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CONSELHO EDITORIAL

JAMILE BERGAMASCHINE MATA DIZ Álvaro Ricardo de Souza Cruz Jorge Bacelar Gouveia – Portugal
André Cordeiro Leal Jorge M. Lasmar
BEATRIZ SOUZA COSTA André Lipp Pinto Basto Lupi Jose Antonio Moreno Molina – Espanha
JOSÉ ANTONIO MORENO MOLINA Antônio Márcio da Cunha Guimarães José Luiz Quadros de Magalhães
Antônio Rodrigues de Freitas Junior Kiwonghi Bizawu
(ORGANIZADORES) Bernardo G. B. Nogueira Leandro Eustáquio de Matos Monteiro
Carlos Augusto Canedo G. da Silva Luciano Stoller de Faria
Carlos Bruno Ferreira da Silva Luiz Henrique Sormani Barbugiani
Carlos Henrique Soares Luiz Manoel Gomes Júnior
Claudia Rosane Roesler Luiz Moreira
Clèmerson Merlin Clève Márcio Luís de Oliveira
David França Ribeiro de Carvalho Maria de Fátima Freire Sá
Dhenis Cruz Madeira Mário Lúcio Quintão Soares
Dircêo Torrecillas Ramos Martonio Mont’Alverne Barreto Lima
Edson Ricardo Saleme Nelson Rosenvald
SUSTENTABILIDADE, Eliane M. Octaviano Martins Renato Caram
Emerson Garcia Roberto Correia da Silva Gomes Caldas
Felipe Chiarello de Souza Pinto Rodolfo Viana Pereira
GOVERNANÇA E INTEGRAÇÃO Florisbal de Souza Del’Olmo Rodrigo Almeida Magalhães
Frederico Barbosa Gomes Rogério Filippetto de Oliveira
Gilberto Bercovici Rubens Beçak
Gregório Assagra de Almeida Sergio André Rocha
REGIONAL EM TEMPOS DE CRISE Gustavo Corgosinho Sidney Guerra
Gustavo Silveira Siqueira Vladmir Oliveira da Silveira
Jamile Bergamaschine Mata Diz Wagner Menezes
Janaína Rigo Santin William Eduardo Freire
Jean Carlos Fernandes

É proibida a reprodução total ou parcial desta obra, por qualquer meio eletrônico,
inclusive por processos reprográficos, sem autorização expressa da editora.
Impresso no Brasil | Printed in Brazil

Arraes Editores Ltda., 2021.


Coordenação Editorial: Fabiana Carvalho
Produção Editorial e Capa: Danilo Jorge da Silva
Imagem de Capa: Bruno Henrique (Pixabay.com)
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MATRIZ FILIAL
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Belo Horizonte
2021
CAPÍTULO 6
SUSTENTABILIDADE E MERCADO FINANCEIRO NA
UNIÃO EUROPEIA: PARÂMETROS E PERSPECTIVAS
DE APLICAÇÃO
Hélio Eduardo de Paiva Araújo ............................................................................... 110

