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EXAME NACIONAL DO ENSINO MÉDIO

PROVA DE LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS E REDAÇÃO


PROVA DE CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS

2020
1º DIA

1
ATENÇÃO: transcreva no espaço apropriado do seu CARTÃO-RESPOSTA,

Disciplina é liberdade, compaixão é fortaleza.

LEIA ATENTAMENTE AS INSTRUÇÕES SEGUINTES:


1. Este CADERNO DE QUESTÕES contém 90 questões numeradas de 01 a 90 e a Proposta de Redação,
dispostas da seguinte maneira:
a) questões de número 01 a 45, relativas à área de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias;
b) Proposta de Redação;
c) questões de número 46 a 90, relativas à área de Ciências Humanas e suas Tecnologias.
ATENÇÃO: as questões de 01 a 05 são relativas à língua estrangeira. Você deverá responder apenas às
questões relativas à língua estrangeira (inglês ou espanhol) escolhida no ato de sua inscrição.
2.
as instruções anteriores. Caso o caderno esteja incompleto, tenha defeito ou apresente qualquer divergência,
comunique ao aplicador da sala para que ele tome as providências cabíveis.
3. Para cada uma das questões objetivas, são apresentadas 5 opções. Apenas uma responde corretamente à questão.
4. O tempo disponível para estas provas é de cinco horas e trinta minutos.
5.
6. Os rascunhos e as marcações assinaladas no CADERNO DE QUESTÕES não serão considerados na avaliação.
7. Somente serão corrigidas as redações transcritas na FOLHA DE REDAÇÃO.
8. Quando terminar as provas, acene para chamar o aplicador e entregue este CADERNO DE QUESTÕES
e o CARTÃO-RESPOSTA/FOLHA DE REDAÇÃO.
9. Você poderá deixar o local de prova somente após decorridas duas horas do início da aplicação e poderá levar

término das provas.

13/12/2020
VESTIBULAR MEDICINA
LINGUAGENS, CÓDIGOS E QUESTÃO 02

SUAS TECNOLOGIAS CAGED BIRD The caged bird sings


Questões de 01 a 45 Maya Angelou with a fearful trill
Questões de 01 a 05 (opção inglês) A free bird leaps
of things unknown
but longed for still
QUESTÃO 01 on the back of the wind and his tune is heard
@Glasbergen
and floats downstream on the distant hill
glasbergen.com till the current ends for the caged bird
and dips his wing sings of freedom.
in the orange sun rays and The free bird thinks of anoth-
dares to claim the sky. er breeze and the trade winds
soft through the sighing trees
But a bird that stalks
and the fat worms waiting on
down his narrow cage a dawn bright lawn and he
can seldom see through names the sky his own.
his bars of rage his
wings are clipped and But a caged bird stands on the
grave of dreams his shadow
his feet are tied so he
shouts on a nightmare scream
opens his throat to sing.
his wings are clipped and his
feet are tied so he opens his
throat to sing.
Adaptado de ANGELOU, M. “Caged Bird” In:
The Poetry Foundation (website). Disponível
em www.poetryfoundation.org
GLASBERGEN
Maya Angelou (1924-2014) foi uma poeta norte-america-
“For lunch I had a bottle of root beer, a bag of na que explorou em suas obras temas sociais e políticos,
potato chips and two candy bars. Giving up entre outros.
red meat is easier than I thought!”
O tema central expresso por Maya Angelou neste poema é
GLASBERGEN, R. A a resignação diante dos fatos.
Disponível em www.gocomics.com.
B a liberdade de expressão e pensamento.
Acesso em 31.jul.2020(adaptado).
C a beleza do canto de ambos pássaros.
D a desigualdade social e racial.
No cartum, a ironia está no fato de o paciente
E o trabalho escravo.
A desrespeitar abertamente a dieta apesar de demons-
trar algum remorso. QUESTÃO 03
B seguir incorretamente a orientação e ainda assim obter
uma melhora em sua saúde. LIVING FOR THE CITY
C alimentar-se inadequadamente mesmo que apresente
His father works some days for fourteen hours
um preocupante diagnóstico de saúde. And you can bet he barely makes a dollar
D abrir mão facilmente de seus hábitos alimentares em-
His mother goes to scrub the floors for many
bora considere-se isto algo difícil. And you'd best believe she hardly gets a penny
E respeitar as orientações médicas explícitas enquanto
Living just enough, just enough for the city
ignora as implícitas. His sister's black but she is sure not pretty
Her skirt is short but, Lord, her legs are sturdy
To walk to school she's got to get up early
Her clothes are old but never are they dirty
Living just enough, just enough for the city
WONDER. Steve. Innervision. Estados Unidos: Tamla, 1973.

As canções não são apenas pessoais, mas também, con-


flitos econômicos e sociais. Nessa canção Stevie Wonder
retrata
A as dificuldades econômicas de uma família americana.
B a baixa escolaridade da população marginalizada.
C a precariedade estrutural em zonas urbanas periféricas.
D a discriminação racial nos estados sulistas.
E a criminalidade endêmica nas grandes cidades.

3 LC - 1º dia
QUESTÃO 04 QUESTÃO 05

LETTER TO THE EDITOR: The Secret's in the Flour So, you want to be a writer? Or maybe you just want to
By The New York Times. Wednesday, July, 29, 2020. improve your writing skills? Where do you start? What
can you do to improve your writing and become a more
It was a pleasure to read “That Flour You Bought Could effective communicator and/or successful writer? Let's
Foretell Our Economy,” by Tim Wu (Op-Ed, July 27), about start with the basics.
smaller scale production’s important place in restoring Writing Tip 1: Writing Mechanics Matter
American manufacturing.
My grandfather was ahead of his time in the 1940s, Believe it or not, writing mechanics still matter, even in
when he restored an old water-driven mill in Virginia. He the age of texts and tweets. When trying to become a
produced stone ground cornmeal, white flour and whole successful communicator or writer, it's definitely helpful
grain flours. to spend time brushing up on the basics - spelling,
His flour sacks read: “Remember the miller when you punctuation, and grammar.
eat your daily bread.” All his grandchildren have a sack Writing Tip 2: Word Choice is Essential
with this saying framed on our walls, and most of us cook
with flour from King Arthur, one of the smaller sellers your Every form of communication benefits from proper word
article mentions. choice. To be a successful writer, avoid using wording
Maybe now is a time all Americans can remember the that's awkward, vague, or unclear.
miller, the weaver, the seamstress, the welder. Writing Tip 3: Write Regularly
Sherry Thomas East Marion, N.Y.
www.nytimes.com. Acesso em 31.jul.2020 (adaptado)
The most effective way to improve your writing skills is to
practice - a lot! Treat writing like a job, take it seriously, and
Ao abordar a questão da produção do trigo o leitor respon- stay on task until you succeed.
de a uma matéria sobre Writing Tip 4: Read More
A o fechamento de moinhos devido à crise econômica. Experienced writers point to reading more as one of the
B o consumo excessivo de farinha industrializada. keys to successful writing. After all, how can you write well
C a importância dos pequenos produtores. if you haven't read much? Read biographies, literature,
D a restauração de um velho moinho dos anos 1940 de mysteries, sciencefiction, and everything in-between, but
sua família. most of all - read what you enjoy.
E a ajuda financeira do governo para produtores de trigo.
Writing Tip 5: Write, Review and Revise
Experienced writers may tell you that the key to success
is finishing something. The other part of the equation is
revision. Opt for being more succinct and less wordy,
because padding your writing with words that serve no
real purpose does not add value. Writing is a process that
involves work and a lot of revising to get a piece publisher
ready.
Disponível em www.toledolibrary.org.
Acesso em 31.07.2020 (adaptado)

Ao orientar sobre modos de desenvolver uma melhor téc-


nica de escrita a autora faz uso dos termos brushing up,
seriously e revision. Tais palavras remetem à(s)
A proeminência da habilidade e do lirismo sobre a rotina.
B importância da prática e do trabalho sistemático para
lograr efeito.
C dificuldade em desenvolver a habilidade retórica.
D necessidade de anos de experiência antes de publicar
algo.
E fórmulas certeiras que propiciam sucesso a quem as
adota.

4 LC - 1º dia
Questões de 01 a 05 QUESTÃO 02

(opção espanhol) Borges y el boom de la literatura latinoamericana.


QUESTÃO 01 Frías y corteses palabras
Cuando, ya sobre el final de su vida, Borges dirigió y pro-
Los escritos de Goya en sus dibujos: intencionados, logó esa generosa colección de kioscos que llamó "Bi-
literarios y muy misteriosos blioteca Personal", incluyó a Juan Rulfo (Pedro Páramo),
“Verde que te quiero verde…”. Juan José Arreola y Julio Cortázar (con una antología de
“El sueño de la razón produce monstruos”. cuentos en los dos casos). Ya con esa elección estaba
“Muero porque no muero…”. dicho casi todo lo que Borges podía decir sobre el boom
“Poderoso caballero es don Dinero…”. de la literatura latinoamericana. Su perspectiva optaba
Cuatro frases de las que no hace falta nombrar al autor por un precursor de apenas dos libros, un maestro de la
o autora. Forman parte del imaginario colectivo español. brevedad, y un cuento antes que Rayuela. Es cierto que
Llevan a Lorca, Goya, santa Teresa y Quevedo sin hacer la marea arrastró a la orilla del boom al propio Borges,
esfuerzo. Uno de ellos no es escritor y, sin embargo, con pero esta cercanía fue forzada y comercial. Borges, de
su aforismo sobre el sueño de la razón, Goya (Fuendeto- otra generación, había ya conquistado Europa, y no tenía
dos, Zaragoza, 1746 – Burdeos, 1828) resume y refleja su más que diferencias con los nombres propios del corazón
época. Un autor de sentencias cargadas de contenido. Un del boom: Gabriel García Márquez, Carlos Fuentes, Mario
trazo que esta vez va en forma de texto y no de pincela- Vargas Llosa, José Donoso y el disidente Guillermo Ca-
da. Verbaliza una idea. José Manuel Matilla, jefe de Con- brera Infante. Sin embargo, Borges se ha caracterizado
servación de Dibujos y Estampas del Museo del Prado por la poesía mientras la literatura fantástica se lo hizo por
reconoce que aún no se ha analizado con profundidad el las novelas.
valor literario, de síntesis y con una clara intención de los Disponível em www.lanacion.com.ar.
escritos del pintor. No hay un estudio general que se ocu- Acesso em 31.jul.2020 (adaptado)
pe de lo que pretendía con ellos. Se han tratado de forma Jorge Luis Borges é um dos maiores nomes da literatura
parcial, sobre todo las series de estampas, pero no así argentina no século XX. Pela leitura do texto, observa-se
los que acompañan a los dibujos. Falta por determinar las que sua relação com a geração responsável pelo boom da
fuentes de las que bebe Goya para construir estas crea- literatura fantástica foi
ciones en forma de palabras. Se sabe que conoció las es-
tampas satíricas tanto inglesas como francesas, donde ya A calorosa, pela influência e incentivo de Borges.
aparecen estas inscripciones. Como todo gran artista se B antagônica, por razões políticas e de poder.
inspira y luego esa inspiración la hace propia, lo que hoy C conflituosa, motivada por divergências contratuais.
se ha querido llamar apropiación cultural y no son más D distante, por uma questão de estilo e diferença ge-
que las influencias que todos los creadores tienen. racional.
E proveitosa, uma vez que a partir dela obteve reconhe-
Disponível em elpaís.com. Acesso em 31.jul.2020(adaptado)
cimento.
Francisco José de Goya y Lucientes é um dos mais des-
tacados pintores da Espanha. Da leitura do texto entende- QUESTÃO 03
-se que seus escritos
A foram estudados recentemente por especialistas aca- TELL ME THE TRUTH
dêmicos. dime
B foram exibidos em uma mostra conjunta com seus ¿durará este asombro?
principais desenhos. ¿esta letra carnal
C estão considerados ao lado dos principais nomes da loco círculo de dolor atado al labio
prosa espanhola. esta diaria catástrofe
D foram republicados recentemente sob novo prefácio esta maloliente dorada callejuela sin comienzo ni fin
crítico. este mercado donde la muerte enjoya las esquinas
E foram inspirados conforme a influência inglesa e fran- con plata corrompida y estériles estrellas?
cesa. (Blanca Varela)

Blanca Varela foi uma destacada poetisa peruana, nasci-


da em Lima em 10 de agosto de 1926 y falecida el 12 de
março de 2009. Nesse poema, a frase "maloliente dorada
callejuela" significa
A um beco malcheiroso.
B uma escada mal-ajambrada.
C uma viela mal pavimentada.
D uma rua sinuosa.
E um atalho perigoso.

5 LC - 1º dia
QUESTÃO 04 Questões de 06 a 45
Internet y prensa digital QUESTÃO 06
por Sebastià Barrufet
A civilização “pós-moderna” culminou em um progresso
La irrupción de Internet es uno de los fenómenos más inegável, que não foi percebido antecipadamente, em sua
candentes en el marco de la revolución que supone la inteireza. Ao mesmo tempo, sob o “mau uso” da ciência,
aplicación de las nuevas tecnologías a las más antiguas y da tecnologia e da capacidade de invenção nos precipitou
arraigadas profesiones en la sociedad actual. na miséria moral inexorável. Os que condenam a ciência,
Internet, por tanto, ha puesto en cuestión la definición de a tecnologia e a invenção criativa por essa miséria igno-
periodista, ha modificado la práctica diaria de la profesión, ram os desafios que explodiram com o capitalismo mono-
abriendo enormemente el abanico de fuentes a disposi- polista de sua terceira fase.
ción de los más avezados internautas, ha transformado Em páginas secas premonitórias, E. Mandel apontara tais
los hábitos de lectura y búsqueda de las noticias y ha riscos. O “livre jogo do mercado” (que não é e nunca foi “li-
abierto nuevos caminos para el negocio de la información. vre”) rasgou o ventre das vítimas: milhões de seres huma-
Los propios periodistas se han visto afectados: dejando nos nos países ricos e uma carrada maior de milhões nos
que la inmediatez prime sobre cualquier otro aspecto países pobres. O centro acabou fabricando a sua periferia
como la veracidad de las fuentes o la redacción periodísti- intrínseca e apossou-se, como não sucedeu nem sob o
ca; que la primicia informativa sea el valor más importante regime colonial direto, das outras periferias externas, que
frente al análisis y la investigación profunda. abrangem quase todo o “resto do mundo”.
Disponível em www.https://opinio.e-noticies. Disponível em https://www.todamateria.
cat. Acesso em 31.jul.2020. com.br/, acesso em 27/07/2020.
Conforme o texto, a Internet alterou o exercício do jorna- O texto acima desenvolve a temática do desenvolvimento
lismo, levando seus profissionais a da sociedade. De sua leitura, infere-se que a posição do
A priorizarem o layout das notícias com diferentes desta- autor é a de que
ques. A a civilização “pós-moderna” possibilitou a redução das
B oferecerem apenas as notícias que aparecem nos dife- desigualdades sociais no mundo.
rentes jornais impressos. B a ciência ignorou os vários desafios que a evolução do
C priorizarem a rapidez em publicar em detrimento da capitalismo apresentou em seu apogeu.
apuração e pesquisa. C o livre jogo de mercado propiciou um aumento das di-
D disponibilizarem diferentes recursos interativos para os ferenças sociais no mundo.
leitores. D houve o maior aumento da criação das periferias capi-
E contextualizarem a informação com o objetivo de se- talistas, no período colonial.
rem mais competitivos. E o “resto do mundo” ficou alheio ao jogo político entre os
países modernos.
QUESTÃO 05
QUESTÃO 07
"En cinco años fui y vine cientos de veces sin pagar bole-
to. Hacer dedo era la manera más barata de trasladarse "Em um mundo marcado por conflitos em diferentes re-
y a veces hasta era interesante. Se conocía gente. Se giões, as operações de manutenção da paz das Nações
charlaba. Se escuchaba, la mayoría de las veces: sobre Unidas são a expressão mais visível do compromisso so-
todo los camioneros, cansados de la soledad de su tra- lidário da comunidade internacional com a promoção da
bajo, nos confiaban sus vidas enteras mientras les cebá- paz e da segurança.
bamos mate."
Embora não estejam expressamente mencionadas na
Selva Almada, Chicas Muertas. Alfaguara. Buenos Aires Carta da ONU, elas funcionam como instrumento para as-
A literatura muitas vezes faz uso de expressões orais co- segurar a presença dessa organização em áreas confla-
muns para compor um cenário verossímil. No trecho, a gradas, de modo a incentivar as partes em conflito a supe-
expressão "hacer dedo" indica que a protagonista rar suas disputas por meio pacífico – razão pela qual não
devem ser vistas como forma de intervenção armada."
A trabalha como manicure. http://www.itamaraty.gov.br/pt-BR/, acesso em 27/07/2020.
B viaja através de caronas.
C anda longas distâncias. Entender os mecanismo de referência textual é essencial
D comete pequenos furtos. para a leitura adequada de um texto. As expressões des-
E burla as tarifas de transporte público. tacadas no texto referem-se, respectivamente, a
A “diferentes regiões” e “ONU”.
B “áreas conflagradas” e “intervenção armada”.
C "operações de manutenção da paz" e “ONU”.
D “disputas” e “razão”.
E “diferentes regiões” e “intervenção armada”.

