata de contaminação intra-colonial. Objetivou-se avaliar o
efeito isolado e combinado da exposição larval ao inseticida clotianidina e ao
fungicida piraclostrobina em doses realísticas.

METODOLOGIA

Larvas de primeiro instar, obtidas de três colônias saudáveis, foram transferidas para
cúpulas esterilizadas contendo dieta artificial e submetidas a exposição repetida aos
agrotóxicos por via oral, do terceiro ao sexto dia do bioensaio, segundo o protocolo
da OECD 239. Utilizou-se também um grupo controle e um grupo controle do
solvente. O consumo total da dieta contaminada foi de 23,63 ng/larva do fungicida
(piraclostrobina) ou de 0,2364 ng/larva do inseticida (clotianidina), e ambas as
quantidades para o grupo co-exposto. Avaliou-se ao longo do tempo do bioensaio os
efeitos sobre a mortalidade larval e pupal, bem como as anormalidades na fase
larval, pupal e após a emergência. Adicionalmente, avaliou-se a longevidade das
abelhas adultas e, também, o comportamento individual das operárias recém-
emergidas e das operarias jovens (com faixa etária de 3 a 4 dias), o qual foi
observado por meio de filmagem em vídeo, com dez minutos de gravação para cada
abelha. Os vídeos foram analisados no programa Ethovision.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A exposição aos agrotóxicos isolados e combinados não diferiu entre os grupos


expostos e os grupos controles nas taxas de mortalidade de larvas e pupas (p>0,8),
bem como na taxa de pupação e de emergência (p>0,3). Não houve diferença
significativa em nenhum parâmetro analisado entre o grupo controle e controle
solvente (p>0,05). As taxas de larvas com melanização do tegumento e de pupas
anômalas foram semelhantes entre os grupos experimentais. Nas abelhas
emergidas, expostas e não expostas aos agrotóxicos, foram observadas

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

anormalidades nas asas, sendo que estas foram mais frequentes nos grupos
expostos a algum dos agrotóxicos na fase larval, entretanto essas diferenças não
foram significativas (p>0,6). A co-exposição reduziu significativamente a longevidade
das abelhas emergidas em comparação ao controle, porém essa redução foi maior
nas abelhas expostas apenas ao inseticida (p<0,01), enquanto que a longevidade
dos indivíduos expostos ao fungicida de forma isolada não diferiu dos indivíduos
expostos aos dois agrotóxicos, nem aos do grupo controle (p>0,1). Mudanças
comportamentais foram observadas apenas em abelhas jovens (de 3 a 4 dias) que
foram expostas ao inseticida e aquelas submetidas à co-exposição. As abelhas
jovens que foram co-expostas aos agrotóxicos permaneceram menos tempo imóvel
em comparação ao controle (p<0,02), enquanto as expostas apenas ao inseticida
tiveram um maior tempo imóvel. O fungicida não aumentou o efeito do inseticida, já
o inseticida induziu comportamentos que refletem o seu efeito neurotóxico. A
tolerância das larvas aos efeitos do inseticida pode ter sido resultante da expressão
genica diferencial das subunidades dos nAChRs entre larvas e adultos, uma vez que
a expressão destes genes começa a se intensificar no estágio pupal (THANY et al.,
2003), e há baixa quantidade de estruturas alvo no cérebro durante o início do
desenvolvimento larval. Provavelmente, o inseticida clotianidina ingerido em doses
subletais pela larva permaneceu no organismo durante a metamorfose e induziu
neurotoxicidade em fases mais tardias de seu desenvolvimento. Os efeitos no
comportamento das abelhas observadas na co-exposição aos agrotóxicos
possivelmente são causados apenas pelo inseticida, uma vez que o fungicida não
apresentou sinais de alterações no comportamento e longevidade das abelhas, na
dose ingerida durante a fase larval.

CONCLUSÃO

A combinação do inseticida clotianidina e do fungicida piraclostrobina não causou a


potencialização dos efeitos destes agrotóxicos nas abelhas expostas as doses
realísticas, de acordo com os parâmetros avaliados no presente estudo. O inseticida
ingerido na fase larval causou efeitos tardios nos adultos (após a emergência), os
quais podem comprometer a dinâmica populacional da colônia e contribuir para a
redução das populações de abelhas expostas aos agrotóxicos em campos agrícolas
e no seu entorno.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

GOULSON, D. et al. Bee declines driven by combined stress from parasites,


pesticides, and lack of flowers. Science, v. 347, n. 6229, p.1435-1445, 26 fev. 2015.
SÁNCHEZ-BAYO, F.; GOKA, K. Pesticide Residues and Bees – A Risk Assessment.
Plos One, v. 9, n. 4, abr. 2014.
THANY, S.H. et al. Identification and localization of the nicotinic acetylcholine
receptor alpha3 mRNA in the brain of the honeybee, Apis mellifera. Insect Molecular
Biology, v. 12, n. 3, p.255-262, jun. 2003.

FONTES FINANCIADORAS

Fapesp - 2016/26043-6 e 2016/157437

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
ACV - Análise de ciclo de vida
200 - Paramecium caudatum (ALVEOLATA, CILIOPHORA) EM ESTUDOS
ECOTOXICOLÓGICOS: NOVAS INFORMAÇÕES SOBRE CULTIVO EM
LABORATÓRIO

PEDRO MEDES DE SOUZA, JÉSSICA ANDRADE VILAS BOAS, MARCUS VINICIUS


XAVIER SENRA, ROBERTO JÚNIO PEDROSO DIAS
Contato: PEDRO MENDES DE SOUZA - SOUZA.PEDRO@ECOLOGIA.UFJF.BR

Palavras-chave: Cultivo, organismo-teste, ciliados

INTRODUÇÃO

Os organismos-tese usados em testes ecotoxicológicos precisam ser sensíveis a


ampla gama de agentes químicos. O conhecimento sobre reprodução, hábito
alimentar, fisiologia e comportamento destas espécies é essencial para sucesso nos
testes. Os protozoários ciliados apresentam pequeno tamanho, ampla distribuição
geográfica e são facilmente cultivados em laboratório. A espécie Paramecium
caudatum Ehrenberg, 1833 (Ciliophora, Oligohymenophorea) se encaixam na
descrição de organismo-teste e apresenta potencial uso em estudos
ecotoxicológicos. Neste estudo foi padronizada a curva de crescimento desta
espécie usando meio de cultivo específico (Cerophyl), bem como ressaltadas
vantagens do uso deste ciliado em estudos ecotoxicológicos.

METODOLOGIA

Foram realizadas coletas de água e sedimento, entre maio e julho de 2017, em um


córrego urbano (-21º76’42”; -43º34’96”) no município de Juiz de Fora, Minas Gerais
a fim de encontrar espécimes de Paramecium caudatum. Foram realizados cultivos
iniciais contendo amostras de água e sedimento, água mineral, arroz com casca
macerado e algodão, mantidos em placas de Petri. Após uma semana os ciliados da
espécie P. caudatum encontrados foram isolados e mantidos em outro cultivo
(Cerophyl) em placas de cultivo celular de 24 poços. Para realização da curva de
crescimento e detecção da fase log do crescimento desta espécie em Cerophyl
foram utilizados 15 poços dessa placa, em cada poço foram colocados 5 ciliados e
300 microlitros de Cerophyl. O experimento durou 5 dias, a cada dia foi retirado o
conteúdo 3 poços, que foi depositado em um vidro relógio separadamente. No vidro
relógio o material foi corado com Bouin. E com o auxílio de uma lupa e micropipetas
foi feita a contagem dos ciliados, com os dados obtidos foi feita a curva de
crescimento do P. caudatum.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foi observado aumento exponencial na quantidade de indivíduos de P. caudatum


durante os cinco dias de experimento, sendo o pico de crescimento da população
detectado no terceiro dia, com população média de 118 indivíduos em cada poço. A
fase log é o período em que a população apresenta um crescimento logaritmo, ou
seja, o espaço de tempo que a reprodução celular encontra extrema atividade e
sensibilidade (TORTORA et al. 2000). A fase log de P. caudatum foi encontrada

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

após 72 horas de cultivo. É necessário saber o melhor modo de cultivo em


laboratório para que possa conseguir um grande numero de indivíduos em um curto
espaço de tempo para a realização de ensaios toxicológicos (MIRANDA e MARTINS
2013).
O Cerophyl, meio de cultivo utilizado, foi muito eficaz, tendo possibilitado alta taxa da
divisão celular, sendo tamanho populacional dobra diariamente. Esse meio de cultivo
é de simples produção e apresenta um custo relativamente baixo, tornando mais
fácil sua obtenção por outros laboratórios e assim uma reprodução mais fiel dos
ensaios toxicológicos. A padronização dos procedimentos para ensaios de
toxicidade são primordiais para que haja a possibilidade de comparação dos
resultados, além de garantir que as metodologias sejam aplicadas de maneira
uniforme, asseguram que os ensaios possam ser rigorosamente executados de
qualquer lugar (SOARES e CALOW, 1993).
Os dados de cultivo obtidos neste estudo corroboram o potencial uso destes
organismos em ensaios toxicológicos, visto que apresentam uma alta taxa de divisão
celular em meio propicio (Cerophyl), sendo de fácil manejo e cultivo.

CONCLUSÃO

Os dados sobre cultivo e curva de crescimento obtidos neste estudo sugerem o


potencial uso de P. caudatum como organismo-teste e ressalta a necessidade de
padronização dos procedimentos de realização do cultivo desses organismos para
melhor comparação dos estudos com esta espécie em pesquisas ecotoxicológicas.
A facilidade de coleta, manutenção e cultivo desta espécie, bem como sua ampla
distribuição geográfica e registros em diferentes ambientes (lênticos e lóticos) ao
redor do mundo, destacam P. caudatum como excelente modelo ainda pouco
explorado em estudos ecotoxicológicos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

MADONI, P.; ROMEO, M.G. Acute toxicity of heavy metals towards freshwater
ciliated protists. Environmental Pollution, Londres, v.141, n.1, p.1-7. 2006.
MIRANDA, M.M.P.; MARTINS, N.F. Avaliação experimental do efeito tóxico de
metais em Paramecium caudatum Ehrenberg, 1833. Revista Verde, Rio Grande do
Norte, v. 8, n. 3, p. 247-262. 2013.
SONNEBORN, T.M. Breeding systems, reproductive methods and species problems
in Protozoa. In The Species Problem (E. Mayr, ed.) Amer. Association for the
Advancement of Science, Washington, p.155-324. 1957.
TORTORA, G.J. Microbiologia.6 ed. Porto Alegre: Artmed, p. 827. Número de
páginas total, por ser um livro. 2000.

FONTES FINANCIADORAS

CAPES

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Oral
ACV - Análise de ciclo de vida
441 - ESTUDO DO CICLO DE VIDA DE UMA ESPÉCIE DE PEIXE ANUAL COM
VISTAS À PADRONIZAÇÃO DE UM MODELO AUTÓCTONE PARA
BIOINDICAÇÃO

BRUNA DUTRA DE CASTRO, NATÁLIA MEDEIROS DE ALBUQUERQUE WINGEN, LUIS


ESTEBAN KRAUSE LANÉS, GUENDALINA TURCATO OLIVEIRA
Contato: BRUNA DUTRA DE CASTRO - BRUNA.CASTRO.001@ACAD.PUCRS.BR

Palavras-chave: Peixes; Bioindicadores; Balanço Redox; Ciclo de Vida

INTRODUÇÃO

Na região sul do Brasil, a ampla utilização de agrotóxicos está cada vez mais
intensificada afetando ecossistemas aquáticos e ameaçando a biota local. Deste
modo, destaca-se a importância da padronização e utilização de bioindicadores
autóctones com intuito de aprofundarmos nossa compreensão da capacidade de
interação destes químicos com o componente biótico dos ecossistemas. Peixes
anuais apresentam características promissoras como modelos biológicos para
estudos fisiológicos e toxicológicos, incluso aqueles ligados aos processos de
senescência. Neste trabalho estamos analisando marcadores fisiológicos
relacionados ao balanço redox de Cynopoecilus fulgens, afim de, padronizar esta
espécie e estes marcadores para uso em ensaios toxicológicos.

METODOLOGIA

Assim, foram coletados 443 indivíduos em diferentes estágios do ciclo de vida


(juvenis, adultos e senis), entre junho e outubro de 2017, nos arredores do Parque
Nacional da Lagoa do Peixe (PNLP) em três diferentes pontos amostrais,
devidamente autorizado pelo PNLP e ICMBio (número: 43251-4). Após, os animais
foram crioeutanasiados, separados por sexo e conservados em -80°C para posterior
análise. Os peixes foram pesados e medidos (comprimento padrão) com balança
analítica (0,001g) e paquímetro digital (0,01cm). Os animais inteiros (pool de dois a
três animais) foram homogeneizados, com uso de Ultra-Turrax®, em Tampão
Fosfato, acrescido KCL e de um inibidor de proteases (pH= 7.4), em uma relação de
1g de massa corporal para 6ml de tampão, centrifugados a 4°C, por 3min a 1000xG.
O sobrenadante foi utilizado para os ensaios enzimáticos da Catalase (CAT),
Superóxido Dismutase (SOD), Glutationa Peroxidase (GPx) e Glutationa S-
tranferase (GST), e para a determinação dos níveis de Lipoperoxidação (TBARS) e
Proteínas Totais (PT). Cabe ressaltar que as determinações da SOD, CAT, GST,
TBARS e PT dos juvenis e adultos (animais de junho até setembro) já foram
realizadas faltando a dos animais senis (outubro); a atividade da GPx para todas as
etapas ainda esta sendo realizada.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados mostram que a massa corporal e o comprimento padrão dos machos


(CP: 24,89mm – P: 0,2397g) foram maiores (p< 0,05) que os das fêmeas (CP:
19,81mm – P: 0,1486g) em todas as etapas do ciclo de vida já analisadas (juvenis e

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

adultos). A atividade das enzimas (SOD, CAT e GST), assim como do TBARS e das
PT mostram diferenças significativas (p<0,05) tanto entre os sexos como ao longo
do ciclo de vida. Nas fêmeas observamos variações na atividade da SOD e das
proteínas totais, manutenção da CAT aliada à manutenção dos níveis de TBARS e
de uma diminuição da GST; já nos machos observamos níveis variáveis de todas as
enzimas, até agora estudadas, aliado a uma manutenção dos níveis de TBARS,
apesar do incremento da atividade reprodutiva. Quando comparamos os sexos,
verificamos menores níveis de atividade da SOD e da GST, aliado a maiores níveis
de CAT, TBARS e PT nas fêmeas em relação aos machos. Tal perfil de resposta e
principalmente, o incremento de TBARS em fases mais avançadas do ciclo de vida,
parece estar relacionado a um maior custo reprodutivo nas fêmeas do que nos
machos, lembrando que estas precisam sintetizar e/ou alocar vitelogenina,
vitaminas, moléculas antioxidantes, entre outros para o ovo, além do processo de
maturação sexual e comportamentos reprodutivos. Os maiores níveis de SOD
observado nos machos pode estar relacionado a uma melhor capacidade
antioxidante, hipótese reforçada pelos menores valores de TBARS. Machos desta
espécie apresentam comportamento territorial e agressivo durante a reprodução,
além de um aumento nos níveis de testosterona circulantes; o que pode justificar o
incremento verificado para os níveis de atividade da GST, enzima envolvida no
processo de biotransformação de hormônios esteroidais.

CONCLUSÃO

A caracterização destas variáveis se fazem importantes para uma melhor


compreensão ao longo do ciclo de vida destes animais, permitindo que tanto esta
espécie como estes marcadores possam ser utilizados em estudos que envolvam
ensaios toxicológicos em fases específicas ou para o desenvolvimento de estudos
longitudinais considerando todo o ciclo de vida pós-eclosão. Os parâmetros aqui
analisados parecem ser adequados também, para serem utilizados em estudos de
biomonitoramento permitindo avaliar as condições deste animal em resposta a
mudanças do habitat.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRAGHIROLLI, F.M.; DE OLIVEIRA, M.R.; OLIVEIRA, G.T. Seasonal variability of


metabolic markers and oxidative balance in freshwater amphipod Hyalella kaingang
(Crustacea, Amphipoda). Ecotoxicology and Environmental Safety, v. 130, p. 177-
184, 2016.
COSTANTINI, D. Oxidative Stress and Hormesis in Evolutionary Ecology and
Physiology. Springer Heidelberg New York Dordrecht London. 2014, 359p.
LANÉS, L.E.K.; KEPPELER, F.W.; MALTCHIK, L. Abundance, sex-ratio, length-
weight relation, and condition factor of non-annual killifish Atlantirivulus riograndensis
(Actinopterygii: Cyprinodontiformes: Rivulidae) in Lagoa do Peixe National Park, a
Ramsar site of Southern Brazil. Acta Ichthyologica et Piscatoria, v. 42, n. 3, p. 247–
252, 2012.
LANÉS, L.E.K. et al. Effects of an artificial and annual opening of a natural sandbar
on the fish community in a coastal lagoon system: A case study in Lagoa do Peixe
floodplains, southern Brazil. Journal of Applied Ichthyology, v. 31, n. 2, p. 321–327,
2015.

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

LANÉS, L.E.K. et al. Seasonal dynamics in community structure, abundance, body


size and sex ratio in two species of Neotropical annual fishes. Journal of Fish
Biology, v. 89, n. 5, p. 2345–2364, 2016.
PERSCH, T.S.P.; WEIMER, R.N.; FREITAS, B.S.; OLIVEIRA, G.T. Metabolic
parameters and oxidative balance in juvenile Rhamdia quelen exposed to rice paddy
herbicides: Roundup®, Primoleo®, and Facet®. Chemosphere, v. 174, p. 98–109,
2017.

FONTES FINANCIADORAS

CAPES, CNPq e PUCRS

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

ARE - Análise de risco ecológico

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
ARE - Análise de risco ecológico
2 - DIAGNÓSTICO AMBIENTAL EM UM AFLUENTE DO RIO POXIM-SE

BRUNO SANTOS SOUZA, LÚCIO VINÍCIUS ARAGÃO SANTOS, SAMANTA VIEIRA


PEREIRA, RENATO FALCÃO DANTAS
Contato: BRUNO SANTOS SOUZA - BRUFFNO@YAHOO.COM.BR

Palavras-chave: Análise de risco; Bacia hidrográfica; Impactos ambientais; ETE

INTRODUÇÃO

Muitos recursos hídricos disponíveis atualmente estão sujeitos a processos de


degradação, uma vez que o homem vem utilizando-os de diferentes formas e para
diferentes fins. Nos ambientes aquáticos, os organismos podem ser expostos a
agentes poluidores resultando na desestruturação dos ambientes físicos, da
dinâmica química e das comunidades biológicas (CALLISTO et al., 2001; COSTA et
al., 2008). Nesse contexto, surge a necessidade de mecanismos de gestão
ambiental para identificar os potenciais riscos ambientais, os quais compreendem
um conjunto de medições que podem servir como ferramentas para auxiliar na
caracterização e evidenciar a qualidade do meio ambiente.

METODOLOGIA

Foram utilizados como principal fonte de análise para o diagnóstico ambiental e


análise de risco diversos parâmetros físico-químicos e um ensaio ecotoxicológico de
forma a fornecerem um indicativo da contaminação e vulnerabilidade ambiental. O
método de estimativa de risco utilizado neste estudo foi baseado na obra de Jensen
et al. (2006) com devidas adaptações. A área selecionada para o estudo foi o riacho
da Xoxota um dos afluentes do rio Poxim-SE, de onde foram coletadas amostras em
três pontos identificados como P1 (Lat: 8790968, Long: 706185), P2 (Lat: 8791385,
Long: 707862) e P3 (Lat: 8791863, Long: 707947). Foram avaliadas parâmetros de
turbidez (turbidímetro modelo TU - 2016), pH, sólidos (norma da SABESP, NTS
013), DBO (método 5210 D do Standard Methods for Examination of Water and
Wastewater - SMEWW), nitrogênio amoniacal, nitrito, nitrato, sulfatos, fósforo total,
ferro dissolvido, manganês total, cobre dissolvido, mercúrio e zinco dissolvido
(método AAS do SMEWW), além de teste de toxicidade usando o organismo teste
microcrustáceo Mysidopsis juniae (norma NBR 15308/2011). Desse modo uma
tríade de fundamentação foi utilizada como ferramenta para determinação do valor
do risco ecológico de modo a formar uma análise da qualidade do ecossistema em
estudo.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados dos valores dos parâmetros analisados para os três pontos amostrais
referentes à linha de evidência química revelaram o seguinte: P1 ([Fe] = 1,58; [Zn] =
< 0,01; [Cu] = < 0,002; [Hg] = 0,001; [Mn] = 0,04, expressos em mg/L); P2 ([Fe] =
0,70; [Zn] = < 0,01; [Cu] = < 0,002; [Hg] = 0,002; [Mn] = < 0,019; expressos em
mg/L); P3 ([Fe] = 0,70; [Zn] = < 0,01; [Cu] = < 0,002; [Hg] = 0,002; [Mn] = < 0,019,
expressos em mg/L);

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Os resultados indicaram uma contribuição de aporte acima dos valores de referência


da Resolução CONAMA 357/2005 (água doce rio classe 2) apenas para dois
parâmetros ferro e mercúrio. Sendo assim, nessa parcela de metais, não foi
observada uma contribuição com efeito negativo à qualidade da água. Em relação
aos parâmetros limnológicos os resultados foram: P1 ([NO3-] = 0,08; [NO2-] = 0,21;
[N-NH3] = 0,07; [PO4] = 0,73; [SO42-] = 41,7; [SST] = 54,5; [SF] = 32,8; [SSV] =
21,7; [DBO] = 35,6; expressos em mg/L, Turbidez = 47,5 NTU; pH = 7,48); P2 ([NO3-]
= 0,12; [NO2-] = 0,29; [N-NH3] = 1,46; [PO4] = 1,11; [SO42-] = 51,2; [SST] = 13,25;
[SF] = 2,75; [SSV] = 10,5; [DBO] = 19,2; expressos em mg/L, Turbidez = 16,44 NTU;
pH = 7,33); P3 ([NO3-] = 0,15; [NO2-] = 0,27; [N-NH3] = 1,07; [PO4] = 1,19; [SO42-] =
49; [SST] = 15,55; [SF] = 5,2; [SSV] = 11,35; [DBO] = 19,7; expressos em mg/L,
Turbidez = 13,29 NTU; pH = 7,11). O trecho ao longo do riacho é influenciado por
inúmeras atividades antrópicas que afetam principalmente o parâmetro DBO devido
a carga orgânica dos efluentes doméstico. Os valores de turbidez e sólidos não
foram excedidos em nenhuma das amostras, mostrando que esses possuem pouca
interferência na qualidade da água. Foi observado que o parâmetro de fósforo total
se apresentou com valores acima do permito pela legislação nos três pontos
analisados, no entanto, os parâmetros nitrato, nitrito e nitrogênio amoniacal
estiveram abaixo. Outro parâmetro acima do permitido foi a DBO, indicando que
esse ambiente está sofrendo forte degradação antrópica por aporte de carga
orgânica. Em relação à análise de risco o resultado da integração das três linhas de
evidencia revelaram valores todos dentro da classificação de risco altíssimo (> 0,75):
P1 (0,83); P2(0,86); e P3 (0,86).

CONCLUSÃO

Após avaliação do diagnóstico ambiental das amostras de água de três pontos do


riacho da Xoxota foi possível determinar o risco integrado dàs linhas de evidências
química, ecotoxicológica e ecológica deste corpo hídrico e chegar a algumas
conclusões. O ambiente encontra-se altamente degradado ao longo do seu
percurso, principalmente, por contaminações domésticas. Foi possível verificar que a
pressão ambiental química se manifesta com menor impacto sobre o risco final. A
metodologia utilizada apresentou-se eficiente na análise de risco, de forma a
identificar fatores que podem contribuir para influenciar na qualidade ambiental do
riacho.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABNT (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS), 2011,


Ecotoxicologia aquática – Toxicidade em sedimento – Método de ensaio com
Mysidopsis juniae. NBR 15470
AMERICAN PUBLIC HEALTH ASSOCIATION (APHA). 2012. Standard methods for
the examination of water and wastewater. 22 nd ed., Washington, American Public
Health Association Pub., 1935 p. 21-22.
CALLISTO, M.; MORETTI, M.; GOULART, M.D.C. Macroinvertebrados bentônicos
como ferramenta para avaliar a saúde de riachos. REVISTA. BRÁS. DE
RECURSOS. HÍDRICOS, 2001.
CONAMA. Resolução Nº 357, de 17 de março de 2005. Dispõe sobre a classificação
dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


77
XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes, e dá outras


providências. 2005.
COSTA, C.R.; OLIVI, P.; BOTTA, C.M.R.; ESPINDOLA, E.L.G. 2008. A Toxicidade
em ambientes aquáticos: discussão e métodos de avaliação. Quim. Nova, 31(7):
1820-1830.
JENSEN, J.; MESMAN, M. Ecological Risk Assentment of Contamined - Decision
support for site specifc investigations. Livro: Silkeborg e Bilthoven, Março 2006.
SABESP (COMPANHIA DE SANEAMENTO BÁSICO DO ESTADO DE SÃO
PAULO), 1999. Norma técnica interna - Método de ensaio de sólidos. NTS 013.

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
ARE - Análise de risco ecológico
21 - USE OF ECOTOXICOLOGICAL DATA IN PESTICIDES RISK ASSESSMENT

CAMILA CAMATA, ANA PAOLA PRATA CIONE


Contato: CAMILA CAMATA - CAMILA.CAMATA@SYNGENTA.COM

Keywords: ecotoxicological endpoints; OECD guidelines; pesticide regulation; risk assessment

INTRODUCION

Although data from GLP studies, specifically generated for active ingredients and
formulations, usually form the basis of decisions in the regulatory scenario, peer
reviewed publications, often using non-standard methodologies, can also provide
valuable data to inform the risk assessment. These data are recognized as an
important addition to complement information from studies provided by the industry.
The aim of this work is (1) to provide an overview of how standard laboratory data
are generated and used in regulatory risk assessments and (2) to provide an
understanding of the information required from laboratory studies primarily performed
for research purposes.

METHODS

Using guidelines and guidance from the Organisation for Economic Co-operation and
Development (OECD) and the principles of Good Laboratory Practices (GLP) as
starting points, we explore the importance of ensuring data are suitable for use in risk
assessment scenarios and regulation of pesticides.
Different methodologies for accessing the suitability of published data for regulatory
purposes used by regulators are presented as a way to promote the level of reliability
and quality required for environmental protection decision making (KLIMISCH et al.
1997, USEPA 2011, MOERMOND 2016, BLAKE 2017).
In addition, we outline the information available to identify appropriate concentrations
for ecotoxicological research studies depending on the objective of the study.
Separate discussions are presented for the main two different objectives of studies
with non-target species: (1) to identify endpoints that can be used on risk
assessments or hazard classification of products or (2) to test the effect of
concentrations that are relevant in the field.

RESULTS AND DISCUSSION

Regulatory ecotoxicological studies provide endpoints for the risk characterization,


such as no observed effect concentrations (NOEC) or median lethal
doses/concentrations (LD50/LC50). These endpoints are determined by developing a
dose-response curve, testing a range of pesticide concentrations so that it is possible
to determine statistically the dose/concentration that causes 50% mortality of the
individuals tested (LD50/LC50) and/or the one which produces no statistically
significant effects (NOEC). In this case, the range of concentrations chosen are
based on previous knowledge of the compound (TOMLIN 2009, ANSES 2015,
USEPA 2015) or on a range-finding test which provides an estimate to determine

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

concentrations for the definitive test (OECD 1998a,b). Regulatory studies conducted
according to OECD guidelines with the aim of deriving endpoints for risk assessment
include a very detailed report of the studies conditions and results, as mentioned in
the guidelines reporting section (OECD 1998a, 1998b, 2013, 2016a, 2016b). Lower
levels of detail in the information provided in peer-reviewed publications can lead to
the data reported not being useful in a regulatory scenario e.g. offered oral
doses/concentrations are reported rather than actual consumed doses over a defined
period.
If the purpose of the study is to test the effect of a specific concentration(s) of a
pesticide, it is important to choose those that are relevant to the level of exposure
that non-target species will likely experience in the field. It should be considered that,
when a foliar product is applied it will be intercepted over the surface of the plants
dispersed on the soil and will then be dissipated by different process of absorption by
the plant and dissipation/degradation of the active ingredient from biological and
abiotic processes. Therefore, the total amount of product applied (kg active
ingredient/ha) is unlikely to be entirely in contact with non-target species, even in
cases when there are individuals in the application area. From the above, it can be
seen that the concentrations tested in ecotoxicological studies should be determined
by estimating the fraction of the product’s application rate that the non-target
organisms will encounter by oral or contact exposure. Such estimations are possible
using methodologies already applied to determine worst-case exposure in risk
assessments and are outlined (USEPA 2014, EFSA 2013, IBAMA 2017).

CONCLUSION

Many efforts are being made to increase the use of peer-reviewed literature for
regulatory decision making (HARRIS et al. 2014, RUDÉN et al. 2016). Different
aspects such as replicability, reliability (MOERMOND et al. 2016) and relevance
(RUDÉN et al. 2016) of available data should be taken in consideration when
determining the use of such information for decisions. The methodology outlined here
can help produce data that will be more applicable for risk assessments of pesticides.

REFERENCES

[ANSES] French Agency for Food Environmental and Occupational Health & Safety.
2015. Agritox database. ANSES (26 June 2017; http://www.agritox.anses.fr/).
BLAKE, R. 2017. Scientific Rigour – Are Any Studies Truly Independent? Outlooks in
Pest Management 28: 1743-1026.
CARRECK, N.; RATNIEKS, F. 2014. The dose makes the poison: have

SPONSORS

Syngenta Proteção de Cultivos

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
ARE - Análise de risco ecológico
52 - AVALIAÇÃO FÍSICAS, QUÍMICAS E ECOTOXICOLÓGICAS DOS
SEDIMENTOS DE UM RIO SOB INFLUÊNCIAS ANTRÓPICAS (RIO TOLEDO, PR,
BRASIL)

NYAMIEN YAHAUT SEBASTIEN, JULIANE ALESSANDRA CAVALIERI SOARES


Contato: NYAMIEN YAHAUT SEBASTIEN - NYAMIEN@HOTMAIL.COM

Palavras-chave: Testes de toxicidade; Daphnia; agudo; cronico; elutriatos

INTRODUÇÃO

Com o crescimento populacional as pressões antrópicas sobre os recursos naturais


e a poluição dos recursos aquáticos tornam-se um problema iminente. O lançamento
de efluentes industriais e despejos domésticos são as principais fontes antrópicas
em áreas urbanas, ao passo que os usos intensivos e indiscriminado de agrotóxicos
e fertilizantes são as principais causas de contaminações em áreas rurais. Os
sedimentos apresentam capacidade de acumulação e retenção de diversos
contaminantes, razão de sua avaliação. Sendo assim, este estudo teve como
objetivo avaliar a qualidade dos sedimentos do rio Toledo (PR) através de análises,
químicas e ecotoxicológicas.

METODOLOGIA

As amostragens foram realizadas bimestralmente entre jul/2015 e mai/2016 em


cinco locais P1, P2, P3, P4 e P5 sendo feitas análises de elementos-traço (Cu, Zn,
Cd, Pb, Cr, Mn, Fe e Al) submetidas à digestão nitroperclórica (AOAC 2005), e a
determinação das concentrações por Absorção Atômica, modalidade chama
(EAA/chama) em Espectrometria (WELZ e SPERLING 1999), os resultados
expressos em mg/Kg. Os nutrientes fosforo total, nitrato, nitrito, nitrogênio
amoniacal, nitrogênio orgânico foram determinados de acordo com Alpha (2012) e
expresso em mg/L. Os ensaios de toxicidade agudo e crônicos em 48 horas e 21
dias respectivamente foram realizados com D. magna conforme NBR 12713:2004,
no Laboratório de Limnologia, Ecotoxicologia e Biomanipulação (LEB) do Instituto de
Pesquisas em Aquicultura Ambiental (InPAA/UNIOESTE/campus Toledo). Nos
ensaios crônicos os efeitos de longevidade, sobrevivência e fecundidade (número de
neonatas geradas por fêmea) foram observados. Para verificar se houve diferenças
significativas entre os locais e as amostragens, os dados de elementos-traço
(sedimentos), nutrientes e pH (elutriatos), foram submetidos as análises de variância
(ANOVA) em nível de significância de p<0,05. Quando os dados não atingiram os
pressupostos de normalidade e homocedasticidade, foram avaliados pelo método
não-paramétrico de Kruskal-Wallis (BUSSAB 1986). Com o auxilio do Statística 7.0.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Como resultados as maiores concentrações médias de elementos-traço foram


verificadas nos locais P1, P2 e P3 onde o Cu, Zn, Cd, Pb e Mn assumiram os
valores médios mais elevados de 25,1±9,9; 22,5±5,0; 0,7±0,7; 7,0±7,2; 6,8±1,8 e

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

92,8±11,3 (mg/kg) respectivamente no ponto 3 e o Fe, Al os valores de 205,4±6,4 e


2175,6±1424,4 respectivamente no ponto 1.
Em relação aos nutrientes fósforo total, nitrato, nitrito, nitrogênio amoniacal,
nitrogênio orgânico e pH os valores médios detectados nos pontos P4 foram nitrito
(0,12±0,17 mg/l), nitrogênio amoniacal (14,94±19,48 mg/l), nitrogênio orgânico
(1,24±0,54 mg/l) e nitrogênio total (20,66±19,08 mg/l) e o pH (6,61±0,41 mg/l),
fosforo total (0,29±0,64 mg/l) e nitrato (5,97±7,27) no ponto 5.
A análise de variância dos nutrientes não indicou diferenças significativas entre os
locais e as amostragens (p>0,05).
Em relação ao pH dos elutriatos temporalmente, houve uma tendência de menores
valores médios com menores índices pluviométricos. As análises de variância
indicaram diferenças significativas (p<0,05) somente entre as amostragens sendo
que a mediana na amostragem de Set/2015 (P2) diferiu das de Jan, mar e mai/16
(P4, P5 e P6), enquanto a mediana da amostragem de Nov/15 (P3) também diferiu
das de Jan e mar/16 (P4 e P5).
A variabilidade dos dados pelo PCA indicou dois primeiros eixos, explicaram juntos
71,7% dos dados. A ordenação gerada pelo eixo 1 explicou 48,8% da variabilidade,
sendo que as principais variáveis que contribuíram positivamente para a formação
do eixo foram os elementos–traço Cu, Mn e Pb, enquanto que nitrogênio total,
nitrogênio amoniacal e nitrogênio orgânico, contribuíram negativamente. Em relação
ao eixo 2, 22,9% dos dados, pH, nitrato e fósforo total foram as principais variáveis
que contribuíram positivamente enquanto que Al, nitrogênio orgânico e Cr,
contribuíram negativamente. A PCA para o eixo 1 explica a influência por áreas
urbanas/rurais (P4 e P5), onde foram verificadas maiores concentrações de
nutrientes.
Em relação aos testes de toxicidade, das 30 amostras de elutriatos submetidas aos
ensaios de toxicidade, apenas 3 (10% das amostras) indicaram efeito agudo às D.
magna. Para o teste crônico o parâmetro longevidade apresentou, 2 eventos
observados em P4, e 1 evento em P5, comprovado pela redução nos dias de
sobrevivência das D. magna em relação ao controle. Quanta fecundidade, 2, 3, 5 e 6
eventos foram registrados em P1, P5, P3, P2 e P4 respectivamente comprovado
pela redução no no de nascimentos de neonatas por fêmea.

CONCLUSÃO

Deste estudo evidenciou a influência de pressões antrópicas ao longo do rio Toledo,


uma vez que foram encontrados contaminantes em todas as amostras de
sedimentos, e elevadas quantidades de nutrientes e metais pesados nos elutriatos
preparados em laboratório. Além disso, demonstrou também riscos a biota aquática,
uma vez que efeitos tóxicos agudos ou crônicos sobre os organismos-teste foram
em amostras de todos os locais.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas (2004) NBR 12713:


Ecotoxicologia aquática – Toxicidade aguda – Métodos de ensaio com Daphnia spp
(Cladocera, Crustacea), Rio de Janeiro APHA – American Public Health Association
(2005) Standard methods for the examination of water and wastewater, 21ª Ed.,
Washington

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

AOAC (2005) Official methods of analysis of the Association Analytical Chemists,


Maryland: AOAC
BUSSAB, W.O. (1986) Análise de variância e de regressão, Atual WELS, B.;
SPERLING, M. (1999) Atomic Absortion Spectrometry, Wiley-VHS, Weinhein

FONTES FINANCIADORAS

Bolsa CAPES

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Oral
ARE - Análise de risco ecológico
115 - TOXICIDADE DE ÁGUAS SUPERFICIAIS DOS RIOS GOIANA E UNA,
PERNAMBUCO, PARA EMBRIÕES E LARVAS DE Danio rerio

ROMULO NEPOMUCENO ALVES, CÉLIO FREIRE MARIZ JR, MARIA GABRIELLA NERI
CAVALCANTI, RAFAELLA MARIA OLIVEIRA DA SILVA, PAULO SERGIO MARTINS DE
CARVALHO
Contato: ROMULO NEPOMUCENO ALVES - ROMULO.DIRMAM@GMAIL.COM

Palavras-chave: zebrafish; bacias hidrográficas; ecotoxicidade; embrio-larval

INTRODUÇÃO

Ecossistemas aquáticos são o principal destino de contaminantes químicos


antropogênicos incluindo pesticidas agrícolas, hidrocarbonetos de petróleo e metais,
diminuindo a qualidade da água e saúde da biota (AMIARD-TRIQUET, 2015). O
órgão que monitora as bacias hidrográficas de Pernambuco é a Agência Estadual de
Meio Ambiente (CPRH), que conta com uma rede de 84 estações de monitoramento.
No entanto, a CPRH não realiza testes ecotoxicológicos com vertebrados, podendo
estar gerando informações incompletas quanto à toxicidade dos rios. Desta forma, o
presente estudo objetivou avaliar a toxicidade das águas superficiais dos rios Goiana
e Una para embriões e larvas de Danio rerio.

METODOLOGIA

As amostras foram coletadas pela CPRH em 7 pontos do rio Goiana (GO05, GO15,
GO55, GO 67, GO75, GO80 e GO85), e em 3 pontos do rio Una (UN18, UN27 e
UN30), em março de 2018. Após a coleta as amostras foram acondicionadas em um
isopor com gelo e posteriormente mantidas em um refrigerador a 4ºC até o início dos
testes. Este trabalho avaliou a toxicidade das águas superficiais desses rios para
embriões do Danio rerio utilizando o índice “General Morphology Score” (GMS)
proposto por Beekhuijzen et al. (2015), para caracterizar efeitos subletais no
desenvolvimento embrionário. O GMS é baseado na observação do
desenvolvimento de estruturas morfológicas fundamentais ao longo de 96 horas, que
são utilizadas no cálculo do índice. A exposição dos embriões foi realizada em
placas de 24 poços, onde foi mantido um embrião em cada poço, total de 20
embriões expostos à amostra bruta e 4 embriões como controles internos por placa,
conforme norma OECD 236, sendo utilizada uma placa para cada ponto de coleta.
Também foi registrada a frequência de diferentes anomalias morfológicas ao final de
96 h e de 7 dias.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foi observado um retardo no desenvolvimento dos embriões expostos às amostras


de águas superficiais do rio Goiana coletadas nos pontos GO75, GO80 E GO85, os
quais estão localizados a jusante de usinas de cana de açúcar. Foi verificada uma
redução no GMS de 17 no controle para 16,1, 16,2 e 16,1 respectivamente nestas
amostras (Anova, p < 0,05), caracterizado principalmente pela falha da pigmentação
da cabeça e do corpo, retardo na formação da boca protrusível, e falha na

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

reabsorção do saco vitelínico. No ponto UN27, que é um local de captação da


Compesa para abastecimento de água do município, foi detectada uma redução do
índice GMS para 16,1, decorrente de falhas na reabsorção do saco vitelínico. Além
do retardo no desenvolvimento embrionário também foi observado um aumento da
frequência das patologias caracterizadas por edemas pericárdicos (EDPC), edemas
perivitelínicos (EDPV), hemorragias craniofaciais (HMCF), má formação do corpo
(MFCO) e não insuflamento da bexiga natatória (NIBN).
As patologias detectadas com maior frequência incluíram NIBN em 40% dos
embriões de GO05, 33% em GO15, 25% em GO55, 50% em GO67, 60% em GO75,
44% em GO80, 40% em GO85 e 71% em UN27; EDPC e EDPV em 6,7% dos
embriões de GO05, 16,7% de GO55, 14% de GO67, 16,7% de GO75, 5,5% de
GO80, 13,3% de GO85 e 7% de UN27; MFCO em 16% dos embriões de GO75,
6,7% de GO85, 7,1% de UN27 e 5,9% de UN30, e HMCF em 6,7% dos embriões de
GO05 e 8,3% de GO55.
Não foi detectada mortalidade superior a 20% em nenhum dos pontos amostrados,
que foi no geral inferior à mortalidade de 41,7% encontrada por Zhang et al. (2015)
no rio Huangpu em Xangai e de 100% encontrada por Vanlandeghem et al. (2012)
em pontos do rio Basins no Texas, que apresentam influências tanto urbana quanto
agrícola.

CONCLUSÃO

Este estudo indicou um retardo no desenvolvimento e uma maior frequência de


patologias em quatro dos 10 pontos amostrados em duas importantes bacias
hidrográficas do estado de Pernambuco, sendo que 3 destes pontos sofrem
influência direta de atividade industrial. Efeitos subletais no desenvolvimento
embriolarval de Danio rerio são uma ferramenta sensível e importante para o
monitoramento dos ecossistemas límnicos, e que podem detectar alterações
relevantes para o recrutamento de peixes.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AMIARD-TRIQUET, C. 2015. Chapter 1 - Introduction. Aquatic Ecotoxicology.


Academic Press, pp. 1-23.
BEEKHUIJZEN, M.; DE KONING, C.; FLORES-GUILLÉN, M.E.; DE VRIES-
BUITENWEG, S.; TOBOR-KAPLON, M.; VAN DE WAART, B.; EMMEN, H. 2015.
From cutting edge to guideline: A first step in harmonization of the zebrafish
embryotoxicity test (ZET) by describing the most optimal test conditions and
morphology scoring system. Reproductive Toxicology 56, 64-76.
OECD guidelines for the testing of chemicals No.236. Fish embryo acute toxicity
(FET) test Adopted 26 July 2013.
VANLANDEGHEM, M.M.; MEYER, M.D.; COX, S.B.; SHARMA, B.; PATIÑO, R.
2012. Spatial and temporal patterns of surface water quality and ichthyotoxicity in
urban and rural river basins in Texas. Water Research 46, 6638-6651.
ZHANG, L.; LI, Q.; CHEN, L.; ZHANG, A.; HE, J.; WEN, Z.; WU, L. 2015. Toxicity of
surface water from Huangpu River to luminous bacteria (Vibrio qinghaiensis SP.
Q67) and zebrafish (Danio rerio) embryos. Ecotoxicology and Environmental Safety
112, 137-143.

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FONTES FINANCIADORAS

CAPES, Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia de Pernambuco (FACEPE),


Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Toxicologia Aquática, INCT-TA, CNPq.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
ARE - Análise de risco ecológico
153 - AVALIAÇÃO DE RISCO ECOLÓGICO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO
SERGIPE (SE) (RESULTADOS PRELIMINARES)

JULIANE CERQUEIRA FREITAS, ALINE NUNES DOS SANTOS, CARLOS ANDRÉ


PEREIRA DOS SANTOS, NATHALIA DA SILVA CAMPOS, VANESSA BARAÚNA
SANTOS, LARISSA ARAUJO SANTOS, ANA CAROLINA ALVES BARBOSA, ANDREA
NOVELLI
Contato: JULIANE CERQUEIRA FREITAS - JULIANEFREITAS41@GMAIL.COM

Palavras-chave: qualidade da água; diagnóstico ambiental; ecotoxicologia aquática

INTRODUÇÃO

A análise de risco ecológico (ARE) é uma metodologia que busca estimar os


impactos ambientais decorrentes das ações antrópicas em ecossistemas, por meio
de mensurações e modelos matemáticos aplicados a um conjunto de dados
químicos, ecológicos e toxicológicos coletados em um determinado ambiente. A
bacia hidrográfica do rio Sergipe vem sofrendo um contínuo processo de
degradação ambiental resultante do crescimento populacional desordenado, bem
como das atividades agropecuárias e industriais. Diante desse contexto, este
trabalho teve como objetivo avaliar o risco ecológico aquático, aplicando-se uma
metodologia simplificada (etapa varredura) da bacia do rio Sergipe (SE, Brasil).

METODOLOGIA

A metodologia utilizada para a realização da ARE foi descrita por Jensen & Mesman
(2006), adaptada para sistemas aquáticos. Para tanto, foram realizadas coletas de
água e sedimento em 8 estações de amostragem ao longo da bacia, nos períodos
de chuva (agosto/2017) e seca (fevereiro/2018), a fim de se obter os dados das
linhas de evidência química (metais-traço), toxicológica (bioensaios com os
organismos Daphnia similis, Ceriodaphnia silvestrii, Chironomus xanthus e Poecilia
reticulata) e ecológica (comunidade bentônica e parâmetros limnológicos).
Atualmente foi desenvolvido apenas o cálculo do risco do período chuvoso, uma vez
que as demais análises ainda estão em andamento. Para cada linha de evidência
fez-se a normalização e o ranqueamento dos dados de 0 a 1 para cada ponto de
coleta. Posteriormente, fez-se uma integração dos riscos de cada linha de evidência,
resultando em um risco final para cada ponto, sendo um dos pontos a referência
para os demais. Foram usados como valores de referência os padrões estabelecidos
pela resolução CONAMA 357/2005 para rios classe 2. E por fim, o resultado final da
integração das linhas de evidência em cada ponto amostral, é classificado entre 0 e
1, onde 0 significa ausência de risco e 1 representa alto risco.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

De acordo com os resultados preliminares da Análise de Risco Ecológico na bacia


hidrográfica do rio Sergipe do período chuvoso, foi verificado que para a linha de
evidência química, os pontos de coleta P1, P2, P4 e P7 apontaram um alto risco
químico com valores iguais a 0,93, 0,84, 0,86 e 0,80, respectivamente, enquanto os

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

pontos P3, P5 e P8 foram classificados com um risco moderado, variando entre 0,56
e 0,74. Já para a linha de evidência toxicológica foram obtidos valores próximos a
0,9 em todos os pontos de coleta, indicando assim, que o risco toxicológico na bacia
é de grau alto. É importante mencionar que o ponto de amostragem P6, o qual é
situado em uma unidade de conservação, foi escolhido como o ponto de referência
para base dos cálculos, uma vez que, foi verificado que o mesmo apresentou
melhores condições de qualidade ambiental e baixo grau de antropização. Contudo,
apesar da análise de risco ainda não ter sido finalizada com a integração de todas
as linhas de evidências ao longo do ciclo sazonal, já foi possível observar que as
atividades antrópicas desenvolvidas na bacia, como, por exemplo, a predominância
de cultivos agrícolas, principalmente milho e cana-de-açúcar, e os lançamento de
efluentes industriais e domésticos nos corpos hídricos, podem estar contribuindo
para a degradação da qualidade ambiental nestas áreas. Sendo assim, os níveis de
risco encontrados refletem diretamente o que vem ocorrendo com a bacia ao longo
dos últimos anos em relação ao uso e ocupação do solo desordenado. E por esse
motivo, a aplicação de metodologias como a ARE contribui com informações e
diretrizes relevantes para melhoria na gestão ambiental.

CONCLUSÃO

Os resultados preliminares encontrados apontaram que a bacia hidrográfica do rio


Sergipe está sujeita a um elevado risco químico e toxicológico, e tendo em vista a
importância da bacia para o desenvolvimento socioeconômico do estado, a ARE
torna-se um instrumento adequado para fornecer um conjunto de informações
complexas que apontam o nível do risco de degradação deste ecossistema. Nesse
sentido, tal ferramenta é de grande importância para avaliação e gestão de bacias
hidrográficas, uma vez que auxilia na tomada de decisões por parte das autoridades
competentes.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AGUIAR NETTO, A.O.; MOURA Jr, E.M.B. Conflitos ambientais e processos judiciais
na bacia hidrográfica do rio Sergipe. Scientia Plena, 7, 012402, 2011.
ALVES, J.P.H. Rio Sergipe: importância e vulnerabilidade e preservação. São
Cristóvão: Editora UFS, 2006.
CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente). 2005. Resolução nº 357, de 17 de
março de 2005. Publicada no DOU nº 053, de 18/03/2005: 58-63.
JENSEN, J.; MESMAN, M. 2006. Ecological Risk Assessment of Contaminated
Land, 1ed, Liberation, 136p.
SANCHEZ, A.L. Análise de risco ecológico para diagnostico de impactos ambientais
em ecossistemas aquáticos continentais tropicais. Dissertação (Mestrado). Escola
de Engenharia de São Carlos. Universidade Federal de São Paulo. São Carlos,
2012.

FONTES FINANCIADORAS

Agradecemos a FAPITEC pelo auxílio à pesquisa (edital FAPITEC/SE/FUNTEC no


07/2015 – NAPS) e pela concessão da bolsa de mestrado.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Oral
ARE - Análise de risco ecológico
168 - ESTUDO DE CASO: AVALIAÇÃO DE RISCO ECOLÓGICO EM ÁREA
CONTAMINADA POR PESTICIDAS, COMPOSTOS ORGÂNICOS E METAIS

FILIPE BIAGGIONI QUESSADA GIMENES, ANDREIA YOSHINARI, ANDRÉ LUÍS


CANALE, RODRIGO OCTÁVIO COELHO
Contato: FILIPE BIAGGIONI QUESSADA GIMENES - FILIPE.GIMENES@GEOKLOCK.COM.BR

Palavras-chave: Avaliação de Risco Ecológico (ARE); Gerenciamento de Áreas Contaminadas;


Ambiente Terrestre

INTRODUÇÃO

A Avaliação de Risco Ecológico (ARE) é uma ferramenta para tomada de decisão,


visando a proteção da biota no âmbito do gerenciamento das áreas contaminadas.
Atualmente não há metodologias estabelecidas no Brasil, somente internacionais. A
metodologia da USEPA preconiza o desenvolvimento do estudo em etapas, partindo
de premissas conservadoras, que são refinadas à medida que o processo avança. O
objetivo deste trabalho é apresentar a ARE conduzida em uma área de 15 ha,
situada à margem de um manancial hídrico, situado nas proximidades de uma área
contaminada por pesticidas, compostos orgânicos e metais.

METODOLOGIA

O estudo baseou-se nas Etapas 1 a 3A da metodologia estabelecida no documento


Ecological Risk Assessment Guidance for Superfund (USEPA, 1997).
A Etapa 1 compreendeu a formulação do problema e a elaboração do Modelo
Conceitual de Exposição Ecológica (MCEE). Nesta etapa foi realizada a
caracterização do meio físico, químico e biótico, por meio de levantamentos de
campo e da amostragem e análises químicas dos compartimentos ambientais de
interesse (solo superficial, sedimentos e água superficial).
Com base no MCEE, na Etapa 2 foram determinadas as doses de exposição (ED)
dos contaminantes para cada receptor identificado e selecionadas as doses de
referência (TRV) ecológica (valores de NOAEL obtidos em estudos crônicos). Os
cálculos dos quocientes de perigo (HQ = ED / TRV) foram realizados a partir de
premissas conservadoras, utilizando-se dados de entrada de literatura da biota
nativa. Como critério de aceitabilidade dos efeitos adversos aos organismos
considerou-se HQ menor ou igual a 1.
Na Etapa 3A os cálculos foram refinados a partir de dados mais realísticos, no que
se refere aos parâmetros de exposição (concentração de background e
concentração média 95%UCL de cada contaminante e composição da dieta dos
receptores) e de toxicidade (NOAEL, LOAEL e MATC).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A Etapa 1 possibilitou a definição do modelo conceitual de exposição ecológica,


onde foram identificados os habitats existentes (fragmentos florestais, área de
reflorestamento, planície de inundação e corpo hídrico), os receptores ecológicos

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

(plantas, bentos, peixes, aves e mamíferos herbívoros, invertívoros e carnívoros) e


os contaminantes de interesse em cada compartimento ambiental (solo superficial e
sedimento: DDD, DDE, DDT, benzeno clorados, Cd, Ni e Sb).
Nenhum contaminante foi identificado como ambientalmente relevante na água
superficial do trecho do rio avaliado, uma vez que os parâmetros detectados se
apresentaram em conformidade com as referências ecológicas adotadas. Dessa
forma, para as etapas seguintes da ARE foram mantidos somente os receptores e
contaminantes relacionados ao solo superficial e sedimentos.
Os cálculos de HQ realizados na Etapa 2 indicaram valores acima do critério
aceitável (HQ = 1) para a maioria dos receptores avaliados frente as rotas de
exposição associadas aos sedimentos. Porém no refinamento dos cálculos
conduzido na Etapa 3A, estes valores se mostraram aceitáveis.
Quanto ao solo superficial, no cenário mais conservador (Etapa 2), os valores de HQ
calculados para a maioria dos receptores excederam o critério aceitável, devido às
concentrações de hexaclorobenzeno e pesticidas clorados. Já na Etapa 3A,
verificou-se que, dentre estas, somente as ocorrências pontuais de
hexaclorobenzeno encontradas em locais específicos da área de reflorestamento
têm potencial para causar efeitos adversos para as aves herbívoras e invertívoras.
Com base nestes resultados, foi possível atualizar o modelo conceitual de exposição
ecológica, de forma a direcionar as medidas de gerenciamento e intervenção
necessárias para a proteção e recuperação ambiental da área.

CONCLUSÃO

A aplicação da referida metodologia se mostrou adequada para o gerenciamento de


uma área contaminada, uma vez que permitiu o contínuo refinamento do modelo
conceitual de exposição ecológica, norteando as ações necessárias à proteção dos
receptores ecológicos.
Neste sentido, os resultados obtidos neste estudo subsidiarão o desenvolvimento
das demais etapas preconizadas pela metodologia. Alternativamente, de forma
conservadora, podem-se implementar medidas de intervenção para a recuperação
ambiental dos solos superficiais e eliminação dos riscos identificados.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

U.S. ENVIRONMENTAL PROTECTION AGENCY, 1997. Guidance for Superfund:


Process for Designing and Conducting Ecological Risk Assessments. Washington,
DC.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
ARE - Análise de risco ecológico
251 - AVALIAÇÃO DE INDÍCIOS DE EUTROFIZAÇÃO ATRAVÉS DOS ÍNDICES
DE FÓSFORO TOTAL EM RIO LOCALIZADO NA REGIÃO NOROESTE DO
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

DAIANE GUEDES DOMINGUES, ANTONINHO TEIXEIRA JÚNIOR, CARLOS HENRIQUE


OLIVEIRA DO AMARAL, PATRICIA BERSCH, ALEXANDRE EHRHARDT
Contato: DAIANE GUEDES DOMINGUES - DAI.DOMINGUES@LIVE.COM

Palavras-chave: fósforo; eutrofização; macrófitas

INTRODUÇÃO

O P (fósforo) é considerado um grande poluente de cursos de água. Seu excesso


leva a um enriquecimento exacerbado de nutrientes na água, estimulando a
proliferação de macrófitas e algas com capacidade de produção de substâncias
tóxicas nocivas à saúde humana, bem como, a mortandade de peixes. Este
fenômeno é denominado de eutrofização, que na atualidade é reconhecida como um
dos maiores problemas de qualidade da água. Nesta linha, este trabalho objetivou
avaliar os indícios de eutrofização do Rio da Várzea, através dos níveis de fósforo
total.

METODOLOGIA

Foram realizadas analises de água de sete pontos ao longo do Rio da Várzea, nos
meses de Março a Julho de 2012. As análises foram realizadas através de método
colorimétrico de Azul de molibdênion, utilizando kits comerciais Card Kit - Alfakit
Ltda®
Os pontos de coleta seguiram a seguinte ordem: Ponto 1 – Nas margens da RS 342,
na nascente do rio; ponto 2 - Localizado a 200 metros da BR 285, Km 10; ponto 3 –
Nas margens da BR 285, Km 10, em local de pouca vegetação com
aproximadamente 20 metros de mata ciliar; ponto 4 - Localizado as margens da BR
285, Km 34. O local apresenta pouca vegetação, e predominância de cultura de soja
nos arredores; ponto 5 - Localizado na cidade de Carazinho/RS à distância de 300
metros do trevo de acesso. O local encontra-se bem protegido por vegetação num
raio de 500 metros; ponto 6 – Trecho do leito do rio localizado em estrada de chão,
próximo ao Parque da Cidade de Carazinho/ RS. Local apresenta vegetação muito
densa; ponto 7 - Entre as cidades de Carazinho/ RS e Sarandi/ RS, nas margens da
BR 386. Neste ponto o rio apresenta maior amplitude.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

As amostras avaliadas apresentaram os seguintes resultados: Ponto 01 – 0,0 mg/L;


ponto 02 – 0,75 mg/L; ponto 03 – 0,50 mg/L; ponto 04 – 0,75 mg/L; ponto 05 – 0,75
mg/L; ponto 06 – 1,0 mg/L e ponto 07 – 0,5 mg/L, com média de 0,607, σ 0.32, EP -
0.14.
A Resolução CONAMA nº 357, de 17 de março de 2005 determina o limite máximo
de 0,1 mg/L de fósforo total em água doce classe 2 de ambientes lóticos. Dentre as

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

amostras analisadas, apenas a coletada no ponto 1, situado na nascente do rio,


apresentou valores dentro do preconizado.
A proximidade dos pontos de coleta em relação às áreas urbanas pode ser
possivelmente identificada como um dos fatores que levou aos altos índices
encontrados de fósforo no leito do rio, já que é sabido que as atividades antrópicas
possuem grande impacto nos ecossistemas aquáticos, acelerando o processo de
eutrofização, principalmente através do descarte de esgotos não tratados, pois
apresentam grandes níveis de fósforo oriundos das fezes, urina, restos de alimentos,
detergentes e outros subprodutos das atividades humanas.
O ponto 06, que apresentou o maior índice de fósforo, chegando a valores
aproximados de 1,0 mg/L P, é o que apresenta maior proximidade com a área
urbana.
A presença de atividades agrícolas, como a encontrada no ponto 4, também
representa um possível fator de agravamento da situação, já que grande parcela dos
agrotóxicos, principalmente inseticidas, apresentam grandes quantidades de fósforo
em sua composição. A adubação composta por dejetos de animais também
apresenta riscos de poluição de águas e agravamento da eutrofização pelo excesso
de fósforo, principalmente quando esta adubação ocorre sob forma liquida, o que
propicia o escoamento superficial e percolações.

CONCLUSÃO

Através dos resultados obtidos pôde-se perceber o hiper enriquecimento de fósforo


no Rio da Várzea, o que propícia um ambiente favorável para que haja o processo
de eutrofização.
Sabe-se que somente a avaliação de fósforo não é suficiente para determinar a
proporção dos danos presentes no leito do rio, assim, mais estudos são necessários
para estima-los e assim permitir que ações de reparo sejam tomadas, haja vista a
importância do Rio da Várzea para a região.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
ARE - Análise de risco ecológico
259 - EXPOSURE STUDIES TO ASSESS RESIDUES IN BEE RELEVANT
MATRICES IN BRAZIL - CHALLENGES AND EXPERIENCES

ANDRIGO MONROE PEREIRA, SIGRUN BOCKSCH


Contato: ANDRIGO MONROE PEREIRA - ANDRIGOPEREIRA@EUROFINS.COM

Keywords: Exposure studies; risk assessment; bee relevant matrices; honey bee

INTRODUCION

The honey bee Apis mellifera is an important beneficial insect due to its pollination
activity in fruit, berry and seed growing. Due to the specific use of honey bees in the
pollination of crops they are an irreplaceable productivity factor in terms of yield. In
addition to this, they contribute to the preservation of a multitude of wild flowering
plants because of their prolific pollination activities. On the other side, the use of
honey bees for crop pollination leads to exposure of the colonies to all sorts of
pesticides.

METHODS

Normative Instruction number 2 (IBAMA, 2017) and several global risk evaluation
guidelines, ask for assessment of pesticide residues in bee relevant matrices, as
flowers, pollen and nectar to provide information about potential exposure of the
honey bee to pesticides in the field. Obtaining sufficient amount of these matrices for
a robust laboratorial analysis is a great challenge. Sampling methods and
experiences from other countries need to be tested and validated for Brazilian
characteristics. Many studies were conducted on Brazilian territory in the past 5
years. A range of several crops were used, receiving different crop protection
treatments and located in representative regions. The sampling of bee relevant
matrices was conducted manually or using honey bees as sampling device when
appropriate.

RESULTS AND DISCUSSION

Brazil, as a continental country, shows a range of weather conditions and soil


properties that allow the cultivation of a variety of different crops during the year. In
this case, the trials were conducted in representative regions (different states) for
each crop. In order to obtain enough material for subsequent residue analysis it was
necessary to adapt the sampling methodology according to the specific morphology
of the different plant species and their various pollen and nectar yields. Sampling
methods included for example manual sampling with centrifugation, vibration,
sieving, or sampling of bee collected pollen and nectar from forager bees or combs.
In the cases that honey bees are used as sampling devices, it was necessary to
consider the biology of Africanized honey bee, the most common honey bee in Brazil
(European honey bees are not common). The defensive and swarming behaviors are
some of the characteristics that need to be taken into account for the trials, as well as
the reaction of the colonies of Apis mellifera to the high temperature during the
transport and inside the tunnels. Other bee species used as sampling device in

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

countries with a temperate climate, as Bombus terrestris, is not available in Brazil,


and there is no direct substitute.
Sample logistics pose another challenge in these studies. Since these studies are
mostly conducted under GLP all shipments need to be tracked, and a chain of
storage and transport under deep frozen conditions needs to be guaranteed to make
sure that no degradation of the test substances takes place.

CONCLUSION

There are no standard test protocols for exposure studies available. The challenges
of the sampling of bee relevant matrices under Brazilian conditions need to be
overcome and the methodologies need to be adapted to achieve sufficient sample
amounts for a good and reliable residue analysis which can be used in the risk
assessment. Native bees may be considered as possible sampling device and
explored as an important source of ecotoxicology information.

REFERENCES

IBAMA. IN 2, Normative Instruction No. 2, IBAMA, 09 Feb 2017.


EPPO (European and Mediterranean Plant Protection Organization). Side-effects on
honeybees, v. 40, n. 4, 313-319, 2010. p. 1-170

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
ARE - Análise de risco ecológico
274 - AVALIAÇÃO DE RISCO ECOLÓGICO (ARE) DE ANTIBIÓTICOS NUMA
SUB-BACIA URBANIZADA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

JULIANA AZEVEDO SABINO, PRISCILA MARIA DE OLIVEIRA MUNIZ CUNHA,


RODRIGO COUTINHO DA SILVA, JANAINA LAMBERT PEREIRA, ANA CAROLINA DA
ANUNCIAÇÃO DIAS, MAÍRA PEIXOTO MENDES, MARCIA MARQUES, ANDRÉ LUÍS DE
SÁ SALOMÃO
Contato: PRISCILA MARIA DE OLIVEIRA MUNIZ CUNHA - PRICUNHABIO@YAHOO.COM.BR

Palavras-chave: Linhas de evidência; Risco integrado; Sulfametoxazol; Trimetoprim; Ecotoxicologia


aquática; Sub-bacia

INTRODUÇÃO

A sub-bacia hidrográfica do rio João Mendes, um importante contribuinte do sistema


lagunar Piratininga/Itaipu na região oceânica de Niterói, vem sofrendo com constante
lançamento de esgoto. Colônias de pescadores comercializam o pescado para
população local e no Mercado Municipal São Pedro, um dos mercados de peixe
mais famosos do ERJ. A Avaliação do Risco Ecológico (ARE) é uma importante
ferramenta para o gerenciamento de áreas contaminadas. Através de análises
químicas e biológicas, é possível identificar efeitos adversos dos contaminantes ao
ambiente. O objetivo foi avaliar os riscos ecológicos no principal rio a partir da
presença de antibióticos provenientes do esgoto.

METODOLOGIA

A Sub-bacia do Rio João Mendes, possui 7km de extensão e 15 afluentes. Para o


estudo da ARE foram realizadas 3 coletas (maio, julho, setembro/2017), 3 pontos
amostrais (P1, P2 e P3) e 1 de referência (P0). Em cada ponto foram coletados 15L
de água superficial. Foram monitorados: OD, pH, CE, ORP, DQO, COT, NO3-, NH3 e
P (APHA, 2012).
A linha de evidência (LoE) química apresentou a dinâmica de contaminação local
(presença e concentração) das substâncias químicas de interesse (SQI). As SQI
foram Trimetoprim (CAS:738-70-5) e Sulfametoxazol (CAS:723-46-6), antibióticos
muito consumidos no país. Preparação das amostras para cromatografia (500mL):
filtração; condicionamento e extração em SPE (C18, 500mg, 3ml/min); eluição;
filtração (0,22μm); injeção no UPLC-MS/MS (Waters®). Coluna de fase reversa
BEH-C18 (1,7μm, 2,1x50mm) a 50°C, fluxo=0,4mL/min, A=água e B=metanol,
ambas 0.01% NH4OH.
A LoE Ecotoxicológica foi constituída por ensaios com organismos-teste de
diferentes níveis tróficos. Ensaios crônicos: inibição de crescimento em microalga
Raphidocelis subcapitata (ABNT-12.648, 2011); toxicidade e efeitos na reprodução
em microcrustáceo Ceriodaphnia dubia (ABNT–13.373, 2017); genotoxicidade em
peixes Oreochromis niloticus (SALOMÃO; MARQUES, 2014,2015).
O cálculo de risco integrado baseou-se nos resultados do risco das LoE Química e
Ecotoxicológica (JENSEN & MESMAN, 2006, modificado por MENDES, 2016).

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A classificação de risco adotado foi: <0,25-inexistente; 0,25-0,50-moderado; 0,50-


0,75-alto; >0,75-extremo.
LoE Química: As seguintes concentrações foram encontradas: Sulfametoxazol -
maio (P0=<LQ; P1=0,13; P2=0,80; P3=0,17µg/L), julho (P0=<LQ; P1=0,98; P2=0,59;
P3=0,87µg/L), setembro (P0=<LQ; P1=1,58; P2=1,96; P3=2,40µg/L); Trimetoprim -
maio (P0=0,003; P1=0,027; P2=0,055; P3=0,011µg/L), julho (P0=0,005; P1=0,058;
P2=0,043; P3=0,020µg/L), setembro (P0=0,005; P1=0,053; P2=0,036;
P3=0,029µg/L). Como tais antibióticos não possuem limites de lançamento
estabelecidos na legislação nacional e internacional pesquisada, para o cálculo do
risco químico foram utilizados os respectivos valores de PNEC (Predicted No-Effect
Concentration): 0,118 e 16,0µg/L (EMEA, 2006).
As concentrações das SQI foram utilizadas para o cálculo do risco químico nos 3
pontos amostrais. O P0 pode ser usado como ponto referência para os outros
pontos amostrais, visto que este apresentou baixas concentrações para ambos os
compostos. Os menores valores de risco químico foram verificados na coleta de
maio (P1=0,30; P2=0,84; P3=0,40). No entanto, nos meses de julho (P1=0,87;
P2=0,78; P3=0,85) e setembro (P1=0,92; P2=0,93; P3=0,95) foram verificados os
maiores valores, sendo todos classificados como de risco extremo.
LoE Ecotoxicológica: Os bioensaios com os 3 bioindicadores (R. subcapitata, C.
dubia e O. niloticus) não indicaram efeitos tóxicos para o ponto P0, quando os
resultados foram comparados aos controles, em todas as coletas, indicando tratar-se
de uma referência apropriada.
Para R. subcapitata, a inibição de crescimento foi observada nos meses de julho e
setembro, com os respectivos riscos P1=0,44; P2=0,55; P3=0,50 e P1=0,64;
P2=0,68; P3=0,56. Inversamente, estímulo ao crescimento foi observado em maio,
sendo tal efeito não considerado tóxico pelo método proposto (P1,P2,P3=0).
Segundo Yang et al (2008) a combinação sulfametoxazol+trimetoprima provoca
efeitos sinérgicos sobre microalgas, inibindo a produção de folato, interferindo na
fotossíntese e na reprodução.
Para C. dubia, efeito sobre a reprodução foi verificado em todos os meses e pontos,
sendo o risco para todos os pontos considerado extremo.
Efeitos genotóxicos em O. niloticus foram observados em todos os meses e pontos
de coleta (p<0,05), quando comparados ao controle e ao P0. O risco calculado
variou de alto para P1 e P2 a extremo para P3: maio (P1=0,60; P2=0,75; P3=0,80),
julho (P1=0,67; P2=0,67; P3=0,80) e setembro (P1=0,70; P2=0,70; P3=0,81).
O risco ecotoxicológico calculado dos bioensaios foi extremo: maio (P1=0,84;
P2=0,86; P3=0,87), julho (P1=0,88; P2=0,89; P3=0,91) e setembro (P1=0,95;
P2=0,95; P3=0,96).
O cálculo de risco integrado por ponto e mês de coleta variou de alto a extremo:
maio (P1=0,66; P2=0,85; P3=0,72), julho (P1=0,87; P2=0,85; P3=0,88) e setembro
(P1=0,94; P2=0,94; P3=0,95).

CONCLUSÃO

O modelo de ARE aplicado mostrou ser uma ferramenta eficaz na avaliação da


degradação dos corpos hídricos de áreas urbanizadas. Com exceção de P1 e P3 na

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

coleta de maio, que apresentaram risco alto (0,5-0,75), todos demais apresentaram
risco extremo (>0,75), decorrente da presença de SQI lançadas principalmente nos
efluentes domésticos. Maiores riscos foram verificados nos pontos onde ocorreram
maiores concentrações de sulfametoxazol, sendo este considerado como o grande
responsável pelo risco extremo. O ponto amostral P0 não apresentou diferença
significativa quando comparado aos controles dos ensaios ecotoxicológicos, tendo
apresentado baixas concentrações das SQI, podendo ser utilizado como ponto
referência.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABNT. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, A. Ecotoxicologia


aquática - Toxicidade crônica - Método de ensaio com algas (Chlorophyceae). NBR
12648. Rio de Janeiro, Brasil, 2011.
ABNT. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, A. Ecotoxicologia
aquática - Toxicidade crônica - Método de ensaio com Ceriodaphnia spp (Crustacea,
Cladocera). 5 ed. NBR 13373. Rio de Janeiro, Brasil, 2017.
APHA/ AWWA /WEF.EATON, A.D et al. Standard methods for the examination of
water and wastewater. 22ª ed. Washington: American Public Health Association. p.
1360, 2012.
European Medicines Agency- EMEA. Initial assessment of eleven pharmaceuticals
using the EMEA guideline in Norway. Oslo, 2006.
JENSEN, J.; MESMAN, M. Ecological Risk Assessment of Contaminated Land,
RIMV. Report 711701047. Netherlands. p. 136, 2006.
MENDES, M.P. Avaliação de risco ecológico em área alagada contaminada por
gasolina. Dissertação (Mestrado) - Curso de Engenharia Ambiental, Universidade do
Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro. p. 178, 2016.
SALOMÃO, A.L. de S.; MARQUES, M. Quantification of alkali-labile phosphate
groups in the plasma of Oreochromis niloticus exposed to intermittent discharges of
oestrogens: effect of concentration vs. load. International Journal of Environmental
Analytical Chemistry, v. 94, n. 11, p.1161-1172, 2014.
SALOMÃO, A.L. de S.; MARQUES, M. Estrogenicity and genotoxicity detection in
different contaminated waters. Human and Ecological Risk Assessment: An
International Journal, v. 21, n. 7, p. 1793-1809, 2015.
YANG, L.-H. et al. Growth-inhibiting effects of 12 antibacterial agents and their
mixtures on the freshwater microalga Pseudokirchneriella subcapitata. Environmental
toxicology and chemistry, v. 27, n. 5, p. 1201-1208, 2008.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
ARE - Análise de risco ecológico
299 - DISTRIBUIÇÃO, FONTES E RISCOS ECOLÓGICOS ASSOCIADOS À
CONTAMINAÇÃO POR HPAS EM SEDIMENTOS DO ESTUÁRIO HOOGHLY,
ÍNDIA

ELIETE ZANARDI-LAMARDO, AMANDA ALVES VIEIRA-CAMPOS, CAROLINA


BARBOSA CABRAL, SOUMITA MITRA, GILVAN TAKESHI YOGUI, SANTOSH KUMAR
SARKAR, JAYANTA KUMAR BISWAS
Contato: ELIETE ZANARDI-LAMARDO - ELIETE.ZANARDI@GMAIL.COM

Palavras-chave: GC/MS; Fontes pirolíticas; coeficiente de efeito mediano; coeficiente de


concentração negligente

INTRODUÇÃO

Os hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPAs) são contaminantes lipofílicos


frequentemente encontrados em diversos compartimentos ambientais (KARACIK et
al., 2013). Devido a suas características tendem a se acumular em sedimentos ou
em organismos vivos, podendo causar mutagenicidade, desrregulação endócrina e
carcinogenicidade (SAMANTA et al., 2002). As principais fontes de HPAs para os
corpos aquáticos são introdução direta do petróleo e/ou derivados, ou combustão da
biomassa e combustíveis fósseis (YUNKER et al., 2002). O presente estudo
investigou a distribuição e origem dos HPAs em sedimentos do estuário Hooghly,
Índia, e identificou o potencial impacto ecológico sobre a biota local.

METODOLOGIA

O estuário do Rio Hooghly e o manguezal Sundarban (21º N, 88° E), na Índia, estão
sob a influência de industrialização e urbanização desordenadas, o que resultou em
significativas mudanças ecológicas (perdas da biodiversidade) e na saúde ambiental
(degradação dos habitats) (SARKAR et al., 2004). Nove amostras de sedimentos
superficiais (~5cm) foram coletadas ao longo do estuário do Rio Hooghly, cobrindo
~175km, e uma amostra foi coletada na região do Sundarban. Estas amostras foram
armazenadas em recipientes de alumínio previamente calcinados, à -22ºC.
Posteriormente foram secas em liofilizador e homogeneizadas. Uma alíquota de 15 g
foi extraída em sistema Soxhlet com uma mistura de n-hexano / diclorometano (1:1,
v/v). Após a purificação e fracionamento numa coluna de sílica / alumina, os extratos
foram concentrados e os 16 HPAs prioritários + metilnaftaleno foram analisados em
um cromatográfo a gás (Agilent Technologies 6890) acoplado a um espectrômetro
de massas (MACIEL et al., 2015). A recuperação dos padrões surrogados foi 85 ±
3,3% (95% nível de confiança) e a recuperação dos analitos do material de
referência (NIST SRM 1944) foi 117 ± 6,9%,. O limite de quantificação foi 0,07 ng g-
1.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

As concentrações dos HPAs variaram entre 15,4 (S8) e 1731 ng g-1 (S7). A S7 está
localizada numa área portuária, caracterizada pelo intenso tráfico de embarcações e
lançamento de esgotos. A hidrodinâmica local e a predominância de partículas finas

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

(silte e argila) podem ter favorecido o acúmulos dos HPAs. A baixa concentração na
S8 foi inesperada devido à sua proximidade da S7. Esta diferença pode ser
decorrência do baixo %Corg, ~55% do observado na S7. Similar fenômeno foi
observado num estuário do nordeste Brasileiro (ARRUDA-SANTOS et al., 2018). Os
sedimentos são classificados como moderadamente contaminados, exceto S8 (baixa
contaminação) e S7, altamente contaminado (BAUMARD et al., 1998).
Algumas razões diagnósticas foram calculadas para inferir as fontes: petrogênicas
ou combustão. As razões entre os compostos de baixo peso molecular
(petrogênicas) e os de alto peso molecular (pirolíticas) mostraram uma
predominância de combustão. Os compostos mais abundantes foram fluoranteno,
fenantreno e pireno, comumente encontrados em combustão incompleta de gasolina
e diesel, queima de carvão, óleo de motor, etc (RAVINDRA et al., 2008). Nas S2, S4,
S5 e S8, esta proporção permaneceu ~50%, sugerindo uma mistura de fontes. Áreas
sob influência de efluentes domésticos e industriais com intensas atividades náuticas
apresentaram resultados similares (MACIEL et al., 2015). Razões entre isômeros
(YUNKER et al., 2002) também revelaram uma predominância de combustão,
exceto nas S2, S4, S5 e S7, que também evidenciaram a presença do petróleo.
O risco ecológico foi avaliado em comparação aos níveis propostos TEL e PEL
(MACDONALD et al., 1996). Alguns compostos excederam o TEL nas S1, S2 e S6,
mas a S7 foi a mais crítica com concentrações do acenaftileno, fluoreno, fenantreno,
fluoranteno, pireno, criseno e dibenzo[a,h]antraceno acima do TEL (15% a 280%).
Nenhum composto excedeu o PEL. Esses limites são baseados em um único
contaminante mas a mistura de compostos pode conduzir a efeitos sinérgicos ou
antagônicos. O coeficiente de efeito mediano (mERMQ) foi utilizado para avaliar
riscos ecológicos de contaminantes simultâneos (MCCREADY et al., 2006) e os
resultados indicaram baixo risco ecológico no estuário do Rio Hooghly e Sundarban.
Os coeficientes RQNC (coeficiente de concentração negligente) e RQMPC
(coeficiente de concentração máxima permitida) foram calculados (CAO et al., 2010).
RQNCs > 1 e RQMPCs < 1 indicam contaminação moderada. No presente estudo,
70% dos compostos apresentaram RQNCs > 1, mas todos RQMPC < 1, sugerindo
que os HPAs podem estar causando efeitos sobre a biota.

CONCLUSÃO

Os sedimentos do estuário do Rio Hooghly e do manguezal Sundarban


apresentaram contaminação moderada por HPAs, provenientes das ações
antrópicas nas proximidades do estuário. Os processos pirolíticos provavelmente
são as principais fontes de HPAs, e podem ser atribuídos às intensas atividades
náuticas, circulação de veículos, e efluentes domésticos e industriais lançados nesse
sistema. Apesar da baixa contaminação, os índices de avaliação de risco, individuais
ou sinérgicos, apontam que esses contaminantes podem estar causando efeitos à
biota. Esses resultados poderão nortear os tomadores de decisão sobre a saúde
ambiental, mas uma investigação detalhada sobre os efeitos prováveis ainda se faz
necessária.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARRUDA-SANTOS, R.H.; SCHETTINI, C.A.F.; YOGUI, G.T.; MACIEL, D.C.;


ZANARDI-LAMARDO, E. Sources and distribution of aromatic hydrocarbons in a

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

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Total Environ. 624, 935–944, 2018.
BAUMARD, P.; BUDZINSKI, H.; GARRIGUES, P. Polycyclic aromatic hydrocarbons
(PAHs) in sediments and mussels of the western Mediterranean Sea. Environ.
Toxicol. Chem. 17, 765–776, 1998.
CAO, Z.; LIU, J.; LUAN, Y.; LI, Y.; MA, M.; XU, J.; HAN, S. Distribution and
ecosystem risk assessment of polycyclic aromatic hydrocarbons in the Luan River,
China. Ecotoxicology 19, 827–837, 2010.
KARACIK, B.; OKAYA, O.S.; HENKELMANN, B.; PFISTER, G.; SCHRAMM, K.-W.
Water concentrations of PAH, PCB and OCP by using semipermeable membrane
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MACDONALD, D.D.; CARR, R.S.; CALDER, F.D.; LONG, E.R.; INGERSOLL, C.G.
1996. Development and evaluation of sediment quality guidelines for Florida coastal
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MACIEL, D.C.; SOUZA, J.R.B.; TANIGUCHI, S.; BÍCEGO, M.C.; ZANARDI-
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MCCREADY, S.; BIRCH, G.F.; LONG, E.R. Metallic and organic contaminants in
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evaluating sediment quality guidelines. Environ. Int. 32, 455–465, 2006.
RAVINDRA, K.; WAUTERS, E.; VAN GRIEKEN, R. Variation in particulate PAHs
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SAMANTA, S.K.; SINGH, O.V.; JAIN, R.K. Polycyclic aromatic hydrocarbons:
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SARKAR, S.K.; FRANCISCOVIC-BILINSKI, S.; BHATTACHARYA, A.; SAHA, M.;
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YUNKER, M.B.; MACDONALD, R.W.; VINGARZAN, R.; MITCHELL, R.H.;
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Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
ARE - Análise de risco ecológico
311 - AVALIAÇÃO DO POTENCIAL TÓXICO PARA A ABELHA NATIVA Melipona
scutellaris (LATREILLE, 1811) DA EXPOSIÇÃO TÓPICA AO INSETICIDA
ABAMECTINA E AO FUNGICIDA DIFENOCONAZOL

JANETE BRIGANTE, EVALDO LUIS GAETA ESPINDOLA


Contato: JANETE BRIGANTE - JANECASTELE@YAHOO.COM.BR

Palavras-chave: abamectina; difenoconazol; Melipona scutellaris; toxicidade

INTRODUÇÃO

De acordo com a Comissão da European Food Safety Authority os inseticidas são,


por sua natureza, tóxicos para as abelhas. Contudo, as abelhas são altamente
desejáveis nos cultivos agrícolas devido à sua participação na produção de
alimentos para a humanidade. Assim, diante dos métodos atuais de cultivo e da
demora na reversão do uso intenso de pesticidas, é estratégico conhecer os efeitos
nocivos das doses de exposição de modo a subsidiar tomadas de decisão urgentes
para salvaguardar estes agentes polinizadores. Neste trabalho foi avaliado o efeito
tóxico das formulações comerciais de dois pesticidas isoladamente, expostos
topicamente na abelha Melipona scutellaris.

METODOLOGIA

Formulações comerciais do inseticida Kraft 36 EC, Cheminova (i.a. abamectina) e do


fungicida Score 250 EC, Syngenta S.A. (i.a. difenoconazol) foram aplicadas
topicamente em Melipona scutellaris. Forrageiras de 11 colmeias foram coletadas
em potes de polipropileno de 250 mL sendo 30 abelhas para cada concentração,
subdivididas em três repetições de 10 abelhas. Os procedimentos seguiram o
protocolo OECD/OCDE 214 (1998), sendo realizados testes preliminares para
determinação da faixa de sensibilidade. As diluições foram preparadas como uma
mistura em 1g L-1 de Triton X-100 em água e aplicadas no volume de 1,0 µL no
pronoto da abelha após anestesiadas com CO2 por oito minutos. O grupo controle
recebeu somente água destilada e o controle do solvente recebeu uma mistura em
1g L-1 de Triton X-100 em água. Os ensaios foram conduzidos em câmara BOD
(28µC ± 1,0 e 70% ± 5 de umidade relativa). Após 48 h a mortalidade foi registrada e
analisada utilizando Trimmed Spearman-Karber (HAMILTON et al., 1978) para
determinação da DL50. Todas as análises realizadas com o Trimmed Spearman-
Karber foram programadas para valores automáticos de alfa para melhor ajuste dos
dados. Valores de alfa superiores a 50% ocasionaram na automática invalidação dos
dados (ZAGATTO & BERTOLETTI, 2008).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os valores médios de DL50 com 95% de confiança para M. scutellaris após


exposição tópica ao Kraft (abamectina) foram: (24h) 0,07 µg/abelha, com limites
inferior e superior de 0,059 e 0,08 µg/abelha), e (48h) 0,028 (0,027 – 0,029)
µg/abelha, com 0% de variação do SKT. Para o Score (difenoconazol): (48h) 67,32

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

(64,04 – 70,77) µg/abelha, com 8% de variação do SKT. Dados de 24 horas não


foram obtidos estatisticamente devido à variação do SKT.
De acordo com Felton et al. (1986) e Johansen & Mayer (1990), os quais
consideram valores de DL50 menores do que 1µg a.i./bee como altamente tóxico,
conclui-se que a abamectina e o difenoconazol foram altamente tóxica e
moderadamente tóxico, respectivamente quando administrados via contato.
Indicativos de toxicidade de fungicidas já foram encontrados em outros estudos
(MUSSEN et al., 2004; THOMPSON & WILKINS, 2003), porém ainda são escassas
as pesquisas e não existem dados sobre o seu efeito tóxico em abelhas nativas.
Em termos de relevância ecológica, as doses recomendadas em campo de
abamectina e difenoconazol para diferentes cultivos mostram que a DL50 tópica
(48h) obtida para o fungicida é cerca de 90 vezes mais alta do que a maior dose
recomendada (0,75 µg i.a./uL). Para o inseticida a DL50 tópica (48h) é menor para o
algodão (1,92 a 3,9 vezes) e para a batata e feijão (3,2 a 6,4 vezes).
Quanto ao inseticida, os dados de DL50 24h da exposição tópica para M. scutellaris
(0,07 µg/abelha) pode ser comparado com a abelha Apis mellifera exposta ao
ingrediente ativo (0,0022 µg/abelha – DAR (2006)), indicando que esta última foi
31,8 vezes mais sensível do que a M. scutellaris. Outro estudo feito por Del Sarto et
al. (2014) utilizando o produto Vertimec (abamectina) e duas espécies de abelha,
Apis mellifera (7,8 µg/abelha) e Melipona quadrifasciata (134,6 µg/abelha)
mostraram que, em relação à M. scutellaris, a Apis foi 111,4 vezes mais sensível do
que a nativa, e esta última foi 1923 vezes mais sensível do que a M. quadrifasciata.
Depreende-se que a Apis foi mais sensível à abamectina quando exposta
topicamente. Este estudo, portanto, corrobora as tendências de avaliação de risco
de pesticidas para as abelhas envolvendo outras espécies além da Apis mellifera
(EFSA, 2017).

CONCLUSÃO

Conclui-se que a exposição tópica do inseticida Kraft (abamectina) foi altamente


tóxica para a Melipona scutellaris. Em relação ao fungicida Score (difenoconazol)
este foi moderadamente tóxico para M. scutellaris em concentrações superiores à
dose recomendada em campo. Neste caso, as conclusões sobre a segurança deste
fungicida para as abelhas devem ser feitas com cautela, especialmente
considerando que o manejo agrícola adota aplicações repetidas provocando
acúmulo de ingrediente ativo na planta e aumentando o risco para as abelhas,
inclusive com efeitos subletais.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CARVALHO, S.M.; CARVALHO, G.A.; CARVALHO, C.F.; BUENO FILHO, J.S.S.;


BAPTISTA, A.P.M. Toxicidade de acaricidas/inseticidas empregados na citricultura
para a abelha africanizada Apis mellifera L., 1758 (Hymenoptera: Apidae). Arq. Inst.
Biol., São Paulo, v.76, n.4, p.597-606, out./dez., 2009.
DAR - DRAFT ASSESSMENT REPORT (2006).
http://sitem.herts.ac.uk/aeru/vsdb/Reports/8.htm. Acesso em 27/05/2018.
DEL SARTO, M.C.; OLIVEIRA, E.E.; GUEDES, R.N.; CAMPOS, L.A. Differential
insecticide susceptibility of the Neotropical stingless bee Melipona quadrifasciata and
the honey bee Apis mellifera. Apidologie, 45, p. 626–636. 2014.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

EFSA - Guidance on the risk assessment of plant protection products on bees (Apis
mellifera, Bombus spp. and solitary bees) and EFSA - Communication from the
European Commission on honeybee health (EC). Disponível em:
https://www.efsa.europa.eu/en/press/news/130704. 2017.
FELTON, J.; OOMEN, P.; STEVENSON, J. Toxicity and Hazard of pesticides to
honeybees: harmonization of test methods. Bee World 67, 114–124. 1986.
HAMILTON, M.A.; RUSSO, R.C.; THURSTON, R.V. Trimmed Spearman-Karber
method for estimating median lethal concentrations in toxicity bioassays. Environ Sci
Technol. 1978;11:414-7.
JOHANSEN, C.A.; MAYER, D.F. Pollinator protection: a bee and pesticide
handbook. Cheshire: Wicwas Pr, 1990. 212 p.
MUSSEN, E.C.; LOPEZ, J.E.; PENG, C.Y.S. Effects of selected fungicides on growth
and development of larval honey bees, Apis mellifera L. (Hymenoptera: Apidae).
Environ. Entomol. V. 33, N. 5, p. 1151-1154, 2004.
OECD/OCDE 214. Adopted: 21st September 1998. 1/7. OECD GUIDELINES FOR
THE TESTING OF CHEMICALS. Honeybees, Acute Contact Toxicity Test, 1998.
THOMPSON, H.; WILKINS, S. Assessment of the synergy and repellency of
pyrethroid/fungicide mixtures. Bulletin of Insectology, V. 56, N. 1, p. 131-134, 2003.
ZAGATTO, P.A.; BERTOLETTI, E. Ecotoxicologia aquática – princípios e aplicações.
RIMA, São Carlos, 2008. 478p.

FONTES FINANCIADORAS

FAPESP e CNPq

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
ARE - Análise de risco ecológico
363 - AVALIAÇÃO DE RISCO ECOLÓGICO DE AGROTÓXICOS EM
ECOSSISTEMAS AQUÁTICOS COM BASE NO MODELO AGRÍCOLA
CONVENCIONAL DE BOM REPOUSO (MG)

VICTOR LUIZ DA SILVA ROLIM, VANESSA BEZERRA MENEZES-OLIVEIRA, MARINA


REGHINI VANDERLEI, ANA LETICIA MADEIRA SANCHES, RAQUEL APARECIDA
MOREIRA, EVALDO LUIZ GAETA ESPINDOLA, BRUNA HORVATH VIEIRA
Contato: VICTOR LUIZ DA SILVA ROLIM - VICTOR.LUIZ.SILVA@USP.BR

Palavras-chave: ARE; Abamectina; Difenoconazol; SSD

INTRODUÇÃO

O município de Bom Repouso (MG) é um dos maiores produtores de morango e


batata do país, sendo que em ambas as culturas o uso de agrotóxicos é intenso e
frequente, implicando em danos à saúde humana e aos ecossistemas. Dentre os
diversos agrotóxicos utilizados, destacam-se as formulações comerciais Kraft®
36EC (i.a. abamectina) e Score® 250 EC (i.a.difenoconazol), as quais são
classificadas como muito tóxicas ao meio ambiente (Classe 2). Diante do exposto,
este trabalho tem como objetivo realizar uma análise de risco ecológico da
abamectina e difenoconazol para o compartimento aquático, tendo como referência
o município de Bom Repouso.

METODOLOGIA

Para a presente pesquisa foram utilizados dados já produzidos pelo Núcleo de


Ecotoxicologia e Ecologia Aplicada (EESC/USP), com ênfase nos resultados de
testes ecotoxicológicos para o inseticida/acaricida Kraft® e o fungicida Score® e os
seus ingredientes ativos, abamectina e difenoconazol, respectivamente. As
concentrações previstas sem efeitos (PNEC) foram determinadas através de dois
métodos de extrapolação: uma curva de distribuição de sensibilidade das espécies
(SSD), obtida de Moreira et al. (2017), aliada a um fator de avaliação (REACH,
2008). De acordo com Reach (2008), para uma SSD recomenda-se fatores de
avaliação em um intervalo estabelecido entre 1 e 5. Neste trabalho, optou-se por
utilizar o fator de avaliação igual a 5, uma vez que para a SSD foram utilizados
dados de toxicidade de espécies, em sua maioria, de regiões temperadas. A
distribuição ambiental prevista dos agrotóxicos Kraft® e Score® foi obtida em
Vanderlei (2016), a qual foi calculada através do programa MacKay (MACKAY,
1985).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A curva de distribuição de sensibilidade das espécies (Moreira et al, 2017)


demonstrou que o cladócero Daphnia magna foi mais sensível ao fungicida
difenoconazol, apresentando CE50 de 0,9249 μg/L, enquanto Daphnia similis foi a
espécie mais sensível ao inseticida/acaricida abamectina, com um valor de CE50 de
0,0051 μg/L. Logo, aplicando-se o fator de avaliação, as concentrações máximas
permitidas a fim de proteger a comunidade aquática é de 0,18498 μg/L para o

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

difenoconazol e 0,00102 μg/L para abamectina. Segundo o modelo MacKay, a


abamectina apresenta baixa fugacidade, sendo que cerca de 4,12% do total aplicado
atinge o compartimento aquático. Para o difenoconazol, segundo o mesmo modelo,
a fugacidade é maior e 60,6% do total aplicado atinge o compartimento aquático.
Assim, a concentração de exposição da comunidade aquática para cada pesticida foi
calculada a partir da dose recomendada para a cultura de morango, descrita pelos
respectivos fabricantes, considerando ainda a proporção de ingrediente ativo em
cada formulação comercial, como também, a fugacidade das mesmas em relação ao
compartimento aquático: 0,44 mg/L para abamectina e 60,6 mg/L para
difenoconazol. Embora haja maior sensibilidade dos organismos testados à
exposição de abamectica em comparação ao difenoconazol, em ambos os casos as
doses de exposição estão bastante acima das concentrações encontradas para a
proteção da vida aquática. Salienta-se ainda que apenas as aplicações únicas das
doses recomendadas foram consideradas, sendo que para o cultivo de morangos
recomendam-se aplicações em intervalos de 7 dias para Kraft®36 EC
(CHEMINOVA, 2016) e a cada 14 dias para Score® 250 CE (SYNGENTA, 2016).
Além disso, dados compilados através de entrevistas com os agricultores e suas
famílias, com foco no uso de agrotóxicos em Bom Repouso/MG, mostrou um
intensivo e inadequado uso desses produtos, como por exemplo: descarte
inadequado das embalagens e frequência de aplicação maior que o descrito nas
bulas das respectivas formulações comerciais (RESENDE, 2009), logo o risco real é,
provavelmente, ainda maior.

CONCLUSÃO

As concentrações dos pesticidas Kraft® e Score®, que atingem os ecossistemas


aquáticos de Bom Repouso/MG, estão muito além das concentrações ideais
determinadas pelas “curvas de distribuição de sensibilidade das espécies”, indicando
impacto ambiental negativo e prejuízo dos serviços ecossitêmicos da região. A fim
de diminuir os erros associados à extrapolação, recomendam-se maiores estudos
em relação à padronização de organismos nativos nos diversos níveis tróficos,
garantindo melhores indicadores que reflitam a exposição da biodiversidade local
aos agrotóxicos, conciliando práticas agrícolas e proteção ambiental.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CHEMINOVA, 2016.
Http://www.adapar.pr.gov.br/arquivos/File/defis/DFI/Bulas/Inseticidas/kraft.pdf
(Acesso em 05 maio 2018).
MOREIRA, R.A.; DAAM, M.A.; VIEIRA, B.H.; SANCHES, A.L.M.; VASCONCELOS,
A.M.; MANSANO, A.S.; FREITAS, E.C.; ,ESPINDOLA, E.L.G.; ROCHA, O. Toxicity
of abamectin and difenoconazole mixtures to a neotropicalcladoceran after simulated
run-off and spray drift exposure. 2017: Aquatic Toxicology, 2017.
RECH, M. Guidance on information requirements and chemical safety assessment.
Capítulo 10: Characterisation of dose [concentration]-response for environment, v. 8,
2008.
RESENDE, J.C. Avaliação das águas de abastecimento da área rural do município
de Bom Repouso, MG. Trabalho de Conclusão de Curso - Curso de Engenharia
Ambiental, Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, São
Carlos, 2009.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

SYNGENTA, 2016. https://www.extrapratica.com.br/BR


Docs/Portuguese/Instructions/62.pdf (Acesso em 05 maio 2018).
VANDERLEI, M.R. Efeitos dos agrotóxicos Kraft®36EC e Score®250EC (e seus
princípios ativos) em ecossistemas aquáticos: análises comparativas e
ecossistêmicas. Dissertação (Mestrado) - Escola de Engenharia de São Carlos
(EESC - USP). São Carlos. 2016.

FONTES FINANCIADORAS

FAPESP (Processo: 2016/25611-0)

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Biodisponibilidade,
Bioacumulação e
Biomagnificação

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Painel
Biodisponibilidade, bioacumulação e biomagnificação
27 - VARIAÇÃO SAZONAL DE MERCÚRIO EM Hemiodus unimaculatus
(CHARACIFORMES: HEMIODONTIDAE)(BLOCH, 1794) NO RIO XINGU,
AMAZÔNIA, BRASIL

NILMA DA COSTA RODRIGUES, MARCELO DE OLIVEIRA LIMA, TOMMASO


GIARRIZZO, JULIANA DE SOUZA ARAUJO
Contato: NILMA DA COSTA RODRIGUES - NILMADACOSTARODRIGUES@GMAIL.COM

Palavras-chave: biodisponibilidade; metais pesados; onívora

INTRODUÇÃO

O Rio Xingu tem aproximadamente 1450 km de extensão, nasce no estado do Mato


Grosso e desagua pela margem direita do Rio Amazonas. A variação máxima da
vazão se dá entre os meses de Outubro (seca) - 2.000 m³/s e Abril (cheia) - 8.000 a
10.000 m³/s. A inundação sazonal da floresta adjacente e concomitantemente as
alterações nas condições abióticas podem influenciar na biodisponibilidade de
elementos como o mercúrio (Hg). Tendo em vista isso, o nosso objetivo foi verificar a
variação sazonal na concentração de Hg em Hemiodus unimaculatus, uma espécie
onívora do rio Xingu.

METODOLOGIA

A área de estudo está localizada em um trecho do rio Xingu que vai desde a
confluência com o rio Iriri até confluência com o rio Bacajá. Foram coletados 15
indivíduos da espécie Hemiodus unimaculatus em cada período de seca e cheia
respectivamente de 2013 e 2014. Após feita a identificação e biometria, de cada
indivíduo foi retirado de 10-20 g de tecido muscular livre de espinhas e escamas,
armazenados em gelo e posteriormente congelados até o momento de análise para
mensuração do Hg. Para determinação de Hg, as amostras foram homogeneizadas
e foi utilizada Espectrometria de Absorção Atômica com Vapor, com controle de
qualidade a partir do uso do material de referência certificada DOLT-3. Também
foram mensurados parâmetros físico-quimicos como: pH, condutividade,
alcalinidade, Oxigênio dissolvido e temperatura, com auxílio de Sonda
Multiparamétrica modelo YSI 6600. A variação sazonal na concentração de THg
entre os períodos de seca e cheia, foi testada com PERMANOVA univariada em
matrizes de distâncias Euclidianas com base em 9999 permutações (ANDERSON,
2001). Os cálculos e testes foram realizados usando o PERMANOVA+ para o
software PRIMER-E (ANDERSON et al., 2008).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os parâmetros físico-químicos mostraram que em ambos os períodos apresentam


bons níveis de oxigenação, as concentrações médias de oxigênio dissolvido
variaram de 5,14mg/L na cheia a 7,29 mg/L na seca. No período cheio a
temperatura da água variou entre 27,2 ºC a 27,7 ºC, já na seca, devido ao menor
volume de água, a temperatura variou de 29,8 ºC a 31,1 ºC. O pH da água estava na
faixa de acidez (abaixo de 7,0) em todas as leituras, e os valores de alcalinidade

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

baixos, tipicamente abaixo de 15 mg-CaCO3/l (7,27 na seca e 12,14 mg-CaCO3/l na


cheia). A baixa variação na condutividade (0.01 a 0.03 mS/cm) apontou para uma
baixa concentração de íons dissolvidos. Os indivíduos coletados apresentavam
comprimento total entre 12 e 20,7 cm na seca e 12 e 18 cm na cheia. A
concentração média de mercúrio na seca foi de 0,02 g/g (0,0099 a 0,0829 g/g)
enquanto que na cheia foi de 0,06 (0,021 a 0,114 g/g), sendo este o período com
significativamente maior concentração de mercúrio na espécie analisada (pseudo-F
= 5,9965; p< 0,05). De modo geral, o período de cheia apresenta grande quantidade
de material particulado em suspensão, estes se ligam ao Hg biodisponível no leito
do rio e assim menores quantidades do metal se acumulam nos organismos de
níveis tróficos superiores. No entanto, devido à inundação sazonal as espécies como
H. unimaculatus obtem o fornecimento temporário de importantes itens alimentares
(GOULDING, 1980; AGOSTINHO & ZALEWSKI, 1995), que podem alterar suas
posições tróficas, e assim aumentar o acúmulo de mercúrio (DOREA et al., 2006;
GARRONE NETO & CARVALHO, 2011).

CONCLUSÃO

Segundo os resultados, o rio Xingu apresenta bom estado de conservação devido


aos parâmetros físico-químicos avaliados e também por apresentar baixo nível de
mercúrio em espécies onívoras como Hemiodus unimaculatus. Apesar disso, foi
comprovada a ocorrência de uma variação sazonal na concentração do mercúrio
diferente do esperado para tal guilda trófica, o revelando a importância do estudo
individualizado de cada espécie que compõem a ictiofauna local, levando em
consideração mudanças de área de forrageamento e dieta para melhor
compreensão da dinâmica do contaminante no ecossistema.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AGOSTINHO, A.A.; ZALEWSKI, M. (1995). The dependence of fish communit


structure and dynamics on floodplain and riparian ecotone zone in Parana River,
Brazil. Hidrobiologia 303, 141-148
ANDERSON, M.J. Permutation tests for univariate or multivariate analysis of
variance and regression. Canadian Journal of Fisheries and Aquatic Sciences, 58:
626–639. 2001.
ANDERSON, M.J.; GORLEY, R.N.; CLARKE, K.R. PERMANOVA for PRIMER: guide
to software and statistical methods. PRIMER-E, Plymouth. 2008.
DOREA, J.G., BARBOSA, A.C.; SILVA, G.S. (2006). Fish mercury bioaccumulation
as a function of feeding behavior and hydrological cycles of the Rio Negro, Amazon.
Comparative Biochemistry and Physiology Part C 142, 275-283.
doi:10.1016/j.cbpc.2005.10.014.
GARRONE NETO, D.; CARVALHO, L.N. (2011). Nuclear-follower foraging
associations among Characiformes fishes and Potamotrygonidae rays in clean
waters environments of Teles Pires and Xingu rivers basins, Midwest Brazil. Biota
Neotropica 11 (4), 359 – 362.
GOULDING, M. (1980). The fishes and forest: explorations in Amazonian natural
history. Berkley, CA. USA, University of California Press, 280p.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Biodisponibilidade, bioacumulação e biomagnificação
29 - NÍVEIS DE MERCURIO EM ESPÉCIES CARNÍVORAS DE IMPORTÂNCIA
ALIMENTAR NA BACIA DO RIO XINGU-PA, BRASIL

CARINE GOMES MORAES, MARCELO DE OLIVEIRA LIMA, TOMMASO GIARRIZZO,


JULIANA DE SOUZA ARAUJO
Contato: JULIANA DE SOUZA ARAUJO - J.ARAUJO.BIO@GMAIL.COM

Palavras-chave: metais pesados; biomagnificação; bioacumulação

INTRODUÇÃO

A poluição por mercúrio (Hg) pode ocasionar sérios danos à saúde humana, animal
e ao meio ambiente, com grande prejuízo a biota aquática devido sua elevada
toxidade, particularmente na forma metilmercúrio (MeHg). Rejeitos provenientes da
mineração, depositados no ambiente oriundos de garimpos; implantações de
barragens e desmatamento ocasionam a acentuação desse contaminante. Além
disso, a capacidade de Bioacumulação e Biomagnificação permite que o mercúrio
atinja elevadas concentrações em organismos topo de cadeia. Com isso, o objetivo
deste trabalho visa mensurar as concentrações de Hg em peixes carnívoros da
Bacia do Xingu.

METODOLOGIA

A bacia hidrográfica do Rio Xingu abrange uma área de 509.000 km², possui aguas
claras e é pobre em nutrientes e matéria orgânica, sua produtividade depende de
fontes externas. O Rio Xingu é caracterizado por existir em seu leito trechos onde
ocorre a presença de garimpos clandestinos, barragens e a UHE de Belo Monte.
Para análise de Hg foram selecionadas as espécies-chave Boulengerella cuvieri,
Phractocephalus hemioliopterus, Potamotrygon leopoldi, Serrasalmus manueli,
Serrasalmus rhombeus e Tocantinsia piresi, sendo coletados de 14 a 29 indivíduos
de cada espécie totalizando 119 indivíduos entre os anos de 2013-2014. Foram
retirados de 10-20 g de tecido muscular livre de espinhas e escamas, armazenados
em gelo e posteriormente congelados até o momento de análise para mensuração
do Hg. Para determinação de Hg foi utilizada Espectrometria de Absorção Atômica
com Vapor. Também foram mensurados parâmetros físico-quimicos como: pH,
condutividade, Oxigênio dissolvido e temperatura, com auxílio de Sonda
Multiparamétrica modelo YSI 6600. Os resultados obtidos nessa coleta foram
comparados a dados coletados em outras localidades também da Bacia Amazônica.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados apresentados das análises dos parâmetros físico-químico revelaram


que trecho estudado apresenta bons níveis de oxigenação, indicando um bom
equilíbrio entre a produção fotossintética e o consumo produzido pelos processos
metabólicos. A temperatura variou de 27,24 a 31,39 ºC, pH 6,48 a 7,39,
Condutividade 0,01 a 0,03 mS/cm, Oxigênio dissolvido 5,14 a 7,29 mg/l, alcalinidade
7,27 a 10,52 mg-CaCO3/l, não sofrendo, portanto, grandes variações entre os
períodos de cheia e seca.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Os resultados encontrados para níveis de Hg indicaram baixas concentrações nas


espécies estudadas, sendo ainda que as concentrações médias (mg/kg ± DP) não
ultrapassaram os limites de segurança para consumo estabelecidos pela OMS (0,5
mg/kg) e ANVISA (1,0 mg/kg). Os valores médios para cada espécie foi:
Boulengerella cuvieri (0,26 ± 0,23), Phractocephalus hemioliopterus (0,40 ± 0,35),
Potamotrygon leopoldi (0,26 ± 0,27), Serrasalmus manueli (0,20 ± 0,10),
Serrasalmus rhombeus (0,36 ± 0,28) e Tocantinsia piresi (0,24 ± 0,11).
Os valores aqui encontrados contrastam com os resultados de estudos de peixes
carnívoros em outros rios amazônicos de águas claras, como o rio Tapajós
(NEVADO et al., 2010), rio Tocantins (PALERMO et al., 2004) e rio Bacajá (SOUZA-
ARAUJO et al., 2016).
No rio Bacajá, por exemplo, que é um importante tributário do rio Xingu pela margem
direita, a espécie Boulengerella cuvieri apresentou concentração média de 1,42 ±
0,32, ultrapassando os limites estabelecidos pela OMS e ANVISA, e as espécies
Phractocephalus hemioliopterus e Serrasalmus rhombeus, apresentaram
concentrações médias de: 0,62 ± 0,65; 0,56 ± 0,29, respectivamente, ultrapassando
os limites estabelecidos pela OMS.

CONCLUSÃO

De acordo com os resultados apresentados, concluiu-se que a região da Bacia do rio


Xingu em questão se encontra em bom estado de conservação devido suas
características limnológicas, além dos baixos níveis de mercúrio total encontrados
em espécies que costumeiramente apresentam altas concentrações em demais rios
amazônicos. Contudo faz-se necessário um monitoramento constante na região
tendo em vista que o estudo foi realizado antes da conclusão da barragem da UHE
de Belo Monte, e as alterações do fluxo do rio pós barramento poderão favorecer o
aumento do processo de metilação e biomagnificação do mercúrio previamente
existente.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

NEVADO, J.J.B.; MARTIN-DOIMEADIOS, R.C.R.; BERNARDO, F.J.G.; MORENO,


M.J.; HERCULANO, A.M.; DO NASCIMENTO, J.L.M.; CRESPO-LOPEZ, M.E.
(2010). Mercury in the Tapajos River basin, Brazilian Amazon: A review.
Environment International 36, 593-608. doi:10.1016/j.envint.2010.03.011
PALERMO, E.F.A.; KASPER, D.; REIS, T.S.; NOGUEIRA, S.; BRANCO, C.W.C.;
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SOUZA-ARAUJO, J.; GIARRIZZO, T.; LIMA, M.O.; SOUZA, M.B.G. (2016). Mercury
and methylmercury in fish from Bacajá River (Brazilian Amazon): evidence for
bioaccumulation and biomagnification. Journal of Fish Biology 89(1), 249-263.
doi:10.1111/jfb.13027

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Biodisponibilidade, bioacumulação e biomagnificação
45 - INVESTIGAÇÃO DAS CONCENTRAÇÕES DE HG NO MPS SOB
INFLUÊNCIA DA SAZONALIDADE REGIONAL E DO EFEITO BARRAGEM NO
RIO MADEIRA

CÉLIA CELOIN BAÍA, IURI APARECIDA DA SILVA OLIVEIRA, MARIA CRISTINA NERY
DO NASCIMENTO RECKTENVALD, WANDERLEY RODRIGUES BASTOS
Contato: CÉLIA CEOLIN BAÍA - CELIA.CEOLIN@GMAIL.COM

Palavras-chave: mercúrio; material particulado; pulso de inundação

INTRODUÇÃO

Metais são contaminantes que podem estar presentes em efluentes de diferentes


atividades antrópicas. Alguns apresentam espécies químicas estáveis em solução,
podendo acumular na coluna d’água e atingir concentrações altas e tóxicas.
Destaca-se o mercúrio que tem alta toxicidade principalmente na forma química
orgânica e se biomagnifica na cadeia alimentar. Em rios de águas brancas, como o
Rio Madeira, isso pode ser potencializado devido ao alto teor de material particulado
em suspensão (MPS) que o rio carreia. O objetivo desse trabalho foi investigar a
interferência da sazonalidade nas concentrações de mercúrio carreado pelo MPS,
com a influência de uma usina hidrelétrica.

METODOLOGIA

As coletas foram realizadas ao longo do ano de 2017 contendo os quatro períodos


sazonais característicos da região: águas altas (março), vazante (junho), águas
baixas (setembro) e enchente (dezembro). Foram amostradas seis estações de
coleta no rio Madeira, sendo três pontos a montante e três a jusante da UHE Santo
Antônio. As águas foram armazenadas em garrafas de vidro âmbar e mantidas
refrigeradas até a análise. As amostras foram filtradas com filtro de acetato de
celulose com porosidade de 0,45 µm, onde o MPS ficou retido. A posteriori foi feito
uma digestão ácida utilizando água régia (3 HCl: 1 HNO3) a 70°C em bloco digestor,
acompanhada de brancos analíticos e amostra de referência certificada (IAEA 356)
e, para uma maior confiabilidade do processo utilizado foi analisado as amostras em
duplicatas. A quantificação de HgTotal foi realizada por Espectrofotometria de
Absorção Atômica por Geração de Vapor Frio (FIMS-400).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A concentração do HgTotal no MPS apresentou variações sazonais, sendo as suas


maiores concentrações no período de águas baixas e as menores concentrações no
período de enchente. O valor da mediana de HgTotal a montante do reservatório foi
de 0,061 mg.Kg-1, com o maior valor no mês de setembro (0,114 mg.Kg-1) e o
menor no mês de dezembro (0,045 mg.Kg-1) (p=0,6433). A jusante do reservatório,
a mediana foi de 0,088 mg.Kg-1, com o maior valor encontrado no mês de setembro
(0,120 mg.Kg-1) e o menor também no mês de dezembro (0,025 mg.Kg-1)
(p=0,0638). A mediana dos sólidos suspensos totais (SST) foi de 20,33 mg L-1, com
mínimo de 0,533 mg L-1 e máximo de 766,24 33 mg L-1. Não houve diferença

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

significativa nos valores de mercúrio comparando montante e jusante do reservatório


(p=0,6097). No ambiente aquático o mercúrio se liga ao MPS e transita ao longo do
corpo d’água, como observado no estudo, e é depositado em outros sítios a jusante
chegando a ser carreado por mais de 300 km. A não diferença significativa dos
valores entre montante e jusante pode estar associada a partículas suspensas
conseguirem transitar e serem expostas a porção jusante, visto que partículas finas
(característico da região) ficam suspensas tempo suficiente para isso ocorrer na
região lacustre do reservatório, onde também a taxa de assoreamento é menor. A
influência da sazonalidade remete-se as concentrações mais altas detectadas no
período de Águas Baixas, onde a dinâmica do mercúrio pode se dar remobilizando-o
do sedimento para a coluna d’água, remobilização essa ocasionada pela liberação
da água pelas comportas da usina não deixando que ocorra a deposição de
sedimento. Além disso, o fato do Rio Madeira estar no período de águas baixas
permite que os tributários que drenam de dentro das florestas, contribuam com
maiores volumes d’ água e, consequentemente maior carga de MPS que se
apresentam com concentrações mais elevadas que as do Rio Madeira (média de
0,178 mg.Kg-1) e carga, esta, mais orgânicas que minerais.

CONCLUSÃO

O estudo de mercúrio no MPS tem importância referindo-se ao seu transporte e


mobilidade, o qual o MPS possuindo composição fina se adsorve e troca íons com a
solução, conseguindo transporta-lo e deposita-lo em outros locais. A sazonalidade
mostrou-se influir no aumento da concentração na fase de águas baixas, indo contra
a maioria dos estudos sobre o assunto, que indicam que as maiores concentrações
de mercúrio são encontradas no período de águas altas e menores no período de
águas baixas. Concluímos que o efeito do pulso de inundação é dominante na
dinâmica do transporte do Hg via o MPS.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Biodisponibilidade, bioacumulação e biomagnificação
46 - MERCÚRIO E ARSÊNIO EM TUBARÕES MARTELO DA COSTA NORTE DO
BRASIL

LORENA DOS SANTOS KOSTEK, MARCELO DE OLIVEIRA LIMA, TOMMASO


GIARRIZZO, JULIANA DE SOUZA ARAUJO
Contato: LORENA DOS SANTOS KOSTEK - LORENAKOSTEK@GMAIL.COM

Palavras-chave: Elasmobrânquios; Elementos traço; Poluição marinha

INTRODUÇÃO

O tubarão martelo habita em regiões tropicais e temperadas, tendo preferência por


clima subtropical. Ocorre perto da costa e da plataforma continental. Devido ao
processo de biomagnificação, espécies como tubarão martelo tendem a acumular
maiores concentrações de mercúrio em seus tecidos, podendo ocasionar danos à
saúde reprodutiva, cognitiva dos animais e até mesmo morte. Na costa norte do
brasil, efluentes industrias e domésticos contribuem diretamente para o aumento da
contaminação do ambiente. O objetivo desse trabalho é apresentar informações
sobre contaminação por elementos traço em indivíduos juvenis e neonatos do
tubarão martelo.

METODOLOGIA

A área de estudo corresponde à área de atuação da pesca artesanal e industrial na


plataforma da costa Norte do Brasil, em um trecho que compreende os estados do
Amapá, Pará e parte do Maranhão, desde o cabo do Oiapoque – AP até a baía de
São Marcos – MA (04ºS; 50ºW a 01ºS; 44ºW). A região em questão é formada pela
descarga dos rios Amazonas ao norte e rio Tocantins ao sul da Ilha de Marajó e
mistura de aproximadamente 6.300 km3/ano de águas continentais e 9,3 x 108 t/ano
de sedimentos com águas oceânicas (MEADE et al., 1979).
Os indivíduos capturados foram identificados e medidos o comprimento total (CT).
De cada indivíduo foi coletado uma amostra de aproximadamente 10 g de músculo.
A determinação de elementos traço nas amostras foi realizada por Espectrometria
de Massas Acoplada com Plasma Induzido (ICP-MS). Todas as análises foram
realizadas em duplicata e para o controle de qualidade analítica foram utilizadas
amostras de referência certificadas de (CRM) DOLT-3.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados da análise de 12 indivíduos do Gênero Sphyrna sp. Apresentou media


para o hg de 0,09± 0,06 mg/kg com min-máx. 0; 0,2 mg/kg. Para o nível de as 10,4 ±
3,89 mg/kg, min-máx. com (1,63 e 17,9 mg/kg). Os resultados encontrados para o
nível de hg indicaram baixas concentrações nas espécies da costa Norte do Brasil
em relação as demais regiões coletadas. Na Baja Califórnia Sur, México
(ESCOBAR-SANCHEZ et al., 2010) a min-máx. Da concentração foi de 0,005 a
1,93, Califórnia,(BERGÉS-TIZNADO et al.,2015), (0,12 a 1,17), norte do Peru,
(GONZALEZ PESTANA et al., 2017)(0,13 e 0,86), costa leste da África do Sul
(MCKINNE, et al.,2016), (0,1 mg/kg-1), Trinidad e Tobago (MOHAMMED &

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

MOHAMMED, 2017) (74 a 1899 μg / kg em S. lewini e 67 a 3268), para o arsênio o


min-máx. 144-2309 mg / kg em S. lewini e 762-6155 mg / kg em C. Porosus.
(gemma FALCÓ, 2006) Os níveis de arsênio na Catalunha, Espanha a variação é de
217,7 mg/kg por dia, Vietnã do sul,(TOKUTAKA IKEMOTO, 2007) 1.6 mg/kg, (WEI
ZHANG et al.,2016) 0.1-0.3 e 8,1-14.4. Essas analises constatam que essas regiões
possuem diferentes fontes de contaminação e diferentes concentrações de mercúrio,
pois essas concentrações dependem de quantos contaminantes se encontram
naquele local, se existe lixões em águas profundas e se efluentes são eliminados no
ambiente e pelos seus hábitos alimentares. As concentrações foram maiores nos
tecidos musculares do tubarão, que é o principal reservatório de mercúrio
biodisponivel no animal.

CONCLUSÃO

De acordo com os resultados apresentados, conclui-se que as razões para a


variação do Hg e As com as espécies ou entre as regiões de coleta, são pouco
compreendidas, devido a diversas formas de contaminação no ambiente marinho.
Os niveis de hg encontrados na costa norte do brasil estão dentro dos parâmetros
da organização Mundial de saúde (OMS). No entanto, as pesquisas relacionadas a
este trabalho ainda estão em andamento, e os resultados apresentados ainda são
parciais. Contudo, os estudos mais aprofundados quanto ao estado de
contaminação em tubarões que habitam a costa norte são necessários.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BERGÉS-TIZNADO, M.E.; MÁRQUEZ-FARÍAS, F.; LARA-MENDOZA, R.E. et al.


Arch Environ Contam Toxicol (2015) 69: 440. https://doi.org/10.1007/s00244-015-
0226-8
ESCOBAR-SÁNCHEZ, O.; GALVÁN-MAGAÑA, F.; ROSÍLES-MARTÍNEZ, R. Bull
Environ Contam Toxicol (2010) 84: 488. https://doi.org/10.1007/s00128-010-9966-3
GONZALEZ-PESTANA, A.; ALFARO-SHIGUETO, J.; MANGEL, J.C.; ESPINOZA, P.
(2017). Niveles de mercurio en el tiburón martillo Sphyrna zygaena
(Carcharhiniformes: Sphyrnidae) del norte del Perú. Revista Peruana de Biología,
24(4), 407-411. https://dx.doi.org/10.15381/rpb.v24i4.14066
MEADE, R.H.; NORDIM, C.F.J.; CURTIS, W.F.; RODRIGUES, F.M.C.; VALE, C.W.;
EDMOND, J.M. Sediment loads in the Amazon River. Science, v. 278, n. 8, p. 161-
163, 1979.
MOHAMMED, A.; MOHAMMED, T. Mercury, arsenic, cadmium and lead in two
commercial shark species (Sphyrna lewini and Caraharinus porosus) in Trinidad and
Tobago. Marine Pollution Bulletin, v. 119 (2), 214-218. 2017.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Biodisponibilidade, bioacumulação e biomagnificação
66 - COMPARAÇÃO DA ECOTOXICIDADE POTENCIAL TERRESTRE DE
CHORUMES DE DOIS ATERROS SANITÁRIOS EM DIFERENTES REGIÕES
BRASILEIRAS

BARBARA THAYRINI RODRIGUES SOUSA, MARLUS OLIVEIRA, SIMONE DEALTRY


CAVALCANTI, MATHEUS TEIXEIRA NASCIMENTO, ALINE SERRANO, ZULEICA
CARMEN CASTILHOS, RICARDO GONÇALVES CESAR, CHRISTIANE DO
NASCIMENTO MONTE
Contato: CHRISTIANE DO NASCIMENTO MONTE - CHRISTIANE.MONTE@YAHOO.COM.BR

Palavras-chave: Eisenia andrei; CONAMA; metais; CL 50; NOEL

INTRODUÇÃO

Os resíduos sólidos, quando são dispostos em lixões ou aterros, geram o


chorume,que é o lixiviado dos resíduos sólidos rico em matéria orgânica, que é
altamente tóxico e pode colocar em risco à fauna de solo no locais que há a
disposição dos resíduos. Foi realizado um estudo piloto comparativo entre dois
aterros sanitários, localizados em duas regiões geográficas diferentes do país,
sendo um na região Sudeste (Santa Cruz-RJ) e outro na região Norte (Perema-
PA).Este trabalho tem o objetivo de comparar a ecotoxicidade potencial do chorume
dos dois aterros, utilizando ensaios agudos com a espécie Eisenia andrei.

METODOLOGIA

Este trabalho tem o objetivo de comparar a ecotoxicidade potencial do chorume dos


dois aterros, utilizando ensaios agudos com a espécie Eisenia andrei. Os testes
ecotoxicológicos agudos foram realizados com dez indivíduos adultos para cada
réplica, para cada percentual de mistura teve quatro réplicas e foram divididos em
solos artificiais (Perema e Santa Cruz) e solos puros (Santa Cruz), neste caso foi
usado gleissolo coletado próximo ao aterro. As doses de mistura entre o chorume e
água destilada foram: 50%,70%,90%e 100% (de chorume) para Santa Cruz e 25%,
50%,75% e 100%( de chorume) para o Perema, as quais foram dispostas nos solos
artificiais e no gleissolo (Santa Cruz). A determinação de metais pesados (As,Cd,Cr,
Cu,Hg, Pb e Zn), apenas para o aterro de Santa Cruz, no chorume e no solo do
aterro foi realizada por espectrômetro de emissão óptica com plasma acoplado
indutivamente (ICP-OES) .

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Nas misturas obtidas com o solo artificial no aterro do Perema, nenhuma das doses
de chorume aplicadas foi capaz de causar efeitos letais significativos aos
organismos, entretanto houve perda significativa na biomassa dos organismos,
indicando que os mesmos estariam submetidos a situações de estresse, as quais
podem estar relacionadas a possível toxicidade do material, entretanto não foi
possível contabilizar a CL 50. No aterro de Santa Cruz, os resultados obtidos
demonstraram que o chorume coletado é tóxico, tendo causado a morte de todos os
espécimes, quando utilizadas as dosagens de 90% e 100% para saturação do solo,

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

sendo a CL 50 de 55,5% e NOEL de 30,1% Em relação às concentrações de metais


pesados (em chorume) a partir dos resultados do ICP-OES, verificou-se que as
concentrações de As,Cd Pb,Cu e Hg ficaram abaixo do limite de detecção do
método, enquanto que concentrações de zinco (0,05 mg/L), cromo (0,08 mg/L) e
ferro (6,9 mg/L) encontradas nas amostras se encontravam dentro dos limites da
Resolução CONAMA 430/11 , a qual legisla sobre os padrões de lançamento de
efluentes. Os teores de metais pesados no gleissolo estão, em quase sua totalidade,
de acordo com os limites estabelecidos pela Resolução CONAMA 420/09, a qual
legisla sobre a disposição em solo. O único metal pesado que apresentou valor um
pouco superior ao valor de prevenção estabelecido pela Resolução CONAMA
420/09 foi o cobre detectado, que é encontrado, principalmente, em lixo eletrônico,
descartado diariamente nos aterros. Outro fator que pode ter influenciado os
resultados é o fato da idade dos aterros,sendo o aterro de Santa Cruz mais velho em
relação ao aterro de Perema, assim como a composição dos resíduos, pois o
número de habitantes das duas cidades é muito diferente, implicando na diferente
composição do lixo, além do clima, que na região Norte apresenta maior
pluviosidade e pode ter diluído o chorume.

CONCLUSÃO

Apesar de ser um estudo piloto, o objetivo do trabalho foi atingindo, pois houve a
diferença na toxicidade entre os dois aterros, ainda que a maioria das concentrações
dos metais no aterro de Santa Cruz está abaixo do recomendado pela legislação,
houve mortes, mostrando a toxicidade no chorume coletado neste aterro, que pode
está relacionado à composição do lixo, e à idade do aterro, ou a outro contaminante
ainda não estudado em relação ao aterro do Perema. Ainda que o aterro de Perema
não apresente nenhuma mortalidade o emagrecimento dos anelídeos mostrou um
estresse causado pela exposição ao contaminante.

FONTES FINANCIADORAS

CAPES

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Biodisponibilidade, bioacumulação e biomagnificação
123 - OCORRÊNCIA DE CÁDMIO EM TECIDOS DE ANIMAIS SILVESTRES:
CANÍDEOS E FELÍDEOS NO ESTADO DE MINAS GERAIS

MIRELLA LAURIA D´ELIA, MARCELLA OLIVEIRA LIMA, CAMILA GUIMARAES


TORQUETTI DOS SANTOS, DANIELLE FERREIRA DE MAGALHÃES SOARES, BENITO
SOTO BLANCO, MATEUS BLASQUES FRADE, MARÍLIA MARTINS MELO
Contato: CAMILA GUIMARAES TORQUETTI DOS SANTOS - CAMILATORQUETTI@GMAIL.COM

Palavras-chave: metal pesado; bioacumulação; contaminação ambiental

INTRODUÇÃO

O cádmio, elemento não essencial ao homem e aos animais, é um dos cinco metais
mais tóxicos presentes na natureza. Quando detectado nos tecidos biológicos sua
origem deve-se à contaminação dos alimentos ou ao ambiente. Os impactos à
saúde de animais silvestres frente à presença do cádmio em ambientes
antropizados no Brasil são totalmente desconhecidos. O Brasil, devido à sua
extensão e variedade de biomas, encontra-se no topo dos países mais diversos do
planeta. Entretanto, a crescente antropização ambiental tem exposto cada vez mais
a biodiversidade brasileira a condições adversas. Diante deste contexto, objetivou-se
pesquisar cádmio em animais silvestres.

METODOLOGIA

Foram analisadas 26 amostras de fígado e rins, de carnívoros silvestres atropelados,


no Estado de Minas Gerais, nos anos de 2014 e 2015. Destas, 18 eram da Família
Canidae e oito da Família Felidae. Da família Canidae, nove amostras eram da
espécie Chrysocyum brachyurus (lobo-guará), sete da espécie Cerdocyon thous
(cachorro-do-mato) e duas da espécie Lycalopex vetulus (raposinha-do-campo). Da
família Felidae, seis amostras eram da espécie Leopardus guttulus (gato-do-mato-
pequeno), uma amostra de Leopardus pardalis (jaguatirica) e uma da espécie Puma
concolor (onça parda). As amostras foram processadas e analisadas para pesquisa
de cádmio pelo método de Espectrofotometria de Absorção Atômica, de acordo com
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) nas análises de
contaminantes inorgânicos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Nas nove amostras de lobos-guarás, o cádmio variou entre 52 a 173 ug/kg com um
valor médio de 102,67 ug/kg. Nas amostras de cachorros-do-mato, o cádmio variou
entre 52 a 293 ug/kg com um valor médio de 141,86 ug/kg. E, nas raposinhas-do-
campo, o valor médio encontrado foi de 85,5 ug/kg. Nos felídeos, as amostras dos
gatos-do-mato apresentaram concentrações entre 39 ug/kg a 79 ug/kg, com um
valor médio de 60 ug/kg. E, a jaguatirica e a onça parda apresentaram
concentrações de 106 e 132 ug/kg, respectivamente. Todos os resultados
encontrados, estão abaixo do limite permitido pela legislação brasileira (LMR:
1000ug/kg de cádmio no fígado e rins de animais domésticos). Apesar dos baixos
valores, deve ser salientado que o cádmio foi detectado em todas as amostras

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

pesquisadas. Uma vez absorvido, o cádmio se acumula primeiramente no fígado e,


posteriormente desloca-se para os rins, com uma meia-vida biológica de anos. O
cádmio é principalmente tóxico para os rins, especialmente para as células tubulares
proximais onde se acumula ao longo do tempo e pode causar disfunção renal.
Também pode causar desmineralização óssea, através de dano ósseo direto ou
indiretamente como resultado de disfunção renal além de alterações hormonais e
cardiovasculares (CLEMENTS et al., 2000; KLAASSEN et al., 1999). O cádmio
ocorre naturalmente no meio ambiente em sua forma inorgânica, como resultado das
emissões vulcânicas e intemperismo de rochas. Além disso, as fontes antrópicas
têm aumentado os níveis basais de cádmio no solo, água e organismos vivos. O
cádmio é liberado no ambiente por efluentes e incineração de resíduos e
contaminação dos solos agrícolas pode ocorrer através da utilização de fertilizantes,
por meio da deposição atmosférica e lodo de esgoto contendo cádmio. Elevados
níveis de cádmio no solo resultam em um aumento na absorção pelas plantas,
dependendo da espécie, pH e outras características do solo. Os moluscos,
crustáceos e fungos são acumuladores naturais de cádmio. As principais fontes
antropogênicas de cádmio são, mineração de metais não ferrosos e fundições de
metal, combustão de carvão e fabricação de fertilizantes fosfatados. Apesar de
alguns dados indicarem o aumento das concentrações de cádmio em animais no
topo da cadeia alimentar, comparações entre animais de diferentes níveis tróficos
são difíceis.

CONCLUSÃO

Apesar de os baixos valores de cádmio observados nas diferentes espécies de


canídeos e felídeos, o trabalho permite concluir que, os animais deste estudo,
durante sua vida, estão acumulando cádmio, já que estão no topo da cadeia
alimentar e a presença deste metal tóxico demonstra a contaminação ambiental.
Além disso, é importante ressaltar a necessidade de estudos que avaliem os danos
causados pela exposição crônica da fauna silvestre ao cádmio e seus efeitos na
cadeia alimentar dada, a carência de informações referentes ao impacto desse metal
nos ecossistemas terrestres.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CLEMENTS, W.H.; CARLISLE, D.M.; LAZORCHAK, J.M.; JOHNSON, P.C. 2000.


Heavy metals structure 513 benthic communities in Colorado mountain streams.
Ecological Applications 10, 626-638.
KLAASSEN, C.D.; LIU, J.; CHOUDHURI, S. 1999. METALLOTHIONEIN: An
Intracellular Protein to 548 Protect Against Cadmium Toxicity. Annual Review of
Pharmacology and Toxicology 39, 267-294.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Biodisponibilidade, bioacumulação e biomagnificação
124 - AVALIAÇÃO PRELIMINAR DA PRESENÇA DE AGROTÓXICOS EM
CAPIVARAS, Hydrochoerus hydrochaeris, NA LAGOA DA PAMPULHA, BELO
HORIZONTE, MINAS GERAIS

CAMILA GUIMARAES TORQUETTI DOS SANTOS, EDUARDO HENRIQUE PIRES


ROSCOE, CARLOS ALBERTO VENTURA ARAÚJO, MARA LÚCIA SALLES LARA,
MICHEL JACOBY PEREIRA ALVES, VIVIANE NERI CASTRO E SILVA, MARIA LAURA
RAMOS, BENITO SOTO BLANCO, MARÍLIA MARTINS MELO
Contato: CAMILA GUIMARAES TORQUETTI DOS SANTOS - CAMILATORQUETTI@GMAIL.COM

Palavras-chave: agrotóxicos; bioacumulação; capivaras; Pampulha

INTRODUÇÃO

O uso indiscriminado de agrotóxicos tem causado diversos problemas ambientais


tanto em áreas rurais quanto em áreas urbanas. Resíduos de agrotóxicos têm sido
encontrados em animais de todos os níveis tróficos e associados a declínios
populacionais, alterações hormonais, danos neurotóxicos, imunotóxicos,
desenvolvimento de tumores entre outros. Neste trabalho investigou-se a presença
de agrotóxicos em capivaras que vivem na Lagoa da Pampulha, um reservatório
artificial em Belo Horizonte, Minas Gerais. As capivaras (Hydrochoerus
hydrochaeris) são roedores, herbívoros generalistas, semiaquáticos e comumente
encontradas em áreas urbanas.

METODOLOGIA

Foram coletados fragmentos de tecido adiposo de 12 capivaras adultas, peso médio


de 54,09 kg ± 14,11, capturadas no Parque Ecológico da Pampulha durante o
procedimento cirúrgico de esterilização. As capturas foram realizadas no período de
janeiro a maio de 2018. Os extratos do tecido adiposo foram realizados pelo método
QuEChERS (Quick, Easy, Cheap, Effective, Rugged and Safe) e pesquisados por
cromatografia em camada delgada (CCD). Para tal, utilizou-se placas de sílica (Pre-
coated TLC-sheets ALUGRAM Xtra SIL G/Plaques finies CCM), visualização em
radiação Ultra Violeta (UV), comparação dos valores de ration to front (RFs) e
revelação com reveladores específicos. As classes de agrotóxicos pesquisadas
foram: organoclorados, organofosforados, clorofosforados, carbamatos, piretróides e
rodenticidas anticoagulantes.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Não foram detectas as classes pesquisadas, acima de 5 ppm (limite mínimo de


detecção), nas amostras de tecido adiposo das capivaras. Esses resultados podem
ser explicados pela meia vida curta de vários grupos de agrotóxicos como os
piretróides e organofosforados, ou ainda porque a utilização dos organoclorados,
que possuem grande período residual, está proibida desde 1970. No ano de 2016,
nossa equipe pesquisou mais de 200 agrotóxicos por HPLC MS/MS num jacaré
(Caiman latirostris) encontrado morto na Lagoa, sendo encontrado níveis
baixíssimos de aletrina (0,0377 ppm) e pendimentalina (<0,005 ppm). Luvizotto-

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Santos et al., (2009) avaliando o uso de agrotóxicos nas atividades aquícolas na


bacia hidrográfica do Rio Mogi-Guaçu, relataram que nas entrevistas, 40% dos
proprietários de pesqueiros e/ou piscicultoras afirmaram que faziam uso de
agrotóxicos durante as práticas de manejo, sendo diflubenzuron, paration metílico,
triclorfon e triflumuron os mais utilizados. Todavia, não foram detectados resíduos
desses agrotóxicos nas amostras de água, sedimentos e peixes coletadas tanto na
baixa como na alta temporada de pesca, semelhantes aos achados desta pesquisa.
A Lagoa da Pampulha é um reservatório artificial criado para contenção de
enchentes, abastecimento e lazer. Entretanto, com o crescimento desordenado e
saneamento precário a lagoa passou a receber efluentes provenientes de esgotos
doméstico, industrial e resíduos sólidos. Na região da Lagoa vivem cerca de 70
capivaras que utilizam a água da lagoa para dessedentação, fuga e local de
acasalamento. Esses animais podem apresentar níveis baixos de contaminação
considerando que a maior parte desses contaminantes e seus metabólitos podem
estar acumulados no sedimento. Por outro lado, a Lagoa da Pampulha recebe água
de oito tributários, sendo os córregos Ressaca e Sarandi, responsáveis por cerca de
70% do aporte de água. Ambos os córregos passam pelo município de Contagem,
onde recebem efluentes provenientes de aterros sanitários, indústrias siderúrgicas,
de construção civil, solventes e tintas. Dessa forma, os poluentes que chegam à
Lagoa, provavelmente, são compostos por metais pesados e resíduos domésticos
(FRIESE et al., 2011). Até o momento não se tem informações sobre a presença de
agrotóxicos na água e sedimento da Lagoa da Pampulha. Dessa forma, é importante
a condução de pesquisas utilizando outras matrizes, inclusive de organismos de
diferentes níveis tróficos a fim de verificar a presença dessas substâncias e
determinar níveis de contaminação.

CONCLUSÃO

Conclui-se que o tecido adiposo de capivaras adultas que habitam no entorno da


Lagoa da Pampulha em Belo Horizonte (MG) não apresenta concentrações de
agrotóxicos (acima de 5 ppm) das classes organoclorados, organofosforados,
clorofosforados, carbamatos, piretróides e rodenticidas anticoagulantes. Esta é a
primeira avaliação toxicológica das capivaras que vivem nessa lagoa, e as análises
continuam, já que a manutenção das margens e cursos d’água é de grande
importância, tanto para a própria preservação do meio ambiente, como para
assegurar os aspectos sociais, econômicos e políticos relacionados.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

LUVIZOTTO-SANTOS, R. et al. O uso de praguicidas nas pisciculturas e pesqueiros


situados na bacia do rio Mogi-Guaçu. Boletim do Instituto de Pesca, v. 35, p. 343-
358, 2009.
FRIESE, K.; SCHMIDT, G.; DE LENA, J.C.; NILINI JR., H.A.; ZACHMANN, D.W.
Antrhopogenic influence on the degradation of na urban lake – The Pampulha
reservoir in Belo Horizonte, Minas Gerais, Brazil. Limnologica, v. 40, p. 114-125,
2010.

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

FONTES FINANCIADORAS

Este trabalho contou com o apoio da Gerência de Defesa dos Animais da Secretaria
Municipal de Meio Ambiente da Prefeitura de Belo Horizonte e do Instituto
SerraDiCal através do Projeto Capivaras Pampulha 2017/2018.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Biodisponibilidade, bioacumulação e biomagnificação
151 - AVALIAÇÃO DA DISTRIBUIÇÃO ESTRUTURAL DO METILMERCÚRIO EM
INDIVÍDUOS DE Eichhornia sp. - RONDÔNIA/AMAZÔNIA OCIDENTAL

GABRIEL HENRIQUE ABRANTES HOLANDA, WALKIMAR ALEIXO DA COSTA JÚNIOR,


CHARLLIENE LIMA DA SILVA, VICTOR FRANCISCO PIRES DE SOUZA, CÉLIA CELOIN
BAÍA, WANDERLEY RODRIGUES BASTOS
Contato: CÉLIA CEOLIN BAÍA - CELIA.CEOLIN@GMAIL.COM

Palavras-chave: Biomonitoramento; Monitoramento Ambiental; Hg; MeHg

INTRODUÇÃO

Macrófitas são plantas aquáticas que respondem bem às modificações ambientais e


devido a sua alta capacidade de bioacumulação, possuem grande influência no ciclo
biogeoquímico de contaminantes, em especial o mercúrio (Hg) que em condições
ideais é convertido à sua forma mais tóxica, o metil mercúrio (MeHg). Esse processo
de metilação é propiciado pela presença de bancos de macrófitas tornando o Hg
biodisponível para ser incorporado à biota. Diante disso, o presente estudo
pretendeu avaliar o processo de distribuição do MeHg ao longo da estrutura vegetal
(folhas, talos e raízes) de macrófitas do gênero Eichhornia sp.

METODOLOGIA

O local de coleta das amostras de Eichhornia sp. compreendeu 14 pontos amostrais


no rio Madeira próximo à cidade de Porto Velho (RO), durante o mês de setembro
de 2017 (Águas Baixas). Essa região foi palco de intensos lançamentos de Hg0
entre as décadas de 70 e 90 em atividades de garimpo de ouro. A metodologia de
preparo das macrófitas para determinação de MeHg procedeu-se da seguinte forma:
após a coleta, elas foram lavadas em água corrente e separadas (folhas, talos e
raízes), cortadas e secas em estufa (cerca de 50 ºC) para então serem trituradas e
pesadas em uma massa de cerca de 1,0 g para talos e folha, e 0,5 g para raízes
(peso seco). Após essa etapa, realizou-se a digestão alcalina com uma solução de
KOH/MeOH 25% (m/v), e quantificação por meio da técnica de Cromatografia
Gasosa acoplada à Espectrofotometria de Fluorescência Atômica (CG-EFA).
Ressalta-se que o controle de qualidade foi garantido mediante utilização de material
certificado de referência (IAEA-356), uso de brancos de análise e realização das
análises em duplicata.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Verificou-se com os resultados que as raízes foram a estrutura das macrófitas que
apresentou as concentrações médias de MeHg mais elevadas (3,42 ± 1,58 ng.g -1),
em relação ao talo (0,544 ± 0,819 ng.g-1) e as folhas (0,468 ± 0,475 ng.g-1).
Percentualmente, as raízes correspondem em média a 79,6 % do MeHg na
macrófita, enquanto que os talos e folhas a 10,4 e 10,0%, respectivamente. Desse
modo, as concentrações superiores nas raízes em comparação com os talos e
folhas são plausíveis quando se leva em consideração a quantidade de
microrganismos e de material particulado fino (MPF) que se encontram associados à

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

rizosfera da planta, região que compreende a superfície da raiz. No entorno das


raízes das macrófitas existe uma grande quantidade de material fino particulado
(MPF) proveniente do processo de lixiviação do solo onde o Hg inorgânico
associado à oxihidróxidos de Ferro e Alumínio é carreado para o sistema aquático.
Estudos mostram que a concentração do Hg inorgânico no MPF pode representar
mais de 85% da concentração volumétrica total no meio aquático, portanto,
representa uma fonte potencial para a origem do MeHg em determinado sistema
uma vez que adere em grande quantidade no entorno das raízes de macrófitas,
regiões propiciadoras dos processos de metilação do Hg+2. O processo natural de
metilação deste elemento-traço está ligado diretamente às condições físico-
químicas, principalmente a hipóxia, e a presença de agentes que tenham a
capacidade bioquímica de realização dessa transformação química. Por serem
colonizadas por uma variedade de micro-organismos, bem como possuírem grande
quantidade de nutrientes biodisponíveis, tais como açúcares e aminoácidos, as
raízes propiciam a formação de comunidades bacterianas e, consequentemente a
metilação do Hg+2.

CONCLUSÃO

Portanto, o estudo evidenciou que a parte submersa da planta bioconcentra uma


quantidade maior do Hg orgânico quando comparada com a parte aérea em virtude
dos processos de metilação que acontecem na rizosfera. Logo a utilização de
macrófitas aquáticas é de extrema importância em estudos de avaliação ambiental,
uma vez que qualquer interferência no meio pode causar sérios danos no que se
refere à ecotoxicologia de um sistema, e essas matrizes ambientais são pontos-
chave para a formação de um panorama geral da biogeoquímica dos contaminantes
ali presentes.

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Painel
Biodisponibilidade, bioacumulação e biomagnificação
171 - AVALIAÇÃO DA BIOACUMULAÇÃO DE MERCÚRIO TOTAL E ORGÂNICO
EM OLIGOQUETAS POR MEIO DE ENSAIO DE TOXICIDADE EM SOLO

FILIPE BIAGGIONI QUESSADA GIMENES, ANDREIA YOSHINARI, ANDRÉ LUÍS


CANALE
Contato: FILIPE BIAGGIONI QUESSADA GIMENES - FILIPE.GIMENES@GEOKLOCK.COM.BR

Palavras-chave: Ensaio de Bioacumulação; Oligoquetas; Mercúrio Total; Mercúrio Orgânico

INTRODUÇÃO

Ensaios ecotoxicológicos são importante linha de evidencia em Avaliações de Risco


Ecológico (ARE), pois permitem predizer efeitos adversos aos organismos
considerando as condições específicas da área de estudo, minimizando assim
extrapolações do uso de dados de literatura.
No presente trabalho foram realizados ensaios de toxicidade em amostras de solo
contaminado por mercúrio, de forma a avaliar o potencial de bioacumulação de
mercúrio total e orgânico (T-Hg e Me-Hg) em oligoquetas.
O mercúrio é um metal altamente tóxico e seu potencial de bioacumulação está
relacionado à espécie química (inorgânico ou orgânico) e às condições do meio, que
podem afetar sua biodisponibilidade.

METODOLOGIA

A etapa de campo envolveu a seleção de 4 áreas de interesse, representativas de


distintas condições ambientais (pH, umidade e matéria orgânica), nas quais foram
coletadas amostras de solo superficial (entre 10 e 30 cm de profundidade). De cada
amostra foi retirada uma alíquota para determinação dos teores iniciais de T-Hg, Me-
Hg e Me-Hg biodisponível.
As amostras coletadas (A1-A4) e uma amostra de controle (C – solo artificial) foram
submetidas a ensaios de bioacumulação conforme a Norma ASTM-E1676-2012.
Inicialmente, as oligoquetas da espécie Eisenia fetida provenientes de cultivo de
laboratório foram aclimatadas em solo artificial durante 24h. Em seguida, foram
preparados 3 recipientes de ensaio por amostra (réplicas), sendo introduzidos 70
organismos adultos em cada réplica, os quais permaneceram em contato com o solo
durante 28 dias.
Após este período avaliou-se a mortalidade e a variação da biomassa dos
organismos. As oligoquetas sobreviventes em cada réplica tiveram seu conteúdo
intestinal esvaziado durante 24h (processo de purga), foram congeladas e
encaminhadas para análise química de T-Hg e Me-Hg.
Para fins de controle de qualidade, todos os materiais utilizados no ensaio foram
analisados para T-Hg e Me-Hg (solo artificial, substrato orgânico e organismos /
tecidos de referência não ensaiados).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

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As taxas de mortalidade atenderam ao critério de aceitabilidade do método (<10%),


evidenciando que as oligoquetas são capazes de sobreviver nas condições das
amostras ensaiadas e, portanto, podem bioacumular o mercúrio.
O T-Hg foi quantificado em todas as amostras de solo, inclusive no controle (A1: 319
µg/kg; A2: 4.813 µg/kg; A3: 279 µg/kg; A4: 55 µg/kg; C: 33 µg/kg), assim como em
todos os organismos testados (O-A1: 243 µg/kg; O-A2: 1.336 µg/kg; O-A3: 196
µg/kg; O-A4: 203 µg/kg; O-C: 249 µg/kg), o que evidencia o processo de
bioacumulação.
Não foram observadas diferenças significativas no incremento dos teores de T-Hg
proporcionado pelas amostras ensaiadas em relação ao tecido de referência (TR:
67µg/kg), a exceção da amostra A2, que gerou um aumento de 20 vezes. Nota-se
que os incrementos nos organismos foram diretamente proporcionais aos teores
iniciais no solo.
Já o Me-Hg foi identificado somente nos organismos expostos à amostra A2 (O-A2:
6,2 µg/kg), sendo esta a única alíquota onde as condições do meio favoreceram a
biodisponibilidade desta espécie química (A2: 4,2 µg/kg), notadamente a forma mais
tóxica.
Com base nestes resultados foram calculados os fatores de bioacumulação (BAF –
bioaccumulation factors), obtidos pela razão entre as concentrações quantificadas
nos organismos e os teores iniciais no solo. Os valores de BAF para o T-Hg se
mostraram inferiores a 1 (A1: 0,8; A2: 0,3; A3: 0,7), a exceção da amostra A4 (3,7),
indicando baixo potencial de magnificação desta espécie química. Trata-se de
resultados condizentes com os valores usualmente reportados na literatura
(BURTON et al, 2006; RAMOS et al, 2007).
Por outro lado, o BAF calculado para Me-Hg na amostra A2 (1,45) apresentou um
valor bastante inferior àqueles reportados em literatura (entre 10-30 – ZHANG et al,
2009). Nesse sentido, é possível que esta discrepância seja decorrente do tempo de
ensaio (28 dias), provavelmente insuficiente para permitir a absorção total do Me-Hg
pelos organismos testados.

CONCLUSÃO

O ensaio de toxicidade em solo segundo Norma ASTM-E1676-2012 foi aplicado com


sucesso para avaliar a bioacumulação de Hg em oligoquetas.
A bioacumulação do mercúrio variou em função da espécie química e das condições
do meio, sendo sua biodisponibilidade fator determinante para absorção pelos
organismos. Dentre as espécies avaliadas, o Me-Hg mostrou maior potencial para
magnificação (BAF>1), ainda que o valor obtido neste estudo possa estar
subestimado.
Este ensaio pode ser utilizado como uma linha de evidencia aplicada na ARE, pois é
bom indicador de efeitos adversos para fauna terrestre, aqui representadas por
organismos da base da cadeia trófica (oligoquetas).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ASTM E1676-12, Standard Guide for Conducting Laboratory Soil Toxicity or


Bioaccumulation Tests with the Lumbricid Earthworm Eisenia fetida and the

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Enchytraeid Potworm Enchytraeus albidus, ASTM International, West


Conshohocken, PA, 2012, www.astm.org
BURTON, D.T.; TURLEY, S.D.; FISHER, D.J.; GREEN, D.J.; SHEED, T.R.
Bioaccumulation of Total Mercury and monomethylmercury in the Earthworm Eisenia
fetida. Springer: Water, Air and Soil Pollution. 2006. 170: 37-54.
RAMOS, A.S. et al. Testes de ecotoxicidade utilizando minhocas da espécie Eisenia
foetida para avaliação da contaminação mercurial em solos. In: XI CONGRESSO
BRASILEIRO DE GEOQUÍMICA, 2007, Rio de Janeiro. Anais... Rio de Janeiro:
CETEM/MCT, 2007, p 1.
ZHANG, Z.S.; ZHENG, D.M.; WANG, Q.C.; LV, X.G. Bioaccumulation of total and
methyl mercury in three earthworm species (Drawida sp., Allolobophora sp. and
Limnodrilus sp.) Bull. Environ. Contam. Toxicol. 2009, 83 (6) 937– 42

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Painel
Biodisponibilidade, bioacumulação e biomagnificação
202 - INVESTIGAÇÃO DA EXPOSIÇÃO DAS AVES AQUÁTICAS AO MERCÚRIO
(HGTOTAL E MEHG) NA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MADEIRA, AMAZÔNIA
OCIDENTAL

ÂNGELA NETA DIAS DOS SANTOS, WANDERLEY RODRIGUES BASTOS


Contato: ÂNGELA NETA DIAS DOS SANTOS - ANGELA.UFRO@GMAIL.COM

Palavras-chave: Aves aquáticas; mercúrio; metilmercúrio; Amazônia

INTRODUÇÃO

O mercúrio, na sua forma orgânica, (metil-mercúrio), é facilmente bioacumulada por


organismos aquáticos por meio da exposição trófica. No século passado, o rio
Madeira sofreu intenso lançamento de Hg para o meio ambiente, no processo de
garimpagem do ouro. Mesmo com a redução desta atividade, concentrações de Hg
no meio aquático dessa bacia hidrográfica continuam se mantendo. As aves, por
ocuparem posição trófica elevada, têm sido utilizadas como sentinelas da
contaminação ambiental por Hg. Este estudo teve como objetivo determinar se as
concentrações de HgTotal e MeHg entre as diferentes espécies de aves conforme
seus hábitos alimentares, sexo e idade.

METODOLOGIA

Amostras de penas foram coletadas e uma colônia de aves aquática localizada em


uma comunidade ribeirinha no baixo rio Madeira chamada Lavras, no município de
Humaitá/AM. Foram coletadas amostras de penas (n total=176) de 9 espécies de
aves que anualmente aninham para reprodução na colônia, são elas: E. thulla, A.
cocoi, A. alba, C. cochlearius, N. brasilianus e A. anhinga, assim como também o C.
atratus, uma espécie oportunista que utiliza o ninhal para forragear. Duas outras
espécies que nidificam em praias próximas ao ninhal também foram consideradas
objeto de estudo, sendo elas a P. simplex e o Chordeiles rupestres. As amostras de
penas, após identificação e armazenamento em sacos tipo zip-lock foram
transportadas para o Laboratório de Biogeoquímica Ambiental da UNIR onde foram
previamente lavadas em solução de EDTA (0,01%) e enxaguadas com água
ultrapura para posterior determinação de HgTotal e MeHg. A determinação de
HgTotal nas foi realizada em um espectrômetro de absorção atômica com vapor frio,
e para a quantificação de MeHg foi realizada por cromatografia gasosa acoplado ao
espectrofotômetro de fluorescência atômica.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Dentre as espécies estudadas, a Phaetusa simplex foi a que apresentou a maior


média da concentração de HgTotal nas penas (12,810 mg/kg). O Coragypts atratus,
apresentou a segunda maior média de HgTotal nas penas (9,933 mg/kg). Dentre as
espécies dos Ardeídeos, o Cochlearius cochlearius foi a que apresentou maior
média na concentração de HgTotal (4,930 mg/kg). A Ardea cocoi foi a segunda
maior média da concentração de mercúrio nas penas (4,036 mg/kg), seguida da
Egretta thulla (3,943 mg/kg) e Ardea alba (3,813 mg/kg). Para as espécies que

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

possuem hábito de mergulhar para capturar peixes, como a Anhinga anhinga e o


Nannopterum brasilianus, apresentaram médias de 3,690 mg/kg e 2,915 mg/kg,
respectivamente. Por último, com a menor média de HgTotal nas penas ficou o
Chordeiles rupestres, com média 0,898 mg/kg. A ampla variação nas concentrações
de HgTotal em aves está associada, principalmente às diferenças nas dietas das
espécies e na estratégia de forrageamento. Quando comparamos a porcentagem de
MeHg presente nas penas das espécies, observamos que houve elevada diferença
significativa entre o Coragypts atratos e a Ardea alba. Assim, como também entre as
espécies Ardea cocoi e Ardea alba. Já a espécie Egretta thulla, apresentou diferença
significativa baixa para as espécies Nanopterum brasilianus, Coragypts atratus,
Ardea cocoi e Anhinga anhinga. Esta diferença também houve entre as espécies
Nanopterum brasilianus e Ardea alba. Nas demais espécies, não houve diferença
significativa. Com relação à idade, neste estudo não houve diferença com relação
aos jovens e adultos para os níveis de concentrações de HgTotal e MeHg. Porém,
quando comparamos com relação à porcentagem de MeHg que estes indivíduos
estão eliminando por meio das penas, observamos uma diferença significativa entre
estes grupos, indicando que os indivíduos adultos estão eliminando mais MeHg
pelas penas.

CONCLUSÃO

Contudo, este estudo mostrou que os indivíduos que ocupam nível trófico mais
elevado, estão sujeitos à maior exposição à contaminação por Hg via alimentar.
Desta forma, são consideradas boas indicadoras de contaminação ambiental por
mercúrio. Além disso, a pena pode ser considerada boa matriz para a determinação
de mercúrio no ambiente, pois, se trata de metodologia menos invasiva, não
necessitando sacrificar o animal para a coleta de amostras. Os resultados,
demonstram a necessidade de monitoramento à longo prazo, afim de obter
informações mais detalhadas sobre a biologia das espécies e correlaciona-los com
os dados dos níveis de concentração de mercúrio.

FONTES FINANCIADORAS

CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior

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Painel
Biodisponibilidade, bioacumulação e biomagnificação
207 - ACÚMULO DE ZINCO EM DIFERENTES ÓRGÃOS DO TELEÓSTEO
NEOTROPICAL Prochilodus lineatus AO LONGO DE 168 HORAS DE EXPOSIÇÃO

MILLENA TEREZINHA CABRAL, WAGNER EZEQUIEL RISSO, CLAUDIA BUENO DOS


REIS MARTINEZ
Contato: MILLENA TEREZINHA CABRAL - MILLENA.CABRAL@YAHOO.COM.BR

Palavras-chave: Metal; sangue; brânquias; fígado; rim

INTRODUÇÃO

O zinco é considerado um metal essencial para os organismos vivos, pois participa


da composição de diversas enzimas e atua em vários processos biológicos.
Entretanto, pode apresentar toxicidade se estiver presente em concentrações acima
do necessário. As principais fontes antropogênicas que podem alterar as
concentrações ambientais de Zn são a galvanização, fundição, produtos
farmacêuticos e cosméticos e efluentes líquidos de mineração de carvão. Assim,
para se compreender a toxicocinética de Zn em organismos aquáticos, a finalidade
deste trabalho foi investigar o acúmulo deste metal no teleósteo de água doce
Prochilodus lineatus após exposições de 24, 96 e 168 horas.

METODOLOGIA

Juvenis de P. lineatus (23,1 ± 3,7 g e 12,6 ± 0,9 cm) fornecidos por pisciculturas da
região, foram aclimatados em condições controladas de laboratório durante seis
dias, com alimentação a cada 48 h. Após a aclimatação os peixes foram transferidos
para aquários de vidro e divididos em três grupos (8 peixes por grupo): controle
(CTR), expostos apenas à água; Zn 0,2 expostos à água contendo 0,2 mg L-1 de Zn;
Zn 2,0 expostos à água contendo 2,0 mg L-1 de Zn. Foram realizados testes
semiestáticos (renovação total da água a cada 24 h), com duração de 24, 96 e 168
h. Após as exposições, os animais foram anestesiados para retirada do sangue e
mortos para retirada das brânquias, fígado e rim. Os tecidos foram pesados,
colocados em estufa a 60 °C até secagem completa e digeridos em ácido nítrico 5N
a 60 °C por 48 h. As amostras digeridas foram diluídas em HNO3 0,5% e analisadas
em espectrômetro de absorção atômica com atomizador de chama. Os resultados
foram comparados (CTR x Zn 0,2 x Zn 2,0) por meio de análise de variância,
seguido por um teste de comparações múltiplas (SNK) quando indicado (p < 0,05).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O sangue dos peixes do grupo Zn 2,0 acumulou 2x mais Zn em comparação ao seu


CTR, em apenas 24 h de exposição. Após 96 h, os peixes expostos a ambas as
concentrações de Zn apresentaram acúmulo significativo em relação aos peixes do
CTR, no qual o grupo Zn 2,0 foi 1,6x maior do que o CTR. Após 168 h, não houve
diferença significativa entre os grupos. A concentração de Zn nas brânquias dos
peixes do grupo Zn 0,2 mostrou-se significativamente maior do que o CTR em 24 h,
sendo que este aumento foi de 1,9x, e sem diferenças significativas em relação ao

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

grupo Zn 2,0. Já após 96 h, ambos os grupos expostos ao Zn mostraram aumento


significativo em relação ao CTR; o grupo Zn 0,2 foi 1,1x maior e o grupo Zn 2,0 foi
1,8x maior. Contudo, após 168 h, houve redução significativa de 0,3x na
concentração de Zn nas brânquias dos peixes expostos a ambas às concentrações
de Zn em comparação ao grupo CTR. Após 96 h de exposição, o acúmulo de Zn foi
concentração-dependente tanto para o sangue, quanto para a brânquia, ou seja, os
três grupos diferiram entre si. Esse padrão de acúmulo pode estar relacionado com
a contaminação direta pelas brânquias, que são os primeiros órgãos a entrar em
contato com a água, e que resulta na transferência de substâncias para a circulação
e reflete o acúmulo encontrado no sangue. O rim posterior foi o órgão que mais
acumulou Zn entre todos os órgãos analisados, com concentrações de Zn 4,8x
maiores no grupo Zn 2,0 em relação ao seu CTR após 96 h de exposição. Em 24 e
168 h, este órgão não apresentou acúmulo significativo entre os grupos
experimentais. O rim é o órgão excretor e principal responsável por eliminar o
excesso de água, por isso é altamente vascularizado e alvo direto da
bioacumulação. Enfim, o fígado dos peixes do grupo Zn 0,2 expostos durante 96 h
reteve Zn de modo significativo em relação ao CTR e ao grupo Zn 2,0, mas foi
apenas após 168 h de exposição que houve acúmulo de Zn de modo acentuado,
representando 4,1x a média encontrada em seu respectivo CTR. Este resultado
pode ser um reflexo da presença de metalotioneínas no fígado que se ligam ao Zn e
regulam sua quantidade, protegendo a célula contra toxicidade.

CONCLUSÃO

Exposições agudas (24 e 96 h) ao Zn acarretaram acúmulo do metal no sangue,


brânquia e sobretudo no rim, enquanto que na exposição mais longa (168 h), o
fígado foi o órgão que mais acumulou o metal, possivelmente por este ser
responsável pelos processos de detoxificação e bioacumulação dos organismos. Em
conjunto, esses resultados possibilitam uma melhor compreensão do padrão de
acúmulo de Zn em P. lineatus e mostram que as concentrações testadas, baseadas
na Resolução CONAMA 357/2005, não se apresentaram seguras para a espécie, o
que sugere a necessidade da revisão destes valores.

FONTES FINANCIADORAS

CNPq (Processo 476910/2011-0) e Fundação Araucária (Convênio 186/2014).


CAPES, bolsa de mestrado para MT Cabral pelo PMPGCF na UEL. CNPq, bolsa PQ
para CBR Martinez.

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Painel
Biodisponibilidade, bioacumulação e biomagnificação
229 - METAIS TRAÇO EM BIVALVES COMERCIALIZADOS NO SUL DA BAHIA,
BRASIL
GLAUCIA BATISTA MACIEL DOS SANTOS, GUISLA BOEHS
Contato: GLAUCIA BATISTA MACIEL DOS SANTOS - GALBMS@HOTMAIL.COM

Palavras-chave: molusco; zinco; cádmio; chumbo

INTRODUÇÃO

Metais traço são elementos químicos encontrados em pequenas concentrações em


ambientes aquáticos, seja naturalmente ou por ação antrópica. Por serem filtradores,
moluscos bivalves podem acumular esses metais em seus tecidos, por vezes
comprometendo a saúde humana (KIMBROUGH et al., 2008). A região sul do
estado da Bahia abriga diversas famílias ribeirinhas que sobrevivem do extrativismo
de bivalves (CEUTA; BOEHS, 2012). Estudos sobre metais são escassos nessa
região. Objetivou-se assim, identificar a presença de metais traço em bivalves
oriundos de estoques naturais e de cultivo, in loco e comercializados em feiras livres
nos municípios de Camamu, Taperoá e Ilhéus, Bahia, Brasil.

METODOLOGIA

As coletas dos bivalves, Crassostrea rhizophorae (ostra-do-mangue), C. gasar (ostra


do fundo), Mytella guyanensis (sururu), Lucina pectinata (lambreta) e Iphigenia
brasiliana (tarioba) foram realizadas nos meses de maio a julho de 2017. As
amostras foram transportadas ao laboratório em sacos plásticos, acondicionadas em
recipiente com gelo e em seguida foram submetidos à biometria. Após abertura das
valvas, para análise dos metais, os exemplares foram separados em pool por
espécie e local. Estes foram liofilizados, triturados e submetidos à digestão química,
utilizando ácido nítrico e peróxido de hidrogênio como reagentes. Para a
determinação dos elementos metálicos (cádmio, chumbo e zinco), foi utilizado um
Espectrômetro de Emissão Óptica com Plasma Indutivamente Acoplado.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O cádmio esteve abaixo dos limites de detecção em todos os bivalves analisados,


por isso foi considerado ausente. Este é um elemento não essencial e a principal
fonte de sua obtenção para o homem é via cadeia trófica, sendo os mariscos, as
ostras, os mexilhões e as vieiras importantes fontes de disponibilidade desse metal
na dieta humana (GOYER; CLARKSON, 2001).
Com relação aos níveis de chumbo, o litoral sul da Bahia mostrou-se impactado.
Mytella guyanensis, coletada em Ilhéus e Taperoá, apresentou níveis de 2,85 a 3,87
mg/kg; Lucina pectinata, das mesmas localidades, apresentou valores de 2,29 a
2,48 mg/kg; Iphigenia brasiliana, no município de Ilhéus, apresentou valores entre
1,36 e 2,44 mg/kg. Considerando que os níveis máximos permitidos pela legislação
brasileira vigente são de 2 mg/kg em peixes e produtos de pesca (BRASIL, 1965;
BRASIL, 1998), as três espécies apresentaram-se inapropriadas para o consumo
quanto a esse elemento, sendo que M. guyanensis parece ter o maior potencial de

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

bioacumulação desse elemento, o que pode estar relacionado ao ambiente em que


vive essa espécie (manguezal, superficialmente enterrada no sedimento).
Com relação ao zinco, todas as espécies em todos os locais, apresentaram valores
muito acima (186 mg/kg a 2.629,42 mg/kg de peso úmido) do permitido para esse
elemento. A legislação brasileira preconiza um nível máximo de 50 mg/kg de
tolerância desse metal em alimentos (BRASIL, 1965; BRASIL,1998). Os valores
mais altos foram detectados nas ostras (C. gasar e C. rhizophorae), confirmando
assim, que quando comparadas com outros bivalves, estas têm maior potencial de
acumulação desse elemento (PEDROSA; COZZOLINO, 2001; KIMBROUGH et al.,
2008).

CONCLUSÃO

Os resultados evidenciaram que o litoral sul da Bahia não está impactado pelo metal
cádmio. Todas as espécies apresentaram valores elevados de zinco, sendo que as
ostras, dentre as espécies analisadas, foram as que apresentaram os maiores
valores para esse elemento. Mytella guyanensis e Lucina pectinata comercializadas
nos municípios de Ilhéus e Taperoá, mostraram-se impróprias para o consumo no
período do estudo, apresentando valores de chumbo acima do permitido pela
legislação brasileira.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL. Ministério da Saúde. Decreto nº 55.871 de 26 mar. 1965. Modifica o


decreto nº 50.040, de 24 jan. 1961 referente a normas regulamentadoras do
emprego de aditivos para alimentos, alterado pelo Decreto nº 691, de 13 de
mar.1962. Diário Oficial. Brasília, 9 abr. 1965. Disponível em: <
http://portal.anvisa.gov.br/documents/33916/391619/DECRETO%2BN%25C2%25BA
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Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

FONTES FINANCIADORAS

CAPES (bolsa ao primeiro autor); FAPESB (custeio do projeto).

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Oral
Biodisponibilidade, bioacumulação e biomagnificação
250 - DETRIMENTAL EFFECTS OF THE MARIANA DAM RUPTURE TO THE
LOCAL AQUATIC BIOTA: CONTAMINATION BY METALS AND METALLOIDS,
OXIDATIVE STRESS AND THE BIOCHEMICAL METALLOTHIONEIN
DETOXIFICATION ROUTE

LORENA OLIVEIRA SOUZA SOARES, LEANDRO DA ROCHA LIMA, FABRICIO


ANGELO GABRIEL, RAFAEL CHÁVEZ ROCHA, TATIANA SAINT’PIERRE, FABIO
VERISSIMO CORREIA, ENRICO MENDES SAGGIORO, ANGELO FRAGA BERNARDINO,
RACHEL ANN HAUSER-DAVIS
Contato: LORENA OLIVEIRA SOUZA SOARES - LOH.LOSS@GMAIL.COM

Keywords: Metals; aquatic biota; oxidative stress; metallothionein; GSH

INTRODUCION

The accident that befell Mariana (MG) became known as the most significant
environmental disaster in Brazilian history. The dam rupture discharged 30 million
tons of tailings from the Samarco Company into the Doce River basin, leading to
human and material losses and significant hazards to the region’s ecosystem. This
study aimed to quantify metallothionein (MT), responsible for toxic metal and
metalloid detoxification and essential metal homeostasis, with a secondary role
against oxidative damage, reduced L-glutathione (GSH), the first cell defense against
oxidative stress, and metal and metalloid levels in fish (Genidens genidens) and
crabs (Callinectes ornatus) from the Doce River.

METHODS

Five fish liver and muscle samples and five crab muscle samples were analyzed.
MT was extracted by sample homogenization in a pH 8.6 Tris-HCl buffer containing a
protease inhibitor and a reducing agent, centrifugation for 1 hour (20,000 xg, 4 ºC),
heating (70 ºC) for 10 minutes and centrifugation for 30 min (20,000 xg, 4 ºC).
Reduced L-glutathione (GSH) was extracted by homogenizing the samples in a
sodium phosphate buffer containing 0.25 mol L -1 sucrose and 1 mmol L-1 EDTA and
centrifuging for 30 min (11,000 xg, 4 ºC).
MT and GSH were determined on a UV-Vis microplate reader at 412 nm, using GSH
as an external standard.
For metal and metalloid determinations, 150 mg of each sample were weighed, and
acid-digested with double-distilled HNO3 by heating at 100 ºC for 4 hours. Al, Cd, Co,
Cu, Pb, Fe, Hg, Ni, Ag, Se and Zn were determined on a NexIon 300 ICP-MS (Perkin
Elmer). DORM-4 reference material was used to ensure analytical method accuracy.
Statistical correlations were evaluated through Spearman's statistical test, as the
data were non-normally distributed.
Differences between groups were verified using the Kruskal-Wallis test. All tests were
conducted at a significance level of p <0.05.

RESULTS AND DISCUSSION

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

No statistical correlation between fish liver and muscle MT and GSH was observed.
This indicates that MT is performing its main function, of toxic metal detoxification
and essential metal homeostasis, and not acting as a free radical scavenger. In this
context, a very strong statistical correlation (r = 1,000) between MT x Hg in fish liver
was detected, indicating that the biochemical Hg detoxification pathway is occurring
through the induction of MT synthesis.
Cr found in fish muscle (0.48 ± 0.09 mg.kg-1) exceeded the maximum limit
established by Ordinance 685-980.14, Brazilian Ministry of Health, 1965, of 0.10
mg.kg-1.In crabs, Mn (1.51 ± 0.46 mg.kg-1) was higher than the maximum permissible
levels for human consumption, according to FAO limits, whereas Cu (10.94 ± 6.47
mg.kg-1) was higher than levels stipulated by the EPA and MAFF, respectively. Both
fish muscle and crab samples presented Zn (13.2 ± 6.07 mg.kg -1 and 31.34 ± 10.87
mg.kg-1 respectively) above the permissible limit according to EPA and FAO
standards.
No statistically significant correlations between MT and GSH in crabs were observed,
indicating that GSH is efficient in dealing with oxidative stress in these organisms, not
requiring the aid of MT, which continues to play its main role in metal detoxification.
Significant strong and strong correlations were detected between MT x Ni (r = 0.899;
p = 0.038) and MT x Ag (r = 0.951; p = 0.049), respectively, corroborating the
detoxification of these elements by this biochemical route. A strong significant
correlation between GSH and Cr confirms oxidative stress caused by this element,
and the binding of GSH to free radicals produced its oxi-reduction (r = -0.870; p =
0.05).
The toxic elements (Ag, Cr, Ni, Mn and Pb) detected in crab samples relate to other
sediment samples results from the contamination area, demonstrating a binding of
trapped metals with the sediments, possibly intensified after the dam rupture.

CONCLUSION

Genidens genidens and Callinectes ornatus samples from the environment affected
by the Doce River disaster exhibited increased cellular defenses, with MT and GSH
playing metal detoxification and oxidative stress defense, respectively. Metal
concentrations were above Brazilian and international guidelines for Maximum
Residue Limits in foodstuffs, posing risks to the health of organisms belonging to
higher trophic niches that consume these species, including humans. The impacts of
metal accumulation mainly affect the Rio Doce Basin river community, due to the
importance of this region as a water and food source.

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SPONSORS

FAPES

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Biodisponibilidade, bioacumulação e biomagnificação
256 - ARSÊNIO EM Macrobrachium amazonicum (CRUSTACEA, DECAPODA) DE
RIOS PRÓXIMOS AO LIXÃO DO AURÁ, REGIÃO METROPOLITANA DE BELÉM,
ESTADO DO PARÁ

BÁRBARA CAROLINE PEREIRA DA SILVA, MARCELO DE OLIVEIRA LIMA, LUCAS


GALLAT DE FIGUEIREDO, ADRIANA MARQUES DE OLIVEIRA, HELENA PEREIRA
ALMEIDA, MARIA JOSÉ TAVARES DE OLIVEIRA, BRENDA NATASHA SOUZA COSTA
Contato: BÁRBARA CAROLINE PEREIRA DA SILVA - BARBARACAROLINE05@GMAIL.COM

Palavras-chave: ICP-MS; biodisponibilidade; camarão, Amazônia; chorume

INTRODUÇÃO

Na Região Metropolitana de Belém existe o desativado Lixão do Aurá. “Lixão” é a


destinação irregular de resíduos sólidos, que através do chorume propicia a poluição
dos recursos hídricos. O chorume pode ser constituído de elementos tóxicos, como
o Arsênio (As), que pela cadeia trófica chega até as populações humanas e resulta
em problemas graves de saúde. A presença de metais biodisponíveis no meio pode
ser quantificada nos tecidos dos camarões e refletir a poluição do ambiente
aquático. Assim, quantificou-se arsênio em tecido muscular de Macrobrachium
amazonicum e correlacionou-se às variações sazonais (pluviosidade) e espaciais
nos rios Aurá e Uriboca.

METODOLOGIA

O lixão do Aurá localiza-se próximo ao Rio Aurá e de reservatórios usados para


abastecimento de água da área metropolitana de Belém. Como potencial controle
utilizou-se o rio Uriboca. As coletas de Macrobrachium amazonicum ocorreram nos
meses de novembro/15 (seco-chuvoso), fevereiro/16 (chuvoso), maio/16 (chuvoso-
seco) e agosto/16 (seco). Foram selecionados quatro pontos de amostragens, Ponto
1/Rio Aurá, Ponto 2/Igarapé Santana do Aurá, Ponto 3/Igarapé Santo Antônio e
Ponto 4/Rio Uriboca.
Obtiveram-se os camarões aplicando, em cada ponto, 10 armadilhas “matapi” com
isca por 12 horas antes da despesca. Amostras foram triadas, biometradas e
dissecadas e o tecido muscular foi conservado a –80ºC. Para abertura ácida, pesou-
se aproximadamente 0,05 gramas, adicionou-se 1,5 mL de ácido nítrico e 0,5 mL de
peróxido de hidrogênio, o processo foi intensificado em micro-ondas (CEM, MARS
5), por fim, as soluções resultantes foram aferidas para 15 mL. A quantificação dos
metais procedeu pelo método analítico de espectrometria de massas por plasma
acoplado indutivamente (Bruker, 820 MS). Para testar a diferença entre os pontos e
meses estudados foi realizada uma análise de variância (ANOVA), com intervalo de
confiança de 95% e significância de p˂0,05 para.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

No período das coletas, temos definido para a região de Belém, quatro períodos
sazonais, (i) período chuvoso; (ii) período de transição chuvoso-seco; (iii) período
seco e; (iv) período de transição seco-chuvoso. Portanto, os meses estudados,

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

novembro/15, fevereiro/16, maio/16 e agosto/16 correspondem aos períodos seco-


chuvoso, chuvoso, chuvoso-seco e seco, respectivamente.
A concentração média de arsênio no tecido muscular dos camarões variou de
49,60μg.Kg-1 (ponto 3) a 109,54 μg/L (ponto 1), nos meses de novembro/15 e
agosto/16, respectivamente. Espacialmente, a concentração média de Arsênio em
M. amazonicum não apresentou diferença significativa entre o rio Uriboca e os
demais locais estudados, evidenciando uma linearidade entre os rios. Porém, nos
meses de início e aumento da precipitação total mensal, novembro/15 e fevereiro/16,
respectivamente, ocorreram as menores concentrações (49,51 ± 27,46 μg.Kg -1 e
66,57 ± 16,13 μg.Kg-1) em comparação aos valores dos meses de decaimento da
incidência pluviométrica (94,74 ± 34,35 μg.Kg-1 e 109,54 ± 59,70 μg.Kg-1), maio/16 e
agosto/16, respectivamente.
Ao aumentar a precipitação local, o Arsênio dos solos tendem escoar para os
ecossistemas hídricos, pelo processo de lixiviação, entretanto, o acúmulo do metal
vem a refletir-se nos períodos secos, quando o volume de água é menor e a
concentração no corpo hídrico tende ao aumento. As maiores concentrações no
período menos chuvoso podem relacionar-se ao fato do arsênio ser capaz de se
estabilizar em solução e o menor volume do corpo hídrico propiciar a concentração
do elemento na coluna de água e consequente acumulo pelos camarões e
organismos de níveis tróficos inferiores.

CONCLUSÃO

A concentração de arsênio no músculo de Macrobrachium amazonicum, é


influenciada pelos níveis de precipitação, quando os índices de precipitação tendem
a aumentar a concentração do metal diminui nos organismos, enquanto que, nos
meses de decaimento das chuvas, o acúmulo do nível do elemento metálico eleva-
se nos camarões. O que pode ser explicado devido a estabilidade em solução
apresentada por esse metal tóxico. Durante o estudo, espacialmente os pontos mais
próximos a fonte antrópica (lixão) não apresentaram diferenças significativas entre o
ponto controle

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARAUJO, B.F. et al. Distribuição de Mercúrio Total em Tecido Muscular de


Hypostomus affinis (Steindachner, 1877) e Hypostomus c.f. luetkini (Barlenger,
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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Biodisponibilidade, bioacumulação e biomagnificação
265 - EFEITOS INVISÍVEIS DA AÇÃO HUMANA: UM ESTUDO PIONEIRO DE
POLUENTES ORGÂNICOS PERSISTENTES EM PEQUENOS MAMÍFEROS DE
CAMPOS DE ALTITUDE DO RIO DE JANEIRO

RAQUEL CAPELLA GASPAR NEPOMUCENO, YAGO DE SOUZA GUIDA, DIOGO


LORETTO, MARCELO WEKSLER, RODRIGO ORNELLAS MEIRE
Contato: RAQUEL CAPELLA GASPAR NEPOMUCENO - RAQUELCAPELLA96@GMAIL.COM

Palavras-chave: poluentes orgânicos persistentes; campos de altitude; contaminação ambiental;


aporte atmosférico; pequenos mamíferos

INTRODUÇÃO

A lipofilicidade, toxicidade e propensão ao transporte atmosférico dos poluentes


orgânicos persistentes (POPs) suscita discussões acerca de sua deposição e
acúmulo em regiões montanas que, devido às baixas temperaturas, podem atuar
como zonas de convergência destes contaminantes[1]. Destacam-se aqui os
campos de altitude, ecossistemas relictuais do Sul e Sudeste brasileiros restritos a
elevações normalmente superiores a 2.000 m[2], cuja permanência é ameaçada
pelas mudanças climáticas, provocando restrição de habitat e migração
altitudinal[3,4]. O presente estudo tem por objetivo a investigar a presença destes
compostos em vertebrados terrestres dos “páramos” brasileiros, e possíveis relações
com hábito alimentar, sexo e tamanho corporal.

METODOLOGIA

Pequenos mamíferos dos gêneros Akodon, Oxymycterus, Delomys (Ordem


Rodentia) e Monodelphis (Ordem Didelphimorphia) foram coletados no Parques
Nacionais da Serra dos Órgãos (PNSO) e do Itatiaia (PNI), usando armadilhas
Sherman dispostas em transecções lineares. Amostras de tecido hepático de 41
animais foram acondicionadas à 4ºC negativos até liofilização. Para obtenção dos
analitos, elegeu-se um procedimento cromatográfico miniaturizado de coluna aberta,
que permite a extração e purificação simultâneas de múltiplas classes de
compostos, dentre os quais pesticidas organoclorados, difenil éteres polibromados
(PBDEs), e bifenilas policloradas (PCBs)[5]. As colunas foram preenchidas com
sulfato de sódio, sílica neutra ativada, sílica ácida (44% H2SO4) e 0,3 g de amostra,
à qual adicionaram-se 10 μL do padrão de recuperação PCB 103-198 (1.000 ng ml-
1
). As eluições foram realizadas com uma mistura dos solventes hexano e
diclorometano (9:1 v/v), os extratos reduzidos à secura sob fluxo suave de nitrogênio
e, então, avolumados a 100 μL com o padrão interno tetraclorometaxileno (TCMX -
100 ng mL-1). Por fim, a identificação e quantificação dos compostos foi realizada
através de cromatografia gasosa acoplada à espectrometria de massas (Agilent,
Palo Alto, CA, E.U.A.) e as concentrações corrigidas com base nos brancos
analíticos, limite de detecção e volume final.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Até o presente momento, foram quantificados 20 compostos organoclorados: α-


HCH, β-HCH, γ-HCH, δ-HCH, heptacloro, heptacloro-epóxido, aldrin, endrin, dieldrin,
endrin-aldeído, endrin-cetona, α-clordano, γ-clordano, endossulfan I e II,
endossulfan-sulfato, p’p’DDT, p’p’DDD, p’p’DDE e metoxicloro. Como as amostras
foram coletadas em áreas de proteção ambiental, é improvável que haja fontes
diretas de contaminação, sendo esta, portanto, inferida ao aporte atmosférico. A
partir dos resultados, expressos em ng g-1 (peso seco), não foi possível confirmar a
hipótese inicial de que espécies insetívoras apresentariam contaminação superior às
frutívoras, reproduzindo o potencial de biomagnificação normalmente observado
para pesticidas organoclorados. Não houve diferença estatisticamente significativa
entre espécies, tampouco entre sexos analisados. Em relação a este último,
esperavam-se concentrações superiores em machos, dado que a possibilidade de
transferência placentária e via lactação6 poderiam representar formas de eliminação
de contaminantes inerentes às fêmeas. Contudo, a ausência de informações a
respeito da idade – e, portanto, atividade reprodutiva – para os animais coletados
pode ser uma razão para que os resultados aqui obtidos não revelem tal distinção.
Também não foi observada correlação significativa com peso ou tamanho corporal.
A restrita disponibilidade de massa para as análises não permitiu o cálculo do
percentual lipídico de cada indivíduo, que possibilitasse uma estimativa mais robusta
nesse sentido. Em se tratando de compostos lipofílicos, o esperado seria que a
concentração de contaminantes aumentasse em função do teor lipídico do indivíduo.
Por outro lado, foi possível verificar claras distinções entre as duas Unidades de
Conservação em estudo. No PNSO, todas as amostras de Oxymycterus dasythricus
e Delomys dorsalis apresentaram um nítido perfil de contaminação, tendo sido o
p’p’DDT o composto mais abundante (2,6 - 36,2 ng g-1), seguido pelo p’p’DDD (1,9 -
5,4 ng g-1) e, por fim, pelo γ-HCH e heptacloro, ambos onipresentes também entre
os indivíduos das espécies Monodelphis sorex e Akodon montensis, o primeiro
apresentando uma variação total de 0,8 a 6,3 ng g-1, e o segundo de 0,3 a 1,3 ng g-1.
Para todos estes compostos, as concentrações quantificadas foram superiores às
obtidas no PNI, onde os valores máximos atingidos foram 17,1 ng g -1 para p’p’DDT,
2,3 ng g-1 para p’p’DDD, 1,8 ng g-1 para γ-HCH e 0,5 ng g-1 para heptacloro, sem
apresentar padrões de distribuição claros entre as espécies. Esta distinção
corrobora estudos anteriores sobre contaminação atmosférica realizados nos
mesmos parques, nos quais todos os compostos quantificados apresentaram
maiores concentrações no PNSO, sugerindo maior susceptibilidade à influência dos
arredores[7].

CONCLUSÃO

O presente estudo cumpre seu papel em ser pioneiro na determinação de POPs em


vertebrados terrestres de ambientes subalpinos brasileiros, reforçando a extensão
da influência de compostos cujo uso já fora regulamentado pela Convenção de
Estocolmo. Durante os próximos meses, outros pesticidas organoclorados, PCBs e
PBDEs serão quantificados e interpretados de acordo com as mesmas variáveis,
afim de ampliar a base de dados tocante à esta temática. Até o momento, já se pode
supor a existência de relação direta entre a diferença no aporte de contaminantes
por via atmosférica e as concentrações incorporadas pelas faunas residentes de
cada parque.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


143
XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

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Aust. 20, 1–6. doi:10.4257/oeco.2016.2002.01
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Unidades de Conservação montanas do estado do Rio de Janeiro. Diss. Mestr

FONTES FINANCIADORAS

Pensa Rio (Edital FAPERJ No. 19/2011);


Programa

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Biodisponibilidade, bioacumulação e biomagnificação
269 - BIOACESSIBILIDADE DE MERCÚRIO TOTAL EM CAMARÕES
(Macrobrachium amazonicum)

HELENA PEREIRA ALMEIDA, BÁRBARA CAROLINE PEREIRA DA SILVA, MARIA JOSÉ


TAVARES DE OLIVEIRA, MARCELO DE OLIVEIRA LIMA, BRENDA NATASHA SOUZA
COSTA
Contato: HELENA PEREIRA ALMEIDA - HELALMEIDAPE@GMAIL.COM

Palavras-chave: biodisponibilidade, ICP-MS, Amazônia, Crustáceo

INTRODUÇÃO

Na região amazônica, o camarão Macrobrachium amazonicum é uma das principais


fontes proteicas da população local e amplamente comercializada nas feiras e
mercados regionais (BENTES et al. 2011). E, o consumo de mariscos pode ser via
de exposição a metais como o mercúrio (Hg) para a população e a disponibilidade
deles em crustáceos é afetada pelos processos de cozimento utilizados (AMIARD et
al. 2008), com isto, esse estudo avaliou a bioacessibilidade de mercúrio total (HgT),
em músculo de camarões comercializados na Região Metropolitana de Belém
(Pará), após os processos de cozimento e fritura.

METODOLOGIA

Os camarões foram comprados aleatoriamente no Mercado Central do município de


Marituba, estado do Pará. Em laboratório foram identificados taxonomicamente,
biometrados e dissecados, para retirada do tecido muscular e porção comestível.
Para a avaliação da bioacessibilidade de HgT, os crustáceos foram cozidos e fritos
em panelas de teflon devidamente lavadas com sabão neutro e água deionizada.
Em ambos os processos foram utilizados 5 indivíduos em 5 repetições, resultando
em 25 indivíduos por tratamento. A fritura procedeu com adição de 25mL de Óleo de
Girassol por 2 minutos, e o cozimento com 200ml de água deionizada por 2 minutos.
A abertura ácida ocorreu em tubos de teflon, com adição de 0,1g de camarão, 1,5mL
de Ácido Nítrico (HNO3) e 0,5mL de Peróxido de Hidrogênio (H2O2), e foi acelerada
em microondas (MARS, 5), o volume digerido foi aferido com HNO 3 1%, para o
volume final de 10mL em tubos falcon. A análise de HgT foi realizada em
espectrômetro de massas com plasma indutivamente acoplado (ICP-MS), para a
validação do método foi utilizado o material certificado para músculo de peixe
DORM-3.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados obtidos indicam maior concentração de HgT (35 ng.g-1 ± 18) nos
camarões naturais, sem processos de fritura ou cozimento. A segunda maior
concentração foi obtida nos camarões fritos (26 ng.g-1± 24). A concentração
encontrada nos camarões fritos representa uma fração de 74% do HgT encontrado
nos camarões em estado natural. A menor concentração foi encontrada nos
camarões cozidos (21 ng.g-1 ± 16) e esta representa uma fração de 60% de HgT
encontrado no camarão natural. Logo, é possível observar uma redução na

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

concentração de HgT ao comparar os tecidos crus, cozidos e fritos e essa redução


na concentração é mais evidente entre os camarões crus e cozidos.
Uma provável explicação para a redução de HgT nos camarões cozidos e fritos é a
volatilidade do metal em questão, cujo aquecimento favorece a liberação deste no
estado gasoso (CESÁRIO et al. 2017), causando a redução de sua concentração
nos camarões submetidos aos processos de cozimento e fritura, este
comportamento já foi observado em duas espécies de peixe, Scomber scombrus e
Aphanopus carbo, cuja concentração de mercúrio reduziu significativamente após o
processo de fervura, tal comportamento é justificado pela volatilização do mercúrio
ou solubilização na água utilizada, no entanto, tal comportamento pode variar entre
as espécies (MIEIRO et al. 2016). O limite de consumo estabelecido pela ANVISA
para crustáceos é de 5000 ng.g-1, e nenhum dos tratamentos avaliados
apresentaram concentrações próximas a esse limite por indivíduo analisado, no
entanto, na região amazônica é recorrente o consumo de vários camarões em uma
única porção, o que pode representar o risco a sáude humana, em termos de
bioacumulação.

CONCLUSÃO

Os resultados apresentados não indicam risco de exposição à HgT para a saúde dos
consumidores de camarão na feira da Região Metropolitana de Belém (Pará). Os
processos de cozimento afetam a concentração de HgT em M. amazonicum, no qual
é observado a redução da concentração desse metal nos camarões fritos e cozidos,
em relação ao cru. Através de trabalhos que objetivam avaliar o efeito de processos
de cozimento em alimentos é possível definir qual processo pode ser eficaz para
evitar a contaminação das pessoas com elementos potencialmente tóxicos, além de
conhecer a influência desses processos na concentração desses elementos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AMIARD, J.-C. et al. 2008. Bioaccessibility of Essential and Non-Essential Metals in


Commercial Shellfish from Western Europe and Asia. Food and Chemical Toxicology
46(6): 2010–22.
BENTES, B.S. et al. 2011. Spatial Distribution of the Amazon River Prawn
Macrobrachium amazonicum (Heller, 1862) (Decapoda, Caridea, Palaemonidae) in
Two Perennial Creeks of an Estuary on the Northern Coast of Brazil (Guajará Bay,
Belém, Pará ). Braz. J. Biol. - Brazilian Journal of Biology 71(4): 925–35.
CESÁRIO, R. et al. 2017. Science of the Total Environment Dissolved Gaseous
Mercury Formation and Mercury Volatilization in Intertidal Sediments. Science of the
Total Environment 603–604: 279–89.
http://dx.doi.org/10.1016/j.scitotenv.2017.06.093.
MIEIRO, C.L. et al. 2016. Fish and Mercury : Influence of Fish Fillet Culinary
Practices on Human Risk. 60: 575–81.

FONTES FINANCIADORAS

Para realização das amostragens a pesquisa conta com apoio financeiro do CNPq
através do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação Científica (PIBIC/CNPq/IEC)
do Instituto Evandro Chagas (IEC/SVS/MS).

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Oral
Biodisponibilidade, bioacumulação e biomagnificação
288 - EFEITOS DA CONTAMINAÇÃO POR METAIS EM MEXILHÕES Perna perna
DO LITORAL DE SÃO PAULO

JULIA BEATRIZ DUARTE ALVES DE CAMARGO, EDUINETTY CECI PEREIRA


MOREIRA DE SOUSA, MARÍLIA GABRIELA MIRANDA CATHARINO SEMMLER,
MÁRCIA REGINA GASPARRO, CLAUDIO GOMES LINS, ISABELLA GOULART
FERNANDES
Contato: JULIA BEATRIZ DUARTE ALVES DE CAMARGO - JBDACAMARGO@GMAIL.COM

Palavras-chave: qualidade ambiental, metais, vermelho neutro, mexilhões

INTRODUÇÃO

As zonas costeiras recebem continuamente um aporte de contaminantes, o que


afeta grandemente sua qualidade ambiental. O litoral do estado de São vem
sofrendo intensa ocupação urbana e industrial nos últimos 50 anos, sendo que o
esgoto doméstico, a drenagem urbana e os efluentes industriais são descartados
com pouco ou nenhum tratamento diretamente nos estuários e no mar. Diversos
estudos demonstraram a presença de contaminantes, sua bioacumulação e
alterações fisiológicas em organismos marinhos coletados na região. Neste
contexto, este trabalho teve como objetivo avaliar a qualidade ambiental atual de
regiões do litoral paulista.

METODOLOGIA

Foi avaliada a bioacumulação de metais e as respostas de estresse em mexilhões


Perna perna coletados na Praia da Cocanha (Caraguatatuba), na Ilha das Palmas
(Santos) e na Ponta de Itaipu (São Vicente) durante a primavera de 2016 e o outono
de 2017. A condição fisiológica dos organismos foi analisada por meio da
estabilidade de membrana lisossômica, utilizando o ensaio de tempo de retenção do
vermelho neutro (NRRT). Bivalves constituem excelentes organismos
bioindicadores, pois possuem hábitos sedentários e são capazes de bioconcentrar
poluentes. Além disso, apresentam importância ecológica e socioeconômica. Os
mexilhões Perna perna estão presentes ao longo de todo o litoral paulista e tem sido
utilizados extensivamente em estudos de biomonitoramento da contaminação
ambiental. Os resultados médios de cada ponto de coleta foram comparados entre si
e entre estações do ano por meio de ANOVA de duas vias, com teste post hoc de
Tukey.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

As maiores concentrações de Cd, Hg, Se e Zn ocorreram nos organismos coletados


na Cocanha em ambas as estações do ano. Neste mesmo local, ocorreram os
maiores teores de Fe apenas na primavera de 2016 e de Pb e As apenas no outono
de 2017. Os organismos coletados em Palmas apresentaram as maiores
concentrações de As na primavera de 2016 e de Cr, Fe e Co durante o outono de
2017. Já em Itaipu ocorreram os maiores valores de Pb, Cr e Co na primavera de
2016. Neste mesmo ponto, as concentrações de menor quantidade de elementos

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

diferiram entre as estações do ano, apontando para introdução contínua de


contaminantes. A maioria das altas concentrações ocorreu durante o outono de 2017
para todos os pontos de coleta. Os resultados obtidos para Cd, Hg e Zn em Palmas
e Itaipu foram similares a valores reportados por Pereira et al. (2002) e Pereira et al.
(2012). Para Hg e Zn, os teores obtidos são semelhantes aos reportados por
Lamparelli et al. (2001). Catharino et al. (2012) observaram concentrações similares
de Cd, Hg, Se, Co e Zn para todos os pontos de coleta. Em relação às condições
fisiológicas dos organismos, não houve redução do NRRT em relação aos
organismos da Cocanha durante a primavera de 2016. Contrariamente, no outono
houve redução significativa do NRRT em Palmas e Itaipu. Ainda, os organismos da
Cocanha e de Palmas apresentaram maiores NRRT no outono em relação à
primavera. De acordo com os critérios estabelecidos por Ortega et al. (2018), os
mexilhões coletados durante a primavera de 2016 podem ser considerados
estressados, mas compensando. Já no outono de 2017, os organismos da Cocanha
estariam saudáveis, enquanto aqueles de Palmas e de Itaipu ainda seriam
considerados estressados, mas compensando. Isso dá suporte às evidências de
exposição destas populações a fontes de contaminação constantes ao longo do ano.

CONCLUSÃO

Os mexilhões coletados na Praia da Cocanha apresentaram elevados níveis de


bioacumulação de metais, inclusive maiores do que nos outros dois pontos de
coleta, podendo estar relacionado ao turismo. Em Palmas e Itaipu, os mexilhões
apresentaram saúde prejudicada, sendo que os perfis de contaminação de cada
ponto são diferentes. Na Ilha das Palmas, sob maior influência do Canal de Santos e
do Porto de Santos, há contaminação por orgânicos e por metais. Já na Ponta de
Itaipu, há contaminação predominante constante por metais.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CATHARINO, M.G.M.; VASCONCELLOS, M.B.A.; KIRSCHBAUM, A.A.;


GASPARRO, M.R.; MINEI, C.C.; SOUSA, E.C.P.M.; SEO, D.; MOREIRA, E.G. 2012.
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ORTEGA, A.S.B.; MARANHO, L.A.; NOBRE, C.R.; MORENO, B.B.; GUIMARÃES,
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CHOUERI, R.B.; TANIGUCHI, S.; ABESSA, D.M.S.; BÍCEGO, M.C.;
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brasiliana, Perna perna e Mytella falcata). Rev. Inst. Adolfo Lutz 61(1): 19–25.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

FONTES FINANCIADORAS

A autora agradece à CAPES pelo financiamento concedido, permitindo o


desenvolvimento desta pesquisa.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Biodisponibilidade, bioacumulação e biomagnificação
313 - DIAGNÓSTICO QUANTITATIVO DA DETERMINAÇÃO DE ELEMENTOS-
TRAÇOS DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS NO ENTORNO DO BAIRRO DAS
FLORES, MUNICÍPIO DE BENEVIDES-PA

NEUTON TRINDADE VASCONCELOS JUNIOR, MONIA MARIA CARVALHO DA SILVA,


VIVIANE DA SILVA FERREIRA, JESSICA MONTEIRO, JAQUELINE PATRICIO DA
COSTA, KLEBER RAIMUNDO FREITAS FAIAL, PAULO PONTES ARAUJO, KELSON DO
CARMO FREITAS FAIAL
Contato: KELSON FREITAS FAIAL - KELSONFAIAL@IEC.GOV.BR

Palavras-chave: água subterrânea; Metais-Traço; ICP OES

INTRODUÇÃO

A captação de água de poços rasos é frequentemente utilizada no Brasil, muitas


vezes sem qualquer controle de qualidade (COOL et al, 2010). Considerando este
exposto, estudos voltados para a caracterização hidroquímica de corpos hídricos,
tornam-se fontes de informações precisas e imediatas e ajudam a definir os
principais problemas ambientais em que aquíferos estão sujeitos, bem como planos
de remediação cabíveis (RIQUELME, 2009). O presente estudo determinou a
concentração dos metais Alumínio (Al), Ferro (Fe) e Manganês (Mn) em águas de
poços rasos do bairro das flores, município de Benevides, Região Metropolitana de
Belém, Estado do Pará.

METODOLOGIA

Foram realizadas três amostragens, (julho, setembro e novembro de 2017), em


quatro pontos pré-definidos no bairro das flores, município de Benevides-PA, sendo
as amostras provenientes de poços rasos. As amostras de água foram coletadas
com auxilio de baldes inoxidáveis, previamente esterilizados e transferidas para
frascos estéreis de polipropileno com capacidade de 1 litro. Os métodos analíticos
empregados para a determinação dos parâmetros físico-químicos obedeceram aos
procedimentos e recomendações descritas no Standard Methods for Examination of
Water and Wastewater, SMEWW, 22ª Ed. (APHA, 2012). Após a coleta, os frascos
foram mantidos sob refrigeração (<4ºC), e encaminhados ao Laboratório de
Toxicologia do Instituto Evandro Chagas (IEC/SVS/MS) para determinação dos
metais Al, Fe e Mn. O processo de quantificação dos metais constituiu na retirada de
uma alíquota de 50 mL da amostra, filtrada e acidificada em HNO3 (pH<2, e analise
por Espectrometria de Emissão Ótica com Plasma Indutivamente Acoplado (ICP
OES), modelo Vista – MPX CCD simultâneo (Varian, Mulgrave, Austrália). O controle
das condições operacionais do ICP OES foi realizada com o software ICPExpert
Vista.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A concentração de alumínio variou de 0,0171 a 0,6571 mg.L -1, e a concentração


média foi de 0,1871 mg.L-1, considerando que para Al o Valor Máximo Permitido pela
Resolução Conama 396/2008, é 0,2 mg.L-1, cinco amostras apresentaram-se

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

concentrações acima deste valor, sendo elas: PT 03 no mês de julho; PT 04 nos


meses de julho e setembro e PT 06 no meses de setembro e novembro. Os maiores
valores foram os determinados no mês de julho, período considerado de transição
entre o período mais chuvoso e o menos chuvoso, fato que pode explicar o
comportamento observado para os maiores de Al, pois, a forte incidência
pluviométrica propicia a lixiviação de elementos de menor mobilidade química, como
é o caso do Al (BAHIA; FENZL; MORALES, 2008), além disso, o município de
Benevides é constituído principalmente por solos lateríticos de caráter
concrecionário, bem como por latossolos amarelos (VAZ, 2015; SECCO et al, 2007);
solos que apresentam expressivo teor de compostos de alumínio (DANTAS;
ARAUJO, 2014; MELO, 2006).
A concentração do metal Ferro variou de 0,0123 a 0,0773 mg.L -1, porém, 61% das
amostras (distribuída nos três meses de amostragem) apresentaram valores ≤0,0123
mg.L-1 (limite de quantificação do método). Segundo Matta (2002) os sistemas
hidrogeológicos da Região Metropolitana de Belém (RMB) são caracterizados por
cinco conjuntos principais, entre eles o Pós-Barreiras, que ocorre da superfície até a
profundidade de 25 metros, profundidade esta, não ultrapassada pelos poços rasos
estudados; este tipo de aquífero pode apresentar teores excessivos de Fe
(PALHETA, 2008), fato não observado neste estudo, uma vez que o maior valor
quantificado foi pelo menos 6 vezes menor que o VMP. Para este estudo a
precipitação pluviométrica não foi determinante nas concentrações de Fe, as
amostras analisadas apresentaram potencial de oxirredução positivo durante todo o
período de amostragem, revelando que o meio provoca a oxidação do metal.
Para Manganês, as concentrações variaram de 0,0023 a 0,0155 mg.L -1 e sua
concentração média foi de 0,0032 mg.L-1. 61% das amostras apresentaram valores
≤0,0013 mg.L-1 (limite de quantificação do método) sendo todas pertencentes aos
meses de setembro e novembro; todas as amostras estiveram em conformidade
com o VMP estipulado pela Resolução Conama 396/2008, que é de 0,1 mg.L -1. De
acordo com Narciso; Gomes (2004), Mn e Fe geralmente são encontrados juntos em
águas subterrâneas, em virtude do comportamento geoquímico, informação que
corrobora os dados deste estudo, tendo em vista o comportamento semelhante dos
dois metais.

CONCLUSÃO

Observou-se que a qualidade da água é comprometida apenas pelo teor excessivo


de Al, pois, 27% dos poços estiveram acima do VMP para o metal, pelo menos em
uma das três amostragens. A região é caracterizada pela presença de um lixão a
céu aberto, fato que preocupa a população, que teme que o lixão seja veiculo de
contaminação para a água subterrânea, porém, parcialmente nota-se que a
ocorrência de Al está atrelada a fatores naturais, como o tipo de solo da região, já
que os pontos mais próximos ao lixão apresentaram concentrações abaixo do VMP
pela Resolução Conama 396/2008.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AMERICAN PUBLIC HEALTH ASSOCIATION - APHA. Standard Methods for the


Examination of Water and Wastewater. 22nd.ed. Washington, APHA, 2012.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

COOL, G.; RODRIGUEZ, M.J.; BOUCHARD, C.; LEVALLOIS, P.; JOERIN, F.


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Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


152
XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Biodisponibilidade, bioacumulação e biomagnificação
315 - AVALIAÇÃO DA CONCENTRAÇÃO DE FOSFATO NAS ÁGUAS
SUBTERRÂNEAS DO BAIRRO DAS FLORES, MUNICÍPIO DE BENEVIDES-PA

NEUTON TRINDADE VASCONCELOS JUNIOR, MONIA MARIA CARVALHO DA SILVA,


BRUNO SANTANA CARNEIRO, ADAELSON CAMPELO MEDEIROS, KLEBER
RAIMUNDO FREITAS FAIAL, PAULO PONTES ARAUJO, KELSON DO CARMO
FREITAS FAIAL
Contato: KELSON FREITAS FAIAL - KELSONFAIAL@IEC.GOV.BR

Palavras-chave: Água Subterrânea, Fosfato, Cromatografia de Íons

INTRODUÇÃO

A utilização de águas subterrâneas para suprir as necessidades cotidianas é uma


prática trivial; dois terços das cidades amazônicas são abastecidas exclusivamente
ou parcialmente por mananciais subterrâneos (WAHNFRIED, 2014). Os poços são
os principais fornecedores de água para diversas residências, porém, é necessário
seguir normas técnicas para a perfuração destes para evitar a contaminação de
águas subterrâneas (BETTEGA et al., 2006; BRASIL, 2009). Este estudo avaliou a
concentração de fosfato (PO43-) em sua forma inorgânica, na água subterrânea de
uma região periférica do município de Benevides, estado do Pará.

METODOLOGIA

As amostras foram coletadas em pontos definidos ao longo do Bairro das flores


localizado no município de Benevides-PA nos meses de julho, setembro e novembro
de 2017; os pontos amostrais correspondem a poços rasos, com profundidade
inferior a 25 metros. Para isso, foram utilizados frascos de polipropileno com
capacidade de 1 litro, esterilizados; e com auxilio de baldes inoxidáveis. No
momento da coleta o pH foi determinado, com auxilio de sonda multi-paramétrica
modelo HI9828 da HANNA®, calibrada, e logo após as amostras foram
armazenadas em caixa isotérmica (< 4°C) e transportada ao Laboratório de
Toxicologia da Seção de Meio Ambiente do Instituto Evandro Chagas (IEC/SVS/MS).
O parâmetro Sólidos Totais em Suspensão (STS) foi analisado por
espectrofotometria, usando o equipamento DR-3900 da HACH; uma alíquota de 50
mL foi filtrada para a determinação das concentrações dos íons cálcio (Ca 2+) e
fosfato (PO43-) pela técnica analítica de Cromatografia de Íons, no equipamento ICS-
2000 – Dionex. Todos os métodos analíticos empregados obedeceram aos
procedimentos e recomendações descritas no Standard Methods for Examination of
Water and Wastewater, SMEWW, 22ª Ed. (APHA, 2012).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A concentração de PO43- variou de 0,07 a 0,85 mg.L-1, e sua concentração média foi
de 0,22 mg.L-1. Embora não haja na legislação brasileira valores de referências para
PO43- em águas subterrâneas, muitos estudos como o de Conceição et al. (2009),
consideram valores de 0,05 mg.L-1, como aceitáveis, enquanto Hanipha e Hussain
(2017) consideram 0,1 mg.L-1 como valor aceitável, estipulado pela OMS. Além

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

disso, Fineza (2008), afirma que em águas não contaminadas, as concentrações de


íons fosfato são consideradas baixas, não ultrapassando o teor de 0,05 mg.L -1, por
conta da fácil fixação e baixa solubilidade de compostos fosfatados no solo, logo, as
perdas por lixiviação são desprezíveis (DOHARE; DESHPANDE; KOTIYA, 2014).
Ainda de acordo com o mesmo autor, concentrações acima de 0,05 mg.L -1 podem
estar relacionadas à ações antrópicas, como a produção de efluentes domésticos e
a presença de sistemas sépticos.
Em estudo realizado no ano de 2012, o Serviço Geológico dos Estados Unidos
(USGS), constatou que aqüíferos que apresentavam valores de pH tendendo a
neutralidade, comportavam maiores níveis de PO43-, fato também constatado por
Griffioen (2006), em estudo realizado nos países baixos. No presente estudo, o valor
médio de pH foi de 4,06, valor que caracteriza as águas como ácidas; uma
informação relevante para esta pesquisa, provém do relato de Fineza (2008), que
afirma que a ocorrência de fosfatos pode ser atribuída a um fator natural, esta
condição ocorre quando um corpo hídrico apresenta elevado teor de pH e Ca,
devido a formação de Ca3(PO4)2 que são precipitados no material geológico; tendo
em vista que a concentração média de íons Ca2+ encontrada foi de 1,74 mg.L-1,
pode-se afirmar que a ocorrência de fosfato nas águas analisadas deve-se a fatores
exógenos.
As concentrações de Sólidos Totais em Suspensão (STS), também permitem
associar a ocorrência de PO43- na água subterrânea a ação do homem. Para isso
basta considerar que em corpos d’águas com alto teor de material em suspensão,
geralmente são determinados baixos teores de fosfato, uma vez que o material
suspenso tende a adsorver a fração fosfatada (SANTOS et al, 2006), e a fração
determinada, é a fração dissolvida este exposto permite estabelecer uma relação
com os teores de fosfato determinados, pois, durante todo o período amostral não foi
possível determinar um valor quantificável para o parâmetro STS.

CONCLUSÃO

A região estudada é permeada por fontes poluidoras, como a presença de fossas


sépticas, bem como a existência de um lixão a céu aberto, implantado na área há
mais de 30 anos. Sabendo que excrementos humanos são fontes de fosfato para o
ambiente e que a presença exacerbada deste nutriente revela um cenário de
contaminação recente, pode-se associar as concentrações determinadas à presença
das fossas sépticas que estão há menos de 30 metros de distância dos poços
estudados, que por sua vez não atendem normas técnicas estabelecidas pela ABNT
a fim de proteger o lençol freático de processos de contaminação.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Biodisponibilidade, bioacumulação e biomagnificação
325 - DISTRIBUIÇÃO DE ELEMENTOS TRAÇO EM CAMARÕES CINZA
(Litopenaeus vannamei) DA BAÍA DE TODOS OS SANTOS, BAHIA

THAISE DO NASCIMENTO SANTOS, TAISE BOMFIM DE JESUS, CARLOS EDUARDO


VEIGA DE CARVALHO
Contato: CARLOS EDUARDO VEIGA DE CARVALHO - CARVALHO.CEV@GMAIL.COM

Palavras-chave: metais pesados; biota, estuário; tropical, Brasil

INTRODUÇÃO

Atividades de origem antropogênica configuram-se como importantes fatores


responsáveis pela variedade e quantidade de substâncias químicas que ingressam
nos ambientes aquáticos (HATJE & ANDRADE, 2009) e que contribuem para perda
de qualidade dos recursos hídricos em seus diversos compartimentos (ROCHA et
al., 2012). Dentre os principais contaminantes destacam-se os elementos traços,
que em cenário natural são encontrados em baixas concentrações como elementos
acessórios de minerais e rochas, entretanto, em concentrações alteradas podem ser
potencialmente nocivos aos organismos (HATJE & ANDRADE, 2009; BORRELL et
al., 2016).

METODOLOGIA

Feira de Santana-BA está localizada no semiárido do nordeste baiano (12º 16' 00" S;
38º 58' 00" W), com população estimada de 627.500 habitantes (CORDEIRO et al.,
2011). Por estar localizada em uma região estratégica de comercialização
intermunicipal, se destaca como importante elo entre a produção da microrregião e
de outras regiões dentro e fora do estado da Bahia (ARAUJO, 2009).
Espécimes de camarão cinza Litopenaeus vannamei (Crustácea, Decapoda,
Penaeidae) foram adquiridos no Centro de Abastecimento de Feira de Santana-BA.
Esta espécie, além de ser uma das mais comercializadas para a população local, é
originada de comunidades pesqueiras do entorno da BTS.
Alíquotas de músculo e exoesqueleto foram adicionados a uma mistura ácida (HNO 3
+ HCl, 1:3), em tubos de ensaio tubos e submetidos ao bloco digestor a 80ºC até as
amostras ficarem translúcidas (GRUNDER, 2011). Posteriormente os extratos
evaporados até quase a secura, re-suspendidos com HCl (0,5N), filtrados e aferidos
a 25ml. Os mantidos em geladeira ate a determinação dos elementos traço. A
determinação dos níveis de elementos traços foi realizada em absorção atômica por
chama no SpectrAA modelo 220FS (Cu, Cr, Fe, Mn, Zn) e absorção atômica
eletrotérmica (SpectrAA modelo 220Z) (Cd e Pb), no LEPETRO/UFBA.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

As concentrações de elementos traços no exoesqueleto apresentaram-se superiores


às concentações no músculo. O teste de Mann-Witney (<0,05) considerando as
variáveis tecido, indicaram diferenças significativas na acumulação de todos os
elementos. O motivo parece estar atrelado a processos de desintoxicação de

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

elementos traços nos camarões através da ecdise (DALLINGER & RAINBOW,


1993). A ordem decrescente de acumulação no exoesqueleto foi:
Fe>Mn>Zn>Cu>Pb>Cr>Cd e no musculo: Fe>Zn>Cu>Mn>Pb>Cr>Cd.
As concentrações mais altas quantificadas foram dos elementos essenciais Fe, Mn e
Zn, o que pode ser atrelado a maior biodisponibilidade desses elementos para os
camarões. Os níveis de Cr ultrapassaram os limites da ANVISA de (0,38 mg/kg).
Os níveis de Cu foram relativamente baixos entre os elementos essenciais, ficando
muito abaixo do limite estabelecido pela ANVISA. Os níveis de Cd apresentaram-se
dentro dos limites da ANVISA (BRASIL, 2013), por outro lado, em algumas amostras
os níveis de Pb ultrapassaram os limites da ANVISA. As provaveis fontes destes
elementos para a biota da Baía de Todos os Santos seriam as atividades industriais,
o transporte marítimo e os esgotos domésticos (ROCHA et al., 2012).
A ordem decrescente de contaminação de elementos traços nas fêmeas foi:
Fe>Mn>Zn>Cu nos exoesqueletos e Zn>Fe>Cu>Mn>Cd>Pb nos músculos. A
concentração em machos foi: Mn>Fe>Zn>Cu nos exoesqueletos e
Fe>Zn>Cu>Mn>Cr>Pb nos músculos. O teste Mann-Whitney resultou em p>0,05
para todas as amostras, indicando inexistência de diferença estatística significativa
entre fêmeas e machos de L. vannamei. Não há um consenso na literatura sobre as
diferenças de acumulação por sexo, alguns esperam concentrações mais baixas em
fêmeas por causa da maior taxa de crescimento destas, entretanto, há autores que
esperam o contrário, devido ao desenvolvimento de gônadas (GRUNDER, 2011).
Dentre as categorias de maturidade (jovem, intermediário, adulto) foram
identificadas, através do teste de Kruskal-Wallis (p<0,05), diferenças estatísticas
significativas de acumulação de Fe (músculo, p= 0,03638) e Mn (exoesqueleto, p=
0,01969 e músculo, p= 0,03218) entre tecidos dos camarões jovens e adultos, sendo
que os camarões jovens apresentaram maior acumulação desses elementos. A
ordem de acumulação entre as categorias de maturidade foi:
jovem>intermediário>adulto para Fe e Mn. Os indivíduos imaturos devem mostrar
menor acumulação de elementos do que os estágios maduros, já que mais mudas
ocorrem em classes de tamanhos menores, entretanto, os focos de contaminação
na região dos locais de produção podem estar interferindo no padrão de
concentração dos elemento traços (DALLINGER & RAINBOW, 1993).

CONCLUSÃO

A partir da análise do camarão cinza Litopenaeus vannamei comercializado nas


feiras livres de Feira de Santana, identificou-se as concentrações elevadas de Fe,
Mn e Zn nos tecidos destes camarões. Esses resultados podem estar atrelados a
maior biodisponibilidade desses elementos para os camarões, já que são
classificados como essenciais. As concentrações de Cr e Pb ultrapassaram os
limites da ANVISA, Resolução - RDC nº- 42, 2013. O Pb pode ser potencialmente
tóxico em baixas concentrações, portanto, devido alguns valores terem ultrapassado
os limites da legislação, a presença desses elementos nos camarões pode-se inferir
riscos a saúde dos consumidores.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARAUJO, A.O.O. (2009). Centro de Abastecimento de Feira de Santana (Ba) visto


através do comércio de feijão. Sitientibus. 41, p.9-25.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

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M.Sc. Thesis in International Studies in Aquatic Tropical Ecology University of
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FONTES FINANCIADORAS

Fundação de Amparo a Pesquisa do Governo da Bahia (FAPESB) e FAPERJ.

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Painel
Biodisponibilidade, bioacumulação e biomagnificação
327 - DETERMINAÇÃO DE ELEMENTOS TRAÇO E AVALIAÇÃO DA INCIDÊNCIA
DE ERITRÓCITOS MICRONUCLEADOS EM TARTARUGAS MARINHAS VERDES
(Chelonia mydas) NA RESERVA BIOLÓGICA DO ATOL DAS ROCAS, RN,
BRASIL

KAROLINE FERNANDA FERREIRA AGOSTINHO, DIEGO LACERDA DE SOUZA,


CARLOS EDUARDO VEIGA DE CARVALHO, PAULA BALDASSIN, TATIANA DA SILVA
SOUZA, CRISTIANE DOS SANTOS VERGÍLIO
Contato: KAROLINE FERNANDA FERREIRA AGOSTINHO -
KAROLFERREIRA2194@HOTMAIL.COM

Palavras-chave: Répteis marinhos; micronúcleos; contaminação

INTRODUÇÃO

A Reserva Biológica do Atol das Rocas é uma importante área de reprodução das
tartarugas marinhas da espécie Chelonia mydas (tartaruga-verde). Entre as
ameaças que atingem as tartarugas marinhas está a presença de elementos traço.
Existem poucos estudos com esses elementos nessa espécie e não há informações
suficientes a respeito da ação desses elementos nesses organismos. Este trabalho
teve como objetivo determinar as concentrações de elementos traço no sangue
tentando correlacionar estas concentrações com alterações de nucleares em
eritrócitos das tartarugas marinhas que nidificam no Atol das Rocas.

METODOLOGIA

As amostras de sangue foram obtidas em janeiro e fevereiro de 2018, durante a


temporada reprodutiva da tartaruga-verde no Atol das Rocas. O sangue foi coletado
do seio venoso cervical do animal com agulhas e seringas heparinizadas.
Cerca de 1-3 ml de sangue foram utilizados para a determinação de metais. Foi
realizada uma digestão ácida (utilizando HNO3 e H2O2) em bloco aquecido. O
material foi aferido com água milli-q até 14 ml e a análise foi realizada por
espectrofotometria de emissão atômica por plasma acoplado indutivamente (ICP-
OES) e os resultados foram expressos em μg. g-1 (peso úmido). Os elementos
analisados foram Al, As, Ba, Ca, Cd, Cr, Cu, Fe, K, Zn, Ca, Mg, Mn, Na, Ni, P, Pb, S,
V e Zn.
O esfregaço sanguíneo foi realizado em triplicatas e, após secagem, a lâmina foi
fixada e corada com kit panótico. O material foi analisado com óleo de imersão para
microscopia ótica (1000x de aumento) a fim de identificar e quantificar micronúcleos.
Foram analisados 1.000 eritrócitos micronucleados por réplica.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O tamanho das tartarugas variou de 108 cm a 126 cm, apresentando uma média de
116 cm e desvio padrão ±7 sendo todos os indivíduos classificados como fêmeas
adultas.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Dentre os elementos traço analisados nas amostras de sangue, alguns


apresentaram valores inferiores ao limite de detecção do equipamento em todas
amostras analisadas: Cd<0,001; Ba e Mn <0,003; Cr, Ni, Pb e V <0,004; As <0,009
µg.g-1.
O enxofre foi o elemento que apresentou as maiores concentrações médias (1156 ±
206µg.g-1) seguido do sódio (1096 ± 256µg.g-1), potássio (641 ± 175µg.g-1),fósforo
(469 ± 196µg.g-1), ferro (239 ± 73µg.g-1), magnésio (143 ± 25µg.g-1), cálcio (124 ±
22µg.g-1), zinco (12± 4 µg.g-1), cobre (0,47 ± 0,21µg.g-1), e o alumínio (0,26 ±
0,10µg.g-1).
O ferro (239 ± 73µg.g-1) quando comparado com valores encontrados no
Mediterrâneo (4,75 ± 1,12 µg.g-1) (YIPEL et al., 2017) apresentou valores bem mais
elevados neste estudo. O mesmo pode ser observado para o zinco (12± 4 µg.g -1),
quando comparamos nossos valores com um trabalho realizado em Cabo Verde
(1,04± 0,45 µg.g-1 (CAMACHO et al., 2014), no Mediterrâneo (2,48± 0.61µg.g-
1
)(Yipelet al.,2017) e quando comparados a outro estudo desenvolvido no Sul do
Brasil (0,66± 0,11µg.g-1)(Da SILVA et al., 2016). Este fato pode estar relacionado a
riqueza destes elementos em solos brasileiros quando comparados a regiões
temperadas e por conseguinte em sedimentos de regiões costeiras onde este
organismos se alimentam.
Os valores médios de cobre observados no presente estudo (0,47 ± 0,21µg.g-1)
foram ligeiramente mais elevados que os encontrados em Cabo Verde (0,25± 0,12
µg.g-1) (CAMACHO et al., 2014), porém inferiores aos valores registrados no
Mediterrâneo (1,92± 1,69 µg.g-1) (YIPEL et al.,2017) e no sul do Brasil (0,95±0,10
µg.g-1) (Da SILVA et al., 2016).Por outro lado, os valores de Alumínio deste estudo
(0,26 ± 0,10µg.g-1) foram inferiores aos observados em Cabo Verde (1,95± 2,35
µg.g-1) (CAMACHO et al., 2014) e no Mediterrâneo (0,56± 0,50 µg.g-1) (YIPEL et
al.,2017).
A baixa quantidade de micronúcleos neste estudo em comparação a Borrat et al.,
2011, está provavelmente relacionada com as baixas concentrações de elementos
traço encontrado nas amostras. Este resultado já era esperado, já que o teste tem
como objetivo mostrar possíveis efeitos mutagênicos dos elementos traço nas
células. Desta forma, este resultado reforça que os organismos analisados apesar,
de apresentar concentrações de alguns elementos mais elevadas que outros
estudos (Fe e Zn), estão livres dos efeitos tóxicos destes elementos.

CONCLUSÃO

Os indivíduos das referências citadas apresentam tamanhos médios inferiores aos


deste estudo, sendo classificados como juvenis ou subadultos. Os menores valores
encontrados quando comparados com outros trabalhos podem estar relacionados
aos hábitos alimentares, que mudam ao longo de sua vida, indivíduos juvenis
apresentam alimentação onívora, e animais adultos alimentação herbívora. Além
disto, os juvenis estão menos tempo expostos aos poluentes podendo apresentar
concentrações menores apesar do hábito alimentar. Fica clara necessidade de mais
estudos visando a compreensão da dinâmica desses elementos esta espécie, que
sejam capazes de identificar quais concentração destes elementos poderiam causar
problemas à saúde desses animais.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

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FONTES FINANCIADORAS

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Oral
Biodisponibilidade, bioacumulação e biomagnificação
339 - BIOACUMULAÇÃO DE METAIS EM TILÁPIAS CULTIVADAS EM
TANQUES-REDE NO LAGO DE PALMINHAS EM LINHARES (ES), ANTES E
DEPOIS DO ROMPIMENTO DA BARRAGEM DA SAMARCO

TACIANA ONESORGE LOPES, LARISSA SOUZA PASSOS, TATIANA PEREIRA MIURA,


JULIA MERÇON, GABRIEL CARVALHO COPPO, BÁRBARA CHISTÉ TEIXEIRA, LEVY
CARVALHO GOMES
Contato: TACIANA ONESORGE LOPES - TACI_MIRANDA@YAHOO.COM.BR

Palavras-chave: metais; Samarco;Rio Doce; Lago Palminhas

INTRODUÇÃO

O colapso da barragem de rejeitos de minério de Fundão em 5 de novembro de


2015 foi o maior acidente ambiental já ocorrido no Brasil. A região do Baixo Rio
Doce (Espírito Santo, Sudeste do Brasil) possui cerca de 60 lagos e lagunas.
Palminhas é um desses lagos, adjacentes ao rio Doce, utilizado para a criação de
tilápia. O objetivo desta pesquisa foi determinar a concentração e a distribuição de
metais (As, Cd, Cu, Mn, Ni, Pb e Zn) em tilápias de duas pisciculturas localizados no
lago de Palminhas (Linhares ES) antes e depois do desastre na barragem de
Fundão.

METODOLOGIA

As coletas foram realizadas em meses alternados: Outubro/2015 (antes do


rompimento da barragem), e Janeiro, Março, Maio, Julho e Setembro do ano de
2016 (2, 4, 6, 8 e 10 meses após o rompimento da barragem). Foram coletados
água, sedimento e dez unidades de tilápias para análises de metais, em duas
pisciculturas localizadas no lago de Palminhas. As digestões das amostras foram
realizadas em forno micro-ondas e seguiram protocolo da Berghof. O material de
referência foi avaliado utilizando-se tecido de peixe ERM – BB422 (European
Reference Materials®), para análise de metais. As análises de metais para as
amostras de água, sedimento e tecidos (As, Cd, Cu, Mn, Ni, Pb e Zn) foram
realizadas por Espectrometria de Massas com Plasma Indutivamente Acoplado
(ICP-MS), aparelho NexIon 300D - Perkin Elmer, no laboratório de espectrometria
atômica (LAB-PETRO) na UFES. A avaliação do risco humano foi calculada
utilizando a tolerância provisória de ingestão semanal (PTWI - Provisional Tolerable
Weekly Intake), e dose de referência (RFD) previamente estabelecida pela a
Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (2005).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Nas amostras de água encontramos um aumento de Cu, Mn Zn, Ni e Cd nas duas


primeiras amostragens (Janeiro e Março/2016). O As apresenta concentrações
maiores em Janeiro e Março, com decréscimo nos meses de Maio e Julho, e
aumenta novamente em Setembro, indicando uma variação sazonal natural. Nas
análises feitas no sedimento, encontramos uma tendência semelhante à da água,
para as concentrações de Mn, Zn, Pb e Ni, com os maiores valores encontrados nos

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

meses de Janeiro e Março/2016. O As apresenta valores alternados entre os meses,


o que parece ser uma variação sazonal. As amostras de fígado exibem maiores
concentrações, para os elementos Cu, Mn Zn, As e Cd, também nos meses de
Janeiro e Março/2016, meses subsequentes ao rompimento da barragem, em
relação ao mês de Outubro/2015, amostragem do ambiente antes do desastre. Em
relação às amostras de Músculo, os elementos estudados não apresentaram
aumento nas concentrações, em relação ao meses antes e depois do rompimento, o
que caracteriza que as pisciculturas não sofreram impacto referente a
bioacumulação de metais provenientes do acidente. O complexo de lagos localizado
no município de Linhares – ES, possui afluentes que se conectam ao Rio Doce.
Venturoti et al. (2014), afirmam que a água do lago de Palminhas é fornecida por
pequenos afluentes e pela água da chuva, e a saída de água é feita por um canal
que flue para o rio Doce. Dessa forma, podemos ressaltar que o incremento de
elementos traço encontrados na água, sedimento e tecidos podem ser provenientes,
em pequena escala, de uma possível entrada de água do rio Doce no lago. Em
contrapartida, duas hipóteses podem ser consideradas como fontes de entrada
destes metais no ambiente estudado. A primeira se refere a uma possível
contaminação da água subterrânea, ou lençol freático, já que por fazerem parte da
mesma bacia sedimentar, existe uma conexão entre o rio Doce e o lago de
Palminhas. A segunda hipótese advém do processo de lixiviação que acarreta em
entrada de nutrientes e metais no ambiente. Os cálculos da análise de risco humano
mostraram que, para uma pessoa brasileira com peso médio corporoal de 70 kg, o
EDI do músculo é inferior às diretrizes do RfD para todos os metais estudados,
indicando fortemente que, durante todos os meses de amostras coletadas, não há
nenhum risco à saúde devido a bioacumulação de metais nos peixes criados nas
pisciculturas.

CONCLUSÃO

É possível concluir que as concentrações de metais nas tilápias cultivadas em


tanques-rede no lago de Palminhas, antes e depois do rompimento da barragem de
Fundão, não excedem os níveis de segurança para consumo humano. Mesmo com
o desastre ocorrido, e as consequentes entradas de aporte de metais no Rio Doce,
fontes externas como lixiviação, é possível considerar que houve entrada destes
elementos no lago, contudo, conforme os resultados encontrados, as concentrações
na água e nos tecidos dos peixes não ultrapassam os limites estabelecidos pelos
órgãos de fiscalização governamentais.

FONTES FINANCIADORAS

FAPES – Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo.

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Biodisponibilidade, bioacumulação e biomagnificação
340 - ANÁLISE DE AGROTÓXICOS E TOXINA (MICROCISTINA) EM TILÁPIAS
CULTIVADAS EM TANQUES-REDE EM 8 PARQUES AQUÍCOLAS DO BRASIL

TACIANA ONESORGE LOPES, LARISSA SOUZA PASSOS, TATIANA PEREIRA MIURA,


JULIA MERÇON, GABRIEL CARVALHO COPPO, BÁRBARA CHISTÉ TEIXEIRA, LEVY
CARVALHO GOMES
Contato: TACIANA ONESORGE LOPES - TACI_MIRANDA@YAHOO.COM.BR

Palavras-chave: agrotóxicos; Microcistina; parques aquícolas; bioacumulação

INTRODUÇÃO

A produção de tilápia do Nilo (Oreochromis niloticus) no Brasil apresenta alta taxa de


crescimento. Esta alta produção foi alcançada por meio de sistemas intensivos de
aquicultura em tanques-rede, instalados em reservatórios, seguindo políticas
governamentais que regulam a atribuição de águas públicas à aquicultura. Além da
preocupação com a contaminação produzidos por praguicidas, a aquicultura
promove mudanças nos ecossistemas aquáticos como, proliferação de algas
produtoras de cianotoxinas. O objetivo deste estudo é avaliar as concentrações de
agrotóxicos e microcistina em tilápias cultivadas em tanques-rede em 8 parques
aquícolas no Brasil, que apresentam concessão do Governo Federal para a
produção.

METODOLOGIA

Os polos aquícolas que foram estudados são: Castanhão (CE); Orós (CE);
Aracoiaba (CE); Palminhas (ES); Juara (ES); Furnas (MG); Três Marias (MG); Ilha
Solteira (SP). As coletas foram realizadas no período de Junho a Dezembro de
2015. 16 tilápias foram obtidas, 8 de cada piscicultura. Os peixes foram dissecados
e 5 g dos tecidos foram separados. Para o transporte, os tecidos foram mantidos em
gelo. A extração para análise de agrotóxicos foi realizada de acordo com o método
de QuEChERS (AOAC 2007/01) com algumas modificações, sendo que as leituras
foram realizadas em um cromatógrafo Agilent Technologies 1200 series acoplado a
detector de massas do tipo triplo quadrupolo (API 3200, Applied Biosystems, EUA).
Amostras de tecidos (músculo, fígado e brânquias) foram analisadas quanto à
presença de microcistinas totais. A metodologia de extração nos tecidos foi feita
conforme descrito por Suchy e Berry (2012). O volume obtido foi analisado por
ensaio imunoenzimático (ELISA) usando kit de placa para microcistinas (Cat # 20-
0068, Beacon Analytical Systems Inc.®, EUA).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

As análises realizadas neste estudo expressam a quantificação de agrotóxicos e


cianotoxinas (microcistinas) em reservatórios naturais, que são considerados
parques aquícolas, com produção de tilápia em tanques-rede. Com relação aos
agrotóxicos analisados, Piraclostrobina e Fentiona foram os únicos compostos que
apresentaram valores acima do limite de quantificação. Em Aracoiaba (CE), 33,3%
no total de 6 amostras de músculo tiveram resultado positivo para Piraclostrobina,

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

em concentrações entre 0,23 e 0,18 mg/kg de músculo. A presença de Fentiona foi


observada no Castanhão (CE), em 33,3% das 6 amostras analisadas, em
concentrações que variaram de 0,0037 a 0,0026 mg/kg, e em 16,7% das 6 amostras
analisadas de Ilha Solteira (SP), com concentração de 0,0121 mg/kg. A solubilidade
em água deste composto é de 2,3 mg/L, e apresenta um tempo de meia vida no solo
de 83 dias (DEB et al., 2010; ZHANG et al., 2012). A contaminação das fontes de
água é uma das principais fontes de preocupação uma vez que é o habitat de peixes
e outros organismos aquáticos, como mexilhões, ostras, camarões e lagostas. De
fato, a ingestão de água e alimentos contaminados é considerada a fonte mais
importante de praguicidas em humanos (YAHIA & ELSHARKAWY, 2014). As
concentrações de microcistinas nas amostras de brânquias, fígado e músculo dos
peixes de diferentes parques apresentam um padrão de acumulo esperado, ou seja,
Músculo<Brânquias

CONCLUSÃO

Através deste trabalho, é possível concluir que as concentrações de agrotóxicos e


microcistina analisadas nos tecidos das tilápias cultivadas em tanques-rede nos 8
parques aquícolas do Brasil, não apresentam níveis acima dos estabelecidos para
consumo humano. A análise de agrotóxicos evidenciou que nos parques estudados
não há contaminação do pescado por agrotóxicos, e que as concentrações
encontradas não apresentam perigo ao consumo. A Microcistina, foi encontrada em
todos os tecidos analisados dos diversos parques, mas de acordo com os níves
estabelecidos para consumo, é possível identificar que os valores encontrados estão
acima dos permitidos para consumo.

FONTES FINANCIADORAS

FAPES – Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Biodisponibilidade, bioacumulação e biomagnificação
358 - AVALIAÇÃO DA BIOACUMULAÇÃO DE METAIS EM MOLUSCOS
COLETADOS NO RIO DOCE ANTES E DEPOIS DA PASSAGEM DE PLUMA DE
TURBIDEZ

TATIANA HEID FURLEY, LUCAS BUENO MENDES, KÁTIA REGINA CHAGAS, ROSS
SMITH, FERNANDO AQUINOGA DE MELLO
Contato: TATIANA HEID FURLEY - TATIANA@APLYSIA.COM.BR

Palavras-chave: bioacumulação de metais, rio Doce

INTRODUÇÃO

Os estudos de bioacumulação permitem avaliar a acumulação de compostos


químicos nos tecidos de um organismo. Os bivalves são organismos filtradores que
filtram grandes volumes de água e apresentam grande capacidade de bioacumular
poluentes, sendo considerado um importante bioindicador dos riscos da
bioacumulação e biomagnificação. No dia 5 de novembro ocorreu o rompimento da
barragem de rejeitos da Samarco localizada no município de Mariana (MG). O
presente estudo avaliou as concentrações de metais em amostras de moluscos
bivalves do gênero Corbicula coletadas antes e após a passagem da pluma de
turbidez no rio Doce.

METODOLOGIA

Foram coletadas amostras de indivíduos do gênero Corbicula antes e após a


passagem da pluma de turbidez no rio Doce. As amostras coletadas no dia 8 de
novembro de 2015 em Colatina constituíram o período anterior à pluma e nos dias
24 a 26 de maio de 2017 em Baixo Guandu, Itapina, Colatina e Linhares, o período
posterior.
As amostras foram coletadas em triplicata, sendo retirados cerca de 100 indivíduos
por réplica, coletados com auxílio de peneira e draga de inox e posteriormente
armazenados em sacolas plásticas. O tecido foi retirado com auxílio de faca de inox
e formaram uma amostra composta com aproximadamente 10 gramas de tecido
para cada réplica. Foram analisadas as concentrações de arsênio e dos metais
ferro, chumbo, cádmio, cobre, cromo, níquel, alumínio, zinco, manganês e mercúrio
das amostras e empregado o padrão internacional (NIST – NRC DORM-4) para
validação dos resultados. Os valores foram comparados com a Resolução Anvisa
42/2013, Decreto 55.871/65 e Regulamento CE Nº1881/2006, e analisados
estatisticamente em relação à passagem da pluma de turbidez e entre os pontos
amostrais avaliados. A testes foram realizados respeitando os pressupostos
estatísticos e adotando a significância de 5%.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados das concentrações quantificadas em peso úmido variaram entre 0,515


e 0,789 mg/kg para o arsênio; 68 e 615 mg/Kg para o ferro; 0,025 e 0,188 mg/kg
para o cádmio; 2,01 e 6,56 mg/kg para o cobre; 0,96 e 2,81 mg/kg para o cromo; 12
e 280 mg/kg para o alumínio; 20 e 35 mg/kg para o zinco e 7,5 a 215 mg/kg para o

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

manganês. O mercúrio foi quantificado apenas em três amostras, variando entre


0,025 e 0,038 mg/kg. Para o níquel todos as quantificações estiveram abaixo do
limite de quantificação (0,5 mg/kg).
A análise química dos tecidos de moluscos bivalves do gênero Corbicula coletados
no rio Doce evidenciou que as concentrações de arsênio, chumbo, mercúrio, níquel,
cobre, cádmio e zinco estiveram em conformidade com os padrões para consumo
humano. Os resultados de cromo estiveram superiores ao limite máximo
estabelecido pela legislação, para os dois períodos.
Em relação aos estudos de bioacumulação de metais em moluscos do gênero
Corbicula realizados em outros locais do Brasil e do mundo, a maioria dos
resultados observados neste estudo apresentou valores similares ou abaixo dos
registrados em outros estudos realizados em regiões antropizadas. Dentre eles,
ressalta-se o estudo realizado no trecho médio do Rio Doce (entre Ipatinga e
Governador Valadares) no qual se analisou os parâmetros Fe, As, Pb, Cd, Cu, Cr,
Ni, Zn e Mn, e com exceção do manganês e zinco, todos os metais apresentaram
concentrações máximas superiores no estudo realizado em 2003, com variação de
29% (As) a 71% (Cu) a mais do que o observado no presente estudo (APLYSIA,
2003).
Ao proceder com análise temporal, exclusivamente para o ponto de Colatina, os
metais cobre, cromo, zinco e manganês apresentaram variações significativas
(p<0,05) considerando as amostragens antes e após a passagem da pluma. Para os
três primeiros observou-se redução dos níveis acumulados no tecido em relação a
situação pré-pluma e para o manganês foi registrado aumento em relação ao
baseline.
Analisando à distribuição espacial, apenas os níveis de ferro, manganês, alumínio e
cobre apresentaram diferenças significativas entre os locais avaliados. Após o teste
post-hoc foi observada diferença entre Baixo Guandu e Linhares para ferro, alumínio
e cobre, e entre Baixo Guandu e Itapina para ferro e alumínio. Baixo Guandu foi o
local que apresentou as menores concentrações para esses parâmetros, com
exceção do cobre, onde Linhares apresentou a menor concentração.

CONCLUSÃO

A análise de amostras de moluscos bivalves mostrou que as concentrações de


arsênio, chumbo, mercúrio, níquel, cobre, cádmio e zinco estavam em conformidade
com os padrões para humanos consumo. Apenas o cromo foi quantificado em maior
que o limite máximo aceito pela legislação, sendo encontrado em concentrações 24
vezes superiores ao limite antes da pluma, e 10 vezes maior após a pluma.
A abordagem temporal evidenciou que não houve diferença significativa entre a pré
e pós pluma para a maioria dos parâmetros avaliados, sendo o manganês o único
metal em que foi observado aumento nas concentrações após pluma.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

APLYSIA. Monitoramento da qualidade do efluente da Cenibra através do uso de


moluscos como indicadores de POPs. Relatório Técnico. 2003.
DUCROTOY, J.P. Ecological restoration of tidal estuaries in North Western Europe:
an adaptive strategy to multi-scale changes. Plankton & Benthos Research, 5: 174-
184, 2011.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

GALVÃO, P.M.A.; REBELO, M.F.; GUIMARÃES, J.R.D.; TORRES, J.P.M.; MALM,


O. Bioacumulação de metais em moluscos bivalves: aspectos evolutivos e
ecológicos a serem considerados para a biomonitoração de ambientes marinhos.
Braz. J. Aquat. Sci. Technol., 13(2):59-66, 2009.
KORNIUSHIN. A V.; GLAUBRECHT.M. Novel reproductive modes in freshwater
clams: brooding and larval morphology in Southeast Asian taxa of Corbicula
(Mollusca, Bivalvia, Corbiculidae). Acta Zoologica (Stockholm) 84: 293–315, 2003.

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Biodisponibilidade, bioacumulação e biomagnificação
360 - AVALIAÇÃO DA BIOACUMULAÇÃO DE METAIS EM TECIDOS DE PEIXES
NA ÁREA DE INFLUÊNCIA DE UM COMPLEXO MINERADOR DE COBRE

LUCAS BUENO MENDES, LETÍCIA DE MORAES, DANIELLE COVRE BARBIERO,


FERNANDO AQUINOGA DE MELLO, THIAGO SANTOS DE SOUZA, THIAGO ALBERTO
DE LIMA MORAIS, TATIANA HEID FURLEY
Contato: LUCAS BUENO MENDES - L_B_MENDES@HOTMAIL.COM

Palavras-chave: bioacumulação de metais; mineração de cobre

INTRODUÇÃO

Estudos de bioacumulação permitem avaliar o quanto a biota aquática é capaz de


concentrar compostos acima das concentrações encontradas na coluna d’água.
Dessa forma, ao se determinar as concentrações de contaminantes em peixes,
pode-se avaliar de forma direta a exposição humana a agentes tóxicos e a
distribuição dessas substâncias no ambiente (GALVÃO et al., 2009). Nesse
contexto, este estudo teve como objetivo avaliar a bioacumulação de metais em
tecidos de peixes de riachos em um complexo minerador de cobre.

METODOLOGIA

O complexo minerador está localizado no sudeste do Pará e dispõe o material


segregado no processo de beneficiamento (rejeito de minério) em uma barragem de
rejeitos, que funciona como sistema controle. O vertimento dessa barragem ocorre
em um igarapé, que faz confluência com um rio a jusante do empreendimento.
Foram analisadas concentrações de cádmio, chumbo, cobre, ferro, mercúrio, níquel
e arsênio em brânquias, fígado e músculo de peixes de topo de cadeia coletados em
pontos a montante e a jusante do vertimento em duas campanhas. As amostras
foram abertas por digestão ácida em microondas (EPA 3051) e a determinação dos
metais foi realizada através do ICP-OES (EPA 6010), com exceção do mercúrio,
cuja leitura se deu por fluorescência atômica (EPA 245.7). Para fins de validação do
método empregado, realizou-se análise química do material de referência (padrão
internacional). Os resultados foram expressos em mg/kg de peso úmido e
comparados aos limites estabelecidos pela Resolução ANVISA 42/2013 e Decreto
55.871/1965. Esses limites consideram acumulação somente em tecidos
consumíveis, que representam a parte do animal à qual a população estará
efetivamente exposta por consumo e, consequentemente, à contaminação. Dessa
forma, apenas os resultados obtidos no músculo dos peixes foram comparados com
a legislação.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

As análises dos resultados da bioacumulação nas duas campanhas, uma em


período chuvoso (outubro de 2016) e outra em período seco (março de 2017),
demonstraram que os valores de metais no músculo estiveram abaixo dos limites
estabelecidos pelo Decreto nº 55871/1965 e Resolução ANVISA nº 42/2013 em
ambas as campanhas. Já os resultados das brânquias e fígado dos peixes coletados

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

demonstraram a presença de maiores concentrações de compostos metálicos


nesses órgãos quando comparado com as concentrações no músculo. As brânquias
por estarem em contato direto com o ambiente externo, por suas particularidades
estruturais (alta superfície de contato) e função de trocas gasosas entre o organismo
e o meio, são particularmente sensíveis à presença de compostos no meio e o
primeiro órgão a reagir às condições desfavoráveis em um ambiente. Já o fígado é
um órgão de metabolismo e o principal metabolizador de xenobióticos. Devido a
isso, normalmente esses órgãos acumulam concentrações mais elevadas de
substâncias tóxicas, sendo importante serem analisados para fornecer um
diagnóstico sobre o ambiente e o possível risco de acumulação desses metais no
músculo (JARIC, et. al., 2011).
Quando quantificados, os metais foram encontrados em todos os pontos de
amostragem, inclusive no ponto de referência e com uma concentração próxima dos
demais pontos. Além disso, foi verificado que a campanha do período seco foi a que
apresentou os maiores valores quantificados. Este resultado pode estar associado
ao menor volume de água no período e, consequentemente, maior concentração
desses compostos no ambiente. Vale ressaltar que o mercúrio bioacumulado
provavelmente tem associação com a ação de garimpos clandestinos de ouro que
ocorrem na região (SANTOS et al. 2000).
CONCLUSÃO
Os resultados de bioacumulação de metais em tecidos de peixes demonstraram que
nos tecidos consumíveis (filé) as concentrações de metais estiveram abaixo dos
limites estabelecidos na legislação, não oferecendo risco ao consumo humano. Em
relação às análises de brânquia e fígado foram encontradas concentrações maiores
que no músculo, o que é esperado devido às funções e formas de exposição desses
órgãos, e também está de acordo com o estabelecido na literatura.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Decreto n° 55871, de 26 de março de 1965. Modifica o Decreto nº 50.040,
de 24 de janeiro de 1961, referente a normas reguladoras do emprego de aditivos
para alimentos, alterado pelo Decreto nº 691, de 13 de março de 1962. 1965.
BRASIL. Resolução RDC N° 42, de 29 de agosto de 2013. Dispõe sobre o
Regulamento Técnico MERCOSUL sobre Limites Máximos de Contaminantes
Inorgânicos em Alimentos. 2013.
GALVÃO, P.M.A.; REBELO, M.F.; GUIMARÃES, J.R.D.; TORRES, J.P.M.; MALM,
O. Bioacumulação de metais em moluscos bivalves: aspectos evolutivos e
ecológicos a serem considerados para a biomonitoração de ambientes marinhos.
Braz. J. Aquat. Sci. Technol., v. 13, n. 2, p. 59-66, 2009.
JARIC, I.; VISNJIC-JEFIC, Z.; CVIJANOVIC, G.; GACIC, Z.; JOVANOVIC, L.;
SKORIC, S.; LENHARDT, M. Determination of differential heavy metal and trace
elemento accumulation in liver, gills, intestine and muscle of sterlet (Acipenser
ruthenus) from the Danube River in Servia by ICP-OES. Microchemical Journal, 98,
p. 77–81, 2011.
SANTOS, E.C.O.; JESUS, I.M.; BRABO, E.S.; LOUREIRO, E.C.B.;
MASCARENHAS, A.F.S.; WEIRICH, J.; CÂMARA, V.M.; CLEARY, D. Mercury
exposures in Riverside amazona communities in Pará, Brazil. Environmental
Reserach Section A, 87, 100-107, 2002.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Oral
Biodisponibilidade, bioacumulação e biomagnificação
369 - ANÁLISE DA DISTRIBUIÇÃO DE ELEMENTOS POTENCIALMENTE
TÓXICOS (EPT’S) NAS DIFERENTES FRAÇÕES GRANULOMÉTRICAS DE
SOLOS CONTAMINADOS DA CIDADE DE OURO PRETO – MG

ALCYLANE CALDEIRA SANTOS, MÔNICA CRISTINA TEIXEIRA


Contato: ALCYLANE CALDEIRA SANTOS - ALCYLANE@GMAIL.COM

Palavras-chave: biodisponibilidade; metais e metaloide; diâmetro de partícula; solo

INTRODUÇÃO

A contaminação, natural ou antropogênica, do solo por compostos inorgânicos é um


grave problema ambiental. Mesmo em pequenas quantidades alguns metais e
metaloides são nocivos ao meio ambiente e ao homem. Segundo a OMS, a
exposição crônica ao As causa efeitos adversos, como câncer, lesões na pele,
doenças cardiovasculares, diabetes e, ocorrendo In utero e/ou na infância, tem sido
associada a impactos no desenvolvimento cognitivo e aumento de mortes em
adultos jovens. Entender o comportamento e a biodisponibilidade de EPT's é
imprescindível para a gestão de áreas contaminadas e para a avaliação dos riscos à
saúde humana.

METODOLOGIA

As amostras de solo foram coletadas na Mina de Chico Rei (MCR) e em residência


(CSA) localizada nas proximidades da referida mina, em Ouro Preto – MG,
observando à coleta em aproximadamente 15 cm de profundidade, sendo o material
seco naturalmente. Posteriormente, as amostras foram homogeneizadas e
peneiradas em tamises, com abertura de diâmetro entre 420mm e 0,037mm, por 15
minutos e máxima vibração. A composição elementar das diferentes frações
granulométricas dos materiais foi determinada por ICP-OES após extração química
parcial por Água Régia. A biodisponibilidade dos elementos foi averiguada seguindo
protocolo da Community Bureau of Reference - BCR (URE et al., 1993) e os
elementos lixiviados em cada etapa do protocolo foram quantificados por ICP-OES.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na composição granulométrica das amostras foram encontrados 1,66% e 1,69%, de


fração argila; 40,68% e 12,87%, de fração silte; 23,14% e 32,11%, de fração areia
fina, para CR e CS, respectivamente. Ou seja, cerca de 65% e 47% das frações
granulométricas, para CR e CS, respectivamente, são menores que 0,125mm. A
prevalência das partículas abaixo de 0,125mm potencializa os riscos da
contaminação humana pelas vias de acesso ingestão, inalação e adsorção dérmica.
Foram encontradas altas concentrações totais (mg kg-1) para alguns EPT’s, a saber:
As (1694,0 - MCR e 283,0 - CSA), Ba (1436,8 – MCR e 31,82 - CSA), Cd (5,36 -
MCR e 0,06 - CSA), Ni (1806,6 - MCR e 2,4 - CSA), entre outros, sendo que as
maiores concentrações para estes elementos ocorreram nas frações com menores
diâmetros de partícula (Dp), exceto o elemento Cr. As concentrações de As
encontradas nas frações das amostras MCR e CSA, respectivamente, foram de

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172
XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

10739,20 e 294,0mg kg-1 de solo (Dp < 0,037mm ) e de 8272,0 e 274,0 mg kg -1 de


solo (0,250<Dp<0,420 mm), ocorrendo a redução e, posterior, aumento destes
valores para as frações com diâmetros intermediários. A biodisponibilidade dos
EPT’s demonstrou que somente em MCR ocorreu a lixiviação de As nas duas
primeiras etapas do protocolo BCR, consideradas biodisponíveis, para as frações
com Dp < 0,037mm e 0,177<Dp<0,250mm. Na 2ª etapa, o Dp<0,037 mm apresentou
a mobilização de As cerca de 23 vezes maior que o valor orientador para
investigação adotado pela Resolução CONAMA 420/2009, que é de 55 mg kg -1
(BRASIL, 2009). E para a fração entre 0,177<Dp<0,250mm, o valor foi cerca de 12
vezes maior que aquele da mesma resolução. Na 1ª etapa do protocolo BCR,
referente aos elementos trocáveis e biodisponíveis, nas amostras CSA ocorreu a
extração de Cu, Zn, Mn, Al e Ba. Entretanto, vários outros elementos foram
identificados em etapas que identificam elementos possivelmente móveis, como Al,
Fe e Pb.

CONCLUSÃO

Tratam-se de solos compostos predominantemente por frações finas. Quanto menor


o diâmetro das partículas, maior a concentração dos EPTs, ratificando o resultado
encontrado por Kim et al. (2011), com exceção para o elemento Cr. Ressalta-se
ainda que as frações granulométricas passíveis de serem inaladas (<0,037µm)
(WHO, 2005) ou ingeridas (<0,250µm) (NG et al., 2015), apresentaram altas
concentrações de As e, biodisponibilidade deste elemento para amostras MCR.
Além do As, vários outros EPT’s foram identificados, inclusive em concentração
maior que aquela determinada pela Resolução CONAMA 420/2009 para
investigação sobre contaminação da área, e apresentaram
mobilidade/biodisponibilidade de acordo com o protocolo adotado.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL. Resolução CONAMA No 420, de 28 de Dezembro de 2009. Disponível em:


< http://www.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=620 >. Acesso em: 23
maio 2016.
KIM, C.S.; WILSON, K.M.; RYTUBA, J.J. Particle-size dependence on metal(loid)
distributions in mine wastes: Implications for water contamination and human
exposure. Applied Geochemistry v. 26, n. 4, p. 484–495 , 2011. Disponível em: <
http://dx.doi.org/10.1016/j.apgeochem.2011.01.007 >.0883-2927.
NG, J.C. et al. Assessing the bioavailability and bioaccessibility of metals and
metalloids. Environmental Science and Pollution Research v. 22, n. 12, p. 8802–
8825 , 2015.0944-1344.
URE, A.M. et al. Speciation of Heavy Metals in Soils and Sediments . An Account of
the Improvement and Harmonization of Extraction Techniques Undertaken Under the
Auspices of the BCR of the Commission of the European Communities SPECIATION
OF HEAVY METALS IN SOILS AND SED. v. 7319, n. December 2016 , 1993.
WORLD HELATH ORGANIZATION. WHO, Air quality guidelines for particulate
matter, ozone, nitrogen dioxide and sulfur dioxide. [S.l: s.n.], 2005. 22 p. Disponível
em: < http://www.euro.who.int/Document/E87950.pdf. >. of risk assessment WHO Air
quality guidelines for particulate matter, ozone, nitrogen dioxide and sulfur dioxide
Global update 2005 Summary of risk assessment WHO/SDE/PHE/OEH/06.02.

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

FONTES FINANCIADORAS

Universidade Federal de Ouro Preto - UFOP


Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq
Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais - FAPEMIG

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Oral
Biodisponibilidade, bioacumulação e biomagnificação
384 - ESTUDO DAS FORMAS DO MERCÚRIO ACUMULADAS NO SISTEMA
NERVOSO DE Oreochromis niloticus APÓS EXPOSIÇÃO AO MERCÚRIO
INORGÂNICO

ÉCHILY SARTORI, CRISTIANE DOS SANTOS VERGILIO


Contato: ÉCHILY SARTORI - ECHILYS@HOTMAIL.COM

Palavras-chave: Barreira hematoencefálica; cérebro; mercúrio; metilmercúrio; Orechromis niloticus

INTRODUÇÃO

O mercúrio (Hg) desperta preocupação em função da sua capacidade de


bioacumulação e biomagnificação. Seus compostos se dividem em inorgânicos e
orgânicos, sendo os orgânicos, em especial o metilmercúrio (MeHg), de maior
toxicidade. A incorporação do Hg inorgânico (iHg) é um problema, pois há
possibilidade da metilação do Hg através da microbiota gastrointestinal. Após a
conversão do MeHg, o mesmo pode se distribuir e atingir o sistema nervoso,
representando um aspecto da toxicologia que não está claramente esclarecido.
Nesse sentido, o estudo visa avaliar a acumulação das diferentes formas do Hg no
sistema nervoso de Oreochromis niloticus expostos ao iHg.

METODOLOGIA

O presente estudo com a espécie Oreochromis niloticus (tilápia) foi aprovado pelo
Comitê de Ética no Uso de Animais (CEUA) da UFES (19/2017). O Hg inorgânico, a
partir de solução padrão de Hg (1000 mg/L, Hg+2) (Merck Milipore®), foi diluído em
água desclorificada em três concentrações (0,2 μg/L: nível máximo de Hg total em
copos d´água classe I, 2,0 μg/L: nível máximo de Hg inorgânico na água de
abastecimento humano e 20 μg/L: concentração mais elevada estabelecida no
presente estudo para avaliação da toxicocinética do Hg). Em um quarto recipiente foi
estabelecido o controle, onde os peixes foram mantidos apenas em água
desclorificada. Em cada recipientes-teste foram mantidos 15 peixes expostos por 96
horas. Para evitar alterações da concentração testadas do Hg por perdas via
volatilização foram realizadas trocas diárias de água mantendo-se as concentrações
testadas. Ao final do tempo de exposição, os peixes foram anestesiados e
necropsiados para retirada do tecido muscular e cerebral para as análises de
mercúrio total (HgT) e metilmercúrio (MeHg). A análise de mercúrio total foi realizada
por meio de digestão ácida para análise no FIMS-400. A análise de metilmercúrio foi
realizada por meio de digestão em meio básico com KOH/Metanol e análise em CG-
AFS.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Não foi observada mortalidade após a exposição às três concentrações de Hg


inorgânico. Mesmo com a ausência de mortalidade, os peixes foram capazes de
acumular HgT (Controle: 1,0 mg/Kg; 0,2 μg/L: 1,2 mg/Kg; 2,0 μg/L: 2,0 mg/Kg; 20
μg/L: 26,4 mg/Kg) e MeHg (Controle: 0,048 mg/Kg; 0,2 μg/L: 0,055 mg/Kg; 2,0 μg/L:
0,077 mg/Kg; 20 μg/L: 0,067 mg/Kg) no tecido muscular após 96 horas de

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

exposição. A exposição subletal ao Hg inorgânico foi capaz de induzir a acumulação


de HgT acima dos níveis máximos estabelecido na legislação brasileira para
consumo humano no tecido muscular (1,0 mg/Kg). Em relação ao cérebro, a
acumulação de HgT se manteve abaixo do limite de detecção do aparelho (<0,0001),
com exceção dos peixes expostos a concentração 20 μg/L (11,2 mg/Kg). Entretanto,
foi possível observar a presença do MeHg no cérebro dos peixes expostos em todas
as três concentrações (Controle: 0,065 mg/Kg; 0,2 μg/L: 0,066 mg/Kg; 2,0 μg/L:
0,095 mg/Kg; 20 μg/L: 0,125 mg/Kg). Nesse sentido, apesar da acumulação de HgT
só ter sido observada no tratamento com a maior concentração testada (20 μg/L), as
concentrações de MeHg são observadas no cérebro desde o tratamento anterior
(2,0 μg/L). Esse resultado indica que o MeHg está se acumulando no tecido nervoso
em um momento anterior do que a acumulação do HgT. Isso pode estar ocorrendo
em função à maior lipofilicidade do MeHg, que pode estar sendo acumulado no
tecido nervoso em função da elevada composição lipídica da substância branca do
encéfalo, com maior presença de bainha de mielina, um revestimento lipoproteico
dos neurônios. Os vasos sanguíneos do sistema nervoso central (SNC) possuem
menor permeabilidade, em função da presença de junções oclusivas entre as células
endoteliais, constituindo a barreira hematoencefálica (BHE), um dos mecanismos de
proteção essenciais do SNC. A BHE seletivamente permite que moléculas
individuais, como pequenas moléculas lipossolúveis, passem através da membrana
endotelial capilar enquanto limita a passagem de patógenos ou toxinas. Os dados
iniciais indicam que em função do seu potencial lipofílico, o MeHg atravessa em um
primeiro momento a BHE, e em seguida alguns danos celulares e ou teciduais
podem levar a acumulação de Hg inorgânico, que levaram a um aumento dos níveis
de HgT analisados. Esses resultados são importantes para o entendimento de
aspectos ainda não compreendidos da toxicologia do iHg e dos processos de
metilação, distribuição interna e acumulação diferencial das formas do Hg no
organismo.

CONCLUSÃO

O presente estudo demostrou uma acumulação progressiva de HgT e MeHg no


encéfalo de Oreochromis niloticus expostos a doses realísticas de iHg. Nesse
sentido, apesar da exposição ao Hg inorgânico, foi observada a acumulação de
MeHg no encéfalo desde a concentração de 2,0 μg/L. Esses resultados indicam que
está ocorrendo a conversão interna do iHg em MeHg e seu transporte e acumulação
no tecido cerebral, possivelmente em função de sua característica lipofílica. Esses
dados auxiliam no entendimento de aspectos ainda não compreendidos da
toxicologia do Hg, em especial em relação ao seu potencial de induzir efeitos
neurotóxicos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BOENING, D.W. (2000) Ecological effects, transport, and fate of mercury: a general
review. Chemosphere, 40(12), 1335-1351.
MOREL, F.M.M.; KRAEPIEL, A.M.L.; AMYOT, M. (1998) The chemical cycle and
bioaccumulation of mercury. Annual Review of Ecology and Systematics, 29(1), 543-
566.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

WANG, R.; FENG, X.B.; WANG, W.X. (2013) In Vivo mercury methylation and
demethylation in freshwater tilapia quantified by mercury stable isotopes.
Environmental science & technology, 47(14), 7949-7957.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Biodisponibilidade, bioacumulação e biomagnificação
388 - CONCENTRAÇÃO DE CD, CR, CU, HG E PB EM SEDIMENTOS
SUPERFICIAIS EM ÁREA DE MINERAÇÃO NO RIO ITAPICURU-MIRIM,
JACOBINA, BAHIA, BRASIL

MARCUS VINICIUS SILVA SANTOS, CARLOS EDUARDO VEIGA DE CARVALHO,


TAISE BOMFIM DE JESUS, CRISTIANE DOS SANTOS VERGÍLIO, CAROLINA
SANTANA OLIVEIRA
Contato: MARCUS VINICIUS SILVA SANTOS -
MARCUSVINICIUS_PROFESSOR@YAHOO.COM.BR

Palavras-chave: Rio Itapicuru-Mirim; Jacobina; Mineração de Ouro

INTRODUÇÃO

Os rios brasileiros vem servindo como depositários de substâncias provenientes de


atividades antrópicas (SANTOS e JESUS, 2014), sendo uma dessas fontes a
mineração de ouro, como se verifica nos estudos realizados em área de exploração
mineral nos estados de Minas Gerais (RHODES, 2010; BORBA et al., 2004), região
Amazônica (LACERDA e MALM, 2008), e Bahia (SANTOS, 2015). A bacia de
drenagem do Rio Itapicuru-Mirim está inserida em área de mineração, onde
atualmente é realizada por uma multinacional. Nesse contexto, o objetivo deste
trabalho foi averiguar as concentrações dos elementos Hg, Cr, Cd e Pb em
sedimentos superficiais do Rio Itapicuru-Mirim.

METODOLOGIA

As amostras de sedimentos superficiais foram coletados em cinco distintos pontos


(ITM - 01, ITM - 02, ITM - 03, ITM - 04, ITM - 05) na bacia de drenagem do rio
Itapicuru-Mirim na região de Jacobina-BA em novembro de 2013. A coleta foi
realizada através de pá plástica sendo as amostras inseridas em sacos plásticos
(ambos previamente ambientados) e transferidos para caixas térmicas para
transporte ao laboratório de Ciências Ambientais da Universidade Estadual do Norte
Fluminense Darcy Ribeiro. Durante a coleta, aferiu-se os parâmetros físico-químicos
da água através de sonda multiparâmetro PCD 600 da Oakton. Após secagem, as
amostras foram peneiradas para obtenção de frações < 75 um. Realizou-se digestão
com água régia através de forno microondas Mars X-press (USEPA, 1994). A
quantificação dos elementos Cd, Cu, Cr e Pb foi realizada por ICP-OES, enquanto
Hg foi determinado por analisador de Hg Quick Trace M-7500. Testes de exatidão
foram realizados com padrões certificados, bem como calculados os limites de
quantificação e detecção do método empregado.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A maior concentração de Cd foi obtida em ITM - 03 (0,27 mg.Kg-1) e a menor em ITM


- 05 (0,06 mg.Kg-1), valores bem abaixo do limiar de TEL (37.5 mg,Kg-1), sinalizando
que este elemento não oferece riscos à biota na área de estudos. Para o elemento
Cu, a maior concentração foi obtida em ITM - 03 (59,51 mg.Kg-1), extrapolando TEL
(35,7 mg.Kg-1), enquanto a menor foi em ITM - 05 (10,17 mg.Kg-1). A concentração

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

do Cr extrapolou TEL (37,3 mg.Kg-1) em todos os pontos, estando acima de PEL (90
mg.Kg-1) em ITM - 03 (121,34 mg.Kg-1), em ITM - 04 (282,66 mg.Kg-1) e em ITM - 05
(114,51 mg.Kg-1). Para o Hg, a maior concentração foi em ITM - 05 (0,44 mg.Kg-1),
embora em ITM - 03 (0,41 mg.Kg-1) e em ITM - 04 (0.32 mg.Kg-1) o valor de TEL
(0.17 mg.Kg-1) tenha sido extrapolado. Quanto ao Pb, apenas ITM - 01 ( 173 mg.Kg-
1
) extrapolou PEL (91,3 mg.Kg-1), ao passo que os demais pontos estiveram abaixo
de TEL (35 mg.Kg-1). Na Bahia, é conhecido contaminação de Cd e principalmente
Pb no município de Santo Amaro da Purificação (REBELO, 2010; MACHADO et al.,
2004; NIEMEYER et al., 2007) relacionado à mineração abandonada deste elemento
já há mais de 40 anos, contudo, não se tem registros de contaminação expressiva
em outras localidades. A possibilidade é que o Pb esteja relacionado aos explosivos
largamente utilizados na mineração à céu aberto ocorrida durante anos em ITM –
01, onde o uso de azida de chumbo responderia por esta concentração aqui
verificada. O Cr é um elemento já conhecido na área de estudo, já verificado acima
do TEL no alto Itapicuru (MESTRINHO, 2006) sendo minerado no entorno de
Jacobina, especialmente nos municípios de Pindobaçu e Campo Formoso, distante
70 km e 100 km, respectivamente. O Hg é reconhecidamente um metal utilizado na
exploração artesanal do ouro, sendo essa atividade reconhecida em Jacobina deste
o século XVII. Ainda no presente, há utilização do Hg em garimpos irregulares ao
longo da bacia do Rio Itapicuru-Mirim (SANTOS, 2015). Para os elementos Cr e Hg,
plotou-se os dados físico-químicos da água no diagrama de pH-Eh, revelando a
tendência no momento da coleta de predominância da espécie Cr+3, menos tóxica
(BERTOLO et al., 2009), ao passo que para o Hg0 a tendência verificada foi de
predomínio da espécie Hg0, menos tóxica (BAIRD e CANN, 2011).

CONCLUSÃO

Dos elementos analisados, apenas o Cd esteve abaixo dos valores de referência em


todos os pontos analisados. Nota-se que destes elementos, o Pb, e o Hg tem forte
relação com a presença antrópica, uma vez que não não são abundantes
naturalmente na região, sinalizando a necessidade de maior fiscalização em relação
ao uso destes e consequentemente liberação para o meio ambiente. Em relação ao
Cr, apesar de naturalmente presente na região, a exploração mineral contribui para
o aporte neste no sedimentos analisados, uma vez que sua concentração esteve
acima do background da área de estudo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BAIRD, C.; CANN, M. Química Ambiental. 4. ed. – Porto Alegre: Bookman, 2011
BERTOLO, R.A.; MARCOLAN, L.N.O.; BOURETTE, C.L.M. Relação águasrocha e a
hidrogeoquímica do cromo na água subterrânea de poços de monitoramento
multiníveis de Urânia, SP, Brasil. Geologia USP Série Científica, v. 9, n. 2, p. 47-62.
2009.
BORBA, R.P.; FIGUEIREDO, B.R.; CAVALCANTI, J.A. Arsênio na água subterrânea
em Ouro Preto e Mariana, Quadrilátero Ferrífero (MG). Revista da Escola de Minas
de Ouro Preto. 57(1): 45-51, jan-mar. 2004.
LACERDA, L.D.; MALM, O. Contaminação por mercúrio em ecossistemas aquáticos:
uma análise das áreas críticas. Estudos Avançados 22 (63), 2008

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

MACHADO, S.L.; RIBEIRO, L.; KIPERSTOK, A.; BOTELHO, M.A.B.; CARVALHO,


M.F. Diagnóstico da contaminação por metais pesados em Santo Amaro – Bahia. In:
Engenharia sanitária e Ambiental, v. 9 – n. 2, abr-jun 2004, p. 140-155.
MESTRINHO, S.S.P.; LUZ, J.A.G.; PORCIÚNCULA, D.L.C. Análise da
vulnerabilidade intrínseca das águas subterrâneas na bacia do rio Itapicuru, Bahia.
XIV Congresso Brasileiro de Águas Subterrâneas. 2006
.NIEMEYER, J.C.; SILVA, E.M.; SOUZA, J.P. Desenvolvimento de um esquema para
avaliação do risco ecológico em ambientes tropicais. Estudo de caso da
contaminação por metais em Santo Amaro da Purificação, Bahia, Bahia. Jornal da
Sociedade Brasileira de Ecotoxicologia, v 2, n. 3 2007 p. 263-267.
REBELO, T.S. Estudo da contaminação remanescente de chumbo e cádmio no
município de Santos Amaro-BA. 2010. 133 f. Dissertação de mestrado em
Engenharia Ambiental Urbana apresentada a Escola Politécnica, Universidade
Federal da Bahia, Bahia, 2010.
RHODES, V.P. Distribuição de mercúrio e arsênio nos sedimentos de sedimentos de
área afetada por garimpo de ouro – rio Gualaxo do Norte, Mariana – MG. 2010. 113
f. Dissertação de mestrado em Evolução Crustal e Recursos Naturais. Universidade
Federal de Ouro Preto, Minas Gerais. 2010.
SANTOS, L.T.S.O.; JESUS, T.B. (2014). Caracterização de metais pesados das
águas superficiais da bacia do rio Subaé (Bahia). Geochimica Brasiliensis 28(2):
137-148.
SANTOS, M.V.S. Metais pesados em sedimentos superficiais e material particulado
em suspensão na bacia superior do Rio Itapicuru-Mirim, Jacobina, Bahia, Brasil. 122
f. Dissertação de mestrado em Modelagem em Ciências da Terra e do Ambiente.
Universidade Estadual de Feira de Santana, Bahia. 2015.
United States Environmental Protection Agency. (1994). Microwave assisted acid
digestion of siliceous and organically based matrices. Office os Sciend and
Technology. Wahsington, DC. EPA 3052.

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Biodisponibilidade, bioacumulação e biomagnificação
403 - BIOACUMULAÇÃO DE ELEMENTOS TRAÇO EM Chelonia mydas
(LINNAEUS, 1758) ENCALHADAS NO LITORAL SUDESTE DO BRASIL

ELOÁ CÔRREA DE LESSA TOSTES, FELIPE HENRIQUE ROSSI LUZE, WENDEL DIAS
CONSTANTINO, KAROLINE FERNANDA FERREIRA AGOSTINHO, LUÍSA MARIA DE
SOUZA VIANA, CARLOS EDUARDO VEIGA DE CARVALHO
Contato: KAROLINE FERNANDA FERREIRA AGOSTINHO -
KAROLFERREIRA2194@HOTMAIL.COM

Palavras-chave: metais pesados; biota; estuário; tropical; Brasil

INTRODUÇÃO

Desde os processos industriais até o transitar de grandes embarcações trazem


como consequência a liberação de diferentes contaminantes no ambiente marinho,
dentre esses, podemos citar os elementos traço. Nesse sentido, estudar a dinâmica
das interações entre essas substâncias e a fauna marinha é uma importante
ferramenta de preservação ambiental que pode auxiliar no desenvolvimento de
estratégias de conservação de populações ameaçadas de extinção. Nessa
perspectiva, o presente trabalho tem como objetivo determinar a concentração de
elementos traço: Cádmio, Alumínio, Bário, Cromo, Cobre, Ferro, Níquel, Chumbo,
Manganês, Vanádio e Titânio em tecido hepático de tartarugas verdes (Chelonia
mydas).

METODOLOGIA

A amostragem foi realizada pela empresa CTA SERVIÇOS EM MEIO AMBIENTE,


ao longo do litoral do Rio de Janeiro e Espirito Santo entre os meses de outubro e
dezembro de 2017. Sessenta e um organismos foram coletados e necropsiados
neste período. Após a coleta do tecido hepático os organismos foram medidos,
pesados e tiveram seu gênero identificado. As amostras de tecido hepático foram
então congeladas em nitrogênio líquido e transportadas para o Laboratório.
A cada alíquota da amostra foi adicionado 10mL de HNO3 65% em cada tubo de
ensaio contendo a amostra. Após a total solubilização, as amostras foram levadas
para o bloco digestor de sistema aberto em capela e aquecidas à cerca de 130 °C
até quase atingir a secura total da amostra. Em seguida as amostras foram
ressuspensas em HNO3 0,5N, filtradas e aferidas a um volume final de 20 mL de
solução de HNO3 0,5N (LATOUCHE & MIX, 1982).
Para a determinação dos elementos traço foi utilizado um espectrofotômetro de
emissão atômica com plasma induzido (ICP-AES da Varian, modelo Liberty II) para a
determinação dos metais (Al, Ba, Fe, Mn, Zn, Cd, Cr, Cu, Ni, Pb, e V) nos extratos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Em nenhuma das amostras analisadas foram detectadas concentrações de titânio


(<0,001 µg.g-1) e bário (<0,003 µg.g-1), as mesmas sempre ficaram abaixo do limite
de detecção do método.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

A mais elevada concentrações média de metais em tecido hepático das tartarugas


verdes analisadas foi de ferro (909 µg.g-1 ± 737) seguida pelo cobre (28,7 µg.g-1 ±
16,1), zinco (25,6 µg.g-1 ± 13,6), cádmio (4,30 µg.g-1 ± 2,73), alumínio (3,54 µg.g-1
2,46), arsênio (2,22 µg.g-1 ± 1,69), manganês (2,02 µg.g-1 ± 0,63), mercúrio (1,80
µg.g-1 ± 1,90), vanádio (0,56 µg.g-1 ± 0,46), níquel (0,47 µg.g-1 ± 0,49) e chumbo
(0,38 µg.g-1 ± 0,23).
Como era esperado os maiores valores encontrados destes elementos foram de
elementos essenciais a vida (ex: Fe, Zn, Cu e Mn), porém foram observados
elevadas concentrações de elementos sabidamente tóxicos e que não possuem
funções biológicas conhecidas (ex: Cd, Hg e As). Este resultado também já era
esperado, tendo em vista que estas populações habitam regiões próximas a grandes
centros urbanos, aporte de rios, elevado trafego de embarcações sendo ainda uma
importante região produtora de petróleo (Bacia de Campos).
Quando comparamos os valores do presente estudo com valores observados em
sangue de amostras de tartarugas verdes do Atol das Rocas (ferro 239 ± 73 µg.g -1,
zinco 12 ± 4 µg.g-1, cobre 0,47 ± 0,21µg.g-1, alumínio 0,26 ± 0,10 µg.g-1 Cd<0,001;
Ba e Mn <0,003; Cr, Ni, Pb e V <0,004; As <0,009 µg.g -1)(AGOSTINHO et al., 2018)
podemos observar que os valores do presente estudo são bem mais elevados, este
fato pode estar correlacionado a uma menor presença de atividades humanas na
região do atol das rocas onde quando comparado com a região costeira do presente
estudo. Por outro lado, estamos comparando dois tecidos distintos (sangue e
fígado), além disto, outros fatores como hábitos alimentares, que mudam ao longo
de sua vida, indivíduos juvenis apresentam alimentação onívora, e animais adultos
alimentação herbívora. Além disto, os juvenis estão menos tempo expostos aos
poluentes podendo apresentar concentrações menores apesar do hábito alimentar.

CONCLUSÃO

Como conclusões preliminares podemos ressaltar que os elementos essências (ex:


Fe, Zn Cu e Mn) apresentaram as maiores concentrações quando comparados aos
não essenciais (ex: Hg, As e Cd). E que alguns elementos considerados e elevada
toxicidade apresentaram valore médios bem elevados (ex: Hg, Cd e As) colocando
provavelmente em risco a saúde e a vida destes organismos.
Fica clara importância e a necessidade de mais estudos visando à compreensão da
dinâmica desses elementos nesta espécie, estudos estes que sejam capazes de
identificar e quantificar os efeitos tóxicos destes elementos nestes organismos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AGOSTINHO, K.F.F.; SOUZA, D.L.; BALDASSIN, P.; CARVALHO.C.E.V.; SOUZA,


T.S.; .I.& VERGILIO, C.S. 2018. Determinação de elementos traço e avaliação da
incidência de eritrócitos micronúcleados em tartarugas marinhas verdes (Chelonia
mydas) na reserva biológica do atol das rocas, RN, Brasil. Congresso Brasileiro de
Ecotoxicologia 2018, Aracajú, SE. (no prelo).
LATOUCHE & MIX, 1982. The effects of depuration, size and sex on trace metal
levels in bay mussels. Marine Pollution Bulletin, v. 13, n. 1, p. 27-29.

FONTES FINANCIADORAS

CAPES, FAPERJ e CTA Meio Ambiente.

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Painel
Biodisponibilidade, bioacumulação e biomagnificação
404 - DEPOSIÇÃO DE HPAS EM REMANESCENTE DE FLORESTA ATLÂNTICA

DOUGLAS DOURADO SANTOS, MIRIAN CILENE SPASIANI RINALDI


Contato: DOUGLAS DOURADO SANTOS - DOUGDOURADOS@HOTMAIL.COM

Palavras-chave: HPAs; Poluição Atmosférica; Mata Atlântica; Folhas; Bioacumulação;

INTRODUÇÃO

Os HPAs são formados durante a combustão incompleta de materiais orgânicos,


sendo emitidos principalmente por fontes antropogênicas e presentes na atmosfera
nas fases particulada e gasosa(1). Devido a captação desses poluentes pelas
superfícies foliares, os ecossistemas terrestres desempenham um importante papel
na redução dos mesmos(2). Os HPAs são de difícil degradação e podem
permanecer acumulados por longos períodos em frações orgânicas do ambiente.
Portanto, é importante avaliar o impacto desses compostos em ecossistemas
antropizados. O objetivo foi determinar as fontes dos HPAs atmosféricos em
remanescente de Floresta Atlântica em área urbana, por meio do acúmulo desses
em folhas.

METODOLOGIA

O estudo foi realizado no Parque Estadual das Fontes do Ipiranga (PEFI), situado na
região sul do município de São Paulo. Este parque tem um dos mais significativos
remanescentes de Mata Atlântica em área urbana do país(3). Foi avaliado também o
Parque Natural Municipal Nascentes de Paranapiacaba (PP), no município de Santo
André (SP), como referência negativa, pois este parque está localizado próximo à
borda do planalto atlântico e mais afastado de fontes antropogênicas. Desta forma,
durante o mês de agosto de 2015, foram coletadas folhas de três espécies arbóreas
pioneiras e três espécies não pioneiras, que eram representativas de cada unidade
de conservação. Após as coletas, as folhas foram pesadas e congeladas para
posterior extração e análise de concentração dos HPAs. As folhas foram submetidas
a extração em Soxhlext por 24 horas, com uma solução contendo 3 partes de
diclorometano e 1 parte de hexano. Os extratos obtidos foram evaporados em
evaporador rotativo e retomados com acetonitrila(4,5). As amostras obtidas foram
analisadas em cromatografia liquida de alta performance (CLAE). Foram avaliadas
os seguintes HPAs: naftaleno (NAF), acenafteno (ACE), fluoreno (FLU), fenantreno
(FEN), antraceno (ANT), fluoranteno (FLT), pireno (PIR), benzo[a]antraceno (BaA),
criseno (CRI), benzo(b)fluoranteno (BbF), benzo(k)fluoranteno (BkF) e
benzo(a)pireno (BaP).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Não houve diferenças significativas nas concentrações foliares dos compostos de


HPAs entre as espécies arbóreas presentes no mesmo local. Assim, para cada local
avaliado, foram consideradas as médias das concentrações foliares de todas as
espécies amostradas e as somas das concentrações dos compostos. Em PP e no
PEFI as ΣHPAs (soma das concentrações de HPAs) foram de 7784 ng/g e 800 ng/g,

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

respectivamente. Porém, a alta concentração obtida para o composto NAF em PP


(5959 ng/g) está contribuindo para o elevado valor obtido ΣHPAs, em relação ao
PEFI. Ainda, em PP foram observadas as maiores médias das concentrações de
FLU (610 ng/g), FEN (138 ng/g), ANT (433 ng/g), FLT (153 ng/g) e BbF (269 ng/g),
em relação ao PEFI. No PEFI foram verificadas as maiores médias apenas para os
compostos ACE (67 ng/g) e BaP (34 ng/g). As maiores concentrações encontradas
em PP, em comparação ao PEFI, podem parecer discrepantes, pois o PEFI se
encontra localizado em área urbana, na cidade de São Paulo, e em 2012 a frota
estimada foi de 14,3 milhões de veículos(6). Contudo, ao se analisar o mapa
topográfico da região de PP, é possível observar que este se encontra perto do
Industrial de Cubatão, separados apenas pelo Vale do Rio Mogi. Este vale é
delimitado por duas grandes serras, com elevações de até 800 metros, e esperava-
se que os poluentes presentes no complexo industrial não atingiriam essas
elevações. Porém, deve-se considerar também as condições meteorológicas da
região, pois no período mais quente do dia, os ventos sopram do oceano em direção
a Serra do Mar, transportando poluentes do Polo Industrial para as escarpas (7,8).
Desta forma, as concentrações de NAF, FLU e ANT verificadas em PP, podem ser
provenientes das atividades do Complexo Industrial de Cubatão. Estudo realizado
em área industrial, Wu e colaboradores(9) observaram maiores concentrações de
NAF em regiões próximas a refinarias de petróleo e ressaltaram a possível origem
petrogênica deste, o que parece ser o caso do presente estudo. No PEFI, os
compostos mais abundantes, porém em concentrações menores que as verificadas
em PP, foram FLU, NAF e FLT e são característicos de emissão veicular.

CONCLUSÃO

Conclui-se que as concentrações foliares de HPAs foram maiores em PP que no


PEFI. Em PP destacaram-se os compostos NAF, FLU e ANT (origem industrial),
enquanto no PEFI destacaram-se NAF, FLU e FLT (origem veicular). Em adição,
este estudo confirma que a topografia e as condições meteorológicas podem
favorecer o deslocamento de massas de ar e transportar poluentes aéreos para
lugares distantes da sua origem, como os HPAs presentes na fase gasosa e em
partículas finas, potencializando a presença destes em lugares mais remotos, como
em PP.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] CALLÉN, M.S.; CRUZ, M.T.; LÓPEZ, J.M.; MURILLO, R.; NAVARRO, M.V.;
MASTRAL, A.M. 2008. Long-Range Atmospheric Transport and Local Pollution
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European Directive. Water Air Soil Pollut 190:271–285.
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and Historical Variations of Persistent Organic Pollutants (POPs) in an Industrial
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Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

do Ipiranga, unidade de conservação que resiste à urbanização de São Paulo.


Imprensa Oficial, São Paulo, pp.95-108.
[4] ORECCHIO, S.; GIANGUZZA, A.; CULOTTA, L. 2008. Absorption of polycyclic
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[5] LEHNDORFF, E.; SCHWARK, L. 2004. Biomonitoring of air quality in the Cologne
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A.C., Dias, C., Barbosa, L.J., Bales, M.P., Silva, S.R. São Paulo (SP).
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afastadas pela poluição atmosférica Cubatão (SP). Tese de Doutorado, Instituto de
Biociências, Universidade de São Paulo, São Paulo.
[8] DOMINGOS, M.; KLUMPP, A.; KLUMPP, G. (2009). Poluição atmosférica, uma
ameaça à Floresta Atlântica da da Reserva Biológica de Paranapiacab. In: LOPES,
M.I.M.S., KIRIZAWA, M. & MELO, M.M.R.F. (orgs.). Patrimônio da Reserva Biológica
do Alto da Serra de Paranapicaba. Instituo de Botânica, São Paulo, PP. 167–183.
[9] WU, D.; WANG. Z.; CHEN, J.; KONG, S.; FU, X.; DENG, H.; SHAO, G.; WU, G.
2014. Polycyclic aromatic hydrocarbons (PAHs) in atmospheric PM2.5 and PM10 at
a coal-based industrial city: Implication for PAH control at industrial agglomeration
regions, China. Atmospheric Research 149:217–229.

FONTES FINANCIADORAS

O projeto foi fomentado pelo Conselho Nacional de Pesquisas (CNPq).

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Biodisponibilidade, bioacumulação e biomagnificação
408 - CONCENTRAÇÕES DE HPAS EM FOLHAS E SOLO DE UM
REMANESCENTE DE FLORESTA ATLÂNTICA

DOUGLAS DOURADO SANTOS, OMAR SANTIAGO LAKIS, MIRIAN CILENE SPASIANI


RINALDI
Contato: OMAR SANTIAGO LAKIS - CONTATOOMARLAKIS@GMAIL.COM

Palavras-chave: HPAs; poluição atmosférica; Mata Atlântica; folhas; solo; bioacumulação

INTRODUÇÃO

O ecossistema terrestre desempenha um importante papel na redução das


concentrações dos HPAs que estão entre poluentes orgânicos persistentes(1). São
formados durante a combustão incompleta de materiais orgânicos e estão presentes
principalmente na fase particulada da atmosfera(2). A distribuição desses compostos
no ambiente depende das características físico-químicas das superfícies biológicas,
características físicas e composição química das partículas e condições
meteorológicas(3). Os objetivos são avaliar a capacidade das espécies arbóreas
pioneiras e não pioneiras em acumular HPAs e investigar as relações entre as
concentrações de HPAs presentes nas folhas e solo em um remanescente florestal
de Mata Atlântica, em área urbana.

METODOLOGIA

O estudo foi realizado no Parque Estadual das Fontes do Ipiranga (PEFI), situado na
região sul do município de São Paulo e possui um dos mais significativos
remanescentes de Mata Atlântica em área urbana do país(4). As amostras de solo e
folhas foram obtidas no verão de 2016. Para as amostragens de folhas foram
escolhidas três espécies arbóreas pioneiras (Alchornea sidifolia, Miconia cabussu,
Solanum granulosa-leprosum) e três espécies não pioneiras (Eugenia neoglomerata,
Guarea macrophylla e Amaioua intermédia), espécies representativas do local. Para
amostragem de solo (0 a 10 cm de profundidade), foram retiradas 3 sub-amostras de
terra no entorno de cada árvore amostrada e reunidas em uma amostra mista por
espécie. Após a coleta, o material amostrado foi pesado, armazenado em papel
alumínio e congelado até a extração e quantificação dos HPAs. As amostras foram
submetidas a extração em Soxhlet por 24 horas, com uma mistura de diclorometano
e hexano. Após extração, os extratos obtidos foram evaporados em evaporador
rotativo e retomados com acetonitrila e congelados, para posterior análise(5,6). Os
HPAs avaliados foram o naftaleno (NAF), fenantreno (FEN), antraceno (ANT),
fluoranteno (FLUO), pireno (PIR), benzo[a]antraceno (BaA), criseno (CRI),
benzo[b]fluoranteno (BbF), benzo[k]fluoranteno (BkF) e benzo[a]pireno (BaP).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Considerando a soma das concentrações médias dos compostos de HPAs avaliados


(SHPAs), a espécie não pioneira Guarea macrophylla reteve mais SHPAs (1.905
ng.g-1) em suas folhas em comparação com as demais espécies, seguida da
espécie pioneira Solanum granulosa-leprosum (1.439 ng.g-1). A espécie não pioneira

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Eugenia neoglomerata acumulou menos HPAs (632 ng.g-1) que as outras espécies.
Assim, neste estudo não foi verificado um acúmulo de HPAs nas superfícies foliares
das espécies avaliadas por pertencerem ao mesmo estágio sucessional. Vale
mencionar que diferentes fatores desempenham papel importante no acúmulo foliar
de compostos orgânicos persistentes na vegetação como um todo, sendo, por
exemplo: as diferentes propriedades químicas das ceras; a área e superfície foliar
em contato com o ar e a morfologia de tricomas, assim como a quantidade de
estômatos(7). Ainda, os compostos NAF, BbF e FLUO foram acumulados em
maiores proporções nas amostras foliares de todas as espécies avaliadas, indicando
que o remanescente de Floresta Atlântica é impactado por poluentes oriundos da
emissão veicular, como esperado. No solo, as SHPAs variaram de 887 e 156 ng.g-1,
sendo respectivamente para as amostras coletadas no entorno das espécies
pioneiras Alchornea sidifolia e Solanum-granulosa leprosum. Assim, as espécies que
mais acumularam HPAs em suas folhas não apresentaram as maiores
concentrações desses compostos em solo coletado no entorno das mesmas. Porém,
as amostras de solo também apresentaram as maiores proporções de NAF, BbF e
FLUO. Vale ressaltar que a distribuição dos HPAs entre os diferentes
compartimentos, como planta e solo, tem relação com as características físico-
químicas das superfícies biológicas, características químicas dos HPAs e condições
meteorológicas. Em estudo realizado em área urbana no Sul da Itália, Maisto e
colaboradores(8) observaram elevadas concentrações de HPAs em folhas coletadas
em copa de árvores, em relação aos conteúdos verificados no solo. Essas
diferenças entre as as concentrações de HPAs em solo e folhas podem ter relação
com a velocidade de decomposição da serapilheira(3).

CONCLUSÃO

O acúmulo de HPAs nas superfícies foliares não apresentou relação ao estágio


sucessional (pioneira e não pioneira) que as espécies avaliadas pertencem. Os
compostos NAF, BbF e FLUO foram verificados em maiores proporções tanto nas
folhas das diferentes espécies como nos solos amostrados, porém o solo
apresentou menores concentrações de HPAs em comparação às folhas. Não foi
verificada uma tendência entre a concentração de HPAs em folhas com a verificada
no solo, para cada arvore amostrada.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] ODABASI, M.; FALAY, E.O.; TUNA, G.; ALTIOK, H.; KARA, M.; DUMANOGLU,
Y.; ABDURRAHMAN, B.; TOLUNAY, D.; ELBIR, T. 2015. Biomonitoring the Spatial
and Historical Variations of Persistent Organic Pollutants (POPs) in an Industrial
Region. Environ. Sci. Technol., 2015, 49 (4), 2105–2114.
[2] YUNKER, M.B. et al. (2002). PAHs in the Fraser River basin: a critical appraisal of
PAH ratios as indicators of PAH source and composition. Organic Geochemistry 33,
489 - 515.
[3] DE NICOLA, F.; BALDANTONI, D.; ALFANI, A. 2014. PAHs in decaying Quercus
ilex leaf litter: Mutual effects on litter decomposition and PAH dynamics.
Chemosphere, 114, 35-39.
[4] BARROS, F.; MAMEDE, M.M.; LOPES, E.A.; JUNG-MENDAÇOLLI, S.L.;
KIRIZAWA, M.; MUNIZ, C.F.S.; MAKINO-WATANABE, H.; CHIEA, S.A.C.; MELHEM,
T.S. 2002. A flora fanerogâmica do PEFI: composição, afinidades e conservação. In:

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

D.C. Bicudo, M.C. Forti & C.E.M. Bicudo (eds.). Parque Estadual das Fontes do
Ipiranga, unidade de conservação que resiste à urbanização de São Paulo.
Imprensa Oficial, São Paulo, pp.95-108.
[5] ORECCHIO, S.; GIANGUZZA, A.; CULOTTA, L. 2008. Absorption of polycyclic
aromatic hydrocarbons by Pinus bark: Analytical method and use for environmental
pollution monitoring in the Palermo area (Sicily, Italy). Environmental Research, 107
(3), 371-379.
[6] LEHNDORFF, E.; SCHWARK, L. 2004. Biomonitoring of air quality in the Cologne
Conurbation using pine needles as a passive sampler—Part II: polycyclic aromatic
hydrocarbons (PAH). Atmospheric Environment, 38 (23), 3793-3808.
[7] BARBER, J.L.; THOMAS, G.O.; KERSTIENS, G.; JONES, K.C. 2004. Current
issues and uncertaitiens in the measurement and modeling of air-vegetation
exchenge and whitin-plant processing of POPs. Env. Pollut. 128: 99-138.
[8] MAISTO, G.; DE NICOLA, F.; PRATI, M.V.; ALFANI, A. 2004. Leaf and soil
accumulation in an urban area of the Mediterranean region (Naples-Italy). Fresen.
Environ. Bull. 13, 1263–1268.

FONTES FINANCIADORAS

O projeto foi fomentado pelo Conselho Nacional de Pesquisas (CNPq).

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Oral
Biodisponibilidade, bioacumulação e biomagnificação
438 - EFFECTS OF CYANOBACTERIA (Microcystin aeruginosa AND
Sphaerospermopsis torques-reginae ITEP-24) AND CYANOBACTERIAL TOXINS
ON TARGET GENE EXPRESSION PROFILES AND GUT MICROBIOTA IN FISH
WITH IMPLICATIONS ON PATHOGEN RESISTANCE

THEODORE BURDICK HENRY, ERNANI PINTO


Contato: THEODORE BURDICK HENRY - T.HENRY@HW.AC.UK

Keywords: cyanobacteria toxin zebrafish gut microbiota

INTRODUCION

Blooms of cyanobacteria are a prominent environmental issue of freshwaters


worldwide and have important implications for both ecosystem and human health.
During bloom events, cyanobacteria can produce biologically active substances
including toxins that negatively affect fish by causing cell death and/or disrupting
physiology of important body systems (e.g., nervous, endocrine and immune
systems). Our objective was to evaluate changes in expression of zebrafish genes
related to toxicity endpoints, examine histological sections of tissues for lesions, and
assess changes in gut microbiota in zebrafish after aqueous and dietary exposures
to different preparations of cyanobacteria and purified toxins.

METHODS

Pure strains of Microcystis aeruginosa [toxin (microcystin-LR) producing] and


Sphaerospermopsis torques-reginae (ITEP-24) toxin (anatoxin-a(s) producing] grown
in the laboratory were lyophilized prior to use in toxicity tests. For aqueous
exposures, larval zebrafish were exposed to lyophilized cyanobacteria or purified
toxin and effects on genes related to oxidative stress, detoxification, endocrine
disruption, and immune system response were assessed related to exposure
concentration. For dietary exposures with adult zebrafish, formulated feeds were
prepared with additions of lyophilized Microcystis or MC-LR at concentrations of 0, 5,
and 10 µg MC-LR/g feed. Fish (age 6 months) were fed 3% body weight per day and
sampled over time. At each sampling time (0-14 d) a sample of liver was collected for
gene expression analyses, and, on day 14, samples of intestine were collected for
assessment of microbiota and histopathology. Sagittal sections of fish were
examined by light microscopy following routine histological procedures. Differences
in gut microbial communities among treatments were assessed by Terminal
Restriction Fragment Length Polymorphism (t-RFLP), after DNA extraction and
amplification of 16S rRNA gene fragments by PCR. Electropherograms were
analysed by GENEMARKER software (SoftGenetics, PA USA), using manually
created bins. Peaks of less than 50 nucleotides were not included in the analyses.

RESULTS AND DISCUSSION

Changes in expression of target genes in larval zebrafish exposed to aqueous


Microcystis aeruginosa and Sphaerospermopsis or MC-LR and anatoxin-a(s) varied
by treatment and exposure concentration. With increased concentration of both

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Microcystis aeruginosa and MC-LR there was a down regulation of gene transcripts
that code for catalase, glutathione peroxidase, whereas transcripts that code for
cytochrome p4501A, superoxide dismutase, and glutathione transferase were
induced at low exposure concentrations (<50 µg/L) and were downregulated at
higher exposure concentrations. Although minor differences in the level of change for
expression of these genes occurred between Microcystis aeruginosa and MC-LR
treatments the overall profiles appeared consistent. The transcript for protein
phosphatase (PPP1ca) was induced (~7 fold relative to controls) in larvae exposed to
MC-LR at exposure concentration of 50 µg/L, but no effect on the expression of this
gene transcript was observed for fish exposed to Microcystis aeruginosa. The toxin
MC-LR is a protein phosphatase inhibitor and our results are consistent with the
activity of the toxin; however, the concentration-response profile indicates that gene
induction is limited to a relatively narrow concentration range. For adult zebrafish
exposed via diet, exposure duration influenced the hepatic gene expression profile.
No significant changes in expression were observed for glutathione-S-transferase,
superoxide dismutase, or glutathione peroxidase after 6, 24, 48, or 96 h of exposure;
however, significant induction of these genes was observed in fish exposed for 14 d.
In contrast, transcripts that code for cytochrome p4501A and catalase were
upregulated within 48 h of exposure in some treatments. A minor induction (<4 fold)
of protein phosphatase was observed in fish fed 10 µg MC-LR/g feed at 24-h
exposure duration. Histopathology of adult zebrafish liver and kidney found
occasional foci indicative of cellular necrosis and minor hypertrophy/hyperplasia in
renal tubules of some fish exposed to Microcystis aeruginosa. Evaluation of gut
microbiota indicated effects on microbial communities in fish that ingested some of
the feed treatments. Fish exposed to 10 µg lyophillized Microcystis aeruginosa /g
feed appeared to have the most consistent difference in their gut microbiota
compared to other treatments and fish fed the control feed. The evidence that
ingestion of Microcystis aeruginosa can change gut microbial community has
implications on the overall health of fish and perhaps raises concerns about the
potential for this cyanobacterium to alter gut microbiota in other organisms including
domesticated animals and humans.

CONCLUSION

Blooms of cyanobacteria are of considerable concern for ecosystem and human


health and the present study provides new information on potential effects of
exposure to these organisms. Investigation of the effects of cyanobacteria is
complicated and resolving responses at the level of gene expression requires
evaluation of gene expression profiles related to exposure concentration and
duration. Changes in gut microbiota following exposure to Microcystis aeruginosa
raise a new concern for the implications of harmful booms of cyanobacteria for
human and ecosystem health. Future investigations should consider changes in gut
microbiota and aim to determine the impacts on overall organism health.

SPONSORS

US NOAA, CNPq, FAPESP

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Oral
Biodisponibilidade, bioacumulação e biomagnificação
448 - ACÚMULO DE METAIS (AS, CD, MN, NI, PB, SN E ZN) EM TILÁPIAS
CRIADAS EM PARQUES AQUÍCOLAS NO BRASIL

TACIANA ONESORGE LOPES, TATIANA MIURA PEREIRA, JULIA MERÇON, BÁRBARA


CHISTÉ TEIXEIRA, GABRIEL COPPO, LARISSA SOUZA PASSOS, LEVY CARVALHO
GOMES
Contato: LEVY DE CARVALHO GOMES - LEVY.GOMES@UVV.BR

Palavras-chave: segurança alimentar, piscicultura, metais

INTRODUÇÃO

A produção de tilápia do Nilo (Oreochromis niloticus) no Brasil apresenta alta taxa de


crescimento. Esta alta produção foi alcançada por meio de sistemas intensivos de
aquicultura em tanques-rede, instalados em reservatórios brasileiros, seguindo
políticas governamentais que regulam a atribuição de águas públicas à aquicultura.
A presença de metais causa grande preocupação em ambientes aquáticos devido
ao seu efeito ecotoxicológico e risco de acumulação. O objetivo deste estudo é
avaliar as concentrações de metais em tilápias cultivadas em tanques-rede em oito
parques aquícolas no Brasil, que apresentam concessão do Governo Federal para a
produção em reservatórios naturais.

METODOLOGIA

Os polos aquícolas que foram estudados são: Castanhão (CE); Orós (CE);
Aracoiaba (CE); Palminhas (ES); Juara (ES); Furnas (MG); Três Marias (MG); Ilha
Solteira (SP). As coletas foram realizadas no período de Junho a Dezembro de
2015. Oito tilápias foram obtidas em duas pisciculturas de cada parque (n = 16 por
parque). Os peixes foram dissecados e 5 g dos tecidos foram separados. Para o
transporte, os tecidos foram mantidos em gelo. No laboratório, os tecidos foram
armazenados a -20 ºC até a análise. 1 g de amostra de fígado, brânquia e músculo
foi pesado e transferido para tubos, adicionados 4 mL de ácido nítrico (HNO 3)
ultrapuro (65%). Os brancos foram preparados do mesmo modo. O material de
referência foi avaliado utilizando-se tecido de peixe ERM – BB422 (European
Reference Materials®). As análises de metais (As, Cd, Mn, Ni, Pb, Sn e Zn) foram
realizadas por Espectrometria de absorção atômica (Thermo ICE-3500). A avaliação
do risco humano foi calculada utilizando a ingestão semanal provisória tolerável
(PTWI - Provisional Tolerable Weekly Intake), e dose de referência (RfD)
previamente estabelecida pela Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos
(USEPA, 2005).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

As concentrações médias dos metais analisados para as amostras de brânquia,


fígado, músculo de peixes e ração apresentadas, demonstram que o padrão de
acumulo de Cd, Pb e Sn nos tecidos seguiu o padrão esperado, em que a
concentração no músculo˂brânquia˂fígado em todo os locais amostrados, para o
Mn, Ni e Zn a sequência de acumulo foi músculo<fígado<brânquia, diferentemente

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


191
XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

do que foi observado para o As, em que a ordem de bioacumulação foi


brânquia˂fígado˂músculo. Em relação às amostras de metais no músculo, os
resultados encontrados não apresentaram valores acima do permitido pela ANVISA
(Resolução n° 42, 2013), o que caracteriza que os parques aquícolas cultivam
tilápias que não apresentam risco de uma possível contaminação por metais para os
consumidores. Podemos considerar que uma possível entrada de metais no
ambiente se dá pela oferta de rações aos peixes. Neste estudo encontramos
concentrações de Zn na faixa de 167 a 284 µg/g e de Mn entre 75 a 103 µg/g, para
as rações comerciais utilizadas nas pisciculturas. Uma possível hipótese para o
aumento de Mn nos reservatórios se dá por fontes antrópicas, como indústrias
metalúrgicas e uso de fertilizantes e fungicidas. Em relação à análise de risco
humano, os cálculos mostraram que, para um brasileiro com peso corporal médio de
70 kg, o EDI do músculo é inferior às diretrizes do RfD para todos os metais
estudados, indicando que o consumo das tilápias cultivadas em todos os parques
aquícolas é seguro. Todos os valores calculados para o HQ (Quociente de perigo)
foram inferiores a 0,01. O consumo médio do brasileiro, de acordo com a FAO
(2010), é de 8,9 kg por ano, 2,4 g por pessoa, por dia. Este dado inclui o consumo
de peixes marinhos e de água doce. Deve-se considerar que tais valores não
refletem a realidade de toda a população brasileira, já que o consumo de pescado
varia de acordo com as regiões do país. Naturalmente, os brasileiros que vivem ao
longo da costa podem ser considerados os maiores consumidores de peixes
marinhos do que as pessoas que vivem no interior. No estado do Amazonas, por
exemplo, o consumo anual de peixes é de 30 kg por ano (8 g/pessoa/dia), o que
representa um valor 3 vezes maior que a média de consumo do brasileiro. Mesmo
com um consumo de peixe alto, o EDI encontrado não apresenta risco a humanos
de acordo com as diretrizes do RfD.

CONCLUSÃO

Através deste trabalho, é possível concluir que as concentrações de metais


analisadas nos tecidos das tilápias cultivadas em tanques-rede nos oito parques
aquícolas do Brasil, não apresentam níveis acima dos estabelecidos pelos órgãos
governamentais, bem como pelos limites estabelecidos para consumo humano. Para
as concentrações de metais, uma possível fonte se dá pelo aporte de ração
disponibilizada nas pisciculturas, o que pode acarretar numa bioacumulação nos
tecidos dos animais. De maneira geral, é possível considerar que o pescado
produzido nos parques possui qualidade e não apresenta, entre os fatores
analisados, risco de consumo humano.

FONTES FINANCIADORAS

FAPES – Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Biodisponibilidade, bioacumulação e biomagnificação
457 - CAPACIDADE DE BIOACUMULAÇÃO DE FERRO E MANGANÊS EM
Crassostrea sp.

DANDARA SILVA CABRAL, TATIANA MIURA PEREIRA, KARLA GIAVARINI GNOCCHI,


JULIA MERÇON, GABRIEL CARVALHO COPPO, ADRIANA REGINA CHIPPARI GOMES
Contato: DANDARA SILVA CABRAL - DANDA_XPN@HOTMAIL.COM

Palavras-chave: ostra; toxicidade; elemento traço

INTRODUÇÃO

O Ferro e o Manganês são metais abundantes, utilizados na indústria metalúrgica e


de mineração. São considerados essenciais em processos metabólicos como o
transporte de oxigênio e elétrons, porém em grande quantidade produzem efeitos
tóxicos. Moluscos do gênero Crassostrea sp., ocorrem aderidos às raízes da
vegetação de manguezais, sendo uma população estrutural na comunidade aquática
e manutenção do ecossistema. Por serem filtradores, absorvem toxinas, poluentes e
microrganismos presentes no estuário, sendo então alvo nos estudos
ecotoxicológicos de bioacumulação de poluentes. Por isso, esse trabalho teve por
objetivo avaliar o potencial de bioacumulação de Fe e Mn no tecido desses bivalves.

METODOLOGIA

O trabalho foi dividido em dois experimentos: no primeiro, as ostras foram expostas


por 10 dias ao Mn nas seguintes concentrações: 0,049; 0,1 e 0,5 mg/L e ao Fe nas
seguintes concentrações: 0,3; 0,440 e 1,5 mg/L. No segundo, as ostras foram
expostas também por 10 dias ao Fe e Mn em associação nas seguintes
concentrações: Fe 0,3 + Mn 0,049; Fe 0,440 + Mn 0,1; e Fe 1,5 + Mn 0,5 mg/L. As
concentrações escolhidas tiveram como referência os níveis permitidos pela
legislação brasileira (CONAMA). As soluções foram preparadas a partir de uma
solução de Fe-EDTA (C10H13FeN2O8) e Sulfato de manganês (MnSO4). Foi analisado
o tecido brânquial das ostras, por ser este um dos principais órgãos envolvidos na
absorção de nutrientes, digestão e respiração celular do organismo. Também foram
analisadas ostras recém coletadas no manguezal, para obtenção de um valor de
referência (T0). As amostras foram coletadas, acondicionadas em microtubos e
estocadas em freezer -20 oC até o momento das análises. O tecido foi digerido com
uma solução de ácidos fortes, HCl: HNO3 (3:1) e a quantificação dos metais foi
determinada por meio da absorção atômica (AAS) com chama (Thermo ICE3500).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Ao final de 10 dias exposição ao Fe e Mn pudemos observar que houve acúmulo de


Fe no tecido das ostras, variando entre 4,27 e 4,85 mg/g nos diferentes tratamentos.
Apesar de não terem sido encontradas diferenças significativas entre eles, pode-se
observar um gradativo aumento deste metal nas ostras, quando em exposição
isolada ou quando associado ao Mn2+. Em relação ao acúmulo de Mn2+, a variação
foi de 0,13 a 0,244 mg/g, sendo essa variação gradativa à medida em que as ostras
foram expostas à concentrações maiores de Mn. Do ponto de vista de saúde

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


193
XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

pública, não há referência de Concentração Máxima Permitida (CMP) de poluentes


para o elemento Fe e Mn em moluscos na legislação brasileira, no entanto deve ser
levado em consideração que organismos consumidores dessas ostras podem vir a
bioacumular esses metais. Quando avaliada a exposição das ostras à associação de
Fe + Mn observamos uma variação de 2,57 a 5,22 mg/g de Fe e uma variação de
0,013 a 0,13 mg/g de Mn. O acúmulo de Fe foi significativamente maior nas ostras
expostas nas duas maiores concentrações em relação ao Mn. Já em relação ao Mn,
houve diferença significativa apenas nas ostras expostas à maior concentração.
Apesar de serem metais essenciais para a manutenção da vida, o Fe 2+ e o Mn2+
podem gerar impactos negativos no ecossistema estuarino por sua toxicidade,
mesmo quando as concentrações desses metais estão dentro do permitido pela
legislação vigente. Embora não ocorra letalidade dos organismos nessas
concentrações, eles ainda assim representam riscos à comunidade, pois podem ser
bioacumulados e biomagnificados na cadeia trófica e produzir efeitos deletérios nos
organismos. O excesso de Fe dissolvido na água pode causar, por exemplo, a
formação de flocos de ferro nas brânquias dos peixes resultando na sua obstrução,
acarretando perturbações respiratórias. A maior parte do Mn utilizado pelas
indústrias está na forma de ferro-ligas sendo um importante elemento da liga do aço
utilizado em siderurgicas, sendo um componente na fabricação de pilhas, baterias e
compostos orgânicos para a secagem de tintas. Em excesso pode causar desordens
neurológicas e motoras, além de problemas respiratórios. Portanto, é importante
estudarmos a associação entre esses metais e se existem efeitos sinergéticos entre
eles.

CONCLUSÃO

As ostras demonstraram-se eficientes bioindicadores da contaminação aquática,


sendo possível relacionar a bioacumulação no tecido desses moluscos com a dose
de Fe2+ e Mn2+ a qual foram expostos. Apesar de não haver referência de
concentração máxima de Fe2+ e Mn2+ para moluscos na legislação brasileira e de
serem elementos essenciais no metabolismo desses organismos, em grande
quantidade esses metais podem ser um risco ambiental, pois quando em excesso
são capazes de produzir efeitos tóxicos nos organismos. Os resultados fornecem
evidências científicas para a aplicação de medidas de controle da exposição aos
agentes químicos ambientais no âmbito das políticas públicas.

FONTES FINANCIADORAS

Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES)

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Oral
Biodisponibilidade, bioacumulação e biomagnificação
464 - BIOMONITORAMENTO DA ILHA DE TRINDADE - ES, BRASIL: Chelonia
mydas COMO BIOINDICADOR DE CONTAMINAÇÃO

ALEXANDRA FROSSARD, MARIA TEREZA WEITZEL DIAS CARNEIRO, MARLI DE


OLIVEIRA SILVA, SUELLEM MELO DE ANDRADE SANTIAGO, ROBERTO CARLOS
CÂNDIDO LIMA FILHO, LUCAS TAVARES DE SOUZA, ADRIANA REGINA CHIPPARI
GOMES
Contato: ALEXANDRA FROSSARD - XANDFROSSARD@YAHOO.COM.BR

Palavras-chave: tartaruga-verde, ambiente insular, bioacumulação, genotoxicidade

INTRODUÇÃO

A tartaruga verde naturalmente nidifica em ilhas. No Brasil, a ilha da Trindade é uma


das principais áreas de nidificação da espécie e é uma área em que a proteção é
mantida pelo Projeto TAMAR desde 1982. Poucas são as informações sobre a
existência de interferências antrópicas tóxicas nesse ambiente. Portanto, o objetivo
dessa pesquisa foi avaliar o estado de conservação dessa ilha por meio da
verificação de ocorrência de toxicidade no ambiente de incubação dos filhotes das
Chelonia mydas, realizando análises de metais e análise genotóxica nos filhotes
recém-eclodidos.

METODOLOGIA

Utilizamos como bioindicador a tartaruga C. mydas. Para isso, foram coletadas


amostras em dois ninhos na praia de Andradas e em dois ninhos na praia das
Tartarugas. Em cada ninho dessas praias foram coletados: três ovos frescos direto
da cloaca da mãe antes do contato com o sedimento; amostras de sedimento do
fundo do ninho; três cascas de ovos dos filhotes que eclodiram e três filhotes recém-
eclodidos após o tempo de incubação, que durou cerca de 60 dias. De cada filhote,
após a biometria, retirada do sangue e eutanásia no local de coleta, foram extraídas
as seguintes amostras de tecidos para análises de acúmulo de metais: sangue
(também usado para o teste do micronúcleo), rim, fígado, músculo e casco, todos
devidamente estocados em freezer -20 ºC. Após a coleta de sangue foram
realizados esfregaços de duas lâminas para o teste do micronúcleo de cada
indivíduo. Logo em seguida as lâminas foram fixadas e em laboratório coradas e
quantificadas. A quantificação dos metais foi realizada em espectrometria de
absorção atômica para chumbo (Pb), cádmio (Cd), manganês (Mn), e zinco (Zn) no
ICP-MS.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

No sedimento coletado dentro de cada um dos quatro ninhos experimentais, o


resultado da concentração média de cada um dos metais analisados foi: Cd =
0.0366, Pb = 0.249, Ni = 106.223, Mn = 331.878 (μg/g). Nas amostras biológicas,
quando comparamos os metais quantificados entre os ovos frescos tirados direto da
cloaca da mãe (cascas e gemas), e todo o material que entrou em contato com o
sedimento das praias da Ilha de Trindade, tivemos diferenças significativas.

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Analisamos cascas tiradas de dentro dos ninhos (referente aos filhotes que
eclodiram) com as cascas dos ovos frescos, e tambéma soma dos tecidos dos
filhotes (rim, fígado, músculo, sangue e casco) com as gemas frescas. Observamos
diferenças significativamente maiores (P=<0,001) para todas as amostras que
passaram cerca de 60 dias sendo incubadas dentro dos ninhos,em contato com o
sedimento. Exceto para o Ni que estava significativamente maior nas cascas dos
ovos frescos do que nas cascas dos filhotes que nasceram.
Nas observações gerais feitas a partir da quantificação dos metais, a bioacumulação
nas amostras, não segue um padrão, exceto para o Cd, Pb e Mn onde as maiores
concentrações encontram-se nos filhotes (Mediana = 0,109; 0,434; 3,142
respectivamente), seguido de Cd e Mn nas cascas desses filhotes que nasceram na
praia (Mediana = 0,005; 1,658). Para o restante das amostras, os metais
bioacumulados se encontram de forma desordenada. Nas gemas dos ovos frescos,
as medianas estavam todas abaixo do limite de detecção de 0,0002 do ICP para o
Cd; 0,208 de Ni; 0,172 de Pb; 0,717 de Mn. Nas cascas dos ovos frescos obtivemos
mediana igual a 0,002 de Cd; 0,007 de Pb; 0,717 de Mn; e 6,032 de Ni. Todos esses
dados, quantificados em baixas concentrações, nos proporcionou entendimento das
análises de genotoxicidade dos filhotes.
A freqüência de micronúcleos quantificados a partir do sangue dos filhotes recém-
eclodidos na Ilha foi significativamente baixa (média 1,25‰), quando comparados
com animais recém-nascidos de áreas com forte interação antrópica, como nos dos
rios Crixás-Açu e Araguaia (média 10‰). O contato direto dos ovos com o
sedimento de incubação, pode exercer papel importante na transferência de metais,
de acordo com as comparações feitas entre amostras frescas com as que entraram
em contato com o sedimento. Portanto, como o ambiente insular fica distante da
costa, podemos estimar baixas concentrações de metais no sedimento e
consequentemente baixo ou até mesmo inexistência de ocorrência de danos
genotóxicos em filhotes recém-nascidos

CONCLUSÃO

Este estudo identificou sinais de bioacumulação nas tartarugas recém-nascidas,


sugerindo baixa relação de causa-efeito entre os metais existentes na ilha e no que
foi encontrado nos animais. Ao analisarmos os metais encontrados nos ovos
coletados diretamente da cloaca das fêmeas durante postura, vimos que as mães
transferem metais aos filhotes, durante a reprodução, e conseguimos inferir o quanto
foi acrescentado aos filhotes durante a incubação a partir do sedimento. Concluímos
também que a exposição dos ovos não foi tóxica para os filhotes recém-eclodidos,
visto que não expressaram danos genotóxicos e que o ambiente da Ilha de Trindade
ainda está conservado.

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Biodisponibilidade, bioacumulação e biomagnificação
470 - TRANSPORTE DE METAIS EM ÁGUAS SUPERFICIAIS DO RIO SOLIMÕES
NA REGIÃO DA TRÍPLICE FRONTEIRA, BRASIL

MARIA JOSÉ TAVARES DE OLIVEIRA, BRENDA NATASHA SOUZA COSTA, HELENA


PEREIRA ALMEIDA, BÁRBARA CAROLINE PEREIRA DA SILVA, THAÍS KAROLINA
LISBOA DE QUEIROZ, MARCELO DE OLIVEIRA LIMA
Contato: MARIA JOSÉ TAVARES DE OLIVEIRA - TAVARESJO@HOTMAIL.COM

Palavras-chave: ICP-MS; Amazônia; Garimpos; saúde pública

INTRODUÇÃO

Os processos minerários são também responsáveis pelo despejo de resíduos nos


ecossistemas aquáticos e a partir destes podem ocasionar o acúmulo de
contaminantes, como elementos tóxicos, nos organismos do mesmo (DE SOUSA et
al., 2016). Como exemplo, nas condições precárias dos garimpos de ouro na Pan-
Amazônia ocorrem liberações de mercúrio metálico para os corpos
hídricos(ZEIDEMANN, 2001). Estes, configuram um risco às populações ribeirinhas
que utilizam esses ecossistemas como fonte de alimentação e recreação
(MILHOMEM FILHO et al., 2016). Este estudo objetivou a avaliação dos níveis de
metais tóxicos transportados em águas superficiais do rio Solimões na região da
tríplice fronteira, Brasil.

METODOLOGIA

Este estudo foi desenvolvido a partir de amostragens ambientais no rio Solimões,


Amazonas, região da tríplice fronteira (Brasil, Colombia e Peru). As coletas de águas
superficiais ocorreram em oito (S1 a S8)pontos de amostragens, distribuídos nos
períodos de cheia (Maio/2017) e seca (Novembro/2017). As amostras de água
superficial foram encaminhadas para o laboratório destinadas para a determinação
Alumínio (Al), Ferro (Fe), Manganês (Mn), Mercúrio (Hg) e Níquel (Ni) obtidas de
forma direta na superfície da coluna d’água em frascos de polipropileno,
posteriormente foram filtradas em membranas de éster celulose (0,45 µm),
acidificadas com HNO3(pH<2) para concentração final de 1%, as análises
sucederam-se em espectrômetro de massas acoplado com plasma induzido (ICP-
MS).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Com referência aos metais, Al apresentou teores médios de 60,7 ± 27,2 µg.L -1,
porém nos pontos S5 (124,8 µg.L-1) e S6 (125,5 µg.L-1) do período seco os valores
ultrapassaram o limite estabelecido pelo CONAMA 357 (100 µg.L -1). Somando a
isso, um agravo a saúde humana, uma vez que suas conseqüências são extensas
como o acúmulo do mesmo no cérebro, podendo causar doenças neurológicas
como Parkinson e Alzheimer (SILVA & MOREIRA, 2009).
Para o elemento ferro, no tempo de cheia apresentou valores médios de 239,3 ±
56,9µg.L-1, em comparação com o tempo seco houve um expressivo crescimento da
concentração deste metal, no corpo hídrico em questão. Pois, neste período todos

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

os pontos exibiram valores acima de 300 µg.L -1, limite estabelecido pelo CONAMA
357. Os pontos que passaram do limite do CONAMA tanto para alumínio, quanto
ferro, em ambos os casos, foram no período seco, o que pode estar relacionado com
a capacidade de diluição destes metais pelo ecossistema aquático, pois o aumento
do aporte de água favorece a diluição de Al e Fe, diminuindo a concentração dos
mesmos nas águas superficiais.
Para Manganês, houve uma pequena oscilação entre os pontos e os períodos, com
média de 18,7 ± 12,4 µg.L-1 e para o metal níquel, ocorreu uma variação média de
2,8 ±2,9 µg.L-1 salientando maiores valores durante a seca, com valores médios de
5,2 ± 2,4 µg.L-1. Contudo, ambos os metais mostraram resultados dentro dos limites
estabelecidos pelo CONAMA 357, de até 100 µg.L -1 e 25 µg.L-1 de manganês e
níquel, respectivamente.
Com relação ao mercúrio, ocorreu uma notória alteração dos valores entre os
diferentes períodos, indicando resultados acima de 0,20 µg.L -1, determinado pelo
CONAMA 357. No período chuvoso a concentração média deste metal foi de 0,32 ±
0,01 µg.L-1, enquanto que no período seco, todos os pontos apresentaram
concentrações inferiores ao limite de quantificação (0,08 µg.L -1). As chuvas e
aumento do volume das águas favorecem o escoamento de mercúrio das regiões
garimpeiras localizadas nas cabeceiras dos rios e tributários do rio Solimões.

CONCLUSÃO

O ambiente estudado mostrou características dinâmicas influenciadas pelos


períodos de cheia e seca da região. Baseado nos resultados obtidos acima do limite
estabelecido pela legislação ambiental em questão, o rio Solimões apresenta uma
qualidade de água que pode estar sendo afetada pelas concentrações de efluentes
advindos de processos minerários e condições precárias de garimpos da região.
Estas podem trazer impactos a vida humana, haja vista este ser um corpo hídrico
utilizado pelas populações ribeirinhas como fonte de alimentação, recreação e
transporte. Contudo, é imprescindível a avaliação continuamente dos níveis de
metais nestes ambientes.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CONAMA, “Resolução no 357/2005”. Ministério do Meio Ambiente, Conselho


Nacional de Meio Ambiente. Brasília, 2005.
DE SOUSA, E.A. et al.(2016) ‘Chromium distribution in an Amazonian river exposed
to tannery effluent’, Environmental Science and Pollution Research. Environmental
Science and Pollution Research, 23(21), pp. 22019–22026. doi: 10.1007/s11356-
016-7443-1.
MILHOMEM FILHO, E.O. et al.‘A ingestão de pescado e as concentrações de
mercúrio em famílias de pescadores de Imperatriz (MA)’, Revista Brasileira de
Epidemiologia, 19(1), pp. 14–25. doi: 10.1590/1980-5497201600010002, 2016.
SILVA, A. DA; MOREIRA, J. (2009). Toxic effects of inorganic contaminants on the
health of patiets treated with hemodialysis. Revista de saúde coletiva, 17 (3), 691-
730. Retirado de http:// ies. Ufrj. Br/ cadernos/ images/ csc/ 2009_3/ artigos/
Artigo_8. Pdf
ZEIDEMANN, V.K. O rio das águas negras. São Paulo: Companhia das letras: UNIP,
2001. Retirado de http:// ecologia.ib. usp. br.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

FONTES FINANCIADORAS

Para realização das amostragens a pesquisa contou com o apoio financeiro do


CNPq, através do programa institucional de bolsa de iniciação científica( PIBIC/
CNPq/IEC) do Instituto Evandro Chagas ( IEC/SVS/MS).

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Biomarcadores

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Biomarcadores
3 - BIOMARKER PERFORMANCE OF METALLOTHIONEIN AND
ETHOXYRESORUFIN O-DEETHYLASE IN AQUATIC ENVIRONMENTS: A META-
ANALYTICAL APPROACH

THOMAZ MANSINI CARRENHO FABRIN, NATHÁLIA ALVES DIAMANTE, NÉDIA DE


CASTILHOS GHISI, THAÍS FERNANDES MENDONÇA, SÔNIA MARIA ALVES PINTO
PRIOLI, ALBERTO JOSÉ PRIOLI
Contato: NÉDIA DE CASTILHOS GHISI - NEDIAGHISI@GMAIL.COM

Keywords: Cytochrome P450; EROD; meta-analysis; fish; bivalve

INTRODUCION

Preservation of natural environments guarantees conservation of biodiversity and


ecosystems. Biomonitoring programs in protected sites can be carried out using
molecular biomarkers, thereby indicating possible stressors that may exist in a given
monitored location. The Metallothionein proteins (MTs) and isoenzyme Cytochrome
P4501A (CYP4501A) are commonly used as biomarkers and reflect the detoxification
of metal and organic xenobiotics, respectively. This study aimed to assess the
performance of these two biomarkers in aquatic environments using a meta-analytic
approach.

METHODS

The data search was conducted via the ISI Web of Science™ using Boolean
scripting, and considered papers published through August 2016. Studies included in
this research needed to compare reference or control sites with sites under
xenobiotic stress and be conducted in situ. A table was constructed containing the
following information: tissue, sex of organisms (when available), biomarker, organism
group, species, and salinity of aquatic environment (freshwater or marine). Each
individual study examines many individual sampling sites. We then calculated the
mean values of these biomarkers compared to the sampling site and the
control/reference sites for said study. Data was organized in tables and analysed with
the R software of Metafor. A heterogeneity test of all examined data points was also
carried out for the Q and I2 values. Obtained data was then examined in analogous
metric units and converted into standard mean differences. A random effects model
was used to estimate the standard mean differences for all analyses.

RESULTS AND DISCUSSION

In general, both biomarkers were useful when comparing control sites with sites
under xenobiotic stress. The activity of CYP4501A is measured primarily as
ethoxyresorufin O-deethylase (EROD). The studies using MTs and/or EROD as
biomarkers indicated significant results for the heterogeneity test. Moreover, when
the data was categorized into groups of organisms, mainly “bivalves” and “fishes”,
there were differences between the groups and between the monitored
environments, marine or freshwater. Examination of MTs between “fish” vs. “bivalve”,
both exhibit a significant summary of the standard mean differences. In the marine

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


201
XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

environment, “fish” did not present significant results for the summary of standardized
mean differences, significant results occurred only in a freshwater environment. For
the “bivalve” group there were significant results in the summary of standardized
mean differences for both aquatic environments, in the use of MTs. Regarding the
EROD data, only “fish” had a significant summary of the standardized mean
differences when considering all environments, while “bivalve” did not. For freshwater
environments, only the “fish” group presented a significant summary of the
standardized mean differences; the group “bivalve”, on the other hand, was the only
one that had a significant summary of the standardized mean differences in marine
environments. Diagnosing and monitoring heavy metal environmental pollution using
MTs is important as these heavy metals can cause changes in aquatic ecosystems.
Our results indicate that MTs are useful as a molecular biomarker for biomonitoring
using “bivalves”, in both aquatic environments, marine and freshwater. However,
using MTs with “fish” were useful only for freshwater environments, as salinity can
reduce heavy metal accumulation in “fishes”. There is a relationship between the
exposure time to xenobiotic elements and EROD activity, and the more recent the
exposure, the greater the intensity. The non-significant results for “bivalves” were
expected, since this activity is difficult to detect in invertebrates, and the non-
significant results for “fish” in marine environments can occur for various reasons.
Biomarker values different from those expected in studied locations can indicate
chronic intoxication because species exposure to high pollution levels can also lead
to decreased initiation. Discussed biomarkers in “fish” are suitable for freshwater
environments, and in marine environments, “bivalves” are preferable.

CONCLUSION

Our meta-analysis demonstrates the usefulness of MTs and EROD as biomarkers for
biomonitoring, depending on the aquatic environment and indicator species selected
for a study. “Fish” are most useful for freshwater environments, using both
biomarkers, but for marine environments, this group would only be useful to examine
organic xenobiotics, via the EROD. On the other hand, the use of “bivalve” species
would be more useful to examine heavy metals in marine environments, but not
organic xenobiotics, given the difficulty of the detection in invertebrates using EROD.

SPONSORS

The authors thank the CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de


Nível Superior) for financial support.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Biomarcadores
17 - AVALIAÇÃO DA QUALIDADE AMBIENTAL DO RIO PEREQUÊ, PORTO
BELO - SC POR MEIO DE BIOMARCADORES NA ESPÉCIE DE PEIXE Astyanax
altiparanae

MATHEUS ANDRADE CARNEIRO, SABRINA LOISE DE MORAIS CALADO, ANA


PELANDA, JULIANA RORATTO LIROLA, FERNANDO GARRIDO DE OLIVEIRA, LILIAN
DALAGO SALGADO, MARTA MARGARETE CESTARI, HELENA CRISTINA DA SILVA
DE ASSIS
Contato: MATHEUS ANDRADE CARNEIRO - MATHEUSACARNEIRO111@GMAIL.COM

Palavras-chave: Biomarcadores; agricultura; ocupação humana; Rio Perequê; Astyanax altiparanae

INTRODUÇÃO

Os agrotóxicos são usados comumente em lavouras, porém, o uso indiscriminado,


em culturas como a do arroz, tem resultado na contaminação dos recursos hídricos
e dano à biota local. O Rio Perequê, localizado em Porto Belo, Santa Catarina,
Brasil, é utilizado para abastecimento público de água da cidade. As atividades
humanas como a rizicultura e ocupação urbana no seu entorno resultam na entrada
de agrotóxicos e esgoto doméstico. Os objetivos deste trabalho foram determinar as
concentrações do herbicida glifosato em amostras de sedimento do Rio Perequê e
avaliar a saúde do peixe Lambari (Astyanax altiparanae), utilizando biomarcadores
bioquímicos e genotóxicos.

METODOLOGIA

Os peixes foram coletados em dois pontos do Rio Perequê, um localizado a


montante da barragem (P1), onde se localiza o ponto de captação de água para
abastecimento da ETA de Porto Belo, e o outro localizado a jusante da barragem
(P2), região na qual possui contaminação urbana (esgoto doméstico). A coleta foi
realizada na estação da primavera, período subsequente à época de pulverização
dos campos de arroz. Amostras de sedimentos foram coletados para a análise
química do glifosato por cromatografia líquida de alta eficiência com detecção por
ultravioleta (HPLC-UV) nos dois pontos. As espécimes foram anestesiadas,
eutanasiadas e o cérebro, músculo e fígado foram coletados para as análises de
biomarcadores genéticos e bioquímicos. O biomarcador bioquímico,
Acetilcolinesterase (AChE), foi analisado em amostras de cérebro e músculo; e os
biomarcadores bioquímicos: Catalase (CAT), Glutationa S-Transferase (GST),
Glutationa Peroxidase (GPx), Superóxido Dismutase (SOD) e Lipoperoxidação
(LPO), foram analisados em amostras de fígado. Para análise genotóxica, o ensaio
cometa foi realizado no fígado. As análises estatísticas de normalidade e
homogeneidade dos dados foram testadas. Para os dados normais foi realizado o
teste t paramétrico para amostras independentes, e para os dados não normais foi
realizado o teste não paramétrico Mann-Whitney U-test.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados da análise química demonstraram a presença de glifosato no Rio


Perequê no sedimento do P1 (11,7 µg/Kg), e as amostras do sedimento do P2 foram
abaixo do limite de quantificação do método. Os resultados da atividade da AChE
muscular e cerebral no ponto 2 foi diminuída em comparação ao ponto 1. Apesar do
glifosato ter sido encontrado no sedimento do P1 a região do P2 é submetida a uma
maior interferência da contaminação urbana e outros compostos anticolinesterásicos
podem estar presentes na água e estar causando a maior diminuição na atividade
da enzima. Outros trabalhos demonstraram a diminuição da atividade da AChE em
áreas com contaminação urbana e industrial em relação a áreas com presença de
atividades agrícolas e herbicídas, reforçando os resultados obtidos nesse trabalho
(GHISI et al., 2017; VIEIRA et al., 2017). Nos biomarcadores bioquímicos do fígado
não houve diferença significativa entre os pontos estudados. Com base nos
resultados obtidos pode-se sugerir que os dois pontos por serem impactados pela
atividade humana no entorno, estão causando respostas similares nas atividades
enzimáticas assim como o dano na membrana lipídica. Porém, como relatado em
alguns estudos, a atividade agrícola com agrotóxicos tem aumentado o dano da
membrana e diminuído a atividade da GST em peixes, porém essa diferença foi
relatada em diferentes períodos sazonais. (BUENO-KRAWCZYK et al., 2015;
TRUJILLO-JIMÉNEZ et al., 2011). Como no presente estudo não houve o
acompanhamento sazonal das análises essas diferenças não foram encontradas. O
ensaio cometa realizado no tecido hepático não apresentou diferença entre os
pontos amostrados. Segundo outros autores, danos genéticos foram relatados
causados por herbicidas, principalmente o glifosato, assim como em áreas de esgoto
urbano o dano no DNA também se fez evidente, não podendo ser obtido diferenças
significativas de resultados (GHISI et al., 2017; VIEIRA et al., 2016). Dessa forma,
relacionando os resultados obtidos com outros trabalhos, pode-se sugerir que houve
dano considerável em ambos os pontos de estudo, porém, diferenças significativas
entre os dois pontos só foi possível observar na atividade da atividade da AChE.

CONCLUSÃO

O Rio Perequê apresenta uma preocupante contaminação gerada pelas riziculturas


locais e pelos centros urbanos como de esgoto doméstico. Por se tratar de um rio
utilizado para abastecimento público é necessário um monitoramento frequente da
qualidade da água e dos peixes que são consumidos como fonte alimentar pela
população. Este monitoramento e gerenciamento garantiriam uma melhoria da
integridade do ecossistema e na qualidade da água para a população em geral.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BUENO-KRAWCZYK, A.C.D.; GUILOSKI, I.C.; PIANCINI, L.D.S.; AZEVEDO, J.C.;


RAMSDORF, W.A.; IDE, A.H.; GUIMARÃES, A.T.B.; CESTARI, M.M.; SILVA DE
ASSIS, H.C. Multibiomarker in fish to evaluate a river used to water public supply.
Chemosphere, v. 135, p. 257–264, 2015.
GHISI, N.C.; OLIVEIRA, E.C.; GUILOSKI, I.C.; DE LIMA, S.B.; SILVA DE ASSIS,
H.C.; LONGHI, S.J.; PRIOLI, A.J. Multivariate and integrative approach to analyze
multiple biomarkers in ecotoxicology: A field study in Neotropical region. Science of
the Total Environment, v. 609, p. 1208–1218, 2017.

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


204
XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

TRUJILLO-JIMÉNEZ, P.; SEDEÑO-DÍAZ, J.E.; CAMARGO, J.A.; LÓPEZ-LÓPEZ, E.


Assessing environmental conditions of the Río Champotón (México) using diverse
indices and biomarkers in the fish Astyanax aeneus (Günther, 1860). Ecological
Indicators, v. 11, n. 6, p. 1636–1646, 2011.
VIEIRA, C.E.D.; COSTA, P.G.; LUNARDELLI, B.; DE OLIVEIRA, L.; DA COSTA
CABRERA, L.; RISSO, W.E.; PRIMEL, E.G.; MELETTI, P.C.; FILLMANN, G.;
BUENO DOS REIS MARTINEZ, C. Multiple biomarker responses in Prochilodus
lineatus subjected to short-term in situ exposure to streams from agricultural areas in
Southern Brazil. Science of the Total Environment, v. 542, p. 44–56, 2016.
VIEIRA, C.E.D.; COSTA, P.G.; CABRERA, L.C.; PRIMEL, E.G.; FILLMANN, G.;
BIANCHINI, A.; BUENO DOS REIS MARTINEZ, C. A comparative approach using
biomarkers in feral and caged Neotropical fish: Implications for biomonitoring
freshwater ecosystems in agricultural areas. Science of the Total Environment, v.
586, p. 598–609, 2017.

FONTES FINANCIADORAS

CAPES

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Biomarcadores
24 - AVALIAÇÃO DOS EFEITOS TÓXICOS DA MICROCISTINA-LR EM PEIXES
UTILIZANDO BIOMARCADORES DE CONTAMINAÇÃO AMBIENTAL

ANA PELANDA, SABRINA LOISE DE MORAIS CALADO, GUSTAVO SOUZA SANTOS,


MAIARA VICENTINI, LUCILA ADRIANI CORAL, MARTA MARGARETE CESTARI,
HELENA CRISTINA DA SILVA DE ASSIS
Contato: ANA CLEUZA DE SOUZA PELANDA - ANAPELANDA@YAHOO.COM.BR

Palavras-chave: cianobacterias; biomarcadores; efeitos toxicos

INTRODUÇÃO

Os reservatórios são principalmente utilizados para geração de energia e


abastecimento público de água. Entretanto, atividades antrópicas como a
recreação,agricultura e a ocupação humana causam a degradação desses
ecossistemas. A eutrofização é um dos principais impactos ambientais em
reservatórios, resultante dafloração de algas e cianobactérias. As cianobactérias são
potencias produtores decianotoxinas, podendo causar efeitos deletérios para os
ecossistemas aquáticos. O objetivo desse presente trabalho foi analisar possíveis
efeitos tóxicos causados pela cianotoxina Microcistina-LR (MC-LR) em baixa
concentração, avaliando biomarcadores bioquímicos e genéticos no peixe
Geophagus brasiliensis.

METODOLOGIA

Um bioensaio agudo de 96 horas com a espécie de peixe Geophagus brasiliensis foi


realizado. Os peixes (n=50) foram mantidos em aquários para a aclimatação e em
seguida expostos à 1 µg/L da MC-LR por 96 horas. Um controle foimantido com as
mesmas condições sem adição de toxina. Após o período dobioensaio metade dos
peixes (n=25) foram anestesiados, eutanasiados e o sangue,cérebro, músculo,
fígado e gônada coletados para a realização das análises dos biomarcadores
genéticos e bioquímicos. O restante dos animais foi submetido a um experimento de
depuração de 15 dias em água limpa. Após esse período o mesmo procedimento do
grupo do bioensaio foi realizado no grupo da depuração. Os tecidos musculares e
cerebral foram utilizados para a analises bioquímicas da enzima acetilcolinesterase.
Além disso, o cérebro, sangue e fígado foram utilizados para análises de
genotoxicidade como ensaio cometa e quantificação de alterações morfológicas
nucleares. Os tecidos hepático e gonadal foram utilizados para a realização de
analises bioquímicas através dos biomarcadores de estresse oxidativo como as
enzimas Glutationa S-Transferase (GST), Glutationa peroxidase (GPX),Glutationa
reduzida (GSH), Superóxido dismutase (SOD) e Catalase (CAT), além da análise
dos danos de membrana lipídica (LPO).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

nto (P=0,0007); e a atividade da SOD apresentou um aumento no grupo depuração,


em relação ao grupo controle (P=0,0375). As atividades das enzimas do sistema
antioxidante na gônada não foram diferentes entre os grupos, porém o dano de

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


206
XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

membrana lipídica foi maior (F=4,3941;P= 0,0208) no grupo depuração em relação


ao controle (P=0,0314) e ao grupo tratamento (P=0,0491). Estudos realizados em
tilápia (Oreochromis niloticus) expostos a MC-LR, por 14 e 21 dias, revelou que MC-
LR induz um aumento no dano de membrana lipídica (LPO) (PRIETO et. al., 2008).
Da mesma forma que pesquisas com Laeonereis acuta, revelaram a atividade
reduzida da CAT, em resposta a exposições de Microcystis aeruginosa,
cianobactéria produtora de microcistinas (LEÃO et. al.,2008). Outros estudos
reportaram a redução da atividade da CAT e aumento nosníveis de lipoperoxidação
no fígado de ratos tratados com injeções intraperiotoniais de MC-LR (MORENO et.
al., 2005); além da elevação da atividade da enzima SOD em macrófitas aquáticas
da espécie Ceratophyllum demersum expostas por 24 horas a um extrato de MC-LR
com uma concentração de 5,0 µg/L (PFLUGMACHAR, 2004). No sangue, cérebro e
fígado não foi observado genotoxicidade. Garcia (2011),utilizando o peixe
Prochilodus lineatus exposto a cianobactéria Microcystis aeruginosa,também não
detectou a ocorrência de danos genotóxicos. De acordo com nossos resultados a
cianotoxina MC-LR está causando alterações no sistema antioxidante. Entretanto,
essas alterações não foram vistas no tempo de exposição (96horas), ou seja, a
alteração desse sistema pela MC-LR nesta espécie de peixe leva mais tempo para
acontecer e dessa forma só foi detectada no grupo depuração. Sendo assim,
organismos expostos a MC-LR mesmo que por um curto período vão apresentar
respostas no sistema antioxidante depois da exposição, levando ao estresse
oxidativo.

CONCLUSÃO

Com base neste estudo é possível concluir que a MC-LR tem potencial de causar
efeitos tóxicos para os organismos aquáticos, mesmo em concentrações
relativamente baixas, como a estabelecida pela legislação brasileira de 1µg/L. Os
resultados indicam a necessidade de melhorias nas estratégias de monitoramento e
no gerenciamento das cianobactérias e das suas toxinas nos ecossistemas
aquáticos, tendo em vista que, outros estudos revelam que tais microorganismos
podem afetar não somente aos organismos aquaticos, mas tambem, a população
humana e, consequentemente, a saude publica.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

GARCIA, C. 2011. Efeitos bioquimicos e genéticos de florações naturais de


cianobacterias e de Microcystis aeruginosa no peixe Prochilodus lineatusa.
Dissertação de pós graduação. Universidade Estatual de Londrina.
KIST, L.W. 2012. Avaliação da toxicidade induzida pela exposição à microcistina-LR
sobre as neurotransmissões colinérgica e purinérgica em Zebrafish (Danio rerio).
Pós graduação (Programa de Pós-Graduação em Biologia Celular e Molecula)-
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul.
LEÃO, Z.M.A.N.; KIKUCHI, R.K.P.; OLIVEIRA, M.D.M. 2008. Branqueamento de
corais nos recifes da Bahia e sua relação com eventos de anomalias térmicas nas
águas superficiais do oceano. Biota Neotropica. 8:69-82.
MORENO, I.; PICHARDO, S.; JOS, A.; GÓMEZ-AMORES, L.; MATE, A.; VAZQUEZ,
C.M.; CAMEÁN, A.M. 2005. Antioxidant enzyme activity and lipid peroxidation in liver
and kidney of rats exposed to microcystin-LR administered intraperitoneally. Toxicon.
45:395– 402.

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


207
XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

PFLUGMACHER, S. 2004. Promotion of oxidative stress in the aquatic macrophyte


Ceratophyllum demersum during biotransformation of the cyanobacterial
toxinmicrocystin-LR. Aquatic Toxicology. 70:169- 178.
PINTO, A. 2016. Explorando a razão de bactérias do meio aquático não serem
afetadaspor microcistinas: sistema antioxidante vs. degradação. Tese de mestrado
em BiologiaHumana e Ambiente, apresentada à Universidade de Lisboa, através da
Faculdade deCiência.
PRIETO, A.L.; ATENCIO, L.; PORTO, M.; PICHARDO, S.; JOSÉ, A.; MORENO, I.;
CAMEÁN, A.M. 2008. Efeitos tóxicos produzidos por microcistinas em peixes.
Toxicology. 77:314-321.
YUANA, J.; GUB, Z.; ZHENGC, Y.; ZHANGA, Y.; GAOA, J.; CHENA, S.; WANGA, Z.
2016. Accumulation and detoxification dynamics of microcystin-LR and antioxidant
responsesin male red swamp crayfish Procambarus clarkii. Aquatic toxicology.
177:8-18

FONTES FINANCIADORAS

Grupo CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior


CNPQ - Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Biomarcadores
26 - HISTOPATOLOGIA BRANQUIAL DE Astyanax bifasciatus (TELEOSTEI,
CHARACIDAE) COMO INDICADOR DE CONTAMINAÇÃO AQUÁTICA DO RIO
JIRAU ALTO, DOIS VIZINHOS-PR

ANA PAULA DA SILVA, FRANCISCO LUIZ GIRARDI, ELTON CELTON OLIVEIRA,


NÉDIA DE CASTILHOS GHISI
Contato: ANA PAULA DA SILVA - ANNA-P-17@HOTMAIL.COM

Palavras-chave: biomonitoramento; poluição aquática; biomarcador; Índice de Bernet

INTRODUÇÃO

Em aglomerações urbanas, os rios geralmente são utilizados para abastecimento


público e são os destinos finais de efluentes domésticos, industriais e agrícolas, os
quais podem conter substâncias nocivas aos seres vivos que habitam este local
(LIEBEL, TOMOTAKE & OLIVEIRA-RIBEIRO, 2013), sendo necessário o seu
monitoramento. O uso de peixes como bioindicadores permite avaliar os efeitos da
contaminação aquática, pois apresentam modificações na estrutura celular, de
tecidos e órgãos em resposta a poluição (ROCHA et al., 2010).
O objetivo deste trabalho foi avaliar as histopatologias branquiais de Astyanax
bifasciatus como biomarcadores de poluição do rio Jirau Alto, no Sudoeste do
Paraná/Brasil.

METODOLOGIA

Foram avaliados quatro pontos amostrais do rio Jirau Alto, no município de Dois
Vizinhos-PR, sendo: P1) próximo a nascente; P2) próximo a captação de água para
abastecimento urbano; P3) em trecho urbano; P4) a jusante, próximo a foz. Foi
utilizado um ponto controle (PC) em uma APP, no lago da Universidade Tecnológica
Federal do Paraná, Dois Vizinhos (UTFPR-DV).
Utilizou-se o peixe Astyanax bifasciatus como bioindicador. Estes foram coletados
com redes de espera e covo, nos meses de verão de 2016. Os animais foram
anestesiados com benzocaína e retirou-se amostras branquiais. Estas foram fixadas
em ALFAC, desidratadas em álcool, e diafanizadas com xilol, com inclusão do
material em Paraplast. Os cortes foram fixados em lâmina e corados com
hematoxilina/eosina.
As lâminas foram analisadas ao microscópio de luz, quanto a frequência de
alterações do tecido branquial, seguindo o protocolo de Bernet et al. (1999), sendo 0
(inexistente), 1 (1% a 24%), 2 (25% a 49%), 3 (50% a 74%) e 4 (75% a 100%) e
classificadas conforme o grau de reversibilidade do dano, sendo 1 (baixa lesão); 2
(lesões de nível moderado) e 3 (lesões graves). Foram aplicados testes de
pressupostos para normalidade e homocedasticidade e posteriormente análise de
variância ANOVA.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

As principais lesões observadas nas brânquias foram fusão parcial das lamelas,
aneurismas e edemas, classificadas como danos de primeiro grau, de reversão
possível. As alterações de segundo grau foram fusão total das lamelas e hiperplasia,
em que é possível sua reversão com a retirada do agente estressor (BERNET et al.,
1999). Também se observou a presença de parasitas e implantações parasitárias.
A partir da ANOVA foi possível observar que não há diferenças significativas entre
os pontos (F= 2,6081 e p= 0,05467). Sendo assim, os índices histopatológicos foram
semelhantes entre os pontos amostrais. Este resultado pode estar relacionado com
a época de análise, pois o verão é uma estação com maior disponibilidade de
alimento e altas temperaturas que podem garantir maior resistência a poluentes e
patógenos comparada a temperaturas frias (SANTOS; VIANA; LIMA-JUNIOR, 2006).
As médias de danos no Índice de Bernet para o ponto P1 foi de 6,57. Para P2, a
média de lesão foi de 6,14, para P3 de 6,85, para P4 de 4,42 e para PC de 6,87. O
P4 apresentou uma média relativamente inferior aos demais pontos. Este fato pode
ser resultante da sua localização estar próxima a foz do rio, sendo um local de
migração dos peixes do Rio Dois Vizinhos para o Rio Jirau Alto , especialmente por
se tratar do verão.
Os mesmos danos supracitados foram encontrados nos trabalhos de Nogueira,
Castro e Sá (2009) e Liebel, Tomotake & Oliveira-Ribeiro (2013), que utilizaram
brânquias como indicadores de poluição aquática. Estes autores afirmam que a
proliferação celular das lamelas diminui as áreas de trocas gasosas, dificultando a
respiração, esta resposta, a algum agente estressor, é característico do sistema de
defesa das brânquias, mas não caracteriza a ação de um xenobionte.
As alterações encontradas estão presentes em todos os pontos analisados, sendo o
primeiro ponto (P1) situado próximo a nascente do rio, local protegido por pouca
mata ciliar, mas circundado por diversos tipos de atividades agrícolas; o segundo
ponto (P2) fica próximo à captação de água do município e após uma indústria
frigorífica; o terceiro ponto (P3) fica em um trecho urbano do município, e apesar de
estar localizado dentro do Parque Ecológico Municipal Jirau Alto, ainda sofre a
influência de descargas de efluentes urbanos; e o quarto ponto (P4) fica na jusante
próximo a foz do rio, onde se encontra com o Rio Dois Vizinhos.

CONCLUSÃO

A histopatologia de brânquias é importante ferramenta para a avaliação do impacto


ambiental. Porém, usada de forma isolada não pode fornecer dados suficientes para
uma conclusão acerca da poluição aquática, especialmente por tratar-se de um
biomarcador de resposta tardia.
Portanto, não é possível concluir que a biota do Rio Jirau Alto da cidade de Dois
Vizinhos-PR, não apresente efeitos devidos a poluição através dos dados deste
trabalho. Sugerem-se estudo adicionais, como análises de histopatologias de
brânquias em outras estações do ano, juntamente com o emprego de outros
biomarcadores e análise da qualidade da água.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BERNET, D.; SCHIMID, H.; MEIER, W.; BURKHARDDT-HOLM, P.; WAHLI, T.


Histopathology in fish: proposal for a protocol to assess aquatic pollution. Journal of
Fish Diseases, v. 22, p. 25-34, 1999.

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


210
XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

LIEBEL, S.; TOMOTAKE, M.E.M.; OLIVEIRA-RIBEIRO, C.A. Fish histopathology as


biomarker to evaluate water quality. Ecotoxicology And Environmental
Contamination, [s.l.], v. 8, n. 2, p.9-15, 6 dez. 2013.
NOGUEIRA, D.J.; CASTRO, S.C.; SÁ, O.R. Utilização das brânquias de Astyanax
altiparanae (Garutti & Britski, 2000) (Teleostei, Characidae) como biomarcador de
poluição ambiental no reservartório UHE Furnas-MG. Revista Brasileira de
Zoociências, v. 11, n. 3, p.227-232, dez. 2009.
ROCHA, R.M.; COELHO, R.P.; MONTES, C.S.; SANTOS, S.S.D.; FERREIRA,
M.A.P. Avaliação hitopatológica de fígado de Brachyplatystoma rousseauxii
(Castelnau, 1855) da Baía do Guarujá, Belém, Pará. Ciência Animal Brasileira, [s.l.],
Universidade Federal de Goiás, v. 11, n. 1, p.101-109, 1 abr. 2010.
SANTOS, S.L.; VIANA, L.F.; LIMA-JUNIOR, S.E. Fator de condição e aspectos
reprodutivos de fêmeas de Pimelodella cf. gracilis (Osteichthyes, Siluriformes,
Pimelodidae) no rio Amambai, Estado de Mato Grosso do Sul. Acta Scientiarum:
Biological Sciences, Maringá, v. 28, n. 2, p.129-134, abr. 2006.

FONTES FINANCIADORAS

Agradecimento ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico


– CNPq pelo financiamento do projeto e pela bolsa de Iniciação Científica.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Biomarcadores
28 - EFEITO DE EFLUENTES INDUSTRIAIS SOBRE BIOMARCADORES EM
PEIXES

CARLOS FILIPE CAMILO COTRIM, MAX MILLER BICUDO DOS REIS, FABRÍCIO
BARRETO TERESA, LUCIANA DE SOUZA ONDEI
Contato: CARLOS FILIPE CAMILO COTRIM - CARLOSFCAMILO@GMAIL.COM

Palavras-chave: Genotoxicidade, micronúcleo; Anomalias nucleares. Molondialdeído. Peroxidação


lipídica. Monitoramento

INTRODUÇÃO

Os níveis de compostos xenobióticos, oriundos de atividade antropogênicas,


aumentaram de forma significativa nos ambientes aquáticos durante os últimos
anos. Em decorrência deste aumento, a biota aquática está sujeita a um grande
número de substâncias tóxicas que acabam prejudicando sua qualidade de vida
(ARIAS et al., 2007). Tais compostos podem levar os organismos a apresentarem
distúrbios bioquímicos, como o estresse oxidativo em espécies que vivem em locais
poluídos (VAN DER OOST; BEYER; VERMEULER, 2003). Sendo assim, este
trabalho teve como objetivo avaliar o efeito de efluentes industriais sobre
biomarcadores de peixes, comparando a peroxidação lipídica e os danos
genotóxicos.

METODOLOGIA

A área de estudo incluiu trechos de riachos localizados na reserva ecológica do


Câmpus Anápolis de Ciências Exatas e Tecnológicas – Henrique Santillo da
Universidade Estadual de Goiás, situada às margens do Km 98 da BR-153,
município de Anápolis/GO. Para isso, foi feita a exposição de lambaris da espécie
Astyanax lacustris em um trecho do córrego Barreiro, que recebe efluente industrial
e em um trecho de nascente que não recebe efluente. Para o teste de
genotoxicidade adotamos a técnica de micronúcleo e anomalias nucleares, usando
sangue dos lambaris para confeccionar esfregaços sanguíneos. Para o teste de
peroxidação lipídica utilizamos a avaliação do produto formado entre o
molondialdeído (MDA), marcador bioquímico decorrente da peroxidação lipídica, e o
ácido 2-tiobarbitúrico. Para avaliar o efeito dos riachos (que recebe efluentes
industriais e a nascente) os valores de MDA e micronúcleo foram comparados por
meio da Análise de Variância Fatorial (Two-Way ANOVA).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A avaliação de genotoxicidade foi realizada pela técnica de micronúcleo, que são


estruturas visíveis no citoplasma de células interfásicas resultantes de fragmentos
cromossômicos ou de cromossomos inteiros que não se ligaram a fibra do fuso no
processo de divisão celular (HEDDLE et al. 1983). Sua presença é um fenômeno
natural, contudo exposições a compostos genotóxicos aumentam a sua frequência
nas células após ciclos de divisão celular (SALVADORIet al., 2003; VILCHES, 2009).
Além da análise de micronúcleo também foram analisadas alterações morfológicas

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

do núcleo. Essas alterações são chamadas de anormalidades nucleares e são


decorrentes de erros durante a divisão celular (FENECH, 2000). A frequência de
micronúcleos mostrou diferença significativa entre a nascente e o riacho que recebe
efluentes industriais (p=0,01). Nas análises das anormalidades nucleares, notched,
lobed, blebbed e células binucleadas não houve diferença significativa (p>0,06).
Contudo os valores de vacúolos e broken-eggs apresentaram diferença significativa
(p<0,01 e p=0,02, respectivamente). Em relação ao total de anormalidades,
encontramos diferença significativa (p<0,01), indicando efeito da exposição ao riacho
que recebe efluentes industriais. A concentração de MDA foi analisada no tecido
branquial, que possui relação direta com o ambiente aquático, sendo o primeiro
órgão de contato com o ambiente e também no tecido hepático que, segundo
Jimenez e Stegeman (1990), apresenta sensibilidade a xenobióticos e apresenta
função importante no acúmulo, biotransformação e excreção de xenobióticos em
peixes. Não encontramos diferença significativa tanto para fígado quanto para
brânquia entre a nascente e o riacho que recebe efluentes industriais (p=0,31 e
p=0,68 respectivamente). Entre as espécies de peixes, o nível de peroxidação
lipídica pode variar bastante devido a diversidade nos mecanismos antioxidantes
(AHMAD et al., 2000). Devido a isso não há valores fixos de MDA para peixes, o que
faz com que a análise seja feita com a comparação de um grupo controle.

CONCLUSÃO

Os resultados obtidos demonstraram que o córrego Barreiro pode estar


potencialmente impactado pelos efluentes industriais, já que os peixes expostos a
este ambiente apresentaram maiores danos genotóxicos. Tais efluentes podem
colocar em risco a saúde do ecossistema local. Os resultados mostram ainda que a
análise de micronúcleo e demais anormalidades nucleares são importantes
biomarcadores de alterações ambientais e que a presença de possíveis efluentes
industriais podem causar o aumento dessas alterações em peixes, embora não
tenha causado aumento nos valores de MDA. A avaliação das características
ambientais é de grande importância, pois complementam as informações dos
biomarcadores genotóxicos e bioquímicos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AHMAD, I.; HAMID, T.; FATIMA, M.; CHAND, H. S.; JAIN, S. K.; ATHAR, M.;
RAISUDDIN, S. Induction of hepatic antioxidants in freshwater catfish (Channa
punctatus Bloch) is a biomarker of paper mill effluent exposure. Biochimica et
Biophysica Acta (BBA)-General Subjects, v. 1523, n. 1, p. 37-48, 2000.
ARIAS, A.R.L.; BUSS, D.F.; ALBURQUERQUE, C.D.; INÁCIO, A.F.; FREIRE, M.M.;
EGLER, M.; BAPTISTA, D.F. Utilização de bioindicadores na avaliação de impacto e
no monitoramento da contaminação de rios e córregos por agrotóxicos. Ciência &
Saúde Coletiva, v. 12, n. 1, p. 61-72, 2007.
FENECH, M. The in vitro micronucleus technique. Mutation Research, v. 455, n. 1, p.
81-95, 2000.
HEDDLE, J.A.; HITE, M.; KIRKHART, B.; MAVOURNIN, K.; MACGREGOR, J.T.;
NEWELL, G.W.; SALAMONE, M.F. The induction of micronuclei as a measure of
genotoxicity: A reportofthe US Environmental Protection Agency Gene-Tox Program.
Mutation Research/Reviews in Genetic Toxicology, v. 123, n. 1, p: 61-118, 1983.

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


213
XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

JIMINEZ, B.; STEGEMAN, J. Detoxification enzymes as indicator of environmental


stress on fishes. In: American Fish Society Symposium. 1990. p. 69-79.
SALVADORI, D.M.F.; RIBEIRO, L.R.; FENECH, M. Teste de micronúcleo em células
humanas in vitro. In: RIBEIRO, L.R.; SALVADORI, D.M.F.; MARQUES, E.K. (Orgs.).
Mutagênese Ambiental. Canoas: Ulbra, p. 201-220. 2003
VAN DER OOST, R.; BEYER, J.; VERMEULEN, N.P.E. Fish bioaccumulation and
biomarkers in environmental risk assessment: a review. Environmental Toxicology
and Pharmacology, v. 13, n. 2, p. 57-149, 2003.
VILCHES, M. Análise genotóxica do rio cadeia/RS através do ensaio cometa e teste
de micronúcleo e anormalidades nucleares utilizando peixes como bioindicadores.
Novo Hamburgo: Centro universitário Feevale, 2009.

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


214
XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Biomarcadores
30 - EFEITO DA SAZONALIDADE SOBRE BIOMARCADORES DE PEIXES EM
AMBIENTE POLUÍDO

MAX MILLER BICUDO DOS REIS, SAULO FERNANDO DE OLIVEIRA AFONSO,


CARLOS FILIPE CAMILO COTRIM, FABRÍCIO BARRETO TERESA, LUCIANA DE
SOUZA ONDEI
Contato: MAX MILLER BICUDO DOS REIS - MAXMILLER.FARMACEUTICO@GMAIL.COM

Palavras-chave: estresse oxidativo; efluentes; micronúcleo; anomalias nucleares; molondialdeído;


peroxidação lipídica

INTRODUÇÃO

A redução do nível da água no período de seca causa a perda de espaço e a


progressiva degradação da qualidade físico-química da água (redução do oxigênio
dissolvido, aumento da temperatura e aumento nas concentrações de compostos
nitrogenados tóxicos) que podem representar sérias restrições à sobrevivência dos
peixes (CHAPMAN; KRAMER, 1991). Essa situação pode ser potencializada em
ambientes poluídos, como por exemplo, aqueles que recebem efluentes industriais.
Desta forma, é extremamente importante a avaliação do efeito da sazonalidade
sobre os biomarcadores de organismos aquáticos em ambientes poluídos.

METODOLOGIA

A área de estudo localiza-se na reserva ecológica do Câmpus Anápolis de Ciências


Exatas e Tecnológicas – Henrique Santillo da Universidade Estadual de Goiás,
situada às margens do Km 98 da BR-153, município de Anápolis/GO. Para o estudo,
lambaris da espécie Astyanax lacustris foram expostos em um trecho do córrego
Barreiro, que recebe efluente industrial e em um trecho de nascente, no período da
seca e no período chuvoso, através de covos. A análise da peroxidação lipídica
(marcador bioquímico) foi feita a partir da mensuração do produto formado entre o
malondialdeído (MDA) e o ácido 2-tiobarbitúrico (TBA), por espectrofotometria
(ALMEIDA et al., 2003, 2004). Os danos genotóxicos foram avaliados por análise de
micronúcleo e alterações nucleares (marcadores genotóxicos). Para a realização do
teste, o sangue dos peixes foi coletado por punção venosa da veia caudal. Lâminas
de sangue foram confeccionadas pela técnica de esfregaço. Para avaliar o efeito dos
riachos (que recebe efluentes industriais e a nascente) e das estações em que as
amostras foram coletadas (março e abril que corresponde à seca e julho que
corresponde à chuva) os valores de MDA, micronúcleo e demais anormalidades
nucleares foram comparados por meio da Análise de Variância Fatorial (Two-Way
ANOVA).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Não houve efeito da estação para os valores de micronúcleo e demais


anormalidades nucleares, bem como para MDA (p>0,15 e p>0,43, respectivamente).
Portanto, não houve variação dos dados em relação ao período em que as amostras
foram coletadas. A concentração de MDA foi analisada no tecido branquial, que

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


215
XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

possui relação direta com o ambiente aquático, sendo o primeiro órgão de contato
com o ambiente e também no tecido hepático que, segundo Jimenez e Stegeman
(1990), apresenta sensibilidade a xenobióticos e apresenta função importante no
acúmulo, biotransformação e excreção de xenobióticos em peixes. Para MDA não
encontramos diferença significativa tanto para fígado quanto para brânquia entre a
nascente e o riacho que recebe efluentes industriais (p=0,31 e p=0,68
respectivamente). Entretanto, não há valores fixos de MDA para peixes, pois o nível
de peroxidação lipídica pode variar devido à diversidade apresentada pelos
mecanismos antioxidantes (AHMAD et al.,2000), logo a análise é realizada com a
comparação de um grupo controle. A avaliação de genotoxicidade foi realizada pela
técnica de micronúcleo (MN) e alterações nucleares (ANs). A frequência de MN
mostrou diferença significativa, sendo maior no riacho que recebe efluentes
industriais (p=0,01). Nas análises das ANs, notched, lobed, blebbed e células
binucleadas não houve diferença significativa (p>0,06) entre os locais avaliados.
Contudo os valores de vacúolos e broken-eggs apresentaram diferença significativa
(p<0,01 e p=0,02, respectivamente) sendo maior no córrego poluído. Em relação ao
total de anormalidades, encontramos diferença significativa (p<0,01), com maiores
frequências no riacho que recebe efluentes. Segundo Thomé, Silva e Santos (2016)
o aumento da frequência de micronúcleos é influenciado pela exposição a
substâncias clastogênicas e aneugênicas, sendo assim um sinal de perturbação
ambiental que pode ser usado para monitorar efeitos de genotóxicos.

CONCLUSÃO

A estação (seca e chuva) não ocasionou alterações genotóxicas nas células.


Entretanto, observaram-se alterações resultantes da exposição a efluentes,
indicando que as análises realizadas podem ser úteis para o monitoramento
ambiental. Os testes de MDA não apresentaram alterações significativas tanto para
estação quanto para a presença de efluentes. O período de coleta das amostras
pode ter influenciado na presença de alterações relevantes decorrentes da estação
seca, pois as coletas foram realizadas durante o início da seca, período no qual a
água dos riachos pode apresentar características físico-químicas intermediárias
entre as pressupostas de cada estação.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AHMAD, I.; HAMID, T.; FATIMA, M.; CHAND, H.S.; JAIN, S.K.; ATHAR, M.;
RAISUDDIN, S. Induction of hepatic antioxidants in freshwater catfish (Channa
punctatus Bloch) is a biomarker of paper mill effluent exposure. Biochimica et
Biophysica Acta (BBA)-General Subjects, v. 1523, n. 1, p. 37-48, 2000.
ALMEIDA, E.A. et al. DNA damage in digestive gland and mantle tissue of the
mussel Perna perna. Comparative Biochemistry and Physiology C Toxicology
Pharmacology, v. 135, n. 3, p. 295-303, 2003.
ALMEIDA, E.A. et al. Protective effect of phospholipid hydroperoxide glutathione
peroxidase (PHGPx) against lipid peroxidation in mussels Perna perna exposed to
different metals. Marine Pollution Bulletim, v. 49, n. 5-6, p. 386–92, 2004.
CHAPMAN, L.J.; KRAMER, D.L. Limnological observations of an intermittent tropical
dry forest stream. Hydrobiologia,v. 226, n. 3, p. 153-16, 1991.

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


216
XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

JIMINEZ, B.; STEGEMAN, J. Detoxification enzymes as indicator of environmental


stress onfishes. In: American Fish Society Symposium. 1990. p. 69-79.
THOMÉ, R.G.; SILVA, P.M. da; SANTOS, H.B. dos. Avaliação de genotoxidade da
água de um rio urbano utilizando estudo de células sanguíneas de Danio rerio.
Revista Conexão Ciência, v. 11, n. 2, p. 9-16, 2016.

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


217
XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Biomarcadores
37 - GENOTOXIDADE EM GIRINOS DE CULTURAS ANUAIS E PERERE

RINNEU ELIAS BORGES, ELIANE ANDRÉIA SANTOS OLIVEIRA, MARCELINO


BENVINDO-SOUZA, RHAYANE ALVES ASSIS, LIA RAQUEL SOUZA SANTOS
Contato: RINNEU ELIAS BORGES - RINNEU9@YAHOO.COM.BR

Palavras-chave: Anura; larva; culturas agrícolas

INTRODUÇÃO

O Brasil é um dos maiores consumidores de agrotóxico do mundo, com expressivo


uso nas culturas anuais e perenes (PIGNATI et al., 2017). No entanto, culturas
perenes como a cana-de-açucar o uso de controle biológico muitas vezes utilizado,
contribui para a diminuição de agentes químicos (SILVA et al., 2016). Os
contaminantes ambientais quando atingi organismos não alvos como os anuros
geram alterações na morfologia do núcleo em eritrócitos (CRUZ-ESQUIVEL et al.,
2017). Portanto, esse estudo teve como objetivo avaliar dano genotóxico de girinos
amostrados em culturas anuais (soja e milho) e cultura perene (cana-de-açucar) no
estado de Goiás, Brasil.

METODOLOGIA

Girinos da espécie Dendropsophus minutus e Leptodactylus fuscus foram coletadas


(Sisbio: 53799-1 e CEUA: 2680200416), em três ambientes no estado de Goiás (10
animais de cada espécie em cada área): Parque Nacional das Emas (PNE), área de
cultivo de soja e milho (Culturas anuais) no município de Rio Verde Goiás, e área de
cultivo de cana-de-açucar (Cultura perene) em Usina em Paraúna, GO. Para o teste
de micronúcleo, os girinos foram anestesiados por imersão em água gelada, e as
amostras de sangue foram obtidas por seccionamento caudal. Dois esfregaços de
sangue foram feitos para cada animal em lâminas limpas, secas ao ar, fixadas com
metanol frio a 100% (4°C) durante 20 minutos e depois coradas com solução de
Giemsa a 5% (NATALE et al., 2018). Foram feitas leitura de 1000 células
sanguíneas e identificado micronúcleos e alterações nucleares eritrocitárias, as
ANEs (soma de: célula com botões nucleares, binucleadas, reniforme e apoptótica)
(LAJMANOVICH et al. 2014). A frequência de MN esta expressa por meio de
média±desvio padrão, e realizada ANOVA Fatorial (MN, Ambientes e espécies),
seguido pelo teste de Tukey. Mesma análise foi aplicada para a frequência de ANEs.
Um valor de P menor que 0,05 foi considerado significativo

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Valores da média ± desvio padrão de micronúcleo de D. minutus do PNE foi de


0,08±0,17, cultura perene (0,09±0,15) e culturas anuais (0,60±0,19), enquanto que L.
fuscus do PNE apresentou 0,14±0,19, cultura perene (0,19±0,21) e cultura anuais
(0,28±0,28). Assim, os dados revelaram diferença significativa F2,54 = 6.4929, p =
0,002 entre as espécies nas áreas monitoradas. D. minutus de área de cultivo se
soja e milho foi à espécie mais sensível apresentando maior frequência de
micronúcleo (P = 0,0001) comparado a D. minutus e L. fuscus nos demais

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


218
XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

ambientes. Para o conjunto de todas as alterações eritrocitárias (ANEs), houve


maior frequência de ANEs em área de cultivo de soja e milho em D. minutus e L.
fuscus em comparação a culturas de cana-de-açuca e PNE (F2,54 = 13.700, p =
0,00002). Diante desses dados, é possível inferir que ambientes com rodízio de
cultura (soja e milho) e que façam maior uso de agrotóxicos, podem
consequentemente afetar organismos não alvos de maneira mais intensa, como
observado no caso dos anuros. Girinos coletados em cultura perene (cana-de-
açucar), não apresentaram taxas altas de MN e ANEs entre os ambientes, o que
pode ser reflexo de menor uso de agrotóxicos, especialmente manejo do solo e
inseticidas, dado que o controle de praga é também realizado por meio de controle
biológico na respectiva área. No que refere ao Brasil, esse é um dos principais
consumidores de agrotóxicos no mundo (VIEIRA 2017), tendo o estado de Goiás
como um dos maiores consumidores do País (PIGNATI et al., 2017). Diante da
questão, o dano genotóxico observado para D. minutus concorda com esse alto
consumo e com relatórios de Gonçalves et al. (2015,2017), uma vez que já é sabido
sobre os efeitos clastogênicos e/ou aneugênicos atribuído a pesticida em anfíbios.

CONCLUSÃO

Os micronúcleos são formados por sequências cromossômicas que são separadas


do núcleo principal durante a divisão celular. Nesse estudo, fornecemos dados sobre
os potenciais efeitos de culturas anuais e perenes, no cerrado central brasileiro para
organismos não alvos. A espécie D. minutus demonstrou maior sensibilidade em de
cultivo de soja e milho, comparada à unidade de conservação e cultura de cana-de-
açucar. Esses dados realçam a importância dessa espécie como sentinela de
ambiente perturbado. Com a soma de todas as ANEs, L. fuscus também mostrou
sensível nessa cultura anual, corroborando maior uso de pesticidas neste ambiente.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CRUZ-ESQUIVEL, A.; VILORIA-RIVAS, J.; MARRUGO-NEGRETE J. (2017) Genetic


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GONCALVES, M.W.; de CAMPOS, C.B.M.; BATISTA, V.G.; da CRUZ, A.D.; de
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NATALE, G.S.; VERA-CANDIOTI, J.; de ARCAUTE, C.R.; SOLONESKI, S.;
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Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


219
XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

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PIGNATI, A.W.; LIMA, F.A.N.S.; LARA, S.S.; CORREA, M.L.M.; BARBOSA, J.R.;
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FONTES FINANCIADORAS

FUNDAÇÃO DE AMPARO A PESQUISA NO ESTADO DE GOIÁS (FAPEG).

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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39 - O TESTE DO MICRONÚCLEO PARA A FAUNA SELVAGEM: GIRINOS
COMO MODELOS DE ESTUDOS

RINNEU ELIAS BORGES, RHAYANE ALVES ASSIS, MARCELINO BENVINDO-SOUZA,


ELIANE ANDRÉIA SANTOS OLIVEIRA, LIA RAQUEL SOUZA SANTOS
Contato: RINNEU ELIAS BORGES - RINNEU9@YAHOO.COM.BR

Palavras-chave: Anura; micronúcleo; ecotoxicologia

INTRODUÇÃO

Devido ao seu ciclo de vida dependente dos ambientes aquático e terrestre e sua
alta permeabilidade cutânea, os anfíbios são afetados por estressores oriundos das
práticas agrícolas, como os xenobióticos e a modificação dos habitats naturais
(BOSCH et al. 2011). O teste de micronúcleo é usado em avaliações genotóxicas,
pois é capaz de indicar danos ao DNA oriundos de agentes perturbadores em
diversos organismos (GONZÁLEZ et al. 2017). Nesse sentido, o presente trabalho
objetivou avaliar a genotoxicidade através do teste de micronúcleo em duas
espécies de girinos (Physalaemus cuvieri e Scinax fuscovarius) coletadas em áreas
agrícolas e unidade de conservação.