CAPÍTULO 7
SUMÁRIO MECANISMOS DE PROTEÇÃO DO AMBIENTE
MARINHO EM TEMPOS DE PANDEMIA DA COVID-19:
A IMPLEMENTAÇÃO DO ODS 14 À LUZ DO PACTO
VERDE EUROPEU
Adriana Isabelle Barbosa Lima Sá Leitão;
Tarin Cristino Frota Mont’Alverne .......................................................................... 137
APRESENTAÇÃO .................................................................................................. XII
CAPÍTULO 8
CAPÍTULO 1
LA CRISIS DEL COVID-19 Y SU IMPACTO SOBRE LA
THE NEED FOR INSTRUMENTS AND FLEXIBLE STRATEGIES
CONTRATACIÓN PÚBLICA A NIVEL NACIONAL
TO FACE PANDEMIC CRISES IN THE CONTEXT OF REGIONAL
E INTERNACIONAL
BLOCS: ANALYSIS OF MERCOSUR RESOLUTION GMC 49/2019
José Antonio Moreno Molina .................................................................................... 171
Alice Rocha da Silva; Leonardo Achtschin ............................................................... 1
CAPÍTULO 9
CAPÍTULO 2
DO PROTOCOLO DE QUIOTO AO ACORDO DE
GLOBALIZAÇÃO, (DES)GOVERNANÇA AMBIENTAL E
PARIS: UMA PROPOSTA PARA O MECANISMO DE
INTEGRAÇÃO REGIONAL EM TEMPOS DE CRISE
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL NO SISTEMA
Anderson Vichinkeski Teixeira; Juliana Giovanetti Pereira da Silva ..................... 26
JURÍDICO BRASILEIRO
Francisco Magno Mairink, Márcio Luís de Oliveira ............................................... 190
CAPÍTULO 3
OS IMPACTOS DA COVID-19 PARA OS MOVIMENTOS
CAPÍTULO 10
MIGRATÓRIOS: COMO O FECHAMENTO DE FRONTEIRAS
A COOPERAÇÃO INTERNACIONAL NO ÂMBITO DAS
E AS MEDIDAS DE CONTENÇÃO DO NOVO CORONAVÍRUS
POLÍTICAS DE CONCORRÊNCIA DOS PALOP
AFETAM A VIDA DOS REFUGIADOS
Nuno Cunha Rodrigues ............................................................................................. 218
Gabriela Oliveira Silva Vasconcelos; Deilton Ribeiro Brasil ................................... 41
CAPÍTULO 11
CAPÍTULO 4
O PACTO ECOLÓGICO EUROPEU SOBREVIVE À PANDEMIA, COERÇÃO E RESPONSABILIDADE
CRISE PANDÉMICA? José Luiz Borges Horta; Gustavo Sarti Mozelli ........................................................ 243
Elizabeth Accioly ......................................................................................................... 62
CAPÍTULO 12
CAPÍTULO 5 URBE AMAZÔNIDA E SUSTENTABILIDADE
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E NEW GREEN DEAL: JUSURBANÍSTICA NO BRASIL: CONTEXTOS E
POR UMA EUROPA MAIS ECOLÓGICA E A BUSCA PELA PARADIGMAS SINGULARES FACE
NEUTRALIDADE CLIMÁTICA AO OESTE DO PARÁ
Jamile Bergamaschine Mata Diz ............................................................................... 81 Wagner de Oliveira Rodrigues ................................................................................... 258

IX X
Sustentabilidade, Governança e Integração Regional em Tempos de Crise 243
CAPÍTULO 13
POVOS INDÍGENAS E INTEGRAÇÃO REGIONAL NA
REGIÃO AMAZÔNICA EM TEMPOS DE PANDEMIA
Solange Teles da Silva ................................................................................................ 276
CAPÍTULO 11
CAPÍTULO 14
PLANEJAMENTO ESPACIAL MARINHO E A ECONOMIA PA NDEMIA, COERÇÃO E RESPONSABILIDADE 267
AZUL: A IMPORTÂNCIA DA IMPLEMENTAÇÃO DO PEM
NA PESCA ARTESANAL
José Luiz Borges Horta268
Carla Mariana Aires Oliveira .................................................................................. 300
Gustavo Sarti Mozelli269

Para os juristas Edgar de Godói


da Matta-Machado (in memoriam)
e João Baptista V illela.

RESUMO: O irromper, em 2020, da Pandemia do Coronavirus 2019 (COV ID -19),


em escala mundial e mortandade inédita para as décadas recentes, colocou em xeque
nossas convicções e certezas. A globalização, por exemplo, parece ter se desfeito no
ar. Neste contexto, a atuação dos países europeus no combate ao coronavírus revela
a contradição intrínseca entre discurso universalista e solução soberanista, que
parece colocar em xeque aspectos fundamentais da identidade cultural ocidental.
Seria possível sustentar, no âmbito da necessidade de reafirmação da identidade
cultural ocidental, por exemplo, a inviabilidade de se prestar proteção
constitucional à privacidade, segurança de dados e garantias individuais, sem trair

267
O presente texto foi preparado a convite da Profa. Dra. Jamile Bergamaschine da Mata Diz,
Coordenadora do Centro de Excelência Jean Monnet em Estudos Europeus da UFMG, a quem
homenageamos e agradecemos.
268
Professor Associado de Teoria do Estado na Universidade Federal de Minas Gerais. Doutor em
Filosofia do Direito (UFMG, 2002), com pós-doutorado em Filosofia pela Universitat de Barcelona (2010-
2011). Membro da Sociedade Hegel Brasileira e do Grupo de Trabalho (GT) Hegel da Anpof.
Coordenador (desde 2005, ao lado de Joaquim Carlos Salgado) do Grupo de Pesquisa dos Seminários
Hegelianos e (desde 2011, ao lado de Gonçal Mayos Solsona) do Grupo internacional de Pesquisa em
Cultura, História e Estado. E-mail: zeluiz@ufmg.br.
269
Professor convidado no Programa de Pós-Graduação em Direito da Universidade Federal de Minas
Gerais. Doutor em Filosofia do Direito (UFMG, 2013), com pós-doutorado em Direito pela Escola
Superior Dom Hélder Câmara (2016). E-mail: gustavosarti@yahoo.com.br.

