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Bete Coelho Estrela 'Gaivota', de Tchékhov, em Versão Filmada No Meio Do Mato - 10 - 10 - 2021 - Ilustrada - Folha
Bete Coelho Estrela 'Gaivota', de Tchékhov, em Versão Filmada No Meio Do Mato - 10 - 10 - 2021 - Ilustrada - Folha
10.out.2021 às 13h00
EDIÇÃO IMPRESSA
(https://www1.folha.uol.com.br/fsp/fac-simile/2021/10/11/)
SÃO PAULOAtores cavam a terra com pás, alisam toras de madeiras com lixas e
usam furadeiras para pregar peças que se constituirão em camas, mesas e
bancos, instalados em seguida no meio do mato, diretamente sobre a terra.
Nesse cenário de mobília mínima, cercado por arredores esplendorosos de
árvores, folhagens, chão batido e um riacho, uma família e seus agregados vão
viver dramas cotidianos do interior da Rússia no final do século 19.
Arkádina é uma atriz famosa que tem um conflito com o filho, o aspirante a
dramaturgo Tréplev, fazendo pouco caso de seus textos e debochando de suas
peças —ele tenta fazer um teatro de linguagem inovadora, diferente do que
consagrou sua mãe. Tréplev escreve as peças para sua amada, Nina, jovem cujo
sonho é ser atriz e que tem em Arkádina seu modelo. Tudo se complica quando
Nina se apaixona pelo companheiro de Arkádina, o aclamado escritor Trigórin.
ganha agora uma nova versão, encenada e filmada pela Companhia BR116 numa
fazenda de Itu, no interior de São Paulo. O resultado é um “teatrofilme” de
pouco mais de uma hora de duração com estreia na próxima terça-feira (12).
“Nós estávamos nessa casa de campo, não ‘chegamos para trabalhar’, vivemos
um pouco daquilo. Absorvemos muito disso e isso está na peça que fizemos”,
diz a atriz Bete Coelho, que interpreta Arkádina, sobre a locação, onde os
atores e a equipe filmaram por 20 dias em meados deste ano, a culminação de
um longo processo iniciado antes da pandemia. “A nossa luz foi o sol, e é uma
luz divina às vezes, a gente não usou nenhum refletor.”
Há motivos para montar novamente uma das peças mais encenadas da história
do teatro ocidental (https://guia.folha.uol.com.br/teatro/2015/04/1617432-classico-de-tchekhov-e-transposto-para-
o-brasil-atual-em-peca-de-teatro.shtml),
afirma Coelho —além de ter como um dos temas o
universo da arte no qual ela e seus colegas estão inseridos, o texto fala da
dificuldade de comunicação nas relações, de palavras que ficam no meio do
caminho e ideias que se cruzam mas não se encontram.
Ainda segundo Fernandes, a peça chama atenção por não ter propriamente um
herói, ser uma dramaturgia sem protagonista e que pode ser encarada a partir
do ponto de vista de qualquer um dos personagens. Nina, vivida por Luiza
Curvo, é mais idealista e tem rompantes que dão vida ao ambiente soturno que
a cerca; já Trigórin, interpretado por Flávio Rocha, soterra com racionalidade
seus fortes sentimentos por ela.
para-o-estrangeiro.shtml),
apresentado no início deste ano. Mas, diferentemente do
preto e branco carregado em que a personagem de Eurípedes foi filmada, a
peça de Tchekhov traz uma fotografia em tons terrosos e sem cores muito
contrastadas, como se os personagens estivessem mimetizados à terra à qual
pertencem.
Outro artifício foi usar a voz de Tchékhov —interpretado em off por Luiz Frias,
publisher da Folha— como uma espécie de narrador e guia dos personagens.
Por fim, a breve presença de animais em cena, como um cachorro e um bode,
remete à paixão do dramaturgo por animais e também ajuda a quebrar o gelo
de um texto que tende ao dramalhão.
GAIVOTA
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