CONTABILIDADE

Boletim Imposto de Renda n° 02 - 2ª Quinzena. Publicado em: 17/01/2022

 Matéria elaborada conforme a legislação vigente à época de sua publicação, sujeita a mudanças em decorrência das alterações legais.

CUSTOS INCREMENTAIS DE CONTRATOS (NBC TG 47)

Aspectos Contábeis

Roteiro 

1. Introdução
2. Aspectos Gerais
3. Custos do Contrato
3.1. Custos Diretos de um Contrato
3.2. Custos Que Devem ser Reconhecidos Como Despesas
3.3. Custos com Desperdícios
3.4. Custos Antecipados
3.5. Perdas em Contrato
4. Custos Incrementais para Obtenção de um Contrato
5. Contabilização

1. Introdução
Na presente matéria, serão abordados os aspectos relativos ao tratamento contábil previsto na Norma Brasileira de Contabilidade (NBC TG 47 - Receita de
Contrato com Cliente), quanto ao custo incremental para obtenção de contrato.

2. Aspectos Gerais
O custo é um importante fator na composição do resultado da entidade, na qual se espera que o ativo forneça benefícios econômicos suficientes para pelo
menos, recuperar o custo desse ativo. (NBC TG Estrutura Conceitual, item 6.25)

Em linhas gerais, pode-se extrair que custo incremental se trata de aumento gradual e regular dos custos das atividades principais e acessórias da pessoa
jurídica.

3. Custos do Contrato
Somente será considerado custos incorridos para a obtenção do contrato, caso os custos não estejam no alcance de outras normas, como: (NBC TG 47, item
95)

a) NBC TG 16 (R2) - Estoques;

b) NBC TG 27 (R4) - Ativo Imobilizado;

c) NBC TG 04 (04) - Ativo Intangível.

Para melhor compreensão das normas acima, indica-se a leitura das seguintes matérias:

- CUSTO DO ESTOQUE - Considerações Gerais (Boletim Imposto de Renda n° 05/2019)

- ATIVO IMOBILIZADO - Conceito, Depreciação e Aspectos Tributários (Boletim Imposto de Renda n° 02/2021)

- ATIVO INTANGÍVEL - Considerações a NBC TG 04 (Boletim Imposto de Renda n° 11/2018)

3.1. Custos Diretos de um Contrato

Identifica-se como custos diretamente atribuíveis ao contrato, quando a entidade pode identificar especificamente tais custos e que tais custos sejam
recuperados, ainda que se trate de renovação ou pendente de aprovação, caso seja inicial. (NBC TG 47, item 95
(a))

3.2. Custos Que Devem ser Reconhecidos Como Despesas

Devem ser reconhecidos como despesas os custos quando incorridos, a menos que esses custos sejam expressamente cobráveis do cliente,
independentemente da obtenção do contrato. (NBC TG 47, item 93) 
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Da mesma forma, poderão ser apropriados diretamente a conta de despesas, os custos incrementais incorridos cujo prazo de amortização seja inferior a um
ano. (NBC TG 47, item 94)

A entidade deve ainda reconhecer como despesas: (NBC TG 47, item 98)

a) custos gerais e administrativos, quando não cobráveis do cliente;

b) custos relativos a perdas de material (conforme subtópico 3.3 adiante);

c) custos que se referem a obrigações de performance, ainda que parcialmente satisfeitas (desempenho passado);

d) custos aos quais a entidade não puder distinguir, caso se refiram a obrigações de performance (satisfeitas ou não satisfeitas, ainda que parcialmente
satisfeitas).

Além disso, deverá também ser reconhecido como despesa, qualquer diferença entre a mensuração do recebível conforme a NBC TG 48 - Instrumentos
Financeiros e o valor correspondente da receita reconhecida, se o primeiro valor for maior que o segundo valor. (NBC TG 47, item 108)

Para melhor compreensão sobre a redução ao valor recuperável de ativos, sugere-se a seguinte matéria: REDUÇÃO AO VALOR RECUPERÁVEL DE ATIVOS -
Aspectos Contábeis (Boletim Imposto de Renda n° 01/2016).

3.3. Custos com Desperdícios

O valor anormal de desperdícios de materiais, mão de obra e demais insumos de produção, não são incluídos no custo de estoque e serão reconhecidos
como despesas do período em que são incorridas. (NBC TG 16 (R2), item 16
(a))

As quebras e perdas razoáveis conforme a natureza do bem e da atividade, integram o valor do custo de produção. (RIR/2018, aprovado pelo Decreto n°
9.580/2018, artigo 303, inciso I e Lei n° 4.506/64, artigo 46, caput e inciso V)

Também integram o custo, o valor das quebras ou perdas de estoque, não coberta por seguros e devidamente comprovadas: (RIR/2018, artigo 303, inciso II e
Lei n° 4.506/64, artigo 46, caput e inciso VI)

a) deterioração - laudo ou certificado de autoridade sanitária ou de segurança, que especifique e identifique as quantidades destruídas ou inutilizadas e as
razões da providência;

b) riscos não cobertos por seguros - certificado de autoridade competente, nas hipóteses de incêndios, inundações ou outros eventos semelhantes;

c) obsolescência - laudo de autoridade fiscal chamada a certificar a destruição de bens obsoletos, invendáveis ou danificados, quando não houver valor
residual apurável.

