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4. Fundamentação teórica
4.1. Operações Bancárias e Interbancárias
4.1.1. Banco
Bancos, numa abordagem mais explícita, para MARTINS (1990, p. 497), por sua
vez, são “empresas comerciais que têm por finalidade realizar a mobilização do crédito,
principalmente mediante o recebimento, em depósito, de capitais de terceiro, e o
empréstimo de importâncias, em seu próprio nome, aos que necessitam de capital”.
Em uma contrapartida, também lógica, ABRÃO, (2010, p. 51), refere que bancos
são “empresas comerciais, cujo objectivo principal consiste na intromissão entre os que
dispõem de capitais e os que precisam obtê-los, isto é, em receber e concentrar capitais
para, sistematicamente, distribuí-los por meio de operações de crédito”.
Porém, ainda segundo o ABRÃO (2010, p. 51), “o banco é o estabelecimento
comercial que recolhe os capitais para distribuí-los sistematicamente com operações de
crédito”.
A classificação mais ajustada aos bancos levada em consideração ate aos tempos
actuais leva em conta o objecto, a actividade desempenhada, as operações praticadas pelos
bancos, muito embora ABRÃO (2010, p. 55) alerte que tal distinção está desaparecendo a
partir da configuração do banco universal, que realiza todas as espécies de operações
bancárias, sem especialização.
Segundo tal critério, os bancos se dividem em bancos de emissão, bancos
comerciais ou de depósito, bancos de investimento, bancos de crédito real, bancos de
crédito industrial e bancos de crédito agrícola.
⇒Bancos de Emissão – São os chamados bancos dos bancos. Entre nós assume tal con-
dição o Banco de Moçambique, que, segundo visto, pratica operações bancárias
exclusivamente com instituições financeiras, tendo como tarefa privativa emitir moeda-
papel e moeda-metálica.
⇒Bancos de Crédito Industrial – Bancos que tem por escopo auxiliar a indústria nacional
por meio da concessão de empréstimos a longo prazo para a respectiva actividade.
⇒As operações bancárias são realizadas em grande escala, de maneira homogénea e não
isolada. Mediante isso é que os bancos têm a possibilidade de lucro, objectivo perseguido
por todo empresário.
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⇒Nelas a complexidade é inerente, com novas relações jurídicas entre bancos e clientes
surgindo a todo instante, até para acompanhar o ritmo do mundo dos negócios.
Nas operações essenciais activas, de outra feita, o banco se torna credor do cliente,
uma vez que distribui e emprega a favor deste, os recursos que obteve nas operações
passivas, concedendo empréstimos, financiamentos, abertura de crédito, realizando
desconto, antecipação de valores, etc.
⇒Operações acessórias – São aquelas que não implicam nem na concessão de crédito, nem
no recebimento de dinheiro. Têm carácter de prestação de serviços secundários, disponibi-
lizados a fim de chamar a clientela.
Os exemplos mais comuns de operações acessórias que podem ser mencionados são
a custódia de valores, cofres de segurança, cobrança de títulos, etc.
As operações bancárias são das mais variadas espécies, segundo o objecto almejado,
conforme será visto a seguir.
⇒Características
É contrato real, unilateral, oneroso ou gratuito, ABRÃO (2010, p. 150-151).
⇒Modalidades
As diferentes modalidades de depósito bancário se estabelecem conforme o objectivo, a
forma e a titularidade da operação.
A conta corrente bancária também não se confunde com a conta corrente comum,
ordinária, ante a ausência de reciprocidade das remessas verificada naquela. A faculdade de
dar impulso à relação é do correntista e não do banco, o qual se limita a cumprir ordens
dele recebida; nem os creditamentos que o banco faz na conta podem ser considerados
remessas dele, uma vez que resultam do cumprimento das obrigações por ele assumidas.
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Outra diferença entre a conta corrente bancária e a comum, que pode ser
mencionada, decorre da disponibilidade que o cliente tem sobre a base do saldo apurado
diariamente – crédito resultante da conta –, saldo provisório sobre o qual o cliente pode
emitir cheques, sendo, inclusive, admitida sua penhora. Na ordinária os créditos anotados
na conta se tornam inexigíveis e indisponíveis até o encerramento da própria conta, sendo
destinados à compensação com eventuais créditos da contraparte.
⇒Características
A conta corrente bancária é operação consensual, informal, normativa porque regula as
relações futuras entre as partes, de duração ou execução continuada porque se estendem no
tempo, bilateral porque o banco deve prestar serviços ao cliente correntista que, por sua
vez, deve prestar os fundos necessários, onerosa porque o banco tem benefícios com a
percepção de comissões e o cliente tem vantagens com a prestação de serviços e
disponibilidade de caixa.
⇒Modalidades
As modalidades de conta corrente bancária aqui apresentadas levam em consideração a
titularidade da conta, podendo ser unipessoal, por possuir um único titular, ou colectiva, em
nome de duas ou mais pessoas.
