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CAPÍTULO I
ASPECTOS INTRODUTÓRIOS

1. Introdução
A aplicação da planificação permite identificar, desde o início do processo, as lacunas de
informação e, eventualmente, preenchê-las. Ela contribui para testar a viabilidade das políticas
de desenvolvimento do sector, fornecendo elementos objectivos de apreciação das opções
possíveis e, facilitando, assim, as decisões sobre as políticas e estratégias educativas. Permite,
ainda, avaliar melhor os custos e fornecer a informação macroeconómica e financeira que
confere ao plano nacional de acção a credibilidade exigida.

No contexto macroeconómico de um país e das suas possibilidades de financiamento, a


planificação permite formular políticas educativas coerentes, de acordo com a hierarquização das
principais linhas estratégicas e das acções prioritárias. A planificação fornece aos decisores
políticos osmeios de determinar o quadro orçamental do sector e oslimites sob sectoriais, a fim
de assegurar um desenvolvimento harmonioso do sistema. Esta intenção é financeiramente
expressa por decisões chave, visando a repartição de recursos entre os subsectores e/ou dentro do
mesmo subsector.Se bem que as possibilidades oferecidas por um modelo de planificação sejam
numerosas, não se pode deixar de referir os seus limites. Qualquer que seja a quantidade e a
qualidade dos parâmetros utilizados, a planificação é, antes de mais, uma previsão virtual. Ela
fornece indicações quantificadas sobre a provável evolução de um sistema num dado período,
mas não permite atender a todos os parâmetros internos e externos que agem sobre o
desenvolvimento da Educação e, ainda menos, a todas as incertezas socioeconómicas.

As práticas de planificação no distrito de Mecula ainda deixam muito a desejar, encontramos em


vários sectores, planificadores colocados sem nenhuma formação/ capacitação ligada a
planificação. A planificação das várias actividades feitas por esses funcionários muitas das vezes
é feita sem ter em conta aos vários critérios e princípios de planificação que devem ser
observados. Assim sendo, encontramos algumas escolas bem construídas com material
convencional mas que no entanto estão abandonadas, ou seja em pleno ano lectivo sem alunos e
nem professores.
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Tendo em conta aos princípios, critérios e regras que se devem ter durante o processo de
planificação, procuramos saber se existe uma ligação entre o abandono de tais escolas e a
possível má planificação dos tais edifícios naquele local. A presente monografia, intitulada
“Implicações da inobservância dos critérios básicos de planificação, caso específico dos edifícios
escolares, teve lugar na província de Niassa, concretamente no Distrito de Mecula, nos períodos
compreendidos entre 2016/20”.
Sendo a planificação da educação,
“Um instrumento que permite traduzir osobjectivos políticos, em termos quantitativos, para
facilitar a tomada de decisões no sector da Educação. Ela permite também fornecer as
informações mais úteis relativas aprovável evolução das necessidades financeiras e das despesas
resultantes do desenvolvimento do sistema educativo”Oliveira, (1996, p.21)

Portanto, esta, é, responsável pelo sucesso do sistema educativo em qualquer parte do mundo, ou
seja, uma boa planificação, permite que o sector da educação possa fazer uma óptima previsão
dos edifícios escolares, da população estudantil e dos recursos a ter em conta nos anos
subsequentes.

Para melhor compreensão do trabalho, este está estruturado em 4 capítulos, onde, no primeiro
tratam-se dos Aspectos Introdutórios do trabalho, no segundo é a parte reservada a
Fundamentação Teórica, onde fazemos menção de alguns conceitos ligados ao tema, no terceiro
é a parte da Metodologia de Trabalho e, por fim, encontramos o quarto e último capítulo que se
reserva a Análise e Interpretação dos Dados colhidos no terreno, conclusão sugestões e a
respectiva bibliografia.

Para elaboração do trabalho, o autor baseou-se em consultas bibliográficas feitas a partir de


livros existentes na praça, técnicas de colecta de dados como entrevista, questionário e
inquéritos, bem como em consultas feitas na internet.
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1.2. Problematização
As infra-estruturas escolares do distrito de Mecula não estão a acompanhar o crescente número
de alunos que todos os anos ingressam para o ensino, obrigando à superlotação das salas de aula,
demonstrando assim que as infra-estruturas sejam um dos factores da problemática referida e
como resultado disso, oferecer a educação que não seja de boa qualidade.

A planificação e a tomada de decisão no sentido mais abrangente possível, são vitais para o
ensino e interagem com todas as funções executivas. Portanto pode-se afirmar que a planificação
não é somente uma necessidade mas acima de tudo um imperativo que se impõe a todo o
autêntico planificador.Como é evidente quando se fala na planificação afloram se várias
questões, nomeadamente “o que se pretende planificar, o que se deve ter em conta quando se
planifica, o que se faz quando se planifica ou o que pode influenciar a planificação.

Deste modo, ela constitui um pilar decisivo do sucesso educativo visto que baseia na reflexão e
antecipação da acção de todo o processo educativo. A importância da planificação pode ser
apreciada através da grande variedade de actividades educacionais que são afectadas pelos
planos e decisões micros.

O que se tem assistido na província do Niassa, concretamente no distrito de Mecula é um cenário


diferente daquele que seria o normal. Existem escolas em varias localidades que foram
construídas com material convencional, no entanto encontram-se abandonas e já começam a
degradar-se. Em contrapartida, na vila sede do distrito tem escolas que não possuem condições
condignas para ocorrência do processo de ensino e aprendizagem. É partindo dessas questões que
nos propomos em investigar o que esta por detrás desse cenário e como podemos ajudar a
ultrapassar.
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Os pressupostos acima nos fizeram questionar:


 Que implicações têm a inobservância dos critérios básicos de planificação, caso dos
edifícios escolares no Distrito de Mecula, 2016/20?

1.3. Justificativa
Um ambiente escolar com infra-estruturas adequadas, limpas, pintadas e organizadas faz o aluno
se sentir acolhido, disposto a usufruir o que o espaço oferece e empenhado em aprender mais,
contribuindo na melhoria dos resultados educativos.

Segundo Stáyroe Soares (2007), argumentam que:


“as instalações adequadas podem também melhorar o desempenho dos alunos por outra vertente
as infra-estruturas organizadas e preservadas geram no aluno auto-estima, orgulho e consideração
e resultando no bom aproveitamento pedagógico” (p.19).

