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Roteiro: do começo

ao fim, passando
pelo meio
com Jorge Furtado
Aula 01

Apresentação: como
nasce um filme?

duração: 33 minutos
Introdução
O roteiro é um tipo específico de texto, que existe para se tornar um filme.
Existem regras para se escrever um roteiro, mas regras no sentido de parâmetros
e não de obrigações. Roteiro é uma das etapas na realização de uma produção
audiovisual, que são dez:

1. ideia
2. argumento
3. roteiro
4. projeto
5. pré produção e decupagem
6. filmagem
7. montagem
8. edição de som
9. finalização
10. lançamento

No curso, vamos falar sobre as três primeiras etapas. Mas é importante saber que
o roteirista também é chamado a interferir nas outras etapas (adaptações ao
roteiro em função da pré-produção ou na montagem, por exemplo).

O que pode ser uma ideia para um filme?


• uma situação dramática;
• um personagem;
• um ambiente;
• os costumes humanos;
• uma situação que foge da regra social comum;
• a maneira pitoresca de um grupo social agir;
• um conceito narrativo;
• um tema;
• uma imagem.
É importante notar que estas ideias se misturam: uma situação dramática inclui
personagens e também um ambiente, um tema, um conceito narrativo e imagens.
Um filme precisa de muitas ideias, mas alguma tem de ser a primeira.

Depois de definir sua ideia, você precisa de um método de trabalho: você pode
escrever primeiro em forma de prosa, como um diário, escrevendo as cenas em
cartões separados (alguns programas de roteiro ajudam nisso, atualmente) ou
decupar uma obra literária.

Exercícios
1. Fazer uma lista de cinco ou dez filmes que se constroem em torno de um único
personagem.

2. Fazer uma lista de dez filmes que a situação dramática é que é a base do filme.

Referências citadas nesta aula:


(filmes e séries)
Sunset Boulevard, Billy Wilder (1950)
Luzes na cidade, Charles Chaplin (1931)
Houve uma vez dois verões, Jorge Furtado (2002)
Ifigênia, Michael Cacoyannis (1977)
Cabra Marcado para Morrer, Eduardo Coutinho (1984)
Amadeus, Milos Forman (1984)
Taxi Driver, Martin Scorsese (1976)
A hora da estrela, Suzana Amaral (1985)
The office, Ricky Gervais e Stephen Merchant (2001)
Cazuza, o tempo não para, Sandra Werneck e Walter Carvalho (2004)
Grey Gardens, Albert and David Maysles (1975)
Santiago, João Moreira Salles (2007)
Cidade de Deus, Fernando Meirelles (2002)
Ilha das Flores, Jorge Furtado (1989)
Todos os homens do presidente, Alan J. Pakula (1976)
Sob Pressão, Andrucha Waddington (2017)
Um Dia nas Corridas, Sam Wood (1937)
Hamlet, Laurence Olivier (1948)
Tire Dié, Fernando Birri (1960)
Toda Memória do Mundo, Alain Resnais (1956)
Eu, tu, eles, Andrucha Waddington (2000)
Pantaleão e as visitadoras, Francisco Lombardi (2000)
Esta não é sua vida, Jorge Furtado (1991)
O Homem que Copiava, Jorge Furtado (2003)
O Feitiço do Tempo, Harold Ramis (1993)
O Discreto Charme da Burguesia, Luis Buñuel (1972)
Mad Men, Matthew Weirner (2007)
House, M.D, David Shore (2004)
Grey’s Anatomy, Shonda Rhimes (2005)
Barbosa, Jorge Furtado e Ana Luíza Azevedo (1988)
Busby, Anna Henckel (1997)
O Último Magnata, Elia Kazan (1976)
Quando Paris Alucina, Richard Quine (1964)

(livros, textos e peças)


Oréstia, Ésquilo (tragédia grega)
Édipo Rei, Sófocles (427a.c)
João e Maria, Irmãos Grimm
Romeu e Julieta, William Shakespeare
A tragédia de Hamlet, o príncipe da Dinamarca, William Shakespeare
Cinderela, Charles Perrault
Pantaleão e as visitadoras, Mario Vargas Llosa (1973)
Na sala de roteiristas, Cristina Kallas (2016)

(outros)
Clitmenestra e Agamenon, quadro de Piérre Narcisse Guérin (1822)
Logicomix: uma jornada épica em busca da verdade, Aphostolos Doxiadis e
Christos Papadimitriou (2008) HQ
Aula 02

Sinopse, argumento,
escaleta

duração: 11 minutos
O primeiro passo para fazer um roteiro é uma ideia, já o segundo passo é a sinopse.

A sinopse é um breve resumo da trama, revelando tudo que acontece na história.

*No curso estamos sempre falando de produções audiovisuais que contam


histórias

Depois de escrever a sinopse, a próxima etapa é o argumento: é a história toda.

O argumento deve conter, mesmo na sua forma mais reduzida, uma ideia básica
dos personagens, seus conflitos, do ambiente em que a história se passa e de seu
desfecho.

Para chegar ao roteiro, também é preciso passar pela criação da escaleta.

O termo é criado pela roteirista Susan D’amico para se referir aos degraus da
escada que um personagem vai subindo, ou as etapas de uma história. A escaleta
também deve incluir o ambiente em que o acontecimento se passa. É uma etapa
muito importante para a divisão posterior do roteiro em cenas.

Exercício
Complete as lacunas sobre a história

É a história de….
Que quer muito….
E não consegue por causa de….
Primeiro…
Depois….
Por fim….

