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Universidade Federal Fluminense

Instituto de Artes e Comunicação Social


Departamento de Áudio e Vídeo
Teoria e Linguagem Cinematográfica
Professor: João Luiz Vieira
Alunos: Ana Caroline Meirelles, Giulia Alves, Igor Bezz, Priscila Paixão e Valentina
Caraffa.
Avaliação 2016.2

INTRODUÇÃO

Análise de planos de sequência do Primeiro Capítulo: Era uma vez na França ocupada por
nazistas, do filme ​Bastardos Inglórios, obra do cineasta contemporâneo Quentin Tarantino, diretor de
diversos filmes aclamados pela crítica e vencedores de prêmios como ​Django Livre (2012) e ​Pulp
Fiction - Tempos de Violência (1994). Bastardos Inglórios é um projeto que ele tentava colocar na tela
desde a década de 1990, logo após terminar Jackie Brown e antes de Kill Bill, e é inspirado na
produção italiana Assalto ao Trem Blindado (Cuel Maledetto treno Blindatto, 1978) de Enzo Castellari,
que recebeu o título de "Inglorious Bastards" no mercado anglo saxão. Em 2008, Tarantino decidiu
filmar a obra para estreá-la no festival de Cannes de 2009, ou seja, menos de um ano de prazo para
produção, fato que parece não ter atrapalhado, com um orçamento estimado em 70 milhões de dólares,
foi a maior bilheteria do diretor à época, com uma arrecadação de 321 milhões e 8 indicações ao Oscar.
O enredo é ambientado na Segunda Guerra, dividido em capítulos e apresenta duas histórias que
posteriormente irão se unir, a sequência analisada mostra a visita de Coronel Hans Landa (Christoph
Waltz), o caçador de judeus, a uma fazenda no interior da França ocupada em 1941, lá ele descobre que
o fazendeiro (Denis Ménochet) esconde em seu assoalho uma família judia, uma chacina então ocorre,
porém Shosanna (Mélanie Laurent) consegue escapar.
A montagem é um dos pontos fortes do filme, traça linhas narrativas bem amarradas e
delineadas, mostrando diferentes pontos de vista e fazendo um encontro entre eles no fim do filme, a
Fotografia, também é muito eficiente enquanto linguagem e o aprimorado uso do extra-campo e
profundidade de campo fazem desta uma excelente obra cinematográfica. A trilha sonora, homenagem
ao ​western ou faroeste norte americano com a inclusão de temas resgatados da carreira do compositor
vencedor de Oscar, Ennio Morricone, dentre outras é surpreendente sua versão ​western de ​Für Elisa de
Beethoven: ​The Veredict. Apesar de ter como base acontecimentos da Segunda Guerra, está longe de
ser um filme de história, com escalpelamentos de nazistas e um final bem diferente da realidade, o que
segundo o diretor "você põe um filme para assistir e sabe como as coisas vão acontecer na maioria das
vezes, mas de vez em quando surge um que não segue as regras. É libertador quando você não sabe o
que vai acontecer em seguida".
O cineasta utiliza muito o recurso metalinguístico do um filme dentro do próprio filme, mostra
detalhes sobre a produção de filmes na década de 1940 e, por fim, com o capítulo final "A Vingança do
Rosto Gigante" faz Shosanna e o cinema se vingarem do nazismo em uma convergência genial dos
objetivos e destinos dos personagens, o encontro da mágoa, desejo de vingança e reparação de todo um
povo com o da própria arte cinematográfica, realizando o desejo de muitas pessoas, inclusive dos
espectadores. No diálogo entre o entretenimento e a violência, o filme é uma catarse de todo um povo,
vinga o Holocausto e coloca o espectador para pensar sobre seu próprio prazer sanguinário. Ao final,
Aldo Raine (Brad Pitt) após realizar uma última”obra” na testa de Hans Landa, olha para a câmera, que
representa o ponto de vista ou a subjetiva do Coronel e diz "Acho que fiz minha obra-prima", uma fala
que pode ser interpretada como sendo do diretor para os espectadores. Tarantino além de várias
homenagens e referências ao cinema, constrói a partir de sua linguagem um tipo de justiça
poética-cinematográfica, o diretor aponta que a ideia do filme poderia ser resumida em uma frase: "o
cinema como elemento capaz de mudar a história e acabar com o III Reich".
ANÁLISE PLANO A PLANO DA SEQUÊNCIA DA EXECUÇÃO DA
FAMÍLIA DE SHOSHANNA
Imagem, ​Som​ e ​Montagem

Plano 1 –

​Cel. Landa (Christoph Waltz) acende seu cachimbo na companhia de Monsieur


LaPadite (Denis Ménochet). Duração: 42’’70’’’

