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Sentença Criminal

O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros
doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais.

Sumário

1. Introdução .............................................................................................................. 3
2. Visão Geral das Nulidades ...................................................................................... 3
3. Preliminares que dizem respeito às Incapacidades Subjetivas .............................. 6
3.1 Suspeição e impedimento do Procurador da República ....................................... 6
4. Incompetência ........................................................................................................ 7
4.1 Regras de competência constitucional (artigo 109 da CRFB/1988) ..................... 7
4.1.1 Crimes de prefeito: Súmulas 208 e 209 do STJ .............................................. 9
4.1.2 Medidas constritivas deferidas por juízo absolutamente incompetente:
nulidade? ........................................................................................................................... 10
4.1.3 Varas Especializadas (Lavagem de Dinheiro, SFN e ORCRIM) ...................... 11
4.2 Regras de competência infraconstitucional........................................................ 12
4.2.1 Competência territorial e suas alterações (art. 78, II do Código de Processo
Penal)................................................................................................................................. 12
4.2.2 As incompetências relativas ......................................................................... 13
5. Nulidades Fundantes ............................................................................................ 13
5.1 Denúncia Anônima .............................................................................................. 13
5.3 Irregularidades do Inquérito Policial ................................................................... 14
5.4 Nulidades na produção da prova ........................................................................ 15
5.4.1 Interceptação Telefônica .............................................................................. 15
6. Nulidades Processuais .......................................................................................... 19
6.1 Inépcia da Denúncia ............................................................................................ 19
6.1.1 Inépcia por ausência de descrição típica ...................................................... 19
6.1.2 Inépcia por ausência de justa causa ............................................................. 21
6.1.3 Cerceamento de Defesa ............................................................................... 21
6.1.4 Ausência de defesa x defesa deficiente ....................................................... 22
6.1.5 O cerceamento de defesa pelo indeferimento de provas ........................... 22
6.1.6 Cerceamento de defesa por inobservância do art. 514 do CPP ................... 23
6.1.7 Cerceamento de defesa por não consideração de prova ............................ 24
6.1.8 Outras Nulidades ....................................................................................... 24

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6.1.9 Nulidades da audiência ................................................................................ 25

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1. Introdução
Hoje, trabalharemos as formas de enfrentar as preliminares nas questões de
sentença dos concursos, bem como aspectos especiais. Ademais, traremos também as
principais preliminares cobradas em concursos públicos.
Inicialmente, é importante salientar que se fizermos as provas dos TRFs de sentenças,
veremos uma variação imensa de abordagem e cobrança das preliminares nas sentenças
criminais. As provas do TRF da 4ª Região, que são mais densas e duras de fazer, veremos que
em uma única sentença teremos 10 (dez) ou 12 (doze) preliminares para enfrentar antes de
adentrarmos no mérito.
Uma segunda observação1 é uma grande reiteração de algumas preliminares. Nas
provas de sentença dos concursos dos diversos TRFs veremos uma grande repetição de
preliminares.
Disponibilizamos na área do aluno um levantamento das preliminares cobradas nos
últimos 6 (seis) concursos de cada um dos TRFs.
Na análise que fizemos, separamos em 5 (cinco categorias), são elas:
1) Competência da Justiça Federal2
2) Nulidades Fundantes3
3) Interceptação Telefônica
4) Inépcia da Denúncia
5) Cerceamento de Defesa

2. Visão Geral das Nulidades


A alegação de nulidade no processo penal tem um peso muito importante.
O que significa alegar uma nulidade?
Ex.: o processo é nulo porque o juiz é incompetente para fazer isso ou porque não
concedeu o direito de defesa na resposta preliminar.
Em poucas palavras, a alegação de nulidade é uma alegação contra a atuação regular
do juiz. Resumindo: “o senhor (juiz) agiu mal”.

1
Essa vale para todos os tribunais.
2
Seja em seu aspecto absoluto ou no de foro/juízo/territorial/órgão.
3
São aquelas nulidades que se acolhidas acabam com a própria existência do processo.

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Como afastá-la? Vejamos:


1 – A irregularidade não ocorreu ou não configura uma irregularidade.
Ex.: Há alguns anos caiu em um concurso de um Tribunal de Justiça, salvo engano, TJ
do Rio de Janeiro. Tratava-se de um processo decorrente de latrocínio. No curso de
processo, houve o exame de corpo de delito (necropsia), já que tinha um cadáver. Quando é
feito o exame, não há intimação para acompanhamento, já que não há previsão legal.
Quando chegou na fase da sentença, o advogado alegou que havia uma nulidade essencial
no processo porque ele não foi intimado na fase pré-processual para se manifestar na
perícia e indicar assistente técnico. Essa suposta nulidade alegada é uma irregularidade?
Existe previsão legal para isso? Não.
Ex.: Digamos que a pessoa alega que não teve oportunidade de participar de um ato
processual. De fato, existe a previsão legal que o ato processual deve ser praticado com a
presença da pessoal? Sim. Por que a pessoa não foi? Foi intimada? Se foi intimado e não foi,
a irregularidade não ocorreu.
Eventualmente, acontecem irregularidades no processo que não necessariamente
macula ele por inteiro. É aquela ideia de que uma eventual nulidade pode, ainda que
reconhecida, não ser suficiente para levar à conclusão pretendida pela pessoa que está
alegando4.
2 - Se ela ocorreu, não é suficiente para macular o processo.
- Os trunfos da PRECLUSÃO e do PREJUÍZO.
- É um pressuposto para reconhecimento da nulidade que tenha ocorrido prejuízo
para a acusação ou para a defesa. Além do prejuízo, é indispensável que a parte proteste na
primeira oportunidade que ela tenha para fazer isso ou no momento processual adequado
nos termos da lei. Então, as ideias de preclusão e prejuízo podem salvar o candidato de uma
situação difícil em uma prova de sentença penal.
- Vale lembrar que, como regra, as preliminares de sentenças penais são feitas para
serem rejeitadas.

“Art. 563. Nenhum ato será declarado nulo, se da nulidade não resultar prejuízo para a
acusação ou para a defesa.”
“Art. 565. Nenhuma das partes poderá arguir nulidade a que haja dado causa, ou para
que tenha concorrido, ou referente a formalidade cuja observância só à parte contrária
interesse.”

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As nulidades podem ser alegadas tanto pela defesa quanto pela acusação.

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“Art. 566. Não será declarada a nulidade de ato processual que não houver influído na
apuração da verdade substancial ou na decisão da causa.”

