Você está na página 1de 10

ABORDAGEM AS DEBILIDADES PEDAGÓGICO-DIDÁCTICAS

DOS PROFESSORES DOS CURSOS DE ENGENHARIA NO


INSTITUTO SUPERIOR POLITÉCNICO DO HUAMBO

ADDRESSING THE PEDAGOGICAL AND EDUCATIONAL


WEAKNESSES OF TEACHERS IN ENGINEERING COURSES AT
THE HUAMBO POLYTECHNIC INSTITUTE

AUTORES: Paulo Alexandre Ferreira de Figueiredo; Engenheiro e Professor no Instituto


Superior Politécnico do Huambo/Deptº das TICs;
Email:paulofigueiredo169@yahoo.com.br

Horácio Uliengue Mendes Chilembo; Engenheiro e Professor no Instituto Superior


Politécnico do Huambo/Deptº das TICs; Email: horacio.chilembo@unitel.co.ao

Ciências da Educação e Comunicação

RESUMO
Com a execução do presente artigo faz-se uma caracterização analítica de algumas
particularidades e incongruências relacionadas com a docência dos cursos de engenharia no
Instituto Superior Politécnico do Huambo (ISPH) a partir das condicionantes sociais,
políticas e económicas existentes. Consideram-se, especialmente estudos de autores que
tratam de avaliar o profissionalismo docente na universidade. Trata-se de uma pesquisa
descritiva e análitica muito sintética, na Instituição em referência para fazer com que o
trabalho possibilite um entendimento o mais realista possivel sobre as debilidades associadas
ao quadro da docência em Engenharias no ISPH. O objectivo central é descrever as
debilidades pedagógico-didácticas dos professores dos cursos de engenharias no ISPH,
investigando-se o papel da pedagogia e da didáctica na formação docente particularmente
nos cursos de engenharias, abordando a construção da identidade, os saberes docentes e o
uso correcto da prática pedagógica. As apreciações foram redigidas e os dados obtidos com
base em uma pesquisa qualitativa de abordagem sócio - histórica, envolvendo, análise
documental diversificada, incluindo dados oficiais e um inquérito por questionário a
professores do ISPH, onde como conclusão geral ficam perceptiveis os diferenciados niveis
de actuação e capacitação docente e ainda os distintos critérios de responsabilidade docente.
Palavras-chave: Didáctica; Docência; Engenharias; ISPH; Pedagogia.

ABSTRACT
This article provides an analytical characterization of some particularities and incongruities
that concern the teaching of engineering courses at the Instituto Superior Politécnico do
Huambo (ISPH) from the existing social, political and economic constraints. In particular,
studies by authors who try to evaluate teaching professionalism at the university are
considered. This is a descriptive and much synthetic research, in the Institution in reference,
to make the work possible a more realistic understanding of the weaknesses associated with
the teaching staff in Engineering at ISPH. The main objective is to describe the pedagogical
and didactic weaknesses of teachers in engineering courses at ISPH, investigating the role of
pedagogy and didactics in teacher training particularly in engineering courses, addressing the
construction of identity, teaching knowledge and the correct use of pedagogical practice. The
assessments were written and the data obtained on the basis of a qualitative socio-historical
research involving a diversified documental analysis, including official data and the
questionnaire survey of teachers at the ISPH, where like the general conclusion the different
levels of performance and training as well as the criteria of teaching responsibility are
perceptible.
Keywords: Didactics; Teaching; Engineering; ISPH; Pedagogy.

