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(O Método de Exaustão)
movimento e variabilidade foi, com efeito, uma das principais razões para as
dificuldades implícitas nos argumentos de Zenão. Platão (428/7-348/7 a.C.)
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, o grande filósofo de Atenas, já tinha percebido este abismo entre a
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Embora ele próprio não se considerasse um matemático, Platão deixou bem claro o seu interesse e
habilidade na solução de problemas geométricos.
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Segundo Mora (2000, p.37), o vocábulo apeíron, tal como emprega o filósofo Anaximandro, significa
“sem fim” ou “sem limite”; costuma-se traduzir como “o infinito”, “o indefinido”, “o ilimitado” etc., e lhe
foram dadas interpretações diversas entre os seus próprios discípulos. Também outros pré-socráticos,
Platão (Filebo) e Aristóteles (Física, III, 203) utilizaram o termo.
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discreto, bem próxima do Intuicionismo moderno de Brouwer. Assim,
gregos. A construção de tal ponte teve que ser adiada para o longínquo final
do século XIX.
322 a.C.), o grande filósofo grego, sugere que se expurgue toda noção de
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Concepção fundamental de L. Brouwer que afirma serem as entidades da Lógica Matemática livres
criações do pensamento, independendo de origens empíricas, e sustentadas pela clareza que lhes confere
seu caráter intuitivo – (Ferreira, 1999).
Aristóteles propõe, na verdade, é uma espécie de “exorcismo do conceito de
método.
(Elementos V - definições básicas da teoria das proporções de Eudoxo)
3. Uma razão é uma espécie de relação entre o tamanho de duas grandezas de mesma
natureza.
4. Diz-se que duas grandezas de mesma natureza possuem uma mesma razão entre si
quando, multiplicando-as, uma excede a outra.
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Este é exatamente o teor do segundo postulado dos Elementos de Euclides.
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Tal enunciado consiste basicamente no axioma de Eudoxo-Arquimedes, comumente usado na
introdução de um curso inicial de Análise Real.
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O batismo do método desenvolvido por Eudoxo como “método de exaustão” será realizado apenas no
século XVII, por Grégoire de Saint-Vicent.
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O livro V dos Elementos de Euclides é uma exposição magistral da teoria das proporções de Eudoxo.
No livro VI são apresentadas as aplicações da teoria eudoxiana das proporções à geometria plana.
(proposição 1, Elementos X – a versão euclidiana do axioma de Eudoxo-Arquimedes)
Considerando duas grandezas distintas, se subtrairmos da maior uma outra maior do que
sua metade, e desta uma outra maior do que sua metade e assim por diante, obteremos
finalmente alguma grandeza que será menor do que a menor grandeza considerada.
(apud Baron & Bos, 1985, v.1, p.28)
Euclides deixa claro que não pode haver razões entre grandezas de espécies
diferentes; ou seja, não pode haver razões entre superfícies (áreas) e retas
pitagóricos. Outro fato que deve ser aqui observado é que estas definições,
de modo que, ainda que cada área seja incomensurável (irracional), é possível
comparação. Com isto, fica evidente que, por mais que a precisão e o rigor
daquilo que conhecemos hoje como a operação de limite. É o axioma que irá
exorcizar de vez o conceito de infinito da matemática grega. Tal fato é, no
mínimo, curioso, uma vez que este axioma, sendo a “célula mãe” da operação
de limite, será usado para negar aquele que é o “regente básico” desta
Seja o maior dos cilindros ou tronco formando a figura circunscrita aquele cuja base é o
círculo ou a elipse ao longo de BC , com eixo OD, e seja o menor deles aquele cuja base é
o círculo ou a elipse ao longo de PP' com eixo AL.
Seja o maior cilindro formando a figura inscrita aquele cuja base é o círculo ou a elipse
ao longo de RR' com eixo OD, e o menor aquele cuja base é o círculo ou elipse ao longo
de PP' em eixo LM.
figura 9
Faça com que todos os planos das bases dos cilindros ou troncos interceptem a
superfície do cilindro completo ou tronco EC.