Os artigos 565 e 566 podem ser utilizados genericamente mesmo que o candidato
não conheça a questão de fundo dizem respeito à impossibilidade das partes arguirem
nulidade em determinadas situações: quando a parte causou a nulidade ou quando um
comportamento seu gerou aquela nulidade.5
Ademais, ninguém pode invocar uma nulidade que não interesse a ela diretamente,
mas diga respeito ao interesse da parte contrária. Isso significa a parte ter um
comportamento contraditório no processo6.
Outrossim, não se reconhece nulidades quando elas não tenham absolutamente
nenhum interesse ou nenhuma relevância para a causa.
Cumpre anotar que esses conceitos gerais de nulidades podem salvar o candidato em
um momento crucial.
A professora aconselha que o candidato crie “standards” para o enfrentamento das
nulidades, como por exemplo:

“Rejeito a preliminar de nulidade de... porque, no processo penal brasileiro, tanto as


nulidades relativas quanto as nulidades absolutas exigem a demonstração de prejuízo e
protesto em tempo oportuno, ônus do qual não se desincumbiu a defesa.”

Vejamos uma jurisprudência:

“1 - A jurisprudência desta Corte evoluiu para considerar que no processo penal mesmo
as nulidades absolutas exigem prejuízo e estão sujeitas à preclusão.”
(...)
(RHC 43.130/MT, Rel. Ministro NEFI CORDEIRO, SEXTA TURMA, julgado em 02/06/2016,
DJe 16/06/2016)

Ainda no que tange às nulidades é importante ressaltar que esse tema de preclusão e
prejuízo está diretamente ligado à ideia de convalidação de determinadas nulidades

5
Ex.: o juiz faz uma audiência sem a presença da parte. A parte foi intimada, assim como o advogado e
ambos faltaram. O juiz nomeia um defensor dativo e a audiência é realizada. Se o membro do MP foi intimado
e não foi, a audiência também é realizada.
6
Nota do monitor: trata-se do venire contra factum proprium.

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processuais. O não reconhecimento da consequência esperada para uma nulidade não


significa que ela não tenha ocorrido ou que aquele ato não seja irregular ou nulo. Apenas
pelo princípio da instrumentalidade das formas; ou porque o ato atingiu a sua finalidade; ou
porque aquela irregularidade é uma irregularidade menor; ou porque não houve alegação
de prejuízo; ou ainda porque aquilo não interferiu diretamente no julgamento da causa não
haveria razão para ser desprezado tudo que foi produzido no processo.

3. Preliminares que dizem respeito às Incapacidades Subjetivas


3.1 Suspeição e impedimento do Procurador da República7
A defesa alegou impedimento do Procurador da República, por exemplo, porque ele
foi o mesmo que investigou os fatos na esfera pré-processual e também ofereceu a
denúncia.
Há alegações ainda que sustentam que houve nulidade do processo porque o
Procurador que ofereceu a denúncia atuou na fase pré-processual; ou porque o Procurador
oficiante dirigiu as investigações junto com o delegado; ou ainda porque o procurador
colheu um depoimento na fase pré-processual e tem interesse em legitimar o seu trabalho.
Trata-se de um tema sumulado (Súmula 234 do STJ).8

Súmula 234/STJ: A participação de membro do Ministério Público na fase investigatória


criminal não acarreta o seu impedimento ou suspeição para o oferecimento da
denúncia.

Então, em uma prova dessa natureza, o candidato por utilizar um argumento de


autoridade dessa forma:
“Rejeito a preliminar de suspeição/impedimento de Procurador da República, nos
termos da Súmula 234 do STJ”.

OU
“Rejeito a preliminar de suspeição/impedimento de Procurador da República, porque é
pacífica a jurisprudência no sentido de que a participação do membro do Ministério
Público na fase investigatória não acarreta a sua imparcialidade”.

7
Já houve alegações em 3 ou 4 provas de concurso alegações de suspeição e impedimento do
Procurador da República ou do Juiz Federal, sempre ligada à quebra de imparcialidade para atuar naquele feito.
8
Dica da professora: antes de fazer a prova de sentença criminal é importante que o candidato dê
uma olhada nas súmulas relativas a temas processuais penais.

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Essa mesma ideia de suspeição e impedimento de Procurador da República vale para


o Juízo. É comum essa alegação de imparcialidade e de contaminação subjetiva do juiz que
deferiu uma medida restritiva para depois julgar aquela ação penal.
Um segundo argumento que poderia ser utilizado seria o de que para além de não
haver amparo legal, os juízos de valor feitos no deferimento de uma medida restritiva e na
atuação de uma ação penal ao proferir uma sentença são completamente diferentes. Em um
se afere apenas indícios, como regra, da existência de fato criminoso ou da plausibilidade da
medida. Não há uma análise aprofundada de mérito. Essa análise aprofundada de mérito
será feita no momento da sentença.
Então, para atividades distintas não poderia haver também essa contaminação
subjetiva.

4. Incompetência
Na maioria das vezes, as alegações de competência são rejeitáveis.
Ademais, nas provas de sentença é muito comum a alegação de incompetência
sustentando que os crimes do caso são de competência da justiça estadual.

4.1 Regras de competência constitucional (artigo 109 da CRFB/1988)


a) Ausência de lesão direta a bens, direitos e serviços da União e demais entes.
Nas provas de sentença é muito comum a alegação de incompetência sustentando
que os crimes do caso são de competência da justiça estadual. Quando a Justiça Federal
poderá julgar um crime de competência da Justiça Estadual? Quando houver conexão entre
um crime federal e um crime estadual. É o que dispõe a Súmula 122 do STJ.
Ex.: A pessoa pratica um crime de receptação para na sequência praticar um crime de
roubo contra uma agência dos Correios. Se a pessoa for denunciada por esses dois crimes,
eventualmente, se se entender que há conexão pode haver julgamento conjunto. Esse tema
da receptação é complexo, pois há pessoas que entendem que não há conexão.
Na maioria das vezes há uma rejeição a essa preliminar de incompetência. Imaginem
uma associação criminosa voltada para a prática de crimes de roubo aos Correios e a
agências bancárias. Um dia pratica um crime de roubo contra a Caixa Econômica Federal. No
dia seguinte pratica o crime de roubo contra o Banco do Brasil. Nessa hipótese em que há
uma sucessão de crimes contra entes diferentes. Havendo conexão entre os fatos, é possível
o reconhecimento da Justiça Federal.
Todavia, há hipóteses em que o STF e o STJ afastam a ocorrência dessa conexão,
como por exemplo: a apreensão no mesmo contexto de fato de drogas e moeda falsa não

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necessariamente gera conexão entre os fatos. É muito comum a determinação de


desmembramento desses casos.

Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:


I - as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal forem
interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as de
falência, as de acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do
Trabalho;
II - as causas entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e Município ou pessoa
domiciliada ou residente no País;
III - as causas fundadas em tratado ou contrato da União com Estado estrangeiro ou
organismo internacional;
IV - os crimes políticos e as infrações penais praticadas em detrimento de bens, serviços
ou interesse da União ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas, excluídas
as contravenções e ressalvada a competência da Justiça Militar e da Justiça Eleitoral;
V - os crimes previstos em tratado ou convenção internacional, quando, iniciada a
execução no País, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou
reciprocamente;
V-A as causas relativas a direitos humanos a que se refere o § 5º deste artigo;(Incluído
pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
VI - os crimes contra a organização do trabalho e, nos casos determinados por lei, contra
o sistema financeiro e a ordem econômico-financeira;
VII - os habeas corpus, em matéria criminal de sua competência ou quando o
constrangimento provier de autoridade cujos atos não estejam diretamente sujeitos a
outra jurisdição;
VIII - os mandados de segurança e os habeas data contra ato de autoridade federal,
excetuados os casos de competência dos tribunais federais;
IX - os crimes cometidos a bordo de navios ou aeronaves, ressalvada a competência da
Justiça Militar;
X - os crimes de ingresso ou permanência irregular de estrangeiro, a execução de carta
rogatória, após o "exequatur", e de sentença estrangeira, após a homologação, as
causas referentes à nacionalidade, inclusive a respectiva opção, e à naturalização;
XI - a disputa sobre direitos indígenas.
§ 1º As causas em que a União for autora serão aforadas na seção judiciária onde tiver
domicílio a outra parte.
§ 2º As causas intentadas contra a União poderão ser aforadas na seção judiciária em
que for domiciliado o autor, naquela onde houver ocorrido o ato ou fato que deu origem
à demanda ou onde esteja situada a coisa, ou, ainda, no Distrito Federal.
§ 3º Serão processadas e julgadas na justiça estadual, no foro do domicílio dos
segurados ou beneficiários, as causas em que forem parte instituição de previdência
social e segurado, sempre que a comarca não seja sede de vara do juízo federal, e, se

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verificada essa condição, a lei poderá permitir que outras causas sejam também
processadas e julgadas pela justiça estadual.
§ 4º Na hipótese do parágrafo anterior, o recurso cabível será sempre para o Tribunal
Regional Federal na área de jurisdição do juiz de primeiro grau.
§ 5º Nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, o Procurador-Geral da
República, com a finalidade de assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes de
tratados internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil seja parte, poderá
suscitar, perante o Superior Tribunal de Justiça, em qualquer fase do inquérito ou
processo, incidente de deslocamento de competência para a Justiça Federal. (Incluído
pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

Súmula 122 do STJ: Compete à Justiça Federal o processo e julgamento unificado dos
crimes conexos de competência federal e estadual, não se aplicando a regra do Art. 78,
II, "a", do Código de Processo Penal.

4.1.1 Crimes de prefeito: Súmulas 208 e 209 do STJ


Súmula 208 do STJ: Compete à Justiça Federal processar e julgar prefeito municipal por
desvio de verba sujeita a prestação de contas perante órgão federal.

Súmula 209 do STJ: Compete à Justiça Estadual processar e julgar prefeito por desvio de
verba transferida e incorporada ao patrimônio municipal.

Imagine um prefeito que celebra um convênio com a União Federal para receber
verbas do Fundo Nacional do Desenvolvimento da Educação (FNDE) para comprar merenda
para as Escolas Municipais. O prefeito frauda a licitação, coloca o amigo dele para fornecer
merenda para a Escola, devia parte do dinheiro e fornece uma merenda de péssima
qualidade. A palavra convênio já um indicativo na prova de que a competência é da Justiça
Federal. Então, nessa hipótese, há uma violação a um interesse e a um serviço da União
Federal.
Diferentemente, se um município recebe um repasse orçamentário de uma cota a
qual ele tem direito e aquilo é incorporado no patrimônio do município e o prefeito comete
uma irregularidade ao destinar a verba. A União já não tem interesse em fiscalizar a forma
como essa verba é empregada. É o que diz a Súmula 209 do STJ.
Embora as Súmulas 208 e 209 do STJ mencionem o “prefeito municipal”, elas se
aplicam por analogia a todas as hipóteses de desvio de verbas sujeitas a prestação de contas,
mesmo que não haja a participação do prefeito. Isso vale também para situações em que o
Governador do Estado e o Secretário de Educação celebram um convênio com a União. Se
houver desvio de verbas nesse contexto, aplicam-se analogicamente as aludidas súmulas.
O candidato rejeitará a preliminar da seguinte forma:
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“Rejeito a preliminar de incompetência da Justiça Federal, porque o crime trata de


desvio de verbas públicas sujeitas à prestação de contas a órgão federal, razão pela qual
incide o art. 109, IV da CRFB/1988.”

4.1.2 Medidas constritivas deferidas por juízo absolutamente incompetente:


nulidade?
“A teoria do juízo aparente.”
Imaginem a seguinte situação: a polícia civil começa a investigar em razão de ter
recebido uma denúncia. O delegado de polícia civil representou perante o juiz estadual o
seguinte: requerendo a busca e apreensão e uma interceptação telefônica. O juiz estadual
defere.
No 10º (décimo) dia de interceptação telefônica, o investigado começa a falar com
um colombiano e esse colombiano diz que vai enviar 20, 30 kg de cocaína.
Quando o juiz estadual deferia aquela interceptação telefônica ou a medida de busca
e apreensão, pelas circunstâncias que lhe foram dadas a conhecer, ele acreditava
sinceramente ser competente para aquele julgamento. E as circunstâncias de fato indicavam
isso. O juiz estadual ao verificar essa nova situação, declina o feito em favor da Justiça
Federal.
Ao chegar à Justiça Federal, a pessoa é processada. Nas alegações finais, a defesa
alega nulidade da busca e apreensão, nulidade da interceptação telefônica e de tudo que
aconteceu depois, pois haveria aplicação da “teoria dos frutos da árvore envenenada”.
Vamos perguntar objetivamente: ela foi deferida por um juízo incompetente? Foi,
mas ninguém sabia que o juízo era incompetente, pois os fatos indicavam a competência da
justiça estadual. A teoria que se construiu para se considerar válida essas provas se chama
de “teoria do juízo aparente”, pois o juiz aparentava ser absolutamente competente
momento. Se, naquelas circunstâncias de fato, o juiz realmente não podia conhecer a sua
incompetência, aquela decisão judicial é válida e constitucional.
O candidato rejeitará a preliminar da seguinte forma:

“Rejeito a preliminar de incompetência, com fulcro na ‘teoria do juízo aparente’, já que


quando o juiz estadual deferiu a medida não havia indícios da transnacionalidade da
conduta”.

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Cumpre ressaltar que essa ideia de “juízo aparente” não só vale para uma
interceptação telefônica, vale também para outras situações. Tais como as situações
envolvendo busca e apreensão. Ex.: uma pessoa está sendo investigada por interceptação. É
deferida uma busca e apreensão. Quando as forças policiais chegam ao local, descobrem
que há centenas de materiais descaminhados e contrabandeados. Contudo, não havia
indícios da procedência estrangeira daqueles materiais proibidos. Vejam que quem deferiu
esse mandado de busca e apreensão deferiu licitamente a partir das circunstâncias de fato.
É completamente diferente de um juiz que defere uma medida tendo conhecimento
da sua incompetência.