A imagem mais escura do que no plano anterior, causando um forte contraste. Um


objeto de cena que merece destaque é o cachimbo que o Cel. Landa fuma, muito
importante para a construção do personagem e seu poder e superioridade. A
apresentação do objeto é feita fazendo uma referência clara à uma disputa fálica, onde
o Cel. Landa é quem ganha. Durante sua fala, enquanto o personagem acende seu
cachimbo, vemos várias interrupções na fala do personagem para enfatizar o
cachimbo na cena.
Além do som verbal, o monólogo falado, é importante destacarmos os ruídos
presentes em cena, como o som de arquivo diegético utilizado para o riscar de fósforo
e acender o cachimbo dentro de cena e o som dos pássaros, também diegético, mas
em off para ambientar a casa da família LaPadite que, como sabemos, se localiza no
campo. ​A escala é um plano americano cujo ângulo é normal, quase-perfil. As fontes
de luz acima da mesa em um ângulo de 90​o ,de forma que super-expõe a mesa, e uma
outra vinda da janela ao fundo com bem menos intensidade. A profundidade de
campo está em foco. A partir desse plano a paleta de cores utilizada em toda essa
sequência é basicamente composta pelas cores verde-escuro, ocre, azul-escuro, verde,
cinza, branco e marrom. Essas cores transpassam um ambiente quente e tenso,
correspondendo à situação que está sendo retratada na cena.
Esse plano dá uma continuidade espaço temporal ao anterior, porém devido a
mudança drástica nos rumos do diálogo, que começa a ficar mais tenso, o diretor opta
pela quebra a regra dos 180 graus de forma que a posição dos personagens se inverte,
tal quebra tem o objetivo dramático de destacar os objetos na mesa, sobretudo o
movimento do cachimbo e o Cel. Landa. ​Para criar um ambiente de tensão que
condiga com a nova fase da conversa foi utilizado um foco de iluminação na mesa,
que lembra um interrogatório policial, em oposição ao resto da cozinha que se torna
mais escura do que no plano anterior causando um forte contraste.
Plano 2 –

Cel. Landa (Christoph Waltz) fumando o cachimbo. Duração: 12’’49’’’

A escala é um close-up de ângulo frontal, normal. Fonte de luz vem da direita


superior da câmera. Cores semelhantes a do plano anterior, como o verde-escuro,
cinza, preto, laranja. Movimento ótico de zoom-in no rosto do personagem, o foco
está no personagem sendo a lente, provavelmente, uma tele-objetiva. ​A partir desse
plano até o plano 9 temos uma sequência de planos-contra-planos seguindo a regra
dos 30 devido ao zoom in.

Plano 3 -

M. LaPadite ouvindo a fala do Cel. Landa em contra-plano. Duração: 14’’19’’’

A escala é um close-up em ângulo frontal, normal. A fonte de luz advém da esquerda


superior da câmera para compor o diálogo de plano e contra-plano. Cores quentes
como ocre, o rosto do personagem está saturado que passa a sensação de tensão da
cena. O movimento ótico é um zoom-in e o foco está no personagem sendo a lente
uma tele-objetiva. ​O som neste plano é verbal: o monólogo do personagem Cel.
Landa. A construção desse plano é primordial para a criação do clima mais intenso da
conversa porque ainda escutamos a fala do Cel. Landa apesar de não o vermos. ​O
mais importante aqui é colocar em foco a reação do M. LaPadite no momento em que
sua família é ameaçada. ​O silêncio que segue é também essencial por representar o
momento no qual fica evidente, tanto para o espectador quanto para o coronel, a
verdade sobre os judeus escondidos. ​A interpretação do ator Denis Ménochet é
analisada mais adiante.
Plano 4 –

Cel. Landa pergunta sobre os judeus, plano. Duração: 9’’02’’’

A escala do quadro é Close Up e o ângulo é frontal e normal. As cores e iluminação


neste plano são iguais às do plano anterior. Aqui é utilizado o recurso de zoom-in,
sendo usado nessa sequência de planos e contra-planos acompanhando o crescimento
de tensão da cena, como se os personagens estivessem sendo espremidos por esse
ambiente de revelações. Profundidade de campo: Foco no personagem. Lente:
Tele-objetiva. ​O silêncio diegético no início deste plano, seguindo o silêncio no final
do plano anterior é também muito importante para a tensão da cena, ​onde
acompanhamos a mudança clara na expressão do personagem antes de fazer sua
pergunta.

Plano 5 –

Momento em que M. LaPadite revela estar abrigando judeus. Duração: 7’’91’’’

A escala desse plano é um close-up com ângulo frontal, normal. A Cor/Iluminação


idem ao plano 3. Há um movimento ótico de Zoom-In crescente. Foco no
personagem. Lente: tele-objetiva. ​Montagem idem ao plano anterior. ​O personagem
não precisa dizer muita coisa neste plano. O som de sua resposta dizendo “sim”,
isolado no silêncio do ambiente que inicia o plano e termina o mesmo, fica tão
encurralado como o próprio personagem. Escutamos mais uma vez o cantar dos
passarinhos em off.
Plano 6 –

Cel. Landa mais uma pergunta. Duração: 5’’

A escala é um close-up com ângulo frontal, normal. Cor/ Iluminação: Idem Plano 2.
Há um movimento ótico de Zoom-In. Profundidade de campo: Foco no personagem.
A Lente usada é uma Tele-objetiva. ​Montagem idem ao plano anterior. ​É criado um
diálogo, onde o Cel. Landa pergunta e o M. LaPadite responde.

Plano 7-

M. LaPadite admite que os judeus estão escondidos no porão. Duração: 5’’07’’’

A escala se mantém no close up com um ângulo frontal, normal. Cor/Iluminação:


Idem Plano 3. Mov. Ótico: Zoom-In. Profundidade de campo: Foco no personagem. A
lente usada foi uma Tele-objetiva. ​Montagem idem ao plano anterior. ​Construção
sonora idem ao plano 5, onde inclusive, a resposta do personagem é a mesma com a
mesma carga dramática.
Plano 8 -

Cel. Landa pede para M. LaPadite apontar a área onde esconde os judeus. Duração:
5’’85’’’.