Todo espaço que cerca o estudante tem de ser atractivo e passar alguma informação. Por isso é
importante que os jovens gostem de ficar na escola, se sintam à vontade e não queiram ir embora
o mais rápido possível tudo por conta das infra-estruturas existente.Dessa forma justifica-se o
tema escolhido, também pela relevância do assunto na área de planificação e gestão educacional
nas vertes Académica, Social e Pessoal.

O estudo se demostra ser relevante no âmbito académico pois, serve de suporte nas áreas
relacionadas com Planificação de Educação bem como em Carta Escolar e Micro-Planificaçãoda
Educação. Ainda é importante na academia porque a realização deste trabalho vai ajudar
aprofundar os conhecimentos sobre o tema em questão e aumentar o nível de competência
académica nesta área.Com relação a relevância social, este estudo tem como principal finalidade
conhecer quais são implicações da inobservância dos pressupostos básicos da planificação e
como isso afecta no desenvolvimento do sistema educativo nacional.

Como um estudante e profissional do Sector de Educação, o tema é de capital importância pois,


retrata uma realidade que acontece com as instituições as públicas, tornando uma relação entre os
conhecimentos adquiridos com o facto. Para tal, entende-se que promover uma educação de
qualidade passa necessariamente em garantir um ambiente em condições para que a
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aprendizagem possa ocorrer de forma satisfatória, e para isso é importante proporcionar um


ambiente físico e infra-estruturas escolares, que estimulem e viabilize o aprendizado.

1.4. Objectivos do estudo


1.4.1. Objectivo Geral
 Compreender que implicações têm a inobservância dos critérios básicos de planificação
na construção dos edifícios escolares;

1.4.2. Objectivos específicos


 Identificar os factores que estão por detrás da inobservância dos pressupostos básicos da
planificação dos edifícios escolares;
 Descrever os critérios usados no processo de planificação dos edifícios escolares, à nível
distrital;
 Propor medidas estratégicas que permitam melhorar tal fenómeno que ocorre na
província e, principalmente, no distrito de Mecula.

1.5. Hipótese do estudo


Face aos objectivos e ao problema lançado, são levantadas como hipóteses:

 A inobservância dos critérios básicos de planificação da educação, pode ser a causa


principal da má planificação dos edifícios escolares naquele distrito;
 O fraco domínio dos procedimentos básicos de planificação por parte dos planificadores
da educação, faz com que não se observem os critérios básicos sobre o processo de
planificação dos edifíciosescolares no distrito de Mecula;
 A melhoria de todo o processo de planificação depende da capacitação e/ou formação dos
planificadores em matéria de planificação da educação em colaboração com a
comunidade (processo participativo),
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CAPITULO II - FUNDAMENTAÇÃO TEORICA

Este capítulo é reservado ao levantamento de


estudos empíricos que retractam sobre o
assunto em debate neste trabalho, bem como
analisar alguns pressupostos sobre a
planificação que servirão de guia no quarto
capítulo.
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2. Contextualização
As origens da planificação da Educação são muito antigas. Sem recorrer a Platão, que no seu
livro a República, propôs um sistema de educação ligado aos objectivos políticos, pode-se dizer
que a preparação anual dos orçamentos representa uma forma rudimentar de planificação
Zabalza (1992).
Contudo, os métodos mais refinados surgiram no primeiro Plano Quinquenal Soviético
(1928/1932), onde apareciam as previsões das necessidades em especialistas. Na sua concepção
de uma planificação integral do crescimento, a ex-União Soviética procurou ligar o
desenvolvimento da educação ao desenvolvimento da economia, sem se abstrair dos factores
sociais e políticosArtinez, (1981). Assim, procurou erradicar o analfabetismo, elevar o nível
geral de escolarização da população através da extensão progressiva da escolaridade obrigatória,
enquanto a expansão do ensino superior e técnico profissional foram determinados pela procura
do pessoal qualificado.

Outrossim, os países de economia do mercado, após a 2ª Guerra Mundial, se expandiram a ideia


de planificação que passou do domínio económico ao sistema de ensino. As necessidades de
reconstrução e modernização, a preocupação de evitar o retorno das grandes crises, aplicação das
técnicas modernas que exigem investimentos consideráveis, o alargamento dos espaços
económicos, deram ao Estado uma responsabilidade maior ao desenvolvimento económico
nacional que se traduziu através de estabelecimento de planos a médio e longo prazoArtinez,
(1981). Portanto, neste contexto a exploração escolar esteve na origem da Planificação da
Educação.

No caso concreto de Moçambique, a FRELIMO 1, divulgou em 1980 o PPI 2 que apresentou-se


como um plano de ajuste da situação económica e de modernização da sociedade. Este plano,
definia metas e idealizava grandes projectos económicos pela indústria pesada que acelerasse a
socialização do campo, criaria bases para eliminação do subdesenvolvimento.

1
Frente de Libertação de Moçambique,
2
Plano Prospectivo Indicativo
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O SNE3 em resposta ao PPI devia planificar na criação de condições para a formação de uma
rede escolar mais adequada e eficaz, garantindo-se desta forma a efectivação da escolaridade
obrigatória, estratégia fundamental para erradicação do analfabetismo, para a formação de
técnicos básicos e médios, necessários para os projectos agro-industriais, e para elevar a
formação dos trabalhadores dos sectores considerados prioritários da economia nacional.

2.1. Revisão bibliográfica


Planificação é o processo de prever e organizar antecipadamente uma determinada acção
destinada a atingir os objectivos previstos, considerando as limitações dos recursos
existentesSanchéz, (2000).
Economicamente, planificação é “uma actividade inerente ao funcionamento das economias de
direcção central. Tal planificação permite, nomeadamente, prever o volume e a estrutura das
necessidades sociais e determinam quantidades de recursos materiais, humanos e financeiros
necessários para as satisfazer, obedecendo sempre ao seguinte princípio: minimizar os gastos,
maximizar os resultados no interesse da colectividade. Oliveira (1996, p.24)

Segundo a ideia acima, podemos perceber que no contexto económico, planificar consiste em pôr
actividade produtiva ao serviço de toda colectividade. A planificação deve conduzir a
correspondência em cada momento, a actividade produtiva às necessidades sociais aferidas.

Planificar é um trabalho fundamental em qualquer área, pois, permite unir uma determinada
teoria pedagógica com a prática. É o que possibilita pensar de maneira coerente a sequência de
aprendizagem que se quer lograr com os estudantes. É organizar com antecedência tudo que
orienta a acção futura para assegurar o objectivo.
“Educação, compreende a formação de convicção, atitudes, hábitos e forma de comportamento. É
uma instituição social-chave que se acredita poder fazer uma diferença significativa na forma
como as sociedades funcionam e os indivíduos se comportam”. (Lemmar, 2006, p.52).

