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FUNDAÇÕES

ENGENHARIA CIVIL
FUNDAÇÕES SUPERFICIAIS
CAPACIDADE DE CARGA
INTRODUÇÃO

Imagine-se uma sapata


caracterizada pela dimensão B,
assente na superfície do
terreno, submetida a uma
carga Q crescente a partir de
zero. Serão medidos os
valores de Q e os
deslocamentos verticais (ou
recalques) w
correspondentes.
INTRODUÇÃO

 Para pequenos valores de carga, os recalques lhes serão,


aproximadamente proporcionais. É a chamada fase elástica.
 Os recalques se estabilizam com o tempo, ou seja, a velocidade de deformação
diminui e tende a zero. Nessa fase, os recalques são reversíveis.
INTRODUÇÃO

 Em uma segunda fase, surgem deslocamentos plásticos. O estado


plástico aparece, inicialmente, junto às bordas da fundação. Crescendo o
carregamento, cresce a zona plástica.
 Essa fase é caracterizada por recalques irreversíveis.
 Para cargas maiores que um determinado valor crítico, ocorre um processo de
recalque continuado. A velocidade de recalque não diminui mesmo para carga
constante; ela assume um valor também constante. A resistência ao cisalhamento
do solo é, em certas regiões, totalmente mobilizada.
INTRODUÇÃO

 Em uma terceira fase, a velocidade de recalque cresce continuamente até


que ocorre a ruptura do solo.
 Para o carregamento correspondente, atingiu-se o limite de resistência da
fundação, ou seja, sua capacidade de carga.
1 MECANISMOS DE RUPTURA
1.1 MECANISMOS EM FUNÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS DO SOLO

Tipos de ruptura:
(a) Generalizada
(b) Localizada
(c) Por puncionamento
(d) Condições em que ocorrem,
em areias (VESIC, 1963)
1.1 MECANISMOS EM FUNÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS DO SOLO

a) Ruptura generalizada
A ruptura ocorre bruscamente após uma curta transição. É
caracterizada pela existência bem definida de uma
superfície de ruptura que vai desde uma cunha triangular
situada abaixo da fundação até a superfície do terreno.
Em geral há o tombamento da estrutura (o movimento se
dá em um único lado da fundação).
Ocorre em solos mais rígidos, como areias compactas e
muito compactas e argilas rijas e duras.
Vídeo: Ruptura Generalizada de Solos Arenosos
https://www.youtube.com/watch?v=ICxtS0avhws
1.1 MECANISMOS EM FUNÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS DO SOLO

b) Ruptura localizada
A ruptura localizada caracteriza-se por um modelo bem definido
apenas imediatamente abaixo da fundação. Este modelo consiste de
uma cunha e de superfícies de deslizamento que se iniciam junto às
bordas da fundação, como no caso da ruptura generalizada.
Entretanto, a compressão vertical sob a fundação é significativa, e as
superfícies de deslizamento terminam dentro do maciço, sem atingir a
superfície do terreno. Somente depois de um deslocamento vertical
apreciável as superfícies de deslizamento poderão tocar a superfície
do terreno.
Mesmo então, não haverá um colapso ou um tombamento catastrófico
da fundação, que permanecerá embutida no terreno, mobilizando a
resistência das camadas mais profundas.
Ocorre em solos mais deformáveis, como areias fofas e argilas médias
e moles.
1.1 MECANISMOS EM FUNÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS DO SOLO

c) Ruptura por puncionamento


É caracterizada por um mecanismo de difícil observação.
À medida que a carga cresce, o movimento vertical da
fundação é acompanhado pela compressão do solo
imediatamente abaixo.
A penetração da fundação é possibilitada pelo
cisalhamento vertical em torno do perímetro da
fundação. O solo fora da área carregada praticamente
não participa do processo.
1.1 MECANISMOS EM FUNÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS DO SOLO