Segue-se que
= BD 2 : RO2
= AD : AO
= BD : TO, onde AB intercepta OR em T,
e
(segundo cilindro ou tronco em EC) : (segunda figura inscrita)
Então (proposição 1)
onde BD, HO, ... são todos iguais, e BD, TO, SN, ... decrescem em progressão
aritmética.
Mas [Lema que precede a proposição 1]
BD + HO + ... > 2 (TO + SN + ...),
Portanto (cilindro ou tronco EC) > 2 (figura inscrita), ou X > (figura inscrita); o que é
impossível por ( ) acima.
Se, possível seja o segmento menor do que X.
Neste caso inscrevemos e circunscrevemos figuras como antes, mas de tal modo que:
= BD2 : BD2
= BD : BD
= HO2 : RO2
= AD : AO
= HO : TO
e assim sucessivamente.
Então (proposição 1)
Assim, o segmento, não sendo nem menor nem maior do que X, tem que ser igual a ele e
portanto a 3 (cone ou segmento do cone ABC).
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(apud Baron & Bos, 1985, v.1, p.28)
Note inicialmente que a expressão “novamente metade do cone” quer
Arquimedes):
modo que I1 <...< In< In+1< C <…< Cn+1< Cn<…< C1 e I1<...< In< In+1 <
Cn – C < In – X
(4) Como Cn > C, temos que existe ‘n’ tal que In > X
obtém-se In< X
(9) Como C - In < X – Cn e C > In, temos que existe ‘n’ tal que X > Cn
(10) Por outro lado (usando resultados geométricos elementares),
obtém-se X< Cn
(12) Como C não pode ser maior e nem menor que X, temos que C =
queria evitar, como sabemos, o uso do conceito de infinito. Por isso, para
que, em geral, não possibilita conhecer a origem real das descobertas dos
resultados. Como será que Arquimedes descobriu o tal “cone” que serve
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O livro a que se refere Arquimedes é a sua grande obra conhecida como “O Método”, descoberto
casualmente, em Constantinopla, somente no ano de 1906. É lamentável que esta obra não tenha sido
descoberta antes.
dos teoremas; certas coisas tornam-se claras para mim, primeiro por um processo
mecânico, embora eles tenham que ser demonstrados depois por argumentos
geométricos, pois a investigação pelo método citado não fornece uma demonstração.
Uma visão antecipada, obtida pelo método, do teor das questões contribui para o
processo de demonstração mais do que se não possuíssemos nenhum conhecimento
prévio. (grifo nosso)
(apud Baron & Bos, 1985, v.1, p.50)
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Como será que Arquimedes descobriu o tal “cone” que serve como referência para a determinação do
volume do parabolóide? Em que consiste tal “método mecânico”?
círculo onde BC é o diâmetro, e em um plano perpendicular a AD, imagine (1) um cone
obtido com o círculo em questão como base e A como vértice, e (2) um cilindro com o
mesmo círculo como base e AD como eixo.
Logo, o círculo no cilindro, no lugar onde ele se localiza, estará em equilíbrio, em torno
de A, com o círculo no parabolóide, se este último for colocado com seu centro de
gravidade em H.
Assim, como de costume, se considerarmos todos os círculos componentes do cilindro e
o segmento inteiro e os tratarmos do mesmo modo, acharemos que o cilindro, no lugar
onde está, estará em equilíbrio em torno de A com o segmento colocado com o seu
centro de gravidade em H.
Se Ké o ponto médio de AD, K é o centro de gravidade do cilindro;
logo, HÁ : AK = (cilindro) (segmento)
logo , cilindro = 2 (segmento), (Euclides, XII, 10)
e cilindro = 3(cone ABC)
logo, segmento = 3(cone abc).
(apud Baron & Bos, 1985, v.1, p.50-51)
Mas, que o método mecânico tenha sofrido uma influência direta dos
não de forma muito harmoniosa, é verdade, mas cada qual com um papel bem
Creio que ainda é muito cedo para discutirmos essa questão com mais
possibilita realizar uma reflexão mais profunda. Faltam, no seu Cálculo, dois