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MINISTERIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA - MEC

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ – UFPI


CAMPUS UNIVERSITÁRIO PROFESSORA CINOBELINA ELVAS
CURSO DE GRADUAÇÃO EM MEDICINA VETERINÁRIA
COORDENAÇÃO DE ESTÁGIO DO CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA -
CECMV

PROJETO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO


OBRIGATÓRIO I (ESO I)

Estudo comparativo da termorregulação de ovinos das raças Santa Inês e


Morada Nova no Colégio Técnico de Bom Jesus (CTBJ)

ORIENTADO: MADERSON RATSBONE SILVA


ORIENTADOR: Dr. ALÉCIO MATOS PEREIRA

Bom Jesus, Julho de 2014


Maderson Ratsbone Silva

Estudo comparativo da termorregulação de ovinos das raças Santa Inês e Morada Nova
no Colégio Técnico de Bom Jesus (CTBJ)

Relatório de estágio supervisionado obrigatório


I (ESO I) apresentada ao curso de medicina
veterinária do Campus Professora Cinobelina
Elvas, como requisito parcial para obtenção do
título de Médico Veterinário, orientado pelo
Prof. Dr. Alécio Matos Pereira.

Bom Jesus, Julho de 2014


PROJETO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO
OBRIGATÓRIO I (ESO I)

MADERSON RATSBONE SILVA

Aprovado em: ____/____/_____

BANCA EXAMINADORA

Professor Doutor Alécio Matos Pereira


CPCE/UFPI, Medicina Veterinária
Orientador

Professor Dr° Katiene


Professor do curso de...

Professor MSc.
Professor do curso de...
Dedico este trabalho a todos aqueles que contribuíram de forma direta
ou indireta para conclusão do mesmo.

Agradecimentos

Agradeço primeiramente ao meu orientador Prof. Dr. Alécio Matos


Pereira, pelo incentivo as atividades não só a mim, como a muitos
estudantes desestimulados do nosso curso, que com palavras mostra o
caminho a seguir e ajuda pra que as pessoas sigam em frente, sempre
com excelentes palavras e gestos.

Ao meu amigo Edicarlos Santos Sousa acadêmico do curso de


Medicina Veterinária que vem me acompanhando a muitos períodos e
me ajudou na coleta dos dados. E aos rapazes que trabalham no
aprisco cuidando do manejo dos animais que também ajudaram nessa
fase.

Agradeço também a professora Katiene pelo auxilio na parte da


estatística dos dados coletados para que fossem interpretados e
explicados da melhor forma possível.
"O analfabeto do século XXI não será aquele
que não sabe ler e escrever, mas aquele que
não consegue aprender, desaprender e
aprendernovamente"
Alvin Tofler

RESUMO
O presente trabalho teve como objetivo a avaliação da termorregulação
comparativa entre ovinos machos das raças Santa Inês e Morada Nova, visando
avaliar a adaptabilidade dos mesmos as condições climáticas de Bom Jesus-PI
durante o mês de Maio, e determinar a variação de térmicas entre ambas as
raças, com a avaliação de parâmetros tanto fisiológicos quanto de ambiente onde
esses animais se encontravam. Os parâmetros fisiológicos avaliados foram:
Frequência respiratória (FR), frequência cardíaca (FC) e temperatura retal (TR).
Com o uso do bulbo negro avaliamos a temperatura de bulbo negro (TBN) e
com o termo-higrômetro foi aferida a temperatura de bulbo úmido (TBU),
temperatura de bulbo seco (TBS) e umidade relativa do ar (URA). Foram
analisados 8 animais, sendo 4 Moradas Nova e 4 Santa Inês. Esses dados foram
colhidos durante o mês de Maio de 2014, e o horário das coletas eram das 6 às 7
da manhã e de 13 as 14 horas do recorrente mês e ano, onde os animais se
encontravam à sombra e com alimento e água em abundância. Apesar de o mês
não ser um dos períodos mais quentes da região de Bom jesus, Piauí no vale do
Gurguéia. Em muitos dos dados analisados não houveram variações evidentes
entre os parâmetros.

