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Criminalística - Resumo - Aula 01
Criminalística - Resumo - Aula 01
2. Frio
A ação geral do frio leva à alteração do sistema nervoso, sonolência, convulsões, etc..
Quando a ação do frio é continua, ocorre vasodilatação paralítica, culminando em hipóxia
periférica (ausência de oxigênio suficiente nos tecidos para manter as funções corporais) com
trombose vascular (trombo: coágulo que se forma nos vasos sanguíneos, veias ou artérias,
limitando o fluxo normal de sangue). A fase terminal do caso consiste em gangrena úmida
(oclusão vascular incompleta) ou em gangrena seca (trombose vascular completa).
Principais elementos para se identificar morte pelo frio (diagnóstico difícil):
Hipóstase vermelho-claro (mudança de coloração que surge na pele dos cadáveres,
decorrente do depósito de sangue estagnado);
Rigidez cadavérica precoce;
Sangue de tonalidade menos escura;
Sinais de anemia cerebral;
Congestão polivisceral;
Espuma sanguinolenta nas vias respiratórias
Infiltrado hemorrágico na mucosa gástrica (sinal de Wischnewski);
Flictenas semelhantes às das queimaduras.
3. Eletricidade
É uma energia física capaz de se transformar em calor ao passar pelo corpo, produzindo
queimaduras que podem levar a morte.
Pele molhada: oferece menor resistência à passagem da corrente elétrica: lesões externas de
menor gravidade e lesões internas mais graves, podendo levar à morte por parada cardíaca.
4. Baropatias
A pressão atmosférica é o peso do ar. O ar atmosférico é composto majoritariamente por
oxigênio (21%) e nitrogênio (79%) e em menores proporções por argônio, hélio, neônio,
criptônio e xenônio.
Baropatias (Hygino) ou barotrauma (França): alterações provocadas no corpo humano pela
permanência em ambientes de pressão atmosférica muito alta ou muito baixa ou decorrente de
variações bruscas da pressão.
4.1.
Hiperbarismo
Aumento acentuado da pressão;
Também conhecido como “mal dos caixões” ou “doença do escafandro”;
Intoxicação pelo oxigênio, nitrogênio e gás carbônico;
Barotraumas: perfuração do tímpano, rompimento dos alvéolos, embolia gasosa e fratura
nos dentes;
Pode ocorrer a doença da descompressão:
Doença da descompressão tipo I: afeta principalmente as articulações, a pele e os vasos
linfáticos. É a forma mais leve da doença de descompressão, provoca dor e também
conhecida como doença dos mergulhadores. Sintomas comuns: coceira, pele mosqueada,
linfonodos inchados, erupção cutânea e fadiga aguda.
Doença da descompressão tipo II: pode trazer risco à vida. Afeta os sistemas dos
órgãos vitais, incluindo o cérebro e a medula espinhal, o sistema respiratório e o
sistema circulatório. O tipo mais grave de doença de descompressão tem como
consequência mais frequente o aparecimento de sintomas neurológicos, que vão desde
um entorpecimento até paralisia e morte.
Alguns barotraumas sofridos pelos mergulhadores:
Barotrauma auditivo: quando o individuo mergulha, a pressão da água empurra o
tímpano pra dentro;
Barotrauma sinusal: A impossibilidade de equalização das pressões dentro dos seios e
na cavidade nasal cria condições para a instalação do barotrauma;
Barotrauma dental: dor intensa quando há presença de tratamento malfeito do canal
pulpar;
Barotrauma torácico: a massa de ar contida nos pulmões não varia, mas vai reduzindo
seu volume à medida que aumenta a profundidade. Isso provoca grande aumento da
curvatura costal, com possibilidade de fratura;
Barotrauma digestivo: distensão aguda de uma víscera oca pela diminuição da pressão
ambiental.
Aspectos periciais dos acidentes de mergulho
Casos fatais: a vítima deve ser removida junto com o equipamento de mergulho para uma
câmara hiperbárica com a mesma pressão do ambiente do acidente;
Devem ser anotados dados de profundidade, visibilidade, temperatura da água,
correntezas, presença de animais potencialmente agressivos, presença de algas e
alterações em materiais de suporte como gaiolas, sinos;
A necropsia deve ser feita o mais rápido possível a fim de evitar doença de
descompressão post mortem e formação de bolhas de putrefação;
A medida de temperatura retal deve ser feita o mais rápido possível para diagnosticar
possível hipotermia.
