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Planejamento Ambiental
no Brasil
Introdução
Segundo Pierri (2001), o conceito sobre sustentabilidade mais difundido enfoca apenas
a manutenção dos “recursos” através do tempo. Historicamente, em relação à natureza ou
seus recursos, este conceito teve diferentes níveis de abordagem, com fins e critérios dife-
rentes. Primeiramente, este conceito esteve associado aos recursos naturais renováveis com
sustentabilidade ecológica em função do atendimento das demandas de produção e econô-
micas. Em um segundo momento, como um conjunto de recursos ou ecossistemas a serem
conservados visando a sustentabilidade ecológica. Por fim, o terceiro nível inclui a socie-
dade e o conjunto de seus recursos apontando para uma sustentabilidade socioambiental,
enfocando o equilíbrio ecológico e social em função da economia.
Para Guimarães (2007), a presente crise de sustentabilidade se dá abundantemente pelo
debate ambiental que tem se caracterizado pela disputa entre diferentes interpretações de
desenvolvimento sustentável. Aqui vale destacar que o conceito de desenvolvimento sus-
tentável é diverso e que depende do ponto de vista do ator social que esteja analisando ou
simplesmente vivenciado situações do dia a dia. O conceito mais difundido é o da ONU que,
desde o início da discussão ambiental, ganhou hegemonia no cenário mundial, a partir de
Brundtland (1987).
Claramente, a ordem dominante é do capital neoliberal, que privilegia as questões
econômicas com finalidade de alcançar propósitos de progresso material ilimitado e
simplificam o debate que formas sustentáveis praticadas não comprometem a base dos
recursos naturais. Sabe-se que isto não é verdade e que apenas soluções generalistas de
conservação e recuperação ambiental que atendam às dimensões biofísicas dos ecossis-
temas podem gerar redução na qualidade de vida. E como bem diz Leonardo Boff (2011)
“é de bom tom falar de sustentabilidade” numa sociedade dominada pelos pensamen-
tos neoliberais em que estes discursos ganham mercado e prestígio. Boff (2011) ainda
pondera que “a sustentabilidade como substantivo exige uma mudança de relação com
a natureza, a vida e a Terra”, numa forte alusão que o conceito estabelecido pela ONU a
partir de Brundtland (1987) deve ser ampliado.
O planejamento ambiental que vem surgindo com uma prática cotidiana de empresas
e governo se consolidou após a Rio 92, Conferência Internacional das Nações Unidas para o
Desenvolvimento e Meio Ambiente, realizada no Rio de Janeiro em 1992. Ele busca organi-
zar as ações com o objetivo de recuperar, preservar, controlar e conservar o meio ambiente
natural de determinada região e também reduzir os impactos negativos advindos de ativi-
dades produtivas.
Este tipo de planejamento pode e deve ser aplicado para inúmeras situações como,
por exemplo, para a exploração madeireira e não madeireira, qualquer atividade industrial,
gestão de unidades de conservação, comitês de bacias hidrográficas, espaços públicos como
parques, praças, escolas, centros de saúde etc.
Todas essas variáveis de análise vão ter seus pesos (medida de valor da variável) a fim
de determinar as prioridades de ações a serem incorporadas pelo planejamento ambiental.
Um dos resultados que será gerado é o zoneamento, que servirá de instrumento de gestão
ambiental para uma empresa tanto pública como privada e também para a elaboração de
políticas públicas ambientais, ou mesmo somar com outras políticas públicas como os pla-
nos diretores das cidades, programas de saúde, prevenção e combate à doenças, programas
de educação e cultura etc.
O zoneamento é o resultado de um grande diagnóstico socioambiental e contribuirá
de maneira significativa para o planejamento ambiental ser mais eficaz e eficiente, uma vez
que estabelece quais os usos mais adequados para cada localidade, de acordo com suas ca-
racterísticas e capacidade de suporte, assim deixando os processos de gestão mais claros e
controláveis. Podendo, assim, uma empresa aumentar sua eficiência e, consequentemente,
atividades; em áreas naturais, por sua vez, serão necessárias a permissão do acesso de uso
público em algumas áreas como mirantes e cachoeiras e a restrição a outras como em áreas
de refúgio de fauna, susceptibilidade à erosão etc.
