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Revista do Direito nº 16 – 2015 43

O DESAFIO DA JUSTIÇA NO PROCESSO DE MEDIAÇÃO NA ÁREA DA


SAÚDE: IMPOSTAÇÃO DE UM PROBLEMA, DELIMITAÇÃO E TERMOS DE
DESENVOLVIMENTO DE PROJETO DE PESQUISA

Josué Emilio Möller


Professor de Filosofia Geral e Jurídica na UniRitter
Doutor em Sistemas Juridicos e Politico-Sociais Comparados pela Università degli Studi
di Lecce - del Salento/Itália - Programa AlβAN/UE. Mestre e Bacharel em Direito pela
Unisinos/Brasil
Assessor Institucional de Pesquisa da Pró-Reitoria de Pesquisa, Pós-Graduação e
Extensão/ProPEX/UniRitter Secretário-Geral do Instituto de Estudos Culturalistas - IEC
josuemoller@uniritter.edu.br e josuemoller@hotmail.com

Letícia Ludwig Möller


Doutora em Sistemas Juridicos e Politico-Sociais Comparados pela Università degli
Studi
di Lecce - del Salento/Itália - Programa AlβAN/UE. Mestre em Direito pela Unisinos/Brasil.
Bacharel em Direito pela PUCRS.
Pesquisadora do Laboratório de Bioética e Ética na Ciência do HCPA/UFRGS e
Advogada. leticiamoller@yahoo.com.br

Resumo: A importância da justiça é profundamente sentida desde o contexto social


antigo como uma necessidade e também reconhecida como um requisito distintivo que
serve para qualificar o nível de desenvolvimento da sociedade. A justiça é
compreendida como uma virtude social e apresentada como a expressão de uma
valência relevante, mediante o reconhecimento, a conformação e o desenvolvimento
de valores importantes para a sociedade e os cidadãos. A realização da justiça como
expressão de uma virtude social é também vinculada, desde o contexto clássico, à
promoção de uma espécie de ‘mediação’. A virtude da justiça realiza-se de modo
particular, neste sentido, por meio do desenvolvimento de um processo de mediação
erigido a partir de demandas de partes envolvidas num conflito e que se conclui com a
adequação das ações. A complexidade das reivindicações e das relações na
sociedade democrática suscitam desafios à realização da justiça que evidenciam a
relevância, para além de medidas jurídicas ordinárias, de modos diversos de
encaminhamento e de resolução dos conflitos, ao mesmo tempo em que evidenciam a
importância de abordagens interdisciplinares para o afrontamento de questões
complexas. O presente projeto de pesquisa cinge-se em torno da consideração
de experiências que se relacionam com o desenvolvimento do processo de mediação,
em termos que envolvem tanto aspectos éticos quanto aspectos jurídicos;
pretendendo-se, em termos teóricos, favorecer a compreensão dos problemas
vinculados à realização da justiça por meio de um processo de mediação; e, em
termos práticos, que se atrelam à retroalimentação da perspectiva teórica, favorecer
a identificação das contingências e fatores que se destacam em processos de
mediação na área da saúde, sobretudo por meio da delimitação do desdobramento
prático em torno da consideração de experiências dos processos de mediação
concretizados a partir da atuação das Consultorias de Bioética do Hospital de Clínicas
de Porto Alegre – HCPA/UFRGS.

1. Uma introdução sobre a importância da justiça


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1. A importância da justiça. A importância da justiça é afirmada e