4.1.3 Varas Especializadas (Lavagem de Dinheiro, SFN9 e ORCRIM10)


O grande questionamento relativo a essas varas especializadas é justamente o da
incompetência, seja porque elas na essência seriam varas que não atendem ao comando
constitucional do juiz natural e da previsão prévia em lei da divisão de atribuições de
competência, seja em razão de alterações no meio do processo que levam a esta
competência.
A primeira ideia que temos que ter é a seguinte: as competências fixadas em razão da
matéria são de natureza absoluta. Então, essa alegação não é uma alegação de natureza
relativa, porque tratamos as incompetências de natureza relativa de uma forma diferente.
As competências de natureza relativa tem uma característica básica que é a seguinte: elas se
prorrogam. Então, o juízo pode ser relativamente incompetente para um fato e ainda assim
poder julgá-lo. Se o juízo é absolutamente incompetente, não poderá julgar, salvo na
hipótese da Súmula 122 do STJ.

Súmula 122 do STJ: Compete à Justiça Federal o processo e julgamento unificado dos
crimes conexos de competência federal e estadual, não se aplicando a regra do art. 78,
II, “a”, do Código de Processo Penal.

A dúvida é a seguinte: seria possível criar uma vara com competência absoluta a
partir de uma especialização feita por um ato regulamentar, pelos regimentos dos tribunais.
Esse foi um grande debate que envolveu a especialização de varas. Vale a pena dar uma lida
no STF HC 88660/CE11.

9
Sistema Financeiro Nacional.
10
Organização Criminosa.
11
Resolução e Criação de Vara Especializada - 4

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O aludido HC conclui no sentido da constitucionalidade da especialização e de que há


ausência de ofensa aos princípios da reserva de lei e do juiz natural, porque há previsão de
especialização na CRFB/1988 e há delegação legislativa para os tribunais executarem essa
atividade por meio de lei.
O candidato rejeitará a preliminar da seguinte forma:
“Rejeito a preliminar de incompetência absoluta do juízo porque o STF declarou que a
especialização é constitucional e não ofende os princípios da reserva de lei e do juiz
natural. Os TRFs podem especializar suas varas por delegação legislativa.”

4.2 Regras de competência infraconstitucional


4.2.1 Competência territorial e suas alterações (art. 78, II do Código de Processo
Penal)
É muito comum a alegação de incompetência pautada nas regras de competência
territorial e nas possibilidades de modificação de competência (regras de conexão e
continência).
É no art. 78 do CPP que se resolvem algumas questões relativas à incompetência.
Os critérios mais importantes serão os da infração mais grave e da pluralidade de
infrações.

Art. 78. Na determinação da competência por conexão ou continência, serão observadas


as seguintes regras: (Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948)

O Tribunal, por maioria, denegou habeas corpus, afetado ao Pleno pela 1ª Turma, em que acusado pela
suposta prática de crimes contra o sistema financeiro nacional, contra a ordem tributária, de lavagem de ativos
ilícitos e apropriação indébita alegava ofensa aos princípios constitucionais da reserva de lei e da separação de
Poderes. Sustentava-se, na espécie, a incompetência da 11ª Vara Federal da Seção Judiciária do Estado do
Ceará, porquanto o inquérito policial iniciara-se no Juízo Federal da 12ª Vara daquela Seção Judiciária e, com a
criação dessa vara especializada em cuidar de delitos financeiros, o procedimento fora para lá distribuído, em
data anterior ao oferecimento da denúncia. Afirmava-se, ainda, por violação ao princípio do juiz natural, bem
como pela não observância do disposto no art. 75, parágrafo único, do CPP, a ilegalidade e a
inconstitucionalidade da Resolução 10-A/2003, do TRF da 5ª Região, que regulamentou a Resolução 314/2003,
do Conselho da Justiça Federal - CJF, a qual fixou prazo para que os Tribunais Regionais Federais
especializassem varas federais criminais para processar e julgar os crimes contra o sistema financeiro nacional
e de lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores (CPP: "Art. 75. A precedência da distribuição fixará a
competência quando, na mesma circunscrição judiciária, houver mais de um juiz igualmente competente.
Parágrafo único. A distribuição realizada para o efeito da concessão de fiança ou da decretação de prisão
preventiva ou de qualquer diligência anterior à denúncia ou queixa prevenirá a da ação penal.") - v.
Informativos 457 e 468.
HC 88660/CE, rel. Min. Cármen Lúcia, 15.5.2008. (HC-88660)

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I - no concurso entre a competência do júri e a de outro órgão da jurisdição comum,


prevalecerá a competência do júri; (Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948)
Il - no concurso de jurisdições da mesma categoria: (Redação dada pela Lei nº 263,
de 23.2.1948)
a) preponderará a do lugar da infração, à qual for cominada a pena mais
grave; (Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948)
b) prevalecerá a do lugar em que houver ocorrido o maior número de infrações, se
as respectivas penas forem de igual gravidade; (Redação dada pela Lei nº 263, de
23.2.1948)
c) firmar-se-á a competência pela prevenção, nos outros casos; (Redação dada
pela Lei nº 263, de 23.2.1948)
III - no concurso de jurisdições de diversas categorias, predominará a de maior
graduação; (Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948)
IV - no concurso entre a jurisdição comum e a especial, prevalecerá esta. (Redação
dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948)

4.2.2 As incompetências relativas


As incompetências relativas geram a possibilidade de prorrogação de competência. E
geram uma irregularidade que também é de natureza relativa.
Então, se a parte não alega no tempo oportuno e não pede para que seja fixada
corretamente a competência, ela perde a oportunidade de reclamar daquele assunto.
Há no CPP um incidente processual denominado de “Exceção”, utilizado tanto para as
exceções de impedimento e suspeição quanto para as exceções de competência.
“Súmula 706 do STF: É relativa a nulidade decorrente da inobservância da competência
penal por prevenção.”

5. Nulidades Fundantes
5.1 Denúncia Anônima
Sabemos que o anonimato é vedado pela Constituição Federal e que a instauração de
uma investigação ou a decretação de uma medida constritiva a partir de uma denúncia
anônima realmente macula um processo. Essa sim é uma nulidade autêntica.
Se chegarmos à conclusão de que a partir de uma carta anônima alguém foi lá e
requereu uma interceptação telefônica e o juiz deferiu, em princípio, esta decisão é nula.
Então, temos duas maneiras de afastar uma preliminar de denúncia anônima, são
elas:

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ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros
doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais.

i) Se a denúncia anônima não é o único substrato probatório para o deferimento da


medida, para a promoção da ação penal ou para a instauração do inquérito, não há
nulidade;12
ii) Se é, também não há nulidade se são feitas investigações preliminares para
verificar a sua idoneidade, antes da instauração do IPL, da ação penal ou de medidas
constritivas. Desta forma, a denúncia anônima pode sim ser a semente de uma investigação,
desde que entre ela e a instauração a medida haja investigações preliminares.
O candidato rejeitará a preliminar da seguinte forma:
“Rejeito a preliminar de denúncia anônima porque ela não fundamentou a decretação
das medidas restritivas ou ela não fundamentou por si só as medidas restritivas, tendo
sido realizadas investigações preliminares que dão plausibilidade à denúncia.”