6 LC - 1º dia
QUESTÃO 08 QUESTÃO 09

Texto I A Questão é Começar


Coçar e comer é só começar. Conversar e escrever tam-
bém. Na fala, antes de iniciar, mesmo numa livre conver-
sação, é necessário quebrar o gelo. Em nossa civilização
apressada, o “bom dia”, o “boa tarde, como vai?” já não
funcionam para engatar conversa. Qualquer assunto ser-
vindo, fala-se do tempo ou de futebol. No escrever tam-
bém poderia ser assim, e deveria haver para a escrita algo
como conversa vadia, com que se divaga até encontrar
assunto para um discurso encadeado. Mas, à diferença
da conversa falada, nos ensinaram a escrever e na la-
mentável forma mecânica que supunha texto prévio, men-
sagem já elaborada. Escrevia-se o que antes se pensara.
Agora entendo o contrário: escrever para pensar, uma ou-
tra forma de conversar.
Max Bill. Unidade tripartida. Escultura em aço, 1948-1949.
(MARQUES, M.O. Escrever é Preciso,
Texto II Ijuí, Ed. UNIJUÍ, 1997, p.13).

O texto acima trata do ato de comunicação entre as pes-


soas. Ao dissertar sobre esse assunto, ele faz referência à
A diferença nas variedades linguísticas nas culturas do
Brasil.
B função da linguagem conhecida como fática.
C atenção ao contexto comunicativo mais formal.
D inserção da gramática escolar nos diálogos coloquiais.
E multiplicidade de assuntos banais nas conversas po-
pulares.

QUESTÃO 10

“VITOR VÊ A UVA DA VINHA


- ESTA UVA É BOA, SR. BRÁULIO.”
“SIM, VICTOR, ESTA UVA É BOA.
- SR. BRÁULIO, VEJA OS BARRIS
DE BOM VINHO!”

ACHO QUE DEVERIAM CONSTRUIR


Lygia Clark. Bicho de bolso. Placas de metal, 1966. UM MONUMENTO A ESSES AUTORES
SACRIFICADOS QUE EM VEZES DE
ESCREVEREM COISAS INTELIGENTES
As duas esculturas apresentadas pertencem a movimen- PREFEREM NOS ENSINAR A LER.
tos distintos da arte brasileira: O Concretismo (Texto I),
que teve seu auge na década de 1950; e o Neoconcretis-
mo (Texto II), cujas principais obras datam dos anos 1960.
É possível notar uma diferença entre essas obras, que
marca justamente a transição entre esses movimentos ar-
tísticos. Tal diferença consiste na passagem de
A uma abordagem mais abstrata, sem referências figura-
tivas, para um objeto de teor participante.
B uma obra cujas curvas remetem à desorientação para
uma que denota racionalidade das formas.
C uma escultura baseada em padrões geométricos para Disponível em https://www.clarin.com./Cultura/polo-
uma outra que despreza tais padrões. circo-feira_del_libro-infantil_y_juvenil-mafalda_0_
D uma obra realizada com material mais flexível para ByDEkLtvmx.html. Acesso em 24/04/2017
uma que utiliza artefatos mais resistentes.
E um projeto que se baseia em modelos desconexos No cartum acima, a personagem Mafalda lê e reflete so-
bre um tipo de texto que está lendo. Da leitura do cartum
para um que valoriza a experiência prática.
e do contexto, pode-se dizer que se trata de
A trava-línguas em cartilhas escolares.
B textos pedagógicos em revistas de educação.
C poemas de autores do movimento concretista.
D canções infantis em contos de fadas.
E provérbios populares da cultura brasileira.

7 LC - 1º dia
QUESTÃO 11 QUESTÃO 13

https://br.pinterest.com/pin/331859066274733796/,
Capa da primeira edição de Vidas Secas. acesso em 27/07/2020.

A primeira edição do conhecido romance Vidas secas de A ilustração acima apresenta uma crítica social através,
Graciliano Ramos data de 1938. Algumas edições foram apenas, de recursos visuais. Analisando-a, infere-se que
ilustradas, como a da Livraria Martins Editora de 1967, essa crítica
cuja capa foi feita pelo pintor Clóvis Graciano. A imagem A direciona-se às boas condutas dos usuários nas redes
da capa dialoga com o conteúdo do romance, mostrando a
sociais.
A indolência de sertanejos que não são aptos para o tra- B refere-se à dependência das pessoas em relação às
balho agrícola. redes de comunicação na internet.
B esperança do homem do sertão, que crê no auxílio di- C faz refletir sobre o pensamento consumista no mundo
vino para os seus males. conectado.
C tentativa de adaptação dos sertanejos à terra que os D está relacionada ao aumento de usuários jovens na in-
acolhe e protege. ternet.
D ausência de sentimento de família e de trabalho coleti- E trata do fim das mídias impressas no mundo moderno.
vo do povo sertanejo.
E família sertaneja reduzida à penúria em terra árida, QUESTÃO 14
fato que a leva a migrar.
DRUMUNDANA
QUESTÃO 12
e agora maria?
Penso no amor, fonte permanente de júbilo e apreensão. o amor acabou
Quando ele nos é subtraído, instala-se em nós uma triste- a filha casou
za sem tamanho e sem fim, que tem o rosto de quem nos o filho mudou
deixou. Ela vem de fora, nos é imposta pelas circunstân- teu homem foi pra vida
cias, mas se torna parte de nós. Um luto encarnado. Um que tudo cria
milhão de carnavais seriam incapazes de iluminar a escu- a fantasia
ridão dessa noite se não houvesse, dentro de nós, alguma que você sonhou
fonte própria de alegria. Nem estaríamos na rua, se não apagou
fosse por ela. Nem nos animaríamos a ver de perto a mul- à luz do dia
tidão. Ficaríamos em casa, esmagados por nossa tristeza, e agora maria?
remoendo os detalhes do que não mais existe. Ao longe, vai com as outras
ouviríamos a batucada, e ela nos pareceria remota e alheia. vai viver
Nossa alegria existe, entretanto. Por isso somos capazes com a hipocondria
de cantar e dançar quando o destino nos atinge.[…]
Alice Ruiz, “Drumundana” in: Navalhanaliga.
Se a alegria vem de dentro ou de fora? De dentro, claro.
São Paulo: Editora Zap, 1980.
Mas seu sintoma mais bonito é nos jogar para fora, de
encontro à música e à dança do mundo, ao encontro de O poema de Alice Ruiz configura suas relações de sentido
nós mesmos. a partir de uma estratégia que envolve uma
Ivan Martins. Disponível em: www.epoca.globo.com.
A discussão sobre o papel da mulher nas artes, colocada
Conhecer os mecanismos de articulação textual é muito em uma estrutura de paráfrase.
importante, tanto para o leitor quanto para o produtor do B reflexão sobre variados dilemas femininos, organizada
texto. A conjunção destacada no trecho pode ser substi- a partir um sistema de paródia.
tuída por C observação dos dramas de uma mulher descontrolada,
A Assim - sentido conclusivo. modulada em uma base intertextual.
B Logo - sentido explicativo. D problematização do papel feminino na poesia, a partir
C Tampouco - sentido aditivo. de um gesto metalinguístico.
D Embora - sentido opositivo. E análise irônica da situação de uma família que se dilui
E A fim de que - sentido de finalidade. até que sobre apenas a mulher liberta.
8 LC - 1º dia
QUESTÃO 15 QUESTÃO 17

Confiando no vento Texto I


Naquele dia, Leila se lembrou do avô distante que os ir-
mãos mais velhos o descrevem como um homem fran-
zino, sempre de boina e chupando balas. O menino es-
trangeiro, o clandestino, interno do abrigo de menores, o
alfaiate no lombo do burro com sua máquina, o tocador
de bandolim que falava uma língua só dele, mistura de
português, francês e árabe.
A lembrança do avô veio à memória de Leila, especial-
mente se recordou de uma história com as peras do quin-
tal dele. Ele estava já com setenta e muitos anos quando,
pela primeira vez, começou a ter problemas de saúde.
Cada dia uma coisa, aquele varejo implacável do enve-
lhecer. O filho e a nora quiseram levá-lo ao médico, mas
ele se recusou. O médico foi até sua casa e ele não quis
recebê-lo. Remédios, nem pensar. E o avô de Leila só de-
finhando, recusando qualquer tipo de tratamento.
Até que um dia, provavelmente para se livrar da insistên-
cia da família, ele, homem de pouquíssimas palavras, deu
uma explicação definitiva para seu comportamento.
(Leila Ferreira. Viver não dói. São
Paulo: Globo, 2013. Adaptado)

Os verbos são importantes elementos da comunicação


escrita e falada, assumindo vários sentidos a depender do Cildo Meireles. Babel. 2001, Escultura feita com rádios.
contexto. Dos trechos retirados do texto acima, aquele em Texto II
que o verbo indica uma ação contínua é:
A “Babel” consiste em uma torre circular com mais de 900
“Leila se lembrou do avô distante”.
B rádios de modelos, épocas e tamanhos diferentes sintoni-
“A lembrança do avô veio à memória de Leila”.
C zados em diferentes frequências transmitindo programas
“O filho e a nora quiseram levá-lo ao médico”.
D em várias línguas. Os sons, apesar de colocados em bai-
“O médico foi até sua casa e ele não quis recebê-lo”.
E xo volume, podem ser escutados assim que nos aproxi-
“Ele estava já com setenta e muitos anos”.
mamos da obra, e à medida em que nos distanciamos já
QUESTÃO 16 não é mais possível distingui-los e esses sons se trans-
formam em zumbido. O conjunto se encontra envolto por
uma luz azul intensa.
Haverá um dia em que você não haverá de ser feliz
Segundo Moacir dos Anjos, curador da exposição “Babel”,
Sentirá o ar sem se mexer
em entrevista concedida à revista “Bravo!”, em julho de
Sem desejar como antes sempre quis
2006, o título do trabalho faz alusão ao episódio bíblico
Você vai rir, sem perceber
da Torre de Babel que teria, segundo o próprio mito, sido
Felicidade é só questão de ser
a causa primeira dos conflitos entre os agrupamentos ur-
Quando chover, deixar molhar
banos.
Pra receber o sol quando voltar
Josimar José Ferreira e Lucila Vilela. “Cildo Meireles:
Lembrará os dias que você deixou passar sem ver a luz arte, política e globalização” in: Revista Ciclos,
Se chorar, chorar é vão Florianópolis, V. 2, N. 4, Ano 2, Fevereiro de 2015.
Porque os dias vão pra nunca mais
Melhor viver, meu bem pois há um lugar em que o sol A observação cuidadosa da obra de Cildo Meireles
brilha pra você (Texto I) nos permite inferir que a proposta do artista
Chorar, sorrir também e depois dançar A dialoga com o mito bíblico e o atualiza para uma refle-
Na chuva quando a chuva vem xão sobre informação e comunicação.
Marcelo Jeneci - Felicidade. B reforça a experiência religiosa cristã ao incorporá-la a
uma atmosfera modernizadora.
No trecho de canção acima, o autor utilizou algumas ex- C fundamenta a ideia de que a resolução de embates co-
pressões com sentidos diversos. A “chuva” e o “sol” repre- municativos ocorrerá por meio da religião.
sentam, respectivamente, D apresenta os alicerces dos conflitos históricos da hu-
A a tristeza e a felicidade. manidade: a religião e a comunicação.
B a solidão e o companheirismo. E estabelece um paradoxo ao fixar no mesmo espaço o
C a introspecção e as relações interpessoais. moderno do rádio e o antigo da religião.
D o Eu e o interlocutor.
E o presente e o passado.

9 LC - 1º dia
QUESTÃO 18 QUESTÃO 20

A charge é um texto verbal e visual que apresenta uma


crítica sobre algum assunto de interesse público ou social.
Analisando a charge acima, observa-se uma
A estereotipação das família mais pobres das grandes
cidades.
B sátira dos programas de entretenimento.
C apologia a um modelo conservador de família.
D ironia das relações entre familiares no mundo tecno-
lógico.
E metáfora da polarização político-ideológica.

Aníbal Machado. “Desastre no poema” in: Cadernos


QUESTÃO 19 de João. São Paulo: Nova Fronteira, 2002.
Na literatura, as palavras e a estrutura que formam o texto
não apenas constituem sua significação, como também
são capazes de ampliá-la. No poema apresentado, do po-
eta Aníbal Machado, vemos um texto escrito a mão e que,
posteriormente, foi reproduzido graficamente na página
do livro com o intuito de
A apresentar as dificuldades que existem no ato de se
produzir textos líricos de qualidade.
B demonstrar uma resistência à modernidade ao entre-
gar para o leitor um poema manuscrito.
C simular na forma do material o conteúdo nele discutido,
configurando uma metalinguagem.
D expressar melhor a subjetividade do poeta ao captar a
tensão nos gestos trêmulos de sua mão.
E dificultar a apreensão do texto e com isso direcionar a
atenção para as metáforas existentes.