Uma vez definidos os conceitos de planificação e educação, é necessário também termos a


definição do que possa ser uma etapa em geral e, por fim, falarmos das etapas no contexto
educativo que é o nosso propósito neste trabalho.

Etapa é definida como sendo a fase de um trabalho ou de uma marcha que se executa sem parar.

3
Sistema Nacional de Educação
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Outrossim, nem sempre há clareza sobre a planificação do trabalho pedagógico. O que se tem
são apenas algumas chaves que orientam a compreensão sobre em que consiste a planificação e
qual é a sua respectiva importância.

Contudo, muitas vezes não se compreende o significado de planificar antes de levar a cabo as
tarefas, porque se tem de se assumir esta tarefa como uma estratégia com a qual há que cumprir
frente à direcção ou à unidade técnica-pedagógica.

Assim, Barbosa etall (1996) afirmam que a planificação se transforma numa mais bem mecânica,
que não coincide em todo o desenrolar das actividades na prática. Entretanto, a chave está em
compreender a planificação como um “modelo prévio”, em lugar de entendê-la como uma
imposição. A planificação é o que se quer fazer em teoria, em que o resultado na prática é muitas
vezes diferente. Porém, não obter resultados desejados não significa que a planificação seja
pouco adequada, senão, há que modificar os aspectos nele segundo o contexto em que se
enquadra.

A planificação da educação é simultaneamente, uma profissão e uma área de estudos e de


trabalhos de pesquisa universitários que posteriormente tornam-se uma disciplina mais
complexa, mais subtil e presta-se a controvérsias.Vários planos educativos são apenas hipóteses.
Falar de hipóteses é falar de opções de escolha de políticas educativas, expressas sob a forma de
metas e parâmetros de fluxo, num dado horizonte temporal.

“Apesar das controvérsias existentes, está comummente aceite a necessidade dos planificadores
estabelecerem os seus planos com base num diagnóstico detalhado, claro e pertinente do sistema
educativo”. (Modulo I Planificação, s/d, p.67).Para os planificadores educacionais, o termo
“diagnóstico” significa determinar o modo de funcionamento de um sistema educativo e a
maneira em que não parece ter atingido os objectivos que tinham sido fixados.

2.2. Objectivos da planificação


Não se pode pensar que há que planificar somente no princípio do ano sem precisar de revisar o
planificado.
“A importância de planificar radica da necessidade de organizar, de maneira coerente o que se
quer atingir com os planificadores. Isto implica tomar decisões prévias à prática sobre o que vai
se aprender, para quê e como atingir da melhor maneira tais objectivos”. (Oliveira, 2005, p.65)
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“Através deste pensamento lógico, é relevante determinar os conteúdos conceptuais,


procedimentos e atitudes que se abordarão, em que quantidade e com que profundidade (o quê)”.

Também há que pensar na finalidade do que estamos fazendo, os alunos devem reconhecer
algum tipo de motivação frente à nova aprendizagem (o “para quê”). Finalmente, deve-se
considerar também a forma mais adequada para trabalhar com os alunos, pensando em
actividades que poderão converter o conhecimento em algo abrangente e interessante para um
grupo, dentro de um determinado contexto (o “como”)Oliveira, (2005). É desta forma que se
recomenda modificar as planificações em cada ano, de acordo com os grupos com que se
trabalhará.

De acordo com Oliveira, (2005, p. 76), a planificação como sendo um processo de previsão e
organização antecipada de acções destinadas a atingir os objectivos previamente traçados, tem
como objectivos os seguintes:
 Determinar previamente as metas a atingir;
 Determinar as acções que conduzem à essas necessidades;
 Determinar onde se realizam essas acções;
 Determinar o tempo de realização de cada uma delas;
 Determinar o método para realizá-las;
 Determinar as pessoas responsáveis pelas mesmas;
 Definir o plano e as políticas a delimitar;
 Determinar em linhas gerais os métodos para obter a planificação;
 Facilitar a realização da planificação.

2.3. Algumas regras a ter em conta durante a planificação


Segundo o Modulo I Planificação, (s/d, p. 67), para uma melhor planificação e o alcance dos
objectivos previamente definidos, deve-se ter em conta os seguintes aspectos:

a. A fixação de políticas – é uma condição indispensável e anterior a preparação efectiva do


plano;
b. O plano deve propor realizações concretas, destemidas mas não impossíveis;
c. O plano deve, claramente identificar a responsabilidade individual e colectiva;
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d. O plano é universal, portanto, não pode ser monopólio duma unidade orgânica dum
indivíduo. É muito importante a participação colectiva, especialmente, a daqueles que
terão que executar o planificado. Exemplos no contexto Moçambique.

2.4. Princípios da planificação


“A planificação no contexto escolar funciona efectivamente como um meio de intervenção
socioeducativa”. Sanchéz(1987)apudBraga (1994, p. 40)

“A boa efectivação da planificação é sujeita a uma gama de princípios que orientam a mesma,
dentre vários destacam-se os seguintes”:

i. Continuidade e sequência – o passado deve ser uma escola de aprendizagem, dai que a
comunidade deve, em princípio, ser orientadora da dinâmica, da coerência e da unidade
de todos elementos de intervenção social para saber cada momento, onde estamos, de
onde vimos, mediante um feeadback avaliador e criativo;
ii. Univocidade/ reversibilidade – para que uma planificação resulte eficaz, é necessário que
o desenho dos seus objectivos esteja elaborado/proposto com precisão, univocidade e
coerência em relação ao significado global da terminologia. A ambiguidade engendra
confusão, resulta equívoca e com frequência a actuações discrepantes. Todas as
actividades podem trocar-se por outras ou inclusivamente suprir-se;
iii. Flexibilidade – a planificação, tanto na sua elaboração como na sua aplicação, deve
permitir uma permanente revisão para que a sua eficácia seja melhorada (processo
sistemático). Admite a impossibilidade real de controlar todos os elementos de distorção
que podem ocorrer em qualquer programa de intervenção social;
iv. Variedade/diversidade – a planificação deve ser original e criativa ao longo do seu
desenvolvimento e diversificada na sua execução; necessita estar aberta a novas
estratégias, a novas experiências e a inovações que ajudem a execução dos objectivos
sociais/educativos propostos;
v. Compreensibilidade semântica – a terminologia deve ser clara e não oferecer dúvidas na
hora da sua aplicação (inteligibilidade);
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vi. Realismo – o diagnóstico prévio deve estar solidamente apoiado ou fundamentado na


realidade social/educativa que desejamos mudar; irá pressupor uma coerência interna
entre todos elementos da planificação e uma possibilidade de aplicação real (possível);
vii. Participação – a prática da planificação potência o desenvolvimento da solidariedade e do
pluralismo ideológico, permite um conhecimento mais profundo da realidade, propõe
directrizes para a mudança social e contribui para educação cívica.