Palavras-chave: adaptabilidade, ambiente, ovinos, termorregulação


SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.................................................................................................11
CAPITULO I.....................................................................................................13
REVISÃO DE LITERATURA.........................................................................13
MATERIAS E METODOS..............................................................................18
RESULTADOS E DISCUSSÕES....................................................................20
CONCLUSÕES ................................................................................................24
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................25
INTRODUÇÃO 11

INTRODUÇÃO

O desempenho na produtividade animal é dependente principalmente da


capacidade do animal em manter a temperatura corporal, no qual utilizam vários
mecanismos para manter a homeotermia, como a vasodilatação periférica
(CHIMINEAU, 1993). Segundo Habeeb et al. (1992), o redirecionamento do
fluxo sanguíneo para a superfície corporal, pela vasodilatação, aumenta a
temperatura da superfície do animal facilitando a dissipação de calor por
mecanismos não evaporativos (condução, convecção e radiação). No entanto, a
eficiência desses mecanismos depende do gradiente térmico entre o corpo do
animal e o ambiente em questão. Quanto maior o gradiente maior será a
dissipação de calor.

Os ovinos assim como todos os animais dispõem-se de um sistema


termodinâmico, que necessitam de continua troca de energia com o ambiente,
onde, neste processo, os fatores externos do ambiente tendem a produzir
variações internas no animal, influindo na quantidade de energia trocada entre
ambos os fatores, havendo então a necessidade de ajustes fisiológicos para a
ocorrência do balanço de calor nestes indivíduos.

O Brasil é um país de dimensões continentais, com grande variação de


climas, que já enfrenta os efeitos das mudanças climáticas. As projeções de
cenários futuros mostram que o país experimentará impactos de forma
diferenciada.

A raça Santa Inês é encontrada em todo o Nordeste e estados do Sudeste. É


de grande porte, apresenta boa capacidade de crescimento e boa produção de
leite, o que lhe confere condições para criar bem, porém é possuidora de uma
baixa taxa de partos múltiplos (Barros et al,2005). A raça Santa Inês, comparada
12

à raça Morada Nova apresentou média de índices fisiológicos menor, que


demonstra maior resistência às alterações climáticas, no entanto foi observada
uma grande variabilidade dentro da raça Santa Inês (QUESSADA et al, 2001). A
raça Santa Inês foi desenvolvida no nordeste Brasileiro com o cruzamento
intercorrente das raças Bergamácia, Morada Nova, e animais crioulos do
nordeste, mais especificamente na Bahia.

A Morada Nova é a principal raça autóctone de ovinos do Nordeste


Brasileiro. Apresentam pequeno porte, no entanto, são dotados de notória
adaptação às condições climáticas do semiárido, elevada prolificidade e boa
habilidade materna, constituindo-se em importante material genético para os
sistemas de produção de carne ovina em todo Brasil. No entanto, essa resistência
aos climas severos pode ser associada à utilização de mecanismos fisiológicos
capazes de interferir no desempenho dos mesmos.

Esse trabalho teve como objetivo avaliar e comparar as variações


fisiológicas (termorregulatórias) dos ovinos das raças Santa Inês e Morada Nova
do Colégio Técnico de Bom Jesus (CTBJ), bem como, verificar se há ou não
alterações nos parâmetros fisiológicos, devido aos horários de coletas de dados
nos animais e observar se há estresse por parte dos mesmo nos horários que
formam colhidas as amostras.
13

CAPITULO I
REVISÃO DE LITERATURA

O efetivo de ovinos em 2010 foi de 17,3 milhões de cabeças, crescimento


de 3,4% frente as 16,8 milhões de cabeças de 2009. Em 2009, a região Nordeste
deteve o maior número de cabeças ovinas, totalizando 9,85 milhões de cabeças,
crescimento de 3,04% frente a 2009 (IBGE, 2011). Composto em sua vasta
maioria por animais deslanados e semilanados, dos quais os crioulos são os seus
principais representantes, seguidos pelos animais das raças Santa Inês, Morada
Nova e Somalis.

Segundo Sousa e Leite (2000), apesar de as raças ovinas deslanadas


apresentarem excelentes qualidades de adaptação e de reprodução, apresentam
baixos índices de produtividade, especificamente os relacionados à qualidade de
carcaça. Mas, segundo Hopkins et al. (1978), o estresse calórico tem sido
reconhecido como um importante fator limitante da produção ovina nos
trópicos. Entre a alternativa de adequar as condições ambientais aos animais e a
de selecionar animais capazes de produzir satisfatoriamente em ambientes
adversos, essa última parece ser a solução mais prática para o momento.

De acordo com Silva (1999) os animais mais adequados para serem


criados a campo aberto em regiões tropicais devem apresentar pelos curtos, de
cor clara e com uma epiderme bem pigmentada, o que proporcionaria proteção
necessária contra a radiação ultravioleta.