QUESTÃO 21

Sobre a origem da poesia


A origem da poesia se confunde com a origem da própria
linguagem.
Talvez fizesse mais sentido perguntar quando a lingua-
gem verbal deixou de ser poesia. Ou: qual a origem do
discurso não poético, já que, restituindo laços mais ínti-
Estuda.com, acesso em 27/07/2020. mos entre os signos e as coisas por eles designadas, a
poesia aponta para um uso muito primário da linguagem,
A fotografia acima foi tirada de um comércio popular que
que parece anterior ao perfil de sua ocorrência nas con-
utiliza o humor para chamar a atenção do consumidor
versas, nos jornais, nas aulas, conferências, discussões,
através de
discursos, ensaios ou telefonemas [...]
A apelo pessoal ao público. No seu estado de língua, no dicionário, as palavras interme-
B quebra da expectativa do leitor. deiam nossa relação com as coisas, impedindo nosso conta-
C apelo emocional e pessoal. to direto com elas. A linguagem poética inverte essa relação,
D identificação com a cultura popular. pois, vindo a se tornar, ela em si, coisa, oferece uma via de
E referência a crenças exotéricas. acesso sensível mais direto entre nós e o mundo [...]

10 LC - 1º dia
Já perdemos a inocência de uma linguagem plena assim. o papel supremo do pintor na obra de arte. A representa-
As palavras se desapegaram das coisas, assim como os ção cada vez mais esquemática das figuras à medida que
olhos se desapegaram dos ouvidos, ou como a criação se o olhar do espectador avança para a direita também tem
desapegou da vida. Mas temos esses pequenos oásis – valor interpretativo.
os poemas – contaminando o deserto de referencialidade. Juan Soriano. "As meninas" in: Grandes
Arnando Antunes mestres da pintura: Pablo Picasso. São
Paulo: Editora Folha de S.Paulo, 2007.
No último parágrafo, o autor se refere à plenitude da lin-
guagem poética, fazendo, em seguida, uma descrição que A releitura realizada por Pablo Picasso da obra “As meni­
corresponde à linguagem não poética. Pela descrição apre- nas”, de Diego Velázquez, revela um traço fundamental
sentada, a linguagem poética teria, em sua origem, o se- da pintura moderna que consiste na
guinte traço fundamental: A tentativa de compor um espaço pictórico baseado em
A O desgaste da intuição. figurações naturais.
B A dissolução da memória. B ruptura com o princípio de imitação característico das
C A fragmentação da experiência. artes visuais no Ocidente.
D O enfraquecimento da percepção. C continuidade da preocupação com a nitidez geométri-
E A relativização do papel de poeta. ca das figuras representadas.
D composição parodística de obras de arte tradicionais a
QUESTÃO 22 fim de desqualificá-las.
E busca por uma representação metafórica dos elemen-
Somente uma bala tos que compõem a imagem.
Vocês têm só uma bala na agulha para capturar a atenção
dos leitores: as primeiras linhas de um texto. Se elas não QUESTÃO 24
forem capazes de despertar interesse, tchau e bênção. [...]
O erro pode estar na escolha dos assuntos. Ou na quali- O lobo e o cão
dade dos textos. Ou nas duas coisas. Os assuntos podem
ser atraentes. Se oferecidos por meio de textos medío- Um lobo e um cão se encontraram num caminho. Disse
cres, não serão lidos. Os textos podem ser gramatical- o lobo:
mente corretos e contar uma história com começo, meio e — Companheiro, você está com ótimo aspecto: gordo, o
fim. Se não forem instigantes, bye, bye, leitores. pelo lustroso… Estou até com inveja!
NOBLAT, Ricardo. A arte de fazer um jornal diário. — Ora, faça como eu — respondeu o cão. — Arranje
São Paulo, Contexto, 2003, p. 86 (fragmento). um bom amo. Eu tenho comida na hora certa, sou bem
tratado… Minha única obrigação é latir à noite, quando
De acordo com o fragmento do texto, de Ricardo Noblat, o
aparecem ladrões. Venha comigo e você terá o mesmo
autor defende a ideia de que o escritor deve
tratamento.
A escolher muito bem o assunto do texto. O lobo achou ótima ideia e se puseram a caminho. Mas,
B usar o texto como uma arma. de repente, o lobo reparou numa coisa.
C cativar o leitor logo no início de um texto. — O que é isso no seu pescoço, amigo? Parece um pouco
D saber escrever de acordo com as normas gramaticais. esfolado… — observou ele.
E saber narrar uma história com início, meio e fim. — Bem — disse o cão — isso é da coleira. Sabe? Durante
o dia, meu amo me prende com uma coleira, que é para
QUESTÃO 23 eu não assustar as pessoas que vêm visitá-lo.
O lobo se despediu do amigo ali mesmo:
Texto I — Vamos esquecer — disse ele. — Prefiro minha liberda-
de à sua fartura. Antes faminto, mas livre, do que gordo,
mas cativo.
La Fontaine

O texto acima pertence ao gênero Fábula. Sobre esse gê-


nero textual, pode-se dizer que
A apresenta um acontecimento baseado em fatos, giran-
do em torno de vários conflitos.
B é um tipo de narrativa que apresenta apenas um nú-
cleo, cuja trajetória gira em torno de um único persona-
Pablo Picasso. As meninas. 1957, gem.
Óleo sobre tela, 194x260cm. C é uma narrativa cuja principal característica é o tempo
reduzido e ausência de espaço definido.
Texto II
D semelhante ao conto em sua extensão e narrativa,
Picasso abordou a obra-prima de Velázquez e executou apresenta personagens animais com características
58 versões em óleo de As meninas. A tela mostrada aqui humanas e lições de moral.
foi a primeira, a mais fiel e mais bem-sucedida. Destaca- E mistura a narração clássica com os trava-línguas pre-
-se à esquerda a enorme figura de Velázquez, impondo-se sentes em cartilhas infantis, com o intuito de instruir o
sobre os demais personagens. Com ele, Picasso reiterou público infantil.
11 LC - 1º dia
QUESTÃO 25 D a avaliação psicológica do indivíduo em função de
acontecimentos fantasiosos.
O sistema de posicionamento global (Global Positioning E o detalhamento do espaço onde ocorrem as ações,
System – GPS) é uma dessas pequenas maravilhas tec- algo comum no Naturalismo.
nológicas que utilizam uma quantidade enorme de conhe-
cimento acumulado. Usando ideias de eletromagnetismo, QUESTÃO 27
para tratar dos sinais emitidos, da física newtoniana, para
pôr os satélites em órbita, da teoria da relatividade espe- Hamlet observa a Horácio que há mais cousas no céu e
cial e geral, para tratar a defasagem dos sinais emitidos, e na terra do que sonha a nossa filosofia. Era a mesma ex-
da geometria esférica do planeta, é possível nos localizar plicação que dava a bela Rita ao moço Camilo, numa sex-
com precisão de poucos metros. Para sorte de muitos, pa- ta-feira de Novembro de 1869, quando este ria dela, por
rece que não é necessário acreditar na ciência para que ter ido na véspera consultar uma cartomante; a diferença
ela funcione. é que o fazia por outras palavras.
Extraído de “A terra é redonda”,
Ciência Hoje, n. 349, nov/18.) — Ria, ria. Os homens são assim; não acreditam em nada.
Pois saiba que fui, e que ela adivinhou o motivo da consul-
O texto acima encerra uma matéria sobre o percurso da ta, antes mesmo que eu lhe dissesse o que era. Apenas
comprovação científica de que o planeta Terra é redondo começou a botar as cartas, disse-me: “A senhora gosta de
(em resposta a quem o julga plano). Nesse contexto, é uma pessoa…” Confessei que sim, e então ela continuou
correto inferir que “muitos”, no último período, refere-se a botar as cartas, combinou-as, e no fim declarou-me que
A explicitamente às muitas pessoas que hoje utilizam eu tinha medo de que você me esquecesse, mas que não
GPS. era verdade…
B claramente às muitas pessoas que têm sorte, quer A Cartomante (Machado de Assis)
acreditem ou não na ciência.
C especificamente às muitas pessoas para quem o GPS
A intertextualidade é um recurso criativo utilizado na pro-
dução do texto. No conto, Machado de Assis dialoga com
funciona bem.
D ironicamente às muitas pessoas que desconfiam da
o clássico “Hamlet” de Shakespeare com o intuito de:
ciência, mas usam GPS. A reafirmar a crença no conhecimento científico para ex-
E sarcasticamente às muitas pessoas que desconhecem plicar as situações da vida humana.
como funciona o sistema GPS. B discutir o conhecimento científico e o conhecimento
místico na sociedade burguesa do século XX.
QUESTÃO 26 C revelar a ambiguidade própria da obra machadiana em
Hamlet de William Shakespeare.
D ironizar o culto ao cientificismo da sociedade burguesa.
Não vês, Lise, brincar esse menino
E reconhecer a importância da espiritualidade na forma-
Com aquela avezinha? Estende o braço,
Deixa-a fugir, mas apertando o laço, ção da sociedade burguesa do século XIX.
A condena outra vez ao seu destino.
QUESTÃO 28
Nessa mesma figura, eu imagino,
Tens minha liberdade, pois ao passo
Os rinocerontes-negros estão entre os bichos mais visa-
Que cuido que estou livre do embaraço,
dos da África, pois sua espécie é uma das preferidas pelo
Então me prende mais meu desatino.
turismo de caça. Para tentar salvar alguns dos 4.500 es-
Em um contínuo giro o pensamento pécimes que ainda restam na natureza, duas ONG am-
Tanto a precipitar-me se encaminha, bientais apelaram para uma solução extrema: transportar
Que não vejo onde pare o meu tormento. os rinocerontes de helicóptero. A ação utilizou helicópteros
militares para remover 19 espécimes – com 1,4 toneladas
Mas fora menos mal esta ânsia minha,
cada um – de seu habitat original, na província de Cabo
Se me faltasse a mim o entendimento,
Oriental, no sudeste da África do Sul, e transferi-los para
Como falta a razão a esta avezinha.
a província de Lampopo, no norte do país, a 1.500 quilô-
Cláudio Manuel da Costa. Obras, A poesia dos
metros de distância, onde viverão longe dos caçadores.
inconfidentes. São Paulo: Nova Aguilar, 1996.
Como o trajeto tem áreas inacessíveis de carro, os rinoce-
Uma das particularidades da poesia árcade brasileira re- rontes tiveram de voar por 24 quilômetros. Sedados e de
side no fato de ela apresentar alguns poemas com ca- olhos vendados (para evitar sustos caso acordassem), os
racterísticas que estão deslocadas da estética árcade ori- rinocerontes foram içados pelos tornozelos e voaram en-
ginalmente fundada na Europa. No poema apresentado, tre 10 e 20 minutos. Parece meio RADICAL? Os respon-
vemos um exemplo desse deslocamento de característi- sáveis pela operação dizem que, além de mais eficiente
cas pelo fato de ser evidente para levar os paquidermes a locais de difícil acesso, o pro-
cedimento é mais gentil.
A a acentuada projeção do eu lírico, aproximando-o da
BADO, F. A fuga dos rinocerontes.
estética romântica. Superinteressante, n° 229, 2011.
B o uso de um interlocutor feminino que não seja decla-
rado como uma pastora. A palavra RADICAL, pode ser empregada com várias acep-
C a ausência de referência ao espaço urbano a fim de ções, por isso denomina-se polissêmica. O sentido dicio-
contrapô-lo à natureza. narizado que é mais adequado ao contexto acima é o de:

12 LC - 1º dia
A algo que exige destreza, perícia ou coragem. Entretanto, abre-se sutilmente a cortina de cassa de uma
B brusco; violento; difícil. das portas interiores, e uma nova personagem penetra no
C que não é tradicional, comum ou usual. salão. Era também uma formosa dama ainda no viço da
D que existe intrinsecamente num indivíduo ou coisa. mocidade, bonita, bem feita e elegante. (…) Mas com todo
E que é núcleo de algo, raiz, origem. esse luxo e donaire de grande senhora nem por isso sua
beleza deixava de ficar algum tanto eclipsada em presen-
QUESTÃO 29 ça das formas puras e corretas, da nobre singeleza (…)
da cantora. Todavia Malvina era linda, encantadora mes-
mo, e posto que vaidosa de sua formosura e alta posição,
Feliz!
transluzia-lhe nos grandes e meigos olhos azuis toda a
Deitado no alto do carro de feno… com os braços e as nativa bondade de seu coração.
pernas abertos em X… e as nuvens, os voos passando Bernardo Guimarães
por cima… Por que estradas de abril viajei assim um dia?
De que tempos, de que terras guardei essa antiga lem- No texto acima, o autor utiliza diversas classes gramati-
brança, que talvez seja a mais feliz das minhas falsas re- cais com vários sentidos. Da leitura e análise do trecho,
cordações? pode-se inferir que
Mario Quintana, Sapato florido. Rio A o advérbio “ainda” pressupõe que a graça da cantora
de Janeiro: Globo, 2005. era também realçada por outros detalhes.
B o adjetivo “nova” indica a faixa etária da personagem.
Uma característica do poema de Mario Quintana que se
C a conjunção “posto que” pode ser substituída, sem pre-
articula com as estéticas do modernismo e do pós-moder-
nismo brasileiros é juízo do sentido original, por “já que”.
D a expressão “nem por isso” introduz ideia de conse-
A a crítica à sociedade aristocrática. quência.
B a fusão entre prosa e poesia. E a expressão “parecia uma nuvem” comprova que o nar-
C o emprego de termos com sentidos opostos. rador prefere o uso de metáforas ao de comparações.
D o uso de variante linguística regionalista.
E a recorrência da pontuação expressiva. QUESTÃO 32

QUESTÃO 30 Ao pensar nisso Bom-Crioulo sentia uma febre extraordi-


nária de erotismo, um delírio invencível de gozo pederas-
ta…
Agora compreendia nitidamente que só no homem, no
próprio homem, ele podia encontrar aquilo que debalde
procurara nas mulheres. Nunca se apercebera de seme-
lhante sentimento, nunca em sua vida tivera a lembrança
de perscrutar suas tendências em matéria de sexualidade.
A tirinha acima apresenta uma comunicação entre o alu- As mulheres o desarmavam para os combates do amor,
no Chico Bento e sua professora. Observa-se, no diálogo, é certo, mas também não concebia, por forma alguma,
que esse comércio carnal entre indivíduos do mesmo sexo;
A pelo tipo de linguagem usada pelo Chico Bento, eles entretanto, quem diria!, o fato passava-se agora consigo
próprio, sem premeditação, inesperadamente. E o mais
não conseguem se comunicar.
B evidenciamos um uso culto da linguagem, visto que interessante é que “aquilo” ameaçava ir longe, para mal
de seus pecados… Não havia jeito, senão ter paciência,
eles, personagens, são estudante e professora.
C expressões como “pruquê”, “num”, "arguma” devem uma vez que a “natureza” impunha-lhe essa condição.
ser banidos da língua em qualquer situação. Afinal de contas era homem, tinha suas necessidades,
D a fala de Chico Bento faz o uso coloquial da linguagem, como qualquer outro: fizera muito em conservar-se vir-
motivado por diversos fatores (regional, escolaridade, gem até os trinta anos, passando vergonhas que ninguém
idade, financeiro e etc). acreditava, sendo muitas vezes obrigado a cometer ex-
E não há nenhum tipo de problema com a linguagem cessos que os médicos proíbem. De qualquer modo esta-
usada por Chico Bento, podendo ser utilizada também va justificado perante sua consciência, tanto mais quanto
em trabalhos escolares e requerimentos. havia exemplos ali mesmo a bordo, para não falar em cer-
to oficial de quem se diziam coisas medonhas no tocante
QUESTÃO 31 à vida particular. É que nem todos têm força para resistir:
a natureza pode mais que a vontade humana…
Os encantos da gentil cantora eram ainda realçados pela Adolfo Caminha, Bom-crioulo. São
singeleza, e diremos quase pobreza do modesto trajar. Um Paulo: Ateliê Editorial, 2014.
vestido de chita ordinária azul-clara desenhava-lhe perfei-
No texto apresentado, é possível verificarmos procedi-
tamente com encantadora simplicidade o porte esbelto e a
mentos inerentes à escola naturalista, principalmente pelo
cintura delicada, e desdobrando-lhe em roda em amplas
fato de o narrador
ondulações parecia uma nuvem, do seio da qual se erguia
a cantora como Vênus nascendo da espuma do mar, ou
como um anjo surgindo dentre brumas vaporosas. (…)