Referências citadas nesta aula:


(filmes e séries)
O Homem que Copiava, Jorge Furtado (2003)
Esta não é sua vida, Jorge Furtado (1991)
O jogador, Robert Altman (1992)
Jesus Cristo Superstar, Norman Jewison (1973)
E.T, Steven Spielberg (1982)
Houve uma vez dois verões, Jorge Furtado (2002)
Aula 03

O que é um roteiro?

duração: 18 minutos
1. O roteiro dá a direção de uma história, como ela vai se movimentar, e dá os
acontecimentos na ordem em que eles acontecem.
2. O roteiro é a tentativa de transformar a linguagem cinematográfica (visual e
auditiva) em palavras.
3. O roteiro é um instrumento de trabalho para a equipe que irá transformar as
palavras em linguagem cinematográfica.

(!) Toda ação dramática do filme - que incluiu a descrição de personagens, ações
e cenários - assim como todas as falas - incluindo off e sons importantes- devem
estar no roteiro.

É importante saber como um filme é feito para escrever um roteiro.


O roteiro é a principal ferramenta para convencer as pessoas e investidores a fazer
um filme. Ele foi criado na indústria cinematográfica também para determinar a
duração, as necessidades da produção e os custos do filme.

O que um roteiro não é?


Literatura!
Apesar de muitos livros terem sido adaptados em bons filmes, não
necessariamente o bom livro vira um bom filme. A escrita literária pode ser uma
inimiga do roteiro.
No cinema, é preciso tornar externo o que é interno. O trabalho do roteirista é
dramatizar: transformar um sentimento em ação (diálogos ou ação cênica).

Regra incontornável: tudo o que você escreve em um roteiro deve ser visível ou
audível.

Referências citadas nesta aula:


(filmes)
Saneamento básico, o filme, Jorge Furtado (2007)
(outros)
Charwomen in Theather, desenho de Norman Rockwell (1946)
Jury room, desenho de Norman Rockwell (1959)
Girl with black eye, desenho de Norman Rockwell (1953)
Aula 04

Regras da escritura
do roteiro

duração: 26 minutos
Nessa aula, o roteiro será discutido como instrumento de trabalho. Arte e a
técnica são coisas inseparáveis, por isso é preciso conhecer o fazer cinemato-
gráfico.

Regras da escritura de um roteiro abordadas nesta aula (serão 11 abordadas ao


longo do curso):
Tudo o que está escrito no roteiro deve ser visível ou audível;
O roteiro deve ser dividido em cenas (unidade de tempo e espaço para a ação
dramática que orienta a filmagem);

É preciso transformar o que está escrito no roteiro em uma cena, por isso, é
importante estar atento às indicações do que atores e produção devem fa-
zer. Nesta aula, veremos todos os tipos de palavras que atrapalham na hora da
filmagem e que, por isso, são perigosas para estarem presentes nas rubricas de
um roteiro:
• Palavras que exprimem não existência
• Palavras que exprimem relações não visíveis
• Palavras que exprimem duração de tempo
• Palavras que exprimem ordem não visível
• Palavras que exprimem mudança não visível
• Palavras que exprimem quantidades subjetivas
• Palavras que exprimem qualidades não visíveis do espaço
• Palavras que exprimem qualidades não visíveis da matéria
• Palavras que exprimem faculdades do conhecimento
• Palavras que exprimem faculdades do desejo (volitivas)
• Palavras que exprimem operações afetivas não visíveis
• Palavras redundantes ao ato cinematográfico

Referências citadas nesta aula:


(filmes)
Um lugar chamado Notting Hill, Roger Michell (1999)
Amarcord, Federico Fellini (1973)
Os Bons Companheiros, Martin Scorsese (1990)
Saneamento básico, o filme, Jorge Furtado (2007)

(livros)
Grande Sertão Veredas, Guimarães Rosa (1956)

(outros)
Storm Warning, desenho de Greg Hildebrandt (2000)
Segregated Water Fountains, fotografia de Eliott Erwitt (1950)
Aula 05

O que é o cinema?

duração: 18 minutos
Nesta aula, serão apresentadas algumas definições do cinema enquanto arte
e meio, por alguns de seus pensadores e realizadores. Também são discutidos
conceitos fundamentais do cinema enquanto técnica (fotografia em movimen-
to) e enquanto situação social, pensando as implicações no público especta-
dor. Tais conceitos são:
• Persistência da imagem na retina
• Efeito esteriocinético
• Estado do Cinema
• Suspensão voluntária da descrença

Referências citadas nesta aula:


(filmes)
Fora de Quadro, Janaína Fischer e Marcio Schoenardie (2015)

(autores citados)
Hugo Mauerhofer
Samuel Taylor Coleridge
Aula 06

Elementos da
linguagem
cinematográfica

duração: 35 minutos
Para que possamos melhor utilizar o potencial da linguagem cinematográfica
e traduzi-la em palavras no roteiro, é útil que conheçamos os seus elementos.
Nesta aula serão apresentados os elementos da linguagem cinematográfica:
1. Personagem
2. Cenário
3. Enquadramento
4. Luz
5. Duração
6. Movimento
7. Som

Referências citadas nesta aula:


(filmes)
Noites de Cabíria, Federico Fellini (1957)
Se Meu Apartamento Falasse, Billy Wilder (1960)
Blade Runner, Ridley Scott (1982)
Rasga Coração, Jorge Furtado (2018)
A Matadeira, Jorge Furtado (1994)
O Limite, Mario Peixoto (1931)
Três Homens em Conflito, Sergio Leone (1966)
O Dia Que Dorival Encarou a Guarda, Jorge Furtado e José Pedro Goulart (1986)
O Homem que Copiava, Jorge Furtado (2003)
Um corpo que cai, Alfred Hitchcock (1958)
Um lugar qualquer, Sofia Coppola (2010)
Elegia soviética, Alexander Sokurov (1989)
O Encouraçado Potemkin, Sergei Eisenstein (1925)
Os Intocáveis, Brian De Palma (1987)
A Família, Ettore Scola (1987)
Amarcord, Federico Fellini (1973)
Doce de mãe, Jorge Furtado e Ana Luiza Azevedo (2012)
All That Jazz, Bob Fosse (1979)