A tolerância ao calor e a adaptabilidade a ambientes tropicais são fatores


muito importantes na criação e produção ovina. O aumento da temperatura
ambiente e, consequentemente, do estresse calórico acarreta aumento da
secreção do hormônio cortisol (STARLING et al., 2005), provocando uma série
14

de efeitos no metabolismo do animal que alteram o seu comportamento e bem-


estar (SILANIKOVE, 2000). Esses fatores provocam prejuízos em relação à
ingestão e digestão de alimentos (DIXON et al., 1999; LOWE et al., 2002) e
alteração da taxa metabólica dos animais (STARLING et al., 2005). Isto pode
afetar negativamente o desempenho (STARLING et al., 2002; NEIVA et al.,
2004) e a função reprodutiva (SILANIKOVE, 2000; MARAI et al., 2007).

A forma insensível de dissipação de calor é regulada pela umidade, ou seja,


quanto maior a umidade mais será comprometido esse mecanismo de dissipação.
Dessa forma, a temperatura do ar e a umidade são consideradas como os
principais elementos climáticos responsáveis pelo incremento calórico à
temperatura corporal dos animais (DOMINGUES, 1968; HARDY, 1981;
HARRIS et al., 1960; SHORODE et al., 1960). Se o animal não conseguir
dissipar calor excedente através dos mecanismos citados, a temperatura retal
aumento acima dos valores fisiológicos normais e desenvolve-se o estresse
calórico, responsável em parte pela baixa produtividade animal nos trópicos.

O desempenho produtivo dos ovinos, como de qualquer outra espécie


doméstica, depende da interação de fatores do meio com patrimônio genético do
indivíduo. É imprescindível o conhecimento da capacidade de adaptação das
espécies e raças exploradas no Brasil, bem como a determinação dos sistemas de
criação e práticas de manejo que permitam a produção pecuária de forma
sustentável, sem prejudicar o bem-estar dos animais (SOUZA, 2007).

Para Bianca e Kunz (1978), a temperatura retal e a frequência respiratória


são consideradas as melhores variáveis fisiológicas para estimar a tolerância de
animais ao calor. Recentemente, Santos et al. (2003), estudando as respostas
fisiológicas de ovinos Santa Inês, Morada Nova e de seus mestiços com a raça
15

Dorper, concluíram que os animais da raça Morada Nova foram os mais


adaptados, enquanto os mestiços Santa Inês x Dorper apresentaram-se como os
menos adaptados.

Os ovinos são animais homeotérmicos endotermos, possuindo um centro


termorregulador no sistema nervoso central. Para os animais homeotérmicos
manterem a temperatura corporal relativamente constante, eles necessitam,
através de variações fisiológicas, comportamentais e metabólicas, produzir calor
(para aumentar a temperatura corporal quando a temperatura diminui) ou perder
calor para o meio (diminuir a temperatura corporal no estresse calórico). O fluxo
de calor ocorre através de processos que dependem da temperatura ambiental
(condução, convecção e radiação) e da umidade (evaporação via transpiração e
respiração). As limitações à produção em áreas tropicais podem ser ocasionadas
pelos quatro principais elementos ambientais potencialmente estressantes:
temperatura do ar, umidade do ar, radiação do sol e velocidade do vento
(BARBOSA e SILVA, 1995).

A interação animal x ambiente deve ser considerada quando se procura


uma maior eficiência na exploração pecuária, pois as diferentes respostas do
animal às peculiaridades de cada região são determinantes no sucesso da
atividade produtiva. Assim, a correta identificação dos fatores que influem na
vida produtiva do animal, como o estresse imposto pelas flutuações estacionais
do meio-ambiente, permite ajustes nas práticas de manejo dos sistemas de
produção, possibilitando dar-lhes sustentabilidade e viabilidade econômica.
Dessa forma, o conhecimento das variáveis climáticas, suas interações com os
animais e as respostas comportamentais, fisiológicas e produtivas, é
preponderante na adequação do sistema de produção aos objetivos da atividade
(NEIVA et al., 2004).
16

A temperatura corporal de animais homeotérmicos é mantida dentro de


limites estreitos por uma série de mecanismos de regulação térmica, os quais
incluem respostas fisiológicas e comportamentais ao ambiente. Entre o animal e
o meio existe uma constante transferência de calor dividida em calor sensível e
calor insensível. A perda de calor sensível envolve trocas diretas de calor com o
ambiente por condução, convecção ou radiação e depende da existência de um
gradiente térmico ente o corpo do animal e o ambiente (HABEEB et al.,1992). A
perda de calor insensível consiste na evaporação da água na superfície da pele
ou através do trato respiratório, usando o calor para mudar a entalpia da água em
evaporação sem modificar sua temperatura (INGRAM; MOUNT, 1975).