A escala desse continua em close-up com ângulo normal, frontal.Cor/Iluminação:


Idem Plano 2. Movimento Ótico: Plano começa com o movimento de zoom-in como
vinha sendo feito nos últimos planos, mas assim que termina a fala do personagem o
movimento para. Profundidade de campo: Foco no personagem. Lente: Tele-objetiva.
Montagem idem ao plano anterior. ​Construção sonora idem ao plano anterior.

Plano 9 –

M. LaPadite indica a área onde estão os judeus. Duração: 4’’80’’’

A escala se mantém em Close-up em um ângulo frontal, normal. Mov. de câmera:


Steady Cam,da esquerda pra direita, acompanhando o movimento do personagem.
Cor/ Iluminação: Idem Plano 3.Profundidade de campo: Foco no personagem. A lente
usada é uma Tele-objetiva. ​O diferencial neste plano vem ao final do mesmo quando
montado em conjunto com o próximo plano. O corte é feito em movimento, onde o
personagem está indo apontar para onde os judeus estão escondidos. ​Silêncio
diegético.
Plano 10 -

Nesse plano temos a continuação do plano anterior onde M. Lapadite aponta onde
estão escondidos os judeus ,e sendo assim se inicia uma encenação proposta por Cel.
Landa para despistá-los. Duração: 23’’

Aqui, temos o chamado plano conjunto ,onde os personagens dão sequência á sua
conversa intensa com a proposta de se fazer uma encenação para despistar os judeus ,
no mesmo ambiente dos planos anteriores, ​com um corte em movimento ,
sequenciando o plano antecedente , no momento em que M.Lapadite aponta onde
esconde os judeus. ​Com a câmera posicionada da esquerda para a direita,
acompanhando a posição em que os personagens estão sentados à mesa (mais ou
menos na diagonal ) ​obedecendo à regra dos 180o ​e permanece desse mesmo jeito
quando Cel. Landa se levanta e vai para o fundo do ambiente e se posiciona na mesma
direção de M. Lapadite, a lente grande angular se propõe fazer uma cobertura maior
do local sem alterar o enquadramento e igualmente forma com a regra dos 180o. ​Já
em relação a composição sonora temos somente o diálogo entre os personagens
acompanhado de uma pausa silenciosa que permite focar somente nas expressões dos
atores , que colabora para a construção de um momento de tensão
Plano 11 -

M. Lapadite concorda com a encenação Duração : 3”

Com a câmera posicionada frontalmente , com uma variação do que chamamos de


primeiro plano , e ainda com a lente grande angular , ​temos o olhar do personagem em
questão indicando que ele continua olhando para Cel. Landa posicionado exatamente
onde o mesmo estava no plano anterior, e ainda podemos dizer que esse plano , talvez,
represente também uma visão do próprio Cel. Landa​. Podemos ver também , os
objetos utilizados durante o diálogo com mais clareza e evidência. ​Nesse mesmo
plano há um quebra da regra dos 180o para que possamos dar destaque. Já nesse
plano temos além do diálogo, ruídos causado pela movimentação e uma trilha não
diegética que se comporta de forma crescente a medida que a tensão da cena aumenta.

Plano 12 –

A encenação é iniciada. Duração: 15”

A câmera retorna ao plano conjunto , com a movimentação do Cel.Landa que sai do


fundo da cozinha caminhando em direção a mesa, recolhendo seus pertences
enquanto M.Lapadite permanece na posição do plano anterior, ,​com uma retomada ao
ao ângulo de 180o apenas observando. Há um movimento de câmera da direita para a
esquerda que acompanha a “saída” do Cel.Landa .A lente utilizada ainda é a grande
angular e o ângulo segue da esquerda para a direita . ​Idem ao plano anterior
Plano 13 -

Cel. Landa chama seus companheiros do exército. Duração : 10”

Nessa cena temos outro corte em movimento que dá sequência á encenação da saída
do Cel.Landa vista no plano anterior, e o uso do plano detalhe nos pés ​, que indicam
que os judeus escondidos no porão estão ouvindo seus passos. Cel. Landa finge estar
chamando as filhas de M. Lapadite , quando na verdade está se referindo a seus
homens. A porta é aberta , e no momento em que os soldados entram na casa há uma
sutil movimentação da câmera para trás e depois da direita para esquerda , ainda em
plano detalhe ,para indicar que Cel. Landa cedeu lugar para a entrada dos soldados. E
desta vez a lente utilizada é uma tele- objetiva . ​Idem ao plano anterior

Plano 14 -

Os soldados entram na casa. Duração: 7”.