XI
Sustentabilidade, Governança e Integração Regional em Tempos de Crise 244 Sustentabilidade, Governança e Integração Regional em Tempos de Crise 245

nossa própria matriz histórico-cultural? Poderia o Estado de Direito se valer da 1. A REVANCHE DA COERÇÃO?
mesma vigilância digital e controle de dados utilizados pelos Estados orientais como
mecanismo de resposta eficiente a crises tais como a Pandemia vigente? Como
Se, nos anos 1950, o tema da coerção do poder público sobre a
rearticular uma nova T eoria do Estado, que leve em consideração a proteção de
vida social era tão central a ponto de um catedrático da V elha Casa de
direitos fundamentais (coração da identidade cultural ocidental) e as transformações
nos seus elementos tradicionalmente constitutivos (território, povo e poder)? Estas A fonso Pena galgar a cátedra precisamente debatendo os aspectos
são algumas questões que o presente artigo pretende levantar, no contexto deste que filosóficos e sociológicos da relação entre juridicidade e coercibilidade
é hoje o grande desafio do nosso tempo: repensar criticamente nossa cultura. o que fez de Direito e Coerção (MA T T A -MA CHA DO, 1999) um clássico
PA LAVRAS-CHAVE: Estado; A utonomia; Pandemia; Hiperculturalidade; do pensamento jusfilosófico mineiro e de Edgar da Matta-Machado um
Globalização campeão das liberdades civis o avanço das décadas, no mundo como
no Brasil, revelaria um progressivo avanço da consciência da liberdade e
ABSTRA CT: T he outbreak, in 2020, of the Coronavirus Pandemic (COV ID -19),
on a w orldw ide scale and unprecedented mortality for the recent decades, put into bem assim um gradual consolidar da ideia de que, como anotava João
question our convictions and certainties. Globalization, for instance, seems to fade Baptista V illela em seu premiado Direito, Coerção e Responsabilidade; por uma
aw ay . In this context, the action of European countries in the fight against the ordem social não violenta (V ILLELA , 1982), a cada um compete assumir
coronavirus reveals the intrinsic contradiction betw een universalist discourse and suas responsabilidades perante o todo social, autolimitando-se,
sovereignistic solution, w hich seems to call into question fundamental aspects of diligentemente, de modo a evitar a necessidade de um Estado
Western cultural identity . W ould it be possible to sustain, in the context of the
ostensivamente coativo ou, mesmo, a usar termos mais leves, coercível.
need to reaffirm Western cultural identity, for example, the infeasibility of
Entre coatividade, tomada como o uso efetivo da força pública, e
providing constitutional protection to privacy , data security and individual
guarantees, w ithout betraying our ow n historical-cultural matrix? Could the State, coercibilidade, compreendida como o uso meramente potencial desta mesma
under the rule of law , use the same digital surveillance and data control used by força, as sociedades de fins do século X X , algo traumatizadas com os
eastern States as an efficient response mechanism to crises such as the current excessos autocráticos cometidos pelos Estados da primeira metade
Pandemic? How to re-articulate a new T heory of the State, w hich takes into daquele século (HORT A , 2011: 169 et seq.), operaram transformações
account the protection of fundamental rights (the heart of W estern cultural graduais, em parte desmilitarizando suas polícias urbanas, em parte
identity) and the changes in its traditionally constitutive elements (territory , people
reconstituindo o tecido social a partir de novas perspectivas cada vez
and pow er)? T hese are some questions that this article intends to raise, in the
context of w hat the great challenge of our time is today : to critically rethink our
menos punitivas e cada vez mais atentas ao que o evolver da consciência
culture. europeia passou a defender como coesão social270. Uma sociedade coesa
KEY -WORDS: State; A utonomy ; Pandemy; Hiperculturality; Globalization inibe de per si a criminalidade, tornando desnecessária a coação, a
vigilância e mesmo a mera possibilidade de coerção por parte do aparato
estatal. Quanto mais ordem, espontaneamente cumprida pelos cidadãos,
tanto menos ostensividade no aparato policial.