destacada constantemente, desde o contexto social antigo até o contexto social
contemporâneo, como um fato inegável, sendo profundamente sentida, exposta
e defendida como uma necessidade para os homens de todos os tempos e
também reconhecida como um requisito distintivo que serve para qualificar o
nível de desenvolvimento da sociedade. O princípio da justiça sedimentada no
senso comum desde a antiguidade como vinculado à vontade e ao desejo de
preservação de uma espécie de condição de correspondência entre as diversas
partes envolvidas em uma relação reenvia ao fundamento das reivindicações
que de um certo modo se conectam com a valorização da igualdade e com a
consideração das circunstâncias que regem o caráter ou a propriedade dos entes
(seres e coisas), ao mesmo tempo em que orientam as ações dos homens e das
instituições. O princípio clássico da justiça foi sintetizado, neste sentido,
segundo os termos da definição clássica que é legada há séculos no âmbito da
tradição greco-romana, como expressão da virtude de “atribuir a cada um o
que é seu” (segundo os termos da expressão “proshekon hekasto apodidonai”
utilizada entre os gregos ou da expressão “suum cuique tribuendi” utilizada
pelos romanos e que se tornou célebre no âmbito da tradição ocidental). A
justiça é indicada de forma reiterada, deste modo, como uma noção
retributiva vinculada à incorporação de uma virtude eminentemente social e
apresentada como a expressão de uma valência relevante, seja na perspectiva
do reconhecimento, da conformação e do desenvolvimento de valores
considerados importantes para a sociedade e, sobretudo, para os homens que,
como cidadãos, a constituem.

2. A compreensão de pressupostos e dificuldades relacionadas à


delimitação do sentido da justiça e o enfrentamento destas segundo os termos
de uma perspectiva prática. A consideração preliminar desta valência
relevante não deve, todavia, obstaculizar a compreensão de dificuldades que
ainda hoje permanecem em relação à exposição e à delimitação do sentido
da justiça e dos seus fundamentos, e, consequentemente, tanto em relação à
própria identificação do que efetivamente concerne a cada um (do suum)
nas diversas situações que surgem em meio à convivência, quanto em relação à
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sua própria promoção e realização nas circunstâncias sociais que se conectam


com a implementação de políticas públicas ou com o campo intersubjetivo
das relações privadas e negociais; dificuldades estas que se apresentam na
realidade como problemas que devem ser resolvidos em termos distributivos ou
corretivos pelas diversas instâncias e instituições sociais. O desdobramento e
o enfrentamento destas dificuldades envolvem, segundo os termos de uma
perspectiva prática, o reconhecimento das circunstâncias e dos elementos
constitutivos que caracterizam a conformação das sociedades democráticas
contemporâneas e que são efetivamente, à luz das expectativas legítimas dos
indivíduos que nelas vivem, incidentes em casos específicos que conformam a
dimensão de problemas concretos enfrentados pelas pessoas, dentre os quais
se destacam, a título exemplificativo, o valor da dignidade das pessoas; o
valor da liberdade e da igualdade; o fato da diversidade e o valor do
pluralismo cultural, de perspectivas de vida e de concepções particulares
acerca do bem; o valor da tolerância e o valor de um sistema jurídico e
político-constitucional estruturado em função de um compromisso
constitucional – os quais se confrontam com múltiplas interferências,
interpretações e fatores de instabilidade provenientes do processo dinâmico de
união e convivência social.

3. A compreensão de pressupostos relacionados ao enfrentamento de


dificuldades segundo os termos de uma perspectiva teórica. Há que se
considerar também que, segundo os termos de uma perspectiva teórica, o
desdobramento e o enfrentamento das dificuldades que foram referidas
envolvem o reconhecimento da necessidade de aprofundamento e seriedade no
tratamento de questões que se apresentam como demandas e reivindicações
de justiça nos contextos sociais, bem como da necessidade de superação de
perspectivas teóricas de tratamento e definição que comportam significativas
simplificações: - quer quando (são desenvolvidas perspectivas teóricas que)
têm o objetivo de apresentar uma definição da justiça em termos meramente
ideais, abstratos ou absolutos, envolvendo a adoção de posturas metodológicas
ancoradas em pressupostos metafísicos, teológicos ou ideológicos (de modo que
se promove frequentemente a desvinculação do sentido da justiça das
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circunstâncias reais que caracterizam o seu desenvolvimento concreto, e que