 O tipo de ruptura: depende da compressibilidade do solo e da


profundidade (tipo de solo + posição da fundação).
 O objetivo de se considerar o efeito da rigidez do solo é determinar
uma carga de ruptura de caráter prático, definida por uma penetração da
fundação no solo, que caracteriza o processo de ruptura deste.
1.2 MECANISMOS EM FUNÇÃO DA EXCENTRICIDADE E DA
INCLINAÇÃO DA CARGA
2 CAPACIDADE DE CARGA
PARA CARREGAMENTOS VERTICAIS E CENTRADOS, EXCÊNTRICOS E GERAIS
2.1 TEORIA DE TERZAGHI

 Karl Terzaghi foi pioneiro no desenvolvimento de uma teoria de


capacidade de carga de um sistema sapata-solo. O autor considera três
hipóteses básicas:
1. Trata-se de uma sapata corrida (L>>>>>B), simplificando o problema
para um caso bidimensional.
2. A profundidade de embutimento da sapata é inferior à largura da
sapata (D≤B), o que permite desprezar a resistência ao cisalhamento
da camada de solo situada acima da cota de apoio da sapata e, assim
substituir essa camada de espessura h por uma sobrecarga q=h.
3. O maciço de solo sob a base da sapata é rígido (pouco deformável),
caracterizando o caso de ruptura geral.
2.1 TEORIA DE TERZAGHI

 Se o solo apresenta ruptura geral, a tensão de ruptura do mesmo (R)


pode ser obtida por:
1
𝜎𝑅 = 𝑐 ∙ 𝑁𝑐 ∙ 𝑆𝑐 + ∙ 𝛾 ∙ 𝐵𝑁𝛾 𝑆𝛾 + 𝑞 ∙ 𝑁𝑞 ∙ 𝑆𝑞
2
em que c é a coesão do solo; , o peso específico do solo onde se apoia
a fundação; B, a menor largura da sapata; q, a pressão efetiva do solo na
cota de apoio da fundação; Nc, N e Nq, os fatores de carga (função de
ângulo de atrito interno ); e Sc, S e Sq, os fatores de forma.
2.1 TEORIA DE TERZAGHI
2.1 TEORIA DE TERZAGHI

 Os valores dos fatores de carga apresentados no gráfico anterior são obtidos pelas
expressões:
𝑁𝑐 = cot 𝜙 𝑒 𝜋 tan 𝜙 ∙ tan2 (45° + 𝜙Τ2) − 1
𝑁𝑞 = 𝑒 𝜋 tan 𝜙 ∙ tan2 (45° + 𝜙Τ2)
4𝐸𝑝
𝑁𝛾 = cos(𝛼 − 𝜙)
𝛾𝐵2
 - ângulo de atrito interno
Ep - empuxo passivo
 - ângulo do encunhamento do solo abaixo da sapata
2.1 TEORIA DE TERZAGHI

 Os fatores de forma são dados na tabela a seguir.


2.1 TEORIA DE TERZAGHI

 Para solos com ruptura localizada, usa-se a fórmula anterior adotando


os fatores N’ no lugar dos fatores N e usando 2/3 da coesão do solo.
 Conhecido o valor de 𝜎𝑅 , a tensão admissível 𝜎𝑆 será dada por:
𝜎𝑅
𝜎𝑆 =
𝐹𝑆
2.1 TEORIA DE TERZAGHI
2.1 TEORIA DE TERZAGHI

 Quando não se dispõem de ensaios de laboratórios em que constem c e , podem-se em primeira


aproximação, estimar esses valores por meio de tabelas.
 O valor de  também podem ser determinado a partir do ensaio SPT.
2.2 PROPOSIÇÃO DE VESIC

 Para solos mais rígidos, passíveis de ruptura geral, Vesic (1975) propõe
duas substituições nos fatores da equação geral de capacidade de carga
de Terzaghi:
 Que seja usado N de Caquot e Kérisel (1953), cujos valores são aproximados
pela expressão:
𝑁𝛾 ≅ 2 𝑁𝑞 + 1 tan 𝜙
Com essa expressão e as expressões de Nq e Nc de Terzaghi,Vesic calcula os valores
dos fatores de capacidade de carga em função de . [Tabela]
2.2 PROPOSIÇÃO DE VESIC