270
A ideia de coesão social ingressa na pauta central da União Europeia a partir do Ato Único Europeu, de
1986, que introduziu no Tratado de Roma, de 1957 (que instituiu a Comunidade Econômica Europeia), um
apartado específico sobre a coesão econômica e social (artigos 130-A a 130-E).
Sustentabilidade, Governança e Integração Regional em Tempos de Crise 246 Sustentabilidade, Governança e Integração Regional em Tempos de Crise 247

No pensar de V illela, quanto mais responsabilidade assumida pela A ssim, a primeira vítima da COV ID19 foi, precisamente, a
cidadania, tanto menos teria o Estado de policiar a população. Uma globalização, revelada a olhos nus como o veículo e a causa central da
população ordeira, pacífica, responsável, não necessitaria de um contaminação e disseminação da doença e de seus males.
policiamento opressivo, visível e intimidatório. V illela refere -se, Em seu ensaio Sociedade do Cansaço, By ung Chul Han sustenta que
inquestionavelmente, ao modelo de vida europeu, com ruas e ambientes vivemos em uma época em que o paradigma imunológico perdeu sua vigência,
extremamente seguros e impressionantemente livres da presente de baseada na negatividade do inimigo (HA N, 2017: 7-21). Como nos tempos da
oficiais do Estado como em um aeroporto alemão, no qual se pode Guerra Fria, a sociedade organizada imunologicamente se caracteriza por
caminhar por horas sem sequer ver algum servidor público viver cercada de fronteiras e de cercas, que impedem a circulação
uniformizado: alemães assumem responsabilidades, descobrem seus acelerada de mercadorias e de capital. A globalização suprimiu todos
caminhos, compram seus tickets de trem, informam a si mesmos, descem esses limites imunitários para dar caminho livre ao capital. A té mesmo a
à plataforma, embarcam, e não raro são os próprios conferentes de suas permissividade generalizada, que hoje se propaga por todos os âmbitos
passagens. Como quer V illela: são totalmente responsáveis por suas vitais, elimina a negatividade do desconhecido e do inimigo. Os perigos
condutas. não espreitam hoje a negatividade do inimigo, e sim o excesso de
T amanha é a eficiência do modelo alemão que a cidadania não positividade, que se expressa como excesso de rendimento, excesso de
precisa ser lembrada da imensa força do Estado e de seu Direito. produção e excesso de comunicação.
Em ordens jurídicas ditas periféricas, no entanto, onde o Direito e o A negatividade do inimigo não tem lugar em nossa sociedade
Estado não têm a força simbólica de coesão social que possuem na ilimitadamente permissiva. O discurso dos últimos tempos é,
Europa, mas ao contrário, seguem sob intensas e permanentes críticas, a flagrantemente, incapaz de fazer frente a qualquer ameaça.
força simbólica do Estado é necessariamente muito maior. A identidade dos sujeitos da era digital é cada vez mais forjada
por elementos desvinculados da territorialidade; é o que Han
2. PA NDEMIA: MAIS UM MA L DA GLOBALIZAÇÃO diagnosticará, entre o protesto e a dura crítica, em ensaios diversos, onde
aponta a hipertrofia do igual, o enfraquecimento dos lastros de tradição que,
O irromper, em 2020, da Pandemia do Coronavirus 2019 (COV ID- por meio da cultura, conectam o Espírito do povo ao território,
19), em escala mundial e mortandade inédita para as décadas recentes, constituindo-o Nação, e o paradoxo do turista em camisas havaianas: Se o
colocou em xeque todas as convicções de que, até então, se dispunha. lugar constitui fundamento de uma cultura, então a hiperculturalidade
Globalização, por exemplo, desfez- significa uma desfundamentalização da cultura (HA N, 2018: 22). 272
se no ar, em nanossegundos: O ameaçante vírus é global, globalizado e
272
viaja nas asas da turboglobalização271, mas só há como combate-lo com
sob o mote do slogan da Microsoft (Where do you want to go today? El etnólogo
eficácia combatendo, na mesma medida, a imperiosa globalização.
británico Nigel Barley sostuvo alguna vez que la verdadeira llave del futuro radica em que conceptos
fundamentales como cultura dejan de existir. De acordo com Barley, nosostros somos entonces
prácticamente turistas en camisas hawaianas. ¿Se llama turista al nuevo hombre despúes del fin de la
271
cultura? ¿O vivimos finalmente em uma cultura que nos da la liberdad de dispersarnos como alegres
O termo é de Gonçal Mayos: MAYOS, 2019. Por outro lado, citando Martin
Sustentabilidade, Governança e Integração Regional em Tempos de Crise 248 Sustentabilidade, Governança e Integração Regional em Tempos de Crise 249