se obscurecem as relações entre o sentido da justiça e os valores ético-políticos
e jurídicos que são reconhecidos em contextos sociais e constitucionais
determinados); quer quando (são desenvolvidas perspectivas teóricas que) têm
o objetivo de apresentar ou propor uma definição da justiça em termos
meramente reais, concretos e relativos, envolvendo a adoção de posturas
metodológicas ancoradas em pressupostos lógico-pragmáticos, voluntaristas ou
juspositivistas em sentido estrito (de modo que se promove frequentemente
a redução do sentido da justiça ao predomínio da vontade dos mais fortes, à
expressão do exercício do poder por parte de quem tem competência para
decidir ou aos termos estritamente conformes ao que se encontra formalmente
positivado no direito vigente, obscurecendo as relações entre o sentido da
justiça e valores complementares constituídos nos campos diferenciados da
ética, da política e do direito positivo).
2. A promoção e a realização da justiça

4. A redescoberta da valência funcional da justiça, desenvolvimento de um


processo de mediação e promoção da adequação das ações. A realização da
justiça é, por outro lado, também vinculada desde o contexto clássico, e
segundo os termos próprios de uma perspectiva teórica implicada por uma
definição funcional que dá corpo e sentido prático à sua identificação como
expressão de uma virtude eminentemente social – uma virtude que se
desenvolve ‘em relação a outrem’ (uma virtude prós héteron segundo
determinou Aristóteles, ou virtus ad alterum, segundo literalmente traduziu
Tomás de Aquino) –, à promoção de uma espécie de ‘mediação’. A
consideração desta valência da justiça como expressão de uma virtude que se
vincula à uma espécie de mediação envolve a evocação desta noção segundo
os termos e os méritos de uma poderosa polivalência que já se
desenvolveu originalmente entre os gregos, e que é aplicável: a) tanto num
sentido amplo e geral, pelo qual a virtude da justiça é declarada e realizada
em conjunto pelos cidadãos quando promulgam normas sociais democráticas
válidas para reger todas as situações segundo os termos da isonomia (por
meio da produção da legislação), de modo que se constitui como um
‘meio’/‘um justo meio’ entre os cidadãos, isto é, que se constitui como
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expressão de um parâmetro normativo que serve para orientar as ações dos


cidadãos, para sustentar uma condição de equilíbrio e para dar corpo a uma
composição social; b) quanto num sentido mais restrito e particular, pelo qual
a virtude da justiça é declarada e realizada também quando os cidadãos
determinam o que é justo nos casos concretos (por meio do exercício da
jurisdição), de modo que se constitui como ‘um meio’/‘um justo meio’ entre
as partes que litigam, isto é, que se constitui como a expressão de um termo
resolutivo que serve para por fim a um conflito acerca de interesses
particulares e para restabelecer condições favoráveis à preservação da
estabilidade e à composição social. A valência funcional da justiça que se
vincula à promoção de uma espécie de mediação entre os cidadãos que
para conviver bem legislam, e também entre as partes que para resolver um
conflito se submetem ao exercício da jurisdição, é desde então relacionada com
o desenvolvimento de um ‘processo’ que não se atém simplesmente ao
momento cabal da tomada de decisão instauradora de um tipo de ordem no
âmbito das relações intersubjetivas e das relações entre seres e coisas, mas
muito antes se conecta em tese com outros momentos importantes, com o
estabelecimento de condições de conhecimento de sentidos e pretensões, de
reconhecimento de posições, de diálogo e apresentação de razões, de
interpretação de normas e de adequação das ações. A virtude da justiça que
originalmente e de um modo geral aplicável ao universo dos membros da
comunidade que juntos reconhecem valores comuns, compõem interesses por
meio do processo de mediação que culmina com a produção de legislação, e
que de tal modo se vincula aos termos próprios de uma composição normativa,
se realiza de modo particular por meio do desenvolvimento de um processo de
mediação que se erige a partir de demandas específicas de uma ou mais
partes envolvidas num conflito e que se concluirá com a adequação das ações
por meio da tomada de decisão e da consequente declaração cabal do justo no
caso concreto.
5. O significado mais abrangente da justiça e a influência negativa de um
modelo jurídico e de um sentido da justiça reducionistas. A consideração deste
sentido e desta valência funcional da justiça consente perceber, sem que se
abandone a perspectiva propriamente jurídica e a relação estreita que
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mantém com o sentido do próprio direito positivo, que a realização da justiça