2.5. Etapas da planificação de educação


No entender de Machado (1991) o processo de planificação, como sendo um meio de orientar o
desenvolvimento em função dos objectivos e definir os métodos de execução e das actividades a
serem realizadas, assim como os recursos disponíveis para a realização prática, ela vai,
necessariamente, compreender as seguintes etapas/fases:

2.5.1.Diagnóstico
2.5.1.1. Identificação dos dados de base/pré-planificação
A primeira fase de planificação consiste na identificação de dados de base relativos ao sector de
educação e ao contexto macroeconómico. Tais dados de base relativos ao sector de educação e
ao contexto macroeconómico correspondem:
 População em idade escolar;
 O acesso a planificação na educação;
 O pessoal docente e não docente;
 A orientação pedagógica;
 Os espaços educativos;
 A situação do desenvolvimento económico;
 As despesas nacionais com a educação.

Nem sempre os dados de base são encontrados na educação, há que considerar outros sectores
governamentais. Todavia, estes não são suficientemente necessários e não apresentam detalhes
inerentes à planificação educacional. Porém, a sua importância é fundamental para a construção
do modelo de planificação e a verificação da sua fiabilidade no momento de elaboração de um
plano de desenvolvimento da educação é esquecida, Machado (1991).
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No caso dos educadores, os dados quantitativos constituem informações indispensáveis para que
a construção do modelo de plano tenha credibilidade ao público e seja relevante aos políticos
decisivos. Há que referir que, neste contexto, não é fácil a acessibilidade e interpretação destes
dados. Portanto, Machado (1991) refere que, quanto maior for a qualidade dos dados do ano mais
recente, maior será o grau de refinamento e fiabilidade, isto é, no caso de haver uma informação
indispensável a uma correcta planificação ou revelar pouco credível, serão necessárias novas
pesquisas, onde os planificadores responsáveis por este processo deverão fazer uma lista de
verificações (checklist) da informação anterior para poder detectar a informação em falta, de
modo a manter a essencial.

2.5.1.2. Dados demográficos


Os dados demográficos, em particular os da população em idade escolar a projectar, devem estar
disponíveis aos planificadores em exercício. A nível educacional estes dados estão disponíveis
em forma de informação agregada.Esta agregação é feita tendo em conta os grupos etários, e,
suficientemente detalhados para satisfazer as necessidades dos planificadores da
educação.Quanto mais recente e detalhado forem os dados, mais fiáveis serão as
projecçõesRadietall (2003, p. 24). Desta maneira, o planificador responsável para a planificação
deve fazer a recolha dos dados mais recentes e mais fiáveis, junto aos serviços responsáveis pelas
estatísticas da população.
No caso dos países que enfrentaram períodos de guerra ou movimentos da população
significativa, nota-se a inexistência de dados ou insuficiência de fiabilidade dos mesmos, as
autoridades educativas deverão organizar com os serviços responsáveis no recenseamento da
população, pelo menos um inquérito sobre a população em idade escolar, com o objectivo de
obter dados demográficos relativamente exaustivos e fiáveis. (Machado, 1991).

Sem estes dados, não será possível desenvolver um tipo de planificação com qualidade e com
validade.

2.4.1.3. Enquadramento macroeconómico e financeiro


“No sector da educação, o enquadramento macroeconómico 4 consiste principalmente, em
analisar a previsível evolução dos indicadores macroeconómicos capazes de influir no seu
desenvolvimento”. (Radiatall 2003, p. 25).

Dos indicadores macroeconómicos existentes, os mais frequentes e mais indispensáveis são:


4
Dados brutos e valores iniciais dos parâmetros no ano de base
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 O produto Interno Bruto (PIB) ou Produto Nacional Bruto (PNB) de acordo com o país;
 A proporção das despesas correntes da educação em relação ao PIB e o Orçamento do
Estado (dos anos mais recentes e como previsão para os próximos anos);
 As taxas médias de crescimento anual do PIB e do Orçamento do Estado e;
 A proporção possível das despesas da educação em relação ao Orçamento do Estado.

Tendo em conta o nível de preocupações na apreciação de problemas dentro do sector da


educação, outros indicadores como: indicadores socioculturais, específicos de condições
nacionais ou regiões, deverão ser tomados em conta, analisados e integrados na elaboração da
planificação, PECC (2006-2010/2011).

2.4.1.4. Dados sobre o fluxo de alunos


De princípio, a planificação pressupõe existência de um sistema de gestão e informação da
educação, sendo este último fornecedor de dados de base, com os quais se fazem as projecções.
Os estudos temáticos ou através de análises sobre o funcionamento global do sistema educativo
permitem a planificação, em particular de ordem quantitativo, (Matangue, s/d).

Dados indispensáveis à planificação são os do ano de base (ou as taxas médias observadas nos
últimos anos escolares) sobre o fluxo de alunos, a saber:
 Taxas de admissão no primeiro ano do ensino primário;
 Taxas de promoção;
 Taxas de repetência e desistência;
 Taxas de transição;
 Taxas de graduação de diferentes ciclos educativos.

São estes dados que serão projectados, com vista ao desenvolvimento do sistema educativo, de
acordo com os objectivos definidos durante as diversas consultas nacionais.

2.5.1.5. Opção pedagógica


“A planificação da educação acontece num contexto definido pela política educativa do país e
incluem as opções pedagógicas bem como as formas das organizações e gestão dos serviços
educativos. Estas orientações pedagógicas dizem respeito a regulação de fluxo de alunos
(promoção automática ou selecção através de provas eliminatórias, etc), às cargas horárias, à
utilização do pessoal da educação, à gestão das salas de aulas e aos currículos escolares”.
(Chiavenato, 2003, p. 122).