Ora, uma das características fundamentais do contexto global de vista, cuidaram de imediatamente reassumirem o comando soberano de
desterritorialização social e política da sociedade, é justamente a seus territórios, fecharem suas fronteiras e engendrarem controles
substituição (ou o risco de substituição) da Política pelo mercado na coercitivos um tanto inéditos para boa parte de seus cidadãos.
condução dos processos sociais, o que, reflexamente, funcionaliza as T odo o poder estatal, discretamente recolhido por desnecessário
relações sociais e faz da globalização questão política. Globalização em versão exuberante nas culturas jurídicas mais sofisticadas, emergiu de
significa um tipo tacanho de (des)politização (HORT A ; FREIRE; golpe em todos os quartéis do planeta, causando assombro e admiração.
SIQUEIRA , 2012) na medida em que seu aparecimento permite aos A s tecnologias digitais há muito disponíveis, mas somente
empresários e suas associações a reconquista e a disponibilidade do poder utilizadas em larga escala pelo mercado, cujos algoritmos vinham sendo
de negociação que havia sido politicamente e socialmente domesticado denunciados como constritores das liberdades econômicas, induzindo
pelo Estado capitalista democraticamente organizado. Isto porque, cidadãos a consumidores inconscientes agora surgiram como
segundo Ulrich Beck (1997: 16-7), a globalização viabilizou algo que substratos sanitários de ordem pública, tornando a vigilância sanitária
talvez já fosse latente no capitalismo, mas ainda permanecia oculto no em imperativo público.
seu estágio de submissão ao Estado social de Direito, a saber: que Culturas orientais, por certo menos imersas na longa tradição de
pertence às empresas, especialmente àquelas que atuam globalme nte, não construção das liberdades civis e políticas constitutiva da história das
apenas um papel central na condução da economia, mas da própria culturas ocidentais, foram mais facilmente submetidas ao padrão da
sociedade como um todo, ainda que seja apenas pelo fato de que podem vigilância sanitária o que não surpreendeu, apenas demarcou
privar a sociedade de seus recursos materiais (capital, impostos, diferenças.
trabalho). A nota a propósito Byung-Chul Han:

3. PA NDEMIA: FRAQUEZA E FORTALEZA DO ESTADO A consciência crítica diante da vigilância digital é praticamente
inexistente na Á sia. Já quase não se fala de proteção de dados,
incluindo Estados liberais como o Japão e a Coreia. Ninguém se
Conquanto se possa buscar, pollyannicamente, diferenciar a conduta
irrita pelo frenesi das autoridades em recopilar dados. Enquanto
dos Estados, nas muitas civilizações (HORT A ; RA MOS, 2009), perante
isso a China introduziu um sistema de crédito social inimaginável
a necessidade de reagir à Pandemia, é fato que todos, sem exceções à aos europeus, que permitem uma valorização e avaliação exaustiva
das pessoas. Cada um deve ser avaliado em consequência de sua
conduta social. N a China não há nenhum momento da vida
Nuestro Dasein histórico experimenta com aflicción espiritual y claridade que su futuro equivale a la cotidiana que não esteja submetido à observação. Cada clique, cada
desnuda disyuncion exclusiva entre la salvacón de Europa o su destrucción. La possibilidade de la compra, cada contato, cada atividade nas redes sociais são
slavación exige, sin embargo, dos cosas: I. La preservación de los pueblos europeos ante el asiático; II. La controlados. Quem atravessa no sinal vermelho, quem tem
-13). Segundo Han, o turista
contato com críticos do regime e quem coloca comentários
hipercultural não precisa mover-se fisicamente para ser turista. Ele já está, em si mesmo, em qualquer
(outro) lugar. Não é que se abandona a casa como turista para voltar depois como nativo. O turista críticos nas redes sociais perde pontos. A vida, então, pode chegar
hipercultural já é, consigo em casa, um turista. Já está ali, ao estar aqui. Não chega de modo definitivo a a se tornar muito perigosa. Pelo contrário, quem compra pela
nenhum lugar (HAN, 2018: 27). Internet alimentos saudáveis e lê jornais que apoiam o regime
Sustentabilidade, Governança e Integração Regional em Tempos de Crise 250 Sustentabilidade, Governança e Integração Regional em Tempos de Crise 251