tem e envolve (há muito tempo) um significado mais abrangente e mais
fortemente vinculado ao sentido da própria ética (prioritariamente ao sentido da
ética pública, por certo, mas também ao sentido das diversas perspectivas éticas
que se estabelecem particularmente entre indivíduos que convivem e cooperam,
desenvolvendo até mesmo concepções particulares de bem que entre si
compartilham). A influência de um modelo jurídico e de um sentido da justiça
reducionista, que aparentemente se explica ao menos em parte pelo
predomínio das perspectivas teóricas acerca da temática da justiça
mencionadas anteriormente, tiveram, contudo, o condão de obscurecer a
compreensão mais abrangente sobre o sentido da justiça e a sua relação com o
processo de mediação, sobretudo, no contexto social moderno e também no
contexto brasileiro, quando se faz sentir já no modelo de formação dos
operadores do direito e dos juristas o peso e o predomínio de visões tradicionais
do direito ancoradas por vezes no viés jusnaturalista, por vezes no viés
juspositivista, a depender da escola que se cursa. Em que pesem os esforços de
diversos teóricos e filósofos dos campos da moral, da política e do direito, que
procuraram contrastar as disfunções do dogmatismo e procuraram restabelecer
pelo horizonte crítico-reflexivo a dignidade da doutrina, da dogmática, do
exercício da jurisdição e do próprio sentido da jurisprudência, nas sociedades
contemporâneas também o excesso de demandas e processos judiciais e os
avanços científicos e reflexivos alcançados em outras áreas do conhecimento, que
se somaram à consciência da importância da abordagem interdisciplinar para o
afrontamento de sensíveis, complexas e grandes questões, tiveram e têm o
condão de proporcionar novo espaço para o tratamento da temática da justiça na
interface que mantém com inúmeros modos e formas de mediação.
6. A relevância contemporânea da temática da mediação relacionada à
promoção e à realização da justiça. A temática da mediação tem grande
importância no contexto contemporâneo, tanto do ponto de vista prático, quanto
do ponto de vista teórico, ligando-se ao desenvolvimento de meios, instrumentos
e institutos jurídicos capazes de promover o estabelecimento e a preservação de
circunstâncias favoráveis à convivência numa sociedade caracterizada, de um
lado, pela pluralidade de perspectivas e, de outro, pela multiplicidade de
necessidades e demandas. A complexidade das reivindicações e das relações
instauradas no âmbito da sociedade democrática suscita desafios à realização da
justiça que evidenciam a relevância, para além das medidas jurídicas ordinárias,
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de modos diversos de encaminhamento e de resolução dos conflitos; e também de


maior conscientização dos operadores do direito – acadêmicos, professores,
advogados, juízes, dentre outros – acerca das autênticas propriedades
vinculadas à funcionalidade jurídica, pelas quais se vislumbre a litigiosidade
não como um mero modus operandi estribado no paradigma da competitividade
e do conflito, mas como o reflexo de um efetivo problema de justiça que deve ser
resolvido por meio da análise detida e responsável das circunstâncias, da
consideração das diversas perspectivas, visões de mundo e concepções
particulares de bem envolvidos, e da proposição de vias de solução que sejam
compatíveis com a preservação interesses comuns e de valores ético-políticos
e jurídicos fundamentais, e, deste modo, com a preservação de condições
favoráveis à convivência e à cooperação social.