13 LC - 1º dia
A evidenciar de modo idealizado e ingênuo os desejos E se encorpando em tela, entre todos,
sexuais reprimidos pelo personagem, já que o sexo é se erguendo tenda, onde entrem todos,
entendido como a perdição da alma. se entretendendo para todos, no toldo
B (a manhã) que plana livre de armação.
adotar um ponto de vista mais subjetivo, que valoriza
A manhã, toldo de um tecido tão aéreo
as emoções e sensações humanas e desconsidera da-
que, tecido, se eleva por si: luz balão.
dos de teorias cientificistas do período.
C João Cabral de Melo Neto, “Tecendo a manhã” in:
revelar que os desejos e atitudes do personagem es-
Obra completa. São Paulo: Nova Aguilar, 1995.
tão conectados diretamente aos impulsos instintivos
da natureza humana. O poema de João Cabral de Melo Neto se vale não ape-
D expor os pensamentos do personagem de maneira ob- nas de seu conteúdo, mas também de estruturas sintáti-
jetiva, conduzindo o texto sem emitir opinião ou juízo cas fragmentadas para compor e valorizar uma ideia de
de valor a respeito do assunto. A expectativa de animais que anseiam pela construção
E recorrer a uma linguagem mais complexa, repleta de
de um mundo melhor.
inversões sintáticas, a fim de camuflar, ou mesmo B solidariedade e comunicação para a fundação de vín-
amenizar, o tom polêmico do texto.
culos e de novas realidades.
C ênfase a sensações e sentidos que se estabeleçam
QUESTÃO 33
pelo isolamento individual.
D informação como elemento base para constituir narra-
tivas de caráter social.
E desencontro entre os seres, mesmo tentando dar su­
porte uns aos outros.

QUESTÃO 35

Quem inventou a pipoca?


Prepare o filme
O nome do inventor e a data da criação são desconhe-
cidos. O que se sabe é que a pipoca surgiu na América,
onde o alimento já era consumido há cerca de 4 mil anos.
Os astecas, por exemplo, que viviam na região onde fica o
atual território do México, usavam a pipoca em rituais para
homenagear os deuses. O alimento só se expandiu pelo
mundo por volta de 1890 e se tornou popular nos Estados
Unidos quando técnicas que facilitavam a plantação do
https://decifrandotextosecontextos.blogspot. milho foram desenvolvidas.
com/20 16/05/, acesso em 28/07/2020. Disponível em: http://recreio.uol.com.br.
Os anúncios publicitários utilizam vários recursos para O texto acima utiliza vários recursos gramaticais para a
transmitir a mensagem ao seu público. No anúncio acima, articulação de suas partes e para transmissão da mensa-
a alteração (X) feita na oração central do cartaz tem o gem. A opção em que o autor utilizou o sentido de inde-
objetivo de terminação é:
A corrigir desvios no uso da língua portuguesa. A "Prepare o filme".
B mostrar o tipo de comportamento individual que não B “O que se sabe é que a pipoca […]”.
pode ser aceito pela sociedade. C “O alimento só se expandiu pelo mundo por volta de
C desprestigiar o trabalho exercido pelos voluntários.
1890 […]”.
D mostrar a necessidade de transformação de um com- D “[…] e se tornou popular nos Estados Unidos […]”.
portamento passivo para um ativo. E “onde fica o atual território do México(...)”.
E ressaltar a importância de um trabalho voluntário cole-
tivo e dependente do outro.
QUESTÃO 36

QUESTÃO 34 A velha Totonha de quando em vez batia no engenho. E


era um acontecimento para a meninada. Ela vivia de contar
Tecendo a manhã histórias de Trancoso1. Pequenina e toda engelhada2, tão
Um galo sozinho não tece uma manhã: leve que uma ventania poderia carregá-la, andava léguas e
ele precisará sempre de outros galos. léguas a pé, de engenho a engenho, como uma edição viva
De um que apanhe esse grito que ele das Mil e uma noites. Que talento ela possuía para contar
e o lance a outro; de um outro galo as suas histórias, com um jeito admirável de falar em nome
que apanhe o grito de um galo antes de todos os personagens! Sem nem um dente na boca, e
e o lance a outro; e de outros galos com uma voz que dava todos os tons às palavras.
que com muitos outros galos se cruzem José Lins do Rego. Menino de engenho.
São Paulo: José Olympio, 2010.
os fios de sol de seus gritos de galo,
para que a manhã, desde uma teia tênue, 1
Trancoso: escritor português do século XVI.
se vá tecendo, entre todos os galos. 2
engelhada: enrugada.
14 LC - 1º dia
A coerência de uma narrativa literária é fundamentada a Era a comadre uma mulher baixa, excessivamente gorda,
partir da capacidade do leitor em compreender dados que bonachona, ingênua ou tola até um certo ponto, e finó-
compõem, por exemplo, o conjunto de características de ria até outro; vivia do ofício de parteira, que adotara por
um personagem. No trecho apresentado, conseguimos curiosidade, e benzia de quebranto; todos a conheciam
depreender que a velha Totonha é descrita como por muito beata e pela mais desabrida papa-missas da
A franzina e ao mesmo tempo como exímia contadora de cidade. Era a folhinha mais exata de todas as festas reli-
giosas que aqui se faziam.
histórias.
B desajuizada e também como sendo detentora de ima- Manuel Antônio de Almeida. Memórias de um
sargento de milícias. São Paulo: Penguin, 2013.
ginação fértil.
C obcecada por narrativas tradicionais enfadonhas, de
No primeiro período do fragmento apresentado, o narra-
pouco interesse. dor encadeia várias palavras como “personagem”, “pa-
D hábil em filosofar sobre assuntos referentes à existên-
pel”, “leitor” e “primeiro capítulo”, cujo sistema de referen-
cia humana. cialidade
E destemida e conhecedora dos segredos dos morado-
A impede que o leitor venha a se perder nos momentos
res da região.
posteriores da narrativa.
B configura uma ironia em torno da descrição que é feita
QUESTÃO 37
no parágrafo seguinte.
C é uma exigência das narrativas folhetinescas para que
Quando pensamos em trabalho, logo nos vem a ideia de
o leitor consiga se orientar.
nosso esforço para realizá-lo ou do tempo que vamos gas- D determina posições textuais deixando o texto mais livre
tar executando essa atividade. O que revela uma visão
para condução do leitor.
um tanto egoísta, pois nos viramos sempre para nós mes- E organiza informações que se conectarão aos tempos
mos; se envolver dinheiro ou nota, aí sim que o eu mesmo
verbais do segundo parágrafo.
fala mais alto. Antes de continuarmos esse “papo”, vamos
tentar definir o que é trabalho.
Trabalho pode ser entendido como o resultado de uma QUESTÃO 39
ação sobre o meio, que o modifica de forma a trazer al-
gum tipo de benefício para quem executa essa ação. O problema ecológico
Veja que nessa conceituação aparecem os termos ação, Se uma nave extraterrestre invadisse o espaço aéreo da
meio, modificação e benefício. As preocupações huma- Terra, com certeza seus tripulantes diriam que neste pla-
nas: esforço, tempo e valorização não entram nesse con-
neta não habita uma civilização inteligente, tamanho é o
ceito, não por não serem importantes, mas porque o sen-
grau de destruição dos recursos naturais. Essas são pa-
tido da palavra é mais amplo e abrangente e não visa só a
nosso “umbigo”. A visão humana atual do que é o traba- lavras de um renomado cientista americano. Apesar dos
lho tem contribuído para uma postura individual, em que avanços obtidos, a humanidade ainda não descobriu os
o que interessa é o benefício próprio, sendo ignoradas as valores fundamentais da existência. O que chamamos
modificações impostas ao meio. orgulhosamente de civilização nada mais é do que uma
Marcelo Nunes Mestriner. Trabalho e consumo. agressão às coisas naturais. A grosso modo, a tal civili-
São Paulo: Ícone, 2000, p.27-8. zação significa a devastação das florestas, a poluição
dos rios, o envenenamento das terras e a deterioração
O artigo acima utiliza algumas expressões menos formais
da qualidade do ar. O que chamamos de progresso não
a fim de alcançar um público leitor mais amplo. O trecho
passa de uma degradação deliberada e sistemática que o
sublinhado, no terceiro parágrafo, está entre aspas por-
que homem vem promovendo há muito tempo, uma autêntica
guerra contra a natureza.
A consiste em uma metáfora. Afrânio Primo. Jornal Madhva (adaptado).
B é uma citação de autoria alheia.
C sinaliza uma forma gramaticalmente incorreta. O texto acima é um artigo de opinião, no qual o autor ex-
D apresenta duplo sentido. pressa seu posicionamento. Pela leitura do trecho, enten-
E é um termo técnico. de-se que, para o autor, a humanidade
A demonstra ser muito inteligente.
QUESTÃO 38 B ouve as palavras do cientista.
C age contra sua própria existência.
Cumpre-nos agora dizer alguma coisa a respeito de uma D preserva os recursos naturais.
personagem que representará no correr desta história um E valoriza a existência sadia.
importante papel, e que o leitor apenas conhece, porque
nela tocamos de passagem no primeiro capítulo: é a co-
madre, a parteira que, como dissemos, servira de madri-
nha ao nosso memorando.

15 LC - 1º dia
QUESTÃO 40 O modernismo brasileiro recebeu fortes influências das
vanguardas europeias. A partir da Semana de Arte Moder-
À beira do abismo? na, em 1922, os conceitos vanguardistas passaram a ser
definitivamente incorporados à produção artística do pe-
Se você é uma daquelas pessoas que acredita que o
ríodo. Tomando como referência o quadro “Carnaval em
mundo caminha rapidamente para o abismo, o livro Fac-
Madureira”, identifica-se que, nas artes plásticas, a
tfulness, de Hans Rosling e família, pode ser um bom re-
médio. O tom é de autoajuda. O próprio autor usa a ex- A cena valoriza elementos estrangeiros em detrimento
pressão “dados como terapia”. Mas isso em nada diminui do nacional.
o valor da obra, cujo propósito é mostrar que o planeta B natureza passa a ganhar proeminência em relação ao
é um lugar bem melhor do que a maioria das pessoas espaço urbano.
pensa. C imagem privilegia relações modernas, ligadas à indus-
O médico sueco Hans Rosling, que teve como coautores trialização.
seu filho Ola e sua nora Ana, basicamente usa montanhas D forma estética ganha linhas geometrizadas e valoriza o
de dados para nos convencer de que quase todas as nos- cotidiano.
sas intuições sobre o estado econômico, sanitário e social E aparência arredondada das imagens valoriza os as-
dos humanos na Terra estão erradas, e o ritmo em que as pectos humanos.
melhoras têm ocorrido é surpreendente.
Rosling, que morreu no ano passado, antes da conclu- QUESTÃO 42
são da obra, apela aos truques dos bons conferencistas,
atividade na qual se consagrou. Ele começa submetendo “Conheci que Madalena era boa em demasia, mas não
seus leitores a testes de múltipla escolha com questões conheci tudo de uma vez. Ela revelou pouco a pouco, e
sobre distribuição de renda, gênero, educação, violência, nunca se revelou inteiramente. A culpa foi minha, ou an-
saúde etc. tes a culpa foi desta vida agreste, que me deu uma alma
(Hélio Schwartsman. Folha de S.Paulo. www. agreste. E falando assim, compreendo que perco o tem-
folha.uol.com.br. 02.09.2018. Adaptado) po. Com efeito, se me escapa o retrato moral de minha
mulher, para que serve esta narrativa? Para nada, mas
A hipérbole é uma figura de linguagem que consiste no
sou forçado a escrever. Quando os grilos cantam, sento-
exagero ao expressar uma ideia. Dos trechos retirados do
-me aqui à mesa da sala de jantar, bebo café, acendo o
texto, o que apresenta esse recurso é:
cachimbo. Às vezes as idéias não vêm, ou vêm muito nu-
A "obra, cujo propósito é mostrar que o planeta é um lugar merosa se a folha permanece meio escrita, como estava
bem melhor do que a maioria das pessoas pensa". na véspera. Releio algumas linhas, que me desagradam.
B "o médico sueco Hans Rosling [...] basicamente usa Não vale a pena tentar corrigi-las. Afasto o papel. Emo-
montanhas de dados". ções indefiníveis me agitam – inquietação terrível, desejo
C "apela aos truques dos bons conferencistas, atividade doido de voltar, de tagarelar novamente com Madalena,
na qual se consagrou". como fazíamos todos os dias, a esta hora. Saudade? Não,
D "o livro Factfulness, de Hans Rosling e família, pode não é isto: é desespero, raiva, um peso enorme no co-
ser um bom remédio". ração. Procuro recordar o que dizíamos. Impossível. As
E "mas isso em nada diminui o valor da obra". minhas palavras eram apenas palavras, reprodução im-
perfeita de fatos exteriores, e as dela tinham alguma coisa
QUESTÃO 41 que não consigo exprimir. Para senti-las melhor, eu apa-
gava as luzes, deixava que a sombra nos envolvesse até
ficarmos dois vultos indistintos na escuridão.”
(Graciliano Ramos – São Bernardo –
São Paulo, Liv.Martins Editora)

Graciliano Ramos desenvolve uma narração objetiva,


mas não sem um tom literário elevado e reconhecido
mundialmente. No trecho, o narrador não pôde conhecer
totalmente sua esposa, Madalena, sobretudo,
A porque ela nunca se revelou inteiramente.
B por causa “desta vida agreste”.
C por ser sempre agitado por indefiníveis emoções.
D porque as palavras são reproduções imperfeitas das
inquietações.
E por não estar pronto para o compromisso do casamento.