ganha pontos. Quem tem pontuação suficiente obtém um visto de O gesto desesperador da Itália, primeiro país ocidental a ter de
viagem e créditos baratos. Pelo contrário, quem cai abaixo de um lidar com o vírus, ao pedir o socorro da União Européia, o qual tanto
determinado número de pontos pode perder seu trabalho. Na
demorou quanto gerou desculpas públicas da Comissária Úrsula V an
China essa vigilância social é possível porque ocorre uma irrestrita
Der Leyden, prova a difícil equação que se coloca ao pensamento
troca de dados entre os fornecedores da Internet e de telefonia
celular e as autoridades. Praticamente não existe a proteção de jurídico, jurídico-político e jusfilosófico ocidental.

. (HA N, 2020) 273 4. ESTADO DE DIREITO: PILARES OU RUÍNAS?

A percepção de que a ostensividade da vigilância e da coerção Byung Chul Han, comentando a atuação dos países europeus no
estatal é mais plenamente assimilável alhures que na tradição europeia é combate ao coronavírus, revela a contradição intrínseca entre discurso
igualmente destacada. Byung Chul Han anota que o coronavírus está universalista e solução soberanista:
colocando nosso sistema à prova. Isto porque, em tese,
Os fechamentos de fronteiras são evidentemente uma expressão
as medidas tomadas pelos Estados Orientais se mostraram bem desesperada de soberania. Nós nos sentimos de volta à época da
mais eficientes na resposta à crise sanitária provocadas pelo vírus. soberania. O soberano é quem decide sobre o estado de exceção. É
Mas a que preço? Segundo argumenta o filósofo, Estados asiáticos o soberano que fecha fronteiras. Mas isso é uma vã tentativa de
como o Japão, Coreia, China, Hong Kong, T aiw an e Singapura soberania que não serve para nada. Seria muito mais útil cooperar
têm uma mentalidade autoritária, que vem de sua tradição cultural intensamente dentro da Eurozona do que fechar fronteiras
(confucionismo). A s pessoas são menos relutantes e mais alucinadamente. A o mesmo tempo a Europa também decretou a
obedientes do que na Europa. T ambém confiam mais no Estado. E proibição da entrada a estrangeiros: um ato totalmente absurdo
não somente na China, como também [...] no Japão a vida levando em consideração o fato de que a Europa é justamente o
cotidiana está organizada muito mais rigidamente do que na local ao qual ninguém quer ir. No máximo, seria mais sensato
Europa. Principalmente para enfrentar o vírus os asiáticos decretar a proibição de saídas de europeus, para proteger o mundo
apostam fortemente na vigilância digital. Suspeitam que o big data da Europa. Depois de tudo, a Europa é nesse momento o
pode ter um enorme potencial para se defender da pandemia. epicentro da pandemia. (HA N, 2020)
Poderíamos dizer que na Á sia as epidemias não são combatidas
somente pelos virologistas e epidemiologistas, e sim É visível a agonia de Han. T radicionalmente o Estado nacional é
principalmente pelos especialistas em informática e macrodados. um Estado territorial, ou seja, baseia o seu poder na vinculação a um
Uma mudança de paradigma da qual a Europa ainda não se
determinado lugar (no controle das associações, na aprovação de leis
inteirou. (HA N, 2020)
vinculativas, na defesa das fronteiras, etc.). Por sua vez, a aldeia global, que
em decorrência da globalização busca se ramificar em muitas dimensões,
e não apenas econômicas, complexifica e ao mesmo tempo parece
273 relativizar o Estado nacional, pois há uma multiplicidade,
Sobre as diferentes concepções culturais entre a civilização ocidental e a civilização confuciana, v.
RAMOS, 2012. desvinculada a um lugar, de círculos sociais, redes de comunicação,
Sustentabilidade, Governança e Integração Regional em Tempos de Crise 252 Sustentabilidade, Governança e Integração Regional em Tempos de Crise 253