METODOLOGIA

Para avaliar danos causados por práticas agrícolas em anuros, 10 girinos de P.


cuvieri foram coletados em áreas de soja e milho em Rio Verde-GO e 10 girinos de
S. fuscovarius foram coletados em áreas de cana-de-açúcar em Paraúna-GO. O
Parque Nacional das Emas foi usado como ambiente controle, por ser uma unidade
de conservação e as duas espécies (n=10 para cada espécie) foram coletadas
nesse ambiente. Os animais foram transportados para o Laboratório de Biologia
Animal do IFGoiano onde foram anestesiados em solução de Benzocaína (5g/L) e
feita punção caudal para obtenção do sangue e confecção de duas lâminas por
animal. As lâminas foram fixadas com metanol, secas à condição ambiente e
coradas com solução de Giemsa 5%. Com auxílio de um microscópio óptico,
aumento de 100X, foram avaliadas 1000 células por animal. Para identificação de
micronúcleo, foram considerados diâmetros de até 1/3 do núcleo, cor semelhante a
do núcleo e não apresentar sobreposição e/ou ligação ao núcleo principal (PÉREZ-
IGLESIAS et al. 2014). Os resultados foram testados entre as diferentes condições
ambientais através do teste Kruskall-Wallis (P<0,05). Todas as análises foram
aprovadas pelo comitê de ética do IFGoiano (CEUA) tendo a licença de coleta
emitida pelo SISBIO n. 34485-1.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Para a espécie P. cuvieri foi encontrada diferença significativa quanto ao número de


micronúcleos entre os animais coletados em áreas de plantações de soja e milho e
aqueles de ambiente preservado (H(1,N=20)=8.0; p=.0047), tendo os animais de
ambientes agrícolas evidenciado maior dano. Por outro lado, para a espécie S.
fuscovarius, não houve diferença significativa entre a frequência de micronúcleos

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

encontrada em animais coletados em plantações de cana-de-açúcar e a de animais


de área preservada (H(1, N= 20)=2.609442; p=.1062). A espécie P. cuvieri é uma rã
de hábito insetívoro que pode ser encontrada em lagoas temporárias ou
permanentes (MIJARES et al. 2010). O fato de ter sido encontrado um maior número
de micronúcleos para girinos dessa espécie coletados em áreas agrícolas em
comparação a animais de uma área preservada pode estar relacionado à presença
de agroquímicos nas áreas de plantação de milho e soja, uma vez que são comuns
na literatura, relatos sobre os efeitos prejudiciais destes produtos em anfíbios
(BABINI et al. 2016; BERNABÒ et al. 2016; PÉREZ-IGLESIAS et al. 2016). Os
pesticidas usados na agricultura podem contaminar os corpos d’agua através de
escoamento causando danos aos animais dependentes destes ambientes
(KNUTSON et al. 2004), tais danos podem ser demonstrados pela formação de
micronúcleos. Micronúcleos são fragmentos cromossômicos não incorporados ao
núcleo principal das células e podem ser encontrados em qualquer tecido em divisão
(BOSCH et al. 2011), portanto, a ocorrência de micronúcleos em frequência
crescente é um indicativo de dano celular. Esse resultado demonstra que o teste de
micronúcleo foi eficaz em apontar dano genotóxico de origem ambiental em girinos
desta espécie, o que evidencia a necessidade da expansão do uso do teste para
outras espécies em condições naturais. O resultado das análises de micronúcleo
para a espécie S. fuscovarius, pode estar relacionado à capacidade desta em se
adaptar com facilidade a modificações do habitat (CAFOFO-SILVA et al. 2009), uma
vez que não houve diferenças no número de danos entre animais de área
preservada e área alterada pela agricultura (cana-de-açúcar). Cabe ressaltar que
áreas de cultivo de cana-de-açúcar por ser uma cultura perene, não demandam
tanto insumo agrícola quanto uma área de cultura anual, como soja e milho. Neste
sentido, mais análises genotóxicas para anfíbios se fazem necessárias, uma vez que
se trata de um grupo ameaçado, além disso, o teste de micronúcleo se mostrou uma
ferramenta útil para indicar possíveis efeitos prejudiciais de atividades
antropogênicas na fauna selvagem.

CONCLUSÃO

Os objetivos do trabalho foram alcançados, visto que o teste de micronúcleo foi


capaz de indicar que houve danos em girinos de P. cuvieri coletados em ambientes
de plantação de soja e milho em comparação aos coletados em uma área
preservada. Por outro lado, a espécie S. fuscovarius não apresentou diferença entre
uma área de cana-de-açúcar e a área preservada, o que indica que culturas perenes
podem ser menos agressivas do que culturas anuais para espécies não alvos. No
entanto, mais estudos em condições naturais são necessários para expandir o
conhecimento acerca da influência de práticas agrícolas em anfíbios anuros.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BABINI, M.S.; BIONDA, C.L.; SALAS, N.E.; MARTINO, A.L. 2016. Adverse effect of
agroecosystem pond water on biological endpoints of common toad (Rhinella
arenarum) tadpoles. Environmental Monitoring and Assessment. 188: 459.
BERNABÒ, I.; GUARDIA, A.; MACIRELLA, R.; SESTI, S.; CRESCENTE, A.;
BRUNELLI, E. 2016. Effects of long-term exposure to two fungicides, pyrimethanil
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intermedia). Aquatic Toxicology. 172: 56–66.

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

BOSCH, B.; MAÑAS, F.; NORA, G.; AIASSA, D. 2011. Micronucleus test in post
metamorphic Odontophrynus cordobae and Rhinella arenarum (Amphibia: Anura) for
environmental monitoring. Journal of Toxicology and Environmental Health Sciences.
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CAFOFO-SILVA, E.G.; DELARIVA, R.L.; AFFONSO, I.P. 2009. Distribuição espaço-
temporal de Scinax fuscovarius (Lutz, 1925) (Anura, Hylidae) em Maringá – PR,
Brasil. Revista em Agronegócios e Meio Ambiente. 2: 431-445.
GONZÁLEZ, E.C.L.; LARRIERA, A.; SIROSKI, P.A.; POLETTA, G.L. 2017.
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caiman) hatchlings after embryonic exposure to different pesticide formulations.
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KNUTSON, M.G.; RICHARDSON, W.B.; REINEKE, D.M.; GRAY, B.R.; PARMELEE,
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MIJARES, A.; RODRIGUES, M.T.; BALDO, D. 2010. Physalaemus cuvieri. The IUCN
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http://www.iucnredlist.org/details/57250/0 >. Acesso em 15 de Abril de 2018.
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Safety. 104: 120-126.
PÉREZ-IGLESIAS, J.M.; FRANCO-BELUSSI, L.; MORENO, L.; TRIPOLE, S.;
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9861.

FONTES FINANCIADORAS

FUNDAÇÃO DE AMPARO A PESQUISA NO ESTADO DE GOIÁS (FAPEG)

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Biomarcadores
41 - ALTERAÇÕES ERITROCITÁRIAS NUCLEARES EM AVES: TENDÊNCIA DE
ESTUDOS

LIA RAQUEL SOUZA SANTOS, MARCELINO BENVINDO-SOUZA, ELAINE DIVINA


RODRIGUES SILVEIRA, RHAYANE ALVES ASSIS, PÂMELLA OLIVEIRA CARVALHO,
RINNEU ELIAS BORGES
Contato: LIA RAQUEL SOUZA SANTOS - LIA.SANTOS@IFGOIANO.EDU.BR

Palavras-chave: aves; micronúcleo; cienciometria

INTRODUÇÃO

As aves são componentes que podem fornecer informações sobre a qualidade dos
ecossistemas em que habitam (QUERO et al., 2016). Os ecossistemas estão
susceptíveis a sofrer pressões de contaminantes químicos ou por próprias condições
do meio (SHARAF et al. 2010). Nesse caso, muitas aves podem ser potenciais
vítimas a dano genotóxico em razão a qualidade dos ambientes. Para uma avaliação
genotóxica, o teste de micronúcleo tem sido reportado nesse tipo de investigação
(QUERO et al., 2016). Portanto, aqui analisamos a tendência de publicações com o
ensaio em aves, além disso, caracterizamos as principais anormalidades
eritrocitárias detectadas nesses animais.

METODOLOGIA

No presente estudo, foram realizadas buscas nas bases de dados ISI Web of
Science (www.isiknowledge.com), Scopus (www.scopus.com), Scielo
(http://www.scielo.org) e PubMed (https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/) com as
seguintes palavras-chave: “micronucleus” ou “micronucleus test” e “birds”. No intuito
de aumentar o número de artigos publicados, outro motor de busca ocorreu com as
palavras-chave, genotoxicity e cytotoxicity, birds. Os dados foram compilados do
período mais remoto estabelecido nas bases de dados a Dezembro de 2017. Essa
pesquisa foi baseada nos estudos de tendência de Nabout et al. (2012, 2014). Para
cada artigo encontrado, foram examinados, (i) ano de publicação do e (ii) alterações
eritrocitárias nucleares. O aumento do número de trabalhos publicados foi
calculando por meio do coeficiente de correlação de Pearson (P <0,05), entre o ano
(variável dependente) e o número de artigos publicados (variável independente).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Um total de 91 artigos foi encontrado nas bases de dados, contudo destes apenas
31 atendeu ao critério da aplicação do teste de MN em aves, sendo publicados entre
1992 a 2017. Os dados indicaram que essa produção científica foi concentrada
principalmente para os anos de 2010-2017 (r = 0,62; p = 0,01). Todavia,
considerando as Aves como sentinelas de ambientes perturbados e pela sua
diversidade faunística, dados com esse teste em eritrócitos ainda são escassos. No
que tange ao dano genotóxico, os micronúcleos são formados durante a divisão
celular, pela condensação de fragmentos cromossômicos ou cromossomos inteiros
que não são incluídos no núcleo principal após a anáfase, por falta de centrômero

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

(THOMAS et al., 2009). Adicionado à pontuação de MN, diferentes anormalidades


eritrocitárias nucleares (ANEs) podem ser analisadas. Aqui nessa investigação
foram identificadas em torno de 10 tipos de ANEs (estão caracterizadas de acordo
com Fenech et al. (2011) e Bolognesi et al. (2013)), destas as mais comuns citadas
foram: células binucleadas que provavelmente são resultados de falha na citocinese
durante a mitose; Células com botões nucleares possui corpo nuclearem conectadas
ao núcleo principal por uma fita nucleoplasmática. Essa anormalidade nuclear é tão
expressiva como os micronúcleos na caracterização de dano genotóxico. Células
anucleadas apresentam uma dissolução total do núcleo, é normalmente atribuída ao
processo de necrose ou apoptótica, assim como células picnóticas com sua redução
do núcleo. Células cariorréxis têm um padrão de fragmentação do núcleo principal,
também está voltado ao aspecto de morte celular. Para o núcleo segmentado, este
apresenta o núcleo separado por uma constrição em partes, não sendo
necessariamente do mesmo tamanho. Já o núcleo entalhado apresenta a forma de
um rim, e núcleo lobado possui a formação de lobos. Finalmente, os danos menos
citados com aves, estão às caudas nucleares caracterizadas pela redução
progressiva, estreitamento e alongamento de uma das extremidades do núcleo.
Pontes nucleoplasmáticas, sendo pouco pontuada em aves, são encontradas
principalmente em mucosa bucal humana, sendo indicativos principalmente de erros
de reparo do DNA. Diante do exposto, foi observado que 45% dos autores avaliaram
somente MN enquanto que 55% além de MN pontuaram ANEs. Assim, uma
padronização dos tipos de pontuações das anormalidades nucleares resultará maior
informação da integridade dos eritrócitos, além disso, favorecerá maior espectro de
conhecimento sobre a origem genética de tais danos, como já ocorrem com mesmo
teste em células esfoliadas de mucosa bucal humana.

CONCLUSÃO

Nesse estudo constatamos que o teste de micronúcleo em Aves mostrou estar em


um processo de crescimento, deixando claro um vasto campo para novas
investigações. Foi evidenciado que não existe um padrão de prioridade na
pontuação dos tipos de anormalidades nucleares eritrocitárias. Tais alterações
devem vir adicionadas a pontuação de micronúcleo no sentido a ampliar o espectro
de dano eritrocitário no animal, diante das possíveis exposições a agentes
xenobióticos. Outra questão relevante, diz respeito a origem genética das
anormalidades nucleares eritrocitárias, que por vez, muitas continuam obscuras o
que realça a importância de investigações futuras.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BOLOGNESI, C.; KNASMUELLER, S.; NERSESYAN, A.; THOMAS, P.; FENECH,


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Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

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FONTES FINANCIADORAS

Fapeg (Edital 01/2018)

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Painel
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42 - O TESTE DE MICRONÚCLEO EM CÉLULAS ESFOLIADAS DE MUCOSA
BUCAL EM MORCEGOS: AVALIAÇÃO DE GÊNERO

LIA RAQUEL SOUZA SANTOS, MARCELINO BENVINDO-SOUZA, RHAYANE ALVES


ASSIS, RINNEU ELIAS BORGES, SUSI MISSEL PACHECO
Contato: LIA RAQUEL SOUZA SANTOS - LIA.SANTOS@IFGOIANO.EDU.BR

Palavras-chave: morcegos, micronúcleo, cienciometria

INTRODUÇÃO

Células esfoliadas de mucosa bucal são potenciais para o monitoramento


toxicológicos. Atribuído a essa avaliação, o teste de micronúcleo tem sido
amplamente aceito para avaliação do aspecto genotóxico (BOLOGNESI et al.,
2013). Nesse contexto, a fim de aplicar o ensaio na fauna selvagem, os morcegos
chamam atenção por serem considerados componentes indicadores da saúde dos
ecossistemas como já observado em estudos anteriores (ZUKAL et al., 2015).
Assim, nesse estudo, objetivamos testar pela primeira vez a sensibilidade de
morcegos machos e fêmeas para o dano genotóxico, detectado por meio do teste de
micronúcleo em células esfoliadas de mucosa bucal.

METODOLOGIA

Um total de 60 morcegos insetívoros (n = 37 machos e 23 fêmeas) da espécie


Nyctinomops laticaudatus (Família Molossidae) foram coletados (SISBIO nº 54101-1
e CEUA/IF Goiano - nº 8436060516) na Ponte Fernando Henrique Cardoso no
município de Palmas, TO. A população de morcegos é composta por milhares de
indivíduos, tornando uma das maiores populações de morcegos insetívoros do País.
Os morcegos passaram por raspagem das células esfoliadas da mucosa bucal. As
células foram transferidas para duas lâminas de vidro limpa com uma gota prévia de
soro fisiológico. Foram fixadas com solução de metanol e coradas com Giemsa
(GRISOLIA et al., 2005). Uma análise de 500 células ocorreu para cada animal.
Foram analisados micronúcleo (MN) e anormalidades nucleares (ANs), tais como:
botões nucleares, células binucleadas, picnóticas, com cromatina condensada,
cariorréxis e cariólise (THOMAS et al. 2009; BOLOGNESI et al., 2013). Os dados
foram analisados pelo teste t (variáveis preditora com dois níveis (macho e fêmea)
em relação a variável dependente (micronúcleo)). Mesmo teste foi aplicado a ANs.
Um P<0,05 foi considerado significativo.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Morcegos insetívoros fêmeas apresentaram maior frequência de micronúcleo (t = -


2.51, P = 0,01) em comparação aos machos. Além disso, cariorréxis também
demonstrou maior taxa em fêmeas (t = - 2,03, P = 0,04). Essa célula é caracterizada
pela presença de fragmentos de núcleos, ligada a uma das etapas de morte celular
seja por apoptose ou necrose (BOLOGNESI et al., 2013). Em contrapartida, célula
com cromatina condensada que possui padrão estriado, associada ao processo de
apoptose (BOLOGNESI et al., 2013) foi significativo em machos (t = 3,13, P =

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

0,002). Outras ANs (células binucleadas, botões nucleares e picnóticas) não


diferiram entre os sexos. Dado que a colônia está localizada em uma Ponte, os
morcegos estão diretos e indiretamente susceptíveis a poluentes atmosféricos, como
poeira, partículas de metais, bem com o contato com partículas de petróleo geradas
pela combustão dos automóveis que passa pelo local. Tais xenobióticos já são
bastante reportados para ação clastogênico e/ou aneugênico em células esfoliadas
de mucosa bucal (BENVINDO-SOUZA et al., 2017). Assim, essa é uma forte
evidência para os danos observados nesse estudo. Além disso, morcegos da família
Molossidae são mamíferos de capacidade de dispersão potencialmente alta, tendo
espécies capazes de atingir em torno 50 km de forrageio em única noite. Diante
dessa questão, áreas agrícolas que estão em um raio de 15 a 20 km da colônia na
Ponte, pode ser outro fator determinante para a constatação dos danos observados
nesses insetívoros, possivelmente pela exposição a pesticidas. Morcegos
bioacumulam metais e pesticidas os quais podem ser passados através da cadeia
trófica (BAYAT et al., 2014; ZUKAL et al., 2015). Contudo, a detecção da maior taxa
de dano em morcegos fêmeas, parece indicar que as fêmeas são mais sensíveis à
ação clastogênica e/ou aneugênica, todavia recomendamos outros estudos com
morcegos para essa comprovação. Quanto às células com cromatina condensada,
encontradas principalmente em machos, esse gênero também mostrou indicador de
células em processo de morte celular. Finalmente, a variável sexo chama atenção
em avaliações toxicológicas, pois realça para sua sensibilidade as pressões
ambientais e alerta para o desequilíbrio populacional das espécies, uma vez que
fêmeas podem transmitir danos a prole, pelo processo de bioacumulação.

CONCLUSÃO

Morcegos fêmeas demonstraram sensível aos danos genotóxicos, evidenciados pela


frequência de MN e cariorréxis. Para animais machos apenas uma anormalidade foi
observada (célula com cromatina condensada), portanto, são necessários novos
estudos para afirmar os fatores atribuídos a estes danos observados, além disso,
outras variáveis são recomentadas nas avaliações como, diferentes espécies,
diferentes ambientes e idade. Diante desses achados, chamamos atenção para
monitoramento toxicológico e populacional dessa colônia de morcegos insetívoros,
uma vez que são importantes controladores de praga de interesse agrícola e urbano.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BAYAT, S.; GEISER, F.; KRISTIANSEN, P.; WILSON, S.C. (2014) Organic
contaminants in bats: trends and new issues. Environment International, 63:40-52.
BENVINDO-SOUZA, M.; ASSIS, R.A.; OLIVEIRA, E.A.S.; BORGES, R.E.; SANTOS,
L.R.S. (2017) The micronucleus test for the oral mucosa: global trends and new
questions. Environmental Science and Pollution Research, 24:27724-27730.
BOLOGNESI, C.; KNASMUELLER, S.; NERSESYAN, A.; THOMAS, P.; FENECH,
M. (2013) The HUMNxl scoring criteria for different cell types and nuclear anomalies
in the buccal micronucleus cytome assay – An update and expanded photogallery.
Mutation Research/Reviews in Mutation Research, 753:100-113.
GRISOLIA, C.K.; OLIVEIRA, A.B.B.; BONFIM, H.; KLAUTAU-GUIMARÃES, M.D.N.
(2005) Genotoxicity evaluation of domestic sewage in a municipal waste water
treatment plant. Genetics and Molecular Biology, 28:334-338.

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

THOMAS, P.; HOLLAND, N.; BOLOGNESI, C.; KIRSCH-VOLDERS, M.; BONASSI,


S.; ZEIGER, E.; KNASMUELLER, S.; FENECH, M. (2009). Buccal micronucleus
cytome assay. Nature Protocols, 4:825.
ZUKAL, J.; PIKULLA, J.; BANDOUCHOVA, H. (2015) Bats as bioindicators of heavy
metal pollution: history and prospect. Mammalian Biology, 80:220-227.

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Biomarcadores
53 - AVALIAÇÃO DA CONDIÇÃO AMBIENTAL DE UM LAGO TROPICAL DO
NORDESTE DO BRASIL UTILIZANDO ALTERAÇÕES BRANQUIAIS EM
Prochilodus lacustris

RAYSSA DE LIMA CARDOSO, RAIMUNDA NONATA FORTES CARVALHO-NETA,


ANTONIO CARLOS LEAL DE CASTRO, JONATAS DA SILVA CASTRO, NAYARA
DUARTE DA SILVA, JOAO REIS SALGADO COSTA SOBRINHO, DÉBORA MARTINS
SILVA SANTOS
Contato: RAYSSA DE LIMA CARDOSO - RAYSSALC22@GMAIL.COM

Palavras-chave: biomarcador, histopatologia, Prochilodus, Lago Açu

INTRODUÇÃO

Em todas as partes povoadas da Terra, a qualidade dos ambientes aquáticos está


sendo alterada pelas mais diversas atividades do homem que geram uma complexa
variedade de substâncias tóxicas e representam ameaça direta ao sistema ecológico
e a biota aquática. Inseridos na biota e abundantes nos ecossistemas aquáticos, os
peixes vêm sendo descritos como excelentes modelos biológicos em estudos de
biomonitoramento. Com isso, este trabalho objetivou avaliar a ocorrência de
alterações histológicas em brânquias de Prochilodus lacustris, como indicativos de
impactos antrópicos em um ambiente lacustre da Área de Proteção Ambiental da
Baixada Maranhense, no nordeste do Brasil.

METODOLOGIA

O estudo foi realizado no município de Conceição do Lago Açu, localizado na Área


de Proteção Ambiental da Baixada Maranhense, região central do estado do
Maranhão. A espécie em questão é conhecida popularmente como curimatá,
configura-se como um recurso fortemente capturado pela pesca extrativa continental
e possui significativa importância ecológica, uma vez que é endêmica das bacias
hidrográficas maranhenses. A avaliação histopatológica foi realizada a partir da
coleta do segundo arco branquial direito de 98 exemplares de Prochilodus lacustris
coletados em três pontos de amostragem do corpo hídrico, com graus de trofia
diferenciados no lago: S1-ponto controle, S2-ponto intermediário e S3-ponto
antropizado. As brânquias foram fixadas em formalina a 10% por 24 horas e
descalcificados em ácido nítrico 10% por mais 6h. Posteriormente, os órgãos foram
lavados e mantidos em álcool 70% até o processamento histológico. A coloração foi
feita com hematoxilina-eosina para visualização microscópica. As alterações
histológicas branquiais foram avaliadas de forma semiquantitativa por meio do
cálculo do Índice de Alteração Histológica (IAH), adaptado de Poleksic e Mitrovic–
Tutundzic (1994), baseado na severidade de cada lesão. As alterações foram
classificadas em fases progressivas de danos nos tecidos: alterações de estágio I,
estágio II e estágio III.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A maioria dos indivíduos coletados na área S1 apresentou somente lesões de


estágio I de gravidade, sendo que a lesão hiperplasia e hipertrofia das células de
muco também foi encontrada em pequena porcentagem (3,3%). Alterações
branquiais em estágio I, são exemplos de mecanismos de defesa que resultam no
aumento da distância entre o ambiente externo e o sistema sanguíneo, formando
uma barreira contra a entrada de contaminantes, mas podem ser reversíveis em
caso de melhoria das condições ambientais (MALLATT, 1985; HINTON; LAUREN,
1990; POLEKSIC; MITROVIC-TUTUNDZIC, 1994; FERNANDES; MAZON, 2003). A
estação amostral S1 foi considerada a área de referência, pois se tratava da área
mais distante do distrito municipal, com reduzida ação antrópica e com
características ambientais ainda conservadas.
Os espécimes coletados no ponto S2, apresentaram 10 dos 11 tipos de lesões
branquiais, ou seja, 90% de todas as alterações identificadas neste estudo. No
período seco as lesões mais frequentes foram congestão vascular, fusão incompleta
e fusão completa de várias lamelas secundárias. E durante o período chuvoso, as
lesões mais frequentes foram congestão vascular, levantamento do epitélio lamela,
fusão incompleta e fusão completa de várias lamelas secundárias, fusão completa
de todas as lamelas e aneurisma. Com relação ao ponto S3, verificou-se que os
indivíduos continham todos os tipos de lesões branquiais, sendo frequentes as
lesões em estágio II e III, demonstrando uma suscetibilidade ambiental da espécie
na escala espacial.
A identificação de aneurisma lamelar (lesão do estágio III) indicou um colapso do
sistema de células pilares, com prejuízo na integridade vascular e risco de
hemorragia devido à ruptura do epitélio (HINTON; LAUREN, 1990). O Índice de
Alteração Histológica (IAH) variou de 2 a 125, com valor médio de 46,89 no período
seco. Na estação chuvosa, o IAH ficou entre 1 e 117, com média de 32,39. Os
biomarcadores no tecido branquial de P. lacustris apresentaram alterações variando
do nível normal à dano irreversível. Durante o período seco, os valores de IAH foram
significativamente diferentes (p<0,05) entre os indivíduos coletados em S3 e S2
(maiores índices) e os registrados nos indivíduos do ponto S1 (menores índices), ao
contrário do período chuvoso que não houve diferença significativa entre os locais
de amostragem.

CONCLUSÃO

A avaliação histopatológica das brânquias de Prochilodus lacustris permitiu concluir


que as respostas encontradas estão relacionadas à ação de substâncias
xenobióticas existentes no corpo hídrico Lago Açu.O presente estudo evidenciou
que existe uma variação significativa na intensidade e ocorrência de alterações
branquiais, entre os pontos de amostragem, onde o ponto S3 mostrou-se como o
mais vulnerável ambientalmente, devido a posição do ponto amostral em relação ao
distrito municipal com influência direta da ocupação urbana. As alterações
observadas indicaram comprometimento das funções desse órgão, com a
identificação de lesões com alto grau de severidade e de caráter irreversível.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

FERNANDES, M.N.; MAZON, E A.F. Environmental pollution and fish gill


morphology. In: VAl, A. L.; B. G. KAPOOR (Eds.) Fish adaptations. Enfield: Science
Publishers, 2003. p. 203-231.
HINTON, D.E.; LAUREN, D.J. Liver structural alterations accompanying chronic
toxicity in fishes: potentioal biomarkers of exposure. In: MCARTHY, J.F.; L.R.
SHUGART (Eds.) Biomarkers of Environmental Contamination. Boca Raton: Lewis
Publishers, p. 51-65, 1990.
MALLATT, J. Fish gill structural changes induced by toxicants and other irritants: a
statistical review. Canadian Journal of Fish and Aquatic Sciences, v.42, p.630-648,
1985.
MÜLLER, R.; LLOYD, R. (Eds.) Sublethal and Chronic effects of Pollutants on
Freshwater Fish. Cambridge: Cambridge University. Press, p. 339-352, 1994.
POLEKSIC, V.; MITROVIC-TUTUNDZIC, V. Fish gills as a monitor of sublethal and
chronic effects of pollution. In:
TOMASELLO, B.; COPAT, C.; PULVIRENTI, V.; FERRITO, V.; FERRANTE, M.;
RENIS, M.; SALVATORE, S.; CONCETTA, T. Biochemical and bioaccumulation
approaches for investigating marine pollution using Mediterranean rainbow wrasse,
Coris julis (Linneaus 1798). Ecotoxicology and Environmental Safety, v. 86, p. 168–
175, 2012.

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Biomarcadores
55 - ALTERAÇÕES HISTOLÓGICAS COMO BIOMARCADORES EM
ORGANISMO-TESTE NA AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DA ÁGUA DA LAGUNA
DA JANSEN, SÃO LUÍS, MA, (BRASIL)

DAYANE PESTANA PEREIRA, MÁRCIO VINICIUS SOUZA DOS SANTOS, JANDERSON


BRUZACA GOMES, ELIELMA LIMA DE SOUSA, NATÁLIA JOVITA PEREIRA, DÉBORA
MARTINS SILVA SANTOS
Contato: DAYANE PESTANA PEREIRA - DAYANEBIO_@HOTMAIL.COM

Palavras-chave: ensaios, peixes, histologia

INTRODUÇÃO

Em estudos de toxicidade ambiental, os peixes constituem um grupo de grande


importância na avaliação da qualidade do ambiente (JESUS e CARVALHO, 2008).
Atualmente, biomarcadores fisiológicos e histopatológicos, especialmente em
peixes, são utilizados extensivamente para documentar e quantificar tanto a
exposição quanto os efeitos de poluentes ambientais (ADAMS, 1990). As alterações
histológicas em brânquias e em fígados de peixes são excelentes biomarcadores de
contaminação. Nas últimas décadas as avaliações clássicas dos efeitos biológicos
de substâncias químicas nos organismos aquáticos têm-se baseado nos resultados
de testes de toxicidade laboratoriais para uma dada espécie (RAND e PETROCELLI,
1985), os ensaios ecotoxicológicos.

METODOLOGIA

Nesse sentido, a pesquisa analisou a ocorrência de alterações histológicas em


brânquias e em fígados nos organismos-teste Poecilia vivipara após os ensaios
ecotoxicológicos segundo a norma ABNT NBR 15088 (2004) com água da Laguna
da Jansen (São Luís- MA) no período de 2016 a 2017. Este ambiente é um corpo
hídrico com longo histórico de poluição, permanecendo com fontes de contaminação
até a realização desse trabalho. Foram utilizados 48 peixes da espécie Poecilia
vivipara, adquiridos comercialmente, e 03 amostras de água de três pontos distintos
da Laguna da Jansen no ensaio. Em laboratório, após a realização do ensaio, os
peixes foram sacrificados e as brânquias e fígados foram removidos e conservados
em formol a 10 % por 48 horas, em seguida, separou- se o segundo arco branquial
da brânquia esquerda para seguir o processamento histológico pelo método de
inclusão em parafina e confecção de lâminas histológicas, segundo Luna (1968).
Para avaliar os resultados usamos a classificação de alterações branquiais e
hepáticas adaptado de Poleksic e Mitrovic – Tutundzic (1994).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O estudo das análises branquiais histológicas dos espécimes submetidos aos


ensaios revelaram alterações como descolamento do epitélio, congestões no ápice
das lamelas secundárias e fusão completa das lamelas. No período chuvoso
encontramos a presença de lesões mais severas (estágio I, II, III) em todos os 03
pontos, em relação ao período de estiagem, onde não encontrou-se lesões dos 03

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

estágios (I,II,III) em todos os pontos estudados, somente em dois pontos. Foram


encontradas lesões como: esteatose hepática, vacuolização citoplasmática e
dilatação do vaso sanguíneo nas amostras de fígado, lesões de estágio I.
Considera-se o levantamento do epitélio lamelar como o sinal inicial de patologia
branquial, constituindo-se como a elevação de uma lâmina contínua do epitélio de
revestimento das lamelas para longe do sistema de células pilares, aumentando
assim a distância entre o meio externo e o sangue, prejudicando as trocas gasosas
(THOPHON et al., 2003). Congestões de vasos sanguíneos ocorrem devido ao fluxo
sanguíneo intenso para o interior das lamelas ocasionando um grande volume no
ápice das lamelas secundárias, devido à ação de algum contaminante, podendo
provocar a desestruturação das células pilares (HEART, 1987), gerando aneurisma .
A fusão lamelar é uma lesão decorrente da hiperplasia do epitélio lamelar, que é
caracterizada pela proliferação das células epiteliais e filamentos branquiais
(MELETTI et al., 2003). A esteatose apresenta núcleo na periferia da célula e
caracteriza-se pela presença de vacúolos bem arredondados, e o aparecimento
dessa lesão está relacionada a falta de oxidação de gordura pelo fígado, intoxicação
por substâncias químicas e micotoxinas (COELHO, 2002). Alguns autores
descreveram o aumento da vacuolização como processos degenerativos sugerindo
problemas metabólicos possivelmente relacionados à exposição ou defesa a
contaminantes (PACHECO, SANTOS, 2002).

CONCLUSÃO

As lesões branquiais histológicas de estágio I,II,III de severidades nos espécimes de


P. vivipara nos três pontos de coleta após os ensaios ecotoxicológicos utilizando a
água da Laguna da Jansen indicam modificações morfológicas e fisiológicas
reversíveis e irreversíveis nas branquias que ocorrem como ação de defesa do
metabolismo dos espécimes, onde estas alterações diminuem a área de superfície
das branquias, prejudicando inicialmente o processo de trocas gasosas. as
alterações hepáticas encontradas são avaliadas como alterações leves que não
comprometem o funcionamento normal do órgão mas sao consideradas respostas
ao estresse ambiental, levando alerta para qualidade do local de estudo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ADAMS, M. Biological Indicators of Aquatic Ecosystem stress. Maryland: American


Fisheries Society Bethesda – USA, 1990.
JESUS, T.B de; CARVALHO, C.E.V de. Utilização de biomarcadores em peixes
como ferramenta para avaliação de contaminação ambiental por mercúrio.
Oecologia Brasiliensis, v.12, n.4, p. 680-693. 2008.
LUNA, L.G. Manual of histologic staining methods of Armed Forces Institute of
Pathology. 3 ed. New York: Mc Graw-Hill Book Company, 1968, 258 p.
NOGUEIRA, D.J.; CASTRO; S.C.; SÁ, O.R. Avaliação da qualidade da água no
reservatório UHE Furnas - MG, utilizando as brânquias de Pimelodus maculatus
(LACÈPÉDE, 1803) como biomarcador de poluição ambiental. Ciência et Praxis ,
Passos, v. 1, n. 1, 2008.
RAND, G.M.; PETROCELLI, S.R. Fundamentals of Aquatic Toxicology. New York:
Ed. Washington, Mcgraw Hill, 1985. 666 p.

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

RIGOLIN-SÁ, O. Toxicidade do herbicida Roundup (glifosato) e do acaricida Omite


(propargito) nas fases iniciais da ontogenia do bagre, Rhandia hilarii (Valenciennes,
1840) (Pimelodidade, Siluriformes). 1998. 307 f. Tese (Doutorado em Ecologia e
Recursos Naturais) – Universidade Federal de São Carlos, São Carlos. 1998.

FONTES FINANCIADORAS

Universidade Estadual do Maranhão (UEMA), Fundação de amparo a pesquisa e ao


desenvolvimento cientifico e tecnológico do maranhão (FAPEMA).

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Painel
Biomarcadores
56 - ALTERAÇÕES MORFOLÓGICAS EM BRÂNQUIAS DE Oreochromis niloticus
(PISCES, CICHLIDAE) COMO BIOMARCADORES DE POLUIÇÃO AQUÁTICA NA
LAGUNA DA JANSEN, SÃO LUÍS, MA (BRASIL)

DAYANE PESTANA PEREIRA, CRISTIANO FERREIRA CRUZ, ALCINA VIEIRA DE


CARVALHO NETA, RAIMUNDA NONATA FORTES CARVALHO-NETA, DÉBORA
MARTINS SILVA SANTOS
Contato: DAYANE PESTANA PEREIRA - DAYANEBIO_@HOTMAIL.COM

Palavras-chave: peixes; Biomarcadores; histologia

INTRODUÇÃO

Ao investigar o estado de poluição de um ambiente aquático tem-se a necessidade


de se observar a ação dos poluentes sobre a biota. os peixes são animais sensíveis
a poluentes aquáticos, em especial aqueles que afetam a permeabilidade de água
(LUPI et. al., 2007), apresentando respostas á poluição. essas respostas biológicas
(biomarcadores) ao estresse provocados pelos poluentes podem ser utilizadas para
identificar sinais iniciais de danos aos peixes (NOGUEIRA et. al. 2018). essas
respostas podem ocorrer tanto em nível morfológico, fisiológico, em diversas
estruturas do organismo. as respostas em brânquias de peixes apresentam-se como
alterações da morfologia normal do tecido.

METODOLOGIA

Assim, neste trabalho validou-se as alterações morfológicas nas brânquias de


Oreochromis niloticus como biomarcadores de contaminação aquática em
combinação com a análise microbiológica da água a partir de dois diferentes locais
da Laguna da Jansen (São Luis, Brasil), uma área de proteção ambiental. no
entanto, um ambiente com extenso histórico de poluição, onde ainda realiza-se
pesca e comercialização desse pescado na cidade. realizou-se duas coletas em dois
pontos da laguna da Jansen, próximo á margem e outro distante entre janeiro e julho
de 2009. coletou-se 19 exemplares de tilápias nos dois pontos de amostragem,
sendo 10 exemplares no ponto 1 e 09 no ponto 02, e duas amostras de água, uma
em cada ponto. seguiu-se a remoção das brânquias, fixação em formol a 10 %,
posteriormente retirou-se um fragmento do segundo arco branquial, que foi fixado
em álcool 70 %, o fragmento seguiu protocolo de inclusão em parafina para
confecção de lâminas histológicas (LUNA, 1968).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

As principais lesões observadas nos tecidos das brânquias foram: descolamento do


epitélio sugestivo de edema subepitelial, fusão de lamelas primárias (fusão total),
fusão de lamelas secundárias (fusão parcial) e aneurisma. As lesões menos
frequentes foram infiltrado inflamatório hidrofílico, hemorragia, eritrofagocitose, e
necrose, apresentando frequência variada nos diferentes pontos de coleta. As
lesões moderadas observadas foram descolamento do epitélio sugestivo de edema
subepitelial, fusão total ou parcial de lamelas primárias, fusão total ou parcial de

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

lamelas secundárias e aneurisma e as lesões severas foram caracterizadas por


infiltrado inflamatório heterofilíco, hemorragia, eritrofagocitose e necrose . Observou-
se que 37% das amostras apresentavam-se com lesões severas nos tecidos e 63%
apresentavam lesões moderadas. A técnica de identificação do número mais
provável de coliformes totais e termotolerantes mostrou como resultado um índice de
1.600 coliformes totais e termotolerantes no ponto 1 e 1.700 ponto 2. Esse resultado
indica contaminação aquática, pois 50% das amostras encontram-se alteradas em
relação ao valor máximo indicado pela legislação em vigor. Vários estudos
realizados sugerem que as alterações morfológicas das brânquias podem ocorrer
durante mudanças ambientais como tentativas adaptativas de se conservar funções
fisiológicas (LAURENT; PERRY, 1991). A fusão das lamelas causadas pela
proliferação celular encontrada nos peixes analisados neste trabalho pode ser um
mecanismo de defesa utilizado pelo organismo para diminuir o acesso dos poluentes
às brânquias. Pesquisas mostram que a proliferação e a presença de edemas
podem reduzir e até mesmo impedir a passagem da água entre as lamelas
secundárias (LUPI et al., 2007), dificultando o acesso do poluente ao sangue, mas
prejudicando, contudo, a realização de trocas gasosas (SANTOS, 2007). Os
aneurismas encontrados nas tilápias podem estar relacionados com dificuldades
respiratórias, uma vez que estas podem ser responsáveis pela indução da
vasodilatação

CONCLUSÃO

Pode-se perceber com esses dados que os peixes encontrados na Laguna da


Jansen estão sendo afetados pela poluição, apresentando respostas ao estresse
local. A poluição difusa pode ser apontada como o principal motivo de aparecimento
das alterações histopatológicas, oriunda de esgotos lançados na Laguna na sua
forma in natura, não sendo possível estabelecer a relação com um poluente
especifico. Os resultados dos biomarcadores validados nesta pesquisa podem
subsidiar programas de monitoramento da Laguna da Jansen.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ADAMS, M. Biological Indicators of Aquatic Ecosystem stress. Maryland: American


Fisheries Society Bethesda – USA, 1990.
JESUS, T.B de; CARVALHO, C.E.V de. Utilização de biomarcadores em peixes
como ferramenta para avaliação de contaminação ambiental por mercúrio.
Oecologia Brasiliensis, v.12, n.4, p. 680-693. 2008.
LUNA, L.G. Manual of histologic staining methods of Armed Forces Institute of
Pathology. 3 ed. New York: Mc Graw-Hill Book Company, 1968, 258 p.
NOGUEIRA, D.J.; CASTRO; S.C.; SÁ, O.R. Avaliação da qualidade da água no
reservatório UHE Furnas - MG, utilizando as brânquias de Pimelodus maculatus
(LACÈPÉDE, 1803) como biomarcador de poluição ambiental. Ciência et Praxis ,
Passos, v. 1, n. 1, 2008.
RAND, G.M.; PETROCELLI, S.R. Fundamentals of Aquatic Toxicology. New York:
Ed. Washington, Mcgraw Hill, 1985. 666 p.
RIGOLIN-SÁ, O. Toxicidade do herbicida Roundup (glifosato) e do acaricida Omite
(propargito) nas fases iniciais da ontogenia do bagre, Rhandia hilarii (Valenciennes,

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

1840) (Pimelodidade, Siluriformes). 1998. 307 f. Tese (Doutorado em Ecologia e


Recursos Naturais) – Universidade Federal de São Carlos, São Carlos. 1998.

FONTES FINANCIADORAS

Universidade Estadual do Maranhão (UEMA).

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Biomarcadores
67 - ALTERAÇÕES HEPÁTICAS E BIOMÉTRICAS EM Sciades herzbergii E Bagre
bagre PARA MONITORAMENTO DE IMPACTOS AMBIENTAIS NO GOLFÃO
MARANHENSE, BRASIL

SIMONE DE JESUS MELO ALMEIDA, HELLON VIANA CUNHA, RAIMUNDA NONATA


FORTES CARVALHO-NETA, WANDA DOS SANTOS BATISTA, ANDRESSA BEZERRA
ALMEIDA
Contato: SIMONE DE JESUS MELO ALMEIDA - MELRY.ALLEN@GMAIL.COM

Palavras-chave: biomarcadores; peixe; fígado

INTRODUÇÃO

Os sistemas de pesca e aquicultura vem sendo analisado de forma tradicional e sem


inovações tecnológicas. Com isso o impacto gerado pela aquicultura nas espécies
nativas ainda não foi efetivamente apresentado (CARVALHO-NETA, 2017) no
Golfão Maranhense. Os organismos aquáticos estão sujeitos a contaminação por
agentes tóxicos, e uso de biomarcadores histopatológicos pode fornecer um
diagnóstico sobre a sanidade dos peixes (ZHOU et al., 2008). Assim, neste trabalho
objetivou-se comparar as lesões hepáticas e os dados biométricos de Sciades
herzbergii e Bagre bagre capturados pela pesca realizada no Golfão Maranhense,
visando a identificação do melhor táxon para biomonitoramento na região.

METODOLOGIA

O estudo foi desenvolvido em dois pontosna Baía de São José, tendo como primeiro
ponto Panaquatira e o segundo ponto Pecoapara, no município de São José de
Ribamar (MA). As coletas foram realizadas entre setembro e dezembro de 2017,
tendo umtotal de 49 exemplares. Os organismos foram armazenados em caixas
isotérmicas e transportados ao Laboratório de Biomarcadores de Organismos
Aquáticos da Universidade Estadual do Maranhão. Em laboratório foi registrada a
biometria e amostras do fígado de cada exemplar foramretiradas e fixadas em formol
a 10% por 24 horas. Posteriormente, essas amostras foram lavadas e mantidas em
álcool a 70% até o procedimento histológico padrão. Os cortes de aproximadamente
5μm de espessura foram corados com hematoxilina e eosina (HE). Os dados
encontrados das lesões hepáticas nos dois pontos de coletas foram apresentados
em porcentagem. E os dados biométricos de cada animal foram apresentados em
média e desvio-padrão e comparados por meio do teste de Student (teste t) para
identificação de diferenças entre os dados biométricos dos bagres.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Resultados indicaram que as lesões hepáticas em S. herzbergii foram mais


frequentes nos peixes de Pecoapara, sendo hiperemia (10%), vacuolização (20,5%),
núcleos picnóticos (25%) e centro de melanomacrófagos (32%); já as lesões
observadas em B. bagre coletados apenas em Panaquatira foram núcleos picnóticos
(3%), vacuolização (15%) e centro de melanomacrófagos (10%). O fígado é um
órgão responsável pelo processo de desintoxicação dos produtos exógenos e

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

endógenos, tais como toxinas que acabam sendo ingeridas pelo animal no ambiente
natural e ou de cultivo e vem sendo utilizado como um órgão importante para o
estudo de biomarcadores em peixes (ROBERTS, 2001). As alterações hepáticas
encontradas no S. herzbergii na região de Pecoapara indicam que os indivíduos
capturados nesse local estão sofrendo estresse causado por xenobióticosde origem
antrópica. Alterações encontradas podem ser decorrente da poluição das águas
onde os peixes foram capturados, como por exemplo, efluentes domésticos das
comunidades ao entorno, por atividades pesqueiras como tinta e óleo dos barcos e
pela intensa atividade da aquicultura identificada próximo ao local de coleta.
Quanto à biometria dos peixes, em relação ao comprimento e peso observou-se que
os indivíduos da espécie S. herzbergii coletados em Panaquatira foram maiores e
mais pesados do que os exemplares de Pecoapara; além disso, o peso total das
fêmeas foi superior ao peso dos machos em ambos os locais analisados. O mesmo
padrão de biometria foi observado para B. bagre coletado apenas em Panaquatira,
sendo as fêmeas maiores e mais pesadas do que os machos. Os dados biométricos
e o diagnóstico histopatológico (lesões hepáticas), bem como a presença regular
dos exemplares nas coletas, apontam S. herzbergii como o melhor bioindicador para
avaliar impactos ocasionados por contaminação aquática na baía de São José.

CONCLUSÃO

As lesões hepáticas encontradas em S. herzbergii e B. bagre coletados na Baía de


São José foram: hiperemia, centro de melanomacrófagos, núcleos picnóticos e
vacuolizações. As lesões mais frequentes foram centro de melanomacrofágos em S.
herzbergii e vacuolizações para B. bagre.
Os resultados da da biometria de Sciades herzbergii e Bagre bagre mostram
alterações indicativas de que os indivíduos de ambas as espécies estão
respondendo ao estresse causado por xenobióticos lançados na região analisada.
Esses dados indicam que S. herbergiié o táxon mais indicado para análises de
biomarcadores, sendo mais apropriado para programas de biomonitoramento.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CARVALHO-NETA, R.N.F. Biomarcadores e morfometria para monitoramento de
impactos ambientais na pesca de Bagres no Golfão Maranhense. Projeto de
Pesquisa. São Luís: UEMA,2017.
ROBERTS, R.J. Fish pathology. London: W.B. Saunders, 2001. 472 p.
SOUSA, D.B.; ALMEIDA, Z.S.; CARVALHO NETA, R.N.F. Biomarcadores
histológicos em duas espécies de bagres estuarinos da Costa Maranhense, Brasil.
Arq. Bras. Med. Vet. Zootec., v.65, n.2, p.369-376,2013.
ZHOU, Q.; ZHANG, J.; FU, J.; SHI, J.; JIANG, G. Biomonitoring: an appealing tool for
assessment of metal pollution in the aquatic ecosystem. Anal.Chim.Acta, v. 606, p.
135–150, 2008.
FONTES FINANCIADORAS
Apoio da Universidade Estadual do Maranhão (UEMA) pelo financiamento da bolsa
do projeto de iniciação cientifica voluntário concedido e ao Laboratório de
Biomarcadores em Organismos Aquáticos (LABOAq) pelo suporte físico para as
análises dos peixes.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Oral
Biomarcadores
69 - IMPOSEX EM MOLUSCOS GASTRÓPODES DA PENÍNSULA DE YUCATÁN,
MÉXICO

RUSSELL GIOVANNI UC PERAZA, ITALO BRAGA DE CASTRO, VICTOR HUGO


DELGADO BLAS, JAIME RENDÓN-VON OSTEN, GILBERTO FILLMANN
Contato: RUSSELL GIOVANNI UC PERAZA - RUSS_NET42@HOTMAIL.COM

Palavras-chave: Imposex; gastrópodes; compostos orgânoestanicos; Península de Yucatán

INTRODUÇÃO

O Tributilestanho (TBT) é considerado uma ameaça para a biota marinha,


principalmente em áreas de elevada atividade marítima (DOMÍNGUÉZ-OJEDA et al.,
2015). Esse composto foi utilizado como biocida especialmente em tintas anti-
incrustantes, aplicadas nos cascos das embarcações. O efeito tóxico mais estudado
do TBT, é a desregulação endócrina causadora do Imposex, onde as fêmeas de
gastrópodes desenvolvem características sexuais masculinas não funcionais.
Portanto, o imposex é considerado um excelente biomarcador de contaminação por
TBT. O presente estudo teve como objetivo verificar a ocorrência de imposex em
áreas de alta e baixa atividade naval da Península de Yucatán.

METODOLOGIA

Foram coletadas amostras de moluscos gastrópodes em áreas sob a influência de


terminais portuários, marinas, assentamentos humanos e em áreas de conservação
distribuídas em 3 estados (Quintana Roo, Yucatán e Campeche) da zona costeira da
Península de Yucatán, México. Um total de 17 estações foram amostradas entre
fevereiro e março de 2018. Após as coletas os moluscos foram anestesiados em
solução salina de MgCl2 3,5% por um período de 2 horas sendo, posteriormente
foram, medidos e removidos das conchas. A determinação sexual foi realizada
através da presença do receptáculo seminal presente em fêmeas e próstata em
machos, além da coloração das gônadas (CASTRO et al., 2005). As fêmeas que
apresentavam estruturas sexuais masculinas, tais como um vaso deferente e/ou
pênis, foram considerados com algum nível de imposex (BATISTA, 2016). Os pênis
dos machos e das fêmeas com imposex foram medidos utilizando-se uma lâmina
milimétrica. Os níveis de imposex foram quantificados através dos seguintes índices:
porcentagem de imposex em fêmeas (%I), índice do comprimento relativo do pênis
(RPLI), e índice da sequência do desenvolvimento do vaso deferente (VDSI). Para o
VDSI utilizou-se a escala de seis estágios proposta por Toste et al. (2013).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

No presente estudo, foram coletados exemplares de 7 espécies (Plicopurpura


patula, Thais deltoidea, Leucozonia ocellata, Gemophos tinctus, Melongena corona
bispinosa, Strombu pigilis, Stramonita haemastoma) de moluscos gastrópodes
distribuídos em 17 estações ao longo da costa da Península de Yucatán. Níveis
mensuráveis de imposex foram observados em 13 estações, sendo que os índices

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

mais elevados foram encontrados em áreas próximas a portos e marinas. O imposex


não foi detectado em 4 estações onde tráfego naval foi baixo ou praticamente nulo.
No estado de Quintana Roo a incidência de imposex foi detectada em duas espécies
diferentes (P. patula e T. deltoidea), principalmente em áreas de marinas.
Considerando a distribuição espacial dos níveis de imposex para a espécie P.
patula, os maiores índices foram observados na estação Marina EL CID (RPLI = 5,8;
VDSI = I - II; I% = 100), e para a espécie T. deltoidea na estação Marina EL CID
(RPLI = 3,5; VDSI = I; I% = 100), Puerto Cancún (RPLI = 8,8; VDSI = I - II; I% = 100),
Marina V&V (RPLI = 20; VDSI = I - III; I% = 100) e Isla Mujeres Interno (RPLI = 3,2;
VDSI = I - II; I% = 100). Por outro lado, baixos indices foram encontrados em zonas
com menor atividade marítima (Reserva Estatal “Xcacel-Xcacelito”: Santuário da
Tartaruga Marinha, Club MED, Isla Mujeres Externo). Resultados semelhantes foram
encontrados por Strand et al. (2009) em portos das Ilhas Virgens (para as espécies
P. patula e T. deltoidea) e por Paz-Villagarra et al. (2015) em portos e marinas em
Venezuela (P. patula). Em Yucatán, os maiores índices foram observados na
espécie G. tinctus coletada nas estações Yucalpetén e Chuburná, região de portos e
marinas. No estado de Campeche, imposex foi detectado na espécie S.
haemastoma coletada nas estações Sabancuy e Ciudad del Carmen, próximas de
portos. Como previsto, a incidência de imposex e, provavelmente, a contaminação
por TBT são problemas disseminados pela zona costeira da Península de Yucatán,
a exemplo do que tem sido observado em outras localidades da América Latina. A
ocorrência de imposex em moluscos gastrópodes tem sido usado para monitorar a
poluição por TBT em vários países, como Peru (CASTRO et al., 2018), Brasil
(MACIEL et al., 2018), Chile (MATTOS et al., 2017), Equador (CASTRO et al., 2018),
Colômbia (SIERRA-MARQUEZ et al., 2018), dentre outros países ao redor do
mundo.

CONCLUSÃO

Nosso estudo registrou diferentes níveis de imposex para as espécies P. patula, T.


deltoidea, G. tinctus, M. corona bispinosa e S. haemastoma coletadas nas regiões
dos estados de Quintana Roo, Yucatán e Campeche da Peninsula de Yucantán,
México, com índices relativamente altos em áreas próximas a portos e marinas,
assim como índices baixos em zonas com menor atividade marítima, indicando que
a região costeira de estudo está sendo impactada por TBT.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BATISTA, R.M. (2016). Contaminação por compostos butilestânicos em três regiões


portuárias do Chile. Dissertação (Mestrado em Química Tecnológica Ambiental) –
FURG, Rio Grande, RS.
CASTRO, I.B.; BRAGA, A.R.C.; ROCHA-BARREIRA, C.A. (2005). Altos índices de
Imposex em Stramonita rustica (Mollusca: Gastropoda) em áreas portuárias dos
estados de Alagoas e Sergipe, Brasil. Tropical Oceanography, 33: 121-128.
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matter of concern in Peru. Chemosphere, 205: 253-259.
MARCIEL, D.C.; CASTRO, Í.B.; BOTELHO, DE SOUZA; YOGUI, G.T.; FILLMANN,
G.; ZANARDI-LAMARDO, E. (2018). Assessment of organotins and imposex in two
of the northeasasterm Brazilian coast. Marine Pollution Bulletin, 126:473 – 478.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

DOMÍNGUÉZ-OJEDA, D.; PATRÓN-SOBERANO, O.A.; NIETO-NAVARRO, J.T.;


ROBLEDO-MARENCO, M.L.; VELÁZQUEZ-FERNÁNDEZ, J.B. (2015). Imposex in
Plicopurpura pansa (Neogastropoda: Thaididade) in Nayarit and Sinaloa, México.
Revista Mexicana de Biodiversidad, 86: 531-534.
MATTOS, Y.; WOLFGANG B.S.; ROMERO, M.S.; BRAVO M.; FILLMANN, G.;
CASTRO, I.B. (2017). Butyltin contamination in Northern Chilean coast: Is there a
potential risk for consumers?. Science of the Total Environment, 595: 209-217.
PAZ-VILLARRAGA, C.A.; CASTRO, I.B.; MILOSLAVICH, P.; FILLMANN, G. (2015).
Venezuelan Caribbean Sea under the threat of TBT. Chemosphere, 119: 704-710.
SIERRA-MARQUEZ, L.; SIERRA-MARQUEZ, J.; De la ROSA, J.; OLIVERO-
VERBEL, J. (2018). Imposex in Stramonita haemastoma from coastal sites of
Cartagena, Colombia. Brazilian Journal of Biology, http://dx.doi.org/10.1590/1519-
6984.173301
STRAND, J.; JORGENSEN, A.; TAIROVA Z. (2009). TBT pollution and effects in
molluscs at US Virgin Islands, Caribbean Sea. Environment International, 35: 707-
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TOSTE, R.; PESSOA, I.A.; DORE, M.A.; PARAHYBA, M.A.; FERNANDEZ, M.A.
(2013). Is aphallic vas deferens development in females related to the distance from
organotin source? A study with Stramonita haemastoma. Ecotoxicology and
Environmental Safety, 91: 162-170.

FONTES FINANCIADORAS

O trabalho foi financiado com recursos do Projeto AIBRASIL II - FINEP (No


1111/13).

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Oral
Biomarcadores
85 - ALTERAÇÕES HISTOLÓGICAS EM BRÂNQUIAS E DIFERENÇAS
BIOMÉTRICAS EM U. cordatus (DECAPODA, OCYPODIDAE) INDICATIVOS DE
CONTAMINAÇÃO EM ÁREAS PORTUÁRIAS DE SÃO LUÍS (MARANHÃO)

CLARYCE CUNHA COSTA CUNHA COSTA, WANDA DOS SANTOS BATISTA,


RAIMUNDA NONATA FORTES CARVALHO-NETA
Contato: CLARYCE CUNHA COSTA CUNHA COSTA - CLARYCECUNHA@GMAIL.COM

Palavras-chave: biomarcadores; caranguejo; xenobióticos

INTRODUÇÃO

Muitos xenobióticos lançados nos manguezais são oriundos de atividades antrópicas


sendo tóxicos e comprometendo a biota aquática (LAM; GRAY, 2003),
especialmente aos crustáceos. Ucides cordatus tem sido utilizado como um
importante biomonitor de poluição de manguezal na Baia de São Marcos no
Maranhão (ANDRADE, 2016; BATISTA, 2017). Alterações morfológicas nas
estruturas branquiais podem ser utilizadas na investigação da toxicidade de
compostos químicos e no monitoramento dos efeitos agudos e crônicos sendo
importantes biomarcadores (NOGUEIRA et al., 2011). Assim, neste estudo
objetivou-se analisar as alterações branquiais e dados biométricos em Ucides
cordatus para monitoramento de áreas portuárias em São Luís (Maranhão).

METODOLOGIA

Foram realizadas coletas bimestrais, em setembro e novembro de 2017 em duas


áreas diferenciadas: Ilha de Santana (área de referência) e Coqueiro (área portuária
potencialmente impactada). Em laboratório foram registradas medidas biométricas
do comprimento e largura da carapaça (CC, LC); largura e comprimento do própodo
quelar (LPQ, CPQ) com auxílio de paquímetro (cm) e foi registrado o peso total (PT)
de cada animal em balança digital. Amostras de brânquias foram removidas de cada
exemplar, em seguida fixadas em solução de Davidson durante 24 horas
(VASANTHI et al., 2014). Posteriormente, foram lavadas e mantidas em álcool 70%
até o processamento histológico. Cortes de aproximadamente 5µm de espessura
foram corados com Hematoxilina e Eosina. Os dados biométricos dos caranguejos
das duas áreas foram obtidos e apresentados como média e desvio-padrão e
submetidos ao teste de normalidade e, posteriormente ao teste t de Student para
comparação entre as áreas. Para a análise das alterações branquiais estas
passaram por uma contagem total das lamelas secundárias e contagem de cada
alteração encontrada em cada lamela; em seguida foi realizada uma regra de três
dos valores encontrados e gerado o percentual de lesões branquiais nos
caranguejos estudados nas duas áreas de estudo (NEGRO, 2015).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados encontrados mostraram que as brânquias de U. cordatus


apresentaram várias alterações, tais como: deformação do canal marginal,
rompimento das células pilastras, hiperplasia e colapso lamelar. Os dados indicaram

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

lesões mais frequentes para hiperplasia e rompimento das células pilastras. Os


percentuais de lesões foram superiores nos caranguejos da área potencialmente
impactada. O percentual elevado das alterações nas brânquias de U. cordatus
encontrados na área potencialmente impactada pode estar relacionado aos
contaminantes nessa região. Em estudos anteriores realizados na região portuária
foram encontrados altos teores de metais pesados no sedimento da região e altos
índices de rompimento de células pilastras nos caranguejos U. cordatus (ANDRADE,
2016; BATISTA, 2017) indicativos de poluição nos manguezais no entorno da região
portuária de São Luís. Os dados biométricos encontrados nos caranguejos de
Coqueiro (área potencialmente impactada) apresentaram valores inferiores aos dos
caranguejos coletados na Ilha de Santana (área de referência). Todas as médias
nas duas áreas avaliadas comprovaram uma diferença significativa (p<0,05), sendo
que os caranguejos foram sempre menores na região portuária. Por outro lado, os
caranguejos da Ilha de Santana apresentaram-se maiores e mais pesados do que os
de Coqueiro. Em estudos anteriores em vertebrados (CARVALHO-NETA et al.,
2014) e invertebrados aquáticos (ANDRADE, 2016; BATISTA, 2017) mostrou-se
uma diferença relacionada ao tamanho e peso dos organismos quando estes estão
submetidos à contaminantes presentes no ambiente. Em suma, as atividades
realizadas nos complexos portuários instalados ao longo da região costeira brasileira
são responsáveis por muitos agentes potencialmente contaminantes que podem
causar alterações graves nas comunidades aquáticas afetando estruturas (tecidos,
células) e o crescimento corpóreo (fisiologia) de organismos que estão ali
(CARVALHO-NETA, 2010). Portanto, estudos voltados para o biomonitoramento
ambiental é relevante para subsidiar análises minuciosas sobre a real situação do
ambiente (ZAGATTO e BERTOLETTI, 2006).

CONCLUSÃO

O táxon U. cordatus funcionou como uma boa espécie biomonitora porque


expressou respostas morfológicas capazes de diferenciar uma área impactada de
uma área de referência. Observou-se que ocorreu uma maior quantidade de
alterações branquiais nos organismos capturados na área portuária, indicando que
os organismos estão respondendo à exposição por contaminantes. Os dados
biométricos também apontaram diferenças significativas, indicando que os
organismos da área portuária apresentam um crescimento corporal menor do que os
indivíduos da área de referência.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AMEUR, W.B.; El MEGDICHE, Y.; LAPUENTE, J.; BARHOUMI, B.; TRABELSI, S.;
ENNAUCEUR, S.; CAMPS, L.; SERRET, J.; RAMOS-LÓPEZ, D.; GONZALEZ-
LINARES, J.; TOUIL, S.; DRISS, M.R.; BORRÀS, M. Oxidative stress, genotoxicity
and histopathology biomarker responses in Mugil cephalus and Dicentrarchus labrax
gill exposed to persistent pollutants. A field study in the Bizerte Lagoon: Tunisia.
Chemosphere, v. 135, p. 67–74.\, 2015
ANDRADE, T.S.O.M. Biomarcadores em caranguejo uçá (Ucides cordatus) para
monitoramento ambiental em áreas portuárias. Dissertação do mestrado do
Programa de Pós-graduação em Recursos Aquáticos e Pesca da Universidade
Estadual do Maranhão. São Luís-MA, 2016.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

BAYEN, S. Occurrence, bioavailability and toxic effects of trace metals and organic
contaminants in mangrove ecosystems: A review. Environment International, n. 48,
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BATISTA, W.S. Alterações em brânquias e hepatopâncreas de caranguejo Ucides
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(Maranhão) / Monografia / Universidade Estadual do Maranhão/Wanda dos Santos
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CARVALHO-NETA, R.N.F. Biomarcadores e inteligência artificial para
monitoramento de impactos ambientais no Complexo Portuário de São Luís-
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CARVALHO-NETA, R.N.F.; SOUSA, D.B.P.; ALMEIDA, Z.S.; SANTOS, D.M.S.;
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LAM, P.K.S.; GRAY, J.S. The use of biomarkers in environmental monitoring
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Londrina, Paraná, 2004.
VASANTHI, L.A.; MURUGANANDAM, A.; REVATHI, P.; BASKAR, P.; JAYAPRIYAN,
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ZAGATTO, P.A.; BERTOLETTI, E. Ecotoxicologia Aquática: Princípios e Aplicações.
1. ed. São Carlos: RiMa,2006. 478 p.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

FONTES FINANCIADORAS

Agradecemos ao CNPq, pela bolsa de iniciação cientifica a primeira autora; À


Fapema pelo apoio financeiro e à Universidade Estadual do Maranhão pela
infraestrutura. E ao Grupo de Pesquisa em Ecotoxicologia e Monitoramento de
Ambientes Aquáticos (pelo apoio) pela logística na pesquisa.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Biomarcadores
86 - ALTERAÇÕES BRANQUIAIS E ANÁLISE BIOMÉTRICA EM Sciades
herzbergii E Bagre bagre PARA MONITORAMENTO DE IMPACTOS AMBIENTAIS
NO GOLFÃO MARANHENSE

CLARYCE CUNHA COSTA CUNHA COSTA, ANDRESSA BEZERRA ALMEIDA, SIMONE


DE JESUS MELO ALMEIDA, HELLON VIANA CUNHA, RAIMUNDA NONATA FORTES
CARVALHO-NETA
Contato: CLARYCE CUNHA COSTA CUNHA COSTA - CLARYCECUNHA@GMAIL.COM

Palavras-chave: lesões; biomonitoramento; biomonitor

INTRODUÇÃO

Análises baseadas em biomarcadores são promissores para os programas de


biomonitoramento porque apresentam rapidez e baixo custo (TAGLIARI et al., 2004).
Os biomarcadores histológicos, como as lesões branquiais, são metodologias
sensíveis ao estresse ambiental em populações de peixes (SOUSA et al., 2013). As
brânquias são responsáveis pelas trocas gasosas por serem o primeiro órgão de
excreção, exercendo um importante papel no balanceamento iônico
(BALDISSEROTTO, 2009) e as lesões branquiais comprometem estas funções
vitais. Neste estudo objetivou-se comparar as lesões branquiais e mudanças
biométricas em Sciades herzbergii e Bagre bagre em dois locais diferenciados do
Golfão Maranhense.

METODOLOGIA

Foram realizadas duas coletas (bimestrais), em setembro/2017 e em dezembro/2017


nas áreas estudadas (Panaquatira - P1 e Pecoapara - P2). Em laboratório foram
registradas as medidas biométricas com auxílio de paquímetro (cm) e foi registrado
o peso total (PT) de cada animal em balança digital. As brânquias foram removidas
do lado direito de cada exemplar, em seguida fixadas em solução de formol a 10%.
Posteriormente, foram lavadas e mantidas em álcool 70% até o processamento
histológico. Cortes de aproximadamente 5µm de espessura foram feitos com auxílio
de micrótomo. Posteriormente, foram corados com Hematoxilina e Eosina. Os dados
biométricos dos peixes das duas áreas foram obtidos e apresentados como média e
desvio-padrão, submetidos ao teste de normalidade e ao teste t de Sdudent para
comparar as áreas. Para a análise das alterações branquiais, procedeu-se à
contagem total das alterações encontradas; em seguida foi realizada a quantificação
baseada na metodologia de Bernet et al. (1999).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados encontrados a partir da análise das lâminas dos locais de estudo


(Panaquatira P1 e Pecoapara P2) mostraram que as brânquias de Sciades
herzbergii e Bagre bagre) apresentaram alterações dos tipos: desorganização das
lamelas secundárias, deslocamento do epitélio, congestão e fusão lamelar completa.
Fazendo a comparação para a espécie Sciades herzbergii nos dois pontos de coleta
(P1 - Panaquatira e P2 – Pecoapara) houve maior frequência de lesões branquiais

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

nos bagres de Pecoapara. Dentre as lesões encontradas, a que mais se destacou foi
a desorganização das lamelas secundárias. Segundo Nogueira et al. (2011), as
alterações branquiais como desorganização lamelar caracterizam-se como forma de
defesa em situações de estresse, afetando diretamente os mecanismos de
respiração e osmorregulação do peixe. Comparando a quantidade total de lesões
branquiais nas espécies de bagres coletadas em Panaquatira (P1), a lesão
desorganização das lamelas secundárias foi a que mais se destacou também para
as duas espécies em estudo; nessa localidade (ponto 1) identificamos que para a
espécie B. bagre as lesões desorganização das lamelas secundárias, fusão lamelar
completa e congestão foram mais frequentes. Somente deslocamento do epitélio foi
a lesão que se destacou em S. herzbergii. O aparecimento dessas lesões nas
brânquias de B. bagre pode estar relacionadas com o fato dos indivíduos dessa
espécie apresentarem um comportamento migratório. Como esses peixes migram
de um estuário para outro, podem entrar em contato com poluentes de outras
regiões visitadas (SOUSA et al., 2013). Todavia, segundo a escala de Bernet et al.
(1999) essas lesões são consideradas reversíveis, ou seja, esses organismos
deixando de estarem expostos aos poluentes retornarão ao seu estado de sanidade
normal. As médias e o desvio padrão dos dados biométricos de S. herzbergii nas
duas áreas estudadas indicaram fêmeas com tamanhos e pesos superiores quando
comparadas aos machos, pois essas necessitam de maiores reservas energéticas
para desempenhar a proteção e nutrição dos ovos durante o período reprodutivo. Os
dados também revelam que em relação ao tamanho corporal dos peixes entre as
duas áreas citadas neste trabalho, os peixes de Panaquatira são maiores do que os
de Pecoapara, pois os organismos que estão na área de referência estão
submetidos a menos estresse, o que favorece um melhor desenvolvimento
fisiológico. Segundo Sousa et al. (2013) as áreas potencialmente impactadas
influenciam no desenvolvimento dos organismos, tendo como consequência o menor
peso e tamanho dos mesmos.

CONCLUSÃO

Os dados indicam que S. herzbergii é uma boa espécie biomonitora para comparar
áreas impactadas de áreas controles, pois os indivíduos são estuarino-residentes,
estão presentes nas duas áreas de estudo e são fáceis de serem amostrados. Essa
espécie também mostrou lesões branquiais capazes de diferenciar as duas áreas,
reforçando a possibilidade de ser utilizada em programa de monitoramento
ambiental da região. Por outro lado, a espécie B. bagre é migratória e as lesões
branquiais identificadas podem ser indício de contaminação a partir de seu
deslocamento nas demais áreas visitadas, não representando o histórico de
contaminação de um único local.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BALDISSEROTTO, B. Fisiologia de peixes aplicado a piscicultura. 2. ed. Santa


Maria:UFSM, 2009. 352p.
BERNET, D.; SCHIMIDT, H.; MEIER, W. et al. Histophatology in Fish: Proposal for a
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NOGUEIRA, D.J.; CASTRO, S.C.; VIEIRA, R.C.A.; RIGOLIN-SÁ, O. Utilização das
brânquias de Pimelodus maculatus (Lacèpéde, 1803) (Siluriformes; Pimelodidae)

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


249
XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

como biomarcador de poluição no reservatório da UHE Marechal Mascarenhas de


Moraes, Minas Gerais, Brasil. Rev. Biotemas, v.24, p.51-58, 2011.
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TAGLIARI, K.C.; CECCHINI, R.; ROCHA, J.A.V.; VARGAS, V.M.F. Mutagenicity of
sediment and biomarkers of oxidative stress in fish from aquatic environments under
the influence of tanneries. Mutation Research, v. 561, p. 101–117, 2004.

FONTES FINANCIADORAS

Agradecemos à FAPEMA, pela bolsa de iniciação cientifica a primeira autora; À


Fapema pelo apoio financeiro e à Universidade Estadual do Maranhão pela
infraestrutura. E ao Grupo de Pesquisa em Ecotoxicologia e Monitoramento de
Ambientes Aquáticos (pelo apoio) pela logística na pesquisa.

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Biomarcadores
92 - TRIBUTILESTANHO E SEUS EFEITOS SOBRE ATIVIDADE DE SOD, CAT E
COLINESTERASES EM Holothuria grisea

THAIS SCHULTZ REGAZZI CAMPOS, DAVID WENDLER GRUNEVALD, BARBARA


ALMEIDA DALCOL, ALINE DONA MARTINS, ARY GOMES DA SILVA, ZILMA MARIA
ALMEIDA CRUZ
Contato: ZILMA MARIA ALMEIDA CRUZ - ZILMA.VIX@TERRA.COM.BR

Palavras-chave: Equinodermo; enzimas; estresse oxidativo; compostos organoestânicos

INTRODUÇÃO

Estudos têm descrito a toxicidade do TBT em órgãos reprodutores de organismos


marinhos resultante da presença da substância em água de portos ao redor do
mundo. O TBT é usado, primariamente, como biocida na agricultura e como agente
anti-incrustante em tintas para embarcações. Muitos estudos abordam a influência
do organoestânico na biota marinha devido a sua característica persistente. Apesar
do significante progresso em estudos de órgãos reprodutores, as ações do TBT
sobre importantes enzimas ainda não estão muito bem caracterizadas. Esse estudo
acompanhou alterações nas atividades enzimáticas relacionadas ao estresse
oxidativo e neurológicas de Holothuria grisea.

METODOLOGIA

Os organismos foram coletados em Santa Cruz/Aracruz/ES, transportadas e


ambientadas em laboratório. Após 2 dias com trocas constantes de água, os
organismos foram aleatoriamente transferidos para aquários e expostas às
concentrações 5 µg/L, 10 µg/L e 20 µg/L de TBT. O ensaio foi controlado em relação
à exposição de luz e temperatura ambiente. Após 96h de bioensaio em processo
semi-estático, os organismos foram eutanasiados, e músculo longitudinal, árvore
respiratória, intestino e gônadas foram coletados, lavados em solução salina e
congelados à -20°C. Para a extração das enzimas, os tecidos foram
homogeneizados em solução tampão 50mM TRIS-HCL, pH 7,0, em proporção 1:5
(p/v) e centrifugados a 4°C, durante 15 minutos a 15.000xg. O sobrenadante obtido
foi utilizado como fonte de enzima. Catalase (CAT), Superóxido Dismutase (SOD),
Acetilcolinesterase, AChE, Butirilcolinesterase (BChE) e Proteína total foram
determinadas segundo metodologia padronizada. Uma unidade enzimática foi
definida como a quantidade que hidrolisa 1mmol de substrato ou resulta na
formação da mesma concentração de produto por minuto a 25°C. Todas as
atividades enzimáticas foram expressas em U/mg de proteína.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

As enzimas responsáveis pela primeira fase da defesa do organismo em relação ao


estabelecimento de um estresse oxidativo, a SOD e a CAT apresentaram resultados
bem similares em suas atividades específicas quando avaliados a árvore
respiratória, músculos e gônadas. A resposta foi uma pequena porém significante
redução em suas atividades específicas em todas as concentrações utilizadas

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

quando comparadas ao controle. Por outro lado, quando enzimas isoladas do


intestino foram ensaiadas, o resultado foi uma pequena elevação em sua atividade
específica somente na maior concentração do ensaio, mantendo ainda grande
similaridade entre as duas enzimas. Pelo fato da absorção de alimentos associadas
ao sedimentos ocorrer no intestino, uma possibilidade é a que a exposição à maior
concentração do ensaio ter gerado uma resposta no órgão em questão. As
regulações enzimáticas, como forma de manter a homeostase, passa pelo ajuste
metabólico cujas enzimas ou têm sua atividade aumentada por um efetuador ou
elevação em sua concentração, o que pode sugerir uma resposta ao TBT. Esses
dados podem refletir maior produção das enzimas citosólicas como forma de
neutralizar a ação dos compostos orgânicos nesse tecido. A Holothuria grisea é um
organismo peculiar que responde às injúrias com uma potente contração muscular o
que reduz seu tamanho em até um terço de quando relaxado. Devido a essa
potência contrátil, o presente estudo teve como objetivo estudar a resposta de
colinesterases envolvidas com a liberação de neurotransmissor, importante na
fisiologia muscular. Entretanto, ambas as enzimas estudadas, Acetilcolinesterase e
Butirilcolinesterases, que podem ser, nesse organismo, esterases inespecíficas, não
apresentaram diferenças significativas em suas atividades quando relacionadas ao
controle. Atualmente, muitos organismos são utilizados como bioindicadores de
contaminação marinha por compostos organoestânicos. Pelo fato da Holothuria
grisea ter certa restrição de mobilidade e ser bem representada no ambiente
marinho, torna o equinoderma um potente organismo para estudos ecotoxicológicos.

CONCLUSÃO

Os estudos demonstraram que Holothuria grisea é um potente organismo a ser


usado como bioindicador de poluição marinha considerando sua expressiva
distribuição no ambiente, além da fácil coleta. Apesar do ensaio, no presente estudo,
ter sido de pequena duração, provavelmente um tempo maior resultará em
expressivas alterações, o que corresponde à realidade do ambiente marinho, onde
os organismos estão expostos de forma constante ao agente poluente. Os
compostos organoestânicos, devido a sua característica apolar, tem facilidade de
penetrar nas células e gerar todos os transtornos metabólicos que podem ser
acompanhados por enzimas chaves do metabolismo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BEUTLER, E. 1975. The preparatiob of red cells for assay in: Red Cell Metabolism: a
manual of Biochemical Methods. Grune and Straton, New York, p 8-18.
GUILHERMINO, L. e al., 1996. Inhibition of acetylcholinesterase activity as effect
criterion in acute tests with juvenile Daphnia magna. Chemosphere, 32, p727-738.
LOWRY, O.H. et al. 1951. Protein measurement with pholin phenol reagent. J. Biol.
Chem. 193: 265-275.
MCCORD, J.M.; FRIDOVICH, I. 1969. Superoxide dismutase - an enzyme fynction
for erythrocuprein (hemocuprein). J. Biol. Chem. 244: 6049-6055.
ZAR, J.H. 1999. Bioestatistical Analyses. New Jersey, Prentice-Hall, 663.

FONTES FINANCIADORAS

UVV‚ FUNADESP‚ FAPES

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Biomarcadores
94 - HISTOMICROGRAFIA E BIOMARCADORES EM Holothuria grisea
EXPOSTOS AO TBT

DAVID WENDLER GRUNEVALD, THAIS SCHULTZ REGAZZI CAMPOS, BARBARA


ALMEIDA DALCOL, ALINE DONA MARTINS, ARY GOMES DA SILVA, ZILMA MARIA
ALMEIDA CRUZ
Contato: ZILMA MARIA ALMEIDA CRUZ - ZILMA.VIX@TERRA.COM.BR

Palavras-chave: Tributil-tin; Holothuria; histologia; enzimas

INTRODUÇÃO

A poluição marinha é influenciada pelo desenvolvimento humano desde tempos


remotos e é ampliada pelas atividades nas regiões costeiras. Além da água, o
sedimento é compartimento de acumulação de contaminantes devido sua elevada
capacidade de adsorção. Os compostos organoestânicos são disruptores endócrinos
e metabólicos, com capacidade imunotóxica, genotóxica e neurotóxica. O
Tributilestanho (TBT) é utilizado em tintas anti-incrustantes de embarcações e
causam impactos nem populações marinhas. Holothurias ingerem matéria orgânica
dos sedimentos, fonte de entrada de contaminantes no organismo. Esse estudo
caracteriza alterações histológicas e enzimáticas na árvore respiratória, músculo,
intestino e gônadas de Holothuria grisea expostos ao TBT.

METODOLOGIA

Os organismos foram coletados em Santa Cruz/Aracruz/ES, transportadas e


ambientadas em laboratório. Após 2 dias com trocas constantes de água, os
organismos foram aleatoriamente transferidos para aquários e expostas às
concentrações 5 µg/L, 10 µg/L e 20 µg/L de TBT. O ensaio foi controlado em relação
à exposição de luz e temperatura. Após 96h de bioensaio semi-estático, os
organismos foram eutanasiados, e músculo longitudinal, árvore respiratória, intestino
e gônadas foram coletados, lavados em solução salina. As amostras dos
organismos expostos às três concentrações e a dos organismos controle foram
fixadas em 10% de formalina, desidratadas, diafanizadas e incluídas em parafina,
depois cortados (5μm) em micrótomo Leica. Depois, as amostras foram coradas em
hematoxilina-eosina. Paralelamente, as outras amostras foram processadas para
extração das enzimas. Após homogeneização em 50mM tampão TRIS-HCl, pH 7,0 e
centrifugadas a 4°C à 15.000 xg, durante 15 minutos, o sobrenadante foi utilizado
como fonte de enzimas. Fosfatase Alcalina (ALP), Fosfatase Ácida (ACP), Glutationa
S-transferase (GST) e Proteina foram determinadas segundo metodologia
padronizada. Uma unidade enzimática foi definida como a quantidade capaz de
hidrolisar 1mmol de substrato por minuto a 25°C. Todas as atividades enzimáticas
foram expressas em U/mg de proteína.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Apesar de todas as amostras isoladas de Holothuria terem sido analisadas,


nenhuma alteração histológica foi observada na túnica tegumentar (epiderme,

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

músculo e epitélio celômico), trato digestório e gônadas, quando comparadas ao


controle. Entretanto, a árvore respiratória mostrou importantes alterações no epitélio
colunar radial do filamento e do conteúdo de seu ducto central. Essas alterações são
frequentes nas células do epitélio radial colunar com marcada vacuolização no polo
basal e intensivo aumento de grânulos secretores na região supra nuclear, que
corresponde à porção celular que faceia o ducto central. Outras alterações estão
relacionadas à expressiva quantidade de secreção mucoide no ducto central. Essas
mudanças observadas na árvore respiratória, provavelmente, tenham relação com o
grande contato do TBT com o órgão. O grau de alterações foi proporcional ao
aumento da concentração nos ensaios. Por outro lado, as atividades da ALP, ACP e
GST foram monitoradas na árvore respiratória, gônadas, intestino e músculo. A ALP
resultou em inibição de 70% quando analisado intestino após exposição à maior
concentração. Nas gônadas, a ACP foi inibida em 92,12% na mesma concentração.
Quando analisada a GST na árvore respiratória, o perfil inibitório foi de 10.41%;
30.61% e 44.90% para as três concentrações respectivamente. No intestino, análise
da GST demonstrou em ativação de 250% na maior concentração. A mesma enzima
no músculo resultou em ativação de 69.78%; 39.27%; 29.90%‚ respectivamente.
Essas alterações podem indicar uma resposta metabólica ao organoestânico
considerando que alterações enzimáticas podem ser resultantes de ativação ou
elevação em sua concentração como resposta a um agente presente na célula.
Estudos devem ser realizados para confirmar essa hipótese. Porém, os resultados
observados no presente trabalho indicam a possibilidade do equinodermo ser usado
como biomarcador de ambientes contaminados por TBT em programas de
monitoramento considerando que os marcadores histológicos e enzimáticos
mostraram sensibilidade ao composto orgânico.

CONCLUSÃO

Os estudos demonstraram que Holothuria grisea é um potente organismo a ser


usado como bioindicador de poluição marinha considerando sua expressiva
distribuição no ambiente, além da fácil coleta. Apesar do ensaio, no presente estudo,
ter sido de pequena duração, provavelmente um tempo maior resultará em
expressivas alterações, o que corresponde à realidade do ambiente marinho, onde
os organismos estão expostos de forma constante ao agente poluente. Os
compostos organoestânicos, devido a sua característica apolar, tem facilidade de
penetrar nas células e gerar todos os transtornos metabólicos que podem ser
acompanhados alterações histológicas e por enzimas chaves do metabolismo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

GEORGE, L.L.; DE CASTRO, R.R.L. Histologia Comparada. Editora Roca Ltda, São
Paulo, 2ª edição, 1998.
MATTHES, E. Guia de Trabalhos Práticos de Zoologia. Editora Atlântida. Coimbra,
2ª edição, 1959.
PUTT, F.A. Modified eosin counterstain for formaldehyde-fixed tissue. Archives
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BARRED, A.J. 1972. Lysosomal enzymes. In: Dingle, J.T. (Ed.), Lysosomoes: A
Laboratory Handbook. North-Holland, Amsterdam, pp. 46-135.

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

HABIGW, H. et al. 1974. Glutathione S-transferase the first enzymatic step in


mercapturic acid formation. The Journal of Biol. Chem. 249: 7130-7139.
LOWRY, O.H. et al.,1951. J. Biol. Chem. 193, 265.
MARTOJA, R.; MARTOJA-PIERSON, M. 1970. Técnicas em histologia animal. Toray
Masson, Barcelona. P.350.
XU, J.B.; YUAN, X.F.; LANG, P.Z. 1997. Determination of catalase activity and
catalase inhibition by ultraviolet spectophotometry.Clin. Environ. Chem. 16, 73-76.
ZAR, H.J. 1999. Biostatistical Analysis, 4 ed. Prentice-Hall, New Jersey. p. 663.

FONTES FINANCIADORAS

UVV‚ FUNADESP‚ FAPES

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Painel
Biomarcadores
97 - ALTERAÇÕES HISTOPATOLÓGICAS EM RIM DE Sciades herzbergii
(SILURIFORMES, ARIIDAE) NO MONITORAMENTO DE UMA REGIÃO
PORTUÁRIA DO BRASIL

SIMONE DE JESUS MELO ALMEIDA, JONATAS DA SILVA CASTRO, RAYSSA DE LIMA


CARDOSO, DÉBORA MARTINS SILVA SANTOS, ERIVÂNIA GOMES TEXEIRA
Contato: SIMONE DE JESUS MELO ALMEIDA - MELRY.ALLEN@GMAIL.COM

Palavras-chave: rim; biomarcadores; biomonitoramento

INTRODUÇÃO

Os portos marítimos são os principais centros de atividades econômicas e de


poluição ambiental em áreas urbanas costeiras (BAILEY; SOLOMON, 2004). O
Porto do Itaqui Bacanga é considerado o segundo maior complexo portuário em
movimentação de carga do Brasil, transportando fertilizantes, ferro, cobre, dentre
outros (EMAP, 2016). Os organismos aquáticos presentes nesses ambientes estão
continuamente sujeitos a contaminação por agentes tóxicos, e uso de
biomarcadores histopatológicos pode fornecer um diagnóstico sobre a saúde dos
peixes nesses ambientes (ZHOU et al., 2008). Neste sentido, objetivou-se avaliar a
qualidade ambiental de um Porto do Brasil utilizando as alterações renais em
Sciades herzbergii.

METODOLOGIA

O estudo foi desenvolvido em dois pontos do Complexo Estuarino de São Marcos:


A1) Porto do Itaqui Bacanga (área potencialmente impactada); A2) Igarapé do Puca,
Alcântara (área controle). As amostragens foram realizadas entre Março e Junho de
2016, sendo coletados 20 espécimes de S. herzbergii em cada área. Os animais
foram armazenados em caixas isotérmicas e transportados ao Laboratório de
Biomarcadores de Organismos Aquáticos da Universidade Estadual do Maranhão,
onde também foi realizada a biometria dos peixes e a extração do rim.
Paralelamente à captura dos peixes aferiram-se os dados físico-químicos da água.
No laboratório o rim de cada exemplar de S. herzbergii, passaram pela técnica
histológica usual. Cortes transversais de aproximadamente 5 μm de espessura
foram corados com Hematoxilina e Eosina (HE). As alterações histológicas nos rins
foram classificadas em fases progressivas de danos nos tecidos: alterações de
estágio I, que não comprometem o funcionamento do órgão; de estágio II, mais
severas e que prejudicam o funcionamento normal do órgão; e de estágio III, muito
severas e irreversíveis segundo Poleksic & Mitrovic-Tutundžic (1994). Os dados das
alterações renais foram apresentados como média e desvio padrão, e submetidos
ao teste t (p<0,05).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A análise histológica realizada nos rins dos espécimes de S. herzbergii demonstrou


que os organismos coletados no Porto do Itaqui apresentaram maior frequência de
alterações renais (73%) do que na área controle (27%) (p< 0,05). As alterações

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

renais encontradas na região portuária foram: estágio 1- centro de


melanomacrófagos (58%), dilatação dos glomérulos (6%), espaçamento do endotélio
capilar (9%) e vasos dilatados (3%); estágio II- oclusão da luz tubular (19%) e néfron
imaturo (5%). A grande frequência de alterações encontradas no rim de Sciades
herzbergii na região portuária de São Luís indica que os organismos ali coletados
estão sofrendo com a contaminação deste ambiente. O rim de teleósteos é um dos
primeiros órgãos a ser afetado por contaminantes da água (THOPHON et al., 2003).
As lesões renais podem ser indicações de toxinas e assim podem ser utilizados
como indicadores para o monitoramento de efeitos de contaminantes (HINTON;
LAURÉN, 1990). Em nossos estudos foi identificado uma grande presença de centro
de melanomacrófagos na região impactada. Esse resultado é semelhante ao
encontrado por Stentiford et al. (2003) ao avaliar diferentes ambientes estuarinos da
Inglaterra, observando maior frequência de centro de melanomacrófagos em
Platichthys flesus capturado em ambiente com maior grau de contaminação. A
presença de centro de melanomacrófagos é encontrada de forma natural neste
orgão, todavia o grande acúmulo está relacionado aos efeitos de materiais poluentes
absolvidos por este orgão. Manera et al. (2000) diz que a intensidade e a
prevalência de acumulos de melanomacrófagos no rim de peixes tem sido proposto
como um biomarcador util da degradação ambiental e da poluição aquática. Os
exemplares de S. herzbergii da área controle apresentaram características
morfométricas de peso e comprimento superiores aos capturados a área impactada
(p< 0,05), resultados semelhantes aos encontrados por Sousa et al. (2013) em
estudos com Bagre bagre e Sciades herzbergii capturados na Baía de São Marcos.

CONCLUSÃO

A avaliação histológica no rim de Sciades herzbergi sugere uma melhor qualidade


ambiental do igarapé do Puca em Alcântara. A elevada frequência de alterações e o
grau de severidade nos exemplares da região portuária indicam que estes
organismos estão demonstrando respostas biológicas ao estresse local. Estudos de
biomarcadores em diferentes órgãos do peixe, como brânquias, fígados e rim
demonstram o grau de impacto que esses organismos estão submetidos ao
ambiente contaminado. Assim, estudos com biomarcadores histopatológicos
representam uma importante ferramenta para o monitoramento de áreas poluídas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BAILEY, D.; SOLOMON, G. Pollution prevention at ports: clearing the air.


environmental impactas sessment review, v.24, p. 749- 774, 2004.
EMAP - Empresa maranhense de administração portuária. <
http://http://www.emap.ma.gov.br/emap >. Acesso em 01 de Novembro de 2016.
HINTON, D.E.; LAURÉN, D.J. Integrative histopathological effects of environmental
stressors on fishes. American Fisheries Society Symposium, Bethesda, v. 8, p. 51-
66. 1990.
MANERA, M.; SERRA, R.; ISANI, G.; CARPENE, E. Macrophage aggregates in
gilthead sea bream fed copper, iron and zinc enriched diets. Journal of Fish Biology,
57, 457–465. 2000.

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


257
XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

POLEKSIC, V.; MITROVIC-TUTUNDŽIC, V. Fish gills as a monitor of sublethal and


chronic effects of pollution. IN: Müller, R.; Lloyd, R. Sublethal and chronic effects of
pollutants on freshwater fish. Oxford: Fishing News Books, 1994.
SOUSA, D.B.; ALMEIDA, Z.S.; CARVALHO NETA, R.N.F. Biomarcadores
histológicos em duas espécies de bagres estuarinos da Costa Maranhense, Brasil.
Arq. Bras. Med. Vet. Zootec., v.65, n.2, p.369-376, 2013.
STENTIFORD, G.D.; LONGSHAW, M.; LYONS, B.P.; JONES, G.; GREEN, M.;
FEIST, S.W. Histopathological biomarkers in estuarine fish species for the
assessment of biological effects of contaminants. Marine Environmental Research,
55,137–159, 2003.
THOPHON, S.M.; KRUATRACHUE, M.; UPATHAM, E.S.; POKETHITIYOOK, P.;
SAHAPHONG, S.; JARITKHUAN, S. Histopathological alterations of white seabass,
Lates calcarifer in acute and subchronic cadmium exposure. Environmental Pollution,
Barking, v. 121, p. 307-320. 2003.
ZHOU, Q.; ZHANG, J.; FU, J.; SHI, J.; JIANG, G. Biomonitoring: an appealing tool for
assessment of metal pollution in the aquatic ecosystem. Anal Chim Acta 606:135–
150, 2008.

FONTES FINANCIADORAS

À Fundação de Amparo à Pesquisa e Desenvolvimento Científico do Maranhão


(FAPEMA); Ao Laboratório de Pesca e Ecologia Aquática (LabPEA) e ao Laboratório
de Biomarcadores em Organismos Aquáticos (LABOAq) pelo suporte físico para as
análises dos peixes.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Oral
Biomarcadores
99 - ECOTOXICOLOGICAL EFFECTS OF THE FUNGICIDE IMAZALIL AND ITS
PHOTOCATALYTIC BY-PRODUCTS ON Eisenia andrei

PATRICIA CHRISTINA GENAZIO PEREIRA, LORENA OLIVEIRA SOUZA SOARES,


SIDNEY FERNANDES SALES JUNIOR, ENRICO MENDES SAGGIORO, FABIO
VERISSIMO CORREIA
Contato: LORENA OLIVEIRA SOUZA SOARES - LOH.LOSS@GMAIL.COM

Keywords: Biomarker; Eisenia andrei; advanced oxidative processes

INTRODUCION

Imazalil (IMZ), a toxicity class III systemic fungicide, is widely applied to seed
treatments and in the post-harvesting of citrus, bananas and other fruits, for storage
decomposition control (EPA, 2005). However, its toxicity is not efficiently removed by
conventional effluent treatment methods. Thus, advanced oxidative process (AOP)
studies have received more attention as an application methodology for the removal
of this type of toxic substance. In this context, the aim of the present study was to
determine potential toxic effects of both IMZand its photocatalytic byproducts, on
Eisenia andrei annelids.

METHODS

IMZ toxicity to E.andrei was determined by three approaches: filter paper contact
(OECD 207); acute soil exposure (15 days) and chronic soil exposure (45 days),
according to the ISO 11268-1 and ISO 11268-2 standards, at IMZ concentrations of
0.1, 1 and 10 mg.kg-1. IMZ photodegradation was carried out by the heterogeneous
TiC2/UV photocatalysis of a 5 mg.L-1 IMZ solution. E. andrei organisms were
exposed to photocatalytic IMZ products after 6, 18, 35 and 90 minutes of
photodegradation, as described above.Annelid coelomic fluid was collected by the
extrusion method (Eyamber et al., 1991), for the determination of cell density, viability
and typing. GST and CAT enzymatic activities were determined as reported by Habig
et al. (1984) and Aebi (1984), respectively. For GST, all activities were measured in
the kinetic mode for 60 seconds at 340 nm, while CAT readings were performed in
the kinetic mode during 15 seconds at 240 nm. All GST and CAT samples were
determined in triplicate and each reading was performed at least twice. Results were
analyzed by an ANOVA test followed by Bonferroni’s post-hoc test and by the
Kruskal-Wallis test followed by Fisher's post-hoc test using the Prism 5 and the R v.
3.4.3 softwares, respectively.

RESULTS AND DISCUSSION

No significant differences regarding biomass variations over time were observed in


the acute or chronic assays during different IMZ exposure times. On the 30th chronic
exposure day, a considerable increase in cell density at an IMZ concentration of 10
mg.Kg-1 was observed, followed by a drastic decrease at the 45th day at the same
concentration. Cell viability counts were no longer possible on the 45th chronic assay
day, at 0.1 mg.kg-1 IMZ and higher, due to ruptured cell membranes.GST activity in

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

the chronic assay decreased on the 30th day in organisms exposed to contaminated
soil at 1 and 10 mg.Kg-1 IMZ. CAT activity increased during the first 15 days of
exposure to 0.1 mg.Kg-1, while decreases were observed at 1 and 10 mg.Kg-1 during
the same period. At the end of the experiment, only organisms exposed to 0.1 mg.kg -
1
exhibited alterations in CAT enzymatic activity.
No changes were observed in annelid cellomic fluid cell ratios at 15, 30 and 45 days
of chronic exposure to the different IMZ photocatalytic products. Decreased cell
density at 15 days in organisms exposed to the 90 min photoproducts was detected.
Cell viability was also decreased in organisms exposed to these photoproducts,
albeit only during the first 15 days of the experiment.
A decrease in GST enzymatic activity was observed on the 15th day in organisms
exposed to IMZ photocatalytic products obtained at 18 and 90 min degradation times
during the chronic assay. At the end of the experiment (45 days) only organisms
exposed to 90 min photocatalytic products exhibited decreased GST activity.
Organisms exposed to all IMZ photoproducts exhibited decreases in CAT activity at
the 15th day of exposure. At the 45th day, only organisms exposed to 90 min
photocatalytic products maintained decreased CAT activity.
These results indicate that IMZ causes morphological anomalies in E. andrei, even at
low concentrations. In addition, a decrease in the number of juveniles generated by
organisms exposed to higher contaminant concentrations was also observed,
although this difference was non-significant. This may be due to deleterious IMZ
effects to basic physiological functions, such as development.
Although IMZ photoproducts were less toxic than IMZ, it is important to note that
annelids are bioindicator species regarding environmental modifications. Thus,
alterations in E. andrei physiology or their absence in the environment may indicate
environmental modifications to the ecosystem, with the potential to cause future
environmental imbalances, and even loss of biodiversity.

CONCLUSION

Comparing the results of the IMZ ecotoxicological tests with the results of the
photodegradation treatment, both were toxic to E andrei. IMZ exposure led to
morphological changes, while photodegradation product exposure led to reproduction
alterations, and both exposures led to cellular and enzymatic alterations. Therefore,
both IMZ and its photocatalysis products may compromise the survival of the
annelids of the Eisenia andrei species and this may affect other edaphic organisms.

REFERENCES

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of pesticides. December 1991.
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Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Biomarcadores
103 - RESPOSTAS FISIOLÓGICAS DE Astronotus ocellatus A AMONIA

LUCIANA RODRIGUES DE SOUZA-BASTOS, CHRIS WOOD, ADALBERTO LUIS VAL


Contato: LUCIANA RODRIGUES DE SOUZA-BASTOS - LUCIANA.BASTOS@LACTEC.ORG.BR

Palavras-chave: amônia; fluxos unidirecionais; hematologia; ATPases; anidrase carbônica

INTRODUÇÃO

Em peixes teleósteos, a amônia é um dos produtos finais do catabolismo de


proteínas e ácidos nucléicos. Por ser um composto altamente tóxico, logo que é
produzida é excretada, principalmente na forma não ionizada (NH3), por difusão
através das brânquias. Porém, peixes são frequentemente expostos a elevadas
concentrações de amônia no ambiente o que resulta em respostas fisiológicas que
variam de alterações íon e osmorregulatórias até, em casos extremos, morte. Peixes
amazônicos são muito sensíveis à amônia. Assim, o objetivo deste estudo foi avaliar
as respostas fisiológicas e os mecanismos utilizados por A. ocellatus para sobreviver
a 2.5mM amônia.

METODOLOGIA

Vinte juvenis de A. ocellatus foram distribuídos em dois grupos: condições controle


(n=10; somente água doce) e experimental [n=10; água doce + 2.5 mM de amônia
total (NH3 + NH4+)]. Os peixes foram submetidos individualmente, em aquários
contendo 1L de água, a estas condições por 96h. Os aquários tinham 80% da água
renovada a cada 12h. Para preparação da concentração de amônia utilizada no
grupo experimental, uma solução estoque de cloreto de amônio (NH 4Cl, 1M) foi
previamente preparada e diluída em cada um dos aquários de modo a obter a
concentração desejada. Ao final de 96h os peixes foram anestesiados (MS222) para
obtenção de sangue utilizado para hematologia (Hct, Hb, RBC, HCM, CHCM, VCM)
e plasma utilizado para determinações de amônia, uréia, Na +, Cl- e glicose. Em
seguida foram eutanasiados e dissecados para a retirada de tecidos: brânquias para
determinação de Na, K-ATPases, H+ATPase, anidrase carbônica (AC); músculo para
determinação de teor hídrico e rins para determinação da AC.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Quando exposto a concentrações elevadas de amônia o peixe apresenta dificuldade


em excretar esse metabólito devido aos gradientes difusivos externos reduzidos.
Deste modo, espera-se uma aumento na concentração de amônia plasmática
seguido de prejuízos para funções fisiológicas vitais como trocas gasosas e
osmorregulação. A. ocellatus apresentou aumento na concentração de amônia e
redução da concentração de uréia plasmática corroborando essa afirmação. Porém,
a exposição por 96h a 2.5 mM de amônia não alterou a maior parte dos paramêtros
hematológicos (Hct, Hb, RBC e HCM) da espécie, com exceção do aumento no
volume (VCM) e redução na concentração de hemoglobina (CHCM). Mas, embora
essas pequenas alterações sanguíneas tenham ocorrido e sugiram algum
desequilíbrio respiratório, os mesmos não foram suficientes para causar um

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

desequilíbrio ácido-base na espécie estudada, pois, atividades especificas das


enzimas anidrase carbônica branquial e renal e H+ATPase branquial se mantiveram
inalteradas. Do mesmo modo, A. ocellatus não apresentou prejuízos em suas
funções osmorregulatórias, pois, que as concentrações plasmáticas dos íons Na + e
Cl- não se alteraram. Também é possível afirmar que não houve alteração
metabólica pois não houve alteração na concentração plasmática de glicose, nem no
teor hídrico muscular. Apesar disso, houve redução na atividade da enzima Na +K+-
ATPase e na atividade ATPásica total nas brânquias dos peixes submetidos à
condição experimental em comparação à condição controle o que pode sugerir um
princípio de alteração na capacidade de absorção de sal ocasionada,
provavelmente, pela excessiva produção de muco que é uma resposta comumente
utilizada nesta e em outras espécies de água doce diante de desafios ambientais,
em especial diante da exposição a amônia. Este tipo de resposta embora prejudique
processos respiratórios e a absorção de sal, assim como evidenciado, minimiza os
danos causados por substâncias tóxicas ambientais.

CONCLUSÃO

Astronotus ocellatus demonstrou tolerar a exposição a 2.5 mM de amônia total por


96h, pois, apresentou poucas alterações fisiológicas neste período experimental.
Essa tolerância se deu, provavelmente, pela capacidade da espécie em secretar
elevada quantidade de muco e, deste modo, minimizar a absorção da amônia. No
entanto, a exposição por longo prazo a esta condição poderá desencadear
alterações fisiológicas drásticas como, por exemplo, desequilíbrio ácido-base e íon
osmorregulatório. Sugere-se, deste modo, que estudos futuros avaliem a exposição
desta espécie a esta mesma concentração por maior período de tempo e averigue
os efeitos e/ou os mecanismos utilizados pela espécie nesta condição.

FONTES FINANCIADORAS

INCT-ADAPTA (573976/2008-2); CNPq Ciências sem Fronteiras (CNPq - CsF no.


400311/2012-7 e no. 151446/2014-8); FAPEAM (3159/08).

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Painel
Biomarcadores
104 - INFLUÊNCIA DO CHUMBO NA ATIVIDADE DA ACETILCOLINESTERASE
NO MOLUSCO Perna perna COLETADOS EM FLORIANÓPOLIS, SANTA
CATARINA, BRASIL

FRANCCIELLE VERONESE GRANJA, INDIANARA FERNANDA BARCAROLLI


Contato: INDIANARA FERNANDA BARCAROLLI - BARCAROLLI@GMAIL.COM

Palavras-chave: acetil; chumbo; mexilhão

INTRODUÇÃO

A acetilcolinesterase (AChE) é uma enzima importante que atua nas sinapses


colinérgicas. O chumbo é um metal tóxico que pode interferir na atividade da AChE,
trazendo prejuízos aos organismos. Por serem organismos filtradores os mexilhões
acabam acumulando altas concentrações de diversos compostos com potencial
tóxico. Quando estas concentrações atingem certos limites no organismo danos
fisiológicos e bioquímicos ocorrem. O objetivo deste trabalho foi de verificar a
toxicidade do chumbo presente na água em diferentes pontos de Florianópolis
(Santinho, Canasvieiras e Joaquina) na atividade da acetilcolinesterase em
mexilhões da espécie Perna perna.

METODOLOGIA

Para o desenvolvimento deste trabalho foram realizadas duas coletas, uma durante
o verão e outra no inverno de 2017, onde foram coletados mexilhões da espécie
Perna perna em três pontos específicos na Ilha de Santa Catarina: Canasvieiras,
Santinho e Joaquina. Foram coletados dez indivíduos por local em cada estação do
ano. Os pontos foram escolhidos por possuírem os indivíduos naturalmente no
ambiente e também por apresentarem características diferentes entre si.
Canasvieiras possui características de baia, com mar calmo e alta densidade
turística nos meses de verão. Santinho e Joaquina já possuem alta dinâmica
marinha e mar aberto, sendo a mais visitada turisticamente a praia da Joaquina.
Foram coletados brânquia, músculo e glândula digestiva dos mexilhões. Para a
análise da atividade da acetilcolinesterase foi utilizado ométodo descrito por Ellman
et al. 1960. Para a determinação das concentrações de chumbo dos diferentes
tecidos (brânquias, musculo e glândulas digestivas), as amostras foram
descongeladas, secas em estufas a 65°C, durante 24 horas, pesadas (peso seco),
digeridas com 250 mL de ácido nítrico 65% (Suprapur°, Merck) e por fim diluídas
com água tipo MilliQ. A leitura foi feita em espectrofotômetro de absorção atômica
modo chama.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

As análises estatísticas da atividade da AChE em glândulas digestivas


demonstraram maior atividade enzimática no Santinho e na Joaquina durante o
verão. Já no inverno os valores foram próximos, menores que no verão, tendo
maiores valores na Joaquina. De acordo com as análises de chumbo nas glândulas
digestivas pode-se observar que as maiores concentrações se encontram em

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Canasvieiras durante o verão. As análises de chumbo no inverno não foram


medidas, pois os valores estavam abaixo do limite de detecção do equipamento. Já
na Joaquina, em geral, não houve grandes concentrações de metais quando
comparados aos demais pontos de coleta, tendo seus valores bem reduzidos e
nenhum acima do permitido pela legislação brasileira. Desta forma pode se
relacionar os resultados com a ideia de Saint-Denis e colaboradores (2001), os quais
relatam que os metais podem diminuir a eficiência da ligação entre AChE ao
substrato, causando em um primeiro momento maior produção da enzima pelo
organismo, de forma a hidrolisar mais eficientemente a acetilcolina. Porém quando
estes animais ficam expostos cronicamente a metais esta estratégia pode não ser
eficiente e causar declínio da enzima. A mesma relação ocorreu quando analisadas
as brânquias, em Canasvieiras os resultados sendo bem inferiores ao Santinho e
Joaquina e no inverno existindo poucas diferenças entre os pontos de coleta. Nas
brânquias novamente a quantidade de chumbo encontrada em Canasvieiras foi
superior aos demais pontos de coleta. Este fato pode estar relacionado com uma
possível inibição da acetilcolinesterase. Muitos pesquisadores descrevem que
elementos como o chumbo se ligam ao sítio catalítico da enzima AChE, evitando
inativação fisiológica da acetilcolina levando a um prolongamento anômalo da
neurotransmissão, que ao longo prazo pode deteriorar o equiparato da enzima
inativando sua expressão (GAITONDE et al. 2006).

CONCLUSÃO

A AChE teve respostas diferentes nos três pontos de coleta, Joaquina, Santinho e
Canasvieiras, mostrando que cada ambiente reflete condições diferentes aos
organismos;
Aliar os testes bioquímicos com as análises de metais demonstrou uma boa
alternativa para biomonitoramento de ecossistemas marinhos;
O chumbo demostrou concentração acima do proposto pela Anvisa o qual
apresentou o dobro da quantidade permitida durante o verão na praia de
Canasvieiras, a qual é extremamente visitada principalmente nos meses de verão
por turistas de vários lugares do mundo podendo ser tóxicos a eles e outros seres
vivos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

GAITONDE, D.; SARKAR, A.; KAIZARY, S.; SILVA, C.D.; DIAS, C.; RAO, D. P.;
RAY, D.; NAGARAJAN, R.; DE SOUZA, S. N.; SARKER, S.; PATILL, D.
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FONTES FINANCIADORAS

FAPESC.

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Painel
Biomarcadores
112 - AVALIAÇÃO DA TOXICIDADE DE AGROTÓXICOS NO BRASIL PELO
ENSAIO DE FUGA COM MINHOCAS DAS ESPÉCIES Eisenia fetida E Eisenia
andrei

AMANDA RAMPELOTTO DE AZEVEDO, MARIANA VIEIRA CORONAS


Contato: MARIANA VIEIRA CORONAS - CORONASMV@GMAIL.COM

Palavras-chave: Ecotoxicologia terrestre; solos; ensaio de fuga; bioindicadores

INTRODUÇÃO

A comercialização de agrotóxicos no Brasil no ano de 2016 foi de 551.313,25


toneladas de ingredientes ativos. Devido aos riscos que esses compostos podem
causar a natureza e população, ensaios de fuga/evitamento utilizando minhocas
indicam os riscos da aplicação desses agrotóxicos no ambiente. Esse teste tem se
mostrado sensível para esse tipo de avaliação, indicando a perda de função de
habitat do solo. O objetivo desse trabalho foi fazer uma revisão da literatura sobre a
utilização do ensaio de fuga com minhocas das espécies Eisenia fetida e Eisenia
andrei para avaliação da toxidade ambiental de agrotóxicos no Brasil

METODOLOGIA

Para a realização do levantamento bibliográfico foram consultadas as bases de


dados Google Acadêmico, PubMed e Web of Science, sendo utilizado como
ferramenta da pesquisa os termos: earthworm, avoidance, Brazil; e os termos:
agrotóxicos, teste de fuga, teste de evitamento, Eisenia fetida e Eisenia andrei. As
monografias de trabalho de conclusão de curso, dissertações e teses, resumos e
trabalhos publicados em anais de eventos científicos também foram considerados
nesse levantamento. Após as buscas, os resultados foram analisados e, então,
selecionados somente os estudos realizados no Brasil e que utilizaram testes de
fuga em minhocas da espécie Eisenia fetida e/ou Eisenia andrei em solos naturais
(SN) ou em solos artificiais tropicais (SAT) avaliando agrotóxicos

RESULTADOS E DISCUSSÃO

As consultas às bases de dados resultaram em 13 estudos e 25 avaliações que


utilizaram o teste ecotoxicológico de comportamento de fuga em minhocas diante da
exposição à 17 ingredientes ativos de agrotóxicos no Brasil [1-13]. A maioria das
avaliações (10) foram realizadas em SAT e sete avaliações observaram as
respostas de fuga diante a exposição ao agrotóxico tanto em SAT, quanto em SN. A
espécie mais utilizada foi Eisenia andrei, utilizada em 80% das avaliações. O
ingrediente ativo mais avaliado foi o agrotóxico de maior comercialização no Brasil, o
herbicida glifosato, dos quais quatro dos cinco estudos que o testaram observaram
resposta de fuga em ao menos uma das concentrações ou formulações testadas.
Alterações significativas no comportamento das minhocas Eisenia andrei como
ausência de movimentos e aglomeração em pontos específicos foi relatado, nas
duas maiores concentrações testadas, num estudo que avaliou glifosato em SN [8].
Respostas de fuga significativa foram observadas nas maiores concentrações

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

testadas de glifosato em SN [8;9] e SAT nos demais estudos [3;12]. O benomil, que
atualmente não possui autorização de uso no Brasil, apresentou resposta de fuga
significativa a partir da concentração de 31,6 mg/kg [7]. O carbendazim e lambda-
cialotrina apresentaram respostas significativas de fuga desde a menores
concentrações testadas, 1,0 mg/kg e 0,32 mg/kg, respectivamente [7]. Abamectina,
carbofurano e carbendazim foram avaliados por dois estudos cada um e todos
relataram comportamento de fuga para esses ingredientes ativos [2; 3; 6; 7; 10]. Os
demais ingredientes ativos foram avaliados por um único estudo. Tiametoxam,
captana e carboxina + tiram, imidacloprido, mancozeb + metalaxyl-M e sulfato de
cobre apresentaram respostas positivas significativas para o comportamento de fuga
em minhoca [1; 5; 11]. Os ingredientes ativos que não foram observadas respostas
de fuga foram: fipronil, tebuconazol e cipermitrina [1; 4; 13].

CONCLUSÃO

A utilização de ensaio de fuga/evitamento com minhocas é uma ferramenta sensível


para avaliação dos riscos ecotoxicológicos dos agrotóxicos. No entanto, as
pesquisas no Brasil ainda são limitadas diante da quantidade de formulações,
ingredientes ativos e volumes de comercialização de agrotóxicos e, por isso,
precisam avançar. Os trabalhos analisados nessa pesquisa apontam que as
utilizações de agrotóxicos causam efeitos adversos mesmo quando a dosagem
aplicada seja a recomendada, indicando o potencial risco ecotoxicológico.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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solos contaminados com agrotóxicos. 2014. 74p. Trabalho de conclusão de curso
(Bacharel em Engenharia Ambiental e Sanitária) - Universidade do Sul de Santa
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solo utilizando como bioindicador minhocas da espécie Eisenia andrei. 2016. 64p.
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Universidade Federal de Pelotas, Pelotas, RS, 2016.
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FONTES FINANCIADORAS

Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq (Processo:


409736/2016-3)

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Oral
Biomarcadores
116 - HISTOPATOLOGIA E HISTOMETRIA HEPÁTICA EM Adenomera diptyx

TAYNARA RIBEIRO FARIAS LEÃO, LILIAN FRANCO-BELUSSI, CLASSIUS DE


OLIVEIRA, CARLOS EURICO DOS SANTOS FERNANDES
Contato: TAYNARA RIBEIRO FARIAS LEÃO - TRFLEAO@GMAIL.COM

Palavras-chave: morfometria, patologia, anuros, fígado

INTRODUÇÃO

Anfíbios dependem de áreas úmidas para completar seu ciclo de vida e, portanto,
podem ser considerados como bioindicadores ambientais. As técnicas histométricas
permitem estimar e comparar mudanças estruturais celulares e teciduais,
contribuindo para esclarecer a patogenia de diversos processos histopatológicos.
Além disso, permite quantificar aspectos morfológicos celulares, estabelecendo
padrões dependentes das condições ambientais. Este trabalho teve como objetivo
estimar a densidade de alterações hepáticas encontradas em Adenomera diptyx,
bem como caracterizar morfometricamente hepatócitos normais e alterados no
fígado de espécimes coletados em Campo Grande, Mato Grosso do Sul.

METODOLOGIA

Adenomera diptyx (n=5) adultos foram capturados em duas regiões antropizadas de


Campo Grande, MS. Os espécimes foram eutanasiados, pesados e necropsiados. O
fígado foi pesado, para o cálculo do índice hepatossomático ((Peso fígado/ Peso
total) x 100), posteriormente processado para análise histopatológica em secções
teciduais (4µ) coradas em H&E. A densidade estrutural do tecido hepático (DEh) foi
estimada em imagens (n=10/espécime) sob microscopia de campo claro (400x)
considerando a presença de uma certa estrutura em 247 intersecções ajustadas
digitalmente. O percentual da categoria foi calculado pela formula: DEh=
(Ip/247)x100; onde, Ip refere-se as intersecções positivas. Para as análises
morfométricas foram usadas imagens (n=10; 1000x), onde foram estimados os
valores do perímetro (µm) e área (µm2) dos hepatócitos, perímetro (µm), área (µm2),
diâmetro maior e menor (µm) dos núcleos de 100 células normais e 50 com
alterações morfológicas. Além disso, foram calculados o volume nuclear (3/4. π. r3),
o fator forma nuclear (Ff = (4.π.A) P-2), e a relação núcleo/citoplasma (RNC = (área
do núcleo/área do hepatócito) x100)). As análises foram realizadas com auxílio dos
softwares Motic 2.0 e ImageJ 1.48v. Os dados obtidos foram comparados pela
análise de variância (modelo linear, one-way, teste F) para efeito fixo de alteração.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os indivíduos foram todos machos com peso médio de 1,3 ±0,1g e apresentaram
índice hepatossomático médio de 2,7 ±0,8%. Dos cinco indivíduos analisados,
apenas um não apresentou alteração hepática e foi considerado como controle. As
alterações encontradas foram do tipo degeneração hidrópica, quando hepatócitos
apresentaram tumefação citoplasmática de coloração esbranquiçada, com núcleos
preservados; degeneração gordurosa ou esteatose, na presença de vacúolos

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

sugestivos de acúmulo de triglicérides com núcleos deslocados para periferia; e


infiltrado leucocitário focal ou multifocal, caracterizado por células mononucleares
nos sinusóides ou perivascular. A esteatose, por vezes, esteve associada às áreas
focais de necrose coagulativa com ou sem a presença de infiltrado. A DEh média do
tecido com degeneração hidrópica foi de 53,4 ±4,3%, de esteatose foi de 65,2
±5,7%, de esteatose associada à necrose foi de 85,4 ±12,3% (P=000,1) e de
infiltrado mononuclear foi de 20,1 ±10,0%. A degeneração hidrópica e a esteatose
podem ser consideradas alteração reversíveis, sendo biomarcadores precoces ou
transitórios de exposição. Na esteatose hepática, ocorre acúmulo excessivo de
triglicérides no citoplasma do hepatócito, resultado de possíveis alterações no
metabolismo energético. A presença da necrose, nesses casos, denota um processo
cronificado e de caráter irreversível. Os centros de melanomacrófagos, componentes
do sistema imune inato, representaram cerca de 5,6 ±0,4% nas áreas de tecido
hepático normal, diminuindo para 2,6 ±0,6% (P=0,002) nas áreas com esteatose. Em
relação a morfometria, hepatócitos normais apresentaram área média de 133,5 ±
3,6µm2; na degeneração hidrópica houve aumento de 52% da área do hepatócito
(203,4 ± 5,15 µm2, P=0,001) e na esteatose houve perda de 20,0% (107,0±5,11
µm2, P=0,001). A área nuclear do hepatócito normal foi de 28,7 ± 0,5 µm2 e
representou cerca de 22,0% da área total do citoplasma. Na esteatose houve
redução de até 46% da área nuclear (13,4 ±0,8µm2; P=0,001), com a RNC
reduzindo para cerca de 12,0% (P=0,001). O volume nuclear nos hepatócitos com
degeneração hidrópica não diferiu dos núcleos dos hepatócitos normais
(28,5±0,8µm2; 28,5 ±0,5µm2, respectivamente), porém, devido ao aumento da área
do hepatócito, a RNC foi de 14,7% em hepatócitos com degeneração hidrópica. Em
relação ao fator forma nuclear, índice que varia de 0 a 1 (quanto mais próximo de 1
mais circular é a estrutura), hepatócitos normais apresentaram média de 0,96 ± 0,01
e hepatócitos com degeneração hidrópica 0,94 ± 0,02, não havendo diferença
significativa, porém na esteatose a média foi de 0,72 ± 0,02 (P=0,001), em função do
achatamento do núcleo.

CONCLUSÃO

Conclui-se que os achados histopatológicos em Adenomera diptyx consistem em


biomarcadores importantes para estudos ambientais e sugerem que esta espécie
pode ser usada como bioindicadora, e que apesar destes animais estarem presentes
em ambiente urbano, não estão em condições saudáveis. As patologias irreversíveis
foram as mais prevalentes sugerindo maior tempo de exposição às alterações
ambientais. Os achados histopatológicos aliados aos padrões histométricos
possibilitam quantificar as transformações teciduais bem como estabelecer padrões
que podem ser futuramente empregados em outras espécies e ambientes.

FONTES FINANCIADORAS

CAPES (Bolsa de mestrado pós-graduação)

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


271
XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Biomarcadores
119 - MELANINA: BIOMARCADOR HEPÁTICO INDICATIVO DE QUALIDADE
AMBIENTAL?

TAYNARA RIBEIRO FARIAS LEÃO, LILIAN FRANCO-BELUSSI, CLASSIUS DE


OLIVEIRA, CARLOS EURICO DOS SANTOS FERNANDES
Contato: TAYNARA RIBEIRO FARIAS LEÃO - TRFLEAO@GMAIL.COM

Palavras-chave: Melanomacrófagos; fígado; anuros; ambiente antropizado

INTRODUÇÃO

A melanina é um biocromo celular proveniente da oxidação da tirosina, L-dopamina


e adrenalina, distribuído amplamente no organismo. Nos anfíbios, a melanina é
encontrada nos melanomacrófagos, células presentes nos órgãos hematopoiéticos.
Os melanomacrófagos também incluem a hemossiderina e a lipofucsina resultantes
do catabolismo celular e estão envolvidas com a neutralização de radicais livres.
Melanomacrófagos respondem às variações ambientais e a patógenos, porém, nos
anuros, a resposta pode variar dependendo do modo reprodutivo e, filogenia do
grupo. Assim, este trabalho teve como objetivo comparar a porcentagem de
melanina hepática em Leptodactylus podicipinus em áreas com e sem antropização.

METODOLOGIA

Espécimes adultos de Leptodactylus podicipinus foram capturados em Campo


Grande- MS (n=8) e no Pantanal – Mato Grosso do Sul (n=8), durante a estação
reprodutiva. Os espécimes foram eutanásiados com xilocaína a 5%, pesados,
necropsiados e em seguida, os fígados foram retirados, pesados e fixados para
processamento histotécnico, seccionados (4µ) e corados em H&E. Para a análise da
porcentagem de melanina, foram realizadas imagens em microscopia de campo
claro (n=20/espécime) em 400x, avaliadas por diferença de coloração no programa
Image Pro-Plus 6.0. O percentual da área do pigmento foi estimado sobre área total
da imagem. Os dados obtidos foram comparados pela análise de variância (modelo
linear, one-way, teste F) para efeito fixo de alteração.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os indivíduos coletados nas duas áreas não tiveram diferença significativa em


relação ao peso e ao índice hepatossomático (Peso fígado/Peso total) x 100, que
apresentaram médias de 4,7 ±1,4g e 2,9 ±0,9%, respectivamente. A média do
percentual de melanina hepática para os indivíduos coletados dentro do perímetro
urbano foi 1,3 ±0,11% e para aos indivíduos coletados no Pantanal foi 2,3 ±0,11%,
aumento de 76,0 %. A análise das variáveis biométricas revelou que a porcentagem
de melanina correlacionou-se com o peso do fígado (r2 = 0,55; P=0,005), sendo
inversamente proporcionais, assim quanto mais pesado o órgão, menos pigmento
em relação a porcentagem de hepatócitos apresentou. Entre as áreas coletadas não
houve diferença significativa no peso dos animais, assim, a variação do percentual
de melanina entre as áreas não pode ser explicada de acordo com os dados
biométricos. Leptodactylus podicipinus, possui um modo reprodutivo que o deixa

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


272
XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

exposto a longa duração a possíveis contaminantes ambientais, porém não foi


observado maior pigmentação na área urbana. Este achado pode estar relacionado
a dois fatores principais. O Pantanal é uma planície que possui presença de
mosaicos vegetacionais sendo que a área de coleta era composta por campo aberto,
ou seja, provavelmente estes animais ficavam expostos a uma radiação contínua de
incidência solar, bem como radiação ultravioleta, podendo ocasionar um aumento na
síntese melânica. Além deste fator, no geral, a fauna pantaneira apresenta altas
taxas de parasitismo, explicada pela diversidade de fitofisionomias e microhabitats
presentes na região, ao contrário da área urbana, reforçando assim, a presença dos
melanomacrófagos em órgãos alvo como o fígado.

CONCLUSÃO

A pigmentação hepática em anuros pode ser usada como um biomarcador para


estudos ambientais. As variações dos padrões de melanina em L. podicipinus estão
relacionadas à fatores intrínsecos, como o peso do fígado e possivelmente a fatores
extrínsecos como o aumento de exposição à UV e grau de parasitismo dos
espécimes. Embora a melanina seja um biomarcador ambiental, pois varia de
acordo com o meio, sua resposta (aumento ou diminuição) ainda não é um
consenso nos anuros, uma vez que vários fatores podem afetar sua concentração
nos espécimes.

FONTES FINANCIADORAS

CAPES (Bolsa de mestrado pós-graduação)

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


273
XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Oral
Biomarcadores
137 - CONCHAS DE Lottia subrugosa COMO BIOMARCADORES DE
CONTAMINAÇÃO

NAYARA GOUVEIA DOS SANTOS, CAMILA PRATALLI MARTINS, CAROLINA ROCHA


MOREIRA DE OLIVEIRA, ÍTALO BRAGA DE CASTRO
Contato: NAYARA GOUVEIA DOS SANTOS - NA-GOUVEIA@HOTMAIL.COM

Palavras-chave: alterações morfológicas; moluscos; Lottia subrugosa; biomarcadores

INTRODUÇÃO

Os organismos de ambientes marinhos multi-impactados estão sujeitos a alterações


biológicas devido à pressão resultante da exposição a substâncias químicas
perigosas. Portanto, sofrem adaptações de seus fenótipos buscando manter seus
ciclos de vida. Tais alterações, têm sido utilizadas como biomarcadores de
contaminação sendo os moluscos amplamente empregados no biomonitoramento de
ambientes aquáticos. Esses animais apresentam alta sensibilidade a contaminação
e podem registrar em suas conchas, o histórico das alterações ambientais de seu
habitat. O objetivo do presente estudo foi avaliar alterações em conchas de Lottia
subrugosa ao longo de diferentes gradientes de contaminação em diferentes
latitudes do litoral brasileiro.

METODOLOGIA

Um total 100 organismos adultos da espécie L. subrugosa foram coletados em


pontos de amostragem distribuídos ao longo de gradientes de contaminação na Baía
de Todos os Santos (BTS), Sistema Estuarino Santos-São Vicente (SESS) e
Complexo Estuarino de Paranaguá (CEP). Após coletas, as conchas dos
organismos foram removidas e submetidas a análises biométricas, morfométricas e
determinação da composição elementar. Além disso, as partes moles de 10
organismos de cada um dos nove pontos de coleta foram analisadas quanto a
respostas de marcadores bioquímicos tradicionais (lipoperoxidação – LPO e danos
aos DNA). Posteriormente, as alterações de concha foram estatisticamente
avaliadas quanto ao grau de correlação com as respostas obtidas a partir da análise
dos biomarcadores clássicos empregados.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Por apresentarem intensas atividades portuárias, além de atividades industrias,


despejo de resíduos domésticos, as áreas estudadas estão sujeitas a intensos e
múltiplos impactos antrópicos, sendo responsáveis pelo lançamento diário de
diversas classes de contaminantes, provenientes de fontes difusas. Os resultados
mostraram que todos os biomarcadores avaliados responderam de modo
proporcional a contaminação ambiental, independentemente da presença (SESS e
CEP) ou ausência (BTS) de gradientes de contaminação bem definidos nas áreas
estudadas. De fato, as respostas encontradas com base nos parâmetros biométricos
e morfométricos de concha foram consistentes com aquelas obtidas a partir de
biomarcadores tradicionais (LPO e danos no DNA). Além disso, as mudanças na

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


274
XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

composição elementar de conchas de L. subrugosa sugerem que a exposição a


ambientes contaminados é provavelmente responsável pelas alterações detectadas.
Portanto, considerando à simplicidade e menor custo das análises biométricas e
morfométricas, esses parâmetros parecem ser uma ferramenta promissora para
futuras avaliações, especialmente em áreas onde os recursos tecnológicos são
escassos. Adicionalmente, os achados do presente estudo foram obtidos em três
sistemas aquáticos distribuídos em uma ampla faixa de latitudes, indicando
fortemente que as conchas de gastrópodes refletem os efeitos resultantes da
contaminação ambiental. De fato, com base em estudos similares realizados no
litoral argentino, alterações de concha relacionadas a contaminação costeira
ocorrem ao longo de todo Atlântico Sul Ocidental, sugerindo que essa ferramenta
tem potencial para utilização global. Entretanto, antes que possa ser universalmente
utilizada, avaliações temporais e experimentais devem ser realizadas a fim de
validar essa promissora ferramenta para compreensão dos efeitos toxicológicos aos
organismos expostos, a partir dos resultados gerados, sendo extremamente
desejável a utilização de bioindicadores de contaminação que possam gerar
respostas rápidas, precisas e de baixo custo.

CONCLUSÃO

O presente estudo mostrou que as alterações biométricas, morfométricas e na


composição elementar de conchas de Lottia subrugosa são consistentes com
respostas observadas por biomarcadores tradicionais de contaminação, tais como
Lipoperoxidação e danos ao DNA. Adicionalmente, as ferramentas empregadas no
presente estudo se mostraram responsivas mesmo em situações onde os gradientes
de contaminação apresentaram intensidades diferentes (SESS e CEP) ou foram
ausentes (BTS). Finalmente, considerando a abundância e a ampla distribuição
geográfica de L. subrugosa, seu emprego em monitoramentos da qualidade
ambiental poderá se converter em uma ferramenta preciosa.

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FONTES FINANCIADORAS

FAPESP - Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


281
XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Biomarcadores
155 - MONITORAMENTO DE IMPACTOS AMBIENTAIS NA BAÍA DE SÃO JOSÉ -
MA, ORIUNDOS DOS SISTEMAS DE PESCA E PISCICULTURA COM USO DE
BIOMARCADORES HISTOLÓGICOS EM Sciades herzbergii (BLOCH, 1974) E
Bagre bagre (LINNAEUS, 1766)

HELLON VIANA CUNHA, SIMONE KARLA LIMA SILVA, SIMONE DE JESUS MELO
ALMEIDA, ANDRESSA BEZERRA ALMEIDA, RAIMUNDA NONATA FORTES
CARVALHO-NETA
Contato: HELLON CUNHA VIANA - HELLONVIANA@GMAIL.COM

Palavras-chave: Biomonitoramento, Biomarcador, Bagres

INTRODUÇÃO

O crescente processo de urbanização e o desenvolvimento econômico próximo às


áreas costeiras, sob influência de ações antropogênicas tem causados danos
irreparáveis em todo os ecossistemas aquáticos (SIMÕES et al., 2007). Os peixes
tem sido utilizados como bioindicadores e alguns de seus órgãos, como as brânquia
e o fígado tem funcionado como biomarcadores histológicos com a principal
finalidade de identificação de contaminação em ambientes aquáticos através da
avaliação das lesões causadas por potenciais contaminantes. Os modernos
programas de biomonitoramento ambiental tem utilizado essa técnica por
apresentarem respostas mais rápidas e mais concisas às possíveis contaminações
(CARVALHO-NETA et al., 2012).

METODOLOGIA

Foram realizadas duas coletas trimestralmente em três pontos na Baía de São José.
Foi considerado um ponto na baía, de referência (A1), um ponto próximo a uma área
de piscicultura, potencialmente impactado (A2) e um ponto próximo a um centro
urbano, contaminado (A3). O Sciades herzbergii foi capturado com covos. A coleta
do Bagre bagre foi realizada com redes de emalhar. Após a identificação, os peixes
foram colocados em caixas térmicas com gelo e levados ao Laboratório de
Biomarcadores em Organismos Aquáticos da Universidade Estadual do Maranhão.
Foi realizado a biometria e aferição do peso total. Posteriormente, uma incisão na
parte ventral dos peixes foi realizada para a retirada das brânquias, fígados e
gônadas. A classificação dos estádios de maturação gonadal foi realizada segundo
Brown-Peterson et al. (2011). Seguiu-se o processo de fixação dos órgãos em álcool
70%, a descalcificação em ácido nítrico 5%, seguido da desidratação em séries
decrescentes de álcoois e diafanização em xilol. Foram realizados cortes de 5um
após a fixação em parafina e coloração das lâminas em H&E. Para determinar a o
grau de severidade das lesões branquiais e hepáticas foi utilizado um protocolo de
avaliação de poluição aquática proposta por Bernet et al. (1999).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foram coletados 57 indivíduos (35 S. herzbergii e 22 B. bagre). Dos S. herzbergii, 22


eram fêmeas e 13 machos e dentre os B. bagre, 9 eram fêmeas e 13 machos. Os

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


282
XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

menores e os maiores indivíduos de S. herzbergii foram encontrados no ponto A2.


Fêmeas apresentaram média e desvio padrão de 24,70 ± 9,11 e machos 30,37 ±
2,00. Os menores índices gonadossomáticos também foram encontrados nessa área
0,2723 ± 0,16. Em relação aos espécimes de B. bagre não houve grandes
diferenças quanto ao peso e comprimento e apresentaram um maior índice
gonadossomático 1,4065 ± 5,12. Peixes de áreas potencialmente contaminadas são
menores, com diminuição do GSI podendo resultar em desenvolvimento anormal
das gônadas, maturação tardia, altos níveis de atresia e intersexualidade em peixes
(CARVALHO-NETA & ABREU-SILVA, 2010). As lesões braquiais mais frequentes
foram aneurisma, dilatação do vaso sanguíneo, edema intercelular, levantamento do
epitélio, deformação da lamela, fusão parcial, necrose, fusão total, hiperplasia e
parasitas, e ocorreram em indivíduos do ponto A2. Lesões similares foram
encontradas nas brânquias de peixes de ambientes estuarinos contaminados,
indicando exposição à metais pesados (DOMINGOS et al., 2009). As lesões
hepáticas mais frequentes encontradas o ponto A2 foram, aneurisma, células de
lipídeos, alteração eosinofílica hepatocelular, hiperplasia e infiltração neutrofílica,
enquanto que as demais lesões, edema intercelular, atrofia (autólise), granuloma,
necrose, hipertrofia e centro de melanomacrófagos (MMCs) foram mais presentes no
ponto A3. Esses resultados indicam distúrbios fisiológicos prolongados que levam à
depleção de glicogênio e acumulo de lipídeos. A associação de células de lipídeos
com MMCs tem sido observadas em peixes de regiões contaminadas por misturas
de xenobióticos (TRIEBSKORN et al., 2008). Em relação ao padrão da reação da
lesão branquial, peixes S. herzbergii do ponto A2 apresentaram uma maior
quantidade de lesões (6062) caracterizadas por mudanças progressivas. Já
indivíduos do ponto A1 apresentaram um número maior de lesões características de
distúrbios circulatórios (1144), enquanto que individuos do ponto A3 apresentaram
um maior número de lesões relacionadas à mudanças regressivas. Os padrões de
reação das lesões hepáticas mais representativos foram as mudanças progressivas
e inflamações, com 638 e 561 no ponto A1 e 416 e 497 no ponto A2,
respectivamente. O grande número de lesões branquiais em peixes do ponto A2
indica que eles são mais suscetíveis à efeitos agudos da exposição de
contaminantes e o menor número de lesões hepáticas em peixes dessa mesma
região sugere efeitos crônicos de xenobióticos (CARVALHO-NETA et al.,

CONCLUSÃO

O presente estudo confirma que o S. herzbergii é útil para o monitoramento de


regiões estuarinas tanto para lesões hepáticas (efeitos crônicos) e em especial
levando-se em consideração as lesões branquiais (efeitos agudos) por causa da
grande sensibilidade demonstrada para a área potencialmente impactada (A2)
comparada às áreas de referencia (A2) e contaminada (A3). Principalmente por
demostrar esses efeitos lesivos, muitas vezes letais em indivíduos mais jovens e
menos desenvolvidos.

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FONTES FINANCIADORAS

FAPEMA - FUNDAÇÃO DE AMPARO À PESQUISA E AO DESENVOLVIMENTO


CIENTÍFICO E TECNOLÓGICO DO MARANHÃO

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


284
XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Biomarcadores
156 - EFEITOS COMPORTAMENTAIS E BIOMÉTRICOS DE EFLUENTE DE
CURTUME EM TILÁPIA-DO-NILO (Oreochromis niloticus)

DIÊGO ALBERTO TEODORO, CAROLINY FATIMA CHAVES DA PAIXÃO, MARCELO


VIEIRA CARDOSO, ANDRÉ LUIS DA SILVA CASTRO
Contato: ANDRÉ LUIS DA SILVA CASTRO - ANDRELSCASTRO@GMAIL.COM

Palavras-chave: Poluição; ecotoxicologia; peixe

INTRODUÇÃO

Um dos efluentes produzidos por indústrias e responsáveis por contaminações


ambientais é o efluente de curtume (EC), gerado no processo de produção de couro.
O EC é altamente tóxico e contém componentes orgânicos e não-orgânicos, como
metais pesados (GODECK et al., 2012), podendo causar danos ambientais e
prejudicar a saúde e sobrevivência dos organismos expostos (MOYSÉS et al., 2014;
WALIA et al., 2015). Assim, o objetivo deste estudo foi avaliar os efeitos da
exposição a diferentes concentrações de EC em parâmetros biométricos,
comportamentais e mutagênicos da tilápia-do-Nilo (Oreochromis niloticus), uma vez
que os peixes estão diretamente expostos a estes contaminantes.

METODOLOGIA

Foram utilizadas tilápias-do-Nilo adultas para avaliar os efeitos do EC tipo wet blue
nas seguintes concentrações: 0% de EC (grupo controle), 2,5% (grupo I) e 25%
(grupo II) da concentração ambiental estimada de EC (0,2%). Cada grupo foi
composto por 13 peixes. Os animais foram expostos ao EC por um período de 96
horas em aquários individuais.
Os peixes foram inseridos nos aquários 1 dia antes do início do experimento para
aclimatação e filmados antes da exposição ao EC e após 48 e 96h. Os animais
foram medidos e pesados antes e após o experimento, para análise de crescimento
e ganho de peso. Ao final dos experimentos os animais foram eutanasiados e os
fígados foram extraídos e pesados para cálculo do Índice Hepatossomático (IHS).
Foram avaliados comportamentos alimentares, locomotores e agonísticos, além da
resposta dos peixes frente a um objeto estranho. Foram quantificados a latência
para alimentação, a distância percorrida, o tempo total de locomoção, latência e
frequência de ataques, latência para resposta e o tempo de permanência próximo ao
objeto estranho. O teste do espelho foi utilizado para avaliar a agressividade e uma
curva de pvc foi utilizada para o teste de resposta ao objeto estranho.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Não houve diferença significativa entre os indivíduos expostos e não expostos ao EC


no ganho de peso (H (2) =2,7996; p=0,24) e crescimento (H (2) =1,351; p=0,50),
contrariando os resultados de Gbem et al. (2003), que observaram menor ganho de
peso em juvenis de Clarias garipinus expostos ao EC.

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


285
XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Já em relação ao IHS, foi observado que o grupo II (25%) apresentou maior índice,
quando comparado ao grupo controle e ao grupo I (2,5%) (F (2,36) =3,5923;
p=0,03), o que pode estar relacionado com a hiperplasia e/ou hipertrofia do fígado
(ADAMS & RYON, 1994; SLOOFF et al., 1983).
Não houve alterações no comportamento alimentar e locomotor dos peixes expostos
ao EC, uma vez que não houve diferença estatística dos parâmetros latência para
alimentação, distância percorrida e tempo de movimentação.
Em relação ao comportamento agonístico, houve efeito do EC nos grupos
experimentais. Enquanto no grupo controle os peixes apresentaram um aumento na
latência de ataque ao longo do período de exposição, nos grupos expostos ao
efluente a latência de ataque reduziu com o tempo de exposição (F (4, 108) =3,720,
p<0,01), indicando aumento da agressividade. Já a diferença entre os grupos foi
significativa apenas após 96 horas de exposição (F (2, 108) =3,975, p=0,02), com
ambos os grupos expostos apresentando menor latência quando comparado com o
controle. Os peixes expostos ao EC também apresentaram maior frequência de
ataques nas suas imagens refletidas no espelho, em relação aos peixes do grupo
controle (F (4,108) = 2,7276, p=0,03), corroborando a relação do EC com o aumento
da agressividade.
O EC é uma mistura complexa, contendo metais pesados como o cádmio, níquel,
chumbo, entre outros, os quais podem causar alterações em comportamentos
agonísticos de peixes (HENRY & ATCHISON, 1986; SLOMAN et al., 2003;
ALMEIDA et al., 2009). Alguns metais pesados, presentes no EC, como o cobre e o
chumbo, podem agir como neurotoxinas e que outros metais, como o cádmio e o
cromo causam estresse oxidativo, liberando radicais livres que podem reagir com a
membrana celular e causar peroxidação lipídica, o que pode estar relacionado com
alterações neurológicas e comportamentais, como a agressividade (SCOTT &
SLOMAN, 2004; WALIA et al., 2015; ÖZKAN et al., 2011; PEREIRA, 2015;
ESTRELA et al., 2017).

CONCLUSÃO

A exposição ao efluente de curtume do tipo wet blue por um período de 96 horas,


mesmo em concentrações abaixo dos valores estimados ambientais, pode causar
alterações no Índice Hepatossomático e afetar o comportamento, aumentando a
agressividade em tilápias-do-Nilo. Desta maneira, os resultados demonstraram que
esse o efluente de curtume causa danos comportamentais e biométricos aos peixes,
os quais podem ter impactos ecológicos e possíveis efeitos na sua sobrevivência e
reprodução.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

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FONTES FINANCIADORAS

Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (FAPEG) e Instituto Federal


Goiano – Campus Urutaí

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


287
XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Biomarcadores
174 - ESTABELECIMENTO DO PROTOCOLO DE QUANTIFICAÇÃO DA ENZIMA
GLUTATIONA S-TRANSFERASE (GST) EM TETRÁPODES MARINHOS

DAÍNA DE LIMA, JACÓ JOAQUIM MATTOS, BÁRBARA PACHECO HARRISON


RIGHETTI, VERA HELENA VIDAL DIAS, LUIZ OTÁVIO DE BARROS VILAS BÔAS,
KARIM HAHN LUCHMANN, AFONSO CELSO DIAS BAINY
Contato: AFONSO CELSO DIAS BAINY - AFONSOBAINY@GMAIL.COM

Palavras-chave: Glutationa S-transferase; GST; tetrápodes; biomarcador; biomonitoramento;


padronização

INTRODUÇÃO

As enzimas glutationa S-transferases são importantes componentes da fase II do


metabolismo de biotransformação de xenobióticos. A atividade catalítica dessas
enzimas pode ser mensurada e aplicada como biomarcador de exposição a
contaminantes químicos em programas de biomonitoramento ambiental. Para sua
aplicação, a técnica pode ser padronizada para cada espécie de interesse. O
objetivo deste estudo foi padronizar a quantificação da atividade da enzima
glutationa S-transferase (GST) para amostras hepáticas de gaivota (Larus
dominicanus), pinguim de Magalhães (Spheniscus magellanicus) e tartaruga verde
(Chelonia mydas), espécies frequentemente encontradas no litoral brasileiro.

METODOLOGIA

A padronização da atividade GST foi baseada no método de Habig e Jakoby (1981),


adaptado para microplaca. A fração citosólica de amostras hepáticas coletadas até
24h após a morte dos espécimes foi utilizada para produzir duas curvas cinéticas
para GST, uma com 2,4-Dinitroclorobenzeno (CDNB) e a outra com glutationa
reduzida (GSH) para cada espécie. Ambas as curvas foram submetidas à regressão
não linear com equação hiperbólica de Michaelis-Menten para determinação dos
parâmetros cinéticos de velocidade máxima (Vmax) e da constante de Michaelis-
Menten aparente (Kmapp). Os experimentos foram conduzidos no âmbito do Projeto
de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS), desenvolvido para o
atendimento de condicionante do licenciamento ambiental federal conduzido pelo
IBAMA, das atividades da PETROBRAS de produção e escoamento de petróleo e
gás natural no Pólo Pré-Sal da Bacia de Santos/Brasil.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Em L. dominicanus, foi obtido o Kmapp de CDNB de 1,109 mM, sendo recomendada


a aplicação de concentrações de CDNB superiores a 5,5mM, enquanto que o
Kmapp de GSH corresponde a 0,58 mM, de modo que concentrações de GSH
maiores que 2,9 mM são as indicadas. Para S. magellanicus os resultados dos
ensaios indicam concentrações maiores a 3mM como as ótimas para CDNB e acima
de 1,5 mM para GSH. Já em C. mydas se recomenda concentrações superiores a
8,8mM de CDNB e a 3,15mM de GSH. Todavia para solubilizar 5mM de CDNB foi
necessária a utilização de meio com cerca de 12% de etanol, e, para atingir

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


288
XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

concentrações mais elevadas de CDNB seria necessário ampliar também a


porcentagem de etanol na reação. A utilização de elevadas concentrações de etanol
seria muito discrepante dos 5% de etanol dos ensaios dos idealizadores do método
de quantificação de GST, Keen, Habig e Jakoby (1976) e Habig e Jakoby (1981).
Também se sabe que o etanol pode inibir as reações enzimáticas, de modo que se
recomenda a aplicação da menor quantidade de etanol possível. Ainda, a elevação
da concentração relativa de CDNB no meio de reação, mantendo-se a porcentagem
de etanol em 5%, resultou em um aumento significativo da turbidez do meio de
reação, acarretando em interferência na leitura da absorbância do método. Tais
ressalvas foram consideradas para que fossem determinadas, para as três espécies
do estudo, a concentração máxima de etanol a ser aplicada em 7,5% de etanol e as
concentrações de GSH e CDNB, de 2,5mM e 2,5mM, respectivamente. A
padronização realizada neste trabalho tem a vantagem de utilizar concentrações de
GSH apropriadas para a quantificação da atividade GST em tecido hepático de cada
espécie, conforme determinado pelo Kmapp. Assim, os ensaios deverão ser
realizados em condições saturantes e, consequentemente, que não haja uma
subestimação da atividade enzimática. A temperatura ideal para ensaios enzimáticos
deverá ser similar à temperatura corporal das espécies, de aproximadamente 37ºC
nas duas espécies de aves e 30ºC em C. mydas.

CONCLUSÃO

O presente esforço de padronização da quantificação da enzima GST representa um


incremento aos dados disponíveis na literatura mundial para a quantificação da
atividade desta enzima em aves e quelônios e evidencia a necessidade de adequar
os ensaios bioquímicos às particularidades de cada espécie. Os dados aqui gerados
são importantes e necessários para que se possa utilizar a enzima GST em
programas de biomonitoramento ambiental nas regiões de ocorrência dessas
espécies, particularmente na costa brasileira.

FONTES FINANCIADORAS

OABS-Petrobras

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Oral
Biomarcadores
176 - PADRONIZAÇÃO DA TÉCNICA DE QUANTIFICAÇÃO DA ATIVIDADE
ETOXIRESORUFINA-O-DEETILASE (EROD) EM TETRÁPODES MARINHOS

BÁRBARA PACHECO HARRISON RIGHETTI, DAÍNA DE LIMA, JACÓ JOAQUIM


MATTOS, VERA HELENA VIDAL DIAS, LUIZ OTÁVIO DE BARROS VILAS BÔAS,
KARIM HAHN LUCHMANN, AFONSO CELSO DIAS BAINY
Contato: AFONSO CELSO DIAS BAINY - AFONSOBAINY@GMAIL.COM

Palavras-chave: EROD; tetrápodes; biomonitoramento; contaminação; biomarcador

INTRODUÇÃO

As monooxigenases da família do citocromo P450 compõem um sistema de alta


importância na biotransformação de xenobióticos. A atividade catalítica de CYP1A,
quantificada como atividade etoxiresorufina-O-deetilase (EROD), pode ser aplicada
como biomarcador de resposta a contaminantes químicos em programas de
biomonitoramento ambiental. Entretanto, a obtenção de resultados precisos depende
da utilização de substratos em concentrações ótimas nos ensaios. O objetivo do
presente estudo foi padronizar o ensaio EROD para amostras hepáticas de gaivota
(Larus dominicanus), pinguim de Magalhães (Spheniscus magellanicus) e tartaruga
verde (Chelonia mydas), espécies frequentemente encontradas no litoral brasileiro.

METODOLOGIA

Frações microssomais de amostras hepáticas coletadas até 24h após a morte dos
indivíduos foram utilizadas para a padronização da quantificação da atividade
EROD, realizada separadamente para cada espécie, com base no método de Burke
e Mayer (1994), adaptado para microplaca. Foi realizado para cada espécie um teste
com concentrações crescentes de NADPH e concentração fixa de 7-ER para
determinação da concentração ótima de coenzima. Além disso, para determinar a
constante de Michaelis-Menten aparente (Kmapp) e concentração ótima de 7-ER no
ensaio, foram elaboradas para cada espécie uma curva cinética com concentrações
crescentes do substrato 7-etóxiresorufina (7-ER). As curvas cinéticas foram
avaliadas por meio de regressão não linear com os modelos de Michaelis-Menten e
de inibição por substrato. Quando necessários, foram construídos diagramas de
Eadie-Hofstee para escolher a concentração não-inibitória de 7-ER.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Em L. dominicanus, o Kmapp de 7-ER foi de 0,108 μM, sendo recomendada a


utilização de concentrações acima de 0,5 μM no ensaio. Os ensaios com NADPH
mostraram uma inibição da atividade EROD proporcional à concentração da
coenzima. A fim de comparar os resultados com dados na literatura e evitar a
inibição da atividade EROD por NADPH, optou-se pela concentração de 2 μM de 7-
ER e 1 mM de NADPH. Em C. mydas, a curva cinética de 7-ER (Kmapp=1,14 µM)
foi melhor ajustada ao modelo de inibição por substrato em relação ao modelo de
Michaelis-Menten. Não houve inibição da atividade EROD por NADPH. Sendo
assim, ensaios com C. mydas devem utilizar 4 μM de 7-ER para evitar a inibição por

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


290
XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

substrato e 1 mM de NADPH. Em S. magellanicus, houve inibição de atividade


EROD por 7-ER (Kmapp=1,3 μM) e por concentrações baixas (0,25 e 0,5 mM) e
altas (4 mM) de NADPH. As condições ótimas do ensaio foram 4 μM de 7-ER e 1
mM de NADPH para evitar a inibição por substrato. A temperatura dos ensaios foi de
37ºC nas duas espécies de aves e 30ºC em C. mydas, refletindo as taxas de
biotransformação in vivo. Por fim, recomenda-se a aplicação de 10 μg de proteína
microssomal para ensaios com L. dominicanus, 20 μg para S. magellanicus e 60 μg
para C. mydas. Os experimentos foram conduzidos no âmbito do Projeto de
Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS), desenvolvido para o
atendimento de condicionante do licenciamento ambiental federal conduzido pelo
IBAMA, das atividades da PETROBRAS de produção e escoamento de petróleo e
gás natural no Pólo Pré-Sal da Bacia de Santos/Brasil.

CONCLUSÃO

O presente trabalho de padronização fornece dados necessários para que a enzima


EROD possa ser quantificada acuradamente em amostras destas espécies de aves
e quelônios em programas de biomonitoramento ambiental. A determinação de
concentrações inibitórias do substrato 7- ER é relevante, uma vez que
concentrações elevadas deste substrato podem inibir a atividade EROD e interferir
na quantificação da atividade enzimática. Fica evidenciado a importância de se
adequar os ensaios da atividade da EROD às particularidades de cada espécie, a
fim de garantir que esta enzima seja quantificada de maneira acurada visando sua
utilização em programas de biomonitoramento ambiental.

FONTES FINANCIADORAS

OABS-Petrobras

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Biomarcadores
180 - EXPOSIÇÃO A CONTAMINANTES AMBIENTAIS CAUSA PERDA DE
DIVERSIDADE E ALTERAÇÕES NA COMPOSIÇÃO DA COMUNIDADE
MICROBIANA INTESTINAL DE PEIXES

CHRISTIAN DEYVIS NOLORBE PAYAHUA, LUIZ FERNANDO WURDIG ROESCH,


JULIANO ZANETTE
Contato: CHRISTIAN DEYVIS NOLORBE PAYAHUA - CHRISNOL1@HOTMAIL.COM

Palavras-chave: Micobioma; NGS; contaminação; Phallocerus caudimaculatus

INTRODUÇÃO

A composição da microbiota intestinal contribui significativamente para a saúde de


um organismo. Apesar disso, pouco se sabe sobre os efeitos causados por
contaminantes ambientais nesta composição. O uso de técnicas avançadas de
sequenciamento de DNA, como o NGS (Next Generation Sequencing), permite uma
avaliação apurada das comunidades microbianas. O presente estudo teve por
objetivo avaliar as possíveis alterações provocadas pela contaminação ambiental na
microbiota intestinal em peixes a fim de identificar grupos taxonômicos que possam
servir como bioindicadores de qualidade ambiental. Para este propósito, foram
utilizados peixes poecilídeos coletados em dois locais com distintos graus de
contaminação ambiental

METODOLOGIA

Foram coletados peixes Phallocerus caudimaculatus machos em dois riachos


(n=40), sendo um deles localizado entre uma área com alta densidade populacional
e um pólo industrial e o outro afastado cerca de 22 km da área urbana mais próxima
na praia do Cassino, Rio Grande, RS (referência). Um estudo anterior mostrou que
os riachos apresentavam concentrações de HPAs de 4414 e 2 ng g −1,
respectivamente. O DNA microbiano foi isolado a partir de amostras do intestino dos
peixes usando Mini Kit QIAamp Fast DNA Stool e o gene 16SrRNA, marcador para
taxonomia, foi amplificado e seqüenciado usando a plataforma ION TORRENT-
PGMTM com o microchip Ion 318TM.
Foram construídas tabelas de Unidades Taxonômicas Operacionais (OTUs) e as
sequências foram agrupadas em OTUs com 97% de similaridade. A classificação
taxonômica foi realizada através do Software QIIME com base no método UCLUST
contra o banco de dados Greengenes. Foram descritas variáveis quantitativas
(OTUs encontrados), qualitativas (ausência e presença de OTUs) e diversidade de
Shannon (p<0,05).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foram identificados ao todo 42 gêneros bacterianos e observou-se uma prevalência


de 10 gêneros bacterianos tanto no riacho poluído como no riacho de referência,
sendo eles: Burkolderia, Streptococcus, Sphingonomas, Staphylococcus,
Lactobacillus, Corynebacterium Voillonella, Hemophilus, Acinetobacter e Proteus.
Estes grupos bacterianos comuns nos dois locais podem representar a microbiota

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

core, possivelmente importantes em funções biológicas, como os processos


fisiológicos, nutricionais e imunológicos. Há poucos estudos sobre a avaliação da
microbiota intestinal em peixes por NGS. Este trabalho apresenta o primeiro registro
da microbiota core intestinal no peixe Phalloceros caudimaculatus empregando
NGS, desta espécie que poderá ser utilizada como modelo em estudos de
ecotoxicologicos na América do Sul, já que está distribuída em ambientes aquáticos
de vários países.
Em relação aos critérios de ausência e presença de grupos bacterianos tanto do
riacho poluído quanto da referência, detectou-se 14 gêneros como possíveis
bioindicadores de ambientes aquáticos. Assim, o riacho poluído foi representado por
5 gêneros indicadores, sendo eles: Methylocaldum, Rhodobacter, Micrococcus,
Neisseria e Janibacter. Do mesmo modo, o riacho referência teve 9 gêneros
representativos como: Rhodoplanes, Clostridium, Candidatus, Paucibacter,
Luteimonas, Stenotrophomonas, Dorea, Ruminococcus e Janthinobacterium. As
diferentes concentrações dos HPAs presente nos riachos, podem ter influenciado no
surgimento de taxas específicos. Assim as bactérias metanogênicas e nitrificantes
(Methylocaldum e Rhodobacter), como as fototróficas e oxalotroficas (Rhodoplanes
e Clostridium) foram as maiores indicadoras tanto do riacho Poluído como do riacho
de Referência. Algumas taxas bacterianas, como os coliformes, já são utilizadas há
décadas para o monitoramento da contaminação aquática, neste caso específico,
por esgoto doméstico. A informação é limitada sobre as novas taxas usadas como
bioindicadores para avaliação da qualidade ambiental. Através da utilização de NGS,
foram identificados possíveis novos bioindicadores para o monitoramento de corpos
d´agua impactados pela contaminação ambiental.
A análise do Índice de Shannon mostrou que as diversidades da microbiota intestinal
de peixes tanto no riacho poluído quanto no de referência diferiram
significativamente (p<0,05), sendo maior no riacho referencia. Estudos recentes
mostraram que a contaminação ambiental, como os efluentes de águas resíduas,
pode estar influenciando na modificação da microbiota intestinal dos peixes. Este é o
primeiro registro para América do Sul de como a exposição in situ dos
contaminantes ambientais pode estar afetando as mudanças das comunidades
microbianas nos intestinos dos peixes.

CONCLUSÃO

Em conclusão, através do uso de NGS demonstrou-se que os contaminantes


ambientais presentes nos ambientes aquáticos podem estar influenciando e
alterando as comunidades microbianas presentes nos intestinos dos peixes. Ainda,
registramos 10 possíveis gêneros bacterianos que podem constituir parte da
microbiota core. Também determinou-se os gêneros bacterianos mais
representativos, como Methylocaldum, Rhodobacter, Rhodoplanes e Clostridium,
que podem ser considerados como possíveis bioindicadores para caracterizar
qualidade ambiental de corpos d´agua. Desse modo, este é o primeiro trabalho na
América do Sul a comparar as microbiotas intestinais em peixes expostos in situ aos
contaminantes ambientais

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

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Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Biomarcadores
187 - AVALIAÇÃO DE STRESS OXIDATIVO EM ESPÉCIES RESIDENTES EM 3
ESTUÁRIOS DA BACIA DO RIO SERGIPE(SE)

NICOLE MENEZES PINTO, ROBERTA PEREIRA MIRANDA FERNANDES, MARAÍSA


BEZERRA DE JESUS FEITOSA, FERNANDA DOS SANTOS CUNHA, BÁRBARA DOS
SANTOS SOARES, SILMARA DE MORAES PANTALEÃO
Contato: SILMARA DE MORAES PANTALEÃO - SPLEAO51@GMAIL.COM

Palavras-chave: toxicidade; Catalase; TBARS; Rio Sergipe; estuários

INTRODUÇÃO

O aumento do despejo de efluentes, seja de esgoto doméstico não tratado ou


resíduos industriais em corpos d’água geram um impacto ambiental que pode ser
observado principalmente na biota; dentre esses impactos o aumento do
metabolismo oxidativo das espécies. Com o objetivo de determinar os níveis de
stress oxidativo em peixes em 3 estuários da Bacia do rio Sergipe (imediações dos
bairros São Brás, Piabeta e 13 de Julho) na grande Aracaju – SE, conduziram-se
testes quantitativos de atividade da enzima catalase e a formação de espécies
reativas ao ácido tiobarbitúrico (TBARS).

METODOLOGIA

O fígado dos peixes coletados foi pesado (100mg), acondicionado em microtubos e


congelados a -80 ºC. Para as análises bioquímicas, foi adicionado 1mL de tampão
fosfato 0,1M pH 7,2 em cada amostra e após homogeneização as amostras foram
centrifugadas 10000rpm/4ºC/10 minutos. Para a avaliação cinética da catalase 20 µL
do sobrenadante (diluído 1:20 em tampão fosfato) foram adicionados a 980 µL de
mistura reativa composta por tampão TRIS 250mM, EDTA 1,25mM, pH 8,0 e 2,3 µL
de H2O2 (30%). A absorbância foi verificada a 240 nm por 1 minuto, sendo o branco
apenas o tampão TRIS+EDTA. À mistura reativa do ensaio TBARS (250 µL de ácido
tricloroacético 28% diluído em ácido clorídrico 0,25N, 250 µL de ácido tiobarbitúrico
1% diluído em ácido acético 1:1, 1,25 µL de hidróxido tolueno butilado 5mM em
etanol), foram adicionados 500 µL do sobrenadante. A mistura passou brevemente
por agitação em vortex e foi levada ao banho-maria a 95ºC por 15 minutos. Após o
aquecimento as amostras foram centrifugadas por 10 minutos a 10000 rpm, 4ºC. O
espectrofotômetro foi zerado com água e a absorbância foi verificada a 535 nm. A
concentração total de proteínas foi obtida pelo método de Bradford.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os testes foram feitos com bagres (Siluriformes sp), baiacus (Tetraodontidae sp) e
xaréus (Caranx sp), além de alguns peixes que não puderam ser identificados; estes
não foram considerados na estatística, mas apresentam os mesmos resultados que
os demais. A análise dos dados obtidos mostra que os peixes coletados no bairro 13
de Julho apresentam maior atividade da enzima Catalase que os coletados nos
demais pontos; ou seja, maior necessidade de antioxidantes devido a maior
produção de espécies reativas de oxigênio (EROS) que geram danos aos tecidos

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

vivos. Porém, os espécimes do bairro São Brás apresentam maior taxa de formação
das espécies reativas ao ácido tiobarbitúrico; isto significa que houve mais dano às
membranas lipídicas nas amostras deste ponto, podendo indicar menor poder
antioxidante desses espécimes. Visto que este trabalho é um dos primeiros nesta
formatação a ser realizado no Estado de Sergipe a literatura ainda não estabelece
padrões para a atividade da Catalase e TBARS para esta região do estado, sendo
assim, ainda é preciso avaliar a atividade da Catalase e formação de TBARS em
amostras do Rio Vaza-Barris, pois este pode ser considerado o controle negativo,
uma vez que ainda é considerado limpo. Assim, a poluição parece não afetar os
parâmetros desejados para o estudo. Comparando os resultados encontrados para a
atividade enzimática no Rio Sergipe com dados do Rio Maranhão (controle negativo
para stress) encontrados na literatura, conclui-se que há maior atividade da Catalase
no Rio Sergipe. É válido destacar que outros fatores devem estar atuando sobre os
rios analisados, uma vez que há grande dificuldade de coleta das amostras nos
pontos poluídos, onde os pescadores que auxiliam o projeto relatam a diminuição da
população de peixes na área, tornando a atividade econômica menos lucrativa com
o passar do tempo.

CONCLUSÃO

As técnicas aplicadas no presente estudo são simples e efetivas e mostram que os


espécimes dos pontos de coleta do São Brás e 13 de Julho são os mais afetados
pela poluição do ambiente. Este é um trabalho de suma importância no
delineamento da saúde do Rio Sergipe, visto que esta afeta a fonte de renda e
qualidade de vida da população e deve ser realizado continuamente, considerando
que o tempo de exposição dos peixes ao meio afeta os resultados.

FONTES FINANCIADORAS

CNPq/PICVOL

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Biomarcadores
188 - AVALIAÇÃO DA GENOTOXICIDADE EM PEIXES COLETADOS EM
ESTUÁRIOS DA BACIA DO RIO SERGIPE

BÁRBARA DOS SANTOS SOARES, MARAÍSA BEZERRA DE JESUS FEITOSA,


FERNANDA DOS SANTOS CUNHA, PEDRO WLISSES DOS SANTOS MENEZES,
NICOLE MENEZES PINTO, LORRANE NERE DE LIMA, SILMARA DE MORAES
PANTALEÃO
Contato: SILMARA DE MORAES PANTALEÃO - SPLEAO51@GMAIL.COM

Palavras-chave: genotoxicidade; cometa; micronúcleo; rio Sergipe

INTRODUÇÃO

A descarga de efluentes industriais e domésticos é uma das principais vias de


contaminação dos corpos hídricos e tem se intensificado com o aumento da
urbanização e do setor industrial.Os contaminantes podem ser tóxicos aos
organismos aquáticos e, a depender de suas características, da sua concentração
no ambiente e do tempo de exposição, podem causar danos genotóxicos. Esses
danos são utilizados como ferramentas de detecção de impacto ambiental; com o
objetivo de detectá-los, o presente trabalho analisou os possíveis efeitos
genotóxicos em peixes de três estuários da Bacia do Rio Sergipe (SE/NE - BRASIL).

METODOLOGIA

Para isto, em janeiro de 2018, 11 peixes, conhecidos popularmente como bagre


(ordem Siluriformes), foram coletados por pescadores das comunidades locais, em
três pontos, sendo um na cidade de Aracaju e dois no município de Nossa Senhora
do Socorro. O sangue foi coletado através de punção cardíaca, em seringas
heparinizadas. Para a análise do Micronúcleo (MN), 10 µL de sangue foi utilizado
para esfregaço sanguínea, corado em Giemsa e analisados; 2000 eritrócitos/lâmina.
Para o Ensaio Cometa, foi utilizada uma alíquota de 5 µL/ 120 µL de agarose com
baixo ponto de fusão. O material foi disposto em uma lâmina pré-gelatinizada com
agarose de alto ponto de fusão e, em seguida, realizou-se a eletroforese a 4º C e pH
13, a 25 V e 300 mA, por 25 minutos. Após fixação em etanol,realizou-se coloração
com brometo de etídio, sendo analisadas em microscópio de fluorescência (400X).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O Ensaio Cometa e a observação de Micronúcleo têm como objetivo analisar os


danos genotóxicos e são amplamente utilizados em estudos recentes, na avaliação
de impactos ambientais, pois são técnicas de rápida detecção, executadas de forma
simples e que dependem de baixa quantidade de células sanguíneas, não sendo
necessário sacrificar o organismo bioindicador. Em Sergipe, o uso do Ensaio
Cometa ainda não havia sido utilizado para o monitoramento de genotoxicidade na
Bacia do Rio Sergipe, sendo este trabalho pioneiro no estado. Dos três pontos
examinados na Bacia, que foram avaliados neste trabalho, dois se situam distantes
da área urbana, enquanto que o ponto localizado na cidade de Aracaju, fica mais
próximo desta área. Porém, com as análises realizadas, não foi observada a

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


298
XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

presença de danos genotóxicos em nenhum dos peixes coletados, visto que não
houve a presença de micronúcleo (MN) nem formação de cometas. A ocorrência de
danos genotóxicos pode ocorrer devido a vários fatores, entre eles a variação inter-
individual, em que cada espécie apresenta uma sensibilidade diferente para cada
tipo de contaminante, e com isso, apresentar ou não, danos no DNA. Outros fatores
como o tempo de exposição, a concentração dos produtos no ambiente aquático ou
até mesmo a ausência deles e as políticas públicas de saneamento, também podem
ter influenciado nos resultados obtidos, o que não minimiza a importância deste
estudo, visto que estes resultados trazem consequências positivas à população,
como também para os pescadores, que dependem da boa qualidade dos rios, já que
têm os peixes como sua fonte de renda e alimentação.

CONCLUSÃO

Através dos resultados obtidos, conclui-se que as técnicas utilizadas foram eficazes
mostrando que os peixes avaliados não apresentaram danos no material genético,
indicando assim, que os pontos avaliados da Bacia do Rio Sergipe, não
apresentavam contaminantes com potencial genotóxico. Entretanto, como o trabalho
traz técnicas simples de monitoramento, é essencial continuar avaliando a qualidade
da água desta Bacia, visto que o processo de urbanização tem se intensificado e no
decorrer do tempo, pode trazer consequências mais graves para a comunidade
aquática e também ribeirinha.

FONTES FINANCIADORAS

CNPq/PICVOL

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Oral
Biomarcadores
190 - HEPATOTOXICIDADE E EFEITOS COMPORTAMENTAIS DOS
ANTIINCRUSTANTES CLOROTALONIL E DICLOFLUANIDA PARA RECÉM-
NASCIDOS DO BARRIGUDINHO Poecilia vivipara

DRIELE VENTURA DE PAULO, MARIA KAROLAINE DE MELO ALVES, DAYANA SILVA


DE AQUINO, CÉLIO FREIRE MARIZ JR, ROMULO NEPOMUCENO ALVES, PAULO
SERGIO MARTINS CARVALHO
Contato: MARIA KAROLAINE DE MELO ALVES - MARAKAROLAINE@HOTMAIL.COM

Palavras-chave: histopatologia; peixes; fígado; natação; captura de presas; crescimento

INTRODUÇÃO

Clorotalonil e diclofluanida são fungicidas organoclorados com ação antiincrustrante


adicionados em tintas de embarcações. Em peixes o clorotalonil promove alterações
em enzimas de respiração celular, em tecidos e órgãos, e é um potencial
desregulador endócrino. Informações sobre efeitos subletais de diclofluanida em
peixes ainda são escassas, e os estágios iniciais de vida do barrigudinho Poecilia
vivipara representam um modelo biológico promissor para abordar a toxicidade
causada por antiincrustantes. Neste estudo foram quantificados efeitos histológicos
no fígado e biomarcadores comportamentais relacionados à natação, alimentação e
crescimento em recém-nascidos de P. vivipara expostos a estes contaminantes.

METODOLOGIA

Grupos de 10 indivíduos de P. vivipara foram expostos durante 96 h a


concentrações crescentes de clorotalonil e diclofluanida de 10; 25; 50 e 75 µg L -1,
mais controle (água limpa), e controle de solvente (acetona). Cada peixe foi mantido
isoladamente num béquer contendo 200 mL da solução teste de clorotalonil ou de
diclofluanida, com 100% de renovação diária. Cada peixe foi alimentado diariamente
com uma média de 600 náuplios de Artemia, sendo que foi quantificada a sua
captura diária de presas. Taxas de mortalidade dos peixes expostos foram
quantificadas após 96h. Após a exposição os indivíduos de cada tratamento foram
filmados em arenas para cálculo da velocidade média e mapas de trajetórias dos
peixes pelo software Smart (PanLab Harvard Apparatus, EUA). Para avaliação do
crescimento em biomassa e em comprimento os peixes foram pesados e medidos
no início e ao final da exposição. Posteriormente, os peixes foram eutanasiados e
preservados até as análises histopatológicas, baseadas no Índice de Alterações
Histopatológicas. A CL50-96h dos indivíduos foi estimada, e os resultados dos
parâmetros velocidade de natação, captura diária de presas e crescimento dos
diferentes tratamentos foram analisados por ANOVA.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A CL50-96h do clorotalonil para P. vivipara foi estimada em 56,9 µg L-1. Em estudos


avaliando a CL50-96h de peixes juvenis ao clorotalonil foi estimada em 10,5 a 18 µg
L-1 para Salmo gairdneri (Davies and White, 1985) e em 76 μg L-1 para alevinos de
Oncorhynchus mykiss (Ernst et al., 1991). Para a diclofluanida não foi possível

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


300
XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

estimar a CL50-96h para P. vivipara, pois a maior taxa de mortalidade foi de 30% na
concentração 25 μg L-1. Estudos relatam uma CL50-6dias de 50 µg L-1 para Cyprinus
carpio (Pan Pesticide) e uma CL50- 96h de 10 µg L-1 para Rainbow trout (Bayer
Chemicals AG, 2002).
Os resultados do índice IAH refletiram uma tendência concentração dependente no
agravamento das lesões hepáticas tanto dos indivíduos expostos ao clorotalonil
quanto a diclofluanida. As análises histopatológicas verificaram que a vacuolização
de hepatócitos foi o tipo de alteração considerada moderada mais frequente nos
peixes expostos a 10 e 25 µgL-1, tanto para clorotalonil quanto diclofluanida. Nas
concentrações 50 e 75 µgL-1 de clorotalonil e diclofluanida foi verificada
predominância de alterações moderadas e severas como hiperemia, macrófagos
circulantes no tecido hepático e focos de necrose em um tecido hepático
aparentemente fibroso. Áreas de hemorragia foram observadas nos peixes expostos
a 75 µgL-1 de clorotalonil, com presença de tumores hepáticos em indivíduos
expostos a essa mesma concentração de diclofluanida. Alterações semelhantes
foram observadas em Oreochromis niloticus exposta a 80 µgL-1 de clorotalonil
(Mahgoub and El-adl, 2017). Apesar de seu potencial carcinogênico ser negativo
para camundongos, a diclofluanida neste estudo promoveu o desenvolvimento de
tumores hepáticos em peixes expostos.
As análises comportamentais relacionadas à velocidade média de natação
espontânea e distância percorrida durante a natação não apresentaram diferença
significativa relativa ao controle para indivíduos expostos ao clorotalonil. Foi
verificada uma hiperatividade nos indivíduos expostos a 50 µgL -1 de diclofluanida
com velocidade natatória 49% superior ao controle, e com uma trajetória de natação
envolvendo uma maior exploração da arena em relação ao controle.
A captura de presas mostrou redução significativa de 79% nos indivíduos expostos a
75 µg L-1 de clorotalonil em relação ao controle. Foi verificada redução de 42,1% e
52,6% no crescimento em comprimento total nos peixes expostos a 25 e 50 µgL -1 de
clorotalonil em relação ao controle.

CONCLUSÃO

Neste trabalho foram verificados efeitos hepatotóxicos dose dependentes do


clorotalonil e da diclofluanida em Poecilia vivipara, e alterações não monotônicas
para os parâmetros comportamentais de velocidade natatória e captura de presas, e
no crescimento baseado no comprimento. Com isso, este conjunto de resultados
servirá como base para a compreensão dos potenciais efeitos deletérios a nível letal
e subletal que estes compostos podem causar em peixes em estágio inicial de vida.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Bayer Chemicals AG, 2002. Preventol A 4-S, Summary of Toxicity and Ecotoxicity,
Edition date 2002-07-02, unpublished report.
DAVIES, P.E.; WHITE, R.W.G. 1985. The toxicology and metabolism of
chlorothalonil in fish. I. Lethal levels for Salmo gairdneri, Galaxias maculatus, G.
truttaceus and G. auratus and the fate of 14C-TCIN in S. gairdneri. Aquatic
Toxicology 7, 93-105.

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


301
XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

ERNST, W.; DOE, K.; JONAH, P.; YOUNG, J.; JULIEN, G.; HENNIGAR, P. 1991.
The toxicity of chlorothalonil to aquatic fauna and the impact of its operational use on
a pond ecosystem. Archives of Environmental Contamination and Toxicology 21, 1-9.
HAMWIJK, C.; SCHOUTEN, A.; FOEKEMA, E.M.; RAVENSBERG, J.C.;
COLLOMBON, M.T.; SCHMIDT, K.; KUGLER, M. 2005. Monitoring of the booster
biocide dichlofluanid in water and marine sediment of Greek marinas. Chemosphere
60, 1316-1324.
MAHGOUB, H.; EL-ADL, M.A.M. 2017. Histopathological Alterations and Oxidative
Stress Damage Caused By Short-Term Chlorothalonil Administration in Nile Tilapia.
Egyptain Journal of Comparative Pathology and Clinical Pathology 30, 25- 38.
SÁNCHEZ GARAYZAR, A.B.; BAHAMONDE, P.A.; MARTYNIUK, C.J.;
BETANCOURT, M.; MUNKITTRICK, K.R. 2016. Hepatic gene expression profiling in
zebrafish (Danio rerio) exposed to the fungicide chlorothalonil. Comparative
Biochemistry and Physiology Part D: Genomics and Proteomics 19, 102-111.
ZHANG, Q.; JI, C.; YAN, L.; LU, M.; LU, C.; ZHAO, M. 2016. The identification of the
metabolites of chlorothalonil in zebrafish (Danio rerio) and their embryo toxicity and
endocrine effects at environmentally relevant levels. Environmental Pollution 218, 8-
15.

FONTES FINANCIADORAS

Finep/Cnpq e Universidade Federal de Pernambuco

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Biomarcadores
191 - EFEITOS GENOTÓXICOS E NA PIGMENTAÇÃO CARDÍACA E CUTÂNEA
DE GIRINOS DE Lithobates catesbeianus EXPOSTOS AO BIOCIDA PIRETRO,
ASSOCIADO OU NÃO A NANOPARTÍCULAS

THAIS DELUNO GARCIA, CRISTIANE OLIVEIRA RONCHI, LILIAN FRANCO-BELUSSI,


LEONARDO FERNANDES FRACETO, ELAINE CRISTINA MATHIAS DA SILVA
ZACARIN, MONICA JONES COSTA
Contato: THAIS DELUNO GARCIA - TATA_DELUNOGARCIA@HOTMAIL.COM

Palavras-chave: biocidas; nanopartículas; anfíbios; Lithobates catesbeianus

INTRODUÇÃO

O uso intensivo de agrotóxicos vem contaminando os ambientes aquáticos,


atingindo também organismos não-alvo, como os anfíbios. Visando a diminuição dos
impactos ocasionados pelos xenobióticos no ambiente, começaram a ser
desenvolvidos biocidas, como o piretro (1,2), assim como nanopartículas lipídicas
sólidas, utilizadas como carreadoras nos campos agrícolas (3), liberando compostos
de forma modificada, diminuindo a toxicidade no ambiente. Esse estudo avaliou os
efeitos do piretro em sua forma livre ou associada ás nanopartículas lipídicas sólidas
em concentração de 1/5 da CL50 e se as nanopartículas podem minimizar ou
maximizar os efeitos do biocida sobre os girinos de rã-touro

METODOLOGIA

Os girinos de rã-touro Lithobates catesbeianus em estágio 25 de Gosner (4) foram


adquiridos em ranário e aclimatados em aquário de 60 L contendo água declorinada,
aeração e temperatura constante (21 ± 2 ºC) durante 5 dias, sendo alimentados com
folhas de espinafre orgânica cozida, a qual foi suspensa 48h antes do início dos
experimentos. Os animais foram ensaiados por 48h em 4 grupos experimentais em
triplicata, sendo o grupo controle (CT), piretro (PIR), nanopartículas lipídicas sólidas
(NLS) e nanopartículas lipídicas sólidas associada ao piretro (NLS+PIR). A
temperatura, o pH, a dureza e a amônia foram medidas diariamente seguindo as
normas da ASTM. Foram realizadas análises genotóxicas por meio do teste de
micronúcleo e de outras anormalidades nucleares em eritrócitos, como a presença
de células binucleadas, anucleadas e Bud, assim como também análise da
pigmentação cutânea e cardíaca dos indivíduos. As análises estatísticas para a
genotoxicidade e pigmentação cutânea foram realizadas pelo software R versão
3.0.2 (R Development Core Team), enquanto que para pigmentação cardíaca foi
utilizado o software Image-Pro Plus 6.0. O Projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética
em Experimentação Animal da UFSCar (protocolo CEUA – Universidade Federal de
São Carlos – nº 1472160516).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Houve aumento na presença de micronúcleos (MN) nos eritrócitos dos girinos dos
grupos expostos as NLS (P=0,0001) e NLS+PIR (P=0,001) em relação ao CT
(P>0,05), e no grupo PIR em relação às NLS (P=0,0332), assim como também

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

houve aumento de células binucleadas para o grupo das NLS em relação ao CT


(P=0,0452). Para as outras anormalidades nucleares, como células anucleadas e
com presença de Bud, não ocorreram alterações (P>0,05). Todas as anormalidades
apresentaram aumento em relação ao CT (P<0,001). Para esse biomarcador as NLS
isoladas se mostraram mais tóxicas do que quando associadas ao biocida piretro
(NLS+PIR), e isso pode ter ocorrido devido à maior capacidade de interação das
nanopartículas quando isoladas com as células, assim como a indução de estresse
oxidativo, enquanto que a não alteração para o grupo piretro em sua forma livre
pode ser explicada por sua rápida degradação e volatilidade. A pigmentação
cutânea dos indivíduos foi aumentada em todos os grupos expostos (P<0,001) em
relação ao CT e isso pode ser explicado devido à maior facilidade de absorção que
as nanopartículas apresentam pela pele, o que teria facilitado também o transporte
do piretro quando este foi associado (NLS+PIR), explicando o aumento de
pigmentação especialmente nesse grupo. Portanto, um potencial efeito sobre os β-
adrenoreceptores pode ter ocorrido. Em contrapartida, a pigmentação cardíaca
apresentou uma diminuição no grupo exposto ao piretro em relação ao CT
(P=0,0338); entretanto, quando o piretro foi associado às nanopartículas (NLS+PIR)
não ocorreram alterações, indicando que as NLS diminuíram a toxicidade do biocida
sobre esse biomarcador.

CONCLUSÃO

A sensibilidade dos diferentes biomarcadores aos compostos foi variável, sendo


necessários mais estudos acerca das nanopartículas para se elucidar os
mecanismos pelos quais as mesmas ocasionam as alterações observadas. Essas
alterações ocasionadas pelos xenobióticos utilizados no presente estudo, podem a
longo-prazo ocasionar declínio da espécie, podendo prejudicá-la não somente no
mecanismo de fuga dos indivíduos aos xenobióticos, o que os tronam mais
susceptíveis aos predadores, como também alterar o processo de metamorfose
destes organismos

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] ISMAN, M.B. Perspective Botanical insecticides: for richer, for poorer. Pest
Management Science. v. 64, p. 8–11. 2008.
[2] SENTHIL-NATHAN, S. Physiological and biochemical effect of neem and other
Meliaceae plants secondary metabolites against Lepidopteran insects. Frontiers
Physiology. v. 4, p. 1-17, 2013.
[3] YOON, G; PARK, J.W.; YOON, I-S. Solid lipid nanoparticles (SLNs) and
nanostructured lipid carriers (NLCs): recent advances in drug delivery. Journal of
Pharmaceutical Investigation. v. 43, p. 353– 362. 2013.
[4] GOSNER, K.L. A simplified table for staging anuran embryos larvae with notes on
identification. Herpetologic. v. 16, p.183–190. 1960. Disponível em:
http://dx.doi.org/10.2307/3890061.

FONTES FINANCIADORAS

Agência de fomento Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior


(CAPES).

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Oral
Biomarcadores
196 - EFEITOS ECOTOXICOLÓGICOS DO CLOROTALONIL E DICLOFLUANIDA
EM EMBRIÕES E LARVAS DE Danio rerio

DAYANA SILVA DE AQUINO, ROMULO NEPOMUCENO ALVES, DRIELE VENTURA DE


PAULO, CÉLIO FREIRE MARIZ JR, MARIA KAROLAINE DE MELO ALVES, PAULO
SERGIO MARTINS CARVALHO
Contato: DAYANA SILVA DE AQUINO - NAYAQUINO96@GMAIL.COM

Palavras-chave: zebrafish, embrio-larval, clorotalonil, diclofluanida

INTRODUÇÃO

O uso de biocidas anti-incrustantes considerados altamente tóxicos como o


tributilestanho (TBT) tem sido descontinuado, e a indústria naval tem procurado
equilibrar a eficiência anti-incrustante e a durabilidade dos novos produtos com
níveis de toxicidade ambientalmente toleráveis, reduzindo os riscos ambientais
produzidos por elas. Os herbicidas clorotalonil e diclofluanida são homologados para
utilização em navios pela Organização Marítima Internacional, mas existe pouco
conhecimento sobre os efeitos dessas substâncias sobre peixes. Assim, o presente
trabalho tem como objetivo avaliar o risco ecológico da exposição de embriões e
larvas de Danio rerio ao clorotalonil e a diclofluanida.

METODOLOGIA

Clorotalonil e diclofluanida com pureza superior a 99% foram dissolvidos


separadamente em acetona para preparar soluções aquosas com concentrações de
cada composto isolado de 10, 25, 50 e 75 μgL -1. Embriões de Danio rerio com até 3
horas após a fertilização (hpf) foram expostos individualmente em placas de 24
poços a estas concentrações, à água limpa (controle), e a controles de solvente. O
período de exposição foi de 96h, mas o ensaio estendeu-se até o sétimo dia após a
fertilização. O desenvolvimento embrio-larval foi avaliado pelo índice “global
morphology score-GMS)” (BEEKHUIJZEN et al., 2015), gerado a partir de uma
pontuação atribuída ao desenvolvimento de marcos morfológicos esperados num
indivíduo normal, que pode atingir o valor máximo de 17 em 96 hpf. Foram também
computadas as frequências de alterações morfológicas ao final de 96h, e ao final de
7 dias, relativas ao total de indivíduos sobreviventes. Larvas sobreviventes de cada
tratamento foram individualmente filmadas 7 dias após a fertilização (dpf), e sua
velocidade média de natação foi quantificada com o software Smart. Também foram
avaliadas para presença de bexiga natatória inflada, e seu comprimento total foi
quantificado com base em fotografias em lupa com aumento de 20x.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foi verificada mortalidade de 15% e 5% dos indivíduos expostos às concentrações


de 50 e 75 µg L-1 de clorotalonil, respectivamente. Este resultado foi similar ao que
foi observado no teste realizado por Zhang et al. (2016) com embriões de Danio rerio
expostos ao mesmo contaminante, em que a taxa de mortalidade foi de
aproximadamente 21,9% na concentração de 50 µg L -1. Nas exposições realizadas

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

com diclofluanida foi verificada mortalidade de 5% na concentração 75 µg L -1. A


avaliação de efeitos subletais indicou que houve um retardo no desenvolvimento
embrio-larval com base no índice GMS, onde a mediana foi reduzida de 17 para 16
nos indivíduos expostos a 50 e 75 µg L -1 de clorotalonil, e nos indivíduos expostos a
10 e 50 µg L-1 de diclofluanida, quando comparados com o controle (ANOVA, p
<0,05). As patologias descritas como hemorragias craniais e cardíacas, ausência de
pigmento na cabeça e corpo, não protrusão ou retardo no desenvolvimento da boca
(defeitos craniofaciais), ausência de nadadeiras, defeitos nos olhos e não absorção
do saco vitelínico foram observadas em maior frequência nas larvas expostas a
concentrações de 50 e 75 µg L-1 de clorotalonil e diclofluanida. Também foi
verificado que 18% de todos os embriões expostos ao clorotalonil apresentaram
aceleração do processo de eclosão quando comparado com os embriões controle,
efeito semelhante ao relatado por Liang et al. (2017) em embriões de Danio rerio
expostos ao tributilestanho. Uma redução do comprimento total das larvas expostas
à concentração de 75 µg L-1 de clorotalonil e à concentração de 10 µg L -1 de
diclofluanida foi detectada (ANOVA, p < 0,05).

CONCLUSÃO

Neste estudo, foi observado que tanto o clorotalonil quanto o diclofluanida causam
efeitos ecologicamente relevantes nos embriões e larvas de Danio rerio como
alterações morfológicas, atraso no desenvolvimento e diminuição na taxa de
crescimento. Além disso, verificou-se que o clorotalonil pode causar aceleração da
eclosão dos embriões expostos. Esses efeitos provocados pelos contaminantes
interferem no desenvolvimento considerado adequado para a espécie, o que pode
dificultar a sobrevivência e interferir no recrutamento dos indivíduos. Os dados
obtidos podem servir como subsídio para avaliações de risco ecológico e orientar
sobre as concentrações mais adequadas para o uso desses biocidas nas tintas anti-
incrustantes.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BEEKHUIJZEN, M.; de KONING, C.; FLORES-GUILLÉN, M.-E.; de VRIES-


BUITENWEG, S.; TOBOR-KAPLON, M.; VAN DE WAART, B.; EMMEN, H. 2015.
From cutting edge to guideline: A first step in harmonization of the zebrafish
embryotoxicity test (ZET) by describing the most optimal test conditions and
morphology scoring system. Reproductive Toxicology 56, 64-76.
LIANG, X.; SOUDERS, C.L.; ZHANG, J.; MARTYNIUK, C.J. 2017. Tributyltin induces
premature hatching and reduces locomotor activity in zebrafish (Danio rerio)
embryos/larvae at environmentally relevant levels. Chemosphere 189, 498-506.
ZHANG, Q.; JI, C.; YAN, L.; LU, M.; LU, C.; ZHAO, M. 2016. The identification of the
metabolites of chlorothalonil in zebrafish (Danio rerio) and their embryo toxicity and
endocrine effects at environmentally relevant levels. Environmental Pollution 218, 8-
15.

FONTES FINANCIADORAS

Finep/Cnpq e Universidade Federal de Pernambuco

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Biomarcadores
206 - ANÁLISE DOS MELANÓFOROS DE GIRINOS DE Lithobates catesbeianus
COMO BIOMARCADORES DE EXPOSIÇÃO

ADRIANA SACIOTO MARCANTONIO, FERNANDA MENEZES FRANÇA, CLAUDIA


MARIS FERREIRA, SERGIO HENRIQUE CANELLLO SCHALCH
Contato: ADRIANA MARCANTONIO - ADRIANA.SACIOTO@GMAIL.COM

Palavras-chave: ecotoxicologia aquática; anfíbios

INTRODUÇÃO

O uso de indicadores biológicos tem aumentado nos últimos anos, com o intuito de
investigar a poluição ambiental. Especificamente, o ambiente aquático apresenta
uma grande vulnerabilidade, tendo a agricultura papel de destaque como uma das
principais atividades humanas que contribui para o aumento da poluição nesse
ecossistema, devido à utilização de pesticidas. O objetivo deste trabalho é avaliar o
uso dos melanóforos de girinos de Lithobates catesbeianus como biomarcadores de
exposição, utilizando o NaCl como substância de referência.

METODOLOGIA

Os testes foram realizados no Ranário Experimental do Setor de Aquicultura - APTA


Polo Regional do Vale do Paraíba. Os girinos com peso médio de 0,95 g foram
aclimatados durante 7 dias em aquários com água declorada a 23±1ºC e fotoperíodo
de 12 horas, com aeração artificial, na densidade de 1 girino/L de água. Os testes de
toxicidade foram realizados de acordo as normas da ASTM E729-96 (2014), com
pequenas modificações. Para cada tratamento, 12 girinos foram submetidos a
diferentes concentrações de NaCl, sendo 5 tratamentos com 4 repetições, mais o
grupo controle. Os aquários foram preenchidos com 3000 mL da solução,
distribuídos ao acaso e observados durante 96 horas. As concentrações utilizadas
no teste foram: 8; 8,5; 9; 9,5 e 10 g/L de NaCl. A mortalidade foi registrada a cada 24
h até o fim do ensaio (96 h) e os indivíduos mortos contabilizados para cálculo da
CL50. Ao final das 96 h, os animais foram anestesiados com benzocaína para
observação do sistema pigmentar extracutâneo, através de análise microscópica de
área predeterminada da região caudal. Os melanóforos foram fotografados com
auxílio de câmera de 10 mp de resolução e aumento de 100x, para que as imagens
fossem posteriormente comparadas entre os tratamentos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A CL50-96h, calculada através do método estatístico do método estatístico "Trimed


Spearman-Karber" (HAMILTON et al., 1977), foi de 9,35 g/L. A análise de imagens
por microscopia indica que os melanóforos podem ser um bom biomarcador de
exposição demonstrando variações entre os tratamentos sendo que, no grupo
controle e na concentração mais elevada onde foram encontrados animais
sobreviventes no período de 96 h (9,5 g/L), os melanossomas encontravam-se
dispersos pela célula. Já nas concentrações intermediárias (8; 8,5 e 9 g/L) os
melanossomas encontravam-se agregados dentro dos melanóforos, indicando que

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


307
XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

concentrações subletais desta substância, afetam a disposição e distribuição dos


melanossomas dentro das células. O uso de indicadores biológicos tem aumentado
com o intuito de investigar a poluição ambiental, sendo que o ambiente aquático
apresenta uma grande vulnerabilidade. Devido à sua sensibilidade às mudanças do
habitat e necessidade da água no período larval, os anfíbios têm sido considerados
como bioindicadores dos ecossistemas aquáticos e terrestres, principalmente com
relação a presença de contaminantes na água, devido às ações antrópicas
degradantes como destruição, alteração e fragmentação do habitat, introdução de
espécies, efeitos climático ou uso de poluentes químicos. Em virtude destas
características e pelo observado declínio populacional de certas espécies, esses
animais têm sido reconhecidos como bioindicadores de qualidade ambiental. Mais
pesquisas são necessárias para revelar a regulação e as funções dos sistemas
pigmentários extracutâneos, em virtude da necessidade do estabelecimento de
biomarcadores com maior sensibilidade, precisão e informação rápida após da
exposição e ação dos estressores ambientais e particularmente dos pesticidas
usados no ambiente.

CONCLUSÃO

Dada a cor visível dos melanóforos, podemos considerar como um sistema útil não
invasivo de compreensão dos mecanismos de transporte intracelular, podendo-se
utilizar a pigmentação da pele como informação importante em ecotoxicologia, uma
vez que biomarcadores têm sido utilizados com sucesso em programas de
biomonitoramento. Devido à sua sensibilidade às mudanças do habitat e
necessidade da água no período larval, os anfíbios têm sido considerados como
bioindicadores dos ecossistemas aquáticos e terrestres e servem como um sistema
de alerta para a presença de compostos poluentes porque suas respostas aparecem
antes que os danos irreversíveis ocorram no ecossistema.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ASTM E729-96(2014), Standard Guide for Conducting Acute Toxicity Tests on Test
Materials with Fishes, Macroinvertebrates, and Amphibians, ASTM International,
West Conshohocken, PA, 2014, www.astm.org.
HAMILTON, M.A.; RUSSO, R.C.; THURSTON, R.V. Trimmed Spearman-Karber
method for estimating median lethal concentrations in toxicity bioassays.
Environmental Science & Technology, v. 11, n. 7, p. 714-719, 1977.

FONTES FINANCIADORAS

FAPESP

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


308
XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Biomarcadores
224 - USO DA RESPOSTA DO CYP1A EM PEIXE POECILÍDEO COMO
BIOMARCADOR DE ADAPTAÇÃO A CONTAMINAÇÃO AMBIENTAL

ROXANA MARGARITA LÓPEZ MARTÍNEZ, LITIELE CEZAR DA CRUZ, JULIANO


ZANETTE
Contato: ROXANA MARGARITA LÓPEZ MARTÍNEZ - MARGARITA.LOPEZ91@OUTLOOK.COM

Palavras-chave: PAHS; resposta refratária; Phalloceros caudimaculatus

INTRODUÇÃO

Algumas populações de peixe na América do Norte desenvolveram mecanismos


adaptativos que lhes permitem sobreviver em locais altamente contaminados com
Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos (PAHs), Bifenilas Policloradas (PCBs) e
dioxinas. Um destes mecanismos está relacionado com a mutação do Receptor de
Hidrocarbonetos Aromáticos (AHR), que diminui a afinidade por esses
contaminantes, levando a uma diminuição na resposta do Citocromo P450 1A
(CYP1A), conhecida como "resposta refratária do CYP1A". Ainda é desconhecido se
esta resposta acontece em populações da América do Sul. O objetivo deste estudo
foi identificar o padrão exposição-resposta de CYP1A de uma população de
poecilídeo de um local contaminado.

METODOLOGIA

Peixes machos e fêmeas de uma população de Phalloceros caudimaculatus foram


coletados em um riacho afluente da Lagoa dos Patos, na cidade de Rio Grande.
Estudos anteriores indicaram altos níveis de PAHs no sedimento neste local de 4414
ηg/g (16 PAHs prioritários da EPA). Estes peixes foram mantidos em laboratório com
fotoperíodo 12:12, 24ºC e alimentação duas vezes por dia até produzirem alevinos.
Alevinos com dez dias de nascimento foram expostos (n=6-10) às concentrações de
10, 100, 1000 e 10000 ηM de betanaftoflavona (BNF), um agonista do receptor AHR
e indutor de CYP1A. Um grupo controle com o veículo DMSO 0,5% também foi
utilizado. Após 24 horas de exposição, os alevinos foram anestesiados,
eutanasiados e conservados em Trizol para posterior extração de RNA, síntese de
cDNA, e quantificação transcricional de CYP1A. Foi utilizado PCR em tempo real e o
método E-Δct e actina como normalizador. O cálculo do EC50 foi realizado após
testes de ajuste de linhas de tendência, considerando o valor de R2. Para
comparação das respostas entre os grupos experimentais, os dados foram
transformados para logaritimo a fim de atender os critérios de normalidade e
homocedasticidade, e comparados por ANOVA seguido de teste Pos Hoc de Tukey
(p<0,05).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A análise dos dados de resposta de CYP1A em alevinos (n=37 pontos analisados)


em função da exposição ao indutor BNF apresentou um ajuste não-linear para uma
curva do tipo hipérbole com R2=0,91. A representação desta resposta de CYP1A em
função do logaritmo da concentração de BNF apresentou um ajuste a uma linha de

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

tendência sigmóide com R2=0,83. A análise desta sigmóide permitiu a utilização de


uma equação para estimar a concentração de efeito de cinquenta por cento da
indução máxima do CYP1A (EC50) como sendo um valor de 456,7 ηM de BNF para
esta população de P. caudimaculatus. A comparação deste valor de EC50 com o
EC50 de outras populações de P. caudimaculatus poderá possibilitar a identificação
de populações com mecanismos de adaptação à contaminação ambiental, que
envolva polimorfismos no receptor AHR. Um dos aspectos importantes a ser
ressaltado neste estudo é que mesmo a resposta de CYP1A dos alevinos expostos
à concentração mais baixa de BNF, que compôs o platô inferior da curva sigmóide
(10 ηM), demonstraram uma indução de CYP1A significativa em relação ao controle
(p<0,05). Portanto, não foi possível concluir que esta população de P.
caudimaculatus apresentou uma "resposta refratária" do CYP1A uma vez que a
mesma tem sido definida em estudos anteriores como sendo a ausência de indução
de CYP1A à agonistas do receptor AHR (ex.: PCBs). Apesar disso, o presente
estudo conseguiu pela primeira vez, definir uma metodologia para identificar a
sensibilidade da resposta do CYP1A, e que, portanto poderá servir para comparar
capacidades adaptativas de populações dos poecilídios P. caudimaculatus de locais
com diferentes históricos de contaminação ambiental. Outra inovação do presente
estudo foi ter utilizado o indutor BNF para este teste de sensibilidade, o que
representa uma vantagem, uma vez que BNF é considerado atóxico, se comparado
com os compostos semelhantes à dioxina (ex.: PCB e benzo-a-pireno). Nesse
sentido a ausência de indução do CYP1A em uma determinada concentração
comparada com um controle não parece ser o critério mais adequado para avaliar
adaptações relacionadas com o CYP1A nestas populações de peixes. Considerando
os resultados obtidos sugerimos que os critérios para comparação desta
sensibilidade de resposta refratária de CYP1A nas populações brasileiras expostas a
diferentes históricos de contaminação, podem ser realizados através da comparação
dos valores de EC50, que representam a sensibilidade da resposta de CYP1A, após
ajuste da resposta a um modelo exposição-resposta sigmoidal.

CONCLUSÃO

A resposta de CYP1A para a exposição à BNF em poecilídeo pode ser ajustada a


um padrão sigmoidal, permitindo a obtenção de valores de EC50 e a comparação da
sensibilidade desta resposta em diferentes populações destes peixes. Com base
nisso, se sugere que a EC50 seja preferida para avaliação da adaptação de
populações de peixes poecilídeos Sul Americanos, ao invés do indicador de
ausência de resposta que caracteriza a "resposta refratária" de CYP1A utilizada
classicamente em estudos com populações de peixes da América do Norte (ex.:
killifish).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CHIVITTZ, C.C.; PINTO, D.P.; FERREIRA, R.S.; SOPEZKI, M. da S.; FILLMANN,


G.; ZANETTE, J. (2016). Responses of the CYP1A biomarker in Jenynsia
multidentata and Phalloceros caudimaculatus and evaluation of a CYP1A refractory
phenotype. Chemosphere, 144, 925–931.
FERREIRA, R.S.; CHIVITTZ, C. da C.; SANTOS, G.S. dos; ZANETTE, J. (2016).
Cytochrome P4501A mRNA in the guppy Phalloceros caudimaculatus and response
to beta-naphthoflavone and environmental samples. Aquatic. Toxicology.; 181, 86–
93.

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


310
XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

NACCI, D.E.; CHAMPLIN, D.; JAYARAMAN, S. (2010). Adaptation of the Estuarine


Fish Fundulus heteroclitus (Atlantic Killifish) to Polychlorinated Biphenyls (PCBs).
Estuaries and Coasts 33, 853-864,

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Biomarcadores
228 - Nosema ceranae E IMIDACLOPRIDO CAUSAM ESTRESSE E MORTE
CELULAR NO INTESTINO E TÚBULOS DE MALPIGHI DE ABELHAS Apis
mellifera AFRICANIZADA

HELLEN MARIA SOARES LIMA, TATIANE CAROLINE GRELLA, ELAINE CRISTINA


MATHIAS DA SILVA ZACARIN, ROBERTA CORNELIO FERREIRA NOCELLI, OSMAR
MALASPINA
Contato: TATIANE CAROLINE GRELLA - TATI_CG04@HOTMAIL.COM

Palavras-chave: TUNEL; HSP 70; autofagia; neonicotinóide

INTRODUÇÃO

A interação entre agrotóxicos e doenças tem sido apontada como responsável pelo
declínio de abelhas, importantes polinizadoras de plantas nativas e cultivadas [1-2].
A nosemose é causada pelo microsporídio Nosema sp. que invade as células
epiteliais do intestino do hospedeiro [3-4]. Uma vez que a susceptibilidade das
abelhas ao patógeno pode ser alterada mediante a exposição aos agrotóxicos [5-6],
o objetivo desse trabalho foi avaliar os efeitos da infecção por Nosema ceranae e/ou
da exposição ao inseticida imidacloprido sobre o intestino médio e túbulos de
Malpighi de abelhas, através da imunomarcação da proteína HSP 70 e da técnica de
TUNEL.

METODOLOGIA

Abelhas recém-emergidas da espécie Apis mellifera africanizadas foram coletadas


de três diferentes colônias e passaram pela infecção por N. ceranae e/ou pela
exposição à duas concentrações de campo do inseticida imidacloprido (0,075 e
0,0075 ng i.a./µL de dieta). As abelhas que foram infectadas receberam uma gota de
2µL de solução açucarada contendo 60.000 esporos/abelha, concentração
determinada por câmara de Neubauer. O imidacloprido foi diluído no alimento e
oferecido ad libitum às abelhas. Abelhas do grupo controle passaram pelos mesmos
procedimentos que as demais, porem receberam uma gota de solução açucarada
sem esporos e alimento sem contaminação. Após isso, 9 abelhas de cada grupo
experimental e tempos de coleta (1, 6 e 12 dias) tiveram seus intestinos e túbulos de
Malpighi dissecados e preparados para visualização em microscopia confocal a
laser. Para imunomarcação da HSP 70, o material foi incubado com os anticorpos
anti-HSP 70 (1:100, Invitrogen) e IgG de cabra conjugado com CY5 (1:500,
Molecular Probes). Para marcação de TUNEL, os cortes foram tratados de acordo
com o Kit AP “In situ Cell Death Detection” (Roche). As comparações estatísticas
das intensidades de fluorescência mensuradas nas técnicas para os diferentes
grupos experimentais foram efetuadas utilizando o programa SigmaPlot 13 (Kruskall-
Wallis; Dunn).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados sugerem que o aumento nos níveis teciduais da HSP 70 no ventrículo


de abelhas expostas a 0,0075 ng/µL (CL50/1000) em 6 e 12 dias e expostas N.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

ceranae em conjunto com as duas concentrações do imidacloprido no primeiro dia


(N+CL50/1000 e N+CL50/100), auxiliou o epitélio no combate do estresse e dos
danos causados pelo inseticida e pelo microsporídio. Os níveis aumentados de HSP
70, além da ação proteotóxica à xenobióticos que não foram eliminados pelos
processos de biotransformação, e consequentemente afetaram o dobramento
correto de proteínas [7], atuam inibindo eventos da apoptose [8].
A marcação de TUNEL no intestino médio de abelhas infectadas pelo microsporídio
e expostas ao imidacloprido na concentração de 0,075 ng/µL isoladamente (Nosema
e CL50/100), em 6 dias, ou em combinação (N+CL50/100), em 12 dias, indica que
ambos os estressores causam danos ao epitélio digestório culminando na ocorrência
de morte celular com quebra de DNA.
A diminuição da integridade epitelial ocasionada pelos estressores compromete a
capacidade das células de realizarem o processo de biotransformação e
metabolização do imidacloprido, e assim, maior quantidade do inseticida chega a
hemolinfa e, consequentemente, aos túbulos de Malpighi. Houve aumento na
marcação pelo método de TUNEL nos túbulos de Malpighi, a partir de 6 dias para os
grupos CL50/100 e N+CL50/1000, e a partir do 1º dia para N+CL50/100, nos quais a
expressão da HSP 70 não se alterou ou diminuiu. A subexpressão da HSP 70 e o
aparecimento da morte celular com quebra de DNA foi observado também no
ventrículo de abelhas expostas a N. ceranea e ao imidacloprido na menor
concentração (N+CL50/1000) por 6 dias. A expressão de HSP 70 abaixo do limite
detectável é relacionada a danos celulares graves provocados por contaminantes
ambientais [9].
O aumento tardio dos níveis de HSP 70 (12 dias) no intestino médio de abelhas do
grupo Nosema e, também, do grupo CL50/100 não impediu a fragmentação do DNA,
provavelmente porque já tinha sido ativada a via apoptótica ou porque o tipo de
morte celular observado não é inibido por HSP 70, como a macroautofagia. Tanto o
imidacloprido quanto a infecção pelos microsporídios interferem no metabolismo
energético das abelhas, o que poderia ativar a morte celular pela via do receptor de
insulina, envolvido na regulação da autofagia [10-12].

CONCLUSÃO

Os efeitos subletais do imidacloprido e a infecção pelo microsporídio


comprometeram a fisiologia do ventrículo e dos túbulos de Malpighi de abelhas
melíferas e possivelmente levaram a morte celular, por apoptose ou macroautofagia.
Espera-se que esses resultados contribuiam com o melhor entendimento da relação
parasita-imidacloprido, principalmente sobre A. mellifera africanizada, híbrido
encontrado no Brasil, com as quais poucas pesquisas nesse sentido são
encontradas em comparação com as diferentes subespécies de A. mellifera
europeias.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] VAN ENGELSDORP, D.; EVANS, J.D.; SAEGERMAN, C.; MULLIN, C.;
HAUBRUGE, E.; Nguyen, B.K. et al. Colony Collapse Disorder: a descriptive study.
Plos One. 2009;4(8): 1-17. doi: 10.1371/journal.pone.0006481

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

[2] BROMENSHENK, J.J.; HENDERSON, C.B.; WICK, C.H.; STANFORD, M.F.;


ZULICH, A.W.; JABBOUR, R.E. et al. Iridovirus and Microsporidian Linked to Honey
Bee Colony Decline. Plos One. 2010;5(10): 1-11. doi: 10.1371/journal.pone.0013181
[3] WATANABE, M.E. Colony collapse disorder: Many suspects, no smoking gun.
Bioscience 2008;58(5): 384-388. doi: 10.1641/B580503
[4] GISDER, S.; MÖCKEL, N.; LINDE, A.; GENERSCH, E. A cell culture model for
Nosema ceranae and Nosema apis allows new insights into the life cycle of these
important honey bee-pathogenic microsporidia. Environ. Microbiol. 2011;13(2): 404-
413. doi: 10.1111/j.1462-2920.2010.02346.x
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weaken honeybees (Apis mellifera). Environ. Microbiol. 2010;12(3): 774-782. doi:
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alters their susceptibility to the gut pathogen Nosema ceranae. Plos One. 2013;98(7):
1-9. doi: 10.1371/journal.pone.0070182
[7] SANDERS, B.M.; MARTIN, L.S. Stress proteins as biomarkers of contaminant
exposure in archived environmental samples. Sci. Total Environ. 1993;139-140: 459-
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[8] TAKAYAMA, S.; REED, J.C.; HOMMA, S. Heat-shock proteins as regulators of
apoptosis. Oncogene. 2003;22: 9041-9047. doi: 10.1038/sj.onc.1207114
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populations exposed to long-term metal pollution. Appl. Soil Ecol. 1999;11(1) 43-52.
doi: 10.1016/S0929-1393(98)00127-9
[10] MALAGOLI, D.; ABDALLA, F.C.; CAO, Y.; FENG, Q.; FUJISAKI, K.; GREGORC,
A. et al. Autophagy and its physiological relevance in arthropods: current knowledge
and perspectives. Autophagy. 2010;6(5): 575-88. doi: 10.4161/auto.6.5.11962. Epub
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[11] SAWCZYN, T.; DOLEZYCH, B.; KLOSOK, M.; AUGUSTYNIAK, M.; STYGAR,
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a highly conserved hormonal stress pathway in honeybees. Insect Mol. Biol.
2015;24(6): 662-70. doi: 10.1111/imb.12190

FONTES FINANCIADORAS

FAPESP (Processo nº2013/09555-5)

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Biomarcadores
238 - AVALIAÇÃO ECOTOXICOLÓGICA DO SEDIMENTO DE UMA BACIA
HIDROGRÁFICA SEMIÁRIDA UTILIZANDO ESPÉCIES BENTÔNICAS E
NECTÔNICAS

ANA CLAUDIA ARAUJO DA SILVA, DARLIMEIRE DANTAS DE AQUINO,


HERMÓGENES PEREIRA DA COSTA SEGUNDO, JOSÉ WALTER MENDES FARIAS
JÚNIOR, ALINE FERNANDA CAMPAGNA FERNANDES
Contato: ALINE FERNANDA CAMPAGNA FERNANDES - ALINE.CAMPAGNA@UFERSA.EDU.BR

Palavras-chave: sedimento; ecotoxicologia aquática; Chironomus xanthus; Poecilia reticulata;


Semiárido

INTRODUÇÃO

A ausência de ecotoxicidade aguda pode resultar em diagnósticos precipitados de


que não há danos nocivos ao ambiente. Entretanto, o nível bioquímico-celular é o
primeiro a apresentar alterações (NASCIMENTO, PEREIRA e LEITE, 2014), assim,
o uso de biomarcadores tem sido considerado mais viável para avaliar as respostas
aos estressores (SILVA, 2004). Este trabalho teve como objetivo avaliar a qualidade
do sedimento da bacia do rio Apodi-Mossoró (RN) (uma bacia semiárida impactada
por diversas atividades econômicas), por meio de ensaio de ecotoxicidade aguda
com Chironomus xanthus e análise histopatológica em brânquias e fígado da
espécie de peixe Poecilia reticulata.

METODOLOGIA

Os sedimentos foram coletados em quatro campanhas de amostragem (entre


dezembro/2015 e abril/2017) em cinco pontos do rio Apodi-Mossoró. Os testes
ecotoxicológicos foram realizados com amostras preparadas a partir da proporção
1:4 de sedimento e água de diluição (BURTON e MACPHERSON, 1995). Os testes
de toxicidade aguda com Chironomus xanthus foram realizados segundo Fonseca
(1997) e Dornfeld (2002). Larvas do IV ínstar de desenvolvimento foram expostas
nas amostras e após 96 horas a mortalidade foi avaliada. Os resultados foram
comparados ao controle (água de cultivo e areia do Instituto de Pesquisas
Tecnológicas) por meio de ANOVA não paramétrica (Wilcoxon Rank Sum). Os
testes de toxidade crônica parcial com Poecilia reticulata (7 dias) seguiram a NBR
15499 (ABNT, 2016). Ao término do ensaio, os peixes sobreviventes foram
eutanasiados por fixação direta em methacarn e seguiram para histopatologia
(CEUA – UFERSA; protocolo nº 23091.008186/2015-63). As lesões em brânquias e
fígados foram classificadas e avaliadas semiquantitativamente de acordo com
Poleksic e Mitrovic-Tutundisic (1994) e Bernet et al. (1999) por meio do cálculo do
Valor Médio de Alteração (VMA) e Índice de Alteração Histopatológica (IAH) em
cada ponto. Esses valores foram comparados ao controle por ANOVA não
paramétrica Kruskal-Wallis e pós-teste de Dunn.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Não foi detectada toxicidade aguda em C. xanthus em nenhum ponto de


amostragem, possivelmente em decorrência da característica arenosa dos
sedimentos do rio Apodi/Mossoró com potencial para disponibilização de poluentes
para a coluna d´água (SILVA, 2017). De fato, a toxicidade foi detectada nos peixes
da espécie P. reticulata no nível histológico, cujos efeitos foram observados em
todos os pontos de amostragem. As lesões encontradas nas brânquias foram
principalmente de estágio I, como hiperplasia; levantamento do epitélio que reveste
as lamelas secundárias, fusão parcial de lamelas e presença de células cloreto das
lamelas secundárias, entretanto, lesões mais severas de estágio II, como fusão
completa de lamelas, aneurisma e congestão vascular, também foram detectadas. A
abrangência e severidade das lesões foram maiores no ponto inserido na área
urbana (P4), confirmada pelo valor de VMA (1,33±0,5). No fígado, as lesões de
estágios I e II foram observadas em peixes expostos em todos os pontos, e lesões
de estágio III nos peixes expostos em pontos da área urbana (P4 e P5). As lesões
de estágios I e II foram principalmente nucleares, como deslocamento do núcleo e
degeneração nuclear; respectivamente, além de desarranjos celulares e
vacuolização citoplasmática; as de estágio III foram representadas pela necrose
focal. As lesões foram mais severas em todos os pontos avaliados em relação às
brânquias, com acentuado aumento na vacuolização citoplasmática nos hepatócitos
e células necróticas a partir de P2. De fato, os valores VMA no fígado foram
elevados em todos os pontos, com diferença significativa de P2 (2,14±0,66; p<0,05)
e P3 (2,12±0,37; p<0,05) em relação ao controle. Essa sensibilidade do fígado
possivelmente decorre do mesmo representar o principal órgão na biotransformação
de xenobióticos (NASCIMENTO, 2006). O IAH foi acima de 100 para todos os
pontos estudados em ambos os órgãos, mostrando que os danos nos tecidos podem
ser considerados irreparáveis. Esses valores também foram mais elevados no fígado
em relação às brânquias, chegando a 1700 em P3, enquanto no controle o IAH foi 3.
Valores elevados de chumbo (Pb), manganês (Mn) e cádmio (Cd) em desacordo
com a CONAMA 454 (BRASIL, 2012) para qualidade de sedimento, principalmente
em pontos da área urbana podem ter sidos responsáveis pelos efeitos observados.

CONCLUSÃO

Os sedimentos do rio Apodi-Mossoró (RN) apresentaram qualidade inadequada para


proteção da vida aquática, visto que foram encontradas lesões em brânquias e
fígados de P. reticulata com relevante abrangência e severidade em todos os pontos
avaliados. O fígado foi órgão mais sensível, uma vez que as lesões foram mais
severas em todos os pontos avaliados, caracterizando um tecido alvo importante em
estudos ecotoxicológicos de caráter preventivo. As lesões encontradas nos tecidos
possivelmente foram desencadeadas pela a presença de metais no sedimento em
desacordo com a resolução CONAMA 454/2012, principalmente para Pb, Ni, Mn e
Cd.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 12713: Ecotoxicologia


aquática - Toxicidade aguda - Método de ensaio com Daphnia spp (Crustacea,
Cladocera). Rio de Janeiro: Abnt, 2016.

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 13373: Ecotoxicologia


aquática - Toxicidade crônica - Método de ensaio com Ceriodaphnia spp (Crustacea,
Cladocera). Rio Janeiro: Abnt, 2017.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15499: Ecotoxicologia
aquática - Toxicidade crônica de curta duração - Método de ensaio com peixes –
Referências – Elaboração. Rio de Janeiro, 2016. 23p.
BERNET, D. et al. Histopatologia em peixes: proposta de um protocolo para avaliar a
poluição aquática. Journal of fish diseases, v. 22, n. 1, p. 25-34, 1999.
DORNFELD, C.B. Utilização de análises limnológicas, bioensaios de toxicidade e
macroinvertebrados bentônicos para o diagnóstico ambiental do reservatório de
Salto Grande (Americana, SP). 2002. 202 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Pós
Graduação em Ciências da Engenharia Ambiental, Universidade de São Paulo, São
Carlos, 2002.
FONSECA, A.L.; ROCHA, O. Laboratory cultures of the native species Chironomus
xanthus Rempel, 1939 (Diptera-Chironomidae). Acta Limnologica Brasiliensia, [s. L.],
p.153-161, 2004.
NASCIMENTO, I.A.; PEREIRA, S.A.; LEITE, M.B.N.L. Biomarcadores como
instrumentos preventivos de poluição. In: ZAGATTO, P.A.; BERTOLETTI, E.
Ecotoxicologia aquática: Princípios e Aplicações. 3.ed. São Carlos: Editora RiMa,
2014.
POLEKSIC, V.; MITROVIC-TUTUNDIZIC, V. Fish gills as monitor of subletal and
chronic effects of pollution. In: MULLER, R.; LLOYD, R. Subletal and Chronic effects
of Pollutants on freshwater fish. [s.l.]: United Nation, Fishing News Books, 1994.
cap.30, p.339-352.
SILVA, A.C.A.D. Avaliação ecotoxicológica do sedimento da bacia do rio Apodi-
Mossoró utilizando espécies planctônicas e bentônicas. 2017. 63 f. TCC
(Graduação) - Curso de Ecologia, Universidade Federal Rural do Semi-Árido,
Mossoró, 2017.
SILVA, A.D.G. Alterações histopatológicas de peixes como biomarcadores da
contaminação aquática. 2004. 75 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Pós-
graduação em Ciências Biológicas, Universidade Estadual de Londrina, Londrina,
2004.

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Biomarcadores
242 - USO DE BIOMARCADORES HISTOLÓGICOS EM FÍGADO DE Poecilia
reticulata (TELEOSTEI, CYPRINODONTIFORMES) PARA AVALIAÇÃO DA
QUALIDADE DA ÁGUA DO RIO APODI-MOSSORÓ (RN)

DARLIMEIRE DANTAS DE AQUINO, HERMÓGENES PEREIRA DA COSTA SEGUNDO,


ANA CLAUDIA ARAUJO DA SILVA, JOSÉ WALTER MENDES FARIAS JÚNIOR, ALINE
FERNANDA CAMPAGNA FERNANDES
Contato: HERMÓGENES PEREIRA DA COSTA SEGUNDO - DYNHOCOSTA.ECO@GMAIL.COM

Palavras-chave: biomarcadores; histologia; Poecilia reticulata; rio Apodi-Mossoró

INTRODUÇÃO

O uso de biomarcadores para avaliação da qualidade ambiental tem intensificado


nos últimos anos por representar uma ferramenta preditiva e confiável para
quantificar tanto a exposição quanto o efeito dos poluentes (SILVA, 2004). Apesar
de não ser um biomarcador específico, a histologia é uma ferramenta precisa e
quando as lesões são detectadas é inquestionável a má condição do ambiente
(CAMPAGNA, 2010). O fígado é órgão chave na biotransformação e excreção dos
xenobióticos. Assim, este estudo objetivou avaliar a qualidade do rio Apodi-Mossoró
(RN) utilizando análise histopatológica de fígado da espécie Poecilia reticulata
exposta em amostras de água de diferentes pontos.

METODOLOGIA

As amostragens foram realizadas em dois períodos, dezembro/2015 e abril/2016. Os


testes de toxicidade crônica parcial com Poecilia reticulata (7 dias) seguiram a NBR
15499 (ABNT, 2016). Ao término do ensaio, os peixes sobreviventes foram
eutanasiados por fixação direta em methacarn e seguiram para histopatologia
(CEUA – UFERSA; protocolo nº 23091.008186/2015-63). As lesões nos fígados
foram classificadas e avaliadas semiquantitativamente de acordo com Poleksic e
Mitrovic-Tutundisic (1994) e Bernet et al. (1999) por meio do cálculo do Valor Médio
de Alteração (VMA) e Índice de Alteração Histopatológica (IAH) em cada ponto. Para
o VMA atribuiu-se um valor numérico para cada animal (grau 1: ausência de
alteração histopatológica; grau 2: ocorrência de lesões pontualmente localizadas;
grau 3: lesões amplamente distribuídas pelo órgão). O IAH (IAH =10⁰ ΣI + 10¹ ΣII +
10² ΣIII) foi obtido com base na severidade de cada lesão classificadas em estágios
progressivos quanto ao comprometimento das funções do órgão (alterações de
estágio I, II e II),resultando em 5 categorias: 0-10 (funcionamento normal do tecido);
11-20 (danificação leve para moderada); 21-50 (moderada para severa); 51-100
(severa); maior que 100 (irreparável). Os valores citados foram comparados ao
controle por ANOVA não paramétrica Kruskal-Wallis e pós-teste de Dunn.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Todos os espécimes avaliados apresentaram fígados com alterações


histopatológicas. Em geral, as lesões observadas foram de estágio I e II, decorrentes
de todos os pontos de amostragem avaliados, entretanto, lesões mais severas de

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

estágio III foram observadas nos pontos P4, P5, P6, inseridos na área urbana da
bacia hidrográfica. As lesões de estágio I e II foram caracterizadas principalmente
por alterações nucleares, como núcleo na periferia da célula e degeneração nuclear,
respectivamente, além de vacuolização citoplasmática e alterações arquitetônicas
(desarranjo celular). Já as lesões de estagio III foram representadas pela necrose
focal. Os valores VMA foram elevados para todos os pontos, estando entre 1 e 2,
enquanto no controle esses valores estiveram abaixo de 1. Não foi observada
divergência entre pontos localizados na área rural e urbana, tampouco diferenças
significativas entre o controle e os pontos de amostragem. Observou-se tendência a
valores mais elevados época de chuva (abril de 2016), porém também não foi
observada diferença significativa entre períodos. Apesar disto, os índices de
alteração histopatológica (IAH) foram elevados para maioria dos pontos estudados,
com valores acima de 100 em todos eles, mostrando que, de forma geral, a
danificação dos tecidos pode ser considerada irreparável. Nos pontos localizados na
área urbana (P4, P5 e P6), os valores IAH ultrapassaram 2000, mostrando que a
entrada de efluentes domésticos pode desencadear severo impacto na integridade e
funcionamento dos sistemas biológicos dos peixes. Nos pontos estudados, Farias-
Júnior (2016) encontrou concentrações de metais acima dos padrões preconizados
na resolução CONAMA 357 (BRASIL, 2005), principalmente no se que se refere a
chumbo, manganês e níquel. Essas concentrações foram extremamente altas nos
pontos inseridos na área urbana. Trabalhos anteriores já reportaram efeitos desses
metais em fígado de peixes (DYK et al., 2007; TRIEBSKORN et al., 2008) e, diante
disto, pode-se inferir que as lesões hepáticas encontradas em P. reticulata podem
ser decorrentes das elevadas concentrações de metais no rio Apodi-Mossoró.

CONCLUSÃO

O rio Apodi-Mossoró apresenta qualidade questionável para a manutenção da vida


aquática, visto que foram encontradas lesões severas nos fígados de P. reticulata
expostos em todos os pontos. As lesões encontradas foram de graus II e III, com
maior incidência de lesões irreversíveis nos pontos da área urbana (P4, P5 e P6).
Não foi encontrada influência significativa do período sazonal nos efeitos
encontrados. Considerando os elevados teores de metais no rio, pode-se concluir
que as lesões no fígado podem ser decorrentes destes elementos e, futuramente,
pode haver impacto nas espécies residentes, com possível redução da abundância e
diversidade.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS - ABNT. NBR 15499:


Ecotoxicologia aquática - Toxicidade crônica de curta duração - Método de ensaio
com peixes – Referências – Elaboração. Rio de Janeiro, 2016. 23p.
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poluição aquática. Journal of fish diseases , v. 22, n. 1, p. 25-34, 1999.
BRASIL. Conselho Nacional do Meio Ambiente. CONAMA. Resolução nº. 357, de 17
de março de 2005. Dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes
ambientais para o seu enquadramento, bem como estabelece as condições e
padrões de lançamento de efluentes, e dá outras providências. Diário Oficial
República Federativa do Brasil. Brasília, mar. 2005.

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


319
XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

CAMPAGNA, A.F. Estudos limnológicos e ecotoxicológicos da bacia do Alto Jacaré-


Guaçu com ênfase no desenvolvimento de sedimentos artificiais para avaliação da
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Carlos, São Carlos, 188f.
DYK, J.C. van; PIETERSE, G.M.; VUREN, J.H.J. van. Histological changes in the
liver of Oreochromis mossambicus (Cichlidae) after exposure to cadmium and zinc.
Ecotoxicology and Environmental Safety, v.66, p. 432–440, 2007.
FARIAS-JÚNIOR, J.W.M. Avaliação ecotoxicológica da bacia hidrográfica do rio
Apodi/Mossoró (Rio Grande do Norte – Brasil) utilizando espécies ícticas. 2016. 73 f.
Monografia (Graduação) - Curso de Biotecnologia, Universidade Federal Rural do
Semi-Árido, Mossoró, 2016.
POLEKSIC, V.; MITROVIC-TUTUNDIZIC, V. Fish gills as monitor of subletal and
chronic effects of pollution. In: MULLER, R.; LLOYD, R. Subletal and Chronic effects
of Pollutants on freshwater fish. United Nation, Fishing News Books, 1994. cap.30,
p.339-352.
SILVA, A.D.G. Alterações histopatológicas de peixes como biomarcadores da
contaminação aquática. 2004. 75 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Pós-
graduação em Ciências Biológicas, Universidade Estadual de Londrina, Londrina,
2004.
TRIEBSKORN, R. et al. Monitoring pollution in River Mures, Romania, part II: metal
accumulation and histopathology in fish. Environ. Monit. Ass., v. 141, p. 177 – 188,
2008.

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


320
XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Biomarcadores
244 - EFEITOS DA POLUIÇÃO DO RIO APODI-MOSSORÓ (RN) NO TECIDO
BRANQUIAL DAS ESPÉCIES ÍCTICAS Danio rerio E Poecilia reticulata

JOSÉ WALTER MENDES FARIAS JÚNIOR, DARLIMEIRE DANTAS DE AQUINO, ANA


CLAUDIA ARAUJO DA SILVA, HERMÓGENES PEREIRA DA COSTA SEGUNDO, ALINE
FERNANDA CAMPAGNA FERNANDES
Contato: HERMÓGENES PEREIRA DA COSTA SEGUNDO - DYNHOCOSTA.ECO@GMAIL.COM

Palavras-chave: biomarcadores; histologia; Danio rerio; Poecilia reticulata; rio Apodi-Mossoró

INTRODUÇÃO

Os poluentes podem ser absorvidos pelos peixes teleósteos via alimentação,


respiração, ingestão de água e através da pele, acumulando-se nos órgãos e
tecidos. As brânquias exercem funções vitais, tais como respiração, osmorregulação
e excreção e por estarem em contato direto com o ambiente aquático, são órgãos-
alvo de poluentes (MALLAT, 1985; WENDELAAR BONGA, 1997). Alterações
histopatológicas encontradas sobre esta estrutura vêm sendo utilizadas como
sensível indicador da contaminação aquática (POLEKSIĆ & MITROVIĆ-
TUTUNDŽIĆ, 1994). Este estudo objetivou avaliar a qualidade do rio Apodi-Mossoró
(RN) utilizando a histopatologia das brânquias das espécies Danio rerio e Poecilia
reticulata expostas em amostras de água.

METODOLOGIA

As amostragens foram realizadas em dois períodos, dezembro/2015 e abril/2016 em


seis pontos. Os testes de toxicidade crônica parcial com D. rerio e P. reticulata (7
dias) seguiram a NBR 15499 (ABNT, 2016). Ao término do ensaio, os peixes
sobreviventes foram eutanasiados por fixação direta em methacarn e seguiram para
histotologia (CEUA – UFERSA; protocolo nº 23091.008186/2015-63). As lesões nas
brânquias foram avaliadas qualitativamente de acordo com a classificação proposta
por Poleksic e Mitrovic-Tutundisic (1994), onde foi considerada a severidade de cada
lesão em estágios progressivos quanto ao comprometimento das funções do órgão.
As lesões de primeiro estágio são consideradas reversíveis caso as condições
ambientais melhorem, havendo a reconstrução da estrutura das brânquias,
entretanto, se condições adversas persistirem, essas lesões podem evoluir para
segundo estágio. As lesões de segundo estágio são mais severas, uma vez que
levam a perda de função dos tecidos e, por esta razão, mesmo que as condições
ambientais melhorem uma parte dos tecidos é prejudicada podendo não ser
reconstruída. Se as condições ambientais continuarem insatisfatórias, as lesões
podem evoluir para terceiro estágio, onde não há possibilidade de restauração dos
tecidos mesmo que as condições ambientais melhorem, levando a prejuízo das
funções e morte tecidual.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Todas as amostras avaliadas desencadearam lesões nas brânquias de ambas as


espécies estudadas. Essas lesões foram mais incidentes e mais severas nos pontos

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

de amostragem do final do sistema, ou seja, na área urbana (P4, P5 e P6),


constituindo um gradiente crescente de poluição dos pontos P1 (menos poluído) até
o P6 (mais poluído). Em geral, as lesões de estágio I foram hiperplasia de células
epiteliais; deslocamento do epitélio respiratório; fusão parcial de lamelas
secundárias e presença de células cloreto nas lamelas secundárias, enquanto as
lesões de estágio II foram fusão completa de lamelas secundárias, congestão
vascular e aneurismas. Os organismos de D. rerio expostos nos pontos P1, P2 e P3
apresentaram apenas lesões de primeiro estágio enquanto nos pontos P4, P5 e P6
as lesões segundo estágio foram presentes. Verificou-se ainda a maior sensibilidade
da espécie P. reticulata em relação a D. rerio, com lesões mais numerosas e
acentuadas, apresentando, inclusive, efeitos mais severos já no ponto P2
(alterações de segundo estágio), enquanto que para D. rerio, estes efeitos só foram
observados e a partir de P4. O rio Apodi/Mossoró é o principal curso d’água da
segunda maior bacia hidrográfica do estado do Rio Grande do Norte, localizada no
Oeste Potiguar e genuinamente Norte Rio-grandense. Apesar de sua importância
socioeconômica, como por exemplo, atividades de extração do petróleo, produção
de sal marinho, utilização dos solos para agricultura e fruticultura irrigada, pecuária
extensiva e mineração de calcário (CARVALHO et al., 2011), a bacia hidrográfica
vem sofrendo constantes impactos, provenientes da lixiviação e runoff de
fertilizan¬tes e agrotóxicos das diversas atividades agrícolas desenvolvidas no
entorno do rio; carreamento de material alóctone; além das constantes descargas de
esgotos domésticos e industriais lançados sem tratamento prévio em toda a
extensão da bacia (OLIVEIRA et al., 2009; MARTINS et al., 2011). Em decorrência
disto, estudos anteriores detectaram elevadas concentrações de metais,
principalmente, chumbo, níquel, cádmio e manganês em amostras de água e
sedimentos do rio Apodi-Mossoró (FARIAS-JÚNIOR, 2016; SILVA; 2017),
ultrapassando padrões preconizados na resolução CONAMA 357 (BRASIL, 2005) e
CONAMA 454 (BRASIL, 2012). Desta forma, as lesões nas brânquias dos peixes
registradas no presente estudo podem ser reflexo da presença desses
contaminantes no ecossistema em questão.

CONCLUSÃO

Os efeitos severos encontrados nas brânquias de D. rerio e P. reticulata expostos


nas águas do rio Apodi-Mossoró (RN) indicaram qualidade inadequada deste
recurso para a manutenção da vida aquática. As lesões encontradas foram de
estágios I e II, com maior incidência das alterações irreversíveis nos pontos
localizados na área urbana. Não foi encontrada influência temporal significativa nos
efeitos e a espécie P. reticulata mostrou-se mais sensível, devendo ter seu uso
incentivado em estudos ecotoxicológicos. Os efeitos encontrados podem ter sido
decorrentes dos elevados teores de metais nas águas do rio, caracterizando quadro
favorável para impacto nas espécies residentes.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS - ABNT. NBR 15499:


Ecotoxicologia aquática - Toxicidade crônica de curta duração - Método de ensaio
com peixes – Referências – Elaboração. Rio de Janeiro, 2016. 23p.
BRASIL. Conselho Nacional do Meio Ambiente. CONAMA. Resolução nº. 357, de 17
de março de 2005. Dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes
ambientais para o seu enquadramento, bem como estabelece as condições e

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


322
XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

padrões de lançamento de efluentes, e dá outras providências. Diário Oficial


República Federativa do Brasil. Brasília, mar. 2005.
BRASIL. Conselho Nacional do Meio Ambiente. CONAMA. Resolução nº. 454, de 01
de novembro de 2012. Estabelece as diretrizes gerais e os procedimentos
referenciais para o gerenciamento do material a ser dragado em águas sob
jurisdição nacional. Diário Oficial República Federativa do Brasil. Brasília, nov. 2012.
CARVALHO, R.G.; KELTING, F.M.S.; SILVA, E.V. Indicadores socioeconômicos e
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Sociedade & Natureza, v. 23 (1), p.143-159, 2011.
FARIAS-JÚNIOR, J.W.M. Avaliação ecotoxicológica da bacia hidrográfica do rio
Apodi/Mossoró (Rio Grande do Norte – Brasil) utilizando espécies ícticas. 2016. 73 f.
Monografia (Graduação) - Curso de Biotecnologia, Universidade Federal Rural do
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MALLAT, J. Fish Gill structural changes induced by toxicants and other irritants: A
statistical review. Can. J. Fish. Aquat. Sci.; v. 42, p. 630 – 648, 1985.
MARTINS, D.F.F.; MOURA, M.F.V.; LOIOLA, M.I.B.; SOUZA, L.D.; SILVA, K.M.B.;
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and toxic elements by Eichhornia crassipes. J. Environ. Monit.; v.13, p. 274 – 279,
2011.
OLIVEIRA, T.M.B.R.; SOUZA, L.D.; CASTRO, S.S.L. Dinâmica da série nitrogenada
nas águas da bacia hidrográfica Apodi/Mossoró – RN – Brasil. Eclética química, v.
34(3), p.17 – 26, 2009.
POLEKSIC, V.; MITROVIC-TUTUNDIZIC, V. Fish gills as monitor of subletal and
chronic effects of pollution. In: MULLER, R.; LLOYD, R. Subletal and Chronic effects
of Pollutants on freshwater fish. United Nation, Fishing News Books, 1994. cap.30,
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SILVA, A.C.A. da. Avaliação ecotoxicológica do sedimento da bacia do rio Apodi-
Mossoró utilizando espécies planctônicas e bentônicas. 2017. 63 f. Monografia
(Graduação) – Curso de Ecologia, Universidade Federal do Semi-Árido, Mossoró,
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WENDELAAR BONGA, S.R. The stress response in fish. Physiology Reviews, v77,
p.591-625, 1997.

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


323
XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Biomarcadores
252 - O ENSINO DE TÉCNICAS E ANÁLISES MICROSCÓPICAS DE
BIOMARCADORES NA PÓS-GRADUAÇÃO

LETÍCIA CESCHI BERTOLI, RAFAELA TADEI, DANIEL RANGEL, JÉSSICA ASAMI,


JÉSSICA OLIVEIRA FERNANDES MANTOANELLI, MARILIA DE SOUZA BENTO, LÍVIA
FRANCISCHINI, PAULO JOSE BALSAMO, FÁBIO CAMARGO ABDALLA
Contato: FÁBIO CAMARGO ABDALLA - FABDALLA@UFSCAR.BR

Palavras-chave: ecotoxicologia; ensino; biomarcador; ecotoxicologia

INTRODUÇÃO

O Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia e Monitoramento Ambiental da


Universidade Federal de São Carlos – Campus Sorocaba oferta a disciplina
“Práticas em Análises Microscópicas de Biomarcadores: Morfologia pura,
Morfometria, Histoquímica e Imunohistoquímica”, a qual tem por objetivo, ensinar e
treinar os estudantes nessas técnicas, tendo em vista que, o conhecimento sobre
análises de biomarcadores é de grande relevância para avaliar o impacto de
determinados contaminantes no ambiente. Esses biomarcadores tem o papel de
fornecer dados que ligam a exposição de um produto químico e o seu efeito em
órgãos e sistemas de vertebrados e invertebrados

METODOLOGIA

Desta forma, para realizar o treinamento das técnicas e das análises, submeteu-se
inicialmente, por 48 horas, um exemplar de peixe da espécie Betta splendens em
água filtrada (controle), e outro exemplar em solução de cádmio a 1 ppm (exposto).
Em seguida, realizou-se em ambos, a dissecação, coleta de material biológico
(brânquia e fígado) e processamento histológico (fixação, desidratação,
diafanização, parafinização e corte histológico). As lâminas foram preparadas
seguindo as particularidades de cada técnica: para a imuno-histoquímica, adicionou-
se em lâminas diferentes, o anticorpo anti-HSP70 e soro bovino, para indicarem a
expressão da chaperona HSP70, e o corante acridine orange as quais foram
analisadas no microscópio de fluorescência. Para a histologia morfológica,
adicionou-se corantes azul de bromofenol, hematoxilina e eosina (H.E) e ácido
periódico-Schiff (PAS), para análise em microscópio óptico. Em paralelo a estas
metodologias abordadas, realizou-se também, o Ensaio Cometa, técnica que analisa
a fragmentação do DNA. Assim, prepararam-se as lâminas com amostras de sangue
humano as quais foram submetidas a eletroforese em 36V por 20 minutos. Por fim,
parte das lâminas foram coradas por prata para análise em microscópio óptico,
enquanto a outra parte, foi corada por 4',6-diamidino-2-fenilindol (DAPI), para análise
em microscópio de fluorescência.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Como resultado, as análises histológicas mostraram o aumento da secreção de


mucosa no exemplar exposto ao cádmio, como um mecanismo de defesa contra
substâncias tóxicas e o declínio de carboidratos nas brânquias. Já a análise de

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


324
XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

imunohistoquímica mostrou uma maior quantidade de RNA e DNA unifilamentar na


brânquia exposta em comparação à brânquia controle e um aumento da expressão
da proteína HSP70 na brânquia e redução da expressão desta proteína chaperona
no fígado. A expressão desta proteína é uma resposta geneticamente conservada
ao estresse ambiental, assim notou-se que a brânquia foi mais sensível ao metal
durante as 48 horas de exposição, possivelmente por ser nesse órgão que o cádmio
é excretado, podendo se acumular e causar maiores danos. Todas as técnicas
permitiram inferir que as brânquias foram mais sensíveis a exposição ao cádmio por
um curto período de tempo, entretanto, estudos indicam que a exposição contínua
ao cádmio afeta gravemente o fígado, causando também a super-expressão de
HSP70. Através do Ensaio do Cometa realizado com sangue humano, obtiveram-se
todos os estágios de fragmentação do DNA, iniciando pelo primeiro estágio, no qual
quase não se nota o dano do material, até o quarto estágio, onde apresenta uma
alta fragmentação do DNA (apresentado pela extensão da cauda do cometa). Os
resultados puderam ser observados tanto pela coloração por DAPI na microscopia
de fluorescência, a qual foi utilizada pela primeira vez para esta técnica, quanto pela
coloração por prata na microscopia óptica que oferece uma alternativa mais
econômica como ferramenta didática e para pesquisa.

CONCLUSÃO

Portanto, o preparo dos experimentos e as análises dos materiais serviram como


ferramentas didáticas para complementar a formação dos estudantes do programa
de pós-graduação. Ademais, o uso de diferentes técnicas na disciplina foi importante
para a complementação dos resultados (Comitê de Ética de Experimentação Animal,
UFSCar, protocolo# CEEA 022/2010). Contudo, para a obtenção de resultados mais
sólidos sobre a toxicologia do cádmio em peixes seria necessário a realização das
análises com um número amostral maior.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

SKALDINA, O.; SORVARI. J. 2017. Biomarkers of ecotoxicological effects in social


insects. Springer International Publishing Switzerland 2017 K.K. Kesari (ed.),
Perspectives in Environmental Toxicology, Environmental Science and Engineering,
203-214.

FONTES FINANCIADORAS

FAPESP (processo 2017/06056-9), CNPQ (PROCESSO 151982/2018-0), CAPES.

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


325
XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Biomarcadores
264 - CENTRO DE MELANOMACRÓFAGOS E FATOR DE CONDIÇÃO EM
Sciades herzbergii (BLOCH, 1974) COMO BIOINDICADOR DE BEM ESTAR E
MUDANÇAS AMBIENTAIS

HELLON VIANA CUNHA, SIMONE KARLA LIMA SILVA, DENISE CARLA DA SILVA
MENDES, NATÁLIA JOVITA PEREIRA, RAIMUNDA NONATA FORTES CARVALHO-
NETA
Contato: HELLON CUNHA VIANA - HELLONVIANA@GMAIL.COM

Palavras-chave: Biomonitoramento; Biomarcador; Sciades herzbergii; centro de melanomacrófagos

INTRODUÇÃO

Os centros de melanomacrófagos (MMCs) consiste em agregação de macrófagos,


como células e fragmentos de células fagocitadas, principalmente eritrócitos e
pigmentos, como, melanina, hemosiderina e lipofuscina, localizados no tecido
reticuloendotelial do fígado, rim e pâncreas (FISHELSON, 2006). Os MMCs em
fígado são indicadores de condição ambiental, condição de estresse e tem uma
importante função na fisiologia dos peixes, tanto no anabolismo quanto catabolismo
e no metabolismo de xenobióticos (PASSANTINO et al., 2013). Este trabalho
observou que fígados de indivíduos jovens em uma área possivelmente impactada
teve um maior número de MMCs quando comparados à indivíduos adultos de uma
área contaminada.

METODOLOGIA

Os fígados foram coletados de peixes capturados em três pontos (ponto de


referência - A1, ponto potencialmente impactado - A2 e ponto contaminado - A3),
utilizando covos (manzuá) durante a maré vazante, na baía de São José, em duas
amostragens. Os fígados foram dissecados imediatamente após a chegada dos
peixes no Laboratório de Biomarcadores de Organismos Aquáticos da Universidade
Estadual do Maranhão. Foi utilizado o processo metodológico proposto por Bernet et
al 1999, para análise histológica e identificação de MMCs. Após a fixação em
formaldeído logo após a captura, as amostras foram desidratadas em séries
crescentes de concentração de álcoois e incluídos em parafina. Foram realizados
cortes de 5um e colorados com hematoxylina-eosina (H&E). Foi realizada uma
análise macroscópica da gônadas segundo Brown-Petterson et al 2011. Uma análise
quantitativa da agregação de MMCs foi realizada na seção de tecido hepático dos
peixes. Cada campo digital foi fotografado utilizando Zen Imaging software
Axiovision 4.8 montado no microscópio óptico Zeiss. A agregação de MMCs foi
medida usando análise de imagem no software ImageJ e foi medida aleatoriamente
como número de MMCs por mm2. O fator de condição (K) foi estimado para cada
indivíduo, segundo a expressão: K = Wt/Ltb, (VAZZOLER, 1996).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foram coletados 35 individuos (22 fêmeas e 13 machos). Os menores (24,70 ± 9,11)


e maiores (30,37 ± 2,00) peixes foram capturados na área A2. Os menores pesos de

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326
XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

gônadas (0,7887 ± 0,872) e GSI (0,2723 ± 0,16) também foram encontrados nessa
mesma área. Todos os indivíduos no ponto A2 foram classificados como jovens, em
estádios de maturação iniciais, enquanto que 70% e 30% dos indivíduos capturados
do ponto A1, eram jovens e adultos, respectivamente. Já na área contaminada (A3),
apenas 17% eram jovens e 83% eram adultos (fases bem desenvolvidas das
gônadas). O fator de condição decresceu de 0,006796 para 0,006413 (de
setembro/2017 para dezembro/2017). O número médio da agregação de MMCs foi
máxima 99,00 ± 74,33 MMCs/mm² e mínima 33,33 ± 2,62 MMCs/mm² na mesma
área (A2), durante o período seco, nos meses de setembro e dezembro,
respectivamente. No entanto, o maior número de MMCs foi detectado em indivíduos
jovens do ponto A2 e a menor número de MMCs foi encontrado em indivíduos
adultos dos ponto A1 e A3. Esses pigmentos podem se acumular em peixes que
apresentam uma grande variedade de condições patológicas, incluindo deficiências
nutricionais, doenças bacterianas e virais e distúrbios causados por material tóxico
(AGIUS 1979). De acordo com Peters & Schwarzen (1985), o próprio estresse pode
aumentar as células semelhantes a macrófagos e aumentar a degradação dos
glóbulos vermelhos. Portanto, na presença de uma poluição ambiental, que pode ser
responsável pelo aumento do dano celular, uma atividade fagocitária robusta poderia
ser esperada, com o consequente aumento das MMCs. Estes resultados estão de
acordo com os dados da literatura, porque uma forte correlação entre o
envelhecimento dos peixes - daí a degeneração tecidual - e o aumento do número e
tamanho de MMCs tem sido demonstrada no fígado e no rim de diferentes espécies
de peixes (ROBERTS 1975; AGIUS 1980). Além da ocorrência destas alterações
fisiológicas relacionadas ao envelhecimento, um aumento na quantidade de MMCs
também foi demonstrado em fígado, baço e rim de peixes estressados por causa de
um ambiente poluído (AGIUS & ROBERTS 2003). Consequentemente, o papel
desses agregados como biomarcadores para os efeitos devidos à exposição
ambiental a substâncias químicas poluidoras tem sido amplamente documentado em
água doce e em teleósteos marinhos (BLAZER ET AL., 1987; LINDESJÖÖÖÖ ET
AL. 1996; MEINELT ET AL. AL., 1997; SCHWINDT ET AL., 2006; MELA ET AL.,
2007; MARCHAND ET AL., 2009; PASCOLI ET AL., 2011).

CONCLUSÃO

Em conclusão, o presente estudo confirma um possível uso de MMCs hepáticas


como biomarcadores de exposição a poluentes ambientais, em particular o material
oriundo de sistemas de piscicultura. Outros estudos devem abordar a concentração
real de substâncias químicas produzidas pelo homem na carne de peixes. O S.
herbergii, está no topo da cadeia alimentar e pode potencialmente acumular altas
concentrações de poluentes, que podem comprometer suas funções biológicas,
representando também uma fonte de alimento inseguro para os seres humanos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

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FONTES FINANCIADORAS

Fapema - Fundação de Aparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Cientifico e


Tecnológico do Maranhão

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Biomarcadores
270 - AVALIAÇÃO DA GENOTOXICIDADE EM CÉLULAS HEPÁTICAS DE
Rhamdia quelen (PISCES) EXPOSTO AO 2,4D DURANTE 48 HORAS EM DOSES
REALÍSTICAS

TÁBATTA KIM MARQUES SOARES, ANA FLAVIA MARCELINO, ALICIANE DE


ALMEIDA ROQUE, NÉDIA DE CASTILHOS GHISI, ELTON CELTON DE OLIVEIRA,
RICARDO YUJI SADO
Contato: TÁBATTA KIM MARQUES SOARES - TABATTAMARQUES@GMAIL.COM

Palavras-chave: 2,4-diclorofenoxiacético; Rhamdia quelen; ensaio cometa; células hepáticas

INTRODUÇÃO

O Brasil é o líder mundial no consumo de agrotóxicos e, entre os mais utilizados está


o herbicida 2,4-diclorofenoxiacético (2,4-D). Ensaios com toxicologia genética são de
grande importância, principalmente quando avaliam defensivos agrícolas, sobretudo,
em ambientes hídricos, pois são receptores finais de xenobiontes. O objetivo deste
trabalho consistiu em avaliar a genotoxicidade do 2,4-D em uma espécie de peixe
nativo da América do Sul. Utilizou-se o bioindicador Rhamdia quelen, o jundiá,
expostos ao herbicida, sob três concentrações durante o período 48 horas,
avaliando-se através de do biomarcador ensaio cometa de células hepáticas.

METODOLOGIA

Os testes foram realizados com juvenis Rhamdia quelen, provenientes de


piscicultura comercial e aclimatados por 15 dias. Estes foram divididos em triplicatas
de cinco indivíduos, agrupados em 12 aquários e expostos a 15, 30 e 60 µg/L de
2,4-D (padrão analítico – Sigma Aldrich®). O grupo controle foi exposto somente a
água. Após 48 horas, os animais foram eutanasiados com benzocaína (100 mg/L).
Posteriormente retirou-se uma porção do fígado, homogeneizada em soro bovino
fetal. A solução foi misturada em agarose LMP e pipetada em lâminas pré-cobertas
por agarose normal, submetidas a solução de lise para o rompimento de membranas
e posteriormente a eletroforese. Na análise em microscópio de fluorescência, com
coloração por brometo de etídeo, computou-se 100 células/lâmina em teste cego.
Quantificou-se o comprimento da cauda dos núcleos hepáticos, classificando-os em
cinco níveis de danos: 0 – sem dano aparente; 1 – dano pequeno; 2 – dano médio; 3
– dano grande e 4 – dano máximo. Os escores foram obtidos multiplicando-se o
número de cometas encontrados em cada classe pelo valor da classe.
Posteriormente foram realizados testes de normalidade e homocedasticidade. Como
os pressupostos foram atendido, os dados foram submetidos a ANOVA.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

No teste de ANOVA, obteve-se F(3,16) = 1,217, o que resultou em um p = 0,335.


Isto indica que os dados avaliados não apresentaram diferença significativa na taxa
de danos genéticos entre as concentrações dos grupos expostos ao 2,4-D e o
controle. Tampouco foi registrada diferença entre os grupos expostos nas
concentrações 15, 30 e 60 µg/L. A escolha das concentrações deu-se a partir da

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

legislação brasileira, pois são consecutivamente a metade, a exata e o dobro da


concentração permitida pela resolução CONAMA n° 357.A lei brasileira permite a
presença 30 µg/L do herbicida 2,4-D em águas destinadas à pesca, cultivo de
organismos e consumo intensivo. Todavia, a lei brasileira é menos permissível para
essa substância, quando comparada a países como o Canadá, que legaliza até 100
µg/L nas águas classificadas como potáveis (HEALTH CANADA, 1993). Por outro
lado, o limite brasileiro torna-se 300 vezes superior, se comparada à permitida para
consumo pela União Européia de apenas 0,1µg/L (COUNCIL OF THE EUROPEAN
UNION, 1998). O presente ensaio, não assegura ausência de riscos de danos
quanto genotoxicidade, visto que esta foi uma exposição aguda (tempo de exposição
curto) e as doses testadas foram baixas, considerando o fato de que as mesmas não
encontram-se isoladas de maneira não cumulativa em ambientes naturais. Na
pesquisa realizada por Ruiz de Arcaute (2016), foram testadas concentrações na
faixa de 252 à 756 mg/L de 2,4-D, sob diversos períodos de exposição, inclusive ao
de 48H, em espécimes de Cnesterodon decemmaculatus. Esse estudo analisou
danos primários no DNA, no núcleo e mortalidade. A faixa de concentração exposta
durante 48H, indicou aumento na frequência de micronúcleos, obteve evidência
perimetral do letal e vários efeitos sub letais, incluindo alterações comportamentais e
quebras primárias no DNA. A referida pesquisa aponta danos para mesmo período
analisado. Entretanto a concentração mínima nele utilizada (252mg/L) é 4200 vezes
a nossa maior (60µg/L), e é mais próxima da concentração dos ambientes
eutrofizados. Há necessidade de trabalhos adicionais sobre o defensivo agrícola,
sugere-se outros biomarcadores e diferentes formas de exposição ao 2,4-D. Mas
sobretudo são necessários testes relacionando concentrações e tempos de
exposição maiores ao herbicida e mais semelhantes aos ambientes naturais, visto
que nesses ambientes ocorre o acúmulo de diversas concentrações

CONCLUSÃO

O teste com doses realísticas de 2,4-D não demonstrou genotoxicidade em células


hepáticas de Rhamdia quelen exposto durante 48 horas. As doses de 15, 30 e 60
µg/L do herbicida, não apresentaram diferenças em relação ao grupo controle,
tampouco quando comparadas entre si. Entretanto o presente estudo não garante
efetivamente que o defensivo agrícola seja isento de riscos genéticos. Pois além das
baixas doses, e curta exposição, não avaliou-se interações do 2,4-D com outros
pesticidas agrícolas, como ocorre no meio. Há necessidade de mais testes
verificando essas reações, assim como maiores concentrações e exposições.
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FONTES FINANCIADORAS
CNPq (Chamada: Universal 01/2016 - Processo: 406661/2016-2) , Capes.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Biomarcadores
272 - "ENVIRONMENTALLY SAFE" CONCENTRATION OF MERCURY
COLLAPSES THE HEPATO-NEPHROCITIC SYSTEM OF BUMBLEBEES: Bombus
morio AND Bombus atratus (HYMENOPTERA, BOMBINI)

FELIPE LISSONI DE ANDRADE NOGUEIRA, PAULO JOSE BALSAMO, LETÍCIA CESCHI


BERTOLI, MONICA JONES COSTA, FÁBIO CAMARGO ABDALLA
Contato: FÁBIO CAMARGO ABDALLA - FABDALLA@UFSCAR.BR

Keywords: Bombus; biomarker; toxicology; mercury

INTRODUCION

Trace metals, such as mercury (Hg), have increased markedly in the environment the
past few decades. Besides its well-known neurotoxic effect, these high cationic trace
metals bind to DNA, proteins and enzymes, disturbing the whole metabolic system of
the organism, causing general metabolic disturbance, endocrine disruption,
mutagenesis, cell death, cyto- and genotoxicity. Despite its toxicity, Hg have been
found in honey and pollen of several species of bees. Considering the brief context
above, the effect of Hg on internal organs of Bombus morio and B. atratus workers
exposed to a concentration considered environmentally safe (0.2 ppb) was studied.

METHODS

The workers were kept individually into plastic boxes of 10x14x10 cm with two
feeders glued into the bottom of the box (close to the wall), one for food and another
for water or contaminated solution, inside an incubator (26 ºC, RH 70 %, in the dark).
They were fed ad libitum with a solid mixture of honey, dehydrated pollen and
organic soy flour. Bioassays were conducted in replicate, using both the control and
experimental groups (n = 11 for each). To the control group was offered 2 mL of
water, and to the experimental group was offered 2 mL of mercury (mercury chloride
- Sigma-Aldrich, 99.5 + %) at a concentration of 0.2 ppb. The dilution calculations
were made only with the mercury molecular weight. After 48 hours of exposition all
bees were sacrificed, and the dorsal vessels of the bees were dissected directly in
fixative solution. After 48h the dorsal vessel of both control and experimental
individuals were dissected. The material was prepared for morphological,
histochemical and in situ localization of HSP70.

RESULTS AND DISCUSSION

Exposed workers showed extensive morphological injury of the Hepato-Nephrocitic


System when compared to the control. The trophocyte nuclei usually of branched
contour, became smaller and rounded, which indicates cellular deactivation of the
nucleus-cytoplasm exchange. Both trophocytes and oenocytes also exhibited signs
of cellular death by histochemical technique. The pericardial cells were totally
disabled, showing absence of vacuoles in the cytoplasm and nuclear pyknosis,
chromatin damage was confirmed by histochemical technique. Acridine Orange
showed that oenocytes, trophocytes and pericardial cells of the bees of the control
group did not present chromatin damage, being all of them stained in green. The

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

cytoplasm of the oenocytes was stained in red/orange, presumably due to the


presence of abundant cytoplasmic RNA, what is in accordance with the function of
these cells concerning the production of enzymes related to detoxification. In
contrast, all studied HNS’s cells nuclei in Hg exposed bees became orange/red,
which confirms the chromatin compaction and fragmentation caused by Hg exposure,
and consequently the damage of the cells nuclei, consequently damaging also their
functions. Both the fat body and pericardial cells overexpressed HSP70, which
indicates a possible hole in misfolding protein and/or activation of the protein
degradation via proteasome-ubiquitination mechanism. Among the cells, in situ
hybridization with HSP70 antibody and further color intensity analyses, showed that
under normal conditions, oenocytes presented higher expression of HSP70 than the
other cells and, besides the green intensity increased considerably in experimental
trophocytes. All cells of the control group differed statistically of those of experimental
group, higher the green intensity significantly in the later. Among the cells, both
control and experimental oenocytes presented higher expression of HSP70 than all
other cells, in both control and control group (Tukey's multiple comparisons test, p >
0.9). In control group, trophocyte and pericardial cells did not present statistical
difference in green intensity (Tukey's multiple comparisons test, p < 0.01). The higher
amount and expression of HSP70 in oenocytes under normal and exposed
conditions, respectively, is in accordance with the acridine orange technique
demonstration of high cytoplasm content of RNA.

CONCLUSION

We conclude that 0.2 ppb of mercury severely impacts this species of bees, even at
concentrations considered environmentally safe by the Brazilian Environmental
Council, but studies on in situ localization of SOD, P450 and ATPse will be done to
support the conclusion presented here. Additionally, the neural Kenyon cells, the
Malpighian tubules and ovaries will be investigated. Due the particularity of the
reproductive life cycle of these species of bees (only one founder queen per new
colony) the present results are alarming.

REFERENCES

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março de 2005. Dispõe Sobre A Classificação Dos Corpos De Água E Diretrizes
Ambientais Para O Seu Enquadramento.

SPONSORS

We thank for the São Paulo Research Foundation FAPESP (grant 2017/03653-6),
the Brazilian National Council for Scientific and Technological Development CNPq
(grant 302812/2016-4) and the Coordination Improvement of Higher Education
Personnel (CAPES).

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Biomarcadores
277 - ALTERAÇÕES ESTRUTURAIS EM CONCHAS DE Lottia subrugosa COMO
BIOMARCADORES DE CONTAMINAÇÃO COSTEIRA

CAROLINA ROCHA MOREIRA DE OLIVEIRA, NAYARA GOUVEIA DOS SANTOS,


CAMILA PRATALLI MARTINS, ÍTALO BRAGA DE CASTRO, MONICK ALVES DA CRUZ
NAZARETH
Contato: CAROLINA ROCHA MOREIRA DE OLIVEIRA - CAROLINA.ROCHA300@GMAIL.COM

Palavras-chave: contaminação; áreas costeiras; Lottia subrugosa; conchas; biomarcadores

INTRODUÇÃO

Moluscos têm sido amplamente empregados no biomonitoramento de ambientes


aquáticos por apresentarem alta sensibilidade a substâncias químicas perigosas e
possuírem a capacidade de expressar em suas conchas, o histórico das alterações
ambientais ocorridas em seu habitat. As conchas desses organismos apresentam
composição organo-mineral, onde os minerais dominantes estão associados a uma
matriz orgânica, que corresponde a 0,1–5% do seu peso e que contém biomoléculas
que desempenham um papel fundamental no processo de biomineralização. Dessa
forma, o presente estudo avaliou aspectos da estrutura de conchas do gastrópode
Lottia subrugosa ao longo do gradiente espacial de contaminação no estuário de
Santos.

METODOLOGIA

Para tanto, 100 indivíduos adultos de L. subrugosa foram coletados manualmente


em três pontos de amostragem estabelecidos ao longo de um gradiente de
contaminação distribuído na Balsa (S1), Praia do Goés (S2) e Ilha das Palmas (S3)
representando níveis de contaminação decrescentes. Após coleta, os organismos
foram armazenados em caixas plásticas, conduzidos ao laboratório, congelados e
tiveram suas conchas removidas. Após a secagem completa, 5 conchas de cada
ponto de amostragem foram submetidas a um ensaio de compressão buscando
quantificar sua resistência a forças mecânicas. O teste foi realizado individualmente
usando uma Máquina universal de ensaios EMIC linha DL, na função compressão,
como uma taxa de avanço 0,5 mm/minuto, com um disco de aproximadamente 70
mm de diâmetro e uma célula de 5kN (500 kgf) de sensibilidade. Após ensaio, a
força máxima de resistência foi obtida pela análise dos resultados no software
BLUEHILL da Instron. Posteriormente, outro lote de conchas provenientes dos
mesmos pontos foram submetidas à análises termogravimétricas (TGA), que
acompanham a variação da massa da amostra em função da temperatura.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados obtidos mostraram, que em média foi necessário aplicar 31.2, 41.2 e
58.3 N de força compressiva para romper as conchas de S1, S2 e S3
respectivamente. Embora, as diferenças observadas não sejam estatisticamente
significativas, o teste compressão mecânica demonstrou que organismos oriundos
da Ilha da Palmas (S3) que corresponde a área menos contaminada, são mais

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

resistentes. Por outro lado, as conchas obtidas nas zonas com maiores níveis de
contaminação (Goes (S2) e Balsa (S1)) demonstraram fragilidade progressivamente
maiores. Essas observações sugerem que organismos expostos a contaminação
podem estar mais sujeitos a predação visto que suas conchas são mais vulneráveis
a predadores como caranguejos. Considerando o exposto, é possível que danos na
matriz orgânica dessas conchas sejam responsáveis pela maior fragilidade
observada. Nesse contexto, os resultados obtidos na análise de TGA indicaram que
conchas de S3 apresentam um maior percentual de substâncias orgânicas (3.7%)
seguidas de S2 (2.6% ) e S1 (2.4%). Essa tendência, altamente relacionada aos
resultados dos testes de compressão sugere que a vulnerabilidade observada nas
conchas de zonas mais contaminadas tem relação com uma possível perda de
matriz orgânica das conchas. Tal relação pode ser explicada, por alterações nas
proteínas de matriz de conchas (SMPs) que são biomoléculas da fração orgânica
que interferem em processos de biomineralização. Nesse contexto, os minerais são
incorporados nas conchas através de vias metabólicas altamente especializadas.
Sendo assim, é possível que interferências nessas vias metabólicas especificas,
provocadas por contaminantes ambientais, gerem modificações nas características
minerais das conchas e consecutivamente em suas características estruturais.
Esses achados sugerem, que as avaliações realizadas no presente estudo podem
vir a ser utilizadas como biomarcadores de contaminação costeira por substâncias
químicas perigosas. De fato, um estudo prévio realizado no canal de acesso ao
porto de Santos demonstrou alterações morfológicas e na composição elementar de
conchas de L. subrugosa, ao longo de gradiente de contaminação. Esse estudo
também mostrou que biomarcadores bioquímicos tradicionais, tais como danos ao
DNA se correlacionaram fortemente com as alterações de concha observadas.

CONCLUSÃO

As alterações observadas, tanto na degradação do conteúdo orgânico, quanto na


resistência mecânica de conchas de L. subrugosa sugerem que estas sejam
alterações relacionadas à contaminação costeira por substâncias químicas
perigosas. Portanto, considerando a abundância e a ampla distribuição geográfica
de desta espécie no litoral brasileira, a mesma apresenta grande potencial para se
tornar uma promissora ferramenta de baixo custo e simples aplicação para análise
de impactos produzidos pela contaminação ambiental.

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339
XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Oral
Biomarcadores
283 - FREQUÊNCIA GENOTÓXICA E HISTOPATOLOGIA BRANQUIAL E
HEPÁTICA COMO BIOMARCADORES DE CONTAMINAÇÃO AQUÁTICA EM
Centropomus undecimalis (BLOCH, 1972) DE DOIS ESTUÁRIOS MARANHENSES

NATÁLIA JOVITA PEREIRA, NAYARA DUARTE DA SILVA, SILDIANE MARTINS


CANTANHÊDE, ELIELMA LIMA DE SOUSA, HELLON VIANA CUNHA, TIAGO DE
MORAES LENZ, DÉBORA MARTINS SILVA SANTOS
Contato: NATÁLIA JOVITA PEREIRA - NATALIA.JOVITA@HOTMAIL.COM

Palavras-chave: Micrónucleo; Brânquias; Fígados; Centropomus undecimalis

INTRODUÇÃO

O monitoramento ambiental por meio de organismos e testes em sistemas biológicos


apresenta-se como métodos para avaliar a qualidade de ecossistemas aquáticos
(MATSUMOTO et al., 2006). O Teste do Micronúcleo pode detectar agentes
clastogênicos e aneugênicos na proliferação celular (ARSLAN et al., 2015). Outra
técnica é a histologia em órgãos alvos, como brânquias, por ser o principal sítio de
trocas gasosas, e o fígado, por ser bioacumulador fisiológico devido sua intensa
atividade metabólica. Assim, neste trabalho, foram avaliados Centropomus
undecimalis (BLOCH, 1972) em dois ambientes estuarinos na Ilha do Maranhão,
através do Teste do micronúcleo e histopatologia branquial e hepática.

METODOLOGIA

A pesquisa foi realizada em dois estuários da Ilha do Maranhão, Brasil: rio Bacanga
(circundada de construções urbanas em São Luís) e rio Santo Antônio (área pouco
habitada da zona rural de Paço do Lumiar, na Grande São Luís), aprovada pela
Comissão de Ética e Experimentação Animal da Universidade Estadual do
Maranhão. Em ambas as áreas de estudo, em 2015, capturaram-se Centropomus
undecilamis, nos períodos chuvoso e seco. O sangue dos peixes foi coletado com
seringa através de punção branquial do arco esquerdo. Em seguida, realizaram-se
lâminas de esfregaço sanguíneo, coradas por Rosenfeld modificado (RANZAINI-
PAIVA et al., 2013). Analisaram-se 2.000 células por peixe para a contagem dos
micronúcleos e anormalidades nucleares segundo Carrasco et al. (1990). Para as
análises histológicas retiraram-se o primeiro arco branquial direito e o fígado dos
espécimes, onde estas foram submetidas ao processamento histológico de inclusão
em parafina e coradas por Hematoxilina e Eosina. Avaliaram-se as lesões branquiais
e hepáticas segundo o Índice de Alteração Histológica (IAH) adaptado de Polesksic
e Mitrovic- Tutundzic (1994). Para as análises estatísticas, os dados de micronúcleo
e IAH entre os períodos sazonais e entre as áreas, aplicaram-se o teste Kruskal-
Wallis e teste t de Student.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Nas análises genotóxicas da frequência de micronúcleos e alterações eritrocíticas


através do Teste do Micronúcleo, em todas as coletas encontraram-se micronúcleos
e outras anormalidades nucleares (Notcehd, Lobulado, Segmentado e Binucleado)

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

nos dois locais de coleta e períodos sazonais. A frequência de alterações


eritrocíticas nucleares foi significativamente diferente entre os períodos sazonais no
Bacanga (p=0,047, com uma maior frequência de alterações nos eritrócitos no
período chuvoso) e entre as áreas de coleta (p=0,028, com o rio Bacanga com
valores elevados de micronúcleos e demais anormalidades), segundo o teste
Kruskal-Wallis para p≤0,05. Devido à sensibilidade do Teste do micronúcleo e aos
resultados verificados neste estudo, pode-se considerar que a concentração de
agentes clastogênicos e aneugênicos, presentes na água do Bacanga é alta,
induzindo frequências de micronúcleos e demais alterações nucleares quando
comparamos com a área do rio Santo Antônio, com Teste do Micronúcleo como
ferramenta aplicada em C. undecimalis na avaliação da contaminação dos dois
locais de coleta. O uso dos biomarcadores, como as lesões em ertitrócitos, são
muito utilizadas em estudos de avaliação da qualidade ambiental, uma vez que o
Teste do micronúcleo é bastante empregado em biomonitoramento ecotoxicológico
por detectar alterações em células após a divisão (OBIAKOR et al., 2012). O
mecanismo de formação dos micronúcleos depende da ocorrência da divisão celular
após a exposição ao agente genotóxico (ARSLAN et al., 2015). As lesões branquiais
mais encontradas foram: congestão dos vasos sanguíneos, levantamento do epitélio
respiratório, fusão incompleta e completa de várias lamelas, parasito e aneurisma
lamelar. As lesões hepáticas mais frequentes foram: núcleo na periferia da célula,
centro de melanomacrófagos, vacuolização, e necrose. Nas análises, segundo o
adaptado de Polesksic e Mitrovic- Tutundzic (1994), para o Bacanga, as alterações
de brânquias e fígado encontradas são classificadas como modificação moderada
para severa do tecido, e as observadas nos peixes do rio Santo Antônio, são lesões
com danificação leve para moderada do tecido. Nas análises histopatológicas em C.
undecimalis entre os períodos sazonais de ambas as áreas não houve diferença
significativa estatisticamente. Houve diferença significativa quando as áreas foram
comparadas entre si segundo as alterações branquiais, com p=0,025, e hepáticas,
com p=0,034. As alterações morfológicas na estrutura das brânquias e fígado são
mecanismos de defesa, causando perturbações nas trocas gasosas e prejuízos ao
metabolismo fisiológico dos peixes. Viarengo et al (2007) apontaram que
biomarcadores histológicos são utilizados para identificar os efeitos de poluentes em
organismos aquáticos.

CONCLUSÃO

Os resultados indicam, com os métodos de biomarcadores aplicados do Teste do


micronúcleo e histopatologia em C. undecimalis, que a área do Bacanga quando
comparada com o Santo Antônio, está recebendo uma maior carga poluidora
levando às respostas biológicas dos peixes analisados nessas duas áreas do
Maranhão. As duas técnicas desenvolvidas geraram dados de biomarcadores, onde,
tanto os genotóxicos quanto os histológicos, mostraram-se como boas metodologias
na avaliação da qualidade ambiental dos ecossistemas estuarinos utilizando a
espécie Centropomus undecimalis.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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FONTES FINANCIADORAS

Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do


Maranhão (FAPEMA) e Universidade Estadual do Maranhão (UEMA).

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Biomarcadores
284 - PARÂMETROS LEOCOMÉTRICOS COMO BIOMARCADORES EM PEIXES
DE UM ESTUÁRIO PERTENCENTE À ILHA DO MARANHÃO

DENISE CARLA DA SILVA MENDES, NATÁLIA JOVITA PEREIRA, SILDIANE MARTINS


CANTANHÊDE, HELLON VIANA CUNHA, DAYANE PESTANA PEREIRA, DANIEL
PRASERES CHAVES, DÉBORA MARTINS SILVA SANTOS
Contato: NATÁLIA JOVITA PEREIRA - NATALIA.JOVITA@HOTMAIL.COM

Palavras-chave: Leucócitos; Biomaracador; Centropomus sp.

INTRODUÇÃO

Parâmetros do sangue de peixes podem ser considerados ferramentas promissoras


como biomarcadores para monitoramento ambiental, pois eles constituem um
método de fácil detecção e não destrutivo ao animal (FRANÇA et al., 2007; SERIANI
e RANZANI-PAIVA, 2012). Esse tipo de análise fornece informações sobre as
condições fisiológicas de animais expostos a contaminantes e podem ser utilizados
na avaliação ambiental (OLIVEIRA-RIBEIRO et al., 2000; ADHIKARI et al., 2004;
SHAH, 2006; FRANÇA et al., 2007 . O presente trabalho objetivou mostrar
alterações nos percentuais de leucócitos no sangue de peixes como possível
indicador de respostas frente a perturbações ambientais na Bacia do Bacanga, São
Luís-MA.

METODOLOGIA

Os peixes foram coletados nos meses de novembro de 2014 (período seco) e abril
de 2015 (período chuvoso) na bacia do Bacanga. Ao todo foram coletados 27
exemplares de Centropomus sp, os quais tiveram o sangue retirado através de
punção branquial e em seguida realizados o esfregaços sanguíneos. Em laboratório
procedeu-se a coloração das lâminas com o corante Rosenfeld modificado.
Sequencialmente realizou-se a contagem diferencial de células sanguíneas,
utilizando contador diferencial de células, acoplado ao microscópio óptico utilizando
100 células de interesse. Após esse procedimento foram obtidos os percentuais de
heterófilos, linfócitos, monócitos e eosinófilos. Foram também aferidos os
parâmetros físicos- químicos (oxigênio dissolvido, pH, temperatura e turbidez) e
microbiológicos da água do ambiente.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os valores de heterófilos encontrados nos peixes da bacia do rio Bacanga em média


foram de 46,88% no período chuvoso e 6,5% no período seco. Altos índices desse
tipo celular podem indicar que os peixes estão expostos a cargas bacterianas
elevadas e que esses podem estar reagindo a essas infecções (RANZANI-PAIVA,
2007). O percentual de linfócitos foi de 47,55 no período seco, 88,50 no chuvoso. O
valor mais elevado no período de chuva pode ser explicado pelo aumento da carga
bacteriana e de matéria orgânica induzindo respostas imunológicas a estressores
nos peixes. Já os monócitos apresentaram valor de 4,00% no período seco e 6,44%
no chuvoso. Também chamados de macrófagos, monócitos são células que

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


343
XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

realizam fagocitose, valores relativamente elevados podem apontar que os peixes


estariam em plena reação de fagocitose combatendo infecções de diferentes tipos
(RANZANI-PAIVA et al., 2013). Quanto aos eosinófilos, foi encontrado um baixo
percentual 2% no período seco e apenas detectada presença no chuvoso. As
referidas células são ligadas à defesa contra parasitos, no entanto, nem sempre se
observa o amento em peixes parasitados (MARTINS et al., 2004;RANZANI-PAIVA,
2007; TAVARES-DIAS et al., 2008). A água da Bacia do Bacanga mostrou uma
diminuição de oxigênio dissolvido 3,20 mg/L no período seco e 2,70 mg/L no período
chuvoso. Sendo esses valores abaixo do estipulado pela resolução CONAMA de nº
357 de 17/03/2005 que delimita o valor mínimo de oxigênio para águas salobras
maior que 5mg/L de água. O microbiológico indicou que a água do Bacanga está
com cargas bacterianas (coliformes termotolerantes) acima do permitido pela citada
resolução em ambos os períodos (2400/100 mL). O grupo coliforme é considerado
indicador primário da contaminação das águas e são bons indicadores de qualidade
em termos de poluição por efluentes domésticos (BAUMGARTEN e POZZA, 2001).
Sua presença em altas quantidades indica descargas de efluentes nos corpos
hídricos. Sabendo disso, podemos inferir que a bacia do rio Bacanga está sendo
exposta a material orgânico de origem fecal e outros efluentes orgânicos
aumentando a quantidade de bactérias patógenas no local. Estudos mostraram que
os valores de leucócitos no sangue podem ser influenciados por questões
ambientais, como mudanças nos parâmetros de qualidade da água e sazonalidade
(TAVARES-DIAS e MORAES, 2004) o que pode ser observado no presente
trabalho, onde a qualidade da água foi um fator de mudanças nos percentuais de
alguns leucócitos dos peixes.

CONCLUSÃO

Os peixes do ambiente estudado indicaram plena resposta imunológica a possíveis


estressores ambientais, utilizando os leucócitos para a defesa contra os agentes
presentes na água. No entanto, é necessário expandir o conhecimento sobre a
hematologia de diferentes espécies de peixes de ambientes dulcícolas, marinhos e
estuarinos, aumentando assim a compreensão de como eles respondem a
contaminantes e outros estressores. Também se faz necessário definir valores
basais de leucócitos em peixes, a fim de possibilitar a utilização dessa ferramenta no
monitoramento de corpos aquáticos.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

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FONTES FINANCIADORAS

Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do


Maranhão (FAPEMA) e Universidade Estadual do Maranhão (UEMA).

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Biomarcadores
289 - THE EFFECTS WATER TEMPERATURE AND PH ON HEMATOLOGICAL
PARAMETERS OF Astyanax altiparanae ACUTELY EXPOSED TO WATER-
SOLUBLE FRACTION OF GASOLINE

GIORGI DAL PONT, LUCIANA RODRIGUES DE SOUZA-BASTOS, GISELA GERALDINE


CASTILHO-WHESTPHAL, RAFAEL GARRET DOLATTO, MARCO TADEU GRASSI,
ANTONIO OSTRENSKY
Contato: LUCIANA RODRIGUES DE SOUZA-BASTOS - LUCIANA.BASTOS@LACTEC.ORG.BR

Keywords: hematological; water-soluble fraction; gasoline; Astyanax altiparanae

INTRODUCION

Continental aquatic environment has undergone physical, chemical and biological


changes due to the increase of anthropogenic pollution by several xenobiotics, like
petroleum hydrocarbons, that are considered hazard for the biodiversity in aquatic
environments. Several biomarkers were established for the evaluation of fish
responses to xenobiotics, among them, physiological biomarkers that are affected by
petroleum hydrocarbons but also by changes in abiotic characteristics of the water,
such as temperature and pH. Thus, our goal is to evaluate the effects of the
association of exposure to WSFg, during the modification of water temperature or
pH, to the hematological responses of Astyanax altiparanae.

METHODS

The experimental procedure was divided in three 96 h (total= 288 h) phases:


acclimation, exposure and recovery. For acclimation, 40 fishes were transferred from
the main tank to two static systems (100 L - 20 fishes/tank) and kept in this condition
for 72 h (daily renewal of 80% of the water volume). Then, fishes were individually
transferred to 4 L glass aquaria (experimental condition) and held in clean freshwater
for 24 h. Preceding the 96-h exposure period, 80% of the water volume was
replaced. For each independent trial, a group of twenty fishes were exposed to 0.5%
of WSFG (DAL PONT, 2018) for 96 h. At same time, other 20 fishes were maintained
as control groups in clean freshwater. At the end of exposure, 20 fishes (control
N=10; WSFG N=10) were anaesthetized (tamponed MS222 0.2 g ml-1) for blood
sampling. The remaining twenty fishes (control N=10; WSFG N=10) were submitted
to recovery for 96 h in clean freshwater (daily renewal of 100% of water) until
sampling for hematocrit (Ht), counting of erythrocytes (RBC) and leukocytes (WBC)
(VIVAS, 2014), mean corpuscular volume (MCV) (Fernandes Júnior et al., 2010) and
plasmatic protein content (PP).

RESULTS AND DISCUSSION

A. altiparanae increased the RBC count when exposed to WSFG. Then, the changes
in water temperature and pH also promoted a severe increase in RBC count.
Erythrocyte is the most abundant blood cell and are engaged in the transportation of
O2 and CO2. This overall increase in RBC lead to Ht increase, mainly in the 30 °C
and pH 4.0 experimental conditions. In fishes inhabiting acid aquatic environments,

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


346
XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

the count of RBC and Ht are normally higher due to the lower affinity of between
hemoglobin and oxygen in acid pHs. Hence, A. altiparanae is clearly activating
hematopoietic mechanism to reduce metabolic hypoxia. The increase of PP (loss of
plasma water) in the 25°C+pH7.0 trial, also indicates that an hemoconcentration
condition was induced by the petroleum hydrocarbons exposure, even after the
recovery period. Hemoconcentration resulted from increased RBC, RBC swelling or
reduction of plasma volume by the increase of PP can cause the increase of blood
viscosity and, eventually, lead to circulatory collapse. The opposite response was
detected in the fishes of pH 4.0 exposed to WSFG. The reduced MCV, detected and
pH 4.0 trial, associated with the RBC count, Ht and PP, suggests that the RBC are
smaller due to cell shrink. The change of A. altiparanae hematocrit, in the tested
experimental conditions, is a combinate result of RBC count increase, RBC swelling,
RBC shrinking and PP alterations. Changes in WBC was also influenced by the
alteration in water physicochemical parameters. It was suppressed at 25°C+pH7.0
and pH 4.0. WBC is a sensitive biomarker for petroleum hydrocarbons exposure and
is normally associated to the non-specific immunity in fish. This specific
hematological/immunity response in A. altiparanae, however, seems to be highly
influenced by water temperature, as WBC significantly increased at 30 °C. The
influence of temperature in fish immunological responses is normally linked to the
optimal physiological temperature range for each fish species but increase of optimal
non-specific immunity function was also identified in temperature range different of
the physiological optimal.

CONCLUSION

The results obtained here with A. altiparanae, highlight the first evidence indicating
the physiological mechanisms related to WSFG contamination in altered water
temperature and pH. In “normal” (25 °C and pH 7.0) condition, WSFG promoted an
alteration of hematopoietic mechanism (erythrocyte release from the spleen), due to
a possible metabolic hypoxic condition. Water temperature and pH influenced WBC
count. The WSFG exposure, however, did not affected this group of blood cells.
Thus, the evaluation of A. altiparanae hematological responses, in environmental
pollution scenarios or laboratory condition, should be carefully interpreted.

REFERENCES

DAL PONT, G. Effects of petroleum hydrocarbons to tropical and temperate fish


species: a toxicity and multibiomarker approach for the assessment of environmental
contamination. Tese de doutorado. Programa de Pós-Graduação em Zootecnia,
Universidade Federal do Paraná. 224p.
FERNANDES JUNIOR, A.C.; PEZZATO, L.E.; GUIMARÃES, I.G.; TEIXEIRA, C.P.;
KOCH, J.F.A.; BARROS, M.M. Resposta hemática de tilápias-do-nilo alimentadas
com dietas suplementadas com colina e submetidas a estímulo por baixa
temperatura. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 39, p. 1619-1625, 2010. ISSN 1516-
3598. Available at:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S151635982010000800001&n
rm=iso.
VIVAS, W.L.P. Manual Prático de Hematologia. 2014. 33 Available at:
http://www.aa.med.br/upload/biblioteca/Manual%20de%20Hematologia.pdf.

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SPONSORS

Petróleo Brasileiro S.A (Petrobras)

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Oral
Biomarcadores
290 - AVALIAÇÃO DA GENOTOXICIDADE DA MISTURA DOS
MICROPOLUENTES DIPIRONA E PARACETAMOL NO PEIXE Rhamdia quelen

MARTA MARGARETE CESTARI, IZONETE CRISTINA GUILOSKI, FLÁVIO HENRIQUE


TINCANI, ANTONIO ERNESTO MEISTER LUZ MARQUES, HELENA CRISTINA SILVA DE
ASSIS
Contato: MARTA MARGARETE CESTARI - MARGACES@GMAIL.COM

Palavras-chave: Jundiá, Ensaio Cometa, Micronúcleo Písceo, Fármacos

INTRODUÇÃO

Os fármacos têm sido considerados contaminantes ambientais emergentes e pouco


se sabe sobre seus efeitos no ambiente aquático. A exposição de organismos
aquáticos às misturas de fármacos pode resultar em um risco ecológico maior do
que a exposição a fármacos isolados em concentrações comparáveis. O
Paracetamol (PAR) e a Dipirona (DIP) são analgésicos de amplo uso no Brasil. Com
base nisto, este estudo avaliou a genotoxicidade destes poluentes após uma
exposição de 21 dias à dipirona e ao paracetamol (isolados ou em mistura) em
exemplares de Rhamdia quelen (jundiá).

METODOLOGIA

Peixes juvenis da espécie Rhamdia quelen foram divididos em cinco grupos (n=20):
um grupo controle negativo (sem adição de fármaco à água), um grupo acetona
(solvente do paracetamol), um grupo exposto a 5,0 μg/L de dipirona, um grupo
exposto a 2,5 μg/L de paracetamol e um grupo mistura (5,0 μg/L de dipirona + 2,5
μg/L de paracetamol). As concentrações foram escolhidas por serem as encontradas
no ambiente aquático. O bioensaio teve duração de 21 dias com troca de metade da
água do aquário e reposição do fármaco a cada 24 horas. Após este período, os
animais foram anestesiados com benzocaína 1% e eutanasiados por secção
medular. O sangue, fragmentos de fígado e da porção anterior do rim foram
retirados para a realização do ensaio Cometa. O sangue também foi submetido ao
Teste do Micronúcleo Písceo. A normalidade dos dados foi testada através do teste
de Kolmogorov–Smirnov. Os dados que obedeceram aos critérios de normalidade
foram analisados por ANOVA de uma via seguida de Teste de Tukey, com p<0,05.
Quando os dados não obedeceram aos critérios de normalidade foi utilizada a
análise não-paramétrica de Kruskal Wallis seguida pelo teste de Dunn.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

No tecido sanguíneo, não houve diferença entre o controle e os grupos expostos aos
micropoluentes, isolados e em mistura, seja na frequência de micronúcleos e
alterações morfológicas nucleares bem como nos danos ao DNA dos eritrócitos. No
entanto, danos ao DNA de células sanguíneas já foram relatados por Pamplona et
al. (2011) em Rhamdia quelen adultos expostos a 0,5 µg/L de dipirona por 14 dias.
A mistura dos micropoluentes causou danos ao DNA de células hepáticas e renais.
A dipirona isolada também causou dano ao DNA das células hepáticas. Como o

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

fígado é considerado o principal órgão envolvido na desintoxicação de poluentes e


apesar de ser altamente especializado em prevenir o dano celular, a alta atividade
metabólica exibida pelo tecido hepático pode torná-lo mais suscetível aos poluentes
(ATLI et al., 2006). Genotoxicidade hepática já foi observada em Rhamdia quelen
expostos à 0,25 µg/L de paracetamol (GUILOSKI et al., 2017).
Diferindo do fígado, o tecido renal foi alterado apenas quando os micropoluentes
estavam em mistura demonstrando o aumento da toxicidade destes analgésicos
quando associados. Anti-inflamatórios não-esteroidais podem induzir uma variedade
de lesões renais agudas e crônicas (KLEINKNECHT, 1995). Ribas et al. (2014)
observaram genotoxicidade em células de rim anterior do peixe Hoplias malabaricus
expostas ao paracetamol. A dipirona também pode causar genotoxicidade por meio
de seu metabólito denominado N-nitrosodimetilamina o qual tem potencial
genotóxico e carcinogênico (BRAMBILLA e MARTELLI, 2009). O metabolismo do
paracetamol também gera espécies reativas de oxigênio porque ele é convertido a
sua forma tóxica NAPQI, a qual pode levar a formação de outras espécies reativas
(YEN et al., 2007) e estas são provavelmente, a causa da genotoxicidade. A junção
dos dois micropoluentes no grupo mistura pode ter aumentado a produção de
espécies reativas e com isso causado os danos ao DNA.

CONCLUSÃO

A presença de misturas de micropoluentes nos corpos hídricos pode causar danos à


saúde dos organismos aquáticos. A mistura de micropoluentes mostrou-se hepato e
nefrotóxica, pois ocasionou danos ao DNA em peixes Rhamdia quelen. Uma vez que
a mistura dos analgésicos paracetamol e dipirona causou maiores danos ao fígado e
rim deste organismo, pode-se concluir que estudos com fármacos isolados
subestimam os impactos de misturas, havendo assim necessidade de mais
informações científicas sobre este tema.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ATLI, G.; ALPTEKIN, Ö.; TÜKEL, S.; CANLI, M. 2006. Response of catalase activity
to Ag+, Cd2+, Cr6+, Cu2+ and Zn2+ in five tissues of freshwater fish Oreochromis
niloticus. Comp. Biochem. Physiol. - C Toxicol. Pharmacol. 143, 218–224.
doi:10.1016/j.cbpc.2006.02.003
BRAMBILLA, G.; MARTELLI, A. 2009. Genotoxicity and carcinogenicity studies of
analgesics, anti-inflammatory drugs and antipyretics. Pharmacol. Res.
doi:10.1016/j.phrs.2009.03.007
GUILOSKI, I.C.; RIBAS, J.L.C.; PIANCINI, L.D.S.; DAGOSTIM, A.C.; CIRIO, S.M.;
FÁVARO, L.F.; BOSCHEN, S.L.; CESTARI, M.M.; DA CUNHA, C.; SILVA DE ASSIS,
H.C. 2017. Paracetamol causes endocrine disruption and hepatotoxicity in male fish
Rhamdia quelen after subchronic exposure. Environ. Toxicol. Pharmacol.
doi:10.1016/j.etap.2017.05.005
KLEINKNECHT, D. 1995. Interstitial nephritis, the nephrotic syndrome, and chronic
renal failure secondary to nonsteroidal anti-inflammatory drugs. Semin. Nephrol. 15,
228–235.
PAMPLONA, J.H.; OBA, E.T.; da SILVA, T.A.; RAMOS, L.P.; RAMSDORF, W.A.;
CESTARI, M.M.; OLIVEIRA RIBEIRO, C.A.; ZAMPRONIO, A.R.; SILVA DE ASSIS,

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

H.C. 2011. Subchronic effects of dipyrone on the fish species Rhamdia quelen.
Ecotoxicol. Environ. Saf. 74, 342–349. doi:10.1016/j.ecoenv.2010.09.010
RIBAS, J.L.C.; DA SILVA, C.A.; De ANDRADE, L.; GALVAN, G.L.; CESTARI, M.M.;
TRINDADE, E.S.; ZAMPRONIO, A.R.; SILVA DE ASSIS, H.C. 2014. Effects of anti-
inflammatory drugs in primary kidney cell culture of a freshwater fish. Fish Shellfish
Immunol. 40, 296–303. doi:10.1016/j.fsi.2014.07.009
YEN, F.L.; WU, T.H.; LIN, L.T.; LIN, C.C. 2007. Hepatoprotective and antioxidant
effects of Cuscuta chinensis against acetaminophen-induced hepatotoxicity in rats. J.
Ethnopharmacol. 111, 123–128. doi:10.1016/j.jep.2006.11.003.

FONTES FINANCIADORAS

CNPq

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Painel
Biomarcadores
302 - EFEITOS DO DI-N-BUTIL FTALATO (DBP) E DI-ISO-PENTIL FTALATO
(DIIP) NA BIOTRANSFORMAÇÃO E ESTRESSE OXIDATIVO EM LARVAS DO
PEIXE Rhamdia quelen

JULIANA RORATTO LIROLA, IZONETE CRISTINA GUILOSKI, LUANA VIANA, ROBIE


ALLAN BOMBARDELLI, ANDERSON JOEL MARTINO-ANDRADE, HELENA CRISTINA
SILVA DE ASSIS, DANIELA MORAIS LEME, MARTA MARGARETE CESTARI
Contato: JULIANA RORATTO LIROLA - JULIANARORATTO@GMAIL.COM

Palavras-chave: contaminantes emergentes; ftalatos; enzimas

INTRODUÇÃO

Os ftalatos estão incluídos nos contaminantes emergentes e requerem uma


preocupação adicional devido as suas características químicas que facilitam a sua
liberação no ambiente. Estes são utilizados como plastificantes e são encontrados
em diversos produtos comercializados. O Di-n-butil ftalato (DBP) e o Di-iso-pentil
ftalato (DIIP) são conhecidamente tóxicos e apresentam potencial antiandrogênico,
no entanto, pouco se sabe sobre sua toxicidade em peixes e quando são
encontrados em misturas. O objetivo desse estudo foi avaliar alterações na atividade
de enzimas envolvidas na detoxificação e na lipoperoxidação em embriões de
Rhamdia quelen expostos ao DBP e DIIP, isolados e em misturas.

METODOLOGIA

Os ovos foram obtidos por meio de fertilização artificial em peixes matriz


pertencentes à espécie R. quelen. Os ovos viáveis recém-fecundados foram
separados, e então mantidos em água de diluição para o ensaio de toxicidade. A
exposição foi feita em placas de cultivo celular com capacidade para 24 poços
contendo 2,0 mL de contaminante pelo período de 96 horas (ensaio agudo) e 168
horas (ensaio subcrônico). Após 72 horas de exposição foi realizada a reposição do
contaminante tanto no ensaio agudo quanto no subcrônico. Os grupos foram:
controle negativo; controle solvente (metanol 0,1%); 0,0012; 0,0035; 0,007; 0,015;
0,031; 0,062; 0,125 mg/L de DBP; 0,0012; 0,0035; 0,007; 0,015; 0,031; 0,062; 0,125
mg/L de DIIP; e grupos mistura de DBP e DIIP nas concentrações de 0,0012;
0,0035; 0,007; 0,015; 0,031 mg/L. Foram utilizadas 10 larvas por réplica (n=3) para a
análise dos biomarcadores de estresse oxidativo e biotransformação por meio das
enzimas catalase (CAT) e glutationa S-transferase (GST), além da lipoperoxidação
(LPO). A normalidade dos dados foi testada através do teste de Kolmogorov–
Smirnov. Os resultados foram analisados por ANOVA de uma via para determinar
diferença entre os grupos, seguida de Teste de Dunnett com p<0,05.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O DBP apresentou alta toxicidade, não restando exemplares vivos na maior


concentração testada (0,125 mg/L). A atividade da enzima GST (fase II da
biotransformação) não foi alterada por nenhuma das concentrações testadas dos
ftalatos DBP e DIIP isolados, tanto no ensaio agudo como no subcrônico. No

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

entanto, no ensaio subcrônico, o grupo exposto à maior concentração da mistura de


contaminantes (0,031 mg/L) teve um aumento da atividade da enzima GST. A
glutationa S-transferase (GST) tem múltiplos papéis biológicos, incluindo a proteção
celular contra o estresse oxidativo e várias moléculas tóxicas a célula (ALLOCATI et
al., 2018). A GST catalisa a conjugação de GSH a centros eletrofílicos a fim de
tornar os compostos mais solúveis em água. Esta atividade desintoxica compostos
endógenos como lipídios peroxidados (SALINAS e WONG, 1999). Espera-se que
animais expostos a contaminantes modulem seu sistema de defesa antioxidante,
para evitar danos a várias macromoléculas, como proteínas, lipídios e DNA
(GERACITANO et al., 2004). No entanto, a atividade da enzima antioxidante CAT
não foi alterada pela exposição aos ftalatos isolados ou em misturas. Este resultado
pode ser explicado por um aumento da atividade da glutationa peroxidase (GPx),
uma vez que esta enzima também opera na conversão de peróxido de hidrogênio a
água e oxigênio, mas por uma outra via. Infelizmente, devido ao pequeno tamanho
das larvas, a GPx não foi avaliada. A quantificação da lipoperoxidação (LPO) tem
um alto valor preditivo como um biomarcador de efeito (ABDEL-MONEIM et al.,
2013), estando envolvida em processos patológicos e na etiologia de muitas
doenças de peixes. A LPO tem sido relatada como uma das principais contribuintes
para a perda da função celular sob condições de estresse oxidativo (STOREY,
1996). Tem sido relatado que a LPO pode ser induzida pela exposição a ftalatos
(Kang et al, 2010). Contudo, nossos resultados demonstraram que nem a exposição
aguda ou subcrônica aos ftalatos DBP e DIIP causou lipoperoxidação em larvas de
Rhamdia quelen.

CONCLUSÃO

Neste trabalho foi possível verificar que os ftalatos isolados e em mistura não
causaram toxicidade aguda em larvas de Rhamdia quelen. No entanto, quando as
larvas foram expostas de forma subcrônica (168h) à maior concentração da mistura
de DBP e DIIP houve um aumento na atividade da enzima de biotransformação GST
demonstrando que quando expostos a concentrações altas de misturas de ftalatos
os peixes ativam o sistema de desintoxicação. Como somente a mistura causou
efeitos nas larvas pode-se concluir que estudos com ftalatos isolados subestimam os
impactos de misturas, havendo necessidade de mais estudos sobre o tema.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABDEL-MONEIM, A.M., ESSAWY, A.E., EL-DIN, N.K.B., EL-NAGGAR, N.M. (2013)


Biochemical and histopathological changes in liver of the Nile tilapia from Egyptian
polluted lakes. Toxicol Ind Health. DOI 10.1177/0748233713503374
ALLOCATI, N., MASULLI, M., DI ILIO, C., FEDERICI, L. (2018). Glutathione
transferases: substrates, inihibitors and pro-drugs in cancer and neurodegenerative
diseases. Oncogenesis 7: 1-15.
GERACITANO, L.A., BOCCHETTI, R., MONSERRAT, J.M., REGOLI, F.,
BIANCHINI, A. (2004) Oxidative stress responses in two populations of Laeonereis
acuta (Polychaeta, Nereididae) after acute and chronic exposure to copper. Mar
Environ Res 58: 1-17.
KANG, J.C., JEE, J.H., KOO, J.G., KEUM, Y.H., JO, S.G., PARK, K.H. (2010) Anti-
oxidative status and hepatic enzymes following acute administration of diethyl

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

phthalate in olive flounder Paralichthys olivaceus, a marine culture fish. Ecotox


Environ Saf 73:1449-1455.
SALINAS, A.E., WONG, M.G. (1999) Glutathione S-transferases - a review. Curr
Med Chem 6:279-309.
STOREY, K.B. (1996) Oxidative stress: animal adaptations in nature. Braz J Med
Biol Res 29:1715–1733.

FONTES FINANCIADORAS

Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES)


Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq)

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Painel
Biomarcadores
309 - GLUTATHIONE REDUCTASE: A POSSIBLE TARGET FOR NRF2
INDUCERS IN THE PACIFIC OYSTER

MONIQUE C BION, INGRID SELHORST, RAFAEL TREVISAN, NAISSA MARIA


DANIELLI, ALCIR LUIZ DAFRE
Contato: ALCIR LUIZ DAFRE - ALCIRDAFRE@GMAIL.COM

Keywords: glutationa redutase; ostras; Nrf2, defesas antioxidantes

INTRODUCION

Three different antioxidant enzymes mainly mediate intracellular peroxide


metabolism: catalase, glutathione peroxidase (GPx) and peroxiredoxin. GPx converts
the reduced form of glutathione (GSH) to its disulfide form (GSSG) upon peroxide
removal. GSSG is reduced back to GSH by glutathione reductase (GR) at expenses
of NADPH. Thus, GR is a critical enzyme in maintaining high GSH/GSSG ratio,
providing a continuous backup system for GPx. Our group has been repeatedly
shown lower GR activity in bivalves exposed to electrophilic compounds. This
indicates GR is highly relevant for peroxide removal and bivalve survival.

METHODS

OBJECTIVES:
Here, we investigated the potential inhibitory effect of tBHQ on the GR activity, and
possible biological relevance predicted.
Gills were collected 24, 48 or 96h after treatment of Pacific oyster with 10 or 30 uM
tert-butyhydroquinone (tBHQ). Gill crude extract was obtained after centrifugation
(20.000g, 20 min). The relative levels of GR protein were assessed by Western blot
and the enzymatic activity by a spectrophotometric method. In vitro studies were
performed by incubating the crude extract or purified GR with 10, 30 or 100 uM
tBHQ. After introducing tBHQ, it was measured UV following UV spectra. The period
of analysis was up to 12 h. Pré-incubation of tBHQ was made in sea water.

RESULTS AND DISCUSSION

tBHQ (10 and 30 uM) treatment drastically increased GR activity at 96h, however GR
activity did not follow the same pattern, always been lower, as compared to the
protein increase. In vitro studies showed that GR, in the presence of NADPH, is
almost fully inhibited by tBHQ after 4h of incubation, a pattern also observed in
purified yeast GR. However, tBHQ was ineffective in inhibiting purified GR after 1h,
indicating tBHQ derivatives are the active inhibitors.
tBHQ (10 and 30 uM) treatment drastically increased GR activity at 96h, however GR
activity did not follow the same pattern, always been lower, as compared to the
protein increase. In vitro studies showed that GR, in the presence of NADPH, is
almost fully inhibited by tBHQ after 4h of incubation, a pattern also observed in
purified yeast GR. However, tBHQ was ineffective in inhibiting purified GR after 1h,
indicating tBHQ derivatives are the active inhibitors.

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tBHQ (10 and 30 uM) treatment drastically increased GR activity at 96h, however GR
activity did not follow the same pattern, always been lower, as compared to the
protein increase. In vitro studies showed that GR, in the presence of NADPH, is
almost fully inhibited by tBHQ after 4h of incubation, a pattern also observed in
purified yeast GR. However, tBHQ was ineffective in inhibiting purified GR after 1h,
indicating tBHQ derivatives are the active inhibitors.
tBHQ (10 and 30 uM) treatment drastically increased GR activity at 96h, however GR
activity did not follow the same pattern, always been lower, as compared to the
protein increase. In vitro studies showed that GR, in the presence of NADPH, is
almost fully inhibited by tBHQ after 4h of incubation, a pattern also observed in
purified yeast GR. However, tBHQ was ineffective in inhibiting purified GR after 1h,
indicating tBHQ derivatives are the active inhibitors.

CONCLUSION

The cysteine residues of GR are very eactive, belonging to the active site. We
speculated that decomposition of tBHQ generate a number of products that are
reactive towards active site cysteine of GR
We conclude that GR is an in vivo target of tBHQ, leading to decreased activity, as
compared to protein levels, which may compromise oysters’ capacity of peroxide
degradation and survival. Further experiments are required to test this possibility.

SPONSORS

CNPq and CAPES

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Oral
Biomarcadores
314 - BIOMARCADORES DE CONTAMINAÇÃO COM PIRETRÓIDES EM
TAMBAQUIS CULTIVADOS NA REGIÃO DO BAIXO SÃO FRANCISCO
SERGIPANO

FERNANDA DOS SANTOS CUNHA, KELMA SIRLEIDE DE SOUZA, MARAÍSA BEZERRA


DE JESUS FEITOSA, KADJA LUANA ALMEIDA DE SOUZA, JULIANA OLIVEIRA
MENESES, JOEL ARTUR RODRIGUES DIAS, CINDY CAROLINE MOURA SANTOS,
TEREZA VITÓRIA BRITO D’ÁVILA, ALEXANDRE NIZIO MARIA, PAULO FALANGHE
CARNEIRO, RODRIGO YUDI FUJIMOTO
Contato: FERNANDA DOS SANTOS CUNHA - FE.CUNHA_@HOTMAIL.COM

Palavras-chave: enzimas; deltametrina; cipermetrina; peixes

INTRODUÇÃO

Dentre os defensivos agrícolas, se destacam os piretróides, que são utilizados no


controle de pragas, porém são altamente tóxicos para organismos aquáticos, o que
ocasiona preocupação com relação ao impacto de seus resíduos sobre os peixes e
meio ambiente (SARAIVA et al., 2013). Os peixes são sensíveis à essa
contaminação devido ao caráter lipofílico desse composto (BRITTO et al., 2015).
Assim biomarcadores são importantes para biomonitoramento de ambientes
susceptíveis como é o caso de pisciculturas próximas a áreas agrícolas. O objetivo
foi avaliar a contaminação por piretróides e os biomarcadores de efeito nos
tambaquis da região do baixo São Francisco.

METODOLOGIA

Inicialmente foram realizados 2 testes de toxicidade aguda com deltametrina e


cipermetrina e avaliados biomarcadores de efeito. Após a seleção dos
biomarcadores, 10 pisciculturas foram amostradas em duas estações do ano
coletando água e peixes. A água foi analisada em HPLC para determinação dos
piretróides e mensurados seus parâmetros de qualidade. Em cada piscicultura 10
peixes foram coletados e transportados até o laboratório. Após eutanásia,
fragmentos de cérebro, músculo, fígado e brânquias foram coletados. O fígado foi
processado histologicamente, com cortes de 5µm de espessura e corados com
Hematoxilina e Eosina. Os cortes foram analisados e o grau de severidade
histopatológica classificado de acordo com Cengiz e Unlu (2006). Os tecidos
também foram armazenados a -80ºC para a análise da atividade da catalase nas
brânquias e da acetilcolinesterase no cérebro e músculo. Posteriormente foram
homogeneizados em solução tampão Tris-HCl pH 8,0, 1M e centrifugados em 4ºC a
15000 rpm, durante 20 min. O sobrenadante foi separado para determinação da
atividade das enzimas. Os dados das pisciculturas e das variáveis abióticas
(concentração de piretróides e demais parâmetros) e bióticas (alterações
histopatológicas e enzimáticas) foram submetidos às analises univariadas e
multivariadas como exemplo a Análise de Correlação Canônica (LEGENDRE e
LEGENDRE, 1998).

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A partir dos testes de toxicidade água determinou-se a Cl50 de 13,2 µg.L-1 e 5 µg.L-1
para deltametrina e cipermetrina, respectivamente, sendo que nos ensaios em
condições controladas a acetilcolinesterase do cérebro apresentou correlação
negativa significativa com as concentrações dos produtos. A catalase apresentou
diferença entre os tratamentos expostos a deltametrina no ensaio de Cl50 sendo que
a concentração 10 µg.L-1 apresentou maior redução da catalase nas brânquias,
porém não se observando uma correlação significativa. Alterações histológicas
irreversíveis (como picnose) foram observadas nas maiores concentrações. Foram
identificadas concentrações residuais de piretróides nas águas das pisciculturas no
perímetro do município de Propriá, que compõe a parte baixa da bacia hidrográfica
do rio São Francisco. Das 10 pisciculturas avaliadas, 90% e 70% apresentavam
resíduos de cipermetrina e deltametrina na época seca com valores de 0,56 e 0,1
µg.L-1, respectivamente e na estação chuvosa a proporção é reduzida para 42,8% e
28,5%. O período chuvoso dilui ou renova a água dos viveiros que reduz a
contaminação na região. Pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), na
resolução 357, de 18 março de 2005, não se tem limites de piretróide em nenhuma
classe de águas. Porém, essa presença da deltametrina na Região do Baixo São
Francisco Sergipano está acima do nível indicado (0,4 µg/L) pelo conselho
canadense para os recursos hídricos (CANADIAN COUNCIL OF RESOURCE AND
ENVIRONMENT MINISTERS, 1999) que poderia causar algum dano para os peixes
da região. Os piretróides causam alterações endógenas, comportamentais,
hematológicas e na reprodução dos peixes (MOORE e WARING, 2000). No
presente trabalho os biomarcadores de efeito que foram selecionados no teste de
Cl50 apresentaram-se viáveis para a identificação da contaminação por resíduos de
piretróides sendo que a acetilcolinesterase no cérebro apresentou redução de
atividade nas pisciculturas que apresentaram maior concentração de piretróide. Pela
correlação canônica 99% da variação é explicada pelos eixos 1 e 2, e observamos
que o índice acetilcolinesterase no cérebro e picnose estão correlacionados com as
concentrações de cipermetrina e a alteração histológica de vacúolos citoplasmáticos
no fígado está relacionado a deltametrina. Porém não foi significativa a regressão
múltipla entre os biomarcadores e as concentrações de piretróides encontradas. O
objetivo de biomarcadores é a indicação de concentrações não letais e que
determine de forma antecipada um possível efeito danoso nos animais que compõe
os ecossistemas antes dessas alterações se tornarem irreversíveis, assim os
marcadores apresentaram eficiência em demonstrar essa contaminação.

CONCLUSÃO

O biomarcador acetilcolinesterase do presente trabalho apresentou-se mais eficiente


em evidenciar a contaminação por piretróides nos peixes tambaquis cultivados na
região do baixo São Francisco. A correlação alta com a concentração dos piretróides
demonstra que esse biomarcador pode ser utilizado para registrar de forma rápida a
contaminação e assim subsidiar decisões sobre os processos de mitigação da
contaminação. A determinação de biomarcadores pelo teste de Cl50 e validação a
campo apresentou-se viável, porém devido a contaminação mista que pode ocorrer
a campo, regressões múltiplas que poderiam estimar essa contaminação ainda
precisam ser melhor avaliadas.

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


358
XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRITTO, F.B. Monitoramento e modelagem da qualidade da água e agrotóxicos em


corpos hídricos no Baixo São Francisco Sergipano. (Tese de doutorado). Programa
em Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente. Universidade Federal de
Sergipe, São Cristovão. 2015.
BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Conselho Nacional do Meio Ambiente
(CONAMA). Dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais
para o seu enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de
lançamento de efluentes, e dá outras providências. Brasília: Diário Oficial da União.
Disponível em: http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res05/res35705.pdf. Acesso:
19/06/2017.
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structure of the gill, liver and gut tissues of mosquitofish, Gambusia affinis: A
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LEGENDRE, P.; LEGENDRE, L. 1998. Numerical Ecology, 2nd English ed. Elsevier,
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aspects of reproduction in Atlantic Salmon (Salmo salar L.). Aquatic Toxicology, 52,
1-12, 2000.
SARAIVA, A.F.S.; LEÃO, M.M.D.; VIANNA NETO, M.R.; COSTA, E.P. DA;
OLIVEIRA, M.C.; AMARAL, N.B. Efficiency of conventional drinking water treatment
process in the removal of endosulfan, ethylenethiourea, and 1,2,4-triazole. Journal of
Water Supply: Research and Technology-AQUA, 62, 6, 367–376, 2013.

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


359
XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Oral
Biomarcadores
320 - ARE ANTIFOULING BIOCIDES HARMFUL FOR MUSSELS Perna perna?
EFFECTS OF CHLOROTHALONIL ON THEIR ANTIOXIDANT DEFENSE SYSTEM

AMANDA DA SILVEIRA GUERREIRO, REGINA COIMBRA ROLA, HELOISA BARBARA


GABE, JULIANA ZOMER SANDRINI
Contato: AMANDA DA SILVEIRA GUERREIRO - AMANDAHG@GMAIL.COM

Keywords: antifouling paint; biocide; biomarker; mussel

INTRODUCION

Chlorothalonil is an effective biocide and has been extensively used in formulations


of antifouling paints, for preventing biological incrustations in ships and vessels.
Although it is considered not toxic, some studies had demonstrated that this
compound can be harmful to the aquatic biota, principally over invertebrates. In this
context, the present study aimed to evaluate the effects of the biocide chlorothalonil
on the activity of enzymes involved in the antioxidant defense system of mussels
Perna perna.

METHODS

Mussels P. perna were acquired from a mariculture farm located in the southwest of
Santa Catarina Island. Previously to the beginning of the experiments, mussels were
maintained in aerated tanks, with salinity 30, temperature 20ºC and photoperiod of
12L/12D for 15 days. After the acclimation period, the animals (N = 72) were
separated into three groups: control (0 µg/L of chlorothalonil, with DMSO), 0.1 µg/L
chlorothalonil and 10 µg/L chlorothalonil. Exposure was conducted for 96 h and was
arranged in triplicates. At the end of the exposure period, mussels were dissected,
and the gills and the digestive gland were homogenized with a cold buffer. For
analysis of enzymatic activity of superoxide dismutase (SOD), catalase (CAT) and
glutathione-S-transferase (GST), the following protocols were used: McCord and
Fridovich (1969), the Beutler’s method (1975) and Habig and colleagues (1974)
respectively . Protein was quantified by the biuret method.

RESULTS AND DISCUSSION

Chlorothalonil, as observed in previous studies conducted by our group, can be


stressful for mussels, since it can affect the immune functions and the capacity of
mussels surviving in air. Considering the enzymes involved in the antioxidant
defense system of these organisms, represented in this work by SOD, CAT and
GST, we could observe that the biocide chlorothalonil significantly altered the
enzymatic activity in both concentrations tested (0.1 µg/L and 10 µg/L). Since the gills
are considered the first target for toxic substances presented in the environment, an
alteration in the activity of enzymes of the antioxidant defense system could be
expected. Considering SOD, an increase was observed after 24 h of exposure to the
biocide. However, neither CAT or GST were changed after the exposure period in
this tissue. Also, there were no alterations after 96 h of exposure in any of the
biomarkers analyzed. Regarding the digestive gland, alterations in the enzymatic

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


360
XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

activity were also expected, since this tissue is involved with biotransformation
processes. The results found in our study show that the activity of the enzymes SOD
and GST, both important for oxidative balance, decreased after 24 h of exposure to
chlorothalonil. This pattern of response was not observed after 96 h of exposure in
any of the concentrations tested. Concerning catalase activity, no alterations were
observed neither after 24 h or 96 h of exposure to the biocide in digestive gland.
Overall, the response of the antioxidant defense system of mussels exposed to the
biocide suggests that chlorothalonil might be an oxidative stress inducer for mussels
P. perna. In other species, such as the polychaeta Laeonereis acuta and the
crustacean Daphnia magna, chlorothalonil exposure induced a reduction of the total
antioxidant capacity and an alteration in the activity of SOD and GST (BARRETO et
al., 2018; SONG et al., 2017). Since the biocide can alter the antioxidant defense
system of organisms, it can be suggested that chlorothalonil is exerting its effects
through oxidative stress. Some studies already indicated that chlorothalonil might be
interacting with the glutathione metabolic pathway, decreasing the levels of the
reduced form of glutathione (GSH) and the levels of GST, therefore, reducing
animal’s capacity of detoxification. Resuming, the results indicate that chlorothalonil
is lowering mussel’s antioxidant defense system which might compromise their
survival rate in the environment.

CONCLUSION

Our results demonstrate that the biocide chlorothalonil induces some negative effects
in mussels P. perna, by changing the activity of some biochemical biomarkers. The
alterations in SOD and GST might lead to an imbalance in the oxidative status of the
animals, corroborating to a further oxidative stress, caused by the exposure to the
biocide. In this context, the presence of chlorothalonil in the environment can be
harmful and compromise the health status of the mussels.

REFERENCES

BARRETO, J.S.; TAROUCO, F.M. GODOI, F.G.A.; GEIHS, M.A.; ABREU, F.E.L.;
FILLMANN, G.; SANDRINI, J.Z.; DA ROSA, C.E 2018. Induction of oxidative stress
by chlorothalonil in the estuarine polychaete Laeonereis acuta. Aquat. Toxicol. 196,
1-8.
BEUTLER, E. 1975. The preparation of red cells for assay. In: Beutler, E. (Ed.), Red
Cell Metabolism: A Manual of Biochemical Methods. Grune and Straton, New York,
pp. 8–18
HABIG, W.H.; PABST, M.J.; JAKOBY, W.B. 1974. Glutathione S-transferases: the
first enzymatic step in mercapturic acid formation. Biol. Chem. 249, 7130–7139.
MCCORD, J.M.; FRIDOVICH, I. 1969. Superoxide dismutase: an enzymatic function
for erythorocuprein (hemocuprein). J. Biol. Chem. 244, 6049–6055
SONG, Y.; CHEN, M.; ZHOU, J. 2017. Effects of three pesticides on superoxide
dismutase and glutathione-S-transferase activities and reproduction of Daphnia
magna. Arch. Environ. Prot.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

SPONSORS

This work was supported by the Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e


Tecnológico (CNPq – Brazil; Proc. #456372/2013-0) and FINEP – Pesquisa e
Inovação (AIBRASIL2 Proc. # 1111/13 – 01.14.0141.00).

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Oral
Biomarcadores
341 - HISTOPATOLOGIA EM FÍGADO DE Astyanax lacustris (TELEOSTEI,
CHARACIDAE) COMO BIOMARCADOR DE POLUIÇÃO AMBIENTAL AQUÁTICA
NO SUBMÉDIO SÃO FRANCISCO, NORDESTE DO BRASIL

EDIMÁRIA DA SILVA BRAGA, GEIZA RODRIGUES DOS SANTOS, JADILSON


MARIANO DAMASCENO, VANUZIA GONÇALVEZ MENEZES, AURIANA MIRANDA
WALKER, LEONARDO BARROS RIBEIRO, KYRIA CILENE DE ANDRADE BORTOLETI
Contato: EDIMÁRIA DA SILVA BRAGA - EDIMARIABRAGA@HOTMAIL.COM

Palavras-chave: Bioindincador; Ecotoxicologia; Patologia; peixes; hepatócitos; Rio São Francisco

INTRODUÇÃO

A utilização de peixes como bioindicadores é uma técnica em difusão, objetivando


sinalizar os impactos decorrentes da poluição de ambientes aquáticos relacionados
ao aumento da ação antropogênica nos ecossistemas naturais, sendo as
informações obtidas relevantes para a saúde ambiental. Na região do Submédio São
Francisco, apesar da elevada importância para a agricultura irrigada, sobrevivência
das suas comunidades ribeirinhas e do grande aporte de efluentes, estudos
ecotoxicológicos ainda são escassos; sendo assim, avaliou-se as respostas
histológicas de fígados de peixes da espécie Astyanax lacustris às possíveis
alterações ambientais, em três áreas do rio São Francisco, após exposição a
diferentes efluentes antrópicos.

METODOLOGIA

Os espécimes de Astyanax lacustris, cedidos pela CODEVASF em setembro/2017


sob autorização ICMBio nº 55742-3, foram expostos em três áreas de deságua de
efluentes no Submédio rio São Francisco: Tratamento II- origem doméstica,
Tratamento III- agrícola e doméstico e Tratamento IV- industrial, localizados em
Juazeiro-BA e Petrolina-PE. O controle negativo (Tratamento I) foi realizado nos
tanques da CODEVASF, local de procedência dos peixes, enquanto que o positivo
(Tratamento V) em aquário sob administração de Ciclofosfamida (5 mg/mL). Os
peixes (n=10/tratamento) foram expostos em gaiolas por 96 horas e os dados
abióticos aferidos às 0h e 96h. Após anestesia com Cloridrato de Benzocaína (200
mg/L), promoveu-se a eutanásia dos animais por transecção medular, obtendo-se
dados morfométricos; posteriormente, os fígados foram removidos para
processamento histológico. As alterações histopatológicas foram classificadas nos
níveis um, dois e três, conforme a presença e distribuição das lesões; a partir dessa
classificação, obteve-se o Valor Médio de Alterações-VMA. Para calcular o Índice de
Alterações Histopatológicas-IAH, segundo a fórmula IAH= (100 X ∑1) + (101 X ∑2) +
(102 X ∑3), classificou-se as alterações quanto à gravidade da lesão em três níveis,
sendo os valores categorizados em cinco estágios de acordo com o
comprometimento do órgão.

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na análise dos parâmetros abióticos, sendo eles Temperatura, pH, Oxigênio


Dissolvido, Turbidez, Total de Sólidos Dissolvidos, Condutividade, Fósforo, Nitrito,
Nitrato e Amônia, os valores encontrados apresentaram-se de acordo com o
determinado pela Resolução do CONAMA 357/2005 para ambientes aquáticos de
Classe 2. Quanto ao VMA, houve semelhança para todos os tratamentos, sendo as
lesões classificadas em pontualmente localizadas e enquadradas no nível 2. O maior
número de alterações foi observado nos Tratamentos III e IV (26%), seguidos do
Tratamento II (18%), Tratamento V (17%) e o Tratamento I (13%). Dentre as
histopatologias observadas, congestão foi a mais frequente estando presente em
37% dos tecidos, acompanhada por núcleo picnótico (18%) e núcleo periférico
(11%); as demais alterações, sendo elas eritrócitos nos vasos, hipertrofia celular,
infiltrado celular, vacuolização citoplasmática, hemorragia e necrose, tiveram
frequência menor que 10%. Considerando o IAH, o Tratamento IV apresentou-se
divergente do controle negativo (p<0,05), sendo 70% das alterações enquadradas
no estágio moderado a severo. Tal resultado indica que o efluente industrial
proveniente deste tratamento possui ação citotóxica. O Tratamento II mostrou-se
similar ao controle positivo (p<0,05) sugerindo a presença de potencial citotóxico
para o citado efluente doméstico. Por sua vez, uma ausência de citotoxicidade foi
notada para o tratamento III, quando comparado ao controle negativo (p<0,05); tal
fato pode estar relacionado à instabilidade no comportamento de defensivos
agrícolas, a qual pode favorecer a deposição destes no sedimento subaquático,
sendo a bioacumulação a principal forma de disponibilizar esse xenobiótico para os
organismos presentes nesses ambientes, podendo fazer com que a necessidade de
exposição seja maior para que haja alterações em biomarcadores.

CONCLUSÃO

O fígado de Astyanax lacustris apresentou resposta satisfatória quando exposto a


ambientes adversos, sendo considerado um bom biomarcador. Dentre as áreas
analisadas ao longo do trecho do Submédio rio São Francisco, a que recebe
efluente industrial possui a maior ação citotóxica. Apesar de alguns tratamentos
apresentarem efeitos deletérios sobre os peixes, os dados que inferem a qualidade
da água não apresentaram valores acima do permitido pela legislação. Dessa forma,
amostragem adicional será realizada para complementar esses resultados,
avaliando esse comportamento após o efeito da estação chuvosa.

FONTES FINANCIADORAS

CNPq
Ministério da Integração

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Biomarcadores
342 - BIOMARCADORES DE ESTRESSE OXIDATIVO NA MACRÓFITA
AMAZÔNICA Montrichardia linifera (ARRUDA) SCHOTT

LETICIA LORENA FONSECA, RUY RODRIGUES SANTIAGO, IRINA CARVALHO,


TAYNA ARAUJO, DANIELLE REGINA GOMES RIBEIRO, ÍTALO BRAGA DE CASTRO,
GILBERTO FILLMANN, LILIAN LUND AMADO
Contato: LETICIA LORENA FONSECA - LETICIALORENA.F@GMAIL.COM

Palavras-chave: lipoperoxidação; capacidade antioxidante; danos oxidativos; contaminação

INTRODUÇÃO

A capacidade de resistir ao estresse oxidativo é importante para avaliar a habilidade


de organismos fotossintetizantes lidarem com os efeitos de poluentes. As espécies
reativas de oxigênio (EROs) são combatidas pelo sistema de defesa antioxidante
que pode ser avaliado pela determinação da capacidade antioxidante total (ACAP) e
Glutationa-S-transferase (GST). O excesso EROs pode gerar danos oxidativos,
como a lipoperoxidação (LPO). Neste estudo avaliamos se as respostas de
biomarcadores de estresse oxidativo (ACAP, GST e LPO) diferem entre macrófitas
(Montrichardia linifera) coletadas em locais com e sem contaminação por
butilestanhos e entre diferentes órgãos (folha e caule subterrâneo) deste vegetal.

METODOLOGIA

A macrófita aquática Montrichardia linifera foi coletada na baixa-mar (chuvoso/2017)


em oito áreas previamente avaliadas quanto a contaminação de sedimentos
superficiais por TBT sendo quatro áreas consideradas contaminadas (15,42±10,62
ng Sn.g-1) e quatro áreas não-contaminadas (<0,02 ng Sn.g-1) no Pará, Amazônia,
Brasil. Folhas e caules subterrâneos foram coletados e transportados sob
refrigeração ao laboratório de Ecotoxicologia da Universidade Federal do Pará. As
amostras foram maceradas em nitrogênio líquido e 20% de polivinilpirrolidona.
Posteriormente foram homogeneizadas para dosagem de proteínas totais
(BRADFORD, 1976) e biomarcadores de exposição (ACAP e GST) e efeito (LPO). A
ACAP foi medida segundo Amado et al. (2009) e a atividade da GST foi determinada
usando a metodologia de Habig et al. (1974) e Habig & Jakoby (1981). A
lipoperoxidação foi quantificada pelo método FOX modificado por Monserrat et al.
(2003). Diferenças entre os oito pontos foram analisadas usando ANOVA (one way)
para cada biomarcador. Não sendo verificadas diferenças para essa categorização,
áreas contaminadas e não-contaminadas foram agrupadas e comparadas por teste
t-Student. Na ausência de diferença nesta comparação foi aplicado um teste t-
Student para verificar o comportamento dos órgãos (folha e caule subterrâneo) para
cada biomarcador. Foi adotado α = 0,05.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Não houve diferenças significativas para LPO entre pontos (FOLHA – F = 0,759, p =
0,625, CAULE SUBTERRÂNEO – F = 1,303, p = 0,282). Agrupando-se áreas
contaminadas e não-contaminadas também não houve diferença (FOLHA – t = -

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365
XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

0,799, p = 0,429, CAULE SUBTERRÂNEO – t = -0,802, p = 0,427). No entanto,


quando analisados os tecidos em conjunto a quantificação de LPO mostra maior
dano nas folhas (379, 87 ± 187,56 CHP/mg tecido úmido) quando comparado ao
caule subterrâneo (239,04 ± 69,63 CHP/mg tecido úmido) e uma significativa
diferença entre estes (tvar.sep. = 4.450, p = 0,000049). Para a ACAP não houve
diferença significativa entre pontos (FOLHA - F = 1,378, p = 0,249, CAULE
SUBTERRÂNEO – F = 1,303, p = 0,282) e também para áreas contaminadas e não-
contaminadas (FOLHA - t = 0,646, p = 0,525, CAULE SUBTERRÂNEO – t = 0,646, p
= 0,525) assim como entre tecidos (t = 1.038, p = 0,303). A GST não mostrou
diferenças significativas entre pontos (FOLHA - F = 1,239, p = 0,317, CAULE
SUBTERRÂNEO – F = 1,433, P = 0,260), áreas contaminadas e não-contaminadas
(FOLHA – T = 0,245, P = 0,807, CAULE SUBTERRÂNEO – t = 0,875, p = 0,390) e
entre tecidos (t = -1,194, p = 0,237). O conteúdo de LPO nas folhas foi mais elevado
do que no caule subterrâneo provavelmente devido a maior exposição das folhas a
radiação ultravioleta (UV) associada aos processos de fotossíntese, ambos
importantes indutores de EROs. A incidência excessiva de radiação UV provoca a
geração de EROs pela excitação do O2 formando radical ânion superóxido (O2•-),
peróxido de hidrogênio (H2O2) e radical hidroxila (OH•), capazes prover a oxidação
de ácidos graxos poli-insaturados, componentes dos fosfolipídeos de membrana.
Além disso, o excesso de H2O2 induz o fechamento estomático gerando estresse
hídrico e aumentando o acúmulo do O2 proveniente da fotossíntese, o que pode
potencializar o processo descrito acima.

CONCLUSÃO

O processo de lipoperoxidação ocorre provavelmente de forma diferenciada nos


tecidos vegetais podendo estar relacionado à fisiologia tecidual, associada ao nível
de exposição à UV, aspectos que tornam as folhas mais susceptíveis a danos
oxidativos. Apesar do sedimento ser um reservatório de contaminantes como o TBT
que é lançado nos corpos d’água e os caules subterrâneos se encontrarem em
contato direto com o sedimento, nossos resultados mostram que não houve indução
de defesas antioxidantes nem de danos oxidativos neste órgão. Assim, as diferentes
condições de contaminação encontradas nos pontos de estudo não alteram
biomarcadores de estresse oxidativo em Montrichardia linifera.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AMADO, L.L.; GARCIA, M.L.; RAMOS, P.B.; FREITAS, R.F.; ZAFALON, B.;
FERREIRA, J.L.R.; YUNES, J.S.; MONSERRAT, J.M. 2009. A method to measure
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BRADFORD, M.M. 1976. A rapid and sensitive method for the quantitation of
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Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

MONSERRAT, J.M.; GERACITANO, L.A.; PINHO, G.L.L.; VINAGRE, T.M.;


FALEIROS, M.; ALCIATI, J.C.; BIANCHINI, A. 2003. Determination of Lipid
Peroxides in Invertebrates Tissues Using the Fe(III) Xylenol Orange Complex
Formation. Arch. Environ. Contam. Toxicol. 45, 177–183. doi:10.1007/s00244-003-
0073-x

FONTES FINANCIADORAS

Empresa Brasileira de Inovação e Pesquisa (FINEP)

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Oral
Biomarcadores
343 - AVALIAÇÃO DOS EFEITOS DO BIOCIDA DICLOFLUANIDA NO
POLIQUETO Laeonereis acuta

JULIANO DA SILVA BARRETO, FÁBIO DE MELO TAROUCO, BETINA GOMES LEAL,


CARLOS EDUARDO DA ROSA
Contato: JULIANO DA SILVA BARRETO - JUBARRETOFURG@GMAIL.COM

Palavras-chave: Sistema de defesas antioxidantes; fungicida; Annelida; biomarcadores

INTRODUÇÃO

A incrustação biológica apesar de ser um processo natural representa um grande


problema na industrial naval. Desta forma, tintas anti-incrustantes são utilizadas com
a finalidade de impedir a bioincrustação. Diversos biocidas orgânicos são
empregados na composição destas tintas, dentre eles temos o diclofluanida, um
fungicida também empregado em atividades agrícolas. O aumento do uso de
biocidas anti-incrustantes e a presença destes em diferentes compartimentos
ambientais exige melhor compreensão dos mecanismos bioquímicos de
sensibilidade/toxicidade, detoxificação, bem como seu metabolismo em
invertebrados aquáticos. Desta forma, o objetivo deste trabalho foi avaliar os efeitos
do biocida diclofluanida no poliqueto estuarino Laeonereis acuta.

METODOLOGIA

Os animais foram coletados e aclimatados por sete dias em frascos contendo 100 ml
de água (10 ppm; pH 8,0; 20 °C, 12C:12E). Após foram separados em 4 grupos:
controle, controle veículo (DMSO - 0,005%), e duas concentrações subletais de
diclofluanida (0,1 e 10 µg/L dissolvidos em DMSO) para exposição por 24 e 96
horas, com renovação de água a cada 24h. Após foi avaliado a atividade de
componentes do sistema de defesas antioxidantes. O método para avaliar atividade
da catalase (CAT) consiste na detecção da degradação do peróxido de hidrogênio
(H2O2). A atividade da superóxido dismutase (SOD) é baseada na redução do
citocromo c a partir da geração de ânion superóxido pelo sistema (xantina / xantina
oxidase). A atividade da glutamato-cisteína ligase (GCL) e o conteúdo de glutationa
reduzida (GSH) foram analisados a partir da formação de um conjugado fluorescente
entre glutamilcisteína com a GSH pelo fluorocromo NDA (naftaleno 2,3
dicarboxialdeído). A análise estatística aplicada foi análise de variância de uma via
(fator contaminante) seguida de teste a posteriori de Newman-Keuls.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Após a exposição a diferentes concentrações (0,1 e 10µg/L) do biocida diclofluanida


nos tempos de exposição de 24 e 96 horas, não foram observadas alterações na
atividade das enzimas do sistema de defesa antioxidante CAT e SOD no poliqueto
estuarino L. acuta quando comparado aos grupos controle (p>0,05). Com relação a
atividade da enzima GCL e o conteúdo de GSH não foram alterados no poliqueto
após a exposição ao diclofluanida em ambos os tempos experimentais. Poliquetos
expostos a outro biocida, o clorotalonil em concentrações semelhantes a

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

empregadas no presente estudo, demonstraram o mesmo resultado, tendo sido


demonstrados efeitos no sistema de defesas antioxidantes apenas em
concentrações superiores em um período de exposição de 96h. Porém, outro estudo
utilizando células de hepatócitos de ratos wistar observou uma redução no níveis de
GSH após uma hora de exposição. Esta alteração nos níveis de GSH poderia
ocorrer de forma direta, onde há ligação de xenobióticos como o diclofluanida a
molécula de GSH, ou através da conjugação a partir da atividade da enzima GST.
Além disso, este mesmo estudo com células demonstrou a capacidade deste biocida
em aumentar os níveis de peroxidação lipídica. Neste sentido, apesar de não
havermos constatado em nosso trabalho, é possível sugerir a capacidade do
diclofluanida em causar danos oxidativos, visto que, reduz os níveis de GSH
(antioxidante não enzimático) e esta alteração pode ter levado ao aumento de
lipídios peroxidados nos hepatócitos após exposição ao biocida diclofluanida. É
importante salientar que no presente estudo foram empregadas concentrações
ambientalmente relevantes em um experimento agudo de 96h, podendo este fator
ser relevante na não observação de efeitos nos sistemas de detoxificação celular.

CONCLUSÃO

Desta forma, é possível concluir que o biocida diclofluanida não foi capaz de alterar
a atividade das enzimas ou o conteúdo dos componetes do sistema de defesa
antioxidante, no poliqueta estuariano Laeonereis acuta expostos a concentrações
ambientalmente relevantes (0,1 e 10 µg/L) por 24 e 96 horas. Com isso, verificou-se
que este biocida não apresentou toxicidade para esta espécie, porém, se faz
necessário a investigação dos efeitos destes biocida em diferentes organismos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

DA SILVA BARRETO, J.; DE MELO TAROUCO, F.; DE GODOI, F.G.A.; GEIHS,


M.A.; ABREU, F.E.L.; FILLMANN, G.; SANDRINI, J.Z.; DA ROSA, C.E. Induction of
oxidative stress by chlorothalonil in the estuarine polychaete Laeonereis acuta.
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QIAN, P.Y.; CHEN, L.; XU, Y. 2013. Mini-review: Molecular mechanisms of
antifouling compounds. Biofouling. 29(4), 381-400.
SUZUKI, T.; NOJIRI, H.; ISONO, H.; OCHI, T. (2004). Oxidative damages in isolated
rat hepatocytes treated with the organochlorine fungicides captan, dichlofluanid and
chlorothalonil. Toxicology, 204(2), 97-107.

FONTES FINANCIADORAS

FINEP; CNPQ-Aquaviário, Probic-FAPERGS.

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Biomarcadores
377 - IMPACTO DE DIFERENTES CONCENTRAÇÕES DO FUNGICIDA
PIRACLOSTROBINA NO TEMPO DE SOBREVIVÊNCIA DE FORRAGEIRAS DE
Apis mellifera AFRICANIZADA E Melipona scutellaris

CAIO EDUARDO DA COSTA DOMINGUES, LAIS VIEIRA BELLO INOUE, ELAINE


CRISTINA MATHIAS DA SILVA ZACARIN, OSMAR MALASPINA
Contato: CAIO EDUARDO DA COSTA DOMINGUES - CECDOMINGUES@GMAIL.COM

Palavras-chave: Abelhas; biomonitoramento; Ecotoxicologia; fungicida; toxicidade

INTRODUÇÃO

No Brasil, a espécie manejada Apis mellifera Africanizada é a principal polinizadora


de culturas agrícolas, enquanto a espécie nativa sem ferrão Melipona scutellaris é
vital para manutenção da biodiversidade da flora. No entanto, devido ao aumento
exacerbado de agrotóxicos, associado à fragmentação dos seus habitats, essas
duas espécies apresentam declínio de suas populações. Embora os fungicidas
sejam descritos como menos tóxicos que os inseticidas para as abelhas, em muitas
culturas agrícolas eles estão mais presentes e podem ser prejudiciais a estas
espécies. Objetivou-se avaliar o efeito do fungicida piraclostrobina na taxa de
sobrevivência de A. mellifera africanizada e M. scutellaris.

METODOLOGIA

Forrageiras de A. mellifera Africanizada e M. scutellaris foram coletadas de três


diferentes colônias saudáveis em potes de bioensaio (250mL) e transferidas para
incubadora, 33ºC para A. mellifera e 28ºC para M. scutellaris com 70% de humidade
relativa. Bioensaios toxicológicos de exposição oral contínua foram realizados com
as forrageiras (realizou-se três réplicas de dados para cada espécie), sendo
divididas nos seguintes grupos experimentais (20 abelhas em quadruplicata por
grupo): Controle (CTL), Controle acetona (CAC), Piraclostrobina 0,125 ng/µL -
125ppb (C1), Piraclostrobina 0,025 ng/µL - 25ppb (C2) e Piraclostrobina 0,005 ng/µL
- 5ppb (C3). Xarope contendo as concentrações do fungicida foram oferecidas ad
libitum durante todo o período. Para as abelhas dos grupos CTL e CAC, foi oferecido
xarope (água + açúcar) sem adição de fungicida. A mortalidade foi anotada
diariamente até a última abelha morrer e posteriormente realizou-se a análise
estatística pelo método de Kaplan-Meier Survival Analysis: Log-Rank, com auxílio do
software SigmaPlot 14.0. O teste de comparações múltiplas de Holm-Sidak foi
utilizado para identificar as diferenças estatísticas significativas entre todos os
grupos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Após 19 dias de exposição para A. mellifera Africanizada e 23 dias para M.


scutellaris, os resultados evidenciaram decréscimo da longevidade de ambas
espécies de abelhas expostas as diferentes concentrações do fungicida
piraclostrobina (C1, C2 e C3), quando comparadas com as abelhas dos grupos CTL
e CAC. Em A. mellifera africanizada, o grupo CTL apresentou valor de TL50

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

equivalente a 5,018 ± 0,169 dias (4,686 - 5,350), estatisticamente similar ao grupo


CAC que apresentou valor de TL50 de 4,508 ± 0,153 dias (4,208 - 4,808). As
abelhas do grupo C1 apresentaram TL50 equivalente a 4,097 ± 0,123 dias (3,855 -
4,339), caracterizando redução de 18,35% em relação ao CTL e 9,11% ao CAC. A
TL50 de C2 foi de 4,011 ± 0,147 dias (3,722 - 4,300), evidenciando redução de 20%
ao CTL e 11% ao CAC. As abelhas do grupo C3 apresentaram TL50 equivalente a
4,000 ± 0,126 dias (3,749 - 4,243), caracterizando redução de 20,3% em relação ao
CTL e 11,3% ao CAC. Em M. scutellaris, o grupo CTL apresentou valor de TL50
equivalente a 10,568 ± 0,644 dias (9,307 - 11,830), estatisticamente similar ao grupo
CAC que apresentou valor de TL50 equivalente a 9,761 ± 0,773 dias (8,247 -
11,276). C1 apresentou TL50 equivalente a 6,885 ± 0,406 dias (6,090 - 7,681),
reduzindo a sobrevivência em 34,85% comparado ao CTL e 29,50% ao CAC. As
abelhas do grupo C2 apresentaram TL50 equivalente a 7,119 ± 0,530 dias (6,081 -
8,157), caracterizando redução de 32,64% ao CTL e 27,10% ao CAC. As abelhas do
grupo C3 apresentaram TL50 equivalente a 7,515 ± 0,555 dias (6,427 - 8,603),
reduzindo a sobrevivência em 28,90% em relação ao grupo CTL e 23% ao CAC.
Com base nos resultados, é possível observar que as abelhas forrageiras da
espécie nativa M. scutellaris apresentaram uma maior redução da sobrevivência
quando expostas as diferentes concentrações do piraclostrobina do que A. mellifera
africanizada. O mecanismo de ação desse fungicida se dá pela inibição da
respiração celular por se ligar ao citocromo b localizado na membrana mitocondrial
interna de fungos e dos demais eucariotos e, mesmo não causando morte imediata,
o fungicida pode conduzir efeitos subletais, como a diminuição da longevidade das
operarias forrageiras, que irão trazer prejuízos as colônias.

CONCLUSÃO

Os resultados afirmam que o fungicida piraclostrobina afeta a longevidade das


abelhas das espécies A. mellifera Africanizada e M. scutellaris. A diminuição no
tempo de sobrevivência pode afetar a performance individual das forrageiras e
consequentemente interferir na coleta de recursos essenciais para a manutenção da
homeostase da colônia. Nesse sentido, estudos que visam compreender os efeitos
de fungicidas nas abelhas são muito relevantes, uma vez que estes agrotóxicos
ainda não são tão estudados quanto os inseticidas, embora estejam presentes em
grande quantidade em áreas agrícolas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BARTLETT, D.W. et al. The strobilurin fungicides. Pest Management Science, West
Sussex, v. 58, n. 7, p. 649-662, 2002.
GOULSON, D. et al. Bee declines driven by combined stress from parasites,
pesticides, and lack of flowers. Science, Washington, v. 347, n. 6229, p. 1-16, 2015.
IMPERATRIZ-FONSECA, V.L.; NUNES-SILVA, P. As abelhas, os serviços
ecossistêmicos e o Código Florestal Brasileiro. Biota Neotropica, São Paulo, v. 10, n.
4, p. 59-62, 2010.
IMPERATRIZ-FONSECA, V.L.; SARAIVA, A.M.; GONÇALVES, L.S. A Iniciativa
Brasileira de Polinizadores e os avanços para a compreensão do papel dos
polinizadores como produtores de serviços ambientais. Bioscience Journal,
Uberlândia, v. 23, p. 100-106, 2007.

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

FONTES FINANCIADORAS

FAPESP (2016/15743-7).

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Oral
Biomarcadores
382 - AVALIAÇÃO DE MÚLTIPLOS BIOMARCADORES EM PEIXES EXPOSTOS
A CIANOTOXINAS EM UM RESERVATÓRIO DE ABASTECIMENTO PÚBLICO DE
ÁGUA

SABRINA LOISE DE MORAIS CALADO, GUSTAVO SOUZA SANTOS, MAIARA


VICENTINI, JULIANA WOJCIECHOWSKI, DEIVYSON CATTINE BOZZA, VALÉRIA
FREITAS DE MAGALHÃES, VIVIANE PRODÓCIMO, MARTA MARGARETE CESTARI,
HELENA CRISTINA DA SILVA DE ASSIS
Contato: SABRINA CALADO - SAHBIO@HOTMAIL.COM

Palavras-chave: Reservatório Alagados; Saxitoxinas; Depuração; Geophagus brasiliensis

INTRODUÇÃO

O Reservatório Alagados, localizado no estado do Paraná-Brasil, é utilizado para o


abastecimento público de água e, desde 2002, intensas florações de cianobactérias
e concentrações de cianotoxinas (saxitoxinas) tem sido evidenciadas neste corpo
hídrico. As cianotoxinas, além de aumentarem os custos do tratamento da água
também podem causar efeitos deletérios para os organismos aquáticos e para a
saúde humana. Os objetivos deste trabalho foram i) avaliar a saúde da espécie da
peixe Geophagus brasiliensis do Reservatório Alagados usando biomarcadores
bioquímicos, osmorregulatórios e de genotoxicidade; e ii) avaliar a depuração das
saxitoxinas por 90 dias.

METODOLOGIA

Amostras de água e peixes (G. brasiliensis) foram coletadas em Fevereiro de 2016


no Reservatório Alagados. A época da coleta foi determinada de acordo com
estudos prévios, sendo o mês de fevereiro relatado com florações mais intensas de
cianobactérias. As amostras de água foram destinadas para as análises de
fitoplâncton e análises químicas de cianotoxinas. Os peixes coletados foram
divididos em dois grupos. O primeiro foi chamado “grupo imediato”, os quais foram
anestesiados, eutanasiados e amostras de sangue, músculo, cérebro, fígado e
brânquias foram coletados para a realização das análises químicas e dos
biomarcadores bioquímicos, osmorregulatórios e de genotoxicidade. O segundo
grupo chamado “grupo depuração” foi mantido em laboratório e a água dos aquários
foi trocada a cada 72 horas. O experimento de depuração foi dividido em 7 períodos:
7, 15, 30, 45, 60, 75 e 90 dias. A cada período do experimento 15 peixes foram
submetidos aos mesmos procedimentos do “grupo imediato”. Os resultados foram
analisados no programa R, por meio da análise de variância ANOVA one-way,
análise multivariada PERMANOVA e análise multivariada de ordenação PCoA. A
regra de decisão foi de P<0.05. Os resultados dos biomarcadores também foram
avaliados utilizando o índice de resposta de biomarcadores integrados (IBR).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A cianobactéria dominante no Reservatório Alagados foi a Cylindrospermopsis


raciborskii, como já reportado em estudos anteriores (CLEMENTE et al., 2010;

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

CALADO et al., 2017). Nas amostras de água e peixes foram determinadas


concentrações de PSTs (Paralytic Shellfish Toxins) ou também conhecidas as
saxitoxinas, neurotoxinas produzidas por C. raciborskii. A concentração encontrada
na água foi de 0,71 μg/L (equi.STX) e nos peixes do “grupo imediato” de 18,73
μg/100g (equi.STX), as quais estão abaixo do estabelecido pela legislação para
água tratada (3 μg/L) e para consumo de pescados (80 μg/100g) (BRASIL, 2011).
Porém, não podemos descartar a possibilidade de intoxicações acidentais, sendo
que o Reservatório Alagados também é utilizado para recreação. Além disso, após
90 dias em água limpa concentrações de PSTs ainda estavam presentes nos
músculos dos peixes (7,37 μg/100g (equi.STX)). Nas análises de biomarcadores, a
atividade da catalase (CAT) foi menor no “grupo depuração” em relação ao “grupo
imediato”. Já a atividade da Superóxido dismutase (SOD) foi maior no “grupo
depuração” em relação ao “grupo imediato”. Outros trabalhos também reportaram a
mesma alteração da CAT e SOD quando peixes e células neurais foram expostos as
PSTs (SILVA DE ASSIS et al., 2013; ZHOU et al., 2018). As atividades das enzimas
Glutationa Peroxidase (GPx) e Glutationa S-transferase (GST) aumentaram nos
períodos finais da depuração e os níveis de Glutationa reduzida (GSH) aumentaram
em 15, 30 e 45 dias. Esses resultados sugerem a recuperação da atividade da GPx
resultando na diminuição da GSH nos períodos finais da depuração; e a ativação do
sistema de biotransformação. Os danos genotóxicos no sangue, fígado e cérebro
diminuíram no período da depuração; porém, os resultados de lipoperoxidação e
biomarcadores de osmorregulacao não foram diferentes entre os grupos. Desta
forma, os resultados dos biomarcadores sugerem que a contaminação no
Reservatório Alagados causou estresse oxidativo e danos em macromoléculas nos
peixes e após 90 dias em água limpa os peixes mostraram a recuperação de
sistema antioxidante e dos danos genotóxicos. As análises multivariadas também
mostraram que ocorreu a depuração nos peixes, com maiores diferenças no período
de 90 dias. Além disso, o índice de resposta de biomarcadores integrados (IBR)
também demostrou a diferença entre o “grupo depuração” em relação ao “grupo
imediato”, sendo o valor do desvio mais alto no período de 90 dias (7 dias=14.18, 15
dias=19.77, 30 dias=23.25, 45 dias=20.13, 60 dias=24.81, 75 dias=26.07, 90
dias=30.09).

CONCLUSÃO

O Reservatório Alagados por se tratar de um reservatório de abastecimento público


de água apresenta uma preocupante contaminação por PSTs. Além disso, essas
toxinas quando acumuladas pelos peixes podem permanecer por longos períodos na
cadeia alimentar, apresentando uma depuração lenta. Os peixes do reservatório
apresentaram estresse oxidativo e dano em macromoléculas, porém uma
recuperação da saúde destes após 90 dias em água limpa foi demonstrada. É de
extrema importância ferramentas de monitoramento de cianobactérias e
cianotoxinas, além da gestão e a redução das atividades antropogênicas que
intensificam as florações de cianobactérias.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRAZIL. Ministério da Saúde. Portaria n. 8 2.914 de 12 de dezembro de 2011. Diário


Oficial da União, n. 8239, seção 1, 2011.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

CALADO, S.L.M.; WOJCIECHOWSKI, J.; SANTOS, G.S.; MAGALHÃES, V.F.;


PADIAL, A.A.; CESTARI, M.M.; SILVA DE ASSIS, H. 2017. Neurotoxins in a water
supply reservoir: An alert to environmental and human health. Toxicon. 126: 12-22.
CLEMENTE, Z.; BUSATO, R.; OLIVEIRA RIBEIRO, C.A.; CESTARI, M.M.;
RAMSDORF, W.; MAGALHÃES, V.F.; SILVA DE ASSIS, H.C. 2010. Analyses of
paralytic shellfish toxins and biomarkers in a Southern Brazilian reservoir. Toxicon.
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SILVA DE ASSIS, H.C.; SILVA, C.A.; OBA, E.T.; PAMPLONA, J.H.; MELA, M.;
DORIA, H.B.; GUILOSKI, I.C.; RAMSDORF, W.; CESTARI, M.M. 2013. Hematologic
and hepatic responses of the freshwater fish Hoplias malabaricus after saxitoxin
exposure. Toxicon. 66, 25-30.
ZHOU, Z.; TANG, X.; CHEN, H.; WANG, Y. 2018. Comparative studies of saxitoxin
(STX) -induced cytotoxicity in Neuro-2a and RTG-2 cell lines: An explanation with
respect to changes in ROS. Chemosphere. 192, 66-74.

FONTES FINANCIADORAS

CAPES e CNPq

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Biomarcadores
389 - MELANOMACRÓFAGOS HEPÁTICOS COMO SENSÍVEIS
BIOMARCADORES DE CONTAMINAÇÃO POR CROMO EM GIRINOS DE RÃ-
TOURO

RODRIGO ZIERI, LILIAN FRANCO-BELUSSI, BRUNO SERRA DE LACERDA


VALVERDE, CLASSIUS DE OLIVEIRA
Contato: RODRIGO ZIERI - RODRIGOZIERI@GMAIL.COM

Palavras-chave: Cromo; Melanomacrófago; Lithobates catesbeianus, Melanina; Hemossiderina

INTRODUÇÃO

Os anuros apresentam características bastante peculiares como permeabilidade


cutânea e ciclo de vida dependente tanto do ambiente aquático quanto do terrestre,
o que os tornam muito suscetíveis às alterações ambientais. Nesses animais,
células pigmentadas do fígado (melanomacrófagos) vêm sendo utilizadas como
biomarcador morfológicos na detecção de contaminantes ambientais. Dentre os
contaminantes aquáticos estão os metais potencialmente tóxicos, como o cromo
hexavalente Cr(VI) e a presença dessa substância está fortemente relacionada com
fatores antrópicos como a queima de combustíveis fósseis, de madeira e papel além
de seu uso em indústrias de cimento, vidro, aço, galvanoplastia e processamento de
couro cru.

METODOLOGIA

Nesse estudo, nós avaliamos o efeito do Cr(VI) sobre a pigmentação hepática por
meio de analises morfológicas e histoquímicas dos melanomacrófagos em larvas de
Lithobates catesbeianus (estágio 25 de Gosner). Para as análises morfológicas,
foram utilizadas amostras do fígado dos animais, fixados em solução fixadora
Metacarn, desidratados em série alcoólica e incluídos em historesina (Leica-
historesin embedding kit). Secções de 2µm foram coradas com Hematoxilina-eosina
e em solução ácida de ferrocianídio e posteriormente imersas em solução aquosa de
vermelho neutro a 1% seguida de solução aquosa de eosina a 1%. Para a
quantificação da área hepática contendo melanina e hemossiderina foram
analisados 25 campos histológicos de cada animal utilizando o programa Image Pro-
Plus. Os animais foram separados em 2 grupos experimentais de 24h e 48h (n=5),
expostos ao K2Cr2O7 (18 mg/L) e grupo controle (n=5). As análises foram
conduzidas no software R versão 2.11.1 (R Development Core Team, 2010).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Histologicamente, observamos que o tecido hepático é formado por hepatócitos e


por um conjunto de capilares sanguíneos (sinusóides hepáticos). Em íntimo contato
com essas estruturas verifica-se os melanomacrófagos, que são células grandes e
volumosas e apresentam em seu citoplasma grande quantidade de inclusões de
pigmento contendo melanina, o que confere coloração castanha ou marrom escura à
estas células. Esse arranjo se assemelha ao encontrado em espécies nativas de
anuros e parece estar diretamente relacionado com as características fisiológicas do

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

animal, como ectotermia, dieta e características reprodutivas. Porém, como


observado em várias espécies de anuros, nos indivíduos adultos esta pigmentação
se torna mais evidente, mostrando que além de alterações na pigmentação hepática
causadas por fatores ambientais e/ou tóxicos, a idade também promove um
aumento da pigmentação desse órgão. Em relação à exposição com o Cr(IV),
observamos que houve aumento significativo da área hepática contendo melanina
no grupo experimental de 48h de exposição, com médias em micrômetros
quadrados de 17,07 para o controle, de 22,36 para o grupo experimental de 24h e
27,86 para o grupo de 48h. Para a hemossiderina, constatou-se um aumento
significativo no grupo experimental de 24 horas, com médias em micrômetros
quadrados de 36,17 para o controle, 73,48 para o grupo experimental de 24h e de
57,88 para o grupo experimental de 48h, mostrando uma redução dessa substância
nesse último tempo experimental. O aumento na pigmentação hepática pode indicar
maior produção de melanina pelos melanomacrófagos, efeito também observado
sob influência da temperatura, fotoperíodo, exposição a patógenos, radiação UV e
xenobióticos, mostrando um possível efeito citorprotetor da melanina. Já a
hemossiderina, que faz parte do metabolismo intermediário de hemácias, revela uma
intensa atividade hepática resultante da degradação da hemoglobina dos eritrócitos
e sua diminuição em 48h pode ser consequência de uma rápida resposta metabólica
do fígado.

CONCLUSÃO

A partir de nossos resultados, podemos concluir que o aumento significativo da


melanina hepática no grupo de 48 horas indica uma resposta fisiológica dos
melanomacrófagos e a realização de sua função citoprotetora referente à exposição
ao componente químico. Em relação a hemossiderina, conclui-se que houve uma
maior degradação da hemoglobina dos eritrócitos no grupo de 24 horas, sendo que
a diminuição de hemossiderina no grupo de 48 horas pode ser o resultado de uma
rápida resposta metabólica do órgão. A alteração dessas duas substancias
(melanina e hemosiderina) confirmam status de biomarcador ambiental à essas
células.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

DUELLMAN, W.E.; TRUEB, L. Biology of amphibians. New York: McGraw-Hill, 1999.


FRANCO-BELUSSI, L.; SANTOS, L.R.S.; ZIERI, R.; VICENTINI, C.A.; TABOGA,
S.R.; OLIVEIRA, C. Liver Anatomy, Histochemistry, and Ultrastructure of Eupemphix
nattereri (Anura: Leiuperidae) During the Breeding Season. Zoological Science. v.
29, n. 12, p. 844–848, 2012.
GOYER R.A. Toxic effects of metals. In: Klaassen CD (ed) Casarett and Doull’s
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NATALE, G.S.; AMMASSARI, L.L.; BASSO, N.G.; RONCO, A.E. Acute and chronic
effects of Cr(VI) on Hypsiboas pulchellus embryos and tadpoles. v. 72, p. 261–267,
2006.
OLIVEIRA, C.; FRANCO-BELUSSI, L. Melanin: Biosynthesis, Functions and Health
Effects. New Science Publishers, Inc. p. 213, 2012.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Oral
Biomarcadores
395 - MEXILHÕES Perna perna NA AVALIAÇÃO DA QUALIDADE AMBIENTAL
DE REGIÕES DO LITORAL DE SÃO PAULO: BIOMARCADORES BIOQUÍMICOS

JULIA BEATRIZ DUARTE ALVES DE CAMARGO, EDUINETTY CECI PEREIRA


MOREIRA DE SOUSA, MARÍLIA GABRIELA MIRANDA CATHARINO SEMMLER,
MÁRCIA REGINA GASPARRO, DENIS MOLEDO DE SOUZA ABESSA, LUCIANE ALVES
MARANHO
Contato: JULIA BEATRIZ DUARTE ALVES DE CAMARGO - JBDACAMARGO@GMAIL.COM

Palavras-chave: qualidade ambiental, moluscos, biomarcadores

INTRODUÇÃO

Desde a década de 1960, a humanidade tem ciência dos potenciais efeitos adversos
de diversos contaminantes à biota, sendo que os ecossistemas aquáticos constituem
preocupação primordial em monitoramentos ambientais (HANSON & LARRSON,
2010). A avaliação de risco ecológico pode ser definida como um procedimento em
que tais efeitos adversos são estimados utilizando métodos científicos e auxilia na
definição de prioridades para a gestão ambiental (MARTÍN-DIAZ et al., 2008). Neste
contexto, o presente estudo teve como objetivo utilizar biomarcadores bioquímicos
em bivalves Perna perna como ferramenta para o monitoramento ambiental de
diferentes pontos ao longo do litoral de São Paulo.

METODOLOGIA

Bivalves constituem excelentes organismos bioindicadores em decorrência de seus


hábitos sedentários e sua capacidade de bioconcentrar poluentes. Além disso,
apresentam importância ecológica e socioeconômica. Os bivalves Perna perna estão
presentes ao longo de todo o litoral paulista e tem sido amplamente utilizados em
estudos de biomonitoramento da contaminação ambiental. Desta forma, foram
avaliadas as atividades de biomarcadores bioquímicos em brânquias de mexilhões
Perna perna coletados na Praia da Cocanha (Caraguatatuba), na Ilha das Palmas
(Santos) e na Ponta de Itaipu (São Vicente) durante a primavera de 2016 e o outono
de 2017 (23º40’–24˚25’ S; 45˚47’–47˚7’ W). A fim de avaliar a exposição dos
mexilhões a contaminantes, foram determinadas as atividades enzimáticas da
etoxiresorufina O-desetilase (EROD), dibenzilfluoresceína (DBF), glutationa S-
transferase (GST) e os teores de tióis reduzidos não-proteicos (GSH). Os efeitos dos
xenobióticos sobre os organismos foram avaliados através da quantificação de
peroxidação lipídica (LPO) e de danos no DNA (strand breaks) e da atividade
enzimática das colinesterases (ChE). Os resultados médios de cada biomarcador
para cada ponto de coleta foram comparados entre si e entre estações do ano por
meio de ANOVA de duas vias, com teste post hoc de Tukey (p<0,05).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na Cocanha, em relação à fase I do metabolismo de xenobióticos, houve aumento


de EROD e DBF no outono. Diversos estudos tem atribuído a indução da atividade
destas enzimas a concentrações ambientais de HPAs e PCBs (BEBIANNO et al.,

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378
XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

2007; CAJARAVILLE et al., 2000) e ao metabolismo de fármacos (AGUIRRE-


MARTÍNEZ et al., 2013; GAGNÉ et al., 2007; PEREIRA et al., 2012). No mesmo
período, os organismos coletados neste mesmo ponto também apresentaram efeitos
peroxidativos e neurotóxicos. A alta atividade de ChE tem sido sugerida por alguns
autores como relacionada a processos de apoptose e morte celular (DU et al., 2015;
ZHANG et al. 2002). Estes resultados podem estar relacionados à introdução de
efluentes domésticos, os quais tem sido associados à contaminação por metais e
fármacos (KUMAR et al., 2015; PEREIRA et al. 2011). Na Baía de Santos, os baixos
níveis de GSH em Palmas e Itaipu nas duas estações do ano, concordantes com a
alta atividade de GST, podem ser indicativos da presença de diversos poluentes.
Muitas substâncias tem a capacidade de diminuir os níveis ou a eficiência de GSH
em remover espécies reativas de oxigênio resultantes do metabolismo de
xenobióticos (REGOLI & GIULIANI, 2004; VIARENGO et al., 1997). Ambos os
pontos sofrem influência das águas provenientes do interior do Estuário de Santos
(Palmas) e São Vicente (Itaipu), estando constantemente sujeitos à contaminação
oriunda das indústrias, lixões irregulares, ocupações irregulares e disposição de
esgotos in natura nestes corpos d’água (ABESSA et al., 2005; MARTINS et al.,
2008). O emissário submarino de Santos também representa uma das principais
fontes de alteração e degradação da qualidade ambiental desta região (ABESSA et
al., 2005). Adicionalmente aos contaminantes clássicos, como metais, LABs, HPAs e
PCBs, compostos de preocupação emergente como tintas anti-incrustantes,
fármacos e drogas ilícitas também tem sido detectados na região (GODOI et al.,
2003; PEREIRA et al., 2016; PUSCEDDU et al., 2018; SANTOS et al., 2018).

CONCLUSÃO

Por meio da bateria de biomarcadores bioquímicos aplicada a mexilhões Perna


perna coletados em diferentes pontos do litoral de São Paulo, é possível inferir que
os organismos coletados estão sujeitos a contaminação proveniente de diversas
fontes difusas. Na Cocanha, as respostas observadas podem estar relacionadas à
disposição de esgotos. Em Palmas e Itaipu, a contaminação ocorre em função das
atividades presentes na região, cuja economia se baseia principalmente no Porto de
Santos e nas indústrias de Cubatão. Além disso, observa-se o impacto negativo do
esgoto doméstico sobre a qualidade ambiental desta região, afetando a saúde dos
organismos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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FONTES FINANCIADORAS

Os autores agradecem à CAPES pelo financiamento concedido, permitindo o


desenvolvimento desta pesquisa.

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Biomarcadores
414 - AVALIAÇÃO DOS NÍVEIS DE PEROXIDAÇÃO LIPÍDICA EM Oreochromis
niloticus APÓS EXPOSIÇÃO À VINHAÇA FITORREMEDIADA

ANA CLAUDIA DE CASTRO MARCATO, CLEITON PEREIRA DE SOUZA, THAYS DE


ANDRADE GUEDES, JORGE CORREIA EVANGELISTA CORREIA, CRISTINA MOREIRA
DE SOUZA, CARMEM SILVIA FONTANETTI CHRISTOFOLETTI
Contato: JORGE CORREIA EVANGELISTA CORREIA - JORGEECORREIA@HOTMAIL.COM

Palavras-chave: Tilápias; estresse oxidativo; tratamento; toxicologia

INTRODUÇÃO

A vinhaça bruta é tóxica para o meio ambiente e, por isso, têm surgido alternativas
para o tratamento deste resíduo como, por exemplo, a integração de sistemas
biogeoquímicos eficazes que funcionam por meio da atenuação natural, filtragem e
fitorremediação. Os organismos expostos a contaminantes ambientais podem
apresentar numerosos parâmetros bioquímicos que são utilizados como
biomarcadores. Os mecanismos de defesas antioxidantes nos peixes incluem
sistemas enzimático e de antioxidantes. O malondialdeído (MDA) é utilizado como
indicador de peroxidação lipídica. Este trabalho teve como objetivo avaliar se a
exposição à vinhaça, após passar por um sistema integrado de tratamentos, induz
peroxidação lipídica.

METODOLOGIA

A peroxidação lipídica é determinada pela medida da quantidade de substâncias


reativas ao ácido tiobarbitúrico (TBARS) formadas durante a decomposição de
hidroperóxidos lipídicos, formados principalmente a partir de MDA. Os peixes foram
submetidos à duas diferentes diluições (1 e 5%) de vinhaça fitorremediada por 96
horas havendo tratamento controle com água oriunda de poço artesiano; após esse
período, os animais foram eutanasiados e tiveram os fígados retirados e as
amostras foram congelados com auxílio de gelo seco; o tecido foi homogenizado e
preparado para a análise. A produção de MDA intracelular foi quantificada utilizando
o kit de ensaio TBARS (Cayman Chemical Company, Ann Arbor, MI, USA) seguindo
as orientações do fabricante.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados deste estudo mostraram que, a exposição durante 96 horas às


diferentes diluições de vinhaça fitorremediada testadas não causaram alterações
significativas na produção de MDA em relação ao grupo controle, demonstrando,
assim, que o uso do sistema integrado de tratamentos foi eficiente para redução da
toxicidade da vinhaça. A oxidação é parte fundamental do metabolismo celular e
produz, naturalmente ou por um desequilíbrio biológico, radicais livres denominados
ERO (espécies reativas de oxigênio). Quando em excesso apresentam efeitos
prejudiciais, como a peroxidação lipídica – processo gerado por radicais livres pelo
qual os lipídios dos ácidos graxos poliinsaturados, essenciais para a manutenção da
fluidez da membrana, podem ser degradados tanto nas membranas celulares como

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

subcelulares. Peróxidos lipídicos são tóxicos e podem causar danos à diversos tipos
celulares. Os aldeídos são sempre produzidos quando hidroperóxidos lipídicos
decompõem-se em sistemas biológicos, e é interessante identificar e medir esses
compostos como um índice da extensão da peroxidação lipídica e como uma ajuda
para elucidar o papel dos aldeídos como agentes causais em certas condições
patológicas. O MDA é um dos intermediários mais importantes e o aldeído individual
mais abundante produzido durante a peroxidação lipídica, que é conhecida por sua
capacidade de interagir com o DNA. O MDA in vitro pode também alterar proteínas,
RNA e muitas outras biomoléculas. Sabendo-se disso, pode-se afirmar através dos
resultados apresentados acima que, a vinhaça fitorremediada não apresentou
toxicidade para iniciar a degradação dos lipídios. Desta forma, com a diminuição do
seu potencial tóxico, seu uso como fertilizante na agricultura torna-se mais seguro
para o meio ambiente.

CONCLUSÃO

Os resultados aqui apresentados demonstraram a eficiência do sistema de


tratamento utilizado na redução de um importante resíduo gerado pela indústria
sucroalcooeira - a vinhaça - conhecidamente tóxica para diversos organismos e
largamente utilizada nas lavouras, uma vez que após fitorremediação, manteve os
níveis de MDA semelhantes ao grupo controle em peixes O. niloticus. Podemos
inferir também a importância de estudos e propostas de sistemas de remediação
que sejam capazes de diminuir a toxicidade de diversos compostos danosos ao
ambiente

FONTES FINANCIADORAS

Fapesp 2014/23919-2 e 2012/50197-2

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Painel
Biomarcadores
415 - FUNGICIDA PODE MATAR OU PREJUDICAR A MORFOFISIOLOGIA DA
ABELHAS AFRICANIZADAS Apis mellifera?

CAIO EDUARDO DA COSTA DOMINGUES, LAIS VIEIRA BELLO INOUE, OSMAR


MALASPINA, ELAINE CRISTINA MATHIAS DA SILVA ZACARIN
Contato: CAIO EDUARDO DA COSTA DOMINGUES - CECDOMINGUES@GMAIL.COM

Palavras-chave: Abelhas melíferas; bioensaios; intestino médio; morfofisiologia; túbulos de Malpighi

INTRODUÇÃO

É indiscutível a importância econômica associada a espécie Apis mellifera Linnaeus,


1758 (Hymenoptera: Apidae) nos serviços de polinização em culturas utilizadas para
alimentação humana. No Brasil, as populações poli híbridas de A. mellifera,
conhecidas como abelhas Africanizadas se adaptaram e se distribuíram por todo
território nacional, apresentando maior eficiência na coleta de recursos quando
comparada as subespécies Europeias. Assim como nos EUA e Europa, o Brasil
também sofre com o declínio das populações de abelhas principalmente devido a
utilização de agrotóxicos. Nesse contexto, objetivou-se avaliar se o fungicida
piraclostrobina é prejudicial para a sobrevivência e morfofisiologia de A. mellifera
Africanizada.

METODOLOGIA

Foram utilizadas três colônias saudáveis de A. mellifera Africanizada da UNESP, Rio


Claro/SP. Forrageiras foram coletadas em potes de bioensaio (250mL) e transferidas
para incubadora, 33ºC e 70% de humidade relativa. Bioensaios toxicológicos de
exposição oral contínua foram realizados com as forrageiras, sendo divididas nos
seguintes grupos experimentais (20 abelhas com cinco réplicas por grupo): Controle
(CTL), Controle acetona (CAC), Piraclostrobina 0,125 ng/µL - 125ppb (C1),
Piraclostrobina 0,025 ng/µL - 25ppb (C2) e Piraclostrobina 0,005 ng/µL - 5ppb (C3).
Xarope contendo as concentrações do fungicida foram oferecidas ad libitum durante
todo o período. Para as abelhas dos grupos CTL e CAC, foi oferecido xarope (água
+ açúcar invertido) sem adição de fungicida. A mortalidade foi anotada diariamente
até a última abelha morrer e posteriormente realizou-se a análise estatística pelo
método de Kaplan-Meier Survival Analysis: Log-Rank (software SigmaPlot 14.0). O
teste de comparações múltiplas de Holm-Sidak foi utilizado para identificar as
diferenças estatísticas significativas entre todos os grupos. Outro bioensaio foi
conduzido e após cinco dias de exposição, as abelhas (N = 5 abelhas por grupo)
foram dissecadas e o intestino médio e os túbulos de Malpighi foram removidos e
passaram pelo procedimento histológico de rotina para análises morfológicas (HE).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados evidenciaram decréscimo do tempo de sobrevivência das abelhas


expostas as diferentes concentrações do piraclostrobina (C1, C2 e C3) em relação
aos grupos CTL e CAC. As abelhas do CTL sobreviveram em média 5,018 ± 0,169
dias, estatisticamente similar as abelhas do CAC com média de 4,508 ± 0,153 dias.

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As abelhas de C1 tiveram sobrevivência reduzida em 18,35% em relação ao CTL e


9,11% ao CAC. C2 evidenciou redução de 20% ao CTL e 11% ao CAC. E C3,
redução de 20,3% em relação ao CTL e 11,3% ao CAC. Em relação as análises
morfológicas, as diferentes concentrações do piraclostrobina causaram alterações
no intestino médio e túbulos de Malpighi de forrageiras de A. mellifera Africanizada,
quando comparadas ao CTL e CAC. Na maior concentração do piraclostrobina (C1),
o epitélio do intestino médio apresentou vilosidades descontínuas e com diferentes
alturas. Grande quantidade de células sendo eliminadas e secreção sendo liberada
para o lúmen intestinal, e diminuição de ninhos de células regenerativas. Os túbulos
de Malpighi estavam vacuolizados e com liberação de secreção aumentada. A
concentração intermediária do piraclostrobina (C2), apresentou vilosidades com
desorganização epitelial, descontínuas e aumento de secreção e eliminação de
células para o lúmen intestinal. Os túbulos de Malpighi estavam vacuolizados. Na
menor concentração do piraclostrobina (C3), pode-se observar alteração da
morfologia do intestino médio (células digestivas) e vacuolizações iniciais neste
tecido e nos túbulos de Malpighi. Os resultados obtidos no presente trabalho têm
grande relevância atualmente no Brasil, uma vez que o piraclostrobina pode ser
encontrado em 18 produtos formulados no mercado, na sua forma livre ou associado
a outros compostos químicos (AGROFIT, 2018). Até 2016, a quantidade de produtos
formulados em que se encontrava piraclostrobina era de 13. Segundo os resultados
do projeto FAPESP nº2014/04697-9, a exposição oral ao fungicida picoxistrobina (do
grupo estrobilurina) causou alterações morfológicas degenerativas no intestino
médio de operárias recém-emergidas de A. mellifera Africanizada, corroborando com
os dados do presente trabalho com forrageiras. O piraclostrobina também pode
afetar a produção de ATPs, já que os fungicidas do grupo estrobilurinas tem como
mecanismo de ação a inibição da respiração celular.

CONCLUSÃO

Com base no exposto, o fungicida piraclostrobina pode diminuir o tempo de


sobrevivência de forrageiras de A. mellifera Africanizada, como também alterar a
morfofisiologia do intestino médio e dos túbulos de Malpighi após exposição oral
contínua. Considerando a presença dos fungicidas nos campos agrícolas, que a
espécie está em declínio em várias regiões do Brasil, estudos nessa área podem
contribuir e subsidiar programas para manutenção das populações dessa espécie
tão importante para o país.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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http://agrofit.agricultura.gov.br/agrofit_cons/principal_agrofit_cons >. Acesso em: 30
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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

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FONTES FINANCIADORAS

FAPESP (2016/15743-7).

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Painel
Biomarcadores
419 - DIFERENÇA NA SUSCEPTIBILIDADE ENTRE RECÉM-EMERGIDAS E
FORRAGEIRAS DE Apis mellifera AFRICANIZADA APÓS EXPOSIÇÃO AO
FUNGICIDA PIRACLOSTROBINA

CAIO EDUARDO DA COSTA DOMINGUES, LAIS VIEIRA BELLO INOUE, ELAINE


CRISTINA MATHIAS DA SILVA ZACARIN, OSMAR MALASPINA
Contato: LAIS VIEIRA BELLO INOUE - LAISINOUE@HOTMAIL.COM

Palavras-chave: bioensaios; ecotoxicologia; fungicida; sobrevivência; toxicidade

INTRODUÇÃO

A espécie eussocial Apis mellifera possui ampla distribuição geográfica, podendo ser
encontrada em regiões com o clima frio e nos trópicos onde as temperaturas são
mais elevadas. Embora possuam alta capacidade de adaptação em ambientes
antropizados, o relato do declínio das colônias manejadas no Brasil aumentou nos
últimos anos, sendo decorrente principalmente da intoxicação das abelhas por
agrotóxicos. Nesse contexto, objetivou-se avaliar o efeito do fungicida piraclostrobina
na taxa de sobrevivência de recém-emergidas e forrageiras de A. mellifera
Africanizada.