3. A caracterização do desafio da justiça e a valorização de experiências


relacionadas ao desenvolvimento do processo de mediação

7. A caracterização do desafio da justiça. O desafio que se evidencia em


relação à promoção e à realização da justiça não se conforma apenas, de um
ponto de vista teórico, por conta das dificuldades que permeiam a
identificação e à concretização dos termos de uma concepção da justiça que
corresponda e satisfaça às condições complexas da sociedade democrática
contemporânea, sobretudo em face do reconhecimento do pluralismo, da
necessidade da tolerância e da proeminência de uma ordem pública e de um
Estado de Direito que se baseiam não só na percepção da necessidade
indissolúvel de compatibilização entre os valores da liberdade e da igualdade,
como também se baseiam na afirmação da centralidade normativa dos direitos
humanos e fundamentais, ao mesmo tempo em que confere amplo espaço e
confere legitimidade à afirmação de valores, interesses, visões de mundo e
concepções de bem particulares diversos e até mesmo contrastantes, desde
que não sejam ultrapassados determinados limites. O desafio que se evidencia
em relação à promoção e à realização da justiça também se vincula, de um
ponto de vista prático conexo com a formulação espontânea e institucional de
novas perspectivas de resposta e de novas vias de solução dos problemas
éticos, políticos e jurídicos que se afirmam circunstancialmente, à apuração
da necessidade ou da utilidade contingencial e à verificação da importância do
desenvolvimento de diversos modos de resolução de conflitos no contexto
social contemporâneo; e isto ao mesmo tempo em que se evidencia, por
diferentes modos e razões, a vinculação existente entre o desenvolvimento dos
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processos de mediação como métodos alternativos de resolução de conflitos, a


execução de políticas públicas democráticas, a expansão do conhecimento e
a oferta de condições de esclarecimento por meio do estabelecimento de
instâncias de diálogo e interação, a prática comunitária e a promoção dos
direitos humanos e fundamentais, dentre outros fatores.

8. A relevância da consideração de experiências relacionadas ao


desenvolvimento do processo de mediação. A consideração, o estudo e o
acompanhamento de experiências sedimentadas que se relacionam com o
desenvolvimento do processo de mediação, em termos que envolvem tanto
aspectos éticos quanto aspectos jurídicos, têm, segundo a perspectiva do
projeto de pesquisa em desenvolvimento, o condão de proporcionar, de uma
perspectiva teórica, condições favoráveis à avaliação e à reflexão crítica sobre
os termos que constituem o problema da realização da justiça nas sociedades
contemporâneas; assim como tem o condão de proporcionar, de uma perspectiva
prática que ultrapassa o horizonte de sentidos teóricos meramente normativos
e descritivos, e se “alimenta” e “nutre” dos elementos e das propriedades
que se revelam nas circunstâncias concernentes à própria dinâmica do “mundo
da vida” e dos agentes que nele atuam, o reconhecimento dos termos que se
relacionam com o desafio da justiça no processo de mediação, bem como que
se destacam, de acordo com as experiências, como importantes contingências
e fatores no e/ou do processo de mediação que se vinculam à promoção e à
realização da justiça diante de problemas concretos que se conformam e
evidenciam, devendo ser resolvidos, na medida em que determinam o caráter do
que se pode considerar como expressão de um processo de mediação bem-
sucedido ou mal-sucedido, segundo critérios que devem ser adequadamente
individuados. Nestes termos, o desenvolvimento da pesquisa em termos teóricos
tem o condão de favorecer a compreensão dos problemas que se apresentam
numa dada realidade, dos objetivos vinculados à promoção e à realização da
justiça por meio do desencadeamento de um processo de mediação e até
mesmo de favorecer o aperfeiçoamento prático do processo de mediação; ao
mesmo passo em que o desenvolvimento da pesquisa em termos práticos tem o
condão de favorecer a retroalimentação da perspectiva de investigação e reflexão
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teórica, e isto por meio da identificação das contingências e fatores que


efetivamente se destacam nos processos de mediação e que se relacionam com a
promoção e com a realização da justiça.