Portanto, as informações sobre opções políticas em matéria de educação são identificadas e/ou
refinadas na base do diagnóstico no sector da educação, isto é, no momento de análise do sistema
24

educativo. Esta fase procede a concepção do modelo de planificação, devendo permitir a


disposição de todas as informações de conjuntos de parâmetros necessários. No caso de não
existência dessas informações, no momento da elaboração é necessário proceder a uma
investigação suplementar para as obter Machado (1991). Portanto, certos dados, relativas as
orientações pedagógicas podem ser obtidos graças aos estudos temáticos mais profundos, por
exemplo: os factores que influenciam a escolarização e o desempenho escolar, permitem regular
a eficiência interna do sistema, permitem a construção de diferentes cenários de desenvolvimento
do sector da educação.

Um dos aspectos, várias vezes esquecidos na concepção de um modelo de planificação, é a


recolha e o tratamento de dados, as projecções económicas e financeiras. Torna-se conveniente
que o planificador tenha estes dados macroeconómicos junto dos departamentos responsáveis
pela planificação e desenvolvimento económico, a fim de prever o potencial financeiro nacional
para a educação Barbosa etall (1996).

Concluindo, podemos dizer que o diagnóstico do sistema educativo deve ser associado a outras
actividades e etapas e um processo de planificação da educação, em termos de sincronização e de
periodicidade. Um diagnóstico não pode ser uma actividade de pesquisa aprofundada, com um
ritmo próprio. Contudo, há vezes pressões exercidas sobre os planificadores, de forma a fazer um
trabalho de diagnóstico às presas. Nessas circunstâncias, os doadores não podem esperar por
mais tempo.Um diagnóstico de um sistema educativo, deve ser um tema de comunicação e
debate o vasto quanto possível.

2.5.2. Definição dos objectivos específicos


Após a recolha e organização da informação de base por meio de análise, a fase seguinte consiste
em traçar as metas, objectivos e opções que podem influenciar o desenvolvimento educacional, de
modo a traduzi-los em hipóteses ou parâmetros. (Chiavenato, 2003, p.65).

Embora o planificador contribua para a definição das metas e objectivos políticos, estes não
dependem a prior dele. Esta é uma competência dos decisores políticos que definem as metas
educativas de acordo com o processo em curso, num contexto nacional. A formulação da política
em matéria de educação inscreve-se num processo.
25

“Este processo, parte da análise da situação actual e que se desenrola e completa-se através do
diagnóstico político”. Radie Cuenin(2001, p. 64).

A etapa da definição da política pode ser, do ponto de vista cronológico, subdividida em duas
partes: a fase de predefinição e a de adopção.
 Fase da predefinição de políticas educativas – é a fase em que os decisores políticos têm a
atenção com os principais responsáveis que definem as linhas de orientação geral para o
desenvolvimento da educação;
 Os objectivos quantitativos mais frequentes utilizados são as taxas de escolarização, fluxo
e admissão, as taxas de enquadramento, como por exemplo; de proporção
aluno/professor, a taxa de utilização dos espaços educativos, a proporção do orçamento
de educação relativamente ao Orçamento do Estado.

Em suma, todas as variáveis independentes que têm impacto no funcionamento e


desenvolvimento da educação. Estes parâmetros que podem ser designados hipóteses da política
educativa em geral estão disseminados em documentos de políticas, textos legislativos,
princípios orientadores do sector e planos do desenvolvimento económico e social.Após a
organização e agrupamento por categorias, as metas/objectivos são classificados em variáveis de
decisão (independentes) e variáveis de resultados (dependentes). Algumas serão utilizadas como
indicadores que permitem, no decurso da implementação, assegurar o acompanhamento da
evolução anual do sistema educativo.

2.5.3. Captação da informação


Esta fase corresponde a compilação de todos os elementos que permitirão, posteriormente, tomar
decisõesMachado (1991). Deve-se fazer a captação de informações consideradas sempre a
eliminação de subjectivismo nelas (informações objectivas e exactas).

2.5.4. Selecção de alternativas


Muitas vezes existem várias alternativas para atingir o objectivo definido. Será, então, necessário
escolher uma delas para execução do mesmo, ou fazer uma selecção prévia para enviar um
número reduzido ao nível superior que fará a selecção.
26

2.5.5. Elaboração do plano


Neste ponto materializa-se o que será guia de acção para o futuro. O plano contém as decisões
tomadas, as políticas gerais, os planos auxiliares que garantem o plano central, as
responsabilidades, as metas, os pontos de flexibilidade, os pontos de controlo e os métodos que
garantem uma execução adequada.

2.5.6. Execução do plano


Começa com a execução de projectos individuais nalguns ou em todas as regiões geográficas do
país. Nesta etapa, o processo de planificação funde-se com o de gestão, significando desta
maneira que os projectos estão sujeitos a aceitação e execução do aparelho administrativo. O
planificador tem de assumir responsabilidades consideradas fundamentais entre as quais a
avaliação e a melhoria do potencial de acção do sistema administrativo e até ainda o
estabelecimento de mecanismos apropriados de acompanhamento de execução do plano.

2.5.7. Avaliação, revisão e replanificação


Esta etapa consiste em operações contínuas que acompanham a execução do plano. Porém,
depois de feito o plano, faz-se uma avaliação “posterior” do plano que ocasiona a revisão de
algumas estratégias de execução vistas ineficazes ou ao questionamento de alguns objectivos de
plano visto estarem a margem da realidade ou muito ambiciosas ou então pouco
pertinentes.Pode-se concluir aqui que a avaliação no fim do período do plano, que compare os
objectivos previamente fixados e os resultados obtidos, e a etapa de diagnóstico, não há
diferença.

2.6. Importância da Planificação


É importante saber que a qualidade de um bom planificador mede-se só pelos resultados, pois,
um bom planificador não procura desculpar-se, procura soluções.A planificação, dada a sua
relevância no bom empenho de qualquer actividade, tem uma extrema importância no sector
educacionalZabalza (1992). Vejamos algumas considerações neste âmbito:
 Medir e avaliar adequadamente a acção individual e colectiva;
 Integrar os esforços para um objectivo comum;
 Aproveitar o tempo disponível;
27

 Facilitar a eficácia e a eficiência das actividades realizadas no tempo recorde.