Fatores de capacidade de carga (Vesic, 1975)


𝝋° 𝑵𝑪 𝑵𝒒 𝑵𝜸 𝑵𝒒 Τ𝑵𝑪 𝐭𝐚𝐧 𝝋 𝝋° 𝑵𝑪 𝑵𝒒 𝑵𝜸 𝑵𝒒 Τ𝑵𝑪 𝐭𝐚𝐧 𝝋
0 5,14 1,00 0,00 0,20 0,00 11 8,80 2,71 1,44 0,31 0,19
1 5,38 1,09 0,07 0,20 0,02 12 9,28 2,97 1,69 0,32 0,21
2 5,63 1,20 0,15 0,21 0,03 0,33
13 9,81 3,26 1,97 0,23
3 5,90 1,31 0,24 0,22 0,05
14 10,37 3,59 2,29 0,35 0,25
4 6,19 1,43 0,34 0,23 0,07
15 10,98 3,94 2,65 0,36 0,27
5 6,49 1,57 0,45 0,24 0,09
16 11,63 4,34 3,06 0,37 0,29
6 6,81 1,72 0,57 0,25 0,11
17 12,34 4,77 3,53 0,39 0,31
7 7,16 1,88 0,71 0,26 0,12
0,27 18 13,10 5,26 4,07 0,40 0,32
8 7,53 2,06 0,86 0,14
9 7,92 2,25 1,03 0,28 0,16 19 13,93 5,80 4,68 0,42 0,34
10 8,35 2,47 1,22 0,30 0,18 20 14,83 6,40 5,39 0,43 0,36
2.2 PROPOSIÇÃO DE VESIC

Fatores de capacidade de carga (Vesic, 1975)


𝝋° 𝑵𝑪 𝑵𝒒 𝑵𝜸 𝑵𝒒 Τ𝑵𝑪 𝐭𝐚𝐧 𝝋 𝝋° 𝑵𝑪 𝑵𝒒 𝑵𝜸 𝑵𝒒 Τ𝑵𝑪 𝐭𝐚𝐧 𝝋
21 15,82 7,07 6,20 0,45 0,38 31 32,67 20,63 25,99 0,63 0,60
22 16,88 7,82 7,13 0,46 0,40 32 35,49 23,18 30,22 0,65 0,62
23 18,05 8,66 8,20 0,48 0,42 33 38,64 26,09 35,19 0,68 0,65
24 19,32 9,60 9,44 0,50 0,45 34 42,16 29,44 41,06 0,70 0,67
25 20,72 10,66 10,88 0,51 0,47 35 46,12 33,30 48,03 0,72 0,70
26 22,25 11,85 12,54 0,53 0,49 36 50,59 37,75 56,31 0,75 0,73
27 23,94 13,20 14,47 0,55 0,51 37 55,63 42,92 66,19 0,77 0,75
28 25,80 14,72 16,72 0,57 0,53 38 61,35 48,93 78,03 0,80 0,78
29 27,86 16,44 19,34 0,59 0,55 39 67,87 55,96 92,25 0,82 0,81
30 30,14 18,40 22,40 0,61 0,58 40 75,31 64,20 109,41 0,85 0,84
2.2 PROPOSIÇÃO DE VESIC

Fatores de capacidade de carga (Vesic, 1975)