Composta pelo plano americano e o uso da lente tele-objetiva , esta cena retrata a
entrada dos soldados com fuzis na casa da família Lapadite, a fim de exterminar os
judeus escondidos no porão. Também há uma leve movimentação de câmera da
esquerda para direita para acompanhar o deslocamento do Cel. Landa. ​Ainda nesse
plano podemos observar, baseado no plano posterior e através da angulação, que essa
cena se trata de um ponto de vista do M.Lapadite. ​Idem ao plano anterior.
Plano 15 -

M. Lapadite observa os soldados invadirem sua casa. Duração: 5”

Neste cena em primeiro plano e com a câmera posicionada frontalmente, podemos


perceber, como ja foi mencionado ,​que o plano anterior correspondia á um plano de
vista do personagem em questão ​, que segue com o olhar os movimentos dos soldados
entrando em sua casa ,​e desta forma a angulação permanece em acordo com o plano
anterior. ​Idem ao plano anterior

Plano 16 -

Os oficiais nazistas se posiciona sobre o porão, local onde os judeus estão escondidos.
Duração: 6’’40’’’

Em plano conjunto temos o Cel. Landa à esquerda, seus oficiais posicionados em


círculo e M. LaPadite sentado observa o local no chão para onde os soldados apontam
suas armas. Fonte de luz é superior e diagonal, seguindo a linha de ação da sequência,
tudo, inclusive a iluminação, aponta para o canto inferior direito do quadro onde os
judeus estariam posicionados sob o assoalho. ​Os instrumentos como violinos cortam o
ar adicionando mais tensão ao silêncio denso dos personagens, quebrado apenas pelo
Cel. simulando sua despedida e observando os soldados. ​Em relação a montagem a
continuidade é construída pela combinação de posição.
Plano 17 -

Cel. Landa dá o sinal para os oficiais atirarem. Duração: 1” 50’’’

Plano Médio do perfil de Cel. Landa acenando para os nazistas atirarem. Foco no
personagem, ponto central do quadro, em relação a iluminação tanto o interior da
fazenda como as roupas dos personagens estão bem escuras, contrastando um pouco
com o verde no exterior que sobressai pelo canto da janela visível. ​O som não
diegético composto pelo conjunto de cordas sobe, cada vez mais firme e inflexível.
Combinação de movimento, Cel. Landa acena para os soldados ao mesmo tempo em
que se despede.

Plano 18 -

Os soldados metralham o chão e a família sob ele. Duração: 1” 74’’’

A trilha sonora iniciada no plano 10 tem seu clímax junto ao momento de extermínio
dos judeus sob o assoalho, seu som aumenta enquanto ouvimos o barulho de tiros de
metralhadora, uma música firme​. De repente a tela se ilumina com o brilho dos tiros,
em Plongée os oficiais nazistas metralham o chão, lascas de madeira e poeira voam
para todos os lados. O cinza domina a imagem, presente tanto no uniforme como na
cor da madeira do chão. O som diegético (os tiros), o não diegético (a música) e o
contraste da iluminação constroem a figura do nazista dentro da narrativa como sendo
implacável e cruel. ​A continuidade ainda é mantida pela narrativa, após o sinal de Cel.
Landa, um plano plongè-ponto de vista dos soldados, simbolizando a fragilidade e a
impotência das vítimas naquele momento.
Plano 19 -

M. LaPadite se protegendo dos estilhaços. Duração: 2” 11’’’

O cômodo está cheio de fumaça, pó e pedaços de madeira voando pelos ares em


ângulo frontal. M. LaPadite se encolhe na cadeira para se proteger dos estilhaços, mas
também faz um movimento de esconder o rosto ou tapar os olhos, talvez por vergonha
ou pela certeza da morte da família judia que estava escondendo em seu porão. ​Som
diegético do barulho dos tiros das metralhadora e não diegético com a trilha sonora
que consegue trazer ainda mais tensão à cena, é como uma grande tempestade cheia
de trovões ou um anúncio de tragédia​. ​Fonte de luz no centro superior iluminando a
ação e o local da ação, porém para além do fazendeiro tudo é escuro e irreconhecível,
salvo que são objetos pertencentes ao ambiente caseiro. ​A reação de M. LaPadite é
uma relação de continuidade com o plano anterior, onde começa a execução.

Plano 20 -

Os tiros continuam, voam estilhaços e a sala está sendo preenchida de pó. Duração: 1”
20’’’

Trilha e tiros continuam, som respectivamente não diegético e diegético. No nível do


chão, apenas silhuetas de botas e capas aparecem, reafirmando o aspecto militar e
duro da sequência. Há uma luz que se projeta de cima para baixo, da janela "fora da
cena" do cômodo. Foco crítico. ​Inserção mostrando somente as botas dos militares,
destacando o poder e a rigidez dos nazistas naquele momento, que dominaram a
situação com uma boa armadilha, novamente a continuidade se mantém pela
narrativa.
Plano 21 -

Os soldados continuam atirando no chão de madeira. Duração: 01”99’’’

Plongée dos soldados atirando no chão, predomina no quadro o cinza da formalidade


e da rigidez nazista. ​O som dos tiros e a trilha continuam altos. Pouca visibilidade
devido ao pó, somente os soldados e as armas estão visíveis. ​Novamente a
continuidade de tempo e continuidade de espaço.