2.7. Precauções durante a planificação


Tudo que é uma actividade, a sua eficiência requer que tenhamos certas precauções. Portanto, a
seguir apresentam-se algumas dessas precauções que (Chiavenato, 2003, p.84), define que
devemos ter durante o processo de planificação:
 “Nunca transformar um plano num objectivo por si mesmo (o plano forma uma parte da
gestão e não se pode tratar como um elemento isolado);
 Nunca fazer um plano sem saber a sua unidade que deverá realizá-la;
 Nunca confundir um plano com uma lista de bons desejos. Não vale a pena fazer um
plano sem conhecer, claramente, quais são os objectivos mediatos e imediatos, as tarefas
necessárias para atingi-los e os recursos disponíveis;
 A planificação é um trabalho colectivo, porém, nunca se faz um plano numa assembleia;
 Nunca planificar coisas que não se podem controlar cientificamente. As tarefas devem ser
tão dimensionadas quanto possível, inclusive no seu tempo de execução e sem data de
finalização das mesmas;
 Não basta só planificar, mas é preciso planificar bem”.

2.8. Verificação da qualidade de planificação


Para verificar até que ponto a planificação é de qualidade desejada, o plano deve responder as
seguintes perguntas, Barbosa etall (1996):
1. Como? – ver se há um método para executar a tarefa e se é adequado ou se há outro ainda
melhor;
2. Porque? – uma pergunta feita para saber porquê das tarefas achadas necessárias e com
aqueles objectivos;
3. Quê? - Que tarefas são necessárias para atingir os objectivos;
4. Com quê? – quais os recursos que serão necessários para atingir os objectivos;
5. Onde? – que unidade é responsável para cada actividade e se é aquela unidade adequada;
6. Quando? – foram fixadas datas de início e fim de cada tarefa? E se há tarefas
independentes, estão correctamente relacionadas no tempo?
28

CAPITULO III
METODOLOGIA DE TRABALHO

Este capítulo faz menção aos caminhos que


serão seguidos na recolha de informação para
análise dos dados do último capítulo.
29

3. Enfoque metodológico
A pesquisa tem um caráter exploratório quanto aos objectivos, já que, segundo Sampieri et. al.,
(2006, p.10) “estudos exploratórios são realizados se desejarmos pesquisar sobre alguns temas e
objectos com base em novas perspectivas e ampliar os estudos já existentes”. A opção pela
pesquisa exploratória para este trabalho tem haver com a natureza do tema e por levar em
consideração que estudos sobre o tema “implicações da inobservância dos critérios básicos de
planificação, caso especifico dos edifícios escolares”são pouco explorados a nível nacional.
Assim, segundo Gil (1996, p.45) “estas pesquisas têm como objectivo proporcionar maior
familiaridade com o problema, com vista a torná-lo mais explicito”. Ainda de acordo com o Gil
(1991, p.45) “têm como objectivo principal o aprimoramento de ideias ou a descoberta de
intuições”.

3.1. Tipo de Pesquisa


Do ponto de vista da abordagem do problema, a pesquisa enquadra-se na componente qualitativa
onde é considerado que tudo pode ser quantificável, o que significa traduzir em números as
opiniões e informações para realizar a classificação e a análise, e requer o uso de recursos e de
técnicas estatísticas (Gil, 1991). Contudo, pela natureza do tema que apresentamos que tem haver
com a qualidade de serviços prestados pela empresa tendo em conta aos benefícios sociais, e
porque iremos usar dados estatísticos na fase de análise e interpretação dos dados a pesquisa é
também quantitativa, portanto ela é mista.
Os métodos mistos combinam os métodos predeterminados das pesquisas quantitativas com
métodos emergentes das qualitativas, assim como questões abertas e fechadas, com formas
múltiplas de dados contemplando todas as possibilidades, incluindo análises estatísticas e análises
textuais. Neste caso, os instrumentos de colecta de dados podem ser ampliados com observações
abertas, ou mesmo, os dados censitários podem ser seguidos por entrevistas exploratórias com
maior profundidade. No método misto, o pesquisador baseia a investigação supondo que a colecta
de diversos tipos de dados garanta um entendimento melhor do problema pesquisado, (Creswell,
2007, p.34).

Neste tipo de pesquisa,procura-se identificar os factores que contribuem para a inobservância dos
critérios básicos na planificação dos edifícios escolares na Província de Niassa, caso concreto no
Distrito de Mecula.
30

3.2. Universo e amostra


De acordo com Gil (1991, p.89) o universo é definido como sendo “um conjunto definido de
elementos que possuem determinadas características. Comumente, fala-se de população como
referência ao total de habitantes de determinado lugar”.O universo desta pesquisa é composto
pelos professores das escolas abandonadas e os respectivos alunos, os SDEJT de Mecula e a
Direcção Provincial de Educação de Niassa no sector de Planificação.

3.2.1. Amostra
No que se refere a amostra, Lakatos e Marconi (2001, p.35) afirmam que se trata de “parte da
população que não abrange a totalidade dos componentes do universo, surgindo a necessidade de
investigar uma parte dessa população”.

Neste caso, utilizou-se o método de amostragem, que consiste em obter um juízo sobre o total
(universo) mediante a compilação e exame de apenas uma parte da amostra seleccionada por
procedimentos científicos.

Amostra é portanto escolher uma parte (...) e de tal maneira que ela seja mais representativa
possível de tudo e a partir dos resultados obtidos, relativos a essa parte, pode inferir, mais
legitimamente possível, o resultado da população total,(Ventura apudIvalaetall2007, p. 40)

Para a presente pesquisa, foram usados como amostra 5 professores seleccionados ao acaso, 10
Membros da Comunidade da escola que se encontram na situação acima mencionada, 4 pessoas
pertencentes aos SDEJT de Mecula e 3 pessoas da Direcção Provincial da Educação de Niassa
que trabalham no sector de planificação.
31

3.2.1.1. Quadro de distribuição da amostra


Tabela 1: Quadro de distribuição da amostra
Componentes de amostra Elementos Total de Técnicas de colecta de dados
selecionados cada grupo
Professores Entrevistas semi-estruturadas e
5 5 questionário
Membros da Comunidade Questionário
10 10 Entrevista
SDEJT de Mecula 4 4 Entrevista
Direcção da Educação do Entrevista
Niassa 3 3 Questionário
TOTAL 22 22
Fonte: Autor (2021)

3.3. Técnicas de recolha de dados


Para a realização da pesquisa, foram usadas as seguintes técnicas de recolha de dados:

 Observação, técnica que ajudou o pesquisador a fazer um registo sistemático do que


pretende investigar e também fazer o planeamento sistemático das actividades que
pretende levar a cabo. Porém, o pesquisador usou esta técnica para fazer recolha de
dados, observando as escolas abandonadas, os métodos e/ou técnicas de planificação
usadas pelos planificadores.
 Questionário e Entrevista, técnicas de recolha de dados que ajudaram o pesquisador a
recolher dados sobre a pesquisa directamente dos sujeitos da pesquisa. Para tal, o
questionário será dirigido a Direcção Provincial de Educação no sector de planificação;
ao SDEJT de Mecula, aos professores de algumas escolas abandonadas, aos alunos e
alguns pais encarregados de educação, com o propósito de colher opiniões, sugestões
destes.
32

CAPITULO IV
ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE DADOS
Este capítulo é reservado a análise e
interpretação de dados colhidos a
partir das técnicas levantadas no
capítulo metodológico.
33

4.1. Conceito de planificação


Esta questão foi aplicada para todos elementos que constituíam nossa amostra e obtivemos as
seguintes respostas.