Introdução

Ao efectivar uma abordagem relacionada com a situação das questões de índole pedagógico-
didácticas dos professores do ensino superior na área das engenharias, e em particular no
ISPH, na realidade trata-se de procurar identificar e analisar as formas de actuação docente
como parte do elenco de qualidades do professor universitário nessa área especifica. Estudos
de médio/curto prazo indicam que o conhecimento técnico deve aliar-se à competência para
organizar e administrar situações de aprendizagem, tais como fazer evoluir os dispositivos
de ensino, envolver os estudantes em seu desempenho, trabalhar em equipa, utilizar novas
tecnologias em benefício da educação, enfrentar os dilemas éticos da profissão, cuidar da
própria formação contínua e ter compromisso com a aprendizagem colectiva e individual
(Tardif, 2002). A justificativa para o objectivo principal do trabalho, está implícita na
necessidade de procurar contextualizar as debilidades associadas ao processo pedagógico-
didáctico, procurando determinar as competências para a docência nos cursos de engenharia
do ISPH, partindo das várias concepções do saber e dos principais paradigmas do ofício de
professor para questionar os modos de pensar, agir, produzir e disseminar conhecimento para
favorecer a qualidade de ensino na contemporaneidade.
O referencial teórico envolveu pesquisas sobre a formação de professores. Considera-se
fundamental identificar a contribuição e o lugar do saber didáctico na formação e na prática
docente, apreender os processos de produção da identidade profissional e do saber ensinar,
em situações concretas. Os resultados obtidos destacam a necessidade do investimento
institucional e particular na formação continuada de e para o ensino superior e de forma mais
concreta nas especialidades relacionadas com os cursos das engenharias”que na instituição
em análise são seis” como um dos factores determinantes para a qualidade da docência
universitária e a emergência da inserção dos métodos pedagógico-didácticos correctos nos
processos de ensino-aprendizagem.
A materialização do presente artigo implicou a realização de uma pesquisa de caracter
investigativo relacionada com o impacto relativamente abrangente do valor teórico-prático
da questão em causa para os docentes universitários dos cursos relacionados com as
engenharias e referente aos seus diferenciados comportamentos, saberes e formas de estar
em termos profissionais e por conseguinte metodológico-didácticas da actuação dos
mesmos. A escolha do tema representa na realidade o prpósito pessoal dos autores de uma
abordagem cientifica de uma situação critica que é factual e dificulta sobremaneira o
aprendizado multifacetado dos futuros engenheiros, pois que, e embora na maior parte das
vezes sem uma percepção concreta dos factores negativos que transportam, os professores
dos cursos de engenharia (área onde os autores exercem a docência/em engenharia
electrónica e telecomunicações desde 2015) regra geral, confundem de forma algo
involuntária mas consciente a competência profissional de especialidade com qualificação
absoluta para docência no ensino superior, pelo que com base nessa realista apreciação é
estabelecido o seguinte problema de investigação: Quais as debilidades pedagógico-
didácticas dos professores dos cursos de engenharias no ISPH? E sobre o qual é definido
como Objectivo geral: Descrever as debilidades pedagógico-didácticas dos professores dos
cursos de engenharia no ISPH, com sua respectiva análise específica;

Segundo (Barbosa & Freitas, 2012), a pedagogia investiga a natureza das finalidades da
educação como processo social, a didáctica coloca-se para assegurar o fazer pedagógico na
escola, na sua dimensão política, social e técnica, afirmando-se daí o caráter essencialmente
pedagógico dessa disciplina. Sintetizando, os temas fundamentais da didáctica são: Os
objectivos sócio-pedagógicos; Os conteúdos escolares; Os princípios didácticos; Os métodos
de ensino aprendizagem; As formas organizadas do ensino; Aplicação de técnicas e recursos;
Controlo e avaliação da aprendizagem.

Perceber a importância da didáctica no ensino superior implica ter uma visão de que não
basta só ao educador ter domínio da disciplina a ser leccionada, mas que também necessita
de ter didáctica para transmitir os seus conhecimentos de forma clara e sucinta para o bom
aprendizado do estudante. O campo da didáctica compreende três dimensões distintas que
são: o estudante, os culturais e o docente. É necessário que o estudo dessas dimensões ajude
a conhecer melhor os processos de aprendizagem dos estudantes e os de ensino dos docentes.
(Ferrari & Leymonié Sáen, 2007)
Com base nas informações obtidas através do inquérito realizado para o efeito, pode
constatar-se que os professores do ensino superior não têm uma identidade única, as suas
características variam principalmente em relação às instituições de ensino onde exercem a
docência, e também em relação a trajectória de vida e de formação profissional de cada
indivíduo. Nessa perspectiva, o docente universitário, deve ter clareza de que além da
competência técnica e visão de mundo, deve também possuir habilidades necessárias à
docência, e ter a noção que o processo educativo é complexo e multidimensional.