𝝋° 𝑵𝑪 𝑵𝒒 𝑵𝜸 𝑵𝒒 Τ𝑵𝑪 𝐭𝐚𝐧 𝝋 𝝋° 𝑵𝑪 𝑵𝒒 𝑵𝜸 𝑵𝒒 Τ𝑵𝑪 𝐭𝐚𝐧 𝝋
41 83,86 73,90 130,22 0,88 0,87 46 152,10 158,51 330,35 1,04 1,04
42 93,71 85,38 155,55 0,91 0,90 47 173,64 187,21 403,67 1,08 1,07
43 105,11 99,02 186,54 0,94 0,93 48 199,26 222,31 496,01 1,12 1,11
44 118,37 115,31 224,64 0,97 0,97 49 229,93 265,51 613,16 1,15 1,15
45 133,88 134,88 271,76 1,01 1,00 50 266,89 319,07 762,89 1,20 1,19
2.2 PROPOSIÇÃO DE VESIC

 Como segunda substituição,Vesic prefere os fatores de forma de De Beer (1967),


os quais dependem não só da geometria da sapata, mas também do ângulo de
atrito interno do solo.
Fatores de forma (De Beer, 1967, apud Vesic, 1975)
SAPATA Sc Sq S
Corrida 1,00 1,00 1,00
Retangular 1+(B/L)(Nq/Nc) 1+(B/L)tan 1- 0,4(B/L)
Circular ou quadrada 1+(Nq/Nc) 1+tan 0,60
2.2 PROPOSIÇÃO DE VESIC

 Para tratar do problema da capacidade de carga no caso de solos compressíveis, em que a


ruptura não é do tipo geral, Vesic apresenta um método que consiste na introdução de
fatores de compressibilidade nas três parcelas da equação geral de capacidade de carga para
a ruptura geral.
 Primeiramente, Vesic (1975) calcula o Índice de Rigidez do solo (Ir) em função de
parâmetros de resistência e compressibilidade, e o Índice de Rigidez Crítico (Ir,crit) em função
do ângulo de atrito do solo e da geometria da sapata. Depois, faz-se a comparação entre
esses dois índices: sempre que ocorrer Ir < Ir,crit, a capacidade de carga deve ser reduzida
através dos fatores de compressibilidade, todos adimensionais menores que a unidade.
 A vantagem desse método é considerar toda a gama de compressibilidade dos solos. Todavia,
o fato de empregar fórmulas complexas parece ter inibido o seu uso corrente no cálculo de
capacidade de carga.
2.3 MÉTODO DE SKEMPTON

 No caso específico de argilas saturadas na condição não drenada (=0),


temos Nq =1 e N =0, o que simplifica a equação de capacidade de carga de
Terzaghi para:
𝜎𝑟 = 𝑐𝑁𝑐 𝑆𝑐 + 𝑞
 Nessa condição, Skempton (1951) estabelece que o fator de forma Sc é dado por:
𝑆𝑐 = 1 + 0,2(𝐵Τ𝐿)
 e que o fator de capacidade de carga Nc é função de h/B, o embutimento relativo
da sapata no solo. [Gráfico]
2.3 MÉTODO DE SKEMPTON
2.4 MÉTODO DE MEYERHOF

 Meyerhof, em seu método, considera que a superfície de ruptura se


prolonga na camada superficial do terreno e que, portanto, há contribuição
não só da sobrecarga do terreno como também da resistência ao
cisalhamento do solo nessa camada.
 Para o caso de carga vertical excêntrica, Meyerhof (1953) propõe que as
dimensões reais da base da sapata (B,L) sejam substituídas, nos cálculos de
capacidade de carga, por valores fictícios (B’, L’) dados pelas expressões:
𝐵′ = 𝐵 ∙ 𝑒𝐵 e 𝐿′ = 𝐿 − 2𝑒𝐿
2.4 MÉTODO DE MEYERHOF

 Essa simplificação, a favor da segurança,


significa considerar uma área efetiva de
apoio (A’= B’ L’), cujo centro de
gravidade coincide com o ponto de
aplicação de carga.
2.5 MÉTODO DE HANSEN