OU
“Rejeito a preliminar de denúncia anônima porque no entendimento do STF a denúncia
anônima só macula o processo quando individualmente dá ensejo à instauração de
medidas restritivas e não, como no caso concreto, quando há investigações
preliminares.”

No começo do ano 2017, no STF foi publicado um acórdão, o HC 133.148 de Relatoria


do Ministro Ricardo Lewandowski que trata justamente da instauração de investigação
criminal e determinação de interceptações telefônicas com base em denúncia anônima.

5.3 Irregularidades do Inquérito Policial


São irregularidades supostamente fundantes porque estão no começo da
investigação processual. E na alegação das partes macularia todo o resto.
i) Ex.: Atuação da autoridade policial “fora” do seu âmbito ordinário. A divisão interna
da polícia não macula de irregularidade a atuação dos policiais fora da sua atuação. Isso
poderá gerar uma consequência administrativa, mas processual não gera.
- FULANO foi preso em flagrante por policiais civis, mas na verdade deveria ter sido
preso por policiais federais. Isso é irrelevante, pois até uma pessoa do “povo” pode dar voz
de prisão a alguém. Não é caso de atribuição de competência.

12
A professora recorda de uma prova do TRF, salvo engano da 1ª região, onde a banca
(Cespe/Cebraspe) relatou que uma Força Tarefa recebeu uma denúncia anônima de uma determinada
conduta, mas paralelamente esses mesmos fatos foram trazidos ao conhecimento dessa Força Tarefa por uma
representação de um Fiscal. Vejam que temos aportes probatórios distintos para os mesmos fatos, nada
impede que tenhamos justa causa para o prosseguimento da persecução penal.

14
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doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais.

ii) Ex.: nulidade da prisão em flagrante.


iii) Ex.: ausência de indiciamento fundamentado.
- ATENÇÃO: De uma maneira geral, as irregularidades no processamento do IPL,
quando não fundantes, não contaminam a ação penal. Cumpre anotar que o Inquérito
Policial é dispensável, isto é, o MP não necessita do IPL para o oferecimento da denúncia.
Então, as eventuais irregularidades contidas no IPL não contaminam a ação penal.

5.4 Nulidades na produção da prova


5.4.1 Interceptação Telefônica13
As alegações comuns são:
i) Inconstitucionalidade da quebra de sigilo telefônico e telemático.14 Inconstitucional
não é porque a própria CF faz a ressalva no que tange à investigação criminal. Ademais, a Lei
nº 9.296/9615 prevê ainda o sigilo telemático. A jurisprudência diz que a interpretação desse

13
Devemos ter uma visão geral da temática com conhecimento de jurisprudência e da Lei de
Interceptações Telefônicas.
14
A regra que trata da intimidade como um direito individual só passível de restrição quando
necessária para a investigação criminal é frequentemente questionada.
15
LEI Nº 9.296, DE 24 DE JULHO DE 1996.
Regulamenta o inciso XII, parte final,
art. 5°, inciso XII da Constituição Federal
do art. 5° da Constituição Federal.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte
Lei:
Art. 1º A interceptação de comunicações telefônicas, de qualquer natureza, para prova em
investigação criminal e em instrução processual penal, observará o disposto nesta Lei e dependerá de ordem
do juiz competente da ação principal, sob segredo de justiça.
Parágrafo único. O disposto nesta Lei aplica-se à interceptação do fluxo de comunicações em sistemas
de informática e telemática.
Art. 2° Não será admitida a interceptação de comunicações telefônicas quando ocorrer qualquer das
seguintes hipóteses:
I - não houver indícios razoáveis da autoria ou participação em infração penal;
II - a prova puder ser feita por outros meios disponíveis;
III - o fato investigado constituir infração penal punida, no máximo, com pena de detenção.
Parágrafo único. Em qualquer hipótese deve ser descrita com clareza a situação objeto da
investigação, inclusive com a indicação e qualificação dos investigados, salvo impossibilidade manifesta,
devidamente justificada.
Art. 3° A interceptação das comunicações telefônicas poderá ser determinada pelo juiz, de ofício ou a
requerimento:
I - da autoridade policial, na investigação criminal;
II - do representante do Ministério Público, na investigação criminal e na instrução processual penal.
Art. 4° O pedido de interceptação de comunicação telefônica conterá a demonstração de que a sua
realização é necessária à apuração de infração penal, com indicação dos meios a serem empregados.
§ 1° Excepcionalmente, o juiz poderá admitir que o pedido seja formulado verbalmente, desde que
estejam presentes os pressupostos que autorizem a interceptação, caso em que a concessão será condicionada
à sua redução a termo.

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artigo não pode ser uma interpretação literal no sentido de que só a quebra de sigilo
telefônico seria cabível para fins de investigação criminal. É pacífico o entendimento de que
todos os direitos individuais são passíveis de alguma restrição.16
ii) Ausência dos pressupostos para a concessão da medida. Trata-se de um vício de
forma. Ocorre quando o crime não é apenado com reclusão ou não foi suficientemente
demonstrado outros pressupostos necessários para a investigação.
Art. 2° Não será admitida a interceptação de comunicações telefônicas quando ocorrer
qualquer das seguintes hipóteses:
I - não houver indícios razoáveis da autoria ou participação em infração penal;
II - a prova puder ser feita por outros meios disponíveis;

§ 2° O juiz, no prazo máximo de vinte e quatro horas, decidirá sobre o pedido.