4. A delimitação do projeto de pesquisa em torno do desafio da justiça no


processo de mediação na área da saúde

9. A delimitação do objeto do projeto de pesquisa. A pré-compreensão


do tema e a perspectiva de abordagem configurada até o momento justificam a
delimitação e o desdobramento prático do presente projeto de pesquisa
acerca do desafio da justiça no processo de mediação em torno da
consideração, do estudo de casos e do acompanhamento de experiências dos
processos de mediação concretizados a partir da atuação das Consultorias
de Bioética do Hospital de Clínicas de Porto Alegre – HCPA/UFRGS, que
envolvem a consideração tanto de aspectos éticos quanto de aspectos
jurídicos. As referidas Consultorias de Bioética são utilizadas para auxiliar os
profissionais e os pacientes na resolução de questões éticas, que muitas
vezes também se desdobram e compreendem questões jurídicas. O papel dos
consultores de Bioética Clínica vincula-se fundamentalmente, pelo que já se
conhece da sua atuação e a partir de trabalhos publicados, à oportunização de
espaços e tempos nos quais a mediação e a deliberação éticas possam se
desenvolver. As atividades destas Consultorias de Bioética proativas ocorrem,
sobretudo, durante rounds clínicos das equipes assistenciais de saúde do
HCPA/UFRGS e a partir de solicitações específicas encaminhadas ao Serviço
de Bioética do HCPA/UFRGS, cujas atividades se relacionam com aquelas
que se desenvolvem no Laboratório de Bioética e Ética na Ciência – LAPEBEC,
ambos sob a coordenação do Prof. José Roberto Goldim. Os temas discutidos no
âmbito das experiências das Consultorias de Bioética relacionam-se, dentre
outros, com as questões de futilidade e obstinação terapêutica, de
privacidade, de autonomia, de vulnerabilidade, de cuidados paliativos, de
suporte social, de relações familiares conflitantes que tangem a problemática
da autonomia e da disposição do sujeito, de conflitos entre diversas equipes
envolvidas numa mesma perspectiva de atendimento de uma situação de
saúde, de relações que envolvem avaliação de riscos e benefícios, de
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alocação de recursos, e de garantia de direitos humanos e fundamentais.


Entende-se de fato que a consideração, o estudo de casos e o acompanhamento
de experiências dos processos de mediação concretizados a partir da
atuação das Consultorias de Bioética do Hospital de Clínicas de Porto Alegre
pode em muito contribuir à identificação de elementos e fatores que se
destacam como importantes na prática e à avaliação de pressupostos teóricos
que se relacionam com a promoção e a realização da justiça na sociedade
contemporânea, bem como, por meio desta, também com a promoção e a
realização de direitos humanos e fundamentais.
10. A circunscrição e a definição do problema de pesquisa. A
circunscrição e a definição do problema do projeto de pesquisa sobre o desafio
na justiça no processo de mediação na área da saúde cingem-se, em face do que
até o presente momento foi exposto, em torno das seguintes indagações: O que
constitui e caracteriza, para além do horizonte teórico de definição, o desafio da
justiça no processo de mediação que se desenvolve nas circunstâncias da
sociedade contemporânea? O desafio da justiça no processo de mediação se
conforma de que modo do ponto de vista teórico, e, do ponto de vista prático,
sobretudo no que diz respeito à consideração de experiências sedimentadas, ao
estudo de casos e ao acompanhamento das Consultorias de Bioética do
Hospital de Clínicas de Porto Alegre - HCPA/UFRGS? A análise teórica do sentido
da justiça consente identificar elementos e fatores que se afirmam como
condições para a sua promoção e realização prática, sobretudo no que concerne
à sua manifestação como virtude eminentemente social que se relaciona com a
atribuição ‘a cada um do que é seu’ e ao desenvolvimento de sua
funcionalidade como forma específica de ‘mediação’? A consideração de
experiências relacionadas a processos de mediação instaurados na prática,
sobretudo a partir do estudo de casos e do acompanhamento das Consultorias de
Bioética do HCPA/UFRGS, consente identificar elementos e fatores que se
afirmam como condições de possibilidade ou como pressupostos úteis para a
promoção e realização da justiça? Em que medida as experiências relacionadas
com a realização prática de processos de mediação podem contribuir à
reflexão sobre os termos que conformam o desafio e o problema da realização
da justiça no contexto da sociedade contemporânea?
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11. A identificação dos objetivos do projeto de pesquisa. O presente