(autores citados)
Étienne Souriau
Aristóteles

(outros)
Wally Wood, 22 panels that always work
Aula 07

Mais elementos
da linguagem
cinematográfica

duração: 33 minutos
(Continuando os elementos)Falas
8. 8.1 Diálogos (em sincronia com a imagem do personagem): procure escre-
ver a favor dos personagens, considerando que cada fala é um acontecimento
dramático, sendo surpreendente e inevitável;
8.2 Narração em off (não tem sincronia labial com a cena): pode ser um narra-
dor objetivo; um narrador subjetivo; manifestação de um fenômeno sobrenatu-
ral; diálogo interno em um espaço que não se vê em cena; um diálogo antecipa-
do de uma cena anterior ou o adiantamento de uma cena seguinte; um diálogo
adjacente ou fora de quadro.
9. Ação dramática
10. Plano
11. Corte
12. Parafilme (O que não está no filme, mas já se sabe sobre o filme)
Erros mais comum quanto aos elementos da linguagem cinematográfica:
• Desequilíbrio entre os elementos
• Esquecer que “Ação é eloquência”, o que vemos no filme é o mais eloquente

Referências citadas nesta aula:


(filmes)
O Limite, Mario Peixoto (1931)
O Crepúsculo dos Deuses, Billy Wilder (1950)
Saneamento básico, o filme, Jorge Furtado (2007)
A Primeira Noite de Um Homem, Mike Nichols (1967)
Dr. Fantástico, Stanley Kubrick (1964)
Tubarão, Steven Spielberg (1975)
Tootsie, Sidney Pollack (1982)
Império dos Sentidos, Nagisa Ōshima (1976)
Último Tango em Paris, Bernardo Bertolucci (1972)
Decamerão: A Comédia do Sexo, Jorge Furtado e Ana Luiza Azevedo (2009)
(livros)
O Roteiro de Cinema, Michel Shion (1989)
Aula 08

Combinação de
elementos da
linguagem

duração: 35 minutos
Agora que sabemos os elementos, é preciso pensar como arranjar e combinar
os elementos da linguagem cinematográfica. Em toda produção cinematográfi-
ca, os elementos são somados para atingir um efeito de sentido.

Apresentação de personagens: um filme começa com um personagem que quer


alguma coisa e nós, público, sabemos que ele quer algo. No cinema, há a difi-
culdade de não apresentar o personagem em sua subjetividade (diferente da
literatura), mas existem todos estes elementos para ajudar a contar a história
do personagem. Nesta aula, comentamos como apresentar os personagens e
suas histórias, usando vários elementos para construir um personagem, brin-
cando com os clichês e suas obviedades.

No roteiro, algumas características de apresentação do personagem são fun-


damentais:
• Idade
• Ocupação
• Relacionamentos
• Gênero
• Aspectos de exposição seletiva

Referências citadas nesta aula:


(filmes e séries)
Ran, Akira Kurosawa (1985)
O Dia que Dorival Encarou a Guarda, Jorge Furtado e José Pedro Goulart (1986)
Ilha das Flores, Jorge Furtado (1989)
A Greve, Sergei Eisenstein (1925)
Psicose, Alfred Hitchcock (1960)
Cidade das Ilusões, John Huston (1972)
Todas as Mulheres do Mundo, Jorge Furtado (2020)
O Homem que Copiava, Jorge Furtado (2003)
Cabaret, Bob Fosse (1972)
Uma Cilada para Roger Rabbit, Robert Zemeckis (1988)
Um Grande Garoto, Chris Weitz, Paul Weitz (2002)

A Montanha dos Sete Abutres , Billy Wilder (1952)

(livros)
Dom Quixote, Miguel de Cervantes (1605)
Alice no País das Maravilhas, Lewis Carroll (1865)

(autores citados)
Alberto Manguel
Aula 09

Os personagens

duração: 13 minutos
O que os personagens dizem: as falas no roteiro são o que, talvez, mais define
o personagem na dramaturgia. Por isso a maneira de falar de um personagem,
podem ser indicadas e sugeridas pelo roteirista, mas é mais comum que estas
particularidades sejam definidas pelo diretor e o ator.

O roteiro e o figurino: a maneira de se vestir, maquiagem e cabelo tornam exte-


rior o que é interior do personagem, isso é muito importante para a dramatiza-
ção.

O caráter do personagem: muitas bíblias de venda de séries são precedidas de


grandes descrições dos personagens, mas é importante que todas as carac-
terísticas estejam no filme, pois se não estiverem elas não existem. É possível
definir o personagem também pelas ações de outros personagens que se rela-
cionam com ele.

Referências citadas nesta aula:


(filmes e séries)
Cena aberta: A Hora da Estrela, Jorge Furtado (2003)
Taxi Driver, Martin Scorsese (1976)
O Diabo Veste Prada, David Frankel (2006)
Ninotchka, Ernst Lubitsch (1939)
Moby Dick, John Huston (1956)
Stranger Than Paradise, Jim Jarmusch (1982)
Tootsie, Sidney Pollack (1982)
Nós que nos Amávamos Tanto, Ettore Scola (1974)

(livros)
Adeus a Berlim, Christopher Isherwood (1939)
Três alqueires e uma vaca, Gustavo Corção (1955)
(autores citados)
Simão Lopes Neves
Henry James
Étienne Souriau
Aula 10

Mais sobre
personagens

duração: 12 minutos
Já falamos sobre o personagem de um ponto de vista técnico. Mas, junto a
trama, o personagem é a parte mais importante da dramaturgia. Nesta aula, va-
mos falar sobre a história de origem de grandes personagens da dramaturgia,
ou ainda, os arquétipos que definem personagens.