⇒Extinção
A conta corrente bancária, de regra, é contrato por prazo indeterminado, assistindo ao
banco ou ao correntista o direito de interromper ou extinguir o contrato a qualquer tempo,
sem necessidade de pré-aviso.
É operação bancária pela qual o banco entrega ao cliente uma determinada soma em
dinheiro (adiantamento/antecipação), mediante prévia constituição de uma garantia real,
incidente em títulos, mercadorias, documentos representativos destas, cujo valor está em
relação constante com dita soma.
⇒Características
São características da operação de antecipação bancária, segundo ABRAO (2010, p. 162):
c) Modalidades
As modalidades da operação de antecipação levam em consideração o objecto sobre os
quais recaem as garantias contratuais. Tem-se, assim, Antecipação sobre Mercadorias;
Antecipação sobre Títulos de Crédito em Geral; Antecipação sobre Títulos Representativos
de Mercadorias (warrant e conhecimento de depósito).
⇒Extinção
A extinção do contrato se verifica pelo pagamento, ainda que antecipado, por parte do
cliente.
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Operação pela qual o banco, com prévia dedução de juros, comissão e despesas,
antecipa ao cliente a importância de um crédito, não vencido, contra terceiro, mediante
cessão do próprio crédito ABRÃO (2010, p. 173).
Em tal operação o banco é designado descontante, e o cliente descontário.
Segundo tal conceito, em tese, pode ser objecto de desconto bancário qualquer
crédito que possa ser cedido em troca do adiantamento pecuniário que o banco faz ao
descontário. Na prática, todavia, o que se tem observado é a utilização em grande escala do
desconto bancário envolvendo títulos de crédito, em especial duplicatas e “cheques pré-
datados”, representativos do crédito do empresário derivado de venda a prazo realizada.
No desconto bancário envolvendo títulos de crédito a propriedade do título é
transferida por meio de endosso ao descontante, vinculando-se o descontário como
endossante e garantidor de seu pagamento.
A expressão utilizada para designar a operação objecto de estudo tem duplo
significado: a de operação bancária e a de dedução feita sobre o valor do título.
⇒Características
O desconto bancário é operação de carácter real porque sua perfeição decorre da
transferência do título de crédito do descontário ao banco descontante, mediante a entrega
do dinheiro correspondente deste àquele, com dedução de juros, comissão e despesas.
É bilateral em virtude de que origina obrigações para ambas as partes contratantes:
ao cliente descontário, a obrigação de garantir ao banco o pagamento do título, e ao banco
descontante, a obrigação de diligenciar pelo recebimento do crédito representado no título
juntamente ao devedor principal.
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É a operação pela qual o banco entrega certa quantia em dinheiro ao cliente, que,
por sua vez, assume a obrigação de restituí-la, no prazo ajustado, no mesmo género,
quantidade e qualidade, acrescida de juros e comissões, conforme previamente acordado.
O empréstimo bancário, de regra, envolve dinheiro, mas pode ter como objecto
títulos (empréstimo de títulos representativos de valores pecuniários) ou firma (empréstimo
de firma).
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⇒Características
O empréstimo bancário é operação de carácter real, unilateral, onerosa, nominativa e típica.
⇒Modalidades
As modalidades de empréstimo bancário são definidas de acordo com a sua
destinação, de acordo com o reembolso e de acordo com a garantia (Rizzardo, 2003, p. 43).
Segundo o critério da destinação, o contrato de empréstimo bancário pode ser
considerado pessoal ou comercial.
Os pessoais são concedidos levando-se em consideração a pessoa do tomador, tendo
como finalidade o consumo ou o atendimento de necessidades pessoais e familiares. Em
geral são concedidos a curto e médio prazos.
Os comerciais se destinam à actividade industrial ou comercial do cliente. A
duração, nestes, é de médio e longo prazos.
De acordo com o reembolso, o empréstimo bancário pode ser simples, com
devolução numa única vez, ou amortizável, quando a devolução se processa em prestações
sucessivas (mensal, trimestral ou semestral).
Por fim, de acordo com a garantia, o empréstimo pode ser sem garantia ou com
garantia, real, incidente sobre bens móveis ou imóveis, ou fidejussória, por intermédio de
fiança.
⇒Prazo e forma
O empréstimo bancário é convencionado, de regra, por prazo certo. Caso, todavia,
ocorra omissão relativamente ao termo do contrato, ABRÃO (2010, p. 132):
⇒Extinção
Tal operação é contratada por prazo determinado, admitindo-se sua renovação por
condução tácita.
Pode o emissor antecipadamente considerar extinto o contrato por descumprimento
de obrigações do titular, como não reembolso nas datas previstas. Pode também ocorrer a
perda antecipada da vigência do cartão no caso de morte, interdição ou falência do titular.
Nos casos de extinção mencionados, não há prejuízo ao fornecedor pelas vendas
autorizadas anteriores à resilição.
O titular, por sua vez, pode unilateralmente e a qualquer momento, resilir o
contrato, sem necessidade de manifestar justa causa.