O Decreto n. 4.297 de julho de 2002, define que o zoneamento ambiental é regulamen-
tado como zoneamento ecológico-econômico e tem como objetivo viabilizar o desenvolvi-
mento sustentável a partir da compatibilização do desenvolvimento socioeconômico com
a conservação ambiental. Este mecanismo de gestão ambiental consiste na delimitação de
zonas ambientais e atribuição de usos e atividades compatíveis segundo as características
(potencialidades e restrições) de cada uma delas. O objetivo é o uso sustentável dos recursos
naturais e o equilíbrio dos ecossistemas existentes.
Desta forma, o zoneamento ecológico-econômico tem como atribuição desenvolver análises
técnicas dos meios físico, biótico e socioeconômico de forma integradora para a região objeto do
planejamento, apontando, por exemplo, os impactos advindos da ação humana e a capacidade
de suporte do meio ambiente em relação ao padrão de desenvolvimento em curso.
Uma vez detalhadas essas informações e análises, é possível a proposição de ações direcionadas
para cada zona geográfica estabelecida no zoneamento, estabelecendo, inclusive, ações voltadas à
compensação, mitigação e recuperação ambiental dos impactos ambientais identificados.
Sabendo que as zonas estabelecidas no planejamento ambiental possuem caracterís-
ticas específicas ambientais, sociais, econômicas e vulnerabilidades e potencialidades por
si só, consequentemente ao analisar o território do zoneamento como um todo, observa-se
que existe uma heterogeneidade das zonas e que servirá para apontar para a administra-
ção da área alternativas de uso e gestão que potencializem e fomentem o desenvolvimento
sustentável.
O tema do zoneamento ambiental inserido no planejamento territorial ganhou força e
relevância recentemente como o novo Código Florestal (Lei Federal n. 12.651/2012) que esta-
beleceu um prazo de cinco anos (Art. 13, §2.) para que todos os estados elaborem e aprovem
seus zoneamentos ecológicos econômicos, seguindo metodologia unificada estabelecida em
norma federal.
Além do zoneamento ecológico-econômico, segundo Soares (2015), existem outros que
também são importantes para o planejamento ambiental rumo ao desenvolvimento sus-
tentável e que devem ser utilizados tanto pelo poder público na elaboração e aplicação de
políticas públicas como pelo setor privado em suas atividades produtivas.
No quadro 4 estão apresentados os principais zoneamentos utilizados no Brasil e suas
aplicabilidades.
Planejamento ambiental
(SOARES, 2015)
Assim, ainda de acordo com a autora, o planejamento pode ser visto como
teoria, processo, sistema ou como instrumento aplicável a vários tipos e
níveis de atividade humana, com objetivos variados que vão desde a alte-
ração estrutural da sociedade até a simples composição de programas.
Pode, também, ser considerado como uma ação contínua que serve de ins-
trumento dirigido para racionalizar a tomada de decisões individuais ou
coletivas em relação à evolução de um determinado objeto: pode-se afirmar
que o planejamento é a aplicação racional do conhecimento do homem ao
processo e tomada de decisões para conseguir uma ótima utilização dos
recursos, a fim de se obter o máximo de benefícios para a sociedade.
Atividades
1. As atividades das 3 partes serão feitas em conjunto, integrando os conceitos apresen-
tados. Primeiramente faça um diagnóstico dos principais problemas ambientais de
sua cidade e liste-os correlacionando com problemas ambientais globais que servem
de base para a crise ambiental.
Por fim, simule um zoneamento ambiental com as informações geradas e faça uma
proposta de intervenção utilizando o mapa da cidade diagnosticada que pode ser
acessada nos sites das prefeituras municipais.