 Hansen (1961) fez importante contribuição ao cálculo da capacidade de carga das


fundações submetidas a um carregamento qualquer.
 Para o caso de uma carga excêntrica, utilizou o conceito de área efetiva da fundação.
 Para levar em conta a forma da fundação, sua profundidade e a inclinação da carga,
introduziu os fatores de forma, de profundidade e de inclinação da carga,
respectivamente.
 Em trabalho posterior (Hansen, 1970), introduziu os fatores de inclinação do terreno
e de inclinação da base da fundação. Com isso, chegou à fórmula geral:
𝑄𝑢𝑙𝑡 1
𝜎𝑅 = = 𝑐𝑁𝑐 𝑆𝑐 𝑑𝑐 𝑖𝑐 𝑏𝑐 𝑔𝑐 + 𝛾𝐵′𝑁𝛾 𝑆𝛾 𝑑𝛾 𝑖𝛾 𝑏𝛾 𝑔𝛾 + 𝑞𝑁𝑞 𝑆𝑞 𝑑𝑞 𝑖𝑞 𝑏𝑞 𝑔𝑞
𝐴′ 2
2.5 MÉTODO DE HANSEN

Onde:
 Sc, Sq, S - fatores de forma
 dc, dq, d - fatores de profundidade
 ic, iq, i - fatores de inclinação da carga
 bc, bq, b - fatores de inclinação da base da fundação
 gc, gq, g - fatores de inclinação do terreno
 A’ – área efetiva da fundação
2.5 MÉTODO DE HANSEN

 Esta expressão fornece a tensão de ruptura (r) que atua na área mais fortemente
carregada da fundação, A’, chamada área efetiva.
 O conceito da área efetiva, introduzido por Meyerhof (1953), caracteriza uma área da
sapata na qual as tensões (compressivas) mais elevadas podem ser supostas
uniformes.
 Para os fatores de capacidade de carga, são fornecidas as expressões:
𝑁𝑐 = (𝑁𝑞 − 1) cot 𝜙
𝑁𝑞 = 𝑒 𝜋tan𝜙 ∙ tan2 (45° + 𝜙Τ2)
𝑁𝛾 = 1,5 𝑁𝑞 − 1 tan𝜙
2.6 PROVA DE CARGA EM PLACA

 Este ensaio procura reproduzir o


comportamento da solicitação de uma
fundação. Uma placa rígida com 80 cm de
diâmetro é apoiada na mesma cota de
projeto da base das sapatas. Esta é
carregada por meio de um macaco
hidráulico que reage contra uma caixa
carregada ou contra um sistema de
tirantes.
2.6 PROVA DE CARGA EM PLACA

 Com base no valor da pressão aplicada (lida no


manômetro acoplado ao macaco hidráulico) e o
recalque medido no deflectômetro, é possível traçar
a curva pressão x recalque.
3 SOLO ESTRATIFICADO
CONDIÇÕES DE HETEROGENEIDADE
3 SOLO ESTRATIFICADO

 Não é raro que o maciço de solo se apresente estratificado em


camadas distintas. Para tratar dessa condição, vamos revisar o
conceito de bulbo de tensões, o que exige lembrarmos um
pouco de propagações de tensões.
3.1 BULBO DE TENSÕES

 Para um cálculo simplificado, prático e


aproximado, podemos admitir que a
propagação de tensões ocorre
mediante um inclinação 2:1 (aprox. 27°
com a vertical).
 A parcela ∆𝜎 de tensão propagada à
distância z é aproximadamente:
𝜎𝐵𝐿
∆𝜎 ≅
(𝐵 + 𝑧)(𝐿 + 𝑧)
3.1 BULBO DE TENSÕES

 Assim, à profundidade z=2B abaixo de uma sapata quadrada de lado B, a parcela propagada
∆𝜎 da tensão 𝜎 aplicada pela base da sapata é dada por:
𝜎𝐵2 𝜎
∆𝜎 = = ≅ 10%𝜎
(𝐵 + 2𝐵)² 9
 o que justifica a utilização de z= 2B como profundidade do bulbo de tensões, pois na
Mecânica dos Solos essa profundidade é definida justamente como a que corresponde à
propagação de 10% de .
 Para efeitos práticos em fundações, podemos considerar:
 Sapata circular ou quadrada (L= B): z= 2B
 Sapata retangular (L= 2 a 4B): z= 3B
 Sapata corrida (L 5B): z= 4B
3.1 BULBO DE TENSÕES

