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Ebenezer Badaró, ao seu dispor. Pois não? Carregamento? Escolta ou transporte?

Faço
de tudo, pode pedir! Conheço cada canto desta Costa do Rubi, mas me mande para os
Mares de Sangue e serei o primeiro a atravessar o Reino de Gelo, daqueles pele
azulada a barco... hahahaha! Sim, pode perguntar a quem quiser, sua mercadoria
estará segura comigo... ora, ora, duvido ser mais perigoso do que eu já enfrentei
nestes mares. Seraphina, Futtharia, Guim em qualquer canto dessa costa meu nome me
precede. Confesso que alguns podem falar mal, mas ninguém ousa dizer que não
enfrento os perigos destes mares. Se me pagar uma bebida posso lhe contar a minha
história.

Sabe qual a grande diferença do Bené aqui, e esse bando de anões marinheiros e
humanos marujos fedorentos? Eu sou um verdadeiro anão da montanha. Não nasci em
Guimar, onde a sabedoria das rochas está só em história antigas passadas de geração
em geração pelas vovós anães. Nasci nas Montanhas Gélidas. Conheci a forja sob a
montanha, vi cristais e ametistas, o ouro e a prata sair de dentro da rocha.
Maquinário de explosão, segurança do trabalho, passagens secretas, portais
rúnicos... tudo isso conheci desde pequeno, antes mesmo de ter visto o mar pela
primeira vez. Não que eu adorasse aquela vida... sabe, viver sob a montanha te traz
um monte de ensinamentos, a disciplina é rígida. Veja você, para tirar um rubi
desta colina aqui atrás de nós, é preciso todo um estudo do local, análise de
impacto, engenharia, segurança, e noite a fio de escavação até achar o primeiro
brilho vermelho empoeirado. Não me entenda mal, adoro rubis, mas gosto mais deles
polidos e acabados... de preferência numa prateleira ou algibeira de alguém
hahahahaha... estou brincando, pode ficar tranquilo. A questão é que, nas Montanhas
Gélidas, se o ouro é abundante, todo o esforço para chegar até ele também é, a
hierarquia no trabalho é rígida, e todo o minério ou jóia já tem um direcionamento
certo. Não é um lugar para aventureiros em busca de riqueza fácil, e sim de
disciplinados operários, engenheiros, ferreiros, mineradores e burocratas. Não é
bem o meu estilo, sabe...

Acontece que eu REALMENTE gostava dos rubis, das lindas esmeraldas, dos anéis de
ouro, dos braceletes de prata... Tentei ser aprendiz de um joalheiro, após anos
escavando buracos, tentava uma vida com menos poeira e mais brilho. Meu mestre
dizia que, apesar da minha força, eu tinha alguma delicadeza nas mãos para polir e
esculpir jóias. Mas as minhas mãos leves me levaram para outro caminho, e... bem...
uma linda safira acabou no meu bolso! Foi a minha primeira obra bem acabada, tinha
muito orgulho dela, mas já estava destinada à coroa de algum príncipe do vale de
Biriath. "Nem tudo que você produz é seu!" Aprendi essa lição. E "se foi você mesmo
quem produziu, então não é roubado", pensei comigo mesmo, mas ninguém concordou.
Sai fugido de Ulfgar. Mas mantive a minha safira comigo. Vê aqui, talhada nesta
adaga? Sim, sim, é uma autêntica adaga de anão do norte. Recebemos uma quando
nascemos, mas nem todas tem uma jóia que você mesmo esculpiu e poliu nela, entende?
Eu era jovem, né... não tinha nem 80 anos ainda... a gente faz muita besteira nessa
idade. Mas o que estava feito estava feito. Espera um pouquinho aqui...

Me veja outra aqui, meu amigo, meu copo está vazio, ora! Bem, desci as montanhas
até Béren! Eu quase morri de fome, afogado, espatifado no chão. Sinceramente até
hoje não sei como sobrevivi. Teróbin tinha um motivo pra me deixar vivo! Os
desgraçados estavam no meu encalço, até que simulei a minha própria morte me
jogando de uma cachoeira. Na verdade, eu dei sorte, podia ter morrido mesmo, mas
praquelas minas sufocantes eu não voltava, se fosse pra morrer sufocado que fosse
afogado, pensei. Me arrependi na primeira golada, é claro! Aliás... hei! Meu bico
tá seco, aqui! Argh! O fato é que consegui chegar até Béren. Por mais cosmopolita
que a cidade possa ser, não é difícil identificar um anão fugido. Ulfgar e Béren
mantém boas relações e isso era ruim pra mim. Por isso, decidi ir para um lugar que
nenhum anão da montanha iria: mais uma vez a água! Me meti num desses navios de
bucaneiros que desciam o Rio Verde. Topava fazer qualquer coisa, limpar bosta,
matar rato, içar velas... era só temporário até que as Montanhas Gélidas fossem só
uma sombra atrás de mim. Ledo engano.

Me dê um minutinho, tenho uma coisa importante pra fazer!