4.2. Hipobarismo
Também conhecido como “mal das montanhas” e doença de Monge
Causado pela menor densidade do ar em grandes altitudes;
Altura aumenta, diminui o nível o oxigênio;
O organismo, para compensar a falta de oxigênio, produz mais glóbulos vermelhos
(poliglobulia);
Por decorrência da rarefação do ar o corpo pode sofrer hipoxemia (baixa concentração de
O2 no sangue) e pode ocorrer vazamento de líquido para os pulmões, causando morte por
asfixia.
Sintomas: náuseas, dispneia, escotomas, vertigens, desmaios, epistaxe, otorragia (soroche
andino), podendo a morte sobrevir por hemorragia cerebral.
Para evitar o mal das altitudes deve haver adaptação progressiva ou, nos casos de aviões
Boeing e viagens espaciais, pressurização.
A natureza jurídica da morte é frequentemente acidental.
4.3. Explosões
As lesões produzidas decorrem mais da ação térmica do que da onda explosiva;
A força expansiva dos gases liberados em uma explosão é transmitida em todas as
direções;
Além dos efeitos mecânicos e térmicos da explosão, podemos achar contaminação do
ambiente por substâncias químicas ou radioativas, como o fósforo branco;
Blast injury: impacto da onda de choque gerado por explosões:
Blast primário: onda de choque propriamente dita;
Blast secundário: causado por fragmentos do artefato;
Blast terciário: choque de pessoas lançadas ao ar contra objetos.
Meios de propagação das ondas de choque
Blast aéreo: órgãos mais afetados são os ouvidos, os pulmões e o tubo digestivo. O
barotrauma pulmonar é a principal causa de morte em consequência do blast primário;
Blast líquido: lesões abdominais de maior intensidade que no blast aéreo, lesões
pulmonares são escassas;
Blast sólido: a distribuição das lesões depende da postura da vitima. Se estiver em pé,
pode fraturar o calcâneo (maior osso do pé). Se estiver sentada, a pessoa recebe o impacto
sobre a região glútea e o transmite para cima através da coluna vertebral, podendo
resultar em traumatismo crânio encefálico.
O coração é o órgão que melhor suporta as ondas de expansão da blast injury. Os ouvidos,
pulmões, estômago, intestinos, baço, rins e fígado são os mais afetados.
Quando a explosão ocorre em recinto fechado, a onda de choque é refletida pelas paredes e
volta sobre as vítimas com potência ainda elevada.
A propagação da onda de choque na água é mais rápida que no ar.
A pesquisa de monóxido de carbono e de cianetos no sangue das vítimas deve ser feita. O
monóxido de carbono resulta da combustão incompleta de substâncias orgânicas e os
cianetos são liberados pela combustão de materiais plásticos, que também produzem óxidos
ácidos de enxofre e de nitrogênio capazes de se combinar com a água presente nas vias
aéreas, produzindo queimaduras químicas.
5. Radiações
Causadas pela ação do raio-X (ondas eletromagnéticas), no rádio (partículas beta) e na
energia (aniquilação de partículas).
Ações locais: radiodermites:
Radiodermatite aguda: as de primeiro grau são temporárias (cerca de 60 dias) e
apresentam a forma depilatória e a eritematosa. As de 2° grau são úlceras dolorosas e
cobertas com crosta seropurulenta, com cicatrização difícil. As de 3° grau são
representadas por zonas de necrose, aspecto grosseiro e grave (úlceras de Roentgen).
Radiodermatite crônica: podem ser locais e apresentar a forma ulcero-atrófica,
teleangiectásica ou neoplástica (também chamada de câncer cutâneo dos radiologistas).
Efeitos da radiação no organismo: alterações genéticas, cânceres, alterações de células do
sangue, queimaduras que podem atingir o nível ósseo.
6. Luz e som
Podem acarretar perturbações neurossensoriais ópticas ou auditivas;
Incidência de luz de alta intencidade sobre os olhos pode provocar perturbações
neurossensoriais nos globos oculares, como defeitos de refração, dificuldade ou
impossibilidade de mudar a forma do cristalino para convergir na retina raios luminosos
provenientes de objetos que estão a uma distância grande ou pequena (inacomodação), ou na
própria retina e perda da irreparável da visão.