Art. 5° A decisão será fundamentada, sob pena de nulidade, indicando também a forma de execução
da diligência, que não poderá exceder o prazo de quinze dias, renovável por igual tempo uma vez comprovada
a indispensabilidade do meio de prova.
Art. 6° Deferido o pedido, a autoridade policial conduzirá os procedimentos de interceptação, dando
ciência ao Ministério Público, que poderá acompanhar a sua realização.
§ 1° No caso de a diligência possibilitar a gravação da comunicação interceptada, será determinada a
sua transcrição.
§ 2° Cumprida a diligência, a autoridade policial encaminhará o resultado da interceptação ao juiz,
acompanhado de auto circunstanciado, que deverá conter o resumo das operações realizadas.
§ 3° Recebidos esses elementos, o juiz determinará a providência do art. 8° , ciente o Ministério
Público.
Art. 7° Para os procedimentos de interceptação de que trata esta Lei, a autoridade policial poderá
requisitar serviços e técnicos especializados às concessionárias de serviço público.
Art. 8° A interceptação de comunicação telefônica, de qualquer natureza, ocorrerá em autos
apartados, apensados aos autos do inquérito policial ou do processo criminal, preservando-se o sigilo das
diligências, gravações e transcrições respectivas.
Parágrafo único. A apensação somente poderá ser realizada imediatamente antes do relatório da
autoridade, quando se tratar de inquérito policial (Código de Processo Penal, art.10, § 1°) ou na conclusão do
processo ao juiz para o despacho decorrente do disposto nos arts. 407, 502 ou 538 do Código de Processo
Penal.
Art. 9° A gravação que não interessar à prova será inutilizada por decisão judicial, durante o inquérito,
a instrução processual ou após esta, em virtude de requerimento do Ministério Público ou da parte
interessada.
Parágrafo único. O incidente de inutilização será assistido pelo Ministério Público, sendo facultada a
presença do acusado ou de seu representante legal.
Art. 10. Constitui crime realizar interceptação de comunicações telefônicas, de informática ou
telemática, ou quebrar segredo da Justiça, sem autorização judicial ou com objetivos não autorizados em lei.
Pena: reclusão, de dois a quatro anos, e multa.
Art. 11. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Art. 12. Revogam-se as disposições em contrário.
Brasília, 24 de julho de 1996; 175º da Independência e 108º da República.
FERNANDO HENRIQUE CARDOSO
Nelson A. Jobim
Este texto não substitui o publicado no D.O.U. de 25.7.1996

16
Nota do Monitor: a doutrina entende que a vedação à tortura e o direito ao ensino fundamental são
direitos fundamentais absolutos.

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III - o fato investigado constituir infração penal punida, no máximo, com pena de
detenção.
Parágrafo único. Em qualquer hipótese deve ser descrita com clareza a situação objeto
da investigação, inclusive com a indicação e qualificação dos investigados, salvo
impossibilidade manifesta, devidamente justificada.

R: demonstração de forma fundamentada – não está o juiz obrigado a discorrer sobre


todas as medidas restritivas alternativas no caso concreto.
Ademais, o tema mais complexo diz respeito aos meios alternativos de investigação.
O juiz deve demonstrar que a investigação não possa ser feita por outros meios. A
jurisprudência vem interpretando o artigo 2º, inciso II da Lei 9.296/1996 no sentido de que o
juiz demonstrar o pressuposto, a complexidade do fato e a necessidade da interceptação
telefônica.

“3. É ônus da defesa, quando alega violação ao disposto no artigo 2º, inciso II da Lei
9.296/1996, demonstrar que existiam, de fato, meios investigativos alternativos às
autoridades para a elucidação dos fatos à época na qual a medida invasiva foi requerida,
sob pena de a utilização da interceptação telefônica se tornar absolutamente inviável.
Precedentes.” (RHC 79.999/MG, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado
em 21/02/2017, DJe 03/03/2017)

iii) Impossibilidade de sua utilização para apurar crimes apenados com detenção ou
crimes conexos. Isso é muito comum. Alguém defere uma medida de interceptação para
apurar crimes de associação criminosa e roubo de carga. No meio da interceptação
aparecem outros fatos, o de que aquela associação se dedica a praticar outros crimes como
contrabando, descaminho, etc. Se a parte alega que a medida foi deferida originalmente
para apurar os crimes de descaminho, ela não poderá ser utilizada? Não há nenhum
impedimento legal para isso. O que importa é que no momento da concessão da medida
haja indícios de alguma prática criminosa que atenda art. 2º, I da Lei 9.296/1996. A mesma
regra para os crimes apenados com detenção, como por exemplo, os crimes previstos na Lei
de Licitações.
iv) Prazo de autorização inicial superior a 15 (quinze) dias: consequências.
- Na forma da lei, o prazo de interceptação telefônica é de 15 (quinze) dias,
prorrogáveis por mais 15 (quinze) dias. Só pode ser prorrogado 1 (uma) vez ou várias vezes?
Várias vezes.

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v) Prazo de duração global da medida é variável, permitindo assim sucessivas


prorrogações, ou seja, não está restrito aos 15 + 15 dias. Ademais, é pacífico o entendimento
da jurisprudência no sentido de que a interceptação telefônica pode ser prorrogada tantas
vezes quantas sejam necessárias desde que demonstradas a manutenção dos seus
pressupostos legais.
R: A combinação dos fatores IMPRESCINDIBILIDADE, RAZOABILIDADE e NATUREZA
COMPLEXA do feito.
Se a interceptação telefônica foi deferida por 30 (trinta) dias ela será nula, porque
excede o prazo previsto em lei. Se ela durou 30 (trinta) dias (15 dias prorrogados por mais
15) será compatível com a lei, isto é, não haverá nulidade alguma. No primeiro caso, não se
acarreta a nulidade de toda a interceptação, pois os primeiros 15 (quinze) dias são válidos.
vi) Ausência de fundamentação inédita nas prorrogações. A partir daí essas
interceptações não valem, pois não houve fundamentação.
R: Distinguir ausência completa de fundamentação sucinta, fundamentação
remissiva17 ou per relationem18.
O candidato rejeitará a preliminar da seguinte forma:

“Rejeito a preliminar, tendo em vista que a jurisprudência dos nossos tribunais não
exige, para a fundamentação das prorrogações, ineditismo ou que sejam deduzidos
fatos novos decorrentes da investigação, bastando que o juiz demonstre a permanência
da situação de fato que justificou a decretação da medida.”

vii) Ausência de transcrição integral.


R: Os requisitos de validade da interceptação não contemplam a transcrição integral.
Ex.: imaginem que alguém filmou na rua um assassinato. Levou para a polícia. A
polícia instaura um IPL. Argui-se posteriormente a nulidade da prova porque não teve perícia
ou uma descrição do que acontece no vídeo. Nesses meios de prova, na verdade a prova em
si é o diálogo, o vídeo e não é um requisito de validade que o vídeo deve ser periciado.

viii) Indeferimento ou ausência de perícia.


É muito comum a alegação de perícia nos áudios para ver se os mesmos foram
editados ou cortados. É possível também fazer perícia nos mecanismos de gravação.

17
Válida pela jurisprudência, desde que presentes os pressupostos de fato.
18
O juiz encampa os argumentos do Ministério Público ou da Autoridade Policial.

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doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais.

Os pedidos de prova são sujeitos a um juízo de necessidade e de valoração por parte


do julgador. Então, na ausência de previsão legal, como não é requisito da prova a existência
de perícia, ela só será deferida quando houver algum questionamento sério e válido a
respeito da idoneidade daquela prova.
Ademais, na interceptação telefônica também é recorrente o pedido de perícia de
voz. Então, imaginem uma pessoa que chega e diz no seu interrogatório que não reconhece
o diálogo como sendo seu. O juiz indefere. Isso é possível? Sim. Já que não há previsão legal
para isso.
R: Desnecessidade da medida, que não é requisito de validade da prova.

ix) Vícios na execução da medida (v.g. utilização de agentes estranhos).