Das 22 pessoas usadas como amostra para nossa pesquisa, somente alguns membros da
comunidade é que demostraram ter dificuldades em definir o que é planificação. Contudo, os
outros, professores, membros da Direcção Provincial de Educação e Desenvolvimento Humano e
os membros dos Serviços Distritais de Educação Juventude e Tecnologia conseguiram definir
bem o que é planificação.

Para estes últimos, a planificação é entendida como sendo o processo de organizar


antecipadamente uma determinada acção destinada a atingir os objectivos previstos nos
programas governamentais.

É um processo de racionalização, organização e coordenação da acção do docente articulando a


actividade escolar e a problemática do contexto socialZabalza (1992). Existem algumas questões
no processo de planificação que devemos procurar as suas respostas.

Como podemos ver, eles têm mínimas noções sobre a planificação, o que de certa forma poderia
ajudar bastante no processo de planificação dos edifícios escolares que é nosso objecto de
estudo. Apesar da população e/ou membros da comunidade não saber definir o que é
planificação, acreditamos nós que se eles fossem explicados e envolvidos no acto de planificação
dos edifícios escolares onde eles são os beneficiários, eles perceberiam o que é e ajudariam
bastante nesse processo.
34

4.2. Formação e/ou capacitação na área de Planificação


Tabela 2: Formação e/ou capacitação dos planificadores

Elementos da amostra

Respostas
Pergunta

Percentagem

Comunidade
Professores
(%)

DPEDH

SDEJT
Tem alguma Sim 2 2 0 0 18.1%
formação ou Não 1 2 5 10 81.9%
capacitação na área Não me recordo 0 0 0 0 0%
de planificação?
Sob Total 3 4 5 10 100%
TOTAL 22 100%
Fonte: Autor, 2021

Vendo a tabela acima e tendo em conta a questão colocada, podemos perceber que somente
18.1% da nossa amostra é que tem uma formação e/ou capacitação em matéria de planificação.
Contudo, 81.9% correspondente a maioria não tem nenhuma formação e/ou capacitação nessa
área de planificação. Assim sendo, podemos a partir de já afirmar que quanto maior for o
entendimento sobre a planificação, melhor será a maneira de planificar. Um outro aspecto que
achamos interessante durante as nossas entrevistas com o nosso grupo alvo, tem a ver com
disparidade entre as políticas educacionais e a realidade que se vive naquele distrito. A
planificação é feita sem ter em conta a vários aspectos da população beneficiária de tais escolas.
Ao se fazer a planificação de construção dos edifícios escolares, os planificadores de educação
não fazem uma auscultação a população beneficiaria e muito menos fazem uma análise dos
dados demográficos da população que vive em tais locais onde pretendem construir essas
escolas. Portanto, concluímos nós que os planificadores não seguem os critérios básicos de
planificação dos edifícios escolares.

4.3. Critérios e/ou princípios usados para planificação dos edifícios escolares
Como forma de perceber melhor se os planificadores ligados a educação seguem alguns critérios
ou princípios básicos da planificação da educação, colocamos a seguinte questão:
35

 Quais são os critérios e/ou princípios que são usados pelos planificadores da educação
no acto de planificação dos edifícios escolares?
Quanto à esta questão, podemos perceber que os planificadores ao elaborarem seus planos para a
construção de escolas naquele distrito não obedecem os critérios básicos de planificação. É de
referir que único guião que eles obedecem é o Programa do Governo e o PES. Portanto, eles não
obedecem os outros critérios que são básicos para uma boa planificação, não só na área de
educação mas também em outras áreas.

“A planificação no contexto escolar funciona efectivamente como um meio de intervenção


socioeducativa e esta deve ter em conta algumas regras e princípios”. Sanchéz(1987)apudBraga
(1994, p. 40)

a. A fixação de políticas – é uma condição indispensável e anterior a preparação efectiva do


plano;
b. O plano deve propor realizações concretas, determinadas mas não impossíveis;
c. O plano deve, claramente identificar a responsabilidade individual e colectiva;
d. O plano é universal, portanto, não pode ser monopólio duma unidade orgânica dum
indivíduo. É muito importante a participação colectiva, especialmente, a daqueles que
terão que executar o planificado.

Fora a essas regras acima destacadas, também deve-se ter em conta a vários princípios com o
destaque seguinte:
Realismo – o diagnóstico prévio deve estar solidamente apoiado ou fundamentado na realidade
social/educativa que desejamos mudar; irá pressupor uma coerência interna entre todos elementos
da planificação e uma possibilidade de aplicação real (possível). Sanchéz (1987) apud Braga
(1994, p. 52)
36

4.4. Participação da comunidade no processo de planificação dos edifícios escolares


Gráfico 1: Participação da comunidade no processo de planificação dos edifícios escolares

Participacao da comunidade no Processo de Planificacao

8
Total de Participantes

7
6
5 SIM
4 NÃO
3 Algumas vezes
2
1
0
DPEDH SDECT Professores Comunidade
Elementos da Amostra

Fonte: Autor, 2021

Reparando a tabela acima, podemos perceber que das 22 pessoas que faziam parte da nossa
amostra, 8 correspondentes a 36.3% responderam que tem havido encontros com a comunidade
antes ou durante o processo de planificação no sentido de fazer uma auscultação. 41%
correspondente a 9 pessoas, disseram que durante o processo de planificação a comunidade
beneficiaria não é envolvida, e 22.7% da amostra disse que em alguns momentos ou seja
algumas vezes há esse envolvimento da comunidade nesse processo.

