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O sangue é, por definição, um tecido conjuntivo existente nos vasos que percorre
praticamente todo o corpo, sendo composto por plasma e elementos figurados,
nomeadamente eritrócitos, leucócitos e plaquetas. As suas funções relacionam-se com a
defesa do organismo, com mecanismos de homeostase (ao nível da distribuição de fluidos, do
equilíbrio hidro-electrolítico e da regulação da temperatura), com o transporte e distribuição
de O2 e de substratos essenciais aos tecidos, com a remoção de CO2 e de outros produtos do
metabolismo, e com a Hemostase.
Já o CO2 é transportado após ser dissolvido a Bicarbonato, por acção do Anidrase Carbónico:
Geralmente, distúrbios relacionados com eritrócitos traduzem-se em anemia, que pode ser
provocada por hiperproliferação, devido a lesão medular, deficiência de Fe ou estimulação da
eritropoiese, por hemólise ou hemorragia, ou por distúrbios de destruição excessiva,
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consequência de defeitos citoplasmáticos ou nucleares. Por sua vez, as alterações do
transporte de O2 e CO2 (resultantes ou não de anemia), são avaliadas através de um
hemograma completo, no qual se faz a contagem e indexação de eritrócitos, da quantidade de
Hb, etc.
Após estas, o coágulo sanguíneo irá acabar por ser o promotor dos processos de reparação
definitiva.
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A Adesão Plaquetária consiste na acumulação das plaquetas e na sua ligação a componentes
do subendotélio vascular (Colagénio, Fibronectina, Laminina; Vitronectina e Trombospondina),
através de receptores plaquetários específicos. Destas ligações, a principal ocorre entre o
Colagénio e a glicoproteína Ib/IX, que é estabilizada pelo Factor de von Willebrand (FvW), o
qual vai funcionar como uma ponte entre elas, de forma a que as plaquetas se mantenham
aderentes. O FvW também actua como proteína transportadora do Factor VIII, evitando a sua
degradação, para além de se ligar às glicoproteínas IIb/IIIa (como também faz o Fibrinogénio),
molécula com particular importância na agregação e adesão plaquetárias.
A Activação e Secreção Plaquetárias são reguladas pelo nível de nucleótidos cíclicos, entrada
de Ca2+, fosforilação proteica e hidrólise de fosfolípidos membranares. Então, os agonistas
que se ligam a receptores membranares, como o Colagénio, o FvW, a Adrenalina e a Trombina,
irão activar estes processos através de enzimas de degradação de fosfolípidos (fosfolipases C e
A2) e de supressores da formação de cAMP (neste passo, pode ocorrer amplificação da
resposta). Ora, isto traduz-se na alteração da forma das plaquetas, do movimento dos grânulos
de secreção para o sistema canalicular, a formação de mediadores (Tromboxano A2) e a
secreção do conteúdo dos grânulos constituintes das plaquetas:
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Grânulos α – FvW, Factor Plaquetário 4, PDGF, β-Tromboglobulina, Trombospondina,
Fibronectina.
Como acima mencionado, o Fibrinogénio liga-se à glicoproteína IIb/IIIa, que, com interacções
com a Trombina, forma o trombo ou coágulo plaquetário. Este processo – a Agregação
Plaquetária – tem a eficácia amplificada pela capacidade de contracção das plaquetas, o que
envolve interacções entre Actina e outras proteínas (Gelsolina, α-Actinina e Miosina), o que
conduz à consolidação do trombo. Em simultâneo, o PDGF estimula o crescimento e a
migração de fibroblastos e de células musculares lisas na parede do vaso.
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A Cascata de Coagulação divide-se em:
Estas duas vias convergem na Via Comum, que se inicia então com a activação do FX, quer pela
Via Intrínseca (ao nível das superfícies fosfolipídicas, na membrana das plaquetas), como pela
Via Extrínseca. O FXa vai converter a Protrombina em Trombina (o ponto culminante da
Cascata de Coagulação), na presença de Ca2+, do FVa e de Fosfolípidos Pro-Coagulantes
(formando o Complexo Pro-Trombinase), processo este que ocorre com especial rapidez na
superfície de plaquetas activadas (embora possa ocorrer em qualquer membrana com
fosfolípidos). A Trombina serve para degradar o Fibrinogénio, sendo formados quatro
Fibrinopéptidos, dois A e dois B, a partir dos quais, com o auxílio do FXII, se forma Fibrina
insolúvel e mais resistente à Plasmina.