Quando o engenheiro se torna professor de engenharia, a essas competências profissionais


devem ser acrescentadas outras, em síntese, aquelas dos ofícios que lidam com pessoas:
adaptação e amplitude de abordagem mais argumentativa e deliberativa do que cognitiva.
As competências profissionais do professor envolvem também a capacidade de racionalizar
sua prática, objectivá-la, fundamentá-la, criticá-la e ainda revisá-la. (Perrenoud, Paquay,
Altet, & Charlier, 2001)

Os saberes de dimensão didáctico-pedagógica imprescindiveis para os docentes de nível


superior são: postura investigativa, fundamentação para a prática teorizada, procedimentos
didácticos actualizados, prática da avaliação e da auto-avaliação, desenvolvimento do senso
crítico, compromisso profissional e prática ética de cidadania. (Sacristan & Nóvoa, 2008)

Sabe-se que na actual conjuntura em Angola, isso envolve muitas dimensões e incertezas.
Nesse contexto (Ribeiro, 2003) enuncia que “os docentes universitários ensinam geralmente
como foram ensinados, garantindo, pela sua prática, uma transmissão mais ou menos
eficiente de saberes e uma socialização idêntica àquela de que eles próprios foram objecto”.

A insuficiente preparação pedagógica constatada em docentes do ISPH pode fazer com que
professores dos cursos das engenharias possam assumir atitudes de superioridade ou ser
autoritários, não usar exercícios e exemplos de forma adequada, não promover a interação
com os alunos, não variar a metodologia, selecionar e sequenciar os conteúdos de forma
inadequada e não mostrar interesse na aula que estejam a dar. Logo, o professor vai ser
inseguro em sala de aula ou gerar insegurança nos alunos, vai comunicar-se mal com os
alunos, poderá ter falta de clareza, dificultar a compreensão dos alunos, não ter domínio
sobre a turma, não responder às perguntas dos alunos, não obedecer ao horário da aula, usar
inadequadamente o tempo e não ter critérios coerentes de avaliação. (Penna, 2010)
(Moran, Masetto, & Behrens, 2009) comentam que, “de um professor espera-se que seja
competente na sua especialidade, que conheça a matéria, que esteja actualizado; que saiba
comunicar-se com os seus estudantes, motivá-los, explicar o conteúdo, manter o grupo
atento, entrosado, cooperativo e produtivo”. É esse o profissional que se perspectiva que o
engenheiro/professor do ISPH seja.

Materiais e métodos

O trabalho assenta em uma pesquisa bibliográfica e exploratória onde são realizadas


determinadas acções descritivas de investigação com enfoque misto(quantitativo e
qualitativo), e é essencialmente desenvolvida a partir de conhecimentos adquiridos ao longo
de formações de índole docente, logo a pesquisa documental foi realizada através de uma
investigação por meio de dados e para tal foram utilizados métodos teóricos, nomeadamente
o de indução-dedução para formulação de teorias com base na observação e experências
vividas pelos autores e o método empirico onde através de um inquérito por questionário
orientado para perceber as opiniões dos professores de cinco dos seis cursos de engenharia
do ISPH, onde foram recolhidas informações que serviram de suporte fundamental para a
interpretação estatistico-analitica de resultados.

O inquérito para coadjuvar a apreciação factual e contextual foi desenvolvido com


professores dos cursos de Engenharia do ISPH, das especialidades de Informática e
Computadores, Electrónica e Telecomunicações, Arquitectura, Engenharia Civil e
Hidráulica. A população é de um universo com 70 professores de especialidade dos cursos
ora referenciados. A selecção da amostra foi realizada de acordo com os seguintes critérios
de inclusão: Ser um professor universitário com pelo menos 4 anos de serviço; estar disposto
e disponível a participar, de sua livre vontade no preenchimento do questionário e por
conseguinte permitir a avaliação dos resultados. A amostra seleccionada foi composta por
35 professores de diferentes disciplinas das especialidades já mencionadas e que representa
percentualmente 50% da população.