Segundo as observações obtidas no local e tendo em conta as várias conversas que tivemos com
a comunidade e alguns professores daquele distrito, podemos perceber que durante a planificação
dos edifícios escolares e não só, a presença da comunidade não se faz sentir em grande medida.
Segundo este grupo de entrevistados, dizem que os planificadores ao em vez de fazer uma
auscultação a população no sentido de colher ideias e opiniões a respeito de construção de uma
escola, eles somente aparecem a informação que irão erguer uma escola, sem no entanto ouvir o
que a comunidade pensa a respeito disso.Assim sendo, concluímos nós que os planificadores ao
elaborarem seus planos, não observam os critérios e os princípios básicos de planificação, pois,
eles deveriam em primeiro lugar fazer o estudo demográfico da população (analisar as taxas de
natalidade e de mortalidade, analisar a evolução da população), ainda de referir que deveriam
fazer o estudo geográfico, e deveriam também ter conhecimentos antropológicos da população
37

no sentido de perceberem melhor a cultura da população. O estudo geográfico iria ajudar aos
planificadores a analisarem questões como: se a população é emigrante ou não, se é nómada e
muitos outros aspectos.
O que podemos verificar no terreno de acção e pelas respostas que obtivemos, é que esse estudo
em muitos casos não é feito pelos planificadores da educação, eles somente apegam-se a
questões políticas já traçadas a nível central.

4.5. Satisfação face aos critérios usados na planificação dos edifícios escolares
Gráfico 2: Satisfação face aos critérios usados na planificação dos edifícios escolares.

Satisfacao face aos critérios usados no processo de planificacao

6
5
Total de Amostra

4
3
2
1
0
DPEDH SDECT Professores Comunidade

Fonte: Autor, 2021

Observando a tabela, podemos chegar a uma conclusão bastante unânime em que todos eles
demostram não estar satisfeitos com os critérios de planificação usados na construção dos
edifícios escolares no distrito. Dos 5 professores, somente 1 demostrou estar satisfeito com o
processo de planificação que decorre no distrito. Os quatro restantes demostraram sua total
insatisfação com esse processo alegando que, uma vez que não se faz auscultação as
comunidades, os planificadores acabam colocando escolas bem distantes dos alunos e dos
professores. Assim sendo, mas uma vez os planificadores demostram não ter conhecimentos de
certos critérios de planificação pois a questão de acessibilidade nesse processo joga papel de
estrema importância. Portanto, acreditamos nós que os planificadores não têm noções de carta
escolar e micro planificação da educação.
38

VERIFICAÇÃO E OU REFUTAÇÃO DE HIPÓTESES

Relativamente a primeira e segunda hipótese “A inobservância dos critérios básicos de


planificação da educação, pode ser a causa principal da má planificação dos edifícios escolares
naquele distrito; O fraco conhecimento dos princípios de planificação por parte dos
planificadores da educação, faz com que haja uma má planificação dos edifíciosescolares no
distrito de Mecula”, é de referir que estas hipóteses foram comprovadas, uma vez foi demostrado
na análise e interpretação dos resultados que os planificadores não seguem os princípios e
critérios básicos de planificação dos edifícios escolares e nem sequer tem conhecimentos
aprofundados de planificação.

Relativamente a esta hipótese, “Uma capacitação e/ou formação dos planificadores em matéria
de planificação da educação, melhora todo o processo acima referenciado”, é de salientar que
esta hipótese, de acordo com as conversas que tivemos com o nosso grupo alvo não foi
comprovada por unanimidade uma vez que houve disparidade nas respostas, como ilustra a
tabela 2.
39

CONCLUSÃO

Após colhermos varias opiniões e sensibilidades dos nossos entrevistados relativamente ao tema
do trabalho, concluímos que:

A planificação é um instrumento que permite traduzir osobjectivos políticos, em termos


quantitativos, para facilitar a tomada de decisões no sector da Educação. Ela permite também
fornecer as informações mais úteis relativas aprovável evolução das necessidades financeiras e
das despesas resultantes do desenvolvimento do sistema educativo.Outrossim, é graças a
planificação que se pode obter uma visão sistémica do futuro da educação. A vantagem desta
visão reside na estruturação dos diferentes níveis do sistema educativo, em termos de opções
estratégicas e de recursos humanos, pedagógicos e financeiros.

Se bem que as possibilidades oferecidas por um modelo de planificação sejam numerosas, não se
pode deixar de referir os seus limites. Qualquer que seja a quantidade e a qualidade dos
parâmetros utilizados, a planificação é, antes de mais, uma previsão virtual. Ela fornece
indicações quantificadas sobre a provável evolução de um sistema num dado período, mas não
permite atender a todos os parâmetros internos e externos que agem sobre o desenvolvimento da
Educação e, ainda menos, a todas as incertezas socioeconómicas.

Em conclusão, um modelo de planificação é importante por quatro razões fundamentais: (a)


exige arecolha dos dados mais relevantes e fiáveis e a quantificação das decisões políticas e das
escolhas pedagógicas; (b) permite representar adinâmica da evolução do sistema, atendendo aos
seus aspectos humanos, técnicos, físicos e financeiros e avaliar osefeitos de diferentes decisões
da política educativa; (c) fornece informação objectiva para facilitar o diálogo sobre as
consequências quantitativas, qualitativas e financeiras das decisões políticas; (d) se regularmente
actualizado, permite evitar as disfunções e osdesvios na gestão do desenvolvimento do sistema
educativo.
Contudo, se bem seguidas as etapas, os critérios e princípios de planificação, os planificadores
dificilmente terão problemas no acto de executá-las, muito menos no impacto que ela terá.
Concluímos ainda que a maior parte dos planificadores não seguem com rigor tais regras e nem
conhecimentos de planificação se quer tem.
40

SUGESTÕES

Face aos problemas enfrentados pelos planificadores e a comunidade beneficiária de tais


edifícios, eis ai algumas sugestões para melhorar o processo de planificação:

 Uma vez demostrado o fraco conhecimento dos planificadores em matéria de


planificação, sugerimos a Direcção Provincial de Educação e Desenvolvimento Humano
que capacite os seus funcionários nessa matéria, como forma de melhorar todo processo
de planificação;

 Sugerimos também que no acto de planificação, os planificadores envolvam a


comunidade beneficiaria e façam um estudo minucioso dos aspectos relevantes para este
processo;

 Tendo em conta que a UniRovuma oferece cursos de licenciatura em Ensino Básico que
abarca de certa forma muitos conteúdos ligados a planificação, sugerimos que a Direcção
Provincial através da parceria que tem com esta instituição peça apoio para sanar o
problema.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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para Parceiros da MS , Cabo Delgado, Moçambique:

Zabalza, M. (1992). Planificação e desenvolvimento curricular na escola. Porto, Portugal:


Edições ASA
42

APÊNDICES

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