Plano 22 -

M. LaPadite se protege dos tiros. Duração: 3’’75’’’

O meio primeiro plano mostra o personagem se protegendo dos tiros atrás da mesa,
enquadrando-o de um ângulo da esquerda, normal. A fonte de luz, que vem de cima
como as outras cenas passadas na mesa, misturada com as fuligens causa uma
super-exposição o que faz com que as cores da cena fiquem em tons mais claros
porém o interior da sala está bem escuro, criando um forte contraste. A cena toda se
encontra em foco, sendo assim a lente usada é uma normal. ​Em relação a montagem
há uma continuidade de tempo e espaço que é reforçada pela combinação de
movimento ​e ruído dos tiros(diegético, de arquivo e off) e da fuligem( diegéticos, de
arquivo e on-dentro da tela) do plano anterior, ​criando uma ponte sonora, ​tendo assim
um corte em movimento​. Nesse plano temos som não diegético de trilha sonora, esta
que aumenta a tensão da cena.
Plano 23 -

Soldados apontando as armas para o chão. Duração: 2’’18’’’

Neste plano temos um meio primeiro plano com câmera alta que transpassa a
sensação de tensão e poder dos soldados. A fonte de luz vem da janela localizada na
diagonal à direita, os pedacinhos de madeira que voaram devido aos tiros esfumaçam
a cena e a deixam super-exposta. A cena se encontra em foco e a lente usada é a
normal. Continuidade espaço temporal, o corte da câmera em ângulo normal para uma
câmera alta tem carga dramática como dito anteriormente. Esse plano estabelece um
contra campo em relação ao plano anterior, introduzindo uma continuidade visual.
Nesse plano há continuidade da trilha sonora (não diegética).

Plano 24 -

Cel. Landa pede silêncio aos soldados. Duração: 2’’86’’’

O Primeiro plano mostra em destaque Cel. Landa em um ângulo frontal normal. As


fontes de luz são a janela e a porta na lateral direita, Nesse plano, a paleta de cores se
contrasta nos tons frios (de verde, cinza e azul)e no laranja saturado da pele do
personagem, o que representa a quebra da tensão que se fazia sobre a sequência. O
foco está no personagem e a paisagem ao fundo encontra-se desfocada, a lente usada é
provavelmente uma Normal. ​Nesse plano há um corte seco, que contextualiza a
seriedade e tensão do momento, porém ainda dando a continuidade espaço temporal.
Na questão do som temos a continuação da trilha sonora e o ruído do Cel. Landa
pedindo silêncio (diegético, on- dentro da tela).
Plano 25 -

Cel. Landa anda pela casa. Duração: 4’’58’’’

O plano médio mostra o caminhar do personagem numa câmera alta em um tilt de


baixo pra cima que segue o personagem que faz um movimento interno para o fundo
do quadro. Luz idem à cena anterior, a paleta de cores está nos tons de marrom, verde
musgo e laranja. O plano está em foco e a lente utilizada é a Normal. ​Mantêm-se a
continuidade espaço temporal vistas nos planos anteriores. ​Nesse plano temos apenas
o som da trilha sonora (não diegético).

Plano 26 -

Cel. Landa olha para o chão. Duração: 1’’26’’’

O Primeiro plano mostra de uma Câmera baixa o rosto do personagem, que anda em
direção à câmera, esse ângulo dá a cena uma carga dramática fazendo com que o
personagem transpasse um ar intimidador e gere tensão na cena. A fonte de luz vem
da lateral direita e o foco está no personagem, lente Normal. ​Mantêm-se a
continuidade espaço temporal vistas nos planos anteriores e pode-se observar uma
combinação linha de olhar com o plano seguinte. ​Nesse plano temos apenas o som da
trilha sonora (não diegético).
Plano 27-

Shoshanna (Mélanie Laurent) foge pelo porão. Duração: 1’’06’’’

A imagem dessa cena é um Plano ponto de vista com Câmera alta da fuga de
Shoshanna que rasteja para o fundo da cena e é seguida por um Tilt (de baixo pra
cima). A personagem esta localizada no porão e só é possível vê-la por entre as tábuas
do chão, de onde sai uma luz forte. Tudo está em foco e a lente é uma Normal. ​Nesse
plano temos uma combinação linha do olhar, no plano anterior podemos observar o
personagem olhando para baixo e nesse plano vemos o que o personagem via tendo
assim um plano ponto de vista. Continuidade espaço temporal.

Plano 28 -

Cel. Landa aponta para o assoalho e identifica a silhueta vista no plano anterior como
a de Shosanna. Duração: 1’’ 40’’’.

A escala desse plano é um Close-Up, em um contra-plongée (“câmera baixa”),


filmando o personagem de baixo para cima. Em cor/ iluminação, há uma fonte de luz
da direita superior, iluminando a lateral do coronel. Na paleta de cores se destacam o
verde escuro, marrom, branco, preto. ​O plano-contra-plano com apenas um corte do
plano do assoalho para esse que é semelhante ao 26, a não ser pelo movimento e a
fala, dando confirmação ao que foi visto por ele . ​A música entra no seu auge de
função dramática, no ápice da intensidade, elevando a tensão da cena. Som verbal:
monólogo do coronel, e um final de ruído de fora da tela que dão continuidade ao
movimento de Shoshanna.
Plano 29 -

A abertura é estourada com um chute e Shosanna sai para fora. Duração: 4’’ 60’’’.