3.4. Custos Antecipados

Se tratando de custos antecipados, constrói-se entendimento a partir dos seguintes pressupostos:

- Ocorre o reconhecimento do custo escriturado dos itens, na medida do reconhecimento da devida receita. (NBC TG 16 (R2), item 34)

- Reconhece-se a antecipação da receita, quando não há existência de componente financeiro significativo, e o cliente pagou antecipadamente pelos bens e
serviços e a época da transferência desses bens ou serviços será determinada a critério do cliente. (NBC TG 47, item 62
(a))

Não há que se confundir custos antecipados, conforme disposto acima, com despesas antecipadas que são aplicações de recursos em despesas do
exercício seguinte, que normalmente não será recebida em espécie, nem representam bens fisicamente existentes. (Manual de Contabilidade Societária:
Aplicável a Todas as Sociedades: De acordo com as Normas Internacionais e do CPC, Ernesto Rubens Gelbeck ... [et al], 3ª ed., São Paulo: Atlas, 2018, pg.
312)

3.5. Perdas em Contrato

A NBC TG 47, item 113
(b), prevê ainda que as perdas por redução ao valor recuperável sobre quaisquer recebíveis ou ativos provenientes de contratos da
entidade com clientes, deverá ser divulgado separadamente das demais perdas por redução.

A entidade deverá reconhecer provisão para perdas de créditos esperadas em ativo financeiro para redução de valor recuperável:

a) ativo contratual;

b) compromisso de empréstimo;

c) contrato de garantia financeira.

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4. Custos Incrementais para Obtenção de um Contrato

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Conceitua-se como custo incremental, conforme NBC TG 47, os custos nos quais uma entidade incorre para obter um contrato e nos quais a entidade não
incorreria se o contrato não tivesse sido obtido. (Manual de Contabilidade Societária: Aplicável a Todas as Sociedades: De acordo com as Normas
Internacionais e do CPC, Ernesto Rubens Gelbeck ... [et al], 3ª ed., São Paulo: Atlas, 2018, pg. 1.651)

Os custos incrementais previstos na obtenção de um contrato não se tratam especificamente do previsto, tais custos serão registrados como custos
normais da atividade, em contas específicas de resultado. (NBC TG 47, item 93)

Para reconhecimento como ativo dos custos incrementais, deverá atender os seguintes requisitos: (NBC TG 47, itens 91 e 92)

a) caso a entidade tenha a previsão contratual de recuperar tais custos;

b) são custos incorridos para a obtenção de contrato em específico;

c) caso tais custos não fossem dispendidos, a obtenção do contrato não ocorreria.

5. Contabilização
Os custos incrementais são contabilizados no Ativo (Circulante ou Não Circulante) a depender do prazo previsto de recuperação, caso a entidade tenha a
expectativa contratada de recuperação desses recursos. (Lei n° 6.404/76, artigo 178, §§ 1° e 2°)

Importante destacar que os custos incrementais não se confundem com ativo contingente. Enquanto o ativo contingente se fundamenta em eventos futuros
e possíveis de entrada de benefícios econômicos e não devem ser contabilizados (NBC TG 25 (R2) - Provisões, Passivos Contingentes e Ativos Contingentes,
item 32), os custos incrementais se fundamentam na espera de recuperação de tais recursos dispensados (NBC TG 47, item 91).

A amortização dos custos do contrato e dos custos incrementais, serão amortizadas de forma sistemática e coerente com a transferência aos clientes dos
bens e serviços, ou seja, proporcionalmente à receita relativa a esses bens e serviços. (Manual de Contabilidade Societária: Aplicável a Todas as Sociedades:
De acordo com as Normas Internacionais e do CPC, Ernesto Rubens Gelbeck ... [et al], 3ª ed., São Paulo: Atlas, 2018, pg. 1.652)

Assim sendo, seguem abaixo alguns exemplos de contabilizações sobre o assunto tratado nesta matéria:

Custos Diretos do Contrato - Curto Prazo ou Longo Prazo, nos pagamentos à vista ou a prazo:

D- Custos a recuperar (Ativo Circulante ou Ativo Não Circulante)

C- Caixa/Fornecedores (Ativo Circulante ou Passivo Circulante)

Pelo valor dos custos pagos ou incorridos.

Amortização dos custos a partir da recuperação dos custos - Curto ou longo prazo:

D- Custo da Produção de Bens ou Custo da Prestação de Serviços (Resultado)

C- Custos a Recuperar (Ativo Circulante ou Ativo Não Circulante)

Proporcional à receita auferida.

Custos reconhecidos como despesas - À vista ou a prazo:

D- Despesas com obtenção de contrato (Resultado)

C- Banco/Fornecedor (Ativo Circulante ou Passivo Circulante)

Custos com desperdício:

D- Perda de Estoque (Resultado)

C- Estoque (Ativo Circulante)

Custos antecipados:

D- Custo da Produção de Bens ou Custo da Prestação de Serviços (Resultado)

C- Estoques (Ativo Circulante)

Perdas em contrato - Curto ou longo prazo:

D- Perdas em contrato - Redução ao valor recuperável (Resultado)

C- Redução de valor recuperável (Ativo Circulante ou Ativo Não Circulante)

Custos incrementais para obtenção de um contrato - Curto ou longo prazo, à vista ou a prazo:

D- Custos a recuperar (Ativo Circulante ou Ativo Não Circulante)

C Caixa/Bancos/Fornecedores (Ativo Circulante ou Passivo Circulante)

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Autor: Equipe Técnica Econet Editora
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 Matéria elaborada conforme a legislação vigente à época de sua publicação, sujeita a mudanças em decorrência das alterações legais.

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