 Portanto, para adotar os parâmetros c,  e  do maciço de solo situado


sob a base da sapata, devemos considerar apenas a espessura atingida
pelo bulbo de tensões.
 Se for uma camada do mesmo solo, mas com alguma variação nesses
parâmetros, pode-se usar valores médios de cada um dentro do bulbo
de tensões, assim como a média dos valores de NSPT, se for o caso.
3.2 DUAS CAMADAS

 Subjacente à camada superficial


em que está embutida a sapata,
consideremos uma segunda
camada com características de
resistência e compressibilidade
diferentes da outra, ambas
atingidas pelo bulbo de tensões.
3.2 DUAS CAMADAS
3.2 DUAS CAMADAS

 Procedimento prático:
 Primeiramente, determinamos a capacidade de carga, considerando apenas a
primeira camada (r1) e, depois, a capacidade de carga para uma sapata fictícia
apoiada no topo da segunda camada (r2).
 Ao compararmos os dois valores, se tivermos
𝜎𝑟1 ≤ 𝜎𝑟2 → 𝑜𝑘!
significa que a parte inferior da superfície de ruptura se desenvolve em solo mais
resistente e, então, poderemos adotar, a favor da segurança, que a capacidade do
sistema (r) é r= r1.
3.2 DUAS CAMADAS

 No caso da segunda camada


ser menos resistente,
adotamos uma solução prática
aproximada, que consiste,
inicialmente, em obter a média
ponderada dos dois valores,
dentro do bulbo de tensões:
𝑎𝜎𝑟1 + 𝑏𝜎𝑟2
𝜎𝑟1,2 =
𝑎+𝑏
3.2 DUAS CAMADAS

 Em seguida, verificamos se não haveria antes a ruptura da segunda


camada, na iminência de a sapata aplicar esse valor de tensão. Para
isso calculamos a parcela propagada dessa tensão até o topo da
segunda camada () e, depois, comparamos  com r2.
3.2 DUAS CAMADAS

 Assim, se tivermos
𝜎𝑟1,2 𝐵𝐿
∆𝜎 ≅ ≤ 𝜎𝑟2 → 𝑜𝑘!
𝐵+𝑧 𝐿+𝑧
então a capacidade de carga do sistema (r) será a própria
capacidade de carga média no bulbo: r= r1,2.
3.2 DUAS CAMADAS

 Caso a verificação não for satisfeita ( > r2), será necessário
reduzir o valor da capacidade de carga média, de modo que o
valor propagado  não ultrapasse r2. Para isso, basta utilizar
uma regra de três simples, pela qual a capacidade de carga do
sistema (r) resulta em:
𝜎𝑟2
𝜎𝑟 = 𝜎𝑟1,2 ∙
∆𝜎
4 INFLUÊNCIA DO LENÇOL DE ÁGUA
NA CAPACIDADE DE CARGA DOS SOLOS
4 INFLUÊNCIA DO LENÇOL DE ÁGUA

1
𝜎𝑅 = 𝑐 ∙ 𝑁𝑐 ∙ 𝑆𝑐 + ∙ 𝛾 ∙ 𝐵𝑁𝛾 𝑆𝛾 + 𝑞 ∙ 𝑁𝑞 ∙ 𝑆𝑞
2
A água altera o peso específico do solo. Pela expressão de Terzaghi pode-se
perceber que ao mudar-se , dois termos sofrerão influência:
1
 ∙ 𝛾 ∙ 𝐵𝑁𝛾 𝑆𝛾
2