Ex: Caim e Abel, dois irmãos em conflito. Um preferido por Deus e o outro que o
mata. Abel é puro e Caim é invejoso. Os personagens que também estão neste
conflito, que assassinam o irmão ou são assassinados por um, repetem estes
arquétipos.

Referências citadas nesta aula:


(filmes e séries)
Amadeus, Milos Forman (1984)
Vidas Amargas, Elia Kazan (1955)
Mad Man, Chris Manley (2015)
Zazie no Metrô, Louis Malle (1960)

(livros, textos e peças)


A Leste do Éden, John Steinbeck (1952)
A tragédia de Hamlet, o príncipe da Dinamarca, William Shakespeare
Zazie no Metrô, Raymond Queneau (1959)
O Apanhador no Campo de Centeio, J. D. Salinger (1951)
O Complexo de Portnoy, Philip Roth (1969)
Aventuras de Huckleberry Finn, Mark Twain (1884)
Tom Sawyer, Mark Twain (1835 - 1910)
Shakespeare, Jean Paris (1992)
Dicionário de cultura literária 100 citações e 100 personagens célebres, Bénédicte
Lanot (2007)
Pequena enciclopédia de personagens da literatura brasileira, Clóvis Bulcão (2005)
Grande Sertão Veredas, Guimarães Rosa (1956)
(outros)
Caim matando Abel, quadro de Pietro Novelli (1603-1647)
Aula 11

As funções
dramatúrgicas

duração: 21 minutos
Outra maneira de pensar os personagens arquetípicos é pensar nas funções
dramatúrgicas que, combinadas em diferentes arranjos e possibilidades, che-
gam em variadas situações dramáticas. Esta teoria de Souriau aparece nesta
aula para apresentar as seis funções dramatúrgicas, que são:

1. Força Temática (o Leão)


2. Uma força orientada, que pode ser desejo ou temor, que move a história;
3. O Sol
4. O bem desejado, ou valor que dá orientação ao leão;
5. A Terra
6. Aquele a quem o leão quer proporcionar o sol (pode ser a si mesmo);
7. Marte
8. É o oponente, o adversário, a resistência que se opõe ao leão;
9. O juízo (libra)
10. Aqueles que decidem, atribuem o bem;
11. A cúmplice (lua)
12. Um satélite que acompanha outro personagem.

Estas seis funções dramatúrgicas estão presentes em qualquer história, mas


elas podem mudar ao longo de uma história, ou estarem ausentes (representa-
das em um objeto ou força inanimada). Os roteiros raramente são pensados a
partir destas funções, mas é importante conhecê-las para compreender como
funcionam as histórias e preencher eventuais lacunas que existam em seu ro-
teiro.

Referências citadas nesta aula:


(filmes e séries)
E.T, Steven Spielberg (1982)
Sonhos de um Sedutor, Woody Allen (1972)
Amadeus, Milos Forman (1984)
Touro Indomável, Martin Scorsese (1980)
Cassino, Martin Scorsese (1995)
Lawrence da Árabia, David Lean (1962)
Meu tio da América, Alain Resnais (1980)
O Homem que Copiava, Jorge Furtado (2003)
Psicose, Alfred Hitchcock (1960)

(livros, textos e peças)


As duzentas mil Situações Dramáticas, Etienne Souriau (1950)
Mãe Coragem e os seus filhos, Bertolt Brecht (1941)
Um Inimigo do Povo, Henrik Ibsen (1883)
Romeu e Julieta, William Shakespeare
Hamlet, William Shakespeare
O mercador de veneza, William Shakespeare
Caso do Vestido, Carlos Drummond de Andrade (1945)
Aula 12

Arquétipos

duração: 23 minutos
O teatro ocidental, do séc. XV ao séc. XVIII, foi dominado por um gênero cha-
mado “Commedia dell’arte”. Com apenas cinco personagens, ou arquétipos,
este tipo de dramaturgia contou histórias variadas durante estes três séculos.
Nesta aula, vamos conhecer estes arquétipos da “Commedia dell’arte”, que são:
1. Os criados: o arlequim, o briguela, o pulcinella, o pierrot e a colombina
2. Os velhos: o pantaleão ( sua versão mais jovem é o brancaleone), o dottore,
o capitano e escaramucci
3. Os enamorados: um casal de apaixonados como Isabella e Filipinho

Erros mais comuns quanto aos personagens no cinema:


• o personagem não tem uma motivação clara;
• falta de personagens simpáticos;
• antipatia ou inconsistência na empatia do personagem;
• falta de personagens que possibilitem comparações favoráveis (falta de
diferenciação entre os personagens);
• excesso de personagens ou sem função clara (personagem elimináveis de-
vem ser eliminados);
• indefinição do protagonista;
• personagens mal caracterizadas;
• personagens bi-dimensionais, marionetes do roteirista;
• incoerência dos personagens;
• falta de transformação dos personagens;
• erro na escolha do ator.

