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Dor crónica
A dor crónica é geralmente definida como uma dor persistente ou recorrente durante pelo menos
3-6 meses, que muitas vezes persiste para além da cura da lesão que lhe deu origem, ou que
existe sem lesão aparente.
A Dor como 5º sinal vital. Registo sistemático da intensidade da Dor, pelo que deve ser avaliada
nos cuidados de saúde, em conjunto com frequência respiratória, frequência cardíaca, pressão
arterial e temperatura corporal
Quando se vive com dor crónica, entra-se numa experiência de duelo constante, num círculo
vicioso segundo o qual se evita a atividade, porém a falta de mobilidade causa tensão muscular
aumenta a dor e dá lugar a reações emocionais negativas que, por sua vez, diminuem a
tolerância à dor, parecendo que dói cada vez mais. Devido a tudo isto, entram num processo de
isolamento e frustração que pode originar processos de ansiedade ou depressão.
Problemas Psicológicos
Ansiedade - pessoas com elevados níveis de ansiedade centrarem a sua atenção nas
sensações corporais que definem a dor, o que leva à manutenção ou mesmo ao aumento
do nível da dor
Depressão
Insónias
Baixa autoestima
Problemas nas Relações Pessoais
Com familiares
Com o(a)
companheiro(a)
Isolamento voluntário
Qualidade de Vida
https://www.dor.com.pt/sites/dor.com.pt/files/2018-10/13441dor-cronica_v2.pdf
Características individuais
Processos biológicos, temperamento e questões sociais.
Esses fatores são importantes para compreender a pessoa como um todo e para formular uma
conceptualização de caso apropriada
• Processos biológicos - Danos nos tecidos (e.g., tumor cerebral, hérnia discal), Fisiologia
cerebral (e.g., dimensão do córtex somatossensorial), Doenças físicas associadas a dor.
Fatores biológicos importantes incluem a psicofisiologia da dor (ou seja, mecanismos
cerebrais), estado (s) de doença do indivíduo e medicação (analgésica e psicotrópica).
• Ambiente social e contexto - Características demográficas, ambiente social, local de
trabalho/estudo, cuidados de saúde.
o Como o contexto social tem uma influência importante na maneira como todos
nos comportamos, deve ser considerado em condições potencialmente
incapacitantes, como a dor crónica. Quando se trata de contextos sociais e
ambientais, o comportamento dos outros em relação ao indivíduo é tão
importante de se considerar quanto o comportamento da própria pessoa. Esses
fatores interligados incluem características demográficas que afetam os papéis e
suposições / reações comportamentais de outras pessoas (por exemplo, sexo,
idade, raça, status socioeconómico [SES]), ambiente social (por exemplo,
estrutura psicossocial da família e colegas), fatores do local de trabalho/ escola
( por exemplo, estrutura organizacional para lidar com a dor e lesões, suporte
interpessoal no local de trabalho) e ambiente de saúde (por exemplo, tipo de
ambiente de cuidado, acesso a opções de tratamento interdisciplinar, potenciais
preconceitos dos profissionais de saúde).
• Personalidade
o A personalidade geralmente reflete tendência para certos estilos de pensamento
e sistemas de crenças. Turk e Okifuji (2002) propuseram que certos fatores
predisposicionais de risco, incluindo tendências temperamentais em direção à
afetividade negativa, neuroticismo e vulnerabilidade emocional, que aumentam
o risco de alguém se tornar incapacitado após a exposição a trauma físico. No
entanto, os traços de personalidade não são imutáveis, mudam ao longo da vida.
Thorn, B. E. (2017). Cognitive therapy for chronic pain: a step-by-step guide. Guilford
Publications.
Terapias Narrativas
O British Medical Journal publicou uma série de artigos e patrocinou uma série de conferências
discutindo a narrativa do paciente como um complemento crucial para formas quantitativas e
gráficas de evidência para ajudar o médico a fazer um diagnóstico e recomendar o tratamento
A Imprensa da Associação Internacional para o Estudo da Dor (IASP) publicou recentemente
um volume inteiro de artigos sobre narrativas que se originaram em um encontro de acadêmicos
de várias áreas, organizado por três líderes em bolsas de estudo em dor em 2003.
A narrativa deve conter:
1. A narrativa é aberta e inclusiva – não deve ter um princípio, meio e fim certos.
Provavelmente há um início implícito e um fim projetado, mas não devem ser
explicitamente declarados e a narrativa pode integrar ideias ou pessoas ou eventos não
previstos pelo clínico, pesquisador ou auditor
2. O narrador deve ter liberdade para moldar a história - Essa abertura e flexibilidade de
narrativa pode limitar sua generalização e comparabilidade, mas também irá sugerir a
possibilidade de relacionamentos, explicações e soluções não previamente imaginado.