 𝑞 ∙ 𝑁𝑞 ∙ 𝑆𝑞 (sendo q = 𝛾 ∙ 𝐷)
4 INFLUÊNCIA DO LENÇOL DE ÁGUA
4 INFLUÊNCIA DO LENÇOL DE ÁGUA

 O procedimento no caso 1 (Figura a), deve ser: termo em q, calcular com 𝑞 =


𝛾𝑛𝑎𝑡 𝑎 + 𝛾 ′ 𝐷 − 𝑎 ; usar 𝛾 ′ no termo em . Sendo 𝛾 ′ o peso específico submerso e
𝛾𝑛𝑎𝑡 é o peso específico para o solo acima do lençol d’água.
 Um procedimento simples para o caso 2 (Figura b): termo em q, calcular com 𝛾𝑛𝑎𝑡 ;
termo em , calcular com
𝑎 ′
𝛾 = 𝛾 ′ + (𝛾𝑛𝑎𝑡 − 𝛾 ′ )
𝐵
 Como o peso específico do solo submerso é da ordem de metade do seu valor
quando acima do lençol d’água, a submersão do solo de fundação reduz
apreciavelmente a sua capacidade de carga. Assim, o cálculo da capacidade de carga
deve ser feito para a posição mais elevada do lençol d’água.
5 SOLOS COLAPSÍVEIS
5 SOLOS COLAPSÍVEIS

 Para solos de elevada porosidade, não saturados, deve ser analisada a possibilidade de
colapso por encharcamento, pois estes solos são potencialmente colapsíveis. Em
princípio devem ser evitadas fundações superficiais apoiadas nesse tipo de solo.
 Os solos colapsíveis, em condições de baixa umidade, apresentam uma espécie de
resistência aparente, graças a pressão de sucção que se desenvolve nos seus vazios.
Por isso, quanto mais seco o solo colapsível, maior a sucção e, implicitamente, maior
a capacidade de carga da fundação.
 Em contraposição, quanto mais úmido, menor a sucção e, em consequência, menor
capacidade de carga até o extremo de solo inundado, em que a capacidade de carga
atinge seu valor mínimo.
5 SOLOS COLAPSÍVEIS

 Assim, fundações diretas assentadas em solos colapsíveis podem se comportar


satisfatoriamente por algum tempo, mas bruscamente sofrer recalque adicional de
considerável magnitude, em virtude de chuvas intensas, vazamentos de tubulações
enterradas etc, provocando trincas e fissuras acentuadas (CINTRA, 1998).
 areias fofas, argilas moles, siltes fofos ou moles, aterros

INVESTIGAR A
COLAPSIVIDADE!!!
6 PARÂMETROS DOS SOLOS
VALORES APROXIMADOS PARA CÁLCULO
6.1 COESÃO

 Teixeira e Godoy (1998)


𝐶 = 10 ∙ 𝑁𝑆𝑃𝑇 (𝑘𝑃𝑎)
6.2 ÂNGULO DE ATRITO

 Godoy (1983)
𝜙 = 28° + 0,4 𝑁𝑆𝑃𝑇

 Teixeira (1996)
𝜙= 20𝑁𝑆𝑃𝑇 + 15°
6.3 PESO ESPECÍFICO – SOLOS ARGILOSOS

NSPT Consistência Peso específico (kN/m³)


≤2 Muito mole 13
3–5 Mole 15
6 – 10 Média 17
11 – 19 Rija 19
 20 Dura 21
6.3 PESO ESPECÍFICO – SOLOS ARENOSOS

Peso específico (kN/m³)


NSPT Compacidade
Areia seca Úmida Saturada
<5 Fofa
16 18 19
5–8 Pouco compacta
Medianamente
9 – 18 17 18 20
compacta
19 – 40 Compacta
18 20 21
> 40 Muito compacta
6.4 MODO DE RUPTURA EM SOLO C-
PRÓXIMO PASSO
CAPACIDADE DE CARGA DE FUNDAÇÕES RASAS

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