Referências citadas nesta aula:


(filmes e séries)
A Vida de Brian, Terry Jones - Monty Python (1979)
O Auto da Compadecida, Guel Arraes (2000)
Lazarillo de Tormes, autoria desconhecida (1554)
Guzmán de Alfarache, Mateo Alemán (1599)
Os Trapalhões (1966-1995)
Seinfeld, (1989-1999)
A viagem do capitão tornado, Ettore Scola (1991)
Saneamento básico, o filme, Jorge Furtado (2007)
Decamerão: A Comédia do Sexo, Jorge Furtado e Ana Luiza Azevedo (2009)
Onde os Fracos não têm Vez, Irmãos Coen (2007)
Branca de Neve e os Sete Anões, David Hand (1937)
O Mambembe, Guel Arraes (1993)
Butch Cassidy, George Roy Hill (1969)
Golpe de Mestre, George Roy Hill (1974)

(livros e peças)
O Coronel e o Lobisomem, José Cândido de Carvalho (1974)
La Locandiera, Carlo Goldoni (1753)
Decamerão, Giovanni Boccaccio
O Mambembe, Arthur Azevedo (1904)

(autores)
Irmãos Marx
Carlo Goldoni
Aula 13

Irmãos Marx
Carlo Goldoni

duração: 25 minutos
A ação dramática e o personagem andam juntos. Tudo que o personagem faz
movimenta a ação dramática. Uma história começa no momento em que um
personagem deseja alguma coisa e passamos a acompanhá-lo em direção a
este objetivo, observando como ele irá e se irá conseguir. A história termina
quando o personagem atinge seu objetivo, ou o objetivo desaparece. A partir
de alguns dos melhores filmes de todos os tempos, esta aula resume ações
dramáticas de histórias emblemáticas para explicar o conceito.

A apresentação da ação dramática deve ser feita desde a primeira cena, logo,
para cativar o espectador. Começar bem um filme é fundamental, mas começar
bem uma série de TV é vital.

Erros mais comuns quanto ao começo:


• Muito lento, retardando o envolvimento do espectador
• Um começo muito impressionante, dificultando a gradação da trama

Referências citadas nesta aula:


(filmes e séries)
Lawrence da Árabia, David Lean (1962)
2001 - Uma Odisséia no espaço, Stanley Kubrick (1968)
Cidadão Kane, Orson Welles (1941)
O Poderoso Chefão, Francis Ford Coppola (1972)
Rei Lear, Michael Elliott (1983)
Andrei Rublev, Andrei Tarkovsky (1969)
Os Sete Samurais, Akira Kurosawa (1954)
A Vida de Inseto, John Lasseter (1998)
O Dia Que Dorival Encarou a Guarda, Jorge Furtado e José Pedro Goulart (1986)
Barbosa, Jorge Furtado e Ana Luíza Azevedo (1988)
Houve uma vez dois verões, Jorge Furtado (2002)
O Homem que Copiava, Jorge Furtado (2003)
Saneamento básico, o filme, Jorge Furtado (2007)
Breaking Bad, Vince Gilligan (2008)
De Volta para o Futuro, Robert Zemeckis (1985)
Fanny e Alexander, Ingmar Bergman (1982)
Verdes anos, Giba Assis Brasil e Carlos Gerbase (1984)
Homeland, Howard Gordon e Alex Gansa (2011)
Cidade das Ilusões, John Huston (1972)

(livros)
A Arte da Ficção, David Lodge (1992)
L’art des séries télé, Vincent Colonna (2010)

(outros)
Oito regras para escrever uma história curta, Kurt Vonnegut
Roteiristas de Cinema livro
Aula 14

A Cena

duração: 22 minutos
O que é uma cena?
Uma unidade dramática, com personagens, em determinado espaço e tem-
po. Deve ser tratada como um pequeno filme em si: ter começo, meio e fim.
Cumprindo pelo menos um de dois objetivos centrais: apresentar algo sobre os
personagens e/ou fazer a história andar.

Erros mais comuns na construção de uma cena:


• Cena inútil (não revela nada sobre personagens, não faz avançar a história e
nem dá ritmo à narrativa)
• Cena apertada (com muitos acontecimentos)
• Cena frouxa (com tempos dramaticamente relevantes)
• Excesso de cenas sem ligação (desordem narrativa)
• Excesso de cena terminando em gancho (suspense)

Tempos no cinema: o cinema é uma arte consecutiva e narrativa. Uma narrativa


se constrói pela ação, considerando os três tempos verbais: Passado (eu fiz,
motivo da ação); Presente (eu faço, a ação em si) e Futuro (eu farei, a inten-
ção da ação) e cada um destes tempos tem um impacto na narrativa, que são
apresentados nesta aula.

Referências citadas nesta aula:


(filmes e séries)
Ladrões de Bicicleta, Vittorio De Sica (1948)
Cinco Covas no Egito, Billy Wilder (1943)
Toy Story, John Lasseter (1995)
Fargo, Irmãos Coen (1996)
Saneamento básico, o filme, Jorge Furtado (2007)
Casa de Areia, Andrucha Waddington (2005)
Estrada, Jorge Furtado (1995)
O Encouraçado Potemkin, Sergei Eisenstein (1925)
Meu Primo Vinny, Jonathan Lynn (1992)
Os Caçadores do Arca Perdida, Steven Spielberg (1981)

(livros)
Poética, Aristóteles

(outros)
5ª sinfonia, Beethoven

(autores e diretores)
Jorge Luis Borges
D. W. Griffith
Sergei Eisenstein
Billy Wilder
Umberto Eco
Aula 15

As Histórias

duração: 15 minutos
O que é uma boa história?
Uma boa história precisa ter algum tipo de identificação (do público com um
ou mais personagens, por exemplo);
Deve ter unidade (contar só aquilo que é importante para a história);
Deve ter importância para os personagens (o conflito deve ser de interesse dos
personagens).