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Proteína C (Vitamina K-dependente): Activação pela Trombina ligada à
Trombomodulina (existente no endotélio intacto), indo depois inactivar os Factores Va
e VIIIa (através de proteólise) e os receptores plaquetários ou indo estimular a
libertação do Activador de Plasminogénio Tecidual para Células Endoteliais – portanto
tem interferência nas Vias Intrínseca e Comum.
Proteína S (Vitamina K-dependente): Na forma livre, existe no plasma, actuando como
co-factor da Proteína C activada, quando em conjunto com Fosfolípidos Pro-
Coagulantes.
α2 Macroglobulina e α1 Antitripsina: Inibidores da coagulação (menos importância).
Factor Inibidor da Via do Factor Tecidual (TFP1): Proteína inibidora do complexo
FVIIa/Factor Tecidual, por feedback, o que provoca uma diminuição dos Factores IXa e
Xa, sendo o TFP1 potenciado pela Heparina – interfere na Via Extrínseca.
Após a formação do coágulo, ocorre a Fibrinólise ou Hemostase Terciária, que se define como
o processo fisiológico pelo qual a Fibrina é dissolvida. O Sistema Fibrinolítico plasmático é
constituído por proteínas, activadoras e inibidoras, com síntese celular no Fígado, no endotélio
vascular e nas plaquetas, normalmente em resposta à existência de Trombina. Assim sendo, a
Fibrinólise consiste na lise dos coágulos de forma a que exista uma contenção pró-activa
destes.
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que o tPA e o UK só activam o Plasminogénio ligado á Fibrina (a Plasmina também degrada
Fibrinogénio, sendo esta também uma reacção localizada). Posto isto, as substâncias
activadoras da Fibrinólise são:
tPA: Activador fraco quando livre, mas eficaz quando ligado ao Plasminogénio, por sua
vez ligado à Fibrina.
UK: Tem duas formas – as células endoteliais libertam UK de Cadeia Simples, que só
activa Plasminogénio ligado à Fibrina; a partir duma certa concentração, a Plasmina
degrada o UK em UK de Cadeia Dupla, que activa tanto o Plasminogénio livre como o
ligado à Fibrina.
PAI (Inibidores dos Activadores de Plasminogénio): Limitam a Fibrinólise, sendo o PAI
libertado pelo endotélio vascular e por plaquetas activadas, inibindo directamente o
tPA.
Inibidor de Plasmina: Também limita a Fibrinólise, inactivando a Plasmina livre que sai
do coágulo, encontrando-se o inibidor ligado à Fibrina pelo FXIIIa.
A Fibrinólise em excesso é evitada pelo curto tempo de semi-vida do tPA e do UK, face á
inactivação pelo PAI e pela eliminação que sofrem para o Fígado, pela potenciação da
actividade do tPA e do UK de Cadeia Simples pelo Plasminogénio ligado à Fibrina, que limita a
Fibrinólise ao coágulo, e pela neutralização pelo Inibidor da Plasmina que escapa ao coágulo.
História Clínica
Exame Físico
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- Avaliação do Sistema Fibrinolítico – Hemostase Terciária:
Quanto aos distúrbios da função hemostática, sabemos que esta requer a interacção de 3
sistemas biológicos principais – vasos sanguíneos, plaquetas e factores de coagulação. Caso
existam defeitos quantitativos ou qualitativos num dos componentes, manifesta-se uma
Doença Hemorrágica, ao passo que a activação excessiva de um ou mais sistemas pode
desencadear uma Trombose Arterial ou Venosa (que pode ser resultado dum estado
trombótico hereditário ou adquirido).
No que diz respeito à primeira situação, podem existir distúrbios das diferentes fases da
Hemostase, às quais irão corresponder diferentes sintomas. Na Hemostase Primária podemos
ter:
Apesar de tudo, a nível terapêutico, temos ao nosso dispor alguns fármacos modificadores da
Hemostase:
[Nota: Certos factores de coagulação enzimáticos dependem da Vitamina K – Proteases de Serina, como
os Factores IIa, VIIa, IXa e Xa]