METODOLOGIA

Operárias recém-emergidas coletadas (com 24 até 48 horas após emergência) de


favos de crias e forrageiras coletadas na entrada do alvado de três diferentes
colônias saudáveis de A. mellifera Africanizada foram utilizadas para condução dos
bioensaios. Ambas, foram colocadas em potes de bioensaio (250mL) e transferidas
para incubadora a 33ºC e 70% de humidade relativa. Os bioensaios toxicológicos de
exposição oral contínua foram realizados em triplicata para cada idade. As abelhas
recém-emergidas e forrageiras foram divididas nos seguintes grupos experimentais
(20 abelhas, cinco réplicas por grupo): Controle (CTL), Controle acetona (CAC),
Piraclostrobina 0,125 ng/µL - 125ppb (C1), Piraclostrobina 0,025 ng/µL - 25ppb (C2)
e Piraclostrobina 0,005 ng/µL - 5ppb (C3). Xarope contendo as concentrações do
fungicida foram oferecidas ad libitum durante todo o período para ambas idades.
Para as abelhas dos grupos CTL e CAC, foi oferecido xarope (água + açúcar
invertido) sem adição de fungicida. A mortalidade foi anotada diariamente até a
última abelha morrer e posteriormente realizou-se a análise estatística pelo método
de Kaplan-Meier Survival Analysis: Log-Rank, com auxílio do software SigmaPlot
14.0. O teste de comparações múltiplas de Holm-Sidak foi utilizado para identificar
as diferenças estatísticas significativas entre todos os grupos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os bioensaios de sobrevivência tiveram duração máxima de 22 dias para recém-


emergidas e 19 dias para forrageiras de A. mellifera Africanizada. Os resultados não
evidenciaram decréscimo da longevidade para recém-emergidas, entretanto para as
forrageiras expostas as diferentes concentrações do fungicida piraclostrobina (C1,
C2 e C3) houve decréscimo, quando comparadas com as abelhas dos grupos CTL e

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

CAC. Em operárias recém-emergidas, o grupo CTL apresentou valor de TL50


equivalente a 11,029 ± 0,342 dias (10,359 - 11,698), estatisticamente similar aos
demais grupos. CAC apresentou valor de TL50 de 11,117 ± 0,314 dias (10,502 -
11,733), C1 apresentaram TL50 equivalente a 11,559 ± 0,328 dias (10,916 - 12,201),
C2 apresentaram TL50 de 11,553 ± 0,310 dias (10,946 - 12,160) e C3 apresentaram
TL50 de 11,056 ± 0,360 dias (10,351 - 11,760). Mesmo não alterando o tempo de
sobrevivência, o piraclostrobina pode causar sintomas de má nutrição como
observado por Degrandi-Hoffman et al. (2015), sendo esses sintomas relacionados
às alterações degenerativas no epitélio do intestino médio, o que estaria
comprometendo a sua fisiologia e trazendo riscos a colônia. Em operárias
forrageiras, o grupo CTL apresentou valor de TL50 equivalente a 5,018 ± 0,169 dias
(4,686 - 5,350), estatisticamente similar ao grupo CAC com valor de TL50 de 4,508 ±
0,153 dias (4,208 - 4,808). C1 apresentaram TL50 de 4,097 ± 0,123 dias (3,855 -
4,339), caracterizando redução de 18,35% em relação ao CTL e 9,11% ao CAC. A
TL50 de C2 foi de 4,011 ± 0,147 dias (3,722 - 4,300), evidenciando redução de 20%
ao CTL e 11% ao CAC. As abelhas do grupo C3 apresentaram TL50 de 4,000 ±
0,126 dias (3,749 - 4,243), caracterizando redução de 20,3% em relação ao CTL e
11,3% ao CAC. A redução do tempo de sobrevivência em forrageiras é preocupante,
uma vez que toda a dinâmica da colônia pode ser alterada com diminuição de
recursos coletados. Campbell et al. (2016), observaram efeitos compensatórios na
atividade mitocondrial do músculo do vôo das abelhas que ingeriram pólen contendo
1ppm de Pristine® (piraclostrobina e boscalida como princípios ativos),
comprometendo o forrageamento. Disfunção mitocondrial in vitro induzida pelo
fungicida piraclostrobina também foi observado em mitocôndrias de A. mellifera
africanizada, as quais apresentaram inibição da fosforilação oxidativa e o declínio do
potencial de membrana, inibindo a função mitocondrial (NICODEMO et al., 2015) e
evidenciando o risco associado a utilização desse princípio ativo.

CONCLUSÃO

Com base nos resultados, pode-se concluir que para o parâmetro analisado as
operárias forrageiras de A. mellifera Africanizada são mais susceptíveis a exposição
ao fungicida piraclostrobina que as operárias recém-emergidas. Entretanto, análises
integradas com outros parâmetros são necessárias a fim de se avaliar o real efeito
do piraclostrobina em abelhas A. mellifera Africanizada. A relevância de estudos
com fungicidas tem se tornado cada vez maior, uma vez que a presença desses
agrotóxicos só aumenta em áreas agrícolas.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

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FONTES FINANCIADORAS

FAPESP (2016/15743-7).

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Oral
Biomarcadores
423 - HISTOPATOLOGIA BRANQUIAL EM Psectrogaster amazonica
(EIGENMANN & EIGENMANN, 1889) E ANÁLISES DA ÁGUA NA AVALIAÇÃO
DA CONTAMINAÇÃO DO RIO MEARIM, MARANHÃO

NATÁLIA JOVITA PEREIRA, JACKELINE PRISCILA LIMA DA SILVA, JONAS SILVA DE


PINHO CAMPOS, WANDA DOS SANTOS BATISTA, TIAGO DE MORAES LENZ,
DÉBORA MARTINS SILVA SANTOS
Contato: DÉBORA MARTINS SILVA SANTOS - DEBSAN70@GMAIL.COM

Palavras-chave: histologia; brânquias; biomarcadores; Bacabal

INTRODUÇÃO

A bacia hidrográfica do rio Mearim é a maior bacia inteiramente maranhense, que


abastece o município de Bacabal. O desenvolvimento urbanístico sem planejamento
resulta em impactos no meio aquático que podem ser dimensionados em avaliações
de biomonitoramento (RAMSDORF, 2007). Os peixes são considerados excelentes
modelos biológicos no estudo dos efeitos de poluentes (JESUS, CARVALHO, 2008),
onde suas brânquias destacam-se devido sua multifuncionalidade e contato com o
meio externo (GARCIA-SANTOS et al. 2007). Assim, esse estudo objetivou avaliar a
qualidade da água do rio Mearim em Bacabal, Maranhão, por meio de análises da
água e histopatologia das brânquias de Psectrogaster amazonica.

METODOLOGIA

Foram coletados 60 Psectrogaster amazonica em quatro coletas durante os


períodos seco e chuvoso dos anos de 2013 a 2015. Os procedimentos foram
aprovados pela Comissão de Ética e Experimentação Animal (CEEA) da
Universidade Estadual do Maranhão. Aferiu-se temperatura, pH, oxigênio dissolvido
e turbidez da água e, na análise microbiológica, identificou-se o número mais
provável de coliformes totais e termotolerantes (teste de diluição múltipla), segundo
Apha (1995) e Silva (2000). Após as coletas e eutanásia dos espécimes obtiveram-
se as medidas do comprimento total e padrão, e remoção das brânquias para estudo
histológico. Fixaram-se os arcos branquias em solução formalina e descalcificou-se
em ácido nítrico. Posteriormente, procederam-se as etapas de desidratação em
alcoóis, diafanização em xilol, impregnação e inclusão em parafina, com coloração
por Hematoxilina e Eosina. As alterações branquiais foram avaliadas pelo cálculo do
Índice de Alteração Histológica (IAH), adaptado de Poleksic e Mitrovic – Tutundzic
(1994), e pelo Valor Médio de Alteração (VMA), de Schwaiger et al. (1997). As
médias dos resultados das alterações branquiais obtidas foram comparadas entre si
através do teste t de Student, e foi aplicada a correlação de Pearson nos dados
biométricos e valores de IAH, sendo utilizado o Biostat 5.4 com p<0,05.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

As variáveis físico-químicas não se diferenciaram entre os períodos sazonais, com


todos os parâmetros aferidos dentro dos limites estabelecidos pelo CONAMA 357
(2005) e 430 (2011). O número mais provável de coliformes (NMP) variou de 1120 a

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

2190. Os altos índices do NMP podem ser justificados pelo lançamento de esgotos
não tratados no rio. Magalhães Júnior et al. (2012) registraram altos valores do NMP
de coliformes totais e termotolerantes, indicando que a presença de lançamento de
esgoto in natura com grande quantidade de dejetos fecais é uma prática comum no
rio Mearim. Os resultados mostraram valores mais altos de coliformes no período
chuvoso quando comparado ao período seco. Segundo Moura et al. (2009), durante
o período chuvoso os micro-organismos presentes no entorno dos mananciais
podem ser carreados para dentro do corpo hídrico, ocorrendo assim uma
contaminação mais intensa. Em relação aos dados biométricos, houve uma variação
nos valores de comprimento total e padrão nos períodos de coleta, sendo que os
espécimes coletados no período de estiagem apresentaram-se com maiores
medidas que os capturados no período de chuva. O IAH por indivíduo na espécie P.
amazonica no período de estiagem variou de 5 a 137, com média de 5,28, e no
período de chuvas apresentou variação de 15 a 226, com valor médio de 8,19. Os
IAHs foram classificados como danificação leve com funcionamento normal do
tecido branquial, onde lesões mais leves consistem em sinais iniciais de que o órgão
está respondendo a alterações ambientais (POLEKSIC e MITROVIC – TUTUNDZIC,
1994). O VMA permaneceu na escala grau II, indicando lesões pontualmente
localizadas no tecido branquial, uma vez que no período seco o VMA é discreto e no
período chuvoso é moderado. Para os resultados do Teste t, entre os valores do IAH
de P. amazonica nos períodos sazonais obteve-se p= 0,00053, demonstrando
diferença significativa estatisticamente entre os valores de IAH entre os períodos. A
correlação de Pearson estabelecida entre os dados biométricos de comprimento
total e padrão com o IAH apresentou correlação positiva, revelando que quanto
maiores os IAHs menores as medidas de comprimento dos espécimes. Lopes (2015)
indica que lesões localizadas no tecido branquial exigem um custo metabólico para o
peixe superar estes danos, que podem resultar na redução na taxa de crescimento e
prejudicar o sucesso reprodutivo da espécie após longos períodos de exposição a
contaminantes.

CONCLUSÃO

O rio Mearim, Bacabal, Maranhão, apesar de sua importância, tem apresentado


fragilidade ambiental, onde a contaminação da água é devido ao despejo de esgoto
in natura. As alterações histológicas encontradas nas brânquias de Psectrogaster
amazonica advêm de modificações morfológicas e fisiológicas reversíveis e
irreversíveis destes órgãos, com ação mais intensa de xenobióticos no período
chuvoso. Assim, as alterações histológicas verificadas na biota aquática em estudo
do rio Mearim, em conjunto com os resultados das análises da água e dados
biométricos, indicam o comprometimento da sanidade de P. amazonica, do
crescimento natural dos espécimes e da qualidade da água do local.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

APHA. American Public Health Association Standard methods for examination of


water and wasterwater.19 th . ed. Washington, 1995.
CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente. Ministério do Meio Ambiente.
Resolução nº 357, de 17 de março de 2005. Brasília: Diário Oficial da União, 2005.
CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente. Ministério do Meio Ambiente.
Resolução nº 430, de 13 de maio de 2011. Brasília: Diário Oficial da União, 2011.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

GARCIA-SANTOS, S.; MONTEIRO, S.M.; CARROLA, J.; FONTAINHAS-


FERNANDES, A. Alterações histológicas em brânquias de tilápia nilotica
Oreochromis niloticus causadas pelo cádmio. Arquivo Brasileiro de Medicina
Veterinária e Zootecnia, 59(2), 376-381. 2007.
JESUS, T.B.; CARVALHO, C.E.V. Utilização de biomarcadores em peixes como
ferramenta para a avaliação de contaminação ambiental por mercúrio (Hg).
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LOPES, D.S. Efeitos do inseticida dimilin® na morfologia de brânquias de machos e
fêmeas de Hyphessobrycon eques adultos (Steindachner,1882). 2015. 72f
Dissertação (Mestrado em Medicina Veterinária)- Universidade Federal de Viçosa,
Viçosa-MG, 2015. 72p.
MAGALHÃES JÚNIOR, A.A.; DE ARAUJO, I.F.M.; SOUSA,L.N.; SILVA, K.L.F.;
SANTOS, W.S.; SILVA, M.R.C. Parâmetros físico-químicos e bacteriológicos em
amostra da água do rio Mearim no município de Bacabal-MA, 2012. Anais
eletrônicos... 64° Reunião anual da SBPC- Sociedade Brasileira para o Progresso da
Ciência. São Luís: UFMA, 2012. Disponível em:<
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MOURA, A.C. ; ASSUMPÇÃO, R.A.B.; BISCHOFF, J. Monitoramento físico-químico
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POLEKSIC, V.; MITROVIC-TUTUNDZIC, V. Fish gills as a monitor of sublethal and
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RAMSDORF, Wanessa. Utilização de duas espécies de Astyanax (Astyanax sp B e
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SCHWAIGER, J.; WANDE, R.; ADM, S.; PAWERT, M.;HONNEN, W.;TRIEBSKORN,
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SILVA, N.; NETO, R.C.; JUNQUEIRA, V.C.A.; SILVEIRA, N.F.A. Manual de métodos
de análise microbiológica da água. Campinas: ITAL/Núcleo de Microbiologia, 2000.

FONTES FINANCIADORAS

Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do


Maranhão (FAPEMA) e Universidade Estadual do Maranhão (UEMA).

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Biomarcadores
434 - AVALIAÇÃO DO SISTEMA NERVOSO ENTÉRICO COMO BIOMARCADOR
DE POLUIÇÃO AMBIENTAL

GABRIELA PUSTIGLIONE MARINSEK, PALOMA GUSSO-CHOUERI, DENIS MOLEDO


DE SOUZA ABESSA, RODRIGO BRASIL CHOUERI, GUSTAVO S SANTOS, BRUNO S
CAMPOS, ALEXANDRE GONÇALVES, MARTA MARGARETE CESTARI, RENATA
BRITTO MARI
Contato: PALOMA GUSSO-CHOUERI - PGUSSO@YAHOO.COM.BR

Palavras-chave: Peixe; estuários; intestino; morfofisiologia

INTRODUÇÃO

Estuários vêm sofrendo ao longo dos anos constante degradação decorrente de


múltiplos estressores advindos das atividades antropogênicas. O desenvolvimento
de novos biomarcadores é importante para a avaliação de risco e monitoramento
ecológico destes ambientes. Considerando a importância do sistema entérico para a
relação dos organismos com seu ambiente, o estudo buscou avaliar se a
contaminação ambiental provoca alterações na morfologia intestinal e em
subpopulações neuronais entéricas em Sphoeroides testudineus, comparando-se
estas respostas com biomarcadores tradicionais. Este estudo busca subsidiar a
gestão ambiental em ambientes estuarinos ao avaliar o papel de novos
biomarcadores como indicadores de degradação ambiental em zonas estuarinas.

METODOLOGIA

Espécimes de S. testudineus foram coletados em duas regiões estuarinas distintas:


a área não impactada (ANI), localizada na Estação Ecológica da Juréia Itatins,
considerada área referência por se tratar de uma unidade de conservação de uso
integral; e a área impactada (AI) localizada na região metropolitana da Baixada
Santista, local que sofre com os impactos urbanos, industriais e do maior porto da
América Latina. Após a coleta os animais foram eutanasiados e o intestino
dissecado, mensurado e dividido em segmentos proximal e distal que foram
destinados às técnicas histológicas (HE) para análise morfométrica e de detecção
neuronal (Acetilcolinesterase e NADPH-diaphorase). Amostras do fígado e das
brânquias foram coletados para análise das enzimas Glutationa S-tranferase (GST),
Glutationa Peroxidase (GPx), Glutationa Redutase (GR), Metalotioneinas (MTs),
além de dano em DNA e peroxidação lipídica (LPO). Amostras de sangue periférico
foram destinadas à avaliação de danos genotóxicos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os biomarcadores morfológicos do intestino dos animais coletados em IA indicaram


alterações significativas como aumento do número de linfócitos intra-epiteliais,
redução na densidade das células caliciformes, bem como na espessura das
vilosidades e túnica muscular. Além disso, a densidade neuronal entérica também foi
afetada através da redução dos neurônios colinérgicos e aumento dos neurônios
nitrérgicos. A redução da espessura das camadas estratigráficas do intestino

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

juntamente com o aumento da densidade de neurônios nitrérgico sugere que este


órgão esteja sofrendo com o relaxamento excessivo, promovido pelo oxido nítrico.
Além disso, a redução dos neurônios colinérgicos, que promovem excitabilidade da
musculatura, sugere que os neurônios do sistema nervoso entérico podem estar
envolvidos no processo de alteração de código químico, a fim de combater o
estresse oxidativo causado pelos contaminantes. Os resultados do presente trabalho
também apontam uma maior ocorrência de danos citogenotóxicos no sangue dos
animais da área impactada (AI) em relação a área referência (ANI), uma vez que foi
observada uma maior frequência de micronúcleos e densidade de aberrações
nucleares nos indivíduos do estuário de Santos-São Vicente (AI). Também houve
diferença significativa na resposta dos biomarcadores de peroxidação lipídica e MT
nas brânquias. Contudo, não houveram alterações relevantes nos demais
biomarcadores avaliados nas brânquias e fígado de S. testudineus, o que sugere
que o intestino vem funcionando como uma barreira aos contaminantes. A análise
de PERMANOVA mostrou que o conjunto de biomarcadores empregado diferenciou
significativamente as áreas de estudo, e a análise de SIMPER revelou que os
biomarcadores morfofisiológicos entéricos foram as variáveis que mais contribuíram
para a diferenciação entre as áreas não-impactada e impactada.

CONCLUSÃO

Neste estudo pode-se concluir que os efeitos crônicos da poluição causaram


alterações morfofisiológicas no trato gastrointestinal, bem como no sistema nervoso
entérico de S. testudineus, como alterações na morfologia do plexo mioentérico e na
densidade neuronal, possivelmente causando alterações no código químico das
subpopulações colinérgica e nitrérgica. Os biomarcadores também apresentaram
diferenças entre as áreas de estudo, ainda que as respostas tenham sido
observadas apenas para os biomarcadores de efeito. Desta forma, preconiza-se que
o sistema nervoso entérico demonstra ser a primeira linha de defesa podendo ser
considerado como uma ferramenta eficaz na avaliação da qualidade ambiental de
estuários.

FONTES FINANCIADORAS

Gabriela Pustiglione Marinsek e Renata Britto Mari agradecem à Fapesp pelo auxilio
concedido (2014007793-9); Paloma Kachel Gusso-Choueri agradece à Fapesp pela
bolsa de Pós- Doutorado (2017/04970-5); e Rodrigo Brasil Choueri agradece à
Fapesp (2017/07351-4) e ao CNPq (308079/2015-9)

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Biomarcadores
440 - EFEITOS DA EXPOSIÇÃO A RETARDANTES DE CHAMA NO PEIXE
NEOTROPICAL Prochilodus lineatus

MARIANA LAUER MACHADO LAUER, CLAUDIA BUENO DOS REIS MARTINEZ


Contato: MARIANA MACHADO LAUER - MARIANA.LAUER@GMAIL.COM

Palavras-chave: retardantes de chama; Biomarcadores; Prochilodus lineatus

INTRODUÇÃO

Retardantes de chama organofosforados (OPFR) são utilizados desde 1960 e


compõem cerca de 14,6 % da indústria de retardantes de chama e, devido a sua
ampla utilização, têm sido detectados na biota aquática, aves, insetos e amostras
humanas na última década. Estes compostos estão entre os contaminantes
considerados emergentes, de forma que suas concentrações no ambiente estão na
ordem de ng/L a µg/L, podendo causar efeitos adversos aos organismos a eles
expostos e ao ecossistema como um todo. Dessa forma, o presente estudo teve
como objetivo avaliar os efeitos da exposição aguda a dois OPFR no peixe
Prochilodus lineatus.

METODOLOGIA

Juvenis de P. lineatus foram obtidos de uma piscicultura comercial e aclimatados por


5 dias antes do início da exposição. Para a exposição aos OPFR, foi selecionada
uma concentração de dois dos compostos mais abundantes em matrizes ambientais,
o TDCP e o TCPP. As concentrações de 1,5 µg/L de TDCP e de 2 µg/L de TCPP
foram escolhidas com base na literatura. Os testes ocorreram em aquários de vidro
contendo 10 litros de água previamente desclorada e contaminada ou não
(tratamento controle) com TDCP ou TCPP. O tratamento controle consistiu em água
desclorada contendo metanol a uma porcentagem de 0,001%, mesma porcentagem
dos tratamentos com OPFR. Um exemplar de P. lineatus foi colocado por aquário.
Após 48h do início dos testes, 80% do meio experimental foi renovado. Os animais
não foram alimentados durante os testes. Transcorridas 96h, os animais foram
anestesiados, mortos por secção medular e as brânquias, o fígado, o músculo e o
cérebro removidos e congelados a -80ºC até a análise dos biomarcadores [atividade
da etoxiresorufina-O-desetilase (EROD) e da glutationa-S-transferase (GST), nível
de lipoperoxidação (LPO) e conteúdo de tiois não proteicos (TNP) nas brânquias e
no fígado; e atividade da acetilcolinesterase (AChE) no cérebro e no músculo].

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A biotransformação é um processo catalisado por enzimas que visa a conversão de


xenobióticos orgânicos lipossolúveis em compostos hidrossolúveis e que podem ser
mais facilmente excretados. As enzimas da biotransformação são divididas em
enzimas de fase I e fase II. Em peixes, a principal família de enzimas do sistema de
fase I é a do citocromo P450, em especial a subfamília CYP1A. A atividade catalítica
associada à CYP1A é determinada pelo ensaio da EROD. Neste estudo, não houve
diferença estatística na atividade da EROD nas brânquias e no fígado entre os

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

tratamentos testados. As reações de fase II envolvem a conjugação dos


xenobióticos com compostos celulares endógenos, que estão presentes em
concentrações elevadas e são hidrossolúveis. O tripeptídeo glutationa (GSH) é o
principal composto utilizado nas reações de fase II, sendo conjugado com
xenobióticos pela ação da família da GST. A atividade desta enzima nas brânquias e
no fígado manteve-se inalterada nos peixes de todos os tratamentos testados.
O grupo químico tiol (-SH) está presente em diversos compostos celulares e
alterações em suas quantidades indicam estresse celular, pois são consumidos em
reações envolvidas na proteção celular. O mais abundante dos TNP nas células é a
GSH, que além de ser utilizada pela GST, também está relacionada a demais
funções celulares. O conteúdo de TNP também permaneceu inalterado nas
brânquias e no fígado após a exposição dos peixes aos OPFR. O sistema celular de
defesa antioxidante é responsável por proteger as células das espécies reativas de
oxigênio (ERO) formadas naturalmente durante a respiração celular ou em
decorrência da exposição a contaminantes. Todavia, quando a produção de ERO
excede a capacidade antioxidante, estresse oxidativo pode ser gerado com
consequente dano a biomoléculas. A lipoperoxidação é um dos danos mais comuns
do estresse oxidativo, acarretando na alteração da permeabilidade de membrana, e
é considerada uma das principais causas de lesão e morte celular. A exposição aos
OPFR não resultou em dano lipídico em relação ao tratamento controle nas
brânquias e no fígado de P. lineatus.
A AChE é responsável pela catalisação da hidrólise do neurotransmissor acetilcolina
nas fendas sinápticas do sistema nervoso e é alvo da ação diversos contaminantes.
Alterações na atividade da AChE e na atividade locomotora de peixes expostos a
OPFR foram registradas na literatura, entretanto a exposição à concentração testada
de TCPP e TDCP neste estudo não provocou alteração na atividade da AChE
muscular ou cerebral.

CONCLUSÃO

A exposição por 96h de juvenis de P. lineatus a uma concentração ambientalmente


relevante de dois OPFR (TCPP e TDCP) não causou alterações nos biomarcadores
bioquímicos testados. Outros biomarcadores mais sensíveis, como os genotóxicos,
devem ser analisados para que uma avaliação mais completa seja feita. Além disso,
exposições com concentrações mais elevadas de TDCP e TCPP podem ajudar a
esclarecer o mecanismo de toxicidade destes compostos e a estabelecer níveis
ambientalmente seguros.

FONTES FINANCIADORAS

M. M. Lauer é bolsista de pós-doutorado júnior do CNPq e C. B. R. Martinez é


bolsista de produtividade em pesquisa 1C do CNPq.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Biomarcadores
443 - GEM MINING AT THE JEQUITINHONHA VALLEY (BRAZIL): SOURCE OF
GENOTOXICITY AND EXPOSURE TO TOXIC ELEMENTS

ANA PAULA RUFINO SANTOS, LUCAS ZEFERINO DA SILVA, MÁRCIA CRISTINA DA


SILVA FARIA, JAIRO LISBOA RODRIGUES
Contato: ANA PAULA RUFINO SANTOS - ANAPAULARUFINOSANTOS@GMAIL.COM

Keywords: Artisanal mines; environmental contamination; occupational exposure; genotoxicity,


biomonitoring

INTRODUCION

In many regions of the country, the search for gems is a degrading activity in the
health and environment of those who work. The Jequitinhonha Valley which is
classified by the Mineral Resources Research Company (CPRM, 2003), is one of the
most important gem-producing areas in the world. The lack of scientific research in
mining environments increases occupational exposure and health damage.
The objectives of this study were the determination of elementos químicos in
environmental samples, evaluation of occupational exposure by analysis of
concentrations of metals in blood and urine samples and evaluation of the
genotoxicity of the micronucleus test.

METHODS

This study was carried out in the district of Taquaral de Minas, in Itinga-MG, in five
mines: M1, M2, M3, M4 and M5. The population of this study was composed of 22
exposed and 17 controls. The analysis of the metal concentrations was by means of
the Inductively Coupled Plasma Mass Spectrometer (ICP-MS) in a class room of
1,000. All reagents used were decontaminated, washed with type I water (resistivity
18.2 MΩ-cm), and dried. Soil and soildust and stonedust collection were carried out
manually and scraping brush respectively, samples were dried, macerated and sifted
were digested in the microwave assisted sample digestion, and analyzed in ICP-MS.
The micronucleus test was performed by scraping the buccal mucosa. The cells were
transferred to slides, dried, fixed, stained and analyzed for 2,000 cells per individual.
Four mL of whole blood were collected in EDTA free metal tubes and urine (50 mL),
the first of the day. The samples were diluted and analyzed (ICP-MS).Descriptive
statistical tests were performed with GraphPad Prism V7.4 program.

RESULTS AND DISCUSSION

In the soil samples, soildust and stonedust the elements Ba, Zn, Cd and Hg obtained
higher values than those established by Environmental Company of the State of São
Paulo - CETESB (2012) and Specific Council of Environmental Policy - COPAM
(2011). For the reference values are 0.05 mg kg-1 to 0.5 mg kg-1 , in the soil samples,
soildust and stonedust 180.15 mg kg-1 ; 1576.67 mg kg-1 and 804.79 mg kg-1 were
found in the mines. Be, Mn, U and Zn exceeded ATSDR (Agency for Toxic
Substances and Disease Registry) values.

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

In the micronucleus test the following changes were found: Mincronuclei (MN),
binucleate (BN) and karyolytic (KL) cells in exposed and controls. In controls, the
mean values of these changes were: 0.35; 4.18; 3.47, while on exposed: 2.50; 12.86;
17.91 respectively. The frequencies of the workers' changes were significant (P
<0.05) when compared to the controls.
Twenty metals were quantified in blood and urine (Li, Be, Al, Ca, Cr, Mn, Fe, Co, Ni,
Cu, Zn, As, Se, Sr, Cd, Cs, Ba, Hg, Pb and U). The average results of the workers'
urine found for the other elements were: Li 30.42 µg L -1, Be 0.25 µg L-1, Al 33. 44 µg
L-1, Cr 0.38 µg L-1, Mn 0.72 µg L-1, Fe 19.65 µg L-1, Co 0.64 µg L-1, Ni 3.28 µg L-1, Cu
59.80 µg L-1, Zn 523.60 µg L-1, As 20.44 µg L-1, Sr 200.04 µg L-1, Cd 0.18 µg L-1, Ba
6.49 µg L-1, Hg 3.74 µg L-1 and Pb 2.79 µg L-1.
The ATSDR (2007; 2012) averages for these elements in urine are: Cr 0.22 μg L-1, Ni
1-3 μg L-1, Ba 1.5 μg L-1 and in Pb 0.66 μg L-1, higher values than those found in this
research. As for blood, ATSDR (2007) recommends values for As of <1 μg L-1 and
Pb 1.5 μg L-1, in miners were found 1.43 μg L-1 and Pb 7.42 μg L-1. The greatest
concentration of elements were found in those who worked for more than 30 years in
the activity.

CONCLUSION

The conclusions of the present study indicate that workers in the mining areas are
exposed by environmental and occupational chemical agents. Biomonitoring analysis
showed levels of Cr, Ni Ba and Pb in the urine and As and Pb in the blood higher
than the ATSDR averages. Genotoxic effects can be observed by increasing the
frequency of changes in the exposed ones compared to the controls, which can be
generated by the inhalation of the contaminated dust in the mines.The development
of preventive measures to understand the relationship between exposure and
biological effect may lead to reduction of health damage.

REFERENCES

AGENCY FOR TOXIC SUBSTANCES AND DISEASE REGISTRY (ATSDR).


Toxiguide for Arsenic 2007. Available at: https://www.atsdr.
cdc.gov/toxguides/toxguide-2.pdf. (Accessed 5 May 2018).
AGENCY FOR TOXIC SUBSTANCES AND DISEASE REGISTRY (ATSDR).
Toxiguide for Cadmium 2012. Available at: https://www.atsdr.
cdc.gov/toxguides/toxguide-5.pdf. (Accessed 5 May 2018).
COMPANHIA DE PESQUISA DE RECURSOS MINERAIS - CPRM. (2003). Mapa
Geológico de Minas Gerais.: CPRM/COMIG, (Meio digital). Belo Horizonte.
SANTOS, A.P.R.; PÊGO, J.S. (2014). Riscos associados aos garimpos de gemas no
povoado De Taquaral, Itinga, MG: dois contextos dilemáticos. IFNMG. Araçuaí.

SPONSORS

The authors are grateful to FAPEMIG, FAPESP, CNPq, SUS and UFVJM for
financial supports and fellowships.

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Oral
Biomarcadores
452 - AVALIAÇÃO DO EFEITO DO PIRIPROXIFEM SOBRE A Oreochromis
niloticus (LINNAEUS, 1758) APÓS EXPOSIÇÃO SUBCRÔNICA A DOSES
REALÍSTICAS

MARISTELA AZEVEDO LINHARES, TUGSTÊNIO LIMA DE SOUZA, ALEX FABIANO


PAULIN, JUAN RAMON ESQUIVEL GARCIA, FRANCISCO FILIPAK NETO, CIRO
ALBERTO DE OLIVEIRA RIBEIRO
Contato: MARISTELA AZEVEDO LINHARES - MARISTELAAZ@GMAIL.COM

Palavras-chave: inseticida; peixe; biomarcadores; vitelogenina

INTRODUÇÃO

O piriproxifem é um inseticida de amplo espectro, análogo ao hormônio juvenil de


insetos, que afeta a reprodução, morfogênese e embriogênese destes e impede o
desenvolvimento da ninfa/larva em adulto. Devido à sua baixa toxicidade a
mamíferos, o piriproxifem vem sendo utilizado no combate de insetos na agricultura
e mosquitos vetores de doenças em corpos d’água. Porém, seus efeitos a peixes
são geralmente relacionados a altas concentrações. Assim, neste trabalho avaliou-
se o efeito do piriproxifem a enzimas antioxidantes, histopatologia hepática,
acetilconesterase e expressão da vitelogenina em tilápia do Nilo (Oreochromis
niloticus) machos expostos de forma subcrônica a doses observadas
ambientalmente.

METODOLOGIA

O produto Sumilarv™ (Sumimoto Chemical - CAS Registry Number 95737-68-1),


composto por 0,5% de piriproxifem em areia vulcânica de liberação lenta foi obtido
da Secretaria de Saúde do Estado do Paraná – Regional de Paranaguá, diluído em
água ultrapura para as contaminações e agitado por 15 minutos para favorecer a
liberação do princípio ativo. 13-15 tilápias do Nilo jovens, machos, provenientes da
Piscicultura Panamá/SC foram aclimatadas por 1 mês em 3 tanques de 500 L
contendo aeração, filtro e aquecimento, sendo: 1 tanque controle, 1 contaminado
com 10 µg/L (Pi1) e 1 com 100 µg/L (Pi2). Todas as soluções foram analisadas por
LC/MS para confirmação das concentrações do produto. As contaminações foram
realizadas semanalmente adicionando-se as soluções de piriproxifem aos tanques
após limpeza e troca de 1/3 de água. Foram realizadas 09 contaminações,
totalizando 62 dias de exposição. Então, os animais foram anestesiados, pesados,
medidos e o sangue foi coletado para análise de hemoglobina em sangue total e de
vitelogenina plasmática. Na sequência, os animais foram sacrificados por secção
espinhal, foram pesados o fígado e as gônadas e coletados: fígado - para enzimas
antioxidantes, lipoperoxidação, proteínas carboniladas, músculo e cérebro - para
acetilcolinesterase. Todas as análises seguiram protocolos-padrão do laboratório.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Após a exposição hídrica e subcrônica ao piriproxifem não foram observados


quaisquer efeitos sobre os animais, considerando todos os parâmetros analisados:

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concentração de hemoglobina total, índices somáticos (fator de condição, índice


hepatossomático e gonadossomático), lesões hepáticas, parâmetros bioquímicos no
fígado - atividade da catalase, tióis não proteicos, glutationa-transferase,
peroxidação lipídica, carbonilação de proteínas e expressão da vitelogenina
plasmática e para a enzima acetilcolinesterase do cérebro e músculo. Assim, pode-
se afirmar que nas concentrações e condições utilizadas o piriproxifem não foi tóxico
para O. niloticus. Poucos estudos relatam a avaliação toxicológica do piriproxifem
aos peixes, sendo que a maioria cita apenas dados da LC50; neste sentido, a truta
arco-íris (Oncorhynchus mykiss) é o peixe mais suscetível dentre os analisados,
apresentando LC50 de 325 µg/L para exposição por 96 h e de 90 µg/L para
exposição por 21 dias; há também relatos de comprometimento comportamental do
plati, Xiphophorus maculatus após exposição a partir de 5 µg/L. Contudo, a real
segurança deste produto para O. niloticus depende de testes com outros estágios de
vida, uma vez que estudos com estágios iniciais de desenvolvimento de Rhamdia
quelen em concentrações similares às deste estudo indicaram suscetibilidade da
espécie; por outro lado, estudo similares com estágios embrio-larvais de Danio rerio,
indicaram má-formações, neutoroxicidade e estresse oxidativo somente em
concentrações muito altas, como 1,66 mg/L. Embora inicialmente se tenha
pretendido utilizar as concentrações de 10 e 100 µg/L, respectivamente, a
concentração recomendada para uso em água de consumo humano e 10 x esta
concentração - que poderia ocorrer, por exemplo, em dispensação do produto em
caixa d’água com volume reduzido, as concentrações encontradas em média em
cada grupo foram bem inferiores, 0,3 e 2,0 µg/L, para Pi1 e Pi2, respectivamente.
Desta forma, acredita-se que a agitação não foi suficiente para a liberação do
princípio ativo do produto adsorvido na areia vulcânica. Por outro lado, as
concentrações reais encontradas nas soluções-teste são muito mais realísticas para
a exposição animal, pois uma vez aplicado o Sumilarv™, sua reaplicação é
recomendada somente após 2 meses, devido à lenta liberação do princípio ativo, ou
seja, a concentração na água seria bem menor à concentração inicialmente
calculada, mas suficiente para o combate a mosquitos vetores. Além disso, estudos
que detectaram a presença de piriproxifem em rios encontraram níveis entre 24 ng/L
e 0,10 μg/L, valores inferiores aos utilizados neste estudo.

CONCLUSÃO

Os resultados obtidos neste trabalho indicam que o piriproxifem não apresentou


toxicidade para O. niloticus após 62 dias de exposição hídrica. Contudo, mais
estudos são necessários para comprovar a sua inocuidade a esta espécie,
utilizando-se de estágios iniciais de desenvolvimento. Além disso, outras espécies
de peixes, em diferentes estágios de vida e outros organismos, como
macroinvertebrados e mesmo, espécies benéficas de insetos de corpos d´água
também devem ser mais bem investigados à exposição a concentrações realísticas
de piriproxifem. Atualmente, há poucos dados na literatura, os quais indicam
grandes diferenças na sensibilidade ao produto, mesmo entre diferentes espécies de
peixes.

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FONTES FINANCIADORAS

Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq)


Fundação Araucária de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do
Estado do Paraná

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Painel
Biomarcadores
456 - QUALIDADE DA ÁGUA E HISTOPATOLOGIA DE BRÂNQUIAS DE
Oreochromis sp. DE PISCICULTURA DO MUNICÍPIO DE SÃO JOSÉ DE
RIBAMAR-MA

INGRID TAYANE VIEIRA DA SILVA DO NASCIMENTO, DÉBORA MARTINS SILVA


SANTOS, NATÁLIA JOVITA PEREIRA, THIAGO ANCHIETA DE MELO, ILKA MÁRCIA
RIBEIRO DE SOUZA SERRA
Contato: DÉBORA MARTINS SILVA SANTOS - DEBSAN70@GMAIL.COM

Palavras-chave: histologia; análise branquial; piscicultura

INTRODUÇÃO

A piscicultura brasileira passa por intenso desenvolvimento, em 2017 foram


produzidos 691.700 toneladas de peixes representando um acréscimo de 8% em
relação a 2016. Atualmente, a tilápia representa a quarta maior espécie produzida
no Brasil (PEIXE BR, 2018). Práticas inaquedas na piscicultura podem gerar
doenças, alterações na qualidade da água e consequentemente perda econômica.
Os peixes quando expostos a alterações no ambiente podem apresentar
modificações em alguns órgãos refletindo diretamente o ambiente que está inserido.
Assim objetivou-se analisar a qualidade da água e as alterações histológicas em
brânquias de Oreochromis sp. de piscicultura localizada em São José de Ribamar,
Maranhão.

METODOLOGIA

Os peixes foram coletados em piscicultura localizada em São José de Ribamar, em


seguida foram transportados para o laboratório de Morfofisiologia da Universidade
Estadual do Maranhão (UEMA) em caixas de isopor contendo gelo. Foram
analisados os parâmetros físico-químico com auxílio de multiparâmetro. Amostras de
água foram coletadas e transportadas ao laboratório de Microbiologia de Alimentos e
Água da UEMA para a determinação do NMP de coliformes totais e Escherichia coli
através do método colilert (APHA, 2005). O arco branquial direito de cada peixe foi
removido e fixado imediatamente em formalina a 10%, por 48 horas. Posteriormente
as amostras foram descalcificadas em ácido nítrico a 10% por 6 horas e
desidratadas em banho de álcoois crescentes (álcool 70%, álcool 80%, álcool 90%,
álcool 95% por 1 hora em cada etapa, absoluto I, absoluto II e absoluto III e álcool e
xilol por 30 minutos em cada etapa). Em seguida, seguiu-se as etapas de
diafanização em xilol (xilol I e xilol II por 30 minutos em cada etapa), impregnação e
inclusão em parafina. Os blocos foram cortados em micrótomo, corados com
hematoxilina e eosina e observados ao microscópio óptico (LUNA, 1968).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foram coletadas cinco tilápias de tamanhos entre 24 e 28 cm de comprimento total e


que pesaram em torno de 250g e 450g, apresentando pouco valor comercial. Os
parâmetros físico-químicos de pH (8,7), temperatura (29,9ºC), salinidade (0,04 ppm)
e nitrito (0,0 ppm) foram considerados ideais para a criação da tilápia. A Resolução

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

do CONAMA Nº 357 de 17 de março de 2005 estabelece pH ideal na intensificação


da produção piscícola na faixa entre 6 a 9, podendo ser considerado por alguns
autores, pH de 5,5 potencialmente estressante (MORAES e MARTINS, 2004). A
temperatura ideal para peixes tropicais, como a tilápia, está entre 26 e 32 ºC (LIMA
et al., 2013). A maioria das águas continentais possui salinidade na faixa de 0,05 a
1,0 ppt (VINATEA, 1997), dessa maneira os criatórios estão todos dentro do
intervalo ideal neste parâmetro. O valor relativo a amônia foi de 0,066 ppm. A
amônia na piscicultura é oriunda principalmente de produtos da excreção dos
peixes, decomposição da matéria orgânica e de proteína contida no excesso de
ração (FARIA et. al, 2014). A concentração ideal para criação de peixes é abaixo de
0,05 mg/L. Valores entre 0,05-0,4 mg/L é considerado subletal e de 0,4-2,5 mg/L
letal para muitas espécies. Na piscicultura encontrou-se valores de amônia dentro do
padrão considerado subletal, podendo se pontencializar com aumento da
temperatura e do pH. Níveis elevados de amônia podem interferir na transferência
de oxigênio das brânquias para o sangue e causar danos nesse órgão. Os
resultados para Coliformes totais e E. coli foram respectivamente, 24.196 NMP/100
ml e <10 NMP /100 ml estando portanto de acordo com a Resolução 357, de 17 de
março de 2005 do Conselho Nacional do Meio Ambiente. Foram encontradas as
seguintes alterações branquiais: levantamento do epitélio respiratório, congestão
dos vasos sanguíneos, hiperplasia do epitélio lamelar, fusão incompleta de várias
lamelas, dilatação do seio sanguíneo, desorganização das lamelas e aneurisma
lamelar. Essas alterações atuam como mecanismos de defesa das brânquias, uma
vez que são expostas a xenobiontes podendo comprometer o perfeito
funcionamento desse órgão (KARLSSON-NORRGREN et al. 1985, ERKMEN &
KOLANKAYA, 2000). As alterações podem ainda, estar diretamente relacionada ao
alto teor de amônia registrado, associado a falta de aerador no criatório e também a
alta densidade dessa espécie (mais de cem mil por criatório) causando estresse nos
peixes e consequentemente alterações nesse órgão na tentativa de minimizar danos
no seu funcionamento.

CONCLUSÃO

Os parâmetros físico-químicos de pH, temperatura, salinidade e nitrito


apresentaram-se adequados para a criação da tilápia. A amônia registrada foi
considerada subletal indicando necessidade de monitoramento desse parâmetro
para evitar estresse nos peixes. O exame microbiológico também estão dentro dos
padrões ideias de acordo com a legislação vigente. O alto teor de amônia, ausência
de aerador no criatório e densidade elevada dessa espécie pode ter propiciado o
desenvolvimento das alterações histológicas.

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classificação dos corpos d’água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento,
bem como estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes e dá

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

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FONTES FINANCIADORAS

Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do


Maranhão - FAPEMA.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Oral
Biomarcadores
480 - USE OF THE OIL OF THE UROPIGIAL GLAND AS A METHOD TO
EVALUATE ORGANOCLORATED POLLUTANTS IN PENGUINS OF THE SOUTH
OF CHILE

MONICA PATRICIA MONTORY, JAVIER FERRER, JUAN PLACENCIA, CAROLINA


ZAÑARTU
Contato: MONICA PATRICIA MONTORY - MMONTORY@UDEC.CL

Keywords: oil; organoclorated pollutants

INTRODUCION

POPs, due to their toxic properties, persistence, biomagnification, long distance


transport have been banned or restricted. Within this group of POPs, organochlorine
pesticides stand out, where several of these compounds are still used for agricultural
and public health programs in developing countries in Asia, Africa and Latin America.
Due to the above, it is necessary to monitor the levels of environmental pollution.
Penguins are considered sentinels, since they can provide information on the rate
and nature of changes that occur in the environment and climate, due to the
sensitivity of this species to these variations of the environment. This is why it is
necessary to find non-invasive samplers in this type of bird.

METHODS

In this work, a method was developed for the use of oil from the uropigial gland of
penguins, as a bioindicator of environmental contamination. For which a penguin
sample was taken where the uropigial gland was massaged and pressed, then the oil
was extracted with an eppendorf tube, which was stored freezing. Extraction will be
done by adding 1ml of hexane to the sample, this extract is cleaned using column
chromatography with silica gel and anhydrous sodium sulfate. Subsequently the
sample is passed through OASIS HLB SPE columns, which was obtained after the
rotavapor was transferred to a vial to be analyzed in GC-MS.

RESULTS AND DISCUSSION

Of 17 organochlorine pesticides that were evaluated using an internal standard of


2,4,5,6-Tetrachlor-m-xylene (TCMX), in the sample fraction that was eluted with ethyl
acetate, 11 pesticides were detected, with Aldrin being the which was detected in
significantly higher concentrations, followed by α-Chlordane and γ-Chlordane. Among
other pesticides that were detected in considerable concentrations were some
isomers of Heptachlorocyclohexane, such as α-HCH, β-HCH / γ-HCH. The results
show differences between the concentrations found of adult and young penguins, this
could be due to the fact that the latter do not use the uropigial gland during their
period of growth and change of feathers, since they are totally dependent on their
parents and do not enter the water at do not use it, the pollutants will accumulate in
the oil of the gland.
The fact that metabolites have been detected only in young penguins samples such
as Dieldrin, Heptachlor epoxide and γ-Chlordane, gives another proof that

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

contaminants are more likely to bioaccumulate and degrade while they are they do
not use it, compared to samples from adults where pesticide metabolites were almost
not detected.
Another point to consider is that part of the contaminants that bioaccumulate in
female penguins are eliminated and transferred to their offspring, through gestation
and egg laying. This percentage of elimination is not high, but the contaminants that
are transmitted to the embryo can be toxic to it. Although it gives an idea of why
pesticides were quantified in the chicks, it does not fully support the detected values,
so the main way of bioaccumulation of these contaminants is through their diet,
which would also influence long-distance transport of these compounds

CONCLUSION

As a conclusion, it can be indicated that low concentrations were found, or no


pesticide metabolites existed because of the residence time of this oil in the gland, so
it is possible to analyze a recent exposure to the contaminants.
It was demonstrated that the oil of the uropigial gland is an adequate biological
material to detect the existence of organochlorine pesticides in penguins, although a
small amount of sample is obtained from each individual.
From this methodology to evaluate pesticides in uropygial gland oil, the basis for new
research in this and other bird species is given. Taking into account that when using
this sampler, it is not necessary to find dead individuals or sacrifice them to obtain
the necessary samples, a factor that is limiting in other types of matrices.

SPONSORS

This work was financed with funds from the Chilean Antarctic Institute (INACH) within
Research project RT-09-15

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Oral
Biomarcadores
481 - Usnea sp. AS BIOINDICATOR OF POLICICLYC AROMATIC
HYDROCARBONS IN THE KING GEORGE ISLAND, ANTARCTICA

JAVIER FERRER, MONICA PATRICIA MONTORY, CLAUDIO MARCELO BRAVO


LINARES, MARIELA DEL PILAR GOMEZ NEIRA
Contato: MONICA PATRICIA MONTORY - MMONTORY@UDEC.CL

Keywords: Usnea sp., Policiclyc Aromatic Hydrocarbons, bioindicators

INTRODUCION

The increase in population on King George Island located in the archipelago of the
South Shetland Islands in Antarctica, has generated an increase in the use of heating
fuels. The combustion releases to the environment Polycyclic Aromatic
Hydrocarbons (PAHs), of which 16 are subject of priority study by the United States
Environmental Protection Agency (US-EPA). One way to detect these compounds in
the environment is through bioindicators. Lichens, due to their biology, are capable of
absorbing all types of particles present in the air.
The objective of this investigation was to determine whether lichen Usnea sp. serves
as a bioindicator of PAHs, on King George Island.
To achieve the objective, samples of lichen Usnea sp. was carried out in three
sectors on King George Island and a control point on Nelson Island (island with
minimal human intervention). The samples were collected by hand (with latex
gloves), composed of 1 to 6 lichens with a distance of 30 cm one from the other. The
sampling sites were recorded by GPS. All kinds of non-lichen particles were cleaned
and subsequently each sample (between 10 and 12 grams) was stored in an airtight
bag individually and refrigerated at 1 ° C.

METHODS

The extraction was by means of an ultrasound bath with dichloromethane, based on


methodologies previously described by Guidotti et al. (2003), Domeño et al. (2006)
and Van der Wat L & Forbes P.B.C. (2013), with modifications. The method
consisted of a drying stage at low temperature, cleaning and solvent extraction in an
ultrasonic bath. The obtained extracts were analyzed by gas chromatography (Focus
GC, Thermo Scientific) coupled to a mass detector (DSQ II, Thermo Scientific) (GC-
MS).
18 HAPs were measured in the Usnea sp. lichen samples, being were all detected,
16 of them belonging to the priority research study by the US - EPA.

RESULTS AND DISCUSSION

The results showed a highest concentration of benzo (a) pyrene (53.4 ng / g dry
weight), which could be explained by the fact that in most of the sectors studied there
is a burning of organic matter, which causes the release of this molecule when
combustion is incomplete (Albero, 2009, Martorell et al., 2010). The lowest
concentration obtained corresponded to 1-methyl naphthalene (6.65 ng / g dry

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weight). 1-Methylnaphthalene is a branched naphthalene HAP which has


characteristics similar to naphthalene (low molecular weight and high volatility); in
most cases, it can not be deposited and / or accumulated in organisms (Calero,
2012). Effectively, the results obtained showed higher concentrations in lichens for
high molecular weight PAHs, which have higher Kow values and therefore greater
affinity to biological matrices.
When comparing the results obtained with to other sites in the world in which Usnea
has been used for the quantification of PAHs, the concentrations were generally
lower. This is related to the fact that the other studies, although using extraction
techniques similar to the one used in this study, are sites close to large cities and
areas with high anthropic activity, compared to Antarctica.
Based on a principal component analysis (PCA) it was possible to determine that
there were differences between the three zones of Rey Jorge Island and the control
zone (Nelson Island). In the latter, predominantly 6-ring PAHs, while PAHs with 2 to 5
rings predominated in the anthropized zones.

CONCLUSION

To identify the possible origins of PAHs present in lichens, a polytopic vector analysis
(PVA) was developed (BRAVO et al., 2012). This analysis showed that within the
origins of the HAPs are the burning of gasoline, biomass and diesel.
Based on the analysis of the PAHs (HERNÁNDEZ, 2015), it was concluded also that
the source of emission of these was mainly of pyrogenic type, followed by petrogenic
sources. The pyrogenic origin would be given by the burning of organic matter that is
made in Antarctica, since the environmental Antarctic treaty of 1991 authorizes this
activity in incinerators.
It is concluded that it was possible to use the Usnea lichen as a bioindicator of PAHs
in Rey Jorge Island, Antarctica.

SPONSORS

This work was financed with funds from the Chilean Antarctic Institute (INACH) within
Research project RT-09-15

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Biomarcadores
482 - ELUTRIATO DAS LAGOAS COSTEIRAS MÃE-BÁ E NOVA GUARAPARI
PROVOCA AUMENTO DE DENSIDADE DE CÉLULAS CLORETO EM
BRÂNQUIAS DE Geophagus brasiliensis

KARLA GIAVARINI GNOCCHI, FREDERICO AUGUSTO CARIELLO, ANDRESSA DE


SOUZA LIMA RODRIGUES, DANDARA SILVA CABRAL, ADRIANA REGINA CHIPPARI
GOMES
Contato: KARLA GIAVARINI GNOCCHI - KARLAGIAV@HOTMAIL.COM

Palavras-chave: efluentes industriais, Geophagus brasiliensis, elutriato

INTRODUÇÃO

A lagoa costeira Mãe-Bá, Espírito Santo, Brasil, é um ecossistema receptor dos


efluentes industriais de uma grande empresa de pelotização de minério de ferro
(PEREIRA et al., 2008). Com o intuito de avaliar o nível dos impactos causados
neste manancial de abastecimento sobre a biota, indivíduos de Geophagus
brasiliensis foram expostos ao elutriato produzido a partir do sedimento da Lagoa
Mãe-Bá e de uma outra lagoa sem interferência direta da mineradora, por 21 dias. A
densidade de células cloreto no eptélio branquial foi avaliada nesses indivíduos,
como ferramenta para o biomonitoramento dessa região.

METODOLOGIA

Para a realização dos experimentos, após aclimatação de 15 dias, os peixes foram


transferidos para aquários individuais de vidro (6 L) onde foram submetidos à
exposição semi estática de elutriato, por 21 dias, sendo divididos em quatro
tratamentos diferentes: (i) grupo controle negativo (C - água proveniente do sistema
comum de abastecimento da universidade); (ii) elutriato preparado a partir do
sedimento da lagoa costeira de Nova Guarapari (ENG - Lagoa de referência); (iii)
elutriato preparado a partir do sedimento proveniente da lagoa costeira Mãe-Bá
(EMB); e (iv) grupo controle positivo (CP - injeção intraperitoneal de ciclofosfamida
nos peixes). A concentração de elutriato usada nos experimentos foi de 12,5 %.
Cada grupo experimental foi formado por oito indivíduos. A cada 48 h do
experimento, foi realizada a troca de 2/3 do elutriato contido no aquário com o
cuidado de manter a concentração inicial. Ao final dos 21 dias de exposição, os
peixes foram anestesiados com solução de Benzocaína (0,2 g.L-1) e eutanasiados
por secção cervical (WINKALER et al., 2007). Posteriormente, as brânquias foram
removidas para a determinação da densidade de células cloreto, que foi realizada de
acordo com método descrito por (BINDON et.al., 1994; MORON et al., 2003).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados obtidos no presente estudo demonstraram que o número de células


cloreto encontradas por filamento e por lamela branquial foi maior no tratamento
EMB, quando comparado aos grupos C e a ENG. As brânquias são estruturas que
desempenham funções vitais, pois elas são responsavéis pelas trocas gasosas e
também pelo processo de osmorregulação nos peixes. O epitélio branquial é

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

formado por vários tipos celulares dentre eles podemos incluir células pavimentosas,
mucosas e células cloreto (BALDISSEROTTO et al., 2012; PEREIRA & CAETANO,
2009). As células cloreto são grandes, espalhadas na superfície lamelar, ricas em
mitocôndrias e estão diretamente relacionadas com a absorção de íons e com a
osmorregulação. Essas células, sob condições iônicas desfavoravéis ou mediante a
presença de poluentes, podem se ploriferar na superfície lamelar das brânquias
(PEREIRA & CAETANO, 2009; SIMONATO et al., 2013). Essa ploriferação de
células foi observada nos peixes expostos ao elutriato produzido com o sedimento
da Lagoa Costeira Mãe-Bá (EMB), indicando que houve um ajuste fisiológico na
osmorregulação desses indivíduos devido a presença de substâncias
potencialmente tóxicas. A ploriferação das células cloreto no epitélio branquial é
considerada uma forma de proteção do organismo, que pode ter o número dessas
células alterado devido ao aumento na captura de íons, mas também, pela
dificuldade de capturar esses mesmos íons devido à presença de agentes tóxicos
presentes na água (SIMONATO et.al., 2013). O mesmo aumento na densidade de
células cloreto no eptelio branquial foi observado em exemplares de Prochilodus
lineatus submetidos à exposição aguda de 24 h a gasolina (SIMONATO et al., 2013).

CONCLUSÃO

No presente estudo foi possível observar que, após os 21 dias de exposição, houve
um aumento significativo na densidade de células cloreto presentes no epitélio
branquial nos organismos expostos ao elutriato, oriundo da lagoa Mãe-Bá. Isso que
indica que a presença de substâncias potencialmente tóxicas podem provocar
alterações nas brânquias dos peixes e que, em condições naturais essas mesmas
alterações podem ocorrer, visto que essa lagoa é receptora de efluentes industriais.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BALDISSEROTTO, B. et al. Sodium fluxes in Tamoatá, Hoplosternum litoralle,


exposed to formation water from Urucu Reserve (Amazon, Brazil). Archives of
Environmental Contamination and Toxicology, v. 62, n. 1, p. 78–84, 2012.
BINDON, S.D.; FENWICK, J.C.; PERRY, S.F. Branchial chloride cell proliferation in
the rainbow trout, Oncorhynchus mykiss: Implications for gas transfer. Canadian
Journal of Zoology, v. 72, n. 1988, p. 1395–1402, 1994.
MORON, S.E. et al. Chloride Cell Responses to Ion Challenge in Two Tropical
Freshwater Fish, the Erythrinids Hoplias malabaricus and Hoplerythrinus
unitaeniatus. Journal of Experimental Zoology Part A: Comparative Experimental
Biology, v. 298, n. 2, p. 93–104, 2003.
PEREIRA, A.A. et al. Effects of iron-ore mining and processing on metal
bioavailability in a tropical coastal lagoon. p. 239–252, 2008.
PEREIRA, B.F.; CAETANO, F.H. Histochemical technique for the detection of
chloride cells in fish. Micron, v. 40, n. 8, p. 783–786, 2009.
SIMONATO, J.D.; FERNANDES, M.N.; MARTINEZ, C.B. Physiological effects of
gasoline on the freshwater fish Prochilodus lineatus (Characiformes:
Prochilodontidae). Neotropical Ichthyology, v. 11, n. 3, p. 683–691, 2013.
WINKALER, E.U. et al. Acute lethal and sublethal effects of neem leaf extract on the
neotropical freshwater fish Prochilodus lineatus. Comparative Biochemistry and
Physiology, v. 145, n. 2, p. 236–244, 2007

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Comportamento ambiental e
modo de ação de contaminantes

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Painel
Comportamento ambiental e modo de ação de contaminantes
63 - INFLUÊNCIA DOS PARÂMETROS FÍSICO-QUÍMICOS NA ECOTOXICIDADE
DE METAIS PESADOS EM EFLUENTES INDUSTRIAIS

VINÍCIUS VALLE VIANNA PINTO, SARAH DARIO ALVES DAFLON, JUACYARA


CARBONELLI CAMPOS
Contato: SARAH DARIO ALVES DAFLON - SARAHDARIO@GMAIL.COM

Palavras-chave: Ecotoxicidade; metais; legislação

INTRODUÇÃO

Metais pesados são agentes tóxicos frequentemente encontrados em efluentes


industriais e por isso, tornam-se uma das principais fontes de poluição do
ecossistema aquáticos. A ecotoxicidade dos metais é influenciada pelos aspectos
físico-químicos do meio no qual encontram-se inseridos. No entanto, a legislação
ambiental nacional não contempla essa influência, apenas estabelece limites
máximos da concentração de metais para o descarte de efluente. O presente
trabalho teve como principal objetivo analisar como os parâmetros físico-químicos
pH, dureza, salinidade, alcalinidade e matéria orgânica dissolvida afetam a
ecotoxicidade dos metais nos efluentes industriais, avaliando em paralelo as
legislações ambientais.

METODOLOGIA

Para a avaliação da influência dos parâmetros físico-quimicos na ecotoxicidade de


metais, primeiramente foi realizado um levantamento bibliográfico para a escolha
dos principais metais a serem analisados. Para este estudo, optou-se pelo cobre,
chumbo, níquel, zinco e cádmio. Além disso, o estudo analisou a ecotoxicidade
desses metais à diferentes níveis tróficos, tais como bactérias, algas,
microcrustáceos e peixes. Em seguida, foi avaliado como os parâmetros físico-
químicos pH, dureza, alcalinidade, salinidade e matéria orgânica dissolvida
influenciam a ecotoxicidade destes metais em solução aquosa. Por fim, os aspectos
legais de descarte de efluentes e qualidade das águas foram revisados tanto para o
âmbito nacional quanto dos EUA, Canadá e países do continente europeu.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

De um modo geral, o aumento da dureza, salinidade, alcalinidade e matéria orgânica


dissolvida diminuem a toxicidade dos metais, diferentemente do pH que pode tornar
o metal mais tóxico ou menos tóxico. O mecanismo de ação da dureza na
diminuição da toxicidade ocorre devido a competição dos íons Ca 2+ e Mg2+ com o
metal pelos sítios ligantes da membrana dos organismos. Já o mecanismo de ação
da salinidade se deve à precipitação de metais devido à formação de cloretos,
sulfatos e carbonatos, além da competição de cátions com o metal pelos canais de
cálcio ou sódio na membrana dos organismos. A alcalinidade atua na mudança da
especiação de metais com a formação de carbonatos, tornando-os não biodiponíveis
devido à precipitação. Já a matéria orgânica dissolvida atua na complexação do
metal e posterior adsorção na membrana plasmática, impedindo o acesso do metal

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

ao sítio ligante. Por fim, a influência do pH ocorre pela competição dos íons H + com
o metal pelos sítios ligantes. Em pH baixo ocorre a diminuição da ecotoxicidade de
alguns metais como zinco, níquel e cádmio. Já em pH elevado, o mecanismo de
atuação se deve pela mudança na especiação dos metais com a formação de
hidróxidos insolúveis, diminuindo a ecotoxicidade de alguns metais como cobre e
chumbo. Os microcrustáceos se apresentaram como sendo excelentes
bioindicadores dos metais avaliados visto que apresentaram maior sensibilidade a
maioria deles, com exceção do zinco e do cádmio, os quais os organismos mais
sensíveis foram as algas e os peixes, respectivamente. Bactérias apresentaram uma
grande tolerância aos metais, não sendo os melhores indicadores quando metal é o
principal agente tóxico suspeito. Analisando todos os aspectos apresentados, as
legislações brasileiras (federal e estaduais) para lançamento de efluentes e até para
qualidade das águas, a mesma parece estar incompleta, pois a concentração
máxima permitida de alguns metais (ex: cobre) em Águas de Classe I, segundo o
CONAMA 357/2005 é superior as concentrações que já causam efeitos tóxicos
agudos a alguns organismos, tais como daphnídeos. Legislações ambientais como
dos Estados Unidos e do Canadá já levam em consideração os aspectos físico-
químicos do corpo hídrico para estabelecer os limites permitidos em suas diretrizes
de qualidade das águas. Outros países como Austrália, Nova Zelândia, Coreia do
Sul e países da Europa caminham também para a criação de leis que contemplem
estes fatores.

CONCLUSÃO

Os parâmetros físico-químicos como pH, dureza, alcalinidade, salinidade e presença


de matéria orgânica da água influenciam a toxicidade dos metais avaliados,
tornando-os mais ou menos tóxicos dependendo das condições e do metal em
questão. A legislação nacional se encontra incompleta quando comparada com a de
outros países, pois não leva em consideração os aspectos físico-químicos do corpo
hídrico para estabelecer os limites permitidos de metais em suas diretrizes de
qualidade das águas, apresentando ainda, limites elevados que podem ser tóxicos
para organismos mais sensíveis.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Comportamento ambiental e modo de ação de contaminantes
98 - AVALIAÇÃO DO EFEITO INSETICIDA DA BACTÉRIA Bacillus thuringiensis
SOBRE A LAGARTA Chrysodeixis includens

ANA FLAVIA MARCELINO, NATANA RAQUEL ZUANAZZI, RODRIGO ANTUNES


MACIEL, NÉDIA DE CASTILHOS GHISI, THIAGO CINTRA MANIGLIA, EVERTON
RICARDI LOZANO DA SILVA
Contato: NATANA RAQUEL ZUANAZZI - NATANA_ZUANAZZI@HOTMAIL.COM

Palavras-chave: Bioensaio. Entomopatogênicos. Isolado

INTRODUÇÃO

Bacillus thuringiensis são bactérias esporulantes gram-positivas, capazes de


produzir cristal proteico com potencial inseticida entomopatogênico. Seu uso vem
sendo amplamente estudado, visando a diminuição do uso de inseticidas químicos,
devido à grande quantidade de prejuízos que estes últimos causam a organismos
não-alvo e inclusive a saúde humana. A Chrysodeixis includens é um inseto da
ordem lepidóptera, que em sua fase larval ataca folhas de culturas como a soja,
causando prejuízos devido a diminuição de área foliar e consequentemente de
fotossíntese da planta. Este estudo objetivou analisar diferentes isolados de B.
thuringiensis visando observar a atividade entomopatogênica destes em C.
includens.

METODOLOGIA

Foram selecionados oito isolados de B. thuringiensis provenientes da Universidade


Estadual de Londrina (UEL). Os isolados BR135, BR138, IPS18, BR58, BR80,
BR137, BR146, BR67 encontravam-se armazenados em freezer em sua forma
purificada. Uma alíquota de cada isolado foi coletada e inoculada em meios de
cultura líquido composto de caldo de carne e peptona e multiplicados durante 96 h
em agitador horizontal a 30°C e 110 rpm, posteriormente quantificados pela técnica
da microgota, obtendo-se o número de Unidades Formadoras de Colônia (UFC) foi
possível determinar a concentração 3 x 108 UFC/mL (padrão) para a utilização no
bioensaio que foi realizado com dez tratamentos: oito isolados de B. thuringiensis,
um controle negativo composto por água+Tween e um controle positivo composto
por um produto comercial B. thuringiensis, var. kurstaki, linhagem HD-1. Foram
depositados 35µL de solução contendo a concentração padrão sobre a dieta artificial
para C. includens, previamente preparada em placas de 12 poços. Foi alocado um
inseto por poço e as placas foram fechadas. Cada tratamento contou com 7
repetições, sendo cada placa uma repetição. As placas foram armazenadas em
câmara climatizada a 27ºC, UR60% e fotofase de 14 horas. As avaliações foram
realizadas após 12, 24, 48 e 72 h.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Observando os dados obtidos, verificou-se a seguinte porcentagem de mortalidade


para os seguintes tratamentos: Controle negativo 13%, BR135 8,33%, BR138 9,5%,

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

IPS182 8,33%, BR58 13,09%, BR80 8,33%, BR137 4,76%, BR146 9,5% BR67
5,95% e Controle Positivo 72%.
Após análise estatística, verificou-se diferença significativa apenas do controle
positivo para os demais tratamentos, obtendo-se um valor p= 0,0021. Os demais
tratamentos que eram os isolados de B. thuringiensis e o controle negativo não
diferiram entre si.
A linhagem HD-1, que foi considerada como controle positivo e apresentou 72% de
mortalidade já foi descrita em vários estudos como sendo letal para insetos da
ordem lepidóptera, existindo inclusive produtos comercias fabricados a partir deste
isolado. O resultado obtido pode ser explicado porque diferentes linhagens da
bactéria são capazes de produzir uma gama de cristais determinados por genes cry.
A codificação destas proteínas cry irão determinar qual o tipo de cristal será
formado. Vários estudos já descreveram a relação de especificidade entre o tipo de
cristal apresentado pela bactéria e a ordem de insetos que pode ser afetada pelo
cristal. Segundo Bravo et al. (2007), os cristais codificados pelos genes cry1 e cry2
estão associados a letalidade de insetos da ordem lepidóptera, enquanto cry4 e
cry11 são considerados letais para ordem díptera. Para a ordem coleóptera, isolados
de B. thuringiensis que expressam cristais codificados pelo cry3 são considerados
eficientes no controle (LACEY et al., 2015)
Sendo assim, pode-se inferir que os resultados de baixa mortalidade para o
bioensaio desenvolvido no presente estudo deve-se a não presença dos genes cry1
e cry2 nos isolados utilizados. Esse resultado pode ser confirmado por meio de
análises moleculares que serão realizadas posteriormente, onde através de primers
específicos será possível verificar a presença ou ausência dos genes acima citados.

CONCLUSÃO

O bioensaio realizado demonstrou que os isolados testados não foram tóxicos em


condições de laboratório para C. includens. Apenas a linhagem padrão HD-1
(controle positivo) apresentou resultado positivo para este tipo de inseto praga. Para
confirmação do resultado será realizada a caracterização molecular, e caso haja
presença dos genes letais para outras ordens, os mesmos isolados poderão vir a ser
testados sobre insetos pragas destas outras ordens, também de importância
econômica.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRAVO, A.; GILL, S.S.; SOBERÓN, M. Mode of action of Bacillus thuringiensis Cry
and Cyt toxins and their potential for insect control. Toxicon, v. 49, n. 4, p. 423–435,
2007.
LACEY, L.A.; GRZYWACZ, D.; SHAPIRO-ILAN, D.I.; et al. Insect pathogens as
biological control agents: Back to the future. Journal of Invertebrate Pathology, v.
132, n. August, p. 1–41, 2015.

FONTES FINANCIADORAS

A Universidade Estadual de Londrina (UEL), pelo fornecimento dos isolados de


Bacillus thuringiensis utilizados no estudo.

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Painel
Comportamento ambiental e modo de ação de contaminantes
130 - ESTUDO DA CORRELAÇÃO MERCÚRIO E SELÊNIO EM AMOSTRAS DE
TECIDO CAPILAR EM UMA COMUNIDADE RIBEIRINHA DA BACIA DO
TAPAJÓS/PA

KLEBER RAIMUNDO FREITAS FAIAL, MONIA MARIA CARVALHO DA SILVA, CÁSSIO


RAIMUNDO FREITAS FAIAL, KELSON DO CARMO FREITAS FAIAL, ADAELSON
CAMPELO MEDEIROS, IAGO LOPES FAIAL, RICARDO JORGE AMORIM DE DEUS,
IRACINA MAURA DE JESUS MAURA JESUS
Contato: KLEBER RAIMUNDO FREITAS FAIAL - KLEBERFAIAL@IEC.PA.GOV.BR

Palavras-chave: mercúrio; selênio; cabelo

INTRODUÇÃO

O mercúrio (Hg) é um metal pesado de aspecto argênteo, inodoro, cujo símbolo Hg


deriva do latim hydrargyrum que, normalmente, é encontrado em dois estados de
oxidação e tóxico ao ser humano quando ingerido ou inalado. Pertence à família
química dos metais do grupo II B, da tabela periódica. O selênio (Se) é um
micronutriente essencial que foi descoberto por Jöns Jakob Berzelius (BERZELIUS,
1818) e está localizado no grupo VI da tabela periódica. O Principal objetivo desse
estudo é avaliar as concentrações de Hg e Se em amostras de cabelo em indivíduos
residentes em uma comunidade ribeirinha da bacia do tapajós e correlacionar os
valores obtidos avaliando a possibilidade do Se atuar como inibidor da exposição
mercurial.

METODOLOGIA

Foram coletadas 141 amostras de tecido capilar dos indivíduos, sendo 83


pertencentes ao sexo feminino e 58 do sexo masculino. As amostras foram
coletadas próximo a inserção do couro cabeludo, com tesoura de aço inoxidável em
torno de 0,1 a 1,0 g. Após a coleta as amostras foram acondicionadas em envelope
de papel devidamente identificado e mantido à temperatura ambiente onde foram
encaminhados ao laboratório para os procedimentos analíticos. As determinações
de mercúrio total foram realizadas por Espectrometria de Absorção Atômica com
sistema para geração de vapor frio de mercúrio marca Sanso seisakusho, modelo
mercury analyzer Hg 201. As análises de Se foram realizadas no espectrômetro de
absorção atômica acoplado com forno de grafite (GF-AAS), marca Varian, modelo
AA 220Z, equipado com corretor de Zeeman e lâmpada de cátodo ôco
monoelementar de Se.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A média de concentração de mercúrio total encontrada foi de 13,99 mg/g. A menor


concentração foi de 1,8 mg/g e a mais alta de 38,01 mg/g. Nos indivíduos do sexo
masculino houve uma variação de 2,07 mg/g a 37,99 mg/g, com média de 14,91
mg/g, enquanto que no sexo feminino a variação foi de 1,80 mg/g a 38,01 mg/g
tendo a média de 13,35 mg/g. Em relação aos indivíduos do sexo feminino 37
(44,58%) representavam mulheres em idade fértil (15-40 anos), destas 32 (84,49%)

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estavam com a concentração de Hg total acima do limite de tolerância biológica


proposto pela OMS que é de 6,00 mg/g.
A concentração média de Hg Total obtido neste estudo, ultrapassa os teores
referidos na legislação. A média de Selênio total nas amostras de tecido capilar
encontrada foi de 3,62 mg/g. A menor concentração foi de 0,98 mg/g e a mais alta
de 5,14 mg/g. Nos indivíduos do sexo masculino houve uma variação de 0,98 mg/g a
4,91 mg/g, com média de 3,64 mg/g, enquanto que no sexo feminino a variação foi
de 1,26 mg/g a 5,14 mg/g com média de 3,60 mg/g. Em relação aos indivíduos do
sexo feminino 37(44,58%) representavam mulheres em idade fértil (15-40 anos),
destas 35 (94,6%) estavam com a concentração de Se total acima do limite de
tolerância biológica proposto pela OMS.
Os limites preconizados pela Organização Mundial de Saúde – OMS de selênio total
em amostras de cabelo é de 2 ug/g. A concentração média de SeT obtido neste
estudo, ultrapassa os teores referidos na legislação.
Quando o estudo relacionou a razão molar Hg/Se e concentração de Hg, foram
observadas uma forte correlação positiva entre os elementos, sendo os valores da
razão molar encontrados ficaram próximos a 1. Quando os valores da razão molar
próximas a 1 pode estar relacionado com a formação de um complexo Se-Hg capaz
de diminuir a disponibilidade de Hg no organismo. Isso pode significar a formação do
complexo Se-Hg, capaz de neutralizar os efeitos tóxicos do Hg.

CONCLUSÃO

Em relação ao mercúrio os resultados obtidos neste estudo, apesar de não serem


conclusivos, indicam que a população pesquisada da comunidade Barreiras/PA,
encontra-se seriamente exposta a elevadas concentrações de mercúrio Total.
Levando em consideração a saúde pública, especial atenção deve ser dirigida às
mulheres em idade fértil, onde 84,49% (n=32) das mulheres investigadas
apresentaram concentração de mercúrio superior a 6 ppm, sendo que em 23
(71,88%) a concentração foi acima de 10 ppm. No mesmo raciocínio, crianças com
idade entre 01 mês e 02 anos que consomem pouco peixe, apresentaram
concentrações de mercúrio acima de 6 ppm em 7 casos (70%). Os resultados
apresentados indicam que as concentrações estão associadas às atuais exposições
intrauterinas e através do aleitamento materno.
Os valores deste estudo estão de acordo com a pesquisa realizada por LEMIRE et
al., (2010), no seu estudo em comunidades ribeirinhas do Rio Tapajós, avaliou a
quantidade disponível de Se e Hg no sangue (S-Se e S-Hg), neste estudo nenhum
participante apresentou deficiência de S-Se, os resultados obtidos apresentaram
uma relação positiva e significativa entre S-Se e S-Hg, indicando que nas
comunidades estudadas por LEMIRE et al, (2010) com alta exposição ao Hg, o Se
apresentou um papel importante como protetor aos efeitos tóxicos do Hg.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AGENCY FOR TOXIC SUBSTANCES AND DISEASE REGISTRY (ATSDR).


Toxicological profile for mercury. Department of Health and Human Services Public
Health. Atlanta; 1999. 617 p.

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

AGENCY FOR TOXIC SUBSTANCES AND DISEASE REGISTRY (ATSDR).


Toxicological profile for mercury. Department of Health and Human Services Public
Health. Atlanta; 1999. 617 p.
AGENCY FOR TOXIC SUBSTANCES AND DISEASES REGISTRY (ATSDR).
Toxicological profile for selenium. Department of Health and Human Services.
Atlanta; 2003. 457 p.
AKAGI, H.; NISHIMURA, H. Speciation of mercury in the environment. In: SUZUKI,
T.; IMURA, N.; CLARKSON, T. W. (Ed.). Advances in Mercury Toxicology. New York:
Prenum Press, 1990. p. 53-76.
BERZELIUS, J.; EGGERTZ, H.P. (Ed.). Afhandlingar i fysik, kemi och mineralogy. [S.
l.: s.n.], 1818. p. 42-144. Vol. 6.
BRABO, E.S.; SANTOS, E.C.O.; JESUS, I.M.; MASCARENHAS, A.F.S.; FAIAL,
K.R.F. Mercury contamination of fish and exposure of an indigenous community in
Pará state - Brazil. Environmental Research, v. 84, p. 197-203. 2000.
CAMPOS, M.S. Estudo da correlação mercúrio-selênio em amostras de cabelo de
Índios Wari. 2001. 100 f. Dissertação (Mestrado em Química) – Instituto de
Pesquisas Energéticas e Nucleares, 2001.
FAIAL, K.R.F.; SANTOS, E.C.O.; BRABO, E.S.; SÁ, G.C.; JESUS, I.R.M.; LIMA,
M.O.; MENDES, R.A.; MASCARENHAS, A.F.S. Mercure levels in fish of Trombetas
river in low Amazon área and área out of the influence of gold mining. Cadernos
Saúde Coletiva, v. 13, n. 1, p. 237-248, 2005.
LEMIRE, M.; FILLION, M.; FRENETTE, B.; MAYER, A.; PHILIBERT, A.; PASSOS,
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related cataracts. Environ Health Perspective, v. 118, p. 1584-1589, 2010.
SANTOS, E.C.O.; JESUS, I.M.; BRABO, E.S.; LOUREIRO, E.C.B.;
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exposure in riverside Amazon communities in Pará, Brazil. Environmental Research,
v. 84, p. 100-107. 2000.

FONTES FINANCIADORAS

Instituto Evandro Chagas/SVS/MS

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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Painel
Comportamento ambiental e modo de ação de contaminantes
152 - AVALIAÇÃO DE RISCO DE CONTAMINAÇÃO HÍDRICA POR
NECROCHORUME NO CEMITÉRIO DE SULACAP, ZONA OESTE DO RIO DE
JANEIRO, BRASIL

JULIA CRISTINA SILVA, MAIRA RODRIGUES LIMA, ANA CLAUDIA PIMENTEL DE


OLIVEIRA
Contato: JULIA CRISTINA SILVA - JULIACRISTINASILVA@HOTMAIL.COM

Palavras-chave: necrochorume; ecotoxicologia; água

INTRODUÇÃO

O necrochorume é considerado o principal responsável pela poluição ambiental


causada pelos cemitérios que não estejam devidamente instalados, este pode conter
diferentes tipos de bactérias e vírus causadores de doenças de veiculação hídrica
(KEMERICH, 2012), além de contaminação do solo. Durante o processo de
putrefação é liberado essa substância constituída por 60% de água, 30% sais
minerais e 10% substâncias orgânicas, duas delas altamente tóxicas: a putrescina e
a cadaverina (JALOWITZKI, 2011).
Dada à problemática, o estudo teve como objetivo avaliar a contaminação de água
do canal localizado ao lado do Cemitério Jardim da Saudade de Sulacap, RJ

METODOLOGIA

A avaliação do impacto ambiental gerado pelo necrochorume nas águas do Canal


localizado ao lado do Cemitério Jardim da Saudade de Sulacap (S22°53`27.6072``
W43°24`3.6108``) foi feita através de testes de ecotoxicidade com Danio rerio,
seguindo a norma da ABNT-NBR 15088.
O monitoramento da qualidade da água foi feito a partir de amostragens superficial
em dois pontos denominados: Ponto 1 (localizado antes do cemitério) e o Ponto 2
(após o cemitério). As coletas foram realizadas nos meses de março e abril de 2018.
Os ensaios de ecotoxicidade realizados foram do tipo agudo, onde os organismos-
teste foram expostos à amostra por até 48h. Os parâmetros analisados durante os
ensaios foram pH e oxigênio dissolvido (OD).
Os resultados dos testes foram expressos como tóxicos ou não tóxicos,
considerando a ocorrência de letalidade. Os ensaios foram considerados válidos
quando a condição controle teve sobrevivência de 90% dos organismos-teste.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Nos ensaios realizados, os parâmetros de pH variaram de 6,0 a 8,25. Estes valores


estão dentro da faixa de pH 5,0 a 9,0 estabelecida pela ABNT NBR 15088:2011,
condição para não interferir no resultado do ensaio. O mesmo foi verificado para a
concentração de oxigênio (OD) com o valor mínimo de 4,0 mg/L.
Todas as amostras avaliadas apresentaram efeito tóxico, causando letalidade total a
100% dos organismos testados. Cabe ressaltar, que nas duas amostras do ponto

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

amostral localizado antes do cemitério também foi verificado a toxicidade. Logo, não
é possível referenciar tal resultado a presença somente de necrochorume.
Provavelmente, a qualidade hídrica do canal está comprometida com presença de
matéria orgânica despejada de forma indevida através do lançamento de esgoto
sem tratamento ou tratado de forma inadequada.
Os resultados obtidos nos ensaios não concordam com os apresentados por Soares
et al (2017). Estes autores realizaram um monitoramento neste mesmo corpo hídrico
e não observaram toxicidade nas amostras.
Pacheco et al (1991) reportam que o risco de contaminação microbiológica com a
construção de cemitérios em meio urbano é presumível e ainda relatam a
contaminação do lençol freático por microrganismos como coliformes totais,
coliformes fecais, estreptococos fecais, clostrídios sulfito redutores e outros
provenientes da decomposição dos corpos sepultados por inumação no solo. Logo,
a deterioração da qualidade da água tem relação direta com as condições
geológicas e hidrogeológicas do ambiente, devendo este fator ser considerado para
o planejamento e implantação de cemitérios (MARTINS, 1991).
A urbanização intensa e descontrolada reintegrou os cemitérios à malha urbana, fato
que intensificou o risco potencial de contaminação do solo por meio da geração de
necrochorume oriundo da decomposição dos corpos (SANTOS et al., 2005).

CONCLUSÃO

Os dados preliminares apresentados mostram a necessidade de continuidade do


monitoramento para elucidar o real impacto do necrochorume na qualidade da água
do corpo hídrico em estudo.
A fim de minimizar os impactos ambientais gerados pelo necrochorume, a
Resolução CONAMA 335/03 regulamentou o licenciamento ambiental dos cemitérios
e normatizou regras que visam reter o necrochorume dentro da sepultura, para que
o mesmo não atinja a parte externa colocando desta forma em risco o meio
ambiente.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15088: Ecotoxicologia


aquática – toxicidade aguda – método de ensaio com peixes. Rio de Janeiro, 2011.
CONAMA nº 335, de 3 de abril de 2003 – Licenciamento Ambiental. Disponível em: .
Acesso 20 janeiro 2018.
FERNANDES, D. O Efeito do Necrochorume no Meio Ambiente e sua Imputação
Penal. Disponível em: file:///C:/Users/pvito/Downloads/122-282-1-PB.pdf. Acesso
em: 22 abril 2018.
JALOWITZKI, M. O Que diz a legislação sobre o tratamento de cadáveres -
Necrochorume – Contaminação das Águas - Problema Nacional. 2011. Disponível
em: . Acesso em 20 abril 2018.
KEMERICH, P.; HERNESTO UCKER, F.; BORBA, W. Cemitérios como Fonte de
Contaminação Ambiental. Disponível em: <
http://www2.uol.com.br/sciam/artigos/cemiterios_como_fonte_de_contaminacao_am
biental.ht ml > . Acesso em: 23 abril 2018.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

MARTINS, M.T.; PELLIZARI, V.H.; PACHECO, A.; MYAKI, D.M.; ADAMS, C.;
BOSSOLAN, N.R.S.; MENDES, J.M.B.; HASSUDA, S. Qualidade bacteriológica de
águas subterrâneas em cemitérios. Rev. Saúde públ., S. Paulo, 25: 47-52, 1991.
SANTOS, A.G.S. et al. Qualidade da Água Subterrânea e Necrochorume no Entorno
do Cemitério do Campo Santo em Salvador/BA. Rev. Eletrônica de Gestão e
Tecnologias Ambientais (GESTA)., Salvador, p.39-60, 2015.
SOARES, T.F.A; SILVA M.S; MONTEIRO E.C.S; PEREIRA L.V; OLIVEIRA A.C.P;
Impacto do necrochorume nos recursos hídricos. 14º Congresso Nacional de Meio
ambiente, 2017
PACHECO, A.; MENDES, J.M.B.; MARTINS, T.; HASSUDA, S.; KIMMELMANN,
A.A. Cemeteries – A Potencial Risk to Groundwater. Water Science Technology. vol.
24 (11), p. 97-104, 1991.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Comportamento ambiental e modo de ação de contaminantes
291 - AVALIAÇÃO DE METAIS PESADOS (ZN, CR, PB, CU, MN E CO) EM
AMOSTRAS DE SOLO E SEDIMENTO DA RESERVA BIOLÓGICA DO JARU/RO

JOAQUIM PEDRO MACHADO DE ASSIS, CLÁVIO MOMO ZIEMNICZAK, JOÃO PAULO


OLIVEIRA GOMES, WALKIMAR ALEIXO DA COSTA JÚNIOR, LUIZ EDUARDO
OLIVEIRA, LUIZA FERNANDA SILVA PAVANELLO, ANDREZA PEREIRA MENDONÇA,
BEATRIZ MACHADO GOMES, WANDERLEY RODRIGUES BASTOS, ELISABETE
LOURDES NASCIMENTO
Contato: LUIZ EDUARDO OLIVEIRA - LUIZ4EO@GMAIL.COM

Palavras-chave: reserva biológica; solo; sedimento; metais pesados

INTRODUÇÃO

Metais pesados são lançados em rios diariamente, consequência do rápido


crescimento populacional, produção industrial e agrícola (ISLAM et al.,
2015).Contaminação esta que pode vir a atingir áreas destinadas à proteção de
ambiente naturais, cuja função é a preservação integral da biota e demais atributos
naturais, assim comocomparativos ecológicos em diversos estudos científicos
(BRASIL, 2000).Esta pesquisa teve como objetivo avaliar as concentrações de Zn,
Cr, Pb, Cu, Mn e Coem amostras de solo e sedimento da Reserva Biológica do Jaru,
localizada no município de Ji-Paraná, Rondônia.

METODOLOGIA

As amostras de solo e sedimento foram coletadas em 7 pontos distribuídos em rios


dentro da reserva e 2 em afluentes da reserva. As coletas foram realizadas nos
meses de março e junho de 2017. As amostras de solo foram coletadas com uma
escavadeira de mão, e as amostras de sedimento de fundo dos rios foram coletadas
com uso de uma Draga de Eckman. As amostras foram mantidas resfriadas até o
início das análises no laboratório. As amostras de solo e sedimento peneiradas
numa peneira de 0,075mm, posteriormente foram secas em estufa (~60°C),
maceradas em cadinho de porcelana, pesadas (2,0g), solubilizadas quimicamente
(3HNO3:3HCL)em bloco digestor (~80°C) e por fim acidificadas com HNO3. A
concentração dosmetais foram determinadas por Espectrometria de Emissão óptica
com Plasma-ICP-OES (Perkim-Elmer). Os resultados obtidos foram comparados
com os valores preconizados pela Resolução CONAMA nº 420/2009.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Obteve-se valores de médios para cada elemento, nos dois períodos, nas
respectivas matrizes, solo e sedimento: 8,6±4,3mg.kg-1(solo)e 13,1±3,4mg.kg-1
(sedimento) para Zn; 6,0± 2,3mg.kg-1 e 6,5mg.kg-1± 3,2 para Cr; 7,7± 4,9mg.kg-1e
5,8±1,2mg.kg-1 para Pb; 3,4±2,9 mg.kg-1e 6mg.kg-1±2,6 para Cu; 31,8±27,1mg.kg-1
e 63,1±25,1mg.kg-1 para Mn; 0,8±0,5mg.kg-1 e 2,3±0,9mg.kg-1 para Co. O cromo, o
zinco e o manganês foram os metais pesados que apresentaram maior variabilidade
de concentrações entre os pontos amostrais. O Cr em sedimento, variou
de3,5mg.kg-1 a 12,2mg.kg-1, o Zn em solo variou de 3,9mg.kg-1 a 15,6mg.kg-1.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Contudo o elemento que apresentou maior variação nos dados foi o Mn, com
mínimo de 9,1mg.kg-1 e máximo de 80,3mg.kg-1 para solo, e mínimo de 28,2mg.kg-1
e máximo de 106,3mg.kg-1 para sedimento. Os valores de Zn e Co estão abaixo dos
valores encontrados por Gomes (2009), que ao estudar concentrações de metais
pesados no alto do rio Madeira encontrou valores de 7,94 a 95,35mg.kg -1 para Zn e
4,52 a 8,16mg.kg-1 para Co em solos de agricultara na região.Todavia, as
concentrações dos metais estudados estiveram abaixo dos Valores de Prevenção da
CONAMA 420/2009. O Valor de Prevenção refere-se à concentração limite de
determinada substância no solo, tal que ele seja capaz de sustentar as suas
funções, destacando-se sua ação como filtro natural protegendo as águas
superficiais e subterrâneas. De acordo com Plano de Manejo da Rebio Jaru (2010),
o manganês ocorre em íntima associação com alguns tipos de rochas característicos
da região, constituindo fonte natural de Mn para os solos e sedimentos devido a
desmineralização dessas rochas.

CONCLUSÃO

A economia de Rondônia é baseada na pecuária e agricultura, desta forma, o uso de


agrotóxicos pode ser considerado importante fonte antrópica de alguns metais
pesados. Mudanças no uso e ocupação do solo no entorno da Rebio ocorrem de
forma progressiva, tais alterações contribuem para que os metais que ocorrem de
forma natural e/ou antrópica, sejam disponibilizados ao ambiente. Através deste
levantamento prévio da presença de metais pesados um uma Unidade de
Conservação Integral da Amazônia, foi possível verificar se a mesma já está sendo
impactada por tais elementos, devido à grande pressão antrópica que sofre no seu
entorno.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL. (2000). LEI No 9.985, DE 18 DE JULHO DE 2000. Regulamenta o art. 225,


§ 1o, incisos I, II, III e VII da Constituição Federal, institui o Sistema Nacional de
Unidades de Conservação da Natureza e dá outras providências.
GOMES, J.P.O. Elementos-traço em Solos do Alto Rio Madeira, Rondônia. 2009. 69
p. Dissertação (Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente) – Universidade Federal
de Rondônia, Porto Velho. 2009
ICMBIO. 2010. Plano de Manejo da Reserva Biológica do Jaru. Encarte 3 – Análise
da Unidade de Conservação. Brasília. 2010. p. 141
ISLAM, MD S.; AHMED, MD K.; &RAKNUZZAMAN, M.; AL MAMUN, MD H.;
KAMRUL ISLAM, M. (2015). Heavy metal pollution in surface water and sediment: A
preliminary assessment of an urban river in a developing country. Ecological
Indicators. 48. 182-191. 10.1016/j.ecolind.2014.08.016.

FONTES FINANCIADORAS

Grupo de Pesquisas em Águas Superficiais e Subterrâneas-GPEASS/Universidade


Federal de Rondônia-UNIR. Instituto Chico Mendes de Conservação da
Biodiversidade-ICMBio/Rebio Jaru.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Comportamento ambiental e modo de ação de contaminantes
324 - DISTRIBUIÇÃO DE ELEMENTOS TRAÇOS NO ESTUÁRIO DO RIO DOCE
ANTES E DEPOIS DO ACIDENTE DA SAMARCO MINERADORA

LUÍSA MARIA DE SOUZA VIANA, MARCOS SARMET MOREIRA DE BARROS


SALOMÃO, CARLOS EDUARDO VEIGA DE CARVALHO
Contato: CARLOS EDUARDO VEIGA DE CARVALHO - CARVALHO.CEV@GMAIL.COM

Palavras-chave: metais pesados; sedimento; fração dissolvida; estuário; tropical; Brasil

INTRODUÇÃO

Em novembro de 2015 a barragem de Fundão em Mariana, MG se rompeu liberando


35 milhões de m³ de rejeito de minério de ferro, que atingiu o rio Doce. Foram
coletadas amostras de água e sedimento no estuário do rio Doce antes e depois da
chegada dos rejeitos, bem como amostras da coluna d’água na cidade de Linhares
já atingida pelos rejeitos.
O objetivo deste trabalho foi determinar os impactos do acidente nas concentrações
de metais no estuário do rio Doce e inferir sobre os mecanismos de distribuição dos
metais dissolvidos nas águas e nos sedimentos estuarinos.

METODOLOGIA

Duas campanhas de coleta foram realizadas no estuário do rio Doce (coleta 1 e 3). A
primeira ocorreu no dia 21 de novembro de 2015, um dia antes da chegada dos
rejeitos da Samarco no estuário do rio Doce. A segunda campanha de campo
ocorreu 1 mês após a chegada dos rejeitos no estuário, no dia 22 de dezembro de
2015. Em ambas as campanhas também foram coletadas amostras no rio Doce na
cidade de Linhares, a montante do estuário. Durante a primeira campanha foram
coletadas duas amostras na cidade de Linhares, que já estava sob efeito da carga
de rejeitos (nos dias 21 e 22 de novembro), chamada de coleta 2 apenas para
facilitar o entendimento, nessa segunda campanha foi coletada apenas uma amostra
na cidade de Linhares (22 de dezembro). Ao todo foram coletadas 17 amostras, de
água e 10 amostras de sedimento. A análise da concentração dos metais nas
amostras de água e sedimento foi realizada no ICP-OES, a análise granulométrica
foi realizada com auxílio do analisador de partículas por difração a laser (Shimadzu
SALD-3101) e para inferir na qualidade do sedimento foram calculados dois índices:
índice de geoacumulação e fator de enriquecimento.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Observou-se com a chegada da pluma de rejeitos um aumento significativo na


concentração de alguns metais dissolvidos na água (Fe, Al, Ba e Zn) o que na
classificação CONAMA classe 2, as tornavam impróprias para consumo humano
após tratamento e para a irrigação. Da mesma forma houve aumentos significativos
nas concentrações de metais nos sedimentos (Fe, Cr, Cd e Cu), além de uma
diminuição na fração granulométrica areia e um incremento nas frações silte e argila.
Os resultados da determinação da concentração de metais fracamente ligados as
partículas dos sedimentos apontam o Pb como metal de alto potencial de

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

biodisponibilidade já antes da chegada dos rejeitos da Samarco no estuário. Foi


constatado com a análise da PCA, que a chegada do rejeito promoveu mudanças
químicas e físicas nos sedimentos do estuário do rio Doce, e que as concentrações
Fe e Cd no sedimento estavam diretamente relacionadas ao rejeito. Além disso, a
classificação da qualidade do sedimento feita através do igeo, mostrou uma piora da
classificação da qualidade dos sedimentos, principalmente em relação ao Cd,
passando a ser classificado como fortemente poluído. Quando comparadas as
concentrações de metais no sedimento antes e após a contaminação pelos rejeitos
com valores de referência da agência ambiental canadense, pode-se notar que o
estuário já apresentava concentrações de Cd, Cr, Cu e Ba nos sedimentos que
representavam um possível risco a biota antes da chegada dos rejeitos da Samarco
ao ecossistema. Depois da chegada dos rejeitos no estuário as concentrações
elevadas de Cd apontam para um risco provável a biota.

CONCLUSÃO

Conclui-se que o aumento do MPS refletiu nas concentrações de O2 dissolvido,


indicando uma diminuição da produtividade primária, que pode acarretar em uma
queda no estoque de matéria orgânica a médio prazo. O aumento nas
concentrações de alguns metais dissolvidos no rio Doce e no estuário tornaram
essas águas impróprias para o consumo humano e para a irrigação de plantações.
Os resultados indicam uma forte retenção dos rejeitos nos sedimentos estuarinos,
devido ao aumento da contaminação por Cd nos sedimentos e pela mudança na
granulometria das áreas estudadas, levando a uma grande necessidade de ações
de monitoramento e controle ambiental.

FONTES FINANCIADORAS

Capes e FAPERJ

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Oral
Comportamento ambiental e modo de ação de contaminantes
338 - ADSORÇÃO E DESSORÇÃO DE ACETAMIPRIDA EM DIFERENTES TIPOS
DE SOLOS BRASILEIROS

GABRIEL LIMA BARBOSA SÁ, PATRICIA CHRISTINA GENAZIO PEREIRA, ENRICO


MENDES SAGGIORO, FABIO VERISSIMO CORREIA
Contato: FABIO VERISSIMO CORREIA - FABIO.CORREIA@UNIRIO.BR

Palavras-chave: Freundlich, isoterma, avaliação, risco, sorção

INTRODUÇÃO

Dentre os chamados contaminantes emergentes, que ainda não são legislados e


não estão incluídos em programas de monitoramento de rotina, temos o inseticida
acetamiprida. Substancia utilizada para combater pragas, Classe III de toxicidade,
que tem sido encontrado no ambiente. Como os dados sobre a dinâmica deste
pesticida no ambiente ainda são incipientes, a determinação dos parâmetros de
adsorção se torna importante, pois as informações podem determinar as limitações e
potencialidades do solo (SHINZATO et al., 2010). Diante do exposto, o objetivo
deste trabalho foi suprir, em parte, a carência de dados sobre sorção da
acetamiprida em três diferentes solos brasileiros.

METODOLOGIA

O Acetamiprida (5mg.L-1) foi preparado para a construção da curva analítica padrão


e execução dos experimentos de adsorção/dessorção. Os ensaios foram executados
com três solos com diferentes características granulométricas. Duas abordagens
foram executadas. O ensaio de batelada para determinação dos coeficientes de
adsorção, e o ensaio para determinação do ponto de equilíbrio de adsorção. Em
batelada, diferentes concentrações de acetamiprida foram adicionadas em cada solo
separadamente, na proporção de 1:1 e em triplicata por um período de 48 horas. Em
seguida, as amostras foram centrifugadas, filtradas e acondicionadas em vials para
posterior leitura cromatográfica. Na determinação do ponto de equilíbrio, 10 gramas
de cada solo foram acrescidos de 2,5mg.L-1 de acetamiprida, e nos tempos
predeterminados (24, 48 ,72, 96 horas) executados os mesmos procedimentos para
análise cromatográfica. Após a retirada do sobrenadante nas duas abordagens de
adsorção descritas, o solo no tubo de teflon foi acrescido com 10mL de água
deionizada, fechados e submetidos à agitação por 24 horas para promover a
dessorção. O parâmetro da Isoterma de adsorção foi calculado pela fórmula de
Freundlich. O coeficiente de distribuição (Kd), a porcentagem de adsorção, e o valor
de coeficiente de sorção normalizado pela porcentagem de matéria orgânica foram
calculados.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os coeficientes de adsorção de Acetamiprida obtidos pela isoterma de Freundlich


apresentaram valores kf de 1,34; 3,03 e 5,07, para os solos planossolo, latossolo e
nitossolo respectivamente. Os valores de correlação (r2) acima de 0,854 indicaram
que as isotermas de adsorção dos solos nitossolo e latossolo ajustaram-se melhor à

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

equação do modelo de Freundlich. Os valores de 1/n para o nitossolo e o latossolo,


1,58 e 1,44 respectivamente indicam que não existe linearidade da isoterma de
adsorção. Nas isotermas de dessorção, os coeficientes kf indicam que o processo
de dessorção de acetamiprida foi maior no latossolo, seguido do planossolo quando
comparados ao nitossolo. Os resultados de correlação indicam que a isoterma de
dessorção que melhor se ajustou à equação do modelo de Freundlich foi do
planossolo. Não houve aumento de adsorção da acetamiprida na concentração de
2,5mg.L-1 ao longo do período, pois os valores permaneceram estáveis. Embora
neste ensaio de adsorção em função do tempo tenha sido aplicada apenas uma
única concentração (2,5), o comportamento da acetamiprida poderia ser diferente se
outras concentrações fossem estudadas. Se observarmos os valores de Kd ou
%ADS em função da concentração inicial, podemos verificar a leve redução nos
valores destes parâmetros na maior concentração estudada. Isto significa uma
saturação dos sítios de adsorção a medida que aumenta a concentração do
adsorvato. Podemos identificar que a dessorção foi maior no planossolo seguido do
nitossolo, apresentando um crescimento da dessorção da substância ao longo do
tempo. A interpretação dos valores de Kf e Kd como observado nos solos estudados
precisam ser verificados de maneira independente. Solos como nitossolo e latossolo
apresentam maior quantidade de argila em sua composição, isso resulta em uma
maior adsorção do contaminante, visto que são solos reativos capazes de
“armazenar” a parte adsorvida. O planossolo contém maior quantidade de areia em
sua composição, resulta em uma capacidade menor de reter esse agrotóxico, em
comparação aos outros solos analisados. Como esse solo apresentou um Kf de
dessorção maior que o de adsorção, significa que o pouco de contaminante que
armazenou foi todo devolvido ao meio ambiente, No entanto, ao analisar os valores
de Kd, foi o planossolo que apresentou maior adsorção em comparação aos solos
estudados. Um solo que contém elevada concentração de matéria orgânica como
por exemplo o planossolo, ao receber determinada quantidade de agrotóxico tende a
adsorver mais esse composto, visto que em seus sítios apresentam maior interação
com a substância.

CONCLUSÃO

A adsorção pela isoterma de Freundlich apresentou valores crescentes para


planossolo, latossolo e nitossolo respectivamente. Os valores de correlação
indicaram que as isotermas do nitossolo e latossolo ajustaram-se ao modelo de
Freundlich. Na dessorção, os coeficientes kf indicam que o processo de dessorção
de acetamiprida foi maior no latossolo. Os resultados de correlação indicam que a
isoterma de dessorção que melhor se ajustou à equação de Freundlich foi do
planossolo. Não houve aumento de adsorção da acetamiprida ao longo do período.
Solos com maior quantidade de argila possuem maior adsorção. A maior
concentração de matéria orgânica do planossolo promove adsorção.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

SPADOTTO, C.A.; GOMES, M.A.F. Perdas de agrotóxicos. Disponível em: <


http://www.agencia.cnptia.embrapa.br/gestor/agricultura_e_meio_ambiente/arvore/C
ONTAG01_39_210200792814.html >. Acesso em: 3 out. 2017.
CORREIA, F.V. et al. Adsorção de Atrazina em Solo Tropical sob Plantio Direto e
Convencional. Pesticidas: Revista de Ecotoxicologia e Meio Ambiente, v. 17, 31 dez.
2007.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

GONÇALVES, M.S. et al. Adequação dos modelos de Langmuir e Freundlich na


adsorção de cobre em solo argiloso do sul do Brasil. HOLOS, v. 4, 2013.
SHINZATO, E.; TEIXEIRA, W.G.; MENDES, A.M. Solos. In: ADAMY, A.
Geodiversidade do estado de Rondônia: Programa Geologia do Brasil.
Levantamento da geodiversidade. Porto velho, RO: CPRM, 2010. cap. 4, p. 56-78.

FONTES FINANCIADORAS

FAPERJ projeto E-26/203.165/2017, Fiocruz/ENSP projeto ENSP-015-FIO-17 e


CNPq/Universal Processo 429323/2016-6.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Oral
Comportamento ambiental e modo de ação de contaminantes
345 - BIOGEOQUÍMICA DO SELÊNIO E MERCÚRIO NA BACIA DO RIO
TAPAJÓS, AMAZÔNIA BRASILEIRA

ADAN SANTOS LINO, DANIELE KASPER, YAGO DE SOUZA GUIDA, JOSÉ RICARDO
THOMAZ, OLAF MALM
Contato: ADAN SANTOS LINO - ADAN_LINO@HOTMAIL.COM

Palavras-chave: Mercúrio total; metilmercúrio; sedimento; plâncton; peixe

INTRODUÇÃO

Os efeitos adversos das atividades humanas sobre o ambiente aquático


representam grande preocupação. Na Amazônia, a principal contaminação
ambiental é por mercúrio (Hg), um elemento tóxico muito utilizado nas áreas de
garimpo de ouro. O selênio (Se) é um micronutriente essencial para a maioria dos
organismos. Enquanto exposições elevadas ao Hg e ao Se podem ser tóxicas, a
coocorrência destes pode produzir efeitos antagônicos ao invés de aditivos.
Portanto, o objetivo desse estudo foi avaliar os efeitos da coocorrência do selênio e
mercúrio em sedimento, plâncton e peixes na bacia do rio Tapajós.

METODOLOGIA

As seções do rio Tapajós estudadas são compostas por dois trechos aquáticos
distintos, a parte alta/média (Tapa/m) onde os locais de mineração de ouro são
distribuídos, e a parte baixa (Tapb).
O sedimento de fundo (n=29) foi coletada utilizando uma draga de Eckman. A fração
fina foi utilizada (<75 μm). O percentual de matéria orgânica (%M.O.) do sedimento
foi determinado através da calcinação. As amostras de plâncton foram coletadas
com redes de arrasto com abertura de malha de 25 μm (n=10), que coleta
preferencialmente fitoplâncton, e de 75 μm (n=18) que coleta preferencialmente
zooplâncton. Os peixes (n=129) foram comprados de pescadores locais nas regiões
de Buburé, Itaituba, Alter do Chão e Santarém.
Após uma solubilização ácida, a quantificação de mercúrio total (HgT) foi feita por
espectrofotometria de absorção atômica acoplada ao gerador de vapor frio (FIMS
400 Perkin-Elmer). Após uma solubilização com KOH metanol 25% (m/v) e etilação
das amostras com o agente derivatizante NaBEt4, a quantificação de metilmercúrio
(MeHg) foi feita por espectrometria de fluorescência atômica (MERX, Brooks Rand).
Após uma solubilização ácida, o Se foi determinado através de espectrometria de
Absorção Atômica com Atomização Eletrotérmica (ETAAS), utilizando um
espectrômetro equipado com corretor de fundo por efeito Zeeman

RESULTADOS E DISCUSSÃO

As concentrações de MeHg e de Se e o %M.O. no sedimento foram maiores no


Tapb quando comparado com o Tapa/m. A seção baixa é caracterizada como uma
zona de sedimentação, onde os sólidos mais finos tendem a sofrer o processo de
decantação. Outro fator pode estar relacionado ao período de coleta, que foi a

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

estação chuvosa na região do Tapb, quando há um aumento na degradação e na


liberação da matéria orgânica no sedimento.
Foi observada correlação positiva entre as concentrações de HgT (r=0,57; p=0,03; )
e entre as concentrações de Se (r=0,62; p=0,04) no plâncton e no sedimento
superficial. Esses resultados sugerem que há um equilíbrio desses elementos entre
os dois compartimentos aquáticos e, consequentemente, acumulação na cadeia
alimentar.
No Tapa/m, as concentrações de Se no sedimento foram inferiores às observadas
no Tapb, refletindo provavelmente nas maiores concentrações de MeHg
encontradas no músculo dos peixes desses locais à montante do Tapajós. Esses
resultados oferecem evidências que a presença do Se no sedimento poderia ter um
efeito significativo sobre a biodisponibilidade do Hg nos peixes bentônicos e
bentopelágicos. Além disso, foi observado uma maior razão molar de Se:Hg nos
peixes do Tapa/m em relação ao Tapb. Esses resultados sugerem que pode estar
havendo uma exigência biológica de Se necessária para compensar a maior
bioacumulação do MeHg.
As razões molares de Se e MeHg indicam que a proporção do Se nas matrizes
comparada com o do MeHg diminui quando aumenta o nível trófico. Isso é
especialmente notável nos fitoplânctons, onde altas proporções podem refletir
mecanismos de alimentação da espécie. Observou-se um aumento nas
concentrações de MeHg no músculo dos peixes de acordo com o aumento do nível
trófico. No entanto, observou-se maiores concentrações de Se nas espécies que
estão na base da cadeia alimentar dos peixes. Parece provável, portanto, que o
sedimento do rio Tapajós é uma importante fonte de Se biologicamente disponível
nesse ambiente aquático.
Observou-se uma relação inversa entre as concentrações molares de MeHg e Se
nos peixes carnívoros coletados ao longo da bacia do rio Tapajós (r2=0,27; p=0,015).
De acordo com a literatura, sugere-se um forte efeito antagonista do Se na
assimilação do MeHg. No entanto, nos peixes não-carnívoros e no plânton não
foram detectadas relações entre o MeHg e Se, provavelmente por eles possuírem
um tempo de vida mais curto.

CONCLUSÃO

Não observou-se efeitos antagônicos entre o Se e o Hg no sedimento do rio


Tapajós. Sugere-se que a presença do Se no sedimento do rio Tapajós, associados
à matéria orgânica, poderia diminuir a biodisponibilidade do Hg para os peixes.
Concluiu-se também que o sedimento pode ser uma fonte biologicamente disponível
de Hg e Se para o plâncton e peixes. Sugeriu-se uma redução do efeito toxicológico
do Hg nos peixes carnívoros relacionado ao aumento das concentrações de Se.
Houve diferenças nas concentrações desses elementos no plâncton e nas espécies
de peixe estudadas do rio Tapajós que refletem relações nos níveis tróficos.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Comportamento ambiental e modo de ação de contaminantes
346 - AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DA ÁGUA SUPERFICIAL DA BACIA
HIDROGRÁFICA DO PARANAÍBA E INTERPRETAÇÕES ECOTOXICOLÓGICAS

MARINA ANDRADA ANDRADA, CLÁUDIA LAURIA FROES SIUVES, MÁRCIA


HERINGER CARNEIRO, ZENILDE DAS GRAÇAS GUIMARÃES VIOLA, PEDRO
HENRIQUE ALVES LEÃO
Contato: MARINA ANDRADA ANDRADA - MARINANDRADA@YAHOO.COM.BR

Palavras-chave: Bacia hidrográfica do Paranaíba; Ecotoxicologia aquática; Qualidade da água;


Influência antrópica

INTRODUÇÃO

A bacia do Paranaíba integra a bacia do Rio Paraná, drena uma área com cerca de
220 mil km2. As ações antrópicas na bacia tiveram início com a mineração, seguida
de agricultura, pecuária, geração de energia e desenvolvimento urbano em Brasília,
Goiânia e Uberlândia. Destaca-se por apresentar uso intensivo dos recursos
hídricos, tanto para abastecimento urbano, como para irrigação e geração de
energia. Em função desta característica surgem problemas que impactam
diretamente a qualidade e quantidade de água disponível, devido à degradação de
ambientes naturais, lançamento de efluentes domésticos e industriais, utilização de
agrotóxicos e dragas irregulares na agricultura.

METODOLOGIA

O Instituto Mineiro de Gestão das Águas monitora a qualidade das águas


superficiais do Estado, por meio do Projeto Águas de Minas, que é executado pelo
Instituto Senai de Tecnologia em Meio Ambiente, que realiza coleta e ensaios físico-
químicos e biológicos. A bacia é dividida em três Unidades de Planejamento e
Gestão de Recursos Hídricos (UPGRH). Neste estudo foram contemplados os dados
de monitoramento da Bacia do rio Paranaíba, de 2010 a 2018, para as 27 estações
que são monitoradas com ensaios ecotoxicológicos. O monitoramento realiza
avaliação de toxicidade crônica qualitativa com Ceriodaphnia dubia, onde o
resultado não tóxico refere-se a amostra que não afetou a reprodução destes
organismos no período máximo de 8 dias, efeito crônico para a amostra que afetou a
reprodução no período máximo de 8 dias e efeito agudo para a amostra que causou
letalidade em até 48 horas do início do ensaio. Foi realizada análise estatística dos
dados buscando identificar diferenças ao longo da série histórica, entre as estações
de coleta, UPGRH e entre períodos de chuva, buscando correlações entre os
parâmetros que expliquem os resultados ecotoxicológicos. Para as análises
estatísticas optou-se pela utilização de testes não paramétricos por serem mais
robustos para amostras ambientais.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A comparação estatística entre as estações de monitoramento identificou diferenças


significativas entre os diversos pontos para os dados de ecotoxicidade, assim como

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

correlações e similaridades, porém não foi possível identificar nenhum agrupamento


lógico.
Também foram realizadas comparações para os resultados ecotoxicológicos de
cada estação, afim de identificar variações ao longo da série histórica, no entanto
não houve diferença significativa, com ocorrência de flutuação do efeito tóxico ao
longo dos anos de monitoramento em todas as estações, podendo ser evidencia de
fontes difusas de toxicidade que podem ser potencializadas ou amenizadas por
variações de drenagem de água das barragens, uma vez que o próprio sedimento
pode ser um reservatório de elementos tóxicos de ações antrópicas. Para a
sazonalidade também não foi evidenciada nenhuma nenhuma similaridade
significativa.
Os teste de correlação entre os resultados ecotoxicológicos e físico-químicos,
demonstraram que o efeito tóxico se correlaciona de forma diferente com o mesmo
parâmetro em diferentes estações de amostragem que evidencia os efeitos indiretos
relacionados a ações sinérgicas e antagônicas que ocorrem no ecossistema.
Os dados foram analisados de forma agrupada conforme suas UPGRH’s, quando
então foi possível evidenciar a diferença do Baixo Rio Paranaíba como sendo
significativamente menos tóxico que os demais, o que foi confirmado pela correlação
significativa entre o Alto rio Paranaíba e Bacia do Araguari e similaridade entre as
mesmas unidade pela análise de Cluster.
A avaliação da similaridade entre as UPGRH’s para os parâmetros monitorados
permitiu evidenciar que o Alto rio Paranaíba apresenta de forma significativa maiores
valores de coliformes totais, E. coli, DQO, DBO, Nitrito, Nitrogênio orgânico e menor
oxigênio dissolvido, parâmetros diretamente relacionados à lançamentos de efluente
doméstico. Para a Bacia do Rio Araguari a única diferença significativa foi para a
maior concentração de substâncias tensoativas, podendo ser indício de lançamentos
de efluentes industriais. Enquanto o Baixo rio Paranaíba apresentou o maior número
de parâmetros com diferença significativa, sendo a maior temperatura, alcalinidade,
condutividade elétrica, cor verdadeira, dureza de cálcio, dureza total, ferro
dissolvido, potássio, sólidos dissolvidos, sólidos totais, pH e menos fósforo
dissolvido e efeito ecotoxicológico. Estes parâmetros são em sua maioria
decorrentes das condições antropizadas e alterações no leito do rio, não estando
associado à compostos tóxicos, além de permitir a imobilização de compostos por
adsorção com os sólidos, causando menores efeitos ecotoxicológicos.

CONCLUSÃO

A flutuabilidade dos resultados ecotoxicológicos ao longo da série histórica de


monitoramento da bacia do Rio Paranaíba pode ocorrer pelo fato da ecotoxicologia
aquática ser uma ferramenta precisa para avaliação da condição tóxica, refletindo a
condição do momento, representando a dinâmica do ecossistema em ambientes
antropizados com diferentes fluxos de contaminantes e alterações hidráulicas do
curso de água, podendo ser acentuado pelas alterações causadas pelos
barramentos hidrelétricos, assim como efeitos sinérgicos e antagônicos de
compostos químicos. Estudos ecotoxicológicos complementares para avaliação da
toxicidade do sedimento podem apresentar respostas dos efeitos acumulados ao
longo do tempo, contribuindo para avaliação da bacia.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS. Plano de recursos hídricos e do enquadramento


dos corpos hídricos superficiais da bacia hidrográfica do rio Paranaíba: resumo
executivo – Brasília: 2013.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 13373. Ecotoxicologia
Aquática - Toxicidade crônica - Método de ensaio com Ceriodaphnia spp (Crustacea,
Cladocera), 2017.
CEMIG. Bacia do Rio Paranaíba. Disponível em: http://www.cemig.com.br/pt-
br/A_Cemig_e_o_Futuro/sustentabilidade/nossos_programas/ambientais/peixe_vivo/
Paginas/rio_paranaiba.aspx. Acessado em: 26 de maio de 2018.
COMITÊ DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO PARANAÍBA. A bacia / Regiões
Hidrográficas. Disponível em: https://www.cbhparanaiba.org.br/a-bacia/regioes-
hidrograficas. Acessado em: 26 de maio de 2018.
INSTITUTO MINEIRO DE GESTÃO DAS ÁGUAS. Avaliação da qualidade das
águas superficiais de Minas Gerais em 2017: resumo executivo anual / Instituto
Mineiro de Gestão das Águas. Belo Horizonte: 2018. 189p.

FONTES FINANCIADORAS

Os autores agradecem ao Instituto Mineiro de Gestão das Águas pela


disponibilização dos dados e ao Centro de Inovação e Tecnologia SENAI FIEMG por
ter apoiado e viabilizado esta pesquisa.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Oral
Comportamento ambiental e modo de ação de contaminantes
351 - AJUSTES METODOLÓGICOS PARA REALIZAÇÃO DE ENSAIOS DE FUGA
COM Eisenia andrei PARA AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE SOLOS

MARINA ANDRADA ANDRADA, CLÁUDIA LAURIA FROES SIUVES, MÁRCIA


HERINGER CARNEIRO, NATHALIA MARA PEDROSA CHEDID, PEDRO HENRIQUE
ALVES LEÃO
Contato: MARINA ANDRADA ANDRADA - MARINANDRADA@YAHOO.COM.BR

Palavras-chave: metodologia de cultivo; ensaio de fuga; minhoca; ecotoxicologia terrestre;


padronização metodológica

INTRODUÇÃO

A norma ABNT NBR 17512-1 relata o procedimento para realização do ensaio de


fuga com minhoca, para avaliação da qualidade do solo, assim como do método de
cultivo. A normatização é fundamental para garantir a repetibilidade dos ensaios e
permitir a comparação dos resultados. Ensaios ecotoxicológicos exigem uma série
de controles e processos para a garantia da condição ideal de cultivo do organismo
teste, assim como da homogeneidade dos resultados. Assim, este trabalho tem
como objetivo apresentar alguns ajustes e detalhamentos referentes à metodologia
normatizada para facilitar a realização de ensaios de fuga com Eisenia andrei
obtendo resultados consistentes.

METODOLOGIA

A metodologia proposta foi baseada em normas da Associação Brasileira de Normas


Técnicas (ABNT), sendo utilizada a NBR 17512-1:2011 para os ensaios de fuga e
NBR 15469:2015 para coleta e preservação das amostras. Foi definido um local de
coleta de amostra sem indícios de contaminação para funcionar como solo-controle.
Assim foram realizados testes para validação dos ensaios de homogeneidade e
sensibilidade. Previamente, foram realizados testes para adequação do cultivo,
desde especificidades das caixas, temperatura, iluminação e umidade, quanto do
substrato utilizado e do fornecimento de alimento. Foram testados dois diferentes
meios de cultivo, diferentes dos sugeridos em norma, para reduzir odor e atração de
insetos, assim como testes de umidade. A melhor condição foi definida com base na
ausência de fuga das caixas de cultivo e ocorrência de reprodução. Posteriormente
foram realizados repetidos testes de homogeneidade até conseguir três resultados
adequados consecutivos. O teste de sensibilidade foi realizado conforme sugerido
na norma sucessivas vezes sem sucesso, até a substituição pelo cloreto de sódio,
quando então foi definida uma concentração única que apresentasse efeito de fuga
superior a 60%, e então repetido novamente por três vezes para garantir a
homogeneidade da resposta.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foram definidos procedimentos e controles para a realização de um cultivo


adequado. Deve-se utilizar caixas de cultivo com capacidade entre 10 e 50 L, para
manutenção de 200 minhocas, a serem mantidas em área controlada com

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

temperatura de 20 ± 2°C e fotoperíodo de 16 horas. As caixas devem ser cobertas


lateralmente por papel pardo para escurecer e tampadas com TNT permitindo troca
gasosa e entrada de luz. Deve ser utilizado como substrato uma mistura de terra
vegetal estercada e areia (20%), com umidade entre 30 e 50% da capacidade
máxima de retenção de água. As minhocas devem ser alimentadas quinzenalmente,
sendo fornecido um volume de aproximadamente 25% do volume da caixa de
verduras. Bimestralmente pode ser adicionado estrume junto às verduras. As
verduras devem sempre ser cobertas por terra para evitar o crescimento de fungos.
Deve-se realizar a avaliação da aceitação do alimento pelas minhocas, colocando-o
acumulado em uma porção da caixa e misturando-o apenas após a confirmação do
deslocamento das minhocas para o alimento.
Para o teste de sensibilidade, o Ácido bórico, recomendado como substância
referência pela NBR 14512-1, não apresentou bons resultados, fato já relatado na
literatura por outros autores, podendo ser substituído por Cloreto de Sódio. A
resposta de comportamento de fuga pode ser observada em uma concentração de
2g de NaCl por quilograma de solo medido à base de massa seca com efeito de
fuga entre 70 e 80%. Deve-se utilizar a água a ser adicionada para o ajuste da
umidade como veículo para o cloreto de sódio.
Os ajustes para o teste de homogeneidade são os mesmo aplicados aos ensaios em
geral, sendo importante que todas as câmaras fiquem posicionadas na mesma
direção, sem movimentação durante as 48 horas de execução do teste. É
fundamental que os organismos fiquem por um período de 24 horas no solo controle,
com a humidade ajustada em 60% da capacidade máxima de retenção de água,
para aclimatação. As minhocas devem ser inseridas na fissura entre as amostras de
solo e não na parte superior dos mesmos, o que pode favorecer a fuga dos
organismos do teste. Antes de realizar o ensaio, deve-se realizar medidas de pH,
condutividade, umidade atual e capacidade máxima de retenção de água, sendo os
dois primeiros parâmetros para apoiar a avaliação do efeito tóxico e as últimas para
permitir o ajuste da umidade adequado para realização do ensaio.

CONCLUSÃO

Para a realização de ensaios ecotoxicológicos consistentes a qualidade do cultivo é


fundamental, assim como os ajustes e padronização metodológicas para realização
do ensaio, validação de resultados e repetições homogêneas. Os ajustes e controles
propostos neste trabalho permitiram a manutenção do cultivo com controle
adequado dos lotes de organismos teste, assim como o alcance de resultados
satisfatórios com baixo desvio padrão entre as réplicas, boa repetibilidade e raros
casos de invalidação dos ensaios.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANDRÉA, M.M. O uso de minhocas como bioindicadores de contaminação de solos.


Acta Zoológica Mexicana (n.s.) Número especial, 2: 95-107, 2010.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – ABNT NBR 17512-1.
Qualidade do Solo – Ensaio de fuga para avaliar a qualidade de solos e efeitos de
substâncias químicas no comportamento. Parte 1: Ensaio com minhocas (Eisenia
fetida e Eisenia andrei). 2011.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

BIANCHI, M. de O. Ensaios ecotoxicológicos como ferramenta para avaliação do


impacto ambiental de resíduos de mineração sobre o solo. Tese de doutorado da
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. 104 f. 2013.
LIMA, N.C. Caracterização da atividade agrícola em Bom Repouso (MG) e avaliação
dos seus efeitos ecotoxicológicos por meio de testes com Eisenia foetida (Annelida,
Oligochaeta). Monografia, USP. 2006.
SISINNO, C.L.S.; BULUS, M.R.M.; RIZZO, A.C.; MOREIRA, J.C. Ensaio de
Comportamento com Minhocas (Eisenia fetida) para Avaliação de Áreas
Contaminadas: Resultados Preliminares para Contaminação por Hidrocarbonetos. J.
braz. Soc. Ecotoxicol., v. 1, n. 2, 2006.

FONTES FINANCIADORAS

Os autores agradecem ao Centro de Inovação e Tecnologia SENAI FIEMG por ter


apoiado e viabilizado esta pesquisa.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Comportamento ambiental e modo de ação de contaminantes
420 - ENSAIO PRELIMINAR UTILIZANDO Eisenia andrei E Eisenia sp. PARA
AVALIAR A TOXICIDADE DA MANIPUEIRA

ALESSANDRA CRISTINA SILVA VALENTIM, RAFAEL BRITO SANTANA ARAUJO


Contato: ALESSANDRA CRISTINA SILVA VALENTIM - ALECRISVALENTIM@YAHOO.COM.BR

Palavras-chave: minhocas; mandioca; ecotoxicologia

INTRODUÇÃO

A manipueira é um resíduo líquido gerado em casa de farinhas tradicionais


resultante do processamento da mandioca para produção de farinha. Esse resíduo é
geralmente descartado no meio ambiente de forma indiscriminada, acarretando
assim sérios problemas por apresentar elevado potencial tóxico. Este resíduo possui
cor amarelada e contém açucares, amídos, proteínas, linamarina, sais e outras
substâncias. A toxicidade pode estar associada a linamarina que é um glicosídeo
cianogênico do qual provém o ácido cianídrico (DUARTE et al.,2012).O objetivo
deste trabalho foi verificar o comportamento de minhocas Eisenia andrei e Eisenia
sp. quando expostas a um solo contaminado por manipueira.

METODOLOGIA

Foi realizado o ensaio de fulga, onde os indivíduos de ambas as espécies oriundas


de cultivo em laboratório foram previamente pesados e selecionados, adultos com
clitélio, afim de garantir biometrias semelhantes. A espécie Eisenia sp. refere-se ao
morfotipo coletado na região e cultivado em laboratório, afim de descartar a
possibilidade dos resultados estarem associados as condições de adaptações
ambientais do organismo. O solo utilizado foi coletado minutos antes dos
procedimentos de ensaio em uma área isenta de contaminação. Para cada espécie
foram utilizados 600g de solo controle e 600g de solo contaminado, totalizando
1200g de solo teste, a contaminação foi realizada adicionando 75 ml da solução de
manipueira. Vale salientar que essa proporção foi aleatória e o volume foi limitado de
modo que o solo permanecesse com as características recomendada pelas
normativas experimentais do organismo usado no estudo. O recipiente foi dividido
em duas seções utilizando uma divisória de material plástico, um lado preenchido
com 200g de solo controle e outro com 200g de solo contaminado, após a remoção
da divisória foram adicionados 10 organismos sobre a linha divisória para cada
réplica em ambas as espécies, o ensaio foi realizado em triplicata e seguiram as
recomendações de (ISO 2008).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados deste estudo após 168 horas de exposição, considerado teste


subcrônico, revelou que não houve registro de qualquer organismo morto, tanto para
Eisenia andrei como para Eisenia sp. em quaisquer das duas diferentes condições
do solo. Foi possível observar que para ambas as espécies houve preferência pelo
solo controle, apresentando um resultado médio de 8 organismos no solo controle e
2 no solo contaminado. Uma vez que não foram registradas mortes, nem

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

desaparecimento de organismos em ambas espécies testadas, foi possível observar


que a solução de manipueira utilizada na proporção de 75 ml para 600 g de solo,
não foi fatal, mas casou algum efeito que repeliu a preferência das minhocas pelo
solo contaminado. Todavia, no que tange a preferência entre as opções de solo,
ambas as espécies preferiram o solo controle, os resultados foram idênticos para
espécies diferentes. Amorim (2015) relata que a manipueira pode ser considerada
um efluente de rápida acidificação em função de ser composta em sua maior parte
de carboidratos, que ao sofrerem hidrólise resultam em glicose, frutose e galactose,
e estes, por sua vez, podem ser fermentados rapidamente, alterando o pH e
elevando a concentração de ácidos graxos voláteis no processo de biodegradação
levando ao desequilíbrio por afetar a comunidade microbiana. a manipueira possui
alto potencial poluidor e além da carga orgânica e nutrientes apresenta o cianeto,
tais características repercutem nos variados tipos de solo de diferentes maneiras,
escalas e intensidades. A presença de nutrientes em excesso pode interferir nos
resultados, pois no primeiro momento pode funcionar como alimento para os
organismos e por isso precisa ser melhor investigado.
As alterações no solo pode interferir nos organismos que nele habitam, como nas
minhocas que apresentam modo de alimentação detritívoro, uma pele fina e úmida
sempre em contato com os materiais presentes no solo (ANDRÉA, 2010).

CONCLUSÃO

Podemos concluir que os resultados revelaram o mesmo comportamento para


ambas as espécies, onde o resíduo estudado causou fulga da maioria dos
organismos para o solo controle, isento de poluentes. Como continuidade
recomenda-se estudos mais detalhados com diferentes proporções de manipueira
no solo e ensaios crônicos, afim de determinar a maior dose que pode causar efeito
tóxico para os organismos estudados. Além do emprego de outros organismos
terrestre de diferentes níveis tróficos, para avaliar o comportamento quando
expostos em solo contaminado com manipueira.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AMORIM, M.C.C. 2015 Estudos de Caracterização, biodegrabilidade e tratamento de


manipueira proveniente de casas de farinha. Tese de Doutorado - Programa de Pós-
Graduação em Engenharia Química da Universidade Federal de Pernambuco
(UFPE), Recife - PE.
ANDRÉA, M.M. 2010. O uso de minhocas como bioindicadores de contaminação de
solos. Acta Zoológica Mexicana, n. spe. 2, p. 95-107.
DUARTE, A. DE S.; SILVA, E.F. DE F.; ROLIM, M.M. et al., 2012. Udo de diferentes
doses de manipueira na cultura da alface em substituição à adubação mineral.
Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental v.16, n.3, p. 262-267.
ISO 17512-1, 2008. Soil quality - Avoidance test for determining the quality of soils
and effects of chemicals on behavior - pt 1: Test with earthworms (Eisenia fetida and
Eisenia andrei). Genève, International Organization for Sandardization, 25p.

FONTES FINANCIADORAS

UFRB -Universidade Federal do Recôncavo da Bahia

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Comportamento ambiental e modo de ação de contaminantes
447 - AVALIAÇÃO DO RISCO DE EXPOSIÇÃO AO ARSÊNIO EM UMA REGIÃO
DE MINERAÇÃO EM PARACATU, MG,BRASIL

GUILHERME LAGES RODRIGUES, MAYRA SOARES SANTOS, THAINA GUSMÃO,


MARCIA CRISTINA DA SILVA FARIA, JAIRO LISBOA RODRIGUES
Contato: GUILHERME LAGES RODRIGUES - GUIULAGESR@HOTMAIL.COM

Palavras-chave: exposição ao arsênio; Câncer; Risco de câncer; avaliação de risco

INTRODUÇÃO

A mineração representa uma das principais fontes antropogênicas de poluição por


As. Na cidade de Paracatu-MG, ocorre intensa atividade mineradora para
exploração de ouro que se encontra associada a uma arsenopirita, e para o seu
beneficiamento, ocorre à liberação de arsênio no ambiente, podendo levar à
contaminação do ar, solos e cursos d’água. Dessa forma, este trabalho teve como
objetivo realizar um estudo de monitoramento da possível contaminação por As na
região de Paracatu, MG, Brasil, utilizando amostras de água coletadas do Córrego
Rico para diagnóstico ambiental, avaliando a qualidade da água e potenciais riscos
carcinogênicos que a mesma oferece.

METODOLOGIA

Para a realização deste estudo, foi realizada a coleta de água em cinco pontos
distintos do córrego Rico, que tem sua nascente na região de mineração (Morro do
Ouro), em Paracatu, MG, Brasil. As coletas foram realizadas entre os anos de 2013
e 2014, nos períodos de baixa e elevada precipitação pluviométrica, conforme
recomendações pela Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental,
(CETESB , 2010). Foi realizado a determinação de arsênio (As) de acordo com o
método analítico prosposto por Lawrence et al, 2006, utilizando um espectrômetro
de massas com plasma acoplado indutivamente (ICP-MS), modelo NexIon 300D
(Perkin-Elmer). Os valores encontrados para As foram expressos em µg L-1. Depois
de obtidos os resultados, foi realizado um estudo de avaliação de risco, utilizando o
método proposto pela US Environmental Protection Agency modificado por Giri &
Singh (2015) e por Yang et al. (2015).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados obtidos para a concentração de As nos diferentes pontos de coleta de


água variaram de: 10,50 a 110,00 µg L -1 e 6,44 a 72,00 µg L-1 em elevada e baixa
precipitação pluviométrica, respectivamente. Neste sentido, quase todos os pontos
de coleta apresentam valores de As superiores aos limites preconizados pela
Resolução 357 de 2005, do CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente), que é
de 10,00 µg L-1. A caracterização do risco foi estimada por riscos potenciais à saúde
humana, porém não carcinogênicos. Através do quociente de perigo Hazard
Quotient (HQ) superior a 1 geram preocupação com efeitos potenciais a saúde. Com
base na State Environmental Protection Administration of China (SEPAC 2002), se o
índice crítico que é o risco calculado para multiplos metais (HPI) for superior a 100, a

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

água é considerada imprópria para consumo. Este trabalho traz apenas análises
para o metal Arsênio, dessa forma o índice HPI é igual ao índice Qi. Os valores para
o Qi nos pontos P1 a P5 no período de elevada precipitação pluviométrica variaram
de 88 a 301. Em alta precipitação pluviométrica variaram de 105 a 950, ou seja, bem
acima do limite considerado próprio para consumo humano (Qi até 100), segundo a
United States Environmental Protection Agency USEPA no ano de 2000 para riscos.
Em relação ao risco de múltiplos metais, o P5 em elevada e baixa precipitação
pluviométrica apresenta a qualidade da água como imprópria para o consumo nos
dois períodos de coleta, e os demais pontos são classificados como apropriados nos
períodos de coleta. Analisando os riscos cancerígenos temos o ponto 5 no período
de chuvas e no de estiagem os riscos cancerígenos estão aceitáveis ou toleráveis e
os demais pontos com riscos insignificantes. Teores elevados encontrados nos
diferentes pontos podem estar associado à elevada concentração do elemento
químico As no solo da região, rico em Arsenopirita, e por processos de lixiviação
pode elevar a concentração nas águas do Córrego Rico, além da precipitação da
poeira gerada pelo processo de mineração que também chegam aos recursos
hídricos.

CONCLUSÃO

O potencial risco à saúde foi verificado no período de alta precipitação pluviométrica


em: P1, P2, P4 e P5. No entanto, no período de baixa precipitação pluviométrica,
apenas o P3 e P5 apresentou risco potencial à saúde, podendo ser justificada pela
lixiviação dos metais presentes em elevados teores no solo da região, além da
poeira da atividade mineradora. A água da mostra do ponto P5 foi classificada como
imprópria para o consumo, nos diferentes períodos pluviométricos. O potencial risco
carcinogênico foi também observado neste ponto.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CETEM. Centro de Tecnologia Mineral. Paracatu, 2012.


CETESB, Companhia Ambiental do Estado de São Paulo. Relatório de
estabelecimento de valores orientadores para solos e águas subterrâneas do Estado
de São Paulo, 2005.
COSTA, A.T.; NALINI JR, H.A.; CASTRO, P. de T.A.; TATUMI, S.H. Análise
estratigráfica e distribuição do arsênio em depósitos sedimentares quaternários da
porção sudeste do Quadrilátero Ferrífero, bacia do Ribeirão do Carmo, MG. Rem:
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FONTES FINANCIADORAS

FAPEMIG

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Contaminação ambiental e
mudanças climáticas

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Contaminação ambiental e mudanças climáticas
8 - CONTAMINAÇÃO E FONTES DE HIDROCARBONETOS POLICÍCLICOS
AROMÁTICOS NO ESTUÁRIO DO RIO ITAPICURU (BA, BRASIL)

JULIANA DE SOUZA SANTANA, IASMIM DE DEUS GARGUR LEAL, MARCOS DE


ALMEIDA, ANA CECÍLIA RIZZATTI DE ALBERGARIA BARBOSA
Contato: JULIANA DE SOUZA SANTANA - JULYSOUZA91@GMAIL.COM

Palavras-chave: HPAs; estuario do rio Itapicuru; contaminação

INTRODUÇÃO

Hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPAs) são compostos com dois ou mais


anéis benzênicos condensados. Suas principais fontes para o meio ambiente são
antropogênicas, como introdução direta de petróleo/derivados ou deposição de
compostos formados pela combustão da matéria orgânica (ALMEIDA, 2017). Por
apresentarem caráter tóxico, tem-se o interesse em avaliar suas distribuições em
ambientes marinhos (RESENDE, 2012). O estuário do rio Itapicuru, localizado
próximo no litoral norte da Bahia, possui importância econômica e ambiental. Poucos
estudos foram realizados nessa região (FARIAS, 2014). O objetivo do presente
estudo foi avaliar a distribuição e fontes de HPAs no estuário do rio Itapicuru.

METODOLOGIA

Amostras de sedimentos superficiais (n=9) foram coletadas ao longo do estuário do


rio Itapicuru com auxílio de uma draga de aço inox do tipo Van-Veen. Essas foram
armazenadas em fracos de vidro previamente limpos e calcinados, sendo
posteriormente refrigeradas e liofilizadas. A extração ocorreu em 10 g de amostra
(pesados em balança semi-analítica) adicionados de p-terphenyl e extraídas através
do uso de micro-ondas, conforme método 3546 da USEPA com modificações
(ALMEIDA, 2017). O extrato resultante foi concentrado, transferido para vials e
injetados em um cromatógrafo a gás acoplado a um espectrômetro de massas. O
controle de qualidade do método está descrito em Almeida (2017) e consistiu na
análise de amostras em duplicata, fortificadas, da análise de amostras de sulfato de
sódio calcinado como branco analítico e do cálculo do limite de detecção do método
(LDM). Verificou-se também a recuperação do surrogate para cada amostra (variou
entre 50 e 120%). Para análise das frações granulométrica, cerca de 2 g de amostra
(pesados em balança analítica) foram tratados com peróxido de hidrogênio para
retirada da M.O. e hexametafosfato de sódio. A quantificação foi realizada em um
analisador de partículas com difração a lazer, realizando leitura de frações de 0,0004
– 0,5 mm.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A fração arenosa foi predominante em todas as amostras (conteúdo variando entre


82,9 e 96,9%), o que corrobora com estudos realizados anteriormente na área de
estudo (FARIAS, 2014; SANTOS, 2014). O estuário do rio Itapicuru apresenta uma
das maiores vazões do litoral norte que, juntamente com seu canal estreito (FARIAS,
2014), geram correntes de alta intensidade (FARIAS, 2014). Essas dificultam a

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

deposição dos sedimentos mais finos (silte e argila), que são transportados às
regiões adjacentes ao estuário. Na região, há também a ocorrência de erosão de
cordões litorâneos e planícies costeira que transporta sedimentos arenosos para o
estuário em questão. O somatório das concentrações dos 16 HPAs avaliados
(∑HPAs) variou de <LDM a 10,5 ng g-1. Essas concentrações são baixas quando
comparadas àquelas encontradas no estuário do rio Sergipe (14,0 a 143 ng g -1;
SANTOS, 2011) e no estuário do rio São Paulo (106 a 1825 ng g -1; NASCIMENTO,
2015). O fato das amostras serem arenosas pode estar influenciando nas baixas
concentrações da ∑HPAs encontradas (ZHANG et al., 2006). Entretanto, enquanto a
área estudada encontra-se na Área de Proteção Ambiental do Litoral Norte da Bahia
(APA/LN), os dois estuários supracitados estão em regiões portuárias, com a
presença de indústrias, refinarias e cidades bem desenvolvidas. As principais
atividades antropogênicas que ocorrem no entorno do estuário do rio Itapicuru são:
mineração (jusante ao rio), agricultura de subsistência, plantações de coco, pecuária
(INEMA, 2018), turismo e navegação de barcos pesqueiros. Assim, poucas são as
fontes diretas de HPAs à região de estudo. As concentrações de HPAs encontradas
ficaram abaixo do nível 1 (limiar abaixo do qual há menor probabilidade de efeitos
adversos à biota estabelecido pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente -
CONAMA) e do TEL (threshold effects level, estabelecido pela National Oceanic &
Atmospheric Administration – Estados Unidos - NOAA) (MMA, 2018). As razões
utilizadas para distinguir as fontes dos HPAs para o estuário do rio Itapicuru foram:
Fluoreno/Pireno, Fenantreno/Antraceno, Benzo[a]pireno/(Benzo[a]pireno + Criseno),
Benzo[a]pireno/Criseno. Estas indicaram que as principais origens dos HPAs
encontrados na região estudada são pirogênicas. Na região de estudo há a
ocorrência de queimadas (naturais e antrópicas), barcos de pescas e a presença de
veículos automotivos. Esses compostos podem estar chegando através da
deposição atmosférica de compostos provindos das atividades desenvolvidas nos
centros urbanos adjacentes e/ou da presença da estrada de rodagem que ocorre
nas proximidades.

CONCLUSÃO

As concentrações de HPAs encontradas nos sedimentos superficiais do estuário do


rio Itapicuru são baixas. Isso deve-se ao fato do material sedimentar ser arenoso e
pela área de estudo encontrar-se em uma área de proteção ambiental. As
concentrações encontradas mostram que a contaminação por HPAs presente no
estuário do rio Itapicuru não apresenta risco à biota. As principais fontes de HPAs
para região são pirogênicas, provavelmente provindas das atividades
antropogênicas desenvolvidas nas adjacências, como como queima de biomassa e
combustíveis fósseis de veículos automotores e embarcações de pesca.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

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RESENDE, L.L. Monitoramento de Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos e n-
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Monografia, Pontifícia Universidade Católica, Rio de Janeiro, p.33, 2012.
SANTOS, A.S.O. Estudo comparativo entre extração Soxhlet e ultrasom para
determinação de hidrocarbonetos policíclicos aromáticos em sedimentos do estuário
do rio Sergipe por cromatografia a gás acoplada a espectrometria de massas.
Dissertação de mestrado, Universidade Federal de Sergipe, São Cristovão, Sergipe,
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Federal da Bahia, Salvador, p. 70, 2014.
ZHANG, Z.; ZHAO, M.; EGLINTON, G.; LU, H.; HUANG, C-Y. Leaf wax lipids as
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FONTES FINANCIADORAS

Bolsa de iniciação científica: EDITAL PROPCI-PROPG/UFBA 02/2014.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Contaminação ambiental e mudanças climáticas
54 - USO DE MICROEXTRAÇÃO LÍQUIDO-LÍQUIDO DISPERSIVA ASSISTIDA
POR VÓRTEX (VA-DLLME) NA ANÁLISE DE AGENTES ANTI-INCRUSTANTES
DE TERCEIRA GERAÇÃO EM AMOSTRAS DE ÁGUA MARINHA
PROVENIENTES DA REGIÃO PRÉ-AMAZÔNICA

JOSÉ LUCAS MARTINS VIANA, SARA RAIANE VIANA DOS SANTOS, MARCIO
AURELIO PINHEIRO ALMEIDA, TERESA CRISTINA RODRIGUES DOS SANTOS
FRANCO
Contato: JOSÉ LUCAS MARTINS VIANA - LUCAS_MARTINSJ@HOTMAIL.COM

Palavras-chave: anti-incrustantes; águas marinhas; DLLME; HPLC

INTRODUÇÃO

Agentes anti-incrustantes de terceira geração são amplamente utilizados em


embarcações dos mais variados portes, podendo causar elevado impacto sobre
organismos não-alvo, nativos de áreas sujeitas a intenso fluxo aquaviário. Tendo em
vista a relevância ecológica da região pré-amazônica, o objetivo deste trabalho foi
investigar a presença dos biocidas Irgarol, Diuron e dos metabólitos 3,4-DCPMU (do
Diuron) e DMSA (produto de degradação mais estável da Diclofluanida), em
amostras de água coletadas em regiões portuárias na Ilha de São Luís, Maranhão,
utilizando-se como metodologia analítica microextração líquido-líquido dispersiva
assistida por vórtex e cromatografia líquida com detecção por espectrometria de
massas (HPLC-SQ-ESI-MS).

METODOLOGIA

As amostras de água foram coletadas na estação chuvosa, em Abril de 2018,


durante a maré cheia e em seguida filtradas em membranas de PVDF (47 mm; 0,45
µm). Uma mistura de 2,0 mL de acetonitrila e 200 µL de clorofórmio foi acrescentada
a 10 mL de água marinha. A mistura foi agitada em vórtex por 30 segundos. A
solução turva resultante foi centrifugada por 2 minutos a 1372 G. A gota orgânica
depositada ao fundo do recipiente foi recolhida com uma microseringa, transferida
para frascos de vidro e o solvente foi evaporado. Em seguida, as amostras foram
reconstituídas a 100 µL com uma mistura 50/50 de ácido fórmico (0,1 %) e
acetonitrila. Utilizou-se 10 µL de cada extrato e injetou-se em sistema cromatográfico
com detecção por espectrometria de massas HPLC-SQ-ESI-MS, usando-se modo
de ionização positivo (ES+).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A performance do método foi avaliada em curva analítica para água marinha


fortificada com concentrações variadas dos quatro analitos e em curva no solvente
(HCOOH 0,1%:Acetonitrila 50:50 v/v). Cada amostra foi feita em triplicata, sendo
também injetados em triplicata. Os limites de detecção de Irgarol, DMSA e 3,4-
DCPMU foram de 0,01 µg/L. Para Diuron o LOD foi de 0,02 µg/L. Os limites de
quantificação foram de 0,02, 0,06, 0,02 e 0,09 µg/L para Irgarol, Diuron, DMSA e
3,4-DCPMU, respectivamente. A faixa linear ficou entre 0,025 e 0,05 µg/L para todos

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

os analitos, exceto para 3,4-DCPMU, que ficou entre 0,1 e 0,5 µg/L. As
recuperações de todos os analitos foram superiores a 66,0 % e não foi observado
efeito de matriz apreciável na faixa de concentrações estudada. Todas as amostras
foram quantificadas pelo software MassLynx considerando curvas analíticas em
água marinha fortificada. Não foi observada a presença de Irgarol, Diuron ou 3,4-
DCPMU em nenhuma das amostras de água analisadas, apesar do intenso tráfego
de embarcações na área em estudo. DMSA, produto de degradação de
diclofluanide, foi o único analito detectado, sendo encontrado em amostras coletadas
no Porto do Itaqui e no Cais da Raposa, em concentrações de 0,031 e 0,037 µg/L,
respectivamente. Nos pontos de coleta analisados, Irgarol e Diuron já foram
anteriormente detectados em concentrações de até 4,8 µg/L e 7,8 µg/L,
respectivamente em amostras de água marinha. Em sedimentos, existem registros
ainda não publicados da presença de Irgarol em concentrações de até 4,7 µg/L na
mesma região de coleta.

CONCLUSÃO

Não foram detectados Irgarol, Diuron e 3,4-DCPMU nas amostras analisadas. No


entanto, amostras coletadas no Porto do Itaqui (Berço 102) e Cais da Raposa
apresentaram concentrações de DMSA acima do limite de quantificação. Em termos
de metodologia de pré-concentração, conclui-se que a microextração líquido-líquido
dispersiva é excelente alternativa aos métodos “tradicionais” para análise de agentes
anti-incrustantes de terceira geração em água marinha, devido ao seu baixo custo,
facilidade e rapidez de operação, fornecendo baixos limites de detecção e
quantificação, alta repetitividade e adequadas recuperações.

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FONTES FINANCIADORAS

CAPES
FINEP
FAPEMA

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Oral
Contaminação ambiental e mudanças climáticas
83 - HIDROCARBONETOS POLICÍCLICOS AROMÁTICOS EM SEDIMENTOS DO
RIO SÃO FRANCISCO, NO MUNICÍPIO DE PIRANHAS, ALAGOAS, BRASIL

DANIELE CLAUDINO MACIEL, JOSÉLIA MONTEIRO DOS SANTOS, ROXANNY HELEN


DE ARRUDA-SANTOS, ELIETE ZANARDI-LAMARDO
Contato: DANIELE CLAUDINO MACIEL - DANIELE_BIOLOGIA@YAHOO.COM.BR

Palavras-chave: HPAs; contaminação; pirolítica

INTRODUÇÃO

Os ecossistemas aquáticos recebem continuamente hidrocarbonetos policíclicos


aromáticos (HPAs), oriundos de várias fontes, como a descarga de efluentes
domésticos e industriais, queima de biomassa e combustíveis fósseis, atividades
náuticas, entre outros (LEMOS et al., 2014). Devido a elevada toxicidade e
carcinogenicidade, vários estudos tem investigado a presença de HPAs no ambiente
(ATSDR, 1995). Entretanto, estudos realizados no Rio São Franciso, uma das mais
importantes Bacias Hidrográficas do Brasil, são praticamente inexistentes. O objetivo
deste trabalho foi avaliar a contaminação de amostras de sedimentos coletados no
baixo São Francisco, no município de Piranhas, Alagoas, por HPAs.

METODOLOGIA

Os sedimentos foram coletados em 5 pontos distribuídos ao longo do Rio São


Francisco, no trecho em que percorre o município de Piranhas, Alagoas, em
fevereiro de 2018. A camada superficial dos sedimentos (2 cm) foi retirada e
acondicionada em recipientes de alumínio (previamente descontaminados) e
armazenados a -18 °C, até as análises. O teor de matéria orgânica foi determinado
por calcinação, e a granulometria realizada com base na metodologia descirta por
Suguio (1973). Os HPAs foram extraídos em soxhlet com diclorometano / n-hexano
e os extratos analisados em um cromatográfo a gás (Agilent Technologies 6890)
equipado com um espectrômetro de massas (Maciel et al., 2015). Foram
investigados os 16 HPAs considerados poluentes prioritários pela Agência de
Proteção Ambiental Americana (USEPA). A recuperação do padrão surrogate variou
entre 45% e 114%. O limite de quantificação foi 0,07 ng g-1.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os sedimentos coletados foram predominantemente arenosos, com teores de areia


variando entre 95% e 99%, e apresentaram baixos teores de matéria orgânica, que
variaram entre 0,3% e 2%. Esses resultados são consequência da elevada vazão do
Rio, que teve média anual em 2017 de 792 m3 s -1, alcançando em janeiro de 2018,
2732 m3s-1 (ANA, 2018). Esta alta hidrodinâmica não favorece a deposição do
material particulado em suspensão, incluindo partículas de silte e argila. As
concentrações de hidrocarbonetos variaram entre 0,3 a 31,0 ng g-1, sendo a maior
concentração registrada na “Prainha” de Piranhas, local de banho, lazer e recreação,
frequentado assiduamente por turistas e moradores locais, onde ficam também
atracadas muitas embarcações para pesca e turismo. É importante ressaltar que

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

grande parte do esgoto gerado pela população local da cidade, incluindo a do centro
histórico, onde a prainha está situada, é lançado sem tratamento diretamente no Rio
São Francisco. Algumas razões diagnósticas foram calculadas para investigar se os
HPAs são originados de combustão ou pela introdução direta do petróleo. Os HPAs
de alto peso molecular prevaleceram em relação aos de baixo peso molecular,
sugerindo a predominância de fontes pirolíticas (ACQUAVITA et al., 2014). A razão
entre os isômeros fluoranteno e pireno foi calculada para os locais que
apresentaram estes compostos acima do limite de quantificação. Resultados dessa
razão maiores que 0,5, são indicativos de fonte pirolíticas, enquanto valores
menores que 0,5, indicam hidrocarbonetos oriundos de fontes petrogênicas
(YUNKER et al., 2002). Para as amostras deste estudo, a razão fluoranteno/pireno
variou entre 1,08 e 1,67, este último para os sedimentos coletados na prainha,
confirmando que os HPAs presentes nas amostras estudadas são
predominantemente de origem pirolítica. Esses resultados corroboram com os
observados para sedimentos coletados próximos a centros urbanos e áreas rurais,
onde a queima de combustíveis fósseis e de biomassa vegetal são as principais
fontes destes compostos para o ambiente (MACIEL et al, 2015; ARRUDA-SANTOS
et al., 2018).

CONCLUSÃO

Os sedimentos coletados no Rio São Francisco apresentaram baixa contaminação


por HPAs. A presença majoritária de grãos grosseiros no sedimento, do baixo teor
de matéria orgânica e principalmente a elevada hidrodinâmica local, são fatores que
dificultam a interpretação da real contaminação local. Mesmo as concentrações
sendo baixas, o lançamento de esgoto não tratado no Rio, atividades náuticas
frequentes, a queima de combustíveis fósseis, entre outros, são apontadas como as
principais fontes potenciais de contaminação presentes na região. A continuidade
deste estudo na região é preeminente, e propõe-se a inclusão de outras matrizes
ambientais, como água e material em suspensão.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ACQUAVITA, A.; FALOMO, J.; PREDONZANI, S.; TAMBERLICH, F.; BETTOSO, N.;
MATTASSI, G. The PAH level, distribution and composition in surface sediments
from a Mediterranean lagoon: the Marano and Grado Lagoon (Northern Adriatic Sea,
Italy). Mar. Pollut. Bull. 81, 234–41, 2014.
de ARRUDA-SANTOS, R.H.; SCHETTINI, C.A.F.; YOGUI, G.T.; MACIEL, D.C.;
ZANARDI-LAMARDO, E. Sources and distribution of aromatic hydrocarbons in a
tropical marine protected area estuary under influence of sugarcane cultivation.
Science of The Total Environment, 624, 935-944, 2018.
ANA, 2018. Acompanhamento da Bacia do Rio São Francisco. Disponível em:
http://www3.ana.gov.br/portal/ANA/sala-de-situacao/sao-francisco/boletins/diario/sf-
bol-diario-08-01-2018.pdf Acesso em: 08 de jan de 2018.
ATSDR - Agency for Toxic Substances and Disease Registry. Toxicological profile
for Polycyclic Aromatic Hydrocarbons (PAHs), 1995.
LEMOS, R.T. de O.; CARVALHO, P.S.M. de, ZANARDI-LAMARDO, E. Petroleum
hydrocarbons in water from a Brazilian tropical estuary facing industrial and port
development. Mar. Pollut. Bull. 82, 183–188, 2014.

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


452
XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

MACIEL, D.C.; de SOUZA, J.R.B.; TANIGUCHI, S.; BÍCEGO, M.C.; ZANARDI-


LAMARDO, E. Sources and distribution of polycyclic aromatic hydrocarbons in a an
urbanized tropical estuary and adjacent shelf, Northeast of Brazil. Mar. Pollut. Bull.
101, 429–433. 2015.
SUGUIO, K.; Introdução à sedimentologia. Editora E. Blücher. 1973.
UNEP. Determination of petroleum hydrocarbons in sediments. Reference Methods
for Marine Pollution Studies, p. 75, 1992.
YUNKER, M.B.; MACDONALD, R.W.; VINGARZAN, R.; MITCHELL, R.H.;
GOYETTE, D.; SYLVESTRE, S. PAHs in the Fraser River basin: a critical appraisal
of PAH ratios as indicators of PAH source and composition. Org. Geochem. 33, 489–
515, 2002.

FONTES FINANCIADORAS

CNPq

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Contaminação ambiental e mudanças climáticas
102 - SUSCETIBILIDADE DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS AOS AGROTÓXICOS
KRAFT® E SCORE®, APLICADOS ISOLADAMENTE E EM MISTURA, SOB
DIFERENTES CONDIÇÕES DE TEMPERATURA

DANILLO BADOLATO ATHAYDE, LIVIA PITOMBEIRA DE FIGUEIRÊDO, MICHIEL


ADRIAAN DAAM, EVALDO LUIZ GAETA ESPINDOLA
Contato: DANILLO BADOLATO ATHAYDE - DANILLOBAT@USP.BR

Palavras-chave: agrotóxicos; águas subterrâneas; toxicidade aguda

INTRODUÇÃO

As águas subterrâneas estão suscetíveis à contaminação por agrotóxicos e embora


atendam diversas demandas ainda tem sido pouco estudadas (Da SILVA et al.,
2011; WU et al., 2014). Adicionalmente, efeitos como o aumento da temperatura
podem agravar os problemas já existentes, tornando-se imprescindível a
investigação da suscetibilidade ecológica das águas subterrâneas em diferentes
cenários de temperatura (IPCC, 2013). Nesse contexto procurou-se simular
condições reais de uso dos agrotóxicos Kraft® (inseticida) e Score® (fungicida) e de
precipitação em mesocosmos, avaliando a capacidade de retenção do solo, por
meio de ensaio de toxicidade aguda do percolado em Daphnia similis em diferentes
temperaturas.

METODOLOGIA

Foram utilizados tanques experimentais (mesocosmos) em formato cilíndrico


(capacidade para 85kg de solo, com 52cm de diâmetro e 67cm de altura), os quais
foram preenchidos com solo natural (textura argilosa) da área experimental do
CRHEA/EESC/USP, localizado em Itirapina/SP. O solo foi peneirado (5mm) e
desfaunado (em estufa a 60oC, por 24h), sendo acondicionados nos mesocosmos
em sala com temperatura controlada (23º e 33ºC). Foram consideradas tréplicas
para cada tratamento (incluindo o controle) e as aplicações dos contaminantes
ocorreram nos dias 1, 8 e 15, utilizando os agrotóxicos Kraft (4,8 µL/L), Score (40
µL/L) e a mistura Kraft+Score, nas mesmas concentrações recomendadas para uso
no plantio de morango (dose recomendada de 25 a 30 ml/100 L). Posteriormente,
após a aplicação dos agrotóxicos procedeu-se a simulação da precipitação (de
aproximadamente 28 mm) nos mesocosmos, a qual também foi realizada nos dias 4,
11 e 18 (intervalos entre as aplicações dos agrotóxicos). O percolado foi coletado
em todos os períodos de precipitação, sendo utilizado para realização de ensaios de
toxicidade aguda com D. similis (ABNT NBR 12.713/2009) e para a análise das
variáveis físicas e químicas (condutividade, dureza, SST, pH e nutrientes).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

As análises das variáveis físicas e químicas das amostras de percolado, em ambas


as temperaturas (23 e 33ºC), demonstram o efeito da lixiviação do solo, resultando
em redução nos valores de condutividade, dureza, sólidos dissolvidos e suspensos,
e aumento dos valores de pH, o que pode ter ocorrido pela redução de íons, em

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

especial metálicos, disponíveis no solo para a lixiviação. No entanto, não se verifica


diferença entre os tratamentos (controle, Kraft, Score e Kraft + Score). Quanto aos
resultados dos testes de toxicidade, em condições de temperatura de 23±2ºC, após
a simulação de chuvas, as amostras geradas nos simuladores contaminados com
Score®, de maneira isolada, não causaram efeito tóxico aos organismos teste, não
apresentando diferenças significativas em relação ao controle (p>0,05). Por outro
lado, em todas as amostras provenientes dos tratamentos com Kraft (isolado e em
mistura), verificou-se efeito tóxico em todos os dias em que houve contaminação
seguida de simulação de chuva, causando elevada imobilidade aos organismos
testes (no dia 1: 73,33±29,95% para o Kraft® e 66,67±24,62% para a mistura; no dia
8: 100% para o Kraft® e 96,67±7,78% para a mistura; e no dia 15: 100% para o
Kraft® e 100% para a mistura), o que demonstra um aumento da toxicidade ao longo
do tempo. Em outro cenário do experimento, em condições de temperatura mais
elevada (33ºC), não se verificou diferenças significativas em relação ao controle.
Nos diferentes cenários do experimento, o Score® não apresentou efeito tóxico aos
organismos teste, não sendo possível indicar se houve influência em sua
disponibilidade nas amostras de água percolada. Entretanto, ressalta-se que no
estudo realizado por Filimon et al. (2015), os autores mencionam que o aumento da
temperatura favoreceu o desenvolvimento da comunidade de microrganismos mais
resistentes ao difenoconazol, ingrediente ativo do Score®, utilizando-o como fonte
de carbono e nitrogênio, o que pode explicar a ausência de efeitos tóxicos para D.
similis. Os distintos efeitos do Kraft® nos diferentes cenários (isolado e em mistura,
em duas temperaturas) também podem estar relacionados com a atividade de
biodegradação, que é a principal via de dissipação do princípio ativo (abamectina),
realizada principalmente em condições de aerobiose (DIONÍSIO; RATH, 2016;
KROGH et al., 2009). No presente estudo, o aumento de temperatura pode ter
promovido uma consequente aceleração do metabolismo microbiano, degradando
mais rapidamente o princípio ativo, como indica o estudo de Krogh et al. (2009) com
a ivermectina, substância da mesma classe da abamectina.

CONCLUSÃO

Os resultados demonstram que os agrotóxicos têm efeito sobre as comunidades não


alvo, como as aquáticas, e que a disponibilidade do composto no solo é influenciada
pelo aumento da temperatura, contribuindo para redução ou aumento da toxicidade
dependendo das características do produto e do processo de biodegradação. Em
regiões com temperatura mais baixa (em torno de 20ºC), as comunidades aquáticas
podem estar mais suscetíveis aos efeitos dos agrotóxicos, principalmente no caso
do Kraft®, mesmo quando utilizado de acordo com a dose recomendada para
aplicação nas lavouras de morango e batata, o que evidencia o risco à saúde dos
ecossistemas aquáticos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 12713 - Toxicidade aguda -


Método de ensaio com Daphnia spp (Crustacea, Cladocera). Rio de Janeiro, 2009.
DA SILVA, D.R.O.;DE AVILA, L.A.; AGOSTINETTO, D.; BUNDT, A.D.C.;PRIMEL,
E.G.; CALDAS, S.S. Ocorrência De Agrotóxicos Em Águas Subterrâneas De Áreas
Adjacentes A Lavouras De Arroz Irrigado. Quim. Nova, vol. 34, n. 5, p. 748-752¸
2011.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

DIONISIO, A.C.; RATH, S. Abamectin in soils: analytical methods, kinetics, sorption


and dissipation. Chemosphere, v. 151, p. 17-29, 2016.
FILIMON, M.N.; VOIA, S.O.; VLADOIU, D.L.; ISVORAN, A.; OSTAFE, V.
Temperature dependent effect of difenoconazole on enzymatic activity from soil. J.
Serb. Chem. Soc., v. 80, n. 9, p. 1127-1137, 2015.
IPCC – Intergovernmental Panel on Climate Change. Climate Change 2013: The
Physical Science Basis. AR5, WGI Report. Cambridge Univ. Press. 2013.
KROGH, K.A.; JENSEN, G.G.; SCHNEIDER, M.K.; FENNER, K.; HALLING-
SØRENSEN, B. Analysis of the dissipation kinetics of ivermectin at different
temperatures and in four different soils. Chemosphere, v. 75, n. 8, p. 1097-1104,
2009.
WU, C.; LUO, Y.; GUI, T.; HUANG, Y. Concentrations and potential health hazards of
organochlorine pesticides in shallow groundwater of Taihu Lake region, China.
Science of the Total Environment, p. 470–471, p.1047–1055, 2014.

FONTES FINANCIADORAS

O presente trabalho foi financiado pela FAPESP, Processo: 2016/07214-4.

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Oral
Contaminação ambiental e mudanças climáticas
108 - BIOMARCADORES NO CORAL Mussismilia harttii: EFEITO ISOLADO DO
AUMENTO DA TEMPERATURA DA ÁGUA DO MAR E COMBINADO COM A
EXPOSIÇÃO AO COBRE

JULIANA DA SILVA FONSECA, LAURA FERNANDES DE BARROS MARANGONI,


JOSEANE APARECIDA MARQUES, ADALTO BIANCHINI
Contato: JULIANA DA SILVA FONSECA - JULIANAFONSECA94@HOTMAIL.COM

Palavras-chave: Biomarcadores; calcificação; cobre; coral; estresse oxidativo; fotossíntese

INTRODUÇÃO

O aumento de temperatura associado às mudanças climáticas e os impactos locais


causados pela contaminação por cobre (Cu) afetam a integridade dos recifes de
coral. No presente estudo, foi avaliado o efeito isolado do aumento da temperatura e
combinado com a exposição ao Cu dissolvido na água no coral escleractíneo
zooxantelado Mussismilia harttii, utilizando um mesocosmo marinho. Os parâmetros
analisados estão relacionados ao metabolismo [capacidade fotossintética máxima
das zooxantelas (Fv/Fm) e concentrações de clorofila a e ATP], calcificação
[atividade da anidrase carbônica (AC) e Ca2+-Mg2+-ATPase], e estado oxidativo
[capacidade antioxidante contra radicais peroxil (ACAP) e peroxidação lipídica
(LPO)].

METODOLOGIA

Pólipos do coral M. harttii foram coletados na área de conservação do Parque


Natural Municipal de Recife de Fora em Porto Seguro (BA), aclimatados e expostos
no mesocosmo marinho da base de pesquisas do Projeto Coral Vivo (Arraial d'Ajuda,
Porto Seguro). Os pólipos foram expostos a três condições de aumento de
temperatura [25.0 ± 0.10ºC (controle; temperatura média da água do mar no local),
26.6 ± 0.08oC e 27.3 ± 0.09ºC]. Os tratamentos térmicos foram testados de forma
isolada e combinada com concentrações ambientalmente relevantes de Cu
dissolvido na água do mar [2.9 ± 0.7 (controle; concentração média da água do mar
no local), 3.8 ± 0.8, 5.4 ± 0.9 e 8.6 ± 0.3 μg/L]. Após 4, 8 e 12 dias de exposição aos
tratamentos experimentais, os pólipos foram coletados, congelados e transferidos
em nitrogênio líquido para o Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da Universidade
Federal do Rio Grande (FURG) para análise dos parâmetros bioquímicos e
fisiológicos (Fv/Fm, clorofila a, ATP, AC, Ca2+-Mg2+-ATPase, ACAP e LPO, os quais
foram determinados conforme descrito em Fonseca et al. (2017).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A Fv/Fm reduziu ao longo do período de exposição ao aumento de temperatura,


apresentando menores níveis após exposição prolongada (12 dias). Por sua vez, a
combinação do aumento de temperatura com a exposição ao Cu reduziu este efeito.
As atividades da AC e da Ca2+-Mg2+-ATPase aumentaram até 8 dias de exposição,
retornando aos níveis basais após a exposição prolongada (12 dias), sugerindo
assim uma redução na produção de energia nos corais após a exposição prolongada

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

ao tratamento experimental. No que se refere à produção de energia, os estressores


testados no presente estudo não induziram alterações na concentração de ATP.
Neste contesto, é importante ressaltar que os corais utilizam outros compostos
fosfatados além do ATP. A exposição em curto prazo (4 e 8 dias) ao aumento de
temperatura ou a exposição prolongada (12 dias) à combinação dos estressores
reduziu a LPO, sugerindo a ocorrência de processos que envolvem o
remodelamento da composição de lipídios para evitar danos às membranas
biológicas. O processo fotossintético é um dos principais geradores de espécies
reativas de oxigênio (ERO). Portanto, a redução observada na Fv/Fm também pode
ter colaborado para a redução observada na LPO. Entretanto, a exposição
prolongada (12 dias) ao aumento isolado da temperatura induziu a LPO, sugerindo
que o comprometimento do processo fotossintético (redução de Fv/Fm) causou uma
falta de energia no coral hospedeiro, devido à redução da transferência de
fotossintatos pelas zooxantelas. Por sua vez, não houve uma variação da ACAP
concomitante com o aumento da LPO. Portanto, o aumento observado na LPO
parece estar mais associado à geração de outros oxiradicais que não os peroxil.
Assim como a ACAP, o conteúdo de clorofila a também não foi afetado pela
exposição aos estressores. Neste contexto, cabe ressaltar que não foi observado
branqueamento visual dos corais após exposição aos estressores testados,
indicando assim que alterações no conteúdo de clorofila não é um biomarcador
sensível de danos na capacidade fotossintética em corais.

CONCLUSÃO

Os resultados relatados no presente estudo indicam que o aumento de temperatura


de forma isolada ou em combinação com a adição de Cu dissolvido na água do mar
afeta o processo fotossintético das zooxantelas (redução de Fv/Fm), sugerindo uma
redução na transferência de fotossintatos para a produção de energia do coral.
Assim, uma possível redução na produção de energia aumenta a susceptibilidade
dos corais ao branqueamento (aumento da LPO) e afeta a disponibilidade de
energia para a calcificação (redução do crescimento) no coral escleractíneo M.
harttii.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

FONSECA, J.S.; MARANGONI, L.F.B.; MARQUES, J.A.; BIANCHINI, A.B. 2009.


Effects of increasing temperature alone and combined with copper exposure on
biochemical and physiological parameters in the zooxanthellate scleractinian coral
Mussismilia harttii. Aquat. Toxicol. 190: 121-132.

FONTES FINANCIADORAS

CAPES (Brasília, DF, Brasil), CNPq (Brasília, DF, Brasil), International Copper
Association (Nova Iorque, NY, EUA), International Development Research Centre
(Ottawa, ON, Canadá), FAPERGS (Porto Alegre, RS, Brasil) e Rede de Pesquisas
Coral Vivo (Rio de Janeiro, RJ, Brasil).

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Contaminação ambiental e mudanças climáticas
131 - EFEITO DO CONGELAMENTO DAS AMOSTRAS DE ÁGUA NOS ENSAIOS
DE ECOTOXICIDADE COM Danio rerio

MAIRA RODRIGUES LIMA, ANA CAROLINA SILVA OLIVEIRA, ANA NASCIMENTO


ARAUJO, ALESSANDRA MATIAS ALVES, ANA CLAUDIA PIMENTEL DE OLIVEIRA
Contato: MAIRA RODRIGUES LIMA - MAIRA.RL@HOTMAIL.COM

Palavras-chave: Congelamento; Ecotoxicologia; Variação; Toxicidade

INTRODUÇÃO

Os corpos hídricos são constantemente degradados, principalmente por


lançamentos demasiados de efluentes industriais e domésticos sem saneamento
adequado (ANA, 2018). Em vista disso, o biomonitoramento dessas massas de água
se tornou crucial para avaliar o estresse causado no sistema biológico.
Nesse contexto, desenvolveu-se a ecotoxicologia aquática, a qual estuda os efeitos
das substâncias químicas sobre os organismos, sendo uma ferramenta auxiliar na
averiguação dos impactos ambientais, estimando a toxicidade do meio aquático.
(WALKER, 2006; POMPÊO, 2015).
Diante do referido, o estudo visa evidenciar o efeito do congelamento das amostras
nos resultados dos ensaios ecotoxicológicos do tipo agudo.

METODOLOGIA

As amostras utilizadas no presente estudo foram provenientes do programa de


monitoramento de rios da Zona Oeste, Rio de Janeiro, realizado pelo Laboratório de
Ecotoxicologia Aquática da Universidade Castelo Branco.
Os ensaios ecotoxicológicos foram realizados com as amostras coletadas no mesmo
dia, ou seja, amostras naturais. A metodologia utilizada foi da ABNT-NBR
15088:2011, com o peixe bioindicador Danio rerio. Os ensaios foram considerados
válidos quando a condição controle teve sobrevivência de 90% dos organismos-
teste.
Um total de 10 amostras que apresentaram toxicidade, ou seja, que promoveram a
morte dos organismos-testes foram selecionadas, congeladas e posteriormente
reanalisadas, a fim de verificar o efeito do congelamento da amostra no resultado do
ensaio.
As amostras selecionadas foram as dos rios Catarino (S22°52`41.0916``/W
43°26`19.1796``) e Piraquara (S22°52`45.6168``/W43°25`24.2364``), localizados no
bairro de Realengo, rio Viegas (S22°53`14.2944``/W43°28`55.5312``), no bairro de
Bangu e o canal (S22°53`27.6072``/W 43°24`3.6108``) localizado ao lado do
cemitério Jardim da Saudade de Sulacap, no bairro de Sulacap.
As amostras permaneceram congeladas por 15 dias à temperatura de -18°C. Após
esse período, as amostras foram descongeladas naturalmente e, ao atingir a
temperatura ambiente foram novamente analisadas, seguindo a mesma metodologia
referenciada.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados estão apresentados em duas etapas: a primeira etapa é caracterizada


pelos ensaios realizados com as amostras denominadas naturais, ou seja, sem
resfriamento. Por sua vez, na segunda etapa são apresentados os resultados dos
ensaios realizados com as mesmas amostras após o seu congelamento.
Na primeira etapa, as amostras apresentaram temperatura variando de 21 a 26 °C,
valores de pH na faixa pH 6,71 a pH 8,0 e concentração de oxigênio dissolvido igual
ou maior que 4,0 mg/L. Todos os parâmetros declarados estão compatíveis com as
normas estabelecidas pela ABNT-NBR 15088:2011. A toxicidade das 10 amostras
selecionadas variou de 80% a 100% de letalidade para o organismo-teste, o Danio
rerio.
Os ensaios realizados com as amostras após o congelamento apresentaram as
mesmas faixas de valores para temperatura, pH e oxigênio dissolvido verificado para
as amostras sem congelamento. Entretanto, os resultados dos ensaios
ecotoxicológicos mostraram uma variação de perda de efeito nocivo, ou seja, foi
possível verificar a sobrevivência dos organismos-teste. Esse percentual de
sobrevivência variou de 20% a 100%, evidenciando assim, a perda ou redução do
efeito tóxico da amostra após o congelamento.
Segundo as normas estabelecidas pela Cetesb, 2017 e ABNT-NBR 15088:2011
recomenda-se que os ensaios sejam realizados até 12 horas após a coleta.
Contudo, na impossibilidade da realização imediata, a norma da ABNT orienta que a
amostra deve ser congelada e mantida abaixo de -10 ºC, por até 60 dias, não
indicando averiguação de alterações nas suas características físicas, químicas e
biológicas. Diferentemente da norma da Cetesb, salienta que o processo de
congelamento deverá ser efetuado somente quando comprovado e justificado que
não ocorreu alteração na integridade da amostra.

CONCLUSÃO

O congelamento da amostra de água pode promover alterações nas características


físicas, químicas e microbiológicas da água. Tais modificações podem estar
associadas à redução ou mesmo a perda de 100% do efeito nocivo. Acredita-se que
a variação percentual possa estar relacionada às características da água, como, por
exemplo, o teor de matéria orgânica e inorgânica, bem como quanto à sua
qualidade.
Cabe mencionar, que os dados apresentados são preliminares, portanto, a
continuidade da pesquisa se faz necessária para que seja estabelecida uma relação
entre os parâmetros físico-químicos e microbiológicos que possam vir a explicar os
resultados obtidos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AGENCIA NACIONAL DE ÁGUAS – ANA. Água superficial. 2018. Disponível em:


http://www3.ana.gov.br/portal/ANA/panorama-das-aguas/quantidade-da-agua/agua-
superficial. Acesso em 27/03/2018.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15088: Ecotoxicologia
aquática – toxicidade aguda – método de ensaio com peixes. Rio de Janeiro, 2011.

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

COMPANHIA AMBIENTAL DO ESTADO DE SÃO PAULO. CETESB, Ensaios


ecotoxicológicos com organismos aquáticos: atendimento a legislação ambiental,
São Paulo, 2017.
POMPÊO, M.; SILVA, D.C.V.R.; PAIVA, T.C.B. Ecologia de reservatórios e
interfaces. A ecotoxicologia no contexto atual no Brasil. Instituto de Biociências da
Universidade de São Paulo, 2015, Cap.22. P.341
SPERLING. E.V. Considerações sobre a saúde de ambientes aquáticos. Bio, p.53-6.
1993.
WALKER, C. H. et al. Principles of ecotoxicology. 3. ed. New York: CRC Press,
2006.

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


461
XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Contaminação ambiental e mudanças climáticas
134 - DETERMINAÇÃO DE MERCÚRIO EM PEQUENOS MAMÍFEROS DE DUAS
UNIDADES DE CONSERVAÇÃO - SE, BRASIL

FELIPE MORAES LUCENA, RODRIGO ORNELLAS MEIRE, DIOGO LORETTO


MEDEIROS, OLAF MALM, MARCELO WEKSLER
Contato: FELIPE MORAES LUCENA - LUCENAMFELIPE@GMAIL.COM

Palavras-chave: mercúrio; pequenos mamíferos; campos de altitude

INTRODUÇÃO

Os Parques Nacionais da Serra dos Órgãos (PARNA/SO) e Itatiaia


(PARNA/ITATIAIA) são considerados estratégicos para a conservação da Mata
Atlântica no Estado do Rio de Janeiro. Próximos a grandes metrópoles, os parques
são considerados áreas “sentinelas” da qualidade atmosférica local e global. Dentre
os poluentes atmosféricos, o mercúrio (Hg) apresenta alto poder dispersivo e uma
vez depositado pode ser bioacumulado e tóxico a diferentes organismos, mesmo em
pequenas concentrações. Ainda desconhecemos os efeitos ecotoxicológicos do Hg
na biota desses Parques Nacionais, especialmente os processos relativos à
deposição e à bioacumulação em ecossistemas terrestres montanos pertencentes
ao bioma de Mata Atlântica.

METODOLOGIA

A amostragem de pequenos mamíferos foi realizada na parte alta (2200m) em julho


de 2013,na parte baixa(1000m) em janeiro de 2015 do PARNA/SO e no
PARNA/ITATIAIA em Novembro de 2016. Foram elaboradas trilhas de
armadilhagem durante 10 noites. Os animais coletados, sob autorização de ambos
os parques, foram sacrificados e identificados em campo, seus tecidos foram
refrigerados a -20º Celsius até serem liofilizados. Os tecidos foram então macerados
e armazenados até análise. Para cada amostra, foi pesado 0,5g de fígado seguido
de solubilização ácida (adaptado de BASTOS et al. 1994), a solução resultante foi
então analisada por espectrometria de absorção atômica acoplada a um gerador de
vapor frio (Flow Injection Mercury System) com sistema de injeção de fluxo (Flow
Injection Automatic System) e amostrador automático (Auto Sampler 90). A precisão
do método foi aferida mediante a quantificação do Hg em materiais certificados
DOLT-4, DORM-4 e DORM3 obtendo recuperações analíticas entre 107% e 95% e
utilização de brancos analíticos em todas as baterias. Utilizamos os testes de
normalidade Shapiro-Wilk(α=0,05) e Mann-Whitney(p<0,05) no pacote estatístico
Graphpad Prism 7.0.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

As concentrações de HgT (mediana ± desvio padrão, µg/kg), determinadas nos


animais situados na parte alta (2200 m), Morro do Açu e arredores (campos de
altitude), foram: Oxymycterus dasytrichus (1206 ± 1357; n=6); Bruccepatersonius sp.
(628 ± 537; n=8); Monodelphis sorex (389 ± 494; n=14), Akodon serrensis (36 ± 120;
n=7) e Delomis dorsalis (8,9 ± 3,9; n=7). Não houveram diferenças significativas (P >

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

0,05) nas concentrações das espécies M. sorex quando comparadas a espécie


Brucepattersonius sp., e Brucepattersonius sp. quando comparada a espécie
Oxymycterus dasytrichus.
Para a parte baixa (floresta montana), foram encontradas as seguintes
concentrações: Monodelphis sp. (4053 ± 1970; n=2); Abrawayaomys ruschii (1389 ±
1674; n=2); Didelphis aurita (1211 ± 102; n=2); Akodon serrensis (138 ± 171; n=8);
Bibimys labiosus (127; n=1); Delomys dorsalis (125; n=1); Marmosops incanus(42;
n=1); Euryoryzomys russatus (35; n=1); Oligoryzomys nigripes (19 ± 53; n=5) e
Trinomis dimidiatus (11,2 ± 14,1; n=4).
No PARNA/ITATIAIA as concentrações encontradas (campos de altitude) foram:
Oxymycterus dasytrichus (666 ± 313; n=6); Monodelphis sorex (455 ± 195; n=6);
Bruccepatersonius sp. (262 ± 170; n=9); Akodon serrensis (67 ± 60; n=16); Delomys
dorsalis (6,7 ± 10,5; n=6); Thaptomys sp. (240; n=1).
Os resultados sugerem estreita relação entre as concentrações de Hg e os hábitos
alimentares das espécies estudadas (ROSSI, 2008). A Alta variabilidade observada
entre indivíduos, provavelmente, está associada a características intrínsecas de
cada espécie como características metabólicas e ciclo de vida, não tendo relações
com sexo e tamanho de corpo. Os resultados deste trabalho são comparáveis a
regiões industriais e historicamente contaminadas reforçando os indícios de que as
regiões montanhosas tropicais podem atuar como zonas de convergência da
poluição atmosférica. As concentrações encontradas nos roedores da espécie
Akodon sp. da floresta montana do PARNA/SO (1000m) foram estatisticamente
maiores (p=0,024) que as concentrações encontradas nos animais oriundos dos
campos de altitude do PARNA/SO (2200m). Esses resultados sugerem que as
populações de pequenos mamíferos das regiões próximas à fronteira desta unidade
de conservação estão mais expostas ao Hg. Essa maior exposição pode estar
associada a atividades antrópicas, como agricultura, urbanização e queimadas,
assim como fatores naturais, características microclimáticas associadas a geografia,
morfologia e densidade florestal local que podem contribuir para a deposição úmida
e seca do Hg. Além disso, alterações nos hábitos alimentares devido a diferenças
nos hábitats dos animais que vivem nos campos de altitude e na floresta montana,
relacionados a oferta de alimentos.

CONCLUSÃO

As concentrações encontradas nas populações de Akodon sp. coletados na parte


alta diferem da população da parte baixa do PARNA/SO, demonstrando um padrão
distinto de contaminação em um mesmo gênero reforçando a importância de avaliar
a dinâmica espacial, principalmente a altitude, para interpretar dados sobre a
contaminação por mercúrio. No PARNA/ITATIAIA as concentrações foram
semelhantes a parte alta do PARNA/SO para a maioria dos gêneros estudados nos
dois parques, indicando uma similaridade na incorporação de mercúrio nesses
gêneros para áreas de elevada altitude.

FONTES FINANCIADORAS

CNPQ
FAPERJ

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


463
XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Contaminação ambiental e mudanças climáticas
146 - DIAGNÓSTICO AMBIENTAL DA BACIA DO RIO SERGIPE (SE):
AVALIAÇÃO LIMNOLÓGICA E ECOTOXICOLÓGICA

CARLOS ANDRÉ PEREIRA DOS SANTOS, NATHALIA DA SILVA CAMPOS, ANA


CAROLINA ALVES BARBOSA, LARISSA ARAUJO SANTOS, ALINE NUNES DOS
SANTOS, JULIANE CERQUEIRA FREITAS, VANESSA BARAÚNA SANTOS, ANDREA
NOVELLI
Contato: CARLOS ANDRÉ PEREIRA DOS SANTOS - CARLOS92ANDRE@YAHOO.COM

Palavras-chave: Ecotoxicologia aquática; semiárido; rio Sergipe; Chironomus xanthus

INTRODUÇÃO

A bacia do rio Sergipe é a mais populosa do estado e, atualmente com o


crescimento acelerado e desordenado, a mesma tem sofrido com o lançamento
indiscriminado de esgotos domésticos (in natura) e industriais, além dos problemas
associados às atividades agropastoris e o desmatamento. Tais ações podem
impactar a qualidade dos compartimentos água e sedimento, afetando
significativamente os organismos aquáticos. Diante desse contexto, esse trabalho
visa avaliar a qualidade da água e sedimento da bacia hidrográfica do rio Sergipe
(SE), a partir de análises físicas, químicas e ecotoxicológicas, utilizando como
organismos-teste Chironomus xanthus.

METODOLOGIA

As coletas de água e sedimento foram realizadas em 8 estações de amostragem ao


longo da bacia rio Sergipe, nos períodos de chuva (agosto/2017) e seca
(fevereiro/2018). As variáveis pH, condutividade elétrica, oxigênio dissolvido,
temperatura e salinidade da água foram mensuradas in situ, utilizando-se um
medidor portátil (marca HANNA-HI2040). Para as análises de nutrientes, metais-
traço, sulfato e cloreto foram utilizadas as metodologias descritas em Standard
Methods for the Examination of Water and Wastewater - APHA (2005). Além disso,
foi determinado o teor de material em suspensão (TEIXEIRA et al. 1965). Já os
testes de toxicidade aguda com amostras de água e sedimento foram realizados
com o organismo-teste Chironomus xanthus, seguindo as recomendações descritas
por Fonseca e Rocha (2004). Para a análise das variáveis limnológicas, os
resultados foram submetidos à Análise Componentes Principais (ACP). Já para a
avaliação dos resultados dos testes de toxicidade aguda com C. xanthus foi utilizado
o programa Toxstat 3.3 (Gulley; Boelter e Bergman, 1994).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados das análises físico-químicas da água, coletada em trechos distintos da


bacia do rio Sergipe, demonstraram através da Análise de Componentes Principais
(ACP) a formação espacial de três grupos distintos (I, II, III). O grupo I (P1), de forma
geral, apresentou os maiores valores dos parâmetros analisados, os quais
associados às características do ambiente e do uso e ocupação do solo, tais como
água lêntica, supressão da mata ciliar e monocultura de milho e cana-de-açúcar,

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


464
XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

conferiram a este ponto como o mais dissimilar do sistema, com tendência à


degradação da qualidade ambiental. O grupo II (P2) possui qualidade da água
intermediária, e a maior contribuição para sua deterioração ocorreu, principalmente,
em função da elevada concentração de fósforo total, associado à supressão da mata
ciliar e o desenvolvimento da monocultura de milho. O grupo III (P3 a P8)
apresentou um menor grau de degradação, provavelmente em função do efeito da
diluição do sistema, pois tais trechos recebem contribuições de diversos tributários.
Já os bioensaios revelaram toxicidade aguda (p<0,05) para C. xanthus quando
expostos as amostras de água e sedimento na região semiárida do Estado (nos
pontos P1 e P2). Nessa região predominam, principalmente as plantações de cana-
de-açúcar e milho, o que pode contribuir com a entrada de agrotóxicos na água e
assim ocasionar efeitos tóxicos na biota aquática. Estudos complementares que
considerem os efeitos crônicos são necessários, além de ensaios ecotoxicológicos
com outros organismos-teste devem ser realizados para uma avaliação segura do
risco ecológico existente na bacia do rio Sergipe.

CONCLUSÃO

Considerando os resultados das análises limnológicas, bem como dos ensaios


ecotoxicológicos, foi possível caracterizar espacialmente a bacia do rio Sergipe em
três grupos distintos. E os fatores que contribuíram para essa distinção entre as
regiões foram: a) características físicas da bacia, tais como geologia da área de
drenagem; o regime pluviométrico e o volume de fluxo que afetaram a qualidade da
água; b) as influências antrópicas nesses trechos, como, por exemplo, supressão da
mata ciliar, desenvolvimento de atividades agrícolas, pecuária, lançamentos de
esgotos sanitários e industriais e deposição de resíduos sólidos, as quais podem
contribuir para a sua degradação.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

APHA - American Public Health Association. Standard methods for the examination
of water and wastewater. 19 Ed. Washington D. C. 2005.
FONSECA, A.L.; ROCHA, O. Laboratory cultures of the native species Chironomus
xanthus Rempel, 1939 (Diptera-Chironomidae). Acta Limnol. Bras., 16(2):153-161,
2004.
GULLEY, D.D.; BOELTER, A.M.; BERGMAN, H.L. Toxtat 3.4 Computer Program,
1994.
TEIXEIRA, C.; TUNDISI, J.G.; KUTNER, M.B. Plankton studies in a mangrove II. The
standing stock and some ecological factors. Bol. Inst. Oceanogr., v.24, p.23-41.
1965.

FONTES FINANCIADORAS

Agradecemos a FAPITEC pelo auxílio à pesquisa, edital FAPITEC/SE/FUNTEC no


07/2015 – NAPS.

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


465
XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Contaminação ambiental e mudanças climáticas
149 - AVALIAÇÃO DA QUALIDADE AMBIENTAL DA BACIA HIDROGRÁFICA DO
RIO SERGIPE (SE) ATRAVÉS DE BIENSAIOS ECOTOXICOLÓGICOS COM
MICROCRUSTÁCEOS

NATHALIA DA SILVA CAMPOS, VANESSA BARAÚNA SANTOS, JULIANE CERQUEIRA


FREITAS, ALINE NUNES DOS SANTOS, LARISSA ARAUJO SANTOS, ANA CAROLINA
ALVES BARBOSA, CARLOS ANDRÉ PEREIRA DOS SANTOS, ANDREA NOVELLI
Contato: NATHALIA DA SILVA CAMPOS - NSCAMPOS3@GMAIL.COM

Palavras-chave: Rio Sergipe; ecotoxicologia aquática; limnologia; Ceriodaphnia silvestrii; Daphnia


similis

INTRODUÇÃO

O rio Sergipe, com uma extensão de aproximadamente 210 km, nasce no sertão
nordestino (Pedro Alexandre - BA) e desagua no Oceano Atlântico, entre os
municípios de Aracaju e Barra dos Coqueiros (SE). Esta bacia é a mais povoada e
também a que concentra a maior parte da economia do estado, sendo as atividades
de uso e ocupação representadas por indústrias têxteis, agroindústrias, exploração
de petróleo, fertilizantes, alimentos, cerâmicas e metalurgias. Diante desse contexto,
o objetivo desse trabalho foi avaliar a qualidade ambiental da bacia através das
análises físicas, químicas e ecotoxicológicas, utilizando com organismos-teste
Ceriodaphnia silvestrii e Daphnia similis.

METODOLOGIA

As coletas das amostras de água e sedimento foram realizadas em oito pontos


amostrais ao longo da bacia hidrográfica do rio Sergipe, nos meses de agosto de
2017 e março de 2018 (época chuvosa e de seca, respectivamente), a fim da
obtenção de um ciclo sazonal completo. Foram mensurados in situ, pH, oxigênio
dissolvido, condutividade elétrica e salinidade utilizando medidor portátil (HANNA-
HI2040). As análises de nutrientes e metais traços estão sendo realizadas de acordo
com as metodologias descritas no Standard Methods for the Examination of Water
and Wastewater – APHA/AWWA (2005). Já os testes de toxicidade aguda e crônica
com o sedimento estão sendo realizados com os organismos-teste Daphnia similis e
Ceriodaphnia silvestrii, seguindo as normas da ABNT NBR 12713/2004 e ABNT
NBR 13373/2005, respectivamente. Para a análise das variáveis limnológicas, os
resultados foram submetidos a uma análise multivariada ACP (análise de
componentes principais). Já para a avaliação dos resultados dos testes de
toxicidade aguda e crônica com os microcrustáceos foi utilizado o programa Toxstat
3.3 (GULLEY; BOELTER e BERGMAN, 1994).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

De acordo com os resultados limnológicos parciais, obtidos na época chuvosa,


pôde-se separar a bacia hidrográfica do rio Sergipe em três grandes grupos: a)
grupo I - região de cabeceira da bacia (ponto 1), representada pela forte presença
de íons sulfato, cloreto, salinidade, cálcio, magnésio (sendo os dois primeiros acima

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


466
XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

do permitido pela resolução CONAMA 357/2005 para rios de classe 2), o que
resultou em uma elevada condutividade; b) grupo II - compreende somente o ponto
P2 e possui qualidade da água em processo de degradação, sendo que as maiores
contribuições para a sua deterioração foram as elevadas concentrações de
coliformes fecais e de fósforo acima do limite estabelecido pela CONAMA 357/2005
para rios classe 2; c) grupo III - região média e baixa da bacia (pontos 3 a 8), mais
influenciada pela urbanização, com maior entrada de rejeitos sanitários e industriais,
e as variáveis que estiveram acima da CONAMA 357/2005 para rios de classe 2
foram o fósforo (ponto 7), cloretos (pontos 3, 4 e 7) e coliformes termotolerantes
(pontos 3, 5 e 8). Com relação aos bioensaios de toxicidade aguda com D. similis da
época chuvosa, nenhum ponto de coleta apresentou toxicidade. Entretanto, para os
bioensaios de toxicidade crônica foi observado efeito na sobrevivência dos neonatos
(p<0,05) para os pontos de coleta 1, 5 e 6. Já para o endpoint sobrevivência das
mães, apenas os pontos 4 e 8 não foram tóxicos. Para a época de seca, a maioria
dos pontos de coleta apresentou toxicidade crônica para o organismo-teste (p<0,05),
exceto os pontos 2 e 8. A maior toxicidade observada no período de seca ocorreu
provavelmente em função da melhor diluição do sistema.

CONCLUSÃO

Os resultados obtidos das análises limnológicas apontaram, até o presente


momento, três regiões distintas quanto à qualidade da água: I) região de cabeceira
com forte influência de íons, elevando a condutividade e salinidade do sistema; II)
região intermediária (P2), com maior presença da ocupação humana, com
concentrações de coliformes fecais e de fósforo acima do permitido pela legislação
vigente; III) região média e baixa da bacia (pontos 3 a 8) com maior entrada de
compostos inorgânicos, devido à maior urbanização. Os resultados ecotoxicológicos
apontaram que apenas os pontos 2 e 8 não apresentam efeito tóxico em nenhum
período de coleta.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnica, NBR 12713. Ecotoxicologia


aquática - toxicidade aguda - método de ensaio com Daphnia ssp (Cladocera,
crustácea). 21p., 2004.
ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnica, NBR 13373. Ecotoxicologia
aquática - toxicidade crônica - método de ensaio com Ceriodaphnia ssp. (Cladocera,
crustácea). 15p., 2005.
APHA - American Public Health Association. Standard methods for the examination
of water and wastewater. 19 Ed. Washington D. C. 2005.
CONAMA. 2005. Resolução nº 357. Dispõe sobre a classificação dos corpos de
água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como estabelece as
condições e padrões de lançamento de efluentes, e dá outras providências. DOU.
Brasília, 27 p.

FONTES FINANCIADORAS

Agradecemos a FAPITEC pelo auxílio à pesquisa, edital FAPITEC/SE/FUNTEC no


07/2015 – NAPS.

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467
XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Contaminação ambiental e mudanças climáticas
150 - EFEITOS DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS EM CORAL EXÓTICO
PRESENTE NA REGIÃO SUBTROPICAL DO BRASIL

GRAZYELLE ROCHA PEREIRA, ANTONELLA CAROLINA ALMEIDA SAA, MARCELO


SCHULER CRIVELLARO, BRUNA BITTENCOURT WINTER, ALAIDE CRISTINA DE BEM
MATOS, NADINE SCHUBERT, INDIANARA FERNANDA BARCAROLLI
Contato: INDIANARA FERNANDA BARCAROLLI - BARCAROLLI@GMAIL.COM

Palavras-chave: coral; biomarcador; temperatura

INTRODUÇÃO

Até o final do século, as projeções são de que os oceanos sofram um aumento de


aproximadamente 4,5ºC em sua temperatura, e que o os corais sejam os primeiros a
sofrerem as consequências (IPCC, 2013). Além disso, há uma preocupação com a
invasão de espécies de coral sol Tubastraea spp. que causam danos e ameaçam a
fauna coralínea brasileira (PAULA; CREED, 2004). Assim, o objetivo do trabalho é
avaliar os efeitos do aumento da temperatura da superfície do mar (TSM) sobre o
sistema antioxidante enzimático da espécie de coral invasora Tubastraea coccinea.

METODOLOGIA

A coleta do material de estudo compreendeu na Reserva Biológica Marinha do


Arvoredo. Foram coletadas 60 colônias de T. coccinea, as quais passaram por um
processo de aclimatação durante quinze dias, em condições similares às condições
naturais. O aumento da TSM foi simulado no sistema de mesocosmo da UFSC, em
Florianópolis. Seis tanques de 100 litros compõem o sistema, sendo a temperatura
controlada por chillers, aquecedores e controladores. Para cada tanque, foi disposto
um tratamento de temperatura (16ºC, 19ºC, 22ºC, 25ºC, 28ºC e 31ºC), com o ajuste
sendo em 1ºC por dia até alcançar as temperaturas desejadas. Foram expostas
cinco colônias por tratamento por 21 dias. Após, os tecidos dos corais foram
extraídos para a leitura da atividade das enzimas catalase (CAT) e glutationa-S-
transferase (GST), em espectrofotômetro (Biomete3, Thermo Eletron Corporation). A
atividade da CAT foi baseada no método descrito por Beutler (1975), pela taxa de
remoção do H2O2. A atividade da GST, medida pelo aumento na absorbância, foi
determinada com base em Keen, Habig e Jakoby (1976). Os dados foram testados
estatisticamente quanto a normalidade e homocedasticidade, seguido de uma
Análise de Variância (ANOVA), a nível de significância α=0,05. Os testes foram
realizados no software ASSISTAT (SILVA; AZEVEDO, 2016).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O perfil morfológico das colônias experimentais de Tubastraea coccinea submetidas


aos diferentes tratamentos foi acompanhado ao longo do experimento. Observou-se
que, com o passar do tempo, as colônias expostas em temperaturas extremas (16,
28 e 31ºC) foram as mais comprometidas, visto que, ao final do experimento,
apresentaram coloração mais esbranquiçada que as colônias submetidas aos
tratamentos 19, 22 e 25ºC. Esta mudança de coloração indica o enfraquecimento do

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


468
XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

coral levando-o à morte. Com isso, para os tratamentos 16, 19, 28 e 31, houve a
morte de 3, 1, 2 e 5 colônias, respectivamente, após exposição de 21 dias.
Posteriormente ao experimento, foi avaliado o efeito da temperatura sobre a
atividade enzimática. Houve diferença significativa entre as temperaturas para a
enzima CAT (ANOVA – F=3,83, gl=4, p<0,01). O tratamento de temperatura diferiu,
no 19ºC, dos tratamentos 16ºC e 28ºC. Os tratamentos 22ºC e 25ºC podem ser
considerados estatisticamente iguais, não sendo diferentes estatisticamente do
19ºC. Em relação à GST (ANOVA – F=1,39, gl=4, p<0,01) não houve uma diferença
estatisticamente significativa da atividade enzimática entre os tratamentos.
Entretanto, houve uma maior utilização da GST, em comparação entre as duas
enzimas estudadas.
Com exceção do tratamento de 31ºC, que todas as colônias expostas morreram, o
tratamento onde foi observada uma maior inibição de ambas as enzimas foi em
16ºC. Para os tratamentos de 25ºC e 28ºC há uma inibição da catalase, mas uma
estimulação da GST, com a finalidade de combater o estresse térmico. Isto se
explica pela razão de que, no sistema antioxidante enzimático, a catalase é ativada
antes da glutationa-S-transferase (BARREIROS et al., 2006; OLIVEIRA;
SCHOFFEN, 2010), sendo o último sistema a combater o estresse oxidativo.
Constatou-se uma maior utilização da enzima GST no tratamento de 28ºC, devido a
sensibilidade no sistema antioxidante dos corais ao estresse térmico em exposição à
alta temperatura (DOWNS et al, 2002; MYDLARZ; JACOBS, 2006; LESSER, 2006).
Entretanto, a literatura apresenta evidências de estresse oxidativo em consequência
da exposição à alta temperatura em corais que fazem simbiose com microalgas, as
zooxantelas. Não há informações suficientes acerca destas questões em corais
azooxantelados, como a espécie em estudo T. coccinea.

CONCLUSÃO

As colônias de coral sol Tubastraea coccinea submetidas ao experimento no


mesocosmo da UFSC apresentaram vulnerabilidade aos tratamentos com
temperaturas extremas (16ºC, 28ºC e 31ºC), corroborado com a observação do perfil
morfológico. Portanto, pode-se concluir que há um efeito nocivo ao sistema
antioxidante enzimático da espécie em estudo para temperaturas extremas. Porém,
esta espécie apresentou uma grande faixa de sobrevivência em temperaturas
medianas (19ºC, 22ºC e 25ºC), o que pode acarretar na presença desta espécie
numa vasta extensão latitudinal, ainda com as mudanças climáticas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BARREIROS, A.L.B.S.; DAVID, J.M.; DAVID, J.P. Estresse oxidativo: relação entre
gerações de espécies reativas e defesa do organismo. Química Nova, v. 29, n. 1, p.
113-123, 2006.
BEUTLER, E. Red Cell Metabolism: A manual of biochemical methods. New York:
Grune & Stratton, 1975.
DOWNS, C.A.; FAUTH, J.E.; HALAS, J.C; DUSTAN, P.; BEMISS, J.; WOODLEY,
C.M. Oxidative stress and seasonal coral bleaching. Free Radical Biology &
Medicine, v. 33, n. 4, p. 533–543, 2002.
IPCC. INTERGOVERNMENTAL PANEL ON CLIMATE CHANGE. Climate Change.
The Physical Science Basis. 2013.

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

KEEN, J.H.; HABIG, W.H.; JAKOBY, W.B. Mechanism for several activities of the
glutathione-S-transferase. Journal of Biological Chemistry, v. 20, p. 6183-6188, 1976.
LESSER, M.P. Oxidative stress inmarine environments: Biochemistry and
physiological ecology. Annu. Rev. Physiol, v. 68, p. 253–78, 2006.
MYDLARZ, L.D.; JACOBS, R.S. An inducible release of reactive oxygen radicals in
four species of gorgonian corals. Marine and Freshwater Behaviour and Physiology,
v. 39, n. 2, p. 143–152, 2006.
OLIVEIRA, M.C. de; SCHOFFEN, J.P.F. Oxidative stress action in cellular aging.
Brazilian Archives of Biology and Technology, v. 53, n. 6, p. 1333-1342, 2010.
PAULA, A.F; CREED, J.C. Two species of the coral Tubastraea (Cnidaria,
Scleractinia) in Brazil: a case of accidental introduction. Bulletin of Marine Science, v.
74, n. 1, p. 175-183, 2004.
SILVA, F. de A.S. e.; AZEVEDO, C.A.V. de. The Assistat Software Version 7.7 and
its use in the analysis of experimental data. Afr. J. Agric. Res, v. 11, n. 39, p. 3733-
3740, 2016.

FONTES FINANCIADORAS

CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior).


CNPQ (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico).
ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade).

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470
XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Contaminação ambiental e mudanças climáticas
164 - O PAPEL DAS CONDIÇÕES AMBIENTAIS DE ACIDIFICAÇÃO E
TEMPERATURA DAS ÁGUAS OCEÂNICAS NA FECUNDAÇÃO DE OURIÇO-DO-
MAR (Echinometra lucunter)

TATIANA MIURA PEREIRA, LARISSA SOUZA PASSOS, DANDARA SILVA CABRAL,


JULIA MERÇON, ADRIANA REGINA CHIPPARI GOMES
Contato: TATIANA MIURA PEREIRA - NITKATI@GMAIL.COM

Palavras-chave: mudanças climática; gametas; embriologia

INTRODUÇÃO

A distribuição e a sobrevivência dos organismos de regiões de entremarés estão


diretamente relacionadas às condições físico-químicas dessa região. As previsões
dessas mudanças indicam um aumento de 1,5 ºC e a diminuição no pH de 0,2, na
prospecção mais drástica, o que pode prejudicar a estrutura atual das comunidades
residentes, como por exemplo a de Echinometra lucunter, que é uma das espécies
de ouriços-do-mar amplamente distribuídas nas faixas de entremarés. Diante disso o
objetivo do presente estudo foi avaliar os efeitos da acidificação e do aumento da
temperatura da água oceânica na reprodução desses indivíduos.

METODOLOGIA

Para avaliação do efeito da acidificação e do aumento da temperatura na fertilização


de ouriços-do-mar foram testadas as seguintes condições de pH 8,0 (controle), pH
7,5 e pH 6,8 e temperaturas de: 25,5 ºC (controle), 28 ºC e 30 ºC. O pH foi ajustado
através do borbulhamento de CO2 associado a uma válvula solenoide (Miliwaukee).
As temperaturas foram mantidas com auxílio de um aquecedor.
Um total de 20 ouriços-do-mar (Echinometra lucunter) foi coletado na praia Curva da
Baleia, em Jacaraípe, no litoral norte do Espírito Santo. Após a coleta, os indivíduos
foram submetidos à obtenção de gametas seguindo as normas propostas pela
ABNT-NBR-15350:2012. Após a obtenção dos gametas, os espermatozoides foram
adicionados a tubos de ensaio contendo as condições de pH e temperatura descritos
acima, deixados por 20 minutos. Em seguida os óvulos foram adicionados aos
tubos, assim, a capacidade dos espermatozoides de sobreviver às condições
determinadas e de fertilizar os óvulos foi testada. Após 40 min de fertilização (após
adição dos óvulos), todos os tubos testes foram fixados com 0,5 ml de formaldeído
para observação da taxa de fertilização. Esta porcentagem foi determinada com
auxílio de um microscópio (aumento 20x). Para cada condição testada o
experimento foi repetido 5x.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

As duas concentrações de pH testadas apresentaram efeito na capacidade de


fecundação dos espermatozoides. A taxa de fecundação no pH 7,5 e no pH 6,8 foi
reduzida significativamente em 16,4% e 16,6%, respectivamente, quando
comparada ao grupo controle, onde a taxa de fecundação foi de 89,8%. Os dois
cenários de aumento de temperatura na água oceânica também apresentaram efeito

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


471
XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

na capacidade de fecundação dos espermatozoides. A taxa de fecundação em 28 ºC


foi de 86,75% e em 30 ºC foi de 85,25%, sendo significativamente menor quando
comparada ao grupo controle (95%). A exposição ao aumento de CO 2 pode causar
mudanças na comunidade de invertebrados, que podem ser causadas por efeitos
fisiológicos diretos ou indiretos, tais como mortalidade em massa nas comunidades
bentônicas e uma infinidade de outros efeitos negativos. O carbonato, por exemplo,
pode se ligar aos íons que são dissociados do ácido carbônico, ficando indisponível
para a formação do carbonato de cálcio, elemento essencial para organismos
calcificados (e.g., ouriços-do-mar), o que pode afetar a sua reprodução e
desenvolvimento. A inibição da taxa de fecundação causada pela redução do pH
pode estar relacionada a sensibilidade inicial dos gametas aos níveis de acidificação
testados. Gametas e zigotos podem ser mais vulneráveis, pois, mudanças de
acidificação no ambiente externo podem refletir em mudanças na acidificação do
ambiente celular interno, tornando-os mais vulneráveis ou mesmo inativos. A
temperatura é outra condição importante para a vida nos ecossistemas costeiros,
pois, os processos fisiológicos ou até mesmo a distribuição espacial dos organismos
nesses ecossistemas são controlados por ela. Em relação à reprodução, a
temperatura, é o principal fator ambiental que controla as populações marinhas. A
fertilização tende a ser mais sensível a temperaturas acima do ideal e, isso ocorre
devido a redução da mobilidade do espermatozoide e funcionalidade dos óvulos.

CONCLUSÃO

A análise dos resultados apresentados neste trabalho demonstra que os gametas de


Echinometra lucunter apresentam sensibilidade em relação à acidificação e ao
aumento de temperatura das águas oceânicas, o que confirma que em cenários
futuros pode acontecer uma redução na população de ouriços-do-mar devido a
perdas na funcionalidade dos gametas. Seria necessário, e de extrema importância
para suportar medidas futuras, uma análise do desenvolvimento embrionário em
ouriços-do-mar nas mesmas condições.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABNT NBR 15350. 2006. Ecotoxicologia aquática – Toxicidade Crônica de curta


duração – Método de ensaio com ouriço-do-mar (Echinodermata: Echinoidea).
COMA, R.; RIBES, M.; SERRANO, E.; JIMÉNEZ, E.; SALAT, J.; PASCUAL, J. 2009.
Global warming-enhanced stratification and mass mortality events in the
Mediterraneam. Proceeding of the National Academy of Science USA.
ELLIFF, C., SILVA, I.R. 2017. Coral reefs as the first line of defense: shoreline

FONTES FINANCIADORAS

CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) e FAPES


(Fundação de Amparo a Pesquisa e Inovação do Espírito Santo).

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472
XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Contaminação ambiental e mudanças climáticas
172 - AVALIAÇÃO ECOTOXICOLÓGICA DO IGARAPÉ DOS TANQUES EM
PORTO VELHO-RO

MURYLO PEREIRA DA SILVA FERREIRA, WALKIMAR ALEIXO DA COSTA JÚNIOR,


WANDERLEY RODRIGUES BASTOS, DIEGO FERREIRA GOMES
Contato: MURYLO PEREIRA DA SILVA FERREIRA - MURYLOPVH@GMAIL.COM

Palavras-chave: Ecotoxicologia; Amazônia; ecotoxicologia aquática

INTRODUÇÃO

Os recursos hídricos são de extrema importância para as atividades humanas e para


a vida. Diante disso, a ecotoxicologia aquática se destaca como ferramenta para
auxiliar na gestão da qualidade da água, avaliando a toxicidade de efluentes ou
amostras ambientais. Dentro desse contexto, a cidade de Porto Velho - RO, que
possui apenas 3% de saneamento básico, tem recebido grande parte de efluente
doméstico em seus igarapés. Desta forma, o objetivo deste trabalho foi avaliar a
ecotoxicidade aguda do sedimento de fundo e água do Igarapé dos Tanques em
Porto Velho – RO, utilizando como organismo-teste a espécie Allonais inaequalis.

METODOLOGIA

A coleta foi realizada em 10 pontos amostrais ao longo do igarapé, o sedimento foi


coletado utilizando-se uma espátula e acondicionado em sacos plásticos, já as
amostras de água foram coletadas em garrafas PET de 1 litro. Todas as amostras
foram acondicionadas e transportadas em caixa térmica (a 5ºC). As variáveis físico-
químicas foram aferidas em triplicata em todos os pontos utilizando sondas AKSO
AK59 e AKSO DO Eco. Já os organismos foram doados pelo Laboratório de
Ecotoxicologia Aquática da Universidade Federal de São Carlos UFSCar e
cultivados no Laboratório de Ecotoxicologia Aquática do Laboratório Biogeoquímica
Ambiental Wolfgang C. Pfeiffer – UNIR, o cultivo consiste em 250 g de sedimento
calcinado (550 ºC/5h) e 750 mL de água reconstituída (25ºC ± 1, pH 7 a 7,2 ± 0,4) e
fotoperíodo 12/12. Os testes de toxicidade aguda com água consistiram na utilização
de 6 organismos em triplicata, em copos plásticos esterilizados contendo 20 mL de
água do ponto amostral, e água reconstituída no controle. Os testes com sedimento
continham volume de 80 mL com ¼ de sedimento e ¾ de água reconstituída, e
sedimento calcinado como controle. A exposição foi de 96 h com foto período de
12/12h sem aeração para ambos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados do teste de toxicidade aguda na água foram: P4 – (4 ± 1,41) P8 - (4 ±


2,82) sendo que o controle e os demais pontos não apresentaram mortalidade. Já no
teste com sedimento os pontos com maior mortalidade foram os: P2 - (4 ± 2,82); P4
– (4± 2,44); P6 - (4,33 ± 1,24); P7 – (6 ± 0); P9 – (5,66 ± 0,47); P10 – (5,66 ± 0,47).
No teste com água a temperatura do início e após o termino apresentaram média de
24,35 ± 0,66, o pH entre 7,28 ± 0,34 e a condutividade elétrica (µS/cm) entre 181,72
± 56,15. Já no teste com sedimento a temperatura antes e após apresentaram

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

média de 24,78 ± 0,28, o pH entre 6,73 ± 0,49 e a condutividade elétrica (µS/cm)


entre 178,68 ± 55,89. Os dados dos testes ecotoxicológicos demonstraram uma
baixa mortalidade nos pontos 1, 2, 3, 5, 6, 7 e 9, isso devido ao períodos de aguas
altas que com o grande volume de água entrando no sistema acarreta em uma
maior diluição dos efluentes lançados no igarapé, entretanto nos pontos que
apresentaram uma maior toxicidade apresentam maior fluxo de lançamento de
esgoto, que por sua vez pode apresentar elevadas concentrações de contaminantes,
como xenobióticos oriundo de medicamentos excretados na urina, compostos
nitrogenados como sabão e detergente, que podem ter causado a mortalidade, pois
o controle não foi afetado mostrando que a mortalidade foi pela diferença da
composição do meio já que as variáveis físico químicas se mantiveram . Os testes
com sedimento apresentaram uma maior toxicidade, isso devido a deposição
continua de poluentes persistentes que ao longo do tempo tendem a acumular no
substrato.

CONCLUSÃO

Desta forma, o igarapé dos tanques está sob influência direta de efluentes
domésticos e comerciais, o que por sua vez está causando elevada toxicidade no
sedimento e água, o que reforça ainda mais a importância do monitoramento
limnológica, biológico e ecotoxicológico visando fornecer dados relevantes para a
implantação de políticas públicas de conservação da biodiversidade aquática. Sendo
assim se faz necessário a implantação de sistemas de tratamento de esgoto na
cidade de porto velho, visto que apenas 3% do esgoto da cidade é tratado.

FONTES FINANCIADORAS

Financiamento: CT-CNPq/Universal (Proc. no 458977/2014-4)

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Contaminação ambiental e mudanças climáticas
182 - DISTRIBUIÇÃO DE METAIS PESADOS NO ESTUÁRIO DO RIO DOCE
ANTES E DEPOIS DO ACIDENTE DA SAMARCO MINERADORA

LUÍSA MARIA DE SOUZA VIANA, MARCOS SARMET MOREIRA DE BARROS


SALOMÃO, CARLOS EDUARDO VEIGA DE CARVALHO
Contato: LUÍSA MARIA DE SOUZA VIANA - LUISA.MSV@GMAIL.COM

Palavras-chave: Rio Doce; Colapso da Barragem de Fundão; Partição Geoquímica

INTRODUÇÃO

Em novembro de 2015 a barragem de Fundão em Mariana, MG se rompeu liberando


35 milhões de m³ de rejeito de minério de ferro, que atingiu o rio Doce. Foram
coletadas amostras de água e sedimento no estuário do rio Doce antes e depois da
chegada dos rejeitos, bem como amostras da coluna d’água na cidade de Linhares
já atingida pelos rejeitos. O objetivo deste trabalho foi determinar os impactos do
acidente nas concentrações de metais no estuário do rio Doce e inferir sobre os
mecanismos de distribuição dos metais dissolvidos nas águas e nos sedimentos
estuarinos.

METODOLOGIA

Duas campanhas de coleta foram realizadas no estuário do rio Doce (coleta 1 e 3). A
primeira ocorreu no dia 21 de novembro de 2015, um dia antes da chegada dos
rejeitos da Samarco no estuário do rio Doce. A segunda campanha de campo
ocorreu 1 mês após a chegada dos rejeitos no estuário, no dia 22 de dezembro de
2015. Em ambas as campanhas também foram coletadas amostras no rio Doce na
cidade de Linhares, a montante do estuário. Durante a primeira campanha foram
coletadas duas amostras na cidade de Linhares, que já estava sob efeito da carga
de rejeitos (nos dias 21 e 22 de novembro), chamada de coleta 2 apenas para
facilitar o entendimento, nessa segunda campanha foi coletada apenas uma amostra
na cidade de Linhares (22 de dezembro). Ao todo foram coletadas 17 amostras, de
água e 10 amostras de sedimento. A análise da concentração dos metais nas
amostras de água e sedimento foi realizada no ICP-OES, a análise granulométrica
foi realizada com auxílio do analisador de partículas por difração a laser (Shimadzu
SALD-3101) e para inferir na qualidade do sedimento foram calculados dois índices:
índice de geoacumulação e fator de enriquecimento.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Observou-se com a chegada da pluma de rejeitos um aumento significativo na


concentração de alguns metais dissolvidos na água (Fe, Al, Ba e Zn) o que na
classificação CONAMA classe 2, as tornavam impróprias para consumo humano
após tratamento e para a irrigação. Da mesma forma houve aumentos significativos
nas concentrações de metais nos sedimentos (Fe, Cr, Cd e Cu), além de uma
diminuição na fração granulométrica areia e um incremento nas frações silte e argila.
Os resultados da determinação da concentração de metais fracamente ligados as
partículas dos sedimentos apontam o Pb como metal de alto potencial de

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

biodisponibilidade já antes da chegada dos rejeitos da Samarco no estuário. Foi


constatado com a análise da PCA, que a chegada do rejeito promoveu mudanças
químicas e físicas nos sedimentos do estuário do rio Doce, e que as concentrações
Fe e Cd no sedimento estavam diretamente relacionadas ao rejeito. Além disso, a
classificação da qualidade do sedimento feita através do igeo, mostrou uma piora da
classificação da qualidade dos sedimentos, principalmente em relação ao Cd,
passando a ser classificado como fortemente poluído. Quando comparadas as
concentrações de metais no sedimento antes e após a contaminação pelos rejeitos
com valores de referência da agência ambiental canadense, pode-se notar que o
estuário já apresentava concentrações de Cd, Cr, Cu e Ba nos sedimentos que
representavam um possível risco a biota antes da chegada dos rejeitos da Samarco
ao ecossistema. Depois da chegada dos rejeitos no estuário as concentrações
elevadas de Cd apontam para um risco provável a biota.

CONCLUSÃO

Conclui-se que o aumento do MPS refletiu nas concentrações de O 2 dissolvido,


indicando uma diminuição da produtividade primária, que pode acarretar em uma
queda no estoque de matéria orgânica a médio prazo. O aumento nas
concentrações de alguns metais dissolvidos no rio Doce e no estuário tornaram
essas águas impróprias para o consumo humano e para a irrigação de plantações.
Os resultados indicam uma forte retenção dos rejeitos nos sedimentos estuarinos,
devido ao aumento da contaminação por Cd nos sedimentos e pela mudança na
granulometria das áreas estudadas, levando a uma grande necessidade de ações
de monitoramento e controle ambiental.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

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Vale. Diss. apresentada ao Programa Pós- Grad. do Dep. Eng. Minas da Esc. Minas
da Univ. Fed. Ouro Preto, como parte Integr. dos requisitos para obtenção do título
mestre em Eng. Miner. Área. Universidade Federal de Ouro Preto.

FONTES FINANCIADORAS

CAPES

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Contaminação ambiental e mudanças climáticas
217 - EFEITOS GENOTÓXICOS E BIOQUÍMICOS DA ASSOCIAÇÃO DO FERRO
E MANGANÊS EM Oreochromis niloticus (CICHLIDAE)

LARISSA SOUZA PASSOS, TATIANA MIURA PEREIRA, GABRIEL CARVALHO COPPO,


FREDERICO AUGUSTO CARIELLO, TACIANA ONESORGE LOPES, JULIA MERÇON,
ADRIANA REGINA CHIPPARI GOMES
Contato: TATIANA MIURA PEREIRA - NITKATI@GMAIL.COM

Palavras-chave: danos no DNA; enzimas; metal; peixe

INTRODUÇÃO

Em novembro de 2015 houve o rompimento da barragem de Fundão (MG),


resultando no vazamento de cerca de 60 milhões de metros cúbicos de lama de
rejeitos da mineração, que possuem ferro (Fe) e manganês (Mn) como componentes
principais. A exposição de organismos aquáticos em situações como esta pode
causar danos genotóxicos e induzir a geração de espécies reativas de oxigênio,
provocando danos oxidativos às biomoléculas. Diante disso, o objetivo desse estudo
foi avaliar a toxicidade da associação de dois dos principais metais presentes na
lama, Fe e Mn, em Oreochromis niloticus por meio de análises genotóxicas e
bioquímicas.

METODOLOGIA

Após o período de aclimatação, 26 exemplares de O. niloticus (54,16 g ± 0,76 e


15,45 cm ± 0,64) foram dispostos individualmente, em aquários de 6 litros, com
aeração constante. Os animais foram submetidos a três tratamentos: controle (T1 =
sem adição de metal e sem outro contaminante, n=8); tratamento 2 (T2: 3,81 mg/L
de Fe + 0,5 mg/L de Mn, n=9) e tratamento 3 (T3: 7,62 mg/L de Fe + 5,23 mg/L de
Mn n=9), durante uma exposição aguda de 96 h. Após o período experimental, os
animais foram anestesiados e o sangue foi coletado para a realização do ensaio
cometa e os órgãos coletados (fígado e brânquia) foram armazenados em freezer -
80 °C para posterior realização das análises bioquímicas: Catalase (CAT) e
Glutationa-S-Tranferase (GST).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Todos os tratamentos apresentaram diferença significativa para o ensaio cometa em


relação ao grupo controle. O índice de danos do DNA nos eritrócitos dos animais
expostos ao T2 foi de 85,94 % e ao T3 foi de 241,81 %, enquanto o T1 (controle)
obteve uma média apenas de 10,69 % de danos. Os danos observados nos
indivíduos expostos ao T3 foram classificados principalmente como sendo de classe
3 (danos severos) ou 4 (danos muito severos). Isso indica que as altas
concentrações dos metais (ferro e manganês) tiveram grande potencial de causar
danos severos ao DNA dos animais expostos a esse tratamento, proporcionando
aumento significativo no índice de danos. Esses resultados podem causar uma
interferência na precisão da replicação do material genético, indicando o potencial
tóxico desses elementos em conjunto. As atividades das enzimas GST e CAT nas

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

brânquias e no fígado não sofreram ativação ou inibição pela ação dos metais. É
possível que outra rota tenha sido tomada a fim de desintoxicar o animal. A principal
atividade da CAT é a degradação do H2O2, portanto, quanto menor sua atividade,
maior é a disponibilidade desse composto no organismo e, a GST participa da
biotransformação e conjugação de xenobióticos, se tornando marcador da atividade
do sistema de detoxificação do organismo. Os biomarcadores enzimáticos podem
ser utilizados como um indicador da contaminação dos corpos aquáticos, entretanto,
é preciso um estudo mais aprofundado das enzimas de estresse oxidativo em
conjunto, para entender como o organismo degrada e elimina os contaminantes,
compreendendo a ação das diversas rotas metabólicas envolvidas no processo de
desintoxicação.

CONCLUSÃO

Após a realização desse trabalho, é possível concluir que o Fe e o Mn em


associação têm alto potencial genotóxico, em virtude da formação de danos ao
material genético dos eritrócitos. As alterações não significativas nas atividades das
enzimas CAT e GST podem indicar que esses organismos tiveram outra rota traçada
no seu metabolismo para se desintoxicarem. Esses elementos fazem parte da
constituição majoritária do minério de ferro e, estão presentes em altas
concentrações no Rio Doce após a tragédia ocorrida com o rompimento da
barragem de rejeitos em Mariana-MG, podendo causar danos significativos à biota e
aos organismos associados.

FONTES FINANCIADORAS

Fundação de Amparo a Pesquisa e Inovação do Espírito Santo (FAPES).

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Contaminação ambiental e mudanças climáticas
231 - CONCENTRAÇÃO E DISTRIBUIÇÃO DE HIDROCARBONETOS
POLICÍCLICOS AROMÁTICOS NA BAÍA DE TODOS OS SANTOS, BAHIA,
BRASIL

LARISSA NABUCO NOGUEIRA, ANA CECÍLIA RIZZATTI DE ALBERGARIA BARBOSA,


MARCOS DE ALMEIDA
Contato: LARISSA NABUCO NOGUEIRA - LARISSANABUCO@HOTMAIL.COM

Palavras-chave: HPAs; contaminação; BTS; sedimento

INTRODUÇÃO

Os Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos (HPAs) são contaminantes tóxicos


ubíquos em sistemas costeiros (WAGENER et al., 2010). Atividades humanas, como
queima de combustíveis fósseis ou introdução direta de petróleo e derivados, são as
principais fontes desses compostos para ambientes naturais (HE et al., 2014). A
Baía de Todos os Santos (BTS) é a terceira maior baía do Brasil. Ela apresenta uma
grande importância social, econômica e ambiental para o país (HATJE; DE
ANDRADE, 2009). O objetivo principal do presente estudo é avaliar a distribuição e
as principais fontes de HPAs para os sedimentos superficiais da BTS (BA, Brasil).

METODOLOGIA

Através de um amostrador de fundo tipo Van-Veen, foram coletadas amostras de


sedimento superficiais ao longo da BTS (n=15). Após a coleta, as amostras foram
congeladas e liofilizadas. Em laboratório, pesou-se 10 g de amostra. Nessa fração,
adicionou-se o padrão interno (P-terphenyl) e 10 mL Hexano:Diclorometano (1:1,
V:V), realizando a extração através do uso de um ultrassom por 10 min
(procedimento repetido 3 vezes). As soluções finais foram evaporadas para 500 µL e
injetadas em um cromatógrafo a gás acoplado a um espectrômetro de massas sob o
modo Singular Ion Monitoring. Os HPAs analisados são aqueles propostos como
prioritários pela United States Environmental Protection Agency (USEPA). O controle
de qualidade analítico está descrito em Almeida (2017). Após a determinação da
concentração dos compostos, razões diagnósticas foram calculadas para se
determinar as principais fontes de contaminação por HPAs. Analisou-se a
granulometria das amostras através de um analisador de partículas com difração a
laser. As análises estatísticas foram feitas no programa Bioestat 5.3.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

As concentrações dos HPAs totais (somatória dos 16 HPAs) analisados variaram de


8,71 a 185 ng g-1. Esses valores estão similares ou abaixo àqueles encontrados por
Almeida (2017) na BTS (< limite de detecção do método - 533 ng g-1). Este autor
usou em seu trabalho amostras localizadas em regiões mais próximas à costa e
consequentemente mais impactadas. A região costeira e interior da BTS apresentam
múltiplas atividades antrópicas, entre elas portos (Salvador e Aratu), terminais
marítimos, refinarias, estaleiros, esgotamento sanitário, agricultura, pastagem e
carcinicultura (HATJE; DE ANDRADE, 2009). Todas estas atividades são fontes de

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

contaminação por hidrocarbonetos. Segundo Baumard et al. (1998), as


concentrações de HPAs totais encontradas no presente estudo são características
de ambientes com nível de contaminação baixo (0-100 ng g-1) a moderado (100–
1000 ng g-1). As concentrações encontradas estão abaixo do nível de efeitos limiar
(TEL) propostas por Macdonald et al. (1996). O potencial (carcinogênico)
toxicológico (TEQcarc) dos HPAs variaram de 0,75 a 79. Isso indica que essas
concentrações não apresentam risco potencial de efeitos adversos. Não houve
correlação significativa entre o percentual de areia e as concentrações de HPAs (R=-
0,20; p=0,47). A distribuição desses compostos na BTS está mais relacionada à
proximidade das fontes de contaminação do que à distribuição granulométrica
(ALMEIDA, 2016). Houve uma maior contribuição de HPAs de alto peso molecular
(∑AHPAs; 4-6 anéis; 83%) na concentração dos HPAs totais, que de baixo peso
molecular (∑BHPAs; 2-3 anéis; 17%). Isso indica uma predominância de fontes
pirogênicas (ZHANG et al., 2008; YANCHESHMEH et al., 2014). Os valores
encontrados para as razões diagnósticas calculadas através dos isômeros
Fenantreno/Antraceno e Benzo[a]Antraceno/ (Benzo[a]Antraceno+Criseno) variaram
de 0,0 a 30 e de 0,31 a 1,00, respectivamente. Os valores encontrados para
Fluoranteno/Pireno e Indeno[1,2,3-cd]Pireno/ (Indeno[1,2,3- cd]Pireno +
Benzo[gh]Perileno) variaram de 0,73 a 1,62 e de 0,48 a 0,53, respectivamente. A
partir dessas razões diagnósticas observou-se que há na região de estudo uma
mistura de fontes de HPAs (BUDZINSKI et al., 1997; YUNKER et al., 2002; FANG et
al., 2007). Porém, a principal fonte é a pirogênica, pelos processos de queima de
combustíveis fósseis, grama, madeira e carvão. As exceções estão para as
amostras SO3_7, SO3_18 e SO3_27, que se apresentaram sob domínio de fontes
petrogênicas (JIANG et al., 2009).

CONCLUSÃO

A BTS encontra-se com níveis de contaminação variando de baixo a moderado, com


baixo risco a biota. A textura sedimentar não apresentou influência na distribuição
dos HPAs. As principais origens desses compostos são os processos pirogênicos,
como queima de combustíveis fosseis e de biomassa vegetal. Entretanto, alguns
pontos apontaram fonte petrogênica, podendo ser justificado pela presença de
atividades petrolíferas na região. O principal fator que influencia na distribuição dos
HPAs é a proximidade dos locais de contaminação. As atividades antrópicas
desenvolvidas na baía são apontadas como as principais fontes desses compostos
na região.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALMEIDA, M. Distribuição e origem dos hidrocarbonetos policíclicos aromáticos


(HPAs) nos sedimentos superficiais da Baía de Todos os Santos, Brasil. Dissertação
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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

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FONTES FINANCIADORAS

Projeto “Avaliação da concentração e distribuição de contaminantes no material


particulado em suspensão e sedimentos depositados na Baía de Todos os Santos”
financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (FAPESB;
Termo de Outorga PET 0035/2014). Bolsa de iniciação científica financiada pelo
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq – PIBIC).

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Contaminação ambiental e mudanças climáticas
246 - MONITORAMENTO DA QUALIDADE DA ÁGUA NO RIO JACARÉ, EM
POÇO REDONDO, BAIXO SÃO FRANCISCO SERGIPANO

JEISIKAILANY SANTOS PEIXOTO, CARLOS EDUARDO OLIVEIRA SANTOS


Contato: JEISIKAILANY SANTOS PEIXOTO - KAILANY_PEIXOTO@HOTMAIL.COM

Palavras-chave: recursos hídricos; análise ambiental; Ecokit

INTRODUÇÃO

A água é um recurso natural escasso, mantenedora do equilíbrio dos ecossistemas,


indispensável a todas as formas de vida no planeta Terra, e, por tanto, dotada de
valor ambiental, social e econômico. Diante disto, o monitoramento periódico de
longo prazo da qualidade hídrica torna-se uma ferramenta importante para a
obtenção de dados que possibilitem caracterizar o estado dos mananciais, assim
como, subsidiar a sua gestão (MOURA et al.,2013). Sendo assim, o presente estudo
teve como objetivo avaliar a qualidade das águas do rio Jacaré, afluente do baixo rio
São Francisco, localizado no município de Poço Redondo, Alto Sertão sergipano.

METODOLOGIA

O objeto desse estudo foi o rio Jacaré, que possui extensão aproximada de 73,5Km,
e bacia hidrográfica com 943,98Km2 de área, situada em sua totalidade no município
de Poço Redondo, semiárido do estado de Sergipe. A região caracteriza-se por
baixos índices pluviométricos, predominância do bioma caatinga e atividade
econômica baseada na agropecuária, sendo esta última, associada a urbanização
municipal, as principais causas de fragilidade da bacia (CARVALHO et al., 2015).
As coletas foram realizadas em ponto único, situado na foz do rio Jacaré, totalizando
oito coletas mensais, março à outubro, do ano de 2015. Para a análises dos
parâmetros da qualidade da água, foi utilizada kit analítico baseado no método
colorimétrico da comparação visual, Ecokit da Alphakit, por ser uma metodologia de
avaliação ambiental de fácil manuseio e apropriada para análises em campo
(HERMES et al., 2004; EMBRAPA, 2014).
Os parâmetros avaliados, com os suas respectivas metodologias de referência,
foram: potencial Hidrogeniônico – pH (Método Indicador), turbidez (Método
Colorimétrico), amônia (mg.L-1), em N-NH3, (Método do Azul de Indofenol); nitrito
(mg.L-1), N-NO2, (Método N-1-naftil-etilenodiamina); nitrato (mg.L-1), N-MO3 (Método
N-1-naftil-etilenodiamina); ortofosfato (mg.L-1-PO-3) (Método do Molibdênio) e
oxigênio dissolvido – OD (mg.L-1) (Método Winkcler).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

De acordo com a Resolução do CONAMA 357/2005 o rio Jacaré pertence às águas


salobras de Classe I. Sendo os resultados dos parâmetros analisados neste trabalho
comparados com os valores máximos desta mesma resolução.
Foi observado neste estudo, que os parâmetros pH, turbidez e OD apresentaram
valores dentro do limite estabelecido pela resolução, entretanto, para ortofosfato,

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

nitrato, nitrito e amônia os valores encontrados estão em desacordo com a Conama


357/2005.
O resultado para o ortofosfato (3,00 mg.L-1) pode ter ocorrido em razão do ponto de
coleta ser próximo à áreas agrícolas na cidade de Poço Redondo. É importante
destacar que esse elemento é de grande importância para o crescimento das algas,
entretanto em quantidades elevadas pode causar eutrofização de um corpo hídrico,
além de ser considerado um dos principais poluentes em áreas agrícolas (MACÊDO,
2007).
As condições sanitárias inadequadas são a principal fonte de nitrato nos ambientes
aquáticos superficiais, neste trabalho foi encontrado, para este parâmetro, o valor
máximo de 2,50 mg.L-1, indicando possível contaminação deste manancial, no ponto
de coleta, por desejos humanos.
Com relação ao nitrito os valores encontrados variaram entre 0,10 mg L-1 e 2,00 mg
L-1, sendo o Valor Máximo Permitido – VPM, de 0,07 mg.L-1 (BRASIL, 2005). Esses
resultados podem estar relacionados ao aporte de matéria orgânica e a presença de
fertilizantes no ponto analisado.
A presença de amônia em um corpo hídrico caracteriza à poluição recente por
esgotos domésticos, em concentrações elevadas pode ser extremamente tóxica, a
CONAMA 357/2005 estabelece para amônia o VPM de 0,40 mg.L -1, sendo
encontrado neste trabalho o valor de 2,00 mg.L-1.

CONCLUSÃO

Diante do exposto, conclui-se que a grande maioria dos parâmetros analisados na


foz do rio Jacaré estavam fora do limite determinado pela resolução do CONAMA
357/2005. Demonstrando uma baixa qualidade da água no ponto analisado, que
pode estar relacionado principalmente a lançamentos de esgotos domésticos
próximos a área de estudo, além de atividades como agricultura que é bastante
praticada nessa região. Sendo necessário a adoção de práticas que venham a
melhorar a qualidade da água não somente no ponto analisado mas na bacia como
um todo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL, Ministério do Meio Ambiente. Conselho Nacional do Meio Ambiente


CONAMA. RESOLUÇÃO n° 357, de 17 de Março de 2005; Brasília/ DF: MMA, 2005.
CARVALHO, T.B.; SANTOS, R.B.; PEIXOTO, J.S. Uso e ocupação do solo na bacia
hidrográfica do rio Jacaré, Sergipe. In: Anais do 2º Congresso Internacional RESAG,
Gestão da água e monitoramento ambiental. Aracaju - SE, 2015.
EMBRAPA. Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Participação Comunitária
em Monitoramento da Qualidade da Água. Disponível em: <
http://www.cnpma.embrapa.br/ >. Acesso em: nov. 2014.
HERMES, L. C. et al. Participação Comunitária em monitoramento da qualidade da
água. Circular Técnica n° 8. Embrapa Meio Ambiente: Jaguariúma, São Paulo, 2004.
MACÊDO, J.A.B. Águas & Águas. 3ª ed. Belo Horizonte. CRQ-MG. p. 1043. 2007.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

MOURA, V.M.; BRITO S.M.O.; SILVA, A.B. Avaliação dos Parâmetros Indicadores
da Qualidade da Água para Verificar o Estado de Conservação das Represas do Rio
Ipitanga, Salvador, BA, Brasil. Revista Virtual de Química. p. v. 5. n. 5, p. 870. 2013.

FONTES FINANCIADORAS

Agradecemos à Universidade Federal de Sergipe (UFS), Programa de Pós-


Graduação em Recursos Hídricos (PRORH) e ao Projeto águas do São Francisco
pelo apoio e infraestrutura necessária para a realização desta pesquisa

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Contaminação ambiental e mudanças climáticas
300 - ALQUILBENZENO LINEARES (LABS) COMO INDICADORES DE ESGOTO
EM DOIS SISTEMAS ESTUARINOS DO NORDESTE DO BRASIL

ELIETE ZANARDI-LAMARDO, ROXANNY HELEN DE ARRUDA-SANTOS


Contato: ELIETE ZANARDI-LAMARDO - ELIETE.ZANARDI@GMAIL.COM

Palavras-chave: GC/MS; sedimento; Rio Formoso; Rio Capibaribe; Pernambuco

INTRODUÇÃO

O lançamento de efluentes domésticos é uma das formas mais frequentes e


difundidas de poluição nos ecossistemas costeiros (LAMPARELLI, 2006). Alguns
compostos de origem antrópica, vêm sendo utilizados como marcadores
moleculares específicos da contaminação por esgotos (VENKATESAN; KAPLAN,
1990). Dentre estes, podemos citar os alquilbenzeno lineares (LABs) utilizados nas
formulações de detergentes sintéticos, que são potencialmente prejudiciais aos
organismos aquáticos (BARBIERE et al., 2000). O objetivo deste estudo foi
investigar, pioneiramente, os níveis de LABs nos sedimentos superficiais do Sistema
Estuarino do Rio Formoso (SERF) e do Sistema Estuarino do Rio Capibaribe
(SERC), localizados no litoral de Pernambuco.

METODOLOGIA

Amostras de sedimento superficiais foram coletadas em seis e quatro pontos


distribuídos ao longo do SERF e SERC, respectivamente, com um amostrador de
fundo do tipo van Veen. Estas foram colocadas em recipientes de alumínio e
armazenadas em freezer a -22 ºC. Posteriormente, as amostras foram liofilizadas e
homogeneizadas. Os LABs foram extraídos em soxhlet com uma mistura de
diclorometano/n-hexano (1:1, v/v), durante 8h. O dodecilbenzeno (1-C12-LAB) foi
utilizado como padrão surrogado. Os extratos foram purificados e fracionados por
cromatografia em coluna de alumina e sílica gel (5% desativada), e eluídos com 10
mL de n-hexano para a obtenção dos LABs. A identificação e quantificação dos
compostos foram feitas através da injeção de 1 µL do extrato final em um
cromatógrafo a gás acoplado a um espectrômetro de massas (GC/MS). Antes da
injeção no GC/MS, 100 µL do nonadecilbenzeno (1-C19- LAB) (500 ng mL-1) foi
adicionado como padrão interno. O limite de quantificação foi 1,33 ng g -1.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os LABs não foram detectados nos sedimentos coletados ao longo do SERF, com
exceção do Canal Corcana, que apresentou uma concentração total de 26,6 ng g-1
peso seco (p.s.). Este ponto está localizado numa região mais abrigada, com baixa
hidrodinâmica, e apresentou um dos maiores teores de finos (21,4%) e matéria
orgânica (19,8%), quando comparada aos outros pontos de coleta (CRAVEIRO,
2016), o que poderia está favorecendo a retenção desses contaminantes. Durante a
coleta foi observada a presença de lixo e odor específico de esgoto na região. Em
relação ao SERC, as concentrações de LABs variaram entre 1,5 ng g -1 a 9,8 ng g-1,
e a maior concentração foi verificada na Bacia do Pina, nas proximidades da

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Estação de Tratamento de Esgotos do Cabanga (ETE-Cabanga) e do Bairro de


Brasília Teimosa, que possui uma população de aproximadamente 20 mil habitantes
(PREFEITURA DA CIDADE DO RECIFE, 2017). Essa população lança até hoje
seus esgotos diretamente, sem nenhum tratamento, no estuário, o que poderia estar
contribuindo para o registro dessas concentrações. Os níveis de ∑LABs encontrados
no presente estudo são menores do que os reportados em outras regiões costeiras
urbanizadas do Brasil, como o estuário de Lagoa dos Patos – RS (3,2 - 1602 ng g-1,
MEDEIROS et al., 2005), Estuário da Baía de Santos – São Paulo (16,9 - 431 ng g-1,
MEDEIROS; BÍCEGO, 2004) e o Complexo estuarino de Paranaguá – PR (33,0 -
208 ng g-1, HERNANDES, 2009). As concentrações observadas no SERF e SERC
foram próximas àquelas reportadas em áreas remotas, como a Baía do Almirantado,
Antártica (< 46,5 ng g-1) (MARTINS, et al., 2012), sugerindo que ambos estuários
estão pouco impactados. Cabe ressaltar que estes resultados são preliminares, e
que podem revelar a atual situação do SERF. Entretanto, o pequeno número de
amostras e a alta hidrodinâmica do SERC demandam uma nova investigação antes
de se concluir algo sobre o grau de contaminação desta região.

CONCLUSÃO

A presença dos LABs em sedimentos dos sistemas estuarinos do Rio Formoso e do


Capibaribe, ainda que em baixa concentração, confirma que existe um aporte direto
de esgotos não tratados ou tratados ineficientemente em ambas regiões. A
hidrodinâmica forte no Capibaribe pode ter contribuído para este resultado. Diante
disto, um novo estudo deverá ser conduzido na região, incluindo um número de
amostras mais expressivo aumentando a representatividade local. A inclusão de
outros compostos indicadores de esgotos domésticos (cafeína e esteróis) também
seria interessante, o que contribuiria para uma avaliação mais completa dos
impactos ocasionados pela ação antrópica nessas regiões.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BARBIERI, E.; PHAN, N.G.; GOMES, V. 2000. Efeito do LAS-C12, Dodecil Benzeno
Sulfonato de Sódio Linear, na taxa metabólica e nacapacidade de natação de
Cyprinuscarpio. Ecotoxicol. Environ. Rest. 3 (2): 69–75.
CRAVEIRO, N. 2016. Hidrocarbonetos no sedimento superficial do sistema estuarino
do Rio Formoso, nordeste do Brasil. Dissertação. Programa de Pós-graduação em
Oceanografia. 76 p.
HERNANDES, J.C. 2009. Determinação de marcadores orgânicos no perfil
sedimentar do Complexo Estuarino de Paranaguá (PR) por CG-EM. Dissertação.
Pós-graduação em Química Tecnológica e Ambiental. 140 p.
LAMPARELLI, C.C. 2006. Desafios para o licenciamento e monitoramento ambiental
de emissários: a experiência de São Paulo. In: São Paulo (Estado). Secretaria do
Meio Ambiente. CETESB. Emissários submarinos: projeto, avaliação de impacto
ambiental e monitoramento. SP: SMA; 240p.
MARTINS, C.C.; AGUIAR, S.N.; BÍCEGO, M.C. et al. 2012. Sewage organic markers
in surface sediments around the Brazilian Antarctic station: results from the 2009/10
austral summer and historical tendencies. Mar. Pollut. Bull. 64, 2867–2870.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

MEDEIROS, P.M.; BÍCEGO, M.C. 2004. Investigation of natural and anthropogenic


hydrocarbon inputs in sediments using geochemical markers. I. Santos, SP-Brazil.
Mar. Pollut. Bull. 49, 761–769.
MEDEIROS, P.M.; BÍCEGO, M.C.; CASTELAO, R.M. et al. 2005. Natural and
anthropogenic hydrocarbon inputs to sediments of Patos Lagoon Estuary, Brazil.
Environ. Int. 31, 77–87.
PREFEITURA DA CIDADE DO RECIFE, 2017. O Recife sem palafitas: Brasília
Teimosa. Em: www.recife.pe.gov.br/especiais/recifesempalafitas/brasilia.php
(Acessado em: 10 de dezembro de 2017).
VENKATESAN, M.I.; KAPLAN, I.R. 1990. Sedimentary coprostanol as an index of
sewage addition in Santa Monica Basin, southern California. Environ. Sci. Technol.
24, 208–214.

FONTES FINANCIADORAS

CAPES (Projeto Nº 23038.001423/2014-29)

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Painel
Contaminação ambiental e mudanças climáticas
326 - OPTIMISING EXPERIMENTAL DESIGN IN MARINE/OCEAN ACIDIFICATION
STUDIES: TESTING THE EFFICACY OF A CLOSED-BOX SYSTEM FOR CO2
DIFFUSION

ROBERTA ANTONIOLI ANTONIOLI, ALINE VECCHIO, MARIANA ALICEDA FERRAZ,


VAGNER QUIRINO DOS SANTOS, RODRIGO BRASIL CHOUERI
Contato: ROBERTA ANTONIOLI ANTONIOLI - R.ANTONIOLI@YAHOO.COM.BR

Keywords: marine acidification; experimental design; CO2

INTRODUCION

Marine/ocean acidification is unarguable phenomenon. The scientific community has


devoting increasing attention to the estimation of the possible risks of marine/ocean
acidification to the biota and the ecosystems. Most of the experimental setups use
direct CO2 injection into the experimental medium – which may create problems for
test systems where, e.g., turbulence caused by CO2 bubbles is significant. In
addition, CO2 bubbling does not correspond exactly to the way CO2 is diffused into
marine/ocean waters. The goal of this study was to adapt an experimental system in
which CO2 is indirectly diffused into the experimental medium via atmosphere.

METHODS

A closed box system containing the experimental units was adapted in order to
create a CO2-rich atmosphere through CO2 injection. This was done to allow CO2 to
diffuse from the atmosphere into the experimental units. An automatic CO 2 controller
(Aquatic Medic AT Control System, Bissendorf, Germany) connected to solenoid
valves which open and close the CO2 injection was used to adjust and maintain the
pH at the desired level.The factors tested were size of the box (22 or 64L), size of the
experimental units (10mL test tubes, 30mL or 500mL beakers), water only or whole
sediment exposure, and presence or absence of aeration. In each closed box, two
additional beakers were placed: one beaker identical to the experimental unit being
tested, in order to accommodate the pH sensor, and the other filled with water only,
with the aim of accommodating the CO2-line tube outlet. The monitored variable was
the water pH, recorded at real time by a personal computer connected to the pH
control system.

RESULTS AND DISCUSSION

The flow of CO2 influences the stabilization of the pH of all test systems. A strong
flow of CO2 rapidly decreases the pH in the experimental units but impairs the pH
stabilization. A mild flow of CO2 takes longer to reach the desired pH, but once the
adjusted pH is reached, it is maintained within a small variation (±0.1). The sixteen
units of 10mL-test tube in the 22L-box did not reach the desired pH (7.6) at any time,
being kept around 8.0. This is probably because the test tubes are too narrow to
allow a sufficient air exchange between inside and outside this experimental unit,
preventing the CO2-rich atmosphere to get in contact with the experimental medium
inside the test tubes. The pH in the twenty-four units of 30mL-beakers with water only

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

and water plus sediment (4:1) within the 22L-box reached the desired pH after
approximately 1 hour and half at a mild CO 2 injection condition. pH was then
successfully maintained at 7.6±0.1. The sixteen experimental units of 500mL-beakers
containing 4:1 water:sediment ratio were accommodated within the 64L-closed box.
Probably due to the higher volumes involved, the final pH (7.6) took 3 days to be
reached. After that, the pH of the experimental systems was kept constant for 4 days
in the range between 7,47 and 7,71. The variation of approximately 0.1 pH units is
probably a result of the delay of the CO2 sensor to recognize the pH, the time of
closing the solenoid valves, and then the time to stop the CO 2 injection. In addition,
even after the halt of CO2 injection, still some CO2 remaining in the atmosphere
inside in the box may diffuse into the experimental systems.

CONCLUSION

The closed-box system with indirect CO2 diffusion through the atmosphere into the
experimental media was successful to maintain the pH in experimental units of 30mL
beakers containing water only and water plus sediment experimental systems within
22L-box, and 500mL containing water plus sediment within a 64L-box. Although it
takes longer to reach the desired final pH, mild CO2 injection is recommended rather
than a strong flow of CO2 into the closed boxes. These results optimise experimental
designs of studies on marine and ocean acidification.

SPONSORS

The authors thank FAPESP (2017/07351-4) for providing support to the study.
Antonioli R and Ferraz M.A. thanks CAPES. Choueri R. B. thanks CNPq for the grant
(PQ308079/2015-9).

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Contaminação ambiental e mudanças climáticas
330 - AVALIAÇÃO DOS NÍVEIS DOS COMPOSTOS BUTILESTÂNICOS EM
SEDIMENTO E PEIXES DO SISTEMA ESTUARINO DE SANTOS E SÃO VICENTE

JULIANE NATÁLIA LIMA DA SILVA, GILBERTO FILLMANN


Contato: JULIANE NATÁLIA LIMA DA SILVA - JULIANELIMA@FURG.BR

Palavras-chave: butilestânicos; tributilestanho; sedimento; músculo; estuário

INTRODUÇÃO

O tributilestanho (TBT) foi um composto muito utilizado no combate a bioincrustação.


Devido a elevada toxicidade do composto, efeitos nocivos a organismos não alvo
foram observados e, como consequência, seu uso para fins anti-incrustantes foi
proibido mundialmente. No entanto, o TBT ainda pode ser detectado no ambiente
devido ao uso ilegal ou ressuspensão dos sedimentos contaminados. O objetivo do
trabalho foi quantificar os níveis de tributilestanho e seus produtos de degradação
(dibutilestanho-DBT e monobutilestanho-MBT) no sedimento e em peixes da espécie
Mugil curema coletados no Sistema Estuarino de Santos e avaliar se esses níveis
representam riscos à saúde pública.

METODOLOGIA

Foram coletados aproximadamente 2 cm da camada superficial dos sedimentos com


o auxílio de uma draga do tipo “Ekman” em 12 estações ao longo do Sistema
Estuarino de Santos e São Vicente. Os peixes foram coletados utilizando redes de
espera em 8 estações distribuídas pelo estuário. Em cada ponto foram coletados 5
exemplares dos peixes para a formação de um pool com o tecido dos mesmos.
A determinação de TBT, DBT e MBT foi realizada conforme Castro et al. (2015).
Uma massa exata de biota (1 g) ou sedimento (5 g) previamente liofilizados e
macerados foi extraída em triplicata utilizando solução de tropolona em metanol,
ácido clorídrico concentrado e 100 ng de tripropilestanho. Os sobrenadantes foram
recolhidos em funis de separação contendo uma solução salina para posterior
extração líquido-líquido com diclorometano. A etapa de derivatização foi realizada
com reagente de Grignard, e, posteriormente, uma extração líquido-líquido com
hexano foi realizada. A purificação dos extratos foi feita utilizando colunas com sílica
e solução de hexano/tolueno 1:1. Os volumes dos extratos foram reduzidos em fluxo
de nitrogênio, sendo transferidos para vials contendo 100 ng de tetrabutilestanho. A
análise foi feita em cromatógrafo de fase gasosa acoplado a espectrometria de
massas.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os butilestânicos foram detectados em todas as amostras de sedimentos


superficiais coletadas ao longo do Sistema Estuarino de Santos e São Vicente, com
concentrações variando entre <1 a 16,4 ng Sn g-1 para TBT, <1 a 18,0 ng Sn g-1 para
DBT e <1 a 64,8 ng Sn g-1 para MBT. As maiores concentrações de TBT foram
encontradas na Marina Rio do Meio (8,1 ng Sn g-1) e na Marina Santo Amaro (16,4
ng Sn g-1). As marinas possuem tráfego de pequenas embarcações de pesca e lazer

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

e são considerados locais de maior impacto de contaminação. Essas estações


também apresentam concentrações maiores de MBT e DBT. O índice de
degradação dos butilestânicos (IDB) foram avaliados para estimar o aporte de TBT
na região. Amostras com IDB menor que 1 indicam aportes recentes de TBT,
enquanto maiores que 1 indicam aportes antigos de contaminação. A maioria dos
IDBs calculados indicam aportes antigos de contaminação.
Resíduos de butilestânicos foram encontrados em todos os peixes, com
concentrações variando entre <5 a 18,1 ng Sn g-1 para TBT, <5 a 47,7 ng Sn g-1 para
DBT e <5 a 11,6 ng Sn g-1 para MBT. As maiores concentrações de TBT foram
encontradas na Marina Rio do Meio (18,1 ng Sn g-1), na Marina Santo Amaro (8,2 ng
Sn g-1) e na Cosipa (8,7 ng Sn g-1), uma região interna do estuário com píer para
embarcações de transporte de derivados de petróleo. Embora os níveis dos
compostos butilestânicos tenham sido detectados próximos as possíveis fontes de
contaminação, não necessariamente há uma correlação direta com as fontes, uma
vez que os mesmos circulam por todo o sistema estuarino. Entretanto, são peixes
detritívoros, podendo haver alguma relação com os níveis encontrados no sedimento
já que parte de sua alimentação é sobre o sedimento.
A Autoridade Europeia de Saúde Alimentar estabeleceu um valor máximo de
ingestão diária tolerável de 100 ng kg-1 por pessoa (EFSA-Q-2003-110, 2004).
Considerando um adulto com peso de 70 kg e assumindo um percentual de 70% de
água no músculo do peixe, seriam necessários um consumo diário de 390 g (peso
úmido) de músculo dos peixes coletados na Marina Rio do Meio para extrapolar o
limite estabelecido pela autoridade europeia. Assim, a ingestão de peixes M. curema
pode acarretar efeitos deletérios visto que 390 g é uma quantidade plausível de ser
ingerida pela comunidade pesqueira.

CONCLUSÃO

De acordo com os resultados obtidos, baixos níveis de TBT, DBT e MBT foram
verificados na região de estudo. A maioria dos locais não mostrou indicativos de
aporte recente de TBT e as regiões mais contaminadas estão próximas aos locais
de circulação de embarcações pequenas. Com relação a contaminação nas
espécies de peixe Mugil curema, a concentração de TBT encontrada na Marina Rio
do Meio pode apresentar riscos potenciais a saúde pública, visto que é um peixe
consumido com frequência pela comunidade pesqueira.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALZIEU, C. Impact of tributyltin of TBT: the French experience. Science of the Total
Environment, 258, 258, 99-102. 2000.
CASTRO, I.B.; COSTA, P.G.; PRIMEL, E.G.; FILLMANN, G. Environmental matrices
effect in butyltin determinations by GC/MS. Ecotoxicology and Environmental
Contamination, 10, 47-53. 2015.
EFSA-Q-2003-110. Parecer da Autoridade Europeia de Saúde Alimentar sobre os
riscos aos consumidores associados à exposição de organoestânicos em produtos
alimentares. 2004.
GODOI, A.F.L.; FAVORETO, R.; SANTIAGO-SILVA, M. Contaminação Ambiental
por Compostos Organoestânicos. Química Nova, 26, 708-716. 2003.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

MARTINS, T.L.; VARGAS, V.M.F. Riscos à biota aquática pelo uso de tintas
antiincrustantes nos cascos de embarcações. Ecotoxicology and Environmental
Contamination, 8, 1-11. 2013.
NORMAN/23. Normas da Autoridade Marítima para o Controle de Sistemas Anti-
incrustantes Danosos em Embarcações - NORMAN/23. Rio de Janeiro, Marinha do
Brasil. 2007.

FONTES FINANCIADORAS

CAPES, CNPq, FINEP.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Oral
Contaminação ambiental e mudanças climáticas
336 - AVALIAÇÃO DE ACUMULO E VARIAÇÃO DAS DEFESAS
ANTIOXIDANTES EM ESPÉCIES ARBÓREAS NATIVAS EM SOLO COM
EXCESSO DE NI E ZN

SOLANGE EULÁLIA BRANDÃO, OMAR SANTIAGO LAKIS, GEANE MARTINS


BARBOSA, MIRIAN CILENE SPASIANI RINALDI, MARISA DOMINGOS
Contato: SOLANGE EULÁLIA BRANDÃO - SOLANGEEU35@GMAIL.COM

Palavras-chave: metais pesados; poluição; antioxidantes; acumulo

INTRODUÇÃO

Os ecossistemas florestais encontram-se cada vez mais fragmentados e afetados


por poluentes, como partículas atmosféricas(1,6). Metais pesados adsorvidos às
partículas podem ser retidos sobre as copas das árvores em ecossistemas florestais
e incorporados no solo, via deposição, ou por meio da decomposição da
serapilheira.(3) Assim, os objetivos deste estudo foram avaliar a capacidade de
plantas jovens nativas de fragmento urbano de Mata Atlântica em acumular os
metais Ni e Zn adicionados no solo proveniente do mesmo local e avaliar o nível de
tolerância dessas espécies arbóreas após a adição dos metais no solo.

METODOLOGIA

O experimento foi realizado em casa de vegetação, no Instituto de Botânica,


localizado no Parque estadual das fontes do Ipiranga (PEFI) situado no município de
São Paulo. Foram selecionadas mudas de duas espécies arbóreas presentes na
Floresta Atlântica de São Paulo, sendo uma pioneira (Solanun granulosum-
leprosum) e outra não pioneira (Esenbeckia leiocarpa). As mudas foram
transplantadas para vasos, contendo solo coletado no fragmento urbano de Mata
Atlântica do PEFI e submetidas aos tratamentos: solo florestal com e sem adubação;
adição de Zn (+Zn); adição de Ni (+Ni) e adição de Zn e Ni (+Zn+Ni). Ao final, folhas
inseridas no 3º ou 4º nós do caule principal foram armazenadas a -80ºC para as
análises das concentrações de ácido ascórbico(5). As raízes, os caules/ramos e
folhas foram secos em estufa, moídos, submetidos à digestão ácida e os teores de
Ni e Zn nos extratos vegetais foram analisados em absorção atômica. A faixa de
concentração trabalhada foi de 10 a 100 µg/L (as amostras foram diluídas quando
necessário) e os limites de detecção foram 0,001mg/L para Zn e 0,002mg/L para Ni.
A validação da metodologia foi feita a partir da análise de amostras certificadas de
plantas – apple leaves.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os teores médios de Zn em folhas (143,2 µg.g-1), caule (139,0 µg.g-1) e raízes (56,8
µg.g-1) da espécie pioneira foram maiores quando tratadas com esse metal com
relação aos tratamentos controle (37,8, 30,2 3 67,7 µg.g-1) e com +Ni (35,7, 28,0 e
31,4 µg.g-1). Porém, para a espécie não pioneira, foram observadas maiores
concentrações de Zn apenas no caule (141,4µg.g-1) e raízes (263,0µg.g-1) quando
tratadas com adição de Zn, em comparação ao controle (53,4 e 67,5µg.g -1) e +Ni

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(65,3 e 81,9µg.g-1). Os teores de Ni foram maiores nas folhas e raízes das plantas
da espécie pioneira dos tratamentos +Ni (57,2 µg.g-1 e 114,1 µg.g-1) e +Ni+Zn (52,0
µg.g-1 e 190,7µg.g-1), enquanto as plantas da espécie não pioneira apresentaram
maiores teores no caule (21,3 µg.g-1) e raízes (189,3µg.g-1) em comparação aos
respectivos controles (caule não detectável e 14,5 µg.g-1). Estudos realizados por
Grcman e colaboradores(4) mostraram que uma maior assimilação de metais pode
levar a um aumento de clorose, necrose e abscisão e dessecação foliar. No
presente estudo, esses sintomas foram observados com as plantas da espécie não
pioneira tratadas com +Zn. Considerando a defesa antioxidante, os teores médios de
ácido ascórbico reduzido (AA) na espécie pioneira (+Ni: 3,33 e +Zn: 2,68 mg/g ms)
foram maiores em relação à espécie não pioneira (+Ni: 0,38 e +Zn: 0,33 mg/g ms). A
maior razão AA/AA+DHA, resultante do maior nível de AA e menor nível de ácido
ascórbico oxidado (DHA), indica que a espécie pioneira (+Ni: 0,55 e +Zn: 0,49)
apresentou maior potencial de oxi-redução do que a não pioneira (+Ni: 0,14 e +Zn:
0,10) em todos os tratamentos (exceto no Ni). Esses resultados corroboram com o
estudo realizado por Brandão e colaboradores(2), ao descrever o potencial de
tolerância antioxidativa de árvores adultas de espécies pioneiras e não pioneiras de
remanescentes de Floresta Atlântica em São Paulo.

CONCLUSÃO

Os resultados mostraram que as concentrações de Ni e Zn foram altas nas mudas


das espécies não pioneira e pioneira expostas aos tratamentos com a adição desses
elementos em comparação aos controles. A espécie pioneira apresentou o acumulo
dos metais nas folhas e a espécie não pioneira o acumulo foi verificado no caule e
raiz, as respostas bioquímicas foram distintas com o acréscimo de metais
evidenciado por um maior potencial redox na espécie pioneira (indicado pelas
razões AA/AA+DHA e altas concentrações de AA).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] ALLOWAY, B.J. 2013. Heavy metals in soils: Trace metals and metalloids in soils
and their bioavailability, third edition, Dordrecht, Netherlands: Springer.
[2] BRANDÃO, S.E.; BULBOVAS, P.; LIMA, M.E.L.; DOMINGOS, M. 2017.
Biochemical leaf traits as indicators of tolerance potential in tree species from the
Brazilian Atlantic Forest against oxidative environmental stressors. Science of the
Total Environment, 575: 406-417.
[3] DOMINGOS, M.; BOUROTTE, C.; KLUMPP, A.; KLUMPP, G.; FORTI, M.C. 2002.
Impactos da poluição atmosférica sobre remanescentes florestais. In: DC BICUDO,
MC FORTI & CEM BICUDO (eds.). Parque Estadual das Fontes do Ipiranga,
unidade de conservação que resiste à urbanização de São Paulo. Imprensa Oficial,
São Paulo, pp. 221-250.
[4] GRCMAN, H.; VODNIK, D.; VELKONJA-BOLTA, S.; LESTAN, D. 2003.
Ethylenediaminedissuccinate as a new chelate for environmentally safe enhanced
lead phytoextraction. J. Environ. Qual. 32, 500–506.
[5] LÓPEZ, A.; MONTAÑO, A.; GARCIA, P.; GARRIDO, A. 2005. Note: quantification
of ascorbic acid and dehydroascorbic acid in fresh olives in commercial presentations
of table olives. Food Sciencie. Tech. Int. 11(3):199-204.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

[6] ZEITOUNI, C.F.; BERTON, R.S.; ABREU, C.A. (2007) -Fitoextração de cádmio e
zinco de um latossolo vermelho-amarelo contaminado com metais pesados.
Bragantia, vol. 66, n. 4, p. 649-657

FONTES FINANCIADORAS

Petrobras
CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior

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Painel
Contaminação ambiental e mudanças climáticas
352 - OPTIMISING EXPERIMENTAL DESIGN IN MARINE ACIDIFICATION
STUDIES: TESTING THE EFFICACY OF A CLOSED-BOX SYSTEM FOR CO2
DIFFUSION

ROBERTA ANTONIOLI, MARIANA ALICEDA FERRAZ, ALINE VECCHIO ALVES,


VAGNER QUIRINO SANTOS, RODRIGO BRASIL CHOUERI
Contato: RODRIGO BRASIL CHOUERI - RODRIGO.CHOUERI@UNIFESP.BR

Keywords: climate change; bioassays; hypercapnia; acidosis; carbonate; pH

INTRODUCION

Marine/ocean acidification is unarguable phenomenon. The scientific community has


devoting increasing attention to the estimation of the possible risks of marine/ocean
acidification to the biota and the ecosystems. Most of the experimental setups use
direct CO2 injection into the experimental medium – which may create problems for
test systems where, e.g., turbulence caused by CO2 bubbles is significant. In
addition, CO2 bubbling does not correspond exactly to the way CO 2 is diffused into
marine/ocean waters. The goal of this study was to adapt an experimental system in
which CO2 is indirectly diffused into the experimental medium via atmosphere.

METHODS

A closed box system containing the experimental units was adapted in order to
create a CO2-rich atmosphere through CO2 injection. This was done to allow CO2 to
diffuse from the atmosphere into the experimental units. An automatic CO 2 controller
(Aquatic Medic AT Control System, Bissendorf, Germany) connected to solenoid
valves which open and close the CO2 injection was used to adjust and maintain the
pH at the desired level.The factors tested were size of the box (22 or 64L), size of the
experimental units (10mL test tubes, 30mL or 500mL beakers), water only or whole
sediment exposure, and presence or absence of aeration. In each closed box, two
additional beakers were placed: one beaker identical to the experimental unit being
tested, in order to accommodate the pH sensor, and the other filled with water only,
with the aim of accommodating the CO2-line tube outlet. The monitored variable was
the water pH, recorded at real time by a personal computer connected to the pH
control system.

RESULTS AND DISCUSSION

The flow of CO2 influences the stabilization of the pH of all test systems. A strong
flow of CO2 rapidly decreases the pH in the experimental units but impairs the pH
stabilization. A mild flow of CO2 takes longer to reach the desired pH, but once the
adjusted pH is reached, it is maintained within a small variation (±0.1). The sixteen
units of 10mL-test tube in the 22L-box did not reach the desired pH (7.6) at any time,
being kept around 8.0. This is probably because the test tubes are too narrow to
allow a sufficient air exchange between inside and outside this experimental unit,
preventing the CO2-rich atmosphere to get in contact with the experimental medium
inside the test tubes. The pH in the twenty-four units of 30mL-beakers with water only

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

and water plus sediment (4:1) within the 22L-box reached the desired pH after
approximately 1 hour and half at a mild CO 2 injection condition. pH was then
successfully maintained at 7.6±0.1. The sixteen experimental units of 500mL-beakers
containing 4:1 water:sediment ratio were accommodated within the 64L-closed box.
Probably due to the higher volumes involved, the final pH (7.6) took 3 days to be
reached. After that, the pH of the experimental systems was kept constant for 4 days
in the range between 7,47 and 7,71. The variation of approximately 0.1 pH units is
probably a result of the delay of the CO2 sensor to recognize the pH, the time of
closing the solenoid valves, and then the time to stop the CO 2 injection. In addition,
even after the halt of CO2 injection, still some CO2 remaining in the atmosphere
inside in the box may diffuse into the experimental systems.

CONCLUSION

The closed-box system with indirect CO2 diffusion through the atmosphere into the
experimental media was successful to maintain the pH in experimental units of 30mL
beakers containing water only and water plus sediment experimental systems within
22L-box, and 500mL containing water plus sediment within a 64L-box. Although it
takes longer to reach the desired final pH, mild CO2 injection is recommended rather
than a strong flow of CO2 into the closed boxes. These results optimise experimental
designs of studies on marine and ocean acidification.

SPONSORS

The authors thank FAPESP (2017/07351-4) for providing support to the study.
Choueri R. B. thanks CNPq for the grant (PQ308079/2015-9).

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Oral
Contaminação ambiental e mudanças climáticas
364 - EFICIÊNCIA DE RECUPERAÇÃO DE ADENOVÍRUS EM LIXIVIADO DE
ATERROS DE RESÍDUOS SÓLIDOS POR FLOCULAÇÃO ORGÂNICA

NATÁLIA MARIA LANZARINI, CAMILLE FERREIRA MANNARINO, JOSINO COSTA


MOREIRA, MARIZE PEREIRA MIAGOSTOVICH
Contato: NATÁLIA MARIA LANZARINI - NATALIALANZARINI@GMAIL.COM

Palavras-chave: lixiviado, adenovírus, aterro de resíduos sólidos

INTRODUÇÃO

O lixiviado de aterro de resíduos sólidos é um líquido de composição variável, difícil


tratamento e possível fonte de contaminação de águas subterrâneas e superficiais.
Na última década, os adenovírus humanos (HAdV) têm sido descritos como
importantes marcadores de contaminação fecal humana em diferentes sistemas
aquáticos, principalmente devido alta especificidade de hospedeiro, elevada
prevalência em sistemas aquáticos contaminados, ausência de sazonalidade e
resistência a condições ambientais. Os HAdV são vírus não envelopados com DNA
de fita dupla pertencentes à família Adenoviridae, gênero Mastadenovirus.1 Esse
trabalho se propõe avaliar a floculação orgânica como metodologia de recuperação
viral de HAdV em lixiviados.

METODOLOGIA

Foram coletadas três amostras de lixiviados provenientes de um aterro de resíduos


sólidos urbanos localizado no Estado do Rio de Janeiro. Inicialmente, foi realizada a
sua caracterização por parâmetros físico-químicos: pH, cor, turbidez, alcalinidade,
condutividade, cloreto, DQO, DQO, sólidos, nitrogênio amoniacal e fosfato. Para
avaliação da recuperação viral de HAdV, o método de floculação por leite desnatado
foi realizado, de acordo com o protocolo descrito para amostras de esgoto.2 O
lixiviado foi inoculado com concentrações de 1x107 cg/mL de HAdV, e o controle
negativo também foi processado. O DNA viral foi extraído utilizando seis
metodologias diferentes: (1) QIAcube utilizando o QIAmp QIAcube mini kit® (Qiagen,
EUA); (2) QIAmp Fast DNA Stool mini kit® (Qiagen, EUA); (3) QIAamp viral RNA
mini kit® (Qiagen, EUA); (4) extração manual por isotiocianato de guanidina/sílica;
(5) QIAmp DNA Stool mini kit® (Qiagen, EUA); (6) extração de DNA por TRIzol
modificado (Invitrogen®, EUA). O qPCR foi realizado pelo sistema TaqMan® (ABI
PRISM 7500, Applied Biosystems, Foster City, CA, EUA), utilizando primers e
sondas específicas para HAdV.3

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Por ser um dos primeiros trabalhos que sugerem uma metodologia de detecção de
vírus em lixiviado e pela complexidade da composição físico-química desse efluente,
diferentes métodos estão sendo testados e suas limitações definidas. A
caracterização físico-química do lixiviado indicou elevadas concentrações de matéria
orgânica, nitrogênio amoniacal e sólidos nesse efluente, com valores médios de
DQO de 10.364 mg L-1, NH3 de 2.398 mg L-1 e Sólidos Totais Dissolvidos de 16.248

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

mg L-1. O pH estava pouco acima da neutralidade (7.8). A taxa de recuperação de


HAdV foi calculada com sucesso nas três amostras de lixiviado, nos seis métodos de
extração, com eficiência média variando de 0,01%-2,22%, viabilizando o uso da
floculação orgânica com leite desnatado nesta matriz. Esta metodologia de baixo
custo, inicialmente descrita para detecção viral em água do mar, tem sido
considerada uma ferramenta útil para detecção em diferentes matrizes ambientais.2
Recentemente, Assis et al., adaptaram essa metodologia para detecção viral em
lodo de esgoto e em um efluente tratado.4,5 Outros estudos detectaram HAdV, por
floculação orgânica, em rios, igarapés e em água de praia, reiterando a persistência
desse vírus em diferentes matrizes ambientais.6,7 Os resultados sugerem que a
extração utilizando os métodos do robô QIACube e o QIAmp DNA/RNA mini kit
apresentaram as melhores respostas para recuperação de HAdV. A taxa média de
recuperação utilizando o robô QIACube nas três amostras foi de 2,22% e no QIAmp
DNA/RNA mini kit foi de 0,18%. Uma limitação da metodologia seria a não detecção
do HAdV em amostras brutas, mas sim em diluições 10-1 e 10-2, indicando a
presença de inibidores de qPCR no lixiviado. O primeiro estudo descrito na literatura
relatando a presença de HAdV em aterros de resíduos sólidos detectou 13,5% de
positividade (5/37) das amostras coletadas na superfície do aterro, utilizando o kit de
extração QIAmp DNA/RNA mini kit, um dos métodos de extração utilizados nesse
trabalho.8

CONCLUSÃO

A recuperação viral de HAdV, com o uso do método de floculação orgânica, foi


avaliada para amostras de lixiviado de aterro de resíduos sólidos urbanos. A
extração do DNA viral foi testada por seis diferentes métodos de extração. Os
resultados mostraram que a extração com o uso do robô QIACube e o QIAmp
DNA/RNA mini kit foram os melhores métodos para recuperação de HAdV, tendo
sido obtidas taxas de recuperação viral com valores de até 2,22%. Devido à elevada
presença de interferentes aos métodos de recuperação viral no efluente trabalhado e
à sua variabilidade, novas amostras serão testadas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] GHEBREMEDHIN, B. Human adenovirus: Viral pathogen with increasing


importance. European Journal of Microbiology and Immunology 2014; 4(1): 26-33.
[2] CALGUA, B. et al. Development and application of a one-step low cost procedure
to concentrate viruses from seawater samples. Journal of Virological Methods, 2008;
153(2): 79-83.
[3] HERNROTH, B.E.; CONDEN-HANSSON, A.C.; REHNSTAM-HOLM, A.S.;
GIRONES, R.; ALLARD, A.K. Environmental factors influencing human viral
pathogens and their potential indicator organisms in the blue mussel, Mytilus edulis:
the first Scandinavian report. Appl. Environ Microbiol 2002; 68, 4523-4533.
[4] ASSIS, A.S.F. Optimization of the skimmed-milk flocculation method for recovery
of adenovirus from sludge. Science of the Total Environment 2017; 583: 163-168,
[5] ASSIS, A.S.F et al. Adenovirus and rotavirus recovery from a treated effluent
through an optimized skimmed-milk flocculation method. Environmental Science and
Pollution Research 2018; 1-8.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

[6] VIEIRA, C.B. et al. Viruses surveillance under different season scenarios of the
Negro River Basin, Amazonia, Brazil. Food and Environmental Virology, 2016; 8(1):
57-69.
[7] VICTORIA, M. et al. Gastroenteric virus dissemination and influence of rainfall
events in urban beaches in Brazil. Journal of Applied Microbiology, 2014;117(4):
1210-1218.
[8] CARDUCCI, A.; FEDERIGI, I.; VERANI, M. Virus occupational exposure in solid
waste processing facilities. Annals of Occupational Hygiene, 2013; 57(9): 1115-1127.

FONTES FINANCIADORAS

CNPq Universal; ENSP. Este trabalho de pesquisa está dentro do escopo das
atividades da FIOCRUZ como centro colaborador da Saúde Pública e Ambiental da
OPAS / OMS.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Oral
Contaminação ambiental e mudanças climáticas
365 - MUDANÇAS TEMPORAIS NO APORTE DE HIDROCARBONETOS
POLICÍCLICOS AROMÁTICOS EM UM ESTUÁRIO PRISTINO (ESTUÁRIO DO
RIO ITAPICURU - BAHIA)

VINICIUS FARIA PATIRE, ANA CECÍLIA RIZZATTI DE ALBERGARIA BARBOSA,


LUCAS MEDEIROS GUIMARÃES, TIAGO DE ABREU CARVALHO LIMA
Contato: ANA CECÍLIA R. DE A. BARBOSA - RIZZATTIALBERGARIA@YAHOO.COM.BR

Palavras-chave: Contaminação, PAHs, litoral norte da Bahia

INTRODUÇÃO

O estuário do rio Itapicuru (BA), encontrado em uma área de proteção ambiental


(MATTEDI, 2015). Mesmo assim, pode ser observado a presença de algumas fontes
de contaminação para a região, como o tráfego de embarcações, queimadas da
vegetação local, presença de pequenas vilas e cidades, etc. Os Hidrocarbonetos
Policíclicos Aromáticos (HPAs) são contaminantes que podem apresentar efeitos
tóxicos aos organismos (LI et al., 2014). O objetivo do presente estudo é avaliar as
mudanças temporais nos níveis e fontes de contaminação por HPAs no estuário do
rio Itapicuru (Bahia, Brasil) através das análises destes compostos em um
testemunho coletado na região.

METODOLOGIA

Coletou-se (janeiro/2017) um testemunho nas margens do estuário do rio Itapicuru


(11º45’16”S, 37º31’17”O). Este foi seccionado a cada 2 cm. Após liofilização, as
amostras foram pesadas (10 g), sendo adicionado, em cada alíquota, padrão
interno. A extração ocorreu com 25 mL de Hexano/Diclorometano (1:1), através do
uso de um ultrassom (procedimento repetido 3 vezes). As soluções foram
concentradas para 500 µL, sendo analisadas em um cromatógrafos a gás acoplado
a um espectrômetro de massas. Como controle de qualidade analítico, foram feitas
análises de amostras branco (Sulfato de Sódio calcinado, concentração dos
compostos ficaram inferiores a 3x o Limite de Detecção do Método - LDM); amostra
em duplicata (80% dos compostos com variação entre 70 e 130%); amostra
fortificada (80% dos compostos com recuperação dos compostos fortificados entre
50 e 150%). Foram também calculados o LDM (3x o desvio padrão dos resultados
encontrados em 7 replicatas) e a recuperação do padrão interno em cada amostra
(variando entre 50 e 150%). A correlação da curva de calibração (R2) foi superior a
0,995. Os compostos avaliados foram aqueles considerados prioritários (16
compostos) pela Environmetal Protection Agency dos Estados Unidos. Os resultados
foram reportados em ng g-1 de sedimento seco (dw).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

As concentrações de HPAs totais variaram de 1,41 a 43,2 ng g-1 dw. Estas são
típicas de regiões com baixo grau de contaminação, podendo ser comparadas a
outros estuários brasileiros pristinos (MARTINS et al., 2012; ARRUDA-SANTOS et
al., 2018). Os menores valores estão da base para o meio do testemunho (60 a 32

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

cm; 1,41 a 14,3 ng g-1), e os maiores, da base para o topo (28 a 0; 28,8 a 43,2 ng g -
1
). Essa mudança também foi observada para os resultados encontrados nas razões
diagnósticas. Da base a 30 cm, os valores de [Fluoranteno]/([Fluoranteno]+[Pireno])
indicaram predomínio de HPAs provindos de fontes petrogênica (valores < 0,4; Chen
e Chen, 2011). Atualmente (28 cm até o topo), estes valores indicam que a principal
fonte de destes compostos para a região é a queima de combustíveis fósseis (<0,4;
CHEN e CHEN, 2011). Os valores de
[Benzo[a]Antraceno]/(Benzo[a]antraceno]+[Criseno]) foram típicos de emissões
veiculares (>0,35; FANG et al., 2007). Entretanto, houve, com o tempo, uma
intensificação da contribuição desta fonte, uma vez que maiores valores (>0,79)
foram encontrados de 28 a 0 cm. A razão
[Indeno[1,2,3cd]Pireno]/([Indeno[1,2,3cd]Pireno]+[Dibenzo[g,h,i]perileno]) apresentou
valores que mostram o predomínio de HPAs provindos da combustão de petróleo
entre 60 a 30 cm (valores < 0,2; FANG et al., 2007). De 28 cm até o topo, este
predomínio mudou para compostos provindos da combustão de madeira, grama e
carvão (valores entre 0,5 e 1,0; FANG et al., 2007). A região de estudo localiza-se
no litoral norte da Bahia, em uma área relativamente preservada. Uma das principais
atividades econômicas da região é aquela relacionada à pesca e turismo, onde se
faz o uso de barcos a motor. Estas atividades podem ser responsáveis tanto pelo
lançamento de HPAs de origem petrogênica (introdução direto de óleo), como
pirogênicas (queima de combustível). As maiores mudanças ambientais para a área
de estudo datam a partir da década de 70, com a construção da estrada do coco, até
a Praia do Forte, e na década de 90, com a contrução da Linha Verde até a região
de Conde. Essa estrada, provavelmente, aumentou o acesso de carros ao Litoral
Norte da Bahia, aumentando a introdução de HPAs pirogênicos provindos das
emissões veiculares. Nesse período, houve também a troca da vegetação local por
pinheiros, eucaliptos e coqueiros, e um aumento do adensamento populacional.
Estas atividades podem estar ocasionando um aumento de HPAs pirogênicos
através da queima da vegetação local (CRA, 2005).

CONCLUSÃO

Os dados obtidos no presente estudo são os primeiros de contaminação por HPAs


para o estuário do rio Itapicuru. Apesar destes serem primários, pôde-se observar a
importância dos estudos de contaminação em regiões pristinas. O estuário em
questão apresenta baixos níveis de contaminação por HPAs. As concentrações
destes compostos aumentaram nos últimos anos, provavelmente devido às novas
fontes de contaminação para a região. Antigamente, os principais aportes de HPAs
eram as atividades realizadas por embarcações de pesca e turismo. Atualmente,
somou-se a estas fontes as emissões veiculares, provindas possivelmente do
tráfego, e das queimadas da vegetação local.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARRUDA-SANTO, R.H.; SCHETTINI, A.F.; YOGUI, G.T.; MAVIEL, D.C.; ZANARDI-


LAMARDO, E. Sources and distribution of aromatic hydrocarbons in a tropical
marineprotected area estuary under influence of sugarcane cultivation. Science of
the Total Environment, v. 624, pp. 935-944, 2018.
CHEN, C.W.; CHEN, C.F. Distribution, origin, and potential toxicological significance
of polycyclic aromatic hydrocarbons (PAHs) in sediments of Kaohsiung Harbor,
Taiwan. Marine Pollution Bulletin, v. 63, pp. 417 – 423, 2011.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

CRA – CENTRO DE RECURSOS AMBIENTAIS. Projeto de gerenciamento costeiro


“Gestão integrada da orla marítima no município do Conde no estado da Bahia” –
Diagnóstico sócio e econômico ambiental do Conde. Relatório técnico. 221 p, 2005.
FANG. M.D.; HSIEH, P.C.; KO, F.C.; BAKER, J.E.; LEE, C.L. Sources and
distribution of polycyclic aromatic hydrocarbons in the sediments of Kaoping river and
submarine canyon system, Taiwan. Marine Pollution Bulletin,54, pp. 1179 – 1189,
2007.
LI, G.; LANG, Y.H.; GAO, M.S.; YANG, W.; PENG, P.; WANG, X.M. Carcinogenic
and mutagenic potencies for different PAHs sources in coastal sediments of
Shandong Peninsula. Marine Pollution Bulletin, v. 84, pp. 418 – 423, 2014.
MARTINS, C.C.; BÍCEGO, M.C. FIGUEIRA, R.C.L.; LOURENÇO, R.A.; ANGELLI, F.;
COMBI, T.; GALLICE, W.C.; MANSUR, A.V.; NARDES, W.; ROCHA, M.L.;
WISNIESKI, E.; CESCHIM, L.M.M. RIBEIRO, A.P. Multi-molecular markers and
metals as tracers of organic matter inputs and contamination status from an
Environmental Protection Area in the SW Atlantic (Laranjeiras Bay, Brazil). Science
of the Total Environment, v. 417-418, pp. 158-168, 2012.
MATTEDI, M.R.M. Pesquisa e planejamento ambiental no litoral norte da Bahia.
Gestão e Planejamento, v. 1, n.3, p. 1-11, 2001.

FONTES FINANCIADORAS

Lucas Medeiros Guimarães possui uma bolsa de mestrado da Coordenação de


Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES).

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Painel
Contaminação ambiental e mudanças climáticas
366 - BIOCIDAS ANTI-INCRUSTANTES DE 3º GERAÇÃO EM MARINAS DO
SISTEMA ESTUARINO DE SANTOS E SÃO VICENTE, SP

FIAMMA EUGENIA ABREU, ÍTALO BRAGA DE CASTRO, GILBERTO FILLMANN


Contato: FIAMMA EUGENIA ABREU - FIAMMA.ABREU@GMAIL.COM

Palavras-chave: sedimentos; biocidas anti-incrustantes; marinas

INTRODUÇÃO

Biocidas anti-incrustantes de 3ª geração formam um grupo de compostos orgânicos


e organometálicos utilizados para evitar a fixação de organismos em embarcações
ou estruturas submersas. Dentre eles, o diuron, Irgarol 1051, DCOIT e diclofluanida
são comumente utilizados em tintas anti-incrustantes. No entanto, ainda são
escassas as informações sobre os níveis ambientais desses compostos (CASTRO
et al., 2011). Assim, o objetivo do presente trabalho foi avaliar a contaminação por
esses biocidas em amostras de sedimentos superficiais de áreas sob a influência de
marinas e estaleiros no sistema estuarino de Santos e São Vicente (SESS) – SP.

METODOLOGIA

Sedimentos superficiais foram coletadas em 18 áreas sob a influência de marinas e


estaleiros do SESS. Os sedimentos foram coletados com auxílio de uma draga tipo
Ekman armazenados em recipientes de alumínios e congelados para transporte. As
amostras foram liofilizadas e maceradas para análise química dos biocidas diuron,
irgarol, DCOIT e diclofluanida. A metodologia analítica foi baseada em Martinez;
Barceló (2001) e Harino et al. (2005), com modificações. Exato 1 g de sedimento foi
extraído por sonificação e posteriormente centrifugado. O extrato foi evaporado e
colocado em meio aquoso para purificação por Extração de Fase Sólida com
cartuchos de C18. Após a concentração dos extratos sob fluxo de nitrogênio, os
analitos foram analisados por cromatografia líquida com detecção por
espectrometria de massa em interface de eletrospray – (CL-ESI-EM/EM). A curva de
calibração foi construída a partir da matriz de cada ambiente estudado e o limite de
detecção (LD) do método foi 0,5 ng g-1 para Irgarol e Diuron; 1 ng g-1 para DCOIT e
3 ng g-1 para diclofluanida. O limite de quantificação (LQ) foi de 1 ng g -1 para irgarol
e diuron e 5 ng g-1 para DCOIT e diclofluanida.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Irgarol não foi detectado em nenhum dos sedimentos analisados, enquanto


diclofluanida foi detectada em 1 único local (11,67 ng g-1). DCOIT, por sua vez, foi
detectado em 16 das 18 amostras, com concentrações entre 6,96 e 31,25 ng g -1.
Diuron foi detectado em 15 das 18 amostras, com concentrações entre 1,64 e 9,88
ng g-1. As coletas dos sedimentos foram realizadas em rampas ou elevadores de
embarcações das marinas e estaleiros que realizam a manutenção das
embarcações e os pontos onde foram quantificados os biocidas anti-incrustantes são
aqueles que há predomínio da presença de barcos de lazer. Locais como marinas e
estaleiros se tornam fonte potencial de contaminação de biocidas anti-incrustantes,

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

uma vez que se encontram em zonas de baixo hidrodinamismo e podem assim


aprisionar os contaminantes. Além disso, são regiões de manutenção de barcos que
constantemente geram partículas de tintas anti-incrustantes. Essas partículas são
resíduos das pinturas antigas dos barcos que podem apresentar altas concentrações
dos biocidas e funcionar como aporte secundário desses contaminantes
(SOROLDONI et al., 2018). Abreu (2016) analisou os mesmos compostos na região
do grande terminal portuário de Santos e não encontrou concentrações acima do
limite de quantificação ; resultados esses que foram associados a dinâmica intensa
do local do terminal portuário (influência de maré e descarga fluvial) que permitiu
maior renovação de água. Quanto às especificidades dos compostos, o irgarol foi
um biocida muito utilizado nas tintas anti-incrustantes até seu banimento em países
da União Europeia devido à toxicidade para organismos fotossintetizadores. Seu uso
reduzido como anti-incrustante e o particionamento para fase dissolvida podem ter
influenciado na ausência desse composto nas amostras analisadas. O DCOIT, por
sua vez, apresenta um coeficiente de partição (log Koc) de 4,2, permitindo que esse
composto seja mais facilmente encontrado nos sedimentos estuarinos. Além disso, é
um biocida que vêm ganhando mercado por ser environmental friendly devido a
rápida degradabilidade no ambiente. No entanto, estudos recentes mostram
toxicidades desses compostos para peixes em concentrações tão baixas quanto 1
µg L-1 (ITO et al., 2013).

CONCLUSÃO

As regiões de marinas e estaleiros do Sistema Estuarino de Santos e São Vicente


apresentaram contaminação por anti-incrustantes relacionados especialmente a
embarcações de lazer da região, demonstrando a importância de marinas e
estaleiros como fonte de contaminação desses biocidas. DCOIT e diuron foram os
compostos mais detectados, enquanto irgarol não apareceu em nenhuma das
amostras analisadas. Possivelmente, a contaminação está relacionado à baixa
hidrodinâmica local e provável presença de partículas de tintas anti-incrustantes que
está sendo avaliada em trabalhos concomitantes ao presente estudo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABREU, F.E.L. 2016. Biocidas anti-incrustantes de 3ª geração em sedimentos


superficiais da costa brasileira. Dissertação de Mestrado. Pós Graduação em
Oceanografia Física, Química e Geológica. Instituto de Oceanografia. Universidade
Federal de Rio Grande. 104 p.
CASTRO, Í.B.; WESTPHAL, E.; FILLMANN, G. 2011. Tintas anti-incrustantes de
terceira geração: novos biocidas no ambiente aquático. Quim. Nova 34, 1–11.
ITO, M. et al. Induction of apoptosis in testis of the marine teleost mummichog
Fundulus heteroclitus after in vivo exposure to the antifouling biocide 4,5-dichloro-2-
n- octyl-3(2H)-isothiazolone (Sea-Nine 211). Chemosphere, v. 90, n. 3, p. 1053–
1060, 2013
HARINO, H. et al. Monitoring of Antifouling Booster Biocides in Water and Sediment
from the Port of Osaka, Japan. Archives of Environmental Contamination and
Toxicology, v. 48, p. 303–310, 2005.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

MARTÍNEZ, D.; BARCELÓ, K. Determination of antifouling pesticides and their


degradation products in marine sediments by means of ultrasonic extraction and
HPLC – APCI – MS. Fresenius J Analitical Chemistry, v. 370, p. 940–945, 2001.
SOROLDONI, S.G et al. Antifouling paint particles: Sources, occurrence, composition
and dynamics. Water Research, v. 137, p. 47-56.

FONTES FINANCIADORAS

CNPq, CAPES e FINEP

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Painel
Contaminação ambiental e mudanças climáticas
387 - ALTERAÇÃO ENZIMÁTICA CAUSADA PELO AUMENTO DE
TEMPERATURA EM PEIXE NEOTROPICAL EXPOSTO ÀS TOXINAS DA
CIANOBACTÉRIA Cylindrospermopsis raciborskii

MAIARA VICENTINI, SABRINA LOISE DE MORAIS CALADO, CAMILA LASCHIWITZ


BEGHETTO, LUCILA ADRIANI CORAL, VALÉRIA FREITAS DE MAGALHÃES, HELENA
CRISTINA DA SILVA DE ASSIS
Contato: MAIARA VICENTINI - MAIARAVICENTINI@GMAIL.COM

Palavras-chave: Biomarcadores; cianotoxinas; jundiá; mudanças climáticas

INTRODUÇÃO

O descarte incorreto de lixo e despejo de rejeitos orgânicos nos corpos d’água


podem levar a eutrofização do ambiente que, juntamente com as mudanças
climáticas, favorece a ocorrência e intensificação de florações de cianobactérias.
Cylindrospermopsis raciborskii é uma cianobactéria que pode produzir neurotoxinas,
conhecidas como saxitoxinas, e cujas florações ocorrem em alguns reservatórios de
abastecimento público. A elevação da temperatura pelo aquecimento global pode
aumentar a probabilidade de floração e a produção dessas toxinas. O objetivo desse
trabalho foi avaliar a atividade da acetilcolinesterase da espécie de peixe neotropical
Rhamdia quelen exposta ao extrato de C. raciborskii em diferentes temperaturas.

METODOLOGIA

Neste estudo foram escolhidas duas temperaturas, 25ºC e 30ºC, para simular a
temperatura atual e o aquecimento global. C. raciborskii foi cultivada em meio ASM-
1 e após, alcançar 6000000 células/ml, o cultivo foi centrifugado e as células lisadas
para a liberação das cianotoxinas intracelulares. Parte desse extrato foi destinado a
quantificação química de saxitoxina e seus análogos, por meio de Cromatografia
Líquida de Alta Eficiência (HPLC). A densidade de 100000 células/ml foi escolhida
como tratamento por ser encontrada em florações em reservatórios de
abastecimento público. Após aclimatação de 30 dias, peixes da espécie Rhamdia
quelen foram expostos a quatro tratamentos: controle em 25ºC, controle em 30 ºC,
exposição ao extrato de 100000 células/ml de C. raciborskii em 25 ºC, e exposição
ao extrato em 30 ºC. Após 96 horas, os animais foram anestesiados em benzocaína,
eutanasiados por secção medular e um fragmento de músculo e o cerébro foram
retirados para a mensuração da atividade da acetilcolinesterase (AChE). Os dados
foram analisados em ambiente R, por meio de teste t de Student, com teste de
pressupostos e regra de decisão de 0,05.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Saxitoxinas não foram detectadas no extrato de aproximadamente 6000000


células/ml, mas sim seus análogos neosaxitoxina (neoSTX) e decarbamoil-saxitoxina
(dc-STX), nas concentrações de 18,6 e 1,8 µg/L, respectivamente. Dessa forma,
para o tempo inicial do experimento, os animais ficaram expostos à 100000
células/ml e, consequentemente, 0,29 µg/L de neoSTX e 0,03 µg/L de dc-STX. Em

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

relação ao tratamento controle, isto é, sem adição de extrato de cianobactérias, após


96h a condição de temperatura de 30 ºC reduziu a atividade da AChE muscular em
10,9 % se comparada a 25ºC (t = 2,02; gl = 58; p < 0,05). Estudos anteriores
demonstram que para invertebrados, por exemplo, a AChE pode ter sua atividade
reduzida por aumento da temperatura de 25 para 30°C (BAGGIO-REBECHI et al.,
2016), mas para diferentes espécies de peixes esse comportamento pode ter
variações (ASSIS et al., 2012). Para Parachromis managuensis, um cíclideo invasor
no Brasil, a AChE cerebral teve sua atividade reduzida em 30ºC se comparado a
25°C em ensaios in vitro, no entanto em 35°C essa atividade pode aumentar. Além
disso, a AChE também tem sua estabilidade alterada com o aumento da
temperatura, demonstrando sua sensibilidade a este fator abiótico (ARAÚJO et al.,
2016). Em 25°C, o extrato de cianobactéria não causou alterações (t = 1,92; gl = 57;
p = 0,059) se comparado ao controle desta temperatura. Entretanto, a exposição ao
extrato em 30ºC ocasionou um aumento de 13,1% (t = -2,11; gl = 56; p < 0,05) da
atividade da AChE muscular. Em altas temperaturas, as saxitoxinas podem se
degradar em compostos mais tóxicos, sendo capaz, dessa forma, de ter seu
potencial de neurotoxicidade elevado com o aquecimento global (PANTELIĆ et al.,
2013). Neste trabalho, a acetilcolinesterase muscular teve sua atividade aumentada
quando os animais foram expostos ao extrato de C. raciborkii, composto por
neurotoxinas, o que pode indicar uma alteração na regulação do sistema nervoso
desses organismos. A atividade da AChE cerebral está sendo analisada, o que
auxiliará na interpretação dos resultados.

CONCLUSÃO

Florações de cianobactérias estão se tornando cada vez mais intensas e frequentes,


devido as mudanças climáticas. A elevação de temperatura, juntamente com a
exposição ao extrato contendo neurotoxinas produzidas pela C. raciborkii, é capaz
de alterar a atividade da acetilcolinesterase, importante biomarcador de
neurotoxicidade. Em espécie de peixe neotropical utilizada para o consumo humano,
este biomarcador se mostrou sensível as alterações bióticas e abióticas, mesmo em
baixas concentrações de neurotoxinas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARAÚJO, M.C.; ASSIS, C.R.D.; SILVA, L.C.; MACHADO, D.C.; SILVA, K.C.C.;
LIMA, A.V.A.; CARVALHO JR, L.B.; BEZERRA, R.S.; OLIVEIRA, M.B.M. Brain
acetylcholinesterase of jaguar cichlid (Parachromis managuensis): From
physicochemical and kinetic properties to its potencial as biomarker of pesticides and
metal ions. Aquatic Toxicology, v. 177, p. 182 -189, 2016.
ASSIS, C.R.D.; LINHARES, A.G.; OLIVEIRA, V.M.; FRANÇA, R.C.P.; CARVALHO,
E.V.M.M.; BEZERRA, R.S.; CARVALHO JR, L.B. Comparative effect of pesticides on
brain acetylcholinesterase in tropical fish. Science of the Total Environment, v. 441,
p. 141 – 150, 2012.
PANTELIĆ, D.; SVIRČEV, Z.; SIMEUNOVIĆ, J.; VIDOVIĆ, M.; TRAJKOVIĆ, I.
Cyanotoxins: Characteriscts, production and degradation routes in drinking water
treatment with reference to the situation in Serbia. Chemosphere, v. 91, p. 421 – 441,
2013.
REBECHI-BAGGIO, D.; RICHARDI, V.S.; VICENTINI, M.; GUILOSKI, I.C.; ASSIS,
H.C.S.; NAVARRO-SILVA, M.A. Factors that alter the biochemical biomarkers of

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environmental contamination in Chironomus sancticaroli (Diptera, Chironomidae).


Revista Brasileira de Entomologia, v. 60, p. 341 – 346, 2016.

FONTES FINANCIADORAS

CNPq e CAPES

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Painel
Contaminação ambiental e mudanças climáticas
392 - ESTUDO DA ECOTOXICIDADE DE IGARAPÉS URBANOS DE JI-PARANÁ /
RO

LUIZ EDUARDO OLIVEIRA, THIAGO ALVES SANTOS, AMANDA SOBRINHO NEVES,


WAGNER EDUARDO DE LIMA PEREIRA, DAÍSE DA SILVA LOPES, DIEGO FERREIRA
GOMES, ANDREZA PEREIRA MENDONÇA, BEATRIZ MACHADO GOMES,
WANDERLEY RODRIGUES BASTOS, ELISABETE LOURDES NASCIMENTO
Contato: LUIZ EDUARDO OLIVEIRA - LUIZ4EO@GMAIL.COM

Palavras-chave: Allonais inaequalis; chlorella; nutrientes; poluição ambiental

INTRODUÇÃO

Segundo o Relatório Esgotos (ANA, 2017) Rondônia ocupa a ultima posição na


coleta e tratamento de esgoto. Como consequência, estes efluentes acabam
lançados diretamente nos corpos d’água. Devido Baldantoni et al. (2018), enfatiza
que tal situação tem afetado significativamente a qualidade da água, solo e
sedimento. Além das análises químicas, que quantificam as concentrações das
substâncias tóxicas, ensaios ecotoxicológicos permitem testar efeitos combinados
destes poluentes, incluindo seu efeito sobre os sistemas biológicos. (BECOUZE-
LAREURE et al, 2016). Este trabalho se propôs a investigar se duas microbacias
urbanas do município de Ji-Paraná apresentam toxicidade para os organismos
Chlorella sp. e Allonais inaequalis.

METODOLOGIA

As amostras são oriundas de dois igarapés: Igarapé 2 de abril e Pintado (Ji-Paraná,


RO). Para cada igarapé coletou-se amostras referentes a nascente, exutório e
região central da microbacia (6 amostras).A coleta foi realizada em abril de 2018.
Para o ensaio agudo, foi monitorado a mortalidade da Allonais inaequalis, após
exposição de 96h. O ensaio crônico consistiu em monitorar o crescimento celular da
microalga Chlorella sp. após 96h de exposição, através de espectrofotometria
(750nm). O inóculo de Chlorella sp. foi cultivado em meio de cultura ASM-1, sendo
também utilizado como controle. O oligoqueta é mantido em água mineral e
alimentado com ração de peixe. Ambos os experimentos foram realizados em
triplicata, com temperatura de 25±2°C. Os parâmetros monitorados foram:
crescimento para Chlorella sp. (posterior cálculo da Inibição de crescimento-IC) e
contagem dos organismos vivos para Allonais inaequalis. A concentração letal CL50
foi calculada (que consistiu na concentração da amostra de água capaz de matar
50% dos organismos testados durante 96h). Com o objetivo de ampliar as
discussões dos resultados obtidos foram analisados os valores de pH, turbidez,
oxigênio dissolvido (OD), Condutividade Elétrica (CE), amônia (NH3+NH4+), Nitrito
(NO2-), Nitrato (NO3-), Fósforo total (P-total) e Fósforo dissolvido (PO4-3).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Em apenas um dos pontos analisados foi observado toxicidade (próximo a nascente


do Igarapé Pintado). Para Allonais inaequalis apresentou uma CL50 de 16,25%.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Para a microalga Chlorella sp. o teste t comprovou diferença significativa entre o


crescimento do controle e da amostra, comprovando a toxicidade. A inibição de
crescimento(IC) para a alga foi de 46,81%. Os valores para os parâmetros físico-
químicos das amostras de água coletadas in loco, no ponto com ecotoxicidade
foram: pH de 10,6 temperatura de 27,6°C; Turbidez: 96,9UT; OD: 5,88mg.L-1; CE:
643µS.cm-1. Para os nutrientes, os seguintes valores foram encontrados,
amônia:1,431mg.L-1, Nitrito:1,824mg.L-1, Nitrato:3,4mg.L-1, Fósforo total:0,096mg.L-1
e Fósforo dissolvido igual a 0,010mg.L-1. Para o teste com oligoquetas com as
demais amostras dos igarapés, nenhuma apresentou efeito tóxico. Porém para as
algas, todas as amostras de água de todos os demais pontos obtiveram diferença
estatística em relação ao controle. Entretanto, apresentando um maior crescimento
celular, e caracterizando, portanto, um efeito bioestimulatório. Em uma análise geral
dos demais pontos o pH se manteve entre 7,16 e 7,67; OD: 2,2 e 7,0mg.L -1; CE: 93
e 467µS.cm-1; amônia: 0,408 e 1,050mg.L-1; Nitrito: 0,573 e 2,354mg.L-1;
Nitrato:<0,2mg.L-1 e 0,3mg.L-1; Fósforo total: 0,058 e 0,153mg.L-1 e Fósforo
dissolvido: 0,005 e 0,010mg.L-1 de PO4-3.
A toxicidade encontrada demonstra que o igarapé está em desconformidade com a
Resolução CONAMA 357/2005, onde eventuais interações entre substâncias, não
poderão conferir às águas características capazes de causar efeitos letais ou
alteração de comportamento, reprodução ou fisiologia da vida. Os parâmetros
químicos averiguados não são suficientes para explicar a alta toxicidade encontrada
na nascente do Igarapé Pintado. Com exceção da água coletada na nascente, nos
demais pontos, as algas se beneficiaram dos nutrientes presentes. A condutividade
elétrica é um indicativo da concentração de alguns íons na água (ESTEVES, 2011),
e apesar de ter sido elevada na nascente,não é possível através apenas desta
medida fazer inferências sobre poluentes ali presentes. O efeito bioestimulatório
apresentado pelas algas somado aos valores de fósforo e nitrogênio encontrados,
indicam que o ambiente pode estar sendo eutrofizado.

CONCLUSÃO

A água da nascente do Igarapé Pintado apresentou um alto grau de toxicidade para


a microalga Chlorella sp. e Oligochaeta Allonais inaequalis. As demais amostras de
água coletadas não demonstraram efeito observável aos organismos testados. Faz-
se necessário ampliar o período de amostragem para melhor compreender os
resultados obtidos, e entender a relação com o ciclo hidrológico, bem como realizar
análises de outros poluentes que podem estar presentes na água acarretando efeito
tóxico aos organismos testados.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas). 2018. Ecotoxicologia aquática –


Toxicidade crônica – Método de ensaio com algas (Chlorophyceae). Norma ABNT-
NBR 12648. 27p.
ANA (Agência Nacional de Águas) (Brasil). Atlas esgotos: despoluição de bacias
hidrográficas. ANA, 2017. 88p.
BALDANTONI, D.; BELLINO, A.; LIBRALATO, G.; PUCCI, L.; GAROTENUTO, M.
Biomonitoring of nutriente and toxic element concentration in the Sarno River through
aquatic plants. Ecotoxicology and Environmental Safety, v148, p 520-527. 2018.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

BECOUZE-LAREURE, C.; THIEBAUD, L.; BAZIN, C.; NAMOUR, P.; BREIL, P.;
PERRODIN, Y. Dynamics of toxicity within different compartments of a peri-urban
river subject to combined sewer overflow discharges. Science of the Total
Environment. V.539. p 503-514. 2016.
CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução n° 357, de 17 de
Março de 2005. Dispões sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes para
seu enquadramento. Documento Oficial da União, n° 053, p. 58-63, de 18 de março
de 2005.
ESTEVES, FA. 2011. Fundamentos de Limnologia. 3. ed. Rio de Janeiro:
Interciência. 826 p.

FONTES FINANCIADORAS

Grupo de Pesquisas em Águas Superficiais e Subterrâneas-GPEASS/Universidade


Federal de Rondônia-UNIR.

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Oral
Contaminação ambiental e mudanças climáticas
424 - AVALIAÇÃO TEMPORAL DE HIDROCARBONETOS POLIAROMÁTICOS
(HPAS) NA ATMOSFERA DA REGIÃO GRULAC (GRUPO DE PAÍSES DA
AMÉRICA LATINA E CARIBE)

AMARO DE AZEVEDO, PATRICIA GOMES COSTA, KARINA SILVIA MIGLIORANZA,


RICARDO BARRA RIOS, FRANK WANIA, GILBERTO FILLMANN
Contato: AMARO DE AZEVEDO - AMARO.AZEVEDO@HOTMAIL.COM

Palavras-chave: avaliação temporal; contaminação; HPAs; PAS

INTRODUÇÃO

HPAs são um grupo de compostos orgânicos semi-voláteis com dois ou mais anéis
aromáticos fundidos, liberados para a atmosfera principalmente pela combustão
incompleta da matéria orgânica. Alguns são tóxicos devido suas propriedades
carcinogênicas e/ou mutagênicas. Informações quali-quantitativas espaço-temporais
sobre HPAs no ar são limitadas pois normalmente dependem de técnicas de
amostragem ativas, caras e necessitam de energia. A amostragem atmosférica
passiva (PAS) permite uma avaliação barata e fácil, mesmo em regiões remotas. O
objetivo deste estudo foi avaliar a distribuição temporal de HPAs em fase gasosa na
atmosfera da Região GRULAC empregando PAS utilizando resina XAD2 como
adsorvente.

METODOLOGIA

A fim de cobrir a região de estudo, a amostragem anual foi realizada entre o ano de
2010 e 2017 utilizando a Rede Latino-americana de Amostragem Passiva
Atmosférica (LAPAN). Neste período foram investigados 69 locais distribuídos ao
longo de 13 países da região do GRULAC.
Na amostragem foi utilizado resina XAD2 previamente limpas com sucessivas
extrações em Soxhlet com metanol, acetonitrila e diclorometano e lavagens com
NaOH e metanol. Resina úmida (20 mL em metanol) foi adicionado numa malha
cilíndrica inoxidável. Estas foram secas em N2 e armazenadas em tubos metálicos
hermeticamente fechados para evitar contaminações pela armazenagem e
transporte.
No ambiente, as malhas foram instaladas em amostradores que são recipientes em
aço galvanizado que protegem as resinas dos efeitos de ventos, chuvas e partículas.
Em cada local foi instalado um par de amostradores (n=2) com até 3 resinas cada,
as quais foram substituídas a cada por 12 meses.
Após exposição ao ambiente, os analitos foram extraídos, concentradas e
analisadas por GC/MS. Neste estudo foram investigados 15 HPAs: Acenafteno
(ACE), Acenaftileno (ACY), Fluoreno (FL), Fenantreno (PHE), Antraceno (ANT),
Fluoranteno (FLT), Pireno (PYR), Chrysene (CHR), Benzo(a)antraceno (BaA),
Benzo(b)fluoranteno (BbF), Benzo(k)fluoranteno (BkF), Benzo(a)pireno (BaP),
Indeno(1,2,3-cd)pireno (IcdP), Dibenzo(ah)antraceno (DahA), Denzo(ghi)perileno
(BghiP).

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os HPAs foram quantificados em ng PAS-1 e os resultados expressos em


concentração volumétrica (pg m-3), considerando o tempo de amostragem (dia) e
taxas de amostragem (m3 dia-1). Os dados foram normalizados pelos níveis de
hexaclorobenzeno (HCB) obtidos nos mesmos locais e períodos. O HCB apresenta-
se uniformemente distribuído e com uma variabilidade relativamente limitada
minimizando os fatores ambientais (temperatura, pressão, velocidade e turbulência
do vento) que interferem na adsorção dos contaminantes. As regiões urbanas
apresentaram níveis médios de HPAs (∑15 HPAs) mais elevados que nas regiões
remotas em todos os períodos avaliados. Os dados foram agrupados em sítios
urbanos e sítios remotos e a análise estatística mostrou que entre sítios urbanos
houve semelhança significativa de contaminação (P>0,05), o mesmo ocorreu entre
os sítios remotos. Também foi realizada avaliação nos 16 locais que tiveram de três
a cinco períodos de amostragem e a avaliação indicou que houve semelhança
significativa de contaminação (P>0,05) entre os 5 períodos avaliados. Entre os 15
HPAs investigados houve diferença significativa de contaminação (p<0,05), HPAs
com 3 e 4 anéis apresentaram níveis médios de contaminação maiores que HPAs
de 5 e 6 anéis. Entre os períodos avaliados, os HPAs com 3 anéis apresentaram
variação entre 59% (2011-2012) e 74% (2010-2011), sendo que o PHE apresentou
maior contaminação em todos períodos. A contaminação por HPAs com 4 anéis
variou entre 19% (2011-2012) e 29% (2016-2017), sendo que os sítios urbanos
foram os que mais contribuíram. HPAs com 3 e 4 anéis possuem baixo peso
molecular e elevada pressão de vapor, predominando na fase gasosa. Elevados
níveis destes HPAs em áreas urbanas podem ser justificados pela queima de
combustíveis fósseis. Em áreas remotas a contaminação justifica-se pela
persistência ambiental desses compostos e seu transporte a longas distâncias.
HPAs com 5 e 6 anéis (origem pirogênica) apresentaram contaminação menor que
3% em todos os períodos avaliados. Estes HPAs tendem a associar-se a fração
particulada da atmosfera, podendo serem transferidos para outros compartimentos
ambientais como água, solo e sedimento. Assim, HPAs com 5 e 6 anéis como o
BaA, BbF e BaP (potencialmente cancerígenos) não foram detectados ou
apresentaram baixos níveis de contaminação na atmosfera.

CONCLUSÃO

Este estudo indicou que a contaminação por HPAs na atmosfera da região estudada
apresentou-se estável. Entretanto, conclusões mais concretas exigem
monitoramentos mais longos (mínimo 10 anos). A continuidade na avaliação dos
níveis de HPAs contribuirá para a compreensão da sua distribuição espaço-temporal
na atmosfera, investigação de origens/fontes e seu transporte a longas distâncias. A
Rede LAPAN, utilizando amostragem XAD-PAS, prevê um programa sustentável de
monitoramento do ar a longo prazo, garantindo a qualidade e comparabilidade dos
dados para estabelecer tendências de longo prazo em locais de monitoramento
representativos, tanto para HPAs como para outros contaminantes atmosféricos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARMITAGE, J.M.; HAYWARD, S.J.; WANIA, F. Modeling the Uptake of Neutral


Organic Chemicals on XAD Passive Air Samplers under Variable Temperatures,
External Wind Speeds and Ambient Air Concentrations (PAS-SIM). Environmental

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Science & Technology, v. 47, n. 23, p. 13546-13554, 2013/12/03 2013. ISSN 0013-
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ELLICKSON, K.M. et al. Analysis of polycyclic aromatic hydrocarbons (PAHs) in air
using passive sampling calibrated with active measurements. Environmental
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LIU, W. et al. Transport of Semivolatile Organic Compounds to the Tibetan Plateau:
Spatial and Temporal Variation in Air Concentrations in Mountainous Western
Sichuan, China. Environmental Science & Technology, v. 44, n. 5, p. 1559-1565,
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RAVINDRA, K.; SOKHI, R.; VAN GRIEKEN, R. Atmospheric polycyclic aromatic
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FONTES FINANCIADORAS

Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Contaminação ambiental e mudanças climáticas
427 - INFLUÊNCIA DO USO NO SOLO NAS CONCENTRAÇÕES DE METAIS NO
SEDIMENTO DO RIO ITAPEMIRIM - ES

DIEGO LACERDA SOUZA, THIAGO PESSANHA RANGEL, BRAULIO CHERENE VAZ


OLIVEIRA, DIOGO QUITETE RIBEIRO ALMEIDA, MARCELO GOMES ALMEIDA,
CRISTIANE DOS SANTOS VERGILIO, CARLOS EDUARDO DE REZENDE
Contato: DIEGO LACERDA SOUZA - LACERDADESOUZA@HOTMAIL.COM.BR

Palavras-chave: sedimento; índices geoquímicos; cafeicultura; contaminação

INTRODUÇÃO

Diferenças no uso do solo afetam a transferência de elementos paras os ambientes


aquáticos. O aporte de metais está associado ao escoamento superficial dos solos
do entorno e carreamento de particulado. A dinâmica dos metais nos ambientes
aquáticos é importante devido à toxicidade e persistência desses elementos. Nos
sedimentos os metais podem ser remobilizados devido a alterações químicas, físicas
e geoquímicas alcançando a coluna d’água onde ficam disponíveis para serem
acumulados na cadeia trófica. Assim, o objetivo deste estudo foi avaliar a influência
do uso do solo nas concentrações de metais no sedimento da bacia do rio
Itapemirim – ES.

METODOLOGIA

A área de estudo está localizada na região montante da bacia do rio Itapemirim no


Espírito Santo onde há predominância de atividades agropecuárias, especialmente
cafeicultura e criação de gado de leite. Para a avaliação da bacia, alíquotas de
sedimento superficial foram coletadas em dois pontos ao longo do curso principal
(IT) e três em cada um de seus tributários (BND e BNE) nos meses de julho de 2016
e janeiro de 2017 (estações seca e chuvosa). Foram avaliados os parâmetros físico-
químicos de granulometria, porcentagem do carbono orgânico do sedimento e a
classificação do uso do solo. A determinação dos metais (Al, Ba, Cr, Cu, Fe, Mn, Pb,
Ti e Zn) foi realizada por espectrometria de emissão ótica (fração<2mm) e a precisão
do método foi garantida utilizando material certificado de referência (NIST1646a)
com recuperações entre 71 e 106% e coeficiente de variação inferior a 15% entre
réplicas. A variabilidade espacial e a associação dos elementos através de análises
multivariadas de Cluster e PCA, respectivamente. Índices geoquímicos como o
Contamination Factor (CF), Pollution Load Index (PLI) e os valores de TEL
(Threshold effect levels) e PEL (Probable effect level) foram utilizados para estimar
os níveis de contaminação.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na sub-bacia do BND há uma predominância de grandes fragmentos florestais,


enquanto no BNE há grandes áreas de cultivo de café e outras atividades agrícolas
e IT apresenta a predominância de pastagens. As diferenças no uso do solo
refletiram em diferenças nas concentrações de metais no sedimento (BNE > BND >
IT). Durante a estação seca, a sub-bacia do BNE mostrou as maiores concentrações

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

de Al, Mn, Pb e Ti; o BND de Cr, Cu, Fe, Ni e Zn; e o IT para Ba. Na estação
chuvosa, as concentrações de quase todos os elementos aumentaram (exceto Pb),
o rio BNE apresentou as maiores concentrações da maioria dos elementos
analisados (Al, Cu, Fe, Mn, Ni, Pb, Ti e Zn), enquanto somente o Cr mostrou
maiores níveis no BND e Ba novamente no IT. Além disso, na estação chuvosa, o
valores de Cr no BND e no BNE excederam o TEL, enquanto o Zn excedeu PEL no
BNE, indicando possíveis efeitos prejudiciais aos organismos. Do mesmo modo, os
valores do CF e PLI apontam para uma maior contaminação do BNE, e a ordem
desses índices classificou os rios de acordo com o nível de contaminação como
BNE > IT > BND em geral. De acordo com o CF, todos os elementos apresentaram
valores maiores do que 1 indicando contaminação moderada dos sedimentos nos
três rios avaliados. O BNE mostrou maiores valores de CF para a maioria dos
elementos (com excessão de Cu, Ni e Pb). Em alguns pontos Ni e Cr mostraram
valores entre 3 e 6 e Fe, Cu, Mn, Ti e Zn maiores que 6 indicando moderada e alta
contaminação respectivamente. A análise dos componentes principais explicou 71%
da variabilidade dos dados e mostrou uma baixa associação de Cr, Cu, Ni e Zn com
os principais suportes geoquímicos (Al, Fe, Mn, Ti e Corgânico), indicando uma
possível influência antropogênica em suas concentrações. A análise de cluster
agrupou os pontos de amostragem de BND em um cluster e os de BNE e IT em
outro cluster mostrando que neste últimos a variabilidade espacial dos elementos é
próxima, e com isso podem ser provenientes de mesma fonte que pode estar
associada com a diversidade de atividades antrópicas desenvolvidas em IT e BNE.

CONCLUSÃO

As maiores concentrações de metais no BNE podem estar relacionadas as maiores


áreas destinadas a agricultura, principalmente o cultivo de café que predomina nesta
sub-bacia, mas também a falta de tratamento de esgoto e outras atividades
desenvolvidas na área de drenagem. Os resultados do presente estudo podem
indicar que em áreas de cultivo, o uso de pesticidas e fertilizantes, e o aumento do
escoamento superficial promovido pela remoção da vegetação nativa podem atuar
como fontes de metais tóxicos para os ambientes aquáticos, podendo ocasionar
efeitos prejudiciais aos organismos.

FONTES FINANCIADORAS

FAPES /CNPq/Decit -SCTIE-MS/SESA – PPSUS (TO: 290/2016); FAPERJ; CAPES.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Contaminação ambiental e mudanças climáticas
433 - DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DE HIDROCARBONETOS POLIAROMÁTICOS
(HPAS) EM FASE GASOSA EM MEGACIDADES (SÃO PAULO - BRASIL E
BOGOTÁ - COLÔMBIA)

DAIANA KAMINSKI DE OLIVEIRA, AMARO DE AZEVEDO, MARIA YUMIKO TOMINAGA,


BORIS GABRIEL JOHNSON, JANA KLANOVA, FRANK WANIA, GILBERTO FILLMANN
Contato: DAIANA KAMINSKI DE OLIVEIRA - DAIANAKAMINSKI94@GMAIL.COM

Palavras-chave: hidrocarbonetos poliaromáticos; amostragem passiva; megacidades

INTRODUÇÃO

Hidrocarbonetos Poliaromáticos (HPAs) são substâncias orgânicas, semi-voláteis,


com dois ou mais anéis aromáticos fundidos. São lançados na atmosfera pela
combustão incompleta de combustíveis fósseis e emissões industriais. Alguns
apresentam propriedades carcinogênicas e/ou mutagênicas. Dados quali-
quantitativos sobre HPAs na atmosfera são restritos, pois geralmente necessitam de
amostragem ativa que são caras e dependem de energia. O objetivo deste estudo foi
avaliar a distribuição espacial de HPAs na atmosfera das megacidades São Paulo e
Bogotá (mais de 10.000.000 de habitantes), através de amostragem atmosférica
passiva (PAS), utilizando resina XAD-2, como adsorvente. Esta técnica permite
avaliação barata e fácil comparada a amostragem ativa.

METODOLOGIA

A amostragem PAS baseia-se no princípio da adsorção dos contaminantes da fase


gasosa sobre a matriz polimérica da resina XAD-2 e foi realizada entre 2014 e 2016
em doze sítios localizados na cidade de São Paulo (Brasil) e oito em Bogotá
(Colômbia). As resinas XAD-2 foram previamente limpas com sucessivas extrações
em Soxhlet com metanol, acetonitrila e diclorometano. Após, as resinas foram
lavadas com hidróxido de sódio e metanol. A resina úmida em metanol (20 mL) foi
transferida para malhas cilíndricas inoxidáveis. As malhas contendo a resina foram
secas com N2 e armazenadas em tubos metálicos hermeticamente selados para
facilitar o transporte e evitar contaminação. Quatro resinas foram instaladas em cada
local dentro de 2 amostradores que as protegeram as resinas dos efeitos de ventos,
chuvas e material particulado. Após 12 meses as resinas foram trocadas para
continuar amostrando por mais um período. Após a exposição ambiental, as resinas
foram extraídas, concentradas e analisadas por cromatografia de fase gasosa
acoplada a espectrometria de massas. Foram analisados 15 HPAs: acenaftileno
(ACY), acenafteno (ACE), fluoreno (FL), fenantreno (PHE), antraceno (ANT),
fluoranteno (FLT), pireno (PYR), benzo(a)antraceno (BaA), criseno(CHR),
benzo(b)fluoranteno (BbF), benzo(k)fluoranteno (BkF), benzo(a)pireno (BaP),
indeno(1,2,3-cd)pireno (IcdP), dibenzo(ah)antraceno (DahA) e benzo(ghi)pirileno
(BghiP).

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados para os 15 HPAS estudados foram expressos em concentração


volumétrica (pg m-3), considerando a quantificação (ng PAS-1), o tempo de
amostragem (dias) e as taxas de amostragem (m 3d-1). As taxas de amostragem
foram normalizadas pelos níveis de hexaclorobenzeno (HCB) obtidos nos mesmos
locais e períodos. O HCB apresenta baixa variabilidade e está uniformemente
distribuído na atmosfera. Esta normalização minimiza os efeitos de temperatura,
pressão, velocidade do vento e turbulências que interferem na adsorção dos
contaminantes. Os valores médios de HPAs (∑15 HPAs) em São Paulo variaram de
1.363 pg m-3 (CETESB) a 11.800 pg m-3 (Ponte dos Remédios). Em Bogotá os níveis
variaram entre 1.373 pg m-3 (Sede Ibérica) e 13.332 pg m-3 (Zipaquirá). Os níveis de
contaminação entre São Paulo e Bogotá não foram significativamente diferentes
(p>0,05). Em ambos megacentros houve o predomínio de contaminação pelo FL
seguido de outros HPAs de 3 e 4 anéis. A análise também mostrou que, tanto em
São Paulo como em Bogotá, houve diferença significativa de contaminação entre os
HPAs estudados (p<0,05). HPAs com 3 e 4 anéis apresentaram maiores níveis de
contaminação do que HPAs de 5 e 6 anéis. HPAs de 3 e 4 anéis apresentam maior
pressão de vapor e tendem a manterem-se sorvidos na fase gasosa da atmosfera.
HPAs de 5 e 6 anéis não foram detectados ou apresentaram baixos níveis de
contaminação, pois estes compostos tendem a particionarem na fase particulada da
atmosfera, podendo serem transferidos para outros compartimentos ambientais
como água, solo e sedimento.
Há décadas os HPAs trazem preocupação quanto à saúde humana e o meio
ambiente, visto que alguns como o BaP, BbF e BaP contribuem para o aumento do
risco de câncer. A Directiva 2004/107/CE do Parlamento Europeu estabeleceu um
valor-alvo de 1 ng m-3 para as concentrações de BaP utilizadas como marcadores
do risco carcinogênico para HPAs. Neste estudo, as concentrações de BaP, quando
encontradas, ficaram muito abaixo do valor-alvo estabelecido pela Directiva.

CONCLUSÃO

As principais fontes de emissão de HPAs ocorrem em centros urbanos pela queima


de combustíveis fósseis e emissões industriais. Assim, a continuidade do
monitoramento de HPAs na atmosfera de megacentros urbanos permitirá investigar
dados de emissões e sua distribuição na atmosfera, contribuindo para estudos
espaciais mais amplos e de longa duração para verificação de tendências temporais.
A amostragem PAS-XAD por 12 meses mostrou-se adequada para medir as
concentrações atmosféricas de HPAs, inclusive para HPAs de 5-6 anéis que
necessitam de período mais longo por apresentarem baixas concentrações devido
particionarem com a fase particulada da atmosfera, não sendo acessíveis ao PAS.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

2004/107/EC, D. Directive 2004/107/EC of the European Parliament and of the


Council of 15 December 2004 relating to arsenic, cadmium, mercury, nickel and
polycyclic aromatic hydrocarbons in ambient air.
ARMITAGE, J.M.; HAYWARD, S.J.; WANIA, F. Modeling the Uptake of Neutral
Organic Chemicals on XAD Passive Air Samplers under Variable Temperatures,
External Wind Speeds and Ambient Air Concentrations (PAS-SIM). Environmental

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Science & Technology, v. 47, n. 23, p. 13546-13554, 2013/12/03 2013. ISSN 0013-
936X. Available at: < https://doi.org/10.1021/es402978a >.
ELLICKSON, K.M. et al. Analysis of polycyclic aromatic hydrocarbons (PAHs) in air
using passive sampling calibrated with active measurements. Environmental
Pollution, v. 231, p. 487-496, 2017/12/01/ 2017. ISSN 0269-7491. Available at: <
http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0269749117314094 >.
LIU, W. et al. Transport of Semivolatile Organic Compounds to the Tibetan Plateau:
Spatial and Temporal Variation in Air Concentrations in Mountainous Western
Sichuan, China. Environmental Science & Technology, v. 44, n. 5, p. 1559-1565,
2010/03/01 2010. ISSN 0013-936X. Available at: <
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RAVINDRA, K.; SOKHI, R.; VAN GRIEKEN, R. Atmospheric polycyclic aromatic
hydrocarbons: Source attribution, emission factors and regulation. Atmospheric
Environment, v. 42, n. 13, p. 2895-2921, 2008/04/01/ 2008. ISSN 1352-2310.
Available at: < http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S1352231007011351
>.
WANIA, F. et al. Development and calibration of a resin-based passive sampling
system for monitoring persistent organic pollutants in the atmosphere. Environ. Sci.
Technol , 36: 1352-1359. 2003.

FONTES FINANCIADORAS

CNPq

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Contaminação ambiental e mudanças climáticas
473 - AVALIAÇÃO ECOTOXICOLÓGICA DE LIXIVIADOS PROVENIENTES DE
RESÍDUOS ASFÁLTICOS

MARIANA REINERT SCHROH, ANDRE NAGALLI, LUCIA REGINA MARTINS


Contato: MARIANA REINERT SCHROH - MARIANA_SCHROH@HOTMAIL.COM

Palavras-chave: asfalto; fitotoxicidade; L. sativa

INTRODUÇÃO

O transporte rodoviário tem grande importância econômica, interligando regiões,


escoando produções até o mercado consumidor e transportando 96,2% da matriz de
passageiros (CNT, 2006). No Brasil, dos 1,7 milhões de km de rodovias, apenas
12% são pavimentadas. Isso pressupõem a demanda por obras de pavimentação e
manutenção, através da fresagem. Quando o fresado não é reaproveitado, existem
preocupações associadas ao possível impacto ambiental causado pela sua
disposição sem critérios, o que faz com que esse resíduo seja um passivo
ambiental. O objetivo do trabalho é avaliar o efeito ecotoxicológico de lixiviados de
amostras de resíduos asfálticos, obtidos de fresagem.

METODOLOGIA

Foram obtidas quatro amostras de material fresado. Uma oriunda de pavimento


urbano, duas de trechos de rodovia, sendo uma da BR 277 e uma da PR 415 e uma
de material virgem de uma usina de asfalto. As amostras foram caracterizadas
visualmente, por determinação de composição granulométrica (NBR 7217/1987) e
determinação do teor de betume (NBR 16.208/2013). Em seguida, as amostras
passaram por processo de lixiviação, simulando cenário de precipitação pluvial
sobre resíduos de asfalto através de um sistema de coluna de percolação. Água
ultrapura foi utilizada como líquido extrator, em recirculação com vazão constante.
Alíquotas do lixiviado foram retiradas em 30, 60, 90 e 120 minutos. Por fim, com uma
nova porção da amostra, foi recirculado líquido por 150 minutos consecutivos. As
alíquotas de lixiviado de cada amostra passaram por ensaio de toxicidade aguda
com sementes de alface (L. sativa), conforme indicado por Patricia Ramirez Romero
e Ania Mendoza Cantú (2008). Após o período de exposição de 120 horas das
sementes com o lixiviado, verificou-se o efeito na germinação e alongamento da
radícula, em comparação com o controle negativo com água de osmose reversa.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

As amostras puderam ser claramente distinguidas através das caracterizações


realizadas. Considerando a caracterização por determinação do teor de betume,
observou-se que a amostra de pavimento urbano apresentou em média 4,49% de
betume, com coeficiente de variação de 7,56%; na amostra obtida da rodovia BR
277, foi evidenciado teor de betume de 5,66%, com coeficiente de variação de
8,78%; na amostra da rodovia PR 415 foi encontrado teor de betume de 4,81%, com
coeficiente de variação de 1,42% e, por fim, na amostra obtida da usina asfáltica, foi
identificado teor de betume de 5,75%, com coeficiente de variação de 1,33%.

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Com relação à amostra de pavimento urbano, todas as alíquotas apresentaram


efeitos toxicológicos, sendo que para a alíquota dos primeiros 30 minutos houve
estimulação do crescimento da radícula das alfaces, e para as outras alíquotas,
houve inibição do crescimento em cerca de 10%. Para a amostra obtida na BR 277,
foi observado estímulo no crescimento das radículas da alíquota obtida após 90
minutos de lixiviação. O estímulo também é considerado efeito toxicológico. Quanto
à amostra oriunda da PR 415, os lixiviados das alíquotas de 60 e 90 minutos
apresentaram inibição do crescimento das radículas, com índice de crescimento de
0,88 e 0,80 respectivamente. Já o lixiviado da alíquota de 150 minutos, apresentou
estímulo no crescimento, com índice de crescimento de 1,13. Por fim, dos lixiviados
da amostra obtida da usina asfáltica, houve efeito toxicológico apenas na alíquota de
90 minutos, com índice de crescimento de 0,876, o que representa inibição do
crescimento.
Foi possível relacionar o teor de betume com a possível resistência da pavimentação
asfáltica, já que há maior teor nas amostras obtidas de rodovias, em comparação
com a de pavimento urbano e teor ainda maior na amostra virgem obtida de usina
asfáltica. Porém, não foi possível relacionar o teor de betume com o efeito
toxicológico encontrado nas alíquotas de cada amostra. Em contrapartida, foi
possível observar efeito em diversos tempos de lixiviação de todas as amostras.

CONCLUSÃO

Considera-se que os objetivos deste trabalho foram atingidos. Foi possível adaptar
metodologia de lixiviação relacionando a coluna de percolação com cenários reais
de precipitações pluviais sobre resíduos de pavimentos asfálticos obtidos de
trabalhos de fresagem. Todas as amostras apresentaram em alguma alíquota efeitos
toxicológicos, seja por estimulo ou por inibição do crescimento das radículas das
alfaces. Isso indica potencial de contaminação ambiental desse tipo de resíduo
quando disposto sem critérios sobre encostas de rodovias, aterros, botas-fora e
botas-espera.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CONFEDERAÇÃO NACIONAL DOS TRANSPORTES - CNT. Pesquisa CNT de


rodovias, 2013. Disponível em: <
http://pesquisarodovias.cnt.org.br/Paginas/index.aspx > Acesso em: 19 jun. 2014.

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Contaminantes emergentes:
fármacos, cosméticos e
nanopartículas

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Contaminantes emergentes: fármacos, cosméticos e nanopartículas
12 - RESPOSTAS DE DIFERENTES BIOINDICADORES À POTENCIAL
ECOTOXICIDADE DO ÓXIDO DE GRAFENO REDUZIDO (RGO): SEGURANÇA
AMBIENTAL

LUCAS FERNANDES REGO SILVA, PAULO JOSE BALSAMO, HELDER JOSE


CERAGIOLLI, KETSIS OLIVEIRA SOUSA, ELAINE CONCEIÇÃO OLIVEIRA, SILVIA
PIERRE IRAZUSTA
Contato: SILVIA PIERRE IRAZUSTA - SILVIA.PIERRE@HOTMAIL.COM

Palavras-chave: rGO; A. cepa; R. subcapitata; ecotoxicidade

INTRODUÇÃO

O óxido de grafeno reduzido (rGO) é derivado do tratamento do GO em condições


redutoras. Apesar da grande aplicabilidade, os nanomateriais podem gerar resíduos
de fabricação ou descarte prejudiciais ao ambiente. Frente à escassez de dados
sobre bioacumulação, toxicidade e biodegradação , a nanotoxicologia estuda os
possíveis riscos tóxicos ou efeitos indesejados associados a esses novos materiais,
por meio de ensaios de toxicidade adaptados a eles com a intenção de identificar
potencial perigo e caracterização de tais riscos. Avaliou-se a potencial toxicidade do
rGO em Allium cepa, em algas R. subcapitata e em células de melanoma em cultura.

METODOLOGIA

O óxido de grafeno reduzido foi fornecido pelo Carbon SCI Tech Lab da Faculdade
de Engenharia Elétrica e da Computação da Unicamp, e sintetizado através de
deposição de vapor químico-filamento quente. A nanopartícula foi csaracterizada por
espectroscopia Raman. MET e MEV. O teste de toxicidade aquática foi realizado
com algas Raphidocelis subcapitata, segundo protocolo da Environmental Canadá
EPS1/RM/25,1992. As células das algas foram expostas às concentrações de 0,01;
0,1; 1,0; 10,0 e 100 ppm do rGO, No ensaio com sementes de A. cepa, 100
sementes foram expostas às mesmas concentrações do rGO e foram avaliados o
índice de germinação e de genotoxicidade. Células B16F10 em cultura foram
expostas às concentrações de 10, 20 e 40 ppm, por 24 e 48 horas. O ensaio do
cometa foi aplicado às células em cultura expostas e o índice total de danos foi
avaliado, considerando-se o score de intensidade de danos padronizado variando de
0 a 4.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Não se observou efeito fitotóxico sobre as sementes de A. cepa, porém o efeito


genotóxico (AC) foi observado a partir de 0,1ppm e o efeito mutagênico (MN), em 10
e 100ppm. Estudos prospectivos em relação aos possíveis níveis seguros de
nanopartículas no ambiente, mostraram que os MWCNT não possuem efeitos
adversos em concentrações tão baixas como 0, 0,002, 0,02, 0,2 e 2 g / kg,
mostrando que o MWCNT não possuía efeito ecotoxicológico significativo
(VELZEBOER et al., 2011).Não há dados semelhantes com relação ao grafeno ou
ao rGO. As avaliações da toxicidade aquática foram positivas, isto é, houve inibição

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

da biomassa algal, apenas para a concentração de 100 ppm, como visto por Gomes
(2016), em seu trabalho expondo as algas aos nanotubos de carbono de parede
múltipla, outra nanopartícula carbonácea. Apesar destes achados indicarem baixa
toxicidade, recomenda-se a implementação de medidas de precaução no que se
refere a presença potencial deste material no meio ambiente, pois não se tem
conhecimento completo sobre os potenciais efeitos adversos destas nanopartículas,
uma vez que em grandes concentrações podem apresentar persistência no meio
ambiente. Visando a possivel aplicação do rGO como carreador de drogas, testou-se
seu efeito em contato com células tumorais em cultura. Os resultados mostraram
significante redução no número de células proporcional à concentração testada e ao
tempo de exposição. Em relação ao índice de danos (ITD), calculado a partir da
média ponderada das contagens de nucleóides seguindo o score de 0 a 4, os
resultados mostraram que o ITD foi significativamente maior para todas as
concentrações em relação ao controle após 24 e 48horas .

CONCLUSÃO

Efeitos tóxicos em A. cepa e R. subcapitata foram observados em concentrações


que muito improvavelmente são esperadas no ambiente, o que pode ser uma
garantia de segurança ambiental desta nanopartícula. As sementes de A. cepa se
mostraram mais sensíveis em relação às algas.. Considerando-se a possível
deposição destes no meio ambiente, indica-se precaução, uma vez que não se
conhecem os potenciais efeitos adversos dos nanomateriais e seu risco ao meio
ambiente, que variam de acordo com a forma como são processados, assim como
sua persistência.

FONTES FINANCIADORAS

PROGRAMA PIBITI-CENTRO PAULA SOUZA

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Contaminantes emergentes: fármacos, cosméticos e nanopartículas
20 - AÇÃO MUTAGÊNICA E EFEITOS DO CLORIDRATO DE METFORMINA
SOBRE O SISTEMA ANTIOXIDANTE EM Danio rerio (CYPRINIFORMES:
CYPRINIDAE)

NATANI RIBEIRO DEMARCO, LUCIANA PAULA GRÉGIO D'ARCE, CAMILA MARIA


TOIGO DE OLIVEIRA, ANA TEREZA BITTENCOURT GUIMARÃES
Contato: NATANI RIBEIRO DEMARCO - NNAAT_@HOTMAIL.COM

Palavras-chave: Micronúcleo; Estresse Oxidativo; Zebrafish

INTRODUÇÃO

Pouco se sabe sobre os potenciais mutagênicos e antioxidantes do cloridrato de


metformina, medicamente de amplo uso para o tratamento do Diabetes Mellitus. O
procedimento de descarte deste tipo de medicamento tem ocorrido de forma
inadequada, sendo pouco conhecida as consequências orgânicas dos resíduos
desses fármacos para o meio ambiente. Um eficiente modelo experimental para
aprimorar o conhecimento da toxicidade destes resíduos é o peixe Danio rerio
(Zebrafish). Com isso, o objetivo deste trabalho foi testar os potenciais efeitos do
cloridrato de metformina sobre o sistema antioxidante e mutagênico no bioindicador
D. rerio.

METODOLOGIA

Os animais foram aclimatados em temperatura (24+1ºC), pH (7,0+0,5) e oxigenação


(5,0+0,5) constantes, por um período de sete dias. Em seguida, em um
delineamento inteiramente casualizado, os peixes foram separados em cinco grupos
expostos a diferentes concentrações do cloridrato de metformina (250, 500, 750,
1000, 1250 mg/L) para a determinação da LD50 por um período de 96 horas, sendo
determinada a dose de 450 mg/L. Em outro experimento foram separados novos
seis grupos de dez animais: quatro grupos para avaliação do efeito crônico de
cloridrato de metformina (15, 30, 45 e 60 dias), um grupo controle negativo (CN -
peixes apenas aclimatados) e um grupo de controle positivo (tratado com 4 µg/L de
ciclofosfamida), os quais foram pesados no início e fim do período. Ao fim, os
animais foram anestesiados em eugenol (30 mg/L) e realizada a retirada do músculo
e de sangue de cada animal. O sistema antioxidante das amostras de músculo foi
avaliado pelas análises de: Superóxido dismutase (SOD), Catalase (CAT),
Glutationa transferase (GST) e reação de Lipoperoxidação (LPO). A mutagenicidade
foi realizada nas amostras de sangue por meio do Teste do Micronúcleo, analisando-
se: frequência de micronúcleos, “blebbed”, necrose, núcleo fragmentado, “notched”,
broto, núcleo lobado e células binucleadas.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foi observado que LPO se manteve elevada nos três primeiros períodos de
tratamento (15, 30 e 45 dias) quando comparado aos valores observados em CN,
porém sem significância estatística (p>0,05). A quebra de lipídios observada em todo
o período de tratamento, é também corroborada pela perda de peso médio dos

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

animais ao longo da experimentação (15 dias = 20mg; 30 dias = 70mg; 45 dias =


20mg e 60 dias = 156mg). A reação de lipoperoxidação pode resultar em
rompimento de membranas nucleares, pode aumentar as espécies reativas ao
oxigênio (EROS), o que pode ser corroborado pela elevação de atividade da SOD e
CAT no tratamento de 30 dias. O rompimento de membranas também acarreta a
exposição do material genético, aumentando o risco de quebra do DNA. Esta
evidência foi referida pelo aumento significativo no número de micronúcleos no
período de 15 dias (p<0,05), em relação aos demais tratamentos. Neste mesmo
período pôde-se visualizar aumento no número de células em necrose, confirmando
um potencial citotóxico nos primeiros dias de tratamento. Em 30 dias de tratamento,
houve mais evidências do potencial mutagênico do cloridrato de metformina,
observando-se maior frequência de anomalias celulares como: células binucleadas,
com broto e com núcleo lobado, o que indica falhas na citocinese, havendo quebra
de ligações de maneira mais acentuada neste período de exposição ao
medicamento. Em 45 dias de tratamento, foi observada maior atividade da GST em
relação aos demais tratamentos (p<0,05), indicando um aumento no processo de
biotransformação celular. Aos 60 dias, pode ser visto o aumento da frequência de
apoptose celular em relação aos demais grupos (p<0,05), indicando a ocorrência de
mecanismo de reparo do tecido.

CONCLUSÃO

Conclui-se que tal medicamento induz quebra de lipídios, gerando perda de peso. O
aumento de EROS no período agudo de tratamento (15 dias), acarretou vários
prejuízos ao material genético. A morte celular programada foi evidenciada em um
período mais crônico do mesmo (60 dias). Diante do exposto, o descarte inadequado
de medicamentos pode promover efeitos deletérios sobre o sistema antioxidante,
bem como ações mutagênicas no bioindicador D. rerio. A partir da contaminação de
espécies aquáticas de base, infere-se a possibilidade de acúmulo destes produtos e
consequentes agravos ainda mais severos em espécies seguintes da cadeia
alimentar, em especial o homem.

FONTES FINANCIADORAS

CAPES

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Oral
Contaminantes emergentes: fármacos, cosméticos e nanopartículas
25 - EFEITOS NEUROTÓXICOS E RESPIRATÓRIOS DE FÁRMACOS DE USO
HUMANO EM PEIXES NEOTROPICAIS: O CASO DE ESTUDO DO Phalloceros
harpagos

PAULA RODRIGUES DE OLIVEIRA SANTOS, BRUNO NUNES, BEATRIZ VIEIRA


RAMOS PEREIRA, GREGORIO NOLAZCO MATUS, ELAINE CRISTINA MATHIAS DA
SILVA ZACARIN
Contato: PAULA RODRIGUES DE OLIVEIRA SANTOS - PROLIVEIRA015@GMAIL.COM

Palavras-chave: fármacos; biomarcadores bioquímicos; espécie tropical; Contaminantes emergentes;


Peixe

INTRODUÇÃO

Os fármacos podem chegar ao ambiente de diversas formas, entre elas, por águas
residuais, liberação de excreções animais e humanas contendo resíduos destes
compostos, processos de produção animal e veterinária. Estas substâncias são
projetadas para exercer atividade biológica e resistir a degradação metabólica,
podendo exercer efeitos em organismos aquáticos. Os fármacos paracetamol e
propranolol possuem ampla comercialização e presença frequentemente detectada
no ambiente aquático. Para avaliação dos efeitos agudos e crônicos a estes
fármacos em peixes, foram quantificadas as atividades das enzimas lactato
desidrogenase (LDH) e acetilcolinesterase (AChE) do tecido muscular da espécie
Phalloceros harpagos, amplamente distribuída em clima neotropical.

METODOLOGIA

Os organismos desta espécie foram capturados no entorno da reserva "Serra do


Japi" (Cabreúva-SP,Brasil), área pouco impactada ambientalmente. Foram coletados
450 indivíduos, machos e fêmeas sexualmente imaturas de 2+/- 0,5 cm. No
laboratório, foi realizada a aclimatação de 15 dias em água mineral, 23 +/- 1°C,
fotoperíodo 12h claro/12h escuro,aeração continua, alimentados diariamente.
Os ensaios foram baseados nas guidelines da OECD 203 (agudo), e 215 ,(crônico).
Para as exposições, foram utilizados recipientes plásticos com 250 ml de meio,
contendo 1 indivíduo em cada recipiente. Os peixes foram divididos em 6 grupos
experimentais, tanto para os ensaios agudos, N= 20 por grupo, quanto crônicos,
N=15 por grupo, sendo 1 grupo controle e 5 expostos a concentrações
ambientalmente relevantes de cada fármaco.
Os animais foram eutanasiados por hipotermia em tampão Tris e fosfato gelados,
seguido de decapitação e extração do músculo dorsal. O tecido foi homogeneizado,
centrifugado; nos sobrenadantes determinaram-se as atividades enzimáticas (AChe,
método de ELLMAN et al.,1961; LDH VASSAULT, 1983), o teor de proteína solúvel
total foi determinado pelo método de Bradford, 1976. Os dados foram analisados
estatisticamente por meio de ANOVA e Kruskal-Wallis seguidos dos testes de
Dunnet, Dunn, respectivamente, nível de significância de 0,05.

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados obtidos para a exposição aguda ao paracetamol apontam para uma


diminuição significativa na atividade da enzima lactato desidrogenase para todas as
concentrações em relação ao grupo controle, enquanto que na exposição aguda ao
propranolol este padrão não foi observado. Exposições crônicas a ambos os
fármacos não causaram alterações significativas deste biomarcador. A LDH é um
indicador de respiração anaeróbia, pelo que uma possível inibição na atividade da
mesma pode indicar uma inibição na produção de energia por esta via. A LDH está
envolvida em processos glicolíticos, onde é responsável pela regeneração do cofator
NAD+, durante a glicólise anaeróbia a partir da redução de piruvato a lactato. A
inibição da LDH do músculo também pode levar a uma redução na resposta
muscular a estímulos, o que pode acarretar dificuldades para captura de presas e
tornar o organismo exposto mais susceptível à sua captura por predadores (NUNES
et al., 2015. NELSON e COX, 2014).
Os resultados da exposição aguda ao propranolol apontam para um acréscimo
significativo na atividade das colinesterases em animais expostos as concentrações
de 1 µg L-1(C2) e 1000 µg L-1(C5) de propranolol. Já para animais expostos de forma
aguda ao paracetamol, e para os expostos cronicamente a ambos os fármacos, não
ocorreram alterações significativas na atividade deste biomarcador. As
colinesterases estão envolvidas no processo de neurotransmissão (SOLÉ et al.,
2009). Esta forma enzimática está presente no sistema nervoso central e na junção
neuromuscular, e é responsável por catalisar a hidrolise do neurotransmissor
acetilcolina, evitando transmissão colinérgica excessiva (RAMOS et al., 2012). O
propranolol é um β-bloqueador, que pode alterar a atividade colinérgica
(ALKONDON, 1986) ao inibir a atividade da colinesterase cerebral e cardíaca em
ratos de maneira não estereosseletiva (ALKONDON,1986). Os resultados do
presente estudo apontam para um acréscimo na atividade da enzima no músculo
dorsal em determinadas concentrações (1µg L-1 (C2) e 1000 µg L-1 (C5), o que pode
sugerir um aumento nas colinesterases séricas inespecíficas. As colinesterases
comportam-se como proteínas de fase aguda, aumentando sua concentração
perante a presença de processos inflamatórios, imunes e infecções (SILVA, LOPES
e FARIA, 2008) que podem ser consequência de processos tóxicos.

CONCLUSÃO

Os resultados do presente estudo apontam para alterações da atividade enzimática


em exposições agudas, podendo acarretar alterações significativas no
comportamento dos peixes, como fuga de predadores e comportamento alimentar,
sendo importante aferir a presença e os níveis de fármacos cuja concentração possa
ser elevada no ambiente aquático, como paracetamol e o propranolol. Os dados
obtidos demonstram que os efeitos analisados são passíveis de ocorrer em
ambientes naturais impactados, como consequências individuais e populacionais
potencialmente deletérias. Phalloceros harpagos, adaptou-se as condições
laboratoriais e demonstrou sensibilidade aos testes realizados, apresentando-se
como organismo-teste viável para a realização de ensaios ecotoxicológicos em
ambiente tropical.

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALKONDON, M.; RAY, A.; SEN, P. Tissue cholinesterase inhibition by propranolol


and related drugs. Disponível em: < https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/2879019
>. Acesso em: 01 mar. 2017.
BRANDÃO, F.P. et al. The impact of paracetamol on selected biomarkers of the
mollusc species Corbicula fluminea. Wiley periodicals, Portugal, 2011.
BRANDÃO, F.P.; RODRIGUES, S.; CASTRO, B.B.; GONÇALVES, F.; NUNES, B.
Short-term effects of neuroactive pharmaceutical drugs on a fish species:
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university of aveiro, portugal , v. 144, n. 145, p. 218-229, out. 2013.
BRADFORD, M.M. (1976). A rapid and sensitive method for the quantitation of
microgram quantities of protein utilizing the principle of proteindye binding. Anal.
Biochem. 72, 248–254. doi: 10.1016/0003-2697(76) 90527-3
ELLMAN, G.L.; COURTNEY, K.O.; ANDRERS, V. JR.; FEATHERSTONE, R.M.
(1961) Biochem Pharmacol 7:88–95
FENT, K. Effects of pharmaceuticals on aquatic organisms. In: Kummerer K, ed.
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Springer, p. 175–203, 2008.
NELSON, D.L.; COX, M.M. Princípios de Bioquímica de Lehninger. 6. ed. Porto
Alegre: Artmed, 2014.pag 532.
NUNES, B.; VERDE, F.M.; SOARES, M.V.M.A. Biochemical effects of the
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2015.
OECD. OECD Guidelines for the testing of chemicals. Test 203: Fish, Acute Toxicity
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RAMOS, A.S.; GONÇALVES, F.; ANTUNES, S.C.; NUNES, B. Cholinesterase
characterization in Corbicula fluminea and effects of relevant environmental
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environmental science and health, part b: pesticides, food contaminants, and
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SILVA, R.O.P.; LOPES, A.F.; FARIA, R.M.D. Eletroforese de proteínas séricas:
interpretação e correlação clínica. Disponivel em:
http://rmmg.org/artigo/detalhes/520. Acesso em : 10.abril.2018 as 14h06min
SOLÉ, M.; SHAWN, P.J.; FRICKERS, P.E.; READMAN, W.J.; HUTCHINSON, T.H.
Effects on feeding rate and biomarker responses of marine mussels experimentally
exposed to propranolol and acetaminophen. springer-verlag, [S.L.], p. :649–656,
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VASSAULT, A. (1983). “Lactate dehydrogenase,” in Methods of Enzymatic Analysis
– Vol III Enzymes: Oxireductases Transferases, ed H. O. Bergmeyer (New York, NY:
Academic Press), 118–126.

FONTES FINANCIADORAS

CAPES/PVE (processo número: 88881.068122/2014-01

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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Painel
Contaminantes emergentes: fármacos, cosméticos e nanopartículas
34 - TOXICIDADE AGUDA DA MISTURA DOS FÁRMACOS SINVASTATINA,
CLORIDRATO DE METFORMINA, DIAZEPAM E OMEPRAZOL

RAQUEL SAMPAIO JACOB, LUCILAINE VALÉRIA DE SOUZA SANTOS, MIRNA


MACIEL D'AURIOL SOUZA, LISÉTE CELINA LANGE, HELBERT PARZANINI BATISTA
Contato: RAQUEL SAMPAIO JACOB - SAMPAIOJACOB@GMAIL.COM

Palavras-chave: toxicidade aguda; contaminantes emergentes; fármacos; toxicidade de misturas;


Aliivibrio fischeri

INTRODUÇÃO

Grande quantidade de fármacos de diferentes classes é consumida mundialmente.


Depois do uso, esses compostos são parcialmente metabolizados e excretados na
urina e fezes e, subsequentemente, entram nas estações de tratamento de esgoto,
onde são tratados (TAMBOSI, 2008). São escassos os dados científicos
relacionados à avaliação do sinergismo/antagonismo nesse contexto. Uma série de
estudos exemplificam a importância de se avaliar as misturas entre as substâncias
dispostas no ambiente (YANG et al., 2008; GOMEZ-EYLES et al., 2009; JONKER et
al., 2005), isso porque, embora as pesquisas geralmente se dediquem a analisar
uma substância separadamente, essa não é a realidade ambiental.

METODOLOGIA

O teste de toxicidade aguda selecionado foi com a bactéria marinha luminescente


Aliivibrio fischeri, antiga Vibrio fischeri (URBANCZYC et al, 2007), utilizando o
equipamento MICROTOX® model 500 Analyzer (SDI). Os testes foram realizados de
acordo com a norma ABNT NBR 15411-3 e envolveram ajuste de pH entre 6,0-8,5
com HCl ou NaOH e diluição com solução NaCl 2%. A toxicidade aguda (EC10) foi
determinada a partir da medição da luminescência da bactéria após 30 minutos de
contato com o contaminante.
Finalmente, o equipamento HPLC Shimadzu LC 20 A acoplado ao espectrômetro de
massa Bruker Micro TOF QII com ionização por Eletrospray (ESI-MS) a uma
resolução de 12000 m/z foi utilizado na identificação de eventuais subprodutos de
transformação nas misturas entre fármacos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Com relação às misturas binárias, todas aquelas que contém metformina geram o
fenômeno hormesis. As demais misturas binárias (sinvastatina + omeprazol,
sinvastatina + diazepam e diazepam + omeprazol) apresentam toxicidade, sendo
essas maiores que as previstas pelos modelos Adição de Concentração (AC) e Ação
Independente (AI), caracterizando sinergismo.
Já as misturas ternárias são todas tóxicas, com valores de efeito próximos aos
previstos pelo modelo AC. Salienta-se que a mistura entre metformina + sinvastativa
+ diazepam é a que possui o mais alto valor entre as misturas ternárias, novamente

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

colocando em evidência a interação entre sinvastatina e diazepam, que na mistura


binária gerou alto efeito de toxicidade.
Finalmente, apresenta-se a mistura quaternária, que gera um dos mais elevados
efeitos de toxicidade desse trabalho (CE10 de 16,23%), mesmo que os quatro
compostos presentes na amostra estejam em concentração abaixo daquela onde
não há efeito observado (CENO).
Com relação à adequação dos resultados encontrados aos previstos pelos modelos
AC e AI, os valores são, em maioria, próximos aos preditos, com exceção daqueles
onde a mistura gera hormesis ou naquele onde a mistura é quaternária. Pode-se
dizer, ainda, que os dados estão mais próximos aos previstos no modelo AC se
comparado ao AI. Ainda assim, nota-se que a adequação não é exata aos modelos.
Isso significa que é impossível prever com precisão a toxicidade de misturas sem
efetivamente realizar testes com amostras reais.
Finalmente, observou-se o surgimento de subprodutos a partir das misturas em
análise, muitos desses compostos comuns a várias dessas misturas. São exemplos
o C9H20NO, C6H11N6O, C16H9N2O, C4H7N12, e, especialmente, o C6H18N3O3 e
C14H42N3O2. Sabe-se que mais testes são necessários para a efetiva confirmação
das razões pelas quais algumas misturas apresentam-se mais tóxicas que outras.
Apesar disso, a identificação de subprodutos confirmada a partir desse trabalho
esclarece que quando duas substâncias químicas são combinadas, outros
compostos são gerados, os quais passam a interferir na sobrevivência de
organismos vivos. Outros autores (HASSOLD e BACKHAUS, 2014; SANTOS et al.,
2014; LONG et al., 2016) trazem a mesma discussão à lume.

CONCLUSÃO

Ao proceder com as análises, foram encontrados fenômenos como o sinergismo,


antagonismo e hormesis. Ainda, uma série de produtos de transformação foram
localizados nessas soluções, os quais podem interferir diretamente na toxicidade
delas. Insta ressaltar que mesmo quando os compostos estão em concentração
abaixo da concentração de efeito não observado (CENO), pode haver toxicidade da
mistura.
Os resultados indicam que embora modelos matemáticos que prevejam a toxicidade
de misturas sejam importantes ferramentas de gestão, eles são incompletos para
tratar os mais diversos fenômenos possíveis, que ocorrem em função da formação
de subprodutos de mistura e metabólitos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CEDERGREEN, N. et al. Reproducibility of binary-mixture toxicity studies.


Environmental Toxicology and Chemistry, v. 26, n. 1, p. 149-156, 2007.
GOMEZ-EYLES, J.L; SVENDSEN, C.; LISTER, L.; MARTIN, H.; HODSON, M.E.;
SPURGEON, D.J. Measuring and modelling misture toxicity of imidacloprid and
thiacloprid on Caernorhabditis elegans and Eisenia fetida. Ecotoxicology and
Environmetal Safety, v. 72, p.71-79, p. 71-79.
HASSOLD, E.; BACKHAUS, T. The predictability of mixture toxicity of demethylase
inhibiting fungicides to Daphnia magna depends on life-cycle parameters, Aquatic
Toxicity, v. 152, p. 205-2014, 2014.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

JONKER, M.J. et al. Significance testing of synergistic/antagonistic, dose level‐


dependent, or dose ratio‐dependent effects in mixture dose‐response analysis.
Environmental toxicology and chemistry, v. 24, 2005, p. 2701-2713.
LONG, X. et al. The mixture toxicity of environmental contaminants containing
sulfonamides and other antibiotics in Escherichia coli: Differences in both the special
target proteins of individual chemicals and their effective combined concentration,
Chemosphere, v. 158, p. 193-203, 2016.
SANTOS, L.V.S. et al. Evaluation of the aerobic and anaerobic biodegradability of
the antibiotic norfloxacin, Water Science and technology, v. 70, p. 265-271, 2014.
TAMBOSI, J.L. Remoção de fármacos e avaliação de seus Produtos de degradação
através de Tecnologias avançadas de tratamento. 141f. Tese (Doutorado) –
Departamento de Engenharia Química e Engenharia de Alimentos, Desenvolvimento
de Processos Químicos e Biotecnológicos, Universidade Federal de Santa Catarina,
2008.
URBANCZYC, H.; AST, J.; HIGGINS, M.; CARSON, J.; DUNLAP, P. Reclassification
of Vibrio fischeri, Vibrio logei, Vibrio salmonicida and Vibrio wodanis as Aliivibrio
fischeri gen. nov.; .comb. nov.; Aliivibrio logei com. nov.; Aliivibrio salmonicida comb.
nov.and Aliivibrio wodanis comb. nov.International Journal of Systematic and
Evolutionary Microbiology, v.57, p. 2823–2829, 2007.
YANG, L. et al. Growth-inhibition efects of 12 antibacterial agents and their mistures
on the freshwater microalga Pseudokirchneriella subcapitata. Environmental
Toxicology and Chemistry, v. 27, n.5, p. 1201-1208, 2008.

FONTES FINANCIADORAS

Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais e Universidade Federal de Minas


Gerais

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Painel
Contaminantes emergentes: fármacos, cosméticos e nanopartículas
40 - AVALIAÇÃO DA ECOTOXICIDADE AGUDA E CRÔNICA DO
CONSERVANTE METILPARABENO EM Ceriodaphnia silvestrii DADAY, 1902
(CRUSTACEA, CLADOCERA)

TAMIRES DE FREITAS OLIVEIRA, MARIA JOSÉ DOS SANTOS WISNIEWSKI


Contato: TAMIRES DE FREITAS OLIVEIRA - TAMIRES.FREITAS20@HOTMAIL.COM

Palavras-chave: ecotoxicidade; metilparabeno; cladócero; Ceriodaphnia silvestrii

INTRODUÇÃO

A degradação ambiental é uma das grandes preocupações atuais e os ecossistemas


aquáticos merecem destaque, sendo um ambiente que sofrem grandes
consequências. Conservantes, como o metilparabeno, são utilizados para aumentar
a vida útil em cosméticos e produtos farmacêuticos e alimentícios, impedindo o
desenvolvimento de microrganismos causadores de doenças em humanos e
prejudiciais ao aspecto do produto final. Entretanto, pouco se sabe sobre as
consequências dos resíduos destes conservantes no ambiente aquático. Assim, o
objetivo foi avaliar a ecotoxicidade aguda e crônica do metilparabeno em cinco
concentrações, empregando a Ceriodaphnia silvestrii.

METODOLOGIA

Os ensaios foram realizados segundo a Norma ABNT NBR 13373:2010. Inicialmente


foi realizado um teste preliminar com metilparabeno para determinar a faixa de
concentrações que causavam toxicidade aguda nos organismos. O conservante foi
avaliado nas concentrações de 9; 20; 45; 70; 90; 115; 140 e 180 mg L -1. Para todas
as concentrações o conservante foi diluído em 1L de água reconstituída a partir de
uma solução estoque de 1000 mg L-1. Os ensaios foram realizados em duplicata,
com vinte organismos em cada recipiente (40 ml de diluição), incubados por 48
horas, sem iluminação e alimento. Para a determinação das concentrações que
causam efeitos crônicos subletais na espécie, foi utilizada como referência a menor
concentração que causou imobilidade nos testes agudos. No ensaio crônico o
metilparabeno foi testado nas concentrações 2; 5; 9; 15; e 20 mg L -1. O ensaio
continha 10 réplicas cada concentração com um organismo em cada recipiente (15
mL de diluição) incubados por sete dias em câmara de germinação. Para validação
dos resultados, a porcentagem dos organismos imóveis no controle negativo não
pode exceder 20%. Para a análise dos resultados foi utilizado o método estatístico
Trimmed Spearman – Karber com um intervalo de confiança de 95%.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

No ensaio agudo e crônico a toxicidade do metilparabeno causou efeito deletério em


C. silvestrii conforme o aumento de sua concentração. O valor obtido para a
concentração efetiva que causa imobilidade em 50% dos organismos foi de CE50
48h: 136,72 (114,17 – 163,73) mg L-1. Não foi possível identificar a concentração
que causa 100% de imobilidade nos organismos, pois na maior concentração
testada foi obtido 70% de imobilidade. Yamamoto et. al. (2011) determinou a CE50

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

48h: 34 mg L-1 de metilparabeno em Daphnia magna. A espécie utilizada para o


teste desse autor foi a D. magna e não a C. silvestrii, o que justifica a divergência de
resultados. As respostas de D. magna, uma espécie de clima temperado, e C.
silvestrii, espécie de clima tropical, a substâncias tóxicas são relativamente
diferentes. Mansano et. al. (2012) comprovou esta diferença, onde, de acordo com
os resultados de toxicidade aguda e comparações entre os cladóceros estudados,
concluiu-se que a espécie nativa Ceriodaphnia silvestrii foi mais sensível ao
antibiótico ciprofloxacina do que a espécie exótica Daphnia magna. Assim, é de
extrema importância o conhecimento da resposta de uma espécie de clima tropical e
de clima temperado a uma substância tóxica, uma vez que os ensaios
ecotoxicológicos realizados com espécies de climas diferentes envolvem
características ambientais específicas de regiões, como por exemplo, o pH e a
temperatura. Segundo Bae e Freeman (2007), um contaminante pode ser
considerado como agente relativamente não tóxico quando CE50 > 100,00 mg L -1.
Porém, o metilparabeno mesmo na menor concentração testada no ensaio agudo,
de 9 mg L-1, causou imobilidade em 20% dos organismos. Informações como tempo
de exposição e concentração no meio ambiente devem ser consideradas para
determinar de forma mais efetiva o risco dessas substâncias para os organismos. No
teste crônico a redução da fecundidade nos tratamentos com maiores concentrações
mostrou que numa exposição em longo prazo, esse conservante surte efeitos em
organismos não-alvo que parecem sutis, mas se considerados em larga escala,
podem afetar populações inteiras. A partir dos resultados foi possível identificar a
concentração de efeito não observado (CENO), sendo está expressa na
concentração de 5 mg L-1 de metilparabeno, onde o número de neonatos produzidos
foi estatisticamente igual ao controle negativo.

CONCLUSÃO

Devido aos ensaios de ecotoxicidade aguda e crônica, o conservante metilparabeno


pode ser classificado como agente tóxico para a espécie Ceriodaphnia silvestrii, pois
em baixa concentração causou 20% de imobilidade nos testes agudos e, nos testes
crônicos foi capaz de inibir 100% da reprodução também em baixa concentração. A
realização dos testes agudos e crônicos de um mesmo contaminante é de extrema
importância, pois as classificações de toxicantes podem divergir entre ambos. É de
extrema relevância que testes ecotoxicológicos sejam realizados com espécies
nativas do local de estudo, estes proporcionarão informações ecológicas relevantes
sobre a toxicidade do contaminante no ambiente.

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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Painel
Contaminantes emergentes: fármacos, cosméticos e nanopartículas
59 - SÍNTESE DE UM NOVO FENIL-BENZOTRIAZOL: CARACTERIZAÇÃO
QUÍMICA E ECOTOXICOLÓGICA

NATÁLIA GABRIELE CAMPAROTTO, JOSIANE APARECIDA DE SOUZA VENDEMIATTI,


ÁDRIA CALOTO DE OLIVEIRA, GISELA DE ARAGÃO UMBUZEIRO, PATRICIA
PREDIGER
Contato: NATÁLIA GABRIELE CAMPAROTTO - NATALIA.CAMPAROTTO@GMAIL.COM

Palavras-chave: Azo corantes;, C.I. Disperse Violet 93; toxicidade

INTRODUÇÃO

Fenil-benzotriazoles podem ser formados em processos de tingimento de indústrias


têxteis a partir de reações de redução e ciclização de azo corantes da classe
dinitrofenilazo. A mutagenicidade de compostos desse grupo já foi descrita na
literatura, mas não existem dados sobre sua toxicidade para organismos aquáticos.
O corante C.I. Disperse Violet 93 (DV93) já foi detectado em regiões sob influência
de despejos de indústrias têxteis no Brasil, então suspeita-se que o respectivo
produto de redução esteja presente nesses efluentes. O objetivo desse trabalho foi
caracterizar quimicamente um recém-sintetizado fenil-benzotriazol derivado do DV93
e avaliar sua toxicidade aguda para Daphnia similis.

METODOLOGIA

A síntese do fenil-benzotriazol a partir do corante DV93 foi conduzida com ferro


metálico e cloreto de magnésio e o produto foi isolado em coluna cromatográfica
com sílica gel. A estrutura do novo composto foi analisada por Ressonância
Magnética Nuclear (RMN Bruker 400) de hidrogênio (1H RMN) e carbono (13C
RMN) e a massa molecular por análise de cromatografia líquida acoplada a
espectrometria de massas, triplo quadrupole com fonte de ionização por eletrospray
modo positivo (LC/MS ESI Agilent 6410).
Os testes de toxicidade aguda para Daphnia similis foram realizados de acordo com
o protocolo OECD guia nº 202 1 e ABNT/NBR 12713 2. Foram realizados quatro
testes independentes com quatro réplicas e cinco neonatas (<24h) cada um. Após
48 horas de exposição a concentração de efeito (CE50) foi calculada por regressão
logística Anova one-way, Weibull 4 parâmetros.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A estrutura química do composto foi confirmada nas análises de ressonância


magnética nuclear 1H RMN e 13C RMN em 400 Hz e os espectros obtidos
mostraram que os picos estavam de acordo com a estrutura proposta. O composto
foi caracterizado como N-(2-(6-amino-4-bromo-2H-benzo[d][1,2,3]triazol-2-yl)-5-
(dietilamino)fenil)acetamida de massa molecular [M H+] 417,1 g/mol (C18H21BrN6O)
confirmada por LC/MS-MS.
A solubilidade do composto em água foi calculada por modelo de predição
ECOSAR3 (Ecological Structure Activity Relationship) e os valores obtidos foram: 14

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

mg L-1 e log Kow 2,607. O modelo estima a solubilidade e Kow, bem como a
toxicidade aguda para organismos aquáticos com base na estrutura da molécula. O
fenil-benzotriazol sintetizado foi 1000 vezes mais solúvel em água do que o corante
precursor. Os testes de toxicidade foram realizados seguindo as recomendações do
CRED4 (Criteria for Reporting and Evaluating ecotoxicity Data), um método para
avaliar a confiabilidade e relevância dos resultados que atualmente é utilizada no
Laboratório de Ecotoxicologia e Genotoxicidade (LAEG). Os resultados de toxicidade
aguda foram analisados por Trimmed Spearman-Karber e os valores de CE50 (mg L-
1
) foram 0,25 (0,22 - 0,29); 0,46 (0,42 - 0,49); 0,23 (0,21 - 0,27) e 0,27 (0,25 - 0,30).
A CE50 global calculada com base nos 4 testes independentes foi de 0,300 ± 0,013
mg L-1, abaixo do limite de solubilidade e diferente da toxicidade aguda predita pelo
modelo in silico do ECOSAR estimada em 58,675 mg L -1 para microcrustáceos. O
fenil-benzotriazol sintetizado pode ser classificado como Categoria I, muito tóxico
para a vida aquática, de acordo com a classificação do GHS 5,6 (Globally
Harmonized System). Testes crônicos com D. similis e organismos de outros níveis
tróficos como Pseudokirchneriella subcapitata e Danio rerio estão em andamento
para o cálculo do seu PNEC (Predicted No Effect Concentration) possibilitando
assim uma futura avaliação de risco para a vida aquática de água doce.

CONCLUSÃO

O novo composto foi quimicamente caracterizado com êxito confirmando que sua
estrutura é N-(2-(6-amino-4-bromo-2H-benzo[d][1,2,3]triazol-2-yl)-5-
(dietilamino)fenil)acetamida, apoiando a hipótese de formação do fenil-benzotriazol
nos processos de tingimento têxtil. A CE50 calculada com a concentração nominal
foi de 0,300 ± 0,013 mg L-1 o que indica que de acordo com o GHS, o mesmo possui
alta toxicidade para a vida aquática. Portanto, quando lançados no ambiente, podem
ser classificados como uma nova classe de contaminantes emergentes uma vez que
tratamentos convencionais de efluentes não são eficientes na remoção desses
compostos.

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FONTES FINANCIADORAS

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Contaminantes emergentes: fármacos, cosméticos e nanopartículas
62 - TOXICIDADE DE NANOPARTÍCULAS DE FERRO NA VALÊNCIA ZERO

GUILHERME VICTOR VANZETTO, ELOISA FERNANDA TESSARO, ANTÔNIO THOMÉ


Contato: GUILHERME VICTOR VANZETTO - GUILHERMEVANZETTO@GMAIL.COM

Palavras-chave: Contaminantes; solo; remediação; revisão; nFeZ

INTRODUÇÃO

A utilização de nanopartículas de ferro na valência zero (nFeZ) tem se mostrado


eficientes na remediação de água e solos. Suas dimensões nanométricas lhe
transferem mais sítios ativos, conferindo maior reatividade para a degradação de
contaminantes. Ao mesmo tempo em que esta tecnologia vem se mostrando uma
ótima alternativa, muitas incertezas relativas aos riscos ambientais em longo prazo
ainda não foram totalmente consideradas, neste sentido este trabalho visa revisar
alguns itens na literatura a cerca da toxicidade do nFeZ.

METODOLOGIA

A metodologia consistiu na busca por artigos científicos referentes à toxicidade de


nano partículas de ferro nas bases de dados da Capes, Scopus e Web of Science. A
escolha das bases de dados ocorreu pela relevância, a Capes oferece acesso aos
textos completos de artigos selecionados de mais de 21.500 revistas internacionais,
nacionais e estrangeiras, e 126 bases de dados com resumos de documentos em
todas as áreas do conhecimento, a Scopus é o maior banco de dados de resumos e
citações de literatura, revistas científicas, livros e trabalhos acadêmicos revisados
por pares. Já a Web of Science é um banco de dados de referências bibliográficas
que contém informações sobre a produção científica produzida desde 1945. O
procedimento consiste em realizar a pesquisa de documentos nas bases de dados
que contenham as palavras nanoferro, toxicidade, solo e remediação no título,
resumo ou palavras chave do trabalho. Após realizar a busca nas bases de dados
procedeu-se a análise dos resultados e a elaboração de uma revisão bibliográfica.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foram encontradas 77 publicações relacionadas ao tema, a distribuição temporal


englobou 11 anos, com os primeiros trabalhos surgindo em 2006 e uma taxa média
anual de 7 artigos publicados por ano. Com base nas publicações encontradas
identificou-se os autores com maior números de citações, maior número de
publicações, os países e as instituições de pesquisa com destaque na área entre
outros indicadores. O mecanismo de remediação do nanoferro ocorre através da
transferência direta de elétrons para o contaminante, modificando e degradando os
mesmo. Quando na presença de oxigênio dissolvido, o Fe 0 é oxidado e transformado
para Fe2+ (íon ferroso), forma solúvel, e em sequência para Fe 3+(íon férrico),
precipitando como um composto insolúvel, o hidróxido de ferro. Os processos mais
comuns de redução de contaminantes orgânicos pelo Fe 0 são hidrogenólise e
dehalogenação. As principais investigações ambientais da aplicação de nanoferro
baseiam-se em seu comportamento no solo, a injeção de nanoferro no solo modifica

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


540
XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

as condições do ambiente, tornando-o alcalino e redutor. Além disso é observada a


colmatação dos vazios do solo, diminuindo a condutividade hidráulica e alterando o
fluxo de água subterrânea bem como a microbiota do solo. Estudos mostraram que
o efeito do nFeZ na microbiota de podem ocorrer até 250 dias e 130 dias depois de
sua aplicação. Ainda, o rompimento da membrana celular e o estresse oxidativo
através da geração de Fe2+ e espécies reativas ao oxigênio são os principais
mecanismos que contribuem para a toxicidade do nanoferro. A toxicidade é
provocada pelo contato entre as células e as nanopartículas de ferro, o elevado
poder redutivo do nFeZ é capaz de desnaturar os lipopolissacarídeos e as proteínas
de transporte iônico e de elétrons, comprometendo assim a permeabilidade da
membrana e facilitando a entrada de Fe2+ tóxico nas células. Uma vez no interior da
célula o Fe2+ reage com a H2O2 produzida nas mitocôndrias e forma espécies
reativas com oxigênio promovendo o estresse oxidativo e morte celular.