3. A narrativa sempre tem um enredo e personagens - há pelo menos uma personagem, o
protagonista, e muitas vezes os seus relacionamentos com outros personagens são
importantes para a história. Igualmente importante para a história é o enredo, que é
alguma variante da história interna do narrador, uma construção em andamento que
criou para fazer sentido e significado da sua vida, e de acordo com quais os eventos que
narra são selecionados e ordenados, cronologicamente e em termos de importância
4. A história na narrativa é co-criada – ou seja, um individuo constrói uma narrativa de
vida, da doença ou da recuperação ao contar partes da história a outras pessoas, que
podem quer reforçar o seu poder e significado com a sua aceitação, quer desafiar uma
ou mais partes da história, com expressões faciais, silêncios, falta de atenção ou partes
de narrativas alternativas. Por exemplo, expressões ou posturas que indiquem aceitação,
descrença ou desaprovação. Qualquer uma destas respostas dos auditores pode levar o
narrador a alterar o guião, o ritmo, o desenvolvimento de personagens e o outcome da
história.
O papel importante das narrativas nas interações a longo-tempo entre o paciente e o clínico. A
doença ou lesão do paciente interrompeu uma narrativa de vida coerente e o deixou-o num
mundo kafkiano de perda e caos, do qual ele pode não ver uma saída clara. O terapeuta deve co
construir com o paciente um novo guião de perseverança, otimismo e cura, substituindo-o no
centro de uma história integrada, coerente e dinâmica.
Os dados quantitativos abstraem o conhecimento de grandes populações e generalizam para o
mundo em geral, mas as descobertas não podem ser invariavelmente estendidas para o paciente
individual;
A pesquisa narrativa garante a importância do sujeito individual, mesmo numa grande amostra,
retém a integração das múltiplas variáveis complexas da vida real e transmite a convicção da
própria voz do narrador.
Meldrum, M. L., Tsao, J. C. I., & Zeltzer, L. K. (2009). “I can't be what I want to be”:
Children's Narratives of Chronic Pain Experiences and Treatment Outcomes. Pain
Medicine, 10(6), 1018-1034.
Charon (2005) nos últimos 20 anos, tem sido visto como defensor de oportunidades de aplicar a
inovação na abordagem dos desafios de comunicação no campo da saúde.
O seu trabalho na área de narrativas de saúde tem feito muito para reforçar e legitimar a visão
de que a voz do paciente não é um luxo, mas sim um elemento crítico da prestação de serviços
de saúde para pessoas com doenças crônicas que alteram a vida: 'Todos as características da
narrativa - relação, temporalidade, singularidade, causalidade e ética - são aspectos centrais e
incômodos da assistência médica” (Charon, 2005, p. 39).
• Charon enfatiza que a narrativa é particularmente importante na medicina da dor porque a
"invisibilidade" da dor como um evento físico exige palavras para comunicá-la e legitimá-
la.
• Frequentemente, a própria narração é um componente essencial para o paciente desenvolver
a consciência de uma fonte de dor traumática e não reconhecida.
Com base no trabalho de Charon, a narrativa do paciente foi definida por Chapman e Volinn
como "uma construção dinâmica única para a díade falante-ouvinte e, neste sentido, a narrativa
de um paciente é nova a cada narrativa. Porque o ato de contar a própria história é criativo,
envolvendo uma visão pessoal e integração de experiências de vida, a experiência narrativa
informa tanto o paciente quanto o ouvinte '(Chapman e Volinn, 2005, p. 73).
“Evidências sugestivas apoiam o efeito de tratamentos psicológicos, como terapia cognitivo-
comportamental, hipnose ou gestão de stresse, na redução da dor da artrite (SMD, −0,2; IC
95%: -0,3 a −0,1). A evidência foi sugestiva também para o efeito da autorregulação na redução
da dor em pacientes com artrite reumatoide (SMD, 0,18; IC 95%: 0,07 a 0,29) em comparação
com o tratamento padrão e para programas de autogestão na redução da dor da osteoartrite.”
Brown, C. A., Dick, B. D., & Berry, R. (2010). How do you write pain? A preliminary study of
narrative therapy for people with chronic pain. Diversity in Health & Care, 7(1).
Coakley, R., & Wihak, T. (2017). Evidence-based psychological interventions for the
management of pediatric chronic pain: new directions in research and clinical
practice. Children, 4(2), 9.