Oh, seu filho da puta, tá com ouvido no cu?!?! Tô fechando um negócio ali, leva
bebida pra lá, porra!. Vai, enche essa porra, aí! Você vai ver onde vou enfiar essa
gorjeta! Oh Pimpão, quem é esse idiota que você contratou, hein? Ah, pelo amor de
Teróbin e sua irmã dos mares!

Servido? Onde estávamos? Ah, sim! Eu não sabia, mas aqueles bucaneiros seriam a
minha família por muito tempo. Desciamos o Rio Verde, e parávamos de vila em vila,
atrás de mansões de veraneio de barões de toda Folshild. Descobri que minha aptidão
por ferramentas de polimento era a mesma para destrancar fechaduras, aprendi a me
esgueirar nas sombras sem ser visto, arrombar cofres, e mais do que qualquer coisa
correr dos guardas e nocautear seguanças. Ah, você não sabe cada buraco e passagem
estreita essa barriga aqui já se espremeu pra entrar, meu amigo! Hahaha pode
acreditar, eu sou escorregadio! Passamos quase um ano descendo o Rio até chegar em
Seraphina e finalmente conheci o mar!!!

Sabe, há uma coisa de semelhantes entre o vasto oceano de Leiks e as gigantes


cordilheiras de Teróbin. Não sei ao certo, mas o silêncio grave dos salões sob a
montanha lambram o sopro solitário do alto mar... nunca achei que iria querer
passar o resto da minha vida aqui, sabe... Bom, onde eu estava? Ah sim, Seraphina,
a Costa do Rubi! Velejamos por toda essa Costa, assaltávamos navios mercantes,
lutavamos com outros piratas, fugíamos da guarda costeira, aterrorizávamos portos,
com a gente não tinha tempo ruim... ou melhor, tempo bom hahahah! Botamos muito
elfo de Futtharia pra correr, muito anão de sal pra chorar, muito homem de
Seraphina pra comer na nossa mão. Mas me entenda, já disse, era a juventude! A
adrenalina, a beleza das jóias, as putas e bebidas que o dinheiro podia comprar.
Tudo aquilo que buscamos antes dos 100 anos...

Além disso, era uma vida cheia de perigos! Merecíamos uma recompensa, sabe... uma
noite enfrentamos uma tempestade em alto mar. Um desses monstro dos mares queria
nos jantar, enquanto a guarda costeira armava uma emboscada pra gente! Explosão,
sangue, ranger de mastro, rasgo de velas e trovões! Foi horrível! Nessa noite perdi
todos os meus companheiros! Até hoje guardo uma cicatriz aqui, veja! O dente
daquela criatura quase me atravessou. Só sobrevivi graças aos boojarins! Até hoje
não sei ao certo porque eles me salvaram... achei mesmo que eles iam me levar pro
reino deles debaixo d'água, já pensou, meu amigo! hahahah... "glub glub glub" Não!
Prefiro o ar puro, obrigado! "Jumplis", eles diriam! E assim disse pra eles quando
eles me deixaram numa praia de Guimar. Estava sem nada! Sem meus amigos, sem barco,
sem meu tesouro - que aliás os boojarins devem ter feito bom proveito - sem nada!
Apenas com minha adaga de safira!

Tive que recomeçar... Isso sendo um dos rostos mais conhecidos e temidos da Costa
do Rubi! Estava fudido! Arranquei minha barba fora, escondi algumas tatuagens, até
disfarçar a voz pra não ser reconhecido eu tentei. Arrumei um emprego insuspeito
minerando rubis, veja você que ironia! Mas dessa vez realmente foi temporário. Logo
comecei a enganar uns otários, ganhava apostas, engabelava os fiscais, e já estava
contrabandeando rubis. Ninguém fica rico sem passar a perna em alguém pelo menos
uma vez, pode escrever isso aí. Isso eu aprendei na vida, porque todos os meus
trabalhos mais absurdos foi pra gente rica!

Vou te contar uma história, que hoje eu posso falar abertamente, você vai entender
porquê. O cara que comprava os rubis do contrabando acabou contratando todo mundo
envolvido no esquema para um grande assalto. Era um golpe de mestre! O cara tinha
muita grana, mas queria ainda mais! Assaltamos a porra do banco de Seraphina, pode
acreditar? Sim, o cara tinha tudo esquematizado, tinha estudado isso por anos, e
agente só precisava cumprir o plano. É como sempre digo até hoje: trabalho dado é
trabalho feito! Limpamos os cofres de Seraphina, ficamos nadando em dinheiro por um
bom tempo, e não era nem 20% do que aquele cara levou. Depois eu fiquei sabendo que
ele trabalhava para o tal de Maginkarame que deu naquela guerra terrível... mas
veja, se você me contrata para consertar o seu navio e você vai saquear alguém com
esse navio, tem culpa eu? HAHAHAHA, entendeu??? AHAHAH tem cuh
HAHAHAAHAAAAAAAAA!!!...

É meu amigo, a vida é assim... Mas como eu ia lhe dizendo, tenho tranquilidade em
contar isso hoje, porque deixei essa vida pra trás.

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