Os resultados são compilados de forma simples e objectiva procurando dar a conhecer a


explicação da conjugação de pontos de vista dos professores com relação ao tema e com
base em questões estabelecidas previamente para o efeito, seguida da interpretação
subsequente das respostas para o estabelecimento das perspectivas que permitam num futuro
próximo uma actuação dos docente mais profissional e responsavel com base na Pedagogia.
Resultados e discussão

O Instituto Superior Politécnico do Huambo, em funcionamento desde 2009, tem 6 cursos


de especialidade em licenciatura para engenharias e segundo o seu departamento académico
conta actualmente com uma população discente calculada em 4.086, destes 2.667 são
estudantes das Engenharias em regimes nocturno e diurno. Sediado na cidade do Huambo,
o ISPH licencia todos os anos entre 400 à 500 quadros superiores, sendo cerca de 140 nos
cursos de Engenharia, que se vão juntando aos cerca de 948 já formados nos cursos de
engenharia e congrega os seguintes cursos superiores (nos quais os seis primeiros
correspondem a especialidades de engenharia: Arquitectura; Construção Civil; Mecânica;
Informática; Electrónica e Telecomunicações; Hidráulica; Enfermagem; Laboratório
Clínico; Electromedicina. (Portal UJES, 2019).

Baseado na intenção de dar uma enfase mais contextual e realista ao presente trabalho do
ponto de vista de validar de forma algo concreta a amplitude do campo de acção da
investigação e para melhor compreensão especifica do seu objecto de investigação foi
realizado um sucinto estudo aleatório para o efeito junto dos professores dos cursos de
engenharias do ISPH (Faculdade de ensino superior com o maior numero de cursos de
engenharia a nível da província do Huambo) para aferir de forma simples e sintética o nível
de cumprimento dos aspectos relacionados com aplicação da didáctica, os pontos de vista
dos mesmos sobre tal aspecto chave e perceber as suas debilidades procurando sugerir
formas de actuação e ou correctivas a curto/médio prazo em função do trinómio
necessidade/formação especializada e aspectos didácticos. A participação na pesquisa foi
anónima e voluntária. Esse estudo específico foi acima de tudo exploratório, uma vez que
visa essencialmente ajudar a compreender uma situação-problema, bem como identificar
novas ideias ou relações. A amostra correspondeu a pressupostos simples e realistas tal como
ser professor(com prioridade para professores Angolanos na ordem de 90%) dos cursos de
engenharia e de disciplinas de especialidade ou nucleares com pelo menos quatro anos de
serviço, manter o anonimato e estar disponível a responder ao questionário de forma realista
e voluntária bem como saber dos objectivos do mesmo.