É também muito comum essa alegação.
A lei diz que a intepretação telefônica deve ser conduzida pela autoridade policial.
Contudo, há pessoas que alegam que teve participação da concessionária. Cumpre ressaltar
que é impossível realizar uma interceptação telefônica sem ao menos a concessionária de
telefonia ter conhecimento de qual era o número interceptado.
De uma maneira geral, eventuais irregularidades na execução da medida ou
compartilhamento de sigilo na execução da medida não geram invalidade da medida.
Podem, eventualmente, gerar alguma consequência administrativa.
R: Não há impedimento legal.
x) Vazamento: é ato posterior que não altera a validade da prova.
O eventual vazamento de um diálogo é um ato que não diz respeito nem à
concessão, nem a regula execução a medida. Trata-se de um ato externo, posterior que não
altera a validade da prova. Pode representar um ato criminoso, inclusive, mas que não altera
nem a validade da prova, nem necessariamente altera a competência. O que o juiz não pode
é deferir contra um alvo com prerrogativa de foro uma medida de interceptação.

6. Nulidades Processuais
6.1 Inépcia da Denúncia
6.1.1 Inépcia por ausência de descrição típica
Essa inépcia está diretamente relacionada com o art. 41 do CPP:

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Art. 41. A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato criminoso, com todas as
suas circunstâncias, a qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa
identificá-lo, a classificação do crime e, quando necessário, o rol das testemunhas.

- Denúncia e elementos típicos do fato que é imputado à pessoa. Então, se o


indivíduo é acusado de estelionato, temos que dizer qual a vantagem indevida obtida e em
detrimento de quem e qual o meio fraudulento empregado para obter a vantagem.
Alguns elementos típicos não estão previstos no CP, decorrem de interpretações
jurisprudenciais. E, como regra, eles não deveriam ser exigidos na narrativa. No crime de
abuso de autoridade, por exemplo, há um elemento subjetivo específico que é o elemento
de se prevalecer do seu cargo19.
Contudo, a jurisprudência vem exigindo a narrativa de alguns elementos típicos
como, por exemplo, no art. 89 da Lei nº 8.666/1993, onde se exige o dolo específico de
causar dano ao erário.

Art. 89. Dispensar ou inexigir licitação fora das hipóteses previstas em lei, ou deixar de
observar as formalidades pertinentes à dispensa ou à inexigibilidade:
Pena - detenção, de 3 (três) a 5 (cinco) anos, e multa.
Parágrafo único. Na mesma pena incorre aquele que, tendo comprovadamente
concorrido para a consumação da ilegalidade, beneficiou-se da dispensa ou
inexigibilidade ilegal, para celebrar contrato com o Poder Público.

- Denúncia inepta x denúncia sucinta


Se por um lado a denúncia tem que descrever todas as circunstâncias, ela pode fazê-
las de modo bastante simples. De modo que não precisa adentrar nos detalhes e miudezas
do fato criminoso. Algo que pode ser reservado para a instrução penal e alegações finais e
sentença.
- Denúncia nos crimes multitudinários ou de autoria coletiva (denúncia geral x
denúncia genérica). Sabemos que nos crimes de autoria coletiva, é possível imputar a todos
os acusados a prática de um mesmo fato.
- Uma fórmula genérica de afastar a alegação de inépcia é a que relaciona ela com o
exercício do direito de defesa. O STJ tem o entendimento no seguinte sentido: “não se
reconhece a inépcia quando ela não prejudica/inviabiliza o exercício do direito de defesa”.
Isso é possível avaliar pela atuação da defesa no processo.

19
Nota do monitor: O famoso “você sabe com quem está falando?”

20
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6.1.2 Inépcia por ausência de justa causa


➢ O conceito de justa causa.
- A justa causa exige apenas indícios que comprovem a plausibilidade da ação.
- Todas as questões que dizem respeito ao mérito da demanda.
- Indícios mínimos de autoria e materialidade x prova para acusação – os diferentes
ônus do parquet.
O candidato rejeitará a preliminar da seguinte forma:

“Rejeito a inépcia da denúncia por ausência de justa causa, tendo em vista que foram
apresentados indícios mínimos de materialidade da conduta e neste momento
processual incide o princípio in dubio pro sociedade”

6.1.3 Cerceamento de Defesa


– O que é cerceamento de defesa?
Cercear é tolher uma atividade, colocar um obstáculo indevido àquela atividade.
Há também o chamado cerceamento de acusação, porque o juiz pode tolher tanto a
atividade de uma parte quanto a da outra. Então, essa ideia de que o juiz ceceou alguém
está diretamente ligada à má atuação do juiz na hora de conferir as oportunidades
processuais para as partes.
Normalmente essas alegações estão voltadas para a produção de prova, mas o
cerceamento de defesa pode acontecer tanto do processamento equivocado (negar uma
oportunidade de manifestação, por exemplo) quanto pelo indeferimento de uma prova.
Paralelamente, temos que entender que o direito de defesa/de postular em juízo não
é absoluto. Ele é modelado por outros princípios processuais.
- Cerceamento de defesa por vedação à constituição de patrono.
- O direito de escolher advogado é absoluto. Se o juiz veda à parte o direito dela
escolher o seu advogado, ele pratica uma nulidade insanável.
Ex.: se o advogado d aparte vier a falecer ou renunciar à procuração, a parte é
intimada para constituir um novo advogado, se ela quiser. E só após essa conferir essa
oportunidade, o juiz poderá encaminhar para a Defensoria Pública ou nomear um Defensor
Dativo.

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- Não abrange a hipótese de ausência do defensor público ou do próprio patrono à


audiência (regra expressa do art. 265 do CPP)

Art. 265. O defensor não poderá abandonar o processo senão por motivo imperioso,
comunicado previamente o juiz, sob pena de multa de 10 (dez) a 100 (cem) salários
mínimos, sem prejuízo das demais sanções cabíveis. (Redação dada pela Lei nº 11.719,
de 2008).
§ 1o A audiência poderá ser adiada se, por motivo justificado, o defensor não puder
comparecer. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
§ 2o Incumbe ao defensor provar o impedimento até a abertura da audiência. Não
o fazendo, o juiz não determinará o adiamento de ato algum do processo, devendo
nomear defensor substituto, ainda que provisoriamente ou só para o efeito do
ato. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).

6.1.4 Ausência de defesa x defesa deficiente


Ninguém pode ficar sem defesa em um processo penal. A defesa abrange defesa
técnica e defesa processual.

Súmula 523/STF: No processo penal, a falta de defesa constitui nulidade absoluta, mas
sua deficiência só o anulará se houver prova do prejuízo para o réu.

- Oportunidade do exercício da defesa técnica e pessoal.