CONCLUSÃO

Este trabalho possibilitou a visualização de um panorama sobre a toxicidade de


nanopartículas de ferro na valência zero permitindo aos pesquisadores selecionar e
analisar as publicações existentes, direcionando suas pesquisas para uma melhor
contribuição científica. Além disso, foi possível entender como funciona o
mecanismo de toxidade de nanopartículas de ferro. O efeito tóxico pode durar um
longo período após a aplicação de nFeZ. O rompimento da membrana celular e o
estresse oxidativo através da geração de Fe²+ são os principais mecanismos de
toxicidade do nanoferro, neste sentido incentiva-se a investigação dos efeitos tóxicos
de nFeZ em solos e microorganismos Brasileiros.

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546
XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Contaminantes emergentes: fármacos, cosméticos e nanopartículas
79 - EFEITOS COMPORTAMENTAIS EM Betta splendens EXPOSTOS À
CONTAMINAÇÃO AQUÁTICA POR FLUOXETINA

CAROLINY FATIMA CHAVES DA PAIXÃO, DIÊGO ALBERTO TEODORO, DANIELLE DO


VALE COTRIN, MARCELO VIEIRA CARDOSO, AMANDA PEREIRA DA COSTA
ARAÚJO, THALES QUINTÃO CHAGAS, ALAN STHEFERSON MEDEIROS CARVALHO,
ANDRÉ LUIS DA SILVA CASTRO
Contato: CAROLINY FATIMA CHAVES DA PAIXÃO - CAROLINYFCPAIXAO@GMAIL.COM

Palavras-chave: fármaco; peixe; toxicologia

INTRODUÇÃO

O desenvolvimento tecnológico e o crescimento populacional têm contribuído para o


aumento da produção e consumo mundial de fármacos (FENT, WESTON,
CAMINADA, 2006). Uma vez que os fármacos são desenvolvidos para
permanecerem biologicamente ativos, muitos deles resistem à degradação biológica,
à fotodegradação e apresentam potencial de afetar espécies não alvos quando
descartados na natureza (CARDOSO, PORCHER, SANCHEZ, 2014; BRANDÃO et
al., 2013). Entre esses fármacos destaca-se a fluoxetina, medicamento psiquiátrico
mais consumido no mundo (GROVER et al., 2013). Assim, o presente estudo
buscou avaliar os efeitos comportamentais de peixes da espécie Betta splendens
expostos à contaminação pelo medicamento psiquiátrico fluoxetina.

METODOLOGIA

Os peixes foram aclimatados por 24h e então alocados em uma das 3 condições
experimentais, variando a concentração da fluoxetina (FLU) (n=9): i) grupo controle:
0,0 µg/L FLU; ii) grupo 0,54 µg/L FLU: maior concentração ambiental encontrada em
ambientes aquáticos; iii) grupo 5,4 µg/L FLU: 10 vezes a concentração ambiental de
fluoxetina. Foram realizados testes individuais de ansiedade (escototaxia e
tigmotaxia) e agressividade (teste do espelho), antes da exposição à FLU e após 24
e 48 horas de exposição ao fármaco. O teste de escototaxia avaliou o tempo de
permanência e frequência de transição do peixe nas partes clara e escura do
aparato retangular e o teste de tigmotaxia avaliou o tempo de permanência nas
áreas central e periférica do aparato circular. O teste do espelho consistiu na
avaliação da agressividade do peixe frente a um espelho, por meio da latência para
ataques, tempo de nadadeira eriçada e tempo próximo à sua imagem refletida.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Em relação ao teste de escototaxia, houve efeito da fluoxetina apenas no grupo 5,4


µg/L, que apresentou redução do tempo de permanência na parte clara do aparato
após 24 e 48h da exposição à fluoxetina (Kruskal-Wallis, H(2)= 6,61, p=0,03). Esse
resultado indica efeito ansiogênico (aumento da ansiedade) do fármaco em Betta
splendens. Já a frequência de transições entre os compartimentos claro/escuros não
apresentou diferença entre os grupos e nem ao longo do tempo (ANOVA two-way,
F(4,72)= 0,98, p=0,42). Inicialmente a FLU pode apresentar um efeito ansiogênico,

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

sendo que, em muitas vezes, são necessárias algumas semanas para que os
inibidores seletivos da recaptação da serotonina passem a exercer o efeito
ansiolítico (redução da ansiedade) (MIR & TAYLOR, 1997; SPIGSET, 1999).
O teste de tigmotaxia indicou que 24h após a exposição à FLU, para os grupos 0,54
µg/L e 5,4 µg/L houve redução do tempo de permanência na região central (Kruskal-
Wallis- H(2)=6,20, p= 0,00), indicando efeito ansiogênico do fármaco. Além disso, os
peixes do grupo 5,4 µg/L passaram mais tempo na região central 48h após
exposição à FLU, quando comparados com o grupo controle e 0,54 µg/L (Kruskal-
Wallis H(2)=7,43, p=0,02), indicando efeito ansiolítico. Em relação à transição entre
as regiões periférica e a central, a fluoxetina afetou apenas o grupo de 5,4µg/L,
reduzindo o número de entradas na área central 24h após a exposição à FLU
(ANOVA one-way, F(2,24)=4,77, p=0,01), confirmando o efeito ansiogênico. De
acordo com a Ressler & Nemeroff (2000), a serotonina age em diversas áreas do
sistema nervoso, influenciando em diferentes tipos de comportamentos, incluindo o
medo, a reação a estímulos aversíveis, estresse, entre outros, que estão
relacionados com a ansiedade.
Em relação à agressividade, avaliada pelo teste do espelho, não houve efeito da
FLU na latência para ataque ao espelho, na frequência de nadadeira eriçada e no
tempo próximo ao espelho (Kruskal-Wallis H(2) ˃0,05). Os resultados divergentes
em relação ao efeito da fluoxetina na agressividade de peixes podem estar
relacionados às diferentes concentrações utilizadas e às diferentes formas e tempo
de exposição ao fármaco (exposição na água ou injeção) (GAWORECKI & KLAINE,
2008).

CONCLUSÃO

Conclui-se que os Betta splendens expostos à fluoxetina apresentam alterações de


comportamento, indicadas pelo aumento e/ou redução da ansiedade durante o
período de exposição. Contudo, não houve alterações de agressividade em Betta
splendens nas concentrações e período avaliados. Além disso, a concentração de
fluoxetina encontrada no ambiente (0,54 µg/L) é suficiente para causar alterações na
ansiedade e a concentração superior à ambiental (5,4 µg/L) aumenta seus efeitos
nos Betta splendens. Assim, o presente trabalho reforça os efeitos da contaminação
dos ecossistemas aquáticos com fluoxetina no comportamento de organismos não
alvo, o que pode vir a comprometer aspectos ecológicos da biota

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRANDÃO, F.P et al. Short-term effect of neuroactive pharmaceutical drugs on a fish


species: biochemical and behavioural effects. Aquatic Toxicology, v. 144, n. 145, p.
218-229, 2013.
CARDOSO, O.; PORCHER, J.; SANCHEZ, W. Factory-discharged pharmaceuticals
could be a relevant source of aquatic environment contamination: review of evidence
and need for knowledge. Chemosphere, v. 115, p. 20-30, 2014.
FENT, K.; WESTON, A.A.; CAMINADA, D. Ecotoxicology oh human
pharmaceuticals. Aquatic Toxciology, v. 76, p. 122-159, 2006.
GAWORECKI, K.M.; KLAINE, S.J. Behavioral and biochemical responses of hybrid
striped bass during and after fluoxetine exposure. Aquatic Toxicology, v. 88, p. 207-
213, 2008.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

GROVER, S. et al. IPS multicentric study: antidepressant prescription patterns.


Indian Journal of Psychiatry, v. 55, n. 1, p. 41-45, 2013.
MIR, S.; TAYLOR, D. The adverse effects of antidepressants. Curr Opin Psychiatry,
v. 10, p. 88-94, 1997.
RESSLER, C.J.; NEMEROFF, C.B. Role of serotonergic and systems in the
pathophysiology of depression and anxiety disordes. Depression And Anxiety, v. 12,
n. 1, p. 2-19, 2000.
SPIGSET, O. Adverse reactions of selective serotonina reuptake inhibitors: Reports
from a spontaneous reporting sytem. Drug Saf, v. 20, p. 277-287, 1999.

FONTES FINANCIADORAS

Agradeço ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico


(CNPq, Processo nº 423780/2016-6) pelo apoio financeiro e ao Instituto Federal
Goiano – Campus Urutaí por toda estrutura ofertada para a execução do projeto.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Contaminantes emergentes: fármacos, cosméticos e nanopartículas
90 - TOXICIDADE CRÔNICA DOS FÁRMACOS NIMESULIDA, DIPIRONA, CICLO
21 E RIVOTRIL

LARA PAIVA DE OLIVEIRA, PILLAR DE SOUZA TAVARES, RAQUEL SAMPAIO JACOB


Contato: RAQUEL SAMPAIO JACOB - SAMPAIOJACOB@GMAIL.COM

Palavras-chave: Toxicidade crônica; contaminantes emergentes; fármacos; Lactuca sativa

INTRODUÇÃO

Inúmeras espécies de fármacos são utilizadas m todo o mundo. Cerca de 70% da


dosagem do fármaco é excretada inalterada do corpo humano e persiste no meio
ambiente. A problemática associada se deve ao fato de que essas substâncias
químicas, uma vez dispostas ou excretadas, permanecem majoritariamente estáveis
após os tratamentos convencionais ou mesmo os avançados (GEBHARDT E
SCHRODER, 2007), podendo afetar diretamente os organismos presentes no meio
ambiente (FENT;WESTON;CAMINADA, 2006). Portanto, nota-se a importância de
análises ecotoxicológicas acerca dessa contaminação. Assim, apresenta-se
pesquisa que objetiva verificar a toxicidade crônica de fármacos no que se refere a
semente de alface.

METODOLOGIA

O teste de toxicidade crônica selecionado foi executado com a semente de alface,


Lactuca sativa (FANTIN et al., 2009), utilizando os fármacos nimesulida, dipirona,
ciclo 21 e rivotril. O experimento fundamentou-se na exposição do organismo teste
em cinco diferentes concentrações de medicamentos 100%, 50%, 25%, 12,5% e
6,25%, além do grupo de controle, denominado branco e composto por água
destilada. Nesse contexto, as sementes foram expostas às soluções por um período
de 120 horas, na ausência de luz e em temperatura ambiente, com o objetivo de
verificar sua germinação. Ao final, verificou-se o número de sementes germinadas e
o tamanho da plântula.
Ademais, foram realizados os cálculos da porcentagem de variação da germinação,
do crescimento da raiz e da concentração da amostra que causa diminuição no
tamanho da raiz em 10% das sementes (CE10), a fim de determinar a toxicidade de
cada fármaco para a semente de alface.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

No tocante à porcentagem de variação de crescimento das raízes, os medicamentos


nisulid e ciclo 21 geraram, para todas as concentrações estudadas, o fenômeno
hormesis, isso é, um desvio positivo apresentado pelo organismo-teste na presença
de contaminante (CALABRESE, 2008). Ressalta-se que não é sinal de que o
contaminante seja benéfico ao organismo, ao contrário, pode-se estar diante de
composto que se apresenta tóxico em testes de toxicidade crônica em maior
concentração. Com relação ao rivotril e à dipirona, verificou-se uma redução no
tamanho da raiz conforme o aumento da concentração desses medicamentos.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Em relação à porcentagem de variação na germinação, observou-se novamente o


fenômeno hormesis para os medicamentos rivotril e ciclo 21 em todas as
concentrações e, adicionalmente, para a dipirona na concentração de 6,25%.
Outrossim, tendo em vista os fármacos nimesulida e dipirona, houve maior
mortalidade das sementes em relação ao branco para concentrações maiores dos
medicamentos (100% para nimesulida, 50% e 100% para dipirona). Aponta-se que
no que se refere ao restante das concentrações, elas não proporcionaram alteração
no processo de germinação se comparado ao branco.
Observou-se, ainda, que a concentração da amostra que causa diminuição de 10%
no crescimento das sementes (CE10) foi de 6,4% para o rivotril e 1,5% para a
dipirona, não sendo identificado esse parâmetro para os outros medicamentos. Isso
significa que esses últimos praticamente não apresentam toxicidade para a semente
de alface.
Esses resultados referendam a necessidade de realização de mais testes a fim de
confirmar os motivos pelos quais alguns medicamentos são mais tóxicos que outros
para determinada espécie (SANTOS et al., 2014; JACOB, 2017; FANTIN et al.,
2009).

CONCLUSÃO

Após a execução das análises pode-se concluir que, dentre os quatro fármacos
avaliados, apenas o ciclo 21, não se mostrou tóxico em qualquer das concentrações.
É importante destacar também a incidência do fenômeno hormesis em diversos
momentos da análise.
Isto posto, observa-se a necessidade de testar-se os princípios ativos isoladamente,
bem como as diversas possibilidades de misturas entre esses compostos químicos e
a formação de subprodutos de mistura e metabólitos, permitindo assim uma
discussão mais vasta sobre a toxicidade de medicamentos, bem como a avaliação
dos reais efeitos nocivos de compostos químicos dispostos no meio ambiente.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CALABRESE, E. Hormesis: why it is important to toxicology and toxicologists.


Environ. Toxicol. Chem. V.27. n. 7. P.1451-1474. 2008.
FANTIN, A.C.M. et al. Congresso Internacional de meio ambiente da AUGM. Teste
de sensibilidade em sementes de Rúcula (Eruca sativa) e Alface (Lactuca sp.) em
contato com diferentes concentrações do pesticida Glifosato, p. 1–15, 2009.
FENT, K.; WESTON, A.A.; CAMINADA, D. Ecotoxicology of human pharmaceuticals.
Aquatic Toxicology, v. 76, p. 122–159, p.991-1009, 2006.
GEBHARDT W.; SCHRÖDER H.F. Liquid chromatography-(tandem) mass
spectrometry for the follow-up of the elimination of persistent pharmaceuticals during
wastewater treatment applying biological wastewater treatment and advanced
oxidation. J. Chromatogr. A, v.1160, p.34-43, 2007.
JACOB, R.S. Avaliação da contaminação aquática por fármacos utilizando análises
ecotoxicológicas. 2017. 130f. Tese (Doutorado) - Programa de Pós-Graduação em
Saneamonto, Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Universidade Federal de Minas
Gerais, Belo Horizonte, 2017.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

SANTOS, L.V.S. et al. Evaluation of the aerobic and anaerobic biodegradability of


the antibiotic norfloxacin, Water Science and technology, v. 70, p. 265-271, 2014.

FONTES FINANCIADORAS

Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais e Universidade Federal de Minas


Gerais

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Painel
Contaminantes emergentes: fármacos, cosméticos e nanopartículas
100 - DESEQUILÍBRIO FISIOLÓGICO DA MICROALGA Ankistrodesmus densus
EXPOSTA À CONCENTRAÇÕES AMBIENTALMENTE RELEVANTES DE
NANOPARTÍCULAS DE COBRE

ANA TERESA LOMBARDI, DANIELA MARIANO BARRETO


Contato: ANA TERESA LOMBARDI - LOMBARDI@UFSCAR.BR

Palavras-chave: culturas; fitoplancton; biomoleculas

INTRODUÇÃO

O intenso uso das nanopartículas (NPs) é decorrente de características únicas que


as tornam aplicáveis em diversas áreas, resultando na contaminação dos
ecossistemas aquáticos por seus resíduos. O fitoplâncton, que suporta os demais
níveis tróficos e auxilia na manutenção do equilíbrio em ecossistemas aquáticos,
pode ser afetado e, consequentemente alterar o equilíbrio do ecossistema aquático.
Este estudo objetivou investigar os efeitos fisiológicos de nanopartículas de cobre
(NPs-Cu) na clorofícea Ankistrodesmus densus exposta a concentrações
ambientais. Avaliamos a concentração de cobre livre proveniente da dissolução das
nanopartículas como substituto da concentração das NPs-Cu.

METODOLOGIA

Cultivos de Ankistrodesmus densus foram mantidos em meio de cultura AAP (US-


EPA, 2012) modificado e esterilizado. Em condições assépticas, a microalga foi
inoculada em 250 mL de meio de cultura em frascos de vidro tipo Erlenmeyer
previamente silanizados, tendo concentração inicial de 5x104 células mL -1.
As dispersões de NPs-Cu foram preparadas em atmosfera inerte (N2) em cabine de
fluxo laminar, a fim de evitar oxidação e contaminação das soluções. As
concentrações nominais variaram de 5x10-9 a 10-5 mol L-1. As concentrações de
cobre livre oriunda da NPs foram obtidas por processo de ultrafiltração associado à
técnica do eletrodo de íon seletivo. A concentração de Cu 2+ variou de 1,7x10-9 a
8,4x10-9 mol L-1.
Com foco na fisiologia e bioquímica da microalga e sob condições controladas em
laboratório procedemos os experimentos, sendo que os dados de bioquímica foram
obtidos em 72h de exposição. Avaliamos a viabilidade celular, proteínas
(BRADFORD, 1976), carboidratos (ALBALASMEH et al., 2013) e lipídios totais, além
de classes lipídicas (PARRISH, 1999). Os tratamentos consistiram de três réplicas
experimentais, enquanto que o controle teve seis réplicas. Os resultados foram
analisados por meio de análises de variância (ANOVA) e teste de Tukey (p ≤ 0,05).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados mostraram que a viabilidade celular de Ankistrodesmus densus foi


reduzida em 1.7 vezes nas maiores concentrações de Cu 2+, indicando que os
processos reprodutivos foram comprometidos pela presença de NPs. Enquanto que
para proteínas totais observamos estímulo: cerca de 2 vezes mais proteínas a partir

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

de 6,5x10-9 mol L-1 de Cu2+. Ao associar os dados de viabilidade e síntese proteica


podemos sugerir que as proteínas predominantes nessa concentração não foram
estruturais, mas sim de proteínas de detoxificação, uma vez que a reprodução
celular já se mostrava comprometida.
A síntese de carboidratos aumentou cerca de três mil vezes em relação ao controle,
este aumento se deu em 4,8x10-9 mol L-1 de cobre livre, tornando este parâmetro o
mais sensível entre todos os analisados. Enquanto que a concentração de lipídios
totais quase dobrou nas maiores concentrações de Cu2+, os triacilgliceróis (TG), que
são utilizados como reserva energética da célula aumentaram apenas 1,5 vezes em
relação ao controle. Considerando que o acúmulo de moléculas energéticas
(carboidratos e lipídios) pode ocorrer em situações de estresse fisiológico,
sugerimos que os íons cobre liberados das NPs-Cu pode ter sido o responsável
pelos efeitos observados. A dissolução de NPs e o efeito tóxico dos íons liberados
em microalgas foi também observado por Navarro et al. (2008) em estudos com
NPs-Ag.
Contudo, não podemos negligenciar o mecanismo de ação das NPs, cujo efeito
bloqueador de canais iônicos das membranas celulares já foi demonstrado em
fitoplâncton (BAKER et al., 2014). A este mecanismo associamos a elevada síntese
de fosfolipídios (PL), cujo aumento foi de quase 8 vezes. Logo, sugerimos que a
síntese destes foi intensificada na tentativa de reestruturar as membranas
degradadas pelas nanopartículas.
Nas maiores concentrações testadas, os lipídios neutros (HC, ST e ALC)
apresentaram aumento de 1,5, 1,4, e 2,1, respectivamente. De acordo com Chia et
al. (2013), a combinação de fatores como metais e nutrientes ocasionadores de
estresse celular tende a levar ao aumento da composição lipídica neutra. Assim
nossos resultados indicam que o bloqueio de canais iônicos possa ter levado à
limitação nutricional e aumento de lipídios neutros.

CONCLUSÃO

Este estudo mostrou que mesmo em concentrações ambientalmente relevantes de


cobre livre provenientes da dissolução de NPs houve modificações na fisiologia da
microalga Ankistrodesmus densus, comprometendo gerações futuras com a morte
celular. Mostramos também que o cobre alterou a composição bioquímica desses
organismos, com a elevada síntese de moléculas de reserva, como carboidratos e
lipídios, em detrimento de proteínas estruturais. Extrapolamos que esse efeito pode
levar ao desequilíbrio nutricional dos demais níveis tróficos, uma vez que microalgas
são a base de cadeias alimentares nos ecossitemas aquáticos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALBALASMEH, A.A.; BERHE, A.A.; GHEZZEHEI, T.A. 2013. A new method for rapid
determination of carbohydrate and total carbon concentrations using UV
spectrophotometry. Carbohydrate Polymers 97(2): 253–261. doi:
10.1016/j.carbpol.2013.04.072.
BAKER, T.J.; TYLER, C.R.; GALLOWAY, T.S. 2014. Impacts of metal and metal
oxide nanoparticles on marine organism. Environmental Pollution 186: 257–271. doi:
10.1016/j.envpol.2013.11.014.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

BRADFORD, M. 1976. A rapid and sensitive method for the quantization of


microgram quantities of protein utilizing the principle of protein-dye binding. Analytical
Biochemistry 72: 243-254. 1976.
CHIA, M.A.; LOMBARDI, A.T.; MELÃO, M.G.G.; PARRISH, C.C. 2013. Lipid
composition of Chlorella vulgaris (Trebouxiophyceae) as a function of different
cadmium and phosphate concentrations. Aquatic Toxicology 128-129: 171-182. doi:
http://dx.doi.org/10.1016/j.aquatox.2012.12.004.
NAVARRO, E.; PICCAPIETRA, F.; WAGNER, B.; MARCONI, F.; KAEGI, R.;
ODZAK, N.; SIGG, L.; BEHRA, R. 2008. Toxicity of silver nanoparticles to
Chlamydomonas reinhardtii. Environmental Science & Technology 42(23): 8959-896.
doi: 10.1021/es801785m.
PARRISH, C.C. 1999. Determination of total lipid, lipid classes and fatty acids in
aquatic samples. In: Arts MT, Wainman BC (eds) Lipids in freshwater ecosystems.
Springer, New York, p 4-20.
UNITED STATION ENVIRONMENTAL PROTECTION AGENCY. 2012. Ecological
effects test guidelines OCSPP 850.4500: algal toxicity. EPA 712-C-006.

FONTES FINANCIADORAS

CNPq 302175/2015-6; CAPES DS.

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Oral
Contaminantes emergentes: fármacos, cosméticos e nanopartículas
111 - IMPACTO DO TRICLOSAN E DA CLOREXIDINA NA MICROBIOTA
INTESTINAL E NA ASSIMILAÇÃO DE NUTRIENTES DE Balloniscus selowii

LISIANE MARTINS VOLCÃO, LETÍCIA SCHMIDT FRAGA, DANIELA FERNANDES


RAMOS, EDUARDO BERNARDI, FLAVIO MANOEL RODRIGUES DA SILVA JÚNIOR
Contato: LISIANE MARTINS VOLCÃO - LISIVOLCAO@HOTMAIL.COM

Palavras-chave: Isopodos terrestres; biocidas; microbioma

INTRODUÇÃO

A contaminação por fármacos e produtos de higiene no solo pode acarretar em


prejuízos para os organismos do ambiente e respectivas funções ecológicas. Como
exemplo, temos o triclosan e a clorexidina, agentes antimicrobianos de larga
comercialização no setor de higiene e médico/odontológico. O descarte inadequado
destes produtos no solo pode comprometer a microbiota, tanto do compartimento
quanto a microbiota simbiótica com diferentes organismos, tais como os tatuzinhos
de jardim. Com isso, o estudo tem como objetivo avaliar modificações na microbiota
intestinal de Balloniscus selowii, expostos ao triclosan e a clorexidina, bem como
alterações na assimilação de nutrientes destes isópodos.

METODOLOGIA

Os isópodos da espécie B. selowii foram coletados e aclimatados por uma semana


(40°C) no Laboratório de Ensaios Farmacológicos e Toxicológicos/FURG. Para o
teste de assimilação, os grupos foram expostos aos biocidas no solo (concentração
de 0,002 mg/mL) ou a água destilada estéril por 14 dias, utilizando 10 animais por
grupo. Foi observada a taxa de mortalidade (%), taxa de consumo (mg de comida
assimilada/animal/dia), taxa de assimilação (mg de comida assimilada/animal/dia) e
percentual da taxa de assimilação (%). Para avaliação do perfil metabólico da
microbiota intestinal e comparação com microbiota do solo foi utilizado o sistema
Biolog EcoplateTM. A exposição nesta etapa durou 4 dias em temperatura ambiente.
Para o Biolog EcoplateTM, o intestino dos animais foi dissecado e processado e
foram retirados 5 g de solo diluídos em solução salina estéril. Após ambos os
procedimentos, 150 µL de cada suspensão, foram adicionadas em duplicata as Eco
Plates, as quais foram incubadas a 28°C por 144h. A assimilação de carbono foi
mensurada de acordo com o desenvolvimento de cor, lida em espectrofotômetro a
590nm.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

No ensaio de assimilação de nutrientes, houve mortalidade de 10% nos grupos CRX


e TCS, enquanto não houve mortalidade no grupo controle. A taxa de consumo nos
tatuzinho não foi alterada pela adição dos biocidas no solo, mas por outro lado
houve uma diminuição na taxa e na eficiência de assimilação no tratamento com
TCS. É conhecido que modificações na microbiota fúngica do solo podem influenciar
na alimentação dos isópodos terrestres, visto que fungos saprofíticos servem como
alimento para artrópodes. A análise do perfil metabólico da microbiota do solo e

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

intestinal de B. selowii mostrou maior similaridade entre o perfil funcional da


microbiota do solo/intestino para cada tratamento, ou seja as fontes de carbono
assimiladas pela microbiota do solo e pela microbiota intestinal do tatuzinho se
mostraram semelhantes para um mesmo tratamento. Estes resultados enfatizam
que mudanças no ambiente causam efeito direto no hábito alimentar do animal.
Correlações entre mudanças na atividade enzimática podem ser um bom indicador
de mudanças ocorrendo no microbioma do meio. Ao analisar a fontes assimiláveis
de carbono agrupando-as em 5 diferentes grupos (carboidratos, amino-ácidos,
ácidos carboxílicos, polímeros e aminas/amidas) observamos algumas
peculiaridades, como alto consumo de carboidratos nos tratamentos expostos a
clorexidina. A microbiota do solo tem demonstrado ser um importante marcador de
modificações por contaminação químicas do ecossistema e pequenos artrópodes,
como o do presente estudo, podem ser bons indicadores de modificações que
estejam ocorrendo no meio. O impacto da deposição destes biocidas mostrou
interferir na microbiota do solo e em consequência na microbiota intestinal. Esta
alteração, por sua vez, alterou a taxa e a eficiência de assimilação destes animais.

CONCLUSÃO

Com os resultados obtidos ao longo do estudo, pode-se observar a relação entre


modificações ocorrentes no meio ambiente com modificações ocorridas nos
organismos chave deste ecossistema. Somado a isto, demonstramos que biocidas,
como triclosan e clorexidina, comprometem organismos não-alvo, interferindo nas
relações simbióticas na comunidade. Torna-se necessária a consideração a cerca
do risco durante o uso de produtos que contenham estes componentes na sua
formulação, além do descarte e do tratamento adequado destes resíduos.

FONTES FINANCIADORAS

Capes/CnpQ

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Oral
Contaminantes emergentes: fármacos, cosméticos e nanopartículas
117 - SUBLETHAL EFFECTS OF CAFFEINE IN Daphnia magna LIFE CYCLE:
USING A NEW-TERM ENDPOINT

ALINE CHRISTINE BERNEGOSSI, CARINA GRAMINHA ISSA, MAYARA CAROLINE


FELIPE, MARA RÚBIA DE LIMA E SILVA, JULIANO JOSÉ CORBI
Contato: ALINE CHRISTINE BERNEGOSSI - ALINE.BERNEGOSSI@USP.BR

Keywords: Daphnia magna; Molting cycle curve; Molting inhibition/induction index; Caffeine; Offspring

INTRODUCION

Bioassays using macroinvertebrates are utilized to evaluate water quality and


ecotoxicological effects of substances. Caffeine is an emerging substance broadly
consumed as stimulant drug and found in food and beverages and its presence in
water bodies has been measured from 0.005 to 127 µg.L -1. As standardized,
ecotoxicity tests usually access Daphnia magna classical endpoints and any
disturbance in the organism life-cycle might increase their sensitivity and affect the
aquatic biota, we suggest new endpoints to assess the effects of Caffeine in
sublethal concentrations.

METHODS

D. magna was obtained from the Ecology of Aquatic Environments Laboratory


(LEAA) in the University of São Paulo. The health status of the organisms was tested
in sensitivity bioassays using copper sulfate pentahydrate (CuSO 4.5H2O) as
reference substance. The chronic test used 10 replicates with one D. magna
offspring (aged less than 24-hours). D. magna offspring were exposed to four
concentrations (0 – control, 5, 30 and 127 µg.L-1 of Caffeine) for 21 days in a semi-
static condition. Three times a week we replaced the solution-test and the organisms
were fed. During the test, number of molt, aging, mortality/immobility and number of
offspring were recorded daily. The molting-cycle curve was plotted in OriginPro 8.0®
software using Logistic equation according to fitting adjustments (R2). After the
exposure, the molting data measured was used to calculate the percentage inhibition
or induction of caffeine (%I) relative to the control solution-test. The equation used
was %I = [(A2substance - A2control) /A2control] x 100, where A2substance =
maximum molting data for each Caffeine solution-test and A2control = maximum
molting data for control solution-test. When induction of molt occurs, the index is
positive and when inhibition of molt occurs, the index is negative.

RESULTS AND DISCUSSION

The organism presented an average sensitivity rate (EC50=0,44 mg.L -1) and its use
in ecotoxicity test can be validated. This test used reconstituted water at controlled
temperature (20±2°C) and photoperiod of 16 hours light/ 8 hours dark. The chemical
characteristics of reconstituted water were controlled, and the pH remained between
7.6 and 8.0 and hardness between 175 and 225 mg CaCO3.L -1. The average
conductivity along the test was 426.5 µs.cm -1 for control and 507.7 µs.cm-1 for all
Caffeine concentrations. All results were plotted in boxplot graph and analyzed

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

individually. As predicted, by lethal endpoints, Caffeine in these concentrations did


not induce mortality/immobility responses and did not influence the life cycle of D.
magna. Consequently, the mean age of the organisms at all concentrations of
Caffeine presented approximate values when compared to the control condition.
However, when sublethal effects were analyzed in two new-term endpoints, Caffeine
presented the capacity of stimulating the organism’s reproduction. D. magna
exposure to Caffeine produced a high number of offspring, 66 for all concentrations
versus a range between 28 to 65 for control condition. Despite the presence of this
compound, no significative difference of intermolting time (number of day between
two molting processes) was observed comparing to control condition. Analyzing the
molting number for 127 µg.L-1 of Caffeine, an induction in the total number of molts
was evaluated (ranging from 7 to 10), while for 5 and 30 µg.L-1 no significative
difference compared to control condition was observed (ranging from 7 to 8).
Concurrently, the molting cycle curve was calculated using a Logistic model
adjustment (R2 > 0.99) and all concentrations of Caffeine presented a typical curve
similarly to the control condition. However, in daily measurements, the molt numbers
in the presence of Caffeine presented higher values than in control condition. This
curve was characterized as a molting induction curve. To evaluate the induction or
inhibition effects of Caffeine in organism’s life-cycle, we used the maximum molt
measured data (A2) and calculated the induction/inhibition index (%I). The results
show an %I of 0, +4.28 and +15.71 for 5, 30 and 127 µg.L -1, respectively. These
findings indicate that even in low concentrations, Caffeine can modify the life-cycle of
D. magna and might affect negatively the aquatic biota equilibrium.

CONCLUSION

This study shown that Caffeine in low concentration, usually found in water bodies,
did not cause mortality/immobility effect on D. magna. On the other hand, the
application of new sublethal endpoints revealed an indirect effect of this compound in
the organism life-cycle, increasing the number of offspring and causing molting
induction. These results confirm that the organism’s molting cycle curve and molting
induction or inhibition index (%I) endpoints are useful in evaluating the Caffeine
emerging substance.

REFERENCES

ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas. ABNT NBR 12713:


Ecotoxicologia aquática - Toxicidade aguda - Método de ensaio com Daphnia ssp
(Crustacea, Cladocera). (ABNT, 2016).
BODAR, C.W.M.; VOOGT, P.A.; ZANDEE, D.I. Ecdysteroids in Daphnia magna: their
role in moulting and reproduction and their levels upon exposure to cadmium. Aquat.
Toxicol. 17, 339–350 (1990).
CANELA, M.C.; JARDIM, W.F.; SODRÉ, F.F.; GRASSI, M.T. Cafeína em águas de
abastecimento público no Brasil/ Instituto Nacional de Ciências e Tecnologias
Analíticas Avançadas. (Editora Cubo, 2014).
CETESB - Companhia Ambiental do Estado de São Paulo. Qualidade das águas
superficiais no estado de São Paulo 2014. Série Relatórios / CETESB (CETESB,
2015).

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


559
XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

GONÇALVES, E.S. Uso da cafeína como indicador de contaminação por esgoto


doméstico em águas superficiais. (90 p. Dissertação (Mestrado em Geoquímica
Ambiental) - Universidade Federal Fluminense. Niterói, 2008).
MOORE, M.T.; FARRIS, J.L.; GREENWAY, J.L.; GUERRA, B. Assessing caffeine as
an emerging environmental concern using conventional approaches. Arch. Environ.
Contam. Toxicol. 54, 31–35 (2008).
OECD - Organization for Economy Co-operation and Development. Test No. 211:
Daphnia magna Reproduction Test. (OECD Publishing, 2012).
doi:10.1787/9789264185203-en
RAIMUNDO, C.C.M. Ocorrência de interferentes endócrinos e produtos
farmacêuticos nas águas superficiais da bacia do rio Atibaia. (55 p. Dissertação
(Mestrado em Química) - Departamento de Química Analítica, Universidade
Estadual de Campinas (UNICAMP). Campinas, 2007).
SIERRA-ALVAREZ, R.; LETTINGA, G. The methanogenic toxicity of wastewater
lignins and lignin related compounds. J. Chem. Technol. Biotechnol. 50, 443–455
(2007).

SPONSORS

This study was supported financially by the Coordination for the Improvement of
Higher Education Personnel (CAPES) and grant #2016/21946-8, São Paulo
Research Foundation (FAPESP).

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Oral
Contaminantes emergentes: fármacos, cosméticos e nanopartículas
120 - EVALUATION OF SUBLETHAL EFFECTS OF PSYCHOTROPIC DRUGS IN
THE MODEL ORGANISM Danio rerio: OXIDATIVE STRESS AND CHANGES IN
METAL HOMEOSTASIS

THAIS BRAGA GOMES, SIDNEY FERNANDES SALES JUNIOR, FÁBIO VERÍSSIMO


CORREIA, TATIANA SAINT’PIERRE, RAFAEL ROCHA, RACHEL ANN HAUSER-DAVIS,
ENRICO MENDES SAGGIORO
Contato: ENRICO MENDES SAGGIORO - SAGGI_BR@HOTMAIL.COM

Keywords: Danio rerio; carbamazepine; clonazepam; oxidative stress; metal homeostasis

INTRODUCION

Emerging pollutants, for which there are no specific legislations to date, have
become an important environmental problem. Drugs commonly found in nature are
noteworthy, due to their increasing use by the human population and the fact that
current effluent treatment technologies are unable to remove these compounds.
Many drug effects on biological systems at ambient concentrations have yet to be
fully understood. Thus, the aim of this study was to evaluate the effects of two
psychotropic drugs commonly found in the environment, carbamazepine (CBZ) and
clonazepam (CLZ), on oxidative stress and essential metal homeostasis in the model
organism Danio rerio.

METHODS

Danio rerio specimens were exposed to CBZ and CLZ for 96 h in individual
exposures and in a mixture, at 75 μg L-1 each. At the end of the experiments, animals
were euthanized following recognized guides of care and ethics in animal research
and approved by the Fiocruz ethics committee (CEUA-Fiocruz), identification LM-
3/18. Oxidative stress biomarkers reduced Glutathione (GSH), Metallothionein (MT),
Catalase (CAT) and Glutathione S-Transferase (GST) and essential metals and
metalloids were evaluated in liver, kidneys and brains and compared to controls. For
GSH, CAT and GST, samples were homogenized in pH 6.5 sodium phosphate buffer
containing sucrose and EDTA and centrifuged at 13,500 rpm for 30 min. GSH levels
were determined in the supernatants at 412 nm by UV-Vis spectrophotometry, CAT
at 240 nm and GST at 340 nm, the latter two in the kinetic mode. For MT, samples
were homogenized in pH 8.6 Tris-HCl buffer containing phenylmethylsulfonylfluoride
and β-mercaptoethanol and heat extracted, after centrifugation (20,000 x g, 1 h),
heating (70 °C) and another centrifugation step. MT levels were determined at 412
nm by UV-Vis spectrophotometry. Metals and metalloids were determined by ICP-MS
after acid digestion with HNO3, using the reference material DORM-4 to ensure
method accuracy.

RESULTS AND DISCUSSION

GSH concentrations of all evaluated organs did not vary significantly between the
experimental groups, but a slight decrease (non-significant) in the brains of the

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

exposed groups in relation to the controls was detected, possibly indicative of a


chronic oxidative stress process.
As for GST, higher activity was observed in liver of the drug-exposed groups
(separate exposure). When the drugs were co-administered, GST activity decreased,
indicating synergic drug action in inhibiting this enzyme. In the brain, both the
isolated and combined drug exposures reduced GST levels, possibly a reflection of
the low metabolism capacity of this organ.
CAT was only determined in livers, due to the low concentrations of this enzyme in
the brain. Higher activity was observed compared to the liver controls of fish exposed
only to CBZ. For CLZ, alone or in combination with CBZ, an increase in CAT activity
was detected, but less than in the group exposed only to CBZ. This may indicate a
higher CBZ, with the generation of toxic products in the liver, and CAT action on the
detoxification of reactive oxygen species.
Separate exposure to each drug reduced MT concentrations in livers relative to the
control group. However, when co-administered, MT levels recovered slightly, albeit at
lower concentrations than the control group. In the brain, the group exposed to CBZ
exhibited lower MT levels than the controls. However, administration of CLZ alone
increased MT levels in this organ. Upon co-administration, MT levels decreased to
levels lower than in the controls, indicating that CBZ possibly interferes with MT
synthesis. In the kidney, CLZ exposure increased MT levels in relation to the control,
indicating high renal excretion of this drug. CBZ caused the same effect, but MT
levels were lower than in the CLZ-exposure. Upon co-administration, MT levels
decreased, but remained higher than controls, reinforcing the negative influence
exerted by CBZ on MT concentrations.
Regarding metals, metal dyshomostasis was observed for several essential elements
in all analyzed organs, some already expected, such as for Ca, Na and K, due to the
mechanism of action of the drugs evaluated herein. Indications of synergistic drug
action were observed, lowering Mg, Al, K, Fe, Co, Ni and Cu levels in the brain, while
exposure to both drugs in separate decreased several essential metals and
metalloids in this organ. The synergistic action of both drugs in the brain is possibly
related to MT level recovery in this organ.

CONCLUSION

The results of the present study indicate that both evaluated drugs, either alone or in
combination, present risks to aquatic biota health due to deleterious effects observed
in the model organism Danio rerio, evidenced by increases in oxidative stress
biomarkers in several organs and alterations in essential metal and metalloid levels,
indicating metal dyshomostasis. Therefore, actions are required to implement
adequate legislation concerning risk analyses and decision-making processes, in
order to mitigate the effects of these emerging contaminants on aquatic ecosystem
health.

SPONSORS

Cnpq/PIBIC/Fiocruz

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Oral
Contaminantes emergentes: fármacos, cosméticos e nanopartículas
129 - DROGAS ANTICÂNCERES NO AMBIENTE AQUÁTICO PODEM CAUSAR
CÂNCER: INSIGHT SOBRE MUTAGENICIDADE EM GIRINOS

AMANDA PEREIRA DA COSTA ARAÚJO, THALES QUINTÃO CHAGAS, BRUNA DE


OLIVEIRA MENDES, MATEUS FLORES MONTALVÃO, GUILHERME MALAFAIA PINTO
Contato: AMANDA PEREIRA DA COSTA ARAÚJO - IAMANDAARAUJO@GMAIL.COM

Palavras-chave: Anfíbios; mutagenicidade; efluente hospitalar; antineoplásico

INTRODUÇÃO

A ciclofosfamida (Cyc) e o 5-fluorouracil (5-FU) constituem dois dos quimioterápicos


antineoplásicos (AC's) mais utilizados mundialmente. No entanto, seus descartes no
ambiente tem emergido como um problema ambiental de impactos ainda
desconhecidos sobre alguns grupos de animais considerados como não-alvo, tais
como os anfíbios. Esses animais apresentam ainda outras singularidades, como a
dependência de ambientes aquáticos e terrestres, o que os torna especialmente
vulneráveis a mudanças ecossistêmicas. Assim, considerando a necessidade de
ampliar o conhecimento sobre os potenciais impactos causados pelos AC’s nos
organismos não-alvos, objetivamos avaliar o possível efeito mutagênico da
ciclofosfamida e 5-fluorouracil em girinos de Lithobates catesbeianus.

METODOLOGIA

O estudo foi composto por 120 girinos (em estágio 25G), adquiridos em viveiro
comercial. A espécie, também conhecida como rã-touro americana, é encontrada em
vários países distribuídos em ambientes naturais, vivendo em corpos d'água onde se
alimenta e se reproduz em altas taxas (LOWE et al. 2004). Para avaliar as possíveis
alterações causadas pela exposição, definimos os seguintes grupos: controle,
controle positivo (50 mg/L de Cyc), e EC-Cyc-I (0.2 µg/L), II (0.5 µg/L) e EF-Cyc (2.0
µg/L), assim como EC-5-FU-I (13.0 µg/L), II (30.4 µg/L) e EF-5-FU (123.5 µg/L). ). Os
grupos EC apresentam concentrações preditivas dos AC’s identificadas em diluições
de 10% e 25% de efluente hospitalar bruto em água. Já as concentrações dos
grupos EF referem-se àquelas identificadas em efluente hospitalar bruto. Os animais
foram expostos aos tratamentos durante 30 dias, o que corresponde a cerca de 33,3
- 40% da vida exclusivamente aquática da espécie. A biomassa corporal, estágio de
desenvolvimento larval (GOSNER, 1960) e o comprimento boca-cloaca dos girinos
foram medidos no início e no final do experimento. Para análise de micronúcleo e
outras anormalidades, foram coletados 20 μL de sangue de cada girino através de
pressão venosa caudal para preparação de esfregaços sanguíneos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Quanto aos parâmetros biométricos avaliados, nossos dados mostram efeito apenas
do fator “tempo” em relação à biomassa corpórea (F(1,210) = 194.7; p = 0.0001),
comprimento boca-cloaca (F(1,210) = 209.4; p < 0.0001) e às fases do
desenvolvimento larval dos girinos (F(1,210) = 577.2; p < 0.0001). Nesses casos, os
animais de todos os grupos apresentaram aumento desses parâmetros ao final do

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

experimento em comparação com as medidas iniciais. Esses resultados indicam,


portanto, que os tratamentos não afetaram o desenvolvimento dos girinos durante o
período experimental. Também não observamos diferenças entre os grupos
experimentais quanto à estrutura mandibular, pigmentação da bainha mandibular,
condição de dentição, comprimento do intestino (relativo ao comprimento boca-
cloaca) e distância entre as narinas. Todos os animais expostos aos AC’s, em menor
ou maior concentração, incluindo o grupo controle positivo, apresentaram alguma
anormalidade intestinal e alterações em suas colorações. Interessantemente,
também observamos regiões escuras no intestino dos girinos expostos, o que
sugere que os tratamentos estimularam o desenvolvimento de melanócitos no
sistema gastrointestinal desses animais. Quanto às análises mutagênicas,
observamos maior frequência de micronúcleos e de anormalidades nucleares
eritrocitárias nos girinos expostos aos ACs (F(7,56) = 11.86; p < 0.0001), quando
comparados com os girinos não expostos. Como esperado, o grupo controle positivo
foi aquele em que observamos maior número de anormalidades, confirmando,
portanto, a mutagenicidade da Cyc na concentração de 50 mg/L, assim como em
outras investigações (MONTALVÃO et al., 2017; MONTALVÃO & MALAFAIA, 2017;
AMARAL et al., 2018). Interessantemente, notamos na análise da frequência total de
anormalidades ausência de uma concentração-resposta. O aumento gradual das
concentrações dos AC’s nas águas de exposição não ocasionou incremento
proporcional dos efeitos mutagênicos sobre os eritrócitos circulantes. Padrão de
resposta semelhante foi observado na análise da frequência individualizada dos
eritrócitos micronucleados e daqueles com núcleos blebbed and notched. A
frequência de eritrócitos com núcleos multilobulados foi maior nos girinos expostos
às diferentes concentrações ambientais de ciclofosfamida (EC-Cyc-I, EC-Cyc-II, and
EF-Cyc groups), em relação ao grupo controle; assim como os girinos expostos às
maiores concentrações de 5-FU (EC-5-FU-II and EF-5-FU). Por outro lado, os
animais do grupo controle positivo e aqueles expostos aos AC’s apresentaram maior
frequência de eritrócitos binucleados, sendo que nos girinos dos grupos 5-FU essa
anormalidade foi ainda maior.

CONCLUSÃO

Em conclusão, os dados confirmam a hipótese inicial de que Cyc e 5-FU causam


alterações morfológicas e efeitos mutagênicos em girinos de L. catesbeianus que
podem levar à morte celular, instabilidade genômica e desenvolvimento de câncer. O
possível desenvolvimento de células tumorais nos organismos não-alvos, em razão
dos efeitos mutagênicos, constitui paradigma um tanto contraditório em relação à
finalidade que essas drogas foram desenvolvidas, confirmando que poluentes
emergentes, como os AC's, podem causar impactos inesperados na biota. No
entanto, mais estudos são necessários para obter uma melhor compreensão das
respostas geradas pela exposição aos AC's estudados.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AMARAL, D.; MONTALVÃO, M.; MENDES, B.; SOUZA, J.; CHAGAS, T. Insights
about the toxic effects of tannery effluent on Lithobates catesbeianus tadpoles. Sci.
Total Environ. 7150, 1–13, 2018.
GOSNER, K. 1960. A Simplified Table for Staging Anuran Embryos Larvae with
Notes on Identification. Herpetodologists’ Leag. 16, 183–190, 1960.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

LOWE, S.; BROWNE, M.; BOUDJELAS, S.; DE POORTER, M. 100 of the world’s
worst invasive alien species. A selection from the global invasive species database,
2004.
MONTALVÃO, M.; MALAFAIA, G. Effects of abamectin on bullfrog tadpoles: insights
on cytotoxicity. 2017.
MONTALVÃO, M.F.; MALAFAIA, G. 2017. Effects of abamectin on bullfrog tadpoles :
insights on cytotoxicity, 2017.

FONTES FINANCIADORAS

Instituto Federal Goiano Campus Urutaí e Fundação de Amparo à Pesquisa do


Estado de Goiás.

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Oral
Contaminantes emergentes: fármacos, cosméticos e nanopartículas
133 - EXPOSIÇÃO A LUZ VISÍVEL REDUZ A TOXICIDADE DE
NANOPARTÍCULAS DE PRATA EM SISTEMA-TESTE VEGETAL (Allium cepa)

IRISDORIS RODRIGUES SOUZA, LUCAS RAFAEL SILVA, RONALDO SANTOS FILHO,


LILIAN DALAGO SALGADO, LETÍCIA SILVA PEREIRA, HELENA CRISTINA SILVA
ASSIS, CARMEN LÚCIA VOIGT, DANIELE SCHERES FIRAK, LARISSA BACH, ARIANA
CEOLIN BARROS, MARTA MARGARETE CESTARI, BRUNO FRANCISCO SANT'ANNA-
SANTOS, DANIELA MORAIS LEME
Contato: IRISDORIS RODRIGUES SOUZA - IRIS_DORIS.91@OUTLOOK.COM

Palavras-chave: nanopartículas de prata; polivinilpirrulidona; toxicidade citotoxicidade;


genotoxicidade; vegetal superior

INTRODUÇÃO

Nanopartículas de prata (AgNPs) são amplamente usadas como antibacteriano,


tornando-se preocupação ambiental devido sua liberação no meio ambiente. AgNPs
são produzidas nas formas não estabilizada e estabilizada contra agregação (com
cápsula orgânica). Sendo a polivinilpirrulidona (PVP) um de seus agentes
estabilizantes mais fabricados. Estudos prévios relatam alterações na superfície de
AgNPs expostas à luz, alterando sua toxicidade em organismos. Frente a
necessidade de prover conhecimento do potencial tóxico de AgNPs em diferentes
condições, este estudo objetivou investigar a toxicidade de AgNP e AgNP-PVP, em
baixas concentrações na ausência e presença de luz visível, utilizando o sistema
teste vegetal Allium cepa.

METODOLOGIA

Sementes de A. cepa expostas às AgNP e AgNP-PVP, na ausência (escuro) e


presença (claro) de luz visível, foram avaliadas quanto à: inibição da germinação e
desenvolvimento das raízes (toxicidade) (0,5; 1; 5; 10 e 100 ng/mL); alterações no
ciclo celular (índice mitótico – IM, citotoxicidade) e danos no DNA (aberrações
cromossômicas – AC e micronúcleos – MN, genotoxicidade) (5; 10 e 100 ng/mL);
alterações morfoanatômicas das raízes e bioquímicas pela atividade de enzimas
envolvidas no estresse oxidativo e lipoperoxidação (LPO) (100 ng/mL). O tamanho
hidrodinâmico, a polidispersão, o potencial zeta e imagens em microscopia
eletrônica de transmissão (MET) das suspensões de AgNPs foram obtidos, a fim de
caracterizar e detectar alterações químicas em AgNPs nas condições de exposição
escuro e claro.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Alterações na germinação e desenvolvimento das raízes de A. cepa não foram


visualizadas quando expostas a ambas AgNPs no escuro e claro. Contudo, as
AgNPs se mostraram genotóxicas, causando aumento significativo de AC e MN, em
ambas situações de exposição (escuro e claro). Adicionalmente, verificou-se
diminuição da atividade de Superóxido dismutase (SOD) nas sementes expostas à
AgNP e AgNP-PVP, no escuro e no claro, e da atividade de catalase (CAT) em

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

AgNP no claro, indicando que as AgNPs podem causar estresse oxidativo nas
células. A LPO foi significativamente maior apenas quando as sementes foram
expostas às AgNPs no escuro, indicando maior dano às células nesta condição. A
comparação dos efeitos adversos promovidos pelas NPs em estudo, mostrou que a
luz visível diminuiu as AC em até 5,60x em AgNP e 2,01x em AgNP-PVP e diminuiu
os MN em até 2,69x em AgNP e 3,70x em AgNP-PVP, reduzindo a genotoxicidade
de ambas AgNPs. Alterações no IM e alterações morfoanatômicas nas raízes,
verificadas para as maiores concentrações das NPs na condição escuro, não foram
observadas no claro, demonstrando que a luz promove alterações que impedem que
NPs exerçam sua ação citotóxica. A caracterização química mostrou que a AgNP-
PVP agregou mais no claro que no escuro, e esta alteração na agregação de AgNP-
PVP pode ter influenciado na redução da toxicidade ao dificultar a internalização
dessas NPs pela célula, porém, o mesmo não ocorreu com AgNP, indicando que
este pode não ser o único fator de redução de toxicidade das NPs na luz. Ademais,
apesar de estabilizada contra agregação, AgNP-PVP se mostrou menos genotóxica
que AgNP indicando que a toxicidade de NPs pode ir muito além de seu estado de
agregação.

CONCLUSÃO

Os resultados demonstram que AgNPs podem ser citotóxicas e genotóxicas, além


de promoverem alterações morfoanatômicas e bioquímicas em raízes de A. cepa,
mesmo em baixas concentrações. A luz visível promove redução desta toxicidade,
causando alterações químicas nas NPs, como o aumento da agregação de AgNP-
PVP. Acreditamos que a luz visível pode ser utilizada como uma importante
ferramenta de tratamento de resíduos de AgNPs, de forma a reduzir sua toxicidade e
possíveis riscos ambientais.

FONTES FINANCIADORAS

Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES).

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Contaminantes emergentes: fármacos, cosméticos e nanopartículas
135 - AVALIAÇÃO DA CL-50 DE CLORIDRATO DE METFORMINA E EFEITO
AGUDO EM Danio rerio

NATANI RIBEIRO DEMARCO, LUCIANA PAULA GRÉGIO D'ARCE, CAMILA MARIA


TOIGO DE OLIVEIRA, ANA TEREZA BITTENCOURT GUIMARÃES
Contato: NATANI RIBEIRO DEMARCO - NNAAT_@HOTMAIL.COM

Palavras-chave: metformina; zebrafish; antioxidante; mutagenicidade

INTRODUÇÃO

O cloridrato de metformina é um medicamento de uso oral prescrito para pacientes


portadores de diabetes tipo 2. Atualmente, o descarte inadequado deste tipo de
medicamento promove danos ambientais, os quais podem ser detectados por meio
da avaliação de modelos biológicos como Danio rerio. Também conhecido como
zebrafish, são animais de fácil manipulação, pequenos, baratos, possuindo uma
fisiologia e neuroanatomia paralela aos humanos. Com isso, o objetivo deste
trabalho foi avaliar os efeitos agudos de diferentes concentrações de cloridrato de
metformina sobre o sistema antioxidante e mutagênico de peixes D. rerio.

METODOLOGIA

Foram utilizados 60 peixes acondicionados em seis aquários de 10 L (n=10 por


aquário), aclimatados em temperatura (24+1oC), pH (7,0+0,5) e oxigenação
(5,0+0,5) constantes, por um período de sete dias. Posteriormente, foram
administradas as seguintes concentrações de cloridrato de metformina por aquário,
por 96 horas: A – 0,25 g/L; B – 0,50 g/L; C – 0,75 g/L; D – 1,25 g/L; E – Aquário de
controle negativo (animais apenas aclimatados); F – Aquário de controle positivo
(animais tratados com 0,2 mg/L de metilmetano sulfonado). O cálculo de CL-50 foi
estimado de modo não linear, por meio de cálculos de probitos, aplicando-se o
método de estimação de Quasi-Newton. A predição da CL-50 foi definida a partir da
aplicação da análise de regressão múltipla, a partir das probabilidades previstas.
Após o período experimental, os animais foram anestesiados em eugenol (30 mg/L)
e realizada a coleta de músculo para a realização das análises de enzimas do
sistema antioxidante (superóxido dismutase -SOD, catalase - CAT, glutationa
transferase – GST), reação de Lipoperoxidação - LPO, e sangue para a realização
de contagem de Micronúcleos - MN.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foi verificado que os grupos 0,25 g/L (0%), 0,5 g/L (8%) e controle negativo (8%)
não apresentaram diferenças estatísticas significativas quanto à mortalidade
(p>0,05), observando-se diferenças a partir da concentração de 0,75 g/L (13%) e
1,25 g/L (70%). A partir destas informações foi possível estimar que a concentração
letal de 50% dos indivíduos (CL-50) foi de 0,45 g/L. Foi observado uma tendência de
mais reação de LPO no tratamento de 1,25 g/L quando comparado à menor
concentração 0,25 g/L (p<0,05), gerando, consequentemente, maior quebra de
lipídios das membranas. Possivelmente, a presença de espécies reativas ao

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

oxigênio (EROS), decorrente do aumento da concentração do medicamento


cloridrato de metformina, causaram a elevação gradual da atividade da enzima SOD,
e maior atividade de CAT em 0,5 g/L. Foi também constatada a elevação gradual de
GST, indicando elevação do processo de biotransformação frente a elevação da
concentração do medicamento. Com isso, devido ao processo de quebra de
membranas nucleares e decorrente exposição do material genético, uma maior
desestabilidade da molécula de DNA pode ter sido gerada, fazendo com que
ocorresse um aumento de perdas de partes dos cromossomos, sendo observada
uma maior frequência de MN na concentração de 1,25 g/L de cloridrato de
metformina (p<0,05). Tal fato indica que há efeitos agudos do tratamento, em
situações de elevada concentração com este medicamento, promovendo a ativação
do sistema antioxidante, bem como a biotransformação de moléculas de glutationa.
Vale ainda ressaltar que a alteração metabólica celular, pode ter levado a alterações
de membrana, cujo efeito foi observado pelos danos no material genético nuclear.

CONCLUSÃO

Assim, pode-se concluir que o cloridrato de metformina é um medicamento


potencialmente mutagênico, e que causa ativação do sistema antioxidante à medida
que há exposição a maiores concentrações do medicamento. Desta forma, há,
portanto, um indicativo de que danos permanentes podem ser induzidos em uma
exposição aguda ao cloridrato de metformina, o que pode promover gradativamente
danos às comunidades animais, e consequentemente, perda da diversidade
biológica nos ambientes aquáticos que recebem descartes de esgoto sem
tratamento de saneamento adequado.

FONTES FINANCIADORAS

CAPES

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Contaminantes emergentes: fármacos, cosméticos e nanopartículas
144 - EFEITOS DE NANOPARTÍCULAS DE ÓXIDO DE COBRE (CUO) SOBRE O
CRESCIMENTO E ATIVIDADE FOTOSSINTÉTICA DE UMA CLOROFÍCEA DE
ÁGUA DOCE CULTIVADA SOB FOTOPERÍODO X LUZ CONTÍNUA

KARIME DE ARAUJO PAINA, LAYS DE OLIVEIRA GONÇALVES ALHO, MARIA DA


GRAÇA GAMA MELÃO
Contato: KARIME DE ARAUJO PAINA - KARIME_PAINA@HOTMAIL.COM

Palavras-chave: Ecotoxicologia; fotossíntese; microalga; metais

INTRODUÇÃO

A produção de nanopartículas de óxido de cobre (nano-CuO) tem aumentado nos


últimos anos em virtude de inúmeras aplicações facilitadas por suas características
físico-químicas específicas, o que desperta grande interesse econômico. Com o
consequente aumento do risco de contaminação de ambientes aquáticos por nano-
CuO, faz-se necessário conhecer sua toxicidade para a biota. O presente trabalho
objetivou avaliar os efeitos de nano-CuO sobre o crescimento e atividade
fotossintética da microalga clorofícea Raphidocelis subcapitata, exposta à
concentrações ambientalmente relevantes de NPs, em condições experimentais
próximas das naturais.

METODOLOGIA

A microalga R. subcapitata foi cultivada em meio L. C. Oligo (AFNOR, 1980) e


exposta a quatro concentrações experimentais de nano-CuO (0,01; 0,1; 1,0 e10 mg
L-1), preparadas a partir de uma solução estoque (200 mg/L em meio L. C. Oligo)
sonicada em potência máxima por 50 minutos. O controle consistiu do próprio meio
de cultivo, que contém 0,06 x 10-6 mol Cu L-1. Os experimentos foram conduzidos
em erlenmeyers de policarbonato com 250 mL de meio. A microalga foi exposta às
nano-CuO por 96 horas, com densidade inicial de 1 x 105 céls mL-1, agitação manual
periódica e luz fluorescente com ≈ 44000 lux, sob fotoperíodo de 12:12 horas e sob
luz contínua. Foram analisados o crescimento celular (a cada 24h) em citômetro de
fluxo (FACSCalibur, EUA), e a fluorescência inicial (F0), fluorescência máxima (FM)
e rendimento quântico máximo (ɸM) das algas adaptadas ao escuro foram medidos,
após 96h, utilizando fluorômetro de pulso de amplitude modulada (PHYTO_PAM,
Alemanha). Os valores de IC-10 e IC-50, para 48h, 72h e 96h de exposição, foram
calculados através do programa ICPIN 2.0, utilizando a densidade algal. Os
resultatos foram submetidos à One-way ANOVA, seguido de teste de Tukey (para
comparações com o controle).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A densidade celular da microalga aumentou nas duas menores concentrações de


nano-CuO, se comparadas ao grupo controle, tanto na exposição à luz contínua
quanto com fotoperíodo. A partir da concentração de 1,0 mg L-1, o crescimento da
microalga foi muito reduzido, demonstrando efeitos tóxicos das nano-CuO sobre a
alga. Na comparação entre os testes realizados com fotoperíodo e luz contínua, o

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

aumento da densidade celular foi maior nas microalgas expostas a fotoperíodo, nas
primeiras 24 horas. Após 48 horas, houve aumento na densidade celular das
microalgas expostas à luz contínua nas duas menores concentrações de nano-CuO.
O rendimento fotossintético máximo de R subcapitata foi reduzido na exposição às
nanopartículas com fotoperíodo, de 0,70±0,01 no controle para 0,62±0,01 na
concentração mais alta. Essa mesma concentração levou à reduções mais
acentuadas nas algas expostas às nano-CuO sob luz contínuanas quais o
rendimento fotossintético máximo foi reduzido de 0,64±0,01 no controle para
0,49±0,01. A F0 e FM também foram maiores nas amostras expostas à NPs com
fotoperíodo. No entanto, na concentração de 1,0 mg L-1 de nano-CuO, concentração
que começa a apresentar toxicidade, tanto a fluorescência inicial quanto a máxima
foram maiores nas amostras expostas à luz contínua (397,88 ±34,88 e 1372±440,90,
respectivamente), sendo esse aumento uma estratégia de defesa da microalga
contra a toxicidade. O aumento da densidade celular da microalga exposta às
menores concentrações de nano-CuO se deu pelo fato do cobre ser um metal
essencial, desempenhando um importante papel no metabolismo das algas quando
presentes em pequenas concentrações, podendo, no entanto, apresentar toxicidade
quando presente em concentrações elevadas, o que ocorreu, neste estudo, a partir
de 1,0 mg L-1 de nano-CuO. O crescimento algal foi fortemente estimulado pela luz
contínua, porém a eficiência do aparato fotossintético foi comprometida nessa
condição. A exposição da microalga ao fotoperíodo garantiu células mais saudáveis,
com um melhor rendimento e eficiência de todo o aparato fotossintético. Em
ambientes naturais, a exposição das microalgas a agentes tóxicos ocorre apenas em
condições de fotoperíodo. Testes laboratoriais que consideram a variação da
densidade celular em luz contínua para avaliar de toxicidade de metais podem não
refletir exatamente as reais consequências da exposição aos mesmos, os quais em
altas concentrações podem vir a comprometer o funcionamento eficiente das algas
dentro dos ecossistemas aquáticos.

CONCLUSÃO

A exposição da microalga às nano-CuO sob luz contínua promoveu maior


crescimento celular, porém com rendimento fotossintético menor, demonstrando que
fotoperíodo é um fator essencial para a eficiência fotossintética da alga. A presença
de nano-CuO em concentrações acima de 1,0 mg L -1 compromete não só o
crescimento celular, como a fluorescência e a fotossíntese da microalga R.
subcapitata. As microalgas, base das cadeias tróficas aquáticas, foram sensíveis a
concentrações relativamente baixas de nano-CuO. Assim, é necessário monitorar
esses agentes tóxicos nos ambientes naturais e conhecer seus reais efeitos em
condições naturais, a fim de preservar a saúde dos ecossistemas aquáticos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AFNOR, Association Française Normalisation, 1980. Norme experimentale. T90-304.


Essais deseaux Determination de I’inhibition de Scenedesmus subspicatus par une
substance, Paris, France.

FONTES FINANCIADORAS

CAPES (proc. 1774297), CNPq (proc. 305229/2016-8) e FAPESP (proc.


2016/00753-7).

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Contaminantes emergentes: fármacos, cosméticos e nanopartículas
163 - AVALIAÇÃO DA PRESENÇA DE MICROPLÁSTICOS EM SAIS DE ORIGEM
MARINHA DO BRASIL

CARINA FRANCISCO FALASCO, LUIZ FELIPE MENDES DE GUSMÃO


Contato: CARINA FRANCISCO FALASCO - CAFFALASCO@GMAIL.COM

Palavras-chave: microplásticos; sal; salina; ingestão de microplásticos; Brasil

INTRODUÇÃO

O aumento do uso de plástico pelos humanos tem contribuído para a crescente


poluição do ambiente. Nos oceanos estes resíduos tendem a se concentrar
principalmente na forma de microplásticos, partículas de plástico menores que 5
milímetros. O sal produzido pela evaporação de água do mar tem o potencial de
concentrar microplásticos, tornando-se uma fonte direta deste contaminante para os
humanos através da ingestão do sal. A partir da temática, o objetivo deste estudo é
avaliar a presença de microplásticos no sal marinho comercializado no Brasil,
identificando e quantificando esses resíduos.

METODOLOGIA

Os sais analisados neste estudo foram adquiridos em mercados durante o segundo


semestre de 2017. 20 marcas que incluíram sal grosso, moído e refinado foram
organizadas em amostras de 125g a 250g de sal, totalizando em 4 amostras para
cada marca. O sal das amostras foi diluído em recipientes de vidro com água
destilada e a solução final imediatamente filtrada em papel de filtro de fibra de vidro.
O papel de filtro, pesado antes e após o processo, passou por processo de secagem
e foi mantido dentro de placa de Petri. Os filtros foram então observados em
microscópio e a partir de capturas de imagens. As partículas encontradas passaram
então por análise através de sistema de processamento de imagens. A identificação
dos microplásticos ocorreu após seleção de partículas aleatórias e observação em
Microscópio Confocal Leica TCS SP8 CARS que utiliza a tecnologia Coherent anti-
Stokes Raman Scattering (CARS).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados preliminares deste estudo sugerem que todas as marcas de sal


analisadas apresentam partículas não solúveis. A quantidade de material não
solúvel variou de 0,01 (±0,002) a 2,14 (±0,1) mg de material não solúvel por grama
de sal. A quantidade de material não solúvel nos sais está aparentemente
relacionada com a coloração final do filtro, sendo que filtros com coloração mais
escura apresentaram maior material não solúvel. A análise quali-quantitativa dos
filtros no microscópio indicou uma variação significativa no número de partículas por
campo visual, sendo que os filtros com maior peso de material não solúvel
apresentaram as maiores densidades de partículas. Uma grande diversidade de
partículas foi observada nos filtros, com predominância de fragmentos de diversos
tamanhos e algumas fibras. As partículas apresentaram cores pretas, azuis,
amarelas e vermelhas e a análise com espectroscopia Raman demonstrou a

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

presença de partículas de plástico menores que 5 mm de polietileno (PE),


polipropileno (PP) e tereftalato de polietileno (PET).
Os resultados preliminares deste estudo também sugerem que microplásticos estão
presentes em diversas marcas de sal de cozinha provenientes de evaporação de
água do mar produzidas no Brasil. Os polímeros de plástico encontrados nas
amostras do Brasil são similares àqueles encontrados em sais comercializados em
outros países: poliuretano (PU – não encontrado até agora nas amostras do Brasil),
polipropileno (PP), polietileno (PE) e tereftalato de polietileno (PET). Além disso, os
tipos predominantes de partículas microplásticas encontradas em sais de cozinha
comercializados em outros países são fibras/filamentos e fragmentos variando em
diversas cores, assim como observado nesse estudo. Considerando o consumo
médio de sal de cozinha no Brasil de 12 gramas por dia (BRASIL, 2014; OLIVEIRA
et al. 2015), a estimativa provisional da ingestão diária de partículas não solúveis
(incluindo microplásticos) via o consumo de sal de cozinha por brasileiros está entre
0,17 a 25,7 mg/dia.

CONCLUSÃO

Os microplásticos estão presentes em sal de cozinha de origem marinha produzidos


no Brasil e suas características são similares àquelas deste tipo de contaminante em
sal de cozinha comercializado em outros países. A presença dos microplásticos
sugere que o consumo direto deste contaminante pela população é frequente.
Considerando que o consumo de sal por brasileiros (12g/dia) é superior ao sugerido
pela OMS (5g/dia), a presença de microplásticos no sal pode ser considerado um
fator adicional de risco alimentar. Entretanto, ainda não se sabe quais os potenciais
impactos da ingestão de desses resíduos por humanos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANDRADY, A.L. Microplastics in the marine environment. Marine Pollution Bulletin, v.


62, n. 8, p. 1596–1605, ago. 2011.
BRASIL. Ministério da Saúde. Vigitel Brasil 2013: vigilância de fatores de risco e
proteção para doenças crônicas por inquérito telefônico. Brasília, 2014.
COLE, M. et al. Microplastics as contaminants in the marine environment: A review.
Marine Pollution Bulletin, v. 62, n. 12, p. 2588–2597, dez. 2011.
GÜNDOĞDU, S. Contamination of table salts from Turkey with microplastics. 2018.
Scopus.
IÑIGUEZ, M.E.; CONESA, J.A.; FULLANA, A. Microplastics in Spanish Table Salt.
Scientific Reports, v. 7, p. 1-7, ago. 2017.
KARAMI, A. et al. The presence of microplastics in commercial salts from different
countries. Scientific Reports, v. 7, p. 1-9, 2017.
OLIVEIRA, M.M. de et al. Consumo elevado de sal autorreferido em adultos: dados
da Pesquisa Nacional de Saúde, 2013. Epidemiologia e Serviços de Saúde, v. 24, p.
249–256, jun. 2015.
UNEP. Marine Plastic Debris and Microplastics - Global lessons and research to
inspire action and guide policy change. Nairobi: United Nations Environment
Programme (UNEP), 2016.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

YANG, D. et al. Microplastic Pollution in Table Salts from China. Environmental


Science and Technology, v. 49, n. 22, p. 13622–13627, 2015.

FONTES FINANCIADORAS

Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq

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Painel
Contaminantes emergentes: fármacos, cosméticos e nanopartículas
189 - CITOGENOTOXICIDADE DO REPELENTE PARA INSETOS DEET (N, N-
DIETIL-3-METILBENZAMIDA) UTILIZANDO CÉLULAS MERISTEMÁTICAS DE
Allium cepa L. COMO BIOENSAIO

BÁRBARA DE CÁSSIA RIBEIRO VIEIRA, RENAN AUGUSTO DE SOUZA SILVA,


MATHEUS ARAGÃO MOTTA, JOSÉ MARCELLO SALABERT DE CAMPOS
Contato: BÁRBARA DE CÁSSIA RIBEIRO VIEIRA - BARBARAVIEIRA.BIOLOGIA@GMAIL.COM

Palavras-chave: genotoxicidade; citogenética; contaminantes

INTRODUÇÃO

O repelente para insetos DEET é um contaminante emergente que vem


apresentando preocupação ambiental devido ao seu possível efeito tóxico e
persistência, podendo causar danos aos ecossistemas. Seu monitoramento
ambiental tornou-se ainda mais necessário quando verificado em amostras de água
potável mesmo após tratamento convencional, além da preocupação de que seu
acúmulo em sedimentos e águas superficiais possa desencadear perigos para a vida
aquática. Ainda não há informações suficientes acerca de suas consequências
ecotoxicológicas. O objetivo do presente trabalho foi analisar o efeito citogenotóxico
do DEET utilizando células meristemáticas de Allium cepa L.

METODOLOGIA

Bulbos de Allium cepa foram colocados em água destilada para emissão de raízes,
sendo posteriormente expostas por 24 horas aos tratamentos: 0 (controle com água
destilada); 3; 0,3; 0,03; 0,003; 0,0003 e 0,00003 mg/L de DEET (Sigma-Aldrich) com
97% de pureza, em delineamento inteiramente casualizado. Para as análises
citogenéticas (ciclo celular e alterações cromossômicas), foram utilizadas nove
amostras por tratamento (três repetições compostas de três lâminas), sendo as
lâminas preparadas por meio da técnica de esmagamento, coradas com Giemsa 5%
e analisadas em microscópio óptico. Os parâmetros considerados foram: índice
mitótico, quebras, perdas e pontes cromossômicas, c-metáfase, cromossomos
aderentes, multipolaridade e segregação tardia. Os resultados foram submetidos à
análise de variância e teste de Dunnet 5%. Para as análises de citometria de fluxo
foram utilizadas três amostras por tratamento (três repetições). Em cada amostra, os
meristemas foram triturados em placa de Petri sobre o gelo, contendo tampão LB01.
Em seguida, filtrou-se a suspensão nuclear por meio de rede de nylon para
eliminação de resíduos. A mesma foi corada com iodeto de propídeo e analisada em
citômetro de fluxo, considerando-se a intensidade de fluorescência (IFa), tamanho
(FSC) e complexidade (SSC) nucleares e percentuais de núcleos em sub-G1, G1, S
e G2/M.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

As duas maiores concentrações (3 e 0,3 mg/L) apresentaram resultados


significativos em relação a quase todas as alterações cromossômicas observadas,
exceto, multipolaridade. As concentrações de 0,03 e 0,003 mg/L também

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

apresentaram resultados significativos para pontes cromossômicas e cromossomos


aderentes. O índice mitótico é um teste utilizado para inferir a citogenotoxidade de
uma substância e quando apresentam resultados inferiores ao controle, assim como
observado neste trabalho, indica a possível ação do composto testado sobre o
crescimento e desenvolvimento do organismo exposto. Neste trabalho, as
concentrações de 3 e 0,3 mg/L diminuíram significativamente o percentual de células
em divisão. Observou-se que o composto testado é capaz de interferir na dinâmica
do ciclo celular, alterando sua divisão, organização e funcionamento. As alterações
cromossômicas relacionadas ao mau funcionamento do fuso mitótico, como c-
metáfase, perda cromossômica e segregação tardia verificadas neste trabalho
corroboram com a hipótese de um efeito aneugênico deste composto. Os
cromossomos aderentes encontrados são consequências de efeitos tóxicos sobre a
organização da cromatina, podendo conduzir a morte celular. As pontes
cromossômicas formam-se por meio de rearranjos cromossômicos ou quebras
cromossômicas (alterações clastogênicas). Os parâmetros analisados na citometria
de fluxo sofreram alterações quando às duas maiores concentrações foram testadas
(3 e 0,3 mg/L), sendo observados aumentos nos percentuais de subpartículas–G1,
indicativo da ocorrência de morte celular. Associado a este evento, observou-se
ainda diminuições nos percentuais de núcleos em G1 e G2/M, indicativo de redução
da atividade mitótica. Efeitos significativos foram observados somente para a maior
concentração, como redução da intensidade de fluorescência (IFa) e de tamanho
(FSC) dos núcleos. Tais resultados podem estar associados à indução de morte
celular, cujo processo apresenta a condensação do material genético como um dos
primeiros eventos. Uma vez ocorrida a condensação do DNA, ocorre a dificuldade
do acesso ao núcleo por parte dos fluorocromos na citometria de fluxo. Tal efeito é
percebido por meio da diminuição da intensidade de fluorescência dos núcleos em
G1. A redução dos tamanhos nucleares (FSC) está também associada a este
processo de condensação do DNA e a observação deste efeito corrobora com o
resultado do presente trabalho, indicativo de morte celular após exposição às
maiores concentrações de DEET.

CONCLUSÃO

As duas maiores concentrações (3 e 0,3 mg/L) desencadeiam quase todas as


alterações cromossômicas, exceto a multipolaridade.
As concentrações de 0,03 e 0,003 mg/L provocam o aparecimento de pontes
cromossômicas e cromossomos aderentes.
O DEET é capaz de interferir na dinâmica do ciclo celular, alterando a divisão,
organização e funcionamento do índice mitótico.
As duas maiores concentrações (3 e 0,3 mg/L) causam um aumento nos percentuais
de subpartículas–G1 e diminuição nos percentuais de núcleos em G1 e G2/M.
Somente a maior concentração (3 mg/L) reduz a intensidade de fluorescência e
tamanho dos núcleos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANDRADE-VIEIRA, L.F.; CAMPOS, J.M.S.; DAVIDE, L.C. Effects of Spent Pot


Lineron mitotic activity and nuclear DNA content in meristematic cells of Allium cepa.
Journal of Environmental Management, v. 107, p. 140-146, 2012.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

ANTONOPOULOU, M.; GIANNAKAS, A.; DELIGIANNAKIS, Y.; KONSTANINOU, I.


Kinetic and mechanistic investigation of photocatalytic degradation of the N,N-diethyl-
m-toluamide. Chemical Engineering Journal, v. 231, p. 314-325, 2013.
DOLEZEL, J.; BINAVORÁ, P.; LUCRETTI, S. Analysis of nuclear DNA content in
plant cells by flow cytometry. Biologia Plantarum, Copenhagen, v. 31, n. 2, p. 113-
120, 1989.
FERNANDES, T.C.C.; MAZZEO, D.E.C.; MARIN-MORALES, M.A. Origin of nuclear
and chromossomal alterations derived from the action of an aneugenic agent -
trifluralin herbicide. Ecotoxicology and Environmental Safety, v. 72, p. 1680-1686,
2009.
LEME, D.M.; MARIN-MORALES, M.A. Allium cepa Test in environmental monitoring:
a review on its application. Mutation Research, Amsterdam, v. 682, p. 71-81, 2009.
LEME, D.M.; MARIN-MORALES, M.A. Chromosome aberration and Micronucleus
frequencies in Allium cepa cells exposed to petroleum polluted water—A case study.
Mutation Research, Amsterdam, v. 650, p.80-86, 2008.
LIU, J.; CHEN, Z.; WU, Q.; LI, A.; HU, H.; YANG, C. Ozone/graphene oxide catalytic
oxidation: a novel method to degrade emerging organic contaminant N, N-diethyl-
mtoluamide (DEET). Scientific Reports, v. 6, n. 31405, p. 1-9, 2016.

FONTES FINANCIADORAS

Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais - FAPEMIG

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Oral
Contaminantes emergentes: fármacos, cosméticos e nanopartículas
193 - BIOMARCADORES BIOQUÍMICOS EM OSTRAS Crassostrea gigas
(THUNBERG, 1793), EXPOSTA A FÁRMACOS.

RAPHAELLA CHRISTINE PAIVA, DAINA LIMA, CLARISSA PELLEGRINE FERREIRA,


JACÓ JOAQUIM MATTOS, TOMÁS BOHN PESSATTI, JULIANA FABRÍCIO TISCA,
MARIA JOÃO DA ANUNCIAÇÃO FRANCO BEBIANNO, AFONSO CELSO DIAS BAINY
Contato: RAPHAELLA CHRISTINE PAIVA - RAFINHAPAIVA_@HOTMAIL.COM

Palavras-chave: Ostras do Pacífico (Crassostrea gigas); biomarcadores bioquímicos; contaminantes


emergentes; fármacos

INTRODUÇÃO

Organismos aquáticos estão sujeitos a toxicidade de diversos xenobióticos


continuamente lançados ao ambiente, principalmente via esgoto sanitário.
Contaminantes emergentes, como os fármacos, são substâncias que possuem
elevada estabilidade química e baixa biodegradabilidade, impedindo sua total
remoção por Estações de Tratamento de Esgoto (ETE). Esses compostos quando
detectados, mesmo que em pequenas concentrações, podem induzir efeitos tóxicos
e causar danos aos organismos. A ostra do Pacífico Crassostrea gigas, possui
interesse econômico sendo extensivamente cultivadas na região de Florianópolis,
SC. Por serem organismos filtradores, são amplamente utilizados como espécies
sentinelas em estudos de biomonitoramento.

METODOLOGIA

Ostras C. gigas 6-8cm (n=430) foram expostas aos fármacos Tamoxifeno (TAM 10 e
100 ng.L-1) e Ibuprofeno (IBU 10 e 100 µg.L-1) isoladamente e em duas misturas,
contendo os dois fármacos, em diferentes concentrações (TAM 10 ng.L -1 + IBU 10
µg.L-1) e (TAM 100 ng.L-1 + IBU 100 µg.L-1) e tratamento controle, por um período de
24 e 96 horas de exposição. Ao final do experimento, brânquias (BR) e glândula
digestiva (GD) foram coletadas e homogeneizadas individualmente para a análise da
atividade das enzimas de biotransformação, Glutationa S-transferase (GST) e de
defesa antioxidante Catalase (CAT), Glutationa peroxidase (GPx), Glutationa
redutase (GR) e Glicose-6-fosfato desidrogenase (G6PDH). A quantificação de
proteínas totais foi realizada pelo método de Bradford (1976). Todas as an6álises de
atividade enzimática e quantificação de proteínas totais foram em leitor de
microplacas SpectraMax M5

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Após 24 e 96 horas de exposição, a atividade das enzimas auxiliares GR e G6PDH


e da enzima de conjugação GST não apresentaram alterações significativas em
relação ao grupo controle, tanto na BR, como na GD das ostras expostas ao TAM
(10 e 100 ng.L-1) em relação ao grupo controle. No entanto, a atividade de CAT foi
maior nas BR e na GD das ostras expostas ao TAM 10 ng.L -1, após 24 h, quando
comparado ao tratamento controle indicando uma resposta a um possível aumento
na produção de espécies reativas de oxigênio. Corroborando esta hipótese, foi

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

observado uma maior atividade da GPx na GD dos animais expostos por 24h às
duas concentrações de TAM. As enzimas antioxidantes CAT e GPx participam na
decomposição de peróxidos, especialmente de hidrogênio e peróxidos orgânicos
protegendo as células contra os efeitos deletérios gerados pelos contaminantes. As
ostras expostas ao IBU (10 e 100 µg.L-1), por 24 e 96 h não apresentaram alterações
significativas na atividade das enzimas CAT, GR, G6PDH e GST em BR e GD. Foi
observada uma maior atividade da GPx na BR dos animais expostos às duas
concentrações de IBU por 24 e 96h. A brânquia dos animais expostos a ambos
fármacos por 24h na maior concentração apresentaram uma maior atividade das
enzimas GST, GR, GPx e G6PDH. Na GD um efeito semelhante foi observado na
atividade da CAT, GR, GPx e G6PDH, indicando uma resposta global de indução
dos sistemas de defesas antioxidantes após 24 e 96 h de exposição.

CONCLUSÃO

Há uma crescente preocupação com os possíveis efeitos de fármacos em


organismos aquáticos. Esses resultados reforçam a necessidade de estudos sobre
os efeitos desses compostos no ambiente, uma vez que diferentes condições físico-
químicas da água ou sedimento podem aumentar sua biodisponibilidade,
aumentando sua absorção e efeitos tóxicos. As ostras C. gigas demonstraram que a
exposição a esses contaminantes afeta sua resposta enzimática. As respostas
bioquímicas observadas sugerem que os animais foram submetidos a uma condição
pró-oxidante mais pronunciada quando expostos à mistura dos dois fármacos nas
maiores concentrações, evidenciada pelo aumento global dos sistemas de defesas
antioxidantes.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRADFORD, M.M. A rapid and sensitive method for the quantitation of microgram
quantities of protein utilizing the principle of protein-dye binding. Analytical
Biochemistry, v. 72, n. 1–2, p. 248–254, 1976.
COGO, J.D.A.; SIQUEIRA, A.F.; RAMOS, C.A.; CRUZ, Z.A.; SILVA, A.G. Utilização
de Enzimas do Extresse Oxidativo como Biomarcadoras de Impactos Ambientais.
Natureza on Line. 2009.
REGOLI, F.; GIULIANI, M.E. Oxidative pathways of chemical toxicity and oxidative
stress biomarkers in marine organisms. Marine Evironmental Research, v.93, p-106-
17, 2014.
REY-GONZALEZ, M.; BEBIANNO, M.J.; Non-steroidal anti-inflammatory drug
(NSAID) ibuprofen distresses antioxidant defense system in mussel Mytilus
galloprovincialis gills. Aquatic Toxicology, v.105, p-264-269, 2011.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Contaminantes emergentes: fármacos, cosméticos e nanopartículas
195 - TOXICIDADE DO PROPRANOLOL (COMERCIAL VERSUS MANIPULADO),
E DE SUA MISTURA COM O CLORIDRATO DE FLUOXETINA, QUANDO
TRATADO POR RADIAÇÃO IONIZANTE

NATHALIA FONSECA BOIANI, VANESSA SILVA GRANADEIRO GARCIA, FLAVIO


KIYOSHI TOMINAGA, SUELI IVONE BORRELY
Contato: NATHALIA FONSECA BOIANI - NATHBOIANI@GMAIL.COM

Palavras-chave: Daphnia similis; mistura de fármacos; propranolol; radiação ionizante; toxicidade

INTRODUÇÃO

A contaminação da água continua sendo um tema atual, uma vez que o principal
veículo de dispersão ambiental dos poluentes químicos é o meio hídrico. Corpos
d’água vêm apresentando resíduos de medicamentos, devido ao uso crescente de
medicamentos e às técnicas de tratamento de efluentes serem insuficientes na
remoção desses fármacos, pois apresentam resíduos resistentes de baixa
biodegradabilidade. Sendo assim, os processos oxidativos avançados vêm se
destacando como alternativa de tratamento.
Objetivo foi aplicar o processo de irradiação com feixe de elétrons para reduzir os
efeitos tóxicos de fármacos de uso comercial e um comparativo desses efeitos com
fármacos puros.

METODOLOGIA

Neste estudo foram utilizados os fármacos comerciais Propranolol e Cloridrato de


Fluoxetina, diluídos em água destilada, a partir de comprimidos, nas concentrações
de 80 mg.L-1, e 10 mg.L-1, respectivamente. Para a solução estoque dos fármacos
manipulados – puros, foi preparada a diluição das cápsulas de 80 mg.L-1 de
Cloridrato de Propranolol, e 10 mg.L-1 de Cloridrato de Fluoxetina. A preparação da
mistura foi realizada na proporção de 1:1. A escolha desses fármacos se deu com
base na literatura, que mostrou estes dentre os metabólitos mais encontrados em
matrizes ambientais do mundo todo.
As irradiações foram realizadas no Centro de Tecnologia das Radiações (CTR), no
Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN), São Paulo, Brasil. As
soluções dos fármacos foram irradiadas no Acelerador Industrial de Elétrons
Dynamitron®, a energia do acelerador foi fixada em 1,4 MeV. A corrente elétrica
variou conforme as doses necessárias.
As avaliações ecotoxicológicas foram realizadas no Laboratório de Ensaios
Biológicos Ambientais (LEBA), do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares
(IPEN), empregando ensaios de toxicidade aguda com o organismo-teste Daphnia
similis, seguindo a norma ABNT NBR 12713/2009. A concentração de Efeito a 50%
dos organismos (CE50) foi calculada utilizando o método estatístico “Trimmed
Spearman Karber”.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Neste trabalho foram realizados ensaios ecotoxicológicos com o fármaco propranolol


isolado, e em mistura com o fármaco cloridrato de fluoxetina, não irradiados e
irradiados na dose de 5kGy. Trabalhamos com os fármacos de uso comercial e com
os fármacos manipulados – puros.
Ao comparar os valores de CE50% do fármaco manipulado com o de uso comercial
(propranolol), o fármaco manipulado apresentou maior toxicidade, 4,46% quando
comparado ao fármaco de uso comercial, 7,45%. Porém ao analisar a eficiência do
tratamento na dose de 5,0 kGy, temos CE50% de 42,39% para o fármaco
manipulado, enquanto que a CE50% de 36,85% foi obtida para o fármaco de uso
comercial, após a irradiação. Mesmo o fármaco manipulado apresentando uma
toxicidade maior, sua eficiência de remoção foi superior quando comparada ao
tratamento submetido ao propranolol de uso comercial.
Levando em conta a mistura dos fármacos, nos ensaios realizados com os
compostos manipulados, foi observada a CE50 de 7,33%, novamente mais tóxica
quando comparada a mistura dos fármacos de uso comercial, onde a CE50 foi
9,38%. Ao analisar a eficiência do tratamento na dose de 5,0 kGy, para a mistura
dos fármacos manipulados, os valores encontrados foram próximos aos ensaios
com os fármacos comerciais, sendo de 53,24% e 51,15%, respectivamente.
A dose de 5,0 kGy apresentou eficiência de remoção de 89,02% para o propranolol,
e de 86,98% para a mistura de fármacos. Dados esses que se mostraram melhores
do que os encontrados para as análises dos fármacos de uso comercial, onde a
eficiência de remoção foi de 79,94% e 81,59%, para propranolol e mistura,
respectivamente.
As medidas de redução do impacto ambiental causado pelos fármacos também
devem se basear no conhecimento sobre os efeitos tóxicos de todos os ingredientes
farmacêuticos ativos, bem como os excipientes (CARSLON, et al., 2006).
A probabilidade desses excipientes exercerem toxicidade ao ambiente raramente é
discutida, as concentrações dos compostos utilizados para essas aplicações são
medidos em conjunto com os ingredientes ativos farmacêuticos (DAUGHTON &
TERNES, 1999; KOLPIN et al., 2002).
Existem 1300 compostos utilizados como excipientes em cerca de 7600 fármacos,
alguns deles podem ser considerados ambientalmente seguros. Os conservantes
são relevantes do ponto de vista dos riscos ambientais, são usados como biocidas,
inibindo o crescimento de microrganismo, podendo afetar outros organismos. Os
tensoativos apresentam atividade biológica, seu impacto ambiental pode ser
adverso. (ALVERSON & COHEN, 2004 apud CARSLON et al., 2006).

CONCLUSÃO

Diante dos resultados podemos afirmar que o fármaco manipulado foi mais tóxico
quando comparado ao comercial, que contêm os excipientes, que por sua vez
podem proteger de alguma maneira os organismos expostos. Quanto à eficiência de
remoção de toxicidade pelo tratamento em estudo, esta também foi melhor para os
fármacos manipulados. Novamente foi possível afirmar que os excipientes
farmacêuticos podem interferir tanto na toxicidade quanto na eficiência dos

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


581
XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

processos de tratamento. Estudos com misturas são de extrema relevância para a


manutenção da qualidade de corpos receptores de esgotos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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DAUGHTON, C.G.; TERNES, T.A. Pharmaceuticals and Personal Care Products in
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FONTES FINANCIADORAS

IPEN/CNEN

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Oral
Contaminantes emergentes: fármacos, cosméticos e nanopartículas
197 - MODULATION OF CADMIUM CELLULAR EFFECTS BY MULTIWALLED
CARBON NANOTUBES: QUANTIFYING METAL UPTAKE, OXIDATIVE STRESS
AND GENOTOXICITY ON ZEBRAFISH CELL LINE

MARIANA MOROZESK, LIDIANE SILVA FRANQUI, FERNANDA COSTA PINHEIRO,


DIEGO STÉFANI TEODORO MARTINEZ, MARISA NARCISO FERNANDES
Contato: MARIANA MOROZESK - MMOROZESK@GMAIL.COM

Keywords: MWCNT, ZFL, nanoecotoxicology, nanotoxicity, heavy metals and nanosafety

INTRODUCION

Carbon nanotubes presence in the environment increases every year as a result of


exponential industrial production around the world. In aquatic environments, carbon
nanotubes can interact with other pollutants based on their nanoadsorbent surface
chemistry properties. Heavy metal ions represent one of the biggest concerns in
water resources nowadays, as a consequence of anthropogenic actions, in which
cadmium (Cd) is one of the most harmful metal for aquatic organisms. Considering
co-exposure nanoecotoxicity studies, this study investigated the influence of two
incubation protocols of oxidized multiwalled carbon nanotubes (ox-MWCNT) with Cd
on zebrafish liver cell line (ZFL).

METHODS

This study investigates the effects of ox-MWCNT, Cd ions, and two interaction
protocols: Incubation Protocol A, the ox-MWCNT were incubated in medium + 10%
FBS for 30 min and, subsequently, the CdCl2 were added and incubated for more 30
min; and (B) Incubation Protocol B, the ox-MWCNT were incubated with CdCl2 for 30
min and, thereafter, the RPMI/L-15 medium + 10% FBS was added and incubated for
more 30 min. The ox-MWCNT studied was characterized by scanning electronic
microscopy and transmission electronic microscopy. Average hydrodynamic sizes
and zeta potentials were evaluated by dynamic light scattering and electrophoretic
light scattering. Cd content and uptake by cells were analyzed using ICP-MS and ten
biochemical biomarkers [i.e. reactive oxygen species production (ROS), superoxide
dismutase (SOD), catalase (CAT), glutathione peroxidase (GPX), glutathione
reductase (GR), reduced glutathione (GSH), glutathione S-transferase (GST), lipid
oxidation (TBars method), carbonylated proteins, and metallothionein content] were
used to evaluate the effects of these interactions on ZFL. The effects on cell cycle
were investigated by flow cytometry and DNA damage by comet assay. Shapiro-wilk
normality test was applied to all data following by ANOVA/Tukey’s or Kruskal-Wallis
(p <0.05) using Infostat software.

RESULTS AND DISCUSSION

Co-exposure protocols of ox-MWCNT and Cd in vitro showed that the presence of


FBS serum in the culture medium can affect the uptake of this metal on cells and
enhance the genotoxic effects through the formation of different MWCNT-metal
complexes. The increasing CdCl2 concentration in media at initial and final exposure

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

period in each treatment was followed by increasing cadmium content inside cells.
No differences occurred in the medium at initial and final exposure period between
the protocols for the same CdCl2 concentration. We demonstrated that ox-MWCNT
in both protocols increases the ZFL cells content of cadmium after 24 hours of
exposure and the order of incubation of each protocol used for ox-MWCNT and Cd
interaction modified the nanotube-metal complexes formed. The treatment with only
ox-MWCNT promotes the reduction of catalase, glutathione peroxidase, and
glutathione S-transferase activities and changes cell cycle with reduction of cells in
G2/M phase, which indicate a G1/S block. The two co-exposure protocols increase
the Cd cellular effects in ROS production and DNA damage in ZFL cell line without
differences between them. Although the different characterizations observed in
Protocol A and B, the two co-exposure treatments performed exhibited a similar
pattern response in the most of biomarkers tested. Both contaminants can provoke
alterations on cell cycle and the co-exposure protocols can promote more damage
than separate exposures by a synergic effect. In our study, genotoxicity results are
quite related with cadmium treatment concentration dependence and suggesting that
the main mechanism of ox-MWCNT act to modulate Cd effects is by their influence in
Cd cell uptake and antioxidant enzymes block, which increase the DNA damages in
ZFL cells.

CONCLUSION

It is important to understand the influence of the joint toxicity of cadmium and ox-
MWCNT as well as the differences and similarities about the two employed exposure
protocols aiming to improve the nanoecotoxicity studies, selecting biomarkers and
producing standardized and reproducible data using cell lines. We conclude that the
order of co-exposure protocols of ox-MWCNT and Cd in vitro can affect the uptake of
this metal on cells and enhance the cytotoxic and genotoxic effects through the
formation of different MWCNT-metal complexes. Finally, our study contributes to
future co-exposure toxicity investigations and nanosafety regulations involving
carbon nanomaterials and aquatic pollutants.

SPONSORS

This work was supported by the following Brazilian Funding Agencies: CNPq (Proc.
141118/2014-8,), CAPES (Proc. 88881.134311/ 2016-1), FAPESP (Proc.
2014/05701-0), FAPESP/INCT-Inomat (Proc. 2014/50906-9), CNPq/INCT-TA (Proc.
573949/2008-5), CNPq/Rede Cigenanotox (Proc. 552120/2011-1) and SisNANO.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Contaminantes emergentes: fármacos, cosméticos e nanopartículas
204 - EFEITO DA CAFEÍNA NA DECOMPOSIÇÃO AERÓBIA DE Myriophyllum
aquaticum (VELL. VERDC.)

ROBERTA MAFRA FREITAS DA SILVA, MARCELA BIANCHESSI CUNHA-SANTINO,


IRINEU BIANCHINI JR
Contato: ROBERTA MAFRA FREITAS DA SILVA - ROB.FREITAS14@GMAIL.COM

Palavras-chave: contaminantes emergentes, macrófitas aquáticas, mineralização, ecotoxicologia

INTRODUÇÃO

Diversas substâncias provenientes dos hábitos da sociedade contemporânea, i.e.


contaminantes emergentes, são lançadas no ambiente aquático. A cafeína é um dos
componentes farmacêuticos mais encontrados em sistemas aquáticos, sendo
considerada uma das drogas mais consumidas mundialmente. Além disso, foi
observada ação antibiótica desta substância. Entretanto, ainda não se sabe seus
efeitos sobre processos ecossistêmicos. O objetivo desse trabalho foi analisar o
efeito da cafeína sobre o consumo de oxigênio dissolvido proveniente do
metabolismo microbiano durante a decomposição aeróbia da macrófita aquática
emergente Myriophyllum aquaticum. Acredita-se que a adição de cafeína causará
uma diminuição no consumo de oxigênio dissolvido na decomposição.

METODOLOGIA

Exemplares de Myriophyllum aquaticum e de água foram coletados no Reservatório


do Monjolinho (SP, Brasil). As amostras vegetais foram desidratadas a 50°C e
fragmentadas (variação do comprimento médio: 1,3 cm a 3,0 cm). Amostras de água
foram filtradas (0,45 μm) e adicionadas em 12 câmaras de decomposição
contemplando os seguintes tratamentos: (Tratamento 1) 500 mg L -1 de macrófita
(n=4); (Tratamento 2) 83 mg L-1 de cafeína (n = 4) e (Tratamento 3) 500 mg L -1 de
macrófita e 83 mg L-1 de cafeína (n=4). As concentrações de cafeína foram adotadas
com base na literatura. As câmaras foram aeradas periodicamente sendo mantidas
no escuro a 21°C (± 1ºC). Durante 44 dias, a concentração de oxigênio dissolvido foi
determinada por polarografia (YSI modelo 58). O consumo acumulado de oxigênio
foi avaliado utilizado o modelo cinético de primeira ordem (Equação 1)
OC=OCmax(1-e-kdt) (1)
em que: OC = consumo de oxigênio, OCmax = consumo de oxigênio máximo (mg O 2
g-1 detrito), kd = coeficiente de desoxigenação (dia-1), t = tempo em dias. As
variações temporais de oxigênio dissolvido acumulados foram submetidas ao teste
de normalidade e ao teste não-paramétrico de Shapiro-Wilk para comparação entre
os tratamentos. Foram considerados significativos valores de p < 0,05.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os parâmetros cinéticos obtidos a partir dos ajustes matemáticos dos consumos


acumulados de oxigênio (OCmáx) nos diferentes tratamentos foram para o
Tratamento 1: OCmáx de 43,83 mg g de detritos e kd igual a 0.0255 dia -1. No

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Tratamento 2, esses valores corresponderam a 48,08 mg g de detritos e 0,0262 dia -


1
, respectivamente. No tratamento contendo macrófita e cafeína (Tratamento 3) o
valor obtido para OCmáx foi correspondente a 63,65 mg g de detritos e para kd foi
de 0,0355 dia-1. Houve diferença significativa entre o Tratamento 3 (com p < 0,001),
quando comparados aos Tratamentos 1 e 2.
Um estudo no qual foram comparados os coeficientes de decomposição com
combinação de tratamentos indicou que pode haver efeito sinérgico, antagônico ou
aditivo. Dessa forma, no atual trabalho, por meio das razões dos kd obtidos entre os
tratamentos 3/1= 1,39; 3/2= 1,35 e 2/1= 1,02, pode-se inferir que houve sinergia no
Tratamento 3 (mistura de macrófita e cafeína), pois o coeficiente de desoxigenação
foi potencializado.
Uma regressão linear entre as somas dos Tratamentos 1 e 2 comparados ao
Tratamento 3 evidenciou que o consumo de oxigênio foi 17% menor, corroborando a
hipótese inicial. Essa ação também pode ser explicada por um trabalho prévio, no
qual a cafeína, na presença de penicilina, apresentou efeito sinérgico, aumentando a
ação antibiótica. Além disso, a composição da comunidade microbiana pode variar
no sistema, alterando a estequiometria do metabolismo dos detritos.
Sendo assim, a cafeína pode agir sobre os processos de mineralização de matéria
orgânica em ambientes aquáticos continentais.

CONCLUSÃO

A presença de cafeína aumentou as velocidades de consumo de oxigênio


microbiano na mineralização da macrófita M. aquaticum. Houve efeito inibitório no
tratamento contendo macrófita e cafeína, diminuindo o consumo de oxigênio. A
diminuição no consumo de oxigênio pode ser devida à mudança dos microrganismos
predominantes ou alteração da estequiometria (i.e. rotas metabólicas) no
catabolismo do detrito. Esse trabalho mostra como a cafeína afeta o processo de
decomposição em sistemas naturais.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BIANCHINI JR, I.; PACOBAHYBA, L.D.; CUNHA-SANTINO, M.B. (2002). Aerobic


and anaerobic decomposition of Montrichardia arborescens (L.) Schott. Acta
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Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

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FONTES FINANCIADORAS

CAPES (Processo 33001014003P2)

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Painel
Contaminantes emergentes: fármacos, cosméticos e nanopartículas
216 - EFEITOS DO CONTAMINANTE EMERGENTE LÍTIO, EM CONCENTRAÇÃO
CONSIDERADA AMBIENTALMENTE SEGURA PELO CONAMA, SOBRE A
METAMORFOSE DE RÃS-TOURO (lithobates CATESBEIANUS)

FELIPE AUGUSTO PINTO VIDAL, LEONARDO ANTONIO TEIXEIRA DE OLIVEIRA,


BRUNO FERNANDO SANTOS DE SOUZA , LILIAN FRANCO-BELUSSI, RAQUEL
FERNANDA SALLA, JOELMA SANTOS DO PRADO, VICTORIA PEREIRA ZENTHÖFER,
MARIANA TABATA OSCHVAT VALALA, FÁBIO CAMARGO ABDALLA, CLEONI DOS
SANTOS CARVALHO, MONICA JONES COSTA
Contato: FELIPE AUGUSTO PINTO VIDAL - FARM.FELIPEVIDAL@GMAIL.COM

Palavras-chave: anfíbios; ecotoxicologia aquática; contaminantes emergentes; lítio

INTRODUÇÃO

Atividades antrópicas constituem um dos fatores relevantes relacionados ao declínio


pelo qual as populações de anfíbios vêm passando ao longo dos últimos 30 anos. As
concentrações do fármaco emergente lítio vem aumentando nos ecossistemas
aquáticos. Somado a isso, características físico-químicas próprias desse metal
aumentam seu potencial tóxico sobre organismos não-alvos. O Conselho Nacional
do Meio Ambiente (CONAMA) aceita como segura para águas continentais classes 1
e 2 uma concentração de lítio de 2,5 mg.L-1. O objetivo do presente estudo foi avaliar
se essa concentração de lítio pode causar algum efeito sobre a metamorfose de
girinos de rãs-touro, Lithobates catesbeianus.

METODOLOGIA

Girinos recém-eclodidos foram aclimatados em aquário de 60 L até atingirem o


estágio 25 de Gosner de desenvolvimento. Em seguida, foram acondicionados
individualmente em contêineres plásticos contendo 1 L de litro água e divididos nos
seguintes grupos experimentais Controle (CT n=10) e expostos a 2,5 mg.L -1 de lítio
(LI n=10) por um período de 7 dias de acordo com o protocolo para metamorfose da
Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OECD, 2008). Os
biomarcadores utilizados para a avaliação do efeito do lítio foram a diferença do
comprimento total entre o dia zero (dia da exposição) e o sétimo dia de exposição, a
distância entre o focinho e a cloaca, o comprimento do membro posterior esquerdo,
estadiamento do desenvolvimento segundo Gosner, bem como o nível de atividade
dos animais. A análise estatística foi realizada com GraphPadInstat©, utilizando
teste T bicaudal após a confirmação da normalidade dos dados. O projeto foi
previamente aprovado pela Comissão de Ética em Experimentação Animal da
UFSCar (#1397170117).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Após o 7º dia de exposição, os animais do grupo exposto ao lítio (LI) apresentaram


um maior índice de redução do comprimento em relação ao grupo controle (CT)
(p=0,0189), bem como se mostraram mais adiantados no desenvolvimento
metamórfico (considerando as características de desenvolvimento de Gosner).

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Contudo, o comprimento do membro posterior (CMP) e a distância focinho cloaca


(DFC) não diferiram entre os 2 grupos experimentais (p > 0,05). Ademais, os animais
do grupo LI apresentaram um menor nível de atividade (NA) que os animais do
grupo CT (p=0,0034). Assim, considerando que no grupo LI havia mais animais em
estágios mais adiantados da metamorfose que o grupo CT somado à um menor
comprimento total (indicativo de início de reabsorção da cauda) podemos dizer que
os animais expostos ao contaminante emergente lítio aceleraram seu período de
metamorfose, provavelmente como uma estratégia de se livrarem do estímulo
estressor ocasionado pelo contaminante. A letargia observada nos animais expostos
parece ser indicativa de um desvio de energia para o processo de detoxificação do
contaminante, o que pode torná-los mais susceptíveis a predadores com possíveis
impactos sobre as populações desses animais. O parâmetro letargia se relaciona
com uma maior toxicidade do contaminante sobre os animais expostos. Assim,
considerando o enorme número de potenciais fontes de contaminação pelo lítio
como resíduos de medicamentos, ligas metálicas, rejeitos industriais e baterias de
eletrônicos, que eventualmente podem alcançar o meio ambiente após descarte
inadequado, as consequências em larga escala dos efeitos desse poluente sobre as
populações aquáticas podem resultar em distúrbios relevantes nas populações
desses animais.

CONCLUSÃO

Os animais do grupo exposto ao lítio apresentaram sinais de interferência endócrina,


já que aparentemente a metamorfose foi acelerada. No meio ambiente, essa
aceleração da metamorfose provavelmente irá originar indivíduos adultos menores,
mais susceptíveis à predação e menos competitivos em termos reprodutivo, o que
pode, a longo-prazo, colocar suas populações em risco. Urge, portanto, que sejam
revistas as concentrações deste xenobióticos, consideradas ambientalmente
seguras pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA)

FONTES FINANCIADORAS

CAPES

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Painel
Contaminantes emergentes: fármacos, cosméticos e nanopartículas
232 - CITOGENOTOXICIDADE DE REPELENTE COMERCIAL PARA INSETOS
CONTENDO ICARIDINA EM CÉLULAS MERISTEMÁTICAS DE Allium cepa COMO
BIOENSAIO

BÁRBARA DE CÁSSIA RIBEIRO VIEIRA, MATHEUS ARAGÃO MOTTA, RENAN


AUGUSTO DE SOUZA SILVA, JOSÉ MARCELLO SALABERT DE CAMPOS
Contato: BÁRBARA DE CÁSSIA RIBEIRO VIEIRA - BARBARAVIEIRA.BIOLOGIA@GMAIL.COM

Palavras-chave: citogenética; contaminante emergente; ecotoxicologia

INTRODUÇÃO

A icaridina é um princípio ativo derivado da pimenta, utilizado em produtos de


proteção individual, principalmente em repelentes comerciais contra mosquitos,
sendo apontada como contaminante emergente. Nos últimos anos, tem sido
considerada uma nova alternativa de substância com repelência devido a sua alta
eficácia. Sua principal entrada no meio ambiente ocorre por meio de esgoto
doméstico, havendo poucas informações quanto a sua toxicidade, principalmente no
que diz respeito à ecotoxicologia, sendo as mesmas ainda, praticamente
desconhecidas. Objetivou-se analisar o possível efeito citogenotóxico de repelente
comercial para insetos contendo icaridina em células meristemáticas de Allium cepa
como bioensaio.

METODOLOGIA

Inicialmente, bulbos de Allium cepa foram colocados em água destilada para


emissão de raízes, as quais foram posteriormente expostas por 24 horas aos
seguintes tratamentos: 0 (controle com água destilada); 3; 0,3; 0,03; 0,003; 0,0003 e
0,00003 ug/L de icaridina. O experimento foi conduzido em delineamento
inteiramente casualizado. Para as análises citogenéticas (ciclo celular e alterações
cromossômicas), foram utilizadas nove amostras por tratamento (três repetições
compostas de três lâminas), sendo as lâminas preparadas por meio da técnica de
esmagamento, coradas com Giemsa 5% e analisadas em microscópio óptico. Os
parâmetros considerados foram: índice mitótico, quebras, perdas e pontes
cromossômicas, c-metáfase, cromossomos aderentes, multipolaridade e segregação
tardia. Os resultados foram submetidos à análise de variância e teste de Dunnet 5%.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Em relação ao índice mitótico, as quatro maiores concentrações (3; 0,3; 0,03 e 0,003
ug/L) apresentaram efeito significativo, onde as mesmas desencadearam a
diminuição desse parâmetro, demonstrando ser capaz de interferir na dinâmica do
ciclo celular. As variações neste método de análise são consideradas seguras para
determinar a presença de agentes citotóxicos. Uma vez que apresentam resultados
inferiores ao controle, assim como observado neste trabalho, pode-se inferir que há
uma possível ação do composto testado sobre o crescimento e desenvolvimento do
organismo exposto. Tratando-se das alterações cromossômicas, as três maiores
concentrações (3; 0,3 e 0,03 ug/L) apresentaram resultados significativos em relação

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

a quase todas as alterações cromossômicas observadas, exceto c-metáfase, onde


apenas a maior concentração (3 ug/L) foi significativa. Estas concentrações
promoveram o aumento das alterações cromossômicas. Esse tipo de análise torna a
avaliação dos efeitos mais compreensiva, promovendo uma melhor investigação dos
mecanismos de ação dos compostos testados. As alterações aneugênicas são
resultantes das interferências sobre a segregação normal dos cromossomos, como
aquelas causadas por interferência sobre a função normal dos microtúbulos
formadores do fuso mitótico, sendo neste trabalho identificadas: c-metáfase, perda
cromossômica e segregação tardia. Já as alterações clastogênicas são decorrentes
de indução de quebras cromossômicas, como as pontes e fragmentos
cromossômicos, ambos verificados nessa pesquisa. Dessa forma, pode-se perceber
que o composto estudado apresenta a capacidade de desencadear ambos os tipos
de alterações. A segregação tardia dos cromossomos observado neste trabalho é
considerada um efeito mais decorrente de problemas na despolimerização do que
na polimerização dos microtúbulos, onde o encurtamento destes durante a anáfase
é afetado, desencadeando tal alteração. Já os cromossomos aderentes encontrados
são consequências de efeitos tóxicos sobre a organização da cromatina, podendo
conduzir a morte celular. A c-metáfase surge por meia da completa inativação do
fuso mitótico, não havendo o alinhamento dos cromossomos na placa equatorial da
célula e progressão do ciclo celular. Na literatura encontram-se trabalhos que
descrevem uma possível relação entre cromossomos aderentes e c-metáfase,
relatando que quando há a condensação dos cromossomos existe a possibilidade de
formação de aderência cromossômica ou cromatídica.

CONCLUSÃO

As quatro maiores concentrações (3; 0,3; 0,03 e 0,003 ug/L) diminuem o índice
mitótico.
As três maiores concentrações (3; 0,3 e 0,03 ug/L) aumentam o número de
alterações cromossômicas, exceto c-metáfase.
Apenas a maior concentração (3 ug/L) causa c-metáfase.
O repelente comercial de inseto testado contendo icaridina promove tanto alterações
clastogênicas quanto aneugênicas.
Estudos relacionados a ecotoxicologia de repelente comercial contendo icarina ainda
são bastante escassos, sendo necessárias mais pesquisas acerca desta temática.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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VAN, R.K.; SOKNY, M.D.; VAN DEN BROECK, N.; HENG, S.; SIV, S.; SLUYDTS,
V.; SOCHANTHA, T.; COOSEMANS, M.; DURNEZ, L. Field evaluation of picaridin
repellents reveals differences in repellent sensitivity between Southeast Asian
vectors of malaria and arboviruses. Plos Neglected Tropical Disdeases, v. 8, p. 26-
33, 2014.

FONTES FINANCIADORAS

Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais - FAPEMIG

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Contaminantes emergentes: fármacos, cosméticos e nanopartículas
234 - GENOTOXIC ANALYSIS OF NIOBIUM PENTOXIDE (NB2O5)
NANOPARTICLES IN Drosophila melanogaster

TATIANE ROCHA CARDOZO, RAINE DE CARLI, ALLAN SEEBER, WLADIMIR


HERNANDEZ FLORES, MAURICIO LEHMANN, RAFAEL RODRIGUES DIHL
Contato: TATIANE ROCHA CARDOZO - TATIANE.CARDOZO@GMAIL.COM

Keywords: nanoparticles; nanotoxicology; oxide niobium; Drosophila melanogaster

INTRODUCION

Nanotechnology has a wide spectrum of applications in various sectors, evolving


scientific field that has allowed the manufacturing of materials with novel
physicochemical properties. The niobium oxides are a versatile group of
materials,showing great potentiality in many technological applications. As the
increased use of nanostructured materials, consequently its dispersion occurs,
leading to increased human exposure.The characterization is of fundamental
importance because the specific physicochemical properties influence their
toxicological properties, cell interactions and biokinetics. In this way it is essential to
evaluate the toxicological potential of nanoparticles. In this study niobium pentoxide
nanoparticles were investigated for genotoxicity in vivo

METHODS

This study synthesized and characterized the nanostructures of NB2O5


nanoparticles, the images were obtained by Transmission Electron Microscopy
(TEM). The evaluated the genotoxic potential of Nb2O5 nanoparticles using the
SMART test (Somatic Mutation and Recombination Test) in Drosophila
melanogaster. The assay is used to detect genetic events, such as point and
chromosomal mutations, besides somatic recombination and detects the loss of
heterozygosity of marker genes that determine the expression of hairs on the wings.
In this study, the standard cross (ST) and high bioactivation cross (HB) were used.
The ST has basal levels of metabolization enzymes for group CYP-450, the HB is
characterized for increased levels of CYP-450 enzymes, and is more sensitive to the
detection of indirect action genotoxins.

RESULTS AND DISCUSSION

In this study, we have evaluated the genotoxicity of Nb2O5 nanomaterial’s. The


nanoparticles were synthesized using the sol-gel protein method, and the results
demonstrated characteristic crystallographic planes (XRD) pattern diffraction peaks,
all corresponding to characteristic crystallographic planes of standard polycrystalline
with an amorphous contribution and an average diameter of 18±2 nm. The images
were obtained by Transmission Electron Microscopy (TEM) the particle size
distribution was estimated from the analysis of the images obtained, size ranges from
5 to 110 nm, predominating particles between 10 and 70 nm, with polygonal particles
shape. Our in vivo experiments with Drosophila melanogaster, demonstrated survival
test, that rate was above 60 % at all Nb2O5 nanoparticles concentrations, in the ST

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


593
XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

and HB crosses. That all concentrations assessed induced genetic toxicity, causing
increased incidence of mutational events in both standard cross and high
bioactivation crosses. The clarification these cellular and molecular mechanisms, is
of great scientific interest. Because they interactions at the cell and molecular level,
in differents cells and organs of a complex organism, and can respond in different
ways, according to the interface with the nanomaterials. In comparing in vitro and in
vivo tests responses, is very important information about physico-chemical properties
or changes there of at the time of and during exposure. Multiple factors need to be
considered, including exposures during different stages of the life-cycle of each type
organisms dose and concentrations of the nanomaterial. This knowledge is
necessary to define the toxicity and genotoxicity of nanomaterial and could reveal the
presence of different molecular pathways involved in response to exposition the
different types of nanoparticles.

CONCLUSION

This study contributed to the evaluation of the hazard associated to NB 2O5 NPs
exposure and to create legislation for the use of nanomaterials. D. melanogaster is a
model organism with high sensitivity to toxic substances being an excellent
assessment of NPs toxicity. Is important assess the level of genotoxicity of the NMs,
because can interfere with the balance of cellular homeostasis and thereby alter
intracellular signalling pathways, resulting in a cascade of possible effects on DNA of
direct interaction and indirect damage. Assessing this context is essential in the
development of strategies to protect human and environmental integrity

SPONSORS

This study was financially supported by CNPq and Capes

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Contaminantes emergentes: fármacos, cosméticos e nanopartículas
239 - AVALIAÇÃO DOS EFEITOS BIOQUÍMICOS E GENOTÓXICOS DE
MICROPLÁSTICOS PARA O TELEÓSTEO Astyanax altiparanae

LAÍS SOARES MEDINA, CLAUDIA BUENO DOS REIS MARTINEZ


Contato: LAÍS SOARES MEDINA - LAIS.S.MEDINA@GMAIL.COM

Palavras-chave: estresse oxidativo; ensaio do cometa; acetilcolinesterase

INTRODUÇÃO

Os microplásticos (MPs) são partículas plásticas (< 5 mm) que podem ser
produzidas pela indústria (MPs primários) ou através da degradação natural de
partículas maiores (MPs secundários). Essa classe de contaminante é considerada
emergente devido ao reduzido conhecimento sobre seu potencial tóxico à biota,
além de suas concentrações limites no ambiente aquático ainda não estarem
previstas na legislação ambiental. Nesse contexto, esse trabalho propôs avaliar os
efeitos dos MPs em parâmetros genotóxicos e bioquímicos do peixe neotropical
Astyanax altiparanae após 24 h de exposição, a fim de compreender sua toxicidade.

METODOLOGIA

Para os ensaios de toxicidade, fêmeas adultas de A. altiparanae (17,34 ± 3,19 g;


10,34 ± 0,78 cm), fornecidas por piscicultura da região, foram aclimatadas durante
sete dias com alimentação a cada 24 h. Em seguida, os peixes foram distribuídos
em aquários de 40 L (n=8-10), contendo apenas água (CTR) ou 20 µg L -1 (MP 20) e
200 µg L-1 (MP 200) de MPs de polietileno branco de 10-90 µm. Para cada
tratamento experimental foram feitas duas réplicas. Após 24 h de exposição, os
animais foram anestesiados para retirada do sangue através da veia caudal, para as
análises genotóxicas: ensaio do cometa, teste do micronúcleo (MN) e alterações
eritrocíticas nucleares (AENs). As brânquias e o fígado foram retirados para as
análises da atividade da glutationa-S-transferase (GST), quantificação de tióis não
proteicos (NPSH) e lipoperoxidação (LPO). Além disso, a atividade da
acetilcolinesterase (AChE) foi determinada no cérebro e músculo. Os resultados
obtidos foram comparados (CTR x MP 20 x MP 200) através de análise de variância
(ANOVA ou Kruskal-Wallis), seguido por testes de comparações múltiplas (SNK ou
Dunns) quando indicado (p<0,05).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Em relação aos resultados (média ± DP) dos parâmetros genotóxicos, observou-se


um aumento significativo (p < 0,001) no escore de danos no DNA de eritrócitos dos
animais dos grupos MP 20 (150 ± 29,59) e MP 200 (195 ± 21,92) em relação ao
grupo CTR (107 ± 19,17). Apesar disso, não houve alterações significativas na
frequência de MN e AENs (‰) entre os tratamentos. Os parâmetros bioquímicos
NPSH (µg NPSH mg de ptn-1), GST (nmol de CDNB conjugado min-1. mg de ptn-1) e
LPO (nmol de TBARS mg de ptn-1) não apresentaram variação significativa entre os
grupos testados, embora tenha sido observado um aumento nos níveis de LPO
hepática nos peixes expostos aos tratamentos com MPs. Em contrapartida, a maior

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

concentração de MPs (MP 200) promoveu um aumento (p = 0,009) na atividade da


AChE (nmol DNTB min-1. mg de ptn-1) cerebral (27,55 ± 5,06) em relação aos peixes
do grupo CTR (21,38 ± 3,07). Entretanto, não foi verificada alteração na atividade
anticolinesterásica muscular nos diferentes grupos experimentais. Assim, esses
resultados mostram que os MPs tem ação genotóxica, mas não promovem estresse
oxidativo, não interferem no processo de biotransformação de xenobióticos e não
apresentam ação anticolinesterásica, possivelmente pela dificuldade destes
adentrarem às células, devido à sua dimensão relativamente grande. Trabalhos têm
demonstrado um aumento das defesas antioxidantes, assim como, uma redução da
atividade da AChE em animais tratados com microplásticos menores ou
nanoplásticos (<1 µm), indicando dessa forma uma maior toxicidade desses MPs
menores, do que os MPs utilizados no presente trabalho, com tamanho de 10-90
µm.

CONCLUSÃO

Com base nesses resultados, pode-se inferir que as concentrações de MPs testadas
no tempo de 24 h não foram capazes de desencadear respostas nos biomarcadores
bioquímicos de A. altiparanae, com exceção do aumento da atividade da AChE
cerebral nos peixes expostos à maior concentração de MPs. Além disso, este
contaminante promoveu um aumento significativo de danos no DNA. Para uma
melhor compreensão acerca dessa classe de contaminantes, outros biomarcadores
e tempos de exposição devem ser considerados.

FONTES FINANCIADORAS

CNPq: bolsa de Iniciação Científica para LS Medina e bolsa Pesquisador para CBR
Martinez.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Contaminantes emergentes: fármacos, cosméticos e nanopartículas
247 - RESISTÊNCIA AOS ANTIBIÓTICOS EM BACTÉRIAS ISOLADAS DE
AMOSTRAS DE SEDIMENTOS SUPERFÍCIAIS

LIDIA NUÑEZ, CARINA SANDRA TORNELLO, MELISA PAOLA VILLELLA, CONSTANZA


GABRIELA LLORENTE, DANIEL MOLINA, JUAN AGUSTIN MORETTON
Contato: LIDIA NUÑEZ - LIDIAN@FFYB.UBA.AR

Palavras-chave: antibioticos; bacterias resistentes; sedimentos supeficiais

INTRODUÇÃO

A ocorrência de antibióticos no ambiente pode impactar negativamente nos


organismos aquáticos e terrestres, além de exercer possível influência no aumento
da resistência de microrganismos aos agentes antibióticos. O Rio de la Plata recebe
em sua margem argentina afluentes com alto grau de poluição. A importância do
estudo da Faixa Costeira Sul reside no fato de que suas águas são usadas para
atividades recreativas e como uma fonte de abastecimento de água potável. O
objetivo deste trabalho foi determinar a presença de bactérias resistentes a
antibióticos em diferentes pontos da Faixa Costeira Sul do Rio de la Plata

METODOLOGIA

Determinou-se a prevalência de bacilos gram-negativos resistentes a antibióticos β-


lactâmicos em diferentes pontos de amostragem. As amostras de sedimentos
superficiais foram coletadas em diferentes épocas do ano, as quais foram
transportadas refrigeradas e processadas no mesmo dia de sua extração. A
resistência bacteriana aos antibióticos foi determinada pelo método de diluição em
ágar. Para o cálculo da porcentagem de bacilos gram negativos resistentes,
diluições das amostras foram inoculadas em meio de ágar lactose biliar vermelho
violeta (VRBLA) com e sem antibióticos, utilizando ceftriaxona e ceftazidima,
meropenen, e imipenen. A prevalência de bactérias resistentes foi calculada como o
número de bactérias em crescimento num meio com antibiótico divididos no número
de bactérias em crescimento num meio sem antibiótico e o resultado é multiplicado
por 100.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Em todas as amostras foram detectadas bactérias resistentes a ceftriazona, no 75%


das amostras analizadas houve bacterias resistents a ceftacidima. A maior
prevalência foi observada frente a ceftriaxona, com valores maximos de 30% a 16%,
e valores mínimos de 0,7 a 0,04% dependendo do local de amostragem. Com
relação aos antibióticos carbapenêmicos, foi observada uma maior prevalência
frente ao imipenem que teve valores máximos de 15% e 10% e mínimos de 0,61
0,01%. Foram detectadas bacterias resistentes a carbapenemes entre um 50% e um
75% das amostras analizadas. En San Isidro e Punta Lara houve uma maior
prevalencia de bacterias resistentes a ceftriazona com valores medios de 14% e
11% respectivamente. Estudos de regressão indicaram que 90% das bactérias
resistentes à ceftriazona, também são à ceftacidima. Em Berazategui, observou-se a

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

maior prevalência de bactérias resistentes a meropenen e a imipenem com um valor


médio de 16% e 5% respectivamente. Perto de este ponto se encontra a estaςằo de
tratamento de esgoto da cidade de Buenos Aires. A descarga de esgoto de
Berazategui contribui em maior grau para a disseminação de bactérias resistentes.
Em trabalhos realizados, previamente publicados, em amostras de águas coletadas
nos pontos analizados neste trabalho, foi encontrada uma maior resistência aos
antibióticos estudados, em especial, em Berazategui e San Isidro. A presença de
uma alta prevalência de bactérias resistentes a antibióticos β-lactamicos em
ambientes aquáticos de uso recreativo levanta a questão da possível transmissão
por rotas ambientais pela água que representa um risco para a saúde pública que
deve ser avaliado.

CONCLUSÃO

Em conclusão, pode-se notar que os efluentes de esgoto com pouco ou nenhum


tratamento são um dos principais problemas referidos à contribuição de antibióticos
e bactérias resistentes, embora dadas as características da área não deve descartar
a presença de águas residuais de áreas confinadas de animais. A seleção e
disseminação na natureza de cepas resistentes aos antibióticos é uma prática que
deve ser controlada, a fim de manter um equilíbrio ecológico que favoreça a
predominância de bactérias suscetíveis e assegure o tratamento efetivo das
doenças infecciosas humanas.

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


598
XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Contaminantes emergentes: fármacos, cosméticos e nanopartículas
249 - BIOMARCADORES CELULARES PARA AVALIAÇÃO DOS EFEITOS DO
PARACETAMOL E DO PROPRANOLOL NA ESPÉCIE DE PEIXE NEOTROPICAL
Phalloceros harpagos

BEATRIZ VIEIRA RAMOS PEREIRA, GREGORIO NOLAZCO MATUS, PAULA


RODRIGUES DE OLIVEIRA SANTOS, ELAINE CRISTINA MATHIAS DA SILVA ZACARIN,
MONICA JONES COSTA, ANDRÉ ALVES CORDEIRO, BRUNO NUNES
Contato: PAULA RODRIGUES DE OLIVEIRA SANTOS - PROLIVEIRA015@GMAIL.COM

Palavras-chave: ecotoxicologia aquática; histopatologia; estresse celular; morte celular; fígado;


contaminantes emergentes

INTRODUÇÃO

A produção, o consumo e a eliminação inadequada de produtos farmacêuticos e de


cuidados pessoais têm levado a contaminação dos ambientes aquáticos, com
potenciais efeitos deletérios nos organismos não alvo expostos. Apesar dos estudos
ecotoxicológicos existentes, ainda há falta de dados relativos aos seus efeitos em
espécies nativas de regiões neotropicais. O presente estudo objetivou avaliar os
efeitos de duas substâncias farmacêuticas, paracetamol (analgésico e antipirético) e
propranolol (β-bloqueador não seletivo), no peixe neotropical Phalloceros harpagos,
por meio da análise de biomarcadores celulares no tecido hepático.

METODOLOGIA

Machos e fêmeas sexualmente imaturas de P. harpagos foram coletados no entorno


da reserva da “Serra do Japi” (Cabreúva, SP, Brasil). Os indivíduos transportados ao
laboratório foram aclimatados por 15 dias em água mineral, 23±1°C, fotoperíodo 12h
claro/12h escuro, aeração contínua, alimentação diária. Os ensaios de exposição
aguda (96h) foram baseado na guideline 203 da OECD, para os quais foram
utilizados recipientes plásticos com 250ml de meio, contendo 1 indivíduo por
recipiente. Indivíduos foram divididos em 6 grupos experimentais (n= 20 por grupo),
sendo o grupo controle (sem fármaco) e os grupos expostos a 5 diferentes
concentrações de cada fármaco. As concentrações utilizadas foram 8, 80, 800,
8000, 80000 μg L-1 para o paracetamol e 0,1, 1, 10, 100, 1000 μg L -1 para o
propranolol. Após o período de exposição, os fígados removidos dos peixes foram
fixados em paraformaldeído 4% em tampão fosfato de sódio (0,1M e pH 7,4).
Posteriormente estes órgãos foram desidratados e processados para inclusão em
parafina (n= 5 por grupo), para a análise das proteínas de estresse celular (HSP70)
e morte celular (reação de TUNEL) por imunofluorescência, ou para inclusão em
historesina para as análises histopatológica e histoquímica de detecção do
glicogênio pelo método do PAS.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Em relação a quantificação da marcação das proteínas da família HSP70


(imunofluorescência), no ensaio de exposição aguda dos peixes ao paracetamol a
imunofluorescência indicativa de HSP70 no parênquima hepático apresentou um

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

aumento significativo em todos os grupos expostos (F5,750=394,7; p<0,0001) em


relação ao grupo controle. Já para a exposição aguda ao propranolol, houve um
aumento na imunofluorescência para a HSP70, sendo que as concentrações com
aumento significativo, em relação ao grupo controle, foram 1, 10 e 1000 µg L-1
(F5,750=394,7; p<0,0001). Em relação às análises histoquímicas semi-quantitativas,
foi aqui observada uma depleção significativa na intensidade de marcação positiva
ao glicogênio hepático (F5, 30= 14.66; p = 0.0119) em resposta a concentração mais
baixa do propranolol (0,0001 mg.L-1), indicando que houve a mobilização do
glicogênio em resposta a exposição ao fármaco, enquanto que o paracetamol não
induziu alterações. Não houve alterações histopatológicas significativas nos peixes
expostos aos fármacos, indicando ausência de características morfológicas de
citotoxicidade nos hepatócitos, a qual foi comprovada pela ausência de
imunomarcação positiva para fragmentação do DNA, indicativa de morte celular.
Como o paracetamol é um composto capaz de causar estresse oxidativo nas células
(BRANDÃO et al., 2011; NUNES et al., 2015; OLIVEIRA et al., 2015), com oxidação
dos grupos tiólicos proteicos, o aumento da marcação das HSP70 nos hepatócitos
indica um mecanismo protetor contra os danos proteotóxicos, a fim de proteger as
células após à exposição ao paracetamol (TOLSON et al., 2006). Em relação ao
propranolol, o aumento na marcação da HSP70 nos hepatócitos do P. harpagos
após exposição aguda indica a necessidade da célula em ativar os mecanismos de
reparo, transporte ou até mesmo proteção de danos as proteínas em resposta a
exposição a um fármaco β-bloqueador (CONTARDO-JARA et al., 2010). A
mobilização de glicogênio observada no grupo exposto a baixa concentração de
propranolol provavelmente foi importante para aumentar a quantidade de glicose no
sangue, que pode estar envolvida com um aumento da demanda energética devido
à atividade natatória aumentada em P. harpagos expostos por 96h a concentrações
baixas de propranolol (MATUS, 2017). As respostas obtidas indicam um esforço do
organismo em retornar a homeostase após a exposição aos fármacos, ocorrendo
uma proteção celular (imunomarcação das HSP70 e ausência de morte celular).
Deste modo, sob as condições experimentais adotadas, o peixe P. harpagos
evidenciou alterações a níveis celulares, indicando a resposta primária do organismo
após a exposição aos compostos farmacêuticos.

CONCLUSÃO

O peixe neotropical P. harpagos demonstrou ser um organismo-teste adequado em


condições laboratoriais, além de ser uma espécie responsiva quando exposto aos
fármacos testados, importantes contaminantes emergentes de ambientes aquáticos.
Para as condições experimentais adotadas neste estudo, as respostas do
biomarcador celular HSP70, indicaram o efeito citoprotetor e/ou proteotóxico em
resposta ao estresse induzido pelos fármacos no fígado dos peixes expostos,
impedindo a morte celular e mantendo a homeostase do tecido hepático.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRANDÃO, F.P.; PEREIRA, J.L.; GONÇALVES, F.; NUNES, B. The Impact of


Paracetamol on Selected Biomarkers of de Mollusc Species Corbicula fluminea.
Environmental Toxicology, v. 29, p. 74-83, 2011.
CONTARDO-JARA, V.; PFLUGMACHER, S.; NÜTZMANN, G.; KLOAS, W.;
WIERGAND, C. The β-receptor blocker metoprolol alters detoxification processes in

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


600
XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

the non-target organism Dreissena polymorpha. Environmental Pollution, v. 158, n. 6,


p.2059-2066, 2010.
MATUS, G.N.; PEREIRA, BEATRIZ, V.R.; SANTOS, A.C.A.; COSTA, M.J.; SILVA-
ZACARIN, E.C.M.; NUNES, B. Short-term behavioral effects of paracetamol and
propranolol in the neotropical fish Phalloceros harpagos. In: SETAC Latin America
12th Biennial Meeting, 2017, Santos. Annals of SETAC Latin America 12th Biennial
Meeting, 2017. v. 12. p. 113-114.
NUNES, B.; VERDE, M.F.; SOARES, A.M.V.M. Biochemical effects of the
pharmaceutical drug paracetamol on Anguilla anguilla. Environmental Science and
Pollution Research, v. 22, n. 15, p. 11574-11584, 2015.
OCDE. OECD Guideline for testing of chemicals. Test 203: Fish, acute toxicity test,
1992.
OLIVEIRA, L.L.D.; ANTUNES, S.C.; GONÇALVEZ, S.; ROCHA, O.; NUNES, B.
Evaluation of ecotoxicological effects of drugs on Daphnia magna using different
enzymatic biomarkers. Ecotoxicology and Environmental Safety, v. 119, p. 123-131,
2015.
TOLSON, J.K.; DIX, D.J.; VOELLMY, R.W.; ROBERTS, S.M. Increased
Hepatotoxicity of Acetaminophen in HSP70i knockout mice. Toxicology and Applied
Pharmacology, v. 210, p. 157-162, 2006.

FONTES FINANCIADORAS

CAPES/PVE (processo n. 88881.068122/2014-01)

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Oral
Contaminantes emergentes: fármacos, cosméticos e nanopartículas
263 - EFEITOS DA COEXPOSIÇÃO DO NANOMATERIAL DE DIÓXIDO DE
TITÂNIO (RUTILA) COM O ARSENITO NO BIVALVE Limnoperna fortunei

SILVANA MANSKE NUNES, LARISSA MULLER, JOSÉ MARIA MONSERRAT, JULIANE


VENTURA LIMA
Contato: SILVANA MANSKE NUNES - SILVANAMNU@GMAIL.COM

Palavras-chave: nanotoxicologia; estresse oxidativo; nanopartículas de dióxido de titânio; respostas


antioxidantes; arsênio; invertebrados

INTRODUÇÃO

O nanomaterial (NM) de dióxido de titânio (nTiO2) é aplicado em diversos produtos


de consumo e tem sido utilizado na remoção de metais de sistemas aquosos.
Porém, estudos têm demonstrado a sua toxicidade em diferentes organismos. Além
disso, tem sido observado que este NM pode interferir na toxicidade do metalóide
arsênio (As), um dos compostos que pode coexistir com o nTiO2 devido à sua
aplicação na remediação ambiental. Por esta razão, o objetivo deste estudo é avaliar
os efeitos da coexposição do nTiO2 (rutila) com o arsenito (AsIII) no mexilhão
dourado Limnoperna fortunei.

METODOLOGIA

Os organismos foram expostos a 1 mg/L de nTiO2 (na forma cristalina rutila) e 50


µg/L de AsIII (como NaAsO2) durante 2 dias. Após a exposição, as brânquias e a
glândula digestiva foram removidas, pesadas e armazenadas a -80ºC. A quantidade
de proteínas presente na amostra foi analisada usando o kit baseado no método de
Biureto. A atividade da glutationa-S-transferase (GST) foi medida usando o 1-cloro-
2,4-dinitrobenzeno (CDNB) como substrato, conforme o método de Habig et al.,
(1974). A absorbância foi medida a 340 nm. A atividade da catalase (CAT) foi
realizada através da quantificação da decomposição de H 2O2 (50 mM) a 240 nm,
conforme o método descrito por Beutler, (1975). Os resultados foram expressos
como unidade de CAT. A peroxidação lipídica foi medida pelo método FOX (ferrous
oxidation in xilenol orange), seguindo a metodologia descrita por Monserrat et al.
(2003). A absorbância foi medida com comprimento de onda de 580 nm.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Após 2 dias de exposição ao nTiO2 e As, observou-se que a atividade da GST foi
aumentada pelo nTiO2 nas brânquias. Na glândula digestiva, todos os tratamentos
aumentaram a atividade desta enzima. Estudos têm demonstrado que o nTiO 2 é
capaz de modular a atividade da GST, porém, o seu efeito sobre esta enzima é
dependente de vários fatores como: estrutura cristalina do nTiO 2, tempo de
exposição, tecido e espécie avaliada. O As diminuiu a atividade da CAT nas
brânquias. Este resultado corrobora com outros estudos que mostraram que o As
afeta enzimas antioxidantes como a CAT. A coexposição do nTiO2+As aumentou a
atividade da mesma na glândula digestiva. NM podem provocar efeitos indiretos nos
organismos devido à sua capacidade de adsorção de outros compostos, causando

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

uma maior incorporação e potencializando a toxicidade dos mesmos. De fato, alguns


estudos demonstraram que a CAT é modulada pelo nTiO 2 e a coexposição do nTiO2
com metais pode induzir efeitos distintos aos efeitos dos compostos isolados. Foi
observado a formação de filamentos de muco contendo nTiO 2 após 24 h de
exposição nos tratamentos com nTiO2 e na coexposição do nTiO2+As . Sabe-se que
a formação de muco é um mecanismo de proteção contra contaminantes,
responsável pela eliminação dos mesmos. Finalmente, não houve indução de dano
lipídico nas brânquias e na glândula digestiva. O nTiO2 e o As podem causar danos
oxidativos a biomoléculas, porém, neste estudo a modulação do sistema de defesa
antioxidante e a formação de muco para a eliminação do nTiO 2, podem ter protegido
os organismos contra a indução de dano oxidativo.

CONCLUSÃO

Conforme os resultados obtidos na glândula digestiva com a indução da atividade


das enzimas GST e CAT, a coexposição do nTiO2+As demonstra ser nociva aos
organismos, uma vez que, foi capaz de alterar alguns parâmetros do sistema de
defesa antioxidante. Levando à uma preocupação sobre a utilização do nTiO 2 na
remediação ambiental. Além disso, o nTiO2 isolado também pode ser nocivo, pois
induziu a atividade de uma enzima de detoxificação (GST) e causou a formação de
muco, outro mecanismo para eliminação de compostos. Desta forma, o uso do nTiO2
em diversos produtos de consumo deve ser melhor avaliada.

FONTES FINANCIADORAS

Apoio financeiro: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico


(MCTI/CNPq, processo 552131/2011-3).

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603
XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Contaminantes emergentes: fármacos, cosméticos e nanopartículas
278 - EVALUATION OF GRAPHENE EFFECTS IN DIFFERENT TISSUES OF Danio
rerio

AMANDA LUCENA FERNANDES, SILVANA MANSKE NUNES, JOSÉ MARIA


MONSERRAT, JULIANE VENTURA LIMA
Contato: SILVANA MANSKE NUNES - SILVANAMNU@GMAIL.COM

Keywords: nanotoxicologia; estresse oxidativo; grafeno; vertebrados

INTRODUCION

The use of graphene (GR), a carbon nanomaterial (NM) that consists of onelayer of
carbon (2D) with sheet shape, increased in the last years, leading to a higher chance
of being released into the environment and coming into contact with living organisms.
Considering the disposal in aquaticenvironments, those animals can be exposed
through different routes of exposition, so it becomes necessary to analyze the
possible toxic effect in these organisms.Data on graphene toxicology shows its ability
to alter the antioxidant system and cause oxidative stress in marine crustaceans,
however, information regarding fish toxic effects data is scarce.

METHODS

Based on this, the objective ofthis study was to evaluate the effects of graphene in
different tissues of the Danio rerio fish, model speciethat is widely used for
toxicological studies, evaluating parameters of oxidative stress. Animals were
exposed intraperitoneally (i.p) to 10 µl of suspensions containing different graphene
concentrations (5 and 50 mg/L) two times during 48h (exposure at 0h and 24h) after
they were euthanized and gills, intestine, muscle and brain dissected. It was
analyzed parameters of oxidative stress, as expression of the nrf2 and gclc genes, as
well as the activity of the GCL (glutamate cysteine ligase) enzyme, reduced
glutathione (GSH) concentration,glutathione-S-transferase (GST) activity and lipid
peroxides levels. Histological analyses were also performed to observe if the
exposure can induce pathological damage in different tissues. The use of all animals
was approved by the Ethics Committee for Experimental Animal Use (CEUA) from
Universidade Federal do Rio Grande, process number 23116001258/2015-16.

RESULTS AND DISCUSSION

The results of molecular biomarkers of oxidative stress showed that nrf2 and
gclcgenes (catalytic subunit of the GCL enzyme) did not altered their expression
afterexposure, since it was observed no significant difference in the expression.
However some biochemical parameters were altered in response to graphene
exposure.In the group exposed to 5mg/L GR, the concentration of GSH in gills
decreased,while in intestine and brain increased, the same result also was observed
in brain afterexposure to 50mg/L GR. The activity of the GCL enzyme was induced
after exposureto both GR groups in the intestine and brain, whereas an increase in
the GST activitywas observed after exposure of 5 mg/L GR in these same tissues.
Damage tomacromolecules such as lipids was observed in gills after exposure at the

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

highestconcentration. Besides, were observed morphological changes in gills, brain


and musclewith moderate to severe histopathology, presenting hyperplasia,
inflammations andedema in tissues.These results demonstrate that the enzymatic
systemwas activated, since after exposure to 5 mg/L the concentration of GSH in
gills decreased, while increased in the intestine and brain, which also increased after
exposure to 50mg/L. GCL activity increased after exposure to the two concentrations
in the intestine and brain, while GST activity increased only after 5mg/L in these
same tissues. In other studies, the activation of these enzymes been tested against
exposure of other nanomaterials, however, this study is the first to show changes in
the activity of these enzymes.The lack of GST activation and little concentration of
GSH in gills generatedan environment that favored an increase inlevel of lipid
peroxidation after exposure to the lowest concentration. Studies withother carbon
nanomaterials also show to induce oxidative damage in gills of fish, such as D. rerio
and C. carpio, evidencing the fragility of this tissue to these nanomaterials.The
morphological changes observed in gills, brain and muscle of moderate to severe
histopathology, corroborate with the results available in the literature regarding
different types of graphene and other carbon nanomaterials.

CONCLUSION

Overall, results indicated that GR induced toxicological effects that were depended of
theanalyzed organ, causing distinct pathologic effects on some, and oxidative effects
onothers.Currently, there is no legislation that controls therelease of carbon
nanomaterials into the environment, and these materials areincreasingly being used.
The study of these effects becomes important to contribute withlevels of safety for
present living beings in this environment, and the results of this study could
contribute to risk assessments of exposure to this compound in living organisms and
human health.

SPONSORS

This study was financed by CNPq Universal program, process number 476770/2013-
0.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Oral
Contaminantes emergentes: fármacos, cosméticos e nanopartículas
282 - REMOÇÃO DE TOXICIDADE E MICROCONTAMINANTES EMERGENTES
EM ESGOTO SANITÁRIO TRATADO EM WETLANDS CONSTRUÍDOS

NEILDES DE SOUZA SANTANA, RENATA COLOMBO, SUELI IVONE BORRELY,


HELISSON HENRIQUE BORSATO DE ANDRADE, MARCELO ANTUNES NOLASCO
Contato: NEILDES DE SOUZA SANTANA - DINHA.SANTANA@GMAIL.COM

Palavras-chave: contaminantes emergentes; wetlands construídos; D. similis; V. fischeri;


cromatografia líquida

INTRODUÇÃO

O presente estudo analisou o desempenho de Wetlands construídos (WC) no


tratamento de esgoto sanitário objetivando avaliar a remoção de microcontaminantes
emergentes (MCE) e toxicidade aguda no efluente desses sistemas. Para isso foram
quantificados os MCE de quatro categorias: (i) plastificantes - dietihexilftalato,
dietilftalato, bisfenol A; (ii) hormônios - 17α-etinilestradiol, estrona, 17β-estradiol,
estriol; (iii) fármacos - diclofenaco, acetaminofeno, sulfametoxazol, genfibrozila,
triclosan e cafeína; (iv) produtos de higiene pessoal - 4-n-nonilfenol e triclosan. Este
estudo visa contribuir para o entendimento da redução de fontes de poluição para
ecossistemas aquáticos e atenuação de efeitos ecotoxicológicos de águas
residuárias.

METODOLOGIA

Duas linhas de tratamento dotadas de WC híbridos foram avaliadas, a Linha de


Tratamento I (LT I), composta por um WC híbrido vertical-horizontal (P5) e Linha de
Tratamento II (LT II), composta por um WC de fluxo livre aerado, decantador (P3) e
seguida por WC de fluxo sub-superficial vertical (P4). O esgoto sanitário tratado é
oriundo do Conjunto Residencial da USP – CRUSP e do restaurante central, ambos
localizados na Cidade Universitária, USP. A análise dos microcontaminantes foi
realizada por cromatografia líquida de alta eficiência acoplada à espectrometria de
massas (CLAE-EM/EM) em um equipamento Shimadzu (UPLC-MS/MS 8030). A
interface para ionização selecionada para separação dos analitos foi por
eletronebulização (ESI). Duas normas para validação do método cromatográfico
foram consideradas: (i) a metodologia nº 1694 para análises de fármacos e produtos
de higiene pessoal em água (US EPA, 2007) e (ii) a resolução nacional Res. nº 899
para validação de determinação de fármacos (ANVISA, 2003). Para a avaliação da
remoção de toxicidade no efluente tratado dois ensaios de toxicidade aguda foram
conduzidos, um com o microcrustáceo Daphnia similis, de acordo com a norma NBR
12713 (ABNT, 2016) e o segundo com a bactéria Vibrio fischeri, seguindo o
protocolo ABNT NBR 15411-3/12.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Em relação à análise de remoção de MCEs, a LT I apresentou altas eficiências de


remoção (E > 75 %) para o acetaminofeno (85,03 %), a cafeína (92,2 %) e o
sulfametoxazol (80,4 3%). O dietilftalato e diclofenaco apresentaram uma eficiência

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

de remoção moderada, de 67,92 % e de 68,3 %, respectivamente. A LT II exibiu


altas eficiências de remoção para o acetaminofeno (82,29 %), a cafeína (98,95 %), o
dietilftalato (89,13 %), e o diclofenaco (78,4 %). Uma eficiência de remoção
moderada (50%Os resultados de eficiência de remoção obtidos nesse estudo para o
fármaco diclofenaco foram similares aos encontrados por Ávila et al., (2013).
Resultados opostos foram publicados por Brandt et al. (2013) analisando a remoção
do diclofenaco em efluente do tratamento do reator UASB. Os autores reportaram
um sutil acréscimo nos valores do efluente do tratamento em (0,12 μg.L -1) em
relação ao esgoto bruto (0,10 μg.L-1), evidenciando a ausência de remoção no
tratamento anaeróbio aplicado. Experimentos ecotoxicológicos evidenciaram uma
diminuição na taxa de crescimento de algas e imobilidade do cladócero D. magna
quando expostos a uma mistura de diclofenaco e ibuprofeno nas concentrações de
68 mg.L-1 e 108 mg.L-1.
No âmbito da avaliação de remoção de toxicidade do efluente tratado nos WC
analisados, para os ensaios de exposição com V. fischeri, uma eficiência de
remoção de 71,13 % foi verificada para a LT I e 90,52 % para a LT II. Houve
diferença significativa na redução da expressão de toxicidade para V. fischeri entre o
efluente das Linhas de Tratamento I e II. As diferenças podem ser devidas à
remoção de matéria orgânica (DQO e COT) e compostos nitrogenados (N-total e
NH4) ter sido mais elevada na LT II comparada à LT I.
À exceção da LT II, na quarta campanha, as demais amostras de esgoto tratado, em
ambas as Linhas de Tratamento, demonstraram ausência de toxicidade para o
ensaio com D. similis. Dentre os principais processos associados à remoção de
toxicidade pelos sistemas estão incluídos a biodegradação por micro-organismos,
que se desenvolvem na região do sistema radicular das plantas, a sorção com o
biofilme que se desenvolve no meio suporte e a adsorção no lodo de substâncias
potencialmente tóxicas, a exemplo de surfactantes aniônicos e contaminantes
orgânicos.

CONCLUSÃO

Não foram notadas diferenças estatisticamente significativas entre as LT I e II na


remoção das substâncias acetaminofeno, cafeína, diclofenaco e sulfametoxazol. As
expressivas eficiências de remoção reportadas para essas substâncias podem estar
associadas ao processo de degradação biológica e a elevada constante de
degradação biológica dessas substâncias. Os sistemas de WC considerados neste
estudo foram eficientes na remoção de toxicidade aguda. Verificou-se que a bactéria
V. fischeri demonstrou maior sensibilidade em relação ao cladócero D. similis para
as amostras testadas. Fato evidenciado pela maior expressão de toxicidade (<
CE50) considerando as amostras de esgoto bruto, para as mesmas campanhas
analisadas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA – ANVISA. Resolução RE 899,


de 29 de maio de 2003. Guia para validação de métodos analíticos e bionalíticos.
Brasília, 2003. Disponível:http://www.anvisa.gov.br/legis/resol/2003/re/899_03re.htm.
Acesso em: mar. de 2017 .

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – ABNT. NBR


12713Ecotoxicologia Aquática – Toxicidade aguda – Método de ensaio com Dapnhia
spp (Crustacea, Cladocera). Rio de Janeiro, 2016.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – ABNT. NBR-15.411.
Ecotoxicologia aquática – determinação do efeito inibitório de amostras de água
sobre a emissão de luz de Vibrio fischeri (Ensaio de bactéria luminescente). Rio de
Janeiro: 2012
AVILA C. et al. Attenuation of emerging organic contaminants in a hybrid constructed
wetland system under different hydraulic loading rates and their associated
toxicological effects in wastewater. Science of the Total Environment, v. 470–471, p.
1272–1280, 2013.
BRANDT, E.M.F. et al. Behaviour of pharmaceuticals and endocrine disrupting
chemicals in simplified sewage treatment systems. Journal of Environmental
Management, v. 128, p. 718–726, 2013.
UNITED STATES ENVIRONMENTAL PROTECTION AGENCY – US EPA. Method
1694: Pharmaceuticals and Personal Care Products in Water, Soil, Sediment, and
Biosolids by HPLC/MS/MS, 2007.

FONTES FINANCIADORAS

Este trabalho foi realizado em parceria com o Centro de Tecnologia das Radiações,
localizado no Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares - CTR/IPEN, sob
coordenação da Profa. Dra. Sueli Borrely. Parte do financiamento deste projeto foi
obtido por meio da ‘Rede Nacional de Pesquisa em Tratamento de Esgotos
Descentralizados- RENTED’.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Contaminantes emergentes: fármacos, cosméticos e nanopartículas
296 - AVALIAÇÃO DA TOXICIDADE DO LIXIVIADO DE POLÍMEROS
SINTÉTICOS E BIOPOLÍMEROS EM Daphnia similis (CLADOCERA)

CAROLINE MATHI, MARINA REGHINI VANDERLEI, LUIZ FELIPE MENDES DE


GUSMÃO, EVALDO LUIZ GAETA ESPINDOLA
Contato: CAROLINE MATHI - CAROLMAT@GMAIL.COM

Palavras-chave: plástico; polímero; microplástico; toxicidade; lixiviado

INTRODUÇÃO

O crescente consumo de polímeros é uma problemática relacionada aos


contaminantes emergentes. Dos detritos de polímeros produzidos surgem os
microplásticos, que são partículas poliméricas inferiores a 5 mm, subdivididos em
primários (micropartículas menores que 5 mm, como esfoliantes) e secundários
(oriundos da lixiviação e degradação de detritos maiores) (ANDRADY, 2011; COLE
et al., 2011). Além dos efeitos físicos, sua dimensão e forma podem aumentar sua
capacidade de adsorver metais e poluentes orgânicos persistentes (POP’s),
potencializando sua toxicidade. No entanto, seus efeitos ecotoxicológicos no meio
aquático, principalmente em organismos de água doce, são poucos conhecidos, o
que motivou esta pesquisa.

METODOLOGIA

Nesta pesquisa foram avaliados quatro polímeros sintéticos, na forma de pellets e


dimensão menor que 5mm (polipropileno virgem, reciclado pós-industrial, pós-
consumo e da área de rejeitos de uma empresa recicladora de polímeros), e um
biopolímero de babaçu (amido termoplástico-TPS- laboratorial, com 1 cm2). Parte
dos polímeros sintéticos foi triturada em moinho laboratorial, originando dois
tamanhos diferentes de microplásticos (pellets e microparticulas), os quais foram
submetidos ao processo de lixiviação (LITHNER et al., 2009; DAVE & ASPEGREN,
2010; BEJGARN et al., 2015; LI et al., 2016). Para produção dos lixiviados,
adicionou-se meio de cultivo ASTM aos polímeros (sintético triturado, não triturado e
biopolímero) (10 L.kg-1), em mesa agitadora (90 rpm), durante 72h, temperatura
20±2°C, armazenados depois em geladeira. Posteriormente, parte das amostras foi
filtrada, buscando-se reconhecer o efeito do dissolvido (efeito químico) e do
particulado, de dois tamanhos (efeito físico + químico). A espécie Daphnia similis
(Cladocera) foi utilizada como organismo-teste, cuja manutenção, testes de
sensibilidade e de toxicidade aguda com os polímeros e biopolímeros seguiram a
norma NBR 12713 (ABNT, 2016). Valores de pH, oxigênio dissolvido, temperatura,
condutividade, dureza, salinidade e sólidos dissolvidos totais foram quantificados no
início e final dos testes.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Pelos resultados obtidos, verificou-se imobilidade de 5%, 10% e 20% para Daphnia
similis nas amostras provenientes do lixiviado de polipropileno (PP) virgem triturado,
PP virgem filtrado e o rejeito da empresa recicladora de PP, respectivamente. Entre

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

as amostras de PP triturado e não triturado não houve diferença significativa. Para o


lixiviado do biopolímero registrou-se toxicidade aguda, com 100% de imobilidade, o
que pode estar relacionado, entre outros fatores, à redução da concentração de
oxigênio dissolvido (OD do meio ASMT: 7,0mg/L; OD inicial após lixiviação:
0,26mg.L-1 e OD final após 48h: 0,08 mg.L-1) e ao aumento do valor associado à
salinidade (salinidade do meio ASMT: 0,1 ‰; salinidade inicial após lixiviação: 2,5 ‰
e salinidade final após 48h: 2,8 ‰), proveniente do processo de degradação do
biopolímero durante a lixiviação e estocagem. Reconhece-se, portanto, que o
lixiviado do biopolímero foi considerado tóxico ao cladócero D. similis em função da
redução da concentração de oxigênio dissolvido e do aumento de salinidade na
água, interferindo em sua mobilidade. Apesar da ausência de toxicidade aguda para
os PPs (triturado ou não) avaliados nesta pesquisa, estudos prévios com outros
polímeros, como o policarbonato (PC), policloroeteno (PVC) e o poliuretano (PU)
têm demonstrado toxicidade para Daphnia magna, com valores de CE50 de 5, 8 e
35 g.kg-1, respectivamente (LITHNER et al., 2009), o que, segundo os autores,
esteve mais associado a POPs e metais adsorvidos ao microplásticos. Novos
estudos estão em andamento com os mesmos microplásticos em escala laboratorial
e em modelos ecossistêmicos (mesocosmos), avaliando se os PPs podem
realmente causar toxicidade quando expostos previamente a metais e agrotóxicos, o
que aumentaria os riscos ambientais associados à presença dos microplásticos nos
ecossistemas aquáticos (efeito físico e químico), uma vez que estes podem causar
redução na quantidade de alimento ingerida, injúrias no trato gastrointestinal,
respostas inflamatórias, estresse oxidativo e hepático, além de efeitos neurotóxicos
(BARBOSA, 2017).

CONCLUSÃO

Os resultados indicaram toxicidade aguda do biopolímero para Daphnia similis,


(100% de imobilidade), enquanto os polímeros sintéticos demonstraram reduzida (5
a 20% de imobilidade) ou nenhuma toxicidade. As análises físico-químicas do
lixiviado do biopolímero apresentaram redução na concentração de oxigênio
dissolvido e aumento acentuado da salinidade, o que pode ter contribuído para a
imobilidade dos organismos-teste. No caso dos polímeros sintéticos, apesar da
ausência ou reduzida toxicidade, os mesmos podem atuar como via de exposição
para contaminantes a eles adsorvidos (metais e agrotóxicos, por exemplo), o que
poderia comprometer as espécies presentes.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR12713:


Ecotoxicologia aquática - Toxicidade aguda - Método de ensaio com Daphnia spp
(Crustacea, Cladocera). Disponível em: < https://www.gedweb.com.br/visualizador-
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ANDRADY, A.L. Microplastics in the marine environment. Marine Pollution Bulletin, v.
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BARBOSA, A.C.B. Efeitos ecotoxicológicos de microplásticos e outros
contaminantes ambientais em Daphnia magna. 2017. nstituto de Ciências

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Biomédicas Abel Salazar e Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e


Ambiental da Universidade do Porto., 2017.
BEJGARN, S.; MACLEOD, M.; BOGDAL, C.; BREITHOLTZ, M. Toxicity of leachate
from weathering plastics: An exploratory screening study with Nitocra spinipes.
Chemosphere, v. 132, p. 114–119, 2015. Disponível em: < https://ac.els-
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COLE, M.; LINDEQUE, P.; HALSBAND, C.; GALLOWAY, T.S. Microplastics as
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DAVE, G.; ASPEGREN, P. Comparative toxicity of leachates from 52 textiles to
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Survival and Settlement of the Barnacle Amphibalanus amphitrite. Environmental
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LITHNER, D.; DAMBERG, J.; DAVE, G.; LARSSON, Å. Leachates from plastic
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FONTES FINANCIADORAS

Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico –CNPq – Processo


N. 157781/2017-8

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Contaminantes emergentes: fármacos, cosméticos e nanopartículas
310 - ESTUDO DOS EFEITOS ECOTOXICOLÓGICOS DO FÁRMACO ACICLOVIR
EM Raphidocelis subcapitata

LUDMILA CUNHA DE ALMEIDA, LOUISE DA CRUZ FELIX, CAMILA PEREIRA


GONSALEZ DINAMARCO, NATÁLIA GUIMARÃES DE FIGUEIREDO, DANIELE BILA
BILA
Contato: LUDMILA CUNHA DE ALMEIDA - LUDMILACALMEIDA@GMAIL.COM

Palavras-chave: ecotoxicologia; aciclovir; microalgas

INTRODUÇÃO

Fármacos da classe de antivirais são pouco estudados e necessitam de melhor


investigação pois, são excretados em grandes quantidades, aproximadamente 83%
do aciclovir é excretado pelo rim em suas forma inalterada (LASKIN et al., 1982) o
que evidencia a importância de um monitoramento ecotoxicológico destes em águas
superficiais (PRASSE et al., 2010; SINGER et al., 2014; JIANG et al., 2015;
MOHAPATRA et al., 2016). As infecções virais como herpes simplex e herpes zoster
são bastante comuns na população e são tratadas com medicamentos antivirais. O
objetivo desse estudo foi investigar a toxicidade crônica do aciclovir com o
organismos-teste Raphidocelis subcapitata.

METODOLOGIA

O ensaio de toxicidade crônica com a microalga Raphidocelis subcapitata foi


realizado conforme a metodologia de cultivo e ensaio descrita na NBR 12648
(ABNT, 2018). As microalgas foram expostas a cinco concentrações de aciclovir
(6,25; 12,5; 25; 50 e 100 µM) em triplicata, além do controle negativo mantido com
meio de cultivo e o controle positivo preparado com Cloreto de Potássio (KCl) nas
concentrações de 20, 10, 5, 2,5 g.L-1. As determinações de pH e oxigênio dissolvido
foram realizadas no início e final dos ensaios. Após 96 horas, para a determinação
da concentração de células das microalgas utilizou-se o método de contagem em
câmara de Neubauer em microscopia óptica. Os dados de biomassa foram
submetidos a análises estatísticas por interpolação linear, pelo software ICPIN, para
identificar a concentração média de inibição (CI50; 96 h), que é a concentração que
interfere em 50% dos organismos em relação ao grupo controle. Em estudos
realizados por MARKLE et al. (2000), utilizando R. subcapitata para a avaliação da
toxicidade de efluentes, concluíram que a Concentração de Inibição se apresentou
como uma ferramenta muito melhor para avaliar a sensibilidade de espécies quando
comparada aos resultados obtidos em ensaios utilizando como resposta ao CENO e
CEO.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A Concentração de Inibição para 50% da população de R. subcaptata foi de 4,45 µM


o que corresponde a 10 mg/L de aciclovir. De acordo com a Diretiva Europeia
93/67/EEC, a ecotoxicidade dos contaminantes é classificada em diferentes classes
de risco com base nos valores de concentração efetiva (CI50) onde: CI50 <1 mg.L-1

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

seria classificado como ''Muito tóxico para organismos aquáticos''; 1 < CI50 <10
mg.L-1

CONCLUSÃO

Segundo os critérios de legislações internacionais, o aciclovir apresenta toxicidade


para espécies de microalgas verdes, estes organismos representam a base da teia
alimentar, com isso, as relações tróficas podem ficar prejudicadas devido à baixa
disponibilidade de organismos fotossintetizantes. São necessários ensaios
adicionais inclusive em diferentes níveis tróficos para avaliar a toxicidade e estimar a
avaliação de risco ambiental de compostos farmacêuticos, afim de que os órgãos
regulamentadores possam, com segurança, estabelecer limites máximos
permissíveis na legislação brasileira de qualidade de água superficiais.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

COMMISSION OF THE EUROPEAN COMMUNITIES. Technical guidance document


in support of commission directive 93/67/EEC on risk assessment for new notified
substances and commission regulation (EC) No. 1488/94 on risk assessment for
existing substances. Part II. Environmental Risk Assessment, Office for Official
Publications of the European Communities, Luxemburg, 1996.
JIANG, J.J.; LEE, C.L.; FANG, M.D.; BOYD, K.G.; GIBB, S.W. Source apportionment
and risk assessment of emerging contaminants: an approach of pharmaco-signature
in water systems. PLoS One. 15:10(4):e0122813, 2015.
HJ/T154. Guidelines for the Hazard Evaluation of New Chemical Substances, 2004.
LASKIN, O.L.; DEMIRANDA, P.; KING, D.H.; PAGE, D.A.; LONGSTRETH, J.A.;
ROCCO, L.; LIETMAN, P.S. Effects of probenecid on the pharmacokinetics and
elimination of acyclovir in humans. Antimicrob Agents Chemother, 21, 804–807,
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LI, G.; NIE, X.; GAO, Y.; AN, T. Can environmental pharmaceuticals be
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under visible light irradiation?—Implications of persistent toxic intermediates. Applied
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MARKLE, P.J.; GULLY, J.R.; BAIRD, R.B.; NAKADA, K.M.; BOTTOMLEY, J.P.
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MOHAPATRA, S.; HUANG, C. .; MUKHERJI, S.; PADHYE, L.P. Occurrence and fate
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pharmaceuticals in surface water. Regulatory Toxicology and Pharmacology, v. 39,
p. 158-183, 2004.

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

SINGER, A.C.; JA¨RHULT JD, GRABIC R, KHAN GA, LINDBERG RH,


FEDOROVA,G.; FICK, J.; BOWES,M. J.; OLSEN, B.; SÖDERSTRÖM, H. Intra- and
Inter-Pandemic Variations of Antiviral, Antibiotics and Decongestants in Wastewater
Treatment Plants and Receiving Rivers. PLoS ONE 9(9): e108621. 2014.
UNITED STATES OF AMERICA. U.S. Environmental Protection Agency (EPA).
Ecological Structure Activity Relationships (ECOSAR). 2012. Disponível em: <
http://www.epa.gov/oppt/newchems/tools/21ecosar.htm > Acesso em: 02 maio de
2018.

FONTES FINANCIADORAS

Os autores agradecem à FAPERJ e ao CNPq pelo apoio financeiro.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Contaminantes emergentes: fármacos, cosméticos e nanopartículas
329 - TOXICIDADE DE TRÊS CONTAMINANTES EMERGENTES EM
ORGANISMOS MARINHOS NÃO ALVO.

ALLYSON QUEIROZ SILVA, DENIS MOLEDO DE SOUZA ABESSA


Contato: ALLYSON QUEIROZ SILVA - ALLYSON_QUEIROZ@HOTMAIL.COM

Palavras-chave: AAS; BPA; EE2; toxicidade aguda; toxicidade crônica

INTRODUÇÃO

As áreas costeiras abrigam grandes conglomerados urbanos e por isso são


continuamente impactadas pelas atividades antrópicas. Os efluentes urbanos, direta
ou indiretamente acabam atingindo o ambiente marinho, liberando um grande
número de poluentes que incluem os chamados contaminantes emergentes. Essas
substâncias incluem, hormônios, produtos farmacêuticos e de higiene pessoal,
nanopartículas, biocidas, entre outros. O objetivo deste estudo foi avaliar a
toxicidade do 17α-etinilestradiol (EE2), ácido acetilsalicílico (AAS) e bisfenol A (BPA)
a três organismos marinhos, sendo avaliado os seguintes parâmetros: sobrevivência
(Mysidopsis juniae e Artemia sp.) e desenvolvimento embrionário (Echinometra
lucunter).

METODOLOGIA

Os bioensaios de toxicidade aguda e crônica foram realizados com base em


métodos devidamente padronizados para os organismos teste selecionados. Os
experimentos com os microcrustáceos Artemia sp. e M. juniae seguiram as
metodologias estabelecidas por VEIGA e VITAL (2002) e ABNT (2012),
respectivamente, enquanto que os bioensaios com o ouriço do mar E. lucunter foram
efetuados com base na ABNT (2012). As concentrações usadas para o teste com
Artemia sp foram: EE2 (5; 12,5; 25; 50 e 100 mg/L), BPA (6,25; 12,5; 25; 50 e 100
mg/L) e AAS (250; 275; 300; 325 e 350 mg/L). Já as concentrações usadas para o
teste com M. juniae foram: EE2 (0,039; 0,078; 0,156; 0,312 e 0,625 mg/L), BPA
(0,312; 0,625; 1,25; 2,5 e 5 mg/L) e AAS (50; 100; 150; 200 e 250 mg/L). As
concentrações para os testes de desenvolvimento embrionário com E. lucunter
foram: EE2 e BPA (1,56; 3,12; 6,25; 12,5, 25 e 50 µg/L) e AAS (4,68; 9,37; 18,75;
37,5; 75 e 150 µg/L). Parâmetros físico-químicos (oxigênio, pH e salinidade) foram
mensurados no início e no final de cada experimento.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A Artemia sp. apresentou CL50-48h para EE2, BPA e AAS de 18,43 ±2,73 mg/L;
59,35 ±14,67 mg/L e 305,9 ±16,55 mg/L, respectivamente. M. juniae obteve CL50-
96h para EE2, BPA e AAS de 0,36 ±0,07 mg/L; 1,00 ±0,01 mg/L e 190,17 ±20,93
mg/L, respectivamente. Os resultados obtidos através dos testes de toxicidade
aguda mostraram que o microcrustáceo M. juniae foi mais sensível aos
contaminantes analisados do que Artemia sp., e dentre os três compostos o EE2 foi
o mais tóxico, seguido por BPA e AAS. As propriedades físico-químicas, como pKa e
coeficiente de partição octanol-água, inerentes aos três compostos estudados

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

permitem que eles consigam transpassar barreiras, como as membranas


plasmáticas e, por conseguinte terem a capacidade de interagir com receptores
celulares e assim gerar efeitos tóxicos adversos nos organismos não alvos. Os três
compostos analisados conseguiram afetar significativamente (p<0,05) o
desenvolvimento embrionário do ouriço do mar E. luncuter em todas as
concentrações testadas. Os desreguladores endócrinos, como o EE2 e o BPA, são
xenobióticos que atuam na alteração de diversas funções biológicas, dentre elas o
crescimento do organismo, desenvolvimento larval, ecdise, comportamento e
reprodução de invertebrados, portanto condizente com os resultados obtidos como o
ouriço do mar. O desenvolvimento embrionário de invertebrados é severamente
alterado por desreguladores endócrinos, pois é um estágio sujeito a diversas
mudanças metabólicas mediadas por hormônios. Já o AAS é um anti-inflamatório
que inibe a ação da enzima cicloxigenase (COX), que em invertebrados aquáticos
está envolvida em vias metabólicas que regulam também a reprodução desses
organismos, como o desenvolvimento do ovário e ovulação.

CONCLUSÃO

Sendo assim, foi observado que para o parâmetro sobrevivência, M. juniae foi mais
sensível aos contaminantes do que Artemia sp., enquanto que o EE2 foi o composto
mais tóxico, seguido por BPA e AAS. Como esperado, o desenvolvimento embrio-
larval do ouriço do mar E. lucunter foi afetado em todas as concentrações testadas
dos três xenobióticos, indicando o efeito embriotóxico dessas substâncias em
concentrações ambientalmente relevantes. É portanto necessário identificar se
esses compostos também têm a capacidade de alterar parâmetros fisiológicos,
comportamentais, bioquímicos ou moleculares de organismos marinhos tropicais.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas, 2011. ABNT/NBR 15308.


Ecotoxicologia aquática - toxicidade aguda - Métodos de ensaios em misídeos
(Crustacea).
ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas, 2012. ABNT/NBR 15350.
Ecotoxicologia aquática: toxicidade crônica de curta duração - Método de ensaio
com ouriço do mar (Echinodermata: Echinoidea).
VEIGA, L.F.; VITAL, N. Teste de toxicidade aguda com o microcrustáceo Artemia sp.
In: NASCIMENTO, I.A.; SOUSA, E.C.P.M.; NIPPER, M. Métodos em Ecotoxicologia
Marinhas: aplicações no Brasil. São Paulo: Editora Artes Gráficas e Indústria Ltda,
2002.

FONTES FINANCIADORAS

Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico -


FUNCAP.

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Oral
Contaminantes emergentes: fármacos, cosméticos e nanopartículas
335 - AVALIAÇÃO DA TOXICIDADE DO DICLOFENACO PARA DUAS
MICROALGAS DULCÍCOLAS: P. boruanum E D. communis

YARIN TATIANA PUERTA QUINTANA, RUBIA RODRIGUES, PABLO SANTOS


GUIMARÃES, CAMILA DE MARTINEZ GASPAR MARTINS
Contato: YARIN TATIANA PUERTA QUINTANA - YARIN.PUERTA@GMAIL.COM

Palavras-chave: Testes; contaminantes; microalgas; fármacos

INTRODUÇÃO

Testes de toxicidade com microalgas são utilizados como ferramentas práticas na


avaliação do potencial tóxico e classificação de substâncias químicas, efluentes e
águas. O desenvolvimento e avanço destes testes permitem adotar diretrizes
regulatórias para a preservação ambiental. Estudos sobre a toxicidade de
contaminantes emergentes não legislados se fazem importantes, como é o caso do
Diclofenaco, fármaco anti-inflamatório rotineiramente presente em efluentes
domésticos. O presente estudo propõe a realização de testes de toxicidade para a
avaliação do crescimento, viabilidade e clorofila de duas espécies microalgas
dulcícolas (Pediastrum boryanum e Desmodesmus communis) expostas ao
Diclofenaco.

METODOLOGIA

As microalgas P. boryanum e D. communis provenientes da Coleção de Culturas da


FURG, foram expostas à uma faixa de cinco concentrações de Diclofenaco (3,2 a
320 mg/L fator 3,2), e situação controle, seguindo a norma da ABNT-NBR
12648:2011. Adicionalmente, foi testada uma concentração ambiental (2 µg/L de
Diclofenaco). Os testes tiveram duração de 72h, fotoperiodo 12L:12E, temperatura
21°C, sem agitação. Diariamente foi analisada a densidade ótica (DO) como
indicador da biomassa. Também, foi estimada a viabilidade celular, pelo método do
vermelho neutro, contando-se o número de células viáveis em 200 células, e o teor
de clorofila, extraído com metanol. O cálculo da concentração mediana de efeito no
crescimento de 50% da população (CE50) foi feito usando o programa Trimmed
Spearman-Karber com base nos valores de densidade final (df= medida da DO no
último dia de experimento, relativizada pelo controle), taxa de crescimento (r=(ln(df)-
ln(di))/(tf-ti), onde r=taxa de crescimento, df,i= densidade final e inicial, tf,i= tempo
final e inicial). Finalmente, usou-se a análise de variância ANOVA de uma via para
comparar os efeitos dos diferentes tratamentos sobre o crescimento das algas e o
teor de clorofila. Quando houve diferença, foi aplicado o teste post hoc de Tukey no
R-Studio 3.4.1.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A microalga D. communis foi tolerante às primeiras 3 concentrações de Diclofenaco


(3,2, 10 e 32 mg/L). Estas concentrações de exposição não provocaram inibição
significativa no seu crescimento. Para a viabilidade, um decaimento é observado a
partir da concentração de 32 mg/L (aproximadamente 70% de células viáveis),

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

sendo este mais acentuado nas concentrações de 100 mg/L e 320 mg/L, onde
observou-se uma viabilidade celular de 40 e 0% respectivamente. Na clorofila-a, foi
observada diferença significativa em todos os tratamentos, sendo que o teor de
clorofila foi significativamente maior nas concentrações de 3,2, 10 e 32 mg/L de
Diclofenaco, em relação à 100 mg/L e 320 mg/L do composto. Para a P. boryanum,
um efeito negativo no crescimento e no teor de clorofila é observado logo à 10 mg/L,
mas a viabilidade começa a cair na concentração de 32 mg/L de Diclofenaco.
Nenhum dos parâmetros analisados diferiu dos controles na contração ambiental (2
µg/L de Diclofenaco), mostrando que a concentração real do fármaco fica longe de
ser tóxica para as microalgas testadas. Ainda, a viabilidade parece não ter sido um
bom indicador de toxicidade, devido ao baixo número de células nas concentrações
mais altas, que apesar de poucas eram viáveis, subestimando os resultados dos
testes.
Foram calculados os valores de CE50 com base na densidade celular final (df) e na
taxa média de crescimento (r). A CE50 calculada para o teste com a microalga D.
communis com base em r foi de 55,01 mg/L de Diclofenaco, sendo menor que
aquela calculada com base na df que foi de 62,74 mg/L. Para o teste com a
microalga P. boryanum temos que a CE50 calculada pelo r foi de 17,03 mg/L de
Diclofenaco, sendo também menor do que a calculada pela df que foi de 26,47 mg/L.
Estes dados salientam maior sensibilidade da microalga P. boryanum ao Diclofenaco
do que a espécie D. communis, o que pode estar relacionado à maior complexidade
da parede celular da última espécie. No entanto, fica a inquietude de que parâmetro
usar para expressar a toxicidade, densidade final ou taxa de crescimento? De
acordo com nossos resultados, o segundo parece ser um parâmetro mais sensível.
Por fim, além da maior sensibilidade, a microalga P. boryanum ainda apresentou
resposta dose-dependente para todos os parâmetros, mostrando-se um modelo
mais apropriado para testes de toxicidade em comparação com a D. communis.

CONCLUSÃO

O Diclofenaco em concentrações ambientais não é tóxico para as microalgas


testadas. A microalga P. boryanum apresentou-se como um melhor modelo para
testes ecotoxicológicos por apresentar respostas dose-dependentes e ser mais
sensível ao Diclofenaco do que a D. communis. A taxa de crescimento parece ser o
melhor parâmetro-base para expressar a toxicidade em função da biomassa. A
viabilidade celular não foi um bom parâmetro para determinar a toxicidade do
composto, influenciada pelo baixo número de células nas maiores concentrações
testadas. Ficam algumas questões importantes sobre qual parâmetro usar para
expressar a toxicidade.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABNT NBR 12648:2011. Ecotoxicologia aquática — Toxicidade crônica — Método


de ensaio com algas (Chlorophyceae) Aquatic (2011). Brasil. Norma Técnica
Brasileira, 28 p.
EBELE, A.J.; ABOU-ELWAFA ABDALLAH, M.; HARRAD, S. (2016).
Pharmaceuticals and personal care products (PPCPs) in the freshwater aquatic
environment. Emerging Contaminants, 1–16.

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

FU, L.; LI, J.; WANG, Y.; WANG, X.; WEN, Y.; QIN, W.; SU, L.; ZHAO, Y. (2015).
Evaluation of toxicity data to green algae and relationship with hydrophobicity.
Chemosphere. 120, 16-22.
MONTAGNER, C.C.; VIDAL, C.; ACAYABA, D.R. (2017). Contaminantes
emergentes em matrizes aquáticas do Brasil: cenário atual e aspectos analíticos,
ecotoxicológicos e regulatórios. Quimica Nova, X(0), 1–17.
OECD. (2002). OECD guidelines for the testing of chemicals. OECD Guideline for
Testing of Chemicals. Organisation for Economic Co-operation and Development ,
21 p.
XIONG, J.Q.; KURADE, M.B.; JEON, B.H. (2018). Can Microalgae Remove
Pharmaceutical Contaminants from Water? Trends in Biotechnology, 36(1), 30–44.

FONTES FINANCIADORAS

Este projeto faz parte de um projeto marco financiado com recursos da Companhia
Riograndense de Saneamento (CORSAN-RS).

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Oral
Contaminantes emergentes: fármacos, cosméticos e nanopartículas
350 - AVALIAÇÃO DA SENSIBILIDADE DE ESPÉCIES MARINHAS À MISTURA
DE CELULOSE MICROFIBRILADA E EFLUENTE TRATADO

TATIANA HEID FURLEY, LUCAS BUENO MENDES, KÁTIA REGINA CHAGAS, BRUNA
HORVATH VIEIRA, BIBIANA RIBEIRO RUBINI, BRAZ JOSE DEMUNER, FERNANDO
AQUINOGA DE MELLO
Contato: TATIANA HEID FURLEY - TATIANA@APLYSIA.COM.BR

Palavras-chave: efeito da nanocelulose; ecotoxicidade de efluente

INTRODUÇÃO

Com o crescente desenvolvimento e uso de nanomateriais tem surgido a


necessidade de avaliar os potenciais riscos desses compostos ao meio ambiente.
Considerada uma das inovações mais promissoras para o setor de celulose, a
celulose microfibrilada (CMF) é produzida pela fibrilação da fibra sob alta
compressão e forças de cisalhamento. Ainda são poucas as informações a respeito
da ecotoxicologia da nanocelulose, desse modo, o presente estudo tem como
objetivo avaliar os efeitos ecotoxicológicos da presença de CMF no efluente tratado
de uma planta de produção de celulose.

METODOLOGIA

Foram realizados ensaios ecotoxicológicos, compreendendo exposições agudas e


crônicas, com 5 espécies marinhas de diferentes grupos taxonômicos e níveis
tróficos. As espécies selecionadas foram: a microalga Skeletonema costatum
(produtor), o microcrustáceo Artemia sp. (consumidores primários), o microcrustáceo
Mysidopsis juniae (consumidor secundário), o equinóide Echinometra lucunter
(consumidor secundário), e a bactéria bioluminescente Vibrio fischeri
(decompositor). Todos os ensaios seguiram as normas da ABNT ou metodologia de
padronização estabelecida na literatura. Foram comparadas amostras do efluente
tratado com e sem a presença de CMF. As amostras com CMF representam um
possível cenário crítico, considerando o descarte de CMF (96% de água e 4% de
microfibra de celulose), no efluente final. Desse modo, foi coletado o efluente final
tratado sem a presença de CMF e posteriormente adicionada CMF
proporcionalmente na concentração referente à fração de CMF que iria compor o
efluente final no cenário avaliado (1,8% de CMF no efluente final). Após a adição da
CMF a amostra foi homogeneizada, deixada em repouso por 4 horas e
posteriormente sifonada ou centrifugada. As amostras foram avaliadas em 5
diluições e os resultados dos ensaios foram analisados com base nos valores da
concentração de efeito sobre 50% dos indivíduos (CE50%).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados demonstraram menor ecotoxicidade para as amostras de efluente


com CMF para as avaliações com as espécies M. juniae (10,88% para o efluente e
26,18% para a amostra de efluente + CMF), E. lucunter (34,97% para o efluente e
60,17% para a amostra de efluente + CMF). Para a microalga S. costatum foi

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

observado maior ecotoxicidade para a amostra com CMF (71,22% para o efluente e
57,24% para a amostra de efluente + CMF), enquanto que para Artemia sp. (67,13%
para o efluente e 66,32% para a amostra de efluente + CMF) e V. fischeri (12,12%
para o efluente e 14,90% para a amostra de efluente + CMF) os resultados foram
similares.
A diminuição da ecotoxicidade nas avaliações com M. juniae e E. lucunter pode
estar relacionada a baixa ecotoxicidade de microfibra de celulose aos referidos
organismos e à possível influência da presença da CMF no efluente. As
características físico-químicas da CMF, como a elevada quantidade de cargas na
superfície da microfibra, podem favorecer a interação da microfibra com alguns
compostos que promovem toxicidade no efluente, diminuindo a biodisponibilidade
desses compostos e, consequentemente, reduzindo também a ecotoxicidade da
amostra.
Apesar da diminuição observada para esses organismos, foi observada maior
ecotoxicidade na amostra com CMF à microalga S. costatum. Tal resultado pode
estar relacionado a efeitos físicos e/ou químicos da microfibra, como os observados
por Pereira et al. (2014) em exposições de Chlorella vulgaris a nanofibras de
celulose. Os autores registraram a indução de processos oxidativos, afetando a
produção de ATP, e efeitos físicos promovendo uma barreira entre as células e o
meio, afetando a viabilidade e a multiplicação celular na microalga.
Em que pese a maior sensibilidade da microalga S. costatum à amostra com CMF,
os valores de CENO (concentração de efeito não observado) e CEO (concentração
de efeito observado) foram os mesmos para as duas amostras, o que indica a
necessidade de estudos adicionais para compreender com maior clareza os
possíveis efeitos da CMF para a espécie.
De modo geral, os efeitos relatados na literatura destacam a maior relevância dos
efeitos físicos das micro e nanofibras de celulose (KOVACS et al., 2010; VARTIEN
et al., 2011; NAVARRO et al. 2016), entretanto, ainda há escassez de estudos sobre
polímeros de celulose, em especial para a avaliação da forma microfibrilada.

CONCLUSÃO

Os resultados obtidos nos diferentes ensaios ecotoxicológicos indicaram redução de


ecotoxicidade aguda e crônica respectivamente para os organismos M. juniae e E.
lucunter enquanto que as espécies Artemia sp. e Vibrio fischeri responderam de
forma semelhante para as duas amostras. Os resultados sobre o crescimento da
microalga Skeletonema costatum sugerem maior sensibilidade da alga na presença
da microcelulose, entretanto, recomenda-se o aprofundamento da análise em
relação a este nível trófico. Os resultados evidenciaram, em geral, que a presença
da celulose microfibrilada não agregou toxicidade ao efluente final da fábrica de
celulose.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

EICHHORN, S.J. et al. Review: Current international research into cellulose


nanofibres and nanocomposites. J Mater Sci, v. 45, p. 1–33, 2010.
KOVACS, T.; NAISH, V.; O’CONNOR, B.; BLAISE, C.; GAGNE, F.; LAUREN, H.;
TRUDEAU, V.; MARTEL, P. An ecotoxicological characterization of nanocrystalline
celulose (NCC). Nanotoxicology, v. 4, n. 3, p. 255-270, 2010.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

NAVARRO, J.R.G.; WENNMALM, S.; GODFREY, J.; BREIHOLTZ, M.; EDLUND,


U.L.M. A Luminescent Nanocellulose Platform: from Controlled Graft Block
Copolymerization to Bio-marker Sensing. Macromolecules, In Press, 2016.
PEREIRA, M.M.; MOUTON, L.; YÉPRÉMIAN, C.; COUTÉ, A.; LO, J.; MARCONCINI,
J.M.; LADEIRA, L.O.; RAPOSO, N.R.B.; BRANDÃO, H.M.; BRAYNER, R.
Ecotoxicological effects of carbon nanotubes and cellulose nanofibers in Chlorella
vulgaris. Journal of Nanobiotechnology, n. 12, p. 15, 2014
VARTIAINEN, J. et al. Health and environmental safety aspects of nanofibrillated
celulose. Nanocon. 5p., 2011.

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Oral
Contaminantes emergentes: fármacos, cosméticos e nanopartículas
361 - AVALIAÇÃO DA ECOTOXICIDADE CRÔNICA DOS FOTOPROTETORES
OCTOCRILENO E 2-ETILHEXIL-4-METOXICINAMATO EM Daphnia magna

VINÍCIUS DE CARVALHO SOARES DE PAULA, MONIKE FELIPE GOMES, FLAVIA


YOSHIE YAMAMOTO, LUCIA MARTINS, ADRIANE MARTINS DE FREITAS
Contato: VINÍCIUS DE CARVALHO SOARES DE PAULA - VINICSP@HOTMAIL.COM

Palavras-chave: efeitos reprodutivos; protetor solar; biomarcadores; Daphnia magna

INTRODUÇÃO

Filtros ultravioleta são moléculas utilizadas para proteção contra radiação UVA (320-
400 nm) e UVB (280-320 nm) e estão presentes em produtos de higiene pessoal
como cremes, loções corporais e fotoprotetores[1,2,3].
Devido à baixa eficiência dos sistemas de coleta e tratamento de esgotos, os
ecossistemas aquáticos são os principais destinos dessas moléculas, sendo
encontradas em ng L-1 a μg L-1[4,5,6]. A presença dessas substâncias no ambiente é
preocupante devido ao potencial para bioacumulação em organismos
aquáticos[4,5,7].
Considerando esses fatores, foram aplicados ensaios de ecotoxicidade crônica com
Daphnia magna para detecção de efeitos causados por filtros UV em longos
períodos de exposição.

METODOLOGIA

Os ensaios foram realizados de acordo com a metodologia descrita no protocolo


211/2008 da OECD[8]. Neonatos (6 a 24h) foram expostos individualmente, por 21
dias, a diferentes concentrações de filtros solares. Os béqueres (50 mL) foram
incubados a 20±2ºC com fotoperíodo de 16h, com renovação diária da solução e
alimentação com a microalga Desmodesmus subspicatus (105 celúlas mL-1).
Os organismos foram expostos em decaplicata a diferentes concentrações de
octocrileno (OC: 250, 125, 62,50 e 31,25 µg L -1) e 2-etilhexil, 4-metoxicinamato
(EHMC: 50, 25, 12,50 e 6,25 µg L-1), definidas a partir de ensaios agudos (48 h).
Além disso, foram feitos controle negativo e controle com solvente DMSO 0,03%
(utilizado para solubilizar as moléculas de OC e EHMC).
Os parâmetros avaliados foram: longevidade, taxa de reprodução e biomarcadores
bioquímicos (catalase e glutationa-S-transferase). Os dados obtidos foram
submetidos à análise de variância (ANOVA) seguida por teste de Tukey (p <0,05), a
fim de verificar diferenças estatísticas entre as taxas reprodutivas das réplicas de
cada grupo exposto em relação ao controle negativo[8].

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O ensaio foi considerado válido, conforme OECD 211/2008, com mortalidade inferior
a 10% nos grupos controle negativo e controle DMSO 0,03%. Nas amostras de OC
125, 62,50 e 31,25 µg L-1 e EHMC: 25, 12,50 e 6,25 µg L-1, os índices de

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

mortalidade também ficaram abaixo de 10%. Desta maneira, não houve alteração na
longevidade dos organismos nessas condições de exposição.
Em OC 250 µg L-1 e EHMC 50 µg L-1 o desenvolvimento dos indivíduos foi afetado,
com 100% de mortalidade observada entre o quinto e sexto dia de exposição,
mesmo em concentrações aproximadamente 10 vezes menores do que a CE50
(OC: 2570 µg L-1 e EHMC: 455 µg L-1) e duas vezes menores do que as
concentrações de efeito não observado em 48 horas, previamente testadas e
calculadas.
As taxas de reprodução (média total de neonatos/organismo) observadas após 21
dias foram: controle negativo - 99,44; controle DMSO 0,03% - 97,77; OC 31,25 µg L-
1
- 98,66; OC 62,50 µg L-1 – 91,77; OC 125 µg L-1 - 61,55; EHMC 6,25 µg L-1 101,30;
EHMC 12,50 µg L-1 99,30; EHMC 25 µg L-1 - 76,00.
Após análise das taxas reprodutivas, constatou-se que não houve diferenças
significativas entre controle negativo e controle DMSO 0,03%. Entretanto para as
amostras de OC 125 µg L-1 e EHMC 25 µg L-1 foi verificada alteração reprodutiva,
com 38,10% e 23,57% de inibição, respectivamente. Tais valores foram
estatisticamente significativos (ANOVA + Tukey com p<0,05) em relação ao controle
negativo e controle DMSO 0,03%.
Segundo Sieratowicz et al. (2011), a concentração de efeito não observado (CENO)
do EHMC para Daphnia magna em ensaio crônico de 21 dias é de 40 µg L-1[9].
Desta maneira, os resultados encontrados corroboram com a descrição da literatura
científica e evidenciam os efeitos causados por baixas concentrações de filtros
ultravioleta em organismos aquáticos.
Os efeitos causados por estes compostos (OC e EHMC) podem estar relacionados
com as características químicas dessas moléculas, principalmente por serem
lipofílicas, pois se acumulam em membranas celulares e podem interferir em
funções vitais, reprodutivas ou fisiológicas, dependendo da concentração e período
de exposição [2;9;10;11]. Os resultados das análises de atividade das enzimas
catalase (CAT) e glutationa-S-transferase (GST) reforçaram essa hipótese, uma vez
que em OC 125 µg L-1 foi verificado aumento significativo (ANOVA+Tukey p<0,05)
na atividade de GST, evidenciando efeitos de estresse oxidativo.

CONCLUSÃO

Concluiu-se que a partir da observação dos resultados apresentados, as moléculas


de OC (250 e 125 µg L-1) e EHMC (25 e 50 µg L-1) interferiram na longevidade,
reprodução e metabolismo celular de Daphnia magna em concentrações muito
abaixo das encontradas em ensaios tradicionais de ecotoxicidade aguda.
Esses fatos evidenciam a importância de métodos de avaliação ecotoxicológica
suficientemente sensíveis para detecção de efeitos causados por contaminantes
emergentes em concentrações próximas às descritas em efluentes e ambientes
aquáticos (µg L-1).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] AVENEL-AUNDRAN, M. et al. Octocrylene, an emerging photoallergen. Arch


Dermatol. v. 146 p. 753-757. 2010.

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


624
XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

[2] MANOVÁ, E.; GOETZ, N.V.; HUNGERBUEHLER, K. Aggregate consumer


exposure to UV filter ethyhexyl methoxycinnamate vi personal care products.
Environment International. v. 74 p. 249-257. 2015.
[3] BAKI, G.; ALEXANDER, K.S. Introduction to Cosmetic Formulation and
Technology. Somerset, US: Wiley, 2015.
[4] BRAUSCH, J.M.; RAND, G.M. A review of personal care products in the aquatic
environment: Environmental concentrations and toxicity.Chemosphere, v. 82, p.
1518-1532, 2011.
[5] PESTOTNIK, K.; KOSJEK, T.; HEATH, E. Transformation Products of Personal
Care Products: UV Filters Case Studies. In: LAMBROPOULOU, D. A.; NOLLET, L.
M. L., (Ed.). Transformation Products of Emerging Contaminants in the Environment :
Analysis, Processes, Occurrence, Effects and Risks. Somerset, GB: John Wiley &
Sons, 2014.
[6] DÍAZ-CRUZ, M.S.; BARCELÓ, D. Personal care products in the aquatic
environment. The handbook of environmental chemistry. v. 36. New York: Springer,
2015.
[7. GAGO-FERRERO, P.; DÍAZ-CRUZ, M.S.; BARCELÓ, D. Multi-residue method for
trace level determination of UV filters in fish based on pressurized liquid extraction
and liquid chromatography-quadrupole-linear ion trap-mass spectrometry. Journal of
Chromatography A, v. 1286, n. 19, p. 93-101, 2013.
[8] ORGANISATION FOR ECONOMIC CO-OPERATION AND DEVELOPMENT
(OECD/OCD). Test-211 - Guidelines for the testing of chemicals - Daphnia magna
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[9] SIERATOWICZ, A. et al. Acute and chronic toxicity of four frequently used UV
filters substances for Desmodesmus subspicatus and Daphnia magna. Journal of
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Environmental Engineering. v. 46, n. 12, p. 1311-1319, 2011.
[10] BLÜTHGEN, N. et al. Acumulation and effects of the UV-filter octocrylene in
adult and embryonic zebrafish (Danio rerio). Science of The Total Environment. v.
476-475 p. 207-217. 2014.
[11] OZÁEZ, I.; MORCILLO, G.; MARTÍNEZ-GUITARTE, J.L. Ultraviolet filters
differentially impact the expression of key endocrine and stress genes in embryos
and larvae of Chironomus riparius. Science of The Total Environment. v. 557-558, p.
240-247. 2016.

FONTES FINANCIADORAS

Fundação Araucária de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do


Estado do Paraná (Edital 09/2016);
Universidade Tecnológica Federal do Paraná: Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-
Graduação - PROPPG.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Contaminantes emergentes: fármacos, cosméticos e nanopartículas
374 - SENSIBILIDADE DE DUAS ESPÉCIES NEOTROPICAIS DE ÁGUA DOCE
ÀS EXPOSIÇÕES DE NANOPARTÍCULAS DE ÓXIDO DE COBRE

ADRISLAINE DA SILVA MANSANO DORNFELD, JAQUELINE PÉROLA SOUZA,


VALTENCIR ZUCOLOTTO
Contato: ADRISLAINE DA SILVA MANSANO - LAINE_MANSANO@YAHOO.COM.BR

Palavras-chave: ecotoxicidade; metal; nanopartículas; distribuição da sensibilidade das espécies

INTRODUÇÃO

Nanopartículas de óxido de cobre (NPs CuO) têm sido aplicadas em diversas áreas
devido às suas excelentes propriedades térmicas, catalíticas e antibacterianas. O
crescente aumento da produção e consumo destas nanopartículas levam à sua
liberação nos ambientes aquáticos, representando um potencial risco para a biota. A
maioria dos estudos de toxicidade das NPs CuO foi realizado com organismos-teste
padronizados de regiões temperadas. Até o momento, os efeitos tóxicos das NPs
CuO em organismos aquáticos tropicais ainda são desconhecidos. Neste estudo
avaliamos a sensibilidade de duas espécies Neotropicais, Ceriodaphnia silvestrii e
Hyphessobrycon eques, às exposições de NPs CuO.

METODOLOGIA

Para isso, o cladócero C. silvestrii foi cultivado em água reconstituída e alimentado


com a alga Raphidocelis subcapitata. O peixe H. eques foi adquirido comercialmente
e mantido em aquários de 50L com água da torneira declorada e aeração e
alimentado com ração comercial. Ambas as espécies foram mantidas a 25 ± 1 °C e
fotoperíodo 12:12 h claro/escuro. Testes de toxicidade aguda com concentrações de
NPs CuO que variaram de 7 a 19 μg Cu L-1 para C. silvestrii e de 10 a 480 μg Cu L-1
para H. eques foram realizados. Neonatos (≤ 24 h de idade) dos cladóceros foram
expostos às NPs de CuO de acordo com as normas da ABNT (2004, 2005) e a
imobilidade após 48 horas foi avaliada para determinar a concentração efetiva
mediana (CE50-48h). Os testes com peixes adultos de H. eques (4-6 meses de
idade) foram conduzidos seguindo as recomendações da OECD (1992) e a
letalidade após 96 horas foi avaliada para determinar a concentração letal mediana
(CL50-96h). Uma curva da distribuição da sensibilidade das espécies (SSD) foi
construída para comparar os valores de toxicidade das NPs CuO aos organismos de
água doce.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O valor da CE50-48 h para C. silvestrii foi 12,6 ± 0,7 µg Cu L-1 e para H. eques a
CL50-96h foi 211,4 ± 57,5 µg Cu L-1 de NPs CuO. Nossos resultados mostraram que
as duas espécies que ocorrem naturalmente nos corpos d’água do Brasil foram mais
sensíveis do que organismos-teste exóticos, tais como os cladóceros Ceriodaphnia
dubia e Daphnia magna e os peixes Pimephales promelas e Oncorhynchus mykiss.
A partir da curva SSD, verificou-se que as NPs de cobre são mais tóxicas para o
grupo dos cladóceros, seguidos dos peixes e que a espécie C. silvestrii foi um dos

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

organismos mais sensíveis às NPs CuO. A concentração ambiental prevista


(Predicted Environmental Concentration - PEC) relatada por Chio et al. (2012) para
NPs de cobre em águas superficiais foi de 60 µg L -1, com um intervalo de confiança
de 95% de 10 - 920 µg L-1. De acordo com estes valores, a PEC média excede a
CE50-48 h para o cladócero C. silvestrii, demonstrando que as NPs CuO no
ambiente apresentam altos riscos de causar efeitos tóxicos agudos para esta
espécie. Isso evidencia a relevância ecológica desta espécie tropical no estudo da
toxicidade das NPs CuO. Além disso, deve-se ressaltar que os testes de laboratório
foram conduzidos sob condições controladas, enquanto que os organismos no
campo podem ser submetidos a vários estressores adicionais (por exemplo, mistura
de poluentes, competição por recursos e predação) que podem aumentar sua
sensibilidade. Fatores ambientais, como pH, temperatura, substâncias orgânicas,
podem também influenciar fortemente o destino e a toxicidade dos NPs CuO em
sistemas aquáticos, o que pode reduzir ou aumentar sua capacidade tóxica.

CONCLUSÃO

Com base nos nossos resultados, conclui-se que as espécies nativas C. silvestrii e
H. eques são muito sensíveis às NPs CuO e são importantes organismos-teste a
serem utilizados em ensaios ecotoxicológicos para o monitoramento da toxicidade
de nanopartículas nos ambientes tropicais de água doce. As informações deste
estudo podem contribuir para a avaliação de risco ecológico das NPs CuO e apoiar
ações regulatórias para melhorar a proteção da biota aquática tropical.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas, 2004. NBR 12713. Aquatic


Ecotoxicology: Acute Toxicity – Test with Daphnia spp. (Crustacea, Cladocera), Rio
de Janeiro.
ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas, 2005. NBR 13373. Aquatic
Ecotoxicology: Chronic Toxicity – Test with Ceriodaphnia spp. (Crustacea,
Cladocera), Rio de Janeiro.
CHIO, C.P.; CHEN, W.Y.; CHOU, W.C.; HSIEH, N.H.; LING, M.P.; LIAO, C.M. 2012.
Assessing the potential risks to zebrafish posed by environmentally relevant copper
and silver nanoparticles. Sci. Total Environ. 420, 111-118.
OECD - Organization for Economic Cooperation and Development, 1992. Guideline
for Testing of Chemicals, Fish, Acute Toxicity Test. OECD 203, Paris.

FONTES FINANCIADORAS

Este estudo foi financiado pela FAPESP (Proc. No. 2017/03165-1) e pelo CNPq
(Proc. No.150395/2016-7).

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Contaminantes emergentes: fármacos, cosméticos e nanopartículas
376 - EFEITOS HEMATOLÓGICOS EM GIRINOS DE RÃ-TOURO (Lithobates
catesbeianus) EXPOSTOS AO EXTRATO DE PIRETRO CARREADOS EM
NANOPARTÍCULAS

CRISTIANE R. OLIVEIRA, THAIS DELUNO GARCIA, LILIAN FRANCO-BELUSSI,


RAQUEL F. SALLA, MONICA JONES COSTA, LEONARDO F. FRACETO, ELAINE
CRISTINA MATHIAS DA SILVA ZACARIN
Contato: ELAINE CRISTINA MATHIAS SILVA ZACARIN - ELAINE@UFSCAR.BR

Palavras-chave: nanotecnologia, células sanguíneas, anfíbio, biocida, carreadores

INTRODUÇÃO

A busca por novas formulações para serem utilizadas no controle de pragas


agrícolas tem-se tornado cada vez mais presente ao redor do mundo. Isso reflete as
discussões sobre o uso intensivo dos agroquímicos nos campos agrícolas, as
contaminações dos corpos hídricos e potencial toxicidade em organismos não-alvos.
Os inseticidas botânicos e os nanopesticidas mostraram-se alternativas viáveis,
eficientes e sustentáveis a serem utilizadas na agricultura. O objetivo desse estudo
foi avaliar os parâmetros hematológicos de girinos de rã-touro expostos ao extrato
de piretro na sua forma livre e carreados às nanopartículas lipídicas sólidas.

METODOLOGIA

Os girinos de rã-touro (Lithobates catesbeianus) no estágio 25 de Gosner foram


adquiridos em ranário e aclimatados por 7 dias em aquário de 60 L contendo água
declorinada, aeração contínua, temperatura constante (25 ± 1 ºC) e fotoperíodo
natural (~12 h claro: 12 h escuro), alimentados com folhas de espinafre orgânica,
que foi suspensa 48h antes do início dos bioensaios. Todos os procedimentos
seguiram as diretrizes da ASTM e aprovados pelo Comitê de Ética – UFSCar
(protocolo nº 1472160516). Os bioensaios de exposição aguda (48h) foram
realizados em triplicata com um concentração ambientalmente relevante de piretro
(80 μg.L-1, correspondente a 1/5 da CL50), sendo divididos em quatro grupos
experimentais: controle (CTL), extrato de piretro (PIR), nanopartículas lipídicas
sólidas (NLS), nanopartículas lipídicas sólidas carreadoras de piretro (NLS+PIR).
Transcorrido o tempo de exposição, amostras de sangue foram coletadas para
análises hematológicas por meio de contagem de eritrócitos em câmara de
Neubauer e contagem diferencial de leucócitos. As análises estatísticas foram
realizadas pelo software GraphPad Prism versão 5.0.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O sangue de girinos de rã-touro contém eritrócitos (RBC), leucócitos (WBC) e


trombócitos (plaquetas). Os eritrócitos são nucleados e possuem formato elíptico,
plano e biconvexo; enquanto que os leucócitos são divididos em linfócitos,
monócitos, neutrófilos, basófilos e eosinófilos apresentando morfologia semelhante à
dos mamíferos. Os trombócitos tem formatos arredondados e fusiformes, com
núcleo, e são dificilmente encontrados. A contagem dos eritrócitos nos grupos

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

experimentais evidenciou um aumento nos eritrócitos no grupo NLS+PIR (140833 ±


19284, média ± SE), que significativamente diferiu de todos os outros grupos
experimentais (P < 0,0001, F = 11,53). A contagem diferencial de leucócitos não
mostrou diferenças significativas no número de linfócitos (P = 0,2944 e F = 3,711);
monócitos (P = 0,055 e F = 12,64) e neutrófilos (P = 0,0684 e F = 7,112) entre os
grupos experimentais. Eosinófilos tiveram uma diferença significativa entre o grupo
NLS e CTL (P = 0,0217 e F = 9,659) mostrando um aumento de leucócitos
eosinofílicos no grupo NLS (2,5 ± 0,5, média ± SE) em relação ao CTL (0,5 ± 0,224,
média ± SE), bem como o número de basófilos tiveram uma diferença significativa
entre o grupo PIR (16,67 ± 1,726, média ± EP) e NLS+PIR (16,50 ± 1,544, média ±
EP), comparado com o grupo CTL (9,167 ± 1,138, média ± EP), mostrando um
aumento na quantidade desses leucócitos nos grupos expostos (P = 0,0033 e F=
13,74). O aumento de eritrócitos nos grupos de extrato de piretro carreados em
nanopartículas, pode ter acontecido devido a maior facilidade de absorção pelos
girinos em curto tempo de exposição e em doses sub-letais dessa formulação. Os
eritrócitos têm a função oxigenação dos tecidos, e o aumento da frequência dessas
células desencadeia um aumento na capacidade de transporte de oxigênio. Isto
pode ser em resposta do organismo a exposição à xenobióticos. Os linfócitos foram
os mais frequentemente observados entre as células sanguíneas dos girinos. O
aumento de eosinófilos no grupo NLS e o aumento de basófilos no grupo PIR e
NLS+PIR podem estar correlacionados a respostas alérgicas e processos
inflamatórios. O aumento na quantidade desses leucócitos a partir da exposição aos
xenobióticos modulam a resposta imune nesses animais, ativando vias diferentes do
processo imunológico.

CONCLUSÃO

Os resultados evidenciaram que os parâmetros hematológicos dos girinos de rã-


touro podem ser utilizados como biomarcadores para avaliação nanotoxicológica de
carreadores de pesticidas (nanopesticidas). Contudo, é importante que mais estudos
sobre toxicidade dos inseticidas botânicos e as nanopartículas sejam desenvolvidos
para que se tenha melhor compreensão da sua eficiência agronômica, bem como da
segurança e risco das mesmas para a biota não-alvo, além de contribuir para o
desenvolvimento de legislações e marcos regulatórios relativos ao monitoramento de
nanopesticidas no ambiente.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARIKAN, H., ÇIÇEK, K. 2010. Morphology of peripheral blood cells from various
species of Turkish Herpetofauna. Acta Herpetol. 5, 179-198.
ARIKAN, H., ÇIÇEK, K. 2014. Haematology of amphibians and reptiles: a review.
North-Western J. Zool. 10, 190-209.
BARNI, S. et al. 2007. Evaluation of Rana snk esculenta blood cell response to
chemical stressors in the environment during the larval and adult phases. Aquat.
Toxicol. 81, 45–54.

FONTES FINANCIADORAS

Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo - FAPESP (#2015/15617-


9).

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Contaminantes emergentes: fármacos, cosméticos e nanopartículas
381 - OTIMIZAÇÃO DE PREPARO DE AMOSTRA PARA DETERMINAÇÃO DE
GLIFOSATO E AMPA EM AMOSTRAS AMBIENTAIS

GIOVANNA AMARO GIRELI, CASSIANA CAROLINA MONTAGNER RAIMUNDO


Contato: GIOVANNA AMARO GIRELI - GIOVANNA.GIRELI@GMAIL.COM

Palavras-chave: glifosato; SPE; LC-MS/MS

INTRODUÇÃO

O Brasil é um dos maiores consumidores de pesticidas do mundo, sendo o glifosato


e seus sais os mais comercializados de acordo com o último Boletim de
Comercialização de Agrotóxicos e Afins do Ministério do Meio Ambiente (2016).[1]
No ambiente, o glifosato se converte em seu produto de degradação, AMPA,
justificando a necessidade de análise simultânea desses dois compostos.[2] Sendo
assim, o objetivo deste trabalho foi desenvolver um método de preparo de amostra
para a determinação desses analitos empregando cromatografia líquida acoplada a
espectrometria de massas em sequencial (LC-MS/MS) em águas superficiais e para
consumo humano.

METODOLOGIA

Para a quantificação de glifosato e AMPA é necessário uma etapa prévia de preparo


de amostra a qual incluí uma reação de derivatização [3] utilizando FMOC-Cl como
reagente derivatizante e um procedimento de extração em fase sólida (SPE). A
etapa de derivatização é essencial para determinação dos analitos. Dessa forma, foi
realizado um planejamento fatorial (2^4) onde parâmetros como temperatura, adição
de tampão borato, adição de ácido ao final da reação e adição lenta do reagente
derivatizante (FMOC-Cl) foram avaliados, sendo os produtos da reação analisados
por LC-MS/MS usando-se como fase móvel acetonitrila e acetato de amônio
(2,5mM). A pré-concentração dos analitos foi realizada utilizando-se o cartucho
Strata– X (Phenomenex) [4]. Os tipos de interações da molécula derivatizada com o
cartucho foram investigados a partir de um planejamento fatorial (3^3) para
otimização do solvente de eluição (Acetonitrila, solução de 2% de NH4OH em
Metanol e solução de 50% de Ácido Acético (0,1%) 50% Acetonitrila) e clean-up
(Diclorometano, solução 20% Metanol em Água e solução 2% Ácido Acético em
Metanol) visando a obtenção de um método analítico com detectabilidade em níveis
de nanograma por litro.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A reação de derivatização entre o FMOC-Cl e o glifosato/AMPA é uma reação típica


de proteção de amina, fazendo-a com o objetivo de conseguir separar os compostos
de interesse da matriz complexa. Devido as suas propriedades físico – químicas tais
como polaridade e capacidade de complexação com diferentes íons metálicos,
parâmetros como pH do meio, temperatura e tempo de adição do FMOC-Cl foram
otimizados com o auxílio da planejamento fatorial. Referente ao tempo total da
reação, observou-se que é necessário no mínimo de 12 horas.

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Os resultados obtidos mostraram que os parâmetros mais adequados foram: adição


de tampão borato (pH 9), temperatura de 40°C, sem adição de ácido ao final da
reação e adição lenta do FMOC-Cl, sendo esse último procedimento determinante
para a obtenção do AMPA-FMOC. Assim, identificou-se que o glifosato-FMOC pode
vir a ser o produto cinético da reação e o AMPA-FMOC o produto termodinâmico.
Além disso, sabe-se que há reações de competição entre o FMOC-Cl, analitos e
H2O, acarretando a formação de um subproduto, FMOC-OH.
Os produtos da reação foram analisados via LC – MS/MS, onde foi possível detectar
as razões massa/carga (m/z) de 390,2 e 332, 1 para glifosato e AMPA,
respectivamente. Em seguida os íons de confirmação e quantificação foram obtidos
com o intuíto de desenvolver um método analítico.
Com a reação otimizada, a etapa de SPE foi realizada a partir de um planejamento
fatorial que consistiu no estudo das interações dos solventes de eluição e clean-up
com os analitos e fase extratora. Os nove experimentos foram realizados mantendo-
se o volume da reação fixo em 50mL e concentração de 60ppb e o volume de
ressuspensão de 0,5mL utilizando uma solução 50% acetonitrila e 50% acetato de
amônio. Ao final, os solventes de eluição e de clean-up mais adequados foram
acetonitrila e diclorometano, respectivamente.

CONCLUSÃO

A reação de derivatização, juntamente com a extração em fase sólida, mostrou-se


eficiente para a determinação dos dois analitos. Em ambos os procedimentos foi
possível otimizar os parâmetros necessários para a detecção no equipamento
utilizado (LC-MS/MS).
Para a reação de derivatização observou-se que o AMPA-FMOC é apenas
detectado com adição lenta do FMOC-Cl, logo um estudo mais aprofundado do
rendimento da reação pode ser desenvolvido. Os solventes acetonitrila e
diclorometano mostraram-se eficientes para o procedimento de extração. Com o
intuito de realizar a validação do método, é necessário ainda, um estudo para
determinação de volume de breakthrough, dentre outros parâmetros.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] IBAMA “Produtos agrotóxicos e afins comercializados em 2009 no Brasil: uma


abordagem ambiental.” Brasília: 2010.
[2] HANKE, I., SINGER, H., HOLLENDER J. “Ultratrace-level determination of
glyphosate, aminomethylphosphonic acid and glufosinate in natural waters by solid-
phase extraction followed by LC-MS/MS: performance tuning of derivatization,
enrichment and detection.” Anal Bioanal Chem, 2008: 2265-2276.
[3] CULLUM, N., SCHUHN, B. “Analysis of Glyphosate and AMPA in Drinking Water
with the Agilent 1200 Infinity Series Online SPE Solution”. Agilent Technologies
Appli. Note, Publ. No 5991-3208EN (2013).
[4] SIMPLIFIED SOLID PHASE EXTRACTION SOLUTIONS, StrataTM – X.
Disponível em: < http://az621941.vo.msecnd.net/documents/f0ec193f-9439-44cf-
ba33-4a069a993765.pdf >. Acesso em: 30.Mai.2018

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

FONTES FINANCIADORAS

- CNPq
- INCTAA
- FAPESP (Proc. 2015/18790-3)

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Contaminantes emergentes: fármacos, cosméticos e nanopartículas
383 - EFEITOS DO TRICLOSAN NO CRESCIMENTO DE MICROALGAS
Raphidocelis subcapitata

CAMILA PEREIRA GONSALEZ DINAMARCO, LUDMILA CUNHA DE ALMEIDA, LOUISE


DA CRUZ FELIX, GABRIELY PESSANHA DE ARAÚJO, DANIELE BILA BILA
Contato: CAMILA PEREIRA GONSALEZ DINAMARCO - CPGCAMILA@GMAIL.COM

Palavras-chave: Triclosan; microalgas; ecotoxicidade; R. subcapitata

INTRODUÇÃO

O uso contínuo de produtos de higiene, cuidados pessoais e fármacos tem gerado


preocupação, pois causam efeitos deletérios ao ambiente aquático ao se
bioacumular. O monitoramento da presença substâncias químicas é indispensável,
principalmente os Desreguladores Endócrinos (DE), que são micropoluentes
presentes no meio ambiente, sintéticos ou naturais; atuam no sistema endócrino por
diferentes mecanismos. Um exemplo de DE é o agente antimicrobiano de amplo
espectro Triclosan (TCS), usado em sabonetes, pasta de dente, cosméticos e
outros. A remoção incompleta de compostos como TCS em estação de tratamento
de esgoto tem resultado na contaminação do ambiente aquático.

METODOLOGIA

Foram realizados ensaios de ecotoxicidade, utilizando o Triclosan e a espécie de


microalgas Raphidocelis subcapitata. Os experimentos foram efetuados para
analisar o CI 50, que é a concentração média de inibição do crescimento para 50%
das algas em relação ao grupo controle. A Raphidocelis subcapitata foi cultivada e
os ensaios foram realizados, conforme a metodologia descrita na NBR 12648
(ABNT, 2011).Os ensaios foram realizados em erlenmeyer de 250mL, com 150mL
de meio Oligo para crescimento de algas, por 96 h. Os ensaios foram mantidos na
estufa a 23 ± 4°C, sob iluminação contínua (lâmpada fluorescente) >4.500 luxe com
velocidade de agitação de 100 rpm. As algas foram expostas a diferentes
concentrações de Triclosan (1, 3, 5, 10 e 1000µg/L) e ao controle positivo contendo
apenas meio de cultura; em triplicata. Após 96 horas, utilizou-se o método de
contagem em câmara de Neubauer em microscopia óptica, para a determinação da
concentração de células das microalgas. Os dados de biomassa foram submetidos a
análises estatísticas por interpolação linear, pelo software ICPIN, para identificar a
concentração média de inibição (CI50; 96 h), em relação ao grupo controle.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A toxicidade do Triclosan foi avaliada com culturas puras de R. subcapitata, através


da concentração de inibição para 50% (CI 50) das microalgas. A concentração de
inibição do crescimento encontrada para R. subcapitata foi de 2,9 µg/L de Triclosan.
Alguns estudos investigaram a toxicidade da TCS em organismos aquáticos de
diferentes níveis tróficos (Franz et al. 2008; Ishibashi et al. 2004; Orvos et al. 2002;
Tatarazako et al. 2004). Os valores de toxicidade para o ensaio agudo com R.
subcapitata variam de 0,53 – 4,7 µg/L de TCS. Segundo Tatarazako et al (2004), o

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

CI 50 encontrado para R. subcapitata foi de 4,7 µg/L de TCS. Orvos et al (2002),


encontrou valores semelhantes de CI 25 2,44 µg/L e CI 50 4,46 µg/L de TCS para a
microalga. No entanto, de acordo com o estudo de YANG et al (2008) o CI 50 para
R. subcapitata foi 0,53 µg/L de TCS. De acordo com Chalew e Halden (2009) o
Triclosan foi detectado em rios e efluentes de ETEs em concentrações de 0,027 –
2,7 µg/L. A avaliação de risco aquático crônico (estimativa ambiental) previu
nenhuma concentração de efeito(PNEC) para TCS a 1,55 µg/L (Capdevielle et
al.,2008). Porém, as concentrações relatadas por autores diversos de TCS em água
superficial e efluentes, chegam a exceder o valor do PNEC, bem como existe o risco
de afetar espécies aquáticas sensíveis. Os resultados desse estudo comprovam que
o Triclosan foi capaz de inibir significativamente o crescimento das microalgas. Nas
concentrações de 3 µg/L e 5 µg/L o crescimento das microalgas R. subcapitata foi
quase nulo e na concentração de 10 µg/L e na de 1000 µg/L não houve crescimento.

CONCLUSÃO

O Triclosan é um composto antibacteriano tóxico, mesmo em concentrações baixa,


apresentou efeitos significativos quanto a inibição do crescimento das microalgas.
As concentrações de TCS testadas nos ensaios ecotoxicológicos com R.
subcapitata, podem ser encontradas no meio ambiente aquático. O Brasil ainda se
encontra atrasado em relação ao controle de poluentes em águas, comparado a
União Europeia e os EUA. São necessários estudos complementares com
organismos de diferentes níveis tróficos para avaliar o risco ambiental ante a
exposição do Triclosan, afim de que sejam implantadas no Brasil normas que
regulamentem a concentração do Triclosan e outros fármacos em águas superficiais.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CAPDEVIELLE, M., VAN EGMOND, R., WHELAN, M., VERTEEG, D., HOFMANN-
KAMENSKY, M., INAUEN, J., CUNNINGHAM, V., WOLTERING, D. 2008.
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FRANZ, S., ALTENBURGER, R., HEILMEIER, H., SCHMITT-JANSEN, M. (2008)
What contributes to the sensitivity of microalgae to triclosan? AquatToxicol 90:102–
108
ISHIBASHI, H., MATSUMURA, N., HIRANO, M., MATSUOKA, M., SHIRATSUCHI,
H., ISHIBASHI, Y., TAKAO, Y., ARIZONO, K. (2004) Effects of triclosan on the early
life stages and reproduction of medakaOryziaslatipes and induction of hepatic
vitellogenin. AquatToxicol 67:167–179
ORVOS, D.R., VERSTEEG, D.J., INAUEN, J., CAPDEVIELLE, M., ROTHENSTEIN,
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TATARAZAKO, N., ISHIBASHI, H., TESHIMA, K., KISHI, K., ARIZONO, K. (2004)
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Growth‐inhibiting effects of 12 antibacterial agents and their mixtures on the

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


634
XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

freshwater microalga Pseudokirchneriella subcapitata. Environmental Toxicology and


Chemistry, 27: 1201-1208.

FONTES FINANCIADORAS

Os autores agradecem à FAPERJ e ao CNPq pelo apoio financeiro.

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Oral
Contaminantes emergentes: fármacos, cosméticos e nanopartículas
390 - AVALIAÇÃO DE EFEITOS TRANSGERACIONAIS DE TRICLOSAN E
TRICLOCARBAN EM CONCENTRAÇÕES AMBIENTAIS PARA D. magna

MONIKE FELIPE GOMES, VINÍCIUS DE CARVALHO SOARES DE PAULA, FLAVIA


YOSHIE YAMAMOTO, LUCIA MARTINS, ADRIANE MARTINS DE FREITAS
Contato: MONIKE FELIPE GOMES - NIKE_GOMES@HOTMAIL.COM

Palavras-chave: ensaio crônico; produtos de higiene pessoal; contaminantes emergentes;


biomarcadores bioquímicos

INTRODUÇÃO

Triclosan (TCS) e triclocarban (TCC) são moléculas presentes em diversos produtos


de higiene pessoal e estão entre os compostos orgânicos mais frequentemente
encontrados em águas residuárias (BRAUSCH; RAND, 2011). Estes compostos são
encontrados no ambiente em baixíssimas concentrações onde, normalmente, efeitos
agudos para organismos aquáticos não são observados. Para uma melhor
elucidação dos efeitos destes compostos nas matrizes ambientais estudos
transgeracionais podem ser uma boa ferramenta de estudo (CASTRO et al, 2018).
Este trabalho teve como objetivo verificar efeitos reprodutivos, mortalidade e de
estresse oxidativo (biomarcadores bioquímicos) do TCS e TCC em concentrações
ambientais para duas gerações de D. magna.

METODOLOGIA

Foram selecionados vinte neonatos para cada amostra (2,5 µg.L -1 de Triclosan; 6,3
µg.L-1 - Sigma-Aldrich - controle negativo com meio de cultivo para D. magna e
controle de solvente DMSO 0,03%), os organismos foram expostos por 21 dias, em
béqueres de 500 mL (triplicata), em incubadora B.O.D. a 20±2ºC e fotoperíodo de 16
h, com renovação em dias alternados de solução e alimentação com a microalga
Desmodesmus subspicatus (105 celúlas mL-1) (OECD, 2008). Ao fim de 21 dias, as
matrizes foram recolhidas para a análise de biomarcadores bioquímicos e os
neonatos gerados no 21º dia foram expostos novamente nas mesmas condições e
tempo de ensaio. Os efeitos avaliados foram a sobrevivência dos organismos ao
final do teste, quantidade de filhotes gerados por matriz e biomarcadores
bioquímicos de estresse oxidativo (catalase e glutationa-S-transferase).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Ao final do primeiro ensaio o grupo parental (F0) não apresentou diferenças


significativas nos parâmetros de mortalidade, reprodução e estresse oxidativo com
relação aos grupos de controle (p<0,05 ANOVA seguido por teste de Tuckey). Na
geração de organismos subsequente (F1) os mesmos parâmetros foram avaliados e
não houve diferenças significativas entre os grupos. Porém, nos grupos expostos ao
TCS e TCC houve mortalidade, o que não ocorreu no ensaio do grupo parental. Ao
realizar a análise de comparação entre as gerações, foi possível verificar efeitos de
reprodução nos grupos expostos ao composto triclocarban, onde houve diminuição
da reprodução (média de 23,95 filhotes por organismo em F0 para 15,98 filhotes por

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

organismo em F1). Ainda comparando as duas gerações a catalase não apresentou


diferença significativa entre os grupos expostos. Já a glutationa-S-transferase não
pode ser comparada entre as gerações por haver diferença na metodologia aplicada.
Com o objetivo de verificar a correlação entre os biomarcadores de estresse
oxidativo e a taxa de reprodução dos organismos foi realizada análise estatística
através do coeficiente de Pearson (p>0,05). Neste parâmetro ficou evidenciado que
há um grau de correlação significativo entre a atividade da enzima catalase e a
reprodução de organismos durante o período de exposição. O coeficiente
demonstrou que quanto menor a atividade da enzima catalase maior a quantidade
de filhotes gerados por organismo, mostrando a influência negativa que um
organismo sob exposto à xenobióticos pode ter em sua reprodução em longo prazo,
mesmo sob exposição em baixas concentrações.
As alterações na reprodução dos organismos expostos ao triclocarban por mais de
uma geração e a influência na reprodução de organismos com alterações de
estresse oxidativo evidenciam que em casos de exposições a longo prazo podem
ocorrer desequilíbrios a população do organismo e fortalecem a importância de
estudos transgeracionais juntamente com utilização de biomarcadores bioquímicos
para avaliar os possíveis efeitos de compostos encontrados em baixas
concentrações no ambiente.

CONCLUSÃO

Os efeitos de substâncias em baixas concentrações no ambiente necessitam de


estudos mais aprofundados se utilizando de diversos parâmetros como os efeitos
transgeracionais aliados a biomarcadores bioquímicos. Eles permitem a investigação
dos efeitos de xenobióticos ao ecossistema ou até mesmo da capacidade de
recuperação de uma população após a exposição por uma substância química
(SANCHÉZ et al, 1999). No presente estudo foi possível verificar que o composto
triclocarban pode afetar a reprodução de D. magna após mais de uma geração
exposta, além de verificar correlação negativa do aumento da atividade da enzima
catalase com a diminuição da reprodução deste organismo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRAUSCH, J.M.; RAND, G.M. A review of personal care products in the aquatic
environment: environmental concentrations and toxicity. Chemosphere 82, 1518–
1532, 2011.
CASTRO, B.B. et al. Transgenerational Effects of Toxicants: An Extension of the
Daphnia 21-day Chronic Assay?. Archives of Environmental Contamination and
Toxicology v.74 p. 616-626, 2018
ORGANISATION FOR ECONOMIC CO-OPERATION AND DEVELOPMENT
(OECD/OCD). Test-211 - Guidelines for the testing of chemicals - Daphnia magna
Reproduction, 2008.
SANCHÉZ, M. et al. Assessment of the toxicity of a pesticide with a two-generation
reproduction test using Daphnia magna. Comparative Biochemistry and Physiology -
Part C, n. 124, p. 247-52,1999.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

FONTES FINANCIADORAS

Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq


Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Contaminantes emergentes: fármacos, cosméticos e nanopartículas
393 - TOXICIDADE DO DICLOFENACO E METILPARABENO EM ADULTOS E
LARVAS DE ZEBRAFISH Danio rerio E EM ALEVINOS DE Pimephales promelas

LETICIA GOMES DE AVILA, ANA LUSIA LEAL, CASSIA RODRIGUES DA SILVEIRA,


TATIANE STROGULSKI FLORES, JOELSON PESCADOR, JOSIANE ARAUJO DA
SILVA, CAMILA DE MARTINEZ GASPAR MARTINS
Contato: LETICIA GOMES DE AVILA - LETICIA.AVILA@CORSAN.COM.BR

Palavras-chave: contaminantes emergentes; PPCPs; ecotoxicidade

INTRODUÇÃO

Os PPCPs (Pharmaceuticals and Personal Care Products) são contaminantes


emergentes, frequentemente presentes em esgotos domésticos de regiões
urbanizadas. Eles são de difícil detecção e seus efeitos tóxicos ainda pouco
conhecidos. Isto dificulta sua regulamentação, já que níveis seguros de PPCPs para
o ambiente ainda não foram estabelecidos. Neste sentido, o objetivo deste estudo foi
determinar a toxicidade dos PPCPs Diclofenaco e Metilparabeno para o zebrafish
Danio rerio e para Pimephales promelas. O Metilparabeno é um conservante usado
em aproximadamente 80% dos cosméticos disponíveis no mercado, enquanto que o
Diclofenaco é um antiinflamatório altamente consumido por humanos.

METODOLOGIA

Foram realizados testes de toxicidade com larvas e adultos de Danio rerio e alevinos
de P. promelas. As metodologias de exposição empregadas seguiram as normas da
ABNT, sendo a norma ABNT NBR 15088 usada para avaliar a toxicidade aguda do
Metilparabeno e Diclofenaco para D. rerio adultos e alevinos de P. promelas, e a
norma ABNT NBR 15494 usada para determinar a toxicidade crônica de curta
duração dos mesmos contaminantes para larvas de D. rerio. Os procedimentos
foram previamente aprovados pela Comissão de Ética em Uso Animal (CEUA/FURG
- nº 23116.005140/2017-29). Para todos os testes foi realizada troca de meio com
reposição do contaminante a cada 48 h. O meio experimental para os testes com D.
rerio foi água da torneira declorada e para P. promelas foi água doce reconstituída.
O resultado observado em todos os testes foi mortalidade e o método estatístico
utilizado para a determinação da CL50 (concentração mediana letal para 50% dos
indivíduos) foi o Trimmed Sperman-Karber.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados de CL50 obtidos a partir dos testes de toxicidade com Metilparabeno


foram: 80 mg/L e 266 mg/L para adultos e larvas de D. rerio, respectivamente, e
181,02 mg/L para alevinos de P. promelas. Para o Diclofenaco, os valores de CL50
foram: 4,43 mg/L e 3,9 mg/L para adultos e larvas de D. rerio, respectivamente, e 8
mg/L para alevinos de P. promelas. Os resultados claramente demonstram uma
maior toxicidade do Diclofenaco em relação ao Metilparabeno. Neste sentido,
também devemos considerar que a meia-vida do Diclofenaco fica em torno de 2,5
dias, enquanto que a do Metilparabeno é de aproximadamente 34 anos. Estes dados

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

potencializam (cerca de 30x) ainda mais a toxicidade do Diclofenaco em


comparação ao Metilparabeno, que apesar de mais persistente é menos tóxico. Com
relação aos testes realizados com Metilparabeno, uma maior toxicidade foi
encontrada para larvas de D. rerio quando comparada a adultos da mesma espécie,
sugerindo que os adultos são mais sensíveis ao contaminante. A CL50 de
Metilparabeno determinada para alevinos de P. promelas foi de 63 mg/L, similar a
encontrada na literaturapara adultos da mesma espécie (58 mg/L). Os valores de
CL50 obtidos para Diclofenaco mostram similaridade na sensibilidade das espécies
testadas, com maior tolerância de P. promelas. Outros trabalhos com espécies de
tamanhos semelhantes apresentaram valores de toxicidade variando de 6 a 10
mg/L. A determinação da toxicidade destes do Metilparabeno e Diclofenaco,
juntamente com análises adicionais como análise de biomarcadores contribuem para
o entendimento da ação tóxica destes químicos, o que pode vir a cooperar para
ações de preservação ambiental.

CONCLUSÃO

De acordo com os resultados do presente estudo, há diferença entre a toxicidade do


Metilparabeno e do Diclofenaco para peixes em diferentes estágios de vida, sendo o
Diclofenaco aproximadamente 30x mais tóxico que o Metilparabeno. Em geral, o D.
rerio é mais sensível aos contaminantes que o P. promelas. Essa sensibilidade
também é variável entre os estágios de vida, sendo que para o Metilparabeno os
adultos de D. rerio são mais sensíveis. No entanto, tal diferença não é observada
para o Diclofenaco.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas. 2016 Ecotoxicologia aquática -


Toxicidade aguda Método de ensaio com peixes (Cyprinidae)ABNT NBR 15088,
terceira edição, 13.12.2016.
ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas. 2016. Ecotoxicologia aquática -
Toxicidade crônica de curta duração - Método de ensaio com peixes ABNT NBR
15499, terceira edição, 8.4.2016.
DOBBINS, L.L.; USENKO, S.; BRAIN, R.A.; BROOKS, B.W. 2009. Pharmaceuticals
and Personal Care Products in the Environment. Probabilistic ecological hazard
assessment of parabens using Daphnia magna and Pimephales promelas.
Environmental Toxicology and Chemistry 28(12), 2744-2753.
FERRARI, B.; MONS, R.; VOLLAT, B.; FRAYSSE, B.; PAXEUS, N.; LO GIUDICE,
R.;POLLIO, A.; GARRIC, J. 2004. Environmental risk assessment of sixhuman
pharmaceuticals: Are the current environmental risk assessmentprocedures sufficient
for the protection of the aquatic environment? Environmental Toxicology and
Chemistry 23, 1344–1354.
GARCÍA, S.A.O.; PINTO, G.P.; GARCÍA-ENCINA, P.A.; IRUSTA-MATA, R. 2014.
Ecotoxicity and environmental risk assessment of pharmaceuticals and personal care
products in aquatic environments and wastewater treatment plants. Ecotoxicology
23, 1517–1533.
HAMANN, C.; DAUCHY, X.; ROSIN, C.; MUNOZ, F.F. 2015. Occurrence, fate and
behavior of parabens in aquatic environments: A review. Water Research, 1-11.

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

FONTES FINANCIADORAS

Companhia Riograndense de Saneamento - CORSAN - TCT 006/16.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Contaminantes emergentes: fármacos, cosméticos e nanopartículas
432 - EFEITOS TÓXICOS DA FLUOXETINA NA MEIOSE DE ZEBRAFISH (Danio
rerio)

VITORIA MOREIRA LOPES PERILLO, SUSANA SUELY RODRIGUES MILHOMEM


PAIXAO, NATALIA OLIVEIRA DE FARIAS, MATHEUS ALMEIDA DUARTE, DIEGO
SOUSA MOURA, JOANA MONA E PINTO, CESAR KOPPE GRISOLIA, EMILY BRUNA
BEZERRA DE CARVALHO
Contato: VITORIA MOREIRA LOPES PERILLO - VITORIAPERILLO@HOTMAIL.COM

Palavras-chave: toxicologia; Zebrafish; meiose; fluoxetina

INTRODUÇÃO

O Zebrafish (Danio rerio) ou paulistinha, como é popularmente conhecido no Brasil,


é um pequeno peixe teleósteo de água doce. É nativo da Ásia (Tailândia, Índia,
Paquistão, Bangladesh, Nepal e Myanmar). Ele tem sido amplamente utilizado como
modelo animal experimental em pesquisas de genética, biologia do
desenvolvimento, comportamento, toxicologia e neurociências. Para o presente
estudo, este peixe foi usado a fim de observar os efeitos do fármaco Fluoxetina na
meiose das células das gônadas masculinas.

METODOLOGIA

Em todo o experimento foram usados cinco grupos, em triplicata, com dez


organismos machos em cada, nas concentrações de 0 μg /L; 0,32 μg/L; 3,2 μg/L; 32
μg/L e 320 μg/L de Fluoxetina por vinte e um dias. Antes da exposição, os
organismos passaram por um período de aclimatação de sete dias. Após a
exposição, os peixes foram anestesiados e eutanasiados; as gônadas removidas e
colocadas em solução hipotônica por trinta minutos. Em seguida, retirou-se a
hipotônica e então as gônadas foram fixadas por vinte e quatro horas. Após esse
período, foram preparadas lâminas com auxílio de solução de ácido acético (50%) e
então coradas com Giemsa. As análises foram feitas com o foto-microscópio óptico
Zeiss Axioskop 2. A estatística foi feita com auxílio do software Prisma 5.0,
utilizando-se o teste estatístico ANOVA e o pós teste de Tukey com índice de
significância de p ≤ 0.05.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A meiose é uma fase celular que é muito sensível aos efeitos deletérios de diversos
tipos de agentes estressantes. Os resultados demonstraram que nas concentrações
de 3,2 μg/L, 32 μg/L e 320 μg/L a Fluoxetina diminuiu o índice meiótico do Zebrafish.
A maioria das células analisadas em meiose encontram-se na fase de Leptóteno e
Zigóteno em todos os grupos. Posteriormente, será feita a análise de distribuição
dos cromossomos nas metáfases 1 e 2, objetivando identificar alterações
cromossômicas do tipo aneuplodia. Esta é a primeira vez que se investiga a meiose
e se observa uma alteração no processo de produção de gametas masculinos de
Zebrafish expostos à Fluoxetina. Essas mudanças podem acontecer por diversas
vias, incluindo alterações no processo de maturação dos gametas, bem como na

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


642
XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

total inabilidade de sua produção. Em estudos anteriores, já foi demonstrada a


influência da Fluoxetina na reprodução dessa e de outras espécies de peixes, tais
como: a diminuição significativa na produção de ovos de zebrafish (Danio rerio)
expostos a 32 μg / L de Fluoxetina durante sete dias (LISTER et al., 2009), e a
elevação dos níveis de estradiol plasmático, além do aumento de deformidades de
desenvolvimento nas filhotes de Medaka japonês (O. latipes) quando expostos a 0,1-
0,5 μg /L de fluoxetina durante quatro semanas (FORAN et al., 2004). Também já foi
demonstrado o potencial da Fluoxetina como disruptor endócrino. A modulação de
algumas vias enzimáticas podem alterar a taxa de produção de andrógenos,
alterando os níveis locais e sistêmicos dos andrógenos e, assim, causar a
interrupção de processos biológicos relacionados a andrógenos, como a
espermatogênese, o comportamento reprodutivo e o desenvolvimento de
características sexuais e entre outros (FERNANDES et al., 2011).

CONCLUSÃO

Esses dados demonstram que a fase de multiplicação das espermatogônias


continua acontecendo por mitose, porém, algum fator bioquímico, ainda
desconhecido, provavelmente interfere na entrada da célula em meiose e no
desenvolvimento das suas fases seguintes, ou seja, no processo de maturação do
gameta. Sendo assim, a reprodução desses organismos é comprometida por esse
fármaco. Dessa forma, pode-se concluir que a Fluoxetina atua diretamente na
espermatogênese dessa espécie e a sua liberação em ecossistemas aquáticos pode
causar grandes transtornos ecológicos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

FERNANDES, D., SCHNELL, S., PORTE, C. (2011). Can pharmaceuticals interfere


with the synthesis of active androgens in male fish? An in vitro study. Marine
pollution bulletin.
FORAN, C.M., WESTON, J., SLATTERY, M., BROOKS, B.W., HUGGETT, D.B.
(2004). Reproductive assessment of Japanese medaka (Oryzias latipes) following a
four-week fluoxetine (SSRI) exposure. Archives of Environmental Contamination and
Toxicology.
LISTER, A.; REGAN, C., ZWOL J.V., KRAAK GLEN, D.V. (2009) Inhibition of egg
production in zebrafish by fluoxetine and municipal effluents: A mechanistic
evaluation.

FONTES FINANCIADORAS

FAP-DF (Fundação de Apoio à Pesquisa do DF)


UnB - Universidade de Brasília

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Oral
Contaminantes emergentes: fármacos, cosméticos e nanopartículas
436 - DEVELOPMENT OF METHODS FOR INVESTIGATING THE PRESENCE
AND CHARACTERISTICS OF MICROPLASTICS IN SEAWATER AND MARINE
ORGANISMS

THEODORE BURDICK HENRY, CASSIANA CAROLINA MONTAGNER RAIMUNDO


Contato: THEODORE BURDICK HENRY - T.HENRY@HW.AC.UK

Keywords: microplastics; standardized; procedure; monitoring;

INTRODUCION

Particles smaller than 5 mm [microplastics (MPs)] are the most abundant type of
debris detected and there is concern about their negative effects on organisms. A
particular challenge for understanding the environmental implications of MPs is
quantification and characterizations of the MPs to which organisms are exposed.
Characteristics of importance include the size, shape, polymer type, and presence of
sorbed toxicants to MPs. Here we develop methods for extraction, quantification, and
characterization of MPs from seawater and marine mussels collected along the coast
of Scotland. Broad application of these methods is possible across numerous
locations and sample types.

METHODS

Seawater samples were collected by pumping water from the St Abbs Marine Station
(St Abbs, Scotland, UK) and variables considered were volume of seawater collected
(100-1,000 L), level of the tide, and time year. During collection, seawater was
pumped through a plankton net (mesh size 300 µm) and particles concentrated into a
sample of 100 mL. A known amount of MPs were added to some samples for
assessment of spike recovery, and procedural controls were included to assess
contamination by airborne particles. Samples were digested with hydrogen peroxide
to remove organic material, and then vacuum filtered prior to examination by
stereomicroscope for MP characterization and enumeration. Sub samples of MPs
were identified using Nile-Red staining or Micro Fourier Transform Infra-red (FTIR)
Spectroscopy. A third set of sub samples were washed with methanol for LC-MS/MS
analysis of sorbed substances. Development of method for quantification of MP
contamination in marine mussels collected from the coast of Scotland involved
comparison of tissue digestion methods [1M NaOH, 35% HNO 3, and protease at 9.6
UHb/mL (unit haemoglobin/mL)]. As described above for seawater samples,
assessment of extraneous MP contamination during processing and spike recovery
tests were included.

RESULTS AND DISCUSSION

For seawater samples collected from the St Abbs Marine Station, the number of MPs
was 35 ± 9 /100 L (mean ± SD, n = 10). Recovery of MPs spiked into samples was
65 ± 4% (mean ± SD, n = 20) and the presence of extraneous MPs attributed to
sample processing was 12 ± 1 (mean ± SD, n=10). Fibres were the most numerous
type of MP collected in all of the samples and also were the most frequent type of MP

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

found to contaminate samples (i.e., likely from airborne deposition of MPs during
processing). Digestion of samples with 30% H2O2 was reasonably effective and did
provide a convenient low cost approach for sample processing that could be applied
for sample processing over the long term; however, some materials in samples not
digested (e.g., chitin from amphipods). Consideration of different sample volumes of
seawater indicated that for the St Abbs Marine Station location a volume of 100 L
was sufficient to obtain reasonably consistent numbers of MPs while reducing the
levels of other materials (algae etc.) that decrease the efficiency of sample
processing. Other locations may have higher or lower amounts of MPs and water
sample volumes will need to be adjusted accordingly.
In mussels, complete tissue digestion was achieved with 1M NaOH, 35% HNO 3, and
protease at 9.6 UHb/mL; but use of HNO3 caused unacceptable destruction of some
microplastics. Recovery of microplastics spiked into mussels was similar (93 +/- 10%)
for both NaOH and enzyme digestions. The authors recommend use of industrial
enzymes based on digestion efficiency, microplastic recovery, and avoidance of
caustic chemicals. In wild marine mussels collect throughout Scotland, Mytilus spp,
the mean number of MPs/g ww was 3.0 ± 0.9 (SE, n = 36) [3.2 ± 0.52 (SE) per
mussel. The visual accuracy of plastic fibres identification was estimated to be
between 48 and 50%, using Nile Red staining and FT-IR methodologies,
respectively, halving the observed amounts of MPs in wild mussels. The most
frequently observed particles in our samples were fibres (99%) and of which a high
proportion is estimated to be Polyester (Polyethylene Terephthalate), in accordance
to MPs observations in other bivalves.

CONCLUSION

The development of standardized procedures for MP quantification and


characterization of environmental samples is critical to understand organism
exposure and appreciate the environmentally relevant risks posed by MPs. Long-
term monitoring of MPs based on consistent validated procedures are necessary to
enable recognition of the level of MP contamination and perhaps more importantly to
determine if management efforts for controlling plastic debris are effective in the
future. Here we have demonstrated that relatively simple low-cost procedures can be
used to monitor MP pollution in water samples and tissues of organisms and applied
broadly.

SPONSORS

This work was funded by the People Programme (Marie Curie Actions) of the
European Union's Seventh Framework Programme FP7/2007e2013/ under REA
grant agreement # PIEF-GA-2013-625915 and by the Natural Environment Research
Council, UK, grant number NERC NE/N006526/1]. This work received further funding
(ref. # BFSSG7) from the MASTS pooling initiative (The Marine Alliance for Science
and Technology for Scotland). MASTS is funded by the Scottish Funding Council
(ref. # HR09011) and contributing institutions. Additional funding for chemical
analyses and research partnership provided by FAPESP.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Contaminantes emergentes: fármacos, cosméticos e nanopartículas
466 - ADSORÇÃO DE FLUOXETINA EM CARBONO
MICRO/NANOESTRUTURADO HÍBRIDO: INTERAÇÃO SONDADA POR
EMBRIÕES DE PEIXE-ZEBRA

DIEGO SOUSA MOURA, IRVIN BRYAN MACHADO FERRAZ, RHAUL DE OLIVEIRA, ÍSIS
OLIVEIRA SZLACHETKA, SEBASTIÃO WILLIAM DA SILVA, NÍCHOLLAS SERAFIM
CAMARGO, MARCIA CRISTINA OLIVEIRA DA ROCHA, JOSÉ MAURÍCIO ROSOLEN,
ELAINE YOSHIKO MATSUBARA, CESAR KOPPE GRISOLIA
Contato: DIEGO SOUSA MOURA - DIEGOSOUSA.12@GMAIL.COM

Palavras-chave: Danio rerio; descontaminação aquática; nanomateriais; Ecotoxicologia; tratamento


de água

INTRODUÇÃO

Os tratamentos convencionais aplicados na água têm em geral, boa capacidade de


retenção de substâncias, entretanto, muitas moléculas químicas com potencial risco
ecológico têm passado diariamente pelos sistemas tradicionais de tratamento. No
presente trabalho avaliou-se a interação do carbono micro/nanoestruturado híbrido
(CMNH) derivado de uma combinação de carvão ativado (CA) e nanotubos de
carbono (NTCs) como remediador do fármaco cloridrato de fluoxetina (FLX).
Embriões de peixe-zebra foram utilizados como biossensores.

METODOLOGIA

As nanoestruturas carbonáceas (CMNH e CA) foram caracterizadas por: potencial


zeta (DSL), Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) com Espectroscopia de raios
X de energia Dispersiva (EDS) acoplado, Espectroscopia de infravermelho por
transformada de Fourier (FTIR) e cromatografia líquida de alta eficiência (HPLC). Os
testes de embriotoxicidade para avaliação da interação entre fármaco e
nanoestruturas foram conduzidos de acordo com a OECD nº236. O cloridrato de
fluoxetina foi utilizado como controle positivo. Analises de HPLC e FTIR foram
realizadas para avaliar a saturação e o tipo de interação entre os compostos,
respectivamente. Os embriões utilizados nos bioensaios foram fornecidos pelo
sistema de cultivo do laboratório de Genética Toxicológica (G-Tox). As exposições
foram realizadas em triplicata em microplacas de 24 poços com dois ml de cada
solução teste, 60 organismos por concentração, condicionados em uma câmara
climática (SL-24 Solab Científica) (26ºC ± 2; 12: 12h luz: escuro). As soluções teste
foram preparadas com a água de cultivo de peixe-zebra (características físico-
químicas: pH 7,2 - 7,6; dureza 6.7º dH; temperatura de 26 ± 1 ºC; condutividade 728
µS). A duração dos testes foi de 96 h. Parâmetros avaliados: mortalidade, eclosão,
comportamento e alterações no desenvolvimento embrionário.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados do DLS para determinar o potencial das nanoestruturas carbonáceas


antes e após a adsorção com FLX, são: CA: ξ = -30,4 ± 0,2 mV e CMNH: ξ = -14,3 ±
0,2 mV, compostos puros, respectivamente. Após a adição de FLX, esses valores

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


646
XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

aumentaram para ξ = 9,99 ± 0,2 mV e ξ = 16,8 ± 0,2 mV, respectivamente. Os


valores positivos são indicativos da adsorção bem-sucedida de FLX no CMNH e CA,
provavelmente pelo grupo amina do FLX. Os espectros de FTIR evidenciaram que o
mecanismo de adsorção de FLX em CMNH é controlado por uma adsorção química,
onde a interação eletrônica entre os orbitais π-π de FLX e NTCs desempenha um
papel fundamental. Os resultados dos bioensaios utilizando o peixe-zebra como
biossensores de interação entre fármaco e nanoestruturas mostraram que o CA e
CMNH diminuem os efeitos letais e subletais do cloridrato de fluoxetina, entretanto é
possível usar uma concentração menor de CMNH para obter um resultado otimizado
em termos de CL50. Ademais, foram observados efeitos no comportamento dos
organismos expostos ao controle positivo (FLX) e na mistura entre CA+FLX o que
não foi visto na mistura de CMNH+FLX. Esse resultado pode estar relacionado a
adsorção das moléculas do FLX na superfície do CMNH deixando-as menos
biodisponíveis para os organismos. Para confirmar esta afirmação, a quantidade de
FLX livre no meio, após ser colocado em contato com o adsorvente carbonáceo, foi
medida pela técnica de HPLC. A curva padrão mostrando a relação entre a
concentração de FLX e a área sob o pico do cromatograma é: Y = 45725 * X + 7501;
R² = 0,9998. Na mistura entre CA+FLX foi observado que o CA foi eficiente na
remoção somente nas concentrações mais baixas de FLX (entre 2 e 10 μg.ml -1).
Quando a concentração do FLX aumenta, a corrente alternada fica saturada e,
conseqüentemente, algumas moléculas de FLX permanecem livres no meio e são
detectadas pelo equipamento. O CMNH foi capaz de absorver maiores quantidades
de FLX. A saturação começou apenas com a maior concentração de FLX testada
(50 µg.ml-1), quando a HPLC detectou aproximadamente 2% do FLX no meio
reacional.

CONCLUSÃO

Conclui-se que o peixe-zebra é um bom biosensor; os nanotubos de carbono


híbridos levam vantagem como elementos filtrantes em comparação ao CA. Os
NTCs, como parte nanoestruturada do CMNH, são a chave deste comportamento de
interação e há fortes indícios que podem ser empregados sem riscos ao meio
ambiente devido à forte interação entre os NTCs e o CA. Este comportamento
permite explorar e expor NTCs sem causar sua dispersão e biodisponibilidade, pois
eles são bem fixados ao material micrométrico (CA); testes futuros utilizando
sistemas semi-estáticos devem ser realizados para uma melhor elucidação.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

OECD (2013) ‘Test No. 236: Fish Embryo Acute Toxicity (FET) Test.’, OECD
Guidelines for the Testing of Chemicals, Section 2, OECD Publishing, (July), pp. 1–
22. doi: 10.1787/9789264203709-en.

FONTES FINANCIADORAS

Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES


Programa de pós graduação em biologia animal - BIOANI

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Oral
Contaminantes emergentes: fármacos, cosméticos e nanopartículas
475 - RESISTÊNCIA A ANTIBIÓTICOS EM RESERVATÓRIO URBANO DE
ABASTECIMENTO PÚBLICO: UM ESTUDO DE CASO

DOUGLAS FELIPE CALEGARI, CAROLINE GALLEGO DE MEDEIROS NETTO,


ISABELLA BLAGIEM DE CAMPOS, CINTIA MARA RIBAS DE OLIVEIRA
Contato: DOUGLAS FELIPE CALEGARI - DOUGLAS.CALEGARI@HOTMAIL.COM

Palavras-chave: Análises de água; Coliformes Termotolerantes; Escherichia coli; Ecologia;


Multirresistência bacteriana

INTRODUÇÃO

O uso inconsequente de antimicrobianos e o despejo de esgoto doméstico


diretamente em mananciais responsáveis por abastecer o consumo humano de
água são um grave problema de saúde de pública e ambiental, aumentando a
propagação de doenças e dificultando seus tratamentos (BAQUERO; MARTÍNEZ;
CANTÓN, 2008; EGERVÄRN et al., 2017).
O escopo do estudo foi averiguar a qualidade microbiológica do Reservatório de
água do Passaúna no estado do Paraná, especialmente a pesquisa por cepas
multirresistentes e a concentração de coliformes termotolerantes nas amostras,
possibilitando a verificação de um aumento de resistência a antimicrobianos devido
a presença de resíduos farmacológicos neste ecossistema.

METODOLOGIA

As análises foram realizadas em 5 pontos do reservatório de água do rio Passaúna,


nomeados como: Rio Passaúna (P1), Montante Buffer (P2), Margem direita Buffer
(P3), Margem esquerda Buffer (P4) e Ponte Ferraria (P5). As coletas foram
realizadas entre novembro e dezembro de 2017, totalizando duas coletas de cada
ponto no total, sendo a amostragem de cada ponto alocada em frascos estéreis,
transportada sob refrigeração e armazenada entre 2°C e 6°C por no máximo 24
horas em laboratório.
Para a pesquisa de coliformes totais e termotolerantes, sendo adotada a bactéria
Escherichia coli (E. coli) como coliforme termotolerante, foi utilizado o método dos
tubos múltiplos, padronizado pela American Public Health Association (APHA). A
determinação destas concentrações se deu pelo cálculo do Número Mais Provável
(NMP), que avalia o número de coliformes por 100 mL de água de acordo com os
resultados provenientes do método dos tubos múltiplos.
Os testes de susceptibilidade a antibióticos foram feitos com 24 antimicrobianos
utilizados clinicamente do cenário nacional, a partir do método de disco-difusão em
ágar Mueller-Hinton, com leitura dos halos inibitórios das cepas de E. coli pela tabela
padronizado pelo Clinical and Laboratory Standards Institute (CLSI).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

De acordo com a resolução 357/2005 do Conselho Nacional do Meio Ambiente


(CONAMA), as águas do rio Passaúna são consideradas de classe 2. Porém, desde

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

estudo realizados previamente por outros autores até as análises presentes neste
trabalho, demonstram que vários pontos do reservatório possuem águas de classe
4, inapropriadas para consumo ou contato humano de acordo com o CONAMA
274/2000.
Dentre os 5 pontos estudados, P1 e P2 se destacaram por apresentarem os maiores
graus de contaminação, onde P1 pode ser classificado como classe 3 segundo o
CONAMA 375/2005, apresentando valor de 1.700 NMP/100 mL na primeira coleta e
130.000 NMP/100 mL na segunda. A discrepância entre os valores da primeira e
segunda análise, podem ser correlacionados a precipitação, que no mês de
novembro era de 106,8 mm enquanto que em dezembro foi de 186 mm, vale
ressaltar que 4 dos 5 pontos apresentaram valores de NMP superiores na segunda
coleta em relação a primeira.
Próximo ao P2, há uma fazenda de bovinos, podendo estes serem suplementados
com antibióticos como fator de crescimento. Em casos de chuva, o material fecal
destes animais pode ser carreado até o reservatório pelo subsolo. Neste ponto
houveram os maiores valores de NMP, com 750.000 NMP/100 mL e 130.000
NMP/100 mL respectivamente, de acordo com o CONAMA 357/2005 a água deste
ponto pode ser classificada como classe 4.
Em relação a susceptibilidade aos 24 antimicrobianos testados, na primeira coleta foi
verificada 80% de resistência a um ou mais antibióticos, enquanto que na segunda,
houve 100% de resistência por parte das amostras a pelo menos um antibiótico.
Dentre todas as cepas de E. coli testadas, 60% apresentaram resistência a
Tetraciclina, sendo o antibiótico que se mostrou menos eficaz no combate aos
microrganismos isolados. Em um estudo realizado por Stange et al. (2016) no rio
Rhine na Alemanha, 11 cepas apresentaram resistência a tetraciclina, sendo que 8
destas eram multirresistentes a antimicrobianos.
Seguidos da Tetraciclina, os antimicrobianos com o maior número de resistências
foram: Cefalotina (40%), Polimixima B (30%), Ampicilina (30%) e Gentamicina
(30%). Entre os 24 antibióticos testados, houve resistência de ao menos uma cepa a
15 destes. O Índice de Resistência a Antimicrobianos (IRA) delineado por Webster et
al. (2004) de P1 a P5 foi de 0,167; 0,125; 0,167; 0,147 e 0,083 respectivamente,
com IRA total de 0,138.

CONCLUSÃO

Com as análises realizadas, foi possível verificar que todos os pontos estudados
sofreram algum tipo de influência antrópica. Sendo assim, as análises demonstram e
evidenciam as suspeitas de contaminação por material fecal e suspeitas de resíduos
farmacológicos nas águas do Reservatório do Passaúna, isso sendo demonstrado
através dos valores obtidos de coliformes termotolerantes e os IRAs.
Ainda são necessários mais estudos envolvendo o manancial com um número maior
de coletas para a obtenção de um volume mais robusto de dados, possibilitando o
esclarecimento das hipóteses levantadas e endossando a teoria da contaminação
das águas do reservatório por origens antrópicas.

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

APHA (American Public Health Association). 2005. Standard methods for the
examination of water and wastewater. 21thed., American Water Works
Association/Water Environment Federation, Washington D.C, 2005.
BAQUERO, F.; MARTÍNEZ, J.-L.; CANTÓN, R. Antibiotics and antibiotic resistance
in water environments. Current Opinion in Biotechnology, v. 19, n. 3, p. 260–265, jun.
2008.
CLSI. Performance Standards for Antimicrobial Susceptibility Testing. Twenty-
Second Informational Supplement. Clinical and Laboratory Standards Institute, New
York, United States, 2015.
CONAMA, Nº. 357/2005 - Dispõe sobre a classificação dos corpos de água e
diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como estabelece as
condições e padrões de lançamento de efluentes, e dá outras providências." Data da
legislação, v. 17, n. 03, 2005.
EGERVÄRN, M. et al. Unexpected common occurrence of transferable extended
spectrum cephalosporinase-producing Escherichia coli in Swedish surface waters
used for drinking water supply. Science of The Total Environment, v. 587–588, p.
466–472, jun. 2017.
RESOLUÇÃO CONAMA nº 274, de 29 de novembro de 2000 Publicada no Diário
Oficial da União, em de 25 de janeiro de 2001, Seção 1, páginas 70-71.
STANGE, C. et al. Antibiotic resistance and virulence genes in coliform water
isolates. International Journal of Hygiene and Environmental Health, v. 219, n. 8, p.
823–831, 2016.
WEBSTER, L.F. et al. Identification of sources of Escherichia coli in South Carolina
estuaries using antibiotic resistance analysis. Journal of Experimental Marine Biology
and Ecology, v. 298, n. 2, p. 179–195, jan. 2004.

FONTES FINANCIADORAS

Universidade Positivo

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Oral
Contaminantes emergentes: fármacos, cosméticos e nanopartículas
476 - QUALIDADE DA ÁGUA DE RESERVATÓRIOS URBANOS: ANÁLISES
MICROBIOLÓGICAS NO RESERVATÓRIO PIRAQUARA II

DOUGLAS FELIPE CALEGARI, ANA LUIZA CHEROBIM, KYMBERLY LEITE ADAM,


CINTIA MARA RIBAS DE OLIVEIRA, FERNANDO DA SILVA CARVALHO NETO
Contato: DOUGLAS FELIPE CALEGARI - DOUGLAS.CALEGARI@HOTMAIL.COM

Palavras-chave: qualidade de água; parâmetros microbiológicos; multirresistência bacteriana;


antimicrobianos; Escherichia coli; coliformes

INTRODUÇÃO

O uso abusivo de antimicrobianos em sinergia com o descarte incorreto e sua


acumulação nos ambientes aquáticos promovem um aumento no aparecimento de
bactérias multirresistentes a antibióticos (HE et al., 2017).
O presente estudo analisou a ocorrência de cepas de Escherichia coli
multirresistentes a antimicrobianos em amostras de água do reservatório Piraquara
II, visando um levantamento de dados que reflitam a atual qualidade microbiológica
da água, assim como as possíveis influências decorrentes de criações de animais,
pequenos vilarejos e micro agricultores que se localizam em torno do reservatório.

METODOLOGIA

As análises de água implicaram na determinação de coliformes totais (CT) e


coliformes termotolerantes (CF), seguindo o método dos tubos múltiplos,
padronizado pela American Public Health Association (APHA, 2005). Foram feitas
amostragens em 7 pontos do Reservatório de Água Piraquara II, no estado do
Paraná (denominados P1: Saída de P1 e Entrada de P2; P2: bairro Campestre; P3:
Voçoroca; P4: Criação de Cavalos; P5: Leiteria; P6: Laranjeiras; P7: Saída do
Reservatório).
A amostragem se deu em recipientes estéreis, posteriormente transportados e
devidamente armazenados a temperatura de 2°C a 6°C. Os CT e CF foram
quantificados a partir do cálculo do número mais provável (NMP/100 mL),
padronizado pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), com valores de
CF admissíveis e classificando a água do manancial de classe 1 a 4 de acordo.
Quanto à resistência a antimicrobianos, cepas de E. coli foram isoladas das
amostras para os testes de disco-difusão, sendo submetidas frente a 23 antibióticos.
Os testes foram feitos em ágar Mueller-Hinton, com a leitura dos halos inibitórios a
partir dos valores padronizados pelo Clinical and Laboratory Standards Institute
(CLSI, 2015). Por fim, foram calculados os Índices de Resistência a Antimicrobianos
(IRAs), segundo Webster et al. (2004).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Dentre os resultados obtidos, constatou-se que 5 pontos apresentaram valores de


CF elevados (≥ 1.000 NMP/100 mL) segundo a resolução 274/2000 do CONAMA
que dispõe sobre a balneabilidade das águas brasileiras.

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Apenas P1 e P7 apresentaram valores adequados de CF, sendo que P1 na primeira


análise, apresentou 170 NMP/100 mL e P7 apenas 68 NMP/100 mL, na segunda e
última análise realizada nos pontos, não houve detecção de CF nas amostras. As
concentrações obtidas demonstraram que ambos os pontos apresentavam baixa
influência antrópica em relação aos demais, uma vez que P7 se encontra na saída
do reservatório, posteriormente se encaminhando ao consumo da população.
Os demais pontos apresentaram concentrações elevadas de coliformes em ao
menos uma análise, com destaque ao P6 (280.000, 50.000.000 e 110.000.000
NMP/100 mL nos 3 ensaios realizados respectivamente). O local se encontra ao
entorno de um vilarejo que não possui saneamento básico, havendo despejo de
esgoto doméstico a céu aberto de todas as residências e agronegócios que ali
estão.
Dentre os 23 antibióticos testados, houve algum tipo de resistência por parte das
cepas de E. coli a 10 antimicrobianos. Exceto em P1, todos os demais pontos
apresentaram multirresistência, havendo indicações de que a concentração de CT e
CF não está totalmente atrelada ao número de resistências, uma vez que P7 com as
maiores concentrações de CT e CF apresentou apenas duas resistências nas 3
análises (IRA = 0,043), enquanto que P2 demonstrou valores de CT e CF pouco
expressivos (2.300, 3.000 e 80 NMP/100 mL respectivamente) teve 7 resistências no
total, com IRA de 0,101, o maior do experimento.
Em P5, houve um total de 5 resistências, segundo ponto mais expressivo, com IRA
de 0,072, atrás apenas de P2. Em P2, há uma criação de cavalos próxima as
margens do efluente, podendo estes animais serem tratados periodicamente com
antimicrobianos, que se encaminham ao reservatório juntamente as fezes em
períodos chuvosos pela lixiviação, aumentando o grau de resistências. Já P5, fica ao
lado de uma Leiteria, podendo o leite proveniente dos animais tratados com
antimicrobianos, juntamente com resíduos industriais serem despejados no
manancial, portanto, elevando a resistência bacteriana no local.
O IRA total do experimento foi de 0,044, valor baixo de acordo com Webster et al.
(2004), ou seja, o número de análises feitas em relação as resistências presentes no
estudo, a média de resistências foi de 4,4% do total de antibióticos testados e suas
repetições.

CONCLUSÃO

A partir das análises realizadas, é indiscutível a contaminação por antimicrobianos e


material fecal. Com isso, é preciso maior fiscalização por parte dos órgãos
governamentais responsáveis, providenciando planos de contenção da chegada de
micropoluentes e planos de ocupação de matas ciliares, como a contenção de
animais e restrição de moradias.
De uma forma geral, o Reservatório do Piraquara II possui pontos com quantidade
de CF elevada, tornando a água destes imprópria de acordo com a resolução
357/2005 e 274/2000 do CONAMA. Porém, o estudo apresentou baixo IRA,
indicando que a contaminação por antimicrobianos na área ainda é inicial.

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652
XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

APHA (American Public Health Association). 2005. Standard methods for the
examination of water and wastewater. 21thed., American Water Works
Association/Water Environment Federation, Washington D.C, 2005.
CLSI. Performance Standards for Antimicrobial Susceptibility Testing. Twenty-
Second Informational Supplement. Clinical and Laboratory Standards Institute, New
York, United States, 2015.
CONAMA, Nº. 357/2005 - Dispõe sobre a classificação dos corpos de água e
diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como estabelece as
condições e padrões de lançamento de efluentes, e dá outras providências." Data da
legislação, v. 17, n. 03, 2005.
HE, X. et al. Evolution of corresponding resistance genes in the water of fish tanks
with multiple stresses of antibiotics and heavy metals. Water Research, v. 124, p.
39–48, nov. 2017.
RESOLUÇÃO CONAMA nº 274, de 29 de novembro de 2000 Publicada no Diário
Oficial da União, em de 25 de janeiro de 2001, Seção 1, páginas 70-71.
WEBSTER, L.F. et al. Identification of sources of Escherichia coli in South Carolina
estuaries using antibiotic resistance analysis. Journal of Experimental Marine Biology
and Ecology, v. 298, n. 2, p. 179–195, jan. 2004.

FONTES FINANCIADORAS

Universidade Positivo

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Oral
Contaminantes emergentes: fármacos, cosméticos e nanopartículas
477 - QUALIDADE MICROBIOLÓGICA DO RESERVATÓRIO PASSAÚNA:
ANÁLISE DA INFLUÊNCIA DE ESTAÇÕES ELEVATÓRIAS DE ESGOTO

ISABELLA BLAGIEM DE CAMPOS, ANA MARIA JORDÃO, LIAMARA SUZANA GOBBO,


MARIA FERNANDA MALTA RODRIGUES CAAMAÑO, DOUGLAS FELIPE CALEGARI,
CAROLINE GALLEGO DE MEDEIROS NETTO, RICARDO DA SILVA EHALT, CÍNTIA
MARA RIBAS DE OLIVEIRA
Contato: ISABELLA BLAGIEM DE CAMPOS - ISABELLABCAMPOS@HOTMAIL.COM

Palavras-chave: multirresistência; Escherichia coli; meio ambiente

INTRODUÇÃO

A água é indispensável para a vida, porém corpos hídricos que se encontram


próximos de áreas urbanas, industriais ou agropecuárias vêm enfrentando
problemas de contaminação e multirresistência microbiana. Contaminação ambiental
por antibióticos representa risco também à saúde humana, pois bactérias podem
tornar-se resistentes, por mutação de genes plasmidiais e transferir-los a cepas
patogênicas. Este trabalho identificou a influência da operação de Estações
Elevatórias de Esgoto (EEE) sobre a qualidade microbiológica da água da bacia do
rio Passaúna, Paraná, referente à coliformes e perfil de resistência de Escherichia
coli a antibióticos, para levantamento da ocorrência de antibióticos como
contaminantes aquáticos.

METODOLOGIA

O estudo foi realizado próximo as EEEs existentes na bacia do rio Passaúna: São
José do Passaúna, Dona Fina, Ferraria, determinando cinco pontos de amostragem:
ponto 1 a montante do Reservatório Passaúna, pontos 2 e 3 próximos às EEEs São
José do Passaúna e Dona Fina, ponto 4 a montante da EEE Ferraria e ponto 5 a
jusante da mesma EEE. Foram realizadas 7 amostragens. de águas superficiais
para análises microbiológicas. As amostras, devidamente armazenadas e
transportadas, passaram por duas etapas: método dos tubos múltiplos e
antibiograma. O método dos tubos múltiplos consiste na estimativa dos coliformes,
mediante cálculo do Número Mais Provável de organismos na amostra
(NMP/100mL). A metodologia das diluições seriadas foi realizada em duas etapas,
fase presuntiva e fase confirmatória, conforme Rice et al., (2012). Para o
antibiograma, foi escolhida a técnica de disco-difusão, descrita por Bauer et al.,
(1966). A resistência bacteriana foi testada frente a 25 antibióticos de 10 classes
diferentes, sendo 33 o total de amostras submetidas ao teste de susceptibilidade a
antibióticos. Foi calculado o Índice de Resistência a Antibióticos (IRA) por amostra e
por ponto de coleta, segundo metodologia descrita em Webster et al. (2004).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

As águas dos pontos analisados de conforme classificação da Resolução CONAMA


nº357/05, são de classe III. Analisando os resultados obtidos, os pontos 4 e 5
excederam o limiar determinado pelo CONAMA em mais de 80% das amostras,

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


654
XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

estando fora dos padrões estabelecidos. O ponto 3 excedeu em aproximadamente


57% das amostras o limite e os pontos 1 e 2 excederam em aproximadamente 43%.
Aproximadamente 85% das amostragens foram resistentes a pelo menos um
antibiótico, 52% a dois e 30% a três ou mais antibióticos. Os mais frequentes perfis
de resistência por ponto foram para ampicilina 10µg (39% das amostras resistentes),
estreptomicina 10µg (30%), imipenem 10µg (27%), tetraciclina 30µg (27%) e
gentamicina 10µg (24%). Todos os dados de perfis de resistência foram agrupados e
o IRA total das amostras e dos pontos respectivamente calculados. Os valores de
IRA para pontos amostrados variaram de 0,04 a 0,18. O ponto 1, no rio Passaúna,
obteve IRA total com valores mais elevados que os pontos 2 e 3, analisados no
Reservatório. Portanto, pode-se considerar um possível arrasto de cepas de E. coli
resistentes do rio para o Reservatório Passaúna. Na análise da influência da EEE
Ferraria, houve um aumento no número de cepas multirresistentes no ponto 5,
localizado após a EEE, indicando influência de possíveis falhas e extravasamentos
na resistências de cepas de E. coli do rio Ferraria. Referente aos resultados
individuais do IRA por amostragem, as cepas de E. coli apresentaram resistências
às classes das Penicilinas, Aminoglicosideos e Tetraciclinas em pelo menos uma
das amostragens em todos os pontos de coleta. Os valores de IRA individuais por
amostragem mais relevantes no estudo variaram: para penicilinas até 0,57,
cefalosporinas até 0,18, monobactâmicos até 0,14, carbapenens até 0,25,
aminoglicosídeos até 0,29, fluoroquinolonas até 0,05, tetraciclinas até 0,5. Se
comparado com o estudo de Tokajian et al. (2018), realizado com 21 cepas de E.
coli, ambas as análises apresentaram todos os pontos de coleta com resistência á
antibióticos a penicilinas, aminoglicosídeos e fluoroquinolonas. Em contraposição, o
estudo de águas residuais de um centro de refugiados não apresentou cepas de E.
coli resistentes a carbapenens e apresentou resistência significativa a cefalosporinas
e monobactâmicos, condições distintas em relação ao presente estudo. Conclui-se,
a partir dos valores de IRA, que as áreas monitoradas podem representar possíveis
riscos em termos de saúde pública, considerando-se que as os genes de resistência
a antimicrobianos podem ser transferidos para cepas de bactérias patogênicas.

CONCLUSÃO

Confirma-se, assim, a hipótese de que problemas operacionais em EEE podem


influenciam na resistência de E. coli em águas superficiais. Os problemas
operacionais prejudicam a qualidade das águas de uma bacia hidrográfica, conforme
evidenciado no caso do Passaúna. Extravasamento de esgoto por problemas
operacionais em bombas das EEEs, assim como despejo de resíduos por fontes
difusas aumentam a probabilidade da disseminação ambiental de plasmídeos de
resistência. A dispersão de genes de resistência é um problema ambiental e de
saúde pública, especialmente em áreas que são usadas pela população para pesca
e prática de esportes náuticos, como na bacia do Passaúna.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BAUER, A.W.; KIRBY, W.M.; SHERRIS, J.C.; TURCK, M. Antibiotic susceptibility


testing by a standardized single disk method. The American Journal Of Clinical
Pathology, v. 45, n. 4, p. 493-496, 1966.
RICE, E.W.; BAIRD, R.B.; EATON, A.D.; CLESCERI, L.S. Standard Methods for the
Examination of Water and Wastewater, 22 ed. American Public Health Association,
American Water Works Association, Water Environment Federation, 2012, 1496p.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

TOKAJIAN, S.; MOGHNIEH, R.; SALLOUM, T.; ARABAGHIAN, H.; ALOUSI, S.;
MOUSSA, J.; ABBOUD, E.; YOUSSEF, S.; HUSNI, R. Extended-spectrum β-
lactamase-producing Escherichia coli in wastewaters and refugee camp in Lebanon.
Future Microbial, v. 13, n. 1, p. 81–95, 2018.
WEBSTER, L.F.; THOMPSON, B.C.; FULTON, M.H.; CHESTNUT, D.E.; DOLAH,
R.F.V.; LEIGHT, A.K.; SCOTT, G.I. Identification of sources of Escherichia coli in
South Carolina estuaries using antibiotic resistance analysis. Journal of Experimental
Marine Biology and Ecology, v. 298, p. 179–195, 2004.

FONTES FINANCIADORAS

Trabalho financiado com bolsa da Fundação Araucária e Centro de Pesquisa da


Universidade Positivo.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Oral
Contaminantes emergentes: fármacos, cosméticos e nanopartículas
478 - OCCURRENCE OF ANTIBIOTICS IN FISH: A CASE STUDY IN TWO
SUBTROPICAL WATER RESERVOIRS

BRUNO HENRIQUE SCHAFHAUSER, SAMUEL HADDAD, CÍCERO JOSÉ ALBANO, ANA


TEREZA BITTENCOURT GUIMARÃES, BRYAN W. BROOKS, CINTIA MARA RIBAS DE
OLIVEIRA
Contato: CÍNTIA MARA RIBAS DE OLIVEIRA - CINTIAMARARDO@GMAIL.COM

Keywords: bioaccumulation; erythromycin; fish

INTRODUCION

Active pharmaceutical ingredients (APIs) have increasingly attracted attention in the


past few years as contaminants of emerging concern due to adverse effects and
commonly reported trace levels in the aquatic environment. Therefore, there is an
urgent need to understand the fate of these compounds in the aquatic ecosystem
throughout the globe, thus the current study aimed to investigate the accumulation of
antibiotics from different class in fish muscle tissues (Bioaccumulation) from Brazilian
water reservoirs.

METHODS

The study site consists of the Passaúna (PA) and Piraquara I (PI) reservoirs, which
are located in the Curitiba Metropolitan Region (CMR), in the state of Paraná, Brazil.
Fish species of Micropterus salmoides and Tilapia rendalli were collected from PA
and PI reservoirs in several sampling campaigns from 2014 to 2015. The fish
sampling campaigns gave rise to 59 fish sampled, including 34 samples of M.
salmoides, and 25 samples of T. rendalli, where 22 fish were collected from PA
reservoir and 37 from PI. Six antibiotics were selected as target analytes due to their
ubiquitous occurrence in previous studies, namely erythromycin (ERY),
sulfamethoxazole (SMX), and trimethroprim (TMP), norfloxacin (NOR),
sulfadimethoxine (SDM), and sulfatiazole (STZ). The extraction and quantification of
target analytes from the muscle tissues were carried out by liquid extraction followed
by liquid chromatography–tandem mass spectrometry (LC-MS/MS).

RESULTS AND DISCUSSION

From the six antibiotics analyzed, fish from both reservoir shown to accumulate only
erythromycin (ERY) in levels up to 2.1 µg.kg-1 in M. salmoides, and 1.7 µg.kg-1 in T.
rendalli. These highest levels of bioaccumulation was observed in two samples of M.
salmoides from PI reservoir, but the detection frequency was higher for PA site
(22.7%) rather than PI (18.9%). The biotic variables of fish size, wet weight, antibiotic
accumulation were correlated with abiotic variables of physical and hydrological
parameters of the reservoirs (water detention time, basin area, water surface area,
nominal volume, and active volume), as well as rainfall accumulation (20 days prior
to the sampling campaign) in a multivariate analysis. The principal component
analysis (PCA) showed that the factor 1 were composed mostly by the variables
related to the reservoirs hydrological parameters, where PA showed higher active

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

and nominal volumes, water surface area and basin area than PI reservoir.
Otherwise, the variables of fish weight and size, the rainfall index and the ERY
accumulation were related with the factor 2 (y axis), which alongside with factor 1
explained 82.49% of the data. This integrated analysis revealed the precipitation
index as a mechanism favoring antibiotics runoff from inland areas into the reservoirs
with a Spearman rank coefficient (R) of 0.353. As livestock farms were consistently
observed near the sampling sites, this coefficient corroborates as runoff of ERY from
veterinary usage as likely the main source of antibiotics to the reservoirs. Moreover,
the PCA analysis shown that M. salmoides act as a better indicator for ERY in PA
reservoir as fish of this species with larger sizes and weight had higher accumulation
levels. Although, the same situation was not observed for PI.

CONCLUSION

The findings of this study suggest the need for a comprehensive diagnostic
investigation of biotic and abiotic factors to understand the dynamic of the areas, and
then establish the best organism for monitoring environmental quality. This was the
first study on the occurrence of antibiotics accumulation in wild fish from Brazilian
reservoirs, which reveals the lack of information and shows the need of a deeper
comprehension on the aquatic organisms’ uptake of ionizable pharmaceuticals in
South America.

SPONSORS

Universidade Positivo and Baylor University

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Desreguladores endócrinos

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Painel
Desreguladores endócrino
68 - EFEITO DO 17α-ETINILESTRADIOL EM TRÊS GERAÇÕES DO
CLADÓCERO NATIVO Ceriodaphnia silvestrii

MARIANA MIGUEL, LARISSA BROGGIO RAYMUNDO, ODETE ROCHA


Contato: MARIANA MIGUEL - MARY_MIGUEL@USP.BR

Palavras-chave: microcrustáceos; teste multigeracional; hormônio; desregulação endócrina; fármaco

INTRODUÇÃO

Substâncias exógenas podem causar efeitos adversos à saúde dos organismos e


progênie. Os fármacos são conhecidos por atuarem como desreguladores
endócrinos e por serem descartados continuamente no ambiente, os organismos
aquáticos podem ser expostos a esses compostos de maneira crônica, podendo ter
alguns de seus processos fisiológicos alterados. Um fármaco bastante utilizado é o
hormônio estrogênico 17α-etinilestradiol. Dentre a comunidade zooplanctônica de
água doce o grupo dos microcrustáceos tem grande destaque devido ao seu papel
funcional e são muito utilizados como organismos-teste. O objetivo do presente
trabalho foi avaliar o efeito multigeracional do etinilestradiol na reprodução do
cladócero Ceriodaphnia silvestrii.

METODOLOGIA

Os cultivos de Ceriodaphnia silvestrii foram mantidos em béqueres de 2L, com


aproximadamente 100 organismos, e mantidos em incubadoras com temperatura
controlada de 25±1°C e fotoperíodo 12h:12h claro/escuro. A água de cultivo
apresentou dureza total de 40 a 48 mg de CaCO 3 L-1, pH entre 7,0 e 7,6 e
condutividade em torno de 160 µS cm -1. Para a avaliação do efeito do 17α-
etinilestradiol, foi realizado um teste multigeracional, com exposição dos cladóceros
a cinco concentrações, na faixa de 125 a 2000 µg L -1, além dos controles (água
reconstituída e o solvente metanol). Para cada tratamento foram estabelecidas dez
réplicas com 15 mL de solução-teste por réplica, contendo um indivíduo em cada
réplica. Os testes foram mantidos em incubadora sob temperatura e fotoperíodo
controlados. Os indivíduos foram alimentados a cada troca com uma suspensão da
alga Pseudokirchneriella subcapitata na concentração de 2x105 céls mL-1 e alimento
composto (1 mL L-1). Os indivíduos foram observados diariamente e seus neonatos
contados e retirados do recipiente-teste. As variáveis físicas e químicas da água
(pH, oxigênio dissolvido, dureza e condutividade elétrica) foram medidas no início e
ao final de cada teste. Para a análise estatística, foi utilizado o programa Statistica
7.0.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Durante os ensaios crônicos, as soluções-teste apresentaram as seguintes


características: pH entre 7,2 e 7,65, oxigênio dissolvido entre 4,43 a 6,47 mg L -1,
condutividade elétrica entre 187,8 e 206 µS cm-1 e dureza entre 44,4 e 52 mg CaCO3
L-1, encontrando-se, portanto, dentro da faixa recomendada pelos protocolos
padronizados. Com relação ao teste para avaliação dos efeitos crônicos da

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

exposição de Ceriodaphnia silvestrii ao 17α-etinilestradiol observou-se a ocorrência


de diferenças significativas comparando-se ao controle, sendo que o número de
neonatos produzidos pelas fêmeas da geração F0 quando expostas à maior
concentração deste hormônio, de 2000 µg L-1, foi menor que no controle (p=0,024).
Para a geração F1 houve diferença significativa na concentração de 1000 µg L-1
(p=0,00011) porém, com aumento da fecundidade. Na geração F2 não ocorreu
diferença significativa de fecundidade em nenhuma das concentrações testadas. Em
um estudo realizado com Ceriodaphnia dubia em exposição ao etinilestradiol, não foi
observada diferença significativa na fecundidade dos organismos, na faixa de 0,005
a 1,5 mg L-1, em relação ao controle. Em outro estudo realizado com quatro espécies
de cladóceros (Moina macrocopa, Moina micrura, Ceriodaphnia dubia e
Ceriodaphnia reticulata) expostas à substância Fenixicarbe, um inseticida regulador
do crescimento de insetos, evidenciou redução na produção de neonatos de todas
as quatro espécies. Um outro estudo observou o efeito do fármaco Carbamazepina
para Ceriodaphnia dubia. Nesse estudo, também multigeracional, houve diminuição
da fecundidade nas gerações F0 e F1 e similarmente ao observado no presente
estudo, na geração F2 não houve diferença significativa de fecundidade o que foi
interpretado pelo autor como possível desenvolvimento de tolerância ao
contaminante.

CONCLUSÃO

Pode-se concluir que a exposição crônica da espécie nativa Ceriodaphnia silvestrii


ao hormônio sintético 17α-etinilestradiol pode causar efeito adverso de desregulação
endócrina levando a alterações variadas na fecundidade dos organismos. Além
disso, foi possível observar que os organismos podem desenvolver aclimatação ou
uma pequena tolerância ao contaminante no decorrer das gerações. Tais efeitos nos
mostram, de maneira geral, que desreguladores endócrinos podem causar prejuízos
a longo prazo quando à persistência da população no ambiente.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

FABBRI, E. 2014. Pharmaceuticals in the environment: expected and unexpected


effects on aquatic fauna. Ann. N.Y. Acad. Sci.; 1-9 p.
HUERTA, B.; JAKIMSKA, A.; LIORCA, M.; RUHÍ, A.; MARGOUTIDIS, G.; ACUÑA,
V.; SABATER, S.; RODRIGUEZ-MOZAZ, S.; BARCELÒ, D. 2015. Development of
an extraction and purification method for the determination of multi-class
pharmaceuticals and endocrine disruptors in freshwater invertebrates. Talanta, Vol.
132, 373–381 p.
JUKOSKY, J.A.; WATZIN, M.C.; LEITER, J.C. 2008. Elevated Concentrations of
Ethinylestradiol, 17b-Estradiol, and Medroxyprogesterone have Little Effect on
Reproduction and Survival of Ceriodaphnia dubia. Bull. Environ. Contam. Toxicol.;
Vol. 81, 230-235 p.
LAMICHHANE, K.; GARCIA, S.N.; HUGGETT, D.B.; DeANGELIS, D.L.; LA POINT,
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Ceriodaphnia dubia in Three Successive Generations. Arch. Environ. Contam.
Toxicol.; Vol. 64, 427–438 p.
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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

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Toxicol.; Vol. 64, 427-438 p.
LAURENSON, J.P.; BLOOM, R.A.; PAGE, S.; SADRIEH, N. 2014. Ethinyl Estradiol
and Other Human Pharmaceutical Estrogens in the Aquatic Environment: A Review
of Recent Risk Assessment Data. The AAPS Journal, V. 16, No 2, 299-310 p.
MAGALHÃES, P.D.P.; FERRÃO FILHO, A.S.F. 2008. A ecotoxicologia como
ferramenta do biomonitoramento de ecossistemas aquáticos. Oecol. Bras.; Vol.ed.
12, N. 3, 355-81 p.
ODA, S.; TATARAZAKO, N.; WATANABE, H.; MORITA, M.; IGUCHI, T. 2005.
Production of male neonates in four cladoceran species exposed to a juvenile
hormone analog, fenoxycarb. Chemosphere 60, 74-78 p.
RAND, G.M. 1995. Fundamentals of aquatic toxicology: effects, environmental fate,
and risk assessment. 2ª ed. Boca Raton: CRC Press, 1125 p.
TUNDISI, J.G.; MATSUMURA-TUNDISI, T. 2008. Biodiversity in the Neotropics:
ecological, economic and social values. Braz. J. Biol.; Vol. 68, 913-915 p.; suppl. 4.
ZUO, Y.; ZHANG, K.; ZHOU, S. 2013. Determination of estrogenic steroids and
microbial and photochemical degradation of 17a-ethinylestradiol (EE2) in lake
surface water, a case study. Environ. Sci.: Processes Impacts, Vol. 15, 1529-1535 p.

FONTES FINANCIADORAS

CAPES/CNPq

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Oral
Desreguladores endócrino
138 - AVALIAÇÃO DO PAPEL DESREGULADOR ENDÓCRINO DO HERBICIDA
2,4-D EM Rhamdia quelen (SILURIFORMES: HEPTAPTERIDAE)

ALICIANE DE ALMEIDA ROQUE, NILCE MARY TURCATTY FOLLE, MARISTELA


AZEVEDO LINHARES, RICARDO YUJI SADO, ELTON CELTON OLIVEIRA, NÉDIA DE
CASTILHOS GHISI, CIRO ALBERTO DE OLIVEIRA RIBEIRO
Contato: ALICIANE DE ALMEIDA ROQUE - ALICIANEROQUE@GMAIL.COM

Palavras-chave: Ácido 2,4-Diclorofenoxiácetico; Vitelogenina; Jundiá-Cinza; bioensaios;


biomarcadores

INTRODUÇÃO

Os desreguladores endócrinos (EDCs) compreendem diversos contaminantes que


podem provocar alterações no sistema endócrino, alterando o papel de hormônios
naturais, seja: I-mimetizando ou antagonizando sua ação; II-expressão de
receptores; III-ativação/inativação de genes para a expressão de hormônios. Assim,
investigar as consequências da exposição a esse tipo de xenobiótico permite avaliar
o risco de exposição para a biota e mesmo para populações humanas. Face a isso,
no presente estudo buscou investigar o efeito do herbicida 2,4-D (ácido 2,4-
diclorofenoxiácetico) sobre o processo de vitelogênese em machos da espécie
Rhamdia quelen, após exposição aguda a concentrações próximas ao limite definido
pela legislação brasileira.

METODOLOGIA

Juvenis de R. quelen, obtidos em piscicultura comercial foram aclimatados por 15


dias. Após, foram distribuídos em 12 aquários (50 L), 5 animais/aquário. A exposição
ao 2,4-D foi realizada por via hídrica nas concentrações 0, 15, 30 e 60 µg/L, em
triplicatas, por 96 e 192 horas. Na sequência, os indivíduos foram anestesiados
(benzocaína), coletado sangue (2mL/punção caudal) ao qual foi adicionado 40 µL de
antiproteolítica (PMSF) e centrifugado a 4ºC/3000 xg/30 min para obtenção do
plasma, armazenado a -80 ºC. As proteínas foram dosadas pelo método de
Bradford, diluídas em tampão desnaturante 2% SDS (lauril sulfato de sódio), 0,05%
ß-mercaptoetanol e desnaturadas a 100ºC por 5 min. Para análise da vitelogenina,
25 µL (50 µg) da amostra foram pipetados/poço em gel de poliacrilamida (SDS-
PAGE, 4% empilhamento, 8% separação). A corrida eletroforética foi realizada em
duplicata, sendo as proteínas totais de um dos géis coradas com Azul de Coomassie
enquanto as do outro, foram transferidas para membrana de nitrocelulose pela
técnica de Western Blot (WB). Para a imunodetecção, utilizou-se anticorpo primário
de coelho anti-VTG (vitelogenina) de R. quelen - 1:100.000 4ºC/16h e anticorpo
secundário de cabra anti-coelho, marcado com peroxidase - 1:4000/25ºC/1h e
revelação por quimioluminescência em filme fotográfico.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Para facilitar a comparação entre os resultados, no primeiro poço de cada gel foi
aplicada uma amostra coletada de um macho estrógeno induzido, enquanto o último

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


663
XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

foi pipetado com marcador de massa molecular KaleidoskopeTM. Inicialmente


optou-se por analisar as amostras provenientes dos indivíduos expostos a
concentração 60 µg/L, comparando-os ao controle negativo. Cabe ressaltar que as
concentrações de 2,4-D empregadas foram selecionadas em torno do valor máximo
estabelecido pela resolução nº 357 do Conselho Nacional do Meio Ambiente
(CONAMA), que prevê a presença de até 30 µg/L desta substância em águas classe
3, ou seja, que podem ser destinadas ao consumo humano após tratamento
convencional ou avançado. Apenas em caso de positividade para os indivíduos
expostos à maior concentração do composto é que os indivíduos expostos à menor
concentração seriam avaliados. Entretanto, bandas com massa molecular de
aproximadamente 150 kDa, características da VTG foram evidenciadas apenas nos
poços dos géis pipetados com amostras do controle positivo. Desta forma, na
tentativa de detectar proteínas que porventura pudessem estar presentes, mesmo
que em quantidades bastante reduzidas, procedeu-se a reação de imunodetecção
por Western Blot (WB). Este ensaio, por ser mais específico, é capaz de detectar
quantidades de VTG muito inferiores, que as detectadas pelo WB corados com
Coomassie. Para tanto foi utilizado anticorpo anti-vitelogenina produzido a partir da
imunização em coelhos pelo Laboratório de Toxicologia Celular da UFPR. Os
resultados de WB não apontaram a detecção de VTG em nenhum dos grupos
testados, onde bandas correspondentes a esta proteína também só foram
evidenciadas nas regiões aplicadas com amostras do controle positivo. A VTG é
naturalmente produzida apenas por fêmeas ovíparas, visto ser regulada pelo
hormônio 17β-estradiol. Embora os machos possuam o receptor para estrógeno,
normalmente não possuem esse hormônio em concentrações suficientes para
desencadear o processo, a não ser quando xenobiontes mimetizem sua ação. Para
os ensaios de exposição aguda realizados no presente estudo, o 2,4-D não revelou
efeito como desregulador endócrino sobre machos da espécie R. quelen, mesmo
com o dobro da concentração permitida na legislação brasileira. Porém, este
resultado prévio não exime o potencial risco de desregulação endócrina desta
substância, que precisa ainda ser testada por períodos de exposição maiores, uma
vez que apenas oito dias podem não ter sido suficientes para desencadear o
processo de vitelogênese.

CONCLUSÃO

Embora neste trabalho não tenha sido verificada alteração na expressão da


vitelogenina em indivíduos machos de Rhamdia quelen expostos ao 2,4-D por até
oito dias (192 horas) à concentração de 60 µg/L, conclusões definitivas sobre a
atividade endócrina deste composto ainda não podem ser tomadas. Recomenda-se
que os efeitos da exposição ao 2,4-D sejam avaliados por períodos mais
prolongados, o que permitiria um diagnóstico mais preciso, sendo esta, portanto, a
segunda fase do projeto ainda em execução.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRADFORD, M.M. A rapid and sensitive method for the quantitation of microgram
quantities of protein utilizing the principle of protein-dye binding. Analytical
Biochemistry, v. 72, n. 1–2, p. 248–254, 1976.
BRASIL. Resolução no 357, 18 de março de 2005. Diário Oficial da União, p. 58–63,
2005.

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MOURA COSTA, D.D. et al. Characterization, specificity and sensibility of produced


anti-Rhamdia quelen vitellogenin in Brazilian fish species. Fish Physiology and
Biochemistry, v. 42, n. 6, p. 1721–1732, 2016.
PAIT, A.S.; NELSON, J.O. Endocrine disruption in fish an assessment of recent
research and results. Silver Spring: MD: NOAA, NOS, Center for Coastal Monitoring
and Assessment, 2002.

FONTES FINANCIADORAS

CNPq (Processo: 406661/2016-2, 01/2016)


CNPq (Processo: Processo: 140931/2018-0)
Capes (Processo: 1638144, 2016-2018)

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Painel
Desreguladores endócrino
167 - AVALIAÇÃO DA ECOTOXICIDADE E ESTROGENICIDADE DE LIXIVIADOS
RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS DO ESTADO RIO DE JANEIRO

GABRIELY PESSANHA DE ARAÚJO, VICTOR DE PAULA BATISTA ROSA, LOUISE DA


CRUZ FELIX, ALLAN DOS SANTOS ARGOLO, GISELLE GOMES, SIMONE MARIA
RIBAS VENDRAMEL, JOÃO ALBERTO FERREIRA, ELISABETH RITTER, DANIELE
BILA BILA
Contato: DANIELE MAIA BILA - DANIELEBILAUERJ@GMAIL.COM

Palavras-chave: lixiviado, toxicidade aguda, atividade estrogênica, desreguladores endócrinos

INTRODUÇÃO

O lixiviado de resíduos sólidos urbanos é um líquido resultante da decomposição


dos resíduos sólidos dispostos em aterros sanitários. Devido à sua composição
complexa, com alta concentração de matéria orgânica recalcitrante, amônia e
compostos tóxicos, é uma das principais fontes de poluição do solo e da água, uma
vez que pode infiltrar-se e atingir o lençol freático.
Para avaliar a toxicidade do lixiviado, foram utilizados organismos-teste de três
níveis tróficos: Daphnia similis, Aliivibrio fischeri e Danio rerio. Avaliou-se, também, a
presença de xenoestrogênios pela determinação da estrogenicidade através do
ensaio in vitro YES, além dos parâmetros DQO, amônia e cloreto

METODOLOGIA

Foram avaliados os lixiviados brutos oriundos de cinco aterros sanitários localizados


no estado do Rio de Janeiro (Rio das Ostras, Macaé, Seropédica, Gramacho e Nova
Iguaçu) e de um lixão desativado (Marambaia).
O ensaio agudo com a bactéria bioluminescente Aliivibrio fischeri foi realizado
segundo a NBR 15411-3 (ABNT 2012). A toxicidade é avaliada pelo decréscimo da
luminescência após um período de exposição de 15 minutos. O resultado foi
expresso em CE50(%) e calculado pelo software Microtox Omni 4.1. Os ensaios
agudos com Daphnia similis e Danio rerio foram realizados segundo a NBR 12713
(ABNT 2016) e NBR 15088 (ABNT 2016), respectivamente. Ambos os ensaios
consistiram na exposição dos organismos-teste ao lixiviado em diferentes
concentrações por um período de 48h, sendo a toxicidade avaliada através da
inibição natatória (microcrustáceo) e da letalidade (peixe). Os resultados foram
expressos em CE50(%) e CL50(%) e foram calculados pelo software TRIMMED
SPEARMAN-KARBER com intervalo de confiança de 95%.
A determinação da atividade estrogênica pelo ensaio YES (Yeast Estrogen Screen)
foi realizada segundo metodologia de Routledge and Sumpter (1996) com
modificações, utilizando a levedura Saccharomyces cerevisiae geneticamente
modificada. Após incubação de 72h da placa de ensaio, os resultados foram
expressos em equivalente estradiol (EQ-E2)

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

O presente trabalho objetivou caracterizar, através da média dos valores de CE50 e


CL50 (%) e do equivalente estradiol - EQ-E2 (ng.L-1), o potencial tóxico de lixiviados
brutos de resíduos sólidos urbano de aterros sanitários e lixões localizados no
estado do Rio de Janeiro.
Foram avaliados os parâmetros físico-químicos: DQO, nitrogênio amoniacal e
cloreto. As faixas de valores obtidos para a DQO foram de 731-2850; 2248-4031;
296-1285; 467-515; 2038-2228; 260,3-4854 mg O2.L-1 para os aterros Rio das
Ostras, Gramacho, Nova Iguaçu, Seropédica, Macaé e Marambaia,
respectivamente. Para o nitrogênio amoniacal, os resultados foram de 58-858; 1270-
2017; 953-1544; 1607- 1684; 182-1390; 26,69-1377,72 mg.L-1 para os aterros de Rio
das Ostras, Gramacho, Nova Iguaçu, Seropédica, Macaé e Marambaia,
respectivamente. Para cloreto, os resultados foram de 3622-4273; 2787-3679; 4286-
4709; 3418,9-5375 mg.L-1, para os aterros de Gramacho, Nova Iguaçu, Seropédica e
Macaé, respectivamente.
Todas as amostras avaliadas neste estudo se mostraram tóxicas aos organismos-
teste. Para a Aliivibrio fischeri as médias dos valores de CE50 foram 10,12%, 8,60%,
22,54%, 13,01%, 7,61%; 3,57%; 10,70%; 9,90% para os lixiviados de Marambaia,
Rio das Ostras, duas campanhas de Gramacho, Nova Iguaçu, duas campanhas em
Seropédica e Macaé, respectivamente.
Para o organismo Daphnia similis, as médias dos valores obtidos de CE50 foram
13,87%, 12,40%, 3,63%, 1,98%, 12,50%; 21,58% para os lixiviados de Marambaia,
Rio das Ostras, Nova Iguaçu, dois períodos de campanha de Seropédica e Macaé,
respectivamente. Para o organismo-teste Danio rerio, as médias dos valores obtidos
de CL50 foram 4,80%, 2,17%, 1,82%, 1,10%, 4,42% para os lixiviados de
Marambaia, Rio das Ostras, Gramacho, Nova Iguaçu e Seropédica,
respectivamente.
Cunha et al. (2012) avaliou a toxicidade de lixiviados brutos do aterro sanitário de
Cariacica/ES com Aliivibrio fischeri, obtendo valores de CE50 entre 13,6% e 28,3%.
Araujo et al. (2010) encontrou valores de CE50 de 4,2%, 7,5% e 29,6% para
lixiviados brutos de aterro controlado, aterro sanitário e lixão, respectivamente.
Com relação ao ensaio YES, apenas amostras do aterro de Seropédica foram
analisadas, apresentando o valor médio de 699 ng.L -1. Este ensaio é largamente
utilizado e permite a quantificação da atividade estrogênica total de determinada
amostra. Contudo, fatores inerentes à matriz analisada, como citotoxicidade (inibição
do crescimento da levedura) ou a presença de substâncias antagonistas, podem
influenciar no resultado. No estudo, não foi observada citotoxicidade nas amostras.
Porém, dada a complexidade da matriz, é possível que os valores de EQ-E2 estejam
mascarados por substâncias antagônicas

CONCLUSÃO

Os ensaios ecotoxicológicos evidenciaram o potencial tóxico de lixiviado bruto, em


todos os casos, baixas concentrações de amostra causaram efeitos deletérios aos
organismos-teste. O lixiviado de Seropédica mostrou-se o mais tóxico, com valores
de 3,57%, 1,98% e 1,1% de CE50 para Allivibrio fischeri, Daphnia similis e Danio
rerio, respectivamente. Isso corrobora a relevância da correta operação de aterros
sanitários, com coleta e tratamento do lixiviado. O ensaio YES apresentou valor de

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

EQ-E2 médio de 699 ng.L-1 para o lixiviado de Seropédica. Porém, mais análises
são necessárias, pois é possível que substâncias antagonistas sejam responsáveis
por uma subavaliação da estrogenicidade total.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABNT NBR 15411-3 (2012). Determinação do efeito inibitório de amostras de água


sobre a emissão de luz de Aliivibrio fischeri (ensaio de bactéria luminescente):
método com utilização de bactérias liofilizadas. Rio de Janeiro.
ABNT NBR 12713 (2016). Ecotoxicologia aquática – Toxicidade aguda: Método de
ensaio com Daphnia spp (Crustacea, Cladorcera). Rio de Janeiro.
ABNT NBR 15088 (2016) Ecotoxicologia aquática – Toxicidade aguda: Método de
ensaio com peixes (Cyprinidae). Rio de Janeiro.
ARAUJO, C.B.A.; YALLOUZ, A.V.; EGLER, S. Avaliação da toxicidade aguda de
Daphnia similis a chorumes de diferentes origens e a soluções de metais pesados.
33ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Química. Águas de Lindóia, São
Paulo, 2010.
CUNHA, J.T.; MIQUELETTO, P.B.; CASSINI, S.T.; SIMAN, R.R. Avaliação da
ecotoxicidade de lixiviado de aterro sanitário (chorume) submetido a tratamento
físicoquímico. XII Congresso Brasileiro de Ecotoxicologia. Porto de Galinhas, PE,
2012.

FONTES FINANCIADORAS

Os autores agradecem à FAPERJ e ao CNPq pelo apoio financeiro.

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Painel
Desreguladores endócrino
181 - HORMÔNIOS TIREOIDIANOS COMO BIOMARCADORES DE EXPOSIÇÃO
AGUDA AO MANGANÊS EM Colossoma macropomum

RIVELTON RIVERSON PEREIRA DE ALMEIDA, EMERSON AUGUSTO CASTILHO


MARTINS, ROBERTO MESSIAS BEZERRA, MARCOS TAVARES DIAS, VANESSA
MARCELLY MONTEIRO DE MELO, MOSA VALDINA FERREIRA MOREIRA, MARIA
ANTONIA PENANTE NUNES, IZABELA LEAL VIDAL, LUIZA FROTA MOREIRA, TIAGO
GABRIEL CORREIA
Contato: TIAGO GABRIEL CORREIA - CORREIA.TG@GMAIL.COM

Palavras-chave: desregulação endócrina; tambaqui; Amazônia

INTRODUÇÃO

De maneira geral, íons metálicos quando em altas concentrações nos ecossistemas


aquáticos podem resultar em efeitos tóxicos sobre os seres vivos e ser considerados
um dos mais importantes agentes de contaminação e degradação ambiental. Dentre
estes metais, destaca-se o manganês (Mn), que apesar de ser um metal essencial,
dependendo da concentração ou da dose de exposição, pode desencadear
alterações fisiológicas, por exemplo, endócrinas e metabólicas. Este estudo teve por
objetivo verificar possíveis efeitos de desregulação endócrina tireoidiana decorrentes
da exposição aguda ao Mn, sobre o teleósteo amazônico Colossoma macropomum.

METODOLOGIA

Foram realizados ensaios de toxicidade aguda (96 horas), para a exposição aquática
ao Mn (MnCl2 – 0,3 mg.L-1 total), do tipo semi-estática, em juvenis de Colossoma
macropomum. A concentração de Mn total foi analisada em espectrofotometria de
absorção atômica. As demais características físico-químicas da água foram
verificadas conforme os critérios e procedimentos técnicos descritos em Standard
Methods for Examination of Water and Waste Water. O período de exposição
suprarreferido, foi seguido de um período de exposição em água limpa de mesma
duração (96 horas), para verificar se as alterações endócrinas seriam temporárias ou
permanentes. Esta verificação ocorreu por meio da dosagem plasmática dos
hormônios tireoidianos Triiodotironina (T3) e Tiroxina (T4), ambos na fração total,
com kits comerciais de imunoensaio (ELISA). Foram estabelecidos quatro grupos
experimentais: Controle (CTRL), Manganês (Mn), Controle recuperação (CTRL-
recup) e Manganês recuperação (Mn-recup), todos em duplicatas. As amostragens
dos animais (Ntotal = 48), ocorreram nos seguintes tempos: 24h, 96h e 96h-
recuperação.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

As características físico-químicas da água utilizada nos bioensaios indicam


condições experimentais adequadas, e ao mesmo tempo, os resultados parciais
obtidos até o presente momento, permitem afirmar que após as 24 horas iniciais de
exposição, não ocorreu nenhuma alteração hormonal. Contudo, após as 96 horas de
exposição aguda registramos diminuição na concentração plasmática tanto de T3

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

quanto de T4. Estes resultados sugerem perturbações no metabolismo periférico


destes hormônios, possivelmente na atividade das enzimas desiodases, uma vez
que metais podem afetar a atividade de diversas enzimas e causar desregulação
endócrina. Desreguladores endócrinos (DEs), no qual se incluem os metais, podem
afetar o sistema tireoide de peixes de diferentes maneiras e interferir de forma direta
ou indireta com a síntese, metabolismo e transporte plasmático destes hormônios.
De fato, a interpretação de biomarcadores para desregulação endócrina em
hormônios da tireoide é complicada pelo simples fato de que vários componentes
deste sistema são sensíveis a DEs, e cada um destes componentes respondem uns
aos outros por mecanismos compensatórios de feedback, muitas vezes
obscurecendo a interpretação dos resultados. Portanto, um conjunto de
biomarcadores tem sido recomendado, incluindo a dosagem hormonal e atividade
das desiodases no fígado, bem como nos tecidos periféricos. O funcionamento
destas enzimas em teleósteos é sensível a uma série de fatores, que vão desde o
status nutricional e estresse, a contaminantes ambientais, por exemplo, metais.
Muitos íons metálicos, tais como Cu, Cd, Hg e Pb podem se ligar a grupos
funcionais que estão presentes em diversas enzimas, tais como o tiol (-SH) e
sulfidrila (SH), por possuírem uma forte afinidade com estes grupos funcionais,
resultando assim em inibição das mesmas. Em relação ao período de recuperação,
houve aumento significativo na concentração plasmática de ambos hormônios,
demonstrando que os animais expostos ao Mn foram capazes de se recuperar da
desregulação endócrina

CONCLUSÃO

Em virtude do exposto, consideramos que a diminuição plasmática dos hormônios


tireoidianos, resultante da exposição ao Mn, pode ser considerada como um efeito
transitório de desregulação endócrina para a espécie estudada nas condições
experimentais testadas, cujos mecanismos envolvidos podem estar relacionados
com desajustes na atividade das enzimas desiodases. Neste sentido, este estudo
prosseguirá com a investigação da expressão gênica destas enzimas no tecido
hepático com o objetivo de contribuir com a elucidação das vias bioquímicas
envolvidas neste contexto.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

APHA (2000). Standard methods for the examination of water and wastewater.
Washington, DC. USA.
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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

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thyroid hormone levels and iodothyronine deiodinase activities in Nile tilapia
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FONTES FINANCIADORAS

Fundação Tumucumaque – Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amapá


(FAPEAP) - financiamento pesquisa
CAPES - bolsa de mestrado para Rivelton Riverson Pereira de Almeida

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Painel
Desreguladores endócrino
201 - AVALIAÇÃO DA PRESENÇA DE DESREGULADORES ENDÓCRINOS EM
ÁGUA SUBTERRÂNEA E TRATADA EM UMA ÁREA RURAL

ISABELLA FERREIRA NASCIMENTO MAYNARD, ELIANE BEZERRA CAVALCANTI,


ELÂINE ARANTES JARDIM MARTINS, LARISSA LIMEIRA DA SILVA, MARIA
APARECIDA FAUSTINO PIRES, MARIA NOGUEIRA MARQUES
Contato: ISABELLA FERREIRA NASCIMENTO MAYNARD - ISABELLAFNM@HOTMAIL.COM

Palavras-chave: Micropoluentes; SPE-GC-MS; sistema de abastecimento de água

INTRODUÇÃO

Diversas substâncias químicas utilizadas em atividades do cotidiano, denominadas


como micropoluentes, mesmo em baixas concentrações (μg L-1 e ng.L-1), podem
apresentar riscos à saúde humana e ao meio ambiente. Algumas destas substâncias
são consideradas desreguladoras do sistema endócrino, o que pode provocar
grandes problemas de saúde pública e até mesmo redução e extinção de algumas
espécies aquáticas. Assim, a presente pesquisa teve como objetivo, investigar a
ocorrência de desreguladores endócrinos (DEs) e marcadores de atividades
antrópicas em um Sistema de Abastecimento de Água (SAA) no interior do estado
de Sergipe, Brasil.

METODOLOGIA

As coletas das amostras de água foram realizadas em cinco pontos do SAA (GPS
WGS84: P1 - Fonte Caldas 10°42’ 20.21” S / 36°59’ 38.03” O, P2 - Poço Cipó 10°42’
41.30” S / 37°01’ 31.84” O, P3- Reservatório 10°42’ 04.23” S / 37°01’ 45.63” O, P4 -
Distribuição 10°42’ 06.89” S / 37°02’ 14.67” O, P5- Riacho Caldas 10°42’ 20.21” S /
36°59’ 38.03” O) no período de 2016 a 2017, totalizando 22 amostras. Estas, foram
armazenadas em recipientes de vidro e mantidas sob refrigeração até as análises.
Em laboratório, as amostras foram tratadas por extração em fase sólida (SPE) e
analisadas por meio de cromatografia gasosa acoplada à espectrometria de massas
(GC-MS) (OTOMO, 2015). Foram identificados 13 compostos entre desreguladores
endócrinos e marcadores de atividades antrópicas (dietilftalato, dibutilftalato,
nonilfenol, pentaclorofenol, bisfenol A (BPA), androstano, estrona, estradiol,
etinilestradiol, progesterona, coprostanol, colesterol e cafeína) nas amostras de em
água bruta (subterrânea e superficial) e de água tratada (rede de distribuição e
reservatório). Foram capturadas imagens aéreas por meio de drone, tendo em vista
o reconhecimento aéreo do entorno da área em estudo e dos possíveis impactos
antrópicos no SAA, quanto ao uso e ocupação do solo.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Sete dos treze compostos identificados (DEs) foram quantificados. A substância


Cafeína esteve presente em 50% das amostras analisadas, seguida dos parâmetros:
colesterol (45,5%), dietilftalato (31,8%), dibutilfttalato (31,8%), bisfenol A (18,2%),
androstano (9,1%) e estradiol (4,5%). O composto androstano foi detectado em uma
das amostras de água coletada na rede de distribuição (P4) em agosto de 2016

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

(0,027±0,003 μg L-1) e na amostra coletada no reservatório (P3), agosto de 2016


(0,018±0,002 μg L-1). Para o composto Bisfenol A, o maior valor de concentração
determinado na amostra de água foi de 0,043±0,005 μg L -1 (janeiro de 2017) e o
menor valor foi de 0,006±0,001 μg L-1, na fonte Caldas (P1), na coleta de julho de
2017. A cafeína apresentou o maior valor detectado (0,45±0,04 μg L -1) no riacho
Caldas (P5) em julho de 2017 e o menor valor encontrado (0,004±0,001 μg L -1)
também no riacho Caldas, em fevereiro de 2016. A cafeína também esteve presente
em quatro amostras de água tratada: rede de distribuição, P4 (0,14±0,01 μg L -1 em
agosto de 2016 e 0,008±0,001 μg L-1 em janeiro/2017), no reservatório, P3
(0,014±0,001 μg L-1 em agosto/2016 e 0,19±0,02 μg L-1 em julho de 2017). O maior
valor de colesterol detectado foi no riacho Caldas (P5), em julho de 2017 (0,09±0,01
μg L-1), e o menor valor na amostra do reservatório (P3) em janeiro de 2016
(0,005±0,001 μg L-1). Estradiol foi observado apenas na amostra de julho de 2017 da
fonte Caldas (0,014±0,003 μg L-1). O dietilftalato determinado, obteve o maior valor
de 0,024±0,001 μg L-1 em agosto/2016 na fonte Caldas; e o menor valor de
0,0024±0,0002 μg L-1 no riacho Caldas em fevereiro/2016 e janeiro/2017. Para o
dibutilftalato encontrou-se o maior valor de 0,068±0,003 μg L-1 (agosto/2016) na
fonte Caldas e menor valor de 0,0020±0,0003 μg L -1 (janeiro/2017) na rede de
distribuição. Na amostra de água tratada P4 (distribuição) referente a coleta de
agosto de 2016, foram observados mais DEs, onde o somatório dos compostos
presentes foi 0,273 μg L-1. A presença de ftalatos neste ponto pode ser justificada
pelos materiais plásticos constituintes da rede de abastecimento (tubulações e
torneiras). Nesta mesma amostra, a cafeína, androstano e colesterol também foram
determinados. Na água bruta, destaca-se o riacho Caldas (P5), onde, a cafeína,
esteve presente com a maior concentração encontrada nesta pesquisa (0,45±0,04
μg L-1). Por ser um composto de origem antrópica, a cafeína pode significar descarte
de esgoto doméstico na água.

CONCLUSÃO

A metodologia aplicada (SPE-GC-MS) mostrou-se eficiente para determinação dos


DEs e marcadores de atividades antrópicas no Sistema de Abastecimento de Água
estudado. A presença de DEs observada em uma amostra de água subterrânea,
utilizada como fonte de captação para abastecimento público, indica que suas
origens devem ser investigadas, bem como, em uma amostra coletada da rede de
distribuição (água tratada). Mesmo que estas substâncias tenham sido detectadas
em concentrações na ordem de traços evidencia-se a importância da elaboração e
implantação de políticas públicas contemplando-as, tendo em vista segurança do
ecossistema aquático e da saúde pública.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

OTOMO, J.I. Contribuição antrópica na qualidade das águas da represa do


Guarapiranga. Um estudo sobre interferentes endócrinos. Tese de Doutorado. IPEN/
USP, 2015.

FONTES FINANCIADORAS

Agradecemos à Universidade Tiradentes, ao Programa de Pós-graduação em Saúde


e Ambiente, ao Instituto de Tecnologia e Pesquisa (ITP), ao Instituto de Pesquisas
Energéticas e Nucleares (IPEN), por todo suporte e infraestrutura. À Fundação de

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Apoio à Pesquisa e à Inovação Tecnológica do Estado de Sergipe (FAPITEC) pelo


financiamento do projeto e a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
Superior (CAPES) pela bolsa de doutorado concedida a uma das autoras.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Desreguladores endócrino
319 - EFEITO DE PRODUTOS ANTIOBESIDADE SOBRE BIOMETRIA, PESO,
BIOQUÍMICA SANGUÍNEA E DEPOSIÇÃO DE GORDURA EM RATOS
INDUZIDOS À OBESIDADE

CARLOS NICEAS VILCHEZ PERALES, MARIA ELENA VILLANUEVA ESPINOZA,


CRISTIAN GABRIEL UCULMANA MORALES, MAYRA ALEXANDRA CALAGUA YAYA,
JORGE LIANG TAY MEURTURA, HILDA VANESSA POQUIOMA HERNANDEZ
Contato: HILDA VANESSA POQUIOMA HERNANDEZ - VPOQUIOMAH@GMAIL.COM

Palavras-chave: obesidade, produtos antiobesidade

INTRODUÇÃO

A obesidade é uma situação complexa com efeitos negativos no perfil de tecido


adiposo, glicemia, etc. Para amenizar esta condição, podem ser consumidos ácidos
graxos poli-insaturados e ácidos graxos monoinsaturados (TENG et al., 2014), no
estado natural, ou drogas (aditivos comerciais), como fibratos (F) e ácido linoleico
conjugado (CLA).Este estudo buscou avaliar o efeito do fibrato e CLA como fontes
comerciais com potencial lipolítica, bem como óleo de oliva (AO) e óleo de peixe(AP)
como uma fonte de ácidos graxos poli-insaturados e monoinsaturdado
respectivamente, sobre o perfil lipídico, glicose no sangue,biometria e deposição de
gordura em ratos induzidos a obesidade.

METODOLOGIA

A pesquisa foi realizada no biotério da Universidade Nacional Agrária de La Molina


no Peru. 48 ratos Holtzman desmamados (de 45 dias) foram randomizados em 6
tratamentos com 7 repetições cada. O estudo foi dividido em dois estágios (E): E1,
dieta obesogênica (DO); E2, incorporação de tratamentos (T). T1: dieta padrão (DE);
T2: DO; T3: DO + CLA; T4: DO + F; T5: DO + AO; T6: DO + AP. Para T3, T5 e T6,
foram considerados 0,5 ml de óleo / kg PV animal/dia; para T4, a dose de F foi de
100 mg/kg PV animal/dia. Ambos E1 e E2 duraram 30 dias cada. O perfil lipídico foi
avaliado: Triglicerídeos (TG) e lipoproteínas de alta densidade (HDL); e nível de
glicose através de kits comerciais. Com um paquímetro profissional, mediu-se o
comprimento de cada animal, perímetro do pescoço, tórax e abdômen. Em seguida,
realizou-se a eutanásia e necropsia dos animais e pesou-se o tecido adiposo das
áreas abdominal, inguinal, epididimal e perirrenal. A análise de variância foi
realizada aplicando o procedimento ANOVA do programa MINITAB e para a
diferença das médias foi utilizado o teste LSD.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Após a administração dos tratamentos, não foram encontradas diferenças


significativas no peso corporal; mas houve diferença estatística no ganho de peso. O
fibrato diminuiu o ganho de peso, mesmo em relação a dieta como óleo de peixe
(AP), e óleo de oliva (AO), e foi semelhante ao tratamento com dieta padrão (DE). O
tratamento com (AP) teve maior ganho de peso em relação ao grupo controle, pois o
AP não tem efeito na redução de peso, mas diminui o perímetro abdominal, fator

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

importante no desenvolvimento da síndrome metabólica (DU et al., 2015). A dieta


padrão (DE) apresentou maior consumo de ração em comparação aos demais
tratamentos. Para o nível de TG no sangue, foi encontrada uma tendência que
coloca à dieta padrão (DE) em desvantagem em comparação com os outros
tratamentos, mesmo contra a dieta que continuou com a dieta obesogênica em E2,
isso indicaria que o efeito da obesidade não pode ser revertido apenas com a
diminuição do nível de energia da dieta, mas fatores adicionais são necessários. O
nível de glicose no sangue não mostrou diferenças significativas, fato que concorda
com a baixa resposta insulínica devido à ação das gorduras. Com relação ao peso
do fígado, foram encontradas diferenças significativas, visto que o fibrato aumenta
consideravelmente o peso do fígado, comente aconteceu no trabalho de Boyle et al.
(2017). Conforme evidenciado ao final do presente experimento, verificou-se que os
tratamentos tiveram influência no ganho de peso, gordura inguinal, perirrenal e total,
mas não no perfil lipídico ou variáveis biométricas.

CONCLUSÃO

De acordo com os resultados expostos acima, conclui-se que, quando as condições


alimentares são desfavoráveis, nem o ácido graxo monoinsaturado nem o ácido
graxo poli-insaturado melhoram o perfil lipídico e assim aumentam o ganho de peso,
similar al resultado de Boyle et al. (2017). Esse conhecimento permitiu melhorar a
compreensão dos mecanismos de ação desses suplementos para combater a
obesidade, o que também permitiu avaliar as patologias associadas, a fim de medir
os benefícios dos componentes.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

DU, S.; JIN, J.; FANG, W.; SU, Q. 2015. Does Fish Oil Have an Anti-Obesity Effect in
Overweight/Obese Adults? A Meta-Analysis of Randomizes Controlled Trials. PLoS
ONE 10(11): e0142652. doi:10.1371/journal.pone.0142652.
BOYLE, K.; FRIEDMAN, J.; JANSSEN, R.; UNDERKOFLER, C.; HOUMARD, J.;
RASOULL, N. 2017. Metabolic Inflexibility with Obesity and the Effects of Fenofibrate
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TENG K.T.; CHANG C.; FAUN C.L.; NESARETNAM, K. 2014. Modulation of obesity-
induced inflammation by dietary fats: mechanisms and clinical evidence. Nutrition
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ZHENG, S.; REN. X.; HAN, T.; CHEN, Y.; QIU, H.; LIU, W. et al. 2017. Fenofibrate
attenuates fatty acid-induced islet β-cell dysfunction and apoptosis via inhibiting the
NF-κB/MIF dependent inflammatory pathway. Metabolism. doi:
10.1016/j.metabol.2017.09.001

FONTES FINANCIADORAS

Programa Nacional de Innovación Agraria - PNIA -PERÚ

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Desreguladores endócrino
322 - AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ESTROGÊNICA DO LODO BIOLÓGICO DO
TRATAMENTO COMBINADO DE ESGOTO SANITÁRIO E LIXIVIADO

CAMILA PESCI PEREIRA, TAINA DA CONCEIÇÃO PEREIRA, JUACYARA


CARBONELLI CAMPOS, DANIELE BILA BILA
Contato: DANIELE MAIA BILA - DANIELEBILAUERJ@GMAIL.COM

Palavras-chave: lixiviado, tratamento combinado, atividade estrogênica, desreguladores endócrinos

INTRODUÇÃO

O lixiviado de aterro é uma matriz complexa, de difícil tratamento, possui


composição variável e contém substâncias tóxicas. O tratamento combinado de
esgoto e lixiviado consiste no lançamento de lixiviado no afluente de uma estação de
tratamento de efluentes.
Diversos trabalhos apontam que tanto o esgoto quanto o lixiviado contém
substâncias que alteraram o sistema endócrino, chamadas de desreguladores
endócrinos. Algumas dessas substâncias são o 17β-estradiol (E2), o estriol (E3), a
estrona (E1) e o 17α-etinilestradiol (EE2).
Este trabalho avaliou a atividade estrogênica no lodo biológico usado durante o
tratamento combinado de esgoto e lixiviado pelo processo de lodo ativado.

METODOLOGIA

O processo de lodo ativado foi operado em regime de batelada e contínuo, utilizando


reatores em escala de bancada. Os reatores foram alimentados com esgoto sintético
e com misturas de lixiviado/esgoto de 2% e 5% (v/v). As bateladas operaram por 15
dias e o contínuo, por 111 dias. Foi utilizado esgoto sintético usando a metodologia
de Nascentes (2013) e o lixiviado foi coletado no aterro sanitário de
Seropédica/RJ/Brasil. Em cada etapa, um reator alimentado com esgoto sintético foi
mantido como parâmetro de controle.
Temperatura, pH, oxigênio dissolvido foram monitoradas diariamente. Os
parâmetros físico-químicos como demanda química de oxigênio (DQO), carbono
orgânico dissolvido (COD), nitrogênio amoniacal, absorbância 254 nm e sólidos
suspensos totais e voláteis (SST e SSV) foram avaliados para a eficiência do
tratamento quanto à remoção de matéria orgânica.
Amostras de lodo foram coletadas dos reatores. Para extração do lodo utilizou-se a
metodologia baseada na extração de sedimentos de Liu et. al. (2004), seguida pela
extração em fase sólida. O ensaio Yeast Estrogen Screen (YES) foi realizado para
identificar a atividade estrogênica, utilizou-se a metodologia de Routledge e Sumpter
(1996), com modificações. O resultado do ensaio foi expresso em EQ-E2
(equivalente estradiol), calculado pela interpolação na curva do E2.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foi realizada caracterização do lixiviado, esgoto sintético e das misturas


lixiviado/esgoto antes e depois do tratamento. O lixiviado apresentou os seguintes
parâmetros: DQO entre 2684 e 4483 mg/L, COD entre 1273 e 2769 mg/L,
absorbância entre 27 e 31 e nitrogênio amoniacal entre 1480 e 1771 mg/L. O esgoto
sintético apresentou DQO entre 578 e 709 mg/L, COD entre 208 e 282 mg/L e
absorbância na faixa de 0,353 a 0,409. As misturas lixiviado/esgoto de 2% e 5%
apresentaram incremento de todos os parâmetros físico-químicos com aumento da
quantidade de lixiviado na mistura.
No regime de batelada o processo de lodo ativado apresentou remoção média de
DQO 78%, 64% e 38% para o esgoto sintético e as misturas de 2% e 5%,
respectivamente. A remoção média de COD foi de 87%, 72% e 50% para o esgoto e
as misturas de 2% e 5%, respectivamente. A redução média de absorbância 49%,
27% e 9% para o esgoto sintético e as misturas de 2% e 5%, respectivamente.
No regime contínuo a remoção média de DQO foi de 88%, 82% e 63%,
respectivamente para esgoto, mistura de 2% e 5%. A remoção média de COD foi de
92%, 72% e 69% para esgoto e mistura de 2% e 5% e a redução média da
absorbância foi de 55%, 35% e 17%, para o esgoto e mistura de 2% e 5%.
Dessa forma, observou-se que a eficiência do tratamento biológico foi reduzida com
o aumento de lixiviado na mistura, o que pode ser explicado pela presença de
compostos recalcitrantes presentes no lixiviado.
Quanto à atividade estrogênica, os resultados do ensaio YES para o tratamento
biológico em regime de batelada mostraram que o valor de EQ-E2 para o lodo bruto
apresentou-se abaixo do limite de detecção (LD=0.03 ± 0.01 ng/g). Enquanto que,
após as bateladas, os resultados foram 0,663, 0,370 e 0,368 ng/g de lodo seco para
os reatores contendo esgoto sintético e as misturas 2% e 5%, respectivamente. No
regime contínuo, os resultados médios foram de 21,59 ng/g para o lodo bruto e 7,32;
2,53 e 2,46 ng/g de lodo seco para o esgoto sintético, misturas 2 e 5%,
respectivamente.
Tais resultados indicam que o incremento de lixiviado na mistura contribuiu para a
presença de substâncias antagonistas, que podem interferir no resultado da
atividade estrogênica das amostras. Essas se ligam ao receptor estrogênico
impedindo que os estrogênios o ativem (KAWAGOSHI et. al., 2003).

CONCLUSÃO

Quanto ao desempenho da remoção de matéria orgânica, os resultados indicaram


que o incremento do lixiviado do aterro contribui para diminuir a eficiência de
remoção de matéria orgânica no processo biológico, tanto no regime de bateladas
quanto no regime contínuo.
Os maiores valores de EQ-E2 no lodo em relação ao lodo bruto indicam que o
tratamento biológico em regime de bateladas proporcionou remoção de
desreguladores endócrinos do efluente para o lodo por adsorção. Em contrapartida,
notou-se a diminuição da atividade estrogênica do lodo conforme o incremento de
lixiviado no esgoto sintético, mostrando que substâncias antagonistas podem estar
presentes nesta matriz.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

KAWAGOSHI, Y.; FUJITA, Y.; KISHI, I.; FUKUNAGA, I.; “Estrogenic chemicals and
estrogenic activity in leachate from municipal waste landfill determined by yeast two-
hybrid assay”, Journal of Environmental Monitoring, v. 5, pp. 269–274, 2003.
LIU, R.; ZHOU, J.L.; WILDING, A. Microwave-assisted extraction followed by gas
chromatography–mass spectrometry for the determination of endocrine disrupting
chemicals in river sediments. Journal of Chromatography A, v.1038, p.19-26, 2004.
NASCENTES, A.L. Tratamento Combinado de Lixiviado de Aterro Sanitário e Esgoto
Doméstico, 2013. 212 f. Tese (Doutorado em Engenharia Química) – EQ/UFRJ –
Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2013.
ROUTLEDGE, E.J.; SUMPTER, J.P. “Estrogenic Activity of Surfactants and Some of
their Degradation Products Assessed Using a Recombinant Yeast Screen”,
Environmental Toxicology and Chemistry, v. 15, pp. 241 – 248, 1996.

FONTES FINANCIADORAS

Os autores agradecem à FAPERJ e ao CNPq pelo apoio financeiro.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Desreguladores endócrino
323 - AVALIAÇÃO DO PROCESSO CL/UV NA DEGRADAÇÃO DE
DESREGULADORES ENDÓCRINOS: AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE
ESTROGÊNICA E ECOTOXICIDADE

FERNANDA PEREIRA CHAVES, LOUISE DA CRUZ FELIX, GISELLE GOMES, ENRICO


MENDES SAGGIORO, DANIELE BILA BILA
Contato: LOUISE DA CRUZ FELIX - LOUISECFELIX@HOTMAIL.COM

Palavras-chave: POA, YES, ecotoxicidade, desreguladores endócrinos

INTRODUÇÃO

A exposição ambiental aos desreguladores endócrinos (DEs) Bisfenol A (BPA), 17β-


estradiol (E2) e 17α-etinilestradiol (EE2) pode ser nociva à saúde humana. Os DEs
são substâncias capazes de alterar as funções do sistema endócrino de humanos e
animais, afetando seu crescimento e reprodução, bem como a evolução de doenças
como câncer, desenvolvimento sexual anormal.
A remoção de DE por processos convencionais é incompleta, sendo necessária a
utilização de tratamentos terciários como os processos oxidativos avançados (POA).
Esse trabalho investigou a eficiência do processo Cl/UV na degradação de BPA, E2
e EE2, além da avaliação da atividade estrogênica e toxicidade crônica.

METODOLOGIA

Os experimentos consistiram na fotodegradação dos compostos através da


combinação do agente oxidante Hipoclorito de sódio 5% (2mg/L) com lâmpada de
radiação ultravioleta (λ=254nm) num reator (500 mL) com recirculação de água e
agitação. Nos ensaios utilizou-se uma mistura aquosa de BPA, E2 e EE2 com uma
concentração de 100 µg/L de cada composto. Análises ecotoxicológicas, assim
como a quantificação dos compostos foram realizadas antes e durante o tratamento,
nos tempos 0, 2 ,5 e 5 min. A quantificação foi realizada utilizando um cromatógrafo
líquido de alta eficiência com detector de fluorescência (CLAE/FLU) da Agilent 1200
series coluna C18, Zorbax Eclipse plus (5µm, 4,6x250mm) da Agilent Technologies.
O limite de detecção foi de 0,73; 0,31 e 0,12 µg / L, enquanto o limite de
quantificação foi de 2,45; 1,04 e 0,42 µg / L para BPA, E2 e EE2, respectivamente.
Ensaios de ecotoxicidade crônica com algas Raphidocelis subcapitata e
microcrustáceos Ceriodaphnia foram realizados segundo metodologia NBR 12648
(2018) e NBR 13373 (2017), respectivamente. O ensaio in vitro YES (Yeast Estrogen
Screen) foi realizado segundo a metodologia desenvolvida Routledge e Sumpter
(1996) com modificações, o resultado do ensaio foi expresso em EQ-E2 (equivalente
estradiol), calculado pela interpolação na curva do E2.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados demonstraram que o processo Cl/UV apresentou valores distintos de


eficiência de remoção para cada composto. Para o BPA, a remoção foi menor do
que para o E2 e o EE2. Em 2,5 minutos de tratamento os estrogênios foram

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

totalmente degradados, para o BPA a remoção foi de 85%. Entretanto, em 5 minutos


todos os compostos foram removidos para valores abaixo do LQ.
A mistura aquosa de BPA, E2 e EE2 (100 µg/L) apresentou atividade estrogênica no
ensaio in vitro YES, com valor de EQ-E2 de 265 ± 6 µg/L. Após 2,5 minutos de
tratamento com Cl/UV a atividade estrogênica foi reduzida (EQ-E2 = 0,86 ± 0,12
µg/L). Em 5 minutos de tratamento constatou-se que a atividade estrogênica foi
removida (EQ-E2 < LD), demonstrando a eficiência do tratamento, para remoção
desses compostos, e a não produção de subprodutos estrogênicos.
O ensaio crônico com o organismo-teste Raphidocelis subcapitata para
fotodegradação Cl/UV apresentou inibição no crescimento de células em ambos os
tempos de tratamento comparado ao controle. A formação de compostos
intermediários, como organoclorados, podem ser tóxicos ao organismo-teste
(SOUISSE et al., 2013), alcançando 91% e 98% de inibição no crescimento das
células. Na mistura dos DE, foi observado um estímulo do crescimento das células,
que pode ser explicado pela presença de BPA, que funciona como agente
estimulante ao crescimento das algas nessa concentração (LI et al. 2017).
Os ensaios crônicos realizados com organismo-teste Ceriodaphnia dubia
demonstraram que a amostra foi tóxica, uma vez que no terceiro dia de ensaio foi
letal para todos os organismos, culminando no encerramento do ensaio.
Os ensaios crônicos realizados com organismo-teste Ceriodaphnia dubia
demonstraram sensibilidade dos organismos aos compostos analisados, uma vez
que a mistura de DE ocasionou mortalidade de 60% dos organismos-teste no
terceiro dia de ensaio e de 100% no quarto dia. Tal fato pode ser justificado pelo
efeito sinérgico dos compostos E2, EE2 e BPA, pois esses compostos isoladamente
em outros estudos apresentam valores de CE50(%) próximos ao obtido neste
trabalho (SPADOTTO et al. 2017; JUKOSKY et al. 2008; JASER et al. 2003). Para
as amostras após tratamento, a mortalidade dos organismos atingiu 100% no
terceiro dia de ensaio, o que pode evidenciar a formação de compostos tóxicos
(MANAR et al. 2012). Desta forma, a avaliação da reprodução da Ceriodaphnia
dubia não pode ser realizada devido ao efeito agudo observado no período inicial do
ensaio.

CONCLUSÃO

A mistura aquosa de BPA, E2 e EE2 com concentração 100μg/L apresentou


atividade estrogênica no ensaio in vitro YES, com valor de EQ-E2 de 265 ± 6 µg/L. O
processo de tratamento Cl/UV com 2mg/L de hipoclorito de sódio foi eficiente na
degradação dos compostos, assim como na redução da atividade estrogênica para
valores abaixo do LD após 5 minutos de tratamento.
Nos ensaios crônicos com Raphidocelis subcapitata as amostras apresentaram
inibição no crescimento após 2,5 e 5 minutos de tratamento. Enquanto, nos ensaios
crônicos com Ceriodaphnia dubia as amostras apresentaram efeito deletério em
100% dos organismos no terceiro dia.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BIRKETT, J.W.; LESTER, J.N. (2003) Endocrine Disrupters in Wastewater and


Sludge Treatment Process, 1 edition, Lewis Publishers.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

GEBHARDT, W.; SCHRODER, H.Fr. Liquid chromatography–(tandem) mass


spectrometry for the follow-up of the elimination of persistent pharmaceuticals during
wastewater treatment applying biological wastewater treatment and advanced
oxidation. Journal of Chromatography A, v. 1160, p. 34–43, 2007.
JASER, W.; SEVERIN, G.F.; JÜTTING, U.; JÜTTNER, I.; SCHRAMM, K.W.;
KETTRUP, A. Effects of 17a-ethinylestradiol on the reproduction of the cladoceran
species Ceriodaphnia reticulata and Sida crystallina. Environment International, v.
28, p. 633-638, 2003.
JUKOSKY, J.A.; WATZIN, M.C.; LEITER, J.C. Elevated Concentrations of
Ethinylestradiol, 17b-Estradiol, and Medroxyprogesterone have Little Effect on
Reproduction and Survival of Ceriodaphnia dubia. Bull Environ Contam Toxicol, v.
81, p. 230-235, 2008. DOI 10.1007/s00128-008-9462-1.
LI, D.; BI, R.; CHEN, H.; UM, L.; ZHANG, L.; CHEN, Q.; XIE, H.; LUO,Y.; XIE, L. The
acute toxicity of bisphenol A and lignin-derived bisphenol in algae, daphnids, and
Japanese medaka. Environ Sci Pollut Res v.24, p. 23872–23879, 2017.
MANAR, R.; VASSEUR, P.; BESSI, H. Chronic Toxicity of Chlordane to Daphnia
magna and Ceriodaphnia dubia: A Comparative Study. Environmental Toxicology, v.
27, p. 90-97, 2010. DOI 10.1002/tox
NBR 12648. ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS.
Ecotoxicologia Aquática – Toxicidade crônica – Método de Ensaio com algas
(Chlorophyceae). 3ª edição, 2018.
NBR 13373. ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS.
Ecotoxicologia Aquática – Toxicidade crônica – Método de Ensaio com Ceriodaphnia
spp (Crustacea, Cladocera, crustacea), 2017.
ROUTLEDGE, E.J.; SUMPTER, J.P. 1996 “Estrogenic Activity of Surfactants and
Some of their Degradation Products Assessed Using a Recombinant Yeast Screen”
Environmental Toxicology and Chemistry, v. 15 (3), pp. 241-248.
SOUISSI, Y.; BOUCHONNET, S.; BOURCIER, S.; KUSK, K.O.; SABLIER, M.;
ANDERSEN, H.R. Identification and ecotoxicity of degradation products of
chloroacetamide herbicides from UV-treatment of water. Science of the Total
Environment, 458–460, p. 527–534, 2013.
SPADOTO, M.; SUEITT, A.P.E.; GALINARO, C.A.; PINTO, T.S.; POMPEI, C.M.E.;
BOTTA, C.M.R.; VIEIRA, E.M. Ecotoxicological effects of bisphenol A and
nonylphenol on the freshwater cladocerans Ceriodaphnia silvestrii and Daphnia
similis. Drug and Chemical Toxicology. 2017. DOI:10.1080/01480545.2017.1381109.

FONTES FINANCIADORAS

CNPq e FAPERJ

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Oral
Desreguladores endócrino
421 - CONTRIBUIÇÃO DO MATERIAL PARTICULADO PARA A ATIVIDADE
ESTROGÊNICA TOTAL EM MATRIZ AMBIENTAL

ALLAN DOS SANTOS ARGOLO, GISELLE GOMES, DANIELE BILA BILA


Contato: GISELLE GOMES - GISELLEGOMESMS@GMAIL.COM

Palavras-chave: material particulado; sólidos suspensos; atividade estrogênica; ensaio in vitro YES

INTRODUÇÃO

Desreguladores endócrinos ocasionam alterações no sistema endócrino de seres


vivos. Destes, os xenoestrogênios têm capacidade de mimetizar a ação do
estrogênio natural, ligando-se ao receptor de estrogênio e elucidando resposta
conhecida como atividade estrogênica.
Baseando-se nas propriedades físico-químicas de substâncias estrogênicas
(relativamente alta lipofilicidade, baixa solubilidade), presume-se que considerável
parcela desses compostos se encontra adsorvida à fração sólida de amostras
ambientais líquidas (VEGA-MORALES et al., 2013; BIRKETT e LESTER, 2003).
Assim, este trabalho avaliou a parcela de substâncias estrogênicas adsorvidas em
diferentes faixas de diâmetros de partículas nas águas do rio Maracanã pelo ensaio
in vitro YES (Yeast Estrogen Screen).

METODOLOGIA

Foram coletados 9L de amostra no rio Maracanã, Rio de Janeiro, utilizando frascos


de vidro âmbar. O material coletado foi homogeneizado e separado em volumes de
1L, sendo 1 volume separado para análises físico-químicas (SST, turbidez, COD e
DQO, segundo APHA, AWA, 2012) e 8 volumes acidificados a pH 3, filtrados e
concentrados para o ensaio YES.
A filtração foi realizada em membrana de fibra de vidro (~0,70 µm, Millipore) seguida
de membrana de nylon (0,45 µm, Millipore), donde foram obtidas duas faixas de
diâmetro de sólidos. As membranas foram extraídas em fase líquida com metanol
em ultrassom. Os volumes filtrados e os extratos das membranas obtidos através da
sonificação foram submetidos à extração em fase sólida (EFS) com cartuchos Strata
X (Phenomenex): amostra filtrada, extrato da membrana 0,70µm e da membrana
0,45µm individualmente e em conjunto. Metade das amostras foi dopada antes da
filtração com 17β-estradiol (E2), 17α-etiniltradiol (EE2) e estriol (E3) na concentração
de 0,02 µg.L-1 de cada estrogênio e todas as amostras em duplicata.
O ensaio YES foi realizado segundo metodologia descrita por Routledge e Sumpter
(1996) e os resultados foram obtidos pela interpolação com a curva do controle
positivo E2 e expressos em Equivalente Estradiol (EQ-E2).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A caracterização físico-química obteve como resultados: 87,9 mg.L-1 de SST, sendo


9,9 mg.L-1 correspondentes à faixa de diâmetro entre 0,45 e 0,7 µm; 65 UNT; 27,7
mg C.L-1 para COD e 51,8 mg O2.L-1 para DQO.

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O ensaio YES mostrou que a parcela dos sólidos suspensos das amostras resultou
uma faixa de 24% a 45% da atividade estrogênica das amostras, onde substâncias
adsorvidas às partículas maiores que 0,70 µm foram responsáveis apenas por 4% a
9% da atividade estrogênica total das amostras, enquanto que substâncias
adsorvidas às partículas com diâmetro entre 0,45 e 0,7 µm foram responsáveis por
17% a 36% da atividade estrogênica total. Tal fato pode ser explicado pela
capacidade de adsorção das partículas, que é proporcional à área superficial
específica. Para partículas maiores, a resistência à difusão é menor, pois grande
parte da superfície interna da partícula não é disponibilizada para adsorção (Sekar et
al., 2004).
Além disso, foi observada citotoxicidade nas amostras extraídas das membranas de
0,70 µm, o que pode ser explicado pela eventual presença de substâncias tóxicas à
levedura. Apesar disso, o cálculo do EQ-E2 não foi impossibilitado, já que o ensaio é
feito em 12 diluições.
No estudo foi realizada a dopagem da amostra no intuito de garantir a presença de
substâncias estrogênicas e observar o seu comportamento junto ao material
particulado presente na matriz ambiental. No entanto, ambas as amostras, dopadas
e não dopadas, apresentaram atividade estrogênica e pode ser observado o mesmo
comportamento quanto à contribuição de cada faixa de diâmetro de partículas para a
adsorção de substâncias estrogênicas.
As amostras submetidas à EFS em conjunto (filtrado + extratos das membranas 0,70
µm e 0,45 µm) apresentaram menores valores de EQ-E2 em comparação com a
soma dos EQ-E2 individuais referentes aos volumes filtrado, extrato da membrana
0,70 µm e extrato da membrana 0,45 µm. Uma hipótese é a saturação do cartucho
no caso da extração em conjunto, o que diminui a eficiência da própria extração.
De toda forma, a maior parte da atividade estrogênica da amostra foi quantificada a
partir das substâncias dissolvidas, isto é, na parcela filtrada, correspondendo à faixa
de 55% a 76%. É justificável, portanto, que muitos autores (BECK et al., 2006, Li et
al., 2014, Dias et al., 2015) analisem apenas a estrogenicidade dissolvida. Porém,
desconsiderando-se a fração sólida, subestima-se a estrogenicidade total, além de
se desconsiderar uma via de entrada na cadeia trófica (VEGA-MORALES, 2013).

CONCLUSÃO

A partir deste estudo, conclui-se que apesar de o maior percentual da atividade


estrogênica da amostra estar associado à sua fração filtrada, a análise do material
particulado não deve ser negligenciada. Devido à adsorção das substâncias
estrogênicas às partículas, principalmente na faixa de diâmetro entre 0,7 µm e 0,45
µm, ocorre uma contribuição considerável para a atividade estrogênica total. Além
disso, recomenda-se que as análises sejam realizadas separadamente, pois a EFS
em conjunto da amostra filtrada com os extratos das membranas pode ter sua
eficiência reduzida.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

APHA; AWWA; WEF. Standard methods for the examination of water and
wastewater. 22th edição. 1360 p., 2012.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

BECK, I.-C.; BRUHN, R.; GANDRASS, J. Analysis of estrogenic activity in coastal


surface waters of the Baltic Sea using the yeast estrogen screen. Chemosphere, v.
63, p. 1870-78, 2006.
BIRKETT, J.W.; LESTER, J.N. Endocrine Disrupters in Wastewater and Sludge
Treatment Process. 1ª edição. Ed.: Lewis Publishers, 295 p., 2003.
DIAS, A.C.V.; GOMES, F.W.; BILA, D.M.; SANT’ANNA, G.L.; DEZOTTI, D. Analysis
of estrogenic activity in environmental waters in Rio de Janeiro state (Brazil) using
the yeast estrogen screen. Ecotoxicology and Environmental Safety, v. 120, p. 41–
47, 2015.
LI, B.; CAO, J.; XING, C.; WANG, Z.; CUI, L. Assessing estrogenic activity and
reproductive toxicity of organic extracts in WWTP effluents. Environ Toxicol
Pharmacol, v. 39, n. 2, p. 942-52, 2015.
ROUTLEDGE, E.J.; SUMPTER, J.P. Estrogenic Activity of Surfactants and Some of
their Degradation Products Assessed Using a Recombinant Yeast Screen.
Environmental Toxicology and Chemistry, v. 15, n. 3, p. 241-248, 1996.
SEKAR, M.; SAKTHI, V.; RENGARAJ, S. Kinetics and equilibrium adsorption study
of lead (II) onto activated carbon prepared from coconut shell. Colloid and Interface
Science, v. 279, p. 307-313, 2004.
VEGA-MORALES, T, SOSA-FERRERA Z., SANTANA-RODRÍGUES J.J.,
“Evaluation of the Presence of Endocrine-Disrupting Compounds in Dissolved and
Solid Wastewater Treatment Plant Samples of Gran Canaria Island (Spain),” BioMed
Research International, vol. 2013, Article ID 790570, 15., 2013.

FONTES FINANCIADORAS

FAPERJ e CNPQ

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Painel
Desreguladores endócrino
425 - DEGRADAÇÃO DO BISFENOL-A EM SOLUÇÕES AQUOSAS POR UV/H2O2
E A AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ESTROGÊNICA

CAROLINA GOMES MOREIRA, HENRIQUE G. SANTOS, GISELLE GOMES, FABIANA


VALÉRIA DA FONSECA, DANIELE BILA BILA
Contato: GISELLE GOMES - GISELLEGOMESMS@GMAIL.COM

Palavras-chave: bisfenol-A; desreguladores endócrinos; POA; atividade estrogênica; ensaio in vitro


YES

INTRODUÇÃO

O bisfenol-A tem sido detectado em diferentes matrizes aquosas, como águas


residuárias, água, esgoto, entre outros, contudo as técnicas de remoção desta
substância do meio ambiente têm o seu avanço, dentre elas os processos oxidativos
avançados que apresentam um alto potencial de degradação desses contaminantes
nessas matrizes. (LUO et al., 2014). Além disso, em amostras ambientais, o
bisfenol-A está presente em conjunto com outras substâncias estrogênicas, podendo
com isso ocasionar efeitos sinérgicos indesejáveis (PETRIE et al, 2015). Diante do
exposto, propõe-se nesse trabalho o estudo da degradação do bisfenol-A por
processo oxidativo avançado e a avaliação da atividade estrogênica.

METODOLOGIA

Tratamentos com H2O2/UV foram empregados em amostras contendo água


ultrapura e BPA com concentrações de 1 a 10 µg.L-1, seguindo um planejamento
experimental fatorial de dois níveis com três parâmetros quantitativos que foram, a
concentração de BPA, a dose de UV e a concentração de H 2O2 com triplicata no
ponto central. Utilizou-se o software Design Expert 10.0.6. As concentrações de
H2O2 empregadas foram 10 e 100 µg.L-1 e a dose de UV utilizada foi de 24,48 e
48,96 kJm-2
A metodologia de extração e de eluição foram baseadas na descrita por Rodrigues
(2012). A extração foi do tipo EFS, empregando-se o cartucho Strata-X (C18) 500
mg/6 mL, fabricado pela Phenomenex®.
O equipamento CLAE/FLU utilizado foi o fabricado pela Water’s Corporation®, com o
auxílio do software Breeze2. A metodologia implementada para detecção e
quantificação do BPA baseou-se no trabalho desenvolvido por Sharma et al. (2015),
porém otimizado e implementado pelo autor.
Na determinação da estrogenicidade do BPA e das amostras pós tratamento,
utilizou-se o ensaio in vitro YES (Yeast Estrogen Screen), segundo metodologia
descrita por Routledge e Sumpter (1996), cujos resultados foram expressos em
potência relativa (PR) e em equivalente de estradiol (EQ-E2), respectivamente.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O composto bisfenol-A se mostrou bem menos estrogênico que o controle positivo


17β-estradiol, apresentando atividade estrogênica na faixa de 24750 a 12,09 µgL -1 e

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

PR de 1,5 x10-4, como apresentado em estudo de diversos autores (RUTISHAUSER


et al., 2004; BECK et al., 2006).
Porém, esse desregulador endócrino é responsável por efeitos negativos aos seres
vivos, como por exemplo, câncer de próstata e esperma diminuído em homem,
síndrome do ovário policístico e aumento da liberação de prolactina em mulheres
(TESKE e ARNOLD, 2008), indução da síntese de vitelogenina em peixes (HATEF
et al., 2012). Contudo, mesmo em baixas concentrações em amostras ambientais,
pode apresentar efeito sinérgico em conjunto com outros compostos estrogênicos.
A relação mássica [BPA]:[H2O2] de 1:1 com a variação da dose de radiação UV
apresentaram resultados muito similares, contudo não é a ideal, pois indica a
necessidade de mais radicais hidroxilas para oxidarem o BPA. Nesses testes a dose
de radiação UV pouco influencia nessa degradação do BPA. Esta afirmativa está de
acordo com a literatura, diversos estudos mostram que somente a radiação UV
pouco afeta na degradação do BPA, sendo necessárias doses muito elevadas para
adquirir bons resultados, com isso acarretando em alto gasto energético (SHARMA
et al. 2015). Os valores de atividade estrogênica obtida a partir do ensaio YES, e a
estimada, calculada a partir da PR dos valores de CE50, da amostra e do E2,
apresentaram uma diferença entre os seus valores, portando pode-se dizer que
provavelmente houve a formação de subprodutos de degradação estrogênico do
BPA. Segundo o estudo de Olmez-Hanci et al. (2015), os subprodutos de
degradação do BPA por H2O2/UV são os ácidos oxálico, succínico e fumárico que
influenciam no aumento da atividade estrogênica e durante o tratamento podem ser
formados e no final serem degradados.
O melhor resultado de degradação por H2O2/UV (48,70%) foi alcançado quando
empregados os maiores valores dos parâmetros estabelecidos, que foram
concentração de BPA, concentração de H2O2 e dose de UV. A segunda melhor
resposta (46,25%) diferenciou apenas na concentração de BPA que foi a menor
utilizada. A pior resposta (4,25%) se deu quando foram empregados os menores
níveis e ao diferenciar apenas a concentração de BPA colocando-a no seu maior
nível a remoção aumenta para 20,75%, ou seja, a cinética de reação é favorecida.

CONCLUSÃO

O BPA é 1,5x10-4 menos potente que o E2, a partir do ensaio in vitro YES, é
considerado um desregulador endócrino e responsável por efeitos negativos aos
seres vivos.
O maior valor de remoção foi alcançado com a relação mássica [BPA]:[H2O2] de 1:10
com 48,96 kJm-2. Além disso, quando a relação [BPA]:[H2O2] foi 1:100 com 48,96
kJm-2 observou-se uma remoção semelhante. A maioria dos experimentos
apresentaram atividade estrogênica, sendo que em um experimento os valores de
atividade estrogênica obtida e estimada, apresentaram diferença, portando
possivelmente tenha ocorrido a formação de subprodutos de degradação
estrogênico do BPA.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BERGAMASCO, A.M.D.D.; ELDRIDGE, M.; SANSEVERINO, J. et al. J. of Environ.


monitoring, 13, 2011.
LUO, Y. et al. Science of the Total Environ., 473, 2014.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

OLMEZ-HANCI, T.; DURSUN, D.; AYDIN, E. et al. J. Chemosphere, 119, 2015.


ROUTLEDGE, E.J.; SUMPTER, J.P. Environ. Toxicol. Chem., 15, 1996.
BECK, I.-C.; BRUHN, R.; GANDRASS, J. Chemosphere, 63, 2006.
HATEF, A.; ALAVI, S.M.H.; ABDULFATAH, A. et al. Ecotoxicology and Environ.
Safety, 76, 2012.
PETRIE, B.; BARDEN, R. Water Research, 72, 2015.
RODRIGUES, K.L.T. Desenvolvimento de metodologia analítica para determinação
simultânea de microcontaminantes emergentes em águas superficiais por
cromatografia líquida acoplada à espectrometria de massas. Dissertação –
Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro Preto-MG, 2012.
RUTISHAUSER, B.V., PESONEN, M., ESCHER, B.I. et al. Environ. Toxicology and
Chemistry, 23, 2004.
SHARMA, J.; MISHRA, I.M.J. of Environ. Management, 156, 2015.
TESKE, S.S.; ARNOLD, R.G. Rev. Environ. Sci. Biotechnol., 7, 2008.

FONTES FINANCIADORAS

FAPERJ e CAPES

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Painel
Desreguladores endócrino
451 - AVALIAÇÃO DA ESTROGENICIDADE E ECOTOXICIDADE NOS
SEDIMENTOS E ÁGUA SUPERFICIAL DA BAÍA DE GUANABARA

ANA DALVA DE OLIVEIRA SANTOS, MARILIA TERESA LIMA DO NASCIMENTO,


LOUISE DA CRUZ FELIX, GISELLE GOMES, REJANY FERREIRA DOS SANTOS, JOSÉ
ANTONIO BAPTISTA NETO, DANIELE BILA BILA
Contato: LOUISE DA CRUZ FELIX - LOUISECFELIX@HOTMAIL.COM

Palavras-chave: sedimento; ecotoxicidade; YES; Baía de Guanabara

INTRODUÇÃO

Os ensaios ecotoxicológicos são importantes, pois consideram a interação do meio


com os organismos que ali vivem, identificando a biodisponibilidade dos
contaminantes e seus efeitos sobre os seres expostos. Os sedimentos marinhos por
sua característica em acumular poluentes, torna-se um testemunho dos impactos
sofridos no ambiente durante anos (ARAÚJO et al., 2006; BORRELY et al., 2002). O
objetivo deste trabalho consistiu em investigar a presença de desreguladores
endócrinos e toxicidade nos sedimentos de fundo e água da Baía Guanabara, com
base no ensaio in vitro Yeast Estrogen Screen (YES) e no ensaio de ecotoxicidade
com a bactéria Aliivibrio fischeri.

METODOLOGIA

A partir das amostras de sedimento e água coletadas em 09 pontos (Baía de


Guanabara e praias Adão e Eva) a toxicidade aguda foi avaliada com o organismo-
teste Aliivibrio fischeri segundo metodologia descrita em NBR 15411-3 (ABNT, 2012)
utilizado o sistema Microtox (SDI, modelo 500 analyser). O método de extração para
as amostras de sedimento foi adaptado de Volpi Ghirardini et al., 2009. A leitura da
fração emitida de luz pela bactéria e os valores obtidos foram inseridos no programa
MICROTOX OMNI 4.1 para efetuar o cálculo através do método estatístico, da
concentração de efeito em 50% dos organismos-teste (CE50). Os resultados foram
analisados de acordo com a faixa de toxicidade descrita por Bulich (1982).
A atividade estrogênica foi determinada pelo ensaio YES, com a levedura
Saccharomyces cerevisiae geneticamente modificada, de acordo com Routledge e
Sumpter (1996) com adaptações. As amostras de sedimento e água foram
preparadas pela extração em fase sólida (EFS) com cartuchos StrataX
(Phenomenex) e o resultado do ensaio YES foi expresso em EQ-E2 através da
interpolação com a curva de 17β-estradiol.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Nas amostras de água a atividade estrogênica máxima encontrada foi de 76.9 ± 0.2
ng L-1. Nas praias de Adão e Eva a atividade estrogênica ficou abaixo do limite de
detecção do método. Em 50% das amostras de água analisadas houve
citotoxicidade, ou seja, compostos tóxicos presentes nas amostras inibiram o
crescimento das células de leveduras (FRISCHE et al., 2009). Ainda assim em todas

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

as amostras foi possível o cálculo da atividade estrogênica pela diluição da amostra


esse interferente foi superado, possibilitando o cálculo de EQ-E2.
Nas amostras de sedimento a atividade estrogênica máxima encontrada foi de 8.7 ±
0.2 ng g-1. Nas praias Adão e Eva, diferentemente das amostras de água, foi
encontrado atividade estrogênica nos valores de 0.3 ± 0.01 e 0.14 ± 0.01 ng g-1,
respectivamente. Além disso, aproximadamente 67% das amostras de sedimento
apresentaram elevados valores de citotoxicidade e dentro desses 67% em apenas
12,5 % das amostras foi possível o cálculo da estrogenicidade, pois nas demais
amostras ao se diluir os compostos citotóxicos houve também a diluição dos
possíveis compostos estrogênicos presentes nas amostras, ficando estes abaixo do
LD do método.
Para o ensaio com a bactéria Aliivibrio fischeri, as amostras de água não
apresentaram toxicidade. Dentre os pontos coletados de sedimento foi possível
calcular o CE50 em quatro destes. Os percentuais encontrados foram de 6,4, 13,2,
29,5 e 45,2, os quais representam as proximidades de Paquetá, São Gonçalo e dois
na Ilha do Fundão respectivamente. A amostra com maior toxicidade foi no ponto
próximo a Ilha de Paquetá com um CE50 de 6,4%. Nas amostras coletadas próxima
zona portuária de Niterói e a Enseada de Jurujuba foi observado efeito hormesis,
que pode ser uma resposta adaptativa, utilizada pelos organismos como forma a
evitar a extinção da espécie. Já nos pontos próximo a zona portuária do Rio de
Janeiro e na praia Eva não foi observada toxicidade.

CONCLUSÃO

Existe uma grande dificuldade na análise de atividade estrogênica em matrizes


ambientais complexas devido aos diversos interferentes presentes nas amostras,
porém com o ensaio YES essa análise foi possível e o valor máximo de EQ-E2
encontrado foi de 6.9 ± 0.2 ng L-1 em amostra de água e 8.7 ± 0.2 ng g-1 nos
sedimentos.
Tais resultados apontam para necessidade de monitoramento sistemático da
presença e o comportamento de micropoluentes em ambientes marinhos.
Igualmente importante é a utilização de outros ensaios que forneçam diferentes
parâmetros de análises, devido à complexidade em quantificar micropoluentes e
ecotoxicidade em sedimentos de fundo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARAÚJO, R.P.A. Ecotoxicologia Aquática – Princípios e Aplicações. In: Avaliação da


Qualidade de Sedimentos.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS - ABNT. NBR 15411-3
Determinação do efeito inibitório de amostras de água sobre a emissão de luz de
Aliivibrio fischeri: método com utilização de bactérias liofilizadas. Rio de Janeiro,
2012.
BORRELY, S.I.; TORNIERI, P.H.; SAMPA, M.H.O. Avaliação da toxicidade aguda
em efluentes industriais, afluentes e efluentes de estação de tratamento de esgotos.
395-406 p. In: E.L.G. Espíndola, C.M.R. Botta-Paschoal, O. Rocha, M.B.C. Bohrer &
A.L. Oliveira Neto (eds.) Ecotoxicologia: perspectivas para o século XXI. RiMa, São
Carlos, São Paulo. 2002.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

BULICH, A.A. (1982) A practical and reliable method for monitoring the toxicity of
aquatic samples. Proc Biochem 17: 45–47.
FRISCHE, T.; FAUST, M.; MEYER, W.; BACKHAUS, T. Toxic masking and
synergistic modulation of the estrogenic activity of chemical mixtures in a yeast
estrogen screen (YES). Environ. Sci. Pollut, v. 16, p. 593-603, 2009.
ROUTLEDGE, E.J.; SUMPTER, J.P. 1996 “Estrogenic Activity of Surfactants and
Some of their Degradation Products Assessed Using a Recombinant Yeast Screen”
Environmental Toxicology and Chemistry, v. 15 (3), pp. 241-248.
VOLPI GHIRARDINI, A.; GIRARDINI, M.; MARCHETTO, D.; PANTANI, C. Microtox®
solid phase test: effect of diluent used in toxicity test. Ecotoxicol Environ Saf
2009;72:851

FONTES FINANCIADORAS

A CAPES, CNPq e FAPERJ, agências brasileiras que têm financiado projetos e


concedido bolsa para a conclusão da pesquisa.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Ecotoxicologia de comunidades e
funcional

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Oral
Ecotoxicologia de comunidades e funcional
70 - USO DE BIOLOG ECOPLATE™ PARA INVESTIGAÇÃO DE TRAÇOS
FUNCIONAIS MICROBIANOS EM ÁREAS MINERADAS EM PROCESSO DE
RECUPERAÇÃO

FLAVIO MANOEL RODRIGUES DA SILVA JÚINIOR, LISIANE MARTINS VOLCÃO,


PRISCILA BARTOLOMEU HALICKI, DANIELA FERNANDES RAMOS, HAIG THEY NG
Contato: FLAVIO MANOEL R. DA SILVA JÚNIOR - F.M.R.SILVAJUNIOR@GMAIL.COM

Palavras-chave: carvão mineral; atividade microbiana; mineração; ecotoxicologia terrestre

INTRODUÇÃO

A mina de Candiota concentra cerca de 40% de todo o carvão mineral nacional e


este vem sendo minerado há mais de 50 anos em lavras a céu aberto. A
preocupação com a recuperação da área minerada é um evento recente e
importante para o contexto ambiental da área. Sabendo-se que a microbiota do solo
é dependente dos fatores edáficos e que estes podem selecionar micro-organismos
com perfil metabólico adaptado a cada condição, o estudo objetivou avaliar os traços
funcionais microbianos em áreas com diferentes processos de recuperação, a partir
da investigação da assimilação por fontes de carbono.

METODOLOGIA

Amostras de solo superficial foram coletadas em 4 áreas na mina de Candiota,


Atenuação Natural (áreas sem qualquer intervenção para recuperação), Solo
Recuperação, que prioriza a recomposição do perfil topográfico, Solo Argiloso, que
utiliza da cobertura das áreas não recuperadas com argila e o Solo Controle,
coletado em área rural fora da área de mineração. O perfil de assimilação de fontes
de carbono foi investigado pelo uso das microplacas Biolog EcoPlate™. De cada
amostra de solo, foram utilizados 5 g e misturados a 45 ml de NaCl 0.85%, agitados,
diluídos e suas alíquotas incubadas em uma microplaca contendo 31 diferentes
fontes de carbono durante 120 h, a 28 ºC. Após este período, a absorbância foi lida
a 590 nm. As amostras foram feitas em duplicata e as leituras foram corrigidas pela
média aritmética de todas as leituras da placa, visando reduzir o efeito das
densidades iniciais diferentes.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O agrupamento de organismos dentro de uma comunidade a partir de traços


funcionais medidas pelo Ecoplate é uma estratégia bastante informativa na medida
que o padrão de consumo de substratos orgânicos das bactérias que crescem nas
placas é uma função da comunidade original. Nas amostras de inóculos do Solo
Recuperação e Solo Argiloso houve consumo de todas as 31 fontes de carbono
testadas, enquanto nos solos Controle e Atenuação Natural houve consumo de 28
fontes de carbono. De maneira geral, o padrão de consumo de substratos foi
diferente quando comparamos o Solo Controle com os diferentes métodos de
recuperação, enquanto que na análise de agrupamentos o Solo Argiloso e o Solo
Recuperação tiveram maior similaridade entre si. Quando categorizamos as 31

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

fontes de carbono em 5 grupos (carboidratos, aminoácidos, ácidos carboxílicos,


polímeros e outras fontes que incluem aminas, fosforilados e éster) e calculamos a
contribuição do consumo de cada grupo de substrato em relação ao total temos que
no Solo Controle a maior habilidade foi em consumir ácidos carboxílicos (45%) e
aminoácidos (39%); no Solo Recuperação foi de ácidos carboxílicos (33%) e
carboidratos (32%); no Solo Argiloso foi de aminoácidos (38%) e no Atenuação
Natural foi de ácidos carboxílicos (48%) e polímeros (28%). Estas alterações na
habilidade de consumo de diferentes fontes de carbono provavelmente estão
relacionadas a processos de seleção e adaptação da microbiota a diferentes
estratégias e estágios de recuperação do solo, podendo podem servir de base para
monitoramento da área, bem como subsidiar informações para próximas etapas no
processo de recuperação ambiental.

CONCLUSÃO

Os traços funcionais da microbiota foram diferentes entre a microbiota do solo


controle e das diferentes áreas de mineração em processo de recuperação.
Enquanto no solo controle há predominância da habilidade da microbiota em
consumir ácidos carboxílicos e aminoácidos, nas demais áreas houve maior
potencial de consumo de outros grupos químicos, tais como carboidratos e
polímeros. A heterogeneidade da habilidade da microbiota do solo em consumir
diferentes fontes de carbono pode ser uma estratégia importante para a
sobrevivência em meios adversos e chave para prover a sucessão ecológica em
sítios contaminados.

FONTES FINANCIADORAS

Fapergs, CNPq

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Oral
Ecotoxicologia de comunidades e funcional
95 - COMBINED EFFECT OF LIGHT AND TEMPERATURE ON GROWTH RATE,
PRODUCTION AND SAXITOXIN CELLULAR QUOTA IN Cylindrospermopsis
raciborskii STRAINS

MARCELLA COELHO BERJANTE MESQUITA, MARCELO MANZI MARINHO


Contato: MARCELLA COELHO BERJANTE MESQUITA - MACOBEME@GMAIL.COM

Keywords: cyanobacteria; cyanotoxins; intraspecific variability

INTRODUCION

Cylindrospermopsis raciborskii is a potentially toxic invasive species of freshwater


and currently has a global distribution. This species can tolerate a wide range of light
and temperature and is able to produce different cyanotoxins (cylindrospermopsin
and saxitoxin). Saxitoxin (STX) synthesis is probably linked to ecological advantages
and several factors are mentioned as up and down regulating factors. Due to climatic
changes, interaction between light and temperature has been studied, but no study
approaches the production of saxitoxins. For this reason, the aim was to evaluate the
combined effect of light and temperature on STX production in C. raciborskii strains.

METHODS

Experiments were performed with three C. raciborskii strains (CYLCAM-01,


CYLCAM-02 and CYLCAM-03) isolated from a naturally eutrophic reservoir
(Camorim Reservoir – RJ). We established six light intensities (10, 40, 60, 100, 150
and 500 μmol of photons m-2 s-1) and four temperatures (15, 20, 25 and 30°C). The
combined effect of light and temperature was studied in a batch culture system with
modified WC medium, in triplicates. The initial biomass was 100 μg Chl-a L-1 and the
growth was monitored for 10 days. Samples were collected daily for chlorophyll-a
(Chl-a) as a proxy of biomass and efficiency photosystem II (PSII). Growth rates (μ)
were calculated from the chlorophyll-a increase. Samples were taking from the last
day (t10) of each experiment for determined STX concentration by HPLC. In addition,
STX cellular quota was evaluated to elucidate the dynamics of saxitoxin production in
the C. raciborskii strains.

RESULTS AND DISCUSSION

Our results demonstrated that maximum growth rates were obtained when combined
high light intensities (150 or 500 μmol of photons m-2 s-1) at temperatures between
20-30°C, depending on strains. As demonstrate in previous studies, C. raciborskii
strains exhibited faster growth rates when submitted to higher light intensity (≥ 90
μmol of photons m-2 s-1) and elevated temperature (25-32°C) (PIERANGELINI et al.,
2014; SOARES et al., 2013; BONILLA et al., 2011; BITTENCOURT-OLIVEIRA,
2012).
Saxitoxin production was lower at 15°C regardless to increase of light intensity for all
three strain, and the higher values were found when submitted to ≥100 µmol of
photons m-2 s-1 at 25°C. STX biosynthesis regulated by disulfide enzymes which in

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

turn are regulated by light (KELLMAN & NEILAN, 2007) and experiments “in vitro”
has been demonstrated that STX production can be affect in higher light intensity
(Carneiro et al., 2009) and elevated temperature (CASTRO et al., 2014) which
agrees with our results. However, studies in field showed that the higher saxitoxin
concentrations in C. raciborskii was associated with lower temperatures (CASALI et
al., 2017) or in higher conductivity and dissolved inorganic nitrogen (BRENTANO et
al., 2016).
Besides the combined effect of light and temperature, it is known that producing toxin
is affect by grow phases. The higher STX production for CYLCAM-01 showed in
beginning of stationary stage at 100 and 500 µmol of photons m -2 s-1 at 25°C;
CYLCAM-02 was a senescence stage at 500 µmol of photons m -2 s-1 at 25°C; and
CYLCAM-03 did not showed difference between 150 and 500 µmol of photons m -2 s-
1
, but this strain was in different stages of the growth curve, exponential and
senescence, respectively. For cyanobacteria Anabaena circinalis, the highest total
saxitoxin concentration (intracellular and extracellular) occurred during the late
stationary phase (NEGRINI et al., 1997), while C. raciborskii produced at the
beginning of the stationary phase, more STX concentrations than GTX2/GTX3 at
25°C (Castro, 2014).
All strains did not show significant difference in the value of the saxitoxin cellular
quota with the increase in light intensity at 15°C and the highest values was observed
when they were submitted to higher light intensity (150 and 500 µmol of photons m-2
s-1) at 25°C. As occurred in production of saxitoxin, the saxitoxin quota for C10 strain
of C. raciborskii may produce and accumulate intracellularly high amounts of STX,
GTX2, GTX3 at 25°C (CASTRO et al., 2014).

CONCLUSION

The growth of C. raciborskii strains isolated from a tropical eutrophic reservoir were
limited by lower temperature in our experiments. The maximum growth rates were
obtained in higher light intensity combined with temperatures between 20-30°C.
Increase in saxitoxin production and saxitoxin cellular quota were not obtained when
combined the most stressful condition as higher light and temperature, but by
combining high light intensity at 25°C. In additon, our results showed that C.
raciborskii strains exhibited wide intraspecific variability would be a favorable factor
for the prolongation of bloom and would explain the wide distribuition os this species
in the world.