A escala é um plano médio, com uma angulação no nível do chão, onde há um


movimento interno do personagem: Shoshanna sai pela abertura e corre para a lateral
esquerda. Na cor/ Iluminação predomina uma fonte de luz na parte superior da tela.
Paleta de cores com destaque para cinza, marrom, verde e amarelo. ​Há um corte seco
para a fuga de Shoshanna, dando procedimento ao movimento do assoalho visto no
Plano 27, no qual a personagem ainda se encontrava no porão, até o seu deslocamento
para o ambiente externo. ​A trilha sonora se modifica, ainda tensa, porém mais ágil,
intencionando a fuga e que a próxima atitude da personagem será correr. Se destaca
também os ruídos, tanto da abertura que é estourada com um chute, como os
empurrões que a personagem dá na madeira contra a vegetação, enquanto se arrasta
até levantar.

Plano 30 -

À medida que o Cel. Landa cruza o assoalho, vê a jovem correndo em direção à


floresta. Shoshanna está perfeitamente enquadrada pela porta. Duração: 16’’ 50’’’.

A escala é de um Plano Médio com angulação frontal. Em relação ao movimento dos


personagens: Shosanna corre em direção a floresta no segundo plano, exterior.
Enquanto Cel. Landa entra em quadro pela lateral esquerda, ainda no ambiente interno
e de costas para a câmera, esse caminha em direção a porta, até que sai para o
ambiente externo. Na cor/iluminação as únicas fontes de luz advindas são das
aberturas (porta e janela), interior da casa está em subexposição. Destaque para o
belo enquadramento do gramado, da floresta, do céu, e de Shoshanna correndo
exatamente no centro pela abertura da porta, onde há maior iluminação e a paleta de
cores de destaca pelo verde, laranja, amarelo, azul, branco e cinza. Há profundidade
de campo: maior foco no ambiente interno. Lente: Normal. ​O movimento de ambos os
personagem procedem o plano anterior, a saída de Shoshanna pela abertura agora,
nesse plano, evidencia sua fuga para a floresta e, ao mesmo tempo, o Cel. Landa se
direciona à porta de onde a observa correr. ​A trilha sonora segue tensa pela fuga de
Shoshanna, há pequenos ruídos dos passos do Cel.

Plano 31-

Cel. Landa observa a fuga de Shoshanna e ergue a arma em direção à fugitiva.


Duração: 8’’79’’’.

A escala é de um Plano Fechado (Close-Up), com angulação frontal. Em questão de


Cor/Iluminação, a fonte de luz é natural do ambiente externo. A paleta de cores se
destaca em cinza, branco, verde-escuro, preto, marrom. Há profundidade de campo:
foco no personagem. Lente: Tele Objetiva. Também o movimento ótico: zoom-in no
rosto do personagem que observa até erguer a arma. ​A continuidade se estabelece com
o final do plano anterior, no qual o personagem aparecia de costas já do lado de fora,
agora, nesse plano, ele é colocado de frente, dando procedimento ao que já se
esperava das suas ações como um “caçador de judeus”, apontando uma arma para
Shoshanna. ​Há apenas a continuação da trilha sonora, sem a presença de ruídos.
Plano 32 -

Shoshanna corre no gramado em direção à floresta. Duração: 2’’72’’’

A escala é de um plano Geral e, ao mesmo tempo, um plano Ponto de Vista. O ângulo


é frontal. Em Cor/Iluminação há a fonte de luz natural do ambiente externo. A paleta
de cores é verde-claro, verde-escuro, laranja, amarelo, azul, cinza, marrom. A
profundidade de campo é de visão bem aberta. Lente: Grande Angular.
Agora, temos o ponto de vista do Cel. Landa, mas em um plano bastante aberto,
novamente há um corte seco, dando continuidade à visão e, sobretudo, mira do
personagem. ​Há apenas a presença da trilha sonora.

Plano 33 –

Shoshanna correndo em direção à floresta. Casa e coronel ao fundo. Duração: 3’’46’’’

A escala é de um plano Geral, com angulação baixa/ câmera no nível do chão. O


movimento interno da personagem: ela corre em direção à câmera. Os aspectos de
Cor/ Iluminação são os mesmos do Plano 32. Há profundidade de campo: foco maior
na personagem e no plano de fundo, o gramado parece um pouco desfocado. Lente:
Tele Objetiva. ​A câmera é agora colocada do lado oposto, no plano anterior
Shoshanna era vista de costas com a floresta ao fundo, agora vemos a personagem de
frente e a casa ao fundo, quase como um plano-contra-plano, o 33 dá continuidade à
fuga da personagem. ​A trilha sonora ainda se destaca em intensidade, percebe-se ao
fim do plano a introdução de ruídos como passos rápidos na grama e de uma
respiração ofegante, chorosa e desesperada.

Plano 34 –

Shosanna foge ensanguentada da casa onde se escondia com sua família. Duração:
2”31”’

Neste plano podemos ver pela primeira vez o rosto da personagem Shosanna com
detalhes devido ao plano médio e ângulo perfil alto utilizados. A personagem corre da
esquerda para a direita, sempre enquadrada. A câmera acompanha seu movimento em
carrinho, sua fugida. A luz utilizada para o plano é ambiente e uma luz de
preenchimento que funciona para acrescentar os detalhes da personagem. O foco está
na personagem. ​Na cena o som diegético dos passos da personagem enquanto ela
corre na grama pode ser ouvido apesar de bastante abafado pela música que continua
firme e intensa.