QUESTÃO 43

Eu queria ser um jornalista de verdade, seu Cabral. Lutar


por uma causa, por um ideal, feito Patrocínio, Ferreira de
Menezes... O senhor não imagina quantas pautas, quan-
Tarsila do Amaral. Carnaval em Madureira. tos assuntos eu já sugeri. Mas sabe como é, né? Eu não
1924, óleo sobre tela, 76 x 63cm. tenho dinheiro para frequentar o Pardellas, o Vermelhinho,

16 LC - 1º dia
o Lamas. Não fiz faculdade. Meu pai não foi amigo de ne- QUESTÃO 45
nhum dono de jornal nem de nenhum político. Eu não tive
nem pai, seu Cabral!... Eles sabem que eu tenho ideias e 01006-001
sei botar elas no papel. Mas eu não sou igual a eles. Não
no meio do caos,
moro na Zona Sul, não vou à praia, não vou ao Paissandu,
enquanto milhares de pressas
nunca fui à passeata, não gosto de jazz, nem bossa-nova.
lustram a calçada, tingem
Então meu lugar tem que ser esse mesmo: morro, dele-
a paisagem com suas roupas
gacia, pronto-socorro, necrotério. Pódio de crioulo é só no
multicoloridas,
100 metros rasos e no salto triplo, seu Cabral.
é possível assistir ao filme
Ney Lopes, “Manchete de Jornal” in: 20 contos e
em que é confiscada a banca
uns trocados. Rio de Janeiro: Record, 2006.
de frutas (e a trilha sonora
O fragmento apresentado indica uma determinada aflição é amena, aqui, do vidro
e angústia que recaem sobre o narrador, motivadas espe- para dentro), o vendedor
cialmente por inutilmente resistindo
à ordem dos fiscais (imagino
A problemas de desemprego relacionados à pouca opor-
que o diretor agora
tunidade de estudo. tenha pedido a ele para chorar
B uma falta de habilidade em produzir textos que fossem
e aos figurantes
aceitos em periódicos. que encenem a cidade seguindo
C falta de poder aquisitivo para frequentar bares e assim
normal)
fazer novos contatos.
Tarso de Melo. “01006-001” in: Lugar
D uma questão de ordem racial que se estende para a
Algum. São Paulo: Alpharrabio, 2007.
desigualdade social.
E uma impossibilidade de se adaptar aos costumes so- O poema apresentado, de Tarso de Melo, opera seu sen-
fisticados da sociedade. tido a partir da incorporação de uma simulação cinema-
tográfica. Para que ela funcione adequadamente, é ne-
QUESTÃO 44 cessário que o leitor compreenda que eu lírico é colocado
como
Quantas crianças de hoje, quando os pais lhes perguntam A uma testemunha da correria incessante vista nas gran-
se querem brincar (em casa, na rua) ou ir até um shopping des capitais do país.
center, optam pela segunda alternativa? A julgar pelo nú- B um sujeito que se mostra inconformado com as injusti-
mero elevado de crianças em shoppings, principalmente ças sociais.
nos fins de semana, inúmeras delas preferem circular por C um apoiador das ações de fiscais que ajudam a orde-
um lugar inteiramente pautado pelos valores da sociedade nar os centros urbanos.
de consumo (todo fechado, com iluminação artificial) a se D um indivíduo romântico que vislumbra o fim das desi-
entregar a outro modo, menos previsível e mais inventivo, gualdades.
de gastar (investir?) o tempo. Sem contar aquelas cujos E um observador reflexivo das dinâmicas de conformis-
pais nem mesmo cogitaram a primeira opção... mo em sociedade.
Sérgio Rizzo (Adaptado de: cartafundamental.com.br)

O autor do texto acima desenvolve sua temática de ma-


neira que o leitor reflita sobre suas opiniões. No trecho
“gastar (investir?) o tempo”, a dúvida introduzida pelos
parênteses indica
A emprego de estilo literário.
B citação de um texto científico.
C introdução de sinônimos perfeitos.
D explicitação de ponto de vista alternativo do autor.
E visão excessivamente economicista dos pedagogos.

17 LC - 1º dia
INSTRUÇÕES PARA A REDAÇÃO
§§ O rascunho da redação deve ser feito no espaço apropriado.
§§ O texto definitivo deve ser escrito a tinta, na folha própria, em 30 linhas.
§§ A redação que apresentar cópia dos textos da Proposta de Redação ou do Caderno de Questões terá o número de linhas copia-
das desconsiderado para efeito de correção.
Receberá nota zero, em qualquer das situações expressas a seguir, a redação que:
§§ tiver até 7 (sete) linhas escritas, sendo considerada “texto insuficiente”.
§§ fugir ao tema ou que não atender ao tipo dissertativo-argumentativo.
§§ apresentar proposta de intervenção que desrespeite os direitos humanos.
§§ apresentar parte do texto deliberadamente desconectada do tema proposto.

Texto I

A vacinação é a maneira mais eficaz e segura de prevenir diversas doenças. Por meio do Sistema Único de
Saúde (SUS), o Programa Nacional de Imunizações (PNI) é referência internacional ao promover o acesso gratuito da
população às vacinas, respeitando critérios e orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Graças à vacinação em massa, doenças como poliomielite, rubéola, tétano e coqueluche deixaram de ser um
problema de saúde pública no Brasil. No entanto, quando há baixas coberturas vacinais, a saúde pública do país sofre
graves consequências. Nos anos de 2017, 2018 e 2019, Minas Gerais enfrentou epidemia de febre amarela e surto de
sarampo, respectivamente, em decorrência das baixas coberturas registradas.
https://www.saude.mg.gov.br/vacinacao (Acesso em 10.08.2020)

Texto II

A situação da pandemia da covid-19 no Brasil, que tem apresentado média diária de mais de mil mortes, jus-
tifica a expectativa depositada na comprovação da eficácia das vacinas que estão sendo testadas por aqui. É natural
que a ansiedade faça com que muitos esqueçam que, entre o resultado positivo das pesquisas e a imunização da
população, ainda exista um longo caminho a ser percorrido.
“Coronavírus: os desafios da vacinação em massa no Brasil” www.saude.estadao.com.br (27.07.2020)

Texto III

A corrida por uma vacina contra o novo coronavírus no mundo já tem mais de 165 candidatas em desenvol-
vimento, das quais 30 estão na fase de testes em humanos. Caso uma delas se mostre eficaz, o próximo desafio é
aplicá-la. Os governos terão de produzi-la em larga escala e fazê-la chegar às pessoas.
“Quais os desafios de fazer uma vacina chegar à população” https://www.nexojornal.com.br (10.08.2020)

Texto IV

Os movimentos antivacinas não estão calados, e sim mobilizadíssimos, como aconteceu em todas as crises
sanitárias anteriores. O zika, a gripe A e agora o coronavírus são episódios que contêm os fatores que confirmam suas
crenças e os ajudam impulsioná-las, por mais paradoxal que pareça. A pandemia atual é a tempestade perfeita onde
se juntam todos os elementos de uma batalha para a qual passaram décadas se preparando.
“Movimento antivacina cresce em meio à pandemia” https://brasil.elpais.com/ (04.06.2020)

PROPOSTA DE REDAÇÃO
A partir da leitura dos textos motivadores seguintes e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua for-
mação, redija um texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da língua portuguesa sobre o tema
AS DIFICULDADES DE SE VIABILIZAR A VACINAÇÃO EM MASSA NO TERRITÓRIO BRASILEIRO, apresentando
proposta de intervenção que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa,
argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.

18 LC - 1º dia
CIÊNCIAS HUMANAS E A Portugal, pelo Tratado de Tordesilhas, detinha o con-
trole da foz do rio Amazonas.
SUAS TECNOLOGIAS B o Tratado de Tordesilhas utilizava os rios como limite
Questões de 46 a 90 físico da América portuguesa.
C o Tratado de Madri reconheceu a expansão portugue-

QUESTÃO 46 sa além da linha de Tordesilhas.


D Portugal, pelo Tratado de San Ildefonso, perdia territó-
rios na América em relação ao de Tordesilhas.
Aristóteles procurou explicar os fenômenos naturais a par- E o Tratado de Madri criou a divisão administrativa da Amé-
tir de argumentos teleológicos. A palavra teleologia provém
rica Portuguesa em Vice-Reinos Oriental e Ocidental.
de dois termos gregos, telos (fim, meta, propósito) e logos
(razão, explicação), ou seja, uma “razão de algo em função
de seus fins” ou uma “explicação que se serve de propósi- QUESTÃO 48
tos ou de fins”. Na explicação teleológica, se algo existe e
tem uma finalidade, é porque existe uma razão para essa A noite caía sobre o Aeroporto Internacional Antônio Carlos
finalidade. Neste sentido, uma explicação teleológica esta- Jobim, no Rio de Janeiro, quando o voo 447 da Air France
rá centralizada na finalidade de alguma coisa. Por exem- zarpou rumo a Paris. A bordo, havia nove comissários, três
plo, na explicação teleológica, nossos dedos são articula- pilotos e 216 passageiros. Quatro horas após a decolagem,
dos para que possamos manipular objetos, ao contrário da contudo, todos estavam sepultados na escuridão abissal
explicação não teleológica, que afirma que manipulamos do Oceano Atlântico – e durante os dois anos seguintes,
objetos porque nossos dedos são articulados. muitos passageiros ficariam em seus assentos, presos aos
(Matheus de M. Silveira et al. Argumentos – Revista cintos de segurança, a 3 mil metros de profundidade.
de Filosofia, julho/dezembro de 2016. Adaptado.) Disponível em: https://super.abril.com.br/historia/
air-france-447 - uma-das-maiores-tragedias-
Tendo em vista os aspectos adaptativos dos organismos, da-aviacao/. Acesso em: 28/07/20.
o telos aristotélico
No início da viagem, a noite estava clara e tranquila. Con-
A refuta a proposta de Lamarck, no que concerne à
tudo, lá adiante, sobre as águas do Oceano Atlântico
transmissão dos caracteres adquiridos.
A a aeronave realizou o último contato com o Brasil, os re-
B contribui para a explicação da origem da variabilidade
a partir da ocorrência de mutações. lógios em Paris marcavam 8h30min, fuso horário local.
C fortalece as explicações da Teoria Sintética da Evolu- B o avião encontrava-se em uma zona de divergência de
ção, quanto ao resultado da ação da Seleção Natural. ventos alísios, próximo a linha do Equador. Essa insta-
D é antítese dos preceitos teóricos propostos pela Teoria bilidade provocou a queda.
C em sua trajetória, do Rio de Janeiro até o destino preten-
Sintética da Evolução.
E sustenta tanto as ideias evolucionistas de Lamarck dido, a aeronave seguia no sentido sudeste-noroeste.
D no momento do último contato com o Brasil, a aerona-
como as de Charles Darwin e da Teoria Sintética da
Evolução. ve sobrevoava uma região de baixa latitude, onde há
formação de muitas áreas de instabilidade.
E a aeronave se deparou com as baixas temperaturas da
QUESTÃO 47
ZCIT (Zona de Convergência Intertropical) provocando
o congelamento dos medidores, em seguida os mos-
tradores de velocidade no painel pararam de funcionar.
Isso fez com que ela caísse.

QUESTÃO 49

Contudo, o príncipe deve fazer-se temer de tal modo que,


se não conseguir a amizade, possa pelo menos fugir à
inimizade, visto haver a possibilidade de ser temido e não
ser odiado, ao mesmo tempo. Isto sucederá, sempre, se
ele se abstiver de se apoderar dos bens e riquezas dos
seus cidadãos e súditos e também das suas mulheres.
(Nicolau Maquiavel [O Príncipe] apud Ricardo
de Moura Faria et al. História, 1993.)
Fronteira do Tratado de Tordesilhas (1494) Se o homem em estado de natureza está tão livre quan-
to se disse, se é senhor absoluto de sua pessoa e bens,
Território português conforme o Tratado de Tordesilhas
Território português com base no Tratado de Madri (1750)

igual aos maiores, sem estar sujeito a quem quer que


Fronteira do Tratado de San Ildefonso (1494)

BETHEL, L. História da América. V. seja, por que abandonará sua liberdade? [...] Portanto, a
I. São Paulo. Edusp, 1997. grande e principal finalidade dos homens que se unem em
comunidade é a preservação de sua propriedade.
As terras brasileiras foram divididas por meio de tratados
(John Locke [Sobre o governo civil] apud Ricardo
entre Portugal e Espanha. De acordo com os tratados de Moura Faria et al. História, 1993.)
apresentados no mapa, podemos identificar e concluir que
Considerando os trechos publicados na Idade Moderna,
podemos dizer que os autores
19 CH - 1º dia
A legitimam a filosofia iluminista, apesar de discordarem
quanto à divisão da sociedade.
B justificam o direito à propriedade, apesar de se referi-
rem a diferentes concepções de Estado.
C amparam o absolutismo monárquico, a partir da sub-
missão a uma autoridade superior.
D condenam a teoria do direito divino dos reis, além de
apoiarem a divisão do poder em três.
E expressam visões ideológicas opostas, pois represen-
tam, respectivamente, a burguesia e a nobreza.

QUESTÃO 50

As secas e o apelo econômico da borracha — produto


que no final do século XIX alcançava preços altos nos
mercados internacionais — motivaram a movimentação
de massas humanas oriundas do Nordeste do Brasil para
o Acre. Entretanto, até o início do século XX, essa região
pertencia à Bolívia, embora a maioria da sua população
fosse brasileira e não obedecesse à autoridade boliviana. Disponível em: www.earth.google.com.br>.
Para reagir à presença de brasileiros, o governo de La Acesso em? 14 jun. 2011.
Paz negociou o arrendamento da região a uma entidade Com base nesses mosaicos de imagens orbitais e na li-
internacional, o Bolivian Syndicate, iniciando violentas dis- teratura sobre o tema, as características relativas ao rio
putas dos dois lados da fronteira. O conflito só terminou Tietê, na Região Metropolitana de São Paulo, são identi-
em 1903, com a assinatura do Tratado de Petrópolis, pelo ficadas por
qual o Brasil comprou o território por 2 milhões de libras
esterlinas. A manter ainda em suas margens mata ciliar preservada
DISPONÍVEL em: www.mre.gov.br. Acesso nas planícies fluviais em todo trecho dessa região, o
em: 03 nov. 2008 (adaptado) que impede as enchentes nos períodos de precipita-
ção intensa.
Com base no contexto em que ocorreram os fatos apre- B ser um rio meândrico em todo o seu curso nessa re-
sentados, o Acre tornou-se parte do território nacional bra- gião, ocasionando enchentes, em períodos de estia-
sileiro gem, devido a sua baixa vazão e à ocupação urbana
A pela formalização do Tratado de Petrópolis, que indeni- nas planícies fluviais.
C ser um rio naturalmente meândrico que foi retilinizado
zava o Brasil pela sua anexação.
B por meio do auxílio do Bolivian Syndicate aos emigran- e alargado em alguns trechos dessa região, o rio é al-
tes brasileiros na região. tamente preservado com vegetação nativa, para au-
C devido à crescente migração de brasileiros que explo- mentar sua vazão e reduzir as enchentes.
D ter sofrido intensa ação antrópica com o concretamen-
ravam os seringais.
D em função da presença de inúmeros imigrantes estran- to do leito do rio, o que provoca maior infiltração de
geiros na região. água em períodos de chuvas intensas, prejudicando à
E pela indenização que os emigrantes brasileiros paga- população que ocupa as planícies fluviais.
E ter sido amplamente modificado por obras de engenha-
ram à Bolívia.
ria em alguns trechos dessa região, contudo essas
obras não impedem a deposição de lixo no seu leito que
QUESTÃO 51
é carregado por enxurradas em períodos chuvosos.
Grande parte das cidades brasileiras sofre com problemas
QUESTÃO 52
de inundações em períodos de chuvas intensas, ocasio-
nando transtorno à população e grandes prejuízos econô-
micos e sociais. A expansão urbana desenfreada invade Jamais um homem fez algo apenas para outros e sem
as planícies fluviais que são áreas naturais onde os rios, qualquer motivo pessoal. E como poderia fazer algo que
nos períodos chuvosos, acabam transbordando. Nesse fosse sem referência a ele próprio, ou seja, sem uma ne-
contexto, observe a seguir as imagens orbitais do rio Tietê cessidade interna? Como poderia o ego agir sem ego? Se
em dois trechos da região metropolitana de São Paulo. um homem desejasse ser todo amor como aquele Deus,
fazer e querer tudo para os outros e nada para si, isto
pressupõe que o outro seja egoísta o bastante para sem-
pre aceitar esse sacrifício, esse viver para ele: de modo
que os homens do amor e do sacrifício têm interesse em
que continuem existindo os egoístas sem amor e inca-
pazes de sacrifício, e a suprema moralidade, para poder
subsistir, teria de requerer a existência da imoralidade,
com o que, então, suprimiria a si mesma.
(Friedrich Nietzsche. Humano, demasiado
humano, 2005. Adaptado.)