REFERENCES

BITTENCOURT-OLIVEIRA, M.C.; BUCH, B.; HEREMAN, T.C.; ARRUDA-NETO,


J.D.T.; MOURA, A.N.V; ZOCCHI, S.S. (2012). Effects of light intensity and
temperature on Cylindrospermopsis raciborskii (Cyanobacteria) with straight and
coiled trichomes: growth rate and morphology. Brazilian Journal of Biology. 72(2):
343-351.
BONILLA, S.; AUBRIOT, L.; SOARES, M.C.S.; GONZÁLEZ-PIANA, M.; FABRE, A.;
HUSZAR, V.L.M.; LÜRLING, M.; 1 ANTONIADES, D.; PADISÁK, J.; KRUK, C.
(2012). What drives the distribution of the bloom-forming cyanobacteria Planktothrix
agardhii and Cylindrospermopsis raciborskii? FEMS Microbiology Ecology. 79: 594–
607

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

BRETANO, D.M.; GIEHL, E.L.H.; PETRUCIO, M.M. (2016). Abiotic variables affect
STX concentration in a meso-oligotrophic subtropical coastal lake dominated by
Cylindrospermopsis raciborskii (Cyanophyceae). Harmful Algae. 56:22-28.
CARNEIRO, R.L.; SANTOS, M.E.V.; PACHECO, A.B.F.; AZEVEDO, S.M.F.O.
(2009). Effects of light intensity and light quality on growth and circadian rhythm of
saxitoxins production in Cylindrospermopsis raciborskii (Cyanobacteria). Journal of
Plankton Research. 31(5): 481-488.
CASALI, S.P.; SANTOS, A.C.A.; FALCO, P.B.; CALIJURI, M.C. (2017). Influence of
environmental variables on saxitoxin yields by Cylindrospermopsis raciborskii in a
mesotrophic subtropical reservoir. Journal of Water and Health. 15(4): 509-518.
CASTRO, D.; VERA, D.; LAGOS, N.; GARCÍA, C.; VÁSQUEZ, M. (2004). The effect
of temperature on growth and production of paralytic shellfish poisoning toxins by the
cyanobacterium Cylindrospermopsis raciborskii C10. Toxicon. 44: 483-489.
KELLMAN, R.; NEILAN, B.A. (2007). Biochemical characterization of paralytic
shellfish toxin biosynthesis in vitro. Journal of Phycology. 43: 497-508.
NEGRI, A.P., JONES, G.J., BLACKBURN, S.I. et al. (1997). Effect of culture and
bloom development of sample storage on paralytic shellfish poisons in the
cyanobacterium Anabaena circinalis. Journal of Phycology. 33: 26-35.
PIERANGELINI, M.; STOJKOVIC, S.; ORR, P.T.; BEARDALL, J. (2014).
Photosynthetic characteristics of two Cylindrospermopsis raciborskii strains differing
in their toxicity. Journal of Phycology. 50: 292-302.
SOARES, M.C.S.; LÜRLING, M.; HUSZAR, V.L.M. (2013). Growth and temperature‐
related phenotypic plasticity in the cyanobacterium Cylindrospermopsis raciborskii.
Phycology Research. 61: 61-67.

SPONSORS

Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro


(FAPERJ)
Coordenação Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES)

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Oral
Ecotoxicologia de comunidades e funcional
344 - IMPACTS OF SEWAGE DISCHARGE BY SUBMARINE OUTFALLS ON
MEIOFAUNA DEPEND ON THE ENVIRONMENTAL SCENARIO

FABIANE GALLUCCI, RODRIGO BRASIL CHOUERI, GUSTAVO FONSECA


Contato: FABIANE GALLUCCI - FABIANE.GALLUCCI@GMAIL.COM

Keywords: submarine outfall; sewage, benthos, community

INTRODUCION

Submarine outfalls are used in coastal cities to perform the final discharge of sewage
in the marine environment. Once out, pollutants present in the sewage suffer
partitioning and sedimentation, depositing in the ocean floor, where they can affect
the benthic biota. Meiofauna communities are abundant and diverse, and contribute
to ecosystem functions such as decomposition and nutrient recycling, and energy
transfer to higher trophic levels. Despite their importance, they represent an often
neglected component of environmental monitoring. The present study aims at
investigating the influence of submarine outfalls discharge with different outflow
regimes on meiobenthic communities under different environmental scenarios.

METHODS

Three submarine outfalls, located at São Sebastião Channel, at the northern coast of
São Paulo, were investigated. The outfall from Araçá Bay and Itaquanduba receive
the sewage from a population of approximately 21.396 and 26.000 habitants
respectively, whereas the outfall from Cigarras receives the discharge from a much
smaller population (ca. 1600). In addition to differences in the amount of sewage
discharged, the three outfalls differ in their environmental scenario, being the Araçá
and Cigarras outfalls located at more protected sites (i.e. low hidrodynamics), and
Itaquantuba at a more exposed site, characterized by the presence of stronger
currents. At each location, 15 samples were taken in a radial design covering
distances from 30 to 900 metres from the outfall. From each sample, subsamples
were taken for chemical analysis (ammonia, organic carbon, nitrogen, phosphorus,
arsenic, cadmium, lead, copper, chrome, mercury, nickel, zinc, and PCBs), grain
size, microbiological analysis (fecal coliforms), phitopigments and meiofauna. We
used Principal Component Analysis (PCA) to track the distribution of the sewage
plume and distance-based linear model (DISTLM) and distance-based redudancy
analysis (dbRDA) to model the relationship between the meiofauna community data
and the measured environmental variables at each of the three submarine outfalls.

RESULTS AND DISCUSSION

The influence of the submarine outfall discharge on meiobenthic communities


depended on the outfall analysed. At Araçá Bay, PCA analysis on environmental
variables showed a distance gradient from the outfall with the more distant stations
characterized by higher values of nitrogen, phosphorus, carbon, lead, nickel, zinc,
PCBs, and silt percentage, indicating the deposition of the sewage plume at further
distances from the outlet. Such inverse gradient of contamination with distance

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

indicates a phenomenon known as the "salting out effect", which is the decrease of
solubility of organic compounds due to the increase of salinity when sewage is mixed
with sea water, providing greater precipitation. DISTLM analysis showed that all the
above variables significantly explained substantial portions (30% or more) of the
variation in community structure. In addition to changes in community composition,
meiofauna from distant, more contaminated stations, were characterized by higher
abundances and lower diversity, a pattern commonly described as a response to
organic enrichment and contamination. At Cigarras, PCA analysis also revealed a
distance gradient from the outfall with the more distant stations characterized by
higher values of arsenic, cadmium, nickel and very fine sand and silt percentages.
However, differently from the Araçá outfall, at Cigarras DISTLM analysis revealed
few and weak relationships between the environemnatl variables and the fauna.
Besides, no relationship with univariate measures such as fauna density and
diversity were observed. These results indicate that the dispersion and deposition of
the plume is relativelly similar at both sites which are located at the same side of the
channel and are relatively protected, i.e. have low hydrodynamics. Nonetheless, at
Cigarras there was no clear influence of the sewage deposition on the fauna and this
is probably due to the lower sewage input in the area, which is clearly reflected in the
lower values of carbon, nitrogen and metals when compared to the Araçá site.
Finally, Itaquantuba was characterized by coarser sediments and exhibited no clear
pattern on environmental variables according to distance from the outfall. Also, grain
size fractions were the only parameters that have showed relationships with
meiofauna community. These results suggest that although this submarine outfall
serves a population of similar size as that of the Araçá, its sewage discharge has no
effects on the local fauna. This is probably due to its location in a strategic point with
strong currents able to promote the dispersion, and possibly the dilution, of the
sewage plume.

CONCLUSION

This study showed that the effects of sewage discharge by submarine outfalls on the
benthic fauna depend on the environmental scenario. At a submarine outfall located
in a site with low hydrodynamics, the precipitation of components of the plume was
observed from 400 to 700 m from the outfall, with clear effects on the meiobenthic
communities. At another outfall with similar discharge characteristics but located in a
site with higher hydrodynamics, stronger currents promoted the dispersion of the
plume, and no effects on the fauna were observed. These results highlight the
importance of the outfall location to minimize environmental impacts.

SPONSORS

This study was finantially supported by Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado


de São Paulo (FAPESP) under the project 2009/11808-3.

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Oral
Ecotoxicologia de comunidades e funcional
354 - INTEGRATED MONITORING OF A PUBLIC SUPPLY RIVER IN THE
REGION OF LOWER IGUAÇU BASIN - PARANÁ STATE

ELTON CELTON OLIVEIRA, FERNANDA FERRARI, DENIS DAMASIO, BRUNO JAN


SCHRAMM CORRÊA, CATIA CAPPELLI WACHTEL, NÉDIA DE CASTILHOS GHISI
Contato: ELTON CELTON OLIVEIRA - ELTON.C.OLIVEIRA2@GMAIL.COM

Keywords: biomarkers, fish assemblage, multivariate approach

INTRODUCION

The aquatic biodiversity is exposed to a range of xenobiotic substances, which


interact with all levels of biological organization. In assessment of adverse effects of
these substances there are a worldwide tendency to associate biomonitoring studies
with physicochemical parameters of water, which reveal an instantaneous
characterization. The responses expressed by organisms associated with
environmental parameters form the basis of integrated monitoring programs (AU,
2004). This study aimed to evaluate the quality of a public supply river in the region
of Lower Iguaçu Basin (Southern Brazil), based on an integrated monitoring protocol,
using physicochemical parameters of water and ichthyofauna data.

METHODS

The study area was in the main public supply river of Dois Vizinhos city (Jirau Alto
river), Southwest Paraná State (Brazil), Lower Iguaçu Basin. Four sampling points
(P1, P2, P3 and P4) were chosen to contemplate a gradient of aquatic pollution.
From January to December 2016, environmental and biological data were collected
monthly. The water physical-chemical parameters were measured: temperature, pH,
dissolved oxygen, phosphate, orthophosphate, total phosphorus, nitrate, ammonia
and total nitrogen. These data were summarized by Principal Component Analysis
(PCA). The ichthyofauna was sampled through gillnets and cove fishtrap exposed
standardized in all points. The ichthyofauna composition and structure were
evaluated by the general descriptors of community and by multivariate methods,
searching for grouping patterns. The agreement of the matrices (environmental and
biological data), was also tested by the Mantel test.
Exclusive expeditions were carried out to evaluate biomarkers in ‘lambari’ fish
Astyanax bifasciatus. For this purpose, a control point was added to the sampling (in
a permanent preservation area). The collections had biannual frequency, during
winter and summer. Biomarkers evaluated were: Micronucleus test and erythrocytic
nuclear abnormalities (ENA), the comet assay, and histopathology of the liver. These
parameters were statistically tested by Kruskal-Wallis followed by Mann-Whitney.

RESULTS AND DISCUSSION

The environmental data, analyzed through PCA, obtained an explanation of 45.3%,


showing only a temporal segregation. However, there was no isolation of the
sampling points in the ordination, indicating low spatial variability. It shows a trend of

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700
XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

homogeneity of the explored variables and, denote similarity of the environmental


conditions between the collection sites along the river.
For ichthyofauna it was observed that the P1 and P2 points presented similar
assemblies; as the P3 and P4 were exclusive points. The P3 point presented the
most differentiated composition, with predominance of the species of Ancistrus,
Rhamdia, Trichomycterus and A. bifasciatus. In addition, P3 had the lowest number
of individuals sampled, but on the other hand, it had the greatest diversity, equitability
and the second highest richness.
Also, it is important to highlight the high predominance of A. bifasciatus in this study,
which represented about 40% of the total sampled. The presence of Astyanax
gymnogenys and Trichomycterus mboycy in the species list is also highlighted,
because both species are in the List of Threatened Species, in the endangered
category, second the Brazilian Ministry of the Environment (Ordinance MMA nº
445/2014) (BRASIL / MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, 2015). The species
Astyanax altiparanae also deserves mention, since it is an allochthonous species to
the Iguaçu River Basin, potentially invasive.
By the Mantel test, it was verified that the environmental and biological data matrices
were not correlated, meaning that the environmental variables measured did not
explain the variation in the fish community found in this study. This suggests that the
variation found may derive from unmeasured abiotic variables, such as substrate and
stream type, and / or due to the interference of anthropogenic effluents generated by
the urban or agricultural activities, as observed in the results of the biomarkers used
in the study, described below.
According to the biomarkers assessed in this study, it was possible to observe that all
the sampling points of the Jirau Alto River had evidence of contamination by
xenobiotic substances. Similar alterations were seen in ENA and comet assay with
liver and blood tissue and liver histopathologies in the bioindicator A. bifasciatus
when comparing the Jirau Alto River samples and the control point. In general, it was
verified that at P3 point occurred the greatest evidence of aquatic contamination,
followed by the point P4, both with influence of the urban stretch of the Dois Vizinhos
city.

CONCLUSION

The integrated monitoring allowed a better resolution of the environmental quality,


since it captured information in different compartments of the system. Moreover, we
get to concatenate responses from more basal to more complex levels of biological
organization. The variation in the ichthyofauna data, for example, can be clearly
derived from anthropogenic urban effluents and / or from the surrounding agricultural
activities, as suggested by biomarkers. Obviously, unmeasured variables can distort
the resolution and interpretation of the evaluation. However, we can map the
direction of new efforts for the strategic management of this river, which, like many
others, supplies the cities.

REFERENCES

AU, D.W.T. (2004). The application of histo-cytopathological biomarkers in marine


pollution monitoring: a review. Marine Pollution Bulletin, 48(9–10), 817–34.
https://doi.org/10.1016/j.marpolbul.2004.02.032

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


701
XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

BRASIL / (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE). Portaria MMA n° 445, de 17 de


dezembro de 2014 (2015).

SPONSORS

Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), processo


nº 455513/2014-7; Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR).

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


702
XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Oral
Ecotoxicologia de comunidades e funcional
418 - O USO DE MODELOS ECOSSISTÊMICOS PARA AVALIAÇÃO DOS
EFEITOS DOS AGROTÓXICOS KRAFT (I.G. ABAMECTINA) E SCORE (I.G.
DIFENOCONAZOL) NA COMUNIDADE DE MACROINVERTEBRADOS
AQUÁTICOS

MARINA REGHINI VANDERLEI, RENATA VIEIRA MORENO, RAQUEL APARECIDA


MOREIRA, ANA LETICIA MADEIRA SANCHES, BRUNA HORVATH VIEIRA, LUIZ
FELIPE MENDES DE GUSMÃO, EVALDO LUIS GAETA ESPINDOLA
Contato: MARINA REGHINI VANDERLEI - MARINABIO.REGHINI@GMAIL.COM

Palavras-chave: Pesticidas, Misturas, Diversidade funcional, macroinvertebrados aquáticos

INTRODUÇÃO

A adoção de técnicas produtivas baseadas no uso intensivo de agrotóxicos vem


sendo largamente utilizada na agricultura, maximizando os riscos ambientais. Os
efeitos se manifestam não somente na redução da biodiversidade, mas também na
perda das funções e serviços ecossistêmicos, uma vez que as alterações ocorrem
em diferentes níveis de organização biológica. Dentro deste contexto, procurou-se
avaliar, nesta pesquisa, as possíveis alterações na comunidade de
macroinvertebrados aquáticos (em experimentos de mesocosmos), frente a
exposições ao inseticida Kraft (i.a. abamectina) e ao fungicida Score (i.a.
difenoconazol), isolados e em misturas, considerando duas formas de
contaminação: runoff e spray drift.

METODOLOGIA

Foram construídos 26 mesocosmos (500 L, com 15 cm de sedimento), os quais


foram estabilizados durante 6 meses, com troca de água periódica entre os mesmos
(homogeneização). Posteriormente, foram separadas parcelas de solo (runoff
controle: CR; e runoff com aplicação de Kraft: KR; Score: SR e Kraf + Score:
K+SR),representando áreas de plantio, nas quais se simulou chuva após aplicação
dos agrotóxicos, sendo a água do runoff adicionada aos mesocosmos.
Adicionalmente, efetuou-se a aplicação direta dos agrotóxicos por aspersão (Kraft
Spray Drift (KS); Score Spray Drift (SS) e Kraft + Score Spray Drift (K+SS)),
estabelecendo ainda um controle (C, sem runoff ou aspersão). Nas contaminações
seguiu-se a recomendação para plantio de morango estabelecida para Kraft (1,08mg
de abamectina/m2) e Score (2mg de difenoconazol/m2). Para avaliar os efeitos na
comunidade de macroinvertebrados, foram utilizadas estruturas de heterogeneidade
ambiental (mistura de feixes de madeira, folhas e pedras), que serviram como
substrato de colonização. As amostragens foram realizadas em tréplicas,
considerando períodos antes e após a contaminação (runoff e spray drift). As
amostras foram retiradas, triadas, identificadas e quantificadas, para avaliação das
mudanças ocorridas. Variáveis ambientais como temperatura, OD, condutividade,
pH, nutrientes (totais e dissolvidos) e turbidez também foram quantificados
periodicamente.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


703
XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Os índices biológicos indicaram que a contaminação pelos agrotóxicos promoveu


alterações funcional e estrutural na comunidade de macroinvertebrados. A
densidade absoluta média dos macroinvertebrados bentônicos foi maior na fase pré-
contaminação (entre 60 e 190 indivíduos), reduzindo após a contaminação (entre 15
e 80 indivíduos), com aumento na densidade dos indivíduos nos tratamentos
Controle (C) e Score Spray (SS) após 28 dias de contaminação. Considerando-se os
valores médios obtidos, verifica-se que os tratamentos com aplicação do Kraft (KS,
KR, K + SS e K + SR) foram aqueles que apresentaram menor densidade absoluta
dos macroinvertebrados durante todo o período de estudo. Os valores de riqueza
também foram diferentes entre os períodos pré (7 dias) e pós-contaminação (14 e 28
dias), evidenciando o desaparecimento de algumas famílias de macroinvertebrados,
o que também foi demonstrado pelo índice de diversidade de Shannon-wiener e
ainda pelo índice de dominância de Simpson, principalmente em relação ao
tratamento mistura runoff (K+SR) em relação à todos os tratamentos contaminados
por Spray Drift (KS, SS e K+SS), indicando maior efeito do runoff na composição da
comunidade (efeito físico decorrente do aporte das partículas transportadas pelo
escorrimento superficial e efeito químico, pela presença dos agrotóxicos). Na maioria
dos tratamentos que receberam a adição do Kraft (KS, KR, K+SS e K+SR) registrou-
se exclusão quase total da ordem Ephemeroptera, em detrimento do aumento das
ordens Oligochaeta e Diptera. Uma vez que organismos pertencentes à Ordem
Ephemeroptera incluem também a Classe Insecta, é esperado que o modo de ação
do inseticida do Kraft seja nocivo a esses organismos em maior proporção que o
fungicida Score. Além do mais, Ephemeroptera pertencem ao grupo chamado EPT’s
(Ephemeroptera, Plecoptera e Trichoptera), que representam grupos extremamente
sensíveis a ambientes contaminados. Do ponto de vista funcional, verificou-se que
Ephemeroptera incluiu principalmente as famílias de coletores (Caenidae e
Poemymitarcidae) e raspadores (Baetidae), as quais foram substituídas, após a
contaminação, por Diptera e Oligochaeta, considerados mais como organismos
coletores e predadores, respectivamente.

CONCLUSÃO

Os índices biológicos indicaram que a contaminação pelos agrotóxicos gerou


modificações estrutural e funcional na comunidade de macroinvertebrados, com
alteração nos valores de densidade absoluta, riqueza, diversidade e dominância de
espécies; substituição de grupos mais sensíveis por aqueles mais tolerantes e
substituição das famílias de raspadores em detrimento aos predadores, que
aumentaram em densidade. Verificou-se, ainda, que a adição do inseticida Kraft aos
diferentes tratamentos (via runoff ou spray drift), isolados ou em mistura, foi mais
nociva à comunidade de macroivertebrados, sendo que o runoff implicou em efeitos
físicos e químicos combinados sobre a comunidade de macroinvertebrados
aquáticos.

FONTES FINANCIADORAS

CAPES, CNPq e FAPESP

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


704
XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Oral
Ecotoxicologia de comunidades e funcional
422 - EFEITO DA CONTAMINAÇÃO AMBIENTAL POR REJEITO DE MINERAÇÃO
NA COMINIDADE DE MACROINVERTEBRADOS AQUÁTICO: O CASO DA
MINERADORA SAMARCO (MARIANA/MG)

MARINA REGHINI VANDERLEI, LORENZA LANA VOLPE, EVALDO LUIZ GAETA


ESPINDOLA
Contato: MARINA REGHINI VANDERLEI - MARINABIO.REGHINI@GMAIL.COM

Palavras-chave: rejeito; desastres ambientais; macroinvertebrados

INTRODUÇÃO

O rompimento da barragem do Fundão, pertencente à Mineradora Samarco e


localizada no município de Mariana/MG, causou o derrame de aproximadamente 35
milhões de m3 de rejeitos nos ecossistemas aquáticos e terrestres, atingindo 40
cidades nos estados de Minas Gerais e Espírito Santo, implicando em diversas
consequências socioeconômicas e ambientais. Tendo em vista a necessidade de se
obter maiores informações sobre os impactos ambientais ocasionados e seus efeitos
na biota aquática, procurou-se nesta pesquisa simular as condições do desastre a
partir de estudos em modelos ecossistêmicos, avaliando os efeitos do aporte de
rejeito na comunidade de macroinvertebrados.

METODOLOGIA

O experimento foi realizado em caixas de água (mesocosmos construídos em 2013),


com capacidade para 1500 litros e com 15 cm de sedimento no fundo, as quais já
apresentavam uma comunidade aquática estabelecida. Para o delineamento
experimental foram utilizados seis mesocosmos, divididos em controle (3) e com
rejeito (3), sendo considerada uma única adição do rejeito, o qual foi coletado no
distrito de Paracatu de Baixo – MG, em setembro de 2016. A simulação da
contaminação se baseou nos valores de turbidez obtidos em amostras de água
coletadas nos distritos de Bento Rodrigues e Paracatu de Baixo. A amostragem dos
macroinvertebrados foi feita por meio de estruturas de heterogeneidade,
confeccionadas em redes de náilon, com inclusão de galhos, folhas e pedras de
diferentes tamanhos (CALLISTO et al, 2001). No total foram 156 estruturas de
colonização, as quais foram distribuídas igualmente nos mesocosmos, sendo
retiradas 2 réplicas por tratamento, em 13 amostragens consecutivas. Os
mesocosmos foram monitorados durante um período de aproximadamente 5 meses,
sendo a contaminação realizada no dia 25 de maio de 2017. Além da coleta dos
macroinvertebrados (que foram triados e identificados) também foram coletadas
amostras para determinação de pH, condutividade, oxigênio dissolvido,
condutividade, metais e turbidez.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Pela análise da comunidade de macroinvertebrados verificou-se a ocorrência das


Ordens Diptera, Odonata, Coleoptera, Hemiptera, Ephemeroptera, Gastropoda nos
tratamentos Controle, sendo que nos que receberam o rejeito incluiu-se ainda as

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


705
XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

ordens Hyrudinea e Lepidoptera além daquelas já identificadas nos controles. Em


relação à densidade de indivíduos, verificam-se valores mais elevados no decorrer
do tempo (antes e após a adição do rejeito) nos tratamentos controle para todas as
ordens, ocorrendo situação inversa nos tratamentos com rejeito, principalmente para
as ordens Gastropoda (entre 20 a 40%) e Odonata (10%). Os valores mínimos e
máximos obtidos no controle (entre 2 a 180 ind.) foram maiores em relação aos
tratamentos com rejeito (de 3 a 100 ind.), considerando antes e após a aplicação. As
ordens Ephemeroptera e Coleoptera (ambas sensíveis às mudanças ambientais),
presentes no período pré-contaminação, não apareceram após a adição do rejeito. A
presença ou ausência dos táxons identificados pode estar relacionada com o
aumento dos valores de turbidez nos tratamentos com rejeito (abaixo de 10 UTN
antes e acima de 1500 TUN após a adição do rejeito), implicando em efeitos físicos
na permanência e estruturação da comunidade. De forma similar ao aumento da
turbidez, registrou-se aumento dos valores de condutividade (entre 10 e 80 µS/cm,
antes e após adição do rejeito), embora este aporte não tenha ocasionado redução,
mas sim o aumento da concentração de oxigênio dissolvido (de 8 para 12 mg/L,
antes e após a adição do rejeito). Os valores de metais presentes no rejeito indicam
a presença de Cd, Co, Cr, Cu, Fe, Mn, Ni, Zn e Pb, os quais podem ter contribuído
para as alterações na estruturação da comunidade de macroinvertebrados em
associação ao efeito físico do rejeito.

CONCLUSÃO

A análise inicial dos dados permite concluir que o aporte de rejeitos contribuiu para a
redução de algumas ordens da comunidade de macroinvertebrados, principalmente
os gastrópodos, os quais aumentaram no tratamento controle, juntamente com
Odonata, Coleoptera e Diptera. A ordem Diptera esteve presente em ambos os
tratamentos, registrando-se o aumento de sua densidade (com ou sem rejeito),
indicando sua maior resistência às alterações ambientais. Lepidoptera e Hyrudinea
ocorreram apenas no tratamento com rejeito. Verifica-se, portanto, que a adição do
rejeito aos ecossistemas aquáticos experimentais promoveu alterações na
estruturação da comunidade (composição e abundância) de macroinvertebrados.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CALLISTO, M.; MORETTI, M.; GOULART, M. Macroinvertebrados bentônicos como


ferramenta para avaliar a saúde de riachos. Revista Brasileira de Recursos Hídricos,
v. 6, n. 1, p. 71-82, 2001.

FONTES FINANCIADORAS

CAPES, CNPq e FAPESP

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Ecotoxicologia de misturas
(multiestressores)

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Oral
Ecotoxicologia de misturas (multiestressores)
32 - REPRODUCTIVE, DEVELOPMENTAL AND BEHAVIORAL ASSESSMENT OF
AQUATIC ORGANISMS EXPOSED TO TWO PHARMACEUTICALS OF
ENVIRONMENTAL CONCERNING AND THEIR MIXTURE ACUTE TOXICITY

ALINE ANDRADE GODOY, INÊS DOMINGUES, ANTÓNIO JOSÉ ARSÉNIA NOGUEIRA,


FABIO KUMMROW
Contato: ALINE ANDRADE GODOY - AGODOY.ALINE@GMAIL.COM

Keywords: toxicity modeling; locomotor activity; factorial design; joint action

INTRODUCION

Many pharmaceuticals have been frequently detected in aquatic ecosystems


worldwide as a result of their increasing consumption, incomplete metabolism,
insufficient removal in wastewater treatment plants and environmental persistence.
However, the literature has pointed out a huge need of ecotoxicological research
using both recommended and non-standard tests on single pharmaceuticals and
their mixtures. This study aimed to contribute to fill this lack of data by evaluating the
ecotoxicity of the beta-blocker bisoprolol (BIS) and the anti-diabetic metformin (MET),
employing sub-lethal endpoints from standard and non-standard tests with aquatic
organisms of three trophic levels. Their mixture acute toxicity was also evaluated.

METHODS

MET (99.2%, Abilasha Pharma) and BIS (98.8%, Moehs Catalana) were tested
individually using the chronic standard tests with Lemna minor (OECD, 2006) and
Daphnia similis (OECD, 2012). Chronic non-standard tests were also performed with
the cnidarian Hydra attenuata, according to Holdway (2005). The development of
Danio rerio embryos was monitored according to OECD (2013). Sub-lethal endpoints
monitored included spinal deformations, edema, heartbeat decrease, pigmentation
alterations and swimming bladder non-insufflation. D. rerio larvae swimming behavior
(120 hours post fertilization, hpf) was evaluated using the tracking system Zebrabox-
Zeb. The total swimming time (TST) and the total swimming distance (TSD) were
recorded during light-dark intervals over a period of 20 min. The mixture acute
toxicity was assessed by exposing D. similis to concentrations selected considering a
factorial design. Concentration-response curves for single and mixture toxicity
analyses were build using the ToxCalcMix spreadsheet. The Combination Index-
Isobologram (CI) model was used to assess the joint action effect. The effect
concentrations at 10% (EC10) were calculated using a four-parameter-logistic-fit,
with the OriginPro software (v. 9.4.0.220). For behavioral analyses, a one-way
analysis of variance (ANOVA) was used (α = 0.05). When the ANOVA assumptions
were met, a Dunnett’s test was performed; otherwise, a Kruskal-Wallis test was used.

RESULTS AND DISCUSSION

It has been described in the literature that fishes have been predicted to present the
highest number of orthologs with the highest similarity to humans among the aquatic
organisms. Orthologs were predicted to the pharmaceuticals BIS and MET,

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


708
XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

respectively for the receptor of norepinephrine and the enzyme adenosine


monophosphate, in Daphnia pulex and Danio rerio (GUNNARSSON et al., 2008).
However, the similarity of both orthologs was higher for the fish. Therefore, it is more
likely that BIS and MET would hypothetically result in a specific target interaction in
fish compared to plant, cnidarian and daphnid. However, the results obtained in this
study pointed out for a higher sensitivity of D. similis to both the pharmaceuticals
compared to the other organisms. Regarding the MET toxicity, an EC10 of 4.6 mg L -1
was obtained for the reproduction of D. similis, while for L. minor EC10 values of 24.
2 (21.6 – 26.8), 31.9 (29.2 – 34.8) and 31.6 (28.0 – 35.6) mg L-1 were obtained for
the endpoints frond number, frond area and fresh weight, respectively. Regarding the
MET effects on the H. attenuata reproduction, an EC10 of 701.8 (610.6 – 790.8) mg
L-1 was obtained. Tail malformations and pigmentation failure were only observed in
the D. rerio larvae exposed to MET concentrations higher than 100 mg L -1. Regarding
the BIS toxicity, preliminary reproduction inhibition tests with D. similis resulted in
EC10 < 10 mg L-1, while for L. minor EC10 values of 118.2 (99.1 – 140.1); 114.6
(90.1- 144.1) and 136.1 (112.1 – 164.2) mg L-1 were obtained for the endpoints frond
number, frond area and fresh weight, respectively. An EC10 of 25.9 (14.3 – 45.0) mg
L-1 was calculated for the H. attenuata reproduction inhibition exposed to BIS. D. rerio
larvae exposed to BIS did not show any malformation up to 100 mg L -1. However, in
the swimming behavior test, statistical significant difference from the control was
observed in the larvae exposed to concentrations from 60 mg L -1 of BIS, while no
significant behavior alteration was observed for MET exposure concentrations up to
100 mg L-1. Regarding the mixture effects, even individually non-toxic concentrations
of both pharmaceuticals induced up to 25% of immobilization when applied as
mixtures. The CI model confirmed that an additive effect was observed for most of
the levels and ratios evaluated.

CONCLUSION

We demonstrated that, although considering the evolutionary conservation of drug


targets may be a key aspect for the development of more efficient ecotoxicity
assessment of pharmaceuticals, this may be insufficient for guiding environmental
risk assessment (ERA). Aspects such as the toxicokinetic ones may be implied in the
likely of a pharmaceutical to injure organisms. Moreover, behavioral endpoints should
be considered in the ERA guidelines, since they have been showed to be more
sensitive than classical endpoints. Besides, ERA guidelines should endorse the
mixture toxicity evaluation, since joint action adverse effects may occur even at non-
observed effect concentrations of individual compounds.

REFERENCES

GUNNARSSON, L.; JAUHIAINEN, A.; KRISTIANSSON, E., NERMAN, O.,


LARSSON, D.G.J. 2008. Evolutionary conservation of human drug targets in
organisms used for environmental risk assessments. Environ. Sci. Technol., 42,
5807-5813. DOI: 10.1021/es8005173
HOLDWAY, D.A. 2005. Hydra population reproduction toxicity test method. In:
BLAISE, C.; FÉRARD, J.-F. (Eds), Small-scale Freshwater Toxicity Investigations.
Springer, pp. 395 - 411. DOI: 10.1007/1-4020-3120-3

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


709
XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

ORGANISATION FOR ECONOMIC COOPERATION AND DEVELOPMENT


(OECD), 2006. Test No. 221: Lemna sp. Growth Inhibition Test. OECD Guidel. Test.
Chem. DOI: 10.1787/9789264016194-en
ORGANISATION FOR ECONOMIC COOPERATION AND DEVELOPMENT
(OECD), 2012. Test No. 211: Daphnia magna reproduction test. OECD Guidel. Test.
Chem. DOI: 10.1787/9789264185203-en
ORGANISATION FOR ECONOMIC COOPERATION AND DEVELOPMENT
(OECD), 2013. Test No. 236: Fish Embryo Acute Toxicity (FET) Test. OECD Guid.
Test. Chem. DOI: 10.1787/9789264203709-en
ToxCalcMix. Available at: https://pydio.bio.ua.pt/public/toxcalcmix

SPONSORS

Supported was given by the Sandwich Doctorate scholarship attributed to M. Sc.


Aline Andrade Godoy by CAPES (88881.132858/2016-01) and by the Post-Doc grant
attributed to Inês Domingues (SFRH/BPD/90521/2012). Thanks are due for the
financial support to CESAM (UID/AMB/50017 - POCI-01-0145-FEDER-007638), to
FCT/MCTES through national funds (PIDDAC), and the co-funding by the FEDER,
within the PT2020 Partnership Agreement and Compete 2020.

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


710
XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Ecotoxicologia de misturas (multiestressores)
33 - DEVELOPMENTAL AND BEHAVIORAL ASSESSMENT OF ZEBRAFISH
EMBRYOS EXPOSED TO A MIXTURE OF PHARMACEUTICALS AT
ENVIRONMENTALLY RELEVANT CONCENTRATIONS

ALINE ANDRADE GODOY, INÊS DOMINGUES, ANTÓNIO JOSÉ ARSÉNIA NOGUEIRA,


FABIO KUMMROW
Contato: ALINE ANDRADE GODOY - AGODOY.ALINE@GMAIL.COM

Keywords: joint action; metformin; bisoprolol; ranitidine; sotalol

INTRODUCION

Among the aquatic organisms frequently exposed to mixtures of pharmaceuticals,


vertebrates such as zebrafish are of special concerning since they have been
predicted to have the greatest percentage of human drug target conserved proteins
with the highest degree of similarity to humans compared to daphnids and algae
(GUNNARSSON et al., 2008). However, data on the ecotoxicity induced by
pharmaceutical mixtures on fishes are still scarce. Moreover, studies employing
behavioral endpoints are often disregarded. This study aimed to assess the adverse
effects induced by a mixture of pharmaceuticals often detected in surface fresh
waters on zebrafish development and locomotor behavior.

METHODS

Metformin (99.2 %, Abilasha Pharma), bisoprolol (98.8 %, Moehs Catalana), sotalol


(99.8 %, Moehs Catalana) and ranitidine (100.8 %, Fagron) were tested in mixtures
at the concentrations of 0.01; 0.1; 10 and 100 µg L -1 of each pharmaceutical. The fish
embryo acute toxicity (FET) test with zebrafish was performed according to the
OECD guideline n° 236 (2013). Every 24 h, lethal and sub-lethal endpoints such as
coagulation of fertilized eggs, lack of somite formation and of tail detachment,
hatching success, pigmentation failures, edema, scoliosis and heartbeat rate were
observed using a stereomicroscope (Nikon Corporation). FET-test duration was 96
hours post fertilization (hpf). The mixture concentrations not inducing any
abnormalities in the FET test were selected for the behavioral assay. The locomotor
activity of the embryos was evaluated at 120 hpf. Tracking’s were made using the
system Zebrabox-Zeb (Lyon, France). The total swimming time (TST) and the total
swimming distance (TSD) were recorded during light-dark intervals over a period of
20 min. A one-way analysis of variance (ANOVA) was used to infer statistical
significant differences between treatments and controls (α = 0.05). When the ANOVA
assumptions were met, a Dunnett’s test was performed; otherwise, a Kruskal-Wallis
test was used.

RESULTS AND DISCUSSION

Studies have pointed out for a high genetic and functional homology between
zebrafish and mammalian mitochondria (PINHO et al., 2013). It gives rise to a
concern regarding possible adverse effects induced by the mitochondrial inhibitor
metformin on this fish species. Likewise, other studies have shown that β-adrenergic

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


711
XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

receptors are essential for regulating heart function during early life in zebrafish
(STEELE et al., 2011). This implies that the betablockers sotalol and bisoprolol could
induce significant adverse effects on the heart rate of the D. rerio embryos, similarly
to what has been reported to propranolol. Thus, in this study we based on
evolutionary conserved drug targets in order to guide the species and endpoints
chosen for evaluating the possible adverse effects induced by the pharmaceutical
mixtures composed of metformin, sotalol, bisoprolol and ranitidine at environmentally
relevant concentrations. The pharmaceutical ranitidine was also included in our study
because it has been reported to induce DNA damages on zebrafish, although it is not
an adverse effect related to its principal pharmacological mechanism of action in
humans. It is known that the toxicity induced by mixtures are higher than that
presented by each individual pharmaceutical at the concentration at which it is
present. Nonetheless, in our study, no mortality was observed at any of the
pharmaceutical mixture concentrations at which the zebrafish embryos were
exposed. Likewise, no visible sub-lethal effect was observed in the embryos up to the
maximum exposure concentration. Also, regarding the behavioral assay, no
statistical significant difference was observed for any of the pharmaceutical mixture
concentrations at which the embryos were exposed. In view of these results,
developmental and behavioral acute adverse effects seem not to be induced by the
joint action of the pharmaceuticals metformin, sotalol, bisoprolol and ranitidine on
zebrafish embryos, at the concentrations at which they are usually found in surface
fresh waters. However, in view of the evolutionary conserved drug target and the
genetic disturbance previously cited, a possible chronic toxicity cannot be ruled out
and must be investigated for the exposure of zebrafish to environmental
concentrations of the joint action of the pharmaceuticals evaluated in this study.

CONCLUSION

Our study provides the first data about the developmental and behavioral effects
induced by an acute exposure of D. rerio embryos to environmentally relevant
concentrations of mixtures of the pharmaceuticals of environmental concern
metformin, sotalol, bisoprolol and ranitidine. Abnormal development or behavioral
disturbance are unlikely to occur on zebrafish embryos exposed to environmental
concentrations of these pharmaceuticals in joint action. However, additional long-
term studies with fishes are required in order to conclude about possible chronic
adverse effects induced by this pharmaceutical mixture.

REFERENCES

GUNNARSSON, L.; JAUHIAINEN, A.; KRISTIANSSON, E.; NERMAN, O.;


LARSSON, D.G.J. 2008. Evolutionary conservation of human drug targets in
organisms used for environmental risk assessments. Environ. Sci. Technol.; 42,
5807-5813. DOI: 10.1021/es8005173
OECD. Organisation for Economic Cooperation and Development (OECD), 2013.
Test No. 236: Fish Embryo Acute Toxicity (FET) Test. OECD Guid. Test. Chem. DOI:
10.1787/9789264203709-en
PINHO, B.R.; SANTOS, M.M.; FONSECA-SILVA, A.; VALENTÃO, P.; ANDRADE,
P.B.; OLIVEIRA, J.M.A. 2013. How mitochondrial dysfunction affects zebrafish
development and cardiovascular function: an in vivo model for testing mitochondria-
targeted drugs. Brit. J. Pharmacol. 169, 1072-1090. DOI: 10.1111/bph.12186

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


712
XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

STEELE, S.L.; YANG, X.; DEBIAIS-THIBAUD, M.; SCHWERTE, T.; PELSTER, B.;
EKKER, M.; TIBERI, M.; PERRY, S.F. 2011. In vivo and in vitro assessment of B-
adrenergic receptors in larval zebrafish (Danio rerio). The Journal of Experimental
Biology 214, 1445-1457. DOI: 10.1242/jeb.052803

SPONSORS

Supported was given by the Sandwich Doctorate scholarship attributed to M. Sc.


Aline Andrade Godoy by CAPES (88881.132858/2016-01) and by the Post-Doc grant
attributed to Inês Domingues (SFRH/BPD/90521/2012). Thanks are due for the
financial support to CESAM (UID/AMB/50017 - POCI-01-0145-FEDER-007638), to
FCT/MCTES through national funds (PIDDAC), and the co-funding by the FEDER,
within the PT2020 Partnership Agreement and Compete 2020.

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713
XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Oral
Ecotoxicologia de misturas (multiestressores)
71 - AVALIAÇÃO DO USO DO BIOSSÓLIDO SOBRE A REPRODUÇÃO E
LETALIDADE EM Enchytraeus cripticus E Folsomia candida

CRISTINA TEIXEIRA SOARES CARNEIRO, MIRIAM BIANCHI, MARIA ELIZABETH


FERNANDES CORREIA
Contato: CRISTINA TEIXEIRA SOARES CARNEIRO - CTSCSC@YAHOO.COM.BR

Palavras-chave: biossolido; reprodução; ecotoxicologia terrestre

INTRODUÇÃO

Efluentes são tratados em estações e geram como resíduo o lodo, cujo destino
preocupa órgãos ambientais e empresas de tratamento do esgoto. Há uma
expectativa do crescimento da produção de lodo, principalmente nos países em
desenvolvimento devido a capacidade progressiva de tratamento de esgotos
urbanos. Para identificar o risco ambiental associado à utilização do biossólido
produzido na ETE – Ilha do Governador/RJ (ETIG) como fertilizante ou substrato
foram realizados ensaios ecotoxicológicos crônicos de reprodução e letalidade em
Enchytraeus cripticus NBR16387 (ABNT,2012) e Folsomia candida NBR11267
(ABNT, 2011).

METODOLOGIA

Nos ensaios com Folsomia candida, 10 organismos, com idades entre 10 e 12 dias
foram mantidos durante 28 dias na BOD em frascos com solo hidratado. As
concentrações do contaminante foram: 6,25; 12,5; 25; 37,5 e 50% com 5 réplicas
para cada unidade experimental. Após 28 dias, o conteúdo dos frascos foi
transferido para um recipiente transparente, adicionando-se água e três gotas de
tinta azul de carimbo. Os adultos foram contados, determinando-se a letalidade, e os
juvenis foram fotografados e contados posteriormente com o programa Image Toll
3,0. Em Enchytraeus cripticus, dez indivíduos adultos (cilitelados) foram colocados
em frascos com solo hidratado com concentrações de contaminante de: 6,25; 12,5;
25; 37,5 e 50 % com 5 réplicas por tratamento e mantidos na BOD com temperatura
de 20+/- 2°C por 21 dias.. Ao final do ensaio, após verter em cada frasco álcool 70%
até cobrir todo o solo, foi adicionado o corante rosa de bengala em 1% de etanol (5
gotas). Após 48 horas, todos os organismos já estavam corados, foram triados em
água destilada em uma peneira de 1 mm e colocados em placas de Petri , sendo
contados com o auxílio de um microscópio esteroscópico.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Tanto em Folsomia candida, quanto em Enchytraeus cripticus, a mortalidade


observada no controle dos solos naturais e no SAT, não excedeu 20% e a
reprodução média foi superior a 100 no SAT, atendendo assim, aos critérios
protocolados para validação dos resultados. Além da inibição da reprodução,
algumas concentrações do biossolido provocaram letalidade quando adicionadas
aos dois solos testados. Em Folsomia candida, algumas concentrações afetaram a
integridade dos organismos provocando letalidade tanto em solo arenoso quanto em

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

solo argiloso. Nos dois tipos de solo, a concentração mais baixa (6,25%) provocou
incremento na reprodução, com o número médio de juvenis maior do que aquele
observado no controle, o que pode ser explicado pelo aporte de nutrientes presentes
no biossólido e pela concentração baixa. Nesta concentração, entretanto, já se
observa letalidade dos adultos após 21 dias. Em todas as outras concentrações
testadas, nos dois solos naturais, o resíduo promoveu inibição da reprodução com
número médio de juvenis inferior ao controle. Nas concentrações acima de 25% em
ambos os solos foi observada inibição da reprodução em valores que correspondem
a reduções > 20% sendo consideradas estatisticamente diferentes do controle. Em
Enchytraeus cripticus apenas no Argissolo foi observado incremento na reprodução,
na concentração de 6,25%. Em todas as outras concentrações testadas, o resíduo
promoveu inibição da reprodução com número médio de juvenis inferior ao controle.
Nas concentrações acima de 12,5 em ambos os solos, foi observada inibição da
reprodução em valores que correspondem a reduções > 20% sendo consideradas
estatisticamente diferentes do controle. Para os ensaios de letalidade, entretanto,
Folsomia candida apresentou maior sensibilidade ao resíduo do que Enchytraeus
cripticus para ambos os solos avaliados. Castro-Ferreira et al. (2012) afirmam que a
reprodução em enquitrídeos é mais sensível que a mortalidade, fato confirmado por
Owojori et al. (2009b) em relação a ausência de mortalidade em enquitreídeos em
valores elevados de condutividade elétrica (1,62 dS m-1).

CONCLUSÃO

Os resultados nas duas espécies avaliadas, tanto para a reprodução quanto para a
letalidade, são muito semelhantes para os dois tipos de solos, reforçando a
toxicidade do resíduo quando adicionado a diferentes substratos. As concentrações
de Na nos tratamentos que provocam efeitos deletérios são inferiores aquelas
relatadas na maioria dos trabalhos sobre o tema, porém os valores de condutividade
elétrica são semelhantes reforçando a hipótese da presença de outros íons no
processo de toxicidade.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABNT- ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – NBR ISO 16387.


Qualidade do solo – efeitos de poluentes em Enchytraeidae (Enchytraeus sp) –
Determinação de efeitos sobre reprodução e sobrevivência. Rio de Janeiro, 2012,
29p.
ABNT- ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS- NBR ISO 11267.
Qualidade do solo - Inibição da reprodução de Collembula (Folsomia candida) por
poluentes do solo Rio de janeiro, 2011, 26p.
CASTRO-FERREIRA, M.P.; ROELOFS, D.; van GESTEL, C.A.M.; VERWEIJ, R.A.;
SOARES, A.M.V.M.; AMOR, M.J.B. Enchytraeus crypticusas model species in soil
ecotoxicology. Chemosphere, v. 87, n. 11, p. 1222-1227, 2012.
OWOJORI, O.J.; REINECKE, A.J.; VOUA-OTOMO, P.; REINECKE, S.A.
Comparative study of the effects of salinity on life-cycle parameters of four soil-
dwelling species (Folsomia candida, Enchytraeus doerjesi, Eisenia fetida e
Aporrectodea caliginosa). Pedobiologia, v. 52, n. 6, p. 351-360, 2009b.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Oral
Ecotoxicologia de misturas (multiestressores)
72 - EFEITOS DO USO DO BIOSSÓLIDO PRODUZIDO NA ETE/CEDAE/ILHA DO
GOVERNADOR -RJ SOBRE A FUGA DE Eisenia andrei E Folsomia candida

CRISTINA TEIXEIRA SOARES CARNEIRO, MIRIAM BIANCHI, MARIA ELIZABETH


FERNANDES CORREIA
Contato: CRISTINA TEIXEIRA SOARES CARNEIRO - CTSCSC@YAHOO.COM.BR

Palavras-chave: bioossólido; ecotoxicologia terrestre; ensaio de fuga

INTRODUÇÃO

A urbanização e o crescimento demográfico provocam um aumento no volume de


efluentes de origem doméstica. A partir da década de setenta, houve um incremento
de pesquisas, gerando maior conhecimento sobre o tratamento de lodos e suas
aplicações. Além da preocupação com a saúde humana, existe também a
preocupação ambiental, pois a disposição do lodo no solo interfere na biota Assim,
torna-se necessário um estudo envolvendo organismos representantes de
ecossistemas terrestres como Eisenia andrei NBR1752-1(ABNT, 2011) e Folsomia
candida (NATAL DA LUZ, 2008) para que se possa ter clareza sobre as alterações
ambientais provocadas pela disposição deste resíduo no solo.

METODOLOGIA

Adultos clitelados da espécie Eisenia andrei e juvenis da espécie Folsomia candida


entre o 10° e 12° dia de vida foram usados nos ensaios. Os recipientes são divididos
em duas seções verticais idênticas e preenchidos com solo hidratado a 60% da
capacidade de campo. Uma das partes é preenchida com o solo teste e a outra com
o solo controle (sem contaminante). Depois de preenchidas as seções, o separador
é removido e 10 organismos são colocados na linha de separação. São montadas
cinco réplicas por concentração. Os recipientes são fechados e colocados na sala de
incubação com temperatura de 20+/- 2° C. As concentrações de biossólido usadas
foram: 15, 30, 45, 60 e 75% para Eisenia andrei e 6,25; 12,5; 25; 37,5; 50, para
Folsomia candida. Os animais não são alimentados durante o teste que dura 48hs.
Após o final deste período, os divisores são novamente inseridos, e a terra de cada
uma das seções é retirada, sendo contados os organismos que estavam em cada
seção. O teste é considerado inválido se mais de uma minhoca por recipiente estiver
morta ou perdida ao final do ensaio.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados dos ensaios de fuga para Eisenia andrei, tanto em argissolo quanto
em planossolo revelam que há concentrações do resíduo que promovem a
transferência dos organismos para o solo controle, procurando assim, evitar o
contaminante. No controle absoluto (dual test) as minhocas se distribuíram de forma
semelhante: 48/52 no solo arenoso e 46/54 no solo argiloso, obedecendo assim os
critérios para validação do teste. No solo argiloso a CE10 foi de 22,08% e CE50
33,82% e no arenoso a CE10 32,5 e CE50 48,03 Os percentuais de fuga foram
estatisticamente significativos, independente do tipo de solo, demonstrando

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

toxicidade do resíduo, ligeiramente superior para o solo argiloso. Esta diferença


entre os dois tipos de solo pode ser explicada pelo fato do solo argiloso já
apresentar naturalmente condutividade mais elevada do que o arenoso. No dual test,
os colêmbolos da espécie Folsomia candida se distribuíram de forma semelhante:
50/48 no solo arenoso e 54/46 no solo argiloso, obedecendo assim os critérios para
validação do teste. No solo argiloso a CE10 obtida foi de 7,41% e CE50 33,87% e no
arenoso a CE10 17,88 e CE50 33,5 demonstrando maior toxicidade quando o
resíduo é adicionado ao solo argiloso. Os percentuais de fuga demonstram
toxicidade do resíduo, ligeiramente superior para o solo argiloso. A fuga dos
organismos para o solo controle ocorre inicialmente em concentrações inferiores
aquelas obtidas para Eisenia andrei, a concentração da CL50 para as duas espécies
é muito semelhante em solo argiloso e ligeiramente inferior para os colêmbolos no
solo arenoso. A resposta de fuga nos invertebrados edáficos pode ser influenciada
pelas propriedades do solo como teor de matéria orgânica e textura. Várias
combinações de cada um destes fatores foram testadas e os resultados mostraram
que estas propriedades influenciaram a resposta de fuga dos organismos, que
evitavam preferencialmente solos com baixo teor de matéria orgânica e textura fina
(NATAL DA LUZ et al, 2008 b).

CONCLUSÃO

O colêmbolo Folsomia candida apresentou maior sensibilidade ao resíduo do que as


minhocas da espécie Eisenia andrei. O valor de fuga negativo no solo arenoso
demonstra a preferência pelo solo contaminado em relação ao solo controle nas
concentrações de 6,25 e 12,5 %. Como este solo retém menos água e nutrientes do
que o solo argiloso e as concentrações mais baixas não apresentam toxicidade
elevada, os organismos podem encontrar mais nutrientes disponíveis e a aplicação
do resíduo, neste caso, podem apresentar uma melhoria na qualidade do solo
predominantemente arenoso como o planossolo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABNT- ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS- NBR ISO 17512-1.


Qualidade do solo – Ensaio de fuga para avaliar a qualidade de Solos e efeitos de
substâncias químicas no comportamento. Parte1: Ensaios com minhocas (Eisenia
fétida e Eisenia andrei). Rio de janeiro, 2011, 26p.
NATAL DA LUZ, T.; ROMBKE, J.; SOUSA, J.P. Avoidance tests in site-specific risk
assessment--influence of soil properties on the avoidance response of Collembola
and earthworms. Environ. Toxicol. Chem.v.27.n.5.p.1112-117, 2008a.
NATAL DA LUZ, T.; AMORIM, M.J. ROMBKE, J.; SOUSA, J.P. Avoidance tests with
earthworms and springtails: defining the minimum exposure time to observe a
significant response. Environ Environ.Saf.v.71.n.2.p.545-551, 2008b.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Oral
Ecotoxicologia de misturas (multiestressores)
77 - AVALIAÇÃO DA ECOTOXICIDADE DO LIXIVIADO DO ATERRO SANITÁRIO
DE SEROPÉDICA -RJ UTILIZANDO OS ORGANISMOS A. fischeri, D. similis E D.
rerio

ALYNE MORAES COSTA, MARLLON ROBERT DOS SANTOS VALENTIM, LÍVIA


FERREIRA DA SILVA, MARIANA DIAS MARTINS, SARAH DARIO ALVES DAFLON,
JUACYARA CARBONELLI CAMPOS
Contato: ALYNE MORAES COSTA - ALYNE.MORAES.COSTA@GMAIL.COM

Palavras-chave: lixiviado; remoção de poluentes; ecotoxicidade aguda

INTRODUÇÃO

A composição do lixiviado é altamente variável e heterogênea, em geral, apresenta


elevadas concentrações de poluentes, tais como: matéria orgânica, nitrogênio
amoniacal, alcalinidade, cloreto, entre outros. Devido à complexidade de sua
composição, os lixiviados de aterros sanitários são considerados altamente tóxicos.
Logo, a necessidade de determinar a contribuição de cada contaminante para a
ecotoxicidade do lixiviado tornou-se uma das principais medidas, a fim de se
conhecer os riscos de contaminação deste efluente aos ecossistemas aquáticos. O
objetivo deste estudo foi avaliar os potenciais poluidores causadores de
ecotoxicidade do lixiviado do Aterro Sanitário de Seropédica-RJ, utilizando
organismos-teste de diferentes níveis tróficos.

METODOLOGIA

A amostra de lixiviado utilizada neste estudo foi coletada no Aterro Sanitário de


Seropédica, localizado no Estado do Rio de Janeiro, no ano de 2017. A
caracterização físico-química da amostra foi realizada de acordo com metodologia
proposta por AWWA (2012). Os processos de manipulação do lixiviado seguiram as
seguintes etapas: remoção de nitrogênio amoniacal, onde o pH da amostra foi
elevado para 11 com a adição de NaOH 0,1 mol/L, conduzido sob aeração constante
e temperatura ambiente por um período de 110h; remoção de alcalinidade, onde o
pH da amostra foi ajustado para 4,0 com a adição de HCl 0,1 mol/L, conduzido sob
aeração constante e temperatura ambiente por um período de 7h; e a remoção de
substâncias húmicas que foi realizada através do uso de membranas de filtração de
10kDa e 500 Da. Para os ensaios de ecotoxicidade, as manipulações foram
avaliadas individualmente e de forma combinada. Os ensaios de ecotoxicidade
aguda foram realizadas com os organismos-teste Allivibrio fischeri, Danio rerio e
Daphnia similis através das metodologias NBR 15411-3:2012 (ABNT, 2012), NBR
15088: 2016 (ABNT, 2016) e NBR 12713:2016 (ABNT, 2016), respectivamente. As
análises foram realizadas no Laboratório de Tratamento de Águas e Reúso de
Efluentes – Labtare (EQ/UFRJ).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Com a caracterização físico-química foi observado que o valor de pH inicial da


amostra foi de 8,2, indicando que o aterro encontra-se em fase de estabilização ou

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

metanogênica. A concentração de material orgânico encontrada no lixiviado foi 7.740


mg/L, sendo que uma grande fração da mesma foi proveniente das formas
recalcitrantes ou de difícil degradação, visto pela elevada concentração de
substâncias húmicas de 2.130 mg/L. Uma elevada concentração de nitrogênio
amoniacal de 2.000 mg/L também pôde ser observada no lixiviado estudado.
Segundo Clément e Merlin (1995), o nitrogênio amoniacal é considerado um dos
principais poluentes presentes no lixiviado, pois uma redução significativa de sua
concentração não é observada com o passar dos anos.
As manipulações para a remoção de nitrogênio amoniacal e para a remoção de
alcalinidade apresentaram-se eficientes, alcançando remoções superiores a 99%
dos respectivos poluentes.
O processo de filtração por membranas de 10kDa removeu cerca de 50% de DQO
do lixiviado e cerca de 78% das substâncias húmicas. Corroborando com os estudos
de Kang et al, (2002) que observaram que a fração de ácidos húmicos em lixiviados
corresponde cerca de 70% da concentração total das substâncias húmicas. Na
sequência, a filtração em membrana de 500Da foi capaz de remover a fração
residual de substâncias húmicas, correspondente aos ácidos fúlvicos em 100% e
cerca de 62% da DQO inicial, indicando que cerca de 38% da DQO do lixiviado
estudado corresponde a moléculas de massa inferior a 500 Da, como os ácidos
orgânicos e os aminoácidos.
Em relação a manipulação combinada, a eficiência de remoção de poluentes foi de
67% de DQO, de 74,5% de carbono orgânico total, de 100% das substâncias
húmicas, de 99,9% de nitrogênio amoniacal e de 100% de alcalinidade.
Dentre as manipulações realizadas, a remoção de nitrogênio amoniacal reduziu de
forma significativa a ecotoxicidade para os organismos-teste Danio rerio (93,1%) e
Daphnia similis (77,6%); a manipulação para a remoção de alcalinidade favoreceu
na redução da ecotoxicidade dos organismos Daphnia similis (74,2%) e Danio rerio
(68,3%); a manipulação para a remoção das frações húmicas e fúlvicas do lixiviado
favoreceu na redução da ecotoxicidade para a Allivibrio fischeri (76,2%), no entanto
para os organismos Danio rerio e Daphnia similis a redução nesta manipulação foi
inferior a 33%; e a manipulação combinada reduziu a ecotoxicidade para os três
organismos-teste estudados: Danio rerio (87,1%), Allivibrio fischeri (86,9%) e
Daphnia similis (80,5%).

CONCLUSÃO

Dentre as manipulações realizadas na amostra, a manipulação combinada foi a mais


eficiente para a redução da ecotoxicidade do lixiviado para os três organismos-teste
estudados.
A remoção de nitrogênio amoniacal reduziu de forma significativa a ecotoxicidade
para o peixe Danio rerio. E somente a partir desta manipulação foi possível atender
os critérios de ecotoxidade, segundo a (NT 213-R.4/1990) do Estado do Rio de
Janeiro.
Por fim, a partir dos resultados obtidos evidencia-se a necessidade da utilização de
organismos-teste de diferentes níveis tróficos, como forma de estimar com maior
precisão os efeitos tóxicos dos poluentes presentes em lixiviados.

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 12713:2016. Ecotoxicologia


aquática- Toxicidade aguda- Método de ensaio com Daphnia spp. (Crustacea,
Cladocera), Rio de Janeiro, 2016.
ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 15088:2016. Ecotoxicologia
Aquática – Toxicidade aguda. Método de ensaio com peixes (Cyprinidae). 2016.
ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 15411-3:2012.
Ecotoxicologia Aquática – Determinação do efeito inibitório de amostras aquosas
sobre a emissão de bioluminescência de Vibrio fischeri (ensaio de bactéria
luminescente). Parte 3: Método utilizando bactérias liofilizadas. 2012.
AWWA. Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater, 22th. Ed.
USA, 2012.
CLÉMENT, B.; MERLIN, G. The contribution of ammonia and alkalinity to landfill
leachate toxicity to duckweed. Science of the Total Environment. v. 170, n. 1-2, p.
71-79, 1995.
KANG, K.H.; SHIN, H.S.; PARK, H. Characterization of humic substances present in
landfill leachates with different landfill ages and its implications. Water Research,
v.36, p.4023–4032, 2002.
NORMA TÉCNICA NT 213, R-4, 18 de outubro de 1990. Critérios e padrões para
controle da toxicidade em efluentes líquidos industriais. Diário Oficial do Estado do
Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 1990.

FONTES FINANCIADORAS

CAPES

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Ecotoxicologia de misturas (multiestressores)
84 - EFEITO DA TOXICIDADE DE MISTURA DO ANTI-INFLAMATÓRIO
DICLOFENACO SÓDICO E DO ANTIDEPRESSIVO CLORIDRATO DE
FLUOXETINA PARA A Daphnia similis

FLAVIO KIYOSHI TOMINAGA, NATHALIA FONSECA BOIANI, SUELI IVONE BORRELY


Contato: FLAVIO KIYOSHI TOMINAGA - FKTOMINAGA@GMAIL.COM

Palavras-chave: Toxicidade; misturas; diclofenaco; fluoxetina; ação independente (AI)

INTRODUÇÃO

O uso de fármacos é essencial para a manutenção da saúde pública e qualidade de


vida, pois são amplamente utilizados para tratamento ou prevenção de doenças.
Produtos farmacêuticos vêm sendo detectados em ambientes aquáticos em
concentrações de ng.L-1 até µg.L-1. A presença de misturas complexas dificulta a
avaliação de efeitos tóxicos para o ambiente aquático e a grande maioria de
avaliação de efeitos é testada por medicamento e não misturas. Este trabalho tem
por objetivo avaliar os efeitos da interação de dois medicamentos (cloridrato de
fluoxetina e diclofenaco sódico) para o microcrustáceo Daphnia similis.

METODOLOGIA

O preparo das soluções-estoque de fármacos foi realizado por meio da diluição dos
comprimidos comerciais de cloridrato de fluoxetina (Prozac®) e diclofenaco sódico
(Voltaren®) em água destilada. O preparo da mistura foi realizado em uma
concentração inicial de 5 mg.L-1 de cada componente, sendo que a partir das
diluições das soluções-estoque foram obtidas as concentrações para os ensaios de
toxicidade.
Os ensaios de toxicidade para efeito agudo foram realizados conforme a norma
ABNT NBR 12713/2009. Foram realizadas diluições sucessivas das amostras com o
uso de água de cultivo para obter diferentes concentrações-teste. Os ensaios
tiveram a duração de 48 horas. Ao final do experimento foi avaliada a
imobilidade/mortalidade dos organismos, D. similis. Os valores de CE50
(Concentração Efetiva 50) foram calculados pelo método Trimmed Spearman-
Karber, com auxílio de programa computacional.
A avalição dos efeitos de mistura foi realizada utilizando os modelos de
concentração aditiva (CA) proposta por Berenbaum (1985) e ação indenpendete (AI)
prosposta por Bliss (1939). Para a avaliação da toxicidade foram calculados valores
de ECx, obtidos pelas análises probit em Excel.
Os desvios dos efeitos observados na mistura em relação aos modelos foram
obtidos pelo método da proporção residual de efeito (ERR), proposto por Wang et al.
(2010).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foram observadas correlações da relação concentração-resposta durante os


ensaios de toxicidade aguda, tanto para os componentes individuais quanto para a

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

mistura dos fármacos. Durantes os experimentos, foi possível observar que o


cloridrato de fluoxetina se apresentou cerca de 23 vezes mais tóxico que diclofenaco
sódico ao organismo Daphnia similis. Os valores de CE50 determinados foram de
1,09 ± 0,11 mg.L-1 para o cloridrato de fluoxetina e 24,86 ± 4,28 mg.L -1 para o
diclofenaco sódico.
Para a avaliação da toxicidade da mistura dos fármacos cloridrato de fluoxetina e
diclofenaco sódico, foram calculados a metade dos valores médios das
concentrações efetivas de cada fármaco e da mistura (CE10/2, CE20/2, CE50/2,
CE70/2, CE80/2). Os respectivos valores calculados de CE10/2, CE20/2, CE50/2,
CE70/2, CE80/2 para a fluoxetina foram 0,33; 0,39; 0,56; 0,69; 0,96 mg.L -1, enquanto
que para o diclofenaco os valores obtidos foram de 6,03; 7,06. 9,56; 11,53; 15,16
mg.L-1. Para a mistura os valores de CEx foram de 7,62; 9,12; 12,85; 15,89; 21,67.
O modelo CA pressupõe que ambos os fármacos tenham o mesmo modo de ação,
assim, o este modelo se baseia na soma de toxicidade para os fármacos que agem
de forma semelhante, refletindo as toxicidades relativas. Já o modelo IA assume que
os fármacos afetem os organismos através de diferentes mecanismos de ação, logo,
os efeitos calculados são estatisticamente independentes para cada um (VARANO
et al., 2017). Os respectivos valores de CE10/2, CE20/2, CE50/2, CE70/2, CE80/2
calculados para o modelo CA foram de 10, 20, 50, 70 e 80, enquanto que para o
modelo IA os valores calculados foram 13,0; 15,62; 22,22; 27,67; 38,21.
Os modelos de adição de concentração e de ação independente obtidos,
superestimam os níveis de concentração testados, indicando a presença de efeito
antagônicos para a mistura. Estudos anteriores mencionaram interações
antagônicas do diclofenaco com outros fármacos como o hormônio estrogênio
(WIECZERZAK et al., 2016).
O módulo dos resultados da proporção residual de efeito (ERR) obtido para o
método da adição de concentração variou entre 9 a 120%, enquanto o módulo do
erro do modelo de ação independente variou entre 12 a 14%, indicando, assim, que
o modelo IA é o mais adequado para explicar os efeitos tóxicos da mistura.

CONCLUSÃO

Neste trabalho foi possível concluir que Daphnia similis apresentou sensibilidade 23
vezes maior para o cloridrato de fluoxetina, em relação ao diclofenaco. Dentre os
modelos estudados, o modelo de ação independente foi o mais adequado para
explicar as interações entre os fármacos, apresentando um menor erro residual.
Além disso, os resultados obtidos indicaram efeitos antagônicos da mistura. Assim,
destaca-se a importância de estudos sobre efeitos de mistura de fármacos, para
proporcionar uma avaliação do risco segura sobre os possíveis efeitos de interação
destes contaminantes no meio ambiente.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AGUIRRE-MARTÍNEZA, G.V.; REINARDY, H.C.; MARTÍN-DÍAZ, M.L.; HENRYA,


T.B. Ecotoxicology and environmental safety, v. 142, p. 471-479, 2017.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Ecotoxicologia Aquática –
Toxicidade aguda – Método de ensaio com Dapnhia spp (Crustacea, Cladocera). Rio
de Janeiro: ABNT, 2009. (NBR 12713).

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


722
XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

BERENBAUM, M.C. The expected effect of a combination of agents: the general


solution. Journal of Theoretical Biology, v. 114, n. 3, p. 413-431, 1985.
BLISS, C.I. The toxicity of poisons applied jointly. Annals of applied biology, v. 26, n.
3, p. 585-615, 1939.
MARX, C.; MÜHLBAUER, V.; KREBS, P.; KUEHN. (2015). Environmental risk
assessment of antibiotics including synergistic and antagonistic combination effects.
Science of the Total Environment, v. 524, p. 269-279, 2015.
VARANO, V.; FABBRI, E.; PASTERIS, A. Assessing the environmental hazard of
individual and combined pharmaceuticals: acute and chronic toxicity of fluoxetine and
propranolol in the crustacean Daphnia magna. Ecotoxicology, v. 26, n. 6, p. 711-728,
2017.
WANG, L.J., LIU, S.S., ZHANG, J., LI, W.Y. A new effect residual ratio (ERR) method
for the validation of the concentration addition and independent action models.
Environmental Science and Pollution Research, v. 17, p. 1080-1089, 2010.
WIECZERZAK, M.; KUDŁAK, B.; YOTOVA, G.; NEDYALKOVA, M.; TSAKOVSKI, S.;
SIMEONOV, V.; NAMIEŚNIK, J. Modeling of pharmaceuticals mixtures toxicity with
deviation ratio and best-fit functions models. Science of the Total Environment, v.
571, p. 259-268, 2016.

FONTES FINANCIADORAS

Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares – IPEN/CNEN

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


723
XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Ecotoxicologia de misturas (multiestressores)
96 - EFEITOS DE POLUIÇÃO POR EFLUENTE DE ATERRO SANITÁRIO EM UMA
ESPÉCIE DE PEIXE NATIVA

JOÃO GOMES, CESAR APARECIDO DA SILVA, MARITANA MELA PRODOCIMO,


HELENA CRISTINA DA SILVA DE ASSIS
Contato: JOÃO GOMES - JGOMES@SANEPAR.COM.BR

Palavras-chave: aterro sanitário; fígado; Rhamdia quelem; rim

INTRODUÇÃO

A poluição de águas superficiais e subterrâneas geradas por efluentes provenientes


da disposição inadequada de resíduos sólidos é um dos principais desafios
ambientais a serem resolvidos. A contaminação de peixes por metais, xenobióticos,
agroquímicos, compostos voláteis, organoclorados, contaminantes emergentes e
outros compostos que se formam na interação de resíduos em aterros ou lixões
podem se acumular ao longo da cadeia alimentar .
Conhecer os danos que o efluente de aterro sanitário causa na fauna aquática é
importante para entender os potenciais danos causados em toda cadeia alimentar e
na saúde humana (SILVA et al, 2011).

METODOLOGIA

O experimento foi realizado com a espécie modelo Rhamdia quelem (jundiá). Quatro
grupos de quinze indivíduos cada, foram dispostos em tanques de 100 litros e foram
submetidos a um bioensaio agudo de 96 horas em diferentes diluições de efluente
de aterro sanitário. O primeiro grupo recebeu 5% do efluente bruto, o segundo grupo
recebeu 2,5% do efluente bruto e o terceiro grupo recebeu 10% do efluente tratado.
O grupo controle, sem efluente, foi analisado nas mesmas condições experimentais.
Para as análises histopatológicas, os peixes foram anestesiados com água contendo
1% de benzocaína e abatidos com secção medular. As amostras de fígado e rim
foram preservadas em solução fixadora de Alfac (etanol 80% - 85 mL; formaldeído
40% - 10 mL; ácido acético glacial - 5 mL) por 16 h, desidratadas em uma série
graduada de banhos de etanol e embebidas em resina Paraplast Plus (Sigma).
Secções (3 a 5 µm) foram coradas com hematoxilina / eosina e visualizadas em
fotomicroscópio Zeiss Axiophot. O índice de lesões no fígado e no rim foi
determinado de acordo com o método estabelecido por Bernet et al. (1999) e
descrito em detalhes adicionais por Mela et al. (2013).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Fígado. Na análise histopatológica do fígado, os animais do grupo controle


apresentaram poucas alterações, sendo as principais alterações hemorragias de
algumas células. O grupo submetido a 5% de efluente bruto apresentou um índice
de lesão relativamente baixo, pois o grupo n foi o menor (n = 3) devido a alta
mortalidade do efluente bruto, no entanto, as lesões apresentadas foram mais
severas que no grupo controle. O grupo submetido a 2,5% bruto foi o que
apresentou maior índice de lesões, sendo identificadas hemorragias e necroses em

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


724
XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

todos os indivíduos, além de alto índice de dilatação sinusoidal e infiltração


leucocitária. O grupo submetido a 10% do efluente tratado também apresentou alto
índice de lesão, porém menor que o grupo que recebeu o efluente bruto. As
principais lesões identificadas nesse grupo foram hemorragias e necrose. Para todos
os grupos, com exceção do grupo controle, Melonomacrofágos e centros
melanomacrófagos livres também foram observados em um menor índice.
Rins. Na análise histopatológica dos rins, os animais do grupo controle
apresentaram poucas alterações, sendo as principais alterações hemorragias e
necrose de algumas células. O grupo submetido a 5% de efluente bruto apresentou
índice moderado de lesão. O grupo submetido a 2,5% dos líquidos brutos
apresentou o maior índice de lesões. Taxas moderadas de hemorragias e necroses
foram identificadas em todos os indivíduos, assim como alterações na estrutura dos
glomérulos, atrofia do tubo proximal e infiltração leucocitária . O grupo submetido a
10% do efluente tratado também apresentou alto índice de lesão, porém menor que
o grupo que recebeu o efluente bruto. As principais lesões identificadas nesse grupo
foram hemorragias, necrose e presença de melanomacrófagos. Para todos os
grupos, com exceção do grupo controle, atrofia dos tubos proximais, infiltração
leucocitária e arquitetura alterada do glomérulo também foram observadas em um
menor índice
Discussão: A análise histopatológica do fígado e do rim mostrou que existe uma
relação positiva entre o percentual de efluente liberado no corpo d'água e os danos
causados nas espécies-modelo. O grupo controle, que não teve contato com o
efluente, apresentou poucas lesões, sendo as mais recorrentes as hemorragias. No
entanto, outras lesões mais graves, como lesão do núcleo celular, metástase e
perda de limite celular, não foram observadas, porque o ensaio foi agudo - 96h.
Danos mais severos são observados quando organismos modelo passam por testes
de contato crônicos (SILVA DE ASSIS et al, 2013).

CONCLUSÃO

O ensaio de 96h agudo no organismo modelo Rhamdia quelen mostrou-se


adequado para analisar lesões histológicas no fígado e nos rins da fauna aquática.
Os elementos químicos presentes no efluente do aterro causam danos ao sistema
circulatório, causando danos como hemorragias, necrooses e infiltrações de
leucócitos no fígado, além de necrose, hemorragias, atrofia do túbulo proximal e
danos na arquitetura do glomérulo. Existe potencial para danos do efluente do
aterro, bruto ou tratado, nos corpos d'água, e quanto maior a concentração do
poluente, maior o dano.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BERNET, D.; SCHIMIDT. H.; MEIER. W.; BURKHARDT-HOLM. P.; WAHLI, T.


Histopathology in fish: proposal for a protocol to assess aquatic pollution. Journal of
Fish Diseases 1999, 22, 25-34.
MELA, M.; GUILOSKI, I.C.; DORIA, H.B.; RANDIA, M.A.F.; DE OLIVEIRA RIBEIRO,
C.A.; PEREIRA, L.; MARASCHI, A.C.; PRODOCIMO, V.; FREIRE, C.A.; SILVA DE
ASSIS, H.C. Effects of the herbicide atrazine in neotropical catfish (Rhamdia quelen)
Ecotoxicology and Environmental Safety. Volume 93, 1 July 2013, Pages 13-21.

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


725
XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

SILVA, C.A.; OBA, E.T.; RAMSDORF, W.A.; MAGALHÃES, V. F.; CESTARIA, M.M.;
OLIVEIRA RIBEIRO, C.A.; SILVA DE ASSIS, H. First report about saxitoxins in
freshwater fish Hoplias malabaricus through trophic exposure. Toxicon Volume 57,
Issue 1, January 2011, Pages 141-147
SILVA DE ASSIS, H. C.; SILVA, C. A.; OBA, E. T.; PAMPLONA, J. H.; MELA, M.;
DORIA, H. B.; GUILOSKI, I. C.; RAMSDORF, W.; CESTARI, M. M. Hematologic and
hepatic responses of the freshwater fish Hoplias malabaricus after saxitoxin
exposure. Toxicon Volume 66, May 2013, Pages 25-30

FONTES FINANCIADORAS

Universidade Federal do Paraná - UFPR


Companhia de Saneamento do Paraná - SANEPAR

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Ecotoxicologia de misturas (multiestressores)
118 - UTILIZAÇÃO DE BIOENSAIOS ECOTOXICOLÓGICOS PARA AVALIAÇÃO
DE POTENCIAL IMPACTO AMBIENTAL EM CORPOS RECEPTORES POR
EFLUENTE FINAL DE ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE ESGOTO

CARINA GRAMINHA ISSA, ALINE CHRISTINE BERNEGOSSI, MAYARA CAROLINE


FELIPE, MARA RÚBIA DE LIMA E SILVA, JULIANO JOSÉ CORBI
Contato: ALINE CHRISTINE BERNEGOSSI - ALINE.BERNEGOSSI@USP.BR

Palavras-chave: ecotoxicidade ambiental; padrão de lançamento de efluentes; águas residuárias

INTRODUÇÃO

O efluente final de estações de tratamento de esgoto (E.T.E.), mesmo após o


tratamento, ainda pode conter grande aporte de matéria orgânica e poluentes que
resistem aos processos de degradação, e são eliminados nos corpos receptores. O
excesso desses componentes pode causar alterações nas características biológicas
dos corpos receptores, principalmente na diminuição da biodiversidade. Este
trabalho tem como objetivo avaliar o potencial tóxico do efluente tratado de
diferentes modelos de E.T.E. ao corpo receptor por meio de bioensaios
ecotoxicológicos utilizando as espécies Daphnia magna e Chironomus xanthus.

METODOLOGIA

Foram selecionadas duas E.T.E. que possuem diferentes características de


capacidade de tratamento e tecnologia de tratamento (E.T.E. 1 – trata ±110 mil 〖
m3.dia〗^(-1), tecnologia: sistema de lodos ativados; E.T.E. 2 – trata ± 40 mil 〖
m3.dia〗^(-1), tecnologia: lagoas aeradas-lagoa de sedimentação). Foram
selecionados quatro pontos para coletas: afluente bruto (P0), efluente tratado (P1),
ponto a montante (P2) e ponto a jusante (P3) do término da mistura do descarte no
corpo receptor. O material coletado foi avaliado quanto à temperatura, oxigênio
dissolvido e pH in locu,e em laboratório foram realizados bioensaios
ecotoxicológicos. Os organismos D. magna e C. xanthus utilizados nos bioensaios
foram obtidos do Laboratório de Ecologia de Ambientes Aquáticos (LEAA) da
Universidade de São Paulo (USP). Foram realizados bioensaios de toxicidade aguda
com as espécies C. xanthus e D. magna. Para cada teste foi preparado uma
condição controle, composta apenas por água de cultivo, utilizada para garantir a
estabilidade dos organismos empregados e a validação dos resultados obtidos. A
taxa de mortalidade dos organismos foi contabilizada em cada réplica para cada
ponto.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados obtidos nas análises in locu se mostraram em conformidade com o


exigido pela legislação para lançamento de efluentes de sistemas de tratamento de
esgoto sanitário (P0 e P1 – com temperatura ≤ 40ºC e pH entre 5 e 9) e pelo exigido
para corpos receptores de classe 4 (P2 e P3 – com concentração de oxigênio
dissolvido ≥ 2 mg/L O_2 e pH entre 6 e 9).

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Em ambas as estações, os controles com as espécies D. magna e C. xanthus não


apresentaram valores de taxa de mortalidade superior a 10%, garantindo assim a
validade dos bioensaios.
Na E.T.E. 1, foi possível observar uma taxa de mortalidade expressiva no ponto P0
(100% para D. magna e 72,22% para C. xanthus) e uma taxa de mortalidade baixa
(< 10%) para os pontos P1, P2 e P3 para ambas as espécies testadas. Por meio dos
resultados obtidos nos bioensaios de ecotoxicidade da E.T.E.1, o afluente bruto (P0)
se mostrou altamente tóxico para ambos os organismos. O efluente final (P1) da
estação não causou toxicidade aos organismos, e o corpo receptor nos pontos a
montante (P2) e a jusante (P3) não se mostraram tóxicos aos organismos.
Na E.T.E. 2, foi observada uma taxa de mortalidade expressiva para ambos os
organismos no ponto P0 (100%). A taxa de mortalidade para D. magna no ponto P1
foi de 40%, no ponto P3 foi de 23,33% e no ponto P2 não houve mortalidade. Para
C. xanthus a taxa de mortalidade nos pontos P1, P2 e P3 apresentaram valores
abaixo de 10%. Foi possível observar que o afluente bruto (P0) se mostrou
altamente tóxico aos organismos. O ponto a montante da mistura (P2) não se
mostrou tóxico aos organismos. O efluente final (P1) da estação se mostrou
significativamente tóxico para a espécie D. magna. No ponto a jusante (P3) da
mistura, foi possível observar indício de toxicidade para a espécie D. magna.

CONCLUSÃO

Os testes visaram avaliar possíveis impactos causados pelo efluente final das
estações de tratamento de esgoto em corpos receptores. Os resultados encontrados
com os bioensaios para a E.T.E. 1 mostraram que a estação possui uma boa
qualidade de tratamento e o efluente final não se mostrou tóxico aos organismos
testados. Os resultados obtidos com os bioensaios para a E.T.E. 2 apontaram
possíveis impactos tóxicos à espécie D. magna quando submetidos diretamente ao
efluente tratado.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas. ABNT NBR 12713:


Ecotoxicologia aquática - Toxicidade aguda - Método de ensaio com Daphnia ssp
(Crustacea, Cladocera). (ABNT, 2016)
ORGANIZATION FOR ECONOMIC COOPERATION AND DEVELOPMENT. Test
No. 218: Sediment-Water Chironomid Toxicity Using Spiked Sediment. OECD
guideline 218 (OECD Publishing, 2004). doi:10.1787/9789264070264-en
CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução n°430, de 13 de maio
de 2011. Dispõe sobre as condições e padrões de lançamento de efluentes,
complementa e altera a resolução n°357, de 17 de março de 2005, do Conselho
Nacional do Meio Ambiente. Diário Oficial da União, n.92, p.9, 2011.
FONSECA, A.L. Avaliação da qualidade da água da Bacia do rio Piracicaba/SP
através de testes de toxicidade com invertebrados. 220 p. Tese (Doutorado em
Engenharia Hidráulica e Saneamento) Escola de Engenharia de São Carlos,
Universidade de São Paulo. São Carlos, 1997.

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


728
XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

FONTES FINANCIADORAS

Esse estudo foi financiado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de


Nível Superior (CAPES).

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Oral
Ecotoxicologia de misturas (multiestressores)
122 - ECOTOXICOLOGICAL EVALUATIONS OF LANDFILL LEACHATE ON THE
MODEL ORGANISMS Danio rerio AND Eisenia andrei

SIDNEY FERNANDES SALES JUNIOR, LUCAS PORTO SANTOS, GABRIEL


MONTALVÃO PALERMO, RACHEL ANN HAUSER-DAVIS, TATIANA SAINT’PIERRE,
LOUISE DA CRUZ FELIX, CAMILLE FERREIRA MANNARINO, DANIELE MAIA BILA,
ENRICO MENDES SAGGIORO, FABIO VERISSIMO CORREIA
Contato: SIDNEY FERNANDES SALES JUNIOR - SIDNEYSALESJUNIOR@GMAIL.COM

Keywords: Landfill leachate; Metals; Eisenia andrei; Danio rerio

INTRODUCION

Landfill leachate effluent exhibits diverse physical, chemical and biological


characteristics. When not treated adequately, this substance may contaminate both
groundwater and surface water, leading to potential environmental and human health
risks. The assessment of leachate impacts on the environment is carried out through
indicators, measuring its effects on living organisms. In this context, the aim of the
present study was to perform a physical-chemical characterization of a landfill
leachate sample and evaluate its effects on the aquatic model organism Danio rerio
and on the terrestrial earthworm Eisenia andrei, the latter still not fully applied to
ecotoxicological studies regarding leachate effects.

METHODS

A crude leachate sample obtained from a large landfill in the state of Rio de Janeiro,
Brasil in June 2017 was evaluated. Physico-chemical parameters were determined
according to Standard Methods for Examination of Water and Wastewater methods.
Metals and metalloids were determined by inductively coupled plasma mass
spectrometry. In an acute exposure test carried out on Danio rerio, fish were exposed
to leachate concentrations of 8.20; 11.51; 16.20; 22.82 and 32.25 µL.mL -1, at 10 fish
per concentration, during 48 h. For Eisenia andrei, acute contact tests, avoidance
tests and acute soil tests, were performed. For contact tests, 15 annelids per each of
the following concentrations were evaluated: 0.1; 0.8; 1.3; 1.6; 1.8; 2.1; 2.5 and 3.3
µL.cm-2, during 72 h. For avoidance tests, 40 annelids per each of the following
concentrations were evaluated: 0.05; 0.25; 0.5; 0.75; 1.0 and 1.5 mL.kg -1, during 48
h. For acute soil tests, 40 annelids per concentration (3.5; 7.0; 8.75; 10.5; 17.5; 26.3;
35.0; 43.8; 52.5; 87.5 and 131.3 mL.kg-1) were evaluated, during 14 days. Spearman-
Karber’s statistical test was performed to estimate the LC50 in the acute tests, while
Fisher’s exact was applied for the earthworm avoidance test. Statistical significance
was set at 95%.

RESULTS AND DISCUSSION

Leachate physicochemical parameters were determined as follows: pH 7.8, high


levels of total dissolved solids (16.248 mg.L-1), COD (10.364 mg.L-1) and NH3 (2398
mg.L-1), evidencing high organic matter and ammoniacal nitrogen loads, the latter
known as toxic when present in high levels in the environment (SILVA et al., 2015).

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730
XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Several metals were detected, including Arsenic (0.14 μg.L -1), Lead (0.012 μg.L-1),
Chromium (0.6 μg.L-1) Manganese (1.22 μg. L-1) and Iron (20 μg.L-1), presenting
toxicological potential for both human and environmental health at chronic exposure
levels (KEDE et al., 2014).
Acute Danio rerio exposure was concentration-dependent. The 48 h LC50 was
estimated as a leachate concentration of 15.91 μL.mL -1. The acute effect observed
for this species indicates the toxic potential of the evaluated matrix, most probably
due to its composition.
For Eisenia andrei, time- and concentration-dependent toxicity were observed for the
acute contact test. The 48 h and 72 h LC50 were estimated as leachate
concentrations of 2.252 and 1.338 μL.cm-2, respectively. The behavioral avoidance
test in natural soil was concentration-dependent, beginning at 0.5 mL.kg-1. However,
no escape or loss of habitat was observed. Thus, the interaction between the soil and
the leachate, and, consequently, alteration of the ideal survival characteristics of the
species (OECD, 2016), suggests that, in order to lead to avoidance effects, leachate
concentrations should be higher than 1.5 mL.kg-1. In addition, the facts that no
earthworms attempted to escape the contaminated soil, and, especially, that no
deaths were recorded, may indicate prolonged exposure effects. Concentration-
dependent toxicity was observed both in the acute test carried out in leachate-
contaminated soil and in the contact test. The 7- and 14- day LC50 were estimated
as leachate concentrations of 86.9 and 54.1 mL.kg-1, respectively.
The causes for the effects observed for both Danio rerio and Eisenia andrei are still
uncertain. Data reported in the literature indicate that solid waste landfill leachate can
acquire different constitutions, depending on the type of waste. Some leachate
compositions that may justify the toxicity observed herein are frequently reported,
such as recalcitrance and the presence of metals and high NH3 levels (SOUTO;
POVINELLI, 2007; GARAJ-VRHOVAC et al., 2013; CATAPRETA et al., 2015;
MOODY; TOWNSEND, 2017). In addition, the presence of PCBs and PAHs, among
other toxic compounds, has also been reported (MATEJCZYK et al., 2011).

CONCLUSION

Preliminary data indicate that crude landfill leachate exhibits potential toxicological
effects in acute Danio rerio tests and in both acute contact and avoidance Eisenia
andrei tests. However, in order to fully understand the toxicological potential for both
exposed species, as well as potential environmental and human health effects, more
specific chronic exposure tests should be carried out.
Thus, a chronic test will be carried out by the present research group to determine
the toxicological effects of landfill leachate on reproduction, development and
biomass, as well as on Eisenia andrei genotoxicity, cytotoxicity and oxidative stress
parameters.

REFERENCES

AMERICAN PUBLIC HEALTH ASSOCIATION. Standard Methods for the


Examination of Water and Wastewater. Washington, DC, 2012.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15088 - Ecotoxicologia
aquática - Toxicidade aguda - Método de ensaio com peixes (Cyprinidae). n. 3a, p.
25, 2016.

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


731
XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

CATAPRETA, C.A.A. et al. Avaliação da evolução de parâmetros fisico-quimicos nos


líquidos lixiviados de um aterro sanitário experimental. Anais do 28º Congresso
Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental. Rio de Janeiro/RJ: ABES, 2015.
Anais. In: 28o CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA SANITÁRIA E
AMBIENTAL. Rio de Janeiro/RJ: 2015
GARAJ-VRHOVAC, V. et al. Toxicological characterization of the landfill leachate
prior/after chemical and electrochemical treatment: A study on human and plant cells.
Chemosphere, v. 93, n. 6, p. 939–945, out. 2013.
INTERNATIONAL ORGANIZATION FOR STANDARDIZATION. ISO 17512-1: Soil
quality - Avoidance test for determining the quality of soils and effects of chemicals
on behaviour Part 1: Test with earthworms (Eisenia fetida and Eisenia andrei).
Washington, 2011.
_______. ISO 11268-1: Soil quality - Effects of pollutants on earthworms - Part. 1:
Determination of acute toxicity to Eisenia fetida/Eisenia andrei. Washington, 2012.
KEDE, M.L.F.M. et al. Evaluation of mobility, bioavailability and toxicity of Pb and Cd
in contaminated soil using TCLP, BCR and earthworms. International journal of
environmental research and public health, v. 11, n. 11, p. 11528–11540, 2014.
MATEJCZYK, M. et al. Estimation of the environmental risk posed by landfills using
chemical, microbiological and ecotoxicological testing of leachates. Chemosphere, v.
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MOODY, C.M.; TOWNSEND, T.G. A comparison of landfill leachates based on waste
composition. Waste Management, v. 63, p. 267–274, 2017.
NIVA, C.C. et al. Soil ecotoxicology in Brazil is taking its course. Environmental
Science and Pollution Research, v. 23, n. 11, p. 11363–11378, jun. 2016.
OECD. Test nº. 207: Earthworm, Acute Toxicity Tests. OECD Publishing, 1984.
_______. Test no 222: Earthworm Reproduction Test (Eisenia fetida/Eisenia andrei).
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SILVA, A. DOS S. et al. Avaliação do potencial tóxico dos resíduos sólidos urbanos
da cidade de Campina Grande - PB. Matéria (Rio de Janeiro), v. 20, n. 4, p. 840–
851, dez. 2015.
SISINNO, C.L.S.; OLIVEIRA-FILHO, E.C. Princípios de Toxicologia Ambiental. 1. ed.
Editora Interciência, 2013.
SOUTO, G.D. DE B.; POVINELLI, J. Características do lixiviado de aterros sanitários
no Brasil. In: 24o CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA SANITÁRIA E
AMBIENTAL. Belo Horizonte: 2007

SPONSORS

This study was supported by FAPERJ, project E-26/203.165/2017, Fiocruz/ENSP


project ENSP-015-FIO-17 e CNPq/Universal Process 429323/2016-6.

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Oral
Ecotoxicologia de misturas (multiestressores)
127 - EXPOSIÇÃO DE Physalaemus nattereri A LIXIVIADO DE CIGARROS EM
CONCENTRAÇÕES AMBIENTAIS E RELEVANTES

MATEUS FLORES MONTALVÃO, AMANDA PEREIRA DA COSTA ARAÚJO, THALES


QUINTÃO CHAGAS, GUILHERME MALAFAIA PINTO
Contato: MATEUS FLORES MONTALVÃO - MATEUS_LOPO@YAHOO.COM.BR

Palavras-chave: Bitucas de cigarros; girinos; concentração ambiental

INTRODUÇÃO

Um dos principais constituintes dos resíduos sólidos produzidos no mundo são as


bitucas de cigarros. Aproximadamente 5,6 trilhões de cigarros são fumados
anualmente (PARKER & RAYBURN, 2017). Apesar de alguns trabalhos já terem
avaliado efeitos tóxicos do lixiviado de cigarro sobre a biota, são desconhecidos
seus impactos em concentrações ambientais (CA). Assim, o presente estudo
objetivou avaliar possíveis efeitos citotóxicos sobre eritrócitos de girinos de
Physalaemus nattereri expostos (por um período de 24h, 48h e 72h) a lixiviado de
cigarros fumados em CA, definidas com base na concentração de nicotina
encontrada em águas superficiais (1,9 µg/L-1) (VALCÁRCEL et al., 2011).

METODOLOGIA

Foi coletada uma única massa de ovos de P. nattereri numa área de preservação
ambiental localizada em área rural de Urutaí (GO, Brasil). A massa de ovos foi
mantida em aquário até atingirem o estágio de desenvolvimento larval 33G a 35G
(GOSNERm 1960). Após atingirem as respectivas fases, as larvas foram distribuídas
nos grupos (16 L de água por aquário, 40 cm de comprimento x 34 cm de largura x
16 cm de altura, oxigenação constante): (i) Controle (apenas água); (ii) controle
positivo - ciclofosfamida (40 mg/L); (iii) (CA1x) - 1,9 µg/L CA da solução estoque
(SL); (iiii) (CA100x) – cem vezes a CA/SL e (iiiii) (CA1000x) mil vezes a CA/SL. Após
24h, 48h e 72h de exposição foi realizado o teste de micronúcleo e de outras
anormalidades nucleares. Para a caracterização físico-química e química do lixiviado
foram utilizadas recomendações metodológicas da American Public Health
Association (APHA) (APHA, 1997). Foi utilizado 20 bitucas de cigarro (Derby Azul
KS, Souza Cruz S/A, Rio de Janeiro, Brasil) fumados artificialmente – 1 cm acima da
marca de segurança. Logo em seguida, foram colocadas em 1 L de água por 24h,
filtrada e armazenada (solução estoque).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Nossas análises mutagênicas revelaram efeito mutagênico dos tratamentos, mesmo


em concentrações ambientais realísticas, sobre os girinos, quando comparados com
o grupo controle. Os animais expostos ao poluente apresentaram maior frequência
de eritrócitos micronucleados (após 72h); aumento na frequência de eritrócitos com
núcleo reduzido no grupo CA1000x quando expostos 48h e 72h. Além disso, foi
observado uma maior frequência de eritrócito reniforme nos tratamentos CP, CA1x,
CA100x e CA1000x após 48h de exposição e nos tratamentos CA100x e CA1000x,

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


733
XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

após 72h; havendo também uma maior frequência de eritrócito blebbed nos grupos
CP e CA1000x após esse período de exposição. No entanto, apesar de termos
evidenciado o aumento de alguns tipos de anormalidades ao longo dos períodos de
exposição, o número total de anormalidades nucleares foi maior quando a avaliação
dos girinos tratados foi realizada após 72h de exposição. A frequência de outras
anormalidades observadas (eritrócitos anucleados, binucleados, multilobulados e o
índice mitótico) não diferiu entre os grupos experimentais. Conforme discutido por
Gómez-Meda et al. (2006), o maior número de núcleos reniformes, blebbed nos
eritrócitos circulantes dos animais pode estar relacionado ao aumento da produção e
liberação de DNase Ativa por Caspase (CAD) levando a clivagem de diferentes
proteínas nucleares e do citoesqueleto, dano mitocondrial, nitração da proteína de
DNA, falha da polimerização da tubulina ou oxidação do mRNA. Portanto, nossos
estudos revelaram, pioneiramente, que mesmo em curto período de tempo e em
concentrações ambientais realísticas do lixiviado pode causar danos citotóxicos em
modelos experimentais de girinos. Estudos semelhantes foram realizados Parker &
Rayburn (2017) desenvolvimento embrionário tardio em larvas de Xenopus laevis,
Lawal & Ologundudu (2013) concentração letal CL50 em Hymenochirus curtipes.
Apesar da importância destes estudos, pois foram os primeiros trabalhos a exporem
modelos experimentais de anfíbios ao lixiviado de cigarros, o que constitui um claro
problema que pode impactar seriamente a sobrevivência de animais no ambiente
natural, mas, no entanto, os autores expuseram os animais a concentrações muito
elevadas daquelas encontradas no ambiente natural.
Por fim, vale ponderar que apesar de termos observado efeitos mutagênicos nos
girinos devem-se questionar se períodos de exposição mais prolongados poderiam
potencializar tais efeitos. Tampouco as consequências ecológicas relacionadas com
os prejuízos observados e a capacidade de recuperação desses animais após uma
exposição aguda ou crônica. Nesse caso, abrem-se novas perspectivas de estudos,
os quais podem auxiliar a compreensão mais abrangente do impacto deste poluente
nos organismos aquáticos ou semiaquáticos.

CONCLUSÃO

Em conclusão, nossos dados evidenciam que a exposição aguda de água contendo


resíduos de bitucas de cigarro fumado mesmo em baixa concentração causa
alterações/mutações nos eritrócitos periféricos de girinos, podendo implicar na
sobrevivência e reprodução dos animais ou até causar problemas em gerações
futuras. Como o presente estudo é pioneiro neste campo, novas investigações
devem ser realizadas para melhor entender os mecanismos responsáveis pelas
anormalidades observadas, bem como para identificar outros possíveis efeitos
decorrentes da exposição de representantes da classe Amphibia ao lixiviado.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AMERICAN PUBLIC HEALTH ASSOCIATION (APHA), 1997. Standard Methods for


the Examination of Water and Wastewater, 20. ed. APHA, AWWA, WPCR, New
York, p. 1194.
GÓMEZ-MEDA, B.C. et al. Nuclear abnormalities in erythrocytes of parrots (Aratinga
canicularis) related to genotoxic damage. Avian pathology, v. 35, n. 3, p. 206-210,
2006.

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

GOSNER, K.L. A simplified table for staging anuran embryos and larvae with notes
on identification. Herpetologica, v. 16, n. 3, p. 183-190, 1960.
LAWAL, M. S.; OLOGUNDUDU, S. O. Toxicity of cigarette filter leachates on
Hymenochirus curtipes and Clarias gariepinus in Nigeria. Journal of Environmental
Extension, v. 11, n. 1, p. 7-14, 2013.
LEE, W.; LEE, C.C. Developmental toxicity of cigarette butts–An underdeveloped
issue. Ecotoxicology and environmental safety, v. 113, p. 362-368, 2015.
PARKER, T.T.; RAYBURN, J. A comparison of electronic and traditional cigarette
butt leachate on the development of Xenopus laevis embryos. Toxicology Reports, v.
4, p. 77-82, 2017.
VALCÁRCEL, Y. et al. Detection of pharmaceutically active compounds in the rivers
and tap water of the Madrid Region (Spain) and potential ecotoxicological risk.
Chemosphere, v. 84, n. 10, p. 1336- 1348, 2011.

FONTES FINANCIADORAS

Instituto Federal Goiano Campus Urutaí


Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de Goiás

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Oral
Ecotoxicologia de misturas (multiestressores)
160 - MORTALITY, BODY MASS AND HISTOPATHOLOGICAL ALTERATIONS IN
Eisenia andrei AS ENDPOINTS FOR DECONTAMINATION OF SEWAGE SLUDGE

DÂNIA ELISA CHRISTOFOLETTI MAZZEO, IZABELA BRAGGIÃO CALLIGARIS, MARIA


IZABEL CAMARGO-MATHIAS, MARIA APARECIDA MARIN-MORALES
Contato: DÂNIA ELISA CHRISTOFOLETTI MAZZEO - DANIAMAZZEO@GMAIL.COM

Keywords: earthworm; monitored natural attenuation; toxicity; sub-lethal effects; tissue responses

INTRODUCION

Due to an increase in sewage sludge production, intense efforts have been done to
obtain suitable technologies for its detoxification, allowing its use as soil conditioner
in agriculture. Earthworms are important organisms to be used in trials with
contaminated soils, because they are very sensitive to the action of contaminants
and play an important role in the maintenance of soil function and structure. In this
context, this study aimed to assess the effectiveness of sewage sludge detoxification
by the monitored natural attenuation process observed by the lethal and sub-lethal
effects on earthworms after different periods of the attenuation process.

METHODS

The material used in this study consisted of centrifuged anaerobic sludge collected in
a Wastewater Treatment Plant (WWTP) located in Rio Claro/São Paulo (Brazil),
which receives sewage exclusively of sanitary origin. After sampling, the sludge was
mixed with clay soil in volumetric proportions in order to obtain 4 different sludge/soil
associations (0/100%; 10/90%; 25/75% and 50/50% - sludge/soil). Afterwards, these
samples were submitted to a detoxification process by monitored natural attenuation
for periods of 0, 2 and 6 months. Organisms of the species Eisenia andrei with
similar age and weights were used to perform the test. A total of 5 individuals were
placed in boxes containing each one of the different samples with the water holding
capacity adjusted to 80%. The experiment was conducted in quadruplicate (20
organisms/sample) and the boxes were maintained under controlled condition at
20°C and total absence of light for 14 days. After each period of detoxification
process, mortality, body mass and histopathological alterations in the intestine of E.
andrei were evaluated.

RESULTS AND DISCUSSION

In the first two periods of natural attenuation (0 and 2 months), the sample of 100 %
sludge showed a severe lethal effect. Additionally, earthworms exposed to these
samples, before died, migrated to the surface, released an intense yellow secretion
and presented external edemas on the body and swelling of the clitellum. Probably
these effects were related to the presence of high concentrations of m- and p-cresol
in the studied sewage sludge, which are recognized for their corrosive and irritating
action. Alterations in body mass of this species appeared to be directly related to the
presence of organic matter available in the samples. Thus, non-lethal samples with
higher concentrations of sludge promoted an increase in the body weight of the

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

earthworms in the initial periods. These results are justified by preference of


earthworm for sludge, due to the high amount of organic matter, instead of soil
because it is comparatively poorer in organic matter. However, for samples after 6
months of detoxification, no significant result was observed, both in comparison with
the control soil as well as between the initial and final weights of each sample. This
can be explained by a decrease of organic carbon of the samples of the time 6 in
relation to the initial samples. The evaluation of histopathological alterations in the
intestine of earthworms revealed that all tested samples induced tissue and cellular
changes in the intestinal lining and chloragogen tissue, including thickening of the
epithelium, intense vacuolization of the cytoplasm and pyknotic nuclei. These
alterations can be related to the initiation of the autophagic process triggered by a
response to stress induced by the toxic contaminants present in the sludge as well as
by the beginning of a process of cell death. Therefore, the studied sewage sludge
presented a hazardous potential to E. andrei and histopathological alterations in this
specie proved to be the most sensitive parameter tested.

CONCLUSION

The studied sludge induced a lethal effect in higher concentrations at the earlier
times analyzed, but this effect was eliminated after 6 months of natural attenuation.
Although the lower concentrations not resulted in lethality, they induced damages in
the cells of the intestine of E. andrei. The natural attenuation process contributed to
an improvement in the toxic effects of sludge, mainly in relation to the survival rate of
organisms. However, even when associated with soil, this waste still proved to be
potentially harmful and able to cause histopathological alterations in E. andrei, even
after 6 months of attenuation.

SPONSORS

FAPESP: 2009/09665-0

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Ecotoxicologia de misturas (multiestressores)
170 - AVALIAÇÃO DA TOXICIDADE DAS MISTURAS DE BIOCIDAS IRGAROL E
DIURON E METAIS PARA EMBRIÕES DA Crassostrea rhizophorae

PEDRO ALÍPIO, LISSANDRA MARIA BARROSO MATOS, RICARDO LUVIZOTTO


SANTOS, TERESA CRISTINA RODRIGUES DOS SANTOS FRANCO
Contato: PEDRO ALÍPIO - PEDROALIPIONETO@ICLOUD.COM

Palavras-chave: bioincrustação; ostra de mangue; atividade portuária; efeito combinado

INTRODUÇÃO

Tintas anti-incrustantes são aplicadas como sistemas de proteção para combater a


formação e o estabelecimento de organismos sobre superfícies submersas. Apesar
de prevenirem a ação de organismos bioincrustantes, os compostos usados nessas
tintas possuem teor tóxico e podem afetar organismos não-alvo. No ambiente natural
são encontrados diferentes contaminantes, como metais e outros compostos
orgânicos, que associados, podem ser ainda mais tóxicos do que quando isolados.
Estudou-se o efeito tóxico dos biocidas irgarol e diuron associados aos metais Al,
Cu, Mn e Zn nas concentrações ambientais encontradas no Complexo Portuário do
Itaqui, São Luis, Ma, para os embriões da Crassostrea rhizophorae.

METODOLOGIA

As concentrações de metais utilizadas nos ensaios foram escolhidas de acordo com


valores máximos encontrados (fração total) nas duas estações climáticas da região
do Complexo Portuário do Itaqui durante o realizado pelo convênio VALE-FSADU-
UFMA “Monitoramento da biota aquática e avifauna, qualidade de águas costeiras e
sedimento marinho – Píer IV da Vale”, em 2015. Foram escolhidas duas salinidades
25 e 35 g/kg (sal marinho sintético) representando, respectivamente, os períodos
chuvoso e de estiagem. A solução de metais em salinidade25 continha 15,0 mg/L Al;
0,80 mg/L Cu; 0,4 mh/L Mn e 0,1 mg/L Zn, enquanto a solução de metais preparada
em salinidade 35 continha 4,20 mg/L Al; 0,04 mg/L Cu; 0,14 mg/L Mn e 0,05 mg/L
Zn. Os biocidas irgarol e diuron vêm sendo monitorados na região portuária tendo
sido quantificados em concentrações entre 0,012 e 4,80 μg/L e entre 0,06 e 7,8 μg/L,
respectivamente, as quais foram utilizadas na preparação das misturas de biocidas.
Exemplares adultos da espécie C. rhizophorae foram coletados no município de
Raposa, MA. Após o período de aclimatação foram retirados os gametas e
separados por sexo para posterior contagem e fecundação. Após 24h de exposição
observou-se e contou-se as anomalias e aplicou-se as análises estatísticas.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

As larvas da Crassostrea rhizophorae mostraram grande sensibilidade a todas as


concentrações e misturas em que foram expostas. Apenas na condição de
salinidade 35g/kg que correspondia ao período de estiagem e concentração média
de metais não foi observado um percentual de anomalias considerado tóxico
(<20%). O número de larvas D com anomalias ficaram significantemente maiores
sobretudo nas misturas de biocidas e metais nas concentrações máximas nas duas

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

salinidades em que se observou, por exemplo, efeitos combinados do tipo


potenciação (mistura de biocidas e metais na salinidade 35g/kg). Essa grande
sensibilidade pôde ser observada em outros estudos que destacaram a
embriotoxicidade de uma ampla variedade de poluentes em moluscos bivalves e
equinodermos graças ao desenvolvimento de bioensaios embrio-larvais. Os poucos
estudos envolvendo testes com larvas da C. rhizophorae (ROCHA JUNIOR, 2015;
PAIXÃO el al., 2007; ARAÚJO el al., 1998) já demonstram que suas larvas têm
grande sensibilidade para um grande número de contaminantes e amostras de água
de regiões portuárias. A sensibilidade dos embriões da C. rhizophorae as baixas
concentrações metais e biocidas em que foram expostos evidenciam que esses
contaminantes interagem entre si deixando a amostra ainda mais tóxica. Estudos
realizados por Akcha (2012) com vários biocidas, entre eles o diuron, só
identificaram aumento significativo na porcentagem de anomalias em concentrações
de 5,00μg/l-1 para cada biocida. Contudo, Burgeot et al., (2007) diz que estas
concentrações estão muito acima dos valores encontrados no ambiente natural. De
acordo com a abordagem teórica que se tem sobre efeito combinado, a maioria das
misturas em os embriões estiveram expostos mostraram um efeito maior do que o
observado no teste envolvendo apenas biocidas ou metais.

CONCLUSÃO

Os embriões da C. rhizophorae demonstraram grande sensibilidade as misturas dos


contaminantes em condições diferentes, evidenciando a necessidade do uso de uma
espécie nativa para avaliar da qualidade da água local. A interferência da salinidade
foi observada no efeito tóxico das diferentes misturas, sendo uma evidência de que
múltiplos estressores podem causar efeitos diferentes em condições de exposição
variável. A diferença de toxicidades das misturas nas duas condições de salinidade
mostra um alerta sobre a importância de estudar múltiplos estressores aos quais os
ecossistemas aquáticos estão sujeitos, sobretudo em regiões com ampla variedade
de salinidade.

FONTES FINANCIADORAS

Capes-Ciências do Mar.

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Ecotoxicologia de misturas (multiestressores)
178 - EFEITOS CRÔNICOS DO HERBICIDA METSULFURON-METHYL COM E
SEM ADIÇÃO DE ADJUVANTE PARA A FAUNA EDÁFICA

FERNANDA BENEDET DE SANTO, JULIA CARINA NIEMEYER


Contato: FERNANDA BENEDET DE SANTO - FERNANDADESANTO@GMAIL.COM

Palavras-chave: agrotóxicos; ecotoxicologia terrestre; invertebrados de solo

INTRODUÇÃO

O herbicida metsulfuron-methyl, ingrediente ativo do grupo químico das


sulfoniluréias, caracterizado por apresentar altos níveis de atividade em baixas
doses, é recomendado para uso no controle de gramíneas e folhas largas, sendo
aplicado sozinho em pré-emergência e com adjuvante (óleo mineral) na pós-
emergência, aumentando sua área de contato. Com uso crescente na agricultura e
escassez de dados acerca dos efeitos deste produto para a fauna do solo, objetivou-
se avaliar os efeitos do metsulfuron-methyl a longo prazo, levando em consideração
os dois cenários de aplicação do produto (com e sem adjuvante).

METODOLOGIA

Foram realizados ensaios de reprodução baseados nas normas ABNT NBR ISO
11267 (2011), ABNT NBR ISO 16387 (2012) e ISO 11268-2 (2012), utilizando como
organismos-teste a minhoca Eisenia andrei, o enquitreídeo Enchytraeus crypticus e
os colêmbolos Folsomia candida e Proisotoma minuta. Como produtos comerciais
foram utilizados o herbicida Ally® (600 g.L-1 metsulfuron-methyl), aplicado sozinho
ou em conjunto com o adjuvante Assist® (756 g.L -1 óleo mineral), que também foi
avaliado sozinho. Foi utilizado solo artificial tropical (SAT; 5% de material orgânico)
como controle. O metsulfuron-methyl foi avaliado em diferentes concentrações (0-
300 mg.kg-1 para E. andrei e F. candida, 0-33 mg.kg-1 para E. crypticus e 0-10
mg.kg-1 P. minuta), utilizando fator de diluição 2, e o adjuvante, quando aplicado, foi
usado na proporção 0,5% v/v. Os resultados foram analisados e os valores de CE50
(concentração de efeito para 50% da população) calculados pelo software
Statistica®.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Não foram observados efeitos significativos da aplicação do metsulfuron-methyl,


tanto aplicado sozinho quanto com a adição de adjuvante, sobre a reprodução dos
colêmbolos da espécie F. candida. Sobre as espécies E. andrei e P. minuta, o
herbicida metsulfuron-methyl, quando aplicado sem adição de adjuvante, não
ocasionou efeitos significativos sobre a reprodução, mesmo em concentrações muito
acima das doses esperadas em campo. Todavia, quando houve adição do adjuvante
óleo mineral, efeitos significativos sobre a reprodução de minhocas e colêmbolos
foram observados já nas réplicas onde apenas o adjuvante foi adicionado, o que
demonstra a ecotoxicidade do óleo mineral para essas populações. Porém, para os
enquitreídeos, o adjuvante aplicado sozinho não afetou a reprodução da espécie
avaliada. Já a combinação de metsulfuon-methyl e adjuvante, apresentou CE50 de

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

5,73 (1,74 – 9,71) para a espécie de enquitreídeo E. crypticus. Já para a espécie de


minhoca E. andrei e de colêmbolo P. minuta não foi possível calcular a CE50, uma
vez que, mesmo em doses de campo, apresentaram redução maior que 70% no
número de juvenis gerados. Isto significa que o valor de CE50 para estas espécies é
menor do que a dose aplicada em campo. Os resultados mostraram que a espécie
de colêmbolo P. minuta apresentou maior sensibilidade do que F. candida, o que
indica diferente vulnerabilidade das espécies deste grupo aos produtos avaliados.
Além do uso como adjuvante, o óleo mineral Assist® traz recomendação para uso
como inseticida/acaricida, impedindo a respiração normal das pragas quando
recobre seus corpos. Esse efeito físico do óleo sobre ácaros e alguns insetos pode
ser o mesmo modo de ação sobre os colêmbolos afetados.

CONCLUSÃO

Os resultados mostraram que o metsulfuron-methyl, quando aplicado com a adição


de adjuvante, apresenta ecotoxicidade para a fauna edáfica, o que não foi
observado quando o herbicida foi aplicado sozinho. O adjuvante, por sua vez, já
apresentou ecotoxicidade quando avaliado isoladamente. Este estudo fornece uma
contribuição importante para o conhecimento da toxicidade do metsulfuron-methyl e
indica que os adjuvantes devem ser considerados na avaliação de risco de
agrotóxicos, considerando que, sob condições de campo, nas situações onde estes
produtos são aplicados em conjunto, levaria à redução e possível perda das
comunidades autóctones nos ecossistemas agrícolas.

FONTES FINANCIADORAS

Bolsa CAPES/FAPESC nº 88887.178188/2018-00; Projeto CNPq Universal nº


454842/2014-7

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Oral
Ecotoxicologia de misturas (multiestressores)
185 - DISPOSIÇÃO TERRESTRE DE SEDIMENTOS DRAGADOS DA LAGOA
RODRIGO DE FREITAS (RJ): EFEITOS ECOTOXICOLÓGICOS EM
OLIGOQUETAS E COLÊMBOLOS

MARIANA VEZZONE TOSTA RABELLO, RICARDO GONÇALVES CESAR, ALINE


FREIRE SERRANO, DANIELLE SIQUEIRA, LETÍCIA ABREU, MIRIAM BIANCHI, MARIA
ELIZABETH FERNANDES CORREIA, ZULEICA CARMEN CASTILHOS, TACIO DE
CAMPOS, HELENA POLIVANOV
Contato: MARIANA VEZZONE TOSTA RABELLO - MVEZZONE@GMAIL.COM

Palavras-chave: ecotoxicologia; bioensaios; Lagoa Rodrigo de Freitas; sedimentos

INTRODUÇÃO

O crescimento urbano tem provocado impactos significativos nos corpos hídricos. A


Lagoa Rodrigo de Freitas (RJ) tem sido impactada com a descarga de águas
residuárias e a dragagem dos sedimentos é constantemente requerida para
minimizar os efeitos do assoreamento e da eutrofização. Quando dispostos no solo,
os sedimentos dragados podem ser tóxicos à biota edáfica devido à presença de
múltiplos contaminantes. Visto que os ensaios ecotoxicológicos são capazes de
avaliar a toxicidade associada à mistura de contaminantes, estes constituem uma
ferramenta importante para avaliar o potencial tóxico dos sedimentos dragados à
saúde do ecossistema, complementando as análises químicas.

METODOLOGIA

Para avaliar os efeitos tóxicos à fauna edáfica, associado a disposição terrestre dos
sedimentos dragados da Lagoa Rodrigo de Freitas, foram coletadas 16 amostras de
sedimento com uma draga van Veen, que foram misturadas e homogeneizadas para
obter uma única amostra composta representativa. A toxicidade e a
biodisponibilidade de metais foi estudada através de bioensaios agudos e de
comportamento com Eisenia andrei e bioensaios de reprodução com Folsomia
candida. Foram realizadas misturas do sedimento com solo artificial e solos naturais
(latossolo e chernossolo) de forma a obter as seguintes doses: 1, 3, 6, 12, 18, 24 e
30%. Foram realizadas análises para determinação das concentrações totais de
metais (Hg, Pb, Zn, Cu, Cr, Cu, As, Cd) nos sedimentos para embasar a
interpretação dos dados ecotoxicológicos. A estimativa da dose de sedimento capaz
de causar a mortandade de 50% dos indivíduos expostos foi realizada através da
análise de PriProbit.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

As concentrações totais de metal no sedimento (em mg/kg) apresentaram a seguinte


ordem decrescente: Zn (233 ± 11,65)>Pb (74,3 ± 3,71)>Cu (51,6 ± 2,58)>Cr (41,6 ±
2,08)>Ni (15,6 ± 0,78). Os teores de Cd e As ficaram abaixo do limite de detecção.
As concentrações de metais estão em conformidade com os valores estabelecidos
pela legislação de qualidade de solos (CONAMA 420) que estabelece os valores
orientadores para disposição terrestre de sedimentos dragados, mesmo sendo

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

utilizada abertura química total. Com base apenas nas concentrações de metais
estipuladas pela legislação, os sedimentos dragados poderiam ser dispostos em
solo, no entanto nas doses ≥ 3% os organismos apresentaram comportamento de
fuga significativo (>80%) o que indica um cenário em que o solo teria função de
habitat limitada. A mortalidade de oligoquetas encontrada nas misturas de sedimento
com solo artificial (LC50 = 3,9%) sugerem maiores níveis de toxicidade do que os
obtidos nas misturas com latossolo (LC50 = 9,2%) e chernossolo (LC50 = 11,3%). A
mortalidade de oligoquetas, comportamento de fuga de oligoquetas e efeitos na
reprodução de colêmbolos em latossolo (LC50 = 9,2%; fuga EC50 = 2,3%;
reprodução EC50 = 2,8%) foram maiores do que em chernossolo (LC50 = 11,3%;
fuga EC50 = 4,3%; reprodução EC50 = 4,9%). O fato da toxicidade ser menor em
chernossolo é provavelmente devido a abundancia de argilominerais expansivos,
que possuem maior capacidade de adsorver metais e outras substâncias químicas
da água intersticial do solo, diminuindo a biodisponibilidade dessas substâncias. Em
contraste com outras áreas estudadas por Cesar (2015), como a Baía de
Guanabara, embora os níveis de metais sejam mais baixos na Lagoa Rodrigo de
Freitas, a toxicidade foi maior para os organismos edáficos, indicando que outras
substâncias são responsáveis pela alta toxicidade apresentada.

CONCLUSÃO

Os sedimentos dragados da Lagoa Rodrigo de Freitas apresentaram alta toxicidade


para minhocas e colêmbolos em misturas com latossolo, chernossolo e solo artificial.
Os dados sugerem que os valores orientadores para metais estabelecidos pela
legislação brasileira para disposição terrestre de sedimentos dragados não são
suficientes para previnir efeitos nocivos na fauna edáfica e deveriam ser
complementados preliminarmente com avaliações ecotoxicológicas para avaliação
de estressores não químicos e mistura de contaminantes.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CESAR, R.G.; NATAL-DA-LUZ, T.; SILVA, F.; BIDONE, E.; CASTILHOS, Z.;
POLIVANOV, H.; SOUSA, J.P. (2015) Ecotoxicological assessment of a dredged
sediment using bioassays with three species of soil invertebrates. Ecotoxicol 24: 414-
423. doi: 10.1007/s10646-014-1390-8
CONAMA (Conselho Nacional de Meio Ambiente). 2009. Resolução 420. Available
at: < http://www.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=506 >. Accessed
February 2018
ISO (International Organization for Standardization) 1998. Soil quality — Effects of
pollutants on earthworms (Eisenia fetida) — Part 2: Determination of effects on
reproduction. ISO 11268–2. Geneve, Switzerland.
ISO (International Organization for Standardization) 1999. Soil Quality – Inhibition of
Reproduction of Collembola (Folsomia candida) by Soil Pollutants. ISO 11267.
Geneva, Switzerland.
ISO - International Organization for Standardization. (2008) Soil Quality -. Avoidance
test for determining the quality of soils and effects of chemicals on behaviour – Part
1: Test with earthworms (Eisenia fetida and Eisenia andrei). Geneva, ISO 17512-1

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Ecotoxicologia de misturas (multiestressores)
260 - INFLUÊNCIA DE NÍVEIS SUBLETAIS DE AMÔNIA SOBRE A TOXICIDADE
AGUDA DE METAIS EM PÓS-LARVAS DE Litopenaeus vannamei

FABÍOLA CARREIRA CALEFI, RODRIGO SCHVEITZER, RAFAEL MENDONÇA DUARTE


Contato: FABÍOLA CARREIRA CALEFI - FACALEFI@HOTMAIL.COM

Palavras-chave: CL50; Camarão branco; mortalidade; cobre, cádmio, misturas

INTRODUÇÃO

As regiões estuarinas vêm historicamente sofrendo impactos negativos devido ao


aumento da carga poluidora. Níveis aumentados de metais, principalmente por
atividades industriais, e de amônia, pelo aporte de esgoto e efluentes domésticos,
têm sido reportados tanto em água quanto no sedimento. A avaliação da toxicidade
de metais e amônia, isoladamente, tem demonstrado que essas substâncias são
relativamente tóxicas a invertebrados estuarinos; contudo, poucos estudos têm
avaliado como níveis aumentados de amônia afetam a toxicidade de metais. Assim,
este estudo avaliou a influência de níveis sub-letais de amônia sobre a toxicidade
aguda de cobre e cádmio no camarão Litopenaeus vannamei.

METODOLOGIA

As pós-larvas foram adquiridas de um laboratório comercial (Aquatec/RN) e


mantidas no laboratório de aquicultura da UNIFESP-Santos. Os animais foram
cultivados em tanques de 500 litros com água do mar diluída (20 ppm), pH 7,5 e
temperatura da água próxima de 27°C. Primeiramente foi determinada a toxicidade
aguda (CL50) dos compostos (cobre, cádmio e amônia), isoladamente, nos períodos
de 24 e 48h. Para tanto, os animais foram previamente aclimatados à salinidade de
15 ppm por 24h, e então expostos, em água do mar filtrada (1 mm), a dez
concentrações crescentes das substâncias. Essas diferentes concentrações foram
atingidas através da diluição de solução-padrão em água mar diluída (15 ppm) (n=10
para cada concentração), além do grupo controle sem a adição dos xenobióticos. Os
ensaios foram realizados a 26-27°C, pH 7,6-7,8 e fotoperíodo de 12:12 luz-escuro.
Após a determinação da CL50-48h de amônia, foram selecionadas duas
concentrações sub-letais de amônia, referentes a 25% e 50% do valor da CL50-48h,
e novos ensaios para determinação da toxicidade do cobre e do cádmio foram
realizados. Os valores de CL50 em 24 e 48h para cada ensaio foram determinados a
partir da mortalidade e da concentração de cada composto por meio do método
Trimmed Spearman-Kaber.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Nos ensaios para avaliar a toxicidade dos compostos isoladamente, foi verificado
maior toxicidade do cádmio, seguido pelo cobre e amônia. Os valores de CL50 de
cádmio foram de 1,29 mg/l (intervalo inferior de 1,01 mg/l e intervalo superior de 1,64
mg/l) em 24h e de 0,64 mg/l (0,51 a 0,80) em 48h. Por outro lado, o cobre
apresentou CL50-24h de 51,31 mg/l (35,90 a 73,30) e CL50-48h de 11,61 mg/l (6,50
a 20,11), enquanto os valores de toxicidade da amônia foram de 100,87 mg/l (82,49

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

a 123,34) e 81,30 mg/l (68,64 a 96,30) após 24h e 48h de exposição,


respectivamente. Para todos os xenobióticos testados, foi observado um aumento da
toxicidade com o do tempo de exposição, sendo verificado uma redução de 77% na
CL50 do cobre, 50% para o cádmio e 19% para a amônia, entre os períodos de 24h
e 48h. A partir desses resultados, foram determinadas as concentrações de 40,65
mg/l e 20,32 mg/l para os testes de toxicidade com concentrações sub-letais de
amônia, representando 50% e 25% da CL50-48h. A exposição a níveis sub-letais de
amônia aumentou a toxicidade do cobre para os pós-larvas de L. vannamei, como
visto pela redução dos valores de CL50. A toxicidade do cobre na presença de 25%
da CL50-48h de amônia foi de 18,65 mg/l (10,36 a 33,56) em 24h e 4,77 mg/l (1,44 a
15,8) em 48h, enquanto no ensaio com 50% da CL50-48h de amônia foi observada
CL50-24h e CL50-48h para o cobre de 4,36 mg/l (2,21 a 8,58) e 0,58 mg/l (0,12 a
2,95), respectivamente. Em média, isso representou uma redução de 61% e 93%
nos valores de CL50 do cobre na presença de níveis sub-letais de amônia (25% e
50% da CL50 da amônia, respectivamente) em relação ao ensaio realizado sem a
adição de amônia. Por outro lado, a toxicidade do cádmio para os pós-larvas de L.
vannamei não foi alterada na presença de níveis sub-letais de amônia. No ensaio
com 25% da CL50-48h de amônia, a toxicidade do cádmio foi de 1,15 mg/l (0,67 a
1,97) em 24h e 0,49 mg/l (0,37 a 0,65) após 48h. Já no ensaio com 50% da CL50-
48h de amônia, a CL50-24h de cádmio foi de 1,42 mg/l (1,02 a 1,99) e a CL50-48h
foi de 0,61 mg/l (0,44 a 0,84).

CONCLUSÃO

Nossos resultados indicam que a toxicidade do cádmio, cobre e amônia para os pós-
larvas de L. vannamei em 15 ppm foi aumentada em relação a estudos realizados
em salinidade maiores (20 a 30 ppm). A exposição concomitante a níveis sub-letais
de amônia teve grande influência na toxicidade do cobre, como visto pela redução
na CL50 em 24h e 48h. Por outro lado, níveis sub-letais de amônia não tiveram
efeito significativo sobre a toxicidade do cádmio para L. vannamei. Esses dados
sugerem que o aumento na concentração de amônia nas regiões estuarinas pode
interferir diferencialmente na toxicidade de metais para invertebrados

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Oral
Ecotoxicologia de misturas (multiestressores)
268 - INGESTÃO DE ÁGUA CONTENDO UM MIX DE POLUENTES EM
CONCENTRAÇÕES AMBIENTALMENTE RELEVANTES CAUSA DÉFICIT DE
RESPOSTA DEFENSIVA EM MACHOS DE CAMUNDONGOS C57BL/6J

THALES QUINTÃO CHAGAS, JOYCE MOREIRA DE SOUZA, LETÍCIA MARTINS


RABELO, FERNANDA NEVES ESTRELA, BRUNA DE OLIVEIRA MENDES, MATEUS
FLORES MONTALVÃO, AMANDA PEREIRA DA COSTA ARAÚJO, TENILCE GABRIELA
DA SILVA ALVAREZ, GUILHERME MALAFAIA PINTO
Contato: THALES QUINTÃO CHAGAS - THALESQUINTAO14@GMAIL.COM

Palavras-chave: Comportamento antipredatório; Predador; Mix de poluentes; Toxicologia

INTRODUÇÃO

Atividades antrópicas são essenciais para o suprimento de diversas demandas das


populações humanas. Globalmente, serviços relacionados a agricultura, pecuária e
atividades industriais são indispensáveis, embora apresentem potencial toxicológico
se utilizados indiscriminadamente (DEBLONDE et al., 2011). Estudos têm apontado
efeitos nocivos de substâncias “isoladas” encontradas no ambiente, o que embora
seja extremamente relevante, não retrata o cenário real, onde as substâncias
interagem no ambiente e formam um “Mix” de poluentes.
Assim, o presente estudo objetivou avaliar o impacto da ingestão crônica de água
contendo um “Mix” de poluentes sobre o comportamento de machos de
camundongos C57Bl/6J quando expostos a potenciais predadores.

METODOLOGIA

No presente estudo foram utilizados 44 machos jovens de camundongos C57Bl/6J


provenientes do Laboratório de Pesquisas Biológicas do Instituto Federal Goiano –
Campus Urutaí (Urutaí, GO, Brasil). Os animais foram mantidos coletivamente em
caixas de polietileno (41 x 34 x 19 cm) em condições padrão para criação em
laboratório. Os animais receberam ração e líquido de tratamento ad libitum.
Os animais foram divididos em 4 grupos (n=11) com massa corpórea
contrabalanceada. Os grupos experimentais foram: controle - “somente água
potável” e os tratamentos: Mix 1x – “concentrações previamente encontradas em
águas superficiais”, Mix 10x – “superior às concentrações ambientais” e Mix 25x -
“superior às concentrações ambientais”.
O Mix de poluentes utilizado em nosso estudo foi composto por 14 componentes
identificados em águas superficiais por estudos prévios: Antibiótico, Anti-inflamatório,
Antidepressivo, Ansiolítico, Analgésico, Antiácido, Hidrocarboneto, Resíduo
agroindustrial, Hormônio Sintético, Fertilizante, Agrotóxico, Surfactante.
Os animais foram expostos cronicamente ao Mix por 115 dias. Após o período de
exposição, os animais foram submetidos aos testes comportamentais: campo
aberto, teste de locomoção induzido por fonte luminosa (teste visual) e aos testes
olfatório e auditivo; em seguida, eles foram submetidos aos testes de resposta ao
predador (gatos e cobras) e por fim eutanasiados.

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Inicialmente as análises revelaram aumento da massa corpórea de todos os animais


ao final do experimento, em comparação àquela aferida inicialmente. Porém, não
observamos diferença significativa entre o ganho de massa corpórea dos diferentes
grupos. Por outro lado, observamos que os animais submetidos às maiores
concentrações de poluentes (Mix 10x e 25x) apresentaram menor consumo diário de
ração e água quando comparados ao grupo controle.
Quanto à performance comportamental dos animais, não observamos diferenças
significativas em relação ao parâmetro “total de cruzamentos” no teste do campo
aberto. Isso sugere que os tratamentos não causaram hiper ou hipoatividade
locomotora, sendo que isso poderia interferir negativamente as respostas dos
animais nos testes subsequentes.
Os animais responderam aos estímulos luminosos, o que nos permiti inferir que os
tratamentos não ocasionaram déficit visual nos camundongos quando estimulados
por uma fonte luminosa aversiva. Já no teste olfatório, os camundongos de todos os
grupos exploraram por menos tempo a pista olfatória com odor aversivo, em relação
ao papel filtro sem qualquer odor, demonstrando, com isso, a integridade da
habilidade de reconhecerem estímulo odorífero. Com isso, podemos dizer que as
habilidades locomotoras, visuais, olfatórias e auditivas dos animais, essenciais para
a evocação de uma resposta defensiva em roedores (HACQUEMAND et al.; 2010;
GREENE et al., 2014), não foram afetadas pela ingestão de água contendo de Mix
de poluentes em diferentes concentrações.
Nossos dados demonstram pioneiramente que a ingestão crônica de água contendo
um Mix de poluentes, pode afetar negativamente a capacidade dos animais de
reconhecerem um potencial predador felino. Nesse sentido, ainda que os
mecanismos biológicos que levaram ao déficit de resposta comportamental dos
animais não tenha sido foco do nosso estudo, eles podem ser complexos e
abrangentes, sobretudo, em função da diversidade química do Mix de poluentes
utilizado.
Por outro lado, os animais não identificaram a cobra como uma ameaça predatória,
sendo que os estímulos desse potencial predador (visual, olfatório e auditivo) podem
não ter sido suficientes para a percepção do risco e, consequentemente, ativação
das áreas envolvidas com o medo. O estudo de de-Oliveira-Crisanto et al. (2015),
em que os autores não observaram resposta defensiva de machos de camundongos
Swiss expostos à odor de cobra, reforça essa presunção. Na ocasião, os autores
sugeriram que a pista olfatória da cobra pode ter sido considerada um estímulo
novo, porém não ameaçador.

CONCLUSÃO

Nossos dados confirmam a hipótese de que a ingestão crônica de água contendo


um Mix de poluentes (mesmo em pequenas concentrações, tidas como
ambientalmente relevantes) pode causar alterações em respostas defensivas de
machos de camundongos C57Bl/6J. Entretanto, parece que o efeito dos poluentes
(em misturas complexas) sobre os circuitos neurais ligados às respostas defensivas
pode ser modulado pela percepção do risco por parte dos animais, sendo que em
nosso estudo, o déficit responsivo foi observado quando apenas o estímulo
predatório felino foi oferecido aos animais.

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

DE OLIVEIRA-CRISANTO, K.; DE ANDRADE, W.M.; DE AZEVEDO SILVA, K.D.;


LIMA, R.H.; DE OLIVEIRA COSTA, M.S.; DE SOUZA CAVALCANTE, J.; DE LIMA,
R.R.; DO NASCIMENTO JR.; E.S.; CAVALCANTE, J.C. 2015. The differential mice
response to cat and snake odor. Physiol. Behav. 152 (Pt A):272–279.
https://doi.org/10.1016/j.physbeh.2015.10.013 (Epub 2015 Oct 22).
DEBLONDE, T.; COSSU-LEGUILLE, C.; HARTEMANN, P. 2011. Emerging
pollutants in wastewater: a review of the literature. Int. J. Hyg. Environ. Health 214
(6), 442–448.
GREENE, T.M.; REDDING, C.L.; BIRKETT, M.A. 2014. Effects of rat visual,
olfactory, or combined stimuli during cohousing on stress-related physiology and
behavior in C57BL/6NCrl mice. J. Am. Assoc. Lab. Anim. Sci. 53 (6), 647–652.
HACQUEMAND, R.; LACQUOT, L.; BRAND, G. 2010. Comparative fear-related
behaviors to predator odors (TMT and natural fox feces) before and after intranasal
ZnSO4 treatment in mice. Front. Behav. Neurosci. 4 (188).

FONTES FINANCIADORAS

FAPEG – Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás.


CNPq - Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
IF GOIANO - Instituto Federal Goiano - Campus Urutaí

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Oral
Ecotoxicologia de misturas (multiestressores)
276 - ALTERAÇÕES CROMOSSÔMICAS E NUCLEARES EM CÉLULAS
MERISTEMÁTICAS DE Allium cepa INDUZIDAS POR RESÍDUOS DE CIGARRO
EM CONCENTRAÇÃO AMBIENTALMENTE RELEVANTE

MATEUS FLORES MONTALVÃO, LORRANA LUCAS GOMES SAMPAIO, AMANDA


PEREIRA DA COSTA ARAÚJO, THALES QUINTÃO CHAGAS, GUILHERME MALAFAIA
PINTO
Contato: MATEUS FLORES MONTALVÃO - MATEUS_LOPO@YAHOO.COM.BR

Palavras-chave: lixiviado de cigarros; poluição aquática; aberrações cromossômicas

INTRODUÇÃO

As bitucas de cigarros fumados (BCF) tem sido a forma mais comum de resíduos em
áreas urbanas em todo o mundo (LEE & LEE, 2015). Consequentemente, de acordo
com Novotny et al. (2009), considerando que as BCF podem ser carreadas por
escoamento para cursos de água e ecossistemas aquáticos constitui um sério
problema ambiental. Assim, levando-se em conta a escassez de estudos
relacionados às investigações sobre os possíveis impactos da disposição de BCF
nas plantas em concentrações abientais (CA), objetivamos avaliar o impacto da
exposição da água com lixiviado de BCF nas células do meristematicas de raízes de
Allium cepa.

METODOLOGIA

Foi utilizado a espécie A. cepa por se tartar de um excelente modelo de


monitoramento ambiental (LEMES & MARIN-MORALES, 2009). A. cepa (2n = 16)
bulbos de cebola (5-10 g, 25-30 mm de diâmetro), sem tratamento, foram
comprados em um supermercado local. Os modelos experimentais foram
distribuídas em quatro repetições/cada: (i) grupo controle (apenas água); (ii) grupo
controle positivo (CP) ciclofosfamida - 50 mg/L; (iii) (CA1x) 1,9 µg/L concentração
ambiental de nicotina identificada em águas superficiais (VALCÁRCEL et al., 2011) e
(iiiii) (CA1000x) mil vezes a CA. Após 24h e 48h de exposição foi realizado testes de
aberrações cromossômicas e nucleares. Inicialmente avaliamos em cada lâmina o
percentual de células em divisão (mitose e intérfase), tendo analisado 400 células,
totalizando 3200 células/tratamento. Em seguida, foram quantificadas o número de
anormalidades cromossômicas a partir de 800 células em divisão/tratamento). Para
a caracterização físico-química e química do lixiviado foram utilizadas
recomendações metodológicas da American Public Health Association (APHA)
(APHA, 1997). Foi utilizado 20 bitucas de cigarro (Derby Azul KS, Souza Cruz S/A,
Rio de Janeiro, Brasil) fumados artificialmente – 1 cm acima da marca de segurança.
Logo em seguida, foram colocadas em 1 L de água por 24h, filtrada e armazenada.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Inicialmente, foi confirmada a presença de elementos químicos de toxicidade


conhecida como Pb, Cr, Ni, Ba, Sr e Ti e compostos orgânicos de toxicidade
conhecida como polietilenoglicol e nicotina entre outros. Quanto ao efeito dos

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

tratamentos sobre a planta teste, nós observamos que os bulbos expostos à água
contendo resíduos de BCF apresentaram maior índice mitótico (F(3,28) = 4.802; p =
0.008), quando comparados àqueles não expostos. Essas alterações foram
acompanhadas de maior total índice de células anormais (H=20,82; p=0,0001 o qual
representa o somatório dos registros de aberrações cromossômicas, tidos como
únicos endpoint.
Várias anomalias foram notadas nas plantas expostas aos tratamentos: metáfase
diagonal; anáfase diagonal; metáfase com fragmento de cromossomos; núcleo
binucleado; núcleo deslocado; pontes cromossômicas; micronúcleos; células
necróticas; viscosidade na metáfase; adesão cromossômica; anáfase em metáfase
com quebra cromossômica evidente; núcleo entalhado; célula fantasma; fragmento
cromossômico em metáfase; cromossomo retardado na anáfase e distúrbios na
metáfase. Os maiores índices de anormalidades e índices mitóticos foram
observadas na anáfase e metáfase com evidente efeito negativo dos tratamentos
sobre as células (F(3,28) = 10.23; p = 0.0001 e H = 11.71; p = 0.0085,
respectivamente). Na prófase o grupo CP apresentou maior índice de anormalidade,
em comparação com os demais grupos (H = 18.18; p = 0.0004) e na telófase,
observamos maior índice de anormalidade no grupo EC1000x, quando comparado
ao grupo controle e EC1x (H = 13.66; p = 0.0034).
As perdas cromossômicas observadas nas células das raízes de cebolas expostas
ao poluente são sugestivas de efeito aneugenico, quando ocorrem interferência
negativa sobre o fuso mitótico, impedindo que os cromossomos se fixem às fibras do
fuso durante anáfase (KIRSCH-VOLDERS et al., 2002). O núcleo deslocado e
células binucleadas também estão relacionados ao desenvolvimento incompleto de
microtúbulos (VIDAKOVIC-CIFREK et al., 2002). Os fragmentos cromossômicos, por
sua vez, podem resultar de quebras nas pontes cromossômicas, os quais podem ter
origem em translocações ou terminações cromossômicas coesivas (FISKESJÖ,
1993). Os dados obtidos confirmaram uma ação direta dos constituintes químicos
dos BCF sobre a molécula de DNA das células de A. cepa, demonstrando tanto o
potencial mutagênico poluente quanto a ação clastogênica.
Nesse estudo é consenso que os mecanismos de ação desses poluentes podem ser
complexos, o que demanda, portanto, o desenvolvimento de novas investigações
que visem ampliar o conhecimento sobre como esses resíduos complexos, em
baixas concentrações e em curto período de exposição.

CONCLUSÃO

Em conclusão, nosso estudo confirma a hipótese inicial demonstrando que mesmo


em baixas concentrações, a exposição de A. cepa a concentrações ambientalmente
relevantes lixiviado BCF (em água) induz aberrações cromossômicas em células do
meristema apical das raízes das plantas. Também demonstramos que os
tratamentos inibiram o crescimento das raízes (quando comparadas ao controle),
embora o índice mitótico tenha sido maior nas plantas expostas aos poluentes. A
caracterização química do lixiviado de BCF testado, sendo identificados uma
variedade de elementos químicos e orgânicos de alta toxicidade (muitos deles ainda
não estudado) abre novas perspectivas investigativas a serem exploradas em
estudos futuros.

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


750
XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AMERICAN PUBLIC HEALTH ASSOCIATION (APHA), 1997. Standard Methods for


the Examination of Water and Wastewater, 20. ed. APHA, AWWA, WPCR, New
York, p. 1194.
CHENG, S., VIDAKOVIC-CIFREK, Ž., GROSSE, W., KARRENBROCK, F.
Xenobiotics removal from polluted water by a multifunctional constructed wetland.
Chemosphere, 48(4), 415-418. (2002).
FISKESJÖ, G. The Allium test in wastewater monitoring. Environmental Toxicology,
v. 8, n. 3, p. 291-298, 1993.
KIRSCH-VOLDERS, M. et al. Importance of detecting numerical versus structural
chromosome aberrations. Mutation Research/Fundamental and Molecular
Mechanisms of Mutagenesis, v. 504, n. 1, p. 137-148, 2002.
LEMES, D.M., MARIN-MORALES, M.A.M. Allium cepa test in environmental
monitoring: a review on its application. Mutation Research/Reviews in Mutation
Research, 682: 71-81, 2009.
LEE, W., LEE, C.C. Developmental toxicity of cigarette butts – an underdeveloped
issue. Ecotoxicology and Environmental Safety, 113: 362-368, 2015.
SLAUGHTER, E., GERSBERG, R.M., WATANABE, K., RUDOLPH, J., STRANSKY,
C., NOVOTNY, T.E. Toxicity of cigarette butts, and their chemical components, to
marine and freshwater fish. Tabacco Control, 20(Suppl 1): i25-i29, 2011.
VALCÁRCEL, Y., ALONSO, S.G., RODRÍGUEZ-GIL, J.L., GIL, A., CATALÁ, M.
Detection of pharmaceutically active compounds in the rivers and tap water of the
Madrid Region (Spain) and potential ecotoxicological risk. Chemosphere, 84: 1336-
1348, 2011.

FONTES FINANCIADORAS

Instituto Federal Goiano - Campus Urutaí

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Oral
Ecotoxicologia de misturas (multiestressores)
294 - AVALIAÇÃO DOS EFEITOS ECOTOXICOGENÉTICOS, DO POTENCIAL
AGRONÔMICO, E DA MICROBIOTA DE AMOSTRAS DE LODO DE ESGOTO
BIOESTIMULADAS COM CASCA DE ARROZ

LAIS ROBERTA DEROLDO SOMMAGGIO, DÂNIA ELISA CHRISTOFOLETTI MAZZEO,


FLÁVIO A. OLIVEIRA, CARLOS EMÍLIO LEVY, GUSTAVO HABERMANN, MARIA
APARECIDA MARIN-MORALES
Contato: LAIS ROBERTA DEROLDO SOMMAGGIO - RDS.LAIS@GMAIL.COM

Palavras-chave: resíduo sólido; biorremediação; genotoxicidade; Allium cepa; fertilizante agrícola

INTRODUÇÃO

Atividades antrópicas geram muitos resíduos, que podem impactar os ecossistemas.


O lodo de esgoto (LE), um resíduo gerado pelas Estações de Tratamento de Esgoto
(ETEs), é composto, principalmente, de matéria orgânica, o que gera uma
potencialidade de ser utilizado na agricultura. Porém, o LE pode apresentar
substâncias prejudiciais aos organismos vivos e ao ambiente. Existem estratégias,
como a biorremediação, que podem auxiliar na detoxificação do LE e, assim, dar um
destino mais seguro e sustentável ao mesmo. Nesse processo são utilizados
organismos capazes de modificar ou decompor poluentes, que podem ainda ser
estimulados pela incorporação de agentes descompactantes.

METODOLOGIA

Os experimento foram conduzidos em cubas de inox, contendo amostras de LE puro


(LEP); LE+solo (3:1–v/v); LE+solo+casca de arroz (CA) na proporção de 3:1:1-v/v /v.
Foram preparados com as amostras descritas acima, antes e após as mesmas
terem passado por períodos de biorremediação de 3 (T1) e 6 meses (T2),
solubilizados que foram usados nas avaliação dos potenciais fitotóxicos, citotóxicos,
genotóxicos e mutagênicos, realizados com células meristemáticas e F1 do
organismo teste Allium cepa. Foram feitas análises microbiológica do LEP e de
todas as associações de lodo com solo e com o agente descompactante, após cada
período experimental. Adicionalmente à análise microbiológica, foi também realizada
uma avaliação quantitativa e qualitativa de macronutrientes e micronutrientes nas
mesmas. O potencial agronômico das amostras foi avaliado adicionado amostras
dos tratamentos ao solo usado para plantio das mudas de Lactuca sativa. Após 45
dias, as folhas, caule e raiz das plantas foram coletadas e analisadas
biometricamente. Os dados foram submetidos à análise estatística, por meio do
teste de Kruskal Wallis, para os dados não paramétricos e a análise de variância
ANOVA, para os dados paramétricos (p< 0,05).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

As amostras de LEP, tanto em T1 e T2, inibiram a germinação das sementes, sendo


necessária, para a obtenção de radículas, sua diluição em água (1 parte de amostra
de solubilizado de LEP/1 parte de água ultra pura). Foram observados efeitos
citotóxicos, genotóxicos e mutagênicos para as amostras diluídas do LE puro (LEP)

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


752
XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

no T1 e T2. Já para os demais tratamentos, não foram observados resultados


citotóxicos, genotóxicos ou mutagênicos, demonstrando que essas amostras
possuem um potencial para reutilização na agricultura. Para as amostras do T0, não
foram observados resultados significativos para nenhum dos parâmetros
toxicológicos avaliados. Com isso, podemos inferir que a ausência de toxicidade
para as amostras de LEP no T0 pode estar relacionada à não biodisponibilidade das
substâncias tóxicas presentes no LE neste período. Porém, foi observado que, após
a biorremediação (T1 e T2), as amostras já exibiram potencial toxicogenético. Com
relação à mutagenicidade em células F1, não foi observado nenhum efeito
mutagênico nos tratamentos realizados. Na análise microbiológica foi observada
uma maior diversidade de bactérias do que de fungos, o que possibilitou a
identificação dos microrganismos tolerantes ao LE. A microbiota tolerante pode
caracterizar um importante resultado para ser explorado em processo de
bioaumentação. Foi observado pelos resultados de fertilidade, realizados com os
solos de plantio, um aumento do pH, de matéria orgânica e de macro e
micronutrientes, quando comparados ao solo controle. As análises biométricas,
realizadas com espécie L. sativa, mostraram aumento significativos do número
folhas, para todas as amostras tratadas com os compostos biorremediados, nos
tempos T1 e T2. Com relação aos aumentos de biomassa da raiz, caule e folhas no
T1, houve um aumento significativo dessas apenas para LE+S+CA. Para o T2, foi
observado um aumento da biomassa da raiz para o LE+S+CA e para a biomassa
caulinar e foliar, o aumento foi notado no tratamento com LEP. Foi observado
também um o aumento da área foliar para as alfaces cultivadas com LE+S+CA (T1)
e LEP (T2). Esses resultados mostram que os compostos biorremediados
contribuíram para uma melhora do desenvolvimento agronômico da L. sativa, se
caracterizando em bons insumos agrícolas. Dentre as associações avaliadas, o
LE+S+CA se destacou como o mais indicado para este fim.

CONCLUSÃO

Com este estudo, foi possível concluir que os períodos de biorremediação propostos
para LE+S e LE+S+CA foram eficientes na detoxificação desse resíduo. Porém, pelo
efeito tóxico das amostras de LEP, o lodo puro deve passar por um monitoramento a
longo prazo, antes de ser aplicado em solos. A bioestimulação com CA e S mostrou
ser um processo interessante na estabilização do LE e as bactérias os principais
microrganismos responsáveis pela sua detoxicação. Além disso, houve uma melhora
dos parâmetros de fertilidade e agronômicos das amostras que continham os
compostos biorremediados, evidenciando a elevada potencialidade de utilização
deste material na agricultura.

FONTES FINANCIADORAS

Capes

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Oral
Ecotoxicologia de misturas (multiestressores)
317 - AVALIAÇÃO DA TOXICIDADE AGUDA DOS AGROTÓXICOS DMA® 806
BR (I.A 2,4-D) E REGENT® 800 WG (I.A. FIPRONIL) E SUAS MISTURAS SOBRE
O CLADÓCERO NEOTROPICAL Ceriodaphnia silvestrii

LAÍS CONCEIÇÃO MENEZES DA SILVA, RAQUEL APARECIDA MOREIRA, MARIA


PAULA CARDOSO YOSHII, THANDY JUNIO DA SILVA PINTO, ALLAN PRETTI OGURA,
LAÍS FERNANDA DE PALMA LOPES, LUIZ FELIPE MENDES DE GUSMÃO, LUÍS
CÉSAR SCHIESARI, EVALDO LUIZ GAETA ESPINDOLA
Contato: LAÍS CONCEIÇÃO MENEZES DA SILVA - LAISILVA19@HOTMAIL.COM

Palavras-chave: Cana-de-açúcar; Ecossistemas aquáticos; Herbicida; Inseticida; Zooplâncton

INTRODUÇÃO

O cultivo de cana-de-açúcar vem se destacando no cenário do Brasil, com produção


anual de aproximadamente 600 milhões de toneladas por ano (CONAB, 2017) e esta
elevada produção tem relação direta com o aumento do uso de agrotóxicos, entre
eles o herbicida DMA® 806 BR (i.a 2,4-D) e o inseticida Regent® 800 WG (i.a.
fipronil), os quais podem causar impactos em organismos não-alvo dos
ecossistemas terrestres e aquáticos. Para avaliar os efeitos tóxicos desses
agrotóxicos isolados e em mistura no ambiente aquático este trabalho utilizou como
organismo-teste o cladócero nativo Ceriodaphnia silvestrii, espécie padronizada
como bioindicador de qualidade ambiental.

METODOLOGIA

Os experimentos foram realizados no Núcleo de Ecotoxicologia e Ecologia Aplicada


(NEEA/CRHEA/USP), localizado no município de Itirapina, SP, Brasil. O cultivo e
todos os procedimentos experimentais seguiram as recomendações da norma NBR
13373:2017 (ABNT, 2017). Inicialmente foram realizados testes de toxicidade aguda
com os agrotóxicos isoladamente para definição dos valores de CE50. Para o
herbicida foram utilizadas seis concentrações preparadas a partir de uma solução
estoque de 300 g/L, sendo 100, 125, 150, 175, 200 e 225 mg/L. Para o inseticida
foram utilizadas cinco concentrações provenientes de uma solução estoque de 10
mg/L, sendo 2,4,8,16 e 32 µg/L. Para ambos os teste foram utilizados um controle
somente com meio de cultivo. A imobilidade, expressa em CE50-48h, foi calculado
através do software Statistica versão 7.0 (STATSOFT, 2004). No teste de misturas
foi adotado o método “full factorial” (CASSEE et al., 1998), resultando em 30
combinações das concentrações utilizadas e um controle, com três réplicas cada. Os
resultados obtidos para os testes de toxicidade com as misturas foram analisados
por meio dos modelos conceituais de adição de concentração (CA) e ação
independente (IA) utilizando a ferramenta MIXTOX (JONKER et al., 2005).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os testes de toxicidade aguda dos agrotóxicos DMA® 806 BR (i.a 2,4-D) e Regent®
800 WG (i.a. fipronil) apresentaram uma CE50-48h (média ± DP) de 169 ± 17,91 mg
i.a/L (95% IC 138-192 mg i.a./L) e 9,7 ± 1,3 µg i.a/L (95% IC 6-12 µg i.a./L),

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

respectivamente. Todos os valores de p foram significativos (p < 0,05). A toxicidade


do ingrediente ativo do herbicida 2,4-D para o gênero Ceriodaphnia variam de 81,8 a
422 mg/L (MILAM et al., 2005; NELSON; ROLINE, 1998; ORIS; WINNER; MOORE,
1991). Neste sentido, a média obtida nos testes com Ceriodaphnia silvestrii condiz
com a sensibilidade deste gênero ao composto. Com relação ao ingrediente ativo do
inseticida fipronil, os valores de CE50 para este gênero estão entre 0,99 e 96 µg/L
(HAYASAKA et al., 2012; QIN et al., 2011), valores também condizentes aos
resultados obtidos. O 2,4-D e o fipronil têm sido detectados em ambientes aquáticos
próximos a cultivos agrícolas e podem ser transportados para corpos d'água
adjacentes como rios. Marchesan et al. (2010) encontraram valores entre 0,3 a 3,4
µg/L-1 de 2,4-D e 0,05 a 26,2 µg/L-1 de fipronil em rios próximos a cultivos agrícolas
no Rio Grande do Sul. Estes valores encontrados ultrapassam as quantidades que
não representam risco ambiental, de 0,2 µg/L-1 para 2,4-D e de 0,012 µg/L-1 no
caso do fipronil (ALBUQUERQUE et al., 2016). No teste com a mistura dos
agrotóxicos o modelo que melhor descreveu os efeitos observados para as
concentrações testadas foi o de adição de concentração (CA), apresentando o
menor resíduo (50,91) e valor de p mais significativo (0,00017) dependente do nível
de dose (DL). Os valores obtidos de α e b foram de aproximadamente 8,19 e 0,72. A
interação das concentrações demonstrou antagonismo em baixas doses e
sinergismo em altas, sendo que a mudança de antagonismo para sinergismo se faz
em doses maiores que os valores de CE50. Com relação a interação de 2,4-D com
outros agrotóxicos, diferentes respostas são encontradas na literatura, mostram
geralmente efeitos aditivos e antagônicos (BELDEN; GILLIOM; LYDY, 2007;
CEDERGREEN, 2014), mas também sem interação, como descrito por Portinho et
al. (2018) quando avaliada a combinação de 2,4-D e glifosato e seus efeitos sobre
comunidades de microcrustáceos. No caso do fipronil, Key et al. (2007) observaram
que sua mistura com outros inseticidas potencializa efeitos tóxicos em insetos
(TAILLEBOIS; THANY, 2016), mas que a resposta da interação varia dependendo
da classe do agrotóxico combinado.

CONCLUSÃO

A partir da análise dos resultados, observou-se que Ceriodaphnia silvestrii apresenta


uma sensibilidade semelhante a outras espécies do gênero para as substâncias
avaliadas isoladamente. Este estudo demonstrou que a mistura dos agrotóxicos
fipronil e 2,4-D causaram maior toxicidade (sinergismo) ao cladócero C.silvestrii do
que o testado individualmente. Sobre a associação dos resultados dos testes
realizados neste trabalho, concentrações reportadas no meio ambiente e valores
estipulados em análises de risco ambiental, no caso do fipronil existe a necessidade
de maior atenção com base na sua probabilidade de exercer efeitos negativos sobre
o equilíbrio da cadeia trófica dos ecossistemas aquáticos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABNT. Ecotoxicologia aquática - Toxicidade crônica de curta duração - Método de


ensaio com peixes. [s.l: s.n.]. Disponível em: <
https://www.abntcatalogo.com.br/norma.aspx?ID=353939 >. Acesso em: 26 out.
2017.
ALBUQUERQUE, A.F. et al. Pesticides in Brazilian freshwaters: a critical review.
Environmental Science. Processes & Impacts, v. 18, n. 7, p. 779–787, 13 jul. 2016.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

BELDEN, J.B.; GILLIOM, R.J.; LYDY, M.J. How Well Can We Predict the Toxicity of
Pesticide Mixtures to Aquatic Life? Integrated Environmental Assessment and
Management, v. 3, n. 3, p. 364–372, 1 jul. 2007.
CASSEE, F.R. et al. Toxicological evaluation and risk assessment of chemical
mixtures. Critical Reviews in Toxicology, v. 28, n. 1, p. 73–101, jan. 1998.
CEDERGREEN, N. Quantifying Synergy: A Systematic Review of Mixture Toxicity
Studies within Environmental Toxicology. PLOS ONE, v. 9, n. 5, p. e96580, 5 fev.
2014.
HAYASAKA, D. et al. Differences in susceptibility of five cladoceran species to two
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21, n. 2, p. 421–427, mar. 2012.
JONKER, M.J. et al. Significance testing of synergistic/antagonistic, dose level-
dependent, or dose ratio-dependent effects in mixture dose-response analysis.
Environmental toxicology and chemistry / SETAC, v. 24, n. 10, p. 2701–2713, out.
2005.
JORNAL DO BRASIL. Produção brasileira de cana-de-açucar pode chegar a 646
milhões de toneladas. [s.l.] CONAB, 2017. Disponível em: <
http://www.jb.com.br/economia/noticias/2017/08/24/producao-brasileira-de-cana-de-
acucar-pode-chegar-a-646-milhoes-de-toneladas/ >. Acesso em: 9 nov. 2017.
KEY, P. et al. Toxicity of three pesticides individually and in mixture to larval grass
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p. 272–277, 1 out. 2007.
MILAM, C.D. et al. Acute toxicity of six freshwater mussel species (Glochidia) to six
chemicals: implications for Daphnids and Utterbackia imbecillis as surrogates for
protection of freshwater mussels (Unionidae). Archives of Environmental
Contamination and Toxicology, v. 48, n. 2, p. 166–173, fev. 2005.
MOREIRA, R.A. et al. Toxicity of abamectin and difenoconazole mixtures to a
Neotropical cladoceran after simulated run-off and spray drift exposure. Aquatic
Toxicology (Amsterdam, Netherlands), v. 185, p. 58–66, abr. 2017.
NELSON, S.M.; ROLINE, R.A. Evaluation of the Sensitivity of Rapid Toxicity Tests
Relative to Daphnid Acute Lethality Tests. Bulletin of Environmental Contamination
and Toxicology, v. 60, n. 2, p. 292–299, 1 fev. 1998.
ORIS, J.T.; WINNER, R.W.; MOORE, M.V. A four-day survival and reproduction
toxicity test for Ceriodaphnia dubia. Environmental Toxicology and Chemistry, v. 10,
n. 2, p. 217–224, 1 fev. 1991.
QIN, G. et al. Effects of predator cues on pesticide toxicity: toward an understanding
of the mechanism of the interaction. Environmental Toxicology and Chemistry, v. 30,
n. 8, p. 1926–1934, ago. 2011.
ROCHA, O. et al. Sensitivities of three tropical indigenous freshwater invertebrates to
single and mixture exposures of diuron and carbofuran and their commercial
formulations. Ecotoxicology, p. 1–11, 20 abr. 2018.
TAILLEBOIS, E.; THANY, S.H. The Differential Effect of Low-Dose Mixtures of Four
Pesticides on the Pea Aphid Acyrthosiphon pisum. Insects, v. 7, n. 4, 12 out. 2016.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

FONTES FINANCIADORAS

Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ)


Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP)
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES)

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Ecotoxicologia de misturas (multiestressores)
332 - IMPORTÂNCIA DA UTILIZAÇÃO DE BIOENSAIOS COM DIFERENTES
NÍVEIS TRÓFICOS PARA A AVALIAÇÃO DA ECOTOXICIDADE DE LIXIVIADOS
DE ATERROS SANITÁRIOS

LÍVIA FERREIRA DA SILVA, ALYNE MORAES COSTA, BIANCA RAMALHO QUINTAES,


JUACYARA CARBONELLI CAMPOS
Contato: LÍVIA FERREIRA DA SILVA - LIVIA.FERREIRA@LIVE.COM

Palavras-chave: lixiviado; aterro sanitário; ecotoxicidade

INTRODUÇÃO

Bioensaios vêm sendo utilizados em análises de lixiviados de aterros sanitários,


como forma de avaliar o risco ambiental gerado por estes efluentes nos
ecossistemas aquáticos. Devido os lixiviados possuírem uma composição complexa
e variada, torna-se fundamental a utilização de organismos-teste de diferentes níveis
tróficos para averiguar os efeitos sinérgicos, antagônicos e aditivos de seus
poluentes de modo mais abrangente. O objetivo deste trabalho foi revisar os
bioensaios utilizados na avaliação da ecotoxicidade de lixiviados, a fim de avaliar a
importância da utilização de organismos de diferentes níveis tróficos em ensaios de
ecotoxicidade.

METODOLOGIA

Por meio de pesquisas no Portal de Periódicos Capes selecionou-se artigos


científicos que abordaram a utilização de ensaios de ecotoxicidade para distintos
lixiviados de aterros sanitários. Com a utilização da palavra-chave “Landfill leachate
toxicity”, levantou-se artigos publicados no período entre 2000 a 2018.
A partir de tais publicações identificou-se quais organismos-teste foram utilizados
nos bioensaios e quais os níveis tróficos dos mesmos. Calculou-se a porcentagem
de publicações que utilizaram um, dois, três ou mais níveis tróficos em suas
análises. Além disso, procurou-se evidenciar qual é a tendência dos autores na
escolha do número de níveis tróficos utilizados para a liberação de resultados
consistentes, a fim de afirmar com maior precisão os efeitos tóxicos dos poluentes
de lixiviados de aterros sanitários.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Com o levantamento bibliográfico realizado obteve-se setenta e cinco artigos, dentre


os quais selecionou-se quarenta e um estudos experimentais que abordaram
bioensaios para caracterização dos poluentes de lixiviados de aterros sanitários.
Entre as publicações analisadas, os ensaios ecotoxicológicos utilizando organismos
de apenas um nível trófico correspondeu a 70,73%; dois níveis tróficos a 21,95% e
com três ou mais níveis tróficos correspondeu apenas 7,32%.
Dentre os organismos-teste mais utilizados destacaram-se a bactéria Allivibrio
fischeri (29,27%), seguida pelo microcrustáceo Daphnia magna (17,7%), o peixe
Danio rerio (9,76%) e a planta aquática Lemna minor (9,76%). Segundo Pivato e

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Gaspari (2006), a vasta aplicação da Allivibrio fischeri em bioensaios se dá devido a


rápida resposta e a alta sensibilidade a compostos encontrados em elevadas
concentrações em lixiviados, como material orgânico e a amônia.
Pablos et al. (2011) relacionaram as variáveis físico-químicas e ecotoxicológicas de
amostras de lixiviados coletados em aterros localizados em Madri, Espanha. Através
do uso de ferramentas estatísticas, os autores puderam inferir sobre a contribuição
dos poluentes dos lixiviados na ecotoxicidade dos organismos-teste Daphnia magna
e o anfíbio Xenopus laevis. Os autores concluíram que existe uma relação
significativa entre os poluentes do lixiviado (amônia, alcalinidade, DQO e cloreto)
com a ecotoxicidade dos organismos-teste estudados.
Jemec e colaboradores (2012) avaliaram a ecotoxicidade do lixiviado do Aterro
Municipal da Eslovênia, utilizando os organismos-teste Allivibrio fischeri, Daphnia
magna, Danio rerio (embrião) e Desmodesmus subspicatus. Os autores verificaram
que a Daphnia magna (CE 5048h = 3,3-4,7) e o embrião de Danio rerio (CL 5048h =
3,2-6,2) foram os organismos mais sensíveis, e que a A. fischeri (CE 5030min =
10,8-18,2) e a D. subspicatus (CE 5072h = 6,9-19,8) foram os menos sensíveis. Por
fim, os autores ressaltaram que devido a distintas sensibilidades dos organismos,
torna-se necessário a utilização de uma bateria de bioensaios para a determinação
do potencial tóxico do lixiviado.
Tais discussões são complementadas com o estudo de Ribé et al. (2012) que
relatam sobre “a importância de avaliar a eficiência das tecnologias de tratamento de
lixiviado sob a perspectiva dos potenciais efeitos para os organismos, ao invés das
concentrações residuais de contaminantes individuais”, principalmente quando se
analisa “matrizes complexas de contaminantes”. Dessa forma, mostra-se que
mesmo existindo uma relação entre a composição da amostra e a sensibilidade do
organismo, uma bateria de bioensaios pode estimar de uma forma mais segura a
ecotoxicidade do lixiviado.

CONCLUSÃO

Com este estudo verificou-se que uma parcela de publicações (<30%) correspondeu
aos ensaios com dois ou mais níveis tróficos distintos para a avaliação da
ecotoxicidade de lixiviados. Enquanto, a maior porcentagem (70,7%) correspondeu a
estudos com a utilização de apenas um único organismo-teste.
Por fim, o presente trabalho enfatiza a importância da utilização de organismos-teste
de diferentes níveis tróficos para a avaliação ecotoxicológica de lixiviados, como
forma de obter distintas respostas aos vários contaminantes presentes, além de
evidenciar os possíveis danos ambientais a nível de ecossistema, e não apenas
ressaltando a sensibilidade de um único organismo, ou nível trófico.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

JEMEC, A.; TIŠLER, T.; ŽGAJNAR-GOTVAJN, A. 2012. Assessment of landfill


leachate toxicity reduction after biological treatment. Archives of Environment
Contamination and Toxicology 62, 210-221.
PABLOS, M.V.; MARTINI, F.; FERNÁNDEZ, C.; BANBÍN, M.M.; HERRAEZ, I.;
MIRANDA, J.; MARTÍNEZ, J.; CARBONELL, G.; SAN-SEGUNDO, L.; GARCÍA-
HORTIGUËLA, P.; TARAZONA, J.V. 2011. Correlation between physicochemical

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

and ecotoxicological approaches to estimate landfill leachate landfill. Waste


management 31, 8, 1841-1847.
PIVATO, A.; GASPARI, L. 2006. Acute toxicity test of leachate from traditional and
sustainable landfills using luminescent bacteria. Waste Management 26, 1148-1155.
RIBÉ, V.; NEHRENHEIM, E.; ODLARE, M.; GUSTAVSSON, L.; BERGLIND, R.;
FORSBERG, A. 2012. Ecotoxicological assessment and evaluation of a pine bark
biosorbent treatment of five landfill leachates. Waste Management 32, 1886–1894.

FONTES FINANCIADORAS

CAPES

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Ecotoxicologia de misturas (multiestressores)
367 - AVALIAÇÃO DA ECOTOXICIDADE DO HERBICIDA METSULFURON-
METHYL: ENSAIOS MULTIESPÉCIE COM MINHOCAS E ISÓPODOS

TATIANI MARIA PECH, MAYRINE SILVA, FERNANDA BENEDET DE SANTO, JÚLIA


CARINA NIEMEYER
Contato: MAYRINE SILVA - MAYRINE.FLORESTA@GMAIL.COM

Palavras-chave: Agrotóxico; Ensaio de fuga; Macrofauna edáfica

INTRODUÇÃO

O mercado brasileiro de agrotóxicos cresceu rapidamente na última década,


colocando o país em primeiro lugar no ranking mundial de consumidores. O
Metsulfuron-methyl é um herbicida pertencente ao grupo químico das sulfoniluréias,
seletivo e de ação sistêmica, sendo utilizado para controle em pré- e pós-
emergência de plantas daninhas. O uso de adjuvante, como óleo mineral, aumenta a
área de contato e, consequentemente, sua eficiência. Diante deste contexto, o
objetivo do presente trabalho foi avaliar o efeito ecotoxicológico do herbicida
metsulfuron-methyl, aplicado sozinho e com adição de óleo mineral, para a
macrofauna edáfica utilizando ensaios de fuga multiespécies.

METODOLOGIA

O ensaio multiespécies foi realizado com minhocas da espécie Eisenia andrei em


conjunto com isópodos da espécie Porcellio dilatatus, tendo como base a norma
ABNT NBR ISO 17512-1 (ISO, 2011) de ensaio de fuga.Os produtos comerciais
utilizados foram o herbicida Ally® (600 g.L-1 metsulfuron-methyl), aplicado sozinho
ou em conjunto com o adjuvante Assist® (756 g.L -1 óleo mineral), que também foi
avaliado sozinho. Como controle, foi utilizando solo artificial tropical (SAT -5% de
matéria orgânica) umedecido com água destilada até 50% da sua capacidade de
retenção. O metsulfuron-methyl foi avaliado na concentração de 0,10 mg.kg-1 e o
adjuvante, quando aplicado, foi usado na proporção 0,5% v/v. Para cada
combinação, foram realizadas cinco réplicas. As combinações foram: Controle X
Ally; Controle X Ally + Adjuvante; Controle X Adjuvante; e Controle X Controle. Os
ensaios foram incubados a 20ºC durante 48 horas. Os resultados foram analisados
usando o teste exato de Fisher (p< 0,05), avaliando se houve fuga do solo-teste com
o herbicida e/ou com adjuvante.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A combinação Controle X Controle apresentou uma distribuição aleatória dos


organismos, cumprindo os critérios de validação do ensaio. Não houve fuga quando
apenas o herbicida Ally® foi aplicado ao solo, na combinação Controle X Ally.
Todavia, as minhocas e isópodos apresentaram comportamento de fuga quando o
Ally® foi testado com adição do adjuvante, sendo que 88,8% ± 11,4 dos isópodos e
67,5% ± 6,71 das minhocas foram encontradas no controle, respectivamente, na
combinação Controle X Ally + Adjuvante. Quando testado sozinho, o adjuvante
apresentou toxicidade apenas para os isópodos, sendo 69,8% ± 18,71 encontrados

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

no controle na combinação Controle X Adjuvante. Os resultados mostraram que os


isópodos foram mais sensíveis que as minhocas no ensaio de fuga, apresentando
fuga do Adjuvante composto por óleo mineral. Comportamento de fuga pode ser
esperado em relação ao óleo mineral, uma vez que na bula do produto também fala
que o mesmo pode ter efeito inseticida ou acaricida. O ensaio multiespécies
corroborou resultados já encontrados para os produtos em questão, avaliados em
ensaios de fuga convencionais, onde apenas uma espécie é exposta. Porém,
recomenda-se aumentar o número de minhocas (no presente trabalho, usamos
apenas 4 minhocas por réplica). O valor aplicado do herbicida para os ensaios foi
10x maior do que a dose aplicada em campo, sendo a dose esperada de 0,03
mg.Kg-1. Em geral, podemos dizer que quando utilizado em conjunto com o produto
comercial à base de metsulfuron-methyl, o adjuvante aumentou a ecotoxicidade do
produto, levando os organismos a evitarem o solo contaminado, o que, em campo,
causaria a perda destes grupos funcionais, simplesmente pela migração dos
organismos.

CONCLUSÃO

O ensaio multiespécies mostrou-se viável e corroborou resultados já encontrados


sobre a ecotoxicidade dos produtos em estudo. O herbicida Ally, mesmo em dose
10x maior do que a esperada em campo, não causou a fuga dos organismos.
Porém, quando o mesmo foi aplicado com a adição de adjuvante à base de óleo
mineral, ocasionou a fuga dos organismos. No presente trabalho, os isópodos
demonstraram ser mais sensíveis do que as minhocas em relação aos efeitos do
adjuvante. Os resultados mostram a necessidade de se avaliar formulações
comerciais e suas misturas na avaliação de risco de pesticidas.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Oral
Ecotoxicologia de misturas (multiestressores)
372 - EFEITOS DA EXPOSIÇÃO À PARTÍCULAS DE TINTA ANTI-INCRUSTANTE
NO CARANGUEJO Neohelice granulata

FÁBIO DE MELO TAROUCO, BETINA GOMES LEAL, JULIANO DA SILVA BARRETO,


GRASIELA LEÃES LOPES PINHO, CARLOS EDUARDO DA ROSA
Contato: FÁBIO DE MELO TAROUCO - FABIOBIO304@HOTMAIL.COM

Palavras-chave: Partículas de tinta anti-incrustante; DCOIT; cobre piritiona; estresse oxidativo

INTRODUÇÃO

Devido a ação antrópica, diversos contaminantes têm como destino final ambientes
aquáticos, entre estes, podemos destacar, a presença de partículas de tintas anti-
incrustantes (PTAs). Essas são formadas durante a manutenção do sistema anti-
incrustante das embarcações. No ambiente, estas PTAs são fontes liberadoras
constantes de substâncias biocidas. Os efeitos isolados destes biocidas utilizados
nas formulações das tintas anti-incrustantes (TAIs) na bioquímica e fisiologia de
organismos não-alvo já foram demonstrados, no entanto, são escassas as
informações relacionadas aos efeitos das PTAs. Sendo assim, o objetivo do trabalho
é avaliar os efeitos destas PTAs em parâmetros de estresse oxidativo no caranguejo
Neohelice granulata.

METODOLOGIA

PTAs ≤ 180 µm foram produzidas utilizando a tinta Micron Premium da marca


Internacional. Entre as substâncias biocidas descritas na formulação desta tinta
estão: cobre, zinco, cobre piritiona e DCOIT. Os animais foram coletados no estuário
da Lagoa dos Patos, mantidos por 15 dias antes dos testes nas seguintes
condições: fotoperíodo 12C:12E, temperatura de 20°C, pH 8, salinidade 20 ppm e
alimentados em dias alternados. Após, os animais foram divididos em três grupos:
controle, 20 mg/L e 500 mg/L de PTAs (escolhidas baseadas na literatura). Os
animais foram expostos por 96h (2 animais por aquário em triplicata, com 5 L do
meio de exposição em cada aquário). Após, os animais foram sacrificados em gelo,
sendo retirados as brânquias (anteriores e posteriores separadamente) e o
hepatopâncreas para as análises de geração de espécies ativas de oxigênio (EAO),
capacidade antioxidante (ACAP) e lipoperoxidação (LPO). As EAO foram analisadas
por fluorescência empregando o 2',7'- diacetato diclorofluoresceína (H2DCF-DA). A
ACAP foi avaliada fluorimetricamente utilizando-se um gerador de radicais peroxil e
o H2DCF-DA. A LPO foi analisada espectrofotometricamente através do método
FOX utilizando o reagente xylenol orange. Os resultados foram analisados por
Anova de uma via seguida pelo teste de Newmann-Keuls (p<0,05).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Durante a exposição não foi observada mortalidade do caranguejo N. granulata nas


concentrações de PTAs testadas. Após a exposição, não foram observadas
diferenças significativas no hepatopâncreas em nenhum dos parâmetros analisados
(p> 0,05). Com relação às brânquias, a ACAP não foi modificada em nenhum dos

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

tratamentos. Com relação aos níveis de EAO, não foram observadas diferenças
significativas (p> 0,05) nas brânquias posteriores. No entanto, ao analisar as
brânquias anteriores, foi observada uma redução significativa (p<0,05) nos níveis de
EAO, tanto na concentração de 20 mg/L (1,88 vezes) quanto de 500 mg/L (3,22
vezes) de PTAs, quando comparadas ao grupo controle. Quando avaliados os níveis
de LPO, foi observada uma redução significativa (p<0,05) nas brânquias anteriores
dos animais expostos à menor (2,51 vezes) e a maior concentração (2,14 vezes) de
PTAS testadas. Nas brânquias posteriores, foi obsevada uma redução significativa
(p˂0,05) nos níveis de LPO somente na concentração de 500 mg/L (1,72 vezes),
quando comparada ao grupo controle. Alterações nos níveis de EAO podem ser
reflexo de perturbações no metabolismo energético. Existem poucas informações
sobre os efeitos tóxicos das PTAs em organismos não alvo, no entanto um dos
efeitos conhecidos de substâncias presentes nas tintas anti-incrustante, são
alterações no balanço energético, como relatados para o cobre, DCOIT e zinco
piritiona. Estas substâncias presentes em TAIs podem levar a alterações em
bombas de prótons, no potencial da membrana mitocondrial ou inibir a atividade de
algumas enzimas envolvidas no ciclo de krebs e, com isso, levar a alterações no
metabolismo energético. Uma vez que o metabolismo oxidativo, através da cadeia
transportadora de elétrons é uma das principais fontes de EAO, uma redução da
atividade deste sistema poderia levar a um desbalanço na produção destas
moléculas.

CONCLUSÃO

Podemos concluir que as PTAs, nas concentrações de 20 e 500 mg/L, acarretaram


alterações em parâmetros de estresse oxidativo no caranguejo estuarino N.
granulata. Por fim, os resultados encontrados, foram dependentes do tecido
analisado, sendo as brânquias anteriores (com função principal de trocas gasosas)
os tecidos mais afetados. Estes resultados podem estar relacionados com uma
possível alteração no metabolismo energético, entretanto para confirmar essa
hipótese mais estudos precisam ser realizados.

FONTES FINANCIADORAS

FINEP, DS-CAPES, PROBIC-FAPERGS

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Ecotoxicologia de misturas (multiestressores)
398 - AVALIAÇÃO DE ÁREA CONTAMINADA POR EFLUENTE SANITÁRIO
ATRAVÉS DE ENSAIO DE FUGA

ROBERTA DE MOURA LISBOA, BÁRBARA ESTEVÃO CLASEN


Contato: ROBERTA DE MOURA LISBOA - ROBERTA.PIARDI@GMAIL.COM

Palavras-chave: toxicidade; Eisenia andrei

INTRODUÇÃO

O descarte de efluentes no solo causa a contaminação do ambiente terrestre e o


consequente impacto na biota local e a saúde humana. Os efluentes carregam
inúmeras substâncias tóxicas em sua composição, resultando na necessidade de
investigação, monitoramento e remediação das áreas que recebem esse tipo de
resíduo. Assim, o objetivo do presente estudo foi avaliar o potencial toxicológico de
uma área contaminada com efluente sanitário, na evasão das minhocas Eisenia
andrei através de ensaio de fuga.

METODOLOGIA

O solo foi coletado na camada de 0-15 cm em diferentes pontos (P1, P2, P3, P4 e
P5) de uma área receptora de efluente sanitário sem tratamento adequado. Uma das
amostras não estava sujeita a influência dos efluentes e foi utilizada como controle
(P6). Nas amostras coletadas foi realizada análise química para determinação de:
pH em água, matéria orgânica, capacidade de troca de cátions, teores de cobre,
zinco, manganês, ferro e fósforo.
O ensaio foi realizado seguindo orientações da norma NBR ISO 17512-1/2011,
sendo cada tratamento com 3 repetições, contando 10 indivíduos clitelados, com
massa entre 400 e 600 mg. O ensaio de fuga foi conduzido por 48h, em que as
unidades experimentais consistiam em câmaras com duas seções, contendo
respectivamente solo controle e contaminado.
Os dados foram analisados através do software R, obtendo-se médias e desvios-
padrão. Após avaliação por meio do teste de Shapiro-Wilk e Bartlett, quanto à
normalidade e homogeneidade, respectivamente. Após confirmação, os resultados
quando paramétricos seguiram para análise de variância e teste post hoc de Scott-
Knott. Quando não paramétricos seguiram para o teste de Kruskall-Wallis. Os testes
foram realizados a nível de 5% de significância.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados das análises químicas de metais indicaram concentrações médias de


4,2 mgCu/kg, 19,6 mgZn/kg, 29,8 mgMn/kg e 366,9 mgFe/kg, abaixo dos valores de
prevenção da CONAMA 420/2009, que estabelece 300 mg/kg para zinco e 60 mg/kg
para cobre.
Os critérios de validação do ensaio de evasão foram atendidos, uma vez que não foi
observada mortalidade ou perda de organismos e, ocorreu distribuição equitativa em
ambas as seções das unidades experimentais com o solo controle. Os resultados

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

indicaram que os pontos P4, P1 e P3 apresentaram-se tóxicos aos organismos, e


considerados limitantes para a função do habitat dos solos, pois causaram cerca de
80% ou mais de evasão. O P4 apresentou fuga de 100% dos organismos, enquanto
os pontos P1 e P3 apresentaram evasão de 80%. Esses pontos foram
estatisticamente semelhantes e diferentes do solo controle (P6). Já os solos dos
pontos P5 e P2 não foram tóxicos aos organismos, apresentando evasão < 60%,
sendo semelhantes estatisticamente. Os pontos P4, P1 e P3, estão sob grande
influência do esgoto e das maiores concentrações de metais na área.
Os dados sugerem que, embora as concentrações médias de metais estejam de
acordo com os padrões estabelecidos em legislações vigentes, o solo da área
possui potencial de desencadear alterações comportamentais nos organismos. A
exposição simultânea a misturas, pode levar a antagonismos, não necessariamente
aos efeitos aditivos ou sinérgicos dos contaminantes em separado (ZHENG et al.,
2013). Em um solo contaminado real, os contaminantes geralmente coexistem no
ambiente e potencialmente interagem uns com os outros, o que complicam seus
mecanismos de reação. Logo, não foi possível atribuir um contaminante como
principal causador do estresse dos organismos.

CONCLUSÃO

O solo sob influência do esgoto apresentou potencial de toxicidade. Associar as


respostas toxicológicas aos atributos do solo não foi possível, pois se deve
mencionar que outros contaminantes não avaliados podem contribuir para os
resultados encontrados, assim como a interação entre os diversos contaminantes.
Os solos foram coletados de uma área receptora de efluentes de uma universidade,
o qual inclui dejetos de atividades humanas básicas, bem como resíduos
laboratoriais.
Considerando o potencial bioacumulativo dos contaminantes presentes no esgoto,
os resultados do estudo servem de alerta quanto aos riscos ecológicos que o
lançamento desse resíduo pode causar ao ambiente.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABNT. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR ISO 17512-1:


Qualidade do solo – Ensaio de fuga para avaliar a qualidade de solos e efeitos de
substâncias químicas no comportamento. Parte 1: Ensaio com minhocas (Eisenia
fetida e Eisenia andrei). Rio de Janeiro, 201 1, 26p.
CONAMA. Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução n. 420, de 28 de
dezembro de 2009. Dispõe sobre critérios e valores orientadores de qualidade do
solo quanto à presença de substâncias químicas e estabelece diretrizes para o
gerenciamento ambiental de áreas contaminadas por essas substâncias em
decorrência de atividades antrópicas. Brasília, 2009.
ZHENG, K.; LIU, Z. T.; LI, Y.; CUI, Y.; LI, M. Toxicological responses of earthworm
(Eisenia fetida) exposed to metal-contaminated soils. Environmental Science and
Pollution Research, v. 20, p. 8382–8390, 2013.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Ecotoxicologia de misturas (multiestressores)
412 - SOLOS FERTIRRIGADOS COM VINHAÇA DA CANA-DE-AÇÚCAR AO
LONGOS DOS ANOS APRESENTAM TOXICIDADE EM BIOINDICADOR DE
SOLO

JORGE CORREIA EVANGELISTA CORREIA, CRISTINA MOREIRA DE SOUZA,


CLEITON PEREIRA DE SOUZA, RAPHAEL BASTON DE SOUZA, CINTYA APARECIDA
CHRISTOFOLETTI, CARMEM SILVIA FONTANETTI CHRISTOFOLETTI
Contato: JORGE CORREIA EVANGELISTA CORREIA - JORGEECORREIA@HOTMAIL.COM

Palavras-chave: diplópodos; intestino médio; HSP70; histologia

INTRODUÇÃO

A vinhaça é o principal resíduo líquido do processamento da cana-de-açúcar em


etanol. Ao longo dos últimos 35 anos a prática de fertirrigação de vinhaça nas
culturas de cana-de-açúcar vem sendo realizada como forma de descarte desse
resíduo. Tendo em vista o potencial tóxico da vinhaça bruta, demonstrado em
diversos estudos, e as décadas de sua utilização em exorbitantes quantidades como
fertilizante nas culturas canavieiras, esse estudo objetivou avaliar o impacto que a
vinhaça pode provocar em áreas que a recebam por 5, 15 e 30 anos,
aproximadamente, utilizando o diplópodo Rinochricus padbergi como bioindicador.

METODOLOGIA

As amostras de solo foram coletadas em áreas de cultura canavieira que receberam


vinhaça por 5, 15 e 30 anos e uma área controle (S5, S15, S30 e SC,
respetivamente). Foram realizadas análises físico-químicas do solo antes da
montagem dos bioensaios. O bioensaio foi realizado em triplicata, cada terrário
contendo 7,5kg de solo e 20 animais com exposição por 21 e 42 dias em sala com
temperatura controlada (23°C) e fotoperíodo. Finalizado o período de exposição três
indivíduos de cada terrário foram anestesiados e dissecados para a coleta do
intestino médio para análise histopatológica e marcação da proteína de choque
térmico HSP70. As amostras foram fixadas por 24h em diferentes fixadores e
lavadas e armazenadas em tampão fosfato. As amostras foram submetidas à
desidratação lenta e emblocadas em historesina e parafina. Foram confeccionadas 2
lâminas com 8 cortes cada para cada técnica (histológica, histoquímica e
imunohistoquímica). As análises histopatológicas foram quantificadas utilizando o
protocolo de Christofoletti et al. (2016) para intestino médio de R. padbergi. Os
dados obtidos tiveram sua normalidade e homogeneidade testados e a partir deles
foi aplicado o método estatístico mais apropriado.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os solos apresentaram concentrações de componentes orgânicos e de metais


variados; o solo S30 apresentou os maiores valores de nitrogênio kjeldahl, fósforo,
potássio (quatro vezes maior comparado ao controle), zinco, níquel, magnésio,
cobre, cálcio e bário. Após 21 dias de exposição apenas três indivíduos
sobreviveram ao solo S30 e após 42 dias houve mortalidade muito alta, a qual

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

também foi observada no tratamento com solo S15. Houve morte de um indivíduo do
controle e de dois do solo S5. Em 21 dias de exposição, o espessamento do bordo
em escova foi estatisticamente significativo nos animais expostos aos solos S5 e
S15 quando comparados ao controle pelo método Kruskal-Wallis (p<0,05). O bordo
em escova é constituído pelas microvilosidades das células do epitélio e seu
espessamento pode se dar pelo elongamento dessas microvilosidades. Nos animais
expostos ao solo S15 a perda de adesão das células epiteliais também foi
estatisticamente significativa. Já em 42 dias de exposição, a perda de adesão das
células epiteliais foi estatisticamente significativa apenas nos animais expostos ao
solo S5 anos. A perda de adesão entre as células pode estar intimamente
relacionada ao processo de renovação tecidual, uma vez que facilita o
desprendimento das células danificadas ou em processo de morte, favorecendo sua
eliminação do tecido. Esses processos são respostas fisiológicas normais para
manter a função do órgão (SOUZA; FONTANETTI, 2011), no entanto se a
frequência/incidência deste processo for alta, provavelmente haverá morte do
animal. Alguns animais expostos ao solo S5 e S15 mostraram marcação bem
expressiva nas células hepáticas para polissacarídeos neutros e para proteínas
evidenciando uma composição complexa. Boa parte dos grânulos das células
hepáticas apresentaram cálcio em sua constituição, tipicamente observado nestes
animais, fazendo parte dos esferocristais. A presença de cálcio também foi
evidenciada nas células epiteliais de indivíduos expostos por 21 dias ao solo S5. A
partir de análise da marcação de HSP70 verificou que a menor expressão da
proteína foi nos animais do controle de 42 dias e a maior nos animais expostos há
42 dias ao solo S5. Houve diferenças estatisticamente significativas pelo método
ANOVA-unidirecional e Pos-hoc de Dunnet (p<0,05) nos indivíduos expostos há 21
dias no solo S5 e S15 e há 42 dias no solo S5 quando comparado aos controles. A
expressão de HSP70 concentrou-se predominantemente na região apical das
células epiteliais e nas células hepáticas. Essas proteínas estão intimamente
relacionadas com o processo de recuperação e proteção de estresse oxidativo.
CONCLUSÃO
Os resultados sugerem ação tóxica dos solos que receberam vinhaça como
fertilizante, sendo constatado efeitos significativos mesmo em solo que recebeu
vinhaça por apenas 5 anos. As altas concentrações de potássio e outros metais nos
solos trazem um alerta sobre uma possível salinização dos solos ao longo dos anos
da prática de fertirrigação de vinhaça. O acúmulo de substâncias tóxicas da vinhaça
nos solos trazem o alerta para a lixiviação dos mesmos e pontecial toxicidade para
águas subterrâneas e corpos hídricos próximos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CHRISTOFOLETTI, C.A.; FRANCISCO, A.; PEDRO-ESCHER, J.; GASTALDI, V.D.;
FONTANETTI, C.S. Diplopods as soil bioindicators of toxicity after application of
residues from sewage treatment plants and ethanol industry. Microscopy and
Microanalysis, v. 22, n. 5, p. 1098-1110, 2016.
SOUZA, T.S.; FONTANETTI, C.S. Morphologial biomarkers in the Rhinocricus
padbergi midgut exposed to contamined soil. Ecotoxicology and Environmental
Safety, v. 74, p. 10- 18, 2011.
FONTES FINANCIADORAS
FAPESP processo 2015/26157-9 e 2012/50197-2.

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Painel
Ecotoxicologia de misturas (multiestressores)
413 - TOXICIDADE DE ELEMENTOS TERRAS RARAS EM DIFERENTES NÍVEIS
TRÓFICOS

LUDMILA ROSA BERGSTEN TORRALBA, JÚLIA VIANNA DA ANUNCIAÇÃO DE PINHO,


DANIELLY DE PAIVA MAGALHÃES, CARLOS ROBERTO SOBRINHO DO
NASCIMENTO, ELLEN CRISTINE GIESE, DANIEL FORSIN BUSS
Contato: LUDMILA ROSA BERGSTEN TORRALBA - LUDMILA.BERGSTEN@GMAIL.COM

Palavras-chave: terras raras; toxicidade; níveis tróficos

INTRODUÇÃO

Os Elementos Terras Raras (TRs) compõem a série dos lantanídeos e, na


atualidade, o seu valor tem sido comparado ao ouro devido à dependência de
aplicação destes elementos em diversas tecnologias como celulares, telas de TVs,
motores elétricos e como imãs potentes em torres de energia eólica. No entanto, não
existem muitas informações quanto a sua toxicidade. Há controvérsias quanto aos
possíveis danos à saúde ambiental e humana, o que demonstra a necessidade de
maiores esclarecimentos quanto a toxicidade dos TRs (PAGANO et al., 2015).
Assim, este trabalho avalia a toxicidade de TRs em organismos de diferentes níveis
tróficos.

METODOLOGIA

Com o intuito de estabelecer comparações quanto a toxicidade dos TRs, os


elementos Lantânio, Neodímio e Samário foram avaliados individualmente e em
misturas (proporção 1:1 e 1:1:1). Para tanto, foram realizados bioensaios com
organismos de diferentes níveis tróficos: a) O fungo Penicillium simplicissimum
INCQS 40211, isolado de estuário em SP, foi utilizado como decompositor; b) As
algas verdes Raphidocelis subcapitata e Chlorella vulgaris foram utilizadas como
produtores e c) Os microcrustáceos Daphnia similis e Artemia salina foram utilizados
como consumidores. O fungo foi avaliado através da medição do crescimento da
colônia após 1, 2, 5 e 7 dias de exposição e, considerando o controle, foi calculado o
Índice de Tolerância (IT): diâmetro do micélio exposto aos TRs/diâmetro do micélio
controle*100 (Gonen Tasdemir et al., 2008). Para as algas verdes, a densidade foi
medida por espectrofotometria após 72h de exposição aos TRs. A Concentração de
Inibição (CI50) determinada através do programa ICPIN seguindo a norma ABNT
12648 (2011). Para os microcrustáceos, a contagem do número de mortos e/ou
imóveis foi realizada após 48h de exposição. A Concentração Letal média (CL50) foi
calculada através do método Trimmed Spearman-Karber. Para D. similis foi utilizado
como referência a norma da ABNT 12713 (2009).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Dos TRs testados individualmente, o Neodímio foi o mais tóxico para a maioria dos
organismos estudados, com exceção de C. vulgaris. Para esta alga verde o Samário
foi o TR mais tóxico (CI50 = 185,50 µM: IC 174,01-194,27). O organismo mais
sensível ao Neodímio foi o microcrustáceo D. similis (CL50 = 67,70 µM: IC 64,29-

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

71,30) e o organismo mais resistente foi o fungo P. simplicissimum, para o qual


observou-se a redução no crescimento da colônia (efeito fungistático) de
aproximadamente 39%, 83% e 98% nas concentrações de 750, 1000 e 2000 µM,
respectivamente. Nas avaliações ecotoxicológicas das misturas, observou-se que a
presença do Neodímio nas misturas de 1:1 também pode resultar no aumento da
toxicidade para a maioria dos organismos, já que o mesmo estava presente nas
concentrações mais tóxicas aos organismos: a mistura de Neodímio+Lantânio mais
tóxico para A. salina (CL50 = 322,84 µM: IC 275,01-378,98) e P. simplicissimum
(IT=750 µM) e, a mistura de Neodímio+Samário foi mais tóxico para D. similis (CL50
= 68,66 µM: IC 60,26-78,22) e C. vulgaris (CI50 = 157,83 µM: IC 155,44-161,34). A
exceção foi para a alga verde R. subcapitata, a qual apresentou maior sensibilidade
para a mistura Lantânio+Samário (CI50 = 149,17 µM: IC 145,48-154,48). O Lantânio
é descrito na literatura por ligar-se a íons fosfatados no meio de cultivo destes
organismos e, consequentemente, inibir o seu desenvolvimento (LIMA et al., 2009).
No presente trabalho, o Lantânio associado ao Samário, apresentou um efeito
sinérgico em R. subcapitata, uma vez que individualmente, estes TRs apresentaram
toxicidade inferior à mistura, com CI50 de 372 µM e 474,87 µM, respectivamente.
Este resultado foi distinto ao de Gonzalez et al. (2015), onde os autores observaram
que os TRs de maior peso molecular foram mais tóxicos para a alga R. subcapitata.
No presente trabalho, o Samário, de maior peso molecular, foi o TR que apresentou
a menor toxicidade para R. supcapitata, A. salina, P. simplicissimum e para D.
similis, neste último organismo a toxicidade de Samário (CL50 = 559,90 µM: IC
506,63-618,77) foi 727% menos tóxico que o Neodímio (CL50 = 67,70 µM: IC 64,29-
71,30).

CONCLUSÃO

Os resultados apresentados indicam que os consumidores primários em ambientes


dulcícolas, como a Daphnia similis, foram mais sensíveis aos TRs e essa
observação é ainda mais relevante quando consideramos que em ambientes reais a
exposição se dá de forma crônica. Nesse estudo, os ensaios agudos com esses
organismos foram mais sensíveis do que os ensaios crônicos com alga e fungo, o
que aponta para a potencial susceptibilidade desses organismos a toxicidade desses
TRs, sendo o organismo decompositor o mais resistente. Dentre os TRs testados o
Neodímio foi o elemento mais tóxico aos organismos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABNT: NBR 12648: Ecotoxicologia aquática – Toxicidade crônica – Método de


ensaio com algas (Chlorophyceae). Associação Brasileira de Normas Técnicas.
2011.
ABNT: NBR 12713: Ecotoxicologia aquática – Toxicidade aguda – Método de ensaio
com Daphnia spp. Associação Brasileira de Normas Técnicas. 2009.
GONEN TASDEMIR, F.; YAMAC, M.; CABUK, A.; YILDIZ, Z. 2008. Selection of
Newly Isolated Mushroom Strains for Tolerance and Biosorption of Zinc In Vitro.
Journal of Microbiology and Biotechnology 18 (3): 483-489.
GONZALEZ, V.; VIGNATI, D.A.L.; PONS, M-N.; MONTARGES-PELLETIER, E.;
BOJIC, C.; GIAMBERINI, L. 2015. Lanthanide ecotoxicity: First attempt to measure
environmental risk for aquatic organisms. Environmental Pollution 199: 139-147.

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

LIMA, P.C.R. 2011. “TERRAS-RARAS: A Importância de Um Plano Estratégico”.


Cadernos Aslegis, no 42: p. 126–132.
PAGANO, G.; GUIDA, M.; TOMMASI, F.; ORAL, R. 2015. Health effects and toxicity
mechanisms of rare earth elements – Knowledge gaps and research prospects.
Ecotoxicological and Environmental Safety 115: 40-48.

FONTES FINANCIADORAS

CAPES, FAPERJ

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Ecotoxicologia de misturas (multiestressores)
479 - AVALIAÇÃO DA EFICIÊNCIA DO USO DE Ulva fasciata PARA REMOÇÃO
DE AMÔNIA EM ELUTRIATOS E TESTES COM Lytechinus variegatus

ANELISE DESTEFANI, CHARRID RESGALLA JUNIOR


Contato: ANELISE DESTEFANI - ANEDESTEFANI@GMAIL.COM

Palavras-chave: Ulva fasciata; amônia; sedimentos; elutriatos

INTRODUÇÃO

Testes de toxicidade em amostras elutriadas são utilizados para simular a


ressuspensão de contaminantes (BURTON & INGERSOLL, 1994). Entretanto, o
procedimento libera resíduos metabólicos tóxicos, como a amônia ionizada, que
interferem nos resultados.
A utilização de algas em amostras elutriadas marinhas, tem sido muito utilizadas e
recomendada pela USEPA, para remoção de amônia sem interferir na quantidade de
poluentes inorgânicos (GOMUŁKA, 2014; SUN et al., 2014; PELLETIER, et al.
2001), envolvendo um tempo de exposição amostra/alga variando de 5 à 24 horas
(BURGESS et al, 2003; MEHLER, et al. 2017). O objetivo deste trabalho foi avaliar
previamente distintos tempos de exposição da amostra com Ulva fasciata e sua
eficiência na remoção de amonia sem apresentar interferentes ecotoxicologicos.

METODOLOGIA

A macroalga Ulva fasciata foi coletada, limpa e mantida por 4 dias em água do mar
com aeração e renovação diária. Amostras de sedimentos da Baía da Babitonga
foram elutriadas em uma mistura de 1:4 (sedimento:água), agitadas por 30 minutos
em Jartest e deixadas para decantar por 12 horas (HO et al, 2007). Foram utilizadas
para este trabalho, amostras de 5 pontos de colete, mais os controle de água do mar
e controle de Ulva. Após este período a água foi filtrada em filtro GF/F de 45 μm e
verificado teor de amônia pelo método de Spectroquant (Merck). Amostras de 60 mL
de elutriato e água marinha foram expostas à 5 gramas de Ulva fasciata e incubadas
em luz e a temperatura de 20ºC. Uma alíquota de amostra foi removida após 3, 4, 5
e 24 horas de exposição, filtradas e o teor de nitrogênio amoniacal verificado.
Parâmetros de pH, salinidade e OD foram também obtidos.
Também foram dados dos teores de arsênio, cádmio, chumbo, cobre, cromo, níquel
e zinco nos sedimentos segundo a descrição do USEPA (Method 3050B, 1996) com
digestão ácida. O metal mercúrio foi determinado conforme método do USEPA
Method 7471 B (2007), por absorção atômica de vapor frio.
Os testes de toxicidade com amostras elutriadas e submetidas ao tratamento com
Ulva fasciata foram executados por 24 horas e conduzidas utilizando-se utilizando
embriões de Lytechinus variegatus conforme recomendação da ABNT/NBR 15350
(2012).

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Amostras tratadas com U. fasciata evidenciaram variações dos teores de amônia em


diferentes escalas temporais. Foi observado um aumento dos teores de amônia nas
amostras expostas em 5hs comparadas às exposição de 3 a 4 horas. Com relação
as exposição com duração de 24 horas, essas apresentam menores teores de
amônia. O Controle apresentou variação de amônia com maior teor após 5 horas,
após 24 horas, os teores foram Abaixo do Limite de Detecção (ALD). Amostra 04 e
Acmar e AC, após 24 horas de exposição apresentaram ALD.
As concentrações dos metais apresentam teores bem abaixo dos valores basais
brasileiros, com destaque para níquel, zinco e cromo.
Os resultados ecotoxicológicos com amostras tratadas com U. fasciata utilizando
embriões de L. variegatus não apresentaram um padrão claro de efeito relacionado
a presença de metais e teores de amônia. Independente dos distintos fatores de
confusão, observa-se que a A04 foi o único ponto que apresentou ALD, após 24
horas de exposição da U. fasciata, entretanto apresenta a maior percentagem de
efeito.
Apesar das amostras tratadas com U. fasciata apresentarem uma boa eficiência
para a remoção da amônia, foram observados distintas taxas de absorção de
amônia, inclusive na amostra controle. Nos testes ecotoxicologicos com L.
variegatus, indicam que os interferentes que podem estar relacionados ao tempo de
exposição à macroalga. Pedersen, et al. (1994 e 2001) e Ho et al (1999) já
observaram efeitos similares com o uso de algas Ulva lactuca sendo que a alga
pode liberar ligantes ou solubiliza outros metais sob condições de estresse. Por
outro lado, estes resultados indicam as dificuldade de relacionar as análises
químicas com os ensaios ecotoxicológicos para o sedimento. Como é um
compartimento do ambiente que se apresenta como um reservatório de
contaminantes, a diversidade e as misturas complexas entre eles podem dificultar a
interpretação dos resultados (FAIREY et al., 2009).

CONCLUSÃO

Apesar do uso da U. fasciata apresentar boa eficiência para a remoção da amônia


em testes utilizando elutriatos, alguns interferentes são observados. Essas
interferências foram observadas também nos resultados dos testes ecotoxiclogicos
realizados com L. variegatus, pois esses apresentaram mortalidade sem um padrão
claro de efeito, podendo estar relacionada com o tempo de permanência da U.
fasciata nas amostras. De qualquer forma, a eliminação deste tipo de interferente
não garante a associação entre a toxicidade e a presença de contaminantes no
sedimento.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABNT. NBR 15350: ecotoxicologia aquática: toxicidade crônica de curta duração –


método de ensaio com ouriço-do-mar (Echinodermata: Echinoidea). Rio de Janeiro,
2012. 19 p.
BURGESS, R.M. et al. Removal of ammonia toxicity in marine sediment TIEs: a
comparison of Ulva lactuca, zeolite and aeration methods. Marine Pollution Bulletin,
v. 46, n. 5, p. 607-618, 2003.

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


773
XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

BURTON JR, G.A.; INGERSOLL, C.G. Evaluating the toxicity of sediments. The
ARCS assessment guidance document. EPA/905-B94/002. US Environmental
Protection Agency, Chicago, IL, 1994.
ENVIRONMENTAL PROTECTION AGENCY US. Method 3050B. Acid digestion of
sediments, sludges and soil. 2 Revisão, 1996. Disponível em Acessado em março,
2015.
ENVIRONMENTAL PROTECTION AGENCY US. Method 7471B – Mercury in solid
or semisolid waste (manual cold-vapor technique), 2 revisão, 2007 Disponível em
Acessado em março, 2015.
FAIREY, R.; ROBERTS, C.; JACOBI, M.; LAMERDIN, S.; CLARK, R.; DOWNING, J.;
LONG, E.; HUNT, J.; ANDERSON, B.; NEWMAN, J.; TJEERDEMA, R.;
STEPHENSON, M.; WILSON, C. 2009. Assessment of sediment toxicity and
chemical concentrations in the San Diego Bay region, California, USA. Envir. Toxicol.
Chem. 17(8):1570-1581.
GOMUŁKA, P. et al. Acute ammonia toxicity during early ontogeny of ide Leuciscus
idus (Cyprinidae). Aquaculture International, v. 22, n. 1, p. 225-233, 2014.
HO, K.T. et al. Sediment toxicity identification evaluation (TIE): Phases I, II, and III
guidance document. Washington, 2007.
MEHLER, W.T.; KEOUGH, M.J.; PETTIGROVE, V. Development of whole‐sediment
toxicity identification and evaluation (TIE) techniques for two Australian freshwater
species: Chironomus tepperi and Austrochiltonia subtenuis. Environmental toxicology
and chemistry, v. 36, n. 9, p. 2476-2484, 2017.
PEDERSEN, M.F. Transient ammonium uptake in the macroalga Ulva lactuca
(chlorophyta): nature, regulation, and the consequences for choice of measuring
technique 1. Journal of Phycology, v. 30, n. 6, p. 980-986, 1994.
PELLETIER, M.C. et al. Use of Ulva lactuca to identify ammonia toxicity in marine
and estuarine sediments. Environmental toxicology and chemistry, v. 20, n. 12, p.
2852-2859, 2001.
SUN, H. et al. Growth, oxidative stress responses, and gene transcription of juvenile
bighead carp (Hypophthalmichthys nobilis) under chronic‐term exposure of ammonia.
Environmental Toxicology and Chemistry, v. 33, n. 8, p. 1726-1731, 2014.

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Ecotoxicologia: regulação e
política ambiental

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Ecotoxicologia: regulação e política ambiental
147 - ANÁLISE DA GERMINAÇÃO E CRESCIMENTO RADICULAR DE
SEMENTES DE ALFACE EXPOSTAS AO LODO DE ETA (RIO POXIM, SERGIPE)

ISABELA FERREIRA BATISTA, JEAMYLLE NILIN, DENISE CONCEIÇÃO DE GOIS


SANTOS MICHELAN, DANIELA FERREIRA BATISTA
Contato: ISABELA FERREIRA BATISTA - ISABELA.F.BATISTA@GMAIL.COM

Palavras-chave: Lactuca sativa; efluente; Aracaju

INTRODUÇÃO

O lodo gerado no processo de tratamento de água apresenta significativa


concentração de alumínio e pouco se sabe sobre seus efeitos no corpo de água
receptor desse resíduo, e os possíveis riscos que o descarte inadequado do lodo
pode causar aos ambientes aquáticos e terrestres (RINCHTER, 2001). Nesse
sentido, esse trabalho buscou analisar o efeito do lodo gerado na Estação de
Tratamento de Água (ETA) do Rio Poxim, Aracaju (SE) na germinação e
crescimento radicular de sementes de alface (Lactuca sativa).

METODOLOGIA

As amostras de lodo do decantador foram coletadas em 5 semanas distintas e


armazenadas em frascos de polietileno (1 L). As amostras foram diluídas em água
destilada (100%, 50%, 25% e 12,5%) que foi utilizada para o controle. Em placa de
Petri foram colocadas 10 sementes de alface igualmente espaçadas sob papel filtro,
umedecido com 2 mL de cada concentração, em duplicata. As placas foram
embrulhadas com papel alumínio e mantidas na estufa (25ºC, 120 h). Após o
encerramento foi verificado o número de sementes germinadas (comprimento > 20
mm) e em seguida a radícula foi medida com paquímetro digital. Para a
determinação da Demanda Química de Oxigênio (DQO) (Standard Methods, 2012),
foi adicionado 1,5 mL da solução de digestão e 3,5 mL da solução de ácido sulfúrico
com sulfato de prata. Em seguida foram colocados 2,5 mL de amostra no tubo.
Posteriormente colocou-se os tubos de DQO no digestor previamente ligado com
temperatura a 150ºC por 120 minutos. Ao final desse tempo, as amostras foram
retiradas e ao atingir a temperatura ambiente foi efetuada a leitura no
espectrofotômetro.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A taxa de germinação média do controle foi de 90% para o lodo do decantador, o


que enquadrou-se nos critérios de aceitabilidade para a validação do teste, que deve
ser de no mínimo 65% de germinação do controle, conforme USEPA (1996). A taxa
de germinação para o lodo do decantador variou de 60 a 100% (para todas as
concentrações) sendo que apenas 20% das sementes apresentaram taxa de
germinação menores que 90%, o que indica que não houve inibição na germinação
da espécie testada.
O comprimento médio da radícula foi de 41,1± 4,7 mm, 41,6 ±6,1 mm, 35,3 ±4,2 mm
e 39,6 ± 5,9 mm, para as concentrações 100, 50, 25 e 12,5%, respectivamente do

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

lodo do decantador, e o crescimento médio do controle obtido foi 28,2 ± 4,4 mm.
Dessa forma o lodo promoveu aumento no desenvolvimento da raiz. O estímulo do
crescimento da raiz da alface, se deve ao fato de que o lodo gerado na ETA possui
elevados teores de matéria orgânica e substâncias húmicas, com representação
significativa para potencial agrícola (BOTERO, 2008).
Com relação à DQO, segundo Richter (2001), o lodo associado ao sulfato de
alumínio apresenta baixa biodegradabilidade e possui geralmente DQO entre 30 e
5.000 mg/L. Os resultados obtidos nas cinco amostras variaram de 13.592 a 20.595
mg/L, pode-se observar que a DQO do lodo do decantador esta muito acima dos
valores apresentados na literatura.
Também foi possível fazer comparação da concentração de DQO encontrada com a
concentração de esgoto doméstico, apresentado por Von Sperling (2005). Esse
autor quantifica a DQO desses esgotos na faixa de 450 a 800 mg/L. Os valores de
DQO obtidos no presente estudo foram bem mais expressivos para o lodo do
decantador que a DQO de esgoto doméstico, o que mostra o quão problemático
pode ser esse lodo.
É importante ressaltar que o lodo gerado nessa ETA é lançado diretamente no rio
Poxim nas proximidades da região estuarina, e os valores de DQO observados
nesse trabalho contribuem negativamente para qualidade do recurso hídrico.

CONCLUSÃO

Foi identificado neste estudo que o lodo da ETA Rio Poxim não causa fitotoxicidade
em sementes de alface Lactuca sativa, sugerindo a possibilidade da aplicação do
lodo em cultivo de plantas. O estímulo no crescimento da radícula de alface pode
estar associado à elevada carga de matéria orgânica observadas nas amostras.
Demais estudos são necessários para avaliar o efeito do alumínio presente neste
tipo de efluente, sobre o desenvolvimento de vegetais. Contudo, apesar da alface ter
apresentado desenvolvimento, a DQO das amostras apresentou significativa
concentração, o que indica que esse lodo não deve ser lançado no manancial sem
tratamento prévio.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BOTERO, W.G. Caracterização de lodo gerado em estações de tratamento de água:


perspectivas de aplicação agrícola. Dissertação de Mestrado, IQAr .Universidade do
Estado de São Paulo (UNESP), 97 p. 2008. RICHTER, C. A. ÁGUA: Tratamento de
lodos de estações de tratamento de água. São Paulo: Editora Blucher, 2001.
STANDARD Methods for examination of water and wastewater.22thed. Washington:
APHA. 2012.
U.S. EPA - United States Environmental Protection Agency. Ecological Effects Test
Guidelines OPPTS 850.4200 Seed Germination/Root Elongation Toxicity Test. EPA
712–C–96–154. Washington DC, 1996.
VON SPERLING, M. Introdução à qualidade da água e ao tratamento de esgotos.
v1. 3ed. Belo Horizonte. Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental, Editora
UFMG, 2005.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Oral
Ecotoxicologia: regulação e política ambiental
148 - REDUÇÃO DA SOBREVIVÊNCIA DE MICROCRUSTÁCEOS
ZOOPLANCTÔNICOS EXPOSTO AO LODO DE ETA (RIO POXIM, SERGIPE)

ISABELA FERREIRA BATISTA, JEAMYLLE NILIN, DENISE CONCEIÇÃO DE GOIS


SANTOS MICHELAN, ÉDIPO PAIXÃO SILVA DE JESUS
Contato: ISABELA FERREIRA BATISTA - ISABELA.F.BATISTA@GMAIL.COM

Palavras-chave: misidáceos; alumínio; artêmia

INTRODUÇÃO

Os resíduos gerados na estação de tratamento de água (ETA) geralmente são


provenientes da limpeza dos decantadores. Esses resíduos são gerados pela
composição da impureza presente na água com o produto químico (polímeros,
sulfato de alumínio e outros metais) utilizados no tratamento, denominado lodo da
ETA (RICHTER, 2001). Preocupados com o descarte do lodo diretamente em corpos
hídricos, por representar ameaça à qualidade ambiental, por causa da sua
composição, esse estudo teve como objetivo analisar a toxicidade aguda do lodo do
decantador da ETA do Rio Poxim (Aracaju, SE) utilizando misidáceos e artêmias.

METODOLOGIA

Foram coletadas 3 amostras do lodo do decantador da ETA Poxim em semanas


díspares e armazenadas em garrafas de pilietileno (1 L). Para o teste com misídeos
(Mysidopsis juniae), foram preparadas cinco concentrações (20%, 15%, 10%, 5% e
2,5%) em água do mar artificial, utilizada como controle. Dez organismos jovens (1 a
8 dias) foram expostos às amostras (em triplicata) por período de 96 horas (ABNT,
2011). Os ensaios foram mantidos à 25±2 ºC, com fotoperíodo 12:12. Diariamente
foi avaliada a mortalidade. Para o teste com Artemia sp., foram preparadas quatro
concentrações (100%, 75%, 50% e 25%) em água do mar artificial e sob as mesmas
condições anteriormente citada.
O número de organismos mortos foi usado para calcular a concentração letal média
(CL50), que é a concentração de uma substância química que provoca a morte de
50% da população do organismo testado. Para processamento dos dados utilizou-se
o programa Trimmed Spearman-Karber. O resultado de sobrevivência foi utilizado
para calcular a Concentração de Efeito Não Observado (CENO) e Concentração de
Efeito Observado (CEO) a partir de Análise de Variância (ANOVA) seguida de teste
de Dunnet, após transformação dos dados em log x.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

De acordo com a resolução nº 430 do CONAMA (BRASIL, 2011) que dispõe sobre
as condições e padrões de lançamento de efluentes nos corpos hídricos, qualquer
fonte poluidora somente poderão ser lançados diretamente nos corpos receptores
após o devido tratamento, obedecendo aos padrões impostos pela resolução. Nessa
resolução recomenda-se antes do lançamento de efluente nos corpos hídricos ou
assemelhados, realizar testes de ecotoxicidade, porém no Estado de Sergipe os
estudos envolvendo ensaios ecotoxicológicos ainda são escassos, tanto para águas

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

doces, quanto salobras e salinas, demonstrando que a legislação ainda não é


aplicada como deveria.
É importante destacar que o lodo da ETA em estudo é lançado no rio Poxim nas
proximidades da região estuarina onde já foi identificada toxicidade aguda em
amostras de água e sedimento, principalmente durante o período seco, quando a
vazão do rio diminui e os efluentes de diversas origens se concentram (SOUZA,
2016; NILIN, 2017).
Como resultado de ensaios de ecotoxicidade no lodo, realizou-se teste com
misídeos e com artêmias. Como resposta, no teste com misídeos, os valores de
CL50 foram de 10% e 8% para as duas amostras já testadas, com CENO de 10% e
5%, respectivamente. Já no teste com artêmias não foi possível calcular a CL50,
pois foi observada baixa mortalidade nas concentrações testadas. Fica evidente a
diferença de sensibilidade entre as espécies testadas, sendo os misídeos mais
sensíveis aos poluentes presentes no lodo do decantador.
Os resultados obtidos indicam que o lodo do decantador deve ser diluído no mínimo
10 vezes para não provocar a morte de mais de 50% da população dos misidáceos
e 20 vezes para que não apresentem efeito sobre esses organismos.
Em outros estudos a respeito da toxicidade de lodos de ETAs, demonstrou a baixa
taxa de natalidade e a mortalidade de organismos vivos exposto ao lodo de ETAs
com sulfato de alumínio (BARBOSA et al., 2001). Nas amostras do lodo da ETA rio
Poxim foi identificada alta concentração de sulfato de alumínio (67,3 a 126,6 mg/L)
(BATISTA, 2018), cerca de 600 vezes superior ao limite máximo para água doces
Classe 2, 1260 vezes superior ao limite para águas salobras Classe 1, e 84 vezes
superior que ao limite para águas salinas Classe 1 (BRASIL, 2005). Apesar do
sulfato de alumínio ser bastante utilizado nos tratamentos de efluentes na
coagulação, ele não é listado na resolução 430 (BRASIL, 2011), dificultando o
monitoramento do impacto ambiental dessa substância.

CONCLUSÃO

Desta forma, o lodo do decantador da ETA Poxim apresentou alta toxicidade aguda
para misídeos, que atualmente é o único método de análise ecotoxicológica de
ambientes salobros e salinos padronizada pela ABNT. O teste de toxicidade aguda
com artêmia demonstrou não ser eficaz para o monitoramento da qualidade de lodo
de ETA devido baixa sensibilidade. Assim, os resultados obtidos nesse estudo
refletem a necessidade de soluções que busquem dispor os resíduos provenientes
de ETAs de forma segura sem comprometer o equilíbrio ecológico dos rios e
estuários.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. Ecotoxicologia aquática –


Toxicidade aguda– Método de ensaio com misidáceos (Crustacea). NBR 15308.
2011.
BARBOSA, R.M.; POVINELLI, J.; ROCHA, O.; ESPÍNDOLA, E.L.G. A toxicidade de
despejos (lodos) de estações de tratamento de água à Daphnia similis (cladocera,
crustacea). XXVII Congresso Interamericano de Engenharia Sanitária e Ambiental.
Porto Alegre/RS, 2001.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

BATISTA, I.F. Caracterização do lodo gerado na estação de tratamento de água


ETA Poxim: física, química, microbiana e ecotoxicidade. Trabalho de Conclusão de
Curso. São Cristovão/SE, 2018.
BRASIL. Resolução nº 430, de 13 de maio de 2011b. Estabelece as condições e
padrões de lançamento de efluentes em corpos de água receptores. 2011.
NILIN, J.; SANTOS, A.A.O.; NASCIMENTO, M.K.S. Ensaios Ecotoxicológicos na
Avaliação da Qualidade das Águas do Estuário do Rio Poxim. In: X Encontro de
Recursos Hídricos de Sergipe, 2017, Aracaju. X Encontro de Recursos Hídricos de
Sergipe, 2017.
RICHTER, C.A. ÁGUA: Tratamento de lodos de estações de tratamento de água.
São Paulo: Editora Blucher, 2001.

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Ecotoxicologia: regulação e política ambiental
186 - AVALIAÇÃO QUALITATIVA DAS ÁGUAS DO LITORAL SUL DO ESPÍRITO
SANTO

GABRIEL CARVALHO COPPO, DANDARA SILVA CABRAL, JÉSSICA DANDARA DO


NASCIMENTO EVANGELISTA, BÁRBARA CHISTÉ TEIXEIRA, CLARISSE MAXIMO
ARPINI, CARLOS ALBERTO KUSTER PINHEIRO, LEVY CARVALHO GOMES
Contato: GABRIEL CARVALHO COPPO - GABRIEL.COPPO@HOTMAIL.COM

Palavras-chave: biomonitoramento; coliformes; parâmetros físico-químicos

INTRODUÇÃO

O monitoramento da qualidade da água para avaliar os impactos gerados pela


poluição ambiental é parte importante do processo da gestão ambiental,
preservação e recuperação de ambientes impactados. No litoral sul do estado do
Espírito Santo há uma relação conflituosa entre empreendimentos portuários e a
sociedade tradicional baseada na pesca artesanal. A presença desses
empreendimentos, principalmente relacionados a pelotização de minério de ferro,
pode prejudicar a qualidade do ambiente aquático e, por conseguinte, trazer
consequências negativas para os organismos que ali habitam. Neste cenário,
objetivou-se avaliar a qualidade e o caráter toxicológico das águas do litoral sul
capixaba.

METODOLOGIA

O presente estudo foi realizado ao longo da região sul da costa do Espírito Santo,
desde o município de Guarapari até o município de Marataízes. Nessa malha
amostral foram estabelecidos 13 transectos lineares com 3 Km de extensão cada,
sendo distantes 5 Km um do outro. Em cada transecto foram elaborados 3 pontos
amostrais em diferentes distâncias da costa (500 m, 1,5 Km, 3 Km). A cada dois
meses, em cada um dos pontos amostrais foram realizadas medições in situ de
oxigênio dissolvido, temperatura, pH e condutividade utilizando um Multiparâmetro
Horiba U50G, para um indicativo de qualidade da água. Em laboratório foram
realizadas as análises de amônia total, nitrito, fósforo total, clorofila A, e coliformes
totais e termotolerantes, uma vez que são os parâmetros mais relacionados a
poluição marinha.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os valores médios encontrados para cada um dos parâmetros são: 0,29 ± 0,23 µg/L
para clorofila A; 0,05 ± 0,02 mg/L para amônia total; 0,001 ± 0,001 mg/L para nitrito;
0,039 ± 0,019 mg/L para fósforo total; 9,2 unidades formadoras de colônia por mL
para coliformes termotolerantes. Todos os resultados médios encontrados para
esses parâmetros encontram-se dentro do limite máximo permitido pela legislação
vigente (BRASIL, 2005). Dentro do espectro amostral, pontos de coleta mais
próximos a linha de costa e próximo a regiões de deságue de rios os valores
encontrados são maiores quando comparados aos pontos mais distantes da costa e
que não estão próximos de desembocadura de fontes de água doce.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Quanto aos resultados encontrados para coliformes termotolerantes, os municípios


de Guarapari e Anchieta apresentaram maior quantidade de unidades formadoras de
colônia por mL, quando comparados aos municípios de Piúma, Itapemerim e
Marataízes (mais ao Sul da malha amostral). E de maneira geral, assim como os
outros parâmetros avaliados, os pontos mais próximos a costa apresentam valores
mais altos (16 ou mais unidades formadoras de colônia por mL) quando comparados
aos pontos amostrais mais distantes do continente. Porém, alguns pontos de coleta
a 3 Km apresentaram 16 ou mais unidades formadoras de colônia por mL.
Acreditamos que isso possa ser explicado devido ao despejo inadequado de dejetos
por parte de grandes embarcações e barcos de pesca, ainda que segundo Doi et al.
(2014) esses organismos não encontram condições favoráveis para se multiplicar no
ambiente marinho, e morrem em um curto período.
Quanto aos parâmetros mais relacionados a qualidade da água os valores médios
obtidos foram: 6,23 ± 0,35 mg/L de oxigênio; 8,42 ± 0,12 unidades de pH; 24,82 ±
0,9 °C. Apenas os pontos amostrais mais ao sul da área estudada apresentaram
valores de oxigênio dissolvido fora do permitido para águas salinas de classe
1(abaixo de 6 mg/L). Todos os pontos amostrais encontram-se em conformidade
com a legislação vigente quanto ao pH (BRASIL, 2005).
Segundo Teixeira et al. (2012) a influência antrópica na região sul do Espírito Santo,
principalmente o desenvolvimento de grandes empreendimentos industriais, vêm
impactando significativamente o ambiente e alterando a dinâmica pesqueira local. O
que ressalta a necessidade se realizar um programa de biomonitoramento ambiental
constante, com o intuito de gerar subsídios eficientes e úteis na conservação de
recursos ambientais, como é sugerido também por Basilio et al. (2015).

CONCLUSÃO

A partir dos resultados obtidos até o dado momento o litoral sul capixaba apresenta,
quanto aos parâmetros avaliados, valores dentro do permitido pela legislação que
regulamenta a qualidade de águas salinas no país. Dentre os parâmetros avaliados,
a presença de coliformes termotolerantes e grande parte do litoral sul é a questão
mais preocupante, podendo acarretar problemas quanto a qualidade da água e
quanto a qualidade alimentar do pescado obtido na região. O monitoramento da área
estudada continuará sendo realizado em conjunto com a realização das análises
realizadas até o momento, além da realização de ensaios ecotoxicológicos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BASILIO, T.H.; SILVA, E.V.; FIORESI, D.B.; GOMES, M.P.; GARCEZ, D.S. (2015)
Sustainability of fishing activities in Piúma county, off southern Espírito Santo State,
Brazil. Arquivos de Ciências do Mar, 48(1): 69 – 86.
BRASIL (2005) Resolução CONAMA n° 357/05, de 17 de março de 2005. Conselho
Nacional de Meio Ambiente.
DOI, S.A.; BARBIERI, E.; MARQUES, H.L.A. (2014) Densidade colimétrica das
áreas de extrativismo de ostras em relação aos fatores ambientais em Cananeia
(SP). Engenharia Sanitária e Ambiental, 19(2):165-171.
TEIXEIRA, J.B.; LIMA, A.C.; BOECHAT, F.B.; RODRIGUES, R.L. (2012)
Potencialidade social e econômica da pesca e maricultura no estado do Espírito
Santo, Brasil. Revista da Gestão Costeira Integrada, 12(4):569 – 575.

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

FONTES FINANCIADORAS

Fundação de Amparo à Pesquisa do Espírito Santo (FAPES)

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Oral
Ecotoxicologia: regulação e política ambiental
297 - IMPACTO NA SOBREVIVÊNCIA DE MISÍDEOS EXPOSTOS ÀS ÁGUAS DO
ESTUÁRIO DO RIO SERGIPE

ÉDIPO PAIXÃO SILVA DE JESUS, ANA ALICE SANTOS, JEAMYLLE NILIN


Contato: ÉDIPO PAIXÃO SILVA DE JESUS - EPSJESUS@ICLOUD.COM

Palavras-chave: ecotoxicologia; poluição aquática; estuário urbano; efeito agudo; Mysidopsis juniae

INTRODUÇÃO

O entorno da bacia hidrográfica do rio Sergipe apresenta visível degradação


ambiental devido aos processos de urbanização e industrialização, comprometendo
a qualidade dos recursos hídricos, principalmente nas proximidades da Região
Metropolitana de Aracaju (RMA)(ARAÚJO, 2007). O problema da poluição afeta o
bom funcionamento do ecossistema e acelera a degradação ambiental, gerando
prejuízos socioeconômicos. Além de sua relevância ecológica, a região estuarina
possui grande importância para as comunidades ribeirinhas, que a utilizam para
atividades pesqueiras, transporte e área de lazer. Sendo assim, este estudo vem
buscando avaliar a qualidade ambiental na região estuarina do rio Sergipe do ponto
de vista ecotoxicológico.

METODOLOGIA

Foram realizadas coletas de água e sedimento (out/2017, jan e abr/2018), em sete


estações amostrais ao longo do estuário do rio Sergipe (E1 - Piabeta, E2 - Orla São
Braz, em Nossa Senhora do Socorro; E3 - Orla do Bairro Industrial, E4 - Praia
Formosa, E5 - Ponte Godofredo Diniz, 13 de Julho, E6 - Parque dos Cajueiros, E7 -
Inácio Barbosa, em Aracaju). As amostras foram coletadas de acordo com a
NBR15469 (ABNT, 2015) e parâmetros físico-químicos (oxigênio dissolvido, pH,
temperatura e salinidade) foram mensurados in situ e ao início e fim de cada teste.
Foram realizados ensaios ecotoxicológicos agudos (96h), utilizando-se do misídeo
Mysidopsis juniae Silva 1979, seguindo a NBR15308 (ABNT, 2017), com 10
misídeos expostos em recipientes com 250mL da água bruta (n=4). Enquanto os
ensaios com sedimento seguiram Sousa (2016), sendo adicionados cinco misídeos
em recipientes com 100mL do sedimento e 300mL de água do mar artificial, sob
aeração constante. A cada 24h os organismos foram contabilizados e alimentados
com náuplios de Artemia sp.
Os dados foram analisados a partir do teste Kruskal-wallis, seguido de Dunn, e as
amostras foram consideradas “tóxicas” e “não tóxicas” quando houve diferença
significativa com relação ao grupo controle (α=0,05).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os valores dos parâmetros físico-químicos observados estiveram dentro do


esperado para a realização dos testes, conforme regulamenta a NBR15308:2017
(pH: 7,4-8,4; O.D. >4,0 mg.L-1; salinidade: 35±2; temperatura: 25±2ºC) e a
mortalidade no grupo controle manteve-se dentro dos limites de aceitabilidade do
teste (≤10%).

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Para as análises com água, em out/2017, foi verificada toxicidade nas estações E2,
E4, E6 e E7. Já em jan/2018, a toxicidade foi constatada apenas nas estações E2,
E6 e E7. A estação E2 está situada próxima à desembocadura do rio do Sal, que
recebe efluentes domésticos, de indústrias ceramistas, atividades de carcinicultura e
de estação de tratamento de esgoto. Nesta região, Arguelhos et al. (2017),
observaram concentrações de carbono orgânico dissolvido na água que alcançaram
de 7,5 a 19mg.L-1, valores acima do limite estabelecido para águas salobras de
classe 2 (BRASIL, 2005). As estações E6 e E7 estão localizadas no rio Poxim, que
já demonstrou apresentar alta toxicidade em amostras de água e sedimento,
principalmente no período seco (SANTOS, 2017; SOUSA, 2016).
As análises com sedimento (out/2017) constataram redução significativa na
sobrevivência dos organismos apenas na estação E2, enquanto em jan/2018, esse
efeito foi observado nas estações E2, E6 e E7. Não foi detectada toxicidade nas
estações E1, E3 e E5, sendo sugerido o monitoramento ambiental para detectar
diferenças sazonais na região.
Segundo Passos et al. (2011), baixas concentrações de metais (Cd, Cr, Ni, Pb e Zn)
foram identificadas nessa região e isoladamente possuem um baixo ou médio risco
de contaminação. Porém, foram observadas altas concentrações desses metais nos
órgãos do bagre Cathorops spixii, em área sob influência de efluentes sem
tratamento prévio, no rio do Sal (BARBIERI et al., 2010). Trata-se de uma área
especialmente preocupante, pois é possível verificar a ocorrência da pesca artesanal
na região e parte da população utiliza desses recursos para o consumo e como fonte
de renda.
As estações E6 e E7 estão situadas do rio Poxim, que percorre três bairros da
cidade de Aracaju, os quais não possuem saneamento adequado, sendo os
efluentes lançados diretamente no rio (ALVES e GARCIA, 2006). Souza (2016)
também identificou efeitos ecotoxicológicos e elevados níveis de amônia tóxica
associada ao lançamento de efluentes domésticos. Para além disto, outras
substâncias lançadas ao longo da bacia hidrográfica (BRITTO et al., 2012) podem
contribuir para a redução da qualidade ambiental e afetar negativamente a biota
dependente. As amostras da campanha de abr/18 (período chuvoso) estão sendo
processadas.

CONCLUSÃO

De acordo com os resultados obtidos, concluiu-se que a poluição na região estuarina


do rio Sergipe gerou redução significativa na sobrevivência dos misídeos, podendo
afetar negativamente microcrustáceos planctônicos alterando a cadeia trófica
estuarina e marinha. Os efeitos agudos foram mais observados no compartimento
água, sendo que as estações do rio do Sal e do rio Poxim apresentaram baixa
qualidade ambiental, e estão em desacordo com a legislação no tocante a
ecotoxicologia. Desta forma, é importante que os órgãos ambientais tomem
providências quanto à fiscalização das atividades poluidoras, principalmente
relacionadas ao saneamento básico na região.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABNT. NBR 15308:2017 - Ecotoxicologia aquática - Toxicologia aguda - Método de


ensaio com misidáceo (Crustacea). 3. ed. Rio de Janeiro: ABNT, 2017.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

__________. NBR 15469:2015 - Ecotoxicologia - Coleta, preservação e preparo de


amostras. 2. ed. Rio de Janeiro: ABNT, 2015.
ALVES, J.P.H.; GARCIA, C.A.B. O Rio Sergipe no entorno de Aracaju: qualidade da
água e poluição orgânica. In: ALVES, J. P. H. (Ed.). Rio Sergipe: importância,
vulnerabilidade e preservação. São Cristóvão: ÓS Editora, 2006. p. 87–109.
ARAÚJO, H.M. Análise socioambiental costeira do Rio Sergipe. 2007, 298p. Tese
(Doutorado em Geografia) - Universidade Federal de Sergipe (UFS), Núcleo de Pós-
Graduação em Geografia (NPGEO), São Cristóvão, 2007.
ARGUELHO, M.L.P.M.; ALVES J.P.H.; MONTEIRO, A.S.C.; GARCIA, C.A.
Characterization of dissolved organic matter in an urbanized estuary located in
Northeastern Brazil. Environmental Monitoring and Assessment, v. 189, n. 6, 2017.
BARBIERI, E.; PASSOS, E.A.; ARAGÃO, E.A.S.; SANTOS, D.B.; GARCIA, C.A.B.
Assessment of Trace Metal Levels in Catfish (Cathorops spixii) from Sal River
Estuary, Aracaju, State of Sergipe, Northeastern Brazil. Water Environment
Research, v. 82, n. 12, p. 2301-2305, 2010.
BRITTO, F.B.; NASCIMENTO, A.; PEREIRA, A.P.S.; ARAÚJO, A.V.M.; NOGUEIRA,
L.C. Herbicidas no alto Rio Poxim, Sergipe e os riscos de contaminação dos
recursos hídricos. Revista ciência agronômica, v. 43, n. 2, p. 390–398, 2012.
NILIN, J.; SANTOS, A.A.O.; NASCIMENTO, M.K.S. Ensaios ecotoxicológicos na
avaliação da qualidade das águas do estuário do Rio Poxim. In: X Encontro de
Recursos Hídricos de Sergipe, 2017, Aracaju. X Encontro de Recursos Hídricos de
Sergipe, 2017.
PASSOS, E.A.; ALVES, J.P.; GARCIA, C.A.; COSTA, A.C.S. Metal fractionation in
sediments of the Sergipe River, northeast, Brazil. Journal of the Brazilian Chemical
Society, v. 22, n. 5, p. 828–835, 2011.
SOUSA, W.H. Monitoramento ecotoxicológico do estuário Rio Poxim:
(Aracaju/Sergipe). Monografia (Graduação em Ecologia)—São Cristóvão, SE:
Universidade Federal de Sergipe, 2016.

FONTES FINANCIADORAS

Coordenação de Pesquisa da Universidade Federal de Sergipe (COPES - UFS)

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Ecotoxicologia: regulação e política ambiental
298 - REDUÇÃO DA REPRODUÇÃO DE INVERTEBRADO BENTÔNICO
EXPOSTO AO SEDIMENTO DO ESTUÁRIO DO RIO SERGIPE

ÉDIPO PAIXÃO SILVA DE JESUS, JEAMYLLE NILIN


Contato: ÉDIPO PAIXÃO SILVA DE JESUS - EPSJESUS@ICLOUD.COM

Palavras-chave: ecotoxicologia; poluição aquática; estuário urbano; efeito crônico; Nitokra sp.

INTRODUÇÃO

A região estuarina do rio Sergipe, situada na porção urbanizada da capital do


Estado, Aracaju, está suscetível às alterações de origem antropogênica e sofre com
o despejo de resíduos domésticos e industriais. Somam-se a esses fatores, a
supressão de manguezais e obras de contenção que aceleram a degradação do
ambiente, resultando no assoreamento do rio, perda de habitat e,
consequentemente, a biodiversidade existente pode ser afetada – inclusive
causando redução nos estoques pesqueiros de interesse comercial. Tendo isso em
vista, este estudo objetivou avaliar a qualidade do sedimento do estuário do rio
Sergipe a partir de ensaio de toxicidade crônica.

METODOLOGIA

A área de estudo compreendeu a região estuarina do rio Sergipe, situada na porção


urbanizada da grande Aracaju, em que foram distribuídas sete estações amostrais
(E1 - Piabeta, E2 - Orla São Braz, em Nossa Senhora do Socorro; E3 - Orla do
Bairro Industrial, E4 - Praia Formosa, E5 - Ponte Godofredo Diniz, 13 de Julho, E6 -
Parque dos Cajueiros, E7 - Inácio Barbosa, em Aracaju) e o sedimento foi coletado
em out/2017 de acordo com a NBR15469 (ABNT, 2015).
Para avaliar as amostras de sedimento integral foram realizados ensaios crônicos
com Nitokra sp. (Crustacea) (LOTUFO e ABESSA, 2002). Os experimentos
consistiram na exposição de cinco fêmeas ovadas em béqueres (25 mL), contendo 2
g da amostra, acrescidos de 8 mL de água do mar artificial (n=4), que também foi
utilizada como controle. As fêmeas foram alimentadas com solução de ração
comercial para peixe no início do teste e acondicionadas em câmara incubadora
(fotoperíodo 12:12; 24 ± 1 °C) por 10 dias.
Ao fim do experimento, os dados de reprodução (náuplios + copepoditos) foram
comparados com o controle através da ANOVA seguida de Dunnet, após
transformação por log X.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os parâmetros físico-químicos estiveram dentro da conformidade para a realização


dos testes e a reprodução média no grupo controle foi de 39,3 ± 4,1 ind./fêmea,
enquanto nas amostras a reprodução variou entre 12,3 e 21,3 ind./fêmea (C.V. 4,26
a 24,79%).
Todas as amostras avaliadas demonstraram redução significativa, com relação ao
grupo controle (ANOVA; p<0,0001). Esse resultado demonstra a baixa qualidade do

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

ambiente, principalmente nas estações E2 (rio do Sal), E4 (rio Sergipe) e E6 (rio


Poxim), em que foi constatado efeito agudo em Mysidopsis juniae para água e
interface sedimento-água (JESUS, 2018). Os níveis de amônia total na água
variaram de 0,5 a 3,0 mg.L-1 e podem ter contribuído para a toxicidade observada.
Embora a amônia possa ocultar a toxicidade de outros poluentes não identificados,
elevadas concentrações podem resultar da intensa atividade antrópica, que injeta
substâncias nos corpos d’água, e por este motivo devem ser consideradas poluentes
(FERRAZ et al., 2012).
É importante destacar que nessa região há um aporte de esgoto tratado e in natura
sendo lançado no ambiente e isto pode ter contribuído com o baixo nível de oxigênio
dissolvido na água, mensurado in situ, que esteve próximo de 1,0 mg.L-1 (E5, E6,
E7), sugerindo um recente processo de eutrofização no período de amostragem.
Os compostos retidos no sedimento podem interagir com a coluna d’água e serem
biodisponibilizados aos organismos através de mudanças nas condições ambientais.
Desta forma, sedimentos com elevados níveis de amônia podem causar efeitos
adversos à biota, refletindo no baixo desenvolvimento dos organismos
(MARANGONI; VENDRAMINI; CORTEZ, 2011). Lessa e da Silva (2014),
observaram efeito crônico em Ceriodaphnia dubia e alto níveis de amônia em um
trecho do rio Sergipe situado no município de Laranjeiras, nas proximidades do
estuário, enfatizando a baixa qualidade hídrica ao longo da bacia. Nesta região, a
amônia no substrato foi registrada em níveis 14 vezes mais elevados que nas águas
superficiais e foi atribuída, principalmente, ao descarte de dejetos sanitários sem o
devido tratamento.
Assim, o monitoramento ambiental na área estudada e a avaliação de seu potencial
tóxico à biota existente, podem fornecer um diagnóstico mais completo sobre a
qualidade ambiental do estuário do rio Sergipe.

CONCLUSÃO

A partir desta análise preliminar, foi possível verificar redução na reprodução de


copépodes no estuário do rio Sergipe, que nas condições avaliadas, demonstrou
potencial para efeito tóxico em todas as estações analisadas. Os resultados
refletiram a baixa qualidade do rio, inclusive de seus afluentes, que coloca em risco
o equilíbrio ecológico do ecossistema. Deste modo, sugere-se o monitoramento
regular na região para identificar as causas mais prováveis da toxicidade e propor
medidas que atenuem os efeitos causados ao meio ambiente, visando ao seu
melhor funcionamento natural.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABNT. NBR 15469:2015 - Ecotoxicologia - Coleta, preservação e preparo de


amostras. 2. ed. Rio de Janeiro: ABNT, 2015.
FENILI, L.H. Qualidade do sedimento do canal de navegação do Porto de Santos
(Santos, SP) após dragagem de aprofundamento: ensaios ecotoxicológicos com
Tiburonella viscana e Nitokra sp. 2012, 110p. Dissertação (Mestrado em Ciências da
Engenharia Ambiental) – Universidade de São Paulo (USP), Escola de Engenharia
de São Carlos, São Carlos, 2012.
FERRAZ, M.; CHOREI, R.; FIORI, F.E.; NOBRE, C.R.; CESAR, A.; PEREIRA, C.
Avaliação da qualidade dos sedimentos da orla de Santos empregando-se ensaios

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

de toxicidade e caracterização da estrutura da comunidade macrobentônica. O


Mundo da Saúde, v. 36, n. 4, p. 625–634, 30 dez. 2012.
JESUS, E.P.S; SANTOS, A.A.; NILIN, J. Impacto na sobrevivência de misídeos
expostos às águas do estuário do rio Sergipe. 2018 (resumo neste evento).
LESSA, M.; DA SILVA, A.A.G. Avaliação da qualidade da água do rio Sergipe no
município de Laranjeiras, Sergipe-Brasil. Embrapa Tabuleiros Costeiros-Artigo em
anais de congresso (ALICE). Anais... In: ENCONTRO DE RECURSOS HÍDRICOS
EM SERGIPE, 7., 2014, Aracaju. Anais... Brasília, DF: Embrapa, 2014.
LOTUFO, G.R.; ABESSA, D.M.S. Testes de toxicidade com sedimento total e água
intersticial estuarinos utilizando copépodos bentônicos. In: NASCIMENTO, I. A.;
SOUSA, E. C. P. M.; NIPPER, M. (Eds.). Métodos em ecotoxicologia marinha:
aplicações para o Brasil. São Paulo: Artes Gráficas e Industriais Ltda, 2002. p. 151–
162.
MARANGONI, L.B.; VENDRAMINI, R.; CORTEZ, F.S. Análise Ecotoxicológica do
Sedimento sob Influência de Dragagem na Baía de Santos–SP. Revista Ciciliana
Dez, v. 3, n. 2, p. 21–24, 2011.

FONTES FINANCIADORAS

Coordenação de Pesquisa da Universidade Federal de Sergipe (COPES - UFS)

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Ecotoxicologia: regulação e política ambiental
333 - CONVENÇÃO MARPOL: COMPARAÇÃO DE METODOLOGIAS NO CASO
DA AVALIAÇÃO DE FERTILIZANTES

FERNANDO AQUINOGA DE MELLO, LUCAS BUENO MENDES, DANIELLE COVRE


BARBIERO, BRUNA HORVATH VIEIRA, VANCLEIDE BOF, ROMILDO FRACALOSSI,
TATIANA HEID FURLEY
Contato: FERNANDO AQUINOGA DE MELLO - FERNANDO@APLYSIA.COM.BR

Palavras-chave: Marpol; ecotoxicidade de fertilizantes; comparação metodológica

INTRODUÇÃO

A Convenção internacional para a prevenção da poluição provenientes de navios


(MARPOL) estabelece regras para a eliminação da poluição do meio ambiente
marinho decorrente da descarga de substâncias danosas. Como parte da
convenção, a resolução MEPC.219(63) estabelece diretrizes para implementação do
anexo V da MARPOL para classificação dos resíduos de carga transportados à
granel via marítima quanto à sua periculosidade ao ambiente. A partir dos referidos
documentos, o presente estudo teve como objetivo aplicar a metodologia tradicional
estabelecida no UN GHS (2015) e realizar ensaios ecotoxicológicos comparando as
duas abordagens em 3 fertilizantes: ureia, cloreto de potássio e fosfato monoamônio.

METODOLOGIA

Foi realizada a classificação de perigo para as comunidades aquáticas de acordo


com a metodologia proposta pelo United Nations Globally Harmonized System for
Classification and Labelling of Chemicals (UN GHS), 2015 em todos os fertilizantes,
tomando como base o conhecimento da sua composição química e os valores de
referência de ecotoxicidade das substâncias que compõem cada produto.
Adicionalmente, foram realizados ensaios ecotoxicológicos com 4 espécies de
organismos aquáticos marinhos de níveis tróficos e grupos taxonômicos diferentes: a
microalga Skeletonema costatum (produtor), o microcrustáceo Mysidopsis juniae
(consumidor), o equinóide Echinometra lucunter (consumidor secundário), e a
bactéria bioluminescente Vibrio fischeri (decompositor). Todos os ensaios seguiram
as respectivas normas internacionais. Os resultados dos ensaios ecotoxicológicos
foram comparados com os valores estabelecidos na UN GHS (2015) para as
categorias de classificação dos compostos quanto a sua periculosidade ao meio
ambiente, tomando como base os valores de CE50% (agudo) e CENO (crônico).
Após as duas classificações os resultados das duas abordagens foram comparados.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

De acordo com a classificação tradicional da UN GHS, os três fertilizantes foram


classificados como não perigosos ao ambiente aquático. Esta metodologia prevê a
avaliação individual de cada constituinte que compõem o produto, devendo-se
empregar um cálculo baseado no somatório e fatores multiplicadores da
ecotoxicidade para se chegar na classificação do produto como um todo. Apesar do

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

uso desse cálculo, a classificação desconsidera os possíveis efeitos sinérgicos ou


antagônicos entre os compostos, podendo gerar resultados sub ou superestimados.
Esse tipo de comportamento ecotoxicológico tem sido relatado no estudo de
misturas e, tornando-se um importante fenômeno a ser considerado dentro do
contexto da avaliação de perigo ambiental. Walter et al (2002) obtiveram resultados
de sinergismo entre os compostos de uma mistura, enquanto Vellinger et al (2012)
relataram a ocorrência de efeito antagônico na mortalidade de um organismo de
água doce quando avaliada a interação entre duas substâncias. Além disso,
Verslycke et al (2003) observaram que a toxicidade medida da mistura avaliada
representou 1/4 da toxicidade calculada através do somatório das substâncias
isoladas. Nesse contexto, a avaliação dos produtos que constituem misturas através
de ensaios ecotoxicológicos é relevante para a confirmação dos potenciais efeitos
dos produtos no meio ambiente, visto que a condição avaliada é mais próxima a
realidade no caso do contato do produto com o ambiente.
Os resultados dos ensaios ecotoxicológicos realizados com as quatro espécies e
produtos avaliados foram comparados com as categorias de classificação de perigo
segundo o estabelecido pela UN GHS e estiveram em conformidade com a
classificação dos produtos obtido pela metodologia tradicional proposta pela UN
GHS.

CONCLUSÃO

Os 3 (três) fertilizantes avaliados: ureia, cloreto de potássio e fosfato monoamônio,


foram classificados como resíduos de carga não perigosos, não tendo sido
identificadas divergências em relação à classificação do perigo ambiental ao serem
empregadas duas metodologias distintas de classificação. Em que pese tal
convergência, considera-se importante a aplicação das duas abordagens tendo em
vista que são formas complementares e representam uma avaliação mais realística
em termos de classificação de perigo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

THE MARINE ENVIRONMENT PROTECTION COMMITTEE, (MEPC), 2012. MEPC


Resolution 219(63) (ATTACHMENT 24). Guidelines for the implementation of
MARPOL Annex V, 32P.
UNITED NATIONS (UN), Globally Harmonized System for Classification and
Labelling of Chemicals (UN GHS), 2013. New York and Geneva.
VELLINGER, C.; PARANT, M.; ROUSSELLE, P.; USEGLIO-POLATERA, P.
Antagonistic toxicity of arsenet and cadmium in a freshwater amphipod (Gammarus
pulex). Ecotoxicology, 21:1817-27, 2012.
VERSLYCKE, T.; VANGHELUWE, M.; HEIJERICK, D.; SCHAMPHELAERE, K.; VAN
SPRANG, P. & JANSSEN, C.R. The toxicity of metal mixture to the estuarine mysid
Neomysis integer under changing salinity. Aquatic Toxicity, 64: 307-15, 2003.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Ecotoxicologia: regulação e política ambiental
468 - AGROTÓXICOS E SUSTENTABILIDADE: UM OLHAR ATRAVÉS DA
MONOCULTURA DA LARANJA

DANIELLE BARROS SANTOS, ANDREA GONÇALVES BUENO DE FREITAS


Contato: DANIELLE BARROS SANTOS - DANIELLEBARROSS@YAHOO.COM.BR

Palavras-chave: agrotóxicos; monocultura; commodities

INTRODUÇÃO

Segundo os Objetivos para o Desenvolvimento Sustentável (ODS), acordados por


193 Estados membros da ONU em 2015, a seguridade alimentar e nutricional são
quesitos indispensáveis para promoção de uma agricultura sustentável. Entretanto o
modelo de produção agrícola atual, voltado à demanda do capital, é completamente
avesso aos ODS principalmente por conta da dependência química no trato das
monoculturas e da toxicidade intrínseca associadas a essas substâncias.
Diante dessa contraposição, a quem cabe a fiscalização dos agrotóxicos? Nesse
sentido, esse trabalho propõe uma análise sobre o que versa a Legislação Brasileira
através de um olhar particular sobre a monocultura da Laranja.

METODOLOGIA

Este trabalho é uma pesquisa exploratória realizada na forma de levantamento


bibliográfico a fim de elucidar o problema quanto à aplicação de agrotóxicos no
cultivo da Laranja. Sua realização tem o objetivo de atuar como informativo de
caráter exploratório através de informações atualizadas levantadas em trabalhos na
comunidade científica sobre a utilização de agrotóxicos bem como sua associação
com a legislação atual. A linha de raciocínio na discussão pretende fornecer uma
visão geral a respeito do novo modelo de produção agrícola para daí então abordar
a questão da seguridade alimentar olhando o alimento como produto (commodities);
em seguida são discutidos os limites permitidos em água para então finalizar a
questão abordando os marcos regulatórios estabelecidos no país.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na perspectiva atual da mundialização da agricultura, o Brasil configura-se como


país agroexportador já que 7 dos 10 produtos mais exportados pertencem ao setor
agropecuário. Os países que importam nossas mercadorias, e.g. China e Alemanha,
são os mesmo que controlam grande parte do mercado mundial de agrotóxicos.
Suas empresas encontram-se sediadas em países considerados periféricos a fim de
desfrutar das fragilidades regulatórias ambientais para externalizar suas produções
causando impactos diretamente na base da pirâmide de produção local, ou seja,
sobre os camponeses, os trabalhadores, a população rural, o alimento, o ambiente e
recursos hídricos.
É seguindo esse mecanismo de agricultura capitalista que o alimento vem sendo
transformado, direta ou indiretamente, em commodities. No caso da cultura de citros
por exemplo, sua exportação em forma de suco de laranja supera em até 68 vezes a

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

quantidade (ton) da exportação in natura. Destaca-se ainda que o Brasil é o maior


exportador mundial de suco de laranja e que para atender essa demanda, a
concentração dos pomares se dá quase que exclusivamente em uma única
variedade (monocultura) sendo necessária uma massiva utilização de agrotóxicos
para o combate e/ou prevenção de pragas. Apesar da proibição em alguns países,
com a mundialização da agricultura, a inevitável circulação do agrotóxico acontece
através dos commodities, inclusive, infiltrando-se nos países-sede das indústrias que
os fabricam.
Em relação à água, apesar da existência da PCR n° 5, de 28/09/2017, na qual
determina os valores máximos permitidos de diversas substâncias, a maior parte dos
agrotóxicos ainda não tiveram seus valores máximos permitidos estabelecidos. Em
relação ao cultivo de citros por exemplo, somente 8 dos 116 tipos de agrotóxicos
permitidos possuem valores registrados na tabela de padrão de potabilidade.
O marco regulatório dos agrotóxicos no Brasil vem atuando através de 3 ministérios:
Agricultura, Saúde e Meio Ambiente. Apoiados na Lei dos agrotóxicos (9.974/2000)
regulamentada no Decreto 4074/202 eles são os responsáveis pelo registro,
avaliação e fiscalização da cadeia produtiva de agrotóxicos. Contudo, a
permissividade em água e em alimentos, como no caso dos ingredientes ativos
Acefato e Glifosato já proibidos em outros países, evidenciam a incoerência das
ações governamentais e necessidade de revisão e aprimoramentos na legislação.
Na contramão desse cenário observa-se a existência de diversas Propostas de Lei
(PL) as quais prezam por questões econômicas do mercado produtor suprindo
conceitos importantes da Lei já instituída a fim de fragilizar ainda mais a fiscalização
e registro dos agrotóxicos utilizados no país.

CONCLUSÃO

Enquanto o Estado atuar em prol do favorecimento das classes capitalistas através


da isenção parcial ou total de impostos, a concentração fundiária continuará a
aumentar e juntamente com ela a produção de commodities e todos os males
associados.
A adaptação para um modelo de agricultura que seja mais heterogêneo, com
diversificação produtiva e que tenha o comprometimento com a proteção ambiental e
compartilhamento de benefícios é absolutamente necessário.
A legislação brasileira precisa adotar o princípio da precaução e restringir o uso de
agrotóxicos a limites que assegurem integridade comum a todos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANVISA (2016) Programa de análise de resíduos de agrotóxicos em alimentos


(PARA). Relatório das análises de amostras monitoradas nos períodos de 2013 a
2015. Agência de Vigilância Sanitária. Déposito legal da biblioteca Nacional.
ANVISA (2016). Codex Alimentarius. Gerência Geral de Alimentos (GGALI). Agência
Nacional de Vigilância Sanitária. Disponível em http://portal.anvisa.gov.br/foruns-
internacionais?inheritRedirect=true (último acesso em 31/05/2018 às 13h)
BOMBARDI, L.M. (2017) Geografia do Uso de Agrotóxico no Brasil e Conexões com
a União Europeia. Laboratório de geografia Agrária. FFLCH-USP. 296p. 1º Edição.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

BRASIL. 2000. Lei nº 9.974 de 06/06/2000. Altera a Lei nº 7.802, de 11 de Julho de


1989, que dispõe sobre a pesquisa, a experimentação, a produção, a embalagem e
rotulagem, o transporte, o armazenamento, a comercialização, a propaganda
comercial, a utilização, a importação, a exportação, o destino final dos resíduos e
embalagens, o registro, a classificação, o controle, a inspeção e a fiscalização de
agrotóxicos, seus componentes e afins, e dá outras providências. Diário Oficial da
União, Brasília, DF, 06 de Junho de 2000., Brasilia, DF.
IBGE (2016) Produção Agrícola Municipal – Culturas temporárias e permanentes.
Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão. ISSN 0101-3963, v.43, p.1-
62.

FONTES FINANCIADORAS

FAPITEC/SE - Fundação de Apoio à Pesquisa e Inovação Tecnológica do Estado de


Sergipe.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Educação ambiental:
ecotoxicologia e percepção
pública

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Educação ambiental: ecotoxicologia e percepção pública
7 - CONCEPÇÕES DE ALUNOS DO ENSINO FUNDAMENTAL SOBRE OS
IMPACTOS AMBIENTAIS E PROBLEMAS REFERENTES AOS RESÍDUOS

CAMILA CANDIDO, ANA TERESA LOMBARDI


Contato: CAMILA CANDIDO - CACANDIDO90@GMAIL.COM

Palavras-chave: percepções; pesquisas ecotoxicológicas; questões ambientais; conhecimentos


prévios

INTRODUÇÃO

As pesquisas referentes à melhoria de problemas ambientais, como as


ecotoxicológicas, nem sempre são tão valorizadas pela população quanto as
pesquisas da área tecnológica, as quais geram produtos palpáveis. Muitas vezes,
essa realidade se deve ao desconhecimento da população quanto à real dimensão
dos impactos ambientais, como por exemplo a geração de resíduos. As crianças em
idade escolar refletem ainda mais essa defasagem, além de serem os futuros
cidadãos. Nesse contexto, o objetivo dessa pesquisa foi avaliar as concepções de
alunos acerca de definições, exemplos, imagens, origens, medidas mitigatórias,
fiscalização e possibilidades futuras entorno do tema resíduos.

METODOLOGIA

Um questionário com dez questões foi aplicado à alunos do ensino fundamental. O


estudo foi feito em sete salas de aula do oitavo ano do Ensino Fundamental em duas
escolas do município de São Carlos - SP, resultando em 141 participações. Todas
as questões foram explicadas, uma a uma, aos alunos. Optou-se por essa faixa
etária escolar pois assuntos relacionados à meio ambiente e seres vivos são
tratados em séries anteriores, de maneira que os alunos participantes contavam com
uma mínima informação sobre o assunto. As participações foram anônimas e
voluntárias, para que os alunos pudessem se sentir à vontade para se expressarem,
e as respostas dos alunos foram dadas na forma escrita.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Nas quatro primeiras questões, que tratavam das definições e exemplos de impactos
ambientais, resíduos, efluentes e esgoto, as porcentagens de alunos que não
responderam ou disseram não saberem responder foi de 17, 26, 84 e 0%,
respectivamente. Já ao serem questionados sobre os impactos ambientais e
resíduos gerados durante a produção de combustíveis como o etanol, a gasolina e o
petróleo, 41% não responderam. 20% dos alunos não souberam opinar sobre as
formas atuais com que lidamos com os resíduos e 38% não mencionaram nenhuma
entidade fiscalizadora das destinações dos resíduos. Ao serem questionados sobre
possíveis atuações em relação ao problema de governantes e cientistas e de
cidadãos comuns, os índices de questionários não respondidos foram de 32 e 9%
respectivamente. Porém, os números médios de medidas mencionadas foram de 2,0
e 1,4 ideias por questionário respondido, ressaltando a visão cultural de que a maior
parte da responsabilidade em questões ambientais não cabe aos cidadãos, mas aos

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

governantes. Finalmente, 96% disseram achar importante discutir o assunto, mas a


maioria não soube apontar questões mais especificas e que merecem atenção
dentro do assunto. A categorização e a análise dessas respostaras permitiram-nos
inferir que temas como a questão dos resíduos sólidos, esgoto e reciclagem são
mais conhecidos, já que são mais próximos do cotidiano dos alunos e mais
abordados nas escolas. Já a produção de efluentes pelos setores industrial,
agropecuário e energético, a fiscalização sobre o destino dos resíduos e o papel
social em medidas mitigadoras foram os assuntos mais ignorados pelos alunos.
Possivelmente, esse desconhecimento reduz a atuação popular, tanto por meio de
ações em si, quanto na pressão aos órgãos fiscalizadores e governantes ou mesmo
no entendimento e reconhecimento das pesquisas que buscam a compreensão e a
melhoria dessa questão ambiental, como as da área ecotoxicológica.

CONCLUSÃO

Assim, podemos dizer que a ação educativa nas escolas é fundamental, já que
contribui fortemente para o reconhecimento de problemas como a geração de lixo,
os principais destinos desses resíduos sólidos e maneiras de colaborar para a
melhoria da questão, como a redução, o reuso e a reciclagem. Entretanto, muitas
questões relacionadas principalmente à setores distantes do cotidiano das pessoas,
como a produção de efluentes líquidos e gasosos, foco das pesquisas com
Ecotoxicologia, ainda precisam ser melhor abordadas para formarmos cidadãos com
uma visão mais global, compreensiva e atuante dentro da sociedade.

FONTES FINANCIADORAS

Essa pesquisa é parte de um trabalho de doutorado que incluiu investigações


biológicas e educacionais desenvolvido no Programa de Pós-Graduação em
Ecologia e Recursos Naturais (PPGERN) com uma bolsa concedida pela
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e com
recursos fornecidos pelas agências FAPESP e CNPq ao Laboratório de
Biotecnologia de Algas da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar).

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Educação ambiental: ecotoxicologia e percepção pública
199 - O USO DOS MICROEUCARIOTOS CILIADOS (ALVEOTALA, CILIOPHORA)
EM ESTUDOS ECOTOXICOLÓGICOS: UMA ANÁLISE CIENCIOMÉTRICA

JÉSSICA ANDRADE VILAS BOAS, MARCUS VINICIUS XAVIER SENRA, ROBERTO


JÚNIO PEDROSO DIAS
Contato: JÉSSICA ANDRADE VILAS BOAS - JESSICA_BIOL@OUTLOOK.COM

Palavras-chave: cienciometria; protozoários ciliados; organismo-modelo

INTRODUÇÃO

Os primeiros trabalhos que utilizaram ciliados em estudos ecotoxicológicos tiveram


seu início na década de 70 e ainda são escassos quando comparados àqueles
envolvendo outros microrganismos. Entretanto, ainda são insatisfatórios em
quantidade e apresentam lacunas na padronização de métodos. Os diferentes graus
de tolerância desses organismos e sua participação na alça microbiana podem ser
úteis em avaliações ecológicas e ambientais. Diante disso, o presente estudo
realizou uma análise cienciométrica do uso de ciliados em estudos ecotoxicológicos
comparando com uso de outros organismos, e ainda, vantagens, lacunas e critérios
adequados em futuros estudos usando esses organismos.

METODOLOGIA

Para entender a dinâmica dos estudos ecotoxicológicos ao longo do tempo, foi


realizada uma análise quantitativa da produção bibliográfica com protozoários
ciliados e demais organismos que são utilizados em estudos ecotoxicológicos
(bactérias, algas, rotíferos, moluscos, Chironomidae, crustáceos, echinodermata e
peixes). Foram utilizados dados publicados na base de dados Scopus com as
palavras-chave: “ecotoxicology and ciliate”, “ecotoxicology and bacteria”,
“ecotoxicology and algae”, “ecotoxicology and rotier”, “ecotoxicology and mollusk”
“ecotoxicology and Crustacean”, “ecotoxicology and Chironomidae”, “ecotoxicology
and rotifer”, “ecotoxicology and Echinodermatha” e “ecotoxicology and fish”, visto
que, esse conjunto de palavras foi o que melhor representou o que se desejava
encontrar. Os dados obtidos foram submetidos a uma análise de regressão simples
utilizando o Programa R versão 3.4.1. Nos artigos com a palavras-chave
“ecotoxicology and ciliate” foram investigadas espécies e métodos aplicados nos
estudos ecotoxicológicos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A partir de uma busca geral (ecotoxicology) foram encontrados um total de 15778


artigos. Os resultados ressaltam o aumento exponencial dos artigos nesta área nas
últimas duas décadas. Dentre estes artigos, utilizando as palavras-chaves mais
específicas, foram encontrados os seguintes resultados: ciliados (n=49), algas
(n=1308), bactérias (n=1289), crustáceos (n=950), Chironomideos (n=211),
Echinodermata (n=37), moluscos (n=311), rotíferos (n=117) e peixes (n=3051).
Peixes, algas e crustáceos são os organismos que apresentam a maior quantidade
de trabalhos na literatura.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

A seleção de padrões de toxicidade a partir da Organização Internacional de


Normalização (ISO) já foram estabelecidos para espécies de peixes e crustáceos.
No entanto, não há padrões para estudos com protozoários ciliados, sendo
verificado que há lacunas nos trabalhos com este grupo tais como: forma de
identificação da espécie de ciliado, detalhamento da metodologia adotada nos
testes, e falta de padronização nos testes. Avaliar a exposição de poluentes em
ambientes aquáticos não é uma tarefa simples e exige um esforço excessivo no
intuito avaliar quais os efeitos dessas substâncias sobre a biota aquática e a saúde
do homem, viabilizando propostas, estratégias e métodos de gerenciamento para
mitigação e conservação dos recursos hídricos. A revisão revelou necessidade de
uma padronização futura nas metodologias envolvendo ciliados, visto que o
recomendado é avaliar um agente tóxico para espécies de grupos taxonômicos
distintos no intuito de obter resultados fidedignos que possibilitem estimar com maior
confiança o impacto do contaminante no ambiente aquático.
Um total de cinquenta espécies de ciliados já foram utilizadas em ensaios de
toxicidade expostas a diferentes concentrações de metais pesados dentre outras
substâncias. Os ciliados são relativamente de fácil obtenção e cultivo em laboratório,
sendo que o estabelecimento de cultura laboratorial é pré-requisito indispensável
para organismos que são utilizados em bioensaios. Além do pequeno tamanho, o
curto espaço de tempo entre as gerações e a facilidade de amostragem, faz com
que os ciliados possam ser excelentes indicadores biológicos e que, apesar das
críticas quanto a suficiência na abordagem taxonômica, seria uma alternativa
promover e incluir o uso de ciliados em programas de biomonitoramento de
ambientes aquáticos.

CONCLUSÃO

A ecotoxicologia é uma ferramenta valiosa para avaliar a qualidade da água e


mensurar os efeitos das atividades poluidoras sobre os ecossistemas aquáticos.
Tendo em vista à necessidade de aumentar os estudos que avaliem os efeitos de
substâncias encontradas nos ecossistemas aquáticos, o presente estudo destaca a
importância de aumentar os estudos utilizando protozoários ciliados como
organismos modelo. Em uma perspectiva futura, aprimorar e refinar os testes
ecotoxicológicos utilizando protozoários ciliados de forma a se conhecer com maior
precisão as faixas de mortalidade permitirá a padronização de protocolos que
servirão de ferramenta para mensuração dos danos causados nos ecossistemas
aquáticos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

FERNANDEZ-LEBORANS, G.; NOVILLO, A. Protozoan communities and


contamination of several fluvial systems.Water Environmental Research, Estados
Unidos da América, v.68, n.3, p.311-319. 1996.
FINLAY, B.J.; FENCHEL, T. Divergent perspectives on protist species richness.
Protistology, Alemanha, v.150, p.229-233. 1999.
MADONI, P.; ROMEO, M.G. Acute toxicity of heavy metals towards freshwater
ciliated protists. Environmental Pollution, Londres, v.141, n.1, p.1-7. 2006.
MANSANO, A.S.; MOREIRA, R.A.; PIEROZZI, M.; OLIVEIRA, T.M.A.; VIEIRA, E.M.;
ROCHA, O.; REGALI-SELEGHIM, M.H. Effects of diuron and carbofuran pesticides

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

in their pure and commercial forms on Paramecium caudatum: The use of protozoan
in ecotoxicology. Environmental Pollution, Reino Unido, v.213, p.160-172. 2016.
ZAGATTO, P.A; BERTOLETTI, E. Ecotoxicologia. In: ZAGATTO, P.A.;
BERTOLETTI, E. (Eds.). Ecotoxicologia Aquática: Princípios e Aplicações. 2008.

FONTES FINANCIADORAS

CAPES (bolsa), FAPEMIG (Universal 2016)

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Educação ambiental: ecotoxicologia e percepção pública
257 - ECOTOXICOLOGIA EM EVENTO DE POPULARIZAÇÃO DE CIÊNCIA NO
MUNICÍPIO DE CABO FRIO

JORGE LUIZ CERQUEIRA DOS SANTOS, ÁLVARO DOMINGUES DA SILVA, EDUARDO


FREDERICO CABRAL DE OLIVEIRA, MANILDO MARCIÃO DE OLIVEIRA
Contato: JORGE LUIZ CERQUEIRA DOS SANTOS - CERQUEIRAJORGE721@GMAIL.COM

Palavras-chave: Poluição; contaminação ambiental; questionário

INTRODUÇÃO

A ecotoxicologia envolve disciplinas que proporcionam ao homem uma visão


ampliada dos problemas de contaminação ambiental, logo seu caráter
interdisciplinar contribui para a proposta de sustentabilidade tão almejada. Em suas
áreas de estudo são realizados programas de monitoramento, diagnósticos de
relevância preventiva por intermédio da avaliação de risco, estudos de laboratório
em micro e mesocosmos para se aprofundar nos mecanismos ecotoxicológios
envolvidos nas intoxicações, porém mesmo com a relevância observada existe ainda
dificuldade na divulgação e popularização desta ciência. Assim o objetivo deste
trabalho é verificar o nível de percepção da população participante de um evento de
popularização de ciência.

METODOLOGIA

Para verificar a percepção da população sobre a ecotoxicologia nos baseamos na


análise de um questionário no qual fizemos algumas perguntas objetivas aos
transeuntes que participaram do evento “Semana de Ciência e Tecnologia 2017”
realizado em praça pública na cidade de Cabo Frio- RJ, tendo como base 10
questões das quais 1 abordava o grau de escolaridade dos participantes, 3 estavam
abordando noções sobre ecotoxicologia de um modo geral e nas ultimas 6 perguntas
levantamos a noção de relevância e valorização das informações ecotoxicológicas
para a sociedade em diversas áreas, a aplicação do questionário buscou coletar
informações de um público aleatório que estava presente no evento para que
pudéssemos observar dados mais próximos do real.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Notou-se uma preponderância de participantes deste questionário que possuíam


ensino médio completo tendo um total de 57 participantes com esse grau de
escolaridade, seguido de ensino superior com 20 participantes, fundamental
apresentando 18 participantes e apenas 2 participantes não possuíam grau de
escolaridade preenchido. Ficou evidenciado que a maior parte não sabia do que se
tratava a “ecotoxicologia” (56%). E fazendo esta análise por grau de escolaridade, é
interessante ressaltar que através dos resultados analisados podemos perceber que
os participantes não sabiam do que se tratava esta ciência até o ensino médio
completo, já em contra partida os questionários preenchidos por participantes que
possuíam o ensino superior apresentavam resultados positivos em relação a saber o
que é “ecotoxicologia”, porém é possível observar um dado curioso, pois mesmo

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

tendo uma maioria geral respondendo que não sabia o que era a ecotoxicologia,
92% dos participantes disseram em outra questão que já leram ou assistiram algo
que vinculasse poluição a efeitos à saúde humana e dos animais, deixando assim
visível a real falta de divulgação e de conhecimento por parte dos participantes
sobre essa ciência. Outro dado relevante, e preocupante, é que 16% dos
questionários diziam que compostos tóxicos liberados na água, solo e ar não podiam
causar danos a esses mesmos ambientes, resultado que nos faz refletir ainda mais
sobre a divulgação e conscientização das pessoas, principalmente no ensino
fundamental, onde 33% responderam que essa atitude não causaria danos aos
ambientes envolvidos. A maioria dos questionários apontaram “queimadas em geral”
e a minoria apontaram o “consumismo”. O que sugere de fato uma maior
disseminação desta relação entre consumismo e danos provenientes. Segundo
Paulo Freire (DICKMAN; CARNEIRO, 2012) é necessário que o homem possa criar
uma relação dialógica entre as fragmentadas áreas do conhecimento, para que em
um contexto espacial temporal possa interferir na realidade socioambiental.
Conectar os conhecimentos a sua realidade passa por questões fundamentais para
a educação ambiental, e as escolas precisam se apresentar com atores deste
processo. Ações envolvendo metodologias ativas, mídias eletrônicas (ABESSA et
al., 2015) e ações culturais (BAGGIO et al., 2012) podem criar base intelectual e
afetiva desenvolver consciência ambiental pautada na sustentabilidade.

CONCLUSÃO

Com esse trabalho nós podemos concluir e evidenciar que por mais que a
ecotoxicologia tenha avançado e estejamos ganhando espaço, ainda temos muito o
que fazer, visto que a grande maioria do público alvo da nossa pesquisa apresentou
falta de conexão entre os termos de conhecimentos básicos sobre a ecotoxicologia e
sua importância ambiental. Desta forma, podemos perceber que a falta da
conscientização da população passa pela pouca divulgação dessa ciência. Se
tornando ainda bastante difícil, o acesso da grande maioria da população e assim
gerando danos graves ao contexto da sustentabilidade e das ações políticas de
abrangência socioambiental.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABESSA, D.M. DE S. et al. Ambiente virtual de comunicação, educação e


capacitação sobre poluição marinha: fase 1. 8º Congresso de extensão universitária
da UNESP, p. 1-3, 2015. Disponível em: < http://hdl.handle.net/11449/142637 >.
Baggio, S.R. et al. Vida de Esgoto: educação ambiental, ecotoxicologia e teatro. XII
Congresso Brasileiro de Ecotoxicologia 25 a 28 de setembro de 2012 Porto de
Galinhas – PE
DICKMAN, I.; CARNEIRO, S.M.M. Paulo Freire e Educação ambiental: contribuições
a partir da obra Pedagogia da Autonomia. R. Educ. Públ. Cuiabá, v. 21, n. 45, p. 87-
102, jan./abr. 2012

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Educação ambiental: ecotoxicologia e percepção pública
348 - GRUPO DE PESQUISA EM ECOTOXICOLOGIA TERRESTRE DA FURG: 5
ANOS DE ESTUDOS NO EXTREMO SUL DO BRASIL

FLAVIO MANOEL RODRIGUES DA SILVA JÚINIOR, LAIZ COUTELLE HONSCHA,


LISIANE MARTINS VOLCÃO, CAROLINE LOPES FEIJO FERNANDES, RONAN ADLER
TAVELLA, PAULA FLORENCIO RAMIRES, GABRIEL EBERL DA FONSECA, GIANNI
GOULART PERAZA, EDARIANE MENESTRINO GARCIA, PAULO ROBERTO MARTINS
BAISCH, ANA LUÍZA MUCCILLO-BAISCH
Contato: FLAVIO MANOEL R. DA SILVA JÚNIOR - F.M.R.SILVAJUNIOR@GMAIL.COM

Palavras-chave: poluição do solo; Rio Grande do Sul; organismos do solo

INTRODUÇÃO

A qualidade do solo é de extrema importância para manutenção das funções e


serviços ecossistêmicos, sendo que a poluição do solo por diferentes substâncias ou
misturas destas é um dos processos que podem comprometer o equilíbrio natural de
um ambiente e o bem estar e qualidade de vida das populações que vivem na
região. Dentre as ferramentas disponíveis para investigação e monitoramento da
qualidade do solo têm-se os ensaios ecotoxicológicos. Em 2013, foi fundado na
FURG e cadastrado no diretório do CNPq o Grupo de Pesquisa em Ecotoxicologia
Terrestre que desde então vem realizando estudos no extremo sul do Brasil.

METODOLOGIA

O Grupo de Pesquisa em Ecotoxicologia Terrestre conta com 6 professores, 8


estudantes de graduação e pós-graduação e 1 técnico de laboratório, oriundos de
diferentes áreas do conhecimento (Ciências Biológicas, Oceanologia, Geografia,
Toxicologia Ambiental, Enfermagem e Engenharia Bioquímica). As pesquisas são
realizadas no âmbito de projetos aprovados em editais de fomento, trabalhos de
conclusão de curso de graduação e especialização, dissertações de mestrado e
teses de doutorado e o foco principal tem sido os problemas de contaminação do
solo por diferentes fontes, em municípios no extremo sul do Brasil. Os estudos têm
sido realizados com bioensaios isolados com diferentes organismos, sistemas
multiespécies e associados à análise de substâncias químicas no solo e no elutriato
deste.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Até o momento foram conduzidos estudos investigando a toxicidade de solos de


áreas protegidas, solos urbanos influenciados por atividades industriais, solos de
áreas de descarte e processamento de baterias de automóveis, solos de áreas
mineradas em processo de recuperação, solos contaminados experimentalmente
por efluentes domésticos, carvão mineral, elementos solúveis da gasolina, petróleo e
antimicrobianos. O foco dos estudos tem sido investigar os prejuízos da
contaminação do solo na região que compreende os municípios do extremo sul do
Brasil, incluindo os municípios de Rio Grande, Santa Vitória do Palmar, Candiota,
Hulha Negra, Pinheiro Machado, Bagé e Pedras Altas. Os bioensaios disponíveis

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

para a avaliação ecotoxicológica do solo são: ensaio de fitotoxicidade com o elutriato


ou diretamente no solo, ensaio de fuga com minhocas e isópodos terrestres, ensaio
de toxicidade aguda (sobrevivência) com os mesmo animais, ensaio de reprodução
com minhocas, sistemas multiespécies e avaliação microbiana a partir da atividade
das enzimas catalase e fosfatase alcalina e do consumo de substratos à base de
carbono (Biolog EcoPlate™). Quando existe a possibilidade real de contaminação
para o ser humano ou o interesse científico são conduzidos estudos experimentais
com ratos Wistar e camundongos Swiss. Estes incluem a avaliação de
biomarcadores, alterações comportamentais e toxicidade reprodutiva. De forma
complementar, os dados ecotoxicológicos tem sido associados a análise de
substâncias químicas presentes no solo, com especial destaque para macro e
micronutrientes e elementos-traço. O número de grupos que realizam estudos sobre
ecotoxicidade do solo no Brasil é reduzido, mas este número vem crescendo a cada
ano. Embora o Grupo de Pesquisa em Ecotoxicologia Terrestre da FURG atue
realizando os ensaios clássicos de investigação da qualidade do solo, pretendemos
direcionar os estudos para avaliação em dois cenários: utilização do sistema
multiespécies e a avaliação fisiológica da comunidade microbiana através do Biolog
EcoPlate™ e esperamos que os frutos mais profícuos deste grupo sejam nestas
áreas. Por fim, ressaltamos que o grupo possui estreitos laços com a gestão pública
municipal, auxiliando na elaboração de termos de referência e projetos de lei
municipais que versam sobre qualidade do solo.

CONCLUSÃO

As principais contribuições do Grupo de Pesquisa em Ecotoxicologia Terrestre da


FURG estão na investigação ecotoxicológica e da qualidade do solo de amostras
coletadas em municípios do extremo sul do Brasil, os quais possuíam alguma
informação baseada em análises químicas, mas pouca informação no que diz
respeito à ecotoxicidade. Além disto, o grupo tem se preocupado em estudar os
efeitos de substâncias químicas lançadas no solo, a partir de estudos experimentais
de contaminação. Destacamos que existem inúmeras questões científicas a serem
estudadas na área e que outros grupos do Brasil devem se especializar na
investigação ecotoxicológica do compartimento terrestre.

FONTES FINANCIADORAS

CNPq (Edital Universal 2014), Fapergs (Edital Auxílio Recém-Doutor 2014)

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Efeito de contaminantes
inorgânicos

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Efeito de contaminantes inorgânicos
5 - ASSESSING TOXIC ELEMENTS IN AN ABNORMAL SPECIMEN OF Hypanus
guttatus (MYLIOBATIFORMES: DASYATIDAE) FROM THE NORTH COAST OF
BRAZIL

JULIANA DE SOUZA ARAUJO, EGLÉ MIRANDA RAMOS CORRÊA, KURT SCHIMID,


FABIOLA SEABRA MACHADO, MARCELO COSTA ANDRADE, MARCELO DE
OLIVEIRA LIMA, TOMMASO GIARRIZZO
Contato: JULIANA DE SOUZA ARAUJO - J.ARAUJO.BIO@GMAIL.COM

Keywords: Trace elements; ICP-MS, Elasmobranchii; Marine toxicology; Amazonian Coast

INTRODUCION

In the last decades, studies have shown that the presence of elements like cadmium
and zinc in the aquatic environments can lead to effects on the developing embryo of
fishes, due to the permeability of these elements through the chorion of fish eggs,
altering egg incubation time and causing eye, jaw, and spinal deformities (ZEITOUN
and MEHANA, 2014). The present study shows trace elements concentrations found
in muscle tissue of an embryo of the Longnose stingray, H. guttatus with
morphological abnormality captured off the Amazon coast of northern Brazil.

METHODS

The H. guttatus specimen was caught approximately 200 km off the mouth of the
Amazon River, in northern Brazil (1°23’54.4” N 48°07’37.2” W) in February 2017. The
specimen was immediately stored on ice and later deposited in a frozen condition.
For analysis, the embryo was defrosted and weighed, and a sample of the muscle
tissue was obtained for the analysis of its metal content. The concentrations of
metals in the tissue of the specimen were determined by Induced Plasma Coupled
Mass Spectrometry. 0.05 g aliquots were transferred to PTFE bottles with 1 ml of
HNO3 concentrated and 0,5 ml of H2O2. The samples were then heated in a
microwave oven. The digested solution was transferred to polyethylene bottles,
completed to 15 ml with HNO3 (1%) and stored at 4ºC until the ICP-MS analysis. A
quality control sample, the DORM-3 (Dogfish Muscle) Certified Reference Material
(National Research Council of Canada), was analyzed simultaneously with the the
experimental samples and the percentage recovery rate was determined for data
validation. The recovery of the trace elements was in average more than 90%.

RESULTS AND DISCUSSION

The ray caught was an embryo and had abnormalities at the head and pectoral fin,
which was incompletely fused with the head, beyond a tail long coiled. A total of 16
elements were analyzed: Al, Cr, Mn, Fe, Co, Ni, Cu, Zn, As, Se, Cd, a, Hg, Tl, P, U.
Most of these elements, including toxic, non-essential metals such as Hg (0.03 mg
kg-1) and As (0.35 mg kg-1), were present at low concentrations when compared to
results found in similar species. However, zinc was found at an extremely high
concentration, of 37.49 mg kg-1.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

The level of zinc recorded in this specimen was higher than those found in 11 fish
species analyzed from a region in China (15.7–29.5 mg kg-1) polluted by large
amounts of industrial and domestic effluents and known to be contaminated by heavy
metals (LEUNG et al. 2014). The value recorded here was also considerably higher
than those recorded in native fish (6.9 mg kg-1) from Travelers Rest, South Carolina,
USA, where 20,000 gallons of hydrogen chloride and zinc waste leached accidentally
into a tributary of the Upper Enoree River in 1985 (GIARDINA et al. 2009).
Ribeiro-Prado et al. (2008) recorded morphological abnormalities in specimens of
four species of marine rays captured off the southeastern coast of Brazil, and
attributed these defects to the impact of chemical pollutants and other unfavorable
environmental conditions on the embryonic development of the specimens. In this
context, there are extensive ore mining and shipping facilities on the northern coast
of Brazil, as well as foundries, which may result in the leaching or dumping of large
quantities of pollutants into coastal waters.

CONCLUSION

The morphological abnormality observed in the embryo of Hypanus guttatus


analyzed in the present study may thus be related to the exposure of its live-bearing
(aplacental viviparous) adult female parent (DULVY and REYNOLDS 1997; FROESE
and PAULY 2017) to high zinc concentrations in the coastal waters of the Amazon
estuary, as recorded by Boldrini and Pereira (1987) and Tommasi (1985). Thus,
morphological abnormalities like this can reduce the mobility capacity of the rays and
affect the capacity to feed, reproduce and avoid predators, reducing the life time.

REFERENCES

BOLDRINI, C.V.; PEREIRA, D.N. Metais pesados na Baía de Santos e estuários de


Santos e São Vicente: bioacumulação. Ambiente, v.1, n.3, p.118-127, 1987
GIARDINA, A.; LARSON, S.F.; WISNER, B.; WHEELER, J.; CHAO, M. Long-term
and acute effects of zinc contamination of a stream on fish mortality and physiology.
Environmental Toxicology and Chemistry, Vol. 28, No. 2, p. 287–295, 2009.
LEUNG, H.M.; LEUNG, A.O.W.; WANG, H.S.; MA, K.K.; LIANG, Y.; HO, K.C.;
CHEUNG, K.C.; TOHIDI, F.; YUNG, K.K.L. Assessment of heavy metals/metalloid
(As, Pb, Cd, Ni, Zn, Cr, Cu, Mn) concentrations in edible fish species tissue in the
Pearl River Delta (PRD), China. Marine Pollution Bulletin, v. 78, p. 235-45, 2014.
RIBEIRO-PRADO, C.C.; ODDONE, M.C.; GONZALEZ, M.M.B.; AMORIM, A.F.;
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off Southeastern Brazil. Arquivos de Ciências do Mar, v. 41, n. 2, p. 21 – 28, 2008.
SFAKIANAKIS D.G.; RENIERI E.; KENTOURI M.; TSATSAKIS, A.M. Effect of heavy
metals on fish larvae deformities: a review. Environmental Research, v. 137, p. 246–
255, 2015.
SOMASUNDARAM, B.; KING, P.E.; SHACKLEY, S.E. Some morphological effects of
zinc upon the yolk-sac larvae of Clupea harengus L. Journal of Fish Biology, v. 25, p.
333-343, 1984.
TOMMASI, L.R. Resíduos de praguicidas em águas e sedimentos de fundo do
sistema estuarino de Santos (SP). Ciência e Cultura, v.37, n.6, p.1001 - 1012, 1985.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

WILLIAMS, N.D. HOLDWAY, D.A. The effects of pulse-exposed cadmium and zinc
on embryo hatchability, larval development, and survival of Australian crimson
spotted rainbow fish (Melanotaenia fluviatilis). Environmental Toxicology, v. 15, p.
165–173, 2000.
ZEITOUN, M.M.; MEHANA, E.E. Impact of Water Pollution with Heavy Metals on
Fish Health: Overview and Updates. Global Veterinaria, v. 12, n. 2, p. 219-231, 2014.

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Painel
Efeito de contaminantes inorgânicos
22 - POTENCIAL DO ÓLEO DE ORÉGANO COMO ATENUADOR DOS DANOS
CAUSADOS PELA EXPOSIÇÃO AO ARSÊNIO NOS TECIDOS DE Astyanax aff.
bimaculatus

JHENEZE GUIMARÃES PEREIRA ROCHA, ISABEL GERTRUDES ARRIGHI DE ARAÚJO


NEVES, WANDERSON VALENTE DOS SANTOS, MARIA TATIANA SOARES MARTINS,
ALEX JUNIO DA SILVA CARDOSO, SENDY MOREIRA REIS, ANDRÉ LUÍS FIALHO
LADEIRA, SUELLEN SILVA CONDESSA, JURACI ALVES DE OLIVEIRA, JENER
ALEXANDRE SAMPAIO ZUANON
Contato: JHENEZE GUIMARÃES PEREIRA ROCHA - JHENEZE.ROCHA1@GMAIL.COM

Palavras-chave: brânquias, extratos vegetais, fígado, metal pesado, óleos essenciais, peixes,
poluição ambiental

INTRODUÇÃO

A utilização de águas públicas na criação de peixes pode resultar em danos à saúde


e redução no desempenho produtivo quando estas estão poluídas por compostos
tóxicos, como o arsênio. O arsênio pode acumular nos tecidos e prejudicar a saúde
dos seres humanos que consomem estes peixes. Assim, são necessárias técnicas
para reduzir a acumulação/toxidade do arsênio em peixes. Uma possibilidade é a
utilização de aditivos nas dietas, como o orégano, em função de sua capacidade
antioxidante. Portanto, objetivamos avaliar o potencial do óleo de orégano como
atenuador dos danos causados pelo arsênio nos tecidos de Astyanax aff.
bimaculatus.

METODOLOGIA

O experimento foi conduzido em delineamento inteiramente casualisado, com 3


tratamentos (0,0; 1,5 e 2,5 g/kg de óleo de orégano) e 4 repetições, sendo cada
aquário considerado uma unidade experimental. Fêmeas adultas de A. aff.
bimaculatus (6,42 g ± 0,89) foram alimentadas três vezes ao dia durante 30 dias com
dietas experimentais. Após esse período, os peixes foram expostos ao a uma
solução de arsenato de sódio (Na2HASO4.7H2O) na concentração de 5,0 mg/L de
arsênio durante sete dias. Durante a exposição ao arsênio, os peixes continuaram a
ser alimentados com as mesmas dietas. Ao final dos sete dias, os peixes foram
eutanasiados por excesso de anestésico (400 mg de óleo de cravo por 5 min.).
Foram coletadas amostras de brânquias e de fígado para avaliar estresse oxidativo
e amostras de plasma para avaliar a atividade das enzimas alanina
aminotransferase (ALT) e aspartato aminotransferase (AST).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Não foi observada mortalidade dos peixes em nenhum dos tratamentos avaliados. A
atividade da enzima superóxido dismutase (SOD) nas brânquias dos peixes
alimentados com óleo de orégano (1,5 e 2,5 g/kg) foi maior que no grupo controle
(sem óleo de orégano). Para as variáveis de estresse oxidativo: malondialdeido,
óxido nítrico e para a enzima catalase, nas brânquias e no fígado, não houve efeito

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

significativo do óleo de orégano. O aumento na atividade da superóxido dismutase


(SOD) observada nas brânquias dos peixes alimentados com orégano (1,5 e 2,5
g/kg de óleo de orégano) indica que este apresenta efeito protetor contra os danos
oxidativos causados pelo arsênio. Possivelmente o óleo de orégano estimula
diretamente a enzima superóxido dismutase (SOD), atuando de maneira semelhante
a outras plantas com atividade antioxidante, como camomila, Chamaemelum nobilis,
chá verde, Camellia sinensis, limão verbena, Aloysia triphylla, espinheiro branco,
Crataegus monogyna, e roseira brava, Rosa rubiginosa (YOO et al., 2008). Como o
arsênio exerce seus efeitos tóxicos pela geração de espécies reativas de oxigênio
(LIU et al. 2000) e espécies reativas de nitrogênio, levando ao aumento da
peroxidação lipídica (RAMOS et al 1995; SHARMA et al. 2007) a maior atividade da
superóxido dismutase (SOD) indica que o óleo de orégano tem potencial para
atenuar os danos causados pelo arsênio. Para a atividade da enzima aspartato
aminotransferase (AST) no plasma não houve efeito significativo do óleo de
orégano. Houve efeito significativo do óleo de orégano para a enzima alanina
aminotransferase (ALT) no plasma, com maior valor nos peixes alimentados com 2,5
g/kg de óleo de orégano. Este aumento indica danos no fígado, como observado em
Clarias gariepinus expostos ao mercúrio (ZAKI et al. 2011).

CONCLUSÃO

Nas brânquias de Astyanax aff. bimaculatus o óleo de orégano apresentou efeito


protetor contra o estresse oxidativo causado pelo arsênio por aumentar a atividade
da enzima superóxido dismutase (SOD). Entretanto, o óleo de orégano causou
danos no fígado dos peixes, quando alimentados com a maior dose de óleo de
orégano. Dessa forma, o uso do óleo de orégano como atenuador dos danos
causados pelo arsênio não é recomendado em dietas para peixes cultivados.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

LIU, J. KADUSKA, M.; LIU, Y.; QU, W.; MASON, R.P.; WALKER, M.P. Acute arsenic
induced free radical production and oxidative stress related gene expression in mice,
Toxicologists 54 (2000) 280–281.
RAMOS, O.; CARRIZALES, L.; YANEZ, L.; MEJIA, J.; BATRES, L.; ORTIZ, D.;
BARRIGA, F. Arsenic increased lipid peroxidation in rat tissues by a mechanism
independent of glutathione levels, Environ. Health Perspect. 103 (1995) 85–88.
SHARMA, A.; SHARMA, M.K.; KUMAR, M. Protective effect of Mentha piperita
against arsenic-induced toxicity in liver of Swiss albino mice, Basic Clin. Pharmacol.
Toxicol. 100 (2007) 249–257.
YOO, K.M.; LEE, C. H.; LEE, H.; MOON, B.; LEE, C.Y. (2008). Relative antioxidant
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ZAKI, M.S.; ELBATTRAWY, N.; FAWZI, O.M.; AWAD, I.; ATTA, N.S. (2011) Effect of
mercuric oxide toxicity on some biochemical parameters on African cat fish Clarias
gariepinus present in the River Nile. Life Sci J 8: 363-368.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Efeito de contaminantes inorgânicos
31 - AVALIAÇÃO DO SEDIMENTO DO RESERVATÓRIO GUARAPIRANGA EM
RELAÇÃO A DISTRIBUIÇÃO DE COBRE

HAYANI PEREZ, MARCELO LUIZ MARTINS POMPEO


Contato: HAYANI PEREZ - HAYANIP7@GMAIL.COM

Palavras-chave: ecologia; sedimento; Guarapiranga; Cobre; H. azteca

INTRODUÇÃO

Este trabalho visou avaliar a toxicidade do sedimento do Reservatório Guarapiranga


em relação a distribuição de Cobre utilizando o organismo teste H. azteca. A Cetesb
(2017) afirma que metais como cobre dissolvido, estão associados intrinsecamente
aos lançamentos de efluentes industriais, e estes vêm mantendo uma porcentagem
de resultados desconformes menores que a média histórica. No entanto, pesquisas
como as de Pompêo et al (2013) e Leal et al (2017) deixam claro que as
concentrações de cobre determinadas no sedimento, excedem em muito as
estipuladas pela Equipe Permanente de Sedimentos Contaminados (2003).

METODOLOGIA

As amostras de sedimento utilizadas neste trabalho foram coletadas ao longo do


reservatório em 3 diferentes pontos e armazenadas refrigeradas.
Tanto os ensaios quanto os cuidados com o organismo teste foram conduzidos de
acordo com o recomendado pela normativa ABNT.nº15470/2013. Para cada
amostra, mais o controle, foram preparados meios com 100 ml de sedimento
proveniente do reservatório, com adição de 200 ml de água de cultivo e, por fim,
adicionados dez organismos neonatos, entre 7 e 14 dias de vida.
A alimentação foi constituída de R.L. Ao final da montagem, os organismos e
respectivos materiais foram expostos em incubadora, mantidos a 24°C ± 2, com
fotoperíodo de 16h, por 10 dias. Para os ensaios de validação com substancia
referência foi utilizado o Cloreto de potássio, de acordo com a norma
ABNT.nº15470/2013 onde as concentrações utilizadas foram 100; 150; 200; 250 e
300ppm. Estas concentrações foram preparadas em balões volumétricos de 200ml e
completadas com água de cultivo, seguida da alimentação e adição do organismo-
teste.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os ensaios continuam em andamento até o presente momento, porém já é visto que


há uma mortalidade consideravelmente maior nos sedimentos mais próximos à
região da barragem e diminuindo conforme distancia-se em direção ao Rodoanel.
Os resultados obtidos dos ensaios preliminares corroboram os dados obtidos na
pesquisa realizada por Leal et al (2017). Segundo este trabalho, a região do
Rodoanel, na patê alta do reservatório, possui baixos níveis de toxicidade potencial,
com concentrações de cobre próxima aos valores de backgrund.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Já na porção da barragem, este autor encontrou que o sedimento apresenta-se com


elevada toxicidade potencial, com concentrações de cobre acima de 10 vezes o
valor de PEL (Probaply effect level) para esse elemento.
Os testes continuarão até que se possa mapear, do ponto de vista ecotoxicológico,
do fundo do reservatório.
Os testes físico químicos serão feitos sazonalmente assim como os testes de
toxicidade, em estações chuvosas e secas afim de verificar mudanças na
disponibilidade do contaminante no solo. Isso pois em épocas chuvosas, o solo
revolvido pode liberar os contaminantes de volta à coluna d'água causando danos à
biota.
Além disso, a ressuspensão dos contaminantes pode acarretar problemas para a
própria comunidade que mantém contato com as águas provenientes do
reservatorio.
Os dados resultantes dos testes de validação mostraram-se estáveis e sem
variações bruscas até então, onde a letalidade da H. azteca ao KCl foi determinada
entre 216 ppm ± 13 ppm.
Os testes de validação comporão, posteriormente, a carta controle relacionada a H.
azteca, visando melhores resultados dos ensaios.

CONCLUSÃO

Nos ensaios mensais de validação com cloreto de potássio verificou-se a


sobrevivência dos organismos expostos ao KCl no grupo controle e do grupo de
concentração de 100 ppm, como esperado. A CL50 encontra-se entre 200 e 250
ppm,e a CL à 300 ppm. Os ensaios de ecotoxicidade com sedimentos provenientes
da represa Guarapiranga mostraram-se de acordo com os dados obtidos por Leal et
al (2017). A continuação deste estudo resultará em um mapeamento do reservatório
com base nas concentrações de cobre encontradas em seu sedimento.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT 15470, Toxicidade em


sedimento – método de ensaio com Hyalella spp (amphipoda). 2013.
CETESB - Companhia Ambiental do Estado de São Paulo. 2016. Relatório da
Qualidade das Águas. Disponível em: <
http://aguasinteriores.cetesb.sp.gov.br/publicacoes-e-relatorios/ >.
LEAL, P.R. et al.Impact of copper sulfate application at an urban Brazilian reservoir:
A geostatistical and ecotoxicological approach. 2017. Science of the Total
Environment 618 (2018). Pág 621–634.
POMPÊO, M.L.M. et al. 2013. Biodisponibilidade de metais no sedimento de um
reservatório tropical urbano (reservatório Guarapiranga – São Paulo (SP), Brasil): há
toxicidade potencial e heterogeneidade espacial? Geochim. Bras. 27 (2):104–119.
https://doiorg/10.5327Z0102-980020130002000.l

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Efeito de contaminantes inorgânicos
35 - AVALIAÇÃO DA TOXICIDADE DO MANGANÊS PARA A ESPÉCIE
TROPICAL Chironomus inquinatus (DIPTERA, CHIRONOMIDAE)

ANTONIO JOSE GAZONATO NETO, DANIELE CRISTINA SCHIAVONE, DOUGLAS


PADUA ANDRADE, MAIRA ALCÂNTARA PROENÇA, ODETE ROCHA
Contato: DANIELE CRISTINA SCHIAVONE - DANISCHIAVONE@YAHOO.COM.BR

Palavras-chave: ecotoxicologia; metal; quironomídeos; sensibilidade; sulfato de manganês

INTRODUÇÃO

Com exceção da fase adulta, as demais fases do ciclo de vida dos dípteros da
família Chironomidae ocorrem nas águas doces, sendo estes os principais
componentes das comunidades bentônicas em reservatórios, lagos e rios no mundo
todo. Em corpos de água poluídos estes organismos podem ser adversamente
afetados ou eliminados. Atualmente busca-se avaliar a sensibilidade do maior
número de espécies tropicais, como o Chironomus inquinatus, pertencentes a
diferentes comunidades e níveis tróficos a diversos tipos de contaminantes visando
a seleção de organismos-teste apropriados para estudos ecotoxicológicos voltados
para problemas ambientais regionais que permitam avaliar e predizer impactos de
fontes poluidoras.

METODOLOGIA

As larvas foram coletadas no Reservatório Monjolinho, município de São Carlos, SP,


trazidas ao laboratório de Ecotoxicologia do Departamento de Ecologia e Biologia
Evolutiva da Universidade Federal de São Carlos e aclimatadas às condições
próximas às que seriam utilizadas para a execução dos ensaios de toxicidade, em
bandejas e aquários segundo as normas da OECD. Testes preliminares de
toxicidade aguda foram realizados, e após estabelecida a faixa de concentrações
tóxicas, foram realizados vinte testes definitivos para determinação da sensibilidade
desta espécie ao composto de referência sulfato de cobre. Os testes de toxicidade
aguda para o sulfato de manganês tiveram duração de 48h, com quatro réplicas por
concentração e cinco indivíduos em cada uma das repetições, sendo utilizadas,
além do controle, cinco concentrações deste composto dentro da faixa de 0,5 a 16
mg L-1. As leituras do número de organismos foram realizadas na metade (24h) e ao
final (48h) do experimento e a quantidade de organismos mortos foi contabilizada e
utilizada para o cálculo da concentração letal (CL50, 48h). As variáveis: pH,
condutividade, temperatura e dureza da água foram medidas no início e no final de
cada um dos testes. Para o cálculo das concentrações letais utilizou-se o programa
PriProbit.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Ao comparamos os valores de Cl50,48h do sulfato de manganês para C. inquinatus,


de 5,347 mg/L com dados de outras espécies, obtidos da literatura, observa-se
maior sensibilidade da espécie nativa. Para Chironomus javanus, um organismo
pertencente ao mesmo gênero, a Cl50,48h foi de 6,498 mg/L, valor superior ao de C.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

inquinatus o que serve de base para que esta espécie seja recomendada como
organismo-teste em ensaios de toxicidade mesmo para este metal. Esta espécie
também apresenta sensibilidade maior do que a de espécies de moluscos como os
gastrópodos Melanoides tuberculata (57,338 mg/L) e Tympanotonus fuscatus
(13.116,692 mg/L), e para a espécie de oligoqueto Tubifex tubifex (105,300 mg/L), e
até mesmo superior à concentração letal para algumas espécies de microcrustáceos
que, em teoria, apresentariam sensibilidade maior, como o camarão de água doce
Macrobrachium lanchesteri (9,290 mg/L), o ostracoda Cypris subglobosa (11,770
mg/L) e o cladócero Daphnia obtusa (19,142 mg/L). No entanto a sensibilidade deste
quironomídeo é menor do que a dos crustáceos Canthocamptus sp.(0,150 mg/L) e
Stenocypris major (0,756 mg/L) e a do oligoqueto Nais elinguis (0,491 µg/L). Como
pode ser observado pela comparação entre as concentrações letais (Cl50,48h) de
diversos invertebrados utilizados internacionalmente em testes de toxicidade, a
espécie Chironomus inquinatus representa um organismo tropical com grande
potencial de utilização para avaliação ecotoxicológica de corpos hídricos devido sua
atestada sensibilidade. A toxicidade é, de modo geral, proveniente da ligação não
específica do composto metálico a macromoléculas responsáveis pelo
funcionamento fisiológico do organismo. O manganês é em geral reconhecido como
um metal de baixa toxicidade, quando comparado a outros como o mercúrio e o
cobre. Acumula-se em grandes quantidades na superfície corpórea através de
ligações na cutícula, de modo a produzir impacto reduzido nos processos
homeostáticos internos, como sugerem as altas concentrações encontradas. Apesar
disso, este metal apresenta alto potencial danoso ao ambiente, uma vez que, como
comprovado por diversos estudos, pode apresentar sinergismo com outros
compostos metálicos, levando a efeitos deletérios amplificados. Apesar de ser um
co-fator enzimático responsável por diversos mecanismos fisiológicos o manganês
pode ser deletério aos organismos, se em altas concentrações.

CONCLUSÃO

Em suma, reitera-se a importância do uso de espécies tropicais em testes de


toxicidade, uma vez que, além de maior disponibilidade e facilidade de manutenção,
estas refletem melhor a realidade local, como por exemplo, a amplitude de variação
das variáveis físicas e químicas dos corpos de água. Embora atualmente os
resultados obtidos para as espécies de clima temperado possam ser mais facilmente
comparados com estudos da mesma e de outras regiões, surge com urgência a
necessidade de se buscar uma identidade tropical própria, com espécies que
apresentem, de fato, uma relação co-evolutiva com os ambientes tropicais e com
suas peculiaridades.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALDENBERG, T.; JAWORSKA, J.S. 2000. Uncertainty of the Hazardous


Concentration and Fraction Affected for Normal Species Sensitivity Distributions.
Ecotoxicol. Environ. Saf. 46, 1–18.
BALISTRIERI, L.S.; MEBANE, C. A. 2014. Predicting the toxicity of metal mixtures.
Sci. Total Environ. 466-467, 788–799.
CORBI, J.J.; FROEHLICH, C.G.; STRIXINO, S.T.; SANTOS, A. dos 2010.
Bioaccumulation of metals in aquatic insects of streams located in areas with sugar
cane cultivation. Quim. Nova 33, 644–648.

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


814
XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

DAAM, M. A.; RICO, A. 2016. Freshwater shrimps as sensitive test species for the
risk assessment of pesticides in the tropics. Environ. Sci. Pollut. Res. 1–9.
GOLOVANOVA, I.L. 2008. Effects of heavy metals on the physiological and
biochemical status of fishes and aquatic invertebrates. Inl. Water Biol. 1, 93–101.
HARFORD, A.J.; MOONEY, T.J.; TRENFIELD, M.A.; VAN DAM, R.A. 2015.
Manganese toxicity to tropical freshwater species in low hardness water. Environ.
Toxicol. Chem. 34, 2856–2863.
JAISHANKAR, M.; TSETEN, T.; ANBALAGAN, N.; MATHEW, B.B.; BEEREGOWDA,
K.N. 2014. Toxicity, mechanism and health effects of some heavy metals. Interdiscip.
Toxicol. 7, 60–72.
KUPERMAN, R.G.; CHECKAI, R.T.; SIMINI, M.; PHILLIPS, C.T. 2004. Manganese
toxicity in soil for Eisenia fetida, Enchytraeus crypticus (Oligochaeta), and Folsomia
candida (Collembola). Ecotoxicol. Environ. Saf. 57, 48–53.
OECD, 2008. OECD GUIDELINES FOR THE TESTING OF CHEMICALS
Bioaccumulation in Sediment-dwelling Benthic Oligochaetes, OECD 315, Paris.
RAINBOW, P. 2002. Trace metal concentrations in aquatic invertebrates: why and so
what? Environ. Pollut. 120, 497–507.
SANTORE, R.C.; RYAN, A.C. 2015. Development and application of a multimetal
multibiotic ligand model for assessing aquatic toxicity of metal mixtures. Environ.
Toxicol. Chem. 34, 777–787.
SKÖLD, H.N.; BADEN, S.P.; LOOSTRÖM, J.; ERIKSSON, S.P.; HERNROTH, B.E.
2015. Motoric impairment following manganese exposure in asteroid echinoderms.
Aquat. Toxicol. 167, 31–37.
STUBBLEFIELD, W.A.; BRINKMAN, S.F.; DAVIES, P.H.; GARRISON, T.D.;
HOCKETT, J.R.; MCINTYRE, M.W. 1997. Effects of water hardness on the toxicity of
manganese to developing brown trout (Salmo trutta). Environ. Toxicol. Chem. 16,
2082–2089.

FONTES FINANCIADORAS

CAPES - A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Efeito de contaminantes inorgânicos
38 - ESTUDO DO COBRE EM Desmodesmus spinosus (CHLOROPHYCEAE,
SCENEDESMACEAE): 48 H VS 96 H DE EXPOSIÇÃO

TAMIRES DE FREITAS OLIVEIRA, INESSA LACATIVA BAGATINI, ANA TERESA


LOMBARDI
Contato: TAMIRES DE FREITAS OLIVEIRA - TAMIRES.FREITAS20@HOTMAIL.COM

Palavras-chave: cobre, Desmodesmus spinosus, toxicidade

INTRODUÇÃO

O cobre é essencial ao fitoplâncton, coadjuvante na produção primária em


ecossistemas aquáticos. Atuando em processos metabólicos, a síntese de proteínas
e carboidratos é afetada pelo metal. A mineração do cobre gera resíduos que
descartados em ambientes aquáticos resulta em poluição ambiental, afetando
organismos de todos os níveis tróficos. A remediação desses ambientes aliada à
recuperação de biomoléculas a partir de biomassa algal pode tornar-se realidade se
conhecermos as respostas desses organismos a diferentes estresses. Este estudo
teve como objetivo avaliar a dinâmica populacional e a composição bioquímica da
microalga cosmopolita Desmodesmus spinosus em diferentes tempos de exposição
ao cobre.

METODOLOGIA

A microalga D. spinosus foi cultivada em Erlenmeyers de policarbonato sob


condições controladas de luz e temperatura (190 μmol fótons m -2 s-1; fotoperíodo
12:12 h, claro:escuro; temperatura 24 + 1 °C), em meio WC modificado (acréscimo
de tampão HEPES). Observamos que o meio WC possui EDTA em sua composição.
Para essas condições a microalga foi aclimatada durante 5 dias previamente à
exposição ao metal. A microalga foi exposta à amplitude de concentração nominal
de 4x10-8 (controle), 10-7, 5x10-7, 10-6, 5x10-6, 10-5 µmolL-1 de cobre. A concentração
inicial do metal foi determinada como íons de cobre livre pela técnica do eletrodo de
íon seletivo (LOMBARDI et al., 2007). O crescimento da alga foi acompanhado
diariamente utilizando-se um citômetro de fluxo (Muse cell analyser, Millipore®) e as
taxas de crescimento específicas foram calculadas por meio da representação
gráfica do log natural na fase exponencial de crescimento. Em 48 e 96 h foram
colhidas amostras para a quantificação de carboidratos (ALBALASMEH; BERHE;
GHEZZEHEI, 2013) e proteínas (BRADFORD, 1976). Análise estatística dos
resultados foi feita por meio dos testes paramétricos ANOVA e Tukey (p<0,05)
utilizando o programa SISVAR. O experimento foi feito em triplicata e teve a duração
de 96 h.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

As concentrações de cobre livre detectadas foram de 5 a 3x menores do que as


adicionadas, em ordem crescente de concentração, os valores foram 7x10 -9
(controle); 5x10-8; 8x10-8; 6x10-7; 8,5x10-7 e 3,5x10-6 Cu2+ molL-1. Isso decorre da
complexação do metal pelo ligante usado no meio de cultura (EDTA), já que o

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

tampão utilizado possui baixa capacidade de complexação com o cobre. Ainda que
D. spinosus tenha se mostrado, em geral, robusta ao metal, observamos nela 2
padrões de resposta aos efeitos tóxicos do cobre. Um primeiro, ao qual chamamos
estresse sub-crônico, manifestara-se em concentrações de 0,05 até 0,6 µM Cu 2+, e
um segundo, aqui denominado de estresse intenso e manifestado em 0,85 e 3,5 µM
Cu2+. Estes padrões foram notados tanto para os parâmetros populacionais como
para os bioquímicos e, nestes tornaram-se evidentes em 96 h de exposição ao
metal. A taxa de crescimento foi gradativamente reduzida à medida em que as
concentrações de Cu2+ aumentaram. Sob efeito sub-crônico, os valores foram
similares ao controle, mas em estresse intenso redução de 17% (0,85 μM Cu 2+) e
45% (3,5 μM Cu2+) do crescimento foi obtida. Estes resultados concordam com os
de Lombardi e Maldonado (2011) e (ECHEVESTE; SILVA; LOMBARDI, 2017)
Echeveste et al. (2017), que mostram que dependendo da concentração, o cobre
promove competição por sítios de ligação de nutrientes e estresse oxidativo,
prejudicando o desenvolvimento celular. Quanto aos parâmetros bioquímicos,
observou-se tendência de redução do conteúdo de carboidratos conforme aumento
da concentração do metal em 48 h de exposição, mas queda abrupta (50% menos
carboidratos) foi obtida em estresse intenso em 96 h. Isso pode estar relacionado
com aumento de respiração mitocondrial decorrente de tentativa metabólica de
suportar o estresse induzido pelo cobre (OSMAN et al., 2004), portanto reduzindo
carboidratos. Em menor intensidade, suportando a robustez da microalga, o acúmulo
de proteínas também foi influenciado pelo metal. Observamos redução gradativa na
condição de estresse intenso, culminando em 6% menos proteínas do que o controle
em nosso pior cenário (3,5 µM Cu2+, 96 h). Os resultados mostraram que D.
spinosus suportou concentrações de até 0,6 µM de cobre livre e, portanto é sugerida
como organismo promissor para a remediação de ambientes contaminados com
este metal. Nossos resultados apresentam ainda implicações ecológicas, uma vez
que alteração na composição energética/bioquímica de organismos base de cadeias
alimentares em ecossistemas aquáticos pode alterar o equilíbrio energético nesses
ambientes.

CONCLUSÃO

D. spinosus mostrou-se robusta ao cobre, com detecção de dois padrões de


resposta à sua toxicidade e cuja manifestação dependeu das concentrações e
tempo de exposição (48h vs 96h): estresse sub-crônico (comportamento
populacional similar controle) e, estresse intenso (alterações metabólicas acima de
0,85 µM salientadas em 96h). Mostramos ainda que ligantes no meio levou à
redução de ~ 80% do cobre adicionado. O acúmulo de carboidratos e proteínas em
48h seguiu o mesmo padrão dos parâmetros populacionais, com redução conforme
aumento da concentração do metal. Mas, em 96h 8x mais carboidratos fora obtido
na situação de estresse sub-crônico induzido.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALBALASMEH, A.A.; BERHE, A.A.; GHEZZEHEI, T.A. A new method for rapid
determination of carbohydrate and total carbon concentrations using UV
spectrophotometry. Carbohydrate Polymers, v. 97, n. 2, p. 253–261, 2013.
BRADFORD, M. A rapid and sensitive method for the quantitation of microgram
quantities of protein utilizing the principle of protein-dye binding. Analytical
Biochemistry, v. 72, p. 243-254, 1976.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

ECHEVESTE, P.; SILVA, J.C.; LOMBARDI, A.T. Cu and Cd affect distinctly the
physiology of a cosmopolitan tropical freshwater phytoplankton. Ecotoxicology and
Environmental Safety, v. 143, n. May, p. 228–235, 2017.
LOMBARDI, A.T. et al. Toxicity of ionic copper to the freshwater microalga
Scenedesmus acuminatus (Chlorophyceae, Chlorococcales). Phycologia, v. 46, n. 1,
p. 74–78, 2007.
OSMAN, M.E.H. et al. Differential effects of Co2+ and Ni2+ on protein metabolism in
Scenedesmus obliquus and Nitzschia perminuta. Environmental Toxicology and
Pharmacology, v. 16, n. 3, p. 169–178, 2004.

FONTES FINANCIADORAS

CAPES e CNPq Proc. 302175/2015-6

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Oral
Efeito de contaminantes inorgânicos
48 - AVALIAÇÃO DA CITO-GENOTOXICIDADE DE CONCENTRAÇÕES DE
MANGANÊS (MN) EXISTENTE EM ÁGUAS SUBTERRÂNEAS QUE EXCEDEM O
LIMITE NACIONAL PERMITIDO EM CÉLULAS DE CHO

LUIZA FLÁVIA VEIGA FRANCISCO, DÉBORA DA SILVA BALDIVIA, SYLA MARIA


FARIAS FERRAZ KLAFKE, MILENA PEREZ DE MELO, JOÃO VITOR FURTADO SILVA,
BRUNO DO AMARAL CRISPIM, EDSON LUCAS DOS SANTOS, ALEXEIA BARUFATTI
GRISOLIA
Contato: LUIZA FLÁVIA VEIGA FRANCISCO - LUIZAVEIGA10@HOTMAIL.COM

Palavras-chave: metal; viabilidade celular; alterações genéticas; cultivo celular

INTRODUÇÃO

Os seres humanos estão diariamente expostos ao manganês (Mn) por diversas


fontes: indústrias, agricultura, alimentos e água, porém, a exposição ao metal em
níveis acima do permitido pela Portaria 2914/2011 do Ministério da Saúde (0,1
mg/L), pode representar riscos para a saúde humana. Análises em águas
subterrâneas destinadas ao consumo humano em cidades do Mato Grosso do Sul
identificaram concentrações de Mn em desconformidade com o permitido (0,1-1,63
mg/L). Assim, o objetivo deste trabalho foi avaliar a cito-genotoxicidade das
concentrações do Mn em valores similares e superiores ao da legislação vigente em
células de ovário de Hamster Chinês (CHO).

METODOLOGIA

Para tanto, células de CHO foram expostas in vitro às concentrações de 0,1, 0,15,
0,3, 1,0, 1,5 e 3,0 mg /L do Mn durante 24, 48 e 72 h. Para monitoramento de todos
os testes foi utilizado controle negativo (somente meio de cultivo) e para os testes de
alterações genéticas utilizou-se Mitomicina C como controle positivo (CP). A
citotoxicidade foi avaliada por meio do ensaio com MTT (3- (4,5) -dimethylthiahiazo
(-z-y1) -3,5-diphenytetrazoliumromide), que possibilitou a determinação do número
de células viáveis após os diferentes períodos de tratamento. As alterações
genéticas foram avaliadas pelo teste do micronúcleo (MCN) com bloqueio da
citocinese, que analisou o número de células binucleadas com brotamentos, ponte
nucleoplasmática e micronúcleos. A análise estatística do teste de citotoxicidade foi
realizada utilizando análise de variância (ANOVA) One-way com posteriori de
Dunnett´s, para comparação das concentrações do metal com o controle negativo
(CN). A análise de Kruskal-Wallis com posteriori de Dunn foi usada para avaliar a
diferença significativa na frequência das alterações genéticas (brotamentos, ponte
nucleoplasmática e micronúcleos) entre as concentrações com os controles e entre
elas mesmas. Em todos os casos, o nível de significância foi de 0,05. Dois
experimentos independentes foram realizados para cada teste avaliado.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O resultado do teste do MTT demonstrou que a viabilidade das células se manteve


após 24h de exposição as diferentes concentrações do Mn, já para os períodos de

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

48 e 72 h, houve diminuição na viabilidade celular em torno de 12- 17% nas


concentrações de 1,5 e 3,0 mg/L, diferindo significativamente do CN. Este resultado
indica a potencialidade do Mn em causar toxicidade mais elevada conforme a
exposição crônica das células ao mesmo. Para os resultados da formação de
brotamentos, foi observado que, conforme o aumento do tempo de exposição das
células ao Mn, aumentou a frequência de brotamentos de maneira diretamente
proporcional as concentrações em relação ao CN. Em relação ao CP houve
diminuição da diferença significativa entre as menores concentrações (0,1, 0,15 e
0,3 mg/L) conforme o aumento do tempo de exposição. As concentrações de 1,5 e
3,0 mg/L foram as que mais induziram a formação de brotamentos. Para o
parâmetro ponte nucleoplasmática, não houve diferença significativa (p>0,05) entre
as concentrações e os controles (CN e CP) para nenhum dos períodos avaliados. O
estudo revelou aumento significativo no número de MCN na concentração de 3,0
mg/L nos períodos de 24 e 48h, quando comparado aos demais valores e ao CN. A
concentração de 1,5 mg/L ocasionou a maior frequência de MCN no período de 48h
quando comparada as demais. Em ambas concentrações (1,5 e 3,0 mg/L), houve
diminuição da diferença significativa para a frequência de MCN com os demais
valores no período de 72h. O CN teve maior diferença significativa para a formação
de MCN no período de 72h com os valores de 1,0, 1,5 e 3,0 mg/L, já o CP só
demonstrou diferença significativa com a concentração de 0,1 mg/L no período de
48h. Os resultados deste estudo indicaram que as concentrações de 1,5 e 3,0 mg/L
promoveram diminuição na viabilidade celular e causaram danos genéticos às
células.

CONCLUSÃO

Diante do exposto conclui-se que apesar da baixa citotoxicidade do metal em suas


altas concentrações (1,5 e 3,0 mg/L), o mesmo ocasionou alterações genéticas a
partir da concentração de 1,0 mg/L. Isso demonstra sua capacidade de induzir
danos nas células de CHO in vitro, independente do tempo de exposição das
mesmas ao Mn. Estes resultados indicam que o valor máximo permitido pela
legislação não ocasiona danos à célula de CHO. Porém, valores encontrados na
água em desconformidade com a legislação, sim. Com isso, é importante a
realização de demais ensaios biológicos, a fim de investigar outros efeitos causados
pelo Mn.

FONTES FINANCIADORAS

Universidade Federal da Grande Dourados- UFGD


Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior- CAPES
Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia do Estado
de Mato Grosso do Sul- FUNDECT

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Oral
Efeito de contaminantes inorgânicos
60 - IMPLANTAÇÃO DE CULTIVO E ENSAIO DE SENSIBILIDADE COM
EMBRIÕES DE PEIXE Danio rerio

ANGELA DOS SANTOS BARRETTO, EDSON APARECIDO ABDUL NOUR, AFONSO


KOLING LINO, FERNANDO PENA CANDELLO
Contato: FERNANDO PENA CANDELLO - FERNANDO@FEC.UNICAMP.BR

Palavras-chave: cloreto de sódio, embrião, FET Test, zebrafish

INTRODUÇÃO

Estágios embrionários de peixes vêm sendo amplamente utilizados como


organismos teste em ecotoxicologia, uma vez que seus ensaios são considerados
uma substituição aos métodos clássicos de experimentos que poderiam causar
sofrimento, dor ou lesão permanente nos animais. O peixe-zebra Danio rerio tem se
tornado a espécie mais utilizada devido à: facilidade de manutenção, tamanho
pequeno, fecundidade elevada, desenvolvimento rápido, transparência ótica do
embrião, além de extensa literatura (STRÄHLEET al., 2012). Esse trabalho descreve
as etapas da implantação do cultivo de Danio rerio em um laboratório multiusuário
de ensino e pesquisa e os ensaios de toxicidade com substância de referência.

METODOLOGIA

A implantação do cultivo de Danio rerio no Laboratório de Saneamento da


FEC/Unicamp baseou-se nas recomendações de Dammski et al. (2011), com
modificações.
Realizou-se a sexagem das matrizes obtidas, mantendo-se machos e fêmeas
separados em quarentena em aquários (40L) contendo água de abastecimento
desclorada e aerada, sob fotoperíodo de 12h/12h e alimentados 2x/dia com ração
Tetramim®.
Para a obtenção de embriões para os ensaios, dois grupos de: 1 macho e 3 fêmeas
em idade reprodutiva (comprimento médio: 23 mm) foram mantidos em recipientes-
maternidade (4L), dentro de dispositivo pendurável com tela. Após 8h, foram
cobertos com saco plástico preto e na manhã do dia seguinte os sacos foram
removidos.
Foram realizados 6ensaios com NaCl segundo as recomendações do protocolo Fish
Embryo Toxicity Test – FET (OECD, 2013). As concentrações de 6,0; 7,2; 8,6; 10,4 e
12,4 g NaCl L-1 foram estabelecidas após ensaios preliminares e preparadas a partir
de uma solução-estoque de 100 g NaCl L-1.
A cada 24h, até 4 parâmetros foram registrados como indicadores de letalidade:
coagulação dos ovos fertilizados, ausência de formação de somitos, não
desprendimento da cauda do saco vitelínico e ausência de batimento cardíaco
(OECD, 2013).
A CL50 foi calculada pelo método estatístico Trimmed Spearman-Karber.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A obtenção de embriões viáveis para ensaio foi possível com a segregação dos
organismos em pequenos grupos (1 macho e 3 fêmeas) no dia anterior ao ensaio. A
cobertura provisória dos recipientes com saco plástico preto na tarde anterior ao dia
do ensaio e remoção da cobertura na manhã do dia do ensaio pode ter estimulado a
reprodução dos organismos, devido à presença de luz.
Durante os episódios de reprodução, foram obtidos de 30 a 90 ovos gerados por
grupo de peixes.
A alimentação à base de ração e náuplios de Artemia salina se mostrou suficiente
para a sobrevivência e reprodução das matrizes de zebrafish em Laboratório.
Foram obtidos peixes jovens, após cultivo dos embriões viáveis e não utilizados para
ensaios, uma vez que esses embriões sobressalentes foram mantidos em repouso
nos recipientes-maternidade até a eclosão das larvas (2,5 a 3 dias) e até que inflem
suas bexigas natatórias (cerca de 50 dias), período em que não foram alimentados
por ainda utilizarem suas reservas vitelínicas. No entanto, quando começaram a se
locomover, foram fornecidos náuplios de artêmia e uma suspensão de algas verdes
unicelulares Raphidocelis subcapitata, visando favorecer seu desenvolvimento e
reduzindo as baixas no cultivo por desnutrição.
Os resultados obtidos nos ensaios de sensibilidade para a CL50 variaram de 8,29 g
NaCl L-1 (ic a 95%: 7,10 a 9,69 g NaCl L-1) a 9,28 g NaCl L-1 (ic a 95%: 8,60 a 10,01
g NaCl L-1), estando o intervalo compreendido entre +/- 2 desvios-padrão em relação
aos valores médios obtidos.

CONCLUSÃO

Com base nos resultados apresentados, concluímos que a espécie de peixe Danio
rerio preenche os quesitos necessários para o estabelecimento de cultivo em um
laboratório universitário de ensino e pesquisa, visando à obtenção de embriões para
uso em ensaios de toxicidade segundo as recomendações do protocolo FET (OECD,
2013), com modificações. A faixa de sensibilidade obtida nos ensaios com a
substância cloreto de sódio se mostrou dentro do reportado na literatura para a
espécie, nas condições de estudo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

DAMMSKI, A.P. et al. Zebrafish – Manual de criação em Biotério. Curitiba (PR):


Universidade Federal do Paraná, 106p. 2011.
ORGANISATION DE COOPÉRATION ET DE DÉVELOPPEMENT ÉCONOMIQUES.
Test No. 236: Fish Embryo Acute Toxicity (FET) Test. OECD Publishing, 2013.
STRÄHLE, U. et al. Zebrafish embryos as an alternative to animal experiments—A
commentary on the definition of the onset of protected life stages in animal welfare
regulations. ReproductiveToxicology, v. 33, p. 128-132. 2012.

FONTES FINANCIADORAS

Escola de Educação Corporativa da Unicamp (Educorp).

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Efeito de contaminantes inorgânicos
78 - INFLUÊNCIA DOS PARÂMETROS FÍSICO-QUÍMICOS NA ECOTOXICIDADE
DE METAIS PESADOS EM EFLUENTES INDUSTRIAIS

VINÍCIUS VALLE VIANNA PINTO, SARAH DARIO ALVES DAFLON, JUACYARA


CARBONELLI CAMPOS
Contato: JUACYARA CARBONELLI CAMPOS - JUACYARA@EQ.UFRJ.BR

Palavras-chave: metais pesados; matéria orgânica; dureza; alcalinidade; efluentes industriais

INTRODUÇÃO

Metais pesados são agentes tóxicos frequentemente encontrados em efluentes


industriais e por isso, tornam-se uma das principais fontes de poluição do
ecossistema aquáticos. A ecotoxicidade dos metais é influenciada pelos aspectos
físico-químicos do meio no qual encontram-se inseridos. No entanto, a legislação
ambiental nacional não contempla essa influência, apenas estabelece limites
máximos da concentração de metais para o descarte de efluente. O presente
trabalho teve como principal objetivo analisar como os parâmetros físico-químicos
pH, dureza, salinidade, alcalinidade e matéria orgânica dissolvida afetam a
ecotoxicidade dos metais nos efluentes industriais, avaliando em paralelo as
legislações ambientais.

METODOLOGIA

Para a avaliação da influência dos parâmetros físico-quimicos na ecotoxicidade de


metais, primeiramente foi realizado um levantamento bibliográfico para a escolha
dos principais metais a serem analisados. Para este estudo, optou-se pelo cobre,
chumbo, níquel, zinco e cádmio. Além disso, o estudo analisou a ecotoxicidade
desses metais à diferentes níveis tróficos, tais como bactérias, algas,
microcrustáceos e peixes. Em seguida, foi avaliado como os parâmetros físico-
químicos pH, dureza, alcalinidade, salinidade e matéria orgânica dissolvida
influenciam a ecotoxicidade destes metais em solução aquosa. Por fim, os aspectos
legais de descarte de efluentes e qualidade das águas foram revisados tanto para o
âmbito nacional quanto dos EUA, Canadá e países do continente europeu.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

De um modo geral, o aumento da dureza, salinidade, alcalinidade e matéria orgânica


dissolvida diminuem a toxicidade dos metais, diferentemente do pH que pode tornar
o metal mais tóxico ou menos tóxico. O mecanismo de ação da dureza na
diminuição da toxicidade ocorre devido a competição dos íons Ca2+ e Mg2+ com o
metal pelos sítios ligantes da membrana dos organismos. Já o mecanismo de ação
da salinidade se deve à precipitação de metais devido à formação de cloretos,
sulfatos e carbonatos, além da competição de cátions com o metal pelos canais de
cálcio ou sódio na membrana dos organismos. A alcalinidade atua na mudança da
especiação de metais com a formação de carbonatos, tornando-os não biodiponíveis
devido à precipitação. Já a matéria orgânica dissolvida atua na complexação do
metal e posterior adsorção na membrana plasmática, impedindo o acesso do metal

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

ao sítio ligante. Por fim, a influência do pH ocorre pela competição dos íons H + com
o metal pelos sítios ligantes. Em pH baixo ocorre a diminuição da ecotoxicidade de
alguns metais como zinco, níquel e cádmio. Já em pH elevado, o mecanismo de
atuação se deve pela mudança na especiação dos metais com a formação de
hidróxidos insolúveis, diminuindo a ecotoxicidade de alguns metais como cobre e
chumbo. Os microcrustáceos se apresentaram como sendo excelentes
bioindicadores dos metais avaliados visto que apresentaram maior sensibilidade a
maioria deles, com exceção do zinco e do cádmio, os quais os organismos mais
sensíveis foram as algas e os peixes, respectivamente. Bactérias apresentaram uma
grande tolerância aos metais, não sendo os melhores indicadores quando metal é o
principal agente tóxico suspeito. Analisando todos os aspectos apresentados, as
legislações brasileiras (federal e estaduais) para lançamento de efluentes e até para
qualidade das águas, a mesma parece estar incompleta, pois a concentração
máxima permitida de alguns metais (ex: cobre) em Águas de Classe I, segundo o
CONAMA 357/2005 é superior as concentrações que já causam efeitos tóxicos
agudos a alguns organismos, tais como daphnídeos. Legislações ambientais como
dos Estados Unidos e do Canadá já levam em consideração os aspectos físico-
químicos do corpo hídrico para estabelecer os limites permitidos em suas diretrizes
de qualidade das águas. Outros países como Austrália, Nova Zelândia, Coreia do
Sul e países da Europa caminham também para a criação de leis que contemplem
estes fatores.

CONCLUSÃO

Os parâmetros físico-químicos como pH, dureza, alcalinidade, salinidade e presença


de matéria orgânica da água influenciam a toxicidade dos metais avaliados,
tornando-os mais ou menos tóxicos dependendo das condições e do metal em
questão. A legislação nacional se encontra incompleta quando comparada com a de
outros países, pois não leva em consideração os aspectos físico-químicos do corpo
hídrico para estabelecer os limites permitidos de metais em suas diretrizes de
qualidade das águas, apresentando ainda, limites elevados que podem ser tóxicos
para organismos mais sensíveis.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALLEN, H.E.; HALL, R.H.; BRISBIN, T.D. Metal speciation: effects on aquatic
toxicity. Environmental Science and Technology, v. 14, n. 4, p. 441 – 443, 1980.
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the toxicity of copper to Daphnia magna. Water Research, v. 11, p. 309-315, 1977.
ARAGÃO, M.A.; ARAÚJO, R.P.A. Métodos de ensaios de toxicidade com
organismos aquáticos. In ZAGATTO, P.A.; BERTOLETTI, E. (Ed.). Ecotoxicologia
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p. 524 – 535, 1995.
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1972.

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

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1996.
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Title 40 – Protection of Environment. 1 Julho 2017. Disponível em <
https://www.gpo.gov/fdsys/browse/collectionCfr.action?collectionCode=CFR&search
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Acesso em 20 julho 2017.
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UNIÃO EUROPEIA. Diretiva 2010/75/EU do Parlamento Europeu e do Conselho, de
novembro de 2010. Jornal Oficial da União Europeia, 24 nov. 2010.
USEPA - United States Environmental Protection Agency (1972). Public Law 92-500,
de outubro de 1972. Federal Water Pollution Control Act Amendments of 1972,
Estados Unidos, US, 18 out. 1972.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Efeito de contaminantes inorgânicos
82 - METAIS PESADOS (AL, AS, BA, BE, MN, PB E SR) EM AMOSTRAS DE
ÁGUA SUBTERRÂNEA NA CIDADE DE OURO PRETO D’OESTE/RO

LUIZA FERNANDA SILVA PAVANELLO, JOSILENA DE JESUS LAUREANO, CARYNE


FERREIRA RAMOS, JOAQUIM PEDRO MACHADO DE ASSIS, THIAGO ALVES
SANTOS, RAISSA FONSECA FERREIRA, WALKIMAR ALEIXO DA COSTA JÚNIOR,
ANDREZA PEREIRA MENDONÇA, BEATRIZ MACHADO GOMES, WANDERLEY
RODRIGUES BASTOS, ELISABETE LOURDES NASCIMENTO
Contato: ELISABETE LOURDES NASCIMENTO - ELISABETENASCIMENTO05@GMAIL.COM

Palavras-chave: água subterrânea; metais pesados; consumo humano

INTRODUÇÃO

Grande parte do volume da água doce disponível no mundo concentra-se no


subsolo por meio das águas subterrâneas. Nas zonas urbanas, essa água é
captada, frequentemente, através de poços rasos, sobretudo na região Norte, devido
a geologia local. Porém, fontes de contaminação pontuais têm alterado a qualidade
dos lençóis freáticos, tornando-se problema de saúde pública e ambiental. Os metais
pesados ocorrem naturalmente ou são lançados ao meio por fontes antrópicas, mas,
em certas concentrações tornam-se tóxicos e de difícil remediação. Objetivou-se
analisar as concentrações de Al, As, Ba, Be, Mn, Pb e Sr na água subterrânea de
Ouro Preto d’Oeste/RO.

METODOLOGIA

Foram amostrados nove poços e uma mina. Os poços foram aleatoriamente


selecionados e as coletas de água foram realizadas no mês de agosto/2017, que
corresponde a um mês característico de baixa precipitação na região. As amostras
de água foram obtidas com um coletor específico para profundidade e
acondicionadas em garrafas plásticas de 500mL, mantendo-as refrigeradas até às
análises laboratoriais. Os metais pesados estudados foram determinados em
amostras de água bruta (fração total-FT) e de água filtrada (fração dissolvida-FD), as
quais foram previamente acidificadas com HNO3 (ácido nítrico) concentrado (70%
m/m). Para obtenção da fração dissolvida, a água bruta foi filtrada em filtros de
microfibra de vidro (poro 0,45um), em seguida, as mesmas foram acidificadas.
Posteriormente, as amostras foram analisadas no ICP-OES (Espectrômetro de
Emissão Óptica com Plasma Acoplado Indutivamente, Perkim Elmer) para a
quantificação dos metais pesados Al, As, Ba, Be, Mn, Pb e Sr. Os resultados obtidos
foram comparados com os valores máximos permitidos (VMP) para consumo
humano da Resolução CONAMA nº396/2008. Ademais, mediu-se in loco as
variáveis: potencial hidrogeniônico (pH) através da sonda LUTRON – PH-221 e
condutividade elétrica(CE) por meio da sonda multiparâmetro YSI-EC 300.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

As amostras da fração total e fração dissolvida do P3 apresentaram


desconformidade com a norma em todos os elementos-traço analisados: Na FT as

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

concentrações foram de 10.310,0ug.L-1(Al), 227,40ug.L-1(As), 1.476,0ug.L-1 (Ba),


4,302ug.L-1(Be), 2.673,0ug.L-1(Mn) e 48,63ug.L-1 (Pb). Na FD, obteve-se
10.020,0ug.L-1(Al), 224,0ug.L-1(As), 1.444,0ug.L-1(Ba), 4,125ug.L-1(Be), 2.621,0ug.L-
1
(Mn) e 52,19ug.L-1(Pb). Além disso, o P3 demonstrou a maior CE(343,3μS.cm -1) em
relação aos pontos amostrados, indicando alta concentração iônica na água, bem
como pH ácido (4,1).Brasil (2014), traz que as águas naturais apresentam teores de
condutividade na faixa de 10 a 100μS.cm -1 e em ambientes poluídos os valores
chegam à 1.000μS.cm-1. E, baixos teores de pH podem propiciar a solubilização dos
metais pesados (BRANDELERO et al., 2016). Em entrevista com os moradores da
residência do P3, foi relatado a ocorrência de casos de diarreia e dor no estômago
quando faziam o consumo rotineiro desta água. Os moradores relataram, ainda,
maior viscosidade da água, causando inclusive danos materiais. Ainda em
desacordo com a Resolução, estiveram o P10 para Al-FT (306,6ug.L-1), Ba-
FT(1.223,0ug.L-1) e Mn-FT(454,0ug.L-1), e Ba-FD(1.180,0ug.L-1) e Mn-FD(436,6ug.L-
1
); P6Al-FT(259,5ug.L-1); P2 Mn-FT(129,0ug.L-1) e Mn-FD(122,6ug.L-1); e P7Mn-
FT(237,5ug.L-1) e Mn-FD(173,9ug.L-1). Dos poços que excederam os limites
estabelecidos, apenas o P7 estava lacrado, os demais (P2, P3 e P10) não possuíam
revestimento interno e o P6 consistia em uma mina. Conforme Esteves (2011),
águas subterrâneas podem conter elevadas concentrações de elementos advindos
do intemperismo das rochas ou em decorrência da poluição através do processo de
lixiviação. Parte da pedologia de Rondônia é caracterizada por apresentar pH baixo
e concentração de alumínio e manganês em níveis tóxicos para as plantas
(SCHLINDWEIN et al., 2014), o que poderia explicar os altos teores de Al e Mn nas
amostras. Ademais, concentrações de Sr foram detectadas em todos os pontos.
Segundo Sousa (2008), os compostos de bário possuem relações muito próximas
com os compostos de cálcio e estrôncio, ambos metais alcalinos terrosos. Os dois
pontos com menores valores de Sr foram o P1-FT (13,26ug.L-1) e P1-FD (12,63ug.L-
1
), P4-FT (14,29ug.L-1) e P4-FD (13,78ug.L-1); assim como para o Ba P1-FT
(52,63ug.L-1) e P1-FD (50,36ug.L-1), P4-FT (57,84ug.L-1) e P4-FD (52,40ug.L-1). Já
as maiores concentrações foram, para Sr no P3-FT (103,40) e P3-FD (100,60ug.L-1),
P9-FT (77,54ug.L-1) e P9-FD (75,40ug.L-1); e para o Ba no P3-FT (1.476,0ug.L-1) e
P3-FD (1.444,0ug.L-1), P10-FT (1.223,0ug.L-1) e P10-FD (1.180,0ug.L-1).

CONCLUSÃO

Portanto, esteve em descordo com a CONAMA nº396/2008as amostras do P3 (para


todos os metais, sendo o único a apresentar As, Be e Pb); doP2 e P7 (para Mn); a
mina (P6; para Al); e o P10 (para Al, Ba e Mn). O P1, P4, P5, P8 e P9, estiveram
enquadrados com a Resolução. É necessário a continuação deste estudo em série
temporal maior a fim de confirmar os dados encontrados, identificar possíveis fontes
de contaminação e alertar os gestores públicos e a população sobre os riscos à
saúde que o consumo prolongado desta água pode trazer.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRANDELERO, S.M.; MIQUELLUTI, D.J.; CAMPOS, M.L.; DORS, P. Monitoramento


de água e sedimento no Rio Palmeiras, Bacia Hidrográfica do Tubarão (SC), Brasil.
Engenharia Sanitária e Ambiental, v. 22, n. 1, p. 203-212, nov. 2016.
BRASIL. Ministério da Saúde. Fundação Nacional de Saúde. Manual de controle da
qualidade da água para técnicos que trabalham em ETAS. Brasília: Funasa, 2014.
112p.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

BRASIL. Resolução nº 396, de 3 de abril de 2008. Dispõe sobre a classificação e


diretrizes ambientais para o enquadramento das águas subterrâneas e dá outras
providências. Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA). Diário Oficial da
União, Seção 1,n. 66, 7 abr. 2008, pp. 64-68.
ESTEVES, F.A. Fundamentos de Limnologia. 3° Edição. Ed. Interciência. RJ. 2011.
826p.
SCHLINDWEIN, J.A.; MARCOLAN, A.L.; PASSOS, A.M.A. dos; MILITÃO, J.S.L.T.;
FIORELLI-PEREIRA, E.C.; PEREIRA, A.P.M.; TONINI, J. Atualizações em calagem
de solos em Rondônia. In: Reunião de Ciência do Solo da Amazônia Ocidental, 2,
2014, Porto Velho. Manejo dos Solos e a sustentabilidade da produção agrícola na
Amazônia Ocidental: anais. Porto Velho: SBCS, 2014, p. 267-287.
SOUSA, K.C.P.M. Estudo dos fluxos fluviais de isótopos naturais de rádio e bário
dissolvido para as enseadas de Ubatuba, Litoral Norte do Estado de São Paulo.
Dissertação (Mestrado em Ciências na Área de Tecnologia Nuclear-Aplicações).
Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares, São Paulo, 2008.

FONTES FINANCIADORAS

Fundação Rondônia de Amparo ao Desenvolvimento das Ações Científicas e


Tecnológicas e à Pesquisa do Estado de Rondônia-FAPERO

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Painel
Efeito de contaminantes inorgânicos
91 - EFEITOS DE METAIS SOBRE O APARATO FOTOSSINTÉTICO DE UMA
CLOROFÍCEA DE ÁGUA DOCE

RENAN CASTELHANO GEBARA, LAYS DE OLIVEIRA GONÇALVES ALHO, GISELI


SWERTS ROCHA, MARIA DA GRAÇA GAMA MELÃO
Contato: RENAN CASTELHANO GEBARA - NANGEBARA@YAHOO.COM.BR

Palavras-chave: ecotoxicologia; algas; fotossíntese; PAM; metais

INTRODUÇÃO

Metais tóxicos podem afetar a diversidade de organismos sensíveis como, por


exemplo, microalgas que fazem parte da base das teias tróficas e são responsáveis
por grande parte da produção do oxigênio da Terra. A avaliação de parâmetros
fisiológicos é essencial para o entendimento dos mecanismos de toxicidade de
xenobióticos e complementam as avaliações clássicas como a densidade celular. O
presente trabalho objetivou avaliar o efeito de um metal essencial (zinco - Zn) e
outro não-essencial (alumínio - Al) sobre o aparato fotossintético da clorofícea
Pseudokirchneriella subcapitata e comparar a sensibilidade desse endpoint com o
crescimento celular

METODOLOGIA

P. subcapitata foi cultivada em meio half strength CHU 10 (NALEWAJKO e


O’MAHONY, 1989), sob condições controladas de temperatura (25 ± 2°C) e
fotoperíodo (12/12 h, escuro/claro, luz fluorescente ≅ 3.900 lux). A microalga foi
inoculada (inicialmente a 105 células mL-1, em triplicatas), e exposta aos metais Zn
(0,0008 - Controle; 0,08; 0,15; 0,23; 0,46 e 0,92 µM) e Al (0,00 - Controle; 14,82;
22,24; 29,65; 37,06 e 44,47 µM), nas mesmas condições de cultivo supracitadas, por
um período de 48 h. A fotossíntese algal foi analisada diariamente em um fluorímetro
de amplitude modulada (Phytoplankton Fluorometer Analyzer, Alemanha). Os
parâmetros de fluorescência inicial (F0), fluorescência máxima (FM), fluorescência
variável (FV) e rendimento quântico máximo (ɸM) das algas adaptadas ao escuro
foram utilizados para o cálculo do parâmetro de eficiência do complexo de evolução
do oxigênio (F0/FV). A densidade celular foi analisada diariamente por meio de
contagem via citometria de fluxo (FACSCalibur, EUA). Os valores de IC10-48h foram
calculados pelo programa GraphPad Prism 5.0. Dados paramétricos foram
analisados com One-way ANOVA e dados sem distribuição normal com teste de
Kruskal Wallis. Em ambos casos foi utilizado post-hoc teste de Dunnet para
comparação dos tratamentos com grupo controle

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os valores de IC10 para crescimento celular e ɸM de P. subcapitata exposta ao Zn


foram 0,19 (0,15-0,23) e 0,11 (0,07-0,17) µM, respectivamente. Em 48 h, o Zn afetou
significativamente (teste de Dunnet, p < 0.05) a densidade celular e F0/Fv nos
tratamentos de 0,15; 0,23; 0,46 e 0,92 µM e o ɸM nas concentrações de 0.46 e 0.92
µM. A maior concentração de Zn inibiu a densidade celular (25,4%), aumentou

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

valores de F0/Fv (29,7%) e diminuiu o ɸM (8,2%) da alga. Os valores de IC10 para


crescimento celular e ɸM da microalga exposta ao Al foram 22,71 (19,67-26,22) e
25.17 (22.38-28.30) µM, respectivamente. O Al afetou significativamente (teste de
Dunnet, p < 0.05) a densidade celular e F0/Fv nos tratamentos de 22,24; 29,65;
37,06 e 44,47 µM, com aumento de 87,3% em F0/Fv, inibição de 91,6% da
densidade celular e diminuição de 21,8% em ɸM na concentração mais alta de Al.
Desta forma, os resultados indicam que a exposição ao Al levou a um aumento de
F0/Fv 3 vezes maior nas microalgas do que quando estas foram expostas ao Zn. A
alga em exposição à maior concentração de Zn manteve seu ɸM com valores
maiores que as algas expostas à maior concentração de Al, o que pode ser
explicado pelo maior aumento no parâmetro de F0/FV nas microalgas expostas ao
Al, indicando que houve foto-oxidação das células algais expostas ao metal não
essencial. Contudo, uma vez que os valores de IC10 para o Zn foram
aproximadamente 119 e 229 vezes menores para densidade celular e ɸM,
respectivamente, do que os encontrados para o Al, pode-se afirmar que o Zn foi
mais tóxico do que o metal não essencial

CONCLUSÃO

Os resultados do presente estudo indicam que após exposição aguda de 48h, o


metal não essencial (Al) causou efeitos mais acentuados à microalga do que o metal
essencial (Zn) para um dos parâmetros do aparato fotossintético (F0/Fv) analisado,
porém, considerando que as concentrações de Zn eram menores que as de Al,
pode-se afirmar que Zn foi mais tóxico para os parâmetro de densidade celular e ɸM,
como observado pelos valores de IC10-48h

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

NALEWAJKO, C.; O’MAHONY, M.A. Photosynthesis of algal cultures and


phytoplankton following an acid pH shock. J Phycol, v. 25, p. 319-325, 1989

FONTES FINANCIADORAS

CAPES (1715276), FAPESP (2016/00753-7) e CNPq (305229/2016-8)

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Efeito de contaminantes inorgânicos
93 - EXPOSIÇÃO DE CURTO PRAZO DA CLOROFÍCEA Raphidocelis subcapitata
AOS METAIS CROMO E MANGANÊS: EFEITOS NO APARATO
FOTOSSINTÉTICO E CRESCIMENTO

LAYS DE OLIVEIRA GONÇALVES ALHO, RENAN CASTELHANO GEBARA, GISELI


SWERTS ROCHA, MARIA DA GRAÇA GAMA MELÃO
Contato: LAYS DE OLIVEIRA GONÇALVES ALHO - LAYSALHO90@GMAIL.COM

Palavras-chave: ecotoxicologia; clorofícea; metais; fotossíntese

INTRODUÇÃO

A contaminação por metais em ecossistemas aquáticos representa riscos para a


biota. Estudos que investiguem os efeitos desses compostos sobre a atividade
fotossintética de microalgas podem gerar informações relevantes sobre os modos de
ação dos metais. O manganês (Mn), comum em descargas de atividades industriais,
é um metal essencial para algas, mas pode se tornar tóxico em altas concentrações.
O cromo (Cr), frequente em despejos industriais, é um metal não essencial
conhecido por apresentar alta toxicidade. Este estudo objetivou investigar
comparativamente a toxicidade do Mn e Cr sobre o crescimento e atividade
fotossintética da clorofícea Raphidocelis subcapitata.

METODOLOGIA

A microalga R. subcapitata foi cultivada em meio Half Strenght CHU 10


(NALEWAJKO and O'MAHONY, 1989), a 25 ± 2ºC, fotoperíodo de 16/8 h,
claro/escuro, e luz fluorescente de ≅ 4800 lux. Os testes de toxicidade aguda
tiveram duração de 48 horas, densidade inicial de 105 células mL-1 e exposição das
algas, em tréplicas, ao Mn (0,9 - Controle; 1,4; 3,6; 7,2; 14,5 e 18,2 µM) e ao Cr (0,0
- Controle; 1,5; 3,8; 7,6; 15,3 e 19,2 µM), em condições idênticas às de cultivo. A
densidade celular foi determinada diariamente através de citometria de fluxo
(FACSCalibur, EUA). A atividade fotossintética diária foi medida através de
fluorômetro de pulso de amplitude modulada (PHYTO_PAM, Alemanha), com
mensurações de fluorescência inicial (F0), fluorescência máxima (FM) e rendimento
quântico máximo (ɸM) da clorofícea adaptada ao escuro, e cálculo da fluorescência
variável (FV) e eficiência do complexo de evolução do oxigênio (F0/FV), utilizando
essas medidas. Os resultados encontrados seguiram uma distribuição normal e
foram submetidos a One-way ANOVA, seguido de teste de Tukey (comparações
com o controle) e de Dunnett (comparações múltiplas), utilizando o programa
SigmaPlot 11.0. A densidade algal foi utilizada para o cálculo das IC10, pelo
programa ICPIN 2.0.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Após 48 horas de exposição, houve redução significativa (p < 0,05) do crescimento


algal a partir de 7,2 µM de Mn e 1,5 µM de Cr. O crescimento da microalga foi
reduzido pelo Mn em 26,3% na concentração mais alta do metal, e em 63,2 % pela
concentração mais alta de Cr. Os valores de IC10 encontrados para o tratamento

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com Cr - IC10 de 0,69 (0,58 – 0,81) µM - foram 77% menores que os encontrados
para o Mn - IC10 de 2,99 (2,53 – 3,81) µM, o que aponta uma maior toxicidade do
metal não essencial em comparação ao essencial. Os parâmetros fotossintéticos
também revelaram maior toxicidade do Cr: o ɸM e F0/FV foram alterados em 11,42%
(redução) e 40,48% (aumento), respectivamente, na concentração mais alta desse
metal, enquanto a redução provocada pela exposição ao Mn foi de apenas de 7,32%
(redução) e 12,28% (aumento) em ɸM e F0/FV, respectivamente. Uma vez que o Mn
é um metal essencial e está presente no complexo produtor de oxigênio do aparato
fotossintético das algas, apresentando um papel importante na oxidação da água
durante a fotossíntese, sua toxicidade não foi tão severa quanto a do Cr, como pôde
ser observado pelos resultados de densidade e alterações nos parâmetros
fotossintéticos. As reduções do ɸM encontradas indicam que os dois metais
causaram danos ao aparato fotossintético da alga, reduzindo a capacidade da
mesma de converter energia luminosa em energia química, de forma que a
fotossíntese e, consequentemente, o crescimento foram prejudicados,
especialmente na exposição ao Cr. As mudanças no parâmetro F0/FV apontam uma
alteração no estado de foto-oxidação da água. O Cr possivelmente substitui o Mn no
sistema de separação da água, prejudicando o processo de transferência de
elétrons na fotossíntese, o que pode explicar os maiores valores de F0/FV em
comparação aos encontrados para a microalga exposta ao Mn.

CONCLUSÃO

Dentre os parâmetros avaliados, o de inibição do crescimento foi o mais sensível


para avaliar a toxicidade dos metais sobre a clorofícea, mas todos os parâmetros
apresentaram diferenças na intensidade de resposta da microalga em relação ao Mn
e ao Cr. O efeito tóxico do Cr sobre o crescimento e parâmetros fotossintéticos da
microalga foi muito mais acentuado após 48 horas de exposição, o que aponta uma
maior toxicidade deste metal em comparação ao metal essencial Mn.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

NALEWAJKO, C.; O'MAHONY, M.A. 1989. Photosynthesis of algal cultures and


phytolankton following an acid pH shock. Journal of Phycology 25, 319-325.

FONTES FINANCIADORAS

CNPq (processos 305229/2016-8 e 141126/2017-5) e FAPESP (2016/00753-7).

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Painel
Efeito de contaminantes inorgânicos
105 - CONTAMINAÇÃO DA ÁGUA SUBTERRÂNEA POR METAIS PESADOS NA
CIDADE DE PRESIDENTE MÉDICI, RONDÔNIA

JOSILENA DE JESUS LAUREANO, CARYNE FERREIRA RAMOS, LUIZA FERNANDA


SILVA PAVANELLO, ANDREZA PEREIRA MENDONÇA, RAISSA FONSECA FERREIRA,
WALKIMAR ALEIXO DA COSTA JÚNIOR, ANA LÚCIA DERNARDIN ROSA, JOÃO
PAULO OLIVEIRA GOMES, WANDERLEY RODRIGUES BASTOS, ELISABETE
LOURDES NASCIMENTO
Contato: ELISABETE LOURDES NASCIMENTO - ELISABETENASCIMENTO05@GMAIL.COM

Palavras-chave: metais pesados; consumo humano; pocos

INTRODUÇÃO

O crescimento da população humana e intensa urbanização têm causado


deterioração hídrica, entre os poluentes encontram-se os metais pesados (TUNDISI,
2011). Também chamados elementos traços, são encontrados naturalmente em
pequenas concentrações, porém seu aumento tem provocado problemas, devido
alta toxicidade (ESTEVES, 2011). Conhecer a sua distribuição em água subterrânea
é de grande importância principalmente em países em desenvolvimento, com
condições sanitárias precárias, agravando problema de saúde pública (CORTECCI,
2017). O trabalho teve por objetivo avaliar as concentrações de metais pesados na
água subterrânea em Presidente Médici,comparando com valores estipulados como
seguro pela Portaria 2.914/2011/MS, e Resolução CONAMA n° 396/2008.

METODOLOGIA

O município de Presidente Médici, Rondônia, possui população estimada de 22.124


habitantes. Foram selecionadas de forma aleatória 10 residências na cidade que
utilizavam poços para captação de água destinada ao consumo humano. A coleta foi
realizada em junho de 2017. Foram analisadas as concentrações de: alumínio (Al),
arsênio (As), cádmio (Cd), cromo (Cr), manganês (Mn), chumbo (Pb), zinco (Zn),
Bário (Ba), cobalto (Co),cobre (Cr). Após a coleta da água diretamente do poço (uso
de coletor de profundidade), no laboratório, as amostras de água foram acidificada
com 2mL de ácido clorídrico (fração total). As amostras destinadas às análises de
metais na fração dissolvida, também foram acidificadas, após terem sido filtradas em
filtros de celulose de 0,45um.
No laboratório de Biogeoquímica Ambiental Wolffgang Christian Pfeiffer, da
Universidade Federal de Rondônia-UNIR (Porto Velho), foi realizada a quantificação
dos elementos através da técnica de ICP-OS (Espectrômetro de Emissão Óptica
com Plasma Acoplado Indutivamente, Perkim Elmer).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os metais Cd, Cr, Cu, Zn, Co apresentaram concentrações abaixo dos valores
estabelecidos, que correspondem a 5μg.L-1, 50μg.L-1, 2.000μg.L-1, 5.000μg.L-1 e
50μg.L-1, respectivamente.

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Para melhor análise dos dados, as concentrações obtidas foram comparadas aos
valores estabelecidos pela Resolução CONAMA 357/2005 para cobalto. Para os
demais utilizou-se Resolução CONAMA 396/2008 e a Portaria do Ministério da
Saúde 2.914/2011, ambas estabelecem os mesmos valores de referência.
Dentre os metais analisados os que apresentaram concentrações acima dos valores
recomendados foram: Al, As, Ba, Mn, Pb. As concentrações encontradas de Al total
variaram de11,59μg.L-1 (P4) a 2.236μg.L-1 (P6), o Al na fração dissolvida variou
entre 0,756μg.L-1 (P9) a 2.065μg.L-1 (P6), o valor máximo permitido por ambas as
legislações é 200μg.L-1.
As concentrações de As total variaram de 0,27μg.L -1/P10 a 26,34μg.L-1/P6; e
dissolvido de 0,77μg.L-1/P2 a 25,60μg.L-1/P6, mostrando alguns pontos estarem
acima do VMP que é de 10μg.L-1. Os valores encontrados de Ba total variaram de
36,25μg.L-1 (P2) a 872,70μg.L-1(P6), já a fração dissolvida variou entre 35,08μg.L -1
(P2) a 832,70μg.L-1 (P6), sendo o VMP=700μg.L-1. Para Mn total os valores foram
entre 27,35μg.L-1 (P9) e 1.963μg.L-1 (P6), o Mn dissolvido esteve entre 13,62μg.L -1
(P9) a 1.845μg.L-1 (P6), sendo o VMP=100μg.L-1.
Concentrações de chumbo foram registradas apenas no P6, para fração total valo de
32,07μg.L-1 e para fração dissolvida 30,3μg.L-1, três vezes maior que o valor
permitido, que é de 10μg.L-1. Este dado é preocupante, visto que chumbo é um
elemento não essencial e tóxico, se acumula no organismo, afetando todos os
órgãos, principalmente sistema nervoso (MOREIRA, 2004). Em estudo realizado em
poços localizados no lixão desativado em Ji-Paraná (Rondônia), foram encontrados
concentrações de chumbo também em 1 dos poços estudados (12,69μg.L -1), a
contaminação neste caso foi associada ao chorume existente na área (MARTINS,
2011).
O valor máximo de todos os metais analisados ocorreu no poço 6. Foi possível
observar a presença de Al e Mn acima do valor permitido em 30% dos poços, já as
concentrações de Pb, As e Ba estiveram em desconformidade em 10% dos casos,
não sendo recomendado o uso dessas águas para consumo humano. O alumínio é
neurotóxico e pode causar encefalopatia grave, estudo na região metropolitana do
Rio de Janeiro apontaram Al e Mn acima do valor preconizado, devido à falta de
saneamento (FREITAS et al., 2001). O arsênio é carcinogênico, associado ao
câncer de pele, pulmão e fígado. Manganês é responsável por alterações
psicomotoras e neurológicas (CARNEIRO, 2015).

CONCLUSÃO

O estudo evidenciou que a água subterrânea dos poços estudados em Presidente


Médici encontra-se imprópria para consumo humano, visto que foram encontrados
concentrações dos metaisAl, As, Ba, Mn, Pb, em níveis superiores ao preconizados
pela Portaria 2.914/11/MS e Resolução CONAMA 396/08.
Foi possível constatar que a população está consumindo água fora dos padrões de
potabilidade, com concentrações de elementos tóxicos. O artigo 4° da Portaria
2.9142/MS/2011, ressalta o dever das Secretarias Estaduais de Saúde o
monitoramento da qualidade da água utilizada pela população, mesmo que adquirida
de soluções alternativas, tendo em vista que a utilização destes é uma característica
regional.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL. Portaria n° 2.914, de 12 de dezembro de 2011. Dispõe sobre os


procedimentos de controle e de vigilância da qualidade da água para consumo
humano e seu padrão de potabilidade. Ministério da Saúde (MS). Diário Oficial da
União, 26 dezembro de 2011. 266p.
BRASIL. Resolução n° 396 de 03 de abril de 2008. Dispõe sobre a classificação e
diretrizes ambientais para o enquadramento das águas subterrâneas. Conselho
Nacional do Meio Ambiente (CONAMA). Diário Oficial da União, n. 66, 7 abr, 2008,
66p.
BRASIL. Resolução n° 357 de 17 de março de 2005. Dispõe sobre a classificação
dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como
estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes, e dá outras
providências. Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA). Diário Oficial da
União, n° 053, 8 mar, 2005, p58-63.
CARNEIRO, F. F.; AUGUSTO, L.G.S.; RIGOTTO, R.M.; FRIEDRICH, K.; BÚRIGO,
A.C. Dossiê ABRASCO: um alerta sobre os impactos dos agrotóxicos na saúde. Rio
de Janeiro: EPSJV; São Paulo: Expressão Popular 2015.
CORTECCI, G. Geologia e Saúde. Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais-
CPRM. Disponível em:<
www.cprm.gov.br/publique/media/gestao_territorial/geologia.../geosaude.pdf >
Acesso em: 20 de outubro de 2017.
ESTEVES, F.A. Fundamentos de Limnologia. 3 ed. Rio de Janeiro: Interciência,
2011, 826p.
FREITAS, M.B.; BRILHANTE, O,M.; ALMEIDA, L.M. Importância da análise de água
para a saúde pública em duas regiões do Estado do Rio de Janeiro: enfoque para
coliformes fecais, nitrato e alumínio. Caderno de Saúde Pública, Rio de Janeiro,
17(3) p. 651-660. 2001.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATISTICA – IBGE. Cidades.
Disponível em: <
hhttps://cidades.ibge.gov.br/painel/historico.phpmédici?codmun=110025 >. Acesso
em: 30 de junho de 2017.
MARTINS, I.A.V. Avaliação da qualidade da água subterrânea em área de influência
do lixão inativo no bairro Boa Esperança (Ji-Paraná/RO), UNIR, 2011. Monografia
(Bacharelado em Engenharia Ambiental), Departamento de Engenharia Ambiental,
Universidade Federal de Rondônia, 2011.
MOREIRA, F.R.; MOREIRA, J.C. Os efeitos do chumbo sobre o organismo humano
e seu significado para a saúde. Rev Panam Salud Publica. 2004; 15 (2) p.119-129.
TUNDISI, J.G; TUNDISI, T.M. Recursos Hidricos no Século XXI. São Paulo: Oficina
de Textos, 2011.

FONTES FINANCIADORAS

Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico-CNPq/Programa


Institucional de Bolsas de Iniciação Científica/PIBIC. Pró-reitoria de Pós-graduação
de Pesquisa/Propesq. Universidade Federal de Rondônia-UNIR.

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Painel
Efeito de contaminantes inorgânicos
121 - SENSIBILIDADE DA MICROALGA Chlorella sorokiniana (ORGANISMO-
TESTE) AO INSETICIDA FIPRONIL

IGOR GABRIEL SILVA OLIVEIRA, MARIANA BULHÕES DOS SANTOS, ISABELLE


PEIXOTO, MÔNICA ANSILAGO, NATHASKIA SILVA PEREIRA, EMERSON MACHADO
DE CARVALHO, MARICY RAQUEL LINDENBAH BONFÁ
Contato: IGOR GABRIEL SILVA OLIVEIRA - IGORGABRIELSO@HOTMAIL.COM

Palavras-chave: biotecnologia ambiental; Chlorophyceae; ecotoxicologia

INTRODUÇÃO

As microalgas são organismos fundamentais para a manutenção da biodiversidade e


dos ecossistemas aquáticos. Possuem alta sensibilidade a alterações ambientais,
ciclo de vida curto e baixa necessidade nutricional (ANSILAGO et al., 2016). Com
base nessas características, elas tem sido utilizadas em ensaios de avaliação de
toxicidade aguda e crônica em diferentes concentrações de efluentes ou substâncias
químicas. Os protocolos estão bem estabelecidos para as espécies Raphidocelis
subcapitata (sinonímia Pseudokirchnerilla subcapitata), Chlorella vulgaris,
Desmodesmus subspicatus e outras algas unicelulares. Assim, o objetivo do
presente estudo foi avaliar o efeito tóxico do inseticida fipronil sobre a microalga
Chlorella sorokiniana (Chlorophyceae).

METODOLOGIA

Para tal, foram utilizadas tratamentos com diferentes concentrações de fipronil - 75


mg.L-1, 150 mg.L-1, 300 mg.L-1, 600 mg.L-1- e o controle sem adição do fipronil. Em
cada Erlemeyer de 125 mL-1 foram adicionados 5 mL-1 do inóculo da microalga C.
sorokiniana em 25 mL-1 de meio ATZ (modificado), e enriquecido com 1% de NPK
(20-5-20 g.L-1) e 1% de vinhaça de mostro de cana-de-açucar (nutrientes para as
microalgas). As amostras foram acondicionados em incubadora shaker de piso, em
triplicatas, com temperatura (25ºC), agitação (100 rpm) e luminosidade (1.500 LUX)
constantes. Foram retiradas alíquotas nos tempos de 0h, 12h, 24h, 48h e 72h e
mensurada a densidade, crescimento específico e percentual de inibição. A
densidade foi obtida por meio da contagem celular pelo hemocitômetro (Câmara de
Neubauer), a taxa de duplicação (densidade final – densidade inicial/ horas) e o
percentual de inibição ([controle – amostra /controle] x 100) a partir dos valores da
densidade.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Segundo os resultados da análise de covariância (ANCOVA) houve diferença


estatística significativa para os valores do percentual de inibição (F4,65: 7,96 p˂
0,05), crescimento específico (F4,65: 3,97 p ˂ 0,05) e densidade (F4,65: 6,76 p ˂
0,05); os valores de mínima e máxima foram, respectivamente: -42,71 (600 mg.L-1
fipronil) e 50,84% (75 mg.L-1 fipronil), 0,40 células/h-1 (75 mg.L-1 fipronil) e 1,16
células/h-1 (600 mg.L-1), 9,83 células/mL-1 (controle) e 165,5 células/mL-1 (150 mg.L-1
fipronil). No entanto, tais diferenças não indicam sensibilidade da microalga ao

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contaminante: o percentual de inibição diferiu somente entre as concentrações de


600 mg.L-1 e 150 mg.L-1 de fipronil; o crescimento especifico entre a maior
concentração e o controle, mas com valores de crescimento mais elevados na maior
concentração; densidade diferiu apenas na concentração de 300 mg.L -1. Para inferir
a sensibilidade da microalga ao contaminante era esperado uma redução na
duplicação celular com o aumento da concentração de fipronil. O aumento do
crescimento específico algal no meio contendo o contaminante, no entanto, pode
estar relacionado ao seu mecanismo de ação, através do bloqueio pré e pós
sináptico da passagem dos íons cloro pelos neurotransmissores GABA, matando os
parasitas por híper excitação. Além disso, o fipronil é um composto quiral e possui
os enantiômeros Fipronil-S e Fipronil-R, e alguns estudos realizados com microalgas
mostraram que a toxidade do fipronil pode variar de acordo com a quiralidade deste
inseticida sobre determinados organismos (QU et al., 2014). No entanto, é preciso
considerar que os efeitos observados incluem ações sinérgicas, antagônicas, de
potenciação e de adição de todos os compostos físicos, químicos e biológicos das
amostras, afetando adversamente as funções bioquímicas e fisiológicas do
organismo-teste (DOMINGUES; BERTOLETTI, 2008; PEREIRA et al., 2010).

CONCLUSÃO

Desta forma, pode-se inferir que nas condições de estudo apresentadas, não houve
inibição do crescimento da microalga Chlorella sorokiniana pelo fipronil em nenhuma
das concentrações testadas, indicando a resistência da microalga ao inseticida. A
microalga C. sorokiniana não é recomendada como organismo teste em ensaios de
toxicidade do fipronil nas concentrações apresentadas. Por outro lado, nossos
resultados inferiram um elevado potencial da microalga para a remediação do fipronil
em ambientes aquáticos, necessitando de novos estudos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANSILAGO, M.; OTTONELLI, F.; CARVALHO, E.M. Cultivo da microalga


Pseudokirchneriella subcapitata em escala de bancada utilizando meio contaminado
com metais pesados. Engenharia Sanitária e Ambiental (Online), v.21, n. 3, p.603-
608, 2016.
DOMINGUES, F.D.; BERTOLETTI, E. Seleção, manutenção e cultivo de organismos
aquáticos. In: ZAGATTO, P. A.; BERTOLETTI, E. (Ed.) Ecotoxicologia aquática –
princípios e aplicações. São Carlos: Rima, Cap. 7, p. 153-184, 2008.
PEREIRA, S.A. et al. Sensibilidade de Quatro Organimos-Teste (Skeletonema
costatum, Tetraselmis chuii, Crassostrea rhizophorae e Echinometra lucunter) ao
Dodecil Sulfato de Sódio: elaboração das cartas-controle. Diálogos e Ciência.
Revista da Faculdade de Tecnologia e Ciências, v. 8, n. 24, 2010.
QU, H. et al. Enantioselective toxicity and degradation of the chiral insecticide fipronil
in Scenedesmus obliguus suspension system. Environmental toxicology and
chemistry, v. 33, n. 11, p. 2516-2521, 2014.

FONTES FINANCIADORAS

CNPq - Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico;


FUNDECT - Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e
Tecnologia do Estado de Mato Grosso do Sul;

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Painel
Efeito de contaminantes inorgânicos
132 - AVALIAÇÃO DA TOXICIDADE DE UM METAL ESSENCIAL E UM NÃO
ESSENCIAL SOBRE A EFICIÊNCIA FOTOSSINTÉTICA DE Pseudokirchneriella
subcapitata

LARISSA LUIZA REIS, LAYS DE OLIVEIRA GONÇALVES ALHO, RENAN CASTELHANO


GEBARA, MARIA DA GRAÇA GAMA MELÃO
Contato: LARISSA LUIZA REIS - LARISSA_SCP@HOTMAIL.COM

Palavras-chave: Microalgas; metais; ecotoxicologia

INTRODUÇÃO

A contaminação dos ambientes aquáticos por metais é fonte de preocupação, pois


estes poluentes possuem propriedades bioacumulativas e não biodegradáveis,
causando danos à biota aquática. O cobalto é um metal essencial às microalgas,
mas em altas concentrações pode inibir seu crescimento e afetar parâmetros
fotossintéticos. O arsênio, metal não essencial ao seres vivos, pode causar danos
agudos e crônicos em clorofíceas. As microalgas estão na base das cadeias
alimentares aquáticas, sustentando diferentes níveis tróficos e, devido à sua
importância ecológica, este estudo objetivou avaliar a toxidade dos metais, cobalto e
arsênio, sobre parâmetros fotossintéticos desta clorofícea.

METODOLOGIA

A clorofícea Pseudokirchneriella subcapitata foi cultivada em meio Half-Strenght


CHU 10, sob fotoperíodo de 12/12 claro/escuro, a 25 ± 2ºC, intensidade luminosa de
4000 lux, e agitação manual periódica. Os testes de toxicidade foram realizados em
tréplicas, nas concentrações de 400,4; 467,1; 600,6; 734,1; 934,3 µM de arsênio, e
0,17; 0,42; 0,85; 1,27; 1,69 µM de cobalto. A densidade inicial do teste foi de 1 x 10 5
células/mL, e exposição por 48 horas, sob as mesmas condições de cultivo descritas
anteriormente. A atividade fotossintética das microalgas adaptadas ao escuro foi
medida em 2, 24 e 48 horas, utilizando-se um fluorômetro de pulso PHYTO-PAM®
(Fluorometer Analyser - Walz, Alemanha). Após a leitura, obteve-se os valores de
rendimento máximo (ɸM), fluorescência máxima (Fm) e fluorescência inicial (F0),
que foram utilizados para o cálculo da fluorescência variável (Fv = Fm-F0) e do
parâmetro que mede a eficiência do complexo de evolução do oxigênio (F0/FV). A
densidade celular foi medida diariamente, utilizando-se citometria de fluxo (em
aparelho FACS Calibur-Becton Dickinson), que detecta a fluorescência da clorofila a.
As análises estatísticas foram realizadas no software SigmaPlot 12.0, e os cálculos
de CI10-48h no software ICPIN 2.0 (NORBERG-KING, 1993).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O rendimento máximo (ɸM) indica a capacidade de conversão de energia luminosa


em energia química e está relacionado ao estado fisiológico da microalga. Nas
leituras dos parâmetros fotossintéticos realizadas após 2 horas de contato com os
contaminantes, cobalto e arsênio, não obteve-se diferença estatística significativa.
Após 24 e 48 horas, observou-se um declínio do rendimento à medida que a

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concentração dos metais aumentou, indicando que os mesmos interferem de


maneira negativa nesse parâmetro, uma vez que ɸM é definido como indicador de
estresse. Após 48 horas de exposição, houve diferença significativa (p < 0,05) no ɸM
em todas as concentrações de cobalto, comparadas ao grupo controle. O cobalto
causou redução do ɸM em 19,12%, enquanto o arsênio reduziu o ɸM em 11,76%.
A eficiência do complexo de evolução de oxigênio indica a condição sobre a foto-
oxidação da água. De acordo com nossos resultados, após 48 horas de exposição,
as três concentrações mais altas de cobalto (0,85; 1,27; 1,69 µM) levaram a uma
alteração mais severa de F0/FV do que a concentração mais alta de arsênio (p <
0,05).
A CI10-48h foi calculada com base nos dados de crescimento celular. Os valores
encontrados foram de 111,11 (61,61 – 229,77) µM para o arsênio e de 0,23 (0,11 -
0,31) µM para o cobalto. Apesar de ser um metal essencial, a CI10 do cobalto foi
menor do que a encontrada para a microalga exposta ao arsênio. O crescimento
celular foi o único parâmetro significativamente mais afetado pelo arsênio do que
pelo cobalto, após 48 horas. Uma vez que as concentrações de cobalto foram
menores que as de arsênio, nossos resultados apontam uma maior toxicidade do
primeiro metal em relação ao segundo, sobre todos os parâmetros avaliados.

CONCLUSÃO

Os resultados obtidos indicam maior sensibilidade de P. subcapitata ao cobalto,


quando comparado ao arsênio, ainda que o primeiro seja um metal essencial ao
crescimento do fitoplâncton. O cobalto, mesmo em baixas concentrações, afetou
significativamente os parâmetros fotossintéticos F0/FV e rendimento máximo, e
inibiu o crescimento da microalga após 48 horas de exposição, sendo, de maneira
geral, mais tóxico que o arsênio. Este trabalho contribui para a compreensão dos
danos causados por metais à biota aquática, já que as microalgas são produtores
primários e, por serem base cadeia trófica, danos causados a esses organismos
podem atingir níveis tróficos superiores.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

NORBERG-KING, T. A linear interpolation method for sublethal toxicity: The


inhibition concentration (ICp) approach. Technical Report. National Effluent Toxicity
Center, USEPA: 03–93, 1993.

FONTES FINANCIADORAS

CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior; FAPESP


(proc. 2016/00753-7).