relações de mercado e modos de vida que ameaçam em todas as direções Estatal-Internacional, com princípios, regras e políticas comuns, tais
as fronteiras do Estado nacional. Para Ulrich Beck, isso aparece em todos Estados priorizaram a soberania europeia, por meio da reunião de esforços
os pilares da autoridade nacional-Estatal: a tributação, os poderes de comuns no enfrentamento dos problemas de uma geopolítica global
polícia, a política externa ou de defesa (BECK, 1997: 20). cujos vetores e forças transcendem a capacidade de ação de pequenos
A ssim, problemas ínsitos ao paradigma transnacional e global Estados isolados, em detrimento da tradicional soberania conquistada a
como a fome e a miséria que conduz à morte de um número cada vem duras penas (SIMMS, 2015).
maior de pessoas, a contínua violação da dignidade humana, sobretudo A ssim, soberania formal já não significa soberania real na medida
nos Estados (ainda não) de direito, o terrorismo internacional, o desafio em que os problemas se mundializaram e para enfrenta-los o Estado
político das migrações por fatores políticos e ambientais, o crescente precisa se articular, em comunidades soberanas, com outros. A demais, o
desemprego e disparidade na distribuição de renda e riquezas a nível poder econômico e de mercado se virtualizou, tornando-se impessoal,
global, a ameaça à viabilidade futura da humanidade pelo desequilíbrio não mantendo lastros identitários e de comprometimento político com
ecológico e em razão do risco de uma guerra nuclear , não têm como Estados nacionais, e não respeita fronteiras, regras ou valores.
contornos geopolíticos aspectos econômicos, políticos, sociais e Por fim, é na articulação dos problemas no entorno da
ambientais locais, circunscritos a certo e determinado espaço territorial relativização dos elementos do Estado que emerge, como corolário, o
ou Estado nacional. Eles refletem importante questão político-filosófica paradoxo político dos chamados direitos humanos.
de fundo, expressa na estranha ideia de desterritorialização dos espaços Zizek identifica, no contexto atual, o paradoxo dos direitos
político e social (BECK, 1998: 12-3). Nesta perspectiva, proximidade humanos universais, e denuncia seu caráter de dominação política
geográfica e social não mais coincidem, isto porque o espaço da momento em que tentamos conceber o direito político dos cidadãos sem
sociedade, sobretudo nos aspectos político e econômico, não é mais fazer referência aos direitos humanos universais e meta-políticos o que se
limitado pela presença num lugar a sociedade estaria tão líquida
quanto o tempo, para acompanhar Baumann (2001). A comunidade Esse paradoxo opõe de um lado a dignidade da pessoa humana, como
nacional concreta, na experiência da globalização, perde suas fronteiras corolário do itinerário filosófico ocidental 275, e de outro o uso político
na direção de algo tão abstrato como uma comunidade universal de ausentes
275
(BECK, 1998: 12-3). Outra faceta político-filosófica do mesmo paradoxo é a que opõe autodeterminação moral e
O contexto de ataque ao Estado se expressa de modo especial no autorrealização ética. Nesse sentido, tanto as tradic es liberais quanto as democráticas (muitas vezes auto-
o de uma autodeterminac
elemento soberania. Em detrimento de uma soberania meramente
o da autorrealizac
formal, os Estados europeus, ainda que se mantendo sob a égide formal o guardam, entre si, uma relac o de complementaridade, e, sim, de concorre
de suas constituições, abriram mão de parte de sua soberania em prol da , porque, ambas as tradic
instituição de uma vindoura União Europeia e de sua constituição 274.
A o priorizarem a articulação de seus Estados em uma Comunidade -

o instru vel, da auto-organizac


274
Sobre o devir da União Europeia, o excepcional MIDDELAAR, 2017.
Sustentabilidade, Governança e Integração Regional em Tempos de Crise 254 Sustentabilidade, Governança e Integração Regional em Tempos de Crise 255