20 CH - 1º dia
A reflexão do filósofo sobre a condição humana apresenta A pequenas superfícies exigem uma pequena redução, o
pressupostos que resulta numa escala pequena e num grande quan-
A psicológicos, baseados na crítica da inconsistência titativo de detalhes.
B vastas superfícies exigem uma grande redução, o que
subjetiva da moral cristã.
B cartesianos, baseados na ideia inata da existência de resulta numa escala pequena e num mapa com reduzi-
Deus na substância pensante. do quantitativo de detalhes.
C estoicistas, exaltadores da apatia emocional como ide- C vastas superfícies exigem uma pequena redução, o
al de uma vida sábia. que resulta numa escala grande e num mapa com re-
D éticos, defensores de princípios universais para orien- duzido quantitativo de detalhes.
D pequenas superfícies exigem uma grande redução, o
tar a conduta humana.
E metafísicos, uma vez que é alicerçada no mundo inte- que resulta numa escala grande e num grande quanti-
ligível platônico. tativos de detalhes.
E vastas reproduções exigem uma grande redução, o
QUESTÃO 53 que resulta numa escala pequena e num mapa com
muita riqueza de detalhes.
Leia o fragmento sobre as manifestações musicais da so-
ciedade brasileira no início da República apresentado a QUESTÃO 55
seguir.
Os ídolos e noções falsas que ora ocupam o intelecto hu-
O carteiro Joaquim dos Anjos não era homem de serestas mano e nele se acham implantados não somente o obs-
e serenatas, mas gostava de violão e de modinhas. Ele truem a ponto de ser difícil o acesso da verdade, como,
mesmo tocava flauta, instrumento que já foi muito estima- mesmo depois de superados, poderão ressurgir como
do, não o sendo atualmente como outrora. Acreditava-se obstáculo à própria instauração das ciências, a não ser
até músico, pois compunha valsas, tangos e acompanha- que os homens, já precavidos contra eles, se cuidem o
mentos para modinhas. Aprendera a "artinha" musical na mais que possam. O homem se inclina a ter por verdade o
terra do seu nascimento, nos arredores de Diamantina, e que prefere. Em vista disso, rejeita as dificuldades, levado
a sabia de cor e salteado; mas não saíra daí. pela impaciência da investigação; rejeita os princípios da
BARRETO, Lima. “Clara dos Anjos”. In: COSTA, Flávio natureza, em favor da superstição; rejeita a luz da experi-
Moreira da (org.). Aquarelas do Brasil: contos da nossa ência, em favor da arrogância e do orgulho, evitando pare-
música popular. Rio de Janeiro: Ediouro Publicações cer se ocupar de coisas vis e efêmeras; rejeita paradoxos,
de Passatempos e Multimídia Ltda, 2006, p.59.
por respeito a opiniões vulgares. Enfim, inúmeras são as
A expressão “artinha” presente no texto, revela fórmulas pelas quais o sentimento, quase sempre imper-
ceptivelmente, se insinua e afeta o intelecto.
A a absorção de manifestações culturais influenciadas
(Francis Bacon. Novum Organum [publicado
pela alta burguesia. originalmente em 1620],1999. Adaptado.)
B o lugar de destaque que as modinhas sempre ocupa-
ram na vida do brasileiro. Tendo em vista as bases da filosofia moderna, o pensa-
C o reconhecimento da música ao lado de manifestações mento de Bacon antecipa
culturais, como serenatas e serestas. A a defesa do inatismo das ideias contra os pressupos-
D o preconceito que existia em relação às manifestações
tos da filosofia empirista.
musicais de origem popular. B uma crítica à hegemonia do paradigma cartesiano no
E o gosto do brasileiro por músicas clássicas, cuja ori-
âmbito científico.
gem remonta ao interior do Brasil. C um pensamento científico racional afastado de paixões
e preconceitos.
QUESTÃO 54 D a valorização romântica de aspectos sentimentais e in-
tuitivos do pensamento.
A escala cartográfica é um importante elemento presente E uma crítica de caráter ético voltada contra a frieza do
nos mapas, sendo utilizada para representar a relação de trabalho científico.
proporção entre a área real e a sua representação. É a es-
cala que indica o quanto um determinado espaço geográ- QUESTÃO 56
fico foi reduzido para “caber” no local em que ele foi con-
feccionado em forma de material gráfico. Sabemos que os
Na primeira República, uma grande parcela da população
mapas são reproduções reduzidas de uma determinada
brasileira vivia na mais extrema miséria, ou seja, convi-
área. Mas essa redução não ocorre de forma aleatória, e
via com os baixos salários, sem terras, devido à concen-
sim de maneira proporcional, ou seja, resguardando uma
tração fundiária, e explorada pelos coronéis. Uma forma
relação entre as medidas originais e suas representações.
de reação era a organização da população por meio de
A expressão numérica dessa proporção é a escala.
movimentos sociais, tendo algum caráter messiânico, e
Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/ outros sendo caracterizados como banditismo social. Os
geografia/escalas. htm. Acesso em: 28/07/20
movimentos messiânicos misturavam misticismo, revolta
Há uma relação direta entre a escala cartográfica e o de- e política.
talhamento da informação representada num mapa. So- Entre os fatos importantes que marcaram os movimentos
bre essa relação, verifica-se que representações de messiânicos, inclui-se

21 CH - 1º dia
A o combate do governo brasileiro ao movimento de Antô- QUESTÃO 58
nio Conselheiro e seus seguidores, os quais pregavam a
abolição da propriedade privada, recusavam-se a pagar A criação de um proletariado despossuído de qualquer
os impostos e manifestavam sua aspiração monarquista. propriedade, (...) cultivadores vítimas de expropriações
B a extrema violência da quarta e última expedição con- violentas repetidas, foi necessariamente mais rápida que
tra o arraial de Canudos, durante a qual as casas fo- sua absorção pelas nascentes manufaturas. (...) Forma-se
ram saqueadas e incendiadas, os conselheiristas, mor- uma massa de mendigos, ladrões e vagabundos. Desde o
tos e degolados, e apenas as crianças foram poupadas. final do século XV e durante todo o século XVI na Europa
C a Guerra do Contestado, liderada pelo beato José Ma- Ocidental foi criada uma legislação sanguinária contra o
ria, ocorrida após a conclusão da ferrovia São Paulo - ócio. Os pais da atual classe operária foram castigados
Rio Grande do Sul, quando cerca de oito mil operários por terem sido reduzidos à situação de vagabundos e po-
ficaram desempregados e, então, se juntaram ao bea- bres. A legislação os tratava como criminosos voluntários;
to para fundarem uma aldeia milenarista e republicana. ela pressupunha que dependia de seu livre arbítrio conti-
D a liderança político-religiosa do Padre Cícero, que pro- nuar a trabalhar como antes.
punha a necessidade de se criar a sociedade justa pre- (Karl Marx, O Capital. 1969)
gada por Jesus Cristo, para corrigir e punir as injusti-
ças, e, por causa disso, foi perseguido pelos coronéis. O fato apontado pelo filósofo refere-se ao processo his-
E a conclamação à população sertaneja feita por José tórico
Virgulino, conhecido por Lampião, para que pegassem A das revoluções anticapitalistas, ocorridas na Europa,
as armas e impedissem a assinatura do Pacto dos Co- contra as quais a burguesia determinou severa re-
ronéis, pelo qual vários chefes políticos cearenses pre- pressão.
tendiam unir-se para sustentar a oligarquia Acciolly. B das revoltas operárias, como o ludismo, voltadas à
destruição das máquinas e à exploração por elas
QUESTÃO 57
causada.
C da Revolução Francesa, na qual os trabalhadores fo-
O agravamento do efeito destrutivo em zonas litorâneas ram transformados em massa de manobra dos interes-
dar-se principalmente por ações antrópicas, que intensi- ses burgueses.
ficam os problemas ambientais. Em sua grande parte, as D da Revolução Industrial, quando os criminosos eram
zonas costeiras são altamente adensadas, com grande expulsos das fábricas e proibidos de trabalhar em ou-
número de edificações e pessoas, muitas vezes edifica- tra ocupação, pela legislação vigente.
ções de caráter histórico e turístico importante. A falésia E do cercamento dos campos, com o deslocamento de
do Cabo Branco, localizada na cidade de João Pessoa, um grande contingente de despossuídos da sua área
na Paraíba é um exemplo da ação destruidora causada rural de origem para os centros industriais.
pelo homem.
Disponível em: https://www.pbagora.com.br/noticia/
QUESTÃO 59
paraiba/geografo-revela-fatores-que-vem-impactando-a-
estrutura-da-falesia-do-cabo-branco/. Acesso: 03/11/20.
Enfermo a 14 de novembro, na segunda-feira o velho Lima
voltou ao trabalho, ignorando que no entretempo caíra o
regime. Sentou-se e viu que tinham tirado da parede a ve-
lha litografa representando D. Pedro de Alcântara. Como
na ocasião passasse um contínuo, perguntou-lhe:
— Por que tiraram da parede o retrato de Sua Majestade?
O contínuo respondeu, num tom lentamente desdenhoso:
— Ora, cidadão, que fazia ali a figura do Pedro Banana?
— Pedro Banana! — repetiu raivoso o velho Lima.
E, sentando-se, pensou com tristeza:
— Não dou três anos para que isso seja uma República!
AZEVEDO, A. Vidas alheias. Porto
Alegre: s.e, 1901 (adaptado).

A crônica de Artur Azevedo, retratando os dias imediatos à


Pedras se espalham na faixa de areia da praia de Cabo Branco, em João Pessoa - Foto: Divulgação/Promotoria de instauração da República no Brasil, refere-se ao(à)
Justiça do MPPB
A ausência de participação popular no processo de que-
Levando em consideração a unidade geomorfológica da
planície litorânea, podem ser apontados como elementos da da Monarquia.
de risco a ocupação local a (o) B tensão social envolvida no processo de instauração do
novo regime.
A assoreamento de áreas de risco de escorregamentos. C mobilização de setores sociais na restauração do anti-
B erosão de vertentes em função dos desmatamentos. go regime.
C desequilíbrio no balanço sedimentológico do litoral. D temor dos setores burocráticos com o novo regime.
D contaminação química dos solos por agrotóxicos. E demora na consolidação do novo regime.
E desmatamento das áreas fluvio-marinhas.

22 CH - 1º dia
QUESTÃO 60 D intervenção nos estados, autorizada pelas normas
constitucionais.
Observe a imagem a seguir: E isonomia do governo federal no tratamento das dispu-
Escudos das Escudo tas locais.
Bacia
Guianas sul-amazônico
N do Amazonas

S
QUESTÃO 63
x x x
x x
x x x x
x x x
Bacia sedimentar
x
x x x x x
Escudo
(rochas magmáticas
x x x x
e metamórficas) x x x x x
x x x x x
x x x x x
x x
x x x x x
x Plataforma coberta x
x x
ou embasamento cristalino
Direção da representação

https://www.sobregeologia.com.br/2019/09/bacias-
sedimentares-conceitos-basicos-e.html
Essa área corresponde a uma
A Bacia Falhada. Normal Fault
B Bacia de Deflação.
C Observando atentamente os aspectos geográficos identi-
Bacia Morfoestrutural.
D ficados na imagem, temos que
Bacia Intracratônica.
E Bacia Hidrogeológica. A a paisagem, durante o Quaternário, sofreu a atuação
do tectonismo plástico que provocou a formação de
QUESTÃO 61 terraços fluviais.
B existe uma expressiva homogeneidade da litomassa, e
♫ esse fato refletiu-se consideravelmente nas morfoes-
quero chorar ...♫ culturas que surgem na paisagem.
♫ não tenho C as formas de relevo constituídas pelo afastamento en-
lágrimas ...
tre duas placas tectônicas, provoca a formação de uma

depressão relativa.
D a paisagem não sofreu os processos de erosão linear,
porque não ocorreram ações antrópicas na área, capa-
zes de desequilibrar o geossistema local.
E o vale fluvial observado é do tipo glacial e surge, com
frequência, em áreas de altas latitudes, onde os rios
Disponível em: https://transitivo.files. desempenham um papel geomorfológico de destaque.
wordpress.com/2010/09/cartum-quero-ticorar.
jpg>. Acesso em: 30 out. 2015.
QUESTÃO 64
O utilitarismo ético é colocado na imagem como forma de
A
Imaginar que uma sociedade voltada explicitamente à sa-
proteger os animais como condição de bem-estar. tisfação das necessidades humanas vai alterar por si só
B reverter o tratamento nocivo aos não humanos. os potenciais destrutivos embutidos inevitavelmente no
C estabelecer a imoralidade da exploração animal. avanço da ciência e da técnica é mais que ilusório: é ex-
D combater o status moral dos animais sencientes. pressão de prepotência.
E defender o ato moral por suas consequências. ABRAMOVAY, Ricardo. A heurística do medo,
muito além da precaução. Estudos avançados.
QUESTÃO 62 São Paulo, v. 30, n. 86, jan.-abr. 2018, p. 176.

Nos estados, entretanto, se instalavam as oligarquias, de Com base no texto e o fato de que a vida social tem-se
cujo perigo já nos advertia Saint-Hilaire, e sob o disfarce transformado continuamente a partir de mudanças da ci-
do que se chamou “a política dos governadores”. Em cír- ência, da técnica e da tecnologia, justifica-se que
culos concêntricos esse sistema vem cumular no próprio A as técnicas constituem a solução para os mais diver-
poder central que é o sol do nosso sistema. sos problemas.
PRADO, P. Retrato do Brasil. Rio de B a sociedade humana alimenta a ideologia na capacida-
Janeiro: José Olympio, 1972. de intrínseca de evitar a destruição.
C a ciência deve ser interpretada como a base para a
A crítica presente no texto remete ao acordo que funda-
autonomia da técnica.
mentou o regime republicano brasileiro durante as três D as atividades científicas, as técnicas e as tecnologias
primeiras décadas do século XX e fortaleceu o(a)
constituem apenas ilusões da vida social.
A poder militar, enquanto fiador da ordem econômica. E as técnicas deixarão para trás os seus potenciais des-
B presidencialismo, com o objetivo de limitar o poder dos trutivos à medida que a sociedade avançar.
coronéis.
C domínio de grupos regionais sobre a ordem federativa.