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Efeito de contaminantes inorgânicos
179 - METANÁLISE DOS EFEITOS DOS HERBICIDAS SOBRE A FAUNA DO
SOLO

JÚLIA CARINA NIEMEYER, FERNANDA BENEDET DE SANTO, ANDRESSA CRISTHY


BUCH
Contato: JÚLIA CARINA NIEMEYER - JULIACARINA@YAHOO.COM.BR

Palavras-chave: agrotóxicos; ecotoxicologia terrestre; invertebrados de solo

INTRODUÇÃO

Com mais de 500.000 t de agrotóxicos/ano comercializadas, o Brasil ocupa, desde


2008, o primeiro lugar no ranking mundial de consumidores, ultrapassando países
como China e Estados Unidos. Os herbicidas correspondem mais que 55% de todo
volume de vendas de agrotóxicos no país, sendo a classe de produtos mais
empregada na agricultura moderna Entretanto, seu uso não acompanha a geração
de informações e estudos que avaliem seus potenciais efeitos à fauna do solo. A
este propósito, o objetivo deste trabalho foi realizar um levantamento de dados
existentes acerca de ensaios ecotoxicológicos avaliando possíveis efeitos de
herbicidas para a fauna edáfica.

METODOLOGIA

A partir de uma busca nas bases de dados Scopus e Google Acadêmico, em janeiro
de 2018, 186 artigos foram encontrados a partir das palavras-chave “herbicides”,
“ecotoxicology” e “soil invertebrates”. Destes, foram selecionados os artigos que
envolviam ensaios de ecotoxicidade ou avaliações de campo para observação de
efeitos de herbicidas sobre a macro e mesofauna edáfica. Foram considerados
todos os herbicidas, seja na forma de ingrediente ativo ou produto comercial
formulado. Foram listados os produtos utilizados, espécies ou grupos de fauna
edáfica avaliados, os endpoints, e os respectivos valores de concentração letal
mediana (CL50) ou concentração efetiva mediana (CE50), bem como o tipo de
substrato utilizado e os autores dos estudos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os produtos mais estudados foram glyphosate, atrazine e phenmedipham. Dentre os


dados de CL50 e CE50 apresentados nos artigos, destacaram-se como os mais
tóxicos os herbicidas atrazine, phenmedipham e terbuthylazine. Os organismos mais
estudados foram as minhocas, seguidas pelos enquitreídeos e colêmbolos. Em
geral, podemos dizer que a ecotoxicidade dos herbicidas depende do seu grupo
químico, formulação comercial, doses de aplicação, condições ambientais e
receptores ecológicos envolvidos. Não há como generalizar um padrão único de
efeitos ecotoxicológicos de herbicidas no solo. Em termos gerais, apresentam menor
ecotoxicidade do que fungicidas e inseticidas. Porém, para um mesmo produto, por
exemplo glyphosate, estudos relataram impacto nas doses recomendadas ou abaixo
delas, contrariando estudos que evidenciaram efeitos de toxicidade somente em
doses muito altas, outros estudos observaram um estímulo na atividade dos

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


840
XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

organismos nas doses recomendadas. Os estudos de ecotoxicidade envolvendo uso


de herbicidas na América Latina ainda são poucos e se encontram restritos ao
ingrediente ativo glyphosate. Os efeitos do glyphosate em invertebrados da
macrofauna do solo têm sido contrastantes na literatura, principalmente em
organismos do mesmo grupo taxonômico, como é o caso das minhocas,
apresentando diferenças acentuadas na sensibilidade de diferentes espécies
(nativas e exóticas) e grupos ecológicos (epigeicas, endogeicas e anécicas). Os
estudos têm mostrado maior ecotoxicidade dos produtos formulados do que
somente seus ingredientes ativos. Além disso a utilização de herbicidas com
adjuvantes ou em misturas com outros agrotóxicos podem promover um aumento da
ecotoxicidade. Esta interação não têm sido considerada em avaliações de risco ao
introduzir no mercado comercial novos herbicidas, uma vez que é exigido avaliação
apenas do ingrediente ativo/formulado. Além disso, a literatura científica mostra que
as avaliações com minhocas não são suficientes para proteger outros grupos de
invertebrados de solo em relação à aplicação de herbicidas. Outros grupos de
organismos, como os colêmbolos, tem mostrado maior sensibilidade do que as
minhocas em relação aos herbicidas. Ensaios de letalidade por si só é um parâmetro
pouco sensível, uma vez que outros efeitos como fuga das populações e inibição da
reprodução podem ocorrer em concentrações mais baixas dos que aquelas que
causam letalidade. Atribuído à sua baixa sensibilidade, o ensaio de letalidade de
minhocas foi retirado do escopo europeu de avaliação de risco de novos produtos
comerciais.

CONCLUSÃO

Considerando a avaliação de risco de novos herbicidas hoje no Brasil, podemos


indicar que ela é limitante ao considerar apenas o ensaio de letalidade de minhocas
para a proteção da fauna edáfica. Outros organismos devem ser considerados neste
escopo, bem como efeitos subletais. O conhecimento científico deve avançar em
relação a estudos de longa duração em campo, verificando os efeitos para a fauna
edáfica após sucessivas aplicações, bem como sobre o comportamento dos
herbicidas em diferentes condições de exposição, englobando não só o
compartimento solo, mas também considerando a proteção das águas superficiais e
subterrâneas.

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Efeito de contaminantes inorgânicos
212 - EFEITOS DO MICROPLÁSTICO E DE SUA ASSOCIAÇÃO COM COBRE EM
BIOMARCADORES BIOQUÍMICOS DO TELEÓSTEO NEOTROPICAL Prochilodus
lineatus

JÉSSICA FERNANDA BERNARDES RODA, CLAUDIA BUENO DOS REIS MARTINEZ


Contato: JÉSSICA FERNANDA BERNARDES RODA - JEH.RODA@GMAIL.COM

Palavras-chave: contaminantes emergentes; lipoperoxidação; antioxidante; espécies reativas de


oxigênio

INTRODUÇÃO

Os microplásticos (MP) são contaminantes emergentes, capazes de adsorver e


transportar outros xenobióticos, podendo alterar sua biodisponibilidade e toxicidade.
Dentre os contaminantes destaca-se o cobre (Cu), que em altas concentrações
torna-se tóxico aos organismos devido à sua natureza redox. Além disso, o Cu pode
aderir a partículas em suspensão, como os MP, resultando em uma via adicional
para sua absorção pelos organismos aquáticos. Com isso, o objetivo deste trabalho
foi avaliar os possíveis efeitos do microplástico e de sua associação com o cobre em
biomarcadores bioquímicos do peixe Prochilodus lineatus.

METODOLOGIA

Foram utilizados juvenis de P. lineatus (26,67 ± 2,72 g e 13,23 ± 0,4 cm),


aclimatados por cinco dias com alimentação a cada 48 horas. Após a aclimatação,
os peixes foram submetidos a testes de 24 h (estático) e 96 h (semi-estáticos -
renovação parcial de 80% da água em 48 h) individualmente em aquários de vidro
de 10 L. Para ambos os tempos, foram realizadas duas rodadas experimentais. Na
rodada 1 (MP20) quatro grupos de peixes (n=8 por grupo) foram expostos apenas à
água (CTR), ao MP 20 µg L-1 (MP20), ao Cu 10 µg L-1 (Cu10) e a mistura de MP 20
µg L-1 e Cu 10 µg L-1 (MP20+Cu10). Já na rodada 2 (MP200) quatro grupos de
peixes (n=8 por grupo) foram expostos apenas à água (CTR), ao MP 200 µg L -1
(MP200), ao Cu10, e a mistura de MP 200 µg L -1 e Cu 10 µg L-1 (MP200+Cu10).
Após as exposições, os peixes foram mortos para a retirada do fígado, utilizado na
quantificação da glutationa reduzida (GSH) e lipoperoxidação (LPO). Os resultados
obtidos foram comparados estatisticamente pela ANOVA, seguido por teste de
comparações múltiplas quando indicado (p < 0,05).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Após 96h de exposição no experimento MP20, foi constatado uma diminuição


significativa da concentração hepática de GSH (nMol / mg ptn) no grupo Cu10 (9,17
± 2,03, n = 8) e no grupo MP20+Cu10 (8,45 ± 1,56, n = 8), quando comparados ao
grupo CTR (21,11 ± 3,63, n = 8). A GSH é o tiol não proteico mais abundante nas
células, sendo um dos principais antioxidantes não enzimáticos. A diminuição da
GSH pode estar relacionada a diversos fatores, como a atuação na defesa celular
contra espécies reativas de oxigênio e a xenobióticos, assim como, a atuação em
processos de biotransformação. O contato com o cobre possivelmente leva a

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

formação de espécies reativas de oxigênio (ERO) e assim a diminuição da GSH


pode estar relacionada ao aumento da demanda de antioxidantes no organismo.
Ainda no experimento MP 20, foi constatada também diminuição significativa da LPO
no fígado dos peixes expostos por 96 h ao Cu10 (0,57 ± 0,020, n = 7), quando
comparado ao respectivo CTR (0,39 ± 0,021, n = 8). A lipoperoxidação é o processo
mediado pelas ERO, em que os principais ácidos graxos são oxidados interferindo
na fluidez da membrana celular. Visto que o contato com o cobre aumentou a
produção das ERO, provavelmente o consumo da GSH teve eficiência suficiente
para proteger o animal do estresse oxidativo, diminuindo a peroxidação lipídica. Para
o tempo de 24 h e o grupo MP200 não foram constatados diferença significativa dos
valores obtidos entre os grupos, sendo necessário investigações em um maior
número de biomarcadores.

CONCLUSÃO

Com base nos biomarcadores bioquímicos avaliados, foi possível observar que
embora o microplástico atue como carreador de outros xenobióticos, aparentemente
ele não causou, nem isolado e tampouco quando associado ao cobre, dano
oxidativo no fígado do peixe Prochilodus lineatus, após exposição aguda de 96 h.
Com isso, sugere-se que provavelmente as alterações observadas são decorrentes
da presença do cobre na célula. Entretanto, outras análises serão realizadas a fim
de uma melhor compreensão dos efeitos da associação do MP com o cobre.

FONTES FINANCIADORAS

CAPES, bolsa de mestrado para JFB Roda pelo Programa de Pós-graduação em


Genética e Biologia Molecular – UEL. CNPq, bolsa PQ para CBR Martinez.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Efeito de contaminantes inorgânicos
213 - EFEITOS ECOTOXICOLÓGICOS DE NANOPARTÍCULAS DE ÓXIDO DE
ZINCO EM ALGUNS ASPECTOS DA SOBREVIVÊNCIA, REPRODUÇÃO E
DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO DE Biomphalaria glabrata (SAY, 1818)

NATALIA SOUZA SANTOS, CESAR LUIZ PINTO AYRES COELHO DA SILVA, DARCILIO
FERNANDES BAPTISTA, MARTA JULIA FARO
Contato: NATALIA SOUZA SANTOS - NATALIAFRONT@HOTMAIL.COM

Palavras-chave: Biomphalaria glabrata; nanomateriais; nanopartículas de óxido de zinco;


bioacumulação; reprodução; desenvolvimento; ecotoxicidade

INTRODUÇÃO

Nanociência é uma área de pesquisa em constante crescimento que tem se tornado


um campo de interesse científico em todo o mundo. A medida que a produção de
Nanopartículas de Óxido de Zinco (NPs de ZnO) e outros óxidos metálicos aumenta
exponencialmente, é importante investigar potenciais impactos dessas
nanopartículas no ambiente e na saúde. Portanto, este estudo tem como objetivo
avaliar os efeitos das NPs de ZnO sobre a sobrevivência, reprodução e
desenvolvimento embrionário do caramujo aquático Biomphalaria glabrata.

METODOLOGIA

Testes ecotoxicológicos agudos foram realizados a fim de definir as séries


letais/subletais (CL 50 e CL 90) e os efeitos da toxicidade em estágios de seu ciclo
de vida. Os efeitos da exposição sobre a fecundidade e fertilidade foram analisados
a partir de testes crônicos, estático e semi-estático, com duração de 3 e 5 semanas,
com a exposição à CL 10 (2 µg/ml) de nanopartículas de óxido de zinco. A fim de
avaliar os efeitos sobre o desenvolvimento embrionário e determinar a viabilidade
dos embriões, as massas ovígeras foram expostas às concentrações sub-letais
durante o período de 10 dias (tempo suficiente para a eclosão de todos os ovos em
condições normais). O cálculo da série das CLs e respectivos intervalos de
confiança de 95% no teste de toxicidade aguda das NP Zinco, foi realizado pelo
método Probit, utilizando o pacote estatístico SPSS 8.0. Para testar as possíveis
diferenças encontradas entre o grupo controle e o grupo exposto às NPs de ZnO,
tanto na avaliação do desempenho reprodutivo como na avaliação do
desenvolvimento embrionário, foram utilizados os testes ANOVA, Man-Whitney e
Teste T de Student.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A partir dos cálculos realizados pelo método Probit, determinou-se os valores das
concentrações letais (CLs) sendo 2, 6, 10 e 17 µg/ml de NPs de ZnO. A exposição
realizada com os neonatos, com as concentrações 1, 2, 4 e 10 µg/ml resultou em
uma grande diferença na taxa de mortalidade, entre o grupo controle e os grupos
expostos, sendo significativa (p<0.0001 Teste ANOVA). A exposição aguda não
alterou significativamente a fecundidade e fertilidade de Biomphalaria glabrata. No
entanto, a exposição crônica resultou na alteração da fecundidade, fertilidade e

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

desenvolvimento embrionário de B. glabrata, demonstrando diferença significativa


(p<0,05) quando comparado com indivíduos do grupo controle. Os moluscos de B.
glabrata mostraram uma redução maior na produção de descendentes quando
expostos a baixas concentrações por um período maior. Neste estudo foi possível
determinar as CLs e assim quantificar a letalidade de NPs de ZnO para B. glabrata.
A determinação do valor da CL 50 é de extrema importância, pois, concede dados
substanciais e os valores obtidos são úteis na avaliação de níveis seguros ou níveis
de tolerância a poluentes. Após 48h de exposição, os neonatos apresentaram maior
sensibilidade às NPs de ZnO, apresentando uma letalidade de 90% quando
expostos a menor concentração (CL 10) utilizada com os indivíduos adultos. Existem
poucos estudos sobre os efeitos ecotoxicológicos com indivíduos recém eclodidos,
principalmente com a exposição à nanopartículas. No entanto, é possível afirmar
que o embrião e larvas dos organismos aquáticos, geralmente, são mais sensíveis a
substâncias tóxicas do que adultos. No teste agudo, constatou-se ao longo das 5
semanas que o grupo exposto teve um aumento na fecundidade (produção de
massas ovígeras, ovos férteis e inférteis) e uma diminuição na fertilidade. O
aumento do número de ovos reflete uma tentativa de compensar perdas
reprodutivas e é comumente observado em caramujos fisiologicamente estressados.
Nos testes com maior tempo de exposição os efeitos deletérios foram percebidos
tanto na fecundidade quanto na fertilidade. Estes efeitos podem estar associados ao
stress oxidativo decorrente da exposição. Estas questões acentuam a importância
dos efeitos tóxicos não letais avaliados no presente estudo, incluindo o desempenho
reprodutivo propriamente dito, por se tratar de uma função fisiológica primordial para
a sobrevivência das espécies.

CONCLUSÃO

Os resultados do presente estudo representam, até agora, os primeiros testes


ecotoxicológicos de NPs de ZnO no caramujo de água doce B. glabrata. Os dados
desta investigação mostraram uma relação concentração-resposta quanto à
toxicidade de NPs de ZnO nos caramujos estudados e sugerem que, testes de
reprodutividade podem ser uma interessante alternativa para a avaliação dos efeitos
crônicos de NPs sobre organismos aquáticos. E realça a necessidade de estudos
que auxiliem na compreensão da ecotoxicidade das NPs para os organismos
aquáticos considerando os efeitos nas fases de desenvolvimento.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BYSTRZEJEWSKA-PIOTROWSKA, G., GOLIMOWSKI, J., URBAN, P.L.


Nanoparticles: Theirpotential toxicity, waste and environmental management. Waste
Manage. 29, 2587-2595. 2009.
BRAYNER, R. ZnO nanoparticles: synthesis, characterization, and ecotoxicological
studies. Langmuir, 26 (9), pp 6522–6528, 2010.
CHAU, C.F.; WU, S.H.; YEN, G.C. The development of regulations for food
nanotechnology. Trends in Food Science & Technology, Amsterdan, v. 18, n. 5, p.
269-280, http:// dx.doi.org/10.1016/j.tifs.2007.01.007. 2007.
COELHO DA SILVA L.P.A.C.; VARGAS, T.S.; BAPTISTA, D.F. Molluscicidal activity
of Moringa oleifera on Biomphalaria glabrata: integrated dynamics to the control of
the snail host of Schistosoma mansoni. Rev Bras Farmacogn; 23: 848-850. 2013.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

COSTA, M.J.F. dos S. Estudo da interação Biomphalaria glabrata Say, 1818


(Pulmonata: Planorbidae) Schistosoma mansoni Sambon, 1907 (Trematoda:
Schistosomatidae): aspectos biológicos, bioquímicos e histológicos da reprodução
do hospedeiro intermediário. Rio de Janeiro, Tese (Doutorado) – Instituto Oswaldo
Cruz, Pós-Graduação em Biologia Parasitária 87pp. 2011
NOWACK, B.; BUCHELI, T.D. Occurrence, behavior and effects of nanoparticles in
the environment. Environ. Pollut. 150, 5-22. 2007.
OBERDÖRSTER, G. et al. Principles for Characterizing the Potential Human Health
Effects from Exposure to Nanomaterials: Elements of a Screening Strategy. Particle
Fibre Toxicol., v. 2, p. 1–8, 2005.
PASCHOALINO, P.M.; MARCONE, S.P.G.; JARDIM, F.W. Os nanomateriais e a
questão ambiental. Quim. Nova, Vol. 33, No. 2, 421-430, 2010
PRENTERA, J. et al. Lethal and sublethal toxicity of ammonia to native, invasive and
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RAND, G.M.; WELLS, P.G.; MCCARTY, L.S. Introduction to aquatic toxicology. In:
Fundamentals of aquatic toxicology: Effects, environmental fate and risk assessment
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RIVERO-WENDT, C.L.G. et al. Effects of 17α-methyltestosterone on the
reproduction of the freshwater snail Biomphalaria glabrata. Genet. Mol. Res. 13(1):
605-615. 2014.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Efeito de contaminantes inorgânicos
218 - AVALIAÇÃO DA TOXICIDADE DE DICROMATO DE POTÁSSIO PARA
ALEVINOS DE Colossoma macropomum (CUVIER, 1818) - TAMBAQUI

ALESSANDRA DE SOUSA SILVA, SORAIA BAIA DOS SANTOS, JOSEPH SIMÕES


RIBEIRO, RUY BESSA LOPES
Contato: ALESSANDRA DE SOUSA SILVA - ALESSANDRA.UFOPA@GMAIL.COM

Palavras-chave: toxicidade; Dicromato de potássio; peixe; Tambaqui

INTRODUÇÃO

A ecotoxicologia aquática avalia os efeitos de substâncias químicas tóxicas sobre


organismos representativos do ecossistema aquático (COSTA et al., 2008). Os
bioensaios de toxicidade são ferramentas da Ecotoxicologia fundamentais para os
estudos de avaliação ambiental, principalmente no que diz respeito a poluição e
contaminação, integrando dados biológicos e físico-químicos do ambiente
(RODRIGUES et al., 2009). Dessa forma, objetivo do trabalho foi testar a
sensibilidade e estimar a Concentração Letal média (CL50) de Dicromato de
Potássio para alevinos de Colossoma macropomum (tambaqui) utilizando bioensaios
de toxicidade.

METODOLOGIA

Para execução dos testes foi adotado como referência o trabalho de Cruz et al.,
(2008) e foram adquiridos lotes homogêneos de alevinos da espécie Colossoma
macropomum (tambaqui), procedidos de pisciculturas locais, aclimatados em
tanques pelo período de três dias. Bioensaios preliminares tiveram como objetivo
identificar concentrações ideais para a condução do teste definitivo, dessa maneira,
foram realizados a fim de determinar com segurança o intervalo das concentrações
que se aproxima da CL50. Os organismos teste ficaram em exposição às
concentrações de 100mg/L, 125mg/L, 150mg/L, 175mg/L, 225mg/L da substância
Dicromato de Potássio, mais a unidade controle, por um período de 96 horas em
sistema estático, cada concentração foi constituída por três repetições e em cada
tratamento havia 5 organismos teste, gerando n=90.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O teste realizado com a substância referência, Dicromato de Potássio, atestou


resposta de sensibilidade do lote de alevinos da espécie tambaqui para uso nos
experimentos, a concentração letal média (CL50) no período de 96 horas, do teste
foi de 106,57 mg/L, com limite inferir de 92,78mg/L e limite superior de 112,41mg/L,
compatível com o trabalho de Cruz et al., (2008).
O resultado da CL50 do presente estudo foi menor que o valor mencionado na
revisão de Teves (2003), a qual foi constatada uma CL50 de 96h para Lepomis
macrochirus de 131 mg/L. Isso mostra que o tambaqui pode ser uma espécie
sensível para esse tipo de teste de toxicidade, esse resultado poderá ser

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

comprovado com a realização de mais experimentos e aprofundamento dos estudos,


inclusive com outras espécies de peixes.
Durante o teste de toxicidade aguda, os peixes apresentaram comportamentos
atípicos, como por exemplo, batimento opercular acelerado, natação errática,
espasmos e convulsão, principalmente nos tratamentos da concentração maior.
Os parâmetros ambientais (pH, oxigênio dissolvido e temperatura) não
apresentaram grandes diferenças entre as unidades teste e a concentração de
oxigênio dissolvido no meio do ensaio foi superior a 60% do valor de saturação de
ar.
A seleção do tambaqui para uso no teste de sensibilidade foi baseada nos critérios
de seleção de organismos-testes de Cruz et al.(2008), a espécie tambaqui possui
disponibilidade, também tem facilidade de cultivo em laboratório, hábitos alimentares
acessíveis, baixo valor econômico, além de ser uma espécie que grande ocorrência
na região. Dessa forma, pode-se afirmar que essa espécie de peixe se mostrou ideal
para a realização dos experimentos em laboratório.
Apesar do baixo nível da capacidade intoxicar os animais, isso não representa total
segurança da presença do composto em ambientes naturais.

CONCLUSÃO

A espécie Colossoma macropomum (tambaqui) apresentou sensibilidade para a


execução do teste com a substância referência Dicromato de Potássio, o valor da
CL50 em 96h é menor que outros trabalhos semelhantes, no entanto é necessário
avançar em pesquisas desse aspecto para aperfeiçoar os resultados e produzir
novos, como por exemplo, analisando algum biomarcador de efeito ou exposição
durante a condução dos experimentos para assim contribuir também com o
monitoramento de avaliação de riscos para essa substância no meio ambiente.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

COSTA, C.R.; OLIVI, P.; BOTTA, C.M.; ESPINDOLA, E.L.G. 2008. A toxicidade em
ambientes aquáticos: Discussão e métodos de avaliação – Química Nova, 31 (7):
1820-1830.
CRUZ, C.; CUBO, P.; GOMES, G.R.; VENTURINI, F.P.; GUILHERME, P.E.;
PITELLI, R.A. 2008. Sensibilidade de Peixes Neotropicais ao Dicromato de Potássio.
J. Braz. Soc. Ecotoxicol. 3 (1): 53-55.
RODRIGUES, D.O.; SILVA, S.L.; SILVA, M.S.R. 2009. Avaliação ecotoxicológica
preliminar das águas das bacias hidrográficas dos rios Tarumã, São Raimundo e
Educandos. Acta Amazônica. Manaus. 39 (4): 935-942.
TEVES, M.L.U. de. Revisão Dicromato de Potássio. Disponível em:
https://www.oswaldocruz.br/download/fichas/Dicromato%20de%20pot%C3%A1ssio2
003.pdf. Acesso em: 13/05/2018.

FONTES FINANCIADORAS

Fundação Amazônia Paraense de Amparo à Pesquisa


Universidade Federal do Oeste do Pará

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Efeito de contaminantes inorgânicos
222 - AVALIAÇÃO DOS EFEITOS ECOTOXICOLÓGICOS DE NANOPARTÍCULAS
DE ÓXIDO DE ZINCO (NPS ZNO) EM Biomphalaria glabrata (SAY 1818)
(GASTROPODA: PULMONATA): CITOMETRIA DE FLUXO COMO FERRAMENTA
DE ANÁLISE DA VIABILIDADE CELULAR DA HEMOLINFA

CESAR LUIZ PINTO AYRES COELHO DA SILVA, NATALIA SOUZA SANTOS, DARCILIO
FERNANDES BAPTISTA, MARTA JULIA FARO, ALVARO LUIZ BERTHO DOS SANTOS,
THAIZE QUIROGA CHOMETON PEDRO
Contato: NATALIA SOUZA SANTOS - NATALIAFRONT@HOTMAIL.COM

Palavras-chave: ecotoxicologia; Biomphalaria glabrata; nanopartículas de óxido de zinco; citometria


de fluxo e viabilidade celular

INTRODUÇÃO

A nanotecnologia acelerou durante as duas últimas décadas nas áreas da saúde,


ambiente; energia, automotiva, eletro-eletrônica, cosméticas possuindo grande
demanda comercial de nanopartículas (NPs) em geral. A NP de óxido de zinco
(ZnO) é a terceira em produção e com amplo espectro de aplicações, gerando alto
potencial de risco para os ecossistemas. O projeto tem como objetivo avaliar o uso
do molusco, da espécie Biomphalaria glabrata (gastrópoda, pulmonada) como
modelo experimental visando verificar os potenciais efeitos da exposição de NPs em
invertebrados aquáticos detritívoros-herbívoros.

METODOLOGIA

Testes ecotoxicológicos agudos foram realizados a fim de definir as séries


letais/subletais (CL 50 e CL 90). Os bioensaios propostos seguirão o procedimento
básico de testes ecotoxicológicos conforme o padrão da ABNT. Os testes
ecotoxicológicos agudos são caracterizados pela curta duração da exposição (2 a 3
dias), onde a letalidade e a imobilização de organismos servem como indicadores de
critério de efeito tóxico avaliado.
Para caracterização da morfologia, viabilidade e subpopulações nas células obtidas
da hemolinfa de
Biomphalaria glabrata foi utilizada a técnica de citometria de fluxo no citômetro
CytoFlex (Beckman Coulter), instalado no Núcleo de Purificação Celular (sorting), da
Plataforma de Citometria de Fluxo do Instituto Oswaldo Cruz, FIOCRUZ, RJ, Brasil.
Após a incubação de 100 μL de hemolinfa total de moluscos com 10 μg de PI, esta
suspensão de hemócitos foi incubada por 15 min sob refrigeração. Para caracterizar
as subpopulações celulares encontradas nas amostras de hemolinfa, foram
realizadas marcações com a lectina PNA e para detectar apoptose e necrose celular
foi utilizado a 7-AAD. Todas as lectinas utilizadas estarão conjugadas ao
fluorocromo Alexa Fluor 488 de emissão máxima de 520 nm. Os dados serão
analisados utilizando o software específico Kaluza 1.2 (Beckman Coulter, E.U.A.).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Os testes foram realizados com base na exposição de 3 réplicas contendo de 10


moluscos cada para cada uma das concentrações teste de NPs ZnO. Os moluscos
foram colocados em recipientes de vidro de 1000 ml. O mesmo procedimento foi
replicado em intervalos de concentrações menores até que fossem definidas a série
das concentrações sub-letal e letal (CL50 e CL90). As definições das séries letais
foram realizadas pelas análises dos testes Trimmed-Spermann-Karber (Hamilton et
al. 1977) e Probita (Finney 1971). Obtendo os seguintes resultados: CL10 =1,96;
CL30 = 5,88; CL50 = 9,8; e CL90 = 16,28 µg/mL. A determinação do valor da CL 50
é de extrema importância, pois, concede dados substanciais e os valores obtidos
são úteis na avaliação de níveis seguros ou níveis de tolerância a poluentes. Como
também observamos a importância da determinação da CL 90 para trabalhos que
visem o controle do molusco. Os hemócitos circulantes recuperados na hemolinfa de
B. glabrata puderam ser separados através da marcação com PNA, de debris e
células mortas. Foram observadas 2 subpopulações, que a partir da análise por
tamanho e granulosidade puderam ser denominadas granulócitos e hialinócitos. A
viabilidade celular determinada a partir da utilização dos marcadores 7-AAD e PI,
comprovou a relação concentração/dependente a partir da alteração no percentual
de células, em estado de necrose ou apoptose. No entanto esta alteração não foi
significativa entre os grupos. Já que o processo de internalização celular das NPs é
célula/dependente, esta técnica permitiu determinar que a morte celular na
hemolinfa não foi o fator determinante para a morte dos moluscos expostos.

CONCLUSÃO

Os resultados servem de referência para futuros estudos sobre a investigação de


impactos ambientais associados aos efeitos adversos da contaminação por
xenobióticos, como nanopartículas metálicas na expressão de funções de células
imunes relacionadas ao biomarcador de hemolinfa usando a espécie Biomphalaria
glabrata como organismo modelo. Assim, esta abordagem contribuiu de forma
inovadora fornecendo uma nova ferramenta a ser aplicada nos estudos de triagem
de efeitos adversos da exposição a novos nanomateriais ou como mecanismo de
diagnóstico e monitoramento da qualidade ambiental dos ecossistemas aquáticos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ADEMA, C.M.; VAN DEUTEKOM-MULDER, E.C.; VAN DER KNAAP, W.P.; SMINIA,
T. NADPH-oxidase activity: the probable source of reactive oxygen intermediate
generation in haemocytes of the gastropod Lymnaea stagnalis. J Leukocyte Biol
1993; 54: 379-383.
ALI, D.; ALARIFIB, S.; KUMARC, S.; AHAMEDD, M.; SIDDIQUI, M.A. Oxidative
stress and genotoxic effect of zinc oxide nanoparticles in freshwater snail Lymnaea
luteola L. Aquatic Toxicology 2012; 124-125: 83-90
MOORE, M.N. Biocomplexity: the post-genome challenge in ecotoxicology. Aquat
Toxicol 2002; 59(1-2):1-15.
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control programs. SE Asian J Trop Med 1994; 25 (3): 419-424.

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

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Biomphalaria tenagophila (d'Orbigny, 1835) in an isolated schistossomiasis focus in
Rio de Janeiro city. Mem Inst Oswaldo Cruz 1993; 84: 457-464.
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components of the environment and possible strategies for their risk assessment.
Chemosphere 2011; 82: 308–317.
MORTIMER, M.; KASEMETS, K.; KAHRU, A. Toxicity of ZnO and CuO nanoparticles
to ciliated protozoa Tetrahymena thermophila. Toxicology 2010; 269: 182–189.
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H as a targeted anti-cancer drug delivery system. Eur J Pharm Sci 2003; 18: 165–73.
OBERDÖRSTER, G.; SHARP, Z.; ATUDOREI, V.; ELDER, A.; GELEIN, R.;
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2004; 16: 437–45.
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assessments for water quality regulatory purposes: a case study with the aquatic
snail Biomphalaria glabrata (Say, 1818). Braz J Biol 2014; 74(1): 175-180.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Efeito de contaminantes inorgânicos
225 - DETERMINAÇÃO DE ELEMENTOS TRAÇO EM Sciades proops NO
ESTUÁRIO DO RIO JAPARATUBA, SE

MARIA NOGUEIRA MARQUES, RENATA PRISCILA SANTOS CARVALHO, ANGÉLICA


FERREIRA BAGANHA, JOSÉ DO PATROCÍNIO HORA ALVES, VERÔNICA DE
LOURDES SIERPE JERALDO, RUBENS RISCALA MADI
Contato: MARIA NOGUEIRA MARQUES - MNMARQUES63@GMAIL.COM

Palavras-chave: contaminação química; pescados; região estuarina

INTRODUÇÃO

A espécie Sciades proops habita principalmente a porção do fundo dos estuários de


águas rasas enlameadas e lagoas salobras, ocorrendo também em águas doces.
Devido a esse hábito, acredita-se que a espécie pode concentrar uma maior
quantidade de metais em nível de traço, já que, vive em contato com o substrato. Os
elementos-traço se caracterizam pela capacidade de acumular-se nos componentes
do ambiente onde manifestam sua toxicidade. Os solos e sedimentos são os locais
de fixação final dos elementos-traço. O objetivo desse trabalho foi determinar a
concentração de metais em nível de traço em S. proops coletados em Sergipe.

METODOLOGIA

Os exemplares de Sciades proops foram adquiridos de pescadores artesanais na


zona costeira e estuarina do rio Japaratuba no município de Pirambu, (10° 44’ 16’’ S
e 36° 51’ 23’’ O) entre agosto de 2012 e julho de 2013, sendo dez exemplares por
mês e totalizando126 amostras de peixes. Os pescados foram resfriados em gelo e
transportados ao Laboratório de Biologia Tropical (ITP) em caixa térmica, medidos,
pesados, fotografados e, em seguida, necropsiados. Foram extraídas de cada peixe
amostras de 0,5 g de musculatura, levadas à secagem em estufa a 60°C e
maceradas em cadinho até adquirirem textura de pó. Após esse processo, foram
confeccionadas pastilhas de dupla camada (amostra de peixe e ácido bórico) com
30 mm de diâmetro. As pastilhas preparadas foram guardadas em estufa a 60 °C
durante 48 horas de modo a perder umidade, e posteriormente foram analisadas
através do ensaio multielementar por EDX (Espectrometria de Fluorescência de
Raios X) para quantificação dos elementos As, Ca, Cd, Cl, Cu, Fe, Hg, I, K, Mg, Mn,
Na, Se e Zn.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foram coletados 126 espécimes de S. proops com comprimento total médio de


27,40cm ± 4,98; e peso médio de 179,03g ± 103,06, sendo 42 fêmeas e 84 machos.
Nas análises das espécies químicas, os elementos cádmio, manganês, cálcio e
mercúrio não foram quantificados, pois se encontravam abaixo do limite de detecção
do método analítico. Foram quantificadas as seguintes espécies químicas: As
(12,499 ± 1,044 mg/Kg), Cl (4,934 ± 1,231 mg/Kg), Cu (1,604 ± 0,461 mg/Kg), Fe
(32,432 ± 20,459 mg/Kg), I (1,638 ± 0,139 mg/Kg), K (13,404 ± 1,169 mg/Kg), Mg
(1,456 ± 0,221 mg/Kg), Na (3,219 ± 0,324 mg/Kg), Se (1,351 ± 0,113 mg/Kg) e Zn

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(33,136 ± 5,393 mg/Kg). O elemento Fe apresentou as maiores concentrações, com


um valor máximo de 83,241 mg/kg. Estudos demonstraram que vários fatores, tais
como a estação do ano, o comprimento e peso dos peixes, propriedades físicas e
químicas do corpo d`água (KARGIN 1996, JEZIERSKA and WITESKA 2001) podem
influenciar na acumulação das espécies químicas no tecido. As mudanças sazonais
de concentração desses elementos em peixes podem resultar de fatores intrínsecos,
como ciclo de crescimento e ciclo reprodutivo e de mudanças na temperatura da
água. O que corrobora com os resultados desse trabalho, pois as concentrações de
Fe das amostras dos nos meses de setembro de 2012 e julho de 2013 foram mais
elevadas do que as concentrações das amostras dos outros meses. E os elementos
As e Se apresentaram níveis de concentração acima dos limites estabelecidos pelo
Decreto n° 55871/1965 que determina limites máximos de tolerância para
contaminantes inorgânicos que podem ser encontrados nos alimentos, valores
médios de 12,499 mg/kg e 1,351 mg/kg em massa seca, respectivamente. Selênio
altera a toxicidade de diversas espécies químicas. Ele reduz a toxicidade do
mercúrio, do cádmio, do chumbo, da prata e do cobre. As maiorias das espécies de
selênio interagem com arsênio para reduzir a toxicidade de ambos os elementos.
Selênio também interage com as vitaminas, os aminoácidos contendo enxofre,
xenobióticos e elementos essenciais e não essenciais. O arsênio também tende a
reduzir os efeitos de selênio. Mas, não evidências de interações significativas entre o
arsênio e outros metais; os dados existentes não sugerem que a toxicidade de
arsênio é susceptível de ser significativamente influenciada pela exposição
concomitante a outros metais. Mas, estudos sugerem que os compostos químicos
que interferem com o processo de metilação pode aumentar a toxicidade do arsénio
(EPA 2000).

CONCLUSÃO

Dentre as espécies químicas avaliadas somente as espécies As, Cl, Cu, Fe, I, K,
Mg, Na, Se e Zn foram determinados na musculatura do Sciades proops. Destas
espécies químicas a ANVISA controla, somente o As, Cu, Se e Zn pelo Decreto da
n° 55871/03/65. Os elementos As e Se foram determinados em concentrações
acima dos valores máximos permitidos pelo a ANVISA. Entretanto, estudos
anteriores relatam que o selênio interage com arsênio para reduzir a toxicidade de
ambos os elementos. O elemento Fe foi a espécie determinada com maior
concentração, principalmente nos meses de maior intensidade pluviométrica,
09/2012 e 06/2013

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

EPA. 2000. Environmental Protection Agency. Guidance for Assessing Chemical


Contaminant Data for Use in Fish Advisories. Nov.
JEZIERSKA, B.; WITESKA, M. 2001. Metal Toxicity to Fish. Norris, D.O. Rev. in Fish
Biol. and Fisheries 11(3): 279-279.
KARGIN, F. 1996. Seasonal changes in levels of heavy metals in tissues of
Mullusbarbatusand Sparusauratacollected from Iskenderum Gulf (Turkey). Water, Air
Soil Pollut. 90: 557-562.

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FONTES FINANCIADORAS

Os autores agradecem a CAPES - PROCAD NF 2009 pelo apoio financeiro para a


realização do projeto, a Universidade Tiradentes pela bolsa PROCAPS Tipo II para
aluna Renata P.S. Carvalho ea FAPITEC pela bolsa DRT da Dra. Angélica Ferreira
Baganha.

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Painel
Efeito de contaminantes inorgânicos
230 - TOXICIDADE DO COBRE PARA O CAMARÃO BRANCO DO PACÍFICO
(Litopenaeus vannamei) EM DIFERENTES SALINIDADES

LANAI AKEMI FARIA MORITA, RAFAEL MENDONÇA DUARTE, RODRIGO


SCHVEITZER, CAMILO DIAS SEABRA PEREIRA, URSULLA PEREIRA SOUZA, HELEN
SADAUSKAS-HENRIQUE
Contato: LANAI AKEMI FARIA MORITA - LANAI.AKEMI@HOTMAIL.COM

Palavras-chave: CL50-24 h; carcinicultura; cultivo intensivo

INTRODUÇÃO

O cultivo intensivo de Litopenaeus vannamei (alta densidade de estocagem) é uma


realidade na carcinicultura. Nesse sistema de cultivo, as trocas de água são
reduzidas, o que aumenta a biosseguridade do cultivo e reduz a geração de
efluentes. Por outro lado, sistemas intensivos trazem preocupação em relação ao
acúmulo e toxicidade de metais presentes na ração, como o cobre. O cobre é
essencial para o metabolismo, porém em grandes quantidades se torna tóxico. Uma
vez que L. vannamei pode ser cultivado em diferentes salinidades, o presente
estudo avaliou o efeito da salinidade na toxicidade aguda do cobre (CL50-24 h)

METODOLOGIA

Pós-larvas (PLs) de L. vannamei foram mantidas em água com salinidade de 20 ppt


previamente filtrada em filtro de 1 µm (Permution®), com renovação parcial diária
(%) e aeração constante. Antes do início dos testes de toxicidade, as PLs foram
aclimatadas em 3 diferentes salinidades (5, 15 e 30 ppt) por 24 h. Após esse
período, os organismos (PLs com 10 dias; n=10) foram expostos por 24 h a
diferentes concentrações nominais de cobre em 5 ppt (0,05 a 0,8 mg/l), 15 ppt (3,5 a
100 mg/l) e 30 ppt (2 a 144 mg/l). Os experimentos foram realizados em câmaras
experimentais (1 larva para cada 5 ml) com controle de temperatura (28°C), pH (8.0)
e oxigenação constantes. A mortalidade foi verificada a cada 2 h, sendo as larvas
mortas removidas das câmaras experimentais. A CL50-24 h foi calculada pelo
Programa Trimmed Spearman-karber com limites do intervalo de confiança em 95%
e TRIM de 0 a 10%.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Não houve mortalidade das pós-larva de L. vannamei aclimatadas por 24 h em


nenhuma das salinidades estudadas (controles). A toxicidade do cobre para as pós-
larvas de L. vannamei foi fortemente influenciada pela salinidade de aclimatação e
exposição, sendo observado grande aumento nos valores da CL50-24 h em
menores salinidades. Nos animais aclimatados em 30 ppm, a CL50-24 h foi de
106,82 mg/l (limite inferior de 84,87 e superior de 134,45 mg/l), enquanto nos
animais aclimatados em 15 e 5 ppt a CL50-24 h foi de 49,21 mg/l (limite inferior de
35,53 e superior de 68,17 mg/l) e 0,30 mg/l (limite inferior de 0,23 e superior de 0,40
mg/l). Esses valores representam uma redução de cerca de 22,0 e 100% dos
valores de CL50-24 h dos animais em 15 e 5 ppt, em comparação aos animais em

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

30 ppt. Em estudo anterior, utilizando pós-larva de L. vannamei aclimatada e


exposta em água do mar filtrada (34 ppt), foi encontrado valor da CL50-24 h de 84
mg/l, sendo a CL50-96 h de 37 mg/l de cobre total e 4,2 mg/l de cobre dissolvido.
Nossos dados sugerem que a maior toxicidade do cobre em salinidade reduzida
observada para os pós-larvas de L. vannamei pode estar relacionada a uma maior
disponibilidade do cobre em menores salinidades, devido a menor competição do
metal com cátions dissolvidos. Uma vez que o cobre compete com o Na+ pelos sítios
de ligação do Na+ nas brânquias, essa maior disponibilidade do cobre resultaria em
severos efeitos sobre os processos e mecanismos ionoregulatórios dos animais.

CONCLUSÃO

O cobre foi tóxico para as pós-larvas de L. vannamei aclimatadas e expostas em


salinidade reduzida, particularmente em 5 ppt. Assim, o acúmulo de metais via ração
em sistemas de cultivo com baixa ou nenhuma renovação de água, em salinidades
reduzidas, pode resultar em aumento da mortalidade de L. vannamei em função do
aumento da toxicidade do cobre. Análises dos parâmetros osmorregulatórios e da
concentração diferencial do cobre e dos íons corpóreos estão sendo realizados no
sentido de entender a maior toxicidade do cobre nessa condição.

FONTES FINANCIADORAS

CNPq e CAPES

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Oral
Efeito de contaminantes inorgânicos
233 - BIOMARCADORES BIOQUÍMICOS E FISIOLÓGICAS EM DUAS ESPÉCIES
DE PEIXES NEOTROPICAIS (Hoplias malabaricus E Astyanax altiparanae)
EXPOSTAS AO COBRE

ANGÉLICA ALVES DE PAULA, CLAUDIA BUENO DOS REIS MARTINEZ


Contato: ANGÉLICA ALVES DE PAULA - GEH_AAP@HOTMAIL.COM

Palavras-chave: metal; glicogênio; lipoperoxidação; osmorregulação

INTRODUÇÃO

A contaminação por cobre em ecossistemas aquáticos pode ser derivada de


processos geoquímicos naturais, porém, fontes antropogênicas contribuem para
acelerar a liberação desse metal na água. Quando na forma de íon livre, o cobre
pode ser tóxico para os organismos aquáticos e embora sua toxicidade tenha sido
amplamente avaliada, os peixes neotropicais ainda são pouco estudados. Visto que
diferenças nas funções fisiológicas e bioquímicas de espécies de peixes distintas
podem resultar em uma sensibilidade ímpar frente a um contaminante, o objetivo do
estudo foi avaliar o efeito do cobre em duas espécies de peixes Neotropicais:
Hoplias malabaricus e Astyanax altiparanae.

METODOLOGIA

Juvenis de H. malabaricus (N=32; 14,54±0,83 cm; 34,13±6,43 g) e fêmeas adultas


de A. altiparanae (N=32; 10,69±1,06 cm; 16,44±4,81 g) foram aclimatados por 10
dias e alimentados até 24h antes do período experimental. Após aclimatação, cada
espécie foi submetida, separadamente, a testes de toxicidade aguda (96h), em
aquários individuais, contendo apenas água desclorada (CTR; N=8), e cobre em três
concentrações: 5 μg L-1 (Cu5; N=8), 10 μg L-1 (Cu10; N=8) e 20 μg L-1 (Cu20; N=8).
Decorrido 96h, os animais foram anestesiados em benzocaína e tiveram o sangue
retirado e centrifugado para obtenção do plasma, no qual foram mensurados íons
(sódio, potássio, cálcio, cloreto e magnésio) e conteúdo de glicose. Em seguida, os
animais foram mortos por secção medular e tiveram tecidos retirados. Na brânquia e
no fígado, foram avaliadas a atividade da enzima de biotransformação Glutationa-S-
transferase (GST), das enzimas antioxidantes Superóxido Dismutase (SOD) e
Catalase (CAT), além da lipoperoxidação (LPO). No músculo foi avaliado o conteúdo
de glicogênio e, também, a atividade da enzima Acetilcolinesterase (AChE), a qual
foi igualmente mensurada no cérebro. Os resultados de cada parâmetro, para cada
órgão, foram comparados (ANOVA ou Kruskal-Wallis) entre os quatro grupos (CTR,
Cu5, Cu10 e Cu20) de cada espécie.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Um desequilíbrio osmótico pôde ser observado pela diminuição do sódio em A.


altiparanae e do cálcio em H. malabaricus em todas as concentrações. A
osmorregulação é importante em peixes dulcícolas, visto que esses animais
necessitam captar íons do ambiente para se manterem hiperosmóticos em relação
ao meio. Essa captação envolve enzimas como a Na +/K+-ATPase, a qual cria um

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

gradiente favorável para a entrada de sódio através das células branquiais (células
de cloreto). Já a absorção do Ca2+ nessas células é dependente de uma Ca2+-
ATPase ou ainda do antiporte de Ca2+/ Na+. O cobre pode interferir na atividade de
ambas as enzimas, Na+/K+-ATPase e Ca2+-ATPase, o que pode ter levado a um
desequilíbrio iônico nas espécies estudadas. Em A. altiparanae houve também
diminuição do cloreto no plasma do grupo Cu20. O cloreto é absorvido pela
membrana apical das células branquiais pelo antiporte Cl-/HCO3- sendo assim,
interferências na atividade da enzima anidrase carbônica podem ter desencadeado
essa diminuição. Não houve alterações na concentração de potássio e magnésio,
em ambas as espécies. O conteúdo de glicose aumentou na maior concentração de
cobre testada, tanto em A. altiparanae quanto em H. malabaricus, indicando uma
possível resposta de estresse nesses grupos. No entanto, nesta mesma
concentração o glicogênio muscular em A. altiparanae diminuiu, enquanto que em H.
malabaricus aumentou. Essa diferença pode refletir estratégias distintas em lidar
com um agente estressor. Hoplias malabaricus, quando em privação de alimento,
pode entrar em estado hipometabólico preservando energia para tempos de
melhores condições, esta mesma estratégia pode ter sido adotada frente a
contaminação por Cu20. As defesas antioxidantes parecem não ter sido ativadas em
96h e apenas diferenças pontuais foram encontradas na atividade das enzimas CAT
e SOD. Houve diminuição da CAT no fígado de A. altiparanae no grupo Cu10 e, em
H. malabaricus na brânquia do grupo Cu20. A SOD mostrou aumento em H.
malabaricus apenas na menor concentração testada (Cu 5). A não ativação das
defesas antioxidantes em A. altiparanae pode estar relacionada a um aumento de
LPO no fígado do grupo Cu20. Por outro lado, houve diminuição de danos em lipídio
na brânquia desse grupo, que pode ser devido a uma possível rota de eliminação do
produto da LPO. Não houve danos em lipídios em H. malabaricus. Em ambas as
espécies não foram observadas alterações na atividade da AChE, tanto no cérebro
como no músculo, assim como na atividade da GST em brânquia e fígado.

CONCLUSÃO

As duas espécies de peixes apresentaram diferentes estratégias para lidar com o


contaminante o que resultou em efeitos distintos do cobre. Enquanto em H.
malabaricus foram notados apenas efeitos osmorregulatórios e respostas de
estresse, em A. altiparanae, além das alterações fisiológicas as defesas
antioxidantes não foram suficientes para combater as espécies reativas de oxigênio
e houve dano oxidativo. Dessa forma, A. altiparanae se mostrou mais sensível a
exposição ao cobre, principalmente na concentração de 20 µg L-1.

FONTES FINANCIADORAS

CAPES e CNPQ

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Painel
Efeito de contaminantes inorgânicos
236 - CONCENTRAÇÃO DE MERCÚRIO E SELÊNIO EM PENAS DE ATOBÁ-
MARROM (Sula leucogaster) DA COSTA BRASILEIRA

HYSLLA SILVA ROSA, JANEIDE DE ASSIS PADILHA, ANDRE PINHEIRO DE ALMEIDA,


LARISSA SCHMAUDER TEIXEIRA DA CUNHA, PAULO RENATO DORNELES
Contato: HYSLLA SILVA ROSA - HYSLLA@HOTMAIL.COM

Palavras-chave: elemento-traço; bioacumulação; aves marinhas; ilhas brasileiras

INTRODUÇÃO

O ambiente marinho constitui um corpo receptor de poluentes provenientes de


atividades antrópicas, que acabam acumulando na biota. Dentre esses poluentes,
destacamos os elementos-traço: mercúrio pelo potencial de biomagnificação e
toxicidade, e o selênio, que mesmo essencial, pode ser tóxico em altas
concentrações. Assim, o monitoramento de áreas marinhas utilizando sentinelas
ambientais é uma alternativa. Utilizam-se aves marinhas como sentinelas devido às
suas altas longevidade e posição trófica. As penas, método não letal de
amostragem, constituem importante via de excreção dos elementos-traços. Portanto,
esse estudo objetiva avaliar a exposição do atobá-marrom (Sula leucogaster) ao Hg
e Se em ilhas brasileiras.

METODOLOGIA

A segunda rêmige primária foi coletada de indivíduos capturados nos arquipélagos


de São Pedro e São Paulo (SPSP; 987 km da costa do Rio Grande do Norte,
nmacho=10, nfêmea=3), Abrolhos (AB; 65 km do litoral da Bahia, nmacho=5,
nfêmea=6) e das Ilhas Cagarras (IC; 4 km da costa do Rio de Janeiro, nmacho=2),
ao longo do ano de 2015. As amostras foram analisadas no Laboratório de
Radioisótopos Eduardo Penna Franca, na UFRJ. As penas foram lavadas para
eliminação da contaminação externa e posteriormente sofreram digestão ácida (Hg=
H2SO4:HNO3; Se= HNO3). A determinação e quantificação do Hg foi realizada por
espectrometria de absorção atômica por geração de vapor frio (FIMS400, Perking-
Elmer), e do Se por espectrometria de absorção atômica por atomização
eletrotérmica em forno de grafite (GFAAS).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

As concentrações (µg kg-1, peso seco, média±DP) de mercúrio total em AB


(6368,2±2912,7) foram significativamente mais elevadas (p=0,02) que SPSP
(4210,9±1405,8), e por sua vez os valores de Hg em IC (1869,4±725,1) foram
significativamente menores que AB e SPSP. Em relação às concentrações de Hg,
observou-se diferença significativa (p<0,001) entre machos (3570,7±942,3) e fêmeas
(8681,2±1544,5) nidificantes em AB, já em SPSP o mesmo não foi observado. No
que diz respeito ao Se, não se observou diferença significativa entre AB (2746±316)
e SPSP (2499,2±460), contudo as concentrações em IC (1700±565,6) foram
significativamente menores que AB e SPSP. As fêmeas (3096,7±391,7) em SPSP
apresentaram concentrações de Se significativamente (p=0,003) mais elevadas que

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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os machos (2320±305,7). Não se observou correlação significativa entre as


concentrações de Se e Hg para os locais estudados. A razão molar de Se e Hg em
SPSP foi 1,7±0,6, para AB foi 1,1±0,8 e para IC 2,7±1,8. O selênio é reconhecido por
estar envolvido em processos de destoxificação do Hg, principalmente em
mamíferos. Porém, os resultados observados sugerem que este processo não
ocorre na espécie em questão. As diferenças entre sexo observadas podem estar
correlacionadas com o fato de a fêmea ser maior que o macho, e consequentemente
mergulhar mais fundo para caçar, podendo assim obter diferentes presas, o que
poderá refletir nas diferentes concentrações de Hg e Se observadas. Apesar da
maior proximidade da costa, as concentrações de Hg em IC foram menores, o que
pode ser explicado pela maior presença de sólidos em suspensão na Baía de
Guanabara, que acaba por diminuir a disponibilidade de Hg para a biota. A maior
proximidade que AB apresenta da costa, em relação a SPSP, pode explicar as
maiores concentrações de Hg encontradas na primeira localidade, já que esta se
encontra mais próxima das fontes antrópicas poluidoras. As concentrações de Hg do
presente estudo se encontram elevadas quando comparadas com aves de outras
localidades do globo. No entanto, as concentrações de Se do presente estudo
aparentemente não representam um risco às aves, uma vez que os valores
encontrados estão baixos quando comparados com trabalhos em outras espécies de
aves marinhas.

CONCLUSÃO

Mais estudos são necessários para o entendimento das principais fontes de Hg e Se


nas diferentes ilhas da costa brasileira, sobretudo em Abrolhos, que apresentou
elevadas concentrações de Hg. Este tipo de estudo em ilhas ao longo da costa
brasileira é vital para avaliação dos impactos causados pelas atividades antrópicas
no Brasil. Adicionalmente, um estudo detalhado da dieta do atobá-marrom se faz
necessário para um maior esclarecimento das diferenças encontradas entre machos
e fêmeas e entre as localidades.

FONTES FINANCIADORAS

Petrobras ambiental, CNPq (Chamada Universal; proc.456614/2014-1)

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Efeito de contaminantes inorgânicos
243 - TOXICIDADE DE CÉLULAS ALGAIS EXPOSTAS AO FÓSFORO E ZINCO
SOBRE O CLADÓCERO Ceriodaphnia silvestrii

SUZELEI RODGHER, FERNANDA CAMPOS DE PAULO, MARINA GRANDCHAMP


COSTA, THAIS MIIKE CONTADOR, EVALDO LUIS GAETA ESPINDOLA
Contato: SUZELEI RODGHER - SURODGHER@UOL.COM.BR

Palavras-chave: Ecotoxicologia; invertebrado; metal; nutriente

INTRODUÇÃO

A disponibilidade e retenção de metais pelo fitoplâncton são influenciadas pela


presença de nutrientes, como o fósforo. É conhecido que a dieta alimentar é uma
importante via de exposição de metais para o zooplâncton. Nesse sentido, para
compreender melhor o impacto de metais em corpos aquáticos com diferentes
concentrações de nutrientes é necessário elucidar a interação entre metais e
nutrientes no que diz respeito ao seu efeito na biota. O objetivo deste trabalho foi
avaliar o efeito da alga Raphidocelis subcapitata expostas a combinações de fósforo
e zinco para o microcrustáceo Ceriodaphnia silvestrii.

METODOLOGIA

A microalga R. subcapitata foi cultivada em Meio L.C. Oligo (ABNT 2011) e o


cladócero em água reconstituída (ABNT 2017). Primeiramente, a clorofícea foi
aclimatada às concentrações de fósforo de 2,3x10 -4 mol/L e 2,3×10-6 mol/L (CHIA et
al. 2013). As taxas de crescimento algal nos experimentos de aclimatação foram
calculadas de acordo com Fogg (1975). Posteriormente, células de R. subcapitata
na fase exponencial de crescimento e aclimatadas às duas concentrações de fósforo
foram expostas por um período de 96 horas ao zinco. As concentrações de metal
utilizadas na intoxicação da alga foram de 1x10 -7 (controle, Meio L.C. Oligo),
6,12x10-7, 1,22x10-6 e 2,45x10-6 mol/L Zn. Em testes de toxicidade crônica, o
microcrustáceo C. silvestrii foi alimentado com as células algais intoxicadas com o
metal. O número de neonatos produzidos pelas fêmeas e a sobrevivência da
espécie zooplanctônica foram avaliados nesses experimentos (ABNT 2017).
Diferenças significativas na taxa de crescimento algal e na reprodução do
microcrustáceo entre os tratamentos foram analisadas pelo Teste de Tukey. Teste
de Fisher foi utilizado para avaliar diferença estatisticamente significativa na
sobrevivência do cladócero, nos testes de toxicidade crônica.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados obtidos nas aclimatações da alga R. subcapitata às concentrações de


fósforo demonstraram uma redução na taxa de crescimento algal em função da
diminuição do valor do nutriente no cultivo (teste de Tukey, P<0,05). Um dos
principais nutrientes para as algas é o fósforo, pois ele é essencial para a síntese de
DNA e RNA e para a divisão celular (WU & HU 2015). Dessa forma, devido à sua
importância no desenvolvimento celular e por não ser encontrado em grandes

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

quantidades nos ambientes aquáticos, torna-se um fator limitante para o crescimento


algal.
Efeitos negativos na reprodução do cladócero C. silvestrii exposto a uma dieta
alimentar contaminada com cobre (RODGHER et al. 2008), em C. dubia alimentada
com alga exposta a cádmio (SOFYAN et al. 2003) e copépodos alimentados com
alga intoxicada com prata (HOOK & FISHER, 2002) já foram descritos. No presente
estudo, evidenciou-se efeitos tóxicos do zinco via dieta alimentar para uma espécie
zooplanctônica tropical. Observou-se uma redução na sobrevivência e na
reprodução para Ceriodaphnia silvestrii alimentada com células algais expostas a
maior concentração de zinco testada (2,45 x10-7 mol/L Zn) e em meio L.C. Oligo
contendo valores de fósforo de 2,3x10-4 mol/L e 2,3x10-6 mol/L. Aproximadamente 2
e 5 neonatos por fêmea foram produzidos quando C. silvestrii foi alimentada com
células algais aclimatada à elevada e baixa concentração do nutriente e exposta a
2,45 x10-7 mol/L Zn. Ambos os valores foram significativamente menores (teste de
Tukey, P<0,05) em comparação aos valores obtidos no tratamento controle. Os
efeitos tóxicos crônicos observados em C. silvestrii podem estar relacionados à
presença do zinco nas células algais. De acordo com De Schamphelaere et al.
(2004), efeito do zinco via dieta alimentar na reprodução dos cladóceros é
decorrente dos efeitos adversos do metal sobre o processo de vitelogênese com
consequente diminuição na produção de neonatos pelos invertebrados.

CONCLUSÃO

O presente estudo demonstrou o efeito do fósforo sobre o crecimento da microalga


Raphidocelis subcapitata. As células algais, aclimatadas a elevada e baixa
concentração do nutriente, foram uma importante rota de contaminação de zinco ao
cladócero C. silvestrii. Estudos adicionais sobre o efeito do zinco, via dieta alimentar,
sobre outros parâmetros do ciclo de vida do cladócero (idade da primípara, número
de ovos produzidos e tempo de desenvolvimento embrionário) deveriam ser
realizados para melhor avaliação da toxicidade do metal.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. (2017). Ecotoxicologia


aquática- Toxicidade crônica-método de ensaio com Ceriodaphnia spp
(Crustacea,Caldocera). ABNT NBR13373, Rio de Janeiro.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. (2011). Toxicidade crônica.
Método de ensaio com algas (Chlorophyceae). ABNT NBR12648, Rio de Janeiro.
CHIA, M.A.; LOMBARDI, A.T.; MELÃO, M.G.G.; PARRISH, C.C. (2013). Aquatic
Toxicology.128-129, 171– 182.
DE SCHAMPHELAERE, K.A.C.; HEIJERICK, D.G.; JANSSEN, C.R. (2004).
Ecotoxicology. 13, 697-705.
FOGG, G.E. (1975). Algal cultures and phytoplankton ecology. USA. University of
Wisconsin Press
HOOK, S.E.; FISHER, N.S. (2002). Marine Environmental Resource. 53, 161-174.
RODGHER, S.; ESPÍNDOLA, E.LG. (2008). Ecotoxicology and Environmental
Safety. 71, 765-773.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

SOFYAN, A.; SHAW, J.R.; BIRGE, W.J. (2006). Environmental Toxicolgy and
Chemistry. 25, 1034-1041.
WU, Y.H.; HU, H.Y. (2015). Bioresouce Technology. 192, 374-381.

FONTES FINANCIADORAS

FAPESP (2015/23951-6), FAPESP 2015/19415-1 e FAPESP 2016/22620-9

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Efeito de contaminantes inorgânicos
245 - TOXICIDADE DE MATERIAL PARTICULADO AÉREO GERADO A PARTIR
DA QUEIMA DE MADEIRA TRATADA E MADEIRA NÃO TRATADA COM
ARSENIATO DE COBRE CROMATADO (CCA)

BÁRBARA QUEIROZ SOARES, GUILHERME GOMES GABRIEL, DÉBORA MEDEIROS


DOMINGOS, SILVIA BETTA CANEVER, GEOVANA DAGOSTIM SAVI, ELIDIO
ANGIOLETTO, CLAUS TRÖGER PICH
Contato: BÁRBARA QUEIROZ SOARES - BARBCUY@HOTMAIL.COM

Palavras-chave: arseniato de cobre cromatado; toxicidade; madeira tratada; cinzas volantes; material
particulado

INTRODUÇÃO

Devido à grande utilidade socioeconômica da madeira e pensando na sua


durabilidade impedindo a sua biodegradação, utilizam-se principalmente os
preservantes, substâncias tóxicas, com ação inseticida e fungicida, aos agentes
biodeterioradores. Entre esses preservantes destaca-se o arseniato de cobre
cromatado (CCA). Entretanto, em respeito ao meio ambiente e à saúde pública seu
uso é polêmico, devido a toxicidade que apresenta (SOLO-GABRIELE et al, 2002;
JANIN et al., 2012; AUGUSTSSONet al. 2017). O objetivo do trabalho é determinar
os efeitos toxicológicos de material particulado aéreo de madeira tratada com CCA
comparada com madeira não tratada visando sua utilização como combustível.

METODOLOGIA

Para as análises de toxicidade, diferentes amostras de madeira tratada com CCA e


não tratada foram adquiridas em madeireiras da região com o objetivo de realizar
uma queima controlada das mesmas. Estas queimas foram realizadas em câmara
de combustão com captação dos fumos através de vácuo em garrafas de coleta
contendo como solventes meios ácido para captação de metais e posterior análise
química e água para simular a precipitação natural deste material na atmosfera. As
amostras de material precipitado em ácido foram utilizadas para realizar análises de
metais e as amostras coletadas em água para análises de toxicidade com diferentes
modelos biológicos, a saber: Teste de toxicidade aguda com Artemia salina
observado por sobrevivência, testes de toxicidade sub-aguda com Allium cepa e
Lactuca sativa observados por brotação de bulbos e sementes respectivamente.
Também analisou-se a formação de estruturas secundárias no segundo caso
(BORTOLOTTO et al, 2009; NETTO et al, 2013). O teste de genotoxicidade utilizado
foi o de clivagem de DNA Plasmidial (NETTO et al, 2013, BORTOLOTTO et al,
2017). As concentrações utilizadas em todos os testes foram de 0, 25, 50, 75 e
100% do precipitado. Para a análise estatística dos resultados foi utilizado o
programa Graphpad.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

As análises de metais demostraram a presença dos constituintes do Arseniato de


cobre cromatado (CCA) nos precipitados em meio ácido. As análises de toxicidade

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

revelaram na maioria dos casos um aumento significativo da toxicidade nos


precipitados da queima de madeira tratada, porém indicando sempre a presença de
um efeito tóxico do precipitado da queima de madeira não tratada. Nos testes
utilizando-se Artemia salina ambos precipitados demostraram efeitos tóxicos em
concentrações acima de 50% mas o precipitado de madeira tratada foi
significativamente mais tóxico quando comparado ao de madeira não tratada. Nas
concentrações de 75 e 100% não houveram sobreviventes após 48 horas de
incubação utilizando-se precipitado de madeira tratada enquanto para não tratada
houve sobrevivência de ¼ dos indivíduos na concentração de 75%. Nas análises
utilizando Allium cepa tanto para crescimento como para peso médio de raiz, o
precipitado obtido de madeira não tratada não apresentou toxicidade significativa.
No entanto resultados significativos foram encontrados comparando-se as
concentrações de 100% do precipitado obtido de madeira tratada medindo 22,5mm
de raiz, com controle negativo (0%) medindo 61mm de raiz e madeira não tratada
medindo 45,83mm. Observando o peso médio das raízes resultados significativos
foram observados somente quando comparada a madeira tratada com o controle
negativo. Nos testes de Lactuca sativa foram obtidos resultados significativos
comparando-se ambos precipitados com o controle negativo. Também foram obtidos
valores significativos quando comparados os precipitados entre si nas
concentrações superiores a 50%. Estes resultados indicam um aumento de
toxicidade devido a presença da substância conservante CCA. Cabe salientar que
os fumos provenientes da queima de madeira não tratada já são tóxicos, muito
provavelmente devido a presença de compostos fenólicos formados durante a
combustão (BORTOLOTTO et al, 2017), e que esta característica de toxicidade é
aumentada pelo tratamento realizado para conservação que consiste em metais
pesados que tem sabidamente características tóxicas (SOLO-GABRIELI et al, 2002;
JANIN et al., 2012; AUGUSTSSON et al. 2017). No entanto quando analisados os
resultados dos testes de clivagem de DNA plasmidial observou-se um aumento não
significativo do precipitado de fumos de madeira tratada em relação aos de madeira
não tratada, sendo que ambos promovem a quebra quase completa das moléculas
de DNA presentes no teste. Esta característica genotóxica dos fumos de madeira
não tratada provavelmente mascara os efeitos genéticos dos precipitados de
madeira tratada.

CONCLUSÃO

O tratamento de madeira para fins de conservação utiliza-se de vários produtos


entre eles o arseniato de cobre cromatado (CCA) com características tóxicas devido
a sua formulação. A utilização da madeira tratada com CCA tende a liberar os
constituintes do conservante na natureza. No caso da queima, estes constituintes
estão presentes nos fumos produzidos e tendem a aumentar a toxicidade dos
mesmos quando precipitados em água, como pode ser observado pelos resultados
obtidos. Mais estudos de caráter toxicológico e principalmente genotoxicológico são
necessários para melhor caracterizar estes efeitos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AUGUSTSSON, A. et al. Persistent Hazardous Waste and the Quest Toward a


Circular Economy: The Example of Arsenic in Chromated Copper Arsenate–Treated
Wood. Journal of Industrial Ecology, v. 21, n. 3, p. 689–699, 2017.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

BORTOLOTTO, T. et al. Evaluation of the toxic and genotoxic potential of landfill


leachates using bioassays. Environmental Toxicology and Pharmacology 28 (2009)
288–293.
BORTOLOTTO, T.;et al. Evaluation of toxic and genotoxic potential of a wet gas
scrubber effluent obtained from wooden-based biomass furnaces: A case study in
the red ceramic industry in southern Brazil. Ecotoxicology and Environmental Safety
143 (2017) 259–265
JANIN, A. et al. CCA-Treated Wood Waste Remediation Process Optimization with
Successive Recirculation Loops Study. Journal of Environmental Engineering-Asce,
v. 138, n. 2, p. 200–207, 2012.
NETTO, E. et al. Evaluation of the toxic and genotoxic potential of acid mine
drainage using physicochemical parameters and bioassays.environmental toxicology
and pharmacology 35 (2013) 511–516
SOLO-GABRIELE, H.M. et al. Characteristics of chromated copper arsenate-treated
wood ash. Journal of Hazardous Materials, v. 89, n. 2–3, p. 213–232, 2002.

FONTES FINANCIADORAS

Cnpq - Bolsa Pibic/UFSC

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Painel
Efeito de contaminantes inorgânicos
280 - SENSIBILIDADE DAS MICROALGAS Chlorella sorokiniana E Scenedesmus
quadricauda (CHLOROPHYCEAE) AO CLORETO DE SÓDIO

IGOR GABRIEL SILVA OLIVEIRA, LARISSA AVELINO SILVA, NATHASKIA SILVA


PEREIRA, MÔNICA ANSILAGO, EMERSON MACHADO DE CARVALHO
Contato: IGOR GABRIEL SILVA OLIVEIRA - IGORGABRIELSO@HOTMAIL.COM

Palavras-chave: Ecotoxicologia; microalgas; Chlorophyceae

INTRODUÇÃO

Testes com organismos aquáticos têm sido mundialmente utilizados como


instrumentos analíticos para avaliação da toxicidade aguda e crônica de substâncias
químicas e efluentes (PEREIRA et al., 2010). O Cloreto de Sódio apresenta baixa
toxicidade, caracterisitica limitante ao seu uso como substância referência para
ensaios ecotoxicológicos (ZAGATTO, 2008). No entanto, estudos mostraram que
certos organismos podem ser sensiveis ao NaCl (BURATINI-MENDES, 2002;
SANTOS et al., 2007). O nosso objetivo para o presente estudo foi avaliar a
sensibilidade das microalgas Chlorella sorokiniana e Scenedesmus quadricauda ao
NaCl e fomentar sua inclusão em cartas-controle para avaliar o efeito da salinização
em ambientes aquáticos.

METODOLOGIA

Foram utilizadas cepas das microalgas Chlorella sorokiniana e Scenedesmus


quadricauda, submetidas a diferentes concentrações de cloreto de sódio (NaCl) -
5%, 10%, 20% e 30% - além do controle sem a solução salina. Todos os meios de
cultivo foram preparados com a suplementação da solução estoque de 1% NPK (20-
5-20 g.L-1) e 1% da vinhaça da cana-de-açúcar concentrada (nutrientes para as
microalgas). As amostras foram acondicionados em incubadora shaker de piso, em
triplicatas, com temperatura (25ºC), agitação (100 rpm) e luminosidade (1.500 LUX)
constantes. Foram retiradas alíquotas nos tempos de 0h, 24h, 48h e 72h e
mensuradas a densidade algal, a concentração de inibição, a velocidade específica
máxima de crescimento (µmáx) e o tempo de duplicação. A densidade foi obtida por
meio da contagem celular pelo hemocitômetro (Câmara de Neubauer) e a
concentração de inibição ([controle – amostra /controle] x 100) a partir dos valores
da densidade. A fase exponencial de crescimento foi identificada pela região linear
sobre ln da densidade algal em função do tempo de cultivo. A partir dos dados de
densidade algal foi calculada a velocidade específica máxima de crescimento (µmáx)
e o tempo de duplicação (TD).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Com base na avaliação dos parâmetros cinéticos, as microalgas C. sorokiniana e S.


quadricauda obtiveram velocidade específica máxima de crescimento (µmáx) de
0,346 h-1 e 0,733 h-1, respectivamente. O menor tempo de duplicação (TD) foi
verificado no tratamento contendo 10% de concentração salina, com valores de 1,99
h-1 e 0,94 h-1, respectivamente. Esses valores são inversamente proporcionais, pois

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

quanto maior o valor de µmáx mais rápido a microalga irá atingir a fase exponencial
e consequentemente menor será o tempo de duplicação celular (TD). Adenan et al.
(2013) cultivaram a microalga Chlorella sp. em concentrações salinas de 20, 25 e
30%, e verificaram resultados satisfatórios de crescimento na concentração salina
de 25%. Apesar de apresentar crescimento em baixa concentração salina, as
microalgas C. sorokiniana e S. quadricauda apresentaram sensibilidade ao Cloreto
de Sódio. Para C. sorokiniana foi verificada a Concentração de Inibição (IC50) acima
de 50% para todas as concentrações nos três períodos amostrados (24, 48 e 72h). A
IC50 mínima encontrada foi de 80,95% (10 e 20% de NaCl) e máxima de 141,17%
(30% de NaCl). Para S. quadricauda foi verificada IC50 para todas as concentrações
nos períodos amostrados de 48 e 72 h, com valor mínimo de 50% em 48 h (20% de
NaCl) e a máxima de 266% em 72 h (20% de NaCl). No período de 24h apenas a
concentração de 20% de NaCl apresentou IC50 > 50%. Santos et al. (2007)
buscaram estabelecer o NaCl como substância de referência em quatro organismos-
teste, incluindo a microalga Pseudokirchneriella subcaptata, obtendo boas respostas
de sensibilidade. Geis et al. (2000), expondo Raphidocelis subcapitata ao NaCl
também obtiveram resultados que destacam a sensibilidade desta microalga ao
NaCl. Estudos futuros mais detalhados são necessários a fim de fomentar a inclusão
destas e outras espécies de microalgas dulcícolas em cartas-controles. Tais estudos
são de grande importância para avaliar o efeito tóxico da salinização em ambientes
aquáticos, que são cada vez mais comuns na literatura.

CONCLUSÃO

Em suma, nas condições de estudo apresentadas, houve inibição do crescimento da


microalga C. sorokiniana em todas as concentrações salinas testadas já nas
primeiras 24 horas. A microalga S. quadricauda apresentou inibição do crescimento
após 48 hora em todas os tratamentos. Com isso é possível inferir que as
concentrações de salinas utilizadas no estudo tiveram efeito inibitório em ambas
espécies. Também foi possivel verificar que as duas espécies de microalgas
apresentam duplicação algal em baixas concentrações salinas. Assim, é possível
inferir que estas espécies também apresentam potencial de biorrediação de sais
águas de reúso ou residuais.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BURATINI-MENDES, S.V. Efeitos do meio de cultivo sobre a sobrevivência,


reprodução e sensibilidade de Ceriodaphnia dubia. Dissertação (Mestrado em
Ciências da Engenharia Ambiental) - Universidade de São Paulo. 2002.
GEIS, S.W.; FLEMING, K.L.; KORTHALS, E.T., SEARLE, G.; REYNOLDS, L.;
KARNER, D.A. Modifications to the algal growth inhibition test for use as a regulatory
assay. Environmental Toxicology and Chemistry, v.19, p. 36-41, 2000.
PEREIRA, S.A.; NASCIMENTO, I.A.; LEITE, M.B. N.L.; CRUZ, A.C.S.; BARROS,
D.A.; ARAÚJO, V.Q.; SAMPAIO, L.M.A.; NASCIMENTO, N.C. Sensibilidade de
quatro organismos-teste (Skeletonema costatum, Tetraselmis chuii, Crassostrea
rhizophorae e Echinometra lucunter ao dodecil sulfato de sódio: eleboração das
cartas-controle. Diálogos & Ciência (Online), v. 1, p. 1-11, 2010.
SANTOS, M.A.P.F.; VICENSOTTI, J.; MONTEIRO, R.T.R. Sensitivity of four test
organisms (Chironomus xanthus, Daphnia magna, Hydra attenuata and

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Pseudokirchneriella subcapitata) to NaCl: an alternative reference toxicant. Journal


of the Brazilian Society of Ecotoxicology, v. 2, n. 3, p. 229-236, 2007.
ZAGATTO, P.A. O uso de substâncias de referência no controle de qualidade dos
ensaios ecotoxicológicos. In: ZAGATTO, P.A.; BERTOLETTI, E. (Ed.) Ecotoxicologia
aquática – princípios e aplicações. São Carlos: Rima, Cap. 8, 486 p., 2008.

FONTES FINANCIADORAS

CNPq - Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e


Tecnológico;
FUNDECT - Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino,
Ciência e Tecnologia do Estado de Mato Grosso do Sul

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Efeito de contaminantes inorgânicos
281 - ELEMENTOS-TRAÇO EM MÚSCULO DE CORVINAS (Micropogonias furnieri)
DA BAÍA DE GUANABARA: FERRAMENTAS PARA AVALIAÇÃO ECOLÓGICA
DA ESPÉCIE E EXPOSIÇÃO HUMANA A SUBSTÂNCIAS TÓXICAS

LAURA KIMBERLY RIBEIRO DE MORAES, JANEIDE DE ASSIS PADILHA, ANDRE


PINHEIRO DE ALMEIDA, ANA CAROLINA PIZZOCHERO DA COSTA, PAULO RENATO
DORNELES
Contato: LAURA KIMBERLY RIBEIRO DE MORAES - KIMBERLY.RIBEIRO@YAHOO.COM.BR

Palavras-chave: cobre; Baía de Guanabara; corvina

INTRODUÇÃO

A Baía de Guanabara, localizada na região metropolitana do Rio de Janeiro,


configura uma das baías mais poluídas do Brasil. Entretanto, possui grande
importância ecológica, pois espécies como a corvina (Micropogonias furnieri) a
utilizam para desova e crescimento. A corvina é estuarino dependente, eurióica e
possui alta longevidade e relevância comercial no sudeste do Brasil. Elementos-
traço geram preocupação pela toxicidade e persistência ambiental; Estes podem ser
utilizados para avaliação da segurança de consumo de alimento, e para
compreensão de características ecológicas da espécie. Portanto, o presente estudo
objetiva avaliar a exposição da corvina ao cobre em diferentes estágio de vida.

METODOLOGIA

As amostras foram coletadas na Ilha do Governador, Magé, Canal Central,


Copacabana e Gradim, no verão de 2014. Destas amostras, 26 não têm sexo
definido, 21 são fêmeas e 13 machos, tendo-se um n amostral igual a 60. Em
relação às amostras, o comprimento corporal variou de 9,5 cm a 55 cm e o peso de
0,0099 kg a 1,86 kg. As análises foram realizadas no Laboratório de Radioisótopos
Eduardo Penna Franca, Rio de Janeiro. As amostras foram maceradas, liofilizadas,
trituradas e submetidas à digestão ácida (HNO3) 69% em digestor micro-ondas. A
determinação das concentrações (µg.kg-1) de Cu foi designada por Espectrometria
de absorção atômica com atomização eletrotérmica em forno de grafite (GFAAS).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foram consideradas duas classes de tamanho das corvinas, refletindo assim as


concentrações de Cu em diferentes estágios de vida. As concentrações de Cobre
(µg.kg-1, peso seco, média±DP) nas duas classes de tamanho de corvina foram
respectivamente: < 30 cm (2798,99 ±2968,34) e > 30cm (6053,47 ± 4428,73). Não
houve diferença significativa em relação às concentrações de Cu entre os sexos (p=
0,12). Observou-se correlação positiva e significativa entre o peso e os valores de
Cu (p< 0,001), bem como entre o comprimento do corporal e os níveis de Cu (p<
0,001). Sabendo-se que o massa corporal das corvinas tem um crescimento adjunto
ao aumento do comprimento do corpo, os valores encontrados indicam
bioacumulação de Cu. Consistindo assim, no aumento das concentrações de Cu no
decorrer dos anos na espécie em questão. A diferença encontrada entre as

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

concentrações nas duas classes de tamanho pode ser explicada por características
da ecologia alimentar desta espécie, que realiza movimentos ontogenéticos
adaptando sua dieta às oportunidades de inserção em cadeias tróficas diferentes
encontradas ao longo de suas vidas. Uma vez acima da 30 cm, a corvina passa a
ocupar diferentes posições no estuário e a se alimentar de uma gama diferente de
presas, assim como passa a estender sua área de forrageamento cada vez mais
para fora da área do estuário. Estando dessa forma exposta a diferentes
concentrações de elementos-traço em geral. Conforme observado, as
concentrações aumentam quando há uma mudança no comportamento alimentar,
entretanto resta saber se esse aumento se deve simplesmente ao elevado estágio
de bioacumulação ou se é produto de uma cadeia realmente mais enriquecida nesse
elemento.

CONCLUSÃO

Portanto, o presente estudo configura o início de uma investigação mais


aprofundada, com o objetivo de produzir conhecimento acerca desse recurso
alimentar tão importante nesta região do Brasil e que convive com grandes impactos
antrópicos. Adicionalmente pretendemos também observar a possível variação
sazonal dessas concentrações por classe de tamanho em indivíduos coletados
durante o inverno. Produzindo assim conhecimento mais detalhado sobre a
influência dos regimes de chuva para a biodisponibilidade desses elementos.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Efeito de contaminantes inorgânicos
293 - EFEITOS DO COBRE EM Scenedesmus quadricauda: ESTUDO DA
FOTOSSÍNTESE EM CONCENTRAÇÕES AMBIENTALMENTE RELEVANTES

JAQUELINE CARMO DA SILVA, ANA TERESA LOMBARDI


Contato: JAQUELINE CARMO DA SILVA - JAQUE.UFSCAR@HOTMAIL.COM

Palavras-chave: processos fotossintéticos; fitoplâncton; cobre; fisiologia

INTRODUÇÃO

O cobre (Cu) é um micronutriente essencial para muitos processos metabólicos e


desempenha um papel importante na fotossíntese do fitoplâncton, organismos
responsáveis por mais da metade da produção primária dos ambientes aquáticos.
No entanto, o cobre torna-se tóxico dependendo da concentração em que está
presente, interferindo na fisiologia desses organismos. Compreender os efeitos dos
íons de cobre na fotossíntese ajuda a entender como a produtividade primária está
sendo afetada por esse metal. Este estudo teve como objetivo analisar o efeito dos
íons de cobre no processo fotossintético da microalga cosmopolita Scenedesmus
quadricauda.

METODOLOGIA

Para tanto realizamos cultivos sob condições controladas de laboratório. Frascos de


policarbonato, com capacidade de 1000 mL, contendo 300 mL de meio de cultura
LC.Oligo (AFNOR, 1980) e inoculados em concentração inicial de 4x104 células mL -1
em 4 tratamentos que consistiram em diferentes concentrações de cobre foram
realizados. As concentrações testadas foram 0,5, 1,0, 2,5, e 5 µM, além do controle
(0.06 µM), todos em triplicatas. Cobre foi determinado em sua forma livre (Cu 2+)
utilizando-se um eletrodo de íon seletivo, após 24 h de cultivo, no qual as amostras
foram previamente filtradas. Os experimentos tiveram a duração de 96 h e as
culturas foram monitoradas por analise da abundancia celular (células por mL),
fluorescência in vivo como indicador da concentração de clorofila a, eficiência
fotossintética por meio do fluôrometro Pam (Heinz-Walz Effeltrich, Germany),
(LOMBARDI e MALDONADO, 2011). Ao fim das 96 h de cultivo foi determinado o
biovolume celular e taxa de transporte de elétrons, rendimento fotossintético
operacional, dissipação energética por meio do fluorometro PAM (Heinz-Walz
Effeltrich, Germany).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados da determinação do cobre livre mostraram que houve redução de


1000 vezes na concentração de Cu em relação à concentração adicionada, e
mesmo em baixas concentrações, o Cu afetou a abundancia celular de S.
quadricauda que foi reduzida significativamente (p<0,05) nas maiores concentrações
de Cu em relação ao controle. Além disso, observamos que a concentração de
clorofila a por unidade de volume celular diminuiu significativamente em todos os
tratamentos (p<0,05). Em contrapartida, o volume celular (µm3) aumentou em
função das concentrações de Cu (p<0,05). Em relação aos parâmetros

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

fotossintéticos, observamos que o rendimento quântico máximo (ΦM) e o rendimento


quântico operacional (Φ'M) também foram afetados, diminuindo conforme o Cu
aumentou no meio, sendo o Φ'M mais sensível à ação do metal do que o rendimento
máximo. Análise da dissipação de energia durante o processo fotossintético mostrou
que a energia direcionada para a fotossíntese, quenching fotoquímico (qP), diminuiu
nas concentrações 0,008 e 0,011 µM (p<0,05), enquanto que a dissipação de calor
(NPQ) aumentou 20% em comparação ao controle. Esses resultados corroboram
com a redução do rendimento quântico operacional do fotossistema II (PSII).
Quenching não-fotoquímico (qN) permaneceu estável para todas as concentrações
de cobre testadas (p> 0,05). A taxa relativa de transporte (rETR) de elétrons
diminuiu para todos os tratamentos de Cu, consequentemente, os outros parâmetros
fotossintéticos como a eficiência fotossintética (α), irradiância de saturação (Ek) e a
taxa de transporte de elétrons máxima (mETR) também foram reduzidos. A variação
da concentração do cobre livre em função da concentração nominal de cobre sugere
que o cobre adicionado interagiu com ligantes orgânicos e inorgânicos dissolvidos,
bem como células algais presentes no sistema de cultura (LOMBARDI et al., 2002).
Os parâmetros do crescimento como abundancia celular e os parâmetros
fotossintéticos foram sensíveis aos efeitos do cobre, sendo a abundancia celular o
parâmetro mais sensível, como observado por outros autores (MACHADO et al.
2015, TSAI et al., 2015). A diminuição na síntese de clorofila a por biovolume sugere
que, apesar do aumento no volume celular, a síntese de clorofila a foi reduzida pela
ação do cobre.

CONCLUSÃO

De modo geral, podemos afirmar que o cobre alterou significativamente o processo


fotossintético em S. quadricauda, mostrando sua capacidade de alterar o aparato
fotossintético, bem como os centros de reação do PSII. Essa afirmação tem como
base a redução dos rendimentos quânticos, além da curva de saturação de luz e
seus parâmetros. Nossos resultados mostram que mesmo em concentrações
ambientalmente relevantes o cobre pode ocasionar efeitos em organismos base de
cadeias alimentares, que por sua vez suportam os níveis tróficos seguintes, podendo
assim alterar o equilíbrio nos ambientes aquáticos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AFNOR - Association Française Normalisation, Norme experimentale. T90-304.


Essais deseaux. Determination de I’inhibition de Scendesmus quadricauda par une
substance, Paris, France 1980.
LOMBARDI, A.T.; VIEIRA, A.A.H.; SARTORI, L.A. Mucilaginous capsule adsorption
and intracellular uptake of copper by Kirchneriella aperta (Chlorococcales). Journal
Phycology. v.337, p. 332–337, 2002.
LOMBARDI, A.T.; MALDONADO, M.T. The effects of copper on the photosynthetic
response of Phaeocystis cordata. Photosynth. Res. v. 108, p.77–87, 2011.
MACHADO, M.D.; SOARES, E.V. Modification of cell volume and proliferative
capacity of Pseudokirchneriella subcapitata cells exposed to metal stress. Aquatic
Toxicology, v. 147, p. 1-6, 2014.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

TSAI, K.-P. Effects of two copper compounds on Microcystis aeruginosa cell density,
membrane integrity, and microcystin release. Ecotoxicology and environmental
safety, v. 120, p. 428-435, 2015.

FONTES FINANCIADORAS

Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES)

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Oral
Efeito de contaminantes inorgânicos
301 - ECOTOXICIDADE DE REJEITOS MINERÁRIOS PROVENIENTE DA
RUPTURA DA BARRAGEM DE FUNDÃO, MARIANA (MG), PARA COLÊMBOLOS

JÚLIA CARINA NIEMEYER, ANDRESSA CRISTHY BUCH, EDUARDO DUARTE


MARQUES, EMMANOEL VIEIRA DA SILVA-FILHO
Contato: JÚLIA CARINA NIEMEYER - JULIACARINA@YAHOO.COM.BR

Palavras-chave: áreas contaminadas; ecotoxicologia terrestre; invertebrados de solo; metais

INTRODUÇÃO

No dia 5 de novembro de 2015, ocorreu o rompimento da barragem de Fundão em


Mariana-MG. Um dos maiores acidentes ambientais ocorridos no Brasil e o maior do
mundo envolvendo barragens de rejeito. É suposto que 60 milhões de m3 de rejeito
minerário tenha percorrido 679 km do Rio Doce. Collembola é uma das ordens mais
abundantes no ecossistema terrestre, sendo provedores funcionais essenciais à
qualidade do solo. O objetivo do estudo foi avaliar os efeitos de ecotoxicidade da
lama de rejeitos minerários sob o solo para os colêmbolos (mesofauna).

METODOLOGIA

A espécie Proisotoma minuta (Collembola) foi selecionada para os testes


ecotoxicológicos de fuga e reprodução, seguindo as recomendações dos protocolos
normativos da Organização Internacional de Padronização-ISO (17512-2/2011 e
11267/1999, respectivamente). Amostras de sedimentos minerários foram coletadas
nos estados de MG e ES, duas semanas após o acidente em 2015, perfazendo 13
pontos amostrais desde a barragem até a foz do rio Doce (Gesteira, Barra Longa,
Rio Doce, Cachoeira Das Antas, Cachoeira dos Óculos, Ponte Rodovia Ipatinga,
Periquito, Governador Valadares, Tumiritinga, Conselheiro Pena, Baixo Guandu,
Colatina e Linhares). Um solo florestal próximo a barragem, o qual não foi afetado
pelo rejeito minerário foi adotado como solo referência e controle. Os tratamentos
foram compostos por quatro doses de diluição no solo referência (25%, 50%, 75% e
100% de rejeito minerário) para cada ponto amostral, seguido de quatro repetições.
Em todas as amostras foram realizadas avaliações físico-químicas com o intuito de
comparativas posteriores. Elementos químicos (31) foram investigados no ICP-OAS,
e o mercúrio foi determinado por espectrometria de absorção atômica. Os resultados
dos testes foram analisados por meio dos testes de Fisher para fuga e por Dunnets
para reprodução (p < 0,05) afim de verificar a existência de diferenças significativas
entre os tratamentos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Resultados preliminares mostraram um percentual de fuga crescente com o


aumento da proporção de rejeito. O comportamento de evasão foi superior a 70%
nos tratamentos que receberam 50, 75% e 100% de rejeito minerário nos pontos
amostrais de Governador Valadares e Tumiritinga (distância aproximada da
barragem de 318 km e 164 km, respectivamente) sugerindo a esses locais uma
perda da função de hábitat para os colêmbolos. Nos demais pontos amostrais sob

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

doses de 100% de rejeito, o percentual de fuga foi inferior a 50%. Em todos os


tratamentos que continham 100% de rejeito minerário foram observadas inibições
acima de 60% na taxa reprodutiva dos colêmbolos com exceção dos pontos
amostrais de Baixo Guandu e Rio Doce (distância aproximada da barragem de 460
km e 98 km, respectivamente). Nos tratamentos sob doses maiores ou iguais a 50%
dos pontos de Governador Valadares, Tumiritinga, Periquito e Cachoeira das Antas
(os dois últimos distantes ≅ 248 km e 128 km da barragem) foram observados
reduções nos números de juvenis (número médio de 4 a 180) quando comparado ao
solo controle e aos demais pontos amostrais. A resposta de ecotoxicidade para
colêmbolos não foram lineares e diretamente proporcionais ao gradiente de
contaminação (percurso da lama minerária) ou seja, a proximidade dos pontos
amostrais com a área de ruptura da barragem. A toxidez da lama para a fauna do
solo pode estar relacionada a interação, concentração e a biodisponibilidade dos
metais. Efeitos sinérgicos e acumulativos devem ser considerados como fator
colaborativo para a alta ecotoxidez relatada nos pontos amostrais. Os efeitos
biológicos a curto e a longo prazo, como no caso de respostas comportamentais e
reprodutivas, respectivamente podem ser bastante variáveis entre as espécies de
Collembola, bem como as de outras ordens da fauna do solo. A composição química
do rejeito minerário é varíavel ao longo do percurso da lama e heterogênea,
agrupando concentrações variadas de 32 elementos químicos, sendo destacáveis a
10, dentre esses 7 metais pesados (As, Cd, Cr, Cu, Hg, Ni e Pb) incluindo o
mercúrio (Hg) que potencializa sua toxidez nas mudanças de espécies químicas e
se biomagnifica no ambiente.

CONCLUSÃO

A perda de função habitat do solo com o rejeito foram evidenciadas com a


expressiva evasão dos colêmbolos (> 70%) nos pontos amostrais de Governador
Valadares e Tumiritinga que receberam doses de 100% de rejeito minerário. Sob
esta mesma dose e pontos amostrais foram também encontradas altas respostas de
ecotoxicidade para a reprodução dos organismos. Neste estudo, o teste de fuga com
colêmbolos foi considerado uma adequada ferramenta de screening em avaliações
de risco ecológico ou de áreas impactadas por rejeitos minerários entretanto deve-se
destacar a necessidade por demandas de avaliações de outros endpoints e com
outros organismos do solo.

FONTES FINANCIADORAS

Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro-FAPERJ.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Oral
Efeito de contaminantes inorgânicos
304 - SELEÇÃO DE ESPÉCIES VEGETAIS TOLERANTES A REJEITO DE
MINERAÇÃO DE FERRO

OBEDE RODRIGUES ALVES, OTNIEL ALENCAR BANDEIRA, SUSANA INÊS SEGURA-


MUÑOZ, YANDRA NAVASCUES ALBUQUERQUE, EVALDO LUIZ GAETA ESPINDOLA
Contato: OBEDE RODRIGUES ALVES - ALVES.OBEDE@GMAIL.COM

Palavras-chave: fitorremediação; Mariana-MG; ecotoxicologia terrestre

INTRODUÇÃO

Em novembro de 2015 uma das barragens do complexo minerador da Samarco


rompeu, extravasando milhões de toneladas de rejeito de minério de ferro que ficou
depositado na superfície do solo e principais rios da região da Bacia do Rio Doce.
Diante da magnitude dos danos socioambientais provocados pelo desastre em
Mariana-MG é indispensável a investigação de espécies vegetais tolerantes ao
rejeito. o objetivo dessa pesquisa foi testar o rejeito (puro e em mistura com solo
natural) como substrato para o crescimento de dez espécies vegetais indicadas para
adubação verde, a fim de selecionar espécies tolerantes e com possível potencial
fitorremediador.

METODOLOGIA

O experimento foi montado em esquema fatorial 5x10 (4 tratamentos + controle, 10


espécies vegetais) e quatro repetições. A unidade experimental foi constituída de
vaso plástico estéril, contendo 500 cm³ de substrato. Os tratamentos foram
constituídos de misturas de solo natural (SN) de Mariana-MG e rejeito (R), a saber:
C: 100% de SN, T1: 75% de SN e 25% de R; T2: 50% de SN e 50% de R; T3: 25%
de SN e 75% de R e T4: 100% de R. Após 15 dias de crescimento, as espécies
vegetais foram removidas para medição de biomassa seca da parte aérea e raiz. O
índice de tolerância das espécies foi calculado de acordo com SHI et al. (2011).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados das análises físicas e químicas demonstraram que o material coletado


em Mariana-MG, possui diversos problemas físicos e químicos, principalmente
relacionados à fertilidade, elevado pH e teor de silte. O alto teor de silte favorece o
selamento do substrato, dificultado o crescimento das raízes das plantas. Observou-
se no tratamento T4 que durante a rega a água permeava muito lentamente através
do perfil do substrato, formando poças na superfície e provocando o assentamento e
selamento do rejeito. Essa compactação do solo provoca redução da fração gasosa
do solo e, como consequência, as raízes podem morrer por asfixia ou não conseguir
se desenvolver adequadamente, neste último caso em que a planta não morre,
provavelmente sofrerá com estresse hídrico e/ou nutricional que implicará em
redução do crescimento (CAMARGO, 1983; TORRES, SARAIVA, 1999). Todas as
espécies apresentaram índice de tolerância superior a 0,9 nos tratamentos contendo
25 e 50% de rejeito, sendo que as três espécies mais estimuladas foram aveia,
crotalária e feijão de porco. As proporções de 75 e 100% de rejeito favoreceram o

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

crescimento da aveia, feijão de porco e tremoço. Apesar de a mucuna preta, mucuna


cinza e Lab lab não terem ficado entre os três primeiros lugares, estas apresentaram
bom desenvolvimento da parte aérea e pouco ou quase nenhum sintoma de
fitotoxicidade como amarelecimento, clorose e necrose. As espécies com o menor
índice de tolerância no T4 foram milheto e crotalária, respectivamente. A mistura de
até 50% de solo natural de Mariana/MG ao rejeito acidificou o pH do rejeito que
passou de 7,9 para 6,3 e favoreceu o crescimento de nove das dez espécies
avaliadas.

CONCLUSÃO

A região do Quadrilátero Ferrífero é considerada uma das maiores províncias


poliminerais do planeta e possui importantes reservas minerais (VERVLOET, 2016).
Desde o desastre socioambiental, pesquisadores de diferentes instituições têm
realizado coletas nas áreas afetadas para análises físico-química e ecotoxicológicas,
no entanto essas ações têm sido mais voltadas ao ecossistema aquático. Levando
em consideração as características fisiológicas e o cálculo do índice de tolerância,
as espécies que apresentam potencial para programas de fitorremediação nas áreas
afetadas pelo rejeito de mineração são: feijão de porco, Lab lab, tremoço, mucuna
preta, mucuna cinza e feijão guandu anão.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BOTTINO, F.; MILAN, J.A.M; CUNHA-SANTINO, M.B.; BIANCHINI JR.; I. Influence
of the residue from an iron mining dam in the growth of two macrophyte species.
Chemosphere 186, p. 488-494, 2017.
CAMARGO, O.A. Compactação do solo e desenvolvimento de plantas. Campinas:
Fundação Cargill, 1983. 44 p.
GRUPO INDEPENDENTE DE AVALIAÇÃO DO IMPACTO AMBIENTAL – GIAIA.
Relatório Técnico (2016). Disponível em: < http://giaia.eco.br/wp-
content/uploads/2015/11/MAPA_A4_RioDoce_Territorios_Afetados.pdf >. Acesso
em: 13 de jun de 2016.
SEGURA, F.R.; NUNES, E.A.; PANIZ, F.P.; PAULELLI, A.C.C.; RODRIGUES, G.B.;
BRAGA, G.Ú.; DOS REIS PEDREIRA FILHO, W.; BARBOSA, F.; CERCHIARO, G.;
SILVA, F.F.; BATISTA, B.L. Potential risks of the residue from Samarco's mine dam
burst (Bento Rodrigues, Brazil). Environ. Pollut. 218, 813e825.
http://dx.doi.org/10.1016/ j.envpol.2016.08.005, 2016.
SHI, X. et al. Seedling growth and metal accumulation of selected woody species in
copper and lead/zinc mine tailings. Journal Environment Science. 23, 266 – 274,
2011
TORRES, E.; SARAIVA, O.F. Camadas de impedimento mecânico do solo em
sistemas agrícolas com a soja. Londrina: Embrapa Soja, 1999. 58p. (Embrapa Soja.
Circular Técnica, 23).
VERVLOET, R.J.H.M. A geomorfologia da região derompimento da barragem da
Samarco. In: MILANEZ, B.; LOSEKANN, C. Desastre no Vale do Rio Doce. Editora
Folio Digital, Rio de Janeiro, 2016.
FONTES FINANCIADORAS
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Oral
Efeito de contaminantes inorgânicos
305 - TOXICIDADE DE REJEITO DE MINERAÇÃO DE FERRO PARA Enchytraeus
crypticus, Folsomia candida E Lycopersicon licopersicum

OBEDE RODRIGUES ALVES, VANESSA BEZERRA MENEZES-OLIVEIRA, OTNIEL


ALENCAR BANDEIRA, SUSANA INÊS SEGURA-MUÑOZ, ANA BEATRIZ DOS SANTOS,
THANDY JUNIO DA SILVA PINTO, EVALDO LUIS GAETA ESPINDOLA
Contato: OBEDE RODRIGUES ALVES - ALVES.OBEDE@GMAIL.COM

Palavras-chave: contaminação; ecotoxicologia; fitotoxicidade; Mariana-MG

INTRODUÇÃO

O rompimento da barragem de Fundão em Mariana-MG, foi o pior desastre


ambiental com graves consequências no âmbito ecológico, social e econômico.
Milhões de toneladas de rejeito depositaram-se sobre o solo natural da região,
interferindo nos serviços ecossistêmicos. Avaliar os efeitos tóxicos desse material
depositado no ambiente sobre organismos edáficos é relevante, tendo em vista que
o solo que representa o habitat desses organismos, teve suas características fisico-
químicas completamente alteradas. Dessa forma, o objetivo desse estudo foi
verificar os efeitos sobre planta terrestre, sobrevivência e reprodução de
invertebrados de solo quando expostos ao rejeito de mineração de ferro.

METODOLOGIA

Para realização dos bioensaios, amostras ambientais de diferentes locais afetados


pela lama de rejeito foram coletadas em maio de 2016 e levadas ao Núcleo de
Ecotoxicologia e Ecologia Aplicada (NEEA/USP). Os pontos de coleta foram: 2E –
abaixo da barragem de Santarém; 3E -Bento Rodrigues ; 4E- Paracatu de Baixo; 5E
– Gesteira e 6E – Barra Longa- MG. Os bioensaios assim como o cultivo dos
organismos em laboratório seguiram as diretrizes dos protocolos ISO 11267/1999
para F. candida e ISO 16387/2003 para E. crypticus. A norma ISO 11269-2 (2005)
foi utilizada para os testes com a espécie vegetal Lycopersicon licopersicum. Os
parâmetros avaliados para invertebrados do solo foi sobrevivência de adultos e
produção de juvenis; e para flora terrestre foi germinação de sementes e
crescimento. O solo utilizado como controle foi coletado no campo experimental da
Universidade de São Paulo em Itirapina –SP. Os testes com E. crypticus e F.
candida duraram 21 e 28 dias, respectivamente; semanalmente os recipientes-teste
eram abertos para correção de umidade, alimentação e troca gasosa. O teste com L.
licopersicum ocorreu na temperatura de 23 ± 2°C e duração de 21 dias, contados a
partir da germinação de 50% das sementes do controle.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados das análises de metais demonstraram elevadas concentrações de As,


Co, Ni, Cu, Zn, Cd, Ba e Pb nas amostras 2E e 3E. Os valores de pH nas amostras
ambientais variou de 7,2 a 8,7, enquanto que a literatura aponta que os solos de
Minas Gerais são ácidos (LEPSCH, 1993). Os resultados demonstraram que apenas
as plantas submetidas ao solo dos pontos 2E e 6E diferiram significativamente do

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

controle em termos de tamanho da parte aérea. No entanto, quando observa-se os


valores de massa fresca, é notável a diferença entre o solo controle e os pontos de
coleta. O peso fresco foi, pelo menos, duas vezes mais elevado no solo teste
quando comparado ao solo controle; podendo indicar uma resposta da planta ao
estresse.Dependendo das características do solo, os metais podem estar mais
disponíveis na água intersticial e serem, portanto, assimilados e ou acumulados de
forma mais intensiva pelas plantas (CÉSAR et al., 2014). Os resultados
demonstraram que o solo coletado nos diferentes pontos amostrais não causa efeito
significativo ao nível da sobrevivência dos organismos. No entanto, em termos de
reprodução dos E. crypticus, observou-se um decréscimo significativo de 60% (ponto
6E) a 80% (ponto 2E) quando comparados ao grupo controle. A reprodução de F.
candida também foi severamente afetada nos pontos 2E, 3E e 4E, com reduções de
70, 67 e 70%, respectivamente. Nos pontos 2E e 4E, além da baixa taxa de
reprodução dos organismos, pôde-se observar um número baixo de casulos de E.
crypticus, os quais eram bastante diferentes dos que ocorreram nos outros pontos,
inclusive no controle. Estes casulos eram menores do que os normais e possuíam
um ou, no máximo, dois ovos, quando normalmente eles têm, em média, seis
organismos. Outro fator importante a ser considerado é o elevado pH das amostras
ambientais. O pH variou de 7,5 a 8,7 no início do teste para 7,2 a 8,6 ao final do
teste. Os valores mais elevados de pH foram observados justamente nas amostras
com menor reprodução dos organismos, 2E, 3E e 4E. O alto teor de silte encontrado
nas amostras de rejeito que foram coletadas nas áreas afetadas, torna-os mais
compactados ao longo do tempo, possivelmente diminuindo a capacidade de
locomoção dos organismos em estudo e, contudo, a habilidade de conseguir
alimento.

CONCLUSÃO

Existem diversas barragens de rejeito de mineração espalhadas pelo país e os


riscos de rompimento são evidentes. Os resultados obtidos demonstram que os
rejeitos de mineração de ferro possuem elevadas concentrações de diferentes
metais que podem provocar efeitos aditivos ou sinergéticos aos organismos vivos. O
rejeito coletado nas áreas afetadas é tóxico às espécies testadas e a exposição
provoca redução na reprodução de organismos edáficos e deficiência no
crescimento vegetal. Os resultados dos ensaios ecotoxicológicos podem subsidiar
informações para discussão entre órgãos ambientais, academia e empresa
responsável pela recuperação dos danos sobre as condições necessárias à
restauração ecológica do ecossistema.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CESAR, R.G.; CASTILHOS, Z.C.; RODRIGUES, A.P.C.; BIDONE, E.D.; EGLER,


S.G.; POLIVANOV, H. (Eco)toxicologia de Metais em Solos: Conceitos, Métodos e
Interface com a Geoquímica Ambiental. Rio de Janeiro: CETEM/MCTI, 2014. 100p.
(Série Tecnologia Ambiental, 69).
INTERNATIONAL ORGANIZATION FOR STANDARDIZATION. ISO, 11267: Soil
Quality e Inhibition of Reproduction of Collembola (Folsomia candida) by Soil
Pollutants.Geneva, Switzerland, 1999.
______.ISO, 11387: Soil Quality Effects of Pollutants on Enchytraeidae -
Determination of Effects on Reproduction and survival. Geneva, Switzerland, 2003.

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

______. ISO. 11269: Soil quality – Determination of the effects of pollutants on soil
flora: part 2, 2005
LEPSCH, I.F. Solos: formação e conservação. 5 ed. São Paulo: Melhoramentos,
1993.
VERVLOET, R.J.H.M. A geomorfologia da região derompimento da barragem da
Samarco. In: MILANEZ, B.; LOSEKANN, C. Desastre no Vale do Rio Doce. Editora
Folio Digital, Rio de Janeiro, 2016.

FONTES FINANCIADORAS

Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES

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Oral
Efeito de contaminantes inorgânicos
306 - POTENCIAIS EFEITOS TÓXICOS À SAÚDE HUMANA PELA EXPOSIÇÃO A
REJEITOS DE MINERAÇÃO DE FERRO

OTNIEL ALENCAR BANDEIRA, OBEDE RODRIGUES ALVES, EVALDO LUIS GAETA


ESPINDOLA, SUSANA INÊS SEGURA-MUÑOZ
Contato: OTNIEL ALENCAR BANDEIRA - OTNIELALENCAR@GMAIL.COM

Palavras-chave: toxicologia; saúde pública; metais

INTRODUÇÃO

Em 2015, uma das barragens de rejeito da mineradora Samarco (Mariana/MG),


rompeu provocando diversas consequências socioambientais. A comunidade
afetada encontra-se em situação de vulnerabilidade social e possui muitas
preocupações com relação à existência ou não de toxicidade da lama e quais os
problemas de saúde advindos pela exposição diária ao rejeito. Diante dos
questionamentos da população afetada pelo desastre, o objetivo desta pesquisa foi
investigar os principais elementos tóxicos encontrados nas águas e lama
depositadas da Bacia do Rio Doce após o rompimento da barragem, a fim de
apontar potenciais efeitos tóxicos à saúde da população exposta aos contaminantes.

METODOLOGIA

A revisão dos níveis de metais encontrados em diferentes matrizes ambientais após


o desastre, será realizada por meio de pesquisa nos seguintes documentos e
estudos: Relatórios do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis – IBAMA, Agência Nacional das Águas – ANA, Ministério Público – MP,
Instituto Mineiro de Gestão das Águas – IGAM, Serviço Autônomo de Água e Esgoto
– SAAE (MINAS GERAIS, 2017; BRASIL, 2015 e 2016); relatórios divulgados pelo
Grupo Independente de Avaliação do Impacto Ambiental - GIAIA que é composto
por um coletivo de pesquisadores-cidadãos que realizaram diversas expedições às
áreas afetadas pela lama e geraram informações relevantes sobre o desastre
(GIAIA, 2016 e 2017). Posteriormente, os estudos selecionados passaram pelos três
processos de leitura, definidos por Gil (1994), a saber: leitura exploratória - para
verificar o interesse à pesquisa; leitura seletiva - para estabelecer o que será
empregado no trabalho; e por fim a leitura analítica - para determinar a ordenação
da apresentação dos resultados.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os quatro elementos químicos de maior concentração encontrados na água e


sedimento foram: Fe, Mn, Al, Pb, Cd e As. As concentrações de Fe, Mn, Pb e Al na
água foram de 6,75; 103,8; 0,05 e 2,39 mg/L, respectivamente. A intoxicação
humana por ferro pode ocorrer tanto de forma aguda como crônica. Geralmente, na
intoxicação aguda ocorrem sintomas como diarreia, náuseas, vômitos, sangramento
gastrointestinal, falência do fígado e dos rins e estreitamento do trato gastrintestinal,
pois o ferro é corrosivo à mucosa gástrica (RIORDAN, 2002; TEPANOSYAN et al.,
2017). Na intoxicação crônica, provocada pela constante ingestão de água e

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

alimentos contaminados por ferro, os indivíduos podem desenvolver doenças


cardiovasculares por radicais livres e algumas doenças degenerativas do sistema
nervoso como déficit cognitivo, desordens neurológicas e demência (ROBERTI et
al., 2011). A toxicidade aguda por exposição a altas concentrações de manganês
nos alimentos, água e ar podem provocar inflamação nos pulmões desenvolvendo
sintomas como tosse seca, náuseas, dor de cabeça, fadiga e dispneia (PRATES,
2011). Na exposição crônica, afeta os pulmões, sistema nervoso central, diminuição
dos fatores coagulantes dependentes da vitamina K, aumento dos níveis sanguíneos
de cálcio e fósforo, infertilidade, diminuição do crescimento e distúrbios ao nível do
esqueleto (WHO, 1981; MA et al., 2017). A exposição aguda a poeiras de alumínio
provoca irritação das vias aéreas, tosse, broncoespasmo e fibrose pulmonar. O
alumínio pode se acumular nos ossos, rins e sistema nervoso central. As reações
crônicas são: encefalopatia, osteomalacia e anemia microcítica (ANDRADE FILHO
et al., 2013). O chumbo é altamente tóxico aos seres humanos e a exposição ao
metal desenvolve um quadro conhecido como saturnismo ou plumbismo. A
acumulação do chumbo no organismo afeta todos os órgãos e sistema do corpo,
quando não leva a óbito, os efeitos sistêmicos são cardiovasculares, gastrintestinais,
hematológicos, renais, endócrinos, neurológicos, imunológicos, reprodutivos e
carcinogênicos (MOREIRA; MOREIRA, 2004; ZHANG et al., 2017).

CONCLUSÃO

Ainda existe um grande contingente populacional habitando as áreas afetadas pelo


rejeito e que dependem diretamente do solo para atividades agrícolas, das águas
para abastecimento, irrigação e dessedentação de animais. São diversas as vias de
exposição dessa comunidade aos contaminantes, tais como: inalação da poeira,
ingestão de água, ingestão de alimento, ingestão de solo e contato dérmico. As
diferentes formas de exposição humana aos metais pode provocar efeitos a longo
prazo sobre a saúde humana, como o desenvolvimento de câncer, malformações
congênitas, além do aumento de doenças ainda não totalmente conhecidas (PAGE
et al., 2014).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Efeito de contaminantes inorgânicos
318 - AVALIAÇÃO DE MERCÚRIO DA RESERVA BIOLÓGICA DO JARU - RO

CLÁVIO MOMO ZIEMNICZAK, JOAQUIM PEDRO MACHADO DE ASSIS, MARIA


CRISTINA NERY DO NASCIMENTO RECKTENVALD, CÉLIA CEOLIN BAÍA, JOSILENA
DE JESUS LAUREANO, AMANDA SOBRINHO NEVES, IGOR DAVID DA COSTA,
WANDERLEY RODRIGUES BASTOS, ELISABETE LOURDES NASCIMENTO
Contato: AMANDA SOBRINHO NEVES - AMANDANEVESSOBRINHO@GMAIL.COM

Palavras-chave: Amazônia; reserva biológica; mercúrio

INTRODUÇÃO

O Hg na Amazônia vêm sendo estudado há mais de três décadas. Autores sugerem


que o solo e sedimento da região apresentam concentrações naturalmente
elevadas, sendo esta, uma possível explicação aos níveis encontrados nos peixes
(AKAGI & NAGANUMA, 2000; WASSERMAN et al., 2003; BASTOS et al, 2006). Sua
principal fonte antrópica, ocorre através da mineração de ouro (Villas Boas, 1997), o
transporte atmosférico (HACON et al., 1997; Artaxo et al., 2000) e o
desflorestamento (CORDEIRO et al., 2002; ALMEIDA et al., 2005). Desta forma,
objetivou-se avaliar a concentração de Hg em amostras ambientais de uma unidade
de conservação de Rondônia.

METODOLOGIA

A área em estudo corresponde a Reserva Biológica do Jaru, a qual está localizada


no município de Ji Paraná -Rondônia (10° 04’ 08.3” S e 61° 58’ 55.8” W).A
amostragemde solo e sedimento foi realizada nos meses de março e junho de 2017
em 9 pontos, sendo 5 no interior da unidade de conservação e 4 na zona de
amortecimento. O solo foi coletado utilizando-se uma cavadeira, e o sedimento foi
coletado em 5 rios: Azul, Machado, Jaru, Anarí, Tarumã e Grande, para tanto, usou-
se uma draga deEckman, sendo o sedimento armazenado em sacos plásticos e
mantidos resfriados. Tanto o solo quanto o sedimento foram peneirados em peneira
(200 mesh), secos em estufa a 60º C, e posteriormente macerados. A coleta dos
peixes ocorreu no mesmo período, porém, em apenas um ponto, localizado no rio
Tarumã no interior da unidade de conservação. Para a captura dos peixes, foram
utilizadas redes com malhas de diferentes tamanhos (60 a 200mm) afim de se obter
maior número de espécies. As concentrações de Mercúrio Total (HgT) foram obtidas
através da técnica de solubilização química (3H2SO4:HNO3) e determinação por
Espectrofotometria de absorção atômica por geração de vapor frio (FIMS-400).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

As concentrações de Hg encontradas no solo, variaram de 0,067mg.kg -1 a


0,132mg.kg-1 com média de 0,103mg.kg-1. De acordo com a resolução CONAMA
420/2009, tais valores apresentam-se abaixo do valor de prevenção de 0,5mg.kg-1.
No sedimento a variação foi de 0,045mg.kg-1 a 0,097mg.kg-1 e a média foi de 0,069
mg.kg-1. De acordo com Lacerda et al. (1987), valores abaixo de 0,1mg.kg-1 para
sedimento podem ser consideradosde origem natural.Foi analisada a concentração

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

de Hg em 28 peixes entre onívoros e carnívoros de 8 espécies diferentes, sendo: 10


Hidrolycus armatus (Cachorra),6 Bryconam azonicus (Matrinxã), 4 Myloplus amatus
(Pacu), 2 Serrasalmus rhombeus (Piranha Preta), 2 Prochilodus nigricans
(Curimatã), 1 Leporinus sp. (Piau), 1 Leporinustri maculatus (Piau Branco), 1
Plasgiosciums quamosissimus (Pescada Branca) e 1 Pseudoplatystoma fasciatum
(Cachara). Entre os onívoros, as espécies Myloplus rubripinnis (Pacu) e Brycon
amazonicus (Matrinxã), apresentaram a menor 0,019mg.kg-1 e a maior concentração
0,802mg.kg-1. Entre os carnívoros, a menor concentração foi encontrada na espécie
Hydrolycus armatus (Cachorra) 0,585mg.kg-1 e a máxima na espécie
Pseudoplatystoma fasciatum (Cachara) 1,703 mg.kg-1. De acordo com os resultados
obtidos, todos os peixes de hábito carnívoro apresentaram concentrações de Hg
superiores ao limite de segurança estipulado pela Organização Mundial da Saúde
(OMS), que é de 0,5mg.kg-1, evidenciando a bioacumulação e biomagnificação do
mercúrio entre os peixes predadores e não predadores. No Brasil, com relação ao
consumo e a frequência para um adulto o limite máximo permitido pelo Ministério da
Saúde é o consumo de 400 g de pescado por semana à uma concentração de 0,5
mg.kg-1 de Hg para peixes não predadores e 1,0 mg.Kg-1 para predadores.

CONCLUSÃO

Devido ao potencial tóxico do mercúrio, recomenda-se a restrição do consumo


humano de espécies que apresentaram concentrações acima do preconizado pela
OMS. Apesar dos valores de Hg estarem próximos ao de regiões onde há atividade
garimpeira (AMEIDA et al. 2012; BASTOS et al 2016), acredita-se que as
concentrações encontradas nas matrizes ambientais estudadas na Reserva
Biológica do Jaru, estejam relacionadas à ocorrência natural do Hg no ambiente,
assim como ocorre em outras regiões da Amazônia, como a Bacia do Rio Negro
(OLIVEIRA, 2007).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AKAGI, H.; NAGANUMA, A. Human exposure to mercury and the accumulation of


methylmercury that is associated with gold mining in the Amazon Basin, Brazil.
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NASCIMENTO, E.L.; BERNARDI, J.V.E.; LACERDA, L.D.; SILVEIRA, E.G.;
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Madeira River Basin, Amazon, Brazil. Science of the Total Environmet, v. 368, p.
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Tolerância para Contaminantes Inorgânicos. Brasília: Ministério da Saúde; 1998.
CORDEIRO, R.C. et al. Forest fire indicators and mercury deposition in an intense
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n. 5, p. 336-342, 2003.

FONTES FINANCIADORAS

Grupo de Pesquisas em Águas Superficiais e Subterrâneas-GPEASS/Universidade


Federal de Rondônia-UNIR. Instituto Chico Mendes de Conservação da
Biodiversidade-ICMBio/Rebio Jaru.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Oral
Efeito de contaminantes inorgânicos
331 - AVALIAÇÃO DA QUALIDADE AMBIENTAL DOS CURSOS HÍDRICOS
AFETADOS PELO VAZAMENTO DE POLPA DE MINÉRIO DE FERRO EM SANTO
ANTÔNIO DO GRAMA/MG

FERNANDO AQUINOGA DE MELLO, RAFAELA MENDES NASCIMENTO, LUCAS


BUENO MENDES, KÁTIA REGINA CHAGAS, BRUNA HORVATH VIEIRA, TALLES
MONTEIRO ULHOA, GILCIMAR OLIVEIRA, TATIANA HEID FURLEY
Contato: FERNANDO AQUINOGA DE MELLO - FERNANDO@APLYSIA.COM.BR

Palavras-chave: vazamento, ensaios ecotoxicológicos, avaliação baseada em efeito

INTRODUÇÃO
Nos dias 12 e 29 de março de 2018 ocorreram dois vazamentos de polpa de minério
de ferro de um mineroduto, atingindo o córrego Santo Antônio do Grama – MG. A
partir do ocorrido foi implantado um plano de monitoramento que englobou a
realização de ensaios ecotoxicológicos e físico-químicos em amostras de água
superficial. A avaliação dos efeitos das amostras aos organismos permite conhecer
o produtório da interação entre as substâncias e a biodisponibilidade dos
contaminantes, informações que não se consegue quando utilizadas apenas
análises físico-químicas. O objetivo desse estudo foi avaliar os resultados obtidos
nos primeiros meses de monitoramento.
METODOLOGIA
Foram reunidos resultados ecotóxicológicos e físico-químicos (metais totais e
dissolvidos, série de sólidos, turbidez, coliformes termotolerantes, nutrientes,
oxigênio dissolvido, pH, condutividade) de amostras de água superficial, amostrados
em 17 pontos, incluindo locais a montante e a jusante do vazamento, ao longo do
ribeirão Santo Antônio do Grama (SAG), rio Casca e rio Doce. Foram analisados 284
ensaios de ecotoxicidade agudos com a bactéria Vibrio fisheri e 66 com o
microcrustáceo Daphnia similis, 66 ensaios agudos e 66 crônicos com o peixe Danio
rerio e 66 ensaios crônicos com o microcrustáceo Ceriodaphnia dubia. Todos os
ensaios foram realizados de acordo com as recomendações das respectivas normas
ABNT. As análises físico-químicas incluíram, dentre outros parâmetros, os metais
que possuem relação com o vazamento (ferro, manganês, alumínio), turbidez,
sólidos suspensos totais (SST), coliformes termotolerantes, nutrientes, oxigênio
dissolvido, pH e condutividade. Os resultados dos ensaios ecotoxicológicos e dos
parâmetros físico-químicos foram analisados em relação à análise espacial e
temporal, visando identificar as principais alterações decorrentes do vazamento ou
das ações de mitigação.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os parâmetros que demonstraram ter maior relação com o vazamento foram SST,
turbidez e manganês total. Baseado na avaliação espacial, foram verificadas
alterações momentâneas na qualidade da água do ribeirão SAG decorrentes
principalmente das atividades de remoção do material vazado e da ocorrência de
chuvas na região. Contudo, os resultados indicaram que, mesmo em momentos

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

próximos aos vazamentos, os valores de turbidez estiveram dentro da faixa


naturalmente registrada nos cursos hídricos locais. Além disso, os resultados
evidenciaram que a extensão da pluma se restringiu ao ribeirão Santo Antônio do
Grama, percorrendo aproximadamente 21 km entre o local do vazamento e a
confluência com o rio Casca. Em relação a análise temporal, os metais ferro e
alumínio totais acompanharam os níveis de turbidez e apresentaram forte correlação
com a mesma, 86% (ferro) e 89% (alumínio). Como estes metais apresentam baixa
solubilidade em água, é esperado que a maior fração esteja em suspensão,
confirmando o comportamento registrado.
Quanto aos ensaios de toxicidade, os resultados indicaram ausência de
ecotoxicidade aguda. Não foi observado efeito crônico para o peixe Danio rerio, por
outro lado, verificou-se efeito na reprodução do microcrustáceo Ceriodaphnia dubia.
No rio Doce, os níveis de ecotoxicidade para o microcrustáceo se mantiveram os
mesmos nos pontos a montante e a jusante da confluência com o rio Casca,
indicando que o vazamento não agregou ecotoxicidade no referido curso hídrico.
Verificou-se padrão similar no rio Casca em relação à confluência com o ribeirão
SAG, com exceção de três dias, quando os resultados foram mais elevados ora a
montante, ora a jusante. Em relação ao ribeirão SAG, foi evidenciado aumento da
ecotoxicidade crônica a partir dos pontos sob influência do vazamento, efeito
provavelmente relacionado aos sólidos em suspensão. Por ser um organismo
filtrador, o microcrustáceo é potencialmente afetado em situações de elevadas
concentrações de partículas em suspensão devido à obstrução das estruturas
alimentares, reduzindo a eficiência da alimentação, consequentemente, afetando as
taxas de desenvolvimento, promovendo estresse no organismo e até mortalidade
(HYNES, 1970). Resultados similares foram obtidos em amostras do rio Doce após o
rompimento da barragem de Fundão, onde a ecotoxicidade crônica foi atribuída
principalmente aos efeitos decorrentes da presença de partículas em suspensão na
água (MELLO et al., 2017). Tal indicativo é reforçado pela ocorrência de
ecotoxicidade crônica nos pontos a montante do ribeirão SAG, em momentos de
intensa precipitação e aumento nos valores de turbidez e de SST.
CONCLUSÃO
As análises físico químicas demonstraram que as concentrações de SST, turbidez e
manganês total apresentaram maior relação com o vazamento, apesar das chuvas e
das atividades de remoção também influenciarem esses parâmetros. Foi observada
ausência de ecotoxicidade aguda. Quanto aos ensaios crônicos, foi verificada
ausência de ecotoxicidade para o organismo Danio rerio, enquanto que para o
organismo filtrador Ceriodaphnia dubia, os resultados apontam para ocorrência de
ecotoxicidade crônica nos primeiros dias de monitoramento, o que pode estar
relacionado principalmente a efeitos físicos decorrentes da presença de sólidos em
suspensão na água.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
HYNES, H.B.N. The Ecology of Running Waters. Liverpool University Press,
Liverpool, 1970.
MELLO, F.A.; MENDES, L.B.; CAMPELO, R.P.; MEDEIROS, L.C.; PIMENTA, P.V.;
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12th, 2017, Santos. Abstract book. Santos: Universidade Santa Cecília. p.53, 2017.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Efeito de contaminantes inorgânicos
347 - AVALIAÇÃO DA TOXICIDADE AGUDA EM GIRINOS DA ESPÉCIE
Lithobates catesbeianus EXPOSTOS AO REJEITO DE MINERAÇÃO
PROVENIENTE DO ROMPIMENTO DA BARRAGEM DE FUNDÃO (MARIANA-
MG)

LAIS GIROTTO, EVALDO LUIZ GAETA ESPÍNDOLA, JULIANE SILBERSCHMIDT


FREITAS
Contato: LAIS GIROTTO - LAGIROTTO@HOTMAIL.COM

Palavras-chave: Mineração; desastres ambientais; anfíbios; conservação

INTRODUÇÃO

O rompimento da Barragem do Fundão (Mariana-MG) resultou no derramamento de


62 milhões de m³ de rejeito de mineração nos ecossistemas aquáticos e terrestres
da bacia do Rio Doce. Apesar da magnitude dos impactos ocasionados, poucas
informações estão disponíveis sobre as reais consequências deste desastre
ambiental, sobretudo para os grupos mais vulneráveis, como os anfíbios, os quais
têm na contaminação de habitats um dos principais fatores que contribuem para seu
declínio. Dentro deste contexto, procurou-se, nesta pesquisa, simular as condições
de exposição da espécie L. catesbeianus em escala laboratorial, avaliando os efeitos
agudos e comportamentais do rejeito sobre os anfíbios.

METODOLOGIA

Para os testes de exposição aguda, girinos de Lithobates catesbeianus (estágio 25;


Gosner, 1960) foram expostos a cinco concentrações do rejeito coletado na região
atingida pelo rompimento da Barragem do Fundão, no distrito de Paracatu de Baixo
(Mariana-MG). As exposições foram realizadas em temperatura e fotoperíodo
constantes (25°C/12h:12h) por 96 horas. A solução estoque foi preparada
adicionando 50g do rejeito em 1L de água, quantidade máxima de soluto que não
apresentou deposição imediata (turbidez: 3240UNT). Foram analisadas, em
triplicata, cinco diluições da solução estoque, sendo elas 100%, 75%, 50%, 25% e
10% (relação volume de solução estoque/volume total), além do grupo controle,
contendo somente água. A mortalidade foi registrada diariamente. Para as
concentrações subletais foi avaliada a capacidade natatória dos girinos. Para isso,
três girinos de cada réplica foram transferidos para um recipiente contendo água
limpa e tiveram sua trajetória e natação registradas após três estímulos de toque,
durante um período de 1 minuto. Os vídeos foram avaliados pelo software de análise
de movimento Kinovea, e os dados de distância total percorrida e velocidade
máxima de resposta aos estímulos foram obtidos e comparados por meio do teste
de comparações múltiplas Kruskal-Wallis. Atribuiu-se o valor de P<0.05 para
significância estatística.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Ao final das 96 horas, não foi registrada mortalidade dos organismos expostos às
diferentes concentrações do rejeito de mineração. Sendo assim, todas as

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

concentrações utilizadas foram consideradas subletais e, portanto, a capacidade


natatória dos girinos foi avaliada em todas elas. Considerando a distância total
percorrida como endpoint, nenhum dos tratamentos apresentou diferença em
relação ao grupo controle. Entretanto, ao avaliar a velocidade máxima de reação ao
estímulo, na concentração composta por 100% de solução estoque (3240UNT),
verificou-se um declínio significativo quando comparada com o grupo controle
(p=0.003132), sendo esta considerada, portanto, a Concentração de Efeito
Observado (CEO) para girinos expostos ao rejeito. Ainda com relação à velocidade
máxima de reação ao estímulo, a maior Concentração de Efeito Não Observado
(CENO) foi a de 75%. Em relação aos aspectos ecológicos, um decréscimo na
reação aos estímulos pode afetar o desempenho dos girinos em situações
ambientais envolvendo cadeia trófica, tais como no comportamento de fuga. A maior
vulnerabilidade a predadores pode, em um panorama mais amplo, influenciar
populações de anfíbios distribuídas em ambientes específicos. É preciso ressaltar
ainda que as condições obtidas no laboratório para simular a turbidez alcançada
pelo rejeito logo após o desastre, ocorrido em Mariana-MG, foram menos intensas
que as respectivas condições reais. Por exemplo, a turbidez registrada logo após o
desastre foi de cerca de 600.000 UNT, enquanto a turbidez máxima obtida em
laboratório foi de 3240 UNT. Os resultados prévios desse trabalho mostram que os
efeitos causados pelo derramamento do rejeito de mineração podem ser mais
severos do que os efeitos divulgados até o momento. Embora a exposição aguda ao
rejeito não provoque mortalidade direta em girinos, nas condições avaliadas, sabe-
se que diferentes alterações fisiológicas influenciando a capacidade natatória de
animais aquáticos podem, em termos de exposição crônica, influenciar a estrutura
populacional desses animais. Portanto, a fim de complementar os resultados obtidos
e entender melhor os efeitos subletais dos efeitos da exposição de anfibios ao rejeito
proveniente do desastre de Mariana, MG, serão posteriormente realizados testes de
exposição crônica de 28 dias e análises de comportamento de evitamento.

CONCLUSÃO

Avaliamos neste trabalho os efeitos ecotoxicológicos do rejeito de mineração


proveniente do rompimento da Barragem do Fundão em anfíbios. Considerando
apenas a mortalidade como endpoint, o rejeito poderia ser erroneamente
considerado como não tóxico. Entretanto, ao avaliar aspectos como a velocidade
máxima de resposta a estímulos, verificou-se que tais condições subletais podem
afetar a fisiologia de girinos. Vale ressaltar que as condições laboratoriais não foram
tão intensas quanto o desastre, e para ajudar a elucidar como a exposição aos
rejeitos de mineração pode afetar a população de anfíbios e a dinâmica
ecossistêmica em longo prazo, outros testes serão realizados.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

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892
XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Efeito de contaminantes inorgânicos
391 - EFEITOS DA EXPOSIÇÃO AGUDA (24H) AO ARSÊNIO PARA UMA
ESPÉCIE DE PEIXE NEOTROPICAL (Prochilodus lineatus)

KATHYA ASSMANN MODESTO, CLAUDIA BUENO DOS REIS MARTINEZ


Contato: CLAUDIA BUENO DOS REIS MARTINEZ - CLAUDIABRMARTINEZ@GMAIL.COM

Palavras-chave: Hematologia; Estresse oxidativo; Acetilcolinesterase

INTRODUÇÃO

Metais são constantemente introduzidos no ambiente aquático e por serem de difícil


degradação, tendem a se acumular na agua e sedimentos, e consequentemente nos
animais que vivem nesse meio, alterando sua fisiologia. O arsênio (As) é um
metaloide que na natureza pode ocorrer de forma orgânica ou inorgânica, sendo a
última mais tóxica. Sabe-se também que sua toxicidade aumenta em pHs mais
ácidos e em temperaturas mais elevadas. Entretanto, os estudos sobre a toxicidade
do As ainda são escassos, principalmente com a fauna aquática. Assim, o objetivo
desse trabalho foi avaliar o seu efeito para um peixe neotropical (Prochilodus
lineatus).

METODOLOGIA

Juvenis de P. lineatus (N=32; 15,02±0,83 cm; 42,7±4,58 g) foram aclimatados em


laboratório por 7 dias e alimentados até 24h antes do experimento. Após
aclimatação, cada espécie foi submetida a testes de toxicidade aguda (24h), em
aquários individuais, contendo apenas água desclorada (CTR; N=8) ou arsênio, em
três concentrações: 0,1 μg L-1 (As 0,1; N=8), 10 μg L-1 (As 10; N=8) e 1000 μg L-1
(As1000; N=8). Após 24h, os animais foram anestesiados e o sangue retirado para
as análises sanguíneas de número de eritrócitos, hemoglobina e hematócrito. Em
seguida, os animais foram mortos por secção medular e tiveram fígado e cérebro
retirados. No fígado, foram avaliadas a concentração de glutationa (GSH) e a
ocorrência de peroxidação lipídica (LPO). No cérebro foi avaliado a atividade da
enzima acetilcolinesterase (AChE). Os resultados foram comparados (ANOVA) entre
os quatro grupos (CTR, As 0,1, As10e As1000) e foram considerados significativos
valores de P < 0,05.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Nos parâmetros sanguíneos analisados, observou-se uma discreta diminuição do


número de células vermelhas, na concentração de hemoglobina e no hematócrito
dos peixes expostos ao As, já na menor concentração testada (0,1 μg L -1),
entretanto essa diminuição não foi estatisticamente significativa. Com relação a
concentração de GSH no fígado, verificou-se uma tendência de aumento nos peixes
expostos a todas as concentrações de As testadas. Sabe-se que o tripeptídeo
glutationa é utilizado como substrato para enzimas de biotransformação e
antioxidantes, mas que a GSH também desempenha um importante papel como
antioxidante não enzimático, agindo diretamente para neutralizar as espécies
reativas de oxigênio (ERO). Os metais em geral podem interferir na cadeia

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

transportadora de elétrons aumentando a produção das ERO, assim a célula


responde aumentando a síntese de GSH para tentar neutralizar essas espécies
reativas. Quando as defesas antioxidantes da célula não são suficientes para
neutralizar as ERO, uma consequência comum é a peroxidação dos lipídeos das
membranas. Analisando-se os valores de LPO, pode-se observar que não houve
aumento de lipoperoxidação hepática nos peixes expostos a nenhuma das
concentrações testadas. Entretanto observou-se uma tendência de diminuição de
LPO no fígado dos peixes expostos à maior concentração de As testada (1000 μg L -
1
). Esse resultado corrobora a hipótese acima, pois neste caso, o aumento na
concentração de GSH pode ter sido suficiente para aumentar a capacidade
antioxidante da célula, diminuindo a peroxidação de lipídeos na mesma. Não foram
observadas alterações na atividade da acetilcolinesterase no cérebro dos animais
expostos a nenhuma das concentrações testadas.

CONCLUSÃO

Um discreto aumento na concentração do peptídeo GSH pode indicar um possível


aumento na geração de ERO. Esse aumento da atividade antioxidante não
enzimática parece ter sido suficiente para impedir a geração de danos oxidativos.
Embora tenhamos observado alterações discretas nos parâmetros analisados, as
mesmas não foram estatisticamente significativas. Possivelmente o tempo de
exposição (24 horas) não tenha sido suficiente para produzir resultados mais
relevantes. Assim, faz se necessário outros estudos com tempos de exposição
maiores para verificar se essas alterações são mantidas e entender melhor a ação
deste metaloide na espécie de peixe estudada.

FONTES FINANCIADORAS

CNPq (Processo 476910/2011-0) e Fundação Araucária (Convênio 186/2014).


CNPq, bolsa PQ para CBR Martinez.

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Efeito de contaminantes inorgânicos
399 - EFEITOS DO COBRE E DO CÁDMIO, ISOLADOS E EM MISTURA, NO
PEIXE Geophagus brasiliensis: PARÂMETROS HEMATOLÓGICOS E
BIOMARCADORES DE ESTRESSE OXIDATIVO

ANGÉLICA ALVES DE PAULA, CLAUDIA BUENO DOS REIS MARTINEZ


Contato: ANGÉLICA ALVES DE PAULA - GEH_AAP@HOTMAIL.COM

Palavras-chave: metal; lipoperoxidação; peixe neotropical

INTRODUÇÃO

A toxicologia dos metais é amplamente estudada, porém, muitos trabalhos buscam


ainda verificar a toxicidade desses elementos químicos individualmente e, em razão
disso, regulamentações acerca das concentrações de metais permitidas na água
ainda são pautadas, principalmente, nos seus efeitos isolados. No entanto, no
ambiente aquático, os organismos estão, geralmente, expostos a misturas de
contaminantes. Assim, tendo em vista a escassez de trabalhos que abordem a
interação desses compostos, objetivou-se avaliar os efeitos de dois metais que
ocorrem comumente em águas poluídas, o cobre e o cádmio, isolados e em mistura,
no peixe Geophagus brasiliensis.

METODOLOGIA

Adultos de G. brasiliensis (N=80 12,59±2,02 cm; 36,39±19,51 g) foram aclimatados e


alimentados até 24h antes do período experimental e, após, submetidos a três testes
de toxicidade aguda (96h), em aquários individuais: exposição ao Cobre (T-Cu;
N=32), ao Cádmio (T-Cd; N=32) e a mistura de ambos (T-Mistura; N=16). Em cada
teste, oito animais foram mantidos em água desclorada (CTR). No T-Cu e T-Cd mais
três grupos (N=8) foram expostos ao cobre (T-Cu) nas concentrações de: 5 μg L-1
(Cu5), 10 μg L-1 (Cu10) e 20 μg L-1 (Cu20) ou ao cádmio (T-Cd): 1 μg L-1 (Cd1), 10
μg L-1 (Cd10) e 100 μg L-1 (Cd100). Já no T-Mistura (MIX), oito peixes foram
expostos ao cobre+cádmio, na concentração de 10 μg L -1 cada. Decorrido 96h, os
animais foram anestesiados e o sangue retirado para análise dos parâmetros
hematológicos (hemoglobina, número de eritrócitos e hematócrito). Após secção
medular, brânquia e fígado foram extraídos para avaliação da lipoperoxidação
(LPO), atividade das enzimas Glutationa S-transferase (GST) e Catalase (CAT) e do
conteúdo de glutationa (GSH) (apenas no fígado). Os resultados obtidos nos
diferentes tratamentos foram comprados por meio de ANOVA ou Kruskal-Wallis (T-
Cu e T-Cd) e t de Student ou Mann-Whitney (T-Mistura).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Todas as concentrações testadas de cobre (Cu5, Cu10 e Cu20) e cádmio (Cd1,


Cd10, e Cd100) isoladas não causaram estresse oxidativo em G. brasiliensis. No
entanto, os resultados sugerem que quando em mistura, esses metais interferem
nas defesas antioxidantes e promovem dano oxidativo nessa espécie de peixe. Foi
observada uma redução do conteúdo de GSH no fígado do grupo MIX quando
comparado ao grupo controle. A GSH é um antioxidante não enzimático que pode

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

preferencialmente ser oxidada por espécies reativas de oxigênio, fazendo com que
essas moléculas sejam neutralizadas e sejam impedidas de danificar biomoléculas
de maior importância para o funcionamento celular, como lipídios e proteínas, por
exemplo. Portanto, a diminuição desse tripeptídeo (GSH) no fígado, pode indicar que
ela está sendo utilizada para neutralização de espécies reativas de oxigênio. No
entanto, a GSH parece não ter sido suficiente para combater o possível dano
oxidativo causado pela exposição a mistura dos metais, uma vez que houve um
aumento de LPO no fígado do grupo MIX. Por outro lado, uma diminuição dos danos
em lipídios foi observada na brânquia desse grupo, que pode ser devido a uma
possível rota de eliminação do produto da LPO. Outra defesa antioxidante avaliada
além da GSH foi a atividade enzimática da CAT, a qual mostrou diminuição na
brânquia do grupo MIX. Os metais podem ser capazes de ativar ou inativar enzimas
antioxidantes. Enquanto a ativação pode estar ligada a habilidade de induzir a
formação de espécies reativas de oxigênio, a interação dos metais com as proteínas
pode levar a inibição enzimática, o que pode ter ocorrido com a CAT nesse órgão.
Não houve alteração da atividade da CAT no fígado, assim como não foram
observadas alterações na atividade da enzima de biotransformação GST, tanto em
brânquia quanto em fígado. Os parâmetros hematológicos não se alteraram, tanto
nos peixes expostos aos metais isolados, quanto em mistura, exceto por uma
diminuição pontual do número de eritrócitos no grupo Cd10 quando comparado ao
controle.

CONCLUSÃO

Este trabalho ressalta a importância do estudo da toxicidade dos metais quando em


mistura. A concentração testada de 10 μg L-1 é permitida em água doce pela
legislação brasileira (CONAMA 357/2005) tanto para o cobre quanto para o cádmio.
Entretanto, quando em combinação, esses metais foram capazes de interferir nas
defesas antioxidantes e levar a danos oxidativos no peixe neotropical G. brasiliensis,
efeitos que não foram observados quando a espécie foi exposta aos metais isolados,
mesmo em concentrações mais altas.

FONTES FINANCIADORAS

CNPq (Processo 476910/2011-0) e Fundação Araucária (Convênio 186/2014).


CAPES, bolsa de doutorado para AA de Paula pelo PPGCB da UEL. CNPq, bolsa
PQ para CBR Martinez.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Oral
Efeito de contaminantes inorgânicos
401 - EXPOSIÇÃO PROLONGADA AO ZINCO PROMOVE ALTERAÇÕES
OSMORREGULATÓRIAS NO TELEÓSTEO NEOTROPICAL Prochilodus lineatus

MILLENA TEREZINHA CABRAL, CLAUDIA BUENO DOS REIS MARTINEZ


Contato: MILLENA TEREZINHA CABRAL - MILLENA.CABRAL@YAHOO.COM.BR

Palavras-chave: Íons plasmáticos; ATPases; anidrase carbônica

INTRODUÇÃO

O zinco (Zn) é um metal fundamental para o bom funcionamento do organismo em


pequenas quantidades. Diversas atividades antrópicas podem aumentar a sua
concentração no ambiente aquático, o que acarreta no aumento da quantidade de
metal disponível para ser absorvido pelos organismos. Quando presente em níveis
além do necessário, o Zn pode apresentar toxicidade, interferindo em enzimas
importantes para a osmorregulação, por exemplo. Logo, o intuito deste trabalho foi
verificar possíveis alterações em parâmetros fisiológicos de Prochilodus lineatus
após exposição ao Zn por 168 horas.

METODOLOGIA

Para este estudo, juvenis de P. lineatus (23,2 ± 2,8 g e 12,8 ± 0,5 cm) foram
fornecidos por pisciculturas da região e aclimatados em laboratório com condições
controladas por seis dias e alimentação a cada 48 h. Em seguida, os peixes foram
realocados para aquários de vidro, formando três grupos de exposição (n = 8
animais/grupo): controle (CTR) – apenas à água; Zn 0,2 – água + 0,2 mg L-1 de Zn;
Zn 2,0 – água + 2,0 mg L-1 de Zn, os quais foram expostos por 168 h com renovação
total do meio a cada 24 h. Após este período, os peixes foram anestesiados, o
sangue retirado para análise de hematócrito (Hcto), conteúdo de hemoglobina (Hb) e
número de eritrócitos (RBC), e então foram mortos para remoção dos órgãos. O
sangue foi centrifugado para análises plasmáticas (Na +, K+, Ca2+, Mg2+, Cl- e
glicemia), brânquias e rim foram utilizados para análise da atividade da Na +/K+-
ATPase, H+-ATPase, Ca2+-ATPase, Mg2+-ATPase e anidrase carbônica (AC), e no
fígado foi quantificado o glicogênio. Para comparação entre os resultados (CTR x Zn
0,2 x Zn 2,0) foi realizada análise de variância, seguido por um teste de
comparações múltiplas (SNK) quando indicado (p < 0,05).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O glicogênio hepático dos peixes do grupo Zn 0,2 diminuiu significativamente em


relação ao CTR, possivelmente para conservação dos níveis glicêmicos em função
do aumento da demanda energética pelo organismo na presença do Zn. A atividade
branquial da Na+/K+-ATPase foi reduzida significativamente nos dois grupos
expostos ao Zn, mostrando a interferência do metal na atividade desta enzima. Este
resultado refletiu diretamente na concentração de K+ dos animais expostos ao Zn 0,2
e 2,0, que mostrou aumento significativo em relação ao CTR. A Ca2+-ATPase
branquial dos peixes do grupo Zn 2,0 mostrou-se reduzida em relação ao CTR e ao
grupo Zn 0,2, e foi acompanhada por uma diminuição da concentração de Ca 2+

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

plasmático dos peixes do grupo Zn 2,0 em relação ao grupo Zn 0,2. A concentração


de Mg2+ dos peixes expostos às duas concentrações de Zn apresentou diminuição
em comparação ao CTR. Da mesma forma, a Mg2+-ATPase das brânquias
apresentou redução significativa em ambos os grupos expostos ao Zn, sendo que o
grupo Zn 2,0 foi 1,7x maior em comparação ao CTR. O Zn compete diretamente com
sítios de ligação de íons divalentes, alterando a permeabilidade de canais e
trocadores, neste caso, pode ter ocorrido uma competição do metal com o Ca2+ e
com o Mg2+, o que levou à diminuição na atividade das ATPases envolvidas na
absorção destes cátions na brânquia. Hcto, conteúdo de Hb, RBC, concentrações
plasmáticas de Na+, Cl- e glicose, e atividades enzimáticas da AC e H+-ATPase
branquiais e todas as enzimas renais analisadas não apresentaram diferenças
significativas entre os grupos após 168 h de exposição ao Zn.

CONCLUSÃO

Exposições prolongadas ao Zn acarretaram diminuição na atividade das enzimas


branquiais Na+/K+-ATPase, Ca2+-ATPase, Mg2+-ATPase, o que tornou o peixe
incapaz de manter as concentrações de K+, Ca2+ e Mg2+ em níveis normais, pois os
animais apresentaram hipocalemia, hipocalcemia e hipomagnesemia,
respectivamente. Estes parâmetros consolidam-se como consistentes
biomarcadores para avaliação de contaminação aquática prolongada por Zn. Desta
forma, as concentrações de Zn testadas, com base na Resolução CONAMA
357/2005, causaram diversos efeitos osmorregulatórios em P. lineatus e, portanto,
devem ser reformuladas.

FONTES FINANCIADORAS

CNPq (Processo 476910/2011-0) e Fundação Araucária (Convênio 186/2014).


CAPES, bolsa de mestrado para MT Cabral pelo PMPGCF na UEL. CNPq, bolsa PQ
para CBR Martinez.

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Efeito de contaminantes inorgânicos
428 - RESPOSTAS TÓXICAS DE Poecillia reticulata (CYPRINODONTIFORMES:
POECILIIDAE) EXPOSTAS A CONCENTRAÇÕES AMBIENTAIS DE METAIS NO
SEDIMENTO: UM ESTUDO DE CASO COM VALORES DA LEGISLAÇÃO
AMBIENTAL

PALOMA GUSSO-CHOUERI, LUCIANE ALVES MARANHO, RODRIGO BRASIL


CHOUERI, GUILHERME GUERRA, ALINE VECCHIO, DENIS MOLEDO DE SOUZA
ABESSA
Contato: PALOMA GUSSO-CHOUERI - PGUSSO@YAHOO.COM.BR

Palavras-chave: peixes; Biomarcadores; bioensaio; toxicidade aguda

INTRODUÇÃO

Estabelecer a relação entre contaminação ambiental (exposição) e respostas


biológicas (efeitos) em diferentes graus de severidade é importante para as
avaliações de risco ecológico de sedimentos. Os efeitos tóxicos de metais sobre a
biota aquática não são função apenas das concentrações de exposição e das
condições ambientais que interferem na biodisponibilidade destes contaminantes,
mas também da atividade bioquímica e fisiológica através das quais um organismo
lida com os níveis internos destes contaminantes e seus eventuais efeitos no
organismo. Este trabalho tem como objetivo avaliar a relação dose-resposta entre
exposição ambiental a metais em sedimento e respostas tóxicas em peixes.

METODOLOGIA

Indivíduos de Poecilia reticulata foram expostos, em condições de laboratório, a


sedimentos livres de contaminação fortificados com uma mistura de Cu, Pb, Zn e Hg
em 3 níveis de contaminação (referidas como baixa, moderada e elevada), mais um
tratamento controle negativo. A escolha das concentrações foi realizada
considerando os valores orientadores apresentados na CONAMA 454. Em cada
sistema-teste foram acondicionados 3L de sedimentos, sobre os quais foram
gentilmente adicionados 12L de água marinha reconstituída (salinidade 15), evitando
ressuspensão. Foram feitas 3 réplicas por tratamento. Após 48h de estabilização do
sistema-teste, 20 indivíduos foram adicionados a cada sistema-teste, os quais foram
acompanhados durante 14 dias, mantendo-se aeração constante, 22 °C ±2, 12:12h
luz:escuro. Salinidade e concentrações de oxigênio dissolvido e NH3 foram
monitoradas ao longo do tempo de exposição. A alimentação foi realizada a cada 48
horas com ração comercial para peixes (0,06g). Ao final do ensaio, os organismos
foram sedados, eutanasiados através de secção medular e dissecados para retirada
do fígado e musculatura axial para análises de biomarcadores (GST, GSH, GPX,
AChE, LPO e DNA). Previamente à exposição foram dissecados 20 organismos do
mesmo lote de indivíduos para análises das condições dos organismos a priori (T0).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os sedimentos fortificados com a concentração mais alta de metais causaram efeito


agudo, onde foi observada a mortalidade de todos os indivíduos já após 12 horas de

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

exposição. Este tratamento representa contaminação pouco acima de nível 2 da


CONAMA 454, o qual indica uma maior probabilidade de efeitos adversos à biota.
No entanto, estes resultados de toxicidade demonstram que a legislação ambiental
brasileira de qualidade de sedimentos pode ser pouco protetiva para a biota
aquática, uma vez que o nível de ação que exige estudos mais detalhados já
representa condições que acarretam 100% de mortalidade de peixes em curto
espaço de tempo. Os indivíduos dos demais tratamentos (moderado, baixo e
controle negativo) sobreviveram até o encerramento do ensaio (14 dias), quando
então tiveram seus tecidos dissecados para as análises bioquímicas. Os resultados
das análises bioquímicas demonstram que os metais podem causar respostas
oxidativas nos indivíduos. Os metais podem estimular a produção de espécies
reativas de oxigênio (ROS) através de diferentes vias, como NADPH oxidases,
sistemas de oxidação catalisados por metal através das reações de Fenton, ou até
mesmo através da depleção dos principais antioxidantes na célula, particularmente
moléculas que contém tióis. Consequentemente, o aumento da produção de
espécies reativas de oxigênio (ROS) desencadeia os mecanismos de defesa celular
aumentando a atividade de enzimas antioxidantes, como superóxido dismutase
(SOD), catalase (CAT), GST e GPx, e também aumentando a expressão de
moléculas “captadoras” de radicais livres (por exemplo , GSH). Estas respostas
podem ser usadas como biomarcadores de um estado pró-oxidante celular. O
presente estudo contribui para o estabelecimento de ferramentas sensíveis para
avaliação de risco ecológico e monitoramento da qualidade de sedimentos
estuarinos.

CONCLUSÃO

Considerando os resultados observados no presente estudo, considera-se que os


valores guia de metais, sugeridos pelo nível 2 da CONAMA 454, podem ser tóxicos
para os organismos sugerindo que a legislação ambiental pode não ser eficaz na
proteção da biota. Ademais observou-se também que metais em concentração
abaixo do nível 2 da CONAMA 454 podem afetar as respostas biológicas em nível
sub-individual. Esse estudo contribui para futuras revisões da legislação em relação
a qualidade de sedimentos e material dragado.

FONTES FINANCIADORAS

Paloma Kachel Gusso-Choueri agradece à Fapesp pela bolsa de Pós- Doutorado


(2017/04970-5); Luciane Alves Maranho agradece ao CNPq pela bolsa de Pós-
Doutorado (150934/2017-3) e Rodrigo Brasil Choueri agradece à Fapesp
(2017/07351-4) e ao CNPq (308079/2015-9)

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900
XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Efeito de contaminantes inorgânicos
450 - AÇÃO DO MERCÚRIO NO SISTEMA HEPATONEFROCÍTICO E
EXPRESSÃO DE HSP70, HSP90, SUPEROXIDO DISMUTASE E CITOCROMO
P450 EM Bombus atratus (HYMENOPTERA: BOMBINI)

PAULO JOSE BALSAMO, LETÍCIA CESCHI BERTOLI, MICHELE PROVASE, CINTIA


REQUIAO DE LIMA, VITOR HENRIQUE TOME, FÁBIO CAMARGO ABDALLA
Contato: PAULO JOSÉ BALSAMO - PAULOBALSAMO@HOTMAIL.COM

Palavras-chave: Mercurio; Bombus atratus; P450; SOD

INTRODUÇÃO

As abelhas são importantes bioindicadores, fornecendo informações precisas sobre


as condições ambientais através de diferentes tipos de analises, podendo ser
estudados a presença de resíduos de contaminantes em seus produtos, como cera,
mel e pólen, além de informações sobre suas alterações morfológicas e fisiológicas
utilizando órgãos e tecidos. Das cerca de 2540 espécies de Bombus, o Brasil possui
somente seis, sendo uma endêmica da região amazônica e existem relatos de
desaparecimento de populações da espécie Bombus bellicosus na região do Paraná
e Santa Catarina.

METODOLOGIA

A análise de órgãos internos de abelhas sob a óptica da ecotoxicologia é imperativa


para o melhor entendimento deste fenômeno. Muitos são os fatores que podem
afetar as abelhas, podendo incluir ações antrópica e por contaminações por metais.
Portanto, nós investigamos o efeito de 0,2 ppb e 110 ppb de mercúrio (Hg) no
sistema hepato-nefrocítico (HNS) em abelha Bombus atratus. As exposições foram
realizadas oferecendo soluções separadas de 0,2 μg L-1 e 110μg L-1 de mercúrio
para grupos experimentais (n = 11 para cada). As abelhas foram mantidas em
incubadora sob condições controladas de temperatura e umidade por 48h, mantidas
individualmente em caixas especiais com alimentação ad libitum. Analisamos a
morfologia de trofócitos, enócitos e células pericárdicas associadas à região
miogênica do vaso dorsal e utilizamos ensaios imunohistoquímicos para investigar
as expressões das chaperonas Hsp70 e Hsp90, enzima Superoxido Dismutase,
citocromo P450, DAPI + F-Actina (Alexa Fluor 488 faloidina), e técnicas de coloração
laranja de acridine (AO) para avaliar alterações no DNA.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados mostraram um efeito paradoxal entre as concentrações de mercúrio


em 0,2 ppb e 110 ppb no sistema hepatonefrocítico das abelhas. A 110 ppb Hg, os
trofócitos perderam seus característicos núcleos ramificados e apresentaram núcleo
arredondado, indicando perda de função regular; os enócitos com núcleos picnóticos
e vacúolos perinucleares e as células pericárdicas no estágio IV indicando alta
atividade de pinocitose. A expressão das proteínas Hsp70 e Hsp90 apresentou
redução drástica em relação ao grupo controle, sendo a expressão de SOD e P450
elevada no grupo exposto em comparação ao controle. A coloração de laranja de

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

acridina e DAPI + F-Actina confirmaram o colapso nuclear da célula. Por outro lado,
a concentração de 0,2 ppb de Hg indicaram o colapso total de trofócitos, enócitos e
células pericárdicas, sendo muito mais letal que 110 ppb e impactando
negativamente no sistema hepatonefrocítico como um todo. Assim, observamos a
possibilidade de que o mercúrio mesmo a doses baixas (0,2 ppb, cerca de 500
vezes menor que 110 ppb) e considerada uma dose ambientalmente segura para
qualidade de água segundo orgãos nacionais, pode ter uma ação mais drástica no
comprometimento de órgãos internos de abelhas. Observamos a mesma ação de
destruição do corpo gorduroso em abelhas em estudos anteriores, utilizando uma
concentração de 2 ppb de cádmio em B. morio e o pesticida neonicotinóide
thiamethoxam a uma concentração 10 vezes menor que a dose considerada subletal
para Apis mellifera africanizada. Estes resultados apresentados, juntamente a outros
experimentos prévios do grupo levam a um questionamento sobre a segurança das
doses consideradas ambientalmente seguras.

CONCLUSÃO

Com base em nossos estudos, hipotetizamos que com relação ao processo de


detoxificação em abelhas (1) as células do sistema hepatonefrocítico apresentam
diferentes níveis de sensibilidade para “detecção” de substâncias tóxicas, causando
(2) diferentes vias ou “gatilhos estratégicos” contra os xenobióticos e (3) de alguma
forma há uma via de sinalização entre as células que compõem o sistema
hepatonefrocítico, que ainda precisa ser profundamente estudado e corroborado,
pois as respostas ao mesmo xenobiótico pode ser influenciada pela concentração do
mesmo, e principalmente que a exposição a doses muito baixas podem ter um
impacto mais severo que doses mais altas.

FONTES FINANCIADORAS

FAPESP (processo 2017/06056-9), CNPq (processo 151982/2018-0), CAPES

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Efeito de contaminantes inorgânicos
462 - BAIXAS DOSES DE METAMIDOFÓS, GLIFOSATO E MANCOZEBE NÃO
ALTERAM A CONCENTRAÇÃO DE COLINESTERASE EM Poecilia reticulata

KAYO RODRIGO SANTOS BORGES, DANIEL RAMALHO SANTOS, JACIELE


APARECIDA MONTEIRO, GIOVANA GABRIELE CAMPOS LUIZ, WALTER DIAS JUNIOR
Contato: KAYO RODRIGO SANTOS BORGES - KAYORODRIGO.97@GMAIL.COM

Palavras-chave: Colinesterase; Agrotóxicos; Poecilia reticulata

INTRODUÇÃO

Devido ao aumento populacional a demanda de alimentos está cada vez maior,


consequentemente a agricultura Brasileira tem se tornado cada vez mais
dependente de insumos, principalmente de produtos fitossanitários, como os
agrotóxicos, os quais são muito utilizados também para manter uma alta
produtividade e qualidade dos alimentos. Um dos problemas causados pelo aumento
do uso de agrotóxicos é a contaminação das águas, e consequentemente, dos
organismos não-alvos como os peixes. Assim, o objetivo dessa pesquisa foi analisar
se a exposição ao Metamidofós, Glifosato e Mancozebe durante 15 dias traria
alguma alteração na concentração da colinesterase em Poecilia reticulata.

METODOLOGIA

Os animais foram divididos em 4 grupos experimentais (n=6 animais/tratamento),


sendo (Controle, Metamidofós, Glifosato e Mancozebe) para 15 dias de exposição,
totalizando 24 espécimes expostos. Para realização do experimento foi utilizado o
peixe Guaru (Poecilia reticulata) adultos, sexo feminino, obtidos na colônia do
Laboratório de Animais Aquáticos da UEG campus Ceres. As doses utilizadas foram:
Controle (sem tratamento); Metamidofós (12µg/L); Glifosato (500 µg/L); e
Mancozebe (180 µg/L), de acordo com o Valor Máximo Permitido (VPP) vigente na
Portaria nº 2,914, de 12 de dezembro de 2011 do MS (Ministério da Saúde GM), que
dispõe sobre os procedimentos de controle e de vigilância da qualidade da água
para consumo humano e seu padrão de potabilidade. As soluções com os
agrotóxicos foram adicionadas diretamente à água dos aquários experimentais por
gotejamento com renovação de 100% do volume do aquário. Os corpos dos animais
foram triturados individualmente em solução salina e o sobrenadante foi utilizado
para dosagem enzimática de colinesterase com kits específicos (Doles). Foram
coletados também dados físico-químicos da água dos aquários (pH, O2, amônia,
nitrito, dureza e temperatura) e medidas biométricas (peso, comprimento padrão,
total e altura). Para analise estatística foi utilizado teste t Student com nível de
confiança de 5%.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os valores de concentração da colinesterase (UI/mL) foram: Controle (2,6±1,4),


Metamidofós (2,3±1,4), Glifosato (1,9±0,5) e Mancozebe (1,6±1,4). Os parâmetros
físico-químicos da água foram: pH todos os aquários ficaram em 7,5 sem alteração
durante o período de exposição; oxigênio dissolvido (ppm) foi de 6±2 para controle e

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Metamidofós e 6,7±1,2 para Glifosato e 6,7±2,3 para Mancozebe; amônia (ppm)


Controle (0,8±0,4), Metamidofós (1±0), Glifosato (0,4±0,1), Mancozebe (0,5±0);
nitrito (ppm) Controle (0,6±0,4), Metamidofós (1,4±1,3), Glifosato (1,6±1,3),
Mancozebe (0,6±0,4); a temperatura foi de 24±0,5oC para todos os grupos. As
médias das medidas biométricas iniciais e finais não tiveram alterações após análise
estatística assim como todos os dados citados acima. Segundo Silva (2017) o
glifosato causa efeitos prejudiciais sobre gônadas de Danio rerio. A revisão sobre os
riscos ecotoxicológicos do metamidofós realizado por Diaz (2015) cita inúmeros
efeitos danosos do metamidofós para todos os organismos não-alvos, no qual se
incluem animais aquáticos, principalmente os peixes. Almeida Neto e Reis (2017)
afirmam que deve-se priorizar o meio ambiente quando se fala em água e
agrotóxicos, pois este recurso natural tem sido contaminado, e proporcionando
evidentes efeitos deletérios a saúde humana, e para todo os organismos não alvos
que de alguma forma entram em contato com os xenobióticos, seja diretamente ou
não. Um dos pontos que deve ser ressaltado é o manejo inadequado destes
reagentes, muitas vezes por falta de instrução. Apesar de não constatar alterações
na concentração da colinesterase e nem nos outros parâmetros avaliados, os efeitos
dos agrotóxicos, mesmo em baixas concentrações devem continuar a ser
estudados, inclusive, considerando sua exposição durante períodos prolongados.

CONCLUSÃO

A exposição durante 15 dias das doses vigentes na portaria nº 2914, de 12 de


Dezembro de 2011, de Metamidofós, Glifosato e Mancozebe não causam alteração
na concentração da enzima colinesterase, nos parâmetros biométricos. de P.
reticulata, e nem nos parâmetros físico-químicos da água dos aquários nos quais os
peixes foram expostos. No entanto, há necessidade de novas investigações e
estudos para avaliar seus efeitos em períodos mais longos de exposição.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

DA SILVA, T.Filipe; BARP, E.A.; ARMILIATO, N. Avaliação da toxicidade celular do


glifosato sobre as gônadas de Danio rerio (Cyprinidae). Saúde e meio ambiente:
revista interdisciplinar, v. 6, n. 1, p. 85-95, 2017.
DE ALMEIDA NETO, M.G.; REIS, R.B.S. Agrotóxicos em água para o Consumo
Humano. Id on Line REVISTA DE PSICOLOGIA, v. 10, n. 33, p. 274-282, 2017.
DIAZ, M.B. Riscos Ecotoxicológicos do Metamidofós. Revista Intertox de
Toxicologia, Risco Ambiental e Sociedade, v. 5, n. 1, 2015

FONTES FINANCIADORAS

Universidade Estadual de Goiás-UEG; Edital CCB/2017 – PVIC/UEG

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Efeito de contaminantes inorgânicos
474 - AVALIAÇÃO DA TOXICIDADE DO HERBICIDA PARAQUAT® E SEUS
EFEITOS SOBRE O COMPORTAMENTO DO PEIXE TAMBAQUI (Colossoma
macropomum, CUVIER, 1818)

SORAIA BAIA DOS SANTOS, ALESSANDRA DE SOUSA SILVA, MILENA DE SOUSA


VASCONCELOS, JOÃO DAVID BATISTA LISBÔA, LUCINEWTON SILVA DE MOURA,
MAXWELL BARBOSA DE SANTANA, RUY BESSA LOPES
Contato: SORAIA BAIA DOS SANTOS - SORAIABAIA_STM@HOTMAIL.COM

Palavras-chave: Colossoma macropomum; Alterações comportamentais; Estudo ecotoxicológico

INTRODUÇÃO

O uso intensivo de defensivos em áreas agrícolas adjacentes à corpos hídricos


resulta na contaminação aquática, e consequentemente, aumenta o risco de
diminuição na sobrevida de organismos não-alvos aquáticos (BRASIL, 2016). Os
herbicidas são os agrotóxicos mais utilizados no Brasil (ABRASCO, 2016).
Entretanto o paraquat considerado extremamente tóxico, bioacumulativo e altamente
persistente em solo, é comumente pulverizado em plantios de soja, milho e arroz
(ANVISA, 2013). Este por sua vez, é neurotóxico (SAUR et al., 2009), e provoca
morte neuronal (MARTINS, 2013). Dessa forma, objetivou-se avaliar sua toxicidade
para tambaqui, uma espécie de peixe nativa da Bacia Amazônica.

METODOLOGIA

Este estudo aprovado pelo CEUA de Nº 06004-2016 decorreu na Universidade


Federal do Oeste do Pará, seguindo o Guia 203 da OECD. Para tanto, 200 peixes
tambaqui juvenis (peso:3,05 ±0,15g; comprimento:7±0,2cm) foram recebidos da
Fazenda Santa Rosa/ Santarém-Pará e acondicionados durante 20 dias. Utilizando-
se caixas d’água de 100L, com aeração forçada e recirculação de água, sob
temperatura 25 ±2°C e pH 7,2±4, estes receberam ração balanceada diariamente
seguida de sifonagem para retirar restos alimentares e dejetos. Após a avaliação
para comprovação de sensibilidade da espécie usando Dicromato de Potássio como
substância referência, foi conduzido o teste de toxicidade subcrônico, o qual ocorreu
sob sistema estático pelo período de 120 horas com realização de análises diárias
dos parâmetros físico-químicos de amostras da água usada no ensaio. Os peixes
foram distribuídos em dois grupos-teste com n=15, com 3 respectivos subgrupos de
n=5 em cada concentração, mais um controle (GC), totalizando 35 espécimes. As
concentrações-teste de 0,3, 0,72mg/L do Herbicida Paraquat 20% (HP) Gramoxone
200® foram retiradas diretamente do frasco comercial e pipetadas imediatamente
nos tanques-teste. Foram observadas respostas de mortes e alterações
comportamentais. Os resultados foram analisados estatisticamente pelo programa
GraphPad Prism 6.0, considerando a significância de p≤ 0,05 entre os grupos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

As concentrações do paraquat de 0,3 e 0,72mg/L são denominadas subletais para


os tambaquis juvenis, pois estas não provocaram morte em nenhuma unidade

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

experimental durante as 120 horas de exposição. Com base no trabalho de


BOTELHO et al. (2009) a concentração de 1,33mg/L provocou morte de 17% das
tilápias (Oreochromis niloticus) em 96 horas. Por outro lado, durante o período
experimental, notou-se alterações comportamentais nos animais. Segundo WOLFF
e DONATTI (2016), sinais de alterações no comportamento de peixes são
considerados efeitos subletais de muita relevância, pois podem ser interpretados
como respostas compensatórias do organismo para garantir sua homeostase
intrínseca, e em uma exposição prolongada pode provocar morte. Das alterações
observadas na concentração de 0,72mg/L no intervalo entre 0 e 1hs percebeu-se
Déficit na Frequência de Motilidade (DFM) e Respiração Opercular Acelerada
(ARO), a partir de 2hs, houve Aumento na Frequência de Motilidade (AFM), e entre
4 e 8hs, Nado de Respiração na Superfície (NRS) e alguns destes animais
apresentaram também Aumento na Protrusão do Lábio Inferior (APLI), e na 8a hora
foi verificado DFM até 48 horas. Na concentração de 0,3mg/L alguns animais
demonstraram, depois da 3a hora, apenas DFM perdurando até a 5a hora, e por
conseguinte AFM até a 10a hora, depois disso, nenhum outro efeito foi observado
até o término. Os grupos testados não apresentaram diferenças estatísticas quando
comparados com o G0. Entretanto, em outros estudos, CHAPADENSE et al., (2009),
NWANI et al., (2010) e TILLITT et al., (2010) avaliaram a toxicidade do herbicida
atrazina para diferentes espécies de peixes e reportaram esses efeitos associando-
os à respostas de estresse oxidativo ocasionadas pelo veneno. Além disso, SAUR et
al. (2009) designou que o HP pode influenciar na perda significativa de neurônios
dopaminérgicos à nível de sistema nervoso central em humanos, e RODRIGUES et
al. (2009) afirma tais efeitos em insetos. Em 2004 Papini e Andréia declararam que
oligoquetas incorporam o paraquat em seus tecidos com tendência acumulativa
crescente relacionada a dose aplicada no solo e esse risco pode ser ampliado se
relacionado sua viabilidade na biota. Isso demonstra que são necessárias mais
investigações acerca da toxicidade deste herbicida para a elucidação de seus
possíveis efeitos biológicos, bem como riscos ambientais e ecológicos para
diferentes organismos aquáticos sobretudo dos peixes porque estes representam
um grande grupo com potencial para serem usados como biomarcadores, uma vez
que são expostos e suscetíveis à esse tipo de contaminação nos seus hábitats.

CONCLUSÃO

O herbicida Paraquat foi capaz de alterar o comportamento padrão do peixe


tambaqui (Colossoma macropomum) nas concentrações subletais testadas, e dessa
forma, é possível sugerir previamente que existe o risco de diminuição na sua
sobrevida quando este encontra-se exposto à esse tóxico na natureza. Além disso,
esses resultados corroboram para a relevância deste estudo, assim como, apontam
para a necessidade de maiores investigações toxicológicas sobre este e outros
agrotóxicos em peixes.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BOTELHO, R.G.; SANTOS, J.B.; OLIVEIRA, T.A.; BRAGA, R.R.; BYRRO, E.C.M.
2009. Toxicidade aguda de herbicidas a tilápia (Oreochromis niloticus). Planta
daninha. vol.27, n.3, pp.621-626. ISSN 0100-8358. http://dx.doi.org/10.1590/S0100-
83582009000300024. 2009.
BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Secretaria de Vigilância em
Saúde. Departamento de Vigilância em Saúde Ambiental e Saúde do Trabalhador.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Agrotóxicos na ótica do Sistema Único de Saúde / Ministério da Saúde, Secretaria


de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância em Saúde Ambiental e Saúde
do Trabalhador. – Brasília: Ministério da Saúde. 2016.
BRASIL. Dossiê ABRASCO: um alerta sobre os impactos dos agrotóxicos na saúde.
Rio de Janeiro: EPS. Expressão Popular. 624 p.2015. ISBN: 978-85-7743-256-1
(Expressão Popular). 2016
CHAPADENSE, P. F. G; CASTRO, F. J.; ALMEIDA, J. A.; MORON, E. S. Toxicidade
do herbicida atrazina em Colossoma macropomum. Rev. Bras. Saúde Prod. An.,
v.10, n.2, p.398-405. 2009.
CRUZ, C.; CUBO, P.; GOMES, G.R.; VENTURINI, F.P.; GUILHERME, P.E.;
PITELLI, R.A. Sensibilidade de Peixes Neotropicais ao Dicromato de Potássio. J.
Braz. Soc. Ecotoxicol. v. (3), n. 1, 53-55. 2008.
MARTINS, T. Herbicide Paraquat: Concepts, mode of action and related diseases.
Semina: Ciências Biológicas e da Saúde, Londrina, v. 34, n. 2, p. 175-186, jul./dez.
2013.
NWANI, C.D.; LAKRA, W.S.; NAGPURE N.S.; KUMAR, R.; KUSHWAHA, B.;
SRIVASTAVA, S.K. Toxicity of the Herbicide Atrazine: Effects on Lipid Peroxidation
and Activities of Antioxidant Enzymes in the Freshwater Fish Channa punctatus
(Bloch). Int. J. Environ. Res. Public Health, v.7, p. 3298-3312. 2010.
PAPINI, S.; ANDRÉA, M.M. Ação de minhocas Eisenia foetida sobre a dissipação
dos herbicidas simazina e paraquat aplicados no solo. Revista Brasileira de Ciência
do Solo, Viçosa, v. 28, n. 1, jan./ fev. 2004.
RODRIGUES, M.F.; SAUR, L.; BERNARDINO, G.C.; MARTINI, F.; BAGATINI, P.B.;
VIANNA, M.R.M.R.; XAVIER, L.L. Variação gênero dependente na atividade motora
de Drosophila melanogaster após indução de Parkinsonismo por paraquat. In:
SALÃO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA-PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE DO RIO
GRANDE DO SUL, Porto Alegre. Anais. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2009. p. 297-299.
2009.
TILLITT, D.E.; PAPOULIAS, D.M.; WHYTE, J.J.; RICHTER, C.A. Atrazine reduces
reproduction in fathead minnow (Pimephales promelas). Aquatic Toxicology, v. 99. p.
149–159. 2010.
WOLFF, L.L.; DONATTI, L. Estudo do comportamento do peixe de água doce
Phalloceros harpagos (Cyprinodontiformes: Poeciliidae) submetido à alteração
artificial do pH. Luminária, União da Vitória, v.18, n. 1, p. 10-21, 2016.

FONTES FINANCIADORAS

Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES);


Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA)

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Efeito de contaminantes
orgânicos

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Oral
Efeito de contaminantes orgânicos
6 - ECOTOXICOLOGIA DE VINHAÇA CENTRIFUGADA PARA MICROALGAS
ORIUNDAS DE DIFERENTES AMBIENTES VISANDO O EMPREGO
BIOTECNOLÓGICO DOS ORGANISMOS

CAMILA CANDIDO, ANA TERESA LOMBARDI


Contato: CAMILA CANDIDO - CACANDIDO90@GMAIL.COM

Palavras-chave: fitoplâncton; seleção de cepas; resíduos em cultivos

INTRODUÇÃO

A vinhaça é um resíduo com elevado potencial poluente produzido pelas industrias


sucroalcooleiras. Em corpos d’água a vinhaça afeta o fitoplanctôn, essencial para a
vida aquática. Esse resíduo é utilizado na fertirrigação das plantações de cana-de-
açúcar, mas pode salinizar o solo quando em excesso, além de ser carreado para os
corpos hídricos. Daí a busca por novas alternativas de uso. Diversas investigações
utilizam a vinhaça em cultivos algais, porém uma pequena variedade de espécies é
incluída. Neste estudo buscamos testar a ecotoxicidade de vinhaça centrifugada em
microalgas com classificações e locais de origem diversos, selecionando aquelas
com potencial biotecnológico.

METODOLOGIA

Foram testadas espécies de água doce e marinhas. As microalgas Chamydomonas


sp., Chlorella sorokiniana, Chlorella vulgaris, Cyclotella sp., Desmodesmus spinosus,
Haematococcus pluvialis, Monoraphidium sp., Nanocloropis gaditana, Scenedesmus
quadricauda e Tetraselmis gracilis foram cultivadas durante 96 horas em vinhaça
centrifugada diluída nas concentrações de 5, 10, 15, 20, 30, 40 e 50%, com o
controle sendo cultivado em meio BG11. As diluições foram feitas com água
destilada, exceto para as espécies marinhas N. gaditana e T. gracilis, para as quais
utilizou-se água marinha artificial. As culturas foram mantidas em temperatura de 25
± 2 ºC e 130 µmol de fótons m-² s-¹. Para cada cepa microalgal foram obtidas as
densidades celulares algais diárias, as viabilidades celulares diárias, as taxas de
crescimento e os valores de EC50.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

As espécies de água doce C. sorokiniana e C. vulgaris apresentaram os melhores


crescimentos, superando seus controles e gerando, respectivamente, taxas de
crescimento de 2,0 e 1,5 dia-¹, atingindo densidades celulares finais de 1,5 107 e 4,0
106 células mL-¹ nas concentrações ótimas de 15 e 20% de vinhaça
respectivamente. Desmodesmus spinosus teve crescimento significativo até 20% de
vinhaça, com taxa de crescimento de 0,8 dia-¹ e densidade celular final de 5 105
células mL-¹, porém menor do que no controle, cuja taxa de crescimento foi de 1,6
dia-1. Para as demais algas, o crescimento ótimo se deu na concentração de 5% de
vinhaça, sendo similar aos controles em Chlamydomonas sp. (0,8 dia-¹),
Haematococcus pluvialis (1,0 dia-¹), Scenedesmus quadricauda (0,7 dia-¹) e T.
gracilis (0,8 dia-¹). A cepa Monoraphidium sp. teve taxa de crescimento em 5% de

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

vinhaça de aproximadamente 0,8 dia-¹, equivalente à metade do crescimento do


controle. Para as espécies Cyclotella sp. e N. gaditana a vinhaça não estimulou
crescimento em qualquer concentração. Retirando-se as espécies do gênero
Chlorella, as demais tiveram reduções drásticas no crescimento em concentrações
superiores à 15% do resíduo. Os valores de EC50 variaram de 2,5% a 65,0% de
vinhaça, de forma que as duas espécies do gênero Chorella atingiram os valores
mais altos, acima de 50%. Todas as outras espécies tiveram EC50 inferiores à 20%
do resíduo. Esses valores diferenciados entre as cepas testadas indicam que a
chegada da vinhaça em corpos d’água, seja pelo despejo, que é ilegal, ou por
lençóis freáticos após a percolação pelo solo, ou ainda por escoamento superficial,
afeta diferentemente as espécies da comunidade fitoplanctônica, causando
desequilíbrio ecológico nos sistemas aquáticos.

CONCLUSÃO

Devido aos diferentes comportamentos microalgais em vinhaça, pode-se dizer que,


além do potencial tóxico à comunidade em geral, a vinhaça pode levar a graves
desequilíbrios na riqueza e abundância das espécies fitoplanctônicas nos ambientes
aquáticos. Entretanto, o uso do resíduo em cultivos microalgais, mesmo que em
baixas concentrações, estimula o crescimento algal de algumas espécies e assim, a
produção de biomassas que podem ter elevado interesse comercial. Esse uso seria
ainda um possível destino para o resíduo, podendo futuramente contribuir para
reduzir seus impactos ao meio ambiente.

FONTES FINANCIADORAS

As informações aqui apresentadas são parte de um trabalho de doutorado do


Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Recursos Naturais (PPGERN)
desenvolvido com uma bolsa concedida pela Coordenação de Aperfeiçoamento de
Pessoal de Nível Superior (CAPES), bem como de recursos fornecidos ao
Laboratório de Biotecnologia de Algas da Universidade Federal de São Carlos
(UFSCar) pelas agências de financiamento à pesquisa FAPESP e CNPq.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Efeito de contaminantes orgânicos
10 - INFLUÊNCIA DA VIA DE EXPOSIÇÃO NOS EFEITOS GENOTÓXICOS E
MORFOLÓGICOS DO BENZO(α)PIRENO EM Physalaemus nattereri (ANURA)

BRUNO SERRA DE LACERDA VALVERDE, LILIAN FRANCO-BELUSSI, CLASSIUS DE


OLIVEIRA
Contato: BRUNO SERRA DE LACERDA VALVERDE - BRUNO-VALVERDE@HOTMAIL.COM

Palavras-chave: contaminantes ambientais; eritrócitos; intestino delgado

INTRODUÇÃO

O benzo(α)pireno BαP é um contaminante ambiental encontrado nos ecossistemas


aquáticos e terrestres. Por ser lipossolúvel ele pode ser absorvido naturalmente por
via dérmica, oral ou respiratória. Após absorvido o BαP é metabolizado pelo
organismo, sendo gerados metabólitos secundários que causam efeitos
carcinogênicos, citotóxicos e genotóxicos. Esses efeitos são pouco conhecidos nos
anuros e apresentam, em sua maioria, enfoque nas células pigmentares internas. O
objetivo foi verificar os efeitos do BαP, exposto por duas vias, sobre o intestino
delgado e os eritrócitos de Physalaemus nattereri.

METODOLOGIA

Foram utilizados 24 espécimes divididos em quatro grupos experimentais: injetável


controle/tratamento e oral controle/tratamento. Todos os grupos experimentais
receberam um volume de 0,02mL de óleo mineral, sendo ele puro (controle) ou
contendo 3mg/Kg de BαP (tratamento). Os compostos foram administrados por meio
de uma injeção subcutânea ou por via oral forçados na cavidade oral. Transcorridos
três dias os espécimes foram anestesiados com xylocaína, para a coleta de
amostras sanguíneas, com posterior esfregaço e fixação em metanol a 4°C.
Posteriormente os espécimes foram eutanasiados em benzocaína (5g/L) e
dissecados. Amostras biológicas do intestino delgado foram coletadas, fixadas em
solução de Karnovsky e incluídas em historresina. Lâminas de sangue foram
coradas em Giemsa 7,5% e analisadas em microscopia de luz (objetiva 100x), sendo
quantificados 2000 eritrócitos por espécime, dos quais foram contabilizadas as
anormalidades nucleares. Blocos de historresina foram seccionados (espessura
2µm), corados em Hematoxilina-Eosina e analisados em microscopia de luz (10x).
Vinte e cinco campos histológicos por animal foram fotografados e analisados no
programa Image-Pro Plus, sendo realizada a morfometria do epitélio intestinal. Os
dados obtidos da quantificação de anormalidades nucleares e da morfometria do
epitélio foram analisados no programa R, sendo realizados os testes GLM e Two-
Way Anova, respectivamente.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O BαP diminui a espessura do epitélio intestinal na via injetável (controle: 46 ±


1,4µm SE; tratamento: 45,3 ± 2,7µm – P<0,01) e na via oral (controle: 45,6 ± 1,7µm;
tratamento: 43,3 ± 1,8µm – P<0,01); sendo que a via de exposição influenciou nos
efeitos do BαP (P<0,01). Com relação à análise dos eritrócitos, foram observados

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

quatro tipos de anormalidades nucleares: células anucleadas e binucleadas, Bud e


micronúcleo. Apenas quando as anormalidades nucleares são analisadas em
conjunto observamos um aumento em sua frequência em ambos os grupos
tratamento (injetável controle: 1,83 ± 1,13 e tratamento: 2,16 ± 0,04; oral controle:
2,83 ± 1,19 e tratamento: 3,66 ± 0,76 - P<0,01), no entanto a via de exposição não
influenciou nos efeitos do BαP (P<0,03). O BαP exposto por via injetável e oral induz
uma diminuição na espessura do epitélio intestinal e um aumento na frequência de
anormalidades nucleares em P. nattereri. Esses resultados sugerem que o BαP foi
metabolizado pelo organismo, gerando metabólitos que podem alterar a morfologia
do epitélio e do núcleo dos eritrócitos. Estudos utilizando peixes e mamíferos
demonstraram a capacidade de múltiplos órgãos, incluindo o intestino delgado, em
metabolizar o BαP. Este fato corrobora com nossa premissa de que o BαP foi
metabolizado pelo organismo, incluindo o intestino delgado, onde foram gerados
metabólitos com propriedades citotóxicas e genotóxicas; os quais foram distribuídos
pelo organismo via corrente sanguínea. Essa distribuição justifica a diminuição da
espessura do epitélio na via injetável e o aumento da frequência de anormalidades
nucleares em ambas as vias de exposição. Estudos envolvendo peixes e roedores
também demonstraram que a distribuição do BαP pelo organismo é influenciada pela
via de exposição. Essa distribuição diferenciada altera o tempo de meia-vida
(metabolismo) do BαP no organismo, o que por consequência altera seus efeitos
adversos. Estes efeitos são claramente observados na variação da espessura do
epitélio intestinal, que apresentou uma diminuição mais acentuada na via oral (5%)
do que na via injetável (1,7%). Isto pode ser devido ao BαP ser metabolizado mais
rapidamente quando exposto por via oral, onde os metabólitos serão gerados em um
espaço de tempo menor, causando assim uma maior diminuição na espessura do
epitélio.

CONCLUSÃO

Concluímos que o tratamento com o BαP é responsável por diminuir a espessura do


epitélio intestinal e aumentar a frequência de anormalidades nucleares nos
eritrócitos de P. nattereri. Além disso, a diminuição da espessura do epitélio
intestinal sofre influência da via de exposição do BαP, tendo uma diminuição mais
acentuada na via oral do que na injetável. Isso demonstra que diferentes vias de
exposição ao BαP influenciam nas respostas de detoxificação.

FONTES FINANCIADORAS

Agradecemos as fontes financiadoras CAPES e FAPESP

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Oral
Efeito de contaminantes orgânicos
19 - EFEITOS DE HERBICIDAS ROUNDUP, A BASE DE GLIFOSATO, SOBRE
PADRÕES COMPORTAMENTAIS DO PEIXE ESTUARINO Jenynsia multidentata

JESSICA ANDREA ALBAÑIL SÁNCHEZ, CAMILA DE MARTINEZ GASPAR MARTINS,


DANIELA MARTI BARROS
Contato: JESSICA ANDREA ALBAÑIL SÁNCHEZ - JESSICA.ALBANIL@HOTMAIL.COM

Palavras-chave: Glifosato; neurotoxicidade; peixe

INTRODUÇÃO

O glifosato é o herbicida mais consumido em nível nacional, e as formulações


Roundup são as mais comercializadas. O glifosato é pouco tóxico para peixes, mas
o Roundup tem se mostrado potencialmente tóxico para estes animais, pois além do
glifosato ele contém surfactante e outros compostos “inertes” não revelados. Quando
aplicado, o Roundup atinge corpos d’agua, provocando multiplos efeitos sistêmicos
em peixes. No entanto, pouco se sabe sobre o potencial neurotóxico das
formulações Roundup. Assim, o objetivo deste estudo foi determinar e comparar os
efeitos de diferentes formulações Roundup em padrões comportamentais do peixe
Jenynsia multidentata.

METODOLOGIA

Peixes adultos de J. multidentata, coletados em riachos de Rio Grande/RS, foram


aclimatados (1 mês) à salinidade 5, fotoperíodo 12L:12E, temperatura 20°C e
alimentados com ração comercial. Os animais aclimatados foram expostos (n=20) às
3 formulações de glifosato: Roundup Original® (RO), Roundup Transorb® (RT) e
Roundup WG® (RWG), por 96h na concentração de 0,5 mg.L-1 de glifosato. Esta
concentração é subletal para a espécie e foi calculada a partir da concentração de
glifosato em cada formulação (360, 648 e 720 g.L -1 de ácido equivalente de glifosato
em RO, RT e RWG, respectivamente). Um grupo controle foi mantido ao longo do
teste. A concentração de glifosato no meio foi medida diariamente. Ao final das 96h
de exposição os peixes foram submetidos aos testes de comportamento: (1) Campo
aberto; (2) Interação social; (3) Agressividade e (4) Esquiva inibitória como medida
de consolidação da memória. Os testes foram filmados e avaliados pelo Software
Smart® usando um protocolo adaptado para a espécie J. multidentata. Após os
testes, os peixes foram eutanasiados em Benzocaína® 500 mg/L e descartados
(CEUA Pq013/2013). As diferenças entre os tratamentos em cada testes
comportamental foram analisadas por ANOVA e teste a posteriori de Tukey (α=0,05).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Resultados prévios demostraram que a concentração de 0,5 mg L -1 de glifosato não


é letal para a espécie J. multidentata independentemente da formulação testada
(RO, RT e RWG) e, portanto, esta concentração foi escolhida para avaliar-se os
efeitos dos herbicidas sobre parâmetros neuroconductuais dos peixes. As
concentrações de glifosato nos meios experimentais foram de: 0,59 ± 0,07; 0,58 ±
0,14 e 0,56 ± 0,16 mg L-1 glifosato para as formulações RO, RT e RWG,

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

respetivamente. Na água do tratamento controle, o glifosato não foi detectado. A


concentração de 0,5 mg L-1 de glifosato é uma concentração relevante do ponto de
vista ambiental.
De maneira geral, os resultados mostraram que as formulações RO, RT e RWG
causam neurotoxicidade, atingindo padrões comportamentais que afetam centros
motores, memoria, aprendizado, luta e fuga. No entanto, foi observado no presente
estudo que, tanto controle como tratados apresentam uma conduta ansiosa que a
sob exposição da formulação RWG aumenta significativamente. Por outro lado, o
RO parece deprimir mais os animais do que as demais formulações. Além disso, os
animais expostos ao RWG diminuíram sua interação social, aumentando
significativamente sua latência de reclusão do grupo. No caso da avaliação do
aprendizado e a memória foi observado que as três formulações atingiram este
comportamento após o treinamento com um estímulo aversivo, mostrando que os
animais são capazes de desenvolver memória a curto prazo, no entanto, esta foi
menor nos animais expostos ao RT e RWG, indicando menor consolidação de
memória nestes animais.
Os resultados deste estudo reforça o uso potencial da espécie J. multidentata como
um bom indicador regional da presença de agrotóxicos. Esta espécie vive associada
a lavouras de arroz irrigado do Rio Grande do Sul no Brasil, expondo-se ao longo da
sua vida aos herbicidas usados na agricultura.

CONCLUSÃO

Podemos concluir que os herbicidas RO, RT e RWG afetaram padrões


comportamentais do peixe J. multidentata. Estas alterações, impactam o
funcionamento neuroconductual da espécie, comprometendo, a qualidade de vida e
até mesmo sua sobrevivência a longo prazo. A nível comparativo, o RWG parece ser
o mais agressivo já que atingiu com maior severidade os parâmetros
comportamentais avaliados. No entanto, os herbicidas RO, RT e RWG afetaram
padrões de aprendizado e memória.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BATTAGLIN, W. et al. 2014. Glyphosate and its degradation product ampa occur
frequently and widely in u.s. soils, surface water, groundwater, and precipitation.
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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Efeito de contaminantes orgânicos
23 - FITOXICIDADE NO PROCESSO DE ATENUAÇÃO NATURAL DE SOLO
CULTIVADO COM CANA-DE-AÇÚCAR COM TEBUTIUROM E VINHAÇA

MÍRIAN ALVES DE FARIA, PAULO RENATO MATOS LOPES, EDERIO DINO BIDOIA
Contato: PAULO RENATO MATOS LOPES - PRM.LOPES@UNESP.BR

Palavras-chave: bioensaios; ecotoxicidade; herbicida; índice de germinação; manejo convencional

INTRODUÇÃO

A cultura canavieira possui grande destaque no Brasil pela extensa área de plantio,
importância econômica e geração de produtos. A indústria sucroalcooleira, buscando
métodos sustentáveis de produção, vem utilizando o subproduto do bioetanol no
processo de fertirrigação: a vinhaça. Neste contexto, também se deve destacar o
elevado uso de herbicidas na cultura de cana-de-açúcar, sendo um dos mais
utilizados o tebutiurom que possui toxicidade moderada a extrema e alta
persistência. Assim, o objetivo foi avaliar a fitotoxicidade de amostras antes e após a
atenuação natural com diferentes doses de tebutiurom associadas a volumes de
vinhaça em solo cultivado com cana-de-açúcar.

METODOLOGIA

O delineamento experimental utilizado foi inteiramente casualizado, no esquema


fatorial 2x3, ligado à dose recomendada de tebutiurom e ao volume de vinhaça
geralmente utilizado de acordo com a Cetesb. Assim, foram utilizadas doses zero
(H0) e 1,0x (H1) para o herbicida e quatro volumes de vinhaça: zero (V0), 0,5x
(V0,5) e 1,0x (V1), totalizando seis tratamentos. Foram preparados bioensaios de
fitotoxicidade a fim de monitorar o potencial ecotoxicológico de cada tratamento nos
tempos inicial (t0) e após de 51 dias de atenuação natural (t51) a partir do extrato
aquoso (solubilizado) das amostras de solo em quadruplicata. Os testes foram
preparados em placas de Petri com papel filtro contendo 2,0 mL do solubilizado e 10
sementes do organismo-teste Lactuca sativa (alface). As placas foram incubadas a
20 ± 2 °C por 120 h ao abrigo da luz.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foram comparados os resultados das amostras com ensaios de controle positivo


(CP) e controle negativo (CN) a fim de testar a sensibilidade das sementes. Assim,
foram determinadas: germinação das sementes, alongamento de raiz e hipocótilo e
o índice de germinação (GI), que relaciona a germinação e alongamento da raiz
relativos ao CN. Os dados foram analisados efetuando-se análise de variância, teste
de Tukey a 5,0% de probabilidade para a comparação de médias. Os resultados
revelaram que, independente do volume de vinhaça, a adição ou não do tebutiurom
não alterou significativamente os valores de GI para as amostras em t0 e em t51.
Quanto aos tratamentos que não receberam tebutiurom (H0-V0; H0-V0,5 e H0-V1),
foi observado que somente quando havia uma dose de vinhaça (H0-V1) houve
diferença significativa dos demais. Com o maior valor de GI encontrado (2,04), este
resultado sugeriu que a alta taxa de germinação e de desenvolvimento vegetal foi

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

devido à presença de matéria orgânica e nutrientes na vinhaça. Ao comparar cada


tratamento nos tempos inicial e final (t0-t51), o tratamento H0-V1 foi o único que
apresentou diferença significativa nos resultados sugerindo que uma dose de
vinhaça na ausência do tebutiurom inicialmente favoreceu o desenvolvimento do
organismo teste, mas após o processo de atenuação natural não causou nenhum
efeito com valor de GI semelhante ao CN. Tal fato pode ser explicado pela utilização
dos nutrientes disponibilizados pela vinhaça pela microbiota do solo durante o
período de atenuação natural. Além disso, não houve diferença significativa nos
resultados entre os seis tratamentos e CN no tempo final.

CONCLUSÃO

Portanto, as diferentes doses do herbicida utilizadas não impactaram negativamente


na fitotoxicidade utilizando sementes de alface. A adição de uma dose de vinhaça
com a ausência de tebutiurom foi capaz de favorecer o desenvolvimento vegetal,
porém, após o período de atenuação natural, este efeito já não observado. Vale
ressaltar que estudos mais detalhados e com acompanhamento em longo prazo
estão sendo realizados para auxiliar na compreensão do comportamento ambiental
do herbicida tebutiurom associado ou não à vinhaça

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Oral
Efeito de contaminantes orgânicos
43 - EFEITOS MORFOLÓGICOS E COMPORTAMENTAIS DO FENANTRENO NO
DESENVOLVIMENTO EMBRIO-LARVAL DE Danio rerio

CÉLIO FREIRE MARIZ JR, ROMULO NEPOMUCENO ALVES, MARIA KAROLAINE DE


MELO ALVES, DRIELE VENTURA DE PAULO, PAULO SERGIO MARTINS CARVALHO
Contato: PAULO SERGIO MARTINS CARVALHO - PCARVALHO@UFPE.BR

Palavras-chave: petróleo; HPA; índice de desenvolvimento; teratogênese; bexiga natatória

INTRODUÇÃO

A contaminação de ecossistemas aquáticos por contaminantes presentes no


petróleo pode causar toxicidade para organismos aquáticos durante seu
desenvolvimento inicial, tipicamente mais frágeis. Os estágios iniciais de vida do
peixe Danio rerio se tornaram um importante modelo para avaliação da toxicidade
aquática. A observação do seu desenvolvimento durante os 7 dias iniciais de vida
possibilita a avaliação de efeitos letais e subletais ao nível morfológico e
comportamental importantes para diagnosticar a viabilidade das larvas ao final deste
período, questão ecotoxicológica fundamental. Este trabalho abordou esta questão
relacionada ao hidrocarboneto policíclico aromático (HPA) fenantreno, de elevada
relevância ambiental.

METODOLOGIA

Fenantreno com pureza superior a 99% foi dissolvido em dimetilsulfóxido (DMSO)


para preparar soluções aquosas com concentrações de fenantreno de 10, 50 ,100,
500 e 1000 μgL-1. Embriões de Danio rerio com até 3 horas após a fertilização (hpf)
foram expostos individualmente em placas de 24 poços a estas concentrações, à
água limpa (controle), e a controles de solvente. O período de exposição foi de 96h,
mas o ensaio estendeu-se até o sétimo dia após a fertilização. O desenvolvimento
embrio-larval foi avaliado pelo índice “global morphology score-GMS)” (Beekhuijzen
et al., 2015), gerado a partir de uma pontuação atribuída ao desenvolvimento de
marcos morfológicos esperados num indivíduo normal, que pode atingir o valor
máximo de 17 em 96 hpf. Foram também computadas as frequências de alterações
morfológicas ao final de 96h, e ao final de 7 dias, relativas ao total de indivíduos
sobreviventes. Larvas sobreviventes de cada tratamento foram individualmente
filmadas 7 dias após a fertilização (dpf) em arenas de 21 mm de diâmetro, e sua
velocidade média de natação quantificada com o software Smart. Também foram
avaliadas para presença de bexiga natatória inflada, e seu comprimento total foi
quantificado com base em fotografias em lupa com aumento de 20x.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Nos ensaios realizados não foi possível calcular a concentração letal para 50% dos
indivíduos ao final das 96 horas (CL50-96h) pelo fato da maior taxa de mortalidade
registrada ter sido igual a 25% na maior concentração de 1000 µgL -1. A baixa taxa
de mortalidade pode ser explicada pela utilização de concentrações relativamente
baixas de fenantreno, sendo que a CL50-96h do fenantreno para o estágio embrio-

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

larval inicial do zebrafish foi estimada em 14000 µg L -1 (GU et al., 2010). Entretanto,
os parâmetros subletais evidenciaram efeitos tóxicos significativos no período de
desenvolvimento avaliado. Foram detectadas reduções significativas no GMS em
todas concentrações testadas relativas ao controle, indicando um atraso
concentração dependente no desenvolvimento morfológico de Danio rerio causado
pelo fenantreno na fase embrio-larval. A mediana do GMS no controle foi igual a 17
no controle e 16, 16, 16, 16 e 15 nos tratamentos 10, 50, 100, 500 e 1000 µgL -1,
respectivamente (Kruskal-Wallis; p<0,001; teste de Dunn; p < 0,05). A análise de
alterações morfológicas ao longo das primeiras 96 h indicou a presença de edemas
pericárdico e perivitelínico, hemorragias craniofaciais, ausência de nadadeiras
peitorais, não absorção do saco vitelínico, o não insuflamento da bexiga natatória,
além de atraso na eclosão, pigmentação alterada e problemas de curvatura na
coluna do tipo lordose nos diferentes tratamentos, com exceção dos controles. A
frequência de larvas hemorrágicas variou de 0% nos controles a 15%, 25%, 26,5% e
62%, nas concentrações 50, 100, 500 e 1000 µgL-1, respectivamente. As frequências
de ausência de absorção completa do saco vitelínico, de atraso no desenvolvimento
da boca protrusível, e do não insuflamento da bexiga natatória também
apresentaram um aumento concentração dependente, atingindo 57%, 62% e 60%,
respectivamente, na maior concentração de 1000 µgL -1. Alves et al. (2017)
detectaram um aumento concentração dependente de diversas patologias
analisadas neste estudo, incluindo a frequência de não insuflamento da bexiga
natatória de D. rerio em 96 hpf, após exposição a um efluente complexo de caixas
separadoras de água e óleo de postos de gasolina, contendo fenantreno, outros
HPAs e provavelmente outras moléculas não quantificadas. Os dados deste trabalho
indicam que a exposição ao fenantreno isoladamente pode causar estas alterações.
A análise da velocidade natatória não indicou diferença significativa entre as
diferentes concentrações de fenantreno e o controle. Foi detectada uma redução
significativa de 7,8% no comprimento total larval, com mediana igual a 4,00 mm no
controle e 3,69 mm no tratamento 1000 µgL-1.

CONCLUSÃO

A exposição de embriões e larvas de Danio rerio ao fenantreno em concentrações


ambientalmente relevantes de 50 a 100 µg L-1 causa atraso no desenvolvimento
embrio-larval, e aumenta a frequência de indivíduos com alterações morfológicas
fundamentais para a sobrevivência das larvas na fase crítica em que necessitarão
capturar seu alimento, como a formação de boca protrusível, de nadadeiras peitorais
e o insuflamento adequado de sua bexiga natatória. Estas alterações podem
interferir significativamente no recrutamento das mesmas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALVES, R.N.; MARIZ JR, C.F.; PAULO, D.V.D.; CARVALHO, P.S.M. 2017. Toxicity
of effluents from gasoline stations oil-water separators to early life stages of zebrafish
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BUITENWEG, S.; TOBOR-KAPLON, M.; VAN DE WAART, B.; EMMEN, H. 2015.
From cutting edge to guideline: A first step in harmonization of the zebrafish
embryotoxicity test (ZET) by describing the most optimal test conditions and
morphology scoring system. Reproductive Toxicology 56, 64-76.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

FONTES FINANCIADORAS

C.F. Mariz Jr. é bolsista PIBIC CNPq; Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de
Toxicologia Aquática (INTA-CNPq, processo 479773/2010-6.

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Oral
Efeito de contaminantes orgânicos
61 - AVALIAÇÃO DA TOXICIDADE AGUDA DE SULFONAMIDAS PARA O
MICROCRUSTÁCEO Daphnia similis

GLENDA ARAUJO SILVA GIRELI, FERNANDO PENA CANDELLO, MILENA GUEDES


MANIERO FERREIRA, JOSÉ ROBERTO GUIMARÃES
Contato: FERNANDO PENA CANDELLO - FERNANDO@FEC.UNICAMP.BR

Palavras-chave: antimicrobianos; fármacos; microcrustáceos; ozonização

INTRODUÇÃO

Atualmente, o uso contínuo e crescente de antibióticos tem chamado a atenção da


comunidade científica (HUANG et al., 2014; LIGUORO et al., 2010). Esses
fármacos, denominados compostos de preocupação emergentes, por não serem
efetivamente removidos durante o tratamento convencional de efluentes, ao
atingirem o ambiente, podem oferecer riscos para espécies não alvo pela
possibilidade de bioacumulação e biomagnificação na cadeia alimentar e por seus
efeitos ecotoxicológicos ainda pouco conhecidos a longo prazo. Nesse trabalho
foram avaliados os efeitos de um pool de seis sulfonamidas, antes e após o
processo de ozonização, sobre o organismo teste Daphnia similis (Crustacea:
Cladocera).

METODOLOGIA

Os ensaios de ecotoxicidade foram baseados na norma brasileira NBR 12713


(ABNT, 2016). Os neonatos de Daphnia similis foram expostos a uma solução
aquosa mista de seis sulfonamidas, quais sejam: sulfadiazina, sulfatiazol,
sulfametazina, sulfametoxazol, sulfadimetoxina e sulfaquinoxalina (todas C0 = 100
µg L-1), submetida a diferentes tempos de degradação por ozonização (0: inicial, 5 s,
10 s, 15 s, 30 s, 1 min, 2 min e 5 min) e três valores de pH (3,0; 7,0 e 11,0), que
foram posteriormente corrigidos para pH 7,0 após o processo de ozonização.
Empregou-se duas matrizes aquosas (água de abastecimento desclorada e água
superficial) com o objetivo de avaliar a alteração da toxicidade durante a ozonização.
A água superficial foi obtida na lagoa Chico Mendes, localizada no parque ecológico
Prof. Hermógenes de Freitas Leitão, próximo à UNICAMP. Quatro ensaios foram
realizados utilizando organismos teste distribuídos em 4 réplicas contendo 10 mL
cada. Os organismos foram mantidos a 20°C no escuro. Após 48 horas, registrou-se
a imobilidade dos organismos nas amostras e no controle (água de cultivo).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Nos ensaios de toxicidade aguda com o microcrustáceo de água-doce D. similis foi


observado que, após 5 minutos de ozonização da solução mista de sulfonamidas em
água de abastecimento desclorada, a toxicidade aumentou 50% (solução com pH 7
durante a ozonização) e 95% (solução com pH 11 durante a ozonização) e
permaneceu aproximadamente constante para a solução de pH 3, embora a
toxicidade aguda inicial dessa solução já se encontrava elevada, causando
imobilidade a mais de 70% dos organismos no tempo zero, mesmo tendo seu pH

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

corrigido antes do ensaio de toxicidade para atender aos requisitos físicos e


químicos preconizados na norma do ensaio ecotoxicológico (ABNT, 2016).
Já para a matriz de água superficial, não houve aumento da toxicidade nos valores
de pH estudados. Uma explicação para isso seria que a composição da matriz de
água superficial é um ambiente mais favorável para a sobrevivência de Daphnia
similis, de modo que os produtos de degradação do processo de ozonização não
afetariam substancialmente a imobilidade desses microcrustáceos. Dentre os
estudos sobre a ecotoxicidade das sulfonamidas já realizados (KIM et al., 2007;
LIGUORO et al., 2009; HUANG et al., 2014), no trabalho de Huang et al. (2014),
enfatiza-se que apenas as concentrações utilizadas de 400 mg L -1 e 800 mg L-1
tiveram um efeito tóxico sobre Daphnia similis. Portanto, é possível perceber que,
como esse trabalho possui concentrações iniciais muito baixas (100 μg L -1), os
efeitos tóxicos podem ser ainda mais difíceis de se observar e chegar a uma
conclusão sobre esse comportamento.

CONCLUSÃO

Verificou-se o efeito da toxicidade do microcrustáceo Daphnia similis em soluções


contendo sulfonamidas após o processo de ozonização. Observou-se que a solução
com pH 3 apresentou menor alteração de toxicidade e a água superficial foi a matriz
que resultou no menor valor de toxicidade das soluções nos tempos avaliados.
Como as concentrações iniciais de sulfonamidas avaliadas são próximas aos valores
reais reportados para o ambiente (entre µg L -1 e ng L-1) não foi possível comparar
com a literatura (faixa de mg L-1). Sugere-se a realização de ensaios crônicos para
melhor avaliação dos efeitos a longo prazo destes antibióticos no ambiente.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 12713:2009 -


Ecotoxicologia aquática – Toxicidade aguda – Método de ensaio com Daphnia spp
(Crustacea: Cladocera). ABNT, 27p, 2016.
HUANG, D.J. et al. Toxicity of the veterinary sulfonamide antibiotic
sulfamonomethoxine to five aquatic organisms. Environ. Toxicol. Pharmacol., v. 38,
p. 874-880, 2014.
KIM, T. et al. Degradation and toxicity assessment of sulfamethoxazole and
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LIGUORO, M. et al. The toxicity of sulfamethazine to Daphnia magna and its
additivity to other veterinary sulfonamides and trimethoprim. Chem., v. 75, p. 1519-
1524, 2009.
LIGUORO, M.D. et al. Evaluation of the aquatic toxicity of two veterinary
sulfonamides using five test organisms. Chem., v. 81, p. 788-793, 2010.

FONTES FINANCIADORAS

FAPESP (2013/09543-7 e 2013/07817-2); CNPq (459078/2014-3 e 479131/2013-9)


e Escola de Educação Corporativa da Unicamp (Educorp).

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Efeito de contaminantes orgânicos
74 - EFEITOS ECOTOXICOLÓGICOS DO DESCARTE DA ÁGUA DE PRODUÇÃO
DE PETRÓLEO NO AMBIENTE MARINHO

MARIA ISABEL FIGUEIRA COELHO BENTO, JUACYARA CARBONELLI CAMPOS


Contato: JUACYARA CARBONELLI CAMPOS - JUACYARA@EQ.UFRJ.BR

Palavras-chave: água produzida; toxicidade crônica

INTRODUÇÃO

A água de produção de petróleo (AP) é o maior subproduto associado à produção de


petróleo e gás. Após a separação primária da mistura água-óleo-gás extraída do
reservatório, esse efluente pode ser reutilizado, reinjetado no poço ou descartado no
mar. O volume gerado varia ao longo da vida útil do reservatório, podendo chegar a
mais de 10 vezes o volume de óleo extraído em campos maduros. O presente
trabalho tem o objetivo de realizar uma revisão dos estudos efetuados para avaliar
os efeitos ecotoxicológicos da água de produção no ambiente marinho.

METODOLOGIA

Para a avaliação dos efeitos ecotoxicológicos do descarte da AP no ambiente


marinho, foi realizada uma revisão da literatura sobre o tema. Os trabalhos
publicados nos últimos 33 anos abrangeram a deteminação dos efeitos agudos e
crônicos de amostras de AP sintética e real para diferentes níveis tróficos da cadeia
alimentar do ecossistema aquático; a caracterização química dessas amostras;
estudos de dispersão da pluma da AP; e estudos sobre a diversidade e a densidade
do ambiente marinho existente no local do descarte. Também, foi analisado como a
diluição com a água do mar e a biodegradação após o descarte influenciam na
ecotoxidade da AP. Em seguida, buscou-se determinar os principais componentes
químicos responsáveis pela sua ecotoxicidade. Com relação às exigências legais
para descarte desse efluente, foram levantadas as principais regulamentações
vigentes no Brasil, Estados Unidos, países da Europa, China e Austrália.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

AP é constituída por água de formação (naturalmente presente no reservatório),


água de condensação (produção de gás) e, ocasionalmente, água de injeção (para
manter níveis de produção). Suas propriedades físicas e químicas variam com a
localização geográfica do campo, a formação geológica com que esteve em contato
e o tipo de hidrocarboneto produzido. Geralmente, apresenta salinidade muito
superior a água do mar. AP contém compostos orgânicos e inorgânicos,
radioisótopos, metais, gases dissolvidos e sólidos suspensos. Produtos químicos
usados na produção de petróleo e gás, como biocidas, anti-incrustantes e inibidores
de corrosão, também podem estar presentes na AP. Alguns desses produtos
acabam sendo descartados junto com ela no mar. Estima-se que sejam gerados
cerca de três barris de AP para cada barril de óleo produzido por dia. Pesquisas
sobre os efeitos e consequências do descarte da AP no ambiente marinho tiverem
início em meados da década de 1980. A maioria desses estudos foi realizada com

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

AP de plataformas de óleo e gás do Mar do Norte . No caso do Brasil, destacam-se


os trabalhos de Badaró-Pedroso (1999) e Gabardo (2007). A ecotoxicidade da AP
depende da sua composição e varia consideravelmente entre diferentes fontes de
descarte. Seu efeito tóxico em espécies marinhas distintas tem sido amplamente
relatado na literatura. Estudos apontam 4 grupos como fontes de ecotoxicidade: alta
salinidade, metais pesados, compostos orgânicos (principalmente HPA e fenóis) e
aditivos químicos. Efeitos sinérgicos entre esses componentes também podem
influenciar a ecotoxicidade. Óleos e graxas são os componentes da AP que
apresentam as principais restrições legais para descarte no mar. Entretanto,
algumas regulamentações exigem também testes ecotoxicológicos para
monitoramento desses descartes. O impacto ambiental da AP estaria limitado às
imediações das plataformas e pode ser devido a mais de um contaminante.
Entretanto, determinar o contaminante primário responsável pela ecotoxicidade é
complexo. AP de plataformas de gás apresentou maior ecotoxicidade aguda em
relação à AP de plataformas de petróleo. Espécies marinhas das regiões ártica e
região temperada têm ecotoxicidades agudas semelhantes. A biodegradação após o
descarte pode alterar a composição química da AP, reduzindo a sua ecotoxicidade.
A rápida diluição com a água do mar é, muitas vezes, considerada suficiente para
mitigar qualquer impacto agudo no meio marinho. Aditivos químicos podem
contribuir substancialmente para ecotoxicidade da AP. Entretanto, há poucos
estudos sobre os seus efeitos específicos.

CONCLUSÃO

Os grandes volumes gerados de AP todos os anos têm chamado atenção para o


impacto ambiental decorrente de seu descarte no ambiente marinho. Muitos estudos
avaliaram esses impactos e apontaram alguns componentes da AP como os
principais responsáveis pela sua ecotoxicidade. Aditivos químicos usados na
produção de petróleo e gás nas plataformas também podem contribuir
substancialmente para a ecotoxicidade. De um modo geral, os efeitos ecotóxicos da
AP são mais prováveis de ocorrer nas imediações das plataformas. A biodegradação
e a diluição após o descarte influenciam a ecotoxicidade da AP.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

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Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Efeito de contaminantes orgânicos
76 - GESTÃO DOS DEJETOS LÍQUIDOS DE SUÍNOS (DLS) EM MICROBACIA
HIDROGRÁFICA NO MUNICÍPIO DE CONCÓRDIA (SC)

ELISETE ANA BARP, DOUGLAS HENRIQUE DREHER, EDUARDO BERNARDO,


CLAUDIO ROCHA DE MIRANDA
Contato: ELISETE ANA BARP - ELISETE@UNC.BR

Palavras-chave: balanço simplificado de nutrientes; viabilidade da distribuição de dejetos suínos;


microbacia; suinocultura

INTRODUÇÃO

O município de Concórdia (SC) destaca-se como o segundo maior produtor de


suínos do Estado de Santa Catarina. Entretanto, essa atividade representa,
atualmente, um dos maiores problemas ambientais regional, especialmente quanto
ao manejo dos dejetos gerados. A prática da reciclagem destes dejetos como
fertilizantes de solo para áreas agrícolas apresenta-se como alternativa principal no
processo produtivo, porém, aplicações excessivas e/ou prolongadas podem
desencadear desequilíbrios nas entradas e saídas de nutrientes nos sistemas de
produção. Assim, esta pesquisa aplica o balanço simplificado de nutrientes e análise
da viabilidade econômica da distribuição dos dejetos como diagnóstico ambiental em
escala de bacia hidrográfica.

METODOLOGIA

A seleção da área de estudo teve como critério principal a concentração de animais


por área, ou seja, número de cabeças de suínos por hectare. A escala de análise
definida integra o conceito de bacia hidrográfica, conforme preconiza a Lei nº. 9.433,
de 8 de janeiro de 1997 (Institui a Política Nacional de Recursos Hídricos, cria o
Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos). Os dados da pesquisa
foram obtidos dos processos de licenciamento ambiental das unidades de produção
de suínos e por meio de ferramentas de geoprocessamento. O balanço simplificado
de nutrientes aplicado segue as proposições de Seganfredo (2003), utilizando os
nutrientes: N (Nitrogênio), P (fósforo) e K (potássio) como indicadores. As taxas de
excreção de dejetos por cabeça animal e sistema de produção foram obtidas da
Instrução Normativa 11 da Fundação de Meio Ambiente do Estado de Santa
Catarina (FATMA/SC). As áreas agrícolas foram identificadas por meio da
interpretação de imagens aéreas, conforme Loch (2008). A análise de viabilidade
ambiental da distribuição de dejetos utiliza o modelo de Jarbas Sandi, et al. (2011).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A microbracia hidrográfica estudada possui área de 236,5 ha e um rebanho total de


5.502 cabeças animal (densidade de 23 animais por hectare), distribuídos nos
sistemas produtivos de Terminação (T), UPD (Unidade de Produção de
Desmamados), UPL (Unidade de Produção de Leitão) e Ciclo Completo (CC), em 9
unidades produtoras (estabelecimentos rurais).

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

O balanço simplificado de nutrientes apresentou saldo positivo (excedente) em oito


das nove propriedades analisadas, totaliza produção anual de 124 toneladas de N
(57,1 ton./ano) P (33,9 ton./ano) e K (33 ton./ano) com uma capacidade total de
extração via culturas agrícolas de 44 toneladas/ano (área agrícola de 155,1 ha,
demandas: N (19,3 ton./ano), P (14,7 ton./ano) e K (9,5 ton./ano)), contabilizando um
excedente de 80 toneladas/ano.
Ainda, destes totais, 57,2% são exportados para áreas de cedência (11
estabelecimentos agrícolas fora dos limites da microbacia e 3 estabelecimentos na
área de drenagem), ficando apenas 42,8% nas áreas de lavoura temporária,
pastagens plantadas e naturalizadas e erva-mate na microbacia.
Quanto à viabilidade da distribuição, em termos de transporte e aplicação de dejetos
animais para fertilização de solo, do total de 14 áreas de cedência avaliadas,
constatou-se que sete destas são inviáveis.
Os valores de nutrientes (NPK) acima do custo de transporte foram considerados
viáveis, já os valores situados abaixo foram considerados inviáveis, devido ao custo
do transporte superar o valor agregado em termos de disponibilidade de nutrientes.
Também, identificou-se que distâncias maiores que 4,1 km a distribuição de dejetos
torna-se inviável no aspecto econômico/ambiental, conforme critérios adotados com
base nos valores nutricionais dos dejetos de suínos e dos valores correntes dos
nutrientes.
Vale ressaltar, que para o balanço aplicado, não foram consideradas as produções
de aves e bovinos, bem como o adubo químico utilizado nas áreas agrícolas.

CONCLUSÃO

Mesmo considerando-se um cenário positivo para o aproveitamento dos dejetos de


suínos como fertilizante de solo, o estudo indica o potencial passivo ambiental
oriundo da produção intensiva de suínos em termos do desequilíbrio das entradas e
saídas de nutrientes dos sistemas agrícolas analisados, que se apresentam acima
da capacidade suporte para reciclagem.
Ainda, destaca-se a validade da utilização do modelo simplificado de nutrientes
aliado a análise econômica da distribuição dos dejetos como forma de planejamento
ambiental de bacias hidrográficas com intensa produção de suínos, como forma de
reconhecer /ou prever os possíveis riscos ambientais da atividade.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

JARBAS SANDI, A. et al. 48ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Zootecnia.


n. 1997, p. 3–5, 2011.
LOCH, C. A interpretação de imagens aéreas: noções básicas e algumas aplicações
nos campos profissionais. Florianópolis: Editora da UFSC, 2008. 103p. ISBN 978-85-
328-0413-6.
SANTA CATARINA. Fundação do Meio Ambiente. Instrução Normativa n° 11, de 14
de novembro de 2014. Suinocultura. Disponível em:
http://www.fatma.sc.gov.br/ckfinder/userfiles/arquivos/ins/11/IN%2011%20Suinocultu
ra.pdf. Acesso em: 17 jun. 17 às 21:42.

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

SEGANFREDO, M.A. Modelo simplificado de avalição de risco ambiental na


reciclagem dos dejetos de suínos como fertilizante do solo. p. 1–4, 2003.
SOCIEDADE BRASILEIRA DE CIÊNCIA DO SOLO. COMISSAO DE QUÍMICA E
FERTILIDADE DO SOLO. Manual de Adubação e de Calagem para os estados do
Rio Grande so Sul e Santa Catarina. Sociedade Brasileira de Ciência do Solo, v. 10
ed., p. 400, 2004.

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Efeito de contaminantes orgânicos
80 - AVALIAÇÃO DA TOXICIDADE DE EFLUENTE DOMÉSTICO APÓS
TRATAMENTO BIOLÓGICO ANAERÓBIO E AERÓBIO NUMA ESTAÇÃO DE
TRATAMENTO DE ESGOTOS, NATAL/RN

JAÍSA MARÍLIA DOS SANTOS MENDONÇA, GUILHERME FULGÊNCIO DE MEDEIROS,


ISABEL AGUIAR PINTO MINA
Contato: JAÍSA MARÍLIA DOS SANTOS MENDONÇA - JAHMARILIA@GMAIL.COM

Palavras-chave: Ensaios ecotoxicológicos; Esgoto doméstico; Mysidopsis juniae

INTRODUÇÃO

O rio Potengi que desagua em Natal, capital do Rio Grande do Norte (RN), desde há
muito que recebe esgotos domésticos e industriais sem tratamento. Em 2011 foi
construída em meio urbano a Estação de Tratamento de Esgotos (ETE) do Baldo,
que inclui tratamento biológico anaeróbio e aeróbio. Atualmente estão em fase de
construção mais duas ETE’s com o mesmo sistema de tratamento. O impacto
causado pela ETE do Baldo nos organismos aquáticos do rio Potengi foi avaliado em
ensaios ecotoxicológicos com o efluente desta ETE, com vista à eventual correção
de procedimentos nas ETE’s em construção.

METODOLOGIA

A ETE do Baldo é gerenciada pela Companhia de Águas e Esgotos do Rio Grande


do Norte (CAERN) e despeja seus efluentes no canal do Baldo que desagua no rio
Potengi. O tratamento do esgoto inclui pré-tratamento, quatro reatores anaeróbios
de fluxo ascendente e manto de lodo (Upflow Anaerobic Sludge Blanket - UASB),
tanques de aeração com biodiscos, e desinfecção por ultra violeta (UV).
Amostras simples de esgoto foram coletadas após tratamento em frascos de
polietileno mantidos refrigerados até à realização dos bioensaios. Campanhas de
amostragem mensais foram realizadas de julho de 2015 a junho de 2016.
Os testes ecotoxicológicos utilizando o crustáceo Mysidopsis juniae seguiram a
norma da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) nº15.308 de 2011.
Água do mar coletada na região, depois de filtrada e com a salinidade ajustada a 35
ppm, foi utilizada para cultivo dos organismos-teste.
Os bioensaios realizaram-se em diferentes concentrações de amostras de efluente -
100%, 50%, 25% e 12,5% e 0% (ensaio controle). As amostras de efluente foram
diluídas com água do mar para um volume final 400 mL e salinidade ajustada a 35
ppm e em cada recipiente foram colocados 10 juvenis (de 3 a 7 dias) de M. juniae.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os testes ecotoxicológicos realizados denunciaram sempre toxicidade do efluente da


ETE de Baldo. Esta foi determinada considerando a concentração letal média a 50%
dos organismos ao fim de 96 horas (CL50-96h) calculada pelo método estatístico
Trimmed Spearman-Karber (HAMILTON et al, 1977). A toxicidade do efluente foi
muito elevada nas amostras de junho e novembro de 2015, com valores de CL50-

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

96h de 14,89% e de 13,33% respectivamente. Nas restantes amostras a CL50-96h


variou entre 21,33% (setembro 2015) e 40,58% (março 2016). O efluente tratado
apresentou em todas as campanhas pH neutro a básico (entre 6,8 e 8,8)
obedecendo à resolução CONAMA nº430/2011, que recomenda valores de pH entre
5 e 9. Os teores de oxigénio dissolvido (OD) foram em média de 3,9 mg L -1, tendo
variado entre 0,7 mg L-1 em agosto 2015, e 6,9 mg L-1 em março 2016.
A principal causa da morte de cerca de 40 toneladas de peixe que ocorreu no rio
Potengi em julho de 2007 foi identificada ter sido devida à falta de oxigénio
resultante de uma excessiva descarga de matéria orgânica (CASTRO, 2009). Em
2009, amostras de água do canal do Baldo submetidas a bioensaios qualitativos
com M. juniae evidenciaram toxicidade (NICODEMO, 2010), mas nessa altura o
canal recebia esgotos domésticos in natura porque a ETE de Baldo só foi construída
em 2011.
Assim, o monitoramento ecotoxicológico de efluentes de ETE é essencial para
conhecer as flutuações da toxicidade que as suas descargas podem causar nos
corpos de água receptores. No caso da ETE de Baldo, diante da expectativa de
funcionamento de mais duas ETEs semelhantes, toda a informação que se puder
recolher para elhorar o funcionamento dos sistemas de tratamento contribuirá para
melhorar a eficiência das ETEs e reduzir os excessivos custos geralmente
associados ao mau funcionamento destes sistemas e/ou à descontaminação de
massas de água com a importância ecológica e económica do rio Potengi.

CONCLUSÃO

Entre junho de 2015 e junho de 2016 o efluente tratado da ETE Baldo mostrou-se
tóxico para M. juniae em todas as amostras coletadas mensalmente, uma vez que
os valores de CL50-96h foram sempre inferiores a 50%, isto é, uma vez que o
efluente é tóxico, mesmo quando o fator de diluição é superior a 1:2. Uma análise
sistematizada dos efluentes de ETEs por realização de bioensaios com organismos-
teste permite obter um histórico de toxicidade, fundamental ao reconhecimento das
variáveis a ela associadas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABNT NBR 15308. Ecotoxicologia Aquática – Toxicidade Aguda – Método de ensaio


com misidáceos (Crustacea). Rio de Janeiro, 2011.
CASTRO, P. (2009). Potengi: Ameaça de todos os lados. Jornal Tribuna do Norte.
Acessado em:30/03/2018. Visualizado em:
http://www.tribunadonorte.com.br/noticia/potengi-ameaca-de-todos-os-lados/125782
NICODEMO, S.C.T. (2010). Diagnóstico ecotoxicológico dos efluentes lançados no
complexo estuarino do Jundiaí/Potengi, Natal/RN (Master's thesis, Universidade
Federal do Rio Grande do Norte).

FONTES FINANCIADORAS

A inscrição da primeira autora está a cargo do Instituto Federal de Educação


Ciências e Tecnologia do Rio Grande do Norte (IFRN)

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Painel
Efeito de contaminantes orgânicos
81 - UTILIZANDO Nitokra sp. COMO ORGANISMO TESTE EM EFLUENTES
DOMÉSTICOS

JAÍSA MARÍLIA DOS SANTOS MENDONÇA, ISABEL AGUIAR PINTO MINA,


GUILHERME FULGÊNCIO DE MEDEIROS
Contato: JAÍSA MARÍLIA DOS SANTOS MENDONÇA - JAHMARILIA@GMAIL.COM

Palavras-chave: Mysidopsis juniae; Nitokra sp.; sensibilidade; toxicidade

INTRODUÇÃO

O copépode Nitokra sp. tem vindo a ser muito utilizado no Brasil como organismo-
teste em ensaios ecotoxicológicos de sedimentos e águas intersticiais estuarinas,
desde que proposto por Lotufo & Abessa (2002). O teste crônico de curta duração
apresentado pelos referidos autores para análise de amostras de água intersticial foi
adaptado neste trabalho, para analisar efluentes tratados numa Estação de
Tratamento de Esgoto (ETE).
A avaliação da capacidade de Nitokra sp. como bioindicador de toxicidade aguda e
crônica de curta duração de amostras líquidas foi feita por comparação com testes
de toxicidade aguda com Mysidopsis juniae, organismo normatizado pela ABNT
15.308/2011.

METODOLOGIA

O cultivo de Nitokra sp. foi mantido em água do mar coletada nas proximidades de
Natal. A água foi filtrada, esterilizada com ultra violeta (UV) e a sua salinidade
ajustada a 15 ppm. As amostras do efluente tratado foram coletadas mensalmente,
entre agosto e dezembro de 2015, na ETE de Baldo (Natal/RN). Previamente
climatizadas a 24 ± 1 °C e com salinidade ajustada a 15 ppm, as amostras de
efluente foram diluídas em água do mar utilizada no cultivo para obter concentrações
de 100%, 50%, 25%, 12,5% e 0%, em triplicata. Em cada frasco colocaram-se 10
fêmeas de Nitokra sp ovadas, durante 96h. Ao término foi feita a contagem das
fêmeas vivas e dos náuplios.
O cultivo e teste agudo com M. juniae seguiu a norma ABNT 15.308/2011. Para
cada concentração em triplicata 10 filhotes de 3 a 7 dias foram expostos durante 96
h às diferentes concentrações de efluente.
O cálculo da concentração média de efluente que causou mortalidade a 50% dos
organismos (CL50-96h) foi feito pelo método estatístico Trimmed Spearman-Karber
(Hamilton et al, 1977). A Concentração de Efeito Observado (CEO) foi estimada por
análise de variância ANOVA one way seguida de post hoc Dunnet’s.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os teste ecotoxicológicos com Nitokra sp. evidenciaram toxicidade aguda do


efluente da ETE apenas nas amostras coletadas em dezembro de 2015, com CL50-
96h = 64,87%. Considerando o endpoint reprodução, as amostras mais tóxicas
foram as de outubro de 2015 com CEO = 25 %.

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Para M. juniae foi detectada toxicidade aguda em todos as amostras analisadas. As


amostras de agosto de 2015 foram as que apresentaram menor toxicidade, com
CL50-96h = 65,98 %, enquanto que de setembro a dezembro de 2015 as amostras
apresentaram CL50-96h de 21,33 % (set), 31,17 % (out), 13,33 % (nov) e 21,81 %
(dez).
O efluente da ETE só se mostrou tóxico para Nitokra sp. nas amostras de outubro
enquanto que para M. juniae foram tóxicas as amostras de setembro a dezembro
com valores de CL50-96h menores do que para Nitokra sp, ou seja, o efluente
apresentou-se mais tóxico, pois a morte de 50% dos organismos foi causada por
concentrações mais baixas de efluente. Apesar do efluente não se ter mostrado
muito tóxico no que diz respeito à sobrevivência de organismos Nitokra sp. afetou de
forma mais evidente a taxa de reprodução destes organismos.
Ensaios de curta duração com o Nitokra sp. para testar a toxicidade de naftaleno
demonstraram maior resistência no endpoint sobrevivência quando comparado a
Lytechinus variegatus (Echinodermata), porém mais sensível que a Chlorophyta,
Dunaliella tertiolecta (CARIELLO, 2012). Nitokra sp., de acordo com a pesquisa
bibliográfica realizada por Cariello (2012) é mais resistente que outros copépodes ao
naftaleno e ao Dodecil Sulfato de Sódio (DSS).
Assim o uso do Nitokra sp. em ensaios de curta duração deve ser feito com
precaução para evitar que a toxicidade causada por efluentes sanitários seja
subestimada, dada a resistência deste organismo teste. Estudos sobre os
parâmetros a considerar (endpoints) incluindo as fases mais sensíveis do ciclo de
vida destes organismos (fases larvares) são necessários para desenvolvimento de
uma metodologia mais eficaz para testes de curta duração (ARTAL, 2013).

CONCLUSÃO

Nitokra sp. mostrou-se mais resistente ao efluente doméstico do que M. juniae, tanto
nos testes crônicos de curta duração quanto nos agudos. A elevada percentagem de
sobrevivência de Nitokra sp. em presença de concentrações de efluente que
reduzem a taxa de reprodução destes organismos e conduzem à morte de mais de
50% dos organismos da espécie M. juniae, evidencia baixa sensibilidade Nitokra sp.
como organismo-teste para avaliação da toxicidade de efluentes domésticos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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na avaliação de corantes. Dissertação de mestrado, Universidade Estatual de
Campinas, 2013.
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2012.
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162.

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

FONTES FINANCIADORAS

A inscrição da primeira autora está a cargo do Instituto Federal de Educação


Ciências e Tecnologia do Rio Grande do Norte (IFRN)

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Efeito de contaminantes orgânicos
89 - AVALIAÇÃO DA ECOTOXICIDADE AGUDA DO LORSBAN® 480 BR ANTES
E APÓS DEGRADAÇÃO POR FOTÓLISE DIRETA

ELIANE ADAMS, ADRIANE MARTINS DE FREITAS, SUELEN ANGELI, MARCUS


VINICIUS DE LIZ
Contato: ELIANE ADAMS - ELIANEADAMS@ALUNOS.UTFPR.EDU.BR

Palavras-chave: radiação UVC; Daphnia magna; Aedes aegypti; pesticida organofosforado

INTRODUÇÃO

O controle químico é a alternativa mais adotada no combate a pragas e vetores,


sendo observados efeitos deletérios devido a exposição à xenobióticos. O
organofosforado clorpirifós, principio ativo do produto comercial Lorsban® 480 BR,
apresenta alta toxicidade em mamíferos. No entanto, foi o 9º ingrediente ativo mais
vendido no país em 2015. A fotólise é um dos mecanismos mais importantes de
degradação de poluentes ambientais, propiciando a remoção de compostos nocivos
biodisponíveis. O objetivo deste trabalho foi degradar o agrotóxico Lorsban® 480 BR
por fotólise direta (radiação UVC), avaliando a ecotoxicidade através de bioensaios
com Daphnia magna e Aedes aegypti.

METODOLOGIA

O processo de fotólise com radiação UVC foi realizado em reator fotoquímico de


bancada com capacidade de 600 mL, equipado com refrigeração por água e
agitação magnética. Utilizou-se uma lâmpada de alta pressão de vapor de mercúrio
de 125 W sem o bulbo protetor original, inserida na solução por meio de um bulbo de
quartzo, cuja intensidade de radiação UVC emitida era de 10,97 mW cm -2.
As soluções foram preparadas a partir da diluição da solução estoque (240 mg L -1)
do agrotóxico comercial Lorsban® 48% (m/v) (Dow AgroSciences) sendo a
concentração final igual a 200 µg L-1. Para fins analíticos e avaliação da
ecotoxicidade, foram retiradas alíquotas após 30, 60, 90, 120, 240, 360 e 480 min de
degradação. A ecotoxicidade aguda foi avaliada através de ensaios com o
microcustáceo Daphnia magna e larva de Aedes aegypti.
O cultivo e bioensaios com D. magna seguiram a norma técnica ABNT NBR
12713:2016. Os ensaios com Aedes aegypti foram realizados com base nas
orientações descritas pela Organização Mundial da Saúde (WHO, 1981). Foram
utilizados ovos sadios da linhagem Rockfeller, cedidos pelo Laboratório de Fisiologia
e Controle de Artrópodes Vetores – LAFICAVE, da Fundação Oswaldo Cruz – RJ.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A determinação da ecotoxicidade do produto comercial Lorsban® 480 BR antes e


após a fotólise por radiação UVC, para a Daphnia magna, foi expressa através do
fator de toxicidade (FT), que representa a menor diluição em que não se observa
imobilidade maior do que 10 % dos organismos expostos (ABNT, 2016). Os valores

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

de fator de diluição (FD) foram de 1 a 32, ou seja, 100 % a 3,125 % de volume do


agrotóxico adicionado na solução-teste.
Não foi possível atribuir valores de FT, no ensaio agudo com D. magna, para a
solução do pesticida sem tratamento (tempo zero), havendo 86 % de organismos
imóveis na menor diluição testada, isto é, FD = 32, visto que a concentração adotada
é superior a CE50 (48 h) para este organismo, a qual é de 0,56 µg L-1 (FISPQ,
2012). No tempo zero, a imobilidade média foi de 92 %.
A análise da atividade larvicida do agrotóxico antes e após tratamento, utilizando a
larva de Aedes aegypti como bioindicador, foi obtida através da exposição do
organismo à solução sem diluição. Na concentração de 200 µg L -1 do produto
comercial, antes do tratamento, a imobilidade média foi de 100 %.
Através da degradação por radiação UVC foi possível reduzir consideravelmente a
ecotoxicidade da solução de Lorsban® 480 BR, tanto para o microcrustáceo quanto
para a larva, tornando ineficaz a ação do ingrediente ativo, assim como os
subprodutos gerados não intensificaram a toxicidade deste agroquímico. O valor de
FT para D. magna em 30 minutos de degradação foi igual a 32, nos tempos de 60,
90, 120, 240 e 360 minutos o FT foi 2, já em 480 minutos de tratamento o FT foi
igual a 4. A fotólise em 120 e 360 minutos apresentaram maior eficiência no
decréscimo da toxicidade aguda para a D. magna, cuja imobilidade média foi igual a
6,5 %, representando redução de 85,5 % comparada a toxicidade inicial.
Já para a larva, houve remoção completa da toxicidade a partir de 60 minutos de
degradação, não sendo observados organismos imóveis em tempos superiores,
deste modo, a fotólise propiciou a eliminação da atividade larvicida do agrotóxico
comercial.
Os resultados estão de acordo com a literatura (UTZIG, 2016), onde a partir de 60
minutos de reação não foi possível detectar a presença de clorpirifós pelo método
analítico utilizado (HPLC-DAD), não sendo detectados também subprodutos de
degradação, o que elucida os resultados obtidos

CONCLUSÃO

A degradação por radiação UVC do produto comercial Lorsban® 480 BR foi


eficiente, havendo redução de até 85,5 % da toxicidade aguda para D. magna e 100
% para o A. aegypti, visto que o agrotóxico na sua forma inalterada e em
concentração de 200 µg L-1 foi extremamente tóxico para ambos. Ensaios com a
microalga Desmodesmus subspicatus estão sendo feitos a fim de verificar se há a
possibilidade de efeitos crônicos advindos dos subprodutos gerados.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 12713 -


Ecotoxicologia aquática – toxicidade aguda – método de ensaio com Daphnia spp
(Crustacea, Cladocera). Rio de Janeiro, 2016.
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Dow AgroSciences, 2012.
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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

UTZIG, L. Avaliação da fitotoxicidade, ecotoxicidade e genotoxicidade de clorpirifós


após tratamento por radiação UVC e processo UV/H2O2. 2016. 129f. Dissertação de
Mestrado (Ciência e Tecnologia Ambiental) – Universidade Tecnológica Federal do
Paraná, Curitiba, 2016.
WHO – WORLD HEALTH ORGANIZATION. Instructions for determining the
susceptibility or resistance of mosquito larvae to insecticides. 1981.
ZAGATTO, P.A.; BERTOLETTI, E. Ecotoxicologia Aquática – Princípios e
Aplicações. 2ª ed. São Carlos: Rima, 2008.

FONTES FINANCIADORAS

Agradecemos ao apoio financeiro fornecido pela Universidade Tecnológica Federal


do Paraná.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Oral
Efeito de contaminantes orgânicos
110 - AVALIAÇÃO DO ESTRESSE OXIDATIVO EM PEIXES SUBMETIDOS A
CONCENTRAÇÕES SUBLETAIS DE TRICLORFON

ALAIDE CRISTINA DE BEM MATOS, THIAGO EL HADID PEREZ FABREGAT, LÚCIA


HELENA BAGGIO MARTINS, INDIANARA FERNANDA BARCAROLLI
Contato: ALAIDE CRISTINA DE BEM MATOS - ACDEBEM20@GMAIL.COM

Palavras-chave: estresse oxidativo; triclorfon; espécies reativas de oxigênio

INTRODUÇÃO

O oxigênio é uma molécula fundamental, porém, capaz de gerar substâncias tóxicas


chamadas de espécies reativas de oxigênio (ERO). As enzimas catalase e
glutationa-s-transferase, atuam diretamente contra as espécies reativas de oxigênio.
Através do excesso de ERO ocorre o estresse oxidativo, suas consequências podem
ser analisadas através de biomarcadores como peixes. A molécula triclorfon é um
organofosforado usado para controle de várias pragas e apresenta potencial tóxico.
O presente trabalho teve como objetivo geral avaliar o estresse oxidativo em peixes
da espécie Astyanax bimaculatus (Lambari), expostos a concentrações de triclorfon,
através da análise da atividade enzimática no fígado e brânquias.

METODOLOGIA

Os peixes da espécies Astyanax bimaculatus foram adquiridos com o grupo da


piscicultura da UDESC-CAV, aclimatados e mantidos em aquários, durante 3 dias no
laboratório de Toxicologia Ambiental do departamento de Engenharia Ambiental da
UDESC-CAV. Após esse período, os animais foram divididos em grupos de 6
animais, cada grupo foi exposto a diferentes concentrações de ivermectina merial e
triclorfon sendo elas: 0,01; 0,02; 0,03 e 0,04 mg/l, além do grupo controle, durante
96 hs. No final da exposição coletou-se brânquia, fígado dos animais para análise da
atividade das enzimas catalase e GST nas brânquias e fígado. O protocolo utilizado
para a determinação enzimática Catalase é o de Nelson e Kiesov (1972),
modificado. No qual utiliza-se 2 ml de solução tampão Catalase, 20 µl de amostra já
homogeneizada e 20 µl de substrato (peróxido de hidrogênio). Em sequência faz-se
a leitura da degradação do peróxido em espectrofotômetro. Para a determinação da
atividade da glutationa s transferase adciona-se 1,94 ml de solução Tampão, 20 µl
de glutationa reduzida (GSH) e 20 µl de homogeneizado. Em seguida adiciona-se 20
µl de reativo 1-cloro-2,4 dinitrobenzeno CDNB, homogeneizando novamente para
iniciar as leituras. Logo após faz-se a em espectrofotômetro.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados indicaram ativação das defesas antioxidantes enzimáticas, com


redução da catalase e aumento da GST no fígado e um aumento da catalase e
redução da GST na brânquia. A enzima catalase (CAT), é um componente de
defesa antioxidante primário, exerce duas funções importantes: a decomposição de
peróxido de hidrogênio (H2O2) a água e oxigênio (H2O + O2) e a oxidação de
compostos hidrogenados . Essa enzima pode atuar diretamente contra as espécies

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

reativas de oxigênio e espécies reativas de nitrogênio ou, ainda, reparar os danos


causados ao organismo por essas espécies. Catalisam a eliminação de peróxido de
hidrogênio (H2O2). A Glutationa-S-transferase (GST), por sua vez, pertence a uma
família multi funcional de proteínas envolvidas no processo de detoxificação celular e
correção dos efeitos deletérios de compostos xenobióticos como drogas, herbicidas,
compostos químicos carcinogênicos e poluentes ambientais. A enzima catalisa a
conjugação da glutationa reduzida (GSH) com compostos endógenos ou exógenos
de poluentes, a fim de torná-los menos tóxicos, mais solúveis em água e mais fáceis
de serem degradados e excretados. O aumento da atividade da GST e redução da
catalase no fígado é indicativo de atividade de detoxificação, visto que, o fígado é o
órgão responsável pela excreção de substâncias tóxicas e o aumento da catalase e
redução da GST na brânquia é indicativo da eliminação de espécies reativas de
oxigênio, visto que a brânquia é a primeira via de entrada do composto no
organismo do animal, mas não é o local onde o composto se acumula. Ambos
resultados estão correlacionados com o estresse oxidativo. As conseqüências do
estresse oxidativo podem ser variadas, de acordo com o tipo celular e com sua
intensidade, o aumento da atividade das enzimas detoxificantes é uma
consequência, bem como a redução. O aumento se justifica devido a uma reação do
organismo do peixe de tentar eliminar o composto tóxico, no caso o triclorfon, já a
inibição ocorre quando as ERO ultrapassam o limite de detoxificação nesta fase o
organismo apresenta falhas , tendendo a não recuperação.Observa-se também a
relação entre a Catalase a GST, estudos apontam que em uma situação de estresse
oxidativo a via da catalase é ativada antes da GST e assim pode-se justificar que na
brânquia houve um aumento direto da catalase enquanto a GST permanecia
reduzida, já no fígado, devido a sua fisiologia, houve um aumento da GST devido a
uma sobrecarga maior de contaminante.

CONCLUSÃO

Podemos concluir que houve redução da catalase e aumento da GST no fígado e


um aumento da catalase e redução da GST na brânquia, que essas enzimas estão
diretamente ligadas ao estresse oxidativo e a tentativa de detoxificação da célula.
Podemos concluir também que o órgão estudado interfere no comportamento das
atividades de detoxificação e que existe uma equivalência entre a catalase e a GST
de modo geral. Dessa forma, conclui-se que o triclorfon interfere de forma
significativa nos processos bioquímicos e fisiológicos dos peixes da espécie
Astyanax bimaculatus (Lambari) , aumentando suas EROS até uma situação de
estresse oxidativo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Astyanax (Pisces, Characidae) Pesq. Agropec. Bras.; Brasília, v.17, no.7, p.1057-65,
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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

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ecotoxicological tools. In: FOSSI, M.C.; LEONZIO, C. (Ed.). Nondestructive
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ZAGATTO, P.A.; MOZETO, A.A. 2006 Introdução de Agentes Químicos no
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princípios e aplicações. Ed Rima,, São Carlos-SP.

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


940
XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Oral
Efeito de contaminantes orgânicos
128 - ECOTOXICOLOGICAL EVALUATION OF POULTRY LITTER FERTILIZED
SOIL ON Eisenia andrei (OLIGOCHAETA)

EVELYN OLIVEIRA DA SILVA, FABIO VERISSIMO CORREIA, LORENA OLIVEIRA


SOUZA SOARES, LEANDRO DA ROCHA LIMA, TATIANA SAINT’PIERRE, RACHEL
ANN HAUSER-DAVIS, ENRICO MENDES SAGGIORO, CLAUDIO PARENTE
Contato: FABIO VERISSIMO CORREIA - FABIO.CORREIA@UNIRIO.BR

Keywords: antibiotics; enrofloxacin; ciprofloxacin; Metals;metalloids; toxicity

INTRODUCION

Brazil is a major global poultry producer, and, in recent years, has presented an
increasing trend in its domestic consumption. The main poultry-producing residue is
poultry litter, comprising a plant substrate, feces, urine and feed. Although this litter is
used as a fertilizer in agricultural soils, high antibiotic, pesticide and heavy metal
concentrations have been reported for this matrix. In this context, its use may affect
key organisms regarding nutrient cycling and other important soil functions. Thus, the
aim of the present study was to evaluate poultry litter fertilized soil toxicity on Eisenia
andrei.

METHODS

Poultry litter was obtained from the municipality of São José do Vale do Rio Preto,
the largest poultry production center in the state of Rio de Janeiro, Brasil. E. andrei
avoidances test followed the ISO 17512-1 (2011) protocol, at 50, 100, 150, 200, 250,
500, 750 and 1000 g kg-1 poultry litter concentrations. Acute exposure tests followed
the ISO 11268-1 (2012) protocol. The LC50 was estimated from the results of the
acute tests, carried out at poultry litter concentrations ranging from 20 to 100 g kg -1.
The antibiotics enrofloxacin (ENR), commonly used in poultry, and ciprofloxacin
(CIP), its main metabolite, were determined in the poultry litter sample by High
Performance Liquid Chromatography (HPLC) with a fluorescence detector. A second
acute test at higher poultry litter concentrations (50 to 150 g kg-1) was also
performed. Metals and metalloids (Na, Mg, Ca, Ti, V, Cr, Mn, Fe, Co, Ni, Cu, Zn, As,
Se, Br, Mo, Cd, Ba, Hg and Pb) were determined in the poultry litter sample and the
exposed organisms by inductively coupled plasma mass spectrometry (ICP-MS),
after acid-digestion in double-distilled nitric acid by heating at 100 °C for 5 hours.

RESULTS AND DISCUSSION

Avoidance tests indicate that the poultry litter strongly repels the worms from their
habitat. No live earthworms were found in exposed soils, even at the lowest litter
concentration (50 g kg-1). In addition, all live individuals were found in the control soil
at the end of the experiment. Morphological alterations were observed, including
swelling, partitioning and strangulation. At the highest poultry litter concentrations
(250 and 1000 g kg-1), mortality ranged from 23 % to 52 %, respectively.
The estimated LC50 was of 30 g kg-1, equivalent to 3 % poultry litter. Total mortality
was observed from 6 % poultry litter concentrations (60 g kg -1). A significant biomass

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

loss (p <0.05) of 42 % was observed at the 40 g kg-1 poultry litter exposure over 15
experimental days. The LC50 was estimated at a 3:100 poultry litter:soil ratio (g),
which, in the field, would be the equivalent to 72 t.ha-1. Previous studies conducted in
Brazilian agricultural areas have estimated an ideal poultry litter:soil ratio (e.g. in
maize crops) between 9 and 13 t.ha-1. Considering that the maize crop cycle lasts 90
and 100 days, an active area can receive more than 60 t annually. In addition, for
monthly cycle crops (such as lettuce) the applied volume may be much higher than
that estimated in the LC50.
High ENR (23.6 mg kg-1) and CIP (6.74 mg kg-1) concentrations, as well as copper
(Cu, 42.0 mg kg-1), manganese (Mn, 46.7 mg kg-1), zinc (Zn, 86.7 mg kg-1) and
sodium (Na, 438 mg kg-1) were detected. Antibiotics are used as therapeutics, while
metals and metalloids are added to the diet as performance enhancers. Toxic metals
were also determined in the earthworms, including mercury (Hg), cadmium (Cd) and
lead (Pb), as well as the metalloid arsenic (As). Metal concentrations in the control
organisms were 0.42, 1.59, 2.50 and 3.78 mg kg-1 for Hg, Cd, Pb and As,
respectively, while organisms exposed to the poultry litter at concentrations between
50 and 150 g kg-1 exhibited maximum concentrations of 0.40, 1.60, 3.48 and 4.66 mg
kg-1 for Hg, Cd, Pb and As, respectively.
In soils, fluoroquinolones can complex with divalent metal cations. According to
recent research, environmentally relevant ENR and CIP concentrations have
contributed to higher Cu (II) and Cd (II) uptake by E. fetida. Reported adverse effects
in these organisms ranged from reduced mobility in the soil to changes at molecular
levels, such as oxidative stress.

CONCLUSION

The present study demonstrated adverse effects in both acute avoidance and
exposure tests, even at low poultry litter concentrations. The estimated LC50 is
compatible with litter amounts applied in the field. In addition, it is expected that
applied poultry litter mass will be higher in farm planting areas. The results observed
herein may be due to high antibiotic concentrations. However, multiple exposures
derived from the litter, both chemical and microbiological, should be considered.
Further studies will assess chronic exposure tests, as well as other possible litter
pollutants, such as pyrethroid insecticides.

SPONSORS

Part of this research was funded by the National Council for Scientific and
Technological Development (CNPq). The undergraduation student Evelyn Oliveira
has a scientific initiation grant from the MCTI / CNPq-Universal project - 01/2016,
process 426192 / 2016-8. Ph.D. student Cláudio Parente has a CNPq scholarship
registered under No. 153776/2015 - 3.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Oral
Efeito de contaminantes orgânicos
157 - AVALIAÇÃO DA TOXICIDADE DO TRIBUTILESTANHO (TBT) PARA
EMBRIÕES E LARVAS DE DANIO RERIO

MARIA KAROLAINE DE MELO ALVES, CÉLIO FREIRE MARIZ JR, ROMULO


NEPOMUCENO ALVES, DRIELE VENTURA DE PAULO, PAULO SERGIO MARTINS
CARVALHO
Contato: MARIA KAROLAINE DE MELO ALVES - MARAKAROLAINE@HOTMAIL.COM

Palavras-chave: Danio rerio; tributilestanho; ecotoxicologia

INTRODUÇÃO

O tributilestanho (TBT) é um composto organoestânico utilizado na formulação de


tintas anti-incrustantes para impedir a bioincrustação de organismos em cascos dos
navios. Porém estudos mostraram que o TBT apresentava toxicidade para
organismos não alvo, sendo apontado como desregulador endócrino, provocando
problemas na reprodução e no crescimento de várias espécies (LAU WONG, 1991),
incluindo moluscos e peixes. Mesmo após a proibição comercial do TBT, ele ainda é
utilizado ilegalmente e está presente em diversos ambientes (GARG et al., 2011).
Esse trabalho tem como objetivo analisar os efeitos letais e subletais do TBT para
embriões e larvas de Danio rerio.

METODOLOGIA

Embriões recém fertilizados do Danio rerio foram expostos por um período de 96


horas em placas de 24 poços, às concentrações 1, 5, 10, 20, 25, 30 e 50 µg TBT L -1,
em paralelo ao controle e ao controle de solvente (acetona). Cada indivíduo foi
avaliado individualmente a cada 24 horas para avaliação do seu desenvolvimento e
documentação das patologias. Foram utilizadas as normas estabelecidas pela
OECD 236, para a determinação da mortalidade. Efeitos no desenvolvimento
embrio-larval foram analisados a partir do índice morfológico geral (IMG)
(BEEKHUIJZEN et al., 2015), que integra informações sobre a efetiva formação de
marcos morfológicos fundamentais no desenvolvimento inicial do embrião até a fase
de larva, após a exposição de embriões recém fertilizados aos tratamentos 1, 5, 10,
20 e 30 µg TBT L-1. As características morfológicas analisadas incluíram: o
descolamento da cauda, formação dos somitos, formação do olho, movimentos,
circulação sanguínea, batimento cardíaco, pigmentação da cabeça e corpo,
pigmentação da cauda, extensão do saco vitelínico, nadadeira peitoral, boca
protrusível e eclosão. As larvas sobreviventes dos diferentes tratamentos foram
filmadas para avaliar a velocidade natatória 7 dias após fertilização, e
posteriormente foram fotografadas, sendo medido o comprimento total e o diâmetro
do olho das larvas.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A CL5096h calculada neste trabalho foi igual a 36,4 µg TBT L -1. Em embriões do
medaka (Oryzias latipes) a CL5096h foi estimada em 46,1 µg TBT L -1
(BENTIVEGNA e PIATKOWSKI, 1998), e a CL5096h para as espécies Menidia

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

beryllina e Fundulus heteroclitus expostas durante a fase larval foram iguais a 3 µg


L-1 e 23,4 µg L-1 de TBT, respectivamente (BUSHONG et al., 1988). Desta forma, o
estágio embrio-larval de D. rerio apresentou sensibilidade intermediária ao TBT em
comparação a essas espécies. Foram verificados efeitos no desenvolvimento
embrio-larval nos tratamentos 1, 5, 10, 20 e 30 µg TBT L-1, com valores médios do
IMG de 16,0; 16,0; 16,0; 15,5 e 15,0, respectivamente, menores significativamente
que o valor do IMG no controle, igual a 17, indicando um retardo no desenvolvimento
dos indivíduos expostos. As larvas apresentaram microftalmia nas concentrações 20
e 30 µg TBT L-1, tendo uma redução significativa de 13,9% e 11,1% no diâmetro dos
olhos (ANOVA, p < 0,05). A velocidade natatória (cm s-1) das larvas expostas ao
TBT nos tratamentos 20 e 30 µg TBT L-1 foi menor significativamente que as do
controle. Esta hipoatividade pode estar relacionada com uma anomalia frequente
nesse estudo que foi a ausência da bexiga inflada, que é muito importante para que
os peixes consigam nadar normalmente. Um estudo onde embriões de Danio rerio
foram expostos por 96 horas ao TBT e posteriormente filmados, mostrou que a
natação total, distância, velocidade e atividade das larvas de D. rerio foram
reduzidas após a exposição a 3 µg TBT L -1 (LIANG et al., 2017). O comprimento
total médio das larvas ao final de 7 dias nos tratamentos 5 e 10 µg TBT L -1 foi 4,4%
e 3,4% menor, respectivamente, que o comprimento do controle (ANOVA, p < 0,05).
Alterações morfológicas como ausência da extensão do saco vitelínico, da boca
protrusível e da bexiga natatória, edema, hemorragia e olhos opacos, foram
detectadas com maior frequência nos indivíduos. A frequência de ausência da
extensão do saco vitelínico aumentou de 0% no controle a 70% nas larvas expostas
a 30 µg TBT L-1. A não protrusão da boca variou entre 10% a 30% e a hemorragia
entre 5% e 35%, nas larvas expostas as concentrações entre 1 a 30 µg TBT L -1. A
ausência da bexiga natatória inflada variou de 0% nos controles a 100% nos
tratamentos 20 e 30 µg TBT L-1.

CONCLUSÃO

O TBT interfere no desenvolvimento embrio-larval, na atividade natatória e no


crescimento total das larvas de Danio rerio, provocando danos em características
morfológicas essenciais para sobrevivência do animal e aumentando a frequência de
anormalidades morfológicas. A hipoatividade detectada nos animais expostos pode
fazer com que os mesmos não consigam predar com sucesso e não consigam fugir
de possíveis predadores. Além disso, todos os efeitos detectados podem afetar o
recrutamento desses indivíduos para a população adulta.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

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environment. Archives of Environmental Contamination and Toxicology, v. 20, n. 3, p.
299-304, April 01 1991. ISSN 1432-0703.
LIANG, X. et al. Tributyltin induces premature hatching and reduces locomotor
activity in zebrafish (Danio rerio) embryos/larvae at environmentally relevant levels.
Chemosphere, v. 189, n. Supplement C, p. 498-506, 2017/12/01/ 2017. ISSN 0045-
6535.

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Oral
Efeito de contaminantes orgânicos
173 - BIOATIVIDADE DE EXTRATOS AQUOSOS DE PLANTAS INSETICIDAS DO
CERRADO SOBRE TRAÇA-DAS-CRUCÍFERAS

ALINE NASCIMENTO ROCHA, IRYS FERNANDA SANTANA COUTO, SILVANA


APARECIDA DE SOUZA, ROSILDA MARA MUSSURY FRANCO SILVA
Contato: ALINE NASCIMENTO ROCHA - ALINE_2402@HOTMAIL.COM

Palavras-chave: Plutella xylostella; Bioextrato; Brássicas

INTRODUÇÃO

Os problemas oriundos pelo uso indiscriminado de inseticidas sintéticos,


contribuíram para o crescimento da demanda por produtos alimentícios isentos de
contaminantes químicos. Uma das maneiras de diminuir a dependência ao uso de
agrotóxicos é utilizar métodos alternativos de controle fitossanitário, especificamente
com extratos vegetais, que vem sendo amplamente estudado e representa uma
alternativa importante de controle de insetos-praga em pequenas áreas de cultivo,
como as hortas, situação na qual a produção de extratos torna-se viável. A utilização
de inseticidas botânicos caracteriza-se por ser sustentável para as comunidades que
deles se beneficiam, além de propiciar maior conservação ambiental.

METODOLOGIA

A criação e multiplicação de P. xylostella foi realizada no Laboratório de Interação


Inseto-Planta, sob condições controladas. Folhas totalmente expandidas de Schinus
terebinthifolius, Serjania marginata, Annona coriacea e Annona crassiflora, foram
coletadas na fazenda Coqueiro (mata) no município de Dourados-MS. As folhas
foram secas em estufa de circulação forçada de ar durante três dias e após esse
período foram trituradas em moinho até a obtenção de um pó fino. Para o preparo
dos extratos aquosos, utilizou-se 10 g da matéria vegetal e 100 mL de água
destilada, no qual, após agitação manual, ficaram em repouso por 24 horas. Após
esse período, faz-se uma coagem sendo obtido extrato na concentração
(peso/volume) de 10 g/mL. Para a avaliação da bioatividade dos extratos vegetais no
ciclo de vida do inseto foram analisados: duração e viabilidade de larvas e pupas,
peso pupal, longevidade de fêmea e machos, número de ovos, período de
incubação, período de oviposição, viabilidade de ovos. O delineamento experimental
utilizado foi inteiramente casualizado, sendo que cada tratamento foi constituído por
10 repetições, de 5 subamostras, totalizando 50 lagartas/tratamento. Os resultados
foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas pelo teste de
Tukey (P≤0,05), utilizando-se o programa ASSISTAT.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Houve um aumento na duração larval e pupal das lagartas alimentadas por folhas
tratadas com extratos do gênero Annona. Quanto a viabilidade larval, o extrato de S.
marginata provocou a mortalidade de aproximadamente 38% das lagartas. Na fase
pupal houve maior mortalidade nos extratos de A. coriacea (24%) e A. crassiflora
(35%), respectivamente. Dessa forma, pode-se afirmar que os extratos que

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

causaram mortalidade na fase pupal, tiveram um aumento no período de dias


durante a fase larval e pupal. Em todos os extratos foi observado uma redução na
biomassa pupal, sendo que, o extrato A. coriacea apresentou 1,88 gramas a menos
que a testemunha. Concomitantemente, tal tratamento apresentou redução no
período de oviposição e redução na longevidade das mariposas fêmeas em relação
a testemunha. Não houve diferença significativa entre os tratamentos para a
longevidade dos machos adultos, o número de ovos e o período de incubação dos
ovos, entretanto, foi observada a diminuição no número de ovos em todos os
extratos, sendo que, no tratamento de A. coriacea, essa diminuição foi mais
evidente. Em relação ao período de incubação dos ovos, houve um aumento nos
extratos do gênero Annona de 0,30 dias, em contrapartida os tratamentos S.
terebinthifolius e S. marginata apresentaram uma redução de 0,20 e 0,49 dias,
respectivamente. Quanto a viabilidade dos ovos, o extrato de S. marginata (46,83%
de ovos inférteis) e S. terebinthifolius (30,33% de ovos inférteis). Tais resultados
fortalecem a tese de que aleloquímicos extraídos de plantas, podem não apresentar
ação aguda contra insetos pragas, mas no final de uma geração, podem reduzir a
população da praga para níveis iguais ou inferiores, reduzindo então o dano
econômico.

CONCLUSÃO

Com base nos resultados obtidos, é possível concluir que os extratos vegetais
utilizados ocasiona efeitos promissores sobre o desenvolvimento de P. xylostella.
Inferimos que este material pode se constituir em um componente útil para o manejo
dessa espécie-praga no Brasil. Diante dessa perspectiva, estudos em condições de
campo deverão ser realizados visando avaliar o efeito dos derivados botânicos na
demografia e dinâmica populacional de P. xylostella e na proteção dos cultivos de
brássicas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BANDEIRA, G.N.; CAMARA, C.A.G.; MORAES, M.M.; BARROS, R.; MUHAMMAD,


S.; AKHTAR, Y. 2013. Insecticidal activity of Muntingia calabura extracts against
larvae and pupae of diamondback, Plutella xylostella (Lepidoptera, Plutellidae). J
King Saud Univ Sci 25: 83-89.
BARROS, L.; CARVALHO, A.; FERREIRA, I. 2011. Comparing the composition and
bioactivity of Crataegus monogyna flowers and fruits used in folk medicine.
Phytochem Anal 22: 181-188.
BARROS, R.; THULER, R.T.; PEREIRA, F.F. 2012. Técnica de criação de Plutella
xylostella (L.; 1758) (Lepidoptera: Yponomeutidae). In: PRATISSOLI D (Org),
Técnicas de criação de pragas de importância agrícola, em dietas naturais. 1ª ed.;
Vitória: EDUFES, p. 65-83.
FURLONG, M.J.; WRIGHT, D.J.; DOSDALL, L.M. 2013. Diamondback Moth Ecology
and Management: Problems, Progress, and Prospects. Annu Rev Entomol 58: 517-
541.
GIRÃO FILHO, J.E.; ALCANTARA NETO, F.; PÁDUA, L.E.M.; PESSOA, E.F. 2014.
Repellency and insecticidal activity of plant powders on Zabrotes subfasciatus (Boh.)
on stored lima beans. Rev Bras Plantas Med 16: 499-504.

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FONTES FINANCIADORAS

Agradecemos o apoio financeiro do Conselho Nacional de Desenvolvimento


Científico e Tecnológico (CNPq) e a Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do
Ensino, Ciência e Tecnologia do Estado de Mato Grosso do Sul (FUNDECT), na
concessão de bolsas para autores envolvidos.

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Painel
Efeito de contaminantes orgânicos
194 - ANÁLISE FITOTOXICOLÓGICA DO LODO E DO FERTILIZANTE QUÍMICO

GIOVANA MENDES SILVA LEGA, MARALINE C. K. ZANATTA, ELAINE CRISTINA


CATAPANI POLETTI, MARTA SIVIERO GUILHERME PIRES
Contato: GIOVANA MENDES SILVA LEGA - GIOVANALEGA@HOTMAIL.COM

Palavras-chave: lodo; fertilizante químico; toxicidade; sementes

INTRODUÇÃO

O lodo de esgoto contribui para restaurar a fertilidade do solo, aumentar a


concentração de matéria orgânica, sendo importante fonte de nutrientes. Entretanto
é preciso avaliar os benefícios da sua utilização tendo em vista que a alta
concentração de lodo pode causar efeitos tóxicos ao solo, prejudicando a produção
agrícola e a vida microbiana. Uma forma de avaliar esses efeitos é empregando
testes de sementes, avaliando germinação e crescimentos de raízes, que têm sido
muito utilizados nas pesquisas de aplicação do lodo na agricultura e são
recomendados pela EPA.

METODOLOGIA

Para avaliar os efeitos da aplicação de lodo e fertilizante químico no crescimento e


germinação de raízes foram usadas sementes de mostarda e rúcula e os testes
foram realizados seguindo a Norma U.S. EPA OPPTS 850.4200 – Seed
Germination/Root Elongation Toxicity Test.
O lodo após coleta foi seco e depois preparado o lixiviado, com 100g de amostra de
lodo na qual foi adicionado 400mL de água ultra-pura e colocado sob agitação em
“Tumbler” (30 rpm) durante 22 horas.
Para o fertilizante químico foram utilizadas concentrações diferentes, a partir do
especificado no rótulo do produto. Sendo o recomendado de 50 µL de fertilizante
para 10 mL de água, ou seja, concentração igual a 5 mL/L foram feitas duas
concentrações abaixo da solução mãe: 1,2 mL/L e 25 mL/L, e três concentrações
acima : 75 mL/L, 100 mL/L e 200 mL/L, sendo que para o valor de CE50 a unidade
foi convertida para g/L a partir da densidade. Para o lodo foram usadas as seguintes
concentrações: 0,5%, 1%, 5%, 10%, 50% e 100% do extrato 1:4 (lodo: água
ultrapura). Medidos os comprimentos das raízes das sementes, foram calculados os
alongamentos relativos de cada concentração e plotados em gráfico, obtendo os CE
50.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foram medidos os comprimentos das raízes e calculados os alongamentos relativos


de cada concentração. Observou-se maior crescimento de raiz da mostarda quando
utilizados os dois substratos em comparação à rúcula.
Já quando comparados os substratos observou-se que para o lodo o crescimento de
raiz foi diminuindo ao logo do tempo desde o controle até a última concentração,
conforme a concentração de lodo aumentava. Quando utilizado o fertilizante químico

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

observou-se crescimento decrescente do controle até a última concentração para a


rúcula, e para a mostarda o crescimento da primeira concentração apresentou-se
maior, sendo igualmente decrescente depois disso.
Para a semente de mostarda no fertilizante foi obtido CE50 = 4,7 g/L e para a
semente de rúcula CE50 = 4,3 g/L. Nos resultados obtidos para o lodo na semente
de mostarda, o CE50 = 3,1 g/L de lodo e para a semente de rúcula o CE50
encontrado foi 1,7 g/L de lodo.
Pelos resultados obtidos pode-se observar que a semente de rúcula foi mais
sensível que a de mostarda, tanto para o lodo quanto para o fertilizante químico,
sendo que para o lodo o CE50 foi quase 50% do valor obtido para o CE50 da rúcula.
De um modo geral os valores de CE50 encontrados para o fertilizante foram bem
superiores que para o lodo, e verificou-se que mesmo utilizando dose abaixo da
recomendada pelo fabricante, cuja dose recomendada é igual à 6mg/L foi observada
efeito de toxicidade.
Por mais que o crescimento de raiz tenha sido maior quando utilizado o lodo, através
do gráfico de alongamento relativo pode-se observar que a concentração que causa
efeito tóxico em 50% das sementes é menor do que para o fertilizante, quando
colocados os resultados na mesma unidade e comparados. Isso infere a maior
toxicidade do lodo em comparação ao fertilizante, por mais que o último ainda
apresente alta toxicidade. Uma justificativa para esse resultado é o fato do lodo
utilizado na pesquisa possivelmente não estar completamente estabilizado, e dessa
forma apresentar componentes responsáveis por causar essa toxicidade, como por
exemplo maior concentração de nitrogênio amoniacal.
Pode-se perceber também maior crescimento de raiz predominantemente na
mostarda, assim como crescimento da mostarda em concentrações altas, onde não
houve crescimento da rúcula. Tal notação indica que a mostarda apresenta menor
sensibilidade, o que se confirma na análise estatística ANOVA one-way.

CONCLUSÃO

Analisando a sensibilidade das sementes quando utilizados os dois substratos – lodo


e fertilizante químico – observa-se maior sensibilidade da rúcula, que obteve menor
crescimento de raiz e menor alongamento relativo, resultando em um menor CE50,
em comparação à mostarda.
Em relação aos substratos observa-se que há maior efeito adverso quando utilizado
o lodo, resultando em menor CE 50 para as duas sementes estudadas quando
utilizado este substrato.
Em paralelo, é observado que há efeito adverso no fertilizante químico mesmo
quando utilizadas concentrações abaixo do recomendado pelo fabricante.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BETTIOL, W.; CAMARGO, O.A. Lodo de Esgoto: Impactos Ambientais na


Agricultura. Jaguariúna, Embrama Meio Ambiente, 2006.
BONOMO, M.M. Efeitos Citogenéticos, Bioquímicos, Morfológicos e Anatômicos da
Aplicação de Lodo de Esgoto Higienizado em Carica papaya L. 2014. Tese de
Doutorado. Universidade Federal do Espírito Santo.
BRASIL. Resolução CONAMA Nº 375/2006 -

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FONTES FINANCIADORAS

Pibic/SAE.

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Painel
Efeito de contaminantes orgânicos
203 - TOXICIDADE DO FIPRONIL SOBRE Enchytraeus crypticus EM SOLO
NATURAL TROPICAL: RESULTADOS PRELIMINARES

MARIANA ROLIM GRANZOTO, CASSIANA MARIA REGANHAN CONEGLIAN


Contato: MARIANA ROLIM GRANZOTO - MRGRANZOTO@GMAIL.COM

Palavras-chave: inseticida; bioindicador; solo; toxicidade

INTRODUÇÃO

Os Enchytraeus desempenham processos essenciais no solo, como decomposição


da matéria orgânica e ciclagem de nutrientes. Têm sido utilizados em testes
ecotoxicológicos por serem considerados bons indicadores da qualidade do solo
(BIANCHI et al. 2010). Os altos índices de utilização de agrotóxicos no Brasil e o
manuseio sem controle têm afetado organismo não alvo, comprometendo os
serviços ecossistêmicos. O fipronil é um inseticida utilizado no controle de insetos
em diversas plantações e no controle de pulgas, carrapatos e piolhos em animais
domésticos. O objetivo desse estudo foi avaliar a toxicidade do fipronil em solo
natural mediante teste de toxicidade com organismo Enchytraeus crypticus.

METODOLOGIA

A metodologia utilizada foi adaptada do protocolo ISO 16387 (2012). As principais


adaptações foram relacionadas ao solo, adaptada para a região do nosso país.
Coletou-se amostras de solo natural no campus da Escola de Engenharia de São
Carlos/Universidade de São Paulo, no campus localizado no município de Itirapina,
SP. O solo natural foi contaminado com as seguintes concentrações de fipronil
(formulação comercial Regente 800WG): 0,32; 0,65; 1,3 (dose recomendada pelo
fabricante); 2,6; e 5,2 mg/Kg de solo seco. Realizou-se o teste em 4 réplicas por
concentração e dois controles, sendo um com solo natural tropical e outro com Solo
Artificial Tropical (SAT), preparado em laboratório com 22,5% de caulim, 72,5% de
areia e 5% de fibra de coco. Realizou-se o teste em recipientes contendo 30 gramas
de solo, com umidade corrigida e em cada um deles adicionou-se 10 organismos
clitelados. Os organismos ficaram expostos durante o período de 21 dias a 20±1ºC e
fotoperíodo de 16h/8h (claro/escuro). Decorrido o período da exposição,
acrescentou-se ao solo álcool e o corante rosa de bengala, após 12 horas realizou-
se a contagem dos organismos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados obtidos demonstraram que os enquitreídeos Enchytraeus crypticus


apresentaram resistência quando exposto ao inseticida fipronil (Regente 800WG)
nas doses testadas, visto que não houve diferença significativa na reprodução dos
organismos entre a dose mais alta (5,2 mg/kg) e a mais baixa (0,32 mg/kg) da
concentração do fipronil testadas e comparado com o controle, houve diferença,
sabendo que o grupo controle remete as condições ideais de reprodução do
organismo. Diante dos resultados obtidos na quantificação dos organismos
decorridos os 21 dias de exposição, não foi possível determinar EC50 e EC20 na

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

análise estatística utilizando o programa STATISTICA 7. Foi possível determinar a


Menor Concentração de Efeito Observado (LOEC), na concentração de 0,32 mg/ Kg.
Vários estudos evidenciaram que os enquitreídeos são mais resistentes a
compostos potencialmente tóxicos quando comparados com outros indicadores
terrestres, como por exemplo o colêmbola Folsomia candida, inclusive em testes
utilizando a mesma formulação comercial do fipronil (OLIVEIRA, 2017). Desta forma,
será necessário realizar novos testes, aumentando as concentrações do fipronil para
reavaliar a toxicidade do mesmo para o organismo em estudo. No solo o composto
pode ser degradado mediante os processos de fotólise, pela radiação ultravioleta,
e/ou degradação microbiana originando subprodutos, que muitas vezes são mais
tóxicos que o próprio fipronil, sendo assim será realizado a quantificação do
inseticida no solo, que ficou nas mesmas condições e tempo de exposição do teste
para avaliar se há alguma relação com os resultados obtidos e a porcentagem de
degradação do mesmo. Os resultados indicaram ainda que o solo não foi um
interferente na reprodução dos organismos, pois não houve diferença significativa na
reprodução dos organismos nos dois tipos de solo utilizados como controle: o SAT e
o solo natural tropical.

CONCLUSÃO

Diante dos resultados obtidos conclui-se que será necessária a realização de novos
testes alterando as concentrações no inseticida fipronil, formulação comercial
Regente 800WG, visto que nas concentrações analisadas os Enchytraeus crypticus
mostraram-se pouco sensíveis e sem considerável alteração na reprodução dos
organismos, não observando diferença significativa entre as mais baixas e mais
altas concentrações testadas, revelando que os dados são relevantes, mas não são
significativos quanto a toxidade do fipronil sobre os organismos indicadores
testados.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BIANCHI, M.O.; CORREIA, M.E.F.; RESENDE, A.S.; CAMPELLO, E.F.C.


Importância de estudos ecotoxicológicos com invertebrados do solo. EMPRAPA.
2010.
SPADOTTO, C.A.; SCORZA Jr., R.P.; DORES, E.F.G.C.; GLEBER, L.; MORAES, D.
A.C. Embrapa Monitoramento por Satélite. Documentos, 2010, 78, 46p.
OLIVEIRA, D. Toxicidade multigeracional do fipronil para Folsomia candida em solo
natural tropical. Dissertação (Mestrado em Tecnologia) Universidade Estadual de
Campinas. 2017.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Efeito de contaminantes orgânicos
205 - TOXICIDADE AGUDA DO HERBICIDA DIURON PARA DAPHNIA MAGNA

ISABELLA FERREIRA NASCIMENTO MAYNARD, JEISIKAILANY SANTOS PEIXOTO,


PETERSON EMMANUEL GUIMARÃES PAIXÃO, GENIVAL NUNES SILVA , RICARDO
MARQUES NOGUEIRA FILHO, TATIANE MARIA PALMEIRA DOS SANTOS, FERNANDA
DOS SANTOS CUNHA , MÁRICA VALÉRIA SILVA DO COUTO, MARIA NOGUEIRA
MARQUES , RODRIGO YUDI FUJIMOTO
Contato: ISABELLA FERREIRA NASCIMENTO MAYNARD - ISABELLAFNM@HOTMAIL.COM

Palavras-chave: Xenobiótico; avaliação ecotoxicológica; CL50

INTRODUÇÃO

Com o avanço agrícola, o uso de agrotóxicos tem aumentado consideravelmente,


sendo o Brasil o maior consumidor. A utilização desses xenobióticos provoca sérios
problemas aos ecossistemas terrestres e aquáticos. Dentre os agrotóxicos, o diuron
é considerado como sendo um dos herbicidas mais perigosos para o ambiente
devido a sua persistência, relacionada a estabilidade química, e à bioacumulação.
Testes de toxidade agudaconstituem uma ferramenta efetiva para avaliação dos
efeitos dos poluentes sobre os organismos. O presente trabalho teve como objetivo
avaliar a toxidade aguda do Diuron no microcrustáceo Daphnia magna.

METODOLOGIA

Para o teste de toxidade aguda os procedimentos foram de acordo com o


recomendado pela USEPA (2002) e foi utilizado o Diuron comercial Nortox em um
experimento em delineamento inteiramente casualizado com seis concentrações (T)
e três repetições, a saber, T5 (2 mg.L-1), T4 (1 mg.L-1), T3 (0,5 mg.L-1), T2 (0,25
mg.L-1), T1 (0,12 mg.L-1) e controle (0 mg.L-1). Neonatos de Daphnia magna foram
aclimatadas em tanques com capacidade para 1 litro e expostas ao xenobiótico por
48 horas. Anteriormente e ao final do ensaio experimental foi realizada a contagem
dos batimentos cardíacos das D. magna , com auxílio de câmera filmadora acoplada
microscópio óptico e registro de imagens de 1 minuto. A cada 24 horas, a
mortalidade foi registrada pela imobilidade e ausência dos batimentos cardíacos.
Foram mensurados diariamente parâmetros de qualidade de água como
temperatura, pH e oxigênio dissolvido. A concentração letal (CL50-48h) foi
determinado pelo método de Trimmed Spearman Karber com intervalo de confiança
a 95% e a contagem de batimento cardíaco submetida ao teste de Kruskall wallis
pelo software BioEstat 5.0.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Parâmetros físico-químicos da água apresentaram pequenas variações durante o


experimento (temperatura foi de 28,5±1,2ºC, pH 7,96±0,54 e oxigênio dissolvido
3,94±1,82 mg.L-1) e estavam de acordo com o recomendado para manutenção da
espécie. Foram observadas mortalidades de 100%, 100%, 30%, 5%, 1,6% e 0%
para os tratamentos T5, T4, T3, T2, T1 e controle, respectivamente. A concentração
letal média (CL50-48h) foi de 0,58 mg L-1 sendo então o diuron considerado

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altamente tóxico segundo classificação de Zucker (1985). O diuron apresentou maior


toxicidade para a Daphnia magna no presente estudo do que para o peixe Danio
rerio com CL50-48h de 581,5 mg.L-1 (DA SILVA et al. 2010). Em comparação com
os dados de revisão de De Lorenzo e Fulton (2012) a Dapnhia do presente estudo
apresentou maior sensibilidade comparada aos Cl50 para espécies de peixe (e.g
Mugil cephalus, CL50 médio de 5,1 mg.L-1), moluscos (e.g Crassostrea virginica,
Cl50 médio de 4,04mg.L-1) e crustáceos como Mysidopsis bahia, Palaemon serratus
e Nitocra spinipes com Cl50 de 1,1, 3,0 e 4,0 mg.L-1, respectivamente. Porém
apresentou menor toxicidade quando comparado com o nematicida-inseticida
Aldicarb que apresenta cl50 para Dapnhias de 0,05mg.L -1 (FORAN et al. 1985). Foi
observado aumento do batimento cardíaco dos animais sobreviventes no tratamento
T3 (374±94a BPM). Os batimentos cardíacos desse microcrustáceo também
aumentaram significativamente quando foram expostos a CL50-48h de 79.35 mg.L-1
do xenobiótico Perfluorooctane sulfonate (PFOS) (LIANG et al. 2017). A taxa de
batimento cardíaco da Daphnia pode indicar mudanças ambientais (LAMKMEYER,
2003) bem como a presença de agentes tóxicos no meio aquoso (LOVERN, 2007).

CONCLUSÃO

O diuron comercial demonstrou ser um defensivo agrícola altamente tóxico para a


Daphnia magna com efeito inicial de aumento significativo do batimento cardíaco,
com mortalidades em concentrações altas, indicando que pode provocar danos
ambientais caso alcance os corpos de água. Esta pesquisa evidencia a necessidade
de maiores estudos dos efeitos tanto do diuron, como de outros agroquímicos, tendo
em vista o risco à saúde da população e ao meio ambiente.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

DA SILVA, M.B.; RAVANELI, M.A.C.; PASCHOALATO, C.F.P.R. Toxicidade aguda


dos herbicidas diuron e hexazinona à Danio rerio. Ecotoxicologia, v.20, p.17-28.
2010.
DE LORENZO, M.E.; FULTON, M.H. Comparative risk assessment of permethrin,
chlorothalonil, and diuron to coastal aquatic species. Marine Pollution Bulletin. n. 64.
p. 1291-1299. 2012.
FORAN, J.A.; GERMUSKA, P.J.; DELFINO, J. Acute Toxicity of Aldicarb, Aldicarb
Sulfoxide, and Aldicarb Sulfone to Daphnia laevis. Bull. Environ. Contam. Toxicol, n.
35, p. 546-550. 1985.
LAMKMEYER, T.; ZEIS, B.; PAUL, R.J. Temperature acclimation influences
temperature-related behaviour as well as oxygen-transport physiology and
biochemistry in the water flea Daphnia magna. Can. J. Zool. 2003; 81:237–249
LIANG, R.; HEC, J.; SHIA, Y.; LI D, Z.; SARVAJAYAKESAVALU, S.; BANINLA, Y.;
GUOF, F.; CHEN, J.; XUG, X.; LUA, Y. Effects of Perfluorooctane sulfonate on
immobilization, heartbeat, reproductive and biochemical performance of Daphnia
magna. Chemosphere. n.168. p. 1613-1618. 2017.
LOVERN, S.B.; STRICKLER, J.R.; KLAPER, R. Behavioral and physiological
changes in Daphnia magna when exposed to nanoparticle suspensions (titanium
dioxide, nano-C60, and C60HxC70Hx). Environmental science & technology, v. 41,
n. 12, p. 4465-4470, 2007.

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


955
XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

NAKAGOME, F.K.; NOLDIM, J.A.; RESGALLA Jr.; C. 2007 Toxicidade aguda de


alguns herbicidas e inseticidas utilizados em lavouras de arroz irrigado sobre o peixe
Danio rerio. Pest.: Rev. Ecotox. Meio Amb. 17(1):117-122
USEPA, U.S. Environmental Protection Agency. Methods for Measuring the Acute
Toxicity of Effluents and Receiving Waters to Freshwater and Marine Organisms.
5ªEd, 2002. 226p.

FONTES FINANCIADORAS

Agradecemos à Universidade Tiradentes, ao Programa de Pós-graduação em Saúde


e Ambiente, ao Instituto de Tecnologia e Pesquisa (ITP) e à Embrapa Tabuleiros
Costeiros pelo suporte e infraestrutura necessária para a realização deste estudo e à
CAPES pela concessão de bolsas.

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Painel
Efeito de contaminantes orgânicos
209 - EFEITOS AGUDOS EM Paramecium caudatum (ALVEOLATA:
CILIOPHORA), EXPOSTOS A CIANOBACTÉRIAS

ANA LUCIA FONSECA, LAYNE DO AMARAL VILLAS BOAS, ROBERTO JÚNIO


PEDROSO DIAS, ANDREIA MARIA ANUNCIAÇÃO GOMES
Contato: ANA LUCIA FONSECA - ALBADAN.FONSECA@GMAIL.COM

Palavras-chave: microcistinas; protozoários ciliados; eutrofização

INTRODUÇÃO

A utilização dos protozoários ciliados em ensaios ecotoxicológicos se mostra eficaz


pelo fato de apresentarem ciclo de vida curto, fácil cultivo em laboratório e
populações geneticamente semelhantes (DIVE; PERSOONE, 1984; AMANCHI;
HUSSAIN, 2010; MIRANDA; MARTINS, 2012).
Há uma diversidade de efeitos tóxicos causados por microcistinas (MCs)sobre
diferentes organismos aquáticos (FERRÃO-FILHO, 2009), (HERRERA et al., 2014;
SMUTNÁ et al., 2014).
A presente proposta visa contribuir com informações acerca dos efeitos agudos de
cepas produtoras e não produtores de MCs sobre Paramecium caudatum. Os
resultados poderão reforçar o uso destes organismos em ensaios ecotoxicológicos e
conhecer sua relação com ambientes eutrofizados.

METODOLOGIA

Os organismos utilizados nos ensaios foram coletados no Ribeirão José


Pereira/Itajubá/ MG (45°27‘31”), isolados e mantidos em cultivo no laboratório com
casca de arroz integral fermentado e água mineral em placas de petri mantidas em
incubadora com fotoperíodo 12/12 claro/escuro e temperatura de 25 ± 20C. Foram
selecionadas as concentrações de 20, 50 e 100 mg.L -1 de massa celular liofilizada
para as cepas MIRS-04 (produtora de MCs) e NPCD-1 (não produtora de MCs) nos
ensaios preliminares, baseado nos dados de Meriluoto, et al., 2017 para ambientes
eutrofizados. Os organismos foram expostos por 2, 4, 6 e 8 horas em placas de
cultivo celular de poliestireno, em quintuplicadas contendo 10 organismos/poço na
fase log de crescimento populacional. Após cada período de exposição, os
organismos foram fixados em lugol. Os ensaios definitivos seguiram a mesma
metodologia, porém com concentrações de 10, 50, 100, 200 e 500 mg.L -1 de material
celular liofilizado ressuspenso em água mineral. Os valores da Concentração letal a
50% da população (CL50) foram calculados para ambas as cepas após cada tempo
de exposição, por meio do programa Probit (BLISS, 1934a, 1934b e 1935), com
intervalo de confiança de 95%.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Nos ensaios preliminares com a cepa MIRS-04, a concentração de massa celular e


o tempo de exposição foram diretamente proporcionais à taxa de mortalidade, de
modo crescente, onde embora este experimento tenha sido realizado com apenas

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

três concentrações, foi possível estimar o valor da CL50, a qual foi de 57,82 mg.L -1
de massa liofilizada. Este valor permitiu estimar a faixa de concentrações a serem
utilizadas nos ensaios definitivos. Enquanto isso a exposição de P. caudatum às
amostras contendo a massa celular de NPCD-1, não produtora de MC-LR,
apresentou mortalidade variável ao longo do tempo de exposição, na qual os efeitos
observados indicaram que a letalidade a 50% da população ocorre após 2h e 8h de
exposição com valores de CL50 muito semelhantes, de 84,10 e 82,78 mg.L -1 de
biomassa liofilizada respectivamente.
Os resultados dos dois ensaios definitivos para ambas as cepas, fortaleceram a
resposta de P. caudatum indicando que para NPCD-01 este organismo foi mais
sensível, uma vez que os dados indicaram para MIRS-04 valores de CL50 acima de
100 mg.L-1 de massa celular liofilizada (163,60 mg.L-1) em 8 horas de exposição, e
para NPCD-1 ao redor de 50 mg.L-1 (61,56 mg.L-1) em 2 horas de exposição.
Em relação à letalidade total (100%), concentrações acima de 200 mg.L -1 para a
cepa não produtora (NPCD-01) e 500 mg.L-1 de biomassa para a cepa produtora de
MCs (MIRS-01) provocam mortalidade total de P. caudatum.
Os resultados reforçam que embora (NPCD-01) não tenha sido detectado a MC-LR,
esta linhagem de Microcystis possui outros metabólitos secundários capazes de
provocar efeitos de letalidade (COSTA; AZEVEDO, 1994). Fernandes (2016)
detectou nesta mesma cepa a presença de compostos não identificados, os quais
provocaram alterações morfológicas em larvas de Astyanax altiparanae e Silva
(2006) comenta que os compostos presentes nesta cepa, podem estar envolvidos na
produção de outros peptídeos possivelmente tóxicos e semelhantes à barbamida,
utilizada no controle de moluscos.

CONCLUSÃO

O protozoário ciiado Paramecium caudatum pode ser um bom organismo-teste para


avaliar ambientes eutrofizados, porém faz-se necessário a realização de ensaios
com substâncias de referência, com enfoque em compostos nitrogenados e
fosfatados.
Por fazerem parte de diferentes nichos ecológicos, os efeito observados com
biomassa de Microcystis sp liofilizada poderá indicar início de processos de
bioacumulação ou biomagnificação com cianotoxinas, podendo prejudicar toda a teia
trófica, o que poderá ser investigado.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AMANCHI, N.R.; HUSSAIN, M.M. Cytotoxicity assessment of monocrotophos in


Paramecium caudatum and Oxytricha fallax. Hyderabad, India. Journal of
Environmental Biology, p. 603-607. 2010.
BLISS, C.I. The Method of Probits a Correction. Science, Estados Unidos da
América, v.79, p.409-410.1934b.
BLISS, C.I. ―The Method of Probits‖. Science, Estados Unidos da América, v.79,
p.38-39. 1934a.
DIVE, D.; PERSOONE, G. Protozoa as test organisms in marine ecotoxicology:
Luxury or necessity? Ecotoxicological Testing for the Marine Environment. Bredene,
Bélgica, v. 1, p. 281-305. 1984.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

HERRERA, N.; PALACIO, J.; ECHEVERRI, F.; FERRÃO-FILHO, A. Effects of a


cyanobacterial bloom sample containing microcystin-LR on the ecophysiology of
Daphnia similis. Toxicology Reports. Brazil, n. 1, p. 909-914. 2014.
MERILUOTO, J.; SPOOF, L.; CODD, G.A. Handbook of Cyanobacterial Monitoring
and Cyanotoxin Analysis. (eds). UK: John Wiley & Sons: West Sussex. 2017.
MIRANDA, M.M.P.; MARTINS, N.F. Otimização do cultivo do Paramecium caudatum
para estudo em testes de toxicidade. Revista Verde. Mossoró, RN, v. 7, n. 4, p. 50-
55. 2012.
SMUTNÁ, M.; BABICA, P.; JARQUE, S.; HILSCHEROVÁ, K.; MARSÁLEK, B.;
HAEBA, M.; BLÁHA, L. Acute, chronic and reproductive toxicity of complex 32
cyanobacterial blooms in Daphnia magna and the role of microcystins. Toxicon.
Líbia, n. 79, p. 11-18. 2014.

FONTES FINANCIADORAS

CAPES - Bolsa de Mestrado - Programa de Pós Graduação em Meio Ambiente e


Recursos Hídricos- MEMARH, Universidade Federal de Itajubá - UNIFEI

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Painel
Efeito de contaminantes orgânicos
210 - AVALIAÇÃO DA TOXICIDADE DO UMECTANTE NÃO IÔNICO E DO
CORANTE REATIVO RED 239 SUBMETIDOS À IRRADIAÇÃO POR FEIXE DE
ELÉTRONS

VANESSA SILVA GRANADEIRO GARCIA, JORGE MARCOS ROSA, MARIA DA


CONCEIÇÃO COSTA PEREIRA, NATHALIA FONSECA BOIANI, SUELI IVONE
BORRELY
Contato: VANESSA SILVA GRANADEIRO GARCIA - VANESSAGRANADEIRO@GMAIL.COM

Palavras-chave: Corante; Efluente têxtil; Feixe de elétrons; Toxicidade; Umectante

INTRODUÇÃO

O setor têxtil é um dos mais expressivos na economia mundial, movimentando


centenas de bilhões de dólares/ano. Este setor, além de demandar grande
quantidade de água para a produção, gera um efluente que possui coloração e
contaminantes em quantidades expressivas, como: surfactantes, umectantes,
corantes, peróxido de hidrogênio, sais, ácidos entre outros, que podem representar
riscos aos corpos receptores e à biota aquática.
O objetivo deste estudo foi avaliar a toxicidade do umectante não iônico e do corante
reativo Red 239, presentes em efluentes têxteis, antes e após a irradiação por feixe
de elétrons, aos organismos Vibrio fischeri e Daphnia similis.

METODOLOGIA

O trabalho consistiu na avaliação da toxicidade do corante reativo Red 239 e do


umectante não iônico (Copolímero aril-alquil-éter) aos organismos Vibrio fischeri
Daphnia similis. A radiação ionizante foi aplicada como tratamento para redução de
toxicidade destes contaminantes, submetidos à dose de 2,5 kGy. As concentrações
iniciais foram fornecidas pela indústria e a partir daí foram diluídas para os ensaios
de toxicidade.
As amostras foram irradiadas no CTR/IPEN, em acelerador de elétrons (Modelo
Dynamitron), com energia fixada em 1,4 MeV, variando a corrente do feixe eletrônico
e a velocidade da esteira que transporta as amostras (fixada em 6,72 m.min -1).
O ensaio de toxicidade com a bactéria Vibrio fischeri seguiu as recomendações da
NBR 15411:2012, sendo a redução de luminescência o efeito observado, após 15
minutos de exposição. Para Daphnia similis a NBR 12713:2009 foi utilizada, sendo a
imobilidade dos organismos observada após 48 horas de exposição. Os resultados
dos ensaios foram expressos pela CE50. Todos os ensaios de toxicidade foram
realizados em triplicata. A eficiência da irradiação quanto à redução de toxicidade foi
obtida a partir dos valores de CE50, transformados para unidade de toxicidade (UT),
antes e após a irradiação com feixe de elétrons.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados obtidos demonstraram que o umectante e o corante reativo Red 239


foram tóxicos para V. fischeri, com valores de CE 50 de 15,15 mg.L -1 e 10,15 mg.L-1,

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

respectivamente. Já para D. similis os valores de CE50 foram: 13 mg.L-1, umectante,


e 389,16 mg.L-1, corante. O umectante não iônico foi tóxico para ambos os
organismos expostos; porém o corante Red 239 apresentou toxicidade maior para V.
fischeri quando comparado com D. similis.
Quanto ao efeito tóxico de efluentes e contaminantes têxteis, Tigini et al. (2011)
destacam valores de CE 50(%) para D. magna de 7,2, e para P. subcapitata de 2,2.
Borrely et al. (2016), reportam para D. similis, V. fischeri e B. plicatilis, valores de CE
50(%) entre 8,73 e 14,71.
Quando submetidos à irradiação por feixe de elétrons, dose de 2,5 kGy, os
compostos apresentaram redução de toxicidade para V. fischeri com valores de CE
50(%) de 8,73 ±1,36 (umectante) e 5,12 ±1,09 (corante). E termos de eficiência do
processo: redução de toxicidade de 65,30% (umectante) e de 64,85% (corante). O
mesmo não pôde ser observado na exposição de D. similis, sendo os valores de CE
50(%) de 1,5±0,14 para umectante e 55,0 ±0,60 para o corante, valores estes
menores quando comparados aos das amostras não tratadas por radiação.
A tecnologia com feixe de elétrons vem demonstrando resultados promissores com
relação à diminuição de cor e toxicidade de compostos e efluentes têxteis. Borrely et
al., 2016, reportam para corante têxtil RB222 irradiado com feixe de elétrons
eficiência de redução de toxicidade de 34,55% para D. similis e 57,29% para V.
fischeri.
A análise dos contaminantes isolados presentes no efluente têxtil, a fim de
determinar a toxicidade de cada um, assim como a utilização de mais de um
organismo teste, visto que, diferentes respostas, em relação à toxicidade de
contaminantes, podem ser obtidas dependendo do organismo estudado, é relevante
para melhor caracterização e tratamento do efluente têxtil. A toxicidade do corante
Red 239, por exemplo, foi aproximadamente 30 vezes maior para V. fischeri quando
comparada a D. similis. Além disso, a utilização de mais de um organismo também
foi viável na avaliação da redução da toxicidade dos contaminantes submetidos à
irradiação por feixe de elétrons, já que está foi efetiva na diminuição da toxicidade
destes para V. fischeri, mas não para D. similis.

CONCLUSÃO

O presente estudo demonstrou a importância da análise isolada de contaminantes


em efluentes têxteis a fim de caracterizar a toxicidade destes e buscar metodologias
e tecnologias de tratamento que garantam melhor qualidade do efluente gerado na
indústria. Neste estudo a irradiação por feixe de elétrons foi efetiva para redução de
toxicidade do umectante e corante reativo Red 239 para V. fischeri. A utilização de
mais de um organismo teste é recomendada e auxilia na melhor avaliação dos
resultados de toxicidade, já que permite uma confirmação ou não de efeito,
dependendo da sensibilidade de cada organismo exposto ao contaminante
analisado.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. Ecotoxicologia aquática –


Determinação do efeito inibitório de amostras de água sobre a emissão de luz de
Vibrio fischeri. ABNT NBR 15411, Rio de Janeiro, 2012.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas. Ecotoxicologia aquática –


Toxicidade Aguda- Método de ensaio com Daphnia spp (Crustacea, Cladocera).
ABNT NBR 12713, Rio de Janeiro, 2009.
BORRELY, S.I.; MORAIS, A.V.; ROSA, J.M.; BADARÓ-PEDROSO, C.; PEREIRA,
M.C.; HIGA, M.C. Decoloration and detoxification of effluents by ionizing radiation.
Radiation Physics and Chemistry, v. 124, p. 198–202, 2016.
TIGINI, V.; GIANSANTI, P.; MANGIAVILLANO, A.; PANNOCCHIA, A.; VARESE, G.
C. Evaluation of toxicity, genotoxicity and environmental risk of simulated textile and
tannery wastewaters with a battery of biotests. Ecotoxicology and Environmental
Safety 74, 866–873, 2011.

FONTES FINANCIADORAS

IPEN/CNEN; CAPES

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Painel
Efeito de contaminantes orgânicos
214 - GENOTOXICIDADE DE ANESTÉSICOS UTILIZADOS NO MANEJO DE
PEIXES EM PISCICULTURA

ALEXEIA BARUFATTI GRISOLIA, HÉLINA DOS SANTOS NASCIMENTO, BRUNO DO


AMARAL CRISPIM, LUCILENE FINOTO VIANA, FELIPE MENDES MEREY, LUIZA
FLÁVIA VEIGA FRANCISCO, LUÍS ANTONIO KIOSHI AOKI INOUE
Contato: ALEXEIA BARUFATTI GRISOLIA - ALEXEIAGRISOLIA@UFGD.EDU.BR

Palavras-chave: óleo essencial; Lippia alba; Lucia comet assay; danos genéticos

INTRODUÇÃO

O uso de anestésicos é indispensável tanto em procedimentos experimentais quanto


no manejo de peixe em pisciculturas, pois evitam prejuízos físicos e estresse nos
animais. Entretanto, o uso destes de maneira inadequada pode promover danos
fisiológicos aos animais. Uma alternativa para amenizar os prejuízos causados por
esses anestésicos seria o uso de compostos naturais com propriedades
anestésicas. Dentre estes, podemos destacar óleo essencial (OE) de Lippia alba que
apresenta esta aplicação. Diante do exposto, o objetivo foi avaliar o efeito
genotóxico do OE de L. alba e comparar seus efeitos com demais anestésicos
empregados em pisciculturas utilizando Oreochromis niloticus.

METODOLOGIA

Os peixes (O. niloticus) foram expostos a seis tratamentos, sendo dois com
anestésicos comerciais (Benzocaína® e Eugenol®), um com OE de L. alba e
controles, negativo (sem tratamento), veículo (álcool) e positivo (ciclofosfamida). Foi
observado o tempo de indução e recuperação ao anestésico e posteriormente
avaliados os danos genotóxicos em eritrócitos pisceos pelo ensaio do cometa. Os
ensaios foram realizados em simulação de manejo com os diferentes anestésicos.
Vinte exemplares foram colocados em aquários com os diferentes anestésicos e,
posteriormente transferidos para aquários sem tratamento. Punção na veia caudal
da nadadeira foi realizada nos tempos de 24, 48 e 72 h após o tratamento dos
animais com os anestésicos. Em seguida, o sangue coletado foi utilizado para o
preparo de lâminas destinadas ao ensaio do cometa. Posteriormente, estas foram
observadas e fotografadas em microscópio de fluorescência. As análises das
imagens foram realizadas pelo software LUCIA comet assay para observação da
existência de danos no DNA.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O Eugenol® induziu os peixes à anestesia antes de 5 min e a recuperação de


equilíbrio e natação normal não ultrapassou esse tempo. A Benzocaína® e OE de L.
alba induziram os peixes à anestesia em 10 min e o tempo de recuperação foi menor
que 5 min. Essa variação do tempo de indução pode estar relacionada à variação na
concentração dos anestésicos, tamanho do peixe e condições ambientais. O
Eugenol® induziu os peixes à anestesia no tempo de 3 a 5 min e o tempo de
recuperação após indução anestésica não ultrapassou 5 min. As análises

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

genotóxicas, quando comparados os anestésicos, indicaram que Benzocaína®,


Eugenol® e OE de L. alba apresentaram genotoxicidade. A Benzocaína®
apresentou maior genotoxicidade em 24 e 72h e o Eugenol® em 48 e 72h, sendo
que em 72h a genotoxicidade foi maior em ambos anestésicos. A genotoxicidade da
Benzocaína® pode ser explicada pela sua ação sistêmica nos peixes, pois possui
um tempo de depuração maior, ocasionando mais danos genotóxicos nos animais.
No entanto, o Eugenol® não necessita de tempo de depuração, sendo que em 24h
os seus resíduos são eliminados do animal. Porém este anestésico ocasiona maior
genotoxicidade, quando comparado com a Benzocaína®. O estresse do animal tem
relação com o aumento de cortisol no plasma, o Eugenol® não impede esse
aumento, que pode estar relacionado com a genotoxicidade deste anestésico. O
cortisol promove danos que interferem no reparo do DNA, contribuindo para a
ocorrência de alterações genéticas nesses organismos. Nenhum dos anestésicos
comerciais testados impede o aumento do cortisol, de acordo com a literatura,
promovendo dessa forma, estresse do animal. O OE de L. alba indicou
genotoxicidade no período de 48h. O OE de L. alba apresentou efeito genotóxico
menor quando comparado aos demais. Uma possível explicação para esse fato
pode estar relacionado ao fato de apresentar tempo de depuração menor (6h)
quando comparados aos demais anestésicos, apresentar atividade antioxidante e
promover a inibição da elevação do cortisol plasmático.

CONCLUSÃO

Os compostos avaliados apresentaram genotoxicidade, sendo que a Benzocaína® e


Eugenol® apresentaram maior genotoxicidade em 72h. No entanto, o OE L. alba em
72h apresentou redução significativa de genotoxicidade, indicando a possibilidade
do tempo de depuração dos anéstesicos influenciar na sua genotoxicidade. Deste
modo, o OE de L. alba constitui um composto alternativo interessante quando
comparado aos demais anestésicos sintéticos por apresentar efeito genotóxico
menor e possuir na composição do óleo, o limoneno citral com propriedades
anestésicas.

FONTES FINANCIADORAS

CAPES, FUNDECT, UFGD e EMBRAPA-CPAO/MS.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Efeito de contaminantes orgânicos
215 - EFEITOS GENOTÓXICOS E BIOQUÍMICOS DOS INSETICIDAS λ-
CIALOTRINA E IMIDACLOPRID, ISOLADOS E EM MISTURA, PARA O
TELEÓSTEO Prochilodus lineatus

TIAGO TOMIAMA ALVIM, CLAUDIA BUENO DOS REIS MARTINEZ


Contato: CLAUDIA BUENO DOS REIS MARTINEZ - CLAUDIABRMARTINEZ@GMAIL.COM

Palavras-chave: piretroides; neonicotinoides; biomarcadores

INTRODUÇÃO

Atualmente, o Brasil é o maior consumidor de agrotóxicos do mundo, entre eles


estão o inseticida piretroide λ-cialotrina (LC) e o neonicotinoide Imidacloprid (IMI).
Ambos têm sido utilizados em áreas agrícolas, onde suas misturas são aplicadas
para melhorar a eficácia dos produtos. No entanto, o uso dessa mistura pode
resultar em efeitos combinados em vários organismos, já que ambos podem atingir
os ecossistemas aquáticos. Deste modo, o objetivo deste trabalho foi avaliar efeitos
genotóxicos e bioquímicos dos inseticidas LC (150ng L-1) e IMI (100μg L-1), isolados
e em mistura, no teleósteo neotropical Prochilodus lineatus, após 96 h de exposição.

METODOLOGIA

Juvenis de P. lineatus, fornecidos pela piscicultura AquaNorte, Cambará-PR (15,43 ±


0,91cm; 34,29 ± 0,47g; média ± EP, n=40), foram aclimatados em condições
controladas de laboratório durante sete dias, com alimentação a cada 48h. Após a
aclimatação, os peixes foram divididos em quatro grupos (n=10) expostos a
diferentes tratamento: grupo IMI (água contendo 100μg L -1 de Imidacloprid), grupo
LC (água contendo 150ng L-1 de λ-cialotrina) grupo LC + IMI (água contendo 100μg
L-1 de Imidacloprid e 150ng L-1 de λ-cialotrina) e grupo CTR (apenas água). A
exposição semi-estática de 96h, com renovação (80%) do meio experimental após
48h, foi realizada em aquários de plástico (50L), com 5 animais por aquário e duas
réplicas por grupo. Após a exposição, os animais foram anestesiados e o sangue
retirado para a realização do ensaio do cometa e para o teste do micronúcleo (MN) e
alterações eritrocíticas nucleares (AENs). As brânquias, o cérebro e o fígado foram
retirados para a realização do ensaio do cometa, quantificação de proteínas
carboniladas (PCO) e lipoperoxidação (LPO). Os resultados dos diferentes
biomarcadores foram comparados estatisticamente por meio de testes paramétricos
(ANOVA) ou não-paramétricos (Kruskall-Wallis), seguidos por testes de
comparações múltiplas quando indicado (p<0,05).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Em relação aos parâmetros genotóxicos, nas células branquiais dos peixes expostos
à LC (81,37 ± 6,13, n=8) e ao IMI (70,25 ± 6,62, n=8) os escores de danos no DNA
foram significativamente maiores quando comparados ao CTR (53,5 ± 2,72, n=8).
Por sua vez, os peixes do grupo LC + IMI (90,37 ± 9,57, n=8) apresentaram escore
de danos no DNA em células branquiais significativamente maior com relação ao
grupo CTR e ao grupo IMI. Do mesmo modo, em eritrócitos, os peixes dos grupos

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

LC (76,8 ± 4,65, n=8) e IMI (69 ± 4,77, n=8) apresentaram escore de danos no DNA
maior, quando comparados ao CTR (54,12 ± 5,18, n=8), e nos peixes expostos aos
inseticidas combinados, o escore de danos no DNA (89,37 ± 9,50, n=8) também foi
significativamente maior em relação ao grupo CTR e ao grupo IMI. Nos hepatócitos,
os peixes dos grupos LC (70,57 ± 2,47, n=8) e IMI (71,37 ± 2,75, n=8) apresentaram
escore de danos no DNA maior, quando comparados ao CTR (50 ± 6,21, n=8), e os
peixes do grupo LC + IMI (85 ± 4,13, n=8) também apresentaram escore de danos
no DNA significativamente maior com relação aos demais grupos experimentais. Já
em células cerebrais, apenas os peixes do grupo LC (73 ± 6,85, n=8) e do grupo LC
+ IMI (79,5 ± 5,03, n=8) apresentaram escore de danos no DNA significativamente
maior com relação ao grupo CTR (49,87 ± 2,73, n=8). Além disso, os peixes do
grupo LC + IMI (1,08 ± 0,19, n=8) apresentaram um aumento significativo na
frequência de AENs totais com relação aos demais grupos experimentais (LC: 0,83 ±
0,16; IMI: 0,71 ± 0,08; CTR: 0,41 ± 0,13, n=8). Estes dados indicam o potencial de
causar danos no DNA tanto dos inseticidas isolados como em mistura, sugerindo
ainda uma possível interação sinérgica entre os inseticidas LC e IMI. No que se
refere aos parâmetros bioquímicos, os peixes expostos aos inseticidas LC e IMI
isolados não apresentaram variação significativa da PCO e da LPO em nenhum dos
órgãos analisados, indicando uma possível ação do sistema de defesas
antioxidantes desse animal para tentar combater danos oxidativos em proteínas e
lipídios. Já o grupo LC + IMI (0,096 ± 0,11, n=10) apresentou valores de PCO
hepática significativamente maiores com relação ao grupo IMI (0,058 ± 0,004, n=10),
sugerindo uma possível interação sinérgica entre os inseticidas em questão.

CONCLUSÃO

Os inseticidas LC e IMI isolados promoveram danos no DNA em diferentes órgãos,


observados através do ensaio do cometa, porém, não promoveram variação
significativa na frequência de AENs totais, quantificação da PCO e LPO. A
exposição a mistura dos inseticidas foi capaz de causar aumento de danos no DNA
em diferentes órgãos, além disso, promoveu aumento na frequência de AENs totais,
sugerindo uma possível interação sinérgica entre eles. Dado o aumento constante
no uso e venda desses produtos, é provável que suas concentrações nas águas
superficiais também aumentem, tornando-se prejudiciais aos peixes vulneráveis aos
efeitos da exposição crônica desses inseticidas.

FONTES FINANCIADORAS

CAPES: bolsa de mestrado para TT Alvim pelo Programa de Pós-graduação em


Genética e Biologia Molecular - UEL. CNPq: bolsa PQ para CBR Martinez.

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Oral
Efeito de contaminantes orgânicos
220 - ANÁLISE DO EFEITO CONJUNTO DAS AMINAS BIOGÊNICAS
CADAVERINA E PUTRESCINA SOBRE CULTURAS DE CÉLULAS HEPÁTICAS
HUMANAS

LETÍCIA ROCHA GONÇALVES, MARIA APARECIDA MARIN-MORALES


Contato: LETÍCIA ROCHA ROCHA GONÇALVES - LETICIAROCHAGON@OUTLOOK.COM

Palavras-chave: cemitérios; necrochorume; potencial citotóxico; potencial genotóxico; potencial


mutagênico

INTRODUÇÃO

Os cemitérios são importantes fontes antrópicas de contaminação ambiental. As


necrópoles são responsáveis pela presença de compostos químicos que
desencadeiam efeitos negativos para o ambiente e para a saúde humana. A
principal causa dessa contaminação é o necrochorume, um líquido derivado da
putrefação cadavérica, compostos por substâncias tóxicas como as aminas
cadaverina e putrescina. Contudo, essas substâncias são ainda pouco avaliadas
quanto ao seu potencial toxicogenético. Frente ao exposto, o objetivo deste estudo
foi avaliar o potencial citotóxico, genotóxico e mutagênico da associação destas
duas aminas, por meio de ensaios realizados em cultura de células hepáticas
humanas, linhagem celular C3A.

METODOLOGIA

Foram avaliadas, pelos ensaios desenvolvidos com células de hepatoma humano


(C3A), os efeitos de diferentes associações das aminas biogênicas cadaverina e
putrescina. As células C3A foram cultivadas em meio DMEM suplementado com 10
% de soro bovino fetal (SBF), a 37 ºC, em estufa de CO2 a 5 % e umidade de 60 %.
O teste de rezasurina foi realizado para avaliar a citotoxicidade das associações das
duas aminas biogênicas. Neste teste, foram semeadas 2,34x104 células por poço de
uma placa de 96 poços. As celulas foram exposta em meio de cultura contaminados
com diferentes concentrações de putrescina (70/ a 10%) e cadaverina (40 a 20%).
As combinações que induziram viabilidade acima de 80% foram utilizadas no teste
do micronúcleo (MN). Para o ensaio do MN, foram cultivadas 1x106 células em
frascos de cultura por 24 horas. As células foram expostas às diferentes
associações de cadaverina e putrescina por 24 horas e, em seguida, à citocalasina
B, por 30 horas. Os resultados foram submetidos ao teste de normalidade
D’Agostino & Person e as análises de significância calculadas pelo teste ANOVA,
com p<0,05.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados obtidos nos testes de citotoxicidade, realizados com meios


contaminados com as combinações percentuais de 40/70, 40/30, 40/10, 30/70,
30/30, 30/10, 20/70, 20/30, 20/10 de cadaverina/putrescina, respectivamente,
mostraram que as concentrações de 20/10, 20/30 e 30/10 apresentaram viabilidade
maior que 80%. Por esses, resultados, essas concentrações foram utilizadas nos

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


967
XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

ensaios do MN, Foi avaliado pelo ensaio do MN o potencial citotóxico das


associações de cadaverina e putrescina, pelo índice de proliferação com bloqueio de
citocinese (CBPI) obtidos nos tratamentos realizados. Por esse índice (CBPI), foi
possível observar que a as associações de cadaverina e putrescina avaliadas neste
estudo não induziram citotoxicidade para as células C3A, quando comparados com
os resultados do CN. O ensaio do MN também pode ser usado para avaliar o
potencial genotóxico e mutagênico das amostras testadas. O potencial genotóxico
dos tratamentos testados foi avaliado pela presença de brotos e pontes
cromossômicas presentes nas células binucleadas e a mutagenicidade pela
quantidade dessas células que apresentam MNs. Em relação a análise de
genotoxicidade não foi observada diferença estatística significativa entre os
resultados dos tratamentos e o CN. Porém, para a avaliação de mutagenicidade,
foram observadas diferenças significativas, em relação ao CN, para os tratamentos
de 20% de cadaverina/10% de putrescina; 20% de cadaverina/30% de putrescina e
de 30% de cadaverina/10% de putrescina. Diante disso, podemos afirmar que a
associação das duas aminas biogênicas, nas concentrações avaliadas neste estudo,
apesar de não causarem efeitos genotóxicos, induziram a formação de MNs (efeito
mutagênico) nas células hepáticas humanas (C3A), indução esta também registrada
no estudo realizado somente com a cadaverina. Esses resultados demonstram um
potencial mutagênico, quando essas aminas se apresentam associadas. De acordo
com resultados prévios do potencial tóxicos dessas aminas, quando estudadas
isoladamente, é possível inferir que a combinação das duas não promove
potencialização da toxicidade de uma sobre e outra, tampouco efeitos aditivos entre
elas.

CONCLUSÃO

As células hepáticas humanas (C3A), expostas à combinação de cadaverina e


putrescina, não apresentaram danos derivados de efeitos citotóxicos e genotóxicos
desses compostos. Porém foram observados efeitos mutagênicos, devido a
quantidade de MNs encontrados em células binucleadas. Dessa maneira podemos
inferir que a associação das aminas possui uma ação toxicogenética para a
linhagem celular C3A. Porém, devem ser realizados mais estudos para confirmar
qual é o mecanismo de ação que pode estar envolvido na toxicidade das
associações estudadas.

FONTES FINANCIADORAS

Capes.

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Efeito de contaminantes orgânicos
226 - TOXICIDADE DO GLIFOSATO EM SOLO DE CULTIVO DE CACAU NA
AMAZÔNIA (PARÁ)

DANIEL BORGES DOS SANTOS, LETICIA LIMA CORREIA, KARINA DIAS DA SILVA,
FLAVIO MANOEL RODRIGUES DA SILVA JÚINIOR, TATIANA PEREIRA
Contato: LETICIA LIMA CORREIA - LETICIALIMACORREIA16@GMAIL.COM

Palavras-chave: teste de fuga; herbicida; bioindicador

INTRODUÇÃO

O Pará é hoje um dos maiores produtores de cacau do mundo, gerando rendas e


movimentando o mercado global. No entanto, o cultivo se tornou cada vez mais
propício a pragas, levando aos agricultores a fazer o uso intensivo de agrotóxicos. A
minhoca tem se mostrado um excelente bioindicador de solos contaminados,
respondendo rapidamente a seus contaminantes. Esse trabalho teve o intuito de
observar o comportamento de minhocas em solo com aplicação de glifosato a longo
prazo, mas sem aplicação nos meses que antecedeu o estudo.

METODOLOGIA

O solo a ser investigado (SI) foi coletado em Medicilândia (PA), em uma propriedade
de cultivo de cacau de uso contínuo de glifosato, mas que há 5 meses antes da
coleta para esse estudo não houve aplicação. Como bioindicador foi utilizada a
espécie Lumbricus rubellus para o ensaio de fuga (seguindo ISO 17512-1-2007).
Para os ensaios foi utilizado também um solo de origem conhecida de não aplicação
de agrotóxicos (solo referencia=SR). Uma parcela do SR recebeu em laboratório a
aplicação do glifosato diluído em água, 10 mL/L (controle positivo=CP). As unidades
experimentais foram mantidas por 12h claro/12h escuro durante 48 horas. Para a
obtenção dos resultados foi utilizado o teste estatístico exato de Fischer no
programa estatístico PAleontologiacal STatistics- PAST (p ≤ 0,05).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Tanto SI como SR foram analisados quanto às suas caracterizações físico-químicas


e essas análises mostraram que SI possuía um índice alto de alumínio (3,90% em
100mL de solo) e SR um índice considerado bom (0,18%). Ainda, SI apresentou
elevada acidez (pH 4,6), enquanto SR foi considerado pouco ácido (pH 6,0). Em
relação a matéria orgânica e nitrogênio orgânico, SI foi considerado com índices
bons (2,5 a 3,5% e 0,12 a 0,017%, respectivamente), enquanto SR teve índices
considerados médios (1,5 a 2,5% e 0,07 a 0,12%, respectivamente). O cálcio é
considerado um elemento essencial e no solo do plantio de cacau (SI) foram
encontradas baixas concentrações (0,50% em 100mL de solo). O alumínio em
concentrações altas é considerado tóxico para as plantas e no solo (SI) foram
encontradas altas concentrações (3,90% em 10mL de solo). Alguns fatores
interferem no tempo que o glifosato leva para se decompor podendo persistir por
mais tempo quando se forma pontes com o hidrogênio, óxidos e alumínios e com a
disponibilidade da matéria orgânica. As analises indicaram uma alta troca de íons de

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


969
XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

hidrogênio e alumínio (10,20% em 10mL de solo), no solo (SR) a troca de íons e


hidrogênio teve concentrações médias de (4,10% em 100mL de solo). O teste de
fuga apresentou diferentes respostas quanto aos três tipos de solos testados: SI x
SR, preferência das minhocas pelo SR; SR x CP, preferência pelo SR; SI x CP, sem
diferença estatística- sugerindo que o glifosato, mesmo após 5 meses de aplicação,
ainda pode estar interferindo no comportamento das minhocas.

CONCLUSÃO

Nesse trabalho, observou-se que o SI afetou o comportamento das minhocas


testadas, mostrando semelhantes resultados ao teste com o CP. Portanto, o
glifosato pode alterar o comportamento dos animais devido à persistência no solo de
seus sub-produtos. Além disso, foi possível observar que os efeitos do glifosato
podem ser sentido por um longo período após a sua aplicação. O glifosato é
amplamente usado por agricultores como uma alternativa de controle de invasores.
Dessa forma, o monitoramento desse composto químico é extremamente necessário
devido aos seus efeitos negativos no ambiente.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANDREA, M.M. 2010. O uso de minhocas como bioindicador de contaminação de


solos. Acta zoológica mexicana. 2,95-107.
LUDLOW, H. Ghana, cocoa, colonialism and globalisation: Introducing
historiography. Yesterday & today, 8: 73-81, 2013.
MEDEIROS, M.; LANNES, S. Propriedades físicas de substitutos do cacau. Ciências
e tecnologia de alimetos,30: 243-253, 2010.
FILGUEIRAS, G.C.; SANTOS, M.A.S.; IGREJA, A.C.M. fontes de crescimento do
valor bruto da produção de cacau no estado do Pará no período de 1980 a 2002,
2002.
ASOGWA, E.U.; DONGO, L.N. Problemas associated with pesticide usage and
application in Nigerian cocoa production: A review. African Journal of agricultural, 4:
675-683, 2009.
NIEMEYER, J.C.; SANTOS, V.C.; RODRIGUES, J.M.L.; SILVA, E.M.
Comportamento de Cubaris murina Brandt (Crustacea: Isopoa) em solo com
glifosato: testes de fuga em laboratório. Braz. Soc. Ecotoxicol, 1: 13-16, 2006.

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Efeito de contaminantes orgânicos
235 - ESTUDO DO POTENCIAL TÓXICO DE GARRAFAS BIODEGRADÁVEIS
FABRICADAS COM MATERIAL DO CAJUEIRO (Anacardium occidentale L.) A
ORGANISMOS ZOOPLANTÔNICOS

ANA CLAUDIA ARAUJO DA SILVA, HERMÓGENES PEREIRA DA COSTA SEGUNDO,


LUÍSA KIARA DANTAS AZEVEDO, EKARINNY MYRELA BRITO DE MEDEIROS, ÉVELY
YARA OLIVEIRA SILVA, RAYLA CECÍLIA DO NASCIMENTO SILVA, DARLIMEIRE
DANTAS DE AQUINO, JOSÉ WALTER MENDES FARIAS JÚNIOR, ALINE FERNANDA
CAMPAGNA FERNANDES
Contato: ALINE FERNANDA CAMPAGNA FERNANDES - ALINE.CAMPAGNA@UFERSA.EDU.BR

Palavras-chave: resíduos sólido; sustentabilidade; ecotoxicidade; zooplâncton

INTRODUÇÃO

Os plásticos sintéticos possuem baixo custo e são amplamente utilizados,


entretanto, causam grande impacto no ambiente por serem resistentes a
biodegradação e compostos por xenobióticos. Assim, o desenvolvimento de
plásticos biodegradáveis surgiu como alternativa aos materiais convencionais
(LOPES, 2010). O cajueiro (Anacardium occidentale L.) apresenta inúmeras
propriedades que permitem sua utilização como fonte alternativa na produção de
materiais, entretanto, por ser um material recente é imprescindível conhecer seu
impacto na biota (ASTM, 2015). Desta forma, este trabalho objetivou avaliar se as
garrafas biodegradáveis produzidas a partir do cajueiro (folhas e castanha)
apresentavam toxicidade para espécies zooplanctônicas dulcícolas.

METODOLOGIA

As garrafas biodegradáveis foram compostas de amido de mandioca; folhas secas


do cajueiro; resina e líquido da castanha do caju (LCC) e glicerina. Para a realização
dos testes de toxicidade aguda e crônica com Daphnia similis e Ceriodaphnia dubia,
respectivamente, foram preparados extratos solubilizados das garrafas do polímero,
segundo a NBR 10006 (ABNT, 2004) utilizando água de cultivo (dureza entre 40 e
48mg de CaCO3/L e pH entre 7.0 e 7.6). As concentrações testadas foram 12.5%,
50% e 100% para dois tipos de garrafas biodegradáveis: (I) com LCC; (II) sem LCC.
A manutenção do cultivo, a realização dos testes de sensibilidade e os ensaios
ecotoxicológicos com organismos zooplanctônicos foram realizados conforme a NBR
12713 para Daphnia similis (ABNT, 2016) e NBR13373 para Ceriodaphnia dubia
(ABNT, 2017). A partir dos resultados obtidos foi calculada a CE50;48h; e
estabelecidos os valores de CENO, CEO e VC, por meio dos programas estatísticos
Trimmed Spearman-Karber e Tokstat 3.0. Os efeitos na sobrevivência e reprodução
foram comparados com os controles, a partir de teste exato de Fisher e ANOVA
paramétrica (Teste de Dunnett), respectivamente.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados demonstraram que ambos os tipos de garrafas biodegradáveis


testadas não causaram toxicidade aguda para os organismos da espécie D. similis

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


971
XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

(CE50;48h >100%), entretanto, foi constatada toxicidade crônica para C. dubia tanto
nas garrafas tipo I quanto nas garrafas tipo II, com efeito significativo na reprodução
a partir da concentração de 12,5% (p<0,05) do extrato solubilizado quando
comparado ao controle (CEO=12,5%; CENO e VC não calculável nas concentrações
testadas). O número total de neonatas no controle foi de 75, enquanto nos extratos
solubilizados das garrafas tipo I e II esses números chegaram a 6 e 8 na
concentração de 100% (p<0,05), respectivamente. Observou-se que a reprodução
foi negativamente afetada com o aumento das concentrações dos extratos
solubilizados em ambas as garrafas, obtendo-se uma curva dose-resposta
decrescente. Esses resultados preliminares sugerem que o óleo da castanha de caju
(LLC), apesar de apresentar propriedade antibiótica, não é isoladamente
responsável pela toxicidade observada. Outro componente presente em ambas as
variedades de garrafas, e até mesmo a mistura deles, podem ser a causa do efeito
crônico registrado na reprodução de C. dubia. Novos ensaios devem ser realizados
com concentrações inferiores a 12,5% do extrato solubilizado e com os materiais
isoladamente a fim de estabelecer uma curva dose-resposta, bem como encontrar
os causadores da toxicidade. Apesar disto, no presente momento, devido a
ocorrência de toxicidade em baixas concentrações, os materiais usados na
fabricação das garrafas devem ser reavaliados quanto sua concentração e, se for o
caso, substituição por compostos alternativos de menor toxicidade visando a
proteção da vida aquática.

CONCLUSÃO

Os tipos de garrafas biodegradáveis testadas não causaram toxicidade aguda para


D. similis, em contrapartida, independente da presença ou não do Óleo da Castanha
de Caju (LCC), foram encontrados efeitos crônicos na reprodução da espécie C.
dubia. De acordo com as especificações da American Society for Testing and
Materials (ASTM, 2015), ausência de ecotoxicidade é um requisito para a produção
deste tipo de material, esta forma, esses resultados preliminares demonstraram que
as garrafas precisam ser reavaliadas quanto aos materiais e substâncias presentes
em sua fabricação, a fim assegurar que não sejam futuramente resíduos tóxicos
descartados no ambiente.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS - ABNT. NBR 10004:


Procedimento para obtenção de extrato solubilizado de resíduos sólidos. Rio de
Janeiro, 2004.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS - ABNT. NBR 12713:
Ecotoxicologia aquática: toxicidade aguda - método de ensaio com Daphnia spp
(Cladocera, Crustacea). Rio de Janeiro, 2016.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS - ABNT. NBR 13370:
Ecotoxicologia aquática: toxicidade crônica - método de ensaio com Ceriodaphnia
spp (Crustacea, Cladocera). Rio de Janeiro, 2017.
AMERICAN SOCIETY FOR TESTING AND MATERIALS. ASTM D5338 - 15: Test
Method for Determining Aerobic Biodegradation of Plastic Materials Under Controlled
Composting Conditions, Incorporating Thermophilic Temperatures. West
Conshohocken: Astm International, 2015.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

LOPES, M.S.G. Produção de plásticos biodegradáveis utilizando hidrolisado


hemicelulósico de bagaço de cana-de-açucar. 2010. 68 f. Tese (Doutorado) - Curso
de Biotecnologia, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2010.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Efeito de contaminantes orgânicos
240 - TOXICOLOGICAL HAZARD OF DISPERSE RED 1 TEXTILE DYE ON
MAMMAL GERM CELLS

FÁBIO HENRIQUE FERNANDES, CIBELE DOS SANTOS BORGES, WILMA DE GRAVA


KEMPINAS, GISELA DE ARAGÃO UMBUZEIRO, DAISY MARIA FAVERO SALVADORI
Contato: FÁBIO HENRIQUE FERNANDES - FERNANDESFH@GMAIL.COM

Keywords: environmental pollutants; azo dyes; sperm cells

INTRODUCION

Nowadays, environmental pollution caused by textiles azo dyes is a matter of


concern, since they are not easily removed from the water, particularly through
conventional treatments. It is known that such situation and insults by toxicant
exposure compounds can lead to impaired spermatogenesis or infertility. Herein, we
investigated the toxic potential of the Color Index Disperse Red 1 (DR1), a textile dye
frequently detected in Brazilian rivers, on mouse spermatogenesis.

METHODS

The data presented below were generated following an acute exposure to one of the
three concentrations of C. I. Disperse Red 1 (0.5, 50 and 500 µg/kg of body weight).
The 70-day experimental period allowed evaluating sperm damage resulting from
spermatogonial stem cells exposure to C. I. Disperse Red 1. Sperm cells were
collected from epidydimal cauda and extracted under modified human tubal fluid
(HTF; Irvine Scientific, Santa Ana, CA) medium at 37ºC. Regarding motility, a sperm
sample was placed on Makler® chamber (Irvine, Israel) to count and also to assess
motility (100 cells/animal) that was classified as: mobile with progressive trajectory
(type A), mobile with nonprogressive trajectory (type B), and immotile (type C). A
sperm aliquot previously diluted in formalin (10%) was used for head and tail
morphological analysis (200 cells/animal) and also for the presence of cytoplasmic
droplet. During the experimental period weight and water and food intake were
monitored.

RESULTS AND DISCUSSION

Several in vitro studies have demonstrated the toxicogenetic potential of azo dyes.
However, little is known about the effects of these compunds on reproductive cells.
Our present data showed no significant differences in weight gain and water and food
consumption between control and experimental groups. C.I Disperse Red 1 (DR1),
even at very low concentrations (similar to those found in Brazilian rivers), did not
induce change in sperm motility and morphology. However, a decreased number of
spermatozoa was observed after treatment with the intermediate concentration of the
dye (50 µg/kg b. w.). In fact, previous studies have linked textile dyes, including C. I.
Disperse Red 1, and reproductive toxicity. Fernandes et al. (2015) have reported
toxic and genotoxic effects of C. I. Disperse Red 1 (doses of 20, 100 and 500 mg/kg
b. w.) in male mice germ cells, suggesting a harmful activity of this dye on
reproductive system. According to Fernandes et al (2015), primary spermatocytes

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

was the most sensitive cells of spermatogenesis for genetic damage that reflected in
spermatozoa abnormalities. In a recent review, Gabrielsen & Tanrikut (2016)
described that male reproductive health may be a sensitive marker of pollution and
environmental exposures to toxicants. These authors report that environmental
pollution is strongly associated with sperm concentrations and semen quality, that
have been decreasing over the past several decades all over the world. Moreover,
low sperm count itself has been considered a marker of general health (FERLIN et. al
2018). Nevertheless, the etiology of such sperm abnormalities remains unknown.

CONCLUSION

In conclusion, the results indicated that even at low concentrations, C. I. Disperse


Red 1 caused germ cell damage, affecting male fertility. However, further studies
must be conducted to elucidate the Disperse Red 1 mode of action and to clarify the
toxic potential of synthetic azo dyes to which man is constantly exposed. In addition,
suitable hazard evaluation and water quality monitoring can bring information for
future implementation public health policies.

REFERENCES

FERLIN, A.; GAROLLA, A.; GHEZZI, M. et al (2018) Semen quality and reproductive
function as markers of general male health: a prospective cohort study on 5177 men.
Presented at The Endocrine Society Annual Meeting; Chicago, IL; March 17-20,
2018.
FERNANDES, F.H.; BUSTOS-OBREGON, E.; SALVADORI, D.M.F. (2015) Disperse
Red 1 (textile dye) induces cytotoxic and genotoxic effects in mouse germ cells.
Reproductive Toxicology 53, 75-81.
GABRIELSEN, J.S.; TANRIKUT, C. (2016) Chronic exposures and male fertility:the
impacts of environment, diet, and drug use on spermatogenesis.Andrology 4, 648–
661.

SPONSORS

FAPESP (14/50945-4) INCT/CNPq (465571/2014-0) and CAPES.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Efeito de contaminantes orgânicos
267 - ECOTOXICOLOGICAL ASSESSMENT OF A NOVEL POTENTIAL
FORMICIDE: IN VITRO AND IN VIVO ANALYSIS

MARINA MARQUES BONOMO, MARIANA MOROZESK, JOÃO BATISTA FERNANDES,


MARISA NARCISO FERNANDES
Contato: MARIANA MOROZESK - MMOROZESK@GMAIL.COM

Keywords: metallic-insecticide; water contamination; ZF-L; Prochilodus lineatus; cytogenetic;


biochemical biomarkers

INTRODUCION

The industry of agrochemicals for pest control is continuously investing in the


development of new compounds to improve crop practices and increase food
production. Complexation of hesperidin flavonoid and phenatrolin with magnesium
(Mg(hesp)) have high insecticidal activity, specifically for controlling leafcutting ants,
an important pest in crops of tropical regions. However, such compounds may
adversely affect the environment and reach aquatic ecosystems, threating non-target
organisms, including fish. Thus, considering that understanding new complex
influences has great relevance, this study assessed primary effects of Mg(hesp) in
fish through in vitro and in vivo biomarkers.

METHODS

Different concentrations of Mg(hesp) (0, 0.1, 1, 10, 100 and 1000 ng mL -1) were
evaluated after 24 h and 96 h of exposure in zebrafish hepatocyte cell line, ZF-L, and
in juveniles of neotropical fish Prochilodus lineatus. In vitro assays included analyses
of cell confluence and morphology; population density; membrane integrity
assessment (trypan blue dye exclusion test and lactate dehydrogenase – LDH
leakage); cellular components integrity (mitochondrial reduction activity – MTT assay
– and lysosomal neutral red retention ability); apoptosis and necrosis rates;
generation of reactive oxygen species (ROS); DNA integrity through alkaline comet
assay; nuclear division alterations, nuclear abnormalities and micronucleus
generation through cytokinesis-block micronucleus cytome assay; cell cycle; and
biochemical biomarkers (superoxide dismutase activity – SOD; catalase activity –
CAT; lipid peroxidation – LPO; glutathione S-transferase activity – GST; reduced
glutathione quantification – GSH; and metallothionein content). In vivo assays
included hematological biomarkers (hematocrit, red blood cells and hemoglobin
densities and hematimetric indexes); DNA integrity through alkaline comet assay in
erythrocytes and liver cells; nuclear abnormalities and micronucleus generation in
erythrocytes; and liver and gills biochemical biomarkers (SOD, CAT, GST, GSH, LPO
and metallothionein content). Data were analyzed through parametric and
nonparametric tests.

RESULTS AND DISCUSSION

Mg(hesp) has great impact on ZFL cell population, confluence and morphology after
24 h exposure (10 and 1000 ng mL-1). Mitochondrial activity and lysosomal retention

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

ability decreased as Mg(hesp) concentration increased. Cell membrane injury,


apoptosis, and necrosis were not observed. The cellular effects of Mg(hesp) are a
consequence of failure in cellular organelle activities and could include activation of
alternative cell death mechanisms. ROS generation results also confirmed Mg(phen)
influences on cell stability, with increases in values in both exposure times.
Genotoxicity (micronucleus and comet assays) results showed nuclear abnormalities
and decreases in percentage of DNA in tail accompanied by increases in head
intensity in both exposure periods, which could be related with ROS generation,
nuclear bud detection and a probable formation of DNA repair complexes. Enzymatic
antioxidant pathways were triggered to protect cells against further damage, with
increases in superoxide dismutase (100 and 1000 ng.mL -1 after 24 hours and 96
hours, respectively) and catalase activities (1000 ng.mL -1 after 96 hours), with no
increases in lipid peroxidation. Reduced glutathione quantification and glutathione S-
transferase activity also increased after 96 hours (100 and 1000 ng.mL-1). A peak in
sub-G1 phase evidenced previous cytotoxic effects of Mg(hesp). However, after 96 h
exposure, the toxic effects of Mg(hesp) may be mitigated, even at high
concentrations, enabling cellular population recovery, which could be associated with
the effectiveness of biochemical mechanisms assessed in this study. For in vivo
results, Mg(hesp) also presented stronger effects after 24 h of higher concentrations
exposure. Increases in red blood cells density were not accompanied by changes in
hemoglobin content, leading in a reduction in MCHC values, which may compromise
oxygen supply to tissues, affecting cellular metabolism and stress response ability.
DNA integrity was also affect in higher concentrations (100 and 1000 ng.mL -1), with
increases tail length, which could be associated with higher clastogenic effects.
Reductions in DNA content in tail observed could be interpreted as a false result,
considering that head intensity increased in same concentrations, a possible
indicator of triggered DNA repair systems. Such genetic influences were
corroborated with higher genotoxicity index values observed after 24 h in all
concentrations. Such Mg(hesp) influences also activated some biochemical
responses in liver and gills, such CAT activity in both exposure periods and GST
activity and GSH quantification after 96 h of exposure. Those response could be
considered effectives as no alterations in lipid peroxidation or metallothionein content
were observed.

CONCLUSION

Despite causing some stress responses to aquatic models, Mg(hesp) concentrations


represents rates close to suggested application dosage and above general limits (<
1.0 ng.mL-1) for organic contamination in aquatic ecosystems. Understanding new
chemicals effects are always a challenge, where crossing analysis of different
mechanisms of response becomes a powerful tool. Data collected provided an
insight on primary consequences of Mg(phen) exposure, indicating that only in high
concentrations influences can occur and repair mechanisms are triggered, with a
potential recover after 96 hours. Thus, results emphasize the promising use of such
compound, reinforcing the importance of continuous investigations of Mg(phen)
effects.

SPONSORS

This study was supported by the Brazilian National Counsel of Technological and
Scientific Development (CNPq, grant number 14116/2014-5).

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Efeito de contaminantes orgânicos
295 - EFEITO TÓXICO DO ÓLEO VAZADO NA PRAIA DE JATOBÁ (BARRA DOS
COQUEIROS-SE)

JEAMYLLE NILIN, JANICE S SOARES, ARIEL D. MENDONÇA


Contato: JEAMYLLE NILIN - JEAMYLLE@GMAIL.COM

Palavras-chave: Mysidopsis juniae; toxicidade aguda; Sergipe; petróleo

INTRODUÇÃO

O Estado de Sergipe possui extração de petróleo tanto em terra quanto em mar, e


episódios de vazamentos de óleo na região costeira são frequentes (Agência Brasil,
2015; Sergipe, 2015; Uol, 2016). No início de abril (2018) houve vazamento de óleo
na Praia de Jatobá, Barra dos Coqueiros (SE) a partir de um emissário submarino
que carreia água de produção de extração onshore em Carmópolis e Rosário do
Catete, a aproximadamente 40 Km da costa. Com isso, o objetivo desta pesquisa foi
avaliar a toxicidade aguda de amostras de areia da praia antes e depois da remoção
mecânica do óleo.

METODOLOGIA

A coleta foi realizada cinco dias após o vazamento, sendo coletadas duas amostras
de areia na praia de Jatobá (Barra dos Coqueiros), uma da área com óleo (CO), e
outra na área onde havia sido feita a remoção mecânica por parte da empresa
responsável (AR). Na amostra CO foi possível perceber a presença de borra de óleo
agregado. Foram feitos ensaios de toxicidade aguda (96h) com elutriato (ABNT,
2015) e com a interface água-sedimento (SOUSA, 2016) com juvenis de misídeos
Mysidopsis juniae. No ensaio com elutriato 10 indivíduos foram expostos a 250mL (4
réplicas, sem aeração) da amostra bruta (ABNT, 2017). No ensaio da interface água-
sedimento foram expostos 5 indivíduos (4 réplicas, com aeração) a 100 mL do
sedimento e 300 de água do mar artificial (água destilada+sal marinho Red Sea),
também utilizada para preparar o elutriato e o controle. Os testes foram mantidos
com temperatura (25±2ºC) e fotoperíodo (12:12) constantes, e alimentados
diariamente com náuplios de Artemia sp. Ao final das 96 horas a sobrevivência foi
avaliada a partir da comparação com o controle pelo teste Kruskal-Wallis seguido de
Dunns.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

As amostras de elutriato aquoso de sedimento apresentaram toxicidade aguda com


média da sobrevivência de misídeos de 67,5 ± 12,6% na amostra CO, e de 62,5 ±
20,6% na amostra AR, sendo significativamente diferentes do controle (p< 0,05) que
apresentou sobrevivência dentro do aceitável para o método (97,5 ± 5%). Já na
exposição a interface água-sedimento foi identificada toxicidade aguda apenas para
amostra CO (55,0 ± 10%), enquanto que a amostra AR apesar da redução na
sobrevivência (70,0 ± 25,9%) não apresentou diferença significativa do controle.
Ficou evidenciado neste estudo que mesmo com a remoção mecânica do óleo
visível as substâncias tóxicas dissolvidas e particuladas permanecem no ambiente

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

com potencial efeito tóxico para os organismos marinhos. Segundo a Administração


Estadual de Meio Ambiente (ADEMA), a água de produção é enviada para uma
empresa de mineração para diluição de seus efluentes e posterior lançamento pelo
emissário submarino a 1,5 Km mar adentro, e estão averiguando as
responsabilidades e motivos que levaram a distribuição de água com óleo
(INFONET, 2018; SERGIPE, 2018). A mancha de óleo se espalhou ao longo da
semana seguinte ao vazamento, por cerca de 2Km deixando a praia imprópria aos
banhistas.
Acidentes envolvendo derramamento de óleo ocorrem frequentemente ao redor do
mundo, e já se sabe que esse tipo de poluição causa impactos na biota marinha a
curto, médio e longo prazo. Para além da toxicidade aguda, resíduos de óleo,
principalmente hidrocarbonetos policíclicos aromáticos, podem bioacumular no
zooplâncton (ALMEDA et al. 2013), causar estresse oxidativo e alterações em
tecidos de caranguejos (FRANCO et al 2018), e afetar crescimento e
desenvolvimento em peixes (DUFFY et al. (2016).

CONCLUSÃO

A praia do Jatobá está classificada como praia dissipativa de areia média a fina, do
tipo exposta, e após o vazamento houve o processo de limpeza por meio de
remoção mecânica da areia contaminada com óleo. Todavia, de acordo com os
resultados obtidos nesse trabalho, a remoção não foi suficiente para eliminar o
passivo deste evento, não havendo diferença entre a toxicidade observada para
amostras de areia com óleo e após a remoção.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABNT. NBR 15469:2015 - Ecotoxicologia - Coleta, preservação e preparo de


amostras. 2. ed. Rio de Janeiro: ABNT, 2015.
__________. NBR 15308:2017 - Ecotoxicologia aquática - Toxicologia aguda -
Método de ensaio com misidáceo (Crustacea). 3. ed. Rio de Janeiro: ABNT, 2017.
AGENCIA BRASIL. Petrobras estanca vazamento de óleo na Bacia de Sergipe-
Alagoas. Disponível em: http://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/noticia/2015-
04/petrobras-confirma-vazamento-de-oleo-na-bacia-de-alagoassergipe Acessado
em: 12 mai. 2018
ALMEDA, R., WAMBAUGH, Z., WANG, Z., HYATT, C., LIU, Z., BUSKEY, E.J.
Interactions between Zooplankton and Crude Oil: Toxic Effects and Bioaccumulation
of Polycyclic Aromatic Hydrocarbons. PLoS ONE 8(6): e67212, 2013.
DUFFY, T.A. Childress W, Portier R., Chesney R.J., Responses of bay anchovy
(Anchoa mitchilli) larvae under lethal and sublethal scenarios of crude oil exposure,
Ecotoxicology and Environmental Safety, 134, 264-272, 2016.
FRANCO, M.E. Felgenhauer, B. E. and Klerks, P. L. Crude oil toxicity to fiddler crabs
(Uca longisignalis and Uca panacea) from the northern Gulf of Mexico: Impacts on
bioturbation, oxidative stress, and histology of the hepatopancreas. Environ Toxicol
Chem, 37: 491-500, 2018
INFONET. Vazamento de óleo atinge Praia do Jatobá. Disponível em:
http://www.infonet.com.br/noticias/cidade/ler.asp?id=212726 Acessado em:12 mai.
2018

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

SERGIPE. Vazamento de óleo atinge Litoral Norte de Sergipe. Disponível em: <
http://g1.globo.com/se/sergipe/noticia/2016/02/vazamento-de-oleo-atinge-litoral-
norte-de-sergipe.html >. Acesso em: 12 mai. 2018.
SOUSA, W.H. Monitoramento ecotoxicológico do estuário Rio Poxim :
(Aracaju/Sergipe). Monografia (Graduação em Ecologia) - São Cristóvão, SE:
Universidade Federal de Sergipe, 2016.
UOL. Ibama multa Petrobras em R$ 12,5 milhões por vazamento em Sergipe
http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2016/09/1809316-ibama-multa-petrobras-em-
r-125-milhoes-por-vazamento-em-sergipe.shtml Acesso em: 12 mai. 2018.

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Efeito de contaminantes orgânicos
307 - AVALIAÇÃO ECOTOXICOLÓGICA DE FLUIDO DE REFERÊNCIA DE BASE
NÃO AQUOSA (14,5 PPG) UTILIZANDO Grandidierella bonnieroides E
Leptocheirus plumulosus

LAÍS DONINI ABUJAMARA, ARTHUR DE SOUZA SANTANA, PEDRO BELLINI LEITE,


ALEXANDRE GOMES GOMES RENZE, TAWANY MELLO SOUZA, GUILHERME BUDIN
MENEZES, LIANG JORGE SILVA, DAVID CACHATTORI, LUCIANE LOPES MORANDI,
IONE SIQUEIRA DA SILVA
Contato: IONE SIQUEIRA DA SILVA - ECO_MARINHO@TECAM.COM.BR

Palavras-chave: fluido de referência de base não aquosa; Grandidierella bonnieroides; Leptocheirus


plumulosus

INTRODUÇÃO

A avaliação da ecotoxicidade em sedimento marinho contaminado (96h) com


amostra de fluido de perfuração de base não aquosa (FBNA) coletada em momento
pré-descarte é utilizada como critério para autorização do descarte de cascalho com
fluido de perfuração de base não aquosa aderido (IBAMA IN n°1/2018). O organismo
teste indicado em EPA 1644 é o anfípodo marinho Leptocheirus plumulosus, no
entanto, alternativamente, o IBAMA pode aceitar testes com organismo nativo
Grandidierella bonnieroides (ABNT 15638). Este estudo compara a sensibilidade
destas duas espécies frente à exposição ao fluido de referência com densidade 14,5
ppg.

METODOLOGIA

O sedimento utilizado no ensaio foi coletado em área sem suspeita de


contaminação. Após a chegada ao laboratório, o sedimento foi mantido sob
refrigeração (<10°C) e utilizado em menos de 60 dias (ABNT 15469). Para o ensaio,
o sedimento foi lavado e peneirado em malha de 500 µm para retirada de detritos e
quaisquer organismos, e homogeneizado para determinação da densidade e
umidade. A contaminação do sedimento foi realizada conforme EPA 1646. Foram
preparadas 5 concentrações de fluido, calculadas em g fluido/kg de sedimento seco
(s.s.) e um grupo controle. Os organismos utilizados foram provenientes do cultivo
estabelecido no laboratório de ecotoxicologia da ALS TECAM. Previamente ao
ensaio, foram selecionados organismos retidos em malha de 500 µm. Foram
utilizadas 6 réplicas com 100 mL de sedimento cada, 400 mL de água marinha
sintética (20 de salinidade) e aeração branda. O conjunto foi mantido sob repouso
antes do início do ensaio para sedimentação e, após 24 horas, foram inseridos os
organismos teste. Não foi fornecida alimentação durante o teste. Após 96 horas de
exposição em sistema estático, o sedimento teste foi novamente peneirado para
contabilizar organismos vivos. Os resultados obtidos foram utilizados para cálculo da
CL50;96 horas por Spearman Karber modificado.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Os resultados obtidos foram: CL50-96 h para L. plumulosus de 8,79 g fluido/kg s.s.,


e para G. bonnieroides, CL50-96h de 80,79 g fluido/kg s.s. Portanto, o organismo
nativo foi mais resistente à exposição ao fluido de referência de base não aquosa
(14,5 ppg) utilizado neste estudo.Características morfológicas e comportamentais
das duas espécies têm sido discutidas com a finalidade de comparação da
sensibilidade frente à exposição a estes compostos: L. plumulosus é organismo
escavador de contato direto com o sedimento teste, apresenta apêndices curtos e
compactos com os quais se alimenta do material particulado; enquanto G.
bonnieroides é construtor de tubos e possui apêndices longos, os quais utiliza para
obtenção de material particulado na coluna d’água ou decantado na superfície do
sedimento, podendo não estar em contato direto com os contaminantes após a
construção do tubo. O resultado deste estudo corrobora com encontrado por Kraus
et al. (2017) no qual, frente a exposição a base orgânica dos fluidos de perfuração
não aquosos (NAF) por 10 dias, G. bonnieroides foi mais resistente (~3 vezes) que
L. plumulosus. Para FBNA (d = 9,9 ppg) foi observado que G. bonnieroides também
foi mais resistente. Os resultados obtidos foram CL50-96h= 132,97 mL/kg s.s;
enquanto L. plumulosus CL50-96h = 34,82 mL/kg s.s. Já em exposição ao FBNA (d
= 11,6 ppg) a sensibilidade das duas espécies foi semelhante (G. bonnieroides CL50
= 139,78 mL/kg s.s; L. plumulosus CL50 = 160,07 mL/kg s.s.). O parâmetro decisivo
para a autorização do descarte de cascalho com fluido de perfuração de base não
aquosa aderido é a toxicidade do fluido a ser descartado ser menor ou igual à
toxicidade do fluido de referência de densidade similar (EPA 1644), calculado
através da razão de toxicidade do sedimento (STR = CL50 de referência / CL50
fluido de base orgânica). Em outro estudo de Kraus & Lee (2017) os resultados da
exposição 10 dias ao NAF foram: CL50 para G. bonnieroides entre 1,01 a 7,47 g/kg
s.s. para amostra (olefina); e CL50 = 2,27 a 3,49 g/kg s.s. para a olefina de
referência. Já para L. plumulosus, os resultados foram CL50 = 0,67 a 3,09 g/kg s.s.
para olefina e CL50 = 0,53 a 1,45 g/kg s.s. para a olefina de referência. Assim,
mesmo que as duas espécies apresentem diferente sensibilidade frente à exposição
a estes compostos, quando o STR for ≤ 1 fica autorizado o descarte, atendendo aos
critérios da EPA.

CONCLUSÃO

No presente estudo foi observado que a sensibilidade de L. plumulosus foi cerca de


10 vezes maior que G. bonnieroides diante da exposição ao fluido de base não
aquosa de densidade 14,5 ppg, utilizado como referência para comparação da
toxicidade de amostras de FBNA. Entretanto, futuros estudos devem ser
desenvolvidos para investigar a utilização de G. bonnieroides como organismo teste
para avaliação da toxicidade do sedimento com fluido de perfuração de base não
aquosa aderido, considerando cálculo de STR e diferentes densidades dos fluidos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABNT Ecotoxicologia aquática – Coleta, preservação e preparo de amostras. Norma


NBR 15469. Rio de Janeiro, ABNT, 16 p., 2015.
INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 1, de 2 de janeiro de 2018 – Ministério do Meio
Ambiente - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis (IBAMA).

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

KRAUS, L.A.; LEE, B. 2017. SP050 Toxicity tests using Grandidierella bonnieroides
and Leptocheirus plumulosus exposed to olefin spiked sediment: preliminary results.
Abstract book of SETAC (Society for Environmental Toxicology and Chemistry).
KRAUS, L.A.; MELO, S.; REYNIER, M.V.; PEREIRA, B.C.; MARINHO, L.D.; VEIGA,
L.; MACENA, L.F.; XIMENES, D.D. 2017. SP045 Ecotoxicological evaluation of non-
aqueous drilling fluids using a Brazilian native versus an exotic amphipod. Abstract
book of SETAC (Society for Environmental Toxicology and Chemistry).
U.S. ENVIRONMENTAL PROTECTION AGENCY (EPA): 2011 – EPA-821-R-11-
001- Method 1644 - Sediment Toxicity Test for NAF and SBM.
U.S. ENVIRONMENTAL PROTECTION AGENCY (EPA): 2011 – EPA-821-R-11-
001- Method 1646 - Procedure for Mixing Base Fluids with Sediments.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Oral
Efeito de contaminantes orgânicos
312 - TOXICIDADE AGUDA DA CIPERMETRINA E SEUS EFEITOS
HISTOPATOLÓGICOS NO FÍGADO DE TAMBAQUI Colossoma macropomum

FERNANDA DOS SANTOS CUNHA, CINDY CAROLINE MOURA SANTOS, TEREZA


VITÓRIA BRITO D’ÁVILA, RAIZA TAMAJURA VARJÃO SILVA SANTOS, NAYARA
SIQUEIRA DOS SANTOS, ANY EDUARDA NANES DE OLIVEIRA FARIAS, JÉSSICA
QUEIROZ PARDO, JOÃO CARLOS NUNES DE SOUZA, IZADORA CIBELY ALVES DA
SILVA, ESTELA DOS SANTOS MEDERIOS, RODRIGO YUDI FUJIMOTO
Contato: FERNANDA DOS SANTOS CUNHA - FE.CUNHA_@HOTMAIL.COM

Palavras-chave: piretróide; peixe; concentração letal média; histopatologia

INTRODUÇÃO

Os piretróides são utilizados em diversos setores como na agricultura e veterinária,


assim como uso doméstico e saúde pública, aumentando assim o risco de
contaminação dos corpos hídricos. A presença do piretróide cipermetrina nos corpos
hídricos e seus efeitos tóxicos nos organismos aquáticos têm sido relatados, porém
ainda não existem trabalhos com o tambaqui, espécie nativa mais cultivada no Brasil
(KIME et al., 1995; BRADBERRY et al., 2005; SHARMA et al., 2010; KOÇ et al.,
2012). Assim, este trabalho teve como objetivo avaliar a toxicidade aguda da
cipermetrina em alevinos de tambaquis bem como os efeitos histopatológicos.

METODOLOGIA

Para o teste de toxicidade aguda utilizou-se 75 alevinos de tambaqui, distribuídos


em 15 recipientes de 5 litros, e com biomassa média de 24,18±0.935g. Para esse
teste, foram utilizadas 4 diferentes concentrações de cipermetrina (T1– 0,0035 mg.L-
1
, T2– 0,007 mg.L-1, T3– 0,0105 mg.L-1 e T4–0,014 mg.L-1), mais o controle (0,0
mg.L-1), em triplicata. Durante o experimento os parâmetros de água (temperatura,
oxigênio dissolvido, condutividade elétrica e pH) foram monitorados a cada 24 horas.
A mortalidade foi avaliada a cada 6 horas e os peixes considerados moribundos,
foram anestesiados e eutanasiados. Posteriormente foram retirados fígados para a
análise histológica. Os órgãos foram fixados em formol a 10% tamponado e
posteriormente conservados em álcool 70%, desidratados em séries gradativas de
álcool, embebidos em xilol 100%, emblocados em parafina, cortados a 5 µm e então
corados com hematoxilina e eosina (BEHMER et al., 1976). Os danos histológicos
encontrados foram então classificados quanto sua severidade. Para determinação
da Concentração Letal Média foi utilizado o método de Trimmed Sperman Karber e
seu grau de toxicidade foi classificado de acordo com a USEPA (2006).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os Tambaquis, quando expostos à cipermetrina, apresentaram 100% de mortalidade


nas concentrações mais altas (T3 e T4) nas primeiras 3 horas de experimento; 80%
na concentração 0,007mg.L-1 após 6 horas e 0% de mortalidade na concentração
0,0035 mg.L-1 e controle. Com base nestes resultados foi possível observar que a
cipermetrina se apresentou altamente tóxica ao Colossoma macropomum, visto que

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

a CL 50 – 96h determinada foi de 0,005 mg.L-1 , com limite inferior de 0,0 mg.L-1 e
limite superior de 0,01 mg.L-1, e a seguinte equação de regressão y= 1285,7x – 0,6
(R2= 0,8396). Os tambaquis se apresentam mais sensíveis ao produto que as
tilápias (CL50 de 0,0062 mg.L-1), e uma maior resistência quando comparados à
Cyprinus carpio (0,00291mg.L-1) (DOBSIKOVA et al., 2006; HAQUE e MONDAL,
2016). Em relação aos parâmetros de água, estes permaneceram dentro da faixa
adequada para a criação da espécie sendo observados valores médios de
temperatura de 27,8°C±0,1; pH 8,0±0,1, oxigênio dissolvido 6,2mg.L -1 ±0,3 e
condutividade elétrica 166 µS.cm-1±0,007, não comprometendo assim, os resultados
avaliados. Em relação às histopatologias hepáticas, foram identificados vacúolos no
citoplasma, congestão, esteatose e picnose. Estas patologias apresentaram
diferentes graus de severidade nos tratamentos, exceto a congestão, que
apresentou uma severidade média em todos tratamentos, indicando uma inflamação
no fígado, possivelmente em decorrência da metabolização da cipermetrina. O T4
em que os peixes morreram mais rápido apresentaram graus menos severos de
patologias, pois possivelmente não tiveram tempo suficiente para metabolizar no
fígado esse piretróide, supondo assim que a causa da morte foi uma lesão branquial
como já reportado em estudos anteriores (CUNHA et al., 2018). Já na concentração
mais baixa, em que os peixes ficaram expostos por um maior tempo a cipermetrina
(96 h), os peixes desenvolverem vacúolos no citoplasma, diferentemente das demais
concentrações, corroborando com outros trabalhos em que o tempo de exposição
influencia tanto nos graus de severidade quanto aos tipos de patologias (FREITAS et
al., 2013).

CONCLUSÃO

Com base nos resultados obtidos no presente estudo, foi possível observar que a
cipermetrina é altamente tóxica aos alevinos de tambaquis (Colossoma
macropomum), causando alterações comportamentais (natação errática, batimento
acelerado do opérculo e letargia) e patologias hepáticas (vacúolos no citoplasma,
congestão, esteatose e picnose). Assim, estudos desta temática são de grande
importância para embasar novas pesquisas que mitiguem a ação dos piretróides
durante o ciclo produtivo dos organismos aquáticos cultiváveis.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BEHMER, O.A.; TOLOSA, E.M.C.; FREITAS NETO, A.G. Manual of techniques for
normal and pathological histology. São Paulo, Edart, 1976.
BRADBERRY, S.M.; CAGE, S.A.; PROUDFOOT A.T.; VALE J.A. Poisoning due to
pyrethroids. Toxicol. Rev. V.24, p. 93-106, 2005.
CUNHA, F.S.; SOUSA, N.C.S.; SANTOS, R.F.B.; MENESES, J.O.; DO COUTO,
M.V.S.; DE ALMEIDA, F.T.C.; FILHO, J.G.S.; CARNEIRO, P.C.F.; MARIA, A.N.;
FUJIMOTO, R.Y. Deltamethrin-induced nuclear erythrocyte alteration and damage to
the gills and liver of Colossoma macropomum. Environmental Science and Pollution
Research p. 1-9, 2018.
DOBSIKOVA, R.; VELISEK, J.; WLASOW, T.; GOMULKA, P.; SVOBODOVA, Z.;
NOVOTNY, L. Effects of cypermethrin on some haematological, biochemical and
histopathological parameters of common carp (Cyprinus carpio L.). Neuroendocrino
lLett, v. 27, p. 91–95, 2006.

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

FREITAS, R.A.; CORREIA, K.M.; TAVARES, M.G.O.; OLIVEIRA, G.C.; CINTRA, A.;
RICIOLE, H.; NUNES, I.; FAGUNDES, J.; ANTONIOSI FILHO, N.R. Evaluation of the
gills of Danio rerio exposed to different concentrations of gasoline and diesel.
Pesticidas: r ecotox meio ambiente, v. 23, p. 59-66, 2013.
HAQUE S.; MONDAL K. Evaluation of Acute Toxicity and Behavioural Studies of
Tilapia (Oreochromis niloticus) Exposed to Cypermethrin. Journal of Environment
and Sociobiology, v. 13 (1), 2016.
KIME, D.E. The effects of pollution on reproduction in fish. Reviews in Fish Biology
and Fisheries, v.5, p.52 – 96, 1995.
KOÇ, N.D.; AKBULUT, C.; KAYHAN, F.E.; KAYMAK, G. Histopathological changes
in testis of the swordtail fish, Xiphophorus helleri (Pisces: Poecilidae) exposed to
deltamethrin. Fresenius Environmental Bulletin, V.21 – n.10, 2012.
SHARMA, D.K.; ANSARI, B.A. Effect of the synthetic pyrethroid deltamethrin and the
neem-based pesticide achook on the reproductive ability of zebrafish, Danio rerio
(Cyprinidae), Archives of Polish Fisheries, v.18, p.157-161, 2010.
USEPA - United States Environmental Protection Agency. Pesticides - Pesticide
Registration Manual Helps Applicants. Disponível em:
https://archive.epa.gov/pesticides/reregistration/web/pdf/cypermethrin_red.pdf, 2006.

FONTES FINANCIADORAS

Agradecemos à Universidade Tiradentes, ao Programa de Pós-graduação em Saúde


e Ambiente, ao Instituto de Tecnologia e Pesquisa (ITP) e à Embrapa Tabuleiros
Costeiros pelo suporte e infraestrutura necessária para a realização deste estudo.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Efeito de contaminantes orgânicos
349 - EFFECT OF BIOCIDES DIURON, IRGAROL 1051, CHLOROTHALONIL AND
DICHLOFLUANID ON THE SURVIVAL, BEHAVIOR, GROWTH AND
REPRODUCTION OF C. elegans

JULIANA MARTINS DIAS, LITIELE CEZAR DA CRUZ, JULIANO ZANETTE


Contato: JULIANO ZANETTE - BIOZANETTE@HOTMAIL.COM

Keywords: Herbicide; fungicide; nematode; behavior; reproduction; Caenorhabditis elegans

INTRODUCION

The studies on the toxicity of environmental contaminants contributes to the


understanding of the risks of their presence in the ecosystems. Nematodes are a
diverse animal phylum inhabiting a broad range of marine, freshwater and terrestrial
environments. In this context, our objective in this study was to evaluate the toxicity
of the herbicides Irgarol 1051 and Diuron, and the fungicides Chlorothalonil and
dichlofluanid on physiological (growth and reproduction) and behavioral parameters
(locomotion test) in the nematode Caenorhabditis elegans.

METHODS

Worms (L4) were exposed in 24-well plates with M9 and inactive E. coli OP50 over a
concentration curve of 1, 2.5, 5, 7.5 and 10 mg/L for herbicides and 0.05, 0.1, 0.5, 1
and 2 mg/L for the fungicides (in triplicate for each concentration) for 48h. The control
(M9 only) and exposed groups contained 0.1% DMSO. The exposure experiment
was repeated three times for the physiological analyzes. In the end of each
experiment, survival was evaluated and then worms were killed and stained; photos
were taken through a stereomicroscope, and their growths and offspring size
measured using Image J software. The locomotion test was performed only once on
the highest concentration of each biocide. Worms were individually picked and
placed on NGM without E. coli and then the number of body bends were quantified
with a stereomicroscope over a 60 second interval. A body bends was defined as a
change in the direction of bending at the middle of the body. Statistical analysis was
performed by two-way ANOVA in order to test the possible interaction in the three
independent experiments (p<0.05) and one-way ANOVA followed by Bonferroni’s
post hoc test to compare the differences between treatments and control group
(p<0.05).

RESULTS AND DISCUSSION

There was no mortality at either herbicide or fungicide concentrations. As well,


locomotor behavior was not altered at the higher concentration evaluated (10 mg/L
for herbicides and 2 mg/L for fungicides). The results of the physiological parameters
were considered when these showed similarity at least two of the three assays, since
some groups show interaction between the assays. Diuron showed no negative
effect on growth and reproduction in the separate assay evaluation when compared
with control. As well as no negative effect was found when the results/assays were
united (without interaction among of the 3 assays: p = 0.6357) on reproduction.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Negative changes were not found for irgarol on the parameters in the isolated
assays. However, when results/assays were united (without interaction: p= 0.2198),
there was a decrease in reproduction on 7.5 and 10 mg/L concentrations. For the
fungicides, 2 mg/L of chlorothalonil decrease growth and reproduction and 2 mg/L of
dichlofluanid decrease the reproduction only. Such biocides are present in
compositions of antifouling paints. As well as, Diuron, Chlorothalonil and dichlofluanid
are used in agriculture. The herbicides irgarol and diuron are commonly detected in
water bodies of port regions. However, its mechanisms of action are directly related
to photosynthesis, in this way, its effects are more pronounced in phytoplanktonic
organisms. Although they show toxicity to some groups of animals at higher
concentrations, as we have seen here, our results are not environmentally worrisome
for both biocides, since the concentration that induced change is excessively high
and does not correspond to those detected in the environment. The fungicides
chlorothalonil and Dichlofluanid have low levels of detection in the aquatic
environment. However, they have higher toxicity to animal species than herbicides.
The fungicidal activity exhibited by chlorothalonil has been attributed to the
inactivation of cell sulfhydryl enzymes, which may to result in the inhibition of glucose
oxidation. Dichlofluanid has marked carcinogenic and mutagenic effects. However,
for both fungicides even though there is no clear evidence about its main
mechanisms of action. Thus, although our results show changes in the physiological
parameters only for the highest concentration, which is not environmentally worrying,
they are relevant for future studies. C. elegans is an established animal model and is
mainly known for being a powerful tool for mechanistic studies. In addition, there are
no mechanistic studies of the fungicides chlorothalonil and dichlofluanid using this
tool.

CONCLUSION

The biocides chlorothalonil, dichlofluanid, and irgarol, but not diuron, caused
impairment of reproduction in nematode, but the concentrations that caused effects
were higher than the ones generally found in the aquatic environment. The four
biocides that were tested did not cause effect in the nematode mortality or
locomotion. The present results could contribute by providing a starting direction for
future studies investigating toxic mechanisms of action for biocides using C. elegans
as a biological model in ecotoxicology.

SPONSORS

FINEP (CT-Hidro 1111/13 − AIBRASIL2)

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Efeito de contaminantes orgânicos
359 - EFEITOS DA CIANOBACTÉRIA NEUROTÓXICA Cylindrospermopsis
raciborskii (CYLCAM-1) SOBRE PARÂMETROS REPRODUTIVOS E
COMPORTAMENTO ALIMENTAR DE Daphnia spp.

GABRIELE COSTA DOS REIS, MAURO CESAR PALMEIRA VILAR, ALOYSIO DA SILVA
FERRÃO FILHO
Contato: GABRIELE COSTA DOS REIS - GABRIELEDREIS@GMAIL.COM

Palavras-chave: ecotoxicologia; saxitoxinas

INTRODUÇÃO

Algumas espécies de cianobactérias são potencialmente produtoras de metabólitos


secundários, conhecidos como cianotoxinas. Quando dominam ambientes aquáticos
formando florações, causam grande impacto à saúde ambiental e humana, podendo
inviabilizar o uso dos recursos hídricos. Cylindrospermopsis raciborskii, uma
cianobactéria tóxica, vem sendo encontrada cada vez com maior frequência em
ambientes aquáticos brasileiros. Nesse contexto, esse estudo tem como objetivo
avaliar os efeitos de uma cepa de C. raciborskii (CYLCAM-1), em diferentes
aspectos reprodutivos, populacionais e herbivoria de espécies de Daphnia nativas
(D. laevis e D. gessneri) e uma exótica (D. similis).

METODOLOGIA

Foram realizados os seguintes ensaios ecotoxicológicos: 1) Um observando efeito


agudo (96 h) com exposição dos organismos à diferentes concentrações de
CYLCAM-1 (0,13, 0,25, 0,5 e 1,0 mg C L-1 ) e biomassa fixa de clorofíceas
(Ankistrodesmus falcatus e Selenastrum capricornutum) de 0,4 mg L -1, eliminando
qualquer limitação alimentar, com o objetivo de avaliar o efeito dessa cepa sobre a
mobilidade, sobrevivência e a taxa de crescimento somático; 2) Um observando
efeito crônico (15 dias) com diferentes concentrações de CYLCAM-1 (0,5, 1,0 e 1,5
mg C L-1) e biomassa fixa de clorofíceas (0,4 mg C L-1) com o objetivo de avaliar os
efeitos na taxa de crescimento somático e parâmetros reprodutivos como idade da
primeira reprodução, fecundidade média, total de neonatos e taxa de aumento
populacional (r); 3) Crônico com proporções variadas de clorofíceas (100-10%) e
cianobactéria (0-90%) em um total de biomassa de 1,0 mg C L -1, com os mesmos
objetivos descritos para o ensaio anterior; 4) Ensaios de herbivoria, com o objetivo
de estimar as taxas de filtração de Daphnia quando exposta a diferentes dietas
variando CYLCAM-1 e clorofícea.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Durante o ensaio agudo foi possível evidenciar uma redução da sobrevivência de D.


similis, e da taxa de crescimento somático dessa espécie e dos clones de D. laevis .
Não foi observado efeito sobre a mobilidade de nenhuma espécie. No ensaio crônico
com biomassa fixa de clorofíceas, D. similis foi mais sensível à exposição a à
CYLCAM-1, sofrendo efeitos deletérios na sobrevivência, mobilidade, taxa de
crescimento somático, parâmetros reprodutivos e taxa de aumento populacional (r).

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Os resultados desse ensaio podem ser atribuídos à toxicidade e morfologia de C.


raciborskii que podem afetar a filtração de Daphnia. No ensaio crônico com dietas de
proporções variadas de clorofíceas e cianobactéria, D. gessneri apresentou maior
redução da sua sobrevivência, com mortalidade de todos os indivíduos nas dietas
com 50% e 90% de CYLCAM-1. Esta espécie também sofreu redução significativa
em todos os parâmetros reprodutivos, apresentando inclusive taxa de aumento
populacional (r) negativa na concentração proporção de 90% CYLCAM-1. Os efeitos
desse ensaio provavelmente podem ser explicados pela baixa qualidade nutricional
de CYLCAM-1, indicando que provavelmente D. gessneri seja mais sensível a à
restrição nutricional enquanto os clones de D. laevis são menos afetados, visto que
sofreram menos efeitos entre os ensaios crônicos. Os ensaios de herbivoria
demonstraram que D. similis e D. laevis (Rio Doce) não sofrem sofreram variação de
suas taxas de filtração quando expostas a CYLCAM-1. Por outro lado, D. laevis
(Ibirité) reduziu sua taxa de filtração total nos tratamentos de 50% e 90% e D.
gessneri apresentou inibição da taxa de filtração ingestão de CYLCAM-1, com taxa
de filtração negativa no tratamento de 50% e 90%. O comportamento alimentar e a
história de vida de cada espécie podem explicar a tolerância a cianobactérias e as
diferentes respostas encontradas na aptidão de espécies nativas e exótica. No
entanto, ainda é necessário investigar se o nível de tolerância de Daphnia a C.
raciborskii, pode ser atribuído a um fator comportamental (como por exemplo,
evitar/rejeitar filamentos) ou tolerância fisiológica a cepas produtoras de saxitoxinas
(otimização de defesas oxidativas e excreção de metabólitos tóxicos).

CONCLUSÃO

Esse estudo demonstrou efeitos deletérios de dietas variadas utilizando a cepa


CYLCAM-1, produtora de saxitoxinas, sobre o fitness de Daphnia, devido ao
potencial tóxico, baixo valor nutricional e morfologia de C. raciborskii. Em um cenário
de mudanças climáticas com aumento de florações de cianobactérias, o zooplâncton
pode sofrer modificação de sua composição, causando perdas na diversidade de
espécies. Portanto, estudos utilizando espécies de Daphnia de diferentes origens
podem ajudar a prever essas mudanças.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CHORUS, I.; BARTRAM, J. Toxic cyanobacteria in water: a guide to their public


health consequences, monitoring and management. 3. ed. Geneva: WHO - World
Health Organization; 1999.
BRANCO, C.W.C.; SENNA, P.A.C. (1994) Factors influencing the development of
Cylindrospermopsis raciborskii and Microcystis aeruginosa in Paranoá Reservoir,
Brasília, Brazil. Algological Studies 75:85-96.
BOUVY, M.; FALCÃO, D.; MARINHO, M.; PAGANO, M.; MOURA, A. (2000)
Occurrence of Cylindrospermopsis (Cyanobacteria) in 39 Brazilian tropical reservoirs
during the 1998 drought. Aquatic Microbial Ecology 23:13-27.
HUSZAR, V.L.M.; SILVA, L.H.S.; MARINHO, M.M.; DOMINGOS, P.; SANT’ANNA,
C.L. (2000) Cyanoprokaryote assemblages in eight productive tropical Brazilian
waters. Hydrobiologia 424:67-77.

