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ABSTRACT: The study aims to determine the possibility of using the photo of the family as
evidence for production of historical knowledge.From the theory semiotics of A.J.Greimas,
the critical reading of works of art proposal for R.W. Ott and of the fiches of photograph
reading of Mauad is prepared to facilitate the reading of representations in the photo.
Supported in this instrument reading of three photographs of the Mitsi family of the
decades of 1930, 1940 and 1950 is carried through, respectively. It was possible to bring of
some historical aspects It was concluded that semiotic can be an auxiliary disciplin in
historiographical production, concerning the utilization of photography as an historical
evidence.
Word-key: photograph, history, pictures of family, reading of images.
INTRODUÇÃO
*
Graduada em História, Especialista em Filosofia: História do Pensamento Brasileiro, estudante do Curso de
Especialização em Fotografia: Práxis e Discurso Fotográfico. Universidade Estadual de Londrina. 2008. 566
**
Mestre em Educação, Doutora em Estudos da Linguagem, Docente da Universidade Estadual de Londrina.
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Analisamos uma fotografia da família Mitsi, imigrantes japoneses que chegaram ao norte
do Paraná em meados da década de 1930.
FOTOGRAFIA E HISTÓRIA
Ela deixa de ser tratada como uma fiel imagem de uma realidade para ser vista
como um documento imagético passível de interpretação. É uma representação do mundo,
que pode variar de acordo com a cultura de quem a produziu e de quem a interpreta.
RETRATOS DE FAMÍLIA
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com o tempo. Para ele, o retrato tem principalmente o propósito de apresentar o modelo
de forma favorável.
Leite (2001) analisou séries históricas de fotografias de família. Esse foi o recorte
utilizado pela pesquisadora para avaliar “as potencialidades da documentação fotográfica
para uma compreensão histórica, em suas características e limitações”. (2001, p.73).
O TEXTO VISUAL
A história é uma área das ciências humanas que adota uma perspectiva
individualizante. Para Ginzburg (2003) ela pertence ao quadro das ciências que prescindem
de um paradigma indiciário, ou semiótico. Ele diz que “o que caracteriza esse saber é a
capacidade de, a partir de dados aparentemente negligenciáveis, remontar a uma
realidade complexa não experimentável diretamente”. (GINZBURG, 2003, p.152). Ele nasce
da concretude da experiência, da capacidade de elaborar e perceber similaridades.
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Barros (2003) ao ler Greimas afirma que o texto pode ser linguístico, visual ou
gestual. Estudá-lo enquanto objeto de significação é buscar seu sentido através dos
procedimentos e mecanismos que o estruturam, por meio da semiótica. Ele se caracteriza
também como objeto de comunicação, pois
Mauad (1996) afirma que o leitor da fotografia deve deter uma série de saberes que
envolvem outros textos sociais. A imagem fotográfica é cultural e historicamente
compreendida pelo leitor, a partir dos signos que ela apresenta.
Ott (2008) desenvolveu um roteiro para leitura de obras de arte que compreende
cinco etapas: 1)descrevendo: é feito um inventário de tudo que é percebido na obra;
2)analisando: é verificado como foi feita a obra de arte percebida; quais os caminhos que
o artista seguiu para chegar naquela obra; 3)interpretando:onde o leitor da obra de arte se
expressa como se sente a respeito da mesma; 4)fundamentando: acrescentam-se outros
conhecimentos disponíveis sobre a obra de arte, encontrados em outros meios, como
publicações, críticas, catálogos; 5)revelando: é feita releitura da obra de arte, inspirada
na sua apreciação.
Essas etapas apresentam três aspectos: análise material da obra de arte; inserção
da obra em um contexto mais amplo; expressão artística do que foi apreendido da obra de
arte, manifesta em uma nova obra.
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Entendemos que os métodos propostos por Mauad e Ott, juntos dialogam com a
leitura do percurso gerativo de sentido que Greimas apresenta. Assim construímos um
roteiro para a leitura de fotografias de família como evidência histórica, que compreende
as três etapas descritas no Quadro 1.
Etapa Descrição
Descrição Dados concretos sobre a fotografia: dimensão, tonalidade,
posicionamento, ângulos, iluminação, planos, foco, linhas,
enquadramento, conservação.
Contextualização Dados sobre o conteúdo da fotografia: quem são as pessoas,
histórica e análise o local, a época e a ocasião retratada; quem é o fotógrafo;
material quais objetos interiores, exteriores e pessoais aparecem na
imagem; qual o cenário retratado; se os retratados estão
posando ou a fotografia é um flagrante; qual a posição das
pessoas na fotografia.
Dados exteriores à fotografia: qual a relação entre as
pessoas fotografadas entre si e com o fotógrafo; qual o
contexto histórico que permitiu àquelas pessoas estarem
naquele local naquele momento.
Interpretação Nessa etapa são feitas as relações entre as etapas
anteriores, analisando a fotografia à luz do seu formato, seu
contexto, e sua produção.