que se faz desta ideia, como meio de dominação e despotencialização das prestar proteção constitucional à privacidade, segurança de dados e
diferenças. Ele se perpetua e se irradia, na medida em que o movimento garantias individuais, sem trair nossa própria matriz histórico-cultural?
contemporâneo de mundialização da questão humana reforça Poderia o Estado de Direito se valer da mesma vigilância digital e
perfidamente a questão da universalização. Os avanços nos campos do controle de dados utilizados pelos Estados orientais como mecanismo de
desenvolvimentismo tecnológico, científico e, consequentemente, resposta eficiente a crises tais como a Pandemia vigente? Seria, por
econômico, forjaram terreno fértil e indispensável para a atual projeção exemplo, a chamada lei geral de proteção de dados 277, corolário de sua
da questão humana a níveis globais, naquilo que, intuitivamente, se despotencialização ou expressão da pujança e maturidade crítica do
convencionou chamar globalização. Paradoxalmente 276, os movimentos que Estado?
levaram à crise dos valores, da Metafísica e da validade de seus juízos O Estado, como expressão histórica e filosófica da cultura
filosóficos universais têm como um de seus mais expressivos resultados a ocidental, precisa ser repensado em face das implicações trazidas pela
atual hiperculturalidade, expressa na interdependência global dos fatores de globalização para a sua compreensão como conceito e locus estruturante
produção e de mercado e naquilo que Ulrich Beck denominou da vida política ocidental. Nesse sentido, todas as dimensões da cultura
mundialização dos problemas (BECK, 1998: 12-3). Isto faz com que os povos ocidental (e de seu percurso até aqui) se constituíram no esteio de seu
das diferentes culturas e nações se sintam interpelados, diante do horizonte desenvolvimento histórico, desde as embrionárias organizações de politeia
compartilhado de desafios e perigos, a assumirem uma responsabilidade gregas, passando pela constituição dos Estados nacionais até a construção
política comum frente às questões de coexistência e sustentabilidade, na do Estado de Direito. Assim, a liberdade constitui a ideia estruturante da cultura
articulação de um projeto de futuro que tenha por base os grandes ocidental278, em diálogo com a qual a economia, a antropologia, a religião,
desafios e objetivos humanos. o Direito e a Política ocidentais se desenvolveram.
Nesse sentido, seria possível sustentar, no âmbito da necessidade Quer na afirmação de sua positividade, manifesta na pujança dos
de reafirmação da identidade cultural ocidental, a inviabilidade de se momentos históricos em que floresceu como expressão do ethos ocidental,
quer na expressão de sua negatividade, manifesta na luta pela construção
pria tradic o l da subjetividade do sujeito ocidental, o Estado de Direito se faz
cio; ao passo que na interpretac expressão histórica da identidade ocidental (HORT A , 2011).
- - o Como rearticular uma nova Teoria do E stado, que leve em
poderia reconhecer prio projeto de vida autentico. (MOZELLI, 2017:
189-90; HABERMAS, 1994: 130). Sobre o tema da dignidade da pessoa humana, SALGADO (2009) e
consideração a proteção de direitos fundamentais (coração da identidade
SALGADO (2011).
276
Este mesmo paradoxo é apontado por Karl Otto-Apel, em outros termos, ao analisar o problema da
fundamentação racional da ética na era da ciência. Isto porque, segundo ele, de um lado, a carência de uma 277
ética universal, vinculadora para toda a sociedade humana, nunca foi tão premente como em nossa era, que Lei Federal n° 13.709, de 14 de Agosto de 2018.
278
para Apel se constitui numa civilização unitária, em função das consequências tecnológicas promovidas Por todos, SALGADO (1996), e muito especialmente HEGEL (1999). Para uma reflexão sobre a cultura
pela ciência. De outro lado, a tarefa filosófica de uma fundamentação racional de uma ética universal da liberdade, ouçamos, ainda, Byung-
jamais parece ter sido tão complexa, e mesmo sem perspectiva, do que na idade da ciência. Isto porque a costume de andar com o rosto descoberto. Os únicos que estão mascarados são os criminosos. Mas agora,
ideia de validez intersubjetiva é, nesta era, igualmente prejudicada pela ciência: a saber, pela ideia vendo imagens da Coreia, me acostumei tanto a ver pessoas mascaradas que o rosto descoberto de meus
-359). 2020)
Sustentabilidade, Governança e Integração Regional em Tempos de Crise 256 Sustentabilidade, Governança e Integração Regional em Tempos de Crise 257

cultural ocidental) e as transformações nos seus elementos MIDDELA A R, Luuk van. E uropa em Transição; Como um continente se transformou
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