- O defensor dativo.
- Estratégia defensiva X defesa deficiente
“A alegação de deficiência da defesa deve vir acompanhada de prova de inércia ou
desídia do defensor, causadora de prejuízo concreto à regular defesa do réu.”

6.1.5 O cerceamento de defesa pelo indeferimento de provas


O direito de produzir provas em juízo não é absoluto. Ele está condicionado a um
momento e também ao crivo/juízo já mencionado.
Os dois momentos principais para REQUERER a produção de provas no processo
penal e sua extensão:
Art. 400. § 1o As provas serão produzidas numa só audiência, podendo o juiz indeferir
as consideradas irrelevantes, impertinentes ou protelatórias.

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Art. 402. Produzidas as provas, ao final da audiência, o Ministério Público, o querelante


e o assistente e, a seguir, o acusado poderão requerer diligências cuja necessidade se
origine de circunstâncias ou fatos apurados na instrução.

Todas as diligências cuja necessidade decorra da instrução criminal poderão ser


pedidas nesse momento. O que acontece comumente é um requerimento tardio de provas
que poderiam ser requeridas no momento inicial e ocorre o fenômeno chamado preclusão.
Sendo assim, o indeferimento fundamentado de diligências não configura
cerceamento de defesa.
O que podemos usar como recurso:
1- Verificar o momento e dizer que não há cerceamento de defesa porque a matéria
está preclusa.
2 – Ou porque as provas são irrelevantes, impertinentes ou protelatórias.

6.1.6 Cerceamento de defesa por inobservância do art. 514 do CPP


Não se aplica mais após a vigência do art. 396-A? As provas de concursos tem
mostrado que este artigo ainda continua em vigor. A maioria dos tribunais entende que esse
artigo continua em vigor.
- Só se aplica aos crimes funcionais próprios: se há concurso com crime comum não
tem incidência.
- Só se aplica se o servidor ainda estiver no cargo ao tempo da ação penal.

Art. 514. Nos crimes afiançáveis, estando a denúncia ou queixa em devida forma, o juiz
mandará autuá-la e ordenará a notificação do acusado, para responder por escrito,
dentro do prazo de quinze dias.
Parágrafo único. Se não for conhecida a residência do acusado, ou este se achar
fora da jurisdição do juiz, ser-lhe-á nomeado defensor, a quem caberá apresentar a
resposta preliminar.

Art. 396-A. Na resposta, o acusado poderá arguir preliminares e alegar tudo o que
interesse à sua defesa, oferecer documentos e justificações, especificar as provas
pretendidas e arrolar testemunhas, qualificando-as e requerendo sua intimação, quando
necessário. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
§ 1o A exceção será processada em apartado, nos termos dos arts. 95 a 112 deste
Código. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
§ 2o Não apresentada a resposta no prazo legal, ou se o acusado, citado, não
constituir defensor, o juiz nomeará defensor para oferecê-la, concedendo-lhe vista dos
autos por 10 (dez) dias. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).

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Súmula 330 do STJ - É desnecessária a resposta preliminar de que trata o artigo 514 do
Código de Processo Penal, na ação penal instruída por inquérito policial.20

A nulidade é relativa: preclusão e prejuízo. A pessoa deve alegar no momento


oportuno.

6.1.7 Cerceamento de defesa por não consideração de prova

"É possível o encerramento da instrução processual antes que todas as testemunhas


arroladas pela defesa sejam ouvidas, visto que, conforme esclarece o art. 222, §§ 1º e
2º, do Código de Processo Penal, a expedição de carta precatória não suspende a
instrução criminal, podendo, inclusive após o prazo determinado para a precatória,
realizar-se o julgamento”. (HC 149.249/PE, Rel. Ministro GURGEL DE FARIA, QUINTA
TURMA, DJe 16/06/2015).

Art. 222. A testemunha que morar fora da jurisdição do juiz será inquirida pelo juiz do
lugar de sua residência, expedindo-se, para esse fim, carta precatória, com prazo
razoável, intimadas as partes.
§ 1o A expedição da precatória não suspenderá a instrução criminal.
§ 2o Findo o prazo marcado, poderá realizar-se o julgamento, mas, a todo tempo, a
precatória, uma vez devolvida, será junta aos autos.
§ 3o Na hipótese prevista no caput deste artigo, a oitiva de testemunha poderá ser
realizada por meio de videoconferência ou outro recurso tecnológico de transmissão de
sons e imagens em tempo real, permitida a presença do defensor e podendo ser
realizada, inclusive, durante a realização da audiência de instrução e
julgamento. (Incluído pela Lei nº 11.900, de 2009)

Quando se expede uma carta precatória ou rogatória, por exemplo, diz o código que
o juiz pode sentenciar o feito sem o retorno dessas cartas. Elas não suspendem o curso da
instrução criminal. Então, elas não interferem na inversão da ordem processual.
Essa alegação é pouco comum ultimamente em razão do uso da videoconferência.

6.1.8 Outras Nulidades


a) Irregularidades no processamento

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Justamente porque ela é um prerrogativa para proteger o cargo.

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Sentença Criminal
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros
doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais.

- O princípio do tempus regit actum. No processo penal, a regra que vale é a regra do
momento no qual o ato está sendo praticado. Então, a invocação de princípios é
suficiente para o candidato afastar uma preliminar.
- Adoção de rito diverso do previsto em lei para determinados crimes. NO rito do
tráfico, por exemplo, o interrogatório do réu é no começo. O rito do tráfico é um rito
especial e deve ser observado se não macula o processo.

6.1.9 Nulidades da audiência


- Ausência das partes e realização da audiência. Há jurisprudência do STF e do STJ
admitindo a realização de audiência sem a presença das partes, desde que tenha sido
oportunidade a sua presença.
- Inversão na ordem de produção das provas. É uma nulidade relativa que demanda
protesto e prejuízo.
- Desrespeito à ordem da palavra para inquirir as pessoas em audiência (art. 212 do
CPP). No sistema do cross examination, o juiz complementará as perguntas feitas pelas
partes. Em princípio, quem começa perguntando é o MP, depois a defesa e logo após o juiz.

Art. 212. As perguntas serão formuladas pelas partes diretamente à testemunha, não
admitindo o juiz aquelas que puderem induzir a resposta, não tiverem relação com a
causa ou importarem na repetição de outra já respondida. (Redação dada pela Lei nº
11.690, de 2008)
Parágrafo único. Sobre os pontos não esclarecidos, o juiz poderá complementar a
inquirição. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008)

- Colidência de interesses e vício na representação. Ex.: a nomeação de um único


defensor para vários réus em um determinado ato processual. A Colidência de interesses
significa que as partes alegam versões diferentes e conflitantes capazes de gerar prejuízo
recíproco.
Ex.: Tício diz que não matou Caio porque estava na Europa. Mévio vem e diz que
quem matou Caio foi Tício. Nesse caso, temos colidência de interesses.

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