Projeto de Pesquisa tem como objetivo principal promover o aprofundamento de
estudos e pesquisas sobre a temática do desafio relacionado à promoção e à
realização da justiça no processo de mediação, considerado tanto de uma
perspectiva teórica, quanto de uma perspectiva prática, a partir de um viés
crítico-reflexivo próprio da Teoria da Justiça e da Filosofia do Direito, e nas
interfaces que tal viés mantém com os campos próprios da Teoria do Direito, da
Teoria da Constituição, da Teoria dos Direitos Fundamentais e dos Direitos
Humanos e da Bioética. O viés crítico-reflexivo adotado se relaciona
evidentemente com o aprofundamento teórico da pesquisa sobre a referida
temática, mas também compreende o aprofundamento prático da temática, de
um ponto de vista que envolve aplicação prática, a consideração das experiências
sedimentadas nos processos de mediação, a partir do estudo de casos e o
acompanhamento das Consultorias de Bioética do Hospital de Clínicas de Porto
Alegre - HCPA/UFRGS. Como objetivos específicos do Projeto de Pesquisa,
identificam-se: 1) A identificação do que constitui e caracteriza, para além
do horizonte teórico de definição, o desafio da justiça no processo de mediação
que se desenvolve nas circunstâncias da sociedade contemporânea; 2) A
verificação e, se for o caso, o reconhecimento do modo como o desafio da
justiça no processo de mediação se conforma do ponto de vista teórico, assim
como também do modo como o referido desafio se conforma do ponto de vista
prático, sobretudo em função da consideração de experiências sedimentadas, ao
estudo de casos e ao acompanhamento das Consultorias de Bioética do Hospital de
Clínicas de Porto Alegre - HCPA/UFRGS; 3) Verificar se a análise teórica do
sentido da justiça consente identificar elementos e fatores que se afirmam como
condições para a sua promoção e realização prática, sobretudo no que concerne
à sua conformação ou manifestação como expressão de uma virtude
eminentemente social que se relaciona com a atribuição ‘a cada um do que é
seu’ e ao desenvolvimento de sua funcionalidade como forma específica de
‘mediação’; 4) Verificar se a consideração de experiências relacionadas a
processos de mediação instaurados na prática, sobretudo a partir do estudo de
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casos e do acompanhamento das Consultorias de Bioética do HCPA/UFRGS,


consente identificar elementos e fatores que se afirmam como condições de
possibilidade ou como pressupostos úteis para a promoção e realização da justiça;
e 5) Verificar em que medida as experiências relacionadas com a realização
prática de processos de mediação podem contribuir à reflexão sobre os termos
que conformam o desafio e o problema da realização da justiça no contexto da
sociedade contemporânea.