A amostragem realizada não foi probabilística, não houve sorteio aleatório dos participantes
da pesquisa, porém foi algo criteriosa, pois não houve qualquer influência dos pesquisadores
na obtenção da amostra.
Os dados provenientes dos questionários respondidos foram avaliados na globalidade e
consolidados pontualmente, sendo realizada uma análise descritiva dos resultados por meio
de interpretação e análise percentual do total das respostas dos professores após uma dedução
coerente das respostas ao questionário respondido pelos professores ora referenciados.
Lembrar que o número de professores que responderam ao respectivo questionário como
amostra foi de 35, num universo de 70 professores, representando 50% da população e com
base no qual se chegaram as seguintes considerações objectivas:
a) A maior parte dos professores dos cursos de engenharia do ISPH tem formação
pedagógica mínima ou quase nenhuma;
b) Cerca de 70% afirma já ter tido alguma capacitação pedagógica, mas considera
insuficiente e o nível de materialização é pouco definido, porque a maioria (cerca de
80%) acha útil, mas concorda de forma modesta que a sua aplicação é pouco
consequente; por diversos motivos (hábitos, mentalidade; relação de carga horária e
aspectos técnicos aliados a didática). E outras ocupações extra-docência na própria
Instituição;
c) Por incrível que pareça cerca 30% considera que um bom especialista pode exercer
a actividade docente sem agregação pedagógica de nível superior; e por outro lado
por volta de 85% dos professores inquiridos diz considerar que aplica os processos
didático-pedagógicos no processo de ensino (em sala de aulas) e dão principalmente
como exemplos a execução do plano de aulas, a entrega da dosificação docente, o
cumprimento do processo avaliativo contínuo e a comunicação atempada do
programa da disciplina, etc...
d) Cerca de 75% acha necessária a obrigatoriedade de agregação pedagógica para
exercer a função docente no ensino superior, o que é um paradoxo com a apreciação
que têm no sentido de que uma boa parte dos professores inquiridos disseram que na
sua concepção, a formação pedagógica é uma mera ferramenta que simplesmente
auxilia, no entanto, não surte efeito de modo isolado.
e) Para eles, ter o domínio do conteúdo já é o bastante no processo de aprendizado,
cabendo ao estudante adaptar-se ao modo de condução de aula do professor.
f) Os professores de disciplinas de especialidade dos cursos de engenharia do ISPH
inquiridos consideram também por esta ordem, o trabalho investigativo, o
metodológico e a superação como as prioridades que os mesmos devem ter durante
a actividade docente.
Sobre as ferramentas de ensino utilizadas pelos docentes, questionou-se se eles costumam
fazer o plano de ensino. As respostas identificadas não foram tão profissionais pois alguns
chegaram a evidenciar que fazem o plano de disciplina semestral porque é obrigatório na
instituição onde actuam. Com a aplicação de uma abordagem paralela aos questionários
directamente aos professores, estes consideram a sua actuação satisfatória, mesmo que
conhecendo as opiniões negativas dos estudantes a respeito de algumas das suas práticas
educacionais. Os professores licenciados consideram que a grande dificuldade no processo
de ensino-aprendizagem não está voltada às suas práticas. De salientar ainda que não se fez
uma destrinça da avaliação do carácter das respostas por curso porque não se considerou tal
necessidade em termos da abrangência do campo de acção.

Um facto relevante pela positiva é que a maioria dos professores disse ter consciência que
necessitam de melhorar em alguns aspectos, principalmente os pedagógicos. De forma
informal foram abordadas as dificuldades que os docentes identificavam no processo de
ensino-aprendizagem. Também a maioria dos professores inquiridos afirmam que a
dificuldade maior dá-se em função do próprio estudante, pois geralmente os ingressantes nas
IES (Instituições de Ensino Superior) têm uma cultura de falta de compromisso com os
estudos, pelo que cabe ao professor tentar reverter essa situação, fazendo a análise das causas
e verificar as devidas possibilidades de soluções.

Por fim, com relação a situação afectiva e a disponibilidade na interacção com os estudantes,
infelizmente a maioria (cerca de 80%) considera que a mesma não é a mais desejada, acima
de tudo por motivos de algumas instruções regulamentares e de actuação directiva e de
carácter relacionado com níveis de personalidades diferentes, e ainda a falta de iniciativa
para o efeito de ambas as partes. Torna-se pertinente enunciar e sugerir formas de actuação
com acompanhamento que pressuponha melhorias tácitas nesses aspectos nomeadamente:

➢ Que o processo de superação didáctica dos docentes deve caminhar em paralelo com
a actividade docente;
➢ Que existem de facto debilidades no cumprimento das normas pedagógicas e
didáticas, geradas principalmente pelo contexto do imediatismo da necessidade de
professores (falta de planeamento) e do acompanhamento devido do processo de
ensino-aprendizagem.
➢ É necessário sensibilizar os responsáveis dos cursos das Engenharias do ISPH para
que a formação/superação pedagógica – didáctica seja permanente e monitorizada.´
➢ Torna-se pertinente uma actuação dos professores de especialidade dos cursos de
Engenharia que não se desvie muito do aspecto educativo e instrutivo compatível
com o nível de um Instituto Superior de caracter politécnico.
➢ Perceba-se que a maior parte dos professores inquiridos considera irrelevante ou
secundária a superação permanente(inclusive muitos só o fazem quando a entidade
patronal suporta as despesas ou condiciona algo relacionado), o que é grave e
possibilita pressupor uma maior responsabilização da área científica e dos DEIS
(Departamentos de Ensino e Investigação) da Instituição nesse sentido; Pois que a
maioria também diz que só se preocupam quando a Instituição assim obriga, pelo
que deve ser uma norma e uma condição obrigatória; Faz-se necessária uma
mudança de postura diante da ciência e do conhecimento, tanto por parte dos
professores e coordenadores quanto dos estudantes.