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FONTES FINANCIADORAS

CAPES e FIOTEC/PAEF 008-15-4

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Painel
Efeito de contaminantes orgânicos
386 - EFEITOS DO BIOCIDA DCOIT EM PARÂMETROS DO SISTEMA IMUNE DO
MEXILHÃO Perna perna

VIVIANE BARNECHE FONSECA, AMANDA DA SILVEIRA GUERREIRO, JULIANA


ZOMER SANDRINI
Contato: VIVIANE BARNECHE FONSECA - VIVIANEBARNECHE@GMAIL.COM

Palavras-chave: imunidade; hemócitos; anti-incrustantes

INTRODUÇÃO

Atualmente existem muitas substâncias químicas sendo empregados para diferentes


fins, dentre estas destacam-se alguns componentes de tintas anti-incrustantes, que
utilizam biocidas em suas formulações, como 4,5-dicloro-2-n-octil-4-isotiazolin-3-ona
(DCOIT), clorotalonil e dicofluanida. Essas tintas são empregadas para evitar a
bioincrustação em cascos de navios e outras superfícies submersas e seus
componentes podem ser liberados ao ambiente aquático, no entanto, pouco se sabe
sobre os possíveis efeitos destes compostos aos organismos presentes no
ambiente. Assim, este trabalho teve como objetivo a avaliação dos efeitos do biocida
DCOIT sobre parâmetros do sistema imune de mexilhões Perna perna.

METODOLOGIA

Os animais (n=6 por grupo) foram expostos às concentrações de 0, 0,1 e 10 µg/L de


DCOIT durante 96 horas, tendo sido o grupo controle tratado com 0,01% DMSO
(solvente utilizado para o contaminante). A renovação da água dos aquários foi
realizada a cada 24h. Após a exposição, os animais foram utilizados para a retirada
da hemolinfa do músculo adutor posterior com uma seringa descartável para
utilização imediata nos ensaios relacionados à análise do sistema imune. Os
hemócitos foram obtidos por centrifugação (500 g por 5 min a 18ºC) das amostras de
hemolinfa e o pellet formado foi ressuspendido em solução anti-agregante Alsever
(23.8 mM citrato de sódio, 296.5 mM NaCl, 101.5 mM glicose, 7.9 mM EDTA, pH 7).
Os parâmetros analisados foram a contagem total de hemócitos (THC) e a sua
viabilidade pelos ensaios de MTT e vermelho neutro, capacidade de adesão celular
e atividade fagocítica. Depois de determinados os pré-requisitos de
homocedasticidade e normalidade, os dados foram submetidos à ANOVA de uma
via, seguidos do teste a posteriori Newman-Keuls, com o nível de significância para
a comparação entre os grupos de 5% (p<0,05), através do software GraphPad Prism
5.0.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Não ocorreu mortalidade nos mexilhões expostos ao DCOIT após 96h de exposição.
No entanto, mudanças (p < 0,05) na atividade fagocítica, viabilidade e adesão celular
foram observadas. Com relação à viabilidade dos hemócitos, observou-se uma
queda na viabilidade celular pela diminuição da atividade mitocondrial (ensaio do
MTT), nas concentrações de 0,1 µg/L e 10 µg/L (43.2 e 42.3%, respectivamente).
Alterações na viabilidade celular não foram observadas através da técnica de

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

vermelho neutro. Após 96h de exposição, houve um aumento de 39.7 e 20.3% na


adesão celular (após 30 min de ensaio) nos tratamentos com 0,1 µg/L e 10 µg/L
DCOIT, respectivamente. O índice fagocitário também apresentou um aumento (3.9
vezes), porém, apenas na maior concentração testada em relação ao controle.
Resultados similares foram obtidos para a mesma espécie de mexilhão exposta ao
clorotalonil, outro biocida amplamente utilizado em tintas anti-incrustantes. A adesão
dos hemócitos é o passo inicial para a fagocitose de partículas estranhas, por isso,
ambos parâmetros devem ser analisados em conjunto e são processos importantes
dos sistema imunológico de bivalves. Segundo alguns autores, moluscos expostos a
baixas concentrações de contaminantes podem apresentar um aumento na atividade
fagocitária de seus hemócitos, no entanto, isto não está associado,
necessariamente, a uma boa condição de saúde. Essa hipótese vai ao encontro dos
resultados apresentados anteriormente, acerca da viabilidade hemocitária, nos
quais, apesar do aumento da fagocitose e da adesão dos hemócitos de P. perna, o
DCOIT induziu citotoxicidade após 96 h de exposição, indicado pelo ensaio do MTT.
No ambiente marinho, principalmente em locais onde se encontram mexilhões,
ocorrem constantemente outros estresses naturais, como variações de salinidade e
hipóxia, os quais os animais precisam enfrentar para sobreviver. Então, a ativação
do sistema imune pelo contaminante e a citotoxicidade gerada, pode levar a um
efeito a longo prazo no organismo, que pode comprometer todas as suas funções,
impedindo que ele enfrente com eficiência, outros estresses ambientais. Em um
estudo anterior, já foi mostrado que mexilhões diminuíram sua taxa de sobrevivência
em uma situação de hipóxia, após terem sido expostos por 96h ao clorotalonil.
Assim, pelo DCOIT interferir nas funções imunes do mexilhão P. perna, mesmo que
em baixas concentrações, a saúde dos organismos pode ser afetada, ocorrendo
uma redução na capacidade de sobreviver no ambiente.

CONCLUSÃO

Com os resultados obtidos, podemos concluir que biocidas anti-incrustantes, como o


DCOIT, são capazes de alterar parâmetros essenciais do sistema imunológico de
mexilhões. Portanto, estudos com biocidas anti-incrustantes, principalmente quando
usadas concentrações ambientalmente relevantes (por exemplo, 0,1 µg/L), ou seja,
próximas a concentrações já detectadas no ambiente, são importantes e
necessários para estimarmos os variados efeitos que podem gerar a curto ou longo
prazo, incluindo a espécies não-alvo, que podem viver no mesmo ambiente.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ESTRADA, N.; VELÁZQUEZ, E.; RODRÍGUEZ-JARAMILLO, C.; ASCENCIO, F.


(2013). Morphofunctional study of hemocytes from lions-paw scallop Nodipecten
subnodosus. Immunobiology 218, 1093–1103.
GUERREIRO, A.S.; ROLA, R.C.; ROVANI, M.T.; COSTA, S.R.; SANDRINI, J.Z.
(2017). Antifouling biocides: Impairment of bivalve immune system by chlorothalonil.
Aquatic Toxicology 189, 194-199.
HELLOU, J.; LAW, R.J. (2003). Stress on stress response of wild mussels Mytilus
edulis and Mytilus trossulus, as an indicator of ecosystem health. Environmental
Pollution 126, 407–416.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

FONTES FINANCIADORAS

Esse trabalho teve o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e


Tecnológico (CNPq – Brasil; Proc. #456372/2013-0) e FINEP – Pesquisa e Inovação
(AIBRASIL2 Proc. # 1111/13 – 01.14.0141.00).

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Painel
Efeito de contaminantes orgânicos
406 - AVALIAÇÃO DA TOXICIDADE AGUDA DO HERBICIDA 2,4-D (DMA® 806)
E DO INSETICIDA FIPRONIL (REGENT 800WG) EM ESPÉCIES DE GIRINOS
(Leptodactylus fuscus, Physalaemus nattereri, Lithobates catesbeianus)

JULIANE SILBERSCHMIDT FREITAS, LAIS GIROTTO, RAQUEL APARECIDA


MOREIRA, LUÍS CÉSAR SCHIESARI, EVALDO LUIZ GAETA ESPINDOLA
Contato: JULIANE SILBERSCHMIDT FREITAS - JU_FREITASS@HOTMAIL.COM

Palavras-chave: anfíbios; agrotóxicos; cana-de-açucar; conservação

INTRODUÇÃO

A cana-de-açúcar é a matéria-prima mais eficiente na produção de biocombustíveis,


o que tem contribuído para sua rápida expansão e, ao mesmo tempo, gerado
preocupações quanto aos impactos ambientais decorrentes do uso intensivo de
agrotóxicos, incluindo, por exemplo, o herbicida 2,4-diclorofenoxiacético (2,4-D) e o
inseticida fipronil. Como em regiões tropicais as atividades produtivas são
intensificadas nos períodos chuvosos, acredita-se que anfíbios nativos estejam
expostos continuamente a estes e outros agrotóxicos em seus habitats naturais,
uma vez que a ocorrência e reprodução dos mesmos estão também restritas a este
período, o que implicaria em danos severos às populações.

METODOLOGIA

Os efeitos de toxicidade aguda ao herbicida 2.4-D e ao inseticida fipronil nas


espécies nativas Leptodactylus fuscus e Physalaemus nattereri, e na espécie
modelo Lithobates catesbeianus foram avaliados nesta pesquisa. Para os testes de
toxicidade aguda, girinos no estágio 25 (GOSNER, 1960) foram expostos a cinco
concentrações nominais de 2.4-D (DMA® 806) ou fipronil (Regent 800WG) em
temperatura e fotoperíodo constante (25ºC/12h:12h) durante 96h. Devido às
diferentes sensibilidades entre as espécies, as faixas estipuladas para o herbicida
2,4-D foram de 20, 40, 80, 160 e 320 mg/L -1 para E. nattereri; 5, 10, 20, 40 e 80
mg/L-1 para L. fuscus; e 450, 500, 550, 600 e 650 mg/L-1 para L. catesbeianus. Para
o inseticida fipronil, os testes foram conduzidos utilizando-se as concentrações
nominais 50, 100, 200, 400 e 800 mg/L -1. A mortalidade dos animais foi registrada
diariamente e os valores de CL50 96h foram determinados por regressão não linear
utilizando 95% de intervalo de confiança. Os efeitos subletais do herbicida 2,4-D
sobre a mobilidade natatória também foram avaliados utilizando o software de
rastreamento Kinovea. As diferenças nas distâncias percorridas e velocidades
máximas de reação a estímulos foram comparadas pelo teste ANOVA-one-way,
seguida de pos-hoc Tukey-Kramer (p < 0,05).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os valores de CL50 96h encontrados para o herbicida 2,4-D apresentaram grande


variação entre as diferentes espécies, sendo eles 28.81; 143.08 e 574.52 mg/L -1
para L. fuscus, P.nattereri e L. catesbeianus, respectivamente. A espécie modelo
mostrou-se muito mais tolerante aos efeitos do herbicida, com valores de CL50

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

quatro vezes maiores que em P. nattereri e quase vinte vezes maiores em relação à
L. fuscus. Para o inseticida fipronil não foi registrada mortalidade dos organismos em
nenhuma das cinco concentrações testadas após 96h de exposição. Assim, estima-
se uma CL50 superior a 800mg/L para o inseticida fipronil em girinos, concentração
considerada elevada para atribuição de relevância ambiental. As maiores
sensibilidades apresentadas pelas espécies nativas ao 2,4-D quando comparadas à
L. catesbeianus mostram, mais uma vez, a importância do desenvolvimento de
testes de toxicidade com espécies representativas de áreas de monitoramento. L.
fuscus e P. nattereri, por exemplo, são espécies de girinos neotropicais amplamente
distribuídas em áreas comuns à plantação de cana-de-açúcar no Brasil. A utilização
de áreas alagadas durante o período chuvoso as expõem a corpos d’água com
baixos volumes de água, nas quais as concentrações podem atingir valores muito
maiores aos encontrados em rios e lagos. Devido à proximidade fisiológica,
espécies-modelos são importantes para interpretação de modos de ação de
contaminantes ambientais em determinados grupos animais, tais como os anfíbios.
Entretanto, esses efeitos não definem potenciais riscos ambientais aos quais as
espécies nativas podem estar expostas, destacando aqui a importância de análises
de toxicidade comparada para anfíbios. Em relação aos efeitos subletais sobre o
desempenho natatório em girinos expostos ao 2,4-D, não foram observadas
alterações em ambos os parâmetros, velocidade de reação aos estímulos (P=0.44) e
distância total percorrida pelos animais (P=0.053) para as três concentrações
subletais (450, 500 e 550 mg/L) testadas. Esses testes foram conduzidos, até o
momento, somente para a espécie modelo L. catesbeianus. Embora os valores de
toxicidade para ambos os contaminantes se apresentem relativamente altos quando
comparados às concentrações detectadas em sistemas naturais, os efeitos e
mecanismos de ação de ambos contaminantes ainda são pouco conhecidos para
anfíbios. Assim, esses resultados serão complementados com testes de exposição
crônica utilizando concentrações ambientalmente relevantes, avaliando-se
indicadores de desempenho como biomarcadores bioquímicos e testes de
evitamento, os quais permitirão compreender melhor os efeitos de exposição a
esses agrotóxicos em anfíbios nas áreas de cultivo no Brasil.

CONCLUSÃO

Nossos resultados mostraram que os agrotóxicos 2,4-D e fipronil apresentaram


baixa toxicidade em anfíbios durante seus estágios larvais. Entretanto, observamos
que espécies nativas foram consideravelmente mais sensíveis aos efeitos tóxicos
desses contaminantes que a espécie modelo estudada, alertando a importância de
estudos considerando espécies locais mais vulneráveis à exposição. A toxicidade de
muitos agrotóxicos é desconhecida para anfíbios e devido à ausência de testes de
sensibilidade para o grupo existe uma necessidade urgente da ampliação de dados
gerados por meio de ensaios toxicológicos. Para melhor avaliar os efeitos desses
contaminantes, estudos de toxicidade crônica serão desenvolvidos utilizando
concentrações ambientalmente relevantes.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

DI GIULIO, R.T.; WASHBURN, P.C.; WENNING, R.J. 1989. Biochemical responses


in aquatic animals: a review of determinants of oxidative stress. Environ Toxicol
Chem 8:1103–1123.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

GOSNER, K. 1960. A simplified table for staging anuran embryos and larvae with
notes on 750 identification. Herpetologica 16: 183–190.
GRIPP, H.S.; FREITAS, J.S.; ALMEIDA, E.A.; BISINOTI, M.C.; MOREIRA, A.B.
2017. Biochemical effects of fipronil and its metabolites on lipid peroxidation and
enzymatic antioxidant defense in tadpoles (Eupemphix nattereri: Leiuperidae).
Ecotoxicol Environ Saf 136:173–179.
HAYES, T.B.; FALSO P.; GALLIPEAU S.; STICE, M. 2010. The cause of global
amphibian declines: a developmental endocrinologist’s perspective. J Exp Biol 213:
921-933.
HOULAHAN, J.E.; FINDLAY, C.S.; MEYER, A.H.; KUZMIN, S.L.; SCHMIDT, B.R.
2001. Global amphibian population declines. Nature 412, 499: 500.

FONTES FINANCIADORAS

FAPESP (2017/13377-6)

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Painel
Efeito de contaminantes orgânicos
407 - OTIMIZAÇÃO DE ENSAIOS DE GERMINAÇÃO PARA AVALIAÇÃO
TOXICOLÓGICA DE SOLOS CONTAMINADOS POR EFLUENTES OLEOSOS

THAYNARA SANTANA RABELO, LOUISE DA CRUZ FELIX, STELLA MELGAÇO DE


OLIVEIRA PINTO, VICTOR DE PAULA BATISTA ROSA, ÉRIKA LORENA DE OLIVEIRA
CARVALHO RIBEIRO, FABIANA PEREIRA COELHO, CAROLINE MITAI MARQUES
PEREIRA, ELISABETH RITTER, DANIELE BILA BILA
Contato: THAYNARA SANTANA RABELO - RABELO.THAY@GMAIL.COM

Palavras-chave: Lactuca sativa; teor de umidade; franco argiloso; franco arenoso; efluente oleoso

INTRODUÇÃO

Postos de gasolinas representam a atividade com mais áreas contaminadas


cadastradas no Brasil. A avaliação ecotoxicologica desses solos é essencial para
definir os impactos gerados por uma contaminação e garantir que as técnicas de
remediação foram eficientes. Dentre os ensaios destaca-se o de germinação,
normatizado pela OECD 208:2003 e ISO 11269-2:2014, com duração de 7 a 21 dias.
Este tempo de ensaio pode dificultar uma avaliação rápida de áreas contaminadas.
Dessa forma, esse trabalho tem por objetivo avaliar e otimizar ensaios curtos de
germinação com sementes de alface (Lactuca sativa) em diferentes condições de
solos.

METODOLOGIA

Foram avaliados dois tipos de solos: franco arenoso (FA) e franco argiloso (FC). Os
solos foram inicialmente caracterizados de acordo com o preconizado pela ABNT.
Posteriormente foi realizada extração por lixiviação dos solos segundo metodologia
de Pires (2007) para determinar o background dos solos. Os extratos desses solos
foram avaliados quanto à NH4+, COT, pH, DQO, Cloreto e Condutividade.Por fim,
lotes de 10 sementes foram semeadas sobre papel filtro em 30g de solo (secos ao
ar) em Placas Petri (9cm) em triplicata. Para avaliar a influência da umidade nos
diferentes tipos de solo a mesma foi ajustada para 20, 40, 60 e 80%. Foram
utilizados como controle negativo água destilada e como controle positivo solução de
NaCL (0,25 mol). A fim de avaliar a variação da germinação das sementes quando
expostas a contaminantes, foram usados efluentes de lavagem de veículos sem
tratamento e pós-tratamento (caixa separadora de água/óleo). A fim de comparação
um solo controle constituído de areia graduada lavada e seca à 100ºC por 48h foi
analisado nas mesmas condições dos solos avaliados. O ensaio foi realizado no
escuro a 22ºC por 132h. O número de sementes germinadas foi avaliado após 48,
108 e 132h.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os ensaios de caracterização do solo apresentaram teores de 59% Areia, 30% Silte


e 11% de Argila para o solo FA e 44% de Areia, 29% de Silte e 27% de Argila para o
solo FC. Os backgrounds dos solos apresentaram resultados de pH 5,51,
Condutividade 68,83μS/cm,Cloreto 2,5 mg/L, NH4+ de 0,69 mg/L, COD de 15,39

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

mg/L e DQO de 26,1 mg/L para o solo FA e pH 6,17, Condutividade 19,11 μS/cm,
NH4+ de 0,505mg/L, DQO e Cloreto < LQ para o solo FC.
A avaliação ecotoxicológica foi baseada em uma contaminação imediata, por isso os
efluentes foram adicionados ao solo no momento do ensaio.
A velocidade de germinação foi avaliada segundo metodologia proposta por Youssef
(2002). Durante análise observou-se que dentre as amostras de areia (48h) a
amostra com umidade 40% do controle negativo apresentou uma maior velocidade
de germinação. Para o solo FA e FC a maior velocidade foi observada nas amostras
com umidades de 60% de efluente tratado e 80% de efluente bruto,
respectivamente. A velocidade inicial nestas amostras pode ser explicada por uma
maior disponibilidade de nutrientes presentes nos efluentes. Contudo essa rapidez
inicial não indica que as amostras apresentaram um resultado melhor de germinação
quando comparado ao controle negativo. A interação do contaminante ao longo do
ensaio reduz a taxa de germinação das amostras.
Diferentes tipos de solo apresentaram diferentes teores de umidade ótimos para
realização do ensaio. Para os solos estudados as amostras de branco com maior
germinação foram 40% areia, 60% franco arenoso e 80% Franco argiloso.
O uso de 20% de umidade demonstrou ser insuficiente para germinação total das
sementes para todos os solos. As amostras do controle positivo não apresentaram
germinação, com exceção da amostra de solo FC 20%, onde foi observada, a
germinação de 3 sementes em uma das triplicatas. A germinação do controle nessa
umidade pode ser explicada devido a capacidade de troca catiônica das partículas
de argila que adsorveram o NaCl permitindo a germinação de algumas sementes
(CARVALHO et al., 2015). Além da germinação, foram avaliados o alongamento de
raiz e da parte aérea da plântula.

CONCLUSÃO

A caracterização do solo e a determinação da umidade ótima é essencial para


construção de um ensaio ecotoxicológico em solos. O uso de um volume padrão de
efluente/água destilada/NaCl não deve ser utilizado neste tipo de ensaio pois a
disponibilidade de água para germinação variará com o tipo de solo. Solos com a
presença de argilominerais apresentam uma maior capacidade de troca catiônica
característica que deve ser considerada durante a análise de resultados dos
ensaios. O número de sementes germinadas ao longo do ensaio se mostrou um
teste rápido e promissor para avaliação ecotoxicológica de solos contaminados.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CARVALHO, J.C. de; et al. Solos não Saturados no Contexto Geotécnico.


Associação Brasileira de Mecânica dos Solos e Engenharia Geotécnica: São Paulo,
2015.
Pires, J.A. da C. Estudo de Barreira de Proteção com Solo Compactado em Célula
Experimental no Aterro Sanitário de Rio das Ostras (RJ). Disertação de Mestrado.
Universidade do Estado do Rio de Janeiro - UERJ, 2007.
Youssef, T. Evidence for reduced post-spill recovery by the halophyte Sporobolus
iocladus (Nees ex Trin.) Nees in oil-contaminated sediments. Marine Pollution
Bulletin. v. 44, p 334–339, 2002.

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FONTES FINANCIADORAS

Os autores agradecem à FAPERJ e ao CNPq pelo apoio financeiro.

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Painel
Efeito de contaminantes orgânicos
409 - EFEITOS FITOTÓXICOLÓGICOS DO HERBICIDA COMERCIAL DMA 806
BR SOBRE Brassica rapa E Allium cepa, EM SOLO ARTIFICIAL TROPICAL (SAT)
E SOLO NATURAL TROPICAL (SN)

MARIA CAROLINA TRIQUES, DAYANE OLIVEIRA, LAÍS FERNANDA DE PALMA


LOPES, MARIA PAULA CARDOSO YOSHII, RENATA VIEIRA MORENO, EVALDO LUIS
GAETA ESPINDOLA, LUÍS CÉSAR SCHIESARI, VANESSA BEZERRA MENEZES-
OLIVEIRA
Contato: MARIA CAROLINA TRIQUES - CAROLINA.TRIQUES@USP.BR

Palavras-chave: vegetais superiores; auxinas; seletividade; germinação; alongamento de raiz

INTRODUÇÃO

O ingrediente ativo (i.a.) ácido 2,4-Diclorofenoxiacético (2,4-D) é uma auxina


sintética herbicida de caráter seletivo, sobre dicotiledôneas, e baixo custo no
mercado, fatores que o tornaram o segundo agrotóxico mais utilizado no Brasil.
Contudo, pouco se sabe sobre seu mecanismo de seletividade, sendo necessário
investigar os efeitos danosos
potenciais em espécies não-alvo. Assim, esse trabalho verificou os efeitos
fitotoxicológicos do herbicida DMA 806 BR (i.a. 2,4-D) sobre duas espécies vegetais
terrestres de interesse comercial alimentício (Brassica rapa e Allium cepa) em Solo
Artificial Tropical e Solo Natural Tropical, avaliando as consequências do uso desse
agrotóxico para espécies vegetais não-alvo.

METODOLOGIA

Os experimentos foram realizados com Solo Artificial Tropical (SAT) - umidade


relativa de 15% - e Solo Natural Tropical (SN), desfaunado e não contaminado,
proveniente do Centro de Recursos Hídricos e Estudos Ambientais
(CRHEA/EESC/USP), localizado em Itirapina, São Paulo – com umidade relativa de
20%. Tanto o SAT (GARCIA, 2004), quanto o SN foram contaminados (ABNT NBR
15537:2014) com 5 concentrações do herbicida DMA 86 BR (67% m/v i.a. ácido 2,4-
Diclorofenoxiacético): 2,35; 4,7; 9,4; 18,8; 37,6 mg i.a./kg de solo seco, baseadas na
dose recomendada (DR) pela bula da formulação comercial (período de pré-
emergência) em culturas de cana-de-açúcar, além de um tratamento controle. Cada
tratamento foi realizado em quadruplicata, sendo o controle constituído por 8
réplicas, em recipientes de polipropileno preenchidos com 50 g de substrato. Para o
teste de toxicidade aguda sobre germinação e alongamento de raiz, (EPA OPPTS
850.4200:1996), a dicotiledônea Brassica rapa (nabo rabano) e a monocotiledônea
Allium cepa (cebola baia) foram os organismos-teste. Nos recipientes dos testes de
cada espécie, 10 sementes foram plantadas, sendo o experimento incubado no
escuro, à temperatura média de 25oC±1. Após a emergência das plântulas, estas
foram removidas do substrato e o comprimento individual (mm) das raízes foi
mensurado.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


1001
XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Os dados obtidos foram analisados por meio de regressões não-lineares e ANOVA


no software STATISTICA 7, com nível de significância de 5%. Os resultados obtidos
para a dicotiledônea B. rapa demonstraram que, em SN, a germinação foi afetada,
sendo as concentrações de efeito em 10% e 50% das sementes CE10 = 4,78 mg
i.a./kg de solo seco e CE50=11,23 mg i.a./kg de solo seco, respectivamente. O
comprimento de raízes nas distintas concentrações testadas foi significativamente
diferente do controle, sendo a CE50=1,16 mg i.a./kg de solo seco. Para a
monocotiledônea A. cepa, apesar de ter sido constatada diferença significativa entre
germinação e comprimento das raízes dos tratamentos em comparação ao controle,
não foi possível determinar as concentrações de efeito. Em SAT, a germinação de B.
rapa apresentou CE50=0,53 mg i.a./kg de solo seco, enquanto que o comprimento
da raiz apresentou diferença significativa em relação ao controle para todas as
concentrações, porém não foi possível calcular a concentração de efeito do
contaminante sobre esse endpoint. Para A. cepa, houve 100% de efeito das
concentrações sobre a germinação das sementes, mas não se pôde definir
concentração de efeito. Quanto ao comprimento de raiz, a concentração de efeito foi
CE50=0,84 mg i.a./kg de solo seco. Nesse contexto, os resultados apontam que
tanto as dicotiledôneas quanto as monocotiledôneas tiveram sua germinação e
crescimento radicular afetados negativamente pela presença desse agrotóxico. No
entanto, de acordo com Song (2014), o 2,4-D é um herbicida tido como seletivo para
espécies dicotiledôneas, sendo esperado que as monocotiledôneas não
manifestassem alterações em seu desenvolvimento. Porém, o mecanismo que
confere essa seletividade ainda não é bem compreendido. Nessa perspectiva,
espécies vegetais não-alvo são passíveis de serem prejudicadas pela aplicação
desse produto, o que representa uma questão importante ao se considerar que esse
herbicida é indicado para tratamento de plantas infestantes em culturas de cana-de-
açúcar, arroz, milho, trigo e em pastagens - todas monocotiledôneas – podendo sua
produtividade estar sendo reduzida devido ao uso exacerbado desse composto.
Além disso, levando em conta o modo de aplicação do produto, a deriva proveniente
da pulverização da calda pode ameaçar monoculturas de dicotiledôneas, com
potencial de interferir na produção, comércio e atendimento da demanda por
diversos vegetais de interesse mercantil e alimentício (e.g. soja, algodão, café).

CONCLUSÃO

Diante da ocorrência de sensibilidade por parte de A. cepa à dose recomendada


desse agrotóxico, além do efeito brusco que as concentrações testadas exerceram
sobre ambas as espécies, novos testes de toxicidade com o herbicida DMA 806 BR
(i.a. 2,4-D) se fazem necessários a fim de melhor compreender seus efeitos
fitotoxicológicos agudos e crônicos sobre as populações de ambos os organismos-
teste.
Dessa forma, esse trabalho contribui com futuras pesquisas quanto aos efeitos do
ácido 2,4-Diclorofenoxiacético sobre vegetais terrestres superiores, colaborando
para formação de um banco de dados a respeito dos impactos desse composto
amplamente utilizado.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – ABNT - NBR 15537.


Ecotoxicologia terrestre: Ecotoxicidade aguda: Método de ensaios com minhocas.
Rio de Janeiro, 2007. 13p.

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


1002
XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

DMA® 806 BR: Dimethylammonium (2,4-dichlorophenoxy) acetate. São Paulo: Dow


AgroSciences Industrial Ltda., 2017. Bula de agrotóxico comercial.
ENVIRONMENTAL PROTECTION AGENCY - EPA - OPPTS 850.4200: Seed
Germination/Root Elongation Toxicity Test. United States, 1996. 6p.
GARCIA, M.V.B. Effects of pesticides on soil fauna: development of ecotoxicological
test methods for tropical regions. Ecology and Development Series Nº19. University
of Bonn, Germany, 2004. 281p.
SONG, Y. Insight into the mode of action of 2,4-dichlorophenoxyacetic acid (2,4-D)
as an herbicide. Journal Of Integrative Plant Biology, [s.l.], v. 56, n. 2, p.106-113, 24
jan.2014. Wiley-Blackwell. http://dx.doi.org/10.1111/jipb.12131.

FONTES FINANCIADORAS

Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e


Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) por meio do
processo 2015/18790-3.

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Oral
Efeito de contaminantes orgânicos
410 - EFEITOS ECOTOXICOLÓGICOS DO HERBICIDA DMA 806BR® (I.A. 2,4-D)
NA MACRÓFITA AQUÁTICA Lemna minor

MARIA PAULA CARDOSO YOSHII, LAÍS CONCEIÇÃO MENEZES DA SILVA, THANDY


JUNIO DA SILVA PINTO, ALLAN PRETTI OGURA, LUÍS CÉSAR SCHIESARI, MICHIEL
ADRIAAN DAAM, EVALDO LUIZ GAETA ESPINDOLA
Contato: MARIA PAULA CARDOSO YOSHII - MPYOSHII@USP.BR

Palavras-chave: Ecotoxicologia; plantas aquáticas; agrotóxicos; bioensaios

INTRODUÇÃO

O Estado de São Paulo responde por aproximadamente 60% da produção nacional


de cana-de-açúcar. Em monoculturas como esta, demanda-se o uso de agrotóxicos
em larga escala, que de forma direta e indireta comprometem a saúde humana e a
dos ecossistemas naturais, onde organismos não-alvos são diretamente afetados.
Exemplo disso são as macrófitas, que apresentam elevada biodiversidade,
diferentes funções ecológicas e prestam diversos serviços ecossistêmicos. Assim,
este trabalho analisou os efeitos toxicológicos do herbicida DMA 806BR® (i. a. 2,4-
D) em Lemna minor, onde foram adotados os endpoints de concentração de efeito
(CE50), comprimento de raiz e biomassa fresca e seca.

METODOLOGIA

Os experimentos foram realizados no Núcleo de Ecotoxicologia e Ecologia Aplicada


(NEEA/CRHEA/USP), localizado no município de Itirapina, SP, Brasil. O cultivo e
todos os procedimentos experimentais seguiram as recomendações da OECD
221/2006 (OECD, 2006). Para a análise dos endpoints, os organismos foram
expostos durante sete dias a seis concentrações preparadas a partir da solução
estoque de 300 g/L-1, sendo 0.5, 1, 2, 4, 8, 16 mg/L-1 diluídas em meio de cultivo
Steinberg modificado, além do controle com somente o meio de cultivo. Para
calcular a concentração de efeito, expressa em CE50-7d, foi utilizado o software
Statistic versão 12. Para a determinação de biomassa fresca, após a retirada do
excesso de água, as plantas foram pesadas em balança analítica. Após isso, as
plantas foram secas em estufa por 48 hrs à 100 ºC e pesadas (THOMAZ; BINI;
PAGIORO, 2004). Por fim, os comprimentos das raízes foram medidos com o auxílio
de papel milimetrado. Todos os resultados obtidos dos tratamentos foram
comparados com o controle.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os bioensaios de toxicidade do herbicida DMA 806BR® com L. minor demonstraram


um CE50-7d (média ± DP) de 3,42 ± 0,16 mg/L-1 com um intervalo de confiança de
95% entre 1,79 ~5,07 mg/L-1. Estes dados corroboram com a literatura, onde são
apresentados os valores de sensibilidade entre 500 e > 6000 µgL-1 (BELGERS et al.,
2007; MICHEL et al., 2004). Como a absorção do contaminante pela L. minor é
realizado pela raiz (WHO, 1989), os endpoints de inibição de crescimento, tamanho
de raiz e biomassa fresca e seca são sugeridos pela OECD 221 (OECD, 2006). As

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


1004
XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

médias dos valores de inibição de crescimento nos tratamentos foram as seguintes:


T1 (0,5 mg/L-1): 13,85%; T2 (1 mg/L-1): 18,38%; T3 (2 mg/L-1): 22,03%; T4 (4 mg/L-1):
24,70%; T5 (8 mg/L-1): 25,71% e T6 (16 mg/L-1): 36,48%. Os valores de biomassa
fresca e seca foram inversamente proporcionais as concentrações em que os
indivíduos foram expostos quando comparadas ao controle, sendo a biomassa
fresca T1: 77%, T2: 73%, T3: 64%, T4: 44%, T5: 36% e T6: 33% e a seca: 88%,
76%, 74%,51%, 41% e 37%. . As medidas de comprimento de raiz seguiram o
padrão da biomassa, com redução do tamanho sendo proporcional ao aumento da
concentração teste. No controle a média de comprimento de raiz foi de ± 11 mm
enquanto nos demais tratamentos variou entre 3 e 6 mm. Segundo a literatura, a
espécie L. minor, por ser monocotiledônea, é menos sensível (ARROYAVE, 2004;
BELGERS et al., 2007; EU, 2001; MICHEL et al., 2004) quando comparada à outras
espécies de macrófitas. No entanto, os resultados obtidos demonstram que mesmo
nas menores doses aplicadas os efeitos foram quantificados, em comparação ao
controle. Cabe ressaltar também que sintomas comumente apresentados em
dicotiledôneas, quando expostas ao ingrediente ativo 2,4-D, foram observados em L.
minor, como a epinastia que consiste na curvatura das folhas para baixo e o
retorcimento de caules e raízes, provocados por auxinas e etilenos (FERREIRA;
SILVA; FERREIRA, 2005; FOLONI, 2016; OLIVEIRA JR; COSNTANTIN; INOUE,
2011; SOUZA; CUNHA; PAVANIN, 2011).

CONCLUSÃO

Com base nos resultados obtidos, verifica-se que L. minor mostrou-se sensível ao
2,4D, com efeitos perceptíveis já nas menores concentrações testadas, incluindo
inibição de crescimento, perda de biomassa e redução no tamanho das raízes, os
quais foram inversamente proporcionais às concentrações testadas. Além disso,
verificou-se que os efeitos causados pelo ingrediente ativo 2,4-D, normalmente
detectados em dicotiledôneas, também foram observados na espécie de
monocotiledônea avaliada. Salienta-se que L. minor não é uma espécie alvo, mas
que efeitos letais e subletais podem ocorrer, implicando na perda de espécies e dos
serviços ecossistêmicos prestados pelas macrófitas aquáticas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARROYAVE, M. Del P. La Lenteja de Agua (Lemna minor L.): una planta acuática
promisoria*. Revista EIA, n. 1, p. 33–38, jun. 2004.
BELGERS, J.D.M. et al. Effects of the herbicide 2,4-D on the growth of nine aquatic
macrophytes. Aquatic Botany, v. 86, n. 3, p. 260–268, 1 abr. 2007.
EU, E.C. Commission Working Document - does not necessarily represent the views
of the commission services - Review report for the active substance 2,4-D /
Directorate E ñ Food Safety: plant health, animal health and welfare, international
questions E1 - Plant health. 1 out. 2001.
FERREIRA, F.A.; SILVA, A.A.; FERREIRA, L.R. Mecanismos de Ação de Herbicidas.
V Congresso Brasileiro de Algodão, 2005.
FOLONI, L.L. O Herbicida 2,4-D | Uma Visão Geral. Ribeirão Preto-SP: LabCom
Comunicação Total, 2016.
MICHEL, A. et al. Dose-response relationships between herbicides with different
modes of action and growth of Lemna paucicostata: an improved ecotoxicological

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

method. Environmental Toxicology and Chemistry, v. 23, n. 4, p. 1074–1079, abr.


2004.
OECD. Test No. 221: Lemna sp. Growth Inhibition Test. 11 jul. 2006.
OLIVEIRA JR, R.S.; COSNTANTIN, J.; INOUE, M.H. Mecanismos de ação de
herbicidas. In: Biologia e Manejo de Plantas Daninhas. [s.l.] Omnipax Editora, 2011.
p. 348 p.
SOUZA, L.A.; CUNHA, J.P.A.R.; PAVANIN, L.A. Efficacy and loss of 2,4-d amine
herbicide applied at different spray volumes and nozzles. Planta Daninha, v. 29, n.
SPE, p. 1149–1156, 2011.
THOMAZ, S.M.; BINI, L.M.; PAGIORO, T.A. Métodos em Limnologia: Macrófitas
aquáticas. In: Amostragem em Limnologia. 1. ed. São Carlos - SP: RiMa, 2004. p.
371.
WHO, W.H.O. 2,4-Dichlorophenoxyacetic acid (2,4-D : environmental aspects. 1989.

FONTES FINANCIADORAS

Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES


Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq
Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo - FAPESP processo núm
15/18790-3

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Oral
Efeito de contaminantes orgânicos
411 - SENSIBILIDADE DE MACROINVERTEBRADOS AQUÁTICOS
BENTÔNICOS NEOTROPICAIS AO INSETICIDA REGENT 800WG® (I.A.
FIPRONIL)

THANDY JUNIO DA SILVA PINTO, PRISCILLE DREUX FRAGA, ALLAN PRETTI OGURA,
LAÍS CONCEIÇÃO MENEZES DA SILVA, MARIA PAULA CARDOSO YOSHII, LUÍS
CÉSAR SCHIESARI, EVALDO LUIZ GAETA ESPÍNDOLA
Contato: THANDY JUNIO DA SILVA PINTO - THANDYJUNIOSILVA@USP.BR

Palavras-chave: risco ambiental; sedimento; bioindicadores; seleção de espécies, invertebrados


nativos

INTRODUÇÃO

Ecossistemas aquáticos inseridos em áreas de agricultura estão sujeitos a


contaminação por pesticidas com riscos às assembleias de organismos presentes,
dentre elas os macroinvertebrados bentônicos. Esse grupo desempenha papel
chave na ciclagem de nutrientes e no fluxo de energia entre níveis tróficos (1) e, por
colonizar regiões de fundo, está exposto a diferentes vias de contaminação (água e
sedimento). Dessa forma, o objetivo desta pesquisa foi avaliar a sensibilidade de
espécies nativas de macroinvertebrados endobentônicos (Allonais inaequalis e
Chironomus sancticaroli) e epibentônicos (Strandesia trispinosa e Hyalella meinerti)
ao inseticida Regent 800WG® (i.a. Fipronil), pesticida intensamente utilizado em
culturas de cana-de-açúcar.

METODOLOGIA

Foram conduzidos testes de toxicidade aguda com as quatro espécies,


considerando a composição de 80% de fipronil no produto formulado (Regent
800WG®). O teste com C. sancticaroli (Insecta: Chironomidae) foi feito em
recipientes plásticos com 240mL de água, 60g de sedimento artificial e 6 organismos
por réplica (2). Para H. meinerti (Crustacea: Amphipoda) foram utilizados 100mL de
solução teste com cinco organismos, sendo inserida malha plástica inerte como
substrato (3). Ambos os testes tiveram duração de 96h e a alimentação foi feita no
início e após 48h. Para S. trispinosa (Crustacea: Ostracoda) e A. inaequalis
(Oligochaeta: Naididae) os bioensaios foram realizados em copos plásticos contendo
10mL de solução teste, com 5 organismos por 48h sem alimentação (S. trispinosa) e
6 organismos por 96h com alimentação inicial (A. inaequalis) (4). Todos os ensaios
foram realizados em triplicata, com cinco tratamentos e controle, e mantidos a 25°C
com fotoperíodo de 12h:12h. Os parâmetros físico-químicos da água (oxigênio
dissolvido, pH, condutividade e temperatura) foram medidos no início e final de todos
os testes. Os resultados foram analisados por regressão não-linear em modelo
logístico no software STATISCA 12.0.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Para todos os testes, os parâmetros físico-químicos se encontraram dentro dos


limites aceitáveis e a mortalidade no grupo controle foi inferior a 20% sendo os

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


1007
XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

mesmos, portanto, validados. A espécie H. meinerti foi a mais sensível ao inseticida


(CL50 1,29µg i.a. L-1), seguida do C. sancticaroli (CL50 6,19µg i.a. L-1). Por outro
lado, a S. trispinosa apresentou resistência ao fipronil (CL50 53,24mg i.a. L-1). Não
foi encontrado efeito na sobrevivência da espécie A. inaequalis na concentração
máxima testada de 100mg i.a. L-1 e, pela baixa solubilidade do composto, não foram
testadas maiores concentrações. Devido à baixa solubilidade em água, o fipronil
tende a se associar à matéria orgânica e se depositar no sedimento, intensificando o
risco da exposição de organismos que habitam e se alimentam nessa região (5), o
que confere a importância da utilização de organismos bentônicos na avaliação de
risco desse contaminante. Destaca-se que, dentre as espécies avaliadas, as mais
sensíveis apresentam hábitos distintos, sendo a H. meinerti um macroinvertebrado
epibentônico que se alimenta da matéria orgânica presente no sedimento, mas que
também habita a coluna d’água, estando sujeita à exposição ao inseticida nos dois
compartimentos. Em contrapartida, o C. sancticaroli, em sua fase larval, excluído o
primeiro instar de desenvolvimento, permanece enterrado no sedimento e, portanto,
está exposto principalmente à contaminação dessa matriz. Assim, ambas as
espécies são indicadas para a avaliação de risco do inseticida. Estudos
desenvolvidos no Brasil registraram concentrações de 0,1 a 26,2µg L -1 de fipronil em
rios no estado do Rio Grande do Sul (6,7) e 4,23µg L -1 em sedimento de lagoa
marginal do rio Mogi-SP (8). Com base em tais registros, constata-se que as
espécies H. meinerti e C. sancticaroli estariam em risco e seriam eliminadas do
ambiente neste cenário de exposição, o mesmo ocorrendo as demais espécies que
apresentam sensibilidades similares ou superiores. Destaca-se que a família
Chironomidae frequentemente é a mais abundante em ecossistemas aquáticos (9–
11), exercendo papel fundamental dentro desses ambientes e, portanto, uma
importante parcela da fauna bentônica, somada à riqueza dos anfípodos, estaria
ameaçada, considerando as concentrações ambientais relatadas. Por outro lado, as
espécies A. inaequalis e S. trispinosa não seriam afetadas pela exposição ao
contaminante nas concentrações supracitadas, e por ocuparem os mesmos nichos
ecológicos das espécies em risco seriam favorecidas pela sua eliminação do
ambiente, resultando em desequilíbrio ecológico.

CONCLUSÃO

Por ser um importante componente dos ecossistemas aquáticos a assembleia de


macroinvertebrados bentônicos deve ser considerada na avaliação de risco de
pesticidas, sendo relevante a seleção de espécies sensíveis e representativas.
Assim, as espécies H. meinerti e C. sancticaroli são recomendadas como
bioindicadores para a avaliação ecotoxicológica do inseticida por apresentarem alta
sensibilidade e diferentes nichos ecológicos. As demais espécies testadas podem
ser desconsideradas, não excluindo a possibilidade de sua utilização para avaliação
de outros xenobióticos. Registros de concentrações ambientais no país apresentam
valores superiores às concentrações letais observadas para os organismos
sensíveis, demonstrando um cenário real de risco ambiental.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] BUENDIA, C., GIBBINS, C.N., VERICAT, D., BATALLA, R.J., DOUGLAS, A.
Detecting the structural and functional impacts of fine sediment on stream
invertebrates. Ecological Indicators. 1o de fevereiro de 2013;25:184–96.

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


1008
XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

[2] (Adaptado) FONSECA, A.L. Avaliação da qualidade da água na bacida do Rio


Piracicaba/SP através de testes de toxicidade com invertebrados. [Doutorado]. [São
Carlos]: Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo; 1997.
[3] (Adaptado) ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS - ABNT. NBR
15470. Ecotoxicologia aquática — Toxicidade aguda e crônica — Método de ensaio
com Hyalella spp (Amphipoda) em sedimentos. 2013.
[4] (Adaptado) ROCHA, O., Neto, A.J.G., LIMA, J.C. dos S., FREITAS, E.C.,
MIGUEL, M., MANSANO, A. da S., et al. Sensitivities of three tropical indigenous
freshwater invertebrates to single and mixture exposures of diuron and carbofuran
and their commercial formulations. Ecotoxicology. 20 de abril de 2018;1–11.
[5] GRIPP, H.S., FREITAS, J.S., ALMEIDA, E.A., BISINOTI, M.C., MOREIRA, A.B.
Biochemical effects of fipronil and its metabolites on lipid peroxidation and enzymatic
antioxidant defense in tadpoles (Eupemphix nattereri: Leiuperidae). Ecotoxicology
and Environmental Safety. 1o de fevereiro de 2017;136:173–9.
[6] MARCHESAN, E., SARTORI, G.M.S., AVILA, L.A de, MACHADO S.L. de O.,
ZANELLA, R., PRIMEL, E.G. et al. Resíduos de agrotóxicos na água de rios da
Depressão Central do Estado do Rio Grande do Sul, Brasil. Ciência Rural. maio de
2010;40(5):1053–9.
[7] GRÜTZMACHER, D.D., GRÜTZMACHER, A.D., AGOSTINETTO, D., LOECK,
A.E., ROMAN, R., PEIXOTO, S.C. et al. Monitoring of pesticides in two water
sources in southern Brazil. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental.
dezembro de 2008;12(6):632–7.
[8] PERET, A.M. Quantificação do pesticida fipronil em uma lagoa marginal do Rio
Moji-Guaçu e a cinética de sua degradação por microorganismos aquáticos [Tese].
[São Carlos]: Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Recursos Naturais;
Centro de Ciências Biológicas e da Saúde; Universidade Federal de São Carlos;
2009.
[9] CORBI, J.J., TRIVINHO-STRIXINO, S. Chironomid species are sensitive to
sugarcane cultivation. Hydrobiologia. 1o de janeiro de 2017;785(1):91–9.
[10] FERRINGTON, L.C. Global diversity of non-biting midges (Chironomidae;
Insecta-Diptera) in freshwater. In: Freshwater Animal Diversity Assessment [Internet].
Springer, Dordrecht; 2007 [citado 30 de maio de 2018]. p. 447–55. (Developments in
Hydrobiology). Disponível em: https://link.springer.com/chapter/10.1007/978-1-4020-
8259-7_45
[11] AMBARITA, D., NAOMI, M., LOCK, K., BOETS, P., EVERAERT, G., NGUYEN,
T.H.T. et al. Ecological water quality analysis of the Guayas river basin (Ecuador)
based on macroinvertebrates indices. LIMNOLOGICA. 2016;57:27–59.

FONTES FINANCIADORAS

Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) por meio


de concessão de bolsa de doutorado e Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado
de São Paulo (FAPESP) pelo financiamento via projeto temático “Environmental
effects of the pasture-sugarcane conversion and pasture intensification” processo
15/18790-3.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Efeito de contaminantes orgânicos
416 - EFEITOS FITOTÓXICOLÓGICOS DO FIPRONIL PARA Brassica rapa E
Allium cepa, EM SOLO ARTIFICIAL TROPICAL (SAT) E SOLO NATURAL
TROPICAL (SN)

DAYANE OLIVEIRA, MARIA CAROLINA TRIQUES, THANDY JUNIO DA SILVA PINTO,


RENATA VIEIRA MORENO, EVALDO LUIZ GAETA ESPINDOLA, LUÍS CÉSAR
SCHIESARI, VANESSA BEZERRA MENEZES-OLIVEIRA
Contato: DAYANE DE OLIVEIRA - DAYAOLIVEI@YAHOO.COM.BR

Palavras-chave: vegetais superiores; fenilpirazóis; germinação; crescimento radicular

INTRODUÇÃO

O fipronil, pertencente ao grupo dos fenilpirazóis e é um dos principais ingredientes


ativos (i.a) utilizados em formulações comerciais de inseticidas no combate a pragas
em culturas de cana-de-açúcar no Brasil. A característica hidrofóbica do composto,
baixo potencial de lixiviação e sua forte adsorção em solo, podem acarretar efeitos
nocivos a organismos edáficos não-alvo. Neste trabalho foram avaliados os efeitos
ecotoxicológicos do fipronil sobre a germinação e crescimento radicular de duas
espécies de vegetais terrestres superiores [Brassica rapa (dicotiledônea) e Allium
cepa (monocotiledônea)], em dois tipos de solo: Solo Artificial Tropical (SAT) e Solo
Natural (SN).

METODOLOGIA

Os testes de germinação e crescimento de raiz realizados basearam-se na norma


EPA OPPTS 850.4200:1996, utilizando as espécies de plantas Brassica rapa (nabo
rabano- dicotiledônea) e a Allium cepa (cebola baia-monocotiledônea), as quais
foram adquiridas comercialmente, ambas com pureza de 99% e germinação de 88 e
93%, respectivamente. Os solos teste utilizados foram: SAT (72,5% de areia fina,
22,5% de caulim, e 5% de fibra de casca de coco) e SN, coletado no Centro de
Recursos Hídricos e Estudos Ambientais (CRHEA/EESC/USP) em Itirapina, São
Carlos, SP. A formulação comercial utilizada foi a REGENT 800WG® (80% i.a.
fipronil), em cinco concentrações, para ambos os testes: 0,52; 1,04; 2,08; 4,16 e
8,32 mg i.a.kg-1 de solo seco. As concentrações foram escolhidas de acordo com a
dose recomendada (DR) pela bula do produto comercial para combate da praga
Migdolus fryamus em cultura de cana-de-açúcar. Foram utilizadas quatro réplicas
(10 sementes cada) por tratamento, com exceção do controle composto por oito
réplicas. O experimento decorreu no escuro à temperatura média de 25oC±1. Após
65% de emergência das sementes no grupo controle o experimento foi encerrado
aferindo o comprimento individual (mm) da raíz principal, bem como o número de
sementes germinadas.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Todos os critérios de validade foram cumpridos para ambos os testes realizados de


acordo com a norma EPA OPPTS 850.4200:1996, bem como os pressupostos de
normalidade e homogeneidade de variância para avaliação estatística.

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


1010
XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Os resultados obtidos demonstraram que, nas condições testadas, o fipronil não


causa efeitos significativos sobre a germinação e alongamento da raiz de Brassica
rapa e Allium cepa, tanto em solo artificial (SAT) quanto em solo natural (SN)
(Dunnett, p>0,05).
Em SN, a germinação da monocotiledônea mostrou-se significativamente (teste T,
p>0,05) mais sensível quando comparada a germinação da dicotiledônia, nas
concentrações mínima (0,52 mg) e máxima (8,32 mg) de fipronil, porém essa
sensibilidade não configurou efeito tóxico.
Embora tenham utilizado uma metodologia distinta (exposição das sementes em
papel filtro) os dados apresentados pelos autores Moore e Kröger (2010) para
determinar os efeitos do fipronil na germinação de sementes de arroz (Oryza sativa
L) corroboram com os resultados obtidos nesse trabalho onde não foram observados
efeitos significativos, embora o crescimento radicular tenha sido estimulado por
baixas concentrações de fipronil – 10 µg.L-1. Apesar do crescimento observado não
ter sido estatisticamente significativo para os parâmetros avaliados, houve uma
ligeira tendência dos dados ao crescimento, sendo a germinação da
monocotiledônia exposta à concentração de 4,16 mg de fipronil.kg -1 de solo seco
14% maior quando comparada ao grupo controle, em solo natural, e 3% para
dicotiledônia, nas mesmas condições.
Stevens et al. (1999), fizeram uso da mesma metodologia que os autores citados
acima, e apontaram efeitos danosos do fipronil na germinação de Oryza sativa L.,
com exposição de quatro dias à concentração de 2.000 mg L -1, concentração muito
acima do encontrado ambientalmente.
Embora não sejam esperados efeitos do fipronil em plantas, uma vez que ele tem
como alvo o sistema nervoso de insetos, seu caráter sistêmico permite a absorção
pelas raízes ou folhas e consequente transporte para todas as partes do vegetal, o
que pode configurar um efeito em cadeia, atingindo organismos herbívoros alvo e
não-alvo (SIMON-DELSO et al., 2014).
Os resultados apresentados configuram relevantes informações a serem
adicionadas no perfil fitotoxicológico do fipronil, tão pouco explorado, incluindo a
utilização de solo natural tropical, informações estas que contribuem para futuras
pesquisas sobre os efeitos na germinação e crescimento em ambiente tropical com
solo natural.

CONCLUSÃO

Quando aplicado nas concentrações recomendadas o fipronil não causa danos


sobre a germinação e alongamento de raíz de espécies monocotiledôneas (Allium
cepa) e dicotiledôneas (Brassica rapa) de plantas.
O solo natural utilizado não apresentou toxicidade às espécies testadas,
colaborando com futuras pesquisas de toxicidade em solo natural.
Estudos que avaliem a assimilação do fipronil pelas plantas e posterior
consequência para organismos herbívoros poderiam ser um próximo passo a partir
deste trabalho.

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


1011
XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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FONTES FINANCIADORAS

Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES)


Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP).
Processo: 2015/18790-3
Processo: 2017/04858-0

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Painel
Efeito de contaminantes orgânicos
429 - TESTE DE FUGA EM SOLO NATURAL TROPICAL SOBRE Enchytraeus
crypticus UTILIZANDO O INSETICIDA FIPRONIL

MARIANA ROLIM GRANZOTO, MARALINE C. K ZANATTA, MARTA SIVIERO


GUILHERME PIRES, CASSIANA MARIA REGANHAN CONEGLIAN
Contato: MARIANA ROLIM GRANZOTO - MRGRANZOTO@GMAIL.COM

Palavras-chave: agrotóxico; evitamento; bioindicador

INTRODUÇÃO

O teste de fuga (avoidance) é utilizado com o objetivo de verificar se o organismo


teste evita determinado local se exposto a uma condição de estresse. Esse ensaio é
empregado para uma avaliação preliminar em testes de toxicidade, avaliando o
deslocamento do bioindicador de um solo controle para um solo contaminado. Os
Enchytraeus crypticus são utilizados em testes ecotoxicológicos por serem
considerados bons indicadores da qualidade do solo, realizando processos
terrestres essenciais, como a degradação de matéria orgânica e a ciclagem de
nutrientes, agindo como regulador biológico. Possuem órgãos sensoriais
responsáveis pela sensibilidade à substancias químicas no ambiente.

METODOLOGIA

Coletou-se amostras de solo natural no campus da Universidade de São Paulo,


localizado no município de Itirapina, SP. O solo natural foi contaminado com as
seguintes concentrações de fipronil (formulação comercial Regente 800WG): 0,32;
0,65; 1,3 (dose recomendada pelo fabricante); 2,6; e 5,2 mg/Kg de solo seco.
Realizou-se o teste em recipientes plásticos contendo 50 gramas de solo e uma
lâmina de vidro removível, com umidade de 20%. De um lado do recipiente
adicionou-se 25 gramas de solo controle e na outra metade 25 gramas de solo
contaminado. Após a adição do solo, retirou-se a lâmina de vidro e adicionou-se na
linha de contato dos solos 10 organismos clitelados. Os recipientes foram fechados
com tampas e feitos dois pequenos orifícios para realização de trocas de gases e
respiração dos organismos. Realizou-se o teste em 5 réplicas por concentração. Os
organismos ficaram expostos durante o período de 48 horas a 20±1ºC e fotoperíodo
de 16h/8h (claro/escuro). Decorrido o período da exposição, adicionou-se
novamente a lâmina no centro do recipiente, separando os dois solos. Após
acrescentou-se ao solo álcool e gotas do corante rosa de bengala, após 24 horas
realizou-se a contagem dos organismos para a verificação da sua localização.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O teste de fuga vem se tornando frequente com organismos da fauna edáfica, pois
permite resposta em curto período de tempo, indicando a existência de condições
desfavoráveis em um determinado ambiente. Os enquitreídeos apresentam ampla
distribuição em vários tipos de solo, ocupando as camadas mais superficiais do
mesmo, realizando importantes funções no ecossistema. Dada a sua relevância para
os serviços ecossistêmicos estes organismos são apropriados para testes

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

ecotoxicológicos. O teste mostrou um elevado evitamento ao solo contaminado,


porém não muito significativo. Notou-se que houve um comportamento típico de
dose-resposta, em que quanto mais elevada a concentração do fipronil, mais os
organismos se deslocaram para o solo controle, apenas na menor dose avaliada foi
verificado que os organismos se mantiveram na porção contaminada do solo, nas
demais, embora de forma não significativa verificou-se preferência pelo solo
controle.
Em relação a menor e a maior concentração (0,32 e 5,2 mg de fipronil por quilo de
solo seco, respectivamente) foi observada diferença de comportamento em que na
maior concentração houve fuga do solo contaminado, sendo que a maioria dos
organismos foi encontrada no solo controle e já na menor concentração, os
organismos não fugiram do solo contaminado.
Os resultados indicam que nas concentrações avaliadas, o inseticida fipronil não
apresentou elevada toxicidade para os organismos avaliados.
Tendo em vista que o teste foi realizado apenas com solo natural, talvez se faz
necessário realizar outro teste utilizando o solo SAT (solo artificial tropical) para
comparar se as propriedades do solo não afetam os resultados obtidos.

CONCLUSÃO

O teste de fuga utilizando o organismo Enchytraeus crypticus mostrou-se importante


como uma primeira abordagem para avaliar a toxicidade de várias substâncias
químicas. Apesar de ter ocorrido uma diferença entre a menor e a maior
concentração e um alto evitamento ao solo contaminado, os resultados mostraram
que ocorreu fuga do solo contaminado, principalmente nas maiores concentrações,
porém não houve muita diferença entre as demais concentrações, evidenciando que
os Enchytraeus crypticus possuem pouca sensibilidade ao inseticida utilizado.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Oral
Efeito de contaminantes orgânicos
430 - A MICROCISTINA-LR CAUSA EFEITOS DE DESREGULAÇÃO ENDÓCRINA
EM Oreochromis niloticus (LINNAEUS, 1758) APÓS EXPOSIÇÃO SUBCRÔNICA A
DOSES REALÍSTICAS

MARISTELA AZEVEDO LINHARES, LETÍCIA TREIN MEDEIROS, RONEI EZEQUIEL


PAIXÃO, NILCE MARY TURCATTY FOLLE, FRANCISCO FILIPAK NETO, CIRO
ALBERTO DE OLIVEIRA RIBEIRO
Contato: MARISTELA AZEVEDO LINHARES - MARISTELAAZ@GMAIL.COM

Palavras-chave: peixe; toxina; estresse oxidativo; vitelogenina

INTRODUÇÃO

O frequente aumento de florações de cianobactérias é, principalmente,


consequência das atividades humanas devido à massiva eutrofização dos ambientes
aquáticos. A microcistina-LR é uma cianotoxina altamente tóxica aos vertebrados,
causando, dentre outros, efeitos sobre enzimas antioxidantes, necrose hepática e
desregulação endócrina. Porém, faltam dados sobre seus efeitos sob doses
realísticas. Assim, objetivou-se neste trabalho avaliar se a microcistina purificada
(padrão comercial) e aquela proveniente do extrato algal apresentariam efeito sobre
parâmetros de estresse oxidativo, histopatologia hepática e sobre a expressão da
vitelogenina em tilápia do Nilo (Oreochromis niloticus) machos expostos por
sessenta dias a doses observadas ambientalmente para a microcistina.

METODOLOGIA

Microcystis aeruginosa – cepa BB105 (WDCM:CCMA-UFSCar 835) foi cultivada em


meio ASM-1 modificado sob luminosidade e temperatura controladas até atingir 10^6
células, sendo liofilizada. 0,01 g/mL deste material em água mili-Q foi sonicado (3
min), centrifugado e o sobrenadante coletado (repetido 3x). O padrão comercial de
microcistina-LR (500 mg, Abraxis™) também foi diluído em água, sendo ambas as
soluções quantificadas em LC-ESI-MS/MS. Para as contaminações, O. niloticus
machos (obtidos na Fundação 25 de Julho/SC e aclimatados por 7 dias) foram
anestesiados (MS 222™, 120 mg/mL) e receberam por gavagem: água (controle),
extrato algal bruto de microcistina-LR nas doses de 0,04 (E1); 0,4 (E2) e 4 µg/kg/dia
(E3) e padrão comercial, nas mesmas doses, respectivamente, grupos P1, P2 e P3.
Assim, totalizou-se 7 grupos (8 animais/grupo, em duplicata) e realizou-se 6
inoculações/grupo, a cada 10 dias. Após mesmo intervalo, os animais foram
anestesiados, pesados, medidos e o sangue coletado (para análise de hemoglobina
no sangue total e de vitelogenina plasmática). Então, o cordão nervoso foi rompido e
foram pesados o fígado e as gônadas. Foram coletados: fígado (para enzimas
antioxidantes, proteínas carboniladas, lipoperoxidação e quantificação de
microcistina-LR), músculo e cérebro (para acetilcolinesterase). As análises foram
realizadas segundo protocolos-padrão do laboratório.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Não houve efeitos sobre a concentração de hemoglobina total, índices somáticos


(fator de condição, índice hepatossomático e gonadossomático), lesões hepáticas e
sobre os parâmetros bioquímicos no fígado - atividade da catalase, GST, tióis não
proteicos, lipoperoxidação e carbonilação de proteínas, nos animais expostos à
microcistina-LR de todas as doses e tratamentos. Todos estes dados indicam que os
animais apresentavam-se saudáveis, sem comprometimento bioquímico e
fisiológico, apesar da contaminação repetida com doses que seriam até 100x a
permitida para consumo humano diário segundo a Organização Mundial da Saúde,
ou seja, 4 µg/kg/dia (equivalente à exposição humana a 100 µg/L e, portanto,
passível de ocorrer em ambientes eutrofizados). Porém, os animais expostos à
maior dose do padrão de microcistina (P3) apresentaram aumento na atividade da
acetilcolinesterase muscular (One-way ANOVA, F= 4,37, p<0,01), indicando
distúrbios neurológicos. Em relação à vitelogenina (VTG) em O. niloticus machos -
analisada em 50 µg de proteínas plasmáticas através de western blot, anticorpos
anti-VTG de cará (Geophagus brasiliensis) e anti-cará marcado com peroxidase -
observou-se a sua expressão com massa molecular de ~120 KDa, indicando
desregulação endócrina, com maior efeito nos animais tratados com o extrato algal,
como segue em percentual de positividade: controle = 0%, E1= 40%, E2= 29%, E3=
57%, P1= 25%, P2=20% e P3=17% (5≤n≤12); peixes fêmeas foram utilizados como
controles positivos. A microcistina-LR no fígado - detectada através de ELISA
competitivo e anticorpos de camundongo anti-microcistina-LR e anti-camundongo
marcado com peroxidase - atingiu níveis de 1,9 a 2,4 ng/mg de proteína nos animais
do extrato algal e de 2,5 a 4,2 ng/mg de proteína para aqueles do padrão purificado,
com P3 apresentando os maiores níveis. Assim, mesmo para a menor dose, 0,04
µg/kg/dia, com intervalo de 10 dias entre as aplicações, o tempo de exposição foi
suficiente para a bioacumulação da microcistina-LR. Estes dados indicam que a
tilápia-do-Nilo pode tolerar a presença desta toxina sem apresentar dados
fisiológicos e histológicos. É possível que esta espécie se adeque bioquímica e
fisiologicamente durante os 10 dias de intervalo entre as contaminações e que o
longo tempo de exposição tenha contribuído para o atingimento da homeostase. Por
outro lado, o comprometimento molecular observado na expressão da vitelogenina é
uma resposta muito mais complexa e lenta para ser suprimida, envolvendo
mecanismos de regulação de DNA para a ativação de genes vtg, transcrição,
tradução e modificações pós-traducionais das proteínas.

CONCLUSÃO

Neste trabalho destacam-se dois aspectos: 1) o uso de condições realísticas de


exposição e 2) a comparação de efeitos da toxina proveniente do extrato algal e do
padrão purificado. Tais condições, aliadas ao efeito sobre a expressão da
vitelogenina e detecção da microcistina-LR no organismo permitem concluir que esta
toxina é um desregulador endócrino mesmo em baixas concentrações e que o
extrato algal atua mais sobre este biomarcador do que a toxina purificada. Este
biomarcador, de resposta mais complexa e, portanto, menos suscetível às
adequações homeostásicas do organismo, mostrou-se mais responsivo que os
demais analisados, que indicaram animais estavam saudáveis.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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FONTES FINANCIADORAS

Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq)


Fundação Araucária de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do
Estado do Paraná

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Oral
Efeito de contaminantes orgânicos
431 - A GLYPHOSATE-BASED HERBICIDE REDUCES FERTILITY, EMBRYONIC
UPPER THERMAL TOLERANCE AND ALTERS EMBRYONIC DIAPAUSE OF THE
THREATENED ANNUAL FISH Austrolebias nigrofasciatus

YURI DORNELLES ZEBRAL, RICARDO BERTEAUX ROBALDO, ADALTO BIANCHINI


Contato: YURI DORNELLES ZEBRAL - YURIZEBRAL@HOTMAIL.COM

Keywords: ecotoxicology; roundup; teleost

INTRODUCION

Roundup formulations are among the most popular glyphosate-based herbicides


(GBH). Once in the water, glyphosate can jeopardize non-target species, such as
fish. Despite that, just a few studies evaluated the deleterious outcomes of these
herbicides in Brazilian native species. In light of this background, the objective of our
study was to evaluate the effects of acute (96h) exposure to environmental realistic
Roundup concentrations (0.36 and 3.62mg a.e./L) in a suite of organismal endpoints
that could indicate deleterious outcomes in reproduction, embryonic diapause and
embryonic upper thermal tolerance in the annual fish Austrolebias nigrofasciatus.

METHODS

The treatment groups consisted of one or two nominal concentrations of the


herbicide (0.36 and 3.62mg a.e./L) and a control group. Depending on the
experiment, only one or both exposure concentrations were used. For the
reproduction experiment, we evaluated the number and diameter of embryos
produced by couples exposed to 0.36mg a.e./L for 96h. For the evaluation of
embryonic diapause, recently fertilized embryos were exposed (0.36 and 3.62mg
a.e./L; 96h) and its diapause pattern was evaluated. Following 15 post exposure
days (PED), we evaluated the number of somite pairs and following 30, 35 and 40
PED we evaluated the proportion of pigmented embryos (PPE). Finally, the critical
thermal maximum (CTMax) of exposed (0.36mg a.e./L; 96h) embryos was assessed.

RESULTS AND DISCUSSION

Results demonstrated that couples exposed to 0.36 mg a.e./L Roundup produced


less but larger embryos. This demonstrate that GBH exposure in ecologically
relevant concentrations can have deleterious outcomes on fish reproduction. We
hypostatize that these negative effects are consequences of disruption in the
production and action of sexual hormones. Moreover, embryos exposed to 3.62 mg
a.e./L Roundup had a reduced PPE following 30 PED. The diminished proportion of
pigmented embryos seen in the exposure group may be explained by elevation in the
number of diapausing embryos, or by elevation in the duration of diapause II. the
process of entering or not in diapause II is influenced by steroid hormonal signaling.
Therefore, the alteration of embryonic development seen may have also been
produced by endocrine disruption of steroid hormones, similarly to the observed
effects in reproduction. It is interesting to note that, as far as we known, this is the
first evidence that acute exposition to Roundup may produce long-term effects in fish

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

physiology. Finally, embryos exposed to 0.32 mg a.e./L Roundup had a CTMax


reduction of 2.6 oC and were more sensitive to minor increases in heating rates.
CTMax reductions in the magnitude that was found in our study represents a great
loss in thermal tolerance. For example, the CTMax of the fish Poecilia vivipara
acclimated to 28 oC is only 2 oC greater than those acclimated to 22 oC, proximally.
It is important to note that the majority of the annual fish species are threatened with
extinction. In this context, the findings reported in the present study are of particularly
relevance. Additionally, we demonstrated that Roundup have negative effects in key
aspects of the survival of annual fish populations. These animals occur in ephemeral
Wetlands that goes totally dry in an annual basis. During the dry seasons, all the
adult individuals dies and the population is maintained by embryos that remain buried
in diapausing states that are resistant to dissection. The return of rainfall reason
induces the diapausing embryos to hatch into fast growing juveniles that rapidly
became mature. Adult annual fishes reproduce intensely until the next dry session.
Considering the results of the present study, Roundup can jeopardize annual fish
populations by reducing fertility, altering the pattern of embryological diapause and
by making embryos more sensitive to thermal stress. This information may be
important to improve the conservation strategies of annual fishes in Brazil.

CONCLUSION

We demonstrated that 96h exposure to Roundup (0.36mg a.e./L) reduce fish fertility
and embryonic thermal tolerance. Also, we demonstrated that embryos acutely
exposed (96h) to 3.62mg a.e./L had alterations in the diapausing patterns even after
30 days of the acute exposure. The present study has a special relevance to the
conservation of annual fish, considering that it was demonstrated that Roundup can
alter key aspects that permit these animals to survive in extreme environments.
Therefore, the information presented in the present study may help to improve the
conservation of fish populations, especially the annual fishes from southern Brazil.

REFERENCES

ZEBRAL, Y.D., LANSINI, L.R., COSTA, P.G., ROZA, M., BIANCHINI, A., ROBALDO,
R.B. (2018). A glyphosate-based herbicide reduces fertility, embryonic upper thermal
tolerance and alters embryonic diapause of the threatened annual fish Austrolebias
nigrofasciatus. Chemosphere, 196, 260-269.

SPONSORS

Cnpq

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Oral
Efeito de contaminantes orgânicos
435 - SENSIBILIDADE AGUDA, COMPORTAMENTO DE EVITAÇÃO E NATAÇÃO
EM GIRINOS DE RÃ-TOURO EXPOSTOS AO HERBICIDA DIURON

RAQUEL APARECIDA MOREIRA, JULIANE SILBERSCHMIDT FREITAS, THANDY


JUNIO DA SILVA PINTO, LUÍS CÉSAR SCHIESARI, EVALDO LUIS GAETA ESPINDOLA
Contato: RAQUEL APARECIDA MOREIRA - RAQUEL.MOREIRA88@HOTMAIL.COM

Palavras-chave: Lithobates catesbeianus; agrotóxico; anfíbios

INTRODUÇÃO

Além dos inúmeros problemas relacionados à destruição da vegetação natural, a


intensificação da agricultura tem levado a um crescimento exponencial da utilização
de agrotóxicos (DAAM e VAN DEN BRINK, 2010). Dentre os agrotóxicos mais
utilizados no cultivo de cana-de-açúcar no estado de São Paulo, em 2009 e 2015,
destaca-se o herbicida diuron (IEA, 2016). Assim, o objetivo do presente estudo foi
determinar efeitos agudos do diuron (como produto Diuron Nortox® 500 SC) em
girinos da espécie Lithobates catesbeianus e comparar sua sensibilidade ao de
outros vertebrados. Comportamento de evitação e natação em concentrações
subletais do diuron também foi avaliada.

METODOLOGIA

Os testes agudos (n=3) foram realizados com girinos no estágio 25G de Gosner e
conduzidos sob as mesmas condições de cultivo, temperatura de 24±2 °C,
fotoperíodo de 12:12h claro/escuro e carga: 1 animal/litro. Foram testadas em
triplicata cinco concentrações de diuron (20, 30, 35, 40 e 45 mg i.a./L) e mais um
controle somente com água. Cada réplica continha 5L de solução-teste e 5
organismos. Análises de vídeos foram realizadas em indivíduos vivos (n=3) no final
do teste agudo em bandejas transparentes de 250 mL, sendo o movimento individual
registrado por 1 minuto. Os vídeos foram analisados utilizando o software Kinovea
v.0.8.26 (https://www.kinovea.org/), avaliando-se os parâmetros de natação:
velocidade máxima (m/s) e distância percorrida (cm). O avoidance foi conduzido
usando sistemas multicompartimentados (n=6) e três girinos em cada. Foi
estabelecido um gradiente de diluição, sendo diluido uma solução-estoque de diuron
(10 mg a.i./L) em 0; 5; 25; 50; 75 e 100%, correspondendo a 0; 0,5; 2,5, 5; 7,5 e 10
mg a.i./L, respectivamente. O teste foi realizado no escuro para evitar qualquer
influência de luz na locomoção. Após 12h, o nível de evitação foi determinado
calculando a diferença entre o esperado e número observado de organismos nos
compartimentos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os testes de toxicidade aguda com diuron apresentaram CL50-96h de 30,6 ± 3,7 mg


i.a./L (95% IC 23-39 mg i.a./L), tendo 100% de mortalidade nas concentrações de 40
e 45 mg i.a./L. Nas concentrações de 30 e 35 mg i.a./L os girinos estavam com baixa
atividade e perda de reação à estímulos e por isso as análises do comportamento de
natação foram feitas com os girinos expostos a essas e a precedente de 20 mg

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

i.a./L. Embora velocidade máxima e distância percorrida tenham diminuído em todos


os tratamentos, somente na concentração de 30 mg i.a./L houve diminuição
significativa na velocidade (0,15 ±0,04 m/s) quando comparada ao controle (0,28 ±
0,06 m/s). Essa resposta pode estar relacionada a efeitos de neurotoxicidade, no
qual ocorre bloqueio da estimulação interneural, como reportado por Bretaud et al.
(2000) para o peixe Carassius auratus quando expostos ao diuron (500 µg/L). Como
consequências desses efeitos, é aumentado sua vulnerabilidade a sofrer predação e
diminuição da captura de alimento, afetando sua sobrevivência em ambientes
naturais (FORDHAM et al. 2001). Ao ser comparada a sensibilidade de L.
catesbeianus (30,6 mg a.i./L ) ao de outros anfíbios e peixes, por meio de curvas de
distribuição de sensibilidade das espécies, o valor de CL50-96h está acima dos
valores relatados na literatura para Oncorrhynchus mykiss (8,8 mg i.a./L) e outros
peixes, bem como ao anfíbio Xenopus laevis (29,1 mg i.a./L) (US-EPA database,
2018). Esses resultados indicam que dados de toxicidade aguda com peixes são
protetores para as espécies de anfíbios ao diuron em avaliações de risco. No
entanto, existe pouca informação sobre a sensibilidade de espécies nativas de
anfíbios quando expostas ao diuron e outros agrotóxicos. Como relação aos
experimentos de evitação, concentrações de 2,5 e 5 mg i.a./L foram as que mais
causaram comportamento de fuga aos girinos (>90%). Para a maior concentração
(10 mg i.a./L), quando os girinos possivelmente não foram capazes de se deslocar,
houve a menor ocorrência de fuga 22 ± 19,24 %. Subsequentemente, a dispersão
populacional causada pela fuga de L. catesbeianus ocorre em concentrações
inferiores de diuron que causam efeitos agudos sobre os girinos. A menor
concentração testada de 0,5 mg i.a./L causou 70 % de resposta de fuga e este é um
valor aproximado de concentrações de diuron detectada no ambiente. Paschoalato
et al. (2008) reportou 408 μg/L em corpos d’água próximos a monocultura de cana-
de-açúcar em Ribeirão Preto-SP.

CONCLUSÃO

Embora L. catesbeianus não tenha apresentado elevada sensibilidade ao diuron em


relação a outras espécies (com base nas SSDs), essa resposta pode não ser válida
para outros anfíbios da região Neotropical, sendo necessária uma investigação
adicional. Comparativamente os comportamentos de evitação e natação mostraram
respostas mais sensíveis do que os testes de toxicidade aguda, podendo ter
repercussões importantes para a dinâmica migratória da população de anfíbios,
dado que a evitação pode levar a um declínio imediato da população devido ao
deslocamento de organismos para zonas mais favoráveis, quando ocorrerem.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRETAUD, S.; TOUTANT, J. P.; SAGLIO, P. Effects of carbofuran, diuron, and


nicosulfuron on acetylcholinesterase activity in goldfish (Carassius auratus).
Ecotoxicology and Environmental Safety v. 47, n. 2, p. 117-124, 2000.
DAAM, M.A.; VAN DEN BRINK, P.J. Implications of differences betweentemperate
and tropical freshwater ecosystems for the ecological riskassessment of pesticides.
Ecotoxicology v. 19, p. 24-37, 2010.
FORDHAM, C.L.; TESSARI, J.D.; RAMSDELL, H.S.; KEEFE, T.J. Effects of
malathion on survival, growth, development, and equilibrium posture of bullfrog

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

tadpoles (Rana catesbeiana). Environmental Toxicology and Chemistry v. 20, p. 179-


184, 2001.
IEA - Instituto De Economia Agrícola. Banco de dados, São Paulo. 2016. Disponível
em: < http://www.iea.sp.gov.br/ >. Acesso em: 20 maio 2018.
PASCHOALATO, C.; DANTAS, A.; ROSA, I.; FALEIROS, R.; BERNARDO, L.D. Use
of activated carbon to remove the herbicides diuron and hexazinone from water.
Revista DAE v. 179, p. 34-41, 2008.
US Environmental Protection Agency. ECOTOX Knowledgebase. Disponível em: <
https://cfpub.epa.gov/ecotox/ > Acesso em: 6 maio de 2018.

FONTES FINANCIADORAS

CNPq (Processo: 171233/2017-4)


FAPESP (Processo: 2015/187903)

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Oral
Efeito de contaminantes orgânicos
444 - DETERMINAÇÃO DA TOXICIDADE AGUDA (CL50) DO LÍQUIDO DA
CASCA DA CASTANHA DE CAJU TÉCNICO (LCCT) E SEU SULFONATO
(LCCTSNA) UTILIZANDO Oreochromis niloticus

FELIPE MENDES MEREY, BRUNO DO AMARAL CRISPIM, MÁRCIA RAMOS JORGE,


MILENA PEREZ DE MELO, EDUARDO JOSÉ DE ARRUDA, ALEXEIA BARUFATTI
GRISOLIA
Contato: FELIPE MENDES MEREY - FELIPEMENDESMEREY@HOTMAIL.COM

Palavras-chave: controle de vetores; subproduto; surfactante

INTRODUÇÃO

O líquido da casca da castanha de caju técnico (LCCt) é um subproduto industrial do


processamento do fruto do cajueiro (Anacardium occidentale L.). Esse líquido
apresenta potencial larvicida sobre larvas de Aedes aegypti. Dessa forma a síntese
de LCCt sulfonato sódico (LCCtSNa) pode permitir a produção de
surfactantes/detergentes com propriedades inseticidas para o controle populacional
do vetor. No entanto, torna-se necessária a avaliação dos possíveis efeitos desse
subproduto e seus derivados no meio ambiente. Nesse contexto, o objetivo deste
estudo foi avaliar a toxicidade aguda do LCCt e LCCtSNa através de bioensaios com
Oreochromis niloticus.

METODOLOGIA

Com o intuito de determinar a concentração letal média (CL50), os testes de


toxicidade aguda foram realizados de acordo com os protocolos ABNT NBR
15088:2016 e OECD 203. Os animais foram expostos a diferentes concentrações de
LCCt (0,5; 1,5; 2,5; 3,5; 5,0 e 10,0 mg.L-1) e LCCtSNa (10,0; 20,0; 30,0; 50,0; 70,0 e
100,0 mg.L-1), em aquários experimentais para a avaliação dos efeitos
toxicológicos. Água e DMSO 1% foram utilizados respectivamente como controle
negativo (CN) e controle veículo (CV). O controle veículo foi utilizado na mesma
concentração na qual serviu como solvente para o LCCt. Em cada tratamento foram
expostos 10 (dez) peixes com peso médio de 0,6±0,1g, acondicionados em aquários
com 8 (oito) litros. A quantificação dos mortos e os parâmetros da qualidade da água
foram realizados diariamente durante as 48h de exposição. Para determinação das
CL50-48h das substâncias testadas foi utilizado o método estatístico não
paramétrico Trimmed Spearman-Karber no software TSK (versão 1.5).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados experimentais obtidos neste estudo indicaram variação entre as


substâncias testadas em relação aos valores expressos de suas CL50-48h. Para o
LCCt a concentração letal média foi de 1,75 mg.L -1 (1,31-2,35 mg.L-1). Para o
LCCtSNa a concentração letal média foi muito superior à observada no LCCt, onde o
valor obtido da CL50-48h foi de 88,79 mg.L-1 (67,71-116,44 mg.L-1). Nos controles
negativo e veículo não ocorreu mortalidade. Os valores experimentais obtidos neste
estudo permitem ordenar a toxicidade aguda dos compostos para O. niloticus por

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

ordem crescente: LCCtSNa < LCCt. Deste modo, é possível observar que o LCCt é
cerca de 50 vezes mais tóxico que o LCCtSNa, o que sugere que a sulfonação altera
as propriedades biológicas do composto original, tornando-o menos tóxico. O
LCCtSNa é um surfactante que possibilita a emulsão de fenóis lipídicos, podendo
assim ser utilizado como surfactante em conjunto e/ou para substituição de
surfactantes convencionais, ou como emulsificante para inseticidas naturais ou
convencionais, sendo assim um possível meio alternativo para o combate da
proliferação populacional de A. aegypti. Os animais expostos ao LCCt, em todas as
concentrações, apresentaram mudanças comportamentais e vermelhidão nos
opérculos, indicando assim possíveis meios de atuação do composto no organismo.
O LCCtSNa apresentou-se levemente tóxico, sendo que apenas nas maiores
concentrações, 70 e 100 mg.L-1, foi observado efeitos da substância nos animais. O
líquido da casca de castanha de caju e o produto de sua sulfonação são,
respectivamente, classificados como moderadamente e levemente tóxicos de acordo
com as classes toxicológicas citadas por Zucker.

CONCLUSÃO

Determinar a toxicidade desses produtos fez-se necessário uma vez que os mesmos
se mostram como possíveis alternativas para controle populacional do A. aegypti,
através de suas aplicações em fontes de proliferação do mosquito. Sendo assim, os
ensaios toxicológicos para determinação da toxicidade aguda (CL50) realizados
nesse estudo permitem concluir que o produto da sulfonação sódica (LCCtSNa) foi
menos tóxico do que o produto de sua origem (LCCt) para peixes da espécie O.
niloticus, devido a possíveis alterações nas propriedades biológicas do composto.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ZUCKER, E. Hazard Evaluation Division-Standard Evaluation Procedure-Acute


Toxicity Test for Freshwater Fish. US EPA Publication 540. 1985.

FONTES FINANCIADORAS

FUNDECT, CAPES, CNPQ e UFGD

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Oral
Efeito de contaminantes orgânicos
445 - CONTAMINANTS OF EMERGING CONCERN AND THEIR EFFECTS IN A
WATER BODY PASSING THROUGH A MEDIUM-SIZED BRAZILIAN CITY

NIRLANE CRISTIANE SILVA, ANN MOUNTEER


Contato: ANN MOUNTEER - ANN@UFV.BR

Keywords: antibiotic resistance; chronic toxicity; estrogenicity; pharmaceuticals; hormones;


multivariate analysis

INTRODUCION

Contaminants of emerging concern (CECs) comprise a wide variety of bioactive


substances, including human and veterinary medicines, natural and synthetic
hormones, surfactants and even antibiotic resistance genes (ARGs), that can cause
adverse effects to exposed organisms when present at trace amounts. Sewage is
one of the main sources of CEC in surface waters, which is particularly relevant in
Brazil where many municipalities continue to discharge raw sewage to receiving
waters. The objective of this study was to verify how water quality differed upstream
and downstream of a medium sized city, with focus on CEC and their
ecotoxicological effects.

METHODS

The study was carried out in Viçosa, Minas Gerais, a city of approximately 78 000
inhabitants. Water and sediment samples were collected monthly from January to
August, 2017, at a spring feeding the municipal water supply upstream from the city
center and in the Turvo Sujo River downstream from the city center and the point of
discharge of its raw sewage. Hormones (estrone, E1, estradiol, E2, estriol, E3,
ethinylestradiol, EE2), pharmaceuticals (diclofenac, gemfibrozil, ibuprofen, naproxen,
paracetamol), surfactants (4-octylphenol, 4-OP, and 4-nonylphenol, 4-NP) and the
plastic component bisphenol A (BPA) were identified by gas chromatography-mass
spectrometry. ARGs were identified/quantified through metagenomic shotgun
analysis using total DNA of samples. Chronic toxicity was evaluated using the algal
growth inhibition test for water samples (NBR 12648, ABNT, 2011) and the daphnid
survival and reproduction test for sediment samples (NBR 13373, ABNT, 2017;
BURTON et al., 2003). Estrogencity was quantified using the Yeast Estrogen Screen
(YES, Routledge, Sumpter, 1996). CECs and toxicity in water and sediment samples
upstream and downstream of the urban area were correlated using principle
components analysis (PCA) while similarity in ARGs were evaluated using cluster
analysis.

RESULTS AND DISCUSSION

Upstream from the city center, naproxen and BPA were found in three monthly water
samples and five sediment samples. The synthetic hormone EE2 was found in one
water sample, but no other hormones were encountered. Downstream, ibuprofen and
naproxen were detected in all water samples while diclofenac, paracetamol, BPA, 4-
OP and E2 were found sporadically. BPA was also found in all sediment samples

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

collected downstream. Through PCA, differences were observed in diversity of CECs


in water and sediment samples, with the greatest diversity found in downstream
water samples. The range of CECs found was similar to that previously reported in
surface water of impacted by sewage discharge in southern Brazil. (IDE et al., 2017).
Estrogenicity was detected in only one upstream water sample, at a concentration of
0.28 ng/L E2 equivalents (E2-Eq) and in all but one downstream water sample, at
concentrations ranging from 0.46 to 31.5 ng/L E2-Eq. Estrogenicity could not be
quantified in sediment samples because the sediment extracts inhibited yeast
growth. Chronic effects were observed more frequently in upstream samples (six
water samples and five sediment samples) than downstream samples (2 water
samples and three sediment samples). The absence of toxicity in most downstream
samples may have been a result of the sewage discharge, that increased availability
of nutrients to test organisms. No correlations were found for toxicity between sample
types (water and sediment), locations (upstream and downstream) and identified
CECs. Therefore, the chronic effects observed, especially in upstream samples were
caused by other substances, such as fertilizers or pesticides.
ARGs were found in greater frequency in downstream samples, with 80% greater
numbers in water samples than in sediment samples. Upstream, ARGs were found in
much lower numbers, but with similar frequencies in water and sediment samples.
The most frequent ARGs found were: multidrug efflux pump > fluoroquinolone
resistance > beta-lactam resistance. The latter two were found in greater proportions
in upstream samples than in downstream samples. The types and frequencies of
ARGs in downstream samples correlated with the types of antibiotics sold in the
greatest amounts by pharmacies located in Viçosa.

CONCLUSION

Discharge of raw sewage clearly degraded water quality downstream of Viçosa,


through increased presence of hormones, pharmaceuticals, surfactants, ARGs and
estrogenicity. However, chronic toxicity was observed more frequently in samples
collected upstream of the city center, indicating a lack of protection of the water
source. No correlations were found between toxicity or estrogenicity and the
identified CECs. The proportions of ARGs found in downstream water samples
correlated with the types of antibiotics most commonly sold in Viçosa´s pharmacies.

REFERENCES

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 13373: Ecotoxicologia


Aquática – Toxicidade crônica - Método de ensino com Ceriodaphnia sp (Cladocera,
Crustácea). Rio de Janeiro, 2017.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 12648: Toxicidade
crônica – Método de ensaio com algas (Chlorophyceae). Rio de Janeiro, 2011.
BURTON, G.A.; DENTON, D.L.; HO, K.; IRELAN, D.S. Sediment Toxicity Testing:
Issues and Methods. In: HOFFMAN, D.J.; RATTNER, B.A.; BURTON, G.A. e
CAIRNS, J. Handbook of ecotoxicology. Boca Raton: Lewis Publishers, 2003.
IDE, A.H. et al. Occurrence of pharmaceutical products, female sex hormones and
caffeine in a subtropical region in Brazil: Water. CLEAN – Soil, Air, Water, v. 45, n. 9,
p. 1700334, 2017.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

ROUTLEDGE, E.J.; SUMPTER, J.P. Estrogenic activity of surfactants and some of


their degradation products using a recombinant yeast screen. Environmental
Toxicology and Chemistry, v. 15, p. 241-248, 1996.

SPONSORS

FAPEMIG, CNPq

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Efeito de contaminantes orgânicos
449 - FITOTOXICIDADE DA BORRA OLEOSA EM SEMENTES DE Eruca sativa
NAS DIFERENTES FASES DA CONTAMINAÇÃO EM SOLO

HENRIQUE DIAS FIGUEIREDO, CASSIANA MARIA REGANHAN CONEGLIAN


Contato: CASSIANA MARIA REGANHAN CONEGLIAN - CASSIANAC@FT.UNICAMP.BR

Palavras-chave: hidrocarbonetos; contaminação.

INTRODUÇÃO

O petróleo passa por distintos processos de refino viabilizando sua utilização, seja
em combustíveis ou seus derivados. Em sua composição química encontramos alta
concentração de substâncias prejudiciais ao meio ambiente e a saúde humana como
o benzeno, tolueno, etilbenzeno e xileno, conhecidos como BTEX. Em meio ao alto
consumo de petróleo e seus derivados, o presente trabalho teve como objetivo
avaliar a toxicidade de borra oleosa oriunda de um tanque de armazenamento de
óleo lubrificante usado ou contaminado (OLUC) em sementes de rúcula,
considerando as três fases da contaminação que pode ocorrer no solo: adsorvida,
livre e dissolvida.

METODOLOGIA

A borra oleosa foi coletada em um comércio de lubrificação automotiva, sendo


oriunda da decantação de um tanque de armazenamento de óleo lubrificante
automotivo usado, popularmente conhecido como “óleo queimado”. Adicionou-se a
borra oleosa em uma mistura de água e amostra de solo coletado em local sem
histórico que qualquer tipo de contaminação, nas concentrações de 2,5; 5; 10; 15 e
25%. As amostras foram colocadas em agitador rotativo durante o período de 24
horas e posteriormente dispostas em cone de Imhoff. Após 24 horas de decantação
obtendo-se as frações em fase adsorvida, fase livre e fase dissolvida. As distintas
fases firam separadas para a realização do teste de fitotoxicidade com Eruca sativa
(rúcula). Em placas de petri acondicionou-se 20 sementes em papel filtro e
adicionou-se a fração da borra oleosa. As placas de foram armazenadas em
ambiente isento de luz por um período de cinco dias à temperatura aproximada de
21°C, com o objetivo de avaliar a germinação e o desenvolvimento da raiz.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Nos resultados obtidos no teste de fitotoxicidade mediante a metodologia


empregada, verificou-se que ocorreu variação na germinação das sementes
considerando a fase de contaminação no qual foram expostas as sementes, bem
como sua fração de borra oleosa por tratamento, demonstrando assim que a
concentração do resíduo contaminante e a sua disposição no ambiente foram
fatores que impactaram na germinação e formação de raiz das sementes de rúcula.
Avaliando-se as três diferentes fases da contaminação no solo, na fase
caracterizada como adsorvida, as sementes de rúcula tiveram maior índice de
germinação e melhor desenvolvimento de raiz em comparação a fase dissolvida e a
fase livre, considerando que as sementes dispostas em seu tratamento alcançaram

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

germinação superior a 80% em relação aos demais. Quando comparamos as fases


dissolvida e livre, foi possível observar diferenças entre as diferentes concentrações
de borra oleosa, ou seja, quanto maior a concentração de borra oleosa, menor a
taxa de germinação. Já com relação ao crescimento da raiz, a fase caracterizada
como dissolvida apresentou melhor desenvolvimento quando utilizado o fator
comprimento de raiz, uma vez que a fase que caracteriza-se como livre apresentou
menor comprimento de raiz das sementes expostas no seu tratamento. Um dos
fatores que pode ter ocasionado a fitotoxicidade nas diferentes fases da
contaminação testada, é o tipo de contaminante utilizado neste estudo, onde em sua
composição podemos verificar a existência de outras substâncias como metais. O
material utilizado permite reproduzir o que pode ocorrer em locais de contaminação
de solo com hidrocarbonetos, oriundos principalmente do vazamento de tanques de
armazenamento em postos de combustíveis, responsáveis por 70% das
contaminações que ocorreram no estado de São Paulo.

CONCLUSÃO

Com a ausência da germinação de sementes na fase caracterizada como dissolvida


e livre quando comparadas com a fase adsorvida, é possível concluir que a
disposição do material contaminante intitulado como “borra oleosa”, sofreu
influências da fase de contaminação na qual encontrava-se, uma vez que as
mesmas apresentaram diferenças entre a taxa de germinação em sementes de
rúcula, bem como o seu desenvolvimento em comprimento de raiz. Fator este que
foi aumentando gradativamente conforme suas concentrações de tratamento.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. Norma Brasileira NBR 10.004.


Classificação de Resíduos.2004.
EPA. Environmental Protection Agency. Ecological Effects Test Guidelines. Seed
germination/root elongation toxicity test. OPPTS 850.4200. 1996.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Efeito de contaminantes orgânicos
458 - AVALIAÇÃO DA ECOTOXICIDADE DOS CORANTES REATIVO AZUL E
REATIVO VERMELHO EM Daphnia magna

YORRANNYS MANNES, WANESSA ALGARTE RAMSDORF, MIRIAM MARZALL


PEREIRA, VANESSA MERLO KAVA
Contato: YORRANNYS MANNES - YORRANNYSMANNES@HOTMAIL.COM

Palavras-chave: degradação corante; fungo Neopestalotiopsis; Fator de toxicidade; Bioensaio agudo;


Azocorantes reativos

INTRODUÇÃO

Corantes orgânicos sintéticos são amplamente utilizados em indústrias têxteis,


couros, polímeros, plásticos, alimentícias e farmacêuticas. Os mais utilizados pela
indústria têxtil são os azocorantes reativos.[1,2]
O descarte inadequado desses corantes em corpos hídricos resulta em grandes
volumes de efluentes contendo compostos xenobióticos, causando efeitos deletérios
em organismos expostos.[3]
As metodologias utilizadas atualmente para o tratamento de efluentes embora
eficientes, não eliminam totalmente os corantes adsorvidos, sendo a biodegradação
uma alternativa atraente.[4]
Nesse trabalho, determinou-se o fator de toxicidade para Daphnia magna do
Corante Reativo Azul, antes e depois do tratamento com o fungo Neopestalotiopsis
sp., e Corante Reativo Vermelho.

METODOLOGIA

A toxicidade dos corantes foi medida em fator de toxicidade para Daphnia magna
(FTD). O valor do FT é determinado através da observação direta da mobilidade dos
organismos teste na série de diluições-teste. O FT corresponde a menor diluição da
amostra em que não ocorreu imobilidade em mais de 10% dos organismos em 48
horas de exposição. O resultado é expresso em número inteiro e é igual ao fator de
diluição da solução teste.O ensaio de ecotoxicidade aguda com Daphnia magna foi
de acordo com a NBR 12713/2016.[5]
Para o teste com os corantes foram feitas diluições 100%; 50%; 25%; 12,5%; 6,25%
e 3,125% da amostra para a determinação do FTD. As diluições foram feitas com a
água de diluição, em béqueres de 50ml, com 20ml de solução e 10 organismos com
idade de 2 a 26horas de vida, exposição de 48horas.
Simultaneamente ao ensaio de toxicidade com Daphnias foi feito o teste de
sensibilidade, para garantir precisão e confiabilidade dos resultados, como KCl e
determinação da CE50, concentração que causa imobilidade a 50% dos organismos
teste, e confecção de carta controle dos lotes.[6,7]

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os organismos que foram expostos ao corante Remazol Reativo Azul sem ser
diluído (FD=1)e após 48 horas houve a imobilidade de 100% dos organismos teste.
Na diluição subseqüente de 50% (FD=2), observou-se a imobilidade de 33,33% dos
organismos; na diluição de 25% (FD=4), observou-se a imobilidade de 3,33% dos
organismos teste. Nas demais diluições não foram observadas imobilidade.
Portanto, o fator de toxicidade do Corante Remazol Reativo Azul sem tratamento
prévio corresponde ao FD em que não ocorreu imobilidade em mais de 10%, FTD=
4.
Após o tratamento do corante Remazol Reativo Azul com o fungo Neopestalotiopsis
sp.,selvagem e mutante, verificamos o mesmo grau de toxicidade, com imobilidade
de 100% dos organismos nas duas primeiras diluições 100% (FD=1) e 50% (FD=2)
e, na diluição subsequente não foi observado imobilidade superior a 10% dos
organismos, portanto o FTD= 4.
O corante Remazol Reativo vermelho puro (FD=1) causou a imobilidade em 100%
dos organismos teste e na concentração subsequente de 50% (FD=2), observou-se
a imobilidade de 6,67% dos organismos, portanto FTD= 2.
Os testes de sensibilidade respectivos a estes ensaios mostraram-se dentro dos
padrões, podendo validar os testes de acordo com a norma NBR 12713/2016.[5]
Quanto maior o FTD, menor é a concentração tóxica para as Daphnias, em
consequência, maior é a toxicidade da amostra. Comparando os resultados pode-se
observar que o tratamento do corante Remazol Reativo Azul não reduziu sua
toxicidade. Também verificamos que o Corante Remazol Reativo vermelho mostrou-
se menos tóxico que o corante azul (antes e depois do tratamento). Essa diferença
da toxicidade é devido a diferente composição desses corantes, que está
relacionada a cor.

CONCLUSÃO

Através das diluições das amostras foi possível determinar o fator de toxicidade para
Daphnia magna (FTD), permitindo afirmar que o tratamento do corante Remazol
Reativo Azul com os fungos Neopestalotiopsis sp., selvagem e mutante não
alteraram a toxicidade do corante, pois todos tiveram o mesmo fator de toxicidade. O
corante Remazol Reativo Vermelho se mostrou menos tóxico que o corante azul
antes e depois de tratado, indicando uma baixa toxicidade.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] POPLI, S.; PATEL, U.D. Destruction of azo dyes by anaerobic–aerobic sequential
biological treatment: a review. InternationalJournalofEnvironmental Science and
Technology, n. 2, p. 405–420, 2014.
[2] GUARATINI, C.C.I.; ZANONI, V.B. Corantes Têxteis. Química Nova, v. 23, n. 1, p.
71–78, 2000.
[3] ADINEW, B. 2012. Textile effluent treatment and decolorization techniques e a
review. Chemistry21, 434e456
[4] KAMIDA, H.; DURRANT, L.; MONTEIRO, R.; DE ARMAS, E. Biodegradação de
Efluente Têxtil por Pleurotus sajor-caju. Quimica Nova, v. 28, n. 4, p. 629–632, 2005.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

[5] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 12713:


Ecotoxicologia aquática - Toxicidade aguda - Método de ensaio com Daphnia spp
(Crustacea, Cladocera). Rio de Janeiro, 2016.
[6] KNIE, J.L.W.; LOPES, E.W.B. (Autora). Testes ecotoxicológicos: métodos,
técnicas e aplicações. Florianópolis (SC): FATMA/GTZ, 2004.
[7] CETESB. Métodos de avaliação da toxicidade de poluentes a organismos
aquáticos. São Paulo: CETESB, 1992. 74p.

FONTES FINANCIADORAS

CAPES e CNPq

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Painel
Efeito de contaminantes orgânicos
469 - BIOCHAR DE EUCALIPTO EM SOLO NATURAL: ESTUDO
ECOTOXICOLÓGICO EM Eisenia andrei

VITORIA BELTRAME NICOLA, KARINA NATAL COSTA, KARLO ALVES DA SILVA,


ANA TEREZA BITTENCOURT GUIMARÃES, CLAUDIA MARIA BRANCO DE FREITAS
MAIA, CINTIA MARA RIBAS DE OLIVEIRA
Contato: VITORIA BELTRAME NICOLA - VITORIA-NICOLA@HOTMAIL.COM

Palavras-chave: biochar de eucalipto; ecotoxicologia; solo natural

INTRODUÇÃO

O amplo crescimento populacional traz inúmeras consequências ao meio ambiente,


ampliando as demandas de cultivo agrícola. Diferentes matérias-primas vêm sendo
utilizadas para a produção de biochars, a fim de ampliar as opções para o
condicionamento de solos, ao mesmo tempo em que se auxilia na geração de
alternativas para resíduos com potencial para pirólise. O uso de biochars, no
entanto, carece de informações ecotoxicológicas quanto a oligochaetas terrestres. O
presente estudo objetivou a avaliação ecotoxicológica de biochar de eucalipto frente
à oligochaeta Eisenia andrei em solo natural.

METODOLOGIA

Os experimentos foram conduzidos a partir de solo natural de São Jerônimo da


Serra, Paraná, realizando ensaios quanto a possíveis efeitos comportamentais
decorrentes da aplicação de biochar, conforme a norma ABNT NBR ISO 17512-1
(2011). As unidades experimentais foram divididas em cinco tratamentos, realizados
em duplicata, de modo a avaliar a preferência dos organismos por solo com ou sem
biochar de eucalipto, tanto em pH natural quanto em pH ajustado às condições
descritas na norma. Para os ensaios, foram foram utilizados 10 indivíduos por
unidade experimental em 48 horas de exposição. As frequências de fuga dos
experimentos foram avaliadas por meio do teste de Qui Quadrado para
Independência para avaliação da homogeneidade das repetições.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Uma vez aceitando-se o pressuposto de homogeneidade, as frequências foram


somadas e realizada a avaliação da homogeneidade por meio do teste de Qui
Quadrado, seguido pelo teste de acompanhamento de Resíduos Ajustados, cujos
resultados demonstraram diferença estatística significativa entre as frequências de
orientação dos indivíduos (c2=9,765; p=0,045), havendo maior frequência de
orientação para o lado esquerdo (sem biochar), quando os animais foram
acondicionados em unidades experimentais contendo opção sem e com biochar
(p<0,05). Observou-se, porém que em situações em que o pH do solo foi ajustado às
condições adequadas para os organismos-teste, não foram identificadas diferenças
significativas do comportamento de fuga em relação ao registrado em unidades
contendo somente solo controle em ambos os lados. Desta forma, a aplicação de
biochar de eucalipto não resultou em efeitos comportamentais de fuga em "Eisenia

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

andrei", quando comparado a unidades sem biochar. Demonstra-se, assim, sua


possibilidade de aplicação como condicionador de solo, sem implicar em efeitos
críticos sobre a distribuição de indivíduos em áreas com e sem aplicação, para a
espécie analisada. Importante, no entanto, que ensaios adicionais sejam realizados
com outras espécies de oligochaetas terrestres nativas, para garantia de riscos
ambientais minimizados para a fauna do solo em áreas agrícolas. A aplicação de
biochar de eucalipto, segundo os ensaios de fuga realizados, parece não influenciar
em aspectos de desempenho dos indivíduos em se movimentar no compartimento
terrestre, garantindo as condições minimas para a manutenção de aspectos de
fertilidade do solo em função da atividade de oligochaeta em estabelecer dutos para
a aeração do solo.

CONCLUSÃO

Os ensaios comportamentais realizados com "Eisenia andrei" frente à exposição à


biochar de eucalipto demonstraram o baixo risco de desencadear resposta de fuga,
mesmo frente a áreas sem aplicação, o que representa o potencial de uso seguro de
resíduos de eucalipto para produção de biochar, quanto ao aspecto avaliado.
Estudos futuros deverão envolver tanto o uso de outras espécies, quanto de ensaios
de exposição prolongada, a fim de verificar aspectos de toxicidade crônica deste
material.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABNT NBR ISO 17512-1:2011 - Qualidade do Solo - Ensaio de fuga para avaliar a
qualidade de solos e efeitos de substâncias químicas no comportamento - Parte 1:
Ensaio com minhocas (Eisenia fetida e Eisenia andrei)

FONTES FINANCIADORAS

Agradecimentos à EMBRAPA Floresta, à Universidade Estadual de Oeste do Paraná


e à Universidade Positivo, pelo apoio financeiro e infraestrutura disponibilizados

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Genotoxicidade ambiental

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Genotoxicidade ambiental
51 - PERFIL DA FREQUÊNCIA DE MICRONÚCLEOS E ANORMALIDADES
NUCLEARES EM Prochilodus lacustris EM UM LAGO TROPICAL NO NORDESTE
DO BRASIL

RAYSSA DE LIMA CARDOSO, RAIMUNDA NONATA FORTES CARVALHO-NETA,


ANTONIO CARLOS LEAL DE CASTRO, CÁSSIA FERNANDA CHAGAS FERREIRA,
MARCELO HENRIQUE LOPES SILVA, NATÁLIA JOVITA PEREIRA, DÉBORA MARTINS
SILVA SANTOS
Contato: RAYSSA DE LIMA CARDOSO - RAYSSALC22@GMAIL.COM

Palavras-chave: biomarcador, genotoxicidade, Prochilodus, Lago Açu

INTRODUÇÃO

Os ecossistemas aquáticos são os principais corpos receptores das descargas


antropogênicas, que constituídas de poluentes e inúmeras substâncias xenobióticas,
podem gerar efeitos deletérios tanto para os seres humanos, quanto para toda biota
aquática. Diversos organismos da biota aquática podem ser utilizados como
indicadores das alterações que os hábitats vêm sofrendo. Entre os táxons mais
utilizados, os peixes destacam-se como bons bioindicadores, uma vez que podem
vir a assimilar, absorver, acumular e transferir compostos dissolvidos no ambiente.
Os peixes respondem em diferentes níveis biológicos e estruturais aos estressores
ambientais, e essas respostas podem ser classificadas como biomarcadores.

METODOLOGIA

O estudo foi realizado no município de Conceição do Lago Açu, região central do


estado do Maranhão, que tem o Lago Açu como principal corpo hídrico. As análises
dos biomarcadores foram realizadas em 98 exemplares de Prochilodus lacustris
coletados em três pontos de amostragem com graus de trofia diferenciados no lago:
S1-ponto controle, S2-ponto intermediário e S3-ponto antropizado. O teste de
micronúcleo foi executado a partir da coleta do sangue periférico para realização da
técnica de esfregaço. Posteriormente, as lâminas foram deixadas em temperatura
ambiente por 24 horas e os eritrócitos foram analisados a partir da quantificação de
2000 células por lâmina confeccionada. Além dos micronúcleos (MN), as alterações
morfológicas nucleares também foram classificadas. Para cada peixe determinou-se
o total de eritrócitos (NE), o número total de micronúcleos (NMN), a frequência de
micronúcleos por eritrócito (%FMN) e a frequência total de micronúcleo (%TMN)

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A frequência de alterações citogenéticas do tipo micronúcleo se diferenciou


significativamente (p<0,05) entre os exemplares de P. lacustris coletados na área S1
do período de estiagem em relação aos exemplares coletados no ponto S3 em
ambas as estações do ano, pois durante o período de estiagem, a área S1
apresentou a menor frequência (0,01%) de todo o período amostral. Durante a
estação chuvosa houve maior frequência dos biomarcadores genotóxicos, porém
não houve diferença estatística entre os períodos sazonais (p>0,05). As alterações

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

nucleares (AN) do tipo “notched”, “lobed”, “blebbed” e “binucleated” (CARRASCO et


al., 1990), tiveram maior ocorrência no ponto S3 durante o período chuvoso. Houve
a ocorrência de todos os tipos de alterações morfológicas celulares, sendo que a do
tipo “notched” foi a que se apresentou em maior quantidade. A presença de
micronúcleos e outras alterações no envelope nuclear são indicativos de ação
mutagênica no ambiente analisado.
De acordo com Grisólia e Palhares (2002), os peixes podem apresentar variações
quanto à frequência de micronúcleos em virtude do seu hábito alimentar, nichos
ecológicos, tipos de poluição que o ambiente aquático está sujeito e mudanças
sazonais. O que fica bem evidente neste estudo, uma vez que foram identificadas
diferenciações tanto na escala espacial, quanto na escala sazonal.
Dentre as áreas estudadas, somente o ponto S1 apresentou valores mínimos de
frequência de micronúcleo (0,01%), que corresponde a frequência basal de
eritrócitos písceos atribuída à peixes do gênero Prochilodus, coletados em ambiente
natural e mantidos em laboratório, como evidenciado por Porto et al. (2005) que
determinou a frequência mínima de 0,01% para a espécie Prochilodus nigricans;
Seriani et al. (2012) que utilizando a espécie Prochilodus argenteu estabeleceu a
frequência mínima de 0,2%; Cavalcante et al. (2008) utilizando a espécie
Prochilodus lineatus com frequência mínima de 0,7% e Santos et al. (2013) que
estabeleceu 0,03% para espécie Prochilodus vimboides.
Quanto ao período sazonal, houve maior ocorrência de alterações citogenéticas
durante a estação chuvosa, o que possivelmente indica que os peixes se
mantiveram expostos a uma maior concentração de agentes químicos que se
acumularam no corpo hídrico, pois durante o período o chuvoso há um aumento
significativo no carreamento químico proveniente do escoamento superficial, pois as
águas de drenagem caracterizam-se por conter sedimentos, nutrientes, matéria
orgânica, substâncias que consomem oxigênio, bactérias, compostos químicos,
metais e agentes tóxicos (DE LUCA et al., 1990; TEMPRANO et al., 2005).

CONCLUSÃO

A espécie Prochilodus lacustris demonstrou ser uma excelente espécie


bioindicadora, uma vez que apresentou sensibilidade em diferentes níveis
biológicos, por meio dos biomarcadores analisados. A análise dos danos ao DNA
por meio da frequência de micronúcleos (%MN) e as identificação das alterações
nucleares (NA), revelaram que o Lago Açu apresenta um padrão de genotoxicidade
diferenciado na escala espacial, porém sem alterações significativas entre o período
chuvoso e o de estiagem.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CARRASCO, K.R.; TILBURY, K.L.; MYERS, M.S. An assessment of the piscine


micronucleus test as an in situ biological indicator of chemical contaminant effects.
Canadian Journal of Fisheries and Aquatic Sciences, v. 47, n.11, p. 2123–2136,
1990.
CAVALCANTE, D.G.S.M.; MARTINEZ, C.B.R.; SOFIA, S.H. Genotoxic effects of
Roundup® on the fish Prochilodus lineatus. Mutation Research, n.655, p.41-46,
2008.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

DE LUCA, S.J.; CASTRO, C.B.; IDE, C.N. Contaminação de chuva e da drenagem


pluvial. Revista da Associação Médica Brasileira, v. 4, p. 49-53, 1990.
FENECH, M. The in vitro micronucleus technique. Mutation Research, v. 455, n. 14,
p.81-95, 2000.
GRISOLIA, C.K.; PALHARES, D. Comparison between the micronucleus frequencies
of kidney and gill erythrocytes in tilapia fish, following mitomicin Ctreatment. Genetics
and Molecular Biology, v.25, n.3, p.281-284, 2002.
MATSUMOTO, F.E.; CÓLUS, I.M.S. Micronucleus frequencies in Astyanax
bimaculatus (Characidae) treated with cyclophosphamide or vinblastine sulfate.
Genetics and Molecular Biology, v. 23, n. 2, p. 489–92, 2000.
PACHECO, A.O.; HACKEL, C. Instabilidade cromossômica induzida por
agroquímicos em trabalhadores rurais na região de Passo Fundo, Rio Grande do
Sul. Caderno de Saúde Pública, v. 18, n. 6, p. 1675–83, 2002.
PORTO, J.I.R.; ARAUJO, C.S.O.; FELDBERG, E. Mutagenic effects of mercury
pollution as revealed by micronucleus test on three Amazonian fish species.
Environmental Research, v. 97, p. 287-292, 2005.
SANTOS, C.A.; LENZ, D.; BRANDÃO, G.P.; CHIPPARI-GOMES A.R.; GOMES, L.C.
Acute toxicity of the water-soluble fraction of diesel in Prochilodus vimboides Kner
(Characiformes: Prochilodontidae). Neotropical Ichthyology, v.11, n.1, p. 193-198,
2013.
SERIANI, R.; ABESSA, D.; KIRSCHBAUM, A.A.; PEREIRA, C.D.S.; RANZANI-
PAIVA, M.J.T.; ASSUNÇÃO, A.; SILVEIRA, F.L.; ROMANO, P.; MUCCI, J.L.N. Water
tocixity and cyto-genotoxicity biomarker in the fish Oreochromis niloticus (Cichlidae).
Ecotoxicology and Environmental Contamination, v. 7, n.2, 2012.
TEMPRANO, J.; ARANGO, O.; CAGIAO, J.; SUÁREZ, J.; TEJERO, I. Stormwater
quality calibration by SWMM; A case study in Northern Spain. Disponível em: .
Acesso em: 10 de nov de 2016.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Genotoxicidade ambiental
64 - OTIMIZAÇÃO METODOLÓGICA DO ENSAIO COMETA PARA AVALIAÇÃO
DE DANOS GENOTÓXICOS DO ANFÍPODE Parhyale hawaiensis

MARINA TENÓRIO BOTELHO, MARIA JOSÉ DE ARRUDA CAMPOS ROCHA PASSOS,


DOUGLAS MARCHIONI PASCHOALETI, GISELA DE ARAGÃO UMBUZEIRO, VICENTE
GOMES
Contato: MARINA TENÓRIO BOTELHO - MARINATENORIOBOTELHO@GMAIL.COM

Palavras-chave: ensaio cometa; dano genotóxico; Parhyale hawaiensis; biomarcador

INTRODUÇÃO

O ensaio cometa, ou eletroforese em gel de célula única, é muito utilizado para


avaliar danos genotóxicos em organismos selecionados para monitoramento
ambiental e bioensaios. Após eletroforese, o DNA intacto da célula forma o
nucleóide, denominado de cabeça do cometa, e o DNA fragmentado a região da
cauda, cujas proporções indicam o índice de dano (ID) ao DNA. A metodologia geral
está bem estabelecida, mas nem sempre é adequada para todos organismos-teste.
Neste trabalho, realizou-se um estudo para seu ajuste a Parhyale hawaiensis,
anfípode bentônico de águas rasas de ampla distribuição, facilmente cultivado e
promissor para ser utilizado como bioindicador.

METODOLOGIA

Para realização do ensaio cometa, a hemolinfa, retirada com capilar de vidro foi
colocada em 3 soluções diferentes: Tampão Fosfato Salino (PBS), Tampão Salino
de Kenny (KEN) e água do mar (SW). O gel de agarose da segunda camada, usado
para incluir as células nas lâminas, também foi feito com as 3 soluções. Foram
testados dois grupos de combinação: mesmo tampão para conservação dos
hemócitos e confecção do gel; e conservação dos hemócitos em água do mar e os
diferentes tampões para confecção do gel. As lâminas com gel de agarose contendo
as células, após passarem por uma solução de lise, foram submetidas à eletroforese
a 20V por 20min; fixadas e coradas com prata. Foram testadas duas amperagens:
250 e 300mA. O ID foi estimado visualmente com classificação de 100 cometas de 0
a 4, sendo 0 o de menor fragmentação do DNA e 4 o de maior. Também foi
realizado um controle positivo com exposição in vitro dos hemócitos por 30min a
diferentes concentrações de peróxido de hidrogênio (H2O2) com a condição de
menor ID da etapa anterior. Os anfípodes foram separados por sexo para avaliar
uma possível diferença entre eles.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O motivo de terem sido obtidos diferentes IDs de acordo com as soluções utilizadas
para a diluição da hemolinfa e o preparo do gel está, provavelmente, relacionado
com as diferenças entre a osmolaridade entre elas e a hemolinfa. O PBS é o tampão
normalmente utilizado no ensaio cometa, porém foi desenvolvido para vertebrados
possuindo uma osmolaridade bem diferente da hemolinfa dos invertebrados
marinhos. Já o KEN e SW apresentam uma osmolaridade mais próxima à hemolinfa

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

desses organismos. Nos nossos testes, os menores valores de ID foram observados


quando se conservou a hemolinfa em SW e o gel foi confeccionado com KEN. A
utilização da SW para a conservação dos hemócitos e para a confecção do gel
apresentou o pior resultado, com grande parte das células rompidas. As diferenças
entre as condições foram mais evidentes entre os ensaios realizados com
eletroforese a 250mA (p=0,003). Por esses motivos, para a realização do controle
positivo com peróxido de hidrogênio, a hemolinfa foi conservada em água do mar, as
células incluídas em gel de agarose preparado com Tampão Salino de Kenny e a
eletroforese realizada a 250mA. Foi observado um aumento crescente do ID
conforme as concentrações crescentes de H2O2. Diferenças estatísticas
significativas foram encontradas com relação às concentrações mais baixas e as
mais altas (p=0,00026). Também foi possível ajustar uma reta linear de regressão
(R²=0,9132), indicando uma boa correlação entre a concentração e o ID.
Inicialmente, machos e fêmeas foram analisados separadamente, porém como não
houve diferenças estatisticamente significativas entre eles em nenhuma das
condições testadas, os dados foram analisados em conjunto.

CONCLUSÃO

As condições metodológicas para o ensaio cometa foram estabelecidas e


padronizadas com sucesso para o anfípode P. hawaiensis, sendo que as ideais
foram: conservação das células em água do mar, inclusão dos hemócitos em gel de
agarose preparado com Tampão Salino de Kenny e eletroforese realizada nas
condições de 20V e 250mA por 20min. A exposição in vitro a H2O2 demonstrou que
o DNA das células reagem bem a compostos genotóxicos de forma concentração-
dependente, com excelente potencial para estudos de genotoxicidade.

FONTES FINANCIADORAS

CNPq e IO-USP.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Genotoxicidade ambiental
73 - ANÁLISE CITOTÓXICA, GENOTÓXICA E MUTAGÊNICA EM AMOSTRAS DE
ÁGUA DO RIO DOCE PELO BIOENSAIO Allium cepa

THAMYRIS SOUZA TORRES, GABRIEL LOPES DIAS, THAINÁ SPRÍCIDO


MAGALHÃES, RODRIGO PEIXOTO DE PAULA E SILVA, HEBERSON TEIXEIRA SILVA,
CAIO SOARES CHAVES, KALLEL SILVIANO FRANÇA SANTOS, JAIRO LISBOA
RODRIGUES, MÁRCIA CRISTINA DA SILVA FARIA
Contato: THAMYRIS SOUZA TORRES - THAMYRISTORRES_27@HOTMAIL.COM

Palavras-chave: Rio Doce; citotoxicidade; genotoxicidade; mutagenicidade; monitoramento ambiental

INTRODUÇÃO

O derramamento de rejeitos ocorrido na cidade de Mariana/MG, em novembro de


2015, alterou vários parâmetros na qualidade da água do rio Doce. Tal fato
despertou o interesse, bem como a preocupação dos pesquisadores em analisar a
situação em que os usuários da água do rio Doce estão submetidos, pois, ingerir
metais tóxicos é prejudicial à saúde. Neste contexto, este trabalho teve como
objetivo avaliar a qualidade das águas da bacia do Rio Doce no município de
Governador Valadares, através da avaliação citotóxica, genotóxica e mutagênica
pela quantificação das alterações cromossômicas e freqüência de micronúcleos
induzidos no bioensaio Allium cepa.

METODOLOGIA

O bioensaio Allium cepa foi realizado de acordo com (GRANT, 1982; LEME e
MARIN-MORALES, 2008), com modificações. Sementes de cebola foram
germinadas em placas Petri individuais, sob temperatura controlada, contendo
amostras de água coletadas nos Pontos 1(Centro) e 2(SAAE). Para os controles
utilizou-se água ultrapura (C-) e sulfato de cobre (0,006mg L-1) (C+). Após
germinação, as raízes foram mensuradas, e em seguida, transferidas para uma
solução Carnoy (75% etanol e 25% de ácido acético) por 24 horas.
Para a preparação das lâminas, executou-se a hidrólise ácida com HCl 1M à 60°C
por 9 minutos em banho-maria, e em seguida, estas foram submetidas à coloração
com o reativo de Schiff por 2 horas. Após este processo, as raízes tiveram suas
coifas cortadas e contra coradas com Carmim acético 1% por 9 minutos. Em
seguida, foram maceradas e fixadas com Entellan. Para este estudo, foram
analisadas 5000 células por ponto, sob microscopia óptica de luz. Os seguintes
parâmetros foram avaliados: Taxa de inibição de crescimento, através do
crescimento médio das raízes (CMR), foi calculada a taxa de inibição (CTI): Índice
mitótico, através da quantificação das células em mitose; Alterações cromossômicas
e micronúcleos para genotoxicidade e mutagenicidade, respectivamente, através do
software GraphPad Prism7.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados obtidos para a citotoxicidade através da quantificação do Índice


Mitótico (IM) e o Cálculo da Taxa de Inibição (CTI) para os pontos 1 e 2 tiveram
valores p= 0,3812 e p= 0,9854, e de 4,38% e 35,7%, respectivamente.
A partir dos resultados encontrados para os índices mitóticos, os pontos 1 e 2 não
apresentaram citotoxicidade quando comparados ao controle negativo (C-),
considerando p<0,05. Além disso, o cálculo da taxa de inibição das raízes não
apresentou diferença significativa quando comparado ao controle negativo,
sugerindo assim a ausência de potencial citotóxico.
No estudo da genotoxicidade, foi possível quantificar as seguintes alterações
cromossômicas (AC): quebras em metáfase e anáfase, perdas em metáfase,
anáfase e telófase, pontes em anáfase, e c- metáfase. De acordo com o teste
estatístico de Mann Whitney, não foram observadas diferenças significativas
(p<0,05) quando comparamos os Pontos 1 e 2 com o controle negativo, pois as
amostras apresentaram valores de p= 0,2471 e p= 0,4301, respectivamente.
Portanto, podemos inferir que os pontos analisados não apresentaram potencial
genotóxico, nas amostras em estudo, comparado ao controle negativo.
Para avaliar a mutagenicidade das amostras, foram analisadas as ocorrências de
micronúcleos nas lâminas. Através do teste estatístico Mann Whitney constatamos
que houve uma diferença estatística significativa quando analisados o controle
positivo e os Pontos 1 e 2 com o controle negativo, resultando valores de p=0,0017,
p=0,0065 e p=0,0185 respectivamente. Entretanto, na comparação entre os pontos 1
e 2 com o controle positivo, não se observou diferença estatística. Isso nos permite
inferir que as amostras apresentam grande potencial mutagênico.

CONCLUSÃO

Diante dos resultados obtidos no estudo de citotoxicidade, genotoxicidade e


mutagenicidade, sugere-se que o rio Doce apresenta potencial toxicológico, dentro
dos parâmetros avaliados. As amostras analisadas nos pontos 1 e 2 do rio Doce,
apresentaram alterações consideráveis quanto à presença de micronúcleos em
todas as lâminas analisadas. Os resultados encontrados neste estudo podem estar
relacionados à grande carga de metais tóxicos provenientes do derramamento de
rejeito em 2015, podendo contribuir com tais alterações encontradas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

GRANT, W.F. 1982. Chromosome aberration assays in Allium. A report of


U.S.Environmental Protection Agency Gene- Tox Program. Mutat. Res. 99, 273–91.
LEME, D.M.; MARIN-MORALES, M.A. 2008. Chromosome aberration and
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FONTES FINANCIADORAS

Cnpq e FAPEMIG

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Genotoxicidade ambiental
75 - DIAGNÓSTICO GENOTÓXICO E HISTOPATOLÓGICO APÓS DESASTRE
AMBIENTAL QUE RESULTOU NA MORTANDADE DE PEIXES NA RESEX ACAÚ-
GOIANA, PERNAMBUCO, BRASIL

MÔNICA LÚCIA ADAM, KARLA P. S. B. TEIXEIRA, RODRIGO A. TORRES, INÊS DE L.


SERRANO, MARISOL M. PESSANHA
Contato: MÔNICA LÚCIA ADAM - MOGABROD@GMAIL.COM

Palavras-chave: danos genômicos; histopatologia; estuário; ambiente

INTRODUÇÃO

A Reserva Extrativista Acaú-Goiana (PE) foi criada objetivando a proteção dos


meios de vida e cultura das populações tradicionais, assegurando o uso sustentável
dos seus recursos naturais. Esta é uma área estuarina de grande importância para a
conservação da biodiversidade e para as atividades pesqueiras do litoral
pernambucano. Atividades agrícolas e industriais em seu entorno têm comprometido
a conservação e o uso sustentável dos seus recursos naturais. A recente
mortandade de peixes e crustáceos observada em 14 de fevereiro de 2018 levou a
tomada de ações diagnósticas ambientais para fins de determinação da causa/efeito
deste episódio.

METODOLOGIA

Análises histopatológicas e genotóxicas foram realizadas em peixes coletados no


Rio Goiana. No dia 18 de fevereiro, dois dias após o derramamento de resíduos não
tratados no rio, foram coletados 10 espécimes de Gobioides broussonnetii
(muriongo) mortos, sendo retiradas amostras do fígado dos mesmos. Não foi
possível a retirada de sangue desses animais para a análise genotóxica. Após dois
dias (dia 21), foi realizada a segunda coleta, em Porto de Congaçari. Foram
coletados amostras de sangue, fígado e brânquias de 6 espécimes das espécies
Aspistor luniscutis [4], Centropomus sp. [1] e Achirus lineatus [1]. As amostras
(esfregaços) de sangue foram submetidas à análise genotóxica pela metodologia do
Teste do Micronúcleo, escrita por Heddel (1973) e Schmid (1975), com algumas
modificações. A frequência de micronúcleos observada foi comparada á frequência
basal para vertebrados (MAVOURNIN, 1990). Os fragmentos hepáticos e branquiais
foram fixados em solução de formalina a 10%. Após 24 horas de imersão, o tecido
hepático foi colocado em solução de álcool 70% e as brânquias foram
descalcificadas em uma solução de ácido acético. Em seguida, as lâminas foram
coradas com Hematoxilina – Eosina (HE) e montadas para serem analisadas em
microscópio de luz (Axiocam 2.0 - Carl Zeiss).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A análise histopatológica do fígado dos espécimes de Gobioides broussonnetii


apresentou as seguintes alterações: acúmulo de gordura (esteatose), hemorragia,
degeneração, necrose e presença de pigmentos. Estas alterações apontam para um
efeito de contato destes peixes com agentes xenobióticos poluentes presentes no

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

curso do rio Goiana, em quantidades superiores àquelas estabelecidas para a


normalidade ambiental. A análise do fígado e das brânquias dos espécimes de
Aspistor luniscutis, Centropomus sp e Achirus lineatus, referentes à segunda coleta
consecutiva, também apresentaram alterações nestes tecidos, com efeito
semelhante. No fígado, as principais alterações foram o acúmulo de pigmento
(parâmetro indicativo de contato com agente contaminante no meio aquático), morte
de células, hemorragia, acúmulo de gordura nos hepatócitos, congestão e
degeneração hidrópica (acúmulo de água). As brânquias também demonstraram
alterações importantes como a perda e a ruptura de lamelas, a proliferação celular
(hiperplasia), a fusão de lamelas secundárias, a vasodilatação e a presença
significativa de resíduos. A análise de danos genômicos nas células sanguíneas
destas espécies revelou uma alta incidência de alterações no material genético de
todos animais avaliados. A espécie Aspistor luniscutis apresentou os maiores
índices de danos, apresentando células com micronúcleos (média 29,5) e alterações
morfológicas nucleares (broto nuclear, núcleo vacuolado, núcleo blebbed, núcleo
notched e célula binucleada). As demais espécies, Centropomus sp e Achirus
lineatus, apresentaram somente células micronucleadas com uma incidência de 20 a
33 micronúcleos, respectivamente, em 3000 células analisadas. Os danos
genômicos observados são indicativos da presença de agentes genotóxicos na
água/sedimento do rio Goiana, os quais podem, junto com as alterações
histopatológicas observadas, ser o resultado da dispersão de resíduos (vinhoto)
ocorrida no leito do rio em 18 de fevereiro.

CONCLUSÃO

Os resultados apresentados pelos bioindicadores histopatológicos e genotóxicos


revelaram um alto impacto no material genético e tecidos dos animais coletados,
apontando para presença de um grande aporte de poluentes disponibilizados no Rio
Goiana, por ocasião do derramamento de resíduos não tratados no seu curso. A
magnitude dos danos observados pode ter contribuído para a mortandade de peixes
observada neste episódio. Tais metodologias ratificam a sua importância para o
diagnóstico e monitoramento ambiental, principalmente em episódios de desastres
ambientais.

FONTES FINANCIADORAS

Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade - ICMBIO

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Painel
Genotoxicidade ambiental
106 - AVALIAÇÃO DA GENOTOXICIDADE DE VINHAÇA DE CANA-DE-AÇÚCAR
FITORREMEDIADA POR Eichhornia crassipes POR MEIO DO TESTE DE
MICRONÚCLEO EM ERITRÓCITOS DE Oreochromis niloticus

MÔNICA CYNTIA FERREIRA SANTOS, ANA CLAUDIA DE CASTRO MARCATO, JORGE


EVANGELISTA CORREIA, CARMEM SILVIA FONTANETTI CHRISTOFOLETTI, CINTYA
APARECIDA CHRISTOFOLETTI DE FIGUEIREDO
Contato: MÔNICA CYNTIA FERREIRA SANTOS - MONICATRAVENSOLO@GMAIL.COM

Palavras-chave: Aguapé; Biorremediação; Tilápia

INTRODUÇÃO

O Brasil é um dos maiores produtores de álcool a partir de cana de açúcar; por sua
vez, é também um dos maiores produtores de vinhaça, um subproduto com
potencial tóxico; por esta razão, há uma grande necessidade de buscar alternativas
para o tratamento deste efluente. Neste contexto, a fitorremediação pode ser uma
alternativa viável, pois tem como objetivo utilizar plantas como agente
descontaminante. Assim sendo, o presente trabalho teve por objetivo avaliar o
potencial genotóxico da vinhaça fitorremediada por aguapés, por meio do teste do
micronúcleo em sangue periférico de tilápias.

METODOLOGIA

A vinhaça utilizada no presente experimento foi submetida a um tratamento


conhecido como CWS, sendo este um processo biogeoquímico amplamente
utilizado no tratamento de águas contaminadas, de diversas fontes. Esse sistema
consiste no emprego de macrófitas aquáticas, responsáveis pela bioacumulação de
poluentes e atuação como catalisadores na purificação da mesma. Para tanto, neste
trabalho foi utilizada a espécie Eichhornia crassipes, conhecida popularmente como
aguapé.
Após a descontaminação do efluente pelo vegetal foram realizadas análises físico-
químicas da amostra de vinhaça fitorremediada, com posterior exposição das tilápias
(Oreochromis niloticus), às concentrações de 1% e 5% da vinhaça fitorremediada,
por 96 horas. Para o grupo controle, os animais foram expostos à água de poço
artesiano. Após este período, fazendo-se uso de seringas heparinizadas, foi
coletado o sangue periférico dos peixes previamente anestesiados. Posteriormente,
foram realizadas três extensões sanguíneas para cada peixe, sendo estas fixadas
em álcool absoluto. A coloração foi realizada pela reação de Feulgen. A análise
consistiu na contagem de 1000 células por lâmina, com a quantificação de eritrócitos
portadores de micronúcleos e outras anormalidades nucleares. A análise estatística
foi realizada por meio do teste ANOVA, com p<0,05, com o programa estatístico
Biostat® versão 5.3.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Pelos bioensaios realizados foi possível observar que mesmo após a


fitorremediação, o efluente analisado apresentou genotoxicidade, uma vez que

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

houve diferença estatisticamente significativa para a somatória de anormalidades


nucleares, em ambas as concentrações, quando comparadas ao grupo controle.
Dentre as anormalidades nucleares mais observadas para ambas as concentrações
avaliadas estão os eritrócitos portadores de núcleos do tipo “notched”, seguido de
“lobed”, “blebbed” e broto nuclear (CARRASCO, TILBURY, MYERS, 1990).
Considerando a presença de micronúcleos, observou-se que não houve diferença
estaticamente significativa para este biomarcador, para nenhuma das duas
concentrações avaliadas, diferente do observado por Santos et al. (2016) e Correia
et al. (2017), na avaliação do percolado da vinhaça e vinhaça in natura, em peixes.
Estes dois autores também empregaram os testes de micronúcleo em tilápias,
expostas ao percolado da vinhaça e à vinhaça in natura, e obtiveram altos índices de
eritrócitos micronucleados e/ou portadores de anormalidades nucleares. Logo,
comparando os dados obtidos nestes estudos com os aqui apresentados é possível
verificar que houve uma redução dos efeitos genotóxicos da vinhaça, após a
fitorremediação. Na fitorremediação, os vegetais podem atuar de forma direta e/ou
indireta na redução e/ou remoção de contaminantes (TAVARES, 2009). Ainda de
acordo com este mesmo autor, o aguapé, uma macrófita da família das
Pontederiáceas, tem sido intensamente utilizada no tratamento de efluentes
industriais e sanitários, devido à absorção ativa de poluentes, como metais pesados,
compostos organoclorados, organofosforados e fenóis. Pelos resultados das
análises químicas da vinhaça in natura e fitorremediada, observou-se que houve
uma redução significante nos valores de DBO e DQO, assim como dos metais bário,
cobre, cromo, níquel e zinco. Logo, infere-se que a redução de tais efeitos está
associada à fitoextração/acumulação destes elementos pelas macrófitas aquáticas.

CONCLUSÃO

Frente aos estudos já realizados e aos dados obtidos no presente estudo, é possível
inferir que a fitorremediação por macrófitas aquáticas foi eficiente na redução da
genotoxicidade da vinhaça de cana-de-açúcar, na comparação com dados presentes
na literatura. Embora inevitável a prática da fertirrigação, o emprego de tecnologias
voltadas a biorremediação de efluentes industriais ganham destaque no cenário
atual, mas não trarão sozinha a solução para reverter os danos no ambiente, pois
dependem de conscientização a níveis sociais e culturais da sociedade como um
todo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CARRASCO, K.R.; TILBURY, K.L.; MYERS, M.S. Assessment of the piscine


micronucleus test as an in situ biological indicator of chemical contaminant effects.
Canadian Journal of Fisheries and Aquatic Sciences, v. 47, p. 2123–2136, 1990.
CORREIA, J.E.; CHRISTOFOLETTI, C.A.; ANSOAR-RODRÍGUEZ, Y.; GUEDES,
T.A.; FONTANETTI, C.S. Comet assay and micronucleus tests on Oreochromis
niloticus (Perciforme: Cichlidae) exposed to raw sugarcane vinasse and to
phisicochemical treated vinasse by pH adjustment with lime (CaO). Chemosphere, v.
173, p. 494–501, 2017.
SANTOS, M.C.F.; ANSOAR-RODRIGUES, Y.; MOREIRA-DE-SOUSA, C.; SOUZA,
R.B.; MARCATO, A.C.C.; CORREIA, J.E.; COELHO, M.P.M.; RODRIGUES, V.C.;
C.A.; CHRISTOFOLETTI, C.A.; KIANG, C.H.; BASSO, J.B.; SOTO, A.A;
FONTANETTI, C.S. Evaluation of the toxicity and genotoxicity of percolated from

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

sugarcane vinasse in Oreochromis niloticus (PISCES) by micronucleus test.


Toxicology letters, v. 259, p. S99, 2016.
TAVARES, S.R.L. Fitorremediação em solo e água de áreas contaminadas por
metais pesados provenientes da disposição de resíduos perigoso. 2009. 371 f. Tese
(Doutorado em Engenharia Civil) - Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de
Janeiro, 2009.

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Painel
Genotoxicidade ambiental
113 - BIOMARCADORES DE GENOTOXICIDADE EM PARTÍCULAS INALÁVEIS
(PM2,5) E EM LINFÓCITOS DE CRIANÇAS EM ÁREA URBANA E INDUSTRIAL
DO EXTREMO SUL DO BRASIL

MARIANA VIEIRA CORONAS, ANDRÉIA TORRES DE LEMOS, VERA MARIA FERRÃO


VARGAS
Contato: MARIANA VIEIRA CORONAS - CORONASMV@GMAIL.COM

Palavras-chave: Salmonella/microssoma; ensaio cometa; poluição atmosférica; biomonitoramento


humano

INTRODUÇÃO

A avaliação da qualidade ambiental utilizando biomarcadores de genotoxicidade


contribui para a identificação de áreas com potenciais riscos à saúde das
populações humanas expostas. Entre os contaminantes ambientais, as partículas
atmosféricas inaláveis (PM2,5) são uma via de exposição constante e que alcançam
e se depositam nas vias respiratórias. Os estudos caracterizando as partículas
atmosféricas inaláveis no Brasil ainda são escassos. O objetivo do presente estudo
foi analisar comparativamente dados de genotoxicidade em linfócitos de crianças e
de PM2,5 em duas regiões do município de Rio Grande (RS), extremo sul do Brasil.

METODOLOGIA

Amostradores de grandes volumes de ar para coleta de PM2,5 foram colocadas em


duas diferentes áreas do município, uma urbana-industrial (Área 1) e outra em área
urbana-residencial (Área 2). As amostras eram coletadas semanalmente por
períodos de 24 horas durante o inverno (Agosto/09, Julho/10, Agosto/10) e outono
(Abril/10, Maio/10). Os filtros foram agrupados por mês de coleta e submetidos a
extração orgânica com diclorometano por ultrassom. A mutagenicidade dos extratos
orgânicos foi avaliada através do ensaio Salmonella/microssoma, método de
microssuspensão, utilizando as linhagens TA98 na ausência e presença de
metabolização hepática de mamífero. Crianças entre 5 e 12 anos que residiam e
frequentavam a escola nas áreas estudadas foram avaliadas quanto a danos
primários no DNA pelo ensaio cometa em linfócitos de sangue periférico nos
mesmos períodos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

As concentrações de partículas finas inaláveis foram semelhantes entre os locais


amostrados e variaram de 1,28 a 35,05 µg/m³. As maiores concentrações ocorreram
no inverno, quando dois filtros (Área 1 - Jul /10: 32,67; Área 2 - Ago/09: 35,05 µg/m³)
ultrapassaram o limite máximo de 25 µg/m³ de partículas recomendado pela
Organização Mundial de Saúde (OMS) em amostragens de 24 horas. Embora a
maioria dos filtros estudados esteja abaixo dos limites da OMS, todas as amostras
foram positivas para mutagenicidade. O potencial mutagênico variou de 0,99 a 17,08
rev/m³ (Áreal 1) e de 1,77 a 9,70 rev/m³ (Área 2). Em geral, a mutagenicidade foi
maior na ausência de metabolização, indicando a predominância de substâncias de

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1050
XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

ação direta nas amostras. Quanto ao período avaliado, as amostras


correspondentes ao mês de julho/10 apresentaram maior mutagênese. A
mutagenicidade do PM2,5 neste estudo foi superior àquela encontrada em uma
avaliação prévia deste particulado nos mesmos locais, durante a primavera e o
verão. Uma maior mutagênese também foi observada durante o inverno em um
estudo com partículas totais suspensas (TSP) na cidade de Rio Grande. O marcador
de dano primário no DNA (intensidade da cauda) em crianças que moravam nas
duas áreas apresentou um aumento significativo no grupo da Área 2 (8,05%; n = 41)
em comparação ao grupo da Área 1 (5,91%; n = 37). O valor médio para intensidade
da cauda de todos os indivíduos estudados foi de 7,03%, semelhante a um estudo
que avaliou crianças da mesma idade de uma área de referência para estudos que
investigam contaminantes atmosféricos genotóxicos no mesmo estado no sul do
Brasil (SILVA et al., 2015).

CONCLUSÃO

A mutagenicidade das amostras de PM2,5 indica que o valor estabelecido para a


qualidade do ar é insuficiente para evitar danos ambientais e a saúde. Os resultados
do ensaio cometa sugerem a necessidade de avanço nos parâmetros que poderiam
estimar os efeitos genotóxicos de crianças ambientalmente expostas. As pesquisas
devem avançar na busca de padronização de protocolos, estudos colaborativos e
criação de bancos de dados desses biomarcadores. Desse modo, esses ensaios
podem ter maior aplicabilidade em monitoramento, diagnóstico e exposição
ambiental, contribuindo para adoção de medidas preventivas e controle,
promovendo a qualidade ambiental e de vida.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

SILVA DA SILVA, C.; ROSSATO, J.M.; VAZ ROCHA, J.A., VARGAS, V.M.F. (2015)
Characterization of an area of reference for inhalable particulate matter (PM2.5)
associated with genetic biomonitoring in children. Mutat Res 778:44–55.

FONTES FINANCIADORAS

CNPq (307884/2011-2 e 479566/2012-7) e CAPES (bolsas de estudos a MV


Coronas e AT Lemos).

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Painel
Genotoxicidade ambiental
136 - TOXICIDADE CELULAR E GONADOSSOMÁTICA DOS HERBICIDAS
GLIFOSATO E ROUNDUP® EM PEIXES Danio rerio

NEIDE ARMILIATO, KAMILLA BLEIL DO CARMO, TAINAN FILIPE DA SILVA


Contato: NEIDE ARMILIATO - ARMILIATO@UNC.BR

Palavras-chave: agrotóxico; peixes; ovários; toxicologia

INTRODUÇÃO

Nas últimas décadas no estado de Santa Catarina houve um aumento significativo


no uso de agrotóxicos devido a agricultura ser uma atividade econômica
predominante no estado, resultando no comprometimento ambiental e alterando a
biologia das espécies (3). No oeste catarinense a contaminação por agrotóxicos em
ambientes hídricos é uma realidade preocupante que prejudica diretamente espécies
de peixes alvos da contaminação, tonando-se indispensável à realização de
pesquisas para verificar o potencial toxicológico dos herbicidas a base de Glifosato
(3). Neste contexto, o presente trabalho teve como objetivo a comparação do
potencial toxicológico dos herbicidas Glifosato e Roundup em peixes Danio rerio.

METODOLOGIA

Para o estudo foram adquiridas fêmeas adultas da espécie Danio rerio em


estabelecimento comercial de animais aquáticos. Os peixes foram divididos em 4
aquários com capacidade de 25L com dez indivíduos em cada um (n=40),
distribuídos em: um aquário controle negativo; um aquário controle positivo
(presença de 2,5 mg/L de dicromato de potássio); um aquário com 65
microgramas/L do herbicida glifosato e um aquário com 65 microgramas/L do
herbicida Roundup. Para o teste de toxicidade celular os peixes foram mantidos por
72h em exposição aos diferentes tratamentos. Após esse período foram retirados
três indivíduos de cada aquário, realizado o procedimento de eutanásia e
posteriormente o sangue das brânquias foi coletado para realização da técnica de
esfregaço para avaliação da formação de micronúcleos. Para avaliação da
toxicidade dos ovários os peixes permaneceram expostos aos tratamentos por um
período de 15 dias. Após esse período, as fêmeas e os ovários dissecados foram
pesados para o cálculo do Índice Gonadossomático (IGS) (5) e verificação da
maturação gonadal. As análises estatísticas foram realizadas utilizando-se o Teste
One Way ANOVA (p<0,05) no Software Past. Todos os procedimentos foram
aprovados pela CEUA/UnC/07/15.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Nas análises de toxicidade celular foram contados 24.000 eritrócitos dos peixes com
o auxílio da microscopia óptica. Foram avaliados o total de 239 micronúcleos, 18
micronúcleos observados no controle negativo, 72 micronúcleos no controle positivo,
74 micronúcleos nos peixes expostos ao tratamento com herbicida Roundup e 75
micronúcleos nos peixes expostos ao herbicida Glifosato. As análises estatísticas
demonstraram diferenças significativas na frequência de micronúcleos em peixes

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

expostos aos herbicidas quando comparados aos do controle negativo (p=0,0025).


Através dos estudos de toxicidade (4) verificou-se que peixes da espécie D. rerio
expostos ao herbicida Glifosato apresentaram aumento na frequência de
micronúcleos em comparação aos não expostos. Resultados também visualizados
em estudos desenvolvidos com Astyanax spp. que mantiveram exposição ao
herbicida a base de Glifosato (3). Desta forma, sugere-se que herbicidas com
componentes ativos à base de Glifosato podem acarretar em efeitos clastogênicos
em eritrócitos de peixes. Através das avaliações do IGS foi possível observar que a
média de IGS das fêmeas do grupo controle correspondeu a 8,52 (± 3), as fêmeas
expostas ao herbicida Roundup tiveram média de 17,67 (± 2) e as do herbicida
Glifosato a média foi 14,74 (± 5). Baseado nos resultados obtidos nas análises
verificou-se diferenças estatisticamente significativas nas médias de IGS em peixes
expostos aos herbicidas em oposição aos do grupo controle (p=0,0021). Pesquisas
apontam que tanto o herbicida Glifosato como o Roundup podem causar toxicidades
reprodutivas em diversos organismos, como é o caso dos peixes (7). Deste modo,
os resultados obtidos pelo IGS sugerem que herbicidas podem ocasionar a
toxicidade reprodutiva nos peixes, através da indução da maturação gonadal e
consequentemente em mudanças nos estágios reprodutivos. Com base nas análises
dos estágios de maturação gonadal foi possível verificar que os peixes que
permaneceram em exposição ao herbicida Roundup tiveram 20% de suas gônadas
em estágio esvaziado, 40% em maturação e 40% maduras. Os peixes do herbicida
Glifosato contiveram 40% das gônadas em maturação e 60% maduras e os peixes
do aquário controle apresentaram 20% das gônadas em maturação, 40% maduras e
40% esvaziadas. Estudos apontam que herbicidas à base de Glifosato induzem
alterações nos ovários de peixes D. rerio através do aumento na expressão do fator
esteroidogênico-1 (SF-1), resultando aumento dos oócitos e do IGS (1). Desta
forma, sugere-se que a prevalência dos estágios de maturação e em maturação nos
peixes pode ter sido induzida pela exposição aos herbicidas, acarretando em
estágios reprodutivos precoces.

CONCLUSÃO

O presente estudo conclui que os herbicidas à base de Glifosato podem ocasionar


toxicidade celular com danos clastogênicos em eritrócitos de peixes, assim como,
alterações gonadossomáticas através da indução da maturação gonadal, com base
nos dados de IGS. Quando avaliados os estágios de maturação, foi possível verificar
a prevalência dos estágios de maturação e em maturação em peixes expostos aos
herbicidas, desta forma, propõe-se que a exposição ocasionou aos peixes a indução
dos estágios reprodutivos precocemente podendo ocasionar alterações no ciclo
reprodutivo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] ARMILIATO, N. et al. Changes in Ultrastructure and Expression of Steroidogenic


Factor-1 in Ovaries of Zebrafish Danio rerio Exposed to Glyphosate. Journal Of
Toxicology And Environmental Health, Part A, v. 77, n. 7, p.405-414, 11 mar. 2014.
[2] FUZINATTO, C.F. et al. Induction of micronucleus of Oreochromis niloticus
exposed to waters from the Cubatão do Sul River, southern Brazil. Ecotoxicology and
Environmental Safety, v. 98, p.103-109, dez. 2013.

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

[3] SILVA, M.R.L.R. Avaliação da toxicidade celular do herbicida Glifosato em


Astyanax spp. Saúde e meio ambiente, Concórdia, v. 3, n. 2, p. 62-69, jul/dez 2014.
[4] SILVA, T.F.; BARP, E.A; ARMILIATO, N. Avaliação da toxicidade celular do
Glifosato sobre as gônadas de Danio rerio (Cyprinidae). Saúde e Meio Ambiente, v.
6, n. 1, p. 85-95, jan./jun. 2017.
[5] SOSO, A.B. et al. Chronic exposure to sub-lethal concentration of a glyphosate-
based herbicide alters hormone profiles and affects reproduction of female Jundiá
(Rhamdia quelen). Environmental toxicology and pharmacology, v. 23, n. 3, p. 308-
313, 2007.
[6] VAZZOLER, A.E.A.M. 1996. Biologia da reprodução de peixes teleósteos: teoria
e prática. Maringá, Editora Universidade Estadual de Maringá, 169p.
[7] WEBSTER, T.M.U. et al. Effects of Glyfosate and its formulation, Roundup, on
reproduction in Zebrafish (Danio rerio). Environmental Science & Technology, n. 48,
p.1271-1279, 2014.

FONTES FINANCIADORAS

Agradecimentos: Grupo de Estudos e Pesquisas em Meio Ambiente (GEMA).

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Painel
Genotoxicidade ambiental
139 - ESTUDO DO HERBICIDA GLIFOSATO EM OVÁRIOS DO PEIXE Danio rerio

NEIDE ARMILIATO, TAINAN FILIPE DA SILVA, KAMILLA BLEIL DO CARMO


Contato: NEIDE ARMILIATO - ARMILIATO@UNC.BR

Palavras-chave: agrotóxico; peixes; ovários; toxicologia

INTRODUÇÃO

No oeste de Santa Catarina, a agricultura é a atividade econômica predominante,


com base na produção de monoculturas e pecuária (4). A poluição gerada
principalmente por resíduos químicos oriundos dessas atividades agrícolas e
industriais causam grande desequilíbrio nos diversos ecossistemas. Dentre os
resíduos químicos, os agrotóxicos que contém como princípio ativo o glifosato são
agentes tóxicos, constituídos por uma grande variedade de compostos, que afetam
tanto os organismos animais quanto vegetais. Neste contexto o trabalho teve como
objetivo avaliar a toxicidade celular e reprodutiva do herbicida glifosato nas
concentrações de 65 µg/L e 120 µg/L, em peixes Danio rerio (zebrafish).

METODOLOGIA

Para o presente estudo foram delineados três grupos experimentais: grupo controle
(peixes não expostos ao herbicida glifosato), grupo de peixes expostos a 65
microgramas/L de glifosato e o grupo de peixes expostos a 120 microgramas/L de
glifosato diluído em água. Foram utilizadas três fêmeas de Danio rerio para cada
grupo experimental, para coleta de sangue e avaliação gonadal. Experimento
realizado em duplicata. Os peixes permaneceram alocados em aquários de 40 litros
de água por 15 dias. Após 15 dias de exposição as fêmeas foram dissecadas para a
retirada dos ovários. As fêmeas e os ovários foram pesados para o cálculo do Índice
Gonadossomático (IGS) e avaliação da massa gonadal. Na sequência o sangue foi
coletado das brânquias para avaliação da frequência de micronúcleos em eritrócitos
(2). Para as análises estatísticas utilizou-se o Teste One-Way ANOVA, seguido de
Teste de Post-Hoc Tukey, utilizando-se o Software Past. O estudo foi aprovado pelo
CEUA/UnC: Protocolo 07/15.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os parâmetros de temperatura e pH, durante o período experimental, mantiveram


uma média de 25°C (±2), pH 7,00 (±1), respectivamente. Estes resultados são
considerados ideias para a manutenção dos peixes da espécie D. rerio em
laboratório. Foram analisados 13.000 eritrócitos para avaliação da frequência de
micronúcleo. A maior frequência de micronúcleo foi verificada nos peixes expostos a
concentração de 120 µg/L (média de 30,91), o grupo de peixes expostos a
concentração de 65 µg/L apresentaram média de 17,16 e com a menor média de
micronúcleo (9,25) o grupo controle. A frequência de micronúcleo foi
significativamente maior em ambas as concentrações quando comparadas ao grupo
controle (p<0,05), já quando comparadas entre si a frequência de micronúcleo na
concentração de 120 µg/L foi significativamente maior em relação a concentração de

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


1055
XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

65 µg/L (p<0,05). Segundo Nezzi (2015) (3), o glifosato na concentração de 65 µg/L


por um tempo de exposição de 360h induziu a um aumento significativo na
frequência de micronúcleo em eritrócitos das brânquias de machos de D. rerio.
Neste estudo, para a massa gonadal foram obtidas uma média de 0,025mg para a
concentração de 120 µg/L de glifosato, já para a concentração de 65 µg/L a média
foi de 0,024mg e para o grupo controle foi obtida a média de 0,013mg. A massa dos
ovários nas concentrações de 120 µg/L e 65 µg/L foram significativamente maiores
que a média do grupo controle (p<0,05). Nezzi (2015) (3) comparou o peso dos
testículos dos peixes D. rerio e observou um aumento significativo do peso do
testículo dos machos expostos a 65 µg/L de glifosato em comparação ao grupo
controle. Neste estudo, para o IGS as médias foram de 3,11 para o controle, 3,15
para a concentração de 65 µg/L e para a concentração de 120 µg/L a média foi de
4,84. Os resultados apresentados neste trabalho revelaram que a média do IGS das
fêmeas de D. rerio expostas a 65 µg/L e 120 µg/L de glifosato foi maior quando
comparada com as fêmeas não expostas ao herbicida. Esse aumento da média do
IGS sugere uma resposta das células germinativas. Segundo Armiliato et al (2014)
(1), a média do IGS das fêmeas de D. rerio expostas a 65 µg/L de glifosato foi maior
quando comparada com as fêmeas não expostas ao herbicida.

CONCLUSÃO

O glifosato pode causar danos à biologia reprodutiva dos peixes, além de causar
danos ao DNA. Os efeitos adversos do glifosato sobre os ovários demonstrados aqui
são uma importante preocupação com a reprodução de peixes, mesmo na
concentração de 65 microgramas/L, regulamentada para os rios do Brasil.
Portanto estes resultados indicam a necessidade de outras investigações no sentido
de contribuir para a avaliação completa dos efeitos do glifosato sobre a reprodução
dos peixes e demais organismos aquáticos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] ARMILIATO, N.; MÜLLER, Y.M.R.; AMMAR, D. Toxicidade Celular e Bioquímica


do Glifosato sobre os Ovários do Peixe Danio rerio. 2014. 109 f. Tese (Doutorado) -
Curso de Biologia Celular, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis-sc,
2014.
[2] CESTARI, M.M.; FERRARO, M.V.; FENOCCHIO, A.S.; MANTOVANI, M.S.;
RIBEIRO, C.A.O. 2004. Mutagenic effects of tributyltin (TBT) and inorganic lead
(PbII) on the fish H. malabaricusas evaluated using the comet assay, piscine
micronucleous and chromosome aberrations tests. Genetics and Molecular Biology,
27 (1): 103-107
[3] NEZZI, L. Efeito do Herbicida Glifosato sobre as Células Somáticas e
Germinativas de Testículo de Peixe Danio rerio. 2015. 79 f. Dissertação (Mestrado) -
Curso de Biologia Celular, Centro de Ciências Biológicas, Universidade Federal de
Santa Catarina, Florianópolis-sc, 2015.
[4] SECRETARIA DE ESTADO DO DESENVOLVIMENTO URBANO E MEIO
AMBIENTE. 1997. Bacia hidrográfica do Estado de Santa Catarina: diagnóstico
geral. Governo de Santa Catarina: Florianópolis, 163 p.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

FONTES FINANCIADORAS

Fundo de Apoio a Pesquisa (FAP).


Agradecimentos: Grupo de Estudos e Pesquisas em Meio Ambiente (GEMA).

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Genotoxicidade ambiental
142 - ANÁLISE DAS LACUNAS E TENDÊNCIAS MUNDIAIS PARA OS ESTUDOS
SOBRE MUTAGENICIDADE DO HERBICIDA 2,4-D: UMA REVISÃO
CIENCIOMÉTRICA

NATANA RAQUEL ZUANAZZI, GRAZIELLE MAQUETE DE MIRANDA SANTOLIN, NÉDIA


DE CASTILHOS GHISI, ELTON CELTON DE OLIVEIRA
Contato: NATANA RAQUEL ZUANAZZI - NATANA_ZUANAZZI@HOTMAIL.COM

Palavras-chave: mutação; pesticida agrícola; ácido diclorofenoxiacético

INTRODUÇÃO

O herbicida 2,4-D (ácido diclorofenoxiacético) é amplamente utilizado nas atividades


agrícolas ao redor do mundo, alcançando direta ou indiretamente os ambientes
naturais. Este produto não apenas interfere na divisão celular das plantas-alvo, mas
também possui elevada toxicidade para espécies não-alvo. Estudos mostram que a
exposição ao 2,4-D representa um perigo à saúde ambiental e humana, podendo
causar alterações genéticas e o desenvolvimento de tumores malignos (NPIC, 2000;
ATEEQ, FARAH, & AHMAD, 2005). Assim, torna-se fundamental conhecer as
lacunas e tendências mundiais sobre a mutagenicidade do 2,4-D. O objetivo deste
trabalho foi avaliar estes dados a partir de um estudo cienciométrico.

METODOLOGIA

Os dados foram obtidos a partir da base de dados ISI – Web of Science (WoS) da
Clarivate Analytics. As palavras-chave foram “2,4-D” OR “dichlorophenoxyacetic
acid” AND “mutation”. As duas primeiras foram procuradas por títulos e a palavra
“mutation” foi buscada por título, palavra-chave e resumos, no mês de abril de 2018.
A busca gerou 2.422 referências e estas passaram por um refinamento, que
selecionou 393 artigos identificados com o tema. O período do tempo incluiu janeiro
de 1949 até maio de 2018. Os resultados foram analisados com a própria ferramenta
da plataforma WoS “Analyze Results”. Os instrumentos utilizados foram “tipos de
documento”, “países/regiões”, “idiomas”, “anos de publicação”, “organizações –
aprimorada” e “áreas de pesquisa”, os quais tiveram suas frequências sumarizadas
pelo programa Microsoft Office Excel.
Para análise de soma de número de citações, média de citação por item e H-index
utilizou-se a ferramenta da plataforma WoS “Create Citation Report”.
Utilizou-se o programa Citespace para análise dos resultados de citação, redes de
co-citações, redes de co-ocorrência de palavras-chave e áreas.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os tipos de documentos predominantes foram os artigos os (79,89%) seguidos por


resumos, revisões, notas, artigos de procedimento, cartas, material editorial e itens
de notícia. É notável que o modo principal de comunicação é no formato de artigo.
O país que mais publicou sobre o tema foi os EUA (33,58%), seguido de longe pelo
Canadá (9,66%), Índia (5,59%), Turquia (5,08%), Argentina (3,81%) e Brasil

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


1058
XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

(3,81%). O idioma predominante dos documentos foi o inglês (96,18%),


independentemente da origem dos autores. Este dado ressalta a utilização da língua
inglesa como idioma preferido para a comunicação no meio científico
(SCHUERMANS, MEEUS, & DE MAESSCHALCK, 2010).
O maior número de publicações ocorreu no ano de 2006, com 4,58%. Ainda, vale
destacar que o número de publicações tem aumentado consideravelmente desde
2015, o que sugere um crescente interesse e/ou preocupação dos pesquisadores
com a utilização do 2,4-D na agricultura. Esta preocupação pode ser atribuída ao
fato de este pesticida ser cotado como o substituto/aliado ao Glifosato, uma vez que
uma nova tecnologia já foi desenvolvida para cultivares tolerantes ao 2,4-D, como as
variedades transgênicas aad-12, que contém o gene da bactéria Delftia acidovorans.
As instituições que mais publicaram sobre esse assunto foram “Dow Chemical
Company”, “University of California System” e “Veterans Health Administration Vha”.
Toxicologia foi a maior área de publicação (41,98%), seguida por ecologia de
ciências ambientais (25,70%), ciências de plantas (11,95%), farmacologia (9,41%) e
agricultura (8,90%). A decomposição da literatura científica em estruturas de áreas
de pesquisa é um dos objetivos fundamentais da cienciometria (LEYDESDORFF &
RAFOLS, 2009), possibilitando analisar e conhecer as principais áreas de pesquisa
sobre o assunto estudado.
A revista que mais publicou sobre o tema foi a “Bulletin of Environmental
Contamination And Toxicology”, a qual totalizou 22 registros, seguida por “Veterinary
And Human Toxicology”, “Journal of Environmental Science and Health Part B
Pesticides Food Contaminants and Agricultural Wastes, “Mutation Research” e
“Toxicology and Applied Pharmacology”.
Com relação ao número de citações os artigos relacionados foram citados de 5.329,
o que gera uma média de 13,56 citações por item, e um Fator H de 37. Esses dados
sugerem que esta linha de investigação tem um fator de impacto relevante, podendo
ser destacado que a partir do ano de 2016 o número de citações por ano vem
aumentando. Assim, a análise de citação proporciona informações importantes
sobre o impacto científico da pesquisa sobre mutagenicidade do herbicida 2,4-D.

CONCLUSÃO

Os resultados apresentados forneceram informações úteis sobre a situação da


pesquisa sobre a mutagenicidade do herbicida 2,4-D, incluindo os tipos de
publicação, o número de publicações por país, as instituições de origem dos autores,
o idioma dos documentos, a série histórica de publicação, o impacto das publicações
no meio científico e as áreas temáticas na primeira vertente da análise. Estes dados
possibilitam verificar as tendências mundiais sobre a temática e fornecem um
direcionamento para futuros esforços. Por fim, vale destacar a importância da
cienciometria como ferramenta de trabalho, sendo esta revisão a primeira sobre a
mutagenicidade do herbicida 2,4-D.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ATEEQ, B.; FARAH, M.A.; AHMAD, W. (2005). Detection of DNA damage by alkaline
single cell gel electrophoresis in 2,4-dichlorophenoxyacetic-acid- and butachlor-
exposed erythrocytes of Clarias batrachus. Ecotoxicology and Environmental Safety,
62(3), 348–354. https://doi.org/10.1016/j.ecoenv.2004.12.011

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

NATIONAL PESTICIDE INFORMATION CENTER - NPIC (USA). 2,4-D Technical


Fact Sheet. USA: [s.n.]. Disponível em: <
http://npic.orst.edu/factsheets/archive/2,4DTech.html >. , 2000.
LEYDESDORFF, L.; RAFOLS, I. (2009). A global map of science based on the ISI
subject categories. Journal of the American Society for Information Science and
Technology, 60(2), 348–362. https://doi.org/10.1002/asi.20967
SCHUERMANS, N.; MEEUS, B.; DE MAESSCHALCK, F. (2010). Is there a world
beyond the Web of Science? Publication practices outside the heartland of academic
geography. Area, 42(4), 417–424. https://doi.org/10.1111/j.1475-4762.2010.00938.x

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


1060
XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Genotoxicidade ambiental
143 - AVALIAÇÃO ECOTOXICOLÓGICA DE FILMES MULCH DE POLI
(BUTILENO ADIPATO CO-TEREFTALATO) PELOS BIOENSAIOS COM Lactuca
sativa E Allium cepa

PATRÍCIA MORAES SINOHARA SOUZA, LAIS ROBERTA DEROLDO SOMMAGGIO,


ANA RITA MORALES, MARIA APARECIDA MARIN-MORALES
Contato: PATRÍCIA MORAES SINOHARA SOUZA - PATIMSS@HOTMAIL.COM

Palavras-chave: biodegradação; mulching; PBAT; bioensaios

INTRODUÇÃO

A produção de resíduos oriundos da cobertura plástica (mulch), empregada na


agricultura para evitar o crescimento de ervas daninhas, pode ser minimizada com a
aplicação de plásticos biodegradáveis. Estes podem ser incorporados ao solo após o
uso, ao invés do envio para aterros. O polímero biodegradável poli (butileno adipato
co-tereftalato)-PBAT, quando empregado com aditivos contra fotodegradação, é
uma alternativa interessante aos plásticos convencionais. Todavia, há pouca
informação disponível sobre seus efeitos ecotoxicológicos. O objetivo deste trabalho
é estudar a fitotoxicidade, citotoxicidade, genotoxicidade e mutagenicidade de filmes
de PBAT em solo, por meio de bioensaios com Lactuca sativa e Allium cepa.

METODOLOGIA

Filmes de PBAT denominados PBATNAT (sem aditivos), NF1.5T1.5NAT (PBAT com


negro de fumo e estabilizador de amina estericamente impedida) e NF1.5V1.5NAT
(PBAT com negro de fumo e vitamina E) foram preparados pelo método de extrusão
e sopro. A concentração de cada aditivo mencionado foi de 1,5 % em massa. Os
filmes foram cortados na dimensão de 1 cm² e 400 mg de cada amostra foram
acondicionados em 200 g solo. Os solubilizados foram preparados com água
ultrapura, inclusive um controle (apenas solo). Estes foram adicionados em placa de
Petri com 20 sementes de L. sativa, em quintuplicata. Para o bioensaio com o
organismo teste A. cepa, 100 sementes foram expostas, em triplicata. Após as
raízes atingirem cerca de 1,5 cm de comprimento, foram submetidas à hidrólise
ácida e coloração com reativo de Schiff. As lâminas foram preparadas com as
regiões meristemática e F1 das radículas. Foram analisadas em microscópio de luz
5.000 células/tratamento. Determinou-se o índice mitótico (IM) e frequência de
alterações cromossômicas (AC) na região meristemática, bem como frequência de
micronúcleos (MN) nas regiões meristemática e F1. A análise estatística foi feita pelo
teste de Kruskal-Wallis (p<0,05), comparando os resultados dos tratamentos com os
do controle negativo (CN-água ultrapura).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

No bioensaio com L. sativa, os resultados de germinação das amostras de


solubilizado variaram entre 89 a 94 %, o comprimento de radícula entre 34,34 a
41,52 mm e o comprimento do hipocótilo entre 20,32 a 24,20 mm, sendo que não
houve diferenças estatisticamente significativas em relação ao CN, para nenhum

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


1061
XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

destes parâmetros. Dessa forma, os resultados obtidos para o bioensaio com o


organismo L. sativa indicaram ausência de fitotoxicidade das amostras de
solubilizado. Pelo bioensaio com A. cepa, os resultados de IM das amostras de
solubilizado apresentaram-se na faixa de 17-25 % e os valores de frequência total
de AC variaram entre 0,1 a 0,3 %. Para ambos os parâmetros não houve diferenças
significativas quando comparados com o CN. Os solubilizados testados não
alteraram o processo de divisão celular do organismo teste A. cepa e também não
induziram danos ao seu material genético. A frequência de MN observada para
células meristemáticas de sementes expostas às amostras de solubilizado variou
entre 0,02 a 0,04 % e não apresentou diferença significativa em relação ao CN,
indicando ausência de potencial genotóxico. Na região F1, não foram identificados
MN para nenhum dos tratamentos, o que permite inferir ausência de potencial
mutagênico, após exposição aos solubilizados. Cabe ressaltar que a concentração
de plástico no solo empregada neste estudo de 0,2 %, a qual é recomendada pela
norma britânica BS 8472/2011, está em uma ordem de grandeza superior à
esperada para a concentração real do PBAT em sua utilização como mulch. Uma
vez que uma dose 10 vezes mais alta que a concentração estimada para uso não
apresentou resultados significativos para nenhum dos parâmetros avaliados, tais
efeitos também não são esperados para concentração real de uso do material.

CONCLUSÃO

Este estudo permitiu a investigação preliminar da ecotoxicidade de amostras de


solubilizado de solo com filmes de PBAT, propostos para aplicação como mulch. Os
resultados apontaram ausência de fitotoxicidade, verificada pelo bioensaio com L.
sativa, bem como ausência de potencial citotóxico, genotóxico e mutagênico, pelo
bioensaio com A. cepa. Ressalta-se que devido à degradação pela exposição à
radiação ultravioleta, bem como degradação hidrolítica, após incorporação em solo,
espera-se a formação de subprodutos do polímero. Portanto, é importante que
avaliações ecotoxicológicas do solo sejam realizadas, após a fotodegradação e
desintegração dos materiais, o que será feito em continuidade deste trabalho.

FONTES FINANCIADORAS

Processos FAPESP 2016/10777-0 e 2016/11199-0.

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1062
XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Genotoxicidade ambiental
145 - AVALIAÇÃO DA CITOTOXICIDADE E GENOTOXICIDADE DE SOLOS
ASSOCIADOS COM FILMES MULCH DE POLI (BUTILENO ADIPATO CO-
TEREFTALATO), POR MEIO DE BIOENSAIOS COM CÉLULAS HEPG2/C3A

PATRÍCIA MORAES SINOHARA SOUZA, LAIS ROBERTA DEROLDO SOMMAGGIO,


ANA RITA MORALES, MARIA APARECIDA MARIN-MORALES
Contato: PATRÍCIA MORAES SINOHARA SOUZA - PATIMSS@HOTMAIL.COM

Palavras-chave: biodegradação; mulching; PBAT; bioensaios

INTRODUÇÃO

A disposição de filmes plásticos usados como cobertura de solo na agricultura


(mulch) em aterros sanitários acarreta em um custo adicional ao produtor agrícola.
Por esta razão, esses filmes acabam sendo, muitas vezes, abandonados no campo
ou queimados. Os plásticos biodegradáveis são, então, alternativas interessantes
para minimizar os impactos que esses materiais possam promover no ambiente.
Contudo, ainda são necessários estudos para melhor estimar os seus possíveis
efeitos sobre o meio. Este trabalho visa avaliar, por meio de bioensaios com células
HepG2/C3A, os efeitos citotóxicos e genotóxicos de solos associados com o uso do
polímero biodegradável poli (butileno adipato co-tereftalato)-PBAT.

METODOLOGIA

Filmes denominados PBATNAT (PBAT puro), NF1.5T1.5NAT (PBAT com negro de


fumo e estabilizador de amina estericamente impedida) e NF1.5V1.5NAT (PBAT
com negro de fumo e vitamina E) foram preparados por extrusão e sopro. A
concentração de cada aditivo mencionado foi de 1,5 % em massa. Foram
acondicionados 400 mg de cada filme (dimensão de 1 cm²) em 200 g solo. A análise
dos potenciais tóxicos dos tratamentos foram realizados com solubilizados das
misturas citadas, preparados com água ultrapura. O controle ambiental foi realizado
com solo puro. O controle negativo-CN dos ensaios cometa e micronúcleo foi
preparado com PBS em meio de cultura (250 µL/mL) e o CN do MTT foi apenas
meio. O MTT foi realizado com as concentrações dos solubilizados: 100, 250, 500,
750 e 1000 μL/mL de meio. No ensaio cometa, após a exposição das células, foi
realizada lise, desnaturação do DNA, eletroforese, neutralização e análise do
momento da cauda de Olive pelo software Comet Assay IV (300
nucleóides/tratamento). No ensaio do micronúcleo, foram avaliadas alterações em
6000 células/tratamento e quantificado o índice de proliferação celular (CBPI), em
3000 células/tratamento. As análises estatísticas foram realizadas pelo teste
Kruskal-Wallis (p<0,05) e o parâmetro CBPI, pelo teste ANOVA-um critério (p<0,05).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Para a realização dos ensaios do cometa e do micronúcleo, foi escolhida a maior


concentração que apresentou viabilidade celular acima de 80 % no teste do MTT
(250 µL/mL). Para os solubilizados de solo puro e do solo contendo as amostras
PBATNAT, NF1.5T1.5NAT, NF1.5V1.5NAT, os valores médios de viabilidade celular

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


1063
XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

foram 87 %, 87 %, 93 % e 99 %, respectivamente. Na análise do ensaio cometa, os


valores médios do momento da cauda, obtidos para as amostras dos solubilizados
de solo puro e solo com as amostras PBATNAT, NF1.5T1.5NAT e NF1.5V1.5NAT,
foram 0,62; 0,64; 0,58 e 0,50, respectivamente. Esses resultados não apresentaram
diferença estatisticamente significativa em relação ao CN, indicando a não indução
de efeitos genotóxicos decorrentes da exposição das células HepG2/C3A às
amostras de solubilizados. As frequências de micronúcleos, brotos e pontes
avaliadas para os solubilizados variaram entre 0,4-0,5 %, 0,7-0,9 % e 0,4-0,7 %,
respectivamente. Não houve diferença estatisticamente significativa para nenhum
destes fatores em relação ao CN, o que também evidencia ausência de efeitos
genotóxicos para as células HepG2/C3A, após exposição aos tratamentos com
solubilizados. Os valores de CBPI apresentaram variação entre 1,93 a 1,95, que não
foram estatisticamente diferentes do CN, indicando que os tratamentos não
apresentaram citotoxicidade para a cultura celular HepG2/C3A. A concentração de
plástico empregada no solo nestes experimentos foi de 0,2 %, conforme indicação
da norma britânica BS 8472/2011, a qual representa cerca de uma ordem de
grandeza acima da concentração real esperada para o polímero PBAT neste tipo de
aplicação. Dessa forma, pode-se concluir que não são esperados efeitos adversos,
para células HepG2/C3A, nas concentrações aqui propostas para uso em campo.

CONCLUSÃO

A avaliação realizada no presente estudo permitiu a obtenção de uma informação


preliminar acerca de efeitos citotóxicos e genotóxicos para células HepG2/C3A, com
relação à presença do PBAT e suas formulações com aditivos em solo. Embora os
resultados aqui apresentados indiquem ausência destes efeitos, ressalta-se que, em
razão da exposição dos filmes à radiação ultravioleta durante a vida útil dos filmes
plásticos e à sua posterior incorporação ao solo, pode haver a formação de
subprodutos provenientes da cisão de cadeia. Dessa forma, este trabalho terá
continuidade para avaliação de amostras de solo após fotodegradação e
desintegração dos materiais.

FONTES FINANCIADORAS

Processos FAPESP 2016/10777-0 e 2016/11199-0.

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


1064
XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Genotoxicidade ambiental
169 - EFEITOS CITOGENOTÓXICOS DA ASSOCIAÇÃO DAS AMINAS
BIOGÊNICAS CADAVERINA E PUTRESCINA EM Allium cepa

LETÍCIA DE SOUZA GIGECK, RAQUEL VAZ HARA, MARIA APARECIDA MARIN-


MORALES
Contato: LETÍCIA DE SOUZA GIGECK - LETICIAGIGECK@GMAIL.COM

Palavras-chave: contaminação em cemitério; aberrações cromossômicas; micronúcleo;


decomposição cadavérica; necrochorume

INTRODUÇÃO

Os cemitérios são considerados uma fonte de poluição, devido à produção de um


líquido orgânico denominado de necrochorume, que, além de comprometer o meio
ambiente, pode causar problemas para a saúde humana. Na composição desse
líquido encontram-se as aminas biogênicas cadaverina e putrescina que, quando em
altas concentrações, são consideradas tóxicas. Estudos preliminares realizados no
laboratório de Mutagênese Ambiental (Unesp/Rio Claro), indicou um potencial
citotóxico, genotóxico e mutagênico para essas aminas, quando elas foram testadas
individualmente em diferentes bioensaios in vitro e in vivo. No entanto, não há
estudos que avaliem a toxicidade combinada da cadaverina e putrescina.

METODOLOGIA

Sementes de Allium cepa foram germinadas nas soluções combinadas de


cadaverina/putrescina: solução I: 45 %/2,5 %; solução II: 30 %/5 %; solução III: 15
%/7,5 %; solução IV: 45 %/7,5 %; solução V: 15 %/2,5 %; solução VI: 45 %/5 %;
solução VII: 30 %/7,5 %; solução VIII: 30 %/2,5 % e solução IX: 15 % 5%. Para o
controle negativo (CN) foi utilizado água ultra-pura e para o controle positivo (CP)
solução aquosa do herbicida Trifuralina (0,95 µL). As raízes foram fixadas em
Carnoy (3:1), hidrolisadas com HCl 1N e coradas com Reativo de Schiff. As lâminas
foram confeccionadas com a região meristemática, por esmagamento suave, e
contra coradas com carmim-acético (2 %). Foram analisadas 500 células/tratamento.
Os resultados obtidos foram submetidos ao teste de normalidade Shapiro-Wilk,
homogeneidade de variância ao teste de Levene, ao teste estatístico
ANOVA/Dunnett, para o Índice Mitótico e Kruskall-Wallis, para os demais parâmetros
analisados.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Pela análise visual, foram observadas hiperplasias na região meristemática das


raízes que germinaram nas soluções II, III, IV e IX. Essa mesma alteração foi
observada em outro estudo realizado apenas com a putrescina. Como não foi
observado, em estudos prévios, este tipo de anormalidade nas raízes expostas à
cadaverina, inferimos que esse efeito observado pode ter sido causado pela ação da
amina putrescina. Com relação ao Índice Mitótico, as soluções III, IV, V, VI, VII, VIII e
IX induziram uma redução estatisticamente significativa da divisão celular, indicando
um efeito citotóxico dessas combinações, quando comparadas aos resultados do

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


1065
XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

CN. Além disso, as combinações das aminas cadaverina e putrescina (V, VI, VII e
VIII) apresentaram significância, com relação à presença de aberrações
cromossômicas em células meristemáticas de A. cepa. As alterações mais
frequentemente encontradas neste estudo foram células binucleadas, aderências e
brotos nucleares, alterações estas que são formadas pela ação do composto sobre
os constituintes celulares como, por exemplo, o fuso mitótico (ação aneugênica).
Quanto ao potencial mutagênico, as combinações II, III, V e VII induziram um
aumento na frequência de micronúcleos. Além disso, com relação ao índice de
morte celular, as soluções IV, VII, VIII e IX induziram níveis significativos de
hiperplasia celular, além de núcleos heteropicnóticos. Estudos realizados
anteriormente com o mesmo organismo teste (A. cepa), demonstraram que a
cadaverina e a putrescina, testadas individualmente, não apresentaram indícios de
citotoxicidade e tampouco células em processo de morte celular. No entanto, a
cadaverina apresentou efeito genotóxico (pela maior frequência de aderências
cromossômicas e presença de células binucleadas) e a putrescina efeito mutagênico
(pela alta frequência de micronúcleos), em relação aos seus controles negativos.

CONCLUSÃO

Os resultados obtidos, evidenciaram o potencial potencializador das combinações de


cadaverina e putrescina testadas em induzir efeitos citotóxicos, genotóxicos,
mutagênicos, quando comparado com os registrados para as aminas testadas
individualmente. Por esses resultados e pela falta de informação toxicológica das
aminas biogênicas, ressaltamos a importância de mais estudos nessa área, para se
estimar os possíveis danos que as associações de cadaverina e putrescina possam
promover tanto ao meio ambiente como aos organismos expostos, uma vez que
essa combinação faz parte da composição do necrochorume.

FONTES FINANCIADORAS

Agência Financiadora FAPESP do processo 2017/09879-6.

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


1066
XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Genotoxicidade ambiental
175 - AVALIAÇÃO DA GENOTOXICIDADE DE EFLUENTES DE ESGOTO, ANTES
E APÓS TRATAMENTO DE DESINFECÇÃO POR OXIDAÇÃO AVANÇADA, POR
MEIO DO ENSAIO DO COMETA EM CÉLULAS HEPG2/C3A

LAIS ROBERTA DEROLDO SOMMAGGIO, DÂNIA ELISA CHRISTOFOLETTI MAZZEO,


JACQUELINE APARECIDA MALVESTITI, RENATO FALCÃO DANTAS, MARIA
APARECIDA MARIN-MORALES
Contato: LAIS ROBERTA DEROLDO SOMMAGGIO - RDS.LAIS@GMAIL.COM

Palavras-chave: estação de tratamento de esgoto; peróxido de hidrogênio; radiação ultravioleta;


ozonização.

INTRODUÇÃO

Dentre os processos terciários para tratamento de efluentes de Estações de


Tratamento de Esgoto (ETE), destacam-se os de oxidação avançada, os quais
promovem a oxidação de contaminantes e desinfecção do efluente, por meio da
formação de radicais hidroxila. Contudo, esses processos podem gerar compostos
mais reativos, havendo assim a necessidade de serem avaliados, quanto à sua
toxicidade. Esse estudo teve como objetivo avaliar metodologias que possam ser
mais eficientes para sistemas de tratamento de efluente que visam a obtenção e
reutilização segura dos seus efluentes gerados e, consequentemente, a minimização
de seus impactos ambientais.

METODOLOGIA

Para a realização deste estudo, foram coletadas amostras de efluente de uma ETE
da cidade de Limeira-SP, após processo de tratamento convencional. As amostras
foram então submetidas aos tratamentos de desinfecção com ozônio (O 3) e
UV/H2O2, por períodos de 20 (T1) e 40 (T2) minutos. Foi realizada com cultura de
células humanas HepG2/C3A a avaliação dos potencias genotóxicos das amostras,
antes e após os tratamentos de desinfecção, por meio do ensaio do Cometa. Os
ensaios foram realizados em triplicata, adicionando-se 1 mL de cada amostra de
efluente, antes e após os processos de desinfecção (O3 T1 e T2; UV/H 2O2 T1 e T2),
aos frascos de cultura contendo 4 mL de meio DMEM. Para o teste controle negativo
(CN) foi utilizado o PBS e para o controle positivo (CP) o MMS. Foram avaliados 300
nucleóides/tratamento, sendo considerado o momento da cauda de Olive pelo
software Comet Assay IV. A análise estatística foi realizada pelo teste de Kruskal-
Wallis (p<0,05).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados mostraram que as amostras submetidas ao tratamento de desinfecção


por radiação ultravioleta somada a peróxido de hidrogênio, tanto para T1 (período de
20 minutos quanto para T2 (período de 40 minutos) induziram efeitos genotóxicos
significativos em células hepáticas humanas HepG2/C3A mantidas cultura, quando
comparados com o CN. Isso demonstra, que esse tratamento pode ter gerado
subprodutos com atividades genotóxicas para as células HepG2/C3A, devido as

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

reações de oxidação que se estabeleceram entre as substâncias contidas no próprio


efluente e as derivadas do tratamento de desinfecção proposto. Outra possibilidade
da genotoxicidade observada, poderia ser devido a ação de resíduos do próprio
peróxido de hidrogênio presente no efluente tratado, o que levou a um estresse
oxidativo às células e a uma consequente ação genotóxica sobre elas.
Considerando que o peróxido de hidrogênio é decomposto espontaneamente na
água e que ele apresenta um alto poder de desinfecção, essa substância é indicada
para ser usada em tratamentos de efluentes. No entanto, como foi observado nesse
estudo que o tratamento com UV/H2O2 causou danos ao DNA das células avaliadas,
torna-se necessário que, após a realização destes tratamentos, seja realizado
também um tratamento adicional, que possa minimizar a toxicidade das amostras,
devido a presença de compostos gerados durante o processo de desinfeção. Após
esse tratamento adicional, seria interessante a realização de novos estudos de
genotoxicidade, para a certificação da sua eficiência na redução da toxicidade. Já,
para os tratamentos com o ozônio (T1 e T2), não foram observados resultados
estatisticamente significativos em nenhum dos períodos avaliados, o que mostra que
este pode ser um tratamento interessante e promissor para ser empregado em
Estações de Tratamento de Esgoto ou efluentes.

CONCLUSÃO

Neste estudo, foi observado que o tratamento com radiação ultravioleta combinado
com o de peróxido de hidrogênio, causou danos genotóxicos ao sistema teste
utilizado, independente do período de desinfecção avaliado. O emprego de ozônio
mostrou-se mais promissor, pois não induziu danos genotóxicos para nenhum dos
períodos analisados. O ensaio do cometa em células HepG2/C3A se mostrou
bastante sensível na detecção de danos ao DNA induzidos por efluentes derivados
de processos oxidativos avançados. Contudo, deve-se levar em consideração não
somente o poder desinfetante dos tratamentos, mas impactos que os mesmos
podem causar ao ambiente.

FONTES FINANCIADORAS

Processo FAPESP 2016/22483-1 e Processo FAPESP Vinculado 2014/17774-1.

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Painel
Genotoxicidade ambiental
192 - TEMPERATURE AFFECTS THE TOXICITY OF LEAD-CONTAMINATED
FOOD IN Geophagus brasiliensis (QUOY & GAIMARD, 1824)

JULIA MERÇON, TATIANA MIURA PEREIRA, LARISSA SOUZA PASSOS, TACIANA


ONESORGE LOPES, GABRIEL CARVALHO COPPO, BIANCA BARBOSA, DANDARA
CABRAL, LEVY CARVALHO GOMES
Contato: JULIA MERÇON - JULIA.MERCONF@GMAIL.COM

Palavras-chave: pearl cichlid; contamination; diet; enzymes; micronucleus

INTRODUÇÃO

The occurrence of metals increased in the natural environment due to human


activities. Exposure to lead in aquatic environments can affect the reproduction,
growth, and behavior of fish which can accumulate lead via branchial uptake and
ingestion. Fishes are exposed to changes in their ecosystem. In ectothermic
organisms, the temperature influences growth, metabolism and locomotor skills.
Geophagus brasiliensis occurs in several freshwater environments and its
populations are subjected to variation of water temperature. Thus, the objective of
this work was to analyze the genotoxic changes in G. brasiliensis, caused by lead
contamination in different environmental temperatures.

METODOLOGIA

Thirty-two fish previously acclimated at 25 or 28ºC (16 at each temperature) were


transferred individually to 32 25-L aquarium at the same temperature of acclimation.
Fish were fed twice a day with 1.5% body weight/day, for 7 days. After that, the feed
was contaminated with lead following the method described by Shaw and Handy
(2006). Fish were contaminated by food at 0 and 60mg of lead/kg of feed and two
temperatures 25 and 28ºC, totaling four treatments: 25/0, 25/60, 28/0, 28/60), with
eight replicates. The food was delivered to fish at the same proportion and time given
during acclimation. The experiment lasted 15 days. Aquarium water at 25ºC was
maintained by room temperature, and aquaria at 28°C were heated with 50W
heaters.
After the experiment, fish were anesthetized, and the blood was used for genotoxic
effects determined by analyzing the presence of micronuclei in erythrocytes. To
determine the number of micronuclei, the frequencies were calculated and expressed
per 1000 cells. Results were tested for normality by the Kolmogorov-Smirnov test.
For metal analyzes, the results obtained on contaminated food are presented as the
mean and standard deviation. The micronucleus results were analyzed by the
nonparametric Mann-Whitney test.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Regarding the micronucleus frequency, there was a significant increase in the


treatment 25/60. In the 25/0 treatment, the frequency of the micronucleus was 1 ±
0.35. In the 25/60 treatment, the frequency of the micronucleus was 15 ± 1.25 (p =

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

0.003). In the 28/0 treatment, the frequency was 0 micronucleus and in the 28/60
treatment, the frequency was 1 ± 0.35 micronucleus (p = 0.721).
The frequency of micronucleus in the blood of the organisms exposed to 60 mg/kg
showed a dependence on the amount of lead and its interaction with temperature
variation (p = 0.003). The organisms exposed to the 25/60 treatment presented a
frequency of 15 ± 1.25 micronucleus, whereas the organisms exposed to the
treatment 28/60, presented a significantly lower frequency, with the registered
micronucleus.
Exposure of fish to lead can cause genetic abnormalities, such as the formation of
the micronucleus. The micronucleus occurs when a chromosome or a fragment of
the chromosome fails to migrate with one of the two daughter cells formed during the
process of mitosis. This exposure of fish to metal can cause the frequency of this
failure to increase indicating the genotoxic properties of the contaminant. All subjects
exposed to 60 mg/kg of lead had higher deleterious effects rates at 25°C. That was
indicated by the increase of the failure frequency and, thereof, the number of
micronuclei detected in the treatment. Exposed fish at 28°C are more likely to excrete
the contaminated feed, preventing lead from causing greater harm to the individual.

CONCLUSÃO

In conclusion, G. brasiliensis exposed to lead at low temperatures have higher rates


of failures in the chromosome migration that occurs during mitosis, resulting in
physiological and metabolic consequences clearly shown by the genotoxic responses
obtained. Higher temperatures can be a beneficial factor for G. brasiliensis exposed
to the contaminant, as it can hinder the deleterious effects caused by the metal, and
consequently reduce the damage caused to the exposed organisms.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

SHAW, B.J.; HANDY, R.D. 2006. Dietary copper exposure and recovery in Nile
tilapia, Oreochromis niloticus. Aquatic Toxicology 76, 111-121. DOI:
https://doi.org/10.1016/j.aquatox.2005.10.002.

FONTES FINANCIADORAS

We thank the Fundação de Amparo a Pesquisa dos Espírito Santo (FAPES) for the
student fellowship for Julia Merçon, the Conselho Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico (CNPq) for the productivity fellowship granted to Levy de
Carvalho Gomes.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Genotoxicidade ambiental
223 - AVALIAÇÃO HISTOQUÍMICA DO CORPO GORDUROSO DE DIPLÓPODOS
EXPOSTOS AO HERBICIDA 2,4-D

ALANA CAROLINA MOSCARDI, ANA CRISTINA ZULLO DE SOUZA, CINTYA


APARECIDA CHRISTOFOLETTI DE FIGUEIREDO
Contato: ALANA CAROLINA MOSCARDI - ALANAMOSCARDI@LIVE.COM

Palavras-chave: diplopoda; corpo gorduroso; histoquímica; herbicida; 2,4-D

INTRODUÇÃO

A utilização de herbicidas, tais como o 2,4-D, vem aumento progressivamente no


mundo nas últimas décadas. Com isso, é crescente a preocupação com o
comportamento e a toxicidade destas substâncias quando presentes no solo, frente
sua persistência e potencial danoso, principalmente a organismos não-alvo. Os
diplópodos são conhecidos por concentrarem compostos nocivos em órgãos do
aparato digestório, sendo o corpo gorduroso um elemento alvo de substâncias
tóxicas. Neste contexto, o presente trabalho utilizou de análises histoquímicas do
corpo gorduroso de R. padbergi, expostos a três diferentes concentrações do 2,4-D,
para avaliar a possível toxicidade deste herbicida a representantes de solo.

METODOLOGIA

Na realização dos bioensaios, 40 indivíduos adultos de R. padbergi foram utilizados.


Os espécimens foram coletados na UNESP (Rio Claro-SP) e aclimatados por 15
dias, no laboratório de Meio Ambiente da FHO, em terrários contendo substrato
oriundo do local de captura. Após este período, os experimentos foram conduzidos
fazendo-se uso de potes plásticos, cobertos com papel filtro umedecidos com três
diferentes concentrações do 2,4-D, sendo: metade da concentração de campo;
concentração de campo e dobro da concentração, mais o tratamento controle, o qual
fez uso de água destilada. Cinco animais foram expostos a cada tratamento. Os
bioensaios foram realizados em réplica. Após 72 horas de exposição, os animais
foram eutanasiados e dissecados em solução fisiológica. Em seguida, o corpo
gorduroso perivisceral coletado foi fixado em diferentes soluções. Após a fixação, o
material foi desidratado em soluções crescentes de etanol, transferido para moldes
plásticos e embebido em parafina, para a microtomia. Os cortes foram hidratados e
corados por PAS, Azul de Bromofenol e Von Kossa. A análise dos resultados foi
realizada pelo software ImageJ, considerando as imagens capturadas de áreas
distintas do órgão, contendo regiões positivas coradas pelos três corantes. Para a
análise estatística foi utilizado o teste -t, com p<0,05.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

No presente trabalho foram processadas e analisadas 15 imagens capturadas de


lâminas do corpo gorduroso histoquimicamente marcados para análise de
polissacarídeos, proteínas e cálcio dos animais expostos a três diferentes
concentrações do herbicida 2,4-D. Pelos resultados obtidos, foi possível observar
que houve um aumento de polissacarídeos para os animais expostos à

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

concentração de campo (20,27±5,95%), à metade (26,12±4,04%) e ao dobro da


concentração (35,81±6,46%), quando comparados ao grupo controle
(19,93±11,87%). Considerando a análise de proteínas, pela técnica de Azul de
Bromofenol, também foi observado um leve aumento de proteínas no corpo
gorduroso dos animais expostos às três diferentes concentrações, sendo
30,47±3,83% para a metade da concentração, 28,92±2,79 para a concentração de
campo e 30,31±8,23% para o dobro da concentração, quando comparado ao grupo
controle (25,94±11,34%). Tanto o aumento de polissacarídeos quanto de proteínas
pode ter sido desencadeado pelo estresse. Segundo Nath et al. (1997) e Nath
(2000), a partir de estudos com inseticidas organofosforados, afirmam que as
alterações nas reservas de proteínas e carboidratos tem como fator implicante o
estresse. Tais alterações do corpo gorduroso sugerem a facilitação e movimentação
de reservas para a manutenção de organismo possibilitando sua sobrevivência
frente a presença de moléculas tóxicas (RIBEIRO, 2005). Já com relação ao cálcio,
não foram observadas diferenças estaticamente significativas para os animais
expostos, quando comparados aos animais do grupo controle. Talvez pelo tempo de
exposição e pela quantidade do exposto aplicado não tenha sido o suficiente para
revelar mais alterações, já que o epitélio intestinal de diplópodos funciona como uma
barreira para a passagem de contaminantes do lúmen para as outras partes do
corpo (HOPKIN et al., 1985).

CONCLUSÃO

Os resultados obtidos neste trabalho pelas análises histoquímicas indicam que a


exposição a três diferentes concentrações do herbicida 2,4-D é capaz de induzir
danos ao corpo gorduroso perivisceral de Rhinocricus padbergi, apresentando risco
do ponto de vista ecotoxicológico. Conclui-se que o corpo gorduroso perivisceral é
considerado um bom biomarcador para análise toxicológica de agroquímicos. Diante
disso tal estudo demonstra a importância dos ensaios biológicos e seus
bioindicadores para a avaliação dos riscos de compostos (líquidos ou sólidos) à
comunidade biológica e ao meio ambiente.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

FIGUEIREDO, M.R A.; LEIBHART, L.J.; REICHER, Z.J.; TRANEL, P.J.; NISSEN,
S.J.; WESTRA, P.; BERNARDS, M.L.; KRUGER, G.R.; GAINES, T.A.; JUGULAM,
M. Metabolism of 2,4‐dichlorophenoxyacetic acid contributes to resistance in a
common waterhemp (Amaranthus tuberculatus) population. Pest management
science, https://doi.org/10.1002/ps.4811, 2017.
HOPKIN, S.P.; WATSON, K.; MARTIN, M.H.; MOULD, M.L. The assimilation of
heavy metals by Lithobius variegatus and Glomeris marginata (Chilopoda;
Diplopoda). Bijdragen tot de dierkunde, v. 55, n. 1, p. 88-94, 1985.
ISLAM, F.; WANG, J.; FAROOQ, M.A.; KHAN, M.S.S.; XU. L.; ZHU, J.; ZHAO, M.;
MUÑOS, S.; LI, Q. X.; ZHOU, W. Potential impact of the herbicide 2,4 -
dichlorophenoxyacetic acid on human and ecosystems. Environment International, v.
111, n. 1, p. 332-351, 2017.
MAGALHÃES, D.P.; FERRÃO FILHO, A.S. A ecotoxicologia como ferramenta no
biomonitoramento de ecossistemas aquáticos. Oecologia Brasiliensis, v. 12, n. 3, p.
355-381, 2008.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

MCLAUGHLIN, D.; KINZELBACH, W. Food security and sustainable resource


management. Water Resources Research , v. 51, n. 7, p. 4966–4985, 2015.
NATH, B.S. Changes in carbohydrate metabolism in hemolymph and fat body of the
silkworm, Bombyx mori L. exposed to organophosphorus insecticides. Pesticide
Biochemistry and Physiology, v. 68, n. 3, p.127–137, 2000.
NATH, B.S.; SURESH, A.; VARMA, B.M.; KUMAR, R.P.S. Changes in protein
metabolism in hemolymph and fat body of the silkworm, Bombyx mori (Lepdoptera:
Bombycidae) in response to organophosphorus insecticides toxicity. Ecotoxicology
and Environmental Safety, v. 36, n. 2, p. 169–173, 1977.
RIBEIRO, B.M. Custo adaptativo e assimetria flutuantes associados à resistência a
inseticidas em populações de Sitophilus zeamais (Coleoptera: Curculionidae). 2005.
55 f. Tese (Doutorado em Entomologia) - Universidade Federal de Viçosa, Viçosa.
ZHANG, W.F.; ZHANG, F.; RAZIUDDIN, R.; GONG, H.J.; YANG, Z.M.; LU, L.; YE,
Q.F.; ZHOU, W.J. Effects of 5-aminolevulinic acid on oilseed rape seedling growth
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169, 2008.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Genotoxicidade ambiental
227 - TOXICIDADE DO HERBICIDA 2,4-D AVALIADA NO INTESTINO MÉDIO DE
UM REPRESENTANTE DA FAUNA EDÁFICA (Rhinocricus padbergi -
DIPLOPODA)

ANA CRISTINA ZULLO DE SOUZA, ALANA CAROLINA MOSCARDI, CINTYA


APARECIDA CHRISTOFOLETTI DE FIGUEIREDO
Contato: ANA CRISTINA ZULLO DE SOUZA - ZULLOANA@HOTMAIL.COM

Palavras-chave: Diplopoda; bioindicador; herbicida; intestino médio

INTRODUÇÃO

O uso de pesticidas pela agricultura tem ocasionado a contaminação dos solos e


das águas. Dentre estes, destaca-se o 2,4-D, herbicida amplamente empregado
devido a seletividade e eficácia. Estudos mostraram que o 2,4-D apresenta
propriedades interessantes para sorção em solos. Logo, a avaliação da toxicidade
destas substâncias sobre os organismos de solo são de grande importância. Os
diplópodos são excelentes indicadores da qualidade de solos e o intestino médio
destes animais, bons biomarcadores para tais avaliações. Neste contexto, o
presente trabalho teve por objetivo avaliar a toxicidade do 2,4-D no intestino médio
de R. padbergi, por meio de análise histoquímica.

METODOLOGIA

Na montagem dos bioensaios foram utilizados potes plásticos, cobertos com papel
filtro umedecidos, com três diferentes concentrações do 2,4-D, sendo: metade da
concentração de campo; concentração de campo e dobro da concentração, segundo
as recomendações do fabricante. O grupo controle foi realizado com papel
umedecido em água destilada. Para tanto, 40 animais foram coletados na UNESP,
Rio Claro-SP, trazidos ao laboratório de Meio Ambiente, da FHO, mantidos e
aclimatados por 15 dias, em terrário contendo substrato oriundo do local de captura.
Cinco animais foram expostos em cada tratamento. Os bioensaios foram realizados
em réplica. Após 72 horas de exposição, os animais foram eutanasiados e
dissecados em solução fisiológica. Em seguida, porções do intestino médio foram
coletadas e fixadas em diferentes soluções. Após a fixação, o material foi
desidratado em soluções crescentes de etanol. Por conseguinte, o material foi
transferido para moldes plásticos e embebido em parafina, para a microtomia. Os
cortes foram hidratados e corados por Azul de Bromofenol, PAS e Von Kossa. A
análise dos resultados foi realizada utilizando o software ImageJ, considerando as
imagens capturadas de áreas distintas do órgão, contendo regiões positivas coradas
pelos três corantes. Para a análise estatística foi utilizado o teste-t, com p<0,05.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

No presente trabalho foram processadas e analisadas 15 imagens capturadas de


lâminas histoquimicamente marcadas para análise de proteínas, polissacarídeos e
cálcio no intestino médio dos animais expostos a três diferentes concentrações do
herbicida 2,4-D. Pelos resultados obtidos, foi possível observar que houve uma

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

depleção de proteínas no intestino médio dos animais expostos à metade da


concentração (24,07±3,74%), quando comparado ao grupo controle (39,14±8,10%).
Em contrapartida, os animais expostos ao dobro da concentração, revelaram um
acúmulo de proteínas (45,98±10,14%), quando comparado ao grupo controle.
Segundo Kohler (2002), o acúmulo de proteína reflete a tentativa de desintoxicação
do organismo do animal. Considerando a avaliação de polissacarídeos, foi
observado que houve um aumento de polissacarídeos para os animais expostos à
metade (39,75±8,77%) e ao dobro da concentração (41,07±11,78%), quando
comparados ao grupo controle (28,44±3,72%). As células hepáticas dos diplópodos
são capazes de armazenar polissacarídeos para serem posteriormente excretados
para o lúmen, sendo esta uma forma de proteção contra a ação de agentes tóxicos
(FONTANETTI et al., 2006; SOUZA, 2012). Já com relação ao cálcio, observou-se
que os animais expostos à metade e a concentração de campo apresentaram uma
leve depleção de cálcio, sendo 18,45±6,38% e 18,54±3,39%, quando comparados
aos animais do grupo controle (20,49±7,13%). Já os animais expostos ao dobro da
concentração apresentaram um leve aumento (25,66±6,19%). O acumulo deste
mineral acontece em decorrência da alteração da permeabilidade das membranas
celulares causadas pelo herbicida, além disso a elevada concentração de cálcio está
diretamente relacionada com o processo de desintoxicação com função de
opsonização e, possivelmente atua no transporte desse elemento (ARGESE et al.,
2002; FONTANETTI et al., 2006; FANTAZZINI et al. 2002; PEREZ; FONTANETTI,
2011).

CONCLUSÃO

Frente os resultados obtidos pelas análises histoquímicas do intestino médio de


Rhinocricus padbergi, expostos às diferentes concentrações do herbicida 2,4-D,
pode-se afirmar que o intestino médio constitui um bom biomarcador para avaliação
da contaminação ambiental por agrotóxicos. Tendo em vista os resultados positivos
para as técnicas histoquímicas empregadas, faz-se necessário estudos envolvendo
os mecanismos de ação dos agroquímicos, visando a conscientização da população
dos danos causados por estes compostos, bem como seu uso de forma
responsável.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARGESE, E.; BETTIOL, C.; FASOLO, M.; ZAMBON, A.; AGNOLI, F. Substituted
aniline interation with submitochondrial particles and quantitative struture-activity
relationships. Biochimica et Biophysica Acta, Amsterdam, v. 1558, p. 151-160, 2002.
FANTAZZINI, E.R.; FONTANETTI, C.S.; CAMARGOMATHIAS, M.I. 2002. Midgut of
the millipede, Rhinocricus padbergi (Verhoeff, 1938) (Diplopoda: Spirobolida):
histology and histochemistry. Arthropoda Selecta, vol. 11, pp. 135-142.
FONTANETTI, C.S.; TIRITAN, B.; CAMARGO-MATHIAS, M.I. 2006. Mineralized
bodies in the fat body of Rhinocricus padbergi (Diplopoda). Brazilian Journal of
Morphological Sciences, vol. 23, pp. 487-493
KÖHLER, H.R. Localization of metals in cells of saprophagous arthropds (Isopoda,
Diplopoda, Collembola). Microsc. Res. and Tech.; v.56, p.393-401, 2002.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

PEREZ, D.G.; FONTANETTI, C.S. Hemocitical responses to environmental stress in


invertebrates: a review. Environmental monitoring and Assessment, v.177, p. 437-
447, 2011.
SOUZA, R.B. Aspectos Morfológicos, Ultra-Estruturais e Distribuição dos Túbulos de
Malpighi do diplópodo Urostreptus atrobrunneus Pierozzi & Fontanetti, 2006. 2012.
70 f. Tese (Mestrado em Ciências Biológicas-Biologia Celular e Molecular) - Instituto
de Biociências da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Rio
Claro.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Oral
Genotoxicidade ambiental
253 - PADRONIZAÇÃO DO ENSAIO COMETA PARA ESTUDOS DE
GENOTOXICIDADE EM ABELHAS NEOTROPICAIS DA ESPÉCIE Bombus atratus

LETÍCIA CESCHI BERTOLI, PAULO JOSÉ BALSAMO, FÁBIO CAMARGO ABDALLA


Contato: LETÍCIA CESCHI BERTOLI - LETICIACESCHI@GMAIL.COM

Palavras-chave: ecotoxicologia; genotoxicidade; metodologia

INTRODUÇÃO

O conhecimento do efeito xenobióticos no ambiente é de extrema relevância para


identificar o risco nos seres vivos expostos a eles. Assim, para um estudo que visa
avaliar a genotoxicidade de um contaminante, o Ensaio Cometa pode ser aplicado
para determinar a extensão do dano ocorrido no DNA dos núcleos celulares
individualmente. Como se trata de uma metodologia simples, rápida e sensível, o
objetivo deste trabalho é produzir um novo protocolo desta técnica para amostras de
abelhas da espécie Bombus atratus, uma vez que, não há registros na literatura da
aplicabilidade desse ensaio nestes organismos, sabidamente ameaçados de
extinção.

METODOLOGIA

Para a realização dos testes preliminares, realizaram-se bioensaios de exposição


das abelhas (n=10) ao mercúrio na concentração de 0,2 ppb, por 48 horas, em
condições de temperatura e umidade controladas em B.O.D. Realizou-se a
exposição, através de solução contendo 2 ppb de mercúrio, mantendo as abelhas
em caixas especiais, separadamente, e alimentadas ad libitum. O grupo controle (n
=10) foi mantido nas mesmas condições, porém com água não contaminada. Neste
experimento, utilizaram-se os túbulos de Malpighi de ambos os grupos. Após
dissecados, foram macerados em PBS com pistão rotativo para microtubo. Após,
adicionou-se uma amostra do material em lâminas histológicas, previamente
tratadas com gel de agarose. Estas lâminas foram submetidas a um tratamento com
solução de lise, com o intuito de romper a membrana celular e deixar o núcleo
exposto, para, assim, serem submetidas ao processo de eletroforese, no qual age
uma corrente elétrica, que fará com que os fragmentos de DNA migrem de acordo
com o padrão de fragmentação, dando o aspecto de uma cauda que se assemelha a
um cometa. Depois da realização da eletroforese, as lâminas foram coradas com
4',6-diamidino-2-fenilindol (DAPI), para análise em microscópio de fluorescência, e
avaliação da eficácia desse corante.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Como resultado, foi possível observar que, no primeiro teste, seguindo o protocolo
original do Ensaio Cometa para células de sangue humano, não se obteve cometas
(fragmentação de DNA), tanto no grupo controle, quanto no exposto. Assim, um
novo teste foi realizado, alterando alguns parâmetros, como, aumento do tempo de
maceração das amostras e a concentração dos componentes da solução de lise, de
forma que, com isso, foi possível observar cometas de grau 1 numa escala até grau

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

4. Novos testes foram realizados, já utilizando um maior tempo de maceração, bem


como a nova concentração da solução de lise determinadas anteriormente, porém,
alterando o tempo de imersão das lâminas nesta solução, testando o tempo de 30
min., 1 h e 1 h:30 min., sendo possível constatar que com maior tempo de
exposição, maior foi a intensidade da cauda dos cometas, aumentando de grau 1
para grau 3. Além disso, constatou-se também, que o corante escolhido é aplicável e
eficaz para a técnica, tendo em vista que é específico para a coloração de DNA,
contudo, degrada rapidamente, de forma que, o tempo de análise para registro dos
resultados é um fator limitante, ficando estabelecido que a análise imediata
proporciona resultados melhores. Por fim, foi possível determinar que é necessário
adicionar uma lamínula sobre a lâmina contendo a amostra, pois, como as células
destes organismos são muito pequenas, as análises devem ser realizadas com a
objetiva de imersão (100x) no microscópio de fluorescência, com o auxílio do óleo de
imersão, o qual permite a observação de imagens mais nítidas e precisas.

CONCLUSÃO

Portanto, conclui-se que o Ensaio Cometa é uma metodologia eficaz, de forma que,
a alteração dos parâmetros foi de suma importância para a obtenção desses
resultados, mas, que se faz necessário um aprimoramento, para a definição de um
novo protocolo. Além disso, para a obtenção de resultados mais conclusivos sobre a
aplicabilidade desta técnica em indivíduos de Bombus atratus, é necessário a
realização de análises com um número amostral maior e replicata. Estudos mais
detalhados utilizando-se outros corantes e separação por sedimentação diferencial
estão sendo conduzidos.

FONTES FINANCIADORAS

FAPESP (processo 2017/06056-9), CNPq (processo 151982/2018-0), CAPES

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Oral
Genotoxicidade ambiental
254 - PADRONIZAÇÃO DO ENSAIO COMETA PARA ESTUDOS DE
GENOTOXICIDADE EM ABELHAS AFRICANIZADAS DA ESPÉCIE Apis mellifera

PAULO JOSE BALSAMO, LETÍCIA CESCHI BERTOLI, FÁBIO CAMARGO ABDALLA


Contato: PAULO JOSÉ BALSAMO - PAULOBALSAMO@HOTMAIL.COM

Palavras-chave: teste do cometa; Apis melífera; genotoxicidade

INTRODUÇÃO

O Ensaio Cometa é um método de estudo genotoxicológico prático, relativamente


fácil de se realizar e muito sensível para avaliar danos ao DNA de células
individualizadas, o que o torna tão especial, uma vez que se pode mensurar não só
extensão, mas a quantidade relativa de danos ao DNA. Por estes motivos, esta
técnica é ferramenta útil na avaliação da genotoxicidade de contaminantes
ambientais nos órgãos dos mais diversos seres vivos.

METODOLOGIA

Desta forma, utilizando o protocolo original como base, coletaram-se os indivíduos e


os acomodaram individualmente em caixas especiais, em condições de temperatura
e umidade controladas em B.O.D e alimentadas ad libitum por 48 horas. O grupo
experimental foi submetido à exposição ao mercúrio na concentração 0,2 ppb,
enquanto o grupo controle foi mantido com água não contaminada. Após esse
período, os animais foram dissecados, separando-se os órgãos. Estes, foram
macerados em 100 µLde tampão PBS, com o auxílio de um pistão rotativo para
microtubo, sendo que posteriormente as amostras foram dispostas em lâminas
tratadas previamente com gel de agarose. Com este passo finalizado, as lâminas
foram imersas em solução de lise, testando-se diferentes tempos de ação, para
posterior comparação e definição deste parâmetro. Após, as lâminas foram
submetidas a corrida eletroforética, a qual promove o deslocamento dos fragmentos
de DNA, resultando em uma cauda semelhante a de um cometa. Por fim, as lâminas
foram coradas pela técnica de impregnação por prata e Acridine Orange para
análise através do fotomicroscópio Leica, utilizando o programa LAS. V6.0.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados obtidos, mostram que as caudas dos cometas apresentam diferentes


intensidades, podendo ser estabelecido um padrão de dano que varia de grau 0
(sem danos) até grau 4, isto é, dano máximo em que a cauda se mostra com maior
intensidade. Para a correta análise dos resultados, é necessário que a cada tecnica
empregada e a cada tecido utilizado, um gabarito deve ser feito, caracterizando os
cinco tipos de cometa encontrados (Dano 0, Dano 1, Dano2, Dano 3, Dano 4). Para
todos os órgãos utilizados nesse estudo (cérebro, corpo gorduroso, vaso dorsal,
túbulos de Malpighi e músculos) ficou estabelecido que quanto maior maceração,
melhores serão os resultados, uma vez que, quanto mais as células estiverem
individualizadas, melhor será a atuação da solução de lise, tendo em vista que esta
promove o rompimento das membranas celulares, deixando o núcleo exposto para a

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


1079
XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

realização da eletroforese. Além disso, foi possível definir também com os testes,
que, variações nas concentrações de alguns elementos constituintes da solução de
lise, bem como um maior tempo de ação sobre as lâminas, permitiram a observação
de cometas com grau acima de 2. Entretanto, novos experimentos estão em
andamento para a obtenção de resultados mais detalhados, como a utilização do
Acridine Orange que não só demostrará a fragmentação do DNA, mas o padrão de
fitas duplas e simples. Ao se concretizar a produção de protocolos mais detalhados
e menos invasivos para cada tipo de órgão das abelhas em questão esta
metodologia será utilizada amplamente para detecção de contaminantes ambientais.

CONCLUSÃO

Portanto, devido a alta sensibilidade do teste em apontar danos ocorridos no DNA, a


necessidade de um baixo número de células por amostras, relativo baixo custo para
preparação, a fácil aplicação, a possibilidade de resultados significativos utilizando
uma quantidade pequena de amostra e tempo relativamente curto para a realização
do experimento, este teste tem potencial para ser muito útil e eficaz na avaliação do
estresse ambiental em espécies altamente ameaçadas, como é o caso da espécie
em estudo, Apis mellifera.

FONTES FINANCIADORAS

FAPESP (processo 2017/06056-9), CNPq (processo 151982/2018-0), CAPES

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Genotoxicidade ambiental
271 - FREQUÊNCIA DE MICRONÚCLEOS EM 4 ESPÉCIES DE PEIXES DO RIO
SOROCABA, SP, BRASIL PARA AVALIAR IMPACTO GENOTOXICOLÓGICO

NATHÁLIA OLIVEIRA ZARPELLON, WELBER SENTEIO SMITH, EDNILSE LEME


Contato: EDNILSE LEME - EDNILSE@GMAIL.COM

Palavras-chave: Teste do Micronúcleo, Multietnicidade, Poluição Aquática, Risco Ambiental

INTRODUÇÃO

Os despejos de resíduos industriais são as principais fontes de contaminação das


águas dos rios. Diversas metodologias são utilizadas para detectar alterações nos
organismos devido a ação de poluentes, sendo que, a formação de micronúcleos se
constitui em um biomarcador de genotoxicidade dos mais estudados.
Micronúcleo é um núcleo adicional separado do núcleo principal de uma célula,
formado durante a mitose, e sua frequência aumenta quando os organismos são
expostos a alguns poluentes. O objetivo deste trabalho foi avaliar a formação de
micronúcleos em eritrócitos de 4 espécies de peixes do Rio Sorocaba, SP, Brasil.

METODOLOGIA

Os peixes foram capturados em 3 pontos do Rio Sorocaba, utilizando redes de


espera que permaneceram por 12 horas. Após a captura os peixes foram
eutanasiados utilizando cloridrato de benzocaína e uma amostra de sangue foi
retirada por punção caudal. As amostras foram armazenadas em tubos contendo
EDTA até o momento do uso. Os esfregaços das amostras foram feitos e após a
secagem durante 24h as lâminas foram fixadas durante 15 minutos em metanol
P.A., e coradas utilizando Giemsa 5% durante 40 minutos. Depois de seco, foram
realizadas as análises das lâminas em microscópio óptico, com aumento de 1000x
para contagem dos micronúcleos presentes e análise dos dados obtidos. Foram
analisados em média 1500 a 3000 células por organismo e o resultado foi expresso
em frequência de micronúcleos a cada 1000 células.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foi observada a presença de micronúcleos em todos os 27 peixes estudados. Os


valores encontrados foram de uma média de 32 células micronucleadas no primeiro
ponto; 93 células micronucleadas no segundo ponto; e 25 células micronucleadas no
terceiro ponto. Os resultados obtidos são expressos na frequência de micronúcleos
encontrados a cada mil células.
Inúmeros testes têm sido desenvolvidos com organismos aquáticos, sendo utilizados
para análise de substâncias genotóxicas. O Teste do micronúcleo é utilizado neste
trabalho como ferramenta de análise da qualidade da água do rio Sorocaba. Os
peixes são considerados bons indicadores para a detecção de contaminação de
recursos hídricos por substâncias genotóxicas.
Estudos relatam que diversos rios estão contaminados por substâncias tóxicas,
genotóxicas, mutagênicas e carcinogênicas decorrentes do descarte de efluentes

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

domésticos e industriais. Os micronúcleos podem originar-se espontaneamente, no


entanto, verifica-se um aumento significativo em sua presença e organismos
expostos a metais pesados.
O número de micronúcleos e de células micronucleadas evidencia a presença de
substâncias ou condições ambientais com potencial genotóxico, capaz de causar
dano ao material genético dos peixes. O teste do micronúcleo mostra-se um teste
rápido e prático para o monitoramento da poluição de ambientes aquáticos, sendo
recomendado por agências regulatórias do mundo todo como o primeiro teste in vivo
que pode ser utilizado na análise de substâncias.

CONCLUSÃO

Este estudo mostra fundamental importância no monitoramento de qualidade


ambiental, pois é esse tipo de monitoramento que leva a criação de práticas e
medidas que diminuam o impacto das atividades humanas sobre a natureza. A
cidade de Sorocaba trata, até o momento, mais de 90% do esgoto através das
Estações de Tratamento de Esgoto: S1, São Bento e Valo de Oxidação do Éden. O
esgoto tratado é devolvido ao Rio Sorocaba, após a eliminação de 95% dos resíduos
orgânicos. Existe um programa de despoluição do Rio Sorocaba, realizado pelo
Serviço de Tratamento de Água e Esgoto de Sorocaba (SAAE).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARIAS, A.R.L.; BUSS, D.F.; ALBURQUERQUE, C.; INÁCIO, A.F.; FREIRE, M.M.;
EGLER, M. et al. Utilização de bioindicadores na avaliação de impacto e no
monitoramento da contaminação de rios e córregos por agrotóxicos. Ciência e
Saúde Coletiva. 2007; 12(1): 61-72.
BICKHAM, J.W.; SANDHU, S.; HEBERT, P.D.N.; CHIKHI, L.; ATHWAL, R. Effects of
chemical contaminants on genetic diversity in natural populations: implications for
biomonitoring and ecotoxicology. Mutation Research. 2000; Nº 463. p. 33-51.
PESENTI E.C.; RÉGIS I. Teste do micronúcleo písceo (MNP) e alterações
morfológicas nucleares (AMN) em espécies de peixes. EVINCI. 2015, Out.
SASAKI, Y.F. et al. The cometa assay with multiple mouse organs: Comparison of
comet assay results and carcinogenicity whit 208 chemicals selected from de IARC
monographs ans U.S. NTP carcinogenicity database. Critical Reviews in Toxicology.
London, 2000; v.30, n.6: 629-799, 2000.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Oral
Genotoxicidade ambiental
285 - DANO GENOTOXICO EM CELOMOCITOS DE Eisenia andrei EXPOSTOS A
SOLOS URBANOS

RONAN ADLER TAVELLA, CAROLINE LOPES FEIJO FERNANDES, LAIZ COUTELLE


HONSCHA, PAULO ROBERTO MARTINS BAISCH, FLAVIO MANOEL RODRIGUES DA
SILVA JÚNIOR
Contato: RONAN ADLER TAVELLA - RONAN_TAVELLA@HOTMAIL.COM

Palavras-chave: Californian worm; Comet assay; Micronucleus test; Soil ecotoxicology.

INTRODUÇÃO

A realização de atividades antropogênicas em áreas urbanas pode causar o


deposito de contaminantes químicos no solo, e estes podem afetar a saúde de
organismos-chave para a manutenção de serviços ecossistêmicos. Com base nesta
hipótese, o presente estudo tem como objetivo analisar e comparar a genotoxicidade
de amostras de solos urbanos com amostras de solos de áreas protegidas, através
da exposição da minhoca E. andrei a estas amostras de solo.

METODOLOGIA

O estudo foi realizado com amostras de solo de 4 áreas diferentes (2 áreas urbanas
e 2 áreas protegidas), localizadas na cidade de Rio Grande, RS, Brasil. As minhocas
foram expostas por 14 dias às amostras de solo e após esse período os celomócitos
foram extraídos com o uso de solução de etanol 10% para posterior realização do
ensaio cometa e do teste do micronúcleo. Cobre, cádmio, chumbo, zinco e arsênio
foram analisados nessas amostras de solo através do método de digestão por micro-
ondas. A análise estatística dos resultados do teste do micronúcleo foi realizada
utilizando Anova de uma via seguido de post-hoc de Bonferroni, já os resultados do
ensaio cometa foram avaliados utilizando o teste não paramétrico de Kruskal-Wallis
seguido do teste post-hoc de Dunn. Por sua vez, as concentrações dos metais
analisados foram comparadas com o valor de prevenção contido nos padrões
brasileiros. A relação entre os desfechos biológicos (frequência de micronúcleos e
momento da cauda) e a concentração dos elementos químicos foi avaliada através
de análise dos componentes principais, a partir da matriz de correlação entre os
dados. Ainda, entre estes mesmos desfechos foi realizada uma análise de
correlação de Pearson, considerando um p crítico de 5%.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Durante a realização da exposição das minhocas E. andrei, nenhum espécime veio


a óbito. Ademais, a viabilidade celular dos celomócitos extraídos mostrou-se acima
de 90% para todas as condições.
As minhocas expostas ao solo urbano apresentaram maiores níveis de dano,
detectadas pelo ensaio do cometa em comparação com as minhocas expostas aos
solos das áreas protegidas. O resultado do teste do micronúcleo, por sua vez, não
apresentou diferença estatística significativa entre os grupos. Estas diferenças
podem estar relacionadas à natureza dos danos percebidos por esses dois testes,

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

os quais refletem diferentes eventos biológicos. O ensaio cometa possibilita detectar


lesões primárias nas cadeias de DNA resultantes do equilíbrio dos mecanismos de
indução e reparo do DNA, enquanto o micronúcleo revela um dano genotóxico dito
“acumulado”, pois expressa um dano acumulado durante a vida útil da célula.
Diversos estudos têm mostrado que atividades antropogênicas voltadas para fins
industriais acabam gerando danos para a saúde do ambiente através da
contaminação por substâncias químicas, principalmente diferentes tipos de metais.
Estes metais quando em contato com organismos podem ser nocivos através de
exposições crônicas e agudas, podendo causar efeitos adversos nos sistemas
biológicos, incluindo desenvolvimento de processos de genotoxicidade e
carcinogenicidade
Os níveis de cobre, chumbo e zinco avaliados nas amostras dos solos urbanos
superaram os limites dos valores de prevenção brasileiros. Os biomarcadores de
genotoxicidade utilizados no presente estudo tiveram forte associação com
elementos químicos presentes no solo, com destaque para a correlação entre o
momento da cauda mensurado no ensaio cometa e os níveis de Zn e As. Ainda
assim, o solo trata-se de uma matriz ambiental complexa e os efeitos nos
organismos são decorrentes do efeito da mistura de contaminantes. Um ponto a ser
destacado foi a concordância entre os resultados da análise do ensaio cometa nos
celomócitos da E. andrei e a ultrapassagem dos limites de prevenção para solos
brasileiros. Estes valores de prevenção foram considerados a partir de estudos de
fitotoxicidade e avaliação de risco ecológico e, de maneira geral, os danos biológicos
aconteceram quando estes limites foram ultrapassados.

CONCLUSÃO

A partir deste estudo é possível afirmar que a exposição a solos urbanos resultou
em danos genotóxicos nos celomócitos da minhoca californiana E. andrei e que
esses danos foram associados à concentração de elementos químicos,
principalmente zinco e arsênio. Essa relação entre dano subcelular e contaminação
ambiental deixa claro que as agências reguladoras devem privilegiarr esses
desfechos em detrimento aos testes ecotoxicológicos convencionais que investigam
parâmetros como mortalidade e reprodução.

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Painel
Genotoxicidade ambiental
286 - AVALIAÇÃO DE POTENCIAL GENOTÓXICO DO POLIVINIL-ÁLCOOL (PVA)
EM GIRINOS DE RÃ-TOURO (Lithobates catesbeianus)

CRISTIANE OLIVEIRA RONCHI, BRUNO FERNANDO SANTOS DE SOUZA, FELIPE


AUGUSTO PINTO VIDAL, THAÍS DELUNO GARCIA, JOELMA SANTOS DO PRADO,
LEONARDO ANTONIO TEIXEIRA DE OLIVEIRA, MARIANA TABATA OSCHVAT
VALALA, RAQUEL FERNANDA SALLA, LILIAN FRANCO-BELUSSI, SILVIA PIERRE
IRAZUSTA, ELAINE CRISTINA MATHIAS DA SILVA ZACARIN, MONICA JONES COSTA,
LEONARDO FERNANDES FRACETO
Contato: BRUNO FERNANDO SANTOS DE SOUZA - BRUNOFS.DESOUZA@OUTLOOK.COM

Palavras-chave: Ensaio cometa; SCGE; genotoxicidade; PVA; rã-touro

INTRODUÇÃO

Com o desenvolvimento de novas tecnologias, diversos novos materiais vêm sendo


utilizados na fabricação de produtos, alguns capazes de produzir reações ao
material genético em nível molecular. Atualmente, há crescente preocupação acerca
do potencial tóxico relacionado ao material genético e diferentes técnicas para sua
avaliação; entre elas o ensaio cometa ou “single cell gel electrophoresis” (SCGE)
que tem a finalidade de avaliar regiões de quebra (simples e/ou dupla) na estrutura
do DNA, as quais podem levar a mutações genéticas negativas. Este trabalho
avaliou o potencial genotóxico do polivinil-álcool (PVA), considerado atóxico,
utilizado na concentração para síntese de nanopartículas lipídicas.

METODOLOGIA

Foram utilizados 48 animais, divididos em dois grupos, controle e exposto ao PVA,


sendo 24 animais por grupo em triplicata (3x8 animais); réplicas foram mantidas em
aquários (laterais escurecidas) com 8L de água declorada e constantemente areada
à 25°C±1 (fotoperíodo de 12h:12h); com 24h de aclimatação e 48h de exposição. Foi
realizada punção sanguínea da veia caudal após hipotermia e anestesia local,
retirados 10μL de sangue de cada indivíduo (N = 3) e homogeneizados em
microtubo com 10μL de PBS (livre de Ca2+ e Mg2+ de pH 7,4), destes 10μL foram
homogeneizados em 80μL de agarose de baixo ponto de fusão (0,5% em PBS),
aplicados em lâminas previamente preparadas com agarose (1,5% em PBS) e
colocadas lamínulas. Foram então refrigeradas por 20 minutos e descoladas.
Imersão em Solução de lise à 4°C por 1h, eletroforese alcalina à 26V e 300mA (20
minutos), neutralização com Tris 0,4M. A coloração foi por impregnação por prata. A
análise foi realizada em fotomicroscópio, com categorização de nucleóides (0-4).
Estatística foi processada no GraphPad Prism versão 5.0, seguindo os testes de
Bartlett, Shapiro-Wilk, Kolmogorov-Smirnov, one-way ANOVA, Tukey-Kramer,
Kruskal-Wallis e Dunn’s. Significância de 0,05. Comitê de ética: Protocolo nº
1472160516/2016 - CEUA/UFSCar.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

Neste trabalho o PVA, material amplamente utilizado na indústria e considerado de


baixa toxicidade, quando avaliado em testes de mutagenicidade, por meio do ensaio
de micronúcleos em ratos. Neste estudo, entretanto, foi identificado como material
com grande potencial genotóxico causando fragmentação de aproximadamente 63%
de todo o material genético de girinos de rã-touro. O ensaio cometa em tampão
alcalino é capaz de identificar tanto as quebras simples como as duplas nas fitas de
DNA de diferentes tipos celulares de células eucarióticas, usando pequenas
quantidades de material, sendo considerado um dos ensaios de maior resolução
para danos de fragmentação genética, podendo ser aplicado a diferentes formas de
colorações para obtenção de maiores resoluções, incluindo correntes fluorescentes
(e. g. brometo de etídeo) ou técnicas com reagentes menos, conhecidamente,
tóxicas (e. g. precipitação / impregnação de prata). De forma a possibilitar a
comparação, os valores obtidos do grupo controle, 24%, se encontram dentro da
faixa considerada normal, decorrentes das próprias condições naturais do
microambiente celular, que promovem quebras simples a serem corrigidas
posteriormente durante a divisão celular pelo mecanismo de reparo. Ainda, a
variação de danos encontrada nos nucleóides do grupo controle possui dano médio
inferior à 45%, correspondendo às classes 0, 1 e 2; enquanto grande parte dos
danos encontrados nos nucleóides dos animais expostos ao PVA foram
majoritariamente os de dano superiores à 45%, referente à classe 3, e 70%,
referente à classe 4, indicando que o contato direto do PVA com as células animais
dos girinos aumenta expressivamente a frequência de quebras de seu material
genético.

CONCLUSÃO

Tendo em vista, a crescente variedade e quantidade de materiais aos quais somos


expostos e liberados no meio ambiente e também, que os anura constituem uma
ordem em declínio na atualidade, devido à fatores como a sua susceptibilidade aos
xenobióticos, decorrentes de seu tegumento permeável, os dados apresentados
podem suscitar questionamentos referentes à saúde pública, devido ao uso do PVA
em produtos para alimentação humana, assim como medidas para auxiliar a
manutenção da biodiversidade e de ferramentas para avaliação de potenciais danos
genéticos.

FONTES FINANCIADORAS

Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES)

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Oral
Genotoxicidade ambiental
287 - TESTE DE MICRONÚCLEO EM ERITRÓCITOS DE Astyanax lacustris
(TELEOSTEI, CHARACIDAE) REVELA AÇÃO GENOTÓXICA NAS ÁGUAS DO
SUBMÉDIO SÃO FRANCISCO (POLO JUAZEIRO/BA E PETROLINA/PE)

JADILSON MARIANO DAMASCENO, GEIZA RODRIGUES DOS SANTOS, EDIMÁRIA DA


SILVA BRAGA, LAYSLA DOS SANTOS MOTTA, GIANCARLO ARRAIS GALVÃO,
LEONARDO BARROS RIBEIRO, KYRIA CILENE DE ANDRADE BORTOLETI
Contato: JADILSON MARIANO DAMASCENO - JADILSON_MD@HOTMAIL.COM

Palavras-chave: Rio São Francisco; Ictiofauna; Ensaios de Genotoxidade.

INTRODUÇÃO

Nos municípios de Juazeiro (BA) e Petrolina (PE), o avanço no desenvolvimento


industrial-agrícola e o crescimento populacional têm sido associados à exploração
de forma não sustentável do principal recurso hídrico da região, o rio São Francisco.
Tais avanços provocam o lançamento de efluentes industriais, agrícolas e urbanos
neste rio, sem o tratamento adequado, acumulando compostos que podem
apresentar potencial tóxico e/ou citogenotóxico para os organismos aquáticos. Este
trabalho avaliou a citogenotoxicidade em três localidades do Submédio São
Francisco mediante o teste do micronúcleo e anormalidades morfológicas nucleares
em eritrócitos do peixe Astyanax lacustris, relacionando-os com os parâmetros
físico-químicos da água.

METODOLOGIA

Setenta e cinco espécimes de A. lacustris foram coletados no tanque da


CODEVASF (Petrolina/PE), durante estação de estiagem (EE, Setembro/2017).
Estes organismos foram distribuídos em gaiolas de PVC e expostos in situ às águas
de três áreas do Submédio São Francisco por 96 h (15 espécimes/área; duas
gaiolas/área): (1) SAAE (efluente urbano-agrícola; Juazeiro); (2) Canal do Tourão
(efluente urbano, agrícola e industrial; Juazeiro); e (3) Curtume (efluente urbano-
industrial; Petrolina). Para o controle negativo-CN, as gaiolas contendo peixes foram
submetidas ao tanque da CODEVASF (local de procedência dos animais), enquanto
que para o controle positivo-CP, os representantes de A. lacustris permaneceram
em um aquário após aplicação intraperitoneal de Ciclofosfamida (5 mg/mL). Após
exposição, o sangue foi coletado da região caudal dos peixes e, posteriormente,
realizados esfregaços sanguíneos. As lâminas foram fixadas com álcool absoluto
99,5% (30 minutos) e corados com Giemsa 10% (15 minutos). Foram analisados 10
indivíduos/área, duas lâminas/indivíduo e 1.000 células/lâmina. Posteriormente, as
frequências de micronúcleos e anormalidades morfológicas nucleares foram
comparadas ao CN mediante o teste de Kruskal-Wallis ou teste de Tukey (p<0,05).
Por fim, as variáveis hidroquímicas foram mensuradas in situ e as concentrações de
nutrientes (P, NO2-, NO3-, NH3) foram determinadas em laboratório mediante kit
colorimétrico.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados revelaram um aumento significativo na frequência de micronúcleos


nos eritrócitos dos peixes submetidos às águas do SAAE (0,91%) e Curtume
(0,73%) (p<0,05), indicando genotoxicidade para estes efluentes; entretanto, um
potencial genotóxico foi sugerido para o Canal do Tourão (0,65%) frente ao CN
(0,34%) (p<0,05). A ausência de ação citotóxica foi evidenciada pela baixa
frequência de anormalidades morfológicas nucleares [SAAE (0,05%), Canal do
Tourão (0,06%) e Curtume (0,04%)], em comparação ao CN (0,05%) (p<0,05). Com
relação aos parâmetros físico-químicos, os valores de pH, Oxigênio Dissolvido,
Turbidez, Sólidos Totais Dissolvidos, Temperatura e Condutividade Elétrica
mostraram-se dentro dos limites preconizados pela Resolução CONAMA 357/2005.
Similarmente, os nutrientes mensurados (P, NO2-, NO3-, NH3) encontraram-se dentro
dos limites sugeridos pela resolução supracitada, com exceção do fósforo (P), o qual
se mostrou acima do recomendado (até 0,05 mg/L) para as águas do SAAE (0,076
mg/L). Tal fato pode estar relacionado à própria composição deste efluente,
constituída principalmente, por resíduos domésticos. Este nutriente é considerado
um fator limitante nos ecossistemas aquáticos, sendo relacionado aos processos de
eutrofização que, em processos avançados, podem produzir gases extremamente
tóxicos (gás sulfídrico e metano) no sedimento, alterando a ecologia do ecossistema.
Em adição, trabalhos anteriores demonstraram uma elevada concentração de metais
pesados nas águas das áreas estudadas, a exemplo de Ni, Cu, Pb e Cr, com valores
acima do preconizado pela Resolução Conama 357/2005. Considerando que uma
correlação entre a presença de metais pesados e/ou agrotóxicos com
genotoxicidade em peixes vem sendo descrita na literatura, sugere-se que esses
metais pesados associados a nutrientes e aos agrotóxicos, os quais são utilizados
de forma indiscriminada na região, uma vez que ela é um dos principais polos de
fruticultura irrigada do país, podem estar atuando de forma aditiva, sinergística e/ou
antagonista afetando o material genético dos peixes em estudo ocasionando a
elevada frequência de micronúcleos.

CONCLUSÃO

Assim, os resultados obtidos ressaltam a ação e/ou o potencial genotóxico das


águas em três áreas do Submédio São Francisco sobre as células eritróides dos
representantes de A. lacustris, possivelmente, como resultado da interação de
contaminantes provenientes de atividades antrópicas. Conjuntamente, este trabalho
enfatiza a necessidade do desenvolvimento de estudos sobre conscientização
ambiental e exploração sustentável frente à população regional, bem como de
monitoramento e conservação ambiental deste rio, cuja relevância ecológica,
econômica e social é incontestável.

FONTES FINANCIADORAS

CEMAFAUNA Caatinga; CODEVASF; CNPq.

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Painel
Genotoxicidade ambiental
292 - PRESENÇA DE MICRONÚCLEOS EM FILHOTES RECÉM ECLODIDOS DE
Podocnemis expansa

ALEXANDRA FROSSARD, AMANDA TOLEDO LOURENÇO, ANA PAULA LUSTOSA,


RAFAEL ANTÔNIO MACHADO BALESTRA, RAFAEL MARTINS VALADÃO, LEO
CAETANO FERNANDES DA SILVA, ADRIANA REGINA CHIPPARI GOMES
Contato: ALEXANDRA FROSSARD - XANDFROSSARD@YAHOO.COM.BR

Palavras-chave: Tartarugas; teste do micronúcleo; APA Meandros do Araguaia; Rio Crixás-Açu

INTRODUÇÃO

Nas últimas décadas uma intensa ocupação agrícola, urbana e industrial tem
ocorrido em todo mundo, provocando aumento crescente da contaminação nos
corpos hídricos. Os contaminantes presentes nos efluentes e lixiviados podem
precipitar e serem depositados nos sedimentos. O contato com esse sedimento
pode promover uma transferência para os organismos, inclusive para ovos ali
depositados e incubados, com possibilidades de provocar efeitos nos filhotes
nidificados nesse sedimento. Diante disso, o objetivo dessa pesquisa foi avaliar
possíveis alterações genotóxicas no sangue de filhotes de Podocnemis expansa
recém-eclodidos em praias do Rio Araguaia e do Rio Crixás-Açu, por meio do teste
do micronúcleo.

METODOLOGIA

Utilizamos como bioindicador a espécie de tartaruga da Amazônia P. expansa, pois


é nativa de lagos e rios amazônicos e é utilizada pelas populações locais, indígenas
e ribeirinhas como uma das principais fontes de proteína. Filhotes recém-eclodidos
foram coletados em praias do rio Araguaia (nas praias da Área de Proteção
Ambiental Meandros do Araguaia - APA) e em uma praia do Rio Crixás-Açu,
totalizando dez exemplares por ninho de cada localidade. Estes exemplares
estavam em contato com sedimento natural durante o período de incubação dos
ovos. Acompanhamos a desova para a proteção dos ninhos experimentais e após,
aproximadamente, 60 dias de incubação retornamos para a eclosão e captura dos
recém nascidos. No local de captura, o sangue dos animais foi coletado e então
foram feitos esfregaços em duas lâminas para cada indivíduo. Logo em seguida as
lâminas foram fixadas e em laboratório foram coradas e quantificadas.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A freqüência de micronúcleos quantificados foi significativamente maior nos animais


do rio Crixás-Açu (P=0,006), com uma média de 15,25‰ de micronúcleos. No
entanto os filhotes eclodidos na praia Rio Araguaia também apresentaram número
elevado de micronúcleo eritrocitário, uma média 10‰. Esses valores são elevados
quando comparado a outras tartarugas, como por exemplo, os filhotes da espécie
Chelonia mydas recém-eclodidas na Ilha de Trindade, ilha oceânica a 620 milhas da
costa e das interações antrópicas diretas, que apresentaram uma média de 1,3‰
micronúcleos após eclosão. Os resultados obtidos indicam que o contato direto dos

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

ovos com o sedimento de incubação contaminado pode também exercer papel


importante na transferência de poluentes, sendo possível estimar a genotoxicidade
desses elementos nos filhotes recém-eclodidos. Pelo fato desses animais viverem
próximos a locais onde também existem atividades extrativistas, agrícolas de
diferentes produções e pecuária, esses compostos químicos podem ter sido
lixiviados, contaminando parte do ecossistema aquático e terrestre e todos os
organismos nele associados.
As diferenças geomorfológicas entre as áreas de desova do Araguaia e do Crixás-
Açu são grandes e podem influenciar também no deslocamento de contaminantes e
da sedimentação deles, impactando as áreas de nidificação, consequentemente
causando a bioacumulação de contaminantes, o que pode causar danos
genotóxicos, expressos pelos altos índices de micronúcleos encontrados no sangue
dos filhotes recém-eclodidos de P. expansa dessas áreas. As praias do rio Crixás-
Açu são mais altas que as do rio Araguaia, mas mesmo assim é comum, em quase
todos os anos, que os ninhos do Crixás-Açu sejam totalmente alagados e os do
Araguaia sofram uma menor influência da subida do nível do rio. Isto se deve ao
maior encaixe do rio Crixás-Açu que o torna um canal mais estreito, com margens
mais altas e com um fluxo de água menos intenso. No rio Araguaia a planície aluvial
é mais larga e com um maior volume de água quando comparado ao Rio Crixás-
Açu, o que permite a subida mais lenta da água, além de promover um potencial de
diluição maior que rios menores, como no Crixás-Açu. Esta diferença
geomorfológica, em associação com o regime pluviométrico, acaba por afetar o
sucesso reprodutivo das tartarugas e possivelmente pode influenciar nos índices de
metais e outros contaminantes encontrados no sedimento dos rios.

CONCLUSÃO

É certo que a Podocnemios expansa tem sua reprodução fortemente influenciada


pelas características dos trexos fluviais em que se realizam a sua postura e pelo
comportamento hídrico da região. Além disso, as variações das características
ecomorfológicas das praias, causam remodelamentos relativamente intensos,
redefinem a paisagem e a sedimentação de contaminantes em cada uma delas. O
que leva ao sucesso reprodutivo e também pode promover bioacumulação de
contaminantes nos filhotes. As análises de duas áreas de desova no Médio
Araguaia, nos mostrou as diferenças encontradas nos sangues dos filhotes,
expressos na quantificação de micronúcleos já inicialmente nos recém-nascidos de
cada área.

FONTES FINANCIADORAS

CAFES (bolsa Doutorado)

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Genotoxicidade ambiental
334 - AVALIAÇÃO TÓXICOGENÉTICA DE RECURSOS HÍDRICOS CAPIXABAS,
POR MEIO DO BIOENSAIO COM Allium cepa

RAQUEL SANTOS SACRAMENTO, TATIANA DA SILVA SOUZA, CRISTIANE DOS


SANTOS VERGILIO, CARLOS EDUARDO DE REZENDE
Contato: RAQUEL SANTOS SACRAMENTO - LADYRQL@GMAIL.COM

Palavras-chave: Ecotoxicologia. Allium cepa. Agrotóxicos. Genotoxicidade Ambiental. Bacia do rio


Itapimirim

INTRODUÇÃO

O trabalho foi desenvolvido em uma das principais bacias hidrográficas da região do


Caparaó Capixaba: bacia do rio Itapemirim. Ela representa elevada importância
econômica devido a grande atividade agrícola, responsável pelo persistente uso de
agrotóxicos na região. A presença desses poluentes na água superficial está
associada à poluição ambiental e perda da biodiversidade genética, o que justificou
o estudo ecotoxicológico local. Assim, o objetivo do trabalho foi analisar o potencial
citogenotóxico de amostras de água em oito pontos da bacia do rio Itapemirim (rios
Braço Norte Direito, Braço Norte Esquerdo e Itapemirim) por meio do bioensaio com
Allium cepa.

METODOLOGIA

As amostras de água foram coletadas em diferentes pontos amostrais (pontos P1-


P8), em junho/2016 e fevereiro/2017. As sementes de A. cepa foram regadas com
as respectivas amostras para germinação. Após 5 dias, as radículas foram coletadas
e fixadas em Carnoy I. Água destilada foi utilizada como controle negativo e
colchicina 0,025% como controle positivo. As raízes foram hidrolisados com HCl 1N
à 60ºC e submetidas ao reativo Schiff. As lâminas foram confeccionadas pelo
método de esmagamento suave e expostas ao nitrogênio líquido. Contabilizou-se
5000 células por tratamento em microscópio de luz (400x). O índice mitótico foi
calculado. Foi realizada a contagem de células com aberrações cromossômicas.
Micronúcleos e quebras cromossômicas foram considerados para o índice de
mutagenicidade. A análise estatística foi realizada com o auxílio do software Biostat
5.3. O teste de Shapiro-Wilk foi empregado para verificar a normalidade dos dados.
Como os critérios de normalidade não foram satisfeitos, o teste não-paramétrico de
Kruskal-Wallis, com posterior teste de Dunn (p<0,05) foi utilizado para comparação
dos pontos de coleta de água entre si e com o controle negativo. Os resultados
foram expressos como média ± desvio padrão.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na coleta 1, as amostras de águas dos pontos P6 e P7 pertencentes ao Rio Braço


Norte Direito da bacia do rio Itapemirim foram consideradas citotóxicas (p<0,05),
pois a divisão das células radiculares de A. cepa estacionou na interfase. Já o ponto
P4 correspondente ao rio Braço Norte Esquerdo induziu o aumento significativo
(p<0,05) da taxa de proliferação celular e de aberrações cromossômicas (p<0,05).

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Os demais pontos apresentaram o índice mitótico e de aberrações cromossômicas


estatisticamente semelhantes ao controle negativo. Na coleta 2, o ponto P6 induziu
um aumento significativo (p<0,05) da taxa de proliferação celular, sendo esse o
ponto que induziu (p<0,05) maiores danos genotóxicos, seguido dos seguintes
pontos: P4, P5 (rio Braço Norte Esquerdo), P7 (rio Braço Norte Direito), P8 (rio
Braço Norte Direito) e P1 (rio Itapemirim). Comparando-se a primeira e a segunda
coletas realizadas, verifica-se que, para a maioria dos pontos analisados, a maior
frequência do índice mitótico foi reportada para a coleta 2, resultando no aumento
significativo de atividade genotóxica em janeiro de 2017. Julho de 2016 (coleta 1)
representa a estação com baixo índice de precipitação enquanto fevereiro de 2017
corresponde à estação chuvosa. No presente trabalho, o aumento de danos
genotóxicos na estação chuvosa pode ter sido resultado do escoamento em excesso
de resíduos de agrotóxicos para a água superficial, superando o efeito de diluição. A
frequência de micronúcleos obtida para os pontos não diferiu estatisticamente do
controle negativo, indicando que as águas da região estudada não apresentaram
atividade mutagênica para A. cepa.

CONCLUSÃO

No período de seca os pontos P6 e P7 (RBND) apresentaram ação citotóxica;


enquanto P4 ação citogenotóxica (RBNE) para A. cepa. Já a estação chuvosa
apresentou maior índice de ação citotóxica e genotóxica para os dois rios (RBND e
RBNE) e o rio Itapemirim. Neste caso, a presença da chuva pode influenciar o
lixiviamento de agrotóxicos para água superficial, provocando impactos na qualidade
d’água e na saúde humana. É necessário medidas profiláticas na região.

FONTES FINANCIADORAS

PIBIC-UFES 2017 /2018


FAPES processo nº 74713469 – Edital FAPES/CNPq/ Decit SCTIE-MS/SESA nº
05/2015

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Genotoxicidade ambiental
337 - AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DA ÁGUA E DO POTENCIAL GENOTÓXICO
PARA TRÊS ESPÉCIES DE PEIXES NA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO
GRAVATAÍ, RS, BRASIL

JORDANA TRES DOS SANTOS, MELINA FLORIANO MORAES, LUCIANO BASSO DA


SILVA
Contato: JORDANA TRES DOS SANTOS - JORDANA.TRES@GMAIL.COM

Palavras-chave: Qualidade ambiental; Teste de micronúcleos; Bioindicadores

INTRODUÇÃO

A Bacia Hidrográfica do Rio Gravataí (BHRG) apresenta grande importância para o


desenvolvimento regional. Entretanto, ações antrópicas estão comprometendo,
principalmente, o trecho inferior do rio, devido a descarga diária de poluentes
domésticos, industriais e resíduos sólidos. Buscando avaliar a presença de
substâncias mutagênicas nos ecossistemas aquáticos, o monitoramento da
qualidade da água tem sido associado ao uso de biomarcadores de genotoxicidade.
Deste modo, o objetivo deste trabalho foi avaliar a qualidade da água em um ponto
do trecho inferior da BHRG, a partir de parâmetros físico-químicos e análise in situ
da frequência de micronúcleos em três espécies de peixes.
METODOLOGIA
O ponto avaliado está situado em zona urbana, na Região Metropolitana de Porto
Alegre, próximo a foz do Rio Gravataí e inserido em um grande núcleo populacional,
próximo a atividades industriais e com atividades agrícolas a montante. Realizaram-
se coletas de água, nos meses de setembro e dezembro de 2017, para avaliação
dos parâmetros de pH, DBO5, DQO, oxigênio dissolvido, sólidos dissolvidos totais,
sólidos suspensos totais, condutividade elétrica, dureza, cloretos, sulfato, nitrogênio
amoniacal total, fósforo total e análise de metais (Al, Cd, Pb, Cu, Cr, Hg, Mn, Ni e
Zn). Para a avaliação da genotoxidade da água foram coletadas três espécies de
peixes (n=5): Hyphessobrycon luetkenii, Astyanaxn fasciatus, Otocinclus sp., no mês
de outubro/2017. Após a coleta, foi realizado o esfregaço a partir de amostras de
sangue. As lâminas foram fixadas em etanol e coradas com Giemsa. Para cada
peixe, foram analisados 1.000 eritrócitos, com o auxílio de um microscópio óptico,
para avaliar a frequência de micronúcleos e outras anormalidades nucleares. O
procedimento experimental foi aprovado pela CEUA da Universidade Feevale
(02.17.059). A análise estatística foi realizada através do teste Kruskal-Wallis, com
5% de significância.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A avaliação da qualidade da água foi realizada com base na Resolução Conama
357/05, e em ambas amostragens a água do rio se enquadrou na classe 4, com
base nos valores de oxigênio dissolvido (1,89 – 2,07 mg.L-1), DBO (10 –13 mgO2.L-1)
e fósforo total (0,06 mg/L) para o mês de dezembro, em que as águas devem ser
destinadas apenas para navegação e harmonia paisagística (BRASIL, 2005). Os
valores de pH (6,77 – 6,59), sólidos dissolvidos totais (124 – 31 mg L-1), cloretos

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

(9,13 – 3,58 mg L-1), sulfato (5,94 – 2,37 mg L-1) e nitrogênio amoniacal total (não
detectado) se enquadraram na classe 1. Resultados semelhantes foram observados
por Salomani e colaboradores (2007), que avaliaram a qualidade da água do Rio
Gravataí da nascente até a sua foz, no qual o trecho inferior apresentava um
acelerado processo de eutrofização, imposto pela entrada de despejos orgânicos de
origem antropogênica. Em relação aos metais, foram detectados níveis elevados de
alumínio (1,62-2,59 mg/L Al) para ambos os períodos, e no mês de setembro foram
detectados cromo (0,08 mg/L Cr) e manganês (0,16 mg/L Mn) em concentração
maior que o máximo permitido pela legislação para abastecimento para consumo
humano e proteção das comunidades aquáticas (BRASIL, 2005). Para as espécies
de peixes avaliadas, não foram observadas diferenças significativas nas frequências
de micronúcleos: H. luetkenii (0,2 ± 0,4), A. fasciatus (0,2 ± 0,4) e Otocinclus sp. (0,8
± 0,8) (p=0,27); e nem na frequência de anormalidades nucleares: H. luetkenii (0,4 ±
0,9), A. fasciatus (0,4 ± 0,9) e Otocinclus sp. (0,2 ± 0,4) (p=0,98). Villela et al., (2007)
avaliaram a qualidade da água da foz do Rio Gravataí a partir do teste de
micronúcleos em Limnoperna fortunei (mexilhão-dourado) após exposição em
laboratório, e observaram uma frequência média de 4,8 ± 0,5 micronúcleos em
células de hemolinfa, durante a primavera. Uma vez que a qualidade da água deste
ponto na BHRG persiste insatisfatória, supõe-se que a variabilidade na frequência
de micronúcleos nos distintos estudos pode estar associada a uma diferença
interespecífica relacionada com o metabolismo, os mecanismos de reparo de DNA e
vias de exposição (BOLOGNESI; HAYASHI, 2011).
CONCLUSÃO
A partir dos resultados deste estudo pode-se observar que as águas da foz da
BHRG estão com sua qualidade comprometida, o que corrobora com estudos
anteriores. No entanto, este recurso hídrico não desencadeou danos genéticos para
ictiofauna residente, o que pode indicar a ocorrência de um processo adaptativo ao
ambiente impactado. Deste modo, este trabalho contribui, preliminarmente, para
avaliação integrada da BHRG, sendo necessários estudos e monitoramento
constantes na região.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BOLOGNESI, C.; HAYASHI, M. Micronucleus assay in aquatic animals.
Mutagenesis, v. 26 n. 1, p. 205–213, 2011.
BRASIL. CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE - CONAMA. Resolução
n°357, de 17 de março de 2005. Classificação de águas, doces, salobras e salinas
do Território Nacional. Diário Oficial da União, Brasília, 2005.
SALOMONI, S.E.; ROCHA, O.; LEITE, E.H. Limnological Characterization of
Gravataí River, Rio Grande do Sul State, Brazil. Acta Limnol. Bras., v.19, n. 1, p.1-
14, 2007.
VILLELA, I.V. et al. Assessment of environmental stress by the micronucleus and
comet assays on Limnoperna fortunei exposed to Guaíba hydrographic region
samples (Brazil) under laboratory conditions. Mutation Research, v.628, p. 76–86,
2007.
FONTES FINANCIADORAS
Capes e Universidade Feevale

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Genotoxicidade ambiental
353 - AVALIAÇÃO CITOGENOTÓXICA DO SEDIMENTO DA BACIA DO RIO
DOCE APÓS O ROMPIMENTO DA BARRAGEM DE MINÉRIO DE FERRO EM
MARIANA - MINAS GERAIS

VINICIUS SARTORI FIORESI, CRISTIANE DOS SANTOS VERGILIO, CARLOS


EDUARDO DE REZENDE, TATIANA DA SILVA SOUZA
Contato: VINICIUS SARTORI FIORESI - VINICIUS_FIORESI@HOTMAIL.COM

Palavras-chave: Allium cepa; ecotoxicologia; genotoxidade ambiental

INTRODUÇÃO

O rompimento da barragem de minério de ferro em Mariana - Minas Gerais gerou


prejuízos, tanto sociais quanto econômicos, além de impactos ambientais. A
avaliação do potencial citogenotóxico do sedimento da Bacia do Rio Doce, por meio
do bioensaio com Allium cepa, pode trazer respostas sobre os efeitos do rejeito de
minério na biota exposta. Diante disso, estudos sobre sua possível toxicidade vêm
sendo desenvolvidos. O sedimento absorve componentes dissolvidos na água, entre
eles metais tóxicos presentes no rejeito, e os armazena por grandes períodos,
tornando-se uma ferramenta eficaz para estudos toxicogenéticos.

METODOLOGIA

Amostras de sedimento da Bacia do Rio Doce foram coletadas cerca de 1 ano após
o rompimento da barragem de rejeitos de minério de ferro. Sete pontos foram
amostrados, desde o local do rompimento da barragem em Minas Gerais até a foz
do rio no estado do Espírito Santo: Bento Rodrigues (BR), Baixo Guandu (BG),
Aimorés (AIM), Govenador Valadares (GV), Ipatinga (IPA), Colatina (COL) e
Regência (REG). Sementes de Allium cepa foram germinadas diretamente sobre
essas amostras, ao controle positivo (colchicina 0,025% - CAS nº64-86-8, Sigma-
Aldrich) e ao controle negativo (água destilada). As radículas foram fixadas em
Carnoy I (etanol: ácido acético 3:1), hidrolisadas em HCl 1 N a 60°C por 10 minutos
e submetidas ao Reativo de Schiff por duas horas em local escuro. O meristema
apical das radículas foi seccionado e contracorado com carmim acético a 2%,
coberto com lamínula e macerado. As análises foram realizadas em microscópio
utilizando aumento de 400x, sendo analisadas 5 mil células por tratamento (500
células/ 10 lâminas). Os índices mitótico, de aberrações cromossômicas e o de
células micronucleadas foram determinados. Os resultados foram comparados
mediante o teste não-paramétrico de Kruskal-Wallis, com posterior teste de Dunn
(p<0,05).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O biensaio realizado com A. cepa mostrou que nenhuma amostra alterou o índice
mitótico, portanto não houve danos citotóxicos. Por outro lado, os pontos REG, COL,
IPA e VAL foram genotóxicos (p<0,05). Assim, as maiores frequências de danos
genotóxicos foram observadas com o afastamento do local do rompimento da
barragem de rejeitos de minério de ferro apresentando média e desvio padrão como

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

mostrados: IPA (12,6 ± 3,8) >VAL (12,5 ± 4,72) >COL (11,6 ± 4,57) >REG (11,4 ±
2,63). O menores índices de alterações foram reportados para BG (6,1 ± 3,14) < BR
(7,3 ± 2,94) < AIM (8,4 ± 3,82). Esse resultado pode indicar que o movimento da
água pela bacia hidrográfica tem levado componentes toxicogenéticos em direção a
sua foz, no estado do Espírito Santo. Diversos pesquisadores têm reportado dados
sobre a concentração de metais tóxicos na água e no sedimento da Bacia do Rio
Doce, mas os dados são conflitantes. Diante disso, a quantidade de metais nos
pontos amostrados nesse estudo estão sendo mensurados e serão posteriormente
comparados com os resultados biológicos aqui obtidos. As aberrações
cromossômicas mais frequentemente (p<0,05) encontradas foram C-metáfase, que
teve maior predominância nos pontos de REG, COL, IPA e GV (p<0,05), e
poliploidias com maior nível de significância (p<0,05) em COL, IPA e GV. As
respostas do bioensaio com A. cepa podem indicar o mecanismo de ação tóxica das
amostras avaliadas. Dessa maneira, agentes aneugêncios causam aneuploidias e
segregação anormal dos cromossomos. Já os agentes clastogênicos promovem
quebras cromossômicas. De acordo com as alterações mais encontradas nesse
estudo, podemos classificar os danos gerados como aneugênicos. A indução de
micronúcleos não foi significativa.

CONCLUSÃO

A deposição de rejeito de minério de ferro no sedimento da Bacia do Rio Doce,


mesmo um ano após o rompimento da barragem em Mariana – MG, tem gerado
danos genéticos em organismos expostos, como demonstrado pelos bioensaios
realizados com A. cepa. Quatro pontos obtiveram danos genéticos significativos,
demostrando a presença ativa de agentes genotóxicos principalmente nos locais
mais próximos à foz da bacia hidrográfica. A presença de compostos tóxicos no
sedimento é preocupante pois pode afetar organismos bentônicos. Assim, é
importante que haja acompanhamento do sedimento da bacia hidrográfica como
forma de prevenção a maiores danos futuros.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

MATOS, L.A. et al. The influence of heavy metals on toxicogenetic damage in a


Brazilian tropical river. Chemosphere, [s.l.], v. 185, p.852-859, out. 2017.

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Genotoxicidade ambiental
355 - POTENCIAL GENOTOXICOLÓGICO DE ÁGUAS DO RIO ITAPETININGA
EM CÉLULAS RADICULARES DE Allium cepa

EDGAR ROCHA PESSOTTI, EDNILSE LEME, SANDRO ROSTELATO FERREIRA


Contato: SANDRO ROSTELATO FERREIRA - SANDROROSTELATO@YAHOO.COM.BR

Palavras-chave: genotoxicidade; Allium cepa; Rio Itapetininga

INTRODUÇÃO

A contaminação de água é um sério problema ambiental que vem se alastrando a


cada dia. Cada vez mais são gerados resíduos domésticos e industriais que são
descartados de forma inadequada e por fim acabam contaminando os rios e lagos.
Resíduos estes que podem ser de natureza físico-química ou biológica. Este
trabalho tem por objetivo analisar o potencial genotoxicológico (macroscopicamente
e microscopicamente) de águas do Rio Itapetininga, interior de São Paulo, em
células radiculares de Allium cepa.

METODOLOGIA

As amostras foram coletadas em três diferentes pontos do rio, onde são muito
buscados para a pesca. Para a análise foram expostos seis bulbos de cebola para
cada ponto de coleta por um período de 72 horas, para o crescimento das raízes.
Foram utilizados como controle negativo água de torneira e como controle positivo
paracetamol 750 mg/L. Após os respectivos tratamentos, as raízes foram
selecionadas pelo seu tamanho e as extremidades radiculares com maior
crescimento passaram a ser imersas em solução fixadora de Carnoy e mantidas em
repouso por 24 horas. Após a fixação as amostras foram isoladas e mergulhadas em
solução a 1 N de HCl aquecida por 10 minutos. Em seguidas lavadas com água
destilada para posterior coloração. Anterior ao processo de coloração as raízes são
desfiadas com duas agulhas, para melhor fixação do corante. Para a coloração
foram utilizados azul de toluidina a 1% por 2 minutos ou orceína acética a 2% por 30
minutos ou giensa a 5% por 50 minutos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os tratamentos para controle positivo e controle negativo, resultaram nos seguintes


valores médios para o crescimento das raízes: água de torneira em 2,2 cm e
paracetamol 750 mg/L em 0,8 cm, após 72 horas de exposição. Já os tratamentos
com os referidos pontos de coleta das águas do Rio Itapetininga foram: A: 1,9 cm; B:
1,1 cm e C: 1,8 cm. Dados da literatura apontam que a cebola (Allium cepa) tem sido
indicada para análise de amostras de água devido suas características na cinética
de proliferação celular, crescimento rápido das raízes, grande número de células em
divisão, alta tolerância a diferentes condições de cultivo e fácil manuseio. Além do
mais, o risco de danos genéticos e de câncer em organismos aquáticos e humanos,
oferecido por substâncias que são tóxicas às células como alguns metais pesados,
inseticidas e herbicidas, vem aumentando o interesse acerca da citotoxicidade e
genotoxicidade das águas de rios e reservatórios. Embora artigos apresentados na

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


1097
XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

literatura não apresentem diferença significativa no crescimento das raízes e, nem


no índice mitótico, de cebolas tratadas com águas de diversos rios, se faz importante
analisar tal potencial tóxico de diferentes rios que fazem parte da pesca e outras
atividades da população que frequenta e habita as margens do Rio Itapetininga, no
interior do estado de São Paulo. Outro fator importante a ser considerado na
próxima etapa do estudo, é o clima, que, segundo dados da literatura, as diferentes
estações do ano podem interferir na atividade mitótica, além dos possíveis agentes
tóxicos encontrados na água.

CONCLUSÃO

Todas as amostras foram submetidas ao mesmo tempo de tratamento, e todas


apresentaram alterações macroscópicas. Sendo assim, através da análise do
crescimento radicular pode-se concluir que as cebolas tratadas com água coletada
do ponto B, são as que apresentam o pior índice de crescimento radicular, seguida
pelo grupo A e por fim o grupo C, quando comparada aos grupos controle. Nenhuma
das amostras testadas foram analisadas microscopicamente até o momento.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BAGATINI, M.D.; SILVA, A.C.F.; TEDESCO, S.B. Uso do sistema teste de Allium
cepa como bioindicador de genotoxicidade de infusões de plantas medicinais.
Revista Brasileira de Farmacognosia, 17, 3:444-447.
BOTELHO, M.R. et al. Estudo preliminar Comparativo das Epécies de Peixes do Rio
Itapetininga e em uma de suas Lagoas Marginais. 2012. Revista eletrônica de
Biologia.
SEHGAL, R.; ROY, S.; KUMAR, D.V.L. (2006). Evaluation of cytotoxic potential of
latex of Calotropis procera and Podophyllotoxin in Allium cepa root model, Biocell,
30, 1, pp. 9- 13.
TEDESCO, S.B.; LANGHINGHOUSE, H.D. (2012). Bioindicator of genotoxicity: The
Allium cepa Test, Environmental Contamination, Dr. Jatin Srivastava. Disponível em:
http://www.intechopen.com/books/environmental-contamination/bioindicator-of-
genotoxicity-the-allium-cepa-test.

FONTES FINANCIADORAS

Universidade Paulista, Unip, Campus Sorocaba.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Genotoxicidade ambiental
356 - AVALIAÇÃO FITOTÓXICA E CITOGENOTÓXICA DO INSETICIDA
IMIDACLOPRIDO POR MEIO DO BIOENSAIO COM Allium cepa

VINICIUS SARTORI FIORESI, TATIANA DA SILVA SOUZA


Contato: VINICIUS SARTORI FIORESI - VINICIUS_FIORESI@HOTMAIL.COM

Palavras-chave: agrotóxicos; ecotoxicologia

INTRODUÇÃO

O inseticida imidacloprido vem sendo utilizado na cultura da cebola como forma de


minimizar os impactos gerados pelo crescente número de pragas que a acometem.
O uso descontrolado de pesticidas tem se tornado preocupante no Brasil. Assim,
conhecer como esses compostos afetam organismos não-alvo é importante. Esse
estudo visa elucidar as ações fitotóxica e citogenotóxica de diferentes concentrações
da formulação comercial do inseticida imidacloprido em testes com Allium cepa.
Ainda, pretende contribuir para o estabelecimento da concentração máxima
permitida em águas superficiais, já que a mesma não é determinada pela resolução
nº 357/2005 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA).

METODOLOGIA

As seguintes concentrações do inseticida imidacloprido – formulação comercial


Warrant® 700WG, FMC Química do Brasil LTDA (lote nº3269-16-1154) –foram
testadas: 0,0025g/l, 0,025g/l, 0,25g/l (concentração de campo recomendada para a
cultura da cebola) e 2,5g/l, sendo identificadas como C1, C2, C3 e C4,
respectivamente. Cerca de 25 Sementes de A. cepa foram germinadas em placas de
Petri forradas com papel filtro embebido com as soluções. Colchicina 0,025% (CAS
nº64-86-8, Sigma-Aldrich) foi utilizada como controle positivo e água destilado como
controle negativo. O experimento foi montado com quatro repetições, totalizando 100
sementes por tratamento. As sementes germinadas foram contabilizadas a cada 24
h, totalizando 96 h de exposição, quando o comprimento radicular foi mensurado. Os
resultados foram comparados mediante ANOVA com posterior teste de Tukey
(p<0,01). Para a análise citogenotóxica, as raízes foram fixadas em etanol: ácido
acético 3:1, hidrolisadas em HCl 5N e submetidas ao Reativo de Schiff. O meristema
apical das radículas foi seccionado e contracorado com carmim acético 2%, coberto
com lamínula e macerado. Cinco mil células foram analisadas por tratamento. Os
índices mitótico, de aberrações cromossômicas e o de células micronucleadas foram
determinados. Os resultados foram comparados mediante o teste de Kruskal-Wallis,
com posterior teste de Dunn (p<0,05).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Nenhuma concentração do inseticida alterou a taxa de germinação de A. cepa. Já os


tratamentos C3 e C4 reduziram significativamente (p<0,01) a taxa de crescimento
radicular. As maiores concentrações testadas foram as que promoveram os maiores
índices de danos genéticos: C1(2,4 ± 1,6) < C2 (5,0 ± 3,0) < C3 (5,9 ± 5,3) < C4
(11,0 ± 7,6). Entretanto apenas o tratamento C4 promoveu o aumento

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

estatisticamente significativo (p<0,05) de alterações genotóxicas. Aderência


cromossômica foi a aberração mais frequentemente encontrada para o tratamento
C4 (7,4 ± 5,9). O teste de índice de micronúcleos teve resultados positivos (p<0,05)
apenas para o tratamento C3 (5,2 ± 4,7). Já o tratamento C4 foi o segundo que
apresentou maior índice de micronúcleos (4,0 ± 3,77), porém esse resultado não
apresentou relevância estatística. Quando contrapomos os resultados dos testes, é
percebível que no tratamento C4 houve um aumento no nível de aberrações
cromossômicas do tipo de aderência, esse tipo de alteração representa toxicidade
celular, que acaba por levar a morte da mesma, o que pode ter gerado uma redução
no índice de micronúcleos. Estes resultados indicam que a concentração de campo
(C3) e concentrações acima desta, que indicam o uso abusivo e superdosagem do
inseticida, podem gerar danos fitotóxicos e genotóxicos. O uso desmedido dos
agrotóxicos no Brasil tem sido preocupante, a poluição ambiental, e danos à saúde
provocados pelo mau uso e longas exposições a esses compostos, vem sendo
relatada atualmente por diversos estudos. Não se tem tanto conhecimento sobre as
ações de diversos compostos hoje utilizados na agricultura sobre os organismos
não-alvo, portanto o desenvolvimento de trabalhos sobre ações toxicogênicas
desses compostos se faz necessário para elucidá-las, gerando cada vez mais
informações a respeito do tema.

CONCLUSÃO

A concentração 0,25g/l do inseticida e concentrações acima desta podem ser


prejudiciais para a cebola. Como A. cepa é um biondicador de toxicidade aquática,
bioensaios com esse organismo podem auxiliar na determinação da concentração
máxima de pesticidas em águas superficiais. Assim, sugerimos que concentrações
inferiores a 0,025g/l poderiam ser permitidas. Entretanto outras concentrações
devem ser testadas bem como outros biomarcadores e bioindicadores utilizados. É
eminente que aumentar a fiscalização bem como a conscientização do perigo do uso
descontrolado de pesticidas pode gerar em maior responsabilidade social sobre o
tema.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

EMBRAPA. Reconhecimento e controle de pragas da cebola. Circular técnica.


Brasília, DF, outubro, 2012.
GOULSON, D. Review: An overview of the environmental risks posed by
neonicotinoid insecticides. Journal of Applied Ecology, [s.l.], v. 50, n. 4, p.977-987,
13 jun. 2013
RIGOTTO, R.M.; VASCONCELOS, D.P.;; ROCHA, M.M. Pesticide use in Brazil and
problems for public health. Cadernos de Saúde Pública, [s.l.], v. 30, n. 7, p.1360-
1362, jul. 2014.

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Genotoxicidade ambiental
368 - TESTE DE Salmonella/MICROSSOMA EM AMOSTRAS DE ÁGUAS
SUPERFICIAIS DA BACIA DO RIO DOCE EM GOVERNADOR VALADARES-MG

THAINÁ SPRÍCIDO MAGALHÃES, KALLEL SILVANO FRANÇA SANTOS, RODRIGO


PEIXOTO DE PAULA E SILVA, THAMYRIS SOUZA TORRES, GABRIEL LOPES DIAS,
HEBERSON TEIXEIRA SILVA TEIXEIRA TEIXEIRASILVA, CAIO SOARES CHAVES,
JAIRO LISBOA RODRIGUES, MARCIA CRISTINA DA SILVA FARIA
Contato: THAINÁ SPRÍCIDO MAGALHÃES - THAINASPRICIDO@GMAIL.COM

Palavras-chave: Teste de Ames, Salmonella/Microssoma, Rio Doce, Genotoxicidade Ambiental.

INTRODUÇÃO

O Teste de Ames ou Salmonella/Microssoma é amplamente utilizado na detecção da


mutagenicidade de vários compostos que causam mutações ao DNA de organismos
vivos. Tais mutações estão envolvidas no surgimento de doenças hereditárias,
cânceres e outras enfermidades. O presente estudo teve como objetivo avaliar o
possível potencial mutagênico de águas superficiais do rio Doce, após sua
contaminação com rejeitos da barragem de Fundão, em Bento Rodrigues, Mariana-
MG em novembro de 2015.

METODOLOGIA

Neste estudo foram utilizadass amostras de água de dois pontos do rio Doce em
Governador Valadares, denominadas P1 e P2. Foram utilizadas as linhagens de
Salmonella typhimurium TA98 e TA100, por apresentarem maior sensibilidade e
baixa taxa de mutação espontânea. As cepas foram obtidas da Moltox e estocadas a
4 ºC até o momento do uso. Após ressuspensão, alíquotas foram estocadas a - 80
ºC, para preservar suas características. Para cada 180µL de cultura, foram
adicionados 20µL de DMSO, como substância crioprotetora. Antes do teste de
reversão espontânea, a dependência da histidina, a presença da mutação rfa, a
presença da deleção uvrB e a presença do plasmídeo foram testadas a fim de
garantir que as linnhagens estavam aptas para o teste de reversão espontânea. Em
seguida, foram preparadas placas de ágar mínimo cotendo histidina e biotina, 100µL
da cultura bacteriana e 2mL de ágar superfície vertidos em cada placa. Água
ultrapura foi utilizada para o controle negativo, e positivos foram utilizadas
substâncias que comprovam as propriedades de reversão. Nitroquinolina (TA98) e
azida sódica (TA100), na ausência de metabolização. As placas foram incubadas
por 48 horas a 37 ºC. Em seguida, foi realizada a contagem do número de colônias
revertentes.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

As características genéticas testadas apresentaram resultados positivos para a


dependência da histidina, que foi observada através do crescimento de colônias em
placas com excesso deste aminoácido, comparadas com a ausência de crescimento
em placas contendo apenas biotina. A mutação rfa foi confirmada pela presença de
um halo de inibição de aproximadamente 14 mm ao redor do disco de papel

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

embebido com cristal violeta, colocado sobre a cultura bacteriana estriada em placas
de ágar nutriente. A deleção uvrB foi confirmada através da ausência de crescimento
de colônias do lado da placa de ágar nutriente exposto a luz UV, comparada com o
crescimento do lado protegido da luz. A manutenção do plasmídeo resistente à
ampicilina foi observada através do crescimento das bactérias quando estriadas
sobre linhas de solução do antibiótico, em placas preparadas com ágar nutriente.
Após a confirmação das características genéticas, foi realizado o teste nas amostras
de água do rio Doce nos pontos 1 e 2.
De acordo com os resultados obtidos neste estudo, observou-se que os Pontos 1 e
2, apresentaram razão de mutagenicidade (RM) dentro do aceitável para a linhagem
TA98, com 29 e 32 colônias revertentes, RM =1,35 e 1,49 e valores de p= 0,2677 e
p= 0,2762, respectivamente, quando comparados ao controle negativo,
considerando p<0,05. Entretanto, a linhagem TA100 apresentou para P1 e P2 um
total de 368 e 347 colônias revertentes, RM =1,72 e 1,62 e p =0,0411 e p= 0,0287,
respectivamente, quando comparados ao controle negativo (p<0,05).
Embora a linhagem TA 100 em P1 e P2 tenham apresentado RM <2, quando
comparados ao controle negativo, estas apresentaram diferença significativa,
considerando p<0,05. Alguns autores tem relatado que amostras com RM =1,7
podem trazer indícios de mutagenicidade, principalmente em linhagens que
possuem uma taxa de reversão elevada como na linhagem TA 100 (CARIELLO &
PIEGORCH 1996 apud FRANÇA 2006).

CONCLUSÃO

As amostras em estudo não apresentaram aumento no número de revertentes por


placas para a linhagem de S. typhimurium TA98, considerando razão de
mutagenicidade (RM = 1,7 a 2,0). Já a linhagem TA100 para as amostras P1 e P2
apresentaram indícios de mutagenicidade, na ausência de ativação metabólica.
Outros estudos são necessários para uma melhor avaliação da qualidade das águas
do rio Doce na cidade de Governador Valadares – MG.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

FRANÇA, D.D. Avaliação da atividade mutagênica de águas superficiais utilizadas


para abastecimento público após tratamento na bacia dos rios Piracicaba, Capivari e
Jundiaí. 2006. 109 f. Dissertação (Mestrado em toxicologia e análises toxicológicas)
- Universidade de São Paulo, São Paulo, SP, 2006.

FONTES FINANCIADORAS

FAPEMIG.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Genotoxicidade ambiental
378 - USO DE DIFERENTES ORGANISMOS BIOINDICADORES PARA A
AVALIAÇÃO DA TOXICIDADE DE NANOPARTÍCULAS DE PRATA

JEAN CARLOS BOSQUETTE DE ALMEIDA, DANIELE ALVES NOGUEIRA, SORAYA


MORENO PALÁCIO, MÁRCIA TERESINHA VEIT, ÉLVIO ANTONIO DE CAMPOS, LAILA
KAROLINE FERREIRA, MARJHORIE THAÍS MENEGUZZO DEON, ALVES VIEIRA
AMADO
Contato: SORAYA MORENO PALÁCIO - SORAYA_PALACIO@YAHOO.COM.BR

Palavras-chave: nanotecnologia; toxicidade; aberrações cromossômicas; Allium cepa

INTRODUÇÃO

A nanotecnologia possui inúmeras aplicações, e seu amplo uso como das


nanopartículas de prata (AgNPs) resultam no contato inevitável com o meio
ambiente (LÓPEZ-LORENTE; VALCÁRCEL, 2016). Desta forma, estudos
toxicológicos são necessários, pois sendo partículas extremamente pequenas, tem
uma capacidade de deslocamento alcançando grandes distâncias. O que as tornam
disponíveis tanto na atmosfera, no meio aquático, bem como no solo, podendo
causar diversos problemas decorrentes da contaminação (PASCHOALINO et al.,
2010). O objetivo deste trabalho foi sintetizar e caracterizar AgNPs e avaliar a
estabilidade e a toxicidade utilizando organismos como a Artemia salina, Danio rerio,
Lactuca sativa e Allium cepa.

METODOLOGIA

A síntese das AgNPs foi baseada na metodologia de Turkevich et al. (1951). A


formação das AgNPs deu-se início por meio da redução química do agente
precursor nitrato de prata, pelo agente redutor citrato de sódio que atua também
como estabilizante. A caracterização das AgNPs foram realizadas por
espectrofotometria Uv-Vis, espalhamento dinâmico de luz (DLS) e a aparência
morfológica foi observada através de microscopia eletrônica de transmissão (MET).
Para avaliar a estabilidade da síntese de AgNPs foi conduzido um estudo no qual foi
avaliado, por análises de espectroscopia Uv-Vis, o comportamento das
nanopartículas sintetizadas com relação aos tempos de envelhecimento de 30, 90,
120, 150 e 180 dias. A toxicidade das AgNPs em diferentes concentrações (20, 40,
60, 80, e 100%) foi avaliada através de diferentes organismos testes, representantes
da água e solo, sendo eles a Artemia salina, e Danio rerio, para determinação da
toxicidade aguda, e Allium cepa para avaliação do crescimento das raízes e também
determinação dos efeitos citotóxicos e genotóxicos, através da observação de
alterações presentes no processo de divisão celular e quantificação de aberrações
cromossômicas, sobre o organismo teste.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

As soluções de AgNPs apresentaram bandas de Uv-Vis características em 389 nm,


o que está de acordo com Berni Neto et al. (2008) que afirmam que a banda
centrada por volta de 400 nm é característica de nanopartículas de prata de formato

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

esférico. De acordo com Garcia (2011), o método utilizando citrato de sódio em


conjunto como agentes redutores produzem uma coloração amarelo-acinzentada,
observada nessa reação. A distribuição do tamanho das partículas obtida através do
ensaio de DLS mostrou que 100% das partículas apresentam um diâmetro médio de
aproximadamente 2,6 nm. A aparência morfológica da dispersão coloidal das AgNPs
foi observada por meio de análises de MET, nas quais as AgNPs apresentaram-se
relativamente esféricas com pouca aglomeração de partículas. Nos estudos de
estabilidade das AgNPs pode-se observar que houve redução da intensidade de
absorbância no decorrer do tempo, tendo em vista que inicialmente a absorbância foi
de 0,174 e após 180 dias a mesma deslocou-se para absorbância equivalente a
0,04. De acordo com Paiva et al. (2012) a intensidade da banda está diretamente
relacionada com a quantidade de nanopartículas presentes na solução. Sendo
assim, essa diminuição da intensidade indica redução no número de nanopartículas
presente em solução. Nos ensaios de toxicidade frente a espécie Artemia salina
observou-se um valor de DL50 de 51,02%, e para a espécie Danio rerio o valor de
DL50 encontrado foi de 0,14%, indicando assim toxicidade da solução de AgNPs.
Segundo Meyer et al., (1982), para diferentes toxinas, quanto menor o valor de DL50
encontrado, maior será o efeito tóxico da substância correspondente. Este
parâmetro indica a concentração de toxicidade no meio, que provoca,
respectivamente a morte ou a inibição de metade dos indivíduos da população nas
condições experimentais utilizadas. Avaliando o crescimento das raízes de Allium
cepa fica evidente que as nanopartículas de prata foram tóxicas, influenciando
significativamente no seu crescimento. Avaliando os efeitos citogenéticos das
diferentes concentrações de AgNP em células meristemáticas da raiz de Allium
cepa, comparando com o controle negativo observou-se que as células
apresentaram aberrações cromossômicas, micronúcleos e pontes. A maior
frequência de aberrações cromossômicas foi observada nas raízes expostas as
amostras mais concentradas (100% - sem diluição).

CONCLUSÃO

A síntese produziu nanopartículas de prata esféricas, pouco aglomeradas e com


diâmetro médio de 2,6 nm. Os testes de toxicidade realizados demostraram que as
AgNPs são tóxicas para todos os organismos estudados, pois sua presença
influenciou na mortalidade de Artemia salina e Danio rerio, conforme se aumentava
a concentração das soluções. Indicaram também a presença aberrações
cromossômicas em células de Allium cepa, comprovando que as AgNPs em estudo
oferecem risco ao meio ambiente.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BERNI NETO, E.A.; RIBEIRO, C.; ZUCOLOTTO, V. Síntese de Nanopartículas de


Prata para Aplicação na Sanitização de Embalagens. Comunicado Técnico, Nov.,
2008.
GARCIA, M.V.D. Síntese, caracterização e estabilização de nanopartículas de prata
para aplicações bactericidas em têxteis. São Paulo: Faculdade de Engenharia
Química, Universidade Estadual de Campinas, 2011. Dissertação (Mestrado).
LÓPEZ-LORENTE, A.I.; VALCÁRCEL, M. The third way in analytical nanoscience
and nanotechnology: Involvement of nanotools and nanoanalytes in the same
analytical process. Trends in Analytical Chemistry, v. 75, p. 1-9, 2016.

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

MEYER, B.N.; FERRIGNI, N.R.; PUTNAM, J.E.; JACOBSEN, L.B.; NICHOLS, D.E.;
MCLAUGHLIN, J.L. Brine Shrimp: A convenient general bioassay for active plant
constituents. Journal of Medicinal Plant Research, v. 45, p. 35–36, 1982.
PAIVA, L.F.S.; THIRÉ, R.M.S.M.; SOARES, G.D.A. Síntese e caracterização de
nanopartículas de prata em solução de poli (ácido acrílico). In: Painel PEEM 2012,
Rio de Janeiro, 2012.
PASCHOALINO, M.P.; MARCONE, G.P.S.; JARDIM, W.F. Os nanomaterias e a
questão ambiental. Quimica Nova, v. 33, n. 2, p. 421-430, 2010.
TURKEVICH, J.; STEVENSON, P.C.; HILLIER, J. A study of the nucleation and
growth processes in the synthesis of colloidal gold. Discussions of the Faraday
Society, v. 11, p. 55-75, 1951.

FONTES FINANCIADORAS

CNPq e CAPES

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Painel
Genotoxicidade ambiental
380 - ANÁLISE DA GENOTOXICIDADE, DA CITOTOXIDADE E DA
CONCENTRAÇÃO DE METAIS NA ÁGUA DO RIO GRAVATAÍ, RS, BRASIL

JORDANA TRES DOS SANTOS, MELINA FLORIANO MORAES, DAVI DA CUNHA


MORALES, DANIELE DE SOUZA BARBOSA FOGAÇA REIS, JULIANA SCHMITT DE
NONOHAY, LUCIANO BASSO DA SILVA
Contato: JORDANA TRES DOS SANTOS - JORDANA.TRES@GMAIL.COM

Palavras-chave: biomonitoramento; Ctenopharyngodon idella; Allium cepa

INTRODUÇÃO

A Bacia Hidrográfica do Rio Gravataí (BHRG) possui uma área de 2.020 km2 e
aproximadamente 1,2 milhões de habitantes. Os principais usos das águas são para
agricultura, abastecimento e recepção de despejos domésticos e industriais. O risco
ecológico pela contaminação por metais em recursos hídricos pode ser avaliado
através de biomarcadores de citogenotoxicidade em diferentes bioindicadores,
principalmente plantas e animais. O objetivo deste trabalho foi analisar a
concentração de metais na água da BHRG e o seu potencial genotóxico e citotóxico,
a partir do teste de micronúcleos em eritrócitos do peixe Ctenopharyngodon idella
(carpa-capim) e do sistema teste Allium cepa.

METODOLOGIA

Selecionaram-se três pontos amostrais: P1–Alto Gravataí/formadores – Santo


Antônio da Patrulha, P2–Médio Gravataí – Gravataí e P3–Baixo Gravataí –
Canoas/Porto Alegre. As Coletas de água foram realizadas em setembro de 2017,
sendo analisados os seguintes metais: Al, Cd, Pb, Cu, Cr, Hg, Mn, Ni e Zn.
Espécimes de C. idella (n=10) foram expostas às amostras de água e à água
mineral (grupo controle), durante 120 horas. Após a exposição, foi realizado o
esfregaço sanguíneo, em que as lâminas foram fixadas em etanol e coradas com
Giemsa. Para avaliar a frequência de micronúcleos e outras anormalidades
nucleares foram analisados 1.000 eritrócitos para cada peixe. Conjuntamente, 5
bulbos de A. cepa foram expostos à água dos pontos amostrais e água mineral,
durante 48 horas. Posteriormente, as raízes selecionadas foram extraídas, fixadas
em solução Carnoy e mantidas em etanol 70%. Para preparação das lâminas, as
raízes foram submetidas à hidrólise ácida e coradas com orceína-acética (1%). A
citotoxicidade foi verificada a partir da análise do índice mitótico (1.000 células
analisadas). Verificou-se a genotoxicidade pela frequência de micronúcleos (1.000
células em interfase) e da frequência de aberrações cromossômicas (200 células em
anáfase-telófase). A análise estatística foi realizada através do teste de Kruskal-
Wallis, para p<0,05.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Para avaliação da concentração dos metais na água utilizou-se como parâmetro a


classe 1 da Resolução Conama 357/2005, na qual as águas podem ser destinadas
para o consumo humano, após tratamento simplificado e a proteção das

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

comunidades aquáticas. Para todos os pontos, observou-se níveis insatisfatórios de


alumínio (1,25 –1,69 mg/L Al), cromo (0,06 – 0,08 mg/L Cr) para P1 e P2 e
magnésio (0,16 mg/L Mn) para P3, os demais metais não foram detectados. De
acordo com o plano de recursos hídricos da BHRG, para os pontos amostrados, já
foram identificadas médias elevadas de chumbo e mercúrio, enquadrando as águas
do Gravataí em classe 4 (RIO GRANDE DO SUL, 2012). A água amostrada não
apresentou potencial genotóxico para C. idella, pois não foram observadas
diferenças significativas entre os pontos amostrais e o grupo controle para a
frequência de micronúcleos, variando de 0,5 ± 0,5 a 1,0 ± 1,9 (p= 0,93) e para a
frequência das anormalidades nucleares, oscilando de 0,5 ± 0,5 a 0,6 ± 1,3 (p=
0,76). De acordo com Bolognesi e Hayashi (2011), frequências basais de
micronúcleos variam de 0 a 1‰ para distintas espécies de peixes. Estudos
anteriores em recursos hídricos impactados descreveram frequências de
micronúcleos abaixo de 1‰ (VIANA et al., 2017; DALZOCHIO et al., 2018;
THELLMANN et al., 2017; BRAHAM et al., 2017). Para A. cepa não foram
observadas diferenças significativas entre as localidades avaliadas e o controle
negativo, na análise da frequência de micronúcleos (0,0 ± 0,0 – 0,4 ± 0,6) (p=0,20),
de aberrações cromossômicas (0,0 ± 0,0 – 0,05 ± 0,10) (p=0,64) e do índice mitótico
(0,08 ± 0,08 – 0,12 ± 0,11) (p=0,76). Neste estudo a água dos pontos avaliados não
apresentou citotoxicidade e nem genoxicidade para A. cepa. Em estudos anteriores
o sistema teste A.cepa se mostrou sensível para avaliar ecossistemas aquáticos
antropizados, sendo que foram descritas diferenças entre os pontos analisados
(LEME; ANGELIS; MARIN-MORALES 2008; NUNES et al., 2011; CUCHIARA et al.,
2012; BATISTA et al., 2016).

CONCLUSÃO

Nesta avaliação pontual não foi evidenciada contaminação por substâncias


genotóxicas e citotóxicas para os bioindicadores utilizados. Todavia, foram
identificadas concentrações de metais acima do limite máximo permitido pela
legislação, em todos os pontos amostrais. Neste sentido, uma amostragem mais
ampla se faz necessária para se obter resultados mais fidedignos que representem
este ecossistema em sua integralidade. Sendo assim, diante da escassez de
estudos acerca da qualidade da água da BHRG este trabalho contribui com
informações basais sobre este recurso hídrico.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BATISTA, N.J.C. et al. Genotoxic and mutagenic evaluation of water samples from a
river under the influence of different anthropogenic activities. Chemosphere, v. 164,
p. 134-141, 2016.
BOLOGNESI, C.; HAYASHI, M. Micronucleus assay in aquatic animals.
Mutagenesis, v. 26, n. 1, p. 205–213, 2011.
BRASIL. CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE - CONAMA. Resolução
n°357, de 17 de março de 2005. Classificação de águas, doces, salobras e salinas
do Território Nacional. Diário Oficial da União, Brasília, 2005.
BRAHAM, R.P. et al. Micronuclei andOther ErythrocyteNuclear Abnormalities in
Fishes from the Great Lakes Basin,USA. Environmental and Molecular Mutagenesis,
v. 58, p.570-581, 2017.

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

CUCHIARA, C.C. et al. Sistema teste de Allium cepa como bioindicador da


citogenotoxicidade de cursos d'água. Tecnol. & Ciên. Agropec., João Pessoa, v.6,
n.1, p.33-38, mar. 2012.
DALZOCHIO, T. et al. In situ monitoring of the Sinos River, southern Brazil: water
quality parameters, biomarkers, and metal bioaccumulation in fish. Environ Sci Pollut
Res Int., v. 25, p. 9485-9500, apr. 2018.
LEME, D.M.; ANGELIS, D.F.; MARIN-MORALES, M.A. Action mechanisms of
petroleum hydrocarbons present in waters impacted by an oil spill on the genetic
material of Allium cepa root cells. Aquatic Toxicology, v. 88, p. 214–219, 2008.
NUNES, E. A. et al. Genotoxic assessment on river water using different biological
systems. Chemosphere, v.84, p. 47–53, 2011.
RIO GRANDE DO SUL. DEPARTAMENTO DE RECURSOS HÍDRICOS.
SECRETARIA DO MEIO AMBIENTE DO RIO GRANDE DO SUL. Plano de recursos
hídricos da Bacia Hidrográfica do Rio Gravataí: Relatório final. Bourscheid
Engenharia e Meio Ambiente, Porto Alegre, 2012.
THELLMANN, P. et al. Water quality assessment in the “German River of the years
2014/2015”: how a case study on the impact of a storm water sedimentation basin
displayed impairment of fish health in the Argen River (Southern Germany). Environ
Sci Eur, v.29, n.10, 2017.
VIANA, L.F. et al. Mutagenic and genotoxic effects and metal contaminations in fish
of the Amambai River, Upper Paraná River, Brazil. Environ Sci Pollut Res., v. 24,
p.27104–27112, 2017.

FONTES FINANCIADORAS

Capes e Universidade Feevale

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Genotoxicidade ambiental
400 - AVALIAÇÃO DAS ALTERAÇÕES GENÉTICAS EM PINTADO AMAZÔNICO
PROVENIENTES DE PESQUEIRO NA CIDADE DE DOURADOS-MS

LUIZA FLÁVIA VEIGA FRANCISCO, LIDIANY DORETO CAVALCANTI, RICARDO


BASSO ZANON, BRUNO DO AMARAL CRISPIM, JULIANA ROSA CARRIJO MAUD,
MARCIA REGINA RUSSO, ALEXEIA BARUFATTI GRISOLIA
Contato: LUIZA FLÁVIA VEIGA FRANCISCO - LUIZAVEIGA10@HOTMAIL.COM

Palavras-chave: Mutagenicidade; genotoxicidade; pesque-pague

INTRODUÇÃO

O estado do Mato Grosso do Sul se destaca na produção de bagres como, pintados


e seus híbridos, devido seu filé apresentar ótima qualidade e aceitação no mercado
consumidor. Os pesqueiros constituem atividade de comercialização em expansão
no estado, pois, proporcionam a venda e consumo do peixe, lazer e pesca esportiva.
Assim sendo, a avaliação das alterações genéticas que podem ser ocasionadas nos
peixes por fatores associados às condições ambientais em que sobrevivem é de
extrema importância. O objetivo do estudo foi avaliar a genotoxicidade e
mutagenicidade em pintado amazônico provenientes de pesqueiro na cidade de
Dourados-MS.

METODOLOGIA

As coletas foram realizadas nos meses de junho e agosto de 2015 em um pesqueiro


localizado no perímetro urbano da cidade de Dourados- MS. Durante a coleta, os
parâmetros de temperatura da água (ºC), pH, oxigênio dissolvido (mg.L-1) e
transparência (cm), foram mensurados para obtenção das condições físico-químicas
da água. Os dados de pluviosidade e temperatura média dos meses de coleta foram
obtidos pelo Boletim Agrometeorológico disponível pela Embrapa Agropecuária do
Oeste. Para a realização do experimento, foram coletados 5 exemplares de pintado
amazônico (Pseudoplatystoma sp. x Leiarius marmoratus) em cada período
amostral. Após a captura, os peixes foram anestesiados e o sangue colhido por
punção caudal para a realização das extensões sanguíneas nas lâminas. Para cada
peixe foram confeccionadas 2 lâminas e um total de 1000 eritrócitos foram contados
em cada lâmina para detecção de alterações metanucleares (genotoxicidade) e
micronúcleo (mutagenicidade). Análise de Kruskal-Wallis com posteriori de Dunn foi
usada para avaliar a diferença significativa entre as médias das alterações
metanucleares (invaginação nuclear, brotamentos, ponte nucleoplasmática, cariólise,
picnose e núcleo lobulado), do índice de genotoxicidade (soma de todas as
alterações metanucleares) e do índice de mutagenicidade (micronúcleos), entre os
períodos de coleta, com nível de significância de 0.05.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os parâmetros físico-químicos da água indicaram para o mês de junho e agosto,


temperaturas de 28.3˚C e 27 ˚C e transparência de 28cm e 21cm respectivamente.
Os demais parâmetros não mostraram diferença entre os períodos de coleta Esse

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

fato indica que a qualidade da água entre os meses de coleta não apresentou
variações ambientais . Como resultado para as alterações genéticas, obteve-se que
não houve diferença significativa entre as épocas para os dados de ponte
nucleoplasmática, cariólise e picnose. Porém, observou-se diferença significativa
entre os períodos para os dados de invaginação nuclear (p=0.016), brotamento
(p=0.029), núcleo lobulado (p=0.004), índice de genotoxicidade (p=0.006) e índice
de mutagenicidade (p= 0.013). Os resultados indicaram a genotoxicidade e
mutagenicidade causadas por este ambiente nas células dos peixes expostos.
Observou-se que no mês de junho a frequência de alterações genéticas foi maior
que no mês de agosto para todas as alterações avaliadas. Isso pode estar
relacionado com os dados pluviométricos destes meses para o ano de 2015, no qual
o mês de junho apresentou índice pluviométrico (68.4mm) superior ao do mês de
agosto (16.2mm) e, temperatura média mensal menor (19.6°C) que a do outro mês
(22.8°C). Devido a área de ocupação deste pesque-pague, estar localizada dentro
do perímetro urbano, com lavouras no entorno, tais atividades, podem estar
influenciando na qualidade da água deste ambiente. Pode-se inferir que o descarte
de contaminantes urbanos e agrícolas nos rios e córregos, pelo processo de
percolação resultante da chuva, contaminam a nascente que abastece os tanques e
se nos acumulam nos mesmos. Este evento, pode ocasionar a ocorrência das
alterações genotóxicas e mutagênicas nos indivíduos amostrados, uma vez que, os
peixes ficam sujeitos a diversos estressores que podem vir a afetar sua
sobrevivência e saúde.

CONCLUSÃO

Os efeitos ambientais relacionados às diferentes épocas nas quais os peixes foram


analisados podem ter contribuído para a genotoxicidade e mutagenicidade
identificadas nas células dos organismos estudados. O mês de junho foi o período
que apresentou mais alterações genéticas. Essa ocorrência pode ser advinda do
maior índice pluviométrico e menor temperatura média. Contudo, faz-se necessário
a realização de novos estudos a fim de avaliar de forma mais abrangente os
compostos químicos na água deste ambiente, para assegurar a saúde do peixe e
garantir a boa qualidade de sua carne para o consumo humano.

FONTES FINANCIADORAS

Universidade Federal da Grande Dourados- UFGD


Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior- CAPES
Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia do Estado
de Mato Grosso do Sul- FUNDECT

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Genotoxicidade ambiental
405 - ANÁLISE DA GENOTOXICIDADE EM ABELHAS NATIVAS Eulaema nigrita
LEPELETIER (HYMENOPTERA, APIDAE, EUGLOSSINI) EM ÁREAS
ANTROPIZADAS E NÃO ANTROPIZADAS DA FLORESTA NACIONAL DE
SILVÂNIA, GOIÁS, BRASIL

ALICE TÂMARA DE CARVALHO LOPES, HUGO FREIRE NUNES, FERNANDA


GONÇALVES DE SOUSA, WANESSA FERNANDES CARVALHO, DANIEL PAIVA E
SILVA, ROSANE GARCIA COLLEVATTI, DANIELA DE MELO E SILVA
Contato: ALICE TÂMARA DE CARVALHO LOPES - ALICE_CARVALHO12@HOTMAIL.COM

Palavras-chave: genotoxicidade; in situ; danos genômicos; abelhas nativas

INTRODUÇÃO

A conservação das abelhas nos últimos anos tem atraído grande atenção, pois os
impactos ambientais causados pela antropização podem acarretar declínio. A
fragmentação de habitats, a intensificação da agricultura, e o uso indiscriminado de
agrotóxicos são fatores relevantes para a perda da abundância e diversidade desses
insetos. Assim, o objetivo do presente estudo foi avaliar se abelhas da espécie
Eulaema nigrita apresentaram um quantitativo maior de danos ao DNA quando
coletadas em áreas antropizadas, em contraste com indivíduos coletados em locais
não antropizados, situados no interior da Floresta Nacional de Silvânia (FLONA),
uma Unidade de Conservação do Estado de Goiás.

METODOLOGIA

O estudo foi realizado na FLONA e nas proximidades onde há remanescentes de


cerrado e plantações de soja, milho e eucalipto. As coletas foram realizadas na
estação chuvosa, nos meses de janeiro a abril do corrente ano, por meio de
armadilhas aromáticas, utilizando as essências eucaliptol e vanilina. As abelhas
coletadas são da espécie Eulaema nigrita. Neste estudo, as abelhas foram coletadas
em 05 coordenadas geográficas, sendo 03 localizadas fora da FLONA e próximos a
áreas de cultivo e 02 dentro da FLONA, sem cultivos próximos. Para a análise de
danos no DNA, foi retirada a hemolinfa e feito o ensaio cometa em pH alcalino.
Foram analisadas, um mínimo de 30 nucleioides de cada abelha, com o auxílio de
microscópio de epifluorescência. Os núcleos das células foram visualizados usando
objetiva 10x e os danos ao DNA foram analisados com a utilização do software
Comet imager 2.2. Para a avaliação dos danos ao DNA, foi utilizado o parâmetro
momento da cauda de olive (MCO), que leva em consideração o comprimento da
cauda e a % de DNA. Foram realizadas análises estatísticas (teste t), com nível de
significância de 0,05.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Ao todo, foram analisadas lâminas de 40 abelhas, da espécie Eulaema nigrita,


espécie abundante, facilmente encontrada no Cerrado goiano. Dos 40 indivíduos, 20
(50%) foram coletados em áreas degradadas e os outras 20 (50%) estavam
localizadas em áreas não degradadas, no interior da FLONA. A distância mínima

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

entre os pontos foi de 1,5 Km. O parâmetro MCO, que leva em consideração outros
dois parâmetros de dano genômico, comprimento da cauda e % de DNA, nos
nucleóides dos cometas, demonstrou que não houve diferenças estatisticamente
significativas (p =0.9; GL = 12.6), nos valores médios de dano, entre as áreas
degradadas (59,3 + 10,2) e não degradadas, situadas no interior da FLONA (57,2 +
12,3). Apesar das diferenças nos estressores ambientais, entre as áreas de coleta,
não houve aumento significativo no dano genético, demonstrando, que as lesões
encontradas no DNA eram semelhantes entre os grupos. As áreas degradadas
correspondiam a fragmentos pequenos e entorno, com plantações de soja, milho e
eucalipto, as quais utilizam agrotóxicos, o que pode impactar a sobrevivência das
abelhas. No entanto, não foi detectado um quantitativo maior de danos ao DNA nas
abelhas próximas às plantações, apesar do uso intenso de pesticidas nas lavouras.
As abelhas coletadas foram todas do sexo masculino e também não foram
detectadas alterações morfológicas significativas. Vale ressaltar que esse é o
primeiro estudo do Estado de Goiás, avaliando, in situ, o DNA de abelhas situadas
em ambientes distintos, porém, conectados por paisagens similares. Como este
estudo faz parte de um Programa de monitoramento ecológico de longa duração,
serão realizadas mais coletas, ao longo dos anos, visando monitorar o impacto do
ambiente no genoma de espécies de abelhas nativas.

CONCLUSÃO

Desta forma, esse estudo pioneiro destaca a necessidade de monitorar in situ


espécies abundantes de grande interesse e importância ecológica. A longo prazo,
espera-se coletar um maior número de indivíduos, visando detectar prováveis
diferenças entre danos genômicos de espécimes coletados em áreas conservadas,
em contraste com áreas degradadas, ressaltando a grande importância de Unidades
de Conservação, para a manutenção e sobrevivência das espécies. Apesar do
pequeno número amostral obtido neste estudo, como as áreas de coleta eram
próximas, tal conexão pode explicar a inexistência de diferenças entre os danos
genômicos das espécies coletadas em áreas distintas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BIESMEIJER, J.C., ROBERTS, S.P.M., REEMER, M. et al (2006) Parallel declines in


pollinators and insect-pollinated plants in Britain and the Netherlands. Science
313:351–354.
BRITTAIN, C.A., VIGHI, M., BOMMARCO, R. et al (2010) Impacts of a pesticide on
pollinator species richness at different spatial scales. Basic Appl Ecol 11:106–115.
BROSI, B.J., DAILY, G.C., SHIH, T.M. et al (2008) The effects of forest fragmentation
on bee communities in tropical countryside. J Appl Ecol 45:773–783.
KLINK, C.A., MACHADO, R.B. (2005) Conservation of the Brazilian Cerrado.
Conserv Biol 19:707–713.
OLIVE, P.L., BANATH, J.P. (2006) The Comet assay: a method to measure DNA
damage in individual cells. Nature Protocols. 1:23–29.
PERUQUETTI, R.C. (2003) Variação do tamanho corporal de machos de Eulaema
nigrita Lepeletler (Hymenoptera, Apidae, Euglossini). Resposta materna à flutuação
de recursos?. Rev. Bras. Zool. 20 (02): 207-212.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

SPEIT, G., HARTMANN, A. (2005) The Comet assay: a sensitive genotoxicity test for
the detection of DNA damage. Methods Mol Biol. 291:85–95.

FONTES FINANCIADORAS

CNPQ/PELD
CAPES/PROCAD

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Oral
Genotoxicidade ambiental
417 - POTENCIAL GENOTÓXICO DE L-CARNITINA EM Astyanax lacustris

MILENA PEREZ DE MELO, BRUNO DO AMARAL CRISPIM, FELIPE MENDES MEREY,


LUIZA FLÁVIA VEIGA FRANCISCO, WELITON VILHALBA DA SILVA, CLEONICE
CRISTINA HILBIG, ALEXEIA BARUFATTI GRISOLIA
Contato: MILENA PEREZ MELO - MILENABIO16@GMAIL.COM

Palavras-chave: micronúcleo, alterações nucleares, lambari

INTRODUÇÃO

A suplementação da L-carnitina (LC), uma amina quaternária, vem sendo muito


estudada na nutrição animal, operando como estimulante no crescimento e no
metabolismo lipídico de diferentes espécies de animais. Em peixes seu uso pode
melhorar o desempenho e crescimento devido à maior eficiência da utilização da
energia dos lipídios, favorecendo a economia de proteínas e permitindo a
incorporação desta na produção do tecido muscular. No entanto, escassez de
informações sobre demais efeitos nos peixes, não garante sua utilização segura,
sendo assim, o presente estudo tem como objetivo avaliar o potencial genotóxico da
L-carnitina em Astyanax lacustris exposto a diferentes

METODOLOGIA

Para a realização do ensaio, os peixes foram mantidos nas mesmas condições,


sendo alimentados duas vezes ao dia com ração teste contendo LC em diferentes
concentrações (250, 500, 750 e 1000 mg/k) e controle negativo (ração sem LC). Os
experimentos foram realizados em quadriplicatas contendo 7 peixes por repetição,
com período de exposição via alimentação por 60 dias. Para as análises de
genotoxicidade foram utilizados cinco peixes por tratamento, sendo confeccionadas
três lâminas por peixe utilizando a técnica de esfregaço a partir do corte da
nadadeira caudal. Para cada lâmina, foram analisados 1000 eritrócitos para
determinação das frequências de células com micronúcleos e alterações
metanucleares (brotamento, invaginação, ponte cromossômica, picnose, células
binucleadas, núcleo lobulado, cariólise e núcleo vacuolizado). O resultado das
alterações eritrocíticas nucleares foi dado como uma média das frequências de cada
alteração separadamente (∑ da alteração das três lâminas por
concentração/3000x100). E para o índice genotóxico (IG) realizou-se a soma de
todas as alterações metanucleares das três lâminas por concentração/3000x100.
Para realizar a comparação estatística entre as concentrações e o controle foram
aplicados uma análise de variância ANOVA com posteori de Tukey (p=0,05),
utilizando o software BioEstat 5.0.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados obtidos indicaram que a LC nas concentrações testadas não


apresentou potencial mutagênico, devido à ausência de micronúcleos. Dentre as
demais alterações analisadas, cariólise, núcleo lobulado, núcleo vacuolizado e
picnose também não foram observadas. A alteração do tipo ponte cromossômica foi

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

observada, porém, não apresentou diferença significativa com o CN. Já para células
com brotamento nuclear verificou-se diferença significativa na concentração de 750
mg/kg quando comparando com controle negativo (p<0,01). Diferenças significativas
também foram verificadas para células binucleadas nas concentrações de 500, 750
e 1000 mg/kg comparado ao controle negativo. Para os dados de invaginação
nuclear observou-se diferença significativa em todas as concentrações em
comparação ao controle negativo (p< 0.0001), notou-se também que sua frequência
é dependente da concentração. O IG demonstrou diferença significativa para todas
as concentrações, apresentando maior genotoxicidade nas concentrações mais
elevadas (750 e 1000 mg/k), sendo assim, quanto maior a concentração deste
composto, maior será seu efeito genotóxico.
As alterações observadas estão relacionadas com modificações morfológicas no
núcleo das células de eritrócitos de peixes da espécie A. lacustris. O tipo de
alteração mais comum foi invaginação nuclear, detectada em maior quantidade na
maior concentração do composto. As invaginações nucleares podem ser resultantes
da interferência da LC na dinâmica do ciclo celular mitótico. Embora já se saiba
como se dá a formação de brotamento nuclear, micronúcleo e células binucleadas
nas células dos organismos, o mecanismo de formação de invaginações nucleares
ainda não são totalmente conhecidos. A presença de alterações genotóxicas é um
fator importante a ser levado em consideração em relação à segurança na utilização
da LC como estimulante no crescimento e ganho de peso para peixes, pois, seu uso
em excesso pode estar associado ao aparecimento de alterações genéticas nas
células de peixes, o que pode vir a acarretar em possíveis riscos à saúde destes
animais.

CONCLUSÃO

Os resultados apresentados demonstraram que a L-Carnitina não apresentou efeito


mutagênico nas concentrações testadas, no entanto, revelou efeito genotóxico aos
organismos expostos, visto que mesmo na menor concentração ocasionou a
indução de danos nas células. Considerando o uso da LC como estimulante no
crescimento para peixes, este estudo mostra que o uso deste composto,
administrado em doses proporcionais, apresenta efeitos genotóxico em
concentrações superiores a 500 mg/kg podendo constituir perigo à saúde dos
animais.

FONTES FINANCIADORAS

CAPES, CNPq, FUNDECT e UFGD

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Painel
Genotoxicidade ambiental
442 - FITOTOXICIDADE DE SOLO IMPACTADO POR REJEITOS DE MINÉRIO
UTILIZANDO Allium cepa COMO BIOINDICADOR

MONIQUE BEATRIZ BARBOSA, PAOLA DOS SANTOS DA SILVA, ALANA CAROLINA


MOSCARDI, MATHEUS MANTUANELLI ROBERTO, CINTYA APARECIDA
CHRISTOFOLETTI DE FIGUEIREDO
Contato: ALANA CAROLINA MOSCARDI - ALANAMOSCARDI@LIVE.COM

Palavras-chave: Cebola; Germinação de sementes; Ecotoxicologia

INTRODUÇÃO

O solo é um meio complexo, constituído por quantidades variáveis de minerais e


matéria orgânica (SBCS, 2016). Os efeitos ecotoxicológicos edáficos decorrentes da
disposição de resíduos sólidos têm sido reportados na literatura (CASTILHOS et al.,
2010; CESAR et al., 2013). Habitantes das regiões atingidas pela lama tóxica de
Mariana-MG apresentaram efeitos de intoxicação por metal pesado (BBC, 2018). A
avaliação da toxicidade de solo inclui ensaios de germinação de raízes (CETESB,
2018). Assim, o objetivo deste trabalho foi avaliar a toxicidade do solo de Bento
Rodrigues, distrito de Mariana, pelos testes de germinação e comprimento de raiz
em Allium cepa.

METODOLOGIA

Trinta gramas das amostras de solo, coletadas em três diferentes pontos (P1, P2 e
P3), no município de Mariana-MG, foram dispostas em placas de Petri. Em cada
placa, trinta sementes, no total, noventa sementes de cebola (Allium cepa),
variedade Baia Periforme, marca Isla®, foram distribuídas uniformemente sobre as
amostras e o conjunto umedecido com água destilada. Os bioensaios foram
realizados em triplicata, em BOD, a uma temperatura de 22°± 2ºC, com período de
incubação de 120 h. O controle positivo (CP) foi realizado com sementes submetidas
à germinação em metil metanosulfonato (MMS), à 4 x 10-4 M (RANK; NIELSEN,
1997). O controle negativo (CN) foi realizado com sementes submetidas à
germinação em água destilada.
Decorrido o tempo de exposição, foi quantificado o número de sementes que
germinaram/não germinaram. O comprimento da raiz de cada uma das plântulas,
correspondente a cada amostra, também foi cuidadosamente mensurado com
auxílio de paquímetro. Após as devidas aferições, calculou-se a porcentagem de
variação do crescimento da raiz. Os resultados foram analisados estatisticamente
com auxílio do programa GraphPad Prism v. 6.0 (MAC/OS). Após verificada a
normalidade dos dados, o teste estatístico utilizado foi o ANOVA, com p<0,05.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Bioensaios de toxicidade com bioindicadores vegetais têm sido amplamente


empregados e recomendados para estudos ecotoxicológicos de amostras
ambientais. Testes de germinação e crescimento radicular permitem uma avaliação
da toxicidade aguda, tanto de um poluente puro quanto de uma mistura complexa

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

(TORRES et al., 2003). Testes de toxicidade baseados na germinação de sementes


e crescimento de raízes têm sido propostos por órgãos governamentais como parte
da avaliação do potencial de contaminação de resíduos e efluentes dispostos no
meio ambiente (USEPA, 1996). De acordo com Leme e Marin-Morales (2009),
ensaios de toxicidade utilizando sementes de cebolas são aconselhados devido ao
baixo custo, por serem de fácil manuseio e permitirem a avaliação de múltiplos
parâmetros, tais como citotoxicidade, genotoxicidade e mutagenicidade, graças à
facilidade na visualização do material genético das células deste vegetal.
Pelos bioensaios realizados, foi possível observar fitotoxicidade das três amostras
avaliadas (P1, P2 e P3), uma vez que houve diferença significativa para a taxa de
germinação das sementes, quando comparados os resultados das amostras de solo
de Bento Rodrigues e o controle negativo. Foi possível observar valores menores da
taxa de germinação para os três pontos avaliados, sendo 32,2%, 36,7% e 34,4%
para P1, P2 e P3, respectivamente. Se a taxa média obtida para as amostras for
relacionada com a média do controle negativo, nota-se uma redução de 54,7%,
48,4% e 51,6% para a germinação de P1, P2 e P3, respectivamente. Não foi
observada diferença significativa para o parâmetro de crescimento radicular entre os
tratamentos avaliados.
Estudos realizados por Carvalho et al. (2017) avaliaram a presença de metais
pesados em amostras de água em três diferentes pontos do rio Doce, após o
rompimento da barragem do Fundão, distrito de Bento Rodrigues, em Mariana-MG.
Os autores observaram que, para os três pontos avaliados, elevadas concentrações
dos metais chumbo, arsênio, níquel, cobre, alumínio e manganês foram obtidas,
muitas vezes com valores acima do permitido pela legislação brasileira. Os autores
afirmam que as elevadas concentrações desses metais na água do rio Doce
provavelmente estão relacionadas ao desastre ambiental de Mariana, devido ao
rompimento e escoamento da lama oriunda da mineração. Logo, infere-se que a
inibição da germinação observada no presente estudo seja decorrente da presença
desses metais no solo da região. Leme e Marin-Morales (2009), na revisão a
respeito do uso de Allium cepa no monitoramento ambiental, afirmaram que as
sementes de cebola se mostram sensíveis a toxicidade por metais pesados.

CONCLUSÃO

O presente estudo mostrou que a espécie A. cepa pode ser empregada na avaliação
da fitotoxicidade de amostras de solo impactadas por rejeitos de mineração, sendo a
germinação de raízes o parâmetro mais eficiente. Contudo, uma análise integrada,
considerando outros parâmetros, tais como citotoxicidade, genotoxicidade e
mutagenicidade devem ser realizados, para conhecer os outros efeitos prejudiciais
de tais rejeitos e o possível impacto destes sobre o material genético dos
organismos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AZEVEDO, F.A.; CHASIN, A.A.M. (Coord.). A Ecotoxicologia na análise do risco


químico. Salvador: Centro de Recursos Ambientais – CRA, 2004. 267 p.
BBC - Exames constatam intoxicação por metais pesados em moradores de cidade
atingida pelo desastre de Mariana. Disponível em:
http://www.bbc.com/portuguese/brasil Acesso em: 27 mar. 2018.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

CASTILHOS, Z.C.; BIDONE, E.D.; CESAR, R.G.; EGLER, S.G.; ALEXANDRE, N.Z.;
BIANCHINI, M. et al. (2010). Metodologia para o monitoramento da qualidade das
águas da Bacia Carbonífera Sul Catarinense ferramenta para gestão em poluição
ambiental. 1 ed. Rio de Janeiro: CETEM 105 p.
CARVALHO, M.S. et al. Concentração de metais no rio Doce em Mariana, Minas
Gerais, Brasil. Acta Brasiliensis, v.1, n.3, p. 37-41, 2017.
COMPANHIA AMBIENTAL DO ESTADO DE SÃO PAULO (CETESB). Ensaio de
germinação e alongamento de raízes Qualidade do Solo. Disponível em :
http://cetesb.sp.gov.br/solo/biomonitoramento/ensaio-de-germinacao-e-
alongamento-de-raizes/. Acesso em: 29 mai. 2018
LEME, D.M.; MARIN, M.A.M. Allium cepa test in environmental monitoring: A review
on its application. Mutation Research, v. 682, p.71–81, 2009.
RANK, J.; NIELSEN, M.H. Allium cepa anaphase-telophase root tip chromosome
aberration assay on N-methyl-N-nitrosourea, maleic hydrazide, sodium azide, and
ethyl methanesulfonate. Mutation Research, v.390, p.121-127, 1997.
SBCS. A ciência do solo e o desastre de Mariana. Boletim informativo Sociedade
Brasileira de Ciência do Solo, v. 42, n. 1, p., 2016.
TORRES, A.C.; NASCIMENTO, W.M.; PAIVA, S.A.V.; ARAGAO, F.A.S.,Bioassay for
detection of transgenic soybean seeds tolerant to glyphosate. Pesquisa
Agropecuaria Brasileira, v. 38, n. 9, p. 1053-1057, 2003.
U.S. Environmental Protection Agency (USEPA). Proposed guidelines for ecological
risk assessment. Washington: Risk Assessment Forum. (EPA 630-R95-002B), 1996.

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Oral
Genotoxicidade ambiental
454 - TOXICIDADE E CITOGENOTOXICIDADE DA ÁGUA E SEDIMENTO DO RIO
SÃO FRANCISCO (SUBMÉDIO SÃO FRANCISCO) SOB INFLUÊNCIA DO CANAL
DO TOURÃO (JUAZEIRO/BA) REVELADA PELO BIOENSAIO COM Allium cepa L.

LAYSLA DOS SANTOS MOTTA, KYRIA CILENE DE ANDRADE BORTOLETI, ANA


CHRISTINA BRASILEIRO VIDAL
Contato: LAYSLA DOS SANTOS MOTTA - LAYSLAMOTTA@GMAIL.COM

Palavras-chave: citogenotoxicidade, submédio do São Francisco, Allium cepa

INTRODUÇÃO

No Submédio São Francisco, a cidade de Juazeiro (BA) compõe a Ride Petrolina


(PE) – Juazeiro (BA), juntamente com cidades circunvizinhas, as quais albergam
perímetros de irrigação destinados aos projetos de agricultura irrigada, entre eles o
Mandacaru.Este projeto apresenta como principal efluente o canal do Tourão,
receptor de despejos urbano, industrial e, principalmente agrícola, o qual é lançado
no rio São Francisco, sendo fonte poluidora deste recurso hídrico. Assim, este
trabalho investigou o potencial tóxico e citogenotóxico de amostras de água e
sedimento do rio São Francisco, nas delimitações deste efluente, mediante
bioensaio com Allium cepa L. e variáveis hidroquimicas.

METODOLOGIA

Amostras compostas de água (A) e sedimento (S) foram coletadas, contemplando a


estação de estiagem (EE, setembro/2017), em três pontos de amostragem distantes
em aproximadamente 100 m: à montante (M), no despejo (E) e à jusante (J) deste
efluente (09°24’32,40”S;40°27’14,40”W). Variáveis hidroquímicas (temperatura, pH,
oxigênio dissolvido, condutividade elétrica e totais de sólidos dissolvidos) foram
medidas in situ utilizando uma sonda multiparâmetro, Os recipientes com as
amostras, as quais foram coletadas superficialmente (água) e com auxílio de uma
draga (sedimento), foram mantidos 4 ± 2 ºC e transportados para o laboratório. Para
o bioensaio com Allium cepa L., sementes de cebola (cv. Vale-Ouro IPA-11) foram
submetidas às amostras coletadas e aos controles negativo (CN; água ultrapura) e
positivos [Metil Metano-Sulfonato (4x10-4 Mv) e Trifluralina (0,84 ppm de princípio
ativo)]. Após germinação, raízes foram coletadas, medidas e fixadas em Carnoy.
Para preparação das lâminas, as raízes foram lavadas, hidrolisadas em HCL 1N a
60 ºC, coradas com reativo de Schiff e carmim acético 2%. Foram confeccionadas
cinco lâminas/réplica, sendo analisadas 500 células/lâmina, totalizando uma
contagem de 7500 células/tratamento. Os resultados foram comparados com o CN
utilizando teste estatístico de Kruskal-Wallis, seguido de um teste a posteriori de
Tukey (p<0,05).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Para as amostras de água, as variáveis hidroquímicas apresentaram-se dentro do


estabelecido pela resolução CONAMA 357/2005. Uma elevada toxicidade foi
evidenciada pela estimulação do crescimento das raízes nas amostras de água [E

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

(0,36 cm)] e sedimento [M (0,36 cm)], frente ao CN (0,24 cm) (p<0,05). Por sua vez,
as amostras restantes apresentaram um potencial tóxico pelo estímulo [AM e AJ
(ambas, 0,32 cm)] ou inibição [SE (0,23 cm); SJ (0,19 cm)] do crescimento das
raízes. Considerando o índice mitótico, não foi observada citotoxicidade para as
amostras de água [AM (14,4%), AE (13,2%) e AJ (12%)], em comparação ao CN
(12,2%), contrariamente ao verificado para as amostras de sedimento [SM (0,73%),
SE (0,60%) e SJ (0,58%)], cuja redução do índice mitótico sugere uma ação
citotóxica. A diminuição do índice mitótico pode ser consequência de apoptose e
atraso na cinética de proliferação celular, a qual impede o início da divisão nuclear.
Desta forma, tal resultado está atrelado ao baixo índice de alterações
cromossômicas visualizado para as amostras de sedimento [SM (0,07%), SE
(0,10%) e SJ (0,06%), refletindo a ausência de genotoxicidade para as mesmas. Por
sua vez, as amostras de água mostraram um elevado índice de alterações [AM
(1,29%), AE (1,20%) e AJ (1,21%)], frente ao CN (0,74%), indicando a presença de
contaminantes genotóxicos. Provavelmente, essas diferentes ações tóxicas estão
relacionadas a contaminação ambiental por resíduos de metais pesados, matéria
orgânica e, principalmente, fertilizantes e agrotóxicos, constituintes do efluente canal
do Tourão. Trabalhos anteriores relataram a presença de metais pesados nas águas
e sedimento do rio São Francisco, a exemplo de níquel, chumbo, ferro e cobre,
interferindo na divisão celular de células meristemáticas de cebola. Por sua vez, em
um levantamento realizado entre 2007 e 2011, foram identificados o uso de 108
agrotóxicos na região, dentre eles cerca de 44% foram considerados como muitos
perigosos a exemplo dos organofosforados e piretroides. A ação conjunta ou isolada
dos metais e insumos agrícolas apresentam alta toxicidade, efeitos cumulativos e
difícil decomposição química, bem como pode ocasionar danos ao material genético
por propriedades aneugênicas e/ou clastogênicas, justificando as alterações
observadas no presente trabalho.

CONCLUSÃO

Em suma, as amostras de água e sedimento coletadas no rio São Francisco, sob


influência do Canal do Tourão, apresentaram em determinados pontos ações tóxica,
citotóxica e/ou genotóxica sobre células meristemáticas de A. cepa, possivelmente
decorrente da presença de poluentes advindos de atividades antrópicas, bem como
da interação entre eles. Tal dado ressalta a importância do monitoramento ambiental
do Submédio São Francisco, a fim de possibilitar a minimização e mitigação dos
danos ambientais causados por tais atividades, bem como proteger a saúde humana
e animal.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARAÚJO, G.J.F.; SILVA, M.M. Crescimento econômico no semiárido brasileiro: o


caso do polo frutícola Petrolina/Juazeiro. Caminhos de Geografia 14:246-264, 2013.
ANA. Agência Nacional de Águas, Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, 2016.
http://www2.ana.gov.br/Paginas/portais/bacias/SaoFrancisco.aspx
MOURA, M.S.B.D.; GALVINCIO, J.; BRITO, L.D.L.; SOUZA, L.D.; SÁ, I.; DA SILVA,
T.G.F. Clima e água de chuva no Semi-Árido. Embrapa Semiárido-Capítulo em livro
técnico-científico (ALICE), 2014.
RODRIGUES, G. .; SILVA, A.D.S.; BUSCHINELLI, C.D.A.; de ROSSO, C.R.S.;
CARBINATTO, M.L.; SOUZA, T.D.; PAIVA, W.F. Diagnóstico ambiental das fontes

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

pontuais de poluição das águas nas bacias hidrográficas do norte de Minas e do


submédio São Francisco. Embrapa Meio Ambiente-Boletim de Pesquisa e
Desenvolvimento (INFOTECA-E), 2004.
PEREIRA, I.F.M. “Genotoxicidade como parâmetro de monitoramento ambiental do
Rio São Francisco no Polo Petrolina (PE)/ Juazeiro (BA)”. Dissertação apresentada
ao Programa de Pós-Graduação em Genética da Universidade Federal de
Pernambuco, 2017.
VITAL, T.A.; MOLLER, H.D.; FAVERO, L.A.; SAMPAIO, Y.S.B.; SILVA, E. A
Fruticultura de Exportação do Vale do São Francisco e a Crise Econômica: efeitos
sobre a convenção coletiva de trabalho 2009-2010. Revista em Agronegócio e Meio
Ambiente, v. 4, n. 3, 2011.
VENTURA, B.D.C.; DE ANGELIS, D.D.F.; MARIN-MORALES, M.A. Mutagenic and
genotoxic effects of the Atrazine herbicide in Oreochromis niloticus (Perciformes,
Cichlidae) detected by the micronuclei test and the comet assay. Pesticide
Biochemistry and Physiology, v. 90, n. 1, p. 42-51, 2008.

FONTES FINANCIADORAS

Ministério da Integração; CEMAFAUNA – Caatinga; UNIVASF

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Genotoxicidade ambiental
460 - UTILIZAÇÃO DE MODELOS PÍSCEOS COMO BIOINDICADORES PARA
AVALIAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DAS VÁRZEAS DO RIO
IVINHEMA/MS

SILVANA LIMA DOS SANTOS, LUCILENE FINOTO VIANA, FELIPE MENDES MEREY,
BRUNO DO AMARAL CRISPIM, ALEXEIA BARUFATTI GRISOLIA, SIDNEI EDUARDO
LIMA JUNIOR
Contato: FELIPE MENDES MEREY - FELIPEMENDESMEREY@HOTMAIL.COM

Palavras-chave: genotoxicidade, mutagenicidade, plano de manejo

INTRODUÇÃO

Os ambientes aquáticos estão constantemente expostos a diversas fontes de


contaminações, oriundos de atividades antrópicas. A crescente redução da
cobertura vegetal nativa, principalmente a expansão de lavouras e pastagens,
próximos de rios e córregos, facilita o carreamento de contaminantes para os corpos
hídricos. O monitoramento ambiental se torna imprescindível, e os peixes são
considerados excelentes bioindicadores, pois refletem respostas das reais condições
do ambiente. Neste contexto, o trabalho tem como objetivo avaliar os efeitos
mutagênicos e genotóxicos do Rio Ivinhema-MS e do Rio Amambai-MS em duas
espécies de peixes nativas (Pterodoras granulosus e Prochilodus lineatus).

METODOLOGIA

As amostragens foram realizadas no Rio Ivinhema-MS dentro da área de


conservação localizada no Parque Estadual das Várzeas do Rio Ivinhema (PEVRI) e
no rio Amambai-MS, pertencentes a bacia do Alto Rio Paraná-MS. Os indivíduos
foram coletados com auxílio de redes de espera, com malha variando entre 1,5 a 8,0
cm entre nós adjacentes e tarrafas. Após a coleta os peixes foram imersos em água
gelada in situ para reduzir a sua atividade. Para obtenção das amostras de sangue
foi realizada punção caudal nos indivíduos utilizando seringas heparinizadas e para
cada amostra de peixe, foram obtidos dois esfregaços. Foram analisados 1000
eritrócitos por lâmina para quantificação das alterações celulares nucleares, tais
como: micronúcleo, brotamento nuclear, invaginação nuclear, ponte cromossômica,
picnose, célula binucleada, núcleo lobulado, cariólise e núcleo vacuolizado. Para
realizar a comparação estatística entre as espécies e os dois locais de coleta foi
aplicado o teste não-paramétrico de Mann-Whitney (p=0,05), utilizando o software
Statistica 13.2.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Com base nos resultados foi possível observar que os exemplares coletados no rio
Amambai apresentaram maiores efeitos mutagênicos e genotóxicos em comparação
aos exemplares do Parque Estadual das Várzeas do Rio Ivinhema, para ambas as
espécies observadas no estudo (p<0,05). No PEVRI a alteração nuclear mais
frequente, encontrada nos eritrócitos dos peixes, foi invaginação nuclear, porém
também foram observadas outras alterações, como: núcleo lobulado e brotamento

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

nuclear. Os resultados da avaliação do efeito mutagênico demonstraram que nas


amostras do PEVRI, não foi detectada nenhuma formação de micronúcleo em
nenhuma das espécies analisadas em comparação ao rio Amambai que está
localizado próximo da região urbana e áreas industrias, apresentando maiores
efeitos mutagênicos e genotóxicos em ambas as espécies (P. granulosus e P.
lineatus). Pesquisas de genotoxicidade e mutagenicidade em peixes demonstram a
grande importância desses animais como bioindicadores, podendo assim avaliar
riscos da antropização nos ecossistemas. Esses resultados podem ser justificados
devido ao PEVRI ser um parque de conservação ambiental, ocorrendo fiscalizações
para a preservação da vegetação ciliar, que é um importante fator para a
manutenção da integridade ambiental dos sistemas aquáticos. Em contrapartida, o
rio Amambai é afluente da Microbacia Tarumã, a porção inferior está localizada no
perímetro urbano e acaba recebendo resíduos domésticos e industriais. Em seguida,
passa por regiões de área rural, onde próximo as margens existem áreas agrícolas,
com o predomínio de plantação de cana-de-açúcar, que por fim desagua no rio
Amambai. Sendo assim, o rio Amambai está sujeito a diversas fontes de
contaminação, e consequentemente acaba afetando a biota aquática, ocasionando
efeitos mutagênicos e genotóxicos.

CONCLUSÃO

A partir desses resultados, é possível concluir que o plano de manejo do PEVRI está
de acordo com as normas propostas para manutenção e conservação dos recursos
hídricos e da biota aquática, como a ictiofauna avaliada neste trabalho. As amostras
obtidas nessa Unidade de Conservação indicaram menor frequência de efeitos
genotóxicos e não apresentou efeito mutagênicos em comparação com ao Rio
Amambai que está sujeito aos efeitos da antropização. É importante ressaltar
também que a conservação da cobertura vegetal é de suma importância para a
manutenção da integridade ambiental dos ecossistemas aquáticos.

FONTES FINANCIADORAS

CNPQ, CAPES, FUNDECT, UFGD E UEMS.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Genotoxicidade ambiental
471 - GENOTOXICITY OF AGRICULTURAL SOILS UNDER CONVENTIONAL
MANAGEMENT IN Allium cepa L. CROPS

JORGE LUIS GALLEGO ZAPATA JORGE, JESUS OLIVERO-VERBEL OLIVERO


Contato: JORGE LUIS GALLEGO ZAPATA - JGALLEGOZ@UNICARTAGENA.EDU.CO

Keywords: Allium cepa L., genotoxicity, pesticide, soil health.

INTRODUCION

Agriculture is among the greatest contributors to soil pollution due to the increased
pesticide use. The achievement of food security goals involves the sustainable
management of agrosystems and the assessment of the potential risks of polluted
soils. Nevertheless, there are few indicators to evaluate soil toxicity. Allium cepa L. is
a sensitive model used in toxicological research. Chromosomal aberrations,
micronucleus, and disturbances in mitotic cycle are endpoints related to
mutagenicity, genotoxicity, and cytotoxicity in environmental samples. The aim of this
research was to assess cellular biomarkers in Allium cepa L. root tips cultivated in
field realistic conditions of pesticide use.

METHODS

Allium cepa L. root tips and soil samples were collected from onion fields in realistic
conditions, cultivated under both organic and conventional management in an
intensive agricultural region of Colombia. In addition, a field after two years of
conversion from conventional to organic management was sampled. For each type of
crop management, composite samples were obtained from independent fields of 30
and 75 days after onion transplantation. About 3 kg of soil collected from 0-25cm
depth per location were transported to the laboratory and air-dried for the analysis of
physicochemical properties. Pesticide screening and quantification was conducted
using gas and liquid chromatography coupled to mass spectrometry mutiresidue
methods. The mitotic index (MI) and different types of chromosomal abnormalities
(CA) were compared through microscopic analysis of root tips. ANOVA followed by
least significant difference test was used to determine the differences among means.
Pearson´s correlation was used to analyze the association between cytogenetic
variables and pesticides concentration.

RESULTS AND DISCUSSION

Soil was classified as Typic Sulfaquepts sandy clay loam for conventional fields, and
Typic Fulvudands sandy loam for organic crops. Soil analysis data indicated
significant variations in most nutrients and chemical properties between soils under
different management. Cationic exchange capacity ranged from 119.8 to 131.0 cmolc
kg-1, and pH values ranged from 4.6 to 5.5 in conventional crops. Meanwhile, 20.6
cmolc kg-1 average cationic exchange capacity and pH between 5.9 and 6.5 were
obtained in organic soil samples analysis.
The mitotic index of the Allium cepa L. grown in conventional management
(3.96±0.88 %) was statistically lower than those observed in organic (12.36±2.25 %)

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

and transition sites (14.97±2.97 %). Chromosomal aberrations and nuclear


abnormalities were not observed in the samples from the organic crop. Conventional
and transitional fields presented chromosomal aberrations in frequencies of
0.078±0.07 % and 0.11±0.08 %, respectively. Nuclear abnormalities were higher in
the samples of conventional management (0.079±0.01 %) in comparison to samples
from transition crop (0.021±0.02 %).
After multiresidue screening by GC-MS and LC-MS, 18 pesticides were found in
conventional crops soil samples. Difenoconazole and fipronil residues were detected
in samples from both conventional and transition crops. High cytogenetic alterations
were observed in samples from conventional crop. These results suggest the
influence of the pesticide toxicity in soils. Pearson´s correlation analysis between
mitotic index and pesticides concentration in soils resulted in a significant negative
association to difenoconazole (P value=0.0370) but not to fipronil (P= value=0,4504).
Allium cepa test has been used to study the toxicity of complex mixtures from soil
samples. Positive results has been reported in the comparison of genotoxicity in
different polluted soils (LEME & marin-Morales, 2009). Difenoconazole has potential
genotoxic and cytotoxic effects on Allium cepa as it causes a reduction in the
germination, root growth and mitotic index at concentrations higher than 15 ppm for
48 h of exposure (BERNARDES, 2015). Cytogenetic alterations in Allium cepa root
tips have been also reported to Carbendazim (VERMA et al., 2018), Cypermethrin
(ÇAVUŞOĞLU et al., 2012), MANCOZEB (FATMA et al.,2018) and Tebuconazole
(BERNARDES, 2015).

CONCLUSION

The microscopic evaluation of root tips of Allium cepa L. taken from the crop allowed
the identification of cellular alterations and chromosomic aberrations associated with
the pesticide residues in the soil. Fipronil and difenoconazole were found in
conversion crops, this suggests that the agrochemicals used in the previous years
require a long transition period. Pesticide use in the realistic onion crop investigated
was excessive, environmental impact must be assessed. Future in situ analysis
based on this type of sampling will offer potential biomarkers for the monitoring of
agricultural management and soil health.

REFERENCES

BERNARDES, P.M.; ANDRADE-VIEIRA, L.F.; ARAGÃO, F.B.; FERREIRA, A.; DA


SILVA FERREIRA, M.F. (2015). Toxicity of Difenoconazole and Tebuconazole in
Allium cepa. Water, Air, & Soil Pollution, 226(7), 207.
ÇAVUŞOĞLU, K.; KAYA, A.; YILMAZ, F.; YALÇIN, E. (2012). Effects of cypermethrin
on Allium cepa. Environmental toxicology, 27(10), 583-589.
FATMA, F.; VERMA, S.; KAMAL, A.; SRIVASTAVA, A. (2018). Monitoring of
morphotoxic, cytotoxic and genotoxic potential of mancozeb using Allium assay.
Chemosphere, 195, 864-870.
LEME, D.M.; MARIN-MORALES, M.A. (2009). Allium cepa test in environmental
monitoring: a review on its application. Mutation Research/Reviews in Mutation
Research, 682(1), 71-81.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

VERMA, S.; SRIVASTAVA, A. (2018). Cyto-genotoxic consequences of carbendazim


treatment monitored by cytogenetical analysis using Allium root tip bioassay.
Environmental monitoring and assessment, 190(4), 238.

SPONSORS

This research was supported by the National Fund for Science, Technology and
Innovation “Francisco Jose de Caldas” of Colombia, the National Program for
Doctoral Formation (COLCIENCIAS, 727-2015) and University of Cartagena.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Integração de ecossistemas e
saúde humana

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Integração de ecossistemas e saúde humana
4 - ENSAIOS DE TOXICIDADE COM Raphidocelis subcapitata E Lactuca sativa EM
EFLUENTE TÊXTIL

NÁDIA HORTENSE TORRES, LUIZ FERNANDO ROMANHOLO FERREIRA, GLÁUCIA


NICOLAU DOS SANTOS, ÁLVARO SILVA LIMA, ELIANE BEZERRA CAVALCANTI
Contato: NÁDIA HORTENSE TORRES - NADIAHORTENSE@GMAIL.COM

Palavras-chave: contaminação; ecotoxicologia

INTRODUÇÃO

A produção têxtil é um dos maiores setores industriais e representa 8% do comércio


mundial de manufaturados, que geram grande volume de águas residuárias ricas em
sais e compostos orgânicos, como corantes, surfactantes e outras substâncias
(PUNZI et al., 2015). O tratamento adequado é necessário para atender aos
requisitos de controle de poluição, assim como a realização de ensaios
ecotoxicológicos dos efluentes após os tratamentos propostos. Portanto, os objetivos
deste trabalho foram tratar o efluente têxtil por tratamento combinado através de “jar
test” e Processos Avançados de Oxidação (AOPs), e testar a toxicidade em

METODOLOGIA

Antes da coleta da amostra de efluente têxtil bruta, ensaios de otimização dos


parâmetros de coagulação/floculação foram realizados utilizando um efluente
contaminado com o corante verde brilhante indanthren C-FFB (Dystar), na
concentração de 100 mg L-1, com água deionizada. Para os testes posteriores foram
coletados 20 L de amostra composta do efluente proveniente de uma indústria têxtil
situada na cidade de Riachuelo, Estado de Sergipe, Brasil.
O efluente foi tratado através do método convencional, o “jar test”, a fim de testar as
concentrações do coagulante e floculante (CF) seguido da oxidação eletroquímica.
Tanto os parâmetros da CF, quanto o tratamento eletroquímico, ambos foram
desenvolvidos adaptando as condições pré-estabelecidas em Torres et al. (2018)
(Figura 1).
- Etapa 1: Otimização dos parâmetros da CF com o efluente sintético;
- Etapa 2: Caracterização físico-química do efluente bruto;
- Etapa 3: Otimização dos tratamentos eletroquímicos (A – Efluente + CF + DSA (I =
100 mA); B - Efluente CF + DSA (I = 200 mA) e C - Efluente CF + DSA (I = 300 mA)
e;
- Etapa 4: Ensaios combinados (Condições ótimas determinadas
experimentalmente: CF e oxidação eletroquímica e ensaio de toxicidade crônica com
Raphidocelis subcapitata e Lactuca sativa.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O tratamento CF proporcionou redução da turbidez em 96% para 40 rpm, valor


acima do encontrado por GilPavas et al. (2018), que alcançaram 93% de remoção

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

deste parâmetro. Houve maior remoção do corante na velocidade de 40 rpm (71%),


e por isso verificou-se que esta é a agitação ótima para que ocorra melhor eficiência
na dispersão do floculante, facilitando a interação com as partículas, e
consequentemente a formação de flocos. Ao final dos experimentos pôde-se
verificar que através do tratamento de CF foi possível remover o corante sob as
seguintes condições ótimas, pH 6,0, coagulante 1,5 mg.L-1, alcalinidade 0,675 mg.L-
1
, floculante 61 mg.L-1, velocidade rápida a 100 rpm (1 min) e lenta a 40 rpm (20
min).
Para conduzir as reações de oxidação eletroquímica (EO), o pH foi ajustado para 6,0
como pH inicial para o efluente bruto, todas as condições experimentais da FC foram
otimizadas e pré-definidas no item 3.1. Portanto, algumas variáveis foram testadas,
como a intensidade da corrente (100, 200 e 300 mA), o tempo de tratamento e o
eletrodo da ASD. A taxa de remoção do COT foi de 82% (I = 300 mA), valor acima
do encontrado por Rajoriya et al. (2018), que foi de 48%.
Em nossas condições experimentais, os valores de IC5072h de todos os efluentes
testados (crus e tratados) foram classificados como “potencialmente tóxicos”, com
base na taxa de crescimento, conforme citado por Croce et al. (2017). Em relação
aos valores de inibição, o efluente bruto pode ser considerado mais tóxico, pois o
valor de IC5072h foi de 27%. E o uso de tratamento físico-químico de
coagulação/floculação e sedimentação com oxidação eletroquímica foi suficiente
para melhorar a resposta tóxica no efluente tratado, pois o valor de IC5072h foi de
52%. Conclui-se que o uso isolado desta tecnologia não é capaz de reduzir os
efeitos tóxicos do efluente do biodiesel contra a R. subcapitata, conforme citado por
Torres et al. (2018).
O percentual de germinação foi maior nas amostras menos diluídas, uma vez que a
quantidade de substâncias tóxicas diminui com o aumento da diluição. Houve
também maior porcentagem de germinação das sementes no efluente tratado
(CF+OE+DSA - I = 300 mA), e o maior valor da %GR foi de 98,33% para a amostra
a 1,56% de concentração.

CONCLUSÃO

A purificação de águas residuárias têxteis por coagulação/floculação oxidação


eletroquímica em tandem foi estudada, e ensaios de toxicidade com Raphidocelis
subcapitata e Lactuca sativa. A DQO inicial de 734 mg.L−1 foi reduzida para 132,12
mg.L-1 (82% de redução), após a CF e a oxidação eletroquímica usando DSA como
eletrodo. Os efluentes tratados e brutos foram submetidos a testes de toxicidade
com R. subcapitata e L. sativa, e o tratamento proposto foi eficiente, pois as
amostras não apresentaram toxicidade para este organismo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CROCE, R.; CINÀ, F.; LOMBARDO, A.; CRISPEYN, G.; CAPPELLI, C.I.; VIAN, M.;
MAIORANA, S.; BENFENATI, E.; BADERNA, D. Aquatic toxicity of several textile dye
formulations: Acute and chronic assays with Daphnia magna and Raphidocelis
subcapitata. Ecotoxicology and Environmental Safety, v. 144, p. 79-87, 2017.
GILPAVAS, E.; DOBROSZ-GÓMEZ, I.; GÓMEZ-GARCÍA, M.Á. Optimization of
sequential chemical coagulation - electro-oxidation process for the treatment of an

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1129
XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

industrial textile wastewater. Journal of Water Process Engineering, v. 22, p. 73-79,


2018.
PUNZI, M. et al. Combined Anaerobic-Ozonation Process for Treatment of Textile
Wastewater: Removal of Acute Toxicity and Mutagenicity. Journal of Hazardous
Materials, v. 292, p. 52-60, 2015.
RAJORIYA, S.; BARGOLE, S.; GEORGE, S.; SAHARAN, V.K. Treatment of textile
dyeing industry effluent using hydrodynamic cavitation in combination with advanced
oxidation reagents. Journal of Hazardous Materials, v. 344, p. 1109-1115, 2018.
TORRES, N.H.; LIMA, A.S.; FERREIRA, L.F.R.; OLIVEIRA, J.A.; CAVALCANTI, E.B.
Treatment of wastewater from biodiesel generation and its toxicity evaluation by
Raphidocelis subcapitata. Brazilian Journal of Chemical Engineering, Article in Press,
2018.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Oral
Integração de ecossistemas e saúde humana
87 - ÁGUA DE QUALIDADE, MAS PARA QUEM? UM ESTUDO SOBRE A
PERCEPÇÃO DA QUALIDADE DA ÁGUA POR POPULAÇÕES AMAZÔNICAS

CAROLINE LOPES FEIJO FERNANDES, ANTÔNIA EDNA AZEVEDO, TATIANA


PEREIRA, FLAVIO MANOEL RODRIGUES DA SILVA JÚINIOR
Contato: CAROLINE LOPES FEIJO FERNANDES - CAROLINEFERNANDESBIO@GMAIL.COM

Palavras-chave: sistema de saneamento; água para consumo; qualidade de vida

INTRODUÇÃO

A água é considerada um bem comum a todos os seres vivos. Contudo, em um


panorama brasileiro inúmeras populações, como as ribeirinhas e nortistas, têm
vivenciado condições precárias de instalações inadequadas de tratamento de água e
esgoto o que diminui sua qualidade de vida e condições de saúde. No entanto, a
percepção destas populações sobre o ambiente onde estão inseridas é de grande
relevância neste contexto. Sendo assim, o presente estudo teve como objetivo
analisar o perfil socioambiental e a percepção da qualidade da água por 268
moradores socialmente vulneráveis de duas cidades do interior do Pará - Brasil.

METODOLOGIA

Neste trabalho foi realizado um estudo observacional de caráter transversal em dois


municípios vizinhos, Altamira e Senador José Porfírio (SJP), situados no estado do
Pará que compreende a região norte do Brasil. Cabe salientar que no município de
Altamira está inserida a 3º maior hidrelétrica do mundo, a usina de Belo Monte. O N
amostral com 5% de significância resultou em 246 participantes, contudo a amostra
deste estudo foi composta por 268 residentes. A Coleta de dados foi realizada
durante o ano de 2015 através de questionário semiestruturado. Para aplicação do
questionário os municípios foram divididos em setores censitários ao qual em cada
setor as casas foram escolhidas aleatoriamente. O instrumento continha questões
segundo a Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa (ABEP, 2008) sendo
complementado com as percepções sobre o meio ambiente e saúde humana
relacionadas à qualidade do abastecimento de água. Este estudo foi aprovado pelo
Comitê de Ética da Universidade Federal do Pará sob o número
811.807/29.09.2014. A análise estatística foi realizada através do teste do qui-
quadrado e exato de Fisher utilizando o Software STATA 14.0.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Grande parte dos entrevistados relatou ter água encanada em sua casa. No entanto,
63,1% dos entrevistados consideraram a água fornecida como organolepticamente
alterada e de má qualidade. Dos entrevistados, 92,5% afirmaram que sua água é
principalmente proveniente de poços (artesianos ou comuns); 94,8% perceberam
uma relação entre a diminuição da qualidade da água e o aumento dos problemas
de saúde. Cerca de 61,6% dos entrevistados relataram preocupações sobre a falta
de saneamento básico. Comunidades socialmente vulneráveis, como é o caso dos
moradores das cidades de Altamira e SJP, que sofreram os impactos da instalação e

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

operação de uma grande usina hidrelétrica regional, têm problemas sociais que
devem ser pensados e analisados cautelosamente. Muitos destes problemas estão
ligados a água de consumo doméstico, ao qual é proveniente de poços, sendo
intrinsecamente relacionada ao aumento do risco de desenvolvimento de problemas
de saúde, como percebido pelos entrevistados. Sendo assim, o conhecimento sobre
estes riscos e perigos é uma ferramenta inicial para o planejamento de qualquer tipo
de intervenção, mostrando a importância do estudo quanto as percepções em
relação à poluição ambiental dos recursos naturais. Como foram elencadas as
percepções da população, podemos discernir a possibilidade de atender às suas
necessidades básicas e engajar estratégias que culminem na solução de seus
problemas. Assim, argumenta-se a necessidade de desafiar e reavaliar a
conceituação da disponibilidade de recursos hídricos dentro do território da
Amazônia brasileira, principalmente quando esta é provida de uma gama de
recursos hídricos disponíveis. Sendo também considerado que a melhora dos
serviços de saneamento irá contribuir efetivamente na manutenção da qualidade de
vida, bem como a proteção da saúde dos residentes destas áreas.

CONCLUSÃO

Este estudo evidenciou que as populações estudadas percebem a baixa qualidade


da água fornecida pelos municípios e que os moradores compreendem que a
qualidade da água está relacionada a problemas de saúde. Contudo, novos estudos
são necessários para verificar a qualidade da água dos poços artesianos
comumente usados pelos habitantes locais. A situação crítica do uso da água e o
precário saneamento básico serve como um alerta aos gestores públicos, dada a
questão de saúde pública e ambiental, somente com a implementação de políticas
públicas direcionadas ao tratamento de água e esgoto, esse cenário pode ser
transformado.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABEP. 2008. Critério Padrão de Classificação Econômica Brasil. Acessado em 01 de


outubro de 2017 ( http://www.abep.org/criterio-brasil)

FONTES FINANCIADORAS

Esta pesquisa foi realizada sem fonte financiadora.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Integração de ecossistemas e saúde humana
258 - DETERMINAÇÃO DE ÍONS NITROGENADOS EM RIO DO NORORESTE
GAÚCHO: CONTAMINAÇÃO E RISCO DE METAHEMOGLOBINEMIA

DAIANE GUEDES DOMINGUES, ANTONINHO TEIXEIRA JÚNIOR, CARLOS HENRIQUE


OLIVEIRA DO AMARAL, PATRICIA BERSCH, ALEXANDRE EHRHARDT
Contato: DAIANE GUEDES DOMINGUES - DAI.DOMINGUES@LIVE.COM

Palavras-chave: hemoglobina; íons nitrogenados; fertilizantes

INTRODUÇÃO

O nitrogênio é o elemento químico com maior concentração na atmosfera sendo que


forma de íons nitrito (NO2-) e nitrato (NO3-) são considerados contaminantes
ambientais de larga expansão nos recursos hídricos superficiais e profundos. A
contaminação advém do incremento do uso de fertilizantes nitrogenados oriundo das
atividades agrícolas. A detecção e quantificação desses íons torna-se importante
uma vez que elevações desses níveis está relacionado com efeitos ambientais
deletérios e riscos à saúde humana. Nesse sentido, o presente trabalho visou
quantificar as concentrações de nitrato e nitrito no rio da Várzea no noroeste do
estado do Rio Grande do Sul.

METODOLOGIA

Tratou-se de um estudo transversal no qual foram realizadas analises de água de


sete pontos ao longo do Rio da Várzea, nos meses de março a julho de 2012. Para a
determinação dos teores de nitrito foram utilizadas fitas reativas (MERCK-
QUANTOFIX® NITRATO/NITRITO 0-500mg/L) com limite de detecção de 10-500
mg/dL e 1-80 mg/dL para nitrito e nitrato respectivamente. Os pontos de coleta
seguiram a seguinte ordem: ponto 1 (nascente do rio nas margens da RS 342),
ponto 2 (localizado a 200 metros da BR 285 - Km 10), ponto 3 (margens da BR 285 -
Km 10, em local de pouca vegetação com aproximadamente 20 metros de mata
ciliar), ponto 4 (margens da BR 285 - Km 34, pouca vegetação e predominância de
cultura de soja nos arredores), ponto 5 (parque municipal de Carazinho/RS à 300
metros do trevo de acesso à cidade, local bem protegido por vegetação em um raio
de 500 metros), ponto 6 (leito do rio localizado em estrada de chão, próximo ao
parque municipal de Carazinho/ RS, com vegetação muito densa) e ponto 7 (entre
as cidades de Carazinho/ RS e Sarandi/ RS, nas margens da BR 386, com
vegetação mais densa).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

As amostras avaliadas apresentaram os seguintes resultados para nitrato: ponto 01


– 4,86 mg/L; ponto 02 – 3,75 mg/L; ponto 03 – 0,70 mg/L; ponto 04 – 0,30 mg/L;
ponto 05 – 0,10 mg/L; ponto 06 – 0,25 mg/L e ponto 07 – 0,90 mg/L, com média de
1,92, σ 0.32, EP - 0.65.
Os resultados para nitrito foram: Ponto 01 – 9,75 mg/L; ponto 02 – 1,95 mg/L; ponto
03 – 0,03 mg/L; ponto 04 – 0,01 mg/L; ponto 05 – 0,018 mg/L; ponto 06 – 0,025
mg/L e ponto 07 – 0,01 mg/L, com média de 1,68, σ 3,62, EP – 1,26.

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


1133
XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

O Ministério da Saúde, através da portaria número 2.914 de 12 de dezembro de


2011, estabelece os procedimentos e responsabilidades relativos ao controle e
vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de
potabilidade, afixando os teores máximos tolerados de nitrato e nitrito em 10,0 mg/L
e 1,0 mg/L respectivamente.
O ponto 1 (nascente ao lado do asfalto) apresentou um índice de nitrito além do
permitido. Pode-se atribuir isso ao fato de que a baixa infiltração no solo causa
acúmulo de água na superfície e, como esse íon possui uma alta solubilidade, é
facilmente arrastado pelas águas das chuvas através do fenômeno de lixiviação.
Além disso, percebe-se que ao longo do rio o teor de nitrito diminui, provavelmente
sendo esse fato explicável por inúmeros afluentes que poderiam estar diluindo essa
concentração.
No organismo humano, O nitrito oxida o Fe2+ da hemoglobina a Fe3+, o que acaba
convertendo-a em metahemoglobina. Essa por sua vez não transportar oxigênio, o
que leva à anoxia tissular. Em casos de intoxicação, o antídoto mais usado é um
agente redutor, como o azul de metileno que atua como receptor de um H +
proveniente do NADPH, reduzindo-se a azul-de-leucotoleno, composto que
consegue entregar o H+ para a metahemoglobina convertendo-a novamente em
hemoglobina funcional.
A população mais propensa a desenvolver complicações oriundas da exposição aos
íons de nitrogênio é aquela que tem imaturidade do sistema gastrointestinal, como
nas crianças menores de seis meses. Nessa população pode ocorrer a chamada
“síndrome do bebê azul” e consequência da baixa saturação de O 2.

CONCLUSÃO

Apenas um resultado foi confirmado como acima dos valores permitidos. Todavia,
identificar e quantificar a presença desses íons nitrogenados em fontes de água
destinada ao consumo humano mostra-se fundamental no intuito de buscar meios
de impedir e reverter quadros de contaminações e/ou intoxicações.
Apesar de o maior risco enquadrar-se na faixa etária de menores de um ano de
idade, adultos também pode serem intoxicados levando à quadros de
metahemoglobinemia. Há relatos de potencial ligação com câncer de estômago,
entretanto as pesquisas realizadas ainda são insatisfatórias para esclarecerem esta
relação.

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


1134
XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Oral
Integração de ecossistemas e saúde humana
328 - AVALIAÇÃO DA ECOTOXICIDADE DA SUBSTÂNCIA NATURAL 1-
DODECANOL PARA CONTROLE DO Aedes aegypti, NO COPÉPODO MARINHO
Tisbe biminiensis

JÉSSICA A. S. MOURA, LILIA PEREIRA SOUZA-SANTOS, DANIELA M. A. F. NAVARRO


Contato: JÉSSICA A. S. MOURA - JASMOURAOC@GMAIL.COM

Palavras-chave: 1-Dodecanol, larvicida, efeito sub-letal, Tisbe biminiensis

INTRODUÇÃO

O controle do Aedes aegypti é feito com Pyriproxyfen, substância sintética nociva a


organismos aquáticos (SANTOS et al, 2017). Além disso, é referenciada como uma
das possíveis causas de microcefalia em recém-nascidos (PARENS et al, 2017) e
ainda possibilidade de resistência cruzada com temefós (ANDRIGHETTI et al, 2008).
Portanto, a busca por compostos eficazes e seguros é constante. O 1-Dodecanol,
componente natural encontrado em óleos essenciais, tem efeito larvicida contra A.
aegypti (TABANCA et al, 2014). O objetivo deste trabalho é avaliar o efeito de 1-
Dodecanol no desenvolvimento do copépodo marinho Tisbe biminiensis para
verificar a toxicidade em espécies aquáticas.

METODOLOGIA

Os experimentos seguiram a metodologia de Lavorante et al. (2013). Náuplios de


Tisbe biminiensis recém eclodidos (com até 24h) foram obtidos por um sistema de
separação de prole. Foi estimada a quantidade de náuplios a ser adicionada nos
recipientes-teste. Os bioensaios foram feitos com concentrações pré-estabelecidas
de 1-Dodecanol (98%, Sigma-Aldrich), diluídas em água do mar e suspensão de
Chaetoceros muelleri (2,5x10⁵ cel/mL), em recipientes com 20mL, com quatro
réplicas para cada concentração-teste. As exposições duraram 72h em estufa
incubadora (temperatura de 28°C, fotoperíodo de 12L/12E). Os controles foram
feitos com água do mar (salinidade 35) tratada com cloro e filtrada. Foi utilizado
Tween 80 como solvente e sulfato de zinco como substância de referência. No início
e final dos testes foram medidos os parâmetros: salinidade, OD e pH. As amostras
foram fixadas e coradas com formol a 4% e rosa bengala. O efeito subletal causado
pelo 1-Dodecanol no desenvolvimento foi medido pela contagem dos organismos
corados que passaram da fase de náuplio para copepodito em relação ao controle,
em dois experimentos independentes. Foram calculadas as CE-50 (concentração
efetiva a 50%), usando regressões PROBIT. As CE-50 foram comparadas com as
concentrações de 1-Dodecanol efetivas no controle do Aedes aegypti.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os dois experimentos realizados com diferentes proles de Tisbe biminiensis foram


validados, visto que as amostragens apresentaram coeficientes de variação inferior
ao limite de 20%, com 9,50% no primeiro experimento (E1) e 4,44% no segundo
(E2). Os controles foram válidos apresentando desenvolvimento de 77,76% (E1) e
83,27% (E2). A sensibilidade da prole ao sulfato de zinco ficou dentro da faixa

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

normal, com CE-50 de 3,49 ± 1,05 mg/L (IC 95%) e 4,25 ± 0,63 mg/L (IC 95%), no
primeiro e segundo experimento, respectivamente. Não houve variabilidade entre os
parâmetros iniciais e finais (salinidade, OD e pH). Não houve diferença significativa
entre o controle e o controle do solvente, descartando alguma possibilidade de efeito
tóxico do Tween 80 em Tisbe biminiensis nas concentrações testadas (0,12 a 5,84
mg/L). Os resultados das regressões Probit mostraram que a substância 1-
Dodecanol apresenta CE-50 de 18,89 ± 7,50 mg/L (IC 95%) (E1) e 20,94 ± 2,11
mg/L (IC 95%) (E2), isto é, o desenvolvimento de T. biminiensis da fase de náuplio
para copepodito é afetado em 50% quando expostos a estas concentrações. A
concentração letal a 90% do 1-Dodecanol para controle do Aedes aegypti na fase
larval L1 é de 7,5 mg/L (TABANCA et al, 2014). Enquanto que para larvas no estágio
L4 foi atingida mortalidade de 95% e 100% nas concentrações 25mg/L e 50mg/L,
respectivamente (BEZERRA-SILVA, 2012). Comparando estes valores com os
resultados obtidos neste trabalho das CE-50 no desenvolvimento do Tisbe
biminiensis, o 1-Dodecanol pode ser considerado com toxicidade sub-letal para o
copépodo marinho, pois as concentrações estão na mesma ordem de grandeza.
Porém, vale salientar que após uso como larvicida e descarte no ambiente, haveria
diluição do mesmo até que chegue ao ambiente marinho, reduzindo seu possível
efeito tóxico. Mas dependendo da cinética ambiental do composto, pode haver
acumulação em ambientes costeiros, principalmente em estuários, que tem
capacidade de reter compostos orgânicos e contaminantes. Não foram encontrados
trabalhos que reportem a ecotoxicidade de 1-Dodecanol em outros organismos
aquáticos. A avaliação em outros grupos biológicos marinhos e de água doce é
necessária para garantir a segurança ambiental, se o 1-Dodecanol vier a ser
indicado e oficializado para fim larvicida. Sugerimos ainda testes de ecotoxicidade
do atual larvicida Pyriproxyfen em Tisbe biminiensis, para uma avaliação
comparativa com os resultados obtidos para o 1-Dodecanol, pois geralmente
substâncias sintéticas causam maior impacto ambiental.

CONCLUSÃO

Podemos concluir que apesar de 1-Dodecanol se tratar de uma substância natural,


encontrada em óleos essenciais, poderá causar efeitos tóxicos sub-letais em
organismos marinhos, se for utilizada para controle do Aedes aegypti. A mesma
afetou o desenvolvimento de Tisbe biminiensis em 50% numa concentração média
de 19,92 mg/L, que está na mesma faixa dos valores letais para larvas de Aedes
aegypti. Mais testes deverão ser feitos para validar estes resultados preliminares. É
necessário ainda, estudar a cinética ambiental do composto e aplicar um modelo
para prever seu comportamento em ecossistemas aquáticos e compará-lo ao de
outros larvicidas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANDRIGHETTI, M.T.M.; CERONE, F.; RIGUETI, M.; GALVANI, K.C.; MACORIS, M.


L.G. Effect of pyriproxyfen in Aedes aegypti populations with different levels of
susceptibility to the organophosphate temephos. Dengue Bull., v. 32, 2008.
BEZERRA-SILVA, P. C. Caracterização química, atividade larvicida e deterrente de
oviposição do óleo essencial da inflorescência do Bastão do Imperador (Etlingera
elatior) frente à Aedes aegypti. Dissertação de Mestrado em Química. Universidade
Federal de Pernambuco, 2012.

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

LAVORANTE, B.R.B.O.; OLIVEIRA, D.D.; COSTA, B.V.M.; SOUZA-SANTOS, L.P. A


new protocol for ecotoxicological assessment of seawater using nauplii of Tisbe
biminiensis (Copepoda:Harpacticoida). Ecotoxicol. Environ. Saf., v. 95, p. 52-59,
2013.
PARENS, R., NIJHOUT, H.F.; MORALES, A.; COSTA, F.X.; BAR-YAM, Y. A
Possible Link Between Pyriproxyfen and Microcephaly. PLOS Curr. Outbreaks,
Edition 1, 2017. doi:
10.1371/currents.outbreaks.5afb0bfb8cf31d9a4baba7b19b4edbac.
SANTOS, V.S.V.; CAIXETA, E.S.; CAMPOS-JUNIOR, E.O.; PEREIRA, B.B.
Ecotoxicological effects of larvicide used in the control of Aedes aegypti on nontarget
organisms: Redefining the use of pyriproxyfen. J. Toxicol. Environ. Health A, v. 00, p.
1-6, 2017.
TABANCA, N.; GAO, Z.; DEMIRCI, B.; TECHEN, N.; WEDGE, D.E.; ALI, A.;
SAMPSON, B.J.; WERLE, C.; BERNIER, U.R.; KHAN, I.A.; BASER, K.H.C.
Molecular and Phytochemical Investigation of Angelica dahurica and Angelica
pubescentis Essential Oils and Their Biological Activity against Aedes aegypti,
Stephanitis pyrioides, and Colletotrichum Species. J. Agric. Food Chem., v. 62, p.
8848−8857, 2014.

FONTES FINANCIADORAS

CNPq - Bolsa de mestrado

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Integração de ecossistemas e saúde humana
426 - ASSOCIAÇÃO ENTRE A CONCENTRAÇÃO DE METAIS NA URINA DE
AGRICULTORES DA REGIÃO SUDOESTE DO ESPÍRITO SANTO E A
EXPOSIÇÃO A AGROTÓXICOS

DIEGO LACERDA SOUZA, CRISTIANE DOS SANTOS VERGILIO, ADRIANA MADEIRA


ÁLVAREZ DA SILVA, CARLOS EDUARDO DE REZENDE
Contato: DIEGO LACERDA SOUZA - LACERDADESOUZA@HOTMAIL.COM.BR

Palavras-chave: Exposição humana; metais; agrotóxicos

INTRODUÇÃO

O uso indevido dos pesticidas e fertilizantes que apresentam metais em sua


composição pode aumentar a concentração desses elementos no ambiente e o risco
de exposição humana através do contato direto ou indireto. O presente estudo teve
como objetivo, avaliar o risco de exposição humana aos metais através da
quantificação desses elementos na urina de agricultores. Nesse sentido, esses
dados visam preencher uma lacuna do conhecimento, uma vez que ainda são
escassos na literatura relatos sobre uma possível contribuição do uso de pesticidas
e fertilizantes no aumento das concentrações de metais no ambiente e nas
populações humanas.

METODOLOGIA

O presente estudo foi realizado com 125 agricultores, entre 18 e 60 anos, que
residentes em 8 municípios do sudoeste do Espírito Santo, onde foram levantados
os dados socioeconômicos e de exposição a agrotóxicos. De acordo com as
respostas de classes de compostos utilizados, frequência e tipo de exposição aos
agrotóxicos, os agricultores foram agrupados em níveis (scores) de exposição com
valores de 0 a 18. Nos dias da entrevista também foram recolhidas amostras da
primeira micção. Para a determinação das concentrações dos elementos, 4 mL de
urina foram adicionadas a tubos de polietileno (15 mL), seguido da adição de 2 mL
HNO3 (Suprapur® Merck). As amostras foram mantidas por 12 h à temperatura
ambiente para uma pré-digestão, sendo posteriormente aquecidas à 95ºC por 10 h
em banho-maria para digestão total. Para garantir a exatidão do método foram
utilizadas amostras certificadas (Seronorm Trace Elements Urine de nível 2 –
SeronormTM), sendo considerada uma recuperação entre 80% e 120% com
coeficiente de variação menor que 10% entre réplicas. A determinação dos
elementos (Al, As, Cd, Co, Cr, Cu, Fe, Mn, Ni, Pb, Zn, Ca, Mg, P e S) foi feita por
espectrometria de emissão óptica com plasma acoplado (ICP-OES).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A ordem de concentração foi Na(n=125)>K


(n=125)>P(n=125)>S(n=125)>Ca(n=125)>Mg(n=125)>Zn(n=125)>Fe(n=27)>Cu(n=3
7)>Cr(n=40)>Ba(n=49)>Cd(n=28), enquanto que Al, As, e Pb ficaram abaixo do
limite de detecção. A análise multivariada dos componentes principais (onde foram
plotados os dados dos elementos com 125 indivíduos), explicou 71% da

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

variabilidade dos dados e mostrou um agrupamento entre todos os elementos com


excessão de Zn. As concentrações de Zn foram negativamente relacionadas com o
score de exposição, indicando uma menor excreção desse elemento, em situações
de maior exposição aos agrotóxicos. A relação negativa das concentrações de Zn
com o maior grau de exposição a agrotóxicos, com coeficiente de determinação 0,49
(p<0,001), também foi encontrada para o Cd com um coeficiente de determinação de
0,18 (p<0,014). As concentrações de Zn e Cd apresentam uma forte relação positiva
R2 0,95 (p<0,001), indicando que a maior excreção de Zn pela urina, foi
acompanhada com maiores níveis de Cd, nos agricultores com maior exposição aos
agrotóxicos. Apesar do menor coeficiente de determinação ter sido observado na
relação entre as concentrações de Cd e o grau de exposição aos agrotóxicos,
principalmente em função do menor número de indivíduos em que este elemento foi
detectado (n=28), esses resultados indicam, que da mesma forma que o Zn, está
ocorrendo uma maior eliminação de Cd através da urina em agricultores mais
expostos aos agrotóxicos. As concentrações de Zn na urina também apresentaram
diferenças significativas entre os sexos, onde as mulheres apresentaram maiores
concentrações do que os homens (0,96 e 0,40 mg/L respectivamente). Enquanto
que, os níveis de Cd na urina não apresentaram diferenças em relação ao sexo,
também devido ao menor número de indivíduos detectados. As menores
concentrações de Zn na urina nos homens com os maiores níveis de exposição
(média 14), despertam a atenção, em relação aos relatos na literatura, de que os
homens apresentam maiores concentrações de Zn na urina em situações de não
exposição, indicando que a exposição aos agrotóxicos pode ser responsável pelas
mudanças nas concentrações desse elemento entre os sexos. Como o Zn é um
elemento essencial para o organismo, as menores concentrações na urina dos
homens, podem sugerir que esteja ocorrendo uma diminuição na sua taxa de
excreção.

CONCLUSÃO

A parir destes resultados foi possível afirmar a diminuição nos níveis de zinco e
cádmio na urina de agricultores mais expostos aos agrotóxicos, principalmente entre
os homens. Esses dados iniciais são importantes para auxiliar no entendimento da
acumulação e mecanismos de excreção de elementos inorgânicos em uma
população de agricultores exposta de forma crônica a diferentes tipos de compostos.
Esse entendimento pode auxiliar na compreensão de efeitos de múltiplos poluentes
na saúde humana.

FONTES FINANCIADORAS

FAPES /CNPq/Decit -SCTIE-MS/SESA – PPSUS (TO: 290/2016); FAPERJ; CAPES.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Oral
Integração de ecossistemas e saúde humana
453 - CONCENTRAÇÃO DE METAIS E ARSÊNIO NO PESCADO ORIUNDO DA
BACIA DO RIO DOCE APÓS O ROMPIMENTO DA BARRAGEM DE FUNDÃO
MARIANA - MG/BRASIL

LAILA CARINE CAMPOS MEDEIROS, JULIANA OLIVEIRA LIMA, RODOLFO PESSOTTI


MESSNER CAMPELO, BRUNO VERGUEIRO SILVA PIMENTA
Contato: LAILA CARINE CAMPOS MEDEIROS - LAILAMSV@GMAIL.COM

Palavras-chave: bioacumulação; segurança alimantar

INTRODUÇÃO

Pouco se sabe sobre os impactos causados pelo rompimento da barragem de


rejeitos de Fundão, localizada em Mariana – MG, ocorrido em 05 de novembro de
2015, e muito se discute sobre a aptidão do pescado que permanece a ser
capturado e consumido em toda a bacia do rio Doce, principalmente pela população
local. Portanto, pretendeu-se verificar o atendimento aos limites preconizados pela
legislação brasileira para contaminantes inorgânicos no pescado e verificar se o
desastre ambiental inviabilizou seu consumo.

METODOLOGIA

Foram coletadas 268 amostras de peixes ao longo de 30 pontos na bacia do rio


Doce (21 pontos em Minas Gerais e 9 no Espirito Santo), entre outubro de 2017 e
abril de 2018, para realização de análises de determinação de arsênio (As), cádmio
(Cd), chumbo (Pb) e mercúrio (Hg) em tecido muscular. As amostras foram obtidas
tanto de peixes coletados em locais que tiveram deposição de rejeitos oriunda do
rompimento (calha dos rio Doce), quanto de peixes coletados em locais não-
afetados (afluentes do rio Doce, sendo 10 locais não-afetados em MG e 3 no ES). A
determinação destes analitos nos tecidos de peixes foi feita por espectrometria de
emissão atômica com fonte de plasma indutivamente acoplada (ICP-OES / Thermo
iCAP 6300 Duo SN: 20104010).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O conjunto de dados revelou que os elementos cádmio (Cd) e chumbo (Pb) no


tecido muscular dos peixes se apresentavam abaixo do Limite de Quantificação
(LQP) do método aplicado em todos os pontos de amostragem, enquanto os
elementos arsênio (As) e mercúrio (Hg) foram bastante raros dentre as amostras
investigadas neste estudo. O arsênio (As) foi encontrado somente em 4 amostras de
3 pontos em Minas Gerais, tendo seu maior valor quantificado em uma amostra do
ponto A03 (Barra Longa - MG), com 0,821 mg/kg, em um exemplar de
Loricariichthys cf. castaneus (cascudo-viola). Já o mercúrio (Hg) foi encontrado em
17 amostras em 6 pontos de Minas Gerais e 3 pontos no Espirito Santo, tendo seus
dois maiores valores quantificados no ponto A11 (Periquito - MG), com 0,44 mg/kg,
em um exemplar de Prochylodus sp. (curimba) e 0,41 mg/kg em um exemplar de
Pygocentrus nattereri (piranha). Desta forma, nenhuma amostra coletada
ultrapassou os limites impostos pela Resolução RDC nº 42/2013 da Agência

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) para os elementos arsênio (As), cádmio


(Cd), chumbo (Pb) e mercúrio (Hg). Sendo assim, o consumo do filé do pescado,
parte comumente utilizada para alimentação humana e para qual a legislação é
aplicável, não ofereceria, conforme limites da legislação vigente, risco à saúde
humana. Com base nos dados levantados, o rompimento da barragem de Fundão
atualmente não inviabiliza o consumo dos peixes oriundos dos pontos amostrados,
uma vez que não se encontrou violação dos limites preconizados pela legislação
brasileira para contaminantes inorgânicos em alimentos.