Referências citadas nesta aula:


(filmes e séries)
Fargo, Irmãos Coen (1996)
Pulp Fiction, Quentin Tarantino (1994)
Houve uma vez dois verões, Jorge Furtado (2002)
O Homem que Copiava, Jorge Furtado (2003)
Saneamento básico, o filme, Jorge Furtado (2007)
Pauline na Praia, Éric Rohmer (1983)

(livros)
Seis propostas para o próximo milênio, Italo Calvino (1988)

(autores)
Dashiel Hammet
Aristóteles
Kurt Vonnegut Jr.
Aula 16

Mais histórias

duração: 8 minutos
A partir de um estudo universitário do professor Matthew Jockers, a aula apre-
senta 6 tipos básicos de histórias:
1. Histórias de ascensão;
2. Histórias de queda;
3. Histórias de queda e ascensão;
4. Histórias de ascensão e queda;
5. Histórias de ascensão, queda e ascensão;
6. Histórias de queda, ascensão e queda.

Referências citadas nesta aula:


(filmes e séries)
Branca de Neve e os Sete Anões, David Hand (1937)
Titanic, James Cameron (1998)
Cidadão Kane, Orson Welles (1941)
Na Roda da Fortuna, Irmãos Coen (1994)
A Montanha dos Sete Abutres , Billy Wilder (1952)

(livros)
Os Contos da Cantuária, Geoffrey Chaucer (1392)
A Divina Comédia, Dante Alighieri (1472)
Romeu e Julieta, William Shakespeare
O Conde de Montecristo, Alexandre Dumas (1844)

(outros)
Estudos da universidade Nebraska e Vermont, sobre arquétipos de histórias
Aula 17

Narrativas

duração: 8 minutos
Por que gostamos tanto de boas histórias?
Através das histórias exercitamos sentimentos, pensamentos e emoções. Nes-
ta aula, algumas definições de pensadores e filósofos são apresentadas para
abordar a relação com e a reação à narrativa pelos seres humanos.

Referências citadas nesta aula:


(filmes e séries)
A Ópera dos Três Vinténs, G.W. Pabst (1931)
Doce de Mãe, Jorge Furtado e Ana Luiza Azevedo (2014)
Procura Insaciável, Milos Forman (1971)

(autores)
Umberto Eco
Ernesto Sabato
William Shakespeare
Platão
Aristóteles
Kurt Vonnegut
Aula 18

Mais narrativas

duração: 12 minutos
Muitas tentativas de classificar quais são as boas histórias já foram feitas. Nes-
ta aula, é apresentada uma lista com 25 enredos com seus respectivos exem-
plos de filmes e séries, que podem nos ajudar a explicar o que seriam boas
histórias.

Referências citadas nesta aula:


(filmes e séries)
Quero ser Grande, Penny Marshall (1988)
Stranger Things, Matt and Ross Duffer (2016)
Carrie, a Estranha, Brian De Palma (1976)
Sexto Sentido, M. Night Shyamalan (1999)
Os Sopranos, David Chase (1999)
Rambo, Ted Kotcheff (1972)
Indiana Jones e a Última Cruzada, Steven Spielberg (1989)
Os Caçadores do Arca Perdida, Steven Spielberg (1981)
Pulp Fiction, Quentin Tarantino (1994)
A Vida de Inseto, John Lasseter (1998)
Perdido em Marte, Ridley Scott (2015)
Apollo 13, Ron Howard (1995)
Fitzcarraldo, Werner Herzog (1982)
Uma História Real, David Lynch (1999)
O Poderoso Chefão, Francis Ford Coppola (1972)
Breaking Bad, Vince Gilligan (2008)
Por Um Punhado de Dólares, Sergio Leone (1964)
Star Wars, George Lucas
Encontro Marcado, Martin Brest (1998)
Hannah e suas irmãs, Woody Allen (1986)
Lalaland, Damien Chazelle (2017)
Morto não fala, Dennison Ramalho (2018)
Os Imperdoáveis, Clint Eastwood (1992)
Mad Man, Chris Manley (2015)
Dexter, James Manos Jr. (2006)
Fé Demais não cheira Bem, Richard Pearce (1992)
O Feitiço do Tempo, Harold Ramis (1993)

(livros e peças)
A Tempestade, William Shakespeare
Aula 19

Construção
Dramática

duração: 13 minutos
A construção dramática tem quatro estágios: o inalterado; a alteração; a luta
e o ajuste. Nesta aula são comentados estes quatro estágios, exemplificando
as formas com que podem se dar na narrativa e as equivalências destes com a
estrutura de atos da dramaturgia.

Referências citadas nesta aula:


(filmes e séries)
Os Caçadores do Arca Perdida, Steven Spielberg (1981)
The Simpsons, Matt Groeing
Cabaret, Bob Fosse (1972)
Indiana Jones e o Templo da Perdição, Steven Spielberg (1984)
O Homem que Copiava, Jorge Furtado (2003)

(livros)
Metamorfose, Franz Kafka (2015)
Aula 20

Motivos, intenções,
objetivos

duração: 13 minutos
Como manter a atenção na narrativa?
O cinema mostra e não explica. Nesta aula, a premissa de que a história deve
ser mostrada inclui as intenções ou objetivos intermediários. Pela Teoria dos
ímãs, de Eugene Vale, a narrativa deve funcionar como um trilha de objetivos
intermediários (como ímãs), que atraem e movimentam a narrativa (que seria
um pequeno trem de metal) sendo abertos e fechados com o andar da história
(do trem pelo trilho).

É preciso levar em consideração, na escrita do roteiro, o que o público espec-


tador já sabe, sua base de conhecimento comuns. Também é importante con-
siderar a antecipação, a capacidade do espectador prever algo que irá aconte-
cer, que é fundamental para manter atenção e interesse à história.