∗
O estudo na íntegra, com a análise de três fotografias, foi publicado em : REVISTA DISCURSOS FOTOGRÁFICOS, 570
Londrina, v.4, n.5, jul./dez.2008, p.131-158.
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FAMÍLIA MITSI
1) Descrição
Quanto à conservação, ela apresenta pequenas manchas escuras nas partes claras e
nas bordas.
Retrato do casamento do Sr. Shitihei Mitsi e da Sra. Kaori Kuriki, ele imigrante
japonês, que chegou ao Brasil em 02 de junho de 1933 vindo de Nagasaki (onde nasceu em
08/01/1910), com o pai, viúvo, e com duas irmãs solteiras. Ela, filha de imigrantes
japoneses nascida em Araraquara/SP, em 26/01/1920. O Sr. Shitihei Mitsi com o pai e as
irmãs estabeleceram-se na região rural no oeste do estado de São Paulo, em fazendas
cafeeiras. Com a desvalorização do café, consequência da quebra da bolsa de Nova York,
os imigrantes japoneses se voltaram para estados como o Paraná. Foi então que a família
migrou para Nova Dantzig (atual Cambé), no norte do estado do Paraná, onde foi realizado
o casamento retratado. O retrato foi feito por Kozu Matsuo, na ocasião já casado com uma
irmã do Sr. Shitihei Mitsi, a Sra. Kissa Mitsi.
O cenário externo aparenta área rural, de terra vermelha, com vegetação alta ao
fundo. A iluminação é natural, e a luz do sol aparece no segundo plano da fotografia, com
uso de flash em primeiro plano. O enquadramento está fechado nos retratados, mostrando
apenas pequena parte do cenário rural.
A retratada usa vestido branco até os tornozelos, e sapatos brancos, véu comprido,
e pequena grinalda branca, com flores artificiais. Leva um buquê de flores naturais. O
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retratado usa terno escuro, camisa clara com gravata modelo borboleta também clara.
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Tem um lenço no bolso superior esquerdo do paletó, bem como um broche na gola. Usa
também uma aliança circular na mão esquerda. Calça sapatos escuros, aparentando
bastante usados.
3) Interpretação
O casamento do casal retratado, Sr. Shitihei Mitsi e Sra. Kaori Kuriko, realizou-se
no final da década de 1930, em Nova Dantzig (atual Cambé, no Paraná). É uma região
rural, haja vista o cenário de terra batida, com plantação de bananeiras ao fundo. O casal
aparece em primeiro plano, mas a fotografia deixa transparecer nas margens parte do
cenário rural. O fotógrafo compôs verticalmente uma imagem que contextualiza o local e a
ocasião, e enquadra o casal, com fisionomia impassível, no centro da mesma.
Não foi diferente com a família Mitsi. É em chácara na cidade de Nova Dantzig
(atual Cambé), onde se estabeleceu a família que está ambientada a fotografia. De acordo
com relato do Sr. Tochitane Mitsi, filho do casal, os casamentos na época ainda eram
arranjados entre as famílias.
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flores nas mãos da noiva. É um buquê singelo, com flores e folhas em papel branco. Vê-se
a aliança do casamento na mão esquerda do noivo, levemente fechada (a mão da noiva
segura as flores, impedindo de ver a aliança que provavelmente já está em sua mão
esquerda). Nos retratos analisados por Leite (2001) a aliança também aparece como signo
da indissolubilidade do casamento. O noivo aparece bem trajado, com terno, gravata e
lenço no bolso e broche na lapela. Para a fotografia, o noivo colocou-se ligeiramente atrás
e ao lado da noiva, representando bem a ascendência masculina na relação.
A fotografia é posada. Leite (2001, p.97) constata que “a pose, ainda que
dissimulada, é quase inseparável do retrato. Já se disse que o retrato é uma representação
de alguém que sabe que está sendo fotografado”. No caso dessa fotografia, a pose não é
dissimulada. É perceptível que se trata de retrato posado, que apresenta signos de uma
cerimônia de casamento, que marca um rito de passagem da família. O retrato em si é a
prova concreta da união matrimonial, tornando-a pública, legitimando o casamento e a
nova família que aí se inicia, além de fixar-se como memória da mesma.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Cabe esclarecer que concordamos com Leite (2001) na opção por utilizar fotografias
de família, uma vez que é uma categoria de imagem facilmente encontrável, e rica em
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Não foi diferente na leitura da fotografia apresentada nesse artigo. Mas foi possível
verificar a possibilidade da leitura de fotografia de família enquanto documento histórico
que apresenta a memória familiar, comportamentos, relações com a terra, relações
familiares, vestimentas, ritos de passagem, história regional, história da imigração.
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REFERÊNCIAS
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BORGES, Maria Eliza Linhares. História & Fotografia. Belo Horizonte: Autêntica, 2005.
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SAKURAI, Célia. Os imigrantes japoneses em terras brasileiras. Fundação Japão São Paulo.
Disponível em: http://www.fjsp.org.br/guia/cap01_a1.htm. Acesso em: 20 mar. 2008.
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