CONCLUSÃO

Apesar do pescado analisado não demonstrar riscos a saúde humana segundo a


legislação brasileira para contaminantes inorgânicos, recomenda-se a manutenção
das investigações nos locais afetados pelo evento e sua área de influência, pois
conclusões mais robustas podem ser alcançadas sobre a segurança de consumo do
pescado oriundo do rio Doce ao ampliar o quantitativo de dados disponíveis,
incrementando sua representatividade em termos de abrangência geográfica,
quantidade por espécie e por estação de amostragem. Ademais, é necessária
análise sobre efeitos causados por elementos não legislados pela referida
Resolução para dirimir a questão do risco à saúde humana.

FONTES FINANCIADORAS

Fundação Renova

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Painel
Integração de ecossistemas e saúde humana
459 - TIPO E PROFUNDIDADE DE POÇOS INFLUENCIAM NO POTENCIAL
CITOTÓXICO E GENOTÓXICO DA ÁGUA EM CÉLULAS DE Allium cepa?

BRUNO DO AMARAL CRISPIM, FELIPE MENDES MEREY, LUIZA FLÁVIA VEIGA


FRANCISCO, LUCILENE FINOTO VIANA, MILENA PEREZ DE MELO, ALEXEIA
BARUFATTI GRISOLIA
Contato: BRUNO DO AMARAL CRISPIM - BRUNOCRISPIM.BIO@GMAIL.COM

Palavras-chave: alterações nucleares; água subterrânea; saúde ambiental

INTRODUÇÃO

A água doce presente no planeta provêm majoritariamente das águas subterrâneas,


sendo essencial para a manutenção da vida de diversos organismos. Para os seres
humanos, dentre todas suas aplicações, a mais importante é o abastecimento
público. Porém, a presença de materiais tóxicos e genotóxicos se torna cada vez
mais frequente nesse sistema aquático, representando assim riscos à saúde da
população que consome águas provenientes de poços. Nesse contexto este estudo
teve como objetivo avaliar se tipo e profundidade de poços influenciam no potencial
citotóxico e genotóxico da água em células meristemáticas de Allium cepa.

METODOLOGIA

As amostras de água foram coletadas nas cidades de Caarapó e Itaporã, Mato


Grosso do Sul, Brasil. Nestas cidades a população recebe o abastecimento com
água tratada de poços artesianos profundos, no entanto, algumas famílias, optam
por usar água retirada de poços particulares sem nenhum tratamento. Para as
análises, foram coletadas amostras de água de 66 poços domésticos, sendo 36 em
Caarapó e 30 em Itaporã. As análises de citotoxicidade e genotoxicidade foram
realizadas utilizando sementes de A. cepa que foram expostas por um período de
96h as amostras de água coletadas nos diferentes poços. As sementes foram
germinadas em papel germitest, à temperatura 23±2ºC, com fotoperíodo de
12hC/12hE. Para avaliar o efeito citotóxico foram utilizados: Índice Mitótico e Índice
de Morte celular, já para o efeito genotóxico os índices de Alterações
Cromossômicas e Mutagenicidade. Os poços foram classificados de acordo com o
tipo de poço (Tubular ou Cavado) e as profundidades variaram de ≤5 até >15metros.
As análises estatísticas foram realizadas por meio do teste de Kruskal-Wallis com
posteriori de Dunn. A citotoxicidade e genotoxicidade foram comparadas com o tipo
de poço e as diferentes profundidades em cada cidade. Todos os testes foram
realizados usando a plataforma R.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Com base nas análises, foi possível verificar maiores danos na água nos poços na
cidade de Caarapó (p=0,001). Possivelmente, por ser uma cidade com maiores
áreas urbanas e industrias, em relação a Itaporã. Na cidade de Caarapó, os poços
cavados apresentaram um potencial citotóxico maior que os poços tubulares
(p=0,0002). Esse fato pode estar associado a construção dos poços, por

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

apresentarem maior abertura da superfície que proporcionam maior susceptibilidade


a entrada de substâncias tóxicas. Esta mesma cidade apresentou maiores
alterações cromossômicas nos poços tubulares (p=0,0001), esse fato pode ser
explicado devido a citotoxicidade elevada nos poços cavados que acabou
dificultando a visualização destas possíveis alterações, haja visto que a média de
divisão celular das amostras estava abaixo de 45%. Outra explicação plausível pode
ser também pela falta de manutenção destes poços tubulares, permitindo a lixiviação
mais rápidas de xenobióticos. Sendo assim, é de grande importância o uso de
medidas preventivas para minimização dos impactos que estão sendo gerados
nestes poços. Na cidade de Itaporã não houve diferença significativa de
citotoxicidade entre os tipos de poços (p=0,12) e a divisão celular nas duas
categorias estavam acima de 65%, não apresentando efeito citotóxico. A
genotoxicidade em Itaporã também foi maior para os poços tubulares (p=0,02).
Nessa cidade esse tipo de poço estava próximo a áreas agricultáveis o que pode ter
favorecido a lixiviação de resíduos agrícolas para o lençol freático. Em relação à
profundidade, na cidade de Caarapó os poços com até 10 metros de profundidade
apresentam citotoxicidade (p=0,01), tendo menores índice de divisão celular. Na
cidade de Itaporã não houve diferença significativa para nenhum dos índices
analisados (p>0,05) em relação a profundidade.

CONCLUSÃO

A água dos dois tipos de poços na cidade de Caarapó tanto o cavado e o tubular
necessitam de uma investigação mais detalhada, pois ambos apresentaram
respostas da ação de algum foco de contaminação, causando danos no material
genético de A. cepa. Inclusive os poços cavados e com profundidade menores que
10 metros, estão suscetíveis a contaminantes por lixiviação de resíduos urbanos,
industriais e agrícolas. Desta forma, as águas destes poços necessitam de
monitoramento pois são fontes de abastecimento humano podendo ocasionar danos
à saúde.

FONTES FINANCIADORAS

FUNASA, CNPq, FUNDECT, CAPES e UFGD

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Oral
Integração de ecossistemas e saúde humana
461 - EFEITO DAS CONDIÇÕES AMBIENTAIS, SEXO, IDADE E USO DE
MEDICAMENTOS EM CÉLULAS DE MUCOSA BUCAL: UM ESTUDO DO
EXPOSOMA HUMANO

BRUNO DO AMARAL CRISPIM, DEBORAH NAVIT DE CARVALHO CAVALCANTE,


BEATRIZ BARUFATTI GRISOLIA, JULIO CÉSAR JUT SOLÓRZANO, LUCILENE FINOTO
VIANA, ALEXEIA BARUFATTI GRISOLIA
Contato: BRUNO DO AMARAL CRISPIM - BRUNOCRISPIM.BIO@GMAIL.COM

Palavras-chave: alterações nucleares; saúde ambiental; genotoxicidade

INTRODUÇÃO

A exposição dos seres humanos aos diversos fatores ambientais pode causar
efeitos adversos à saúde, inclusive ao que se refere à integridade do DNA. Além dos
fatores biológicos e estilo de vida, há de se considerar também a exposição de
populações às áreas com contaminação ambiental, como por exemplo, locais
próximos a industrias ou regiões agricultáveis, onde os indivíduos podem estar
expostos a contaminantes. Neste contexto, o objetivo foi avaliar os efeitos da idade,
do sexo, da utilização de fármacos e condições de uso e cobertura do solo
associados à indução de danos cromossômicos em células esfoliadas da mucosa
oral.

METODOLOGIA

A amostra incluiu indivíduos de duas cidades situadas no sul do Estado de Mato


Grosso do Sul (Caarapó e Itaporã). Para tanto, esses foram avaliados em relação à
faixa etária, sexo e uso de medicamentos. Além disso, também foi considerado o
uso e cobertura do solo nas proximidades de suas residências, com a finalidade de
observar a proporção de atividades agrícolas e seus possíveis efeitos nos indivíduos
analisados. Para caracterização da amostra dos indivíduos foi aplicado um
questionário e, em seguida realizada a coleta de células da mucosa oral com auxílio
de Swab. Após a coleta, o material foi transportado ao Laboratório para
centrifugação, preparo e coloração das lâminas com Giemsa. As lâminas foram
visualizadas em microscópio binocular, com objetiva de 40x. Foram avaliadas 1000
células por lâmina, em duplicata, totalizando 2000 células por indivíduo. As
frequências de alterações nucleares analisadas foram: micronúcleo, picnose, ponte
cromossômica, cariorrexe, células binucleadas e cariólise. Para as análises
estatísticas dos dados dessas alterações foi empregado o teste não-paramétrico de
Kruskall-Wallis (p<0,05), por meio da plataforma R. Para caracterização do uso e
cobertura do solo nas categorias agricultura, fragmentos florestais e edificações
próximas as residências foi realizado o mapeamento da área, usando o programa
ArcGIS.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Em relação aos indivíduos analisados entre as duas cidades (Caarapó e Itaporã)


foram observadas maiores frequências de alterações metanucleares nos indivíduos

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

de Caarapó (p<0,05). Pode-se inferir que este resultado esteja relacionado aos
dados de uso e ocupação da terra dessas cidades, uma vez que Caarapó possui
menor fração de fragmentos florestais e maior proporção de edificações (8% e 55%)
quando comparado a Itaporã (31,8% e 20%), a ocupação por áreas urbanas e
industriais também contribui para a redução da cobertura vegetal nativa. Já em
relação às áreas agricultáveis, Itaporã possui área maior (49%) em relação a
Caarapó (36%). Entretanto, Itaporã tem maior cobertura de vegetação, que pode
atuar como filtro natural de purificação de contaminantes existentes no solo. Dessa
forma, o aumento da frequência de alterações nucleares em células de mucosa
bucal dos indivíduos estudados pode estar relacionado às condições de uso e
ocupação do solo em locais próximos às suas residências, como por exemplo
resíduos urbanos associados a contaminantes provenientes de áreas agricultáveis e
menor cobertura vegetal. Em relação ao sexo, os resultados não indicaram
diferenças significativas (p>0,05) entre homens e mulheres. Para à idade foi
observado que que os efeitos genotóxicos foram proporcionais ao aumento da
idade, tendo maiores frequências de cariorrexe na faixa etária de 46 a 65 anos
(p<0,01), indicando que os danos podem acumular ao decorrer da vida e/ou ocorrer
aumento nas falhas de reparo do DNA. Para o uso de medicamentos a ocorrência
de alterações nucleares foi significativamente maior em indivíduos que fazem uso
contínuo e prolongado dos mesmos (p<0,05). Quando considerado tipo do
medicamento, observou-se maior ocorrência de cariorrexe em indivíduos que fazem
uso de anti-hipertensivos em relação àqueles que utilizam antidepressivos. Por fim,
o estudo do exposoma humano permite levar em consideração aspectos referentes
a idade, fatores ambientais e uso de medicamentos que podem estar associados ao
aumento da frequência de danos genéticos em indivíduos expostos no decorrer da
vida, o que pode levar, futuramente, determinar maior instabilidade genômica e
podendo induzir ao câncer.

CONCLUSÃO

Os resultados desses estudos indicam que menores frações florestais e a expansão


urbana de industrias e áreas agrícolas de maneira não planejada, podem acarretar
redução da vegetação local, comprometendo a saúde ambiental e humana. Dessa
forma, os indivíduos residentes nas áreas avaliadas estão expostos a substâncias
nocivas para a saúde que podem induzir alterações genéticas nos organismos,
sendo considerados indícios de carcinogênese. Também constatou que a idade e o
uso de medicamentos podem induzir danos ao material genético dos indivíduos
analisados, Portanto, esses dados podem contribuir para futuras pesquisas de
exposomas em humanos.

FONTES FINANCIADORAS

FUNASA, CNPq, FUNDECT, CAPES e UFGD

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Manejo, remediação e controle de


riscos

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Painel
Manejo, remediação e controle de riscos
11 - MANEJO SUSTENTÁVEL DOS CARTUCHOS DE RESPIRADORES
SEMIFACIAIS CONTENDO COMPOSTOS ORGÂNICOS VOLÁTEIS

CLEBER CORREA VIEIRA, FRANCISCO TADEU DEGASPERI, SILVIA PIERRE


IRAZUSTA
Contato: SILVIA PIERRE IRAZUSTA - SILVIA.PIERRE@HOTMAIL.COM

Palavras-chave: carvão; VOC; sustentabilidade

INTRODUÇÃO

Solventes utilizados em tintas/ vernizes possuem na formulação compostos


orgânicos voláteis (VOCs). Profissionais expostos aos vapores utilizam EPIs como
os respiradores semifaciais com filtros de ação química, contendo carvão ativado
granulado(CAG) para retenção destes VOCs. No Brasil são comercializadas em
torno de 16 toneladas anuais de CAG para este fim. Seu descarte após o uso, em
termos de resíduo, equivale a dizer que 1,0 tonelada de VOCs irá para aterros. Os
impactos ambientais deste descarte são imponderáveis, já que este material é
considerado resíduo solido classe I. Nosso objetivo é um método para permitir a
utilização sustentável destes cartuchos químicos

METODOLOGIA

O método de regeneração consiste num sistema de descontaminação que se


destina a reutilizar o CAG de cartuchos de EPRs. Foram ensaiados cartuchos de
três fabricantes, cada ensaio foi realizado em triplicata. O princípio é a retirada dos
VOCs derivados dos solventes retidos no carvão ativado dos cartuchos por um
processo de dessorção. Por meio da passagem de um fluxo de vapor d’água
superaquecido, arrasta-se o composto volátil. Após condensação recolhe-se e
registra-se o volume resultante. Por diferença de massa e por análise do destilado
se estabelece o ponto final da regeneração. O cartucho limpo é submetido a
secagem. A ressaturação do carvão permite avaliar a eficiência do processo. O
carvão ativo regenerado do cartucho químico poderá ser submetido novamente ao
processo de saturação, permitindo a sua reutilização, bem como a recuperação do
solvente.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O presente estudo apresenta uma metodologia simples e de baixo custo


desenvolvida para descontaminação do carvão ativado de cartuchos de
Equipamento de Proteção Respiratória (EPRs). A capacidade de saturação inicial
obtida dos cartuchos foi em média, de 10,34 mL (±0.06) de solvente por cartucho.
Após o processo de descontaminação, a saturação obtida nos cartuchos
regenerados foi reduzida passando, em média para 8,04 mL (± 0,03) de solvente por
cartucho, isto é, o processo resulta em 22,24% de redução na eficiência do cartucho.
O impacto deste resultado, considerando-se o consumo mensal médio de 5
cartuchos/trabalhador/mês, seria o acréscimo de 1 cartucho/trabalhador/mês. No
entanto, a possibilidade de reuso do carvão, impactaria positivamente, com a

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

redução do descarte deste material nos aterros, já que este cartucho contaminado
por VOCs é considerado resíduo de classe I. Apesar dessa classificação, os
fabricantes não realizam a sua logística reversa e os usuários fazem o descarte em
aterros de forma inadequada, sem descontaminação previa. Sabe-se que a principal
empresa deste setor produtivo comercializa em torno de 6.000 cartuchos/mês,
correspondendo a 50% do total comercializado. A partir destes números, estima-se
portanto, uma redução de 96,48 L de VOCs adsorvidos ao carvão despejados
mensalmente nos aterros. Considerando-se ainda os materiais que compõem o
cartucho (90g de carvão e 45g de alumínio), este processo resultará na retirada
estimada de 1,08 t de carvão e de 540 kg de alumínio a cada mês. Os resultados
deste estudo contribuem com uma proposta viável de utilização sustentável dos
cartuchos químicos dos Equipamentos de Proteção Respiratória.

CONCLUSÃO

Apresenta-se uma metodologia simples e de baixo custo para regeneração de CAG


que permite a reutilização de cartuchos químicos. Sua aplicação resultará na
redução gradual da disposição destes cartuchos contaminados com VOCs, nos
aterros, uma vez que os mesmos são classificados como resíduos sólidos classe I,
transformando o carvão ativo em material reutilizável. Adicionalmente, haverá
redução nos materiais constituintes dos cartuchos como alumínio, que corresponde
a aproximadamente um terço do volume total deste resíduo. O método proposto
representa uma alternativa ao manejo sustentável para utilização e reciclagem deste
material.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Oral
Manejo, remediação e controle de riscos
154 - MUTAGENICIDADE COMO ESTRATÉGIA PARA AVALIAÇÃO DE SOLO DE
ÁREA CONTAMINADA PÓS-BIORREMEDIAÇÃO

ROBERTA DE SOUZA POHREN, KAUÊ HOH ASSIS, JOCELITA VAZ ROCHA, VERA
MARIA FERRÃO VARGAS
Contato: ROBERTA DE SOUZA POHREN - ROPOHREN@GMAIL.COM

Palavras-chave: biodegradação, solo, genotoxicidade, compostos orgânicos, risco,


Salmonella/microssoma

INTRODUÇÃO

Entre as possibilidades de remediação de áreas contaminados, está a


biorremediação. Uma biodegradação efetiva de compostos como hidrocarbonetos
policíclicos aromáticos (HPAs) deve considerar os possíveis efeitos tóxicos e
mutagênicos que podem persistir mesmo após o processo. Contudo, as estratégias
de avaliação em processos de remediação têm sido através de parâmetros físicos e
químicos, embora não detectem todos os possíveis efeitos da exposição. Assim, o
objetivo do estudo foi avaliar mutagenicidade das amostras de solo de área
contaminada por preservantes de madeira já submetidas a processo de
biorremediação simulado em laboratório, utilizando dois diferentes Inóculos, e
comparados ao decaimento de HPAs.

METODOLOGIA

Os solos utilizados eram oriundos de uma antiga fábrica localizada em Triunfo, no


Estado do Rio Grande do Sul, Brasil. Nos experimentos de biorremediação
previamente realizados foram utilizadas as seguintes amostras: 1SC solo
contaminado – Controle; 2SC (solo + Inóculo 1); 3SC (solo + pool HPAs); 4SC (solo
+ Inóculo 1+ HPAs pool); 6SC (solo + Fertilizante Líquido); 8SC (solo + Inóculo 1 +
Fertilizante Líquido); 9SC (solo + Inóculo 2) e 10SC (solo + Inóculo 2 + pool HPAs).
Os Inóculos adicionados ao solo foram: i) Inóculo 1: efeito de bioaumentação
(realizada com os microrganismos autóctones); ii) Inóculo 2: efeito de
bioaumentação + bioestimulação e enriquecimento (bioestimulação através da
adição de nutrientes inorgânicos e enriquecimento com pool de HPAs). Foram
preparados extratos orgânicos antes e após a biorremediação, onde foram
analisados os 16 HPAs considerados prioritários pela USEPA e testados frente ao
ensaio Salmonella/microssoma - método de microssuspensão. Os extratos foram
analisados frente às linhagens TA98, TA97a, TA100 (com e sem sistema de
metabolização – S9 mix) e linhagens YG1041 e YG1042, sensíveis a nitroarenos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Após os testes de biorremediação em laboratório, os extratos orgânicos testados


que mostraram somatório de efeitos mutagênicos mais baixos foram os tratamentos
2SC, 4SC e 10SC variando de 254-1184 rev/g equivalente de solo. Todos os
tratamentos apresentaram redução na potência mutagênica e na concentração de
HPAs analisada em relação ao solo controle (não submetido a nenhum tratamento)

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

após experimento de biorremediação. Este solo contaminado antes de ser


submetido aos experimentos de degradação mostrou resposta positiva para todas
linhagens testadas, com 42 % de respostas em presença de S9 e 58 % na ausência
de sistema de metabolização, com efeito total de danos igual a 4223 rev/g
equivalente de solo. Este maior percentual de respostas sem sistema de
metabolização pode estar associado a compostos como pirenoquinonas -
mutagênicas tanto em presença quanto em ausência de metabolização frente à
linhagem TA97a – destacando a implicação que compostos como derivativos de
HPAs podem apresentar. Foi encontrada correlação entre o somatório de efeitos
biológicos - potência mutagênica e a concentração de HPAs totais nas amostras de
solo. Considerando o Inóculo 1 apenas bioaumentado e o Inóculo 2 ainda
bioestimulado e enriquecido, as concentração de HPAs e efeito mutagênico foram
diversas. O primeiro identificou maior redução da mutagênese e menor decréscimo
de HPAs enquanto o segundo mostrou maior potência mutagênica mesmo
associada à maior redução de HPAs, com valores entre 146-1891 rev/g de solo.
Neste caso, pode-se considerar a reatividade dos diferentes tipos de HPAs na
mistura e a possível geração de sub-produtos de degradação com elevada potência
mutagênica após processo parcial de biodegradação. Foram observados efeitos nas
linhagens sensíveis ao diagnóstico de nitrocompostos: YG1041 e YG1042, com
valores antes da biorremediação de 747 e 567 rev/g solo, respectivamente. Sob a
ação do Inóculo 1 houve completo decréscimo dos efeitos em YG1042; já com
Inóculo 2, os efeitos se mantiveram apenas em YG1042. De acordo com as
respostas encontradas em algumas das linhagens, verificou-se que, embora com
reduções expressivas dos HPAs totais nos tratamentos realizados como processo
de biorremediação, as amostras de solo ao serem submetidas aos testes biológicos,
apresentaram efeitos mutagênicos consideráveis. Devido a este aumento da
mutagenicidade após o processo de biodegradação, uma possibilidade seria terem
sido contempladas fases intermediárias do processo de degradação dos
contaminantes, onde as respostas observadas indicam rotas onde os processos de
quebra de compostos com geração de sub-produtos ainda não estariam finalizados.

CONCLUSÃO

Através dos resultados do estudo fica evidenciado que a avaliação dos processos de
biorremediação com testes de genotoxicidade amplia as informações da eficiência
do processo, uma vez que se consideram efeitos diferenciados através deste tipo de
teste biológico. Assim, ressalta-se que o processo de degradação pode estar
contribuindo para o surgimento e/ou manutenção de contaminantes com risco
associado. Assim, embora, observada eficiência na biorremediação, os danos
associados indicam que a análise dos contaminantes e sua relação com efeitos
mutagênicos, torna-se etapa fundamental para efetiva avaliação dos riscos e
eficiência de processos de biorremediação.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

FEPAM/CNPq, VARGAS, V.M.F. (coord.). Estratégias ecotoxicológicas para


caracterizar áreas contaminadas como medida de risco à saúde populacional. Porto
Alegre: FEPAM, 2010. Relatório do Projeto 555187/2006-3.
HUGHES, T.J.; CLAXTON, L.D.; BROOKS, L.; WARREN, S.; BRENNER, R.;
KREMER, F. 1998. Genotoxicity of bioremediated soils from the Reilly Tar site, St.
Louis Park, Minnesota. Environ. Health Perspect. 106(6):1427–1433.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

KADO, N.Y.; LANGLEY, D.; EISENTADT, E. 1983. A simple modification of the


Salmonella liquid incubation assay: increased sensitivity for detecting mutagens in
human urine. Mutat. Res. 121: 25-32.
LUNDSTEDT, S.; HAGLUND, P.; OBERG, L. 2003 Degradation and formation of
polycyclic aromatic compounds during bioslurry treatment of an aged gasworks soil.
Environ. Toxicol. Chem. 22(7): 1413-1420.
POHREN R.S.; LEITE D.A.N.O.; ANGELIS D.F.; VARGAS V.M.F. 2016.
Performance of Simulated Bioremediation in Real Samples of Soils Contaminated
with PAHs. Water Air Soil Pollut. 227: 330.
RESOLUÇÃO 420/2009 CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente.
Resolução nº 420, de 28 de dezembro de 2009. Diário oficial da União, Brasília, nº
249, de 30/12/2009, p. 81-84.

FONTES FINANCIADORAS

Suporte Financeiro: CNPq (471197/2011-4 ; 479566/2012-7), PIBIC/CNPq/FEPAM e


à concessão de bolsa de estudos em nível de Doutorado disponibilizada pela
CAPES.

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Oral
Manejo, remediação e controle de riscos
161 - EFFECTS OF BIOSTIMULATION BY SUGARCANE BAGASSE AND
COFFEE GROUNDS ON SEWAGE SLUDGE, FOCUSING AGRICULTURAL USE:
RESPIROMETRIC ASSESSMENT AND TOXICITY REDUCTION

DÂNIA ELISA CHRISTOFOLETTI MAZZEO, ANDREA MISOVIC, JÖRG OEHLMANN,


MARIA APARECIDA MARIN-MORALES, CLOVIS AUGUSTO RIBEIRO, MARY ROSA
RODRIGUES MARCHI
Contato: DÂNIA ELISA CHRISTOFOLETTI MAZZEO - DANIAMAZZEO@GMAIL.COM

Keywords: Waste recycling; Aerobic stabilization; Respirometry; Microtox; AREc32 assay;


Phytotoxicity

INTRODUCION

Solid waste management has been recognized worldwide as a priority action for
environmental sustainability. Sewage sludge (SS), a residue derived from
Wastewater Treatment Plants (WWTPs), exhibits a relevant agronomic potential due
to the high content of organic matter and nutrients. However, the presence of several
toxic substances in the SS can make this practice unfeasible. Biostimulation
represents a promising technology to detoxify SS. Thus, the aim of this study was to
evaluate if the incorporation of stimulating agents (coffee grounds and sugarcane
bagasse) could contribute to an effective increase of the SS biodegradability in order
to decrease its toxicity.

METHODS

The experiment was conducted using two types of sludges derived from aerobic and
anaerobic digestion and obtained in WWTPs with distinct processes of sewage
treatment. The studied samples were prepared mixing each sludge with soil, soil and
bagasse, and soil and coffee grounds in volumetric proportions, resulting in 6
different mixtures. The biodegradability of sludge in soil, in the presence and
absence of stimulating agents, was evaluated by respirometry, employing the Bartha
and Pramer's method. The microbial CO2 production was monitored for a period of
71 days and the values were used to estimate the amount of carbon degraded from
each mixture. To assess the toxicity, three different bioassays were carried out: the
Microtox assay with the bacterium Aliivibrio fischeri, phytotoxicity assay in Lactuca
sativa and the AREc32 assay (NRF2 mediated oxidative stress response). These
bioassays were performed with samples from the initial period and after the end of
the biodegradation to evaluate the effectiveness of each treatment for the
detoxification of the SS.

RESULTS AND DISCUSSION

The results obtained for the respirometric tests showed that stimulating agents
enhanced the CO2 production, indicating that both agents contributed to an increase
of assimilated carbon. However, more expressive results were obtained for the
mixtures with coffee grounds (ca. 15X). Regarding the efficiency of SS
biodegradability, the data revealed contrasting results relative to the characteristics of

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

each SS. For the aerobic sludge, the addition of coffee grounds led to an inhibition of
SS biodegradation and an increase in the biodegradation of coffee grounds. Such
preference may be caused by the fact that the coffee grounds are less toxic to
microorganisms than SS and/or present a greater variety of nutrients already
available for consumption. In contrast, when sugarcane bagasse was added to the
aerobic SS, a preference of degradation for the SS was observed. However, in terms
of efficiency, a higher value was verified for the sample containing only SS. For the
anaerobic SS, both agents promoted an increase in the efficiency of biodegradation,
presenting more satisfactory results. The incorporation of coffee grounds and
bagasse contributed to an increase of the SS biodegradability of 20 % and 10 %,
respectively, in comparison to the mixture without these materials. In this case, these
agents acted stimulating the growth of aerobic microorganisms and aerating the
system. For baseline toxicity, evaluated by the Microtox assay, all the initial samples
showed lower EC50 values (i.e., higher toxicity) compared to their respective
biodegraded sample. However, the highest values of EC50 were obtained for the
mixtures containing only soil and sludge, after biodegradation, for both aerobic and
anaerobic sludges. Concerning the phytotoxic effects, all the initial samples inhibited
the root growth about 70-80 %, except for the mixture containing soil and aerobic
sludge (29 %). Nevertheless, after the biodegradation, this effect was significantly
decreased, reaching values similar to the negative control. Thus, based on the
results observed for these two bioassays, the use of biostimulation agents during the
biodegradation process does not seem to interfere in the toxic potential of the studied
SSs. However, the biodegradation process in aerobic conditions was crucial for the
reduction of toxicity. For the AREc32 assay, the relative enrichment factor (a value
that causes a luciferase induction rate of 1.5 over the control) showed a very weak
response for all the samples, indicating that the oxidative stress response pathway
NRF2-ARE is not the main cause of the toxic effect observed.

CONCLUSION

The use of sugarcane bagasse and coffee grounds as biostimulating agents induced
an increase in microbial respiration of the samples raising the biodegradability of the
anaerobic sludge, but not of the aerobic sludge. These data emphasize that the
strategies employed in biodegradation processes should take into account the origin
of each SS, as well as its intrinsic characteristics. Although sugarcane bagasse and
coffee grounds may provide other nutrients when incorporated into SS, they did not
contribute directly to a decrease in toxicity. However, the SS stabilization by aerobic
biodegradation is mandatory for the reduction of this effect.

SPONSORS

FAPESP - Process 2014/14123-0 and BEPE - Process 2017/10198-3

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Oral
Manejo, remediação e controle de riscos
211 - BIOENSAIOS COM COLÊMBOLOS E MINHOCAS PARA AVALIAÇÃO DO
TRATAMENTO DE RESÍDUOS DE MINERAÇÃO DE CARVÃO EM CENÁRIO DE
DISPOSIÇÃO EM SOLO

ALINE SERRANO, RICARDO GONÇALVES CESAR, MARIANA VEZZONE TOSTA


RABELLO, ZULEICA CARMEN CASTILHOS, CLAUDIO SCHNEIDER, MIRIAM BIANCHI,
MARIA ELIZABETH CORREIA
Contato: ALINE FREIRE SERRANO - AFSERRANO16@GMAIL.COM

Palavras-chave: carvão; bioensaios; minhocas; colêmbolos; mineração

INTRODUÇÃO

A mineração de carvão, nos moldes executados no Brasil, tem trazido sérios ao


ecossistema. A pirita contida nos resíduos e estéreis do carvão pode ser oxidada por
exposição às águas pluviais e ao oxigênio, gerando a drenagem ácida de minas
(DAM). A DAM se caracteriza por soluções contendo ácido sulfúrico capazes de
decrescer substancialmente o pH dos solos e ecossistemas aquáticos vizinhos
(CESAR et al. 2013). Esta realidade se verifica na região carbonífera sul catarinense
(RGSC), que sofre impactos severos da mineração. O presente trabalho trata da
avaliação da eficácia do tratamento de um resíduo de mineração de carvão RGSC.

METODOLOGIA

O tratamento aplicado consistiu na separação das partículas conforme sua


densidade, gerando três frações: pesada, mista e leve; com alto, intermediário e
baixo teor de pirita, respectivamente (AMARAL-FILHO et al. 2009). Neste trabalho
são apresentados somente os resultados de toxicidade referentes à fração mista, de
maior interesse ambiental devido ao grande volume de material gerado e com
necessidade frequente de disposição terrestre. A eficácia do tratamento foi avaliada
com base na quantificação de metais pesados (Zn, Cu, Pb, Ni, Cr, Cd e Hg) e
execução de bioensaios crônicos com minhocas (Eisenia andrei – 56 dias) e
colêmbolos (Folsomia candida – 28 dias), realizados conforme protocolo padrão
(ISO 1998 e ISO 1999, respectivamente). Os bioensaios foram aplicados em
misturas da fração mista com um solo local limpo nas seguintes proporções: 0, 6, 12,
24 e 50%, umedecidos para 40-60% da capacidade máxima de retenção de água.
Ao final do ensaio com E. andrei, foram avaliadas a mortalidade, variação de
biomassa dos adultos e reprodução dos animais. No ensaio com F. candida, foram
avaliadas a mortalidade dos adultos e a reprodução.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados revelaram que as concentrações totais de metais pesados na fração


mista do resíduo estavam em concordância com os valores da legislação do
CONAMA 420/2009 que estabelece as diretrizes para qualidade de solos, indicando
que aparentemente a fração poderia ser disposta em ambientes terrestres sem
efeitos adversos à biota. Apesar da redução dos valores de pH, ou seja, uma
acidificação à medida que se incrementa a dose de resíduo no solo, os bioensaios

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

com oligoquetas revelaram ausência de mortalidade significativa, bem como perda


de biomassa corporal dos animais, a qual foi detectada somente para as duas
maiores doses testadas (24% e 50%). Os ensaios com colêmbolos indicam ausência
de mortalidade significativa de organismos adultos após os 28 dias de exposição. No
entanto, verificou-se efeito significativo sobre a reprodução dos organismos em
todas as dosagens aplicadas. Em doses baixas de aplicação (6%), observou-se o
incremento da reprodução em relação ao solo puro, indicando que em baixas
dosagens o resíduo foi capaz de melhorar a performance dos animais. Tendo em
vista a textura predominantemente arenosa do resíduo, sua adição ao solo em
baixas dosagens pode ter proporcionado o aumento da aeração, porosidade e
permeabilidade, ajudando a incrementar a reprodução dos organismos. Somente em
elevadas dosagens em solo (24 e 50%) o resíduo foi capaz de inibir
significativamente a reprodução de colêmbolos. Estes dados parecem estar
concordância com as baixas concentrações totais de metais tóxicos previamente
determinados no resíduo, cujos valores estão em concordância com as diretrizes
para qualidade de solos no Brasil.

CONCLUSÃO

A disposição terrestre da fração mista deste resíduo não oferece risco significativo à
saúde da fauna de solo em um cenário de disposição terrestre, sendo seus efeitos
crônicos de reprodução e mortandade baixos e significativos somente para as
maiores dosagens aplicadas. Esta constatação indica que o processamento mineral
aplicado é aparentemente adequado para a recuperação ambiental da área. Além
disso, ressalta-se a importância dos testes ecotoxicológicos com organismos
terrestres, que associados a bioensaios com organismos aquáticos, possibilitam
uma avaliação mais ampla e consistente do risco ecotoxicológico destes resíduos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AMARAL-FILHO, J.; SCHNEIDER, I.V.H.; BRUM, I.A.S.; MILTZAREK, G.;


SAMPAIO, C.H.; SCHNEIDER, C.H. Caracterização dos rejeitos de carvão do
módulo B da carbonífera Criciúma S.A. 2009. In: Anais do XXIII Encontro Nacional
de Tratamento de Minérios e Metalurgia Extrativa. Gramado (RS), CD-ROOM.
CESAR, R.G.; COELHO, M.B.; ALVARO, T.T.; COLONESE, J.P.; CASTILHOS, Z.C.;
EGLER, S.G.; BIDONE, E.D.; POLIVANOV, H.; ALEXANDRE, N.Z. Disposição
continental de resíduos de mineração de carvão: drenagem ácida, ecotoxicidade
aguda e biodisponibilidade de metais. Ecotoxicology and Environmental
Contamination, v. 8, p. 17-22, 2013.
ISO (International Organization for Standardization). Soil quality — Effects of
pollutants on earthworms (Eisenia fetida) — Part 2: Determination of effects on
reproduction. ISO 11268–2. Geneve, Switzerland, 1998.
ISO (International Organization for Standardization). Soil Quality – Inhibition of
reproduction of Collembola (Folsomia candida) by soil pollutants. ISO 11267.
Geneva, Switzerland, 1999.

FONTES FINANCIADORAS

CETEM (Centro de Tecnologia Mineral)


PUC-Rio

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Manejo, remediação e controle de riscos
248 - ANÁLISE E MONITORAMENTO DE MICROALGAS POTENCIALMENTE
NOCIVAS EM FAZENDA MARINHA DE ARMAÇÃO DE BÚZIOS - RJ

LUIZ EDUARDO GARCÊS SILVA, JORGE LUIZ CERQUEIRA DOS SANTOS,


GUILHERME BURIGO ZANETTI, MANILDO MARCIÃO DE OLIVEIRA
Contato: LUIZ EDUARDO GARCÊS SILVA - EGARCES0107@GMAIL.COM

Palavras-chave: microalgas; ficotoxinas; moluscos bivalves

INTRODUÇÃO

O Fitoplâncton é composto por grupos de microalgas que formam a base da cadeia


alimentar marinha. Entretanto, florações ou “bloom” de microalgas podem ocorrer,
sendo caracterizadas pela rápida reprodução de certas espécies em condições
ambientais favoráveis. E quando responsáveis por algum desequilíbrio no
ecossistema aquático são consideradas florações de algas nocivas
(FAN),(CASTRO;MOSER,2012). Tal fenômeno, pode comprometer o cultivo de
moluscos bivalves, potencialmente produtoras de ficotoxinas que podem se
acumular nestes animais, promovendo risco à saúde pública caso sejam
consumidos. O objetivo do trabalho foi monitorar a presença de microalgas
potencialmente nocivas por análises taxonômicas e testes ecotoxicológicos com
Artemia franciscana.

METODOLOGIA

O local de estudo é a cidade Armação dos Búzios situada no litoral do estado do Rio
de Janeiro. As amostras são obtidas por rede fitoplâncton de 20 µm. Após a coleta, a
amostra será condicionada em frasco de polietileno com volume de 400 ml e fixada
com formalina a 4% tamponado com tetraborato de sódio (ou bicarbonato de sódio).
No laboratório o material é analisado, tanto as amostras vivas, logo após a coleta,
quanto as amostras fixadas, para a análise quantitativa. Para a identificação e
análise quantitativa é necessário a preparação da amostra, que consiste na
preparação da câmara de contagem (método Utermöhl). Utilizando o microscópio
invertido foi possível identificar as espécies encontradas de acordo com Tomas
(1997) e a realização da contagem. Para a realização do cultivo de microalgas
identificadas como nocivas utilizamos o meio de cultivo Meio Guillard “f/2” (Guillard,
1975) para dinoflagelados e diatomáceas e ASM-1 para Cianobactérias. Teste
agudo ecotoxicológico com Artemia franciscana por 24 horas. O cálculo da CL50 foi
realizado por meio do método Trimmed Spearman-Karber (HAMILTON et al., 1977).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Nas amostras coletadas em maio e em junho de 2016 foram encontrados os


gêneros Prorocentrum spp e Dinophysis spp que possuem espécies que produzem
ácido ocadáico e seus congêneres, que são ficotoxinas que desencadeiam diarreia
(DSP) sendo essas espécies potencialmente tóxica. A Dinophysis rondundata foi
identificada nas amostras de março, junho e setembro de 2017, produtora da toxinas
que produzem a síndrome diarreica de molusco (DSP). Segundo Taylor (2004) este

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foi o primeiro dinoflagelado heterotrófico produtor de toxina de DSP, dinofisistoxina 1


(DTX1). Através das análises das amostras de 2017 e de fevereiro de 2018 foi
possível observar a presença de diatomáceas do gênero Pseudo-nitzschia spp., que
possui espécies produtoras de ácido domoico responsável pela síndrome amnésica
de molusco (ASP), as toxinas amnésicas em baixa concentração ocasiona náusea,
vomito e dor de cabeça. Em casos agudos de intoxicação, pode ocorrer a perda da
memória recente, inclusive levando a morte de pessoas. Nas análises de março de
2018 foi constatado a presença da Dinophysis acuminata produtora de ácido
ocadáico que produzem a síndrome diarreica de molusco (DSP), que afetam o
sistema digestivo, causando dores de cabeça, enjoos, vômitos, e em caso de uma
exposição prolongada, são relacionadas à incidência de câncer no sistema digestivo.
Da amostra viva obtida em julho de 2017, foram realizadas as culturas, e dessas
obtivemos cianobactérias que apresentaram toxicidade no teste com náuplios de
Artemia. Os incidentes com organismos marinhos contaminados com toxinas de
microalgas podem prejudicar fortemente a atividade turística em períodos de alta
temporada, e colocar permanentemente em risco os habitantes locais que utilizam
estes recursos vivos como principal fonte de alimento e como fonte de renda.

CONCLUSÃO

O estudo se encontra numa fase de intenso monitoramento, na nossa região os


registros das espécies nocivas, vem ocorrendo sistematicamente. Apesar do número
de células não ser alarmante. Contudo, espécies do gênero Dinophisys são um
problema mesmo sem ocorrência de grande número de células na água. A espécie
de cianobactéria cultivada que ainda não identificada, mas apresentou toxicidade
para ensaio ecotoxicológico com náuplios de Artemia. Deste modo, reforçamos a
necessidade do monitoramento, para que seja verificado o devido acompanhamento
da frequência com que estas espécies estão ocorrendo, assim protegendo a
atividade de maricultura e a população consumidora deste importante recurso.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CASTRO, N. O.; MOSER, G.A.O. 2012. Florações de algas nocivas e seus efeitos
Ambientais. Oecologia Australis. 16 (2): 235-264, Junho.
HAMILTON, M.A.; RUSSO, R.; THURSTON, R.V. Trimmed Spearman-Karber
method for estimating median lethal concentrations in toxicity bioassays.
Environmental Science Tecnology , v.11, p.714-718, 1977.
PROENÇA, L.A.O. Avaliação do Impacto de Florações Nocivas no Brasil.
In:Encontro do Grupo de Trabalho Regional sobre Florações de Algas Nocivas na
América do Sul, 4., 2000, Rio Grande. Anais do IV Encontro do Grupo de Trabalho
Regional sobre Florações de Algas Nocivas na América do Sul. Rio Grande: IOC,
2000.
SOUZA, A.T.S. Certificação da qualidade de pescados. São Paulo, Biológico, v. 65,
n.1/2, p.11-13, 2003.
TAYLOR, & Francis editora. Teaching and Learning Communication Skills in
Medicine. 2º edição. 2004.
TOMAS, C.R. Identifying marine phytoplankton. Academic Press, San Diego, 858p.,
1997.

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FONTES FINANCIADORAS

IFFluminense

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Painel
Manejo, remediação e controle de riscos
255 - AVALIAÇÃO ECOTOXICOLÓGICA PARA Daphnia magna E SEMENTES DE
RÚCULA DE LODO DE ETE VISANDO O REÚSO NA AGRICULTURA

MILENA DE FRANÇA, MARIANA RISKOSKI EMMERICH, LUIZ VITOR DA SILVA,


THEREZINHA MARIA NOVAIS DE OLIVEIRA, BIANCA GOULART DE OLIVEIRA MAIA
Contato: MILENA DE FRANÇA - MILENADEFRANCA@HOTMAIL.COM

Palavras-chave: ecotoxicologia;lodo de ETE; Daphnia magna; Eruca sativa.

INTRODUÇÃO

O lodo é o principal resíduo gerado em estações de tratamento de efluentes (ETE).


Estudos buscam práticas alternativas para a reutilização deste resíduo de forma
segura, e incluem-se nestas práticas o reuso na agricultura. Para a reutilização do
lodo como adubo, há a necessidade de conhecer suas características físicas,
químicas e toxicológicas para evitar riscos a saúde e ao meio ambiente, o que tem
colocado em cheque muitas destas formas propostas de reutilização. O objetivo
principal deste trabalho foi avaliar a toxicidade de lodo de ETE para o organismo
Daphnia magna e sementes de rúcula, visando à reutilização deste resíduo.

METODOLOGIA

Obtenção da amostra de lodo: As amostras de lodo foram obtidas de leitos de


secagem de uma ETE localizada no município de Joinville/SC, seguindo os
procedimentos descritos na NBR 10007/04.
Ensaios de toxicidade: Foram realizados ensaios de toxicidade aguda para Daphnia
magna e para sementes de Eruca sativa (rúcula) em soluções com concentrações
pré-estabelecidas do lodo solubilizado. Para a obtenção das soluções teste foram
utilizadas 250 g do lodo coletado. A amostra foi acondicionada em béquer de 1500
mL. Adicionou-se 1000 mL de água destilada e agitou-se a amostra com bastão de
vidro, em baixa velocidade, por 5 min. O frasco foi tampado e deixado em repouso
por sete dias. Após este período, a amostra foi filtrada em sistema de filtração a
vácuo com filtro de fibra de vidro isento de resina com tamanho médio de poros de
0,45 µm e preservou-se o filtrado (solução-teste ou solubilizado). Este processo foi
realizado em triplicata. O bioensaio agudo com o microcrustáceo Daphnia magna foi
realizado conforme a NBR 12713, já o teste com as sementes de rúcula seguiu os
procedimentos descritos nas Regras para Análise de Sementes sendo avaliado a
germinação das sementes bem como o crescimento das plantas.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os ensaios toxicológicos para o organismo Daphnia magna foram realizados em


amostras com concentrações de 100%, 75%, 50% e 25% do lodo solubilizado além
da amostra controle.
Segundo a NBR 12713, um ensaio agudo é válido somente quando o mesmo
apresentar no controle um número de imobilidade dos organismos submetidos ao
teste menor que 10%. No presente estudo, observou-se que na amostra controle,

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todos os organismos testados sobreviveram após 48h e apresentavam mobilidade,


validando o teste, assim como nas demais concentrações, havendo apenas 1 morte
na solução com 25% de lodo e 2 mortes com 75% do resíduo não sendo
consideradas relevantes.
Como nenhuma das amostras apresentou toxicidade, sugere-se a realização de
ensaios de toxicidade crônica com a Daphnia magna para uma melhor conclusão do
estudo.
Em relação ao teste de toxicidade com sementes de rúcula constatou-se que
provavelmente pela grande quantidade de matéria orgânica presente no lodo de
ETE não houve diferença na inibição da germinação das sementes nas
concentrações com 100% e 50% do lodo, resultando em um maior número de
sementes germinadas expostas ao resíduo que aquelas da amostra controle.
Consequentemente o alongamento da raiz e o índice de germinação foram
superiores ao controle. No entanto a matéria orgânica presente no lodo, aumenta a
quantidade de nutrientes disponíveis para as plantas o que acarreta um desequilíbrio
ecológico, pois propicia o desenvolvimento descontrolado de uma espécie em
detrimento de outras (NARDINI; NOGUEIRA, 2008).
Os resultados dos bioensaios mostraram-se confiáveis, pois, conforme citado por
Cruz et al. (2013), a condição estabelecida para a confiabilidade do teste de
fitotoxicidade com hortaliças, de acordo com o Ministério da Agricultura (2009)
devem germinar 65% das sementes do controle negativo. Nos ensaios realizados
em rúcula, foi encontrado um valor de 80% de germinação, superior ao estipulado
pelo Ministério da Agricultura (2009).

CONCLUSÃO

Os resultados obtidos demonstraram que tanto para a rúcula quanto para a D.


magna (teste agudo) o lodo de ETE não apresentou toxicidade, obtendo-se
resultados positivos em relação ao objetivo principal do trabalho. No entanto, para o
uso efetivo do lodo como adubo, são necessários mais estudos como análise de
nutrientes no lodo, análise de patógenos, ensaios crônicos com D. magna e estudos
comparativos com sementes de rúcula utilizando adubos comerciais a fim de
reutilizar este resíduo na agricultura de forma segura, contribuindo com uma melhor
prática de destinação dos lodos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CRUZ, J.M.; LOPES, P.R.M.; MONTAGNOLLI, R.N.; TAMADA, I.S.; SILVA,


N.M.M.G.; BIDOIA, E.D. Toxicity assessment of contaminated soil using seeds as
bioindicators. Journal of Applied Biotechnology, v.1, p.1-10, 2013.
NARDINI, M.J.; NOGUEIRA, I.S. O processo antrópico de um lago artificial e o
desenvolvimento da eutrofização de florações de algas azuis em Goiânia. Revista
Estudos, v.35, n.1-2, p.23-52, 2008.

FONTES FINANCIADORAS

FAP- Fundo de Apoio à Pesquisa

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Painel
Manejo, remediação e controle de riscos
261 - AVALIAÇÃO DA TOXICIDADE DE AREIAS DESCARTADAS DE FUNDIÇÃO
PARA Daphnia magna E Eruca sativa (RÚCULA)

BIANCA GOULART DE OLIVEIRA MAIA, MILENA DE FRANÇA, THEREZINHA MARIA


NOVAIS DE OLIVEIRA, ANTONIO PEDRO NOVAES DE OLIVEIRA, JOÃO BATISTA
RODRIGUES NETO
Contato: MILENA DE FRANÇA - MILENADEFRANCA@HOTMAIL.COM

Palavras-chave: ecotoxicologia; areia de fundição; valorização de resíduos

INTRODUÇÃO

A areia descartada de fundição (ADF) é o principal resíduo gerado nas indústrias de


fundição de metais para a fabricação de moldes e machos. As areias de moldagem
são compostas por areia, bentonita e pó de carvão, já as areias de macharia, por
ligantes a base de resinas fenólicas que podem afetar a qualidade do solo e da
água, dependendo das quantidades envolvidas, e lixiviadas quando dispostas no
ambiente. Devido à importância desse setor econômico, e a oportunidade de
valorização de resíduos, o objetivo deste trabalho foi avaliar a toxicidade de ADF
visando sua reutilização como matéria-prima em outros processos.

METODOLOGIA

Obtenção da amostra: Foram obtidas amostras de ADF de uma indústria de fundição


de ferro e alumínio de um processo de macharia (Areia A) e moldagem (Areia B) do
município de Joinville (SC) seguindo os procedimentos descritos na NBR 10007.
Classificação e caracterização: Para a caracterização ambiental das ADF foram
utilizados testes de lixiviação e solubilização conforme as normas da ABNT, NBR
10.005 e NBR 10.006 respectivamente. A partir desses resultados foi possível
classificar as amostras conforme a NBR 10.004.
Ensaios de toxicidade: Foram realizados ensaios de toxicidade aguda em soluções
(solução-teste) contendo 100% de ADF (sem diluição) para as duas amostras de
ADF além de uma solução controle, utilizando o microcrustáceo de água doce
Daphnia magna. O bioensaio agudo com o microcrustáceo Daphnia magna ocorreu
conforme a NBR 12713. Também foi realizado teste com sementes de Eruca sativa
(rúcula), como bioindicador terrestre. O teste seguiu os procedimentos descritos nas
Regras para Análise de Sementes sendo avaliado a germinação das sementes bem
como o crescimento das plantas.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

As duas amostras de ADF foram classificadas como resíduos Classe II A – não


inertes. Ou seja, são resíduos que não apresentam periculosidade, porém podem ter
propriedades tais como: combustibilidade, biodegradabilidade ou solubilidade em
água. Quanto a toxicidade aguda para o organismo teste Daphnia magna, na
amostra com Areia A (areia de macharia) apenas 40% dos 20 organismos testados
apresentaram mobilidade ao final das 48 h, ou seja, 60% dos organismos morreram.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Para as amostras com Areia B (areia de moldagem), 50% dos organismos


apresentaram mobilidade. Vale ressaltar que nestes testes a concentração de ADF
era de 100%, ou seja não houve diluição da solução teste. Resultados semelhantes
para areias descartadas de fundição foram encontrados em outros trabalhos, no
entanto, estudos recentes indicam que quando este mesmo resíduo é utilizado em
proporções menores e misturado com outros materiais como, por exemplo, em
misturas para produção de lajotas (MASTELLA, 2013), em fritas cerâmicas
(CORREIA, 2015) em artefatos de concreto (CARNIN et al.,2010) a toxicidade pode
ser menor.
Nos testes com sementes de rúcula, a amostra controle obteve 100% das sementes
germinadas, enquanto que as amostras com ADF tiveram essa germinação um
pouco prejudicada, com 65% das sementes germinadas expostas a Areia A, e 85%
expostas a Areia B. Quanto ao crescimento das plantas pode-se concluir que as
amostras de ADF atuaram de forma negativa quando comparado com as sementes
de rúcula embebidas pela solução controle que teve um crescimento médio das
plantas de 46,8 mm enquanto que as sementes embebidas pelas amostras de ADF
apresentaram um tamanho médio das plantas de 14,12 mm e 24,02 mm
respectivamente para Areia A e Areia B.

CONCLUSÃO

Foram estudadas areias originadas em dois processos distintos, o de macharia


(Areia A), que normalmente possui em sua composição resinas fenólicas, e a areia
de moldagem, também conhecida como areia verde (Areia B). As amostras de ADF
apresentaram toxicidade aguda para Daphnia magna e afetaram o crescimento de
sementes de rúcula o que poderia prejudicar o meio ambiente devido a impactos na
água, solo e fauna. Além disso, as duas amostras de resíduos foram classificadas
como Classe II A, não apresentam periculosidade, porém não são inertes; podem ter
propriedades como: combustibilidade, biodegradabilidade ou solubilidade em água.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CARNIN , R.L.P.; SILVA, C.A.; POZZI, R.J.; JUNIOR, D.C.; FOLGUERAS M.V.;
MALKOWSKI, W. Desenvolvimento de peças de concreto (Paver) contendo areia
descartada de fundição para pavimento intertravado. Revista Pavimentação, v. 5, p.
56-67, 2010.
CORREIA, C.H.G. Reuso de resíduo de areia descartada de fundição (adf) – uma
avaliação técnica e toxicológica do processo de produção de fritas cerâmicas em
escala laboratorial. Dissertação - Universidade da Região de Joinville (Univille),
Joinville, 2015.
MASTELLA, M.A. Avaliação mecânica e toxicológica de pavimentos de concreto
contendo resíduos de areia de fundição. Dissertação - UNESC. Criciúma, 2013.

FONTES FINANCIADORAS

Cnpq-Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico


FAP-Fundo de Apoio à Pesquisa

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Painel
Manejo, remediação e controle de riscos
262 - ECOTOXICOLOGICAL EVALUATION OF THE INSECTICIDE
ACETAMIPRIDE BEFORE AND AFTER HETEROGENEOUS PHOTOCATALYSIS
BY TIO2/UV

DANIELLI GUNDES DO ESPÍRITO SANTO, PATRICIA CHRISTINA GENAZIO PEREIRA,


SIDNEY FERNANDES SALES JUNIOR, GABRIEL DE FARIAS ARAUJO, RACHEL ANN
HAUSER-DAVIS, FABIO VERISSIMO CORREIA, ENRICO MENDES SAGGIORO
Contato: GABRIEL DE FARIAS ARAUJO - GABRIEL_GFA@HOTMAIL.COM

Keywords: Acetamiprid, Ecotoxicology, Eisenia andrei, Advanced Oxidative Processes, Emerging


Pollutants

INTRODUCION

Acetamiprid in a neonicotinoid pesticide used on rice and cotton crops. Since no


limiting concentrations have been established by environmental regulation agencies,
and due to its worldwide use, research regarding its potential associated environment
risks are required. Thus, studies that evaluate alternative remediation methodologies
for this compound are highlighted, such as the application of Advanced Oxidative
Processes (AOPs) associated to model-organism ecotoxicological evaluations. In this
context, this study aimed to evaluate acetamiprid toxicity in Eisenia andrei sp.
earthworms, before and after heterogeneous TiO2/UV AOP photocatalysis.

METHODS

Acetamiprid degradation by heterogeneous TiO2/UV photocatalysis was carried out


at different reaction times (T0, T15, T30, T45, T60, T90, T120, T150 and T180
minutes), with aliquot removal for degradation analyses of the initial molecule by high
performance liquid chromatography (HPLC) and ecotoxicological tests on Eisenia
andrei sp. earthworms. Both non-degraded and photodegraded acetamiprid were
evaluated in the ecotoxicological tests. Photodegraded acetamiprid reaction times
T0, T15, T60 and T90 minutes were applied in a contact test with acetamiprid-
moistened paper, while reaction times T0, T10, T30, T60 and T90 minutes were used
in an acute (14 days) and chronic (60 days) toxicity soil test. In addition, a behavioral
test (avoidance test) was also carried out, evaluating possible habitat losses.
Morphological abnormalities were also evaluated, namely oxidative stress
biomarkers related to enzymatic (catalase and glutathione-s-transferase) and non-
enzymatic activity (reduced glutathione), determined spectrophotometrically. At the
end of the experiments, annelid celomic fluid was analyzed concerning immune
system cell density and viability (elecytes and hyaline amoebocytes).

RESULTS AND DISCUSSION

The HPLC analysis after the TiO2/UV heterogeneous photocatalysis process


indicated over 95% degradation of the initial acetamiprid molecule at the T90 minutes
concentration. In the ecotoxicological contact tests with acetamiprid without
photocatalytic treatment, the LC50 was calculated after 72 hours, as 0.0186 μg.cm-2
(or 1.12 mg L-1, when in solution). Regarding contact tests with photocatalysis-treated

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

acetamiprid, no organism deaths were observed until the first 48 hours of the assay.
However, all organisms were found dead at T0 and T15 concentrations after 72
hours, contrasting with other assay results, which presented only some abnormalities
(T30, T45 and T60) or absence of morphological deformities (T90). In the acute and
chronic treated and non-treated acetamiprid tests, only biomass variation effects and
decreased newborn/egg ratios were observed compared to the controls. In the
avoidance tests, negative net responses (attraction to contaminated soil section or
non-response) was observed for the tested concentration of 0.01 mg kg -1, whereas
0.1 and 1 mg kg-1 concentrations led to positive net responses (escaping from the
contaminated soil section). In the avoidance test using treated acetamiprid, positive
net response values were observed when appplying T10 and concentrations T30,
negative responses using T0 and no difference between sections applying T90
minutes. Regarding immune system cell viability and density, no significant
differences were observed between exposed and control specimens both in the
contact, acute and chronic tests. Concerning differential defense cell counting, a
significant difference was observed comparing to controls in all tests using
acetamiprid and for T0 and T15 (contact test) and T60 (acute and chronic tests)
concentrations using treated acetamiprid. Finally, the analyzed biomarkers showed
no significant difference for either the contact tests or the acute and chronic tests
compared to the controls, except for catalase when using non-treated acetamiprid.

CONCLUSION

Acetamiprid displayed toxic effects to Eisenia andrei sp. earthworms, as noted in the
contaminated substrate contact tests, behavioral tests and acute and chronic
exposure tests carried out herein. However, no major morphological, enzymatic or
cellular disturbances were observed after treatment with heterogeneously TiO 2/UV
photocatalyzed acetamiprid for 60 minutes (or higher), indicating promising results
regarding toxicity decreases of the study contaminant to Eisenia andrei sp. In this
way, new studies are proposed to further knowledge on the effects of the
photocatalyzed acetamiprid photoproducts, as well as to clarify possible interactions
with other environmental contaminants.

REFERENCES

SURI, R.P.S.; LIU, J.; HAND, D.W.; CRITTENDEN, J.C.; PERRAM, D.L.; MULLINS,
M.E. Heterogeneous photocatalytic oxidation of hazardous organic contaminants in
water. Water Environ. Res.; v. 65, n. 5, p. 665-673, 1993.
WANG, K.; PANG, S.; MU, X.; QI, S.; LI, D.; CUI, F.; WANG, C. (2015) Biological
response of earthworm, Eisenia fetida, to five neonicotinoid insecticides.
Chemosphere 132:120–126.
YADAV, S. 2016. Screening of Immunocompetent Coelomic Cells in Earthworms.
Published at: < http://www.ijsciences.com/pub/issue/2016-04/ > DOI:
10.18483/ijSci.999; Online ISSN: 2305-3925; Print ISSN: 2410-4477; Volume 5 –
April 2016 (04).

SPONSORS

Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ) / Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP).

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Oral
Manejo, remediação e controle de riscos
321 - SELEÇÃO DE ESPÉCIES VEGETAIS PARA FITORREMEDIAÇÃO DE
SOLOS CONTAMINADOS COM REJEITO DE MINERAÇÃO: UM ESTUDO DE
CASO COM REJEITO DA MINERADORA SAMARCO (MARIANA, MG)

ANA BEATRIZ DOS SANTOS, OBEDE RODRIGUES ALVES, OTNIEL ALENCAR


BANDEIRA, YANDRA NAVASCUES ALBUQUERQUE, EVALDO LUIS GAETA
ESPINDOLA
Contato: ANA BEATRIZ DOS SANTOS - ANABIADOSSANTOS97@HOTMAIL.COM

Palavras-chave: ecotoxicologia; fitorremediação; metais pesados; mineração

INTRODUÇÃO

O rompimento da barragem de Fundão, da Mineradora Samarco (Mariana, MG), em


novembro de 2015, liberou toneladas de rejeitos com elevadas concentrações de
metais, os quais se distribuíram pelo rio Doce, com impactos ambientais,
econômicos e sociais. O potencial tóxico destes metais ainda vem sendo avaliado,
destacando-se, entre diversas pesquisas, aquelas direcionadas a remediação dos
locais contaminados. Por ser uma técnica de baixo custo e de bom resultado, a
fitorremediação pode ser uma alternativa, razão que motivou o desenvolvimento
desta pesquisa, na qual se avaliou o potencial fitoremediador das espécies vegetais
Lupinus albus, Canavalia ensiforms e Dolichos lablab.

METODOLOGIA

As espécies vegetais Lupinus albus, Canavalia ensiforms e Dolichos lablab foram


plantadas em diferentes proporções de rejeito (R), coletado no Distrito de Paracatu e
misturado ao solo natural (SN), nas proporções C: 100% de SN, T1: 75% de SN e
25% de R; T2: 50% de SN e 50% de R; T3: 25% de SN e 75% de R e T4: 100% de
R. Após 21 dias, as plantas foram retiradas e os solos separados para a realização
dos ensaios ecotoxicológicos a partir do elutriato das amostras (solo fitorremediado
ou não), utilizando ensaios crônicos com o microcrustáceo C. silvestrii (Cladocera).
Os ensaios foram realizados segundo a norma NBR 12713 (ABNT, 2016), avaliando-
se a reprodução e sobrevivência dos organismos (esquema fatorial 5x10 (4
tratamentos + solo natural (T0) x 10 réplicas) + 1 x 15 (controle de laboratório x 15
réplicas)). Para a concentração de efeito não observado (CENO) e concentração de
efeito observado (CEO) foi realizada uma análise de variância (One Way ANOVA),
seguida de teste de comparações múltiplas de Dunnet. As doses de efeito (DEx)
foram calculadas por regressão não-linear e para a avaliação da
imobilidade/mortalidade de C. silvestrii foi realizada uma regressão no programa Pri
Probit.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Em todos os ensaios o grupo controle apresentou os resultados esperados para a


validação do teste, verificando-se aumento na reprodução dos organismos nas
amostras de elutriato onde o solo foi fitorremediado, em comparação com o solo não
fitorremediado. No ensaio com o elutriato do solo fitorremediado pela espécie

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Lupinus albus verificou-se maior reprodução, seguido pelo solo fitorremediado com a
espécie Canavalia ensiforms, sendo que no tratamento T2 (50% de rejeito), o
número de neonatos foi maior em relação ao solo fitorremediado pela espécie
Lupinus albus. No solo fitorremediado com a espécie Dolichos lablab a produção de
neonatos foi menor do que a registrada nos ensaios com solo fitorremediado com as
outras duas espécies, no entanto, ainda mais expressiva quando comparado às
amostras provenientes do solo não fitorremediado. Por outro lado, registrou-se
sobrevivência de 7% dos organismos quando o rejeito foi adicionado na proporção
de 50% e fitorremediado com a espécie L. albus, enquanto que no solo não
fitorremediado, quando adicionado a mesma proporção de rejeito, a sobrevivência
foi de 100%. As amostras de solo e rejeito foram avaliadas em relação à presença
de metais, verificando a presença de B (0,55 a 0,58 mg.kg -1) , Cd (<15 mg.kg-1), Co
(18,1 a 21,3 mg.kg-1), Cr (200 a 480,6 mg.kg-1), Fe (12,1 a 73,4 mg.kg-1), Mn (7,9 a
33,01 mg.kg-1), Ni (18,9 a 25,30 mg.kg-1), Pb (<15 a 24,32 mg.kg-1), V (69,96 a 165,2
mg.kg-1) e Zn (1,04 a 2,54 mg.kg-1), o que poderia ser um dos fatores de toxicidade
para os organismos testados.

CONCLUSÃO

Com base nos resultados obtidos, conclui-se que as espécies Lupinus albus e
Canavalia ensiforms mostraram-se como boas opções para a fitorremediação de
solo contaminado com diferentes proporções de rejeito de mineração. A escolha de
uma das espécies para fins de fitorremediação, no entanto, deve considerar as
proporções de rejeito e de solo presentes no local, visto que houve diferenças nos
resultados entre os tratamentos dessas duas espécies. Adicionalmente, verifica-se
que experimentos realizados a partir de elutriato, e com exposição de organismos
aquáticos, também são relevantes para avaliação da eficiência da fitorremediação.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 12713 – Ecotoxicologia


aguda –Método de ensaio com Daphnia spp (Crustacea, Cladocera). Rio de Janeiro,
2016.

FONTES FINANCIADORAS

Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), processo no


2017/14837-0.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Oral
Manejo, remediação e controle de riscos
357 - IDENTIFICATION OF SUBSTANCES CAUSING SEDIMENT TOXICITY
AFTER THE ULTRACARGO ACCIDENT IN THE PORT OF SANTOS (SP)

MARIANA ALICEDA FERRAZ, ALINE VECCHIO ALVES, RODRIGO BRASIL CHOUERI


Contato: RODRIGO BRASIL CHOUERI - RODRIGO.CHOUERI@UNIFESP.BR

Keywords: Toxicity Identification Evaluation; envronmental forensics; environmental disasters; estuary;


oil spill; PAHs

INTRODUCION

The fire in the fuel storage tanks of the Aratu/Tequimar Chemical Terminal
(Ultracargo Group) in April 2015, in the Port of Santos (SE Brazil), caused significant
environmental impacts in the Santos Estuarine System. A forensic study aiming at
identifying the substances responsible to the environmental toxicity could subsidise
management actions, e.g. the imposition of penalties to the responsible for the
environmental impacts, as well as provide guidance for remediation efforts. The
current study aimed to identify the class(es) of potentially toxic substance(s) in the
sediments of the SES in the vicinities of the Aratu/Tequimar Chemical Terminal after
the fire event.

METHODS

Two sampling sites were set in the Santos Estuarine System: site 1 (S1) (-
23º92’550”S, -46º35’823”08O) and site 2 (S2) (-23º92’179”S, -46º38’631”O). Both
sites were located at an equivalent distance (approximately 1 300m) from the main
point of discharge of water used to extinguish the fire in the Ultracargo Port Terminal,
being S1 towards west and S2 towards east. A reference site (RS) was set at an
estuarine area not affected by the event (Bertioga Channel). The collection of
sediment samples occurred 7 days after the beginning of the fire. In the current study
a two-phase TIE was performed using the sediment interstitial water: Phase I
manipulations were EDTA addition (aiming to assess toxicity due to cationic metals)
and C18 SPE column (aiming nonpolar or amphipathic substances). Phase II
manipulations were the sublation test and the C18 elution test (in case sublation test
was negative). For the phase I, the toxicity of the interstitial water was measured
before and after the manipulations. For the phase II, the toxicity of the testing
samples (rinsed or eluted methanol) was compared to a methanol blank sample. It
was used a short-term acute toxicity assay using nauplii of the estuarine harpacticoid
copepod Nitokra sp.

RESULTS AND DISCUSSION

The reference sediment did not show significant differences in toxicity before and
after the phase I sample manipulations, or difference between rinsed and blank
methanol in the sublation test. Therefore, the estuarine reference sediment (which
was not affected by the Ultracargo fire event) did not show toxicity caused by metals,
nonpolar or amphipathic substances. Results for S1, in turn, showed signals of
decreasing toxicity only after the C18 manipulation (two-way ANOVA; p=0.06 for the

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

influence of the factor “manipulation”), but did not show increased toxicity after
sublation. These non-conclusive results leaded to the C18 elution test, and then
toxicity of the eluted methanol was observed (two-way ANOVA; p<0.05), confirming
the toxicity caused by nonpolar organic substances in S1. Metals did not contribute to
the toxicity of the sediment interstitial water in S1. Results for S2 also did not show
toxicity by metals in the EDTA addition test. The C18 manipulation significantly
decreased toxicity and the sublation test confirmed the role of amphipathic
substances in the toxicity (two-way ANOVA; p<0.05). Taken altogether, the results
showed that toxicity in the area of influence of the fire event was caused mainly by
nonpolar substances in both areas, and also amphipathic compounds in the
westward area. According to the company, 400,000 L of fire extinguishing foams
were used to fight fire in the Port Terminal. Hydrocarbon surfactants and
fluorocarbon surfactants are the foaming agents found in aqueous film-forming foam.
Surfactants are amphipathic compounds and their toxicity is well-known. Our results
suggest that the use of fire extinguishing foams contributed to the toxicity caused by
the fire in the Ultracargo Terminal (S2). In addition, the current results are even
clearer about the contribution of nonpolar substances to the toxicity observed (both
S1 and S2). The report of the Environmental Agency of São Paulo (CETESB)
showed that the wastewater from the firefighting contained high concentrations of
PAHs, BTX (benzene, toluene, xylene), and oil, which may have account for the
observed toxicity. Regrettably, neither water nor sediment samples were analysed for
fire extinguishing agents.

CONCLUSION

This study represents a scientific contribution to evaluate the environmental impacts


and identification of culprit contaminants related to accidents of great magnitude in
estuarine environments and mangrove ecosystems. Surfactants and hydrocarbons
can cause toxicity in the biota, which could persist for a long time in the environment.
Establishing management mechanisms that trigger actions which subsidise
Ecological Risk Assessment and Monitoring right after an accident is fundamental for
a sound environmental management in coastal port and industrial areas.

SPONSORS

R.B. Choueri thanks CNPq (process n. 486350-2013-4 and grant n. 304651-2014-1),


M.A. Ferraz thanks CAPES (PhD fellowship), A.V. Alves thanks Fapesp (grant n.
2015/000302).

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Manejo, remediação e controle de riscos
362 - AVALIAÇÃO ECOTOXICOLÓGICA DO SEDIMENTO DE UMA ÁREA
COSTEIRA SOBRE INFLUÊNCIA DA DISPOSIÇÃO DE MATERIAL DRAGADO

LUCAS BUENO MENDES, LETÍCIA DE MORAES, DANIELLE COVRE BARBIERO,


KÁTIA REGINA CHAGAS, FERNANDO AQUINOGA DE MELLO, PABLO SEGAN VAZ
PANDOLFO, TATIANA HEID FURLEY
Contato: LUCAS BUENO MENDES - L_B_MENDES@HOTMAIL.COM

Palavras-chave: dragagem; Nitokra; ecotoxicidade; sedimento

INTRODUÇÃO

A compreensão da resposta do ecossistema a diferentes perturbações é essencial


para avaliar e gerenciar o sistema de manejo em regiões costeiras (LECARI et al.,
2002). Em decorrência da necessidade do processo de dragagem na região
portuária de Aracruz/ES, foi realizada a avaliação ecotoxicológica do sedimento com
o copépodo harpacticóide Nitokra sp. antes, durante e após o procedimento de
dragagem dos 8.579.060 m3 de sedimento, visando compreender a ecotoxicidade
da área durante as diferentes etapas da dragagem.

METODOLOGIA

Foram realizados ensaios ecotoxicológicos crônicos com o organismo Nitokra sp. em


amostras de sedimento total. Devido à ausência de norma ABNT para o referido
organismo, os ensaios foram realizados de acordo com a metodologia proposta por
Lotufo e Abessa (2002). Os ensaios tiveram duração de 10 dias, sendo avaliada a
redução na taxa de reprodução em relação ao controle. As amostras foram
coletadas em três pontos que constituem a região de bota fora, área onde o
sedimento dragado foi depositado. Foram realizadas 10 campanhas compreendendo
o período de maio de 2014 a março de 2017, sendo uma campanha pré-dragagem,
seis campanhas durante a dragagem e 3 campanhas pós-dragagem. No total foram
realizados 30 ensaios e os resultados foram analisados em relação à escala
temporal, avaliando o ecotoxicidade do sedimento da área de bota fora ao longo do
procedimento de dragagem. Para as análises estatísticas os resultados foram
agrupados em três grupos (pré, durante e após operação) e submetidos a análise de
variância (One-Way ANOVA), seguido pelo teste post hoc de Tukey, em ambos os
casos foi adotado o nível de significância de 5%.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Ao longo das 10 campanhas os valores médios de redução de reprodução em


relação ao controle variaram de 14,24 % a 94,09 %, sendo o menor valor referente
ao período pré-dragagem e o maior para a quarta campanha (durante a operação).
O monitoramento ecotoxicológico apontou aumento da toxicidade após o início da
atividade de dragagem e diminuição na ecotoxicidade após o término da atividade
de dragagem, atingindo valores estatisticamente iguais aos da campanha pré-
dragagem. A análise estatística apontou diferença significativa entre os períodos (p =
0,0078), sendo observada diferença apenas para a comparação entre os resultados

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

pré e durante a operação. Já em relação à comparação entre cada campanha,


observou-se que a diferença em relação ao período pré dragagem deixou de ser
observada a partir da campanha referente a três meses do termino da dragagem,
indicando a recuperação para níveis anteriores ao início da disposição do material
dragado.
O aumento da ecotoxicidade durante o período da operação pode estar relacionado
a alterações nas característica físico-químicas, como granulometria e
biodisponibilidade de contaminantes, decorrentes do revolvimento do sedimento.
Apesar do aumento da ecotoxicidade durante a atividade de dragagem, o retorno
aos níveis pré-operação demonstra que a transposição do sedimento não afetou a
qualidade ambiental do sedimento a longo prazo. Além disso, a comparação entre
cada campanha demonstrou que houve uma alternância entre períodos com maior e
menor ecotoxicidade, o que sugere variações nas características e potencial tóxico
do material dragado ao longo da operação.
Alterações ambientais decorrentes da operação de dragagem são frequentes e a
minimização desses efeitos requerem o gerenciamento adequado da operação,
sendo necessário um estudo ambiental detalhado e eficaz na detecção das
alterações das características ambientais. A disposição e manutenção do material
dragado constitui uma das questões mais importantes na gestão da zona costeira,
sendo em alguns casos a principal causa de perturbação antropogênica da
comunidade bentônica (BOLAM & REES, 2003). Nesse contexto, os resultados do
presente estudo demonstram a eficiência do uso dos ensaios ecotoxicológicos como
ferramenta de monitoramento ambiental e subsídio da avaliação e gerenciamento
das operações de dragagem.

CONCLUSÃO

Os resultados dos ensaios ecotoxicológicos com Nitokra sp. demonstraram aumento


na ecotoxicidade na área de bota fora durante a operação de dragagem e retorno
dos níveis após o término da operação, sendo observado, após três meses do
término da operação, níveis de ecotoxicidade iguais aos anteriores à atividade. Esse
resultado demonstra que a operação de dragagem não afetou a qualidade ambiental
do sedimento em termos ecotoxicológicos após o término da operação. A partir dos
resultados obtidos no presente estudo o uso de ensaios ecotoxicológicos
demonstrou-se um bioindicador eficaz para o monitoramento das alterações
ambientais decorrentes desse tipo de operação.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BOLAM, S.G.; REES, H.L. Minimizing impacts of maintenance dredged material


disposal in the coastal environment: a habitat approach. Environmental
Management, v.32. p. 171-188, 2003.
LECARI, D.; DEFEO, O.; CELENTANO, E. Consequences of a freshwater canal
discharge on the benthic community and habitat on an exposed sandy beach. Marine
pollution Bulletin, n.44, p. 1397-1404, 2002.
LOTUFO, G.R.; ABESSA, D.M.S. Testes de toxicidade com sedimento total e água
intersticial estuarinos utilizando copépodos bentônicos IN: NASCIMENTO, I. A.;
SOUZA, E.C.P.M.; NIPPER, M. 2002. Métodos em Ecotoxicologia Aquática. 262p.
2002.

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Manejo, remediação e controle de riscos
385 - ESTUDO DA TOXICIDADE AGUDA DE ÁGUAS RESIDUÁRIAS CONTENDO
ÓLEO DIESEL TRATADAS POR REAÇÕES DE FENTON MODIFICADAS

FÁBIO RAFAEL GAUER, SORAYA MORENO PALÁCIO, MÁRCIA TERESINHA VEIT


Contato: SORAYA MORENO PALÁCIO - SORAYA_PALACIO@YAHOO.COM.BR

Palavras-chave: Fenton; hexametafosfato de sódio; Vibrio fischeri

INTRODUÇÃO

Os efluentes contendo derivados de petróleo são de grande preocupação devido a


possibilidade de contaminação do meio ambiente e requerem tratamento. Os
Processos Oxidativos Avançados possuem eficiência na degradação de compostos
tóxicos e recalcitrantes (BANDE et al., 2008). As reações de Fenton (RF)
apresentam a limitação de requerer pH próximo a 3,0 (PIGNATELLO, 1992).
Modificações das RF (RFM) pela adição de complexantes apresentaram resultados
significativos em ampla faixa de pH (YEHIA et al., 2016). O objetivo foi avaliar a
toxicidade do efluente de oficina mecânica após o tratamento com RFM, usando o
complexante hexametafosfato de sódio, utilizando Vibrio fischeri.

METODOLOGIA

O efluente foi coletado em uma oficina mecânica. O tratamento foi por RFM com
complexante inorgânico hexametafosfato de sódio. A otimização das condições
operacionais do reator foi realizada por Delineamento Composto Central Rotacional
(DCCR) 24 + 8 pontos axiais e triplicata no ponto central. Os níveis das variáveis
usadas no processo foram: Fe2+ [mg L-1]: 80, 130, 180, 230 e 280; HF [mg L -1]: 500,
1000, 1500, 2000, 2500; H2O2 [mg L-1]: 4000, 6000, 8000, 10000 e 12000 e pH: 3,
5, 7, 9 e 11.
As reações foram realizadas em béqueres de borossilicato (600 mL) em sistema
batelada, temperatura ambiente e agitação constante de 220 rpm em Jar-Test. O
procedimento consistiu na adição de 250 mL de efluente ao reator, seguido de
sulfato ferroso, complexante e H2O2. O tempo de reação foi de 3 horas. Após este
período as amostras foram analisadas quanto ao teor de carbono orgânico total
(COT). Nas condições “ótimas” de operação, foi realizado um teste cintético, no qual
foram coletadas alíquotas nos tempos 0, 15, 30, 45, 60, 120, 240, 360, 480, 600 e
720 min. As alíquotas foram submetidas às análises de COT e aos ensaios de
toxicidade aguda usando o organismo Vibrio fischeri.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A remoção de COT no DCCR 24 + 8 pontos axiais e triplicata no ponto central


apresentou valores entre 14,4% e 27,6%. O ajuste dos dados experimentais
apresentou coeficiente de determinação r² igual a 0,959.
Os resultados da análise ANOVA mostrou que modelo quadrático proposto é
significativo e preditivo (BARROS NETO et al., 2010). Considerando os coeficientes
dos fatores significativos estatisticamente, foi obtida a equação do modelo R = 27,58

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

– 0,49x2 – 2,39x4 – 4,65x22 – 4,51x32 – 4,11x42 – 1,32x1x2 – 1,67x1x4 – 1,18x2x4,


onde R é a remoção de COT [%] e xi são as variáveis do modelo.
O modelo previu um ponto máximo de remoção de COT (27,75) usando 183,04 mg
Fe2+ L-1, 1.487,49 mg HF L-1, 7.902,48 mg H2O2 L-1 (relação molar de [1:1:71]) e pH
6,17.
Na avaliação do comportamento cinético do processo usando as condições “ótimas”,
o tempo de 7 h foi considerado como o mais adequado para a remoção de COT,
umas vez que à partir de 7 h ocorreu elevação desprezível na remoção de COT, de
26,5 para 26,7%.
Com o efluente tratado nas condições ótimas de concentração de reagentes e
variando o pH inicial, verificou-se que a remoção de COT apresentou variação
máxima de 2,44% na faixa de pH entre 3 e 11, ou seja, a técnica se mostrou pouco
afetada pela variação do pH inicial do meio.
O efluente bruto apresentou valor de FT de 64, sendo que nos primeiros 30 minutos
de reação o parâmetro foi reduzido para 16 ficando constante até 5 h. Com 7 h o FT
apresentou redução para 8, sendo este o mínimo em todo o tempo avaliado.
Ocorreu elevação para FT 32 no tempo de 10 h. A elevação pode estar associada à
formação de subprodutos mais tóxicos do que os compostos anteriormente
presentes (DÍAZ-GARDUÑO et. al, 2016).
Os valores de CE50 obtidos para os tempos de 0,5, 3 e 5 h foram 8,58, 5,26 e 10,23,
respectivamente, sendo inferiores ao obtido para o efluente antes do tratamento
(10,78), podendo ser atribuído à formação de subprodutos que interagem de forma
diferente com o organismo teste, mas como posteriormente são consumidos pela
reação de oxidação, seu efeito tóxico é reduzido.

CONCLUSÃO

A aplicação das RFM com HF ao tratamento de um efluente apresentou resultados


estatisticamente significativos, e indicaram que o processo foi capaz de remover
26,5% de COT no tempo de reação de 7 h na melhor condição operacional avaliada.
Apesar da baixa eficiência de remoção de carbono total, em relação à redução da
toxicidade aguda do efluente real ao longo do processo de tratamento, foram obtidos
resultados bastante positivos. Verificou-se que em 7 h de reação, o valor de FT foi
reduzido de 64 para 8 e o valor de CE50 evoluiu de 10,78 para 27,39 atendendo a
legislação.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BANDE, R.M.; PRASAD, B.; MISHRA, I.M.; WASEWAR, K.L. (2008). Oil field
efluente water treatment for sale disposal by electroflotation, Chemical Engineering
|Journal, vol. 137, n 3, p. 510-517.
BARROS NETO, B.; SCARMINIO, I.S.; BRUNS, R.E. Como fazer experimentos:
aplicações na ciência e na indústria. 4a ed. Porto Alegre: Bookman, 2010. 414p.
ISBN: 9788577806522.
DÍAZ-GARDUÑO, B.; RUEDA-MARQUEZ, J.J.; MANZANO, M.A.; GARRIDO-
PEREZ, C.; DÍAZ-GARDUÑO -DÍAZ, M.L. Are combined AOPs effective for toxicity
reduction in receiving marine environment? Suitability of battery of bioassays for

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

wastewater treatment plant (WWTP) effluent as an ecotoxicological assessment.


Marine Environmental Research, v. 114, p. 1-11, 2016.
PIGNATELLO, J.J. Dark and photoassisted Fe3+ catalysed degradation of
chlorophenoxy herbicides by hydrogen peroxide. Environ. Sci. Technol. v. 26(5), p.
944–951, 1992.
YEHIA, F.Z.; ESHAQ, G.; ELMETWALLY, A.E. Enhancement of the working pH
range for degradation of p-nitrophenol using Fe2+–aspartate and Fe2+–glutamate
complexes as modified Fenton reagents. Egypt. J. Pet. v. 25, p. 239–245, 2016.

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Painel
Manejo, remediação e controle de riscos
396 - AUTOMAÇÃO DO MONITORAMENTO DE TEMPERATURA COM A
UTILIZAÇÃO DA PLATAFORMA ARDUINO NO TRATAMENTO DE EFLUENTES

DAVID JUNIO DA SILVA CONRADO, MARCO POLO MORENO DE SOUZA, ALBERTO


DRESCH WEBLER
Contato: DAVID JUNIO DA SILVA CONRADO - DAVID.JUNIO77@GMAIL.COM

Palavras-chave: saneamento básico; parâmetros; hardware; sensores

INTRODUÇÃO

O Brasil tem uma carência no saneamento básico com cerca de 52,2% da


população vive em situação precária. Conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE 2008), a maioria despeja seus dejetos in natura (TONETTI et al.,
2010).
Assim, deve-se buscar ferramentas/tecnologias para favorecer o desenvolvimento
ambiental nessa área a baixo custo. O controle e monitoramento dos parâmetros
físico-químicos em uma estação de tratamento de esgoto (ETE) favorece e garante
a eficiência no tratamento (VON SPERLING, 2017). Esse trabalho propõe
desenvolver a automação de um sistema de tratamento de efluentes através da
plataforma Arduino com medidas/controle de temperatura.

METODOLOGIA

O estudo foi feito na Fundação Universidade Federal de Rondônia (UNIR), no


campus do município de Ji-Paraná. Os equipamentos, leituras e observações foram
realizados no Laboratório de Saneamento do campus (SANEAM).
Para a pesquisa foram usados os seguintes materiais: uma placa Arduino Uno R3,
um sensor de temperatura a prova d’água modelo DS18B20, jumpers, resistores,
conector USB para Arduino, um microcomputador com sistema operacional
Windows 7 de 32 bit e uma protoboard. Para a programação em linguagem C++ foi
utilizado o próprio IDE do Arduino instalado no microcomputador, junto com as
bibliotecas OneWire.h e DallasTemperature.h.
As leituras foram feitas em um laboratório onde já existe uma estrutura que trata
efluentes em escala de bancada, sendo aplicados especificamente em um sistema
anóxico em regime contínuo. O monitoramento da temperatura foi realizado durante
5 dias, com intervalos de aproximadamente 10 minutos.
O sensor foi calibrado através da comparação de temperatura do PHmetro Portátil
Datalogger PH-221, atestando confiabilidade nos dados.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Ao todo foram cinco dias de monitoramento com temperaturas mais altas durante a
noite e menores de dia. Isso ocorreu por se tratar de uma leitura feita em laboratório
onde se tem em sua estrutura ar condicionados que são ligados quando há
operadores e pessoas fazendo o uso do laboratório.

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Assim, foi possível observar a variação térmica durante o dia de 5,1°C, sendo a
temperatura máxima de 26,9°C e mínima de 21,8°C evidenciando que o sistema em
escala de bancada é influenciado negativamente pelo sistema de refrigeração,
sendo assim desenvolvido um sistema para manter a temperatura a níveis ótimo, no
caso referente a desnitrificação que é de 30°C (VON SPERLING, 2017).
Esse monitoramento automatizado significa um avanço no controle para o
tratamento de efluentes, para que o valor de temperatura seja monitorado e
principalmente controlado a depender da necessidade de lançamento com 40°C ou
que no corpo receptor não tenha uma variação de mais de 3°C, conforme
CONAMA/2011. Além desses aspectos, manter sob determinada temperatura o
sistema apresentar uma melhor eficiência, como mostrou Colaris e Sandri (2013) em
seu estudo onde foi possível um aumento na eficiência com melhores faixas de
temperatura e boa remoção de Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO) em
tanques sépticos e leitos cultivados. Valores também encontrados na pesquisa de
Ribeiro, J.C. e Silva, G.H.R. (2018), onde as temperaturas também influenciaram na
eficiência total do tratamento.
Neste contexto o Arduino entra como alternativa de baixo custo no monitoramento
em ETE, onde tem-se dados coletados no período desejado, de forma adequada e
sem erros humanos, além da possibilidade de monitoramento durante todo o período
noturno e diurno.
Também é aplicável na indústria, onde há muitas empresas buscando tecnologias
viáveis e de baixo custo para minimizar os impactos econômicos. Além disso, os
dados são mais confiáveis se comparados a leituras feitas por operadores humanos,
já que se evita o erro humano.

CONCLUSÃO

O monitoramento através do Arduino se mostrou adequado ao funcionamento para


captura dos dados e monitoramento com baixo custo. Dessa forma, inserido dentro
de uma planta de tratamento, seria ferramenta ideal para uma manipulação
automatizada da temperatura do efluente, trazendo boa eficiência e caracterização
para todo o processo, inclusive durante o lançamento.
O Arduino abre a possibilidade de o operador se concentrar em outras atividades
além do monitoramento de parâmetros físico-químicos. É possível dizer que essa é
uma inovação tecnológica que pode trazer novos modelos de monitoramento em
muitas outras áreas além do tratamento de efluentes.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS SERVIÇOS MUNICIPAIS DE SANEAMENTO.


(ASSEMAE). Informativo da Associação Nacional de Serviços Municipais de
Saneamento. N°117 – maio/junho. Disponível em: http://www.assemae.org.br.
Acesso em: 15 out. 2017.
ALTHAUS, M.; ROSA, G. S.;

FONTES FINANCIADORAS

Fundação Universidade Federal de Rondônia - Laboratório de Saneamento do


campus de Ji-Paraná (SANEAM).

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Painel
Manejo, remediação e controle de riscos
437 - AVALIAÇÃO DA FITOTOXICIDADE PELA GERMINAÇÃO E CRESCIMENTO
DE Dolichos lab lab EM SOLOS CONTAMINADOS COM FIPRONIL E 2,4-D
ISOLADOS E EM MISTURA

ALLAN PRETTI OGURA, THANDY JUNIO DA SILVA PINTO, LAÍS CONCEIÇÃO


MENEZES DA SILVA, MARIA PAULA CARDOSO YOSHII, LUÍS CÉSAR SCHIESARI,
EVALDO LUIZ GAETA ESPÍNDOLA
Contato: ALLAN PRETTI OGURA - ALLANOGURA@GMAIL.COM

Palavras-chave: agrotóxicos; fitorremediação; bioacumulação

INTRODUÇÃO

O ácido 2,4-diclorofenoxiacético (2,4-D) e o fipronil são agrotóxicos comumente


utilizados no cultivo de cana-de-açúcar (1-2). Apesar dos benefícios gerados, os
mesmos contaminam solos e promovem danos ecotoxicológicos a espécies não-
alvo, requerendo alguma forma de remediação. Nesse contexto, plantas nativas
podem ser utilizadas para fitorremediação desses compostos, desde que
apresentem ciclo vegetativo rápido e facilidade no plantio e remoção(3). Portanto, o
objetivo do presente trabalho foi avaliar a fitotoxicidade e o potencial da espécie
Dolichos lab lab para fitorremediação de solos contaminados com os agrotóxicos
DMA (i.a. 2,4-D) e inseticida Regent 800WG® (i.a. fipronil), isolados e em mistura.

METODOLOGIA

O solo, peneirado em 0,4mm, foi desfaunado em estufa a 60ºC por 24h. Para a
contaminação, os agrotóxicos foram diluídos em água e adicionados ao solo, que foi
homogeneizado. A dosagem aplicada do produto comercial correspondeu ao
recomendado para o cultivo de cana, 1,3mg.kg-1 para fipronil e 7µL.kg-1 para 2,4-D.
Os ensaios foram feitos em frascos plásticos atóxicos de 400mL, preenchidos com
300g do solo contaminado e controle, com umidade de 20%. Foram adicionadas 10
sementes e, após germinação, foi realizado o desbaste para deixar apenas 5 plantas
por réplica. O experimento foi desenvolvido em laboratório no período de 21 dias,
com temperatura de 25ºC, luminosidade artificial com fotoperíodo de 12h:12h e
irrigação diária. Aspectos de fitotoxicidade, como amarelamento, engruvinhamento,
clorose e morte foram registrados. O crescimento das plantas foi avaliado pela
germinação, altura, número de folhas, tamanho da raiz e produção de biomassa
fresca e seca. O índice de tolerância foi calculado pela divisão da biomassa total das
plantas presentes nos solos contaminados pela biomassa total das plantas do
controle. Por serem paramétricos (teste de normalidade de Shappiro-Wilk e
homocedasticidade de Levene) os dados foram comparados por ANOVA e teste t de
Student.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Durante todo o período experimental foi mantida a umidade de 20% em todos os


tratamentos, sendo que o pH inicial e final do solo, nas condições teste, apresentou-
se entre 5,78 e 6,25 para todas as amostras. Em relação à germinação, foram

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verificadas diferenças estatisticamente significativas entre os tratamentos, com


100% de germinação das plantas após 5 dias de experimento nas amostras do
controle e nas contaminadas com fipronil. A germinação das plantas nas amostras
contaminadas com 2,4-D e mistura foi inferior a 50%. Após 10 dias, verificou-se a
presença de fungos em algumas réplicas dos tratamentos contaminados com 2,4-D
e mistura, registrando-se posteriormente mortalidade de todas as plantas em ambos
os tratamentos, principalmente pelo potencial de inibição da germinação e
crescimento do 2,4-D (4,5). Para as plantas do controle e fipronil, não foram
observados amarelamento e clorose. As plantas presentes no solo contaminado com
fipronil apresentaram maior crescimento médio (9,1cm) em relação às do controle
(8,8cm), e o comprimento médio das raízes foi de 11,6 (controle) e 12,4cm (fipronil).
Por outro lado, o número médio de folhas foi 5 (controle) e 4 (fipronil). A biomassa
fresca da parte aérea foi de 0,91 (controle) e 0,93g (fipronil), a biomassa seca da
parte aérea foi de 0,14g (controle e fipronil), a biomassa fresca da raiz foi de 0,5g
(controle e fipronil) e a biomassa seca da raiz foi de 0,03 (controle) e 0,02g (fipronil).
A fitorremediação de fipronil, portanto, pode ser realizada pela espécie D. Lab lab,
que apresentou resistência à toxicidade desse composto. Entretanto, é necessário
avaliar se houve assimilação de fipronil pelas plantas para indicar o seu potencial
para fitorremediação (6). Em relação à biomassa gerada, a mesma pode ser
utilizada na produção de biogás (7) ou ser incorporada em tijolos adobe (8).

CONCLUSÃO

A espécie D. Lab lab apresentou maior sensibilidade ao 2,4-D e à mistura de


agrotóxicos, justificada pela fitotoxicidade observada na germinação das sementes.
Por outro lado, essa espécie apresentou menor sensibilidade ao fipronil, uma vez
que ocorreu germinação de todas as sementes e crescimento similar ao controle. A
biomassa gerada pelas plantas em solos contaminados com fipronil não apresentou
diferenças estatísticas entre as plantas do controle. Uma avaliação ecotoxicológica
deve ser feita para verificar se houve ou não assimilação de fipronil pelas plantas e,
assim, indicar o potencial de fitorremediação de solos contaminados com fipronil
pela espécie D. Lab lab.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. Fipronil: Environmental Fate, Ecotoxicology, and Human Health Concerns |


SpringerLink [Internet]. [cited 2018 May 31]. Available from:
https://link.springer.com/chapter/10.1007/978-1-4899-7283-5_1
2. Review of 2,4-Dichlorophenoxyacetic Acid (2,4-D) Epidemiology and Toxicology:
Critical Reviews in Toxicology: Vol 32, No 4 [Internet]. [cited 2018 May 31]. Available
from: https://www.tandfonline.com/doi/abs/10.1080/20024091064237
3. PIRES, F.R.; SOUZA, C.M.; SILVA, A.A.; POCÓPIO, S.O.; FERREIRA, L.R.
Fitorremediação de solos contaminados com herbicidas. Planta Daninha.
2003;21(2):333–41.
4. Effects of 2,4-D, glyphosate and paraquat on growth, photosynthesis and
chlorophyll–a synthesis of Scenedesmus quadricauda Berb 614 - ScienceDirect
[Internet]. [cited 2018 May 31]. Available from:
https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0045653599004087

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

5. Plant hormones and plant growth regulators in plant tissue culture | SpringerLink
[Internet]. [cited 2018 May 31]. Available from:
https://link.springer.com/article/10.1007/BF02822700
6. Green Silver Nanoparticles for Enhancing the Phytoremediation of Soil and Water
Contaminated by Fipronil and Degradation Products | SpringerLink [Internet]. [cited
2018 May 31]. Available from: https://link.springer.com/article/10.1007%2Fs11270-
018-3792-3
7. Potential bioethanol and biogas production using lignocellulosic biomass from
winter rye, oilseed rape and faba bean - ScienceDirect [Internet]. [cited 2018 May
31]. Available from:
https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0961953407000888
8. FARIA, O.B. Utilização de macrófitas aquáticas na produção de adobe: um estudo
de caso no reservatório de Salto Grande (Americana-SP). Tese (Doutorado em
Ciências da Engenharia Ambiental), Escola de Engenharia de São Carlos,
Universidade de São Paulo, 2003.

FONTES FINANCIADORAS

Projeto Temático FAPESP “Environmental effects of the pasture-sugarcane


conversion and pasture intensification”, Processo 15/18790-3.
Bolsa CNPq: Processo 140411/2018-6.

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Oral
Manejo, remediação e controle de riscos
439 - ANÁLISE ECOTOXICOLÓGICA DO ELUTRIATO DE SOLOS
CONTAMINADOS COM FIPRONIL APÓS FITORREMEDIAÇÃO COM Dolichos lab
lab

ALLAN PRETTI OGURA, THANDY JUNIO DA SILVA PINTO, LAÍS CONCEIÇÃO


MENEZES DA SILVA, MARIA PAULA CARDOSO YOSHII, LUÍS CÉSAR SCHIESARI,
EVALDO LUIZ GAETA ESPÍNDOLA
Contato: ALLAN PRETTI OGURA - ALLANOGURA@GMAIL.COM

Palavras-chave: agrotóxicos; fitorremediação; bioacumulação;

INTRODUÇÃO

O fipronil é um dos ingredientes ativos comumente utilizados no cultivo de cana-de-


açúcar(1) e pode contaminar os solos e, por lixiviação e escoamento superficial,
atingir os recursos hídricos e comprometer a qualidade da água(2). A
fitorremediação é uma alternativa para a remoção do fipronil em solos contaminados
e deve ser acompanhada de ensaios ecotoxicológicos que avaliem a remoção desse
contaminante por meio da redução da toxicidade(3). O objetivo foi avaliar a
aplicação da espécie Dolichos lab lab para fitorremediação de solos contaminados
pelo inseticida Regent 800WG® (i.a. fipronil) por análise ecotoxicológica do elutriato
com Chironomus sancticaroli.

METODOLOGIA

Os ensaios de fitorremediação foram feitos com 300g de solo contaminado com


1,3mg de fipronil por kg de solo, com 4 réplicas contendo 5 plantas, sendo mantidas
paralelamente 3 réplicas sem plantas. O experimento foi mantido a 25ºC com
luminosidade artificial (fotoperíodo de 12h:12h) e irrigação diária. Após 21 dias de
crescimento, as plantas foram removidas e o elutriato das amostras de solo foi
preparado na proporção 1:4 (solo: água de cultivo de C. sancticaroli). Foi conduzido
um teste agudo com a espécie C. sancticaroli em recipientes de 400mL, com 60g de
areia calcinada e 240mL do elutriato e 6 larvas no terceiro instar de
desenvolvimento. As diluições escolhidas foram de 100; 50; 25; 12,5; 6,3; 3,1%. Os
parâmetros oxigênio dissolvido, pH, condutividade e temperatura foram medidos no
início e final dos testes que teve duração de 96h, mantido a temperatura de 25°C e
fotoperíodo 12h:12h, sendo avaliada a mortalidade dos organismos. A normalidade e
homocedasticidade dos dados foram avaliadas pelos testes de Shapiro-Wilk e
Levene, respectivamente, e os tratamentos comparados pelos testes de Wilcoxon
Matched Pairs. Além disso, as concentrações de efeito foram calculadas por
regressão não-linear em modelo logístico. Todas as análises foram feitas no
software STATISTICA 12.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A germinação e crescimento das plantas D. Lab lab na presença do fipronil não


apresentou diferenças significativas em relação ao controle (p > 0,05), o que justifica
baixa sensibilidade ao pesticida. O uso do elutriato apresenta maior relevância, pois

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

está associado ao pior cenário de disponibilização de fipronil no solo (4) que pode
ser destinado aos recursos hídricos pelo escoamento superficial ou lixiviação (2).
Para todos os testes com C. sancticaroli, os parâmetros físico-químicos estiveram
nos níveis aceitáveis, com exceção do OD e, nesse caso, foi necessário a aeração
das amostras (5). Todos os organismos sobreviveram nas amostras controle com e
sem plantas, indicando que não houve mortalidade por outros interferentes do solo.
Os tratamentos fipronil com e sem fitorremediação apresentaram diferenças
estatisticamente significativas (p = 0,012). Foi observada mortalidade de todos os
organismos presentes nas amostras contaminadas com mais de 25% de elutriato. A
CL50 para as amostras de elutriato sem fitorremediação apresentou valor de 4,2%,
enquanto para as amostras com plantas o valor foi de 11,1%. Esses resultados
indicam que o D. Lab lab promoveu a remoção de fipronil, mas que apresentou
valores reduzidos para que essa espécie seja indicada para a fitorremediação.
Como não foi possível quantificar o fipronil no elutriato, a avaliação ecotoxicológica é
uma forma indireta de inferir a fitorremediação, uma vez que as espécies da família
Chironomidae apresentam sensibilidade ao fipronil (6). Sugere-se que outras
espécies vegetais sejam utilizadas para avaliar o potencial de acumulação de
fipronil, em especial aquelas nativas, de crescimento rápido e que apresentem
facilidade no plantio e remoção.

CONCLUSÃO

Por serem organismos ecologicamente representativos que habitam o sedimento, a


espécie C. sancticaroli, ao apresentar sensibilidade ao elutriato, indica o risco da
presença de fipronil nessa matriz. A mortalidade ocorreu para todos os organismos
presentes nas amostras com porcentagens acima de 25% de elutriato. Apesar dos
resultados indicarem a remoção de fipronil com a aplicação da espécie D. Lab lab,
os valores apresentaram-se insatisfatórios para que essa espécie seja recomendada
para a fitorremediação, sendo necessário avaliar outras espécies.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. Fipronil: Environmental Fate, Ecotoxicology, and Human Health Concerns |


SpringerLink [Internet]. [cited 2018 May 31]. Available from:
https://link.springer.com/chapter/10.1007/978-1-4899-7283-5_1
2. Fipronil Mobility and Transformation in Undisturbed Soil Columns | SpringerLink
[Internet]. [cited 2018 May 31]. Available from:
https://link.springer.com/article/10.1007/s00128-010-0081-2
3. Green Silver Nanoparticles for Enhancing the Phytoremediation of Soil and Water
Contaminated by Fipronil and Degradation Products | SpringerLink [Internet]. [cited
2018 May 31]. Available from: https://link.springer.com/article/10.1007%2Fs11270-
018-3792-3
4. Structural effects of the bioavailable fraction of pesticides in soil: Suitability of
elutriate testing - ScienceDirect [Internet]. [cited 2018 May 31]. Available from:
https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0304389410010411
5. FONSECA, A.L. Avaliação da qualidade da água na bacida do Rio Piracicaba/SP
através de testes de toxicidade com invertebrados. Universidade de São Paulo;
1997.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

6. Fipronil seed treatments for the control of chironomid larvae (Diptera:


Chironomidae) in aerially-sown rice crops - ScienceDirect [Internet]. [cited 2018 May
31]. Available from:
https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0378429097001469

FONTES FINANCIADORAS

Projeto Temático FAPESP “Environmental effects of the pasture-sugarcane


conversion and pasture intensification”, Processo 15/18790-3.
Bolsa CNPq: Processo 140411/2018-6.

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Painel
Manejo, remediação e controle de riscos
463 - USO DE Elodea densa PARA A REMEDIAÇÃO E REDUÇÃO DA TOXIDADE
DE 14C-DELTAMETRINA PARA PEIXES Danio rerio

NATALIA SALMAZO PEREIRA, KASSIO FERREIRA MENDES, VALDEMAR LUIZ


TORNISIELO
Contato: NATALIA SALMAZO PEREIRA - NATI_SALMAZO@YAHOO.COM.BR

Palavras-chave: Deltametrina; Macrófita; Zebrafish; Toxicidade; Remediação

INTRODUÇÃO

O inseticida deltametrina ((S)-α-cyano-3-phenoxybenzyl(1R,3R)-3-(2,2-


dibromovinyl)-2,2-dimethylcyclopropanecarboxylate) é um piretróide sintético com
uma ampla gama de aplicações para fins agrícolas e domissanitário [1]. Em
ambiente aquático, os piretróides são altamente tóxicos para organismos não-alvo,
como os peixes e microcrustáceos [2].
Algumas macrófitas submersas possuem a capacidade de absorver contaminantes,
reduzindo, assim, a exposição dos indivíduos [3]. Devido a esta capacidade, as
macrófitas podem mitigar, parcialmente, os efeitos adversos dos pesticidas aos
indivíduos aquáticos sensíveis.
O objetivo deste trabalho foi verificar a influência da macrófita (Elodea densa) sobre
os efeitos biológicos do inseticida deltametrina na população de Danio rerio.

METODOLOGIA

O estudo foi realizado no Centro de Energia Nuclear na Agricultura-CENA,


Piracicaba-Brasil. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado com
3repetições. Foi utilizado uma concentração nominal de 3,31µgL -1 de deltametrina e
quatro densidades de Egeria densa (0, 234, 337, 468g de matéria seca/m3). Em
geral, o estudo foi realizado de acordo com a OCDE-Test Nº203-Fish, Acute Toxicity
Test[4].
Foi utilizado solução padrão de 14C-deltametrina com pureza radioquímica de
94,3% e atividade específica de 4,3MBqmg-1. Foi preparado solução estoque
contendo 3,7.104Bq e 190µg de carregador em 1000µL de acetona. Foram utilizados
aquários de aço inox com 4L de água declorada. Em cada aquário, foi pipetado
66,67µL da solução, em seguida colocadas as Elodeas e 7peixes. No tratamento
controle foi utilizado apenas água.
A concentração de 14C-deltametrina foi determinada por Espectrômetro de
Cintilação Líquida antes de serem inseridos as plantas e os peixes e após 24, 48, 72
e 96h. As mortes dos peixes foram contabilizadas às 6, 24, 48, 72 e96h. Os dados
foram submetidos à análise de variância (ANOVA), as médias foram comparadas
pelo teste de Tukey(p<0,05). As regressões foram plotadas, com os valores médios
com os desvios padrões(+DP). Os dados foram ajustados para um modelo de
cinética e calculado o DT50.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

A maior e a menor média de mortalidade de peixes foram encontradas nos


tratamentos com 234 e 468g de matéria seca de Elodea/m3, respectivamente. O
tratamento com 234g de matéria seca/m3 foi considerado significativamente diferente
dos tratamentos com densidade de 337 e 468 g/m 3 e controle. Os tratamentos com
ausência de Elodea e com densidade de 234 g/m3 não foram considerados
diferentes entre si. A mortalidade de peixes nos tratamentos com densidade de 337
e 468 g/m3 e o tratamento controle foram consideradas iguais, ou seja, pode-se
considerar que nestes tratamentos não houveram mortalidades significativas.
No tratamento com ausência de Elodea, todas as mortes foram registradas 24h
horas após a aplicação do produto. Diferentemente do tratamento com 234g/m 3, em
que as mortes foram distribuídas ao longo do tempo, sendo registradas às 6, 24, 48
e 72h após aplicação do produto.
A concentração de 14C-Deltametrina no tratamento com ausência de Elodea
diminuiu 5% nas primeiras 24h, enquanto que, a concentração no tratamento com
234, 337 e 468 g/m3, a redução foi de 20, 30 e 40%, respectivamente. O fato da
concentração de 14C-Deltametrina permanecer praticamente inalterada nas
primeiras 24h no tratamento com ausência de Elodea justifica a alta taxa de
mortalidade neste período.
Após 48h da aplicação do produto, 86 e 71% de 14C-Deltametrina permanecia na
água no tratamento com ausência e com 234 g/m3 de Elodea, respectivamente. Nos
demais tratamentos, foi encontrado menos de 50% do produto na água. O rápido
decaimento na concentração de 14C-Deltametrina nos tratamentos com 337 e
468g/m3 explica o fato de não ter havido mortalidade significativa.
Os valores de meia-vida (DT50) da deltametrina diminuíram proporcionalmente com
o aumento da densidade de Elodea. Sendo que, para o tratamento com ausência de
Elodea o DT50 foi estimado em 223,59h (p=0,002), já para os tratamentos com 234,
337 e 468g/m3 este valor foi de 138,63 (p=0,0376), 66,01 (p=0,0129) e 67,29h
(p=0,0408), respectivamente. As principais rotas de degradação da deltametrina em
água natural são as transformações química e fotoquímica em uma mistura de
isômeros inativos e ativos e a hidrólise com oxidação subsequente dos produtos [5].
Tendo em vista os resultados apresentados, é possível relacionar os valores de
mortalidade dos peixes com a absorção do produto pela planta aquática Elodea.

CONCLUSÃO

Os resultados deste experimento demonstram que a planta aquática, comumente


encontrada em ambientes naturais, Elodea densa pode reduzir a toxicidade do
inseticida deltametrina em D. rerio, uma espécie de peixe representativa deste nível
trófico. A taxa na qual essa macrófita remove a deltametrina da coluna de água e,
portanto, o seu efeito atenuante está relacionado com a densidade desta no
ambiente. Estes resultados sugerem que os processos que reduzem a abundância
de macrófitas submersas, como programas de erradicação da vegetação, podem
aumentar indiretamente a suscetibilidade de táxons aquáticos sensíveis a
contaminantes.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] ANVISA. Resolução - RE n° 2.002, de 28 de julho de 2016 (DOU de 29/07/16).

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

[2] VIRAN, R.; ERKOÇ, U.F.; HILAL POLAT H.; KOÇAK, O. (2003) Investigation of
acute toxicity of deltamethrin on guppies (Poecilia reticulata). Ecotoxicology and
Environmental Safety 55:82–85 doi:10.1016/S0147-6513(02)00096-9
[3] KAREN, D.J.; JOAB, B.M.; WALLIN, J.M.; JOHNSON, K.A. (1998) Partitioning of
chlorpyrifos between water and an aquatic macrophyte (Egeria densa).
Chemosphere 37:1579–1586.
[3] CRUM, S.J.H.; VAN KAMMEN-POLMAN, A.M.M.; LIESTRA M. (1999) Sorption of
nine pesticides to three aquatic macrophytes. Archives of Environmental
Contamination and Toxicology 37:310–316.
[3] HAND, L.H.; KUET, S.F.; LANE, M.C.G.; MAUND, S.J.; WARINTON, J.S.; HILL,
I.R. (2000) Influences of aquatic plants on the fate of the pyrethroid insecticides
Lambda-cyhalothrin in aquatic environments. Environmental Toxicology and
Chemistry 20:1740–1745.
[3] RIAZ, G.; TABINDA, A.B.; IQBAL, S.; YASAR, A.; ABBAS, M.; KHAN, A.M.;
MAHFOOZ, Y.; BAQAR, M. (2017) Phytoremediation of organochlorine and
pyrethroid pesticides by aquatic macrophytes and algae in freshwater systems.
International Journal of Phytoremediation 19:894–898.
[4] OECD (1992) OECD Guideline for testing of chemicals. Guideline 203. Fish,
Acute Toxicity Test. Organisation for Economic Co-operation and Development.
Paris.
[5] MAGUIRE, R.J. (1992) Aquatic Environmental Fate of Deltamethrin. Water
Science and Technology 25:99-102

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Métodos alternativos para


avaliação da toxicidade

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Painel
Métodos alternativos para avaliação da toxicidade
13 - TOLERÂNCIA A REDUÇÃO DE OXIGÊNIO EM NÁUPLIOS E FÊMEAS DO
COPEPODA MARINHO EPIBENTÔNICO Tisbe biminiensis (VOLKMAN-ROCCO,
1973)

NIRHVANA FELIPE SILVA, LILIA PEREIRA SOUZA-SANTOS


Contato: LILIA PEREIRA SOUZA-SANTOS - LILIAPSSANTOS@GMAIL.COM

Palavras-chave: sedimento; bioensaio; hipoxia

INTRODUÇÃO

Nas últimas décadas, os ecossistemas aquáticos têm sido alterados de maneira


significativa em função de múltiplos impactos ambientais advindos de atividades
antrópicas (GOULART & CALLISTO, 2003). A maior parte das substâncias químicas
alcança, direta ou indiretamente, o ecossistema marinho principalmente os
sedimentos lamosos (COSTA et al., 2004), nos quais o nível de oxigenação pode ser
bem restrito. Assim, o presente estudo partiu da necessidade de avaliação da
tolerância á redução de oxigênio do organismo Tisbe biminiensis, utilizado nos
bioensaios de toxicidade de sedimento lamoso.

METODOLOGIA

Foram preparadas seis concentrações de oxigênio (6 (controle), 5, 4, 3, 2 e 1 mg/L)


em frascos de BOD de 66 mL. Para redução de oxigênio 4L de água do mar, com a
salinidade em 35, autoclavada e depois aerada por 24h foram gaseificados com o
gás nitrogênio até a obtenção das concentrações desejadas. As concentrações de
oxigênio foram reduzidas durante o teste pela respiração dos animais. Os testes
foram conduzidos sob fotoperíodo de 12h a 28 ± 1 ºC por 24 h e no final foi
observada a sobrevivência dos organismos. Cerca de 100 foram introduzidos em
quatro réplicas de cada concentração. Ao final dos testes os náuplios foram
recolhidos em peneira e observados para contar os mortos em cada recipiente. A
percentagem de sobrevivência foi estimada a partir do número total final, estimado
pela contagem dos animais fixados em formol a 4% menos o número de mortos. Dez
fêmeas ovadas ficaram expostas nas mesmas condições anteriores em 3 réplicas de
cada concentração de oxigênio, 30 por concentração. Ao fim dos testes a
sobrevivência foi observada.Foram estimadas a LC50, a Concentração Máxima de
Efeito Observado e a Concentração Mínima de Efeito não Observado.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Nos controles os resultados foram os esperados, com porcentagem de


sobrevivência de 94% no teste com náuplios e 93% no teste com as fêmeas.
No teste com náuplios identificamos para OD= 6, 5, 4, 3, 2 e 1 mg/L um percentual
de sobrevivência decrescente de 94, 94, 98, 92, 59 e 44%, respectivamente. O
CL24h 50 foi estimado em 16 ±7,6 % de saturação, equivalente a cerca de 1,5 mg/L.
A Concentração Mínima de Efeito não Observado foi estimado em 3 mg/L e o
Concentração Máxima de Efeito Observado em 2,6 mg/L.

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No teste com fêmeas, obtivemos também sobrevivência decrescente das fêmeas de


93, 77, 73, 17, 0 e 0% nas diferentes concentrações de 6, 5, 4, 3, 2 e 1 mg/L. O
CL24h 50 foi estimado em 48 ± 2,6 % de saturação, equivalente a 4 mg/L. O
Concentração Mínima de Efeito não Observado foi estimado em 4,2 mg/L e o
Concentração Máxima de Efeito Observado em 3,1 mg/L. Identificamos que neste
caso, os juvenis resistiram mais do que os adultos, sendo mais tolerantes a
condições de hipóxia. Talvez este fato esteja relacionado ao modo de vida dos dois,
já que os adultos nadam mais e podem escapar de condições ambientais
estressantes.
Observa-se que tanto o náuplio como as fêmeas de Tisbe biminiensis foram muito
resistentes a hipóxia uma vez que entre 2,6 e 3 mg/L respectivamente não observa-
se efeito na sobrevivência dos mesmos, sendo estes valores considerados muito
baixos e letais para organismos marinhos. É importante observar que no fim dos
testes estes valores eram ainda menores (1,5 no caso de 3 mg/L, concentração sem
efeito para os náuplios).
Vários fatores como presença de fitoplâncton, luminosidade, pressão parcial do
oxigênio na atmosfera, o processo de difusão, fotossíntese e presença de matéria
orgânica dissolvida interferem na disponibilidade de oxigênio dissolvido na água do
mar (BARUN, 2005). O CONAMA (2005) sugere o valor de OD acima de 6 mg/L
como ideal, indicando mais uma vez a resistência destes animais a hipóxia.

CONCLUSÃO

O CL 50 a 24h para os náuplios foi estimado em 16 ±7,6 % de saturação de


oxigênio, equivalente a cerca de 1,5 mg/L. O CL 50 a 24 h das fêmeas foi estimado
em 48 ± 2,6 % de saturação, equivalente a 4 mg/L. Identificamos que os juvenis
foram mais tolerantes a condições de hipóxia que os adultos, porém ambos
sobreviverão bem em condições de oxigênio mais reduzidas dos testes com
sedimentos estuarinos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRAUN, N. Sobrevivência, crescimento e parâmetros metabólitos teciduais de


alevinos de Jundiá Rhamdia quelen Expostos a Diferentes Níveis de Oxigênio
Dissolvido. 2005. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal de Santa Maria,
Santa Maria, RS. Brasil.
CONAMA (2005) – Conselho Nacional do Meio Ambiente. Ministério do Meio
Ambiente. Resolução Nº 357, de 17 de março de 2005, p. 14.
COSTA, M.F.; ARAÚJO, M.C.B.; CHAGAS, A.C.O.; SANT’ANNA, N. JR.; SOUZA,
S.T. (2004) Poluição Marinha. In: Oceanografia, um cenário tropical. 1ª Ed. Recife,
Bargaço, pp. 287-317.
GOULART, M.D.; CALLISTO, M. Bioindicadores de Qualidade de Água como
Ferramenta em Estudos de Impacto Ambiental, Revista da FAPAM 2.1, p. 153-164,
2003.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Métodos alternativos para avaliação da toxicidade
14 - AVALIAÇÃO TOXICOLÓGICA DE SEDIMENTOS ESTUARINOS NA COSTA
DE PERNAMBUCO UTILIZANDO Tisbe biminiensis (COPEPODA:
HARPATICOIDA): EM BUSCA DE UM SEDIMENTO CONTROLE

CAROLINE CAVALCANTI, LILIA PEREIRA SOUZA-SANTOS


Contato: LILIA PEREIRA SOUZA-SANTOS - LILIAPSSANTOS@GMAIL.COM

Palavras-chave: protocolo; bioensaio; estuário

INTRODUÇÃO

Testes de ecotoxicidade são importantes para avaliação ambiental. Nestes é


essencial o uso de controles o mais semelhantes possíveis às amostras testadas,
nos quais são esperadas funções fisiológicas normais. Neste contexto, sedimentos
estuarinos e lamosos para controle de testes de ecotoxicidade em Pernambuco vêm
produzindo resultados pouco satisfatórios quando comparados com o bem estar de
Tisbe biminiensis em água do mar. Provavelmente efeito de um litoral cada vez mais
afetado por turismo e indústria. Desta forma, sedimentos coletados em locais
considerados menos impactados em Pernambuco foram testados como controle
(GREGO et al., 2009; VALENÇA e SANTOS, 2012).

METODOLOGIA

Foram escolhidas 5 áreas estuarinas (Mamucabas, Mariassú, Aquirá, Paripe e


Mageó) a partir dos seguintes critérios: estarem afastadas de centros urbanos,
serem de pequenos rios e de fácil acesso. Foram coletadas com colher na superfície
do sedimento 3 amostras de cada região em março e junho de 2017. Estas foram
armazenadas em garrafas de vidro num cooler durante os procedimentos de campo.
Após a chegada ao laboratório, as amostras foram peneiradas em malha de 64µm.
Posteriormente, foram retiradas 3 alíquotas de 2g do sedimento fino de cada
amostra. O controle utilizado para o teste foi água do mar, previamente clorada e
filtrada. Os organismos-teste utilizados nesse procedimento foram os náuplios do
copépodo Tisbe biminiensis. Os testes de toxicidade foram realizados em potes de
vidro, contendo 20 mL de suspensão algal e 2g de sedimento em cada amostra. Em
cada pote foram introduzidos aproximadamente 200 náuplios com no máximo 24 h
de vida. Os testes foram conduzidos dentro de uma estufa incubadora sob
fotoperíodo de 12h e temperatura de 28 ± 1 ºC por 72h. Foram considerados a
mortalidade e o desenvolvimento dos náuplios. Paralelamente também foram
quantificados os metais, porcentagem de matéria orgânica, granulometria do
sedimento.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os parâmetros físico-químicos dos testes ficaram dentro do desejável, com a


salinidade variando de 34 a 36, os valores de pH entre 7,26 e 8,24, e os teores de
oxigênio dissolvido entre 4,7 e 6,1 mg/L. A porcentagem de matéria orgânica variou
de 9,79% (Mamucabas) a 26,17% (Aquirá).

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1188
XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Em relação às concentrações dos metais encontrados (Ag, Al, Ba, Be, Bi, Ca, Cd,
Ce, Co, Cr, Cs, Cu, Fe, Ga, Hf, Hg,In, K, La, Li, Lu, Mg, Mn, Mo, Na, Nb, Ni, Pb, Rb,
Re, S, Sr, Ti, V, W, Zn, Zr; semi metais B, As, Ge e dois ametais P e Se) e
comparadas aos valores de TEL (nível de efeitos limiares propostos por Macdonald
et al. (1996), o arsênio se encontra em níveis superiores em todas as amostras, oCr
em Mageó em uma amostra de Aquirá e outra no Paripe e o mercúrio em Paripe.
O teste-t indicou toxicidade letal e subletal em todas as amostras de sedimento
comparadas aos seus respectivos controles de água. Quando comparadas entre si
as amostras de cada localidade, após a relativização em relação aos seus
respectivos controles, Aquirá foi o local que apresentou menor taxa sobrevivência
(55 % do controle) enquanto os demais apresentaram valores de 65 a 76% dos
controles. Quanto ao desenvolvimento os piores locais foram Mamucabas, Mariassú,
Aquirá (<7% do controle). Estes resultados indicam que apesar de inferiores em
relação às amostras de água os melhores pontos a serem usados como controle de
sedimento são Paripe e Mageó nos quais os copépodos apresentaram
desenvolvimento de mais de 50% e sobrevivência de 65% em relação ao controle de
água do mar.
Testes usando adultos e náuplios do copépodo epibentônico Tisbe biminiensis vêm
detectando toxidade em água e sedimento em vários locais conhecidamente
contaminados de Pernambuco como baía de Suape (região Industrial-Portuária)
(ARAÚJO-CASTRO, 2008; SOUZA-SANTOS et al., 2015) e Estuário do rio
Capibaribe (urbano) (REGIS, 2015). Esta espécie parece ter náuplios bastante
sensíveis à qualidade do sedimento usado como controle e indicam uma baixa
qualidade toxicológica dos sedimentos estuarinos em todas as áreas investigadas na
época estudada.

CONCLUSÃO

Através das análises dos sedimentos, foi possível concluir que apesar dos níveis de
metais indicarem que os locais investigados ainda não estão muito contaminados, os
resultados toxicológicos indicam problema em todas as áreas. As melhores opções
de controle para o uso em testes toxicológicos são Paripe e Mageó, áreas que
menos efeitos deletérios causaram. Sugere-se uma investigação mais aprofundada
no futuro uma vez que o ano estudado (2017) foi particularmente atípico pelo
excesso de chuvas, o que tende a piorar a qualidade ambiental dos estuários de
forma geral.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARAÚJO-CASTRO, C.M.V. (2008). Padronização e aplicação do copépodo marinho


Tisbe biminiensis como organismo-teste em avaliações toxicológicas de sedimentos
estuarinos. Tese de doutorado – Universidade Federal de Pernambuco. CTG.
Programa de Pós-graduação em Oceanografia, 104p.
GREGO, C.K.S.; FEITOSA, F.A.N.; SILVA, M.H.; CUNHA, M.G.G.S.;
NASCIMENTO-FILHO, G.A. (2009). Fitoplâncton do ecossistema estuarino do Rio
Ariquindá (Tamandaré, Pernambuco, Brasil): variáveis ambientais, biomassa e
produtividade primária. Atlântica 31:183-198.
REGIS, C.G. (2016). O uso dos náuplios de Tisbe biminiensis (Copepoda:
Harpacticoida) na avaliação da toxicidade dos sedimentos do estuário do Rio

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Capibaribe e sua relação com a geoquímica. Dissertação de mestrado em


Oceanografia, Universidade Federal de Pernambuco, 2016. 55 p.
SOUZA-SANTOS, L.P.; OLIVEIRA, D.D.; LIMA, E.S. 2015. The use of epibenthic
copepod Tisbe biminiensis nauplii to assess the toxicity of seawater samples in
Suape Bay (state of Pernambuco; Brazil). Ecotoxicology and Environmental
Contamination.10: 61-69.
VALENÇA, A.P.M.C.; SANTOS, P.J.P. (2012) Macrobenthic community for
assessment of estuarine health in tropical areas (Northeast, Brazil): review of
macrofauna classification in ecological groups and application of AZTI Marine Biotic
Index. Marine Pollution Bulletin 64, 1809–1820.

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Métodos alternativos para avaliação da toxicidade
15 - DETERMINAÇÃO DA CONSTANTE DE PROPORCIONALIDADE (R)
UTILIZADA NO TESTE T POR BIOEQUIVALÊNCIA PARA O ENSAIO DE
TOXICIDADE CRÔNICA DE CURTA DURAÇÃO COM Echinometra lucunter PARA
AMOSTRAS DE ÁGUA E SEDIMENTO

IONE SIQUEIRA DA SILVA, DAVID CACHATTORI, LUCIANE LOPES MORANDI


Contato: IONE SIQUEIRA DA SILVA - ECO_MARINHO@TECAM.COM.BR

Palavras-chave: constante de proporcionalidade; Teste T por bioequivalência; Echinometra lucunter

INTRODUÇÃO

Para ensaios ecotoxicológicos qualitativos tem sido proposta a utilização do teste de


hipóteses por bioequivalência para caracterizar amostras como “tóxicas” ou “não
tóxicas”. O valor da constante de proporcionalidade utilizado no cálculo faz se
necessário, pois atribui um nível de efeito biologicamente relevante, dessa maneira,
pode-se dizer que reduz a ocorrência de falsos positivo e negativos (ZAGATTO &
BERTOLETTI, 2006). Devido à escassez de estudos estatísticos acerca de ensaios
ecotoxicológicos com o ouriço-do-mar Echinometra lucunter, observou-se a
necessidade da determinação da constante de proporcionalidade (r) utilizada no
Teste t por bioequivalência, relacionada a matrizes de água e sedimento

METODOLOGIA

Foi realizado um levantamento histórico dos resultados de amostras de água e


sedimento do ensaio de toxicidade crônica de curta duração com Echinometra
lucunter, conduzidos e validados conforme metodologia descrita em ABNT NBR
15350 (ABNT, 2012) e realizados pelo laboratório ALS TECAM acreditado na ABNT
NBR ISO/IEC 17025. Para a determinação da constante de proporcionalidade (r),
foram utilizados 357 resultados com amostras de água e 63 com amostras de
sedimento. Para tanto, os resultados de cada matriz foram separados e a diferença
mínima significativa (DMS) foi obtida. A DMS foi expressa em porcentagem,
considerando os dados do controle (%DMS). Os valores de %DMS encontrados
foram ordenados e o 75° percentil foi identificado (%DMS crítica). A determinação da
constante de proporcionalidade (r) foi realizada subtraindo-se o valor da %DMS
crítica de 100, conforme descrito por Zagatto & Bertoletti (2006).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A partir dos dados dos ensaios de toxicidade crônica de curta duração com
Echinometra lucunter foi calculada a diferença mínima significativa de cada ensaio
através da fórmula DMS = d x sw (1/n0 + 1/nc) -1/2, onde d = d de Dunnett para
nível de α = 0,05, GL = 7 e k = 2, sw = raiz quadrada do quadrado médio do resíduo,
n0 = número de réplicas do controle (4) e nc = número de réplicas de cada amostra
(4). O percentual de DMS (%DMS) foi calculado pela formula: %DMS = DMS/média
do controle x 100. Os seguintes intervalos de %DMS foram obtidos: 1,37% a 12,77%
para amostras de água (n = 357) e 3,26% a 22,54% para amostras de sedimento (n
= 63). A ordenação dos dados de %DMS para a determinação do 75° percentil

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

retornou os valores de %DMS crítica de 6,10% (água) e 8,19% (sedimento).


Subtraindo a %DMS crítica de 100, foram obtidos 93,90% e 91,81%,
respectivamente. Logo, os valores da constante de proporcionalidade (r) para o
organismo Echinometra lucunter foram estimados em 0,94 para amostras de água e
em 0,92 para amostras de sedimento. Os dados obtidos no presente estudo
corroboram com as informações obtidas na literatura, uma vez que Bonfim (2005)
obteve uma constante de proporcionalidade (r) de 0,93 para o organismo
Echinometra lucunter (DMS crítica de 7,45% e n = 55) para amostras de efluente e
substâncias químicas e se aproximam dos dados de Bertoletti, et al. (2007) que
obtiveram valores de 0,91 (água e sedimento, DMS crítica de 9% e n = 92) e 0,86
(efluente, DMS crítica de 14% e n = 75) para outra espécie de ouriço-do-mar
(Lytechinus variegatus).

CONCLUSÃO

A partir dos dados gerados no laboratório ALS Tecam, os valores da constante de


proporcionalidade (r) para o organismo Echinometra lucunter foram calculados em
0,94 (amostras de água, n = 357, %DMS = 6,10%, α = 0,05) e 0,92 (amostras de
sedimento, n = 63, %DMS = 8,19%, α = 0,05). A aplicação da constante de
proporcionalidade (r) fornece mais robustez ao Teste t por bioequivalência, pois
acrescenta ao cálculo matemático uma característica biológica obtida através da
exposição do organismo a diferentes amostras da mesma matriz.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABNT Ecotoxicologia aquática – Toxicidade crônica de curta duração – Método de


ensaio com ouriço-do-mar (Echinodermata: Echinoidea). Norma NBR 15350. Rio de
Janeiro, ABNT, 21 p., 2012.
BERTOLETTI, E.; BURATINI, S.V.; PRÓSPERI, V.A.; ARAÚJO, R.P.A.; WERNER,
L.I. Selection of relevant effect levels for using bioequivalence hypothesis testing. J.
Braz. Soc. Ecotoxicol. v.2, n.2, p.139-145. 2007.
BONFIM, C.L.L. do. Efeitos do Fenol e 4-Clorofenol sobre o desenvolvimento
embriolarval de Echinometra lucunter (Linnaeus, 1758): Avaliação dessas
substâncias como referência / Cintia Levita Lins do Bonfim.- Instituto de Biologia
Universidade Federal da Bahia Programa de Pós Graduação em Ecologia e
Biomonitoramento. Salvador . Bahia, 2005.
ZAGATTO, P.A.; BERTOLETTI, E. Ecotoxicologia aquática – Princípios e
Aplicações. Editora Rima São Carlos,2006.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Métodos alternativos para avaliação da toxicidade
16 - COMPARAÇÃO DO EFEITO OBTIDO COM A REDUÇÃO DO NÚMERO DE
PEIXES (Danio rerio) UTILIZADOS EM ENSAIOS DE TOXICIDADE AGUDA COM
A SUBSTÂNCIA DE REFERÊNCIA CLORETO DE POTÁSSIO

ALINE MROTZECK MASQUETTO, GIANLUCCA OLIVEIRA CECCHETTO, LUCIANE


LOPES MORANDI
Contato: ALINE MROTZECK MASQUETTO - ANALISTAECOTOX@TECAM.COM.BR

Palavras-chave: redução de organimos; Lei Arouca; Danio rerio

INTRODUÇÃO

O ensaio de toxicidade aguda com peixes é uma ferramenta utilizada para avaliação
de amostras ambientais seguindo métodos normatizados. A crescente preocupação
na redução do uso de animais em experimentos desde a publicação da Lei Arouca,
traz em discussão a busca por melhorias que mantenham a qualidade do ensaio e
resposta confiável do ponto de vista analítico. O objetivo desse trabalho foi avaliar
através da comparação de resultados, o efeito da substância de referência cloreto
de potássio (KCl), em ensaios de toxicidade realizados com a redução do número de
peixes (Danio rerio), conforme já descrito em normas internacionais.

METODOLOGIA

Os procedimentos adotados seguiram a metodologia padronizada pela ABNT NBR


15088:2016 Toxicidade aguda - Método de ensaio com peixes (Cyprinidae). Os
ensaios foram conduzidos com a espécie de peixes Danio rerio, em regime semi-
estático, por 96 horas e renovação das soluções a cada 48 horas. Foram testadas
cinco concentrações da substância de referência KCl: 200,0; 400,0; 800,0; 1600 e
3.200 mg/L e um grupo controle conduzido somente com a água de diluição (água
mole reconstituída). Três lotes de peixes foram utilizados. Para cada lote de peixes
foram realizados dois ensaios com as mesmas condições: um utilizando 10 peixes
por concentração, conforme recomendado na norma; e em paralelo um ensaio
utilizando 7 peixes por concentração. No início e renovação dos ensaios, os
parâmetros da água de diluição, pH, oxigênio dissolvido e dureza, foram medidos e
ajustados quando necessário. A temperatura e fotoperíodo foram controlados
diariamente. A cada 24 horas foram feitas observações quanto a letalidade dos
organismos e ao final do ensaio, com os dados de letalidade obtidos, foi realizada a
análise estatística através do método Spearmam-karber modificado ou método
Binomial para a obtenção da concentração letal inicial mediana 96h - CL(I)50 96h.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A CL(I)50 96h obtida nos três ensaios realizados utilizando 10 peixes por
concentração foi de 1056 mg KCl/L. Nos ensaios realizados em paralelo utilizando 7
peixes por concentração a CL(I)50 96h obtida foi de 1025 a 1131 mg KCl/L. O
laboratório ALS Tecam, possui um consistente histórico de resultados de ensaios de
toxicidade aguda com peixes da espécie Danio rerio e uma carta controle
estabelecida utilizando como substância de referência o cloreto de potássio (KCl).

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Os resultados apresentados utilizando 10 peixes por concentração estão dentro dos


limites da carta controle em vigor do laboratório (626,6 a 1187 mg KCl/L). Os
ensaios realizados com a redução na quantidade de peixes (7 por concentração),
apresentaram CL(I)50 96h semelhante da obtida nos ensaios conduzidos com a
quantidade de peixes recomendada pela NBR 15088:2016. A redução do número de
organismos não alterou o resultado do ensaio, ou seja, a resposta de sensibilidade
da espécie foi mantida dentro da faixa da carta-controle do laboratório. Em outubro
de 2008 foi sancionada a Lei Arouca (Lei nº 11.794) que regulamenta o uso de
animais para ensino e pesquisa cientifica juntamente com a criação do Conselho
Nacional de Controle de Experimentação Animal (Concea). Um dos principais
argumentos da regulamentação é a redução do número de animais utilizados em
projetos de pesquisa, assim como a redução do tempo de exposição do organismo
em um experimento, devendo esse ser o mínimo indispensável para se reproduzir
resultados conclusivos, poupando ao máximo o animal de sofrimento. A redução do
número de peixes aplicada nos ensaios realizados atende o que é proposto pela lei.

CONCLUSÃO

Através dos resultados obtidos com a substância de referência cloreto de potássio


foi possível concluir que a redução para 7 em número de peixes da espécie Danio
rerio nas condições de ensaio de toxicidade aguda, não interferiu na qualidade e
resultados obtidos. O trabalho realizado pode auxiliar em novos estudos que tenham
como objetivo a redução do número de organismos utilizados em ensaios com
amostras ambientais ou de produtos químicos, atendendo a regulamentação,
mantendo a qualidade e confiabilidade dos resultados.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABNT Ecotoxicologia aquática – Toxicidade aguda - Método de ensaio com peixes


(Cyprinidae). Norma NBR 15088. Rio de Janeiro, ABNT, 25 p., 2016.
LEI nº 11.794, de 8 de outubro de 2008. Regulamenta o inciso VII do § 1º do art. 225
da Constituição Federal, estabelecendo procedimentos para o uso científico de
animais; revoga a Lei nº 6.638, de 8 de maio de 1979; e dá outras providências.
Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-
2010/2008/Lei/L11794.htm >. Acesso em: 12 Abril 2018.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Métodos alternativos para avaliação da toxicidade
18 - IDENTIFICAÇÃO DA RESPOSTA TOXICOLÓGICA DAS ÁGUAS E
SEDIMENTO DO RIO CACHOEIRA PARA Euruca sativa

ALINE SCHELLER, THEREZINHA MARIA NOVAIS DE OLIVEIRA, MAYARA RIBEIRO


SEARA, RIZIA MARIA RAIMOONDI, MILENA DE FRANÇA
Contato: ALINE SCHELLER - ALINESCHELLER@UNIVILLE.BR

Palavras-chave: Euruca sativa; toxicidade; fitoxicidade

INTRODUÇÃO

A grande expansão urbana e industrial traz como consequências, o


comprometimento da qualidade das águas, onde isso também ocorre pela
deficiência do sistema de coleta e tratamento dos esgotos. O Rio Cachoeira,
localizado na cidade de Joinville-SC, alvo deste estudo, é um rio bastante afetado
pelas influências antrópicas, o mesmo faz parte da Bacia do Rio Cachoeira, que está
totalmente inserida na área urbana da cidade. Com a realização dos testes de
fitotoxicidade utilizando Euruca sativa, será possível identificar a resposta
toxicológica das águas e sedimento do Rio Cachoeira para o organismo-teste em
estudo.

METODOLOGIA

As amostragens foram realizadas na BHRC–Joinville/SC entre janeiro e março/2018,


sendo 2 amostras de água e 2 de sedimento. As amostras de água foram coletadas
através da Garrafa de Van Dorn, já os sedimentos foram coletados através da draga
Petersen.
Para cada experimento, foram realizadas as seguintes análises: Germinação das
sementes, alongamento da raiz e o índice de germinação. Os testes com E. sativa
não possuem padronização específica e, portanto, foram realizados seguindo
orientações disponíveis nas Regras para Análise de Sementes do Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
Para realizar o teste com sementes de Eruca sativa, foi realizado cinco réplicas de
cada amostra. As sementes foram condicionadas em placas de Petri contendo dois
discos de papel filtro embebidas com a amostra, na proporção de três vezes o peso
seco do papel usado como substrato. Foram dispostas 10 sementes em cada placa
de Petri. Para o controle negativo utilizou-se como solução-teste água destilada. Os
testes foram mantidos a 20 +/- 2°C e fotoperíodo de 8 horas luz e 16 horas de
escuro. Após quatro dias, realizou-se a primeira leitura e ao sétimo dia a segunda
leitura, completando assim o teste de germinação.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

As análises obtiveram valores de Germinação das sementes, alongamento da raiz e


o índice de germinação. As análises foram realizadas também em um meio de
controle, para tornar possível a realização dos cálculos de germinação.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Com isso, obtêm-se os valores de germinação relativa para os pontos A,B, C, A


sed., B sed. e C sed.
respectivamente de 94%, 92% E 94%, 92%, 94% e 100%. Os valores de
Alongamento da Raiz para os pontos A, B, C, A sed., B sed. e C sed.
respectivamente foram 69,31%; 77,24% e 84,34%; 62,15%; 91,02% e 116,7%. Para
o Índice de Germinação, os valores encontrados para os pontos A, B, C, A sed., B
sed. e C sed. respectivamente foram 65,15; 71,06; 79,27; 57,18; 85,56 e 116,7.
De acordo com os resultados apresentados, pode-se observar que a germinação
relativa em todos os pontos em estudo seguiu praticamente a mesma porcentagem
de crescimento, estando todas próximas de 100%. No ponto A, tanto para a água
quanto para o sedimento observa-se uma diminuição do alongamento da raiz e do
índice de Germinação quando comparados com o Ponto B e C. Isso pode ter
ocorrido devido o ambiente não possuir tantos nutrientes ou minerais como nos
outros pontos onde existe influências antrópicas.
Segundo EPSTEIN, (1965) os nutrientes indispensáveis são absorvidos pelas
plantas em quantidades especificas, necessárias para o seu desenvolvimento e
podem ser divididos de acordo com a concentração relativa nos tecidos da planta
em micro e macronutrientes.
Entretanto, para as análises realizadas no ponto B e C de amostras de sedimento,
percebe-se que existe um crescimento superior ao crescimento dos mesmos pontos
para amostra de água.
Esse fenômeno pode ser provocado por lançamento de esgotos, resíduos
industriais, que pode ser observado no entorno dos pontos B e C.
A matéria orgânica lançada e decomposta, aumentando a quantidade de nutrientes
que acarretam um desequilíbrio ecológico, pois propicia o desenvolvimento
descontrolado de uma espécie em detrimento de outras (NARDINI; NOGUEIRA,
2008).

CONCLUSÃO

A avaliação da toxicidade foi expressa por germinação de sementes, alongamento


da raiz e índice de germinação.
Em relação a germinação das sementes, ambos os ensaios seguiram a mesma
tendência de porcentagem de crescimento, estando todas próximas de 100%.
Os resultados obtidos demonstraram que tanto nas amostras de água quanto as de
sedimento, a contaminação acarretou um efeito tóxico no desenvolvimento da
planta, resultando no aumento do alongamento da raiz e no índice de germinação.
Além disso, o ensaio das amostras de sedimento apresentou maior porcentagem de
crescimento quando comparadas as mesmas amostras de água.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

EPSTEIN, P. Mineral metabolism. IN: BONNER, J.; VARNER, J.E. (eds.). Plant
Biochemistry London: Academic Press, 1965. p. 438 - 466.
NARDINI, M.J.; NOGUEIRA, I.S. O processo antrópico de um lago artificial e o
desenvolvimento da eutrofização de florações de algas azuis em Goiânia. revista
estudos, v.35, n.1-2, p.23-52,2008.

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FONTES FINANCIADORAS

FAP

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Oral
Métodos alternativos para avaliação da toxicidade
57 - DAPHNIATOX - MONITORAMENTO ON-LINE DE POLUIÇÃO AQUÁTICA E
SUBSTÂNCIAS TÓXICAS

GILMAR SIDNEI ERZINGER, LUCIANO HENRIQUE PINTO, CAROLINA ROESLER,


PAMELA CAROLINE LOPES, ALINE SCHELLER
Contato: GILMAR SIDNEI ERZINGER - GERZINGER47@GMAIL.COM

Palavras-chave: ecossistemas aquáticos; Daphnia; Daphniatox; água doce; biomonitoramento;


Ecotoxicologia; poluentes; software

INTRODUÇÃO

O bioensaio utilizando espies Daphnia - e. D. magna - foi definida e certificada por


várias agências nacionais e internacionais. O instrumento Daphniatox é baseado em
análise de imagens computadorizadas on-line, rastreando organismos nativos em
tempo real. O software avalia 14 endpoints, incluindo motilidade, velocidade de
nado, orientação em relação à luz e gravidade, bem como forma e tamanho das
células. O sistema determina vetores de movimento de um grande número de
organismos para garantir alta significância estatística e calcula os valores médios,
bem como o desvio padrão. Este bioensaio pode ser usado para monitorar a
toxicidade da água.

METODOLOGIA

O software Daphniatox é baseado no software de código aberto Fiji derivado da


fonte aberta ImageJ. Como este pacote de programas só é capaz de processar
sequências de vídeo gravadas (.avi), um plugin de software, que permite a entrada
direta do vídeo on-line software de imagem (Phase, Lübeck, Alemanha) foi
implementado. O software Daphniatox está escrito na linguagem de macros da
ImageJ. Os dados dessa análise são exibidos em uma janela separada na forma de
um histograma circular mostrando a fração de células que se movem em setores,
cujo tamanho o usuário pré-selecionou nas configurações. Além disso, o número de
trilhas registradas, a velocidade média, a porcentagem de células móveis, a área
média e o comprimento dos organismos, o desvio angular médio da vertical, bem
como a porcentagem de organismos nadadores ascendentes e a precisão da
orientação são indicadas. No final, os resultados podem ser armazenados em
conjunto com uma descrição dos detalhes do experimento, que o usuário fornece os
dados brutos, como as áreas dos organismos individuais, e a distribuição angular. O
cultivo da D. magna foi realizado de acordo com a norma ISO-6342.37. D. magna
foram mantidos em béqueres de vidro de meio de cultura (meio M4).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os experimentos para testes de curto prazo (agudos) foram realizados de acordo


com o protocolo NBR 12713.60, Neonatos de D. magna, 2 a 26 h, foram colocados
em soluções de K2Cr2O7 (0, 0,125, 0,25, 0,5, 1, 2 ou 4 mg/l) por um período de até
48 h em frascos de cultura celular de 50 ml. O dicromato de potássio foi definido por
instituições internacionais como o produto químico de referência para avaliar a

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

sensibilidade do organismo e para servir de comparação entre os laboratórios. Dois


frascos foram usados para cada concentração e cada frasco foi rastreado três
vezes. Para determinar a motilidade, os organismos foram rastreados em frascos
posicionados horizontalmente em uma mesa de luz. Como eles não foram
submetidos à orientação gravitática, os vetores de motilidade apontam em direções
aleatórias, o que resulta em um valor r de 0,02.As direções de natação das pistas
são categorizadas em 64 setores. O histograma é baseado em 101 trilhas e mostra
a porcentagem de organismos que nadam em cada setor. 71% dos organismos
eram móveis, nadando a uma velocidade de 0,11 mm/s. A área era de 0,19 mm2 e o
comprimento de 0,82 mm. 47,5% dos organismos nadaram nos dois quadrantes
adjacentes a 0 ° e de 236,66 °. Imediatamente após a incubação nas soluções de
dicromato de potássio, todos os organismos permaneceram móveis, mas após 4 h
um número crescente de Daphnia ficou imóvel em 2 e 4 mg/L. Após um período de
incubação de 24 h, não havia organismos móveis em concentrações ≥ 1 mg/L. A
motilidade foi mais ou menos constante (ca. 85%) nas concentrações mais baixas e
no controle. Dependendo do número solicitado de faixas analisadas, um ciclo
completo de medição no Daphniatox pode ser concluído em menos de 2 minutos, o
que é conseguido pela análise de imagens computadorizadas on-line em tempo
real.Isto é ainda mais rápido do que o sistema ECOTOX, que requer cerca de 6 min
para um ciclo completo de medição. Devido à análise automatizada, evita-se uma
avaliação subjetiva propensa a erros e subjetiva. O uso de números elevados de
trilhas de organismos analisados garante alta precisão e significância estatística. Ao
avaliar os efeitos a longo prazo de substâncias potencialmente tóxicas, o tempo de
análise é igualmente curto, interrompido pelos períodos de incubação. Em
comparação com outros bioensaios automatizados avançados, os custos
operacionais da Daphniatox são quase insignificantes.

CONCLUSÃO

O Daphniatox computadorizado, totalmente automático e em tempo real, garante um


monitoramento padronizado rápido que elimina a interpretação humana propensa a
erros e fornece alta significância estatística dos dados. Utilizando 14 endpoints
independentes de motilidade, orientação, tamanho e forma de diferentes
sensibilidades em relação aos tóxicos pode ser usado para indicar diferentes classes
de substâncias químicas tóxicas e poluentes. A elevada sensibilidade da Daphnia e
os baixos custos iniciais e os custos de funcionamento negligenciáveis caracterizam
o sistema como adequado para muitas tarefas de monitorização a curto e longo
prazo de recursos hídricos

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FONTES FINANCIADORAS

Os autores agradecem ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e


Tecnológico (CNPq) pelo apoio parcial a este estudo.

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Painel
Métodos alternativos para avaliação da toxicidade
58 - ECOTOX - SISTEMA DE ANALISES DE ECOTOXICOLOGIA EM TEMPO
REAL UTILIZANDO ALGAS DO GÊNERO Euglena gracilis

GILMAR SIDNEI ERZINGER, ALINE SCHELLER, LUCIANO HENRIQUE PINTO,


CAROLINA ROESLER, PAMELA CAROLINE LOPES
Contato: GILMAR SIDNEI ERZINGER - GERZINGER47@GMAIL.COM

Palavras-chave: ecossistemas aquáticos, Euglena, Ecotox, flagelados, biomonitoramento,


ecotoxicologia, poluentes, Software

INTRODUÇÃO

O instrumento Ecotox foi baseado em hardware dedicado e software customizado.


De fácil análise on-line de imagens controladas por computador e o rastreamento de
células em tempo real. O equipamento possui um grande número de endpoints
indicando efeitos tóxicos, baixos custos do instrumento e consumíveis, bem como
um maior número de opções de saída para os resultados numéricos e como no
sistema.Utiliza algas Euglena gracilis. Mas também podem ser empregados outros
flagelados marinhos e de água doce e responde muito sensivelmente a substâncias
tóxicas e outros estressores ambientais,

METODOLOGIA

O hardware do novo Ecotox consiste de um microscópio básico feito sob medida


com uma objetiva de microscópio padrão que é focalizada nos flagelados de natação
na câmara de observação com 170 µm de profundidade. O feixe de luz actínico é
produzido por um LED infravermelho, a fim de excluir a radiação visível, que pode
resultar em fotorespostas dos organismos utilizados no bioensaio, como fototaxia,
reações fotofóbicas ou fotocinese. É uniformemente difundido por dois discos de
Teflon para garantir a irradiação uniforme. Uma câmera USB monocromática (Point
Grey, Blackfly BFLY-U3-13S2M-CS) com resolução de 1.3 mega pixel (1288 x 964)
é anexada ao microscópio. Uma objetiva de microscópio de 10x projeta a imagem
das células em movimento no alvo CCD da câmera. Como o microscópio é orientado
horizontalmente e, portanto, a câmara de observação verticalmente, os organismos
podem se orientar com o vetor gravitacional da Terra e nadar para cima ou para
baixo por um processo ativo chamado gravitaxis. Um aspecto importante do sistema
é que as células em movimento são sempre visíveis em uma janela na tela do
computador.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Após a análise da pilha de quadros atual, um novo é capturado do fluxo de vídeo ao


vivo e a análise é repetida até que o número máximo de organismos escolhido seja
atingido ou o tempo máximo de análise tenha transcorrido, o que vier primeiro. Em
seguida, o usuário é solicitado a inserir uma descrição da experiência e escolher um
nome de arquivo para os resultados. O arquivo de resultados mostra a data e a hora
do experimento, a temperatura e a densidade celular por ml e a descrição do
experimento dado pelo usuário. Todos os dados dos quadros individuais são

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1205
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agrupados e a velocidade média, a velocidade direta, a porcentagem de células


nadando para cima (± 90 ° em torno da vertical para cima), a área, perímetro,
circularidade, comprimento, razão de aspecto, arredondamento e solidez são
registrados como valores médios com desvio padrão. Além disso, o valor estatístico
para a precisão da orientação em relação ao vetor gravitacional da Terra (valor-r) e a
direção média de toda a população (teta) são dados.
Se o usuário quiser armazenar a análise detalhada, ele poderá selecioná-lo
marcando uma caixa na caixa de diálogo. Nesse caso, outro arquivo é armazenado
com o nome definido pelo usuário + area.txt. Isso inclui a área, as coordenadas xey
de todos os objetos e, além disso, o perímetro, a circularidade, o ângulo de Feret (o
desvio angular do eixo longo da horizontal), as coordenadas xey do Feret, a
proporção, arredondamento e solidez de cada objeto individual. Outro arquivo
mostra um histograma da distribuição angular das direções de movimento como
arquivo .png. Este arquivo também fornece o número de trilhas, a porcentagem de
organismos móveis, a velocidade de nado, a área e o comprimento, bem como o
valor de r, o teta e a porcentagem de organismos nadadores ascendentes. Os
resultados obtidos com o sistema Ecotox podem ser usados para calcular curvas de
efeito-concentração. Estes são usados para extrair informações sobre toxicidade,
como os valores de NOEC, LD e EC50 (31). O sistema pode ser usado para
monitoramento de curto prazo e longo prazo (on-line) da poluição em águas
superficiais ou residuais.

CONCLUSÃO

Baixos custos e tempos de medição curtos, bem como alta sensibilidade, são as
principais vantagens do novo instrumento Ecotox sobre outros bioensaios. Além
disso, os custos operacionais são quase insignificantes e envolvem apenas manter
uma cultura Euglena.. Verificou-se que a sensibilidade do sistema ECOTOX é
superior a outros bioensaios utilizando algas (crescimento), Daphnia (motilidade),
peixes (mortalidade) e bactérias (bioluminescência). Os diferentes parâmetros de
forma, motilidade e orientação mostram diferentes sensibilidades a vários grupos de
toxinas que permitem deduzir uma primeira indicação do potencial grupo de
poluentes.

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Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


1207
XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

SCHINDELIN, J.; ARGANDA-CARRERAS, I.; FRISE, E.; KAYNIG, V.; LONGAIR, M.;
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Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


1208
XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Oral
Métodos alternativos para avaliação da toxicidade
65 - EVALUATION OF THE GENE EXPRESSION RESPONSES OF Folsomia
candida TO THE PESTICIDE FORMULATIONS KRAFT® AND SCORE®, SINGLE
AND IN MIXTURES

LIVIA PITOMBEIRA DE FIGUEIRÊDO, GIULIA MAINARDI, EVALDO LUIZ GAETA


ESPINDOLA, VAN GESTEL CORNELIS A.M., DICK ROELOFS
Contato: LIVIA PITOMBEIRA DE FIGUEIRÊDO - LIVIA.PITOMBEIRA@GMAIL.COM

Keywords: Omics; qPcr; Toxicity; Soil

INTRODUCION

Risk assessment of pesticides is normally based on an evaluation of the effects on


biological parameters, such as survival, reproduction, and development (BIALES et
al, 2016). However, new technologies in molecular biology (OMIC era), allows for the
use of gene- protein and metabolite expression to diagnose effects on cellular
processes (PANIAGUA-MICHEL; OLMOS-SOJO, 2016). This study aimed at
understand the gene expression of Folsomia candida when exposure to Kraft
pesticide and your ingredient active abamectin, isolated and in mixture with Score
pesticide.

METHODS

All experiments were done according to De Boer et al (2010), Nota et al (2011) and
Roelofs et al (2012), using Lufa 2.2 natural soil. The exposure concentrations used
were based in a 28-day standard test that analyzed effect in reproduction in Folsomia
candida, were 1.0 mg a.s./kg (EC50) and 0.12 mg a.s./kg (EC10) for Kraft® and 22.5
mg a.s./kg (EC10) for Score®. For abamectin 6.3 mg a.s./kg (EC50) and 1.4 mg
a.s./kg (EC10) were used. Two mixtures of Kraft® and Score® were tested, with
concentrations of EC50Kraft+EC10Score and EC10Kraft+EC10Score. Twenty-four
day old F. candida were used for the experimental treatments with 5 replicates per
treatment, each having 60 collembolans. After a two-day exposure period, the
animals were extracted from the soil by flotation and frozen in liquid nitrogen for RNA
extraction. Genes analyzed were cytochrome P450, CYP6 subfamily, γ-aminobutyric
acid (GABA) receptor, vitellogenin receptor (VgR) and ATP-binding cassette (ABC)
transporter. Gene expression was determined from RNA isolations and Q-PCR
analysis according to De Boer et al (2009, 2010) and Nota et al (2011). Relative
expression values were normalized using reference gene (SDHA and YWAZ)
expression. The data were analyzed by one-way ANOVA followed by Dunnett’s test
(p<0,05%).

RESULTS AND DISCUSSION

The four genes considered were not significantly up- or down regulated (p>0.05) by
abamectin (EC10 and EC50) compared to the control (acetone). For Kraft®, CYP6
was up regulated in response to EC50, exposure, while VgR was down regulated in a
dose dependent manner, when compared to the control. For the two pesticides in a

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

simple mixture, ABC was significantly up-regulated and VgR significantly down-
regulated. GABA differed when comparing EC10 to EC50.
Other authors also reported that up-regulation of a specific CYP gene can be
influenced by chemical concentrations and duration of exposure (LIANG, 2015). De
Boer et al. (2013) found up-regulation of CYP genes when exposing F. candida to
phenanthrene. However, Sun et al. (2014) described in their study with Lymantria
dispar that 12 CYP genes exhibited different expression patterns, with some being
up-regulated and others down-regulated following exposure to the insecticides,
deltamethrin, carbaryl and dimethoate. Where the CYP gen family is known to be
involved in xenobiotic biotransformation, especially in insects, (FEYEREISEN, 2006),
ABC transporters can be related to the detoxification process to act in phases 0 and
III. EPIS et al. (2014) found up-regulation of ABC transporters genes in Anopheles
stephensi exposed for different periods (24 and 48 h) to the insecticide permethrin. A
similar response was found in our study for the mixture of Kraft and Score, which
showed up-regulation of these genes.
GABA is another gene group studied involved in neurotoxicity, and well-known as a
major inhibitory neurotransmitter (LUNT, 1991). This gene can cause anesthetic
effects (BICHO et al., 2015), what could explain the effect found in the mixture of two
pesticides, which occurred only at the highest concentration tested. Lafontaine et al.
(2016) observed expression of Vg and VgR genes in Macrobrachium rosenbergii
after exposure to 20-hydroxyecdysone (20-HE). They identified one significantly
increased expression of VgR comparable to that at the EC50 exposure to the mixture
of Kraft® + Score®. However, the expression of this gene in response to the single
pesticide (Kraft®) was opposite, being down-regulated at the highest concentration.

CONCLUSION

The pesticides Kraft® and Score®, single and in a mixture, modified the expression
of the studied genes while the pure active ingredient Abamectin did not. Especially
the vitellogenin receptor was affected by the different concentrations (EC10 and
EC50) tested, showing a dose-dependent down-regulation upon exposure to Kraft®,
but up-regulation in the mixture with Score. Genes for CYP6 and ABC transporters
were up-regulated at the highest concentrations of Kraft and the mixture. GABA
expression was down-regulated when comparing the EC50 and EC10 of the
compounds in the mixture.

REFERENCES

BIALES, A.D.; KOSTICH, M.S., BATT; A.L., SEE; M.J.; FLICK, R.W.; GORDON,
D.A.; LAZORCHAK, J.M.; BENCIC, D.C. Initial development of a multigene ‘omics-
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BICHO, R.C.; GOMES, S.I.; SOARES, A.M.; AMORIM, M.J. Non-avoidance
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1210
XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

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and phenanthrene. Ecotoxicology 22:619-31, 2013.
EPIS, S.; PORRETTA, D.; MASTRANTONIO, V.; COMANDATORE, F.; SASSERA,
D.; ROSSI, P.; FAVIA, G.; BANDI, C.; URBANELLI, S. Temporal dynamics of the
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SPONSORS

FAPESP – São Paulo Research Foundation (Process: 2017/06944-1 and


2015/24628-4)

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Métodos alternativos para avaliação da toxicidade
88 - AVALIAÇÃO DA TOXICIDADE DOS METAIS CLORETO DE CROMO E
DICROMATO DE POTÁSSIO SOBRE A ESPÉCIE NATIVA Allonais inaequalis
(ANNELIDA: CLITELLATA)

DIEGO FERREIRA GOMES, MURYLO PEREIRA DA SILVA FERREIRA, WALKIMAR


ALEIXO DA COSTA JÚNIOR, ALEXANDRE ARENZON, OLAF MALM, WANDERLEY
RODRIGUES BASTOS
Contato: ALEXANDRE ARENZON - ALEX@UFRGS.BR

Palavras-chave: ecotoxicologia aquática; monitoramento ambiental; Oligochaeta

INTRODUÇÃO

O desenvolvimento urbano, industrial e agrícola tem ao longo dos anos causado


graves problemas ambientais, principalmente nos sistemas aquáticos pois de modo
geral os poluentes têm como destino final os corpos d’água. Entretanto a
ecotoxigolocia aquática auxilia para um melhor entendimento de como tais poluentes
interferem nos ciclos de vida dos organismos que compõem a biota aquática
fornecendo dados importantes para a elaboração de políticas públicas de
conservação dos ambientes aquáticos. Desta forma o objetivo deste trabalho foi
verificar a sensibilidade aguda da espécie Allonais inaequalis (Annelida: Clitellata)
quando expostos a Cloreto de Cromo (CrCl2) e Dicromato de Potássio (K2Cr2O7).

METODOLOGIA

Os organismos foram doados pelo Laboratório de Ecotoxicologia Aquática da


Universidade Federal de São Carlos – UFSCar e cultivados no Laboratório de
Ecotoxicologia Aquática do Laboratório Biogeoquímica Ambiental Wolfgang C.
Pfeiffer – UNIR. Os organismos foram cultivados baseado nas recomendações da
OECD 315/ 2008 (OECD, 2008). Organismos foram mantidos em a uma temperatura
de 25 ºC ± 1, com aeração constante e fotoperíodo de 12/12 claro e escuro em
beckers de 1 L com 250g de sedimento calcinado (550 ºC/5h) e 750mL de água
reconstituída. A alimentação foi baseada em 20 mL de ração para peixes Nutricon®
(2g a 1 litro água destilada) 1 vez por semana. Os ensaios de toxicidade aguda
tiveram duração de 96 horas, na qual foram estabelecidas três réplicas por
concentração, com seis organismos por réplica, além do controle. Foram realizadas
duas leituras sendo a primeira após 48h e a segunda após 96h de exposição. O
número de indivíduos mortos foi determinado e utilizado o cálculo da concentração
letal (CL50, 96h). No início e ao final dos ensaios foram realizadas medidas das
variáveis físicas e químicas da água: oxigênio dissolvido, condutividade, temperatura
e pH. Os valores das concentrações letais foram calculados utilizando o programa
PriProbit.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Inicialmente os organismos foram expostos para ambas as substâncias nas faixas


de 0,15; 0,2; 0,25; 0,3 e 0,35 mg L -1, porém não foi observado mortalidade em
nenhumas das concentrações. Posteriormente as faixas foram ampliadas para 0,4;

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

0,8; 1,6; 3,2 e 3,8 mg L-1 e ainda sim, nenhum efeito toxico foi constatado A solução
estoque foi analisada utilizando o método de Espectrofotometria de Absorção
atômica com Atomização por chama (Analyst 400 Perkin Elmer), e confirmado que
as concentrações da solução estoque estavam dentro do padrão aceitável, com uma
recuperação de 80%. Ensaios de sensibilidade foram realizado para verificar a
qualidade dos organismos-teste e foi verificado que os organismos estavam
sensíveis ao KCl e Hg seguindo o padrão já encontrado por outros autores e
confirmado nos testes realizados neste estudo com LC50;96h de 4,6 g L-1 para KCl
(CORBI; et al, 2015) e 0,1833 mg L-1 para cloreto de mercúrio (GAZONATO, 2018).
Variáveis físicas e químicas das soluções, monitoradas antes e após os ensaios,
permaneceram estáveis. O pH variou entre 7,2 e 7,6; a condutividade entre 140 e
156 µS. cm-1; a temperatura entre 25,1 ºC e 25,5 ºC e a concentração de OD entre
5,03 mg L-1 e 5,5 mg L-1. Sendo assim, a espécie Allonais inaequalis apresentou
baixa sensibilidade para as substâncias cloreto de cromo e dicromato de potássio,
principalmente quando comparada a outras espécies já testadas com substâncias a
base de cromo, como é o caso da Daphnia magna que apresenta valores de
LC50;48h de 0,022 mg L-1 (MOUNT, 1984) para cromo ou para Ceriodaphnia
reticulata com valores de LC50;48h de 0,045 mg L-1 (MOUNT, 1984) de cromo.

CONCLUSÃO

Sabe-se que diferentes espécies apresentam diferenças de sensibilidade em relação


a substância estudada. Desta forma, com base nos dados obtidos nesse estudo,
destaca-se a importância de se verificar a sensibilidade de espécies que podem ser
utilizadas como organismos-teste para diferentes elementos. Tais informações
podem contribuir para trabalhos de monitoramento ambiental pois a reduzida
sensibilidade do organismo a determinados elementos, em testes ecotoxicologicos,
podem ser classificar a amostra testada como não tóxica, levando a um resultado
não representativo do que realmente ocorre na biota.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CORBI, J.J.; GORNI, G.R.; CORREA, R.C. An evaluation of Allonais inaequalis


Stephenson, 1911 (Oligochaeta: Naididae) as a toxicity test organism. Ecotoxicology
and Environmental Contamination, v. 10, n. 1, p. 7-11, 2015.
GAZONATO, A.J. Avaliação da Toxicidade de Metais e Pesticidas, Isolados e em
Mistura, sobre duas Espécies de Oligochaeta Nativos Tropicais. Tese (Tese em
Ecologia) – UFSCar. São Carlos-SP. 2018.
MOUNT, D.I., NORBERG, T.J. 1984. A Seven-Day Life-Cycle Cladoceran Toxicity
Test 3(3):425-434
OECD, 2008. OECD Guidelines for the Testing of Chemicals Bioaccumulation in
Sediment-dwelling Benthic Oligochaetes, OECD 315, Paris.

FONTES FINANCIADORAS

CAPES

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Oral
Métodos alternativos para avaliação da toxicidade
109 - ATIVIDADES DE ENZIMAS ENVOLVIDAS NO METABOLISMO
ENERGÉTICO DO CORAL ESCLERACTÍNEO Mussismilia harttii: POTENCIAIS
FERRAMENTAS PARA APLICAÇÃO EM ECOTOXICOLOGIA

JULIANA DA SILVA FONSECA, YURI DORNELLES ZEBRAL, LAURA FERNANDES DE


BARROS MARANGONI, JOSEANE APARECIDA MARQUES, ADALTO BIANCHINI
Contato: JULIANA DA SILVA FONSECA - JULIANAFONSECA94@HOTMAIL.COM

Palavras-chave: enzimas; coral; glicólise; via das pentoses fosfato; ciclo de Krebs; cadeia
transportadora de elétrons

INTRODUÇÃO

O metabolismo energético é um importante fator envolvido na tolerância ao estresse.


Geralmente, as medidas do metabolismo em corais são baseadas no consumo de
oxigênio. Porém, estudos sobre o efeito de estressores na fisiologia metabólica
destes organismos requer a análise de outros parâmetros bioquímicos e fisiológicos.
No presente estudo, foram avaliadas as atividades de enzimas envolvidas em
diferentes etapas do metabolismo no coral Mussismilia harttii: glicólise [hexoquinase
(HK), fosfofrutoquinase (PFK), piruvato quinase (PK) e lactato desidrogenase (LDH)],
ciclo de Krebs [citrato sintase (CS) e isocitrato desidrogenase (ID)], via das
pentoses-fosfato [glicose-6-fosfato desidrogenase (G6PDH)] e cadeia transportadora
de elétrons (CTE).

METODOLOGIA

As atividades enzimáticas foram medidas utilizando-se diferentes concentrações de


proteínas presentes nos homogeneizados de amostras do coral escleractíneo M.
harttii e comparadas entre si para o melhor entendimento do metabolismo nesta
espécie de coral. Pólipos de diferentes colônias foram coletados por mergulho
autônomo na Área de Conservação do Parque Natural Municipal de Recife de Fora
(Porto Seguro, BA) e mantidos a -80oC até o momento das análises. Para as
análises, os fragmentos de corais foram cortados e homogeneizados em tampão
específico, conforme a enzima a ser analisada. Os homogeneizados foram
centrifugados e o sobrenadante utilizado como fonte das enzimas. Para as
diferentes enzimas, foram testadas as seguintes concentrações de proteínas: HK =
0,1; 0,3; 0,6; 0,9 e 1 mg/L; LDH, CS e ID = 1; 3; 5 e 7 mg/L; PFK e PK = 1, 2, 3 e 4
mg/L; G6PDH = 7, 10, 12 e 15 mg/L; e CTE = 34, 36, 41 e 46 mg/L. As medidas
foram realizadas em diferentes tempos de reação (5, 15, 30 e 60 min). A
concentração de proteínas ideal para a medida da atividade de cada enzima foi
escolhida com base na maior média de atividade e no menor erro padrão observado.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

De modo geral, as atividades enzimáticas foram inversamente proporcionais à


concentração de proteínas presentes no meio de reação. De fato, em altas
concentrações de proteínas no meio de reação, o substrato pode se tornar limitante,
reduzindo assim o tempo de reação. Por sua vez, o contrário acontece em baixas

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


1214
XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

concentrações de proteínas. Cabe ressaltar que as atividades da PK, CS e CTE


foram sensíveis à alteração da concentração de proteínas no meio de reação,
indicando a importância da escolha da concentração de proteínas ideal para a
avaliação da atividade dessas enzimas. Os corais apresentaram alta atividade
aeróbica e baixa capacidade anaeróbica, visto que as atividades das enzimas do
ciclo de Krebs foram maiores que a atividade da LDH. A associação simbiôntica de
M. harttii com algas fotossintetizantes pode fornecer vantagens energéticas e
permitir maior potencial aeróbico ao coral. Além disso, a alta tolerância desse coral
ao branqueamento pode explicar a baixa contribuição do metabolismo anaeróbico
para a produção de energia. Além disso, foi observada alta atividade da HK e PK.
Esse resultado indica que a glicose é o principal combustível energético utilizado
como fonte de energia em M. harttii. A atividade da HK foi significativamente maior
que a atividade da PFK, sugerindo uma sobreposição da via das pentoses fosfato
sobre a via glicolítica. De fato, a atividade da G6PDH foi detectada em M. harttii. A
G6PDH é uma via de produção de NADPH, a qual é importante para a manutenção
do sistema antioxidante e biossíntese de lipídios. A alta atividade da PK observada
indica que o piruvato pode estar sendo utilizado em processos de gliconeogênese.
Além disso, a atividade da PK foi significativamente maior (30x) que aquela da PFK.
Esse resultado indica que a glicólise está sendo alimentada após o segundo passo
de controle. Nesse contexto, sugere-se que o glicerol, um dos principais produtos da
fotossíntese das zooxantelas, está sendo utilizado para alimentar a glicólise. Em M.
harttii, seria esperada uma alta atividade da CS e ID concomitantemente com uma
alta atividade de CTE. Porém, o contrário foi observado. Esse resultado poderia ser
explicado considerando que nem todas as coenzimas formadas na glicólise e ciclo
de Krebs (NADH, FADH₂ e NADPH) são direcionadas aos complexos da cadeia
transportadora de elétrons, pois estariam atuando na manutenção do sistema de
defesa antioxidante e nos processos de biossíntese, bem como reguladores
alostéricos da atividade de enzimas da via glicolítica ou ciclo de Krebs.

CONCLUSÃO

A atividade de enzimas do metabolismo energético no coral M. harttii é alterada pela


concentração de proteínas no meio de reação. Esta espécie de coral possui alto
metabolismo aeróbico e baixa capacidade anaeróbica, sendo a glicose o principal
combustível energético. A combinação das atividades da HK e PFK sugere a
predominância da via das pentoses sobre a via glicolítica. A avaliação da atividade
de enzimas do metabolismo energético em M. harttii pode ser utilizada como uma
ferramenta ecotoxicológica, visto que alterações em suas atividades podem
comprometer diferentes processos fisiológicos do organismo, em especial o sistema
de defesa antioxidante.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALP, P.R.; NEWSHOLME, E.A.; ZAMMIT, V.A. 1976. Activities of Citrate Synthase
and NAD+-Linked and NADP+-Linked Isocitrate Dehydrogenase in Muscle from
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Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


1215
XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

LALLIER, F.H.; WALSH, P.J. 1991. Metabolic potential in tissues of the clue crab,
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LANNIG, G.; ECKERLE, L.G.; SERENDERO, I.; SARTORIS, F.J.; FISCHER, T.;
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eurythermal cod (Gadus morhua): a comparison of mitochondrial enzyme capacities
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LAUER, M.M.; OLIVEIRA, C.B.; YANO, N.L.I.; BIANCHINI, A. 2012. Copper effects
on key metabolic enzymes and mitochondrial membrane potential in gills of the
estuarine crab Neohelice granulata at different salinities. Comp. Biochem. Physiol. C
156, 140-147.

FONTES FINANCIADORAS

CAPES (Brasília, DF, Brasil), CNPq (Brasília, DF, Brasil), International Copper
Association (Nova Iorque, NY, EUA), International Development Research Centre
(Ottawa, ON, Canadá), FAPERGS (Porto Alegre, RS, Brasil) e Rede de Pesquisas
Coral Vivo (Rio de Janeiro, RJ, Brasil).

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Métodos alternativos para avaliação da toxicidade
126 - AVALIAÇÃO ECOTOXICOLÓGICA DO LITORAL SUL DO ESPÍRITO
SANTO

JÉSSICA DANDARA DO NASCIMENTO EVANGELISTA, GABRIEL CARVALHO COPPO,


LÍVIA SPERANDIO CAETANO, LEVY CARVALHO GOMES
Contato: JÉSSICA DANDARA DO N. EVANGELISTA - JESSICAA_DANDARA@HOTMAIL.COM

Palavras-chave: ouriço do mar; ecotoxicologia; larva pluteus; desenvolvimento larval

INTRODUÇÃO

Echinometra lucunter é encontrado nos costões rochosos da costa brasileira,


principalmente no Sul e Sudeste. Possuem o epitélio externo expandido e podem
aproveitar substâncias dissolvidas no ambiente que, com seus hábitos bentônicos, o
tornam predispostos a acumular poluentes adsorvidos no sedimento marinho. Sua
biologia de desenvolvimento é conhecida, testes envolvendo seus gametas e
embriões são amplamente realizados. São encontrados aspectos que comprovam
que estes animais podem ser bons bioindicadores de contaminação ambiental. Este
trabalho objetivou avaliar o potencial toxicológico do litoral sul do Espírito Santo por
meio da realização do Teste do Ouriço, utilizando embriões de Echinometra lucunter
como bioindicadores.

METODOLOGIA

Este estudo foi realizado na região sul da costa do Espírito Santo, onde realizamos
13 transectos lineares com 3 Km de extensão, equidistantes 5 Km. Cada transecto
continha 3 pontos amostrais (500 m, 1,5 Km, 3 Km). Para avaliar a toxicidade dos 39
pontos amostrais, foi realizado o Teste do Ouriço, onde foi realizado o ensaio de
desenvolvimento das larvas de ouriço do mar (Echinometra lucunter), seguindo o
método padronizado pela ABNT – NBR 15350 de 2012 (ABNT, 2012). Para a
realização desse teste foram coletados 20 indivíduos de E. lucunter em período
próximo ao dia de fase de lua cheia em uma área considerada menos impactada, na
Praia da Baleia em Jacaraípe, Serra – ES. Em laboratório foi realizado o processo
de obtenção dos gametas e fecundação, e a solução contendo os ovos fecundados
foi adicionada as águas dos pontos amostrais e após inbucação a 26°C durante 36h
(12h claro : 12h escuro) o processo de desenvolvimento foi interrompido com a
adiçaõ de 2 gotas de formaldeído. Para cada ponto amostral grupo controle foram
realizadas cinco réplicas, e para o grupo controle foi validado apenas quando o
desenvolvimento das larvas plúteos foi maior ou igual a 80%.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados obtidos foram que no controle obteve 81% de desenvolvimento das


larvas. Nos pontos amostrais, o ponto 06 apresentou 85% de desenvolvimento das
larvas e o ponto 13 apresentou 92% de larvas em desenvolvimento. O ponto 06 está
distante 3 Km da costa do município de Guarapari- ES e o ponto 13 é distante 500 m
do litoral município de Anchieta-ES. Os demais pontos amostrais não apresentaram
desenvolvimento de larvas plúteos.

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


1217
XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Após as análises foi determinado o percentual de inibição correspondente aos


embriões que não haviam atingido o estágio de desenvolvimento das larvas pluteos.
Em relação aos controles e os pontos amostrais 06 e 13, houve um progresso do
desenvolvimento embrionário, onde ocorreu uma pequena inibição do
desenvolvimento embrionário. Já nos outros pontos amostrais pode-se observar que
houve 100% de inibição do estágio de desenvolvimento embrionário.
As atividades humanas são responsáveis pelo maior declínio da diversidade
biológica e pode ter acelerado o número de espécies extintas entre 1000 e 10000
vezes, quando comparada à taxa de extinção natural. Nos oceanos a ameaça à vida
marinha ocorre de várias formas, tais como: poluição térmica, sonora e por despejo
de resíduos no oceano, dragagem e mudanças climáticas globais. Os resíduos
sólidos marinhos estão ligados a diversas atividades antrópicas que podem mover-
se em praias mais próximas ou mesmo em áreas distantes, no caso então do lixo
flutuante, o qual é transportado via correntes marinhas. Os resíduos sólidos
marinhos podem acarretar diversos danos diretos e indiretos para a biota marinha,
portanto, o que talvez tenha provocado na maioria dos pontos amostrais seria à
inibição do desenvolvimento embrionários do ouriço- do- mar, devido a poluição
marinha existente no litoral Sul do ES.

CONCLUSÃO

Com base nos resultados obtidos, os ouriços-do-mar em alguns pontos do litoral Sul
do Espírito Santo estão tendo seu desenvolvimento larval afetado devido a algum
fator existente no ambiente marinho. A presença de empreendimentos industriais na
área estudada pode comprometer a qualidade da água do litoral capixaba, e assim
afetar e ameaçar a vida marinha e o ecossistema como um todo. Continuarão sendo
realizadas a coleta de amostras de água do litoral sul do Espírito Santo e o Teste do
Ouriço para avaliação do potencial toxicológica dos pontos amostrados.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRAVO, M., GALLARDO, M.Á., LUNA-JORQUERA, G., NÚNES, P., VÁSQUEZ, N.;
THIEL, M. Anthropogenic debris on beaches in the SE Pacific (Chile): Results from
50 a national survey supported by volunteers. Marine Pollution Bulletin, 58, 1718-
1726. 2009.
BRUSCA, R.C., BRUSCA, G.J. 1990. Phylum echinodermata. In: Invertebrates.
Sinauer Associates Sunderland, MA, pp. 801-839.
CAMERON, R.A. 2002. Sea urchin developmental genetics and culture. In Matranga
Smolenicka (eds) The Sea urchin: from basic biology to aquaculture. Swets and
Zeitlinger, Lisse, pp 31-36.
CANDIA CARNEVALI, M.D. 2005. Regenarative response and endocrine disrupters
in Crinoid echinoderms: an old experimental model, a new ecotoxicological test. In:
Matranga V (ed) Echinodermata, progress in molecular and subcellular biology,
subseries marine molecular biotechnology. Springer-Verlag, Berlin Heidelberg, pp
167-199.
CHESHIRE, A.C.; ADLER, E.; BARBIÉRE, J.; COHEN, Y.; EVANS, S.;
JARAYABHAND, S.; JEFTIC, L.; JUNG, R.T.; KINSEY, S.; KUSUI, E.T.; LAVINE, I.;
MANYARA, P.; OOSTERBAAN, L.; PEREIRA, M.A.; SHEAVLY, S.; TKALIN, A.;
VARADARAJAN, S.; WENNEKER, B.; WESTPHALEN, G. UNEP/IOC Guidelines on

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Survey and Monitoring of Marine Litter. UNEP Regional Seas Reports and Studies,
Nº. 186; IOC Technical Series Nº. 83, 120 p., 2009.

FONTES FINANCIADORAS

Fundação de Amparo à Pesquisa do Espírito Santo (FAPES)

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Métodos alternativos para avaliação da toxicidade
140 - AVALIAÇÃO DE TOXICIDADE AMBIENTAL DE DERIVADOS (-) -
BORNEOL FRENTE A UMA ESPÉCIE NÃO ALVO, Artemia sp.

RAFAELA KAROLINA VIANA NUNES, ULISSES NICOLA MARTINS, THAYSNARA


BATISTA BRITO, SÓCRATES DE CABRAL HOLANDA CAVALCANTI, ROSELI LA
CORTE DOS SANTOS
Contato: RAFAELA KAROLINA VIANA NUNES - RAFAELA45622@GMAIL.COM

Palavras-chave: Artemia sp.; larvicidas; arboviroses; toxidade aguda; toxidade ambiental

INTRODUÇÃO

Um método importante pra evitar surtos de arboviroses é controlar a disseminação


do seu vetor pelo uso de inseticidas ou larvicidas. Seu uso intensivo pode selecionar
espécimes resistentes, reduzindo sua eficácia. Isso representa sério risco à saúde
humana e ao ecossistema.Numa tentativa de ultrapassar esta situação, produtos
naturais foram avaliados como larvicidas, por serem possivelmente menos tóxicos
para espécies não-alvo e mais ecológicos. (-)-Borneol é um monoterpeno bicíclico
presente em óleos essenciais com atividade larvicida moderada. Buscou-se estudar
os derivados do éster borneol(-) com potenciais larvicidas contra Aedes aegypti,
objetivando avaliar sua toxicidade frente a espécies não-alvo (Artemia sp.).

METODOLOGIA

As avaliações de toxidade com Artemia sp. foram realizadas de acordo com


Vanhaecke et al.(1981), com poucas modificações.Náuplios de Artemia sp. foram
preparados adicionando cistos a água salina artificial (32 g/L de sal marinho em
água) em um funil de separação, à temperatura de 25ºC ± 1%, sob iluminação
constante e lateral, e aeração. Após a eclosão, náuplios do segundo ao terceiro
estágio foram coletados. Uma solução-mãe foi preparada para os compostos-teste,
utilizando Tween-80 (10% v/v), DMSO (30% v/v) e água salina artificial (60% v/v). Os
náuplios ficaram expostos à solução por um período de 24 h, registrando o total de
mortalidade. Além disso, foram realizados testes paralelos, o teste controle negativo
utilizando Tween-80, DMSO e água (na ausência do composto-teste), na maior
concentração aplicada em cada teste; e o controle positivo, utilizando o
diflubenzuron, um inseticida padrão. A CL50 (concentração letal de 50% dos
náuplios) e os intervalos de confiança (IC 95%) foram calculados pela análise de
Probit (FINNEY 1971) utilizando o software estatístico MinitabTM. Os compostos
foram considerados significativamente diferentes se os intervalos de confiança não
se sobrepuseram. Índices de seletividade (IS) foram calculados pela razão entre a
CL50 para Artemia sp. e a CL50 para A. aegypti.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Óleos essenciais de plantas e alguns de seus constituintes isolados são atualmente


considerados como larvicidas mais seguros, pois acredita-se que sejam
ecologicamente corretos, potentes, prontamente disponíveis e economicamente
viáveis. O (-) - cloroacetato de borneol (12) exibiu a maior potência larvicida desta

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

série (CL50 = 20,3 ppm). Embora o tricloroacetato de (-) - borneol (13) contenha
cloro em sua estrutura, o grupo cloro não atua como um grupo de saída. Portanto, o
mecanismo de ação do composto 13 não envolve ligação covalente a proteínas,
uma possível razão pela qual a atividade larvicida de tricloroacetato de (-) - borneol
(CL50 = 103,1 ppm) ser tão baixa. Ensaios ecotoxicológicos usando microcrustáceos
como Artemia sp. são considerados métodos eficazes para avaliar previamente a
toxicidade ambiental de pesticidas e outros produtos químicos. Como em muitos
casos, não há vacinas ou tratamento eficaz para doenças transmitidas por insetos. O
uso de pesticidas ainda é uma ferramenta necessária para o controle de vetores. No
entanto, o uso de pesticidas pode afetar organismos não-alvos e danificar o meio
ambiente. Portanto, são necessários esforços para descobrir compostos novos e
mais seletivos para suas espécies-alvo. Assim, para avaliar os efeitos destes
compostos em um organismo não-alvo, foi calculada a CL50 de ésteres de (-) -
borneol para o microcrustáceo Artemia sp.. Nenhuma correlação entre atividade
larvicida contra A. aegypti e toxicidade em Artemia sp. foi encontrada, sugerindo que
esta série atua através de diferentes mecanismos de ação em ambos os
organismos, como resultado a seletividade pode ser concebível. Por exemplo, o (-) -
borneol não apresentou toxicidade para Artemia sp. até 1000 ppm, demonstrando o
baixo perfil de toxicidade ambiental dos produtos naturais. No entanto, a modificação
química do (-) - borneol provou aumentar a toxicidade para Artemia sp. Os
compostos clorados 12 e 13 exibiram os maiores índices de seletividade, IS = 8,40 e
7,02, respectivamente. Compostos com alta seletividade para atingir espécies não-
alvo são mais adequados como larvicidas, pois são mais seguros para o meio
ambiente do que moléculas não seletivas. Embora o derivado 13 tenha sido menos
tóxico para Artemia sp., ele exibiu menor índice de seletividade e potência larvicida
para A. aegypti do que o derivativo 12.

CONCLUSÃO

Os compostos derivados da esterificação de (-) - borneol provou modular a atividade


larvicida, alcançando um aumento de até 12 vezes na potência. A seletividade sobre
as espécies não-alvo de Artemia sp. foi avaliada, não mostrando correlação com a
atividade larvicida contra o A. aegypti. Os derivados de ésteres clorados podem ser
considerados mais seguros para o meio ambiente do que outros ésteres não
clorados de (-) - borneol. No entanto, são necessários estudos adicionais com outras
espécies não-alvo para uma abordagem completa da ecotoxicologia.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Métodos alternativos para avaliação da toxicidade
141 - ESTUDOS DE TOXICIDADE AMBIENTAL E RELAÇÃO ESTRUTURA-
ATIVIDADE (REA) DE DERIVADOS INDÓLICOS 3-SUBSTITUÍDOS EM Artemia
sp. (ARTEMIDAE)

RAFAELA KAROLINA VIANA NUNES, THAYSNARA BATISTA BRITO, RAFAEL DOS


REIS BARRETO DE OLIVEIRA, SÓCRATES DE CABRAL HOLANDA CAVALCANTI,
ROSELI LA CORTE DOS SANTOS
Contato: RAFAELA KAROLINA VIANA NUNES - RAFAELA45622@GMAIL.COM

Palavras-chave: Aedes aegypti; Atividade Larvicida; Atividade toxicológica.

INTRODUÇÃO

O indol, derivado do aminoácido triptofano, tem em sua estrutura um anel aromático


heterocíclico presente em várias substâncias essenciais às reações metabólicas do
vetor Aedes aegypti (principal vetor da Dengue, Chikungunya e Zika). Indol e seus
análogos apresentam diversas atividades biológicas: antimicrobiana, antifúngica,
antimalárica, inseticida e larvicida. Ensaios de toxicidade são realizados para avaliar
ou prever efeitos tóxicos sobre sistemas biológicos e a toxicidade relativa dos
compostos ao meio ambiente, através do ensaio prévio de toxicidade com Artemia
sp. Este trabalho buscou determinar a toxicidade aguda dos derivados indólicos 3-
substituídos, potencialmente ativos contra Aedes aegypti, em organismo não-alvo
(Artemia sp.).

METODOLOGIA

Os ensaiois de toxicidade com Artemia sp. foram realizados de acordo com a


metodologia descrita por Artemia Reference Center (ARC). Como preparação dos
ensaios, aproximadamente 100 mg de cistos foram incubados em 1000 mL de água
salina artificial (35g ± 1%) num recipiente cilindro cônico, à temperatura 25ºC ± 1%,
sob iluminação constante e lateral, e aeração. Após 18 a 24 horas, os náuplios
foram transferidos para um recipiente cilíndrico contendo 200 mL de água salina, por
24 horas. Assim, náuplios do segundo ao terceiro estágio foram coletados. Uma
solução padrão de 10.000 ppm foi preparada com Tween-80 (10% v/v), DMSO (30%
v/v) e água salina artificial (60% v/v). Assim, foi realizada uma série de diluições
variando de 10 a 1000 ppm, em 10 mL de água (triplicata). Os náuplios ficaram
expostos à solução por 24 h, registrando o total de mortalidade. Foram feitos testes
paralelos: controle negativo utilizando Tween-80, DMSO e água, na maior
concentração aplicada em cada teste; e controle positivo, utilizando o diflubenzuron,
um inseticida padrão. Dados da taxa de mortalidade foram submetidos à análise
Probit. A estimativa da CL50 (concentração letal de 50% dos náuplios) e intervalo de
confiança (IC 95%) foram calculados para cada composto.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O composto 1-(1H-indol-3-ila)hexan-1-ona (5e) mostrou a maior atividade larvicida


com CL50 de 19,89 ppm e o 1-(1H-indol-3-ila)propan-1-ona (5b) exibiu a menor
atividade larvicida, apresentando CL50 de 249,79 ppm. Os derivados de cadeias

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

alifáticas ramificadas foram, em geral, mais potentes que os demais derivados. A 1-


(1H-indol-3-ila)-2,2-dimetilpropan-1-ona (5h) exibiu potência larvicida semelhante ao
composto 5e. Os compostos estruturalmente relacionados apresentaram perfis de
toxicidade diferentes, variando de 1,75 a 545,46 ppm. Os derivados com cadeia
lateral linear e número par de carbonos exibiram maiores toxicidades para o meio
ambiente, enquanto os compostos com número ímpar de carbonos na cadeia lateral
apresentaram menos tóxicos, com toxicidade mediana e, até, não tóxicos. Estudos
em antimaláricos derivados da 6-metoxi-8-aminoquinolina também relatam esta
oscilação, onde a atividade biológica é maior nos compostos com número ímpar do
que com o número par de carbonos na cadeia central. Esta oscilação pode ser
explicada pelas propriedades físicas dos membros de uma série homóloga,
justificado pela oscilação de certas características, como ponto de fusão e
solubilidade, à medida que o n aumenta. Com o intuito de encontrar compostos
potencialmente ativos e ausentes de efeitos tóxicos para o ecossistema, foram
realizados cálculos do índice de seletividade (IS), o composto (3-clorofenila)1-(1H-
indol-3-ila)metanona (5l), que apresentou potência larvicida mediana, mostrou ser
acima de 19,77 vezes menos tóxico para o meio contendo Artemia sp.
Contrariamente, os demais compostos obtiveram um IS relativamente baixo,
variando de 0,08 a 2,20. Apesar do composto 5e ser o mais potente contra a larvas
do Ae. aegypti, ele é tóxico para a Artemia sp. Porém, o composto (3-clorofenila)1-
(1H-indol-3-ila)metanona (5l) é inócuo para os náuplios de Artemia sp.

CONCLUSÃO

A série homóloga (5a a 5f) exibiu oscilação da atividade toxicológica frente a


náuplios de Artemia sp. A 1-(1H-indol-3-ila)hexan-1-ona (5e), exibiu a melhor
potência larvicida, porém apresentou baixo índice de seletividade e alta toxicidade a
náuplios de Artemia sp. A (3-clorofenila)1-(1H-indol-3-ila) metanona (5l), além de
exibir atividade larvicida razoável, demonstrou ser acima de 19,77 vezes menos
tóxico para Artemia sp. Os ensaios toxicológicos com Artemia sp. ofereceram uma
forma rápida, com baixo custo e alta reprodutibilidade. Assim, os compostos
testados concedem informações úteis para a produção de novos agentes larvicidas
potencialmente ativos e com redução dos efeitos tóxicos ao ecosistema.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Oral
Métodos alternativos para avaliação da toxicidade
158 - APLICAÇÃO DE TESTES DE ECOTOXICIDADE NA AVALIAÇÃO DE
SOLOS CONTAMINADOS COM HIDROCARBONETOS DE PETRÓLEO

GERALDO RESENDE FAGUNDES, AURÉLIO AZEVEDO BARRETO NETO, AMANDA


LOURENÇATO QUEIROZ
Contato: GERALDO RESENDE FAGUNDES - GERALDO_FAGUNDES@HOTMAIL.COM

Palavras-chave: biorremediação; surfactantes; bioensaio; ecotoxicidade; lodo de esgoto

INTRODUÇÃO

Em decorrência do elevado número áreas contaminadas que necessitam de


tratamento a avaliação toxicológica deve ser realizada para se evitar danos
ambientais (SOUZA et al., 2013).
Os ensaios que utilizam plantas como organismos-testes são técnicas simples e de
baixo custo que avaliam os efeitos da toxicidade aguda e possibilitam uma rápida
interpretação (TAMADA et al., 2012). Tais testes permitem avaliar o nível de
toxicidade do solo antes da interrupção do tratamento aumentando sua assertividade
nesta etapa.
A legislação brasileira preconiza valores máximos para os hidrocarbonetos totais de
petróleo no solo, entretanto não contempla ensaios toxicológico ou bioindicadores
(BRASIL, 2009).

METODOLOGIA

O estudo contemplou a construção de 4 reatores em PVC com dimensões de 20 por


50 centímetros, onde se realizou a mistura do solo, lodo, contaminante e surfactante
distribuídos em 4 tipos de tratamento: T1, T2, T3 e T4.
Foram utilizados 2 tipos de solos, argilo (A) e arenoso(B), 20% de lodo de esgoto e
contaminantes. Nos tratamentos T1 e T2 foram aplicados surfactantes específicos.
As amostras foram coletadas e avaliadas no início, 30 dias e após 60 dias de
tratamento.
Os testes de ecotoxicidade foram realizados em triplicata contendo 25 g de solo
contaminado, 10 sementes e 2 mL de água destilada cada réplica. Todas as réplicas
foram cobertas com filme de PVC e mantidas em câmara de germinação por 120
horas à 20 °C. Após o período de incubação foram avaliados o comprimento do
hipocótilo e o comprimento das raízes. O índice de germinação (GI) foi obtido a partir
da combinação do percentual de germinação de sementes (%G) e percentual de
alongamento de raiz (%R) em relação ao controle. Nestas mesmas amostras
também foram realizadas as determinações de hidrocarbonetos totais de petróleo
(HTP), fingerprint, em laboratório contratado.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados obtidos demonstram que houve remoção significativa de


hidrocarbonetos totais de petróleo (HTP) com 30 dias de tratamento, com médias de
96,1% para os tratamentos T1 e T2 e 86,9% para os tratamentos T3 e T4.
Observou-se que os tratamentos T1 e T2 que receberam aplicação de surfactantes e
lodo de esgoto apresentaram remoção de hidrocarbonetos de petróleo superior
(+9,2%) aos tratamentos T3 e T4 que receberam apenas lodo de esgoto.
Os cromatogramas das análises de hidrocarbonetos totais de petróleo mostraram
que houve uma remoção significativa em todos os compostos carbônicos já nos
primeiros 30 dias do tratamento, entretanto os compostos tridecanos (cadeias com
13 Carbonos) e os compostos com mais de 30 carbonos foram removidos
completamente somente após 60 dias de tratamento.
Considerando o índice de germinação (GI), no início do tratamento todas as
amostras apresentaram toxicidade elevada (GI entre 0 e 7%). Após 30 dias de
tratamento a toxicidade do solo era mediana, ou seja, apresentaram GI próximo de
50%. Somente com 60 dias de tratamento as amostras tiveram seu potencial
toxicológico reduzido a níveis satisfatórios, apresentando índices de germinação:
75,5%, 73,2%, 68,2% e 64,6% em relação ao controle, para os tratamentos T1, T2,
T3 e T4, respectivamente.
O tratamento demonstrou uma excelente eficácia na remoção dos hidrocarbonetos
com 30 dias de tratamento, pois removeu acima de 80% em todos os tratamentos.
Entretanto, os índices de germinação (GI) obtidos para o mesmo período de
tratamento mostraram que os solos avaliados ainda não haviam recuperado as
condições ideais de germinação.
De acordo com os resultados de ecotoxicidade o tratamento por biorremediação
somente obteve eficiência com 60 dias, pois foi quando os quatro tratamentos
apresentaram GI acima de 60%.

CONCLUSÃO

Os resultados de HTP mostraram que a remoção de 96 % dos hidrocarbonetos de


petróleo não foi suficiente para eliminar o efeito tóxico do solo.
Os índices de germinação (GI) obtidos com os testes de toxicidade demonstraram
que o tratamento obteve êxito na remediação do contaminante somente após 60
dias, quando todos os solos testados apresentaram GI acima de 60% nos quatro
tratamentos.
Pode-se concluir que os testes de ecotoxicidade com Euruca sativa foram eficazes
para avaliação dos solos contaminados, pois demonstraram sensibilidade às
alterações percebidas nas concentrações de HTP das amostras.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL. Resolução Conama nº 420, de 28 de dezembro de 2009. Dispõe sobre


critérios e valores orientadores de qualidade do solo quanto à presença de
substâncias químicas e estabelece diretrizes para o gerenciamento ambiental de
áreas contaminadas por essas substâncias em decorrência de atividades antrópicas.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Publicação DOU nº 249, de 30/12/2009, págs. 81-84. Disponível em: <


http://www.mma.gov.br/port/conama/legiabre.html > Acesso em 20 abr 2018.
SOUZA, P.M.S.; CORROQUÉ, N.A.; MORALES, A.R.; MARIN-MORALES, M.A.;
MEI, L.H.I. PLA and organoclays nanocomposites: degradation process and
evaluation of ecotoxicity using Allium cepa as test organism. Journal of Polymers and
the Environment, v. 21, p. 1052-1063, 2013.
TAMADA, I.S.; MONTAGNOLLI, R.N.; LOPES, P.R.M.; BIDOIA, E.D. Toxicological
evaluation of vegetable oils and biodiesel in soil during the biodegradation process.
Brazilian Journal of Microbiology, vol. 43, n. 4, p. 1576-1581, 2012.

FONTES FINANCIADORAS

O desenvolvimento desse trabalho contou com o apoio da Cpmais Serviços de


Consultoria em Meio Ambiente Ltda. (CP+) na disponibilização de materiais e
recursos humanos e também do Instituto Federal do Espírito Santo (IFES) com a
disponibilização de recursos humanos e físicos (laboratório) para desenvolvimento
dos testes de toxicidade.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Métodos alternativos para avaliação da toxicidade
183 - ENSAIO ECOTOXICOLOGICO COM Scenedesmus sp. E EFLUENTE DE
INDÚSTRIA FRIGORÍFICA (RONDÔNIA)

AMANDA SOBRINHO NEVES, JOSILENA DE JESUS LAUREANO, LUIZ EDUARDO


OLIVEIRA, THIAGO ALVES SANTOS, DAÍSE DA SILVA LOPES, LUCIANA CORIOLANO
DOS SANTOS, WAGNER EDUARDO DE LIMA PEREIRA, BEATRIZ MACHADO GOMES,
WANDERLEY RODRIGUES BASTOS, ELISABETE LOURDES NASCIMENTO
Contato: AMANDA SOBRINHO NEVES - AMANDANEVESSOBRINHO@GMAIL.COM

Palavras-chave: microalgas; Ecotoxicologia; efluentes; frigorifico

INTRODUÇÃO

O estado de Rondônia tem se revelado como importante produtor de carne bovina,


no pais (BRITO, 2011). O abate de bovinos gera grandes quantidades de efluentes
líquidos. Esses efluentes possuem alta carga orgânica, alto conteúdo de nitrogênio e
fósforo, e necessitam de tratamento e disposição adequados. Eventualmente, a
disposição desses resíduos é realizada de forma inadequada, desencadeando
grandes impactos aos ecossistemas aquáticos. O presente trabalho trata-se de uma
investigação inicial a respeito da ecotoxicidade de efluente tratado de uma indústria
frigorífica de Ji-Paraná (Rondônia), usando como organismo teste a microalga
Scenedesmus sp.

METODOLOGIA

O efluente utilizado para o ensaio foi coletado de uma lagoa anaeróbica do sistema
de tratamento do frigorífico. O ensaio foi mantido sob condições controladas de
temperatura (25±2ºC) e intensidade luminosa (~160μmol.fótons.m2.s -1) com
fotoperíodo de 12h. Foi utilizada a cepa Scenesdesmus sp, cedida pelo Laboratório
de Ecofisiologia e Toxicologia de Cianobactérias-LETC do Instituto de Biofísica
Carlos Chagas Filho-IBCCF/UFRJ. O inoculo de Scenedesmus sp. foi adicionado em
balões de 5L contendo duas diluições do efluente em água destilada (25% e 50%),
um tratamento sem diluição (100%) e um controle (meio de cultura ASM-1). O
experimento foi montado em triplicata. Durante o ensaio ecotoxicológico, o
crescimento das culturas foi monitorado por espectrofotometria (750nm) durante 15
dias.
A cada 3 dias, além da obtenção das medidas de crescimento, foram retiradas
alíquotas destinadas as análises de turbidez (turbidímetro portátil, HACH modelo
2100 P), pH (pHmetro portátil, ORION modelo 250 A), oxigênio dissolvido
(GOLTERMAN et al, 1978), condutividade elétrica (condutivímetro portátil, Amber
Science modelo 2052), e os nutrientes amônia (NH3+NH4+), Nitrito (NO2-), Nitrato
(NO3-), Fósforo total (P-total) e Fósforo dissolvido (PO4-3), todos realizados por
espectrofotometria, segundo APHA (1995). Destaca-se que após a coleta do
efluente em campo, as variáveis físico-químicas citadas também foram medidas.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O efluente apresentou elevada concentração de compostos orgânicos (DBO5 de


589mg.L-1 e oxigênio dissolvido de 0,6mg.L-1), elevada turbidez (96,9uT) e
condutividade elétrica de 2.722µS.cm-1, e pH neutro (7,17). No efluente in natura, foi
possível observar que os nutrientes amônia (0,054mg. L -1), Nitrito (0,056mg.L-1) e
Nitrato (0,476mg. L-1) apresentaram baixas concentrações. Em contrapartida os
valores de Fósforo total (7,48mg.L-1) e Fósforo dissolvido (5,53mg. L-1) se mostraram
elevados. Tais resultados eram esperados, visto que se trata de efluente de uma
lagoa anaeróbia de uma indústria frigorífica que possui, por característica, alta carga
orgânica no efluente produzido.
Com relação ao crescimento, o controle apresentou um significativo crescimento
durante os 15 dias (absorbância T0 = 0,060 e no T15 = 0,331). No tratamento 25%,
foi observado um crescimento apenas entre T0 (0,113) e T9 (0,178). No tratamento
50% não houve crescimento entre o T0(0,157) e o T15(0,133). O efeito deletério foi
mais acentuado no tratamento 100% (T0= 0,216 e T15= 0,133), em que logo após o
início do experimento, as microalgas já apresentaram clorose, ou seja, causando
dano imediato ao seu aparato fotossintético.
Quanto aos nutrientes, para o fósforo total, no controle e nos tratamentos 25% e
50% foi observado leve aumento da concentração durante o experimento (controle
T0 5,17mg.L-1 e T15 5,76mg.L-1; 25% T0 5,65mg.L-1 e T15 6,48mg.L-1; 50% T0
6,73mg.L-1 e T15 8,1mg. L-1. Já no tratamento 100% houve pequena redução na
concentração do T0 (7,48mg.L-1) ao T15(7,37mg.L-1). O fósforo dissolvido no
controle o apresentou redução do T0 (5,04 mg. L-1) ao T15 (1,73 mg. L-1). Nos
tratamentos foi observado aumento das concentrações do T0 ao T15 (25%
4,48mg.L-1/T0 e 5,77mg.L-1/T15; 50% 4,97mg. L-1/T0 e 6,45mg L-1/T15; 100%
5,04mg. L-1/T0 e 6,45mg.L-1/T15 ). Com relação ao nitrato, no controle e nos
tratamentos foi observado redução ao longo do experimento controle T0 16,4mg. L -1
e T15 14,98mg.L-1; 25% T0 1,05mg.L-1 e T15 0,54mg.L-1; 50% T0 0,5mg.L-1 e T15
0,19mg.L-1; 100% T0 1,28mg.L-1 e T15 0,43mg. L-1.

CONCLUSÃO

A redução dos nutrientes dissolvidos era esperada, visto que são assimilados pelas
microalgas. Entretanto, a elevada carga de moléculas orgânicas do efluente causou
efeito tóxico no crescimento das mesmas. De forma que, se não houver tratamento
adequado do efluente frigorifico previamente ao seu despejo no corpo hídrico
receptor, o mesmo, pode conferir toxicidade aos microrganismos aquáticos. Faz se
necessário também, a realização de mais estudos ecotoxicológicos com organismos
de outros níveis tróficos a fim de verificar a toxicidade de efluentes.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

APHA, AWWA, WEF. Standard methods for the examination of water and
wastewater.Edition 19. Washington, 1995.
BRITO, L.G. Sistema de produção de leite para Rondônia. EMBRAPA Rondônia.
Porto Velho: [s.n.]. .2011. GOLTERMAN, H.L.; CLYMO, R.S.; OHNSTAD, M.A.M.
Methods for physical and chemical analisys offresh water. Oxford: Blackwell
Scientific Publications. 1978, 213p.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

FONTES FINANCIADORAS

Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientifico e Tecnológico CNPQ/Programa


Institucional de Bolsas de Iniciação cientifica-PIBIC. Pró-reitoria de Pós-graduação e
Pesquisa-Propesq/Universidade Federal de Rondônia UNIR.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Métodos alternativos para avaliação da toxicidade
241 - ENSAIOS FET COMO ALTERNATIVA NO BIOMONITORAMENTO
AMBIENTAL

DENISE TIEME OKUMURA, FERNANDA MASSARO


Contato: FERNANDA MASSARO - FMASSARO@BIOTOXAMBIENTAL.COM.BR

Palavras-chave: aquicultura; Danio rerio; embrião; Normas OECD; política regulatória; sistemas de
qualidade

INTRODUÇÃO

Pesquisas alternativas com animais são uma questão emergente no cenário


científico mundial devido à crescente preocupação com o bem-estar dos animais e o
enrijecimento das leis em relação à sua experimentação. Hoje, cada vez mais, os
órgãos de regulamentação estimulam a adoção de métodos alternativos, buscando
substituir, reduzir ou refinar o uso científico de animais em experimentos nas
atividades de ensino e pesquisa (EMBRY et al., 2010; VICTAL et al., 2014). Neste
sentido, o objetivo desse estudo é a implementação de ensaios de ecotoxicidade
com embriões de peixes Danio rerio no âmbito empresarial.

METODOLOGIA

As metodologias adotadas para a execução do presente projeto foi baseada na


norma internacional da OECD 236 (OECD, 2013), relacionada aos procedimentos de
ensaios de ecotoxicidade aguda com embriões de peixes Danio rerio. As
concentrações definitivas utilizadas neste ensaio foram definidas por meio de
ensaios preliminares e os resultados foram expressos em CL50, após o período de
96 horas. Para os ensaios definitivos foram utilizadas cinco concentrações com um
fator de diluição máximo de 2,2. Para cada uma das substâncias testadas foi
preparada uma solução-estoque, cujas diluições foram realizadas em água
reconstituída (ABNT, 2016). Os resultados obtidos nos testes de ecotoxicidade
aguda foram analisados pelo programa estatístico Trimmed Spearman-Karber
(HAMILTON et al., 1977). Além disso, todos os procedimentos foram realizados
seguindo-se os requisitos da norma NBR ISO/IEC 17.025.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados obtidos nos testes de ecotoxicidade aguda com embriões de D. rerio


expostos à substância de referência cloreto de sódio (NaCl) demonstraram que a
faixa de sensibilidade para os embriões situa-se entre 5,25 e 6,87 g.L-1. A CL(I)50-
96h obtida foi de 6,00 g.L-1 de NaCl. Os valores encontrados neste trabalho foram
menores do que os encontrados por Holanda et al. (2012) para indivíduos juvenis de
D. rerio. Segundo estes autores, a CL50-48h média de NaCl para os peixes juvenis
é de 10,43 g.L-1 (10,18 a 10,68 g.L-1). Já para o cloreto de potássio (KCl), observou-
se que o valor de CL(I)50-96h foi de 5,45 g.L-1, com um intervalo de confiança de
4,78 a 6,23 g.L-1. Os embriões de peixe se mostraram bem menos sensíveis ao KCl
quando comparado aos indivíduos juvenis, uma vez que para os juvenis de D. rerio,
a CL(I)50-48h, estabelecida na carta-controle da Biotox Ambiental, é de 1,28 g.L-1

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


1230
XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

(0,82 a 1,73 g.L-1). No entanto, devemos avaliar com cautela estes valores de CL50,
tendo em vista que os tempos de exposição diferem entre os dois métodos. Com
base nos valores de CL50 obtidos no presente trabalho, foi possível concluir que, em
concordância com as especulações de Pennak (1989), o cloreto de potássio pode
ser ainda mais tóxico do que o cloreto de sódio, o qual é a substância de referência
padronizada internacionalmente e amplamente utilizada para a obtenção das cartas-
controle de organismos-teste em laboratórios.
Além disso, ao realizar os ensaios com embriões (ensaio FET) e com os peixes
juvenis de D. rerio, respectivamente descritos nas normas OECD 236 (OECD, 2013)
e ABNT NBR 15088 (ABNT, 2016), e comparar os recursos utilizados (valores de
gastos fixos, infraestrutura utilizada, resíduos gerados, etc), observamos, em uma
avaliação preliminar, que o ensaio FET foi mais econômico, mais sustentável e
menos impactante do que o ensaio de ecotoxicidade aguda com juvenis, o qual é o
mais utilizado no Brasil atualmente, embasando a afirmação de que a
implementação de ensaios ecotoxicológicos alternativos no âmbito empresarial são
promissores. Assim, este ensaio em microescala é viável dentro de um ambiente
empresarial e dentro da rotina de laboratórios prestadores de serviços ambientais.

CONCLUSÃO

Os resultados apresentados são relevantes, uma vez que o ensaio de ecotoxicidade


aguda com embriões de peixes se distingue como uma excelente pesquisa
inovadora, por apresentar características intrínsecas: desde um grande potencial
comercial e representatividade como um sistema de teste em pequena escala
eticamente aceitável até ser um método alternativo que pode ser cientificamente
validado para substituir os ensaios com animais. Portanto, a continuidade desse
projeto é importante para o avanço nas pesquisas envolvendo melhorias
tecnológicas que buscam estabelecer para os testes com animais os princípios
internacionais dos 3Rs (Replacement, Reduction e Refinement).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR NBR


ISO/IEC 17025:2005, Versão Corrigida 2:2006: Requisitos gerais para a
competência de laboratórios de ensaio e calibração. Rio de Janeiro, 2005, 31p.
ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR NBR
15088: Ecotoxicologia aquática - Toxicidade aguda - Método de ensaio com peixes
— Método de ensaio com peixes. Rio de Janeiro, 2016, 25p.
EMBRY, M.R. et al. The fish embryo toxicity test as an animal alternative method in
hazard and risk assessment and scientific research. Aquatic toxicology, v.97(2),
p.79-87, 2010.
HAMILTON, M.A. et al. Trimmed Spearman-Karber method for estimating median
lethal concentrations in toxicity bioassays. Environmental Science & Technology, v.
11, p.714-19, 1977 (Correção: v. 12, p. 417, 1978).
HOLANDA, J.N. et al. Avaliação ecotoxicológica da água de lavagem da purificação
de biodiesel de soja metílico utilizando Danio rerio como organismo-teste. Boletim do
Laboratório de Hidrobiologia, 25(1), p.13-20, 2012.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

OECD - ORGANISATION FOR ECONOMIC CO-OPERATION AND


DEVELOPMENT. OECD Guidelines for the Testing of Chemicals. Fish, Acute
Toxicity Test. 203, 10p. 1992.
OECD - ORGANISATION FOR ECONOMIC CO-OPERATION AND
DEVELOPMENT. OECD Guidelines for the Testing of Chemicals. Fish Embryo Acute
Toxicity (FET) Test. 236, 22p. 2013.
PENNAK, R.W. Freshwater invertebrates of the United States. 3º ed. Wiley & Sons,
1989, 628p.
VICTAL, J.C. et al. Métodos alternativos in vitro e in silico: métodos auxiliares e
substitutivos à experimentação animal. RevInter Revista Intertox de Toxicologia,
Risco Ambiental e Sociedade, v.7(2), p.36-57, 2014.

FONTES FINANCIADORAS

FAPESP - Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Oral
Métodos alternativos para avaliação da toxicidade
303 - AVALIAÇÃO DA TOXICIDADE DE FTALATOS POR MEIO DO FEET TEST
(FISH EMBRYO EXTEND TOXICITY TEST) EMPREGADO EM Rhamdia quelen

JULIANA RORATTO LIROLA, LUANA VIANA, ROBIE ALLAN BOMBARDELLI,


ANDERSON JOEL MARTINO-ANDRADE, DANIELA MORAIS LEME, MARTA
MARGARETE CESTARI
Contato: JULIANA RORATTO LIROLA - JULIANARORATTO@GMAIL.COM

Palavras-chave: Embriões; Ftalatos; Rhamdia quelen; larvas

INTRODUÇÃO

A utilização dos embriões de peixes em testes toxicológicos é bem aceita por


apresentarem alta sensibilidade a toxicantes. O Fish Embryo Acute Toxicity (FET)
Test tem sido proposto como um método alternativo ao uso de animais utilizando
embriões de Danio rerio, entretanto, somente com a utilização de espécies nativas
podemos prever os reais impactos da contaminação em organismos do local. O
objetivo desse estudo foi investigar a ação tóxica dos plastificantes Di-n-butil ftalato
(DBP) e o Di-iso-pentil ftalato (DIIP) em embriões de Rhamdia quelen utilizando o
protocolo descrito para Danio rerio (espécie exótica), com adaptações para Rhamdia
quelen (espécie nativa).

METODOLOGIA

A obtenção dos ovos foi por meio de fertilização artificial em peixes matrizes
pertencentes a espécie R. quelen. Os ovos recém fecundados foram expostos a 2
mL da solução teste em placas de cultivo celular de 24 poços e mantidos a 26 ± 1 °C
pelo período de 96 horas no ensaio de toxicidade aguda e estendido para 168 horas
no ensaio subcrônico (com renovação do xenobiótico a cada 72 horas em ambos
ensaios). As soluções foram preparadas com água de diluição e os tratamentos
foram: controle negativo (CN); controle de solvente em metanol 0,1% (CS); grupos
expostos ao DBP: 0,0012; 0,0035; 0,007; 0,015; 0,031; 0,062; 0,125 mg/L; grupos
expostos ao DIIP: 0,0012; 0,0035; 0,007; 0,015; 0,031; 0,062; 0,125 mg/L e controle
positivo com 2 mg/L de 3,4 dicloroanilina (CP). Os testes foram realizados em
triplicata. A mortalidade e as malformações foram analisadas e contabilizadas a
cada 24 horas durante 168 horas. A metodologia e desenho experimental seguiu o
Guia da OECD 236/2013 (OECD Guidelines for the Testing of Chemicals) com a
finalidade de validar o teste para R. quelen. As análises estatísticas foram realizadas
por meio da análise de variância (ANOVA), seguida pelo teste Dunnett com p<0,05.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados mostraram que os grupos CN e CS apresentaram baixa mortalidade e


o CP causou mortalidade acima de 30%, assim os critérios para validação do teste
foram atendidos (OECD, 2013). O DBP mostrou alta toxicidade, no qual na maior
concentração testada (0,125 mg/L) não restaram larvas vivas. O DBP causou
mortalidade significativa nos embriões de R. quelen a partir da concentração 0,062
mg/L no ensaio agudo, já no ensaio subcrônico a mortalidade foi significativa a partir

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

da concentração 0,015 mg/L de DBP. O DIIP apresentou menor toxicidade,


causando mortalidade significativa somente no ensaio subcrônico a partir da
concentração 0,062 mg/L. Diversas malformações no desenvolvimento dos embriões
foram observadas, algumas aparecendo somente em embriões expostos a um
ftalato especifico, e outras alterações na exposição a ambos os ftalatos. As
malformações observadas em até 24 horas pós fertilização (hpf) foram: atraso no
desenvolvimento embrionário, observado somente em larvas expostas ao DIIP;
córion apresentando aspecto murcho em larvas expostas ao DBP e DIIP; atraso no
destacamento da cauda em embriões expostos ao DIIP. O atraso na eclosão em até
168 horas hpf ocorreu em larvas expostas ao DBP, enquanto nos controles a
eclosão ocorreu em torno de 30 hpf, conforme descrito por Pereira et al., 2006. A
maioria das malformações se mantiveram durante as 168 horas de exposição: o
acúmulo de líquido extracelular na região pericardíaca e no saco vitelino causando
edemas nos embriões/larvas; a ausência de otólitos e hemorragia na região
pericárdica causada por rupturas nos vasos endoteliais (HALLARE et al., 2005)
foram observados em larvas expostas aos dois ftalatos. No entanto, as
deformidades na coluna vertebral e a ausência de barbilhões foram observados
somente quando expostos ao DBP. A má absorção do vitelo foi a anormalidade mais
comum no desenvolvimento das larvas expostas aos ftalatos, aparecendo a partir da
concentração 0,007 de DBP e de DIIP nas primeiras 48 horas de exposição e em
todos os grupos contaminados com DBP e DIIP a partir de 72 horas. O nanismo foi
observado somente após exposição subcrônica (a partir de 120 hpf) ao DBP e ao
DIIP. Vale ressaltar que a maioria dessas malformações são indicativos de
subletalidade e letalidade e geram consequências negativas na sobrevivência
desses organismos nos ambientes naturais.

CONCLUSÃO

Com base nos resultados obtidos podemos concluir que a transposição do protocolo
do FET Test para espécies nativas de peixe é viável e relevante ecologicamente. A
espécie Rhamdia quelen demonstrou ser um bom bioindicador de exposição a
ftalatos. DBP e DIIP foram tóxicos no estágio embrionário e larval de R. quelen e
podem induzir vários efeitos deletérios nesses peixes, como a mortalidade e várias
malformações. Além disso, a extensão do período de exposição para 168 horas foi
adequado para análise de alguns parâmetros.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

HALLARE, A.V.; SCHIRLING, M.; LUCKENBACH, T.; KOHLER, H.R.;


TRIEBSKORN, R. (2005). Combined effects of temperature and cadmium on
developmental parameters and biomarker responses in zebrafish (Danio rerio)
embryos. Journal of Thermal Biology 30: 7–17.
PEREIRA, C.R.; BARCELLOS, L.J.G.; KREUTZ, L.C.; QUEVEDO, R.M.; RITTER, F.;
SILVA, L.B. (2006). Embryonic and Larval Development of Jundiá (Rhamdia quelen,
Quoy & Gaimard, 1824, Pisces, Teleostei), a South American Catfish. Brazilian
Journal of Biology 66 (4): 1057-1063.
OECD, Organization for Economic Co-Operation and Development. Guideline for
testing of chemicals. Fish Embryo Acute Toxicity (FET) Test, Part 236, 2013.

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FONTES FINANCIADORAS

Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES)


Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq)

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Painel
Métodos alternativos para avaliação da toxicidade
316 - A ALIMENTAÇÃO Danio rerio VISANDO A OTIMIZAÇÃO DA
SOBREVIVÊNCIA DAS FASES INICIAIS

NATALIE REICHERT MACHADO, ALEXANDRE ARENZON


Contato: NATALIE REICHERT MACHADO - NATALIEMACHADO_@HOTMAIL.COM

Palavras-chave: enaios com larva; zebrafish

INTRODUÇÃO

O sucesso dos cultivos de zebrafish em laboratório exige o estabelecimento de um


protocolo que otimize a sobrevivência do maior percentual de organismos durante a
fase larval, principalmente no que se refere a alimentação. Culturas de Paramercium
são amplamente utilizadas para a alimentação das larvas de peixe. Contudo,
segundo Peterson et. al. (2013), estas culturas são facilmente contaminadas e
podem transmitir infecções por Mycobacterium spp., afetando a sobrevivência das
larvas. Da mesma forma, a necessidade diária da manutenção de culturas de
Paramercium torna os cultivos de D. rerio mais onerosos e laborosos.

METODOLOGIA

Larvas de D. rerio, provenientes das instalações do Centro de Ecologia da UFRGS


foram alimentadas com duas dietas distintas a partir do 3 dpf (dias pós fertilização).
Para cada dieta 90 larvas foram mantidas em duas réplicas de 400mL (45 larvas
cada) por aproximadamente 20 dias. Foram testadas as seguintes dietas:
Dieta A: cultivos de Paramercium iniciados diariamente (2 litros de água
reconstituída + inóculo de cultura + leite em pó como alimento), e mantidos por 5-7
dias. Após este período as culturas estão densas o suficiente para alimentar as
larvas ad libitum uma vez ao dia.
Dieta B: Ração seca. Alimento comercial para larvas de peixes macerado e
peneirado em malha de 0,95 µm. Diariamente, aproximadamente 0,01g do material
resultante é ressuspenso em 10mL de água de cultivo e utilizado para alimentação
uma vez ao dia.
A cada dois dias, durante a troca da água de cultivo dos organismos, realizou-se a
contagem dos sobreviventes e medição de 10 organismos pertencentes a cada
dieta. A medição do comprimento total dos organismos foi realizada com o auxílio de
uma ocular de medição acoplada em estéreo-microscópio.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Considerando apenas os dados de crescimento corporal, baseado no comprimento


total, observou-se um crescimento consideravelmente superior para as larvas de D.
rerio mantidas exclusivamente com Paramercium. Estes, após 20 dias de vida,
alcançaram um comprimento total médio de 5,3 mm (CV = 6,4 %). Para o conjunto
de organismos mantidos exclusivamente com ração seca, o comprimento total médio
foi de 4,6 mm (CV = 9,3 %). O ganho, em comprimento, para cada tratamento foi de
36,8 % e 21,6 %, para dieta a base de Paramercium e ração seca, respectivamente.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Em relação a sobrevivência dos organismos, o conjunto de organismos mantidos


exclusivamente com ração seca apresentou um declínio acentuado na curva de
sobrevivência após o 6° dia de vida, quando começam a ficar reduzidas as suas
reservas energéticas endógenas, alocadas no saco vitelínico. Entre o 8° e o 10° dia
de vida, a mortalidade dos organismos mantidos com ração seca passou de 11 %
para 28,3 %, enquanto a mortalidade dos organismos mantidos com Paramercium,
no mesmo período, passou 4,3 % para 5,4 %. Ao longo do período de observação
de 21 dias a mortalidade do conjunto de organismos mantidos com ração seca
aumentou gradualmente, culminando com um percentual de 66,3 % ao final do
período. Neste mesmo período, a mortalidade dos organismos alimentados com
Paramercium não ultrapassou os 12 %. Os níveis de amônia não ionizada foram
verificados em ambas as dietas e mantiveram-se abaixo dos valores considerados
tóxicos. A concentração mínima de Paramercium para a garantia da sobrevivência e
crescimento de D. rerio não foi estabelecida neste experimento, contudo a
comparação dos resultados aqui obtidos com experimentos anteriormente realizados
indicam que atingir uma densidade mínima de organismos é fundamental para o
sucesso dos da manutenção dos cultivos das fases iniciais de D. rerio em
laboratório.

CONCLUSÃO

Avdesh et. al. 2012 sugere que larvas de D. rerio podem ser alimentados com ração
seca com tamanho inferior a ~100 microns, ou culturas de Paramecium e rotíferos.
Os dados obtidos até o momento indicam que, em comparação ao alimento
comercial utilizado neste experimento, as culturas de Paramercium apresentaram
valores superiores em relação a taxa de crescimento e de sobrevivência dos
organismos. A possibilidade de manutenção dos cultivos de larvas de D. rerio
exclusivamente com ração seca ainda não está descartada. Diferentes tipos de
rações comerciais devem ser testadas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AVDESH, A., CHEN, M., MARTIN-IVERSON, M.T., MONDAL, A., ONG, D. RAINEY-
SMITH, S. TADDEI, K., LARDELLI, M., GROTH, M.M., VERDILE, G., MARTINS,
R.N. Regular Care and Maintenance of a Zebrafish (Danio rerio) Laboratory: An
Introduction. Jornal of Visual Experiments.(2012). DOI: doi:10.3791/4196 K
DIEKMANN, M.; NAGEL, R. Different survival rates in zebrafish (Danio rerio) from
different origins J. Appl. Ichthyol. 21 (2005), 451–454
PETERSON, T.S., FERGUSON, J.A., WATRAL, V.G., MUTOJI, K.N. ENNIS, D. G.,
KENT, M.L. Paramecium caudatum enhances transmission and infectivity of
Mycobacterium marinum and Mycobacterium chelonae in zebrafish (Danio rerio). Dis
Aquat Organ. (2013). 106(3): 229–239.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Métodos alternativos para avaliação da toxicidade
370 - POTENCIAL DE USO DA SUBCLASSE COPEPODA (CRUSTACEA) COMO
ORGANISMO-TESTE EM ESTUDOS ECOTOXICOLÓGICOS: UMA REVISÃO

LAÍS FERNANDA DE PALMA LOPES, RAQUEL APARECIDA MOREIRA, LETÍCIA


FURLAN RUFATO, MARIA CAROLINA TRIQUES, LAÍS CONCEIÇÃO MENEZES DA
SILVA, LUIZ FELIPE MENDES DE GUSMÃO, EVALDO LUIS GAETA ESPINDOLA
Contato: LAÍS FERNANDA DE PALMA LOPES - LAISFPL@GMAIL.COM

Palavras-chave: copépodes; ecotoxicologia; organismo-teste; revisão; teste

INTRODUÇÃO
Copépodes são um grupo de microcrustáceos importante para o zooplâncton, devido
a sua diversidade, biomassa e abundância[1], além de desempenharem relevante
papel ecológico no fluxo de energia da cadeia alimentar[2]. Por serem organismos
sensíveis a compostos tóxicos, fáceis de serem cultivados e apresentarem curto
ciclo de vida são considerados ótimos bioindicadores para bioensaios que buscam
avaliar a toxicidade de contaminantes no ambiente aquático[2,3]. Entretanto, são
organismos-teste pouco utilizados em testes ecotoxicológicos, especialmente as
espécies que ocorrem em ambientes de água doce[4]. Assim, procurou-se avaliar,
por meio de extensão revisão bibliográfica, o potencial de uso da Subclasse
Copepoda em estudos ecotoxicológicos.
METODOLOGIA
Nesta ampla revisão bibliográfica utilizou-se o banco de dados do SciVerse
Scopus®, referente ao período dos 10 últimos anos (2008 à 2018). Os artigos foram
separados por ano e suas informações foram analisadas e agrupadas em: país que
realizou a pesquisa; ordem dos copépodes (Calanoida, Cyclopoida e Haparcticoida);
espécies de copépodes; e habitats das espécies (dulcícolas, de água subterrânea,
estuarianas e marinhas); procurando-se relacionar ainda o tipo de xenobiótico
avaliado (orgânicos, inorgânicos, cianobactérias; efluentes, etc). Considerou-se
também nesta avaliação a forma de condução da pesquisa (laboratório, microcosmo,
mesocosmos e/ou experimentos in situ). Ao final da avaliação, estabeleceu-se uma
análise de síntese, evidenciando os aspectos positivos e negativos de cada método
empregado, com vistas à proposição de um protocolo básico para inclusão das
espécies da Subclasse Copepoda como potenciais organismos-teste para avaliação
dos efeitos de contaminantes em ecossistemas aquáticos dulcícolas.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na última década, de acordo os dados obtidos, foram publicados 127 artigos com
ênfase no uso de copépodes em análises ecotoxicológicas, com pesquisas
originadas em 23 países, sendo os de maior produção científica a Itália (18), Coreia
do Sul (17), Estados Unidos (12), Noruega (11) e Brasil (10). No total, 41 espécies
pertencentes às ordens Calanoida (15), Cyclopoida (11) e Harpacticoida (14) foram
estudadas, sendo as espécies Tigriopus japonicus (Harpacticoida, com 17), Acartia
tonsa (Calanoida, com 15) e Calanus finmarchicus (Calanoida, com 12) as mais
utilizadas. A maioria pertence ao ambiente marinho (22), seguida das espécies de
água doce (11), estuarinas (7) e subterrâneas (1). Em relação aos xenobióticos, 54

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

estudos analisaram metais, 69 contaminantes orgânicos (como Benzo[a]pireno,


Bisfenol(A), Organoclorados, Piretróide, Hidrocarbonetos Aromáticos Policíclicos
(PAHs), Endosulfan, Organofosforado, Atrazina, Poliestireno, Fenantreno, entre
outros), 7 inorgânicos (Nitrato de amônia e Ureia, Nanotubos de carbono (Grafeno),
Seleneto de cádmio (CdSe), Íon cloro (Cloretos), Nitrato de amônia e Nitrogênio
total), 1 com microalgas (Aureococcus anophagefferens) e 1 com cianobactérias
(Microcystis aeruginosa (microcistina)). A maioria das pesquisas conduzida
concentra-se em laboratório (103), analisando aspectos como mortalidade,
desenvolvimento, reprodução, eclosão de ovos, alimentação, bioacumulação,
bioconcentração, genotoxicidade, biomarcadores (enzimáticos, endócrinos, lipídios,
entre outros), comportamento, pós exposição, biomagnificação e indução de
apoptosis. Poucos foram os estudos com abordagens ecológicas conduzidos em
modelos ecossistêmicos (4 em microcosmos e 4 em mesocosmos), sendo
analisados em ambos as alterações na abundância e diversidade da comunidade.
Foram registrados ainda 11 estudos de revisão bibliográfica e 6 de modelagem. Em
comparação com outros grupos taxonômicos, verificou-se para o mesmo período um
total de 238 artigos que utilizaram os cladóceros como organismos teste, o que pode
estar relacionado com a forma de reprodução (partenogênese), menor ciclo de vida,
maior facilidade de cultivo e procedimentos metodológicos já padronizados,
adicionando-se ainda a diferença de sensibilidade das espécies, uma vez que,
dependendo da substância testada, a sensibilidade dos cladóceros pode ser maior
em relação aos copépodes, embora não se tenha encontrado nenhum estudo
comparativo entre ambos.
CONCLUSÃO
Verificou-se escassez de estudos ecotoxicológicos com a Subclasse Copepoda,
principalmente para espécies de água doce e estuarina. A maioria das pesquisas foi
desenvolvida em laboratório, sendo utilizados diferentes end points, os quais são
comuns às demais espécies padronizadas na Ecotoxicologia. Estudos mais
complexos, como aqueles desenvolvidos em modelos ecossistêmicos, nos quais a
abordagem populacional e as relações inter e intraespecíficas podem ser avaliadas,
ainda são incipientes. Frente a sua importância nos ecossistemas aquáticos e
independente da condução do teste (laboratorial ou em mesocosmos) recomenda-se
o desenvolvimento de mais pesquisas direcionadas ao estabelecimento das
espécies de Copepoda como organismo-teste na Ecotoxicologia.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
[1] MAUCHLINE, J. 1998. The biology of calanoid copepod: Advances in marine
biology. London: Academic Press.
[2] RAISUDDIN, S., KWOK, K.W.H., LEUNG, K.M.Y., SCHLENK, D., LEE, J.-S.
2007. The copepod Tigriopus: a promising marine model organism for ecotoxicology
and environmental genomics. Aquat Toxicol. 83: 161-173.
[3] ISO 14669. 1999. Water Quality - Determination of acute lethal toxicity to marine
copepods (Copepoda, Crustacea). Geneva: International organization for
standardization,.
[4] CALOW, P. 1998. Handbook of Ecotoxicology. Oxford: Blackwell Scientific
Publications.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Métodos alternativos para avaliação da toxicidade
371 - UM ESTUDO COMPARATIVO DA TOXICIDADE AGUDA DE INSETICIDAS
SOBRE DIFERENTES ESPÉCIES DE COPÉPODES

LAÍS FERNANDA DE PALMA LOPES, RAQUEL APARECIDA MOREIRA, ALLAN PRETTI


OGURA, LETÍCIA FURLAN RUFATO, LUIZ FELIPE MENDES DE GUSMÃO, EVALDO
LUIS GAETA ESPINDOLA
Contato: LAÍS FERNANDA DE PALMA LOPES - LAISFPL@GMAIL.COM

Palavras-chave: copépode; espécies; inseticida; sensibilidade; toxicidade.

INTRODUÇÃO

Os efeitos negativos causados as comunidades aquáticas pela exposição aos


agrotóxicos têm aumentado nas últimas décadas[1,2,3] e para avaliar estes efeitos,
testes ecotoxicológicos são recomendados. Copépodes, por serem organismos
chave da cadeia trófica aquática[4] e ótimos bioindicadores[5], podem ser utilizados
para esta finalidade[6]. Entretanto, reconhece-se a diferença de sensibilidade aos
contaminantes entre espécies de um mesmo grupo[7]. Assim, o objetivo deste
trabalho foi avaliar a diferença de sensibilidade das espécies de copépodes aos
inseticidas por meio de curvas de Distribuição de Sensibilidade de Espécies (SSDs),
comparando os resultados com a espécie de cladócero Daphnia magna, com amplo
uso na Ecotoxicologia.

METODOLOGIA

Os dados de toxicidade aguda (CL50) obtidos para diferentes espécies de


copépodes foram comparados com valores correspondentes para o cladócero D.
magna, espécie padronizada e utilizada como organismo-teste representante de
espécies zooplanctônicas. Com os dados obtidos, as curvas de SSDs foram
construídas com relação à toxicidade de três diferentes grupos de agrotóxicos
inseticidas: carbamato (carbofuran, carbaryl e aldicarbe), piretróides (cipermetrina) e
fenil-pirazol (fipronil). A escolha dos agrotóxicos ocorreu devido ao fato destes
inseticidas serem neurotóxicos, mas também por apresentarem diferentes modos de
ação, sendo carbamatos inibidores da acetilcolinesterase e piretróides bloqueadores
do canal de sódio, enquanto fenil-pirazol agem bloqueando a passagem de íon de
cloro[8]. Os resultados de toxicidade foram obtidos da base de dados US-EPA (US-
EPA, 2018), Google Scholar e SciVerse Scopus®. As distribuições log-normal dos
valores foram construídas usando o programa ETX, versão 2.0 (VAN
VLAARDINGEN et al. 2004). A distribuição lognormal dos dados foi testada com o
teste de Anderson-Darling, que foi avaliado a 5% de nível significância.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Analisando os dados de sensibilidade das espécies de copépodes ao grupo


carbamato verifica-se que a espécie mais sensível foi Tigriopus brevicornis
(Carbofuran), seguida por Thermocyclops taihokuensis (Carbaril), Mesocyclops
pehpeiensis (Carbaril), Eodiaptomus japonicus (Carbaril), Bryocamptus zschokkei
(Aldicarbe), Bryocamptus minutus (Aldicarbe) e Bryocamptus echinatus (Aldicarbe).

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Para o inseticida cipermetrina, do grupo dos piretróides, a espécie mais sensível foi
Mesocyclops leuckarti, seguida por Diaptomus forbesi, Tisbe battagliai, Cyclops
viridis, Acartia tonsa, Oithona similis, Temora longicornis, Acanthocyclops robustus,
Acartia clausi, sendo a menos sensível Pseudocalanus elongatus. Seguindo a ordem
de espécie, da mais sensível para a menos sensível, ao agrotóxico fipronil
pertencente ao grupo do fenil-pirazol têm-se: A. tonsa, Amphiascus tenuiremis,
Diaptomus castor, Eurytemora affinis, Pseudodiaptomus forbesi, A. robustus e
Mesocyclops meridianus. Existe cerca de 13.000 espécies de copépodes[9],
entretanto poucas são as espécies que foram padronizadas para testes de
toxicidade (Tisbe battagliai, Nitocra spinipes e A. tonsa)[6]. Das espécies
padronizadas, foram encontrados dados apenas para A. tonsa e T. battagliai para
cipermetrina e somente com A. tonsa para fipronil. Para o cladócero Daphnia
magna, os valores encontrados de CL50 para o agrotóxico Carbaril (Naftil-N-
metilcarbamato) foi de 1900 µg L-1, sendo algumas espécies de copépodes, como T.
brevicornis (59,9 µg L-1), T. taihokuensis (785,7 µg L-1), M. pehpeiensis (897 µg L-1),
E. japonicus (1190 µg L-1) mais sensíveis a este grupo. Para cipermetrina, os valores
da CL50 para D. magna foi de 5230 µg L-1, sendo todas as espécies de copépodes
mais sensíveis que o cladócero. Para o fipronil, o valor da CL50 para D. magna foi
de 88,3 µg L-1[10], sendo o cladócero apenas mais sensível que o copépode M.
meridianus (990 µg L-1).

CONCLUSÃO

A inclusão de copépodes em estudos ecotoxicológicos que avaliem a toxicidade de


xenobióticos é importante, já que estes são organismos que desempenham um
relevante papel ecológico dentro dos ecossistemas aquáticos. No entanto, poucas
espécies desse grupo são utilizadas em teste de toxicidade, verificando-se que
apenas três são padronizadas como organismo-teste, apesar de sua maior
sensibilidade para muitos compostos. No caso dos inseticidas avaliados, por
exemplo, muitas das espécies de copépodes foram mais sensíveis que o cladócero
D. magna, uma espécie que é padronizada e amplamente empregada em ensaios
ecotoxicológicos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] HAYO, M.G.; WERF, V.D. 1996. Assessing the impact of pesticides on the
environment. Agric Ecosyst Environ. 60: 81-96.
[2] HAYES, T.B.; CASE, P.; CHUI, S.; CHUNG, D.; HAEFFELE, C.; HASTON, K.;
LEE, M.; MAI, V.P.; MARJUOA, Y.; PARKER, J. et al. 2006. Pesticide mixtures,
endocrine disruption, and amphibian declines: are we underestimating the impact?
Environ Health Perspect. 114: 40-50.
[3] KÖHLER, H.-R.; TRIEBSKORN, R. 2013. Wildlife ecotoxicology of pesticides: can
we track effects to the population level and beyond? Science. 341 (6147): 759-765.
[4] MAUCHLINE, J. 1998. The biology of calanoid copepod: Advances in marine
biology. London: Academic Press.
[5] HOOF, R.C.; PETERSON, W.T. 2006. Copepod biodiversity as an indicator of
changes in ocean and climate conditions of the northern California current
ecosystem. Linmol Oceanogr. 51(6): 2607-2620.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

[6] ISO 14669. 1999. Water Quality - Determination of acute lethal toxicity to marine
copepods (Copepoda, Crustacea). Geneva: International organization for
standardization.
[7] JAIKUMAR, G.; BAAS, J.; BRUN, N.R.; VIJVER, M.G.; BOSKER, T. 2018. Acute
sensitivity of three cladoceran species to different types of microplastics in
combination with termal stress. Environ Pollut. 239: 733-740.
[8] BOARETTO, M.A.C.; FORTI, L.C. 1997. Perspectivas no controle de formigas
cortadeiras. Série Técnica IPEF.11(30): 31-46.
[9] BOXSHALL, G.A.; DEFAYE, D. 2008. Global diversity of copepods (Crustacea:
Copepoda) in freshwater. Hydrobiologia. 595: 195-207.
[10] HAYASAKA, D.; KORENAGA, T.; SUZUKI, K.; SÁNCHEZ-BAYO, F.; GOKA, K.
2011. Differences in susceptibility of five cladoceran species to two systemic
insecticides, imidacloprid and fipronil. Ecotoxicology. 21 (2): 421-427.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Métodos alternativos para avaliação da toxicidade
375 - MÉTODO ALTERNATIVO DE CONCENTRAÇÃO DE AMOSTRA DE ÁGUA
PARA AVALIAÇÃO DA PRESENÇA DE ATIVIDADE ESTROGÊNICA

NATASHA BERENDONK HANDAM, NATHALIA ROSE DA SILVA GOMES, DANIELE


BILA BILA, ALLAN DOS SANTOS ARGOLO, MARIA DENISE NEVES BORGES, ELVIRA
CARVAJAL, ADRIANA SOTERO-MARTINS
Contato: NATASHA BERENDONK HANDAM - NATASHABHANDAM@GMAIL.COM

Palavras-chave: método de concentração; água; liofilização; atividade estrogênica

INTRODUÇÃO

O método de concentração de água para detecção de contaminantes químicos com


atividade estrogênica usualmente utilizado é caro, e extremamente poluente para o
ambiente. Dada a relevância de determinar a presença destas substâncias
desreguladoras endócrinas é importante o desenvolvimento de técnicas
financeiramente mais acessíveis aos laboratórios. Portanto o objetivo neste trabalho
foi avaliar um novo método de concentração de amostra de água para análise de
substâncias químicas com atividade estrogênica.

METODOLOGIA

Foi coletada em vidro âmbar amostra de água, do tipo água de reúso, que é o
produto líquido do esgoto tratado. Em seguida foram “dopadas” artificialmente 250
mL da amostra com 17-β-estradiol ficando na concentração final de 2 mg/L. O
método de concentração de amostra proposto por liofilização consistiu do
congelamento inicial da amostra nas paredes de vidro do recipiente da amostra
dopada e não dopada, depois de totalmente secas foram ressuspensas em 0,75 mL
de etanol absoluto, ficando concentrada 333 vezes. Posteriormente, foi realizado a
avaliação da presença de moléculas com atividade estrogênica na água por ensaio
in vitro YES (Yeast Estrogen Screen) (ROUTLEDGE E SUMPTER, 1996; BILA,
2005).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O método de concentração da amostra por liofilização foi eficiente para aferir a


presença de 17-β-estadiol na amostra de água dopada, pois a concentração
encontrada foi acima da curva padrão para 17-β-estadiol do ensaio YES, mostrando
que também havia a presença de substâncias com atividade estrogênica na própria
amostra, além da inserida artificialmente. Isto também foi evidenciado na amostra
não dopada, em que foi verificada a presença destas substâncias em baixa
quantidade, mesmo estando em concentrações baixas há um risco para a saúde
animal e humana (ENDOCRINE SOCIETY, 2014; BILA, 2007). O método de
liofilização para concentração das amostras possui o princípio de preservar a
composição química da amostra, apenas a água é retirada, sendo realizado a baixa
temperatura, sendo evitada qualquer alteração química das substâncias sensíveis
ao calor e a umidade (BARTOLOMEU, 2014). Se trata de um processo no qual as
substâncias são previamente congeladas e a quantidade de água é retirada por

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

sublimação e posteriormente por dessorção, impedindo a atividade biológica e


reações químicas (MARQUES, 2008). O método de liofilização tem sido utilizado na
a área de bio-produtos não vivos, esta inclui: enzimas, hormônios, antibióticos,
vitaminas, hemoderivados, anticorpos, vacinas inativadas, fármacos (TERRONI et
al., 2013). No entanto já foi realizada a liofilização para desidratação em pesquisa
com genisteína, flavonoide da soja, que possui atividade estrogênica (XAVIER,
2006). O estudo mostrou que a liofilização poder ser um método de concentração de
amostra de água para a aferição de substâncias com atividade estrogênica. A
tecnologia atual para concentração, usualmente realizada por cartucho, pelo método
de Extração em fase sólida (EFS) é onerosa e utiliza solventes que poluem o
ambiente.

CONCLUSÃO

O estudo mostrou que a liofilização é um método de concentração de amostra de


água eficiente para a aferição de contaminantes químicos com atividade
estrogênica. Com este método de concentração alternativo, isto significa uma
economia para os laboratórios que possuem um liofilizador para a realização destas
análises, e assim tornar estas análises mais acessíveis. O trabalho também mostrou
que a amostra de água coletada continha concentração baixa de substâncias com
atividade estrogênica, e mesmo assim o método de concentração por liofilização foi
eficiente.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BARTOLOMEU, A.M.L. Liofilización: ciencia ou arte? Saber y Hacer, v. 1, n. 1, p.


93–102, 2014.
BILA, D.M.; DEZOTTI, M. Endocrine disrupters in the enviroment: part 1 - effects and
consequences. Química Nova, v. 30, n. 3, p. 651–666, jun. 2007.
BILA, D.M. Degradação e Remoção da Atividade Estrogênica do Desregulador
Endócrino 17β-estradiol pelo Processo de Ozonização. Tese de Doutorado em
Ciências em Engenharia Química. Universidade Federal do Rio de Janeiro. Rio de
Janeiro, 2005.
ENDOCRINE SOCIETY. Introduction to endocrine disrupting chemicals (edcs) a
guide for public interest organizations and policy-makers. Washington, 2014.
MARQUES, L.G. Liofilização de frutas tropicais. Tese (Doutorado em Engenharia
Química) - Universidade Federal de São Carlos. São Carlos, SP, 255p. 2008.
ROUTLEDGE, E.J.; SUMPTER, J.P. Estrogenic Activity of Surfactants and Some of
their Degradation Products Assessed Using a Recombinant Yeast Screen.
Environmental Toxicology and Chemistry, 15 (3), 241-248, 1996.
TERRONI, H.C.; DE JESUS, J.M.; ARTUZO, L.T.; VENTURA, L.V.; SANTOS, R.F.;
DAMY-BENEDETTI, P.C. Liofilização. Revista Científica Unilago. 2013.
XAVIER, C.R. Associação da isoflavona genisteína com beta-ciclodextrina :
avaliação da penetração cutânea. Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas. 2006.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Oral
Métodos alternativos para avaliação da toxicidade
394 - COMPARAÇÃO DOS VALORES DE CENO E CEX EM ENSAIOS DE
SENSIBILIDADE COM Raphidocelis subcapitata

KÁTIA REGINA CHAGAS, LUCAS BUENO MENDES, VITOR TAMOTSU TAVARES


AKAMINE, FERNANDO AQUINOGA DE MELLO, MARCOS BARRETO RAMOS, KARINA
OLIVEIRA MENDES, HELLYENE KATLLEN DOS SANTOS, BRUNA HORVATH VIEIRA,
LIVIA MACHADO, TATIANA HEID FURLEY, RICARDO WAGNER REIS
Contato: KÁTIA REGINA CHAGAS - KATIA@APLYSIA.COM.BR

Palavras-chave: ecotoxicidade, microalga, concentração de efeito não observado, concentração de


efeito

INTRODUÇÃO

Existe uma tendência mundial em substituir a expressão de resultado concentração


de efeito não observado (CENO) pela concentração de efeito (CE) (LANDIS e
CHAPMAN, 2011; LANDIS e FOX, 2016). Essa tendência tem como argumento a
robustez estatística que suportam os resultados gerados a partir de estimativas
baseadas em regressão (CEx%) quando comparados às inferências estatísticas que
fundamentam a expressão em CENO e CEO (concentração de efeito observado). O
objetivo deste trabalho foi comparar as expressões de resultados de CEx% com as
expressões de CENO e CEO para ensaios de toxicidade crônicos com a microalga
chlorophyceae Raphidocelis subcapitata.

METODOLOGIA

Foram utilizados dados de 30 ensaios de sensibilidade com a alga Raphidocelis


subcapitata, realizados no período de 2013 a 2016. Os ensaios foram conduzidos
segundo a Norma ABNT NBR 12648, com duração de 72 horas, utilizando como
substância de referência cloreto de sódio, tendo sido avaliadas cinco concentrações.
A partir dos ensaios foram realizados os cálculos de CE10%, CE20%, CE25% e
CE50% através do método de interpolação linear e cálculo da CENO e CEO através
do teste de Dunnett’s. Após esses cálculos os resultados foram avaliados
descritivamente e, posteriormente, comparados através do teste de Mann Whitney.
Para todos os cálculos estatísticos foram considerados os pressupostos de
normalidade e homocedasticidade e considerado o nível de significância de 5%.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os valores da CE10% variaram entre 0,579 e 3,571 g/L, com média de 1,911 g/L.
Para os valores de CE20% a faixa foi entre 1,036 e 4,661 g/L, com média de 2,593
g/L, enquanto que para a CE25% os valores estiveram entre 1,264 e 6,046 g/L, com
média de 4,233 g/L. Já os valores de CE50% estiveram entre 2,931 e 6,046 g/L, com
média de 4,233 g/L. Em relação as expressões usualmente empregada nos ensaios
crônicos, para CENO os valores variaram entre 0,5 e 5 g/L, com média de 1,95 g/L,
e para o CEO variaram entre 2,0 e 6,5 g/L, com média de 3,45 g/L. A análise
descritiva demonstrou que os resultados das CEx% foram os que apresentaram
menor amplitude, variância e desvio padrão, quando comparados com os valores de

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

CEO e CENO. Além disso, a faixa encontrada para a CENO abrangeu os resultados
referente as avaliações da CE10%, CE20% e CE25%, o que indica que a expressão
da CENO englobou efeitos entre 10 e 25% sobre a inibição do crescimento.
As avaliações estatísticas comparativas entre CENO e CE10%, CE20% e CE25%
demonstraram não existir diferenças significativa apenas para a comparação entre
CENO e CE10%, sendo os valores de p: 0,4 (CENO x C10), 0,035 (CENO x CE20%)
e 0,001 (CENO x CE25%). Apesar da análise descritiva dos dados demonstrar que
os valores máximos e mínimos da CENO abrangeram os valores referentes a
CE10%, CE20% e CE25%, apenas a CE10 apresentou-se estatisticamente igual ao
CENO. Desse modo, sugere-se a utilização da CE10% como expressão de
resultado equivalente à CENO. Esses resultados estiveram de acordo com outros
trabalhos, que apontam que os valores de CENO correspondem a respostas de 10 a
30% (LANDIS e CHAPMAN, 2011; MOORE e CAUX, 1997).
Já a comparação da CEO com os valores de CE20%, CE25% e CE50%,
demonstrou que a CEO apresentou diferença em relação aos valores de CE20%
(p=0,023) e CE50% (p=0,008), sendo estatisticamente igual à CE25 (p=0,384).

CONCLUSÃO

A partir dos resultados obtidos e com base na maior robustez estatística que
suportam os resultados gerados a partir de estimativas baseadas em regressão
(CEx), sugere-se que a expressão dos resultados dos ensaios ecotoxicológicos
sejam preferencialmente feitas com base nas CExs. Além disso, considerando que a
CENO pode representar efeitos que variam de 10 a 30%, considera-se que a CE10
seja uma expressão mais adequada quando se pretende um indicador mais preciso,
restritivo e seguro para se alcançar o limite de efeito, pois não sofre interferência do
design experimental e traduz de forma direta a curva dose x reposta.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

FOX, D.R.; LANDIS, W.G. Don’t be fooled—A no-observed-effect concentration is no


substitute for a poor concentration–response experiment. Environmental Toxicology
and Chemistry, v. 35, n. 9, p. 2141–2148, 2016.
LANDIS, W.G.; CHAPMAN, P.M. Well Past Time to Stop Using NOELs and LOELs.
Editorial—Integr Environ Assess Manag 7, 2011.
MOORE, D.R.J.; CAUX, P.Y. Estimating low toxic effects. Environmental Toxicology
and Chemistry, v. 16, n. 4, p. 794–801, 1997.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Métodos alternativos para avaliação da toxicidade
397 - FITOTOXICIDADE DE ÁGUA RESIDUÁRIA DE FOSSAS SÉPTICAS, POR
MEIO DO ÍNDICE DE VELOCIDADE E PORCENTAGEM DE GERMINAÇÃO DE
SEMENTES DE Lactuca sativa

MÔNICA CYNTIA FERREIRA SANTOS, CLEITON PEREIRA DE SOUZA, MONIQUE


BEATRIZ BARBOSA, VITOR RODRIGUES DA CRUZ, CINTYA APARECIDA
CHRISTOFOLETTI DE FIGUEIREDO
Contato: MÔNICA CYNTIA FERREIRA SANTOS - MONICATRAVENSOLO@GMAIL.COM

Palavras-chave: efluente doméstico; alface; contaminação ambiental

INTRODUÇÃO

Diante da preocupação com o despejo de efluentes no ambiente, que tem sido muito
discutida em meio à comunidade cientifica mundial, avaliações que visam aferir a
qualidade do meio ambiente e métodos para quantificar possíveis contaminações
são de grande importância. Neste contexto, o presente trabalho visa avaliar a
fitotoxicidade da água residuária liberada pelas fossas sépticas biodigestoras,
método atualmente empregado na redução da contaminação do solo, em
substituição às antigas “fossas negras”, responsáveis por grande parte da
contaminação ambiental em regiões onde não se tinha saneamento básico, por meio
de bioensaios de germinação utilizando sementes de alface (Lactuca sativa).

METODOLOGIA

O bioensaio foi realizado utilizando placas de Petri, recobertas com papel de filtro.
Trinta sementes de L. sativa foram distribuídas em cada placa e submetidas à
germinação em incubadora BOD, com temperatura controlada de 22ºC ± 1, por 120
horas de exposição. As sementes foram germinadas diretamente em 5 mL de seis
diferentes diluições de amostras de água residuária de fossa sépitica (5, 10, 20, 40,
80 e 100%), oriunda da cidade de Rio Claro-SP. Sulfato de zinco hepta-hidratado
(0,05 M) foi utilizado para o controle positivo (CP) (LOPES, 2014) e água destilada
para o controle negativo (CN). O bioensaio seguiu um delineamento inteiramente
casualizado (CRD), com cinco repetições.
O número de sementes germinadas após 8, 16, 24, 32, 40 e 48 horas de exposição
foi contabilizado, assim como o índice de velocidade de germinação (IVG), segundo
Palmieri et al. (2014). Ao final das 120 horas de exposição foi calculada a
procentagem de germinação. A normalidade e a homogeneidade das variâncias dos
dados de porcentagem de germinação e índice de velocidade de germinação (IVG)
foram analisadas estatisticamente com auxílio do programa SPSS V.22. Os testes
estatísticos utilizados foram o de Shapiro-Wilk e Levene, com nível de significância
de 5%, respectivamente.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A toxicidade aguda de um poluente puro e/ou de misturas complexas pode ser


avaliada, eficientemente, por meio de testes de germinação e crescimento radicular
empregando vegetais como bioindicadores (TORRES et al., 2003). Pelos bioensaios

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

realizados, considerando a taxa de germinação, foi possível observar que apenas as


diluições de 80% e 100% reduziram a germinação das sementes de modo
estatisticamente significativo. Para estas diluições, as sementes germinadas
apresentaram ainda turgidez e coloração amarronzada em seu ápice, o que pode
caracterizar necrose tecidual.
Pelo índice de velocidade de germinação foi possível observar que as diluições de
20 e 40% também apresentaram valores reduzidos e estatisticamente significativos,
quando comparados aos valores obtidos para o CN. Em contrapartida, não foram
observadas diferenças estatisticamente significativas entre os tratamentos, para o
parâmetro crescimento de raiz.
De acordo com a literatura, as fossas sépticas são uma alternativa viável ao
tratamento de esgoto doméstico. De acordo com Andrioli (2009), após o processo de
biodigestão do esgoto por esse sistema, pode haver a redução de cerca de 40-70%
e 50-80% na DBO e DQO, respectivamente. Contudo, Pereira et al. (2018) afirmam
que por mais que haja a redução de parâmetros como DBO e DQO e outros
elementos, alguns ainda permanecem acima do valor permitido.
A salinidade, metais e quantidade de matéria orgânica no efluente da fossa séptica
são fatores capazes de inibir ou reduzir o potencial germinativo de sementes
(RODRIGUES et al. 2013). Tais parâmetros podem ter influenciado nos resultados
obtidos no presente estudo. Por esta razão, segundo Savegnago e Ferri (2004), é
necessária a manutenção e monitoramento do processo para garantir a
descontaminação de esgotos domésticos.

CONCLUSÃO

Por meio deste estudo, pode- se concluir que a amostra avaliada demonstrou
fitotoxicidade para o organismo teste empregado (Lactuca sativa). Com base nos
resultados obtidos, recomenda- se cautela na descarga desse tipo resíduo no meio
ambiente. Por esta razão, são ainda necessárias análises fisico- químicas (das
amostras) e outros bioensaios utilizando diferentes biondicadores para uma
avaliação integrada da toxicidade de resíduos oriundos de fossas sépticas
biodigestoras (FSB) avaliando diferentes biomarcadores.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANDREOLI, C.V. Lodo de fossa séptica: Caracterização,tecnologias de tratamento,


gerenciamento e destino final. 1ª ed. 388 p. Rio de Janeiro: ABES, 2009.
LOPES, P.R.M. Biorremediação de solo contaminado com óleo lubrificante pela
aplicação de diferentes soluções de surfactante químico e biossurfactante produzido
por Pseudomonas aeruginosa LBI. 2014. 183 f. Tese (Doutorado) - Universidade
Estadual Paulista- Instituto de Biociências de Rio Claro, 2014.
PALMIERI, M.J.; LUBER, J.; ANDRADE-VIEIRA, L.F.; DAVIDE, L.C. Cytotoxic and
phytotoxic effects of the main chemical components of spent pot-liner: A comparative
approach. Mutation Research, v.763, p.30–35, 2014.
PEREIRA, M.A.B.; BESSA, N.G.F.; FREITAS, G.A.; CARNEIRO E ANTONIO, J.S.S.;
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doméstico no assentamento Vale Verde, Tocantins. Tecnologia & Ciência
Agropecuária, v.12, n.1, p. 7-14, 2018.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

RODRIGUES, L.C.A.; BARBOSA, S.; PAZIN, M.; MASELLI, B.S.; BEIJO, L.A.;
KUMMOROW, F. Fitotoxicidade e citogenotoxicidade da água e sedimento de
córrego urbano em bioensaio com Lactuca sativa. Revista Brasileira de Engenharia
Agrícola e Ambiental, v.17, n.10, p.1099–1108, 2013.
SAVEGNAGO, L.; FERRI, R. Caracterização de esgoto oriundo de fossa séptica
biodigestora e seu potencial para a aplicação na agricultura como biofertilizante.
2014. 66 f. Trabalho de conclusão de curso. Universidade Tecnológica Federal do
Paraná. Francisco Beltrão, 2014.
TORRES, A.C.; NASCIMENTO, W.M.; PAIVA, S.A.V.; ARAGAO, F.A.S.,Bioassay for
detection of transgenic soybean seeds tolerant to glyphosate. Pesquisa
Agropecuaria Brasileira, v. 38, n. 9, p. 1053-1057, 2003.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Métodos alternativos para avaliação da toxicidade
402 - NOVA METODOLOGIA PARA ENSAIOS COM Hypoaspis aculeifer: O
MÉTODO DE EXPOSIÇÃO PODE ALTERAR A SENSIBILIDADE?

LETICIA SCOPEL CAMARGO CARNIEL, OSMAR FILHO KLAUBERG-FILHO, CARLA


SOFIA PEREIRA, JOSE PAULO SOUSA, TIAGO NATAL DA LUZ
Contato: OSMAR KLAUBERG-FILHO - KLAUBERG65@GMAIL.COM

Palavras-chave: Clorotalonil; agrotóxicos; comida contaminada

INTRODUÇÃO

Na ecotoxicologia terrestre, Hypoaspis aculeifer é a espécie de ácaro usada nos


testes. Doses resposta para esse organismo aos contaminantes são geralmente
maiores que para outras espécies, indicando a possibilidade de uma baixa
sensibilidade dos ácaros, especialmente para fungicidas (OWOJORI et al., 2013).
Contudo, a metodologia de contaminação é restrita ao solo, não ocorrendo no
alimento, o que pode ser determinante na sensibilidade de H. aculeifer. O objetivo
deste trabalho foi avaliar a diferença de sensibilidade dos ácaros (Hypoaspis
aculeifer) em duas diferentes abordagens de exposição (Solo x Solo + Alimento) ao
Chlorothalonil (Bravonil 500®).

METODOLOGIA

Ensaios foram baseados no Protocolo OECD 226 (2008). Dez fêmeas adultas (28-35
dias) de Hypoaspis aculeifer (Soil Ecology and Ecotoxicology Laboratory,
Universidade de Coimbra, Portugal) foram colocadas em recipientes de vidro
contendo 25 g de Solo Artificial Tropical contaminado com diferentes doses de
clorotalonil (Bravonil 500®) [3,75; 7,5; 15; 30; 60; 120; 240; 420 mg i.a. kg -1]. Para o
ensaio com comida contaminada, além do solo, levedura foi contaminada com as
mesmas doses, armazenada over night (-80ºC), liofilizada (48 h) e reservada (-20ºC)
para servir como alimento aos cheese mites (Tyrophagus putrescentiae), que foram
colocados em contato com o substrato durante quatro dias (período de uptake).
Esse procedimento foi repetido em sete diferentes dias (Uma para cada nova
alimentação do teste). Cheese mites serviram como alimento a cada 48 horas. Ao
final de 14 dias os organismos foram extraídos do SAT por gradiente de temperatura
e contabilizados com auxílio de estereomicroscópio (40x). Para análise estatística foi
conduzida ANOVA, seguida do teste de Dunnett para verificar diferenças entre as
doses e o controle.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Ambos testes foram validados de acordo com o Protocolo OECD 226 (2008). Testes
de Normalidade (Shapiro Wilk) e de homogeneidade de variâncias (Bartlett) foram
atendidos. Para os dois ensaios (Solo contaminado / Solo e comida contaminada)
não houve sensibilidade de H. aculeifer ao clorotalonil, mesmo na dose mais alta
testada. A concentração de efeito não observada (CENO) foi igual a 420 mg i.a. kg-
1. Nenhuma dose foi significativamente diferente dos controles de acordo com o
teste de Dunnett (p < 0,5). Como não houve sensibilidade, não foi possível calcular

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

concentrações de efeito (CE) para este organismo. São escassos trabalhos


descritos na literatura abordando o risco do clorotalonil para a fauna do solo. Leitão
et al. (2014) encontraram valores de EC50 para Enchytraeus crypticus (112 (89.8–
136.1) mg i.a.kg-1), Eisenia andrei (40.9 (30.1–51.7) mg i.a.kg-1) e Folsomia candida
(31.1 (24.7–37.5) mg i.a. kg-1) em Solo Artificial OECD, com 10% de turfa. Efeitos do
Clorotalonil foram observados por Tu et al. (2011), através de seis aplicações de
1238 g m² de Daconil Ultrex (i.a. clorotalonil) em um experimento de campo. Os
autores observaram uma redução significativa na alimentação e abundância de
minhocas. Para H. aculeifer, até o presente não foram relatados ensaios na
literatura. A ausência de sensibilidade para ambas metodologias pode estar
relacionada a (i) uma real ausência de toxicidade desse agrotóxico para os ácaros,
visto que artrópodes de uma forma geral costumam ser menos sensíveis aos
fungicidas que os Oligochaeta, por exemplo, e ainda, que os ácaros são,
comumente menos sensíveis que os colêmbolos (OWOJORI et al., 2013); (ii) uma
metodologia ainda não adequada, uma vez que o tempo que os cheese mites
permaneceram na comida contaminada pode não ter sido suficiente para o uptake
ou tão longo que já houve mudança e perda da molécula. Para confirmar qualquer
destas duas hipóteses, mais testes são necessários com outras substâncias,
enquanto que novas metodologias não sejam sugeridas.

CONCLUSÃO

Nos dois diferentes cenários de exposição (Solo contaminado ou Solo e comida


contaminados) não houve sensibilidade dos H. aculeifer ao fungicida clorotalonil,
mesmo na dose mais alta testada (420 mg i.a.kg-1) não sendo possível definir doses
de risco. Por essa razão, não foi possível identificar diferenças entre as duas
metodologias testadas. Outros ensaios com diferentes substâncias que sabidamente
ofereçam toxicidade para este grupo da fauna edáfica são necessários para avaliar a
abordagem de contaminação sugerida.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

LEITÃO, S.; CEREJEIRA, M.J.; VAN DEN BRINK, P.J.; SOUSA, J.P. Effects of
azoxystrobin, chlorothalonil, and ethoprophos on the reproduction of three terrestrial
invertebrates using a natural Mediterranean soil. Applied Soil Ecology, 76:124-131,
2014.
OECD - Organisation for Economic Co-operation and Development. 2008. Test No.
226: Predatory mite (Hypoaspis (Geolaelaps) aculeifer) reproduction test in soil.
OECD Guidelines for the Testing of Chemicals. Paris, France.
OWOJORI, O.J.; WASZAK, K.; ROEMBKE, J. Avoidance and reproduction tests with
the predatory mite Hypoaspis aculeifer: effects of different chemical substances.
Environmental Toxicology and Chemistry, Vol. 33, No. 1, pp. 230–237, 2014.
TU, C.; WANG, Y.; DUAN, W.; HERTL, P.; TRADWAYA, L.; BRANDENBURGD, R.;
LEE, D.; SNELL,M.; HU, S. Effects of fungicides and insecticides on feeding behavior
andcommunity dynamics of earthworms: implications for casting control in turfgrass
systems. Appl. Soil Ecol. 47, 31–36, 2011.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

FONTES FINANCIADORAS

Programa PDSE, número 88881.132041/2016-01, Bolsa Doutorado Sandwich de


Leticia S.C. Carniel

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Painel
Métodos alternativos para avaliação da toxicidade
465 - AVALIAÇÃO ECOTOXICOLÓGICA DO EXTRATO DE DECOCÇÃO DE
FRUTOS IMATUROS DE Ilex paraguariensis A. ST-HIL. EM ZEBRA-FISH (Danio
rerio)

FABIANO CARVALHO DE BRITO, ALEXANDRE ARENZON, GRACE GOSMANN, VERA


MARIA FERRÃO VARGAS
Contato: ALEXANDRE ARENZON - ALEX@UFRGS.BR

Palavras-chave: Erva-mate; biocida; organismos não alvo; controle químico

INTRODUÇÃO

Extratos vegetais podem fornecer alternativas no controle de pragas. Os frutos


imaturos da erva-mate alocam substâncias de metabolismo secundário como
taninos e saponinas que podem agir como biocidas naturais. A composição
fitoquímica dos frutos apresenta maiores teores destes metabólitos em relação às
outras partes da planta, podendo ocasionar diferentes respostas decorrente desta
mistura complexa destas. A aplicação desses extratos pode ocasionar diferentes
respostas biológicas, sendo necessária a investigação de efeitos em organismos
não-alvo. No presente estudo verificou-se a toxicidade aguda do extrato liofilizado de
decocção de frutos imaturos de erva-mate em larvas de Zebra-Fish (Danio rerio).

METODOLOGIA

Extração: Os frutos imaturos foram coletados em uma área nativa localizada na


cidade de Ilópolis, RS. O material vegetal foi seco em estufa de ar circulante (≤40°C)
e depois triturados em liquidificador. Do pó resultante foi realizada a decocção
((1:10(g/ml)) (100ºc) em água destilada (2X). Em seguida, o conteúdo foi resfriado,
filtrado e liofilizado. Ensaios de Toxicidade: foram utilizadas larvas de Danio rerio
com 10 dias pós eclosão, divididas em 3 grupos (grupo 1: com troca de solução a
cada 24h; grupo 2: com troca de solução a cada 48h; grupo 3: sem troca de
solução); Para os ensaios foram aplicadas as seguintes concentrações: 1,25; 2,5; 5;
10; 20; 40 mg.L-1. O ensaio foi realizado em béqueres com 100ml de solução, em
duplicata (n=20), com tempo total de duração de 96h. Os indivíduos mortos foram
contabilizados e retirados do experimento. Para o cálculo da LC50 foi utilizado o
método Trimmed Spearman-Karber (95% i.c) (HAMILTON, et al., 1977).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

De acordo com os resultados obtidos com o decocto do fruto imaturo da erva mate,
em 24 horas de ensaio não foi possível estimar a Concentração Letal (CL50) pela
ausência de mortalidade nos três grupos avaliados. Após 48 horas de exposição a
CL50 para o grupo 1 (trocas a cada 24 h) foi de 20,7 mg L -1; para o grupo 2 (trocas a
cada 48 h) a CL50 foi de 37,3 mg L-1 e para o grupo 3 (sem trocas por 96 h) a CL50
foi de 14,1 mg L-1. Após estas primeiras 48 horas de exposição o esperado seriam
respostas semelhantes para os grupos 2 e 3, que até então correspondiam as
mesmas concentrações, expostas pelo mesmo tempo, e com o mesmo intervalo de
trocas das soluções. Contudo, foi observada diferença entre os resultados destes

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

dois grupos em 48 h de exposição. Após 72 horas de exposição a CL50 para o


grupo 1 (trocas a cada 24 h) foi de 14,6 mg L-1; para o grupo 2 (trocas a cada 48 h) a
CL50 foi de 23,3 mg L-1 e para o grupo 3 (sem trocas por 96 h) a CL50 foi de 12,7
mg L-1. Observou-se um aumento da toxicidade nos dois grupos onde houve
renovação da solução (grupos 1 e 2). Após 96 horas de exposição o aumento da
toxicidade foi apenas mais expressivo no grupo 3, exatamente onde não houve troca
da solução desde o início do experimento. A variabilidade dos resultados obtidos
deixa dúvidas em relação a homogeneidade dos compostos presentes no decocto.

CONCLUSÃO

Extratos de origem vegetal podem ser uma alternativa para aplicação como Biocidas
no controle de pragas. Porém, ensaios realizados com extratos brutos podem não
representam a melhor forma de avaliação dos potenciais efeitos gerados pelos
compostos presentes. Em razão da ausência de um refinamento fitoquímico desta
metodologia de extração, estas podem ser heterogêneas na distribuição de seus
compostos podendo, desta forma, ocasionar respostas variadas nos resultados dos
ensaios de toxicidade.

FONTES FINANCIADORAS

CAPES, CNPq (308272/2015-3), PPG Ecologia e Ximango Ind. de Erva-mate

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Microcosmos, mesocosmos e
experimentos in situ

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Oral
Microcosmos, mesocosmos e experimentos in situ
166 - ASPECTOS ANATÔMICOS FOLIARES DE Tradescantia pallida NA
AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DO AR NA MESORREGIÃO SUDOESTE DE MATO
GROSSO DO SUL

ALINE NASCIMENTO ROCHA, ROSILDA MARA MUSSURY FRANCO SILVA


Contato: ALINE NASCIMENTO ROCHA - ALINE_2402@HOTMAIL.COM

Palavras-chave: Biomonitoramento; Estômatos; Trapoeraba roxa.

INTRODUÇÃO

Respostas morfoanatômicas em plantas aos poluentes aéreos vem sendo descritas


por muitos cientistas como alterações na área dos feixes vasculares, aumento ou
redução na densidade dos tricomas e células hipertrofiadas ou colapsadas do
mesofilo. Muitos trabalhos sustentam a hipótese de que variações na espessura dos
tecidos e estruturas são respostas observadas na sensibilidade do vegetal aos
poluentes. Tendo como base a importância de se estudar as condições do ar em
cidades do Mato Grosso do Sul, o presente trabalho objetivou identificar quais
parâmetros anatômicos foliares em Tradescantia pallida que são potenciais
indicadores dos efeitos da poluição aérea.

METODOLOGIA

Durante todas as estações do ano, populações de Tradescantia pallida foram


expostas ao fluxo veicular da área urbana de dez cidades da mesorregião sudoeste
do Mato Grosso do Sul, são elas: Amambai, Antônio João, Aral Moreira, Bela Vista,
Coronel Sapucaia, Laguna Caarapã, Maracaju, Naviraí, Ponta Porã. E uma situação
controle em Dourados (mata). Para as análises anatômicas, cinco folhas mais
expandidas de plantas distintas de cada ponto foram medidos os tecidos/estruturas:
Face superior da cutícula, Face inferior da cutícula , Face superior da epiderme,
Face inferior da epiderme, Hipoderme e Mesófilo. Para a análise estomática, cinco
folhas foram seccionadas em cortes paradérmicos, calculando o índice estomático.
foi mensurado o fluxo veicular e as condições ambientais de cada ponto amostral. O
experimento foi conduzido em delineamento inteiramente casualizado em esquema
fatorial, sendo 10 cidades x 7 épocas com 10 repetições.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O presente estudo indicou a ocorrência de redução na estrutura foliar de cidades


com maior intensidade de tráfego veicular e com condições ambientais
características da altitude em que estão localizadas, principalmente quando
comparados a área de mata (onde não há fluxo veicular). Podemos inferir essa
resposta como uma possível adaptação para impedir o deslocamento dos poluentes
gasosos no interior da folha. A anatomia das plantas são comumente afetadas por
diversos fatores ambientais e da interação entre eles. As diferentes condições
ambientais presentes em cada época de avaliação e a localização das cidades
determinaram, em parte, as modificações anatômicas observadas para muitas delas.
Um exemplo claro dessa interferência foi a comparação nos dados obtidos para

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

cidades localizadas em altitudes muitos próximas como Ponta Porã, Antonio João e
Bela Vista, cidades localizadas na serra de Maracaju com clima típico. O fluxo
veicular para a cidade de Ponta Porã foi um dos mais elevados observados e a
cidade apresenta ao longo do dia flutuações na temperatura e umidade relativa,
garantindo que os poluente fiquem dispersos na atmosfera e o ar frio os impeça de
ser dissipado. Para as estrutura/tecidos de proteção, como cutícula e epiderme
observou-se que a face abaxial da epiderme e cutícula não apresentaram correlação
com as variáveis analisadas, no entanto a cutícula e a face adaxial da epiderme as
alterações ocorreram, provavelmente pela exposição direta as condições ambientais
e poluentes . As cidades situadas na Serra de Maracaju demonstraram tendência de
afinamento do mesofilo apresentando correlação positiva e significativa com o fluxo
veicular. Foi observado que a face superior da cutícula e da epiderme respondem
com variações da espessura as condições ambientais .O índice estomático de
Tradescantia pallida foi menor quando exposta em ambiente de grande altitude, alto
fluxo veicular e elevada temperatura, podemos inferir ser uma resposta biológica
para impedir o deslocamento dos poluentes gasosos no interior da folha reduzindo o
contato com algum componente com poder de toxicidade.

CONCLUSÃO

As variações da espessura da face superior da cutícula e da epiderme


demonstraram interação com as condições ambientais, de maneira que podemos
inferir como uma resposta biológica a condições especificas.
O índice estomático de Tradescantia pallida pode ser uma resposta biológica para
impedir o deslocamento dos poluentes gasosos no interior da folha, já que são
características diretamente influenciadas pela altitude, fluxo veicular e temperatura
da localidade.
Cutícula, epiderme e índice estomático foram as características morfoanatômicas
que melhor responderam as diferentes condições expostas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALVES, E.S.; GIUSTI, P.M.; DOMINGOS, M.; SALDIVA, P.H.N.; GUIMARÃES, E.T.;
LOBO, D.J.A. 2001. Estudo anatômico foliar do clone híbrido de Tradescantia:
alterações decorrentes da poluição aérea urbana. Brazilian Journal of Botany. 24:
561-566.
ALVES, E.S.; TRESMONDI, F.; LONGUI, E.L. 2008. Análise estrutural de folhas de
Eugenia uniflora L. (Myrtaceae) coletadas em ambientes rural e urbano, SP, Brasil.
Acta Bot Bras. 22: 241-248.
CALABONI, C.; MARTINS, M.B.G.; ROSSI, M.L. 2014. Anatomia foliar e análise de
EDX de Costus spiralis (Jacq.) Roscoe de ambiente impactado e não impactado do
litoral de São Paulo. Iheringia. Série Botânica., 68(2), 225-235.
DA COSTA, V.B.S.; DA SILVA, W.J.M.S.; DE ALMEIDA, G.M.A.; FERREIRA,
M.H.G.; DE OLIVEIRA, T.H.; GALVÍNCIO, J.D.; DE MENDONÇA PIMENTEL, R.M.
2015. Influence of Air Pollution in Terminalia catappa L. in Urban Areas. Revista
Brasileira de Geografia Física, 8(2), 236-252.
ELEFTHERIOU, E.P. 1987. A comparative study of the leaf anatomy of olive trees
growing in the city and the country. Environ Exp Bot. 27: 105-117.

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

GRANT, W.F.; LEE, H.G.; LOGAN, D.M.; SALAMONE, M.F. 1992. The use of
Tradescantia and Vicia faba bioassays for the in situ detection of mutagens in an
aquatic environment. Mutation Research. Nov.1;270(1):53-64.
PAIVA, É.A.S., ISAIAS, R.M.D.S., VALE, F.H.A., QUEIROZ, C.G.D.S. (2003). The
influence of light intensity on anatomical structure and pigment contents of
Tradescantia pallida (Rose) Hunt. cv. purpurea Boom (Commelinaceae) leaves.
Brazilian Archives of Biology and Technology, 46(4), 617-624.
REIG-ARMIÑANA, J.; CALATAYUD, V.; CERVERÓ, J.; GARCIA-BREIJO, F. J.;
IBARS, A.; SANZ, M. J. 2004. Effects of ozone on the foliar histology of the mastic
plant (Pistacia lentiscus L.). Environmental Pollution. 132:321-31.
SAVÓIA, E.J.L.; DOMINGOS, M.; GUIMARÃES, E.T.; BRUMATI, F.; SALDIVA,
P.H.N. 2008. Biomonitoring genotoxic risks under the urban weather conditions and
polluted atmosphere in Santo André, SP, Brazil, through Trad-MCN bioassay.
Ecotoxicology and Environmental Safety. Santo André, 72(1): 255-260.

FONTES FINANCIADORAS

Agradecimentos a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior


(CAPES) por concessão de bolsa para um dos autores. A Universidade Federal da
Grande Dourados (UFGD) pelo apoio técnico e logístico no desenvolvimento do
trabalho.

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Oral
Microcosmos, mesocosmos e experimentos in situ
177 - EFEITOS DA APLICAÇÃO EM CAMPO DO HERBICIDA METSULFURON-
METHYL PARA A FAUNA EDÁFICA

FERNANDA BENEDET DE SANTO, GUILHERME ALVES RAMOS, ALTAIR MAÇANEIRO


RICARDO FILHO, TATIANI MARIA PECH, NAIARA GUERRA, MONICA VIANNA, JOAO
PAULO MACHADO TORRES, CESAR AUGUSTO MARCHIORO, JULIA CARINA
NIEMEYER
Contato: FERNANDA BENEDET DE SANTO - FERNANDADESANTO@GMAIL.COM

Palavras-chave: agrotóxicos; ensaios in situ; ecotoxicologia terrestre; invertebrados de solo

INTRODUÇÃO

Um dos maiores desafios da ecotoxicologia é aumentar a relevância ecológica dos


dados obtidos em laboratório. Uma das formas é se utilizar de ensaios in situ, de
forma que se conserve a integridade do ecossistema. Levando em consideração o
forte cenário agrícola brasileiro, que fizeram do país o maior consumidor mundial de
agrotóxicos, colocando os herbicidas dentre as classes de produtos mais usadas no
país, o objetivo deste trabalho foi avaliar os efeitos da aplicação do herbicida
metsulfuron-methyl sobre a atividade alimentar da fauna edáfica, seu
comportamento e identificação da comunidade da mesofauna, além da
determinação do residual presente.

METODOLOGIA

Durante a safra 2017/2018 foram realizadas seis aplicações (27/07, 11/08, 27/08,
11/09, 25/09 e 17/10) do herbicida Ally® (600 g.L -1 metsulfuron-methyl) nas doses
mínima (2 g i.a. ha-1) e máxima (4 g i.a. ha-1) recomendadas para aveia-preta (Avena
strigosa). O experimento seguiu delineamento de blocos casualizados, com 13
tratamentos (6 para a dose mínima e 6 para a máxima) e 1 testemunha, com 3
repetições cada. Para avaliação da atividade alimentar da fauna edáfica, utilizou-se
o teste Bait lamina (ISO 18311:2016), consistindo na inserção de uma lâmina vertical
com 16 furos preenchidos com 70% de celulose, 25% de farinha de trigo e 5% de
carvão ativado, ficando a campo 40 dias após a última data de aplicação do
herbicida. O comportamento de fuga de minhocas (Eisenia andrei) e colêmbolos
(Folsomia candida) foi avaliado em ensaios com solo coletado do campo onde o
herbicida foi aplicado. Para coleta da mesofauna, foram usados anéis de inox de
50cm³ com extração em funil de Berlese-Tüllgren, sendo identificados os organismos
a nível de Ordem. A coleta do solo ocorreu no dia 28/10 (10 dias após a última
aplicação) em profundidade de 0-20 cm e o residual foi determinado por
cromatografia líquida de alta eficiência.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Não houve efeito das aplicações de metsulfuron-methyl sobre a atividade alimentar


da fauna edáfica. As doses aplicadas não ocasionaram a fuga das minhocas. Houve
fuga dos colêmbolos na dose máxima recomendada. Na avaliação da mesofauna,
em geral, foi registrada baixa abundância de organismos em todos os tratamentos e

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

no controle, o que pode ser um reflexo do manejo da área estudada. Não houve
diminuição no número de grupos ou na riqueza de espécies quando comparadas as
aplicações recentes com as antigas, ou quando as áreas com aplicação foram
comparadas ao controle. No presente trabalho, o metsulfuron-methyl foi aplicado
como pré-emergente, portanto, sem adição de óleo mineral como adjuvante. Os
estudos realizados em laboratório têm demonstrado que só há efeitos sobre o
comportamento de fuga ou sobre a reprodução dos invertebrados de solo quando o
metsulfuron-methyl é aplicado com adjuvante. Os resultados deste experimento de
campo corroboram o que foi encontrado nos ensaios laboratoriais. Os residuais do
herbicida encontrados à campo foram menores nas parcelas onde a aplicação foi
mais antiga, conforme esperado. Os valores encontrados foram de 0,43 ± 0,03
µg.Kg-1 (aplicação de 27/07) a 0,65 ± 0,02 µg.Kg-1 (17/10) para a dose mínima,
chegando próximos ao dobro dos valores para a dose máxima (de 0,7 ± 0,02 µg.Kg -
1
, em 27/07 a 1,2 ± 0,04 µg.Kg-1, em 17/10). O maior valor foi determinado para a
aplicação do dia 25/09 (1,67 µg.Kg-1), provavelmente devido aos altos índices
pluviométricos entre uma aplicação e outra (174 mm), o que pode ter aumentado a
lixiviação do produto. O maior valor encontrado é baixo se comparado à
concentração aplicada.

CONCLUSÃO

O herbicida metsulfuron-methyl não apresentou efeitos para a atividade alimentar da


fauna edáfica, nem sobre abundância e riqueza da mesofauna. As doses
recomendadas não ocasionaram fuga das minhocas, porém a dose máxima
ocasionou fuga dos colêmbolos. Os resultados apontam para uma baixa
ecotoxicidade deste herbicida quando usado na pré-emergência (sem adição de
adjuvantes). Todavia, na presença de adjuvantes (pós-emergência) a sorção do
produto ao solo pode aumentar, levando a possíveis efeitos ecotoxicológicos em
campo, o que não foi avaliado neste estudo. Ensaios de campo contribuem para
melhor entender os efeitos dos agrotóxicos para os organismos não-alvo no
ecossistema agrícola.

FONTES FINANCIADORAS

Bolsa CAPES/FAPESC nº 88887.178188/2018-00; Projeto CNPq Universal nº


454842/2014-7.

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Modelagem e ecotoxicologia
preditiva

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Painel
Modelagem e ecotoxicologia preditiva
237 - EFEITO GENOTÓXICO EM ZEBRAFISH INDUZIDO POR AREA SOB
INFLUÊNCIA PETROQUÍMICA: PREDIÇÃO DE RISCOS PARA A SAÚDE
HUMANA UTILIZANDO FERRAMENTAIS COMPUTACIONAIS

TATIANE ROCHA CARDOZO, BRUNO CESAR FELTES, FLAVIA VALLADÃO THIESEN,


VERA MARIA FERRÃO VARGAS
Contato: TATIANE ROCHA CARDOZO - TATIANE.CARDOZO@GMAIL.COM

Palavras-chave: genotóxico; zebrafish embrio-teste; biologia de sistemas; contaminação petroquímica

INTRODUÇÃO

O impacto pela exposição simultânea de vários compostos tóxicos somados a


contínua liberação de contaminantes petroquímicos podem alterar a dinâmica dos
ecossistemas. Biomarcadores biológicos têm sido empregados para análise de
toxicidade e genotoxicidade em ambientes aquáticos e terrestres, como o modelo
com a espécie Danio rerio (zebrafish). Abordagens computacionais também são
ferramentas empregadas para auxiliar a elucidar mecanismos moleculares
envolvidos em resposta à ação de moléculas tóxicas nos sistemas biológicos. Neste
estudo, combinamos os resultados dos efeitos genotóxicos em embriões de D. rerio,
expostos a amostras de sedimento, análise química de contaminantes e ferramentas
computacionais de Biologia de Sistemas.

METODOLOGIA

A área de estudo, o Arroio Bom Jardim está localizado em área de influência


petroquímica no Estado (RS). Foram selecionadas duas áreas no arroio (BJ00 e
BJ01) e como referência, a Lagoa Fortaleza, localizada na cidade de Cidreira. As
amostragens seguiram procedimentos referendados. Foram analisados trezentos
embriões (D. rerio) expostos a diferentes concentrações de sedimento. Este ensaio
seguiu o protocolo de Westerfield. Para análise computacional de redes de
interações foram selecionadas as espécies D. rerio e H. sapiens, utilizando as
ferramentas de metabusca STITCH 5.0 e STRING 10.5, que verificam as ligações
entre proteína/proteína e compostos químicos/proteína. Os dados obtidos foram
analisados no software Cytoscape 2.8.2. Para análise de ontologia gênica das redes,
usamos o programa Molecular Complex Detection (MCODE) e o Biological Network
Gene Ontology (BiNGO) utilizado para análise dos grupos de proteínas. Foram
selecionados parâmetros específicos para o MCODE. Os módulos gerados pelo
MCODE foram estudados com foco nos principais processos associados com os
sistemas biológicos, utilizando a Ontologia do Gene da Rede Biológica (BiNGO). A
análise de centralidade foi realizada em cada rede final para ambas as espécies,
usando o programa CentiScaPe

RESULTADOS E DISCUSSÃO

No ensaio de sobrevivência verificamos maior incidência de mortalidade, relacionada


com as maiores concentrações testadas, mas em diferentes estágios de
desenvolvimento dos embriões em relação ao controle. A maior incidência

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

encontrada de malformações permitiu identificar relação direta entre os níveis


testados no sedimento e maior variabilidade de danos, sendo as malformações mais
constantes, edemas, lordose e alterações do ritmo cardíaco. Os compostos
identificados nas análises químicas (fenol, benzeno, naftaleno e pireno) foram
submetidos a uma abordagem computacional de Biologia de Sistemas para
investigar as vias moleculares mais afetadas relacionadas à sua exposição nos dois
organismos escolhidos. Foram analisadas as moléculas tóxicas em termos de
bioprocessos, a fim de compreender a possível influência desses compostos em vias
bioquímicas específicas e no desenvolvimento embrionário. Os resultados da
investigação da Biologia de Sistemas revelaram uma rede unificada (clusters-
regiões que possuem funções correlacionadas) para os dois organismos, com mais
conexões (10206) para H. sapiens do que D. rerio - (7914). Estes números de
ligações eram previstos, devido à maior disponibilidade de dados para H. sapiens. A
análise de centralidade para o D. rerio revelou 48 nós críticos. Foram evidenciados
maiores dados para o benzeno e o pireno, que afetam as várias vias metabólicas
hormônios importantes, lipídios e ácido retinóico. De acordo com a análise das
redes, esta desregulação especificamente para os genes AIFM3, LOC557064 e
cyp26a1, está relacionada com a ação do benzeno e do pireno. Evidenciando que
no cluster 1 e 2 o benzeno está associado ao AFM3 e ao LOC557064. Em relação
ao pireno no Cluster 2, bioprocessos para a apoptose mais significativo para D. rerio,
indicando um possível aumento do processo apoptótico. Estes resultados indicam
que através do pireno a função cardíaca pode ser alterada devido à sinalização
anormal do ácido retinóico. As redes criadas neste trabalho identificaram grupos de
genes com comportamento funcional similar aos dados experimentais confirmados
por análises in vivo nos embriões de zebrafish. A presença de compostos tóxicos
detectados deve ser enfatizada, especialmente poluentes orgânicos prioritários
persistentes, por serem potencial indutores da tumorogênese. Os compostos
benzeno e pireno, são relacionados com alterações na reprodução, infertilidade,
comprometimento do ciclo celular e sinalização hormonal anormal. As abordagens
conjuntas in vivo e in silico realizadas neste estudo, evidenciaram que, ferramentas
da bioinformática relacionadas aos dados experimentais de ensaios genotoxicos,
são essenciais para verificar alterações das vias moleculares em diferentes
especies, pela acao de muitos contaminantes tóxicos

CONCLUSÃO

Os experimentos com zebrafish mostraram ser uma ferramenta adequada em


estudos de biomonitoramento e análise de qualidade ambiental, e a associação de
ferramentas computacionais mostraram ser uma estratégia preditiva para associar o
impacto dos contaminantes tóxicos com bioprocessos cruciais para os vários
estágios no desenvolvimento embrionário. Este trabalho conduz para um olhar critico
em avaliar áreas com influência petroquímica, uma vez que, os compostos
originários dessa atividade podem afetar as fontes de água, sendo uma ameaça
potencial ao ecossistema aquático e à saúde humana

FONTES FINANCIADORAS

Apoio CNPq.

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1263
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Serviços ecossistêmicos

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1264
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Painel
Serviços ecossistêmicos
472 - TOXICIDADE DO METAL DE COBRE SOBRE A ESPÉCIE DE
OLIGOQUETO AQUÁTICO Dero digitata (MULLER, 1973)

DOUGLAS PADUA ANDRADE, ANTONIO JOSE GAZONATO NETO, KAUE LEOPOLDO


FERRAZ RUGGIERO, ODETE ROCHA
Contato: DOUGLAS PÁDUA ANDRADE - DOUGLAS.P.ANDRADE@GMAIL.COM

Palavras-chave: Oligochaeta; contaminação, Naididae

INTRODUÇÃO

O crescimento populacional nas ultimas décadas teve como consequência o rápido


desenvolvimento industrial e agrícola, desta forma a concentração de substâncias
contaminantes em ecossistemas aquáticos vem acarretando diversos efeitos
deletérios nas comunidades aquáticas. Desta forma tornando-se assim um grave
problema ambiental e da saúde pública. Os contaminantes cúpricos, que possui em
sua composição o metal de cobre podem causar toxicidade aos organismos
expostos a este metal, podendo afetar tanto populações especificas, quanto
comunidades e redes tróficas. Neste contexto o objetivo do presente estudo foi
avaliar a toxicidade aguda do metal de cobre sobre a espécie de oligoqueto Dero
digitata.

METODOLOGIA

Os exemplares de Dero digitata foram coletados em tanques experimentais de


aquicultura da Universidade Federal de São Carlos e aclimatados às condições de
teste em laboratório antes de serem expostos aos referidos metais. A aclimatação e
os testes foram realizados de acordo com os procedimentos estabelecidos pela
OECD. Primeiramente foram realizados testes preliminares para definição das faixas
de concentração a serem utilizadas nos testes definitivos. Para os testes de
toxicidade aguda, com duração de 96 horas foram estabelecidas quatro repetições
por concentração, seis indivíduos em cada réplica e sete concentrações de sulfato
de cobre (0,14; 0,19; 0,27; 0,38; 0,54; 0,75 e 1,05 mg/L). Duas leituras foram
realizadas após 48h e 96h de exposição. O número de indivíduos mortos foram
determinados e utilizados para o cálculo da concentração letal (CL50, 96h). No início
e ao final dos testes foram realizadas medidas das variáveis físicas e químicas da
água: oxigênio dissolvido, condutividade, temperatura e pH.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Para o cobre a Cl50/96h foi de 0,35 mgL-1. Os parâmetros das variáveis físicas e
químicas das soluções-teste, tanto no início como ao final dos ensaios, estiveram
dentro dos limites estipulados pela OECD, sendo que: o pH variou entre 7,4 e 7,7; a
condutividade entre 534 e 586 µS.cm-1; a temperatura entre 22,2 e 24,4 ºC e a
concentração de O.D entre 5,0 e 7,0 mg L-1. Os padrões de potabilidade estipulados
pelo Ministério da Saúde para o cobre é de 2 mgL -1, valor superior ao encontrado na
CL50/96h da espécie Dero digitata. Desse modo entende-se que, para a espécie
estudada, águas consideradas potáveis em relação ao cobre, um dos metais

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


1265
XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

recorrentes quando tratamos de poluição aquática por agrotóxicos, são tóxicas e


letais às suas populações. A sensibilidade para o metal de cobre da espécie Dero
digitata foram similares aos testes realizados com outros oligoquetos da família
Naididae, como Dero furcatus, Branchiura sowerbyi e Pristina leidyi. Se comparados
os resultados obtidos com dados de testes realizados com espécies de oligoquetos
aquáticos padronizados pela OECD, como a espécie Tubifex tubifex, observamos
que a espécie Dero digitata é mais sensível que os organismos-teste padronizados
pertencentes a mesma família. Desta forma observamos a necessidade de
estabelecer protocolos que atendam as espécies nativas expostas a contaminantes
(como metais pesados e agrotóxicos) recorrentes em locais onde estas espécies
ocorrem, uma vez que as espécies padronizadas (normalmente encontradas em
ambientes temperados), mesmo que bastante estudadas não condiz com a
realidade local das espécies que ocorrem em ecossistemas aquáticos tropicais.

CONCLUSÃO

O objetivo do presente estudo foi corroborado pelos dados obtidos nos testes de
toxicidade aguda com sulfato de cobre, uma vez que evidenciamos a alta
sensibilidade da espécie de oligoqueto aquático Dero digitata para o metal de cobre.
Desta forma estabelecemos que a espécie Dero digitata é um organismo viável para
a realização de estudos ecotoxicológicos em regiões tropicais, devido a facilidade de
se obter e cultivar tais organismos, assim como por ser mais representativo em
ecossistemas tropicais devido a sua história evolutiva e adaptação a variação dos
fatores climáticos, físicos e químicos dos sistemas tropicais.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

DRIESSNACK, M.K.; MATTHEWS, A.L.; RAINE, J.C.; NIYOGI, S. 2016. Interactive


effects of chronic waterborne copper and cadmium exposure on tissue-specific metal
accumulation and reproduction in fathead minnow (Pimephales promelas). Comp.
Biochem. Physiol. Part - C Toxicol. Pharmacol. 179, 165–173.
GOLOVANOVA, I.L. 2008. Effects of heavy metals on the physiological and
biochemical status of fishes and aquatic invertebrates. Inl. Water Biol. 1, 93–101.
HARFORD, A.J.; MOONEY, T.J.; TRENFIELD, M.A.; VAN DAM, R.A. 2015.
Manganese toxicity to tropical freshwater species in low hardness water. Environ.
Toxicol. Chem. 34, 2856–2863. doi:10.1002/etc.3135
HOLDWAY, D.A.; LOK, K.; SEMAAN, M. 2001. The acute and chronic toxicity of
cadmium and zinc to two hydra species. Environ. Toxicol. 16, 557–565.
JAYATILLAKE, B.A.D.M.C.; WIJESINGHE, M.R.; RATNASOORIYA, W.D.; LAKRAJ,
G.P. 2011. Toxic effects of Carbofuran on Duttaphrynus melanostictus Larvae 2,
1060–1070.

FONTES FINANCIADORAS

CNPQ

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ÍNDICE DE RESUMOS POR AUTOR

Autor Códigos de Trabalho Autor Códigos de Trabalho


ADAELSON CAMPELO 130, 315 ALINE DONA MARTINS 92, 94
MEDEIROS ALINE FERNANDA 235, 238, 242, 244
ADALBERTO LUIS VAL 103 CAMPAGNA FERNANDES
ADALTO BIANCHINI 108, 109, 431 ALINE FREIRE SERRANO 185
ADAN SANTOS LINO 345 ALINE MROTZECK 16
ÁDRIA CALOTO DE 59 MASQUETTO
OLIVEIRA ALINE NASCIMENTO 166, 173
ADRIANA MADEIRA 426 ROCHA
ÁLVAREZ DA SILVA ALINE NUNES DOS 146, 149, 153
ADRIANA MARQUES DE 256 SANTOS
OLIVEIRA ALINE SCHELLER 18, 57, 58
ADRIANA REGINA 164, 217, 292, 457, 464, ALINE SERRANO 66, 211
CHIPPARI GOMES 482 ALINE VECCHIO ALVES 326, 352, 357, 428
ADRIANA SACIOTO 206 ALLAN DOS SANTOS 167, 375, 421
MARCANTONIO ARGOLO
ADRIANA SOTERO- 375 ALLAN PRETTI OGURA 317, 371, 410, 411, 437,
MARTINS 439
ADRIANE MARTINS DE 89, 361, 390 ALLAN SEEBER 234
FREITAS
ALLYSON QUEIROZ SILVA 329
ADRISLAINE DA SILVA 374 ALOYSIO DA SILVA 359
MANSANO DORNFELD
FERRÃO FILHO
AFONSO CELSO DIAS 174, 176, 193 ALTAIR MAÇANEIRO 177
BAINY
RICARDO FILHO
AFONSO KOLING LINO 60 ÁLVARO DOMINGUES DA 257
ALAIDE CRISTINA DE BEM 110, 150 SILVA
MATOS ALVARO LUIZ BERTHO 222
ALAN STHEFERSON 79 DOS SANTOS
MEDEIROS CARVALHO
ÁLVARO SILVA LIMA 4
ALANA CAROLINA 223, 227, 442 ALYNE MORAES COSTA 77, 332
MOSCARDI
AMANDA ALVES VIEIRA- 299
ALBERTO DRESCH 396 CAMPOS
WEBLER
AMANDA DA SILVEIRA 320, 386
ALBERTO JOSÉ PRIOLI 3 GUERREIRO
ALCINA VIEIRA DE 56 AMANDA LOURENÇATO 158
CARVALHO NETA QUEIROZ
ALCIR LUIZ DAFRE 309 AMANDA LUCENA 278
ALCYLANE CALDEIRA 369 FERNANDES
SANTOS AMANDA PEREIRA DA 79, 127, 129, 268, 276
ALESSANDRA CRISTINA 420 COSTA ARAÚJO
SILVA VALENTIM AMANDA RAMPELOTTO DE 112
ALESSANDRA DE SOUSA 218, 474 AZEVEDO
SILVA AMANDA SOBRINHO 183, 318, 392
ALESSANDRA MATIAS 131 NEVES
ALVES AMANDA TOLEDO 292
ALEX FABIANO PAULIN 452 LOURENÇO
ALEX JUNIO DA SILVA 22 AMARO DE AZEVEDO 424, 433
CARDOSO
ANA ALICE SANTOS 297
ALEXANDRA FROSSARD 292, 464 ANA BEATRIZ DOS 305, 321
ALEXANDRE ARENZON 88, 316, 465 SANTOS
ALEXANDRE EHRHARDT 251, 258 ANA CAROLINA ALVES 146, 149, 153
ALEXANDRE GOMES 307 BARBOSA
RENZE ANA CAROLINA DA 274
ALEXANDRE GONÇALVES 434 ANUNCIAÇÃO DIAS
ALEXANDRE NIZIO MARIA 314 ANA CAROLINA 281
ALEXEIA BARUFATTI 48, 214, 400, 417, 444, PIZZOCHERO DA COSTA
GRISOLIA 459, 460, 461 ANA CAROLINA SILVA 131
ALICE TÂMARA DE 405 OLIVEIRA
CARVALHO LOPES ANA CECÍLIA RIZZATTI DE 8, 231, 365
ALICIANE DE ALMEIDA 138, 270 ALBERGARIA BARBOSA
ROQUE ANA CHRISTINA 454
ALINE ANDRADE GODOY 32, 33 BRASILEIRO VIDAL
ALINE CHRISTINE 117, 118 ANA CLAUDIA ARAUJO DA 235, 238, 242, 244
BERNEGOSSI SILVA

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Autor Códigos de Trabalho Autor Códigos de Trabalho


ANA CLAUDIA DE CASTRO 106, 414 ANGELA DOS SANTOS 60
MARCATO BARRETTO
ANA CLAUDIA PIMENTEL 131, 152 ÂNGELA NETA DIAS DOS 202
DE OLIVEIRA SANTOS
ANA CRISTINA ZULLO DE 223, 227 ANGÉLICA ALVES DE 233, 399
SOUZA PAULA
ANA DALVA DE OLIVEIRA 451 ANGÉLICA FERREIRA 225
SANTOS BAGANHA
ANA FLAVIA MARCELINO 98, 270 ANGELO FRAGA 250
ANA LETICIA MADEIRA 363, 418 BERNARDINO
SANCHES ANN MOUNTEER 445
ANA LÚCIA DERNARDIN 105 ANTONELLA CAROLINA 150
ROSA ALMEIDA SAA
ANA LUCIA FONSECA 209 ANTÔNIA EDNA AZEVEDO 87
ANA LUIZA CHEROBIM 476 ANTONINHO TEIXEIRA 251, 258
ANA LUÍZA MUCCILLO- 348 JÚNIOR
BAISCH ANTONIO CARLOS LEAL 51, 53
ANA LUSIA LEAL 393 DE CASTRO
ANA MARIA JORDÃO 477 ANTONIO ERNESTO 290
ANA NASCIMENTO MEISTER LUZ MARQUES
131
ARAUJO ANTÓNIO JOSÉ ARSÉNIA 32, 33
NOGUEIRA
ANA PAOLA PRATA CIONE 21
ANTONIO JOSE 35, 472
ANA PAULA DA SILVA 26
GAZONATO NETO
ANA PAULA LUSTOSA 292
ANTONIO OSTRENSKY 289
ANA PAULA RUFINO 443
ANTONIO PEDRO NOVAES 261
SANTOS
DE OLIVEIRA
ANA PELANDA 17, 24
ANTÔNIO THOMÉ 62
ANA RITA MORALES 143, 145
ANY EDUARDA NANES DE 312
ANA TERESA LOMBARDI 6, 7, 36, 38, 100, 293 OLIVEIRA FARIAS
ANA TEREZA 20, 135, 469, 478 ARIANA CEOLIN BARROS 133
BITTENCOURT
GUIMARÃES ARIEL D. MENDONÇA 295
ARTHUR DE SOUZA 307
ANDERSON JOEL 302, 303
SANTANA
MARTINO-ANDRADE
ARY GOMES DA SILVA 92, 94
ANDRÉ ALVES CORDEIRO 249
AURÉLIO AZEVEDO 158
ANDRÉ LUÍS CANALE 168, 171
BARRETO NETO
ANDRÉ LUIS DA SILVA 79, 156
CASTRO AURIANA MIRANDA 341
WALKER
ANDRÉ LUÍS DE SÁ 274
BARBARA ALMEIDA 92, 94
SALOMÃO
DALCOL
ANDRÉ LUÍS FIALHO 22
BÁRBARA CAROLINE 256, 269, 470
LADEIRA
PEREIRA DA SILVA
ANDRE NAGALLI 473
BÁRBARA CHISTÉ 186, 339, 340, 448
ANDRE PINHEIRO DE 236, 281 TEIXEIRA
ALMEIDA
BÁRBARA DE CÁSSIA 189, 232
ANDREA GONÇALVES 468 RIBEIRO VIEIRA
BUENO DE FREITAS
BÁRBARA DOS SANTOS 187, 188
ANDREA MISOVIC 161 SOARES
ANDREA NOVELLI 146, 149, 153 BÁRBARA ESTEVÃO 398
ANDREIA MARIA 209 CLASEN
ANUNCIAÇÃO GOMES BÁRBARA PACHECO 174, 176
ANDRÉIA TORRES DE 113 HARRISON RIGHETTI
LEMOS BÁRBARA QUEIROZ 245
ANDREIA YOSHINARI 168, 171 SOARES
ANDRESSA BEZERRA 67, 86, 155 BARBARA THAYRINI 66
ALMEIDA RODRIGUES SOUSA
ANDRESSA CRISTHY 179, 301 BEATRIZ BARUFATTI 461
BUCH GRISOLIA
ANDRESSA DE SOUZA 482 BEATRIZ MACHADO 82, 183, 291, 392
LIMA RODRIGUES GOMES
ANDREZA PEREIRA 82, 105, 291, 392 BEATRIZ VIEIRA RAMOS 25, 249
MENDONÇA PEREIRA
ANDRIGO MONROE 259 BENITO SOTO BLANCO 123, 124
PEREIRA BETINA GOMES LEAL 343, 372
ANELISE DESTEFANI 479 BIANCA BARBOSA 192

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Autor Códigos de Trabalho Autor Códigos de Trabalho


BIANCA GOULART DE 255, 261 CARINA SANDRA 247
OLIVEIRA MAIA TORNELLO
BIANCA RAMALHO 332 CARINE GOMES MORAES 29
QUINTAES CARLA SOFIA PEREIRA 402
BIBIANA RIBEIRO RUBINI 350 CARLOS ALBERTO 186
BORIS GABRIEL JOHNSON 433 KUSTER PINHEIRO
BRAULIO CHERENE VAZ 427 CARLOS ALBERTO 124
OLIVEIRA VENTURA ARAÚJO
BRAZ JOSE DEMUNER 350 CARLOS ANDRÉ PEREIRA 146, 149, 153
BRENDA NATASHA SOUZA 256, 269, 470 DOS SANTOS
COSTA CARLOS EDUARDO DA 343, 372
BRUNA BITTENCOURT 150 ROSA
WINTER CARLOS EDUARDO DE 334, 353, 426, 427
BRUNA DE OLIVEIRA 129, 268 REZENDE
MENDES CARLOS EDUARDO 246
BRUNA DUTRA DE 441 OLIVEIRA SANTOS
CASTRO CARLOS EDUARDO VEIGA 182, 324, 325, 327, 388,
BRUNA HORVATH VIEIRA 331, 333, 350, 363, 394, DE CARVALHO 403
418 CARLOS EMÍLIO LEVY 294
BRUNO CESAR FELTES 237 CARLOS EURICO DOS 116, 119
BRUNO DO AMARAL 48, 214, 400, 417, 444, SANTOS FERNANDES
CRISPIM 459, 460, 461 CARLOS FILIPE CAMILO 28, 30
BRUNO FERNANDO 216, 286 COTRIM
SANTOS DE SOUZA CARLOS HENRIQUE 251, 258
BRUNO FRANCISCO 133 OLIVEIRA DO AMARAL
SANT'ANNA-SANTOS CARLOS NICEAS VILCHEZ 319
BRUNO HENRIQUE 478 PERALES
SCHAFHAUSER CARLOS ROBERTO 413
BRUNO JAN SCHRAMM 354 SOBRINHO DO
CORRÊA NASCIMENTO
BRUNO NUNES 25, 249 CARMEM SILVIA 106, 412, 414
FONTANETTI
BRUNO S CAMPOS 434
CHRISTOFOLETTI
BRUNO SANTANA 315
CARNEIRO CARMEN LÚCIA VOIGT 133
CAROLINA BARBOSA 299
BRUNO SANTOS SOUZA 2
CABRAL
BRUNO SERRA DE 10, 389
CAROLINA GOMES 425
LACERDA VALVERDE
MOREIRA
BRUNO VERGUEIRO SILVA 453
PIMENTA CAROLINA ROCHA 137, 277
MOREIRA DE OLIVEIRA
BRYAN W BROOKS 478
CAROLINA ROESLER 57, 58
CAIO EDUARDO DA COSTA 162, 377, 415, 419
CAROLINA SANTANA 388
DOMINGUES
OLIVEIRA
CAIO SOARES CHAVES 73, 368
CAROLINA ZAÑARTU 480
CAMILA CAMATA 21
CAROLINE CAVALCANTI 14
CAMILA CANDIDO 6, 7
CAROLINE GALLEGO DE 475, 477
CAMILA DE MARTINEZ 19, 335, 393 MEDEIROS NETTO
GASPAR MARTINS
CAROLINE LOPES FEIJO 87, 285, 348
CAMILA GUIMARAES 123, 124 FERNANDES
TORQUETTI DOS SANTOS
CAROLINE MATHI 296
CAMILA LASCHIWITZ 387
CAROLINE MITAI 407
BEGHETTO
MARQUES PEREIRA
CAMILA MARIA TOIGO DE 20, 135
CAROLINY FATIMA 79, 156
OLIVEIRA
CHAVES DA PAIXÃO
CAMILA PEREIRA 310, 383
CARYNE FERREIRA 82, 105
GONSALEZ DINAMARCO
RAMOS
CAMILA PESCI PEREIRA 322
CÁSSIA FERNANDA 51
CAMILA PRATALLI 137, 277 CHAGAS FERREIRA
MARTINS
CASSIA RODRIGUES DA 393
CAMILLE FERREIRA 122, 364 SILVEIRA
MANNARINO
CASSIANA CAROLINA 381, 436
CAMILO DIAS SEABRA 230 MONTAGNER RAIMUNDO
PEREIRA
CASSIANA MARIA 203, 429, 449
CARINA FRANCISCO 163 REGANHAN CONEGLIAN
FALASCO
CÁSSIO RAIMUNDO 130
CARINA GRAMINHA ISSA 117, 118 FREITAS FAIAL
CATIA CAPPELLI WACHTEL 354

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Autor Códigos de Trabalho Autor Códigos de Trabalho


CÉLIA CELOIN BAÍA 45, 151, 318 CRISTIANE DOS SANTOS 327, 334, 353, 384, 388,
CÉLIO FREIRE MARIZ JR 43, 115, 157, 190, 196 VERGILIO 426, 427
CESAR APARECIDO DA 96 CRISTIANE RONCHI DE 191, 286, 376
SILVA OLIVEIRA
CESAR AUGUSTO 177 CRISTIANO FERREIRA 56
MARCHIORO CRUZ
CESAR KOPPE GRISOLIA 432, 466 CRISTINA MOREIRA DE 412, 414
CESAR LUIZ PINTO AYRES SOUZA
213, 222
COELHO DA SILVA CRISTINA TEIXEIRA 71, 72
CHARLLIENE LIMA DA SOARES CARNEIRO
151
SILVA DAIANA KAMINSKI DE 433
CHARRID RESGALLA OLIVEIRA
479
JUNIOR DAIANE GUEDES 251, 258
DOMINGUES
CHRIS WOOD 103
CHRISTIAN DEYVIS DAIENI VIEIRA AMADO 378
180
NOLORBE PAYAHUA DAÍNA DE LIMA 174, 176, 193
CHRISTIANE DO 66 DAÍSE DA SILVA LOPES 183, 392
NASCIMENTO MONTE DAISY MARIA FAVERO 240
CIBELE DOS SANTOS 240 SALVADORI
BORGES DANDARA SILVA CABRAL 164, 186, 192, 457, 482
CÍCERO JOSÉ ALBANO 478 DÂNIA ELISA 160, 161, 175, 294
CINDY CAROLINE MOURA 312, 314 CHRISTOFOLETTI MAZZEO
SANTOS DANIEL BORGES DOS 226
CINTIA MARA RIBAS DE 469, 475, 476, 477, 478 SANTOS
OLIVEIRA DANIEL FORSIN BUSS 413
CINTIA REQUIAO DE LIMA 450 DANIEL MOLINA 247
CINTYA APARECIDA 106, 223, 227, 397, 412, DANIEL PAIVA E SILVA 405
CHRISTOFOLETTI DE 442 DANIEL PRASERES 284
FIGUEIREDO CHAVES
CIRO ALBERTO DE 138, 430, 452 DANIEL RAMALHO SANTOS 462
OLIVEIRA RIBEIRO
DANIEL RANGEL 252
CLARISSA PELLEGRINE 193 DANIELA DE MELO E SILVA 405
FERREIRA
DANIELA FERNANDES 70, 111
CLARISSE MAXIMO ARPINI 186 RAMOS
CLARYCE CUNHA COSTA 85, 86 DANIELA FERREIRA 147
CLASSIUS DE OLIVEIRA 10, 116, 119, 389 BATISTA
CLAUDIA BUENO DOS REIS 207, 212, 215, 233, 239, DANIELA M. A. F. 328
MARTINEZ 391, 399, 401, 440 NAVARRO
CLÁUDIA LAURIA FROES 346, 351 DANIELA MARIANO 100
SIUVES BARRETO
CLAUDIA MARIA BRANCO 469 DANIELA MARTI BARROS 19
DE FREITAS MAIA
DANIELA MORAIS LEME 133, 302, 303
CLAUDIA MARIS FERREIRA 206 DANIELE ALVES 378
CLAUDIO GOMES LINS 288 NOGUEIRA
CLAUDIO MARCELO 481 DANIELE CLAUDINO 83
BRAVO LINARES MACIEL
CLAUDIO PARENTE 128 DANIELE CRISTINA 35, 107
CLAUDIO ROCHA DE 76 SCHIAVONE
MIRANDA DANIELE DE SOUZA 380
CLAUDIO SCHNEIDER 211 BARBOSA FOGAÇA REIS
CLAUS TRÖGER PICH 245 DANIELE KASPER 345
CLÁVIO MOMO 291, 318 DANIELE MAIA BILA 122, 167, 310, 322, 323,
ZIEMNICZAK 375, 383, 407, 421, 425,
CLEBER CORREA VIEIRA 11 451
CLEITON PEREIRA DE 397, 412, 414 DANIELE SCHERES FIRAK 133
SOUZA DANIELLE BARROS 468
CLEONI DOS SANTOS 216 SANTOS
CARVALHO DANIELLE COVRE 333, 360, 362
CLEONICE CRISTINA 417 BARBIERO
HILBIG DANIELLE DO VALE 79
CLOVIS AUGUSTO 161 COTRIN
RIBEIRO DANIELLE FERREIRA DE 123
CONSTANZA GABRIELA 247 MAGALHÃES SOARES
LLORENTE DANIELLE REGINA GOMES 342
CRISTIAN GABRIEL 319 RIBEIRO
UCULMANA MORALES DANIELLE SIQUEIRA 185

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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Autor Códigos de Trabalho Autor Códigos de Trabalho


DANIELLI GUNDES DO 262 EDGAR ROCHA PESSOTTI 355
ESPÍRITO SANTO EDIMÁRIA DA SILVA 287, 341
DANIELLY DE PAIVA 413 BRAGA
MAGALHÃES ÉDIPO PAIXÃO SILVA DE 148, 297, 298
DANILLO BADOLATO 102 JESUS
ATHAYDE EDNILSE LEME 271, 355
DARCILIO FERNANDES 213, 222 EDSON APARECIDO 60
BAPTISTA ABDUL NOUR
DARLIMEIRE DANTAS DE 235, 238, 242, 244 EDSON LUCAS DOS 48
AQUINO SANTOS
DAVI DA CUNHA MORALES 380 EDUARDO BERNARDI 111
DAVID CACHATTORI 15, 307 EDUARDO BERNARDO 76
DAVID JUNIO DA SILVA 396 EDUARDO DUARTE 301
CONRADO MARQUES
DAVID WENDLER 92, 94 EDUARDO FREDERICO 257
GRUNEVALD CABRAL DE OLIVEIRA
DAYANA SILVA DE AQUINO 190, 196 EDUARDO HENRIQUE 124
DAYANE OLIVEIRA 409, 416 PIRES ROSCOE
DAYANE PESTANA 55, 56, 284 EDUARDO JOSÉ DE 444
PEREIRA ARRUDA
DÉBORA DA SILVA 48 EDUINETTY CECI PEREIRA 288, 395
BALDIVIA MOREIRA DE SOUSA
DÉBORA MARTINS SILVA 51, 53, 55, 56, 97, 283, EGLÉ MIRANDA RAMOS 5
SANTOS 284, 423, 456 CORRÊA
DÉBORA MEDEIROS 245 EKARINNY MYRELA BRITO 235
DOMINGOS DE MEDEIROS
DEBORAH NAVIT DE 461 ELÂINE ARANTES JARDIM 201
CARVALHO CAVALCANTE MARTINS
DEIVYSON CATTINE 382 ELAINE CONCEIÇÃO 12
BOZZA OLIVEIRA
DENIS DAMASIO 354 ELAINE CRISTINA 194
DENIS MOLEDO DE SOUZA 329, 395, 428, 434 CATAPANI POLETTI
ABESSA ELAINE CRISTINA MATHIAS 25, 162, 191, 228, 249,
DENISE CARLA DA SILVA 264, 284 DA SILVA ZACARIN 286, 376, 377, 415, 419
MENDES ELAINE DIVINA 41
DENISE CONCEIÇÃO DE 147, 148 RODRIGUES SILVEIRA
GOIS SANTOS MICHELAN ELAINE YOSHIKO 466
DENISE TIEME OKUMURA 241 MATSUBARA
DICK ROELOFS 65 ELIANE ADAMS 89
DIÊGO ALBERTO 79, 156 ELIANE ANDRÉIA SANTOS 37, 39
TEODORO OLIVEIRA
DIEGO FERREIRA GOMES 88, 172, 392 ELIANE BEZERRA 4, 201
DIEGO LACERDA DE CAVALCANTI
327, 426, 427
SOUZA ELIDIO ANGIOLETTO 245
DIEGO SOUSA MOURA 432, 466 ELIELMA LIMA DE SOUSA 55, 283
DIEGO STÉFANI TEODORO 197 ELIETE ZANARDI- 83, 299, 300
MARTINEZ LAMARDO
DIOGO LORETTO 134, 265 ELISABETE LOURDES 82, 105, 183, 291, 318,
MEDEIROS NASCIMENTO 392
DIOGO QUITETE RIBEIRO 427 ELISABETH RITTER 167, 407
ALMEIDA ELISETE ANA BARP 76
DOUGLAS DOURADO 404, 408 ELLEN CRISTINE GIESE 413
SANTOS ELOÁ CÔRREA DE LESSA 403
DOUGLAS FELIPE 475, 476, 477 TOSTES
CALEGARI ELOISA FERNANDA 62
DOUGLAS HENRIQUE 76 TESSARO
DREHER ELTON CELTON DE 26, 138, 142, 270, 354
DOUGLAS MARCHIONI 64 OLIVEIRA
PASCHOALETI ÉLVIO ANTONIO DE 378
DOUGLAS PADUA 35, 472 CAMPOS
ANDRADE ELVIRA CARVAJAL 375
DRIELE VENTURA DE 43, 157, 190, 196 EMERSON AUGUSTO 181
PAULO CASTILHO MARTINS
ÉCHILY SARTORI 384 EMERSON MACHADO DE 121, 280
EDARIANE MENESTRINO 348 CARVALHO
GARCIA EMILY BRUNA BEZERRA 432
EDERIO DINO BIDOIA 23 DE CARVALHO

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


1271
XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Autor Códigos de Trabalho Autor Códigos de Trabalho


EMMANOEL VIEIRA DA 301 FERNANDA MASSARO 241
SILVA-FILHO FERNANDA MENEZES 206
ENRICO MENDES 99, 120, 122, 128, 250, FRANÇA
SAGGIORO 262, 323, 338 FERNANDA NEVES 268
ÉRIKA LORENA DE 407 ESTRELA
OLIVEIRA CARVALHO FERNANDA PEREIRA 323
RIBEIRO CHAVES
ERIVÂNIA GOMES TEXEIRA 97 FERNANDO AQUINOGA DE 331, 333, 350, 358, 360,
ERNANI PINTO 438 MELLO 362, 394
ESTEFAN MONTEIRO DA 451 FERNANDO DA SILVA 476
FONSECA CARVALHO NETO
ESTELA DOS SANTOS 312 FERNANDO GARRIDO DE 17
MEDERIOS OLIVEIRA
EVALDO LUIZ GAETA 65, 102, 243, 296, 304, FERNANDO PENA 60, 61
ESPINDOLA 305, 306, 311, 317, 321, CANDELLO
347, 363, 370, 371, 406, FIAMMA EUGENIA ABREU 366
409, 410, 411, 416, 418, FILIPE BIAGGIONI 168, 171
435, 437, 439, 422 QUESSADA GIMENES
ÉVELY YARA OLIVEIRA 235 FLAVIA VALLADÃO 237
SILVA THIESEN
EVELYN OLIVEIRA DA 128 FLAVIA YOSHIE 361, 390
SILVA YAMAMOTO
EVERTON RICARDI 98 FLÁVIO A. OLIVEIRA 294
LOZANO DA SILVA
FLÁVIO HENRIQUE 290
FABIANA PEREIRA 407 TINCANI
COELHO
FLAVIO KIYOSHI 84, 195
FABIANA VALÉRIA DA 425 TOMINAGA
FONSECA
FLAVIO MANOEL 70, 87, 111, 226, 285,
FABIANE GALLUCCI 344 RODRIGUES DA SILVA 348
FABIANO CARVALHO DE 465 JÚNIOR
BRITO FRANCCIELLE VERONESE 104
FÁBIO CAMARGO ABDALLA 216, 252, 253, 254, 272, GRANJA
450
FRANCISCO FILIPAK NETO 430, 452
FÁBIO DE MELO TAROUCO 343, 372 FRANCISCO LUIZ GIRARDI 26
FÁBIO HENRIQUE 240 FRANCISCO TADEU 11
FERNANDES
DEGASPERI
FABIO KUMMROW 32, 33 FRANCO DANI CAMPOS 220
FÁBIO RAFAEL GAUER 385 PEREIRA
FABIO VERISSIMO 99, 120, 122, 128, 250, FRANK WANIA 424, 433
CORREIA 262, 338 FREDERICO AUGUSTO 217, 482
FABÍOLA CARREIRA 260 CARIELLO
CALEFI GABRIEL CARVALHO 126, 186, 192, 217, 339,
FABIOLA SEABRA 5 COPPO 340, 448, 457
MACHADO GABRIEL DE FARIAS 262
FABRICIO ANGELO 250 ARAUJO
GABRIEL GABRIEL EBERL DA 348
FABRÍCIO BARRETO 28, 30 FONSECA
TERESA GABRIEL HENRIQUE 151
FELIPE AUGUSTO PINTO 216, 286 ABRANTES HOLANDA
VIDAL GABRIEL LIMA BARBOSA 338
FELIPE HENRIQUE ROSSI 403 SÁ
LUZE
GABRIEL LOPES DIAS 73, 368
FELIPE LISSONI DE 272 GABRIEL MONTALVÃO 122
ANDRADE NOGUEIRA PALERMO
FELIPE MENDES MEREY 214, 417, 459, 444, 460 GABRIELA PUSTIGLIONE 434
FELIPE MORAES LUCENA 134 MARINSEK
FERNANDA BENEDET DE 177, 178, 179, 367 GABRIELE COSTA DOS 359
SANTO REIS
FERNANDA CAMPOS DE 243 GABRIELY PESSANHA DE 167, 383
PAULO ARAÚJO
FERNANDA COSTA 197 GEANE MARTINS 336
PINHEIRO BARBOSA
FERNANDA DOS SANTOS 187, 188, 205, 312, 314 GEIZA RODRIGUES DOS 287, 341
CUNHA SANTOS
FERNANDA FERRARI 354 GENIVAL NUNES SILVA 205
FERNANDA GONÇALVES 405 GEOVANA DAGOSTIM SAVI 245
DE SOUSA

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


1272
XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Autor Códigos de Trabalho Autor Códigos de Trabalho


GERALDO RESENDE 158 HEBERSON TEIXEIRA 73, 368
FAGUNDES SILVA
GIANCARLO ARRAIS 287 HELBERT PARZANINI 34
GALVÃO BATISTA
GIANLUCCA OLIVEIRA 16 HELDER JOSE CERAGIOLLI 12
CECCHETTO HELEN SADAUSKAS- 230
GIANNI GOULART PERAZA 348 HENRIQUE
GILBERTO FILLMANN 69, 330, 342, 366, 424, HELENA CRISTINA DA 17, 24, 96, 133, 290, 302,
433 SILVA DE ASSIS 382, 387
GILCIMAR OLIVEIRA 331 HELENA PEREIRA 256, 269, 470
GILMAR SIDNEI ERZINGER 57, 58 ALMEIDA
GILVAN TAKESHI YOGUI 299 HELENA POLIVANOV 185
GIORGI DAL PONT 289 HÉLINA DOS SANTOS 214
GIOVANA GABRIELE NASCIMENTO
462
CAMPOS LUIZ HELISSON HENRIQUE 282
GIOVANA MENDES SILVA BORSATO DE ANDRADE
194
LEGA HELLEN MARIA SOARES 228
LIMA
GIOVANNA AMARO GIRELI 381
GISELA DE ARAGÃO HELLON VIANA CUNHA 67, 86, 155, 264, 283,
59, 64, 240
UMBUZEIRO 284
GISELA GERALDINE HELLYENE KATLLEN DOS 394
289
CASTILHO-WHESTPHAL SANTOS
GISELI SWERTS ROCHA 91, 93 HELOISA BARBARA GABE 320
HENRIQUE DIAS 449
GISELLE GOMES 167, 323, 421, 425, 451
FIGUEIREDO
GIULIA MAINARDI 65
HENRIQUE G. SANTOS 425
GLAUCIA BATISTA MACIEL 229
DOS SANTOS HERMÓGENES PEREIRA 235, 238, 242, 244
DA COSTA SEGUNDO
GLÁUCIA NICOLAU DOS 4
SANTOS HILDA VANESSA 319
POQUIOMA HERNANDEZ
GLENDA ARAUJO SILVA 61
GIRELI HUGO FREIRE NUNES 405
GRACE GOSMANN 465 HYSLLA SILVA ROSA 236
GRASIELA LEÃES LOPES IAGO LOPES FAIAL 130
372
PINHO IASMIM DE DEUS GARGUR 8
GRAZIELLE MAQUETE DE LEAL
142
MIRANDA SANTOLIN IGOR DAVID DA COSTA 318
GRAZYELLE ROCHA 150 IGOR GABRIEL SILVA 121, 280
PEREIRA OLIVEIRA
GREGORIO NOLAZCO 25, 249 ILKA MÁRCIA RIBEIRO DE 456
MATUS SOUZA SERRA
GUENDALINA TURCATO 441 INDIANARA FERNANDA 104, 110, 150
OLIVEIRA BARCAROLLI
GUILHERME ALVES 177 INÊS DE L. SERRANO 75
RAMOS INÊS DOMINGUES 32, 33
GUILHERME BUDIN 307 INESSA LACATIVA 38
MENEZES BAGATINI
GUILHERME BURIGO 248 INGRID SELHORST 309
ZANETTI INGRID TAYANE VIEIRA DA 456
GUILHERME FULGÊNCIO 80, 81 SILVA DO NASCIMENTO
DE MEDEIROS IONE SIQUEIRA DA SILVA 15, 307
GUILHERME GOMES 245 IRACINA MAURA DE JESUS 130
GABRIEL MAURA JESUS
GUILHERME GUERRA 428 IRINA CARVALHO 342
GUILHERME LAGES 447 IRINEU BIANCHINI JR 204
RODRIGUES IRISDORIS RODRIGUES 133
GUILHERME MALAFAIA 127, 129, 268, 276 SOUZA
PINTO IRVIN BRYAN MACHADO 466
GUILHERME VICTOR 62 FERRAZ
VANZETTO IRYS FERNANDA SANTANA 173
GUISLA BOEHS 229 COUTO
GUSTAVO FONSECA 344 ISABEL AGUIAR PINTO 80, 81
GUSTAVO HABERMANN 294 MINA
GUSTAVO S SANTOS 24, 382, 434 ISABEL GERTRUDES 22
HAIG THEY NG 70 ARRIGHI DE ARAÚJO
NEVES
HAYANI PEREZ 31

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


1273
XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Autor Códigos de Trabalho Autor Códigos de Trabalho


ISABELA FERREIRA 147, 148 JÉSSICA DANDARA DO 126, 186
BATISTA NASCIMENTO
ISABELLA BLAGIEM DE 475, 477 EVANGELISTA
CAMPOS JÉSSICA FERNANDA 212
ISABELLA FERREIRA 201, 205 BERNARDES RODA
NASCIMENTO MAYNARD JESSICA MONTEIRO 313
ISABELLA GOULART 288 JÉSSICA OLIVEIRA 252
FERNANDES FERNANDES
ISABELLE PEIXOTO 121 MANTOANELLI
ÍSIS OLIVEIRA 466 JÉSSICA QUEIROZ PARDO 312
SZLACHETKA JESÚS OLIVERO-VERBEL 471
ÍTALO BRAGA DE CASTRO 69, 137, 277, 366, 342 JHENEZE GUIMARÃES 22
IURI APARECIDA DA SILVA 45 PEREIRA ROCHA
OLIVEIRA JOANA MONA E PINTO 432
IZABELA BRAGGIÃO 160 JOÃO ALBERTO FERREIRA 167
CALLIGARIS JOÃO BATISTA 267
IZABELA LEAL VIDAL 181 FERNANDES
IZADORA CIBELY ALVES 312 JOÃO BATISTA 261
DA SILVA RODRIGUES NETO
IZONETE CRISTINA 290, 302 JOÃO CARLOS NUNES DE 312
GUILOSKI SOUZA
JACIELE APARECIDA 462 JOÃO DAVID BATISTA 474
MONTEIRO LISBÔA
JACKELINE PRISCILA LIMA 423 JOÃO GOMES 96
DA SILVA JOAO PAULO MACHADO 177
JACÓ JOAQUIM MATTOS 174, 176, 193 TORRES
JACQUELINE APARECIDA 175 JOÃO PAULO OLIVEIRA 105, 291
MALVESTITI GOMES
JADILSON MARIANO 287, 341 JOAO REIS SALGADO 53
DAMASCENO COSTA SOBRINHO
JAIME RENDÓN-VON 69 JOÃO VITOR FURTADO 48
OSTEN SILVA
JAIRO LISBOA RODRIGUES 73, 368, 443, 447 JOAQUIM PEDRO 82, 291, 318
JAÍSA MARÍLIA DOS 80, 81 MACHADO DE ASSIS
SANTOS MENDONÇA JOCELITA VAZ ROCHA 154
JANA KLANOVA 433 JOEL ARTUR RODRIGUES 314
JANAINA LAMBERT 274 DIAS
PEREIRA JOELMA SANTOS DO 216, 286
JANDERSON BRUZACA 55 PRADO
GOMES JOELSON PESCADOR 393
JANEIDE DE ASSIS 236, 281 JONAS SILVA DE PINHO 423
PADILHA CAMPOS
JANETE BRIGANTE 311 JONATAS DA SILVA 53, 97
JANICE S SOARES 295 CASTRO
JAQUELINE CARMO DA 293 JORDANA TRES DOS 337, 380
SILVA SANTOS
JAQUELINE PATRICIO DA 313 JÖRG OEHLMANN 161
COSTA JORGE CORREIA 412, 414
JAQUELINE PÉROLA 374 EVANGELISTA CORREIA
SOUZA JORGE EVANGELISTA 106
JAVIER FERRER 480, 481 CORREIA
JAYANTA KUMAR BISWAS 299 JORGE LIANG TAY 319
MEURTURA
JEAMYLLE NILIN 147, 148, 295, 297, 298
JORGE LUIS GALLEGO 471
JEAN CARLOS 378
ZAPATA
BOSQUETTE DE ALMEIDA
JORGE LUIZ CERQUEIRA 248, 257
JEISIKAILANY SANTOS 205, 246
DOS SANTOS
PEIXOTO
JENER ALEXANDRE JORGE MARCOS ROSA 210
22
SAMPAIO ZUANON JOSÉ ANTONIO BAPTISTA 451
NETO
JÉSSICA A. S. MOURA 328
JÉSSICA ANDRADE VILAS JOSÉ DO PATROCÍNIO 225
199, 200
BOAS HORA ALVES
JESSICA ANDREA ALBAÑIL JOSÉ LUCAS MARTINS 54
19
SÁNCHEZ VIANA
JOSÉ MARCELLO 189, 232
JÉSSICA ASAMI 252
SALABERT DE CAMPOS
JOSÉ MARIA MONSERRAT 263, 278

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


1274
XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Autor Códigos de Trabalho Autor Códigos de Trabalho


JOSÉ MAURÍCIO ROSOLEN 466 JULIANO JOSÉ CORBI 117, 118
JOSE PAULO SOUSA 402 JULIANO ZANETTE 180, 224, 349
JOSÉ RICARDO THOMAZ 345 JULIO CÉSAR JUT 461
JOSÉ ROBERTO 61 SOLÓRZANO
GUIMARÃES JURACI ALVES DE 22
JOSÉ WALTER MENDES 235, 238, 242, 244 OLIVEIRA
FARIAS JÚNIOR KADJA LUANA ALMEIDA DE 314
JOSEANE APARECIDA 108, 109 SOUZA
MARQUES KALLEL SILVANO FRANÇA 73, 368
JOSÉLIA MONTEIRO DOS 83 SANTOS
SANTOS KAMILLA BLEIL DO CARMO 136, 139
JOSEPH SIMÕES RIBEIRO 218 KARIM HAHN LUCHMANN 174, 176
JOSIANE APARECIDA DE 59 KARIME DE ARAUJO PAINA 144
SOUZA VENDEMIATTI KARINA DIAS DA SILVA 226
JOSIANE ARAUJO DA 393 KARINA NATAL COSTA 469
SILVA
KARINA OLIVEIRA MENDES 394
JOSILENA DE JESUS 82, 105, 183, 318 KARINA SILVIA 424
LAUREANO MIGLIORANZA
JOSINO COSTA MOREIRA 364 KARLA GIAVARINI 457, 482
JOYCE MOREIRA DE 268 GNOCCHI
SOUZA
KARLA P. S. B. TEIXEIRA 75
JUACYARA CARBONELLI 63, 74, 77, 78, 322, 332 KARLO ALVES DA SILVA 469
CAMPOS
KAROLINE FERNANDA 327, 403
JUAN AGUSTIN 247 FERREIRA AGOSTINHO
MORETTON
KASSIO FERREIRA 463
JUAN PLACENCIA 480 MENDES
JUAN RAMON ESQUIVEL 452 KATHYA ASSMANN 391
GARCIA
MODESTO
JULIA BEATRIZ DUARTE 288, 395
KÁTIA REGINA CHAGAS 331, 350, 358, 362, 394
ALVES DE CAMARGO
KAUÊ HOH ASSIS 154
JULIA CARINA NIEMEYER 177, 178, 179, 301, 367
KAUE LEOPOLDO FERRAZ 472
JULIA CRISTINA SILVA 152 RUGGIERO
JULIA MERÇON 164, 192, 217, 339, 340, KAYO RODRIGO SANTOS 462
448, 457 BORGES
JÚLIA VIANNA DA 413 KELMA SIRLEIDE DE 314
ANUNCIAÇÃO DE PINHO SOUZA
JULIANA AZEVEDO SABINO 274 KELSON DO CARMO 130, 313, 315
JULIANA DA SILVA 108, 109 FREITAS FAIAL
FONSECA
KETSIS OLIVEIRA SOUSA 12
JULIANA DE SOUZA 5, 27, 29, 46 KLEBER RAIMUNDO 130, 313, 315
ARAUJO FREITAS FAIAL
JULIANA DE SOUZA 8 KURT SCHIMID 5
SANTANA
KYMBERLY LEITE ADAM 476
JULIANA FABRÍCIO TISCA 193
KYRIA CILENE DE 287, 341, 454
JULIANA MARTINS DIAS 349 ANDRADE BORTOLETI
JULIANA OLIVEIRA LIMA 453 LAILA CARINE CAMPOS 453
JULIANA OLIVEIRA 314 MEDEIROS
MENESES LAILA KAROLINE 378
JULIANA RORATTO LIROLA 17, 302, 303 FERREIRA
JULIANA ROSA CARRIJO 400 LAÍS CONCEIÇÃO 317, 370, 410, 411, 437,
MAUD MENEZES DA SILVA 439
JULIANA SCHMITT DE 380 LAÍS DONINI ABUJAMARA 307
NONOHAY LAÍS FERNANDA DE 317, 370, 371, 409
JULIANA WOJCIECHOWSKI 382 PALMA LOPES
JULIANA ZOMER SANDRINI 320, 386 LAIS GIROTTO 347, 406
JULIANE ALESSANDRA 52 LAIS ROBERTA DEROLDO 143, 145, 175, 294
CAVALIERI SOARES SOMMAGGIO
JULIANE CERQUEIRA 146, 149, 153 LAÍS SOARES MEDINA 239
FREITAS
LAIS VIEIRA BELLO INOUE 377, 415, 419
JULIANE NATÁLIA LIMA DA 330 LAIZ COUTELLE HONSCHA 285, 348
SILVA
LANAI AKEMI FARIA 230
JULIANE SILBERSCHMIDT 347, 406, 435 MORITA
FREITAS
LARA PAIVA DE OLIVEIRA 90
JULIANE VENTURA LIMA 263, 278
LARISSA ARAUJO SANTOS 146, 149, 153
JULIANO DA SILVA 343, 372
BARRETO LARISSA AVELINO SILVA 280

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


1275
XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Autor Códigos de Trabalho Autor Códigos de Trabalho


LARISSA BACH 133 LISÉTE CELINA LANGE 34
LARISSA BROGGIO 68 LISIANE MARTINS VOLCÃO 70, 111, 348
RAYMUNDO LISSANDRA MARIA 170
LARISSA LIMEIRA DA 201 BARROSO MATOS
SILVA LITIELE CEZAR DA CRUZ 224, 349
LARISSA LUIZA REIS 132 LÍVIA FERREIRA DA SILVA 77, 332
LARISSA MULLER 263 LÍVIA FRANCISCHINI 252
LARISSA NABUCO 231 LIVIA MACHADO 394
NOGUEIRA LIVIA PITOMBEIRA DE 65, 102
LARISSA SCHMAUDER 236 FIGUEIRÊDO
TEIXEIRA DA CUNHA LÍVIA SPERANDIO 126
LARISSA SOUZA PASSOS 164, 192, 217, 339, 340, CAETANO
448 LORENA DOS SANTOS 46
LAURA FERNANDES DE 108, 109 KOSTEK
BARROS MARANGONI LORENA OLIVEIRA SOUZA 99, 128, 250
LAURA KIMBERLY RIBEIRO 281 SOARES
DE MORAES
LORENZA LANA VOLPE 422
LAYNE DO AMARAL VILLAS 209 LORRANA LUCAS GOMES 276
BOAS
SAMPAIO
LAYS DE OLIVEIRA 91, 93, 132, 144
LORRANE NERE DE LIMA 188
GONÇALVES ALHO
LOUISE DA CRUZ FELIX 122, 167, 310, 323, 383,
LAYSLA DOS SANTOS 287, 454 407, 451
MOTTA
LUANA VIANA 302, 303
LEANDRO DA ROCHA LIMA 128, 250
LUCAS BUENO MENDES 331, 333, 350, 358, 360,
LEO CAETANO 292 362, 394
FERNANDES DA SILVA
LUCAS FERNANDES REGO 12
LEONARDO ANTONIO 216, 286 SILVA
TEIXEIRA DE OLIVEIRA
LUCAS GALLAT DE 256
LEONARDO BARROS 287, 341 FIGUEIREDO
RIBEIRO
LUCAS MEDEIROS 365
LEONARDO F. FRACETO 191, 286, 376 GUIMARÃES
LETÍCIA ABREU 185 LUCAS PORTO SANTOS 122
LETÍCIA CESCHI BERTOLI 252, 253, 254, 272, 450
LUCAS RAFAEL SILVA 133
LETÍCIA DE MORAES 360, 362 LUCAS TAVARES DE 464
LETÍCIA DE SOUZA 169 SOUZA
GIGECK LUCAS ZEFERINO DA 443
LETÍCIA FURLAN RUFATO 370, 371 SILVA
LETICIA GOMES DE AVILA 393 LÚCIA HELENA BAGGIO 110
LETICIA LIMA CORREIA 226 MARTINS
LETICIA LORENA 342 LUCIA MARTINS 361, 390
FONSECA LUCIA REGINA MARTINS 473
LETÍCIA MARTINS RABELO 268 LUCIANA CORIOLANO DOS 183
LETÍCIA ROCHA 220 SANTOS
GONÇALVES LUCIANA DE SOUZA ONDEI 28, 30
LETÍCIA SCHMIDT FRAGA 111 LUCIANA PAULA GRÉGIO 20, 135
LETICIA SCOPEL 402 D'ARCE
CAMARGO CARNIEL LUCIANA RODRIGUES DE 103, 289
LETÍCIA SILVA PEREIRA 133 SOUZA-BASTOS
LETÍCIA TREIN MEDEIROS 430 LUCIANE ALVES MARANHO 395, 428
LEVY CARVALHO GOMES 126, 186, 192, 339, 340, LUCIANE LOPES MORANDI 15, 16, 307
448 LUCIANO BASSO DA SILVA 337, 380
LIA RAQUEL SOUZA 37, 39, 41, 42 LUCIANO HENRIQUE 57, 58
SANTOS PINTO
LIAMARA SUZANA GOBBO 477 LUCILA ADRIANI CORAL 24, 387
LIANG JORGE SILVA 307 LUCILAINE VALÉRIA DE 34
LIDIA NUÑEZ 247 SOUZA SANTOS
LIDIANE SILVA FRANQUI 197 LUCILENE FINOTO VIANA 214, 459, 460, 461
LIDIANY DORETO 400 LUCINEWTON SILVA DE 474
CAVALCANTI MOURA
LILIA PEREIRA SOUZA- 13, 14, 328 LÚCIO VINÍCIUS ARAGÃO 2
SANTOS SANTOS
LILIAN DALAGO SALGADO 17, 133 LUDMILA CUNHA DE 310, 383
LILIAN FRANCO-BELUSSI 10, 116, 119, 191, 216, ALMEIDA
286, 376, 389 LUDMILA ROSA BERGSTEN 413
LILIAN LUND AMADO 342 TORRALBA

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


1276
XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Autor Códigos de Trabalho Autor Códigos de Trabalho


LUÍS ANTONIO KIOSHI 214 MÁRCIA CRISTINA DA 73, 368, 443, 447
AOKI INOUE SILVA FARIA
LUÍS CÉSAR SCHIESARI 317, 406, 409, 410, 411, MARCIA CRISTINA 466
416, 435, 437, 439 OLIVEIRA DA ROCHA
LUIS ESTEBAN KRAUSE 441 MÁRCIA HERINGER 346, 351
LANÉS CARNEIRO
LUÍSA KIARA DANTAS 235 MARCIA MARQUES 274
AZEVEDO MÁRCIA RAMOS JORGE 444
LUÍSA MARIA DE SOUZA 182, 324, 403 MÁRCIA REGINA 288, 395
VIANA GASPARRO
LUIZ EDUARDO GARCÊS 248 MARCIA REGINA RUSSO 400
SILVA
MÁRCIA TERESINHA VEIT 378, 385
LUIZ EDUARDO OLIVEIRA 183, 291, 392 MARCIO AURELIO 54
LUIZ FELIPE MENDES DE 163, 296, 317, 370, 371, PINHEIRO ALMEIDA
GUSMÃO 418 MÁRCIO VINICIUS SOUZA 55, 388
LUIZ FERNANDO 4 DOS SANTOS
ROMANHOLO FERREIRA MARCO POLO MORENO DE 396
LUIZ FERNANDO WURDIG 180 SOUZA
ROESCH
MARCO TADEU GRASSI 289
LUIZ OTÁVIO DE BARROS 174, 176 MARCOS BARRETO 394
VILAS BÔAS RAMOS
LUIZ VITOR DA SILVA 255 MARCOS DE ALMEIDA 8, 231
LUIZA FERNANDA SILVA 82, 105, 291 MARCOS SARMET 182, 324
PAVANELLO MOREIRA DE BARROS
LUIZA FLÁVIA VEIGA 48, 214, 400, 417, 459 SALOMÃO
FRANCISCO
MARCOS TAVARES DIAS 181
LUIZA FROTA MOREIRA 181 MARCUS VINICIUS DE LIZ 89
MAIARA VICENTINI 24, 382, 387 MARCUS VINICIUS XAVIER 199, 200
MAIRA ALCÂNTARA 35, 107 SENRA
PROENÇA MARIA ANTONIA PENANTE 181
MAÍRA PEIXOTO MENDES 274 NUNES
MAIRA RODRIGUES LIMA 131, 152 MARIA APARECIDA 201
MANILDO MARCIÃO DE 248, 257 FAUSTINO PIRES
OLIVEIRA MARIA APARECIDA MARIN- 143, 145, 160, 161, 169,
MARA LÚCIA SALLES LARA 124 MORALES 175, 220, 294
MARA RÚBIA DE LIMA E 117, 118 MARIA CAROLINA 370, 409, 416
SILVA TRIQUES
MARAÍSA BEZERRA DE 187, 188, 314 MARIA CRISTINA NERY DO 45, 318
JESUS FEITOSA NASCIMENTO
MARALINE C. K ZANATTA 194, 429 RECKTENVALD
MARCELA BIANCHESSI 204 MARIA DA CONCEIÇÃO 210
CUNHA-SANTINO COSTA PEREIRA
MARCELINO BENVINDO- 37, 39, 41, 42 MARIA DA GRAÇA GAMA 91, 93, 132, 144
SOUZA MELÃO
MARCELLA COELHO 95 MARIA DENISE NEVES 375
BERJANTE MESQUITA BORGES
MARCELLA OLIVEIRA LIMA 123 MARIA ELENA VILLANUEVA 319
MARCELO ANTUNES ESPINOZA
282
NOLASCO MARIA ELIZABETH 211
MARCELO COSTA CORREIA
5
ANDRADE MARIA ELIZABETH 71, 72, 185
MARCELO DE OLIVEIRA 5, 27, 29, 46, 256, 269, FERNANDES CORREIA
LIMA 470 MARIA FERNANDA MALTA 477
MARCELO GOMES RODRIGUES CAAMAÑO
427
ALMEIDA MARIA GABRIELLA NERI 115
MARCELO HENRIQUE CAVALCANTI
51
LOPES SILVA MARIA ISABEL FIGUEIRA 74
MARCELO LUIZ MARTINS COELHO BENTO
31
POMPEO MARIA IZABEL CAMARGO- 160
MARCELO MANZI MATHIAS
95
MARINHO MARIA JOÃO DA 193
MARCELO SCHULER ANUNCIAÇÃO FRANCO
150
CRIVELLARO BEBIANNO
MARCELO VIEIRA MARIA JOSÉ DE ARRUDA 64
79, 156
CARDOSO CAMPOS ROCHA PASSOS
MARIA JOSÉ DOS SANTOS 40
MARCELO WEKSLER 134, 265
WISNIEWSKI

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


1277
XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Autor Códigos de Trabalho Autor Códigos de Trabalho


MARIA JOSÉ TAVARES DE 256, 269, 470 MARIZE PEREIRA 364
OLIVEIRA MIAGOSTOVICH
MARIA KAROLAINE DE 43, 157, 190, 196 MARJHORIE THAÍS 378
MELO ALVES MENEGUZZO DEON
MARIA LAURA RAMOS 124 MARLI DE OLIVEIRA SILVA 464
MARIA NOGUEIRA 201, 205, 225 MARLLON ROBERT DOS 77
MARQUES SANTOS VALENTIM
MARIA PAULA CARDOSO 317, 409, 410, 411, 437, MARLUS OLIVEIRA 66
YOSHII 439 MARTA JULIA FARO 213, 222
MARIA TATIANA SOARES 22 MARTA MARGARETE 17, 24, 133, 290, 302,
MARTINS CESTARI 303, 382, 434
MARIA TEREZA WEITZEL 464 MARTA SIVIERO 194, 429
DIAS CARNEIRO GUILHERME PIRES
MARIA YUMIKO TOMINAGA 433 MARY ROSA RODRIGUES 161
MARIANA ALICEDA 326, 352, 357 MARCHI
FERRAZ MATEUS BLASQUES 123
MARIANA BULHÕES DOS 121 FRADE
SANTOS MATEUS FLORES 127, 129, 268, 276
MARIANA DIAS MARTINS 77 MONTALVÃO
MARIANA LAUER 440 MATHEUS ALMEIDA 432
MACHADO LAUER DUARTE
MARIANA MIGUEL 68 MATHEUS ANDRADE 17
MARIANA MOROZESK 197, 267 CARNEIRO
MARIANA REINERT 473 MATHEUS ARAGÃO MOTTA 189, 232
SCHROH MATHEUS MANTUANELLI 442
MARIANA RISKOSKI 255 ROBERTO
EMMERICH MATHEUS TEIXEIRA 66
MARIANA ROLIM 203, 429 NASCIMENTO
GRANZOTO MAURICIO LEHMANN 234
MARIANA TABATA 216, 286 MAURO CESAR PALMEIRA 359
OSCHVAT VALALA VILAR
MARIANA VEZZONE TOSTA 185, 211 MAX MILLER BICUDO DOS 28, 30
RABELLO REIS
MARIANA VIEIRA 112, 113 MAXWELL BARBOSA DE 474
CORONAS SANTANA
MÁRICA VALÉRIA SILVA 205 MAYARA CAROLINE 117, 118
DO COUTO FELIPE
MARICY RAQUEL 121 MAYARA RIBEIRO SEARA 18
LINDENBAH BONFÁ MAYRA ALEXANDRA 319
MARIELA DEL PILAR 481 CALAGUA YAYA
GOMEZ NEIRA MAYRA SOARES SANTOS 447
MARILIA DE SOUZA BENTO 252 MAYRINE SILVA 367
MARÍLIA GABRIELA 288, 395 MELINA FLORIANO 337, 380
MIRANDA CATHARINO MORAES
SEMMLER
MELISA PAOLA VILLELLA 247
MARÍLIA MARTINS MELO 123, 124 MICHEL JACOBY PEREIRA 124
MARILIA TERESA LIMA DO 451 ALVES
NASCIMENTO
MICHELE PROVASE 450
MARINA ANDRADA 346, 351 MICHIEL ADRIAAN DAAM 102, 410
ANDRADA
MILENA DE FRANÇA 18, 255, 261
MARINA GRANDCHAMP 243
COSTA MILENA DE SOUSA 474
VASCONCELOS
MARINA MARQUES 267
BONOMO MILENA GUEDES MANIERO 61
FERREIRA
MARINA REGHINI 296, 363, 418, 422
VANDERLEI MILENA PEREZ DE MELO 48, 417, 444, 459
MARINA TENÓRIO 64 MILLENA TEREZINHA 207, 401
BOTELHO CABRAL
MARISA DOMINGOS 336 MIRELLA LAURIA D´ELIA 123
MARISA NARCISO 197, 267 MIRIAM BIANCHI 71, 72, 185, 211
FERNANDES MIRIAM MARZALL PEREIRA 458
MARISOL M. PESSANHA 75 MÍRIAN ALVES DE FARIA 23
MARISTELA AZEVEDO 138, 430, 452 MIRIAN CILENE SPASIANI 336, 404, 408
LINHARES RINALDI
MARITANA MELA 96 MIRNA MACIEL D'AURIOL 34
PRODOCIMO SOUZA

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


1278
XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Autor Códigos de Trabalho Autor Códigos de Trabalho


MONIA MARIA CARVALHO 130, 313, 315 NAYARA SIQUEIRA DOS 312
DA SILVA SANTOS
MÔNICA ANSILAGO 121, 280 NÉDIA DE CASTILHOS 3, 26, 98, 138, 142, 270,
MÔNICA CRISTINA 369 GHISI 354
TEIXEIRA NEIDE ARMILIATO 136, 139
MÔNICA CYNTIA 106, 397 NEILDES DE SOUZA 282
FERREIRA SANTOS SANTANA
MONICA JONES COSTA 191, 216, 249, 272, 286, NEUTON TRINDADE 313, 315
376 VASCONCELOS JUNIOR
MÔNICA LÚCIA ADAM 75 NÍCHOLLAS SERAFIM 466
MONICA PATRICIA 480, 481 CAMARGO
MONTORY NICOLE MENEZES PINTO 187, 188
MONICA VIANNA 177 NILCE MARY TURCATTY 138, 430
MONICK ALVES DA CRUZ 277 FOLLE
NAZARETH NILMA DA COSTA 27
MONIKE FELIPE GOMES 361, 390 RODRIGUES
MONIQUE BEATRIZ 397, 442 NIRHVANA FELIPE SILVA 13
BARBOSA NIRLANE CRISTIANE SILVA 445
MONIQUE C BION 309 NYAMIEN YAHAUT 52
MOSA VALDINA FERREIRA 181 SEBASTIEN
MOREIRA OBEDE RODRIGUES 304, 305, 306, 321
MURYLO PEREIRA DA 88, 172 ALVES
SILVA FERREIRA ODETE ROCHA 35, 68, 107, 472
NÁDIA HORTENSE 4 OLAF MALM 88, 134, 345
TORRES OMAR SANTIAGO LAKIS 336, 408
NADINE SCHUBERT 150 OSMAR FILHO KLAUBERG- 402
NAIARA GUERRA 177 FILHO
NAISSA MARIA DANIELLI 309 OSMAR MALASPINA 162, 228, 377, 415, 419
NATÁLIA GABRIELE 59 OTNIEL ALENCAR 304, 305, 306, 321
CAMPAROTTO BANDEIRA
NATÁLIA GUIMARÃES DE 310 PABLO SANTOS 335
FIGUEIREDO GUIMARÃES
NATÁLIA JOVITA PEREIRA 51, 53, 55, 264, 283, 284, PABLO SEGAN VAZ 362
423, 456 PANDOLFO
NATÁLIA MARIA LANZARINI 364 PALOMA GUSSO-CHOUERI 428, 434
NATÁLIA MEDEIROS DE 441 PAMELA CAROLINE LOPES 57, 58
ALBUQUERQUE WINGEN PÂMELLA OLIVEIRA 41
NATALIA OLIVEIRA DE 432 CARVALHO
FARIAS PAOLA DOS SANTOS DA 442
NATALIA SALMAZO 121, 280, 463 SILVA
PEREIRA PATRICIA BERSCH 251, 258
NATALIA SOUZA SANTOS 213, 222 PATRICIA CHRISTINA 99, 262, 338
NATALIE REICHERT 316 GENAZIO PEREIRA
MACHADO PATRICIA GOMES COSTA 424
NATANA RAQUEL 98, 142 PATRÍCIA MORAES 143, 145
ZUANAZZI SINOHARA SOUZA
NATANI RIBEIRO 20, 135 PATRICIA PREDIGER 59
DEMARCO
PAULA BALDASSIN 327
NATASHA BERENDONK 375 PAULA FLORENCIO 348
HANDAM
RAMIRES
NATHÁLIA ALVES 3 PAULA RODRIGUES DE 25, 249
DIAMANTE
OLIVEIRA SANTOS
NATHALIA DA SILVA 146, 149, 153 PAULO FALANGHE 314
CAMPOS
CARNEIRO
NATHALIA FONSECA 84, 195, 210
PAULO JOSE BALSAMO 12, 252, 253, 254, 272,
BOIANI
450
NATHALIA MARA PEDROSA 351
PAULO PONTES ARAUJO 313, 315
CHEDID
PAULO RENATO 236, 281
NATHÁLIA OLIVEIRA 271 DORNELES
ZARPELLON
PAULO RENATO MATOS 23
NATHALIA ROSE DA SILVA 375 LOPES
GOMES
PAULO ROBERTO 285, 348
NAYARA DUARTE DA 53, 283 MARTINS BAISCH
SILVA
PAULO SERGIO MARTINS 43, 115, 157, 190, 196
NAYARA GOUVEIA DOS 137, 277 CARVALHO
SANTOS
PEDRO ALÍPIO 170

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


1279
XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Autor Códigos de Trabalho Autor Códigos de Trabalho


PEDRO BELLINI LEITE 307 REJANY FERREIRA DOS 451
PEDRO HENRIQUE ALVES 346, 351 SANTOS
LEÃO RENAN AUGUSTO DE 189, 232
PEDRO MEDES DE SOUZA 200 SOUZA SILVA
PEDRO WLISSES DOS 188 RENAN CASTELHANO 91, 93, 132
SANTOS MENEZES GEBARA
PETERSON EMMANUEL 205 RENATA BRITTO MARI 434
GUIMARÃES PAIXÃO RENATA COLOMBO 282
PILLAR DE SOUZA 90 RENATA PRISCILA 225
TAVARES SANTOS CARVALHO
PRISCILA BARTOLOMEU 70 RENATA VIEIRA MORENO 409, 416, 418
HALICKI RENATO FALCÃO DANTAS 2, 175
PRISCILA MARIA DE 274 RHAUL DE OLIVEIRA 466
OLIVEIRA MUNIZ CUNHA
RHAYANE ALVES ASSIS 37, 39, 41, 42
PRISCILLE DREUX FRAGA 411 RICARDO BARRA RIOS 424
RACHEL ANN HAUSER- 120, 122, 128, 250, 262
RICARDO BASSO ZANON 400
DAVIS
RICARDO BERTEAUX 431
RAFAEL ANTÔNIO 292 ROBALDO
MACHADO BALESTRA
RICARDO DA SILVA EHALT 477
RAFAEL BARTY DEXTRO 36
RICARDO GONÇALVES 66, 185, 211
RAFAEL BRITO SANTANA 420 CESAR
ARAUJO
RICARDO JORGE AMORIM 130
RAFAEL CHÁVEZ ROCHA 250 DE DEUS
RAFAEL DOS REIS 141 RICARDO LUVIZOTTO 170
BARRETO DE OLIVEIRA SANTOS
RAFAEL GARRET 289 RICARDO MARQUES 205
DOLATTO NOGUEIRA FILHO
RAFAEL MARTINS 292 RICARDO WAGNER REIS 394
VALADÃO
RICARDO YUJI SADO 138, 270
RAFAEL MENDONÇA 230, 260
DUARTE RINNEU ELIAS BORGES 37, 39, 41, 42
RAFAEL ROCHA 120 RIVELTON RIVERSON 181
PEREIRA DE ALMEIDA
RAFAEL RODRIGUES DIHL 234
RIZIA MARIA RAIMOONDI 18
RAFAEL TREVISAN 309
ROBERTA ANTONIOLI 326, 352
RAFAELA KAROLINA VIANA 140, 141
NUNES ROBERTA CORNELIO 228
FERREIRA NOCELLI
RAFAELA MENDES 331
NASCIMENTO ROBERTA DE MOURA 398
LISBOA
RAFAELA TADEI 162, 252
ROBERTA DE SOUZA 154
RAFAELLA MARIA 115 POHREN
OLIVEIRA DA SILVA
ROBERTA MAFRA FREITAS 204
RAIMUNDA NONATA 51, 53, 56, 67, 85, 86,
DA SILVA
FORTES CARVALHO-NETA 155, 264
ROBERTA PEREIRA 187
RAINE DE CARLI 234 MIRANDA FERNANDES
RAISSA FONSECA 82, 105 ROBERTO CARLOS 464
FERREIRA
CÂNDIDO LIMA FILHO
RAIZA TAMAJURA VARJÃO 312 ROBERTO JÚNIO 199, 200, 209
SILVA SANTOS
PEDROSO DIAS
RAPHAEL BASTON DE 412 ROBERTO MESSIAS 181
SOUZA
BEZERRA
RAPHAELLA CHRISTINE 193 ROBIE ALLAN 302, 303
PAIVA
BOMBARDELLI
RAQUEL APARECIDA 317, 363, 370, 371, 406,
RODOLFO PESSOTTI 453
MOREIRA 418, 435
MESSNER CAMPELO
RAQUEL CAPELLA 265
RODRIGO A. TORRES 75
GASPAR NEPOMUCENO
RODRIGO ANTUNES 98
RAQUEL F. SALLA 216, 286, 376 MACIEL
RAQUEL SAMPAIO JACOB 34, 90 RODRIGO BRASIL 326, 344, 352, 357, 428,
RAQUEL SANTOS 334 CHOUERI 434
SACRAMENTO RODRIGO COUTINHO DA 274
RAQUEL VAZ HARA 169 SILVA
RAYLA CECÍLIA DO 235 RODRIGO OCTÁVIO 168
NASCIMENTO SILVA COELHO
RAYSSA DE LIMA 51, 53, 97 RODRIGO ORNELLAS 134, 265
CARDOSO MEIRE
REGINA COIMBRA ROLA 320

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


1280
XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Autor Códigos de Trabalho Autor Códigos de Trabalho


RODRIGO PEIXOTO DE 73, 368 SIMONE DEALTRY 66
PAULA E SILVA CAVALCANTI
RODRIGO SCHVEITZER 230, 260 SIMONE KARLA LIMA SILVA 155, 264
RODRIGO YUDI FUJIMOTO 205, 312, 314 SIMONE MARIA RIBAS 167
RODRIGO ZIERI 389 VENDRAMEL
ROMILDO FRACALOSSI 333 SÓCRATES DE CABRAL 140, 141
ROMULO NEPOMUCENO HOLANDA CAVALCANTI
43, 115, 157, 190, 196
ALVES SOLANGE EULÁLIA 336
BRANDÃO
RONALDO SANTOS FILHO 133
SÔNIA MARIA ALVES 3
RONAN ADLER TAVELLA 285, 348
PINTO PRIOLI
RONEI EZEQUIEL PAIXÃO 430
SORAIA BAIA DOS SANTOS 218, 474
ROSANE GARCIA 405
SORAYA MORENO 378, 385
COLLEVATTI
PALÁCIO
ROSELI LA CORTE DOS 140, 141
SANTOS SOUMITA MITRA 299
STELLA MELGAÇO DE 407
ROSILDA MARA MUSSURY 166, 173
OLIVEIRA PINTO
FRANCO SILVA
SUELEN ANGELI 89
ROSS SMITH 358
ROXANA MARGARITA 224 SUELI IVONE BORRELY 84, 195, 210, 282
LÓPEZ MARTÍNEZ SUELLEM MELO DE 464
ROXANNY HELEN DE ANDRADE SANTIAGO
83, 300
ARRUDA-SANTOS SUELLEN SILVA 22
CONDESSA
RUBENS RISCALA MADI 225
SUSANA INÊS SEGURA- 304, 305, 306
RUBIA RODRIGUES 335
MUÑOZ
RUSSELL GIOVANNI UC 69
SUSANA SUELY 432
PERAZA
RODRIGUES MILHOMEM
RUY BESSA LOPES 218, 474 PAIXAO
RUY RODRIGUES 342 SUSI MISSEL PACHECO 42
SANTIAGO
SUZELEI RODGHER 243
SABRINA LOISE DE 17, 24, 382, 387
SYLA MARIA FARIAS 48
MORAIS CALADO
FERRAZ KLAFKE
SAMANTA VIEIRA PEREIRA 2
TÁBATTA KIM MARQUES 270
SAMUEL HADDAD 478 SOARES
SANDRO ROSTELATO 355 TACIANA ONESORGE 192, 217, 339, 340, 448
FERREIRA LOPES
SANTOSH KUMAR SARKAR 299 TACIO DE CAMPOS 185
SARA RAIANE VIANA DOS 54 TAINA DA CONCEIÇÃO 322
SANTOS PEREIRA
SARAH DARIO ALVES 63, 77, 78 TAINAN FILIPE DA SILVA 136, 139
DAFLON
TAISE BOMFIM DE JESUS 325, 388
SAULO FERNANDO DE 30
OLIVEIRA AFONSO TALLES MONTEIRO ULHOA 331
TAMIRES DE FREITAS 38, 40
SEBASTIÃO WILLIAM DA 466
OLIVEIRA
SILVA
TATIANA DA SILVA SOUZA 327, 334, 353, 356
SENDY MOREIRA REIS 22
SERGIO HENRIQUE TATIANA HEID FURLEY 331, 333, 350, 358, 360,
206
CANELLLO SCHALCH 362, 394
SIDNEI EDUARDO LIMA 460 TATIANA MIURA PEREIRA 164, 192, 217, 448, 457
JUNIOR TATIANA PEREIRA 87, 226
SIDNEY FERNANDES 99, 120, 122, 262 TATIANA PEREIRA MIURA 339, 340
SALES JUNIOR TATIANA SAINT´PIERRE 120, 122, 128, 250
SIGRUN BOCKSCH 259 TATIANE CAROLINE 228
SILDIANE MARTINS 283, 284 GRELLA
CANTANHÊDE TATIANE MARIA PALMEIRA 205
SILMARA DE MORAES 187, 188 DOS SANTOS
PANTALEÃO TATIANE ROCHA 234, 237
SILVANA APARECIDA DE 173 CARDOZO
SOUZA TATIANE STROGULSKI 393
SILVANA LIMA DOS 460 FLORES
SANTOS TATIANI MARIA PECH 177, 367
SILVANA MANSKE NUNES 263, 278 TAWANY MELLO SOUZA 307
SILVIA BETTA CANEVER 245 TAYNA ARAUJO 342
SILVIA PIERRE IRAZUSTA 11, 12, 286 TAYNARA RIBEIRO FARIAS 116, 119
SIMONE DE JESUS MELO 67, 86, 97, 155 LEÃO
ALMEIDA TENILCE GABRIELA DA 268
SILVA ALVAREZ

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


1281
XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Autor Códigos de Trabalho Autor Códigos de Trabalho


TERESA CRISTINA 54, 170 VALÉRIA FREITAS DE 382, 387
RODRIGUES DOS SANTOS MAGALHÃES
FRANCO VAN GESTEL CORNELIS 65
TEREZA VITÓRIA BRITO 312, 314 A.M.
D?ÁVILA VANCLEIDE BOF 333
THAINA GUSMÃO 447 VANESSA BARAÚNA 146, 149, 153
THAINÁ SPRÍCIDO 73, 368 SANTOS
MAGALHÃES VANESSA BEZERRA 305, 363, 409, 416
THAIS BRAGA GOMES 120 MENEZES-OLIVEIRA
THAIS DELUNO GARCIA 191, 286, 376 VANESSA MARCELLY 181
THAÍS FERNANDES 3 MONTEIRO DE MELO
MENDONÇA VANESSA MERLO KAVA 458
THAÍS KAROLINA LISBOA 470 VANESSA SILVA 195, 210
DE QUEIROZ GRANADEIRO GARCIA
THAIS MIIKE CONTADOR 243 VANUZIA GONÇALVEZ 341
THAIS SCHULTZ REGAZZI 92, 94 MENEZES
CAMPOS VERA HELENA VIDAL DIAS 174, 176
THAISE DO NASCIMENTO 325 VERA MARIA FERRÃO 113, 154, 237, 465
SANTOS VARGAS
THAIZE QUIROGA 222 VERÔNICA DE LOURDES 225
CHOMETON PEDRO SIERPE JERALDO
THALES QUINTÃO CHAGAS 79, 127, 129, 268, 276 VICENTE GOMES 64
THAMYRIS SOUZA 73, 368 VICTOR DE PAULA 167, 407
TORRES BATISTA ROSA
THANDY JUNIO DA SILVA 305, 317, 410, 411, 416, VICTOR FRANCISCO PIRES 151
PINTO 435, 437, 439 DE SOUZA
THAYNARA SANTANA 407 VICTOR HUGO DELGADO 69
RABELO BLAS
THAYS DE ANDRADE 414 VICTOR LUIZ DA SILVA 363
GUEDES ROLIM
THAYSNARA BATISTA 140, 141 VICTORIA PEREIRA 216
BRITO ZENTHÖFER
THEODORE BURDICK 436, 438 VINÍCIUS DE CARVALHO 361, 390
HENRY SOARES DE PAULA
THEREZINHA MARIA 18, 255, 261 VINICIUS FARIA PATIRE 365
NOVAIS DE OLIVEIRA VINICIUS SARTORI 353, 356
THIAGO ALBERTO DE LIMA 360 FIORESI
MORAIS VINÍCIUS VALLE VIANNA 63, 78
THIAGO ALVES SANTOS 82, 183, 392 PINTO
THIAGO ANCHIETA DE 456 VITOR HENRIQUE TOME 450
MELO VITOR RODRIGUES DA 397
THIAGO CINTRA MANIGLIA 98 CRUZ
THIAGO EL HADID PEREZ 110 VITOR TAMOTSU TAVARES 394
FABREGAT AKAMINE
THIAGO PESSANHA 427 VITORIA BELTRAME 469
RANGEL NICOLA
THIAGO SANTOS DE 360 VITORIA MOREIRA LOPES 432
SOUZA PERILLO
THOMAZ MANSINI 3 VIVIANE BARNECHE 386
CARRENHO FABRIN FONSECA
TIAGO DE ABREU 365 VIVIANE DA SILVA 313
CARVALHO LIMA FERREIRA
TIAGO DE MORAES LENZ 283, 423 VIVIANE NERI CASTRO E 124
TIAGO GABRIEL CORREIA 181 SILVA
TIAGO NATAL DA LUZ 402 VIVIANE PRODÓCIMO 382
TIAGO TOMIAMA ALVIM 215 WAGNER EDUARDO DE 183, 392
LIMA PEREIRA
TOMÁS BOHN PESSATTI 193
WAGNER EZEQUIEL RISSO 207
TOMMASO GIARRIZZO 5, 27, 29, 46
TUGSTÊNIO LIMA DE WALKIMAR ALEIXO DA 82, 88, 105, 151, 172,
452
SOUZA COSTA JÚNIOR 291
ULISSES NICOLA MARTINS 140 WALTER DIAS JUNIOR 462
WANDA DOS SANTOS 67, 85, 423
URSULLA PEREIRA SOUZA 230
BATISTA
VAGNER QUIRINO DOS 326, 352
WANDERLEY RODRIGUES 45, 82, 88, 105, 151, 172,
SANTOS
BASTOS 183, 202, 291, 318, 392
VALDEMAR LUIZ 463
WANDERSON VALENTE 22
TORNISIELO
DOS SANTOS

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ECOTOXICOLOGIA

Autor Códigos de Trabalho Autor Códigos de Trabalho


WANESSA ALGARTE 458 YANDRA NAVASCUES 304, 321
RAMSDORF ALBUQUERQUE
WANESSA FERNANDES 405 YARIN TATIANA PUERTA 335
CARVALHO QUINTANA
WELBER SENTEIO SMITH 271 YORRANNYS MANNES 458
WELITON VILHALBA DA 417 YURI DORNELLES ZEBRAL 109, 431
SILVA ZENILDE DAS GRAÇAS 346
WENDEL DIAS 403 GUIMARÃES VIOLA
CONSTANTINO ZILMA MARIA ALMEIDA 92, 94
WILMA DE GRAVA 240 CRUZ
KEMPINAS ZULEICA CARMEN 66, 185, 211
WLADIMIR HERNANDEZ 234 CASTILHOS
FLORES
YAGO DE SOUZA GUIDA 265, 345

Aracaju (SE), 1 a 4 de setembro de 2018


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