Referências citadas nesta aula:


(filmes e séries)
Rasga Coração, Jorge Furtado (2018)

(livros, peças e textos)


O Narrador, Walter Benjamin
O Povo por Escrito, Genevieve Bolleme
Técnicas del Guión para Cine y Televisión, Eugene Vale (1982)
Rasga Coração, Oduvaldo Vianna Filho
Aula 21

Pontos de vista

duração: 10 minutos
O ponto de vista define a história, diferentes pontos de vista podem criar dife-
rentes histórias ou, ainda, a variação de pontos de vista é que dá movimento a
história. Nesta aula, são apresentadas como variações do ponto de vista estão
expressas na narrativa, através de exemplos, e também a importância da dis-
tribuição desigual de informações entre personagens e público para manter a
história em movimento.

Referências citadas nesta aula:


(filmes e séries)
A Malvada, Joseph L. Mankiewicz (1950)
Cidadão Kane, Orson Welles (1941)
Rosencrantz and Guildenstern, Tom Stoppard (1966)
Rashomon, Akira Kurosawa (1950)
O Homem que Copiava, Jorge Furtado (2003)
Houve uma vez dois verões, Jorge Furtado (2002)
Gosto de Sangue, Irmãos Coen (1988)
Fargo, Irmãos Coen (1996)
Breaking Bad, Vince Gilligan (2008)
O Veredicto, Sidney Lumet (1982)

(livros e textos)
O Roteiro de Cinema, Michel Chion (1989)
Aula 22

Documentário e
ficção: definição

duração: 18 minutos
Talvez o mais importante a dizer sobre o que é uma boa história é: que seja im-
portante para alguém (para alguém que conta e/ou para alguém que a ouve).
Esta máxima serve tanto para histórias criadas quanto para histórias reais.

Documentário é o que o(a) autor(a) diz que é documentário, e eu acredito nele:


nesta aula serão apresentadas algumas definições de documentário, discutindo
problemáticas para esta determinação como indexação, estética, ética, narrati-
va natural e outras.

Referências citadas nesta aula:


(filmes e séries)
LOST, Jeffrey Lieber, J. J. Abrams e Damon Lindelof ( 2004)
Onde os Fracos não têm Vez, Irmãos Coen (2008)
Cabra Marcado para Morrer, Eduardo Coutinho (1984)
Bring It On, Peyton Reed (2000)
Um dos Três, Marcio Schoenardie (2005)
Aula 23

Documentário e
ficção: limites

duração: 10 minutos
As diferenças entre documentário e ficção são muito subjetivas. Na história,
são gêmeos, pois nasceram juntos na origem do cinema. Nesta aula, são co-
mentados os limites entre os gêneros, pensando as doses de encenação em
documentários.

Referências citadas nesta aula:


(filmes e séries)
A Saída da Fábrica, Irmãos Lumiére (1895)
A Chegada do Trem na Estação, Irmãos Lumiére (1895)
O Regador regado, Irmãos Lumiére (1895)
O Regador regado, Irmãos Lumiére (1896)
Viagem à lua, George Méliès (1902)
Nanook, o esquimó, Robert Flaherty (1922)
Aruanda, Linduarte Noronha (1960)
Ilha das Flores, Jorge Furtado (1989)
Esta não é sua vida, Jorge Furtado (1991)
Quem é Primavera das Neves, Ana Luiza Azevedo e Jorge Furtado (2017)
O Mercado de notícias, Jorge Furtado (2014)
Oscar Boz, Jorge Furtado (2004)
Cena Aberta, Jorge Furtado, Guel Arraes e Regina Casé (2003)
Barbosa, Jorge Furtado e Ana Luíza Azevedo (1988)
Quizumba (1982)
O Dia Que Dorival Encarou a Guarda, Jorge Furtado e José Pedro Goulart (1986)
Aula 24

Documentário e
ficção: misturas

duração: 25 minutos
Os limites entre realidade e ficção são sutis e podem ser experimentados.
Como reconhecemos a ficcionalidade na narrativa?
Pela insistência em detalhes inverificáveis;
A qualidade da imagem, ainda que seja facilmente forjada;
Dificuldade na simulação da ação;
Pela interpretação dos atores.

Estes procedimentos ficcionais, no entanto, são elásticos e transformados


constantemente e podem não ser o suficiente para distinguir um documentá-
rio de uma ficção. Uma forma de resumir seria dizer que o documentário tenta
dizer a verdade, enquanto a ficção afirma não dizer a verdade.

Ainda nesta aula, são exemplificadas escolhas estéticas e formais feitas pelos
autores que também são uma forma de ficcionalizar a realidade; além de serem
também escolhas éticas. Partindo destas escolhas, também são apresentadas
algumas especificidades do roteiro para documentário

Referências citadas nesta aula:


(filmes e séries)
Cidadão Kane, Orson Welles (1941)
Bob Roberts, Tim Robbins (1992)
Toda Memória do Mundo, Alain Resnais (1956)
Noite e Nevoeiro, Alain Resnais (1956)

(livros)
O Alienista, Machado de Assis (1882)
A Guerra dos Mundos, G.H. Wells (1898)
Poética, Aristóteles

(autores)
Luc Moullet
Miguel de Cervantes
William Shakespeare
Michel de Montaigne
Aula 25