23 CH - 1º dia
QUESTÃO 65 QUESTÃO 67

O que o projeto governamental tem em vista é poupar


à Nação o prejuízo irreparável do perecimento e da
evasão do que há de mais precioso no seu patrimônio.
Grande parte das obras de arte até mais valiosas e dos
bens de maior interesse histórico, de que a coletivida-
de brasileira era depositária, têm desaparecido ou se ESCOLA MORADIA SAÚDE JUVENTUDE
arruinado irremediavelmente. As obras de arte típicas e
as relíquias da história de cada país não constituem o
seu patrimônio privado, e sim um patrimônio comum de
todos os povos.
ANDRADE, R. M. F. “Defesa do patrimônio
artístico e histórico”. O Jornal, 30 out. 1936. In: CAPS/ ABRIGOS P/
VELHICE BIBLIOTECAS NAPS SEM-TETOS
ALVES FILHO, I. Brasil, 500 anos em documentos.
Rio de Janeiro: Mauad, 1999 (adaptado).

A criação no Brasil do Serviço do Patrimônio Histórico


Artístico Nacional (SPHAN), em 1937, foi orientada por
ideias como as descritas no texto, que visavam
ARTE E PROJETOS
A submeter a memória e o patrimônio nacional ao contro- PARQUES CULTURA COMUNITÁRIOS

le dos órgãos públicos, de acordo com a tendência au-


toritária do Estado Novo. Disponível em: <http://3.bp.blogspot.com/-
B transferir para a iniciativa privada a responsabilidade H5GUXXoEcLsUPr4UnPop4I/AAAAAAAAMBY/
de preservação do patrimônio nacional, por meio de mLizjhXCLfY/s1600/480572_525530810804898-
leis de incentivo fiscal. 567678621_njpg>. Acesso em: 22 nov. 2016.
C definir os fatos e personagens históricos a serem cultu-
ados pela sociedade brasileira, de acordo com o inte- A figura faz uma crítica bastante contundente ao projeto
resse público. de redução do Estado, característico do modelo neoliberal
D resguardar da destruição as obras representativas da que vem sendo adotado em vários países em desenvolvi-
cultura nacional, por meio de políticas públicas preser- mento. Sobre isso, é certo afirmar que a ideia central da
vacionistas. figura é que
E determinar as responsabilidades pela destruição do A para acabar com a desigualdade se faz necessário pri-
patrimônio nacional, de acordo com a legislação vatizar os serviços públicos.
brasileira. B a ação social é incompatível com a teoria do estado
mínimo e o equilíbrio econômico.
QUESTÃO 66 C as pessoas que não seguem os princípios da lei não
têm direito aos benefícios sociais.
D os investimentos socioculturais são fundamentais para
Na proposta de classificação do relevo brasileiro, Ross
(1989) apresentou a seguinte caracterização: são as úni- a diminuição da criminalidade e da violência.
E não adianta investir em serviços públicos enquanto
cas unidades do relevo brasileiro cujo arcabouço consiste
em bacias sedimentares recentes, formadas por deposi- não se resolver a questão da violência.
ções do período Quaternário.
(MAGNOLI e ARAÚJO, 2005). QUESTÃO 68

A caracterização exposta refere-se a: Texto I


A planaltos. A consolidação do regime democrático no Brasil contra os
B planícies. extremismos da esquerda e da direita exige ação enérgica
C depressões. e permanente no sentido do aprimoramento das institui-
D bacias sedimentares. ções políticas e da realização de reformas corajosas no
E crátons. terreno econômico, financeiro e social.
Mensagem programática da União
Democrática Nacional (UDN) – 1957.

Texto II
Os trabalhadores deverão exigir a constituição de um go-
verno nacionalista e democrático, com participação dos
trabalhadores para a realização das seguintes medidas:
a) Reforma bancária progressista; b) Reforma agrária que
extinga o latifúndio; c) Regulamentação da Lei de Remes-
sas de Lucros.
Manifesto do Comando Geral dos
Trabalhadores (CGT) – 1962.

24 CH - 1º dia
Nos anos 1960 eram comuns as disputas pelo significado poder de colocar as cartas a seu favor. Em casos extre-
de termos usados no debate político, como democracia e mos, a desigualdade é uma ameaça à democracia.
reforma. Se, para os setores aglutinados em torno da UDN, (Marcelo Medeiros. “O mundo é o lugar mais
as reformas deveriam assegurar o livre mercado, para desigual do mundo”. http://piaui.folha.uol.
aqueles organizados no CGT, elas deveriam resultar em com.br, junho de 2016. Adaptado.)

A fim da intervenção estatal na economia. A dialética entre os dois textos nos leva a concluir que
B crescimento do setor de bens de consumo. A ambos manifestam um ponto de vista liberal em termos
C controle do desenvolvimento industrial. ideológicos, pois repercutem as vantagens da valoriza-
D atração de investimentos estrangeiros. ção do livre mercado e da meritocracia.
E limitação da propriedade privada. B o texto I pressupõe concordância com o liberalismo
econômico, enquanto o texto II integra problemas eco-
QUESTÃO 69
nômicos com tendências de retrocesso político.
C o texto I critica o progresso entendido como aperfeiço-
De fato, a industrialização começou com a Revolução In- amento contínuo da humanidade, enquanto o texto II
dustrial, que teve seu berço na Inglaterra durante o século valoriza a globalização econômica.
XVIII, quando as mudanças tecnológicas, o acúmulo de D ambos apresentam um enfoque crítico e negativo so-
capitais pela burguesia e fenômenos como o cercamento bre os efeitos do neoliberalismo econômico e suas for-
dos campos, que levou os trabalhadores para as áreas tes tendências de diminuição dos gastos públicos.
urbanas, permitiram o estabelecimento da economia de E ambos manifestam um ponto de vista socialista em ter-
mercado, bem como do sistema capitalista. mos ideológicos, pois enfatizam a necessidade de di-
Disponível em: https://www.todamateria.com. minuição da concentração de renda mundial.
br/industrializacao/Acesso em: 28/08/20.
QUESTÃO 71
Em relação ao processo de industrialização, mundial e no
Brasil, a(s) Texto I
A descentralização das indústrias, nas últimas décadas, Resta saber o que ficou nas línguas indígenas no Portu-
possibilitou uma significativa redução do desemprego es- guês do Brasil. Serafim da Silva Neto afirma: "No Brasil
trutural, tanto nos países periféricos quanto nos centrais. não há, positivamente, influência das línguas africanas ou
B indústrias germinativas se caracterizam por serem tra- ameríndias”. Todavia, é difícil de aceitar que um longo pe-
dicionais e oriundas da Primeira Revolução Industrial. ríodo de bilinguismo de dois séculos não deixasse marcas
C indústrias germinativas nos países centrais, são tradi- no português do Brasil.
cionais e estão concentradas nas metrópoles. ELIA, S. Fundamentos Histórico-Linguísticos do Português
D indústrias de bens de capital são responsáveis por do Brasil. Rio de Janeiro: Lucerna, 2003 (adaptado).
equipar outras indústrias, como a agricultura e os ser- Texto II
viços de infraestrutura.
E indústrias de bens intermediários tendem a se localizar No final do século XVIII, no norte do Egito, foi descober-
próximas aos centros consumidores, porém, no Brasil, ta a Pedra de Roseta, que continha um texto escrito em
egípcio antigo, uma versão desse texto chamada “demó-
elas são as mais dispersas.
tico”, e o mesmo texto escrito em grego. Até então, a anti-
ga escrita egípcia não estava decifrada. O inglês Thomas
QUESTÃO 70 Young estudou o objeto e fez algumas descobertas como,
por exemplo, a direção em que a leitura deveria ser feita.
Texto I Mais tarde, o francês Jean-François Champollion voltou a
estudá-la e conseguiu decifrar a antiga escrita egípcia a
Nunca houve no mundo tanta gente vivendo com suas ne- partir do grego, provando que, na verdade, o grego era a
cessidades básicas atendidas, nunca uma porcentagem língua original do texto e que o egípcio era uma tradução.
tão alta da população mundial viveu fora da miséria – uma PARKINSON, R. B.; DIFFIE, W.; SIMPSON, R. S. Cracking
vitória espetacular, num planeta com 7 bilhões de habi- Codes: the Rosetta Stone and decipherment. Berkeley:
tantes. Nunca houve menos fome. Nunca tantos tiveram University of California Press, 1999 (adaptado).
tanta educação nem tanto acesso à saúde.
Com base na leitura dos textos conclui-se, sobre as lín-
(José Roberto Guzzo. “Um mundo de guas, que
angústias”. Veja, 25.01.2017.)
A cada língua é única e intraduzível.
Texto II B elementos de uma língua são preservados, ainda que
Mais sóbrio – e talvez mais pessimista – é olhar para não haja mais falantes dessa língua.
quanto cada grupo se apropriou do crescimento total: os C a língua escrita de determinado grupo desaparece
10% mais ricos da população global se apropriaram de quando a sociedade que a produzia é extinta.
D o egípcio antigo e o grego apresentam a mesma estru-
60% de todo o crescimento do mundo entre 1988 e 2008.
Uma grande massa de população melhorou de vida, é tura gramatical, assim como as línguas indígenas bra-
sileiras e o português do Brasil.
verdade, mas o que esse dado demonstra é que poderia
E o egípcio e o grego apresentavam letras e palavras si-
ter melhorado muito mais se o resultado do crescimento
milares, o que possibilitou a comparação linguística, o
não terminasse tão concentrado nas mãos dos ricos. O
mesmo que aconteceu com as línguas indígenas bra-
que está em jogo é mais do que dinheiro. Em um mundo
sileiras e o português do Brasil.
globalizado, os estados nacionais perdem força. Um gru-
po pequeno de pessoas com muita riqueza tem grande
25 CH - 1º dia
QUESTÃO 72 QUESTÃO 74

AS ONDAS DE SCHUMPETER O PROCESSO DE INOVAÇÃO É CADA VEZ MAIS RÁPIDO EM TEMPOS DE INTERNET Os escravos tornam-se propriedade nossa seja em virtu-
Para Schumpeter, os negócios vivem ondas de inovação, que surgem e desaparecem. No século 18, a primeira leva inovadora veio com a energia
hidráulica, a indústria têxtil e o tratamento de aço. Os ciclos eram longos, duravam de 40 a 60 anos - agora encurtaram de da lei civil, seja da lei comum dos povos; em virtude da
Energia hidráulica Vapor
Eletricidade
Químicos
Petroquímicos
Eletrônicos
Redes digitais
Softwares
lei civil, se qualquer pessoa de mais de vinte anos permitir
a venda de si própria com a finalidade de lucrar conser-
Têxteis Aço
Motor de Aviação Novas mídias
Aço Estradas
combustão interna
de ferro

vando uma parte do preço da compra; e em virtude da


PRIMEIRA
ONDA
SEGUNDA
ONDA
TERCEIRA
ONDA
QUARTA
ONDA
QUINTA
ONDA lei comum dos povos, são nossos escravos aqueles que
foram capturados na guerra e aqueles que são filhos de
1785 1845 1900 1950 1990 1999 2020
nossa escravas.
60 ANOS 55 ANOS 50 ANOS 40 ANOS 30 ANOS
CARDOSO, C. F. Trabalho compulsório na
Disponível em: https://www.infomoney.com.br/colunistas/ Antiguidade. São Paulo: Graal, 2003.
terraco-economico/schumpeter-inovacao-destruicao-
criadora-e-desenvolvimento/. Acesso: 04/11/20. A obra Institutas, do jurista Aelius Marcianus (século III
d.C.), instrui sobre a escravidão na Roma Antiga. No di-
Considerando-se a sequência dos ciclos no esquema, reito e na sociedade romana desse período, os escravos
destaca-se em cada ciclo a indústria compunham uma
A ferroviária, siderúrgica, telefônica, eletrônica e de A mão de obra especializada protegida pela lei.
B força de trabalho sem a presença de ex-cidadãos.
softwares.
B ferrífera, de carvão, petróleo, novas mídias digitais e C categoria de trabalhadores oriundos dos mesmos

aviação. povos.
D condição legal independente da origem étnica do indi-
C têxtil, siderúrgica, automobilística, petroquímica, bio-
víduo.
tecnológica. E comunidade criada a partir do estabelecimento das leis
D navios a vapor, carvão mineral, petróleo, aviação, re-
escritas.
des digitais.
E força hidráulica, ferrovias, petroquímicos, eletricidade,
QUESTÃO 75
novas mídias.
Leia o texto sobre o processo de urbanização.
QUESTÃO 73
Historicamente, dois tipos de fatores condicionaram o
processo de urbanização: os atrativos, que estimulam as
Leia o texto a seguir:
pessoas a migrar para as cidades, e os repulsivos, que
Enquanto resposta intelectual à “crise social” de seu tem- as impulsionam a sair do campo. Os fatores atrativos pre-
po, os primeiros sociólogos irão revalorizar determinadas dominam em países centrais e em regiões modernas dos
instituições que, segundo eles, desempenham papéis fun- países periféricos e semi periféricos. Estão associados
damentais na integração e na coesão da vida social. A ao processo de industrialização, notadamente quanto à
jovem ciência assumia como tarefa intelectual repensar o geração de empregos no próprio setor industrial e no de
problema da ordem social, enfatizando a importância de comércio e serviços. Os fatores repulsivos são típicos de
instituições como a autoridade, a família, a hierarquia so- países periféricos, qualquer que seja seu nível de indus-
trialização.
cial e destacando a sua importância teórica para o estudo
da sociedade. MOREIRA, J.; SENE, E. Geografia Geral e do Brasil. Ensino
Médio, 3. São Paulo: Scipione, 2017, p. 187. Adaptado.
MARTINS, Carlos Benedito. O que é Sociologia.
São Paulo: Brasiliense, 2006, p. 30. Nesse contexto, no processo de urbanização de países
periféricos, é identificado como fator repulsivo o (a)
Com base no que foi lido, o surgimento da Sociologia foi
A alto grau de escolaridade, determinado pela moderni-
impulsionado pelas transformações e agitações das rela-
ções sociais ocorridas na sociedade europeia, nos sécu- zação agrícola.
B arcaísmo das técnicas de cultivo, associado à concen-
los XVIII e XIX, contribuindo para
tração fundiária.
A o aumento da desorganização social estabelecida pela C redução de apoio à pequena produção, definida por
Revolução Industrial. política externa.
B a organização de vários movimentos sociais controla- D êxodo rural, agravado pela ilusão de vida confortável
dos por pensadores como Saint-Simon e Comte. nas metrópoles.
C a elaboração de um conceito de sociologia incluin- E implantação de tecno-polos, resultante de investimen-
do os fenômenos mentais como tema de reflexão e tos estrangeiros.
investigação.
D a origem da corrente positivista, que propôs uma trans- QUESTÃO 76
formação conservadora da sociedade com base na re-
forma intelectual plena do ser humano. Dentro da teoria marxista elaborada no século XIX, co-
E o surgimento de uma “física social” preocupada com a munismo e socialismo seriam duas etapas sucessivas no
construção de uma teoria social, separada das ideias desenvolvimento da sociedade humana, ocorrendo após
de ordem e desenvolvimento como chave para o co- o colapso do sistema capitalista. O socialismo seria carac-
nhecimento da realidade. terizado pela abolição da propriedade privada dos meios

26 CH - 1º dia
de produção e a instalação de um estado forte ("ditadura diferentes de milho, como o dentado, o duro, o macio ou
do proletariado"), capaz de consolidar o regime e promo- farinhoso, o doce e o pipoca. Encontramos hoje aproxima-
ver a diminuição da desigualdade social. No comunismo, damente 150 espécies de milho, com grande diversidade
o próprio estado seria abolido, com a instauração de uma de cor e formato dos grãos.
igualdade radical entre os homens. Além de suas virtudes como alimento, o milho tem reser-
Disponível em: https://guiadoestudante.abril. vadas outras surpresas, entre os quais
com.br/estudo/historia-comunismo-e-socialismo/ A o maior número de variedades de milho se encontra no
Acesso em: 30 de outubro de 2020.
Brasil, onde é usado para produção do etanol celulósico.
No pós-Guerra Fria, comunismo e socialismo tomaram B o milho roxo é a variedade mais rara encontrada no
outros significados. Dentro da prática política atual, o so- México e é utilizada para produzir medicamentos.
cialismo passou a identificar C a glicose que vem do amido de milho é também usada
no revestimento de comprimidos.
A grupos conservadores que viam as eleições como
D a palha do milho é utilizada na fabricação de cremes
meio ilegítimo para expressar a vontade popular e pro- dentais e borracha natural.
duzir mudanças sociais. E os maias usavam o milho na produção de uma bebida
B grupos políticos que defendiam o fim da propriedade sagrada.
privada dos meios de produção, estabelecendo o po-
der político em bases autocráticas.
C QUESTÃO 79
grupos reformistas que buscavam chegar ao poder
através do voto, propondo mudanças sociais e preser-
vando a democracia liberal. Observe a tirinha a seguir:
D grupos revolucionários que tinham o ideário anarquista
como fundamento, combatendo o liberalismo político e
o Estado Democrático de Direito.
E grupos fundamentalistas que defendiam a implantação
da chamada ditadura do proletariado, sendo guiados
pelo pensamento de Mikhail Bakunin.