Conclusões

Com a execução do presente trabalho conclui-se que foi possível perceber que a didáctica é
indispensável para a formação de um bom docente dos cursos de engenharias, tanto para sua
adaptação em sala de aula, quanto para a boa compreensão do discente e o conhecimento
que um e outro obterão. Nesse sentido, torna-se relevante destacar que o presente artigo
permite compreender que o quadro de crise do profissionalismo docente revela alguns
elementos de desvalorização da pedagogia universitária.

Materializar a percepção da importância da utilização correcta da didáctica e as suas


implicações como meio que assegure a amplitude no atendimento pedagógico no ensino
superior, mormente nas especialidades das engenharias no ISPH deve ser uma tarefa
imprescindível, pois que não basta só ao educador ter domínio da disciplina a ser lecionada,
pois também necessita de ter didáctica suficiente para transmitir os seus conhecimentos de
forma clara e sucinta para o bom aprendizado dos estudantes. As universidades e faculdades
de ensino superior devem ficar atentas a esses requisitos (domínio da disciplina a ser
lecionada e boa didáctica) para que quando existir disponibilidade de contratação do corpo
docente se contratem professores de facto adequados para lecionar.
Permitiu ainda reflectir sobre mentalidades, comportamentos e percepções diferenciadas dos
professores bem como acerca da necessidade de mudanças na forma ensinar e de aprender
em tempos de evolução tecnológica das ferramentas de ensino. A pesquisa de campo nos
cursos de engenharia no ISPH analisou uma realidade que se vem configurando no ensino
superior nos últimos anos. Em virtude de um mercado de trabalho mais competitivo que na
maioria das vezes não contempla todos, cresce cada vez mais o número de profissionais
liberais que buscam a docência como alternativa de trabalho, visando apenas ganhos
financeiros oriundos da actividade, sem muitas das vezes se preocuparem com a função
social do professor. Ao buscar conhecer um pouco mais sobre os professores, colhendo
informações sobre a sua concepção a respeito da didáctica e sua utilização enquanto docentes
de especialidade dos cursos de engenharia do ISPH, foi possível analisar com algum
realismo os principais conflitos e vivências existentes.

A aplicação construtiva do presente estudo poderá permitir uma actuação docente que se
adeque aos novos tempos e aos novos estudantes, logo, as faculdades com cursos de
engenharia precisam de elaborar projectos pedagógicos que indiquem os rumos para formar
esse novo engenheiro, que deve dominar não só os saberes do campo de conhecimento
específico, mas também aqueles da dimensão didáctico-pedagógica.

Bibliografia

Barbosa, F. A., & Freitas, F. C. (2012). Didática e sua contribuição no processo de formação do professor.
Ferrari, E. F., & Leymonié Sáen, J. (2007). Didática prática para ensenãnza media y superior. Montevidéu:
Magro.
Moran, J. M., Masetto, M., & Behrens, M. (2009). Novas Tecnologias e mediação pedagogica (16º ed.).
Campinas: Papirus.
Penna, A. M. (2010). Didática do Ensino Superior. Belo Horizonte: IBE.
Perrenoud, P., Paquay, L., Altet, M., & Charlier, E. (2001). Formando Professores Profissionais - Quais
Estratégias? Quais Competências? Porto Alegre: Artmed.
Portal Universidade Agostinho Neto. (22 de Agosto de 2019). Obtido de Acerca da UAN.
Ribeiro, C. (2003). Metacognição: Apoio ao processo de aprendizagem. Portugal: Universidade Católica
Portuguesa.
Sacristan, J. G., & Nóvoa, A. (2008). Consciência e acção sobre a plítica como libertação profissional dos
professores (2 ed.). Porto: Porto Editora.
Tardif, M. (2002). Saberes Docentes e Formação Profissional (2 ed.). Petrópolis: Vozes.

Você também pode gostar