As ideias

duração: 20 minutos
Quem trabalha com criação não pode ficar simplesmente esperando a inspira-
ção. Nesta aula serão apresentadas maneiras de trabalhar as ideias para rotei-
ristas:
1. Não procure ser inteiramente original, isso não é possível. Conheça as histó-
rias das histórias, originalidade é buscar as origens;
2. Bons lugares para encontrar ideias: na vida real, na música, no cinema, nas
artes plásticas, na ciência, etc;
3. Não esqueça o seu espectador, coloque-se na posição do espectador ao
ver o seu filme - essa relação é permanente;
4. Anote suas ideias! Quando você tem uma inspiração ou uma ideia no mo-
mento em que ela surge, para que seja consultada depois;
5. Como não ter ideias: sendo preconceituoso. O pré-conceito é o maior inimi-
go das ideias, aventure-se a conhecer coisas novas;
6. Concentre-se na encomenda: crie dentro das limitações (de formato, de
verba, de produção, etc) do que lhe foi pedido e dou que busca como pro-
duto final;
7. Arte e técnica são uma coisa só: quem vai trabalhar com cinema precisa
conhecer a técnica do cinema e como ela molda a linguagem;
8. Desconfie do óbvio: faça perguntas não-óbvias para suas ideias e questione
obviedades para encontrar ideias novas;
9. Ideias podem mudar: não tenha medo de abandonar ideias que não fazem
mais sentido ou modificar uma ideia que parecia muito boa inicialmente (as
boas ideias são aquelas que podem se transformar!);
10. Cinema é um trabalho de equipe. O roteirista tem que saber que o seu tra-
balho vai ser compartilhado com muitas pessoas, o cinema é coletivo;
11. Tudo na vida tem um fim. Na indústria cinematográfica há um tempo de
trabalho, as ideias que você conseguir ter durante este tempo, é as que vão
estar no filme. Aprenda com seus erros.
12. Leia mais! Bons textos que nos inspiram a escrever: leia mais, sempre.

Referências citadas nesta aula:


(filmes e séries)
Velasquez e a teoria quântica da gravidade, Jorge Furtado (2011)
Sonho de uma Noite de Verão, Max Reinhardt e William Dieterle (1935)

Bob Roberts, Tim Robbins (1992)


Toda Memória do Mundo, Alain Resnais (1956)
Noite e Nevoeiro, Alain Resnais (1956)

(livros, peças e textos)


O Narrador, Walter Benjamin
O Corvo, Edgar Allan Poe

(autores)
Alfred Hitchcock
Billy Wilder
Max Reinhardt
Balzac
Jorge Luis Borges
Homero
Denis Diderot
Eugene Delacroix
Guillaume Apollinaire
Michel de Montaigne
Aula 26

Os Sonhos e mais
histórias

duração: 6 minutos
Os seres humanos têm mais ou menos os mesmos medos, os mesmos desejos
há pelo menos 2 mil anos. Estas são as bases de nossas histórias: a partir de
39 sonhos (com finais bons e ruins, felizes e infelizes) listados por Artemidorus
na antiguidade, nesta aula serão abordadas as relações entre os sonhos e as
histórias.

Também nesta aula, Jorge Furtado dá indicações para o trabalho de um rotei-


rista quanto aos direitos autorais.

Por fim, a aula conta com uma recapitulação do curso, utilizando as últimas
palavras para resumir os principais pontos na criação de um roteiro audiovisual,
resumindo as dicas fundamentais para um(a) roteirista:
• Tudo que está no roteiro deve ser visível ou audível;
• Questione suas escolhas;
• Lembre-se que o um set de filmagem é um péssimo lugar para ter ideias;
• Se aquilo que você acredita firmemente contradiz todas as regras: esqueça
as regras!

Referências citadas nesta aula:


(filmes e séries)

(livros)
Oneirocritica, Artemidorus

(autores)
Carl Gustav Jung
Aula 27

Bibliografia

duração: 30 minutos
Existem muitos livros sobre roteiro, desde os que tratam de como escrever até
os que compartilham histórias que ilustram o trabalho do roteirista. Para além
da bibliografia completa do curso, nesta aula Jorge Furtado lista alguns livros
que são fundamentais para um(a) roteirista ler:
1. Técnicas del Guión para Cine y Televisión, Eugene Vale (1982)
2. Desvendando os quadrinhos, Scott McCloud (1993)
3. Hitchcock Truffaut, François Truffaut (1966)
4. Filme, Lilian Ross (1952)
5. Chaplin, uma biografia definitiva, David Robinson (1985)
6. Bíblia Sagrada (ou Gênesis, Robert Crumb (2009))
7. Dom Quixote, Miguel de Cervantes (1605)
8. O Decamerão, Giovanni Boccaccio (1353)
9. As mil e uma noites
10. Legenda Aurea, Jacopo de Varazze (1399)
11. William Shakespeare, obras completas, William Shakespeare (1590-1613)
12. Mimesis, Erich Auerbach (1946)
13. Dicionários:
Dicionário analógico da Língua Portuguesa, Francisco Ferreira dos Santos Aze-
vedo (1950)
Dicionário analógico da Língua Portuguesa, Carlos Spitzer (1957)
Dicionário de Rimas da Língua Portuguesa, José Augusto Fernandes (1984)
Dicionário Etimológico Nova Fronteira da Língua Portuguesa, Antônio Geraldo da
Cunha (1986)
14. Walter Benjamin, obras escolhidas, Walter Benjamin (2012)

Referências citadas nesta aula:


(outros livros)
O Roteiro de Cinema, Michel Shion (1989)
Técnica Cinematográfica, Eugene Vale (1947)
O Emblema Rubro da Coragem, Stephen Crane (1895)
A Sangue Frio, Truman Capote (1965)
(outros livros)
Édipo Rei, Sófocles
Hamlet, William Shakespeare - tradução Millôr Fernandes (1988)
Sonetos, William Shakespeare - tradução Ivo Barroso (2005)
Homens Interessantes, Nikolai Leskov (1831-1895)
Fraude, Nikolai Leskov (1831-1895)

(filmes)
Os Pássaros, Alfred Hitchcock (1963)

(websites)
Website Dicionário Criativo
Wikipédia
Hemeroteca da Biblioteca Nacional

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