Plano 35 –

Shosanna foge chorando, ensanguentada, da casa onde se escondia com sua família.
Duração: 2”48”’
Neste plano seguimos com a mesma fuga da personagem Shosanna, sempre
enquadrada com a câmera seguindo-a em um carrinho. Entretanto, neste plano a
escala usada é a de primeiríssimo plano, recurso utilizado para dar mais enfoque às
emoções da personagem, que chora com o rosto ensanguentado e para aumentar a
sensação de tensão da cena, que o perigo está mais perto. O foco está na personagem e
a iluminação segue o padrão do último plano, a luz ambiente e de preenchimento.
Com a aproximação do plano, dando mais detalhes ao rosto da personagem, acontece
simultaneamente uma aproximação sonora. Com a trilha sonora ainda intensa como
no corte anterior, podemos escutar melhor os passos da personagem e também seu
desespero e respiração afobada.

Plano 36 –

Cel. Landa abaixa a arma que mirava em Shosanna e diz que os mesmos se
reencontrarão. Duração: 2”35”’

Neste plano, o rosto do Cel. Landa é enquadrado em close-up com uma angulação
normal e frontal - quase como se o mesmo estivesse apontando sua arma para a
câmera - ocupando quase que a tela inteira, recurso utilizado para enfatizar a mira do
coronel. O foco está no personagem e a arma encontra-se fora de foco. A iluminação
utilizada cria um lado para a direita do enquadramento mais iluminada e um outro
mais escuro para representar o lado escuro de onde o coronel veio, de dentro da casa.
No plano em questão, a importância sonora é mais que evidente. O som não diegético
da música que até então servia para criar um ambiente de tensão e fuga é bruscamente
interrompido em sincronia com os movimentos do personagem Cel. Landa que abaixa
sua arma. A carga dramática que tal feito apresenta para a narrativa é grande, de
forma que entende-se que por enquanto a tensão passou e que Shosanna vai conseguir
fugir.
Plano 37 -

Shosanna foge da casa onde se escondia. Duração: 2”92”’

Neste plano ocorre uma quebra da tensão com relação aos últimos planos, isso porque
o coronel já abaixou a sua arma. O enquadramento em plano geral e frontal transpassa
a sensação de que a personagem vai conseguir ir para longe da casa onde se escondia
antes. A mesma segue correndo em direção à câmera até sair de enquadramento,
como se tivesse conseguido finalmente fugir.
E aqui se comprova o que ficou entendido do plano anterior, Shosanna vai sim
conseguir fugir. Estão presentes o som diegético de seus passos pela grama e também
logo ao final do plano (no momento do corte), o som em off da fala do personagem
Cel. Landa que grita: "Au revoir".

Plano 38 –

Landa grita se despedindo de Shoshanna. Duração: 2”15”’

Mais uma vez um plano de enquadramento com o personagem Cel. Landa semelhante
ao plano 36, demonstrando que o mesmo continua no mesmo lugar, apenas
observando a fuga da personagem Shosanna. O enquadramento é feito em close-up
com uma angulação da câmera com relação ao personagem normal e frontal. O
Coronel grita se despedindo de Shosanna.
O corte foi feito em meio à fala do Cel. Landa. O som diegético de sua fala agora é
mais audível uma vez que está em close-up com seu falante e em quadro.

Plano 39 –

Shosanna foge em direção à floresta. Duração: 5”48”’

A imagem: Neste plano geral, a imagem de Shosanna correndo em direção à floresta


fica quase que imperceptível de tão distante que já está. Isso demonstra o sucesso da
personagem em sua fuga. A natureza permanece quieta e silenciosa, numa intenção de
contrastar com a tensão dos planos anteriores com uma ideia de que a vida continua
acontecendo e que o mundo continua normal apesar de todos os conflitos dos seres
humanos. Todo o plano se encontra em foco e a sequência termina com um efeito de
fade-out para o preto.
Ouve-se apenas o som diegético da natureza. O barulho do vento e dos pássaros em
off e até mesmo de uma vaca mugindo para lembrar ao espectador que se trata de uma
fazenda leiteira e que a vida continua à medida que Shosanna foge do terror que lhe
acometeu.
Análise da interpretação do plano 2 ao plano 9