Os ovinos possuem um centro termorregulador no sistema nervoso central.


A homeotermia é mantida igualando a quantidade de calor produzida no
metabolismo mais o calor absorvido do ambiente, com o fluxo de calor
dissipado do animal para o ambiente. A hipertermia ocorre quando o fluxo de
calor para o ambiente é menor que a produção de calor metabólico. Cada espécie
animal possui uma faixa de temperatura de conforto, a zona termoneutra,
definida como a faixa de temperatura em que a produção é ótima e o gasto de
energia para termorregulação é mínimo, para a espécie ovina, a zona de conforto
térmico está na faixa de -2 a 20ºc (RUCKEBUSCH et al., 1991.

Quando há uma diferença de temperatura entre o corpo do animal e


ambiente não muito elevada, o excesso de calor corporal é dissipado do corpo
aquecido para o meio mais frio, do contrário o animal tem que utilizar os
mecanismos de perda de calor insensível (SOUZA et al., 2003). Em ambientes
quentes, onde a temperatura do ar tende a ser próxima ou maior que a
temperatura corporal os mecanismos sensíveis de perda de calor: condução,
convecção e radiação tornam-se ineficazes (SILVA, 2000), entrando em ação os
17

mecanismos evaporativos, respiração e sudorese, para que ocorra a regulação


térmica (CENA e MONTEINH, 1975).
18

MATERIAIS E MÉTODOS

O experimento foi desenvolvido no Colégio Técnico de Bom Jesus


(CTBJ), localizado no Centro de Ciências agrárias da Universidade Federal do
Piauí, localizado no município de Bom Jesus, Piauí, durante o mês de Maio de
2014. Foram utilizados 8 ovinos, machos, jovens, sendo quatro da raça Santa
Inês e quatro da raça Morada Nova, clinicamente sadios.

Os parâmetros fisiológicos avaliados foram: frequência respiratória (FR),


frequência cardíaca (FC) e temperatura retal (TR), aferidos, nesta ordem, com os
animais à sombra, nos seguintes horários: 7-8 e 13-14 horas, duas vezes ao dia.
A FR em movimentos por minuto foi mensurada através da observação dos
movimentos do flanco direito do animal, durante um minuto. A FC, em
batimentos por minuto, foi obtida com a utilização de um estetoscópio
posicionado entre o terceiro e quarto espaço intercostal, durante um minuto
(Figura 1). A TR (Figura 2), em °C, foi obtida por meio de termômetro digital
mantido no reto do animal até o disparo do sonorizador.

Figura 1:
Figura 2:
19

Também avaliou-se as variáveis do ambiente, como temperatura de bulbo


negro (TBN), temperatura de bulbo seco (TBS), temperatura de bulbo úmido
(TBU) e umidade relativa do ar (URA) com o auxílio de um termo-higrômetro,
onde, com base nos mesmo foram analisados e comparados com as condições
climáticas no qual os animais se encontram na determinada estação do ano das
coletas.

No período da manhã encontram-se, geralmente, temperaturas amenas,


onde os animais se mantém num conforto térmico notável, e o período da tarde,
outrora mais quente, observamos as condições em que os animais se
encontravam, como possíveis agitações ou não.
20

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Os testes de termorregulação realizados neste experimento consistiram em


avaliar e comparar as condições térmicas em que esses animais se encontram e
quais as principais diferenças em cada raça à sombra. Todos os testes foram
realizados em um único período climático, sendo correspondente ao mês de
Maio. Na tabela 1 e 2 vemos a variação das condições do ambiente pelo turno da
manhã e tarde respectivamente.

A raça Santa Inês, comparada à raça Morada Nova apresentou média de


índices fisiológicos menor, que demonstra maior resistência às alterações
climáticas, no entanto foi observada uma grande variabilidade dentro da raça
Santa Inês (QUESSADA et al, 2001).

Os resultados da temperatura ambiente mostram (Tabela 1 e 2), que em


todos os horários avaliados, a temperatura ambiente esteve acima da zona de
termoneutralidade para ovinos, cuja variação é de -2 a 20ºC (RUCKEBUSCH et
al., 1991), os mesmos resultados corroboram com OLIVEIRA et al (2005),
CEZAR, et al (2004) e ANDRADE et al (2007).