5. A identificação de pressupostos metodológicos aplicáveis ao projeto de


pesquisa sobre o desafio da justiça no processo de mediação na área da saúde

12. A perspectiva de investigação, pressupostos metodológicos e


desdobramentos. O problema de pesquisa do presente Projeto cinge-se em torno
da investigação sobre o desafio da justiça no processo de mediação, a ser
desenvolvida a partir de uma perspectiva crítico-reflexiva própria da conexão dos
campos da Teoria da Justiça e da Filosofia do Direito, e nas interfaces que tal
viés mantém com os campos próprios da Filosofia Moral, daFilosofia Política, da
Teoria do Direito, da Teoria da Constituição, da Teoria dos Direitos Fundamentais
e dos Direitos Humanos e da Bioética.
A perspectiva de investigação que se desenvolve implica o aprofundamento
de estudos e pesquisas sobre a temática do desafio relacionado à promoção e à
realização da justiça no processo de mediação, considerado tanto de uma
perspectiva teórica, quanto de uma perspectiva prática. O viés crítico-reflexivo
adotado relaciona-se evidentemente com o aprofundamento teórico da pesquisa
sobre a referida temática, mas também compreende o aprofundamento prático
da temática, de um ponto de vista que envolve aplicação prática, por meio da
consideração das experiências sedimentadas nos processos de mediação, a partir
do estudo de casos e o acompanhamento das Consultorias de Bioética do Hospital
de Clínicas de Porto Alegre - HCPA/UFRGS.
A perspectiva de investigação em desenvolvimento caracteriza-se como
uma forma de abordagem crítico-reflexiva própria de abordagens e de
tratamento da temática que se erigem originalmente nos campos da Teoria da
Justiça e da Filosofia do Direito, porém que também se conecta com reflexões
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que se desenvolvem nos campos da Filosofia Moral, da Filosofia Política, da


Teoria do Direito, da Teoria da Constituição, da Teoria dos Direitos Fundamentais
e dos Direitos Humanos e da Bioética; conformada pelo estudo transdisciplinar do
desafio da justiça no processo de mediação, e, da relação que se constitui entre
as referidas ideias-chave de Justiça e Processo de Mediação, compreendendo
questões que repercutem efeitos desde e sobre estudos tradicionalmente
especializados e restringidos como antropológicos, éticos, sociológicos, políticos
e jurídicos. A transdisciplinaridade é compreendida, neste sentido, como uma
abordagem metodológica que pressupõe a unidade e a totalidade do
conhecimento, inserindo-se no contexto daquilo que pode ser denominado como
movimento interdisciplinar (em sentido amplo), dizendo respeito ao modo de
colaboração entre campos de estudo de diferentes disciplinas condizente com o
nível mais superior ou profundo de integração, postando-se, portanto, além de
abordagens comumente identificadas como multidisciplinares, interdisciplinares
(em sentido restrito), haja vista corresponder à ultrapassagem de divisões ou
fronteiras que tradicionalmente demarcam campos de estudo disciplinares a fim
de abarcar toda complexidade epistemológica.
A perspectiva de investigação envolve, por outro lado, como método e
técnica específica de pesquisa, a realização de pesquisa dirigida, de
levantamento bibliográfico e a leitura de ensaios, artigos e obras constantes em
livros e periódicos científicos que versem sobre a temática das ideias-chave de
Justiça e Processo de Mediação a fim de promover-se o aprofundamento teórico
dos estudos realizados acerca da referida temática. Também envolve o
aprofundamento prático da compreensão sobre a referida temática, por meio da
consideração das experiências sedimentadas, do estudo de casos e do
acompanhamento das Consultorias de Bioética do Hospital de Clínicas de Porto
Alegre - HCPA/UFRGS, de modo que metodologicamente vincular-se-á também à
consideração ou à realização de catalogação de repertório e à seleção de casos
documentados que se relacionem diretamente à temática em questão, de
relatórios descritivos de reuniões de grupos de estudo e trabalhos, e,
eventualmente, à participação de Pesquisadores, Bolsistas e Estudantes
Voluntários de Pesquisa, na qualidade de observadores, nos processos de
mediação realizados no período de realização da pesquisa. Por fim, envolve,
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posteriormente, o empreendimento de iniciativas propensas a promover a


difusão dos resultados no âmbito acadêmico, quer por meio de aulas, da
organização de grupo de estudo, da redação de ensaios e/ou artigos, quer
também por meio da participação em eventos acadêmicos e científicos, sempre
com o cuidado relacionado à gestão e ao arquivamento de dados coletados, com
a finalidade de promover, pelos meios adequados e disponíveis, e nos termos do
que dispõem as disposições normativas – éticas e jurídicas – relacionadas ao
desenvolvimento de pesquisas com seres humanos como sujeitos de pesquisa, a
preservação e a proteção da privacidade, da intimidade e do sigilo.

Referências Bibliográficas

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