É fundamental destacar a atuação dos atores no momento que o Cel. Landa


ameaça LaPadite. O Cel. Landa busca um diálogo convincente e quase amigável, o
seu intérprete, Christoph Waltz, consegue, brilhantemente, transformar o que seria
uma forte ameaça nazista, em uma negociação informal e, como iremos descobrir,
bastante cínica. No instante que Monsieur LaPadite escuta a ameaça à sua família, o
ator reage com movimentos sutis de respiração e engole em seco, seguidos por um
momento de silêncio, - há uma dedução, tanto por parte do personagem, como do
espectador, que ele não tem mais escolha, a não ser entregar a família judia – até que
a câmera retorna ao Cel. Landa e ainda em silêncio, o seu rosto se desmonta
lentamente, quando a fala “Está escondendo inimigos do Estado, certo?” é dita e
voltamos para um plano mais próximo do M. LaPadite, esse já com os olhos
levemente lacrimejados, responde “sim”.
Em seguida, Cel. Landa, astuto, pergunta se os judeus estão escondidos no
porão. Nesse ponto, o “caçador de judeus” confirma-se como um personagem
inteligente e estratégico, pois sabemos que há toda uma discussão entre os dois até
essa parte, mas, na verdade, o espectador entende, finalmente, que desde o início o
único objetivo dele era conseguir aqueles judeus que, como ele sabe, estariam no
porão. M. LaPadite ascente novamente, já trêmulo, e obedece ao Cel., quando este
pede, ainda muito calmo e sério, para os locais que eles se encontram serem
apontados. No movimento seguinte, as lágrimas de M. LaPadite escorrem enquanto
ele aponta e entrega aquelas pessoas, que como ele sabe, serão fuziladas.
Já no plano americano, em que M. LaPadite ainda aponta, o Cel. Landa
levanta e se posiciona nos locais apontados, com o cachimbo em mãos, o ator usa o
objeto para indicar os lugares, até que o guarda no bolso, quando percebemos que
haverá uma mudança de atitude, confirmada quando ele pede para continuar a
conversa em francês. Novamente, o Cel. Landa revela-se como ainda mais malicioso,
ao ponto que encena sua despedida, esperando que os judeus o escutem, agora que ele
fala no seu idioma. É essencial o trabalho do Christoph Waltz para uma construção
tão interessante, sobretudo, em como ele cria um personagem convincente, que de
certa forma tem uma simpatia inicial, conquistando o espectador, que se transforma
num vilão, tão apaixonado pelo seu exercício de captor, apesar de não perder o seu
objetivo, sem ser levado pela emoção do que ele faz e ainda ser genial, ainda
pensando como a sua caça, os judeus, em uma tarefa tão macabra, a de exterminá-los.
​Os Movimentos de Câmera e dos Personagens por Planos

A partir do trabalho do diretor e roteirista, Quentin Tarantino, do fotógrafo, Bob


Richardson, e do cenografista David Wasco buscou-se uma esquematização ilustrada
das escolhas deles no ​Chapter One (Capítulo 1: Era uma vez na França ocupada por
nazistas). Os desenhos foram baseados nos movimentos de câmera e atores, já a
observação do cenário é feita mesmo antes da sequência escolhida. Não havendo
qualquer tipo de planta ou coreografias divulgadas pela equipe técnica do filme, as
ilustrações são apenas uma maneira simples nos aproximar do raciocínio desses
realizadores.
Ao desenhá-lo à mão para esse trabalho, toda a análise dos planos se tornou mais
clara, sobretudo espacialmente, e mesmo não tendo absoluta certeza quanto à
angulação das câmeras, foi essencial para entender a necessidade da ​decupagem de
um filme e da continuidade. Há planos em que o movimento do personagem é rápido,
mas tão determinante, que se não fossem cuidadosamente direcionados, a montagem
seria seriamente prejudicada e o espectador ficaria confuso. Os planos 25 ao 29 são
exemplos disso, eles mostram o Cel. Landa andando pelo assoalho, seguindo os
passos de Shoshanna, até que no 29, ela sai pelo lado esquerdo da tela e no 30, a
vemos correr na frente da casa. Qualquer erro de movimento desses atores e
posicionamento de câmera seria fatal. O que mostra a habilidade de Tarantino como
cineasta e, principalmente, como diretor, é que ele nunca perde os detalhes, até
quando acabam os seus incríveis diálogos e há o ápice da tensão, onde o espectador há
tempos já se deixou levar, ele ainda está ali, se esforçando para fazer de cada plano de
poucos segundos um pequeno espetáculo.

Giulia Alves
FICHA TÉCNICA DO FILME

Título no Brasil: Bastardos Inglórios

Título Original: Inglourious Basterds

Gênero: Ação

Direção e Roteiro: Quentin Tarantino

Elenco: Alexander Fehling, André Penvern, Andreas Tietz, Anne-Sophie Franck,


Arndt Schwering-Sohnrey, August Diehl, B.J. Novak, Bo Svenson, Brad Pitt, Buddy
Joe Hooker, Carlos Fidel, Christian Berkel, Christian Brückner, Christoph Waltz,
Daniel Brühl, Denis Ménochet, Diane Kruger, Eli Roth, Enzo G. Castellari, Eva
Löbau, Gedeon Burkhard, Hilmar Eichhorn, Jacky Ido, Jana Pallaske, Jasper
Linnewedel, Julie Dreyfus, Ken Duken, Léa Seydoux, Lena Friedrich, Leo Plank,
Ludger Pistor, Martin Wuttke, Mélanie Laurent, Michael Bacall, Michael Fassbender,
Michael Kranz, Michael Scheel, Mike Myers, Olivier Girard, Omar Doom, Patrick
Elias, Paul Rust, Petra Hartung, Rainer Bock, Richard Sammel, Rod Taylor,
Salvadore Brandt, Samm Levine, Sebastian Hülk, Sönke Möhring, Sylvester Groth,
Til Schweiger, Tina Rodriguez, Volker Michalowski, Wilfried Hochholdinger,
Wolfgang Lindner

Produção: Lawrence Bender

Fotografia: Robert Richardson

Edição: Sally Menke

Duração: 153 min.

Ano: 2009

País: Alemanha / Estados Unidos

Cor: Colorido

Estreia: 20/05/2009 (Brasil)

Distribuidora: Paramount Pictures Brasil

Estúdio: A Band Apart / The Weinstein Company / Universal Pictures / Visiona


Romantica / Zehnte Babelsberg

Classificação: 18 anos

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