Tabela 1 - Variações térmicas do ambiente durante o turno da manhã

VARIÁVEIS N MÉDIAS± CV MIN MÁX


DESVIO
TBN 80 28,25 ± 1,55 5,46 26,0 33,0
TBS 80 26,38 ± 2,06 7,82 23,0 36,0
TBU 80 23,63 ± 1,08 4,52 22,0 25,5
URA 80 77,07 ± 7,09 9,20 64,0 84,0
21

Tabela 2 - Variações térmicas do ambiente durante o turno da tarde

VARIAVEIS N MÉDIAS ± CV MIN MÁX


DESVIO
TBN 80 34,68± 1,65 4,75 31,0 37,0
TBS 80 33,64±1,86 5,53 24,0 36,0
TBU 80 25,54±0,99 3,90 24,0 27,0
URA 80 48,68±5,14 10,57 41,0 60,0

A frequência respiratória (FR) como mostra na tabela 3 e 4 não teve


interação estatística (P= 0,1499) entre si, mas em raças e turnos tiveram, logo
foram avaliados separadamente. Observou-se interação entre genótipos e turnos.
Na raça Santa Inês (Raça 1) e morada nova (Raça 2) houve interação estatística
(P<0,0001) havendo então diferencial termorregulatório na frequência
respiratória entre as raças em questão analisadas pelo teste de TUKEY (tabela
3). Nos turnos também houveram interação (P<0,0001), logo a frequência
respiratória pelo turno da manhã apresentou uma acentuada diferença em relação
ao turno da tarde (tabela 4) por se tratar de horário de menor stress desses
animais.

Swenson & Reece (1996) reportam que a freqüência respiratória (FR)


média dos ovinos é em torno de 16 a 34 mov/min (movimentos/minuto), valores
esses inferiores às médias obtidas na raça santa Inês, mas, pode observar-se na
tabela 3 que na raça morada nova (raça 2) a frequência respiratória manteve-se
no que é encontrado na literatura.
22

A FR em ruminantes, em ambientes termoneutros oscila entre 24 a 36


mov/min e acima da temperatura crítica superior (40°C) esses valores podem
estar várias vezes aumentados (Silva Sobrinho, 1997; Stober, 1993). Hales &
Brown (1974) reportam que a taxa de respiração basal da espécie ovina é cerca
de 25 a 30 mov/min (movimentos/minuto), podendo subir, segundo Terrill &
Slee (1991), a 300 mov/min em ovinos estressados.

Tabela 3 - Interação da frequência respiratória entre as raças santa Inês e morada nova.

RAÇA FR P
1 41,42 A < 0,0001
2 33,22 B

Tabela 4 - Interação da frequência respiratória pelos turnos analisados.

TURNO FR P
MANHÃ 33,92 A < 0,0001
TARDE 40,72 B

Na frequência cardíaca nenhum dos fatores deu significativo (Tabelas 5 e


6), nem para Raça (P=0,2253), para Turno (P= 0,3442), e nem em Raça x Turno
(P=0,3442).

Tabela 5 - Interação de frequência cardíaca entre as raças.

RAÇA FC P
1 102,06 A 0,2253
2 105,65 A
23

Tabela 6 - Interação de frequência cardíaca nos turnos analisados.

TURNO FC P
MANHÃ 105,25 A 0,3442
TARDE 102,42 A

A avaliação da temperatura retal (TR) permitiu observar que houve


interação entre genótipo e turno (Tabela 7). Tendo o morada nova diferido
estatisticamente (P<0,05) no turno da manhã apresentando maior TR (38,21°C).
À tarde, o Santa Inês também apresentou maior TR (38,66 °C). O genótipo
Morada Nova, no turno da tarde, apresentou menor TR (38,63°C) diferindo
estatisticamente (P<0,05). Embora possa haver diferença significativa entre
genótipos, entre turnos e dentro de cada turno, todos os animais mantiveram a
temperatura retal na média, mantendo a homeotermia, de acordo com Swenson
& Reece (1996).

Tabela 7 - Avaliação de temperatura retal, interação ambiente x raça.

RAÇA 1 RAÇA 2
MANHÃ 37,84 Aa 38,21 Ab
TARDE 38,66 Ba 38,63 Ba
24

Conclusões

Sabendo-se que a temperatura retal é um dos parâmetros mais seguros


na avaliação de níveis de temperatura, comprovou-se que a raça
morada nova é mais adaptada à temperatura de Bom Jesus. Após
análise dos dados referentes a pesquisa realizada no Colégio Técnico
de Bom Jesus (CTBJ) concluiu-se que há diferença termorregulatória
entre ovinos, machos, santa Inês e morada nova, tendo como maior
diferencial térmico a temperatura retal dos indivíduos perante as
condições climáticas da região de Bom Jesus no vale do Gurguéia.
25

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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