QUESTÃO 77
SERA QUE AQUI CABE TUDO O
Seguiam-se vinte criados custosamente vestidos e mon- QUE VÃO ME METER NA
CABEÇA?
tados em soberbos cavalos; depois destes, marchava o
Embaixador do Rei do Congo magnificamente ornado de
seda azul para anunciar ao Senado que a vinda do Rei es-
tava destinada para o dia dezesseis. Em resposta obteve
repetidas vivas do povo que concorreu alegre e admirado
de tanta grandeza.
“Coroação do Rei do Congo em Santo Amaro, Bahia” apud
DEL PRIORE, M. “Festas e utopias no Brasil colonial”. No último quadrinho, Mafalda está refletindo o quanto sua
In: CATELLI JR., R. Um olhar sobre as festas populares cabeça comporta as regras e normas sociais que ela de-
brasileiras. São Paulo: Brasiliense, 1994 (adaptado). verá internalizar ao longo de sua vida.
Esse fenômeno é entendido pela Sociologia como um ob-
Originária dos tempos coloniais, a festa da Coroação do jeto de estudo, que se caracteriza por
Rei do Congo evidencia um processo de
A um método próprio dos estudos de Émile Durkheim
A exclusão social. que leva em consideração os processos históricos e o
B imposição religiosa. esforço interpretativo do sociólogo como elementos
C acomodação política. essenciais à compreensão das relações sociais.
D supressão simbólica. B um material de manipulação laboratorial em que o so-
E ressignificação cultural. ciólogo pode experimentá-lo, seguindo as mesmas re-
QUESTÃO 78 gras das ciências naturais que compreendem os fenô-
menos como visíveis e concretos.
C um aspecto do comportamento geral, ou seja, a trans-
Os índios, principalmente os guaranis, tinham o cereal
gressão de uma norma deve ser compartilhada com
como o principal ingrediente de sua dieta. Com a chegada
todos os indivíduos do grupo.
dos portugueses, o consumo aumentou e novos produtos D uma força coercitiva interna ao indivíduo que busca
à base de milho foram incorporados aos hábitos alimen-
coincidir com as normas impostas pelo grupo social.
tares dos brasileiros. Sua popularidade começou quando E uma consciência construída socialmente, isto é, fora
os primeiros europeus descobriram sua existência: os ex-
das consciências individuais.
ploradores falavam de “um tipo de grão” que chamavam
de milho, de bom sabor quando cozido seco e como fa-
rinha. Sua presença foi fundamental para a dieta e mes-
mo para a cultura de antigas civilizações americanas. Na
América é conhecido por diferentes nomes: milho, choclo,
jojoto, corn, maíz, elote. Deve-se notar que existem tipos

27 CH - 1º dia
QUESTÃO 80 Uma relação social é estabelecida entre dois agentes so-
ciais. A imagem sugere que um dos lados exerce influên-
A ocasião fez o ladrão: Francis Drake travava sua guerra cia significativa sobre o outro. A Sociologia classifica essa
de pirataria contra a Espanha papista quando roubou as ação como
tropas de mulas que levavam o ouro do Peru para o Pa- A Retardamento cultural.
namá. Graças à cumplicidade da rainha Elizabeth I, ele B Interação social bilateral.
reincide e saqueia as castas do Chile e do Peru antes de C Interação social não recíproca.
regressar pelo Oceano Pacífico, e depois pelo Índico. Ora, D Assimilação direta.
em Ternate ele oferece sua proteção a um sultão revolta- E Aculturação.
do com os portugueses, assim nasce o primeiro entrepos-
to inglês ultramarino. QUESTÃO 83
FERRO, M. História das colonizações. Das
colonizações às Independências. Séculos XIII
A Idade Média é um extenso período da História do Ociden-
a XX. São Paulo: Cia. das Letras, 1996.
te cuja memória é construída e reconstruída segundo as
A tática adotada pela Inglaterra do século XVI, conforme circunstâncias das épocas posteriores. Assim, desde o Re-
citada no texto, foi o meio encontrado para nascimento, esse período vem sendo alvo de diversas in-
terpretações que dizem mais sobre o contexto histórico em
A restabelecer o crescimento da economia mercantil. que são produzidas do que propriamente sobre o Medievo.
B conquistar as riquezas dos territórios americanos.
C legalizar a ocupação de possessões ibéricas. Um exemplo acerca do que está exposto no texto acima é
D ganhar a adesão das potências europeias. A a associação que Hitler estabeleceu entre o III Reich e
E fortalecer as rotas do comércio marítimo. o Sacro Império Romano Germânico.
B o retorno dos valores cristãos medievais, presentes
QUESTÃO 81
nos documentos do Concílio Vaticano II.
C a luta dos negros sul-africanos contra o Apartheid ins-
O processo de modernização agrícola, iniciado ainda no
pirada por valores dos primeiros cristãos.
final do século XIX, com os avanços da energia a vapor, D o fortalecimento político de Napoleão Bonaparte, que
da mecânica, da genética vegetal, dos descobrimentos da
se justificava na amplitude de poderes que tivera Car-
química agrícola, tem continuidade, em âmbito mundial,
los Magno.
nos setores agrários capitalizados. Esta Segunda Revo- E a tradição heroica da cavalaria medieval, que foi afeta-
lução Agrícola, apoiada por um conjunto de incentivos de da negativamente pelas produções cinematográficas
políticas agrárias nos Estados Unidos e na Europa, e daí de Hollywood.
para os países em desenvolvimento, ficou conhecida in-
ternacionalmente como:
QUESTÃO 84
A Revolução Transgênica
B Revolução Verde É um conceito que pode aparecer associado a vários
C Agricultura Biodinâmica elementos, sejam eles de ordem biológica ou de ordem
D Permacultura social, política ou econômica. Ao longo da história, esta-
E Agroecologia beleceram-se debates sobre o conceito de território en-
volvendo diversas áreas de conhecimento, nas ciências
QUESTÃO 82 sociais; como a Sociologia, a Geopolítica, a História, a
Economia e a Geografia, de modo geral, é definido pelas
Observe a imagem a seguir: relações entre um grupo ou sociedade e o espaço.
ALBUQUERQUE, Maria. Geografia: sociedade
e cotidiano; ensino médio, volume único.
São Paulo; Escala Educacional.

O espaço concreto dominado e apropriado por uma socie-


dade ou por um Estado e identificado por relações sociais
de poder é a(o)
A território.
B natureza.
C paisagem.
D região.
E lugar.

Diponível em: <https://lucassrodrigue.wordpress.com/2013/11/28/>


Acesso em: junho 2015

28 CH - 1º dia
QUESTÃO 85 C a introdução das máquinas no processo produtivo di-
minuía as possibilidades de ganho material para os
Leia o texto a seguir: operários.
D o progresso tecnológico geraria a distribuição de rique-
Ao iniciarem a colonização do Novo Mundo, os europeus
trouxeram os negros para auxiliá-los na colonização do zas para aqueles que estivessem adaptados aos no-
Brasil. A vinda destes foi uma migração forçada pela cap- vos tempos industriais.
E a melhoria das condições de vida dos operários seria
tura e escravidão e, possivelmente, foi o maior movimento
migratório passivo na história do país. Portugal teve um conquistada com as manifestações coletivas em favor
interesse especial em trazer os negros para trabalharem dos direitos trabalhistas.
nas fazendas e nos engenhos de açúcar, que eram os se-
tores que mais precisavam de braços para o trabalho. Po- QUESTÃO 87
de-se dizer que, após a vinda dos escravos da África, co-
meçou a construção da identidade cultural afro-brasileira, Foram concluídas em agosto de 2015 as negociações que
ou mais especificamente, o princípio da cultura brasileira. culminaram na adoção, em setembro, dos Objetivos de De-
Os escravos negros tinham uma grande diversidade cul- senvolvimento Sustentável (ODS), por ocasião da Cúpula
tural por causa da sua origem e diversidade de etnias. Os das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável.
negros vinham de nações agrícolas e eram desembarca- Processo iniciado em 2013, seguindo mandato emanado
dos em Pernambuco, Bahia, Paraíba, Alagoas e Sergipe. da Conferência Rio+20, os ODS deverão orientar as políti-
MONTEIRO, Ismael. Cultura Africana e suas influências cas nacionais e as atividades de cooperação internacional
na cultura brasileira. Disponível em: http://www. nos próximos quinze anos, sucedendo e atualizando os
escrita.com.br/escrita/leitura.asp?Texto_ID=15634 Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM). Dentre
os objetivos do referido documento está o Objetivo 2: “Aca-
A cultura nordestina foi formada pela união de diferentes
bar com a fome, alcançar a segurança alimentar e melhoria
culturas, que foram se moldando aos novos contextos his-
da nutrição e promover a agricultura sustentável”.
tóricos e às novas formas de relações sociais.
Diante disso, o povo descrito no texto contribuiu com a Disponível em: <http://www.pnud.org.br/
Docs/TransformandoNossoMun do.pdf>.
diversidade cultural nordestina por meio
Acesso em: 30 out. 2015.
A da música, utilizando instrumentos de metal e de corda.
B do vocabulário, utilizando a inclusão de termos latinos Eliminar os subsídios à exportação de produtos agrícolas
no dialeto crioulo. contribui para acabar com a fome porque
C da salsa e do merengue, danças trazidas pelos seus A aumentará a produção da agricultura sustentável inter-
descendentes e que influenciaram o frevo e o maraca- nacional.
tu rural. B proporcionará desequilíbrio entre demanda e oferta di-
D da gastronomia, modificando e fazendo pratos com in- ficultando o livre-comércio de alimentos.
gredientes trazidos durante o período colonial, como C será possível diminuir a área ocupada pela agricultura
inhame, café, coco, quiabo, gengibre e melancia. tradicional.
E da crença nos deuses africanos, os Orixás, cujo objetivo D tornará mais barato os produtos agrícolas dos países
era substituir os santos da igreja católica desde o perío- mais ricos.
do colonial, num processo denominado sincretismo. E valorizará os produtos agrícolas dos países em desen-
volvimento.
QUESTÃO 86
QUESTÃO 88
O movimento operário ofereceu uma nova resposta ao grito
do homem miserável no princípio do século XIX. A resposta
foi a consciência de classe e ambição de classe. Os pobres O tema da liberdade foi abordado ao longo da História
então se organizavam em uma classe específica, a classe por inúmeros filósofos. Aristóteles, Santo Agostinho, São
operária, diferente da classe dos patrões (ou capitalistas). Tomás de Aquino, Kant e Nietzsche foram alguns deles.
A Revolução Francesa lhes deu confiança; a Revolução In- Para Nietzsche, alimentamos uma falsa sensação de von-
dustrial trouxe a necessidade da mobilização permanente. tade autônoma, pois, ao fazermos nossas escolhas por
HOBSBAWM, E. J. A era das revoluções. meio da razão, nos guiamos por padrões e valores previa-
São Paulo: Paz e Terra, 1977. mente estipulados. Já Kant constrói sua Crítica da Razão
Prática assumindo a liberdade como um fato e condicio-
No texto, analisa-se o impacto das Revoluções Francesa nando-a ao uso autônomo da razão.
e Industrial para a organização da classe operária. En-
quanto a "confiança" dada pela Revolução Francesa era Em relação à liberdade, os fundamentos de Nietzsche e
originária do significado da vitória revolucionária sobre as Kant
classes dominantes, a “necessidade da mobilização per- A assumem que o Ser Humano é ontologicamente livre.
manente”, trazida pela Revolução Industrial, decorria da B assumem que a adoção da opinião social em si mesma
compreensão de que como norma de ação moral é um erro.
A a competitividade do trabalho industrial exigia um per- C atribuem valorações semelhantes ao papel da razão
manente esforço de qualificação para o enfrentamento na caracterização da liberdade.
do desemprego. D descartam a possibilidade de uma vontade autônoma
B a completa transformação da economia capitalista se- como característica da liberdade.
ria fundamental para a emancipação dos operários. E assumem que o Ser Humano é deontologicamente livre.

29 CH - 1º dia
QUESTÃO 89 A Mercosul (Mercado Comum do Sul); APEC (Coopera-
ção Econômica Ásia-Pacífico); Sapta (Acordo Comer-
cial Preferencial do Sul da Ásia).
B UNASUL (União das Nações Sul-Americanas); Ecowas
(Comunidade Econômica dos Estados da África Oci-
dental); Asean (Associação das Nações do Sudeste
Asiático).
C Mercosul (Mercado Comum do Sul); SADC (Comuni-
dade de Desenvolvimento da África Austral); Asean
(Associação das Nações do Sudeste Asiático).
D Comunidade Andina; União Africana; APEC (Coopera-
ção Econômica Ásia-Pacífico).
E Mercosul (Mercado Comum do Sul); Ecowas (Comuni-
dade Econômica dos Estados da África Ocidental);
APEC (Cooperação Econômica Ásia-Pacífico).

DAVID, J. L - Napoleão cruzando os Alpes. Óleos sobre


tela. 271 cm x 232 c. Museu de Versalhes, Paris, 1801.

A pintura Napoleão cruzando os Alpes, do artista francês


Jacques Louis-David, produzia em 1801, contempla as
características de um estilo que
A utiliza técnicas e suportes artísticos inovadores.
B reflete a percepção da população sobre a realidade.
C caricaturiza episódios marcantes da história europeia.
D idealiza eventos históricos pela ótica de grupos domi-
nantes.
E compõe obras com base na visão crítica de artistas
consagrados.

QUESTÃO 90

Observe a figura abaixo.

Os blocos regionais, assinalados numericamente de 1 a 3


no mapa, são, respectivamente,

30 CH - 1º dia
enem2020
Transcreva a sua Redação para a Folha de Redação.

O
8

H
9

N O
10

U Ã
11

C Ç
12

S A
13

A D
14

R RE
15

16

17

A
18

D
19

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30

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